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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIacuteRITO SANTO
CENTRO DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FLORESTAIS
LUCIANA FERREIRA DA SILVA
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE CEPAS DE Eucalyptus spp POR
FUNGOS XILOacuteFAGOS
JEROcircNIMO MONTEIRO ndash ES
DEZEMBRO ndash 2011
LUCIANA FERREIRA DA SILVA
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE CEPAS DE Eucalyptus spp POR
FUNGOS XILOacuteFAGOS
Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior
Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes
JEROcircNIMO MONTEIRO ndash ES DEZEMBRO ndash 2011
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa
de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo como parte das
exigecircncias para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de
Mestre em Ciecircncias Florestais Aacuterea de
Concentraccedilatildeo Ciecircncias Florestais
1
Luciana Ferreira da Silva
Aprovada em 15 de dezembro de 2011
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE CEPAS DE Eucalyptus spp POR
FUNGOS XILOFAGOS
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Florestais do Centra de Ciecircncias Agraacuterias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo como parte das exigecircncias para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Florestais na Aacuterea de Concentraccedilatildeo Ciecircncias Florestais
Prof Dr Edson Luiz Furtado
FCA-UNESP Membra
Externo
Prof Dr ose Tarcfsio da Silva Oliveira
CCAUFES
Membra Interno
Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior
CCAUFES
Orientador
o Ramos Alves UFES
Externo
Dissertaccedilatildeo 0041
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP)
(Biblioteca Setorial de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Silva Luciana Ferreira da 1983-
S586c Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos
xiloacutefagos Luciana Ferreira da Silva ndash 2011
77 f il
Orientador Waldir Cintra de Jesus Junior
Coorientador Juarez Benigno Paes
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal
do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias
1 Eucalipto 2 Basidiomicetos 3 Fungos apodrecedores da madeira 4
Madeira - Deterioraccedilatildeo - Anaacutelise 5 Teste de apodrecimento da Madeira I
Jesus Junior Waldir Cintra de II Paes Juarez Benigno III Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias IV Tiacutetulo
CDU 630
iv
Aos meus pais Carlos Roberto e Maria
Joseacute ao meu esposo Joseacute Valber pelo
esforccedilo dedicaccedilatildeo e compreensatildeo em
todos os momentos desta e de outras
caminhadas
v
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento eacute dirigido primeiramente a Deus por permitir
que tudo acontecesse
Agrave Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) em especial ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais (PPGCF) pela oportunidade concedida
A equipe do Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) localizado no
Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente a Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro Espiacuterito
Santo
Agrave Fibria Celulose SA pelo apoio financeiro concedido
Minha seleccedilatildeo no acircmbito acadecircmico deve tambeacutem comeccedilar do iniacutecio
sendo assim agradeccedilo ao professor Dr Waldir Cintra de Jesus Junior a
consideraccedilatildeo de ter aceito a orientaccedilatildeo de minha Dissertaccedilatildeo na esperanccedila
de retribuir com a seriedade de meu trabalho a confianccedila em mim depositada
Ao professor Dr Juarez Benigno Paes pela co-orientaccedilatildeo deste
trabalho de dissertaccedilatildeo meus agradecimentos pelos ensinamentos cujos
temas foram de fundamental importacircncia para elaboraccedilatildeo desse trabalho por
sua permanente presenccedila em todas as fases do projeto pela sua
disponibilidade nos trabalhos de campo pelo seu incentivo apoio na
elaboraccedilatildeo deste trabalho
Ao professor Dr Joseacute Tarcisio da Silva Oliveira pelo incentivo na
realizaccedilatildeo deste trabalho e pelas discussotildees valiosas conselhos e
ensinamentos
Aos professores participantes da banca examinadora pelas sugestotildees
e aconselhamentos
Aos demais professores da Poacutes-graduaccedilatildeo por suas importantes
contribuiccedilotildees para o aprimoramento deste trabalho
Ao Bioacutelogo Aeliccedilon Alves ao Engenheiro Agrocircnomo Rodrigo Joseacute
Gonccedilalves Monteiro e ao Professor Dr Cloacutevis Eduardo Nunes Hegedus por
nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para agrave execuccedilatildeo
pesquisa
vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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19
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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LUCIANA FERREIRA DA SILVA
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE CEPAS DE Eucalyptus spp POR
FUNGOS XILOacuteFAGOS
Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior
Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes
JEROcircNIMO MONTEIRO ndash ES DEZEMBRO ndash 2011
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa
de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo como parte das
exigecircncias para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de
Mestre em Ciecircncias Florestais Aacuterea de
Concentraccedilatildeo Ciecircncias Florestais
1
Luciana Ferreira da Silva
Aprovada em 15 de dezembro de 2011
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE CEPAS DE Eucalyptus spp POR
FUNGOS XILOFAGOS
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Florestais do Centra de Ciecircncias Agraacuterias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo como parte das exigecircncias para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Florestais na Aacuterea de Concentraccedilatildeo Ciecircncias Florestais
Prof Dr Edson Luiz Furtado
FCA-UNESP Membra
Externo
Prof Dr ose Tarcfsio da Silva Oliveira
CCAUFES
Membra Interno
Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior
CCAUFES
Orientador
o Ramos Alves UFES
Externo
Dissertaccedilatildeo 0041
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP)
(Biblioteca Setorial de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Silva Luciana Ferreira da 1983-
S586c Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos
xiloacutefagos Luciana Ferreira da Silva ndash 2011
77 f il
Orientador Waldir Cintra de Jesus Junior
Coorientador Juarez Benigno Paes
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal
do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias
1 Eucalipto 2 Basidiomicetos 3 Fungos apodrecedores da madeira 4
Madeira - Deterioraccedilatildeo - Anaacutelise 5 Teste de apodrecimento da Madeira I
Jesus Junior Waldir Cintra de II Paes Juarez Benigno III Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias IV Tiacutetulo
CDU 630
iv
Aos meus pais Carlos Roberto e Maria
Joseacute ao meu esposo Joseacute Valber pelo
esforccedilo dedicaccedilatildeo e compreensatildeo em
todos os momentos desta e de outras
caminhadas
v
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento eacute dirigido primeiramente a Deus por permitir
que tudo acontecesse
Agrave Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) em especial ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais (PPGCF) pela oportunidade concedida
A equipe do Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) localizado no
Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente a Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro Espiacuterito
Santo
Agrave Fibria Celulose SA pelo apoio financeiro concedido
Minha seleccedilatildeo no acircmbito acadecircmico deve tambeacutem comeccedilar do iniacutecio
sendo assim agradeccedilo ao professor Dr Waldir Cintra de Jesus Junior a
consideraccedilatildeo de ter aceito a orientaccedilatildeo de minha Dissertaccedilatildeo na esperanccedila
de retribuir com a seriedade de meu trabalho a confianccedila em mim depositada
Ao professor Dr Juarez Benigno Paes pela co-orientaccedilatildeo deste
trabalho de dissertaccedilatildeo meus agradecimentos pelos ensinamentos cujos
temas foram de fundamental importacircncia para elaboraccedilatildeo desse trabalho por
sua permanente presenccedila em todas as fases do projeto pela sua
disponibilidade nos trabalhos de campo pelo seu incentivo apoio na
elaboraccedilatildeo deste trabalho
Ao professor Dr Joseacute Tarcisio da Silva Oliveira pelo incentivo na
realizaccedilatildeo deste trabalho e pelas discussotildees valiosas conselhos e
ensinamentos
Aos professores participantes da banca examinadora pelas sugestotildees
e aconselhamentos
Aos demais professores da Poacutes-graduaccedilatildeo por suas importantes
contribuiccedilotildees para o aprimoramento deste trabalho
Ao Bioacutelogo Aeliccedilon Alves ao Engenheiro Agrocircnomo Rodrigo Joseacute
Gonccedilalves Monteiro e ao Professor Dr Cloacutevis Eduardo Nunes Hegedus por
nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para agrave execuccedilatildeo
pesquisa
vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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22
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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66
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1
Luciana Ferreira da Silva
Aprovada em 15 de dezembro de 2011
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE CEPAS DE Eucalyptus spp POR
FUNGOS XILOFAGOS
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Florestais do Centra de Ciecircncias Agraacuterias da Universidade Federal do Espiacuterito Santo como parte das exigecircncias para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Florestais na Aacuterea de Concentraccedilatildeo Ciecircncias Florestais
Prof Dr Edson Luiz Furtado
FCA-UNESP Membra
Externo
Prof Dr ose Tarcfsio da Silva Oliveira
CCAUFES
Membra Interno
Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior
CCAUFES
Orientador
o Ramos Alves UFES
Externo
Dissertaccedilatildeo 0041
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP)
(Biblioteca Setorial de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Silva Luciana Ferreira da 1983-
S586c Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos
xiloacutefagos Luciana Ferreira da Silva ndash 2011
77 f il
Orientador Waldir Cintra de Jesus Junior
Coorientador Juarez Benigno Paes
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal
do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias
1 Eucalipto 2 Basidiomicetos 3 Fungos apodrecedores da madeira 4
Madeira - Deterioraccedilatildeo - Anaacutelise 5 Teste de apodrecimento da Madeira I
Jesus Junior Waldir Cintra de II Paes Juarez Benigno III Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias IV Tiacutetulo
CDU 630
iv
Aos meus pais Carlos Roberto e Maria
Joseacute ao meu esposo Joseacute Valber pelo
esforccedilo dedicaccedilatildeo e compreensatildeo em
todos os momentos desta e de outras
caminhadas
v
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento eacute dirigido primeiramente a Deus por permitir
que tudo acontecesse
Agrave Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) em especial ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais (PPGCF) pela oportunidade concedida
A equipe do Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) localizado no
Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente a Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro Espiacuterito
Santo
Agrave Fibria Celulose SA pelo apoio financeiro concedido
Minha seleccedilatildeo no acircmbito acadecircmico deve tambeacutem comeccedilar do iniacutecio
sendo assim agradeccedilo ao professor Dr Waldir Cintra de Jesus Junior a
consideraccedilatildeo de ter aceito a orientaccedilatildeo de minha Dissertaccedilatildeo na esperanccedila
de retribuir com a seriedade de meu trabalho a confianccedila em mim depositada
Ao professor Dr Juarez Benigno Paes pela co-orientaccedilatildeo deste
trabalho de dissertaccedilatildeo meus agradecimentos pelos ensinamentos cujos
temas foram de fundamental importacircncia para elaboraccedilatildeo desse trabalho por
sua permanente presenccedila em todas as fases do projeto pela sua
disponibilidade nos trabalhos de campo pelo seu incentivo apoio na
elaboraccedilatildeo deste trabalho
Ao professor Dr Joseacute Tarcisio da Silva Oliveira pelo incentivo na
realizaccedilatildeo deste trabalho e pelas discussotildees valiosas conselhos e
ensinamentos
Aos professores participantes da banca examinadora pelas sugestotildees
e aconselhamentos
Aos demais professores da Poacutes-graduaccedilatildeo por suas importantes
contribuiccedilotildees para o aprimoramento deste trabalho
Ao Bioacutelogo Aeliccedilon Alves ao Engenheiro Agrocircnomo Rodrigo Joseacute
Gonccedilalves Monteiro e ao Professor Dr Cloacutevis Eduardo Nunes Hegedus por
nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para agrave execuccedilatildeo
pesquisa
vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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65
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66
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Dissertaccedilatildeo 0041
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-publicaccedilatildeo (CIP)
(Biblioteca Setorial de Ciecircncias Agraacuterias Universidade Federal do Espiacuterito Santo ES Brasil)
Silva Luciana Ferreira da 1983-
S586c Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos
xiloacutefagos Luciana Ferreira da Silva ndash 2011
77 f il
Orientador Waldir Cintra de Jesus Junior
Coorientador Juarez Benigno Paes
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Universidade Federal
do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias
1 Eucalipto 2 Basidiomicetos 3 Fungos apodrecedores da madeira 4
Madeira - Deterioraccedilatildeo - Anaacutelise 5 Teste de apodrecimento da Madeira I
Jesus Junior Waldir Cintra de II Paes Juarez Benigno III Universidade
Federal do Espiacuterito Santo Centro de Ciecircncias Agraacuterias IV Tiacutetulo
CDU 630
iv
Aos meus pais Carlos Roberto e Maria
Joseacute ao meu esposo Joseacute Valber pelo
esforccedilo dedicaccedilatildeo e compreensatildeo em
todos os momentos desta e de outras
caminhadas
v
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento eacute dirigido primeiramente a Deus por permitir
que tudo acontecesse
Agrave Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) em especial ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais (PPGCF) pela oportunidade concedida
A equipe do Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) localizado no
Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente a Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro Espiacuterito
Santo
Agrave Fibria Celulose SA pelo apoio financeiro concedido
Minha seleccedilatildeo no acircmbito acadecircmico deve tambeacutem comeccedilar do iniacutecio
sendo assim agradeccedilo ao professor Dr Waldir Cintra de Jesus Junior a
consideraccedilatildeo de ter aceito a orientaccedilatildeo de minha Dissertaccedilatildeo na esperanccedila
de retribuir com a seriedade de meu trabalho a confianccedila em mim depositada
Ao professor Dr Juarez Benigno Paes pela co-orientaccedilatildeo deste
trabalho de dissertaccedilatildeo meus agradecimentos pelos ensinamentos cujos
temas foram de fundamental importacircncia para elaboraccedilatildeo desse trabalho por
sua permanente presenccedila em todas as fases do projeto pela sua
disponibilidade nos trabalhos de campo pelo seu incentivo apoio na
elaboraccedilatildeo deste trabalho
Ao professor Dr Joseacute Tarcisio da Silva Oliveira pelo incentivo na
realizaccedilatildeo deste trabalho e pelas discussotildees valiosas conselhos e
ensinamentos
Aos professores participantes da banca examinadora pelas sugestotildees
e aconselhamentos
Aos demais professores da Poacutes-graduaccedilatildeo por suas importantes
contribuiccedilotildees para o aprimoramento deste trabalho
Ao Bioacutelogo Aeliccedilon Alves ao Engenheiro Agrocircnomo Rodrigo Joseacute
Gonccedilalves Monteiro e ao Professor Dr Cloacutevis Eduardo Nunes Hegedus por
nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para agrave execuccedilatildeo
pesquisa
vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS ASTM D - 1413 standard test method for wood preservatives by laboratory soil-block cultures Annual Book of ASTM Standards Philadelphia 2005a 7p _________ ASTM D ndash 2017 standard test method for accelerated laboratory test of natural decay resistance of wood Annual Book of ASTM Standards Philadelphia 2005b 5p ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DA INDUacuteSTRIA DA MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE - ABIMCI Setor de processamento mecacircnico da madeira do Estado do Paranaacute Curitiba 2004a 36p ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL-ABTCP Normas teacutecnicas ABCP Satildeo Paulo ABTCP 1974 18p CAVALCANTE M S Deterioraccedilatildeo bioloacutegica e preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1982 40 p (Pesquisa e Desenvolvimento 8) COSTA A S Preacute tatamento bioloacutegico de cavaco industriais de eucalipto para produccedilatildeo de celulose Kraft 1993 115f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Florestal) ndash Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa 1993 FERREIRA G C GOMES J I HOPKINS M J G Estudo anatocircmico das espeacutecies de Leguminosae comercializadas no Estado do Paraacute como ldquoangelimrdquo Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 3 p 387-398 2004 FOREST PRODUCTS LABORATORY ndash FPL Wood handbook wood as an engineering material Madison USDAFSFPL 2010 463p (General Technical Report FPLGTR113) FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus 1 2000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GOMIDE JL DEMUNER BJ Determinaccedilatildeo do teor de lignina em material lenhoso meacutetodo Klason modificado O Papel Satildeo Paulo v47 n8 p 36-38 1986 HUNT M G GARRAT G A Wood preservation New York Mc Graw-Hill 1963 433p LEPAGE ES Quiacutemica da madeira In LEPAGE E S (Coord) Manual de preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1986 v 1 p 69-97
65
MODES K S Efeito da retificaccedilatildeo teacutermica nas propriedades fiacutesico-mecacircnicas e bioloacutegica das madeiras de Pinus taeda e Eucalyptus grandis 2010 101 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2010 OLIVEIRA J T S et al Influecircncia dos extrativos na resistecircncia ao apodrecimento de seis espeacutecies de madeira Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n 5 p 819-826 2005a OLIVEIRA J T S TOMAZELLO M SILVA J C Resistecircncia natural da madeira de sete espeacutecies de eucalipto ao apodrecimento Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n 6 p 993-998 2005b OLIVEIRA A M F et al Agentes destruidores da madeira In LEPAGE E S (Coord) Manual de preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1986 v1 p99-278 PAES J B et al Eficiecircncia da purificaccedilatildeo e do enriquecimento do creosoto vegetal contra fungos xiloacutefagos em testes de laboratoacuterio Revista Aacutervore Viccedilosa v 22 n 2 p 263-269 1998 PAES J B Resistecircncia natural da madeira de Corymbia maculata (Hook) K D Hill e LAS Johnson a fungos e cupins xiloacutefagos em condiccedilotildees de laboratoacuterio Revista Aacutervore Viccedilosa v 26 n 6 p 761-767 2002 PAES J B et al Resistecircncia natural de nove madeiras do semi-aacuterido brasileiro a fungos xiloacutefagos em condiccedilotildees de laboratoacuterio Revista Aacutervore Viccedilosa v 28 n 2 p 275-282 2004 RAYNER A D M BODDY L Fungal decomposition of wood its biology and ecology Chichester John Wiley amp Sons 1995 587p ROCHA M P Biodegradaccedilatildeo e preservaccedilatildeo da madeira 5 ed Curitiba
Fundaccedilatildeo de Pesquisas Florestais do Paranaacute 2001 94p (Seacuterie Didaacutetica
0101)
SANTOS Z M Avaliaccedilatildeo da durabilidade natural da madeira de Eucalyptus grandis W Hill Maiden em ensaios de laboratoacuterio 1992 75f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Florestal) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa 1992 SCHMIDT O Wood and tree fungi biology damage protection and use Berlin Springer 2006 334p SGAI R D Fatores que afetam o tratamento para preservaccedilatildeo de madeiras 2000 122f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Estadual de Campinas Campinas 2000
66
SILVA J C et al Influecircncia da idade e da posiccedilatildeo radial na flexatildeo estaacutetica da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n5 p 795-799 2005 STEEL R G D TORRIE J H Principles and procedures of statistic a biometrical approach 2ed New York Mc Graw Hill 1980 633 p
iv
Aos meus pais Carlos Roberto e Maria
Joseacute ao meu esposo Joseacute Valber pelo
esforccedilo dedicaccedilatildeo e compreensatildeo em
todos os momentos desta e de outras
caminhadas
v
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento eacute dirigido primeiramente a Deus por permitir
que tudo acontecesse
Agrave Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) em especial ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais (PPGCF) pela oportunidade concedida
A equipe do Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) localizado no
Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente a Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro Espiacuterito
Santo
Agrave Fibria Celulose SA pelo apoio financeiro concedido
Minha seleccedilatildeo no acircmbito acadecircmico deve tambeacutem comeccedilar do iniacutecio
sendo assim agradeccedilo ao professor Dr Waldir Cintra de Jesus Junior a
consideraccedilatildeo de ter aceito a orientaccedilatildeo de minha Dissertaccedilatildeo na esperanccedila
de retribuir com a seriedade de meu trabalho a confianccedila em mim depositada
Ao professor Dr Juarez Benigno Paes pela co-orientaccedilatildeo deste
trabalho de dissertaccedilatildeo meus agradecimentos pelos ensinamentos cujos
temas foram de fundamental importacircncia para elaboraccedilatildeo desse trabalho por
sua permanente presenccedila em todas as fases do projeto pela sua
disponibilidade nos trabalhos de campo pelo seu incentivo apoio na
elaboraccedilatildeo deste trabalho
Ao professor Dr Joseacute Tarcisio da Silva Oliveira pelo incentivo na
realizaccedilatildeo deste trabalho e pelas discussotildees valiosas conselhos e
ensinamentos
Aos professores participantes da banca examinadora pelas sugestotildees
e aconselhamentos
Aos demais professores da Poacutes-graduaccedilatildeo por suas importantes
contribuiccedilotildees para o aprimoramento deste trabalho
Ao Bioacutelogo Aeliccedilon Alves ao Engenheiro Agrocircnomo Rodrigo Joseacute
Gonccedilalves Monteiro e ao Professor Dr Cloacutevis Eduardo Nunes Hegedus por
nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para agrave execuccedilatildeo
pesquisa
vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BARNETT H L HUNTER B B Illustrated genera of imperfect fungi 4 ed Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 218p BOOTH C The genus Fusarium New England International Mycological Institute 1971 237p BROWN H L BRUCE A Assessment of the biocontrol potential of a Trichoderma viride isolate Part I Establishment of field and fungal cellar trials International Biodeterioration amp Biodegradation Berlin v 44 p 219 - 223 1999 CARMICHAEL J W et al General of Hyphomycetes Alberta The University of Alberta Press 1980 386p DIX N J WEBSTER J Fungal ecology London Chapman amp Hall 1995 549 p ENCINtildeAS O Development and significance of attack by Lasiodiplodia theobromae (Pat) Griff amp Maubl in Caribbean pine wood and some other wood species 1996 107f Thesis (Phylosophae Doctor in Agriculture) - Sweden University Agriculture Science Uppsala 1996 FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus12000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GALVAtildeO A P M JANKOWSKY I P Secagem racional da madeira Satildeo Paulo Nobel 1985 111p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1997 v 1 263p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 v 2 258p HULME M A SHIELDS J K Antagonistic and synergistic effects for biological control of decay In Liese W (Ed) Biological transformation of wood by microorganism Berlin Springer-Verlag p52-63 1975 KAumlAumlRIK A Decomposition of wood In Dickinson C H Pugh G J F (Eds) Biology of plant litter decomposition London Academic Press 1975 v 1 p129-174 MESSNER K et al State of development of the LCT method of wood preservation Holz Zentralblatt v 122 n 15 p 232-233 1996
41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
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v
AGRADECIMENTOS
Meu maior agradecimento eacute dirigido primeiramente a Deus por permitir
que tudo acontecesse
Agrave Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) em especial ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais (PPGCF) pela oportunidade concedida
A equipe do Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) localizado no
Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente a Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro Espiacuterito
Santo
Agrave Fibria Celulose SA pelo apoio financeiro concedido
Minha seleccedilatildeo no acircmbito acadecircmico deve tambeacutem comeccedilar do iniacutecio
sendo assim agradeccedilo ao professor Dr Waldir Cintra de Jesus Junior a
consideraccedilatildeo de ter aceito a orientaccedilatildeo de minha Dissertaccedilatildeo na esperanccedila
de retribuir com a seriedade de meu trabalho a confianccedila em mim depositada
Ao professor Dr Juarez Benigno Paes pela co-orientaccedilatildeo deste
trabalho de dissertaccedilatildeo meus agradecimentos pelos ensinamentos cujos
temas foram de fundamental importacircncia para elaboraccedilatildeo desse trabalho por
sua permanente presenccedila em todas as fases do projeto pela sua
disponibilidade nos trabalhos de campo pelo seu incentivo apoio na
elaboraccedilatildeo deste trabalho
Ao professor Dr Joseacute Tarcisio da Silva Oliveira pelo incentivo na
realizaccedilatildeo deste trabalho e pelas discussotildees valiosas conselhos e
ensinamentos
Aos professores participantes da banca examinadora pelas sugestotildees
e aconselhamentos
Aos demais professores da Poacutes-graduaccedilatildeo por suas importantes
contribuiccedilotildees para o aprimoramento deste trabalho
Ao Bioacutelogo Aeliccedilon Alves ao Engenheiro Agrocircnomo Rodrigo Joseacute
Gonccedilalves Monteiro e ao Professor Dr Cloacutevis Eduardo Nunes Hegedus por
nos permitirem a coleta de materiais em suas fazendas para agrave execuccedilatildeo
pesquisa
vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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22
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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66
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vi
Ao Elecy Palaacutecio Constantino pela ajuda na confecccedilatildeo dos corpos de
prova
Ao Joseacute Geraldo Lima de Oliveira Gilson Barbosa Sao Teago Jordatildeo
Cabral Moulin e demais colegas de laboratoacuterio que direta ou indiretamente
colaboraram para que este trabalho atingisse os objetivos propostos
A Regina Gonccedilalves dos Santos Oliveira e ao Professor Dr Celson
Rodrigues pela grande ajuda durante a identificaccedilatildeo dos fungos
A meus pais por terem sido o contiacutenuo apoio em todos estes anos
ensinando-me principalmente a importacircncia da construccedilatildeo e coerecircncia de
meus proacuteprios valores
Ao meu esposo Joseacute Valber companheiro nesta trajetoacuteria soube
compreender como ningueacutem a fase pela qual eu estava passando Durante a
realizaccedilatildeo deste trabalho sempre tentou entender minhas dificuldades e
minhas ausecircncias procurando se aproximar de mim por meio da proacutepria
Dissertaccedilatildeo ajudando durante toda a fase de coleta e montagem do
experimento
A todos os amigos e colegas que de uma forma direta ou indireta
contribuiacuteram ou auxiliaram na elaboraccedilatildeo do presente estudo pela paciecircncia
atenccedilatildeo e forccedila que prestaram em momentos menos faacuteceis Para natildeo correr o
risco de natildeo enumerar algum natildeo vou identificar ningueacutem aqueles a quem este
agradecimento se dirige sabecirc-lo-atildeo desde jaacute os meus agradecimentos
Natildeo poderia deixar de agradecer agrave minha famiacutelia por todo o carinho
que sempre me prestaram ao longo de minha vida acadecircmica bem como agrave
elaboraccedilatildeo da presente Dissertaccedilatildeo a qual sem o seu apoio teria sido
impossiacutevel
Agradeccedilo-lhes carinhosamente por tudo isto
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
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ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
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2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
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22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
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23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
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dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
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periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
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(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
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celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
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Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS ASTM D - 1413 standard test method for wood preservatives by laboratory soil-block cultures Annual Book of ASTM Standards Philadelphia 2005a 7p _________ ASTM D ndash 2017 standard test method for accelerated laboratory test of natural decay resistance of wood Annual Book of ASTM Standards Philadelphia 2005b 5p ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DA INDUacuteSTRIA DA MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE - ABIMCI Setor de processamento mecacircnico da madeira do Estado do Paranaacute Curitiba 2004a 36p ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL-ABTCP Normas teacutecnicas ABCP Satildeo Paulo ABTCP 1974 18p CAVALCANTE M S Deterioraccedilatildeo bioloacutegica e preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1982 40 p (Pesquisa e Desenvolvimento 8) COSTA A S Preacute tatamento bioloacutegico de cavaco industriais de eucalipto para produccedilatildeo de celulose Kraft 1993 115f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Florestal) ndash Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa 1993 FERREIRA G C GOMES J I HOPKINS M J G Estudo anatocircmico das espeacutecies de Leguminosae comercializadas no Estado do Paraacute como ldquoangelimrdquo Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 3 p 387-398 2004 FOREST PRODUCTS LABORATORY ndash FPL Wood handbook wood as an engineering material Madison USDAFSFPL 2010 463p (General Technical Report FPLGTR113) FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus 1 2000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GOMIDE JL DEMUNER BJ Determinaccedilatildeo do teor de lignina em material lenhoso meacutetodo Klason modificado O Papel Satildeo Paulo v47 n8 p 36-38 1986 HUNT M G GARRAT G A Wood preservation New York Mc Graw-Hill 1963 433p LEPAGE ES Quiacutemica da madeira In LEPAGE E S (Coord) Manual de preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1986 v 1 p 69-97
65
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66
SILVA J C et al Influecircncia da idade e da posiccedilatildeo radial na flexatildeo estaacutetica da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n5 p 795-799 2005 STEEL R G D TORRIE J H Principles and procedures of statistic a biometrical approach 2ed New York Mc Graw Hill 1980 633 p
vii
BIOGRAFIA
Luciana Ferreira da Silva filha de Edival Ferreira da Silva e Maria
Joseacute Ferreira da Silva nasceu em 14 de outubro de 1983 no municiacutepio de
Alegre Estado do Espiacuterito Santo
Concluiu o Ensino Meacutedio (2ordm grau) e o Curso de Teacutecnico Agriacutecola na
Escola Agrotecnica Federal de Alegre (EAFA) atualmente IFES - Alegre em
2001
Obteve o grau de Licenciatura Plena em Ciecircncias Bioloacutegicas pela
Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA) - Alegre - ES em
2005
Em 2009 recebeu o Tiacutetulo de Engenheira Agrocircnoma da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
No ano de 2011 concluiu a Poacutes-Graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Governanccedila
e Direito Ambiental A Gestatildeo dos Espaccedilos Antroponizados pela Faculdade de
Filosofia Ciecircncias e Letras de Alegre (FAFIA)
Em 2009 ingressou no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias
Florestais em niacutevel de Mestrado em Ciecircncias Florestais da Universidade
Federal do Espiacuterito Santo (UFES) - Jerocircnimo Monteiro- ES submetendo-se agrave
defesa de Dissertaccedilatildeo em 15 dezembro de 2011
viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BARNETT H L HUNTER B B Illustrated genera of imperfect fungi 4 ed Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 218p BOOTH C The genus Fusarium New England International Mycological Institute 1971 237p BROWN H L BRUCE A Assessment of the biocontrol potential of a Trichoderma viride isolate Part I Establishment of field and fungal cellar trials International Biodeterioration amp Biodegradation Berlin v 44 p 219 - 223 1999 CARMICHAEL J W et al General of Hyphomycetes Alberta The University of Alberta Press 1980 386p DIX N J WEBSTER J Fungal ecology London Chapman amp Hall 1995 549 p ENCINtildeAS O Development and significance of attack by Lasiodiplodia theobromae (Pat) Griff amp Maubl in Caribbean pine wood and some other wood species 1996 107f Thesis (Phylosophae Doctor in Agriculture) - Sweden University Agriculture Science Uppsala 1996 FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus12000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GALVAtildeO A P M JANKOWSKY I P Secagem racional da madeira Satildeo Paulo Nobel 1985 111p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1997 v 1 263p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 v 2 258p HULME M A SHIELDS J K Antagonistic and synergistic effects for biological control of decay In Liese W (Ed) Biological transformation of wood by microorganism Berlin Springer-Verlag p52-63 1975 KAumlAumlRIK A Decomposition of wood In Dickinson C H Pugh G J F (Eds) Biology of plant litter decomposition London Academic Press 1975 v 1 p129-174 MESSNER K et al State of development of the LCT method of wood preservation Holz Zentralblatt v 122 n 15 p 232-233 1996
41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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Fundaccedilatildeo de Pesquisas Florestais do Paranaacute 2001 94p (Seacuterie Didaacutetica
0101)
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66
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viii
SUMAacuteRIO
RESUMO
Paacutegina x
ABSTRACT xi 1 INTRODUCcedilAtildeO 1 11 OBJETIVOS 111 Objetivo geral 112 Objetivos especiacuteficos
3 3 3
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4 21 MEIOS DE CULTURA 4 22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO 5 23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS 6
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
6
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA 7 26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS 7 27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS 8 28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA 9 281 Celulose 9 282 Hemiceluloses 10 283 Lignina 11 284 Extrativos 12 29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA 13 210 O GEcircNERO Eucalyptus 14 211 FUNGOS XILOacuteFAGOS 16 3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 18 CAPIacuteTULO I COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E
IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS XILOacuteFAGOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
23 RESUMO 24 ABSTRACT 25 1 INTRODUCcedilAtildeO 26 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 30
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
30
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS 32 23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS
FUNGOS PRESENTES NAS CEPAS
33 24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E
IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
34 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 35 4 CONCLUSOtildeES 39 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 40 CAPIacuteTULO II CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DE
Eucalyptus spp POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
42 RESUMO 43
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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65
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Fundaccedilatildeo de Pesquisas Florestais do Paranaacute 2001 94p (Seacuterie Didaacutetica
0101)
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66
SILVA J C et al Influecircncia da idade e da posiccedilatildeo radial na flexatildeo estaacutetica da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n5 p 795-799 2005 STEEL R G D TORRIE J H Principles and procedures of statistic a biometrical approach 2ed New York Mc Graw Hill 1980 633 p
ix
ABSTRACT 44 1 INTRODUCcedilAtildeO 45 2 MATERIAL E MEacuteTODOS 48 21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA
MADEIRA 211 Espeacutecies de madeira utilizadas
48 48
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova 48 213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados 49
214 Preparo do substrato 49 215 Repicagem dos fungos 50 216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos 50 217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova 50
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
51
219 Retirada dos corpos de prova 51 2110 Avaliaccedilatildeo da perda de massa 52 2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos 52 2112 Anaacutelises estatiacutesticas 53 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 54 4 CONCLUSOtildeES 63 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 64
x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BARNETT H L HUNTER B B Illustrated genera of imperfect fungi 4 ed Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 218p BOOTH C The genus Fusarium New England International Mycological Institute 1971 237p BROWN H L BRUCE A Assessment of the biocontrol potential of a Trichoderma viride isolate Part I Establishment of field and fungal cellar trials International Biodeterioration amp Biodegradation Berlin v 44 p 219 - 223 1999 CARMICHAEL J W et al General of Hyphomycetes Alberta The University of Alberta Press 1980 386p DIX N J WEBSTER J Fungal ecology London Chapman amp Hall 1995 549 p ENCINtildeAS O Development and significance of attack by Lasiodiplodia theobromae (Pat) Griff amp Maubl in Caribbean pine wood and some other wood species 1996 107f Thesis (Phylosophae Doctor in Agriculture) - Sweden University Agriculture Science Uppsala 1996 FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus12000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GALVAtildeO A P M JANKOWSKY I P Secagem racional da madeira Satildeo Paulo Nobel 1985 111p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1997 v 1 263p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 v 2 258p HULME M A SHIELDS J K Antagonistic and synergistic effects for biological control of decay In Liese W (Ed) Biological transformation of wood by microorganism Berlin Springer-Verlag p52-63 1975 KAumlAumlRIK A Decomposition of wood In Dickinson C H Pugh G J F (Eds) Biology of plant litter decomposition London Academic Press 1975 v 1 p129-174 MESSNER K et al State of development of the LCT method of wood preservation Holz Zentralblatt v 122 n 15 p 232-233 1996
41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
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x
RESUMO
SILVA Luciana Ferreira da Capacidade de deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp por fungos xiloacutefagos 2011 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Orientador Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Coorientador Prof Dr Juarez Benigno Paes Na reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores as cepas remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retiradas A degradaccedilatildeo natural de cepas de eucalipto apoacutes o corte raso eacute lenta A destoca mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo envolve traacutefego de maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes Uma alternativa para retirada destas cepas remanescentes eacute o emprego de fungos decompositores Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar fungos com potencial de deteriorar madeira de eucalipto a partir de fragmentos de cepas apodrecidas para serem utilizados em um ensaio de apodrecimento acelerado e realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo causa pelos fungos Amostras de cepas de eucalipto em decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios comerciais em trecircs municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES No LCM foram retiradas amostras de madeira para realizar o isolamento dos fungos e posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras em meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove culturas puras foram isoladas e identificadas sendo trecircs fungos pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomicetos 1 2 e 3) quatro do gecircnero Trichoderma um Lasiodiplodia e um Penicillium As culturas foram selecionadas repicadas em placa de Petri e tubos de ensaio contendo BDA e armazenadas em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC e utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado Apoacutes 12 semanas de ensaio pode-se concluir que os fungos isolados mais eficientes na deterioraccedilatildeo da madeira foram os pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes (Basidiomiceto 1 e Basidiomiceto 2) A anaacutelise quiacutemica da madeira pelos Basidiomicetos 1 e 2 revelou que houve um incremento no teor de extrativos totais na madeira para ambos Basidiomicetos testados Para a holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno de 1) O Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1 Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos Resistecircncia natural
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ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
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2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
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22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
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23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
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dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
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periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
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(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
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celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
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Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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66
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xi
ABSTRACT
SILVA Luciana Ferreira da Capacity of deterioration of stumps of Eucalyptus spp by xylophagous fungi 2011 Dissertation (Mesters degree on Florest Science) - Universidade Federal do Espiacuterito Santo Alegre-ES Adviser Prof Dr Waldir Cintra de Jesus Junior Co-adviser Prof Dr Juarez Benigno Paes
On the reform of the forest stand after the cutting of trees the remaining strains of Eucalyptus spp must be removed The natural degradation of stumps of eucalypts after clear cutting is slow The mechanical destock raises the cost of production involves machinery traffic on the ground favoring soil compaction and hindering the growth and distribution of roots An alternative to the withdrawal of the remaining stumps is the employment of decomposing fungi This research aimed to collect isolate select and identify fungi with potential for decayed eucalypts wood from fragments of stumps to be used in an essay of accelerated decay and perform chemical analysis of sound wood and deteriorated by fungi isolated from stumps which have greater ability to deterioration to verify which components of wood suffered major changes as a function of decay by fungi Samples of stumps of eucalypts decomposed were collected from commercial plantations in three municipalities with different altitudes and microclimates and wrapped in porous paper bags and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil In LCM wood samples were taken to perform the isolation of fungi and subsequently obtaining pure cultures in culture medium Potato-Dextrose-Agar (PDA) A total of nine pure cultures were isolated and identified being three belonging to the Class Basidiomycetes fungi (Basidiomycetes 1 2 and 3) four of the genus Trichoderma one Lasiodiplodia and one Penicillium The cultures were selected subcultured in Petri dish and test tubes containing PDA and stored in air-conditioned room at 25 plusmn 2deg C and used in the trial of accelerated decay After 12 weeks of test conclude that fungi isolated more efficient in the deterioration of wood were those belonging to the Class Basidiomycetes (1 and 2) Chemical analysis of wood decayed by Basidiomycetes 1 and 2 showed that there was an increase in total extractives content in wood for both the Basidiomycetes tested For the holocelulose (cellulose more hemicelluloses) there were minor differences between the healthy woods and decayed (variations averaging around 1) The Basidiomycete 2 caused increased degradation of lignin when compared to Basidiomycete 1 Keywords Decayed stumps Pure Cultures Xylophagous fungi Natural resistance
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Para a reforma do povoamento florestal apoacutes o corte das aacutervores os
tocos remanescentes de Eucalyptus spp devem ser retirados A destoca
mecacircnica eleva o custo de produccedilatildeo aleacutem de envolver traacutefego intenso de
maacutequinas sobre o solo favorecendo a sua compactaccedilatildeo e dificultando o
crescimento e a distribuiccedilatildeo das raiacutezes
A degradaccedilatildeo natural de cepas remanescentes de eucalipto apoacutes o
corte raso eacute lenta permanecendo tal material praticamente inalterado por
vaacuterios anos apoacutes a colheita florestal Assim o emprego de fungos preacute-
selecionados com potencial de deteriorar cepas de eucalipto pode constituir
uma alternativa visando assim reduzir ou eliminar a influecircncia negativa das
cepas nas aacutereas de reforma e contribuir para a maior sustentabilidade das
florestas plantadas
A resistecircncia ou durabilidade natural da madeira (cepas) eacute a sua
capacidade de resistir ao ataque de organismos xiloacutefagos (PAES 2002)
Mesmo uma espeacutecie botacircnica que apresenta reconhecida durabilidade natural
natildeo eacute capaz de resistir indefinidamente a accedilatildeo das intempeacuteries ou agraves
variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA 2005)
A madeira ao ser exposta a diversas condiccedilotildees ambientais estaacute
sujeita agraves influecircncias de variaccedilatildeo de temperatura e umidade sofre accedilatildeo de
substacircncias quiacutemicas do meio (atmosfera solo e aacutegua) que reagem com seus
componentes deteriorando-os aleacutem de sofrer accedilatildeo de organismos xiloacutefagos
principalmente fungos e insetos (SGAI 2000)
A durabilidade natural da madeira determina sua utilizaccedilatildeo
principalmente em regiotildees de clima tropical onde as condiccedilotildees de temperatura
e umidade proporcionam oacutetimas condiccedilotildees para o desenvolvimento de fungos
que podem utilizar a madeira como fonte de alimento Estes organismos tecircm
uma atividade tatildeo intensa que o ataque pode ocorrer ateacute em uma aacutervore viva
(ROCHA 2001) Segundo o autor citado anteriormente a accedilatildeo de agentes
xiloacutefagos na madeira eacute denominada de deterioraccedilatildeo bioloacutegica
Madeiras que apresentam elevada durabilidade natural a esses
organismos podem ser destacadas por um alto grau de nobreza conferindo-
2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
BARNETT H L HUNTER B B Illustrated genera of imperfect fungi 4 ed Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 218p BOOTH C The genus Fusarium New England International Mycological Institute 1971 237p BROWN H L BRUCE A Assessment of the biocontrol potential of a Trichoderma viride isolate Part I Establishment of field and fungal cellar trials International Biodeterioration amp Biodegradation Berlin v 44 p 219 - 223 1999 CARMICHAEL J W et al General of Hyphomycetes Alberta The University of Alberta Press 1980 386p DIX N J WEBSTER J Fungal ecology London Chapman amp Hall 1995 549 p ENCINtildeAS O Development and significance of attack by Lasiodiplodia theobromae (Pat) Griff amp Maubl in Caribbean pine wood and some other wood species 1996 107f Thesis (Phylosophae Doctor in Agriculture) - Sweden University Agriculture Science Uppsala 1996 FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus12000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GALVAtildeO A P M JANKOWSKY I P Secagem racional da madeira Satildeo Paulo Nobel 1985 111p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1997 v 1 263p HANLIN R T Illustrated genera Ascomycetes Saint Paul The American Phytopathological Society 1998 v 2 258p HULME M A SHIELDS J K Antagonistic and synergistic effects for biological control of decay In Liese W (Ed) Biological transformation of wood by microorganism Berlin Springer-Verlag p52-63 1975 KAumlAumlRIK A Decomposition of wood In Dickinson C H Pugh G J F (Eds) Biology of plant litter decomposition London Academic Press 1975 v 1 p129-174 MESSNER K et al State of development of the LCT method of wood preservation Holz Zentralblatt v 122 n 15 p 232-233 1996
41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
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66
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2
lhes amplo espectro de utilizaccedilatildeo e consequentemente tornando-as mais
valorizadas no mercado Sabe-se que o grau de resistecircncia aos agentes
bioloacutegicos eacute muito variaacutevel entre as madeiras sendo um grande nuacutemero destas
caracterizadas por apresentarem elevada resistecircncia ao ataque de insetos e de
fungos apodrecedores (OLIVEIRA et al 2005)
Segundo Oliveira et al (2005) o processo de apodrecimento causado
pela atuaccedilatildeo de enzimas produzidas pelos fungos pode ser relativamente
raacutepido demonstrando assim a eficiecircncia dos fungos xiloacutefagos em degradar
substratos lignoceluloacutesicos
Ao longo do desenvolvimento da aacutervore se acumulam compostos ou
metaboacutelicos secundaacuterios apresentando infinitas composiccedilotildees quiacutemicas
podendo ser terpenos compostos fenoacutelicos e compostos nitrogenados que
fornecem proteccedilatildeo natural agrave madeira por causa da sua toxidez aos agentes
xiloacutefagos (MADY 2010) Segundo o autor citado algumas substacircncias
inorgacircnicas que preenchem o interior das ceacutelulas como cristais e siacutelica
dificultam ainda mais o ataque de insetos e de brocas e ateacute mesmo obstruccedilotildees
nos elementos de vaso conhecidas como tilos constituindo uma barreira
natural agrave proliferaccedilatildeo de fungos
Segundo Santos (1992) a madeira sob ataque de fungos apresenta
alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica
diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor natural aumento da permeabilidade
reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do
poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque de insetos comprometendo
dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a sua utilizaccedilatildeo para fins
tecnoloacutegicos
Lelles e Rezende (1986) citaram que dentro do gecircnero Eucalyptus
existem espeacutecies produtoras de madeiras cultivadas no Brasil que natildeo satildeo
resistentes ao ataque de organismos xiloacutefagos Para eles inclusive a madeira
de cerne da maioria das espeacutecies natildeo apresenta resistecircncia natural
satisfatoacuteria Os autores relataram tambeacutem que haacute poucos estudos sobre a
resistecircncia natural das diversas espeacutecies de Eucalyptus cultivadas no Brasil
Segundo Onofre et al (2001) o tempo estimado para a degradaccedilatildeo
bioloacutegica natural de tocos de Eucalyptus spp no campo eacute de aproximadamente
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
64
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AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS ASTM D - 1413 standard test method for wood preservatives by laboratory soil-block cultures Annual Book of ASTM Standards Philadelphia 2005a 7p _________ ASTM D ndash 2017 standard test method for accelerated laboratory test of natural decay resistance of wood Annual Book of ASTM Standards Philadelphia 2005b 5p ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DA INDUacuteSTRIA DA MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE - ABIMCI Setor de processamento mecacircnico da madeira do Estado do Paranaacute Curitiba 2004a 36p ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL-ABTCP Normas teacutecnicas ABCP Satildeo Paulo ABTCP 1974 18p CAVALCANTE M S Deterioraccedilatildeo bioloacutegica e preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1982 40 p (Pesquisa e Desenvolvimento 8) COSTA A S Preacute tatamento bioloacutegico de cavaco industriais de eucalipto para produccedilatildeo de celulose Kraft 1993 115f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Florestal) ndash Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa 1993 FERREIRA G C GOMES J I HOPKINS M J G Estudo anatocircmico das espeacutecies de Leguminosae comercializadas no Estado do Paraacute como ldquoangelimrdquo Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 3 p 387-398 2004 FOREST PRODUCTS LABORATORY ndash FPL Wood handbook wood as an engineering material Madison USDAFSFPL 2010 463p (General Technical Report FPLGTR113) FURTADO E L Microorganismos manchadores da madeira In SIMPOacuteSIO DO CONE SUL SOBRE MANEJO DE PRAGAS E DOENCcedilAS DE Pinus 1 2000 Piracicaba Seacuterie Teacutecnica IPEF Piracicaba v 13 n 33 p 91ndash 96 2000 GOMIDE JL DEMUNER BJ Determinaccedilatildeo do teor de lignina em material lenhoso meacutetodo Klason modificado O Papel Satildeo Paulo v47 n8 p 36-38 1986 HUNT M G GARRAT G A Wood preservation New York Mc Graw-Hill 1963 433p LEPAGE ES Quiacutemica da madeira In LEPAGE E S (Coord) Manual de preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1986 v 1 p 69-97
65
MODES K S Efeito da retificaccedilatildeo teacutermica nas propriedades fiacutesico-mecacircnicas e bioloacutegica das madeiras de Pinus taeda e Eucalyptus grandis 2010 101 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) - Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2010 OLIVEIRA J T S et al Influecircncia dos extrativos na resistecircncia ao apodrecimento de seis espeacutecies de madeira Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n 5 p 819-826 2005a OLIVEIRA J T S TOMAZELLO M SILVA J C Resistecircncia natural da madeira de sete espeacutecies de eucalipto ao apodrecimento Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n 6 p 993-998 2005b OLIVEIRA A M F et al Agentes destruidores da madeira In LEPAGE E S (Coord) Manual de preservaccedilatildeo de madeiras Satildeo Paulo IPT 1986 v1 p99-278 PAES J B et al Eficiecircncia da purificaccedilatildeo e do enriquecimento do creosoto vegetal contra fungos xiloacutefagos em testes de laboratoacuterio Revista Aacutervore Viccedilosa v 22 n 2 p 263-269 1998 PAES J B Resistecircncia natural da madeira de Corymbia maculata (Hook) K D Hill e LAS Johnson a fungos e cupins xiloacutefagos em condiccedilotildees de laboratoacuterio Revista Aacutervore Viccedilosa v 26 n 6 p 761-767 2002 PAES J B et al Resistecircncia natural de nove madeiras do semi-aacuterido brasileiro a fungos xiloacutefagos em condiccedilotildees de laboratoacuterio Revista Aacutervore Viccedilosa v 28 n 2 p 275-282 2004 RAYNER A D M BODDY L Fungal decomposition of wood its biology and ecology Chichester John Wiley amp Sons 1995 587p ROCHA M P Biodegradaccedilatildeo e preservaccedilatildeo da madeira 5 ed Curitiba
Fundaccedilatildeo de Pesquisas Florestais do Paranaacute 2001 94p (Seacuterie Didaacutetica
0101)
SANTOS Z M Avaliaccedilatildeo da durabilidade natural da madeira de Eucalyptus grandis W Hill Maiden em ensaios de laboratoacuterio 1992 75f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncia Florestal) - Universidade Federal de Viccedilosa Viccedilosa 1992 SCHMIDT O Wood and tree fungi biology damage protection and use Berlin Springer 2006 334p SGAI R D Fatores que afetam o tratamento para preservaccedilatildeo de madeiras 2000 122f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Estadual de Campinas Campinas 2000
66
SILVA J C et al Influecircncia da idade e da posiccedilatildeo radial na flexatildeo estaacutetica da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden Revista Aacutervore Viccedilosa v 29 n5 p 795-799 2005 STEEL R G D TORRIE J H Principles and procedures of statistic a biometrical approach 2ed New York Mc Graw Hill 1980 633 p
3
25 anos Considerando que as aacutereas de plantio de eucalipto satildeo
intensivamente cultivadas e este plantio eacute renovado a cada cinco ou sete anos
com 1800 a 2500 plantasha com o passar do tempo estas aacutereas iratildeo se
tornar improacuteprias para o plantio uma vez que estaratildeo totalmente ocupadas em
sua maior parte por cepas e raiacutezes em diferentes estaacutedios de decomposiccedilatildeo
(ANDRADE 2003)
Desta forma a deterioraccedilatildeo de cepas remanescentes apoacutes a colheita
florestal estaacute condicionada agraves caracteriacutesticas edafoclimaacuteticas sucessatildeo
fuacutengica ecoloacutegica de decomposiccedilatildeo espeacutecie florestal e a idade das cepas
(proporccedilatildeo de cerne e alburno)
11 OBJETIVOS
111 Objetivo geral
Realizar a seleccedilatildeo o isolamento a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da
capacidade de deterioraccedilatildeo dos fungos isolados em cepas de Eucalyptus spp
112 Objetivos especiacuteficos
Realizar o isolamento indireto de fungos a partir de fragmentos das
cepas de eucaliptos deterioradas coletadas no campo
Obter culturas puras a partir da realizaccedilatildeo do isolamento indireto e
sucessivas repicagens
Identificar os fungos xiloacutefagos isolados e armazenados
Classificar os fungos isolados e identificados de acordo com os grupos
os quais pertencem (emboladodores manchadores e apodrecedores)
Utilizar as culturas puras obtidas para a realizaccedilatildeo de ensaio de
apodrecimento acelerado em laboratoacuterio e
Realizar a anaacutelise quiacutemica de madeiras sadias e deterioradas pelos
fungos isolados das cepas que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo para verificar quais os componentes da madeira sofreram
maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo da deterioraccedilatildeo
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 MEIOS DE CULTURA
Meios de cultura consistem da associaccedilatildeo qualitativa e quantitativa de
substacircncias que fornecem os nutrientes necessaacuterios ao desenvolvimento
(cultivo) de microrganismos fora do seu meio natural Tendo em vista a ampla
diversidade metaboacutelica dos microrganismos existem vaacuterios tipos de meios de
cultura para satisfazerem as variadas exigecircncias nutricionais Os nutrientes satildeo
substacircncias necessaacuterias agrave siacutentese de constituintes celulares para manutenccedilatildeo
da vida e satildeo fornecidos de forma a atender agraves exigecircncias da espeacutecie a ser
cultivada promovendo o crescimento e ou esporulaccedilatildeo satisfatoacuteria do
organismo Aleacutem dos nutrientes eacute preciso fornecer condiccedilotildees ambientais
favoraacuteveis ao desenvolvimento dos microrganismos tais como pH pressatildeo
osmoacutetica umidade temperatura e atmosfera (aeroacutebia microaeroacutebia ou
anaeroacutebia)
A composiccedilatildeo do meio de cultura vai depender do microrganismo que se
deseja cultivar e dos objetivos do estudo Segundo Tuite (1969) quanto ao
estado fiacutesico os meios podem ser liacutequidos (caldo ou extratos) ou soacutelidos
quando se adiciona aacutegar (15-2) para solidificar estes satildeo normalmente
usados em placas de Petri e em tubos de ensaio Quanto agrave composiccedilatildeo os
meios podem ser sinteacuteticos semi-sinteacuteticos ou naturais Os meios de cultura
naturais que satildeo agrave base de extratos e decocccedilotildees de material natural de
composiccedilatildeo desconhecida como extrato de levedura extrato de malte extrato
de carne batata cenoura aveia arroz milho e outros Por estes meios de
cultura serem de baixo custo satildeo amplamente utilizados em trabalhos de rotina
(isolamento e repicagem) Contudo alguns fungos natildeo esporulam e nem
mesmo crescem nesses meios exigindo assim aqueles mais complexos com
adiccedilatildeo de vitaminas e outros reguladores de crescimento
5
22 ISOLAMENTO FUacuteNGICO DIRETO E INDIRETO
Segundo Alfenas (2005) o isolamento de fungos fitopatogecircnicos
consiste na sua obtenccedilatildeo em cultura pura a partir de tecidos doentes do
hospedeiro solo ou de qualquer outro substrato A obtenccedilatildeo do patoacutegeno em
cultura pura eacute essencial em estudos de morfologia taxonomia reproduccedilatildeo e
fisiologia bem como em testes de patogenicidade resistecircncia geneacutetica de
plantas e sensibilidade a fungicidas
A obtenccedilatildeo de um organismo em cultura pura natildeo significa que ele seja
o agente causal da doenccedila Para provar que um dado organismo eacute o agente
capaz de causar uma doenccedila eacute essencial seguir rigorosamente as seguintes
regras do Postulado de Koch associaccedilatildeo constante do organismo com a
doenccedila isolamento do organismo em cultura pura inoculaccedilatildeo da cultura
isolada em plantas sadias reproduccedilatildeo dos sintomas e sinais tiacutepicos da doenccedila
e por fim reisolamento do mesmo organismo inoculado
Diferentes teacutecnicas de isolamento satildeo usadas conforme a natureza do
oacutergatildeo doente o substrato e o estaacutedio de desenvolvimento do patoacutegeno
(vegetativo ou reprodutivo) bem como a criteacuterio do operador Todavia os
meacutetodos baacutesicos de isolamento satildeo o direto e o indireto
O isolamento direto consiste na transferecircncia com o auxiacutelio de um
estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos hifas rizomorfos ou escleroacutedios)
diretamente do oacutergatildeo infectado ou de outro substrato para o meio de cultura O
isolamento direto tem diversas vantagens pois por meio deste pode-se obter
o organismo puro isento de contaminaccedilotildees de microrganismos saproacutefitas
associados ao tecido infectado sendo possiacutevel saber exatamente qual
organismo estaacute sendo transferido para o meio e podem-se estabelecer
comparaccedilotildees entre as estruturas do organismo formadas na superfiacutecie do
hospedeiro e em cultura
A teacutecnica de isolamento indireto consiste na transferecircncia para o meio
de cultura de porccedilotildees infectadas de tecido do hospedeiro ou amostras de solo
e sementes infestadas Os meacutetodos de isolamento indireto variam com o tipo
de oacutergatildeo ou tecido infectado (oacutergatildeos lenhosos ou carnosos natildeo-lenhosos ou
natildeo-carnosos) ou substrato de onde o organismo eacute recuperado
6
23 ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TRONCOS
Nos tecidos lenhosos ou carnosos o patoacutegeno atinge as camadas de
ceacutelulas mais profundas a incidecircncia de contaminantes superficiais deve ser
evitada pela remoccedilatildeo dos tecidos expostos e transferecircncia de apenas
fragmentos tissulares mais internos retirados das margens da lesatildeo para o
meio de cultura (ALFENAS 2005)
A exposiccedilatildeo dos tecidos dos quais o patoacutegeno eacute isolado eacute feita com o
auxiacutelio de um escalpelo ou lacircmina de barbear previamente flambados tendo-se
o cuidado de natildeo tocar com a ferramenta cortante na regiatildeo do tecido receacutem-
exposto
Pequenos fragmentos do tecido receacutem-descoberto satildeo cortados nas
margens da lesatildeo e assepticamente transplantados em meio de cultura com o
uso de uma pinccedila ou estilete
24 FATORES ASSOCIADOS AO CULTIVO DE FITOPATOacuteGENOS
A maioria dos fungos se desenvolve satisfatoriamente na faixa de 20-
30 ordmC A temperatura oacutetima para crescimento vegetativo pode diferir da oacutetima
para esporulaccedilatildeo Aleacutem disso alguns fungos desenvolvem melhor quando haacute
flutuaccedilotildees de temperatura como ocorre em condiccedilotildees naturais O
conhecimento das exigecircncias do microrganismo quanto agrave temperatura oacutetima de
crescimento eacute fundamental para otimizaccedilatildeo de seu cultivo ldquoin vitrordquo As
temperaturas miacutenimas e maacuteximas satildeo aquelas em que abaixo e acima das
quais natildeo haacute crescimento respectivamente (TUITE 1969)
A esporulaccedilatildeo de fungos eacute geralmente estimulada pela luz no entanto
seus efeitos podem variar com a espeacutecie com o meio de cultura com a
temperatura e com o periacuteodo de incubaccedilatildeo Normalmente a exposiccedilatildeo agrave luz
continua ou ao fotoperiacuteodo de 12h e a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas do tipo
fluorescente que emitem luz branca (luz do dia) ou luz negra de comprimento
de onda proacutexima do ultravioleta (UV) num espectro de 320-420 nm estimulam
a esporulaccedilatildeo Assim o fornecimento de luz deve ser feito com dois ou trecircs
7
dias de incubaccedilatildeo apoacutes inicio do crescimento do fungo pois colocircnias velhas
natildeo respondem ao estimulo de luz (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
O pH oacutetimo para crescimento vegetativo pode ser distinto daquele para
induccedilatildeo de esporulaccedilatildeo Enquanto fungos crescem numa faixa ampla de
valores bacteacuterias geralmente natildeo toleram meios aacutecidos Meios contendo aacutegar
natildeo solidificam em pH abaixo de 40 Desde que a autoclavagem pode alterar o
pH do meio seu ajuste antes ou depois da mesma depende do objetivo do
estudo (DHINGRA e SINCLAIR 1995)
Dioacutexido de carbono e oxigecircnio satildeo os principais gases que afetam o
crescimento de microrganismos O gaacutes carbocircnico eacute utilizado em todas as
ceacutelulas em determinadas reaccedilotildees quiacutemicas no entanto seu excesso no meio
de cultura como tambeacutem o de amocircnia e de outras substancias volaacuteteis pode
inibir o crescimento e a esporulaccedilatildeo de alguns fungos (ALFENAS 2005)
25 PRODUCcedilAtildeO DE ESPOROS EM MEIO DE CULTURA
Para a produccedilatildeo de esporos em meio de cultura devem-se utilizar
meios mais pobres em nutrientes mas que sustente seu crescimento Os
meios pobres em carbono (carboidrato complexo ou menor quantidade de
accediluacutecar) e ou nitrogecircnio como os meios de cultura naturais provenientes de
extratos (sucos) decocccedilatildeo (chaacute) ou tecidos preferencialmente obtidos do
hospedeiro do patoacutegeno satildeo mais indicados (TUITE 1969)
Para fungos biotroacuteficos como as ferrugens e oiacutedios os esporos satildeo
produzidos no proacuteprio hospedeiro inoculado e mantido sob condiccedilotildees de
ambiente favoraacuteveis agrave esporulaccedilatildeo
26 ARMAZENAMENTO DE FUNGOS FITOPATOGEcircNICOS
Normalmente culturas fuacutengicas satildeo armazenadas em curto prazo
rotineiramente em tubos com meio inclinado (BDA) em geladeira (10oC) Os
tubos ocupam menos espaccedilo e tecircm superfiacutecie exposta bem menor que a de
uma placa ficando menos sujeito agraves contaminaccedilotildees Todavia eacute necessaacuterio
efetuar repicagens perioacutedicas para garantir a viabilidade das culturas O
8
periacuteodo de repicagem varia entre espeacutecies mas em geral as culturas devem
ser repicadas a cada seis meses
Existem outros meacutetodos mais eficientes de armazenamento de
microrganismos como nitrogecircnio liacutequido liofilizaccedilatildeo aacutegua destilada
esterilizada (meacutetodo de Castellani) gratildeos solo e congelamento que garantem
a viabilidade e preservaccedilatildeo de caracteriacutesticas de interesse das culturas por
mais tempo (TUITE 1969 SINGLETON et al 1992 DHINGRA e SINGLAIR
1995 FIGUEIREDO 2001)
Apoacutes o isolamento do fungo de interesse em cultura pura deve-se
proceder o armazenamento por longo prazo para que natildeo haja perda de
culturas Para efeito de padronizaccedilatildeo de metodologia considera-se 30 dias
como o tempo miacutenimo de armazenamento de curto prazo embora no caso de
bacteacuterias haja isolados que natildeo suportam mais que sete dias num tubo de meio
inclinado em geladeira (ALFENAS 2005)
27 REPICAGENS PERIOacuteDICAS
Eacute provavelmente o meacutetodo de rotina mais usado para manutenccedilatildeo de
culturas em curto prazo Consiste na repicagem perioacutedica do microrganismo
em estudo para novos tubos de ensaio contendo meio de cultura Os tubos satildeo
mantidos na temperatura que favoreccedila o crescimento do patoacutegeno ateacute que se
colonize todo o meio de cultura e apoacutes a colonizaccedilatildeo devem ser mantidos agrave
baixa temperatura em refrigerador (10 ordmC) para reduzir a atividade metaboacutelica
do organismo Para evitar contaminaccedilatildeo das culturas dentro da geladeira
recomenda-se usar tampotildees de algodatildeo hidroacutefobo (ALFENAS 2005)
O tempo de repicagem das culturas varia com o microrganismo o meio
de cultura a umidade e a temperatura de armazenamento Quando em meio
inclinado e armazenadas em geladeira satildeo usualmente repicadas a cada seis
meses Aleacutem de laboriosas as repicagens perioacutedicas podem induzir o
patoacutegeno ao haacutebito saprofiacutetico agrave alteraccedilatildeo de sua morfologia agrave diminuiccedilatildeo e agrave
perda de sua capacidade de esporular e agrave diminuiccedilatildeo de sua agressividade e
ateacute mesmo sua virulecircncia Para minimizar esses problemas na repicagem
devem-se transferir apenas as porccedilotildees jovens e esporulantes da colocircnia
9
(TUITE 1969) Para trabalhos com fungos fitopatogecircnicos realizados num
prazo de um semestre este meacutetodo pode ser utilizado com sucesso
28 CONSTITUICcedilAtildeO QUIacuteMICA DA MADEIRA
A constituiccedilatildeo quiacutemica dos materiais lignoceluloacutesicos eacute abrangente e
diversificada com relaccedilatildeo agraves substacircncias que neles se traduzem em um
sistema multimolecular de alta complexidade estrutural de ligaccedilotildees cruzadas e
de grande importacircncia na preservaccedilatildeo e nas propriedades dos materiais
lenhosos (KLOCK et al 2005)
O conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute importante para
utilizaccedilotildees teacutecnicas e fins cientiacuteficos tais como polpaccedilatildeo e branqueamento
biopolpaccedilatildeo durabilidade natural desenvolvimento de preservantes e
retardantes de fogo e produccedilatildeo de carvatildeo satildeo alguns exemplos em que o
conhecimento da composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute necessaacuterio As
propriedades fiacutesicas e mecacircnicas tambeacutem estatildeo relacionadas agraves propriedades
quiacutemicas e morfoloacutegicas da madeira (TRUGILHO et al 1997)
A composiccedilatildeo quiacutemica da madeira eacute caracterizada pela presenccedila de
componentes fundamentais (primaacuterios) e complementares (secundaacuterios) Os
componentes primaacuterios caracterizam a madeira pois satildeo partes integrantes
das paredes das fibras e da lamela meacutedia Satildeo considerados componentes
primaacuterios a celulose as hemiceluloses e a lignina (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002) O conjunto da celulose e das hemiceluloses compotildee o conteuacutedo total de
polissacariacutedeos contidos na madeira sendo denominado holocelulose (ZOBEL
e VAN BUIJTENEN 1989) Os extrativos atuam como componentes
secundaacuterios e tambeacutem devem ser quantificados (OLIVEIRA 1997 SILVA
2002)
281 Celulose
A celulose eacute o composto orgacircnico mais comum na natureza Ela
constitui entre 40 e 50 de quase todas as plantas e localiza-se
principalmente na parede secundaacuteria das ceacutelulas vegetais Quimicamente a
10
celulose eacute um polissacariacutedeo que se apresenta como um poliacutemero de cadeia
linear com comprimento suficiente para ser insoluacutevel em solventes orgacircnicos
aacutegua aacutecidos e aacutelcalis diluiacutedos agrave temperatura ambiente consistindo uacutenica e
exclusivamente de unidades de β-D-anidroglucopiranose que se ligam entre si
pelos carbonos 1-4 possuindo uma estrutura organizada e parcialmente
cristalina (KLOCK et al 2005)
Ainda segundo tais autores moleacuteculas de celulose formam feixes e tecircm
forte tendecircncia para formar pontes de hidrogecircnio inter e intramoleculares
Feixes de moleacuteculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiotildees altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiotildees menos
ordenadas (amorfas) As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as
fibras celuloacutesicas Como consequecircncia dessa estrutura fibrosa a celulose
possui alta resistecircncia agrave traccedilatildeo e eacute insoluacutevel na maioria dos solventes
A celulose possui foacutermula geral (C6H10O5)n e sua unidade de repeticcedilatildeo
eacute a celobiose que conteacutem dois accediluacutecares As madeiras de coniacuteferas satildeo
compostas de aproximadamente 45-50 de celulose e as folhosas de cerca
de 40-50 (BIERMANN 1996)
282 Hemiceluloses
As hemiceluloses tambeacutem chamadas de polioses encontram-se em
estreita associaccedilatildeo com a celulose na parede celular possuem cadeias mais
curtas isto significa um grau de polimerizaccedilatildeo menor quando comparado agrave
celulose podendo existir grupos laterais e ramificaccedilotildees em alguns casos
(ANDRADE 2006) Segundo Pastore (2004) quimicamente as hemiceluloses
satildeo a fraccedilatildeo polimeacuterica de polissacariacutedeos constituiacuteda de unidades de vaacuterios
accediluacutecares sintetizados na madeira e em outros tecidos das plantas
Enquanto a celulose como substacircncia quiacutemica conteacutem
exclusivamente a D-glucose como unidade fundamental as hemiceluloses satildeo
poliacutemeros em cuja composiccedilatildeo podem aparecer condensadas em proporccedilotildees
variadas as seguintes unidades de accediluacutecar xilose manose glucose arabinose
galactose aacutecido galactourocircnico aacutecido glucourocircnico e aacutecido metilglucourocircnico
(KLOCK et al 2005)
11
Deve-se sempre lembrar que o termo hemicelulose natildeo designa um
composto quiacutemico definido mas sim uma classe de componentes polimeacutericos
presentes em vegetais fibrosos possuindo cada componente propriedades
peculiares Como no caso da celulose e da lignina o teor e a proporccedilatildeo dos
diferentes componentes encontrados nas hemiceluloses de madeira variam
grandemente com a espeacutecie e provavelmente tambeacutem de aacutervore para aacutervore
Por natildeo possuir regiotildees cristalinas as polioses satildeo atingidas mais
facilmente por produtos quiacutemicos Entretanto em funccedilatildeo da perda de alguns
substituintes da cadeia as hemiceluloses podem sofrer cristalizaccedilatildeo induzida
pela formaccedilatildeo de pontes de hidrogecircnio a partir de hidroxilas de cadeias
adjacentes dificultando desta forma a atuaccedilatildeo de um produto quiacutemico com o
qual esteja em contato (KLOCK et al 2005)
As hemiceluloses isoladas da madeira satildeo misturas complexas de
polissacariacutedeos sendo os mais importantes as glucouranoxilanas
arabinoglucouranoxilanas galactoglucomananas glucomananas e
arabinogalactanas As coniacuteferas possuem proporccedilotildees de glucomananas (10-
15) e galactoglucomananas (6) mais altas do que as folhosas enquanto as
folhosas tecircm maior proporccedilatildeo de glucoronoxilanas (15-30) e de grupos
acetiacutelicos (BIERMANN 1996 PASTORE 2004) Jaacute Klock et al (2005)
encontraram proporccedilotildees diferentes de 18 a 25 de glucomananas e 8 a 20
de galactoglucomananas nas coniacuteferas (superiores que as folhosas) e 20 a
35 de glucoronoxilanas nas folhosas maior que o encontrado em coniacuteferas
283 Lignina
Eacute um biopoliacutemero aromaacutetico amorfo formado via polimerizaccedilatildeo
oxidativa Ocorre na parede celular de plantas superiores em diferentes
composiccedilotildees folhosas de 25 a 35 coniacuteferas de 18 a 25 e gramiacuteneas de 10
a 30 (PASTORE 2004) Eacute localizada principalmente na lamela meacutedia bem
como na parede secundaacuteria Durante o desenvolvimento das ceacutelulas a lignina
eacute incorporada como o uacuteltimo componente na parede interpenetrando as fibrilas
e assim fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares (FENGEL 1989)
12
Ocorre principalmente em tecidos vasculares poreacutem a distribuiccedilatildeo das
ligninas natildeo eacute uniforme nas diferentes partes da aacutervore
As ligninas podem ser classificadas de acordo com os seus trecircs
elementos estruturais baacutesicos aacutelcool p-coumaril aacutelcool coniferil e aacutelcool sinapil
As madeiras de folhosas contecircm dois deles o aacutelcool coniferil (50-75) e o
aacutelcool sinapil (25-50) e as coniacuteferas contecircm somente o aacutelcool coniferil A
polimerizaccedilatildeo do aacutelcool coniferil produz ligninas guaiacil enquanto a
polimerizaccedilatildeo dos aacutelcoois coumaril e sinapil produzem as ligninas siringil-
guaiacil das folhosas (PASTORE 2004)
284 Extrativos
Os extrativos satildeo responsaacuteveis por determinadas caracteriacutesticas como
cor cheiro resistecircncia natural ao apodrecimento gosto e propriedades
abrasivas da madeira
Os compostos extraiacuteveis satildeo geralmente caracterizados por terpenos
compostos alifaacuteticos e compostos fenoacutelicos quando presentes Os extrativos
satildeo compostos quiacutemicos presentes em relativamente pequena quantidade na
madeira e satildeo extraiacutedos mediante a sua solubilizaccedilatildeo em solventes Podem ser
quantificados e isolados com o propoacutesito de um exame detalhado da estrutura
e composiccedilatildeo da madeira (FENGEL 1989 DUENtildeAS 1997)
Do ponto de vista quiacutemico a cor da madeira depende pouco dos seus
componentes principais e mais das substacircncias extraiacuteveis em aacutegua ou
solventes orgacircnicos Um fato que corrobora esta afirmaccedilatildeo eacute que somente o
cerne da madeira eacute nitidamente colorido No alburno haacute a predominacircncia da
coloraccedilatildeo das ligninas (branca amarelada) que comparativamente agrave do cerne
satildeo pouco coloridas Os pigmentos satildeo produzidos durante a formaccedilatildeo do
cerne (KLOCK et al 2005)
Em regiotildees de clima temperado a porcentagem de extrativos nas
madeiras varia de 05 a 10 em algumas regiotildees tropicais pode ser acima de
20 Os principais mecanismos de extraccedilatildeo dos extrativos de madeiras fazem
uso de solventes orgacircnicos aacutegua ou por destilaccedilatildeo em vapor (OLIVEIRA
2009) Poreacutem a determinaccedilatildeo exata da quantidade de extrativos em massa eacute
13
complicada por causa dos fenocircmenos de entrecruzamento molecular que
ocorre com os demais constituintes da madeira ao se fazer uso de solventes
29 DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
A durabilidade bioloacutegica ou natural da madeira eacute a capacidade inerente
da espeacutecie em resistir agrave accedilatildeo dos agentes degradadores incluindo os agentes
fiacutesicos os quiacutemicos e os bioloacutegicos (PAES 2002) Segundo OLIVEIRA et al
(1986) a madeira eacute degradada biologicamente porque os organismos
reconhecem os poliacutemeros naturais da parede celular como fonte de nutriccedilatildeo e
os metabolizam em unidades digeriacuteveis pela accedilatildeo de sistemas enzimaacuteticos
especiacuteficos
A constituiccedilatildeo quiacutemica variaacutevel entre as espeacutecies e ateacute mesmo entre
as ceacutelulas da mesma madeira eacute um fator determinante da sua resistecircncia
natural ao ataque dos microrganismos O alburno eacute mais suscetiacutevel agrave
degradaccedilatildeo que o cerne por ser a parte da madeira que apresenta material
nutritivo armazenado O cerne aleacutem da ausecircncia deste tipo de material possui
os extrativos que contecircm substacircncias inibidoras ou toacutexicas (SILVA 2007)
Os fungos satildeo organismos que necessitam de compostos orgacircnicos
como fonte de alimento Aqueles que utilizam os componentes quiacutemicos da
madeira satildeo conhecidos como fungos xiloacutefagos (OLIVEIRA et al 1986 LELIS
et al 2001) e satildeo os principais e mais importantes agentes biodeterioradores
das madeiras existentes no mundo (OLIVEIRA 1997) Sendo os responsaacuteveis
por profundas alteraccedilotildees nas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas da madeira
(ISTEK et al 2005) Os polissacariacutedeos presentes na parede celular da
madeira servem como fonte de energia (alimento) para esses microrganismos
(LELIS 2000) No processo de deterioraccedilatildeo o teor de lignina eacute conhecido por
ser um fator que confere maior resistecircncia agrave degradaccedilatildeo da parede celular
Usualmente a habilidade dos fungos em deteriorar a madeira natildeo eacute a mesma e
se observa uma especificidade de alguns fungos a algumas madeiras
(FERRAZ et al 2001)
Os fatores que facilitam a deterioraccedilatildeo da madeira por fungos satildeo os
teores de umidade do material acima de 25 a temperatura entre 20 e 35ordmC e
14
os baixos teores de extrativos totais presentes na madeira (OLIVEIRA et al
1986 LELIS et al 2001) Jaacute para o ldquoForest Products Laboratoryrdquo (2010) as
condiccedilotildees oacutetimas para o desenvolvimento dos fungos compreendem
temperaturas entre 10 e 35ordmC e madeira com teores de umidade em torno de
20 a 30
210 O GEcircNERO Eucalyptus
A cultura do eucalipto foi introduzida no Brasil em 1904 com o objetivo
de fornecer lenha agraves locomotivas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
(REZENDE 1981 AGUIAR 1986) Em Minas Gerais sua implantaccedilatildeo ocorreu
em 1940 para suprir o setor sideruacutergico de carvatildeo vegetal Mais tarde com a
lei dos incentivos fiscais a eucaliptocultura teve grande expansatildeo em todo o
territoacuterio nacional (REZENDE 1981 DELLA LUCIA 1986 SILVA 1993)
A expansatildeo na aacuterea plantada com eucalipto eacute resultado de um conjunto
de fatores que vecircm favorecendo o plantio em larga escala deste gecircnero Entre
os aspectos mais relevantes estatildeo o raacutepido crescimento em ciclo de curta
rotaccedilatildeo a alta produtividade florestal e a expansatildeo e direcionamento de novos
investimentos por parte de empresas de segmentos que utilizam sua madeira
como mateacuteria prima em processos industriais
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas - ABRAF (2009) o setor florestal brasileiro a cada ano se destaca no
cenaacuterio mundial em 2009 a aacuterea total de florestas plantadas de eucalipto e
pinus no Brasil atingiu 6310450 ha apresentando um crescimento de 25
em relaccedilatildeo ao total de 2008 A aacuterea de florestas com eucalipto estaacute em franca
expansatildeo na maioria dos estados brasileiros com tradiccedilatildeo na silvicultura deste
grupo de espeacutecies ou em estados considerados como novas fronteiras da
silvicultura com crescimento meacutedio no paiacutes de 71 ao ano entre 2004‑2009
Apesar de serem descritas cerca de 700 espeacutecies do gecircnero
Eucalyptus os plantios satildeo restritos a poucas espeacutecies podendo-se citar
principalmente Eucalyptus grandis E urophylla E saligna E camaldulensis
E tereticornis E globulus E viminalis E deglupta Corymbia citriodora E
exserta E paniculata e E robusta Ressalta-se que no Brasil as espeacutecies E
15
cloezina e E dunnii satildeo consideradas promissoras para as regiotildees centrais e
sul respectivamente (GOMIDE 1986)
Segundo Carvalho (2000) a hibridaccedilatildeo eacute empregada como teacutecnica de
desenvolvimento de novos materiais geneacuteticos com intuito de gerar indiviacuteduos
com vantagens especificas Estes materiais hiacutebridos unem em uma uacutenica
planta caracteriacutesticas almejaacuteveis vindas de espeacutecies distintas possibilitando a
melhoria em menor tempo de diferentes propriedades tecnoloacutegicas desejaacuteveis
na mateacuteria prima para atender aos mais diversos usos
Para Gouvecirca et al (1997) paracircmetros como rusticidade resistecircncia
mecacircnica e toleracircncia ao deacuteficit hiacutedrico do Eucalyptus urophylla conferem a
espeacutecie alto potencial para ser empregada em programas de hibridaccedilatildeo com o
Eucalyptus grandis que possui boas caracteriacutesticas silviculturais resultando em
um material homogecircneo e com qualidade
De acordo com Bassa et al (2007) os hiacutebridos de Eucalyptus urophylla
x Eucalyptus grandis apresentam raacutepido crescimento com ciclos de corte
variando entre seis e sete anos de idade
Segundo Almeida (2002) o hiacutebrido de Eucalyptus urophylla x
Eucalyptus grandis tem grande importacircncia no setor de produccedilatildeo de polpa
celuloacutesica por sua alta produtividade na qualidade das fibras o que faz com
que as empresas deste ramo desenvolvam plantios do hibrido
Em funccedilatildeo da grande variaccedilatildeo geneacutetica entre espeacutecies o eucalipto
pode ser utilizado como madeira na construccedilatildeo civil na induacutestria de moacuteveis e
na produccedilatildeo de portas janelas lambris e assoalhos (VITAL e DELLA LUCIA
1986) Por causa da ampla gama de utilizaccedilatildeo do eucalipto algumas
empresas tradicionalmente produtoras de celulose e papel ou de carvatildeo
vegetal passaram a manejar suas florestas para o uso muacuteltiplo (SILVA 1993
COUTO 1995) Por causa de sua disponibilidade taxa de crescimento forma
do fuste e propriedades fiacutesico-mecacircnicas o eucalipto apresenta boas
perspectivas como sucedacircnea de espeacutecies nativas (LELLES e REZENDE
1986)
A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira tanto em
escala industrial como para pequenos consumidores estaacute relacionada a
algumas vantagens da espeacutecie que seraacute escolhida para tal fim Agraves
16
caracteriacutesticas desejaacuteveis citadas somam-se o conhecimento acumulado sobre
silvicultura e manejo do eucalipto e ao melhoramento geneacutetico que favorecem
ainda mais a utilizaccedilatildeo do gecircnero para os mais diversos fins (PLAZZI 1986)
211 FUNGOS XILOacuteFAGOS
Segundo Bergamin Filho e Amorim (2011) os fungos constituem um
grupo numeroso de organismos diversificado filogeneticamente e de grande
importacircncia ecoloacutegica e econocircmica Eacute um grupo heterogecircneo que apresenta
caracteriacutesticas que permitem separaacute-los dos outros seres vivos formando um
reino a parte
Oliveira et al (1986) Oliveira (1997) Lelis et al (2001) e Forest
Products Laboratory (2010) citaram que os fungos xiloacutefagos satildeo reunidos em
funccedilatildeo do tipo de ataque agrave madeira nos seguintes grupos (1) Fungos
emboloradores e ou manchadores (responsaacuteveis por alteraccedilotildees na superfiacutecie
da madeira e popularmente conhecidos como bolor e ou por manchas
profundas no alburno das madeiras por causa da presenccedila de hifas
pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos) As propriedades
mecacircnicas das madeiras atacadas por esses fungos satildeo pouco alteradas pois
eles natildeo possuem complexos enzimaacuteticos capazes de degradar os poliacutemeros
da madeira e apenas utilizam as substacircncias de faacutecil assimilaccedilatildeo (accedilucares
simples proteiacutenas e gorduras) encontradas nos lumes celulares e (2) Fungos
Apodrecedores (responsaacuteveis por profundas alteraccedilotildees nas propriedades
fiacutesicas e mecacircnicas das madeiras por causa das progressivas deterioraccedilotildees
das moleacuteculas que constituem as suas paredes celulares)
A madeira atacada pelos fungos de podridatildeo mole apresenta uma
camada superficial escurecida e pequenas fissuras paralelas e perpendiculares
agrave gratilde e eacute macroscopicamente caracterizada por um ataque seletivo no interior
da parede secundaacuteria da ceacutelula (ZABEL e MORREL 1992) A podridatildeo mole eacute
considerada como uma forma de apodrecimento causada por fungos
pertencentes agraves Divisotildees Ascomycota e dos fungos mitospoacutericos
Deuteromycota Em geral estes fungos satildeo considerados microrganismos com
uma capacidade limitada de degradaccedilatildeo que se desenvolvem dentro das
17
paredes celulares e decompotildeem os principais componentes da madeira tais
como a celulose e hemicelulose
A podridatildeo parda eacute causada por fungos pertencentes agrave Divisatildeo
Basidiomycota que em geral apresentam uma alta capacidade de
degradaccedilatildeo Estes fungos despolimerizam a celulose poreacutem afetam pouco a
lignina As madeiras atacadas por estes fungos apresentam coloraccedilatildeo marrom
escura (EATON e HALE 1993)
A podridatildeo branca eacute tambeacutem causada por fungos pertencentes agrave
Divisatildeo Basidiomycota que apresentam uma alta capacidade de degradaccedilatildeo
Entretanto para este caso a lignina eacute removida da parede da ceacutelula e a
celulose e a hemicelulose satildeo degradadas em proporccedilotildees variadas A madeira
degradada por estes fungos apresenta-se mais clara e macia do que a sadia e
tem as suas propriedades fiacutesicas e mecacircnicas afetadas causam uma
diminuiccedilatildeo significativa na resistecircncia e um aumento na permeabilidade da
madeira (OLIVEIRA 1986)
18
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CAPIacuteTULO I
COLETA ISOLAMENTO SELECcedilAtildeO E IDENTIFICACcedilAtildeO DE FUNGOS
XILOacuteFAGOS OBTIDOS DE CEPAS DE EUCALIPTO DETERIORADAS
24
RESUMO
Objetivou-se com a pesquisa coletar isolar selecionar e identificar a partir de
fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de eucaliptos fungos com
potencial de deteriorar madeiras para serem utilizados posteriormente em um
ensaio de apodrecimento acelerado Amostras de tocos de eucalipto em
decomposiccedilatildeo foram coletadas em plantios de Eucalyptus spp em trecircs
municiacutepios com microclimas e altitudes diferentes e acondicionadas em sacos
de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) no Departamento de Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro
de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
no municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ES Das amostras foram retirados
fragmentos de madeira para realizar o isolamento indireto de fungos e
posteriormente a obtenccedilatildeo de culturas puras Para realizaccedilatildeo dos isolamentos
dos fungos foi utilizado o meio de cultura Batata-Dextrose-Aacutegar (BDA) Nove
culturas puras foram isoladas e identificadas Foram obtidas culturas
pertencentes agrave Classe dos Basidiomycetes e dos fungos mitospoacutericos dos
gecircneros Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium estas foram selecionadas
repicadas BDA contido em placa de Petri e tubos de ensaio e armazenadas no
LCM em sala climatizada a 25 plusmn 2 degC no escuro para que fossem
posteriormente utilizadas no ensaio de apodrecimento acelerado
Palavras chave Cepas apodrecidas de Eucalyptus spp Culturas puras
Fungos xiloacutefagos
25
ABSTRACT
This research aimed to collect isolate select and identify from fragments of
wood of stumps decayed of eucalypts fungi with potential to deteriorate wood
to be used later in an accelerated laboratory test decay Samples of stumps of
eucalypts in decomposition were collected in stumps of Eucalyptus spp in three
municipalities with microclimates and different altitudes and placed in paper
bags porous and transported to the Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM)
in the Departamento de Engenharia Florestal(DEF) belonging to the Centro de
Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES)
in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil The samples were
removed from fragments of wood to hold the insulation indirect of fungi and
subsequently to obtain pure cultures For completion of the isolates of the fungi
was used the culture medium potato-dextrose-agar (PDA) Cultures were
obtained from belonging to the Class Basidiomycetes fungi and mitosporicos of
the genera Trichoderma Lasiodiplodia Penicillium these were selected and
subcultured PDA contained in Petri dishes and test tubes and stored at LCM in
acclimatized room at 25 plusmn 2 degC in the dark for which were later used in
accelerated laboratory test decay
Keywords Decayed stumps of Eucalyptus spp Pure Cultures Wood decay
fungi
26
1 INTRODUCcedilAtildeO
Os fungos satildeo organismos encontrados nos mais variados substratos
entre os quais se destaca a madeira que atualmente representa o principal
produto florestal sendo um dos materiais orgacircnicos mais importantes
complexos e versaacuteteis que se conhece Por causa da constituiccedilatildeo anatocircmica e
quiacutemica que possui ela pode sustentar uma rica comunidade de espeacutecies de
fungos e de outros microrganismos (DIX e WEBSTER 1995)
A deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer pela accedilatildeo de agentes fiacutesicos
quiacutemicos e bioloacutegicos Os agentes bioloacutegicos merecem maior atenccedilatildeo uma vez
que satildeo os causadores de maiores prejuiacutezos ao setor florestal e madeireiro E
dentre os agentes bioloacutegicos se destaca a accedilatildeo de microrganismos fuacutengicos
cujo iniacutecio de ataque pode ocorrer na aacutervore antes de ser abatida e nas
diversas fases posteriores ao abate corte transporte desdobramento
armazenamento e utilizaccedilatildeo final da madeira (OLIVEIRA et al 1986
MORESCHI 1996) O ataque pode ser por diferentes grupos de agentes
fuacutengicos na forma de manchamentos superficiais e internos e as podridotildees
Os microorganismos xiloacutefagos podem interferir nas propriedades
fiacutesicas mecacircnicas e quiacutemicas da madeira Geralmente os primeiros fungos a
colonizarem as aacutervores receacutem-abatidas satildeo os emboloradores e os
manchadores de madeira Dependendo da espeacutecie botacircnica florestal dos
fatores ambientais e dos tratamentos quiacutemico ou fiacutesico os fungos podem
ocupar toda a superfiacutecie da tora em menos de 48 horas (OLIVEIRA et al
1986)
O ataque dos fungos emboladores eacute superficial comprometendo o
aspecto visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie que podem penetrar profundamente no alburno por serem hialinas
essas hifas natildeo afetam a coloraccedilatildeo da madeira (OLIVEIRA et al 1986) A
passagem das hifas dos fungos de uma ceacutelula a outra ocorre atraveacutes das
pontoaccedilotildees com o consequente rompimento da membrana da pontoaccedilatildeo ou
do torus
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
27
pode ser facilmente removida por raspagem A coloraccedilatildeo varia com a espeacutecie
de fungo variando entre cinza verde e amarelo Dentre os agentes causadores
do manchamento superficial estatildeo os fungos mitospoacutericos do gecircnero
Penicillium e Trichoderma da Classe Hyphomycetes que satildeo saproacutefitas de
esporulaccedilatildeo abundante eles tem como caracteriacutesticas particulares coniacutedios
muito pequenos unicelulares e satildeo facilmente disseminados pelo ar Por isso
satildeo considerados contaminantes aeacutereos de diversos ambientes em todo o
mundo por serem cosmopolitas (FURTADO 2000)
Para que ocorra o desenvolvimento dos fungos eles necessitam de
condiccedilotildees favoraacuteveis Os mofos por exemplo soacute crescem superficialmente em
ambientes quentes uacutemidos e abafados podendo permanecer na madeira em
estado latente Esses organismos natildeo se proliferam ateacute que a madeira
umedeccedila novamente quando voltam a crescer e se multiplicarem
(MORESCHI 1996)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras apresentam
hifas pigmentadas ou hifas hialinas que podem secretar substacircncias coloridas
A madeira atacada por estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo
variaacutevel geralmente de azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes
transversais e distribuem-se radialmente As manchas que podem ser
superficiais ou profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da
madeira (OLIVEIRA et al 1986)
Aqueles capazes de causar de manchas internas nas madeiras natildeo
tecircm a capacidade de decompor a parede celular destas normalmente eles
crescem nas ceacutelulas parenquimatosas do alburno onde produzem suas hifas
escuras causando manchas acinzentadas a azuladas conhecidas como
azulamento da madeira ou mesmo azulatildeo ou mancha azul Estas manchas
ocorrem em funccedilatildeo do crescimento no interior da madeira de hifas
pigmentadas deste grupo de fungos (OLIVEIRA et al 1986)
Os fungos manchadores internos ocorrem frequentemente em toras
receacutem-cortadas e em peccedilas de madeira serrada durante a secagem ou
mesmo apoacutes a secagem no reumidecimento das peccedilas Em aacutervores vivas e
saudaacuteveis natildeo satildeo muito comuns mas podem ocorrer em aacutervores
senescentes Dentre os principais degradadores deste tipo estatildeo os gecircneros de
28
fungos mitospoacutericos da Classe Coelomycetes Lasiodiplodia Ophiostoma
Graphium Diplodia (FURTADO 2000) A maioria destes organismos natildeo eacute
capaz de perfurar as paredes das ceacutelulas e dependem de aberturas naturais
entre as mesmas para penetrarem na madeira e do rompimento mecacircnico das
membranas das pontoaccedilotildees
Alguns fungos manchadores internos satildeo capazes de atravessar a
parede celular graccedilas agrave formaccedilatildeo de apressoacuterios o que sugere um
mecanismo de penetraccedilatildeo mecacircnica natildeo envolvendo ataque quiacutemico As hifas
penetram profundamente no alburno e absorvem as substacircncias de reserva
existentes no lume das ceacutelulas (FURTADO 2000)
Os principais fungos causadores de podridotildees satildeo pertencentes agrave
Classe dos Basidiomycetes Dentre esses se destacam os causadores da
chamada podridatildeo parda que destroem os polissacariacutedeos da parede celular
e os de podridatildeo branca que aleacutem de polissacariacutedeos destroem tambeacutem a
lignina (TEIXEIRA et al 1997)
Segundo Lepage (1986) a madeira atacada por fungos de podridatildeo
parda apresenta-se em estaacutegios iniciais ligeiramente escurecida assumindo
uma coloraccedilatildeo pardo-escura agrave medida que o apodrecimento progride Pode ser
observada tambeacutem a presenccedila de grupos de ceacutelulas intensamente
deterioradas envolvidas por ceacutelulas pouco atacadas A madeira atacada por
estes fungos apresenta uma reduccedilatildeo na sua massa especiacutefica tornando-a
mais permeaacutevel ao ataque de microrganismos e higroscoacutepica aleacutem de sua
resistecircncia ao impacto tambeacutem ser diminuiacuteda
A madeira atacada por fungo de podridatildeo branca aleacutem de deteriorar a
celulose e hemicelulose ataca tambeacutem a lignina da parede celular
apresentando-se mais clara e com a superfiacutecie atacada mais macia do que a
madeira sadia (LEPAGE 1986) Wetzstein et al (1999) relataram que as
atividades ocorrentes em materiais atacados por podridatildeo branca satildeo
atribuiacutedas agraves enzimas como a lignina peroxidase lacase e manganecircs
peroxidase que catalisam a deterioraccedilatildeo via difusatildeo de agentes oxidantes ou
mediadores especiacuteficos
A podridatildeo parda provoca uma diminuiccedilatildeo nas caracteriacutesticas
mecacircnicas da madeira mais rapidamente que a podridatildeo branca enquanto a
29
diminuiccedilatildeo na massa especiacutefica ao final do processo eacute maior nesta uacuteltima
(LEPAGE 1986)
O presente trabalho teve como objetivos coletar isolar selecionar e
identificar a partir de fragmentos de madeira de cepas apodrecidas de
eucaliptos fungos com potencial de deteriorar madeiras de Eucalyptus spp
30
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 LOCALIZACcedilAtildeO E DESCRICcedilAtildeO DA AacuteREA E DO MATERIAL COLETADO
A diversidade dos fungos lignoceluloliacuteticos foi analisada a partir de
coletas de materiais de varias cepas realizadas entre os meses de agosto e
setembro de 2010 em trecircs municiacutepios Cachoeiro de Itapemirim ndash ES Guaccedilui -
ES e Espera Feliz - MG Segundo a classificaccedilatildeo de Koumlppen-Geiger o clima
desses municiacutepios eacute Cwa ndash clima sub tropical uacutemido com estaccedilatildeo chuvosa no
veratildeo e seca no inverno
A Fazenda Bananal do Sul (Latitude de 26deg07rsquo68rdquo W Longitude de
77deg01rsquo38rdquo S) localizada em Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash
ES apresenta o relevo com variaccedilotildees de fortemente ondulado a montanhoso
com altitudes variando entre 70 e 130 metros A temperatura meacutedia anual eacute de
24 ordmC Os materiais coletados neste municiacutepio foram provenientes de cepas
deterioradas de clones de eucalipto resultantes do cruzamento entre
Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST Blake com idade de
aproximadamente 5 anos (Figura 1) sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte
Figura 1 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Bananal do Sul Pacotuba Distrito de
Cachoeiro de Itapemirim ndash ES)
31
Localizada no Coacuterrego do Patrimocircnio em Guaccedilui ndash ES a Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo (Latitude de 22deg88rsquo76rdquo W Longitude de 77deg06rsquo79rdquo S) possui seu
relevo bastante acidentado a altitude oscila entre 600 e 1000 metros A
temperatura meacutedia anual eacute de 20 ordmC As amostras coletadas tambeacutem foram
clones de eucaliptos resultantes do cruzamento entre Eucalyptus grandis W
Hill ex Maiden com E urophylla ST Blake Os clones encontravam-se com
idade de aproximadamente 5 anos sendo quatro anos de plantio e um ano
apoacutes o corte (Figura 2)
Figura 2 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio
Distrito de Guaccedilui ndash ES)
A Fazenda Paraiacuteso (Latitude de 20deg53rsquo35rdquo W Longitude de 77deg25rsquo55rdquo
S) situada na Zona Rural de Espera Feliz ndash MG eacute parte integrante do maciccedilo
do Caparaoacute possui seu relevo muito acidentado a altitude oscila entre 900 e
2000 metros com temperatura meacutedia anual de 19 ordmC A precipitaccedilatildeo
pluviomeacutetrica anual eacute em meacutedia de 1595mm O material coletado pertencia agrave
espeacutecie Eucalyptus grandis com idade de aproximadamente 20 anos sendo
18 anos de plantio e dois anos apoacutes o corte A cepa da qual as amostras foram
coletadas se encontrava localizada agrave aproximadamente 925 metros de altitude
(Figura 3)
32
Figura 3 Cepa de eucalipto a partir da qual foram coletados materiais para o
presente trabalho (Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz ndash MG)
22 ARMAZENAMENTO E PREPARO DAS AMOSTRAS
As amostras coletadas foram devidamente identificadas acondicionadas
em sacos de papel poroso e transportadas para o Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) localizado no Departamento de Engenharia Florestal (DEF)
pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) localizado em Jerocircnimo Monteiro no Estado do Espiacuterito
Santo
O preparo das amostras foi realizado no Laboratoacuterio de Usinagem da
Madeira (LUM) do DEF este consistiu na transformaccedilatildeo das cepas em
pequenos fragmentos de madeira (Figura 4)
33
Figura 4 Disco (A) transformado em pequenos fragmentos de madeira (B)
23 ISOLAMENTO INDIRETO E DIRETO DOS FUNGOS PRESENTES NAS
CEPAS
Com o intuito de obter isolamento fuacutengico de forma indireta fragmentos
de tecido de madeira foram retirados da aacuterea de transiccedilatildeo localizada entre a
porccedilatildeo sadia e aquela em decomposiccedilatildeo e posteriormente desinfestados em
soluccedilatildeo de hipoclorito de soacutedio 02 por 30 segundos lavados em aacutegua
destilada esterilizada passados rapidamente pela chama de gaacutes e transferidos
assepticamente para placas de Petri contendo meio de cultura BDA esteacuteril As
placas de Petri foram lacradas com fita plaacutestica (Parafilm M) mantidas em
sala climatizada que apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa
de 60 plusmn 5 embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro ateacute
a observaccedilatildeo de crescimento micelial para realizar o isolamento direto
Para o isolamento direto dos fungos procedeu-se uma transferecircncia
com o auxiacutelio de um estilete de estruturas do patoacutegeno (esporos e hifas) para
meio BDA contido em placas de Petri Estas foram lacradas com fita plaacutestica
embaladas em folhas de papel para permaneceram no escuro e mantidas em
sala climatizada a uma temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5
ateacute a observaccedilatildeo de crescimento micelial quando as culturas foram
sucessivamente repicadas para placas de Petri com meio de BDA ateacute a
obtenccedilatildeo de culturas puras
A B
34
24 ARMAZENAMENTO DAS CULTURAS E IDENTIFICACcedilAtildeO DOS FUNGOS
As culturas obtidas pelo isolamento direto foram transferidas para Placas
de Petri e tubos de ensaio contendo BDA armazenadas no LCM a uma
temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de 60 plusmn 5 no escuro para serem
utilizadas posteriormente em ensaios de laboratoacuterio
Para a identificaccedilatildeo dos fungos foram feitas observaccedilotildees
macroscoacutepicas das culturas e microscoacutepicas em lacircminas semipermanentes
preparadas com lactofenol Com emprego de um microscoacutepico oacuteptico foram
feitas observaccedilotildees das estruturas reprodutivas dos fungos Para alguns fungos
foram preparadas microculturas conforme descrito por Fernandez (1993)
visando observar detalhes das estruturas particularmente importantes para
que a identificaccedilatildeo fosse a mais precisa possiacutevel As caracteriacutesticas
macroscoacutepicas e microscoacutepicas foram comparadas com agraves descritas em
bibliografia especializada (RIFAI 1969 BOOTH 1971 SAMSON 1974
CARMICHAEL et al 1980 HALIN 1997 1998 BARNETT e HUNTER 1998)
A etapa de comparaccedilatildeo microscoacutepica foi realizada no Laboratoacuterio de
Fitopatologia do Nuacutecleo de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico em
Manejo Fitossanitaacuterio de Pragas e Doenccedilas (NUDEMAFI) no CCA da UFES
localizado em Alegre - ES
35
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Das amostras retiradas a partir das cepas de eucaliptos deterioradas
nos trecircs municiacutepios amostrados foram obtidos nove isolados fuacutengicos
associados agraves amostras de madeiras sendo provenientes de trecircs culturas
puras de cada localidade (Figuras 5 6 e 7) Os fungos foram identificados
macroscoacutepica e microscopicamente como recomendados por Barnett e Hunter
(1998) em niacutevel de gecircnero e incluiacutedos em seus respectivos grupos
Figura 5 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Bananal do Sul Pacotuba distrito de Cachoeiro de Itapemirim - ES A e B - Basidiomicetos e C - Trichoderma sp
Figura 6 Placas de Petri com os fungos isolados em cepas de eucalipto na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio distrito de Guaccedilui - ES D - Lasiodiplodia sp E - Basidiomicetos e F - Trichoderma sp
A B C
D E F
36
Figura 7 Placas de Petri com os fungos isolados da Fazenda Paraiacuteso Espera Feliz - MG G - Penicillium sp H - Trichoderma sp e I - Trichoderma sp
Dos nove isolados de fungos associados agraves amostras de madeira o
gecircnero Trichoderma foi o de maior ocorrecircncia e apresentou diversidade de
espeacutecies tendo sido isolado em duas amostras provenientes da Fazenda
Paraiacuteso uma na Fazenda Bananal do Sul e uma na Fazenda Satildeo Sebastiatildeo O
gecircnero Penicillium foi isolado de amostras da Fazenda Paraiacuteso (Figuras 5 6 e
7)
Os fungos causadores de manchas superficiais tambeacutem denominados
fungos emboloradores nutrem-se a partir de substacircncias de reserva do lume
celular natildeo afetando a parede celular portanto natildeo comprometendo a
resistecircncia mecacircnica da madeira O ataque eacute superficial comprometendo
apenas o aspecto visual pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie deixando-as com aspecto algodoado cuja coloraccedilatildeo varia com a
espeacutecie de fungo a que pertence sendo removiacuteveis Estes fungos crescem
nutrindo-se de substacircncias soluacuteveis como accediluacutecares aminoaacutecidos e aacutecidos
orgacircnicos que extravasam das ceacutelulas parenquimatosas danificadas pelo corte
(FURTADO 2000)
Os fungos emboloradores natildeo satildeo capazes de atacar a superfiacutecie da
madeira em umidades abaixo do ponto de saturaccedilatildeo das fibras (plusmn 30) sendo
por isso seu ataque comum em toras receacutem-cortadas peccedilas receacutem-serradas
ou madeiras expostas em ambiente com alta saturaccedilatildeo de umidade (GALVAtildeO
e JANKOWSKY 1985)
G H I
37
Dix e Webster (1995) consideram os fungos Trichoderma spp e
Penicillium spp como emboloradores de madeira Ye et al (1993) isolaram os
fungos Trichoderma Penicillium entre outros de madeira de Pinus
selecionadas
Segundo Furtado (2000) aleacutem de alterar o aspecto visual fungos do
gecircnero Penicillium podem produzir toxinas como citrinas patulinas
ocratoxinas aflatoxinas que satildeo toacutexicas ao homem e animais aleacutem de serem
oportunistas aos mesmos em infecccedilotildees respiratoacuterias quando estes se
encontram imunodeficientes As condiccedilotildees para a produccedilatildeo de toxinas variam
de acordo com o substrato e da espeacutecie do fungo presente o que torna estes
fungos potencialmente perigosos quando a madeira contaminada eacute utilizada
para compor embalagens de produtos alimentiacutecios ou de produtos que serviratildeo
para embalar alimentos
O gecircnero Lasiodiplodia pertence ao grupo dos fungos manchadores
internos tendo sido isolados de amostras provenientes da Fazenda Satildeo
Sebastiatildeo localizada no municiacutepio de Guaccedilui - ES
Os fungos causadores de manchas internas uma vez em contato com
a parte interna da madeira causam o manchamento ou azulamento da mesma
(TALBOT 1977) Na Aacutefrica e no Brasil Lasiodiplodia theobromae foi relatado
como agente causal da mancha azul de madeiras (ENCINtildeAS 1996)
Nas coniacuteferas as hifas colonizam exclusivamente as ceacutelulas do
parecircnquima radial e raramente satildeo observadas nos traqueiacutedeos (FURTADO
2000) Estes tambeacutem natildeo alteram a densidade ou resistecircncia da madeira
apenas a esteacutetica eacute comprometida Oliveira et al (1986) apontaram que o
alburno de Pinus internamente manchado pode apresentar reduccedilatildeo de 1 a 2
na densidade 2 a 10 na dureza 1 a 5 na resistecircncia agrave flexatildeo e de 15 a
30 na resistecircncia ao impacto aleacutem da madeira se apresentar muito mais
permeaacutevel que a madeira sadia Dessa forma a utilizaccedilatildeo deste tipo de
madeira deve ser restringido Por causa da alta velocidade de penetraccedilatildeo das
hifas no material lenhoso quanto mais raacutepido a madeira for tratada seca e
preservada com aplicaccedilatildeo de agentes quiacutemicos em melhor estado ficaraacute
(MORESCHI 1996)
38
Para Kaumlaumlrik (1975) uma mesma espeacutecie de fungo pode atuar de forma
diferente de acordo com as circunstacircncias Aleacutem disso os fungos
emboloradores e manchadores ocorrem quase que concomitantemente
ocupando nichos ecoloacutegicos bastante proacuteximos (OLIVEIRA et al 1986) Kaumlaumlrik
(1975) acrescentou que geralmente a distinccedilatildeo entre fungos emboloradores e
manchadores estaacute embasada em suas atividades enzimaacuteticas as quais
diferenciam os principais grupos fisioloacutegicos que preenchem sucessivamente
os diferentes nichos ecoloacutegicos existentes na madeira natildeo discriminando
necessariamente grupamentos taxonocircmicos Portanto nem sempre eacute possiacutevel
separar ou discernir com clareza se o fungo provoca bolor ou mancha na
madeira sem um estudo histoloacutegico
Sob certas circunstacircncias fungos emboloradores e manchadores
podem ser antagocircnicos a fungos degradadores principalmente se eles forem
os colonizadores pioneiros (HULME e SHIELDS 1975)
Vaacuterios estudos explorando essa linha de pesquisa tecircm sido realizados
Brown e Bruce (1999) estudaram o potencial do Trichoderma viride como
antagonista a fungos degradadores de madeira Schoeman et al (1993)
observaram que T harzianum reduziu a quantidade de fungos apodrecedores
em toras de Pinus sp e Messner et al (1996) observaram que madeiras
infestadas com T harzianum mostraram resistecircncia a fungos degradadores
principalmente aos fungos da podridatildeo parda
39
4 CONCLUSOtildeES
Os fungos decompositores isolados das cepas de eucaliptos
provenientes dos locais de estudo variaram em espeacutecie em funccedilatildeo das
caracteriacutesticas dos locais provenientes
Das cepas foi possiacutevel o isolamento de nove culturas puras de fungos
xiloacutefagos sendo estes trecircs de cada localidade
A identificaccedilatildeo dos fungos permitiu separaacute-los em grupos sendo trecircs
fungos pertencentes agrave Classe Basidiomycetes quatro ao gecircnero Trichoderma
um Penicillium e um Lasiodiplodia
Dos fungos isolados cinco (quatro Trichoderma sp e um Penicillium
sp) provocam manchas externas (manchadores) e um (Lasiodiplodia sp)
causa mancha interna (embolorador) na madeira
Os Basidiomicetos natildeo puderam ser classificados em niacutevel de gecircnero
por que as culturas armazenadas em placas de Petri contendo meio de cultura
BDA natildeo produziram esporos natildeo sendo possiacutevel sua identificaccedilatildeo
40
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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41
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CAPIacuteTULO II
CAPACIDADE DE DETERIORACcedilAtildeO DA MADEIRA DE Eucalyptus spp
POR FUNGOS XILOacuteFAGOS
43
RESUMO
Os objetivos da pesquisa foram avaliar a capacidade de deterioraccedilatildeo dos
fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp e realizar a anaacutelise quiacutemica
da madeira deteriorada pelos fungos para verificar quais os componentes da
madeira sofreram maiores alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque O experimento foi
conduzido no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira (LCM) no Departamento de
Engenharia Florestal (DEF) pertencente ao Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA)
da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no municiacutepio de Jerocircnimo
Monteiro ES Doze fungos foram utilizados sendo destes nove culturas puras
isoladas a partir de fragmentos de cepas de madeiras de eucalipto deterioradas
e trecircs culturas puras com reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados como padratildeo de comparaccedilatildeo A perda de massa das amostras foi o
paracircmetro utilizado para discriminar o poder de deterioraccedilatildeo dos fungos
estudados Foram isolados selecionados e identificados nove fungos tendo os
fungos Basidiomicetos 1 e 2 apresentado boa capacidade de deterioraccedilatildeo de
Eucalyptus spp O cerne da madeira de eucalipto apresentou maior resistecircncia
natural que o alburno mas os organismos xiloacutefagos (fungos) foram capazes de
degradar ambas as madeiras Nos clones testados de modo geral houve um
incremento no teor de extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e
alburno) para ambos Basidiomicetos testados Nas madeiras de cerne de E
grandis houve decreacutescimo no teor de extrativos para ambos Basidiomicetos
Com relaccedilatildeo agrave holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Dos fungos testados o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo da
lignina quando comparado ao Basidiomiceto 1
Palavras chave Cepas apodrecidas Culturas puras Fungos xiloacutefagos
44
ABSTRACT
This research aimed to test the deteriorating ability of fungi isolated from the
woods of Eucalyptus spp and perform chemical analysis of wood deteriorated
by fungi to verify which components of wood suffered major changes in the
light of the attack The experiment was conducted in Laboratoacuterio de Ciecircncia da
Madeira (LCM) in the Departamento de Engenharia Florestal (DEF) belonging
to the Centro de Ciecircncias Agraacuterias (CCA) of the Universidade Federal do
Espiacuterito Santo (UFES) in the municipality of Jerocircnimo Monteiro ES Brazil A
total of twelve fungi were used and nine of these pure cultures isolated from
fragments of stumps of eucalypt woods deteriorated and three with recognized
capacity of deterioration that were used as the standard of comparison The
loss of mass of the samples was the parameter used to discriminate against the
power of the deterioration of the fungi studied They were isolated selected and
identified nine fungi having the Basidiomycetes fungi 1 and 2 presented good
capacity of deterioration of Eucalyptus spp The hardwood of eucalypt showed a
greater natural resistance that the sapwood but the bodies rot (fungi) were able
to degrade both the wood To the tested clones in general there were an
increase in the content of extractives in wood damaged (and sapwood) for both
Basidiomycetes tested The wood core of E grandis there was a decrease in
extractives content for both Basidiomycetes With respect to holocelulose
(cellulose more hemicelluloses) there were small differences between the
healthy and damaged timber (mean variations around 1 ) The Fungi
Basidiomycete 2 caused a greater degradation of lignin when compared to the
Basidiomycete 1
Keywords Decayed stumps Pure Cultures Wood decay fungi
45
1 INTRODUCcedilAtildeO
Por ser um material de origem orgacircnica por causa da sua constituiccedilatildeo
quiacutemica e estrutura a madeira esta sujeita a deterioraccedilatildeo de vaacuterios organismos
biodeterioradores dentre estes se destacaram os fungos e os teacutermitas que satildeo
responsaacuteveis pelos maiores danos causados agrave madeira (HUNT e GARRATT
1967 CAVALCANTE 1982 PAES 2002)
A resistecircncia da madeira agrave deterioraccedilatildeo eacute a capacidade inerente agrave
espeacutecie de resistir agrave accedilatildeo de agentes deterioradores incluindo agentes
bioloacutegicos fiacutesicos e quiacutemicos (PAES 2002) Essa resistecircncia eacute atribuiacuteda agrave
presenccedila de substacircncias no lenho que podem ser toacutexicas a fungos e a insetos
xiloacutefagos (FERREIRA 2004) Em algumas espeacutecies apenas um composto
quiacutemico eacute o responsaacutevel pela resistecircncia enquanto em outras vaacuterios
componentes atuam de modo sineacutergico para garantir a madeira sua
durabilidade natural (OLIVEIRA et al 1986)
Geralmente existe uma grande diferenccedila de resistecircncia entre o cerne e
o alburno O cerne esta localizado na parte interior da tora e o alburno na parte
externa sendo a interna normalmente mais resistente No entanto haacute variaccedilatildeo
entre as espeacutecies Para Oliveira et al (2005a) a quantidade e a qualidade dos
extrativos satildeo bastante variaacuteveis de espeacutecie para espeacutecie As variaccedilotildees nos
teores dessas substacircncias satildeo evidentes entre indiviacuteduos dentro de uma
mesma espeacutecie variando do cerne mais interno para o receacutem formado sendo
mais efetivo neste uacuteltimo Tambeacutem quanto aos tipos de solventes os quais
solubilizam os extrativos de caraacuteter fungicida e inseticida nas madeiras de
elevada durabilidade natural satildeo amplamente variaacuteveis e dependentes das
espeacutecies
Segundo Paes et al (2004) o conhecimento da resistecircncia natural das
madeiras eacute importante para recomendaccedilatildeo do uso mais adequado poupando
gastos desnecessaacuterios com substituiccedilatildeo de peccedilas e reduzindo os impactos ao
meio ambiente
Nenhuma madeira eacute capaz de resistir indefinidamente agraves intempeacuteries
e variaccedilotildees das condiccedilotildees ambientais (SILVA et al 2005) De acordo com a
Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria de Madeira Processada Mecanicamente
46
(ABIMCI) a vida uacutetil da madeira maciccedila ou reconstituiacuteda varia dependendo da
espeacutecie da quantidade de alburno presente do seu uso e das condiccedilotildees
ambientais agraves quais estaacute exposta (ABIMCI 2004)
Logo a deterioraccedilatildeo da madeira pode ocorrer por accedilatildeo de agentes
fiacutesicos como o fogo (calor) e umidade quiacutemicos relacionados agrave accedilatildeo de
substacircncias aacutecidas ou baacutesicas mecacircnicos pelo atrito ou impacto haacute o
desgaste na madeira fiacutesico-quiacutemico em decorrecircncia da poluiccedilatildeo ambiental e
intemperismo e bioloacutegicos pela accedilatildeo de fungos insetos moluscos crustaacuteceos
e bacteacuterias (SILVA et al 2005) Os agentes bioloacutegicos satildeo os causadores de
maiores prejuiacutezos agrave utilizaccedilatildeo da madeira (SGAI 2000)
Os fungos satildeo exemplos de xiloacutefagos mais comuns podendo
decompor totalmente a madeira ou apenas causar manchas de modo que
podem ser classificados como apodrecedores emboloradores e manchadores
(ROCHA 2001) No Brasil um paiacutes de clima tropical onde a meacutedia de
temperatura eacute de 25ordmC e pluviosidade anual podendo chegar a 3000 mm em
algumas regiotildees e com uma grande biodiversidade de flora e fauna os
processos naturais de deterioraccedilatildeo da madeira satildeo ainda mais acelerados isso
porque em condiccedilotildees ambientais favoraacuteveis de umidade temperatura aeraccedilatildeo
haveraacute favorecimento do surgimento de um ou mais agentes xiloacutefagos
Para Oliveira et al (2005b) entre os fungos responsaacuteveis pelo
apodrecimento da madeira destacam-se aqueles pertencentes agrave classe dos
Basidiomicetos na qual se encontram os fungos responsaacuteveis pela podridatildeo
parda e podridatildeo branca que possuem caracteriacutesticas enzimaacuteticas proacuteprias
quanto agrave decomposiccedilatildeo dos constituintes primaacuterios da madeira Os primeiros
decompotildeem os polissacariacutedeos da parede celular e a madeira atacada
apresenta uma coloraccedilatildeo residual pardacenta Os uacuteltimos atacam
indistintamente tanto os polissacariacutedeos quanto a lignina Nesse caso a
madeira atacada adquire um aspecto mais claro Segundo Santos (1992) a
madeira sob ataque de fungos apresenta alteraccedilotildees na composiccedilatildeo quiacutemica
reduccedilatildeo da resistecircncia mecacircnica diminuiccedilatildeo de massa modificaccedilatildeo da cor
natural aumento da permeabilidade reduccedilatildeo da capacidade acuacutestica aumento
da inflamabilidade diminuiccedilatildeo do poder caloriacutefico e maior propensatildeo ao ataque
47
de insetos comprometendo dessa forma a sua qualidade e inviabilizando a
sua utilizaccedilatildeo para fins tecnoloacutegicos
Os estudos sobre a durabilidade natural e restriccedilotildees de uso da madeira
de eucaliptos oriunda de plantios satildeo importantes porque fornecem
informaccedilotildees baacutesicas sobre a utilizaccedilatildeo dos seus produtos sob condiccedilotildees de
exposiccedilatildeo a fungos jaacute que estes estatildeo entre os responsaacuteveis pelos maiores
danos econocircmicos causados agrave madeira
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a capacidade de
deterioraccedilatildeo dos fungos isolados das madeiras de Eucalyptus spp selecionar
os de maior capacidade de deterioraccedilatildeo para que possam futuramente serem
utilizados na decomposiccedilatildeo de tocos remanescentes de aacutereas reflorestadas
com eucalipto e realizar a anaacutelise quiacutemica da madeira deteriorada pelos
fungos para verificar quais os componentes da madeira sofreram maiores
alteraccedilotildees em funccedilatildeo do ataque dos fungos isolados
48
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 DETERMINACcedilAtildeO DA RESISTEcircNCIA NATURAL DA MADEIRA
O experimento foi realizado no Laboratoacuterio de Ciecircncia da Madeira
(LCM) do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) do Centro de Ciecircncias
Agraacuterias (CCA) da Universidade Federal do Espiacuterito Santo (UFES) no
municiacutepio de Jerocircnimo Monteiro ndash ES A determinaccedilatildeo da resistecircncia natural da
madeira de Eucalyptus spp a fungos xiloacutefagos foi realizada por meio de um
ensaio de apodrecimento acelerado em laboratoacuterio Para realizaccedilatildeo deste
foram seguidas as recomendaccedilotildees da ldquoAmerican Society for Testing and
Materialsrdquo ASTM D - 1413 (2005a)
211 Espeacutecies de madeira utilizadas
Na conduccedilatildeo do experimento foi utilizada a madeira de eucalipto Para
realizar o isolamento dos fungos cepas de madeiras de eucaliptos deterioradas
foram utilizadas e para confeccionar os corpos de prova para o ensaio em
laboratoacuterio madeiras da parte basal de toras sadias foram obtidas nas
fazendas localizadas nos municiacutepios de Guaccedilui e Cachoeiro de Itapemirim As
amostras foram confeccionadas a partir de clones de eucalipto resultantes do
cruzamento entre Eucalyptus grandis W Hill ex Maiden e E urophylla ST
Blake muito cultivados em funccedilatildeo do crescimento raacutepido e tambeacutem associado
agrave toleracircncia a periacuteodos de estiagem Na fazenda Paraiacuteso em Espera Feliz as
amostras utilizadas foram provenientes de Eucalyptus grandis
212 Preparaccedilatildeo dos corpos de prova
Os corpos de prova foram obtidos do cerne e alburno de madeiras
Eucalyptus spp e confeccionados nas dimensotildees de 19 x 19 x 19 cm (radial
x tangencial x longitudinal) Foram utilizadas 576 amostras isentas de noacutes
gomas e resinas que receberam identificaccedilatildeo numeacuterica conforme posiccedilatildeo
(cerne e alburno) fungo testado e repeticcedilatildeo
49
213 Obtenccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos fungos utilizados
Foram utilizados 12 fungos dos quais nove foram obtidos por meio das
amostras coletadas no campo a partir de cepas deterioradas de eucaliptos e
trecircs provenientes do ldquoForest Products Laboratory United State Departament of
Agriculturerdquo Postia placenta (Fr) Cook (Madison 698 ATCC n 11538)
Trametes versicolor (L Fries) Pilaacutet (Madison 697 ATCC n 12679) e
Gloeophyllum trabeum (Pers ex Fr) Murr (Madison 617 ATCC n 11539) que
fazem parte do acervo do LCM e de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo
empregados como padratildeo de comparaccedilatildeo
As placas de Petri crescidas com meio BDA e com os fungos utilizados
no experimento foram embaladas em folhas de papel e armazenadas em sala
de incubaccedilatildeo esta apresentava temperatura de 25 plusmn 2ordmC e umidade relativa de
60 plusmn 5
214 Preparo do substrato
Foram utilizados frascos de vidro com tampa rosqueaacutevel e capacidade
de 500 mL os quais foram preenchidos com 300 g de solo passados por
peneira de 04 x 04mm seco ao ar para eliminaccedilatildeo de impurezas e quebra
dos torrotildees O pH e a capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua foram de 714 e
3745 respectivamente Apoacutes o preenchimento dos frascos colocou-se 139
mL de aacutegua destilada ao solo a fim de que a umidade deste fosse ajustada
para 130 da sua capacidade de retenccedilatildeo de aacutegua Foram adicionados nos
frascos sobre o solo dois alimentadores de madeira de Pinus sp com 3mm de
espessura 28mm de largura e 33mm de comprimento que foram secos em
estufa e sem qualquer tipo de tratamento preservativo para que apoacutes
esterilizados em uma autoclave mantida a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos
e resfriados fossem capazes de fornecerem condiccedilotildees miacutenimas para ocorrer a
colonizaccedilatildeo da madeira pelos fungos que foram inoculados com as culturas
fuacutengicas em estudo
50
215 Repicagem dos fungos
A repicagem dos fungos foi efetuada em placas de Petri contendo meio
de cultura BDA (batata dextrose e aacutegar) o qual foi preparado empregando-se
a proporccedilatildeo de 200 g de batata 20 g de dextrose 17 g de aacutegar 1000 mL de
aacutegua destilada A repicagem dos fungos foi feita em capela de fluxo laminar
Procurou-se obter um pedaccedilo de meio de cultura BDA de aproximadamente
1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo estes foram transferidos pra placas de Petri
contendo meio de cultura BDA ambos esteacutereis e em condiccedilotildees asseacutepticas As
placas de Petri com meio de cultura BDA e estruturas fuacutengicas foram
acondicionadas em uma sala de incubaccedilatildeo por um periacuteodo de 15 dias de
modo a proporcionar condiccedilotildees adequadas para o crescimento dos fungos
216 Inoculaccedilatildeo e incubaccedilatildeo dos fungos
Das culturas puras armazenadas retirou-se um fragmento de meio de
cultura BDA de aproximadamente 1cmsup2 contendo miceacutelios do fungo que foram
adicionados sobre as placas alimentadoras Depois de inoculados os frascos
retornaram agrave sala de incubaccedilatildeo onde permaneceram por um periacuteodo de 15
dias necessaacuterios para que o miceacutelio do fungo colonizasse de forma
homogecircnea a superfiacutecie dos alimentadores
217 Climatizaccedilatildeo e esterilizaccedilatildeo dos corpos de prova
Para obtenccedilatildeo da massa inicial antes do ataque dos fungos os corpos
de prova foram secos em estufa a 103 plusmn 2ordmC por um periacuteodo de 72 horas
possibilitando que os resultados ao final do ataque dos fungos fossem obtidos
nas mesmas condiccedilotildees Efetuada a secagem completa os corpos de prova
foram colocados em um dessecador contendo siacutelica por aproximadamente 15
minutos e pesados
Antes da inoculaccedilatildeo os corpos de prova foram esterilizados em
autoclave a 121 plusmn 2degC (12 atm) por 30 minutos e acondicionados em sala de
incubaccedilatildeo para que resfriassem
51
218 Inoculaccedilatildeo dos corpos de prova e periacuteodo de ataque dos fungos
Em capela de fluxo laminar os corpos de prova foram assepticamente
introduzidos com o auxiacutelio de uma pinccedila nos frascos contendo o fungo (Figura
1) Estes foram uniformemente distribuiacutedos sobre a placa suporte sendo
colocados dois corpos de prova em contato com o fungo em cada frasco
Concluiacuteda a inoculaccedilatildeo dos corpos de prova os frascos retornaram agrave sala de
incubaccedilatildeo (Figura 4) onde permaneceram por um periacuteodo de 12 semanas
Figura 1 Introduccedilatildeo dos corpos de prova nos frascos A - Frasco com fungo
inoculado sobre as placas alimentadoras B - Introduccedilatildeo dos corpos
de prova nos frascos assepticamente C - Frasco com corpos de
prova jaacute inoculados
219 Retirada dos corpos de prova
Decorrido o periacuteodo de ataque dos fungos (12 semanas) os corpos de
prova foram retirados dos frascos de vidro e cuidadosamente limpos com o
auxiacutelio de uma escova de cerdas macias para remoccedilatildeo dos miceacutelios de fungo
acumulados em sua superfiacutecie
Posteriormente os corpos de prova foram novamente secados em
estufa a 103 + 2ordmC por 72 horas sendo pesados para obter suas massas apoacutes
o periacuteodo de exposiccedilatildeo ao ataque dos fungos
A B C
52
2110 Avaliaccedilatildeo do poder de deterioraccedilatildeo dos fungos testados
O poder de deterioraccedilatildeo dos fungos foi avaliado em funccedilatildeo da perda
de massa que estes causaram nas amostras de madeiras ensaiadas De posse
dos dados referentes agrave massa inicial e final dos corpos de prova as classes
dos fungos isolados foram determinadas A escala de degradaccedilatildeo de fungos
xiloacutefagos estaacute apresentada na Tabela 1
Tabela 1 - Escala de degradaccedilatildeo de fungos xiloacutefagos
Perda de massa
()
Massa Residual
() Classe de degradaccedilatildeo
0 - 10 90 - 100 Altamente degradante
11 - 24 76 - 89 Degradante
25 - 44 56 - 75 Degradaccedilatildeo moderada
ge 45 le 55 Natildeo degradante
Fonte Adaptada da ASTM D-2017(2005b)
2111 Determinaccedilatildeo do teor de extrativos
Foram selecionadas amostras das madeiras natildeo deterioradas e
tambeacutem as deterioradas pelos dois fungos isolados no campo que se
mostraram mais agressivos Amostras selecionadas foram transformadas em
serragem e o teor de extrativos obtido ao empregar a fraccedilatildeo que passou pela
peneira de 40 e ficou retida na de 60 ldquomeshrdquo A serragem classificada foi
climatizada agrave temperatura 20 plusmn 2 ordmC e 65 plusmn 5 de umidade relativa
A determinaccedilatildeo do teor de extrativos na madeira (solubilidade em
aacutelcooltolueno (21 vv)) foi efetuada segundo a M 389 (ASSOCIACcedilAtildeO
BRASILEIRA TEacuteCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP 1974) O teor de
lignina foi determinado seguindo a metodologia descrita por Gomide e
Demuner (1986) e feita leitura do filtrado restante da anaacutelise em
espectrofotocircmetro para determinaccedilatildeo da lignina soluacutevel em aacutecido O teor de
lignina total foi o resultado da soma da lignina residual mais a lignina soluacutevel
em aacutecido O teor de holocelulose foi obtido por diferenccedila [ holocelulose =
53
100 ndash ( teor de extrativo + teor de lignina + cinzas na madeira)] A
determinaccedilatildeo do teor de cinzas ou minerais da madeira foi efetuada segundo a
M-1177 (ABTCP 1974)
Ao teacutermino de cada extraccedilatildeo os balotildees previamente pesados foram
postos em estufa agrave temperatura de 103 plusmn 2 degC ateacute massa constante pesados
em uma balanccedila de 0001g de precisatildeo e por diferenccedila de massa determinado
o teor de extrativos As anaacutelises quiacutemicas para a determinaccedilatildeo dos extrativos
foram realizadas em duplicatas
2112 Anaacutelises estatiacutesticas
Para possibilitar a anaacutelise estatiacutestica os dados em porcentagem de
perda de massa foram transformados em arcsen[raiz (perda de massa100)]
conforme sugerido por Stell e Torrie (1980) Tal transformaccedilatildeo foi necessaacuteria
para permitir a homocedasticidade das variacircncias Na anaacutelise e avaliaccedilatildeo dos
ensaios foi empregado o teste de F para avaliar a significacircncia Para a
comparaccedilatildeo muacuteltipla das meacutedias utilizou-se o teste de Tukey agrave 5 de
significacircncia para os valores e interaccedilotildees que foram significativos pelo teste F
54
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os fungos xiloacutefagos empregados e a perda de massa em porcentagem
das madeiras utilizadas neste estudo estatildeo apresentados na Tabela 2
Pequenos valores de perda de massa foram encontrados em madeiras
submetidas ao ataque de seis fungos pertencentes aos gecircneros Trichoderma
(quatro espeacutecies) Lasiodiplodia e Penicillium (uma espeacutecie) Segundo a Tabela
1 esses fungos satildeo classificados como natildeo degradantes em funccedilatildeo da baixa
capacidade de deterioraccedilatildeo que estes apresentam
Tabela 2 Perda de massa media () da madeira causada pelos fungos
xiloacutefagos testados
Fungos Xiloacutefagos
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis
X
E urophylla
E grandis
E grandis
X
E urophylla
Alburno Cerne Alburno Cerne Alburno Cerne
Postia placenta 4662 3368 4593 3421 3301 2060
Trichoderma sp 080 001 069 023 052 107
Trametes versicolor 3840 2064 3745 3488 3218 2509
Gloeophyllum trabeum 4368 1706 4864 881 3368 1845
Basidiomiceto 1 3469 513 2551 186 2509 944
Trichoderma sp 082 028 058 011 098 081
Basidiomiceto 2 1702 704 1611 296 1459 1127
Trichoderma sp 073 029 062 087 132 099
Trichoderma sp 061 018 028 017 138 051
Lasiodiplodia sp 428 021 064 191 113 041
Basidiomiceto 3 122 016 003 001 107 033
Penicillium sp 076 035 050 066 088 091
55
Os fungos Trichoderma e Penicillium pertencem agrave Classe
Hyphomycetes e satildeo fungos capazes de provocar manchas externas na
madeira O fungo Lasiodiplodia pertencente agrave Classe Coelomycetes eacute capaz
de causar manchas internas nas madeiras Estes normalmente satildeo os
primeiros a colonizarem a madeira podendo ocupar toda a superfiacutecie de uma
tora em menos de 48 horas (LEPAGE 1986)
O ataque dos fungos manchadores externos comprometem o aspecto
visual da madeira pois haacute um crescimento acentuado de hifas sobre a
superfiacutecie podendo tambeacutem penetrar profundamente no alburno sem alterar a
coloraccedilatildeo pois essas hifas satildeo hialinas (OLIVEIRA et al 1986)
A madeira atacada por fungos emboloradores apresenta em sua
superfiacutecie aacuterea de aspecto pulverulento constituiacuteda de massa de esporos que
pode ser facilmente removida por raspagem Sua coloraccedilatildeo muda de acordo
com o fungo variando entre cinza verde e amarelo (FURTADO 2000)
Os fungos causadores de manchas internas nas madeiras formam
hifas pigmentadas que secretam substacircncias coloridas A madeira atacada por
estes fungos apresenta no alburno aacutereas de coloraccedilatildeo variaacutevel geralmente de
coloraccedilatildeo azul a cinza escuro que satildeo observadas em cortes transversais e
distribuem-se radialmente As manchas que podem ser superficiais ou
profundas depreciam a qualidade e o valor comercial da madeira (OLIVEIRA et
al 1986)
Os fungos de reconhecida capacidade de deterioraccedilatildeo que foram
utilizados para comparaccedilatildeo da deterioraccedilatildeo (Postia placenta Trametes
versicolor e Gloeophyllum trabeum) foram os que mais deterioraram as
madeiras Dos fungos utilizados no ensaio obtidos das cepas deterioradas em
isolamento indireto e direto dois fungos foram capazes de provocar
deterioraccedilatildeo nas madeiras no ensaio Provavelmente tratam de fungos
pertencentes agrave Classe dos Basidiomicetos porem sua identificaccedilatildeo ainda natildeo
pode ser realizada de maneira precisa por causa da falta de esporos nas
colocircnias isoladas pois se necessita dos esporos para a identificaccedilatildeo de tais
fungos
Em estudo desenvolvido por Modes (2010) com madeira de
Eucalyptus grandis submetida ao apodrecimento acelerado em laboratoacuterio a
56
autora observou que a perda de massa da madeira foi de 5774 e 4146 para
os fungos Trametes versicolor e Gloeophyllum trabeum respectivamente o
que corrobora com os valores verificados na presente pesquisa que variaram
de 4864 (madeira de alburno) e 880 (madeira de cerne) para o fungo
Gloeophyllum trabeum e de 3745 (madeira de alburno) e 3488 (madeira
de cerne) para o fungo Trametes versicolor
Para o fungo Postia placenta em estudos realizados por Paes et al
(1998) com madeira de alburno de E grandis foram encontrados valores de
3926 4253 e 4118 de perda de massa Nesta pesquisa os valores variaram
de 4593 (alburno) e 3421 (cerne)
Os fungos normalmente tecircm maior capacidade de deterioraccedilatildeo de
madeiras de alburno uma vez que no cerne haacute presenccedila de substacircncias de
natureza fenoacutelica com propriedades fungicidas e inseticidas entretanto os
extrativos natildeo se distribuem homogeneamente pelo fuste tendo sua maior
concentraccedilatildeo e consequentemente a maior resistecircncia natural nos lenhos das
partes externas do cerne e proacuteximos agrave base da aacutervore No alburno em razatildeo
dos baixos teores de extrativos a resistecircncia natural desse tipo de lenho eacute
menor (OLIVEIRA et al 1986 OLIVEIRA et al 2005a FOREST PRODUCTS
LABORATORY 2010)
Os valores que deram origem a Tabela 2 e Figura 5 foram analisados
estatisticamente A anaacutelise de variacircncia dos fatores encontra-se na Tabela 3
Observa-se que houve diferenccedila significativa entre posiccedilatildeo fungos e as
interaccedilotildees posiccedilatildeo x madeira posiccedilatildeo x fungo e a interaccedilatildeo de segunda
ordem As interaccedilotildees de primeira ordem foram desdobradas e analisadas pelo
teste de Tukey a 5 de significacircncia (Tabelas 4 e 5)
57
Tabela 3 - Anaacutelise de variacircncia dos resultados de perda de massa das
madeiras submetidas aos fungos testados Dados transformados
em arcsen [raiz(perda de massa100)]
Fonte de Variaccedilatildeo Graus de
Liberdade
Soma de
Quadrados
Quadrado
Meacutedio F
Posiccedilatildeo 1 142 18330
Madeira 2 004 002 ns
Fungo 11 2821 256
Posiccedilatildeo x Madeira 2 013 007
Posiccedilatildeo x Fungo 11 197 018
Madeira x Fungo 22 073 003
Madeira x Posiccedilatildeo x Fungo 22 043 002
Residuo 504 389 001
Total 575 3681
significativo a 1 ns ndash natildeo significativo a 5 de probabilidade
De acordo com a Tabela 4 verifica-se que os fungos 1 (Postia
placenta) e 5 (Basidemiceto 1) deterioraram com maior intensidade as
madeiras de Eucalyptus grandis e do clone E grandis x E urophylla
proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo Coacuterrego do Patrimocircnio Distrito de
Guaccedilui ndash ES O fungo 5 atacou menos a madeira proveniente da Fazenda
Bananal do Sul Pacotuba Distrito de Cachoeiro de Itapemirim ndash ES
provavelmente este eacute mais adaptado a microclimas comuns nas Fazendas Satildeo
Sebastiatildeo e Paraiacuteso localizadas respecitivamente em Guaccedilui ndash ES e Espera
Feliz ndash MG locais de alta altitude ou madeiras de locais mais baixos
desenvolveram extrativos que conferiram a estas resistecircncia a tal fungo
58
Tabela 4 - Influecircncia na deterioraccedilatildeo causada pelos fungos nas madeiras
testadas
Fungo
Perda de Massa () das Madeiras
Madeira 1 Madeira 2 Madeira 3
E grandis x
E urophylla E grandis
E grandis x E urophylla
1 - Postia placenta 4015 Aa 4007 Aa 2681 Bab
2 - Trichoderma sp 041 Ad 015 A d 0793 Ad
3 - Trametes versicolor 2952 Bb 3616 Aa 2863 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 3037 Ab 2874 Ab 2606 Aa
5 - Basidiomiceto 1 1991 Ac 1727 Ac 1368 Bbc
6 - Trichoderma sp 090 Ad 055 Ad 034 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1203 Ac 953 Bc 1293 Ac
8 - Trichoderma sp 051 Ad 074 Ad 116 Ad
9 - Trichoderma sp 039 Ad 023 Ad 095 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 225 Ad 127 Ad 077 Ad
11 - Basidiomiceto 3 069 ABd 002 Bd 120 Ad
12 - Penicillium sp 056 Ad 228 Ad 090 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
O fungo 3 atacou com maior intensidade as madeiras dos clones
provenientes da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul e em menor
intensidade a madeira de E grandis
O fungo 11 atacou com menor intensidade a madeira proveniente da
Fazenda Paraiacuteso e com maior magnitude a madeira coletada na Fazenda
Bananal do Sul A madeira da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo apresentou resistecircncia
intermediaria a esse fungo Os demais fungos atacaram com a mesma
intensidade todas as madeiras testadas
Os fungos que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo foram
o P placenta G trabeum e T versicolor para as madeiras testadas Dentre os
fungos isolados aqueles que causaram degradaccedilatildeo mais proacutexima dos fungos
59
citados foram os fungos 5 e 7 (Basidiomicetos 1 e 2) isolados de cepas de
eucaliptos provenientes da Fazendas Satildeo Sebastiatildeo e Bananal do Sul
respectivamente Como os fungos 1 3 e 4 satildeo de reconhecida capacidade de
deterioraccedilatildeo sendo recomendados pela ASTM D-2017 (2005b) para avaliaccedilatildeo
da resistecircncia natural de madeiras os isolados (Basidiomicetos 1 e 2)
apresentam perspectiva para serem utilizados em estudos de campo para
deterioraccedilatildeo de cepas de Eucalyptus spp
Os demais isolados apresentaram pequena capacidade de
deterioraccedilatildeo Provavelmente isso ocorreu em funccedilatildeo desses fungos serem os
primeiros a colonizarem a madeira e se alimentarem basicamente de
substacircncias de reserva (amidos e accedilucares) existentes no tecido
parenquimaacutetico natildeo apresentando capacidade de deteriorar os componentes
principais da madeira (celulose hemiceluloses e lignina) por natildeo produzirem
enzimas com capacidade de atuaccedilatildeo extracelular para provocarem a quebra
dos componentes principais da madeira (RAYNER BODDY 1995 SCHMIDT
2006)
Na Tabela 5 constam as influecircncias da posiccedilatildeo (alburno e cerne) e dos
fungos para as madeiras estudadas Observa-se que para todas as madeiras
os fungos apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno Isto eacute o
que normalmente ocorre uma vez que os fungos consomem inicialmente a
madeira de alburno das cepas e posteriormente apoacutes a perda de alguns
extrativos do cerne ocasionada por evaporaccedilatildeo lixiviaccedilatildeo e reaccedilotildees
ocasionadas pelo ambiente os fungos iniciam seu ataque ao cerne
A madeira proveniente da Fazenda Satildeo Sebastiatildeo independente da
posiccedilatildeo (alburno e cerne) foi a mais consumida pelos fungos testados Os
fungos 1 3 4 5 e 7 atacaram mais intensamente a madeira de alburno dos
eucaliptos testados Os demais fungos empregados em funccedilatildeo da suas baixas
capacidades de deterioraccedilatildeo pouco consumiram as madeiras de cerne e
alburno
60
Tabela 5 - Influecircncia da posiccedilatildeo e dos fungos na decomposiccedilatildeo das madeiras
testadas
Madeiras
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - E grandis x E urophylla 1580 Aa 707 Ba
2 - E grandis 1470 Ab 751 Bb
3 - E grandis x E urophylla 1215 Ab 757 Bb
Fungos
Perda de Massa () das Madeiras
Posiccedilotildees na Madeira
Alburno Cerne
1 - Postia placenta 4185 Aa 2943 Ba
2 - Trichoderma sp 046 Ad 044 Ad
3 - Trametes versicolor 3601 Aa 2687 Ba
4 - Gloeophyllum trabeum 4200 Aa 1478 Bb
5 - Basidiomiceto 1 2843 Ab 548 Bc
6 - Trichoderma sp 079 Ad 040 Ad
7 - Basidiomiceto 2 1591 Ac 709 Bc
8 - Trichoderma sp 089 Ad 072 Ad
9 - Trichoderma sp 076 Ad 028 Ad
10 - Lasiodiplodia sp 202 Ad 084 Ad
11 - Basidiomiceto 3 077 Ad 050 Ad
12 - Penicillium sp 177 Ad 076 Ad
As meacutedias seguidas por uma mesma letra maiuacutescula na horizontal ou minuacutescula na vertical
para cada paracircmetro natildeo diferem entre si (Tukey p gt 005)
A exemplo do observado na Tabela 4 os fungos 1 3 4 5 e 7 foram
aqueles que apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo do alburno
(Tabela 5) Para a madeira de cerne os fungos 1 e 3 apresentaram maior
capacidade de deterioraccedilatildeo seguido do fungo 4 Dentre os fungos isolados das
61
cepas como jaacute observado anteriormente (Tabela 4) os fungos 7 e 5
apresentaram maior capacidade de deterioraccedilatildeo da madeira de cerne A
deterioraccedilatildeo causada pelo fungo 7 correspondeu a aproximadamente 50 da
capacidade de deterioraccedilatildeo do fungo 4 e aproximadamente 25 da
capacidade dos fungos 1 e 3 sendo por tanto de interesse em trabalhos
futuros
Com o intuito de conhecer qual dos constituintes da madeira foi mais
deteriorado pelos fungos isolados que apresentaram maior capacidade de
deterioraccedilatildeo realizou-se a caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras utilizadas no
ensaio (Tabela 6)
Para os clones testados de modo geral houve incremento no teor de
extrativos totais na madeira deteriorada (cerne e alburno) para ambos
Basidiomicetos testados Isto ocorreu provavelmente por que os fungos
causaram quebra nos constituintes da parede celular (celulose hemiceluloses
e lignina) tornando-os mais soluacutevel aos reagentes empregados (aacutelcool
tolueno)
Para as madeiras de cerne de E grandis houve decreacutescimo no teor de
extrativos para ambos Basidiomicetos Provavelmente houve consumo de
parte dos extrativos desta madeira pelos fungos
Para holocelulose (celulose + hemiceluloses) ocorreram pequenas
diferenccedilas entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em torno
de 1) Isto indica que os Basidiomicetos isolados podem ser classificados
como fungos causadores da podridatildeo branca na madeira por causarem pouco
ataque a holocelulose Tais isolados poderiam ser utilizados em processo de
biopolpaccedilatildeo (COSTA 1993)
Com relaccedilatildeo agrave lignina o Basidiomiceto 2 causou maior degradaccedilatildeo
quando comparado ao Basidiomiceto 1 A degradaccedilatildeo foi maior no alburno que
no cerne Segundo Costa (1993) este poderia vir a ser um fungo de utilizaccedilatildeo
em processos de biopolpaccedilatildeo
Provavelmente esse fungo seria capaz de atacar madeiras de cerne
uma vez que a mesma iria perder extrativos volaacuteteis pela exposiccedilatildeo agraves
intempeacuteries tornando a madeira menos resistente a fungos deterioradores
62
Tabela 6 Caracterizaccedilatildeo quiacutemica das madeiras sadias e deterioradas pelos
Basidiomicetos isolados
Madeira Natildeo-Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira Extrativos ()
(AacutelcoolTolueno) Holocelulose
() Lignina Total
()
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 095 6885 3020
Cerne 205 6661 3134
2 - E grandis Alburno 129 7009 2862
Cerne 413 6546 3042
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 176 6710 3114
Cerne 158 6728 3114
Madeira Deteriorada
Madeira Posiccedilotildees
na Madeira
Extrativos () (AacutelcoolTolueno)
Holocelulose ()
Lignina Total ()
Basidiomicetos
1 2 1 2 1 2
1 - E grandis x
E urophylla
Alburno 309 319 6896 7065 2795 2617
Cerne 169 253 6764 6664 3067 3083
2 - E grandis Alburno 289 411 6905 7110 2807 2479
Cerne 242 268 6659 6669 3099 3063
3 - E grandis x
E urophylla
Alburno 253 365 6657 6775 3090 2860
Cerne 237 323 6644 6672 3119 3006
63
4 CONCLUSOtildeES
Dentre os fungos isolados os possiacuteveis Basidiomicetos foram capazes
de causar maior deterioraccedilatildeo em amostras de madeiras provenientes de cerne
e alburno de eucaliptos testados
A madeira proveniente do alburno foi mais deteriorada que a do cerne
para os Basidiomicetos testados
Dos Basidiomicetos isolados das cepas o Basidiomiceto 1 e 2 foram os
que mais deterioraram a madeira de cerne sendo por tanto de interesse em
trabalhos futuros
Os possiacuteveis Basidiomicetos isolados de modo geral causaram
incremento no teor de extrativos na madeira deteriorada
Para os polissacariacutedeos da madeira (holocelulose + hemicelulose) os
fungos isolados (Basidiomiceto 1 e 2) provocaram pequeno consumo dos
polissacarideos entre as madeiras sadias e deterioradas (variaccedilotildees meacutedias em
torno de 1)
Para a lignina o Basidiomiceto 2 causou degradaccedilatildeo maior que a
causada pelo Basidiomiceto 1
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