UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar...

150
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS PARA REVESTIMENTO TRABALHO FINAL DE CURSO CURITIBA 2014

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GUSTAVO MACIOSKI

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS PARA

REVESTIMENTO

TRABALHO FINAL DE CURSO

CURITIBA

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

GUSTAVO MACIOSKI

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS PARA

REVESTIMENTO

Trabalho final de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Civil, pelo Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná - UFPR. Orientadora: Profa. Dra. Marienne do Rocio de Mello Maron da Costa Co-Orientadora: Profa. Dra. Juliana Machado Casali

CURITIBA

2014

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

i

TERMO DE APROVAÇÃO

GUSTAVO MACIOSKI

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS PARA

REVESTIMENTO

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Civil no Curso de Graduação em Engenharia Civil, Setor de Ciências

Exatas, Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora:

_____________________________________________ Profa. Dra. Marienne do Rocio de Mello Maron da Costa Departamento de Construção Civil, UFPR - Campus Politécnico.

_____________________________________________ Profa. Dra. Juliana Machado Casali Departamento de Ensino, IFSC - Campus Criciúma.

_____________________________________________ Prof. Msc. Eduardo Pereira Departamento de Engenharia Civil, UEPG - Campus Uvaranas

_____________________________________________ Prof. Msc. José de Almendra Freitas Junior Departamento de Construção Civil, UFPR - Campus Politécnico.

Curitiba, 18 de maio de 2014.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

ii

AGRADECIMENTOS

À minha família por todo o apoio que tive ao longo de minha vida e por todo

incentivo que recebi.

À minha noiva Nicolle pelo carinho, amor e compreensão durante todo o

tempo em que estamos juntos.

À Professora Marienne do Rocio de Mello Maron da Costa pela orientação,

interesse e disponibilidade em participar desta pesquisa.

À Professora Juliana Machado Casali, que sempre me motivou e me

acompanhou em meu aprendizado, pela contribuição e co-orientação nesta pesquisa.

Às empresas Blocaus, Rheoset e Lynx, pela doação de materiais utilizados

nesta pesquisa e pelo suporte prestado.

Ao aluno Humberto Kuszkowski pela ajuda nos ensaios realizados.

Ao engenheiro e amigo Artur Mann pela doação das argamassas utilizadas

nesta pesquisa.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

iii

RESUMO

MACIOSKI, G. Avaliação do comportamento de argamassas estabilizadas para revestimento. 2014. 117 f. Trabalho Final de Curso (Graduação) - Engenharia Civil - Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2014.

A utilização de argamassa estabilizada tem aumentado no Brasil nos últimos anos, pois proporciona uma maior produtividade e racionalidade nas obras uma vez que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a mistura na obra. Com a utilização de aditivos estabilizadores de hidratação, a argamassa comercializada se mantém trabalhável por até 72 horas. Contudo, pouco se sabe qual o desempenho deste material, ou mesmo como se dá o seu comportamento ao longo do dia de trabalho. Assim, o objetivo deste estudo é caracterizar alguns lotes de argamassa estabilizada, avaliando alguns parâmetros no estado fresco e no estado endurecido através de ensaios ao longo do tempo. Também foi analisada a influência da sucção do substrato (que ocasiona a perda da água de amassamento) nessas propriedades. Os resultados obtidos demonstram diferentes comportamentos para as argamassas, quando avaliadas ao longo do tempo e quando submetidas à sucção de um substrato poroso. De maneira geral as características das argamassas apresentaram um desempenho inferior àquelas normalmente encontrados em obra ou especificados pelas normas vigentes. Destaca-se, portanto, a necessidade de um controle mais rigoroso das argamassas estabilizadas, bem como o estabelecimento de limites mínimos de desempenho e métodos de ensaios específicos para este tipo de material.

Palavras-chave: Argamassa Estabilizada. Aditivo estabilizador de hidratação. Reologia. Squeeze-Flow. Tempo de início de pega.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

iv

ABSTRACT

MACIOSKI, G. Evaluation of ready mix mortars behavior for rendering. 2014. 117 f. Graduation - Civil Engineering - Federal Technology University of Paraná. Curitiba, 2014.

The use of stabilized mortar has increased in Brazil in the last few years as it provides greater productivity and rationality. The mason do not need to wait for the material at the beginning of the workday or even fabricate the mixture. With the use of set controlling admixture, this mortar remains workable for up to 72 hours. However, the performance of this material is not known, or even how is your behavior during the workday. The objective of this study is to characterize some stabilized mortar, evaluating some parameters in fresh and hardened state by tests over time. In addition, it was analyzed the influence of the suction of the substrate (which causes loss of mixing water) on these properties. The results show different behavior for the mortars, when tested over time and when subjected to the suction of a porous substrate. In general, the characteristics of mortars had underperformed by those typically found in construction site or specified by current standards. It is emphasized, therefore, the need for tighter control of stabilized mortars, as well as establishing minimum performance and specific tests methods for this type of material.

Keywords: Ready mix mortar. Set controlling admixture. Rheological behavior. Squeeze-Flow Test. Setting time.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

v

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Argamassa estabilizada com película de água ......................................... 24

Figura 2 - Curvas de hidratação de pastas dosadas com aditivos estabilizadores de

hidratação.................................................................................................................. 27

Figura 3 - Ação do aditivo IAR ................................................................................... 29

Figura 4 - Aplicação da força e deformação durante ensaio Squeeze-Flow ............. 31

Figura 5 - Identificação dos tempos de pega na curva de calor de hidratação ......... 33

Figura 6 – Calorímetro semi-adiabático .................................................................... 34

Figura 7 - Formas de ruptura durante ensaio de aderência ...................................... 36

Figura 8 - Fluxograma do programa experimental .................................................... 37

Figura 9 - Coleta das argamassas ............................................................................ 39

Figura 10 – Ensaio de abatimento por Flow Table .................................................... 41

Figura 11 - Densidade de massa no estado fresco ................................................... 42

Figura 12 - Picnômetro de boca larga preenchida com argamassa e solução .......... 42

Figura 13 - Método do picnômetro para determinação do ar incorporado ................. 44

Figura 14 - Picnômetro preenchido com argamassa e solução de álcool ................. 45

Figura 15 - Frasco graduado preenchido com argamassa e solução de álcool ........ 47

Figura 16 - Funil de buchner modificado ................................................................... 47

Figura 17 - Procedimentos de preparação da amostra no squeeze-flow .................. 49

Figura 18 - Ensaio de squeeze-flow em andamento ................................................. 49

Figura 19 - Squeeze-flow com substrato absorvente ................................................ 50

Figura 20 - Amostras aplicadas no substrato antes do ensaio de squeeze-flow ....... 50

Figura 21 - Argamassa coletada após ensaio sobre o substrato poroso ................... 51

Figura 22 - Substrato absorvente após retirada da argamassa................................. 51

Figura 23 - Caixa para ensaio de calorimetria ........................................................... 53

Figura 24 – Isolamento das caixas ............................................................................ 53

Figura 25 - Determinação do tempo de início de pega pelo método gráfico ............. 54

Figura 26 - Tempo de início de pega pelo método da derivada ................................ 55

Figura 27 - Formas para o ensaio de penetração ..................................................... 56

Figura 28 - Corpos de prova após ensaios ............................................................... 56

Figura 29 - Partes do penetrômetro .......................................................................... 56

Figura 30 - Execução do ensaio de penetração ........................................................ 57

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

vi

Figura 31 - Mesa de adensamento usada convencionalmente ................................. 58

Figura 32- Mesa de adensamento adaptada para ter como base um substrato ....... 58

Figura 33 - Ensaio de tração na flexão ...................................................................... 58

Figura 34 - Ensaio de compressão ............................................................................ 58

Figura 35 - Aplicação da argamassa para o ensaio de aderência............................. 59

Figura 36 - Ensaio de arrancamento ......................................................................... 59

Figura 37 - Pastilha metálica após ensaio ................................................................. 59

Figura 38 - Aparelho de ultrassom utilizado .............................................................. 60

Figura 39 - Ensaio de módulo de elasticidade estático ............................................. 62

Figura 40 - Distribuição granulométrica para os três lotes analisados ...................... 64

Figura 41 - Curva de consistência ............................................................................. 66

Figura 42 - Densidade de massa pelo método gravimétrico ..................................... 67

Figura 43 - Densidade de massa pelo método do picnômetro .................................. 67

Figura 44 - Densidade de massa pelo método do frasco graduado .......................... 68

Figura 45 - Teor de ar incorporado pelo método do picnômetro ............................... 69

Figura 46 - Teor de ar incorporado pelo método do frasco graduado ....................... 69

Figura 47 - Correlação entre densidade e teor de ar incorporado nas argamassas.. 71

Figura 48 - Curvas de retenção de água ................................................................... 72

Figura 49 - Curva de resistência à penetração.......................................................... 73

Figura 50 - Tempo de início de pega para as argamassas estudadas ...................... 74

Figura 51 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 1 ............................................................. 75

Figura 52 - Ensaio Squeeze-Flow No Lote 2 ............................................................. 76

Figura 53 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 3 ............................................................. 77

Figura 54 - Absorção do substrato - Lote 1 ............................................................... 78

Figura 55 - Absorção do substrato - Lote 2 ............................................................... 79

Figura 56 - Absorção do substrato - Lote 3 ............................................................... 80

Figura 57 - Resistências à tração na flexão e resistência à compressão .................. 82

Figura 58 - Resistência à compressão x Ar incorporado ........................................... 82

Figura 59 - Resistência de aderência à tração para as argamassas estudadas ....... 83

Figura 60 - Densidade de massa aparente para o primeiro dia................................. 84

Figura 61 - Densidade de massa aparente para o segundo dia ................................ 85

Figura 62 - Média dos valores da densidade de massa ............................................ 86

Figura 63 - Módulo dinâmico - Dia 1 ......................................................................... 86

Figura 64 - Módulo dinâmico - Dia 2 ......................................................................... 87

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

vii

Figura 65 - Média do módulo dinâmico ..................................................................... 87

Figura 66 - Módulo de elasticidade x Resistência ..................................................... 88

Figura 67 - Módulo estático para as argamassas analisadas ................................... 88

Figura 68 - Correlação entre módulos ....................................................................... 89

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das argamassas ................................................................. 19

Tabela 2 - Classificação das argamassas segundo as suas funções na construção 20

Tabela 3 - Exigências mecânicas e reológicas para argamassas ............................. 20

Tabela 4 - Vantagens e desvantagens da argamassa estabilizada .......................... 23

Tabela 5 - Propriedades no estado fresco ................................................................ 30

Tabela 6 - Ensaios reológicos para argamassa ........................................................ 32

Tabela 7 - Limites de resistência de aderência à tração para revestimentos de

argamassas ............................................................................................................... 35

Tabela 8 - Tempos de ensaio .................................................................................... 38

Tabela 9 - Caracterização dos agregados ................................................................ 63

Tabela 10 - Valores de índice de consistência (valores em mm) .............................. 65

Tabela 11 - Densidade de massa e teor de ar incorporado para as argamassas

estudadas .................................................................................................................. 70

Tabela 12 - Cargas (em Newtons) necessárias para deslocamento de 6mm no

Squeeze-Flow. .......................................................................................................... 77

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................... 13

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 16

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................... 16

1.3 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 17

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 19

2.1 ARGAMASSAS............................................................................................. 19

2.1.1 Classificação ...................................................................................... 19

2.1.2 Argamassas de assentamento ........................................................... 21

2.1.3 Argamassas de revestimento ............................................................. 21

2.1.4 Uso de argamassas estabilizadas ...................................................... 22

2.2 ADITIVOS ..................................................................................................... 25

2.2.1 Aditivo estabilizador de hidratação (AEH) .......................................... 25

2.2.2 Aditivo Incorporador de ar .................................................................. 28

2.3 PROPRIEDADE DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO ................... 29

2.3.1 Comportamento reológico das argamassas ....................................... 30

2.3.2 Tempo de início de pega .................................................................... 33

2.4 PROPRIEDADE DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO .......... 35

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 37

3.1 COLETA DA ARGAMASSA ESTABILIZADA ............................................... 39

3.2 AVALIAÇÃO DO AGREGADO ..................................................................... 40

3.3 PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO ................................................... 40

3.3.1 Índice de consistência ........................................................................ 40

3.3.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado ................................... 41

3.3.2.1 Método gravimétrico ....................................................................... 41

3.3.2.1 Método do picnômetro de boca larga ............................................. 42

3.3.2.1 Método do frasco graduado ............................................................ 45

3.3.3 Curva de retenção de água ................................................................ 47

3.3.4 Comportamento reológico através do ensaio Squeeze-Flow ............. 48

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

x

3.3.5 Determinação da perda de água da argamassa ................................ 50

3.3.6 Tempo de início de pega .................................................................... 52

3.3.6.1 Tempo de início de pega por calorimetria ...................................... 52

3.3.6.2 Tempo de início de pega por resistência à penetração .................. 55

3.4 PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO .......................................... 57

3.4.1 Resistência à tração na flexão e compressão .................................... 57

3.4.2 Resistência de aderência à tração ..................................................... 58

3.4.3 Densidade de massa aparente no estado endurecido ....................... 60

3.4.4 Módulo de elasticidade dinâmico ....................................................... 60

3.4.1 Módulo de elasticidade estático ......................................................... 61

4. RESULTADOS ................................................................................................. 63

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO ......................................................... 63

4.2 PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO ................................................... 65

4.2.1 Índice de consistência (Flow Table) ................................................... 65

4.2.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado ................................... 66

4.2.3 Curva de retenção de água ................................................................ 72

4.2.4 Tempo de início de pega .................................................................... 73

4.2.5 Comportamento reológico através do ensaio Squeeze-Flow ............. 74

4.2.6 Determinação da perda de água da argamassa ................................ 78

4.2.7 Considerações sobre comportamento das argamassas no estado

fresco 80

4.3 PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO .......................................... 81

4.3.1 Resistência à compressão e de tração na flexão ............................... 81

4.3.2 Resistência de aderência à tração ..................................................... 83

4.3.3 Densidade de massa aparente no estado endurecido ....................... 84

4.3.4 Módulo de elasticidade dinâmico ....................................................... 86

4.3.5 Módulo de elasticidade estático ......................................................... 88

4.3.6 Considerações sobre comportamento das argamassas no estado

endurecido ........................................................................................................ 90

5. CONCLUSÃO ................................................................................................... 91

6. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................. 93

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

13

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O primeiro uso de argamassas de assentamento em alvenarias como

elemento de ligações remete à época do Império Romano que utilizava argila como

material ligante. E o uso do Cimento Portland1 em argamassas se deu no início do

século XX, e trouxe uma série de melhorias nas propriedades das argamassas, tais

como aderência, resistência e durabilidade (LA ROVERE apud CASALI, 2003). No

início, as construções eram compostas apenas por unidades intertravadas, podendo

ou não haver um material ligante. Até então, a unidade era a única responsável pelo

suporte e distribuição das tensões (MOHAMED et al, 2010).

A argamassa, segundo a NBR 13281:2001, é uma mistura homogênea de

agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos

ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada

em obra ou em instalação própria (argamassa industrializada).

A principal função da argamassa é transmitir todas as ações atuantes, de

forma a solidarizar as unidades, criando uma estrutura única. Outras funções que deve

exercer são a acomodação das deformações e a compensação das irregularidades

das peças (MOHAMED et al, 2010).

Um dos principais motivos da incidência de patologias no passado

(SABBATINI e BAÍA, 2000) é a utilização de métodos retrógrados na produção de

argamassa. Ainda assim, o desperdício de materiais durante a dosagem e estocagem,

a perda de tempo para sua produção, a falta de padronização e qualidade na produção

e sujeira no ambiente de trabalho também podem ser citados como problemas durante

a produção de argamassas, como apontado por Mann Neto, Andrade e Soto (2010).

Além do impacto ambiental que o processo produtivo do cimento, componente da

argamassa, acarreta.

1 O Cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ação da água (ABCP, 2002).

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

14

A industrialização das argamassas começou na década de 50, no entanto,

somente após o desenvolvimento dos aditivos nos anos 70 é que foi introduzida na

Alemanha uma argamassa pronta capaz de manter suas características de uso por

mais dias. O seu primeiro uso no Canadá foi por volta de 1980 e nos Estados Unidos

em 1982 (PANARESE2 et al citado por CAMPOS, 2012). As argamassas modernas

geralmente possuem em sua composição aditivos orgânicos para melhorar algumas

propriedades, como a trabalhabilidade. De acordo com Carasek (2010), esses aditivos

são, por exemplo, os incorporadores de ar que modificam a reologia3 da massa fresca

pela introdução de pequenas bolhas de ar, ou mesmo os aditivos retentores de água.

Com o uso de aditivos mais estáveis, a argamassa pré-misturada ganhou

mercado. De acordo com Guimarães (2002), os principais tipos de argamassas

industrializadas existentes no mercado são:

• “Pre-mixes” (pré misturado) - com materiais secos, misturados e

dosados, requerendo para uso somente a adição de água no local de trabalho;

• “Ready-mixed” (preparado para mistura) - Inclui as argamassas de cal e

areia, que requerem, às vezes, outro ligante e, sempre, alguma água no local para

utilização;

• “Ready-to-use” (pronto para o uso) - Para ser usada tal como é fornecida

pela fábrica, sem qualquer adição. Como é o caso da argamassa estabilizada;

• “Ensacada” - misturas de agregados e aglomerantes com ou sem

aditivos prontas para uso, após a adição e mistura de agua, no próprio saco, ou no

local de trabalho - para assentamento e revestimento.

Cada vez mais construtoras têm aumentado o uso de argamassas

industrializadas, objetivando melhorar a produtividade e diminuir a responsabilidade

da dosagem das argamassas em obra (SCHANKOSKI, 2012). As argamassas

industrializadas apresentam um custo de mão de obra bem menor que as

convencionais. Para Silva (2008), como são produtos que já vêm com um controle

tecnológico de fábrica, são menores as chances de cometer erros de dosagem e

2 PANARESE, W.C.; KOSMATKA, S.H.; RANDALL, F.A. Concrete Mansory Handbook for architects, Engineers, Builders. Portland Cement Association, 5ª ed. Estados Unidos da América, 1991. 219 p.

3 Reologia (rheos = fluir, logos = estudo) é a ciência que estuda o fluxo e a deformação da matéria, avaliando as relações entre a tensão de cisalhamento aplicada, e a deformação em determinado período de tempo (Glatthor e Schweizer, 1994).

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

15

desperdício de materiais no canteiro de obras, o que afeta diretamente a qualidade e

o custo final do empreendimento.

Um bom exemplo de argamassa industrializada (dosada em central) que

melhora significativamente a produtividade em uma obra de alvenaria é a argamassa

estabilizada com aditivos estabilizadores de hidratação, que, nos últimos anos, estão

ganhando espaço no mercado. A argamassa estabilizada é uma argamassa úmida, à

base de cimento que vem pronta para o uso e se mantém trabalhável por 36 a 72

horas. Para promover o retardamento do início da pega os fabricantes introduzem

aditivos retardadores e incorporadores de ar para que suas características sejam

preservadas por um período de tempo pré-definido (SISTEMA MORMIX, 2010).

Normalmente esse tipo de argamassa é recomendada para assentamento e

revestimento. No entanto pode ser utilizada também para regularização de pisos,

rejunte de telhas, enchimento de tubulações e serviços de impermeabilização.

Segundo Neto e Djanikian (1999), no Brasil, ao final da mesma década de 70,

começaram a surgir os primeiros estudos sobre argamassas dosadas em central.

Dessa forma, a argamassa estabilizada se desenvolveu com mais intensidade e

retornou ao mercado com boa aceitação da indústria de construção civil em meados

da década de 80 (NETO e DJANIKIAN, 1999). O sistema ainda apresenta uma

porcentagem pequena de utilização em comparação ao uso tradicional da argamassa

misturada em obra; em 1999, por exemplo, as argamassas usinadas estabilizadas

representavam algo em torno de 1% em volume (NETO; DJANIKIAN, 1999). Em 2010

a argamassa estabilizada foi implantada nos canteiros de obra da cidade de

Florianópolis/PR (FERNANDES, 2011), e o seu uso se tornou mais intenso na cidade

de Curitiba/PR a partir de 2011.

De acordo com Marcondes (2009), as vantagens da argamassa estabilizada

quando comparada com argamassas de cimento produzidas em obra são: melhor

homogeneidade (resultando em melhor acabamento); menor permeabilidade; menor

taxa de exsudação; facilidade de carga e descarga; maior rendimento do trabalho

(pois não é necessário o preparo da argamassa em obra); maior precisão do custo da

argamassa; menor esforço do pedreiro (por se tratar de um material com boa

trabalhabilidade); além da responsabilidade sobre a fabricação da argamassa ser da

empresa contratada.

A principal vantagem da argamassa estabilizada se deve à redução dos

desperdícios em obra, pois como essa argamassa é fornecida pronta acabam

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

16

ocorrendo reduções de perdas na estocagem, no transporte do material e durante a

própria produção da argamassa em canteiro (MANN NETO, ANDRADE e SOTO,

2010). Outro fator importante a ser salientado é que ocorre ganho de tempo no início

da jornada de trabalho, pois ao chegar à obra os pedreiros já encontram a argamassa

pronta para ser usada, e permanece disponível para os operários até os momentos

finais da jornada de trabalho.

Como a argamassa estabilizada é um produto novo no mercado brasileiro é

necessário o desenvolvimento de pesquisas e estudos referentes ao comportamento

desse material, tais como a avaliação das suas propriedades e interação com demais

elementos da edificação, uma vez que muitas dessas informações ainda não são

efetivamente conhecidas e quando existentes são pouco divulgadas.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é avaliar o comportamento da argamassa

estabilizada para revestimento em função da perda de água para o substrato e ao

longo do tempo de utilização.

1.2.2 Objetivos específicos

O estudo das argamassas coletadas em obra foi realizado através da

determinação de diferentes parâmetros:

• Determinar as propriedades da argamassa no estado fresco: tempo de

início de pega, consistência, reologia, teor de ar incorporado, massa específica e

retenção de água;

• Determinar as propriedades da argamassa no estado endurecido:

resistência à compressão, resistência à tração na flexão, absorção de água, massa

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

17

específica, resistência potencial de aderência, módulo de elasticidade dinâmico e

estático;

• Avaliar o comportamento da argamassa no estado fresco ao longo do

tempo de utilização e armazenamento;

• Avaliar a influência da perda de água para o substrato em algumas das

propriedades da argamassa.

• Avaliar a homogeneidade dos lotes e a semelhança de seus

comportamentos.

1.3 JUSTIFICATIVA

As edificações no Brasil estão passando por um processo de desenvolvimento

e evolução devido ao contexto das transformações econômicas e sociais que atingem

o país. Portanto, é de grande importância que este setor inove suas tecnologias para

acompanhar este desenvolvimento (TAVARES, 2008). Para isso as construtoras

devem buscar meios que agilizem as construções, levando em conta os custos

benefícios de novos produtos que surgem no mercado como alternativas de

melhorarem pontos importantes, como a rapidez e a agilidade nas construções.

O estudo desse material surge da necessidade de se conhecer as alterações

causadas pela utilização de aditivo estabilizador de hidratação em argamassas de

revestimento. Pouco se sabe sobre como as propriedades no estado fresco e

endurecido desta argamassa são afetadas com o uso do aditivo. Além de prever como

será o comportamento reológico da argamassa ao longo do tempo, uma vez que ela

é utilizada em seu estado fresco durante diversas horas e até dias de trabalho.

Atualmente existem poucos estudos sobre o comportamento da argamassa

em si, quando feito o uso de aditivos estabilizadores de hidratação. Desta forma, o

material que é fornecido atualmente não pode ser avaliado adequadamente, e não é

possível prever qual será o seu desempenho após a sua aplicação. A partir deste

estudo será possível conhecer alguns parâmetros de qualidade esperados para a

argamassa estabilizada, além de contribuir com informações que poderão ser

aplicadas em futuros estudos e prever o comportamento e a interação deste tipo de

material com os demais componentes de construção.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

18

Se for possível dosar a argamassa estabilizada de forma a melhorar as

propriedades do material no seu estado fresco, será possível prever uma otimização

do uso do material, já que o operário poderá ter uma maior facilidade durante a

utilização do produto, influenciando diretamente na produtividade da obra. Da mesma

forma que, ao alcançarmos as propriedades no estado endurecido esperados, será

possível melhorar a qualidade do serviço executado e garantir o desempenho do

material, evitando-se, assim, até mesmo manifestações patológicas.

Este trabalho também contribui para o desenvolvimento de normas

específicas para a avaliação de propriedades de argamassas estabilizadas, uma vez

que as normas brasileiras vigentes para argamassas de revestimento não

contemplam ensaios para a avaliação de materiais dosados com aditivos retardadores

de hidratação.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O capítulo 1 apresenta informações gerais e históricas sobre a argamassa

estabilizada, além de descrever os objetivos, a necessidade e contribuição desta

pesquisa.

O capítulo 2 descreve as definições sobre o material e seus componentes, as

propriedades e os principais ensaios para avaliar argamassas.

O capítulo 3 mostra quais foram os parâmetros adotados para a preparação

das amostras e para a realização dos ensaios nas argamassas dosadas em central.

O capítulo 4 apresenta as discussões e análises feitas sobre os resultados

obtidos.

Por fim, no capítulo 5 são apresentadas as considerações finais sobre as

análises feitas.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ARGAMASSAS

Neste capítulo serão relatadas a seguir as principais classificações e

características de alguns dos tipos de argamassas utilizadas nas obras atualmente. O

entendimento da sua aplicação e de quais são as funções que a argamassa deve

desempenhar é de extrema importância para analisar quais são as propriedades que

irão influenciar no seu desempenho final, uma vez que, as funções das argamassas

estão associadas diretamente as suas finalidades ou aplicações (CARASEK, 2010).

2.1.1 Classificação

As argamassas podem ser classificadas, segundo Carasek (2010) de acordo

com o seu tipo (Tabela 1) ou de acordo coma sua função (Tabela 2).

Tabela 1 - Classificação das argamassas

Critério de classificação Tipo

Quanto à natureza do aglomerante Argamassa aérea Argamassa hidráulica

Quanto ao tipo de aglomerante

Argamassa de cal Argamassa de cimento

Argamassa de cimento e cal Argamassa de gesso

Argamassa de cal e gesso

Quanto ao número de aglomerantes Argamassa simples Argamassa mista

Quanto à consistência da argamassa Argamassa seca

Argamassa plástica Argamassa fluída

Quanto à plasticidade da argamassa Argamassa pobre ou magra Argamassa média ou cheia Argamassa rica ou gorda

Quanto à densidade da argamassa Argamassa leve

Argamassa normal Argamassa pesada

FONTE: Carasek (2010)

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

20

Tabela 2 - Classificação das argamassas segundo as suas funções na construção

Função Tipos

Para construção de alvenarias

Argamassa de assentamento (elevação da alvenaria)

Argamassa de fixação (ou encunhamento) - alv. de vedação

Para revestimento de paredes e tetos

Argamassa de chapisco Argamassa de emboço Argamassa de reboco

Argamassa de camada única Argamassa para revestimento

decorativo monocamada

Para revestimento de pisos Argamassa de contrapiso

Argamassa de alta resistência para piso

Para revestimento cerâmicos (paredes/pisos)

Argamassa de assentamento de peças cerâmicas - colante

Argamassa de rejuntamento Para recuperação de

estruturas Argamassa de reparo

FONTE: Carasek (2010)

Neste trabalho será dado um enfoque nas argamassas de assentamento e de

revestimento, pois essas são as principais utilizações da argamassa estabilizada com

aditivos estabilizadores de hidratação. Sua aplicação é semelhante à argamassa de

camada única apresentada na Tabela 2.

Percebe-se que a tecnologia das argamassas vem avançando nos últimos

anos, visto que, grande parte das normas brasileiras em vigor sobre o tema podem

ser consideradas recentes em comparação com outros materiais de construção.

Atualmente a norma NBR 13281:2001 estabelece alguns limites e classificações para

as argamassas, de acordo com a Tabela 3. As propriedades no estado fresco e

endurecido das argamassas e os métodos de ensaios serão abordados nos itens 2.3

e 2.4.

Tabela 3 - Exigências mecânicas e reológicas para argamassas Características Identificação Limites Método

Resistência à compressão aos 28 dias (Mpa)

I II III

≥ 0,1 e <4,0 ≥ 4,0 e ≥ 8,0

>8,0 NBR 13279

Capacidade de retenção de água (%)

Normal Alta

≥ 80 e ≤ 90 > 90 NBR 13277

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

21

Teor de ar incorporado (%) a b c

<8 ≥ 8 e ≤ 18

>18 NBR 13278

FONTE: Adaptado de NBR 13281:2001

2.1.2 Argamassas de assentamento

A argamassa de assentamento de alvenaria é utilizar para a elevação de

paredes e muros de tijolos ou blocos, também chamados de unidades de alvenaria.

As principais funções, segundo Carasek (2010), das juntas de argamassa na alvenaria

são: unir as unidades de alvenaria de forma a construir um elemento monolítico,

contribuindo na resistência aos esforços laterais; distribuir uniformemente as cargas

atuantes na parede por toda a área resistente dos blocos; selar as juntas garantindo

a estanqueidade da parede a penetração de água das chuvas; absorver as

deformações naturais, como as de origem térmicas e as de retração por secagem

(origem higroscópica), a que a alvenaria estiver sujeita.

Para cumprir essas funções, algumas propriedades tornam-se essenciais. No

caso das argamassas de assentamento, as principais propriedades almejadas são:

trabalhabilidade, consistência e plasticidade adequadas ao processo de execução,

além de uma elevada retenção de água; aderência; resistência mecânica; e

capacidade de absorver deformações.

2.1.3 Argamassas de revestimento

Argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tetos,

os quais, geralmente, recebem acabamentos como pintura, revestimentos cerâmicos,

laminados, entre outros.

O revestimento de argamassa, de acordo com Carasek (2010) pode ser

constituído por várias camadas com características e funções específicas:

• Chapisco: camada de preparo de base, com finalidade de uniformizar a

superfície quanto à absorção e melhor a aderência do revestimento.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

22

• Emboço: camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a

base, propiciando uma superfície que permita receber outra camada.

• Reboco: camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço,

propiciando uma superfície que permita receber o revestimento decorativo.

• Camada única: revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à

base, sobre o qual é aplicada uma camada decorativa.

As principais funções de um revestimento de argamassa de parede são:

proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação de intemperismo, no caso dos

revestimentos externos; integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com

acústico (~50%), estanqueidade à água (~70 a 100%), segurança ao fogo e

resistência ao desgaste e abalos superficiais; regularizar a superfícies elementos de

vedação e servir como base para acabamentos decorativos, contribuindo para a

estética da edificação (CARESEK, 2010).

Ainda de acordo com Carasek (2010), visando satisfazer às funções citadas

anteriormente, algumas propriedades tornam-se essenciais para essas argamassas,

a saber: retração; aderência; permeabilidade à água; resistência mecânica,

principalmente a superficial; capacidade de absorver deformações.

2.1.4 Uso de argamassas estabilizadas

As argamassas estabilizadas possuem a capacidade de se manter

trabalháveis por longos períodos de tempo. Uma vez aplicada, seu comportamento é

semelhante ao das argamassas convencionais. Segundo o Grupo Hobi (2010), as

argamassas são desenvolvidas em laboratório especializado, onde todas as matérias-

primas passam por um rígido controle de aceitação. Contudo, há alguns trabalhos que

relatam a dificuldade de controle e estudo de algumas propriedades deste tipo de

argamassa (MANN et al, 2010).

Na Tabela 4 são apresentadas vantagens e desvantagens do uso de

argamassas estabilizadas com base em avaliações de viabilidades realizadas por

Herman e Rocha (2013).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

23

Tabela 4 - Vantagens e desvantagens da argamassa estabilizada VANTAGEM DESVANTAGEM

Aumenta o rendimento Redução de perdas

Limpeza da obra Reduz misturas constantes Reduz a responsabilidade

Melhora a logística Reduz a demanda de mão de obra

Planejamento preciso da quantidade Tempo para adquirir rigidez Variação ao longo do tempo

Esmagamento do assentamento Tempo para desempeno

Fonte: Herman e Rocha (2013)

Estudos conduzidos por Calçada e Pereira(2012) em argamassas

estabilizadas comprovaram que há variação nas propriedades quando a argamassa

fica armazenada. Esta diferença começa com as propriedades no estado fresco já que

foram observadas diferenças significativas na umidade, na densidade de massa e no

teor de ar, consequentemente também alterando as propriedades da argamassa no

estado endurecido.

Já Martins Neto e Djanikian (1999) observaram que as argamassas 1:7 e 1:8

foram as que mais se aproximaram das características da argamassa virada em obra.

Por sua vez, Mann Neto, Andrade e Soto (2010) avaliaram as propriedades das

argamassas estabilizadas no estado fresco e no estado endurecido, além da influência

da aplicação de uma película de água na argamassa de um dia para o outro. Os

autores verificaram o aumento da massa específica e redução do teor de ar

incorporado ao longo do tempo devido à perda de água e aumento do número de

sólidos.

Fernandes (2011) também realizou em estudo avaliando a variabilidade das

propriedades da argamassa estabilizada no estado fresco e endurecido. O autor

verificou uma variação das propriedades e do traço entre os lotes coletados e ressalta

a necessidade de um controle rigoroso da quantidade de água de amassamento.

Também já foram realizados estudos que avaliaram a ação dos aditivos

estabilizadores de hidratação no que diz respeito ao tempo de início de pega por

Campos (2012). A partir dos resultados, observou-se que os resultados obtidos pelo

método semi-adiabático em calorímetros se mostraram extremamente eficientes para

avaliar o tempo de início de pega deste tipo de material. A autora também verificou

que a modificação da relação agregado/aglomerante não influenciou no tempo de

início de pega de argamassas com mesma relação água/cimento e diferentes relações

água/cimento, para mesma relação agregado/aglomerante, influenciaram em alguns

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

24

casos no tempo de início de pega das argamassas. E como esperado, o tempo de

início de pega aumentou com o acréscimo do teor de aditivo estabilizador.

Mann Neto, Andrade e Soto (2010), em sua pesquisa, avaliaram a influência

da película de água que é aplicada no recipiente da argamassa de um dia para o outro,

procedimento este indicado pelos fornecedores. A Figura 1 apresenta um recipiente

contendo argamassa estabilizada coberta pela película de água.

Figura 1 - Argamassa estabilizada com película de água

Fonte: Lajes patagônia (2014)

Como apresentado na Figura 1, parte das construtoras, no segundo dia de

uso, mistura esta película de água colocada sobre as argamassas com a argamassa

estabilizada em repouso, possivelmente alterando sua composição. Contudo, notou-

se que esta adição de água auxiliou na melhoria da trabalhabilidade da argamassa

nas idades avançadas e que apesar das reações de hidratação não ocorrerem, a

argamassa perde muita água ao longo do tempo de uso e de armazenagem de um

dia para o outro (MANN NETO, ANDRADE e SOTO, 2010).

Cabe ressaltar que grande parte das publicações desta argamassa trata a

respeito das vantagens da argamassa estabilizada no processo de produtividade da

obra, e são poucos os trabalhos que se aprofundam em aspectos técnicos de

avaliação do material e de estudos de dosagem. Os fornecedores, por sua vez, não

divulgam qualquer informação técnica sobre o produto, afirmando apenas que ele

atende às normas vigentes.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

25

2.2 ADITIVOS

Os aditivos são “produtos que adicionados em pequena quantidade a

concretos de cimento Portland modificam algumas de suas propriedades no sentido

de melhor adequá-las a determinadas condições” (NBR 11768:1992).

Os tipos de aditivos normatizados no Brasil são:

• tipo P - aditivo plastificante;

• tipo R - aditivo retardador;

• tipo A - aditivo acelerador;

• tipo PR - aditivo plastificante retardador

• tipo PA - aditivo plastificante acelerador;

• tipo IAR - aditivo incorporador de ar;

• tipo SP - aditivo superplastificante;

• tipo SPR - aditivo superplastificante retardador;

• tipo SPA - aditivo superplastificante acelerador.

A utilização dos aditivos deve atender aos requisitos de desempenho

indicados pela NBR 11768:1992, o a divergência entre resultados de um mesmo lote

de aditivo não poderá ser superior aos limites apresentados na mesma norma.

Os ensaios realizados para caracterização de aditivos (ou para verificação da

uniformidade de um lote), e que são descritos pela norma NBR 10908:2008, são: pH,

teor de sólidos, massa especifica, teor de cloretos e analise por infravermelho.

As argamassas estabilizadas possuem em sua composição aditivos químicos

classificados como estabilizadores de hidratação – ou ainda inibidores de hidratação

- e incorporadores de ar.

2.2.1 Aditivo estabilizador de hidratação (AEH)

O aditivo estabilizador de hidratação é o principal aditivo presente em

argamassas estabilizadas. Sabe-se, de acordo com a NBR 11768:1992 que os

aditivos retardadores podem atrasar o tempo de início de pega em no máximo 3,5

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

26

horas. Portanto, os aditivos estabilizadores de hidratação não podem ser classificados

como retardadores, uma vez que podem retardar o início de pega em até 72 horas.

Manter concretos e argamassas no estado fresco por um longo período de

tempo tende a aumentar a retração plástica devido a maior duração da fase plástica,

destaca Neville (2011). Para Bastos (2001), a retração plástica é a retração por perda

de água da pasta, argamassa ou concreto no estado fresco, que ocorre antes da pega

do cimento, quando a fração sólida da mistura dispõe de mobilidade, de umas

partículas em relação às outras e como consequência da restrição aparecem tensões

de tração na argamassa, que podem levar à fissuração do revestimento.

Segundo a ASTM C 494-92 os concretos e argamassas aditivados com

retardadores não podem apresentar resistência a compressão de 3 dias em diante

menor que 90% da resistência do concreto de referência sem a mesma adição.

Valores, estes, também adotados pela NBR 10908:2008. Contudo, para o aditivo

estabilizador de hidratação, não existe nenhum estudo que comprove qual a influência

do aditivo no ganho de resistência ao longo do tempo ou mesmo sua influência na

resistência final de produtos cimentícios dosados com estabilizadores.

Inicialmente, o aditivo estabilizador de hidratação foi desenvolvido para

enfrentar um dos graves problemas enfrentados pela indústria produtora de concreto,

que é o impacto ambiental que a própria indústria causa incluindo a geração de grande

quantidade de resíduo. O uso de Aditivo Estabilizador de Hidratação do cimento (AEH

ou Hydration Control Admixtures) surgiu como uma alternativa aos métodos atuais de

tratamento e disposição do concreto devolvido e reaproveitamento da água de

lavagem dos caminhões betoneira (BENINI et al, 2007).

Ainda segundo Benini et al (2007), o aditivo estabilizador de hidratação (AEH)

é um composto orgânico com alto efeito de retardo capaz de controlar a reação de

hidratação do cimento de forma previsível através da inibição da formação dos

hidratos. O componente estabilizador controla a taxa de hidratação do cimento,

permitindo a estabilização do material no estado fresco, desde algumas horas ou até

mesmo dias.

Várias complexidades surgem quando discute-se a eficácia de aditivos

retardadores. Em primeiro lugar, o retardo é composto por dois efeitos - o aumento do

período de indução e da variação da taxa de hidratação após o seu início (CHEUNG

et al, 2011). Ramachandran (2002) apresenta as curvas de hidratação mostradas na

Figura 2 de pastas dosadas com aditivos estabilizadores de hidratação.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

27

Figura 2 - Curvas de hidratação de pastas dosadas com aditivos estabilizadores de hidratação

Fonte: Adaptado de Ramachandran (2002)

Observa-se na Figura 2 a curva de hidratação de uma mistura sem a adição

de aditivo estabilizador (Figura 2a), uma pasta com adição de estabilizador (Figura

2b), adição do aditivo inibidos após duas horas já preparada a pasta (Figura 2c)

causando uma inibição quase que total da reação, e por fim a curva de hidratação de

uma pasta com adição de um aditivo inibidor de hidratação e ativada com uma nova

dosagem na pasta (Figura 2d), de acordo com Ramachandran (2002). A partir dos

comportamentos apresentados na Figura 2 fica clara a influência do aditivo inibidor de

hidratação na cinética das reações do cimento no tempo de indução, na taxa de

hidratação e no pico de calor de hidratação do cimento conforme comentado por

Cheung (2011) em seus trabalhos.

Os aditivos retardadores atuam no controle da hidratação do clínquer,

proporcionando moderada manutenção do abatimento e retardo de pega, afetando

mais o desenvolvimento da resistência inicial do que o comportamento reológico do

concreto fresco, ocasionando um atraso na pega do cimento, tornando mais lento o

processo de endurecimento da pasta (KOHLRAUSCH e KULAKOWSKI, 2007).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

28

O aditivo estabilizador de hidratação, segundo Kohlrausche e Kulakowski

(2007), apenas atua no aumento do tempo de início de pega e, quando esta inicia, a

cinética de hidratação é similar entre as pastas com diferentes teores de AEH.

Costuma-se também utilizar um aditivo para acelerar a hidratação do cimento – aditivo

ativador – para impedir a continuidade da ação do aditivo inibidor, quando usado em

concretos (BENINI et al ,2007).

De acordo ainda com Ramachandran (2002), os aditivos inibidores de

hidratação possum bases semelhantes à de um retardador, tal como o ácido

carboxílico, ou ácidos e sais orgânicos à base de fósforo.

2.2.2 Aditivo Incorporador de ar

O aditivo incorporador de ar pode ou não estar presente em argamassas

estabilizadas. Paillere (2011) classifica os aditivos incorporadores de ar pertencentes

à categoria dos aditivos surfactantes. Sendo que a estrutura química de um

incorporador de ar, para Mehta e Monteiro (2008), consiste em uma cadeia

hidrocarbônica apolar com um grupo aniônico na extremidade. Na interface ar-água

os grupos polares estão orientados na direção da fase aquosa, reduzindo a tensão

superficial, promovendo a formação de bolhas e neutralizando a tendência das bolhas

dispersas coalescerem. Na interface sólido-água, onde existem forças direcionadas

na superfície do cimento, os grupos polares ligam-se ao solido mantendo os grupos

apolares orientados para a fase aquosa, tornando a superfície do cimento hidrofóbica

e assim o ar pode deslocar a água e permanecer ligado as partículas solidas em forma

de bolhas, como apresentado na Figura 3.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

29

Figura 3 - Ação do aditivo IAR

FONTE: Mehta e Monteiro (2008)

O principal efeito do aditivo incorporador de ar é a melhoria da trabalhabilidade

das misturas de concreto e argamassas. Nota-se que como o aditivo torna as

partículas de cimento hidrofóbicas, uma dosagem excessiva causara um

retardamento excessivo na hidratação do cimento, além do incremento de ar reduzir

a resistência à compressão. (MEHTA, 2008)

A trabalhabilidade da argamassa é melhorada devido à um efeito de

rolamento de esferas devido a esfericidade mantida pela tensão superficial. As bolhas

agem como um agregado fino com baixo atrito e elasticidade considerável e faz com

que a mistura aparente ter excesso de agregado miúdo fino. Por esta razão, durante

a dosagem, deve-se reduzir a quantidade de areia. Ainda, segundo Paillere (2011), a

mistura se torna mais coesiva devido a nova tensão superficial das bolhas agindo com

a pasta de cimento. A grande quantidade de bolhas deformáveis facilitam o manuseio

e consequentemente o acabamento da aplicação da argamassa e seu acabamento.

De acordo com Baia (2000), à medida que cresce o teor de ar, a massa

especifica relativa diminui. Mas o uso dos aditivos deve ser criterioso, um aumento

excessivo no teor de ar pode prejudicar a resistência mecânica e aderência, por

exemplo.

2.3 PROPRIEDADE DAS ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

As propriedades de argamassas de assentamento e revestimento são

diversas no seu estado fresco. Na Tabela 5 são apresentadas as definições das

principais propriedades estudadas em argamassas.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

30

Tabela 5 - Propriedades no estado fresco

Propriedade Definição

Trabalhabilidade É a propriedade que determina a facilidade com que o material pode ser misturado, transportado, aplicado,

consolidado e acabado, em uma condição homogênea.

Consistência É a maior ou menor facilidade da argamassa deformar-se sob ação de cargas

Plasticidade É a propriedade pela qual a argamassa tende a conservar-se deformada após a retirada das tensões de deformação

Retenção de água e consistência

É a capacidade de a argamassa fresca manter sua trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam

a perda de água

Coesão Refere-se às forças físicas de atração existentes entre as

partículas sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta aglomerante

Exsudação

É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de modo que a água sobe e os agregados descem pelo efeito da gravidade. Argamassas de consistência fluída

apresentam maior tendência à exsudação. Densidade de massa Relação entre a massa e o volume do material

Adesão inicial União inicial da argamassa no estadofresco ao substrato Fonte: Carasek (2010)

A boa aplicação do material está intimamente ligada às boas propriedades no

estado fresco, garantindo, por sua vez, uma boa trabalhabilidade. Por este método

que o estudo do comportamento reológico das argamassas tem se tornado cada vez

mais comum e será detalhado no item 2.3.1.

2.3.1 Comportamento reológico das argamassas

Para Cardoso et al (2005), do ponto de vista comportamento reológico das

argamassas, a consistência, que diz respeito à sua maior ou menor fluidez, está

associada à capacidade da mistura em resistir ao escoamento. Portanto, argamassas

de consistência mais fluidas representam misturas com menores valores de tensão

de escoamento. Ainda em termos reológicos, a plasticidade está relacionada com a

viscosidade da argamassa.

Existem diversos ensaios empregados para a determinação da consistência

de argamassas. De forma genérica, testes que empregam a penetração de um corpo

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

31

no interior da argamassa avaliam basicamente a sua consistência, ou seja, são

ensaios que medem principalmente a tensão de escoamento (CARDOSO et al, 2001).

Já os métodos que compõe à argamassa uma deformação por meio de

vibração ou choque medem ao mesmo tempo a consistência e a plasticidade, como

no caso do ensaio do índice de consistência (Flow-Table), prescrito pela NBR

7215:1997.

Uma proposta mais recente e mais completa que surge no campo de

avaliação da trabalhabilidade das argamassas é o método do Squeeze-Flow. A Figura

4 apresenta um esquema de como ocorre a aplicação da força na amostra e a

deformação esperada.

Figura 4 - Aplicação da força e deformação durante ensaio Squeeze-Flow

Fonte: Engmann (2005)

Como apresentado na Figura 4 este método baseia-se na medida do esforço

necessário para a compressão uniaxial de uma amostra cilíndrica do material entre

duas placas paralelas, sendo tal esforço empreendido normalmente por uma máquina

universal de ensaios.

O ensaio permite a variação da taxa de cisalhamento e também da magnitude

das deformações, sendo, portanto, capaz de detectar pequenas alterações nas

características reológicas dos materiais e, ao contrário dos ensaios tradicionais,

fornece não apenas um valor medido, mas um perfil do comportamento reológico de

acordo com as solicitações impostas. O método tem como vantagem possibilitar a

simulação de diversas situações reais de aplicação das argamassas, identificando

com clareza os parâmetros reológicos (tensão de escoamento e viscosidade). No

entanto, como limitação, tem-se a necessidade de um equipamento relativamente

caro, além de se restringir ao uso em laboratório (CARASEK, 2010).

O Squeeze-Flow se apresenta como uma ferramenta de grande potencial para

a pesquisa e o desenvolvimento das argamassas. Atualmente é normatizado pela

NBR 15839:2010.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

32

Outros métodos de ensaios que se propõe é avaliar a trabalhabilidade das

argamassas de uma forma mais ampla são os testes de Penetração de cone e o Gtec

Teste que são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Ensaios reológicos para argamassa

Método Norma Esquema Propriedade avaliada

Parâmetro reológico que

controla o fenômeno

Mesa de consistência (Flow-Table)

NBR 7215 NBR 13276

Consistêcia e plasticidade Viscosidade

Penetração do cone ASTM C 780

Consistência Tensão de escoamento

Gtec Test --

Consistência, plasticidade e

coesão

Tensão de escoamento e viscosidade

FONTE: Adaptado de Carasek (2010)

Pode-se definir o parâmetro reológico da viscosidade plástica como medida

da taxa de fluxo do material, enquanto que a tensão de cisalhamento é uma medida

de força necessária para o movimento (CARASEK, 2010).

Existem diversos fatores que irão influenciar nas propriedades do estado

fresco da argamassa. A distribuição granulométrica, por exemplo, é uma característica

dos agregados com significativa influência sobre o empacotamento das partículas e,

consequentemente, sobre as propriedades finais e comportamento reológico

(CARDOSO, 2009).

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

33

2.3.2 Tempo de início de pega

Misturando-se certa quantidade de água ao cimento obtém-se a pasta,

mistura que começa a perder a plasticidade com o tempo, até endurecer

completamente. O tempo que decorre entre a adição de água até o início das reações

com os componentes do cimento é chamado tempo de início de pega. (MEHTA, 2008)

Para Petrucci (1998) o início dessas reações é caracterizado pelo aumento

brusco da viscosidade e pela elevação da temperatura. Quando a pasta passa a ser

indeformável para pequenas cargas e se torna um bloco monolítico (rígido), atinge-se

o fim da pega. A partir daí, inicia-se a fase de endurecimento, na qual as reações no

interior da pasta prosseguem, aumentando a coesão e resistência (PETRUCCI, 1998).

Alguns destes pontos de interesse podem ser visualizados na Figura 5.

Figura 5 - Identificação dos tempos de pega na curva de calor de hidratação

Fonte: SOUZA, 2007

Observa-se que após o período de dormência da curva de hidratação do

cimento existe um primeiro ponto de inflexão no gráfico, este ponto é considerado por

Souza (2007) como o início de pega do concreto. Já o final do tempo de pega é

considerado pela maioria dos autores como no pico máximo da curva de hidratação,

conforme apresentado na Figura 5

O único método normatizado no Brasil pela ANBT NBR NM 9:2003 para

determinação do tempo de início de pega é realizado por penetração na massa fresca

de argamassa ou concreto. Segundo a NBR NM 9:2003, o tempo de início de pega é

o tempo decorrido após o contato inicial do cimento com a água de amassamento,

necessário para uma argamassa atingir resistência de penetração igual a 3,4 MPa.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

34

Outro método utilizado principalmente em monitoramento de temperatura

durante concretagens é o método semi-adiabático de medida de temperatura da

massa fresca (CAMPOS, 2012). Na Figura 6 é apresentado um esquema de

funcionamento de um calorímetro semi-adiabático.

Figura 6 – Calorímetro semi-adiabático

FONTE: MEDEIROS, JUNIOR e ARNT, 2010.

De acordo com Bigno (2005) a quantificação da quantidade de calor liberada

em uma reação exotérmica geralmente é realizada através do método da Garrafa de

Langvant, que nada mais é do que um calorímetro semi-adiabático. Esta metodologia

é normatizada desde 1990 pela NBR 12006. A partir de então, o método se tornou

consagrado para a obtenção de curvas de hidratação de qualquer componente

cimentício.

Sabe-se que, sempre que em contato, dois materiais diferentes são capazes

de gerar uma diferença de potencial elétrico. Esta diferença de potencial gerada em

milivolts pelo contato entre a argamassa no estado fresco e as pontas metálicas do

cabo de compensação era lida pelo aquisitor de dados (MEDEIROS, JUNIOR e ARNT,

2010.)

Ensaios realizados por Campos (2012), já demonstraram que o tempo de

início de pega determinado pelo método da resistência à penetração, na maioria dos

casos, é superior ao tempo de início de pega determinado pelo método semi-

adiabático e por outros métodos. Também foi observado que a temperatura ambiente

tem grande influência no tempo de início de pega das argamassas, notando-se ainda

a influência da temperatura inicial dos materiais constituintes da argamassa, além de

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

35

outras variáveis que surgem quando o ensaio passa a durar por vários dias (CAMPOS,

2012).

2.4 PROPRIEDADE DAS ARGAMASSAS NO ESTADO ENDURECIDO

No seu estado endurecido, a argamassa também deve desempenhar

requisitos de resistência mecânica e capacidade de se deformar. A propriedade

fundamental neste estado é a aderência, sem a qual o revestimento de argamassa

não entenderá a nenhuma de suas funções. A aderência é a propriedade que permite

ao revestimento de argamassas absorver tensões normais ou tangenciais na

superfície de interface com o abstrato. (CARASEK, 2010) Essa propriedade possui

critério de desempenho especificado conforme apresentado na Tabela 7.

Tabela 7 - Limites de resistência de aderência à tração para revestimentos de argamassas

Local Acabamento Resistência mínima de aderência (MPa)

Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,2 Cerâmica ou laminado ≥ 0,3

Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,3 Cerâmica ≥ 0,3 FONTE: NBR 13749:1996

Segundo a NBR 15258:2005, a aderência é a propriedade da argamassa de

resistir às tensões atuantes na interface com o substrato. A resistência de aderência

à tração é a tensão máxima aplicada por uma carga perpendicular à superfície da

argamassa aplicada no substrato (NBR 15258:2005).

As possíveis formas de ruptura são: ruptura no substrato, ruptura na interface

substrato/argamassa, ruptura na argamassa e falha na colagem segundo a NBR

15258:2005. As formas de rupturas mais comuns são apresentadas na Figura 7.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

36

Figura 7 - Formas de ruptura durante ensaio de aderência

FONTE: Carasek (2010) A resistência da argamassa é aumentada com a quantidade de cimento e é

diminuída com a proporção de cal e o teor de ar incorporado (SABBATINI, 1998). O

proporcionamento dos materiais constituintes da argamassa tem influência sobre a

resistência mecânica. Através de ensaios de compressão realizados observa-se que

pequenas adições de cal aumentam a resistência da argamassa à compressão e com

volumes elevados há decréscimos na resistência (CINCOTTO, SILVA e CARASEK,

1995). Essa propriedade é uma das principais responsáveis pelo êxito das argamassas

e, para tanto, devem apresentar módulo de deformação compatível com cada função

(WESTPHAL, 2006).

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

37

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os materiais utilizados e os métodos de

ensaios adotados para o estudo das argamassas estabilizadas. O fluxograma da

Figura 8 apresenta um resumo das etapas de trabalho proposta nesta pesquisa.

*Ensaios incluíram a simulação da sucção de água da argamassa

Figura 8 - Fluxograma do programa experimental

PROGRAMAEXPERIMENTAL

COLETA DAARGAMASSA

AVALIAÇÃO DOAGREGADO

Composição Granulométrica

Massa específica

ESTADO FRESCO

Índice de consistência

Densidade de massa e teor de ar incorporado

Gravimetria

Picnômetro

Frasco graduadoRetenção de água

ComportamentoReológico*

Perda de água*

Tempo de iníciode pega

Calorimetria

Penetração

ESTADO ENDURECIDO

Resistência à traçãona flexão*

Resistência àcompressão*

Resistência de aderência à tração

Densidade de massa aparente*

Módulo de elasticidade dinâmico*

Módulo de elasticidade estático

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

38

Foram coletados três lotes distintos de argamassas estabilizadas dosadas em

central que são utilizadas por construtoras na região de Curitiba. Para cada um dos

lotes foram realizados todos os ensaios apresentados no fluxograma da Figura 8, e

foram realizados nos laboratórios da área de Materiais de Construção da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná. Parte dos ensaios foi realizada com a simulação da

perda de água da argamassa para o substrato.

A Tabela 8 apresenta os tempos de ensaio para cada um dos lotes estudados

no estado fresco e endurecido.

Tabela 8 - Tempos de ensaio

ESTADO TEMPO DE ARMAZENAGEM TEMPO DE UTILIZAÇÃO

Fresco Dia 1 e 2 0, 15, 30 e 60 minutos Endurecido Dia 1 e 2 -

Os tempos de ensaios adotados apresentados na Tabela 8 foram baseados

no trabalho realizado por Mann Neto, Andrade E Soto (2010) que já utilizaram estes

mesmos procedimentos para avaliar as argamassas estabilizadas ao longo do tempo.

O objetivo desta metodologia é poder simular em laboratório as variações que a

argamassa vai sofrer (mesmo se isolada do ambiente) de um dia para o outro, como

acontece na obra – tempo de armazenagem; e ainda avaliar as alterações do material

sobre ao longo do dia de trabalho, aqui nomeado de tempo de utilização.

De maneira geral, após a entrega da argamassa no laboratório lacrada dentro

das bombonas antes dos ensaios, o material dentro da bombona foi agitado durante

dois minutos com o auxílio de uma haste metálica para homogeneizar o material.

Assim, seguiram os ensaios nos tempos de 0, 15, 30 e 60 minutos. Durante cada

intervalo entre os ensaios, toda a amostra de argamassa era devolvida para um balde

metálico e a amostra era homogeneizada novamente durante quinze segundos com

uma espátula. Estes procedimentos foram adotados para garantir que todos os

ensaios fossem realizados com uma amostra semelhante. No final dos ensaios do dia

1 eram moldadas as amostras para os ensaios do estado endurecido. No dia seguinte,

24 horas após o início dos ensaios do dia anterior, o mesmo processo era realizado

para obter as amostras do dia 2.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

39

Durante os ensaios e de um dia para outro as bombonas com a argamassa

coletada permanecia lacrada hermeticamente, impedindo, supostamente, alterações

e perda de água da argamassa.

3.1 COLETA DA ARGAMASSA ESTABILIZADA

Na obra o transporte da argamassa é feito por caminhões betoneira com

capacidade de até 9m³. A descarga da argamassa é feita em caixas com capacidade

de 1/3 de metro cúbico, que além de servirem como recipientes de medida são

utilizadas para armazenamento e transporte da argamassa dentro do canteiro da obra.

De segunda a quinta-feira eram entregues as argamassas de 36 horas de

estabilidade. Dessa forma a obra ficará abastecida até a chegada de uma nova carga

no dia seguinte. Na sexta-feira e vésperas de feriados, eram entregues argamassas

com 72 horas de estabilidade. Assim, na manhã de segunda-feira ou na manhã do dia

após o feriado, a argamassa ainda estará em condições de uso, isto é, trabalhável.

Aproximadamente 80 litros de cada lote do material foram coletados

diretamente das caixas de argamassa no momento do recebimento do material na

obra. As amostras foram armazenadas dentro de duas bombonas plásticas com

tampa, possibilitando um fechamento hermético - Figura 9 - e o deslocamento até o

laboratório. Desta forma, a perda de água durante o transporte e o seu

armazenamento foi minimizada.

(a) Bombona utilizada para armazenar a

argamassa coletada

(b) Coleta da argamassa

Figura 9 - Coleta das argamassas

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

40

3.2 AVALIAÇÃO DO AGREGADO

Foram estudadas duas amostras por lote de argamassa e em cada amostra

foram realizados ensaios de granulometria (NBR NM 248:2009) e de massa específica

(NBR NM 52:2009) do agregado utilizado em sua confecção. Este agregado foi

caracterizado a partir do material resultante da lavagem da argamassa no seu estado

fresco - desconsiderando o material passante na peneira de 0,075 mm.

Este item é de extrema importância, pois Arnold e Kazmierczak (2009)

observaram que à medida que o módulo de finura do agregado aumenta há

acréscimos na resistência à compressão, na densidade de massa no estado fresco e

no módulo de elasticidade dinâmico da argamassa, e diminuição do teor de ar

incorporado e do coeficiente de capilaridade. Desta forma, o estudo do agregado se

faz necessário para avaliar entre as argamassas estas tendências de alteração em

suas propriedades. Não foi realizada nenhuma tentativa de determinação da

composição da argamassa estabilizada.

3.3 PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO

Foi realizada a caracterização de algumas propriedades no estado fresco nos

lotes coletados de argamassas estabilizadas, tais como: índice de consistência (Flow

Table), densidade de massa, teor de ar incorporado, retenção de água,

comportamento reológico pelo ensaio Squeeze-Flow e tempo de início de pega.

3.3.1 Índice de consistência

O índice de consistência foi obtido com base nas indicações da NBR

13276:2002 na mesa de abatimento (Flow-Table) após desmoldagem de um tronco

de cone preenchido com argamassa, foram realizadas 30 (trinta) quedas na mesa de

fluidez (Figura 10). O ensaio foi realizado novamente ao longo do tempo para verificar

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

41

a alteração do índice de consistência de um dia para o outro de armazenagem e nos

tempos de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos).

Figura 10 – Ensaio de abatimento por Flow Table

3.3.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado

A determinação da densidade de massa no estado fresco foi realizada de

acordo com três metodologias diferentes com o ensaio sendo executado ao longo do

tempo de armazenagem (dia 1 e 2) e ao longo do tempo de utilização (0, 15, 30 e 60

minutos) com cada argamassa.

Foram utilizados três diferentes métodos para a avaliação da densidade de

massa no estado endurecido, pois durante o procedimento de ensaio é possível obter

os resultados do teor de ar incorporado. Os métodos adotados serão descritos a

seguir. Optou-se por realizar ensaios adicionais não normatizados devido ao traço das

argamassas serem desconhecidos e pelo interesse de viabilizar outras metodologias

para a avaliação destas propriedades.

3.3.2.1 Método gravimétrico

Primeiramente a avaliação da densidade de massa foi efetuada através da

NBR 13278:2005, através do preenchimento de um recipiente metálico conforme

apresentado na Figura 11.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

42

Figura 11 - Densidade de massa no estado fresco

Este ensaio, por sua vez, permite apenas a determinação da densidade de

massa, uma vez que para o teor de ar incorporado seria necessário conhecer a

composição (traço) da argamassa a fim de se determinar a massa específica teórica

da mistura.

3.3.2.1 Método do picnômetro de boca larga

Também foi determinada a densidade de massa no estado fresco através de

ensaios realizados com o auxílio de um picnômetro de boca larga através do método

experimental baseado em trabalhos realizados por Schankoski (2012). O picnômetro

de boca larga pode ser observado na Figura 12.

Figura 12 - Picnômetro de boca larga preenchida com argamassa e solução

A vidraria – mostrada na Figura 12 – se assemelha à um frasco com uma

abertura superior larga que possui uma tampa com vedação que garante um volume

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

43

constante dentro do fraco – princípio este utilizado em picnômetros comumente

utilizados na a determinação de massa específica de materiais granulares.

No ensaio foi utilizada uma solução de 50% de álcool etílico hidratado com

água destilada para facilitar o desprendimento de bolhas de ar da argamassa quando

agitados. O método consiste em: primeiramente, pesar o picnômetro preenchido

completamente com uma solução de 50% de álcool (PS). Após, é deixada apenas

aproximadamente metade solução dentro do frasco e pesa-se (ma) e uma porção de

argamassa é inserida cuidadosamente - evitando-se que ela se dissolva na solução -

e o frasco é pesado novamente (mb) como mostrado na Figura 12. Por fim, é

completado o volume do picnômetro com a mesma solução de álcool sem que

ocorram perturbações na amostra e pesa-se o conjunto novamente (PSA1). O cálculo

da densidade de massa pode ser obtido através da Equação 1 e da Equação 2.

𝑚𝑚 = 𝑚𝑚𝑏𝑏 −𝑚𝑚𝑎𝑎 (Equação 1)

Onde:

𝑚𝑚 = Massa de argamassa ensaiada (g)

𝑚𝑚𝑏𝑏 = Picnômetro com metade da solução e argamassa (g)

𝑚𝑚𝑎𝑎 = Picnômetro com metade da solução (g)

𝛾𝛾𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 =𝑚𝑚

PS − (PSA1 − m) (Equação 2)

Onde:

𝛾𝛾𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = Massa específica fresca da argamassa obtida pelo método do

picnômetro (g/cm³)

PS = Picnômetro preenchido completamente pela solução (g)

PSA1 = Picnômetro com solução preenchendo todo o seu volume com

argamassa sem agitação (g)

Para a determinação do teor de ar incorporado foram utilizados procedimentos

semelhantes aos adotados para a determinação da densidade de massa e o ensaio

foi realizado simultaneamente com o anterior.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

44

Os procedimentos do método desenvolvido por Schankoski (2012) dará a

determinação do teor de ar incorporado pode ser melhor visualizado na Figura 13.

Figura 13 - Método do picnômetro para determinação do ar incorporado

FONTE: Schankoski(2012)

Nota-se, na Figura 13 que o método consiste em medidas de massa que

correspondem ao volume de líquido que preenche os vazios (ar incorporado) da

argamassa estabilizada.

Para o ensaio no picnômetro de boca larga, depois de inserida e pesada uma

amostra de argamassa, o frasco foi agitado com o auxílio de um bastão de vidro com

o intuito de desprender bolhas de ar de dentro da massa da argamassa fresca, através

da dissolução da mesma na solução preparada. O vazio deixado pela saída das

bolhas de ar foi preenchido novamente com a solução e o conjunto foi pesado

novamente (PSA2). O desprendimento do ar pode ser observado na Figura 14. O

cálculo do teor de ar incorporado pode ser feito a partir da relação entre a densidade

de massa e da densidade de massa teórica (sem vazios), conforme Equação 2,

Equação 3 e Equação 4.

𝛾𝛾𝑡𝑡,𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 =𝑚𝑚

PS − (PSA2 −𝑚𝑚) (Equação 3)

Onde:

𝛾𝛾𝑡𝑡,𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = Massa específica fresca teórica da argamassa obtida pelo método do

picnômetro (g/cm³)

𝑚𝑚 = Massa de argamassa ensaiada (g)

PS = Picnômetro preenchido completamente pela solução (g)

PSA2 = Picnômetro com solução preenchendo todo o seu volume com

argamassa após agitação (g)

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

45

𝐴𝐴𝐴𝐴 = 1 −𝛾𝛾𝛾𝛾𝑡𝑡

(Equação 4)

Onde:

𝐴𝐴𝐴𝐴 = Teor de ar incorporado (%)

𝛾𝛾 = Massa específica fresca da argamassa (g/cm³)

𝛾𝛾𝑡𝑡 = Massa específica fresca teórica da argamassa (g/cm³)

(a) antes da agitação

(b) após agitação

Figura 14 - Picnômetro preenchido com argamassa e solução de álcool

Nota-se na Figura 14 o desprendimento das bolhas de ar (ar incorporado) da

argamassa após a agitação. O vazio deixado por estas bolhas será preenchido pela

solução e causará a variação nas leituras do frasco.

3.3.2.1 Método do frasco graduado

Também foi realizado o mesmo ensaio com um frasco graduado (proveta), na

qual foi inserida a mesma solução até a metade do frasco que passou a indicar uma

leitura de volume (Li) e uma massa inicial (ma). Após, foi inserida a argamassa

cuidadosamente dentro do frasco, sem que houvesse perturbação ou dissolução da

amostra e foram efetuadas leituras de massa e volume (mb) (Lf1). A densidade de

massa foi calculada de acordo com a Equação 2 e na Equação 5. Este método é

utilizado por alguns fabricantes para o controle destas propriedade.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

46

𝛾𝛾𝑓𝑓𝑓𝑓 =𝑚𝑚

𝐿𝐿𝑓𝑓1 − 𝐿𝐿𝑝𝑝 (Equação 5)

Onde:

𝛾𝛾𝑓𝑓𝑓𝑓 = Massa específica fresca da argamassa obtida pelo método do frasco

graduado (g/cm³)

𝑚𝑚 = Massa de argamassa ensaiada (g)

𝐿𝐿𝑓𝑓1= Leitura do volume após inserir argamassa sem agitação (ml)

𝐿𝐿𝑝𝑝 = Leitura do volume antes de inserir a argamassa (ml)

Já no ensaio realizado com o frasco graduado para a determinação do teor

de ar incorporado, após efetuadas as leituras de massa e volume (mb) (Lf1), o frasco

também foi agitado e realizada uma leitura de volume (Lf2) sem considerar a espuma

gerada pela agitação, como apresentado na Figura 15. Assim, o teor de ar incorporado

foi calculado através da Equação 4 e Equação 6.

𝛾𝛾𝑡𝑡,𝑓𝑓𝑓𝑓 =𝑚𝑚

𝐿𝐿𝑓𝑓2 − 𝐿𝐿𝑝𝑝

(Equação 6)

Onde:

𝛾𝛾𝑡𝑡,𝑓𝑓𝑓𝑓 = Massa específica fresca teórica da argamassa obtida pelo método do

frasco graduado (g/cm³)

𝑚𝑚 = Massa de argamassa ensaiada (g)

𝐿𝐿𝑓𝑓2= Leitura do volume após inserir argamassa após agitação (ml)

𝐿𝐿𝑝𝑝 = Leitura do volume antes de inserir a argamassa (ml)

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

47

(a) antes da agitação

(b) após agitação

Figura 15 - Frasco graduado preenchido com argamassa e solução de álcool

Como mostrado na Figura 15, o mesmo desprendimento das bolhas ocorre de

forma semelhante ao comportamento visto no picnômetro de boca larga.

3.3.3 Curva de retenção de água

A determinação da retenção de água das argamassas ensaiadas foi obtida

através do Funil de Buchner modificado (Figura 16) com a ajuda de uma bomba de

vácuo, que realiza a filtração do material que é colocado sobre um prato metálico com

um disco de papel-filtro de 200mm de diâmetro, conforme determina a NBR

13277:2005.

Figura 16 - Funil de buchner modificado

Após sucção do papel filtro umedecido durante 30 segundos (mv) foi moldada

a argamassa através de 37 golpes: sendo 16 golpes aplicados uniformemente junto à

borda e 21 golpes aplicados em pontos uniformemente distribuídos na parte central

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

48

da amostra (ma), assegurando o preenchimento uniforme do prato. Para avaliar a

curva de retenção de água, a amostra foi, então, submetida a pesagens intermediárias

- a cada 5 minutos (ms) durante 15 minutos, para avaliar a curva com a variação da

retenção ao longo do tempo – mesmo com a norma brasileira especificando apenas a

realização do ensaio durante 15 minutos ininterruptos. O valor da retenção de água

da argamassa pode ser calculado através da Equação 8.

A determinação do fator água/argamassa fresca (AF) foi realizada através da

secagem de uma amostra retirada antes do ensaio e calculada, conforme a Equação

7, a umidade inicial da argamassa em relação à massa anidra.

AF =𝑚𝑚𝑤𝑤

m + 𝑚𝑚𝑤𝑤

(Equação 7)

Onde:

AF = Fator água/argamassa fresca

𝑚𝑚𝑤𝑤 = Massa total de água na mistura (g)

m = Massa anidra após secagem em estufa (g)

𝑅𝑅𝑅𝑅 = �1 −

(𝑚𝑚𝑎𝑎 −𝑚𝑚𝑠𝑠)𝐴𝐴𝐴𝐴(𝑚𝑚𝑎𝑎 −𝑚𝑚𝑣𝑣)

�100 (Equação 8)

Onde:

𝑅𝑅𝑅𝑅 = Retenção de água na argamassa (%)

𝑚𝑚𝑎𝑎 = Massa do conjunto com argamassa (g)

𝑚𝑚𝑠𝑠 = Massa do conjunto após sucção (g)

𝐴𝐴𝐴𝐴 = Fator água/argamassa fresca

𝑚𝑚𝑣𝑣 = Massa do conjunto vazio (g)

3.3.4 Comportamento reológico através do ensaio Squeeze-Flow

A caracterização reológica das argamassas foi realizada através do ensaio

Squeeze-Flow, e sua execução foi baseada no Manual de utilização publicado por

Cardoso, Pileggi e John (2009) e nas prescrições da NBR 15839 (2010).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

49

O ensaio foi realizado em uma prensa universal de ensaios EMIC com uma

célula de carga com capacidade de 2000N e precisão de 0,1N. A geometria de ensaio

adotada foi a de “materiais que apresentam tensão de escoamento suficiente para

manuseio e desmoldagem (preenchendo apenas a superfície da punção não

confinada)” como apontado por Cardoso, Pileggi e John (2005). O ensaio consistiu na

colocação da argamassa no estado fresco, dentro de um anel com 100 mm de

diâmetro interno e 20 mm de altura, colocado sobre uma base de aço inox

devidamente fixada e nivelada com o equipamento. A moldagem foi executada

imediatamente após a mistura sobre a placa inferior totalmente limpa (isenta de

poeira, gordura ou umidade) utilizando o molde (anel de náilon) conforme apresentado

na Figura 17. Com o auxílio de uma espátula foi despejado um volume excessivo de

material dentro do molde e nivelado a superfície para garantir um bom acabamento

superficial, pois a placa superior deve tocar perfeitamente o material.

Figura 17 - Procedimentos de preparação da amostra no squeeze-flow

A amostra foi desmoldada antes da realização do ensaio e foi realizada a

compressão (punção) da argamassa em toda a sua área, como mostra a Figura 18. A

velocidade de deslocamento da punção foi de 0,1 mm/s. O ensaio foi encerrado

quando a capacidade máxima da célula de carga foi atingida ou a amostra alcançasse

uma deformação vertical máxima de 10mm.

Figura 18 - Ensaio de squeeze-flow em andamento

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

50

Também foram realizados os ensaios, com as mesmas configurações do

anterior, porém, foi utilizado um bloco de vedação de concreto como base durante a

realização dos ensaios (Figura 19). Cada um dos ensaios foi realizado ao longo do

tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos). As amostras que tiveram como base o

bloco de concreto foram moldadas sobre os mesmos no mesmo tempo que ocorreu o

primeiro ensaio. Desta forma, o substrato continuou absorvendo a água da argamassa

ao longo de uma hora e a argamassa continuou perdendo água por evaporação para

o ambiente até que o ensaio fosse realizado, conforme Figura 20. Também foi avaliada

a influência do tempo de armazenamento (1 e 2 dias).

Figura 19 - Squeeze-flow com substrato

absorvente

Figura 20 - Amostras aplicadas no substrato

antes do ensaio de squeeze-flow

Com a aplicação da argamassa sobre os blocos, como mostrado na Figura

20, foi cumprida a etapa da observação da perda de água que será detalhada no item

3.3.5.

3.3.5 Determinação da perda de água da argamassa

Em função da determinação da reologia da argamassa com base absorvente,

foi avaliada também da quantidade de água perdida da argamassa após a execução

do ensaio, baseando-se estudos realizados por Barbosa et al (2011).

Antes de a argamassa ser aplicada na base, o bloco de concreto foi secado a

60°C previamente e mantido à temperatura ambiente durante pelo menos 24 horas.

Antes do início do ensaio, foi obtida a massa inicial do bloco de concreto (Mbi). A

argamassa foi aplicada em bases absorventes e o ensaio foi realizado conforme

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

51

previsto ao longo do tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos). Ao término do ensaio

Squeeze-Flow, cada argamassa ensaiada foi removida do bloco e coletada (Figura

21) e ambos (argamassa e bloco) foram pesados. A massa do bloco de concreto

úmido após a retirada da argamassa (Figura 22) foi denominada de massa úmida final

do bloco (Mbf) e à amostra de argamassa coletada do bloco, massa úmida de

argamassa (Mau).

Figura 21 - Argamassa coletada após ensaio

sobre o substrato poroso

Figura 22 - Substrato absorvente após retirada

da argamassa

Novamente, o substrato foi levado à estufa a 60 °C até obter massa constante

junto com a argamassa coletada, sendo assim obtida a massa do bloco seco após

ensaio Squeeze-Flow (Mbs) e a massa de argamassa seca (Mas). Desta forma, foi

possível calcular a massa de água absorvida pelo substrato (Mabs) através da Equação

9 e a quantidade de água perdida pela argamassa ao longo do ensaio (Mperdida) pela

Equação10. Contudo, diferentemente de Barbosa, não foi considerada a massa de

cimento remanescente sobre a superfície o bloco após secagem, apenas foi feita a

correção da umidade do ambiente absorvida pelo bloco. Em conjunto com este ensaio,

foi determinada a umidade da argamassa em cada um dos instantes, inclusive no

instante inicial dos dias de ensaio (dia 1 e dia 2).

𝑀𝑀𝑅𝑅𝑀𝑀𝑀𝑀 = 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 −𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 − (𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 − 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀) (Equação 9)

Onde:

𝑀𝑀𝑅𝑅𝑀𝑀𝑀𝑀 = Massa de água absorvida pelo substrato (g)

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = Massa úmida final do bloco (g)

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = Massa inicial do bloco de concreto (g)

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = Massa do bloco seco após ensaio Squeeze-Flow (g)

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

52

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑅𝑅 =(𝑀𝑀𝑅𝑅𝑀𝑀 −𝑀𝑀𝑅𝑅𝑀𝑀)

𝑉𝑉. 𝛾𝛾.𝐴𝐴𝐴𝐴. 100

(Equação 10)

Onde:

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑅𝑅 = Quantidade de água perdida pela argamassa (%)

𝑉𝑉 = Volume de argamassa utilizada no ensaio (cm³)

𝛾𝛾 = Densidade da argamassa fresca (g/cm³)

AF = Fator água/argamassa fresca

3.3.6 Tempo de início de pega

Para a determinação do tempo de início de pega das argamassas

estabilizadas foram utilizados dois métodos de avaliação: calorimetria e por

penetração. Apesar de apenas o último método ser normatizado, este trabalho utilizou

o método semi-adiabático por calorimetria, pois o ensaio por penetração é facilmente

influenciado em ambientes não controlados (como uma obra) e pela perda de água

por evaporação, enquanto que o ensaio por calorimetria garante um ambiente isolado.

3.3.6.1 Tempo de início de pega por calorimetria

O método utilizado para determinar o calor de hidratação e o tempo de início

de pega das argamassas foi o método semi-adiabático (calorimetria), cujo objetivo é

determinar a variação da temperatura em função do tempo.

O método consistiu na colocação de cabos de compensação tipo "K" 2x24

(0,51mm), com isolação em silicone, dentro da argamassa ainda no estado fresco.

Estes cabos são ligados a um aquisitor de dados da marca Lynx.

As argamassas estabilizadas ensaiadas foram inseridas em um recipiente

cilíndrico de poliestireno expandido (EPS) com 65mm de diâmetro de 95mm de altura,

e seu preenchimento foi realizado em quatro camadas com trinta golpes cada -

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

53

baseando-se nos procedimentos descritos pela NBR 7215. Visando um melhor

isolamento térmico para o material avaliado, este recipiente cilíndrico foi inserido em

uma série de caixas confeccionadas com mesmo material e o vazio deixado pelos dois

foi preenchido com pequenas esferas de poliestireno expandido e lâminas de alumínio

foram envolvidas nas caixas e no recipiente cilíndrico a fim de garantir que fosse

reduzida ao máximo a perda de calor. O fio de termopar era inserido dentro da

argamassa de modo que atingisse exatamente a metade da altura do corpo de prova.

O sistema montado para o ensaio pode ser observado na Figura 23 e na Figura 24.

Figura 23 - Caixa para ensaio de calorimetria

Figura 24 – Isolamento das caixas

Para cada argamassa estudada foram moldados dois corpos de prova. A partir

dos gráficos gerados pelo software foi possível determinar o tempo de início de pega

e a temperatura máxima de hidratação da amostra. Os ensaios foram realizados até

que fosse possível observar que o pico máximo de temperatura já tinha ocorrido. O

tempo de início de pega foi determinado graficamente e analiticamente através das

curvas do calor de hidratação das argamassas em função do tempo.

Segundo Campos (2012) o tempo de início de pega de argamassa pode ser

determinado graficamente através da intersecção de duas retas, uma paralela e outra

tangente a curva de elevação da temperatura, como pode ser melhor observado no

gráfico da Figura 25.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

54

Figura 25 - Determinação do tempo de início de pega pelo método gráfico

Outro método adotado para a verificação do tempo de início de pega foi

através da modelagem matemática da curva obtida. Sabe-se que quando a derivada

de uma função é igual a zero, este é um ponto de máximo ou de mínimo da função.

Desta forma, foi atribuído, ao trecho de interesse da curva, um polinômio de terceiro

grau que descrevesse a variação da temperatura ao longo do tempo. A derivada desta

função foi igualada a zero e encontrou-se a variável tempo (mínimo da função) que

nos informou com precisão o tempo de início de pega, onde a curva teve seu ponto

de inflexão, como pode ser observado no gráfico da Figura 26.

Este método matemático foi adotado, pois, diferentemente de Campos (2012),

as curvas obtidas no ensaio de calorimetria apresentaram inúmeras variações de

temperatura ao longo do tempo, e o traçado de retas paralelas e tangentes passou a

ser pouco preciso.

10

11

12

13

14

15

100 102 104 106 108 110

Tem

pera

tura

(°C)

Tempo (horas)

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

55

Figura 26 - Tempo de início de pega pelo método da derivada

3.3.6.2 Tempo de início de pega por resistência à penetração

A determinação do tempo de início de pega foi realizada através do ensaio

normatizado pela NBR NM 9. Este método foi utilizado apenas nas amostras dosadas

em central, evitando-se confeccionar um grande volume de material para realizar

ensaios pouco conclusivos.

Segundo a NBR NM 9:2003 o tempo de início de pega é definido pelo tempo

decorrido após o contato inicial do cimento com a água de amassamento, necessário

para uma argamassa atingir a resistência à penetração igual a 3,4 MPa. E o tempo de

fim de pega é definido pelo tempo necessário, a partir do contato inicial do cimento

com a água de amassamento, para uma argamassa atingir a resistência à penetração

igual a 27,6 MPa.

As formas utilizadas para o ensaio foram confeccionadas em madeira

compensada plastificada e envolvida por um filme plástico do tipo Strech (Figura 27)

com a finalidade de impedir a absorção de água da argamassa pela madeira.

y = 0,0047x3 - 1,3984x2 + 139,62x - 4617,3R² = 0,9889

10

11

12

13

14

15

100 102 104 106 108 110

Tem

pera

tura

(°C)

Tempo (horas)

f(x)

f`(x)=0

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

56

Figura 27 - Formas para o ensaio de

penetração

Figura 28 - Corpos de prova após ensaios

O ensaio foi realizado através da penetração de um dispositivo de reação

(Figura 30) em um recipiente indeformável com medidas internas superiores a 150mm

e foi efetuada a leitura da força necessária para inserir 25 mm da ponta metálica do

aparelho (de área variável) dentro da massa da argamassa - Figura 29. Assim, tornou-

se possível o cálculo da tensão de penetração ao longo do tempo, utilizando pontas

que permitissem leituras com a maior precisão possível para que gerassem leituras

de força o mais próximo de 250N (resultando em tensões próximas às indicadas como

início de pega pela NBR).

(a) Ponta metálica da agulha

(b) escala de força

Figura 29 - Partes do penetrômetro

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

57

Figura 30 - Execução do ensaio de penetração

3.4 PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO

No estado endurecido foram realizados ensaios de resistência à compressão,

resistência à tração na flexão, módulo de elasticidade dinâmico, módulo de

elasticidade estático e resistência de aderência à tração.

3.4.1 Resistência à tração na flexão e compressão

Foram moldados corpos de prova prismáticos (40x40x160mm) com duas

camadas e 30 quedas na mesa de adensamento de acordo com a NBR 13279:2005 -

Figura 31.

Da mesma forma que foi feita para alguns ensaios na argamassa no estado

fresco, durante a moldagem dos corpos de prova também foi simulada a absorção do

substrato. O molde prismático foi colocado sobre um bloco de concreto com um filtro

previamente umedecido em sua superfície e todo o conjunto foi fixado na mesa de

adensamento, que realizou as quedas como previsto em norma. O sistema montado

simulando a absorção durante a moldagem pode ser observada na Figura 32.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

58

Figura 31 - Mesa de adensamento usada

convencionalmente

Figura 32- Mesa de adensamento adaptada

para ter como base um substrato

As amostras foram desmoldadas após 7 dias, garantindo que a argamassa já

possuísse uma resistência suficiente para ser manuseada. A cura dos corpos de prova

foi seca ao ar. Foram feitos rompimentos à flexão para verificação da resistência à

tração da argamassa, e ensaios de resistência à compressão nas duas extremidades

após o primeiro ensaio - Figura 33 e Figura 34. O ensaio de resistência à flexão foi

executado com um incremento força de (50 ± 10) N/s e os de resistência à compressão

com incremento de (50±50) N/s.

Figura 33 - Ensaio de tração na flexão

Figura 34 - Ensaio de compressão

3.4.2 Resistência de aderência à tração

A determinação da resistência de aderência à tração - propriedade da

argamassa de resistir às tensões atuantes na interface com o substrato – foi realizada

conforme procedimento prescrito pela NBR 15258:2005.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

59

Os substratos para a aplicação da argamassa utilizados foram blocos de

concreto de vedação nas medidas de (9x19x39cm).

A aplicação da argamassa no substrato foi realizada por queda da argamassa

a uma altura de 47cm de altura - padronizando a energia de aplicação do material,

totalizando uma camada de (18 ± 2) mm, sobre a superfície lisa e nivelada dos blocos

com a ajuda de um gabarito de material não absorvente como pode ser observado na

Figura 35.

Figura 35 - Aplicação da argamassa para o ensaio de aderência

Sobre a superfície do substrato foi efetuado um corte que ultrapassasse o

substrato e realizada a colagem da pastilha com resina epóxi. A extração consistiu no

arrancamento de corpos de prova com diâmetro interno de 50mm à uma taxa de (250

± 50) N/s até a ruptura, conforme recomendações da NBR 15258:2005. O ensaio foi

realizado em 20 pontos para uma mesma amostra.

Figura 36 - Ensaio de arrancamento

Figura 37 - Pastilha metálica após ensaio

Após o ensaio, além da carga necessária para que ocorresse a ruptura da

argamassa ou interface, foram também registradas as rupturas (Figura 37), seguindo

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

60

as possíveis formas de ruptura da alvenaria já apresentadas na Figura 7 conforme

prescrito em norma.

3.4.3 Densidade de massa aparente no estado endurecido

A densidade de massa aparente no estado endurecido foi obtida através do

ensaio prescrito pela NBR 13280:2005, através de pesagem e medição das

dimensões dos corpos de prova.

3.4.4 Módulo de elasticidade dinâmico

O módulo de elasticidade dinâmico das argamassas foi obtido de acordo com

a norma NBR 15630:2008 com o auxílio de um aparelho de ultrassom da marca

PUNDIT -

. Além dos ensaios realizados nos corpos de prova prismáticos, foram

moldados dois corpos de prova cilíndricos por lote para cada um dos dias de

armazenagem no tamanho 10x20cm para a obtenção do módulo de elasticidade

estático, que pôde ser utilizado para ensaios dinâmicos também. Desta forma foi

possível comparar os resultados obtidos em corpos de prova de diferentes dimensões.

Figura 38 - Aparelho de ultrassom utilizado

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

61

Foi analisado o tempo que a onda ultrassônica leva para sair do transmissor

e chegar até o receptor. Nas extremidades da argamassa foi aplicado gel de ultrassom

para garantir que não permaneçam vazios entre os transdutores do aparelho e a

superfície da argamassa. Para o cálculo do módulo de elasticidade dinâmico da

argamassa, foi utilizada a (Equação 11.

𝐸𝐸 = 𝑣𝑣² .𝜌𝜌 .

(1 + 𝜇𝜇). (1 − 2. 𝜇𝜇)1 − 𝜇𝜇

(Equação 11)

Onde:

𝐸𝐸= módulo de elasticidade dinânico (MPa)

𝑣𝑣 = velocidade de propagação da onda ultrassônica (km/s)

𝜌𝜌 = densidade de massa aperente (kg/m³)

𝜇𝜇= coeficiente de Poisson (adotado como 0,24)

3.4.1 Módulo de elasticidade estático

O módulo de elasticidade estático foi obtido durante um ensaio de

compressão de corpos de prova 10x20 cm para cada um dos dias de armazenagem

de cada lote, e a deformação do material foi obtida através da deformação registrada

por dois relógios comparadores acoplados nas laterais do corpo de prova, como

apresentado na Figura 39. Foi realizado também um capeamento com gesso nas

superfícies do corpo de prova apenas para regularizar a superfície. Este capeamento

não altera os resultados uma vez que as leituras da deformação do corpo de prova

estão sendo obtidas apenas entre os anéis metálicos.

4 O Coeficiente de Poisson, segundo CARNEIRO (1999), em argamassas, varia de 0,10 a 0,20, sendo tanto menor quanto menor for a capacidade de deformação da argamassa. Foi adotado o valor de 0,20 conforme descrito na norma brasileira.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

62

Figura 39 - Ensaio de módulo de elasticidade estático

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

63

4. RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados obtidos nos diferentes ensaios

realizados na argamassa estabilizada coletada em obra no seu estado fresco e

endurecido. A partir dos ensaios realizados será possível avaliar a real estabilidade

das argamassas, verificando se a argamassa mantém suas características e obter

suas propriedades.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO

Os resultados dos ensaios realizados no agregado miúdo obtido das amostras

de argamassas coletadas são apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 - Caracterização dos agregados

LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 Módulo de finura 1,52 1,13 1,32

Massa específica (g/cm³) 2,65 2,66 2,67 FONTE: Autoria própria

A partir dos dados da Tabela 9 foi possível observar que apesar dos lotes

apresentarem uma massa específica similar, ocorreu uma considerável variação no

módulo de finura dos agregados. Esta variação possivelmente causaria alterações em

algumas propriedades da argamassa, principalmente do ponto de vista do seu

comportamento reológico.

Por sua vez, a curva granulométrica obtida após o peneiramento dos

agregados restantes do lavamento das argamassas pode ser observada no gráfico da

Figura 40.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

64

Figura 40 - Distribuição granulométrica para os três lotes analisados

A variação no módulo de finura dos agregados fica mais evidente ao

analisarmos a distribuição granulométrica dos agregados apresentada no gráfico da

Figura 40. Nota-se que ocorre uma variação da porcentagem retida acumulada na

fração de tamanho de 0,15mm – fração fina – que tem um grande impacto no

comportamento reológico e na retenção de água da argamassa por aumentar a área

superficial específica da fração do material seco.

Esta variação também é esperada, uma vez que o fornecedor da argamassa

utiliza em fábrica uma mistura de areia artificial proveniente de britagem e areia

natural. Possivelmente não exista um controle dos finos da areia artificial, ocasionando

esta variação nos resultados. Vale destacar que o ensaio não pode ter sido afetado

pela formação de grumos uma vez que a argamassa se encontrava no estado fresco

quando lavada, mas que as partículas inferiores a 0,075 mm que não foram analisadas

também exercerem influência sobre o comportamento da argamassa.

Dificilmente esta variação poderia estar atrelada ao processo de lavagem,

uma vez que todas as areias foram rigorosamente submetidas ao mesmo processo e

se encontravam sem formação de grumos e não apresentavam sinais de

endurecimento.

0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0

100,04,802,401,20,600,300,15Fundo

Porc

enta

gem

retid

a Ac

umul

ada

(%)

Abertura da peneira (mm)

Curva granulométrica

LOTE 1

LOTE 2

LOTE 3

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

65

4.2 PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO

A seguir serão apresentados os resultados obtidos das propriedades no

estado fresco nos lotes coletados de argamassas estabilizadas.

4.2.1 Índice de consistência (Flow Table)

A Tabela 10 apresenta o índice de consistência para o primeiro tempo de

utilização (0 minuto) para os três lotes analisados nos dois dias de armazenagem (dia

1 e dia 2).

Tabela 10 - Valores de índice de consistência (valores em mm)

Dia 1 Dia 2 Lote 1 242,8 235,8 Lote 2 221,5 234,0 Lote 3 278,5 246,5

O ensaio do índice de consistência não se mostrou o mais sensível para

avaliar a trabalhabilidade de argamassas aditivadas, contudo o ensaio Flow Table é

usualmente utilizado para avaliar esta propriedade em argamassas. Ainda assim, o

ensaio foi fundamental para verificar a homogeneidade dos lotes em termos de

consistência. Pode-se observar na Tabela 10 que houve uma perda de consistência

ao longo do tempo de armazenamento nos instantes iniciais de ensaio (0 minuto), com

exceção do lote 2 que apresentou um aumento de 5,64%. Este comportamento do

índice de consistência provavelmente não influenciou significativamente na

trabalhabilidade da argamassa em obra, de um dia para o outro de utilização.

Já o gráfico da Figura 41 apresenta a variação do índice de consistência ao

longo do tempo para os dois dias de armazenamento da argamassa nos diferentes

tempos de utilização.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

66

Figura 41 - Curva de consistência

Já quando são analisados todos os valores de índices de consistência das

argamassas estudadas (Figura 41), no tempo de utilização, não é possível concluir

sobre o comportamento da argamassa em relação à consistência ao longo do tempo

de utilização. De forma geral, nota-se que a argamassa tem sua consistência reduzida

ao longo do tempo. Contudo, este comportamento não foi observado em alguns lotes

(Lote 1 no dia 2 e no Lote 2 no dia 1), possivelmente pela dificuldade deste ensaio em

caracterizar tal propriedade de forma precisa ou não obter sensibilidade no ensaio.

Ainda assim, é possível afirmar que os lotes analisados possuem

comportamentos distintos entre si, mais uma vez confirmando a falta de

homogeneidade dos lotes que deveriam ser o mesmo produto.

4.2.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado

A partir dos ensaios de densidade realizados pelas três diferentes

metodologias: método gravimétrico, do picnômetro e do frasco graduado foi possível

avaliar a variação da densidade de massa das argamassas ao longo do tempo de

210,0

220,0

230,0

240,0

250,0

260,0

270,0

280,0

0 15 30 60

Aber

tura

(mm

)

Tempo (minutos)

Lote 1 - Dia 1 Lote 2 - Dia 1 Lote 3 - Dia 1

Lote 1 - Dia 2 Lote 2 - Dia 2 Lote 3 - Dia 2

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

67

utilização e do tempo de armazenagem através dos gráficos da Figura 42, da Figura

43 e da Figura 44.

Figura 42 - Densidade de massa pelo método gravimétrico

Figura 43 - Densidade de massa pelo método do picnômetro

1,51,61,71,81,9

22,12,22,32,42,5

0 15 30 60

Dens

idad

e (g

/cm

³)

Tempo de utilização (minutos)

Densidade (Método gravimétrico)

Lote 1 - Dia 1 Lote 2 - Dia 1 Lote 3 - Dia 1

Lote 1 - Dia 2 Lote 2 - Dia 2 Lote 3 - Dia 2

1,5

1,7

1,9

2,1

2,3

2,5

0 15 30 60

Dens

idad

e (g

/cm

³)

Tempo de utilização (minutos)

Densidade (Método picnômetro)

Lote 1 - Dia 1 Lote 1 - Dia 2 Lote 2 - Dia 1

Lote 2 - Dia 2 Lote 3 - Dia 1 Lote 3 - Dia 2

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

68

Figura 44 - Densidade de massa pelo método do frasco graduado

Pelo método do gravimétrico, foi baixa a variação da densidade de massa das

argamassas – com média de 1,83g/cm³, mas é notável que o lote 1 se mostrou mais

denso que os demais, como apresentado na Figura 42. Destaca-se, mais uma vez,

que este o método normatizado pela NBR NM 13 e ele se mostrou extremamente

consistente para a avaliação da argamassa, pois apresentou pouca variação, como

esperado.

Por sua vez, o método do picnômetro, mostrado na Figura 43, já apresenta

um aumento gradual na densidade de massa das argamassas ao longo do tempo de

utilização nos dois dias de armazenagem. Os valores variaram de 1,75g/cm³ a

2,25g/cm³. Desta vez não houve um lote específico que tenha se mostrado mais denso

ou com algum comportamento em particular.

Por fim, o método do frasco graduado se mostrou ineficiente para a avaliação

da densidade de massa das argamassas uma vez que seus resultados não se

mostraram coerentes e apresentam uma alta variação de valores. Pode-se atribuir

este comportamento ao fato de as medidas do método são obtidas através de análise

visual de deslocamento de volumes que acaba embutindo nos resultados uma alta

imprecisão como pode ser observado na Figura 44.

Os resultados para o teor de ar incorporado nos três lotes de argamassas para

o método do picnômetro e do frasco graduado são apresentados nos gráficos da

Figura 45 e da Figura 46, respectivamente.

1,5

1,7

1,9

2,1

2,3

2,5

0 15 30 60

Dens

idad

e (g

/cm

³)

Tempo de utilização (minutos)

Densidade (Método frasco graduado)

Lote 1 - Dia 1 Lote 1 - Dia 2 Lote 2 - Dia 1

Lote 2 - Dia 2 Lote 3 - Dia 1 Lote 3 - Dia 2

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

69

Figura 45 - Teor de ar incorporado pelo método do picnômetro

Figura 46 - Teor de ar incorporado pelo método do frasco graduado

Os resultados do teor de ar incorporado pelo método do picnômetro

apresentados na Figura 45 apresentam comportamentos levemente divergentes para

as argamassas estudadas, mas se mostraram estáveis. E pode-se notar que existe

uma variação razoável nos resultados que apresentaram uma média de 13% no teor

de ar incorporado. Destaca-se ainda que, em alguns casos, se for levado em

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

0 15 30 60

Teor

de

ar in

corp

orad

o (%

)

Tempo de utilização (minutos)

Ar incorporado (Método do picnômetro)

Lote 1 - Dia 1 Lote 1 - Dia 2 Lote 2 - Dia 1

Lote 2 - Dia 2 Lote 3 - Dia 1 Lote 3 - Dia 2

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

0 15 30 60

Teor

de

ar in

corp

orad

o (%

)

Tempo de utilização (minutos)

Ar incorporado (Método frasco graduado)

Lote 1 - Dia 1 Lote 1 - Dia 2 Lote 2 - Dia 1

Lote 2 - Dia 2 Lote 3 - Dia 1 Lote 3 - Dia 2

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

70

consideração os erros inerentes ao ensaio as variações podem ser desprezadas e as

leituras poderiam ser consideradas constantes.

Já o teor de ar incorporado obtido através do método do frasco graduado, da

mesma forma que se mostrou inconsistente para os resultados de densidade de

massa, também se comportou desta forma durante o ensaio do teor de ar incorporado.

Acredita-se que, da mesma forma, os valores estão vinculados à imprecisão de

leituras.

Com os resultados apresentados pode-se considerar que os resultados mais

precisos para a densidade de massa no estado fresco das argamassas estabilizadas

foram os resultados obtidos através do método gravimétrico. Enquanto que para o teor

de ar incorporado foi o método do picnômetro, mesmo com grande variação em seus

resultados.

Em uma tentativa de correlação entre os dados, elaborou-se a Tabela 11 com

os resultados considerados mais confiáveis, conforme descrito anteriormente.

Tabela 11 - Densidade de massa e teor de ar incorporado para as argamassas estudadas

LOTE DIA TEMPO (min)

DENSIDADE GRAVIMÉTRICO

(g/cm³) MÉDIA

TEOR DE AR INCORPORADO

PELO PICNÔMETRO MÉDIA

Lote 1

Dia 1

0 1,87

1,86

11,52%

10,57% 15 1,86 10,80% 30 1,86 10,31% 60 1,86 9,65%

Dia 2

0 1,90

1,91

11,37%

9,32% 15 1,89 - 30 1,93 10,63% 60 1,94 9,69%

Lote 2

Dia 1

0 1,79

1,78

11,13%

15,06% 15 1,77 15,51% 30 1,79 15,81% 60 1,78 17,78%

Dia 2

0 1,80

1,82

11,56%

12,47% 15 1,82 11,40% 30 1,82 14,30% 60 1,82 12,62%

Lote 3

Dia 1

0 -

1,80

13,58%

13,46% 15 1,83 14,83% 30 1,85 12,83% 60 1,81 12,62%

Dia 2

0 1,82

1,81

16,00%

13,96% 15 1,80 15,65% 30 1,80 13,87% 60 1,80 10,32%

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

71

Nota-se na Tabela 11 que os valores de densidade de massa obtidos foram

semelhantes ao longo do tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos) considerando o

mesmo lote e dia de armazenamento. Observou-se também que os valores de

densidade de massa em média apresentaram um pequeno aumento em relação ao

tempo de armazenamento (dia 1 para o dia 2), com exceção do lote 3, que se manteve

constante.

Em relação ao teor de ar incorporado, em média, também houve uma pequena

diminuição em relação ao tempo de armazenamento, com exceção do lote 3 que

apresentou um aumento na média dos resultados. Os valores de teor de ar

incorporado foram semelhantes ao longo do tempo de utilização, com uma pequena

diminuição para os lotes 1 e 3 e com comportamento inverso para o lote 2. Em média,

o teor de ar incorporado obtido, considerando todos os lotes, foi de 12,47%.

De forma geral, com os resultados apresentados na Tabela 11, pode-se

afirmar que existe uma grande variação de resultados entre os lotes analisados. Com

relação à sua estabilidade, apenas o lote 2 se mostrou instável, pois a argamassa teve

alterações em suas propriedades do dia 1 para o dia 2.

A Figura 47 apresenta a correlação entre a média dos valores obtidos para

densidade e teor de ar incorporado em todos os métodos de ensaio das argamassas

estudadas.

Figura 47 - Correlação entre densidade e teor de ar incorporado nas argamassas

Nota-se, no gráfico da Figura 47, que existe uma tendência, ainda que fraca,

do aumento da densidade da argamassa com a redução do teor de ar incorporado.

y = -0,3408x + 0,7488R² = 0,3971

0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%20,00%

1,70 1,75 1,80 1,85 1,90 1,95

Teor

de

Ar in

corp

orad

o (%

)

Densidade (g/cm³)

Densidade x Ar incorporado

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

72

Este comportamento pode ser explicado pelo aumento da massa para uma mesma

porção de volume quando a argamassa está no estado fresco.

4.2.3 Curva de retenção de água

Nos gráficos da Figura 48 são apresentadas as curvas de retenção de água

ao longo do tempo utilizando as indicações prescritas pela NBR 13277:2005.

(a) Primeiro dia de armazenamento

(b) Segundo dia de armazenamento

Figura 48 - Curvas de retenção de água

Pode-se observar na Figura 48 que os valores de retenção de água não foram

muito influenciados pelo tempo de armazenamento. No entanto, observou-se

diferentes valores entre os lotes, sendo o maior valor obtido para o lote 1. Destaca-se

que o lote 3 (no primeiro e segundo dia) e o lote 2 (no segundo dia) apresentaram

valores inferiores a 79% para os 15 minutos de ensaio. Esse resultado é inferior ao

limite estabelecido pela norma NBR 13281:2005 que estabelece o valor de 80% como

limite.

Do ponto de vista da estabilidade, observa-se na Figura 48 que os lotes de

um dia para o outro se mantiveram com comportamento semelhante, apesar de entre

si mostrarem ser produtos com propriedades diferentes. Os dados indicam que o

produto não mantém as características controladas e a estabilidade dessas

argamassas, isto é, que pode mudar com o tempo.

70%

75%

80%

85%

90%

95%

100%

0 5 10 15

Rete

nção

de

água

(%)

Tempo (minutos)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

70%

75%

80%

85%

90%

95%

100%

0 5 10 15

Rete

nção

de

água

(%)

Tempo (minutos)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

73

4.2.4 Tempo de início de pega

O gráfico da Figura 49 apresenta uma curva característica dos resultados

encontrados para o ensaio de penetração em um dos lotes (lote 2) analisados no

primeiro dia de armazenagem. Sendo que os dados de todos os lotes apresentaram

o mesmo ganho de resistência à penetração ao longo do tempo.

Figura 49 - Curva de resistência à penetração

Nota-se no gráfico da Figura 49 que as variações nas leituras de resistência

tendem a crescer conforme o tempo de ensaio aumenta uma vez que as reações de

hidratação do cimento iniciam, tornando a argamassa mais resistente ao longo do

tempo.

Por sua vez, o gráfico da Figura 50 apresenta os valores obtidos para o tempo

de início de pega através de calorimetria e agulha de penetração para os lotes 1, 2 e

3 apenas no primeiro dia de armazenagem.

y = 0,0000x11,2672

R² = 0,9869

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

100,00 105,00 110,00 115,00 120,00 125,00 130,00 135,00 140,00

Resi

stên

cia

à pe

netr

ação

(MPa

)

Tempo (horas)

Início de pega - PenetrômetroLote 2

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

74

Figura 50 - Tempo de início de pega para as argamassas estudadas

Para o lote 3 não foi possível determinar o tempo de início de pega pelo

segundo método, pois a resistência à penetração na primeira leitura foi superior

àquela especificada pela norma NBR NM 9:2003.

Com relação aos ensaios de tempo de início de pega, observa-se na Figura

50 que para ambos os métodos foram obtidos valores superiores ao tempo de

utilização da argamassa informado pelo fabricante (48 horas), acima de 90 horas. Em

relação aos métodos, houve uma pequena diferença entre os valores obtidos. Este

comportamento foi diferente do obtidos por Campos (2012) que verificou valores de

tempo de início de pega pelo penetrômetro inferiores aqueles obtidos pelo calorímetro,

apesar de seguida a mesma metodologia. Acredita-se que variações na umidade e na

temperatura ambiente sejam capazes de ocasionar este tipo de variação nos ensaios

pelo método de penetração.

4.2.5 Comportamento reológico através do ensaio Squeeze-Flow

Os ensaios reológicos foram executados em quatro diferentes situações para

cada um dos lotes: (a) Dia 1 - sem sucção, (b) Dia 1 - com sucção, (c) Dia 2 - sem

sucção e (d) Dia 2 - com sucção. A Figura 51 apresenta as características reológicas

da carga versus deslocamento para o lote 1.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Tem

po d

e in

ício

de

pega

(hor

as)

Penetrômetro Calorimetria

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

75

(a) Dia 1 - sem sucção

(b) Dia 1 - com sucção

(c) Dia 2 - sem sucção

(d) Dia 2 - com sucção

Figura 51 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 1

Na Figura 51a e na Figura 51c observa-se que, em relação ao tempo de

armazenamento (dia 1 e dia 2), para um mesmo deslocamento (por exemplo, de

6mm), houve um aumento de carga (5 vezes maior) para o tempo de utilização de 0

minutos, ou seja, um aumento da consistência da argamassa. Esse aumento de

consistência também foi observado para este lote com a diminuição do índice de

consistência (Tabela 10). Quando a argamassa foi submetida à absorção de água

pelo substrato poroso também houve uma perda de consistência, se comparada com

a argamassa sem absorção de água para os tempos de armazenamento (dia1 e dia

2), como apresentado na Figura 51b e na Figura 51d, demonstrando claramente a

influência da perda de água da argamassa para o substrato na sua consistência.

A perda de consistência foi maior ainda quando é analisada a influência do

tempo de utilização, isto é, com 15, 30 e 60 minutos. Uma vez que quanto maior o

tempo de utilização, maior a carga aplicada para gerar um mesmo deslocamento. Por

ocorrer essa grande perda de consistência da argamassa é possível realizar a etapa

de desempeno deste revestimento. Cabe salientar que analisando a argamassa sem

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

76

a absorção de água pelo substrato, a mesma continua trabalhável por até 48 horas

(dia 2), como é comercializada pelo fabricante.

O gráfico da Figura 52 apresenta a curva obtida durante o ensaio Squeeze-

Flow para o lote 2.

(a) Dia 1 - sem sucção

(b) Dia 1 - com sucção

(c) Dia 2 - sem sucção

(d) Dia 2 - com sucção

Figura 52 - Ensaio Squeeze-Flow No Lote 2

Observa-se na Figura 52 um comportamento semelhante ao lote 1, isto é, uma

perda de consistência ao longo do tempo de armazenamento (dia 1 e dia 2) e com a

absorção de água pelo substrato. Porém não foi observada a relação entre tempo de

utilização (0, 15, 30 e 60 minutos) e a perda de consistência da argamassa. E também

foi observada uma influência da absorção de água pelo substrato nas cargas para

obter um mesmo deslocamento. O gráfico da Figura 53 apresenta os resultados dos

ensaios reológicos para o lote 3.

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

77

(a) Dia 1 - sem sucção

(b) Dia 1 - com sucção

(c) Dia 2 - sem sucção

(d) Dia 2 - com sucção

Figura 53 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 3

Para o lote 3 foi observado um comportamento reológico semelhante ao

verificado nos dois primeiros lotes, isto é, foi verificada a influência do tempo de

armazenagem (dia 1 para dia 2) e do substrato nas cargas obtidas para um mesmo

deslocamento (Figura 53).

Para comparar os três lotes estudados foram analisados os valores de cargas

obtidas para um mesmo deslocamento de 6mm - apresentados na Tabela 12.

Tabela 12 - Cargas (em Newtons) necessárias para deslocamento de 6mm no Squeeze-Flow.

LOTE DIA SUCÇÃO 0 minuto 15 minutos 30 minutos 60 minutos

Lote 1 Dia 1 Sem 100 200 200 600

Com 200 400 500 1000

Dia 2 Sem 500 600 1300 - Com 1100 1700 1300 -

Lote 2 Dia 1 Sem 100 100 100 100

Com 700 200 600 -

Dia 2 Sem 200 200 200 200 Com 1000 1000 1900 1500

Lote 3 Dia 1 Sem 100 100 100 100

Com 300 700 800 700

Dia 2 Sem 100 100 100 100 Com 600 1200 1700 -

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

78

Pode-se observar na Tabela 12 que existe uma variação entre os valores

obtidos, demonstrando uma heterogeneidade das argamassas - principalmente na

consistência da argamassa observada do lote 1 para os lotes 2 e 3.

A partir dos resultados obtidos, pode-se afirmar que o ensaio de reologia por

Squeeze Flow foi mais sensível a variação da trabalhabilidade ao longo do tempo de

utilização que o ensaio do índice de consistência pelo Flow Table. Desta forma, este

ensaio poderia ser recomendado para avaliar argamassas estabilizadas com

propriedades semelhantes as deste estudo.

4.2.6 Determinação da perda de água da argamassa

A perda de água da argamassa pode ser observada para os lotes 1, 2 e 3 nos

gráficos apresentados na Figura 54, Figura 55 e Figura 56 respectivamente.

Figura 54 - Absorção do substrato - Lote 1

Após análise do gráfico da Figura 54, nota-se que o bloco de concreto tendeu

a absorver água da argamassa ao longo de todo o tempo em que permaneceu em

contato com a argamassa, uma absorção próxima de 36% da água da argamassa em

uma hora de contato no segundo dia. Observa-se uma variação na absorção de água

no dia 1 para os tempos de 15 e 30 minutos. Esta variação pode ser explicada pela

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0 10 20 30 40 50 60

Água

abs

orvi

da (g

)

Abso

rção

de

água

(%)

Tempo (min)

Perda de água da argamassaLote 1

DIA 1

DIA 2

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

79

utilização de diferentes blocos de concreto para cada um dos tempos, estando o

ensaio sujeito a variações causadas pela heterogeneidade da superfície absorvente

dos substratos utilizados.

Já no segundo dia, a perda de agua foi inferior ao primeiro dia. Este

comportamento pode ser explicado pelo fato da argamassa já ter uma quantidade de

água menor, nota-se ainda que trabalhabilidade se reduziu de acordo com os

resultados dos ensaios do comportamento reológico mostrados na Figura 51.

Destaca-se ainda que no tempo de com zero minuto, de um dia para o outro, a

umidade inicial da argamassa diminuiu de 24% para 10% (de agua disponível). Esta

perda de água da argamassa é importante para que ocorra o fenômeno da ancoragem

da argamassa no substrato, porém uma absorção excessiva pode causar retração em

algumas argamassas.

Figura 55 - Absorção do substrato - Lote 2

Para o lote 2, apresentado pelo gráfico da Figura 55, percebe-se que o

comportamento da argamassa permaneceu semelhante ao lote 1. Infelizmente, no

primeiro dia de armazenagem ocorreram problemas de execução no ensaio e não foi

possível obter os dados. Porém, verifica-se que a absorção de água com 0 minutos

(10%) foi igual ao obtido para o lote 1 no segundo dia.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0 10 20 30 40 50 60

Água

abs

orvi

da (g

)

Abso

rção

de

água

(%)

Tempo (min)

Perda de água da argamassaLote 2

DIA 2

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

80

Figura 56 - Absorção do substrato - Lote 3

Já no lote 3, apresentado pelo gráfico da Figura 56, manteve-se valores

parecidos de absorção de água observada nos outros lotes. Novamente para o

segundo dia a quantidade de água inicial (0 minutos) foi inferior do que para o primeiro

dia. No entanto, neste lote após 30 minutos os valores foram semelhantes para os

dois dias.

Esta perda de água da argamassa após o seu contato com o substrato pode

explicar os valores obtidos de diminuição no índice de consistência das argamassas

e o aumento das cargas nos ensaios de Squeeze-Flow.

4.2.7 Considerações sobre comportamento das argamassas no estado fresco

A partir dos resultados obtidos nos ensaios realizados nos três lotes de

argamassa estabilizada no estado fresco fica clara a falta de homogeneidade e de

estabilidade entre os lotes.

Nota-se uma grande variação nos resultados de um dia para o outro (dia 1 e

dia 2) e ao longo do tempo de utilização (0, 15, 30 e 60min) - falta de estabilidade.

Este comportamento ocorre, pois mesmo com a inibição da hidratação do cimento a

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

0 10 20 30 40 50 60

Água

abs

orvi

da (g

)

Abso

rção

de

água

(%)

Tempo (min)

Perda de água da argamassaLote 3

DIA 1

DIA 2

Série4

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

81

argamassa sofre diversas alterações. Esta variação em suas propriedades,

principalmente na trabalhabilidade, pode se tornar fonte de manifestações patológicas

e erros de execução, pois o operário precisa se adaptar ao produto ao longo do tempo.

Outro aspecto de extrema importância é a falta de homogeneidade entre os

lotes, pois os três lotes coletados são de produtos comercializados como iguais. E

claramente as propriedades no estado fresco dos três lotes possuem características

diferentes.

Observa-se a partir dos resultados a grande influência que a perda de água

tanto por evaporação (tempo de utilização) como pela absorção do substrato (quando

avaliado) nas propriedades no estado fresco da argamassa.

4.3 PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO

A seguir serão apresentados os resultados obtidos das propriedades no

estado endurecido nos lotes coletados de argamassas estabilizadas.

4.3.1 Resistência à compressão e de tração na flexão

Os valores de resistência à tração na flexão e compressão dos corpos de

prova submetidos ou não à sucção do substrato são apresentados no gráfico da Figura

57.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

82

Figura 57 - Resistências à tração na flexão e resistência à compressão

Pode-se observar na Figura 57 que os valores de resistência à compressão e

tração foram superiores para o lote 1 em relação aos outros lotes (aproximadamente

de 7,5 MPa e 3,0 MPa respectivamente). Além disso, os valores de resistência (na

grande maioria dos casos) foram maiores para os corpos de prova sem sucção do que

para os corpos de prova com sucção em todos os lotes. Os valores de resistência à

tração na flexão foram em média de 41% da resistência à compressão.

O gráfico da Figura 58 apresenta uma correlação entre os ensaios de

resistência à compressão nos corpos de prova que não foram submetidos à sucção e

o teor de ar incorporado dos mesmos exemplares.

Figura 58 - Resistência à compressão x Ar incorporado

R² = 0,6869

0123456789

8% 9% 10% 11% 12% 13% 14% 15% 16%

Resi

stên

cia

à co

mpr

essã

o (M

Pa)

Teor de ar incorporado (%)

Resistência à compressão x Ar incorporado

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

83

Nota-se - no gráfico da Figura 58 - uma tendência de diminuição da resistência

à medida que o teor de ar incorporado nas argamassas aumenta. Este resultado é

esperado uma vez que os vazios na argamassa não serão capazes de transmitir

cargas, afetando, assim, sua resistência. Recomenda-se mais ensaios para avaliar

este comportamento.

4.3.2 Resistência de aderência à tração

O gráfico da Figura 59 apresenta os valores obtidos de resistência de

aderência à tração através do ensaio de arrancamento nos blocos de concreto

revestidos com a argamassa estabilizada.

Figura 59 - Resistência de aderência à tração para as argamassas estudadas

Nota-se na Figura 59 que somente para o lote 1 houve uma diferença nos

valores de resistência de aderência à tração em relação ao tempo de armazenagem

(1 e 2 dias). Contudo, para os demais lotes não foi verificado essa diferença, uma vez

que os resultados foram semelhantes em relação ao tempo de armazenamento.

Observou-se também que 97% das rupturas ocorreram na argamassa de

revestimento. Os valores obtidos foram muito próximos aos do limite mínimo exigidos

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Resi

stên

cia

à ad

erên

cia

(MPa

)

Dia 1 Dia 2

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

84

pela norma NBR 13749:1996 de 0,20 MPa para revestimentos internos com

acabamento em pintura ou base para reboco, e nenhuma das amostras foi capaz de

atingir o requisito mínimo de 0,3 MPa para revestimentos externos. Não foi possível

observar relações entre a absorção do substrato ou perda de água da argamassa com

os valores de aderência nos ensaios realizados.

4.3.3 Densidade de massa aparente no estado endurecido

Os gráficos da Figura 60 e da Figura 61 apresentam valores de densidades

de massa no estado endurecido encontradas para os lotes no primeiro dia e no

segundo dia de armazenamento, respectivamente.

Figura 60 - Densidade de massa aparente para o primeiro dia

1,45

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Dens

idad

e (g

/cm

³)

Densidade de Massa - Dia 1

4x4x16 (com sucção) 4x4x16 (sem sucção) 10x20

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

85

Figura 61 - Densidade de massa aparente para o segundo dia

Após análise dos resultados da Figura 60 pode-se observar que ocorreu uma

variação da densidade das argamassas para os diferentes corpos de prova moldados.

Possivelmente esta variação está vinculada aos diferentes métodos de moldagem e

adensamento utilizados que foram distintos conforme cada corpo de prova. No

entanto, nota-se uma diminuição dos valores de densidade de massa aparente no

estado endurecido do lote 3 em relação aos demais lotes.

Quanto à sua estabilidade, observa-se (com exceção do lote 1) que para o

ensaio de densidade de massa os lotes também apresentaram uma considerável

variação de um dia para o outro, com a redução dos valores de densidade no segundo

dia. Este comportamento pode ser explicado pelo fato do teor de ar incorporado se

reduzir ao longo do tempo, conforme já explicado no item 4.1.3.

Por sua vez, o gráfico da Figura 62 apresenta um valor médio para a

densidade de massa dos corpos de prova moldados.

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Dens

idad

e (g

/cm

³)

Densidade de Massa - Dia 2

4x4x16 (com sucção) 4x4x16 (sem sucção) 10x20

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

86

Figura 62 - Média dos valores da densidade de massa

Ao analisarmos o valor médio das densidades - Figura 62 - nota-se que os

valores da densidade variaram de 1,59 a 1,73 g/cm³, com valores baixos para ambos

os testes realizados no Lote 3.

4.3.4 Módulo de elasticidade dinâmico

Os gráficos da Figura 63 e da Figura 64 apresentam valores para os módulos

de elasticidade obtidos através de ultrassom para os lotes no primeiro dia e no

segundo dia de ensaio, respectivamente.

Figura 63 - Módulo dinâmico - Dia 1

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Dens

idad

e (g

/cm

³)

Densidade de Massa

Dia 1 Dia 2

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,00

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Mód

ulo

de E

last

icid

ade

Dinâ

mic

o (G

Pa)

Módulo Dinâmico - Dia 1

4x4x16 (com sucção) 4x4x16 (sem sucção) 10x20

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

87

Figura 64 - Módulo dinâmico - Dia 2

Com base na Figura 63 e na Figura 64 não é possível afirmar que o valor do

módulo de elasticidade dinâmico possui alguma influência do corpo-de-prova.

Por sua vez, a Figura 65 apresenta valores médios do módulo de elasticidade

dinâmico encontrado para cada um dos lotes.

Figura 65 - Média do módulo dinâmico

Nota-se no gráfico da Figura 65 que os valores do módulo de elasticidade

dinâmico para as argamassas variaram entre 10 e 13,5 GPa, apresentando resultados

divergentes entre os lotes.

A Figura 66 apresenta uma correlação entre os resultados obtidos para o

módulo de elasticidade dinâmico e a resistência à compressão nas argamassas

estudadas.

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Mód

ulo

de E

last

icid

ade

Dinâ

mic

o (G

Pa)

Módulo Dinâmico - Dia 2

Série1 Série2 Série3

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,00

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Mód

ulo

de E

last

icid

ade

Dinâ

mic

o (G

Pa)

Módulo Dinâmico

Dia 1 Dia 2

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

88

Figura 66 - Módulo de elasticidade x Resistência

No gráfico da Figura 66 nota-se que existe uma tendência do aumento da

resistência com o aumento do módulo de elasticidade dinâmico.

4.3.5 Módulo de elasticidade estático

O gráfico da Figura 67 apresenta resultados para os módulos de elasticidade

estáticos obtidos através de ensaios de compressão com os corpos de prova (10x20

)cm.

Figura 67 - Módulo estático para as argamassas analisadas

y = 1,4915x - 11,544R² = 0,6909

0,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00

10,5 11 11,5 12 12,5 13

Resi

stên

cia

à co

mpr

essã

o (M

Pa)

Módulo de elasticidade dinâmico (GPa)

Módulo de elasticidade x Resistência

0

2

4

6

8

10

Dia 1 Dia 2

Mód

ulo

de E

last

icid

ade

Está

tico

(GPa

)

Módulo Estático

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

89

Na Figura 67 nota-se um comportamento semelhantes ao encontrado para o

módulo de elasticidade dinâmico, com grandes variações entre os valores de 9 GPa

e 7 GPa, com exceção do segundo dia do lote 2 que apresentou um módulo muito

abaixo daquele esperado (provavelmente com problemas de execução de ensaio).

O gráfico da Figura 68 apresenta uma correlação entre os dois tipos de

módulos de elasticidade estudados.

Figura 68 - Correlação entre módulos

Desta forma, observa-se que, em média, existe uma correlação conforme a

equação 12.

𝐸𝐸𝐸𝐸𝑠𝑠𝑡𝑡𝑎𝑎𝑡𝑡 =32

.𝐸𝐸𝐷𝐷𝑝𝑝𝐷𝐷𝑎𝑎𝐷𝐷 (Equação 12)

Onde:

𝐸𝐸𝐸𝐸𝑠𝑠𝑡𝑡𝑎𝑎𝑡𝑡 = Módulo de elasticidade estático (GPa)

𝐸𝐸𝐷𝐷𝑝𝑝𝐷𝐷𝑎𝑎𝐷𝐷 = Módulo de elasticidade dinâmico (GPa)

R² = 0,6982

0

2

4

6

8

10

12

14

16

6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10

Mód

ulo

dinâ

mic

o (G

Pa)

Módulo Estático (GPa)

Correlação entre módulos

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

90

4.3.6 Considerações sobre comportamento das argamassas no estado

endurecido

A partir dos resultados obtidos dos ensaios no estado endurecido das

argamassas estabilizadas foi possível observar novamente a variabilidade do produto

quando comparados os seus diferentes lotes, bem como os resultados de um dia para

o outro. Algumas destas variações estão vinculadas ao comportamento da argamassa

no estado fresco.

Apesar da falta de homogeneidade e estabilidade dos lotes, os resultados no

estado endurecido foram satisfatórios. Certamente esta argamassa também sofrerá

efeito de retração, contudo esta propriedade não foi avaliada neste estudo, mas pela

quantidade de água perdida, o grande tempo de início de pega a baixa aderência são

indicativos de que as argamassas estudadas terão a propriedade de retração muito

alterada.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

91

5. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos das propriedades tanto no estado fresco como

endurecido, verificou-se uma influência tanto do tempo de utilização (tempo de

aplicação no mesmo dia) quanto do tempo de armazenagem (do primeiro para o

segundo dia), bem como da sucção do substrato.

No estado fresco das argamassas notaram-se os seguintes comportamentos:

• As argamassas apresentaram diferentes granulometrias em seus

agregados;

• O método para avaliação da consistência pelo ensaio Flow-Table não se

mostrou sensível para a avaliação deste tipo de argamassa ao longo do tempo;

• Os valores médios para a densidade de massa e para o teor de ar

incorporado foram de 1,83 g/cm³ e 12,47%, respectivamente. Com o aumento da

densidade de massa houve uma redução do teor de ar incorporado ao longo do tempo;

• Com relação à retenção de água nas argamassas, o lote 1 apresentou

valores de retenção acima de 75%, enquanto que o lote 2 (no segundo dia de

utilização) e o lote 3 (em ambos dias) atingiram valores de retenção de água inferiores

ao de 80% estabelecidos como limite mínimos por norma.

• Durante os ensaios para a determinação no tempo de início de pega,

notou-se que o valor médio encontrado para o tempo de início de pega foi de 118

horas (em argamassa comercializada com trabalhabilidade de 48 horas);

• Durante a caracterização reológica das argamassas, foi possível

observar a influência do tempo de utilização e do tempo de armazenamento. Além

disso, também houve uma influência da base porosa (bloco de concreto). Ocorreu o

aumento das cargas com o passar do tempo de utilização, no segundo dia de

armazenamento e também quando utilizado o substrato poroso. Assim, apesar de ser

possível utilizar a argamassa por até 48 horas, a trabalhabilidade é prejudicada

quando se encontra em condições diferentes (como avaliado neste trabalho);

• O substrato poroso, durante uma hora de ensaio, foi capaz de absorver

em média 27% de água da argamassa no primeiro dia de utilização e 16% no segundo;

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

92

Nas propriedades do estado endurecido das argamassas estudadas,

verificou-se:

• A influência do substrato poroso que ocasionou valores inferiores na

resistência à tração na flexão e resistência à compressão para as argamassas

estudadas, que apresentaram variações de 1,0 a 3,8 MPa e 2,5 e 8,0 MPa

respectivamente. Também verificou-se que ocorreu uma redução da resistência

conforme o aumento do teor de ar incorporado das argamassas;

• Os resultados de resistência de aderência à tração apresentaram valores

próximos aos limites mínimos exigidos para emboço interno (0,20 MPa);

• Os valores da densidade de massa aparente no estado endurecido

variaram de 1,59 a 1,73 g/cm³;

• O módulo de elasticidade dinâmico para as argamassas variaram entre

10 e 13,5 GPa, enquanto que o módulo de elasticidade dinâmico manteve valores

entre 9 GPa e 7 GPa;

De modo geral, a argamassa – apesar de manter-se no estado fresco por um

longo período de tempo – talvez não deveria ser classificada como estabilizada, uma

vez que os lotes de argamassa estudados neste trabalho não foram capazes de

manter as suas características. E mais uma vez destaca-se uma possível falta de

controle dos lotes produzidos que apresentaram grandes variações em seus

resultados

Assim, destacamos a necessidades de se estabelecer limites de desempenho

para a avaliação deste tipo de argamassa, uma vez que as normas já existentes não

contemplam as características e nem o controle de qualidade para argamassas

estabilizadas, bem como já apontado por outros trabalhos.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

93

6. SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Com os resultados e conclusões deste trabalho, é possível prever alguns

estudos adicionais que poderiam complementar este trabalho, mas que não fizeram

parte do seu escopo.

Um estudo da ação do aditivo estabilizador de hidratação se faz necessário,

uma vez que sua utilização tem uma influência extrema nas propriedades tanto no

estado fresco das argamassas como no estado endurecido.

A verificação da influência da sucção do substrato em outras propriedades da

argamassa também é de extrema importância uma vez que esta variável se mostrou

influente em todos os resultados em que foi avaliada.

Um estudo do funcionamento do aditivo estabilizador de argamassa para

prever como ocorrem as reações de hidratação do material.

A elaboração de metodologias específicas para este tipo de material também

precisa ser desenvolvido. Garantindo assim que o material possa ser avaliado ao

longo do tempo com e sem a influência de agentes externos.

.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

94

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10908: Aditivos para argamassa e concreto - Ensaios de uniformidade - Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2008.

______. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13277: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da retenção de água. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13277: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da retenção de água. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13529: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Rio de Janeiro, 1995.

______. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Especificação. Rio de Janeiro, 1996.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

95

______. NBR 14082: Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas - Execução do substrato-padrão e aplicação de argamassa para ensaios. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 15258: Argamassa para revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência potencial de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 15630: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do módulo de elasticidade dinâmico através da propagação de onda ultra-sônica. Rio de Janeiro, 2008.

______. NBR 7215: Cimento Portland - Determinação da resistência a compressão. Rio de Janeiro, 1997.

______. NBR NM 248: Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR NM 248: Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR NM 27: Agregados - Redução de amostra de campo para ensaio em laboratório. Rio de Janeiro, 2001.

______. NBR NM 45: Agregados - Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006.

______. NBR NM 46: Agregados - Determinação do material fino que passa através da peneira 75 µm, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR NM 52: Agregado miúdo - Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2009.

______. NBR NM 7211: Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2005.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

96

______. NBR NM 9: Concreto e argamassa - Determinação dos tempos de pega por meio de resistência à penetração. Rio de Janeiro, 2003.

______.NBR NM 26: Agregados - Amostragem. Rio de Janeiro, 2009.

ANTUNES, R. P. N. Influência da reologia e da energia de impacto na resistência de aderência de revestimento de argamassas. São Paulo, 2005. Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.

ARNOLD, D. C. M.; KAZMIERCZAK, C. S. Influência da distribuição granulométrica do agregado miúdo e do teor de fíler nas propriedades de argamassas com areia de britagem. VIII Simpósio Brasileiro de Tecnologia em Argamassas. Curitiba – PR. 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Guia básico de utilização do Cimento Portland. 7.ed. São Paulo, 2002. 28p. (BT-106)

BAIA, L L M. Projeto e execução de revestimento de argamassa. São Paulo O Nome da Rosa, 2000.

BARBOSA, W. S.; JOHN, V.M.; PILEGGI, R. G. Squeeze-Flow em pastas cimentícias sobre substratos porosos. IX Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas. Belo Horizonte, 2011.

Bastos, P. K. X. Retração e Desenvolvimento de Propriedades Mecânicas de Argamassas Mistas de Revestimento. São Paulo, 2001. 172 p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civi e Urbana.

BENINI, H.; REPETTE, W.; CINCOTTO, M. A. Reaproveitamento de concreto fresco dosado em central com uso de aditivo estabilizador de hidratação. 15 p. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil; BT/PCC/453. São Paulo: EPUSP, 2007

BIGNO. I. C.; OLIVEIRA, F. A.; SILVA, F. J. THAUMATIRGO, C. Calor de reação de cimentos geopoliméricos. 49 congresso brasileiro de cerâmica. São Paulo. 2005

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

97

CALÇADA, L. M. L.; PEREIRA L. Influência das características do molde e da superfície de contato nas propriedades de argamassas estabilizadas. Congresso Brasileiro de Concreto. 2012.

CAMPOS, G. M. Estudo do tempo de início de pega de argamassas com aditivo estabilizador de hidratação. 2012. 116 f. Monografia (Especialização em Patologia das Construções) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2012.

CARASEK, H. Argamassas Cap. 26. In: ISAIA, G.C. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010.

CARDOSO, F. A. Método de formulação de argamassas de revestimento baseado em distribuição granulométrica e comportamento reológico. Tese de doutorado. São Paulo, 2009.

CARDOSO, F. A.; PILEGGI, R. G.; JOHN,V. M.Caracterização reológica de argamassas pelo método de Squeeze-Flow. VI SBTA. Florianópolis, 2005.

CARDOSO, F. A.; PILEGGI, R. G.; JOHN,V.M.Squeeze-Flow aplicado a argamassas de revestimento: Manual de utilização. CONSITRA. São Paulo, 2009.

CARNEIRO, A. M. P. Contribuição ao estudo da influência do agregado nas propriedades de argamassas compostas a partir de curvas granulométricas. São Paulo, 1999.

CASALI, J. M. Estudo comparativo do comportamento de diferentes tipos de argamassas de assentamento para alvenaria estrutural de blocos de concreto. 2003. Dissertação (mestrado em engª civil), UFSC, Florianópolis.

CHEUNG, J.; JEKNAVORIAN, A.; ROBERTS, L.; SILVA, D. Impact of admixtures on the hydration kinetics of Portland cement. Cement and Concrete Research. 2011

CINCOTTO, M. A.; SILVA, M. A. C.; CARASEK, H. Argamassas de revestimento: características, propriedades e métodos de ensaio. Sao Paulo: IPT, 1995.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

98

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-EM 034/97: Água para argamassa e concreto de cimento Portland. DNER/DrDTC. Paraná, 1997.

FERNANDES A. Avaliação da variabilidade das propriedades da argamassa estabilizada. 2011. Monografia (Tecnólogo em Construção de Edifícios). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Florianópolis.

GLATTHOR, A.; SCHWEIZER, D.; Rheological Lab Testing of Building Formulations.ConChem Conference, Düsseldorf, 1994, Disponível em <http://www.baustoffchemie.de/en/rheology>, acessado em 13/Agosto/2013.

GRUPO HOBI. Sistema Mormix: Argamassa Estabilizada. Disponível em: < http://grupohobi.com.br/pdf/mormix.pdf>. Acesso em: 06 março /2010.

GUERREIRO. M. R. F. Utilização de aditivo estabilizador de hidratação (AEH) como proposta de reciclagem dos resíduos de concreto usinado. 2008. Dissertação (mestrado em gestão tecnológica), FEEVALE, Novo Hamburgo.

GUIMARAES J. E. P. A Cal: fundamentos e aplicações na Engenharia Civil. São Paulo. Pini, 2002.

HERMANN, A.; ROCHA, J. P. A. Pesquisa Da Viabilidade Da Utilização Da Argamassa Estabilizada Modificada Para Revestimento Sem A Necessidade De Aplicação Do Chapisco. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco. 2010.

KOHLRAUSCH M. D.; KULAKOWSKI; M. P. Estudo da evolução da temperatura em cimentos com adição deCinza Volante e Aditivo Estabilizador de Hidratação. XI Salão de Iniciação Científica PUCRS, 2010.

LAJES PATAGÔNIA. Argamassa estabilizada. Disponível em: <http://lajes patagonia.com/v1/argamassa-estabilizada-multiuso> Acesso em: 21 de maio de 2014.

MANN NETO, A.; ANDRADE, D.C.; SOTO, N. T. A. Estudo das propriedades e viabilidade técnico-econômica da argamassa estabilizada. 2010.127p. Trabalho

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

99

de conclusão de curso (Engenharia de Produção Civil) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

MARCONDES, C. G. Características e benefícios da argamassa estabilizada. Cimento Itambé, 2009. Disponível em < http://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/caracteristicas-e-beneficios-da-argamassa-estabilizada> Acesso em: 04 de mai 2012.

MARTINS NETO, N. A. A. A.; DJANIKIAN, J. G. Aspectos de desempenho da argamassa dosada em central. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. São Paulo, serie BT/PCC/235, 23 p., 1999.

MEDEIROS A. S.; JUNIOR L. F. I.; ARNT, A.B.C. Avaliação da adição de carepa de aço na cinética de hidratação da argamassa de cimento portland. XXII Salão Iniciação científica. Rio Grande do Sul, 2010.

MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. IBRACON, São Paulo, 2008.

MOHAMED, G.; ROMAN, H. R.; RIZATTI, E.; ROMAGNA, R. Alvenaria Estrutural. In: ISAIA, G. C. (org.). Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. São Paulo, 2010. v-2, p. 1045-1075.

NETO. A. A. Martins; DJANIKIAN. João G. Aspectos de desempenho da argamassa dosada em central. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia da Construção Civil, São Paulo,1999 .

NEVILLE. A. M. Properties of Concrete. Trans-Atlantic Publications, Inc.; 5 edition, 2011.

PAILLERE A M. Application of admixtures in concrete Britain, RILEM, 2011.

PANARESE, W.C.; KOSMATKA, S.H.; RANDALL, F.A. Concrete Mansory Handbook for architects, Engineers, Builders. Portland Cement Association, 5a ed. Estados Unidos da América, 1991. 219 p.2.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

100

PETRUCCI, E.G.R. Concreto de Cimento Portland. São Paulo: Globo, 1998.

SABBATINI, F.H.; BAÍA L.L.M. Projeto e execução de revestimentos de argamassa. São Paulo: o nome da rosa, 2000. 82 p

SCHANKOSKI R. A. Influência do tipo de argamassa nas propriedades mecânicas de alvenarias estruturais de blocos de concreto de alta resistência. 2012. Dissertação (mestrado em engenharia civil). UFSC. Florianópolis

SCHANKOSKI, R. A.; GRAEFF, E. R.; COSTA, F. O. ; PRUDÊNCIO, L. R. J. Comparação entre diferentes métodos de determinação do teor de ar incorporado em argamassas. Anais do 54º Congresso Brasileiro de Concreto - IBRACON. Maceió, Alagoas. 2012

SILVA D. S. Estudo comparativo dos métodos de produção de argamassas de revestimento utilizados em obras do município de Tubarão. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil). Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão.

SILVA, F. B.; BARROS, M. M. S. B. e MONTE, R., Módulo de deformação de argamassas: avaliação dos métodos de ensaio e principais fatores intervenientes. VIII SBTA. Curitiba, 2009.

TAVARES. A. B. Estudo da utilização de argamassa dosada em central em Santa Maria - RS. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil). Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria

WESTPHAL, EDUARDO E HUMBERTO. Argamassas. Disponível em <http://www.arq.ufsc.br/arq5661/Argamassas/Textos/classificacoes.html>. Acesso em: 21/05/2014

RAMACHANDRAN, V.S., PAROLI, R.M., BEAUDOIN, J.J., DELGADO, A.H., Handbook of thermal analysis of construction materials, Noyes Publication, New York, 2002.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

101

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – LOTE 1 ........................................................................................... 102

APÊNDICE 2 – LOTE 2 ........................................................................................... 107

APÊNDICE 3 - LOTE 3 ........................................................................................... 111

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

102

APÊNDICE 1 – LOTE 1

Índice de consistência 1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Leitura 1 244,5 238,5 230,4 220,8 239,1 224,5 218,6 218,0 Leitura 2 241,0 240,0 218,9 210,8 232,4 219,1 210,4 209,7

Perda de água

Tempo Antes ensaio Após ensaio Após secagem

Agua absorvida (g)

Absorção de água a/c

0 7346,9 7355,7 7334,3 8,8 23%

13,0% 15 7553,0 7566,7 7553,0 13,7 36% 30 7454,4 7465,2 7445,5 10,8 28% 60 7320,4 7334,2 7315,2 13,8 36% 0 7497,2 7501,1 7475,9 3,9 10%

12,8% 15 7372,1 7377,6 7350,7 5,5 14% 30 7583,8 7590,1 7564,5 6,3 16% 60 7404,7 7412,2 7384,9 7,5 20%

Densidade de massa pelo método gravimétrico

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de Massa 1,87 1,86 1,86 1,86 1,90 1,89 1,93 1,94

Densidade de massa e teor de ar incorporado pelo método do picnômetro

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de massa 2,05455 2,054 2,09322 2,0918 2,014019 2,130199 2,070209 2,094961

Ar Incorporado 11,5% 10,8% 10,3% 9,6% 11,4% 5,6% 10,6% 9,7%

Densidade de massa e teor de ar incorporado pelo método do frasco graduado

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de massa 1,8 2,138 1,93273 2,6022 1,966 1,884 2,062222 1,989583

Ar Incorporado 12,5% 10,0% 9,1% 11,1% 6,0% 6,0% 6,7% 6,3%

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

103

Retenção de água

1 DIA 2 DIA

Parando Parando 0 100% 100% 5 89,9% 88,9% 10 87,8% 88,3% 15 87,2% 87,7%

Água na argamassa

1 DIA 2 DIA

CP1 CP2 CP1 CP2 Água na argamassa fresca 13,1% 13,0% 12,8% 12,8%

Média 13,0% 12,8%

Resistências mecânicas 1 DIA 2 DIA

Sem Com Sem Com

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

7,95 3,65

7,04 3,29

9,23 3,32

7,9 2,54

7,65 7 9,74 7,02 7,13

3,98 8,2

3,15 5,97

2,99 8,17

2,54 8,67 8,26 7,71 8,29 8,28

2,89 7,59

2,73 7,86

3,65 6,29

3,06 6,99 6,46 6,58 8,5

Aderência BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 1 BLOCO 2

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

BLOCO 1

0 Argamassa 254 Argamass

a 137 Argamassa 352 Argamass

a

0 Argamassa 0 Argamass

a 362 Argamassa 431 Argamass

a

0 Argamassa 416 Argamass

a 392 Argamassa 411 Argamass

a

323 Argamassa 0 Argamass

a 460 Argamassa 450 Argamass

a

362 Argamassa 313 Argamass

a 499 Argamassa 352 Argamass

a

431 Argamassa 196 Argamass

a 294 Argamassa 205 Argamass

a

254 Argamassa 274 Argamass

a 421 Argamassa 343 Argamass

a

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

104

225 Argamassa 284 Argamass

a 470 Argamassa 343 Argamass

a

431 Argamassa 431 Argamass

a

379 Argamassa 431 Argamass

a

Média 319,00 289,5

0 384,50 374,9

0

Tensao 0,23 0,21 0,29 0,28

Densidade de massa DIA 1 Densidade DIA 2 Densidade

4x4x16 (com sucção)

452,6 1,77 446,70 1,74 451,6 1,76 452,60 1,77 450,9 1,76 450,20 1,76

Média 1,76 1,76

4x4x16 (sem sucção)

445,4 1,74 439,90 1,72 452,1 1,77 443,00 1,73 450,1 1,76 440,20 1,72

Média 1,75 1,72

10x20 2638 1,68 2662,70 1,70

2627,6 1,67 2686,10 1,71 Média 1,68 1,70

Módulo de elasticidade dinâmico µ=0,2 Utrassom

0,9 DIA 1 Módulo (Gpa) DIA 2 Módulo (Gpa)

4x4x16 (com sucção)

3212,00 16,42 3053,00 14,64 3118,00 15,44 3088,00 15,17 3001,00 14,28 3082,00 15,03

Média 15,38 14,95

4x4x16 (sem sucção)

2990,00 14,00 2919,00 13,18 2811,00 12,56 2957,00 13,62 2816,00 12,55 2909,00 13,10

Média 13,04 13,30

10x20 2902,50 12,73 2824,00 12,17 2938,50 13,00 2861,00 12,60

Média 12,87 12,38

Curva granulométrica Abertura

peneira (mm) Porcentagem Retida

Acumulada (%) 4,8 0% 2,4 1% 1,2 3%

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

105

0,6 19% 0,3 67% 0,15 152%

Dimensão máxima característica 0,6 Módulo de Finura 2,42

Módulo de elasticidade estático

DIA 1 DIA 2

CP1 CP2 CP1 CP2 MoE (Gpa) 8,40 10,35 8,26 8,38

Ensaios Squeeze-Flow

(a) Dia 1 - sem sucção

(b) Dia 1 - com sucção

(c) Dia 2 - sem sucção

(d) Dia 2 - com sucção

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

106

Curva de hidratação

0

5

10

15

20

25

30

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 180,00

Tem

pera

tura

(C)

Tempo (horas)

CalorimetriaLote 1

Ambiente Dia 1 - SEM sução (A) Dia 1 - SEM sucção (B) Dia 1 - COM sucção (C)

Dia 1 - COM sucção (C) Dia 1 - COM sucção (D) Dia 1 - COM sucção (D) Dia 2 - SEM sucção (E)

Dia 2 - SEM sucção (F) Dia 2 - COM sucção (G) Dia 2 - COM sucção (H)

antes do ensaio (7,25 horas)

falta de luz(6,5 horas)

falta de luz(2,9 horas)

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

107

APÊNDICE 2 – LOTE 2

Índice de consistência

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Leitura 1 227,7 227,9 224,3 227,2 239,2 220,0 211,5 231,8 Leitura 2 215,2 218,3 215,9 215,9 228,8 212,2 221,3 215,4

Média 221,5 223,1 220,1 221,6 234,0 216,1 216,4 223,6

Absorção de água

Seco Antes ensaio

Após ensaio

Após secagem

agua absorvida (g)

Absorçao de água a/c

0 7447,5 7481,8 7479,8 7462,3 -2,0 -4%

15,9% 15 7600,8 7634,1 7499,5 7611,2 -134,6 -301% 30 7493,4 7474,7 7641,4 7450,3 166,7 372% 60 7448,9 7493,4 7490,7 7469,1 -2,7 -6%

Seco Antes ensaio

Após ensaio

Após secagem

agua absorvida (g)

Absorçao de água

0 7394,1 7435,2 7439 7406,5 3,8 10%

13,6% 15 7565,9 7612 7616,7 7581,6 4,7 12% 30 7320,4 7360,6 7365,7 7332,9 5,1 13% 60 7346,9 7383 7389,5 7353,5 6,5 17%

Densidade de massa

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de Massa 1,79 1,77 1,79 1,78 1,80 1,82 1,82 1,82

Densidade de massa e teor de ar incorporado pelo método do picnômetro

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de massa 2,14 2,13 2,24 2,17 1,75 1,9 1,96 1,99

Ar Incorporado 11,1% 15,5% 15,8% 17,8% 11,6% 11,4% 14,3% 12,6%

Densidade de massa e teor de ar incorporado pelo método do frasco graduado

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de

massa 1,85 1,72 1,5 1,83 1,9 1,48 1,85 1,83

Ar Incorporado 11,8% 10,4% 4,1% 15,4% 18,2% 20,0% 22,9% 26,2%

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

108

Retenção de água

1 DIA 2 DIA

Parando Parando 0 100% 100% 5 0,9414 84,9%

10 83,5% 84,3% 15 84,2% 78,3%

Composição granulométrica Abertura

peneira (mm) Porcentagem Retida Acumulada (%)

4,8 0% 2,4 1% 1,2 2% 0,6 12% 0,3 53% 0,15 113%

Resistencia mecânica 1 DIA 2 DIA

Sem Com Sem Com

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

5,67 2,28

5,42 2,66

5,15 1,79

3,97 1,86

6,28 5,84 6,11 4,23 5,65

1,77 6,15

2,4 4,78

1,86 4,83

2,12 5,27 4,68 4,57 5,17 5,32

2,12 5,58

1,67 5,2

1,98 4,53

2,28 5,54 5,22 5,32 5,87

Aderência DIA 1 DIA 2 BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 1 BLOCO 2

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

460 Argamassa 352 Argamassa 166 Argamassa 254,00 Argamassa 264 Argamassa 401 Argamassa 303 Argamassa 343,00 Argamassa 205 Argamassa 205 Argamassa 166 Argamassa 215,00 Argamassa 372 Argamassa 215 Argamassa 264 Argamassa 196,00 Argamassa 382 Argamassa 382 Argamassa 264 Argamassa 166,00 Argamassa 127 Argamassa 401 Argamassa 362 Argamassa 196,00 Argamassa

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

109

257 Argamassa 401 Argamassa Argamassa 294 Argamassa 303 Argamassa 313 Argamassa 411 Argamassa Argamassa 343 Argamassa Argamassa 401 Argamassa 490 Argamassa 225 Argamassa 205 Argamassa 284 Argamassa

Média 288,20 342,40 325,25 213,00

Densidade de massa DIA 1 Densidade DIA 2 Densidade

4x4x16 (com sucção)

436,1 1,70 416,00 1,63 435,2 1,70 415,20 1,62 419,8 1,64 400,50 1,56

Média 1,68 1,60

4x4x16 (sem sucção)

446 1,74 427,00 1,67 437,2 1,71 419,60 1,64 445,3 1,74 425,60 1,66

Média 1,73 1,66

10x20 2749,6 1,75 2663,00 1,70 2811,9 1,79 2724,00 1,73

Média 1,77 1,71

Modulo de elasticidade dinâmica µ=0,2 Utrassom

0,9 DIA 1 Módulo (Gpa) DIA 2 Módulo (Gpa)

4x4x16 (com sucção)

2877,00 12,69 2807,00 11,52 2841,00 12,35 2610,00 9,94 2826,00 11,79 2735,00 10,53

Média 2848,00 12,28 2717,33 10,67

4x4x16 (sem sucção)

2735,00 11,73 2666,00 10,67 2777,00 11,85 2555,00 9,63 2693,00 11,35 2644,00 10,46

Média 2735,00 11,65 2621,67 10,25

10x20 2785,00 12,22 2663,00 10,82 2777,00 12,42 2724,00 11,58

Média 2781,00 12,32 2693,50 11,20

Modulo de elasticidade estática

DIA 1 DIA 2

CP1 CP2 CP1 CP2 MoE (Gpa) 7,38 6,52 2,35 2,69

Resistência (Mpa) 7,85 7,91 5,61 4,01

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

110

Ensaio Squeeze-flow

(a) Dia 1 - sem sucção

(b) Dia 1 - com sucção

(c) Dia 2 - sem sucção

(d) Dia 2 - com sucção

Calorimetria

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

5

10

15

20

25

30

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 180,00

Tem

pera

tura

(C)

Tempo (horas)

CalorimetriaLote 2

Ambiente Dia 1 - SEM sucção (A) Dia 1 - SEM sucção (B) Dia 1 - COM sucção (C)

Dia 1 - COM sucção (C) Dia 1 - COM sucção (D) Dia 1 - COM sucção (D) Dia 2 - SEM sucção (E)

Dia 2 - SEM sucção (F) Dia 2 - SEM sucção (G) Dia 2 - SEM sucção (H)

antes do ensaio (3,2 horas)

queda de energia(1,57 horas)

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

111

APÊNDICE 3 - LOTE 3

Índice de consistência

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Leitura 1 282,0 266,0 271,0 266,0 258,5 252,8 276,0 271,0 Leitura 2 275,0 268,0 265,0 270,0 234,5 242,0 259,0 259,0

Média 278,5 267,0 268,0 268,0 246,5 247,4 267,5 265,0

Perda de água da argamassa

Antes ensaio

Após ensaio

Após secagem

agua absorvida (g)

Absorçao de água a/c

0 7622,7 7631,6 7590,1 8,9 22%

15,2% 15 7496,7 7506,8 7464,3 10,1 23% 30 7453,1 7462,5 7417,1 9,4 21% 60 7646,9 7657,4 7613,9 10,5 24%

Antes ensaio

Após ensaio

Após secagem

agua absorvida (g)

Absorçao de água

0 7447,7 7454,8 7423,2 7,1 16%

15,3% 15 7431,5 7440,5 7405,5 9,0 21% 30 7467,3 7477,3 7442,6 10,0 23% 60 7619,8 7630,2 7497 10,4 24%

Densidade de massa DENSIDADE DE MASSA

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de Massa 1,73 1,83 1,85 1,81 1,82 1,80 1,80 1,80

Densidade de massa e teor de ar incorporado pelo método do picnômetro

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de massa

1,83659

1,961864

2,01509

2,0427529

1,969626

1,99187

2,056369786

2,094527

Ar Incorporad

o 13,6% 14,8% 12,8% 12,6% 16,0% 15,7% 13,9% 10,3%

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

112

Densidade de massa e teor de ar incorporado pelo método do frasco graduado

1 DIA 2 DIA

0 15 30 60 0 15 30 60 Densidade de massa 1,83 2,19487

2 1,8314

8 1,863461

5 1,70857

1 1,87631

6 1,89523809

5 1,81111

1 Ar

Incorporado

14,0% 7,7% 11,1% 13,5% 22,9% 18,4% 16,7% 19,4%

Retenção de água

1 DIA 2 DIA

Parando Parando 0 100% 100% 5 0,82229 80,5% 10 78,9% 76,4% 15 78,1% 74,8%

Água na argamassa

1 DIA 2 DIA

CP1 CP2 CP1 CP2 N Cad. 5 6 15 16

0 min Cad. 147,2 148,7 128,7 114,3

Cad.+arg. 706,2 787,1 525,9 522 Cad.+arg. Seca 621,2 690,3 465,1 459,3

Água na argamassa fresca 15,2% 15,2% 15,3% 15,4% Média 15,2% 15,3% N Cad. 7 8 17 18

30 min Cad. 429,3 230,8 116,8 113,1

Cad.+arg. 1203 1020,7 508,3 497,9 Cad.+arg. Seca 1086 901,7 449,6 438,4

Água na argamassa fresca 15,1% 15,1% 15,0% 15,5% Média 15,1% 15,2% N Cad. 9 10 19 20

60 min Cad. 226,1 112 123,9 114,7

Cad.+arg. 1024 534,5 571,6 464 Cad.+arg. Seca 918,6 470,3 503 409

Água na argamassa fresca 13,2% 15,2% 15,3% 15,7% Média 14,2% 15,5%

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

113

Composição granulométrica Abertura

peneira (mm) Porcentagem Retida Acumulada (%)

4,8 0% 2,4 0% 1,2 2% 0,6 13% 0,3 49% 0,15 119%

Resistencia mecânica 1 DIA 2 DIA

Sem Com Sem Com

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

Compressão (Mpa)

Tração (Mpa)

4,95 1,81

2,94 1,27

6,11 2,33

6,86 2,28

4,76 2,41 5,42 5,23 4,32

2,21 2,82

1,18 6,05

2,47 4,1

1,93 4,5 2,3 6,38 5,67 3,92

2,19 2,11

1,13 6,28

2,07 4,46

1,79 4,45 2,34 6,23 5,4

Aderência DIA 1 DIA 2 BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 1 BLOCO 2

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

Força (N)

Tipo Ruptura

0 A/S 0 A/S 294 Argamassa 352,00 Argamassa 0 A/S 421 A/S 372 Argamassa 284,00 Argamassa 0 A/S 0 A/S 166 Argamassa 333,00 Argamassa 0 A/S 0 A/S 313 Argamassa 245,00 Argamassa

0 A/S 205 A/S 225 50% Arg 50% Subst 333,00 Argamassa

0 A/S 264 A/S 519 Argamassa 313,00 Argamassa 0 A/S 0 A/S 421 Argamassa 372 Argamassa 0 A/S 333 A/S 235 Argamassa 0 Argamassa

0 A/S 0 A/S 372 60% Arg 40% Subst 225 Argamassa

0 A/S 0 A/S 362 Argamassa 294 Argamassa Média 0,00 305,75 327,90 305,67

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

114

Densidade de massa

DIA 1 Densidade DIA 2 Densidade

4x4x16 (com sucção)

412,2 1,61 420,50 1,64 414,6 1,62 416,60 1,63 407,9 1,59 417,00 1,63

Média 1,61 1,63

4x4x16 (sem sucção)

412,2 1,61 418,90 1,64 413,5 1,62 416,10 1,63 403,6 1,58 416,90 1,63

Média 1,60 1,63

10x20 2461,6 1,57 2565,30 1,63 2481,2 1,58 2587,80 1,65

Média 1,57 1,64

Modulo de elasticidade dinâmico µ=0,2 Utrassom

0,9 DIA 1 Módulo (Gpa) DIA 2 Módulo (Gpa)

4x4x16 (com sucção)

2442,00 8,64 2739,00 11,09 2496,00 9,08 2862,00 12,00 2461,00 8,69 2872,00 12,09

Média 2466,33 8,80 2824,33 11,73

4x4x16 (sem sucção)

2711,00 10,65 2657,00 10,40 2739,00 10,91 2684,00 10,54 2653,00 9,99 2584,00 9,79

Média 2701,00 10,51 2641,67 10,24

10x20 2758,00 10,73 2812,00 11,62 2785,00 11,03 2781,00 11,47

Média 2771,50 10,88 2796,50 11,54

Módulo de elasticidade estático

DIA 1 DIA 2

CP1 CP2 CP1 CP2 MoE (Gpa) 6,56 7,26 7,57 7,42

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

115

Ensaio Squeez- flow

(a) Dia 1 - sem sucção

(b) Dia 1 - com sucção

(c) Dia 2 - sem sucção

(d) Dia 2 - com sucção

Calorimetria

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Carg

a (N

)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

5

10

15

20

25

30

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00

Tem

pera

tura

(°C)

Tempo (horas)

CalorimetriaLote 3

Sensor PT-100 Temperatura 1 Temperatura 2 Temperatura 3 Temperatura 4 Temperatura 5

Temperatura 6 Temperatura 7 Temperatura 8 Temperatura 9 Temperatura 10

antes do ensaio (3,2 horas)

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

116

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

1 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO E ENDURECIDO DE

ARGAMASSAS ESTABILIZADAS

GUSTAVO MACIOSKI (1); HUMBERTO KUSZKOWSKI (2); MARIENNE DO ROCIO DE MELLO

MARON DA COSTA (3); JULIANA MACHADO CASALI (4)

(1) UTFPR - [email protected]; (2) UTFPR - [email protected]; (3) UFPR -

[email protected]; (4) UTFPR - [email protected]

RESUMO

A utilização de argamassa estabilizada tem aumentado no Brasil nos últimos anos, pois

proporciona uma maior produtividade e racionalidade nas obras. Essa argamassa se mantém

trabalhável por até 72 horas. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar propriedades no estado

fresco e endurecido de argamassas estabilizadas dosadas em central ao longo do tempo e

verificar qual a influência da sucção do substrato. As propriedades determinadas foram: índice

de consistência, densidade de massa, teor de ar incorporado, retenção de água, tempo de início

de pega, parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow), resistência à compressão, resistência à

tração por flexão e resistência de aderência. Os resultados obtidos demonstram uma redução

do índice de consistência e comportamentos reológicos distintos ao longo do tempo, além da

influencia do substrato nesta avaliação. Notou-se também que os resultados de resistência de

aderência à tração apresentaram valores próximos aos limites mínimos exigidos para rebocos

internos (0,20 MPa).

Palavras-chave: argamassa estabilizada, aditivo estabilizador de hidratação,

comportamento reológico, tempo de início de pega.

EVALUATION OF FRESH AND HARDENED STATE PROPERTIES OF READY-MIX RENDERING

MORTARS WITH THE INFLUENCE OF SUBSTRATE SUCTION

ABSTRACT

The use of ready mix mortar has been increasing in Brazil in recent years cause

enhances productivity and rationalization in construction. The ready mix mortar remains

MACIOSKI, G. ; KUSZKOWSKI, H. ; COSTA, M. R. M. M. ; CASALI, J. M. . Avaliação de Propriedades no Estado Fresco e Endurecido de Argamassas Estabilizadas. In: X Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2013, Fortaleza. Anais do X Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2013.

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

2 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

workable for a period up to 72 hours. The aim of this study is to evaluated fresh and hardened

state properties of mortars during the time of use also considering the influence of substrate

suction. The properties determined were: consistency, specific gravity, entrained-air content,

water retention, setting time, rheological parameters (Squeeze-Flow test method), flexural and

compressive strength and bond strength. The results show loss of consistency, different

rheological behaviors over time of use and also with the influence of substrate suction. Over all,

it was possible to notice the values of bond strength were compatible to the minimum limits

required for internal coating mortar (0,20 MPa).

Key-words: Ready-mix mortar, set controlling admixture, rheological behavior, initial

set.

1. INTRODUÇÃO

A industrialização das argamassas começou na década de 50, no entanto, somente

após o desenvolvimento dos aditivos nos anos 70 é que foi introduzida na Alemanha uma

argamassa pronta capaz de manter suas características de uso por mais dias. Já a argamassa

estabilizada foi utilizada pela primeira vez no Canadá por volta de 1980 e nos Estados Unidos

em 1982 (1).

A argamassa estabilizada é uma argamassa industrializada úmida, à base de cimento

que vem pronta para o uso e se mantém trabalhável até 72 horas após a sua confecção (2). Para

promover o aumento do tempo de início de pega são utilizados aditivos inibidores de

hidratação e aditivos incorporadores de ar, conferindo à argamassa melhor trabalhabilidade e

redução do consumo de água de amassamento (3). Em 1999 o sistema apresentava uma

porcentagem pequena de utilização em comparação ao tradicional da argamassa virada em

obra, por volta de 1% do total em utilização (1). Atualmente, tem sido considerável a sua

utilização em obras de grande porte, principalmente na região sul do Brasil. Com a utilização

desse tipo de argamassa pode-se ter um aumento de produtividade em obra, pois se evita o

tempo de espera e de mão de obra para a preparação de argamassa, principalmente no início

do dia de trabalho (4).

Atualmente, são poucos os estudos sobre argamassa estabilizada, tanto

nacionalmente quanto internacionalmente, verificando a influência da sucção do substrato

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

3 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

sobre as propriedades da argamassa no estado fresco e endurecido ou a interação entre os dois

elementos. Sabe-se que alterações na trabalhabilidade e retenção de água costumam ser

influenciadas diretamente pelo tempo de uso deste tipo de argamassa (4).

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades no estado fresco

e endurecido de argamassas estabilizadas dosadas em central e verificar a influência da sucção

do substrato nessas propriedades. Também se verificou a influência do tempo de utilização (no

mesmo dia: 0, 15, 30 e 60 minutos) e de armazenamento (diferentes dias: dia 1 e dia 2) nas

propriedades das argamassas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Argamassas estudadas

Foram coletados três lotes distintos de argamassas estabilizadas dosadas em central

para revestimento interno com trabalhabilidade de 48 horas que foram utilizadas em uma

mesma obra da região de Curitiba. As amostras foram armazenadas dentro de recipientes

plásticos com tampa, permitindo um fechamento hermético, e transportadas até o laboratório.

Antes da realização dos ensaios, o material foi agitado dentro do recipiente durante dois

minutos para homogeneizar a amostra.

Foram estudadas duas amostras por lote e em cada amostra foram realizados ensaios

de granulometria (NBR NM 248:2009) (5) e de massa específica (NBR NM 52:2009) (6) do

agregado utilizado em sua confecção. Este agregado foi caracterizado a partir do material

resultante da lavagem da argamassa no seu estado fresco – desconsiderando o material

passante na peneira de 0,075 mm.

2.2. Propriedades do estado fresco

As propriedades determinadas no estado fresco foram: índice de consistência,

densidade de massa, teor de ar incorporado, curva de retenção de água, tempo de início de

pega e parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow). Estas propriedades, que foram avaliadas

ao longo do tempo de utilização e de armazenagem, serão descritas a seguir.

2.2.1. Índice de consistência, densidade de massa e teor de ar incorporado

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

4 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

O índice de consistência foi avaliado conforme NBR 13276:2002 (7), somente para o

tempo de 0 minuto para os dois dias de armazenamento (dia 1 e dia 2). A densidade de massa

foi verificada nos tempos de 0, 15, 30 e 60 minutos de acordo com NBR 13278:2005 (8). Já o teor

de ar incorporado foi determinado pela metodologia desenvolvida por Schankoskiet al. (9) que

consiste em utilizar um picnômetro com uma solução de 50% de álcool etílico hidratado em

água destilada para facilitar o desprendimento de bolhas de ar da argamassa. A sequência do

método pode ser observada na Figura 1, e este procedimento foi adotado devido ao fornecedor

não informar a massa específica teórica da argamassa analisada.

Figura 1 - Sequência do ensaio desenvolvido por Schankoski (9) (2012).

2.2.2. Curva de retenção de água

A retenção de água das argamassas foi determinada seguindo os procedimentos da

norma NBR 13277:2005 (10). E a curva de retenção de água foi determinada com a realização

dos ensaios nos tempos de 5, 10 e 15 minutos.

2.2.3. Tempo de início de pega

Uma das propriedades importantes da argamassa estabilizada é o tempo de início de

pega, pois a característica dessa argamassa é se manter trabalhável por até 48 horas (no caso

da argamassa estudada).O tempo de início de pega foi avaliado conforme a NBR NM 9:2003 (11)

e através de ensaios calorimétricos e os corpos-de-prova foram moldados somente no tempo

de 0 minuto nos dois dias de armazenagem. O método normatizado utiliza uma agulha de

penetração para determinar o tempo de início de pega, e o método semi-adiabático (por

calorimetria), determina o tempo de início de pega através da variação da temperatura em

função do tempo. O método semi-adiabático adotado foi o mesmo utilizado por Campos (12) e

foram analisadas duas amostras por lote, por tempo de armazenamento (dia 1 e dia 2), no

ensaio. Neste método o tempo de início de pega pode ser determinado analiticamente através

da derivada da função obtida. Quando a derivada é igual a zero este é um ponto de mínimo da

curva, indicado como ponto de inicio de pega por alguns autores (12).

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

5 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

2.2.4. Parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow)

As características reológicas foram obtidas no ensaio de Squeeze-Flow ao longo do

tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos) e de armazenagem (dia 1 e dia 2). Neste ensaio foi

utilizado um anel com 100 mm de diâmetro interno e 20 mm de altura, com velocidade de

deslocamento da punção de 0,1 mm/s sobre uma superfície metálica como apresentado na

Figura 2a. O ensaio era finalizado quando se atingisse o limite máximo da célula de carga

(2000N) ou a amostra apresentasse uma deformação vertical de até 10 mm.

Também foram realizados ensaios com as mesmas configurações do anterior, porém,

neste caso, utilizando um bloco de vedação de concreto como base. A utilização do ensaio de

Squeeze-Flow sobre substratos porosos é fundamental para compreender o comportamento da

argamassa de revestimento à medida que sua estrutura vai enrijecendo – influenciando, por

exemplo, no tempo necessário para realizar o desempeno. As amostras que tiveram como base

o bloco de concreto foram moldadas no mesmo tempo em que ocorreu o primeiro ensaio

Squeeze-Flow, isto é, no tempo igual a 0 minuto. Desta forma, o substrato se manteve

absorvendo água até o momento do ensaio nos tempos de 15, 30 e 60 minutos (Figura 2b).

Figura 2 - (a) Ensaio de Squeeze-Flow em andamento e (b) amostras antes do ensaio

(a)

(b)

2.3. Propriedades do estado endurecido

As propriedades determinadas no estado endurecido foram: resistência à compressão,

resistência à tração na flexão e resistência de aderência à tração. Estas propriedades foram

avaliadas aos 28 dias após a moldagem dos corpos-de-prova nos dois tempos de

armazenamento (dia 1 e dia 2).

2.3.1. Resistência à compressão e resistência à tração na flexão

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

6 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

Foram moldados três corpos-de-prova prismáticos (40x40x160mm) de acordo com a

NBR 13279:2005 (13) para cada lote. Também foi simulada a absorção do substrato, utilizando

como base da forma um bloco de concreto. O molde prismático foi colocado sobre o bloco de

concreto com um filtro previamente umedecido em sua superfície e todo o conjunto foi fixado

na mesa de adensamento. A desmoldagem foi realizada aos sete dias e a cura foi seca ao ar.

2.3.2. Resistência de aderência à tração

Para a determinação da resistência de aderência à tração foi utilizado o ensaio descrito

pela NBR 15258:2005 (14). Visando à padronização da energia de adensamento, a argamassa foi

lançada contra os blocos de vedação na direção vertical com altura padronizada de 47cm –

conforme recomendação de Antunes (15) - totalizando uma espessura de revestimento de

(18±2)mm.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Caracterização dos agregados

Os resultados dos ensaios realizados no agregado miúdo obtido das amostras de

argamassas coletadas são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização dos agregados obtidos das amostras de argamassa no estado fresco.

PORCENTAGEM RETIDA ACUMULADA (%)

PENEIRA (mm) LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3

4,80 0,0 0,0 0,0

2,40 0,5 0,6 0,5

1,2 2,6 1,8 2,2

0,60 16,4 9,4 12,9

0,30 47,2 41,3 44,3

0,15 85,0 60,2 72,6

Fundo 100,0 100,0 100,0

Módulo de finura 1,52 1,13 1,32

Massa específica (g/cm³) 2,65 2,66 2,67

Observa-se na Tabela 1 uma homogeneidade nas características dos lotes, uma vez

que os agregados apresentam distribuição granulométrica e densidades semelhantes.

3.2. Propriedades do estado fresco

3.2.1. Índice de consistência, densidade de massa e teor de ar incorporado

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

7 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

A Tabela 2 apresenta o índice de consistência no tempo de utilização inicial (0 minuto)

para os três lotes analisados nos dois dias de armazenamento.

Tabela 2 - Valores de índice de consistência (mm) para os dois dias de armazenamento.

Dia 1 Dia 2

Lote 1 242,8 235,8

Lote 2 221,5 234,0

Lote 3 278,5 246,5

Pode-se observar na Tabela 2 que houve uma perda de consistência ao longo do

tempo de armazenamento nos instantes iniciais de ensaio (0 minuto), com exceção do lote 2

que apresentou um aumento de 5,64%. Este comportamento do índice de consistência

provavelmente não influenciou significativamente na trabalhabilidade da argamassa em obra

de um dia para o outro de utilização.

Os valores obtidos de densidade de massa e teor de ar incorporado são apresentados

na Tabela 3.

Tabela 3 - Densidade de massa e teor de ar incorporado para as argamassas estudadas

LOTE DIA TEMPO (min)

DENSIDADE (g/cm³)

Média TEOR DE AR

INCORPORADO Média

Lote 1

Dia 1

0 1,87

1,86

11,52%

10,57% 15 1,86 10,80%

30 1,86 10,31%

60 1,86 9,65%

Dia 2

0 1,90

1,91

11,37%

9,32% 15 1,89 -

30 1,93 10,63%

60 1,94 9,69%

Lote 2

Dia 1

0 1,79

1,78

11,13%

15,06% 15 1,77 15,51%

30 1,79 15,81%

60 1,78 17,78%

Dia 2

0 1,80

1,82

11,56%

12,47% 15 1,82 11,40%

30 1,82 14,30%

60 1,82 12,62%

Lote 3

Dia 1

0 -

1,80

13,58%

13,46% 15 1,83 14,83%

30 1,85 12,83%

60 1,81 12,62%

Dia 2

0 1,82

1,81

16,00%

13,96% 15 1,80 15,65%

30 1,80 13,87%

60 1,80 10,32%

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

8 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

Nota-se na Tabela 3 que os valores de densidade de massa obtidos foram semelhantes

ao longo do tempo de utilização (0, 15, 30 e 60 minutos) considerando o mesmo lote e dia de

armazenamento. Observou-se também que os valores de densidade de massa em média

apresentaram um pequeno aumento em relação ao tempo de armazenamento (dia 1 para o dia

2), com exceção do lote 3, que se manteve constante.

Em relação ao teor de ar incorporado, em média, também houve uma pequena

diminuição em relação ao tempo de armazenamento, com exceção do lote 3 que apresentou

um aumento na média dos resultados. Os valores de teor de ar incorporado foram semelhantes

ao longo do tempo de utilização, com uma pequena diminuição para os lotes 1 e 3 e com

comportamento inverso para o lote 2. Em média, o teor de ar incorporado obtido,

considerando todos os lotes, foi de 12,47%.

3.2.2. Curva de retenção de água

Na Figura 3 são apresentadas as curvas de retenção de água ao longo do tempo

utilizando as indicações prescritas pela NBR 13277:2005 (10).

Figura 3 - Curva de retenção de água: (a) primeiro dia e (b) segundo dia de armazenamento.

(a)

(b)

Pode-se observar na Figura 3a e na Figura 3b que os valores de retenção de água não

foram muito influenciados pelo tempo de armazenamento. No entanto, observou-se diferentes

valores entre os lotes, sendo o maior valor obtido para o lote 1. Destaca-se que o lote 3 (no

primeiro e segundo dia) e o lote 2 (no segundo dia) apresentaram valores inferiores a 80%. Esse

resultado é inferior ao limite estabelecido pela norma NBR 13281:2005 (16).

3.2.3. Tempo de início de pega

70%

75%

80%

85%

90%

95%

100%

0 5 10 15

Ret

en

ção

de

águ

a (%

)

Tempo (minutos)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

70%

75%

80%

85%

90%

95%

100%

0 5 10 15

Ret

en

ção

de

águ

a (%

)

Tempo (minutos)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

9 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

A Figura 4 apresenta os valores obtidos para o tempo de início de pega através de

calorimetria e agulha de penetração para os lotes 1, 2 e 3. Para o lote 3 não foi possível

determinar o tempo de início de pega pelo segundo método, pois a resistência à penetração na

primeira leitura foi superior àquela especificada pela norma NBR NM 9:2003 (11).

Figura 4 - Tempo de início de pega para as argamassas estudadas.

Com relação aos ensaios de tempo de início de pega, observa-se na Figura 6 que para

ambos os métodos foram obtidos valores superiores ao tempo de utilização da argamassa

informado pelo fabricante (48 horas). Em relação aos métodos, houve uma pequena diferença

entre os valores obtidos. Este comportamento foi diferente do obtidos por Campos (12) que

verificou valores de tempo de início de pega pelo penetrômetro inferiores aqueles obtidos pelo

calorímetro.

3.2.4. Parâmetros reológicos (ensaio Squeeze-Flow)

Os ensaios reológicos foram executados em quatro diferentes situações para cada um

dos lotes: (a) Dia 1 – sem sucção, (b) Dia 1 – com sucção, (c) Dia 2 – sem sucção e (d) Dia 2 –

com sucção. A Figura 5 apresenta as características reológicas da carga versus deslocamento

para o lote 1.

Figura 5 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 1: (a) primeiro dia – sem sucção, (b) primeiro dia – com

sucção, (c) segundo dia – sem sucção e (d) segundo dia – com sucção.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Tem

po

de

iníc

io d

e p

ega

(h

ora

s)

Penetrômetro Calorimetria

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

10 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

(a) Dia 1 – sem sucção

(b) Dia 1 – com sucção

(c) Dia 2 – sem sucção

(d) Dia 2 – com sucção

Na Figura 5a e na Figura 5c observa-se que, em relação ao tempo de armazenamento

(dia 1 e dia 2), para um mesmo deslocamento (por exemplo, de 6mm), houve um aumento de

carga (5 vezes maior) para o tempo de utilização de 0 minutos, ou seja, um aumento da

consistência da argamassa. Esse aumento de consistência também foi observado para este lote

com a diminuição do índice de consistência (Tabela 2). Quando a argamassa foi submetida à

absorção de água pelo substrato poroso também houve uma perda de consistência, se

comparada com a argamassa sem absorção de água para os tempos de armazenamento (dia1 e

dia 2), como apresentado na Figura 5, demonstrando claramente a influência da perda de água

da argamassa para o substrato na sua consistência.

A perda de consistência foi maior ainda quando é analisada a influência do tempo de

utilização, isto é, com 15, 30 e 60 minutos. Uma vez que quanto maior o tempo de utilização,

maior a carga aplicada para gerar um mesmo deslocamento. Por ocorrer essa grande perda de

consistência da argamassa é possível realizar a etapa de desempeno deste revestimento. Cabe

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

11 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

salientar que analisando a argamassa sem a absorção de água pelo substrato, a mesma

continua trabalhável por até 48 horas (dia 2), como é comercializada pelo fabricante.

A Figura 6 apresenta a curva obtida durante o ensaio Squeeze-Flow para o lote 2.

Figura 6 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 2: (a) primeiro dia – sem sucção, (b) primeiro dia – com

sucção, (c) segundo dia – sem sucção e (d) segundo dia – com sucção.

(a) Dia 1 – sem sucção

(b) Dia 1 – com sucção

(c) Dia 2 – sem sucção

(d) Dia 2 – com sucção

Observa-se na Figura 6 um comportamento semelhante ao lote 1, isto é, uma perda de

consistência ao longo do tempo de armazenamento (dia 1 e dia 2) e com a absorção de água

pelo substrato. Porém não foi observada a relação entre tempo de utilização (0, 15, 30 e 60

minutos) e a perda de consistência da argamassa. E também foi observada uma influência da

absorção de água pelo substrato nas cargas para obter um mesmo deslocamento.

A Figura 7 apresenta os resultados dos ensaios reológicos para o lote 3.

Figura 7 - Ensaio Squeeze-Flow no Lote 3: (a) primeiro dia – sem sucção, (b) primeiro dia – com

sucção, (c) segundo dia – sem sucção e (d) segundo dia – com sucção.

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

12 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

(a) Dia 1 – sem sucção

(b) Dia 1 – com sucção

(c) Dia 2 – sem sucção

(d) Dia 2 – com sucção

Para o lote 3 foi observado um comportamento reológico semelhante ao verificado

nos dois primeiros lotes, isto é, foi verificada a influência do tempo de armazenagem (dia 1 para

dia 2) e do substrato nas cargas obtidas para um mesmo deslocamento (Figura 7).

Para comparar os três lotes estudados foram analisados os valores de cargas obtidas

para um mesmo deslocamento de 6mm – apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 - Cargas (N) necessárias para deslocamento de 6mm no Squeeze-Flow.

LOTE DIA SUCÇÃO 0 minuto 15 minutos 30 minutos 60 minutos

Lote 1

Dia 1 Sem 100 200 200 600 Com 200 400 500 1000

Dia 2 Sem 500 600 1300 -

Com 1100 1700 1300 -

Lote 2 Dia 1

Sem 100 100 100 100 Com 700 200 600 -

Dia 2 Sem 200 200 200 200

Com 1000 1000 1900 1500

Lote 3 Dia 1

Sem 100 100 100 100

Com 300 700 800 700

Dia 2 Sem 100 100 100 100

Com 600 1200 1700 -

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

0

500

1000

1500

2000

0 2 4 6 8 10

Car

ga (

N)

Deslocamento (mm)

0 min 15 min 30 min 60 min

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

13 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

Pode-se observar na Tabela 4 que existe uma variação entre os valores obtidos,

demonstrando uma heterogeneidade das argamassas – principalmente na consistência da

argamassa observada do lote 1 para os lotes 2 e 3. Cabe salientar que o fornecedor descreve as

argamassas como sendo o mesmo produto.

3.3. Propriedades do estado endurecido

3.3.1. Resistência à tração na flexão e à compressão

Os valores de resistência à tração na flexão e compressão dos corpos-de-prova

submetidos ou não à sucção do substrato são apresentados na Figura 8.

Figura 8 - Resistências à tração na flexão e resistência à compressão.

Pode-se observar na Figura 8 que os valores de resistência à compressão e tração

foram superiores para o lote 1 em relação aos outros lotes (aproximadamente de 7,5 MPa e 3,0

MPa respectivamente). Além disso, os valores de resistência foram maiores para os corpos-de-

prova sem sucção do que para os corpos-de-prova com sucção em todos os lotes. Os valores de

resistência à tração na flexão foram em média de 41% da resistência à compressão.

3.3.2. Resistência de aderência à tração

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

14 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

A Figura 9 apresenta os valores calculados para a resistência de aderência à tração

obtida através do ensaio de arrancamento nos blocos de concreto revestidos com a argamassa

estabilizada.

Figura 9 - Resistência de aderência à tração para as argamassas estudadas.

Nota-se na Figura 9 que somente para o lote 1 houve uma diferença nos valores de

resistência de aderência à tração em relação ao tempo de armazenagem (1 e 2 dias). Contudo,

para os demais lotes não foi verificado essa diferença, uma vez que os resultados foram

semelhantes em relação ao tempo de armazenamento. Observou-se também que 97% das

rupturas ocorreram na argamassa de revestimento. Os valores obtidos foram muito próximos

aos do limite mínimo exigidos pela norma NBR 13749:1996 (17) de 0,20 MPa para revestimentos

internos com acabamento em pintura ou base para reboco. Cabe ressaltar que não foi utilizado

o método de aplicação da argamassa conforme NBR 15258:2005 (14), o que poderia afetar os

resultados obtidos.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos das propriedades no estado fresco, verificou-se uma

influência tanto do tempo de utilização (tempo de aplicação no mesmo dia) quanto do tempo

de armazenagem (do primeiro para o segundo dia). Durante a caracterização reológica das

argamassas, foi possível observar a influência do tempo de utilização e do tempo de

armazenamento. Além disso, também houve uma influência da base porosa (bloco de

concreto). Em média o teor de ar incorporado das argamassas foi de 12,5%. Os tempos de início

de pega para as argamassas variaram entre 95 e 141 horas e os valores médios de retenção de

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Re

sist

ên

cia

à ad

erê

nci

a (M

Pa)

Dia 1 Dia 2

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

15 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

água foram de 82%. Assim, apesar de ser possível utilizar a argamassa por até 48 horas, a

trabalhabilidade é prejudicada ao longo desse tempo.

Nas propriedades do estado endurecido, verificou-se a influencia do substrato poroso

que apresentou valores inferiores na resistência à tração na flexão e resistência à compressão

Observou-se também que os resultados de resistência de aderência à tração apresentaram

valores próximos aos limites mínimos exigidos para rebocos internos (0,20 MPa).

Assim, destacamos a necessidades de se estabelecer limites de desempenho para a

avaliação deste tipo de argamassa, uma vez que as normas já existentes não contemplam as

características e nem o controle de qualidade para argamassas estabilizadas.

5. REFERÊNCIAS

1. PANARESE, W.C.; KOSMATKA, S.H.; RANDALL, F.A. Concrete Mansory Handbook for architects, Engineers, Builders. Portland Cement Association, 5a ed. Estados Unidos da América, 1991. 219 p.2.

2. GRUPO HOBI. Sistema Mormix: Argamassa Estabilizada. Disponível em: <http://grupohobi.com.br/pdf/mormix.pdf>. Acesso em: 06 março /2010.

3. CARASEK, H. Argamassas Cap. 26. In: ISAIA, G.C. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010.

4. MANN NETO, A.; ANDRADE, D.C.; SOTO, N.T.A. Avaliação das propriedades do estado fresco e endurecido da argamassa estabilizada para revestimento. IX SBTA. Belo Horizonte, 2011

5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248: Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

6. ______. NBR NM 52: Agregado miúdo – Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2009.

7. ______. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.

8. ______. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005.

9. SCHANKOSKI, R. A.; GRAEFF, E. R.; COSTA, F. O. (2); PRUDÊNCIO, L. R. J. Comparação entre diferentes métodos de determinação do teor de ar incorporado em argamassas. Anais do 54º Congresso Brasileiro de Concreto – IBRACON. Maceió, Alagoas. 2012

10. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13277: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da retenção de água. Rio de Janeiro, 2005.

11. ______. NBR NM 9: Concreto e argamassa - Determinação dos tempos de pega por meio de resistência à penetração. Rio de Janeiro, 2003.

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

16 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS

Fortaleza, 7 a 9 de maio de 2013- ISSN 2238-0191 _____________________________________________________________________________

12. CAMPOS, G. M. Estudo do tempo de início de pega de argamassas com aditivo estabilizador de hidratação. 2012. 116 f. Monografia (Especialização em Patologia das Construções) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2012.

13. ______. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.

14. ______. NBR 15258: Argamassa para revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência potencial de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2005.

15. ANTUNES, R. P. N. Influência da reologia e da energia de impacto na resistência de aderência de revestimento de argamassas. São Paulo, 2005. Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.

16. ______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Requisitos. Rio de Janeiro, 2005.

17. ______. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Especificação. Rio de Janeiro, 1996.

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

ISSN: 2446-6824

CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS ESTABILIZADAS SUBMETIDAS À

SUCÇÃO DE SUBSTRATO POROSO

GUSTAVO MACIOSKI (1); MARIENNE M. C. DA COSTA (2); JULIANA M. CASALI (3)

(1) Universidade Federal do Paraná - [email protected]; (2) Universidade Federal do Paraná – [email protected]; (3) Instituto Federal de Santa Catarina –

[email protected].

RESUMO

O uso de argamassa estabilizada tem aumentado em função do ganho de

produtividade em obra, principalmente devido à manutenção da sua trabalhabilidade

por um período de até 72 horas. Contudo, para o seu êxito, toda argamassa deve

apresentar deformabilidade compatível com sua função. Assim, o objetivo deste

trabalho é caracterizar argamassas estabilizadas submetidas à perda de água por

sucção de um substrato poroso. No estado fresco foram analisados o índice de

consistência, o teor de ar incorporado e densidade de massa. Já no estado endurecido

resistência à compressão e tração na flexão, densidade de massa aparente, módulo de

elasticidade dinâmico e estático. Os ensaios foram realizados analisando o tempo de

armazenamento e lotes distintos do material. Com os resultados obtidos, foi possível

verificar a influência da perda de água nas propriedades analisadas (para o módulo de

elasticidade em um dos lotes houve uma diminuição de 14%). Também verificou uma

variabilidade na estabilidade da argamassa, sendo obtido valores distintos das

propriedades conforme o tempo de armazenamento e dos lotes.

Palavras-chave: argamassa estabilizada, revestimento, absorção de água.

MACIOSKI, G. ; COSTA, M. R. M. M. ; CASALI, J. M. . Caracterização de argamassas estabilizadas submetidas à sucção de substrato poroso. In: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2015, Porto Alegre. Anais do XI Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2015.

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

EVALIATION OF READY MIXED MORTARS SUBMITTED TO A POROUS SUBSTRACT

ABSORPTION

ABSTRACT

The use of ready mixed mortar has increased due to the improvement in work

productivity, mainly owed to the maintenance of its workability for a period up to 72

hours. However, for it succeed, all mortar shall have a deformability compatible with

its function. The aim of this paper is to characterize ready mixed mortars exposed to

water loss by suction of a porous substrate. In the fresh state were analyzed the

consistency, entrained air content and bulk density. In the hardened state it was

analyzed the compression and flexural strength, bulk density, dynamic and static

modulus of elasticity. Tests were performed analyzing the storage time in different

batches. Based on these results, it was observed the influence of water loss in the

analyzed properties (for the elastic modulus in one of the batches there was a

decrease of 14%). In addition, there is variability in the mortar stability, since it was

obtained different values for its properties according to the storage time and batches.

Keywords: ready mixed mortar, rendering, water absorption.

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

1. INTRODUÇÃO

A argamassa estabilizada é um produto novo no mercado brasileiro, sendo necessário

o desenvolvimento de pesquisas e estudos referentes ao comportamento desse

material, tais como a avaliação das suas propriedades e interação com demais

elementos da edificação, uma vez que muitas dessas informações ainda não são

efetivamente conhecidas e quando existentes são pouco divulgadas(1). A argamassa

estabilizada é uma argamassa úmida, à base de cimento que vem pronta para o uso e

se mantém trabalhável por 36 a 72 horas. Para promover o retardamento do início da

pega os fabricantes introduzem aditivos retardadores e incorporadores de ar para que

suas características sejam preservadas por um período de tempo pré-definido. Na

Tabela 1 são apresentadas vantagens e desvantagens do uso de argamassas

estabilizadas com base em avaliações de viabilidades(2).

Tabela 1- Vantagens e desvantagens da argamassa estabilizada(2)

VANTAGENS DESVANTAGENS

Aumenta o rendimento Redução de perdas

Limpeza da obra Reduz misturas constantes Reduz a responsabilidade

Melhora a logística Reduz a demanda de mão de obra

Planejamento preciso da quantidade Tempo para adquirir rigidez Variação ao longo do tempo

Esmagamento do assentamento Tempo para desempeno

As principais funções de um revestimento de argamassa de parede são: proteger a

alvenaria e a estrutura contra a ação de intemperismo, e visando satisfazer às funções

algumas propriedades tornam-se essenciais para essas argamassas, sendo uma delas a

capacidade de absorver deformações(3). Visando satisfazer às funções deste tipo de

argamassa, algumas propriedades tornam-se essenciais: trabalhabilidade (consistência

e plasticidade adequadas), aderência, resistência mecânica e capacidade de absorver

deformações (baixo módulo de elasticidade)(4).

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Estudos demostraram uma variação nas propriedades do estado fresco da argamassa

estabilizada em função do tempo de armazenamento e também nas propriedades do

estado endurecido(5)(6)(7).

Desta forma, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o comportamento da argamassa

estabilizada para revestimento em função da perda de água para o substrato e ao

longo do tempo de utilização. O estudo das argamassas estabilizadas coletadas em

obra foi realizado através da determinação de diferentes parâmetros no estado fresco

e no estado endurecido. Além de avaliar a influência da perda de água para o

substrato, do tempo de armazenamento e de diferentes lotes em algumas das

propriedades da argamassa no estado endurecido.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram coletados três lotes distintos de argamassas estabilizadas dosadas em central

para revestimento de 48 horas que são utilizadas por construtoras na região de

Curitiba. Cabe ressaltar que os lotes eram do mesmo produto especificado. Para cada

um dos lotes foram realizados todos os ensaios apresentados no quadro da Figura 1.

Figura 1 - Quadro com programa experimental.

*Ensaios incluíram a simulação da sucção de água da argamassa

As argamassas estabilizadas foram transportadas até o laboratório dentro de

bombonas lacradas. Antes dos ensaios, o material era homogeneizado durante dois

•Índice de consistência

•Densidade de massa

•Teor de ar incorporado

ESTADO FRESCO

•Resistência à tração na flexão*

•Resistência à compressão*

•Densidade de massa aparente*

•Módulo de elasticidade dinâmico*

•Módulo de elasticidade estático

ESTADO ENDURECIDO

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

minutos com o auxílio de uma haste metálica. No dia 1 de utilização, com

aproximadamente 2 horas após a entrega na obra, foram realizados os ensaios

conforme descrito anteriormente. No dia seguinte, 24 horas após o início dos ensaios

do dia anterior, os mesmos procedimentos foram realizados para obter as amostras do

dia 2 de armazenamento. Durante este intervalo de 24 horas as bombonas

permaneciam lacradas, impedindo alterações externas e perda de água da argamassa.

2.1. Índice de consistência

O índice de consistência foi obtido com base nas indicações da ABNT NBR

13276:2002(8) através do ensaio na mesa de abatimento (flow table). O ensaio foi

realizado nos dois dias de armazenamento para verificar a alteração do índice de

consistência.

2.2. Densidade de massa

A avaliação da densidade de massa foi realizada com base na ABNT NBR 13278:2005(9),

através do preenchimento de um recipiente metálico, tanto para o dia 1 e dia 2 de

armazenamento.

2.3. Teor de ar incorporado

O teor de ar incorporado foi realizado com o auxílio de um picnômetro de boca larga

através de um método experimental(10). No ensaio foi utilizada uma solução de 50% de

álcool etílico hidratado com água destilada para facilitar o desprendimento de bolhas

de ar da argamassa quando agitados. Os procedimentos do método desenvolvido

podem ser melhor visualizado na Figura 2.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Figura 2 - Método do picnômetro para determinação do ar incorporado (10).

2.4. Resistência à tração na flexão e compressão

Para os ensaios de resistência à compressão e resistência à tração na flexão, foram

moldados corpos de prova prismáticos de acordo com a ABNT NBR 13279:2005(11), isto

é, sem sucção ou perda de água. E ainda, durante a moldagem dos corpos de prova

também foi simulada a absorção do substrato, isto é, com sucção ou com perda de

água. O molde prismático foi colocado sobre um bloco de concreto com um filtro

previamente umedecido em sua superfície e todo o conjunto foi fixado na mesa de

adensamento, que realizou as quedas como previsto em norma.

Cabe salientar que a moldagem dos corpos de prova foi realizada para cada lote no dia

1 e dia 2 de armazenamento e resistências foram obtidas aos 28 dias de moldagem.

Figura 3 - Mesa de adensamento adaptada.

As amostras foram desmoldadas após 7 dias, garantindo que a argamassa estabilizada

já possuísse uma resistência suficiente para ser manuseada. A cura dos corpos de

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

prova foi seca ao ar e os rompimentos seguiram as prescrições de norma aos 28 dias

de moldagem.

2.5. Densidade de massa aparente e módulo de elasticidade dinâmico

O módulo de elasticidade dinâmico das argamassas foi obtido de acordo com a norma

ABNT NBR 15630:2008(12) com o auxílio de um aparelho de ultrassom da marca

PUNDIT. Além dos ensaios realizados nos corpos de prova prismáticos (4x4x16) cm,

foram moldados corpos de prova cilíndricos no tamanho (10x20) cm. Este ensaio foi

avaliado com 28 dias de moldagem.

2.6. Módulo de elasticidade estático

O módulo de elasticidade estático foi obtido nos corpos de prova (10x20) cm com 28

dias de moldagem, sendo a deformação do material registrada por dois relógios

comparadores acoplados nas laterais do corpo de prova.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são apresentados os resultados obtidos para argamassa estabilizada estudada.

3.1. Índice de consistência

A Tabela 2 apresenta os valores para o índice de consistência para os dois dias de

armazenagem (dia 1 e dia 2).

Tabela 2- Valores de índice de consistência (valores em mm).

DIA 1 DIA 2 Lote 1 242,8 235,8 Lote 2 221,5 234,0 Lote 3 278,5 246,5

Pode-se observar na Tabela 2 que houve uma pequena perda de consistência ao longo

do tempo de armazenamento, com exceção do lote 2 que apresentou um pequeno

aumento de 5,64% no índice de consistência. Este comportamento do índice de

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

consistência pode ter influenciado na trabalhabilidade da argamassa em obra de um

dia para o outro de armazenamento, porém não inviabilizou a utilização da mesma.

3.2. Densidade de massa e teor de ar incorporado

Na Figura 5, são apresentados os resultados de densidade e teor de ar incorporado

para os dias 1 e 2 de utilização no estado fresco.

Figura 5 – Densidade de massa e teor de ar incorporado.

Nota-se na Figura 5 que os valores de densidade de massa obtidos apresentaram um

pequeno aumento em relação ao tempo de armazenamento (dia 1 para o dia 2) para

todos os lotes. Em relação ao teor de ar incorporado, em média, também houve uma

pequena diminuição em relação ao tempo de armazenamento, com exceção do lote 3

que apresentou um aumento na média dos resultados mas também obteve a menor

variação da densidade de massa.

A partir dos resultados apresentados foi possível obter uma correlação entre os

resultados do teor de ar incorporado e densidade de massa, como apresentado na

Figura 6.

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

1,7

1,8

1,8

1,9

1,9

2,0

Dia 1 Dia 2

Teo

r d

e ar

inco

rpo

rad

o (

%)

Den

sid

ade

de

mas

sa (

g/cm

³)

Densidade - L1 Densidade - L2

Densidade - L3 Ar Incorporado - L1

Ar Incorporado - L2 Ar Incorporado - L3

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Figura 6 – Densidade de massa versus teor de ar incorporado.

Desta forma, observa-se na Figura 6 que como tempo ocorre uma redução do teor de

ar incorporado, e, consequentemente um aumento da densidade. É possível que esta

variação tenha causado alterações na trabalhabilidade do produto, conforme

apresentado na Tabela 2.

3.3. Resistência à tração na flexão e compressão

Os valores de resistência à tração na flexão e compressão dos corpos de prova com e

sem à sucção do substrato são apresentados no gráfico da Figura 7 e da Figura 8.

y = -0,4446x + 0,9384 R² = 0,9446

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

1,75 1,80 1,85 1,90 1,95

Teo

r d

e ar

inco

rpo

rad

o (

%)

Densidade de massa (g/cm³)

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Figura 7 – Resistência de compressão.

Figura 8 – Resistência de tração na flexão.

Pode-se observar na Figura 7 e na Figura 8, além da variação dos resultados entre os

lotes, que os valores de resistência à compressão e tração foram superiores para o lote

1 em relação aos outros lotes. Além disso, os valores de resistência, tanto à

compressão quanto à tração na flexão, maioria dos casos, foram maiores para os

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sem sucção Com sucção Sem sucção Com sucção

Dia 1 Dia 2

Res

istê

nci

a à

com

pre

ssão

(M

Pa)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sem sucção Com sucção Sem sucção Com sucção

Dia 1 Dia 2

Res

istê

nci

a à

traç

ão n

a fl

exão

(M

Pa)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

corpos de prova sem à sucção, com queda de 13% nos valores tanto para à

compressão como para à tração na flexão.

Os dados de resistência foram submetidos a análise de variância e ao teste de

separação de médias de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. Desse modo

não houve diferença significativa entre os valores obtidos dos corpos de prova com e

sem sucção para todos os lotes, com exceção do lote 3 no dia 1 de armazenamento

que houve diferença significativa entre os valores de com e sem sucção.

Para os valores de resistência à compressão, analisando os valores somente dos corpos

de prova sem sucção, houve diferença significativa entre os lotes. Demonstrando

claramente que existe diferença entre os lotes mesmo sendo comercializados como o

mesmo produto.

Na Figura 9 é apresentada a correlação entre a densidade de massa no estado

aparente no endurecido e a resistência à compressão.

Figura 9 – Densidade de massa versus resistência à compressão.

y = 23,195x - 33,29 R² = 0,7791

y = 17,037x - 22,484 R² = 0,5574

0

2

4

6

8

10

1,55 1,6 1,65 1,7 1,75 1,8

Res

istê

nci

a à

com

prs

são

(M

Pa)

Densidade de massa aparente (g/cm³)

Com sucção Sem sucção

Linear (Com sucção) Linear (Sem sucção)

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Na Figura 9, apesar das baixas correlações observadas, é possível verificar uma

tendência que com o aumento da resistência à compressão ocorre um aumento da

densidade de massa aparente no estado endurecido para ambos os corpos de prova

submetidos ou não à sucção. Este fenômeno é esperado uma vez que ocorre a

expulsão do ar incorporado e, possivelmente, a quantidade de vazios dentro da

amostra foi reduzida.

Na Figura 10 é apresentada a correlação entre a resistência à compressão e a

resistência de tração na flexão.

Figura 10 – Resistência à compressão versus resistência de tração na flexão.

Já na Figura 10, observa-se que existe uma boa correlação entre os resultados de

resistência à compressão e tração na flexão para os corpos de prova submetidos ou

não à sucção. Em média, os valores de resistência à resistência à tração na flexão

foram em média de 41% menores que os valores de resistência à compressão.

y = 0,3262x + 0,4136 R² = 0,9376

y = 0,4826x - 0,4561 R² = 0,888

0

1

2

3

4

0 2 4 6 8 10

Res

istê

nci

a à

traç

ão n

a fl

exão

(M

Pa)

Resistências à compressão (MPa)

Com sucção Sem sucção

Linear (Com sucção) Linear (Sem sucção)

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

3.4. Módulo de elasticidade estático e dinâmico

Na Figura 11 são apresentados os valores para os módulos de elasticidade obtidos

através dos ensaios dinâmicos, analisando a influência da sucção e na Figura 12 são

apresentados os resultados avaliando a influência da geometria dos corpos de prova.

Figura 11 – Módulo de elasticidade dinâmico em corpos de prova (4x4x16) cm.

Figura 12 – Módulo de elasticidade dinâmico em função da geometria do corpo de

prova sem sucção.

02468

1012141618

Com sucção Sem sucção Com sucção Sem sucção

Dia 1 Dia 2

du

lo d

e el

asti

cid

ade

din

âmic

o

(MP

a)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

0

2

4

6

8

10

12

14

4x4x16 10x20 4x4x16 10x20

Dia 1 Dia 2

du

lo d

e el

asti

cid

ade

din

âmic

o (

MP

a)

Lote 1 Lote 2 Lote 3

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Nota-se, na Figura 11 que ocorre um aumento no módulo de elasticidade após perda

de água (sucção) nos corpos de prova ensaiados, exceto para primeiro dia do lote 3.

Enquanto isso, a partir da Figura 12, não houve diferença significativa para os lotes 1 e

3 no dia 1 nos valores do módulo de elasticidade dinâmico entre os corpos de prova

sem sucção e corpos de prova (10x20) cm. Para o lote 2, não houve diferença

significativa entre os valores obtidos de módulo.

Destaca-se, ainda, que os valores do módulo de elasticidade dinâmico para as

argamassas variaram entre 8,8 e 15,38 GPa, apresentando resultados divergentes

entre os lotes.

Por sua vez, para os ensaios estáticos, nota-se um comportamento semelhantes ao

encontrado para o módulo de elasticidade dinâmico, com variações entre os lotes. Na

Figuras 13 são apresentadas a baixa correlação obtida entre os resultados das

diferentes geometrias de corpos de prova no ensaio dinâmico e valores de módulo de

elasticidade para corpo de prova cilíndrico.

Figura 13 – Módulo de elasticidade estático versus dinâmico.

y = 1,2467x - 7,2314 R² = 0,4726

y = 2,1106x - 17,939 R² = 0,4162

0123456789

1011

8 9 10 11 12 13 14

du

lo d

inâm

ico

(G

Pa)

Módulo estático - cilíndrico(GPa)

Prisma - Dinâmico Cilindro - Dinâmico

Linear (Prisma - Dinâmico) Linear (Cilindro - Dinâmico)

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

Apesar de não terem sido obtidas boas correlações entre os ensaios para nenhum dos

formatos de corpos de prova, em geral os valores para módulo de elasticidade

dinâmico foram superiores aos estáticos. Mas, de uma forma geral, os valores

encontrados para a deformabilidade das argamassas são aceitáveis. Na Figura 14 é

apresentada a correlação estre os resultados de módulo de elasticidade dinâmico em

amostras prismáticas não submetidas à compressão e a resistência à compressão

destas amostras.

Figura 14 – Módulo de elasticidade dinâmico versus resistência a compressão.

Observa-se também na Figura 14 uma correlação entre os resultados, uma vez que o

aumento da resistência à compressão causada pelo aumento da densidade de massa

torna o material mais rígido e com menor capacidade de deformação.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos nos ensaios realizados nos três lotes de argamassa

estabilizada no estado fresco demonstra a falta de homogeneidade e de estabilidade

entre os lotes. Cabe ressaltar que o produto é vendido como sendo o mesmo. Nota-se

uma grande variação nos resultados com os diferentes dias de utilização (dia 1 e dia 2),

y = 0,8631x - 3,7583 R² = 0,764

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

8 9 10 11 12 13 14

Res

istê

nci

a à

com

pre

ssão

(M

Pa)

Módulo dinâmico prismático sem sucção (GPa)

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

dificultando-se a adaptação do operário ao produto ao longo do dia de trabalho. Os

valores médios para a densidade de massa e para o teor de ar incorporado foram de

1,83 g/cm³ e 12,47%, respectivamente. Com o aumento da densidade de massa houve

uma redução do teor de ar incorporado ao longo do tempo e foi possível obter uma

correlação entre essas duas propriedades.

A partir dos resultados obtidos dos ensaios no estado endurecido das argamassas

estabilizadas foi possível observar a variabilidade do produto quando comparados os

seus diferentes lotes, bem como os resultados dos diferentes dias de armazenamento.

Algumas destas variações estão vinculadas ao comportamento da argamassa

estabilizada no estado fresco. A influência do substrato poroso que ocasionou valores

inferiores na resistência à tração na flexão e resistência à compressão para as

argamassas estudadas, que apresentaram variações de 1,0 a 3,8 MPa e 2,5 e 8,0 MPa

respectivamente. Também verificou-se que ocorreu uma redução da resistência

conforme o aumento do teor de ar incorporado das argamassas.

De modo geral, a argamassa estabilizada, apesar de manter-se no estado fresco por

um longo período de tempo, não apresentou uma estabilização, uma vez que os lotes

de argamassa estabilizada estudados neste trabalho variaram suas características ao

longo do tempo de utilização e dos lotes. E mais uma vez destaca-se uma possível falta

de controle dos lotes produzidos que apresentaram grandes variações em seus

resultados.

Assim, destaca-se a necessidade de se estabelecer limites de desempenho para a

avaliação deste tipo de argamassa, uma vez que as normas já existentes não

contemplam as características e nem o controle de qualidade para argamassas

estabilizadas, bem como já apontado por outros trabalhos. A verificação da influência

da sucção do substrato em outras propriedades da argamassa também é de extrema

importância uma vez que esta variável influenciou nos resultados em que foi avaliada.

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

5. REFERÊNCIAS

1. MACIOSKI, G. Avaliação do comportamento de argamassas estabilizadas para revestimento. 2014. 117 f. Trabalho Final de Curso (Graduação) - Engenharia Civil - Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2014.

2. HERMANN, A.; ROCHA, J. P. A. Pesquisa da viabilidade da utilização da argamassa estabilizada modificada para revestimento sem a necessidade de aplicação do chapisco. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco. 2010.

3. MOHAMED, G.; ROMAN, H. R.; RIZATTI, E.; ROMAGNA, R. Alvenaria Estrutural. In: ISAIA, G. C. (org.). Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais. São Paulo, 2010. v-2, p. 1045-1075.

4. CARASEK, H. Argamassas Cap. 26. In: ISAIA, G.C. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010

5. CALÇADA, L. M. L.; PEREIRA, L.; SOUZA, R. A.; OLIVEIRA, A. L.; CASALI, J. M. Influência das características do molde e da superfície de contato nas propriedades da argamassa estabilizada. In: X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013, Fortaleza. X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013.

6. CASALI, J. M. ; MANN NETO, A. ; ANDRADE, D. A. ; ARRIAGADA, N. T. . Avaliação das propriedades do estado fresco e endurecido da argamassa estabilizada para assentamento e revestimento. In: IX Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2011, Minas Gerais. IX Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2011.

7. MACIOSKI, G.; KUSZKOWSKI, H.; COSTA, M. R. M. M.; CASALI, J. M. Avaliação de propriedades no estado fresco e endurecido de argamassas estabilizadas. In: X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013, Fortaleza. X Simpósio Brasileiro de Argamassas, 2013.

8. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.

9. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005.

10. SCHANKOSKI, R. A.; GRAEFF, E. R.; COSTA, F. O. ; PRUDÊNCIO, L. R. J. Comparação entre diferentes métodos de determinação do teor de ar incorporado em argamassas. Anais do 54º Congresso Brasileiro de Concreto - IBRACON. Maceió, Alagoas. 2012

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ GUSTAVO MACIOSKI … · que a mão de obra não necessita aguardar o recebimento do material no início do dia de trabalho ou mesmo confeccionar a

11. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.

12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15630: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do módulo de elasticidade dinâmico através da propagação de onda ultra-sônica. Rio de Janeiro, 2008.