UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós...
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Agronomia
Linha de pesquisa: Fruticultura de Clima Temperado
Tese
Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e
produtividade
Gisely Correa de Moura
Pelotas, 2013
Gisely Correa de Moura Engenheira Agrônoma
Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e produtividade
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências, área de concentração em Fruticultura de Clima Temperado.
Orientador: Luis Eduardo Corrêa Antunes
Co-Orientadores: Marcia Vizzotto e Giancarlo Bounous
Pelotas, 2013
Dados Internacionais de Publicação (CIP)
M929a Moura, Gisely Correa de Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo:qualidade e produtividade / Gisely Correa de Moura;Luis Eduardo Corrêa Antunes, orientador; Marcia Vizzotto, co-orientador. – Pelotas, 2013. 130 f.
Tese (Doutorado em Agronomia), UFPel, UniversidadeFederal de Pelotas. Pelotas, 2013.
1.Vaccinium. 2.poda. 3.nitrogênio. 4.fitoquímicos.5.enxofre. I. Antunes, Luis Eduardo Corrêa , orient.II. Vizzotto, Marcia , co-orient. III. Título.
CDD: 634.4
Catalogação na Fonte: Gabriela Machado Lopes CRB:10/1842Universidade Federal de Pelotas
Aos meus avós, Paulo Leopoldo Correa (in memoriam) e Margarida Silveira Correa,
DEDICO
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina, Sê um arbusto no vale, mas sê O melhor arbusto à margem do regato. Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore. Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva E dá alegria a algum caminho. Se não puderes ser uma estrada, Sê apenas uma senda, Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela. Não é pelo tamanho que terás êx Mas sê o melhor no que quer que sejas. Sê - Pablo Neruda
Comissão examinadora: Orientadores Dr. Luis Eduardo Corrêa Antunes (presidente)
Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS
Drª. Marcia Vizzotto
Pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS
Banca examinadora Drª. Ana Cristina Richter Krolow
Pesquisadora Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS
Dra. Maria do Carmo Bassols Raseira
Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas RS
Dr. Paulo Celso de Mello-Farias
Professor UFPel Departamento de Fitotecnia, Pelotas - RS
Dr. Sergio Ruffo Roberto
Professor Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina PR
Dr. Flávio Gilberto Herter
Professor UFPel Departamento de Fitotecnia, Pelotas - RS
Apresentação
Este trabalho foi desenvolvido no programa de Pós-Graduação em
Agronomia, na Universidade Federal de Pelotas e no Dipartamento di Colture
Arboree, na Università degli studi di Torino, sob orientação do Dr. Luis Eduardo
Corrêa Antunes e co-orientação da Dra. Marcia Vizzotto e do Professor Dr.
Giancarlo Bounous, no período de março de 2009 a julho de 2013. Foram
realizados estudos sobre o manejo do mirtileiro (Vaccinium spp.), que estão
apresentados em quatro capítulos sobre manejo do solo e planta, e para
melhor compreensão dos temas pesquisados, o trabalho inicia com a revisão
bibliográfica dos temas mais relevantes.
Agradecimentos
A Deus pela vida e fortalecimento nos momentos mais difíceis.
À Universidade Federal de Pelotas, pela oportunidade de realizar o
curso de Pós-Graduação em Agronomia e à Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudo.
À Embrapa Clima Temperado, pelo apoio à realização dos trabalhos
desenvolvidos nesta pesquisa.
À Universitá degli studi di Torino, que me recebeu de forma acolhedora
fornecendo o suporte necessário para que eu pudesse ficar bem durante o
período planejado. Agradeço o empenho do prof. Dr. Giancarlo Bounuos e seus
colaboradores (Dario Dono, Sara Canterino, Alessandro Ceruti, dentre outros). Aos orientadores, Dr. Luis Eduardo Corrêa Antunes, Dra. Marcia Vizzotto
e Prof. Dr. Giancarlo Bounous, pelos ensinamentos transmitidos neste período.
Ao senhor Flávio Gilberto Herter, proprietário do pomar onde foram
desenvolvidos alguns trabalhos e ao senhor Jader, pelo apoio.
Aos meus familiares, que mesmo distante se fazem presente em todos
os momentos com palavras de carinho, conforto e força.
A nossa equipe de trabalho, sempre presente em todos os momentos,
pronta para auxiliar em tudo: Ana Paula Correa Antunes, Carine Cocco, Daiana
Finkenauer, Ivan Pereira, Luciane Leitzke, Luciano Picolotto, Gerson Vignolo,
Michél Aldrighi Gonçalves, Sarah Fiorelli de Carvalho, Silvia Carpenedo, Taisa
Bandeira, meu muito obrigada.
A Dra. Maria do Carmo Bassols Raseira e toda sua equipe, funcionários
e estagiários: Everton Pederzolli, Robson Rosa de Camargo, Welligton
Rodrigues da Silva, Chaiane Milech, Leonardo Milech, Mauro Llovet, Viviane
Tavares, Silvia Carpenedo, Silvia Scariotto, Juliano Santos, Estela de Carvalho
Martins.
À Ivoni Went, o meu mais doce agradecimento. Aos conhecê-la descobri
que existem anjos entre nós.
À Edna Albertina Borguezan, meu agradecimento especial por sua nobre
presença em minha vida.
À Arlete de Carvalho Lage, meu agradecimento com gostinho de café
italiano (cappuccino per favore), acompanhado de um delicioso croissant, ou
seria melhor com pão de queijo?
À querida amiga Simone Nunes Sperry, agradeço a tão sublime
presença em minha vida.
Às amigas Juliana Bertolino, Maria Sonia Bertolino e Camila Bertolino,
por tão nobre amizade e companheirismo e também por me acolherem com
tanto carinho sempre.
À minha amiga/irmã Hérica Larissa Borguezan, a flor mais linda do meu
jardim, sempre presente com palavras de amor e carinho.
Juliano Santos, grande amigo, obrigada, pelos auxílios na tese,
conselhos pessoais, profissionais e companhia do mate.
À Viviane Tavares e Caroline Tavares, por suportarem esses meus dias
de chatice, digo, de total concentração nas escritas. Meninas, obrigada por
tudo. Serei sempre grata pela forma tão amigável que vocês me receberam e
acompanharam nessa etapa final do processo.
Michele Frank Chavarria Nogueira, meu agradecimento especial pelos
momentos de paz e serenidade que compartilhamos.
Elisiane Martins Oliveira Barbosa, minha escritora e poeta favorita,
amiga do meu coração, obrigada por tudo, e que honra poder pedir a você uma
correção deste humilde trabalho.
Os amigos que entraram em minha vida para sempre, quem sabe
esquecerei alguns nomes, mas todos de forma direta contribuíram e muito para
o meu aperfeiçoamento pessoal e profissional: Andressa Comiotto, Clarissa
Santos, Franciane Silva e Ana Paula Schunemann.
À todos que, de alguma forma, contribuíram para a conclusão deste
trabalho, o meu mais sincero agradecimento.
Resumo MOURA, Gisely Correa. Aspectos de manejo e cultivares de mirtilo: qualidade e produtividade. 2013. 130f. Tese (Doutorado) Programa de Pós Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Este estudo teve como objetivo avaliar o crescimento, a produção e a qualidade das frutas de mirtileiros, sob diferentes formas de manejo de plantas. Os fatores avaliados foram: doses de nitrogênio, doses de enxofre e intensidades de poda. Além disso, foi avaliado, por meio de competição de cultivares, aquelas que apresentavam melhor qualidade de frutos, nas condições edafoclimáticas de Torino, norte da Itália. Para isso foram realizados quatro experimentos. (1) influência de doses de nitrogênio, utilizando como fonte o sulfato de amônio (NH4)2SO4 com 21% de N2 e 23% de enxofre; (2) influência de doses de enxofre em gramas por m3 de substrato; (3) avaliação da intensidade de poda; e (4) avaliação de cultivares Aurora, Berkeley, Bluecrop,
Gulfcoast, Jewel, Legacy, Liberty, Millenia, Misty, O'Neal, Ozarkblue, Palmetto, Primadonna, Sebring, Snowchaser, Southernbelle, Springhigh, Springwide, Star
Itália, durante o ano de (2011/2012). Em todos os experimentos as variáveis-resposta foram produção e qualidade de frutos, alcançada por meio de análises físico-químicas e presença de fitoquímicos nos frutos. Nos dois primeiros experimentos foram avaliados, ainda, os mineirais presentes nos frutos. Conclui-se que: as doses de nitrogênio aplicadas no solo não alteram produtividade e crescimento de plantas. Dentre as características físico-químicas dos frutos, apenas acidez total titulável é alterada pelas doses de nitrogênio. Antocianinas, compostos fenólicos e atividade antioxidante, são influenciadas pelas doses de nitrogênio. A produção de frutos e o crescimento de plantas, não foram alterados com as aplicações de enxofre, no primeiro ano de produção. Por outro lado, compostos fenólicos respondem de forma quadrática e a acidez total diminuiu, influenciada pelas aplicações de enxofre. Quanto à análises das cultivares na Italia, Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigitta, Legacy, Liberty, podem ser consideradas tardias, nas
olheita mais concentrada. A cultivar Jewel é uma das melhores com relação à composição físico-química, mas deve ser melhor estudada com relação à adaptabilidade. Legacy e Palmetto apresentam elevados teores de polifenóis, com frutos de bom tamanho e aparência. Palavras chave: Vaccinium, nitrogênio, enxofre, poda, fitoquímicos, adaptação.
Abstract MOURA, Gisely Correa. Management aspects and blueberry cultivars: quality and productivity. 2013. 130f. Thesis (Doctor degree) Programa de Pós Graduação em Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The objective of this study was to evaluate the growth, production and fruit quality of blueberry under different plant management. The parameters evaluated in Southern Brasil, were: nitrogen and sulfur dosages and pruning intensity. It was also corrield out a cultivar test to choose, the ones with better fruit quality in environmental conditions of Turin, northern Italy. Four experiments were conducted to reach the objectives: (1) the nitrogen influence, using ammonium sulfate (NH4)2SO4 with 21% N2 and 23% sulfur as a nitrogen source, (2) influence of sulfur dosages (in grams per m3 of pots), (3) evaluation of intensity of pruning, and (4) evaluation of cultivars Aurora, Berkeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigittablue, Draper, Duke, Emerald, group 'Northen highbush', and Gulfcoast, Jewel, Legacy, Liberty, Millenia, Misty, The ' Neal, Ozarkblue, Palmetto, Primadonna, Sebring, Snowchaser, SouthernBelle, Springhigh, Springwide, Star Group 'southern highbush'. The last experiment was conducted in Torino, Italy, during the 2011/2012 growth season. In all experiments the variables analyzed were production and fruit quality, achieved through physical and chemical analysis, and the presence of phytochemicals in fruits. In the first two experiments, were also evaluated the minerals present in fruits. The conclusions were: the nitrogen applied on soil does not alter plant growth and productivity. Among the physico-chemical characteristics of fruits, only total acidity is changed according to the nitrogen dosages. Anthocyanins, phenolic compounds and antioxidant activity are influenced by nitrogen. Fruit yield and plant growth were not altered with the sulfur application, in the first production year. Moreover, phenolic compounds exhibit quadratic response and the total acidity decreased influenced by the sulfur applications. In relation to the analysis of cultivars in Italy, Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigitta, Legacy, Liberty, may be considered late in the conditions of Torino. The cultivar O'Neal has the most concentrated harvest. The cultivar Jewel is one of the best in respect to physico-chemical composition, but should be further investigated in respect to adaptability. Legacy and Palmetto have high levels of polyphenols, with good fruit size and appearance. Key-words: Vaccinium, nitrogen, sulfur, pruning, phytochemicals, adaptation.
Sumário Introdução ................................................................................................................. 13
1.1 Objetivos específicos......................................................................................... 15 1.2 Hipóteses .......................................................................................................... 15
2 Revisão de literatura .............................................................................................. 16 2.1 Mirtilo no Brasil e no mundo .............................................................................. 16 2.2 Agregação de valores e consumo de mirtilo ...................................................... 17
3 Taxonomia e descrição botânica .............................................................................. 18 4 Exigências edafoclimáticas e manejo ...................................................................... 21
4.1 Solo ................................................................................................................... 21 4.2 Água .................................................................................................................. 22 4.3 Clima ................................................................................................................. 23 4.4 Adubação nitrogenada ...................................................................................... 24 4.5 Acidificação do solo ........................................................................................... 25 4.6 Manejo da poda ................................................................................................. 26
5 Grupos e cultivares .................................................................................................. 19 6 Caracterização físico-química de mirtilo ................................................................... 27 7 Propriedades funcionais e minerais dos frutos de mirtilo ......................................... 28
7.1 Antocianinas ...................................................................................................... 29 7.2 Compostos fenólicos ......................................................................................... 29 7.3 Atividade antioxidante ....................................................................................... 30 7.4 Fatores que podem alterar a concentração de compostos bioativos ................. 31
Referências bibliográficas ........................................................................................... 32 Capítulo 01 Crescimento de plantas, produção e qualidade dos frutos de mirtileiro submetidos a diferentes níveis de adubação nitrogenada ........................................... 42 Introdução ................................................................................................................... 42 2 Material e métodos .................................................................................................. 44
2.1 Produção e produtividade .................................................................................. 45 2.2 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade ............................................ 45 2.3 Massa seca de frutos ........................................................................................ 45 2.4 Medidas de ramos ............................................................................................. 46 2.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro ............................................... 46 2.6 Caracterização físico-química ........................................................................... 46
2.6.1 pH ............................................................................................................... 46 2.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 46 2.6.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 47
2.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 47 2.7.1 Coleta e preparo da amostra de frutos ........................................................ 47 2.7.2 Preparo do extrato ...................................................................................... 47 2.7.3 Quantificação de antocianinas totais: .......................................................... 47 2.7.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais ............................................. 48 2.7.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 48
2.8 Preparo das amostras para as análise de minerais nos mirtilos ........................ 48 2.8.1 Quantificação dos minerais nos mirtilos ...................................................... 49
2.9 Análise estatística ............................................................................................. 49 3 Resultados e discussão ........................................................................................... 49
3.1 Produção e produtividade .................................................................................. 49 3.2 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g) ............................. 51 3.3 Massa seca de frutos ........................................................................................ 52 3.4 Medidas de ramos (cm) ..................................................................................... 53 3.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro (unidades de SPAD) ............. 55 3.6 Caracterização físico-química ........................................................................... 56
3.6.1 pH ............................................................................................................... 56
3.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 57 3.6.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 58
3.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 59 3.7.1 Antocianinas totais ...................................................................................... 59 2.7.2 Compostos fenólicos totais ......................................................................... 60 2.7.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 61
3.8 Análise de minerais em frutos ........................................................................... 63 4 Conclusões .............................................................................................................. 64 Referências bibliográficas ........................................................................................... 65 Capítulo 02 Crescimento, produção e qualidade de mirtilo submetidos a diferentes níveis de enxofre ..................................................................................... 70 1 Introdução ................................................................................................................ 70 2 Material e métodos .................................................................................................. 72
2.1 Análise do pH do solo........................................................................................ 73 2.2 Medidas de ramos ............................................................................................. 73 2.3 Produção e produtividade .................................................................................. 73 2.4 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade ............................................ 74 2.5 Caracterização físico-química ........................................................................... 74
2.5.1 pH ............................................................................................................... 74 2.5.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 74 5.5.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 74 5.5.4 Cálculo da relação entre SST e AT ............................................................. 75
2.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 75 2.6.1 Coleta e preparo da amostra de frutos ........................................................ 75 2.6.2 Preparo do extrato ...................................................................................... 75 2.6.3 Quantificação de antocianinas totais ........................................................... 75 2.6.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais ............................................. 75 2.6.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 76
2.7 Análise de minerais em frutos ........................................................................... 76 2.7.1 Quantificação .............................................................................................. 76
2.8 Análise estatística ............................................................................................. 77 3 Resultados e discussão ........................................................................................... 77
3.1 Medidas de plantas ........................................................................................... 77 3.3 Produção e produtividade .................................................................................. 78 3.4 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g) ............................. 79 3.5 Caracterização físico-química ........................................................................... 80
3.5.1 pH ............................................................................................................... 80 3.5.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 80 3.5.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 81 3.5.4 Cálculo da relação entre SST e AT ............................................................. 82
3.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante .................... 83 3.6.1 Quantificação de antocianinas totais: .......................................................... 83 3.6.2 Quantificação dos compostos fenólicos totais: ............................................ 84 3.6.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 85
3.7 Análise de minerais em frutos ........................................................................... 86 4 Conclusões .............................................................................................................. 88 Referências bibliográficas ........................................................................................... 88 Capítulo 03 Influencia da poda sobre a produção, qualidade físico-química e compostos bioativos de mirtilo ............................................................................... 92 Introdução ................................................................................................................... 92 2 Material e métodos .................................................................................................. 93
2.1 Produção e produtividade .................................................................................. 94 2.2 Tamanho de frutos ............................................................................................ 94
2.3 Caracterização físico-química ........................................................................... 95 2.3.1 pH ............................................................................................................... 95 2.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)....................................................................... 95 2.3.3 Acidez total titulável (AT) ............................................................................ 95
2.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante ................... 95 2.4.1 Coleta e preparo da amostra de frutos ........................................................ 95 2.4.2 Preparo do extrato ...................................................................................... 95 2.4.3 Quantificação de antocianinas totais ........................................................... 96 2.4.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais ............................................. 96 2.4.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH ............................................ 96
2.5 Análise estatística ............................................................................................. 97 3. Resultados e Discussão.......................................................................................... 97
3.1 Produção e produtividade .................................................................................. 97 3.2 Tamanho de frutos ............................................................................................ 98 3.3 Caracterização físico-química ......................................................................... 100
3.3.1 pH ............................................................................................................. 100 3.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)..................................................................... 100 3.3.3 Acidez total titulável .................................................................................. 101 3.3.4 Relação entre SST e AT ........................................................................... 101
3.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante ................. 102 4 Conclusões ............................................................................................................ 103 Referências bibliográficas ......................................................................................... 104 Capítulo 04 Potencial de cultivo e qualidade de mirtilos de diferentes cultivares, nas condições edafoclimáticas de Torino-Itália ................................................... 107 Introdução ................................................................................................................. 107 2 Material e métodos ................................................................................................ 108
2.1 Fenologia ........................................................................................................ 109 2.2 Teste para determinação do ponto de maturação ideal. .................................. 109 2.3 Tamanho de frutos .......................................................................................... 110 2.4 Sólidos solúveis totais, Acidez titulável e pH ................................................... 110 2.5 Fitoquímicos: Preparo do extrato ..................................................................... 110
2.5.1 Determinação de polifenóis totais ............................................................. 111 2.5.2 Determinação de antocianinas .................................................................. 111 2.5.3 Determinação da atividade antioxidante ................................................... 112
2.6 Análise estatística ........................................................................................... 112 3 Resultados e discussão ......................................................................................... 113
3.1 Fenologia ........................................................................................................ 113 3.2 Determinação do ponto de maturação ............................................................. 115 3.3 Tamanho de frutos .......................................................................................... 116 3.4 Sólidos solúveis totais, Acidez titulável e pH ................................................... 117 3.5 Fitoquímicos: polifenóis totais, antocininas e atividade antioxidante ................ 120
4 Conclusão .............................................................................................................. 122 Referências bibliográficas ......................................................................................... 122 Consideraçoes finais................................................................................................. 125 Anexos ..................................................................................................................... 126
Introdução
A incorporação de frutas e hortaliças na dieta alimentar está em
ascensão nos últimos anos, decorrente da busca por uma alimentação
saudável. Devido aos inúmeros relatos de seus benefícios à saúde, o mirtilo
tem despertado o interesse da comunidade científica. Estes benefícios são
geralmente atribuídos a níveis elevados de polifenóis, em particular, os
flavonoides como as antocianinas, além da presença do ácido elágico e
resveratrol
de pequenas frutas como mirtilo têm sido considerados eficazes no combate
aos radicais livres e na prevenção de diversas doenças crônicas não
transmissíveis.
Apesar do aumento mundial da produção de mirtilos, o valor de venda
tende a se manter elevado pelos próximos anos fazendo com que os
produtores se sintam atraídos. A baixa aplicação de defensivos e a variada
possibilidade de aproveitamento dos frutos também chamam a atenção de
produtores e consumidores. O crescimento da oferta de mirtilo, nos últimos
anos, está também correlacionado à tendência da compra de produtos
saudáveis, apesar do hábito dos consumidores ainda estar reprimido
favorecendo o consumo das pequenas frutas.
O mirtilo é nativo da América do Norte, Estados Unidos e Canadá. Na
América do Sul, Chile, Argentina e Uruguai, são os maiores produtores, que em
2003, produziram cerca de 11% da produção mundial. O Brasil, nesse período
apresentou uma área de 25 ha, que vem crescendo a cada ano, devido aos
desenvolvimentos de tecnologias de produção de mudas e manejo de
pomares. Segundo estimativas de 2011, são mais de 270 ha com mirtilo,
concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
As perspectivas de cultivo do mirtilo com sucesso nos países do
Hemisfério Sul são bastante animadoras, especialmente devido à época de
colheita coincidir com a entressafra dos países maiores produtores gerando
grande demanda dos países do hemisfério norte, entre eles os Estados Unidos,
por mirtilos frescos na contra estação de produção. Esta janela de mercado
gera uma oportunidade de negócio muito interessante para o setor produtivo
brasileiro.
A pesquisa do mirtilo no Brasil iniciou em 1983, na Embrapa Clima
Temperado, em Pelotas, com uma coleção de cultivares da Universidade da
Flórida e, no ano de 1989, algumas cultivares foram recomendadas para o
plantio. A cultura ainda se encontra em fase de desenvolvimento, em busca de
um sistema de produção eficiente e competitivo, que garanta seu ingresso no
mercado mundial. O cultivo do mirtilo deve ser visto de uma forma mais
estratégica, pois os produtores mais organizados conhecem as logísticas de
exportação e as oportunidades apresentadas. Na região Sul do Brasil onde as
áreas de cultivo ainda são incipientes, há um grande potencial para a produção
desta pequena fruta, mas podem ser incrementadas como alternativa
econômica, especialmente em pequenas propriedades.
O grande apelo mercadológico do mirtilo está em sua constituição
química, elevados teores de substâncias antioxidantes e anticancerígenas, que
atraem o consumidor, colocando esta fruta como uma das mais ricas em
antioxidantes naturais. No entanto, vários parâmetros têm um profundo
impacto nos níveis de fitoquímicos em alimentos, tais como, genéticos, fatores
ambientais (incluindo local de produção ou práticas agrícolas), processamento,
armazenamento e manejo.
O desenvolvimento da cultura do mirtileiro apresenta muitos aspectos
ainda a serem pesquisados, aliados à necessidade de se desenvolver um
sistema de produção eficiente e competitivo, que garanta o ingresso da
produção brasileira no mercado mundial, com condições de competir com as
frutas oriundas de regiões tradicionais de cultivo. Para tanto, há necessidade
de gerar tecnologias adaptadas às condições edafoclimáticas e
socioeconômicas do Brasil.
Este estudo teve como objetivo avaliar o crescimento, a produção e a
qualidade das frutas de mirtileiros, sob diferentes formas de manejo de plantas.
Foi estudada a influência dos fatores como: doses de nitrogênio, doses de
enxofre e intensidades de poda. Além disso, foram avaliadas aquelas que
apresentaram melhor qualidade de frutos, nas condições edafoclimáticas de
Torino, norte da Itália.
14
1.1 Objetivos específicos
1) Estabelecer o nível de adubação nitrogenada que propicie os melhores
resultados no crescimento, desenvolvimento, produção de plantas de mirtileiro
e a qualidade;
2) Avaliar o efeito da aplicação de enxofre, no crescimento, desenvolvimento e
produção de plantas de mirtileiro;
3) Estabelecer a intensidade de poda que propicie os melhores resultados no
crescimento e desenvolvimento de mirtileiros;
4) Indicar quais as cultivares que apresentam melhor qualidade de frutos, nas
condições edafoclimáticas de Torino-Itália.
1.2 Hipóteses
1) Níveis adequados de adubação nitrogenada propiciam maior crescimento e
desenvolvimento das plantas de mirtileiro do grupo rabbiteye;
2) A aplicação de enxofre acidifica o solo e proporciona melhor
desenvolvimento de plantas, melhorando a produção e qualidade de frutos de
mirtilo do grupo Southern highbush (Vaccinium corymbosum x Vaccinium
darrowi Camp);
3) A intensidade de poda em mirtileiros altera a produção e qualidade de frutos;
5) Diferentes cultivares apresentam diferença no padrão fenológico e qualidade
de frutos.
15
2 Revisão de literatura
2.1 Mirtilo no Brasil e no mundo
O mirtileiro é um dos cultivos mais recentes explorado economicamente
pelo homem. Até o início do século XX sua exploração era extrativa em matas
da América do Norte (SANTOS, 2000). Atualmente, é explorado
comercialmente nos cinco continentes, sendo que a área plantada da fruta foi
incrementada em 30% no período de 1992 a 2003 nos Estados Unidos e
Canadá (STRIK e YARBOROUGH, 2005) e em algumas regiões da Europa
(KALT et al., 2001).
A Itália, local onde parte dos experimentos foram realizados, é um país
que apresenta a cultura bastante desenvolvida, com técnicas aprimoradas de
cultivo, além de apresentar as condições edafoclimáticas propicias. Naquele
país são plantadas cultivares de alta exigência em frio, com o período de
maturação que vai do inicio de junho ao final de agosto. Os frutos são
destinados ao consumo in natura e o excedente é processado (BOUNOUS,
2009). As cultivares plantadas apresentam elevado padrão de qualidade e bons
valores de comercialização (BECCARO et al., 2011).
Nos países da América do Sul, o Chile é o líder em produção (90%) e
em área (65%). Atualmente, existem 12.500 ha de mirtilo plantados no Chile,
transformando este país no principal exportador da fruta no hemisfério Sul
(BAÑADOS, 2006). Mais recentemente, a Argentina e o Uruguai também se
inseriram como produtores e exportadores de mirtilo, sendo a expansão da
cultura, nesses países, influenciada, em grande parte, pela demanda da
entressafra nos países do hemisfério norte como os Estados Unidos (STRIK,
2005; PAGOT, 2006; SCHICK, 2010).
No Brasil, o mirtilo foi introduzido em 1983, pela Embrapa Clima
Temperado (Pelotas, RS), a partir de uma coleção de cultivares provenientes
da Universidade da Flórida, porém o cultivo comercial se iniciou em 1990, no
município de Vacaria, RS (MADAIL e SANTOS, 2004). As principais cultivares
pertencem ao grupo rabitteye (ANTUNES e RASEIRA, 2006) e apresentam
como características: elevado vigor, plantas longevas, alta produtividade,
tolerância ao calor e à seca, baixa necessidade de frio hibernal, floração
16
precoce, longo período entre floração e maturação, além de frutos firmes, com
longa vida pós-colheita, se conservados adequadamente (EHLENFELDT et al.,
2007).
É uma fruta ainda pouco conhecida no Brasil, porém com grande
potencial produtivo, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, devido ao
clima temperado (RASEIRA e ANTUNES, 2006); porém, a produção ainda é
restrita à poucas áreas (STRIK, 2007), mas podem ser incrementadas como
alternativa econômica, especialmente em pequenas propriedades (WAGNER
JUNIOR et al., 2004) tendo uma promissora perspectiva de cultivo (ANTUNES,
2005).
2.2 Agregação de valor e benefício do consumo de mirtilo
Na área de agregação de valor ao mirtilo os resultados obtidos nas
pesquisas científicas no Brasil ainda se encontram em fase inicial e, às vezes,
não são consolidados em nível industrial. Dentre estes estudos, Rodrigues
(2006) desenvolveu um topping de mirtilo com potencial para inserção no
mercado. Moraes et al. (2007) estudaram o desenvolvimento de barra de
cereais e néctar de mirtilo. Kechinski et al. (2010, 2011) avaliaram a
degradação cinética das antocianinas em suco de mirtilo e também a adição de
xantana e frutose em purê de mirtilo.
Em ensaios biológicos com ratos Wistar, foi concluído que dietas com
polpa de mirtilo são eficazes na redução do consumo alimentar e na perda de
peso, promovendo uma maior excreção de lipídeos fecais, menor acúmulo de
lipídeos hepáticos e proporcionou fígados com menores pesos e com coloração
vermelha intensa. Além do efeito redutor sobre os níveis séricos de
triacilgliceróis, colesterol total, colesterol-LDL e colesterol-VLDL, as dietas com
mirtilo também reduzem iniciação das reações de peroxidação lipídica,
comprovando seu potencial antioxidante in vivo, nos tecidos do córtex cerebral
e hepáticos (LAMEIRO, 2012). O consumo de suplementação de suco de
mirtilo em ciclistas treinados limitou o estresse oxidativo gerado pelo exercício
físico, provavelmente, pelo aumento da capacidade antioxidante endógena e
pelos marcadores de peroxidação lipídica e protéica se mostrarem inalterados
(MEIRELLES, 2011).
17
Devido ao crescimento do mercado consumidor estar relacionado com
os benefícios para a saúde, utilizados em campanhas de marketing desde
1997, a procura por mirtilo, nos últimos 10 anos, ultrapassou a oferta
(BRAZELTON e STRIK, 2007). A rentabilidade deste tipo de frutas por hectare
é alta e, as exportações têm crescido nos últimos anos por serem uma
importante alternativa para pequenos produtores e para grandes empresas
(PAYNE, 2005).
O crescimento da oferta de mirtilo, nos últimos anos, está relacionado ao
aumento do consumo de frutas, apesar do hábito dos consumidores ainda estar
reprimido, a tendência da compra de produtos saudáveis e de alto potencial
antioxidante, favorecendo o consumo das pequenas frutas (GIONGO e
BERGAMIN, 2003; KALT et al., 2007). Isto fes com que fossem desenvolvidas
novas cultivares de forma a obter frutos de melhor qualidade, com maior tempo
de prateleira e que prolonguem a época de colheita para dar resposta às
solicitações do mercado (SAFTNER et al., 2008).
3 Taxonomia e descrição botânica
A origem do mirtilo é de algumas regiões da Europa e da América do
Norte (KALT et al., 2001), sendo que a produção mundial concentra-se
principalmente nos Estados Unidos e Canadá (STRIK, 2005). É uma espécie
frutífera de clima temperado, cultivada também na Ásia, África, Austrália,
América do Sul (BRAZELTON e STRIK, 2007).
O mirtilo pertence ao gênero Vaccinium, à família Ericaceae, classificado
dentro da subfamília Vaccinoideae (TREHANE, 2004; DARNEL, 2006;
RASEIRA, 2006; DRAPER, 2007). A planta pode ser caducifólia, arbustiva ou
rasteira (BOUNOUS, 2009; RETAMALES e HANCOCK, 2011), adaptando-se
às mais variadas condições climáticas, que vão desde regiões com 300 horas
de frio abaixo de 7,2ºC, até regiões com mais de 1.100 horas (HERTER e
WREGE, 2006).
Os ramos do mirtileiro apresentam uma coloração amarelo dourado ou
avermelhado (BOUNOUS, 2009). As flores compõem inflorescência, formando
racimos que se desenvolvem na parte terminal dos ramos (BUZETA, 1997).
Cada racimo contém de 8 a 16 flores, variando de acordo com a espécie e a
18
cultivar (DARNELL, 2006). O sistema radicular é superficial e caracterizado por
ter raízes primárias muito finas, fibrosas e sem pelos radiculares (BOUNOUS,
2009).
As folhas são decíduas, grandes (3-5 cm x 7-9 cm), com forma oval
alongada (BOUNOUS, 2009), com sistema de arranjo alternado (DARNELL,
2006). Com o frio e com a redução das horas de luz, há redução da clorofila e
produção do pigmento responsável pela coloração avermelhada da folhas, que
irá substituir a cor verde escuro que se observa no restante do ano
(BOUNOUS, 2009).
efetiva, e produzem frutos com menor número de sementes e menor diâmetro,
SILVEIRA et
al., 2010).
O fruto fresco é uma baga de formato achatado, coroado pelos lóbulos
existentes no cálice, diâmetro que pode variar de 8 a 22 mm (CHILDERS e
LYRENE, 2006), a massa do fruto varia de 1,5 a 4,0 g, sabor doce a doce-
ácido, com muitas sementes em seu interior, coloração azul escuro no epicarpo
e superfície cerosa (DARNELL, 2006), que recebe o nome de pruína e dá ao
fruto um aspecto visual de cor azul claro (BUZETA, 1997). É um fruto não-
climatérico, não sendo observadas variações significativas na taxa respiratória
ao longo do tempo de colheita e conservação (LAVADINHO et al., 2001).
4 Grupos e cultivares
Existem três grupos principais de mirtilo cultivados comercialmente, que
são os de arbustos baixos (lowbush), os altos (highbush) e o olho de coelho
(rabbiteye) (STRIK, 2005; RASEIRA, 2006). Entretanto, Galletta e Ballington
(1996) classificam os tipos de mirtilo, comercialmente plantados, em cinco
grupos importantes, descritos a seguir:
a) Highbush: (arbusto alto): São plantas de dois ou mais metros de altura. A
necessidade em frio hibernal das plantas deste grupo está geralmente entre
650 e 850 horas.
19
a1) Northern highbush: (arbusto alto), plantas com mais de dois metros de
altura e necessidade de 650 a 850 horas de frio hibernal. Cultivares: Earliblue,
Duke, Reka, Spartan, Patriot, Northland, Toro, Bluejay, Hardyblue, Draper,
Bluegold, Bluecrop, Chandler, Rubel, Legacy, Liberty, Eliott, Aurora, entre
outras.
a2) Half high: (arbusto médio), plantas que atingem 0,5m a 1,0m de altura e
apresentam menor exigência em frio que as highbush. Este grupo envolve
híbridos de V. angustifolium e V. corymbosum.
a3) Southern highbush: plantas de porte alto, conhecidas como highbush de
baixa exigência em frio, com maior resistência à doença e que suportam solos
pobres em matéria orgânica, sendo mais exigentes em água, drenagem e
matéria orgânica que rabbiteye. Cultivares: Snowchaser, Primadonna,
Springhigh, Rebel, Farthing, Scintilla, Star,
Abundance, San Joaquin, Camellia, Misty, Biloxi, Sharpblue e Suziblue, etc.
b) Rabbiteye -de- : as plantas alcançam dois a quatro metros de
altura. Algumas das características da espécie V. virgatum são: vigor,
longevidade, produtividade, tolerância ao calor e a seca, problemas com fungos
e variações de solo, baixa necessidade em frio, produzindo frutos ácidos,
firmes e de longa conservação. Entre as limitações dessa espécie estão o fato
de desenvolver a cor completa das frutas antes do ponto ideal de colheita e de
alcançar melhor qualidade em termos de sabor, tendência a rachar a película
em períodos úmidos, longo período até alcançar o máximo de produtividade,
cor escura da película correlacionada com frutas mais doces e auto-
esterilidade. Cultivares: Ochlockonee, Powderblue, Climax e Bluegem.
c) Lowbush: são plantas com porte menor que 0,5m. A maioria pertence à
espécie V. angustifolium, neste grupo encontra-se o mirtilo do Canadá (V.
myrtilloides e V. boreale).
20
5 Exigências edafoclimáticas e manejo
O cultivo do mirtilo exige alto investimento inicial e, como toda a frutífera,
requer alguns anos para recuperar o capital investido. A produção inicia no
terceiro ano e no sétimo ou oitavo ano alcança a fase adulta, com produção
estável. Pomares em plena produção e bem conduzidos produzem em torno de
8.000 kg ha-1, dos quais ao redor de 70% cumprem requisitos de qualidade
para exportação como mirtilo fresco (NeSMITH, 2008).
O espaçamento de plantio depende do grupo e da cultivar escolhida. As
cultivares do grupo rabbiteye, por apresentarem maior vigor, são plantadas em
espaçamentos maiores, em menor densidade, sendo que o espaçamento mais
utilizado é o de 1,50 m entre plantas e 3 m entre linhas, com densidade de
2.222 plantas por hectare. As variedades do grupo southern highbush são
plantadas entre 0,75 a 1,20 m entre plantas e 3,00 a 3,50 m entre linhas, sendo
que o mais utilizado é de 1,00 x 3,00 m com densidade de 3333 plantas por
hectare (PAGOT, 2006).
De acordo com Sharpe (1990), o mirtileiro é uma das mais promissoras
culturas para o Sul do Brasil, devido às condições edafoclimáticas favoráveis à
adaptação de muitas cultivares.
5.1 Solo
Para seu adequado desenvolvimento, o mirtileiro exige solos com pH
entre 4,8 e 5,2 (TREHANE, 2004; CHILDERS e LYRENE, 2006). Se
comparado às demais frutíferas, apresenta a particularidade de exigir solos
com pH ácido, sendo que com pH superior aos níveis citados acima, as plantas
apresentam dificuldades de desenvolvimento e sérios problemas de deficiência
de ferro (STRIK, 2007; BOUNOUS, 2009). A maioria dos solos brasileiros
encontram-se nesta faixa de pH.
Outro aspecto importante é que o mirtileiro apresenta um sistema
radicular muito superficial, com raízes muito finas, e sem pêlos radiculares
(FREIRE, 2006), que exigem um solo não compactado para se desenvolverem
e explorar novas áreas, inclusive em profundidade (PARRA, 2008). O solo deve
21
ter boa aeração, perfeita drenagem e alto teor de matéria orgânica, ideal que
seja superior a 5% (BUZETA, 1997; PARRA, 2008).
O mirtileiro pode ser cultivado em solos arenosos, franco-arenosos ou
argilosos; porém, recomenda-se o uso de substratos orgânicos, introduzidos
por meio de coberturas vegetais incorporadas ao solo (OCHMIAN et al., 2009)
ou na forma de mulching, sendo a serragem de pínus o material mais
recomendado (BUZETA, 1997; MOURA, 2009). De acordo com Freire (2006) a
associação de materiais orgânicos com camalhões de 30-40 cm, facilitam a
drenagem.
5.2 Água
O mirtileiro é altamente sensível ao déficit hídrico, porém tem boa
capacidade de recuperação após reidratação (AMÉGLIO et al., 2000). Por ser
uma planta arbustiva, necessita de boa disponibilidade de água para que o
fruto alcance um bom teor de açúcar (HERTER e WREGE, 2006). Manter o
solo com umidade adequada auxilia na elasticidade da epiderme do fruto
(PANNUNZIO, 2010), evitando rachaduras e perda do valor comercial.
Com poucos dias sem água, os sintomas de estrese hídrico são
manifestados pela planta. Quando irrigadas abaixo do exigido, têm a
fotossíntese reduzida, diminuição do crescimento, baixa produtividade e
redução na qualidade do fruto. Por outro lado, o excesso também pode ser
prejudicial à planta, podendo comprometer as funções radiculares, aumento da
erosão do solo, lixiviação de nutrientes e o aumento da incidência de doenças
nas raízes (BRYLA, 2006). O uso de coberturas mortas (mulching) mantem a
umidade do solo e favorece o crescimento das plantas frutíferas (REISSER
JUNIOR et al., 2005), além de incorporar matéria orgânica ao solo.
Durante o período de desenvolvimento dos frutos, o mirtileiro necessita
de até 50 mm de água semanalmente para obter um bom teor de açúcar no
fruto (SANTOS e RASEIRA, 2002). A água deve chegar à profundidade das
raízes, evitando o excesso de irrigação que provocaria lixiviação de nutrientes,
ataque de fungos e
aumento de custos de operação. Por outro lado, no caso de fertirrigação o
22
excesso de irrigação conduziria ao possível aumento nos níveis de nutrientes
(PANNUNZIO, 2010).
O requerimento de água é variável conforme o desenvolvimento da
planta. São duas as fases críticas da cultura com relação à disponibilidade de
água. A primeira na implantação e na formação do pomar e a segunda no
período de produção de frutos (REISSER JUNIOR e ANTUNES, 2006). No
período de produção de frutos, Buzeta (1997) e Herter e Wrege (2006) alertam
para o cuidado com o período que corresponde às duas semanas depois da
caída das pétalas, duas semanas prévias à colheita e de duas a três semanas
posteriores à colheita.
A irrigação incrementa o crescimento e rendimento de frutos em
mirtileiros do grupo rabbiteye cv. Tifblue. As plantas jovens (com 5 e 6 anos)
apresentam melhor resposta a irrigação que plantas adultas (SPIERS, 1996).
Muitas vezes se dá menos importância à irrigação no processo produtivo,
contudo, é um parâmetro de alta relevância que afeta o rendimento e a
qualidade da fruta (PANNUNZIO, 2010).
5.3 Clima
O requerimento em baixas temperaturas para formar as gemas floríferas
e superar a dormência é característico das espécies perenes de folhas
caducas. Se o acúmulo de horas de frio hibernal for insuficiente, aquém da
necessidade da cultivar, pode-se ter como consequência a brotação e o
florescimento deficientes e, consequentemente, reduzir a produção
(HOFFMANN, 2005).
O mirtilo pode se desenvolver em diversos climas, tanto em zonas
úmidas como secas, com invernos rigorosos, com um metro de neve, ou muito
quentes, desde que sejam selecionadas cultivares que se adaptem à estas
condições. As plantas toleram temperaturas maiores que 50°C, por períodos
curtos, e mínimas de até -32°C. As gemas florais se formam no outono, com
temperaturas próximas a 24°C. Durante a floração, a ocorrência de altas
temperaturas melhora a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico,
aumentando a frutificação (PARRA, 2008). Segundo Herter e Wrege (2006), a
23
fase mais crítica é na floração pois, se a temperatura permanecer baixa por
várias horas pode causar necrose, tanto no pistilo, como no ovário.
Devido aos ventos fortes serem prejudiciais ao crescimento e à
polinização, devem ser instaladas cortinas florestais (PARRA, 2008), pois o
vento pode provocar danos ou até mesmo a queda de frutos (HERTER e
WREGE, 2006).
5.4 Adubação nitrogenada
O nitrogênio é o macronutriente mineral que as plantas exigem em maior
quantidade, pois é necessário para a síntese dos carboidratos e proteínas da
célula vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004). No solo, o nitrogênio existe
preponderantemente na forma orgânica, sendo necessária a mineralização
pelos microorganismos para ocorrer sua utilização pelas plantas. Plantas
inoculadas com fungos micorrízicos arbusculares absorvem mais nitrogênio,
proporcionando um maior crescimento (FARIAS, 2012)
No mirtileiro, o nitrogênio é também um dos elementos mais exigidos,
pois é imprescindível para o crescimento vegetativo e para o rendimento de
frutos. No entanto, o excesso pode afetar negativamente estas plantas,
reduzindo o rendimento de frutos e causando a queima das raízes,
especialmente quando há falta de água (TREHANE, 2004; FREIRE, 2006;
DIEGUÉZ, 2007).
O nitrogênio é constituinte de muitos componentes da célula vegetal,
incluindo aminoácidos e ácidos nucleicos. Dessa forma, a deficiência de N
rapidamente inibe o crescimento vegetal, sendo provavelmente a primeira
causa de surgimento de clorose nas folhas, por ser um dos componentes da
molécula de clorofila (TAIZ e ZIEGER, 2004).
A absorção de nitrogênio é mais eficiente quando as aplicações
coincidem com o período de alta demanda pela planta (WEINBAUM et al.,
1992). A absorção de nitrogênio ocorre rapidamente quando este está na forma
nítrica, porém também pode ser lixiviado pela água com facilidade
(FILGUEIRA, 2003).
Deve-se evitar a utilização de uréia, pois esta promove crescimento lento
da planta (BUZETA, 1997). O fertilizante nitrogenado deve ser aplicado entre
24
15 e 30 cm ao redor dos troncos das plantas e quando for utilizada cobertura
do solo, dobrar a quantidade de nitrogênio, com o objetivo de reduzir a relação
C/N do material (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO - RS /SC, 2004).
Para Hanson (2006), plantas de mirtileiro respondem favoravelmente às várias
formas de nitrogênio, níveis e época de aplicação. Para otimizar a eficiência do
nutriente, a sua disponibilidade no solo precisa coincidir com períodos de alta
demanda pela espécie. O autor ressalta, ainda, que um melhor conhecimento
sobre as práticas culturais que afetam comunidades microbianas envolvidas no
ciclo do nitrogênio pode ajudar a aumentar a eficiência no seu uso.
5.5 Acidificação do solo
O enxofre (S) é um macronutriente secundário e sua aplicação é
necessária em menores quantidades e não com tanta regularidade.
As plantas de mirtilo necessitam de solos ácidos (PARRA, 2008) com pH
em água entre 4 e 5,5, cuja faixa de pH mais indicada vai de 4,5 a 5,0
(FREIRE, 2006). Quando é necessário baixar o pH do solo rapidamente, pode
recorrer-se ao enxofre elementar. Pode ser acrescentado, se necessário, em
dose muito pequenas para baixar o pH do solo (TREHANE, 2004). Este deve
ser incorporado no solo pelo menos seis semanas antes da plantação com
bastante precaução, pois em quantidades excessivas podem baixar o pH para
níveis perigosos. Por exemplo, solos com pH igual ou inferior a 3,5 liberam
minerais tóxicos e solos alcalinos com pH 7,0 ou superior, não contribuem para
uma boa produção de mirtilos (TREHANE, 2004; FREIRE, 2006). Para o
mirtileiro, solos com pH acima de 6,0 manifestam desequilíbrio nutricional,
principalmente com relação ao ferro (BUZETA, 1997; BOUNOUS, 2009).
Os solos brasileiros são, na sua maioria, caracterizados pelo avançado
grau de intemperização, pela elevada acidez e baixa disponibilidade de
nutrientes (GOEDERT, 1983). O pH do solo é, quase sempre, relacionado
positivamente com a taxa de oxidação do enxofre elementar (LAWRENCE e
GERMIDA, 1988).
A aplicação de enxofre elementar no solo é um processo mediado por
microorganismos e há necessidade de tempo, temperaturas e umidade para
que ocorra a mudança do pH (RETAMALES e HANCOCK, 2012). Outras fontes
25
de acidificação do solo podem ser utilizadas como o ácido sulfúrico, fosfórico e
o ácido nítrico (GIONGO, 2006). O uso do acido sulfúrico pode ser através do
sistema de irrigação (RETAMALES e HANCOCK, 2012).
Não há informações da quantidade de enxofre necessária para baixar o
pH do solo até determinado valor. No entanto, sabe-se que esta quantidade é
dependente da textura do solo, do teor de matéria orgânica, do pH que se
deseja atingir e do pH inicial (FREIRE, 2006).
5.6 Manejo da poda
A poda é realizada com o objetivo de equilibrar a parte aérea da planta,
com o desenvolvimento das raízes e a produção de frutos (SANTOS e
RASEIRA, 2002). Uma grande quantidade de ramos resultará numa grande
produção de frutos, porém com qualidade inferior. A poda tem, também, como
objetivo, a abertura do centro da planta (SERRADO et al., 2010),
Para manter rendimentos estáveis e um bom calibre dos mirtilos, ano
após ano, durante os 25 ou 30 anos de exploração destes arbustos, pode ser
necessária uma poda leve quando as plantas são jovens, aumentando a
intensidade da poda de acordo com a maturação da planta (TREHANE, 2004).
No primeiro ano deve-se limitar o número de ramos e de gemas florais
para que a maior atividade de crescimento seja a das raízes (SHUTACK et al,
1982). De acordo com Antunes (2006), na poda de formação devem-se
eliminadas as ramificações finas e débeis abaixo dos 30 cm de altura da copa.
São priorizados três a quatro ramos mais vigorosos.
Entre o segundo e quinto ano, a preocupação deve continuar a ser a
construção de arbustos saudáveis e não a produção de frutos, retirando os
ramos baixos, doentes e partidos (SHUTACK et al, 1982).
As intervenções de poda serão realizadas no inverno (poda seca) e no
verão (poda verde). Na poda de inverno prioriza-se a eliminação de galhos
secos e de ramos mal localizados, principalmente aqueles que se desenvolvem
para o interior da copa. Diferente de outras espécies, como por exemplo, o
pessegueiro, não se deve despontar os ramos da planta nesta fase, uma vez
que as gemas de flor se concentram nas últimas seis a oito gemas terminais
(ANTUNES, 2006; BOUNOUS, 2009).
26
A partir do sexto ano, além de continuar a remover os ramos mortos e
doentes, devem ser cortados entre 1 a 4 dos ramos principais. O corte deve ser
feito todos os anos removendo sempre os ramos mais velhos e deve ser feito
um corte num ângulo ligeiramente acima do solo. Os ramos com mais de cinco
anos são menos produtivos pelo que, a não remoção dos ramos mais velhos
ou uma fertilização inadequada, poderá resultar em um insuficiente número de
lançamentos a surgir na base da planta (SHUTACK et al, 1982; ANTUNES,
2006).
6 Caracterização físico-química de mirtilo
O teor de sólidos solúveis totais no fruto (oBrix), pode ser influenciado
por vários fatores, nos quais se incluem a variedade, região de cultivo, fatores
climatéricos e estado de maturação (TURKMEN e EKS, 2011), podendo
apresentando também variações sazonais ( 2006). Assim, Wang et
al. (2008), obtiveram maiores teores de açúcar (glucose e frutose) e de ácido
málico em mirtilos de cultivo biológico do que em mirtilos de cultivo tradicional.
Souza et al. ( 2007), afirmam que a qualidade de mirtilo depende do
conteúdo de ácidos orgânicos, principalmente do conteúdo em ácido cítrico,
variando entre 0,19 e 0,24 g de ácido cítrico 100 g-1 de mirtilo. De acordo com
Wang et al. (2008), o método de cultivo não afeta a concentração de ácido
cítrico em frutos de mirtilo, porém Rodrigues et al. (2007), afirmam que entre
cultivares a acidez pode variar.
O pH em frutos de mirtilo pode apresentar uma pequena variação, de
acordo com a cultivar (RODRIGUES et al., 2007), em um estudo realizado em
Portugal com quatro cultivares de mirtilo, foi observada uma variação entre
3,32 e 3,57 (SOUSA et al., 2006).
Em relação aos compostos vitamínicos, os frutos de mirtilo apresentam
uma grande variedade de vitaminas (A, B, C, K e ácido fólico) e também de
minerais (potássio, magnésio, cálcio, fósforo, ferro e manganes) (SILVEIRA et
al., 2007; USDA, 2010).
27
7 Propriedades funcionais e minerais dos frutos de mirtilo
Alimentos funcionais são aqueles que, naturalmente, ou quando
modificados, possuem compostos com atividade fisiológica que, quando
consumidos com regularidade, apresentam além do aporte nutritivo, efeitos
benéficos, cientificamente comprovados sobre a saúde (ESPÍN et al., 2007). Os
fitoquímicos encontrados naturalmente em frutas e hortaliças, apresentam
efeitos benéficos sobre a saúde, sendo que alguns destes compostos são os
ácidos fenólicos, os flavonóides e seus derivados (SELLAPPAN et al., 2002).
O mirtilo é apontado como um dos alimentos mais saudáveis, que ajuda
no combate ao câncer, retarda o envelhecimento, protege o sistema
cardiovascular, auxilia na melhoria da visão e da memória, além de apresentar
alta capacidade antioxidante, capaz de combater radicais livres (RAMIREZ et
al., 2005; KALT et al., 2007).
Compostos bioativos encontrados em mirtilo como as antocianinas e os
ácidos hidroxicinâmicos apresentam atividade antioxidante tanto in vitro como
in vivo, conseguindo proteger células do endotélio do estresse oxidativo e
inflamação induzida (YOUDIM et al., 2002).
Dietas suplementadas com mirtilos, em ratos, estão sendo amplamente
utilizadas em vários estudos para observação do potencial funcional desta
fruta. Em ratos alimentados com mirtilo, foi observado que o consumo desta
fruta protege os neurônios de derrame induzido, evitando danos isquêmicos
(SWEENEY et al., 2002). O mirtilo tem capacidade de retardar e até reverter
déficits cognitivos e motor no envelhecimento induzido por irradiação,
influenciando especialmente a aprendizagem espacial e a memória,
melhorando o aprendizado (SHUKITT-HALE et al., 2007). Em ratos
alimentados com 3,2 mg de antocianinas/kg animal/dia por um período de 30
dias foi observado que o mirtilo reforça a memória, de curto prazo, mas não a
de longo prazo (RAMIREZ et al., 2005). O consumo desta fruta previne
algumas sequelas bioquímicas e eletrofisiológicas associadas ao
envelhecimento, mesmo quando a mudança na alimentação acontece em
idade avançada (COULTRAP et al., 2008). Também em dietas ricas em mirtilo,
fornecidas a ratos, mostraram um aumento da sobrevivência neuronal e
desenvolvimento dos enxertos de tecido neural transplantados (WILLIS et al.,
28
2008), o que é importante devido à baixa taxa de sobrevivência dos neurônios
enxertados.
Ratos que consumiram mirtilo em suas dietas reduziram o consumo de
alimento e o ganho de peso, mostrando que o mirtilo induz à saciedade
podendo atuar como modulador no controle do peso (MOLAN et al., 2008).
Além disso, dietas enriquecida com mirtilo podem mostrar atividade
cardioprotetora, protegendo o coração dos danos causados por enfarto
induzido e atenua a possibilidade de ocorrer novas falhas cardíacas (AHMET et
al., 2009), além de atuar na redução da hipertensão (SHAUGHNESSY et al.,
2009).
7.1 Antocianinas
O mirtilo é uma das frutas mais ricas em antocianinas as quais estão
concentradas principalmente na casca, sendo responsáveis pela coloração azul
característica deste fruto (KAISU et al., 2008; KALT et al., 1999; PRIOR et al.,
1998). Entretanto, as antocianinas são compostos altamente instáveis frente a
diversos fatores (BOBBIO e MERCADANTE, 2008; FRANCIS, 1989) .
As antocianinas, devido às características de sua estrutura, possuem a
capacidade de doar elétrons, estabilizando radicais livres, agindo assim como
antioxidantes naturais (PRIOR, 2003). Dessa forma, pesquisas vêm atribuindo
a estes compostos a capacidade de diminuir a incidência de diversas doenças.
Quinze antocianinas, sendo todas as combinações possíveis das cinco
antocianidinas (cianidina, delfinidina, malvidina, peonidina e petunidina) e de
três açúcares (galactose, glicose e arabinose) foram caracterizadas em mirtilos
do tipo highbush (TIAN et al., 2005).
7.2 Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos são formados no metabolismo secundário dos
vegetais e possuem funções de defesa contra o ataque de pragas. E em
animais e humanos tem sido observado que são capazes de reagir com
radicais livres formando radicais estáveis. Esse poder de neutralização das
estruturas radiculares dos compostos fenólicos é devido à sua estrutura
29
química formada por pelo menos um anel aromático com grupamentos
hidroxilas (GIADA e MANCINI-FILHO, 2006).
Os compostos fenólicos, tais como flavonoides, ácidos fenólicos, taninos
ou estilibenos apresentam elevada capacidade antioxidante. Assim, frutos,
plantas e especiarias ricos em compostos fenólicos têm captado cada vez mais
o interesse da indústria alimentar e da população em geral, como forma de
melhorar a qualidade dos alimentos (ESMAEILI e SONBOLI, 2010), visando
promover a saúde e retardar o processo de envelhecimento. Os pequenos
frutos, particularmente os mirtilos (Vaccinium spp.), são reconhecidos como
uma importante fonte destes compostos, com propriedades antioxidantes,
sendo, por isso, considerados alimentos benéficos para a saúde.
Vários compostos fenólicos já foram identificados em mirtilo como os
derivados do ácido hidroxibenzóico (gentísico, gálico, o-pirocatechuico,
protocatechuico, salicílico, siríngico, vanílico, verátrico); derivados do ácido
hidroxicinâmico (cafeico, m-cumárico, o-cumárico, p-cumárico, 3,4-
dimetoxicinâmico, ferúlico, hidroxicafeico, sinápico); outros fenólicos ácidos (p-
hidroxifenil-acético e p-hidroxifenil-lático) (ZADERNOWSKI et al., 2005).
Resveratrol é encontrado tanto nos mirtilos do grupo highbush (1.074 mg de
resveratrol g-1 de amostra seca) como nos mirtilos do grupo rabbiteye (1.691
mg de resveratrol g-1 de amostra seca). Os compostos pterostilbeno e
piceatanol também são encontrados em pequenas frutas vermelhas e
apresentam propriedades benéficas à saúde humana. O pterostilbeno foi
detectado apenas em cultivares do grupo rabbiteye, enquanto que o piceatanol
foi encontrado somente em cultivares do grupo highbush (RIMANDO et al.,
2004).
7.3 Atividade antioxidante
Os compostos fenólicos são os maiores responsáveis pela atividade
antioxidante em frutas (HEIM et al., 2002). Em geral, o mirtilo é uma das mais
ricas fontes de antioxidantes entre as frutas e produtos hortícolas frescos
(HUANG et al., 2012) sendo comprovado em estudos, onde compararam
aproximadamente quarenta diferentes frutas e hortaliças, e o mirtilo apresentou
os maiores valores (PAYNE, 2005). A variação na concentração de compostos
30
bioativos é observada também em diferentes cultivares deste fruto (CONNOR
et al., 2002).
Além da sua atividade antioxidante direta, pesquisas recentes têm
destacado múltiplas funções e mecanismos importantes relacionados à
habilidade dos compostos fenólicos de se ligarem a receptores celulares e
transportadores de membranas e influenciarem a expressão gênica, a
sinalização e a adesão celular (MANACH et al., 2005).
A ingestão de antioxidantes através da dieta pode constituir uma
estratégia para prevenir ou atrasar a oxidação de substratos celulares e, desta
forma, prevenir diversas doenças (ESMAEILI e SONBOLI, 2010). No entanto, a
ingestão de uma combinação de vários frutos tem um efeito aditivo ou de
sinergia nos efeitos resultantes da ação dos antioxidantes (ZAFRA-STONE et
al., 2007).
7.4 Fatores que podem alterar a concentração de compostos bioativos
Fatores genéticos: o conteúdo de compostos bioativos em mirtilos varia
significativamente com o grupo que está sendo analisado, highbush, rabbiteye
ou lowbush (VIZZOTTO et al., 2007) e pode variar também dentro de um
mesmo grupo (WANG et al., 2011; PERTUZATTI et al., 2012; SUN et al., 2012;
VRHOVSEK et al., 2012; VIZZOTTO et al., 2013). Os compostos bioativos
estão concentrados, em sua maioria, na epiderme da fruta.
Cobertura do solo: o tipo de cobertura do solo pode influenciar vários
parâmetros de qualidade dos mirtilos. Em experimento utilizando turfa,
serragem e casca de cacau, o maior rendimento foi observado quando utilizada
serragem. Nesse caso com serragem o mirtilo apresentou maiores teores de
sólidos solúveis totais. Mirtilos produzidos tendo como cobertura de solo a turfa
apresentaram mais elevada atividade antioxidante. No entanto, os maiores
níveis de compostos fenólicos foram obtidos em mirtilos produzidos utlizando a
cobertura de casca de cacau (OCHMIAN et al., 2010).
Em mirtilos cultivados sob túneis plásticos, onde os filmes de cobertura
apresentaram três níveis de transparências aos raios UV, foi observado que os
níveis de compostos fenólicos foram indiferentes à transparência UV do filme
plástico em que as frutas foram cultivadas (ORDIDGE et al., 2010).
31
Sistema de produção: cultivares de mirtilos do grupo rabbiteye foram
analisadas em sistema orgânico e convencional. Os resultados nem sempre
favorecem o sistema orgânico em termos de síntese de compostos bioativos
(YOU et al., 2011).
Referências bibliográficasAHMET, I.; SPANGLER, E.; SHUKITT-HALE, B.; JUHASZOVA, M.; SOLLOTT, S. J.; JOSEPH, J. A.; INGRAM, D. K.; TALAN, M. Blueberry-Enriched Diet Protects Rat Heart from Ischemic Damage. Plos one, v. 4, n. 6, e5954, 2009.
AMÉGLIO, T.; ROUX, X.; MINGEAU, M.; PERRIER,C. Water realations of highbush under drought conditions. In: Proceedings on Vaccinium Culture, 3(Ed) FERREIRA e JONES. Acta Horticulturae, v. 537, p. 273-278, 2000.
ANTUNES, L. E. C. Potencial de produção de pequenas frutas em diferentes regiões do sul do Brasil. In: Encontro Nacional de Fruticultura de Clima Temperado, 8., 2005, Fraiburgo. Anais. Caçador: Epagri, 2005, p. 61-62.
ANTUNES, L. E. C.; RASEIRA, M. C. B. Cultivo do mirtilo (Vaccinium spp.). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. 99p. (Embrapa Clima Temperado. Sistema de Produção, 8).
BAÑADOS, M. P. Blueberry production in South America. Acta Horticulturae,n.715, p.165-172, 2006.
BECCARO, G.L.; GIONGO, L.; SALVADOR, R.; UGHINI, V.; FOLINI, L.; DRAICCHIO, P.; ECCHER, T.; GRANELLI, G.; BAUDINO, M.; MIGNANI, I.; CANTERINO, S.; CERUTTI, A.K.; PALMIERI, L.; BOUNOUS, G . Liste varietali 2011: Scegliere la cultivar di lampone, mirtillo e rovo per il 2011. Informatore Agrario, v. 67, n. 20, p. 58-61, 2011.
BOBBIO, F. O.; MERCADANTE, A. Z. Anthocyanins in foods: Occurrence and physicochemical properties. In BOBBIO, F. O.; MERCADANTE; A. Z. Food colorants: Chemical and functional properties, v. 1, p. 241-276, 2008.
BOURNOUS, G. Piccoli frutti. Mirtilli, lamponi, ribes, uvaspina. Come coltivarli, raccoglierli e utilizzarli. Edagricole. Bologna. 2009, 393 p.
BRAZELTON, D.; STRIK, B. C. Perspective on the U.S. and Global Blueberry industry. Journal of the American Pomological Society, v. 61, n. 3, p. 144-147, 2007.
BRYLA, D. Métodos de riego tecnificado en arandanos. In.: Seminario Internacional de Fertirrigacion, 3, Slides...Santiago de Chile.2006.
BUZETA, A. Requerimientos edafoclimaticos. Berries para el 2000. Chile, p. 60-63, 1997.
32
CHILDERS, N. F.; LYRENE, P. M. Blueberries for growers, gardeners, promoters. Florida: E. O. Painter Printing Company, 2006. 266p.
COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO. Manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.10.ed. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo- Núcleo Regional Sul. 400p. 2004.
CONNOR, A. M.; LUBY, J. J.; HANCOCK, J. F.; BERKHEIMER, S.; HANSON, E. J. Changes in fruit antioxidant activity among blueberry cultivars during cold-temperature storage. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 893-898, 2002.
CORRÊA, E. R.; FRANZON, R. C.; TREVISAN, R.; GONSALVES, E.; RASEIRA, M. C. B. Germinação in vitro, do pólen de diferentes cultivares de mirtilo. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 2., ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS, 1., Pelotas, 2004. Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, 2004. p. 278-281. (Embrapa clima temperado, Documentos 123).
COULTRAP, S. J.; BICKFORD, P. C.; BROWNING, M. D. Blueberry-enriched diet ameliorates age-related declines in NMDA receptor-dependent LTP. Age,v. 30, p. 263-272, 2008.
DARNELL, R. L. Blueberry botany/environmental physiology. In: CHILDERS, N.F.; LYRENE, P.M. Blueberries for growers, gardeners, promoters. Florida: E.O.Painter Printing Company, 2006. p. 5-13.
DIEGUÉZ, D. Nutrição mineral. 1o curso de produção de mirtilo de baixo requerimento em frio. Embrapa Clima Temperado, 2007.
DRAPER, A. Blueberry breeding: improving the unwild blueberry. Journal American Pomological Society, v. 61, n. 3, p. 140-143, 2007.
EHLENFELDT, M. K.; ROWLAND, L. J.; OGDEN, E. L.;VINYARD, B. T. Floral bud cold hardiness of Vaccinium ashei, V. constablaei, and hybrid derivatives and the potencial for producing Northern-adapted rabbiteye cultivars. HortScience, v. 42, p. 1131-1134, 2007.
ESMAEILI, M. A.; SONBOLI, A. Antioxidant, free radical scavenging activities of Salvia brachyantha and its protective effect against oxidative cardiac cell injury. Food and Chemical Toxicology, v. 48, p. 846 853, 2010.
ESPÍN, J. C.; GARCÍA-CONESA, M. T.; TOMÁS-BARBERÁN, F. A.Nutraceuticals: Facts and fiction. Phytochemistry, v. 68, p. 2986-3008, 2007.
FARIAS, D. H. Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares em pomares e crescimentos de mudas micropropagadas de mirtileiros. 2012. 82f.
33
Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliça. Vicosa: UFV, 2003. 402p.
FRANCIS, F. J. Food colorants: anthocyanins. Critical Review of Food Science and Nutrition, v. 28, p. 273-314, 1989.
FREIRE, C. J. S. Nutrição e adubação de mirtilo. In: RASEIRA, M.C.B.; ANTUNES, L.E.C. Cultivo do Mirtilo (Vaccinium spp). Pelotas: EmbrapaClima Temperado, p. 60-74, 2006. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 8).
GALLETA; G. J.; BALLINGTON, J. R. Blueberry, cranberry and ligonberry In: JANICK, J.; MOORE, J. N.(ed). Fruit Breeding. New York: JhonVilley e Sons, p.1-108, 1996.
GIADA, M. L. R.; MANCINI FILHO, J. Importância dos compostos fenólicos da dieta na promoção da saúde humana. Publicatio UEPG: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 12, n. 4, p. 7-15, 2006.
GIONGO, L. Mirtillo gigante. Piccoli frutti Il Divulgatore, n. 11, p. 35-43, 2006.
GIONGO, L.; BERGAMIN, A. Piccoli frutti, i buoni risultati del modello trentino. Frutticoltura. v. 65, n. 11, p. 19-23, 2003.
GOEDERT, W. J. Management of the cerrado soils of Brazil: a review. Journal of Soil Science, v. 34, n. 3, p. 405-428, Sept. 1983.
HANSON, E.J. Nitrogen Fertilization of Highbush Blueberry. Proc. VIIIth IS on Vaccinium Culture. Acta Horticulturae, v. 715, p. 347-351. ISHS. 2006.
HEIM, K. E. TAGLIAFERRO, A. R.; BOBILYA, D. J. Flavonoid antioxidants: chemistry, metabolism and structure-activity relationships. The Journal of Nutritional Biochemistry, v. 13, p. 572-584, 2002.
HERTER, F. G; WREGE, M. S. Fatores edafoclimáticos. In: RASEIRA, M.C.B.; ANTUNES, L.E.C. Cultivo do mirtilo (Vaccinium spp). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 17-20, 2006. (Embrapa Clima Temperado. Sistema de produção, 8).
HOFFMANN, A. Mirtilo: Aspectos gerais da cultura. Bento Gonçalves, [2005]. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/artigos/mirtilo.html>. Acesso em: 20 jan. 2013.
34
HUANG, W-Y.; ZHANG, H-C.; LIU, W-X.; LI, C-Y. Survey of antioxidant capacity and phenolic composition of blueberry, blackberry, and strawberry in Nanjing. Journal of Zhejiang University, v. 13, p. 94 -102, 2012.
KAISU, R.; JAAKOLA, L.; KÄRENLAMPI, S.; HOHTOLA, A. Organ-specific distribution of phenolic compounds in bilberry (Vaccinium myrtillus) and
Vaccinium corymbosum x V. Angustifolium). Food Chemistry, v. 110, n. 1, p. 156-160, 2008.
KALT W.; FORNEY C. F.; MARTIN A.; PRIOR R. L. Antioxidant capacity, vitamin C, phenolics, and anthocyanins after fresh storage of small fruits, Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 47, p. 4638-4644, 1999.
KALT, W.; JOSEPH, J. A.; SHUKITT-HALE, B. Blueberries and human health: a review of current research. Journal of the American Pomological Society, v. 61, p.1 51-160, 2007.
KALT, W.; RYAN, D. A. J.; DUY, J. C.; PRIOR, R. L.; EHLENFEDT, M. K.; KLOET, S. P. V. Interspecific variation in anthocyanins, phenolics and antioxidant capacity among genotypes of highbush and lowbush blueberries (Vaccinium Section cyanococcus spp.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 4761-4767, 2001.
KECHINSKI, C. P.; GUIMARÃES, P. V. R.; NOREÑA, C. P. Z.; TESSARO, I. C.; MARCZAK, L. D. F. Degradation kinetics of anthocyanin in blueberry juice during thermal treatment. Journal of Food Science, v.75, n.2, p.173-176, 2010.
KECHINSKI, C. P.; SCHUMACHER, A. B.; MARCZAK, L. G. F.; TESSARO, I. C.; CARDOZO, N. S. M. Rheological behavior of blueberry (Vaccinium ashei) purees containing xanthan gum and fructose as ingredients. Food Hydrocolloids, v. 25, p. 299-306, 2011.
LAMEIRO, M. G. S. Fitoquímicos e atividade metabólica de extratos de amora-preta (Rubus sp.) e mirtilo (Vaccinium sp.) em ratos Wistar. Tese (Doutorado)Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2012.
LAVADINHO C., SOUSA M. B.; MOLDÃO-MARTINS, M. Influência da data de colheita na qualidade do mirtilo. Atas 5º Encontro de Química de Alimentos: Qualidade, Segurança, Inovação, p. 346-348, 2001.
LAWRENCE, J. R.; GERMIDA, J. J. Relationship between microbial biomass and elemental sulfur oxidation in agricultural soils. Soil Science Society of American Journal, Madison, v. 52, p. 672-677, 1988.
LEITZKE, L. N. Diferentes estratégias de desenvolvimento de mudas e manejo nutricional de plantas de mirtileiro (Vaccinium spp.). Tese (Doutorado) Programa de Pós Graduação em Fruticultura de Clima Temperado. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas - Pelotas, 2011.
35
MANACH, C. Polyphenols: food sources and bioavailability. American Journal of Clinical Nutrition, v. 79, n. 5, p. 727-747, 2004.
MADAIL, J. C. M.; SANTOS, A. M. Aspectos econômicos. In: RASEIRA, M. C. B.; ANTUNES, E. C. A cultura do Mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004. p. 63-69. (Documentos, 121).
MEIRELLES, P. C. Efeitos da suplementação de suco de mirtilo e exercício físico em marcadores de estresse oxidativo em indivíduos treinados. Dissertação (Mestrado) Pós Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Pelotas, Área de Concentração em Atividade Física, Saúde e Desempenho, da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas 2011.
MOLAN, A. L.; LILA, M. A.; MAWSON, J. Satiety in rats following blueberry extract consumption induced by appetite-suppressing mechanisms unrelated to in vitro or in vivo antioxidant capacity. Food Chemistry, v. 107, p. 1039-1044, 2008.
MORAES, J. O.; PERTUZATTI, P. B.; CORRÊA, F. V.; SALAS-MELLADO, M. L. M. Estudo do mirtilo (Vaccinium ashei Reade) no processamento de produtos alimentícios. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, p. 18-22, 2007.
MOURA, G. C. Cobertura do solo e níveis de nitrogênio no desenvolvimento, na produção e na qualidade de frutos de mirtileiros. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós Graduação em Fruticultura de Clima Temperado. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2009.
NeSMITH, D. S. Fruit development period of several rabbiteye blueberry cultivars. Acta Horticulturae, v. 715, p. 137-142, 2006.
OCHMIAN, I.; GRAJKOWSKI, J.; MILICIUK, G.; OSTROWSKA, K.; CHELPINSKI, P. Mineral composition of high blueberry leaves and fruits depending on substrate type used for cultivation. Journal of Elementology, v. 14, n. 3, p. 509-516, 2009.
field performance and chemical composition of highbush blueberry cv. Patriot. Agricultural and Food Science, v. 19, p. 69 80, 2010.
ORDIDGE, M.; GARCÍA-MACÍAS, P.; BATTEY, N. H.; GORDON, M. H.; HADLEY, P.; JOHN, P.; LOVEGROVE, J. A.; VYSINI, E.; WAGSTAFFE, A. Phenolic contents of lettuce, strawberry, raspberry, and blueberry crops cultivated under plastic films varying in ultraviolet transparency. Food Chemistry, v. 119, p. 1224 1227, 2010.
PAGOT, E. Cultivo de pequenas frutas: amora-preta, framboesa, mirtilo.Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR. 2006. p. 31-41.
36
PANNUZIO, A. Estudios de sustentabilidad de los sistemas de riego en arándanos. 1 ed. Buenos Aires, 96p. 2010.
PARRA, M. A. Producción de arándano: puntos claves de menejo del culivo. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 4.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 3., 2008, Pelotas. Palestras e resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2008. p. 65-74.
PAYNE, T. J. Formulating with Blueberries for Health. Cereal Foods World, v. 50, n. 5, p. 262-264, 2005.
PERTUZATTI, P. B.; BARCIA, M. T.; JACQUES, A. C.; VIZZOTTO, M.; GODOY, H. T.; ZAMBIAZI, R. C. Quantification of Several Bioactive Compounds and Antioxidant Activities of Six Cultivars of Brazilian Blueberry. The Natural Products Journal, v. 2, p. 188-195, 2012.
PRIOR, R. L. Fruits and vegetables in the prevention of cellular oxidative damage. American Journal of Clinical Nutrition, v. 78, n. 3, Suppl: 570S-8S, 2003.
LISCHNER, N.; EHLENFELDT, M.; KALT, W.; KREWER, G.; MAINLAND, C. M. Antioxidant capacity as influenced by total phenolic and anthocyanin content, maturity, and variety of Vaccinium species. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, p. 2686-2693, 1998.
RAMIREZ, M. R.; IZQUIERDO, I.; RASEIRA, M. C. B.; ZUANAZZI, J. A.; BARROS, D.; HENRIQUES, A. T. Effect of lyophilised Vaccinium berries on memory, anxiety and locomotion in adult rats. Pharmacological Research,Amsterdam, v. 52, p. 457-462, 2005.
RASEIRA, M. C. B. Descrição da planta, melhoramento genético e cultivares. In: RASEIRA, M. C. B.; ANTUNES, L.E.C. Cultivo do Mirtilo (Vaccinium spp).Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 21-43, 2006. (Embrapa clima temperado. Sistemas de Produção, 8).
RASEIRA, M. C. B.; FRANZON, R. Melhoramento genético e cultivares de amora-preta e mirtilo. Informe agropecuário, v. 33, n. 268, p. 104, 2012.
REISSER JUNIOR, C. ANTUNES, L. E. C. Irrigação. In: RASEIRA, M.C.B.; ANTUNES, L.E.C. Cultivo do Mirtilo (Vaccinium spp). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 75-78. 2006. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 8).
REISSER JUNIOR, C.; UENO, B.; MEDEIROS, A. R. M.; MEDEIROS, C. A.; ANTUNES, L. E. C.; WREGE, M. S.; HERTER, F. G. Irrigação e cobertura de solo em pomares de figueira em transição para o cultivo orgânico. Pelotas: Embrapa clima temperado, 2005. 4p. (Circular técnica, 50).
37
RETAMALES, J. B.; HANCOCK, J. F. Blueberries: Crop Production Science in Horticulture. CABI Publ. Co Oxfordshire, UK, 2012, 336 pp.
RIMANDO, A. M.; KALT, W.; MAGEE, J. B.; DEWEY, J.; BALLINGTON, J. R. Resveratrol, Pterostilbene, and Piceatannol in Vaccinium Berries. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v. 52, p. 4713-4719, 2004.
RODRIGUES, S. A. Efeito de acidulantes, espessantes e cultivares nas características físico-químicas e estruturais de topping de mirtilo. 2006. 92f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.
RODRIGUES, S. A.; GULARTE, M. A.; PEREIRA E. R. B.; BORGES, C. D.; VENDRUSCOLO, C. T. Influência da cultivar nas características físicas, químicas e sensoriais de topping de mirtilo. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v. 1, n. 1, p. 9-29, 2007.
SAFTNER, R.; POLASHOCK, J.; EHLENFELDT, M.; VINYARD, B. Instrumental and sensory quality characteristics of blueberry fruit from twelve cultivars.Postharvest Biology and Technology, v. 49, p. 19-26, 2008.
SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. C. B. O cultivo do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2002. 17p. (Documentos, 96).
SANTOS, A. M. Situação e perspectivas do mirtilo no Brasil. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 2., E ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 1. Palestras ... p. 282-285, 2004.
SCHICK, C. M. Cultivo del Arándano en Chile. In: V Simpósio Nacional do Morango e IV Encontro Sobre Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul. Pelotas, RS. Palestras e Resumos...p.52-58, 2010.
SELLAPPAN, S.; AKOH, C. C.; KREWER, G. Phenolic compounds and antioxidant capacity of Georgia-Grown blueberries and blackberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 2432-2438, 2002.
SERRADO, F.; PEREIRA, M.; FREITAS, S.; MARTINS, S.; DIAS, T. Mirtilo guia de boas praticas para produção, promoção e comercialização. 3ed. Adrimag, Gráficas M. Vide p. 79. 2010.
SHAUGHNESSY, K. S.; BOSWALL, I. A.; SCANLANA, A. P.; GOTTSCHALL-PASS, K. T.; SWEENEY, M. I. Diets containing blueberry extract lower blood pressure in spontaneously hypertensive stroke-prone rats. Nutrition Research,v. 29, p. 130-138, 2009.
UEPAE de Cascata, 1990, 11 p.
SHUKITT-HALE, B.; CAREY, A.N.; JENKINS, D.; RABIN, B. M.; JOSEPH, J. A.Beneficial effects of fruit extracts on neuronal function and behavior in a rodent
38
model of accelerated aging. Neurobiology of Aging, v. 28, p. 1187-1194, 2007.
SHUTAK, V. G.; GOUGH, R. E. Grow the Best Blueberries. A Storey Publishing Bulletin. A-89. U.S.A. 1982.
SILVEIRA, N. G. A.; VARGAS, P. N.; ROSA, C. S. Teor de polifenóis e composição química do mirtilo do grupo highbush. Alimentos e nutrição -Brazilian Journal of Food and Nutrition, v. 18, n. 4, p. 365-370, 2007.
SILVEIRA, T. M. T.; RASEIRA, M. C. B.; NAVA, D. E.; COUTO, M. Influência do dano da abelha-irapuá em flores de mirtileiro sobre a frutificação efetiva e as frutas produzidas. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 32, n. 1, p. 303-307, 2010.
. Chemical composition of selected cultivars of highbush blueberry fruit (Vaccinium corymbosum L.). Folia Horticulturae, v. 18, p. 47 56. 2006.
SOUSA, M. B.; CURADO, T.; LAVADINHO, C.; MOLDAO-MARTINS, M. Asurvey of Quality Factors in Highbush and Rabbiteye Blueberry cultivars in Portugal. Acta Horticulturae, v. 715, p. 567-572. 2006.
SOUZA, M. B.; CURADO, T.; VASCONCELLOS, F. N. E.; TRIGO, M. J. Mirtilo Qualidade pós-colheita. Alentejo, Portugal, Folhas de Divulgação AGRO
556 n.8, 2007.
and fertilization. Hortscience, Alexandria, v. 31, n. 7, p. 1167-1168, 1996.
STRICK, B. Blueberry: An expanding world berry crop. Chronica Horticulturaev. 45, n. 1, p. 7-12, 2005.
STRIK, B. C. Horticultural practices of gowing highbush blueberries in the ever-expanding U.S. and global scene. Journal of the American Pomological Society, v. 61, p. 148-150, 2007.
STRIK, B.C.; YARBOROUGH, D. Blueberry production trends in North America, 1992 to 2003, and predictions for growth. HortTecnology, v. 15, n. 2, p. 391-398, 2005.
SUN, L-Q.; DING, X-P.; QI, J.; YU, H.; HE, S-A.; ZHANG, J.; GE, H-X.; YU, B-Y.; Antioxidant anthocyanins screening through spectrum effect relationships and DPPH-HPLC-DAD analysis on nine cultivars of introduced rabbiteye blueberry in China. Food Chemistry. v. 132, p. 759-765, 2012.
SWEENEY, M. I.; KALT, W.; MACKINNON, S. L.; ASHBY, J.; GOTTSCHALL-PASS, K. T. Feeding rats diets enriched in lowbush blueberries for six weeks decreases ischemia-induced brain damage. Nutr Neurosci., v. 5, n. 6, p. 427-31, 2002.
39
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.
TIAN, Q.; GIUSTI, M. M.; STONER, G. D.; SCHWARTZ, S. J. Screening for anthocyanins using high-performance liquid chromatography coupled to electrospray ionization tandem mass spectrometry with precursor-ion analysis, product-ion analysis, common-neutral-loss analysis, and selected reaction monitoring. Journal of Chromatography A, v. 1091, p. 72-82, 2005.
TREHANE, J. Blueberries, Cranberries and Other Vacciniums. Royal Horticultural Society. Portland. U.S.A. 2004.
TURKMEN, I.; EKS, A. Brix degree and sorbitol/xylitol level of authentic pomegranate (Punica granatum) juice. Food Chemistry, v. 12, p. 118, 2011.
USDA National Nutrient Database for Standard Reference, Release 23 (2011), disponível em http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/cgi-bin/list_nut_edit.pl, acedido a 18 de novembro de 2012
VIZZOTTO, M.; FETTER, M. da R.; CORBELINI, D. D.; PEREIRA, M. C.; GONZALES, T. N. Bioactive compounds and antioxidant activity of blueberry (Vaccinium ashei READE). Acta Horticulturae, v. 972, p. 111-115, 2013.
VIZZOTTO, M.; PEREIRA, M. C., GULARTE, J. P. A. Compostos fenólicos e atividade antioxidante de cultivares e seleções de mirtilo dos grupos highbush (Vaccinium corymbosum L.) e rabbiteye (V. ashei Reade) com potencial para produção no Rio Grande do Sul. In: 7º Simposio Latino Americano de Ciência dos Alimentos. Campinas, São Paulo, 2007.
VRHOVSEK, U.; MASUERO, D.; PALMIERI, L.; MATTIVI, F. Identification and quantification of flavonol glycosides in cultivated blueberry cultivars. Journal of Food Composition and Analysis. v. 25, p. 9 16, 2012.
WAGNER JÚNIOR, A.; COUTO, M.; RASEIRA, M. do C. B., FRAZON, R. C. Efeito da lesão basal e do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas herbáceas de quatro cultivares de mirtilo. Revista Brasileira Agrociência, v. 10, n. 2, p. 251-253. 2004.
WANG, S. Y.; CHEN, H.; EHLENFELDT, M. K. Variation in antioxidant enzyme activities and nonenzyme components among cultivars of rabbiteye blueberries (Vaccinium ashei Reade) and V. ashei derivatives. Food Chemistry. v. 129, p. 13 20, 2011.
WANG, S. Y; CHENG, C.T.; SCIARAPPA, W.; WANG, C.Y.; CAMP, M. J. Fruit quality, antioxidant capacity, and flavonoid content of organically and conventionally grown blueberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 56, p. 5788 5794, 2008.
40
WEINBAUM, S. A.;JOHNSON, R. S.; DEJONG, T. M. Causes and consequences of over fertilization in orchards. HortTechonology, v. 2, p. 112-121. 1992.
WILLIS, L. M.; SMALL, B. J.; BICKFORD, P. C.; UMPHLET, C. D.; MOORE, A. B.; GRANHOLM, A-C. E. Dietary blueberry supplementation affects growth but not vascularization of neural transplants. Journal of Cerebral Blood Flow and Metabolism, v. 28, n. 6, p. 1150-1164, 2008.
YOU, Q.; WANG, B.; CHEN, F.; HUANG, Z.; WANG, XI.; LUO, P. G.Comparison of anthocyanins and phenolics in organically and conventionally grown blueberries in selected cultivars. Food Chemistry, v. 125, p. 201-208, 2011.
YOUDIM, K. A.; MCDONALD, J.; KALT, W.; JOSEPH, J. A. Potential role of dietary flavonoids in reducing microvascular endothelium vulnerability to oxidative and inflammatory insults. Journal of Nutritional Biochemistry, v. 13, p. 282-288, 2002.
YOUDIM, K. A.; SHUKITT-HALE, B.; MACKINNON, S.; KALT, W.; JOSEPH, J. A. Polyphenolics enhance red blood cell resistance to oxidative stress: in vitro and in vivo. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1523, p. 117-122, 2000.
ZADERNOWSKI, R.; NACZK, M.; NESTEROWICZ, J. Phenolic acid profiles in some small berries. Journal of Agriculture and Food Chemistry,Washington, v. 53, p. 2118-2124, 2005.
ZAFRA-STONE, S.; YASMIN, T.; BAGCHI, M.; CHATTERJEE, A.; VINSON J.A.; BAGCHI, D. Berry anthocyanins as novel antioxidants in human health and disease prevention. Molecular Nutrition e Food Research, v. 51, p. 675-683, 2007.
41
Capítulo 01
Crescimento de plantas, produção e qualidade dos frutos de mirtileiro
submetidos a diferentes níveis de adubação nitrogenada
Introdução
O mirtileiro (Vaccinium spp.) é uma espécie frutífera originária da Europa
e da América do Norte, onde é muito apreciada em razão do seu sabor
agridoce e das suas propriedades como alimento funcional (ANTUNES, 2006).
Pertence à família Ericaceae e está classificado dentro da subfamília
Vaccinioideae, na qual se encontra o gênero Vaccinium (TREHANE, 2004).
O cultivo comercial do mirtilo está em franca expansão em países da
América do Sul como Chile, Argentina e Uruguai, com área de produção de
aproximadamente 16.500 ha. A expansão da cultura nesses países é
influenciada, em grande parte, pela demanda da entressafra de países do
hemisfério norte como os Estados Unidos (STRIK, 2005; BRAZELTON e
STRIK, 2007), Alemanha e países asiáticos.
O nitrogênio é o macronutriente mineral que as plantas exigem em maior
quantidade, pois é necessário para a síntese dos carboidratos e proteínas da
célula vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004; OCHMIAN et al., 2009), sendo a forma
de NH4+, o componente base do fertilizante (OCHMIAN et al., 2009). O sulfato
de amônio ((NH4)2SO4) apresenta 21% de nitrogênio (N) e também 23% de
enxofre (S) solúvel em água, é cristalizado e pouco higroscópico, sendo uma
das fontes de nitrogênio mais recomendadas para aplicação no cultivo de
mirtilo, pois além do fornecimento de nitrogênio, fornece enxofre que nas
reações de oxirredução libera hidrogênio e acidifica o solo.
A absorção de nitrogênio ocorre rapidamente quando este está na forma
nítrica, porém também pode ser lixiviado pela água com facilidade
(FILGUEIRA, 2003). No solo, o nitrogênio existe preponderantemente na forma
orgânica, sendo necessária a mineralização pelos microorganismos para
ocorrer sua utilização pelas plantas. Plantas inoculadas com fungos
micorrízicos arbusculares absorvem mais nitrogênio proporcionando um maior
crescimento (FARIAS, 2012).
No mirtileiro, o nitrogênio é também um dos nutrientes mais exigido, pois
é imprescindível para o crescimento vegetativo e para o rendimento de frutos.
No entanto, o excesso pode afetar negativamente estas plantas, reduzindo o
rendimento de frutos e causando a queima das raízes, especialmente quando
há falta de água (TREHANE, 2004; DIEGUÉZ, 2007).
No mirtileiro a maior demanda de nitrogênio é na saída de dormência e
em pós-colheita (ALARCON, 2004). Sua deficiência pode resultar em
diminuição do crescimento vegetativo e perda gradual da cor verde das folhas,
devido à inibição da síntese de clorofila, sendo provavelmente a primeira causa
de surgimento de clorose nas folhas, por ser este mineral um dos componentes
da molécula de clorofila (MIGLIARO, 1999; FREIRE, 2006).
De acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC (2004) são
necessárias duas aplicações de nitrogênio durante o primeiro ano do mirtiliero
e a dose recomendada é de 5 g planta-1. No entanto, para plantas adultas se
recomenda observar os níveis nutricionais de cada local, antes da aplicação
(BUZETA,1997). A utilização de sulfato ou fosfato de amônio como fonte de
nitrogênio é o mais recomendado, devendo ser evitado o uso de uréia, pois
esta promove crescimento mais lento da planta (ALARCÓN, 2004).
A época de aplicação de nitrogênio em mirtileiros, assim como a forma e
a dose, pode favorecer as plantas nas diferentes fases (HANSON, 2006). O
parcelamento das aplicações nos períodos da superação da dormência e
queda das pétalas é melhor do que realizar uma única aplicação na superação
da dormência (HANSON e RETAMALES, 1992). Em algumas situações, a
aplicação do fertilizante em uma fase mais tardia leva a um maior rendimento
para as plantas (PAYLIS, 2006), enquanto a aplicação do nitrogênio no
primeiro ano leva a um maior crescimento das plantas de forma dose-
dependente (MOURA, 2009). Em plantas cultivadas em recipientes de 18 L
observou-se um padrão quadrático com relação as doses aplicadas com o pico
de crescimento na dose de 12,6 g de N por planta, não havendo diferenças
significativas quanto à produção e massa média de frutos (LEITZKE et al.,
2011). Em outros estudos, as doses de nitrogênio não afetaram diretamente a
produção de frutos (KOZINSKI, 2006).
Em relação à qualidade dos frutos, a aplicação de nitrogênio em pomar
adulto não alterou a qualidade físico-química (pH, Sólidos solúveis totais e
43
acidez total titulável), nem os teores de fenóis, atividade antioxidante e
conteúdo de antocianinas (MOURA, 2009).
De acordo com o exposto, entende-se que há necessidade de mais
estudos relacionados à aplicação de nitrogênio em mirtileiros. O presente
trabalho teve por objetivo estabelecer o nível de adubação nitrogenada, a
campo que propicie os melhores resultados no crescimento e produção das
plantas, bem como na qualidade das frutas produzidas, para assim ser possível
projetar um sistema de fertilização adequado para esta espécie.
2 Material e métodos
O experimento foi conduzido em uma propriedade particular, localizada
no município de Morro Redondo/RS-Brasil, no período de 2007 à 2012, sendo
aqui apresentados os resultados dos últimos dois anos de avaliação. O solo do
local de cultivo é um Cambissolo húmico eutotrófico típico, geologia regional de
granito com linhas de fratura, relevo ondulado, 10% de pedregosidade, 10% de
rochosidade, sem erosão e imperfeitamente drenado (Anexo 01). Foram
utilizados mirtileiros da cultivar Powderblue, com 6 anos de idade, com
espaçamento de 1,0 m entre plantas por 3,0 m entre filas.
O delineamento utilizado foi de blocos, com 4 repetições, sendo cada
parcela composta por três plantas.
Os tratamentos constituíram foram diferentes doses de nitrogênio,
utilizando como fonte o sulfato de amônio (NH4)2SO4 com 21% de N2 e 23% de
enxofre. Em 2009 foram aplicados seis tratamentos: a) testemunha (sem
adição do nutriente); b) 7,5 g de N por planta; c) 15 g de N por planta; d) T3:
22,5 g de N por planta; e) 30 g de N por planta e f) 37,5 g de N por planta.
As aplicações foram mensais para os três anos de adubação, sempre na
quantidade da menor dose, ou seja, 7,5 g por aplicação mensal, até completar
a dose para cada tratamento, iniciando no mês de setembro e finalizando em
janeiro, com um tratamento testemunha (Tabela 01). O sulfato de amônio foi
aplicado manualmente na superfície do solo a uma distância de 10 cm ao redor
do caule da planta, numa faixa de 1,0 cm de largura.
44
Tabela 01 - Doses experimentais de nitrogênio aplicadas no pomar de mirtileiros. Pelotas, 2013.
Doses/Época de aplicação
Set Out Nov Dez Jan Total aplicadog de N aplicação-1
testemunha 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,07,5 g de N planta-1 7,5 0,0 0,0 0,0 0,0 7,515 g de N planta-1 7,5 7,5 0,0 0,0 0,0 15,022,5 g de N planta-1 7,5 7,5 7,5 0,0 0,0 22,530 g de N planta-1 7,5 7,5 7,5 7,5 0,0 30,037,5 g de N planta-1 7,5 7,5 7,5 7,5 7,5 37,5
2.1 Produção e produtividade
A produção foi quantificada através da colheita total em parcelas de três
plantas. Os frutos foram levados ao laboratório avalaiçao de frutas da Embrapa
Clima Temperado, onde foram pesados em balança digital com unidades em
gramas. A estimativa da produtividade foi determinado por meio da
multiplicação da produção por planta e o número de plantas por hectare.
2.2 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade
Uma amostra de 10 frutos de cada parcela foi mensurada no sentido
longitudinal e transversal, com auxílio de um paquímetro digital com unidade
em milímetros (mm). Para a massa média de frutos, foram pesados 20 frutos
de cada parcela, calculando-se o peso unitário em gramas.
2.3 Massa seca de frutos
A massa seca de frutos foi avaliada uma única vez, com frutos coletados
no ciclo produtivo 2009/2010. Foi realizada a pesagem antes e após levar para
a estufa a 60oC (±2) por 72 h ou até o peso constante. O percentual de massa
seca do fruto foi obtido através da fórmula: (massa seca do fruto (g) x
100)/massa total (g). O percentual de água no fruto foi calculado pela diferença
entre peso total e percentual de água. Os resultados foram expressos em
percentual.
45
2.4 Medidas de ramos
Foram utilizados ramos na parte superior das plantas, sendo escolhidos
3 ramos por parcela e o crescimento foi acompanhado mensalmente, a partir
do inicio do crescimento, finalizando em março de cada ano. A mensuração foi
efetuada com trena métrica com escala em cm. Os resultados foram as médias
do crescimento acumulado.
2.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro
Os índices relativos de clorofila dos mirtileiros foram mensurados
diretamente nas folhas utilizando um clorofilômetro (Minolta SPAD-502). Foram
utilizadas folhas na altura dos ramos de produção no período de jan/fev de
2010. Cada repetição foi resultante da média de dez folhas, cinco de cada lado
da planta.
2.6 Caracterização físico-química
A caracterização físico-química foi feita para os frutos frescos dos ciclos
produtivos 2010/2011 e 2011/2012, no laboratório de Tecnoclogia Pós-Colheita
da Embrapa Clima Temperado. O suco das frutas foi obtido com auxílio de uma
centrífuga.
2.6.1 pH
A determinação do pH foi feita através de peagômetro digital (Shimadzu
Bausch e Lomb MO120634), com correção automática de temperatura.
2.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)
A concentração de SST foi medida através de um refratômetro de
bancada (Shimadzu Bausch e Lomb MO120634) expressando-se o resultado
em °Brix.
46
2.6.3 Acidez total titulável (ATT)
Determinada por titulometria. Foram utilizados 10 mL do suco de mirtilo
diluídos em 90 mL de água destilada e a titulação feita com uma solução de
NaOH 0,1N, em peagâmetro até pH 8,2. Os resultados expressos em
porcentagem de ácido cítrico.
2.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante
2.7.1 Coleta e preparo da amostra de frutos
Para a determinação de compostos fenólicos, antocianinas e atividade
antioxidante, os frutos foram colhidos próximo ao pico da colheita no ciclo
produtivo 2010/2011 e congelados a -18oC até o momento da análise.
2.7.2 Preparo do extrato
Os frutos foram cortados ainda congelados, em pequenos pedaços,
sendo que cinco gramas da amostra foram triturados em ultra-turrax com 15
mL de metanol acidificado com HCL1,5N na proporção de 85:15. Para a
obtenção do extrato, as amostras foram centrifugadas por 20 min, à 5.000 rpm,
em centrífuga refrigerada a -4ºC até a total separação do material
sobrenadante.
2.7.3 Quantificação de antocianinas totais
A quantificação de antocianinas totais foi realizada através da
metodologia adaptada de Fuleki e Francis (1968). Uma alíquota de ±2 mL foi
retirada do extrato preparado anteriormente e a leitura foi realizada a 535 nm
em espectrofotômetro (Genesys 10 UV Thermo Spectronic). Os resultados
foram calculados através de uma curva padrão de cianidina-3-glicosídeo e
expressos em mg de cianidina-3-glicosídeo por 100 g de amostra-1.
47
2.7.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais:
Uma alíquota de 250 μL de extrato foi diluída em 4 mL de água
destilada. Simultaneamente, um controle foi preparado contendo 250 μL de
metanol. Cada amostra e o controle foram acrescidos de 250 μL do reagente
Folin-Ciocalteau 0,25N (SWAIN e HILLIS, 1959) e reagiram por 3 min antes de
adicionar 500 μL de Na2CO3 1N. Deixou-se reagir por 2 h à temperatura
ambiente na ausência de luz e a absorbância foi medida a 725 nm em
espectrofotômetro. Os resultados foram calculados através de uma curva
padrão de ácido clorogênico e expressos em mg de ácido clorogênico por 100
g.
2.7.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH:
Uma aliquota de 10 μL do extrato foi combinada com 3800 μL da
solução de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995),
completando o volume para 4,0 mL com metanol. Um controle foi preparado
simultaneamente com 200 μL de metanol. As leituras das amostras foram
realizadas após 24 h de reação em espectrofotômetro a 515 nm. A atividade
antioxidante foi calculada através de uma curva padrão de trolox e expressa
em mg de equivalente ao trolox por 100 g.
2.8 Preparo das amostras para as análise de minerais nos mirtilos
Os frutos utilizados na análise, foram coletados no ciclo produtivo
2011/2012, congelados e liofilizados em um liofilizador de bancada (LIOTOP
Liobras L 101) para posterior determinação dos minerais. Em 250 mg de
amostra de frutos liofilizados e triturados, adicionou-se 5 mL de HNO3 65% P.A.
e 1 mL de H2O2 P.A. A solução foi preparada em tubos de ensaio de PVC para
posterior digestão em micro-ondas (Anton Paar Multiwave 3000) a 170°C por
10 min (SILVA, 2009).
48
2.8.1 Quantificação dos minerais nos mirtilos
Para a quantificação dos minerais, foi preparada uma solução com o
extrato digerido acrescido de reagente especifico para cada elemento:
- Ca: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura
em EAA (espectrometria de absorção atômica - Varian 240 FS). Curva padrão
de 0 a 4 ppm (+7 mL de água).
- Mg: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura
em EAA. Curva padrão de 0 a 4 ppm.
- K: 1 mL do extrato da digestão + 49 mL de água deionizada e leitura em EAA.
Curva padrão de 0 a 5 ppm.
- Cu, Fe, Mn e Zn: Leitura direta no extrato da digestão em EAA. Curva padrão
Cu de 0 a 1ppm, curva padrão de Fe de 0 a 8 ppm, curva padrão de Mn de 0 a
3 ppm, curva padrão de Zn de 0 a 2 ppm.
- P: 5 mL do extrato da digestão + 4 mL de uma mistura de reagentes
(vanadato de amônio 0,25% + molibdato de amônio 5% 1:1). Leitura em
espectrofotômetro (Bel Photonics UV/Vis SP 2000) em 420 nm. Curva padrão
de P de 0 a 20 ppm.
2.9 Análise estatística
Os resultados obtidos foram analisados com auxílio do programa
estatístico Winstat versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os
resultados obtidos com as doses de nitrogênio foram submetidos à análise de
variância e quando significativos ajustados por meio de regressão polinomial.
3 Resultados e discussão
3.1 Produção e produtividade
O rendimento não diferiu estatitisticamente para as doses de nitrogênio
aplicadas, ou seja, tanto testemunha (sem aplicação de nitrogênio), quanto a
dose máxima (37,5 g N planta-1), produziram quantidades que não diferiram
49
entre si estatísticamente. As médias de produção por planta e produtividade
para cada tratamento e ciclo produtivo estão apresentadas na Tabela 02.
Em trabalhos com aplicação de nitrogênio realizados em Pelotas/RS,
houve diferença significativa para a variável produção de frutos no primeiro ano
de colheita, representada por uma tendência quadrática. O maior rendimento
foi de 135 g planta-1 na dose 11,26 g de N planta-1. Já para o segundo ano de
colheita, não se observou diferença estatística significativa, sendo o rendimento
médio de 517,05 g de N planta-1, na dose de 7,5 g N planta-1 (LEITZKE, 2011).
Em média, nesta região de produção, a cultivar Powderblue produz 1,02kg
planta-1 levando a uma produtividade estimada de 2.259 kg ha-1 (ANTUNES et
al., 2008). Na Tabela 02, as médias obtidas para produção e produtividade da
mesma cultivar e na mesma região são maiores, o que pode estar relacionado
à idade das plantas. Outros estudos também apontam para uma melhora na
produção de frutos com a aplicação de nitrogênio ao solo (BAÑADOS et al.,
2012).
Em experimentos conduzidos em vasos, o rendimento de frutos de
mirtileiro Misty e Star, submetidos a diferentes doses de NPK, apresentaram
respostas diferenciadas entre as cultivares estudadas. O rendimento de frutos
de 'Star' aumentou de forma linear com o aumento da dose de fertilizantes. Já
para 'Misty', obteve um rendimento reduzido com a maior dose dos fertilizantes
(WILBER e WILLIAMSON, 2008).
Outros autores, corroborando como o resultado deste estudo, concluem
que o nitrogênio pode não ter um efeito direto na produtividade (HANSON e
HANCOCK, 1996; BAÑADOS, 2006; KOZINSKI, 2006; MOURA et al., 2008; LI
et al., 2012), podendo ainda, quando utilizado em doses muito elevadas
(maiores de 60 kg N ha-1) reduzir a produtividade (KOZINSKI, 2006). Em
estudo com a cultivar Bluecrop, a diminuição do rendimento somente foi
observada com a adição de doses de nitrogênio maiores de 150 kg ha-1
(MERCIK e SMOLARK, 1995),
Entende-se dessa forma que diversos fatores interferem na quantidade
de nitrogênio necessária as plantas, entre eles: tipo de solo, idade das plantas,
genótipo, entre outros. Segundo Bañados (2006), recomendações de doses e
época de aplicação de nitrogênio variam muito com a localização, ou seja, há
influencia dos fatores edafoclimáticos. Hanson e Hancock (1996) afirmam que
50
plantas de mirtilo estabelecidas em solo arenoso com baixa matéria orgânica,
ou quando foi usada serragem como cobertura do solo, requerem taxas mais
altas de nitrogênio do que plantas estabelecidas em local com alto conteúdo de
matéria orgânica ou com mulching orgânico.
Tabela 02 - Médias de produção e produtividade para os ciclos produtivos, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, para mirtileiros cultivar Powderblue sob doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.Doses de nitrogênio/Ciclo produtivo
Rendimento (g planta-1) Produtividade (kg ha-1)
2009/2010 2010/2011 2011/2012 2009/2010 2010/2011 2011/2012
testemunha 3.700,00ns 2.566,67ns 3.344,44ns 12.332,10ns 8.554,71ns 11.147,02ns
7,5 g de N planta-1 4.241,11 2.216,67 2.922,22 14.135,62 7.388,16 9.739,76
15 g de N planta-1 3.626,67 2.550,00 2.372,22 12.087,68 8.499,15 7.906,61
22,5 g de N planta-1 5.348,89 2.633,33 3.374,89 17.827,85 8.776,89 11.248,51
30 g de N planta-1 4.620,00 2.666,67 3.122,22 15.398,46 8.888,01 10.406,36
37,5 g de N planta-1 4.060,00 3.150,00 2.927,78 13.531,98 10.498,95 9.758,29
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
3.2 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g)
Para os ciclos produtivos avaliados, as doses de nitrogênio aplicadas ao
solo não foram significativas, ou seja, não se ajustou a nenhuma curva padrão
os valores médios de diâmetro longitudinal e transversal (Tabela 03).
Para o primeiro ano de avaliação (ciclo produtivo 2009/2010), a massa
média de frutos não foi alterada com os diferentes tratamentos, ou seja, os
frutos apresentaram a massa igual para todos os tratamentos, incluindo o
tratamento testemunha, náo havendo diferença estatística entre eles. A massa
média de fruto foi de 1,44 g (Tabela 04).
O mirtileiro produz frutos com diâmetro entre 8 e 22 mm, e essa variação
de tamanho é principalmente em função da cultivar (CHILDERS e LYRENE,
2006). Alguns autores afirmam que o manejo do solo não influencia no
tamanho do fruto. Kozinski (2006) estudou a influência de diferentes níveis de
nitrogênio em mirtileiros do grupo highbush cultivar Bluecrop e constatou que a
taxa de nitrogênio (0, 60, 120 e 180 kg N ha-1) não teve influência no peso do
51
fruto. O mesmo autor concluia que o tamanho do fruto foi influenciado mais
pelo rendimento que pela adubação nitrogenada e cobertura do solo.
Antunes et al. (2008), ao mensurar os frutos da cultivar Powderblue, em
Pelotas/RS, obtiveram como resultado para massa média de frutos 1,49 g e
diâmetro médio de 1,50 cm. O resultado para massa média de frutos foi
semelhante aos apresentados na tabela 04, porém o diâmetro que os autores
apresentam são um pouco maiores que os apresentados neste trabalho.
Tabela 03 - Médias dos diâmetros de mirtilos (mm), cv. Powderblue para os ciclos produtivos, 2009/2010 e 2010/2011, com diferentes doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.Doses/Ciclo produtivo
2009/2010 2010/2011Longitudinal Transversal Longitudinal Transversal
testemunha 13,33ns 11,59ns 13,32ns 12,21ns
7,5 g de N planta-1 13,57 11,91 13,89 11,7515 g de N planta-1 13,27 11,54 14,14 12,1122,5 g de N planta-1 13,43 11,85 14,08 12,1730 g de N planta-1 13,42 11,82 13,37 11,7137,5 g de N planta-1 13,54 11,94 13,73 12,1nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático.
Tabela 04 - Médias da massa de mirtilos (g), cv. Powderblue para os ciclos produtivos, 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012, com diferentes doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.
Doses/Ciclo produtivo Massa média do fruto (g)2009/2010 2010/2011 2011/2012
testemunha 1,39ns 1,68ns 1,54ns
7,5 g de N planta-1 1,51 1,61 1,5615 g de N planta-1 1,41 1,48 1,4022,5 g de N planta-1 1,42 1,49 1,4230 g de N planta-1 1,50 1,55 1,4337,5 g de N planta-1 1,41 1,64 1,50
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
3.3 Massa seca de frutos
Não houve diferença estatística entre tratamentos com relação a massa
seca de frutos. A média obtida foi de 18,17% de massa seca e 81,83% de água
nos frutos. As doses de nitrogênio não interferem na massa seca de frutos
(Tabela 05).
52
O valor de massa seca foi superior ao encontrado por Lameiro, et al.,
(2011), que caracterizou mirtilos da cultivar Powderblue com 86,72% de água.
Sabe-se que o mirtilo é caracterizado como um fruto com alto teor de água,
com umidade variando de 84 a 87,68% a (Souza et al., 2007; SILVEIRA et al.,
2007; USDA 2011).
Existem algumas variações entre os autores consultados, mas todos
estão dentro do padrão de valores ideais de umidade que fica entre 83-87%
(SOUZA, 2007). Os frutos avaliados neste trabalho apresentaram menos
umidade que os valores citados por Souza et al. (2007), ou seja, frutos com
maior percentual de massa seca, tornando-os mais resistentes ao
armazenamento e com melhor qualidade de processamento.
Tabela 05 - Médias do percentual de massa seca (MS) e água nos frutos para o ciclo produtivo 2010/2011, para mirtileiros cultivar Powderblue sob doses de nitrogênio, Pelotas, 2013. Doses /composição média dos frutos MS (%) Água (%)testemunha 17,85ns 82,15ns
7,5 g de N planta-1 17,50 82,5315 g de N planta-1 23,63 78,8922,5 g de N planta-1 17,08 82,9230 g de N planta-1 16,48 83,5337,5 g de N planta-1 16,48 83,62
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
3.4 Medidas de ramos (cm)
Não houve diferença significativa para o crescimento de plantas,
avaliado através da medida dos ramos para os dois ciclos produtivos
2009/2010 e 2010/2011, onde a média foi de 20,94 cm e 20,75 cm
respectivamente (Tabela 06).
Bañados et al. (2006) ao avaliarem o crescimento de mirtileiro cv.
Bluecrop, não observaram influência da massa seca da planta, em função da
adubação nitrogenada. Bañados et al. (2012), seguindo a mesma linha de
pesquisa, concluem que a aplicação de 50 kg ha-1 de N, apresentou melhores
resultados do que 100 e 150 kg ha-1 no estabelecimento de plantas no campo,
medido pelo crescimento das mesmas.
53
Alguns autores afirmam que o crescimento das plantas tem efeito
positivo com a aplicação de doses de nitrogênio ao solo, tendo como resposta
uma variação entre o padrão linear e o quadrático, numa regressão polinomial.
Williamson e Miller (2009), encontraram um ajuste linear positivo para a
variável comprimento do ramo em função do fator dose de fertilizante
nitrogenado, observando um comportamento constante no crescimento da
planta, Haby et al. (1991), obtiveram a mesma tendência linear ao
quantificarem o crescimento de ramos laterais de plantas de mirtileiro cv.
Tifblue, submetidas à diferentes doses de nitrogênio. Kozinski (2006) verificou
que doses crescentes de nitrogênio aumentaram o número e comprimento de
brotações em plantas de mirtilo do grupo highbush.
Leitzke et al. (2011), obtiveram como resultado para o crescimento de
va quadrática, com a aplicação de 12,6 g de
N por planta proporcionando maior crescimento dos ramos do mirtileiro, porém
a aplicação do nutriente foi feita em recipientes plásticos de 18 L. Yadong et al.,
(2009), estudaram o efeito de três diferentes níveis de nitrogênio (14, 28 e 42 g
planta-1) e constataram um aumento no comprimento médio dos ramos com o
uso do fertilizante, concluindo que os melhores resultados para esta variável foi
obtida com o nível médio de nitrogênio, ou seja, 28 g planta-1.
Tabela 06 - Médias do crescimento acumulado de ramos de mirtileiro (cm) cv. Powderblue para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012, com diferentes doses de nitrogênio, Pelotas, 2013.
Doses/composição média dos frutos
Crescimento acumulado de ramos (cm)2009/2010 2010/1011
testemunha 21,67ns 22,89ns
7,5 g de N planta-1 22,33 24,1115 g de N planta-1 22,56 21,6722,5 g de N planta-1 19,11 21,0030 g de N planta-1 19,44 23,2237,5 g de N planta-1 20,56 20,67
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
54
3.5 Índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro (unidades de SPAD)
Houve uma correlação significativa positiva entre doses de N e índice
relativo de clorofila, ajustando-se os dados a uma regressão linear, dentro dos
limites estudados (Figura 01). Portanto os maiores níveis de clorofila foram
encontrados nas plantas que receberam maiores quantidades de nitrogênio.
Entretanto, não é possível concluir que a dose máxima é a melhor, pois pode
ainda haver uma tendência de aumento no índice de clorofila de acordo com o
aumento das doses. Em experimentos como este realizados a campo, as
doses máximas geralmente são muito elevadas e, para alcançar o máximo do
índice relativo de clorofila, a dose poderia ser excessiva para o mirtileiro.
Leitzke (2012), ao avaliar o teor de clorofila em mirtileiros cultivar Misty,
em recipientes plásticos, obteve uma equação quadrática, sendo o ponto de
máxima de 12,1 g de N planta-1. Entretanto, a perda de nutrientes é menor em
recipientes e para obter resultados semelhantes em campo, é necessário usar
maiores doses do nutriente por planta.
Carvalho et al. (2003), verificaram que o teor de N nas folhas e o teor de
clorofila apresentam relação com a dose do elemento aplicada ao solo,
evidenciando a possibilidade de utilizar o medidor de clorofila para indicar quais
as doses do nutriente a serem aplicadas à cultura, a fim de manter teores
adequados nas folhas de acordo com o teor de clorofila. O índice SPAD, obtido
em folhas de diversas espécies, apresentaram correlação positiva com a
suficiência de nitrogênio (GUIMARÃES et al., 1999; SHAPIRO, 1999), podendo
ser considerado um índice para avaliar o estado de nitrogênio nas plantas.
Recentemente foi demostrada a potenciabilidade do SPAD para avaliar a
resposta de diversas espécies à aplicação do nitrogênio (CARRERES et al.,
2000).
Essa relação ocorre também com aplicação de outros nutrientes como,
por exemplo, o cálcio. Em folhas de mirtileiros 'Duke', foi demonstrado que os
fertilizantes a base de cálcio tem impacto semelhante sobre teor de clorofila
(OCHMIAN, 2012).
55
-1)
0 10 20 30 40
Teor
de
clor
ofila
nas
folh
as (S
PA
D)
40
42
44
46
48
50
52
y=0,2357x + 42,4137 R2=0,87Linear positiva
Figura 01 - Média do índice relativo de clorofila em folhas de mirtileiro cv. Powderblue em função de doses de N por planta. r2 0,87, no período de jan/fev de 2010. Morro Redondo, RS, 2013.
3.6 Caracterização físico-química
3.6.1 pH
O pH dos frutos não foi alterado com aplicação de nitrogênio ao solo
para os dois ciclos produtivos avaliados. Os valores médios de pH nos frutos
foram de 2,79 e 2,96 para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012,
respectivamente (Tabela 07). Esses valores estão coerentes com dados de
outros autores. Rodrigues et al. (2007), ao avaliarem a qualidade de frutos de
mirtilo, concluiram que o pH médio de frutos para a cultivar Powderblue é de
3,06.
Em outras frutas, como a goiabeira, foi observada a influência da
adubação nitrogenada no pH das frutas, sendo que as doses de nitrogênio (50,
100, 150 e 200kg N ha-1) interferiram no pH das frutas, apresentando um
padrão quadrático, sendo a melhor dose 150 kg N ha-1 (SILVA et al., 2008).
56
Tabela 07 - Médias do pH de mirtilos cv. Poederblue, com diferentes doses de N para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012, Pelotas, 2013.
Doses/pHpH
2010/2011 2011/12testemunha 2,81ns 2,96ns
7,5 g de N planta-1 2,81 2,9615 g de N planta-1 2,76 2,9622,5 g de N planta-1 2,77 2,9630 g de N planta-1 2,80 2,9637,5 g de N planta-1 2,77 2,96
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
3.6.2 Sólidos solúveis totais (SST)
Não houve diferença significativa para o teor de SST nos frutos no ciclo
produtivo 2010/2011, sendo a média de 12,14oBrix. O mesmo ocorreu no ciclo
produtivo seguinte (2011/2012), em que a média de 11,93oBrix. Nenhuma
curva padrão se ajustou aos dados obtidos e os resultados médios para cada
dose de nitrogênio podem ser conferidos na Tabela 08.
As diferenças na qualidade de frutos são em geral atribuídas ao
genótipo. O manejo do pomar e da planta por vezes, apresentam respostas
pouco perceptíveis para alguns aspectos de qualidade dos frutos. Em
mirtileiros, a aplicação de três níveis de NPK (14 g, 28 g e 42 g planta-1; 7 g, 14
g e 21 g de P e 7 g, 14 g e 21 g de K planta-1) não resultaram em diferenças
significativas quanto ao teor de sólidos solúveis totais (YADONG et al., 2009).
Antunes et al. (2008), avaliando a qualidade de frutos de mirtileiro de diferentes
cultivares do grupo rabbiteye, constataram que não houve diferença
significativa entre as cultivares avaliadas quanto ao teor de sólidos solúveis
totais, cuja média foi 13,20°Brix e, em especial para a cultivar Powderblue
apresentou média de 12,60°Brix. Na Tabela 08, observa-se que os resultados
são semelhantes ao ciclo produtivo 2010/2011.
57
Tabela 08 - Médias do teor de sólidos solúveis totais (SST) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N, para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012, Pelotas, 2013.
Doses/ SST (oBrix)SST (oBrix)
2010/2011 2011/12testemunha 12,60ns 11,33ns
7,5 g de N planta-1 11,83 11,9015 g de N planta-1 11,83 12,9622,5 g de N planta-1 12,47 11,8030 g de N planta-1 11,87 11,8037,5 g de N planta-1 12,27 11,80
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
3.6.3 Acidez total titulável (ATT)
No primeiro ciclo produtivo, a AT apresentou um padrão quadrático
negativo com ponto de mínima de 19,25 g de nitrogênio. Porém no segundo
ciclo produtivo não houve efeito das doses aplicadas, e a AT média foi de
0,63% ácido cítrico (Tabela 09).
Leitzke (2011) ao aplicar 0, 5, 10, 15 e 20 g N planta-1 em mirtileiro cv.
Misty, obteve como resultado para a AT dos frutos, valores entre 0,22 a 0,30%
ácido cítrico, porém as doses de nitrogênio aplicadas não foram significativas
para a AT do fruto.
-1)
0 10 20 30 400,56
0,58
0,60
0,62
0,64
0,66
y= 0,0002x2 - 0,0079x + 0,6475 R2=0,94
Figura 02 - Médias de AT em mirtilos cv. Powderblue, em função das doses de N.Ciclo produtivo 2010/2011. Morro Redondo, RS, 2013.
58
Tabela 09 - Médias da acidez total titulável (ATT) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N para os ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012,Pelotas, 2013.
Doses/AcidezAcidez (% ácido cítrico)
2010/2011 2011/12testemunha 0,65QN 0,64ns
7,5 g de N planta-1 0,59 0,5815 g de N planta-1 0,58 0,6222,5 g de N planta-1 0,57 0,6830 g de N planta-1 0,57 0,6237,5 g de N planta-1 0,62 0,65
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadráticoQNcurva quadrática negativa
3.7 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante
3.7.1 Antocianinas totais:
Para as antocianinas totais dos frutos, a curva apresentou um padrão
quadrático, a concentração de antocininas sobre com o aumento da dosagem
de N, até um determinado ponto, despois decresce com a aplicação de doses
superiores a 13,17 g (ponto de máxima) de nitrogênio no solo ocorre redução
no teor de antocianinas nos frutos.
Pertuzatti et al. (2007), ao avaliarem a composição química de frutos de
mirtilos cv. Powderblue obtiveram 256 mg de cianidina 3-glicosídio 100 g-1 de
fruta fresca. Resultados semelhantes foram encontrados por Rodrigues et al.
(2011) ao avaliar a mesma cultivar, podendo-se concluir que os frutos da
cultivar Powderblue possuem em média 245,48 mg 100 g-1 de antocianinas.
Ambos os autores apresentam resultados menores que os observados nesse
trabalho.
59
-1)
0 10 20 30 40
Teor
de
anto
cian
inas
nos
frut
os
580
600
620
640
660
680
700
720
740
760
780
800
y=-0,2344x2 + 6,1739x + 705,1007 R2=0,63
Figura 03 - Média do teor de antocianinas em frutos de mirtilo cv. Powderblue em função das doses de N. r2 0,83, no ciclo produtivo 2010/1011. Pelotas, RS, 2013.
Tabela 10 - Médias do teor antocianinas (mg cianidina 3-glucoside/100g amostra) em mirtilos cv. Powderblue, com diferentes doses de N para o ciclo produtivo 2010/2011, Pelotas, 2013.
Doses Antocianinas (mg cyanidin 3-glucoside/100g amostra)
testemunha 677,73 ± 19,40QP
7,5 g de N planta-1 778,98 ± 8,9515 g de N planta-1 752,27 ± 36,5322,5 g de N planta-1 732,54 ± 10,2030 g de N planta-1 616,79 ± 21,7637,5 g de N planta-1 641,58 ± 25,13
QPcurva quadrática positiva
2.7.2 Compostos fenólicos totais:
Os resultados médios obtidos para os compostos fenólicos em relação
às diferentes doses de nitrogênio se ajustaram ao padrão quadrático (Figura
04). O ponto de máxima calculado foi de 25,32 g de N por planta, ou seja, com
esta dose aplicada ao solo, o fruto produziu o máximo de compostos fenólicos.
Pertuzatti et al. (2007), ao avaliarem a composição química de frutos de
mirtilos cv. Powderblue obtiveram média de 816,9 mg de ácido gálico 100 g-1
fruta fresca. As médias apresentadas na Tabela 11 são maiores apenas para
os tratamentos que receberam nitrogênio. Porém Rodrigues et al. (2011), ao
60
avaliarem frutos de mirtilos da cultivar Powderblue com objetivo de quantificar a
concentração de compostos fenólicos de mirtilos produzidos no Brasil,
concluíram que a cv. Powderblue apresenta média a elevada (675,57 mg 100g-
1), quando comparado à outras cultivares, ainda assim, este valor é menor que
os apresentados neste trabalho.
-1)
0 10 20 30 40760
780
800
820
840
860
880
900
920
y= -0,1521x2 + 7,7017x + 803,8879 R2=0,60
Figura 04 - Média dos compostos fenólicos em frutos de mirtilo cv. Powderblue em função das doses de N. r2 0,83, no ciclo produtivo 2010/1011. Pelotas, RS, 2013.
Tabela 11 - Médias da concentração de compostos fenólicos (mg doequivalente ácido clorogênico 100 g-1) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N, para o ciclo produtivo 2010/2011, Pelotas, 2013.
Doses Compostos fenólicos mg do equivalente ácido clorogênico 100 g-1)
testemunha 783,77 ± 11,33QP
7,5 g de N planta-1 903,44 ± 16,3815 g de N planta-1 848,28 ± 20,2822,5 g de N planta-1 910,02 ± 38,0230 g de N planta-1 888,31 ± 12,0437,5 g de N planta-1 885,40 ± 4,99
QPcurva quadrática positiva
2.7.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH:
A atividade antioxidante apresentou um padrão quadrático (Figura 05) e
o ponto de máxima foi obtido com a aplicação de 14,9 g por planta.
61
Wolfe et al. (2008) avaliaram a atividade antioxidante de 25 tipos de
frutas comumente consumidas nos EUA, e concluíram que o mirtilo como uma
das frutas com maior atividade antioxidante em sistema de cultura de células.
Também foi observada uma alta correlação entre o conteúdo fenólico total e a
atividade antioxidante celular, demonstrando que o primeiro pode ser usado
como um indicador da atividade antioxidante apresentada pela fruta.
-1)
0 10 20 30 40
Ativ
idad
e an
tioxi
dant
e em
frut
os
4400
4500
4600
4700
4800
4900
5000
y=-0,7511x2 + 22,3812x + 4783,1050 R2=0,61
Figura 05 Média da atividade antioxidante em frutos de mirtilo cv. Powderblue em função das doses de N. r2 0,83, no ciclo produtivo 2010/1011. Morro Redondo, RS, 2010.
Tabela 12 - Médias do teor atividade antioxidante (μg trolox equivalente g-1) em mirtilos cv. Powderblue com diferentes doses de N, para o ciclo produtivo 2010/2011, Pelotas, 2013.Doses Atividade antioxidante (μg trolox equivalente g-1)testemunha 4.851,04 ± 45,33QD
7,5 g de N planta-1 4.797,22 ± 48,9315 g de N planta-1 4.969,03 ± 41,0422,5 g de N planta-1 4.838,38 ± 56,5030 g de N planta-1 4.963,24 ± 58,0237,5 g de N planta-1 4.473,76 ± 131,36
QPcurva quadrática positiva
62
3.8 Análise de minerais em frutos
Os minerais no fruto não apresentaram diferença de acordo com a dose.
O nitrogênio aplicada ao solo (Tabela 13), não causou diferenças quanto aos
minerais encontra Powderblue.
Os teores médios de cálcio encontrados nos frutos deste experimento
variaram de 51,88 a 89,17 mg kg-1, não apresentando diferença significativas
com relação às doses aplicadas (Tabela 13). A concentração média de cálcio
reportado na literatura para mirtilos varia de 9 a 12,10 mg 100 g-1 (USDA, 2011;
SILVEIRA et al., 2007). Segundo Oliveira et al. (2003), a quantidade de cálcio
em 10 tipos de jabuticabas, em média, é de 3mg 100 g-1. A jabuticaba é
semelhante ao mirtilo no tamanho, na cor e no sabor subácido, porém
apresenta menor concentração de cálcio.
O magnésio não foi significativo de acordo com ajuste linear ou
quadrático, sendo a média de 53,75 mg kg-1.
As concentrações de cobre nos frutos submetidos a adubação
nitrogenada não diferiram, apresentado um valor médio de 0,15 mg kg-1.
A concentração de ferro também não diferiu estatisticamente, quando as
plantas foram submetidas a diferentes níveis de nitrogênio, porém os valores
médios apresentaram grande variação sendo o menor (11,11 mg kg-1), com a
dose 7,5 g N planta-1 e o maior valor obtido (39,99 mg kg-1) sem aplicação de
nitrogênio ao solo.
A concentração média de manganês nos frutos foi 12,52 mg kg-1, as
médias não foram significativos de acordo com ajuste linear ou quadrático.
Para as concentrações de zinco no fruto, não houve ajuste da regressão
polinomial para os modelos linear ou quadrático, apresentando média de 3,14
mg kg-1.
A concentração média de fósforo nos frutos foi de 2,31 g kg-1. Os teores
médios não se ajustaram às curvas linear ou quadrática, pelo modelo
polinomial.
Silveira et al. (2007), ao avaliarem minerais em uma amostra de mirtilos
(Vaccinium australe), do grupo highbush conclui que o valor médio de fósforo
foi de 9,20mg 100g-1, enquanto que o USDA (2006), constatou 18 mg 100 g-1.
63
Os teores de potássio nos frutos não apresentaram diferença
significativa para os níveis de nitrogênio aplicados, sendo a média de 6,30 g kg-
1.
Os mirtilos dos grupos highbush (V. corymbosum e V. ashei) e lowbush
(V. augustifolium) por 100 g de parte edível, apresentam em média: 6,00 mg de
cálcio, 6,00 mg de magnésio, 0,057 mg de cobre, 0,28 mg de ferro, 0,336 mg
de manganês, 0,16 mg de zinco, 12,00 mg de fósforo, 77,00 mg de potássio e
ainda 1,00 mg de sódio. Pode ser observado ao comparar com os valores
apresentados na Tabela 13, que existem pequenas variações nos valores
encontrados, as quais podem ser explicadas pelo valor médio apresentado pela
USDA, contendo frutos do grupo lowbush (USDA, 2011).
Trabalhos que relacionam manejo do pomar e a sua influência na
qualidade das frutas ainda são bastante restritos. Resultados que demonstrem
a variação dos teores de antocianinas, compostos fenólicos e atividade
antioxidante, influenciados pela adubação nitrogenada em fruteiras ou, mais
precisamente, com mirtileiros não foram encontrados nas literaturas nacional e
estrangeira.
Tabela 13 - Médias do teor de minerais em mirtilos cv. Powderblue submetidas a diversas doses de N, ciclo produtivo 2011/2012, Pelotas, 2013.Doses de nitrogênio (g)
mg kg-1 g kg-1
Ca Mg Cu Fe Mn Zn P K
testemunha 82,84n
s 53,16ns 0,15ns 39,99ns 9,16ns 2,57n
s 2,17ns 6,05n
s
7,5 g de N planta-1 89,17 59,06 0,15 11,11 16,43 3,23 2,07 6,6815 g de N planta-1 51,88 48,31 0,15 23,21 10,49 2,63 2,13 6,4522,5 g de N planta-1 61,01 54,44 0,15 20,23 9,72 3,89 2,51 6,6230 g de N planta-1 53,56 57,67 0,15 20,64 12,30 3,31 2,27 6,7937,5 g de N planta-1 59,83 49,85 0,15 29,93 16,93 3,19 2,69 5,23
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático
4 Conclusões
As doses de nitrogênio aplicadas ao solo não alteram produtividade e
crescimento de plantas do mirtileiro Powderblue.
O índice relativo de clorofila nas folhas apresenta um padrão linear
positivo, em função da dose de nitrogênio.
64
Dentre as características físico-químicas avaliadas dos frutos, apenas a
acidez total titulável é alterada pelas diferentes doses de nitrogênio.
Antocianinas, compostos fenólicos e atividade antioxidante, são
influenciadas pelas doses de nitrogênio.
Referências bibliográficas
ALARCON, J. S. M. Propagación de Arándano y Framboeso Rojo. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS, 2, 2004, Bento Gonçalves. Anais. Bento Gonçalves, 2004. p. 32-38.
ANTUNES, L. E. C. Introdução. In: RASEIRA, M. C. B.; ANTUNES, L. E. C. (Ed.). Cultivo do mirtilo (Vaccinium spp). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. p.13-16. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de produção, 8).
ANTUNES, L. E. C.; GONÇALVES, E. D.; RISTOW, N. C.; CARPENEDO, S.; TREVISAN, R. Fenologia, produção e qualidade de frutos de mirtilo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 8, p. 1011-1015, 2008.
BAÑADOS, M. P. Blueberry Production in South America. Acta Horticulturae,v. 715, p. 165-172, 2006.
BAÑADOS, M. P.; STRIK, B. C.; BRYLA, D. R.; RIGHETTI, T. L. Response of Highbush Blueberry to nitrogen fertilizer during field establishment, I: Accumulation and allocation of fertilizer nitrogen and biomass. HortScience, v. 47, n. 5, p. 648-655, 2012.
BAÑADOS, M.P. STRIK, B.; RIGHETTI, T. The uptake and use of 15N-Nitrogen in young and mature field grown highbush blueberry. Acta Horticulturae, v. 715, p. 357-364, 2006.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a Free Radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel-Wissenschaft und -Technologie, v. 28, p. 25-30, 1995.
BRAZELTON, D.; STRIK, B.C. Perspective on the U.S. and Global Blueberry industry. Journal of the American Pomological Society, Massashuttes, v.61, n.3, p.144-147, 2007.
BUZETA, A.; Requerimientos edafoclimaticos. Berries para el 2000. Chile, p. 60-63, 1997.
CARRERES, R.; SENDRA, J.; BALLESTEROS, R.; CUADRA, J. G. Effects of preflood nitrogen rate and midseason nitrogen timing on flooded rice. Journal of Agriculture Science, v. 134, n. 4, p. 379-390, 2000.
65
CARVALHO, M. A. C.; FURLANI JUNIOR, E.; PAULINO, H. B.; BUZETTI, S. Doses e épocas de aplicação de nitrogênio e teores foliares deste nutriente e de clorofila em feijoeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27, n. 3, p. 445-450, 2003.
CHILDERS, N. F.; LYRENE, P. M. Blueberries for growers, gardeners, promoters. Florida: E. O. Painter Printing Company, 2006. 266p
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO RS /SC. Recomendação de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande do sul e Santa Catarina. 3 ed Passo Fundo: SBCS-Núcleo Regional Sul; EMBRAPA-CNPT, 2004. 223 p.
DIEGUÉZ, D. Nutrição mineral. 1o curso de produção de mirtilo de baixo requerimento em frio. Embrapa Clima Temperado, 2007.
FARIAS, D. H. Diversidade de fungos micorrízicos arbusculares em pomares e crescimentos de mudas micropropagadas de mirtileiros. 2012. 82f.Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliça. Vicosa: UFV, 2003. 402p.
FREIRE, C. J. S. Nutrição e adubação de mirtilo. In: RASEIRA, M.C.B.; ANTUNES, L.E.C. Cultivo do Mirtilo (Vaccinium spp). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 60-74, 2006. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 8).
FULEKI, T.; FRANCIS, F. J. Quantitative methods for anthocyanins 1. Extraction and determination of total anthocyanin in cranberries. Journal ofFood Science, v.33, p.72-77, 1968.
GUIMARAES, T. G.; FONTES, P. C. R.; PEREIRA, R. G.; ALVAREZ, V. H.; MONNERAT, P. H. Teores de clorofila determinados por medidor portátil e sua relação com formas de nitrogênio em folhas de tomateiro cultivados em dois tipos de solo. Bragantia, v.58, n.1, p.209-216, 1999.
HABY, V. A.; DAVIS, J. V.; LEONARD, A. T.; PATTEN, K. D. Rabbiteye blueberry plant response to nitrogen and phosphorus. Jornal of plant nutrition, v. 14, n. 10, p. 1081-1090, 1991.
HANSON, E. J. Nitrogen Fertilization of Highbush Blueberry. In: Proceedings on Vaccinium Culture, 8 (Ed) FONSECA, L.L. et al. Acta Horticulturae, v. 715, p. 347-341, 2006.
HANSON, E. J.; RETAMALES, J.B. Effect of Nitrogen Source and Timing on Highbush Blueberry Performance. HortScience, v.27, N.12, p. 1265-1267. 1992.
66
HANSON, E.; HANCOCK, J. Managing the nutrition of highbush blueberries. Extension Bulletin E-2011 Michigan State University East Lasing Mich, 1996.
KOZINSKI, B. Influence of Mulching and Nitrogen Fertilization Rate on Growth and Yield of Highbush Blueberry. In: Proceedings on Vaccinium Culture, 8 (Ed) FONSECA, L.L. da et al. Acta Horticulturae, v. 715, p. 231-235, 2006.
LEITZKE, L. N. Diferentes estratégias de desenvolvimento de mudas e manejo nutricional de plantas de mirtileiro (Vaccinium spp.). Tese (Doutorado)Programa de Pós Graduação em Fruticultura de Clima Temperado. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas - Pelotas, 2011.
LEITZKE, L. N.; VIGNOLO, G. K.; CARPENEDO, S.; MOURA, G.C.; ANTUNES, L.E.C. Crescimento de Plantas de Mirtileiro sob Influência de Diferentes Doses de Nitrogênio. Comunicado técnico, Pelotas, 2011. (Comunicado técnico, 274 Embrapa Clima Temperado).
LI, X.; WEI, J.; LI, Y. Physiological effects of nitrogen, phosphorus and . Acta Hort. (ISHS) 926:347-351. 2012.
MACHADO, A. A.; CONCEIÇÃO, A. R. Sistema de análise estatística para Windows. Winstat. Versão 2.0. UFPel, 2003.
MERCIK, S.; SMOLARK, K. Influence of fertilization and mulching on the growth, fruiting and chemical composition of soil and leaves of higbush blueberry. In: Nutrition of deciduous fruit plants. Acta Horticulturae, v. 383, p. 323-330, 1995.
MIGLIARO, B. R. Para entender la fruticultura. Chile 3 ed. 1999.
MOURA, G. C. Cobertura do solo e níveis de nitrogênio no desenvolvimento, na produção e na qualidade de frutos de mirtileiros. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós Graduação em Fruticultura de Clima Temperado. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. - Pelotas, 2009.
MOURA, G. C.; FERRI, J.; COUTO, M.; ANTUNES, L. E. C.; HERTER, F.; FACHINELLO, J. C.; REISSER, C. J. Efeito da aplicação de nitrogênio no crescimento de plantas e na produção de frutos de mirtileiro. XX Congresso Brasileiro de Fruticultura 54th Annual Meeting of the Interamerican Society for Tropical Horticulture, 2008.
OCHMIAN, I. The Impact of Foliar Application of Calcium Fertilizers on the Quality of Hig Notulae Botanicae Horti Agrobotanici Cluj-Napoca, v.40, n.2, p.163-169, 2012.
OCHMIAN, I.; GRAJKOWSKI, J.; MILICIUK, G.; OSTROWSKA, K.; CHELPINSKI, P. Mineral composition of high blueberry leaves and fruits depending on substrate type used for cultivation. Journal of Elementology, v. 14, n. 3, p. 509-516, 2009.
67
PAYLIS, G. C. Blueberry fruit quality and yield as affected by fertilization. Acta Horticulturae, v. 715, p. 353-356, 2006.
PERTUZATTI, P.B.; JACQUES, A.C. ZAMBIAZI, R.C. Relação de fitoquímicos na casa e polpa de mirtilo (Vaccinium ashei Reade) In: XVI CIC IX ENPOS,Pelotas. Cd Room. 2007.
RODRIGUES, E.; POERNER, N.; ROCKENBACH, I. I.; GONZAGA, L. V.; MENDES, C. R.; FETT, R. Phenolic compounds and antioxidant activity of blueberry cultivars grown in Brazil. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.31, n.4, p. 911-917. 2011.
RODRIGUES, S. A, GULARTE, M. A.; PEREIRA, E. R. B.; BORGES, C. D.; VENDRUSCOLO, C. T. Influência da cultivar nas características físicas, químicas e sensoriais de topping de mirtilo. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v. 1, n. 1, p. 9-29, 2007.
SHAPIRO, C. A. Using a chlorophyll meter to manage nitrogen applications to corn with high nitrate irrigation water. Comunications Soil Science Plant Analysis, v.30, n7/8, p.1037-1049, 1999.
SILVA, F. C. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes / editor técnico, Fábio Cesar da Silva. - 2. ed. rev. ampl. - Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 627p.
SILVA, J. E. B.; NETO, J. D.; GOMES, J. P.; MACIEL, J. L. SILVA, M. M.; LACERDA, R. D. Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de água e adubação nitrogenada. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.10, n.1, p.43-52, 2008.
SILVEIRA, N. G. A.; VARGAS, P. N.; ROSA, C. S. Teor de polifenóis e composição química do mirtilo do grupo highbush. Alimentos e nutrição -Brazilian Journal of Food and Nutrition, v. 18, n. 4, p. 365-370, 2007.
SOUZA, M. B. Mirtilo: qualidade pós-colheita. Agro divulgações. Agro 556:8, 2007. 10 p.
SOUZA, M. B.; CURADO, T.; VASCONCELLOS, F. N.E: TRIGO, M. J. Mirtilo Qualidade pós-colheita. Alentejo, Portugal, Folhas de Divulgação AGRO 556 n.8, 2007.
STRICK, B. Blueberry: An expanding world berry crop. Chronica Horticulturae, v. 45, n. 1, p. 7-12, 2005.
STRIK, B.C. Horticultural practices of gowing highbush blueberries in the ever-expanding U.S. and global scene. Journal of the American Pomological Society, v.61, p.148-150, 2007.
68
SWAIN, T.; HILLIS, W.E. The phenolic constituents of Prunus domestica I.- The quantitative analysis of phenolic constituents. Journal of Science and Food Agriculture, v.10, p.63-68, 1959.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719p.
TREHANE, J. Blueberries, cranberries and other vacciniums. Cambridge: Timber Press, 2004. 256p.
USDA National Nutrient Database for Standard Reference, Release 23 (2011), disponível em http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/cgi-bin/list_nut_edit.pl, acedido a 18 de novembro de 2012.
USDA: UNITED STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE. National Nutrient Database For Standard Reference. Release 19. Blueberries health.2006. Disponível em: www.blueberry.org/nutrition. htm. Acesso em: 16 maio 2013.
WILBER, L. W.; WILLIAMSON, J.G. Effects of Fertilizer Rate on Growth and Fruiting of Containerized Southern Highbush Blueberry. HortScience, v.43, n.1, p.143 145. 2008.
WILLIAMSON, J.G; MILLER, E.P. Effects of Fertilizer Rate and Form on Vegetative Growth and Yield of Southern Highbush Blueberry in Pine Bark Culture. HortTecnology, v.19, p. 152-157, 2009.
WOLFE, K. L.; KANG, X.; HE, X.; DONG, M.; ZHANG, Q.; LIU, R. H. Cellular antioxidant activity of common fruits. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 56, p. 8418 8426, 2008.
YADONG, l.; SHUANG, Z.; HANPING, D.; XIUWU, G. Effects of nitrogen, phosphorus and potassium on growth, fruit production and leaf physiology in blueberry. In: Proceedings on Vaccinium Culture, 9 (Ed) HUMMER, K.E. et al. Acta Horticulturae, v. 810, p. 759-764, 2009.
69
Capítulo 02
Crescimento, produção e qualidade de mirtilo submetidos a diferentes
níveis de enxofre
1 Introdução
O mirtileiro é uma espécie frutífera de clima temperado, cultivada
principalmente na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá (BRAZELTON e
STRIK, 2007). O fruto fresco é uma baga de formato achatado, sabor de doce a
doce-ácido. A colaração do epicarpo azul é escuro, com a superfície cerosa, e
em seu interior encontram-se muitas sementes (DARNELL, 2006).
O local de implantação de um pomar de mirtilo é considerado etapa
fundamental para garantir o bom desenvolvimento da planta, que necessita
solos leves, com alto teor de matéria orgânica (superior a 3%) e não sujeitos a
encharcamento prolongado (WILLIAMSON et al., 2006). O mirtilo também
requer solos ácidos, além de adubação fosfatada utilizando fosfatos naturais
como farinha de osso, fosfato de arade, dentre outros, e uma fonte de
nitrogênio como o nitrato de amônio (SANTOS, 2002).
Para o cultivo do mirtileiro o ideal são solos com pH entre 4 e 6. Solos
com pH acima de 6 manifestam desequilíbrio nutricional, principalmente com
relação ao ferro (BOUNOUS, 2009). Alguns autores, como Parra (2008),
restringe um pouco mais os níveis, afirmando que o ideal é um pH com valores
ente 4,5 e 5,5.
O controle do pH da rizosfera é de extrema importância, pois é este que
determina a disponibilidade de fósforo, afetando a precipitação/solubilização e
diretamente a absorção/disponibilidade dos fosfatos. O pH também influencia
na disponibilidade de vários micronutrientes (Fe, Zn, Mn) e na toxidez por
alumínio. Sob estas condições, o alumínio em solução livre (tóxico), ou seja,
sulfato de alumínio, reage para formar um composto inofensivo para as culturas
(PARRA, 2008).
Ao fertilizar o solo utilizando adubos minerais como sulfato de amônio,
(NH4)2SO4, se está acelerando ainda mais a acidificação do solo, pois este
adubo, ao se dissolver, reage com o oxigênio, formando grande quantidade de
hidrogênio H+. A aplicação de sulfato de amônio causa rápida queda do pH do
solo (STRONG et al., 1997).
As transformações de enxofre (S) no solo são controladas por processos
bióticos e abióticos, e dependem de fatores como a temperatura do solo, o pH,
a umidade, a quantidade e tipos de argilominerais, óxidos de ferro e alumínio,
os conteúdos de carbono e nitrogênio. As transformações bióticas estão
relacionadas aos processos de mineralização, imobilização, oxirredução e
assimilação de S pela planta, enquanto os processos abióticos ocorrem em
função de adsorção, dissorção, precipitação e dissolução do S inorgânico A
reação no solo se dá por: S-elementar + 1½O2 + H22-
(NORMAN et al., 2002).
Em solos com pH elevado, ocorre pouco crescimento das plantas, e em
algumas, pode ocorrer a morte de plantas jovens (HART et al., 2006). Solos
com pH acima de 6,0 podem ser acidificados para o cultivo do mirtileiro. Nesse
caso, é recomendada a aplicação de enxofre elementar, que pode ser
fornecido em uma única ou várias aplicações, com a finalidade de abaixar o pH
e, assim, oferecer melhores condições de desenvolvimento para as plantas
(FREIRE, 2006; HART et al., 2006). No entanto, outras fontes de acidificação
do solo podem ser utilizadas como o ácido sulfúrico, fosfórico e o ácido nítrico
(GIONGO, 2006).
As práticas de cultivo (densidade de plantação, fertilização, irrigação e
tratamentos antipragas), condições climáticas, grau de maturação na data de
colheita e método de colheita influenciam a composição química e a qualidade
do fruto do mirtileiro (S , 2006). Muitos dos metabólitos secundários
produzidos pelas plantas tem potencial ação sobre algumas doenças que
acometem a saúde humana, principalmente aquelas relacionadas ao
envelhecimento. Desta forma, todos os aspectos relacionados à produção das
frutas devem ser avaliados com o intuito de observar os impactos sobre a
biossíntese destes compostos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi
avaliar o efeito da aplicação de enxofre, quanto ao crescimento,
desenvolvimento, produção de plantas de mirtileiro e qualidade de frutas.
71
2 Material e métodos
O experimento foi conduzido em uma área experimental da Sede da
Embrapa Clima Temperado, localizada na latitude 31,5° e longitude 52,21° e
altitude de 70 m de altitude, no município de Pelotas (RS).
O material vegetal utilizado no experimento foram plantas de um ano de
idade, obtidas do viveiro comercial Os Mirtilos, localizado em Santa Vitória do
,
As plantas foram colocadas em recipientes plásticos (de 30 cm de
diâmentro) com capacidade para 18 L, em abril de 2010, simulando campo
aberto. As plantas foram dispostas em filas duplas, cada fila dupla foi
distanciada 60 cm da outra. Assim a densidade populacional foi estimada em
23.850 plantas ha-1.
O substrato básico utilizado para o experimento foi uma mistura de: 40%
terra peneirada; 20% de areia; 30% de serragem; e 10% matéria orgânica
(esterco bovino). Foi colocada uma camada de aproximadamente 5 cm de
pedra brita no fundo dos recipientes, para evitar o acúmulo de água. A mistura
foi comum para todos os tratamentos. Após o plantio, para manter a umidade
do substrato e controlar as plantas invasoras, foi colocado uma camada de
aproximadamente 5 cm de serragem de pinus sobre o substrato.
Os tratamentos foram diferentes doses de enxofre (S elementar), em
gramas por m3: T1: 50; T2 100; T3: 200; T4: 400, o que corresponde a T1: 0,9
g, T2: 1,8 g; T3: 3,6 g e T4: 7,2 g por recipiente plástico e um tratamento
controle sem aplicação de enxofre (testemunha). O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado, com 4 repetições. A parcela foi composta por 4
plantas.
O sistema de irrigação adotado foi o de gotejamento. Foram efetuadas
poda de inverno, limpeza e reposição de cobertura morta, sempre que
necessário. O crescimento das plantas foi acompanhado por meio de medidas
mensais de plantas e ramos, com auxilio de trena métrica, efetuado durante o
período de crescimento.
72
2.1 Análise do pH do solo
A análise do pH do solo foi feita 4 meses após a aplicação de enxofre,
para controlar o efeito da aplicação e incorporação de enxofre nos vasos de
mirtileiro. Amostras de solo foram coletadas das quatro repetições e
homogeneizadas, antes de enviar ao laboratório. Os resultados do pH estão
apresentados na Tabela 01 em anexo.
Tabela 01 - Análise do pH do solo de acordo com as doses de enxofre aplicadas.
Doses de enxofrepH do solo
O'Neal Mistytestemunha 4,47 4,400,9 g de S planta-1 4,42 4,741,8 g de S planta-1 4,83 4,153,6 g de S planta-1 3,88 4,277,2 g de S planta-1 3,48 3,88
Os resultados apresentados são valores médios de duas repetições.
2.2 Medidas de ramos
Foram selecionados três ramos por parcela na parte superior das
plantas e o crescimento foi acompanhado mensalmente, a partir do seu inicio,
finalizando em março de cada ano. A mensuração foi efetuada com trena
métrica, com escala em cm. Os resultados apresentados são médias do
crescimento acumulado.
2.3 Produção e produtividade
A produção foi quantificada através da colheita total em parcelas de três
plantas. Os frutos foram levados ao laboratório e pesados em balança digital
com unidades em gramas. A estimativa da produtividade foi determinada por
meio de multiplicação da produção por planta e o número possível de plantas
por hectare.
73
2.4 Tamanho de frutos: diâmetro e massa da unidade
Uma amostra de 10 frutos por parcela foi mensurada a cada colheita, no
sentido longitudinal e transversal, com auxílio de um paquímetro digital. Para a
massa média de frutos, foram pesados 20 frutos de cada tratamento, com as
respectivas repetições e a média destes frutos resultou no peso unitário em
gramas.
2.5 Caracterização físico-química
A caracterização físico-química foi feita para os frutos frescos da cultivar
nestas duas safras devido à baixa produtividade, não resultando em frutas
suficientes para as determinações.
Determinou-se o pH, o teor de sólidos solúveis totais (SST) e a acidez
total titulável (ATT) no do suco dos frutos extraídos em centrífuga.
2.5.1 pH
A determinação do pH foi feita através de peagâmetro digital (Metrohm
827 pH Lab), com correção automática de temperatura.
2.5.2 Sólidos solúveis totais (SST)
Medido através de um refratômetro de bancada (Shimadzu Bausch e
Lomb MO120634) e os dados expressos em °Brix.
5.5.3 Acidez total titulável (ATT)
Determinada pelo método potenciométrico utilizando 10 mL do suco de
mirtilo diluídos em 90 mL de água destilada e a titulação feita com uma solução
de NaOH 0,1029N, em peagâmetro até pH 8,2. Os resultados foram expressos
em porcentagem de ácido cítrico.
74
5.5.4 Relação entre SST e AT
Foi determinado pela divisão do SST pelo valor da AT.
2.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante
2.6.1 Coleta e preparo da amostra de frutos
Para a determinação de compostos fenólicos, antocianinas e atividade
antioxidante, uma amostra de mais ou menos 200 g de frutos foram colhidos
por parcela próximo ao pico da colheita nos ciclos produtivos: 2009/2010 e
2010/2011 e congelados a -18oC até o momento da análise.
2.6.2 Preparo do extrato
Os frutos foram cortados ainda congelados, em pequenos pedaços, e
cinco gramas de amostra foi homogeneizada em ultra-turrax com 15 mL de
metanol acidificado. O preparo do solvente consistiu na mistura de metanol
95% com solução de HCl 1,5N na proporção de 85:15. Para a obtenção do
extrato, as amostras foram centrifugadas por 20 min a 5.000 rpm, em
centrífuga refrigerada a -4ºC, até total separação do material sobrenadante.
2.6.3 Quantificação de antocianinas totais
A quantificação de antocianinas totais foi realizada através da
metodologia adaptada de Fuleki e Francis (1968) em que uma alíquota de ±2
mL do sobrenadante preparado anteriormente foi submetida à leitura em
espectrofotômetro (Genesys 10 UV Thermo spectronic) a 535 nm. Os
resultados foram calculados, através de uma curva padrão de cianidina-3-
glicosídeo e expressos em mg de cianidina-3-glicosídeo por 100 g.
2.6.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais
75
Uma alíquota de 250 μL de extrato foi diluída em 4 mL de água
destilada. Simultaneamente, um controle foi preparado contendo 250 μL de
metanol. Cada amostra e o controle foram combinados com 250 μL do
reagente Folin-Ciocalteau 0,25N (SWAIN e HILLIS, 1959) e reagiram por 3 min
antes de adicionar 500 μL de Na2CO3 1N. A reação ocorreu por 2 h à
temperatura ambiente na ausência de luz e a absorbância foi medida a 725 nm
em especto fotômetro. Os resultados foram calculados através de uma curva
padrão de ácido clorogênico e expressos em mg de ácido clorogênico por 100
g.
2.6.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH
Uma aliquota de 10 μL do extrato foi combinada com 3.800 μL da
solução de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995),
completando o volume para 4,0 mL com metanol. Um controle foi preparado
simultaneamente com 200 μL de metanol. As leituras das amostras foram
realizadas após 24 h de reação em espectrofotômetro a 515 nm. A atividade
antioxidante foi calculada através de uma curva padrão de trolox e expressa
em mg de equivalente ao trolox por 100 g de amostra.
2.7 Análise de minerais em frutos
Os frutos utilizados na análise, foram coletados no ciclo produtivo
2011/2012 e, após congelados, sofreram processo de liofilização (LIOTOP
Liobras L 101). Para a determinação dos minerais foram pesados 250 mg de
amostra de frutos liofilizados e triturados, adicionados 5 mL de HNO3 65% P.A.
e 1 mL de H2O2 P.A. A solução foi preparada em tubos de ensaio de PVC para
posterior digestão em micro-ondas Anton Paar Multiwave 3000) a 170°C por 10
minutos (SILVA, 2009).
2.7.1 Quantificação
Para a quantificação dos minerais, foi preaparada uma solução com o
extrato digerido mais reagente especifico para cada elemento:
76
- Ca: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura
em EAA (espectrometria de absorção atômica - Varian 240 FS). Curva padrão
de 0 a 4 ppm (+7 mL de água).
- Mg: 1 mL do extrato da digestão + 4 mL de óxido de lantânio 0,1% e leitura
em EAA. Curva padrão de 0 a 4 ppm.
- K: 1 mL do extrato da digestão + 49 mL de água deionizada e leitura em EAA.
Curva padrão de 0 a 5ppm.
- Cu, Fe, Mn e Zn: Leitura direta no extrato da digestão em EAA. Curva padrão
Cu de 0 a 1 ppm, curva padrão de Fe de 0 a 8 ppm, curva padrão de Mn de 0 a
3 ppm, curva padrão de Zn de 0 a 2 ppm.
- P: 5 mL do extrato da digestão + 4 mL de uma mistura de reagentes
(vanadato de amônio 0,25% + molibdato de amônio 5% 1:1). Leitura em
espectrofotômetro (Bel Photonics UV/Vis SP 2000) em 420 nm. Curva padrão
de P de 0 a 20 ppm.
2.8 Análise estatística
Os resultados obtidos foram analisados com auxílio do programa
estatístico Winstat versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os
resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando
significativos ajustados por meio de regressão polinomial.
3 Resultados e discussão
3.1 Medidas de ramos
O crescimento de ramos, em termos médios, não apresentou diferença
estatística significativa ao final do ciclo de avaliação. Em função das doses de
enxofre aplicadas, as médias de crescimento foram de 30,61 cm para a cultivar
Misty e 28,7
Spiers e Braswell (1992) avaliaram quatro doses de enxofre (0, 280, 560,
e 1.120 kg ha-1) aplicados ao solo, em cultivo de mirtilo e concluíram que o
vigor da planta não foi influenciado pelos tratamentos, mesmo com o
fracionamento das aplicações, corroborando com os resultados encontrados no
77
presente trabalho. Provavelmente a aplicação de enxofre não teve influência
sobre o crescimento dos ramos das plantas devido ao fato deste nutriente não
possuir função especifica em processos fisiológicos, tais como elongamento
celular.
Tabela 02 - Médias do crescimento dos ramos (cm) das cultivares Misty e
2011/2012. Pelotas, 2013.
Doses enxofre Comprimento de ramos (cm)Misty O'Neal
testemunha 28,09ns 27,88ns
0,9 g de S planta-1 31,22 26,191,8 g de S planta-1 31,52 31,133,6 g de S planta-1 30,59 28,817,2 g de S planta-1 31,63 29,75
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
3.3 Produção e produtividade
Para a cultivar Misty, a produção não foi alterada com a aplicação de
enxofre que, em média, produziu 114,69 g planta-1, uma produção ainda baixa,
pois eram plantas jovens no primeiro ano de produção (Tabela 03). A cultivar
a Misty, porém também não apresentou diferença com relação às doses de
enxofre aplicadas (Tabela 03).
Em outro estudo de cultivares de mirtilo (Simultan, Delicia, Lax,
Compact, Augusta, Azur, Blueray) e substratos (5 kg turfa + 5 kg de estrume;
10 kg de acícula de coníferas; 5 kg turfa 5 kg de estrume 40 g de enxofre em
pó) foi observado que o substrato acícula de coníferas, que recebeu enxofre,
não teve nenhum efeito sobre o rendimento de frutos (IANCU et al., 2008),
corroborando com os resultados obtidos neste experimento. A baixa produção
média encontrada no presente experimento também foi encontrada por outros
autores quando trabalhando com plantas no primeiro ciclo de produção
(LEITZKE, 2011); enquanto no segundo ciclo de produção a produção média
de frutos para essas cultivares foi bem superior (LEITZKE, 2011; PICOLOTTO
et al.; 2012).
78
Tabela 03 - Médias de produção e produtividade de mirtileiros cultivares Misty e
2011/2012. Pelotas, 2013.Doses enxofre Produção (g planta-1) Produtividade (Kg ha-1)
Misty O'Neal Misty O'Nealtestemunha 128,46ns 32,79ns 3.057,99ns 780,57ns
0,9 g de S planta-1 110,76 32,91 2.636,64 783,421,8 g de S planta-1 126,56 28,63 3.012,76 681,543,6 g de S planta-1 99,05 29,13 2.357,89 693,447,2 g de S planta-1 108,62 29,54 2.585,70 703,20
Para cálculo de produtividade, estimou-se 23.850 plantas por ha. nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
3.4 Tamanho de frutos: diâmetro (mm) e massa da unidade (g)
Não foi observada diferença estatística para massa e diâmetro do fruto.
A aplicação de enxofre não alterou esta variável para as cultivares Misty e
g fruto-1, com diâmetro
médio de 12,6 com
massa média de 1,31 g fruto-1 e diâmetro médio de 12,85 mm. O diâmetro
médio transversal é semelhante para as duas cultivares, porém os frutos da
de formato mais achatado (Tabela 04).
De acordo Lyrene e Williamson (1997), os frutos de mirtilo das cultivares
ao avaliarem mirtilos da cultivar Misty, em cultivo fora de solo, obtiveram massa
média dos frutos de 1,13 g, valores um pouco superiores aos apresentados na
Tabela 03. Em estudos com mirtileiros relacionando pH e o diâmetro do fruto, a
massa da unidade e a produção total foram significativamente maiores em
plantas irrigadas com água de pH 2,0 em comparação com os outros
tratamentos (FERREYRA et al., 2001). Em solos turfosos, que são mais ácidos,
a planta se desenvolve melhor, produzindo mais e com melhor qualidade
(TASA et al., 2012). Em geral, o pH do solo influencia na absorção de
nutrientes, o que explica o melhor desenvolvimento das plantas neste tipo de
solo.
79
Tabela 04 - Médias dos diâmetros de frutos (mm) e massa de frutos (g) das
produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.
Doses enxofreDiâmetro (mm) Massa fruto (g)
Misty O'Neal Misty O'Nealtestemunha 12,13ns 12,88ns 0,88ns 1,07ns
0,9 g de S planta-1 12,11 12,63 0,96 1,001,8 g de S planta-1 13,49 12,73 0,96 1,043,6 g de S planta-1 12,64 13,53 0,95 1,157,2 g de S planta-1 13,06 12,47 0,94 0,98
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
3.5 Caracterização físico-química:
3.5.1 pH
Não houve variações significativas para pH dos frutas em função das
doses de S aplicadas e da cultivar estudada (Tabela 05). O pH dos frutos do
mirtileiro, geralmente inferior a 4,5, aumenta no decorrer do amadurecimento e
influencia diretamente as características sensoriais e a capacidade de
conservação dos mesmos (SOUSA, 2007; LEITZKE, 2011).
Souza et al. (2011) avaliando o desenvolvimento vegetativo e o início do
período produtivo, em campo, de mirtilos propagados por estaquia e
micropropagação obtiveram para as cultivares Bluegem, Briteblue e Woodard
valores de pH entre 2,4 a 2,7. Desta forma, verifica-se que, mesmo aplicando-
se um elementonutriente com potencial de redução do pH do sistema
substrato/raízes, o pH dos frutos é ainda superior ao encontrado em outras
situações, e certamente não influencia no sabor do fruto.
3.5.2 Sólidos solúveis totais
Para o teor de SST, a média geral foi de 12,93oBrix (Tabela 05), não
havendo diferença significativa para as doses de S aplicadas. Em média, os
valores de sólidos solúveis totais observados para mirtilos estão na faixa de
11,3 a 16,0 °Brix (COUTINHO e CANTILLANO, 2006; SOUSA, 2007).
Especificamente para a cultivar Misty os valores médios são um pouco
menores e ficam na faixa de 10,48 a 11,17°Brix (LEITZKE, 2011). Os valores
80
médios para SST obtidos neste experimento estão entre os valores
encontrados na literatura (entre 10 e 19%) para diversas cultivares de V.
corymbosum, na plena maturação (PRIOR et al., 1998; SAFTNER et al., 2008;
GIOVANELLI e BURATTI, 2009).
Na região de Pelotas-RS, Antunes et al. (2008) não observaram
quanto ao teor de sólidos solúveis totais, cuja média foi 13,20°Brix.
3.5.3 Acidez total titulável (ATT)
A ATT aumentou a medida que se aumentou doses de enxofre
aplicadas. Com as maiores doses de enxofre, os frutos produzidos foram mais
ácidos, variando de 0,59% (testemunha) a 0,74% de ácido cítrico (maior dose)
(Tabela 05). Os valores médios de acidez total titulável encontrados para
mirtilos na variam de 0,40 a 0,50% ácido cítrico (COUTINHO e CANTILLANO,
2006), podendo ser inferior para a cultivar Misty (valor médio de 0,25% ácido
cítrico) (LEITZKE, 2011).
Doses de enxofre planta-1
0,58 0,60 0,62 0,64 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74 0,76-2
0
2
4
6
8
y=0,0136x + 0,6303 R2=0,762Linear positiva
Figura 01 - Médias da acidez total em frutos de mirtileiro cv. Misty em função dos tratamentos, T1: 0 g de S (controle); T2: 0,9 g de S; T3: 1,8 g de S, T4: 3,6 g de S e T5: 7,2 g de S. No ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, RS, 2013.
81
3.5.4 Relação entre SST e AT
Para a variável SST/AT, não houve influência das diferentes doses de
enxofre aplicadas. Os valores obtidos variaram de 16 para as maiores doses a
22 para menores doses de enxofre aplicado. A medida que se elevou a dose
de enxofre, a relação entre SST e AT, apresentou uma tendência a redução. A
relação entre SST e AT representa o equilíbrio entre o gosto doce e ácido do
fruto, portanto, um indicativo de qualidade. O valor tende a aumentar, devido à
diminuição dos ácidos e aumento dos açúcares, sendo que o valor absoluto
depende da cultivar utilizada. Para mirtilos o valor médio encontrado na relação
SST e AT varia de 28,09 a 39,02 (SOUSA, 2007).
Doses de enxofre planta-1
0 2 4 6 816
17
18
19
20
21
22
23
24
Y=-0,6408 + 21,0383x R2 0,68Linear negativa
Figura 02 - Médias do Ratio em frutos de mirtileiro cv. Misty em função dos tratamentos, T1: 0g de S (controle); T2: 0,9g de S; T3: 1,8 g de S, T4: 3,6 g de S e T5: 7,2 g de S. No ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, RS, 2013.
82
Tabela 05 - Médias do pH, sólidos solúveis totais (SST), acidez total (AT) e
doses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.Doses de enxofre pH SST (oBrix) AT (% ácido cítrico) SST/ATtestemunha 3,24ns 13,53ns 0,59LP 22,79LN
0,9 g de S planta-1 3,25 13,33 0,68 19,591,8 g de S planta-1 3,28 12,23 0,67 18,363,6 g de S planta-1 3,25 13,10 0,69 19,047,2 g de S planta-1 3,09 12,43 0,74 16,76
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.LP Linear positive, LN Linear negativa.
3.6 Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante
3.6.1 Quantificação de antocianinas totais
A concentração das antocianinas nos frutos não foi alterada com a
acidificação do solo, tendo a cultivar Misty média de 706,26 mg cianidina 3-
glucosídeo 100 g amostra-1
766,70 mg (Tabela 06).
O manejo do pomar, normalmente, tem influencia sobre o teor de
antocianinas. Mirtilos produzidos em agricultura biológica apresentam
concentrações de antocianinas até duas vezes superiores aos valores obtidos
em cultivo convencional (WANG et al., 2008).
Outros estudos demonstram a ausência de diferenças significativas nos
teores em antocianinas totais em mirtilos do grupo rabbiteye cultivadas em
agricultura biológica quando comparada a convencional (YOU et al., 2011). Da
em dois locais de cultivo, com valores médios de 36,3±0,3 e 46,1±0,7 mg eq
cianidina100g-1 (OLIVEIRA, 2012).
Assim, pode-
sensíveis ao manejo ou as condições edafoclimaticas, com relação ao teor de
antocianinas nos frutos.
Tabela 06 - Médias da concentração antocianinas (mg de cianidina 3-glucoside em 100 g-1) em mirtilos cvs.de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.
83
Doses de enxofre/cultivares
Antocianinas (mg de cianidina 3-glucoside em 100g-1)
Misty O'Nealtestemunha 651,71 ± 21,76ns 731,63 ± 34,03ns
0,9 g de S planta-1 822,74 ± 13,10 779,96 ± 39,101,8 g de S planta-1 704,15 ± 20,83 697,71 ± 47,083,6 g de S planta-1 734,09 ± 13,25 833,42 ± 31,427,2 g de S planta-1 618,64 ± 31,29 790,79 ± 49,42
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
3.6.2 Quantificação dos compostos fenólicos totais
Para os compostos fenólicos, os resultados obtidos para a cultivar Misty
apresentaram curva com padrão quadrática (Figura 03), sendo a menor media
obtida para a testemunha (365,13 mg 100g-1). Os demais valores foram
semelhantes entre si, tendo como média 901,90 mg 100 g-1
apresentou uma média de 702,45 mg 100 g-1, para os compostos fenólicos,
não apresentando uma curva padrão significativa em função das doses de
enxofre (Tabela 07).
A concentração de compostos fenólicos pode ser influenciada pelo
manejo do pomar e local de produção. No presente trabalho, a acidificação do
substrato alterou o teor de compostos fenólicos nos frutos da cultivar Misty,
, mostrando que esta resposta pode estar
ligada também a fatores genéticos, pois as condições de clima eram as
mesmas para as duas cultivares. Corroborando com este resultado, outros
estudos observaram este mesmo padrão em relação à esta família de
compostos bioativos e manejo de pomares de mirtilo (WANG el al., 2008; YOU
et al., 2011). No entanto, o local pode influenciar, diretamente, a produção
destes compostos (OLIVEIRA, 2012). A concentração de compostos fenólicos
mg equivalentes
de ácido gálico 100 g-1 de fruto).
84
Tabela 07 - Médias da concentração de Compostos fenólicos (mg do equivalente ácido clorogênico 100 g-1) em mirtilos cvs.aplicação de diferentes doses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.
Doses de enxofre/cultivares
Compostos fenólicos (mg do equivalente ácido clorogênico 100 g-1)
Misty O'Nealtestemunha 365,13 ± 6,025 717,77 ± 35,06ns
0,9 g de S planta-1 981,36 ± 95,627 730,25 ± 23,711,8 g de S planta-1 808,32 ± 24,969 590,80 ± 61,953,6 g de S planta-1 939,95 ± 53,319 731,43 ± 145,177,2 g de S planta-1 877,93 ± 6,988 742,00 ± 36,11
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
Doses de enxofre planta-1
0 2 4 6 8300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
y=-25,522x2 + 230, 14x + 524,59 R2=0,57
Figura 03 - Médias dos compostos fenólicos em frutos de mirtileiro cv. Misty em função dos tratamentos, T1: 0 g de S (controle); T2: 0,9 g de S; T3: 1,8 g de S, T4: 3,6 g de S e T5: 7,2 g de S. No ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, RS, 2013.
3.6.3 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH
Para a capacidade antioxidante, não houve diferença significativa entre
os tratamentos para as duas cultivares avaliadas e o valor médio encontrado foi
de 18.161,68 mg de equivalente em trolox 100 g-1 para a cultivar Misty e de
3.775,33 mg de equivalente em trolox 100 g-1
08).
em
recipientes com substrato, não foram sensíveis a variação do pH do solo em
85
função das aplicações de enxofre, contrariando alguns resultados obtidos com
manejo de mirtileiros. Por exemplo, a aplicação de doses de enxofre em
em recipientes com substrato
apresentaram um padrão linear para as duas cultivares, em relação a atividade
antioxidante, com a elevação desse nutriente (LEITZKE, 2011). O sistema de
produção (orgânico e convencional) também influencia na qualidade do fruto
nem sempre favorecendo o sistema orgânico (YOU et al., 2011). Em adição, a
cultivar e o ciclo produtivo influenciam na capacidade antioxidante de frutos
(MOURA et al., 2011).
Tabela 08 - Médias da atividade antioxidante (μg trolox equivalente g tecido-1)nos frutos ses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.Doses de enxofre/cultivares
Atividade antioxidante (μg trolox equivalent/g tecido)Misty O'Neal
testemunha 3531,12 ± 130,35ns 3748,20 ± 25,92ns
0,9 g de S planta-1 3756,84 ± 8,02 3922,53 ± 139,621,8 g de S planta-1 3629,10 ± 26,85 3828,48 ± 68,513,6 g de S planta-1 3729,31 ± 74,74 3625,38 ± 70,367,2 g de S planta-1 3593,85 ± 82,48 3752,08 ± 123,01
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
3.7 Análise de minerais em frutos
A cultivar Misty apresentou uma curva padrão para os minerais Mg e Mn,
linear e quadrática respectivamente. Os demais minerais (Ca, Cu, Fe, Zn, P e
K) não se ajustaram à nenhum modelo de curva (Tabela 09).
Os ram diferença significativa
para os minerais analisados (Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn, P e K), ou seja, a
acidificação do solo não influenciou na quantidade de minerais nos frutos no
primeiro ciclo produtivo (Tabela 10).
As concentrações foliares de minerais em mirtileiros irrigados com
soluções a diferentes pHs também foram influenciados, como é o caso do Mn,
sendo esse encontrado em menor concentração em plantas irrigadas com água
sem acidificação (FERREYRA et al., 2001). Já havia sido observado que, à
medida que o pH do solo reduziu, as concentrações de Fe na planta
diminuíram e a concentração de Mn, Zn e Cu aumentaram (HAYNES e SWIFT,
86
1985). Entretanto, cabe ressaltar que nestes estudos acima citados, os
minerais não foram determinados nas frutas.
De acordo com o USDA (2011), os mirtilos Vaccinium (grupos highbush
(V. corymbosum e V. ashei) e lowbush (V. augustifolium) por 100 g de parte
comestível, apresentam em média: 6,00 mg de cálcio, 6,00 mg de magnésio,
0,057 mg de cobre, 0,28 mg de ferro, 0,336 mg de manganês, 0,16 mg de
zinco, 12,00 mg de fósforo, 77,00 mg de potássio e ainda 1,00mg de sódio.
Pode ser observado, ao comparar com os valores apresentados nas Tabelas
09 e 10, que existem pequenas variações nos valores encontrados, as quais
podem ser explicadas pelo valor médio apresentado pela USDA, contendo
frutos do grupo lowbush.
Tabela 09 - Médias das concentrações de minerais em frutos de mirtileiro da cultivare Misty, após aplicação de diferentes doses de enxofre, ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.
Dosesmg/kg g/kg
Ca Mg Cu Fe Mn Zn P Ktestemunha 86,49ns 76,42 0,41ns 42,60ns 180,80 7,82ns 2,47ns 5,11ns
0,9 g de S planta-1 82,15 79,29 1,30 83,69 184,11 9,14 2,46 4,461,8 g de S planta-1 97,30 83,25 0,63 82,86 217,59 16,48 2,80 4,033,6 g de S planta-1 83,97 72,14 0,38 47,15 178,86 7,00 2,78 5,297,2 g de S planta-1 102,65 89,51 0,15 45,24 224,65 6,78 2,66 5,45
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
Tabela 10 - Médias das concentrações de minerais em frutos de mirtileiro da
2011/2012. Pelotas, 2013.
Dosesmg/kg g/kg
Ca Mg Cu Fe Mn Zn P Ktestemunha 62,96ns 59,29ns 1,71ns 46,75ns 131,58ns 6,45ns 2,01ns 8,51ns
0,9 g de S planta-1 55,23 62,37 1,24 43,01 108,14 7,59 1,61 5,901,8 g de S planta-1 67,07 59,13 1,28 68,28 101,98 6,51 1,73 4,553,6 g de S planta-1 80,63 74,44 1,81 44,62 118,49 8,04 2,46 5,897,2 g de S planta-1 68,64 76,44 0,74 53,63 156,49 7,62 2,19 5,80
nsnão significativa de acordo com ajuste linear e quadrático após a aplicação de enxofre ao solo.
87
4 Conclusões
A produção de frutos e o crescimento de plantas dos mirtileiros cvs.
não são alterados com as aplicações de diferentes doses de
enxofre, no primeiro ano de produção;
A atividade antioxidante, o conteúdo de antocianinas e a concentração
de minerais das frutas não são influenciadas;
Os compostos fenólicos e acidez total das frutas são influenciadas pelas
aplicações de enxofre.
Referências bibliográficas
ANTUNES, L. E. C.; GONÇALVES, E. D.; RISTOW, N. C.; CARPENEDO, S.; TREVISAN, R. Fenologia, produção e qualidade de frutos de mirtilo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 8, p. 1011-1015, 2008.
BOURNOUS, G. Piccoli frutti. Mirtilli, lamponi, ribes, uvaspina. Come coltivarli, raccoglierli e utilizzarli. Edagricole. Bologna. 2009, 393 p.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a Free Radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel-Wissenschaft & Technologie, v.28, p.25-30, 1995.
BRAZELTON, D.; STRIK, B.C. Perspective on the U.S. and Global Blueberry industry. Journal of the American Pomological Society, v. 61, n. 3, p. 144-147, 2007.
COUTINHO, E. F.; CANTILLANO, R. F. F. Conservação pós colheita. In: RASEIRA, M. C. B.; ANTUNES, L. E. C. A cultura do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 53-60, 2006. (Embrapa Clima Temperado. Sistema de Produção, 8).
DARNELL, R. L. Blueberry botany/environmental physiology. In: CHILDERS, N. F.; LYRENE, P.M. Blueberries for growers, gardeners, promoters. Florida: E.O.Painter Printing Company, 2006. p. 5-13.
FERREYRA E. R.; PERALTA C. J.; SADZAWKA R. A.; MUÑOZ S. C.; VALENZUELA, B. J. Efecto de la acidificación del sustrato y del agua de riego en la nutrición, desarrollo y producción de arándano ojo de conejo (Vaccinium ashei Reade). Agricultura Técnica, v. 61, n. 4, 2001.
FREIRE, C.J.S. Nutrição e adubação de mirtilo. In: RASEIRA, M.C.B.; ANTUNES, L.E.C. Cultivo do Mirtilo (Vaccinium spp). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 60-74, 2006. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 8).
88
FULEKI, T.; FRANCIS, F. J. Quantitative methods for anthocyanins 1. Extraction and determination of total anthocyanin in cranberries. Journal of Food Science, v. 33, p. 72-77, 1968.
GIONGO, L. Mirtillo gigante. Piccoli frutti Il Divulgatore, n. 11, p. 35-43, 2006.
GIOVANELLI, G.; E BURATTI, S. Comparison of polyphenolic composition and antioxidant activity of wild Italian blueberries and some cultivated varieties. Food Chemistry, v. 112, p. 903-908. 2009.
HART, J.; STRIK, B.; WHITE, L.; YANG, W. Nutrient management for Blueberries in Oregon. Nutrient management guide, 2006.
IANCU, M.; ANCU, I.; MLADIN, P.; ANCU, S.; MLADIN, G.; CHITU, V. Influence of the planting substrate on blueberry growth and yield. Horticulture, v. 65, n. 1, 2008.
LEITZKE, L. N. Diferentes estratégias de desenvolvimento de mudas e manejo nutricional de plantas de mirtileiro (Vaccinium spp.). Tese (Doutorado) Programa de Pós Graduação em Fruticultura de Clima Temperado. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas - Pelotas, 2011.
LYRENE, P. M.; WILLIAMSON, J. G. Highbush blueberry varieties for Florida. Proceedings of the Florida State Horticultural Society, v. 110, p. 171-174, 1997.
MACHADO, A. A.; CONCEIÇÃO, A. R. Sistema de análise estatística para Windows. Winstat. Versão 2.0. UFPel, 2003.
MOURA, G. C.; FINKENAUER, D.; CARPENEDO, S.; VIZZOTTO, M.; ANTUNES, L. E. C. Caracterização físico-química de mirtilos submetidos a diferentes coberturas de solo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2011. p. 8 (Embrapa Clima Temperado. Comunicado Técnico, 266).
NORMAN, A. L; GIESEMANN, A; KROUSE, H. R; JÄGER, H. J. Sulphur isotope fractionation during sulphur mineralization: results of an incubationextraction experiment with a Black Forest soil. Soil Biology & Biochemistry, v. 34 p. 1425-1438, 2002.
OLIVEIRA, P. F. M. Influência dos fatores ambientais, de produção e do grau de amadurecimento nas propriedades antioxidantes e antimutagénicas de diferentes cultivares de Vaccinium spp, produzidas em Portugal. Dissertação -Faculdade de Ciência e Tecnologia - Faculdade Nova Lisboa. 2012.
PARRA, M. A. Producción de arándano: puntos claves de menejo del culivo. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 4.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 3., 2008, Pelotas. Palestras e resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2008. p. 65-74.
89
PICOLOTTO, L.; GONÇALVES, M. A.; VIGNOLO, G. K.; FERREIRA, L. V.; RUTZ, L. N.; ANTUNES, L. E.C. Desempenho produtivo de mirtileiro (Vaccinium corymbosum) em função do uso da torta de mamona. Congresso Brasileiro de fruticultura. Resumos e palestras. Bento Gonçalves, 2012.
PRIOR, R. L.; CAO, G.; MARTIN, A.; SOFIC BRIEN C.Antioxidant capacity as influenced by total phenolic and anthocyanin content, maturity, and variety of Vaccinium species. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, n. 7, p. 2686-2693, 1998.
SAFTNER R.; POLASHOCK J.; EHLENFELDT M.; VINYARD, B. Instrumental and sensory quality characteristics of blueberry fruit from twelve cultivars. Postharvest Biology and Technology, v. 49, p. 19-26. 2008.
SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. C. B. O cultivo do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2002. 17p. (Documentos, 96).
SILVA, F. C. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes / editor técnico, Fábio Cesar da Silva. 2. ed. rev. ampl. - Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. 627p.
. Chemical composition of selected cultivars of highbush blueberry fruit (Vaccinium corymbosum L.). Folia Horticulturae, v. 18, p. 47 56. 2006.
SOUSA, M. B. Mirtilo: Qualidade Pós Colheita. Folhas de Divulgação AGRO 556. n. 8, p. 1-18. 2007.
SOUZA, A. L. K.; SCHUCH, M. W.; ANTUNES, L. E. C.; SCHMITZ, J. D.; PASA, M. S.; CAMARGO, S. S.; CARRA,B. Desempenho de mudas de mirtilo obtidas por micropropagação ou estaquia. Pesquisa Agropecuária Brasileira,v.46, n.8, p.868-874, 2011.
SPIERS, J. M.; BRASWELL, J. H. Soil-applied Sulfur Affects Elemental Leaf Journal of the American
Society for Horticultural Science, v. 117, n. 2, p. 230-233, 1992.
STRONG, D. T.; SALE, P.W.G.; HELYAR, K.R. Initial soil pH affects the pH at which nitrification ceases due to self-induced acidification of microbial microsites. Australian Journal of Soil Research, v. 35, p. 565-570, 1997.
SWAIN, T.; HILLIS, W. E. The phenolic constituents of Prunus domestica I.-The quantitative analysis of phenolic constituents. Journal of Science and Food Agriculture, v.10, p.63-68, 1959.
TASA, T.; STARAST, M.; VOOL, E.; MOOR, U.; KARP. K. Influence of soil type on half-highbush blueberry productivity. Agricultural and Food Science, v. 21, n. 4, 2012.
90
USDA National Nutrient Database for Standard Reference, Release 23 (2011), disponível em http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/cgi-bin/list_nut_edit.pl, acedido a 18 de novembro de 2012.
WANG, S. Y; CHENG, C.T.; SCIARAPPA, W.; WANG, C.Y.; CAMP, M. J. Fruit quality, antioxidant capacity, and flavonoid content of organically and conventionally grown blueberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 56, p. 5788 5794, 2008.
WILLIAMSON, J.; KREWER, G.; PAVLIS, G.; MAINLAND, C.M. Blueberry soil management, nutrition and irrigation. In: CHILDERS, N.F.; LYRENE, P.M. Blueberries for growers, gardeners, promoters. Florida: E.O.Painter Printing Company, 2006. p. 60-74.
YOU, Q.; WANG, B.; CHEN, F.; HUANG, Z.; WANG, XI.; LUO, P. G. Comparison of anthocyanins and phenolics in organically and conventionally grown blueberries in selected cultivars. Food Chemistry, v. 125, p. 201-208, 2011.
91
Capítulo 03
Influencia da poda sobre a produção, qualidade físico-química e compostos bioativos de mirtilo
Introdução
Espécie típica de clima temperado, o mirtileiro (Vaccinium spp.) foi
domesticado no início do século XX, tendo o primeiro trabalho que descreve as
suas características e manejo publicado por Frederick Vernon Coville (Março
1867 Janeiro 1937), botânico do Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (RETAMALES e HANCOCK, 2012). O mirtileiro é uma planta arbustiva
e apresenta um período de repouso hibernal. Durante este período são
efetuadas práticas culturais importantes, entre as quais, a poda de inverno.
A poda é uma prática agrícola antiga realizada em fruticultura,
importante, principalmente, em plantas com produção no ramo do ano. Para
fornecer os resultados esperados, é importante que seja executada levando-se
em consideração a fisiologia e a biologia da planta, e seja aplicada de forma
correta (VIEIRA JÚNIOR e MELO, 2006).
A poda consiste na eliminação de ramos buscando equilibrar a parte
aérea da planta com o desenvolvimento das raízes e a produção de frutos.
Uma grande quantidade de ramos resultará numa grande produção de frutos,
mas com qualidade inferior. A poda tem também como objetivo a abertura do
centro da planta (SERRADO et al., 2010), alterando a forma natural da mesma,
modificando a sua arquitetura a fim de torná-la de menor porte, proporcionando
melhor iluminação e arejamento no interior da copa e regularizando a produção
para obter frutos de boa qualidade, além de manter a sanidade e vigor da
planta (FILHO et al., 2011).
De acordo com Bounous (2009), no momento da implantação do pomar
de mirtileiro, a poda é feita para favorecer um melhor desenvolvimento
vegetativo, proporcionando uma planta produtiva aos três anos de idade. Na
sequência, as intervenções de poda são realizadas no inverno (poda seca) e
no verão (poda verde). Na poda de inverno prioriza-se a eliminação de galhos
secos e de ramos mal localizados, principalmente aqueles que se desenvolvem
para o interior da copa. Não se deve despontar os ramos da planta nesta fase,
uma vez que as gemas de flor se concentram nas ultimas seis a oito gemas
terminais (ANTUNES et al., 2007). O número de hastes em plantas adultas
deve ser entre quatro e seis, sendo uma ou duas para substituição e as demais
para produção (SANTOS, 2002).
A importância da poda não deve ser subestimada, visto que a mesma
influencia no rendimento e no calibre dos mirtilos, ano após ano, durante os 25
ou 30 anos de exploração destes arbustos. Pode ser necessária uma poda leve
quando as plantas são jovens, mas a intensidade da poda aumenta com a
maturação da planta (TREHANE, 2004). Albert et al., (2010), concluíram que
em três anos, as plantas podadas drasticamente têm o mesmo rendimento que
as não podadas, mas quatro anos depois o rendimento da planta podada é
maior.
A intensidade da poda depende da cultivar, da idade, do número de
pernadas/ramificações existentes, do sistema de condução da planta, do vigor,
do hábito de vegetação. A poda curta ou drástica consiste na quase total
supressão do ramo. Pode-se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa
apenas uma ou duas gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo
com o máximo de comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo
intermediário entre os dois anteriores (VIEIRA JÚNIOR e MELO, 2008).
O objetivo do presente trabalho foi o de estudar o efeito de diferentes
intensidades de poda na produção e qualidade .
2 Material e métodos
O experimento foi conduzido em uma propriedade particular, localizada
no município de Morro Redondo/RS. O material vegetal utilizado foram
mirtileiros Foram escolhidas plantas uniformes.
Elas se encontravam dispostas em talhões univarietais, não sendo este fator
considerado como tratamento, pois não havia aleatorização das cultivares. O
espaçamento das plantas foi diferente para as duas cultivares em função do
93
vigor das mesmas, para Misty, foi de 0,80 m entre plantas e 3 m entre filas;
para a cv. o espaçamento foi de 0,90 m entre plantas e 3 m entre filas.
Os fatores estudados foram intensidades de poda: a. T1: sem poda; b.
T2: poda leve (retirados os ramos secos e mal localizados); c. T3: poda
testemunha (realizada no pomar pelo proprietário) e d. T4: poda drástica
(retirados os ramos baixos, secos, mal formados e mal localizados, além de
priorizar ramos de maior calibre). O delineamento experimental foi em blocos
ao acaso com 4 repetições, com duas plantas por repetição. Ao instalar o
experimento as plantas tinham quatro anos. Os experimentos foram instalados
no ano de 2010 e os tratamentos se seguiram no ano de 2011. O manejo do
pomar, como capinas, roçadas, irrigação e fertilização, foi o mesmo aplicado às
demais plantas e conduzido pelo proprietário.
2.1 Produção e produtividade
A produção foi quantificada através da colheita total em parcelas de
duas plantas, realizadas nos ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012. Os
frutos foram levados ao laboratório, foram pesadas em balança digital com
unidades em gramas. A estimativa da produtividade foi determinado por meio
da multiplicação da produção por planta pelo número de plantas por hectare.
Para Misty o espaçamento permitia uma densidade de 4.125 plantas ha-1 e-1
2.2 Tamanho de frutos
Uma amostra de 10 frutos por parcela foi mensurada no sentido
longitudinal, com auxílio de um paquímetro digital em milímetros. Para a massa
média de frutos, foram pesados 20 frutos por parcela, a média destes frutos
resultou na massa unitária, em gramas. Estas avaliações foram realizadas nos
ciclos produtivos de 2010/2011 e 2011/2012
94
2.3 Caracterização físico-química
A caracterização fisico-química dos frutos foi feita para os frutos frescos
da cultivar Misty no ciclo produtivo 2010/2011, as frutas da cv. não
foram suficientes para esta análise.
O pH, o teor de sólidos solúveis totais (SST) e a acidez total titulável
(ATT) foram determinados no suco dos frutos extraídos em centrifuga.
2.3.1 pHA determinação do pH foi feita através de peagâmetro de bancada
(Metrohm 827 pH Lab), com correção automática de temperatura;
2.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)Medido através de um refratômetro de bancada (Shimadzu Bausch e
Lomb MO120634) expressando-se o resultado em °Brix;
2.3.3 Acidez total titulável (ATT)Determinada pelo método potenciométrico. Foram utilizados 10 mL do
suco de mirtilo diluídos em 90 mL de água destilada e a titulação feita com uma
solução de NaOH 0,1029N, em pHmetro até pH 8,2, os resultados foram
expressos em porcentagem de ácido cítrico.
2.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante
2.4.1 Coleta e preparo da amostra de frutos
Para a determinação de compostos fenólicos, antocianinas totais e
atividade antioxidante, os frutos foram colhidos próximo ao pico da colheita nos
ciclos produtivos: 2011/2012 e congelados a -18oC até o momento da análise.
2.4.2 Preparo do extrato
Os frutos foram cortados ainda congelados, em pequenos pedaços, e
cinco gramas de amostra foram homogeneizadas em ultra-turrax com 15mL de
95
metanol acidificado com HCl1,5N. Para a obtenção do extrato, as amostras
foram centrifugadas por 20 min a 5,000 rpm, em centrífuga refrigerada a -4ºC
até total separação do material sobrenadante.
2.4.3 Quantificação de antocianinas totais
A quantificação de antocianinas totais foi realizada através do método
adaptado de Fuleki e Francis (1968). A leitura das amostras foi realizada a
535nm em espectrofotômetro (Genisys 10 UV Thermo spectronic). Os
resultados foram calculados, através de uma curva padrão de cianidina-3-
glicosídeo e expressos em cianidina-3-glicosídeo por 100 g de amostra.
2.4.4 Quantificação dos compostos fenólicos totais
Uma alíquota de 250 μL de extrato foi diluída em 4 mL de água
destilada. Simultaneamente, um controle foi preparado contendo 250 μL de
metanol. Cada amostra e o controle foram combinados com 250 μL do
reagente Folin-Ciocalteau 0,25N (SWAIN e HILLIS, 1959) e reagiram por 3 min
antes de adicionar 500 μL de Na2CO3 1N. A reação ocorreu por 2 h à
temperatura ambiente na ausência de luz direta e a absorbância foi medida a
725 nm. Os resultados foram calculados através de uma curva padrão de ácido
clorogênico e expressos em mg de ácido clorogênico por 100 g.
2.4.5 Atividade antioxidante frente ao radical DPPH
Uma aliquota de 10 μL do extrato foi combinada com 3800 μL da
solução de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) (BRAND-WILLIAMS et al., 1995),
completando o volume para 4,0 mL com metanol. Um controle foi preparado
simultaneamente com 200 μL de metanol. As leituras das amostras foram
realizadas após 24 h de reação em espectrofotômetro a 515 nm. A atividade
antioxidante foi calculada através de uma curva padrão de trolox e expressa
em mg de equivalente ao trolox por 100 g de amostra.
96
2.5 Análise estatística
Os resultados obtidos foram analisados com auxílio do programa
estatístico Winstat versão 2.0 (MACHADO e CONCEIÇÃO, 2003). Os
resultados obtidos foram submetidos a análise de variância, e quando
significativos, ao teste de Tukey para comparação de médias.
3. Resultados e Discussão
3.1 Produção e produtividade
Para produção por planta e produtividade da cultivar Misty se
observaram diferenças significativas para as diferentes intensidades de poda
aplicadas, apenas no segundo ciclo produtivo (2011/2012), sendo a poda
drástica a mais produtiva (Tabela 01), com 1.074,10 g planta-1 e 4.430,66 kg.
produtividade, para os dois ciclos produtivos avaliados (Tabela 02).
Durante três anos de estudo, o efeito de três intensidades de poda em
mirtileiros foram avaliados e, foi observado que a poda muitas vezes reduz a
produção (HANSON et al., 2000). No entanto, ao ser avaliado a intensidade de
poda em amoreira-preta cultivar Tupy, para produção, a medida que se reduz o
número de hastes, a produção também é reduzida tendo o número de hastes
ideal por planta entre 6 e 8 (TULLIO e AYUB, 2013).
Alguns estudos mostram que a poda pode não ter efeito algum sobre
rendimento ou, em alguns casos, pode aumentá-lo (STRIK et al., 2003;
PESCIE et al., 2011). A retirada de até 25% da parte superior dos ramos pode
ser realizada sem reduzir o rendimento dos frutos (SPIERS et al., 2002). As
plantas podadas apresentam maior copa do que as plantas não podadas
podendo favorecer a produção de frutos (ALBERT et al., 2010).
Para mirtileiros da cultivar Northblue, a poda severa é mais adequada
para obtenção de maior rendimento em frutos (ALBERT et al., 2010),
corroborando com resultados obtidos para o segundo ciclo produtivo avaliado,
em que a poda drástica apresentou o melhor rendimento. Observa-se que cada
cultivar apresenta um padrão de resposta diferenciado, não podendo assim ser
97
recomendado uma regra única sem levar em consideração o habito da cultivar
em questão.
Tabela 01 - Produção e produtividade de mirtileiros cultivar Misty submetidos a intensidades de poda, ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013.
Intensidade podaProdução por
planta (g)Produtividade
(kg ha-1)
Produção por planta
(g)
Produtividade (kg ha-1)
2010/2011 2011/2012Sem poda 141,04 a 581,79 a 812,01 ab 3.349,54 abPoda leve 147,74 a 609,43 a 506,88 b 2.090,88 bPoda testemunha* 163,70 a 675,26 a 790,76 ab 3.261,89 abPoda drástica 188,73 a 778,51 a 1.074,10 a 4.430,66 aC.V. (%) 27,48 27,48 26,31 26,31
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.
Tabela 02 -a intensidades de poda, ciclos produtivos 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013
Intensidade poda
Produção por planta
(g)
Produtividade (kg ha-1)
Produção por planta
(g)
Produtividade (kg ha-1)
2010/2011 2011/2012Sem poda 47,88 a 175,58 a 159,58 a 585,18 aPoda leve 39,64 a 145,36 a 132,12 a 484,48 aPoda testemunha* 31,18 a 114,34 a 103,92 a 381,07 aPoda drástica 36,91 a 135,35 a 123,02 a 451,11 aC.V. (%) 28,89 28,89 25,68 25,68
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Podarealizada no pomar pelo proprietário.
3.2 Tamanho e massa de frutos
O diâmetro médio de frutos apresentou diferença apenas no primeiro
ciclo produtivo, sendo maior em frutos de plantas com poda drástica, no
segundo ciclo produtivo, não se observou diferença (Tabela 03). Para a cultivar
Misty a massa média de frutos diferiu apenas no segundo ciclo produtivo
avaliado. A poda drástica apresentou maiores médias, seguido pela poda leve
e testemunha, sendo os menores frutos produzidos em plantas não podadas. A
diferença observada para massa média de frutos e diâmetro longitudinal do
fruto, não segue a mesma tendência, o que pode ser explicado pela
desuniformidade do formato do fruto.
98
Para a
dois ciclos produtivos avaliados (Tabela 4)
De acordo com Molina et al. (2008) o calibre (massa e diâmetro do fruto)
de frutos é de 0,9 g e 1,1 cm para a cultivar Misty e 1,2 g e 1,3 cm para ,
dados semelhantes aos apresentados na Tabela 02.
O tamanho e o número de frutos produzidos pelos mirtileiros de
diversas cultivares, dentre elas O'Neal , Star e Elliott , são afetados pelos
tratamentos de poda, seja tipos de poda ou intensidade, interferindo na carga
de frutos e consequentemente em seu tamanho (BAÑADOS et al., 2009;
LOBOS et al., 2013). N os frutos produzidos em plantas
podadas pesaram 1,38 g, enquanto que os frutos produzidos em plantas não
podadas pesaram 1,17 g (PESCIE et al., 2011). Esta mesma tendência foi
observada em mirtileiros no Chile, onde o maior tamanho de fruto foi maior em
plantas
(LOBOS et al., 2013).
A poda apresenta relação entre o rendimento total e o tamanho de
frutos. Uma diminuição no tamanho dos frutos com o aumento da carga
produtiva é um fato conhecido em mirtilos (YARBOROUGH, 2006). Esperava-
se que com a poda o tamanho dos frutos aumentasse, entretanto esse
resultado não foi verificado nesse trabalho (no primeiro ano). Acredita-se que
para aumentar o calibre a carga produtiva deveria ser ainda mais reduzida.
Tabela 03 - Massa unidade (g) e diâmetro médio transversal (mm) de frutos demirtilos cultivar Misty submetidos a diferentes intensidades de poda, ciclo produtivo 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013.
Intensidade podaMassa
unidade (g) Diâmetro (mm)Massa
unidade (g)Diâmetro
(mm)2010/2011 2011/2012
Sem poda 1,21a 13,29b 1,04 b 13,61 aPoda leve 1,16a 12,96b 1,23 ab 12,89 a
Poda testemunha 1,15a 13,22b 1,17 ab 13,15 aPoda drástica 1,25a 13,88a 1,29 a 13,06 aC.V. (%) 5,82 1,99 9,88 3,66Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.
99
Tabela 04 - Tamanho de frutos: massa do fruto (g) e diâmetro médio diferentes
intensidades de poda, ciclo produtivo 2010/2011 e 2011/2012. Pelotas, 2013. Intensidade poda Massa (g) Diâmetro (mm) Massa (g) Diâmetro (mm)
2010/2011 2011/2012Sem poda 1,52ns 14,68ns 1,25ns 13,69ns
Poda leve 1,64 15,75 1,26 13,55Poda testemunha 1,29 14,38 1,32 13,82Poda drástica 1,42 15,73 1,47 13,36C.V. (%) 16,81 4,3 10,24 6,5
ns não significativo, pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.
3.3 Caracterização físico-química:
3.3.1 pH
O pH do fruto foi maior na poda drástica, porém não diferiu
estatisticamente de frutos produzidos em plantas sem podar e com poda leve,
e estes não diferiram da poda testemunha (Tabela 05).
O valor médio de pH nos frutos está de acordo com o encontrado por
Molina et al. (2008) para a mesma cultivar, os quais constataram média de
2,80.
3.3.2 Sólidos solúveis totais (SST)
Houve diferença significativa quanto ao teor de SST, sendo a maior
média obtida em frutos produzidos em plantas que não foram podadas,
seguidos por poda leve, drástica e por último a poda testemunha (Tabela 05).
A média de SST também está de acordo com Molina et al. (2008) que
afirmam que a cultivar Misty apresenta 12,7oBrix. Segundo Sousa (2007), um
fruto de mirtilo é considerado maduro quando seu teor de sólidos solúveis totais
atinge a faixa de 11,3 - 16,0°Brix.
O teor de sólidos solúveis é característica de interesse para frutos
comercializados in natura, pois o mercado consumidor prefere frutos mais
doces (CONTI et al., 2002). Esta característica pode variar de acordo com o
l
de 12,2 a 15,1ºBrix, de acordo com o local de produção (OLIVEIRA, 2012).
100
Wang et al. (2008) afirmam que as práticas de cultivo interferem na qualidade
do fruto. Estes autores quantificaram os maiores teores de açucares em cultivo
orgânico.
3.3.3 Acidez total titulável
A ATT nos frutos foi maior no tratamento da poda testemunha, não
diferindo dos frutos produzidos em plantas sem poda e com poda drástica. Sem
poda e poda drástica não diferiam entre si e foram estatisticamente iguais à
poda leve (Tabela 05).
Resultados de Lobos et al. (2013), mostram que a intensidade de poda
houve
diferença apenas entre as plantas podadas e o tratamento testemunha (não
podadas).
3.3.4 Relação entre SST e AT
A relação entre SST e ATT foi maior em frutos produzidos em plantas
que não foram podadas e a menor relação foi obtida com a poda testemunha.
Quanto , sendo
mais apreciado pelos consumidores e, também, mais indicado para ser
destinado à indústria (TEIXEIRA et al., 2001). A relação SST e ATT para
mirtilos varia entre 36,0-37,0 (COUTINHO e CANTILLANO, 2004). Na cultivar
Misty foram observados valores menores do que os referenciados acima
(Tabela 05), ou seja, os frutos apresentam acidez mais elevada que a média.
101
Tabela 05 - pH, sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e relação entre SST e AT em frutos de mirtilo cultivar Misty, submetidos a intensidades de poda. Ciclo produtivo 2010/2011. Pelotas, 2013.Intensidade de Poda pH SST (oBrix) ATT (% ác.cítrico) SST/ATT
Sem poda 2,90 ab 13,53 a 0,71 ab 19,03 aPoda leve 2,88 ab 12,40 b 0,68 b 18,20 abPoda testemunha* 2,85 b 11,67 c 0,73 a 16,00 cPoda drástica 2,94 a 12,20 bc 0,72 ab 16,97 bcC.V. (%) 0,95 2,07 2,18 3,67
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si na coluna pelo teste pelo Tukey (P<0,05). *Poda realizada no pomar pelo proprietário.
3.4. Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante:
A concentração de antocianinas em frutos da cultivar Misty não foi
diferente em plantas com diferentes intensidades de poda. A poda drástica
apresentou maior concentração de compostos fenólicos nos frutos, seguidos
pela leve, a poda testemunha apresentou a menor média para compostos
fenólicos. Para atividade antioxidante, a poda drástica apresentou o maior
valor, porém este não diferiu estatisticamente da poda testemunha e da poda
leve, ou seja, diferiu apenas do tratamento sem poda (Tabela 06).
a concentração de antocianinas
com as intensidades de poda, tendo a poda drástica o melhor resultado,
seguido pela poda testemunha. A poda leve não diferiu do tratamento sem
poda. A concentração de compostos fenólicos foi maior com a poda drástica e
testemunha que não diferiram entre si. O menor média foi obtida com a poda
leve. A atividade antioxidante não foi alterada com as intensidades de poda
(Tabela 07).
O conteúdo de compostos fenólicos totais, incluindo as antocianinas,
contribuem para a atividade antioxidante do mirtilo. A síntese destes compostos
pode ser influenciada por diversos fatores como genótipo, variações
ambientais, tipo de solo, práticas de cultivo (SELLAPPAN et al., 2002; KALT et
al. 2003; ZHENG e WANG, 2003; SILVEIRA et al., 2007; WANG et al., 2008;
GIOVANELLI e BURATTI 2009). Nesse contexto, observando os dados
encontrados nas Tabelas 06 e 07, pode-se incluir o manejo da poda como fonte
de variação.
102
A poda altera não somente a qualidade dos frutos produzidos mas
também os níveis de nutrientes na folha, Strik et al. (2003), verificaram que a
poda convencional resulta em maiores concentrações foliares de K e P e
menor de N que as plantas não-podadas.
Tabela 06 Concentração de Antocianinas totais, compostos fenólicos e atividade antioxidante em frutos de mirtilo cultivar Misty, submetidos a intensidades de poda. Ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.
Intensidade poda Antocianinas1 Compostos fenólicos2
Atividade antioxidante3
Sem poda 426,02 a 637,92 bc 873,20 bPoda leve 443,38 a 702,30 ab 1.273,90 abPoda testemunha* 369,30 a 568,11 c 1.280,95 abPoda drástica 426,97 a 739,66 a 1.361,22 aC.V. (%) 7,44 4,81 14,82
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste pelo Tukey (P<0,05). C.V. coeficiente de Variação. *Poda realizada no pomar pelo proprietário. 1Antocianinas totais expressa em mg equivalente cianidina-3-glicosídeo 100g-1 amostra fresca; 2Compostos fenólicos totais expresso em mg do equivalente ácido clorogênico 100g-1 amostra fresca; 3
equivalente trolox g-1 amostra fresca.
Tabela 07 Concentração de antocianinas totais, compostos fenólicos e
intensidades de poda. Ciclo produtivo 2011/2012. Pelotas, 2013.
Intensidade poda Antocianinas1 Compostos fenólicos2
Atividade antioxidante3
Sem poda 61,94 b 506,02 b 1968,20 aPoda leve 64,73 b 471,25 c 2123,38 aPoda testemunha* 69,99 ab 564,08 a 2422,50 aPoda drástica 80,26 a 578,08 a 1904,79 aC.V. (%) 8,01 1,96 22,18
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste pelo Tukey (P<0,05). C.V. coeficiente de Variação. *Poda realizada no pomar pelo proprietário. 1Antocianinas totais expressa em mg equivalente cianidina-3-glicosídeo 100g-1 amostra fresca; 2Compostos fenólicos totais expresso em mg doequivalente ácido clorogênico 100g-1 amostra fresca; 3
equivalente trolox g-1 amostra fresca.
4 Conclusões
Para a cultivar Misty, a poda drástica apresenta maiores médias em
produção e calibre de frutos.
Plantas não podadas produzem frutos com
maiores médias de sólidos solúveis totais e relação SST/ATT.
Os frutos
de compostos fitoquímicos a medida que a poda é mais drástica.
103
Referências bibliográficas
ALBERT, T.; KARP, K.; STARAST , M.; PAAL, T. The effect of mulching and pruning on the vegetative growth and yield of the half-high blueberry. Agronomy Research, v. 8, n. 1, p. 759 769, 2010.
ANTUNES, L. E. C.; PEREIRA, J. F. M.; TREVISAN, T.; GONÇALVES, E. D. Sistema de Produção do Mirtilo. Sistemas de Produção, 8. ISSN 1806-9207 -Versão Eletrônica. Novembro/2007.
BAÑADOS, P., URIBE, P. DONNAY, D. The Effect of Summer Pruning Date in 'Star', 'O'Neal' and 'Elliott'. Acta Horticulturae, v. 810, p. 501-508, 2009.
BOURNOUS, G. Piccoli frutti. Mirtilli, lamponi, ribes, uvaspina. Come coltivarli, raccoglierli e utilizzarli. Edagricole. Bologna. 2009, 393 p.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a Free Radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel-Wissenschaft & Technologie, v.28, p.25-30, 1995.
CONTI, J. H.; MINAMI, K.; TAVARES, F. C. A. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Horticultura rasileira, v. 20, n.1, p. 10- 17. 2002.
COUTINHO, E. F.; CANTILLANO, R. F. F. Conservação pós colheita. In: RASEIRA, M. C. B.; ANTUNES, L. E. C. A cultura do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. 53-60, 2004. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 121).
FILHO, J. A. S.; MEDINA, R. B.; SILVA, S. R. Poda de Árvores Frutíferas. ESALQ/USP. Piracicaba. 285p. 2011.
FULEKI, T.; FRANCIS, F. J. Quantitative methods for anthocyanins 1. Extraction and determination of total anthocyanin in cranberries. Journal of Food Science. v. 33, p. 72-77, 1968.
GIOVANELLI, G. BURATTI, S. Comparison of polyphenolic composition and antioxidante activity of wild Italian blueberries and some cultivated varieties. Food Chemistry, v. 112, p. 903-908, 2009.
RETAMALES, J. B.; HANCOCK, J. F. Blueberries: Crop Production Science in Horticulture. CABI Publ. Co Oxfordshire, UK, 2012, 336 pp.
KALT, W. LAWAND, C. RYAN, D.A.J. MCDONALD, J.E. DONNER, H. FORNEY, C.F. Oxygen radical absorbing capacity, anthocyanin and phenolic content of highbush blueberries (vaccinium corymbosum L.) during ripening andstorage. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 128, n. 6, p. 917-923, 2003.
104
LOBOS, G. A.; NEIRA, Y.; BRAVO, C.; VALDES, M.; MOGGIA, C.; RETAMALES, J. B. Efectos de la poda invernal de arándanos sobre rendimentos y calidad de fruta. IN Congreso Chileno de Berries, Libros de resúmenes... Talca, 2013.
MACHADO, A.A.; CONCEIÇÃO, A.R. Sistema de análise estatística para Windows. Winstat. Versão 2.0. UFPel, 2003.
MOLINA, J. M.; CALVO, D.; MEDINA, J. J.; BARRAU, C.; ROMERO, F. Fruit quality parameters of some southern highbush blueberries (Vaccinium corymbosum L.) grown in Andalusia (Spain). Spanish Journal of Agricultural Research, v.4, p.671-676, 2008.
OLIVEIRA, P. F. M. Influência dos fatores ambientais, de produção e do grau de amadurecimento nas propriedades antioxidantes e antimutagénicas de diferentes cultivares de Vaccinium spp,produzidas em Portugal. Dissertaçao -Faculdade de ciência e tecnologia Faculdade nova Lisboa. 2012.
PESCIE, M; BORDA, M; FEDYSZAK, P; LÓPEZ, C. Efecto del momento y tipo de poda sobre el rendimiento y calidad del fruto en arándano altos del sur (Vaccinium corymbosum) var. O´Neal en la província de Buenos Aires. Revista de investigaciones agropecuarias: RIA. Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria [INTA], v. 37, n. 3, p. 268-274, 2011.
SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. C. B. O cultivo do mirtilo. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2002. 17p. (Documentos, 96).
SELLAPPAN, S.; AKOH, C. C.; KREWER, G. Phenolic Compounds and Antioxidant Capacity of Georgia-Grown Blueberries and Blackberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 50, p. 2432-2438, 2002.
SERRADO, F.; PEREIRA, M.; FREITAS, S.; MARTINS, S.; DIAS, T. Mirtilo guia de boas praticas para produção, promoção e comercialização. 3ed. Adrimag, Gráficas M. Vide p. 79. 2010.
SILVEIRA, N. G. A; VARGAS, P. N. ROSA, C. S. Teor de polifenóis e composição química do mirtilo do grupo highbush. Alimentos e Nutrição, v. 18, n. 4, p. 365-370, 2007.
SOUSA, M. B. Mirtilo: Qualidade Pós Colheita. Folhas de Divulgação AGRO 556. n. 8, p. 1-18. 2007.
SPIERS, J. M.; BRASWELL, J. H.; CONSTANTIN, R. J. EFFECTS OF PRUNING ON 'CLIMAX' RABBITEYE BLUEBERRY. Acta Hort. (ISHS) v. 574, p. 233-237, 2002.
STRIK, B.; BULLER, G.; HELLMAN, E. Pruning Severity Affects Yield, Berry Weight, and Hand Harvest Efficiency of Highbush Blueberry. HortScience. v. 38, n. 2, p. 196-199, 2003.
105
SWAIN, T.; HILLIS, W. E. The phenolic constituents of Prunus domestica I.-The quantitative analysis of phenolic constituents. Journal of Science and Food Agriculture, v. 10, p. 63-68, 1959.
TREHANE, J. Blueberries, cranberries and other vacciniums. Cambridge: Timber Press, 2004. 256p.
TULLIO, L.; AYUB, R. A. Produção da amora-preta cv tupy, em função da intensidade da poda. Semina: Ciências Agrárias, v. 34, n. 3, p. 1147-1152, 2013.
VIEIRA JÚNIOR, H. C.; MELO, B.; PODA DAS FRUTEIRAS DISPONIVEL. 2006 EM <http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=13517> ACASSO EM 26/01/2013.
WANG, S. Y.; CHEN, C. T.; SCIARAPPA, W.; WANG, C. Y.; CAMP, M. J. Fruit Quality, Antioxidant Capacity, and Flavonoid Content of Organically and conventionally Grown Blueberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 56, p. 5788-5794, 2008.
YARBOROUGH, D. E. Blueberry pruing and pollination, p. 75-83. In: N.F. Childers (ed.), Blueberries for growers, gardeners, promoters. Horticultural Publications. Gainesville. Florida. 2006.
ZHENG, W.; WANG, S. Y. Oxygen radical absorbing capacity of phenolics in Blueberries, Cranberries, Chokeberries, and Lingonberries. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 502-509, 2003.
106
Capítulo 04
Potencial de cultivo e qualidade de mirtilos de diferentes cultivares, nas condições edafoclimáticas de Torino-Itália
Introdução
O mirtilo é um fruto que apresenta propriedades benéficas à saúde. Seu
consumo pode prevenir a ocorrência de doenças neurodegenerativas e o
declínio cognitivo durante o envelhecimento. Previne doenças relacionadas à
visão, proporciona relaxamento das artérias, regulando a pressão do sangue e
auxiliando na redução de doenças cardiovasculares, podendo auxiliar no
controle do diabetes mellitus. Previne também problemas como o Mal de
Alzheimer, Mal de Parkinson e esclerose lateral (KALT et al, 2007; RAMIREZ et
al, 2005; KRIKORIAN et al., 2010).
Apesar do hábito dos consumidores ainda estar reprimido, a tendência
da compra de produtos saudáveis e de alto potencial antioxidante tem
favorecido o consumo das pequenas frutas, entre elas, o mirtilo (GIONGO e
BERGAMIN, 2003; KALT et al., 2007). Apesar do aumento mundial da
produção, o valor de venda tende a se manter elevado pelos próximos anos,
mantendo o interesse de produtores e comerciantes. A relação entre o
consumo e os benefícios para a saúde estão sendo utilizadas em campanhas
de marketing desde 1997, fazendo com que a procura ultrapasse a oferta de
mirtilo no mercado (BRAZELTON e STRIK, 2007).
A maior produção de mirtilo está concentrada principalmente na América
do Norte (EUA e Canadá) (STRIK, 2005). A Europa é o segundo produtor com
uma produção de 36.814 t que representa 11,79% da produção mundial (FAO,
2010).
Na Itália, em 2008 a superfície plantada com mirtilo era de 290 ha com
uma produção de 1.480 t. A região de maior importância é a de Piemonte,
responsável por uma área plantada de 160 ha e uma produção de 700 t
(BOUNOUS, 2009). A colheita inicia na segunda semana de junho e se
estende até final de outubro (PEANO e BOUNOUS, 2012).
O cultivo de mirtilo está difundido desde os anos 70 na Itália (PEANO e
BOUNOUS, 2012), mas teve seu inicio em 1963, na região de Piemonte,
através do Professor Italo Eynard, do Dipartimento di Colture Arboree -
Università degli Studi di Turin, com cultivo de mirtileiros do grupo highbush
(BOUNOUS, 2009). A região apresenta atualmente a cultura é bastante
desenvolvida, com técnicas aprimoradas de cultivo, condições edafoclimáticas
propicias.
Na Itália, plantam-se as cultivares de alta exigência em frio, com
maturação que ocorre do inicio de junho ao final de agosto. Os frutos são
destinados ao consumo in natura e o excedente é processado (BOUNOUS,
2009). Do ponto de vista climático, o mirtilo tem boa resistência à baixas
temperaturas, se bem lignificado, mas pode sofrer danos pelo frio na primavera
(GIONGO, 2006).
A crescente demanda italiana por pequenos frutos no mercado interno,
nos últimos anos, tem interessado aos produtores e pesquisadores, pois estes
frutos são capazes de fornecer um rendimento interessante para as empresas
de médio e pequeno porte, como propriedades familiares. Este fenômeno é
cada vez mais evidente, não apenas nas áreas de cultivo tradicionais,
envolvendo regiões dos Alpes, mas também nas regiões do Centro Sul, onde
as plantas ainda estão em fase de estudos e observações quanto à sua
adaptação (BOUNOUS et al., 2007).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estabelecer, por meio de
estudo de competição entre cultivares, as que apresentam potencial de cultivo
e melhor qualidade de frutos nas condições edafoclimáticas de Torino-Itália.
2 Material e métodos
A pesquisa foi conduzida em área experimental, pertencente ao viveiro
comercial Martino Vivai, localizado em San Secondo di Pinerolo, latitude
província de Torino, região de Piemonte.
A análise de solo interpretada se encontra no Anexo 01. O campo
experimental composto por diferentes cultivares de mirtilo foi instalado em
108
2009. Cada cultivar foi considerada um tratamento, sendo três das cinco
plantas uma repetição (da parcela com 5 plantas, 3 foram avaliadas). As
cultivares Aurora, Berkeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigittablue, Draper, Duke,
Millenia, Misty, O'Neal, Ozarkblue, Palmetto, Primadonna, Sebring,
(para algumas
cultivares). Duke foi utilizada como cultivar referência, bastante produtiva e
amplamente difundida nos novos cultivos italianos. No ciclo produtivo 2012, em
função de intempéries, os frutos de algumas cultivares sofreram danos,
limitando assim as avaliações.
O manejo do pomar foi conduzido pelo proprietário: irrigação por
gotejamento com fertirrigação, mulching de plástico permeável, roçadas das
entre linhas.
2.1 Fenologia
A fenologia das plantas foi acompanhada de acordo com os estágios
descritos no Anexo 03 e Tabelas de clima no anexo 04. Na sequencia de
imagens apresentadas, o inicio da floração foi considerado early pink bud, a
plena floração foi considerada early bloom e o final petal fall. O início da
maturação foi definido como a primeira colheita e o final da maturação, a ultima
colheita para cada cultivar. Os resultados consistem na data de cada evento
fenológico e da primeira e última colheita.
2.2 Teste para determinação do ponto de maturação ideal.
O teste foi efetuado somente com a cultivar utilizada como padrão, a
Duke. Foram coletados frutos em três estádios de maturação: 1. Fruto muito
maduro, fruto com coloração azul, sem nenhum ponto verde; 2. Mediamente
maduro, fruto com uma pequena parte esverdeada próximo ao pedúnculo e 3
fruto menos maduro, com grandes pontos esverdeados próximo ao pedúnculo.
A uniformidade de cores dos frutos é utilizada como parâmetro de
colheita do mirtilo, mas pode ser observado que o produto, algumas vezes, é
109
comercializado sem padronização. Na escala proposta de 1-3, comumente
encontra-se disponível para o consumo, frutos nos graus 2 e 3, e aqueles
destinados ao processamento se enquadram no grau de maturação 1.
2.3 Tamanho e massa de frutos
O tamanho dos frutos foi mensurado, em dois sentidos, diâmetro
longitudinal e diâmetro transversal, ambos em mm. E a massa de frutos foi feita
por pesagem média de 20 frutos de cada parcela.
2.4 Sólidos solúveis totais, Acidez titulável e pH
Para essas determinações, os frutos foram colhidos no ponto de
maturação para consumo (nível de maturação 1: fruto maduro, com toda
epiderme azul) e as amostras foram congeladas até o momento das análises.
Para cada cultivar, três amostras foram coletadas. Cada planta foi considerada
uma repetição.
O suco foi preparado com auxílio de uma centrífuga de frutas. Foram
utilizados os frutos semi-descongelados, e o suco foi transferido para tubos
falcon 50 mL, e centrifugado por 10 min a 400 rpm.
A determinação da acidez titulável e do pH foi feita em um titulador
potenciometrico automático Savatec para analises. Para a leitura da acidez,
foram preparadas amostras com 90 mL de água deionizada + 10 mL de suco
centrifugado. A acidez foi calculada automaticamente através da quantidade de
NaOH 0,2N gasta para elevar o pH da amostra ao valor 8,0. O teor de SST foi
determinado diretamente no suco centrifugado, através de um refratômetro
digital, expressando-se o resultado em °Brix.
2.5 Determinação de compostos fitoquímicos dos frutos: Preparo do extrato
Em um tubo falcon de 50 mL, foram pesados 10 g de pedaços de fruto
fresco (feitos com as mãos), adicionados 25 mL de solvente de extração (500
110
mL metanol + 23,8 mL H2O + 1,4 mL HCl concentrado) e foram deixados por
1 hora em local com luminosidade reduzida antes de triturar no ultra-turrax por
1 min em velocidade 3. O extrato foi centrifugado a 3000 rpm por 15 min. O
extrato límpido foi armazenado em ultra freezer até o momento das
quantificações.
2.5.1 Determinação de polifenóis totais
Os polifenóis totais foram determinados mediante a aplicação do método
Slinkard e Singleton (1977), em que os compostos solúveis, em extrato de
acetonitrila, são reconhecidos pelo reagente de Folin-Ciocalteu e expresso
como equivalentes de ácido gálico (GAE).
As amostras foram preparadas em balão volumétrico de 50 mL, no qual
foram colocados 0,5 g de extrato, adicionado 30 mL de água deionizada e 2,5
mL de reagente Folin-Ciocalteu; após 4 min, adicionou-se 10 mL de carbonato
de sodio 15% (Na2CO3) para interromper a reação.
Os balões volumétricos contendo as amostras, foram colocados em local
com luminosidade reduzida por um período de duas horas a temperatura
ambiente (21-23oC). Ao final foi efetuada a leitura em espectofotômetro com
comprimento de onda de 765 nm. Os valores de absorbância foram convertidos
em mg 100g-1 de GAE.
2.5.2 Determinação de antocianinas totais
A concentração de antocianinas totais foi determinada pelo método da
diferença de pH, em que foram dissolvidos em dois sistemas-tampão: cloreto
de potássio pH 1,0 (0,025M) e acetato de sódio pH 4,5 (0,4M). Em balões
volumétricos de 50 mL, foram adicionados 0,5 g de extrato e o volume do balão
foi completado com solução padrão pH 1 o pH 4,5. Após, foram deixadas 20
minutos em ambiente com luminosidade reduzida antes de efetuar as leituras.
As leituras foram feitas em espectofotômetro a 510 nm e a 700 nm, para o pH 1
e 4,5, respectivamente. Os resultados foram expressos em mg eq ácido gálico
100g-1.
111
2.5.3 Determinação da atividade antioxidante
A atividade antioxidante dos frutos foi determinada através do FRAP
(Ferric Reducing-Antioxidant Power) (BENZIE e STRAIN, 1999). O método se
baseia na redução do complexo TPTZ (2,4,6-tripyridyl-s-triazine), ou seja,
mede a habilidade de antioxidantes reduzirem o complexo férrico Fe+3 2,4,6-
tripiridil-s-triazina [(Fe+3 (TPTZ)2]+3 para um complexo ferroso [(Fe+2
(TPTZ)2]+2 intensamente azul em meio ácido. Esta redução é quantificada por
medição da absorbância a 595 nm, após o extrato ser adicionado nas
amostras do reagente FRAP recém-preparada e mantidas a uma temperatura
de 37°C.
Em ependorff de 1 mL, adicionou-se 900 μL de reagente FRAP, 90 μL
de água destilada e, após 3 min uma aliquota de 30 μL de extrato. Os
ependorffs foram colocados em banho-maria com temperatura de 37°C. Após
30 minutos o conteúdo de cada ependorff foi transferido para uma cubeta
(plástica e individual), para proceder a leitura no espectofotômetro a um
comprimento de onda de 595nm. Os valores foram utilizados para obter a
concentração de antioxidantes presentes em cada amostra, utilizando uma
curva de calibração entre 100 e 1000 μmol L-1 de sulfato de ferro eptaidrato
(FeSO4*7H2O). Os valores da atividade antioxidante da amostra foram
expressos em mmol kg-1.
2.6 Análise estatística
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e a
comparação de médias efetuada pelo Teste Skott-Knott ao nível de 5% de
probabilidade. As análises estatísticas foram executadas com auxílio do
programa Sisvar (FERREIRA, 2003).
112
3 Resultados e discussão
3.1 Fenologia
As cultivares que apresentam a maturação uniforme concentram o
período de colheita e se tornam interessantes do ponto de vista da mão de
obra e de uma possível colheita
período de colheita mais concentrado, comparada às demais. No entanto,
algumas cultivares avaliadas como Jewell, Gulfcoast, Springwide, Snowchaser
e Ozarkblue apresentaram reduzido período de colheita, mas pareciam pouco
adaptadas a campo e com produção limitada (Tabela 01).
Outro ponto importante, além do período de colheita reduzido é a
maturação não coincidir com a colheita das demais cultivares comumente
plantadas. As cultivares passam a ser interessantes quando além de produtivas
e com boa qualidade de frutos, apresentam colheita precoce ou tardia quando
comparada a cultivar Duke, tida como padrão para a região. Algumas cultivares
que poderiam apresentar maturação precoce, como por exemplo a
, mantiveram o padrão fenológico semelhante às demais e a
colheita iniciou após a cultivar Duke (Tabela 01).
Cultivares tardias como: Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy,
Brigitta, Legacy e Liberty, podem ser uma excelente alternativa para os
produtores, levando em conta essa característica.
113
Tabela 01 - Datas de floração de cultivares de mirtilo, no ciclo produtivo 2011, em Torino-Itália.Cultivares Inicio da Floração Plena Floração Final da FloraçãoEmerald - - -O'Neal * 11/04/2011 28/04/2011Springhigh * 01/04/2011 27/04/2011Misty 01/04/2011 26/04/2011 05/05/2011Sebring 01/04/2011 11/04/2011 27/04/2011Springwide 01/04/2011 11/04/2011 28/04/2011Bluecrop 02/04/2011 18/04/2011 29/04/2011Bonifacy 02/04/2011 11/04/2011 29/04/2011Jewel 04/04/2011 12/04/2011 27/04/2011Primadonna 04/04/2011 12/04/2011 27/04/2011Snowchaser 05/04/2011 11/04/2011 26/04/2011Millenia 06/04/2011 11/04/2011 28/04/2011Star 06/04/2011 11/04/2011 27/04/2011Brigitta 07/04/2011 18/04/2011 04/05/2011Draper 07/04/2011 15/04/2011 29/04/2011Gulfcoast 07/04/2011 18/04/2011 26/04/2011Liberty 07/04/2011 11/04/2011 05/05/2011Palmetto 07/04/2011 18/04/2011 27/04/2011Southernbelle 07/04/2011 18/04/2011 28/04/2011Aurora 08/04/2011 18/04/2011 29/04/2011Duke 08/04/2011 13/04/2011 28/04/2011Berkeley 11/04/2011 21/04/2011 05/05/2011Ozarkblue 11/04/2011 18/04/2011 14/05/2011Legacy 17/04/2011 24/04/2011 10/05/2011
(*) o inicio da floração foi antes da primeira observação em 01/04/2011. (-) a cultivar Emerald não produziu flores e frutos.
114
Tabela 02 Datas de colheita de cultivares de mirtilo, no ciclo produtivo 2011, em Torino-Itália.Cultivares Início da maturação Final da maturaçãoEmerald - -Springhigh 01/06/2011 06/07/2011Duke 08/06/2011 27/06/2011O'Neal 15/06/2011 22/06/2011Star 15/06/2011 06/07/2011Aurora 22/06/2011 15/08/2011Berkeley 22/06/2011 14/07/2011Bluecrop 22/06/2011 06/07/2011Bonifacy 22/06/2011 06/07/2011Draper 22/06/2011 18/07/2011Millenia 22/06/2011 27/06/2011Misty 22/06/2011 27/06/2011Palmetto 22/06/2011 06/07/2011Primadonna 22/06/2011 06/07/2011Sebring 22/06/2011 06/07/2011Snowchaser 22/06/2011 22/06/2011Brigitta 27/06/2011 14/07/2011Gulfcoast 27/06/2011 27/06/2011Southernbelle 27/06/2011 06/07/2011Springwide 27/06/2011 27/06/2011Jewel 06/07/2011 06/07/2011Legacy 14/07/2011 -Liberty 14/07/2011 -Ozarkblue 14/07/2011 14/07/2011(-) a cultivar Emerald não produziu flores e frutos.
3.2 Determinação do ponto de maturação
Nas medidas de tamanho de fruto, foi observado que quanto mais
maduro o fruto, maior a sua massa e diâmetro. Para antocianinas, os frutos
maduros apresentam maiores teores do que os frutos medianamente maduros.
Os polifenóis, assim como a atividade antioxidante, não apresentam diferença
estatística para os pontos de maturação do fruto (Tabela 03). Desta forma, o
ponto de colheita ideal de acordo com a qualidade de frutos, seria o 1, ou seja,
fruto maduro com toda epiderme azul. Porém, devemos levar em consideração
o armazenamento e para isso há necessidade de maiores estudos. Para as
análises que se seguem, os frutos foram colhidos no nível de maturação 1.
115
Tabela 03 - Comparação de estádios de maturação para escolha do ponto de colheita de mirtilos cv. Duke. Ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.
Maturação Polifenóis1Antocianinas
totais2Atividade
antioxidante3Diâmetro
transversal4Diâmetro
longitudinal4Massa média
do fruto5
1 204,00 a 0,31 a 27,00 a 1,71 a 1,26 a 2,31 a2 218,94 a 0,10 b 28,59 a 1,56 b 1,15 b 1,75 b3 204,46 a 0,07 b 26,81 a 1,52 b 1,13 b 1,48 c
C.V.(%) 7,56 14,24 8,33 1,83 3,08 6,86Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si.1. Fruto muito maduro, fruto com coloração azul, sem nenhum ponto verde ; 2. Mediamente maduro, fruto com uma pequena parte esverdeada próximo ao pedúnculo e 3 fruto menos maduro, com grandes pontos esverdeados próximo ao pedúnculo. Unidades: 1mg eq ácido gálico 100g-1; 2mg eq cianidina 100-1; 3mmol Fe2+ kg-1; 4mm e 5g. C.V.(%): coeficiente de variação.
3.3 Tamanho de frutos
Entre as cultivares, a que apresentou menor diâmetro foi Duke (10,90
mm x 9,37 mm respectivamente para diâmetro lateral e longitudinal) e o maior
diâmetro de fruto foi obtido nas cultivares Bluechip (17,83 mm x 13,25 mm) e
Brigitta (16,50 mm x 12,75 mm) (Tabela 04), no ciclo 2011.
Da mesma maneira, no ciclo produtivo 2012 os frutos produzidos
apresentaram variação quanto ao tamanho (Tabela 04). A cultivar Duke, no ano
anterior apresentava-se com menor tamanho quando comparado às demais,
entretanto no ciclo produtivo 2012, compõe o grupo das cultivares de maior
tamanho de frutos. Essa variação pode estar relacionada à poda. No ciclo
produtivo 2011, a cultivar produziu muitos frutos, resultando em tamanho
reduzido dos mesmos, já no ciclo seguinte, com uma produção mais
equilibrada, o fruto apresentou maior tamanho (Tabela 05).
Existe diferença de tamanho entre os frutos quando estes são
comparados entre ss cultivares. Em uma comparação de cultivares, os frutos
da cultivar Brigitta apresentaram maior tamanho quando comparados aos frutos
das cultivares Bluegold e Legacy (RIBEIRA et al., 2010). O mesmo ocorre para
cultivares de mirtilo do grupo lowbush (OCHMIAN, 2013). O tamanho do fruto,
massa e diâmetro, está relacionado ao número de células presentes e com os
genótipos (JOHNSON et al., 2011).
Tabela 04 - Diâmetro longitudinal e transversal (mm) em frutos de mirtilo de diferentes cultivares, ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.
116
Cultivares Diâmetro longitudinal (mm) Diâmetro vertical (mm)Bluechip 17,83 a 13,25 aDraper 14,97 b 11,83 bDuke 10,90 d 9,37 cMisty 12,43 c 10,30 cStar 12,57 c 10,53 cLegacy 13,32 c 9,78 cBluecrop 13,37 c 9,87 cOzarkblue 13,42 c 9,89 cLateblue 14,44 b 10,42 cBerkeley 14,53 b 11,53 bBrigitta 16,50 a 12,75 aSebring 13,10 c 9,63 cC.V. (%) 5,91 5,29
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.
Tabela 05 - Diâmetro longitudinal e transversal (mm) em frutos de mirtilo de diferentes cultivares, ciclo produtivo 2012. Itália, 2013Cultivares Diâmetro longitudinal (mm) Diâmetro vertical (mm)Earliblue 11,34 b 8,32 cPalmetto 12,12 b 9,64 bJewel 12,98 b 10,81aDuke 13,87 a 10,02 bBluecrop 14,01 a 10,76 aBerkley 14,10 a 11,02 aBonifacy 14,68 a 11,59 aC.V.(%) 6,06 5,19
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.
3.4 Sólidos solúveis totais, acidez titulável e pH
No ciclo produtivo 2011 (Tabela 06), observa-se que a cultivar Jewel
apresentou maior teor de sólidos solúveis totais (16,37oBrix) e também o pH do
fruto significativamente maior (3,43) do que as demais cultivares. As médias
variaram de 8,67oBrix na cultivar Duke a 16,37oBrix na cultivar Jewel. Entre as
cultivares analisadas, o pH máximo foi de 3,43 ( Jewel ) e o mínimo de 2,61
( Bonifacy ), apresentando entre estes valores uma escala estatisticamente
significativa para as cultivares estudadas. Com relação à acidez total, a cultivar
Aurora apresentou o fruto mais ácido (394,60 meq L-1) e a cultivar
produziu frutos com a menor acidez (76,70 meq L-1).
117
No ciclo produtivo 2012, as cultivares analisadas não diferiram quanto ao
teor de SST (Tabela 07), enquanto o pH e a acidez dos frutos diferiram. A
cultivar Bluechip, produziu frutos mais ácidos, e as cultivares Misty, Earliblue e
Berkley, apresentaram menor acidez.
Sabe-se que existe grande variação entre as cultivares, além disso, as
práticas de cultivo (densidade de plantação, fertilização, irrigação e tratamentos
antipragas), condições climatéricas, grau de maturação na data de colheita e
método de colheita etc e outras influenciam de forma direta a composição
química e a qualidade do fruto (S , 2006).
Matiacevich et al. (2013), ao avaliarem as cultivares de mirtilo: Duke,
Brigitta, Elliott, Centurion, Star e Jewel, concluiram que as mesmas
apresentaram diferença quanto ao pH e SST. O pH dos frutos para as
cultivares Duke, Brigitta, Elliott, Centurion, Star e Jewel foi de 3,74; 3,57; 2,94;
3,41; 3,03 e 3,50, respectivamente. Os teores de SST para Duke, Brigitta,
Elliott, Centurion, Star e Jewel foram de 10,33; 12,7; 13,20; 13,93; 12,93 e
11,90oBrix, respectivamente. Os resultados apresentam-se um pouco
diferentes dos apresentados neste trabalho. Os fatores edafoclimáticos podem
explicar pelo menos, em partes as diferenças, visto que o estudo citado foi
realizado no Chile e deve-se ressaltar entretando que a diferença entre as
cultivares ocorre em ambos os estudos.
Kim et al. (2013), avaliaram frutos de mirtilo de 45 cultivares comerciais
(highbush), na Coréia. Com base nos resultados, concluíram que há grande
variação entre as cultivares com relação à qualidade. Entre as cultivares
estudadas podem ser citadas Duke, Berkeley, Bluecrop, Eliott e Lateblue que
apresentaram: 9,7, 12,1, 9,8, 10,5 e 10,6oBrix, respectivamente. Para pH do
fruto, a cv. Duke apresentou média de 3,9 e Berkeley, Bluecrop, Eliott e
Lateblue: 3.8, 4.0, 3.4 e 3,2, respectivamente.
118
Tabela 06 - Características físico-químicas de mirtilos de diferentes cultivares,
Ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.
Cultivares SST (oBrix) pH AT (meq L-1)Draper 10,00 f 2,88 e 273,30 dBonifacy 10,27 e 2,61 f 277,70 dBerkley 10,30 e 2,89 e 196,70 fBluecrop 10,73 d 2,78 e 212,20 eMisty 10,83 d 3,13 c 111,90 hLateblue 11,03 d 2,68 f 331,10 bBrigitta 11,30 c 2,62 f 263,40 dAurora 11,90 c 2,51 g 394,60 aStar 14,10 b 3,09 c 118,10 hJewel 16,37 a 3,43 a 94,90 iDuke 8,67 h 2,91 e 132,70 hPrimadonna 8,70 h 3,14 c 98,80 iOzarkblue 9,20 g 3,03 d 172,90 gO'Neal 9,50 f 3,24 b 76,70 iSebring 9,87 f 3,00 d 111,60 hC.V. (%) 2,58 2,16 7,47
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.
Tabela 07 - Características físico-químicas de mirtilos de diferentes cultivares. Ciclo produtivo 2012. Itália, 2013.Cultivar SST (oBrix) pH AT (meq L-1)Bluechip 10,10 a 2,51 d 213,27 aMisty 11,37 a 2,71 c 108,78 cEarliblue 12,60 a 3,32 a 110,63 cBerkley 12,67 a 3,04 b 100,30 cBrigitta 13,10 a 2,70 c 186,31 bBluecrop 7,27 a 2,88 b 179,51 bBonifacy 9,47 a 2,74 c 194,96 bDuke 9,73 a 2,61 d 189,25 bC.V. (%) 21,45 2,99 6,17
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação.
119
3.5 Compostos fitoquímicos: polifenóis, antocininas totais e atividade antioxidante
No ciclo produtivo 2011 (Tabela 8), houve diferença quanto aos
polifenóis extremos entre as cultivares avaliadas, sendo as médias 404,20 mg
eq ácido gálico 100 g-1 ( Aurora ) a 177,34 mg eq ácido gálico 100 g-1 (Brigitta).
Não houve diferença estatística quanto a cocentração de antocianinas totais e
atividade antioxidante.
No ciclo produtivo 2012 (Tabela 09), foram observadas médias de
polifenóis entre 474,05 mg eq ácido gálico 100 g-1 ( Legacy ) e 246,56 mg eq
ácido gálico 100 g-1 ( Brigitta ). Houve também grande variação quanto as
antocianinas: entre 0,52 mg eq cianidina 100 g-1 ( Legacy e Palmetto ) a
0,19mg eq cianidina 100 g-1 ( Bluecrop e ). As médias obtidas para a
atividade antioxidante foram entre 27,12 mmol Fe2+ kg-1 ( Primadonna ) e 10,63
mmol Fe2+ kg-1 ( Brigitta ).
Guerrero et al. (2010), analisaram diferentes pequenos frutos entre elas
três cultivares de mirtilo (Elliot, Brigitta e Brightwell), comparando compostos
fenólicos totais, antocianinas totais e capacidade antioxidante, concluíram que
existem diferenças significativas entre as cultivares de mirtilo e, também
quando comparada a outros pequenos frutos.
Estudo comparando rendimentos, massa e concentração de
antocianinas de mirtilos em sete novas cultivares (Blue Bayou, Sunset Blue,
Blue Moon, Dolce Blue, Sky Blue, Velluto Blue e Centra Blue), durante três
ciclos produtivos, relata que as variáveis resposta foram influenciadas
principalmente pela cultivar, enquanto as variações no ciclo produtivo tiveram
efeitos relativamente menores (SCALZO, et al., 2013).
Yuan et al. (2011), avaliando 19 genótipos de mirtilo, observaram que
houve variações significativas nos frutos dos diferentes genótipos quanto aos
polifenóis totais, antocianinas totais e atividade antioxidante.
Lohachoompol et al. (2008), ao compararem seis cultivares de mirtilo
(Crunchie, Star, Sharpe (highbush), Climax, Powderblue e Brightwell
(rabbiteye), verificaram que as cultivares Climax, Powderblue e Brightwell
apresentaram significativamente maior concentração de antocianinas tatais que
as cultivares Crunchie, Star e Sharpe. Utilizando o método LC/MS, foi
120
verificado que todas as cultivares testadas continham tipos semelhantes de
antocianinas, mas a proporção de cada composto foi cultivar-dependente.
Kim et al. (2013), avaliando frutos de 45 cultivares comerciais de mirtilo,
concluíram que os mirtilos cultivados na Coréia são boas fontes de
antioxidantes naturais e contêm grandes quantidades de compostos fenólicos e
antocianinas, e essas quantidades variam significativamente entre as
cultivares.
Tabela 08 Concentração de Antocianinas totais, atividade antioxidante e compostos fenólicos em frutos de mirtilo e diferentes cultivares, ciclo produtivo 2011. Itália, 2013.
Cultivares Polifenóistotais1
Antocianinastotais2 Atividade antioxidante3
Aurora 404,20 a 0,47 a 27,61 aBerkeley 206,31 c 0,22 a 24,87 aBluechip 216,48 c 0,29 a 26,95 aBluecrop 277,37 b 0,21 a 29,65 aBonifacy 220,24 c 0,24 a 25,99 aBrigitta 177,34 c 0,18 a 25,26 aCoville 196,99 c 0,29 a 19,38 aDarrow 279,50 b 0,25 a 28,43 aDraper 252,92 c 0,31 a 28,27 aDuke 228,62 c 0,28 a 28,61 aGulfcoast 363,68 a 0,37 a 29,47 aJewel 300,90 b 0,48 a 28,89 aLateblue 284,38 b 0,39 a 29,33 aLegacy 344,19 a 0,42 a 27,52 aLiberty 326,01 b 0,38 a 27,75 aMillenia 230,77 c 0,40 a 27,87 aMisty 302,94 b 0,28 a 26,71 aO'Neal 206,45 c 0,26 a 25,63 aOzarkblue 291,19 b 0,30 a 26,99 aPalmetto 335,93 a 0,48 a 27,82 aPrimadonna 252,93 c 0,32 a 27,54 aSebring 277,53 b 0,36 a 27,84 aSnowchaser 225,48 c 0,30 a 28,08 aSoutherbelle 316,62 b 0,38 a 28,63 aSpringwide 233,943 c 0,26 a 27,35 aStar 194,523 c 0,87 a 24,97 aC.V. (%) 11,1 62,93 11,1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação. Unidades: 1mg eq ácido gálico/100 g; 2mg eq cianidina/100; 3mmol Fe2+/kg
121
Tabela 09 - Concentração de Antocianinas totais, atividade antioxidante e compostos fenólicos em frutos de mirtilo e diferentes cultivares, ciclo produtivo 2012. Itália, 2013. Cultivares Polifenóis1 Antocianinas2 Atividade antioxidante3
Aurora 431,93 b 0,32 b 21,63 bBerkley 291,02 c 0,26 c 23,51 bBluecrop 310,49 c 0,19 c 26,95 aBonifacy 285,83 c 0,35 b 23,29 bBrigitta 246,56 c 0,20 c 10,63 cDraper 397,99 b 0,24 c 24,46 bDuke 344,80 c 0,36 b 22,88 bEarliblue 443,35 b 0,29 b 27,57 aLegacy 491,41 a 0,52 a 26,34 aLiberty 308,51 c 0,25 c 24,37 bJewel 332,13 c 0,35 b 23,13 bO'Neal 286,12 c 0,19 c 19,97 bPalmetto 474,05 a 0,52 a 26,56 aPrimadonna 393,91 b 0,29 b 27,12 aSoutherbelle 418,22 b 0,25 c 26,18 aC.V. (%) 9,43 21,44 9,49
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p = 0,05). C.V.(%): coeficiente de variação. Unidades: 1mg eq ácido gálico/100 g; 2mg eq cianidina/100; 3mmol Fe2+ kg-1
4 Conclusão
As cultivares Aurora, Draper, Bekeley, Bluecrop, Bonifacy, Brigitta,
Legacy, Liberty, podem ser consideradas tardias, nas condições de Torino.
A cultivar Jewel apresenta ótima composição físico-química dos frutos e
deve ser melhor observada, estudada com relação a sua adaptabilidade.
As cvs. Legacy e Palmetto apresentam médias elevadas de polifenóis,
com frutos de bom tamanho. Estas cultivares tem grande potêncial para cultivo
na região.
Referências bibliográficas
BENZIE, I. F. F.; STRAIN, J. J. Ferric reducing/antioxidant power assay: direct measure of total antioxidant activity of biological uids and modi ed version for simultaneous measurement of total antioxidant power and ascorbic acid concentration. Methods in Enzymology, v. 299, p. 15-27, 1999.
122
BOUNOUS, G.; BECCARO, G. L.; BAUDINO, M.; CAPOCASA, F.; DE SALVADOR, F.R.; ECCHER, T.; FOLINI, L.; GIORDANO, R.; MEZZETTI, B.; PITITTO, A.; UGHINI, V. Picolli frutti: Nel progetto il lampone, il rovo, il mirtillo gigante. Supplemento Terra e Vita, n. 26, 2007.
BOURNOUS, G. Piccoli frutti. Mirtilli, lamponi, ribes, uvaspina. Come coltivarli, raccoglierli e utilizzarli. Edagricole. Bologna. 2009, 393 p.
BRAZELTON, D.; STRIK, B. C. Perspective on the U.S. and Global Blueberry industry. Journal of the American Pomological Society, v. 61, n. 3, p. 144-147, 2007.
FERREIRA, D.F. Sisvar: versão 4.2. Lavras: UFLA, 2003.
GIONGO, L. Mirtillo gigante. Piccoli frutti Il Divulgatore, n. 11, p. 35-43, 2006.
GIONGO, L.; BERGAMIN, A. Piccoli frutti, i buoni risultati del modello trentino. Frutticoltura. v. 65, n. 11, p. 19-23, 2003.
GUERRERO, C. J.; CIAMPI, P. L.; CASTILLA, C. A.; MEDEL, S. F.; SCHALCHLI, S. H.; HORMAZABAL, U. E.; BENSCH, T. E.; ALBERDI, L. M.Antioxidant capacity, anthocyanins, and total phenols of wild and cultivated berries in Chile. Chilean jornal of agricultural research, v. 70, n. 4, p. 537-544, 2010.
JOHNSON, L. K.; MALLADI, A.; NESMITH, D. S. Differences in Cell Number Facilitate Fruit Size Variation in Rabbiteye Blueberry Genotypes. Journal of the American Society for Horticultural Science. v. 136, n. 1, p. 10-15, 2011.
KALT, W.; JOSEPH, J. A.; SHUKITT-HALE, B. Blueberries and human health: a review of current research Journal American Pomological Society, v. 61. n. 3, p. 151-160, 2007.
KIM, J. G.; KIM, H. L.; KIM, S. J.; PARK, K-S. Fruit quality, anthocyanin and total phenolic content, and antioxidante activity of 45 blueberry cultivars grown in Suwon, Korea. Journal of Zhejiang University, 2013.
KRIKORIAN, R.; SHIDLER, M. D.; NASH, T. A.; KALT, W.; VINQVIST-TYMCHUK, M. R.; SHUKITT-HALE, B.; JOSEPH, J. A. Blueberry Supplementation Improves Memory in Older Adults. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.14;58, n.7, p.3996-4000, 2010.
MATIACEVICH, S; COFRÉ, D. C.; SILVA, P.; ENRIONE, J.; OSORIO, F.Quality Parameters of Six Cultivars of Blueberry Using Computer Vision. International Journal of Food Science, 2013.
OCHMIAN, I. Growth, yield and fruit quality two cultivars lowbusch blueberry. Acta Scientiarum Polonoru, v. 12, n. 2, p. 87-96, 2013.
123
RAMIREZ, M. R.; IZQUIERDO, I.; RASEIRA, M. C. B.; ZUANAZZI, J. A.; BARROS, D.; HENRIQUES, A. T. Effect of lyophilisedVaccinium berries on memory, anxiety and locomotion in adult rats. Pharmacological Research,v.52, p.457 462, 2005.
RIBERA, A. E.; REYES-DÍAZ, M.; ALBERDI, M.; ZUÑIGA, G. E.; MORA, M. L.Antioxidant compounds in skin and pulp of fruits change among genotypes and maturity stages in highbush blueberry (Vaccinium corymbosum L.) grown in Southern Chile. Journal of Soil Science and Plant Nutrition, v.10, n.4, p.509-536. 2010.
SCALZO, J.; STEVENSON, D.; HEDDERLEY, D. Blueberry estimated harvest from seven new cultivars: Fruit and anthocyanins. Food Chemistry, v. 139, p. 44 50, 2013.
S , K. Chemical composition of selected cultivars of highbush blueberry fruit (Vaccinium corymbosum L.). Folia Horticulturae, v. 18, p. 47-56, 2006.
SLINKARD, K; SINGLETON, V. L. Total phenol analyses: automation and comparison with manual methods. American Journal of Enology and Viticulture, v. 28, p. 49-55, 1977.
STRIK, B. Blueberry: An expanding world berry crop. Horticultural Sciences Focus, v. 45, p. 7-12, 2005.
YUAN, W.; ZHOU, L.; DENG, G.; WANG, P.; CREECH, D.; LI, S. Anthocyanins, Phenolics, and Antioxidant Capacity of Vaccinium L. in Texas, USA. Pharmaceutical Crops, v.2, p.11-23. 2011.
124
Consideraçoes finais
Este trabalho conseguiu atingir os objetivos propostos, podendo assim
contribuir para melhorias do manejo do mirtileiro, além de fornecer informações
para estudos futuros.
É importante que seja dada continuidade a esta pesquisa, pois a cultura
do mirltileiro está em constante expansão no Brasil. Novos estudos podem ser
realizados, como por exemplo, a relação de adubação com o sistema radicular
e sua influência na qualidade de frutos, cujo ponto poderia explicar algumas
dúvidas geradas.
Os resultados dos capítulos 2, 3 e 4 são de plantas jovens entre o
terceiro e quarto ciclo vegetativo, sendo indicado uma continuidade destes
experimentos ou mesmo a avaliação em pomares adultos. No manejo de poda,
observa-se que há variação de respostas entre as cultivares, tornando
interessante testar algumas cultivares.
O trabalho realizado na Itália, apresentou resultados interessantes no
que diz respeito a indicação de cultivares com elevada qualidade nutraceutica.
Futuramente poderia ser estudada a adaptação e produtividade das melhores
cultivares em diferentes locais podendo incluir um grupo de cultivares para o
Brasil, no intuito de incluir novas cultivares adaptadas às condições
edafoclimáticas brasileiras.
As propriedades nutraceuticas geram grande interesse do mercado
consumidor. Sabendo que é positiva a relação do manejo da planta com a
produção de nutraceuticos nos frutos, recomeda-se estudos, como por exemplo
manejo irrigação, fertirrigação com N P K e micronutrientes, além de dar
sequência aos trabalhos apresentados nesta tese, buscando aprimorar o
manejo da planta e obter um fruto de elevada qualidade nutraceutica.
Por ser uma cultura ainda em estabelecimento no Brasil e com grandes
perspectivas de expansão, esta linha de pesquisa tende a se expandir e gerar
novos e importantes resultados.
125
Anexos
Capítulo 01
Anexo 01: Caracterização do solo
O experimento foi instalado no perfil de solo descrito a seguir:
Perfil: Pertence à classificação Cambissolo húmico eutotrófico típico, geologia
regional de granito com linhas de fratura, relevo ondulado, 10% de
pedregosidade, 10% de rochosidade, sem erosão e imperfeitamente drenado.
O perfil está situado no terço inferior da encosta com vegetação predominante
capoeira.
Descrição morfológica dos horizontes:
A1 0 20 cm; cinzento muito escuro (10 YR 3/1) úmido; franco-
arenoso; granular e blocos subangulares pequenos, moderada, duro, friável,
muito pegajoso, muito plástico; transição gradual e plana.
A2 20 30 cm; preto (10 YR 2/1) úmido; franco-arenoso; granular e
blocos subangulars pequenos, moderada; duro, friável, ligeiramente pegajoso,
ligeiramente plástico; transição gradual e plana.
BiC 30 45 cm; bruno-escuro (10 YR 3/3) úmido; franco-argiloso-
arenoso; blocos subangulars pequenos e médios, moderada a fraca; duro,
friával muito pegajoso, muito plástico; transição clara e quebrada.
C Xisto em degradação
126
Capítulo 04
Anexo 02: Análise do solo. Torino - Itália. 2011.Filas de Plantio Unidades InterpretaçãopH 7,67 ligeiramente alcalinoCarbono orgânico g/kg 12,60 baixoSubstancia orgânica g/kg 21,72 elevadoRelação C/N 8,40 scarsoFosforo mg/kg 94,50 elevadoCalcário total mg/kg 0,52 não calcárioNitrogênio total % 0,15 médio baixoFerro mg/kg 196,00 médio elevadoPotássio trocável meq/100g 0,20 baixoEntre Filas de plantio Unidades InterpretaçãopH 6,84 neutroCarbono orgânico g/kg 10,34 baixoSubstancia orgânica g/kg 17,83 médioRelação C/N 6,90 scarsoFosforo mg/kg 32,41 médioCalcário total mg/kg 0,57 não calcárioNitrogênio total % 0,15 médio baixoFerro mg/kg 224,00 médio elevadoPotássio trocável meq/100g 0,21 baixo
Interpretado de acordo com: http://www.provincia.cremona.it/servizi/svilagri/ottimo/nuova_pagina_3.htm#_Toc532208016
127
Anexo 03. Escala fenológica
128
Anexo 04: Tabelas de dados médios climatológicos
Tabela 01 - Dados médios mensais de temperatura (T) e umidade relativa (UR) para a região de Pinerolo, na cidade de Torino ao Norte da Itália, no ano de 2011.
Meses T média °C T min °CT max
°CPonto de
orvalho °C UR %Janeiro 1,71 -1,42 5,74 1,35 80,90Fevereiro 5,32 0,82 10,57 2,50 77,82Março 8,52 4,29 13,29 4,45 75,10Abril 15,67 9,93 21,40 7,00 58,43Maio 19,06 13,35 24,48 10,29 58,97Junho 20,47 16,37 24,87 15,93 76,53Julho 21,32 16,61 25,97 15,39 70,81Agosto 23,97 18,52 29,45 16,90 67,26Setembro 20,27 15,37 26,20 14,47 69,43Outubro 13,23 7,97 19,10 7,81 70,58Novembro 7,67 3,83 12,50 5,17 82,03Dezembro 4,10 -0,60 10,20 1,47 66,17média anual 13,44 8,75 18,65 8,56 71,17
Fonte: http://www.ilmeteo.it/portale/archivio-meteo
Tabela 02 - Dados médios mensais de temperatura (T) e umidade relativa (UR) para a região de Pinerolo, na cidade de Torino ao Norte da Itália, no ano de 2012.
Meses T média °C T min °C T max °CPonto de orvalho °C UR %
Janeiro 2,53 -2,20 8,80 0,57 69,60Fevereiro 0,76 -4,03 6,48 0,62 71,41Março 11,90 6,10 17,81 3,87 60,26Abril 11,30 7,60 15,60 6,97 74,83Maio 17,13 12,19 22,03 10,10 65,00Junho 22,00 17,40 26,53 15,47 67,43Julho 23,55 17,94 28,90 15,35 62,52Agosto 24,10 18,84 29,48 16,48 63,58Setembro 18,50 13,70 23,40 11,77 67,20Outubro 13,68 9,74 18,42 9,26 75,23Novembro 8,33 4,40 12,93 4,50 74,93Dezembro 1,94 -2,19 7,00 0,84 68,58média anual 12,98 8,29 18,12 7,98 68,38
Fonte: http://www.ilmeteo.it/portale/archivio-meteo
129