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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO RAYSSA LAILANE DE OLIVEIRA LIMA ESPESSURA DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE Vitória de Santo Antão 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

RAYSSA LAILANE DE OLIVEIRA LIMA

ESPESSURA DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE

Vitória de Santo Antão

2016

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RAYSSA LAILANE DE OLIVEIRA LIMA

ESPESSURA DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM HEMODIÁLISE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição, sob orientação da Professora Dra Keila Fernandes Dourado e coorientação da Professora Mestre Maria Izabel Siqueira de Andrade.

Vitória de Santo Antão

2016

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Catalogação na Fonte

Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV.

Bibliotecária Giane da Paz Ferreira Silva, CRB-4/977

L732 e Lima, Rayssa Lailane de Oliveira. Espessura do músculo adutor do polegar de pacientes renais crônicos em hemodiálise / Rayssa Lailane de Oliveira Lima. Vitória de Santo Antão, 2016.

64 folhas: il.; fig. tab. quadros.

Orientadora: Keila Fernandes Dourado. Co-orientadora:Maria Izabel Siqueira de Andrade.

TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Bacharelado em Nutrição, 2016.

Inclui bibliografia, anexos e apêndices.

1. Hemodiálise.2. Desnutrição. 3.Doença Renal Crônica. I.Dourado,

Keila Fernandes(Orientadora). II.Andrade, Maria Izabel Siqueira de (Co-orientadora). III. Título.

612.3.8 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-133/2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço grandiosamente a Deus pela força a mim concedida durante toda

graduação. As graças e vitórias alcançadas só foram possíveis com a onipresença,

onipotência e onisciência divina em minha vida.

Agradeço aos meus familiares pela torcida em forma de orações e palavras.

Minha mãe, Cilene Cristina Bezerra de Oliveira Lima, que lutou com todas as

forças pela minha educação, a ela dedico toda e qualquer conquista.

Agradeço aos meus amigos de infância, de graduação, do colegial e da vida,

pois os verdadeiros permaneceram mandando positividade.

Agradeço a minha orientadora Keila Fernandes Dourado e a minha

coorientadora Maria Izabel Siqueira de Andrade, peças fundamentais na conclusão

do presente trabalho. Todo conhecimento e ajuda compartilhada ficará em minha

mente e em meu coração. Eu não poderia ter feito escolha melhor. Obrigada!

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“Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem se

desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar".

Josué 1:9

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RESUMO

Em fases terminais da doença renal crônica a hemodiálise afeta diretamente o

estado nutricional, verificando-se uma incidência de 90% de desnutrição nos

indivíduos desse grupo. O músculo adutor do polegar admite uma avaliação

facilitada por ser disposto em condições anatômicas propícias para tal. Diante disso,

a aferição da sua espessura está sendo citada como um método promissor na

avaliação nutricional, sendo uma medida não invasiva, indolor, de baixo custo e de

fácil aplicação, visto que não há necessidade de aplicação de fórmulas para obter

seu valor final. Assim, a espessura do músculo adutor do polegar (EMAP) vem

sendo utilizada como uma medida antropométrica, na prática de avaliação dos

pacientes clínicos e ambulatoriais. Esta pesquisa teve por objetivo verificar a EMAP

de pacientes renais crônicos em hemodiálise e associá-la com parâmetros clássicos

de avaliação do estado nutricional. Como metodologia foi utilizado o estudo

transversal realizado no ano de 2015 com adultos e idosos de ambos os sexos

submetidos à hemodiálise no setor de Nefrologia do Hospital Barão de Lucena,

Recife-PE. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Fundação de

Hematologia e Hemoterapia do Estado de Pernambuco (CAAE:

37341614.4.0000.5195) e os dados só foram coletados após a assinatura do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram obtidos dados socioeconômico-

demográficos, do estilo de vida, antropométricos, bioquímico e subjetivo dos

pacientes avaliados. A EMAP foi avaliada em triplicata, considerando-se risco

nutricional/desnutrição quando <13,4mm (LAMEU, 2004). As análises estatísticas

foram executadas no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)

versão 13.0. A descrição das proporções foi acompanhada dos respectivos

intervalos de confiança de 95%, sendo utilizado o teste exato de Fisher (p<0,05)

para verificação de associações. Amostra de 40 pacientes com idade média de

54,4±14,5 anos, sendo encontrada maior frequência de indivíduos do sexo

masculino [n=29; 72,5% (IC95%: 56,1-84,5)] e com tempo de hemodiálise >1 ano

[n=29; 72,5% (IC95%: 56,1-84,5)]. Segundo o índice de massa corporal (IMC), 22,5%

(n=9) dos indivíduos apresentaram baixo peso. A EMAP identificou 35,0% (n=14;

IC95%: 21,4-51,5) de pacientes em risco nutricional/desnutrição e revelou associação

estatisticamente significante com o IMC, onde houve maior proporção de risco

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nutricional/desnutrição naqueles indivíduos de baixo peso, e com a prega cutânea

tricipital (PCT), sendo evidenciada maior frequência de risco nutricional/desnutrição

pela EMAP nos pacientes com desnutrição, segundo a PCT (p<0,05). No estudo

evidenciou-se uma frequência importante de pacientes diagnosticados em risco

nutricional/desnutrição através da EMAP e uma associação significante com o IMC a

PCT. Mais estudos são necessários, incluindo amostras maiores e parâmetros

nutricionais adicionais de avaliação da massa muscular.

Palavras-chave: Hemodiálise. Desnutrição. Doença Renal Crônica.

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Abstract

Introduction: In terminal stages of chronic kidney disease, hemodialysis affects the

nutritional status, with an incidence of 90% of malnutrition in individuals of this group.

The adductor pollicis muscle allows a facilitated assessment by being disposed in a

favorable anatomical condition. Therefore, the measurement of the adductor pollicis

muscle thickness (APMT) is being cited as a promising method in nutritional

assessment, and a non-invasive, painless, inexpensive and easy measurement,

since its application do not need formulas for its final value. Thus, the APMT has

been used as an anthropometric measure, in the practice of evaluation of

in/outpatients. Objective: To verify the APMT of chronic kidney patients undergoing

hemodialysis and associate it with classical parameters of nutritional evaluation.

Methods: Cross-sectional study carried-out in 2015 with adults and elderly of both

sexes undergoing hemodialysis in the Nephrology unit of Hospital Barão de Lucena,

Recife-PE. The study was approved by the ethics committee of Hematology

Foundation of Pernambuco (CAAE: 37341614.4.0000.5195) and data were only

collected after the sign of the Informed Consent forms. It was obtained

socioeconomic, demographic, lifestyle, anthropometric, biochemical and subjective

data of the patients. The APMT was evaluated in triplicate, considering nutritional

risk/malnutrition when <13,4mm (Lameu, 2004). Statistical analyzes were performed

using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) version 13.0. The

description of the proportions was accompanied by the respective 95% confidence

intervals and the Fisher's exact test (p<0.05) was performed to check associations.

Results: Sample of 40 patients with a mean age of 54.4 ± 14.5 years, and higher

frequency of males [n=29; 72.5% (95% CI: 56.1-84.5)] and hemodialysis time> 1 year

[n=29; 72.5% (95% CI: 56.1-84.5)]. According to the body mass index (BMI), 22.5%

(n=9) of the subjects were underweight. The APMT identified 35.0% (n=14; 95% CI:

21.4-51.5) of patients at nutritional risk/malnutrition and showed a statistically

significant association with BMI, where there was a higher proportion of nutritional

risk/malnutrition in individuals with low weight, and the triceps skinfold (TSF),

evidencing higher frequency of nutritional risk/ alnutrition by APMT in patients with

malnutrition (p<0.05). Conclusion: There was a significant frequency of patients

diagnosed at nutritional risk/malnutrition through APMT and a significant association

9

with BMI and TSF. More studies are needed, including larger samples and additional

muscle mass nutritional assessment parameters.

Keywords: Hemodialysis. Malnutrition. Chronic Kidney Disease.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Caracterização socioeconômico-demográfica, clínica e do estilo de vida

de pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE,

2015............................................................................................................................29

TABELA 2. Caracterização Antropométrica e Subjetiva de pacientes em hemodiálise

atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015........................................30

TABELA 3. Associação do Músculo Adutor do Polegar com variáveis

socioeconômico-demográficas, clínicas e do estilo de vida de pacientes em

hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015....................31

TABELA 4. Associação do Músculo Adutor do Polegar com variáveis antropométrica

e subjetiva de pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena.

Recife/PE, 2015..........................................................................................................32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

AMB Área Muscular do Braço

AMBc Área Muscular do Braço Corrigida

AN Avaliação Nutricional

ASG Avaliação Subjetiva Global

ATP Adenosina Trifosfato

CB Circunferência do Braço

CMB Circunferência Muscular do Braço

DEP Desnutrição Energético-Proteica

DM Diabetes Mellitus

DRC Doença Renal Crônica

EMAP Espessura do Músculo Adutor do Polegar

FAV Fístula Arteriovenosa

HD Hemodiálise

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

IMC Índice de Massa Corporal

MAP Músculo Adutor do Polegar

PCT Prega Cutânea Tricipital

SBN Sociedade Brasileira de Nefrologia

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16

2.1 Geral ............................................................................................................................................. 16

2.2 Específicos ................................................................................................................................. 16

3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 17

4 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................. 18

4.1 Fisiologia e estrutura renal ............................................................................................. 18

4.2 Doença Renal Crônica: Definição e Epidemiologia ..................................................... 18

4.3 Tratamentos na DRC ....................................................................................................... 20

4.4 Hemodiálise e Desnutrição............................................................................................. 21

4.5 Avaliação Nutricional do Paciente Renal Crônico ....................................................... 22

4.6 Espessura do Músculo Adutor do Polegar .................................................................. 23

5 MÉTODOS ........................................................................................................................ 25

5.1 Desenho do Estudo ........................................................................................................ 25

5.2 Critérios de Elegibilidade .............................................................................................. 25

5.3 Considerações Éticas .................................................................................................... 26

5.4 Avaliações Demográfica, Socioeconômica e do Estilo de Vida ............................... 26

5.5 Avaliação do Risco Nutricional ..................................................................................... 27

5.6 Avaliação Antropométrica ............................................................................................. 27

5.7 Avaliação Bioquímica .................................................................................................... 29

5.8 Análises Estatísticas ...................................................................................................... 29

6 RESULTADOS .................................................................................................................. 30

7 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 34

8 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 39

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 40

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................. 45

APÊNDICE B – Características de estilo de vida ........................................................ 46

APÊNDICE C – Dados antropométricos ....................................................................... 48

APÊNDICE D – Artigo Original (Manuscrito) ............................................................... 49

ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ................................................ 63

ANEXO 2 – Classificação Econômica da População .................................................. 64

ANEXO 3 – Avaliação Subjetiva Global Modificada ................................................... 65

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1. INTRODUÇÃO

A perda progressiva e irreversível da função renal, com comprometimento das

funções glomerular, tubular e/ou endócrina dos rins, caracteriza a doença renal

crônica (DRC) Na vigência do distúrbio, tais órgãos não são eficazes em manter a

homeostase interna do paciente, sendo necessários tratamentos adequados e

condutas específicas. (CURCINO DA SILVA et al, 2010).

O tratamento da DRC é dependente do estágio atual da doença, podendo ser

conservador, com uso de fármacos, restrição hídrica e controle dietético; ou dialítico,

quando a terapia conservadora torna-se incapaz de manter o paciente estável e

ocorre a necessidade de uma substituição parcial ou total da função renal, a partir de

métodos de diálise. O tratamento cirúrgico (transplante renal) pode ainda ser uma

terapia promissora adicional para esses pacientes (GRICIO et al, 2009).

Atualmente, o tratamento dialítico mais utilizado nos pacientes renais

crônicos é a hemodiálise (HD). Esse procedimento foi iniciado no ano de 1960, onde

observou-se um aumento na expectativa de vida dos indivíduos dessa linha

terapêutica. Apesar dos benefícios, diversas alterações ocorrem durante a

realização das sessões de HD, como: arritmias, hipotensão arterial, náuseas,

cãibras, trombose e infecções (BRAZ; DUARTE, 2003).

Dados epidemiológicos apontam que a DRC apresenta-se como um problema

de saúde pública, uma vez que a prevalência de pacientes mantidos em diálise

dobrou nos últimos oito anos. O crescimento anual desses pacientes fica em torno

de 8%. No Brasil, há um enorme gasto em real com o tratamento destinado a DRC

(ROMÃO JÚNIOR, 2004). No presente país, em 2010 o número de pacientes renais

era de 92.091, já no ano de 2012 constatou-se um número de 97.586 pacientes,

equivalendo a um acréscimo de 3% por ano. No Brasil, o quantitativo de pacientes

em 2012 foi de 34.366, equivalendo a uma taxa de incidência de 177 pacientes por

milhão da população (pmp). Mais da metade desses indivíduos encontravam-se na

região Sudeste do país (SESSO et al, 2014).

14

A etiologia da DRC é de caráter multifatorial, podendo incluir uma ingestão

alimentar de risco, aumento no catabolismo, modificações hormonais, inflamação e

patologias relacionadas com os fatores citados. Já está bem descrito na literatura

que as doenças cardiovasculares e o diabetes melitus são fatores de risco para a

DRC. A desnutrição também tem contribuído para a ampliação da doença (CALADO

et al, 2009).

O procedimento hemodialítico pode interferir diretamente no estado nutricional

do paciente renal. Estudos revelam uma prevalência em torno de 90% de

desnutrição nos indivíduos submetidos à terapia (GARCIA, 2012). A causa da

desnutrição nos pacientes em HD é multifatorial, dentre os fatores incluem-se

alterações hormonais, baixa ingestão alimentar, náuseas, vômitos e as perdas

proteicas e vitamínicas durante a diálise. A perda total de aminoácidos por diálise

está entre 10 a 13g, sendo esta, uma das principais causas da depleção de massa

magra nessa população (RIELLA et al, 2011).

A avaliação nutricional de pacientes clínicos tem como objetivo estimar

possibilidades de mortalidade e morbidade relacionados com a desnutrição,

facilitando intervenções, após identificação individualizada dos riscos, e visando

diminuir as consequências e causas. Além disso, é possível analisar também a

eficácia dos tratamentos utilizados de forma contínua. Uma avaliação nutricional

correta contribui positivamente na elaboração de uma conduta nutricional adequada,

uma vez que o paciente receberá o aporte energético de acordo com sua

necessidade energética atual (MAICÁ; SCHWEIGERT, 2008).

Os métodos tradicionais de avaliação nutricional não se mostram suficientes

como marcadores de prognósticos. Paralelamente, verifica-se que os métodos

sofisticados não são aplicados ao leito, pois são de custo elevado. Ultimamente, a

espessura do músculo adutor do polegar (EMAP) vem sendo utilizada como um

parâmetro antropométrico na prática de avaliação de vários grupos específicos de

pacientes. Esse músculo tem a função de executar os movimentos sofisticados das

mãos. Com a presença de desnutrição, o músculo adutor do polegar (MAP) mostra-

se com contração diminuída e com maior fadiga durante o exercício (ANDRADE,

2008).

15

Diante do exposto, estudos envolvendo a avaliação nutricional através de

parâmetros de baixo custo e de fácil aferição se faz necessário em pacientes renais

crônicos submetidos à hemodiálise, uma vez que a desnutrição é uma condição

presente nessa população. Nesse contexto, a EMAP vem sendo sugerida como um

método avaliativo adicional, apresentando uma boa associação com os parâmetros

antropométricos tradicionais, os quais são corriqueiramente utilizados para a

avaliação do estado nutricional de pacientes renais crônicos submetidos à HD

(LAMEU et al., 2004; ANDRADE, 2008; BRAGAGNOLO et al., 2009).

16

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Verificar associação da espessura do músculo adutor do polegar de pacientes

renais crônicos em hemodiálise com parâmetros clássicos de avaliação do estado

nutricional.

2.2. Objetivos Específicos

Caracterizar a amostra quanto ao sexo, idade, comorbidades, condições

socioeconômicas e estilo de vida;

Avaliar medidas antropométricas, subjetiva e níveis séricos de albumina dos

pacientes submetidos à HD.

Verificar associação a EMAP com o sexo, idade, comorbidades, condições

socioeconômicas e estilo de vida;

Verificar associação a EMAP com demais parâmetros antropométricos,

subjetivo e níveis séricos de albumina.

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3. JUSTIFICATIVA

A avaliação do estado nutricional dos pacientes em HD é de grande

importância para o diagnóstico e intervenção nutricionais mais precoces e eficazes,

pois, esses pacientes apresentam perdas nutricionais que contribuem diretamente

para a desnutrição e a depleção de massa magra. A EMAP se apresenta como um

indicador antropométrico promissor, de fácil realização e baixo custo para verificar o

estado nutricional, especificamente a massa magra de pacientes. Assim, observa-se

a necessidade de estudos envolvendo o uso da EMAP em diferentes populações,

inclusive em pacientes portadores de DRC em HD.

18

4. REVISÃO DA LITERATURA

4.1. Fisiologia e estrutura renal

Sobre uma visão geral, sabe-se que os rins são responsáveis pela remoção

dos produtos tóxicos do metabolismo, participando também da conservação de

substâncias essenciais à vida. Desse modo, tais órgãos são considerados

reguladores e contribuem diretamente na homeostase do organismo. Ainda neste

cenário, em indivíduos saudáveis, os rins participam do metabolismo de

macronutrientes, o qual ocorre de maneira dependente à ingestão dietética (RIELLA,

2011).

A figura 1 esquematiza, de uma forma macroscópica, a estrutura renal de

humanos:

Figura 1 – Fisiologia e estrutura renal de humanos

Fonte: Estrutura Renal. Dísponível em <http://www.calculorenal.org/>

4.2. Doença Renal Crônica: Definição e Epidemiologia

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A doença renal crônica (DRC) é considerada a perda progressiva e

irreversível da função renal, na qual o organismo não mantém o equilíbrio

metabólico e hidroeletrolítico. As manifestações da DRC não poupam nenhum

sistema orgânico, desse modo, nota-se o declínio gradativo das funções renais

normais (MARQUES et al, 2005). Embora os rins sejam fundamentais para a

sobrevivência humana, sua capacidade funcional é amplamente superior ao mínimo

necessário, pois os néfrons remanescentes são capazes de adaptar-se a condições

anormais, multiplicando o seu ritmo de trabalho, o que permite que os seres

humanos mantenham-se vivos com apenas 10% da sua função renal normal

(RIELLA, 2011).

A etiologia da DRC pode ser dividida em três grupos: 1) doenças primárias

dos rins; 2) doenças sistêmicas; e 3) doenças do trato urinário ou urológico. A HAS é

a condição patológica mais presente e fator de risco para a DRC, acometendo mais

de 60% dessa população (SESSO et al, 2014). Quanto à classificação do déficit

renal, para um efeito didático, a DRC é distribuída em fases (quadro 1), sendo estas

dependentes do nível de função renal (ROMÃO JÚNIOR, 2014).

Quadro 1 – Fases da DRC e nível de função renal relacionados às lesões, sinais e sintomas na DRC

Fases Função Renal Lesões, sinais e sintomas

0 Normal/Sem Lesão Pessoas no grupo de risco

1 Normal/Com lesão Lesões iniciais no ritmo

glomerular

2 Insuficiência Renal Funcional Início da perda das funções

renais

3 Insuficiência Renal Moderada Perda de funções renais e

paciente com sinais e sintomas

relacionados à doença de base

4 Insuficiência Renal Severa Perda intensa das funções renais.

5 Insuficiência Renal Terminal Incapacidade renal de manter a

homeostase corporal

Fonte: LIMA, 2016. Nota: Texto adaptado de Romão Júnior (2014).

20

A DRC apresenta-se em números ascendentes nas pesquisas anuais

mundiais, gerando uma grande preocupação governamental, o qual é responsável

por prover 95% das despesas ligadas ao tratamento. Além disso, a patologia em

questão apresenta mortalidade superior, em números absolutos, quando comparada

a uma lista de neoplasias, como, por exemplo, as de colo do útero, colón e reto

(SESSO, 2006).

No Brasil, são escassos os dados sobre a prevalência da DRC nos estágios

pré-dialíticos, que, por sua vez, é a fase crucial para o mapeamento das prevenções

cabíveis. Adicionalmente, uma parte dos pacientes dialíticos executa seu tratamento

em setor privado, não gerando dados para estatísticas governamentais (SBN, 2012).

Apesar das dificuldades inerentes às notificações, dados indicam que as

taxas de prevalência nacional são cerca de quatro vezes maiores que em países

desenvolvidos, como EUA e Japão. Este evento pode ser explicado, em parte, pelo

fato do Brasil apresentar menor disponibilidade de recursos para o tratamento

necessário da patologia (SESSO, 2006).

O censo de diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia, em 2012, constatou

um aumento de 3% de centros ativos para tratamento dialítico em todo o país, e,

quando verificada a prevalência por regiões, observou um aumento de casos de

pacientes renais na região Centro-Oeste, seguido da região Sudeste.

4.3. Tratamentos na DRC

O tratamento da DRC é dependente da evolução da doença. Em fases

iniciais, é empregado o tratamento conservador, que consiste em mudanças

dietéticas, uso de medicamentos e, por vezes, restrição hídrica, objetivando reduzir

a progressão da doença renal e proporcionar ao individuo um adequado estado

nutricional com um estilo de vida próximo do normal (GRICIO et al, 2009). Com a

progressão da doença, o tratamento conservador mostra-se ineficaz, sendo

necessário iniciar o tratamento renal substitutivo (hemodiálise (HD), diálise peritoneal

ou o transplante renal.

A HD consiste na depuração sanguínea de maneira extracorpórea, onde

solutos e toxinas presentes no sangue são retirados da circulação por um sistema

de difusão, através de uma membrana semipermeável. A ureia e creatinina

21

apresentam baixo peso molecular e são removidas do sangue com certa facilidade

(GROBA, 2008). A prescrição do tratamento é em média de três sessões semanais,

com uma duração de três a cinco horas por sessão, dependendo das necessidades

individuais (KUSUMOTO et al, 2007). Para a implementação do processo de HD, é

necessário o acesso à circulação sanguínea do paciente, através da fístula

arteriovenosa (FAV), o que possibilita a retirada e envio do sangue ao

hemodialisador, e, após a sua depuração, o retorno do sangue ao paciente (RIELLA,

2011).

No transplante renal, um rim de um doador (vivo ou falecido) é reportado para

o paciente receptor através de um procedimento cirúrgico. O rim implantado passa a

exercer as funções vitais de filtração. Nesse procedimento, não se faz necessário a

retirada dos rins do paciente receptor, a menos que os mesmos estejam causando

algum tipo de complicação patológica (SBN, 2012). O transplantado deve manter-se

sob cuidados de uma equipe multiprofissional para obtenção do sucesso pós-

cirúrgico (SILVA et al, 2013).

4.4. Hemodiálise e Desnutrição

O tratamento dialítico abriga inúmeros benefícios para o paciente renal

crônico, prolongando a sobrevida dos mesmos e permitindo uma qualidade de vida

próxima do normal. Em contratempo, temos em literatura alguns efeitos adversos

causados por essa alternativa terapêutica, podendo ser de característica aguda ou

crônica. Os indivíduos submetidos à HD exibem, em sua maioria, um quadro de

desnutrição de natureza multifatorial, incluindo-se nesse fato a diminuição da

ingestão alimentar, distúrbios hormonais, restrições dietéticas, uso de fármacos e

enfermidades associadas (COIMBRA DE OLIVEIRA, 2011).

A desnutrição na DRC é denominada de desnutrição energético-proteica

(DEP). Essa condição é causada devido à acidose metabólica presente nesses

pacientes, visto que os rins são responsáveis pelo equilíbrio ácido-base corporal. Na

patologia em questão a manutenção do pH extracelular não é efetuada, aumentando

o catabolismo proteico por meio da ativação da via proteolítica proteosoma-

22

ubiquitina, que é dependente de adenosina trifosfato (ATP). Desse modo, o paciente

apresenta depleção proteica e energética (ARAÚJO, 2011).

Em 1983, foram estudados 262 pacientes em HD, e verificou-se que os

pacientes com as taxas de catabolismo proteico mais altas e desnutrição tiveram

maior prevalência de insucesso na terapia durante o estudo. O grupo ainda

apresentou maiores taxas de mortalidade após 12 meses do término da pesquisa

(SHOENFELD, 1983). Esse mesmo fato foi observado por Jacob (1990), verificando

que a maior morbidade e mortalidade em HD ocorrem principalmente naqueles

indivíduos com desnutrição (JACOB, 1990).

O estado nutricional adequado dos pacientes renais crônicos em HD é

contribuinte para a redução de comorbidades e de um prognóstico mais reservado

da doença, além de favorecer o sucesso da terapia dialítica (PIRATELLI;

TERAROLLI, 2012; COIMBRA DE OLIVEIRA, 2011).

4.5. Avaliação Nutricional do Paciente Renal Crônico

A avaliação nutricional (AN) é um artifício que tem por finalidade externar

agravos nutricionais agrupando vários métodos e parâmetros avaliativos. Vale

salientar que as diversas patologias existentes podem alterar os resultados da AN

dos pacientes, sendo de grande importância o agrupamento de mais de um

procedimento avaliativo, tendo em vista que não há um método sem ao menos uma

limitação (AGUIAR PEREIRA et al, 2014).

As diretrizes do K/DOQI (2000) recomendam que a AN seja realizada

constantemente na população em HD, bem como os exames de triagem, os quais

detectam precocemente os indivíduos em risco nutricional.

Pacientes renais crônicos apresentam alterações corpóreas que afetam

relevantemente o seu estado nutricional. Esse fato é decorrente das alterações

metabólicas que a patologia dispõe ao paciente, levando a perdas graves de tecido

adiposo, de tecido muscular e ainda ao desequilíbrio eletrolítico. Devido a essas

alterações, alguns métodos nutricionais avaliativos mostram-se superestimados ou

subestimados nos pacientes renais (SOARES et al, 2013). Na literatura, ainda não

há indícios de um método padrão ouro para esse grupo específico, recomendando-

23

se então a utilização de mais de um parâmetro nutricional, em conjunto com a

análise da história clínica do indivíduo (PIRATELLI; TELAROLLI, 2012).

Os parâmetros antropométricos clássicos são os mais utilizados nos

pacientes renais crônicos, e, segundo Lameu e colaboradores (2004), os métodos

não invasivos e de fácil aferição são importantes para a AN de pacientes

hospitalizados ou com algum tipo de patologia que necessita de um tratamento

repetitivo, como a HD.

Atualmente vem sendo citado na literatura o método de verificação da

espessura do músculo adutor do polegar (EMAP) como um marcador útil da

preservação da massa muscular em algumas condições crônicas (PEREIRA et al,

2013). Esse músculo tem a função de executar os movimentos sofisticados das

mãos. Com a presença de desnutrição, o músculo adutor do polegar (MAP) mostra-

se com contração diminuída e com maior fadiga durante o exercício (ANDRADE,

2008).

4.6. Espessura do Músculo Adutor do Polegar

O MAP admite uma avaliação facilitada por ser disposto em condições

anatômicas propícias para tal. Diante disso, a aferição da sua espessura está sendo

citada como um método promissor na avaliação nutricional (AN), sendo uma medida

não invasiva, indolor, de baixo custo e de fácil aplicação, visto que não há

necessidade de aplicação de fórmulas para obter seu valor final. Assim, a EMAP

vem sendo utilizada como uma medida antropométrica, na prática de avaliação dos

pacientes clínicos e ambulatoriais (BRAGAGNOLO et al, 2009; LAMEU et al, 2004;

ANDRADE, 2008).

Ao utilizar a EMAP para a avaliação da prevalência de desnutrição em

pacientes hospitalizados, Bragagnolo e colaboradores (2009) verificaram que os

indivíduos apresentaram depleção muscular pelo valor médio dos resultados da

espessura aferida, evidenciando que o método mostrou-se sensível para detectar

risco nutricional.

Em estudo realizado por Lameu (2005), em pacientes valvulopatas, a EMAP

mostrou-se associada com o tempo de internamento hospitalar, com o tempo de

24

circulação extracorpórea e com o tempo de clampeamento cirúrgico. Houve também

uma associação positiva da EMAP com o tempo de ventilação mecânica.

Em investigação conduzida por Rosa et al. (2015), ao estudar a associação

da desnutrição com a EMAP em pacientes idosos, verificou-se que, mesmo com

ausência de sinais físicos de desnutrição no grupo em pesquisa, o valor do MAP

apresentou-se diminuído. Dessa maneira, a EMAP mostrou-se viável para estimar o

estado nutricional atual dos indivíduos idosos, sendo importante na detecção

precoce do diagnóstico nutricional desses pacientes.

Estudos envolvendo o uso da EMAP em indivíduos em HD são escassos na

literatura. Entretanto, é crescente o interesse em avaliar pacientes crônicos

submetidos ao mesmo tratamento por um longo tempo, tendo em vista que o estado

nutricional é um fator diretamente relacionado com o prognóstico desses indivíduos.

Dobner et al (2014), utilizando a EMAP em uma amostra de pacientes em HD,

verificou valor diminuído do parâmetro naqueles indivíduos com baixo peso e,

consequentemente, com o índice de massa corporal (IMC) indicativo de depleção do

estado nutricional (BIELEMANN et al, 2015; DOBNER et al, 2014). Em outro estudo,

conduzido por Oliveira et al. (2012), englobando pacientes também em HD, foi

verificado que, após seis meses de acompanhamento na terapia dialítica, a EMAP

reduzida foi diretamente associada à maior probabilidade de hospitalização.

25

5. MÉTODOS

5.1. Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo de delineamento transversal, realizado no período de

abril a maio de 2015, incluindo pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, em

tratamento de HD no Hospital Barão de Lucena (HBL), localizado na cidade do

Recife-PE.

Durante o período da pesquisa, 81 pacientes estavam cadastrados no setor

de HD do HBL. O cálculo amostral foi realizado no programa Epi-Info versão 7.0,

adotando-se a prevalência de 50,7% de inadequação da EMAP em pacientes renais

crônicos em HD (PEREIRA et al, 2013), 5% de erro amostral e 95% de confiança,

com acréscimo de 10% para correção de possíveis perdas, totalizando, dessa forma,

uma amostra final de 40 pacientes.

A coleta de dados foi realizada a partir de informações obtidas dos

prontuários (idade, sexo, tempo de HD, comorbidades, níveis séricos de albumina) e

entrevista ao paciente (dados socioeconômicos, do estilo de vida e antropométricos).

5.2. Critérios de Elegibilidade

Critérios de inclusão: Pacientes renais crônicos de ambos os sexos com idade

igual ou superior a 18 anos, em tratamento hemodialítico.

Critérios de exclusão: Pacientes amputados, com presença de edema e ascite

perceptível, incapazes de prestar informações e que estivessem sem

acompanhantes.

26

5.3. Considerações Éticas

Os dados foram obtidos a partir de uma pesquisa maior intitulada

“Circunferência do pescoço como indicador de risco cardiovascular em pacientes

renais crônico em hemodiálise”, previamente aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa envolvendo Seres Humanos da fundação de hematologia e hemoterapia

do Estado de Pernambuco, sob CAAE: 37341614.4.0000.5195, de acordo com a

Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (ANEXO 1).

O paciente recebeu explicações a respeito da pesquisa e todo o seu

desenvolvimento, com leitura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

(APÊNDICE A), e somente após sua assinatura foi iniciada a coleta de dados.

5.4. Avaliações Demográfica, Socioeconômica e do Estilo de Vida

Os dados pessoais e de saúde do paciente, bem como as comorbidades

presentes, foram obtidos a partir de coleta nos prontuários, com questionário

elaborado especialmente para a pesquisa (APÊNDICE B). O nível socioeconômico

foi organizado em categorias de A a E, segundo os critérios da Associação Brasileira

de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2015) (ANEXO 2).

Para a avaliação do estilo de vida, primeiramente foi observada a prática e o

tipo de atividade física de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010)

que recomenda a realização de exercícios físicos de intensidade moderada durante

40 a 60 minutos de 3 a 5 vezes por semana. O consumo de álcool foi determinado

pela ingestão de pelo menos uma dose de qualquer bebida alcoólica nos trinta dias

prévios à pesquisa (BRASIL, 2015), sendo categorizado em consome e não

consome. Quanto ao hábito de fumar, os participantes foram divididos em não

fumantes, ex-fumantes e fumantes de acordo com o estudo de Silva, Sousa e

Schargodsky (1998). Foram considerados fumantes aqueles pacientes que

responderam que fumam regularmente pelo menos uma vez por semana ou

diariamente durante o ano; não-fumante, o indivíduo que nunca fumou e que tenha

parado de fumar há mais de 10 anos e ex-fumante aquele que não fumou no ano

anterior ao estudo, mas que tenha fumado no período entre um e dez anos

anteriores à pesquisa.

27

5.5. Avaliação do Risco Nutricional

O risco nutricional foi obtido por meio da avaliação subjetiva global (ASG)

modificada para pacientes renais com escala de 5 pontos validada para a população

em HD (ANEXO 3) (STEIBE et. AL 2007). O preenchimento da ASG foi realizado

após a sessão de HD e para a pontuação do estado nutricional foi considerado bem

nutrido/desnutrido leve: 6 a 7 pontos na maioria das categorias, desnutrido

moderado: 3,4 ou 5 pontos e desnutrido grave com predomínio das questões de “1

a 2 pontos”.

5.6. Avaliação Nutricional Antropométrica

Para verificar o estado nutricional, os pacientes foram submetidos à avaliação

antropométrica após a realização da diálise, de acordo com o apêndice C. Foi

analisado o peso e a altura para realização do IMC, a circunferência do braço (CB) e

prega cutânea tricipital (PCT), os quais possibilitaram a determinação da

circunferência muscular do braço (CMB) e da área muscular do braço corrigida

(AMBc), e a EMAP.

A avaliação antropométrica foi iniciada com a obtenção do peso seco (pós-

dialítico), utilizando uma balança de marca Welmy, e a altura foi medida através de

um estadiômetro de alumínio acoplado a balança. O peso e a altura foram

adquiridos de acordo com a técnica determinada por Lohman et al (1988). O

diagnóstico do estado nutricional pelo IMC foi realizado de acordo com os valores

indicados pelo World Health Organization (WHO, 1998), para adultos, e segundo a

classificação de Lipschitz (1994), para os idosos.

Para a realização da CB foi utilizada uma fita métrica inelástica, e o braço

medido foi aquele sem acesso vascular (FAV). No caso de acesso em ambos os

braços, escolheu-se o braço dominante. Durante a avaliação, o paciente encontrou-

se em posição ereta com o braço relaxado para localização do ponto médio através

da porção mais distal do acrômio e a mais distal do olecrano. A medida da CB foi

28

realizada com o braço flexionado em direção ao tórax, formando ângulo de 90º

(LOHMAN, et al., 1988).

Sequencialmente foi avaliada a PCT através de adipômetro científico da

marca CESCORF®, sendo executada no mesmo braço onde foi observada a CB

(LOHMAN et al, 1988). A medida foi realizada em triplicata para cálculo da média.

A partir dos valores de CB e PCT foi obtida a CMB pela seguinte fórmula

(Blackburn, 1977):

A AMBc também foi adquirida a partir da CB e PCT, com aplicação da fórmula

proposta por Heymsfield (1982):

A adequação da CB, PCT, CMB e AMBc foi realizada utilizando-se como padrão de

referência o percentil 50 correspondente ao sexo e a idade das tabelas de Frisancho

(1990), indicado para indivíduos com idade maior ou igual a sessenta anos. O

resultado encontrado foi classificado pelas tabelas de Blackburn (1977). Para

aqueles com mais de 60 anos, utilizou-se as tabelas de percentil, segundo sexo e

idade, recomendadas pelo National Health and Nutrition Examination Survey

(NHANES, 1988-1991).

A EMAP foi avaliada na mão dominante, com o paciente sentado, mãos

repousando sobre o joelho homolateral e cotovelo com ângulo de aproximadamente

90° com o antebraço. Foi utilizado um adipômetro da marca CESCORF® para pinçar

o músculo no vértice de um triângulo imaginário formado pela extensão do polegar e

indicador. O ponto de corte adotado para identificação do risco

nutricional/desnutrição, segundo o critério, foi aquele de 13,4mm para a mão

dominante, preconizado por Lameu et al (2004).

CMB (cm)= CB(cm) – π x [PCT(mm) ÷ 10]

AMBc (cm²) = [CB(cm) – π x PCT(mm) ÷ 10]² - (10, se homem ou 6,5, se mulher).

29

5.7. Avaliação Bioquímica

Na ocasião da pesquisa, foram transcritos dos prontuários os valores de

albumina sérica dos indivíduos incluídos no estudo. O parâmetro foi classificado

conforme os valores de referência indicados por Riella (2011): normal: >3,5;

depleção leve: 3,0-3,5; depleção grave: < 2,4; depleção moderada: 2,4-2,9. Para fins

de análise, a variável foi categorizada em normal, quando >3,5, e reduzida, quando

≤3,5 (APÊNDICE C).

5.8. Análises Estatísticas

As análises estatísticas foram executadas no programa Statistical Package for

the Social Sciences (SPSS) versão 13.0, com apresentação dos dados na forma de

frequências absolutas e frequências relativas.

Na descrição das proporções, procedeu-se uma aproximação da distribuição

binomial à distribuição normal pelos intervalos de confiança (IC95%), sendo

constatadas diferenças significativas quando não houvesse sobreposição dos

respectivos IC95%.

A associação da EMAP com as demais variáveis foi realizada a partir do teste

Exato de Fischer, sendo constatadas associações estatisticamente significantes

quando p<0,05.

30

6. RESULTADOS

A amostra foi composta por 40 pacientes com diagnóstico de DRC em HD,

apresentando idade média de 54,4±14,5 anos. Destes, 72,5% (n=29) eram do sexo

masculino. Quanto ao tempo de HD, a maior parte da população avaliada (72,5%;

n=29) afirmou encontrar-se no tratamento por um período superior a 12 meses (>1

ano).

As frequências de comorbidades relatadas pelos pacientes no presente

estudo foram similares entre os participantes. No tocante ao estilo de vida, houve

maior proporção de indivíduos inativos (82,5%; n=33) e que faziam uso de etanol

(72,5%; n=29). Segundo os critérios da ABEP, 72,5% (n=29) dos pacientes foram

classificados nas classes sociais denominadas D e E (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização socioeconômico-demográfica, clínica e do estilo de vida de

pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015.

IC95%: Intervalo de confiança 95%; DM: Diabetes Mellittus; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; ABEP:

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.

Variáveis N % IC95%

Sexo Masculino 29 72,5 56,1-84,5 Feminino 11 27,5 15,5-43,9 Tempo de Hemodiálise <1 ano 11 27,5 15,5-43,9 >1 ano 29 72,5 56,1-84,4 Comorbidade DM 7 17,5 8,2-33,2 HAS 23 57,5 41,2-72,2 DM + HAS 10 25,0 14,6-41,3 Prática de Atividade Física Ativo 7 17,5 8,2-33,2 Inativo 33 82,5 66,7-91,7 Etilismo Etilista 29 72,5 56,0-84,4 Não Etilista 11 27,5 15,5-43,9 Tabagismo Tabagista 15 37,5 23,5-53,9 Não Tabagista 25 62,5 46,0-76,4 Classificação da ABEP B e C 11 27,5 15,5-43,9 D e E 29 72,5 56,0-84,4

31

Na tabela 2, estão expostas as características antropométrica e subjetiva dos

indivíduos incluídos no presente estudo. Observa-se que, conforme a classificação

dos parâmetros antropométricos analisados, não houve diferença entre as

frequências dos respectivos diagnósticos nutricionais. Segundo a ASG, foi

identificada predominância de pacientes eutróficos (90,0%; n=36).

A EMAP do grupo estudado mostrou que 35% (n=15; IC95%: 21,4-51,5) dos

pacientes apresentavam risco nutricional/desnutrição, de modo que, 65% (n=26;

IC95%: 48,4-78,5) evidenciaram o valor da variável em condições normais.

De acordo com a classificação da albumina, observou-se que 87,5% (n=35;

IC95%:72,4-94,9) dos pacientes encontravam-se com o valor dentro dos limites da

normalidade e, por conseguinte, 12,5% (n=5; IC95%: 0,50-27,5) dos indivíduos

revelaram níveis séricos reduzidos do parâmetro bioquímico.

Tabela 2. Caracterização Antropométrica e Subjetiva de pacientes em hemodiálise

atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015.

IMC: Índice de Massa Corporal; CB: Circunferência do Braço; PCT: Prega Cutânea Tricipital; CMB:

Circunferência Muscular do Braço; AMBc: Área Muscular do Braço Corrigida; ASG: Avaliação Subjetiva Global.

Variáveis n % IC95%

IMC Baixo Peso 9 22,5 11,7-38,6 Eutrofia 15 37,5 23,5-53,9 Excesso de Peso 16 40,0 25,6-56,3 Classificação da CB Desnutrição 22 55,0 38,9-70,0 Eutrofia 12 30,0 17,4-46,4 Sobrepeso / Obesidade 6 15,0 6,6-30,4 Classificação da PCT Desnutrição 16 40,0 25,6-56,3 Eutrofia 7 17,5 8,2-33,2 Sobrepeso / Obesidade 17 42,5 27,7-58,7 Classificação da CMB Desnutrição 20 50,0 34,3-65,6 Eutrofia 20 50,0 34,3-65,6 Classificação da AMBc Eutrofia 22 55,0 38,9-70,0 Desnutrição 18 45,0 29,9-61,0 Classificação da ASG Desnutrição 4 10,0 3,6-24,6 Eutrofia 36 90,0 75,3-96,3

32

Associando-se a EMAP com as variáveis gerais analisadas neste estudo,

constatou-se associação estatisticamente significante com o sexo, onde houve maior

frequência de indivíduos do sexo feminino com risco nutricional e desnutrição,

segundo a EMAP (Tabela 3).

Tabela 3. Associação do Músculo Adutor do Polegar com variáveis socioeconômico-

demográficas, clínicas e do estilo de vida de pacientes em hemodiálise atendidos no

Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015.

EMAP: Espessura do Músculo Adutor do Polegar; DM: Diabetes Mellittus; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; ABEP: Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Teste Exato de Fischer. *p<0,05.

No que diz respeito à associação da EMAP com os parâmetros

antropométricos e a ASG, verificou-se associação estatisticamente significante do

EMAP com o IMC e a PCT, sendo evidenciadas maiores frequências de risco

nutricional/desnutrição pelo EMAP nos pacientes com baixo peso, segundo o IMC, e

naqueles desnutridos, conforme a PCT (Tabela 4).

Variáveis

EMAP p-valor Eutrofia Risco/Desnutrição

N % n %

Sexo

Masculino 22 75,9 7 24,1 0.029* Feminino 4 36,4 7 63,6

Tempo de Hemodiálise

<1 ano 8 72,7 3 27,3 0.715

>1 ano 18 62,1 11 37,9

Comorbidades

DM 3 42,9 4 57,1 0.281

HAS 15 65,2 8 34,8

DM + HAS 8 80,0 2 20,0

Classificação da ABEP

B e C 9 81,8 2 18,2 0.270

D e E 17 58,6 12 41,4

Prática de Atividade Física

Ativo 6 85,7 1 14,3 0.387

Inativo 20 60,6 13 39,4

Etilismo

Etilista 20 69,0 9 31,0 0.469

Não Etilista 6 54,5 5 45,5

Tabagismo

Tabagista 11 73,3 4 26,7 0.502

Não Tabagista 15 60,0 10 40,0

33

Não houve associação da EMAP com os níveis séricos de albumina (Dados

não apresentados em tabela).

Tabela 4. Associação do Músculo Adutor do Polegar com variáveis antropométrica e

subjetiva de pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena.

Recife/PE, 2015.

EMAP: Espessura do Músculo Adutor do Polegar; IMC: Índice de Massa Corporal; CB: Circunferência do Braço;

PCT: Prega Cutânea Tricipital; CMB: Circunferência Muscular do Braço; AMBc: Área Muscular do Braço

Corrigida; ASG: Avaliação Subjetiva Global.

Teste Exato de Fischer. *p<0,05.

Variáveis

EMAP p-valor Eutrofia Risco/Desnutrição

N % n %

Classificação do IMC

Baixo Peso 3 33,3 6 66,7 0.021*

Eutrofia 9 60,0 6 40,0

Excesso de Peso 14 87,5 2 12,5

Classificação da CB

Desnutrição 12 54,5 10 45,5 0.147

Eutrofia 8 66,7 4 33,3

Sobrepeso / Obesidade 6 100,0 0 0,0

Classificação da PCT

Desnutrição 4 25,0 12 75,0 0.000*

Eutrofia 6 85,7 1 14,3

Sobrepeso / Obesidade 16 94,1 1 5,9

Classificação da CMB

Desnutrição 12 60,0 8 40,0 0.741

Eutrofia 14 70,0 6 30,0

Classificação da AMBc

Eutrofia 15 68,2 7 31,8 0.744

Desnutrição 11 61,1 7 38,9

Classificação da ASG

Desnutrição 4 100,0 0 0,0 0.278

Eutrofia 22 61,1 14 38,9

34

7. DISCUSSÃO

Investigações incluindo o uso da EMAP em pacientes renais crônicos em HD

são escassas na literatura. Dados revelam que tais indivíduos são propícios ao

desenvolvimento de determinados graus de desnutrição em virtude do processo

catabólico inerente à HD (ANDRADE, 2008; GARCIA, 2012). Nesse contexto, a

avaliação da EMAP, como um método diagnóstico da depleção muscular, pode ser

um parâmetro adicional promissor na avaliação nutricional de pacientes em HD.

No presente estudo, a maior parte da população exercia a HD por um período

superior a 12 meses (72,5%; n=29). Em um estudo realizado com pacientes renais

em Campo Grande, executado por Curcino et al (2010), foram encontrados dados

próximos a essa realidade que, entre 80 pacientes estudados, 76% (n=60)

realizavam a HD por um período superior a 12 meses.

Indivíduos do sexo masculino perfizeram a maior parcela da amostra nesta

casuística (72,5%; n=29). Dobner e colaboradores (2014) ao avaliarem o estado

nutricional de 90 pacientes renais crônicos em HD de Passo Fundos/RS verificaram,

de forma similar, uma frequência maior de participantes do sexo masculino (77,8%;

n= 70). Uma primeira dimensão para a frequência elevada do público masculino

pode ser explicada pela baixa incorporação de homens nos programas de

prevenção de doenças e promoção de saúde, visto que os mesmos não aderem de

forma adequada às estratégias de saúde pública disponibilizadas pelo Sistema

Único de Saúde (SUS). Além disso, os profissionais argumentam que indivíduos do

sexo masculino não costumam frequentar os serviços de saúde com intenção de

prevenção de doenças, sendo a procura mais voltada para o próprio tratamento,

fator que corrobora para intervenções e tratamentos tardios (COUTO et al., 2010).

Com a análise do questionário da ABEP, 72,5% (n=29) dos pacientes foram

considerados nas classes sociais D e E. Melo (2014), ao investigar 30 pacientes em

HD, aproximou-se desta realidade, observando que a maioria da amostra avaliada

(96,6%; n= 32) foi classificada entre as classes C e E. A DRC é associada ao baixo

nível socioeconômico por alguns motivos, entre eles expõem-se as problemáticas

enfrentadas pelos pacientes ao tentar o acesso e o tratamento da patologia nos

35

serviços de saúde (ZAMBONATO, 2008; LUGON, 2009). Um aspecto importante a

ser destacado refere-se ao fato de que a presente casuística foi conduzida em um

hospital público, com indivíduos, em sua maioria, provavelmente cadastrados no

SUS, modelo assistencial direcionado às camadas mais carentes da população.

No tocante à prática de atividades físicas, verificou-se que 82,5% (n=33) dos

indivíduos estudados encontravam-se inativos. Em adição, foram constatados 40%

(n=16) de pacientes com excesso de peso. É bem descrito na literatura que a prática

de atividade física regular é de suma importância na prevenção de diversas doenças

e promove um gasto calórico determinado, contribuindo para uma melhora da

qualidade de vida com mudanças físicas e morfofisiológicas (NAHAS, 2006;

BANKOFF, 2006).

Entretanto, a inatividade física dos pacientes estudados pode ser decorrente

das limitações físicas que a DRC apresenta, já que o fator atividade física obedece a

uma série de condições, tais como: peso, idade, sexo, nível de saúde atual,

habilidades, questões ambientais, entre outros fatores (NAHAS, 2006).

Quanto às comorbidades associadas à DRC, a HAS encontrava-se em maior

frequência entre os indivíduos estudados, sendo relatada por 57,5% (n=23) dos

pacientes. Biavo e colaboradores (2010), em um estudo com pacientes renais

crônicos submetidos à HD no Brasil, também apresentou esse dado, revelando um

total de 85,3% (n= 2511) de indivíduos com o distúrbio. A HAS é a condição

patológica mais presente e fator de risco para a DRC, acometendo mais de 60%

dessa população (SESSO et al, 2014).

Conforme relatado anteriormente, 40% (n=16) dos pacientes avaliados nesta

investigação apresentavam excesso de peso, segundo o IMC. Ao utilizar o mesmo

indicador antropométrico, Barros (2015), avaliando dados da composição corporal,

depressão, qualidade de vida e mortalidade em pacientes submetidos à HD,

verificou um número significante de pacientes acima da classificação de eutrofia,

observando que 50,4% (n=53) da amostra encontrava-se com excesso de peso.

Segundo Stefanelli et al. (2010), apresentar o peso mais elevado pode ser benéfico

para essa população, já que o baixo peso está relacionado com o aumento da

morbimortalidade. Em contrapartida, Riella e colaboradores (2011) considera que

intervenções nutricionais que incentivem o sobrepeso/obesidade não podem ser

36

recomendadas para pacientes renais em HD, bem como para a população geral,

pois há evidencias de que tal estado nutricional corrobora intensamente para o

desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como DM, HAS e

coronariopatias.

Por outro lado, o presente estudo detectou 22,5% (n=9) de indivíduos com

baixo peso. Vale salientar que o IMC não apresenta uma boa sensibilidade para

detectar a desnutrição nos pacientes em HD, pois esse método não distingue entre

massa gorda e massa livre de gordura. Além disso, os pacientes submetidos à HD

apresentam retenção de líquidos, evento que configura como limitação para o

diagnóstico fidedigno através do método antropométrico (ACCHIARDO, 1983;

BEDDHU, 2003; KALANTAR, 2006).

Com a análise dos resultados da ASG aplicada nesta casuística, o método

diagnosticou 90% (n= 36) de pacientes com eutrofia. Melo (2014), ao utilizar o

questionário da ASG em 30 pacientes renais crônicos submetidos à HD no Hospital

das Clínicas de Recife-PE, verificou que 80% (n=24) dos participantes se

apresentaram na classificação de risco nutricional/moderadamente desnutrido,

mostrando divergência com o estudo em questão. Já Lameu et al (2005), ao aplicar

a ASG em 99 pacientes cirúrgicos no Hospital Universitário Clemetino Fraga Filho do

Rido de Janeiro, destacou que 80% dos indivíduos apresentaram eutrofia. Os

diferentes resultados podem ter ocorrido pela variação populacional dos estudos

citados.

A ASG é um método de baixo custo, não invasivo, de fácil aplicação e

frequentemente utilizada em pacientes renais. Estudos têm demonstrado correlação

entre a ASG e outros marcadores nutricionais como IMC, CMB e albumina. Nesse

cenário, pesquisas também têm revelado a ASG como um importante preditor de

mortalidade (LOCATELLI et al. 2002; STENVINKEL et al. 2002). Porém, na presente

investigação, o método não se associou com os parâmetros antropométricos

avaliados, mais especificamente com a EMAP.

No que diz respeito à EMAP, a mesma mostrou-se em depleção para 35%

(n=15) dos pacientes estudados, sendo um dado relevante para o estudo. Dobner et

al (2014), em estudo com 90 pacientes renais crônicos em HD de Passo Fundos/RS,

detectaram 12,3% de indivíduos com depleção muscular a partir do parâmetro.

37

A EMAP vem sendo citada na literatura como um marcador promissor para a

avaliação nutricional, pois o músculo avaliado durante a execução da medida

mostra-se sensível a depleção de massa magra, sendo dificilmente afetado pelo

nível de hidratação do paciente, situação frequentemente alterada nos pacientes

renais (CARRERO et al., 2008; SHIZGAL et al., 1986).

Ainda sobre a EMAP, pôde-se observar que a mesma apresentou associação

estatisticamente significante com o IMC e com a PCT. Costa de Oliveira et al.

(2012), na investigação nutricional de 58 pacientes renais crônicos em HD em um

centro do Nordeste do Brasil, verificaram que 84,5% (n=49) dos pacientes

encontravam-se em desnutrição através do marcador da PCT. Melo (2014), em seu

estudo com 30 pacientes renais crônicos em HD, utilizou esse mesmo parâmetro e

observou que 56,7% (n= 17) dos indivíduos analisados encontrava-se em estado de

desnutrição. Costa de Oliveira et al (2012), afirma que o marcador PCT é pouco

viável para aplicar em pacientes renais crônicos em HD, pois o mesmo pode

subestimar o estado nutricional dos sujeitos avaliados.

Indivíduos do sexo feminino demonstraram maiores percentuais de risco

nutricional/desnutrição, segundo a EMAP (63,6%; n=7). Seguindo esta tendência,

em estudo conduzido por Melo (2014) com 30 pacientes renais crônicos em HD no

Hospital das Clínicas de Recife-PE, as mulheres submetidas à HD apresentaram

menores valores médios da EMAP quando comparados aos valores evidenciados

pelo sexo masculino (18,6±5,57 para mulheres e 20,7±6,11 para homens).

Com relação à essa temática, sabe-se que a composição corporal é

divergente entre os sexos. Indivíduos do sexo feminino normalmente apresentam

menor massa muscular em termos absolutos e relativos, quando confrontadas à

composição corporal masculina. Apesar da composição de fibras musculares serem

semelhantes em ambos os sexos, o volume de cada fibra é mais elevado no sexo

masculino, proporcionando aos mesmos uma depleção muscular mais lenta

(LEITÃO et al. 2000). Nessa perspectiva, pode-se inferir que a perda de massa

magra nos pacientes renais do sexo masculino pode ocorrer de forma mais

gradativa, fator que propicia a detecção mais precoce e a maior ocorrência de risco

nutricional e desnutrição nos indivíduos do sexo feminino.

38

Algumas limitações acerca dos resultados discutidos no presente estudo

devem ser consideradas, dentre elas, a escassez de trabalhos que utilizaram o

marcador da EMAP como um método de avaliação do estado nutricional de

pacientes renais crônicos, evento que restringiu em termos de comparabilidade; e o

tipo de estudo efetuado, de característica transversal, que acarretou uma

impossibilidade de atribuição de causa e efeito nos resultados, entretanto este

delineamento foi selecionado pelo fato de ser um estudo rápido e de baixo custo,

permitindo uma análise dos padrões de distribuição das variáveis observadas.

Apesar dos fatores previamente citados, a pesquisa apresentou caráter

representativo no âmbito hospitalar local, descrevendo os dados de pacientes

cadastrados no setor de HD do Hospital Barão de Lucena – PE, incluindo o uso de

um parâmetro antropométrico até então pouco utilizado no grupo populacional em

questão.

A aplicação da EMAP ofereceu dados relevantes para a pesquisa, pois o

marcador apontou associação com parâmetros antropométricos, sendo

estatisticamente significante com o IMC e a PCT. Sugere-se a EMAP como um

método promissor, rápido e de baixo custo na avaliação nutricional de pacientes

renais crônicos em HD.

39

8. CONCLUSÕES

Na presente casuística, foi notório que o marcador da EMAP foi um método

viável na execução da AN de pacientes renais crônicos em HD, visto que houve uma

frequência importante de pacientes diagnosticados em risco nutricional/desnutrição

através do parâmetro e uma associação significante da EMAP com o IMC e a PCT.

A condução de novos estudos referente à temática abordada faz-se necessária,

incluindo amostras maiores e o uso de parâmetros nutricionais mais sofisticados de

obtenção da massa muscular, visando à comparação de tais métodos com a EMAP

de pacientes renais crônicos em HD.

40

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45

APÊNDICE

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O presente projeto intitulado CIRCUNFERÊNCIA DO PESCOÇO COMO

INDCADOR DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIÊNTES RENAS CRÔNICOS

EM HEMODIÁLISE, desenvolvido por docentes do Centro Acadêmico de Vitória da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem como objetivo avaliar o risco

cardiovascular de pacientes em tratamento de hemodiálise atendidos no Hospital

Barão de Lucena, Recife - PE.

A sua participação no projeto é voluntária e, portanto, você não é obrigado (a)

a fornecer as informações e/ ou colaborar com os procedimentos de avaliação

nutricional (exemplo: aferição do peso e altura) solicitadas pela equipe do projeto.

Caso decida não participar do estudo não sofrerá nenhum dano. Esclarecemos que

a qualquer tempo você poderá ter acesso às informações, inclusive para dirimir

eventuais dúvidas. Você também tem a liberdade de retirar seu consentimento a

qualquer momento e deixar de participar do projeto, sem que isto lhe traga prejuízo

de qualquer natureza. Será mantido o anonimato e salvaguardada a

confidencialidade, sigilo e privacidade das informações e da pessoa. Os riscos na

participação do projeto serão mínimos como o possível constrangimento no

momento das avaliações antropométricas. Como benefícios você receberá sua

avaliação nutricional completa e as devidas orientações nutricionais necessárias.

Solicito a sua autorização para publicação dos resultados deste projeto. Para

esclarecimentos de qualquer dúvida ligar para a pesquisadora responsável, Keila

Fernandes Dourado – Fone: 081 96469948.

Declaro que após convenientemente esclarecido (a) pela equipe do projeto e

ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente estudo e

que autorizo a divulgação das informações que prestarei.

____________________________

Assinatura do entrevistado

__________________________ ___________________________

Assinatura da testemunha 1 Assinatura da testemunha 2

_________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

46

APÊNDICE B - CARACTERÍSTICAS DE ESTILO DE VIDA

Data da coleta: ____/_____/_____

• Dado

s Pessoais

1.1. Nome completo: ______________________________________________________

1.2. N° do prontuário: ______________________;

1.3. Data de nascimento: ____ / ____ / ____ Idade: _____ Sexo: (F) (M)

• Dado

s de Saúde

2.1. Data de admissão na HD ____ / ____ / ____.

2.2. Diagnóstico Clínico:___________________________

2.3. Tempo da Hemodiálise: _______________________

2.5. Comorbidades:

• ( )

Diabetes

• ( )

Hipertensão Arterial

• ( )

Hipotensão Arterial

• ( )

Dislipidemia

• ( )

Hipoglicemia

• ( ) Obesidade

• ( ) Doenças cardiovasculares

• ( )

Outra (Qual? _______________________________________________)

3. O (a) Sr. (a) pratica atividade física? Sim ( ) Não ( )

4. O (a) Sr. (a) ingere bebida alcoólica?

• ( ) Consome

• ( ) Não consome

47

6. O (a) Sr. (a) fuma?

• ( ) Não, nunca fumei

• ( ) Ex-fumante.( Paro há mais de 10 anos)

• ( ) Fumante

48

APÊNDICE C - DADOS ANTROPOMÉTRICOS Peso atual

seco(kg): Altura (m): IMC: IC:

Peso Habitual (kg): Perda de peso (%): Período: CP:

CB (cm): PCT (mm): CMB (mm): AMBc:

RCQ: RCEst: CC: MAP(mm):

DADOS BIOQUÍMICOS (PRONTUÁRIO)

Albumina: Sódio: Potássio: Cloro:

Uréia: Creatinina:

CT: TG: HDL: LDL: CT não HDL:

Responsável pela coleta:

49

APÊNDICE D – Artigo Original (Manuscrito)

ASSOCIAÇÃO DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR COM PARÂMETROS DE

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM

HEMODIÁLISE

Rayssa Lailane de Oliveira Lima¹

Maria Izabel Siqueira de Andrade²

Keila Fernandes Dourado³

Claudia Mota dos Santos4

Emerson Rogério Costa Santiago5

Laís Sousa Barbosa6

Conflito de Interesses: Não há.

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da fundação de

hematologia e hemoterapia do Estado de Pernambuco: CAAE: 37341614.4.0000.5195

ASSOCIAÇÃO DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR COM PARÂMETROS DE

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM

HEMODIÁLISE

RESUMO

Com o objetivo de verificar a espessura do músculo adutor do polegar (EMAP) e sua

associação com parâmetros de avaliação nutricional em pacientes renais crônicos em

hemodiálise, conduziu-se a presente investigação de caráter transversal realizada com 40

pacientes com idade média de 54,4±14,5 anos submetidos à hemodiálise no Hospital Barão de

Lucena, Recife-PE. A EMAP identificou 35,0% (n=14) de pacientes em risco

nutricional/desnutrição e revelou associação com o índice de massa corporal e com a prega

cutânea tricipital (p<0,05). A EMAP se mostrou como um método simples e viável na

execução da avaliação nutricional de pacientes renais crônicos em hemodiálise.

50

Palavras-chave: Hemodiálise. Desnutrição. Doença Renal Crônica.

INTRODUÇÃO

A perda progressiva e irreversível da função renal, com comprometimento das funções

glomerular, tubular e/ou endócrina dos rins, caracteriza a doença renal crônica (DRC). Na

vigência do distúrbio, tais órgãos não são eficazes em manter a homeostase interna do

paciente, sendo necessários tratamentos adequados e condutas específicas. (CURCINO DA

SILVA et al, 2010).

Atualmente, o tratamento dialítico mais utilizado nos pacientes renais crônicos é a

hemodiálise (HD). Apesar dos benefícios da terapia na sobrevida, os indivíduos submetidos à

HD exibem, em sua maioria, um quadro de desnutrição de natureza multifatorial, incluindo-se

nesse fato a diminuição da ingestão alimentar, distúrbios hormonais, restrições dietéticas, uso

de fármacos e enfermidades associadas (COIMBRA DE OLIVEIRA, 2011).

A avaliação nutricional de pacientes clínicos tem como objetivo estimar possibilidades

de mortalidade e morbidade relacionadas com a desnutrição. Verifica-se que métodos

sofisticados de avaliação do estado nutricional não são aplicados ao leito, pois são de custo

elevado. Com base nisso, ultimamente, a espessura do músculo adutor do polegar (EMAP)

vem sendo utilizada como um parâmetro antropométrico na prática de avaliação de vários

grupos específicos de pacientes (ANDRADE, 2008). O músculo avaliado durante a execução

da medida mostra-se sensível a depleção de massa magra, sendo dificilmente afetado pelo

nível de hidratação do paciente, situação frequentemente alterada nos pacientes renais.

Porém, ainda não há um ponto de corte específico da EMAP para os portadores da doença

renal crônica. (CARRERO et al, 2008; SHIZGAL et al, 1986). De acordo com Oliveira et al

(2012), a EMAP reduzida é diretamente associada à maior probabilidade de hospitalização.

Além disso, valores reduzidos do parâmetro são comumente observados naqueles indivíduos

com baixo peso, segundo o índice de massa corporal (IMC) (DOBNER et al, 2014).

Diante do exposto, estudos envolvendo a avaliação nutricional através de parâmetros

de baixo custo e de fácil aferição se faz necessário em pacientes renais crônicos submetidos à

HD, uma vez que a desnutrição é uma condição presente nessa população. Soma-se a este

fato, a escassez de investigações levando em consideração o uso da EMAP no grupo

populacional em questão.

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a EMAP de pacientes renais

crônicos em HD e associá-la com parâmetros clássicos de avaliação do estado nutricional.

51

MÉTODO

Desenho do estudo

Trata-se de um estudo de delineamento transversal, realizado no período de abril a

maio de 2015, incluindo pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, em tratamento de HD

no Hospital Barão de Lucena (HBL), localizado na cidade do Recife-PE.

Os dados foram obtidos a partir de uma pesquisa maior intitulada “Circunferência do

pescoço como indicador de risco cardiovascular em pacientes renais crônicos em

hemodiálise”, sendo incluídos pacientes renais crônicos de ambos os sexos com idade igual

ou superior a 18 anos, em tratamento hemodialítico. Aqueles indivíduos com presença de

edema e ascite perceptível, amputados, incapazes de prestar informações e que estivessem

sem acompanhantes foram excluídos da presente casuística.

A coleta de dados foi realizada a partir de informações obtidas dos prontuários (idade,

sexo, tempo de HD, comorbidades, níveis séricos de albumina) e entrevistas com os pacientes

(dados socioeconômicos, do estilo de vida e antropométricos).

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres

Humanos da fundação de hematologia e hemoterapia do Estado de Pernambuco, sob CAAE:

37341614.4.0000.5195, de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

O paciente recebeu explicações a respeito da pesquisa e todo o seu desenvolvimento, com

leitura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), e somente após sua assinatura

foi iniciada a coleta de dados.

Avaliações demográfica, socioeconômica e do estilo de vida

Os dados pessoais e de saúde do paciente, bem como as comorbidades presentes,

foram obtidos a partir de coleta nos prontuários, com uso de formulários elaborados

especialmente para a pesquisa.

O nível socioeconômico, adquirido durante a entrevista ao paciente, foi organizado em

categorias de A a E, segundo os critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

(ABEP,2015).

Para a avaliação do estilo de vida, primeiramente foi observada a prática e o tipo de

atividade física de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010) que recomenda a

52

realização de exercícios físicos de intensidade moderada durante 40 a 60 minutos de 3 a 5

vezes por semana. O consumo de álcool foi determinado pela ingestão de pelo menos uma

dose de qualquer bebida alcoólica nos trinta dias prévios à pesquisa (BRASIL, 2015), sendo

categorizado em consome e não consome. Quanto ao hábito de fumar, os participantes foram

divididos em não fumantes, ex-fumantes e fumantes de acordo com o estudo de Silva, Sousa e

Schargodsky (1998). Foram considerados fumantes aqueles pacientes que responderam que

fumam regularmente pelo menos uma vez por semana ou diariamente durante o ano; não-

fumante, o indivíduo que nunca fumou e que tenha parado de fumar há mais de 10 anos e ex-

fumante aquele que não fumou no ano anterior ao estudo, mas que tenha fumado no período

entre um e dez anos anteriores à pesquisa.

Avaliação do risco nutricional

O risco nutricional foi obtido por meio da avaliação subjetiva global (ASG) de escala

de 5 pontos validada para a população em HD (STEIBE et al 2007). O preenchimento da ASG

foi realizado após a sessão de HD e para a pontuação do estado nutricional foi considerado

bem nutrido/desnutrido leve: 6 a 7 pontos na maioria das categorias, desnutrido moderado:

3,4 ou 5 pontos e desnutrido grave com predomínio das questões de “1 a 2 pontos”.

Avaliação antropométrica

Para verificar o estado nutricional, os pacientes foram submetidos à avaliação

antropométrica após a realização da diálise. Foi analisado o peso e a altura para realização do

IMC, a circunferência do braço (CB) e prega cutânea tricipital (PCT), os quais possibilitaram

a determinação da circunferência muscular do braço (CMB) e da área muscular do braço

corrigida (AMBc), e a EMAP.

A avaliação antropométrica foi iniciada com a obtenção do peso seco (pós-dialítico),

utilizando uma balança de marca Welmy®, e a altura foi medida através de um estadiômetro

de alumínio acoplado a balança. O peso e a altura foram adquiridos de acordo com a técnica

determinada por Lohman et al (1988). O diagnóstico do estado nutricional pelo IMC foi

realizado de acordo com os valores indicados pelo World Health Organization (WHO, 1998),

para adultos, e segundo a classificação de Lipschitz (1994), para os idosos.

Para a realização da CB foi utilizada uma fita métrica inelástica, e o braço medido foi

aquele sem acesso vascular. No caso de acesso em ambos os braços, escolheu-se o braço

dominante. Durante a avaliação, o paciente encontrou-se em posição ereta com o braço

53

relaxado para localização do ponto médio através da porção mais distal do acrômio e a mais

distal do olecrano. A medida da CB foi realizada com o braço flexionado em direção ao tórax,

formando ângulo de 90º (LOHMAN, et al., 1988).

Sequencialmente foi avaliada a PCT através de adipômetro científico da marca

CESCORF®, sendo executada no mesmo braço onde foi observada a CB (LOHMAN et al,

1988). A medida foi realizada em triplicata para cálculo da média.

A partir dos valores de CB e PCT foi obtida a CMB (Blackburn, 1977) e a AMBc

(1982).

A adequação da CB, PCT, CMB e AMBc foi realizada utilizando-se como padrão de

referência o percentil 50 correspondente ao sexo e a idade das tabelas de Frisancho (1990),

indicado para indivíduos com idade ≤ a sessenta anos. O resultado encontrado foi classificado

pelas tabelas de Blackburn (1977). Para aqueles com mais de 60 anos, utilizou-se as tabelas de

percentil, segundo sexo e idade, recomendadas pelo National Health and Nutrition

Examination Survey (NHANES, 1988-1991).

A EMAP foi avaliada na mão dominante, com o paciente sentado, mãos repousando

sobre o joelho homolateral e cotovelo com ângulo de aproximadamente 90° com o antebraço.

Foi utilizado um adipômetro da marca CESCORF® para pinçar o músculo no vértice de um

triângulo imaginário formado pela extensão do polegar e indicador. O ponto de corte adotado

para identificação do risco nutricional/desnutrição, segundo o critério, foi aquele de 13,4mm

para a mão dominante, preconizado por Lameu et al (2004).

Avaliação bioquímica

Na ocasião da pesquisa, foram transcritos dos prontuários os valores de albumina

sérica dos indivíduos incluídos no estudo. O parâmetro foi classificado conforme os valores

de referência indicados por Riella (2011): normal: >3,5; depleção leve: 3,0-3,5; depleção

grave: < 2,4; depleção moderada: 2,4-2,9. Para fins de análise, a variável foi categorizada em

normal, quando >3,5, e reduzida, quando ≤3,5.

Análises estatísticas

As análises estatísticas foram executadas no programa Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS) versão 13.0, com apresentação dos dados na forma de frequências

absolutas e frequências relativas.

54

Na descrição das proporções, procedeu-se uma aproximação da distribuição binomial

à distribuição normal pelos intervalos de confiança (IC95%), sendo constatadas diferenças

significativas quando não houvesse sobreposição dos respectivos IC95%.

A associação da EMAP com as demais variáveis foi realizada a partir do teste Exato

de Fischer, sendo constatadas associações estatisticamente significantes quando p<0,05.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 40 pacientes com diagnóstico de DRC em HD,

apresentando idade média de 54,4±14,5 anos. Destes, 72,5% (n=29) eram do sexo masculino.

Quanto ao tempo de HD, a maior parte da população avaliada (72,5%; n=29) afirmou

encontrar-se no tratamento por um período superior a 12 meses (>1 ano).

As frequências de comorbidades relatadas pelos pacientes no presente estudo foram

similares entre os participantes. No tocante ao estilo de vida, houve maior proporção de

indivíduos inativos (82,5%; n=33) e que faziam uso de etanol (72,5%; n=29). Segundo os

critérios da ABEP, 72,5% (n=29) dos pacientes foram classificados nas classes sociais

denominadas D e E (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização socioeconômico-demográfica, clínica e do estilo de vida de

pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015.

Variáveis N % IC95%

Sexo

Masculino 29 72,5 56,1-84,5

Feminino 11 27,5 15,5-43,9

Tempo de Hemodiálise

<1 ano 11 27,5 15,5-43,9

>1 ano 29 72,5 56,1-84,4

Comorbidade

DM 7 17,5 8,2-33,2

HAS 23 57,5 41,2-72,2

DM + HAS 10 25,0 14,6-41,3

Prática de Atividade Física

Ativo 7 17,5 8,2-33,2

Inativo 33 82,5 66,7-91,7

Etilismo

Etilista 29 72,5 56,0-84,4

Não Etilista 11 27,5 15,5-43,9

Tabagismo

Tabagista 15 37,5 23,5-53,9

Não Tabagista 25 62,5 46,0-76,4

Classificação da ABEP

B e C 11 27,5 15,5-43,9

55

IC95%: Intervalo de confiança 95%; DM: Diabetes Mellittus; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; ABEP:Associação

Brasileira de Empresas de Pesquisa.

Na tabela 2, observa-se que, conforme a classificação dos parâmetros antropométricos

analisados, não houve diferença entre as frequências dos respectivos diagnósticos

nutricionais. Segundo a ASG, foi identificada predominância de pacientes eutróficos (90,0%;

n=36).

A EMAP do grupo estudado mostrou que 35% (n=15; IC95%: 21,4-51,5) dos pacientes

apresentavam risco nutricional/desnutrição, de modo que, 65% (n=26; IC95%: 48,4-78,5)

evidenciaram o valor da variável em condições normais.

De acordo com a classificação da albumina, observou-se que 87,5% (n=35;

IC95%:72,4-94,9) dos pacientes encontravam-se com o valor dentro dos limites da normalidade

e, por conseguinte, 12,5% (n=5; IC95%: 0,50-27,5) dos indivíduos revelaram níveis séricos

reduzidos do parâmetro bioquímico.

Tabela 2. Caracterização Antropométrica e Subjetiva de pacientes em hemodiálise atendidos

no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE, 2015.

IMC: Índice de Massa Corporal; CB: Circunferência do Braço; PCT: Prega Cutânea Tricipital; CMB: Circunferência

Muscular do Braço; AMBc: Área Muscular do Braço Corrigida; ASG: Avaliação Subjetiva Global.

D e E 29 72,5 56,0-84,4

Variáveis n % IC95%

IMC

Baixo Peso 9 22,5 11,7-38,6

Eutrofia 15 37,5 23,5-53,9

Excesso de Peso 16 40,0 25,6-56,3

Classificação da CB

Desnutrição 22 55,0 38,9-70,0

Eutrofia 12 30,0 17,4-46,4

Sobrepeso / Obesidade 6 15,0 6,6-30,4

Classificação da PCT

Desnutrição 16 40,0 25,6-56,3

Eutrofia 7 17,5 8,2-33,2

Sobrepeso / Obesidade 17 42,5 27,7-58,7

Classificação da CMB

Desnutrição 20 50,0 34,3-65,6

Eutrofia 20 50,0 34,3-65,6

Classificação da AMBc

Eutrofia 22 55,0 38,9-70,0

Desnutrição 18 45,0 29,9-61,0

Classificação da ASG

Desnutrição 4 10,0 3,6-24,6

Eutrofia 36 90,0 75,3-96,3

56

Associando-se a EMAP com as variáveis gerais analisadas neste estudo, constatou-se

associação estatisticamente significante com o sexo, onde houve maior frequência de

indivíduos do sexo feminino com risco nutricional e desnutrição, segundo a EMAP (Tabela

3).

Tabela 3. Associação do Músculo Adutor do Polegar com variáveis socioeconômico-

demográficas, clínicas e do estilo de vida de pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital

Barão de Lucena. Recife/PE, 2015.

EMAP: Espessura do Músculo Adutor do Polegar; DM: Diabetes Mellittus; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica;

ABEP:Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.

Teste Exato de Fischer. *p<0,05.

No que diz respeito à associação da EMAP com os parâmetros antropométricos e a

ASG, verificou-se associação estatisticamente significante do EMAP com o IMC e a PCT,

sendo evidenciadas maiores frequências de risco nutricional/desnutrição pelo EMAP nos

pacientes com baixo peso, segundo o IMC, e naqueles desnutridos, conforme a PCT (Tabela

4).

Variáveis

EMAP

p-valor Eutrofia Risco/Desnutrição

N % N %

Sexo

Masculino 22 75,9 7 24,1 0.029*

Feminino 4 36,4 7 63,6

Tempo de Hemodiálise

<1 ano 8 72,7 3 27,3 0.715

>1 ano 18 62,1 11 37,9

Comorbidades

DM 3 42,9 4 57,1 0.281

HAS 15 65,2 8 34,8

DM + HAS 8 80,0 2 20,0

Classificação da ABEP

B e C 9 81,8 2 18,2 0.270

D e E 17 58,6 12 41,4

Prática de Atividade Física

Ativo 6 85,7 1 14,3 0.387

Inativo 20 60,6 13 39,4

Etilismo

Etilista 20 69,0 9 31,0 0.469

Não Etilista 6 54,5 5 45,5

Tabagismo

Tabagista 11 73,3 4 26,7 0.502

Não Tabagista 15 60,0 10 40,0

57

Tabela 4. Associação do Músculo Adutor do Polegar com variáveis antropométrica e

subjetiva de pacientes em hemodiálise atendidos no Hospital Barão de Lucena. Recife/PE,

2015.

EMAP: Espessura do Músculo Adutor do Polegar; IMC: Índice de Massa Corporal; CB: Circunferência do Braço; PCT:

Prega Cutânea Tricipital; CMB: Circunferência Muscular do Braço; AMBc: Área Muscular do Braço Corrigida; ASG:

Avaliação Subjetiva Global.

Teste Exato de Fischer. *p<0,05.

DISCUSSÃO

Investigações incluindo o uso da EMAP em pacientes renais crônicos em HD são

escassas na literatura. No presente estudo, indivíduos do sexo masculino perfizeram a maior

parcela da amostra (72,5%; n=29). Dobner e colaboradores (2014) ao avaliar o estado

nutricional de 90 pacientes renais crônicos em HD de Passo Fundos/RS verificaram, de forma

similar, uma frequência maior de participantes do sexo masculino (77,8%; n=70). Uma

primeira dimensão para a frequência elevada do público masculino pode ser explicada pela

baixa incorporação de homens nos programas de prevenção de doenças e promoção de saúde,

Variáveis

EMAP

p-valor Eutrofia Risco/Desnutrição

N % N %

Classificação do IMC

Baixo Peso 3 33,3 6 66,7 0.021*

Eutrofia 9 60,0 6 40,0

Excesso de Peso 14 87,5 2 12,5

Classificação da CB

Desnutrição 12 54,5 10 45,5 0.147

Eutrofia 8 66,7 4 33,3

Sobrepeso / Obesidade 6 100,0 0 0,0

Classificação da PCT

Desnutrição 4 25,0 12 75,0 0.000*

Eutrofia 6 85,7 1 14,3

Sobrepeso / Obesidade 16 94,1 1 5,9

Classificação da CMB

Desnutrição 12 60,0 8 40,0 0.741

Eutrofia 14 70,0 6 30,0

Classificação da AMBc

Eutrofia 15 68,2 7 31,8 0.744

Desnutrição 11 61,1 7 38,9

Classificação da ASG

Desnutrição 4 100,0 0 0,0 0.278

Eutrofia 22 61,1 14 38,9

58

visto que os mesmos não aderem de forma adequada às estratégias de saúde pública

disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). (COUTO et al., 2010).

Com a análise do questionário da ABEP, 72,5% (n=29) dos pacientes foram

considerados nas classes sociais D e E. Melo (2014), ao investigar 30 pacientes em HD,

aproximou-se desta realidade, observando que a maioria da amostra avaliada (96,6%; n= 32)

foi classificada entre as classes C e E. A DRC é associada ao baixo nível socioeconômico por

alguns motivos, entre eles expõem-se as problemáticas enfrentadas pelos pacientes ao tentar o

acesso e o tratamento da patologia nos serviços de saúde (ZAMBONATO, 2008; LUGON,

2009). Um aspecto importante a ser destacado refere-se ao fato de que a presente casuística

foi conduzida em um hospital público, com indivíduos, em sua maioria, provavelmente

cadastrados no SUS, modelo assistencial direcionado às camadas mais carentes da população.

No tocante à prática de atividades físicas, verificou-se que 82,5% (n=33) dos

indivíduos estudados encontravam-se inativos. É bem descrito na literatura que a prática de

atividade física regular é de suma importância na prevenção de diversas doenças. Entretanto, a

inatividade física dos pacientes estudados pode ser decorrente das limitações físicas que a

DRC apresenta, já que o fator atividade física obedece a uma série de condições, tais como:

peso, idade, sexo, nível de saúde atual, habilidades, questões ambientais, entre outros fatores

(NAHAS, 2006).

Quanto às comorbidades associadas à DRC, a hipertensão (HAS) encontrava-se em

maior frequência entre os indivíduos estudados, sendo relatada por 57,5% (n=23) dos

pacientes. Biavo e colaboradores (2010), em um estudo com pacientes renais crônicos

submetidos à HD no Brasil, também apresentou esse dado, revelando um total de 85,3% (n=

2511) de indivíduos com o distúrbio. A HAS é a condição patológica mais presente e fator de

risco para a DRC, acometendo mais de 60% dessa população (SESSO, 2014).

Com relação ao estado nutricional, 40% (n=16) dos pacientes avaliados nesta

investigação apresentaram excesso de peso, segundo o IMC. Ao utilizar o mesmo indicador

antropométrico, Barros (2015), avaliando dados da composição corporal, depressão, qualidade

de vida e mortalidade em pacientes submetidos à HD, verificou um número significante de

pacientes acima da classificação de eutrofia, observando que 50,4% (n=53) da amostra

encontrava-se com excesso de peso. Segundo Stefanelli et al. (2010), apresentar o peso mais

elevado pode ser benéfico para essa população, já que o baixo peso está relacionado com o

aumento da morbimortalidade. Em contrapartida, Riella e colaboradores (2011) considera que

intervenções nutricionais que incentivem o sobrepeso/obesidade não podem ser recomendadas

para pacientes renais em HD, pois essa condição corrobora intensamente para o

59

desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, HAS e

coronariopatias.

Com a análise dos resultados da ASG aplicada nesta casuística, o método diagnosticou

90% (n= 36) de pacientes com eutrofia. Melo (2014), ao utilizar o questionário da ASG em 30

pacientes renais crônicos submetidos à HD no Hospital das Clínicas de Recife-PE, verificou

que 80% (n=24) dos participantes se apresentaram na classificação de risco

nutricional/moderadamente desnutrido, mostrando divergência com o estudo em questão. Já

Lameu et al (2005), ao aplicar a ASG em 99 pacientes cirúrgicos no Hospital Universitário

Clemetino Fraga Filho do Rido de Janeiro, destacou que 80% dos indivíduos apresentaram

eutrofia. Os diferentes resultados podem ter ocorrido pela variação populacional dos estudos

citados.

A ASG é um método de baixo custo, não invasivo, de fácil aplicação e frequentemente

utilizada em pacientes renais. Estudos têm demonstrado correlação entre a ASG e outros

marcadores nutricionais como IMC, CMB e albumina. Nesse cenário, pesquisas também têm

revelado a ASG como um importante preditor de mortalidade (LOCATELLI et al. 2002;

STENVINKEL et al. 2002). Porém, na presente investigação, o método não se associou com

os parâmetros antropométricos avaliados, mais especificamente com a EMAP.

No que diz respeito à EMAP, a medida mostrou-se em depleção para 35% (n=15) dos

pacientes estudados, sendo um dado relevante para a pesquisa. Dobner et al (2014), em estudo

com 90 pacientes renais crônicos em HD de Passo Fundos/RS, detectaram 12,3% de

indivíduos com depleção muscular a partir do parâmetro.

A EMAP vem sendo citada na literatura como um marcador promissor para a

avaliação nutricional, pois o músculo avaliado durante a execução da medida mostra-se

sensível a depleção de massa magra, sendo dificilmente afetado pelo nível de hidratação do

paciente, situação frequentemente alterada nos pacientes renais (CARRERO et al., 2008;

SHIZGAL et al., 1986).

Ainda sobre a EMAP, pôde-se observar que a mesma apresentou associação

estatisticamente significante com o IMC e com a PCT. Costa de Oliveira et al. (2012), na

investigação nutricional de 58 pacientes renais crônicos em HD em um centro do Nordeste do

Brasil, verificaram que 84,5% (n=49) dos pacientes encontravam-se em desnutrição através

do marcador da PCT. Melo (2014), em seu estudo com 30 pacientes renais crônicos em HD,

utilizou esse mesmo parâmetro e observou que 56,7% (n= 17) dos indivíduos analisados

encontrava-se em estado de desnutrição. Costa de Oliveira et al (2012), afirma que o

60

marcador PCT é pouco viável para aplicar em pacientes renais crônicos em HD, pois o

mesmo pode subestimar o estado nutricional dos sujeitos avaliados.

Indivíduos do sexo feminino demonstraram maiores percentuais de risco

nutricional/desnutrição, segundo a EMAP (63,6%; n=7). Seguindo esta tendência, em estudo

conduzido por Melo (2014) com 30 pacientes renais crônicos em HD no Hospital das Clínicas

de Recife-PE, as mulheres submetidas à HD apresentaram menores valores médios da EMAP

quando comparados aos valores evidenciados pelo sexo masculino (18,6±5,57 para mulheres

e 20,7±6,11 para homens).

Com relação à essa temática, sabe-se que a composição corporal é divergente entre os

sexos. Indivíduos do sexo feminino normalmente apresentam menor massa muscular em

termos absolutos e relativos, quando confrontadas à composição corporal masculina. Apesar

da composição de fibras musculares serem semelhantes em ambos os sexos, o volume de cada

fibra é mais elevado no sexo masculino, proporcionando aos mesmos uma depleção muscular

mais lenta (LEITÃO et al. 2000). Nessa perspectiva, pode-se inferir que a perda de massa

magra nos pacientes renais do sexo masculino pode ocorrer de forma mais gradativa, fator que

propicia a detecção mais precoce e a maior ocorrência de risco nutricional e desnutrição nos

indivíduos do sexo feminino.

Algumas limitações acerca dos resultados discutidos no presente estudo devem ser

consideradas, dentre elas, a escassez de trabalhos que utilizaram o marcador da EMAP como

um método de avaliação do estado nutricional de pacientes renais crônicos, evento que

restringiu este estudo em termos de comparabilidade; e o tipo de investigação efetuada, de

característica transversal, que acarretou uma impossibilidade de atribuição de causa e efeito

nos resultados, entretanto este delineamento foi selecionado pelo fato de ser um estudo rápido

e de baixo custo, permitindo uma análise dos padrões de distribuição das variáveis

observadas.

Apesar dos fatores previamente citados, a pesquisa descreveu os dados de pacientes

cadastrados no setor de HD do Hospital Barão de Lucena – PE, incluindo o uso da EMAP, a

qual apontou associação com parâmetros antropométricos, sendo estatisticamente significante

com o IMC e a PCT. Sugere-se a EMAP como um método promissor, rápido e de baixo custo

na avaliação nutricional de pacientes renais crônicos em HD.

61

ASSOCIATION OF THE ADDUCTOR POLLICIS MUSCLE THICKNESS WITH

NUTRITIONAL ASSESSMENT PARAMETERS IN PATIENTS IN DIALYSIS FOR

CHRONIC KIDNEY DISEASE

ABSTRACT

In order to verify the adductor pollicis muscle thickness (APMT) and its association with

nutritional assessment parameters in patients in dialysis for chronic kidney disease, this cross-

sectional research was conducted. The sample comprised 40 patients undergoing hemodialysis

in Barão de Lucena Hospital/Recife-PE. The APMT identified 35.0% (n=14) of patients at

nutritional risk/malnutrition and it was associated with body mass index and the triceps

skinfold (p <0.05). The APMT was as a simple and feasible method for the nutritional

assessment of patients in dialysis for chronic kidney disease.

Keywords: Hemodialysis. Malnutrition. Chronic Kidney Disease.

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63

ANEXOS

ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

64

ANEXO 2 - Classificação Econômica da População

65

ANEXO 3 - AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL MODIFICADA (PACIENTES EM

HEMODIÁLISE) A. HISTÓRIA CLÍNICA

1. Perda de peso (últimos 6 meses): ______ kg (peso usual: _______kg; peso atual: ______kg)

Resultado: Nenhum = 1 | < 5% = 2 | 5-10% = 3 | 10-15% = 4 | >15% = 5

2. Mudança na ingestão alimentar:

Resultado: Nenhum = 1 | Dieta sólida insuficiente = 2 | Dieta líquida ou ↓ moderada = 3 | Dieta líquida

hipocalórica = 4 | Jejum =5

3. Sintomas gastrointestinais (presentes por mais de 2 semanas):

Resultado: Nenhum = 1 | Náuseas = 2 | Vômitos ou sintomas moderados = 3 | Diarréia = 4 | Anorexia

grave = 5

4. Incapacidade funcional (relacionada ao estado nutricional):

Resultado: Nenhum (ou melhora) = 1 | Dificuldade de deambulação = 2 | Dificuldade com atividades

normais = 3 |

Atividade leve = 4 | Pouca atividade ou acamado/ cadeira de rodas = 5

5. Comorbidades:

Resultado: Tempo diálise < 1 ano e sem comorbidades = 1 | Tempo diálise 1-2 a. ou comorbidade leve =

2 | Tempo diálise 2-4 a. ou idade > 75 a. ou comorbidade moderada = 3 | Tempo diálise > 4 a. ou

comorbidade grave = 4 | Comorbidades graves e múltiplas = 5.

B. EXAME FÍSICO

1. Reservas diminuídas de gordura ou perda de gordura subcutânea (face, MMII, MMSS, tórax e

abdômen):

Resultado: Nenhuma = 1 | Leve = 2 | Moderada = 3 | Grave = 4 | Gravíssima = 5.

2. Sinais de perda muscular (têmporas, masseter, clavícula, escápula, costelas, bíceps, tríceps,

quadríceps, joelhos, panturrilha, interósseos):

Resultado: Nenhum = 1 | Leve = 2 | Moderado = 3 | Grave = 4 | Gravíssimo = 5.

3. Sinais de edema/ascite/anasarca:

Resultado: Nenhum = 1 | Leve = 2 | Moderado = 3 | Grave = 4 | Gravíssimo = 5.

INTERPRETAÇÃO: 8 = Adequado | 9-23 = Risco nutricional/desnutrição leve | 24-31 =

Desnutrição moderada | 32-39 = Desnutrição grave | 40 = Desnutrição gravíssima.