UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAfucap.edu.br/arquivos/dissertacao_expedito.pdf · I. Cruz...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO
UNIVERSITRIA
MESTRADO PROFISSIONAL
O PAPEL DO ESTGIO SUPERVISIONADO E A
CONTRIBUIO DO TRABALHO DE CONCLUSO DE
CURSO PARA A FORMAO DE PROFISSIONAIS DE
ADMINISTRAO: UM ESTUDO DE CASO
EXPEDITO MICHELS
Florianpolis
2012
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO
UNIVERSITRIA
MESTRADO PROFISSIONAL
EXPEDITO MICHELS
O PAPEL DO ESTGIO SUPERVISIONADO E A
CONTRIBUIO DO TRABALHO DE CONCLUSO DE
CURSO PARA A FORMAO DE PROFISSIONAIS DE
ADMINISTRAO: UM ESTUDO DE CASO
Dissertao submetida ao Programa de
Ps-Graduao em Administrao
Universitria da Universidade Federal
de Santa Catarina para a obteno do
Grau de Mestre.
Orientador: Prof. Joo Benjamim da
Cruz Jnior, PhD.
Co-orientador: Prof. Alessandra de
Linhares Jacobsen, Dra.
Florianpolis
2012
-
Catalogao na fonte elaborada pela biblioteca da
Universidade Federal de Santa Catarina
Michels, Expedito
O PAPEL DO ESTGIO SUPERVISIONADO E A CONTRIBUIO DO
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO PARA A FORMAO DE
PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAO: [dissertao]: UM
ESTUDO DE CASO / Expedito Michels; orientador, Joo
Benjamim da Cruz Jnior; coorientador, Alessandra de
Linhares Jacobsen.
Florianpolis, SC., 2012. 134 p.; 21 cm.
Dissertao (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro Scio-Econmico. Programa de Ps-
Graduao em Administrao Universitria.
Inclui referncias
1. Estudo de Caso 2. Graduao 3. Administrao
4. Estgio 5. Trabalho de Concluso de Curso.
6. Metodologia 7. Dissertao
I. Cruz Jnior, Joo Benjamim. II. Jacobsen,
Alessandra de Linhares. III. Universidade Federal de
Santa Catarina. Programa de Ps-Graduao em
Administrao Universitria. IV. Ttulo.
-
Dedico esta obra a Santo Anjo da Guarda,
companhia fiel em todos os momentos de minha vida.
-
AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus pela vida e pela luz profissional que se
conquista na busca de melhorias para a prtica coletiva.
Aos professores Joo Benjamim da Cruz Jnior, PhD. e
Alessandra de Linhares Jacobsen, Dra. por terem adotado a presente
temtica na linha de pesquisa do Programa de Ps-Graduao em
Administrao Universitria (PPGAU).
Aos Professores Pedro Antnio de Melo, Dr. e Mrio Csar
Barreto de Mores, Dr. por participares da banca examinadora. A
Famlia Michels, principalmente a Emillie Michels, Margarte Crema
Michels e Arthur Michels, pela compreenso na minha ausncia em
eventos familiares.
Ao Professor Thiago Henrique Almino Francisco, MSc., amigo
e egresso do mesmo programa, pelo companheirismo nas viagens em
busca de conhecimento para nossas atividades e pelas reflexes
colaborativas sobre o tema.
Agradeo tambm a Associao de Mantenedoras Particulares
de Educao Superior de Santa Catarina - AMPESC, ao Lions Club de
Capivari de Baixo/SC., a Faculdade Capivari - FUCAP, a Associao
Filosfica e Beneficente Energia das guas de Gravatal/SC., e a
Associao Comercial e Industrial de Capivari de Baixo ACICAP,
pela compreenso em funo de meu afastamento temporrio.
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An gottes segen ist alles gelegen.
Adveniat regnum tuum. Aum!
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RESUMO
Este trabalho tem como seu principal objetivo avaliar o papel do estgio
supervisionado e a contribuio do TCC para a formao de
profissionais de Administrao. Trata-se de um estudo de caso
desenvolvido da FUCAP - Faculdade Capivari, onde em sua
fundamentao terica e analisado o significado do conceito de estgio
em sua perspectiva histrica, terica e legal. No que tange os aspectos
estruturais, ainda na parte introdutria do estudo, so feitas
consideraes a respeito da globalizao e o processo de formao do
Administrador com base no estmulo ao desenvolvimento de novas
competncias. Como foco da avaliao do estgio supervisionado, o
trabalho faz uma crtica ao mtodo monogrfico e a dinmica s mtodo
de estudo de casos utilizado na graduao. Estuda ainda aspectos
vinculados ao desenvolvimento organizacional, enxergando o TCC
como uma ferramenta de construo da proposta metodolgica da
formao do administrador. Como metodologia o estudo de caso
contempla uma pesquisa documental e bibliogrfica e quanto a
consecuo dos objetivos, uma pesquisa qualitativa, descritiva e
exploratria. Os resultados, entre outros aspectos, permitem concluir
que, para a formao do perfil profissional do Administrador idealizado
pela FUCAP, o mtodo do Estudo de caso caracteriza-se como o mais
adequado para a realizao do estgio supervisionado e a decorrente
elaborao do TCC.
Palavras-chave: Estudo de Caso. Graduao. Administrao. Estgio.
Trabalho de Concluso de Curso. Metodologia. Dissertao.
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ABSTRACT
The overall objective of this research is to evaluate the process of a
supervised internship and the dissertation contribution for the
development of the Business Administration professionals. This case
study was developed at FUCAP Capivari University. The research
analyses the meaning and description of the word internship from
historical, theoretical and legal perspectives. Considering it's structural
aspects, the bibliography review presents considerations and
perspectives about globalization, taking into consideration the process of
forming administrators based on the stimulus of the development of new
competencies. The supervised internship evaluation focuses on the
operational perspective, the criticism of the monographic method, and
the dynamics of the methods used for graduation case studies. It also
links aspects regarding the organizational development, viewing the
dissertation as a positive tool from the methodological proposal to the
formation of new administrators. The methodological precedent is based
on a case study, taking into consideration the bibliography for
attainment of the objective using, qualitative, descriptive, and
exploratory research. The results, between other aspects, conclude that
the method used on the case study is the most appropriate for the
supervised internship realization process.
Keywords: Case study. Graduation. Administration. Supervised
Internship. Methodology. Dissertation.
-
LISTA DE GRFICOS
Grfico1 dirigente principal da empresa prpria ou de
terceiros.....................................................................
87
Grfico 2 Gnero....................................................................... 88
Grfico 3 Classificao quanto ao porte.... 89
Grfico 4 Natureza da empresa.. 89
Grfico 5 Permite a aplicao prtica dos conhecimentos
tericos aprendidos durante o curso.......
90
Grfico 6 Permite sugestes de mudanas na empresa...... 91
Grfico 7 Proporciona oportunidade de solucionar problemas
reais na empresa.........................................................
91
Grfico 8 Est diretamente relacionado aos objetivos da
empresa.......................................................................
92
Grfico 9 Proporciona a oportunidade de conhecer a estrutura
da empresa de forma sistmica...................................
93
Grfico 10 Proporciona a viso de uma parte especfica da
empresa.......................................................................
94
Grfico 11 Permite aprofundar sua rea de interesse................... 95
Grfico 12 Aprofunda conhecimentos sobre todas as reas da
Administrao da Empresa.........................................
96
Grfico 13 Permite a analise da viabilidade econmica da
empresa.......................................................................
97
Grfico 14 Resultados positivos das oportunidades de
estgio..........................................................................
98
Grfico 15 Observar e avaliar as prticas gerenciais realizadas na
empresa...................................................................
99
Grfico 16 Realizar um diagnstico empresarial para a melhoria
dos processos organizacionais.....................................
100
Grfico 17 Sistematizar, de forma interdisciplinar, uma viso
geral da empresa..........................................................
100
Grfico 18 Ajudar a empresa a atingir os seus objetivos de
crescimento e desenvolvimento..................................
101
Grfico 19 Atender preferencialmente aos interesses do aluno
em formao................................................................
102
Grfico 20 Estudar um tema especfico do setor da empresa........ 103
Grfico 21 Proporcionar maior segurana ao estagirio, atravs
da vivncia prtica da administrao..........................
104
Grfico 22 Comparar a prtica com a teoria................................. 104
Grfico 23 Comparao dos objetivos do estgio na preparao
do aluno.......................................................................
105
Grfico 24
Realizar o estgio na empresa em que trabalha
facilita o levantamento dos dados necessrios
-
elaborao do TCC...................................................... 106
Grfico 25 O projeto de estgio contribui para a visualizao das
atividades a serem cumpridas nos
estgios........................................................................
107
Grfico 26 O projeto de estgio permite uma viso prvia do
TCC..............................................................................
108
Grfico 27 O projeto de estgio alinha o tema, a pergunta de
pesquisa e os objetivos do TCC...................................
109
Grfico 28 Permite a escolha de um tema mais abrangente, que
englobe as diversas reas da administrao, e
tambm a realizao de um estgio mais til para o
aluno e para a empresa.................................................
109
Grfico 29 A metodologia empregada proporciona uma
formao ampla sobre as funes administrativas e
organizacionais das empresas..
110
Grfico 30 Comparao das questes sobre Metodologia do
Estgio..
111
Grfico 31 As atividades do estgio contribuem para a
elaborao do TCC..
112
Grfico 32 H relao direta entre o estgio e o tema do TCC.. 112
Grfico 33 As prticas gerenciais observadas, avaliadas e
descritas no estgio e nas atividades compensatrias
extraclasse devem ser teorizadas no TCC..
113
Grfico 34 A experincia profissional do supervisor de estgio
fundamental para a realizao das atividades......
113
Grfico 35 O estgio e o TCC contribuem para o
desenvolvimento da viso sistmica do acadmico.....
114
Grfico 36 As atividades compensatrias extraclasse,
promovidas pelas disciplinas contribuem para a
elaborao do TCC........ ..........................
115
Grfico 37 Comparao das questes sobre Interdisciplinaridade
do estgio.....................................
117
Grfico 38 O estgio supervisionado visa ao desenvolvimento da
criatividade.......
118
Grfico 39 O estgio desenvolve competncias, habilidades e
atitudes empreendedoras......
118
Grfico 40 O desenvolvimento humano fator preponderante
nas atividades do estgio......
119
Grfico 41 O estgio auxilia na formao humanista........ 120
Grfico 42 O estgio auxilia na formao tecnicista......... 120
Grfico 43
O estgio estimula o desenvolvimento das
Competncias e habilidades do gestor de
Negcios...............................
121
-
Grfico 44 Comparao das questes sobre o desenvolvimento
humano e social do estgio
122
-
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sistemas mecnicos e orgnicos................................... 58 Quadro 2 Distino entre o mtodo do caso de Jennings e
Nelson............................................................................
64
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Dados do IGC 2008, das IES do Sul de Santa Catarina.. 86
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMUREL - Associao dos Municpios da Regio de Laguna
DCN's - Diretrizes Curriculares Nacionais
DO - Desenvolvimento Organizacional,
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
FUCAP - Faculdade Capivari
IDD - ndice de Diferena de Desenvolvimento
IES - Instituio de Ensino Superior
MEC - Ministrio da Educao
PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional
PPC - Projeto Pedaggico do Curso
SECAB - Sociedade Educacional de Capivari de Baixo Ltda.
TCC - Trabalho de Concluso de Curso
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GLOSSRIO
Abordagem: Do verbo abordar. Efetuar abordagem. 2. Chegar a bordo;
atracar. 3. [Galicismo] Abeirar-se de.
Academia: Sociedade, pblica ou privada, de carter artstico, cientfico
ou literrio. 2. Conjunto dos membros dessa sociedade. 3. Sede dessa
sociedade. 4. Instituio de ensino superior. 5. Conjunto dos professores
e alunos dessa instituio. 6. Estabelecimento de instruo onde se
ministram artes, ofcios ou prticas esportivas. 7. Grmio de carter
recreativo. 8. [Brasil] Ginsio.
Anlise: Fazer a anlise de. 2. Examinar com ateno. 3. Criticar.
Contexto: 1. Conjunto de circunstncias volta de um acontecimento
ou de uma situao. = CONJUNTURA, ENQUADRAMENTO 2.
Aquilo que envolve algo ou algum (ex.: contexto social). =
AMBIENTE 3. [Lingstica] Conjunto de elementos lingsticos volta
de som, palavra, locuo, construo, frase, parte de discurso, etc. (ex.:
contexto fontico, contexto semntico). 4. Modo pelo qual as idias
esto encadeadas no discurso. 5. Ligao entre as partes de um todo. =
CONTEXTURA.
Estgio: Tempo de tirocnio ou aprendizado de certas profisses, como
a de advogado ou mdico. 2. Perodo durante o qual uma pessoa ou um
grupo exerce uma atividade temporria com vista sua formao ou
aperfeioamento profissional.
Estrutura: (latim structura -ae), adaptao, ajuste, construo, edifcio,
ordem, estrutura. s. f. 1. Modo como as diferentes partes de um todo
esto dispostas. = CONSTITUIO, DISPOSIO, ORGANIZAO
2. Construo e disposio (de um edifcio). 3. Disposio (no seu
conjunto) das partes do corpo humano. 4. O que permite que uma
construo se sustente e se mantenha slida. 5. O que serve de sustento
ou de apoio. 6. Objeto que se construiu (ex.: o edifcio uma estrutura
slida). 7. Fora fsica ou psicolgica (ex.: ela no tem estrutura para
agentar tanta responsabilidade).
Estudo de Caso: uma estratgia da pesquisa para coletar evidncias
por meio de diversos procedimentos metodolgicos; na acadmica
uma forma de consolidar competncias profissionais.
-
Fenmeno: Tudo o que est sujeito ao dos nossos sentidos ou nos
impressiona de um modo qualquer (fsica ou moralmente). 2. Tudo o
que na natureza momentneo e sucede poucas vezes. 3. Tudo o que
extraordinrio, raro ou novo; coisa surpreendente. 4. Pessoa de dotes
extraordinrios. 5. [Medicina] Fato; manifestao; sinal, sintoma.
Formao: Ato ou efeito de formar ou formar-se. 2. Disposio. 3.
Constituio. 4. Formatura (de tropas). 5. Camadas que constituem o
solo.
Holismo: [Medicina, Psicologia] Doutrina que concebe o indivduo
como um todo que no se explica apenas pela soma das suas partes,
apenas podendo ser entendido em sua integridade. 2. Concepo, nas
cincias humanas e sociais, que defende a importncia da compreenso
integral dos fenmenos e no a anlise isolada dos seus constituintes.
Ilustrao: Do verbo ilustrar. Tornar ilustre. 2. Esclarecer, elucidar. 3.
Instruir. 4. Adornar com gravuras ou desenhos. v. pron. 5. Tornar-se
ilustre. 6. Adquirir ilustrao.
Implementao: Pr em prtica, em execuo ou assegurar a realizao
de (alguma coisa). = EXECUTAR 2. [Informtica] Instalar, pr em
funcionamento (programa ou componente informtico).
Interdisciplinar: Que implica relaes entre vrias disciplinas ou reas
de conhecimento. 2. Que comum a vrias disciplinas. Sinnimo Geral:
TRANSDISCIPLINAR.
Investigao: Indagao ou pesquisa que se faz buscando, examinando
e interrogando. 2. Inquirio de testemunhas.
Mtodo do Caso: um instrumento didtico que vem sendo difundido
como mtodo de instruo, no qual alunos e professores participam da
discusso; classifica-se em trs tipos: Caso ilustrao, caso anlise e
caso problema.
Mtodo: Ordem pedaggica na educao. 2. Tratado elementar. 3.
Processo racional para chegar a determinado fim. 4. Maneira de
proceder. 5. Processo racional para chegar ao conhecimento ou
demonstrao da verdade. 6. Obra que contm disposta numa ordem de
progresso lgica os principais elementos de uma cincia, de uma arte.
7. [Figurado] Prudncia; ponderao.
-
Monografia: Tratado acerca de um s assunto.
Problema: Questo matemtica proposta para se lhe achar a soluo. 2.
Questo, dvida. 3. O que difcil de explicar.
Resultado: (latim resulto, -are, saltar para trs, ecoar, discordar) v. intr.
1. Dar em resultado; originar.
Sistema: Conjunto de princpios verdadeiros ou falsos reunidos de
modo que formem um corpo de doutrina. 2. Combinao de partes
reunidas para concorrerem para um resultado, ou de modo a formarem
um conjunto: Sistema nervoso; sistema planetrio. 3. Modo de
organizao: O sistema capitalista. 4. Modo de governo, de
administrao, de rotao: Os sistemas eleitorais. 5. Conjunto de meios
e processos empregados para alcanar determinado fim. 6. Conjunto de
mtodos ou processos didticos. 7. Mtodo, modo, forma. 8. [Anatomia]
Conjunto de rgos compostos pelos mesmos tecidos e destinados a
funes anlogas (ex.: sistema digestivo, sistema respiratrio). =
APARELHO 9. [Astronomia] Grupo de corpos celestes associados e que
giram segundo as leis de gravitao. 10. [Filosofia]Conjunto de idias
cientficas ou filosficas logicamente solidrias, consideradas mais em
sua coerncia que em sua verdade. 11. [Geologia] Perodos que separam
as eras: Sistema devoniano. 12. Modo de distribuio ou disposio das
cordilheiras quando se apresentam mais ou menos no mesmo sentido.
13. [Histria natural] Mtodo de classificao no emprego de um s ou
de um pequeno nmero de caracteres: O sistema de Lineu. 14. Modo de
distribuio dos seres da natureza. 15. Classificao dos seres que tem
somente por fim facilitar o estudo dos mesmos seres. 16. [Msica]
Reunio dos intervalos musicais elementares compreendidos entre dois
limites sonoros extremos e agradveis ao ouvido.
Sistmico: Relativo a um sistema em seu conjunto. = SISTEMTICO 2.
[Medicina] Que afeta todo o organismo. 3. [Medicina] Relativo grande
circulao. 4. [Medicina] Que recebe o sangue das veias pulmonares e o
envia para a aorta. 5. [Agricultura] Diz-se de um produto fitossanitrio
que age sobre toda a planta, passando pela seiva.
TCC: Tratado acerca de uma profisso. Os tipos mais comuns so:
Monografia, Plano de Negcios, Projetos de Consultoria e Estudos de
Caso.
-
Viso: Ao ou efeito de ver. 2. Percepo pelo rgo da vista. 3.
Imagem que se julga ver, geralmente em sonhos ou por efeito de uma
alucinao. 4. Vista, aspecto, presena. 5. Apario sobrenatural,
fantstica. 6. Imaginao v. 7. Ideia sem fundamento.
-
SUMRIO
1 INTRODUO.................................................................................27 1.1 OBJETIVOS...............................................................................................31 1.1.1 Geral.........................................................................................................31 1.1.2 Especficos................................................................................................31 1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................32 2 REVISO DE LITERATURA.........................................................37 2.1 A GLOBALIZAO E O PROCESSO DE FOMENTO DE NOVAS
COMPETNCIAS PELO ESTGIO SUPERVISIONADO.......................37 2.2.1 A Concepo Histrica do Estgio Supervisionado..............................39 2.2.3 O Estgio Supervisionado em seus aspectos terico-legais..................42 2.3 A RESULTANTE DAS PRTICAS DO ESTGIO: O TRABALHO DE
CONCLUSO DE CURSO...............................................................................48 2.3.1 A monografia como tipo de estgio para concepo de TCCs na
graduao..........................................................................................................51 2.4 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL..............56 2.5 O MTODO DO CASO.............................................................................61 2.6 O MTODO DOESTUDO DE CASO E SUA APLICAO EM
TCC's: CONCEPO E OPERACIONALIZAO..................................68 3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS...................................77 3.1 NATUREZA, ABORDAGEM E OBJETIVO.............................................78 3.2 PROCEDIMENTOS TCNICOS................................................................78 3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS..................................... .........79 4 CARACTERIZAO DO OBJETO DE PESQUISA...................81
4.1 CURSO DE ADMINISTRAO DA FUCAP............................... 81
4.1.1 Objetivo Geral do curso de Administrao da FUCAP...........82
4.1.2 Objetivos Especficos do curso de administrao da FUCAP 82 4.1.3 Perfil do Egresso......................................................................................82
4.1.4 Viso e Misso da FUCAP......................................................................82
4.1.5 Histrico da Instituio.................................................................... ......83 4.1.6 Contexto Regional............................................................................. ......85 4.2 ANLISE DOS DADOS............................................................ ...87 4.2.1 Dados sociais............................................................................................87
4.2.2 Dados da organizao.............................................................................88
4.2.3 O estgio como oportunidade de aprendizagem..................................90
4.2.4 Objetivos do estgio e TCC na percepo do aluno.............................99
4.2.5 Metodologia do Estgio.........................................................................106
4.2.6 Interdisciplinaridade do estgio...........................................................111
4.2.7 Quanto ao desenvolvimento humano e social do estgio...................117
5 CONCLUSO.................................................................................... ..123
REFERNCIAS.......................................................................................127
-
27
1 INTRODUO
A regulamentao da profisso de Administrador um fato
recente na histria do Brasil, sendo criada e regulamentada nos anos 60,
a partir da Lei 4.769, de 09 de setembro de 1965 e do Decreto 61.934,
de 22 de dezembro de 1967, respectivamente. Desde ento, inmeras
mudanas sociais, polticas, econmicas e culturais vm, em velocidade
progressiva, transformando o mundo organizacional e,
consequentemente, exigindo dos Administradores novos conhecimentos,
habilidades e atitudes. (WITTE et al. 2007)
Segundo Lacombe e Heilborn (2006), a essncia da profisso
do Administrador a obteno de resultados, por meio de terceiros que
depende, substancialmente, do desempenho da equipe que ele
supervisiona e coordena, ou seja, o administrador necessita de terceiros
para alcanar objetivos prprios e os de seu grupo. Na Pesquisa
Nacional Sobre o Perfil, Formao e Oportunidades de Trabalho do
Administrador, realizada pelo Conselho Federal de Administrao, a
identidade do Administrador ficou evidenciada como articulador,
definido idealmente como um profissional com viso sistmica da
organizao para promover aes internas, criando sinergia entre
pessoas e recursos disponveis e gerando processos eficazes. (CRA,
2006, p.09)
Sobre o exerccio da profisso do Administrador, resgata-se o
artigo 3 da Lei 4.769, de 09/09/65, acima citada, que destaca, de forma
objetiva, o que compreende a profisso:
a) elaborao de pareceres, relatrios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a
aplicao de conhecimentos inerentes s tcnicas
de organizao;
b) pesquisas, estudos, anlises, interpretao, planejamento, implantao, coordenao, e
controle dos trabalhos nos campos de
administrao geral, como administrao e seleo
de pessoal, organizao, anlise, mtodos e
programas de trabalho, oramento, administrao
de material e financeira, administrao
mercadolgica, administrao da produo,
relaes industriais, bem como outros campos em
que estes se desdobrarem ou com os quais sejam
conexos;
-
28
c) exerccio de funes e cargos de Administrao do Servio Pblico Federal,
Estadual, Municipal, Autrquico, Sociedades de
Economia Mista, empresas estatais, paraestatais e
privadas, em que fique expresso e declarado o
ttulo do cargo abrangido;
d) exerccio de funes de chefia ou direo, intermediria ou superior, assessoramento e
consultoria em rgos, ou seus compartimentos,
da Administrao pblica ou de entidades
privadas, cujas atribuies envolvam
principalmente, a aplicao de conhecimentos
inerentes s tcnicas de administrao;
e) o magistrio em materiais tcnicos do campo da administrao e organizao. (BRASIL, 1965)
Em vista das atividades previstas em lei e demais demandas que
surgem constantemente, Pizzinatto (1999) destaca que, no caso do
Brasil, a discusso sobre o perfil ideal do profissional da Administrao
passou por diversas etapas, exigindo das Instituies de Ensino Superior
IES, adaptaes constantes, especialmente, porque o egresso desse
curso atua em cenrios em constantes e volteis transformaes. As
caractersticas distintivas e mutveis da Administrao, como a rea de
atuao profissional impem uma reflexo sobre os paradigmas que
suportam as estruturas, os mtodos e as tcnicas utilizados no processo
de formao do Administrador. (DEUS, 2004)
Pizzinatto (1999, p.174) destaca que a formao universitria
um processo complexo que exige pesquisas constantes para definir,
primeiramente, as caractersticas ideais do perfil de um profissional e,
em seguida, a composio curricular adequada para esta formao.
Para Lacombe e Heilborn (2006), o perfil ideal do
Administrador est relacionado internalizao de valores de
responsabilidades social, justia e tica profissional. A sua formao
deve abranger aspectos humansticos e viso global que o habilitem a
compreender os meios: social, poltico, econmico e cultural no qual
est inserido e tomar decises em um mundo diversificado e
interdependente, ter e formaes tcnica e cientfica para atuar na
administrao das organizaes. Deve desenvolver tambm atividades
especficas da prtica profissional em consonncia com as demandas
mundiais, nacionais e regionais. Faz-se fundamental competncia para
empreender, analisando criticamente as organizaes, antecipando e
-
29
promovendo suas transformaes, com o objetivo de adquirir
capacidade de atuar em equipes multidisciplinares e de compreenso da
necessidade, contnuo aperfeioamento profissional e do
desenvolvimento da autoconfiana.
Dessa forma, a formao do Administrador no pode estar
limitada s discusses tericas, ainda que as mesmas sejam parte
essencial na formao. Murari e Helal (2009) destacam que a
necessidade de uma formao mais abrangente exigiu que, no Brasil, em
meados da dcada de 1980, o cenrio da educao superior fosse
renovado, culminando na Lei de Diretrizes e Bases, que instaurou um
perodo de remodelao dos programas e cursos superiores, visando
maior flexibilidade e interdisciplinaridade.
Em decorrncia do novo cenrio, as IES devem desprender
maior ateno aos Planos Pedaggicos e ao Desenvolvimento dos
cursos, prevendo atividades prticas, como complementao da
aprendizagem, em vista da interao entre Universidade e organizaes,
no desenvolvimento de uma formao conceitual, tcnica, prtica e
vinculada realidade. (MURARI; HELAL, 2009)
O ensino em Administrao, no Brasil, atravessou trs
momentos marcados pela aprovao dos currculos mnimos em 1966 e
1993, culminando com as Diretrizes Curriculares Nacionais de
Bacharelado em Administrao, homologada em 2004. O currculo
mnimo para o curso de graduao em Administrao contempla a
formao bsica e instrumental (Economia, Direito, Matemtica,
Estatstica, Contabilidade, Filosofia, Psicologia, Sociologia e
Informtica), com carga horria de 720 horas/aula; formao
profissional (teorias da administrao, administrao da produo,
mercadolgica, de recursos humanos, financeira e oramentria,
recursos materiais e patrimoniais e organizaes sistemas e mtodos,
com carga horria de 1.020 horas/aula; disciplinas eletivas e
complementares, com carga horria de 960 horas/aula; e estgio
supervisionado, com carga horria de 300 horas/aula. (CFA, 2011)
No fomento ao vnculo entre Universidades-organizaes, o
incentivo prtica do estgio supervisionado se configura como uma
alternativa com grande potencial de contribuir positivamente para o desenvolvimento de competncias profissionais, pois, no nvel
superior, as competncias podem ser trabalhadas a partir de sua
aplicao nas organizaes. Durante o estgio, o estudante pode
expressar opinies e produzir percepo crtica, (...) uma oportunidade
-
30
de ver a organizao por diferentes ngulos. (MURARI; HELAL,
2009, p. 264)
Segundo Almeida, Lagemann e Sousa (2006, p. 01), o estgio
supervisionado, ao proporcionar contato prximo e concreto da
realidade do administrador, apresenta-se como uma ferramenta eficaz no
aprendizado, uma vez que estabelece o aproveitamento de experincias,
promovendo a aquisio de conhecimento aplicado, na medida em que
visto em sala de aula oferece contato inicial com conhecimento e
aquisio de bases cientficas, necessitando de complemento prtico,
visto que a educao gerencial envolve, em grande parte, a conjugao
de cincia e de tcnicas aplicadas s organizaes.
De acordo com a Lei n 6.494, de 07/12/1977, art. 1, par. 2;
Os estgios devem propiciar a complementao
do ensino e da aprendizagem a serem planejados,
executados, acompanhados e avaliados em
conformidade com os currculos, programas e
calendrios escolares, a fim de se constiturem em
instrumentos de integrao, em termo de
planejamento prtico de aperfeioamento tcnico-
cultural, cientfico e de relacionamento humano.
(BRASIL, 1977)
Sob essa perspectiva, o estgio deve estar vinculado formao
geral do aluno, pois um conjunto essencial por complementar o
processo de desenvolvimento de competncias.
As experincias adquiridas na realizao de estgios e a sua
interface com a teoria so usualmente materializadas por meio do
desenvolvimento do Trabalho de Concluso de Curso - TCC, pois a
vivncia empresarial do estudante pode propiciar a deteco de
problemas que necessitem de pesquisa acadmica, alm de permitir o
desenvolvimento de habilidades para pesquisa e aplicao prtica de
conhecimentos.
De acordo com a norma NBR 14724, de 30/12/2005, da
Associao Brasileira de Normas Tcnicas, ABNT, os trabalhos
acadmicos e similares, como trabalhos de concluso de curso TCC,
podem ser definidos como um documento que representa o resultado de
um estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que
deve ser obrigatoriamente da disciplina, do mdulo, estudo
independente, curso, programa e outros ministrados. O TCC
-
31
compreendido como um trabalho acadmico e capaz de apresentar
diferentes formas de elaborao.
Dessa forma, a seguinte problemtica delineada: Qual o
papel do estgio supervisionado e a contribuio do TCC para a
formao de profissionais de Administrao?
A pergunta de pesquisa remete a uma completa avaliao dos
resultados obtidos na Faculdade Capivari, com a implantao do mtodo
de estudo de caso, como tipo de estgio, h dois anos (2010 e 2011),
aplicado sobre a reviso dos planos de negcio das empresas escolhidas
pelos seus estudantes para realizao do estgio e TCC.
O mtodo de estudo de caso, pouco utilizado nessas atividades
pedaggicas dos cursos de Administrao, parece ser o ideal por aplicar-
se sobre a realidade em determinado ambiente, mesmo sabendo que a
tcnica mais utilizada, atualmente, para a operacionalizao de TCCs,
na graduao, seja o mtodo monogrfico que, segundo Lakatos e
Marconi (2001), pode ser entendido como estudo sobre um tema
especfico ou particular, com suficiente valor representativo.
O trabalho de concluso de curso em Administrao configura-
se como uma oportunidade para refletir sobre a realidade empresarial e
confrontar a teoria com a prtica, desenvolvendo o exerccio da pesquisa
acadmica e o conhecimento efetivo de uma realidade organizacional
vivenciada no estgio supervisionado. Esse, por sua vez, alinhado com o
TCC, passa a ser a matria-prima para o mesmo ao descrever e
comparar a teoria com prtica, fato presente no ementrio das
disciplinas ligadas carga horria do estgio do curso de Administrao.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
Avaliar o papel do estgio supervisionado e a contribuio do
TCC para a formao de profissionais de Administrao.
1.1.2 Especficos
1. Discorrer sobre o estgio supervisionado, a partir das concepes histrica, terica e legal.
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32
2. Analisar a concepo e a operacionalizao do estgio supervisionado e a sua contribuio realizao do TCC dos
egressos do curso de administrao da FUCAP.
3. Identificar a aplicao dos mtodos de apropriao do conhecimento profissional, na viso dos egressos.
4. Avaliar alternativas de ao para melhorias e elaborar recomendaes, a partir da anlise entre a teoria e a prtica
coletiva.
1.2 JUSTIFICATIVA
Esta pesquisa de fundamental importncia para o pesquisador
por atuar como professor orientador de Estgio Supervisionado e TCC,
no Curso de Administrao da Fucap Faculdade Capivari, onde ter a
oportunidade de melhorar as suas prticas profissionais. importante
para a Faculdade Capivari medir o valor agregado de seus servios
educacionais aps a implantao do mtodo de estudo de caso. Isso para
melhor atender s necessidades demandadas aos egressos do Curso de
Administrao, principalmente os da regio Sul de Santa Catarina, como
ferramenta para seu diferencial competitivo e, finalmente, para a
sociedade que ter um capital humano melhor qualificado na conduo
dos empreendimentos.
Os empresrios, antes de matricularem seus filhos, procuram a
Direo Geral, e a esta confiam a formao de seus filhos, justificando a
escolha da FUCAP, como faculdade inovadora. Formulam, ainda,
cobranas nos seguintes termos: ... estamos envelhecendo e sei que devo passar minha empresa para meus filhos, quero para eles uma
escola que ensine responsabilidade e habilidade para os negcios, para que meus filhos aproveitem melhor a herana. Outros empresrios
apresentam questes similares que merecem destaque: Temos uma
empresa familiar, o casal est com idade avanada e precisamos de administrador para nosso negcio, precisamos de algum que abra as
portas de manh, distribua os trabalhos, mantenha os estoques e me
traga ao, final do ms o resultado. Sei que ser de vinte mil reais. Para ele, pago sete mil reais inicialmente. Quem voc me indica.
Percebe-se, nas colocaes anteriores, a necessidade de uma
reviso no projeto pedaggico do curso de Administrao e
Contabilidade. Nesta pesquisa, estudar-se- o produto do curso de
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33
Administrao frente s necessidades expostas,a serem feitas ao final do
curso de forma integrada e interdisciplinar para atender a tal objetivo,
apresentado pelos empresrios de micro e pequenas empresas.
Embora o curso de Administrao siga as DCN's Diretrizes
Curriculares Nacionais, est estruturado, como todos, em um modelo
disciplinar fragmentado em matrias e disciplinas, com esperana de, ao
final do curso, ver as disciplinas de Estgio Supervisionado e TCC
Trabalho de Concluso de Curso - de formas sistmicas e objetivas na
interdisciplinaridade. Mesmo diante da no obrigatoriedade do TCC,
busca-se aprimorar seu formato facultativo em IES, que optou em
aperfeioar seu formato como ferramenta do processo ensino
aprendizagem.
Em uma breve reflexo interna, o Diretor percebeu que, da
forma como as coisas so feitas, jamais teria algum para indicar aos
empresrios, contando com a formao restrita a monografias, com
temas delimitados ao extremo, e estgios em um nico setor como
recomendam todos os livros de Metodologia Cientfica e de orientao
acadmica nesta rea.
A justificativa da pesquisa est na necessidade de se estudar
mais este assunto, conforme se exps anteriormente.
Seguiu-se o estudo, buscando o porqu da realizao da
pesquisa, procurando identificar as razes da preferncia pelo tema
escolhido (SILVIA; MENEZES, 2001). Para tanto, resgatou-se o
pensamento de Roesch (2005), que embasou a justificativa de um
trabalho cientfico a partir de trs elementos essenciais: importncia,
oportunidade e viabilidade do estudo.
Nessa perspectiva, destaca-se que o estudo importante, pois
abrange os diversos atores envolvidos na Faculdade Capivari: os alunos
e professores, empresrios e comunidade local. Para aqueles, o trabalho
contribui no sentido de fomentar o diferencial competitivo da instituio
por meio da formao de profissionais que deem respostas ao
empreendedorismo tpico da regio, baseado em pequenas e mdias
empresas familiares, mediante aproximao entre teoria e prtica no
desenvolvimento acadmico.
Para o aluno, a discusso dos processos que envolvem sua formao, denotando ateno e preocupao com a mesma, poder
conferir maior segurana profissional e uma viso ampliada, com
possibilidade de apresentar interface efetiva com a realidade local e a
global do universo organizacional. Salienta-se que os profissionais da
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34
Administrao esto sendo procurados para gerir negcios, e no mais
setores limitados das organizaes.
Dessa forma, a realizao de estgios, apenas em reas
especficas, limita os trabalhos de concluso de curso e,
consequentemente, compromete a formao integral do aluno. Por isso,
essencial repensar os processos que envolvem a realizao de estgios,
visando ao fomento da viso integral das organizaes, onde essa
percepo holstica possa refletir nos trabalhos de concluso de curso.
Para o corpo docente, o trabalho contribui para fortalecer o
desenvolvimento de diretrizes pedaggicas mais slidas na organizao
onde lecionam, permitindo que possam atuar com maior orientao e
segurana. Porm recomenda-se ateno, pois, caso o docente tenha
formao fragmentada na realizao de estgios, pode replicar essa
orientao aos seus alunos, no seguindo o projeto da FUCAP.
Para empresrios, inseridos na competitividade global, esse
estudo importante, pois, por meio da formao de profissionais
qualificados pela FUCAP, haver mo de obra para negcios, onde a
viso sistmica fundamental. Alm disso, progressivamente, a gesto
familiar vem sendo substituda pela gesto profissional, contexto em que
a FUCAP se encontra e apresenta importante papel.
A comunidade local tambm beneficiada pelo estudo, visto
que a FUCAP uma das principais instituies de ensino superior da
regio, contribuindo para o desenvolvimento socioeconmico do seu
entorno, por meio da gerao de emprego e renda, mo-de-obra
qualificada e melhoria da perspectiva de desenvolvimento pessoal dos
integrantes da comunidade em geral.
O trabalho mostra-se oportuno ao agregar elementos empricos
discusso latente sobre a formao no ensino superior em mbito
nacional e a crtica ao divrcio entre teoria e prtica, em especial, nos
cursos de formao de administradores, onde o conhecimento efetivo da
realidade organizacional imperativo para o desenvolvimento de
profissionais capacitados. Alm disso, o estudo apresenta consonncia
com os objetivos do Programa de Ps-Graduao em Administrao
Universitria PPGAU, da Universidade Federal de Santa Catarina, ao
contribuir com as questes de natureza prtica no mbito das IES. Oportunidade: desenvolver uma concepo terica que
promova melhoria significativa na formao dos profissionais em
Administrao, voltados para a atual demanda profissional prevista na
DCN's, no PPC e no ementrio dos cursos, sempre vinculados viso
sistmica da organizao.
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35
Por fim, justificar a viabilidade do estudo na IES pretendida
pelo acesso do pesquisador, junto aos Egressos do curso de
Administrao da FUCAP, considerando que integra o corpo
administrativo da organizao estudada.
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36
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37
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 A GLOBALIZAO E O PROCESSO DE FOMENTO DE
NOVAS COMPETNCIAS PELO ESTGIO SUPERVISIONADO
Desde a concepo da proposta de modelo para a educao
superior no Brasil, discute-se sobre a constante relao entre a teoria e a
prtica como fundamento para a consolidao de uma reflexo sobre as
prticas profissionais nos cursos de graduao.
No decurso da constituio de cursos, das discusses sobre as
bases da avaliao e sobre a evoluo do segmento no Pas, esse aspecto
um dos principais mecanismos que sustentam uma reflexo sobre a
eficcia dos programas curriculares, de modo a influenciar a lei e toda a
base estruturante dos cursos de graduao, independente da rea de
conhecimento.
Em termos de concepo, o estgio, como base para o processo
de formao profissional do egresso, foi regulamentado por diversos
instrumentos legais que tinham relaes convergentes com a educao
superior e o mercado de trabalho. Entre os instrumentos que so as bases
para a regulao das atividades de estgio, encontra-se a Consolidao
das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto Lei No 5.452, de 01
de maio de 1943;pela Lei No
5.540, de 28 de novembro de 1968, a qual
instituiu as diretrizes e bases da educao brasileira; pela Lei No
6.494,
de 7 de maio de 1977; pela Lei No 8.859, de 23 de maro de 1994, as
regulamentadora das atividades de estgio; pela Lei No 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, que vigora at hoje e trata das diretrizes e bases
consolidadas da educao brasileira, pelo Art. 6 da Medida Provisria
No 2.164-41, de 24 de agosto de 2001 e, por fim, pela Lei N
o 11.788, de
28 de setembro de 2008.
A partir de suas bases legais, de acordo com Francisco et. al.
(2010), o estgio supervisionado constituiu-se um mtodo complementar
da formao do profissional, ensejando a relao entre a teoria e a
prtica de maneira sistemtica e formativa, sob uma orientao
sistemtica, a partir das bases preponderantes propostas pelas diretrizes
curriculares nacionais. Essas caractersticas j estavam delimitadas, de modo implcito,
na Lei No 5.540, de 28 de novembro de 1968, que estabeleceu as
diretrizes e as bases para a educao nacional a partir do cenrio, onde
as perspectivas estavam direcionadas para a evoluo do segmento na
conjuntura da democratizao do acesso. Nesse sentido, o estgio surgia
-
38
como sendo o elo entre o currculo e o mercado, devido s necessidades
que apresentavam nos diversos contextos e profisses.
Tendo-o como uma ferramenta complementar do processo de
ensino e aprendizagem, os rgos reguladores da educao superior no
Brasil, encabeados pelo Ministrio da Educao, buscaram integrar o
estgio aos processos de formao do egresso, por meio de objetivos
convergentes entre a prtica e a teoria, consolidando planos de ensino e
projetos pedaggicos alinhados s necessidades do mercado.
No processo formativo, o estgio toma corpo de ferramenta
fundamental na formao profissional, especificamente nos cursos de
Administrao, os quais foram constitudos sob a gide dos pressupostos
de desenvolvimento do mercado.
Com base nessas orientaes, confirmadas pelos estudos e pelas
contribuies de Roesch (2005), o estgio supervisionado, como base
para a consolidao do processo de ensino e aprendizagem busca
consolidar a prtica profissional no contexto do Projeto Pedaggico do
Curso. Essa prtica converge para consecuo de objetivos, baseados no
currculo e no desenvolvimento de competncias, especificamente
delimitadas nas diretrizes curriculares nacionais.
Discutidas e sistematizadas por Frauches (2008), as DCN's,
sobretudo para o curso de Administrao, ensejam a formao de um
profissional com viso sistmica e holstica, capacitado a assumir
posies estratgicas e a vivenciar o fomento de um contexto dinmico
no mbito das organizaes.
Sob estas assertivas, de acordo com a Resoluo CES/CNE No
4, de 13 de julho de 2005, o estgio supervisionado passa a se consolidar
como ferramenta de consolidao de determinadas competncias que
so base para a consolidao do Projeto Pedaggico do Curso.
De acordo com o instrumento, o estgio curricular
supervisionado parte preponderante do currculo, direcionado
formao profissional, alinhada com o perfil profissional definido pelo
curso, formando profissionais em diversas esferas do curso em questo.
De acordo com a resoluo:
As atividades de estgio podero ser
reprogramadas e reorientadas de acordo com os
resultados terico e prtico, gradualmente
reveladas pelos alunos, at que os responsveis
pelo acompanhamento, superviso e avaliao do
estgio curricular possam consider-lo concludo,
resguardando, como padro de qualidade, os
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39
domnios indispensveis ao exerccio da profisso.
(RESOLUO CES/CNE, NO.
4, DE 13 DE
JULHO DE 2005, P. 2)
Em linhas gerais, o estgio supervisionado se institui para
validar objetivos delimitados formao do egresso que, quando
implementado de maneira correta, se torna aderente ao pensamento de
Roesch (2005), ao destacar destaca que, apesar da dificuldade de
implementao da prtica, ela se constitui por unanimidade, na
conjuntura da comunidade acadmica, no momento em que permite a
interao de conhecimentos tericos com a sua respectiva aplicao
prtica, a avaliao da conjuntura do ambiente organizacional e o
enfrentamento dos problemas emergentes, a experimentao de
responsabilidade limitada na resoluo de problemas, o aprofundamento
na rea de interesse a o desenvolvimento de diversas habilidades, como
a de negociao.
2.2.1 A Concepo Histrica do Estgio Supervisionado
A concepo histrica do estgio supervisionado perpassa o
estudo de leis e de instrumentos legais aderentes consolidao da
estrutura da educao superior no Brasil e em outros pases. O estudo de
sua epistemologia, como ferramenta de aprendizagem- tem origem nas
primeiras universidades, a partir de uma resultante de discusses entre
estudantes e autoridades que buscavam associar os estudos
desenvolvidos, sob diferentes perspectivas tericas, aos objetivos
delimitados para as funes ensejadas pelo mercado de trabalho.
Na poca, de acordo com Epstein (1998), o estgio surge a
partir da formao nas guildas, consolidando-se como uma ferramenta
de ensino e aprendizagem preconizada por uma associao de artesos,
onde a combinao de mestres e aprendizes, provenientes de uma
determinada funo do mercado, tinha o objetivo de formar o
profissional esperado pelas organizaes comerciais da poca. Por meio
da partilha de custos e de combinaes de profissionais experientes com
os novatos, os chamados de aprendizes, as guildas tinham a funo de
fomentar um ambiente propcio s ordens comerciais, especificamente
de modo a permitir as trocas e a consolidao das organizaes que se
instituam a partir das necessidades prementes da sociedade.
Tal como destacado por Hastings (1895), as guildas se
concebiam a partir das seguintes preposies:
-
40
Os primeiros tipos de guildas foram formados
como confrarias de trabalhadores. Eles foram
organizados em uma forma de algo entre um
sindicato, um cartel, e uma sociedade secreta. Eles
muitas vezes dependiam de doaes de cartas
Patentes por um monarca ou de outra autoridade
para fazer cumprir o fluxo de comrcio aos seus
membros auto empregados, e manter a
propriedade das ferramentas e do fornecimento de
materiais. Um resultado importante do quadro
guilda foi o surgimento das universidades em
Bolonha, Paris e Oxford em torno do ano 1.200,
onde originou-se como corporaes de estudantes
como em Bolonha, ou de mestres como em Paris.
(HASTINGS, 1895, 150)
Sob as orientaes dessa concepo, as guildas buscavam a
especializao do trabalho, consolidado entre as principais funes do
estgio supervisionado no contexto da graduao, a partir do
desenvolvimento de competncias delimitadas para as respectivas
atividades. De acordo com Brockett (1999), esse processo se
desenvolveu sob a conjectura de atividades vinculadas teoria e
prtica, de modo a orientar a formao de profissionais a partir dos
ofcios. As prticas eram validadas por confrarias de trabalhadores
formadas pelos diversos profissionais que constituam a base econmica
da poca, com destaque para os pedreiros, trabalhadores txteis,
carpinteiros, escultores, trabalhadores de vidros, que detinham as
principais competncias e dominavam as tecnologias preponderantes da
poca.
Em suas bases estruturais, as guildas preconizavam a diviso de
trabalho de modo a permitir uma melhor funcionalidade do mercado,
permitindo que houvesse prticas que padronizassem a aprendizagem e
que permitissem a partilha de capital a fim de ser alocado ao processo
de ensino. De acordo com Ruenburg (1988), nas guildas, o processo de
ensino e aprendizagem se baseava no manuseio de materiais e
documentos que possibilitassem a aquisio de conhecimentos para
vender ou para atuar em determinadas profisses que eram requisitadas
na poca. Ainda nesse sentido, as guildas se caracterizavam tambm por
definirem as caractersticas do mercado de acordo com as perspectivas
polticas, econmicas e mercantis.
-
41
Em sua estrutura, formada por especialistas com experincias e
consolidados em suas respectivas reas de atuao, Ruenburg (1988)
destaca que, nas guildas, o processo de ensino e aprendizagem buscava
permitir a ascenso profissional do aprendiz, admitindo que surgissem
novos profissionais capazes de serem absorvidos pelo mercado. O
processo, que levava vrios anos para se consolidar, era desenvolvido
sob uma sistemtica aderente entre a estrutura da organizao e as
necessidades do processo de ensino. Isso, de modo anlogo reflete a
relao entre o Projeto Pedaggico do Curso e as necessidades o
mercado de trabalho contemporneo.
Ainda, no processo de formao do profissional, fica
perceptvel que as guildas consideravam as bases cooperativas no
decurso da proposta de consolidao do profissional, visando
contribuio dos diversos membros da comunidade no sentido de validar
a qualificao do aprendiz. Por intermdio de doaes, pecunirias ou
no, a formao do profissional se viabilizava de modo a inseri-lo
automaticamente no mercado de trabalho, de preferncia em um dos
ofcios delimitados pela guilda responsvel pela formao.
Pela evoluo da educao, especificamente do segmento da
educao superior, as guildas foram sendo suprimidas por outras
prticas que englobaram seus princpios, visando consolidao de uma
formao sistmica e fundamentada na viso holstica e na consolidao
de um profissional adequado s expectativas do mercado. Nesse sentido,
Ogilvie (2004) salienta que, com a evoluo dos tempos e o fomento de
novas prticas e oportunidades de formao, as guildas passaram a
prejudicar a qualidade da formao e do desenvolvimento de
competncias pelo fato de seus membros no acompanharem a dinmica
da conjuntura, sendo necessria sua substituio por novos mtodos. A
partir disso, toma corpo o estgio, prtica concebida aps a Revoluo
Francesa pelas naes europeias, no Sculo XIX. A aprendizagem tem
bases em sistemas comerciais emergentes que consistiam em
proposies para o desenvolvimento de profissionais aptos a assumirem
postos de evidncia nas empresas emergentes.
A partir dessa concepo, a prtica foi introduzida nas reformas
educacionais nos Estados Unidos, de modo a compor a estrutura curricular nos processos de formao em diversas reas do
conhecimento, especialmente nas das cincias sociais aplicadas. Desse
modo, de acordo com Ogilvie (2004), o estgio supervisionado como
prtica passa a fomentar uma estrutura de conhecimento dinmico,
sustentada pelos objetivos descritos em um projeto de ensino,
-
42
desencadeando um modelo educacional adaptado ao segmento da
educao superior no Brasil.
Com o advento do Relatrio de Atkon, destacado por Possani,
Gonalvez e Abramowicz (2010), o estgio supervisionado passa a
compor a estrutura curricular dos cursos de graduao na dcada de
1960. Isso porque que o documento buscava forjar, no molde brasileiro
de educao superior, as caractersticas descritas pela reproduo do
modelo americano, orientando a formao para os ensejos do mercado e
consolidando um processo de ensino e aprendizagem aderente com o
desenvolvimento de competncias exigido pela respectiva profisso.
A partir dessas orientaes, surge a necessidade de
regulamentar o processo para atender aos interesses de diversos
segmentos profissionais que buscavam criar uma identidade para a
prtica relacionada com a respectiva formao, ensejando a constituio
de instrumentos e de orientaes normativas que promoveriam a devida
regulamentao.
2.2.3 O Estgio Supervisionado em seus aspectos terico-legais
Estgio o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido
no ambiente de trabalho [...], com a finalidade de desenvolver
competncias profissionais fundamentais, apontados em (LODI, 2010,
p. 23).
A origem e a evoluo do estgio, no Brasil, esto ligadas ao
avano da educao superior. Esta deu seus primeiros passos no Pas
com a chegada dos padres jesutas, aps o descobrimento do Brasil. Eles
foram responsveis pela criao, em 1575, das licenciaturas culturais,
que, na poca, no conferiam o grau de curso superior.
Faculdades e cursos isolados foram surgindo, porm, somente
com a chegada da Famlia Real em 1808, iniciou-se uma nova cultura
em relao ao ensino superior. Em Lodi (2010), v-se que, com a
implantao dos primeiros cursos de medicina e cirurgia, comeou a se
disseminar a ideia de que para ingressar no mundo do trabalho preciso estudar, ir para a escola [] e onde h a aproximao com a
vida prtica, o estgio'.
O estgio curricular obrigatrio admitido nos cursos de graduao, educao profissional, ensino mdio, educao especial e
nos anos finais do ensino fundamental na modalidade EJA Educao
de Jovens e Adultos (Lei 11.788), cuja carga horria foi definida
obrigatria e compe o currculo. Contudo, quando pode ser curricular,
-
43
opcional ao educando, pautado na lei do estgio e nas Diretrizes
Curriculares Nacionais, preponderantemente discutidas por Frauches
(2008), as instituies perpassam a simples transmisso de
conhecimento e se esmeram em proporcionar uma formao global ao
acadmico, promovendo sustentabilidade em sua formao.
A prtica acaba se posicionando dentro da estrutura de cursos
de graduao e ganhando escopos, terico e metodolgico, j que se
enquadra no contexto institucional da educao superior e legal, em
funo dos instrumentos que a regulam.
Com relao aos seus aspectos tericos, sob as contribuies de
Andrade e Amboni (2004), percebe-se que o desenvolvimento das
prticas curriculares e a adoo das DCN's, como base para a formao,
fizeram do estgio uma parte fundamental do currculo na educao
superior. Mesmo em seus aspectos tericos, a prtica considerada no
projeto institucional dos diversos modelos de instituies, tendo campo
especfico no Plano de Desenvolvimento Institucional, aderente s
polticas de formao e ao fomento da educao superior no Brasil. De
acordo com o MEC (2009), o estgio deve ser contemplado como base
para a formao da identidade institucional, porque envolve a
comunidade acadmica no processo de formao do egresso.
O estgio em sua perspectiva terica determina que a instituio
assuma a funo de definir seu escopo operacional e suas aplicaes nos
respectivos programas de graduao, desde que esteja devidamente
alinhado com as propostas, acadmica e pedaggica das instituies. Em
linhas gerais, a instituio passa a assumir o compromisso de fazer com
que o acadmico tenha a oportunidade de vivenciar as experincias
profissionais de sua rea de conhecimento, consolidando o que discutem
os autores:
A IES um espao social que tem como funo
especfica possibilitar aos educandos a apropriao
de conhecimentos cientficos, filosficos,
matemticos etc., sistematizados ao longo da
histria da humanidade, bem como estimular a
produo de um novo saber que possa ajudar na luta
por mudanas nas injustas relaes sociais presentes
em nossa sociedade. Por isso, faz-se necessria a
compreenso dos problemas que permeiam e
envolvem a prtica docente hoje, com a inteno de
super-los. A IES s se torna democrtica na
medida em que colabora para a formao de sujeitos
-
44
crticos e conscientes, voltados para a transformao
social. (ANDRADE; AMBONI, 2004, p. 128)
O estgio supervisionado, como parte do currculo do curso de
graduao, permite que o acadmico tenha a oportunidade de estruturar
um caminho profissional com base em suas reflexes tericas
vivenciadas no contexto de sala de aula. Nesse cenrio, Roesch (2005)
apresenta suas consideraes, destacando que o estgio uma forma de
alinhar a atividade e a aprendizagem, na academia, a formao
profissional sob uma viso sistmica e interdisciplinar.
Roesch (2005), sugere que a implementao seja a base
fundamental para que se constitua uma identidade no decurso do
desenvolvimento da prtica, programando e, quando for o caso,
reprogramando as atividades orientadas de acordo com as perspectivas
reveladas pelos acadmicos. Em linhas gerais, tudo isso deve estar
acompanhado de sistemticas de regulao e acompanhamento da
atividade, em observncia s propostas legais.
O estgio se torna importante sob uma perspectiva terica, pelo
fato de conter uma aplicabilidade prtica, alm de permitir o fomento de
conhecimentos que acompanham as expectativas dos estudantes,
permitindo que estes sejam inseridos em um contexto prtico-holstico,
sobretudo nas reas vinculadas s cincias sociais aplicadas. Essa
relevncia se confirma no momento em que Frauches (2008) tambm
apresenta o estgio como sendo condio necessria para a
aprendizagem de disciplinas desenvolvidas no curso, sempre com as
bases centradas nas DCN's.
Como prtica adjacente ao desenvolvimento do currculo, passa
a sofrer influncias de um processo de regulao ensejado pelas
necessidades de padronizao e controle das atividades, mantendo uma
coerncia: a base para a evoluo do processo de ensino e
aprendizagem. Sob a gide de diversos instrumentos legais,
consolidados na Lei No 11.788, de 28 de setembro de 2008, o estgio
passa a compor uma estrutura que o fundamento para a consolidao
da proposta de educao superior, sobretudo em reas afins
Administrao.
O estgio em cincias sociais aplicadas e, especificamente, no
curso de Administrao remonta a necessidade da sistematizao de
conhecimentos envoltos na prtica e que podem ser reaplicados ou
adaptados de acordo com novas insurgncias ou necessidades do
contexto. Isso deve estar claro e pontuado de maneira correta no Projeto
-
45
Pedaggico do Curso, de modo que o desenvolvimento do programa
curricular possa contemplar a prtica como sendo fundamental para o
desenvolvimento e a formao do egresso, o que se confirmado da
seguinte forma:
Compete IES definir a carga horria destinada
ao estgio curricular supervisionado para os
cursos de administrao [...]. O estgio curricular
supervisionado um componente direcionado
consolidao dos desempenhos profissionais
desejados inerentes ao perfil de formando baseado
em desenvolvimento de competncias, habilidades
e atitudes, devendo cada instituio, por seus
colegiados superiores acadmicos, aprovar o
correspondente regulamento de estgio com suas
diferentes modalidades e operacionalizao.
(ANDRADE; AMBONI, 2004, p. 130-1)
A prtica tem sua estrutura fundamentada em procedimentos
operacionais e que devem estar alinhados com os pressupostos legais
envoltos nas leis trabalhistas, de modo a permitir a insero profissional
do acadmico em todos os seus aspectos, anteriormente regulada por
diversos instrumentos legais.
Em 25 de setembro de 2008, foi sancionada a lei n 11788
publicada no dirio Oficial da Unio (DOU), de 26 de setembro de
2008, diante da necessidade de nova legislao, adequada realidade
atual para as propostas pedaggicas e de mercado.
O estgio passa a ser regulamentado por um instrumento
sistemtico que prev o desenvolvimento da prtica alinhada ao
currculo e essncia de cada curso de graduao, sempre na
observncia do desenvolvimento das competncias elencadas no perfil
do egresso delimitado pela instituio.
As prticas so consideradas intervenes pedaggicas que
possibilitam uma complementao da formao profissional, sempre
com o objetivo de desenvolver competncias nos estudantes dos cursos
de graduao. Isso se reflete em um conjunto de atividades de
perspectivas formativas e realizadas sob a orientao de um professor da instituio, tambm acompanhadas por um profissional da entidade
concedente. Alm de instituir as partes envolvidas no processo, a Lei
ainda destaca que o estgio uma atividade sistemtica no momento em
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que deve estar em conformidade com toda a estrutura curricular do
curso.
Na Administrao, ao exercer a autonomia didtica e
pedaggica preconizada pela LDB, o estgio desenvolvido sob a
flexibilidade proposta pela lei, que permite a customizao do currculo,
de acordo com as necessidades encontradas no entorno. O estgio, nesse
contexto, assume proposies proativas, no sentido de formar o
profissional desejado por determinada comunidade, assumindo a funo
de inserir o acadmico em elementos essenciais sua formao. Alm
de fomentar o desenvolvimento de competncias, o estgio
supervisionado ainda permite que o futuro profissional possa usufruir da
oportunidade de contextualizar suas experincias, obedecendo a
pressupostos elencados em objetivos do Projeto Pedaggico do Curso.
Isso pode ser percebido de acordo com a reflexo que se
apresenta: No incio de 2004, novas diretrizes curriculares
foram institudas para o curso de graduao em
Administrao Bacharelado (Resoluo n 1, de 2
de fevereiro de 2004, do Conselho Federal de
Educao). Tal legislao elimina o currculo
mnimo obrigatrio e introduz maior autonomia s
instituies de ensino superior para a construo
de seus currculos. Desde ento, cada instituio
de ensino superior dever elaborar um projeto
pedaggico, havendo flexibilidade para definir
elementos estruturais do currculo. (ROESCH,
2005, p. XXI)
Em seu contexto legal, Roesch (2005) ainda destaca que o
estgio deve ser um complemento do processo de ensino e
aprendizagem, planejado e acompanhado de modo a produzir, em
documentos concretos, o resultado da proposta curricular descrita nos
Projetos Pedaggicos dos Cursos. A partir da interao dos instrumentos
e das prticas elencadas para o estgio, a instituio, seguindo as
orientaes da Lei, deve consolidar um mtodo especfico de
operacionalizar a prtica, sempre com a observncia na autonomia
didtica prevista em instrumentos legais. A Lei ainda traz a possibilidade de uma regulao
complementar da instituio no momento em que requer a participao
de coordenadores de curso e de professores orientadores no processo de
desenvolvimento do estgio. Alm disso, o instrumento faz com que
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sejam assumidos compromissos de promover o acesso a laboratrios e a
estruturas necessrias para o desenvolvimento das atividades, j que
esses instrumentos so fundamentais para o desenvolvimento de
competncias.
A Lei ainda apresenta direcionamentos especficos para que a
prtica de estgio possa ser realizada junto comunidade, em geral ou a
pessoas jurdicas de direito pblico ou privado, sempre com a
coordenao da instituio de ensino. Nesse sentido, ainda deve existir
um instrumento jurdico que permita a conciliao entre a instituio e a
unidade concedente, de modo a concretizar o estgio como prtica
educativa e no como vnculo de emprego e sempre preconizando a
observncia do estudante como um membro da comunidade acadmica.
Para Roesch (2005), o estgio ainda se constitui um mtodo de
formao aderente ao pensamento de Andrade e Amboni (2004), o qual
apresenta a prtica, dentro de uma perspectiva curricular, de
regulamentao prpria, e contm critrios e procedimentos avaliativos
balizados por diretrizes amparadas pela lei. Nesse sentido, a legislao
ainda orienta que os conhecimentos desenvolvidos e as experincias
adquiridas sejam documentados de modo a permitir que sirvam de base
para a experimentao e o compartilhamento, a fim de permitir um
desenvolvimento sistemtico do currculo e do estgio propriamente
dito.
Desse modo, amparado nas consideraes de Roesch (2005),
possvel identificar que a legislao permite instituio exerer sua
autonomia no momento de escolher como os conhecimentos sero
documentados, tudo definido no Projeto Pedaggico do Curso. Ao
assumir essa funo, a instituio tambm se compromete a adotar uma
postura, onde a qualificao dos docentes passa a ser um instrumento
complementar, sobretudo quando se trata de cincias sociais aplicadas,
uma vez que o estgio um momento de reflexo sobre as interaes
entre a teoria e a prtica.
A prtica do estgio oportunidade
inquestionvel para os estudantes vivenciarem o
dia a dia de uma organizao os desafios do
mercado de trabalho e aplicarem os
conhecimentos adquiridos em sala de aula.
(LODI, 2010, p.13)
Alm de contribuir com prticas de iniciao cientfica, os
relatrios ensejados pelos instrumentos legais fazem do estgio o incio
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de um processo fundamental para a concluso do curso e a formao do
egresso, pois direciona os esforos do estudante e do professor
orientador para a construo de uma base cientfica para o
desenvolvimento do Trabalho de Concluso de Curso, utilizado, em
diversos casos, como mecanismo de consolidao das prticas
profissionais que se integram de forma interdisciplinar nas atividades de
iniciao cientfica durante o estgio.
2.3 A RESULTANTE DAS PRTICAS DO ESTGIO: O
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
A partir do que proposto para o estgio como sendo parte
fundamental do currculo e integrado com o processo de formao do
estudante, surgem mtodos que preconizam a documentao do
processo construtivo ensejado pelo desenvolvimento de atividades que
alinham a teoria e a prtica ao processo de formao do egresso.
Andrade e Amboni (2004) destacam que o Projeto Pedaggico do
Curso, especificamente no mbito da Administrao, deve direcionar o
caminho para a documentao e a possibilidade de transformar a
experincia em um projeto de iniciao cientfica. Por meio de um
diagnstico situacional da atividade e que deve contemplar a viso do
estudante desenvolvida no processo, a concepo formativa
desenvolvimento de um processo de documentao que permita a
contextualizao do que foi desenvolvido e aprendido.
Ao considerar as propostas curriculares no mbito da
Administrao e da legislao que regula a atividade do estgio,
concede-se uma grande relevncia ao processo de avaliao e
documentao das atividades, destacando que esse deve ser um processo
contnuo e formativo, personalizado na perspectiva da produo do
conhecimento. Desse modo, o estgio institui, quando amparado pelo
Projeto Pedaggico do Curso, o Trabalho de Concluso de Curso como
um elemento do processo de ensino e aprendizagem que vincula os
resultados das aes desenvolvidas no estgio ao processo de construo
do aprendizado.
Assim como evidenciado por Andrade e Amboni (2006), esse procedimento de documentao torna-se fundamental no momento em
que promove a interao entre todos os envolvidos no estgio,
resultando em uma estrutura de conhecimento validada por aspectos de
base cientfica.
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Nas bases propeduticas da relao entre empresa, estudante e
instituio, sobretudo no mbito da Administrao, percebe-se que a
grande maioria das instituies centra-se em um processo de ensino
holstico, embora, em alguns momentos, dissociado de atividades
interativas com as operaes do ambiente empresarial. Tachizawa, Cruz
Junior e Rocha (2006) argumentam que importante considerar esta
relao no momento do desenvolvimento de competncias fundamentais
ao futuro profissional, especialmente pensando em uma formao
integral e no mais por habilitao.
A formao oferecida pelas escolas de negcios
cursos/faculdades de Administrao mesmo
quando bem-sucedidas, vem sendo submetida a
intensas crticas nos anos recentes. Boa parte
dessas crticas, centra-se no fato de que o ensino,
dissociado das atividades de interao com o
mundo empresarial, deixa uma lacuna na
formao do aluno em uma das dimenses mais
fundamentais para seu sucesso futuro: sua
preparao para solucionar, criativamente,
problemas, isto , sua capacidade de reunir,
solucionar e analisar dados relevantes para a
soluo de uma situao no usual.
(TACHIZAWA; CRUZ JUNIOR; ROCHA, 2006,
p. 21)
Apesar de se instituir sob o pilar do desenvolvimento de
conhecimentos, o Trabalho de Concluso de Curso apresenta
determinadas desvantagens que podem comprometer a estrutura do
Projeto Pedaggico do Curso, sobretudo no momento em que se
consideram as metodologias preconizadas ao desenvolvimento do
processo de documentao. As principais incoerncias que se
apresentam tomam corpo e so tratados por Tachizawa, Cruz Junior e
Rocha (2006) e se apresentam da seguinte forma: a) terico e pouco
prtico; b) muito generalista, no tendo proporcionado especializao; c)
no criativo somente repetitivo; d) composto de matrias inteis,
currculo mal adaptado; e) restrito, no tendo proporcionado viso geral
de uma organizao empresarial.
Ainda, no contexto das desvantagens, o TCC apontado pelos
executivos e empresrios dos diversos segmentos da economia como
sendo um instrumento onde no existe a possibilidade de contextualizar
slidas experincias profissionais prticas, por ser considerando um
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instrumento terico, mesmo que congregue um relato das prticas
profissionais desenvolvidas pelos estudantes. Apesar dessa constatao,
de acordo com Tachizawa, Cruz Junior e Rocha (2006), o TCC como
instrumento de consolidao de conhecimentos relevante na
preparao dos estudantes para o mercado de trabalho, por permitir a
oportunidade de buscar uma compreenso sobre o contexto holstico da
empresa.
Em contrapartida, a pesquisa qualitativa sinalizou
recomendaes dos executivos empresrios,
feitas s Instituies de Ensino Superior (IES),
baseada nas falhas identificadas. Tais
recomendaes foram as seguintes: deveriam
ampliar o conhecimento prtico, do dia a dia, das
organizaes empresariais. Isto exigiria uma
aproximao maior com o mercado. Entre as
aes recomendadas, estaria o emprego de mais
professores que tivessem, tambm, outra atividade
profissional fora do magistrio; deveriam ampliar
a especializao em certas reas, durante o curso
de graduao; deveriam manter o ensino adequado
s necessidades locais, consultando
constantemente as organizaes empregadoras;
deveriam investir mais na formao e qualificao
de seus professores; deveriam ensinar mais os
alunos a pensar; deveriam dar mais ateno e
importncia aos estgios. (TACHIZAWA; CRUZ
JUNIOR; ROCHA, 2006, p. 24-25)
Como recomendao ao desenvolvimento do trabalho, percebe-
se que os autores destacam a necessidade da ampliao em certas reas
do conhecimento, investigadas no decurso da graduao, ensejando a
manuteno da viso global e do desenvolvimento de competncias
profissionais que incluam o acadmico no decurso da proposta e dos
objetivos do programa curricular cursado. Isso se coloca em funo da
necessidade constante da manuteno da viso sistmica no processo de
formao, especialmente quando as DCNs ensejam as competncias para a atividade profissional.
Outro aspecto que consolida a relevncia do trabalho a
aderncia da necessidade do desenvolvimento de conhecimentos com a
tecnologia, que passa a requerer das instituies a construo de
modelos perenes de construo e sistematizao de conhecimentos,
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51
consolidando materiais facilitadores do processo de ensino e
aprendizagem. Diante disso, o TCC reflete uma possibilidade de
transferir as experincias desenvolvidas no estgio e inserir o acadmico
em uma sustentao terica que lhe permita compreender a influncia da
tecnologia e da globalizao em seu processo de formao. Entre outros
aspectos, isso permite que sejam desenvolvidas competncias
complementares capazes de equacionar as dificuldades e deficincias
encontradas no currculo, como a ausncia de experincia profissional,
observada por Tachizawa, Cruz Junior e Rocha (2006).
Em qualquer rea de atuao ou de conhecimento, o TCC se
constitui em um mtodo que permite o desenvolvimento de
conhecimentos e de relatos, sob o ponto de vista terico-metodolgico,
de experincias relevantes no curso do estgio. No mbito da
Administrao, alm de obrigatrio, o estgio tambm serve como
prtica de insero profissional e que, quando tem sua sistematizao
refletida em um TCC, requer mtodos adequados de constituio do
projeto de modo a alinhar a metodologia cientfica e as conexes ao
ambiente empresarial e ao desenvolvimento de competncias
profissionais.
2.3.1 A monografia como tipo de estgio para concepo de TCCs
na graduao
O mtodo monogrfico pode ser concebido e operacionalizado
como tipo de estgio/TCC. Por outro lado, segundo Lakatos e Marconi
(2001), pode ser entendido como uma investigao sobre um tema
especfico ou particular, de suficiente valor representativo, em qualquer
tipo de trabalho cientfico.
Quando se considera o estgio/TCC como instrumento de
validao e consolidao de conhecimentos refletidos da prtica de
estgio, surgem diversos mtodos que tentam alinhar a sua construo,
sendo o mais utilizado, segundo Roesch (2005),o mtodo monogrfico.
Isso ocorre pela facilidade e familiaridade entre os docentes, ocupando a
preferncia entre os orientadores de TCC, sobretudo os que
acompanham as atividades de estgio supervisionado do curso de Administrao, independente do perfil do egresso e das atividades
interdisciplinares definidas para o curso.
A contribuio do mtodo monogrfico, como tipo de estgio,
merece uma reviso profunda pelo fato de ainda necessitar de
abordagens complexas que permitam o real aproveitamento das
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experincias desenvolvidas no ambiente profissional. luz destes
aspectos, busca-se, com o TCC, a reflexo das riquezas e dos
conhecimentos aprendidos com o estgio e a necessria viso holstica
para consolidar a formao do Administrador, baseado na ideia:
Monografia significa a abordagem de um nico
assunto, ou problema, sob tratamento
metodolgico de investigao. Exige, portanto,
que lhe seja dada uma especificao, um
tratamento aprofundado e exaustivo que no deve
ser confundido com extenso.
(MARCANTONIO; SANTOS; LEHFELD, 1993,
p. 67)
O produto do mtodo monogrfico como tipo de estgio, em
uma habilitao, permite um tratamento aprofundado em uma nica rea
de conhecimento, com maior relevncia nos cursos de especializao j
que estes se direcionam a estudar, com profundidade, uma subrea de
conhecimento ou algum aspecto especfico do ambiente profissional.
Desse modo, o termo genericamente utilizado para designar todo tipo
de trabalho confeccionado durante a realizao de um curso de
graduao. Portanto, dado o objetivo e perfil profissional, o uso do
mtodo monogrfico, como tipo de estgio, na graduao, incorreto,
de acordo com Marcantnio, Santos e Lehefeld (1993).
No mtodo monogrfico, como tipo de estgio, percebe-se que
a delimitao do tema uma caracterstica essencial que restringe a
viso geral e a sistmica a um nico assunto, e mantm a fragmentao
do ensino no momento de sistematizar o estgio supervisionado e o TCC
de forma adequada formao pretendida. A sua utilizao, na maioria
das vezes, dependendo do perfil profissiogrfico, no atende a
finalidades especficas e destacadas na contribuio.
Hodiernamente, a monografia atende [...] a
necessidade de prosseguir os estudos alm da
graduao, no sentido de aprimorar o
conhecimento ou concluir o processo de formao
educacional, [] em nvel de ps-graduao.
(MARCANTONIO; SANTOS; LEHFELD, 1993,
p. 68)
Valendo-se dessa estrutura, percebe-se que, para a iniciao
cientfica, esse mtodo substancial j que permite o desenvolvimento
de habilidades metodolgicas essenciais para a Administrao. Os
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mtodos, que devem ser empregados como ferramentas para a aplicao
na graduao, requerem a estruturao de um sistema funcional que no
fragmente a viso sistmica do processo de formao. Percebe-se que
atcnica monogrfica torna-se insuficiente para a formao do
profissional em Administrao, j que h mtodos mais eficazes para
essa finalidade, como o estudo de caso, por exemplo.
Muitas das indicaes apresentadas tm sido teis
para trabalhos de concluso de cursos de
especializao e at mesmo dissertaes de
mestrado na rea. Com base nesta constatao, na
2 edio deste livro, introduziram-se dois novos
captulos sobre a abordagem do estudo de caso em
Administrao. Esta uma estratgia de pesquisa
amplamente utilizada na rea. (ROESCH, 2005, p.
xxiv)
Com base nessas contribuies e reflexes iniciais, percebe-se a
necessidade de discutir, de maneira adequada, a utilizao do mtodo
monogrfico, como tipo de estgio, na graduao, de modo a consolidar
um pensamento relacionado utilizao e ao desenvolvimento de um
instrumento sistemtico de construo de conhecimento e de
desenvolvimento de competncias.
2.3.1.1 A aplicao do mtodo monogrfico como tipo de estgio na
graduao
No momento em que se compreende a concepo do TCC, no
mbito da graduao, as bases norteadores de Roesch (2005) permitem
refletir sobre a nfase das atividades tericas e prticas desenvolvidas a
partir da necessidade de contextualizar e sistematizar os conhecimentos
desenvolvidos com as prticas de estgio supervisionado. Para isso se
desenvolver de modo satisfatrio, a autora recomenda a utilizao da
estrutura norteadora da monografia de modo adaptado s necessidades
da graduao, j que possvel estruturar projetos de iniciao cientfica
especfica a partir de uma base metodolgica comum. A adaptao
sugerida pela autora em termos da aplicao conceitual do termo
monografia na graduao, fcil de ser entendida e aplicada pelos
colegiados de curso. A mesma facilidade aplica-se ao processo de perda
da viso sistmica, que define a partir de um nico tema organizacional
ou a uma questo de pesquisa. Por mais que a pergunta seja abrangente,
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na prtica acaba tendo uma segmentao ou fragmentao do propsito
da graduao com viso sistmica.
Diante disso, as instituies se esmeram na construo de
regulamentaes especficas para os seus programas de estgio
curricular, possibilitando culminar as experincias concretas no
desenvolvimento do estgio em um trabalho conclusivo com carter
metodolgico e concreto. Ao assumir os compromissos elencados na lei
que regulariza o estgio, essa regulamentao interna institucional passa
a ter um efeito positivo na qualidade das atividades vinculadas
formao do estudante.
A partir de uma experincia destacada por Roesch (2005),
percebe-se que, ao promover essa adaptao, se identifica como os
alunos tm dificuldade de escolher um tema para seu projeto. Os
acadmicos enfrentam problemas para conseguir acesso a organizaes,
apontam problemas de relacionamento com os professores orientadores
e, ainda,falta-lhes uma metodologia de trabalho. Isso mostra o quanto
importante preconizar mtodos que elenquem possibilidades de
constituir uma viso sistmica na formao do egresso.
Decorrente disso, o estgio deve se amparar na suposio de
que a qualidade da construo do conhecimento se baseia em um Projeto
Pedaggico bem fundamentado, seguindo premissas do mtodo
cientfico. Assim sendo, os direcionamentos do Curso permitiro
suprimir os comentrios realizados pelos estudantes sobre os aspectos
tericos proeminentes nos currculos, possibilitando que haja uma
aproximao entre a educao superior e a produo de experincias
profissionais concretas.
Isso admite que o TCC se torne um instrumento de
desenvolvimento de competncias e, sobretudo, de experincias
profissionais que permitam agregar valor ao projeto do curso e
formao do estudante, mesmo tendo como pano de fundo algumas
crticas que se arrolam ao mtodo monogrfico. Acredita-se que, com as
adaptaes possveis, o trabalho de concluso de curso ser
desenvolvido de modo a consolidar as intenes propostas nas diretrizes
de ensino ensejadas pela instituio, alm de formar um estudante
preparado para enfrentar os desafios prioritrios em sua rea de atividade profissional.
A fora desse processo se estruturaria em uma oportunidade
concreta de oferecer resultados s organizaes consideradas entidades
concedentes de estgio, j que seria possvel produzir um material
concreto e vinculado a uma estrutura lgica. Nesta, o conhecimento
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seria aplicado de maneira completa e diretamente relacionada com o
desenvolvimento da organizao. A partir disso, o conhecimento,
desenvolvido com a prtica do estgio e validado por meio de
instrumentao cientfica e metodolgica, seria validado, de modo a
produzir melhorias para as organizaes e, ainda, direcionar
contribuies substantivas da academia no processo de consolidao do
posicionamento das organizaes.
Essa talvez seja a principal dificuldade da academia, e j
discutida anteriormente por Melo (2002). Nesse sentido, o estgio e o
TCC caminhariam consonantes para o desenvolvimento e a construo
das relaes entre empresa e escola, constituindo, neste cenrio, a
instituio de educao superior. Alm disso, o trabalho permitiria a
vivncia profissional do estudante, concebendo o processo de
aprendizagem customizado por meio do desenvolvimento de
conhecimentos sob a estrutura de problemticas complexas, de
abstraes e de resoluo de casos que so diretamente relacionados
com a vivncia diria e constante da organizao. Dentro dessa
perspectiva, Kolb et. al (1984) j constituam uma reflexo sobre o
assunto, argumentan