UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE … · uma carcaça pesada se usa os mesmos recursos...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA
BRUNA SAVICZKI
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE NA RECRIA PARA TERMINAÇÃO EM CONFINAMENTO
CUIABÁ 2015
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BRUNA SAVICZKI
SUPLEMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE NA RECRIA PARA TERMINAÇÃO EM CONFINAMENTO
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Nelcino F. de Paula
CUIABÁ 2015
Aos meus pais Maria Ondina R. Saviczki e Sergio Saviczki, irmão
Marcelo Saviczki, os quais eu amo eternamente,
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer primeiro a Deus, pois sem Ele eu não seria nada.
Depois a minha família que eu tenho certeza que são anjos que Deus colocou em
minha vida para me ajudar em todos os momentos, agradeço também a eles por
todos os sacrifícios que tiveram que fazer para que eu pudesse concluir este curso.
Aos meus amigos, Angela Sella, Gabriel Cazeiro, Caio Castaldeli e Camila
Neves que estiveram comigo na mesma luta, e caro amigos, nós vencemos e sei
que parte da minha vitória foram vocês que me ajudaram a conquistar, pois cada um
dava forças um para o outro e assim nunca desistimos.
Quero deixar minha gratidão também a Agropecuária Fazenda Brasil e a
todos os funcionários, sem exceções, que colaboraram para meu crescimento
profissional, devido a todo conhecimento que a mim foi passado de bom grado. E
não somente a eles, mas também a Fazenda da UFMT, o Rancho Dourado, a
Fazenda Jaguar e a Fazenda Barra Mansa que me deram oportunidade de estágio
para que eu pudesse melhorar ainda mais.
Esse TCC não poderia ter sido realizado sem a ajuda do Prof. Dr. Nelcino
Francisco de Paula, que me veio orientando por longos dias para que esse trabalho
ficasse o melhor possível, e que pudesse ajudar não somente os acadêmicos, mas
também todos do ramo agropecuário.
Agradeço a todos os professores que me ajudaram durante estes cinco anos
de faculdade, que deram o máximo para que eu pudesse me tornar uma excelente
profissional e que me indicaram o sucesso, agora eu sei que depende apenas de
mim.
Enfim, meu muito obrigado a todos que contribuíram de algum modo para o
meu crescimento profissional e pessoal.
“Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
livremente, de boa vontade; e lhe será concedida”.
Tiago 1:5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Corte e picagem capim-mombaça............................................................11
Figura 2. Compactação e vedação do silo...............................................................11
Figura 3. Detalhe do guarda-mão.............................................................................12
Figura 4. Caminhão do trato no início da linha de cocho.........................................13
Figura 5. Animais disputando espaço na linha de cocho.........................................18
Figura 6. Fezes de bovinos contendo muco intestinal na primeira semana de
ingestão da dieta de confinamento..........................................................................20
Figura 7. Análise de matéria seca da silagem com auxilio de Koster......................20
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Notas das leituras de cocho............................................................17
LISTA DE ABREVIATURAS
PV – Peso Vivo
PC – Peso Corporal
TGC – Tecnologia e Gestão de Confinamento
TGR – Tecnologia e Gestão de Rastreabilidade
TGT - Tecnologia e Gestão do Trato
GMD – Ganho médio diário
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 3
3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 4
3.1 Introdução ............................................................................................................. 4
3.2 Benefícios da suplementação na fase de recria .................................................... 5
3.3 Benefícios da suplementação na fase de recria para a terminação em
confinamento ............................................................................................................... 6
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO ..................................................................................... 8
4.1 Atividades desenvolvidas na fase de cria e recria ................................................. 8
4.2 Atividades desenvolvidas no confinamento ......................................................... 10
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO ............................................... 14
5.1 Atividades desenvolvidas na fase de cria e recria ............................................... 14
5.2 Atividades desenvolvidas no confinamento ......................................................... 16
6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 22
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 23
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24
RESUMO
Animais suplementados nas fases de cria e recria se desenvolvem melhor na fase
de terminação em confinamento, pois já vem “pré-adaptados” ao ambiente e a dieta.
Podem obter maiores ganhos de peso, tem menor período de adaptação, menor
incidência de doenças metabólicas e com isso proporcionam maior rentabilidades. O
estágio foi realizado na Agropecuária Fazenda Brasil, localizada no município de Barra
do Garça – MT com duração de 68 dias, totalizando 408 horas . Esta fazenda trabalha
com animais suplementados à partir do segundo mês de vida (creep feeding), e segue
com um plano nutricional crescente até a terminação em pasto ou em confinamento.
Com essa estratégia os índices desejados têm sido alcançados, como ganho médio
diário (GMD), taxa de concepção, prenhes, dentre outros. Na propriedade pode-se
acompanhar atividades de manejo nutricional, no qual pode ser feito controle de estoque
e distribuição de suplemento, altura do pasto, consumo dos animais, manejo sanitário
desde a recria até a terminação . No confinamento, pode-se fazer atividades como
leitura de cocho, análise de matéria seca de silagem de Capim-mombaça, além de
participar dos processos de entradas dos animais no confinamento e manejo nutricional.
Essa experiência foi de altíssima relevância, pois observou-se na prática a importância
de um manejo nutricional adequado e que visa sempre maiores ganhos de peso.
Palavras-chaves: forragem, leitura de cocho, nutrição de ruminantes, silagem,
suplemento
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente existe dificuldade na adaptação de animais ao entrar em um
confinamento, haja vista que na maioria das situações estes animais são oriundos
de sistemas de produção que utilizam apenas o pasto como fonte de nutrientes.
Esses animais advindos desse tipo de sistema devem ser observados com
mais cautela, devido ao seu organismo, principalmente o ambiente ruminal
(microrganismos), não estar adaptado a altas concentrações de carboidratos não
fibrosos na dieta. Animais que já possuem um histórico nutricional com uso de
concentrado desde a fase de cria, tendem a se adaptarem mais facilmente a uma
dieta com elevadas proporções de concentrado.
O uso de creep-feending na fase da cria é indispensável, e apresenta
inúmeros benefícios como ressaltado por Taylor & Field (1999) sendo o maior peso
ao desmame um deles. Esse fator é necessário para os ganhos que atualmente a
pecuária brasileira almeja chegar, que são sete a oito arrobas de peso vivo na cria,
desmamando animais mais pesados, sete na recria e sete no confinamento
(Resende, 2015). Para que esses ganhos de peso sejam alcançados, não se pode
abrir mão do uso de planos de suplementação crescente.
Na fase de recria além de contribuir por ocasião da adaptação dos animais ao
confinamento, proporcionam inúmeros benefícios que estão bem documentados na
literatura. Um dos principais benefícios é potencializar o ganho de peso do animal,
dando condições para que ele expresse seu potencial genético. E para isso apenas
a forragem não é suficiente, sabendo que nas condições de Brasil a sazonalidade
qualiquantitativa da forragem é bastante expressiva, portanto faz-se necessário o
uso de suplementação alimentar. Segundo Baruselli (2010), a alimentação
insuficiente de bovinos durante a fase de crescimento, causa efeitos irreversíveis ao
desenvolvimento do animal, comprometendo-o por toda sua vida produtiva.
Outro beneficio da suplementação na fase de recria é citado por Brito et al.,
(2002), como sendo a redução do ciclo de produção, pois se consegue explorar ao
máximo o ganho em tecido muscular, nas fases de maior desenvolvimento, que são
a cria e recria, e deposição de gordura na terminação.
Na fase da recria, o pasto contribui com uma parcela grande de nutrientes na
dieta dos ruminantes, porém apenas ele não é o suficiente para que o animal
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expresse seu potencial genético. Então, faz-se necessário o uso de suplemento
como um adicional na ração.
Segundo McMeniman et al., (2010), quando esses animais chegam ao
confinamento mais pesados, conseguem se alimentar de maiores quantidades de
matéria seca e por consequência apresentarem maiores ganhos para o abate. De
acordo com Paulino (2010), usando equações de regressão, um bovino de 250 kg
de peso vivo (PV) consumiria 1,84% do PC enquanto um animal com 450 kg de peso
de entrada consumiria 2,09% do PC, até o fim da fase de adaptação (21º dia). Isso
pode trazer maiores ganhos de peso e mais lucros. Além de obter confiança e
prestigio dos frigoríficos, por oferecem uma carcaça desejada, já que para processar
uma carcaça pesada se usa os mesmos recursos usados para se processar uma
carcaça mais leve. Portanto, com um ganho continuo de peso dos animais, a cadeia
da bovinocultura de corte inteira pode tirar benefícios.
Com base nisso, escolheu-se para estágio, uma fazenda que possui o
sistema de cria, recria e terminação intensiva, com uso de suplementos e terminação
em confinamento.
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2. OBJETIVOS
Objetivou-se explorar os conhecimentos adquiridos ao longo da faculdade e
adquirir mais experiência tanto pratica como teórica em bovinocultura de corte. Além
de demostrar o quanto a suplementação continua trás benefícios ao ciclo de
produção dos bovinos.
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3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Introdução
Embora a produção de bovinos recebendo suplementos concentrados seja
crescente, ainda se faz necessário à realização de mais estudos, pois a busca
crescente por animais prontos para o abate cada dia mais precoces, vem exigindo
muito o uso de carboidratos, fibra, proteínas e minerais nas dietas, em todas as
fases da produção de bovinos de corte. É sabido que dietas mais calóricas
proporcionam altos ganhos de peso em menor tempo, se comparadas com dietas
contando apenas forragens (Paulino, 2010).
É relevante ressaltar, que as forragens não podem ser totalmente substituídas
pelos concentrados, pois além da sua importância para o desenvolvimento do
rumen, o fato dela ser um alimento mais barato que os demais, o uso como fibra
efetiva e de fornecer a principal fonte de energia para o animal segundo Bianchini
(2007), há também a colaboração em nutrientes essências para o crescimento,
como a proteína.
Alguns anos atrás, não era comum usar uma dieta com 90% de concentrado
e apenas 10% de volumoso para as condições tropicais a qual o Brasil se encontra,
entretanto, atualmente já se tornou uma prática nutricional muito usada. A adaptação
dos animais a estas dietas deve ser feita adequadamente, levando em consideração
a alimentação prévia do animal antes de entrar no confinamento.
O mais indicado é que a suplementação seja crescente, intensificando ao logo
das fases da produção. Mato Grosso é o estado que se destaca na produção de
grãos como milho e soja, favorecendo o uso de dietas com elevadas proporções de
concentrado desde a cria até a terminação.
De acordo com Millen et al. (2008), 80% dos confinamentos no Brasil usam
como principal fonte de grãos o milho, seguido de 20% pelo sorgo. Tendo como
principal fonte um alimento rico em amido, contendo alta energia e facilmente
fermentáveis, aumentam os risco de acidose ruminal.
Segundo Macedo (2010), a acidose ruminal é uma doença metabólica que
pode ser aguda ou crónica e que tem como causa principal a ingestão alta e súbita
de grãos ou outros carboidratos não-fibrosos que fermentam rapidamente, além de
uma mudança brusca na dieta. Animais que não foram alimentados com
suplementos nas fases anteriores ao confinamento estão mais sujeitos a
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desenvolver este distúrbio e ainda timpanismo, abscessos hepáticos e laminite
(Owens et al., 1998), pois sofrem uma mudança brusca na dieta, além de
apresentarem alternâncias consideráveis no consumo.
Essas desordens metabólicas proporcionam menor ganho de peso médio
diário e com isso perdas econômicas. Ao contrário destes, os que receberam correta
suplementação possuem menor propensão a esses distúrbios e perdem menos
peso, pois apresentam consumo mais equilibrado e continuo com isso os ganhos
finais tendem a serem maiores comparados aos demais animais.
O transporte, troca de ambiente, dieta e a lotação maior são alguns dos
fatores que causam estresse ao animal na chegada ao confinamento. Porém,
animais mais pesados sofrem perdas de peso inferiores aos animais mais leves,
além de que animais já suplementados não sofrem tanto o estresse da troca de
dieta, como pode ser visto no estágio. Bovinos mais pesados e já suplementados na
fase anterior do confinamento não tornam as consequências do estresse tão
expressivas, como diminuição do consumo drástico e perda de peso consideráveis.
Entretanto, mesmo devido à alta concentração de amido, todos os animais
devem passar por uma adaptação para que o rúmen se prepare para receber uma
dieta diferente, para isso deve ocorrer um aumento da população de bactérias
utilizadoras de lactato e aumento da população de bactérias amiloliticas e
protozoários ciliados (Paulino et al., 2010).
3.2 Benefícios da suplementação na fase de recria
Além de melhorar o desempenho dos animais no confinamento, a
suplementação proporciona maiores retornos financeiros. De acordo com Resende
(2011) o suplemento proteico contribui para maiores retornos econômicos na fase de
recria, porque explora a curva de crescimento dos animais. Na recria os bovinos
estão na fase de crescimento muscular, o tecido mais barato de ser depositado, já
que é composto em sua maioria por água (75%), segundo Siqueira (2013),
necessitando de menos energia para ser formado.
Além disso, segundo Baruselli (2010), animais jovens podem ganhar peso em
uma maior taxa que os adultos por que possuem um maior consumo em relação a
seu peso corporal. Segundo Barbosa (2008), também deve ser levado em
consideração que os animais que recebem suplemento poderão sair mais rápido das
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pastagens, reduzindo o custo de permanência e permitindo a entrada de uma nova
categoria animal, aumentando com isso o giro de capital.
3.3 Benefícios da suplementação na fase de recria para a terminação em
confinamento
O tecido muscular é depositado na fase de cria e recria, e é nesse período
que o animal apresenta a melhor conversão alimentar (Baruselli, 2010), tornando
assim a suplementação mais eficiente. Desta forma, chega na fase de terminação
com o mínimo de 3 mm de gordura exigido pelos frigoríficos é depositada com maior
facilidade (Costa, 2002).
Segundo Terencio e Velasco (2009), uma semana a mais de tempo para
atingir o consumo desejado pode representar um ganho médio diário 14,56% inferior
em relação a animais que atingem a meta de consumo e, consequentemente de
ganho. Esses dados demostram que quanto mais rápido o animal se adaptar ao
ambiente de confinamento, mais rápido chegará ao ponto de abate, de forma mais
lucrativa.
A suplementação além de adaptar o organismo do animal, permite a
convivência em grupos maiores e em espaços menores. Segundo Frizzo (2003), em
uma área que se faz uso de suplementação energética ou protéico-energética, os
animais não dependem somente do pasto, portanto, pode-se aumentar o número de
cabeças por área. Isso de certa forma facilita posteriormente o convívio dos animais
em um novo ambiente com espaço restrito, principalmente se os lotes de animais de
um mesmo pasto forem ficarem juntos em um mesmo piquete no confinamento, não
havendo mistura de animais que nunca tiveram convívio.
Segundo McMeniman et al. (2010), o peso de entrada pode também
influenciar o consumo de matéria seca durante a adaptação e longo do período de
alimentação. Animais mais pesados consomem maior quantidade de matéria seca,
em relação a animais mais leves, por consequência possuem maior potencial para
aumentar o ciclo de giro da fazenda saindo mais rápido, ou ainda, fornecerem
carcaças mais pesadas aos frigoríficos, o que é desejado atualmente.
Siqueira (2010) comparou a diferença real de uma carcaça produzida por um
animal que foi suplementado com 0,5% do PC e por outro animal suplementado com
2% do PV durante a fase de terminação. O resultado obtido foi uma diferença de 5,1
arrobas produzidas a mais com a suplementação de 2%, mostrando que além de
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maiores ganhos de peso com animais suplementados, obtêm-se também maiores
rendimentos de carcaça. Isso pode ser observado não apenas com o uso do
suplemento na fase de terminação, mas sim em todas as fases.
Alguns produtores não usam o recurso da suplementação, pois defendem a
ideia do ganho compensatório, principalmente na entrada do confinamento, onde o
animal que sofreu restrição na seca, por exemplo, terá maiores ganhos de peso no
período de realimentação se comparados aos animais que não sofreram restrições.
De acordo com Winter et al., (1976), durante o período de restrição alimentar
ocorre uma redução do tamanho dos órgãos internos. Já no período pós-restrição,
ocorre que com o aporte maior de nutrientes existe a necessidade do crescimento
dos órgãos internos, com isso o ganho de peso do animal nessa fase está mais
atribuído ao aumento destes, e não ao ganho em tecidos muscular e adiposo.
Segundo Hogg (1991), o efeito maior de ganho é sobre o intestino e fígado e
posteriormente aos demais órgãos.
Como é sabido, o produtor não é remunerado pelo peso dos órgãos, portanto
esse ganho não é vantajoso para o produtor. O melhor continua sendo suplementar,
pois mesmo os ganhos dos animais que não passaram por nenhum tipo de restrição
sendo menores em valores, o que eles estão depositando é apenas tecidos carcaça.
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4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
O estágio foi realizado na Agropecuária Fazenda Brasil, localizada em Barra
do Garças – MT, no período de 16 de março à 22 de maio, que contou com a
supervisão dos Zootecnistas Iran Querino e Patricia Baldi. Esta fazenda trabalha
com ciclo completo, sendo a fase de cria, recria, com animais de outras fazendas do
grupo, e o confinamento que recebe os animais da recria da própria fazenda e de
outras.
Atua no ramo da agropecuária, tendo além da criação de bovinos, o cultivo de
milho e soja, que são destinados tanto para o consumo dos animais da própria
fazenda, quanto para venda externa quando há excedentes. Praticam a integração
Lavoura-Pecuária, onde há o uso do sistema barreirão, onde o capim é cultivado por
5 anos, e pois faça a manutenção do solo fazendo o uso de leguminosas. Utilizam
esse sistema como mais uma fonte de diversificação da atividade, e como estratégia
de recuperação das pastagens.
A Agropecuária Fazenda Brasil abate animais machos com aproximadamente
24 meses e fêmeas com 36 meses, porque estas passam por uma estação de
monta, para que deixem uma cria na fazenda, e posteriormente são encaminhadas
para o confinamento.
A fazenda ofereceu a oportunidade de estágio nos três setores, cria, recria e
confinamento, podendo assim, compreender melhor as fases da cadeia produtiva de
bovinos e como uma interfere na outra. Os resultados obtidos só foram possíveis,
devido ao adequado manejo nutricional, que se inicia aos dois meses de vida, com
creep feeding e segue com suplementações que vão de mineral, proteica e proteica
energética na fase de recria e uso de dietas com elevadas proporções de
concentrado no confinamento.
4.1 Atividades desenvolvidas na fase de cria e recria
No setor de cria e recria, o horário de atividades das 7:00 às 17:00 horas,
sendo duas horas reservadas para almoço, das 7:00 às 11:00 horas aos sábados.
Nestas duas fases, não ocorrem atividades aos domingos.
Durante o estágio havia 6.200 animais nestes setores, distribuídos em três
retiros, denominados Curimã, Montana e BR. Cada retiro contava com um capataz e
seus vaqueiros. Nos retiros, faziam uso de sistemas de lotação rotacionado e
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contínuo. Cada retiro contava com um curral racional, com exceção do retiro BR.
Nos currais eram feitos os manejos sanitários, identificação e apartação. Os troncos
eram manuais e continham balança. Todos estes retiros eram administrados pelo
mesmo zootecnista.
Os manejos realizados nesses locais respeitam o bem estar dos bovinos, pois
existe o uso de bandeira, sem gritos agudos, choque ou ferrões.
Nas pastagens, existiam cochos cobertos e com cochos descobertos.
Em relação aos pastos, são cultivadas as gramíneas, Brachiaria brizantha cv.
Marandu em sistema de pastejo rotacionado, Brachiaria humidicola em continuo,
Panicum maximum cv. Massai e Panicum maximum cv. Mombaça em rotacionado,
além de Brachiaria ruziziensis em consórcio com a soja ou milho no sistema de
integração lavoura-pecuária.
Todos os bezerros recebem suplementação no sistema creep feeding a partir
dos dois meses de vida. São desmamados com oito meses e então entravam na
fase de recria. A forma de desmame era a tradicional, onde se retira o bezerro da
mãe e o leva para outro pasto, que não seja próximo das fêmeas.
Na recria todos os animais recebem suplementação. Na época das águas
recebem suplementos energéticos de alto consumo, sendo 2 g/kg de PV, e na seca,
recebem suplementos protéico-energéticos conforme as metas de desempenho. As
novilhas gestantes e vacas recém-paridas de primeira cria são suplementadas com
suplemento mineral na proporção de 140g/animal/dia.
As concentrações de proteína bruta nos suplementos escolhidos
acompanham a qualidade da forragem na fazenda. Quando os níveis de proteína
bruta diminuem na forragem, se se opta por um suplemento com maior teor de
proteína. Desta forma, começam o período da recria com suplementos de baixo a
médio consumo e depois passam para outros suplementos de alto consumo.
Existe um funcionário para distribuir os suplementos em todos os pastos. Uma
vez por semana ele repõe o estoque em cada pasto, e durante os outros dias da
semana ele faz “rodeio” nos pastos para conferir se os cochos estão abastecidos e
limpos. Caso não estejam como o desejado, ele que executa essa atividade. Para
levar os suplementos até os pastos, usam uma carreta acoplada a um trator.
Além das visitas do tratador, os vaqueiros e capatazes de cada retiro fazem
visitas constantes em cada piquete para conferir se não há animais feridos ou
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entrevero. Caso existam, eles mesmos fazem o manejo sanitário e destinam os
animais para os piquetes corretos.
4.2 Atividades desenvolvidas no confinamento
No confinamento, existem 47 piquetes divididos em sete linhas, cada uma
com sete baias, exceto a última linha que possui apenas 5 piquetes. As dimensões
são de 60m x 40m cada, com uma linha de cocho que com média de 0,34 m/cabeça
e 13,5 m2/cabeça. Cada piquete comporta em média 180 animais, totalizando
capacidade para aproximadamente 8460 cabeças. A Fazenda Agropecuária Brasil
confina animais de outras fazendas pertencentes ao mesmo proprietário, além de
animais de parceiros e boitel.
O horário de funcionamento é das 7:00 às 17:00 horas, com duas horas para
almoço. Contava com um Zootecnista e um Veterinário como gerente deste setor.
Visando o bem estar animal, os piquetes contam com aspersão quatro vezes
ao dia, sendo duas na parte da manhã e duas a tarde durando 20 minutos em cada
linha. Sabendo que a maior parte dos confinamentos não possuem nenhuma área
coberta nas baias, os animais ficam expostos ao sol o dia todo, sofrendo um
estresse térmico, devido à exposição continua. A aspersão diminui esse estresse,
trazendo maior bem estar aos animais, pois além de se refrescarem no momento
que a aspersão está ligada, ela ainda deixa o solo umedecido, que pode conferir,
quando deitados, perda de calor para o solo, melhorando a termorregulação e
redução da poeira. Com isso o desempenho animal poderá melhorar.
Possuem três dietas, sendo a primeira de adaptação contendo relação
concentrado:volumoso de 76:24, a segunda de crescimento com 85:15 a última de
terminação de 90:10. Os ingredientes usados nas dietas são: farelo de milho, farelo
de soja, silagem de capim-mombaça, torta de algodão, casca de soja, ureia e núcleo
Cargill. Os tratos são distribuídos quatro vezes ao dia e a leitura de cocho é
realizada uma vez por dia no período da manhã, antes do primeiro trato.
A mombaça é plantada e colhida, como pode ser vista na Figura 1, na própria
fazenda para a produção da silagem, como pode ser visualizada na Figura 2. Para
isso existem três pivôs, que são adubados diariamente, até o capim estar na altura
correta para o corte.
A Fazenda Agropecuária Brasil utiliza três softwares usados no confinamento
são o TGC (Tecnologia e Gestão do Confinamento), que é usada para administrar e
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controlar toda a dieta que é fornecida aos animais diariamente, entre outras funções
relacionadas ao manejo nutricional dos bovinos; TGR (Tecnologia e Gestão de
Rastreabilidade), usado para auxiliar todos os manejos ligados a rastreabilidade;
TGT (Tecnologia de gestão de trato), usado nos caminhões de trato para controlar
tempo de batida da dieta, quantidade de ingredientes e quantidade de alimento
fornecido em cada piquete. Ainda conta com um caminhão para trato da marca Kuhn
com capacidade para 9.000 kg, e um trator Case para carregar os ingredientes no
caminhão de trato.
Figura 1. Corte e picagem do capim-mombaça.
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 2. Compactação e vedação do silo.
Fonte: Arquivo pessoal.
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Os piquetes foram construídos com “guarda-mãos” de madeira acima do
último fio, para ajudar a diminuir entreveros, e principalmente para dar maior
sustentação a cerca, como pode ser visto na Figura 3.
Figura 3. Detalhe do guarda-mão.
Fonte: Arquivo pessoal.
As porteiras foram colocadas com maior dimensão para possibilitar o
fechamento dos corredores e com isso o isolamento das linhas. Porém, não foram
colocadas de forma adequada, pois dificulta as manobras do caminhão. Por
consequência, a dieta não preenche os primeiros e últimos metros de cocho da
linha, como pode ser visto na figura 4. Com isso, aumenta a competitividade por
espaço no cocho na hora do trato. Tudo ter sido feito de madeira, um investimento
caro e pouco duradouro.
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Figura 4. Caminhão do trato no início da linha de cocho.
Fonte: Arquivo pessoal.
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5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO
5.1 Atividades desenvolvidas na fase de cria e recria
O estágio realizado na Agropecuária Fazenda Brasil, situada na cidade de
Barra do Garça, sendo realizado no período de 16 de março à 22 de maio de 2015.
A primeira atividade desenvolvida foi no setor de cria e recria, onde
acompanhou-se o tratador, para conhecer os suplementos, as pastagens e a
fazenda como um todo. Após conhecer, as atividades iniciaram e consistiram em
colocar os suplementos nos cochos, conferir bebedouros, anotar possíveis
irregularidades (bebedouros cochos, ou animais doentes).
A visita do tratador foi feita na ordem mais recomendada, primeiro nos pastos
que continham cochos descobertos, pois ficam expostos aos efeitos da chuva. Além
de esses cochos serem fáceis de serem virados pelos animais, fazendo com que a
dieta se perca. Depois no piquetes dos bezerros, pois a maior taxa de mortalidade
esta na fase de cria, portanto, faz-se necessário a visita constante para observação
dos animais. Posteriormente visitam os pastos que contêm animais de mais alto
consumo, pois a dieta acaba mais rápido e nestes casos, e o suplemento nunca
pode faltar no cocho. Por último os demais pastos.
Como nos finais de semana não era permitido trabalhar, o tratador aumentava
a quantidade de dieta no cocho, para que os animais não ficassem sem ração ou
suplemento durante esses dias.
A segunda atividade foi a avaliação das pastagens. Mensurou-se a altura do
pasto para delimitar os dias que os animais iriam ficar em cada piquete. Essa
avaliação era feita uma vez por semana para ter maior precisão nas tomadas de
decisões.
A terceira atividade foi o controle do consumo de suplemento pelos
animais/cabeça/dia, para monitorar se estavam ingerindo o esperado. Para a
realização desse controle, o tratador anotava quantos sacos de ração tinha sido
colocado no cocho e o tempo que durou. A partir destes dados faz-se um calculo
usando a quantidade de animais no lote, quantos quilos de suplemento oferecido e
quantos dias durou. Com isso, consegue-se estimar quantos quilos os animais
estão ingerindo por dia.
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A quarta atividade foi a estimativa visual do peso dos animais, para ver se
eles estavam respondendo como o previsto pelas propostas pré-determinadas pela
propriedade. Caso não, mudariam a estratégia suplementar.
A quinta atividade foi o controle do estoque de suplemento, que era realizado
de 15 em 15 dias, para o agendamento de reposição.
A sexta atividade foi o manejo de curral, ajudando nas atividades realizadas
nesse local, como apartação de animais destinados para leilão, pesagem para saída
para o confinamento, manejo sanitário de animais acima de quatro meses. Esse
manejo em um retiro não era executado da forma recomendado pelo protocolo de
bem-estar animal, pois os vaqueiros usam de violência para conduzir os animais na
seringa, brete e tronco, principalmente os animais de cria, que são menores, difíceis
de manejar em currais que foram instalados para manejo geral e não especifico para
animais jovens. Esses manejos poderiam ser feitos de maneira mais calma, com
mais uso da bandeira, e não com a ponta dela.
No curral foi permitido colaborar com a condução dos animais dos piquetes do
curral até o tronco, anotar a pesagem, preparar medicamentos, e pistolas de
vacinas, assim como a limpeza e lubrificação destas. Para o preparo de produtos
para vacinação foi preciso conhecimentos sobre medicamentos usados na fazenda
que foram obtidos em pesquisas na Internet. E para a preparação de pistolas de
vacinação os conhecimentos foram passados pelo Zootecnista supervisor da
fazenda.
Além da limpeza do curral que também foi necessária, esta era executada
com uso de vassouras, enxadas, pás, rodos e compressor de água. Essa atividade
era realizada pelos vaqueiros e capataz do retiro, sempre que necessário. Pelo
tronco ser de madeira, não se aconselha lavar com uma frequência muito alta, para
que não apodreça muito rápido e diminua a vida útil.
O acompanhamento dos vaqueiros ao “rodeio” dos pastos foi feito estando
montada a cavalo. Essa atividade é de grande valia, pois com isso pode-se observar
melhor os animais, conhecer o ambiente em que eles vivem e também o manejo
realizado pelos funcionários. A tropa da fazenda era formada por burros, mulas e
cavalos.
Por fim, a última atividade realizada nas fases de cria e recria foram cálculos
simulados de arroba produzida por período, participar de uma aula sobre
16
suplementação e de uma palestra administrada pelo Sr. Welton Cabral da empresa
Novanis.
5.2 Atividades desenvolvidas no confinamento
O manejo de curral foi realizado a entrada dos animais no confinamento,
conduzir os animais da seringa até o tronco, onde se pode vacinar, usar o software
TGR para registrar a entrada do animal na fazenda, peso e manejo sanitário, apartar
levando em consideração o sexo, a raça e peso corporal, por final, destinar os
animais aos devidos piquetes.
Os piquetes são providos de cochos de alvenaria, no entanto, nenhum deles
tem escape para a água, o que dificulta o manejo e secagem dos cochos na época
de chuva. O que é feito para reduzir a quantidade de água nos cochos e passar um
ferro nas fissuras do cocho para que a água possa sair. Porém não é eficiente e o
trabalho muito demorado e cansativo. A limpeza dos cochos é feita para retirar
rações mofadas ou endurecidas.
Essa limpeza deve ser bem conduzida, pois a dieta contém ureia, portanto, há
o risco de intoxicação caso ela dissolva na água e os animais venham a ingerir.
Além da ração poder acabar estragando, devido ao contato por longo período com a
água, exalando mau cheiro e deixando na ração um sabor desagradável ao paladar
dos animais que por consequência refugam a dieta.
Após acompanhar a entrada dos animais e conhecer o ambiente, a próxima
atividade realizada foi o manejo nutricional, onde incluía fornecimento da dieta, uso
do Excel, leitura de cocho, uso de softwares como TGC, TGR e TGT.
As leituras de cocho foram realizadas uma vez por dia, no período da manhã,
de preferência as 6:00 horas. As notas para escore do alimento no cocho
encontram-se seguir na Tabela 1.
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Tabela 1. Notas das leituras de cocho.
Notas Ajustes
-2 Aumento de 7%
-1 Aumento de 5%
0 Aumento de 3%
1 Manter
2 Diminuir 3%
3 Diminuir 5%
Estas notas têm intervalos curtos entre elas para que os animais possam se
adaptar as novas quantidades sem sofrerem danos ao organismo. Para que a
estratégia tenha o resultado desejado, é necessário respeitar a ordem das notas,
evitando sair de uma nota 1, para uma nota -2, por exemplo. Deve-se sempre,
entender o motivo dos animais estarem com o consumo alterado e dar tempo para
que eles possam ajustar o consumo.
Estas leituras podem ser feitas usando um programa de celular que a Gestão
Agropecuária desenvolveu, onde as leituras são anotadas no programa e enviadas
para o TGC automaticamente.
Adicionalmente, foram realizadas com frequência avaliações de escore de
fezes, qualidade da água e da dieta dos animais.
Foi possível identificar algumas falhas nos horários de fornecimento das
dietas que não permaneciam sempre os mesmos, com isso quebrava a rotina dos
animais e por consequência o consumo demorava a se estabilizar.
Como a leitura de cocho é feita apenas uma vez por dia, sendo na parte da
manhã as 6:00 horas da manhã e os tratadores não informavam a situação dos
cochos após o fornecimento da dieta, muitos cochos das primeiras linhas a serem
distribuída a ração se esvaziavam ainda quando o mesmo trato estava sendo
fornecido para a última linha de piquetes do confinamento. Com isso muitos animais
passavam a noite e parte da manhã sem dieta no cocho. Porém, o consumo foi
ajustado acompanhando o tratador nos fornecimentos dos tratos e ensinamentos
para o mesmo sobre manejo de cocho e comportamento animal, posteriormente a
isso foi possível melhorar o consumo e tornar a leitura mais verídica, não
superestimando e nem subestimando os valores de consumo de cada piquete.
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Porém antes do ajuste nas quantidades fornecidas, havia uma grande
incidência de animais fora dos piquetes que ficam soltos pelos corredores, porque no
momento do trato se aglomeravam no cocho como pode ser visto na Figura 5.
Acabavam empurrando animais para fora dos piquetes. Isso acontecia, pois leitura
de cocho realizada não demonstrava a realidade dos animais, não atendendo
plenamente o consumo de todos animais nas baias.
Figura 5. Animais disputando espaço na linha de cocho.
Fonte: Arquivo pessoal.
Para executar o manejo do trato dos animais, usa-se o sistema TGC. Nele
foram registradas as notas de leitura de cocho diárias. Após isso, ele calculava as
quantidades para fornecimento diário para os animais e enviava as informações para
o sistema TGT do caminhão de trato. Nele também é feito o controle de estoque,
consumo, retirando relatórios diários que citam informações importantes para o
acompanhamento do desenvolvimento dos animais, como dias de cocho, ração
fornecida atual, consumo de matéria seca diária, entre outras informações.
Na propriedade é usado o sistema TGT, por essa razão é necessário o uso de
Tag’s nas baias, que são placas que indicam para o sistema do caminhão quando a
baia inicia e quando ela termina, com isso é registrado automaticamente quanto de
dieta é fornecido em cada baia. Porém algumas Tag’s estavam com problemas em
ler e dificultavam a leitura e fornecimento das dietas. Essas precisariam ser trocadas
para agilizar e facilitar o processo.
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O ponto positivo do sistema TGT é que ele trava as informações das
quantidades a serem fornecidas de dieta em cada piquete até que o tempo de batida
recomendado de quatro minutos seja realizado. Isso traz segurança ao profissional
que formula a dieta, pois elimina um fator que pode causar a diminuição do consumo
ou até mesmo a seletividade do animal, que seria uma mistura insuficiente.
O consumo mínimo desejado para dieta de adaptação é de 1,8% do PC e as
demais o mínimo requerido é de 2,34% do PC.
Atualmente o confinamento possui apenas animais que já receberam
suplementação desde os dois meses de idade. Os resultados em relação a consumo
e de adaptação a dietas são positivos.
Essas dietas são dividas em três tipos. A primeira de adaptação para animais
recém-chegados, que possui 76% de concentrado e 24% de volumoso. A segunda
de crescimento, que possui 85% de concentrado e 15% de volumoso, para animais
que já estabilizaram o consumo na primeira dieta, ou que já possuem 21 de
confinamento. E a última de terminação, com 90% de concentrado e 10% de
volumoso.
Os animais não apresentaram fezes moles, sangramento, diarreia,
timpanismo ou sinais de acidose devido a dieta fornecida, o que mostra boa
adaptação a ração.
Animais vindos com histórico nutricional de suplementação desde a fase de
recria pode-se trabalhar com períodos de adaptação menor, pois seu rumem esta
mais adaptado para receber concentrado do que os demais animais que nunca
consumiram dietas contendo grãos. Esse menor período para adaptação é desejado
pelos confinadores, levando em consideração que o período de confinamento é
curto (75 – 120 dias) e possuem pouco tempo para acrescentar gordura na carcaça.
Vale ressaltar que, todos os animais independentes de vindos ou não de um
histórico nutricional contendo suplementação devem passar por um período de
adaptação, pois mesmo sendo suplementado antes, o animal sente as mudanças,
como pode ser visto na Figura 6. As fezes de bovinos confinados estão cobertas por
uma mucosa intestinal, que devido à mudança na dieta acaba produzindo mais
muco para proteger a parede do intestino das altas concentrações de ácidos vindos
de uma ingestão maior de carboidratos não fibrosos.
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Figura 6. Fezes de bovinos contendo muco intestinal na primeira semana de
ingestão da dieta de confinamento.
Fonte: Arquivo pessoal.
Para ajustar o consumo de nutrientes advindos da ração, a análise de matéria
seca da silagem como pode ser visto na Figura 7, é feita uma vez por semana, com
auxilio de Koster e balança. Pode-se notar como são visíveis as variações nos
teores de matéria seca entre semanas e por esse motivo é necessário análises
constantes, para que se possa ajustar corretamente a dieta.
Figura 7. Análise de matéria seca da silagem com auxilio de Koster.
Fonte: Arquivo pessoal.
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Por último, foi possível acompanhar o manejo dos vaqueiros nas visitas aos
piquetes e em colocar os animais que saíram dos piquetes para os corredores ou
para outros piquetes, além de identificar refugos de cocho e animais doentes. Os
animais refugos eram destinados para o piquete enfermaria e os doentes eram
tratados na mesma baia, sendo imobilizados, caso necessário, com o uso de laço.
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6. CONCLUSÕES
A suplementação na fase de cria e recria são muito importantes para se obter
bons resultados no confinamento, onde pode se conseguir animais mais pesados,
com menor tempo de produção, com melhor acabamento e com uma qualidade de
carne superior, por serem animais mais jovens; maior facilidade de se adaptar a
rações de maiores valores calóricos; aumento do ciclo de produção, trazendo
maiores retornos ao produtor, além de resultar em maior rendimento de carcaça.
E também que o estágio final é de grande importância, pois é possível
aprender muito e descobrir suas próprias limitações, porém deveria ser um período
maior.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio foi de máxima relevância para a minha vida profissional e pessoal,
nós permite ter uma visão de mundo mais ampla, conhecer a realidade do mercado
e ter uma noção do que vamos encontra no futuro. Prepara-nos para o mercado de
trabalho e testas nosso conhecimento.
Ensina-nos a prática, o que aprendemos da parte teórica que realmente pode
ser aplicada no campo e o que não há possibilidades, e os motivos para cada um.
Os limites ficam evidenciados, foi perceptível o quanto mais aulas práticas
são necessárias no curso, o quanto fica mais fácil de assimilar informações quando
se têm a chance de presenciar a atividade em questão sendo executada,
principalmente para alguns alunos que tem o modo de aprendizado visual. Algumas
aulas precisam ser melhoradas no curso, pois estratégias de uso de pasto, a
categoria animal mais indicada para cada tipo de gramínea, gerenciamento de
propriedades agropecuárias, conhecimento do mercado, fazem muita falta no
momento do estágio. E se é cobrado muito por resultados e conhecimentos, devido
aos tempo de duração do curso.
Os conhecimentos obtidos ao longo do curso puderam ser colocados em
práticas, até mesmo para melhorar o trabalho dos funcionários e com isso ter
melhores resultados no manejo nutricional dos animais. Controles puderam ser feitos
e manejo melhorado, além de compreender melhor o ambiente e as atividades, a
fazenda como um todo. Tudo o que nós foi dado de informações, nós tornaram muito
mais perceptíveis, mais sensíveis a identificar erros e como sana-los. Além de
facilitar o entendimento de linguagens técnicas para ler, compreender e escrever
artigos.
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REFERÊNCIAS
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