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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DIEGO MARADONA SOUZA DA SILVA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA NA CONTEMPORANEIDADE: O CASO DOS REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS (FRBR) E DA RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO (RDA) NATAL- RN 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

DIEGO MARADONA SOUZA DA SILVA

REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA NA CONTEMPORANEIDADE:

O CASO DOS REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS

BIBLIOGRÁFICOS (FRBR) E DA RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO

(RDA)

NATAL- RN

2012

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DIEGO MARADONA SOUZA DA SILVA

REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA NA CONTEMPORANEIDADE:

O CASO DOS REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS

BIBLIOGRÁFICOS (FRBR) E DA RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO

(RDA)

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Prof.ª MsC Mônica Marques Carvalho

NATAL- RN

2012

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Catalogação da Publicação na Fonte

S586r Silva, Diego Maradona Souza da. Representação Descritiva na Contemporaneidade: o caso dos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) e da Recursos: Descrição e Acesso (RDA) / Diego Maradona Souza da Silva. – Natal: UFRN, 2012.

70 f. : il.

Orientadora: Profª. M.Sc. Mônica Marques Carvalho.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da Informação.

1. Representação Descritiva da Informação. 2. Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos - FRBR. 3. Recursos: Descrição e Acesso - RDA. 4. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. I. Carvalho, Mônica Marques. II. Representação Descritiva na Contemporaneidade: o caso dos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) e da Recursos: Descrição e Acesso(RDA).

RN/UF/BCZM CDU 621

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DIEGO MARADONA SOUZA DA SILVA

REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA NA CONTEMPORANEIDADE:

O CASO DOS REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS

BIBLIOGRÁFICOS (FRBR) E DA RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO

(RDA)

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

MONOGRAFIA APROVADA EM 20/ 12 /2012

__________________________________________________________

PROFª. MSC. MÔNICA MARQUES CARVALHO

ORIENTADORA

__________________________________________________________

PROFª. MSC. JACQUELINE APARECIDA DE SOUZA

MEMBRO

__________________________________________________________

PROFª. ESP. EPONINA EILDE DA SILVA PEREIRA

MEMBRO

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a DEUS por tudo. Agradeço a Ele, por

todas as alegrias e horas de felicidade, mas trago maior gratidão por todos os

momentos de angústia e dificuldade, pois sei que nesses momentos, fui

carregado nos braços de Sua Infinita Misericórdia! Sem Ele, razão do meu

viver, não estaria eu neste momento a realizar mais um sonho. Sonho este que

foi primeiro sonhado por Ele, e apenas deixe-me guiar por Sua Vontade!

Gratidão também a minha família, principalmente na pessoa da minha

amadíssima mãe. Através do exemplo de pessoa, dos valores repassados e da

força em todas as horas alcancei mais um momento importante na minha vida.

Obrigado minha amiga, minha guerreira, minha confidente! Obrigado por existir!

Uma pessoa que com todo o mérito merece destaque aqui chama-se

Mônica Carvalho. Essa mulher foi responsável pelo nascimento intelectual

deste “filho” (que por diversas vezes acreditei que não iria nascer.) Além de

orientadora esta se passou por conselheira, auxiliadora em todos os momentos

de dificuldade, psicóloga e o mais importante: AMIGA. Obrigadão Mônica por

tudo! Sem sua paciência, carinho e atenção dificilmente eu teria chegado aqui.

Um grande abraço de agradecimento por todos aqueles que conheci no

curso de Biblioteconomia e que tenho o prazer de chama-los de amigos e

companheiros de todas as horas. A minha querida turma de 2009.1, um abraço

saudoso e cheio de carinho a cada um. Entre os queridos “biblios” ressalto os

nomes de Carla Beatriz, Edson Marques, Christiane Gomes, Edvânia Machado,

Aline Nascimento, Eduardo Medeiros, Bruna Nascimento, Midinai Bezerra,

Gleiciany Barbosa, Raimunda Fernanda, Eros Gibson e Rafael Galvão.

De forma equivalente, agradeço a todos aqueles que contribuíram com o

meu crescimento e evolução profissional através das práticas e experiências de

estágio que vivenciei. Chefinhos e chefinhas, muito obrigado por tudo! Sei que

serei um profissional melhor diante de tudo o que vi e aprendi com vocês! Um

abraço especial para Kaline Bezerra, Íthalo Araujo, Euzébia Pontes, Jackeline

Pinheiro, Denise Tavares e Sônia Lopes.

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Um grande “obrigado” aos Mensageiros de Cristo, minha verdadeira

família, e aos amioos da minha nova Família: Valdenira, Marcos, Polyane,

Hilton, Rômulo, Rayssa, Rammon, Helô, Thiago, Paulinho, Lucyanne, Juh e

Tarcila,., Sem vocês meus amigos em Cristo, tudo teria sido mais difícil. Amo

muito cada um de vocês!

Aos meus amigos que mesmo não sendo do curso me ofereceram em

sua amizade e carinho suporte para cumprir este desafio, meu muito obrigado.

E essa vai para Allison Ferreira, Dayvson Melo, Marcelo Júnior e Andréa Melo .

Enfim, a todos que contribuíram de forma significativa, direta ou

indiretamente na realização desta obra, deixo expresso nestas singelas

palavras o meu agradecimento!

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“ Graças Pai, por Teu amor e Tua bondade,

por Tua força e amizade. Por Seres um Pai leal, sempre leal.

Graças Pai, pelas dores e alegria, por estar sempre ao meu lado.

Por Teu grande amor, meu Senhor! [...] Graças!” (Ribeiro, 2012a)

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RESUMO

O impacto que o excesso de informação presente na atual sociedade da informação cria necessidades de melhor desenvolver estratégias que garantam uma organização, tratamento e disseminação da informação. Nesse sentido, a

organização da informação e sua representação torna-se uma estratégia que visa sua melhor difusão. Diante disso o presente trabalho visa traçar um

panorama da evolução da Catalogação desde os tempos remotos até a atualidade com vistas a apontar novas tendências no tratamento descritivo da informação. Especificamente consiste em caracterizar e identificar as práticas

da Representação da Informação enfatizando a Representação Descritiva da Informação; Apresentar um breve histórico da catalogação no intuito de revelar

o surgimento e evolução do catálogo; Analisar o conceito e tipologias do catálogo como instrumento de representação da informação. Descrever o modelo conceitual dos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos –

FRBR; Apresentar de forma sucinta o novo formato de catalogação denominado Recursos: Descrição e Acesso - RDA bem como apontar

possíveis mudanças e vantagens trazidas para os usuários, instituições e profissionais da informação. A metodologia aplicada consistiu em pesquisa bibliográfica e eletrônica relevante ao tema proposto. Para tanto, foram

utilizadas fontes de informação convencionais bem como a pesquisa eletrônica, a qual forneceu maior subsídio informacional a esta monografia. As principais

fontes informacionais no meio digital foram: os mecanismos de busca, os catálogos de bibliotecas nacionais e internacionais, sites, base de dados, portais de informação e outros. Ao final considera-se que existe uma

necessidade de evolução dos padrões de tratamento da informação e que os novos padrões e formatos precisam estar contextualizados às necessidades da

sociedade atual.

Palavras-Chave: Representação Descritiva da Informação. Requisitos

Funcionais para Registros Bibliográficos. Recursos: Descrição e Acesso.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pirâmide do Conhecimento 15

Figura 2 – Relações de primeiro nível 42

Figura 3 – Relações de responsabilidade 42

Figura 4 – Relações de assunto 43

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................09

2 ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO ....................................12

3 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA DA INFORMAÇÃO: BREVE HISTÓRICO ......19

3.1 O CATÁLOGO E SUA TIPOLOGIA: ...........................................................................29

3.2 A IMPORTÂNCIA DA CATALOGAÇÃO .....................................................................33

4 TENDÊNCIAS PROMISSORAS: EM BUSCA DE UM PADRÃO VISANDO A

RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO ...............................................................................36

4.1 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS -

FRBR .......................................................................................................................................36

4.2 RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO - RDA ........................................................43

4.2.1 As mudanças da norma Recursos: Descrição e Acesso ..............................48

4.2.2 Vantagens trazidas pela norma Recursos: Descrição e Acesso ..................54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................58

REFERÊNCIAS......................................................................................................................60

APÊNDICES ...........................................................................................................................62

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1 INTRODUÇÃO

Ao observar o contexto da chamada Sociedade da Informação, percebe-se

que o principal insumo, desejado e consumido em proporções cada vez

maiores, é a própria informação. Esta é responsável pela evolução social,

política, promove a cidadania e sua falta ocasiona situações de grande prejuízo

para o homem e para a sociedade como um todo. No período hodierno em que

vivemos nos deparamos com uma grande massa informacional em um

invólucro de desorganização e caos, onde obter a informação que se deseja

torna-se um ofício quase que impraticável. Surgem então, como medidas para

tentar sanar essa dificuldade, as representações da informação como

estratégias de organização informacional, no qual se destaca neste trabalho, a

representação descritiva da informação.

A Representação Descritiva da Informação, que apresenta como objetivo

descrever os materiais do seu ponto de vista físico, pode ser utilizado como

estratégia para promover o tratamento adequado, a representação e

recuperação informacional, derrubando assim as barreiras e ruídos que se

intervenham entre o usuário e a informação.

Logo, o tema central abordado neste trabalho é voltado para a

Representação Descritiva da Informação. Dessa forma, indagou-se a respeito

de como se encontra a Organização e Representação do Conhecimento na

atualidade; que novas propostas no campo da padronização e representação

da Informação se apresentam para ajudar a tratar e organizar o excesso

informacional da atualidade e quais as mudanças e benefícios trazidos por

estes novos modelos e normas à Representação Descritiva da Informação.

Para responder tais indagações se realizou a pesquisa em tela que tem

como objetivo geral traçar um panorama da evolução da Catalogação, desde

os tempos remotos até a atualidade, com vistas a apontar novas tendências no

tratamento descritivo da informação. Especificamente, o trabalho consiste, em

caracterizar e identificar as práticas da Representação da Informação

enfatizando a Representação Descritiva da Informação; traçar um breve perfil

histórico do instrumento catálogo e da catalogação; conceituar o que seja o

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catálogo e apresentar sua tipologia, além de explicitar a importância da

catalogação; caracterizar e descrever o modelo conceitual FRBR bem como

analisar os Recursos: Descrição e Acesso - RDA, as mudanças e benefícios

trazidos.

O interesse inicial pelo tema central desta monografia se deu através do

contato e do estudo sobre as formas de Representação da Informação durante

a graduação. Ademais, algo que fomentou o crescimento deste interesse veio

da observação do pouco estudo na área, o que em alguns momentos

ocasionou em dificuldades na realização desta obra. De maneira específica, o

interesse sobre a RDA e os FRBR surgiu a partir dos recentes estudos sobre

estas temáticas e o anseio em conhecer e caracterizar estes novos recursos de

fundamental importância para as práticas de catalogação de nossa atualidade.

Para a realização deste trabalho e por se tratar de uma pesquisa

qualitativa, utilizou-se como principal metodologia a pesquisa (bibliográfica e

eletrônica) relevante ao tema proposto. Para tanto, foram utilizadas fontes de

informação convencionais bem como a pesquisa eletrônica, a qual forneceu

maior subsídio informacional a esta monografia. As principais fontes

informacionais no meio digital foram: mecanismos de busca, catálogos de

bibliotecas nacionais e internacionais, sites, base de dados, portais de

informação e outros.

Para promover o compreendimento inteligível por parte do leitor, dividiu-

se o conteúdo temático desta obra em três capítulos. No primeiro, o enfoque é

dado sobre a organização e representação da informação, abordando questões

inicias como a evolução do homem e da sociedade, analisando conceitos sobre

a informação e o seu excesso na sociedade atual e destacando as formas de

representação da informação como alternativas para o controle informacional.

No segundo capítulo, traz-se de forma breve, um passeio histórico

contemplando a história do catálogo e da catalogação. Em outro momento

discute-se a respeito do catálogo, de sua tipologia e da importância da

catalogação. No último capítulo teórico, trata-se das tendências da

representação descritiva da atualidade, destacando o modelo FRBR –

Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos e a nova norma de

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catalogação Recursos: Descrição e Acesso - RDA. Por fim, seguem-se as

considerações finais desta obra.

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2 ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Antes de aprofundar a discussão sobre a organização e representação

da informação, e assim apresentar a questão da representação descritiva da

informação, se torna imprescindível conhecer o objeto de estudo das práticas

do fazer bibliotecário: a própria informação.

No decorrer da história, é perceptível a necessidade que o ser humano

sempre demonstrou em utilizar e registrar a informação, onde procurou

armazenar estas informações nos mais variados tipos de suporte. Na pré-

história, por exemplo, um dos grandes indícios de tal interesse são as próprias

pinturas rupestres. Nesses registros o homem primitivo procurava através de

representações imagéticas demonstrar cenas de seu cotidiano, como a

contagem de alimentos e animais.

Ao analisar a sociedade a partir de sua evolução, também se percebe o

quanto o homem necessitou da informação como insumo essencial para o seu

próprio desenvolvimento. De acordo com Toffler (1995) o ser humano nos seus

primórdios, logo após se desvincular do nomadismo com o desenvolvimento da

agricultura, constituiu a primeira estrutura da sociedade humana: a Sociedade

Agrícola ou atravessa, como diz o próprio autor, a primeira onda. O foco desta

sociedade era possuir informações para prover o próprio sustento através do

trabalho e cultivo da terra.

Dando sequência a história e tendo em vista o aumento populacional

somado ao êxodo do campo e a mecanização dos meios de produção, a

sociedade que antes se relacionava diretamente com o campo, onde obtinha a

sua sobrevivência, é impulsionada pela era do industrialismo. A estrutura

social, agora denominada Sociedade Industrial, apresentava como interesse

maior obter informações com o intuito de ter o melhor controle dos processos

industriais e aperfeiçoar os meios de produção.

Desse modo, como afirma Reis (2006), observa-se grandes diferenças

nos modos de produção, transporte, comunicação, além da criação do

capitalismo, aumento dos lucros e do consumo que se dá através da invenção

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de maquinários aprimorados para o transporte de mercadorias e que

necessitam de orientações e informações sobre o seu correto uso e manuseio.

Logo, a solução encontrada em conformidade com as ideias de Reis, seria a

obtenção da informação para a produção do conhecimento.

Em razão desses acontecimentos, o modelo organizacional e econômico

da sociedade mundial sofreu uma nova modificação: a Sociedade Industrial

transforma-se em Sociedade da Informação, configurando-se como modelo

que se mantém até os dias atuais. Mas então, como definir e compreender esta

sociedade? De acordo com o Livro Verde para a Sociedade da Informação de

Portugal, este termo

refere-se a um modo de desenvolvimento social e económico

em que a aquisição, armazenamento, processamento,

valorização, transmissão, distribuição e disseminação de

informação conducente à criação de conhecimento e à

satisfação das necessidades dos cidadãos e das empresas,

desempenham um papel central na actividade [sic] económica,

na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos

cidadãos e das suas práticas culturais (LIVRO, 1997, p. 5)

Já Castells ao utilizar o termo Sociedade Informacional afirma que tal

sociedade é caracterizada por uma

forma específica de organização social em que a geração,

o processamento e transmissão da informação tornam-se

fontes fundamentais de produtividade e poder devido as

novas condições tecnológicas surgidas nesse período

histórico. (CASTELLS, 2007, p. 65)

Werthein (2000) infere ainda que o fator-chave desta nova sociedade

não seria mais os insumos baratos de energia comuns na sociedade industrial,

mas sim os insumos de informação que são obtidos pelos avanços

tecnológicos nos campos da microeletrônica e das comunicações.

De acordo com os autores é possível compreender que este processo

social, além de estar intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da sociedade,

tem sua referência com a questão econômica de todo o mundo. Esta nova

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sociedade que oculta o simples desejo dos insumos energéticos e apresenta

uma maior valorização da informação, necessita de amparo tecnológico

eficiente e cada vez mais avançado para prover e executar as suas atividades.

Assim, torna-se evidente que esta sociedade tem o foco essencial sobre a

informação, desde a geração e aquisição até a sua transmissão, mediante os

avanços e condições tecnológicas atuais. A informação neste contexto

identifica-se como elemento essencial para o homem, para a sociedade e

também à economia mundial.

Posta a importância e inter-relação da informação durante a história e na

atual conjuntura social e econômica, um novo questionamento surge: o que é

informação? Para responder esta interrogativa convém relembrar outros dois

conceitos que se encontram vinculados à significação da informação: os dados

e o conhecimento.

Estes três elementos (os dados, a informação e o conhecimento)

participam do que muitos autores denominam como pirâmide ou ciclo do

conhecimento. De maneira breve e ilustrativa, trazem-se rápidos conceitos

destes elementos para elucidar a compreensão do tema.

A ideia de dados conforme Setzer (1999) está ligada a visão de símbolos

que são quantificados ou quantificáveis. Em outras palavras, pode-se afirmar

que dados são signos ou símbolos que, por si só, não apresentam significado.

Eles são de fácil quantificação, transmissão e organização. Exemplo básico

deste conceito são as letras do alfabeto. São símbolos que isoladamente não

apresentam um sentido, um significado intrínseco. Podem ser simplesmente

“contadas”, transmitidas e organizadas.

Os dados quando se encontram inter-relacionados e representam algum

significado para um indivíduo, se configuram como informação. Logo, pode-se

afirmar num primeiro momento que a informação se configura como dados que,

reunidos e relacionados entre si, apresentam significância e sentido.

Exemplificando o que seja informação e voltando o caso das letras do alfabeto,

se podem citar as palavras como exemplos básicos de informação, onde as

letras se relacionam e produzem significado compreensível.

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Por último, e não menos complexo, se tem o conhecimento. Este pode

ser justificado como o resultado de um conjunto de informações, assimilado e

que apresentam significância intrínseca a um indivíduo. Neste caso, uma

informação só pode ser considerada conhecimento quando realmente

assimilada e compreendida.

Caso esse processo não ocorra seja por falta de capacidade cognitiva

do indivíduo, seja por falta de eco no repertório informacional ou desinteresse e

rejeição pessoal, a informação preserva-se em sua essência

(BARRETO,1999).

Ao contrário dos dados, o conhecimento não pode ser quantificado, e

também não apresenta a mesma facilidade em transmissão e organização.

Isso se deve pela razão de ser este processo de caráter subjetivo e

intimamente ligado a capacidade cognitiva de cada indivíduo. Finalizando esta

rápida conceituação, tem-se abaixo uma possível representação do que foi

anteriormente explanado e comentado sobre o ciclo do conhecimento.

Fig. 1 - Pirâmide do Conhecimento

A informação, como diria Aldo Barreto, “sintoniza o mundo” (1999, p.1).

É a partir dela que a sociedade se renova, vive e evolui. A necessidade em se

possuir informação, como já foi comentado, remonta os primórdios da

civilização humana e, no período hodierno, pode ser identificada em variadas

circunstâncias e ambiências. Desde a tomada de decisões em grandes

organizações e instituições, até o desejo de suprir uma dúvida em uma receita

de bolo, o desejo em se obter a informação se realiza. Logo, para que essa

ansiedade informacional seja saciada se faz preciso favorecer e facilitar o

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acesso à informação. Para se entender melhor acerca deste tipo de acesso,

analisemos como esse processo era realizado.

Adentrando rapidamente na história das bibliotecas na Idade Média

constatamos que estas se apresentavam apenas como localidades meramente

armazenadoras e detentoras de informação, (e não disseminadoras!) As

bibliotecas monásticas da antiguidade são grandes ilustrações dessa realidade.

Estas bibliotecas se caracterizavam por salvaguardar “sobre sete chaves” os

materiais informacionais com conteúdo sigiloso e confidencial do restante da

população.

Um detalhe importante a ser frisado nesta época se refere aos meios de

reprodução das informações produzidas. Neste ponto histórico é relevante a

presença e contribuição dos monges copistas. Como conta-nos a história,

estes eram encarregados em transcrever manualmente, livro por livro, boa

parte das informações existentes. Analisando esta sintética passagem

histórica, se pode observar que o acesso à informação era realizado apenas a

uma pequena parcela da população, enquanto todo o restante era privado das

informações e do conhecimento armazenados. Esta situação só começa a

mudar com o surgimento das primeiras universidades datadas, de acordo com

Oliveira (2007), em meados do séc. XIII. Com a chegada das universidades,

houve uma maior democratização e acesso as informações antes limitadas a

poucos.

Sequenciando a história, e evidenciando outro grande marco para o

acesso informacional, datando por volta do séc. XV, temos a invenção da

imprensa de Gutenberg. Com os tipos móveis, a imprensa se tornou um

instrumento de muita importância na divulgação das informações produzidas.

Assim, o conhecimento se descentraliza das mãos de grupos seletos e alcança

agora os cidadãos comuns da sociedade.

Entretanto, apesar de promover a democratização e acesso

informacional, toda a facilidade em se obter informação acabou por incitar na

sociedade um maior consumo e, logo, uma maior demanda informacional.

Assim se instaura o fenômeno denominado como explosão informacional.

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Os efeitos deste grande “boom informacional”, são vividos (e sentidos)

até hoje. Umberto Eco há algum tempo, escreveu um texto onde analisa a

quantidade de informação existente no mundo e o grande caos que isto

ocasiona. Nesta “tempestade de informações”, como ele mesmo se refere,

somos obrigados diariamente a filtrar e rejeitar informações enquanto somos

bombardeados por tantas outras ao mesmo tempo.

Nos dias atuais, fenômenos com a globalização e o avanço constante

das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, aceleram e amplificam

ainda mais os efeitos deste casamento paradoxal: o aumento da

democratização e acesso às informações e a maior desorganização, e

consequentemente, o caos informacional.

Com referência ao que foi exposto, o homem nos dias atuais apresenta

uma nova necessidade relacionada à obtenção e uso informacional: a

promoção da organização e representação do recurso informação. Nesta

perspectiva, surgem ciências e metodologias que têm por objetivo ordenar e

expressar este universo de dados e informações almejando minimizar os danos

deste caos informacional e assim, trazer a praticidade e comodidade para

receber e utilizar este importante insumo.

A Biblioteconomia, por exemplo, considerada um ramo da Ciência da

Informação, apresenta como missão a função de organizar e representar as

informações com o objetivo de disseminá-las e fornecê-las ao usuário de forma

eficiente. Uma alternativa para promover tal ação é através da Representação

da Informação.

De acordo com Novellino (1996, p.38), a Representação da Informação

– RI, pode ser compreendida como o processo que visa substituir a “entidade

linguística longa e complexa” do documento por uma breve descrição.

Maimone, Silveira e Tálamo (2011, p.28) acrescentam que a RI apresenta

como principal objetivo “proporcionar a comunicação dos documentos e os

usuários da informação”.

Em outras palavras, pode-se afirmar que a Representação da

Informação é responsável por sintetizar todas as informações contidas em

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determinado documento, buscando destacar o essencial e apresenta-las de

forma sucinta, visando uma melhor organização e recuperação informacional

mediante a facilitação da comunicação e do acesso a informação entre os

usuários e os documentos.

Segundo Maimone, Silveira e Tálamo (2011) a RI se subdivide em dois

tipos: a Representação Temática da Informação e a Representação Descritiva

da Informação.

A Representação Temática pretende representar o assunto dos

documentos com o propósito de aproximar e recuperar materiais relevantes

com temáticas semelhantes. Para tal, são estudadas e adotadas linguagens

documentárias e instrumentos para promoção de um vocabulário controlado.

Alguns dos instrumentos de destaque utilizados são as classificações

(Classificação Decimal de Dewey- CDD, a Classificação Decimal Universal –

CDU, e outras), os tesauros e as ontologias.

A Representação Descritiva configura-se como o método de

representação que procura individualizar o documento e representá-lo a partir

de características específicas dos documentos. Este método de classificação

ainda é responsável por criar e padronizar pontos de acesso1 e unir

documentos semelhantes por informações similares como autor em comum ou

série (MAIMONE, SILVEIRA E TÁLAMO, 2011). O principal instrumento

utilizado por este tipo de representação é o próprio catálogo.

Apresentados em um contexto geral os principais temas propedêuticos

desta obra, aprofundaremos o estudo sobre a Catalogação e a Representação

Descritiva da Informação.

1 Os pontos de acesso são nomes ou expressões na Representação Descrita que auxiliam na procura ou

o acesso da informação pelo usuário em um sistema ou em um catálogo.

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3 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA DA INFORMAÇÃO: BREVE HISTÓRICO

No intuito de poder melhor ilustrar sobre o processo de catalogação,

torna-se indispensável o olhar sobre o passado em busca das origens e da

história dos catálogos e da catalogação. Dessa forma traz-se um breve

histórico em conformidade as pesquisas de Ruth French Strout (pioneira no

levantamento sobre a história da catalogação), de algumas citações de Alice

Príncípe Barbosa e dos pertinentes acréscimos de Eliane Mey e Naira Silveira

em sua obra denominada “Catalogação no Plural”.

O início da representação da informação e da catalogação em si, não

apresentavam referências com o processo representativo dos dias atuais,

entretanto as bibliotecas e unidades de informação em contexto geral sempre

apresentaram a necessidade em representar e organizar o conteúdo

informacional de seus acervos.

De acordo com Ortega (2009), observa-se na biblioteca de Ebla na Síria,

(a mais antiga e conhecida biblioteca do mundo), a existência de um acervo de

materiais administrativos, científicos e literários que eram registrados em cerca

de quinze mil tábulas de argila. Essas tábulas eram organizadas de acordo

com o seu conteúdo temático e traziam ainda quinze tábuas pequenas com o

conteúdo resumido dos documentos do acervo. Seria, talvez, a primeira

tentativa de representação informacional de toda a história, datada antes da

Idade Média!

Ao longo do tempo, muitas iniciativas e conquistas foram significativas

para a formação dos catálogos e da catalogação como processo. Desse modo,

um possível precursor do catálogo surgiu na Biblioteca de Assurbanipal, no

século VII a.C. em Nínive. Nesta biblioteca foram encontrados cerca de 20 mil

fragmentos de tábulas de argila que possuíam informações sobre o título,

número ou volume da tábula, primeiras palavras da tábula seguinte, nome do

possuidor original, nome do escriba e um selo, possivelmente tratando-se de

propriedade real (MEY E SILVEIRA, 2009, p. 60).

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Outro grande exemplo, datado em cerca de 250 a. C., foi o de Calímaco

de Cirene, bibliotecário da conhecida biblioteca de Alexandria. Calímaco foi

bastante importante na história do catálogo e da organização do conhecimento

devido a criação do pinakoi2. Tratava-se de uma espécie de catálogo, onde

Calímaco procurou organizar os documentos primeiramente por assuntos e

depois por ordem alfabética de autores e títulos dos livros. Uma última

contribuição histórica para a catalogação, ainda na Idade Antiga, veio da

Grécia. Os gregos foram os primeiros a utilizar o conceito de autor como ponto

de acesso de uma obra. Contribuição tão importante que permanece nas

catalogações dos dias atuais.

Na Idade Média, se pode destacar a participação e atuação dos monges

copistas nas catalogações feitas naquela época. Assim, afirma-se que através

do trabalho em elaborar inventários dos livros de seu tempo, estes monges

propiciaram a preservação de boa parte da cultura antiga da Europa. No séc.

IX surgiam alguns tipos de catálogos um pouco mais estruturados dos que nos

anos anteriores. Um bom exemplo a ser dado seria o catálogo do mosteiro

Beneditino de Saint Requier, na França, em cerca de 831. Nesse catálogo, o

qual o registro era de aproximadamente 246 volumes, notava-se a organização

feita pelo autor, o registro do conteúdo dos volumes e o número de volumes

referentes a uma obra.

Avançando um pouco a história, temos no séc. XIV, o que se afirma ser

a representação mais próxima de um catálogo: a lista do convento Saint Martin,

localizada em Dover na Inglaterra, em 1389. Essa lista era dividida em três

partes, onde segundo as autoras a

[...] primeira, organizada pelo número de localização do volume na estante, incluía um título breve, o número da página do livro em que o número de localização foi registrado, as primeiras palavras do texto nesta página, o número de páginas do livro e o número de obras contidas no volume. A segunda, também organizada pelo número de localização, registrava o conteúdo de cada volume, com a paginação e as palavras iniciais de cada obra. A terceira é um marco na catalogação: incluía análise das partes (entradas analíticas) e uma lista alfabética, às vezes de autor, outras de título e autor e outras, ainda, de

2 Também conhecida como Pinakes por alguns autores. Palavra de origem grega que significa tábuas,

estantes ou mesas (MEY E SILVEIRA, 2009, p. 60).

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palavras genéricas, como „livro‟, „parte‟ ou „códice‟. (MEY E SILVEIRA, 2009, p.65)

Um fato curioso que pode ser comentado a partir da citação e do

histórico da catalogação, como um todo, é o fato de que a história e evolução

do catálogo em si, teve inicialmente maior amplitude nas instituições

monásticas do que nas próprias bibliotecas universitárias da época que pouco

contribuíram com o desenvolvimento da catalogação.

Entre os séculos XV e XVIII, segundo as autoras Mey e Silveira (2009),

muitos marcos para a história da catalogação podem ser evidenciados. Um dos

primeiros é o surgimento das remissivas3, ainda de forma primitiva, entre 1410

e 1412. Outro ponto importante é a publicação de uma bibliografia por autor em

1545 e, posteriormente, o seu índice de assuntos em 1548 por Konrad Gesner.

Gesner incluiu ainda em sua obra noções de como organizar uma biblioteca e

esquematizou um sistema de classificação, sugerindo depois o uso de sua

bibliografia, após o acréscimo de alguns dados, como catálogo. Surge um

embrião da catalogação compartilhada. No final do século XVI apresentam-se

dois nomes que não poderiam deixar de ser citados nesta perspectiva histórica

da catalogação: Florian Trefler e Andrew Maunsell.

Estes dois foram responsáveis ao que se pode denominar dos primeiros

códigos de catalogação da história. Trefler era monge beneditino e em 1560

publicou um tratado para a manutenção de bibliotecas. Em seu tratado além de

elaborar um sistema de classificação e números para a localização, admitia o

catálogo em cinco partes: catálogo em ordem alfabética para autores, listas das

estantes, índice classificado para o registro das partes (começo das entradas

analíticas), índice alfabético para o índice classificado e lista de livros não

integrados ao acervo.

Maunsell era livreiro inglês e em 1595 elaborou um catálogo de livros

ingleses impressos e determinou algumas regras para o registro das obras nos

prefácios dos livros. O livreiro enfatizou a entrada dos nomes pessoais pelo

sobrenome; nas obras anônimas usou título e assunto; idealizou a entrada

uniforme para a Bíblia; estabeleceu que um livro deveria ser encontrado tanto

pelo autor, como pelo por seu sobrenome, assunto e tradutor; por fim, incluiu

3 Termos que servem como “setas” e remetem o usuário a outro registro bibliográfico ou a outras obras.

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nos registros as entradas para tradutor, impressor ou mesmo a pessoa para

quem o livro foi impresso, a data e o número do volume.

No século XVII, na Inglaterra, a catalogação mundial ganha a

contribuição de Sir Thomas Bodley que desenvolveu seu próprio código de

catalogação. Bodley apontou em seu código, entre outras normas, a indicação

do arranjo sistemático, com índice alfabético de sobrenomes de autores e

ainda, as entradas analíticas. No ano de 1697 em Paris, outro grande nome

surgiu na história da catalogação: Frédérick Rostgaard. Frédérick publicou as

suas normas sobre como deveria ser organizado o catálogo de acordo com sua

ótica. De acordo com o francês, a importância estava sobre o arranjo por

assuntos, subdividindo-se de forma cronológica e por tamanho do volume.

Dessa forma, pretendia reunir de forma dinâmica autores que escreviam sobre

a mesma temática e as possíveis edições de uma mesma obra. Indicava

também a construção de índices alfabéticos por assuntos e pelos últimos

sobrenomes dos autores, que deveriam ser localizados no final do catálogo.

(MEY E SILVEIRA, 2009). Além disto, afirmava que as obras encadernadas

juntas deveriam ter registros separados, que os registros dos livros deveriam

obedecer a ordem de título apresentada na folha de rosto e que no caso das

obras anônimas, era necessário inserir o nome do autor quando sabido pelos

profissionais.

No século XVIII, ainda de acordo com Mey e Silveira (2009), observa-se

que o conceito e a visão do catálogo sofre uma modificação: diferentemente da

visão anterior que buscava a ideia de inventário, agora os catálogos eram

vistos como simples listas de encontrar materiais. Entre algumas práticas de

catalogação dessa época uma merece destaque: a valorização e o prestígio da

página de rosto. Assim, os títulos da época começaram a ser transcritos da

mesma forma que se apresentavam na página de rosto. Além dessa prática,

pode-se ressaltar o uso mais frequente e comum de remissivas e algumas

entradas analíticas. É notório verificar que este século foi definido pelo grande

desenvolvimento das atividades de estudo e, sobretudo pela pesquisa

científica. Também foi o século o qual ocorreu a Revolução Francesa que foi

bastante importante nesse histórico da catalogação. Nessa Revolução os

dirigentes revolucionários se apossaram das bibliotecas particulares do alto

clero e da burguesia transformando-as em instituições de acesso público. Este

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ato acabou por incitar por parte do governo da Revolução, a organização e o

estabelecimento do primeiro código nacional de catalogação, datando em

1791. Outro marco importante trazido na Revolução Francesa foi o uso pela

primeira vez do catálogo em fichas. De modo curioso, o material utilizado para

registrar as primeira fichas das obras foram cartas de baralho, devido a falta de

papel!

O século XIX é marcado pelo aparecimento de vários códigos de

catalogação e também de alguns nomes importantes. O primeiro grande nome

desta época é o de Anthony Panizzi. Advogado e refugiado político italiano,

Panizzi foi responsável pela criação do seu próprio código de catalogação,

popularmente conhecido como as 91 regras. Mesmo com algumas

controvérsias o código de Panizzi foi aceito em 1839 pela comissão da British

Museum, onde trabalhava como bibliotecário assistente. Mas tarde, em

aproximadamente 1850, um novo código surge e aceito pela Smithsonian

Institution nos Estados Unidos: o código de Charles C. Jewett. Ele deu

importância principal aos cabeçalhos de responsabilidade e obras anônimas

que até hoje são seguidos.

Em sequencia a história da catalogação, e seguindo as ideias de Mey e

Silveira (2009), encontram-se os nomes de Melvil Dewey e Charles Ami Cutter.

Dewey, apesar de ser mais conhecido pela elaboração da Classificação

Decimal em 1876, também chegou a estabelecer regras simplificadas para a

promoção da catalogação. Cutter foi um dos que mais marcaram nesse século:

além do esquema de classificação e da tabela para representação de

sobrenomes (a famosa tabela de Cutter, utilizada até os dias atuais) foi

idealizador de regras para a catalogação, o qual se destacam suas

considerações sobre a catalogação de assuntos e de materiais especiais,

normas de transliteração e construção de catálogos auxiliares. Cutter, ainda, foi

um dos primeiros a pensar e a escrever sobre os objetivos de um catálogo e

sobre a visão do profissional enquanto catalogador. Esses pensamentos foram

imprescindíveis para a construção da Declaração dos Princípios Internacionais

de Catalogação, que se realizaria em 2009.

Por último, mas nem por isso menos importantes, encontram-se os

nomes dos belgas Paul Otlet e Henri La Fontaine. Estes dois fundaram o

Institut International de Bibliographie – IIB, que tinha como objetivo inicial a

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criação de um repertório bibliográfico universal e em segundo plano, surgiu o

propósito de desenvolvimento da Classificação Decimal Universal. Com o IIB

(que mais tarde se tornaria Fedération Internacionale d‟Information et de

Documentation – FID) os dois deram início ao levantamento e registro de todas

as publicações que foram editadas no mundo. Otlet e La Fontaine também

foram responsáveis por iniciarem as primeiras ideias sobre o Controle

Bibliográfico Universal.

Ao iniciar o século XX, em 1901, encontramos como grande destaque a

impressão e venda de fichas catalográficas pela Library of Congress – LC. De

acordo com Mey & Silveira (2009), este fato foi de grande importância para o

processo de catalogação, pois através desta iniciativa da LC, houve o início da

padronização dos registros utilizados em bibliotecas. Outro fato marcante neste

século, que apresenta significação para toda a história da Biblioteconomia

Mundial foi a criação da Internacional Federation of Library Associations

(Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias) – IFLA

em 1927. (MEY E SILVEIRA, 2009). É notável tratar que nesse século a partir

de vários estudos desenvolvidos o desejo em padronização e elaboração de

um código de catalogação nacional tornava-se cada vez mais evidente diante

da veloz atualização e crescimento da tecnologia da época.

Em 1946, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura – UNESCO, foi criada e para atender um dos seus

objetivos, a saber, a promoção da disseminação do conhecimento através do

acesso a todos os materiais produzidos, criou o programa do Controle

Bibliográfico Universal - CBU. O programa contou com o gerenciamento da

IFLA e decidiu estabelecer como formato de intercâmbio o UNIMARC e norma

para descrição bibliográfica a ISBD (Descrição Bibliográfica Internacional

Normalizada).

Em 1954, foi criado no Brasil o Instituto Brasileiro de Bibliografia e

Documentação – IBBD, que contribuiu de maneira significativa para a evolução

da catalogação no país. Além de fomentar profissionais de qualidade o IBBD

ajudou a originar o primeiro curso de mestrado em informação da nação,

produziu diversas bibliografias especializadas, elaborou um catálogo coletivo

de monografias e criou o Serviço de Intercâmbio de Catalogação – SIC, que

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mais tarde seria extinto e formaria o projeto Catalogação Legível por

Computador - CALCO.

Na década de 1960, com o avanço tecnológico no ramo da computação

surge o Projeto Machine Readable Cataloguig – MARC (Catalogação legível

por computador) em 1966, e logo após o MARC II, em 1968. O formato MARC,

em conformidade com Alice Barbosa, apresentava como objetivos três pontos

básicos: Proporcionar a elaboração de um registro bibliográfico centralizado

para o uso da LC; Proporcionar uma fonte de base de dados para os serviços

bibliográficos dos Estados Unidos, e; Fornecer informações bibliográficas a

toda a comunidade internacional (BARBOSA, 1978, p. 204-205). Em 1968

surge o MARC II, criado pela cooperação entre a LC e a British Library. Vale

salientar a importância do MARC II na história da catalogação, pois através

dele nasceram muitos outros formatos catalográficos como o UNIMARC e o

CALCO brasileiro.

Em 1961, acontece a Conferência Internacional sobre os princípios de

Catalogação (também conhecida como Conferência de Paris). Esta conferência

foi o primeiro evento a reunir representantes de 55 países e 12 organizações

internacionais para discussão a cerca da normalização internacional da

catalogação. Debateu-se sobre os cabeçalhos para nome pessoais e títulos

uniformes e chegou-se a conclusão que o nome da pessoa responsável pela

obra teria o cabeçalho conforme a língua ou país de origem do autor e que os

títulos uniformes deveriam seguir o título original. Após esta conferência vários

códigos de catalogação foram revisados e modificados e outros surgiram.

Desse modo, em 1967, nascem a primeira edição da Anglo-American

Cataloguing Rules – AACR, resultado do trabalho da ALA, da Canadian Library

Association e da Library Association da Inglaterra, ganhando repercussão e

utilização a nível internacional.

No Brasil é publicada, em 1969, a tradução brasileira para o AACR, que

recebe o nome de Código de Catalogação Anglo-Americano, permanecendo a

mesma sigla e que ganha destaque e uso nas escolas de biblioteconomia

brasileiras

Ainda 1969, foi realizada em Copenhague, a Reunião Internacional de

Especialistas em Catalogação – RIEC, a qual representou em grandes avanços

na área da padronização mundial. Na RIEC, surgiu a ISBD, apresentada pelo

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especialista em catalogação, Michael Gorman. A proposta da ISBD é a

padronização as informações representadas na descrição bibliográfica através

do ordenamento das informações e a pontuação utilizada antes de cada

informação, que favorece no reconhecimento dos dados por computadores. A

ISBD teve grande significação para a Biblioteconomia, pois seu advento trouxe

o fim das catalogações individuais e deu-se o primeiro passo com o sonho da

padronização em contexto global. Em 1971, publicado pela IFLA e com

consentimento internacional, é publicado a ISBD (M), voltado para a

padronização de informações de Monografias.

Em 1972, um marco na história da catalogação brasileira além do

desenvolvimento e aceleração dos programas de automação de informações a

nível nacional, fomentado pelo Sistema de Informações do Congresso –

SICON, foi o Projeto CALCO de Alice Príncipe Barbosa defendido como

dissertação de Mestrado.

O Projeto CALCO, de acordo com a própria Alice Barbosa, apresentava

como objetivos: elaborar um catálogo sobre a maior parte da produção

bibliográfica da época que servisse de instrumento de pesquisa para todo o

país e em paralelo promover a troca de informações dentro e fora do Brasil;

obter bibliografias e catálogos coletivos específicos; padronizar as normas de

catalogação e os cabeçalhos de assunto; acelerar a duplicação de fichas bem

como economizar o tempo e a mão-de-obra para bibliotecas que possuíssem

as mesmas obras (BARBOSA, 1978, p. 223). Além disso, a pretensão de Alice

Barbosa era transformar o SIC, em uma grande central nacional de

catalogação automatizada.

Devido a sua importância, o CALCO foi aceito e utilizado como formato

pela Fundação Getúlio Vargas – FGV e posteriormente, pela Biblioteca

Nacional – BN.

Em 1975, como apontam as autoras, o IBBD muda sua denominação e

agora como Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT,

apresenta grandes funções como o desenvolvimento e alimentação da

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD, o Catálogo Coletivo

Nacional de Publicações Seriadas, a atribuição do Número Internacional

Normalizado de Periódicos – ISSN,e outros serviços.

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A nível global destaca-se neste mesmo ano o surgimento de programas

e sistemas para computadores, como o UNISIST e o ISIS ambos criados pela a

UNESCO. Este último diante de seus vários descendentes, o qual sua última

edição data de 2007, chegou a conquistar e ser aceitos por muitas áreas

especializadas do conhecimento.

Após algumas atualizações, é publicada em 1978 a segunda edição da

AACR, denominada AACR2.

Em 1980, o CALCO muda de denominação e começa ser chamado de

Bibliodata/CALCO. Denominação que permanece até 1994 onde recebe o título

de Rede Bibliodata devido a utilização do formato USMARC no lugar do

CALCO. Logo depois a Rede Bibliodata utilizaria o padrão do AACR2R e o

formato MARC 21.

Em meados da década de 1980, conforme Mey e Silveira (2009), foi

publicada a tradução brasileira da AACR2 e em 1988, diante de várias

emendas e revisões, é publicada em contexto internacional o AACR2R, que era

a segunda edição revista do AACR2. Esta versão continuou sua atualização

até 2005, onde a tradução brasileira da AACR2R seria publicada em 2004,

baseando-se nas atualizações feitas na versão de 2002.

Na década de 1990, começa-se a revisão e atualização das ISBDs,

através de um grupo de estudos criado pela IFLA, com o intuito de adequar os

padrões do FRBR. Em 1990, acontece em Estocolmo, o Seminário sobre

Registros Bibliográficos, que tinha como objetivo estabelecer registros

bibliográficos que fossem condizentes a real necessidade dos usuários e ao

perfil econômico dos centros de catalogação. Neste seminário foram aprovadas

nove resoluções, onde uma estava voltada a formação de grupos de estudos

sobre os requisitos funcionais para registros bibliográficos.

Em 1995, a surge a norma norte-americana Z39.50 referente ao

intercâmbio de registros bibliográficos e que se torna mundialmente conhecida.

Neste mesmo ano surge o Dublin Core, uma ferramenta voltada para a

descrição para registros de objetos eletrônicos em rede (metadados).

Em 1998 é publicado a versão aprovada do relatório final da 63ª

Conferência Geral do IFLA, sobre o título de Functional Requirements for

Bibliographic Record: final report - FRBR (Requisitos Funcionais para Registros

Bibliográficos). Finalizando o século e como último marco significativo para

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esta obra identifica-se em 1999, o surgimento após atualizações das versões

anteriores o conhecido e bastante utilizado MARC 21.

O início do século XXI volta-se a questão de vários estudos sobre a

catalogação: desde a revisão de conceitos a elaboração de padrões de

representação da informação. Um grande ponto a ser destacado é a realização

dos IFLA Meetings of Expert on an Internacional Cataloguing Code – IME-ICC

(Encontros da IFLA de Especialistas sobre um Código Internacional de

Catalogação), onde foram promovidos cinco encontros em todo o mundo,

sendo o último realizado na África do Sul em 2007. O objetivo desses

encontros era determinar um entendimento padrão e de nível internacional

sobre os princípios que regem a catalogação e que serão a base do Código

Internacional de Catalogação. O resultado desses encontros foi uma versão

preliminar da Declaração dos Princípios Internacionais de Catalogação, o qual

foi incorporado o modelo conceitual do FRBR.

Em 2004, o comitê responsável pela atualização do AACR (Joint

Steering Committee for Development of AACR), começa a desenvolver os

estudos sobre o código de catalogação na busca de publicar o esperado

AACR3. No entanto, como aponta Mey e Silveira, os estudos feitos revelaram

tantas mudanças de nível substancial que em 2005, foi publicado o sucessor

do AACR2, a Resource Description and Access4 – RDA.

Finalizando os grandes marcos históricos para a catalogação no século

XXI, tem-se em 2008, após longas atualizações e revisões nas décadas

anteriores, surge a última versão da ISBD intitulada Internacional Standard

Bibliographic Description – consolidated edition.

Apresentada as origens e o percurso histórico da catalogação e dos

catálogos, adentra-se agora no estudo e na tipologia dos catálogos como parte

de bastante importância na representação e recuperação informacional.

4 Conhecida no Brasil como Recursos, Descrição e Acesso – RDA.

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3.1 O CATÁLOGO E SUA TIPOLOGIA

O processo de representação descritiva da informação, como já

mencionado, apresenta como principal instrumento para a recuperação de

informações o catálogo. Mas, o que vem a ser um catálogo?

A palavra catálogo tem origem da união de duas palavras gregas Κατά

(kata – de todo, completamente ) e λογο (logo – que poderia ser dito como

estudo ou tratado), formando assim a expressão Κατάλογο (catálogo).

Na busca de um conceito sobre o que seja “catálogo” encontra-se no

Dicionário Michaelis que este instrumento se trataria de uma“relação metódica,

geralmente em ordem alfabética, de coisas ou pessoas, com breve notícia a

respeito de cada uma”, ou ainda uma “Lista ou fichário onde estão catalogados

os livros e documentos de uma biblioteca”.5

Ao analisar o conceito proposto por Wynar (1976) não muito diferente do

anterior exposto acima, encontramos que catálogo seria “uma lista arranjada

por ordem alfabética, numérica ou por assuntos, de livros, mapas, moedas,

selos, gravações ou qualquer outra mídia que componha uma coleção”

(WYNAR, 1976, p. 2, tradução nossa).

Sobre um ponto de vista mais atual e de acordo com as ideias de Mey e

Silveira (2009), catálogo pode ser definido como:

um meio de comunicação que veicula mensagens sobre os registros do conhecimento, de um ou vários acervos, reais ou ciberespaciais, apresentando-as com sintaxe e semântica próprias e reunindo os usuários desses acervos. O catálogo explicita, por meio das mensagens, os atributos das entidades e os relacionamentos entre elas. (MEY E SILVEIRA, 2009, p. 12)

Logo, diante das visões acima e de maneira simplificada podemos inferir

que um catálogo seria um meio de descrição e recuperação dos materiais

presentes em um acervo que obedece a determinada lógica de organização e

que aproxima e conduz os usuários ao suporte informacional desejado.

5 Documento eletrônico não paginado

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Compreendido o que seja o catálogo, conheçamos os principais tipos de

catálogos existentes e utilizados6.

Conforme Mey e Silveira (2009) pode-se dividir de maneira ampla a

tipologia dos catálogos em dois tipos: catálogos manuais e catálogos

automatizados.

Ao analisar os catálogos manuais, podemos observar que estes se

dividem ainda em externos e internos. Os catálogos manuais externos são

assim denominados por serem voltados ao público externo, os usuários. Eles

apresentam o registro bibliográfico de cada item do acervo e permitem a busca

de item por meio de pontos de acesso. Os tipos de acesso dos catálogos

manuais são o por responsabilidade, por título e por assuntos. Quanto a

organização os catálogos externos podem ser organizados alfabeticamente ou

sistematicamente.

Os catálogos manuais internos (ou catálogos auxiliares) são aqueles que

são destinados aos serviços de catalogadores e demais profissionais da

informação. São importantes no controle de cabeçalhos, dos próprios acervos e

dos catálogos externos, pois colaboram com a padronização e continuidade do

trabalho. Os catálogos internos podem ser divididos em: catálogo de

identidade, catálogo de assuntos, catálogo dos números de classificação,

catálogo de títulos, catálogo decisório, catálogo de registro, catálogo oficial e

catálogo topográfico.

O catálogo de identidade é o instrumento que representa as formas

autorizadas de nomes de pessoas, famílias e entidades coletivas tanto de

caráter permanente como temporário. Sua forma de organização adotada

geralmente é a alfabética.

O catálogo de assuntos, conforme Mey e Silveira (2009) caracateriza-se

como de fundamental importância para os catalogadores, além de representar

os assuntos dos itens através símbolos e expressões, traz também as fontes

pesquisadas, a listagens de termos não utilizados (Usado Para –UP), os

termos relacionados com o assunto (Termo Geral – TG, Termo Específico – TE

e o Termo Relacionado - TR) e o número de classificação correspondente.

Organiza-se a partir da ordem alfabética de assuntos. Curiosamente, o

6Por não ser o intuito maior desta obra, trazem-se explicações ilustrativas sobre cada tipo de catálogo.

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emprego de tais símbolos e expressões no rememoram o conceito de um

tesauro, entretanto, o que se descreve aqui é um instrumento descritivo da

informação que incorpora funções e características especiais, o que pode

causar dúvidas e confusões de terminologias na ótica dos profissionais da

informação.

Em seguida tem-se o catálogo dos números de classificação,

responsável por permitir o controle do número utilizado, fazendo-se utilizar o

mesmo número para o mesmo assunto e evitando a duplicidade de

numerações. A forma de organização desse tipo de catálogo é feita pelo o

ordenamento dos números de classificação.

O catálogo de títulos se subdivide em catálogo de séries e catálogo de

títulos uniformes. O catálogo de séries representa o título padronizado da série,

as remissivas de outros possíveis títulos e notas de explicação e, em alguns

casos, remissivas. O catálogo de títulos uniformes controla o título padronizado

de diversos tipos de obras que em seus títulos de expressões e manifestações,

geralmente observadas no caso de informações presentes em formato de leis,

músicas, obras cinematográficas e outros. Ambos os tipos de catálogos de

títulos são organizados em ordem alfabética.

O catálogo decisório é um espécie de “catálogo manual” onde todas as

informações e decisões a serem adotadas pelos catalogadores no que se

referem a catalogação estão presentes neles. Um exemplo seriam as

possibilidades ou não do uso de códigos ou tabelas para a representação do

nome de autores ou a inclusão de itens já presentes na coleção do acervo de

determinada obra. O catálogo decisório organiza-se em ordem alfabética.

O catálogo de registro é o tipo que armazena fichas que trazem número

de patrimônio que identifica cada um dos volumes físicos do acervo da

biblioteca. De maneira apenas ilustrativa seria como uma espécie de livro de

tombo em fichas. Podem ser incorporados aos dados de cada ficha

informações como forma de aquisição e preço, por exemplo. Este catálogo

apresenta sua organização a partir da numeração sequencial feita de cada

exemplar encontrado no acervo.

O catálogo oficial é um catálogo destinado para o uso interno e constitui-

se em uma réplica do catálogo externo. Sua função é voltada a promoção da

manutenção do catálogo externo e servir de base para a pesquisa de materiais

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no acervo, principalmente quando não há catálogos automatizados. É

organizado pelo ponto de acesso principal escolhido pela equipe de

bibliotecários, como título ou nome de autor.

O catálogo topográfico, organizado pelo número de chamada dos

materiais do acervo, apresenta com função principal a localização de todos os

itens no acervo. Além disso, ajuda no inventário de acervo, no desenvolvimento

de coleções da instituição e também permite um maior controle sobre a

organização dos itens nas estantes.

Finalmente adentrando os catálogos automatizados, pode inferir que

estes são catálogos em formato virtual que em rede possuem a característica

de favorecerem a busca e recuperação da informação pelos usuários.

É importante relembrar a importância da automação para a

biblioteconomia e para a catalogação em si. Hoje, muitos dos catálogos

relacionados acima incorporam rapidamente o formato MARC 21, que

apresenta todas as funções dos catálogos anteriormente citados. Grandes

vantagens foram trazidas pelos catálogos automatizados tais como a rapidez e

facilitação do acesso à informação. Por outro lado, alguns problemas também

se fazem presentes como as falhas no momento de recuperação da informação

como na estratégia de busca ou no número mínimo de terminais

disponibilizados para os usuários.

Ao concluir esta parte referente ao catálogo e a sua tipologia, é

importante enfatizar que o profissional catalogador deve estar ciente de qual

tipo de catálogo utilizar diante dos recursos financeiros, estruturais e culturais

da instituição a qual está vinculado. Nem sempre o uso de um catálogo

automatizado resolve os problemas de representação e busca informacional da

comunidade de usuários: algumas vezes a convivência pacífica entre os dois

tipos (automatizado e manual) se torna mais benéfica para a otimização das

atividades. Logo, que o catalogador use de bom senso e avalie qual será a

melhor opção para a sua instituição e ainda mais para o seu usuário.

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33

3.2 A IMPORTÂNCIA DA CATALOGAÇÃO

Ao observar rapidamente a história do catálogo e da catalogação,

descrita sucintamente no breve histórico que inicia este capítulo, temos a visão

de como se dava a organização informacional nos primórdios da sociedade

humana. Como vimos anteriormente o homem, no início dos tempos e diante

dos suportes informacionais de sua época, se preocupava em primeiro modo

aplicar como lógica organizacional a manutenção e a separação física dos

materiais existentes como forma de organização dos documentos e da

informação. Em outras palavras, a organização informacional estava mais

associada primeiramente a questão de armazenamento e separação de

materiais distintos do que com a representação para a recuperação

informacional.

Sobre esta premissa, Ribeiro comenta que

[...] além da organização material, que só por si já potenciava a localização dos documentos (mas nem sempre da informação neles contida), a necessidade do acesso aos conteúdos, em tempo útil, determinou o aparecimento de outros processos viabilizadores da recuperação da informação. Desde muito cedo que os sistemas organizados começaram a criar formas de representação da informação, as quais serviam como meios de acesso e substituíam a pesquisa directa [sic] sobre as próprias espécies materiais. (RIBEIRO, 2005, p.2)

Neste ensejo, como já vimos, apareceram as primeiras tentativas em

representação informacional, que seriam os protótipos dos primeiros catálogos

para se caracterizarem, posteriormente, nos instrumentos de representação e

acesso informacional que nos são hoje.

Com o passar dos anos e atingindo a época atual, com a evolução da

sociedade, dos avanços tecnológicos, desenvolvimento dos suportes

informacionais e facilidade de acesso à informação, a necessidade em se

pensar e refletir sobre o uso de técnicas de representação informacional

aumentou. Em nossa sociedade informacional, obter de forma eficiente a

informação é uma tarefa primária e importantíssima para o desenvolvimento

pessoal, social e econômico da humanidade. Tão importante que se configura

como recurso que movimenta o setor quaternário de toda a economia mundial!

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Deste modo, e devido ao caos de informações instaurado em nosso

cotidiano, começou-se a estudar a acerca de como representar, buscar e

recuperar de maneira eficiente a informação em seus mais variados contextos

e suportes.

Uma desses caminhos para sanar esta dificuldade em acesso e

recuperação eficiente da informação tem sido realizada através do processo de

catalogação. Com o uso da representação descritiva da informação, consegue-

se de maneira produtiva promover a representação do item objetivando uma

busca facilitada e uma recuperação de informação mais precisa.

Maimone, Silveira e Tálamo (2011, p.34) afirmam que

representação da informação, tanto temática quanto descritiva, utiliza-se de uma linguagem própria para atingir seu principal objetivo, que é proporcionar a comunicação eficaz entre sujeito e objeto (usuário e documento)(MAIMONE, SILVEIRA E TÁLAMO, 2011, p.34).

A “linguagem própria” citada pelos autores e no contexto da RDI advém

de reflexões e estudos contínuos com o intuito de promover a comunicação

efetiva entre o usuário e informação. Em tais estudos, como também se nota

descrito na parte histórica deste capítulo, pode-se ver a criação e evolução em

paralelo de normas, diretrizes, modelos, formatos e códigos de catalogação

que nada mais são do que a base da representação descritiva no seu ponto de

vista conceitual e auxiliam no tratamento informacional de nossa época.

Surgem então, em nosso cotidiano siglas como AACR2, MARC 21,

FRBR, FRAD, RDA e muitas outras que complementam, atualizam e

promovem a RDI, no que diz respeito a padronização e intercâmbio de

informaçõesajudando a combater esta “tempestade de informações” em nosso

tempo.

Observa-se desse modo, e diante do que foi colocado, a importância

evidente da catalogação, que atua como verdadeira estratégia para

arecuperação e obtenção de informações refletindo diretamente no perfil social,

educacional e socioeconômico de todo o globo terrestre.

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Sem este poderoso instrumento informacional, que é a catalogação,

certamente nós padeceríamos com os problemas em acesso e busca

informacional e estaríamos fadados a procurar outro mecanismo que se

assimilasse e trouxesse tantos benefícios a toda humanidade do ponto de vista

informacional que a catalogação produz. Se promover o acesso a informação é

essencial, a catalogação faz com que acesso aconteça, seja com utilização dos

mais novos suportes tecnológicos em grandes centros universitários, seja pelo

o uso de um simples catálogo manual em uma comunidade interiorana de

nosso país: o objetivo e missão é o mesmo. Portanto, considera-se a

catalogação como processo não só essencial para o trabalho informacional

mas para a melhoria da vida humana.

Após este momento de mérito a catalogação, iniciemos as

considerações sobre duas siglas citadas acima que ultimamente tem ganhado

grande destaque na catalogação mundial: o modelo conceitual FRBR e a nova

norma de catalogação RDA.

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4 TENDÊNCIAS PROMISSORAS: EM BUSCA DE UM PADRÃO VISANDO A

RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Após toda a contextualização sobre a organização e representação e

diante do breve levante histórico da catalogação e dos catálogos, inicia-se

neste capítulo o enfoque sobre estes pontos inovadores e importantes para a

catalogação de nossa época: Os FRBR e o RDA. De forma sintética procura-se

mostrar a estrutura e importância destes marcos para representação

informacional da contemporaneidade.

Vale salientar que este trabalho não por finalidade destacar e esmiunçar

todas as particularidades do modelo conceitual FRBR nem da norma de

catalogação RDA, e sim promover uma visão geral dos assuntos de maneira

sintética e dinâmica com vistas contextualizá-lo no âmbito da catalogação.

4.1 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS-

FRBR

Ao entender os FRBR, percebe-se que estes apresentam como

finalidade proporcionar através de um quadro estruturado, uma melhor relação

entre as necessidades informacionais dos usuários nos registros bibliográficos

e os dados contidos em tais registros. De acordo com a IFLA os FRBR,como

objetivo,

[...] fazem uma abordagem centrada no usuário, analisam quais requisitos de dados o usuário utiliza para realizar a busca e o que ele espera encontrar no registro bibliográfico. O segundo objetivo foi recomendar um nível básico de funcionalidade dos registros bibliográficos criados pelas agências bibliográficas

nacionais. (IFLA, 1998 apud SILVEIRA, 2007, p.58)

De forma mais técnica pode-se compreender os FRBR como um modelo

conceitual entidade-relacionamento (E-R), voltado ao usuário, que representam

e descrevem de maneira simples o conjunto de informações do universo

bibliográfico de modo teórico, no intuito em servir de base para a construção e

implantação de sistemas ou bases de dados bibliográficos (SILVEIRA, 2007,

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p.58). O modelo conceitual E-R foi proposto Peter Chen na década de 1970 e

tem como funcionalidade o desenvolvimento para bases de dados relacionais,

onde identifica como três elementos dos FRBR: as entidades, os atributos e os

relacionamentos, faltando apenas a inclusão das atividades do usuário para

fechar toda a essência estrutural dos FRBR.

A entidade nesse modelo E-R pode ser entendida como “uma coisa ou

um objeto no mundo real que pode ser identificada de forma unívoca em

relação a todos os outros objetos” (CHEN, 1990, p.21-24 apud MORENO,

2006, p.34). As entidades então apresentam características comuns que

permitem identificar outras entidades e no caso dos FRBR são o que realmente

interessam aos usuários. Os FRBR são constituídos por dez entidades e que

são divididos em três grupos.

O primeiro grupo são as entidades que representam os produtos de

trabalhos artísticos e intelectuais. Assim fazem parte deste grupo as entidades:

obra, expressão, manifestação e item.

A obra pode ser identificada como uma criação artística ou intelectual

que pode estar contida em qualquer suporte informacional; pode ser ainda um

assunto de outra obra. Silveira (2007) destaca que quando uma obra sofre

modificações onde há envolvimento de esforço intelectual, para os FRBR, este

material trata-se de uma nova obra. Assim, adaptações, reescrições, paródias

e outros tipos são reconhecidos como novas obras.

A expressão seria a realização artística ou intelectual de uma obra e

que pode ser apresentada de diversas formas, como por exemplo, um som,

uma música, um objeto, um texto, uma imagem, um gesto e outras

possibilidades. A expressão além de também poder ser assunto de uma obra,

como afirmam Mey e Silveira (2009) compreendem ainda outros tipos como as

traduções literárias e as interpretações de músicas, por exemplo. Esse ponto é

justificado por Silveira quando afirma:

a tradução requer esforço intelectual, principalmente para alguns literários, entretanto, o tradutor não pode ser muito original, ele deve seguir a idéia do autor que está traduzindo. Como não há inclusão de idéias originais e criativas na tradução, ela é designada como uma nova expressão. (SILVEIRA, 2007, p.61).

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Assim, é notório que a ideia de expressão está ligada também a

observância de como as obras se apresentam, o que muitas vezes dificulta o

compreendimento e análise de uma obra e expressão.

A terceira entidade é a manifestação. Esta pode ser definida como a

materialização de uma expressão de uma obra ou em outras palavras pode ser

considerada como uma espécie de suporte físico que abriga uma expressão ou

uma obra. Um exemplo dado pela Mey e Silveira (2009), para maior elucidação

do tema, é o de um texto publicado em brochura comemorativa com destaques

especiais e capa dura, e o outro em brochura simples. Estes materiais

apresentam a mesma obra, a mesma expressão, entretanto se identificam

como duas manifestações distintas e por isso, receberão dos números ISBDs

diferentes.

A última entidade desde grupo é denominada item. O item é definido

como uma representação única de uma manifestação. Seria, em outras

palavras, o exemplar que permite que o usuário acesse e encontre os

conteúdos informacionais presentes em uma obra ou expressão. Assim, o item

pode apresentar volumes, pode conter informações próprias ou sobre outro

item e compreender objetos existentes em lugar físico ou virtual.

Para encerramento das entidades deste primeiro grupo e melhor

entendimento sobre suas funções, segue abaixo um exemplo bem simples e

inusitado, feito especialmente para esta ocasião e inspirado na literatura sobre

a temática.

1ªObra: Música Single Ladies (Put a ring on it) da cantora Beyoncé.

2ª Obra: Coreografia de Single Ladies (Put a ring on it) executada pela cantora.

1ª Expressão: Partitura original da canção elaborada pela gravadora.

2ª Expressão: Coreografia realizada por uma companhia de dança.

1ª Manifestação: CD duplo da cantora comercializado nas lojas.

2ª Manifestação: DVD filmado e gravado em Las Vegas, EUA.

1° Item: CD autografado pela cantora e em coleção particular de um fã.

2° Item: DVD adquirido por compra online.

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Iniciando o segundo grupo das entidades apresentam-se aqui as que

procuram representar os responsáveis pelo conteúdo, guarda e disseminação

das entidades do primeiro grupo: pessoa e entidade coletiva.

A entidade pessoa tem o intuito de representar aqueles que estão

envolvidos com a criação ou realização de uma obra ou pessoas que tem

ligação com o assunto de uma obra. Nesse caso, consideram-se os autores,

escritores, compositores, intérpretes, personalidades de biografias,

autobiografias e afins.

A entidade coletiva representa grupos de pessoas ou organizações que

atuam como uma unidade, (estas organizações ou grupos de pessoas podem

ser temporários ou permanentes) e abrangem grupos que se constituem em

encontros, seminários, simpósios e outros eventos similares.

Tratando-se de entidade coletiva e de pessoa, cabe aqui fazer uma

breve observação sobre a existência de outro modelo conceitual bastante

importante e também utilizado no RDA: os Functional Requiriments for

Authority Data (Requisitos Funcionais para Dados de Autoridade) – FRAD. Este

modelo conceitual, também do tipo E-R, é uma extensão e expansão dos

FRBR, e como o próprio nome indica, está voltado para a representação e

controle de autoridade dos registros bibliográficos.

O controle de autoridades, no contexto dos FRAD, pode ser identificado

como entidades que são representados por pontos de acesso controlados e

apresentam gestão contínua, significando fundamental importância para a

catalogação. Este controle de autoridades gera benefícios tanto para os

profissionais que lidam com a descrição de recursos quanto para o usuário. Ao

catalogador auxilia na identificação e na distinção de pontos de acesso

controlados. Ao usuário, fornece o aumento das possibilidades na recuperação

do material seja pela forma do autor ou pelo título.

Este modelo conceitual apresenta como objetivo promover o

relacionamento efetivo entre as necessidades do usuário e os dados de

autoridades e auxiliar no compartilhamento internacional dos dados de

autoridade. (MEY E SILVEIRA, 2009).

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Em sua composição estrutural observa-se que os FRAD se organizam

de forma similar aos FRBR, ou seja, constam de entidades, atributos, relações

entre entidades e tarefas do usuário.7

Ao sair da perspectiva dos FRAD e retornar aos FRBR, encontramos o

terceiro grupo de entidades. Este grupo tem o objetivo de representar os

assuntos de uma obra e é caracterizado por quatro entidades: conceito, objeto,

evento e lugar.

A entidade conceito refere à temática da obra. Como conceitos desta

monografia, por exemplo, temos a Representação Descritiva da Informação,

Catalogação, FRBR e assim por diante. A entidade objeto trata da

representação do assunto quando a temática se refere a qualquer tipo de

objeto ou estrutura material. Exemplo básico seriam os trabalhos que falam das

pirâmides do Egito, ou sobre a Torre de Pisa. A entidade evento tem o intuito

de representar fatos históricos, eventos de época ou períodos diversos. Como

exemplo tem-se os materiais que tratam do período da Renascença ou do dos

efeitos da Revolução Industrial. Por fim, a entidade lugar, abarca a

representação de materiais que possuam como assunto algum dado sobre

localização: seja terrestre, extraterrestre, locais históricos ou geopolíticos.

Assim, pode exemplificar com obras que tragam assuntos como as Montanhas

do Nepal ou o estudo da região nordeste do país.

Analisada a parte das entidades, entendamos o que são os atributos.

Cada entidade descrita acima está diretamente relacionada ao um conjunto de

características que são denominadas atributos. Eles possibilitam que os

usuários façam perguntas no momento da pesquisa em um catálogo e

consigam interpretar as respostas diante dos dados recebidos.

De acordo com Silveira os atributos

[...]são dados bibliográficos responsáveis pelo armazenamento, organização e recuperação da informação. Os atributos apresentados pelos FRBR derivam de uma base lógica dos dados presentes nos registro bibliográfico [sic], utilizado como fontes de referências principais os ISBDs, as Guidelines for Authority and Reference Entries (GSARE) e o Manual UNIMARC. (SILVEIRA, 2007, p. 64)

7 Apesar de instigante e relacionada a temática desta obra, os FRAD não serão contextualizados e

aprofundados aqui. Ao leitor que se interessar sobre o assunto sugere-se a leitura do documento da IFLA

traduzido para o espanhol, denominado “Requisitos Funcionales de los datos de autoridades (FRAD): un

modelo conceptual”, que foi aqui utilizado e se apresenta nas referências desta obra.

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De forma simples os atributos podem ser entendidos como

características das entidades que permitem o desdobramento dos elementos

representativos já conhecidos. Apenas para exemplificação e melhor

compreensão, traz-se o exemplo da entidade “obra”. Esta possui como

atributos: título da obra, forma da obra, contexto da hora, data da obra, meio de

execução (no caso de obras musicais) e assim por diante.

Para não alongar por demais este trabalho e não tornar cansativa a

leitura dispõe-se ao término desta obra um apêndice (Apêndice A) com todos

os atributos das entidades aqui descritas para a consulta do leitor.

A terceira parte da estrutura das FRBR é compreendida pelos

relacionamentos entre as entidades.

Os relacionamentos entre as entidades são de vital importância na

questão da recuperação da informação e, assim, para toda a estrutura FRBR.

São através desses relacionamentos que o usuário consegue auxílio para

encontrar as informações que estão representadas em catálogos, bases de

dados e outros similares. Silveira aponta que

Normalmente o usuário formula uma pergunta utilizando um ou mais atributos de entidade que procura e através desses atributos ele encontra a entidade. As informações escritas no registro bibliográfico proporcionam uma informação adicional ao usuário, ajudando-o a estabelecer conexões entre a entidade encontrada e outras correlacionadas. (SILVEIRA, 2007, p. 64)

Logo, percebe-se a importância desses tipos de relacionamentos para o

funcionamento adequado dos modelos conceituais e da própria busca e

recuperação da informação. Nesse contexto existem vários tipos de relações

presentes no modelo das FRBR, como por exemplo, as relações de primeiro

nível que abarcam as relações entre os membros do primeiro grupo. Esse tipo

de relacionamento pode ser visualizado na Figura 2 abaixo.

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Figura 2: Relações de primeiro nível. Fonte: Mey e Silveira (2009, p. 26).

As setas duplas indicam que uma entidade pode se relacionar com

outras entidades de mesmo tipo, como é o caso da obra que pode ser

representada por mais de uma expressão. As setas simples mostram que uma

entidade que só pode se relacionar e serem representadas por uma entidade

de cada tipo. Nesse caso temos como exemplo o item que pode ser

exemplificado por uma única manifestação. Um segundo tipo de

relacionamentos, de acordo com Moreno (2006) é o que acontece entre as

entidades do primeiro e segundo grupos. Esse tipo de relação é denominado

de relacionamento de responsabilidade, mostrada na Figura 3 a seguir.

Figura 3: Relações de responsabilidade. Fonte: Mey e Silveira (2009, p. 27).

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Neste caso as setas duplas indicam que tanto a pessoa quanto a

entidade coletiva tem condições em criar, realizar, produzir e possuir mais de

uma obra, expressão, manifestação ou item. (MORENO, 2006, p.57).

Outro tipo de relação nas FRBR são os relacionamentos de assuntos.

Este tipo de relacionamento ocorre e está ligado diretamente a obra, pois esta

é que apresenta assunto e de acordo com Mey e Silveira (2009, p.29) “Todas

as demais entidades se derivam ou se relacionam à obra em si.” Dessa forma

entende-se que todas as entidades podem se relacionar a obra como também

podem constituir um assunto de um obra, o que justifica as setas duplas da, a

seguir. Sendo assim, traz abaixo um modelo representativo de relação de

assunto.

Figura 4: Relações de assunto. Fonte: Mey e Silveira (2009, p. 27).

Existem outras relações apresentadas nas FRBR, mas que não cabem

ao estudo simples desta obra. Mesmo não conceituando e exemplificando

todos os tipos de relações existentes pode-se analisar e inferir a grande

usabilidade dos relacionamentos no contexto dos FRBR.

Chegamos enfim a última parte que compõe a estrutura deste modelo

conceitual: as tarefas do usuário. De acordo com a IFLA foram definidas quatro

tarefas no estudo das FRBR que foram embasadas para promover um melhor

desempenho diante das necessidades informacionais dos usuários. Logo, as

quatros tarefas determinadas são:

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Encontrar entidades que correspondam aos critérios de busca

pelo usuário (isto é localizar uma entidade ou conjunto de entidades em um arquivo, ou em uma base de dados, como resultado de uma busca que utiliza um atributo ou relacionamento de uma entidade); identificar uma entidade (

isto é, confirmar que a entidade descrita corresponde a entidade buscada ou distinguir entre duas ou mais entidades com características similares); selecionar uma entidade adequada para as necessidades do usuário (isto é, eleger uma entidade que satisfaça as necessidades do usuário em respeito do conteúdo, formato físico, etc... ou descartar uma entidade não adequada para as necessidades do usuário). Adquirir ou obter acesso a entidade descrita (isto é, adquirir uma entidade

através de compra, empréstimo, etc., ou para acessar eletronicamente a uma entidade através de uma conexão online por um computador remoto). (IFLA, 2008, p.156,

tradução nossa).

Resumindo em encontrar, identificar, selecionar e obter observa-se que

a relevância dessas tarefas, em conformidade com as ideias de Silveira (2007)

refletem na descoberta das reais necessidades informacionais dos usuários, o

que promove um serviço de qualidade superior no que diz respeito à busca e

recuperação eficiente da informação.

Os FRBR, sem dúvida, trouxeram grande evolução e diversos

melhoramentos para o processo de catalogação, alcançando toda a

representação descritiva informação como um todo devido à mudança de

paradigmas no processo catalográfico, da busca e recuperação da informação

e do intercâmbio de dados voltados à representação descritiva de materiais.

Dessa forma, percebe-se que a catalogação através deste modelo

conceitual que está totalmente voltado as necessidades do próprio usuário e o

quanto é importante na perspectiva conceitual como base desta inovadora

norma de catalogação, denominada RDA.

4.2 RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO – RDA

Durante a explanação de alguns conceitos e definições nesta obra,

muita expectativa foi gerada em torno da sigla RDA. Portanto, neste momento,

adentraremos ao estudo desta que seria denominada “Recursos: Descrição e

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Acesso”. Vale salientar, que o texto base para fundamentar este capítulo se

deu pela tradução realizada por Briquet de Lemos da obra conhecida como

“Introdução à RDA: um guia básico” da autora Chris Oliver.

Originalmente em sua forma inglesa como Resource Description and

Access, e criada pela cooperação da Austrália, Canadá, Grã-Bretanha e

Estados Unidos, a RDA vem sendo estudada e discutida pela classe

bibliotecária de todo o mundo, principalmente por aqueles envolvidos com a

representação descritiva da informação. Mas então, o vem ser a RDA?

A RDA se configura como uma das mais novas normas de catalogação,

com vistas a substituir, a conhecida e internacionalmente utilizada, segunda

revisão da AACR2. Apresenta como base a própria AACR2, mas em sua

estrutura nota-se o direcionamento para abranger também documentos em

ambientes digitais.

A RDA enquanto sua estrutura de sua norma e como afirma Mey e

Silveira (2009), é formada por 38 capítulos, onde o capítulo “0” considerado

preliminar, está voltado para as considerações introdutórias sobre o formato.

Apresenta 10 seções que se subdividem em 37 capítulos e por fim, traz ainda

13 apêndices (Ver Apêndice B). A RDA utiliza ainda de esquemas externos de

vocabulário como a International Standart Organization (Organização

Internacional de Normalização) – ISO, e incentiva o uso dos registros de

identificação como o ISBN e o ISSN. Vale salientar rápidas particularidades

encontradas na RDA.

A primeira delas é que esta nova norma é baseada em uma estrutura

teórica. Essa base teórica é formada pelos modelos conceituais FRBR e pelo

FRAD (comentados anteriormente) e que assumem como função inicial

constituir uma forma para compreender o universo bibliográfico e,

posteriormente, focar e apoiar as tarefas exercidas pelo usuário,8 através de

suas estruturas divididas em entidades, atributos e relacionamentos.

8 As atividades do usuário fazem parte de ambos os modelos conceituais( FRAD E FRBR). Entretanto,

em vista a relação direta do objetivo deste trabalho, foram aqui omissas as atividades do usuário dos

FRAD. Dessa forma, segue no Apêndice C, um breve comentário e ilustração rápida sobre tais atividades

para que o leitor possa elucidar o seu compreendimento sobre o tema.

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O uso dos FRBR e dos FRAD permite também a identificação dos

principais componentes dos dados bibliográficos e dos dados de autoridade,

promovem a avaliação da utilidade de cada componente na execução das

atividades do usuário e assumem a perspectiva de navegação utilizada por

grandes bases de dados e catálogos. (OLIVER, 2011, p.34). Ademais, através

da mudança na terminologia trazida por estes modelos conceituais, conseguiu-

se um melhor esclarecimento conceitual e terminológico. Um último fator

significativo, e citado aqui de forma sucinta, é a visualização da presença do

FRBR e do FRAD no contexto RDA.

De forma sintética observa-se a presença e a harmonização destes

modelos, em conjunto com a RDA nos diagramas que representam a entidade-

relação (presente no RDA Toolkit); na terminologia e nos conceitos observados

no próprio sumário e no conteúdo das instruções referente à norma RDA.

Um segundo ponto interessante é que a RDA está projetada para o

ambiente digital. Pode ser utilizada com a mesma eficiência para recursos

analógicos e digitais e ainda faz correspondência com os formatos da

atualidade como o MARC 21, o Dublin Core e qualquer outro que exista ou

possa vir existir, devido a sua estrutura flexível e com capacidade de extensão

para a descrição técnica e de assunto de todos os tipos de recursos bem como

todos os tipos de conteúdo. A RDA além disso, é utilizada ainda como uma

ferramenta presente na própria web.

Conforme Oliver (2011, p. 3) “Para a comunidade de catalogação, a

RDA assinala uma mudança notável em virtude de ser uma norma projetada

para ser utilizada como uma ferramenta da Rede”. Surge então, a RDA Toolkit

que se configura como diz a sua tradução uma “caixa de ferramentas” da RDA,

a qual inclui o conteúdo integral da norma, documentos e funcionalidades

adicionais, e é disponibilizada em rede. A RDA Toolkit serve para

complementação do trabalho diário do profissional catalogador com a RDA e

dar suporte a uma implementação eficiente da norma (OLIVER, 2011).

Outra particularidade pertinente encontrada na RDA é voltada a

abrangência de sua utilização. Diferentemente das suas antecessoras

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AACRs, a RDA se projeta para alcançar comunidades além da biblioteconomia,

como por exemplo, a museologia, a arquivologia e até o campo editorial.

Uma vantagem como afirma Oliver (2011) é que os dados, advindos de

outras áreas do conhecimento e múltiplas organizações,

podem ser armazenados e transmitidos com o emprego de diferentes esquemas de codificação, inclusive os que estejam utilizados em outras comunidades de metadados. Igualmente, ao se manter distante das instruções relativas à apresentação dos dados, deixa-se a porta aberta para que uma comunidade potencialmente mais ampla de usuários venha a adotar os elementos RDA em aplicações novas e diferentes. (OLIVER, 2011, p.5).

Dessa forma, quanto maior for essa compatibilidade de dados

intercambiados pelas mais variadas instituições e comunidades de metadados,

maiores serão as vantagens e benefícios adquiridos pelos próprios usuários,

que terão um conjunto final maior de informações não limitadas a apenas uma

ótica ou área do conhecimento.

Além deste alcance entre comunidades de diferentes áreas de estudo, a

RDA mantém o esforço em se tornar uma norma utilizada a nível internacional.

De forma antagônica as AACR2, perceptivelmente originadas para a visão e

catalogação inglesa, um dos princípios que regem a RDA é atingir as instâncias

catalogadoras de todo o mundo. Traduzida em cerca de 25 línguas diferentes

(além do inglês) a norma pretende criar condições para que se possam

adequar aos diversos tipos de realidades linguísticas, sistemas de escrita e

numeração diferentes. Nesse objetivo de uso internacional, a RDA emprega os

conceitos, diretrizes e princípios estabelecidos pela comunidade internacional

de catalogação de nossa época.

Outro fator importante refere-se à relação e a continuidade com a

AACR2. Apesar de diferenças entre estes dois formatos, vale lembrar que a

base da RDA veio da estrutura da AACR. Assim, a RDA tem como esforço

preservar essa compatibilidade de registros com AACR2 e o formatos como o

MARC 21, além de manter sua interoperabilidade com os meios digitais, não

pensados e utilizados eficientemente pela sua antecessora, uma vez que esta

tinha seu enfoque inicial sobre os registros bibliográficos.

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Ainda relacionado a este ponto percebe-se que a governança, ou seja, a

estrutura formal que gerencia o conteúdo e a publicação da RDA é formada

pelos mesmos comitês9 que atuavam junto a AACR. O que de acordo com

Oliver (2011) tem características positivas, pois foi justamente a revisão da

norma vigorosa e dinâmica promovida por tais comitês que acabou por criar ao

invés da “AACR3” a própria RDA.

Um último fato referente a esta continuidade da RDA em relação ao

AACR2 é observado na estrutura de suas instruções (onde muitas dessas

instruções derivaram da norma AACR) e na compatibilidade dos registros, os

quais muitos permanecem quase que inalterados.

Saindo destas particularidades gerais que regem significativamente a

RDA, inicia-se uma breve consideração sobre as principais diferenças entre

estas normas de catalogação, no intuito de se entender onde ocorreram as

mudanças e melhorias na catalogação.

4.2.1 As mudanças da norma Recursos: Descrição e Acesso

No processo de revisão da AACR2 e criação da RDA, algumas

mudanças significativas para a catalogação se tornam evidentes. Trazem-se

abaixo as principais mudanças observadas e introduzidas pela nova norma de

catalogação.

A primeira mudança a ser destacada está ligada aos princípios, objetivos

e modelos conceituais empregados na RDA. Nota-se que a RDA acompanha

as diretrizes segundo a Declaração de Princípios Internacionais de

Catalogação, que rege a catalogação a nível global, e utiliza-se dos modelos

conceituais FRBR e dos FRAD que proporcionam uma estrutura eficaz para a

RDA. Deve-se o desenvolvimento da RDA justamente pelo os conceitos

trazidos por estes modelos conceituais e por tais princípios internacionais que

9 A saber, o Committe of Principals (Comitê de Principais) – CoP , responsável pela substituição de

todos os aspectos; o Joint Sterring Committee – JSC (Comitê misto de direção) responsável pelo

conteúdo, revisão e melhoramento da norma; Co-Publishers (Co-editoras) designadas para publicar as

obras criadas pela JSC, e; Trustees (Conselheiros) ou Fund Committee (Comitê de recursos financeiros)

responsáveis pela gestão financeira. (OLIVER, 2011, p. 45).

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49

fomentara os próprios objetivos desta norma de catalogação. Como principais

objetivos da estrutura da norma identificam-se o intuito em responder as

necessidades do usuário, o custo eficiência, a flexibilidade e a continuidade da

RDA.

O primeiro objetivo listado acima (responder as necessidades do

usuário) configura-se também como grande mudança proporcionada e trazida

na RDA. Cada seção desta norma apresenta um capítulo, objetivos e princípios

norteadores que são específicos para cada seção. Os objetivos funcionais (que

também são próprios de cada seção) fazem a relação entre as instruções

orientadoras da seção junto às tarefas do usuário e promovem a interação

entre os dados registrados e os dados que as tarefas do usuário pretendem

apoiar.

Outro ponto observado como foco voltado para as necessidades do

usuário se faz presente no texto de instruções da norma. Este texto carrega em

sua essência vários casos onde é facultado ao catalogador o discernimento e a

liberdade daquilo que realmente possa ser importante para atingir os pontos

destacados pelas tarefas do usuário.

Em conformidade com Oliver se vê que

A capacidade de responder as necessidades do usuário não é um conceito abstrato limitado a um capítulo introdutório, mas um tema que se repete em todo o texto da RDA. As instruções RDA fornecem orientação prática para registrar ou criar dados que ajudarão nas tarefas de usuário (OLIVER, 2011, p. 60).

Logo, entende-se que o contexto RDA é totalmente voltado para cumprir

as reais necessidades do usuário identificadas pelas tarefas do usuário, o que

torna o formato bastante eficiente no contexto da recuperação informacional.

Promover uma estrutura flexível e extensível para descrever todos os

tipos de recursos, é outra mudança benéfica encontrada na norma. Com o uso

dos modelos FRBR e FRAD, a RDA revela uma nova abordagem para

descrever os materiais do ponto de vista técnico e de assunto do material.

Como grande vantagem, a RDA apoia-se na base conceitual das entidades,

atributos e relacionamentos que interagem eficientemente com as tarefas dos

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50

usuários e possibilitam combinações que abarcam tanto formatos de recursos

conhecidos como outros que venham a existir.

Além disso, a RDA implementa um novo enfoque sobre o ponto de vista

dos aspectos técnicos e de conteúdo dos recursos. As conhecidas

Designações Gerais dos Materiais – DGMs dão lugar a uma nova estrutura

formada por um tripé conceitual, de diferentes elementos entre si, e capazes de

representar todos os tipos de suporte e conteúdo. Esse tripé é formado pelo

conceito do tipo de conteúdo, tipo de mídia e tipo de suporte.

O tipo de conteúdo se configura como um atributo no nível de

expressão. Esse atributo pode ser compreendido como o tipo onde o que se

torna mais significativo é verificar como conteúdo é expresso e por qual dos

sentidos humanos ele é aprendido. É importante ressaltar que caso haja

diferença no tipo de conteúdo ocasionará em contrapartida diferença no tipo de

expressão. De acordo com Oliver (2011) é um elemento essencial e que sob

nenhuma hipótese por ser omitido em um registro.

O tipo de mídia é um atributo voltado ao suporte e ao mesmo tempo

diferencia as manifestações. Ao contrário dos tipos de conteúdo não são

obrigatórios, porém quando utilizados permitem ao usuário a localização de

uma variedade de recursos, sem a preocupação em ter que listar suportes

específicos.

O tipo de suporte, por fim, é um atributo ao nível da manifestação. Como

conceitua o escopo da RDA, mostrada na obra de Oliver, o tipo de suporte se

refere ao invólucro e ao dispositivo utilizado para acessar o conteúdo

informacional deste suporte. Os tipos de suporte e de mídia se mostram inter-

relacionados, onde se pode inferir que: um tipo de mídia compreendem vários

tipos de suporte, mas um tipo de suporte só pode corresponder a um único tipo

de mídia.

Esses três tipos apresentados, pelo o que foi contextualizado,

contribuem de forma significativa para a extensão de descrição de conteúdo e

dos recursos.

Um novo elemento trazido na RDA foi o modo de publicação. Este

elemento consiste em representar se um recurso traz publicação em mais de

uma parte, as formas de como este pode ser atualizado e o término deste

recurso. Este elemento apresenta termos “volume único”, “livro em vários

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51

volumes”, “publicação seriada” e “recurso integrado.” (OLIVER, 2011). Este

ponto de descrição é importante porque muda a forma de escolha da fonte

informacional que será pensada como base da descrição e constitui-se como

elemento fundamental para a descrição de um recurso.

Outro ponto de mudança favorável trazida pela RDA é atribuído a

questão dos elementos de dados. Estes elementos possibilitam o uso de

qualquer elemento10 como um termo ou limite para busca, oferecendo ao

mesmo tempo uma melhor flexibilidade na apresentação dos dados. Estes

elementos na RDA fazem correspondência a algumas informações

representados na AACR2, com uma diferença: no registro da AACR2 os

elementos não apresentavam tantos detalhamentos nos termos do registro

como no modelo da RDA.

A RDA identifica os elementos dos dados, e ao contrário do modelo da

AACR identifica cada um separadamente. A importância dos elementos de

dados está ligada ainda a ideia de associar elementos apropriados para

diferentes espécies de dados, evitando assim o risco da ambiguidade.

Quando os elementos de dados se demonstram claramente rotulados e

diferenciados, abre-se a possibilidade de qualquer um dos elementos serem

utilizados para iniciar uma pesquisa, refinar buscas, criar exibições ou ordenar

conjunto de resultados o que resulta num maior proveito diante dos resultados

obtidos, elevando a precisão das buscas e que pode acarretar em uma nova

forma para usar e apresentar dados.

Existem também os chamados elementos adicionais que consistem em

elementos de dados que foram inseridos na estrutura da RDA para um melhor

detalhamento de dados no intuito de contribuir para o uso e alteração diante

das tecnologias atuais que existem ou que venham a surgir. Esses elementos

adicionais favorecem também na maior precisão dos dados coletados e no

melhor atendimento a grupos específicos de usuários. Um exemplo muito

pertinente é o caso dos dados sobre a identificação da pessoa física que, com

o RDA, apresenta agora dezenove elementos adicionais para melhor

especificação e evitar ambiguidades como o problema de pessoas homônimas.

10

O termo “elemento” no contexto da RDA é interpretado como os atributos e relações alcançados nos

modelos FRBR e FRAD e que se configuram como características independentes e separadas dos dados

bibliográficos e de autoridades. (OLIVER, 2011, p. 70)

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A RDA introduz em seu escopo novos elementos adicionais de dados

bibliográficos e dados de autoridade, com o intuito de possuir e apresentar

dados sem imprecisão e elementos de dados determinados.

Um terceiro tipo de elementos que chegam como inovação pela RDA

são os denominados elementos essenciais. Esses elementos são os que

possuem maior relevância para a execução efetiva das tarefas do usuário. São

uma espécie de nível, o qual delimita o patamar mais baixo que se deve chegar

para que o usuário possa proceder de maneira eficiente em todo o processo.

Ressalta-se que os elementos essenciais não equivalem a todos os elementos

da RDA completos e que podem ser acrescidos de elementos adicionais, caso

seja assim identificado como necessidade pelas unidades informacionais.

Um princípio considerável presente nestas mudanças propostas pela

RDA é o chamado “aceite aquilo que vê”. Analisa-se que a RDA se aproxima

mais de forma mais completa deste princípio do que sua antecessora AACR2.

Em muitos casos a RDA solicita que o catalogador descreva exatamente

aquilo que aparece no documento, mostrando, dessa forma, uma maior

fidelidade de representação do material do que era feito antes.

Como aponta a autora

Nas RDA, se na página de rosto estiver „3rd.ed.‟, assim transcrevo: 3rd.ed; se „Third edition‟ aparecer na página de rosto, transcrevo: Third edition. Igualmente, ao registrar o nome da editora usando a RDA, registro o nome na forma como é encontrado. Não faço abreviações. Se o nome estiver abreviado na fonte de informação, então ele será registrado na forma abreviada. Se aparecer por extenso, será registrado por extenso. (OLIVER, 2011, p.77)

No caso de erros ortográficos e incorreções a RDA aconselha escrever

da forma como se apresenta e caso seja necessário, por exemplo, no caso de

um título onde a informação incoerente pode prejudicar o acesso, a norma

faculta a possibilidade de ser entrar o título correto, como um “titulo variante”

para solucionar a questão. A única exceção nesse contexto, é o caso das

publicações seriadas e dos recursos integrados, onde a norma sugere que se

faça a correção da grafia e gere uma entrada de nota com a forma que aparece

no documento. É notório lembrar que, o princípio “aceitar aquilo que vê” foi

cuidadosamente inserido no contexto da RDA, para atender um dos critérios do

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princípio de representação estabelecido pelos Princípios Internacionais de

Catalogação.

Um ponto relevante e uma das últimas mudanças da RDA são vistos na

ênfase dada as relações em sua estrutura. A RDA aposta na grande

quantidade de relações existentes em seu formato, como as relações ligadas a

um recurso, entre recursos e entre entidades responsáveis por recursos.

No caso dos pontos de acesso autorizados encontram-se instruções

para fomentar o registro de todas as relações importantes, não encontrando

limites por quantidade de entradas e excluindo a antiga “regra de três”

estabelecida pela AACR2. Um exemplo seria a questão das obras criadas por

várias pessoas. Na RDA, caso o catalogador julgue necessário, existe a

possibilidade de fazer a entrada de todos os criadores, que neste caso são

seguidos pelo título principal da obra. (OLIVER, 2011, p.81)

Existem também formas para o registro da natureza da relação. Estas

informações, quando precisas possibilitam caminhos para grandes volumes de

dados, o que para o usuário, resulta em um melhor “navegar” entre as

informações de bases de dados e dos catálogos. Para otimizar esse processo,

a RDA aconselha além do registro das relações, a presença de um registro de

um designador voltado para tais relações, que são denominados de

designadores de relação. Estes últimos podem ser compreendidos como

conjuntos de termos, elaborados através de um vocabulário controlado, que

tem a função de indicar a natureza das relações com uma maior precisão.

O Vocabulário controlado está presente na própria RDA na forma de três

apêndices, com o intuito de orientar, conforme as recomendações dos FRBR, a

escolha apropriada do termo.

A RDA inclui em sua estrutura, por fim, instruções que orientam o

catalogador para a elaboração de pontos de aceso autorizados para a

identificação de obras, expressões e de expressões de uma obra. Essa

preocupação adveio dos FRBR, pois de acordo com este modelo conceitual a

entidade expressão é uma das que apresentam grande significação para o

usuário em suas tarefas. Além disso, um ponto de acesso de expressões

coerente reúne todas as manifestações de uma obra e organiza resultados

mediante expressões diferenciadas.

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54

Tendo em vista as mudanças aqui descritas, verifica-se que a RDA tem

como um de seus intuitos melhorarem a precisão de busca e reduzir toda

ambiguidade que possa atrapalhar ou prejudicar a eficiência das tarefas do

usuário. Neste momento, diante destas significativas mudanças, adentremos

nas vantagens trazidas pela RDA no âmbito informacional.

4.2.2 Vantagens trazidas pela norma Recursos: Descrição e Acesso

Em consequência de tudo o que foi falado nos tópicos anteriores

pretende-se aqui revelar brevemente algumas vantagens que são observadas

quando se implantar a norma RDA. As vantagens descritas neste espaço serão

divididas em três partes, onde se enfocaram os benefícios que atingem aos

usuários, as instituições informacionais e ao profissional que irá lidar

diretamente com esta nova norma.

No ponto de vista do usuário, a primeira evidência de vantagem

informacional vem do foco da norma dado a este. A RDA tem a sua estrutura

totalmente voltada para atender as tarefas do usuário, ou em outras palavras,

fazer com que este alcance, de maneira plena e eficiente, utilizar dos recursos

informacionais mediante o processo de busca e recuperação do item desejado.

Os FRBR e os FRAD auxiliam nesta questão quando moldam em sua matriz

conceitual as entidades, atributos e relações apoiando todas as tarefas do

usuário pré-estabelecidas pela RDA.

Além disso, a RDA procura orientar os profissionais através da criação

de descrições e pontos de acesso promover uma melhor exatidão dos

resultados, e atingir o grau de satisfação dos usuários. Neste âmbito a norma

orienta a projeção de dados que apoiem e possibilitem ao usuário uma melhor

navegação e visualização de qualidade dos dados, que se dá pelo registro dos

dados e da análise de elementos de dados devidamente identificados. A RDA

permite na sua estrutura, diante de tal análise, a precisão com o objetivo de

gerar registros de elementos inequívocos para o usuário.

Outro ponto bastante pertinente e interessante ao usuário é a melhor

disposição e exibição da informação que acontece de forma agrupada no

momento da busca. Essa visualização ajuda ao usuário a enxergar entre outras

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coisas as diversas manifestações e expressões de uma mesma obra, por

exemplo, o que tornaria uma busca mais completa, de fácil visualização e mais

funcional às necessidades do usuário.

A RDA promove também em seu formato um alcance bem maior do que

AACR2. Esta nova norma, pretende alcançar todo o planeta, promovendo uma

verdadeira internacionalização que não ocorreu anteriormente. De maneira

consistente, pretende também aplicar o mesmo tratamento dado a Bíblia aos

outros textos sagrados, além de ultrapassar contextos culturais e nacionais

como algumas restrições geradas por tipos de calendários e numerações

diferentes.

Outro benefício pertinente à ideia de alcance acontece diante do diálogo

da RDA com outras comunidades de metadados. A RDA, propositadamente, foi

criada não apenas para registrar e representar conteúdos informacionais

voltados apenas ao âmbito das bibliotecas. Esta norma foi pensada como uma

norma de conteúdo de dados, com flexibilidade e compatibilidade a abranger

todos os tipos de documentos e metadados de outras comunidades. Isso traz

ao usuário benefícios como um maior volume de informações em um único

ambiente e ganho de tempo por parte do usuário. E para que isso ocorra de

maneira mais efetiva a RDA está em estudo para proporcionar que esta norma

não permaneça apenas em posse das bibliotecas mais que “habite” na grande

Rede. Nesse caso, as comunidade de metadados compartilharam dados e os

usuários poderão assim obter estas informações de tais comunidades pela

própria rede.

Um dos pontos bastante favorável aos usuários é a continuidade

proporcionada pela RDA. Esta continuidade, que está na estrutura da RDA faz

com que haja uma interoperabilidade e compatibilidade retrospectiva entre os

registros e os modelos mais antigos como o AACR2. Torna-se favorável ao

usuário, pois após visualizar e utilizar os serviços da RDA, este poderá entrar

com os dados antigos do formato AACR2, por exemplo, e obter as informações

as quais necessite (com uma interface e recuperação melhoradas).

A eliminação de algumas práticas confusas no momento da descrição

dos itens se constitui como último ponto dos benefícios alcançados pelos

usuários com a utilização da RDA. De acordo com esta norma, as situações de

abreviações e de omissão de pessoas jurídicas e físicas são totalmente

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evitadas na lei do “aceitar aquilo que vê”. Nessa mesma “lei” o catalogador é

orientado e direcionado a transcrever a informação assim como ela aparece no

recurso informacional, o que faz com que o usuário encontre mais facilmente o

material, devido ao estreitamento na correspondência feita entre o recurso e

sua representação. Além do mais, a RDA conta com uma estrutura que procura

enfatizar os dados mais importantes de um recurso e completar com

informações adicionais àquelas que possivelmente não estejam descrita no

próprio material.

Abarcando agora as vantagens das instituições, percebe-se como

primeiro ponto positivo o atendimento informacional eficiente e a satisfação dos

usuários vinculados a tais instituições. Essa satisfação agrega valor ao serviço

disponibilizado e atinge a visibilidade exterior da organização ou instituição.

E em tratar-se de visibilidade, a RDA como norma que possibilita o

intercâmbio de comunidades de metadados, favorece as instituições no que

tange ao conhecimento de suas coleções em relação as de outras

organizações congêneres (ou não) e aumenta a questão da presença desta em

ambiente virtual, o que implica em aumento da visibilidade por parte dos

usuários.

Outro ponto pertinente é a participação da RDA no RDA Toolkit, que se

configura, como já explanado, em uma ferramenta da web. O Toolkit pode

aumentar a eficiência da rotina do trabalho das instituições. Essa eficiência se

dá pelo o uso de fluxos de trabalho presente no próprio RDA Toolkit. Esse

recurso pode, por exemplo, fazer mapeamentos e fluxos de trabalho

personalizados às preferências e realidades da empresa, e pode ainda, reunir

em único local toda a documentação referente a estes mapeamentos e fluxos

de trabalho fazendo vínculo ao documento mais atual. Ainda no que tange a

eficiência das instituições a RDA, permite a reutilização de metadados e cria

um ambiente simples no que se refere à representação de materiais que auxilia

bastante ao usuário da instituição.

Uma última vantagem se refere à continuidade da RDA, que tranquiliza

as instituições sobre o recurso financeiro a ser investido. Seja para migrar os

registros de documentos vindos de modelos anteriores ou de formatos que

poderão surgir, ou para novos espaços promovidos pelo avanço tecnológico. A

RDA foi feita para representar todos os tipos de documentos e apresenta, da

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mesma forma, condições de migração para outros espaços tecnológicos caso

estes apareçam.

O último eixo de vantagens chega agora aos catalogadores e aos

possíveis criadores de metadados de outras comunidades.

Neste âmbito por motivos óbvios, as vantagens anteriores ligadas aos

usuários e as instituições atingem também aos catalogadores, pois estes tem o

intuito maior de obter a satisfação de seus usuários e, ao mesmo tempo, estão

vinculados a uma instituição.

A RDA se torna benéfica também pelo catalogador por sua estrutura

teórica e orientadora. Esta direciona de forma simples o catalogador aos

objetivos maiores da catalogação, como por exemplo, atingir as tarefas do

usuário. Outro fator de importância volta a ser a continuidade da RDA que

permite ao catalogador ganho de tempo e energia no que se refere à

elaboração de outros dados, mediante as inovações tecnológicas que possam

surgir afetando a questão transição dos registros documentais em si, como do

formato da norma, que tranquilamente poderá se adaptar até o seu uso em

rede.

A RDA traz também a facilidade na catalogação em muitos aspectos

como o caso DGM que não será mais necessário, como também uma

metodologia mais coerente com a descrição dos recursos e ainda o RDA

Toolkit que auxilia nos afazeres do profissional que está catalogando, dispondo

de todo material necessário para entender e bem executar a RDA.

Concluindo este capítulo, pode-se ver de maneira sucinta como a RDA

está organizada bem como quantos benefícios esta nova norma irá trazer para

a catalogação, e enfim para toda a sociedade da informação.

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58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos anteriormente, desde a origem dos tempos o homem

necessitou representar e registrar as informações no intuito primário de

preservar informações básicas. Com o tempo essa necessidade aumentou, de

acordo com a própria evolução da sociedade e das necessidades

informacionais sempre mais exigentes. Com o passar das décadas, o homem

procurou por formas para minimizar os problemas de busca e recuperação da

informação, e aos poucos foi encontrando na elaboração e estudos dos

catálogos uma forma de atingir o objetivo.

Os estudos na área de catalogação recebem mais atenção e aos

poucos, surgem os primeiros teóricos que se dedicavam a pensar em novas

estratégias para a questão da organização informacional. Mais a frente na

história, aconteciam grandes eventos voltados ao estudo da catalogação e

instituições de cunho internacional eram criadas para difundir e aprofundar as

ideias sobre a catalogação. Desses estudos muitos benefícios surgiram como

tratados, padrões, formatos e normas de catalogação, além da evolução

tecnológica que contribuiu para o desenvolvimento do catálogo em linha. Nesse

momento surgem siglas como o AACR, formatos MARC e outros que serviam

como modelos e padrões para proporcionar a catalogação com o uso do

computador e das tecnologias possíveis.

Diante do contexto atual de nossa sociedade, onde o recurso informação

se apresenta como elemento essencial para o desenvolvimento pessoal do

homem e da sociedade como um todo, e ao mesmo tempo, se encontra

atrelado a um verdadeiro caos de informações. Nesta perspectiva, apresenta-

se a catalogação como uma estratégia para minimizar os efeitos desses caos.

As grandes armas utilizadas pela catalogação nessa grande empreitada

são os padrões e formatos de catalogação, que tem como objetivo promover

um padrão que seja utilizado de forma única em todo mundo e que a cada dia

são revisados e atualizados para propor modelos e normas eficientes. No

momento hodierno surgem a nova norma de catalogação RDA e os modelos

conceituais FRBR E FRAD, para promover a organização de informações de

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maneira avançada através de diversos esquemas e estruturas já comentados

nesta obra.

É importante colocar que apesar dos estudos sobre catalogação a nível

internacional estarem sempre constante, a nível nacional pouco se ouve falar

de estudos dessa significativa ferramenta de organização de informações.

Poucos autores se atrevem a escrever sobre o tema, o que é prejudicial para a

biblioteconomia e para a sociedade como um todo.

Se nós que somos bibliotecários pouco sabemos sobre as ferramentas

que nos são confiadas, como poderemos atuar eficientemente em nossas

profissões? Eis aqui, grandes dificuldades que atingem os profissionais de

informação: o saudosismo arraigado, a falta de interesse em atualização de

estudos da área, o tradicionalismo alienado, o medo do diferente...

Faz-se necessário uma maior mobilização de interesse por nós

profissionais da informação sobre a representação descritiva, que tanto ajudou

a história da biblioteconomia, e mais ainda tem a contribuir com a

biblioteconomia e com a sociedade! Que esta obra então, sirva de “ponto de

provocação” e estimule outros novos profissionais a estudarem e se

aprofundarem neste tema tão importante e deveras esquecido por muitos...

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60

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APÊNDICES

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63

APÊNDICE A

LISTAGEM DE ATRIBUTOS DAS ENTIDADES DO MODELO FRBR

(FONTE: MEY E SILVEIRA, 2009, p. 23-25).

GRUPO 1

OBRA

Título da obra Contexto da obra

Forma da obra Meio de execução (obra musical)

Data da obra Designação numérica (obra musical)

Outra característica distintiva Tonalidade (obra musical)

Término previsto Coordenadas (obra cartográfica)

Público a que se destina Equinócio (obra cartográfica)

EXPRESSÃO

Título da expressão Regularidade esperada da publicação

(publicação seriada)

Forma da expressão Frequência esperada da publicação

(publicação seriada)

Data da expressão Tipo de partitura (notação musical)

Idioma da expressão Meio de execução (notação musical ou

gravação sonora)

Outra característica distintiva Escala (imagem ou objeto cartográfico)

Expansibilidade da expressão Projeção (imagem ou objeto cartográfico)

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Capacidade de revisão da

expressão

Técnica de apresentação (imagem ou

objeto cartográfico)

Extensão da expressão Representação do relevo (imagem ou

objeto cartográfico)

Sumarização do conteúdo Medição geodésica, de malha e vertical

(imagem ou objeto cartográfico)

Contexto para a expressão Técnica de registro (imagem por sensor

remoto)

Resposta crítica à expressão Característica especial (imagem por

sensor)

Restrições de uso da expressão Técnica (imagem gráfica ou projetada)

Padrão sequencial (publicação

seriada)

MANIFESTAÇÃO

Título da manifestação Notação de folhas (livros de

impressão manual)

Indicação de responsabilidade Colação (livros de impressão manual)

Designação de edição ou

impressão

Condições de publicação (publicação

seriada)

Lugar de publicação ou

distribuição

Numeração (publicação seriada)

Publicador ou distribuidor Velocidade de execução (registro

sonoro)

Data de publicação ou distribuição Largura do sulco (registro sonoro)

Fabricante Tipo de corte (registro sonoro)

Indicação de série Configuração da fita (registro sonoro)

Forma de suporte Tipo de som (registro sonoro)

Extensão do suporte Característica especial de reprodução

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(registro sonoro)

Meio físico Cor (imagem)

Modo de captura Taxa de redução (microforma)

Dimensões do suporte Polaridade (microforma ou projeção

visual )

Identificador da manifestação Geração (microforma ou projeção

visual)

Fonte para aquisição ou

autorização de acesso

Formato de apresentação (projeção

visual)

Termos de responsabilidade Requisitos do sistema (recurso

eletrônico)

Restrições de uso da manifestação Características do arquivo (recurso

eletrônico)

Estilo do tipo (livro impresso) Forma de acesso (recurso eletrônico

de acesso remoto)

Medida do tipo (livro impresso) Endereço de acesso (recurso

eletrônico de acesso remoto)

ITEM

Identificador do item Condição do item

Marca do Impressor Histórico de tratamentos

Procedência do item Esquema de tratamento

Marcas / Inscrições Restrições de acesso ao item

Histórico de exposições

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GRUPO 2

PESSOA

Nome da pessoa Título da pessoa

Datas da pessoa Outra designação relacionada à pessoa

ENTIDADE COLETIVA

Nome da entidade coletiva Data relacionada à entidade

coletiva

Número relacionado à entidade coletiva Outra designação relacionada à

entidade coletiva

Lugar relacionado à entidade coletiva

GRUPO 3

CONCEITO: Termo para o conceito

OBJETO: Termo para o objeto

EVENTO: Termo para o evento

LUGAR: Termo para o lugar

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APÊNDICE B

ESTRUTURA DA RECURSOS: DESCRIÇÃO E ACESSO – RDA

(FONTE MEY E SILVEIRA, 2009, p. 55-56)

Seção 0 – Introdução

Seção 1 – Registro de atributos de manifestação e item

Capítulo 1 - Diretrizes gerais para registro de atributos de manifestação e itens

Capítulo 2 - Identificação de manifestação e itens

Capítulo 3 - Descrição de suporte

Capítulo 4 - Provimento de informações sobre aquisição e acesso

Seção 2 – Registro de atributos de obra e expressões

Capítulo 5 - Diretrizes gerais para registro de atributos de obra e expressões

Capítulo 6 - Identificação de obras e expressões

Capítulo 7 - Descrição de conteúdo

Seção 3 – Registro de atributos de pessoa, família e entidade

Capítulo 8 - Diretrizes gerais para registro de atributos de pessoas famílias e

entidades coletivas

Capítulo 9 – Identificação de pessoas

Capítulo 10 - Identificação de famílias

Capítulo 11 - Identificação de entidades coletivas

Seção 4 - Registro de atributos de conceito, objeto, evento e lugar

Capítulo 12 - Diretrizes gerais para registro de conceitos, objetos, eventos e

lugares [ainda não elaborado]

Capítulo 13 - Identificação de conceitos [ainda não elaborado]

Capítulo 14 - Identificação de objetos [ainda não elaborado]

Capítulo 15- Identificação de eventos [ainda não elaborado]

Capítulo 16- Identificação de lugares

Seção 5 – Registro de relações primárias entre obra, expressão,

manifestação e item

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Capítulo 17 – Diretrizes gerais de relações primárias entre obra, expressão,

manifestação e item.

Seção 6 – Registro de relações de pessoas, famílias e entidades coletivas

associadas a um recurso

Capítulo 18 - Diretrizes gerais para registro de relações de pessoas, famílias e

entidades coletivas associadas a um recurso

Capítulo 19 - Pessoas, famílias e entidades coletivas associadas a uma obra

Capítulo 20 - Pessoas, famílias e entidades coletivas associadas a uma

expressão

Capítulo 21 - Pessoas, famílias e entidades coletivas associadas a uma

manifestação

Capítulo 22 - Pessoas, famílias e entidades coletivas associadas a um item

Seção 7 – Registro de relações de assunto

Capítulo 23 - Diretrizes gerais para registro do assunto de uma obra [ainda não

elaborado]

Seção 8 – Registro de relações entre obras, expressões, manifestações e

itens

Capítulo 24 - Diretrizes gerais para registro do assunto de uma obra [ainda não

elaborado

Capítulo 25 - Obras relacionadas

Capítulo 26 - Expressões relacionadas

Capítulo 27- Manifestações relacionadas

Capítulo 28- Itens relacionados

Seção 9 – Registro de relações entre pessoas, famílias e entidades

coletivas.

Capítulo 29 - Diretrizes gerais para registro de relações entre pessoas, famílias

e entidades coletivas.

Capítulo 30 - Pessoas relacionadas

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Capítulo 31- Famílias relacionadas

Capítulo 32- Entidades coletivas relacionadas

Seção 10 – Registro de relações entre conceitos, objetos, eventos e

lugares

Capítulo 33- Diretrizes gerais para registro de relações entre conceitos, objetos,

eventos e lugares [ainda não elaborado]

Capítulo 34- Conceitos relacionados [ainda não elaborado]

Capítulo 35- Objetos relacionados [ainda não elaborado]

Capítulo 36- Eventos relacionados [ainda não elaborado]

Capítulo 37- Lugares relacionados [ainda não elaborado]

APÊNDICES

A- Maiúsculas

B- Abreviaturas

C- Artigos Iniciais

D- Sintaxe do registro para dados descritivo

E- Sintaxe do registro para controle de ponto de acesso

F- Instruções adicionais para nomes de pessoas

G- Títulos de nobreza, títulos hierárquicos, [título honoríficos]

H- Datas do calendário cristão

I- Designadores de relação: relações entre um recurso e pessoas,

famílias e entidades coletivas associadas ao recurso

J- Designadores de relação: relações entre obras, expressões,

manifestações e itens.

K- Designadores de relação: relações entre pessoas, famílias e

entidades coletivas.

L- Designadores de relação: relações entre conceitos, objetos,

eventos e lugares [ainda não elaborado]

M- Exemplos Completos – Registros Bibliográficos.

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APÊNDICE C

TAREFAS DO USÁRIO DO MODELO FRAD

(FONTE MEY E SILVEIRA, 2009, p. 39)

A exemplo do modelo FRBR, os FRAD também apresentam entidades,

atributos, relacionamentos e as tarefas do usuário. Neste apêndice listam-

se abaixo as quatro tarefas do usuário que norteam os FRAD.

Encontrar uma entidade ou conjunto de entidades correspondentes a um

critério determinado, ou explorar o universo de entidades bibliográficas

utilizando seus atributos;

Identificar uma entidade ou validar a forma do nome a ser usado como ponto

de acesso controlado;

Situar uma pessoa, uma entidade coletiva, uma obra etc. em determinado

contexto; esclarecer a relação entre duas ou mais pessoas, entidades

coletivas, obras etc. e um nome pelo qual esta pessoa, entidade coletiva ou

outra é conhecida.

Justificar indicando a fonte na qual se baseia o ponto de acesso controlado, a

razão da escolha do nome ou de sua forma pelo criador do dado de autoridade.