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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
QUALIDADE DA ÁGUA EM TELHADOS VERDES: ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA E
ESTUDO PRÁTICO EM BANCADA EXPERIMENTAL
THOMAS SCHATZMAYR WELP SÁ
Rio de Janeiro
Março de 2019
QUALIDADE DA ÁGUA EM TELHADOS VERDES: ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA E
ESTUDO PRÁTICO EM BANCADA EXPERIMENTAL
THOMAS SCHATZMAYR WELP SÁ
Projeto de Graduação apresentado ao curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Março de 2019
QUALIDADE DA ÁGUA EM TELHADOS VERDES: ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA E
ESTUDO PRÁTICO EM BANCADA EXPERIMENTAL
Thomas Schatzmayr Welp Sá
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU
DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
________________________________________
Prof.ª Elaine Garrido Vazquez, D. Sc.
________________________________________
Prof. Leandro Torres Di Gregorio, D. Sc.
________________________________________
Eng. Victoria Ottoni Almeida de Souza, M. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO DE 2019
Sá, Thomas Schatzmayr Welp
Qualidade da água em telhados verdes: análise
cienciométrica e estudo prático em bancada experimental
/Thomas Schatzmayr Welp Sá – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola
Politécnica, 2019.
vi, 95 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Civil, 2019.
Referências Bibliográficas: p. 86-89
1. Qualidade da água. 2. Telhado Verde. 3. Aproveitamento
da água da chuva. 4. Reuso da água em edificações. I. Elaine
Garrido Vazquez. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Qualidade
da água em telhados verdes: análise cienciométrica e estudo
prático em bancada experimental.
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheiro Civil.
QUALIDADE DA ÁGUA EM TELHADOS VERDES: ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA E
ESTUDO PRÁTICO EM BANCADA EXPERIMENTAL
Thomas Schatzmayr Welp Sá
Março de 2019
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Problemas de escassez de água e o grande desperdício desse bem são cada vez mais
preocupantes para a humanidade. A conscientização ambiental, a gestão dos recursos
hídricos e a sustentabilidade são fatores fundamentais para a mitigação desses problemas. O
telhado verde, além de seus aspectos ecológicos e arquitetônicos, permite o aproveitamento
da água de chuvas, agindo positivamente contra os problemas mencionados acima. Este
trabalho tem como objetivo estudar as contribuições científicas sobre análises da qualidade
da água coletada de um telhado verde, a partir de uma análise cienciométrica. Além disso,
visa estudar as diversas normas, manuais e recomendações, que apresentem padrões de
qualidade da água, para a sua aplicação em sistemas de telhados verdes, com finalidade de
aproveitamento de água de chuva em edificações. Por fim, realizou-se um experimento de
análise de qualidade de água em uma bancada experimental de telhado verde, de forma a
obter resultados próprios e compará-los às publicações brasileiras e internacionais, e,
documentos técnicos estudados. Os valores encontrados para pH, nitrogênio amoniacal,
nitrito, nitrato e coliformes termotolerantes se enquadraram às normas e recomendações
estudadas. Os valores obtidos para turbidez, nitrito e nitrogênio amoniacal ficaram próximos
aos valores encontrados por outros autores. Apesar do experimento ter sido realizado em um
protótipo experimental com apenas uma amostra, os resultados apresentados foram
favoráveis ao aproveitamento de água de chuva em edificações a partir de telhados verdes.
Palavras-chave: qualidade da água; telhado verde; aproveitamento de água de chuva
Abstract of Undergraduate Project to POLI/UFRJ as partial fulfillment of the requirements
for the degree of Engineer
WATER QUALITY FROM GREEN ROOFS: SCIENTOMETRIC ANALYSIS AND A
EXPERIMENTAL STUDY
Thomas Schatzmayr Welp Sá
March 2019
Advisor: Elaine Garrido Vazquez
The problems related to water shortage and the waste of this are increasingly worrying for
humanity. Environmental consciousness, water resources management, and sustainability are
key factors in mitigation these problems. The green roof, besides its ecological and
architectural aspects, allows the use of the rainwater, acting against the problems presented
above. This work has the objective to analyze scientific contributions of water quality
analysis from green roofs, composing a scientometric analysis. Furthermore, this work aims
to study the norms and recommendations that presents water quality standards for green roofs
with the objective to rainwater usage in edifications. Finally, an experimental study related
to water quality analysis was done, in order to obtain results and compare them with Brazilian
and international publications, and with the norms and recommendations studied previously.
The results obtained for pH, ammonia, nitrite, nitrate and thermotolerant coliforms are in
accordance with the norms and recommendations. And the results of turbidity, nitrite and
ammonia area close to the results of other authors. Despite the experimental study was carried
out in an experimental prototype, with only one sample, the results were favorable to the use
of rainwater in buildings from green roofs.
Key words: water quality; green roof; rainwater usage
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1.1. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 1
1.2. OBJETIVO .......................................................................................................................... 7
1.3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 7
1.4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 8
1.5. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ...................................................................................... 9
2. CONCEITUAÇÃO DO APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVAS ASSOCIADO A
TELHADOS VERDES ..................................................................................................................... 10
2.1. TELHADO VERDE .......................................................................................................... 10
2.1.1. SISTEMA COMPLETO ............................................................................................... 10
2.1.2. SISTEMA MODULAR ................................................................................................. 15
2.1.3. MANTA VEGETATIVA PRÉ-CULTIVADA ............................................................. 16
2.2. APROVEITAMENTO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES ................................................. 17
2.3. DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA OS
DIVERSOS FINS .......................................................................................................................... 19
2.3.1. PARÂMETROS FÍSICOS ............................................................................................ 20
2.3.1.1. COR ........................................................................................................................... 20
2.3.1.2. TURBIDEZ ............................................................................................................... 20
2.3.2. PARÂMETROS QUÍMICOS ....................................................................................... 21
2.3.2.1. PH .............................................................................................................................. 21
2.3.2.2. NITROGÊNIO AMONIACAL, NITRITO E NITRATO ......................................... 21
2.3.2.3. ORTOFOSFATO ...................................................................................................... 22
2.3.3. PARÂMETROS BIOLÓGICOS ................................................................................... 22
2.3.3.1. COLIFORMES TOTAIS .......................................................................................... 22
2.3.3.2. COLIFORMES TERMOTOLERANTES ................................................................. 23
2.4. NORMAS, RECOMENDAÇÕES E DOCUMENTOS TÉCNICOS RELACIONADOS À
QUALIDADE DA ÁGUA ............................................................................................................ 23
2.4.1. NBR 13969/1997 ........................................................................................................... 23
2.4.2. NBR 15527/2007 ........................................................................................................... 25
2.4.3. CAPÍTULO V - PORTARIA 2914/2011 ...................................................................... 26
2.4.4. CONAMA 274/2000 ..................................................................................................... 27
2.4.5. CONAMA 357/2005 E CONAMA 430/2011 ............................................................... 28
2.4.6. EMBRAPA.................................................................................................................... 30
2.4.7. MANUAL DE CONSERVAÇÃO E REUSO DA ÁGUA EM EDIFICAÇÕES ......... 31
2.4.8. USEPA .......................................................................................................................... 34
3. ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA ............................................................................................... 36
3.1. TEEMUSK E MANDER 1 (2011) .................................................................................... 38
3.2. TEEMUSK E MANDER 2 (2007) .................................................................................... 40
3.3. GREGOIRE E CLAUSEN (2011) .................................................................................... 40
3.4. FERRANS, REY, PÉREZ, RODRIGUEZ E DIAZ-GRANADOS (2018) ....................... 41
3.5. BUDEL (2014) .................................................................................................................. 44
3.6. TEIXEIRA (2013) ............................................................................................................. 46
3.7. GIMENES (2017) ............................................................................................................. 47
4. ESTUDO EXPERIMENTAL ................................................................................................... 50
4.1. LOCALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO........................................................................... 50
4.2. CONSTRUÇÃO DA BANCADA EXPERIMENTAL ..................................................... 51
4.3. CONSTRUÇÃO DO TELHADO VERDE ....................................................................... 53
4.4. REALIZAÇÃO DO ESTUDO EXPERIMENTAL .......................................................... 60
4.4.1. OBJETIVOS E PARÂMETROS DE ANÁLISE .......................................................... 60
4.4.2. ADEQUAÇÃO DOS MATERIAIS PARA O ENSAIO ............................................... 61
4.4.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................ 62
5. RESULTADO DAS ANÁLISES DE QUALIDADE DA ÁGUA ............................................ 64
5.1. COMPARAÇÃO COM AS NORMAS E DOCUMENTOS TÉCNICOS ........................ 69
5.2. COMPARAÇÃO COM OS ESTUDOS BIBLIOGRÁFICOS – ANÁLISE
CIENCIOMÉTRICA ..................................................................................................................... 76
6. CONSIDERAÇÔES FINAIS .................................................................................................... 83
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 86
7.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 86
7.2. REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS .................................................................................... 89
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. REFERENCIAL TEÓRICO
Antes das cidades e metrópoles, os continentes eram cobertos por uma grande diversidade de
vegetações, habitats, rios, lagos, etc. Nessas condições, o ciclo hidrológico composto pela
evaporação e evapotranspiração da água, a condensação e precipitação em forma de chuva, a
infiltração da água no solo e a formação de águas subterrâneas e de rios, acontecia de forma
harmônica e estável. A figura 1 ilustra o ciclo hidrológico em sua condição natural.
Figura 1 - Ciclo hidrológico natural PAZ, 2004
Com o processo de urbanização e o crescimento das cidades, as superfícies impermeáveis deram
lugar a superfícies impermeáveis como os prédios, ruas e estacionamentos, os quais impedem
a infiltração da água da chuva (KELLER e BURKE, 2010). Essa impermeabilização das
superfícies reduziram as taxas de infiltração da água no solo e aumentou o escoamento
superficial da água (runoff), causando não só mudanças no ciclo hidrológico, mas também na
2
segurança e na qualidade de vida dos moradores das áreas urbanas. A figura 2 esquematiza a
influência das superfícies impermeáveis no escoamento superficial, na infiltração da água no
solo, na percolação profunda e na evapotranspiração. Comparando o caso de cobertura natural
do solo e com uma cobertura impermeável entre 75% e 100% da superfície total, a percolação
profunda reduz de 25% para 5%, a evapotranspiração reduz em 10% e há um aumento do
escoamento superficial de apenas 10% para 55%. Além disso, rios foram canalizados tornando-
se mais retilíneos, com maiores inclinações, proporcionando maiores velocidades e um menor
tempo de permanência da água no rio. Outros agravantes para as alterações no ciclo hidrológico
são a implantação de barragens de rio, modificando o regime de escoamento, elevando a
evaporação e o nível das águas subterrâneas, e, o desmatamento, na medida em que diminui a
interceptação, deixando os solos expostos à ação das gotas de chuva e do escoamento
superficial, que erodem o solo e carreiam nutrientes e sedimentos para rios e lagos (PAZ, 2004).
Esses fatores tornam-se um problema no momento em que ocorrem eventos de chuva forte,
uma vez que a população passa a sofrer com eles. É o caso da sobrecarga do sistema de
drenagem de águas pluviais e, consequentemente, a formação de enchentes que causam danos
materiais e até a vidas.
Figura 2 - Influência das superfícies impermeáveis no ciclo hidrológico PAZ, 2004
3
A água, apesar de ser um bem precioso e abundante em nosso planeta (setenta por cento da
superfície do planeta é coberta por água), se encontra na maior parte salgada e, portanto,
imprópria para consumo humano. Apenas 2,5% da água doce é potável e a maior parte das
reservas, cerca de 70%, está concentrada em geleiras nas calotas polares (TOMAZ, 2011).
Apesar do Brasil possuir cerca de 12% da disponibilidade de água doce do planeta, a
distribuição natural desse recurso não é equilibrada. A região Norte, por exemplo, concentra
aproximadamente 70% da quantidade de água disponível, mas representa apenas 5% da
população brasileira. Já as regiões próximas ao Oceano Atlântico possuem mais de 45% da
população, porém, menos de 3% dos recursos hídricos do país (ANA, 2009). A figura 3
apresenta a distribuição dos recursos hídricos pelas regiões do Brasil.
Figura 3 - Distribuição dos Recursos Hídricos no Brasil ANA, 2009
Esse desequilíbrio na distribuição da água nos alerta para alguns possíveis problemas. A região
Nordeste, que concentra os menores volumes anuais de chuva e a região Sudeste, que concentra
86,93 milhões de habitantes (estimativa IBGE, 2017), podem apresentar problemas de falta de
água em períodos de estiagem. A figura 4 demonstra que principalmente a região Nordeste,
alguns pontos da região Sudeste e o sul da região Sul, são consideradas regiões críticas ou muito
críticas, uma vez que a relação entre a demanda e a oferta hídrica é superior a 20% (ANA,
4
2009). Mais uma vez, é possível visualizar a má distribuição dos recursos hídricos brasileiros
que, apesar da abundância da água no país, é um tema que necessita de atenção e estudo.
Figura 4 - Relação entre Demanda e a Disponibilidade Hídrica ANA, 2009
Nos anos 2013, 2014 e 2015, a região sudeste do Brasil sofreu uma forte crise hídrica devido
aos baixos índices pluviométricos. Os sistemas que abastecem a região, como o Paraibuna,
Cantareira e Paraopeba precisaram operar com o volume morto para que houvesse continuidade
no abastecimento de água (G1, 2015; CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2015; TERRA, 2016).
A solução para a crise hídrica parte do simples equilíbrio entre a oferta e a demanda de água.
Porém, o aumento de oferta depende, geralmente, de obras custosas de médio a longo prazo,
como a construção de novos sistemas de adução. Para Keller e Burke (2010), a economia diária
de água promove uma quantidade muito menor para limpar e tratar, antes da sua reinserção em
nossos sistemas naturais.
5
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2016, o município
do Rio de Janeiro apresentou um consumo médio per capita de 270,76 litros/ habitante/dia, o
que representa um consumo quase 70% maior do que a média brasileira, de cerca de 160
litros/habitante/dia. Além disso, segundo a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo
(Sabesp), o consumo da cidade pode alcançar 300 litros/habitante/dia durante o verão e,
principalmente, em datas festivas. Para efeitos de comparação, a ONU (2014) relata que
qualquer pessoa consegue viver de maneira confortável com 50 a 100 litros de água por dia.
A previsão para o futuro é que as áreas urbanas continuarão a crescer e a demandar cada vez
mais água. Os aquíferos que abastecem mais da metade da população mundial já estão sofrendo
com a maior retirada da água do que a natureza consegue repor (Brown, 2011 apud. USEPA
2012). Além disso, com o aumento da população, há necessidade de aumento da demanda pela
produção de comida, ou seja, aumento da produção agrícola e pecuária. Estes utilizam elevadas
quantidades de água para a produção, o que agrava ainda mais a alta demanda pela água.
Frente a esse cenário, é possível perceber a demanda excessiva e a sobrecarga do sistema de
adução e distribuição de água. Portanto, medidas de curto e médios prazos para a redução dessa
demanda de água precisam ser tomadas, de forma a garantir a sustentabilidade do
desenvolvimento econômico e social, e, restabelecer o equilíbrio entre oferta e demanda. Para
isso, é necessário que métodos e sistemas alternativos modernos sejam convenientemente
desenvolvidos para aplicação em função das características dos sistemas (SINDUSCON, 2005).
Nesse sentido, se faz necessário o reuso, a reciclagem, redução de perdas, redução da geração
de efluentes, gestão de demanda, e, adoção de práticas conservacionistas (SINDUSCON, 2005).
Segundo Tomaz (1998), para a redução do consumo e a conservação da água, as principais
medidas são as bacias sanitárias de baixo consumo, torneiras e chuveiros mais eficientes quanto
à economia de água, diminuição de perdas de água nos sistemas públicos para valores menores
que 10%, reuso de água e serviço de informação pública. A figura 5 demonstra que em uma
residência unifamiliar, quase 80% do consumo de água tem origem no chuveiro, nas pias e na
bacia sanitária. Além disso, o autor cita medidas não convencionais para a conservação da água
como o reaproveitamento de águas servidas residenciais (grey water) e a captação de água da
chuva. Em 2011, Tomaz apresentou uma estimativa de economia de 30% da água pública
quando se utiliza água de chuva.
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O manejo tradicional via as águas de chuva como algo que precisava ser eliminado o mais
rápido possível. Entretanto, percebeu-se que a água da chuva é um recurso subutilizado, capaz
de reduzir a demanda do abastecimento de água potável. As águas de chuva são fontes
importantíssimas para fins não potáveis, incluindo irrigação, descarga de bacias sanitárias e
emprego em torres de resfriamento. (KELLER e BURKE, 2010)
Figura 5 – Distribuição do consumo de água em unidade residencial unifamiliar SINDUSCON SP, 2005
Motivado pelo problema das enchentes, citado anteriormente, e pelo uso da água de chuvas, o
uso de telhados verdes, ou coberturas verdes, se apresenta como uma interessante intervenção.
O telhado verde já vem sendo estudado como uma técnica compensatória para a drenagem
urbana, uma vez que parte da água é retida pelo substrato e absorvida pelas plantas. Isso se
traduz na diminuição do escoamento superficial e no aumento da infiltração de água no solo.
Consequentemente, ocorre a diminuição do volume de água enviado para os sistemas de
drenagem de águas pluviais e uma redução da vazão de pico de uma chuva. Além disso, o
excedente da água do telhado verde é levado pelo sistema de drenagem e possibilita o manejo
e o uso dessa água.
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1.2. OBJETIVO
O objetivo desse trabalho consiste em analisar as contribuições científicas disponíveis nas
plataformas Google Acadêmico, Science Direct, Research Gate e Portal de Periódicos da Capes,
relacionadas a análises de qualidade da água coletadas de telhados verdes, constituindo de uma
análise cienciométrica. Além disso, devido ao fato dos telhados verdes não possuírem uma
norma própria que se refira aos padrões de qualidade da água, esse trabalho mostra uma revisão
a respeito das diferentes normas, portarias, manuais que tratem de padrões de qualidade da água,
e, verifica as suas aplicações para a água coletada de um telhado verde.
Por fim, também foi realizado um estudo prático experimental em um protótipo de telhado
verde localizado no Centro Experimental de Saneamento Ambiental (CESA), da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o objetivo de se obter resultados próprios e compará-
los com publicações selecionadas da análise cienciométrica, e, com as normas e recomendações
existentes.
Com isso, espera-se incentivar a padronização e a normatização dos parâmetros de qualidade
da água coletada de um telhado verde e a utilização do mesmo como uma medida sustentável
nas edificações para a coleta e o uso da água.
1.3. JUSTIFICATIVA
Frente ao cenário de expansão das cidades e da população, aos problemas de falta de água que
ocorrem no Brasil, e, a má distribuição dos recursos hídricos no país, se faz necessário o uso de
medidas sustentáveis capazes de atuar positivamente contra esses problemas.
O aproveitamento da água de chuvas nas próprias edificações torna-se uma medida bastante
interessante, na medida em que reduz o volume de água levado para as galerias pluviais, e,
reduz o volume de água que seria obtido do sistema de abastecimento. Assim, todo o ciclo de
abastecimento e despejo da água se torna mais eficiente.
Alinhado à utilização de telhados verdes, o aproveitamento da água da chuva se torna uma
prática ainda mais ecológica e sustentável. Os telhados verdes, como sendo uma cobertura
vegetal, reduzem a área impermeável do local e, com isso, trazem diversos benefícios para a
cidade como o aumento da evapotranspiração e, consequentemente, reduzindo os efeitos das
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ilhas de calor. Por armazenarem água, os telhados verdes reduzem o volume de água carregado
para os sistemas de drenagem, mitigando problemas de enchentes, comuns em áreas urbanas.
Como motivação do trabalho, os telhados verdes possibilitam o aproveitamento da água da
chuva em edificações.
Portanto, a adoção das práticas citadas acima, mostra-se benéfica contra alguns problemas
existentes no meio urbano e, assim, passíveis de estudo e investimento para um
desenvolvimento urbano sustentável.
1.4. METODOLOGIA
A metodologia do trabalho consiste em realizar uma análise cienciométrica buscando trabalhos
que apresentem resultados de experimentos relacionados à qualidade de água coletada de um
telhado verde. Foram pesquisadas publicações nos websites Google Acadêmico, Science Direct,
Research Gate e Portal de Periódicos da Capes, utilizando as palavras chaves “green roof”,
“green roof water quality”, “telhado verde” e “telhado verde qualidade da água”. Os trabalhos
foram separados segundo a origem e o ano de publicação. Dentre os trabalhos obtidos, foram
selecionados os mais relevantes, e, realizado um estudo mais aprofundado destes. Desse modo,
buscou-se obter padrões de comportamento dos parâmetros de qualidade da água e uma melhor
compreensão do sistema de telhados verdes como um sistema para aproveitamento de água de
chuva em edificações.
Além disso, foi realizado um estudo das normas e recomendações existentes, relacionados ao
aproveitamento da água da chuva, à qualidade da água e a telhados verdes, uma vez que não
existe uma norma específica no Brasil que trate de projetos de telhados verdes. Esse estudo
avaliará a relevância e a aproximação da norma ou recomendação, com a situação de
aproveitamento de água da chuva em edificação utilizando um telhado verde.
Por fim, foram realizadas coletas de amostras de água da chuva e da água de um telhado verde
objetivando analisar a qualidade de água. As coletas da água da chuva e do telhado verde foram
realizadas em uma bancada experimental, desenvolvida por ex-alunos, localizada no Centro
Experimental de Saneamento Ambiental (CESA), da UFRJ, e, as análises de qualidade da água
foram realizadas pelo Laboratório de Engenharia do Meio Ambiente (LEMA), também da
UFRJ.
9
1.5. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS
O presente trabalho está composto por seis capítulos, incluindo uma introdução ao tema, a
apresentação dos conceitos relevantes a este tema, uma análise cienciométrica, seguido de um
estudo experimental, e, finalizando com a análise dos resultados e as referências utilizadas.
O primeiro capítulo constituiu-se de uma apresentação ao tema, através de uma
contextualização da situação hídrica do país, e, da influência humana no ciclo hidrológico. Em
seguida, foi apresentado o objetivo do trabalho e suas justificativas para a realização do mesmo.
Por fim, a metodologia aplicada e a descrição dos capítulos.
No segundo capítulo, apresentam-se os conceitos de aproveitamento de água em edificações, e
em seguida os conceitos relacionados a telhados verdes. Também foram descritos os parâmetros
de qualidade da água considerados mais relevantes para o trabalho e analisados no experimento
realizado. Por último, foi feito um estudo sobre as normas, recomendações e documentos
técnicos relacionados à qualidade da água.
No terceiro capítulo, foi realizado uma análise cienciométrica à qual buscou-se coletar
informações a respeito das publicações sobre análises de qualidade da água de telhados verdes.
Além disso, foi realizado um estudo bibliográfico mais aprofundado dos trabalhos mais
relevantes e interessantes para a presente pesquisa.
No quarto capítulo, encontra-se descrito o procedimento experimental, e todas as características
relacionadas a ele, como localização, histórico da bancada experimental de telhado verde, e,
preparação para a realização da análise de qualidade da água.
No quinto capítulo, apresentam-se os resultados obtidos e um estudo comparativo deles com as
normas e documentos técnicos apresentados anteriormente, assim como com os estudos
bibliográficos.
No sexto e último capítulo, são apresentadas as considerações finais e, finalizando, relacionam-
se as referências bibliográficas e eletrônicas utilizadas para embasar o presente trabalho, assim
como os anexos.
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2. CONCEITUAÇÃO DO APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVAS
ASSOCIADO A TELHADOS VERDES
2.1. TELHADO VERDE
Os telhados verdes, ou coberturas verdes, consistem em um sistema de construção de cobertura
que utiliza a vegetação como uma de suas camadas. As primeiras evidências do uso de telhados
verdes datam de 2500 a.C., nos antigos templos da Mesopotâmia, conhecidos como Zigurates
(OSMUNDSON apud ROLA, 2008). Em aproximadamente 600 a.C., na Babilônia, foram
construídos os Jardins Suspensos da Babilônia, com uma cobertura de 2000m², consideradas
uma das sete maravilhas do mundo antigo (DISNDALE, PEAREN, WILSON, 2006).
Já no mundo moderno, pouco se explorou a respeito dos telhados verdes até meados do século
XX, podendo-se citar a construção de blocos de apartamentos com terraços planos e jardins em
Paris, em 1903, um restaurante com um jardim na cobertura em Chicago, em 1914, e, os
projetos do arquiteto Le Corbusier para construções de elite, a partir dos anos 20 (DINSDALE,
2008). Nas décadas de 1950 e 1960, ocorreram avanços em relação ao uso de telhados verdes,
entretanto, ainda com muitas restrições. A partir dos anos 70, e, com a criação da FLL -
Forschungsgesellschaft Landschaftsentwicklung Landschaftsbau (Companhia de Pesquisa,
Desenvolvimento Paisagístico e Paisagismo) em 1975, ocorreram importantes avanços na
pesquisa de plantas e suas aplicações. Com isso, foram desenvolvidas e disseminadas as
recomendações para a construção de telhados verdes. (DINSDALE, 2008).
Segundo Rola (2003), esse sistema pode ser classificado em: Sistema Completo; Sistema
Modular; e, Manta vegetativa Pré-cultivada.
2.1.1. SISTEMA COMPLETO
O Sistema Completo é definido pela implantação do sistema diretamente sobre a estrutura de
suporte. Esse sistema obedece a utilização de camadas específicas, sendo elas de cima para
baixo: camada de vegetação; substrato; camada filtrante; barreira anti-raíz; camada de
drenagem; camada de proteção mecânica; impermeabilizante; e, a estrutura de suporte. (THE
INTERNATIONAL GREEN ROOF ASSOCIATION apud. BUDEL, 2011) A utilização dessas
diferentes camadas, indica a necessidade de conhecimento sobre diferentes assuntos, e,
11
portanto, a maior complexidade desse sistema quando comparado a outros sistemas de
construção de cobertura.
A figura 6, a seguir, ilustra a estruturação de um telhado verde, utilizando o sistema completo:
Figura 6 – Camadas do Telhado Verde BRUNO, 2016
A primeira camada constitui a camada de vegetação. Alguns autores classificam a camada de
vegetação como Intensiva ou Extensiva, (FLL apud BUDEL 2014, DINSDALE, 2008), e
outros dividem em 3 classes: intensiva, semi-intensiva e extensiva (ROLA, 2008,
INTERNATIONAL GREEN ROOF ASSOCIATION, apud NETO, 2016).
A classificação intensiva se caracteriza pela vegetação ser do tipo Arbóreo. Com isso demanda
uma espessura de substrato maior (mais do que 15cm, por DINSDALE, 2008, e, mais do que
20cm, por ROLA, 2008), mais manutenção, sistema de irrigação, gera uma carga maior no
sistema estrutural e consequentemente possui maior custo (FLL apud BUDEL 2014,
DINSDALE, 2008, ROLA, 2008)
A classificação extensiva utiliza vegetação do tipo herbáceo extensivo, e, por ser uma vegetação
sem caule lenhoso e de menor porte, gera menor carga no sistema estrutural, necessitando uma
camada de substrato menor (inferior a 15cm, por DINSDALE, 2008, e, inferior a 10cm, por
Vegetação
Substrato
Camada
Filtrante
Camada
Drenante
Camada
Filtrante
Impermeabilização Estrutura
12
ROLA, 2008) e menos manutenção. Por outro lado, a classificação semi-intensiva, por utilizar
vegetação arbustiva, possui valores intermediários de sobrecarga, espessura de substrato e de
manutenção quando comparada às outras duas classificações. (ROLA, 2008). O quadro 1, a
seguir, resume a classificação da camada de vegetação.
Quadro 1 - Classificação da Camada de Vegetação ROLA, 2008
Classificação da Camada de Vegetação
Características Intensiva Semi-Intensiva Extensiva
Espessura da Vegetação Alta Baixa a Média Baixa
Espessura do Substrato Alta Média Pequena
Necessidade de Manutenção Intensa Média Baixa ou Nenhuma
Sobrecarga sobre a estrutura Alta Baixa a Alta Baixa
Custo Alto Médio Baixo
O Instituto Cidade Jardim, possibilita a utilização de 6 tipos diferentes de vegetação para o seu
sistema completo, cada qual com seu indicativo de custo e manutenção. O quadro 2, a seguir,
apresenta as vegetações suportadas e, a figura 7 mostra um telhado verde extensivo concluído.
Quadro 2 – Vegetação Suportada – Instituto Cidade Jardim INSTITUTO CIDADE JARDIM, 2019
Sistema Completo - Instituto Cidade Jardim
Vegetação Suportada Custo Manutenção
Primitiva Muito baixo Muito baixo
Forração Baixo Baixo
Gramados Baixo Médio
Hortaliças Médio Muito alto
Bulbos e Tuberosas Alto Muito alto
Arbustivo Muito alto Alto
13
Figura 7 – Telhado Verde Extensivo INSTITUTO CIDADE JARDIM, 2019
Vale ressaltar as funções das camadas subsequentes do Sistema Completo.
O substrato é a camada que conterá nutrientes, orgânicos e inorgânicos, umidade e oxigenação
para o desenvolvimento da vegetação (ROLA, 2008). É necessária uma espessura adequada
para a vegetação a ser implantada no telhado verde, para que esta possa se desenvolver
adequadamente. (THE INTERNATIONAL GREEN ROOF ASSOCIATION apud BUDEL, 2011)
Além disso, espera-se da camada de substrato as seguintes funções: boa capacidade de retenção
de água; alto conteúdo em matéria orgânica de origem natural; alta estabilidade biológica;
homogeneidade na mistura; estabilidade na manutenção de suas propriedades, dentre outras
(BRIGADÃO, 1992 apud ROLA, 2008). A camada de substrato é provavelmente a mais crítica,
considerando o nível de detalhes e sua influência no desempenho do telhado verde. (BETTIE e
BERGHAGE, 2004 apud DVORAK, 2011)
A camada de drenagem é responsável por conduzir o excesso de água que não ficou retido na
vegetação ou na camada de substrato (ROLA, 2008). A água advinda da chuva poderá tomar 3
caminhos diferentes. O primeiro caminho seria a água ficar retida no substrato e na vegetação;
o segundo seria a água escoar pela superfície (runoff). Esse fenômeno acontece quando a taxa
de infiltração de água no solo é inferior a taxa de precipitação (DVORAK, 2011), o terceiro
representa a percolação profunda, na qual a água escoa através dos vazios do substrato e
atravessa essa camada. A camada de drenagem irá conduzir as águas desse terceiro caso.
Entretanto, a drenagem da água da superfície também deve ser realizada (DVORAK, 2011). O
14
material indicado para a utilização na camada de drenagem é um material de origem mineral,
leve e poroso, possuindo elevada permeabilidade e baixo peso. Além disso, é indicado o
emprego de materiais arredondados para evitar possíveis perfurações da membrana
impermeabilizante (ROLA, 2008). Exemplos de materiais adequados para compor a camada
drenante são a argila expandida, seixos e mantas drenantes de poliestireno.
A camada de proteção contra raízes impede que o crescimento das raízes danifique as demais
camadas (WATANABE, HONDA, 2016, THE INTERNATIONAL GREEN ROOF
ASSOCIATION, 2011 apud BUDEL, 2011). Essa função também pode ser exercida pela
camada filtrante, dependendo da escolha do material e da vegetação. Portanto, sem sempre é
necessário o emprego da camada de proteção contra raízes.
A camada filtrante tem como função reter as partículas de solo que são carregadas através da
percolação da água. Dessa maneira, evita-se o entupimento da camada de drenagem e reduz-se
os sólidos em suspensão contidos na água (ROLA, 2008, THE INTERNATIONAL GREEN
ROOF ASSOCIATION, 2011 apud BUDEL, 2011). Para essa camada é recomendado o uso da
manta de geotêxtil. O geotêxtil é um material fibroso, similar a um feltro, e pode ser utilizada
em 2 camadas no sistema completo. A primeira fica localizada entre o substrato e a camada de
drenagem, realizando a função da camada filtrante, e, a segunda localiza-se abaixo do sistema
de drenagem, realizando a função de proteção mecânica. Além disso, é necessário que a manta
geotêxtil atenda a alguns critérios, como: ser imputrescível; não reagir quimicamente com os
materiais adjacentes; ter permeabilidade hídrica de até dez vezes superior à do substrato; ter
resistência à compressão e à ruptura; dentre outros (ROLA, 2008). A segunda camada da manta
geotêxtil protege a membrana impermeabilizante contra danos, evitando rasgos e perfurações.
A camada seguinte é a camada de impermeabilização. Ela é responsável por garantir a
estanqueidade do sistema, impedindo a água de penetrar na estrutura de suporte. Devido à
grande importância dessa camada, deve-se atentar para a correta instalação. Os materiais mais
utilizados para esse fim são a membrana de PVC e a manta asfáltica (ROLA, 2008). A empresa
Ecotelhado recomenda o uso de geomembrana de PVC para o sistema de impermeabilização,
não só pela resistência mecânica e maleabilidade do material, mas também pela resistência à
punção, conferindo proteção contra raízes (ECOTELHADO, 2018).
Por fim, temos a camada de suporte. Essa camada recebe os esforços e os transmitem para as
estruturas da edificação. A sobrecarga desse sistema será o peso próprio de cada camada, mais
a parcela da água que fica armazenada tanto no solo, quanto nas plantas (ROLA, 2008).
15
A sobrecarga, se mal calculada, pode anular todas as boas intenções do uso do sistema de
telhados verdes, provocando trincas e fissuras a longo prazo, ou até mesmo, o seu colapso
imediato (DVORAK, 2011).
2.1.2. SISTEMA MODULAR
O Sistema Modular se caracteriza por utilizar unidades pré-construídas de um telhado verde.
São usados módulos, com dimensões diferentes para cada empresa fornecedora, que são
instalados sobre os telhados já impermeabilizados e preparados para receber a sobrecarga. Esses
módulos podem ser definidos como sendo “pedaços” de um Sistema Completo (ROLA, 2008).
Na figura 8, a seguir, é possível visualizar a divisão de cada módulo na composição do telhado
verde.
Figura 8 – Telhado Verde Modular SUSTENTARQUI, 2019
A empresa Ecotelhado possui um sistema alveolar no qual é utilizada uma membrana alveolar
com função de armazenar água, reduzindo a necessidade de irrigação (ECOTELHADO, 2018).
Silva (2011), acrescenta que o sistema alveolar retém água e por baixo, forma canais drenantes.
Já o Instituto Cidade Jardim utiliza módulos quadrados de PEAD de 50cm de lado, com 75cm
de profundidade, e, disponibiliza o uso de três vegetações diferentes: primitiva, forração e
16
herbácea. A figura 9, a seguir, ilustra um telhado modular construído pelo Instituto Cidade
Jardim.
Figura 9 – Telhado Verde Modular Finalizado INSTITUTO CIDADE JARDIM, 2019
2.1.3. MANTA VEGETATIVA PRÉ-CULTIVADA
O sistema de manta vegetativa pré-cultivada utiliza mantas que são cultivadas fora do local de
aplicação da manta, tornando assim, o processo de fabricação independente da aplicação,
podendo ser produzido em larga escala (ROLA, 2008). Esse sistema possui maior facilidade de
aplicação, menor espessura, e, consequentemente, menor retenção de água dentre os 3 sistemas
apresentados (NETO, 2016). A figura 10, a seguir, ilustra um exemplo de manta vegetativa.
Figura 10 – Manta vegetativa pré-cultivada
NETO, 2012
17
2.2. APROVEITAMENTO DE ÁGUA EM EDIFICAÇÕES
Segundo a American Water Works Association (AWWA, 1993, apud TOMAZ, 2010), a
conservação da água constitui-se na prática, nas tecnologias e nos incentivos que aperfeiçoam
a eficiência do uso da água. Esse aumento de eficiência pode ser alcançado através de medidas
convencionais como o uso de bacias sanitárias de baixo consumo, torneiras e chuveiros mais
eficientes quanto a economia da água, diminuição das perdas de água nos sistemas públicos de
maneira que o tolerável seja menor que 10%, reciclagem, reuso da água, ou através de medidas
não convencionais como o reuso de águas cinzas claras e a captação de água de chuva (TOMAZ,
2010). As figuras 11 e 12 esquematizam os sistemas de aproveitamento de águas pluviais e de
reuso de águas cinzas, respectivamente.
Figura 11 – Sistema de Aproveitamento de Água Pluvial SINDUSCON SP, 2005
Segundo Oliveira (1999) apud PNCDA (2003) a gestão do uso da água deve ser avaliada em
três níveis sistêmicos: nível macro, nível meso e nível micro. Eles são apresentados na figura
12.
Figura 12 – Níveis sistêmicos de gestão da água Adaptado de OLIVEIRA, 1999
Nível Macro
• Sistemas Hidrográficos
Nível Meso
• Sistemas públicos de abastecimento de água e de coleta de esgotos sanitários
Nível Micro
• Processos prediais e industriais
18
O nível macro, no Brasil, é associado à Agência Nacional de Águas (ANA), vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente, e tem por objetivo disciplinar a utilização dos rios, evitando a
poluição e desperdício, garantindo qualidade e quantidade às gerações futuras.
O nível meso é associado às concessionárias regionais, as quais implantam seus sistemas de
gerenciamento de forma a garantir quantidade e qualidade de água a seus usuários, bem como
preservação ambiental dos recursos.
O nível micro é associado às edificações, de modo a buscar a otimização da demanda de água,
para, assim, reduzir a quantidade de efluentes gerados, contribuindo desta forma com o grau de
despoluição dos recursos naturais, e para preservar os suprimentos existentes para as futuras
gerações.
Figura 13 – Sistema de Reuso de Água Cinza SINDUSCON SP, 2005
O Programa de Conservação de Água (PCA), do Plano Nacional de Combate ao Desperdício
de Água (PNCDA), visa a utilização mais “inteligente” da água em edificações. Certos usos da
água não demandam a mesma qualidade que outros, como, por exemplo, a rega de jardim e a
torneira de uma cozinha. Dessa forma, com o uso de fontes alternativas de água, gera-se águas
menos “nobres”, mas adequadas para atividades que não requerem uma qualidade alta da água.
Alinhado a isso, o uso de águas menos “nobres” reduz o consumo de água mais ‘nobre”
(PNCDA, 2003).
19
O reuso da água apresenta maiores desafios financeiros, técnicos e institucionais, quando
comparados com os meios tradicionais de obtenção de água. Por outro lado, o tratamento da
água, pode ser dividido em diversos níveis, atendendo ao uso desejado para a água. A figura 14
ilustra esse fato. Após cada nível de tratamento da água (tratamento secundário, tratamento
terciário e tratamento avançado), é possível o reuso da água para um emprego específico
(USEPA, 2012). Dessa maneira, demonstra-se que não se faz necessário atingir um nível de
tratamento avançado da água para atividades menos “nobres” como rega de jardim e lavagem
de pisos.
Figura 14 – Níveis de tratamento para diferentes reusos da água USEPA, 2012
2.3. DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA PARA OS
DIVERSOS FINS
Segundo Von Sperling (1995), a qualidade da água pode ser representada através de parâmetros
que traduzem as principais características físicas, químicas e biológicas. Esse trabalho irá focar
nos parâmetros mais relevantes para o aproveitamento da água em um sistema de telhados
verdes. Esses parâmetros são: cor; turbidez; pH; nitrogênio amoniacal; nitrito; nitrato;
ortofosfato; coliformes totais e coliformes termotolerantes. A figura 15, a seguir, esquematiza
e separa esses parâmetros em físicos, químicos e biológicos. Neste item (2.3), serão
apresentadas as definições e informações relacionadas a cada um desses parâmetros, de acordo
com o livro Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos de Marcos Von
Sperling, 1995.
Água
Bruta
Água
Potável
Água
Residual
Reuso*
Reuso*
Reuso*
*Nivel de tratamento depende
da finalidade da água.
Qu
alid
ade
da
Água
20
Figura 15 – Esquematização dos Parâmetros Analisados
2.3.1. PARÂMETROS FÍSICOS
2.3.1.1.COR
É o parâmetro que indica a coloração da água. Essa coloração indica a presença de sólidos
dissolvidos na água e tem como principais origens naturais a decomposição de matéria orgânica
e a presença de ferro e manganês, e, como origem antropogênica, resíduos industriais e esgotos
domésticos. A presença de cor na água, advinda de uma origem natural, não apresenta riscos à
saúde. Entretanto, passa a ser motivo de questionamento de confiabilidade da qualidade da água
por parte dos consumidores.
2.3.1.2.TURBIDEZ
A turbidez representa o grau de interferência da passagem de luz através da água. Enquanto o
parâmetro relacionado à cor, é uma consequência de sólidos dissolvidos na água, o parâmetro
turbidez está relacionado à presença de sólidos em suspensão na água. A turbidez pode estar
relacionada a partículas de rochas, argila e silte, ou a algas e outros microrganismos, de origem
natural. De origem antropogênica, pode ser originário de despejos domésticos, despejos
industriais, microrganismos e erosão. Se de origem natural, não causam problemas à saúde,
diretamente, entretanto, os sólidos em suspensão podem ser abrigo de microrganismos
patogênicos. Além disso, assim como a cor, é esteticamente desagradável para o consumidor.
Parâmetros Físicos
• Cor
• Turbidez
Parâmetros Químicos
• pH
• Nitrogênio Amoniacal
• Nitrito
• Nitrato
• Ortofosfato
Parâmetros Biológicos
• Coliformes Totais
• Coliformes Termotolerantes
21
2.3.2. PARÂMETROS QUÍMICOS
2.3.2.1.PH
O potencial hidrogeniônico representa a concentração de íons de hidrogênio (H+) na amostra,
indicando as condições de acidez, neutralidade ou alcalinidade. Os valores de pH variam entre
0 e 14, sendo os valores menores que 7 indicando acidez e valores maiores que 7 indicando
alcalinidade. As principais formas de alteração do pH, de origem natural, são através da
dissolução de rochas, absorção de gases na atmosfera, oxidação da matéria orgânica e
fotossíntese. De origem antropogênica, temos os despejos domésticos e os despejos industriais.
O pH, se em valores muito baixos, apresenta potencial de corrosividade e agressividade em
tubulações e peças. Por outro lado, o pH em valores muito elevados, tem a possibilidade de
incrustações nas tubulações e peças. Para ambos os casos, em seres humanos, pode causar
irritação na pele e nos olhos.
2.3.2.2.NITROGÊNIO AMONIACAL, NITRITO E NITRATO
O nitrogênio pode ser encontrado na água em 5 formas diferentes: nitrogênio molecular (N2)
escapando para a atmosfera, nitrogênio orgânico dissolvido ou em suspensão, amônia (NH3 e
NH4+), nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-). Para o presente estudo, é mais relevante o estudo da
nitrificação composto pela transformação da amônia em nitritos e estes em nitratos.
A equação 1 demonstra o processo de transformação da amônia em nitrito, e, a equação 2
demonstra a transformação do nitrito em nitrato.
2𝑁𝐻3 + 3𝑂2 = 2𝑁𝑂2− + 2𝐻+ + 2𝐻2𝑂 + 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 (Eq. 1)
2𝑁𝑂2− + 𝑂2 = 2𝑁𝑂3
− + 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 (Eq. 2)
A partir da quantidade encontrada de amônia, nitrito e nitrato é possível saber a quanto tempo
o processo de nitrificação está ocorrendo. No caso de uma análise de qualidade de água resultar
em valores elevados de amônia e valores baixos de nitrato, significa que o nitrogênio é recente
e ainda não sofreu o processo de nitrificação. No caso oposto, de se possui baixos valores de
amônia e altos valores de nitrato, o processo de nitrificação já teve início a mais tempo.
22
O nitrogênio provém, de maneira natural, de constituintes de proteínas e diversos outros
compostos biológicos e de composição celular de microrganismos. De forma antropogênica, o
nitrogênio provém de despejos domésticos, industriais, excrementos animais e fertilizantes.
Em telhados verdes, os nitrogênios podem entrar no sistema através da própria precipitação e
da fertilização. (TEEMUSK e MANDER, 2011)
2.3.2.3.ORTOFOSFATO
Os ortofosfatos são uma das principais maneiras de se encontrar fósforo em meio aquoso. Eles
estão diretamente disponíveis para o metabolismo biológico, sem necessidade de conversão a
formas mais simples. Pode ser encontrado nas formas: PO4-3, HPO4
-2, H2PO4- e H3PO4,
dependendo dos valores de pH. Os ortofosfatos são provenientes, de forma natural, da
dissolução de compostos no solo, decomposição de matéria orgânica e de composição celular
de microrganismos. E de forma antropogênica, a partir de despejos domésticos, industriais,
detergentes, excrementos de animais e fertilizantes. O fósforo é um elemento fundamental para
o desenvolvimento de microrganismos e algas. Elevadas concentrações de fósforo em lagos e
represas conduzem ao processo de eutrofização, ou seja, ao crescimento exagerado de algas.
Em telhados verdes, os ortofosfatos podem entrar no sistema através da própria precipitação e
da fertilização. (TEEMUSK e MANDER, 2011)
2.3.3. PARÂMETROS BIOLÓGICOS
2.3.3.1.COLIFORMES TOTAIS
Os coliformes totais constituem um amplo grupo de bactérias, podendo ser patogênicos ou não.
Essas bactérias habitam o intestino de animais mamíferos e estão associadas à decomposição
de matéria orgânica em geral.
23
2.3.3.2.COLIFORMES TERMOTOLERANTES
Os coliformes termotolerantes eram anteriormente chamados de coliformes fecais, devido a
maior parte dos coliformes dessa categoria estar relacionada ao trato intestinal de animais
endotérmicos (sangue quente). Entretanto, hoje em dia sabe-se que existem, em menor número,
bactérias que são termotolerantes, mas que não estão relacionadas às fezes de animais
endotérmicos. Parte dos coliformes desse grupo são patogênicos. A principal bactéria do grupo
dos coliformes termotolerantes é a Escherichia coli. Essa bactéria é a única garantia de
contaminação exclusivamente fecal, portanto, a detecção dela nas amostras de água, nos fornece
formações importantes relacionadas à contaminação.
2.4. NORMAS, RECOMENDAÇÕES E DOCUMENTOS TÉCNICOS RELACIONADOS
À QUALIDADE DA ÁGUA
Ao se definir a qualidade de um produto, ele deve estar dentro de um conceito normativo, deve
ser aprovado para um determinado fim, de modo a satisfazer uma necessidade. Para isso, é
necessário reconhecer as características do produto e especificar as suas aplicações,
qualificação e quantificação, assim como a sua viabilização e manutenção (COSTA, 2010 apud
BASSO, 2013).
Existem, no Brasil, normas e/ou recomendações relacionadas a qualidade de água ou ao reuso
dela para diferentes fins. Entretanto, não há nenhuma norma que trate especificamente de
telhados verdes e do uso da água drenada de telhados verdes em edificações. A seguir, são
apresentados diversos documentos técnicos que dão recomendações ou informações
relacionadas ao tema.
2.4.1. NBR 13969/1997
A “NBR 13969/1997 Tanques Sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição
final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação”, tem por objetivo oferecer
alternativas de procedimentos técnicos para o projeto, construção e operação de unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos de tanque séptico.
24
Em seu item 5.6, a norma abrange a situação de reuso local do esgoto doméstico. Esse reuso
local deve ser para fins que exigem qualidade de água não potável, porém, sanitariamente
segura, tais como irrigação de jardins, lavagem de pisos e de veículos automotivos, na descarga
das bacias sanitárias, na manutenção paisagística dos lagos e canais com água, na irrigação dos
campos agrícolas e pastagens etc. Cada um desses usos demanda maiores ou menores restrições
sanitárias, que se convertem em restrições dos parâmetros de qualidade da água. Para isso, a
norma divide o reuso do esgoto em quatro classes conforme a figura 16.
Figura 16 – Classificação do Reuso do Esgoto
Os valores previstos de qualidade de água para cada classe são apresentados na tabela 1 a seguir.
Tabela 1 - Recomendações NBR 13696/1997 Adaptado de NBR 13696/1997
Recomendações NBR 13696/1997
Parâmetros Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (uT) <5 <5 <10 -
pH Entre 6,0 e 8,0 - - -
Coliformes Fecais (NMP/100mL) <200 <500 <500 <5000
SDT* (mg/L) <200 - - -
Cloro Residual (mg/L) Entre 0,5 e 1,5 >0,5 - -
OD** (mg/L) - - - >2,0
*SDT = Sólidos dissolvidos totais
**OD = Oxigênio disponível
Classe 1
• Lavagem de carros e outros usos que requerem contato direto do usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo chafarizes.
Classe 2
• Lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes.
Classe 3
• Reuso nas descargas das bacias sanitárias.
Classe 4
• Reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual.
25
O estudo dessa norma é interessante pois o reuso da água em edificações pode conduzir a usos
similares aos definidos anteriormente, como rega de jardins, lavagem de pisos e reuso na
descarga de bacias sanitárias.
2.4.2. NBR 15527/2007
A “NBR 15527/2007 – Água de chuvas - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para
fins não potáveis – Requisitos”, é a norma que mais se aproxima da situação analisada neste
trabalho. Ela fornece os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de coberturas em
áreas urbanas para fins não potáveis, entretanto ela não abrange os telhados verdes.
No seu item 4.5 a norma indica que os padrões de qualidade devem ser definidos pelo projetista
de acordo com a utilização prevista, e, que, para usos mais restritivos, devem ser considerados
os seguintes valores apresentados na tabela 2, a seguir, com as seguintes frequências de análise:
Tabela 2 - Recomendações NBR 15527/2007 Adaptado de NBR 15527/2007
Recomendações NBR 15527/2007
Parâmetros Frequência Valores
Cor Aparente (uH) Mensal <15
Turbidez (uT) Mensal <2,0 (Usos mais restritivos)
<5,0 (Usos menos restritivos)
pH Mensal Entre 6,0 e 8,0
Coliformes Totais (NMP/100mL) Semestral Ausência
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL) Semestral Ausência
Cloro Residual Livre (mg/L) Mensal Entre 0,5 e 3,0
Além disso a norma 15527/2007 também fornece informações a respeito de reservatórios,
calhas e condutores, instalações prediais e bombeamento para os sistemas de aproveitamento
de água de chuva.
Diferentemente da norma 13696/1997, a norma 15527/2007 não define classes com diferentes
usos da água, e, sim, apenas uma recomendação para qualquer que seja a finalidade da água.
26
2.4.3. CAPÍTULO V - PORTARIA 2914/2011
A Portaria 2914/2011, do Ministério do Meio Ambiente, dispõe sobre os procedimentos de
controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade. Essa portaria não se aplica diretamente à análise de qualidade da água de um
telhado verde, entretanto, o estudo dela é válido para efeitos de comparação. O capítulo V da
portaria apresenta diversas informações sobre o padrão de potabilidade, de como são realizadas
as coletas, e, para que situações os resultados têm validade.
Ainda no capítulo V e no anexo X da portaria, encontram-se as informações relacionadas aos
parâmetros de qualidade da água. Por se tratar de uma portaria relacionada a um uso mais nobre
da água (para o consumo humano), ela abrange uma maior gama de parâmetros e alguns deles
não são interessantes para o estudo neste trabalho. Os parâmetros mais relevantes são
apresentados na tabela 3, a seguir:
Tabela 3 - Recomendações Portaria 2914/2011 Adaptado de PORTARIA 2914/2011
Recomendações Portaria 2914/2011
Parâmetros Valores
Cor (uH) <15
Turbidez (uT) <5,0
pH Entre 6,0 e 9,5
Coliformes Totais (NMP/100mL) Ausência
Escherichia Coli (NMP/100mL) Ausência
Cloro Residual (mg/L) Entre 0,5 e 2,0
Nitrito (mg/L) <1,0
Nitrato (mg/L) <10,0
Amônia (mg/L) <1,5
SDT (mg/L) <1000
27
2.4.4. CONAMA 274/2000
A resolução 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define os
critérios de balneabilidade em águas brasileiras. Primeiramente, a CONAMA 274 define as
águas doces, salobras e salinas. As águas doces são águas com salinidade igual ou inferior a
0,5‰; as águas salobras são águas com salinidade superior a 0,5‰ e inferior a 30‰; e as águas
salinas são águas com salinidade igual ou superior a 30‰. A resolução fornece a definição de
recreação de contato primário como o contato direto do usuário com os corpos de água, por
exemplo, as atividades de natação, esqui aquático e mergulho.
A seguir, são definidos os parâmetros de qualidade de água de modo a garantir que a água esteja
própria para o uso com contato primário. As águas consideradas próprias poderão ser
subdivididas nas seguintes categorias: Excelente, Muito Boa e Satisfatória. As definições de
cada categoria são apresentadas no quadro 3, a seguir.
Quadro 3 – Categorização das águas para contato primário Adaptado de CONAMA 274/2000
CONAMA 274/2000
Águas Próprias para Contato Primário
Excelente Muito Boa Satisfatória
Quando em 80% ou mais de
um conjunto de amostras
obtidas em cada uma das
cinco semanas anteriores,
colhidas no mesmo local,
houver, no máximo, 250
coliformes fecais
(termotolerantes) ou 200
Escherichia coli ou 25
enterococos por l00
mililitros
Quando em 80% ou mais de
um conjunto de amostras
obtidas em cada uma das
cinco semanas anteriores,
colhidas no mesmo local,
houver, no máximo, 500
coliformes fecais
(termotolerantes) ou 400
Escherichia coli ou 50
enterococos por l00
mililitros
Quando em 80% ou mais de
um conjunto de amostras
obtidas em cada uma das
cinco semanas anteriores,
colhidas no mesmo local,
houver, no máximo, 1000
coliformes fecais
(termotolerantes) ou 800
Escherichia coli ou 100
enterococos por l00
mililitros
O parâmetro da quantidade de enterococos por 100 mililitros de amostra só é utilizado para
águas marinhas.
As condições necessárias para que se considere a água como imprópria para o contato primário
estão apresentadas no quadro 4, a seguir.
28
Quadro 4 – Condições para águas impróprias para contato primário Adaptado de CONAMA 274/2000
CONAMA 274/2000
Águas Impróprias para Contato Primário
Não atender aos critérios estabelecidos para as águas próprias
Valor obtido na última amostragem for superior a 2500 coliformes fecais
(termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mililitros
Incidência elevada ou anormal, na região, de enfermidades transmissíveis por via
hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias
Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários óleos,
graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a
recreação
pH < 6,0 ou pH > 9,0 (águas doces)
Floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não oferecem riscos à
saúde humana
Pode-se concluir, com essas informações da CONAMA 274, que os parâmetros de coliformes
termotolerantes e de Escherichia coli, são os mais importantes para a garantia das condições
sanitárias ideias para o uso humano com contato primário, quando tratamos de águas doce.
O estudo dessa norma é valido para o presente trabalho, pois há casos de reuso da água de
telhados verdes que conduzem ao contato primário, demonstrando, assim, a importância das
verificações dos parâmetros biológicos.
2.4.5. CONAMA 357/2005 E CONAMA 430/2011
A resolução 430/2011 do Conselho Nacional do Meio Ambiente complementa e altera a
resolução 357/2005, entretanto, muitas informações ainda são obtidas na CONAMA 357/2005.
Essas resoluções dispõem sobre a classificação dos corpos de água, diretrizes ambientais para
o seu enquadramento e as condições de lançamento de efluentes.
A CONAMA 357 utiliza as mesmas definições da CONAMA 274 para a classificação da água
quanto à salinidade, dividindo em águas doces, salobras e salinas. Em seguida, são criadas
classificações para cada uma dessas águas, entretanto, apenas as informações relacionadas a
águas doces serão apresentadas, pelos mesmos motivos apresentados anteriormente.
29
As definições de cada classe para a categoria de água doce encontram-se no quadro 5.
Quadro 5 – Categorização das águas doces Adaptado de CONAMA 357/2005
CONAMA 357/2005
Água Doce
Classe Especial Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Abastecimento
para consumo
humano, com
desinfecção
Abastecimento
para consumo
humano, após
tratamento
simplificado
Abastecimento
para consumo
humano, após
tratamento
convencional
Abastecimento
para consumo
humano, após
tratamento
convencional ou
avançado
Navegação
Preservação do
equilíbrio
natural das
comunidades
aquáticas
Proteção das
comunidades
aquáticas
Proteção das
comunidades
aquáticas
Dessedentação
de animais
Harmonia
paisagística
Preservação dos
ambientes
aquáticos em
unidades de
conservação de
proteção integral
Recreação de
contato primário,
tais como
natação, esqui
aquático e
mergulho
Recreação de
contato primário,
tais como
natação, esqui
aquático e
mergulho
Recreação de
contato
secundário
Irrigação de
hortaliças que
são consumidas
cruas e de frutas
que se
desenvolvam
rentes ao solo e
que sejam
ingeridas cruas
sem remoção de
película
Irrigação de
hortaliças,
plantas frutíferas
e de parques,
jardins, campos
de esporte e
lazer, com os
quais o público
possa vir a ter
contato direto
Irrigação de
culturas
arbóreas,
cerealíferas e
forrageiras
Proteção das
comunidades
aquáticas em
Terras Indígenas
Aquicultura e à
atividade de
pesca
Pesca amadora
Além disso, a CONAMA 357 estabelece os parâmetros de qualidade de água para cada classe.
Os parâmetros de maior interesse para o estudo relacionado a este trabalho foram separados e
resumido na tabela 4, a seguir.
30
Tabela 4 - Recomendações CONAMA 357/2005 Adaptado de CONAMA 357/2005
CONAMA 357/2005
Água Doce
Parâmetros Classe 1 Classe 2 Classe 3 e 4
Cor (mg Pt/L) Cor verdadeira <75 <75
Turbidez (UNT) <40 <100 <100
pH Entre 6,0 e 9,0 Entre 6,0 e 9,0 Entre 6,0 e 9,0
Nitrogênio
Amoniacal (mg/L)
<3,7 para pH<7,5;
<2,0 para
7,5<pH<8,0; <1,0
para 8,0<pH<8,5;
<0,5 para pH>8,5
<3,7 para pH<7,5;
<2,0 para
7,5<pH<8,0; <1,0
para 8,0<pH<8,5;
<0,5 para pH>8,5
<13,3 para pH<7,5;
<5,6 para
7,5<pH<8,0; <2,2
para 8,0<pH<8,5;
<1,0 para pH>8,5
Nitrito (mg/L) <1,0 <1,0 <1,0
Nitrato (mg/L) <10 <10 <10
Ortofosfato (mg/L) <0,02 <0,03 <0,05
Coliformes
Termotolerantes
(NMP/100mL)
<200 em 80% das
amostras
<1000 em 80% das
amostras
<2500 em 80% das
amostras
A análise da CONAMA 357 é interessante para esse trabalho devido à especificidade que é
atribuída a cada classe, em função da finalidade da água, assim como é feito na NBR
13696/1997.
2.4.6. EMBRAPA
O documento, “Qualidade da Água para Irrigação”, da Embrapa, busca trazer informações a
respeito das considerações feitas para a água usada na irrigação. São apresentados valores para
parâmetros de salinidade, cátiones e âniones, nutrientes e alguns outros. Portanto, para o
presente trabalho, esses parâmetros se tornam interessantes quando a finalidade do reuso da
água drenada de um telhado verde for a rega, entretanto, apenas os parâmetros de nutrientes
(nitrato, amônia e fosfato) e pH serão apresentados aqui, conforme a tabela 5, a seguir.
31
Tabela 5 - Recomendações Embrapa Adaptado de EMBRAPA, 2010
Recomendações Embrapa
Parâmetros Valores
pH Entre 6,0 e 8,5
Nitrato (mg/L) <10,0
Amônia (mg/L) <5,0
Ortofosfato (mg/L) <2,0
2.4.7. MANUAL DE CONSERVAÇÃO E REUSO DA ÁGUA EM EDIFICAÇÕES
O Manual de Conservação e Reuso da Água em Edificações foi desenvolvido pela Agência
Nacional de Águas (ANA), pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e
pelo Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). Esse
manual reúne informações e orientações existentes no mercado e no meio acadêmico,
relacionadas ao uso e ao reuso dos recursos hídricos na construção civil. O manual reforça a
importância do equilíbrio entre a oferta e a demanda dos recursos hídricos, de maneira a garantir
a sustentabilidade do desenvolvimento econômico e social, adotando-se práticas e soluções
alternativas que ampliem a oferta de água e ações para uma eficiente gestão de demanda,
reduzindo as perdas.
No capítulo 5 do manual, encontram-se as informações relacionadas às exigências mínimas de
água não-potável para as atividades realizadas nos edifícios. São, portanto, definidos 7 usos
para a água em uma edificação e apresentadas as exigências de cada uma, nas figuras 17, 18 e
19.
32
Figura 17 – Reuso da Água em uma Edificação – Parte 1 Adaptado de SINDUSCON SP, 2005
Figura 18 – Reuso da Água em uma Edificação – Parte 2 Adaptado de SINDUSCON SP, 2005
1) Água para irrigação, rega de jardim e lavagem
de pisos:
• não deve apresentar mau-cheiro;
• não deve conter componentes que agridam as plantas ou que estimulem o crescimento de pragas;
• não deve ser abrasiva;
• não deve manchar superfícies;
• não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à saúde humana.
2) Água para descarga de bacias sanitárias:
• não deve apresentar mau-cheiro;
• não deve ser abrasiva;
• não deve manchar superfícies;
• não deve deteriorar os metais sanitários;
• não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à saúde humana.
3) Água para refrigeração e sistema de ar condicionado:
• não deve apresentar mau-cheiro;
• não deve ser abrasiva;
• não deve manchar superfícies;
• não deve deteriorar máquinas;
• não deve formar incrustações.
4) Água para lavagem de veículos:
• não deve apresentar mau-cheiro;
• não deve ser abrasiva;
• não deve manchar superfícies;
• não deve conter sais ou substâncias remanescentes após secagem;
• não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à saúde humana.
5) Água para lavagem de roupa:
• deve ser incolor;
• não deve ser turva;
• não deve apresentar mau-cheiro;
• deve ser livre de algas;
• deve ser livre de partículas sólidas;
• deve ser livre de metais;
• não deve deteriorar os metais sanitários e equipamentos;
• não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à saúde humana.
33
*Água para uso em construção civil: preparação de argamassas, concreto, controle de poeira e
compactação do solo.
Figura 19 – Reuso da Água em uma Edificação – Parte 3 Adaptado de SINDUSCON SP, 2005
É possível perceber diferenças nas abordagens do manual com relação às normas e
recomendações citadas anteriormente. Enquanto as normas possuem um enfoque maior nas
condições sanitárias e na garantia da saúde por parte do usuário, o manual possui uma maior
preocupação com relação ao odor, manchas de superfícies, abrasão e deterioração de materiais
e equipamentos, além da garantia contra infecções e contaminações.
O manual separa esses 7 usos de água em 4 diferentes classes, conforme a figura 20, a seguir,
e informa os parâmetros de qualidade de água característicos para cada classe.
Figura 20 – Classificação Reuso da Água em uma Edificação Adaptado de SINDUSCON SP, 2005
6) Água para uso ornamental
• deve ser incolor;
• não deve ser turva;
• não deve apresentar mau-cheiro;
• não deve deteriorar os metais sanitários e equipamentos;
• não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à saúde humana.
7) Água para uso em construção civil*:
• não deve apresentar mau-cheiro;
• não deve alterar as características de resistência dos materiais;
• não deve favorecer o aparecimento de eflorescências de sais;
• não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à saúde humana.
Água de reuso Classe 1:
• descarga de bacias sanitárias, lavagem de pisos, fins ornamentais e lavagem de roupas e veículos.
Água de reuso Classe 2:
• lavagem de agregados e preparação de concreto.
Água de reuso Classe 3:
• irrigação de áreas verdes e rega de jardins.
Água de reuso Classe 4:
• resfriamento de equipamentos de ar condicionado.
34
Os principais parâmetros para cada classe são apresentados na tabela 6. A classe 4 não foi
inserida por se tratar de um uso muito específico, com medições de diversos outros parâmetros
não interessantes para esse estudo.
Tabela 6 - Recomendações Manual de Conservação e Reuso de Águas em Edificações, para águas de
reuso Adaptado de SINDUSCON SP, 2005
Água de Reuso - Manual de Conservação e Reuso de Águas em Edificações
Parâmetros Classe 1 Classe 2 Classe 3
Cor (mg Pt/L) <10 - <30
Turbidez (UNT) <2 - <5
pH Entre 6,0 e 9,0 Entre 6,0 e 9,0 Entre 6,0 e 9,0
Nitrogênio Amoniacal
(mg/L) <20 - -
Nitrito (mg/L) <1 - -
Nitrato (mg/L) <10 - -
Nitrogênio Total <0,1 - Entre 5 e 30
Fósforo Total (mg/L) - - -
Coliformes
Termotolerantes
(NMP/100mL)
Não detectáveis <1000 <200
DBO (mg/L) <10 <30 <20
Odor e Aparência Não desagradáveis Não desagradáveis -
Sólidos suspensos totais
(mg/L) <5 <30 <20
Sólidos dissolvidos totais
(mg/L) <500 - -
2.4.8. USEPA
A United States Environmental Protection Agency (Agência Norte Americana de Proteção
Ambiental), possui diretrizes para o reuso da água, abrangendo as possíveis formas de reuso da
água, as tecnologias atuais, a garantia da saúde humana e proteção ambiental, níveis de
tratamento e qualidade da água. Para a qualidade da água, as diretrizes são específicas para cada
reuso, sendo eles, o reuso em meio urbano, na agricultura, em indústria, em ambientes
35
represados, no meio ambiente, no reabastecimento das águas subterrâneas e como água potável.
A tabela 7, a seguir, apresenta os valores recomendados, estudados neste trabalho, para o reuso
da água em ambiente urbano.
Tabela 7 - Recomendações USEPA USEPA, 2012
Recomendações USEPA, 2012
Parâmetros Valores
Turbidez (uT) <2,0
pH Entre 6,0 e 9,0
Coliformes Termotolerantes
(NMP/100mL) Não detectáveis
36
3. ANÁLISE CIENCIOMÉTRICA
A análise cienciométrica consistiu no levantamento de publicações relacionadas a experimentos
de análise de qualidade de água drenadas de telhados verdes. Para isso, buscou-se nas
plataformas do Google Acadêmico, Science Direct, Research Gate e Portal de Periódicos da
Capes, publicações relacionadas a esse tema. Além disso, foram pesquisadas dissertações, teses
e trabalhos de conclusão de curso de origem brasileira, de forma a averiguar como se
desenvolvia a pesquisa brasileira no tema. As palavras-chave utilizadas para pesquisa foram
“green roof water quality” e “telhado verde qualidade da água”.
Foram encontradas 50 publicações dentre artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso,
dissertações de mestrado e teses de doutorado. Destes, foram selecionados apenas os trabalhos
que possuíam, pelo menos parcialmente, discussões, experimentos ou análises de qualidade de
água coletada de um telhado verde. Os Estados Unidos concentraram o maior número de
publicações, com um total de 18. Vale ressaltar que as publicações da Índia possuíam a mesma
autoria, com publicações de bastante relevância no meio acadêmico. O mesmo aconteceu nas
publicações da Suécia.
O período que compreendeu a busca foi de 2002 a 2018, e o ano de 2014 foi aquele com mais
publicações, em um total de 10.
As figuras 21 e 22 apresentam os resultados obtidos.
Figura 21 – Número de publicações por países
18
10
5
4
3
2
11
11
1
1 1 1
USA Brasil China India Suécia Australia Malásia
Singapura Estonia Finland Inglaterra Colombia Polônia Portugal
37
Figura 22 – Número de publicações ao longo dos anos
O quadro 6 ,a seguir, apresenta os 6 trabalhos que aparentam maior relevância no meio
acadêmico, devido ao número de citações. Vale informar que nem todos os trabalhos estavam
abertamente disponíveis, ou seja, não foi possível analisar todos.
Quadro 6 – Publicações mais relevantes
Título Autor Ano
Rainwater Runoff Quantity and Quality Performance From a Greenroof: The Effects of Short-Term Events Teemusk, A.; Mander, Ü. 2007
Effect of a modular extensive green roof on stormwater runoff and water quality Gregoire, B. G.; Clausen, J. C. 2011
Runoff water quality from intensive and extensive vegetated roofs
Berndtsson, J. C.; Bengtsson, L.; Jinno, K. 2009
The influence of extensive vegetated roofs on runoff water quality
Berndtsson, J. C.; Bengtsson, L.; Emilsson, T. 2006
A field study of green roof hydrologic and water quality performance
Hathaway, A. M.; Hunt, W. F.; Jennings G. D. 2008
Runoff water quantity and quality from green roof systems Monterusso, M. A.; et. al. 2002
Segundo Vijayaraghavan (2016) apud Ferrans et. al. (2018), o estudo sobre a qualidade da água
drenada de um telhado verde ainda não é compreendido completamente. Isso ocorre devido à
resultados inconclusivos e até mesmo contraditório por parte dos pesquisadores. Existe um
0
2
4
6
8
10
12
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
38
grande número de variáveis que alteram os valores obtidos para a qualidade da água em telhados
verdes. As principais variáveis são: tipo de telhado verde, inclinação, tipo de vegetação, tipo de
substrato, espessura do substrato, uso de fertilizantes, drenagem do telhado verde, intensidade
da chuva, precipitações anteriores, idade do telhado verde, manutenção realizada e as fontes de
poluição ao redor do telhado verde (TEEMUSK & MANDER apud BERNDTSSON et. al.
2011). Alguns autores buscaram relacionar as condições dos telhados verdes com os resultados
obtidos para a qualidade da água e alguns estudos são apresentados aqui.
3.1. TEEMUSK & MANDER 1 (2011)
O trabalho de Teemusk e Mander (2011), analisa a qualidade da água em 8 telhados verdes, 2
telhados experimentais, e um telhado em aço, todos localizados na Estônia. Eles analisaram a
qualidade de chuva para as condições de chuva e de neve, mas apenas a condição de chuva será
abordada nesse trabalho, reduzindo o estudo para 3 telhados verdes diferentes.
O telhado experimental Tartu, possuía uma inclinação de 20º e 1,5m² de área, com uma camada
de substrato de 70mm, com 66% de agregados de baixa densidade, 30% de adubo e 4% de
argila. A camada inferior era composta por 40mm de lã de rocha e embaixo havia a camada de
drenagem. Foram feitas 2 coletas de chuvas neste telhado, uma para chuva moderada e outra
para chuva intensa e, para este trabalho, essas coletas foram denominadas Telhado 1 e Telhado
2, respectivamente.
O telhado Viimse, pertencia a uma escola de enfermagem no centro de uma vila. Possuía 15º
de inclinação e área de 35m². O substrato continha 100mm de espessura, sendo 66% agregados
de baixa densidade, 30% de adubo e 4% de argila. A camada inferior era composta de 80mm
de lã de rocha e embaixo dela havia a camada de drenagem. Para este trabalho, este telhado foi
denominado como Telhado 3.
O telhado Luunja, pertencia a uma residência privada localizada em ambiente rural. Também
possuía 15ºde inclinação e 50m² de área, com as mesmas espessuras e características do telhado
Viimse (telhado 3). Para este trabalho, este telhado foi denominado como Telhado 4.
Vale ressaltar que a cobertura vegetal de todos os 4 telhados era similar, utilizando em sua
maioria plantas do gênero Sedum.
39
Os valores encontrados para os parâmetros de qualidade de água, para cada telhado estão
apresentados na tabela 8, a seguir.
Tabela 8 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Teemusk & Mander 1 TEEMUSK & MANDER, 2011
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Teemusk & Mander - 2011 - Estônia
Parâmetros Chuva Telhado 1 Telhado 2 Telhado 3 Telhado 4
pH 6,570 8,240 8,060 8,150 8,130
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,100 0,540 2,400 0,010 0,300
Nitrato (mg/L) 0,100 2,000 1,100 0,005 0,030
Nitrogênio Total 0,400 3,800 6,400 4,900 0,400
Fósforo Total (mg/L) 0,020 0,200 0,300 0,640 0,160
Ortofosfato (mg/L) 0,004 0,120 0,170 0,630 0,120
É possível perceber o aumento da alcalinidade da água em todos os telhados. Esse resultado foi
comprovado pela primeira vez por Köhler & Schmidt, em 2003, no qual no estudo realizado o
pH da chuva coletado foi de 6,2 e o pH da água drenada pelo telhado verde foi de 7,5.
Houve um aumento nas concentrações de fósforo e nitrogênio totais na água drenada pelos
telhados verdes. Essa liberação desses nutrientes foi maior no telhado com a precipitação mais
intensa (Telhado 2), demonstrando a influência da intensidade de chuva nos resultados obtidos.
Os autores ressalvam que a maior concentração de fósforo total e ortofosfatos no telhado 3 se
deve a excretas de pássaros, uma vez que ele se localizava em uma região próxima ao mar. Os
telhados 1 e 2 eram telhados experimentais de menor dimensão, e, portanto, estavam menos
sujeitos aos excretas de pássaros. Os menores valores no telhado 4 para ortofosfato e fósforo
total se deve pela idade do telhado, superior ao dos telhados experimentais.
40
3.2. TEEMUSK & MANDER 2 (2007)
Um estudo anterior de Teemusk & Mander (2007), também realizado na Estônia, analisou a
qualidade de água de um telhado verde localizado na região central da cidade de Tartu. O
telhado possuía 120m² e era composto por uma camada plástica de drenagem de 8mm, lã de
rocha para a retenção da água de 80mm, camada de substrato de 100mm (66% de agregados de
baixa densidade, 30% húmus e 4% argila). Cerca de 55% da vegetação eram plantas do gênero
Sedum e 20% do gênero Thymus.
Foram estudados 2 casos de chuva: chuva moderada e chuva forte, e os valores encontrados
para os parâmetros analisados são apresentados na tabela 9, a seguir.
Tabela 9 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Teemusk & Mander 2 TEEMUSK & MANDER, 2007
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Teemusk & Mander - 2007 - Estônia
Parâmetros Chuva Telhado Verde
Chuva Moderada Telhado Verde
Chuva Forte
pH 5.620 8.200 7.895
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0.015 0.305 0.140
Nitrato (mg/L) 0.180 0.750 0.440
Nitrogênio Total (mg/L) 1.300 2.000 1.250
Fósforo Total (mg/L) 0.012 0.031 0.082
Ortofosfato (mg/L) 0.004 0.009 0.051
3.3. GREGOIRE & CLAUSEN (2011)
Gregoire e Clausen analisaram, em 2011, um telhado verde de 248m², localizado em uma praça
no topo de um prédio nos Estados Unidos, em Connecticut. O telhado verde era composto por
334 módulos de 1,2m x 0,6m x 0,102m (CxLxP). O substrato possuía 102mm de espessura,
constituído de 75% de xisto expandido leve, 15% de biosólidos compostados e 10% de perlita.
Cada módulo possuía 10 plantas do gênero Sedum. Assim que foi construído, em setembro de
2009, o telhado verde recebeu fertilização, assim como em maio do ano seguinte.
A média dos valores encontrados para os eventos de chuva entre setembro de 2009 e fevereiro
de 2010, para os parâmetros de nitrogênio e fósforo são apresentados na tabela 10, a seguir.
41
Tabela 10 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Gregoire & Clausen GREGOIRE E CLAUSEN, 2011
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Gregoire & Clausen - 2011 - EUA
Parâmetros Chuva Telhado
Verde
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,101 0,023
Nitrato + Nitrito (mg/L) 0,265 0,369
Nitrogênio Total (mg/L) 0,510 0,490
Fósforo Total (mg/L) 0,007 0,043
Ortofosfato (mg/L) 0,004 0,025
É possível perceber que a quantidade de nitrogênio total permaneceu equilibrada mesmo após
a água passar pelo substrato, da mesma maneira que o Nitrato + Nitrito não teve mudança
significativa. Esses resultados relacionados ao nitrogênio confrontam com o resultado de
Teemusk & Mander (2011) apresentado anteriormente e com o de outros autores como
Berndtsson et. al. (2009) e Hathaway et. al. (2008), os quais notaram um aumento das
concentrações de nitrogênio na água drenada pelo telhado verde. Por outro lado, a quantidade
de fósforo aumentou na água drenada do telhado verde, como esperado e demonstrado por
diversos autores como Berndtsson et. al. (2006), Köhler & Schmidt (2003), Teemusk & Mander
(2007), entre outros.
3.4. FERRANS, REY, PÉREZ, RODRIGUEZ E DIAZ-GRANADOS (2018)
O trabalho de Ferrans et. al. (2018), na Colômbia, busca entender as variáveis que alteram os
resultados dos parâmetros de qualidade de água obtidos da água drenada do telhado verde. Para
isso, foram montados 12 módulos de telhado verde, localizados no topo da Universidad de los
Andes em Bogotá, o qual está a 2640 metros de altitude. Nas redondezas, encontram-se áreas
para prestação de serviços, comércio e área residencial. No total, foram coletadas informações
baseadas em 12 eventos de chuva para a análise de qualidade da água.
Os módulos eram compostos de 4 camadas: camada de vegetação, substrato, camada filtrante e
camada de drenagem. Durante o período do experimento, compreendido entre setembro de 2013
e janeiro de 2017, este foi dividido em 6 períodos (com diferentes durações), e, em cada período
42
foi montado um tipo de telhado verde, ou seja, entre cada período foi alterado ou a vegetação
ou o substrato de modo a poder estudar a influência dessas variáveis.
Para avaliar a influência do substrato foram comparados os resultados obtidos para os telhados
verdes em que foram usados substratos, classificado pelos autores como: substratos intensivos
e extensivos. Para avaliar a influência da vegetação, foi montado um módulo apenas com o
substrato, mas sem a vegetação. Com isso, foi possível comparar os valores de qualidade da
água obtidos dos módulos de telhados verdes com o módulo sem vegetação.
Configurações homogêneas de plantas do gênero Sedum, rabanete, alface e grama foram
utilizadas. Duas misturas heterogêneas diferentes de plantas do gênero Sedum e uma mistura
heterogênea de lavanda, lírio d’água e uma planta do gênero Bernegea. Para a camada de
substrato, foram testadas 4 configurações diferentes: camada de substrato extensiva padrão,
camada de substrato extensiva aprimorada para reduzir o volume de runoff, camada de substrato
intensiva e camada de substrato produtiva.
Além disso, outra variável considerada foi a intensidade de chuva, e dentre os 12 eventos de
chuva, os valores mínimos, máximos e médios de chuva foram de 8,40mm, 56,20mm e
29,14mm, respectivamente, e, as intensidades máximas de chuva apresentaram valores
variando entre 4,80mm/h e 133,00mm/h, existindo, portanto, chuvas de baixa, média e alta
intensidade. O período de dias sem chuva antes das coletas também foi monitorado e variou de
0,21 dias a 25,45 dias.
Tabela 11 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Ferrans, Rey, Pérez,
Rodríguez e Díaz-Granados FERRANS, REY, PÉREZ, RODRÍGUEZ E DÍAZ-GRANADOS, 2018
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Ferrans, Rey, Pérez, Rodríguez e Díaz-Granados - 2018 - Colômbia
Parâmetros Chuva Telhado Verde
Cor (uH) 4,330 34,460
Turbidez (UNT) 6,810 18,740
pH 6,510 8,220
Nitrito (mg/L) 0,020 0,100
Nitrato (mg/L) 1,830 9,240
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0,620 0,500
Fósforo Total (mg/L) 0,080 4,060
Ortofosfato (mg/L) 0,360 -
Coliformes Totais (MPN) 750 150000
43
A tabela 11 apresenta as médias dos valores encontrados para cada parâmetro de qualidade de
água analisado no trabalho.
Para os parâmetros de cor e turbidez, o telhado verde apresentou um valor significativamente
maior do que o valor encontrado para chuva. Segundo Li e Babcock (2014) apud Ferraz et. al.
(2018), esse fenômeno ocorre devido a presença de conteúdo orgânico no substrato do telhado
verde.
O pH obtido foi superior assim como nos resultados de Teemusk & Mander (2007, 2011).
O resultado encontrado para nitrito, nitrato e amônia foi similar ao de Gregoire & Clausen
(2011), nos quais o valor para a concentração de amônia foi reduzido e os valores para as
concentrações de nitrito e nitrato foram elevados. Segundo os autores, esse fenômeno
provavelmente ocorre devido à transformação e utilização dos compostos nitrogenados durante
os processos químicos e biológicos no telhado verde.
Ocorreu um aumento da concentração de fósforo total ocorreu, assim como nos trabalhos
mencionados anteriormente.
Por fim, é possível notar um grande aumento nos valores de coliformes totais.
As conclusões para os efeitos da camada de substrato sobre a qualidade da água drenada do
telhado verde são apresentadas no quadro 7, a seguir.
Quadro 7 – Influência do Tipo de Substrato: Substrato Extensivo x Substrato Intensivo FERRANS, REY, PÉREZ, RODRÍGUEZ E DÍAZ-GRANADOS, 2018
Influência do Tipo de Substrato
Ferrans, Rey, Pérez, Rodríguez e Díaz-Granados - 2018 - Colômbia
Parâmetros Substrato Extensivo x Substrato Intensivo
Cor Menores concentrações no substrato intensivo
Turbidez Menores concentrações no substrato intensivo
Nitrito Menores concentrações no substrato intensivo, entretanto sem
evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Nitrato Menores concentrações no substrato intensivo
Amônia Maiores concentrações no substrato intensivo, entretanto sem evidências
estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Fósforo Total Menores concentrações no substrato intensivo
Coliformes
Totais Sem diferença significativa
As conclusões para os efeitos da camada de vegetação sobre a qualidade da água drenada do
telhado verde são apresentadas no quadro 8, a seguir.
44
Quadro 8 – Influência do Tipo de Vegetação: Com vegetação x Sem vegetação FERRANS, REY, PÉREZ, RODRÍGUEZ E DÍAZ-GRANADOS, 2018
Influência do Tipo de Vegetação
Ferrans, Rey, Pérez, Rodríguez e Díaz-Granados - 2018 - Colômbia
Parâmetros Com vegetação x Sem vegetação
Cor As concentrações foram superiores nos telhados sem vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Turbidez As concentrações foram superiores nos telhados sem vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
pH Os valores foram superiores nos telhados com vegetação, entretanto sem
evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Nitrito As concentrações foram superiores nos telhados sem vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Nitrato As concentrações foram superiores nos telhados sem vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Amônia As concentrações foram superiores nos telhados sem vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Fósforo Total As concentrações foram superiores nos telhados com vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
Coliformes
Totais
As concentrações foram superiores nos telhados com vegetação, entretanto
sem evidências estatísticas suficientes para chegar a uma conclusão
As conclusões relativas aos efeitos das características da chuva foram que para maiores eventos
de chuva, maiores eram os valores de todos os parâmetros analisados, exceto para nitrato.
Entretanto, estatisticamente, apenas o valor de fósforo total apresentou uma forte correlação
com a intensidade ou duração dos eventos de chuva. Com relação ao período de seca antes da
chuva analisada, foi conclusivo que os valores para coliformes totais foram superiores durante
os períodos chuvosos.
3.5. BUDEL (2014)
A dissertação de Budel (2014), realizou uma comparação entre a qualidade de água de um
telhado convencional e um telhado verde. O telhado verde estava localizado em um condomínio
fechado, possuía 77m² e era coberto por grama esmeralda. Após a chuva, a água era
encaminhada a uma cisterna de 1500 litros, e, através de uma bomba, era conduzida para um
reservatório superior de 1000 litros. Antes de chegar no reservatório superior, a água passava
por um filtro de 200 micra e outro de 50 micra. O autor fez a coleta de água tanto na cisterna,
45
quanto no reservatório superior. O uso da água drenada do telhado verde era para rega de jardim,
e, abastecimento de bacias sanitárias.
Para os parâmetros físicos foram realizadas 8 coletas de chuva, para os parâmetros químicos, 7
coletas, e, para os parâmetros biológicos, 9 coletas.
Para a construção da tabela 12, a seguir, foram retiradas as médias dos valores encontrados pelo
autor. Vale ressaltar que alguns parâmetros obtiveram uma discrepância muito grande com
relação à média, como, por exemplo, os coliformes totais para a cisterna de água drenada do
telhado verde, no qual foram encontrados valores variando de 1,1 até 35000.
Tabela 12 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Budel BUDEL, 2014
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Budel - 2014 - Curitiba, Brasil
Parâmetros Chuva Telhado Verde -
Cisterna
Telhado Verde -
Reservatório Superior
Turbidez (UNT) 3.55 9.86 3.18
pH 5.81 6.96 6.91
Nitrito (mg/L) 0.03 0.15 0.06
Nitrato (mg/L) 0.00 2.90 0.51
Amônia (mg/L) 0.91 0.26 0.06
Ortofosfato (mg/L) 6.57 14.90 6.63
Coliformes Totais
(NMP/100mL) 13.97 6636.46 1089.22
Coliformes
Termotolerantes
(NMP/100mL)
10.37 45.38 13.83
Pode-se concluir que para a turbidez, os valores obtidos no reservatório superior foram
inferiores ao da cisterna, devido ao processo de decantação e pelos filtros instalados. Além
disso, o autor relaciona o aumento da pluviometria com o aumento da turbidez na água da
cisterna. O pH da água drenada no telhado verde foi superior ao da chuva coletada.
Para os parâmetros de nitrogênio, pode-se notar a diminuição com o passar do tempo. Para o
ortofosfato, percebe-se a liberação do fosfato pelo substrato devido a lixiviação pela chuva.
46
O telhado verde apresentou elevadas concentrações de coliformes totais em algumas coletas, e,
baixas concentrações em outras. Essa variabilidade pode estar relacionada a contaminações
pontuais, e, pelo regime e intensidade de chuva. Os resultados para a Escherichia Coli são de
análise similar aos coliformes totais.
3.6. TEIXEIRA (2013)
No trabalho de Teixeira (2013) foram montados 8 células-teste de telhado verde. Cada célula
possuía as dimensões de 2,76m x 2,76m (7,61m² de área), com 3,15m de altura e área de
cobertura vegetal de 6,05m². A inclinação de todas as células-teste era de 2%.
Cada célula-teste possuía diferentes configurações. Variou-se a vegetação em extensiva ou
semi-intensiva, utilizando 9-10 cm de espessura de substrato para os sistemas extensivos, e, 25
cm para os sistemas semi-intensivos. Foram utilizados 3 tipos de substrato e 4 configurações
de plantas diferentes. Além disso, duas células-teste eram composta por um sistema modular e
as outras compostas por sistemas contínuos. Ao variar as configurações de cada célula, foi
possível verificar a influência, ou não, de cada variável nos resultados de análise de qualidade
da água drenada pelas células-teste de telhado verde.
Como resultado, para o parâmetro de cor, foram identificados valores mais altos para as
primeiras análises feitas nas células-teste, ou seja, em telhados verdes recém construídos, o
substrato sofre maior ação de lixiviação e, portanto, apresenta valores maiores para o parâmetro
cor. Além disso, os substratos com maiores teores de argila, demoraram mais tempo para atingir
a estabilização. Foi identificado um aumento de cor nas células-teste de maior espessura (semi-
intensiva), em amostras posteriores, quando comparadas com as amostras inicias. Isso pode ter
ocorrido devido a solubilização do ferro, permitindo seu carreamento. Em todas as amostras,
houve um aumento da cor na água do telhado verde quando comparada com a água da chuva.
Para a turbidez, os valores variaram entre 0,6 e 2,9 NTU, e os valores coletados nas amostras
diminuíram ao longo do tempo. Entretanto, para todos os casos, houve um aumento da turbidez
na água coletada pelos telhados verdes quando comparada com a água da chuva. Os solos com
maiores composições de partículas finas, apresentaram maiores valores para a turbidez.
Relativamente ao parâmetro nitrogênio, a autora analisou o Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK).
Esse parâmetro analisa a soma dos nitrogênios amoniacais e nitrogênios orgânicos. Nos
documentos técnicos de qualidade da água, apresentados anteriormente, esse parâmetro não é
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analisado, não sendo possível a verificação dos valores obtidos com os valores recomendados.
Entretanto, observou-se uma diminuição dos valores ao longo do tempo, com exceção da célula-
teste semi-intensiva, da mesma maneira que ocorreu com o parâmetro de cor. Para as outras
variáveis, não foram encontradas relações significativas.
Para o fósforo total, observou-se a diminuição das concentrações ao longo do tempo, exceto
para um dos tipos de substrato, presente em duas células-teste. Em todas as amostras coletadas
dos telhados verdes, houve aumento das concentrações de fósforo total quando comparada com
a chuva. As características do substrato e a quantidade de matéria orgânica são grande
influenciadores nas concentrações de fósforo total. Quanto mais matéria orgânica, maiores são
as concentrações de fósforo lixiviadas pela água.
Os valores encontrados para o pH foram superiores a 7,0, e, concluiu-se, assim como nos
trabalhos anteriores, que a passagem da água pelas coberturas verdes diminuiu a acidez da
chuva.
Para o parâmetro microbiológico de coliformes totais, a maioria das amostras apresentou
valores superiores a 24.000 NMP/100ml, indicando a presença de bactérias nos substratos
estudados. Os valores mais baixos de coliformes totais foram de 130 e 550 NMP/100ml. Para
a Escherichia Coli, em geral, a passagem da água através do telhado verde não causou alteração
nos valores desse parâmetro. Apenas uma amostra apresentou valores elevados, indicando
alguma contaminação pontual. A variação dos valores obtidos para a E.Coli pode ser justificada
pela contaminação ambiental como os dejetos de pássaros.
3.7. GIMENES (2017)
O trabalho de Gimenes (2017) consiste no estudo da mesma bancada experimental de telhado
verde do presente trabalho, realizada no Centro Experimental de Saneamento Ambiental, na
UFRJ. O estudo foi feito em um protótipo de telhado verde extensivo, com aproximadamente
12 cm de espessura de substrato (areia lavada) e 5 cm de espessura da camada de drenagem. A
vegetação utilizada foi composta por Bromélias. Mais detalhes a respeito da bancada de telhado
verde serão apresentados no capítulo seguinte. Foram feitas 6 coletas nos meses de janeiro e
fevereiro de 2016 e a média dos valores obtidos para os parâmetros analisados são apresentados
na tabela 13, a seguir.
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Tabela 13 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Gimenes GIMENES, 2017
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Gimenes - 2017 - Rio de Janeiro, Brasil
Parâmetros Chuva Telhado Verde
Cor (PtCO) 11,000 901,000
Turbidez (FAU) 4,000 77,000
pH 6,920 6,690
Nitrito (mg/L) - 0,219
Nitrato (mg/L) - 16,600
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) - 0,420
Ortofosfato (mg/L) - 1,402
Coliformes Totais (NMP/100mL) 30,000 2333,000
Escherichia Coli (NMP/100mL) 0,000 18,000
Novamente, é possível perceber a elevação das concentrações dos parâmetros físicos de cor e
turbidez, na água coletada do telhado verde. A lixiviação da matéria orgânica é a principal causa
para o aumento de cor e turbidez na água do telhado verde. Além disso, a idade do telhado
verde e a frequência de precipitações foram fatores influentes nos resultados obtidos. Como
exemplo, a primeira coleta apresentou um valor de 2160 PtCO para a cor. Neste caso, houve
um longo período sem chuvas, antes da coleta e o telhado ainda era recém implantado,
possuindo, portanto, grande quantidade de matéria orgânica que foi lixiviada quando ocorreu a
chuva.
Para o pH, os valores encontrados foram contraditórios com os trabalhos analisados
anteriormente. Neste trabalho o pH da água drenada pelo telhado verde nas 3 coletas realizadas
em janeiro, foi levemente mais ácido que o pH da chuva dessas coletas. Para essas coletas,
podem ter ocorrido alguma contaminação, impactando nos resultados obtidos, uma vez que
esses não eram esperados. Já fevereiro, a água coletada do telhado verde era mais básica que a
água da chuva, como encontrado nos trabalhos anteriores.
Os parâmetros relacionados ao nitrogênio e fósforo foram analisados apenas nas amostras do
telhado verde, não sendo possível comparar com a água da chuva. Entretanto, é possível analisar
esses valores, comparando-os com os documentos técnicos relacionados e com outras
pesquisas.
49
Para a colimetria, vale ressaltar que os valores obtidos em coletas com um maior período de
estiagem foram superiores aos valores com chuvas menos espaçadas. Isso está relacionado à
influência da quantidade de matéria orgânica na quantidade de bactérias. A presença de
coliformes nas águas coletadas da chuva atmosférica, indica que houve alguma contaminação
nos recipientes durante a coleta. Houve presença de Escherichia Coli nas amostras do telhado
verde, mesmo que em baixas quantidades, indicando contaminação fecal.
50
4. ESTUDO EXPERIMENTAL
4.1. LOCALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO
O experimento foi realizado no Centro Experimental de Saneamento Ambiental da UFRJ
(CESA/UFRJ), o qual é um laboratório de ensino, pesquisa e extensão, subordinado ao
Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Drhima) da Escola Politécnica. Nele,
se concentram atividades realizadas principalmente por estudantes de graduação e pós-
graduação de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental. O CESA fica localizado em uma das
entradas principais da Cidade Universitária, mais precisamente na Rua Lobo Carneiro. Nas
figuras 23 e 24, a seguir, foi demarcada, em vermelho, a localização do CESA, a primeira em
uma imagem mais ampla e a segunda em uma imagem mais próxima.
No CESA encontram-se um conjunto de instalações em escala piloto, contemplando os
simuladores de águas urbanas e as unidades de tratamento de esgotos. Além disso, nele
encontra-se a bancada experimental de telhado verde.
Figura 23 – Localização do CESA GOOGLE, 2018
51
Figura 24 – Localização do CESA GOOGLE, 2018
O protótipo de telhado verde pertence a um dos 5 módulos de bancada experimental construídos
no CESA. Esses módulos são divididos por paredes de alvenaria e neles podem ser realizados
ensaios de pavimentos permeáveis e telhados verdes. Todos os módulos dispõem de torneiras
para o controle de saída da água, que passa por uma calha e é levada até a caixa pluviométrica.
Essa caixa pluviométrica permite a medição do escoamento de água captado, oriundo de um
dos módulos. Além disso, no conjunto das bancadas experimentais, encontra-se um simulador
de chuvas, o qual é utilizado para produzir chuvas para certos ensaios. É possível regular a
abertura do simulador de chuvas, aumentando ou diminuindo as intensidades.
4.2. CONSTRUÇÃO DA BANCADA EXPERIMENTAL
A construção da bancada experimental foi realizada em 2013 para atividades relacionadas a
pavimentos permeáveis e para telhados verdes. As informações trazidas neste capitulo, a
respeito da construção da bancada experimental e da construção do telhado verde, foram
retiradas dos trabalhos de conclusão de curso de Neto (2012), Pontes (2013), Bruno (2016) e
da dissertação de Neto (2016). Uma parte do trabalho de Neto (2012) consistiu na elaboração
do projeto da bancada experimental de telhado verde, Pontes (2013) realizou a construção das
bancadas experimentais para ensaios de pavimentos permeáveis e telhados verdes. Bruno
52
(2016) e Neto (2016) realizaram a construção e montagem do telhado verde em uma das
bancadas experimentais.
A figura 25 apresenta o início da construção das bancadas experimentais e a figura 26 apresenta
a separação delas. As bancadas 2, 3 e 4 foram desenvolvidas para receber ensaios de pavimentos
permeáveis, a bancada 5, para ensaios de telhado verde, e, a bancada 1, como piso de referência.
Figura 25 – Início da construção das bancadas experimentais PONTES, 2013
Figura 26 – Divisão das bancadas experimentais Adaptado de PONTES, 2013
1
2 3
4 5
53
4.3. CONSTRUÇÃO DO TELHADO VERDE
O telhado verde foi montado pela primeira vez em novembro de 2015, por um grupo de alunos.
O módulo possui 202cm de comprimento e 89cm de largura, totalizando uma área de quase
1,80m². Cada uma das faces é apresentada conforme na figura 27, a seguir.
Figura 27 – Identificação das faces da bancada experimental BRUNO, 2016
O encontro das faces norte e oeste possui uma profundidade de 24cm, enquanto que a o encontro
da face norte e leste possui uma profundidade de 27,5cm, fornecendo, portanto, uma
declividade de 3,9% nesta face, em direção a leste. Já no encontro da face sul com a face oeste
há uma profundidade de 23,5cm, e, no encontro das faces sul e leste, 26,5cm, tendo assim 3,4%
de declividade na direção leste. Na face leste estão localizadas duas torneiras, as quais drenam
a água para as calhas. Para a análise de qualidade da água, foram posicionadas mangueiras e 2
galões de 5L para a coleta de água do telhado verde.
54
A montagem do telhado verde, foi realizada em várias etapas. Primeiro, ocorreu a limpeza da
superfície, possibilitando a instalação das camadas superiores. Em seguida, foi realizada a
camada de impermeabilização, com o emprego de massa impermeabilizante. As duas primeiras
demãos foram feitas com Denvertec 100, e, no dia seguinte foram realizadas 4 demãos com
Denvertec 540, que tem a característica de não alterar as propriedades da água. Alternou-se o
sentido da aplicação de cada demão, de modo a garantir melhor estanqueidade. Ao final, foi
realizado um teste de estanqueidade para verificar se não havia infiltração, como ilustrado na
figura 28, a seguir.
Figura 28 – Realização do teste de estanqueidade na bancada de telhado verde BRUNO, 2016
Em seguida, os drenos foram protegidos com uma camada de manta de geotêxtil.
Posteriormente, foi colocada a camada de drenagem composta por argila expandida, como
indicado na figura 29. A argila expandida tem a vantagem de ser leve e de reter uma parte da
água. Esta camada ficou com aproximadamente 5cm de espessura. Nesta camada, a água
percola pelos vazios e é conduzida para dos drenos, localizados na face leste da bancada
experimental. Por cima da argila expandida foi posicionada mais uma camada de manta
geotêxtil, com o objetivo de impedir que partículas da camada superior do substrato fossem
carreadas para as camadas inferiores. Além disso, protegeu-se o dreno superior, responsável
por drenar o escoamento superficial, também com manta geotêxtil.
55
A etapa seguinte constou da aplicação do substrato composto por areia lavada. A escolha desse
material se deve pela alta permeabilidade, e, por ser amplamente usado na construção civil. A
areia foi aplicada de maneira uniforme, por toda a área, de forma a não provocar alterações nas
propriedades físicas desta camada. A próxima camada foi composta de húmus, sendo então a
camada de matéria orgânica necessária para fornecer os nutrientes para o desenvolvimento das
plantas. Essa camada possui 3cm de espessura. A figura 30 mostra a aplicação da camada de
matéria orgânica sobre a camada de areia.
Em seguida, realizou-se o plantio da vegetação, composta por bromélias. As bromélias foram
escolhidas porque elas possuem baixa necessidade de manutenção, se adaptavam às condições
do local, e, tem a capacidade de reter água da chuva. Foram plantadas bromélias das espécies
neoregelia cruenta, neoregelia cruenta var. rubra e neoregelia cruenta var. marmorata. Através
da figura 31, pode-se ver que foram plantadas 18 bromélias de maneira uniforme (3x6), e que
existem 3 espécies diferentes dentre elas.
Figura 29 – Aplicação da argila expandida BRUNO, 2016
56
Figura 30 – Aplicação de húmus sobre a camada de areia BRUNO, 2016
Figura 31 – Plantio das bromélias finalizado BRUNO, 2016
57
A última etapa consistiu na aplicação de fertilizante de liberação controlada, e, sobre os espaços
entre as bromélias, onde o substrato estava aparente, foram lançadas cascas de pinus com o
objetivo de conferir maior proteção mecânica ao solo, como por exemplo, evitar a erosão por
impacto das gotas de chuva. Por fim, foi realizada a irrigação do solo. A figura 32, a seguir
demonstra como ficou a bancada verde ao final de sua construção.
Dada as características construtivas dessa bancada experimental de telhado verde e às
classificações apresentadas no item 2.2, pode-se classificar esse telhado verde como um sistema
completo.
Figura 32 – Construção do telhado verde finalizada BRUNO, 2016
Nesta bancada experimental de telhado verde, têm sido realizados vários experimentos. Neto,
em 2016 e Silva, em 2018, estudaram o telhado verde como uma técnica compensatória em
drenagem urbana, avaliando a retenção de água pelo sistema, e, a redução da vazão de pico.
Busch, em 2017, analisou a contribuição da interceptação vegetal e da evapotranspiração nesta
bancada de telhado verde, composta por bromélias.
58
Com relação a ensaios de qualidade de água, este trabalho é o segundo, sendo o primeiro
realizado por Gimenes em 2017. Durante os ensaios de Gimenes (2017) as bromélias do telhado
verde tinham a seguinte disposição, apresentada na figura 33.
Figura 33 – Disposição das bromélias em 2017 GIMENES, 2017
Entretanto, em abril de 2018, as bromélias haviam se desenvolvido muito. Ganharam altura e
cobriam praticamente toda a área do telhado verde, como ilustrado na figura 34.
Figura 34 – Disposição das bromélias em abril de 2018
59
Devido ao grande desenvolvimento das bromélias, surgiram algumas dificuldades para a
realização dos ensaios de qualidade de água, que serão apresentadas no capítulo 5. Por este
motivo, em agosto de 2018, foi realizada a reconstrução do telhado verde, e, feita uma nova
disposição das bromélias, conforme apresentado na figura a seguir.
Figura 35 – Disposição das bromélias em agosto de 2018
60
4.4. REALIZAÇÃO DO ESTUDO EXPERIMENTAL
4.4.1. OBJETIVOS E PARÂMETROS DE ANÁLISE
O experimento realizado visou avaliar a qualidade da água coletada de uma bancada
experimental de telhado verde, localizada no CESA, de maneira a obter resultados próprios e
compará-los, não só com as normas e recomendações existentes, mas também com
experimentos semelhantes realizados por outros autores.
Além disso, vale ressaltar que a análise cienciométrica e os estudos mais aprofundados
apresentados no capítulo anterior contribuíram para a elaboração do experimento, uma vez que
foi possível entender como se desenvolvia os procedimentos experimentais, os cuidados
necessários, e, uma primeira ideia de quais seriam os resultados obtidos. A partir dos trabalhos
analisados, foram definidos os parâmetros a serem avaliados. Os trabalhos de Teemusk &
Mander (2007, 2011) e Gregoire & Clausen (2011) se limitaram a, basicamente, avaliar os
parâmetros químicos de nitrogênio e fósforo, metais pesados e pH. O trabalho de Ferrans et. al.
(2018), Budel (2014) e Gimenes (2017) já demonstram um interesse, também, nos parâmetros
físicos e biológicos da qualidade da água do telhado verde, sendo estes, portanto, os mais
abrangentes.
Os parâmetros definidos para este trabalho foram também pensados para uma situação prática
de aplicação de telhados verdes. De início, é necessária a garantia da saúde do usuário da água.
Portanto, a análise dos parâmetros biológicos se torna necessária. Uma grande parte dos
coliformes termotolerantes são patogênicos, e, dependendo da finalidade da água, as normas
indicam até a ausência desses coliformes na água, como a NBR 15527/2007, a Portaria
2914/2011 e a classe 1 do Manual de Conservação e Reuso da Água. Já para os coliformes
totais, uma pequena parte deles são patogênicos, e desta maneira, a presença de altas
concentrações indicam uma maior possibilidade da presença de organismos patogênicos.
Algumas normas e recomendações nem citam os coliformes totais, mas a NBR 15527/2007 e a
Portaria 2914/2011 recomendam a ausência dessas concentrações na água. Lembrando que a
Portaria 2914/2011 é a mais restritiva por estar tratando de potabilidade da água. A análise dos
parâmetros químicos era importante, pois o telhado verde é um sistema vivo que recebe
nutrientes através de fertilização e de outros seres que habitam o local. Portanto, parâmetros de
nitrogênio e fósforo foram escolhidos por serem as principais cargas orgânicas encontradas
61
nesse meio, e, por estarem relacionados com o desenvolvimento de plantas e algas. Por fim, os
parâmetros físicos estão relacionados à estética e ao conforto do usuário. Apesar de elevados
valores de cor e turbidez não apresentarem risco à saúde do usuário, o desconhecimento por
parte deste, classificaria a água como “ruim”. Além disso, se a água com alta coloração
permanecer em contato com uma superfície por muito tempo (como por exemplo em bacias
sanitárias), podem ocorrer manchas nessa superfície.
4.4.2. ADEQUAÇÃO DOS MATERIAIS PARA O ENSAIO
Para a realização do experimento foi necessário incorporar à bancada de telhado verde existente,
alguns materiais que possibilitassem a coleta das amostras da água drenada pelo telhado verde.
Para isso, foram necessários os seguintes materiais: dois galões de 5L; duas mangueiras de 1m
de comprimento; frascos esterilizados fornecidos pelo LEMA; e um balde. As mangueiras
foram colocadas nos drenos laterais do telhado verde e conduziam a água até os galões,
possibilitando a coleta da água do telhado verde. A figura 36 ilustra como estavam posicionadas
as torneiras, mangueiras e galões. Além disso, foi posicionado um balde a céu aberto para a
captação da chuva, sem interferências de outras superfícies. Com isso, obteve-se as informações
necessárias ao conhecimento da composição da água da chuva.
Figura 36 – Posicionamento dos galões
62
4.4.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Com a finalização da montagem, foi possível dar início ao experimento. O procedimento
experimental foi dividido em 6 partes, que encontram-se ilustrados na figura 37, a seguir.
Figura 37 – Etapas do procedimento experimental
Antes de ocorrer a chuva e realizar a coleta da água, era necessário limpar os reservatórios (os
galões e o balde), de forma a minimizar as impurezas contidas no interior destes, e assim,
reduzindo ao máximo a interferência externa nos resultados obtidos. Portanto, era necessário o
acompanhamento da previsão do tempo (etapa 1) e, no dia anterior a chuva, a ida até o CESA
para a limpeza dos reservatórios (etapa 2).
Após o evento de chuva (etapa 3), realizava-se a coleta das amostras dos galões (com água do
telhado verde) e do balde (com água da chuva). Essa coleta era realizada com os frascos
esterilizados fornecidos pelo LEMA e consistiam na quarta etapa do procedimento, ilustrada
pela figura 38. Na quinta etapa, ocorria a entrega dos frascos ao laboratório e, alguns dias
depois, recebia-se os resultados, lembrando que os parâmetros analisados pelo laboratório
consistiam na cor, turbidez, pH, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal, ortofosfato, coliformes
totais e coliformes termotolerantes. Os resultados fornecidos pelo LEMA se encontram no
Etapa 1• Acompanhamento da previsão do tempo
Etapa 2• Preparação do material para receber a chuva
Etapa 3• Evento de chuva
Etapa 4• Coleta da água da chuva e do telhado verde
Etapa 5• Análise laboratorial dos parâmetros
Etapa 6• Avaliação dos resultados
63
anexo I. A partir desses resultados, foi possível a avaliação destes e compará-los com as normas
e recomendações apresentadas no item 2.4, e com os estudos bibliográficos apresentados no
capítulo 3.
Figura 38 – Etapa 4: Coleta da água da chuva (esquerda) e do telhado verde (direita)
64
5. RESULTADO DAS ANÁLISES DE QUALIDADE DA ÁGUA
Foram realizadas 4 coletas de amostras de água da chuva e do telhado verde. A primeira coleta
ocorreu no dia 05/04/2018, e, além de compor parte dos resultados, essa coleta teve como
objetivo averiguar se todo o procedimento experimental estava correto e se era necessária
realizar alguma modificação. No decorrer do ano, foi possível perceber dificuldades para a
realização do experimento, de modo que foi necessário realizar uma reconstrução do telhado
em agosto de 2018. As dificuldades encontradas serão apresentadas no final do capítulo. As
coletas seguintes ocorreram nos dias 13, 18 e 19 de fevereiro de 2019.
A tabela 14, a seguir, apresentam os resultados dos parâmetros analisados para cada coleta.
Tabela 14 – Resultados das Análises de Qualidade de Água
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Sá - 2019 - Rio de Janeiro, Brasil
Coleta 1 -
05/04/2018
Coleta 2 -
13/02/2019
Coleta 3 -
18/02/2019
Coleta 4 -
19/02/2019
Parâmetros Chuva
Telhado
Verde Chuva
Telhado
Verde Chuva
Telhado
Verde Chuva
Telhado
Verde
Cor (PtCO) 7.00 521.00 2.00 343.00 0.00 382.00 6.00 289.00
Turbidez (FAU) 5.00 91.00 0.00 42.00 0.00 42.00 5.00 32.00
pH 5.77 6.87 6.96 6.24 5.41 6.47 5.82 6.88
Nitrito (mg/L) 0.01 0.05 0.01 0.03 0.01 0.03 0.01 0.03
Nitrato (mg/L) 1.20 6.10 1.00 1.50 0.90 1.60 1.20 1.30
Nitrogênio
Amoniacal
(mg/L)
0.24 0.09 0.12 0.09 0.12 0.09 0.16 0.09
Ortofosfato
(mg/L) 0.10 7.50 0.91 9.30 0.34 14.30 0.59 12.40
Coliformes
Totais
(NMP/100mL)
43.00 24000 23.00 24000 15.00 24000 23.00 24000
Coliformes
Termotolerantes
(NMP/100mL)
0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
65
E, a tabela 15 apresenta os valores mínimos, máximos e as médias encontradas para os
parâmetros analisados.
Tabela 15 - Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde de Sá
Análises de Qualidade de Água Drenada de um Telhado Verde
Sá - 2019 - Rio de Janeiro, Brasil
Valores Obtidos - Chuva
Valores Obtidos - Telhado
Verde
Parâmetros Mínimo Máximo Média Mínimo Máximo Média
Cor (PtCO) 0.00 7.00 3.75 289.00 521.00 383.75
Turbidez (FAU) 0.00 5.00 2.50 32.00 91.00 51.75
pH 5.41 6.96 5.99 6.24 6.88 6.62
Nitrito (mg/L) 0.01 0.01 0.01 0.03 0.05 0.04
Nitrato (mg/L) 0.90 1.20 1.08 1.30 6.10 2.63
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 0.12 0.24 0.16 0.09 0.09 0.09
Ortofosfato (mg/L) 0.10 0.91 0.49 7.50 14.30 10.88
Coliformes Totais
(NMP/100mL) 15.00 43.00 26.00 24000 24000 24000
Coliformes Termotolerantes
(NMP/100mL) 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Comparando os valores obtidos no telhado verde e os valores obtidos da chuva, os resultados
indicam uma grande elevação dos valores encontrados para a cor e para a turbidez, que podem
ser justificados pelo carreamento de partículas do solo através da percolação da água. De modo
geral, a chuva foi ácida e o telhado verde ajudou a reduzir essa acidez. Entretanto, na coleta 2
ocorreu o oposto, a chuva foi neutra e houve um pequeno aumento da acidez da água.
Em todas as coletas houve um aumento da concentração de nitritos e nitratos, e uma redução
da concentração de amônia. Isso pode indicar que no telhado verde, o processo de nitrificação
se encontra em estágios mais avançados. Entretanto, a diferença entre os valores é baixa, não
sendo possível chegar a nenhuma conclusão. O ortofosfato aumentou significativamente em
todos os casos, indicando que é um elemento bastante presente no sistema e que através da
percolação da água, ele é lixiviado.
Por fim, o telhado verde apresentou concentrações bastante elevadas de coliformes totais em
todas as coletas, indicando a presença dessas bactérias no sistema. Entretanto, não apresentou
coliformes termotolerantes e, portanto, sem contaminação fecal de organismos de sangue
66
quente. Esse resultado foi inesperado, pois a região possui bastante áreas verdes e de convívio
de diversas aves e outros animais. Já para a água da chuva, foram encontradas pequenas
quantidades de coliformes totais. Uma possibilidade para este acontecimento é o fato desta
coleta ter sido realizada em local onde também existe uma estação de tratamento de esgoto,
podendo, então, ocorrer pequenas interferência nos resultados obtidos.
Outro fator que pode interferir nos resultados são as características do evento de chuva, como
a intensidade, a duração e as precipitações dos dias anteriores. Por isso, foram coletadas as
informações das estações meteorológicas mais próximas do CESA, a partir do sistema Alerta
Rio da prefeitura do Rio de Janeiro. As estações estão localizadas na Ilha do Governador, na
Penha e em São Cristóvão, e a partir dos índices pluviométricos obtidos em cada estação, foi
retirado a média dos valores encontrados. As tabelas 16, 17, 18, 19, a seguir, apresentam esses
valores. Vale ressaltar que a última linha de cada tabela indica a pluviometria até o horário de
10 horas da manhã, horário em que eram realizadas as coletas.
Tabela 16 – Pluviometria – Coleta 1
Dados Pluviométricos (mm) - Coleta 1 - 05/04/2018
Data Ilha do Governador Penha São Cristóvão Média
01/04/2018 0.00 0.00 0.00 0.00
02/04/2018 6.00 2.40 0.60 3.00
03/04/2018 23.40 29.60 30.00 27.67
04/04/2018 0.20 0.20 0.20 0.20
05/04/2018 0.00 0.00 0.00 0.00
Tabela 17 – Pluviometria – Coleta 2
Dados Pluviométricos (mm) - Coleta 2 - 13/02/2019
Data Ilha do Governador Penha São Cristóvão Média
09/02/2019 0.00 0.00 0.00 0.00
10/02/2019 0.00 0.00 0.00 0.00
11/02/2019 0.00 0.00 0.00 0.00
12/02/2019 0.00 3.60 39.20 14.27
13/02/2019 46.00 32.80 48.60 42.47
67
Tabela 18 – Pluviometria – Coleta 3
Dados Pluviométricos (mm) - Coleta 3 - 18/02/2019
Data Ilha do Governador Penha São Cristóvão Média
14/02/2019 0.00 0.60 2.20 0.93
15/02/2019 0.00 0.00 0.00 0.00
16/02/2019 4.20 6.20 4.80 5.07
17/02/2019 43.80 29.40 40.80 38.00
18/02/2019 0.00 0.00 0.40 0.13
Tabela 19 – Pluviometria – Coleta 4
Dados Pluviométricos (mm) - Coleta 4 - 19/02/2019
Data Ilha do Governador Penha São Cristóvão Média
15/02/2019 0.00 0.00 0.00 0.00
16/02/2019 4.20 6.20 4.80 5.07
17/02/2019 43.80 29.40 40.80 38.00
18/02/2019 11.80 10.40 7.20 9.80
19/02/2019 0.00 0.20 0.00 0.07
Todas as coletas foram feitas com chuvas intensas, variando de 20mm a 60mm. As chuvas
fracas e médias não forneciam volume de água suficiente para a realização das medições feitas
em laboratório. A chuva de maior intensidade foi a da Coleta 4, com aproximadamente 56mm,
e, a chuva mais fraca foi a da terceira coleta com aproximadamente 23mm.
Chuvas menos intensas aparentaram valores levemente superiores para cor e turbidez, mas sem
diferença expressiva. O aumento da concentração de nitrito e nitrato também foi mais
expressivo em chuvas menos intensas, mas essa diferença também foi baixa, não sendo possível
chegar a nenhuma conclusão. Já para o ortofosfato, foi possível perceber que com o aumento
da intensidade da chuva, há uma maior lixiviação do fósforo. Esta foi a maior relação entre a
intensidade da chuva e os resultados obtidos. Para os coliformes, todos os resultados foram
iguais, não sendo possível estabelecer nenhuma relação.
68
Para a realização do experimento, foram encontradas algumas dificuldades, que serão melhores
explicadas a seguir. O quadro 9 apresenta essas dificuldades.
Quadro 9 – Dificuldades encontradas na realização do experimento
Dificuldades encontradas
Falhas na previsão do tempo
Dias de funcionamento do laboratório e dias de ocorrência de chuva
Chuvas fracas
Grande crescimento das bromélias
A primeira dificuldade interferia na primeira e na segunda etapa do procedimento. Ocorreram
algumas chuvas não previstas na previsão do tempo, que, por esta razão, eram perdidas, pois,
não havia sido feito a preparação e limpeza dos recipientes para receber a água da chuva. O
oposto também ocorreu: realizou-se a limpeza dos recipientes, mas a chuva prevista não
aconteceu.
A segunda dificuldade está relacionada aos dias de funcionamento do laboratório e dias de
ocorrência de chuva. A análise da água da chuva deveria ser feita, idealmente, até 24h após a
ocorrência da chuva. Segundo as funcionárias do laboratório, até 48h ainda seria tolerável e as
interferências ao longo do tempo não seriam tão significativas. O laboratório funcionava de
segunda a sexta feira e, portanto, os eventos de chuva deveriam ocorrer de domingo a quinta
feira. Desse modo, chuvas que ocorriam na sexta e no sábado eram perdidas. Além disso, caso
ocorresse uma chuva na sexta e outra no domingo, esta não poderia ser coletada, uma vez que
a chuva de sexta feira não foi retirada e iria interferir nos resultados encontrados.
As chuvas de baixa intensidade também eram uma limitação. Devido à interceptação da
vegetação e a retenção da água no substrato, pouca quantidade de água, ou até mesmo nenhuma,
era conduzida para os galões. Neto (2016) e Silva (2018), avaliaram a eficiência do telhado
verde como técnica compensatória em drenagem urbana. Silva encontrou uma retenção entre
68% e 82% do volume de água precipitado. Além disso, Busch (2017) realizou a medição da
contribuição da interceptação vegetal e da evapotranspiração nesse mesmo protótipo de telhado
verde. Cerca de 2,3% a 5,4% do volume de água precipitado era retido pela vegetação e cerca
de 0,07% do volume sofria evapotranspiração. Neto (2016) também mediu a retenção da
69
vegetação e encontrou um valor de 15% do volume precipitado. Sendo assim, chuvas fracas
não eram capazes de fornecer volume suficiente de água para as análises de qualidade da água.
A dificuldade relacionada ao crescimento das bromélias também está relacionado às chuvas
fracas. Foi possível perceber que em alguns eventos de chuva fraca, o solo continuou seco, uma
vez em que a interceptação pelas bromélias aparentou impedir a chegada da água no solo.
Devido a esse fato, observado algumas vezes, foi realizado a reestruturação da vegetação do
telhado verde em agosto de 2018.
As figuras 34 e 35, do item 4.3, monstram o telhado verde antes e depois de sua reestruturação.
5.1. COMPARAÇÃO COM AS NORMAS E DOCUMENTOS TÉCNICOS
A primeira comparação realizada neste trabalho foi entre as médias obtidas para cada parâmetro
da água do telhado verde, com as normas e documentos técnicos apresentados no item 2.4.
Para facilitar essa comparação, foi montada uma tabela contendo todos os limites de cada
referência e encontra-se no apêndice I. Além disso, foi usada uma escala de cor para verificar
a adequação dos resultados aos limites sugeridos nas normas e nos documentos técnicos. A cor
verde indica que os resultados estão adequados às normas e recomendações apresentadas. A cor
amarela indica que o resultado para o parâmetro analisado e aprovado por algumas normas e
reprovado por outras. E a cor vermelha indica que o resultado não está adequado às normas e
aos documentos técnicos estudados.
Vale ressaltar que o parâmetro turbidez foi medido na unidade FAU (Unidade de Atenuação de
Formazina) pelo LEMA, e, que nas normas e nos documentos técnicos a unidade encontrada é
UNT (Unidade de Turbidez). Para isso foi realizada a conversão de unidades seguindo a
equação 3 (JORDÃO et. al., 2005, apud GIMENES, 2017), a seguir.
𝐹𝐴𝑈 = 1,5454 × 𝑈𝑁𝑇 + 12,712 (Eq. 3)
Os gráficos a seguir ilustram a comparação realizada. A escala de cor apresentada para os
resultados obtidos foi a mesma utilizada para a tabela, sendo a cor vermelha como “inadequado
a todas as recomendações”, amarela como “adequada a algumas recomendações” e verde como
“adequado a todas as recomendações”.
70
Figura 39 – Comparação para o parâmetro cor entre os resultados obtidos e as normas e
recomendações estudadas
Figura 40 – Comparação para o parâmetro turbidez entre os resultados obtidos e as normas e
recomendações estudadas
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Cor (mgPt/L)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Turbidez (FAU)
71
Figura 41 – Comparação para o parâmetro nitrogênio amoniacal entre os resultados obtidos e as
normas e recomendações estudadas
Figura 42 – Comparação para o parâmetro nitrito entre os resultados obtidos e as normas e
recomendações estudadas
0
5
10
15
20
25
Portaria2914/2011
CONAMA357/2005 -Água Doce -
Classe 1
CONAMA357/2005 -Água Doce -
Classe 2
CONAMA357/2005 -Água Doce -Classe 3 e 4
Embrapa Manual deConservação e
Reuso deÁguas em
Edificações -Classe 1
ResultadosObtidos
Nitrogênio Amoniacal (mg/L)
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Portaria2914/2011
CONAMA357/2005 - ÁguaDoce - Classe 1
CONAMA357/2005 - ÁguaDoce - Classe 2
CONAMA357/2005 - ÁguaDoce - Classe 3 e
4
Manual deConservação e
Reuso de Águasem Edificações -
Classe 1
ResultadosObtidos
Nitrito (mg/L)
72
Figura 43 – Comparação para o parâmetro nitrato entre os resultados obtidos e as normas e
recomendações estudadas
Figura 44 – Comparação para o parâmetro ortofosfato entre os resultados obtidos e as normas e
recomendações estudadas
0
2
4
6
8
10
12
Portaria2914/2011
CONAMA357/2005 -Água Doce -
Classe 1
CONAMA357/2005 -Água Doce -
Classe 2
CONAMA357/2005 -Água Doce -Classe 3 e 4
Embrapa Manual deConservação e
Reuso deÁguas em
Edificações -Classe 1
ResultadosObtidos
Nitrato (mg/L)
0
2
4
6
8
10
12
CONAMA 357/2005- Água Doce - Classe
1
CONAMA 357/2005- Água Doce - Classe
2
CONAMA 357/2005- Água Doce - Classe
3 e 4
Embrapa Resultados Obtidos
Ortofosfato (mg/L)
73
Figura 45 – Comparação para o parâmetro coliformes totais entre os resultados obtidos e as normas e
recomendações estudadas
Figura 46 – Comparação para o parâmetro coliformes termotolerantes entre os resultados obtidos e as
normas e recomendações estudadas
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
NBR 15527/2007 Portaria 2914/2011 Resultados Obtidos
Coliformes Totais (NMP/100mL)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)
74
O parâmetro relacionado à cor, no telhado verde, foi superior a todos os limites recomendados.
Isso indica a necessidade de um processo de filtração. A filtração também ajuda a reduzir a
turbidez, que foi apenas aprovado nos critérios da CONAMA 357/2005. Para o pH foi feita a
tabela a seguir, indicando os valores mínimos e máximos recomendados. É possível perceber
que o pH de 6,62 está adequado em todos os casos, mais próximo do limite inferior de 6,0,
entretanto não é necessário incluir nenhum processo para alterá-lo.
Tabela 20 – Valores mínimos e máximos recomendados de pH
Documentos Técnicos pH Mínimo pH Máximo
NBR 15527/2007 6,0 8,0
NBR 13696/1997 - Classe 1 6,0 8,0
Portaria 2914/2011 6,0 9,5
CONAMA 274/2000 6,0 9,0
Embrapa 6,0 8,5
Manual de Conservação e Reuso de Águas em Edificações - Classe 1
6,0 9,0
Manual de Conservação e Reuso de Águas em Edificações - Classe 2
6,0 9,0
Manual de Conservação e Reuso de Águas em Edificações - Classe 3
6,0 9,0
USEPA 6,0 9,0
Resultados Obtidos 6,62
As concentrações de nitrito, nitrato e nitrogênio amoniacal também atenderam as
recomendações, da CONAMA 357/2005 e do Manual de Conservação e Reuso de Águas. Já a
concentração de ortofosfato, foi bastante superior, na casa de duas ordens de grandeza, das
recomendações indicadas pela CONAMA 357/2005 e em uma ordem de grandeza para as
recomendações da Embrapa. Entretanto, a NBR 15527/2007, que trata de aproveitamento de
água de chuva de coberturas urbanas, é a norma mais próxima da realidade dos projetos de
telhados verdes, e, não apresenta nenhuma restrição para este parâmetro. De fato, as altas
concentrações de fósforo torna o ambiente mais propício ao processo de eutrofização.
75
Entretanto, este está mais relacionado a rios e lagos. Para o aproveitamento da água em
edificações, esse fenômeno não é um problema.
Por fim, os coliformes totais nas amostras do telhado verde, foram valores sempre superiores a
24000 NMP/100ml, e, portanto, acima do recomendado pela NBR 15527/2007. Sendo assim, é
necessário introduzir um processo de desinfecção, de modo a garantir a saúde do usuário da
água coletada. Os coliformes termotolerantes estiveram ausentes em todas as coletas.
Entretanto, como os telhados verdes são um ambiente onde vivem seres vivos e que possam
ocorrer contaminação fecal, já seria necessário o processo de desinfecção.
O quadro 10, a seguir, apresenta um resumo da adequação dos resultados obtidos às normas e
recomendações estudadas.
Quadro 10 – Resumo da adequação dos resultados obtidos às normas e recomendações estudadas
Parâmetros de Qualidade da Água Adequação
Cor (mgPt/L) Inadequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Turbidez (FAU) Adequado apenas a CONAMA 357/2005
(Classe 1, 2, 3 e 4)
pH Adequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) Adequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Nitrito (mg/L) Adequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Nitrato (mg/L) Adequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Ortofosfato (mg/L) Inadequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Coliformes Totais (NMP/100mL) Inadequado à todas as normas e
recomendações estudadas
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)
Adequado à todas as normas e recomendações estudadas
76
5.2. COMPARAÇÃO COM OS ESTUDOS BIBLIOGRÁFICOS – ANÁLISE
CIENCIOMÉTRICA
A segunda comparação feita neste trabalho foi com as publicações apresentadas no capitulo 3.
A tabela que se encontra no apêndice II, ajuda a visualização dessa comparação. Também foi
utilizado uma escala de cores. A cor verde indica que os resultados estão próximos aos
resultados encontrados por outros autores. A cor amarela indica que o resultado encontrado é
similar ao de alguns autores, mas diferente de outros. Por fim, a cor vermelha indica que o
resultado obtido foi diferente dos resultados obtidos por outros autores.
Os gráficos das figuras 47 a 55, a seguir, ilustram a comparação realizada com os autores. A
escala de cor utilizada para os resultados obtidos no gráfico foi a mesma utilizada para a tabela
do anexo III.
Figura 47 – Comparação para o parâmetro cor entre os resultados obtidos e as publicações estudadas
0.00
100.00
200.00
300.00
400.00
500.00
600.00
700.00
800.00
900.00
1000.00
Ferranz, Rey, Pérez, Rodrígueze Díaz-Granados - 2018 -
Colômbia
Gimenes - 2017 - Rio deJaneiro, Brasil
Resultados Obtidos
Cor (mgPt/L)
77
Figura 48 – Comparação para o parâmetro turbidez entre os resultados obtidos e as publicações
estudadas
Figura 49 – Comparação para o parâmetro pH entre os resultados obtidos e as publicações estudadas
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
Ferranz, Rey, Pérez,Rodríguez e Díaz-Granados - 2018 -
Colômbia
Budel - 2014 - Curitiba,Brasil (Cisterna)
Gimenes - 2017 - Rio deJaneiro, Brasil
Resultados Obtidos
Turbidez (FAU)
0.001.002.003.004.005.006.007.008.009.00
pH
78
Figura 50 – Comparação para o parâmetro nitrogênio amoniacal entre os resultados obtidos e as
publicações estudadas
Figura 51 – Comparação para o parâmetro nitrito entre os resultados obtidos e as publicações
estudadas
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
Nitrogênio Amoniacal (mg/L)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
Ferranz, Rey, Pérez,Rodríguez e Díaz-Granados - 2018 -
Colômbia
Budel - 2014 - Curitiba,Brasil (Cisterna)
Gimenes - 2017 - Rio deJaneiro, Brasil
Resultados Obtidos
Nitrito (mg/L)
79
Figura 52 – Comparação para o parâmetro nitrato entre os resultados obtidos e as publicações
estudadas
Figura 53 – Comparação para o parâmetro ortofosfato entre os resultados obtidos e as publicações
estudadas
0.002.004.006.008.00
10.0012.0014.0016.0018.00
Nitrato (mg/L)
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
Ortofosfato (mg/L)
80
Figura 54 – Comparação para o parâmetro coliformes totais entre os resultados obtidos e as
publicações estudadas
Figura 55 – Comparação para o parâmetro coliformes termotolerantes entre os resultados obtidos e as
publicações estudadas
Para o parâmetro cor, o resultado encontrado foi superior ao de Ferrans et. al. (2018) entretanto
menor que o de Gimenes (2017). Para a turbidez, os resultados de Ferrans et. al. (2018), Budel
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
Ferranz, Rey, Pérez,Rodríguez e Díaz-Granados - 2018 -
Colômbia
Budel - 2014 - Curitiba,Brasil (Cisterna)
Gimenes - 2017 - Rio deJaneiro, Brasil
Resultados Obtidos
Coliformes Totais (NMP/100mL)
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
10.00
12.00
14.00
16.00
18.00
20.00
Budel - 2014 - Curitiba, Brasil(Cisterna)
Gimenes - 2017 - Rio de Janeiro,Brasil
Resultados Obtidos
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)
81
(2014) e Gimenes (2017) estão na mesma ordem de grandeza, do resultado apresentado neste
trabalho, sugerindo ser um padrão de comportamento do sistema de telhado verde. O resultado
para pH neste trabalho, foi similar ao encontrado pelas publicações brasileiras de Budel (2014)
e Gimenes (2017), ou seja, a água ainda permaneceu levemente ácida, após passar pelo telhado
verde. Os experimentos de Teemusk & Mander (2007, 2011) e de Ferrans et. al. (2018,
encontraram valores próximos a 8,0 para o pH. Essa diferença pode estar relacionada ao
substrato e aos fertilizantes utilizados no Brasil. Entretanto, assim como de Ferrans et. al.
(2018), Budel (2014) e Teemusk & Mander (2007, 2011), o pH da água aumentou ao passar
pelo telhado verde, e, também sugere ser um padrão de comportamento do sistema de telhado
verde. No entanto, em uma coleta desse trabalho ocorreu a diminuição do pH, assim como no
trabalho de Gimenes (2017).
Para o nitrito e para o nitrogênio amoniacal, os valores de concentração encontrados nesse
trabalho foram próximos dos encontrados pelos outros autores. Para as concentrações de nitrato,
os trabalhos de Ferrans et. al. (2018) e Gimenes (2017) apresentaram concentrações bastante
superiores aos encontrados neste trabalho e por Teemusk & Mander (2007, 2011). Portanto, os
valores encontrados neste trabalho foram inferiores ao de Ferrans et. al. (2018) e Gimenes
(2017), mas superiores aos valores de outros autores. Já para o ortofosfato, os valores
encontrados neste trabalho se aproximaram dos resultados obtidos por Budel (2014).
Entretanto, esses valores são bastante superiores às concentrações obtidas por Teemusk &
Mander (2007, 2011) e Gregoire & Clausen (2011). Assim, como o resultado obtido para o pH,
essa diferença pode estar relacionada ao substrato e aos fertilizantes utilizados no Brasil, apesar
das concentrações de Gimenes (2017) não serem tão altas.
Quanto à colimetria, os valores foram sempre superiores a 1000NMP/100ml, chegando até a
150000NMP/100ml no trabalho de Ferrans et. al. (2018). Para o presente trabalho, os valores
foram superiores a 24000NMP/100ml, entretanto para uma análise mais precisa seria necessário
utilizar mais reagente do que disponível no laboratório. Portanto, esses resultados já são
suficientes para indicar a necessidade da introdução de uma etapa de desinfecção, possibilitando
o aproveitamento da água. Neste trabalho, não foram encontrados coliformes termotolerantes
nas amostras de água. Já no trabalho de Budel (2014) e Gimenes (2017), foram encontradas
pequenas concentrações de coliformes termotolerantes, e, com isso, reforça-se a necessidade
do processo de desinfecção no sistema de telhados verdes com aproveitamento de água em
edificações.
82
O quadro 11, a seguir, apresenta um resumo da aderência dos resultados obtidos com os
resultados de outros autores.
Quadro 11 – Resumo da aderência dos resultados obtidos com os resultados de outros autores
Parâmetros de Qualidade da Água Aderência dos resultados de outros autores
Cor (mgPt/L) Valores intermediários, entretanto, com bastante discrepância entre eles.
Turbidez (FAU) Valores próximos aos resultados de outros autores.
pH Valor abaixo de todos os resultados de outros autores, entretanto ainda próximo deles.
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) Valores próximos aos resultados de outros autores.
Nitrito (mg/L) Valores próximos aos resultados de outros autores.
Nitrato (mg/L) Valores intermediários, entretanto, com bastante discrepância entre eles.
Ortofosfato (mg/L) Valores superiores aos resultados de outros autores
Coliformes Totais (NMP/100mL) Valores intermediários, entretanto, com bastante discrepância entre eles.
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)
Valores inferiores aos resultados de outros autores
83
6. CONSIDERAÇÔES FINAIS
Problemas relacionados a má gestão dos recursos hídricos estão impactando a vida de milhares
de pessoas no Brasil. O uso inconsciente da água, através de grandes desperdícios, vem
sobrecarregando os mananciais brasileiros e os sistemas de adução e distribuição de água. Com
isso, sistemas de aproveitamento de água de chuva, como os telhados verdes, surgem como uma
alternativa para auxiliar a mitigação desses problemas, e dentre eles, o sistema de telhados
verdes.
Os telhados verdes são uma alternativa de cobertura para edificações, e apresentam diversas
vantagens em um amplo campo de benefícios, abrangendo questões estéticas e arquitetônicas,
questões ambientais e de sustentabilidade, conforto térmico, tanto nas edificações quanto nos
ambientes urbanos externos, mitigação das cheias urbanas, através da retenção da água e
redução da vazão de pico, e, por fim, a possibilidade de aproveitamento da água de chuva
coletada pelo telhado verde.
Para o aproveitamento adequado da água da chuva em edificações, deve-se definir a finalidade
que o uso desta água terá, ou seja, cada uso da água poderá implicar em maiores ou menores
restrições relacionadas à sua qualidade, e, portanto, implicará em diferentes níveis de
tratamento, de forma a garantir a qualidade global do sistema e a saúde do usuário. O Manual
de Conservação e Reuso da Água em Edificações (2005), do Sisducon-SP, deixa isso bem
definido ao separar os diversos empregos da água em 4 classes, e, restringir para cada uma
delas, os parâmetros de qualidade desta água. Como exemplo, para o uso da água em bacias
sanitárias (classe 1), há maiores restrições na qualidade da água, devido à necessidade de
garantia do conforto do usuário e a não danificação da bacia sanitária. Dessa maneira, dentre
outras restrições, a água não deve conter odor e aparência e os níveis aceitáveis de cor e turbidez
são mais baixos do que uma água utilizada para rega de jardim (classe 3), por exemplo. Por
outro lado, para a rega de jardim, valores de cor e turbidez não são tão importantes, de maneira
que as recomendações da Embrapa (2010) para a qualidade de água de irrigação, não
mencionam nenhuma restrição à cor e à turbidez da água. Ainda com relação à rega de jardim,
a CONAMA 357/2005 também estabelece restrições aos parâmetros de qualidade da água para
irrigação, e dependendo da planta a ser cultivada, há a separação em 3 classes (classe 1, 2 e 3),
ou seja, apenas para a rega de jardim, existem 3 recomendações diferentes e cada uma também
com critérios diferentes. Em geral, a norma técnica que mais se adequa ao uso de telhados
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verdes em edificações é a NBR 15527/2007, por tratar de aproveitamento da água de chuva em
cobertura de edificações urbanas. Entretanto, essa norma diz que, em geral, o projetista deve
definir os padrões de qualidade da água de acordo com a utilização prevista, e, para os casos
mais restritos, pode-se usar a tabela apresentada na norma. Portanto, há uma carência de
informações e objetividade quando se trata de aproveitamento de água da chuva em edificações
a partir do uso de telhados verdes. Assim sendo, encontra-se duas ou três recomendações
diferentes para a mesma finalidade, ou, utiliza-se uma norma geral que não se atenta para o uso
específico de telhados verdes. Uma sugestão seria incrementar a NBR 15527/2007 com
diretrizes relacionadas a telhados verdes, e, a divisão da água em classes a partir do destino
final dela, da mesma maneira que o Manual de Conservação e Reuso da Água em Edificações
(2005) do Sisducon-SP e que a CONAMA 357/2005 realizam.
A pesquisa relacionada à qualidade da água em telhados verdes ainda não é um tema muito
estudado. Na análise cienciométrica, foram encontradas apenas 50 publicações relacionadas a
este tema, e estudando-as mais a fundo, percebe-se que alguns resultados não são conclusivos.
Em geral, relativamente aos parâmetros físicos de qualidade da água de telhados verdes, há um
aumento da cor e da turbidez, devido ao carreamento de partículas pela percolação da água no
solo, e a elevação do pH, como apresentado pela maioria dos autores. Para os parâmetros
químicos, percebe-se, em geral, um aumento de nitrito, nitrato e ortofosfato, e, uma diminuição
na concentração de nitrogênio amoniacal na água. Vale ressaltar que esses aumentos e
diminuições são, na maioria das vezes, pequenos. Entretanto, é possível observar casos em que
houve um grande aumento como nas concentrações de ortofosfato deste trabalho (de em média,
0,49mg/L para 10,88mg/L) e das concentrações de nitrato no trabalho de Ferrans et. al. (2018)
(em média, 1,83mg/L para 9,24 mg/L). Para os parâmetros biológicos, percebe-se que a
quantidade de coliformes totais pode ser muito grande, como no caso de Ferrans et. al. (2018)
com 150000NMP/100ml, e, é possível encontrar coliformes termotolerantes na água coletada
pelos telhados verdes. Portanto, devido a esses dois fatores, é necessário a atenção com relação
a saúde do usuário da água e assim, introduzindo processos de desinfecção da água no sistema
de telhados verdes para o aproveitamento da água de chuva em edificações.
Por fim, o estudo experimental realizado na bancada experimental de telhado verde no
CESA/UFRJ apresentou resultados similares aos resultados apresentados por outros autores. A
maior divergência está na concentração de ortofosfato, na qual foi obtida a concentração de
10,88mg/L, e, outros autores chegam a apresentar valores de 0,1 e 0,01mg/L. Os coliformes
85
totais também apresentaram valores elevados, mas dentro do esperado. Conclui-se, pelos
resultados, que é necessário um processo de filtração e de desinfecção no sistema de telhado
verde que tiver a função de aproveitamento de água de chuva. Outros processos de tratamento
da água podem ser necessários dependendo da sua finalidade. Os resultados encontrados,
alinhados com os resultados de outras publicações nacionais e internacionais, servem como
base para a elaboração futura de normas referentes ao aproveitamento da água de chuva em
edificações a partir do uso de telhados verdes.
O estudo a respeito da qualidade da água de telhados verdes, por ser pouco extenso e pouco
conclusivo, possui, portanto, uma ampla possibilidade de pesquisas futuras. Como sugestão, é
possível variar as características construtivas do telhado (material e espessura do substrato,
inclinação, tipo e espessura de vegetação) e alterar o sistema utilizado (sistema completo,
modular e manta pré-cultivada), possibilitando a comparação entre cada sistema e cada
característica construtiva dos telhados verdes. Essas modificações, nas características do
telhado verde, foram feitas no trabalho de Ferrans et. al. (2018), e, são bastante interessantes
para compor futuros trabalhos. Outra possibilidade é a variação da intensidade da chuva, que
também foi observada por Teemusk & Mander (2007, 2011), e, variação da umidade do solo
(consequente do período de dias sem chuva e do tipo do solo).
86
7. REFERÊNCIAS
7.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Janeiro, 1997.
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fins não potáveis – Requisitos. Norma Brasileira. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
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CONAMA 357/2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para
o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e
dá outras providências. Resolução. 2005.
87
CONAMA 430/2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes,
complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio
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ECOTELHADO: https://ecotelhado.com/sistema/ecotelhado-telhado-verde/, dezembro de 2018
SISTEMA ALERTA RIO: http://www.sistema-alerta-rio.com.br/dados-meteorologicos/download/
dados-pluviometricos/
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ANEXOS E APÊNDICES
ANEXO 1 – LAUDOS DE QUALIDADE DA ÁGUA EMITIDOS PELO LEMA
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APÊNDICE I – TABELA DE COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM AS NORMAS E OS DOCUMENTOS TÉCNICOS
ANALISADOS.
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APÊNDICE II – TABELA DE COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS AUTORES.