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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FITONEMATOIDES E DE PLANTAS DANINHAS EM FEIJOEIRO IRRIGADO SOB CULTIVO CONVENCIONAL ALINE PELLOZO PIRES RIBEIRO C U I A B Á - MT 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FITONEMATOIDES E DE PLANTAS

DANINHAS EM FEIJOEIRO IRRIGADO SOB CULTIVO

CONVENCIONAL

ALINE PELLOZO PIRES RIBEIRO

C U I A B Á - MT 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FITONEMATOIDES E DE PLANTAS

DANINHAS EM FEIJOEIRO IRRIGADO SOB CULTIVO

CONVENCIONAL

ALINE PELLOZO PIRES RIBEIRO

Engenheira Agrônoma

Orientador: Prof. Dr. MARCELO DE CARVALHO ALVES

Co-orientadora: Profª. Dra. SÂNIA LÚCIA CAMARGOS

C U I A B Á - MT

2014

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato Grosso,

para obtenção do título de Mestre em

Agricultura Tropical.

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Aos meus familiares,

Pelo carinho, incentivo e amor,

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Programa de Pós-Graduação em

Agricultura Tropical (PPGAT), pela realização do curso de mestrado.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), pelo

auxílio pela bolsa de estudos.

Ao professor, Dr. Marcelo de Carvalho Alves, pela disponibilidade de vaga, pela

orientação, amizade, compreensão e pelos ensinamentos prestados e no auxílio no

processamento dos dados e na elaboração das figuras.

À minha co-orientadora, Dra. Sânia Lúcia Camargos, pela amizade, dedicação,

orientação e incentivo neste tempo de convivência.

Aos colegas do laboratório Sergeo/UFMT, em especial ao Rafael Noetzold, pela

colaboração e companheirismo em todo o período do projeto

Ao bolsista de iniciação científica, Jonathan Saramargo, pelo auxílio no campo, casa

de vegetação em parte das análises laboratoriais. Ao Laboratório Plante Certo,

representado pelo Prof. Msc.Luiz Gonzaga de Barros, pelo auxílio financeiro em

parte das amostras.

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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE FITONEMATOIDES E DE PLANTAS DANINHAS EM FEIJOEIRO IRRIGADO SOB CULTIVO CONVENCIONAL

RESUMO - As áreas de cerrado cultivadas com a cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) são constantemente atacadas por diversas espécies de fitonematoides. Objetivou-se caracterizar a estrutura e a magnitude de dependência espacial de fitonematóides e de plantas daninhas em feijoeiro irrigado sob cultivo convencional, sob interferência de variáveis físicas, químicas e biológicas do agroecossistema feijoeiro. O experimento foi realizado na Fazenda Rotilli, Jaciara, MT. Foram georreferenciados 59 pontos em lavoura de feijoeiro, cultivar Pérola, em pivô central. As amostragens foram realizadas em 21/11/2011, 05/07/2012 e 13/08/2012. Nas três épocas de amostragem foram coletados solo e raízes para análise nematológica e solo para análise dos atributos químicos. Em 05/07/2012 foram amostradas folhas para análise nutricional e plantas de um metro linear para análise de produção. O solo de cada ponto georreferenciado foi colocado em bandejas para quantificar plantas daninhas por meio de banco de sementes. Posteriormente, avaliou-se a incidência de nematoides nas raízes das plantas daninhas. Foi obtida uma imagem do satélite WorldView2 da área em 10/09/2011. Realizou-se a correção atmosférica das oito bandas multiespectrais com o algoritmo ATCOR. Posteriormente, calcularam-se os seguintes índices: índice de vegetação ajustado ao solo (SAVI), índice de área foliar (LAI), fração da radiação ativa fotossinteticamente absorvida (FPAR), albedo da superfície (ALBEDO) e o fluxo de radiação solar absorvida (RSOLAR). Extraíram-se os valores dos índices calculados nas imagens em cada um dos 59 pontos. Com base na análise de geoestatística, observou-se que P. brachyurus no solo e raiz apresentou alcances entre 68,85m a 106,42m. Os juvenis de Meloidogyne sp. apresentaram alcance de 80,70 m. Ao observar os mapas de krigagem, constatou-se que nas áreas com maiores teores de Al e H, houve menor incidência de nematoides. Nas áreas com maior população de nematoide, houve menor quantidade de vagens com mais de 2 grãos. Os mesmos resultados foram comprovados pela análise de correlação de Pearson. Com base na análise de nutrientes em folhas, observaram-se menores teores de Ca e S nas áreas com maior população de nematoides. As plantas daninhas com maior ocorrência na área foram Capim colchão, tiririca do brejo, capim pé de galinha e caruru de mancha, com os alcances de 168,13m, 114,79m, 115,36m e 130,91 m, respectivamente. Com base nos dados obtidos por sensoriamento remoto, observou-se correlação negativa entre Meloidogyne sp. e RSOLAR, P. brachyurus e RSOLAR, P. brachyurus e SAVI.

Palavras-chave: Plantas invasoras; nematoides fitopatogênicos; nutrição mineral, geoestatística; sensoriamento remoto, WorldView2.

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SPATIAL DISTRIBUTION OF nematodes AND WEEDS IN BEAN CROP UNDER

CONVENTIONAL FARMING

ABSTRACT - The areas of cultivated savanna with the common bean (Phaseolus

vulgaris L.) are constantly attacked by several species of parasitic nematodes. This

study aimed to characterize the structure and the magnitude of spatial dependence

of nematodes and weeds in irrigated common bean under conventional cultivation

under interference from physical, chemical and biological variables of the bean

agroecosystem. The experiment was conducted at Fazenda Rotilli, Jaciara, MT. 59

points were georeferenced in common bean fields, cultivating Pearl in center pivot.

Samples were taken on 21/11/2011, 05/07/2012 and 13/08/2012. In the three sample

soil and roots for nematológica analysis and soil for chemical analysis of soil samples

were collected. 05/07/2012 in leaves and plants for nutritional analysis of a linear

meter for production analysis were sampled. The soil of each georeferenced point

was placed in trays to quantify weed through seed bank. Subsequently, we evaluated

the incidence of nematodes in the roots of weeds. An image of the satellite

WorldView2 area was obtained on 10/09/2011. We calculated the atmospheric

correction of the eight multispectral bands with ATCOR algorithm. Subsequently, we

calculated the following indices: index adjusted to the soil (SAVI) vegetation, leaf

area index (LAI), fraction of absorbed photosynthetically active radiation (FPAR),

surface albedo (ALBEDO) and the flux of solar radiation absorbed (RSOLAR).

Extracted index values are calculated on the images in each of 59 points. Based on

geostatistical analysis, it was observed that the nematode in soil and root presented

ranges between 68,85m the 106,42m. Juveniles of Meloidogyne sp. showed range of

80.70 m. By observing the kriging maps, it was found that in areas with higher

concentrations of Al and H, a lower incidence of nematodes. In areas with higher

population of nematodes, there was a lower number of pods with less than 2 grains.

The same results were confirmed by Pearson correlation analysis. Based on the

analysis of nutrients in leaves, we observed lower levels of Ca and S in areas with

higher population of nematodes. Weeds with higher occurrence in the area mattress,

sedge marsh grass chicken leg and pigweed spot, with ranges 168,13m, 114,79m,

115,36m and 130.91 m respectively were grass. Based on data obtained by remote

sensing, there was a negative correlation between Meloidogyne sp. and RSOLAR,

and RSOLAR P. brachyurus, P. brachyurus and SAVI.

Keywords: Invasive plants; pathogenic nematodes; mineral nutrition, geostatistics;

remote sensing, WorldView2.

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO GERAL...........................................................................................10

1.1 A importância da cultura do feijoeiro....................................................................10

1.2 Os fitonematoides na cultura do feijoeiro ............................................................ 11

1.2.1 Principais espécies de fitonematoides parasitas do feijoeiro ............................ 11

1.2.2 Distribuição espacial de Fitonematoides .......................................................... 13

1.2.3Distribuição espacial de Plantas Daninhas........................................................ 14

1.2.4 Ocorrência de nematoides em plantas daninhas..............................................15

1.3 Fertilidade do solo para o cultivo do feijoeiro ...................................................... 16

1.3.1 Distribuição espacial de nutrientes no solo ...................................................... 17

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 24

VARIABILIDADE ESPACIAL DE FITONAMETOIDES EM FEIJOEIRO IRRIGADO

SOB MANEJO CONVENCIONAL ............................................................................ 24

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 26

2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................ Erro! Indicador não definido.

2.1 Descrição da área em estudo...............................................................................28

2.2 Amostragem georreferenciada.............................................................................28

2.3 Análise dos atributos químicos.............................................................................30

2.4 Análise dos atributos químicos de folhas.............................................................30

2.5 Análise de nematoides no solo e nas raízes........................................................31

2.6 Análise de produtividade de grãos de feijoeiro....................................................31

2.7 Análise estatística e geoestatística dos dados.....................................................31

2.8 Processamento de imagem digital WorldView 2..................................................32

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 34

3.1 Primeira Coleta de amostras - 21/06/2012...........................................................33

3.2 Segunda Coleta de amostras – 05/07/2012 ........................................................ 39

3.3 Terceira Coleta de amostras – 13/08/2014 ......................................................... 48

3.4 Distribuição espacial dos fitonematoides nas diferentes épocas de coleta do ano

de 2012.......................................................................................................................57

3.5 Correlação entre a população de fitonematoides e índices de vegetação

derivados de imagens................................................................................................61

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4 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 65

5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 66

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 71

VARIABILIDADE ESPACIAL DE PLANTAS DANINHAS E HOSPEDABILIDADE À

FITONEMATOIDES NO AGROSSISTEMA FEIJOEIRO...........................................71

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 73

2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 75

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 78

4 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 86

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 87

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1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 A importância da cultura do feijoeiro

O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada

entre as demais do gênero Phaseolus e cerca de 70% da produção mundial foi

oriunda de apenas sete países, sendo o Brasil o maior produtor, com 16,3 % da

produção mundial (Embrapa, 2011). O grão do feijoeiro é originário da América

do Sul e é um dos alimentos básicos de vários povos, principalmente o

brasileiro, constituindo a principal fonte de proteína vegetal. O teor proteico do

grão pode chegar a 33%, com valor energético de 341 cal/100 g, sendo

altamente desejável como componente em dietas de combate à fome e à

desnutrição (Pompeu, 1987). O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial

de feijoeiro comum, com uma produção de 2,9 milhões de toneladas na safra

11/12 (Conab, 2012). Essa leguminosa é cultivada em praticamente todos os

estados brasileiros, com variações no tamanho de área colhida e com os mais

variados níveis tecnológicos e sistemas de produção. O feijoeiro pode ser

cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados sistemas de

produção e em todas as regiões brasileiras, com grande importância

econômica e social (Borém e Carneiro, 2006). Os principais estados produtores

de feijoeiro comum, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Bahia,

representam mais de 65% da produção nacional (Couto, 2011).

A evolução das práticas culturais, aliada ao desenvolvimento de

cultivares modernas e a adoção de tecnologias pelos agricultores brasileiros,

permitiu expressivo ganho em produtividade, saindo de patamares de 500 kg

ha-1 de média nacional, no final da década de 1970, para 1.000 kg ha-1, na

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safra 2009/2010. Além disso, o feijoeiro passou a ser cultivado em três épocas

distintas de semeadura, sendo elas: feijoeiro de 1ª época ou “feijão das águas”

ou cultivo de primavera-verão; feijoeiro de 2ª época ou “feijão da seca” ou

cultivo de verão-outono; e o feijoeiro de 3ª época ou “feijão de inverno” ou

cultivo de outono-inverno. Apesar disso, o feijoeiro é uma das principais

culturas plantadas na entressafra em sistemas irrigados, nas regiões centrais e

sudeste do Brasil. Os cultivos do feijão de 1ª e 2ª épocas correspondem a mais

de 80% da produção nacional (Barbosa Filho et al., 2001).O feijoeiro é uma

espécie de ciclo curto, 90 a 100 dias, conforme o cultivar, com hábito de

crescimento determinado ou indeterminado, formando dossel de 40 a 50 cm de

altura. O melhor desenvolvimento da cultura do feijoeiro é observado em

regiões ou períodos de clima ameno com temperatura média do ar ideal

durante o ciclo de 18 a 24ºC (Neto et al., 2000). O feijoeiro pode ser cultivado

em solos com textura arenosa leve a argilosa pesada, incluindo solos turfosos.

Os solos argilosos mal drenados devem ser evitados (Vieira et al., 2006). A

necessidade hídrica deve ser no mínimo de 300 mm de precipitação durante o

ciclo da cultura para produzir grãos sem a necessidade de irrigação (Neto et

al., 2000). Além de produzir os grãos para consumo humano, o feijoeiro tem a

função de fixar nitrogênio por meio de bactérias diazotróficas que transformam

nitrogênio atmosférico em compostos nitrogenados que são de extrema

importância em vários processos químico-biológicos no sistema de plantio.

1.2 Os fitonematoides na cultura do feijoeiro

1.2.1 Principais espécies de fitonematoides parasitas do feijoeiro

Em reconhecimento realizado em diversos municípios de Minas Gerais,

Freire e Ferraz (1977) encontraram as seguintes espécies de nematoides na

rizosfera e/ou raízes do feijoeiro: Aphelenchoides sp., Criconemoides onoensis

Luc, C. ornatus Raski, Ditylenchus sp., Helicotylenchus dihystera, Meloidogyne

incognita, M. javanica, Pratylenchus brachiurus (Godfrey), P. zea, entre outros.

No entanto, somente as espécies do gênero Meloidogyne spp. e Pratylenchus

brachyurus são reconhecidamente parasitas do feijoeiro (Lordello, 1964).

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O gênero Pratylenchus spp. está entre os mais importantes grupos de

fitonematóides em todo o mundo, englobando mais de 60 espécies descritas

(Tihohod, 1993). Conhecido como nematoide das lesões radiculares, as

espécies de Pratylenchus sp. que mais parasitam raízes de feijoeiro são o P.

brachyurus e o P. vulnus, sendo o primeiro de maior incidência e severidade

nas raízes. Espécies de Pratylenchus spp. são endoparasitas migratórios em

todos os estádios de desenvolvimento do feijoeiro, com alto índice de

reprodução e ciclo de vida de 3 a 6 semanas (Cardoso, 1990).

Os danos causados por Pratylenchus brachyurus às raízes das plantas

hospedeiras ocorrem por associação de três tipos de ação: mecânica,

decorrente da migração típica realizada pelo nematoide no interior do córtex

radicular; tóxica, resultante da injeção de secreções esofagianas no citoplasma

das células selecionadas para o parasitismo; e, espoliativa, representada pela

remoção do conteúdo citoplasmático das células atacadas pelo nematoide

(Ferraz e Monteiro, 1995).

As lesões causadas nas raízes servem de porta de entrada para outros

organismos patogênicos, como bactérias e fungos. A interação desses agentes

resulta na redução das radicelas e, em muitos casos, há perda da raiz

pivotante. Na parte aérea de plantas afetadas, pode-se observar clorose ou

murchamento durante a estação seca, refletindo em perda de produção. A

desfolha total pode ocorrer quando o ataque é severo (Alves, 2008).

A longevidade de Pratylenchus brachyurus, em solos de pousio, pode

chegar até 21 meses (Tihohod, 1993). Esse nematoide possui um alto grau de

polifagia, ou seja, capacidade de parasitar e multiplicar-se em grande número

de plantas hospedeiras de diferentes famílias botânicas, sendo um dos mais

destacados em todo o mundo (Alves, 2008).

Muitas variedades de feijoeiro são considerados hospedeiras de

Meloidogyne incognita e M. javanica (Vieira, 1993) e as perdas devido ao

ataque desses nematoides podem variar de 50 a 90% (Freire e Ferraz, 1977).

Devido à ampla gama de hospedeiro e ao alto grau de disseminação de

espécies dos fitonematoides, as plantas infectadas com o gênero Meloidogyne

spp. tornam-se mais vulneráveis, ficam menos resistentes à seca e a outros

patógenos e respondem com menor eficiência à adubação, afetando a

produção em termos quantitativos e qualitativos (Roese et al., 2001).

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Os sintomas da meloidoginoses podem ser diretos, observados em

raízes de plantas infectadas, com a formação de galhas com tamanho e

formato variados de acordo com o nível de infestação. Os sintomas reflexos

são aqueles visualizados na parte área das plantas e consistem no tamanho

desigual das plantas, geralmente distribuídas em formato de reboleiras no

campo, deficiência nutricional, murcha e queda primária das folhas, além das

mudanças das características varietais da planta e diminuição da produtividade

(Ferraz, 1995).

Segundo Tihohod (2000), as espécies de Meloidogyne spp., quando

puncionam as paredes celulares com seu estilete, injetam secreções das

glândulas esofagianas, que causam o alargamento das células no cilindro

vascular. Com isso, as taxas de divisão celular no periciclo aumentam,

ocasionando a formação de células gigantes ou células nutridoras em função

do aumento das células (hipertrofia) com a dissolução das paredes celulares.

Também há aumento de núcleo e mudanças na composição dos conteúdos

celulares. Ao mesmo tempo, há uma intensa multiplicação celular, chamada de

hiperplasia, em torno da região anterior do corpo do juvenil, podendo ocorrer

alargamento das raízes formando galhas distintas.

Há dimorfismo sexual no gênero Meloidogyne. As fêmeas possuem o

corpo no formato de pêra e o macho, formato fusiforme. Ao atingir o estádio

adulto, o macho abandona a raiz. No interior de uma raiz parasitada localizam-

se as fêmeas adultas que são de coloração branca leitosa, brilhantes,

globosas, providas de um pescoço comprido (Lordello, 1964).

1.2.2 Distribuição espacial de Fitonematoides

Segundo e Larscheid e Blackmore (1997), existem três tipos de

variabilidade: espacial, temporal e preditiva. A variabilidade espacial pode ser

observada a campo por diferenças de produtividade, fertilidade e infestação de

pragas, plantas daninhas, incidência e severidade de doenças, nematoides,

etc. Essa informação é utilizada normalmente na tomada de decisão sobre o

manejo da cultura. A variabilidade temporal pode ser observada comparando-

se mapas de uma mesma área, ano após ano, para expressar as tendências

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da área. Já a variabilidade preditiva, refere-se à diferença entre a produtividade

prevista e o que realmente ocorreu na área.

A distribuição de nematoides no campo é descrita como agregada ou em

reboleiras, o que implica numa dependência espacial (Clark 1979). Portanto, o

conhecimento da distribuição espacial dos nematoides nas fazendas é

essencial para a adoção de práticas racionais de manejo. Porém, esse

conhecimento é dificultado em grandes áreas. Em alguns casos, a coleta

manual de amostras no campo torna-se impraticável tanto pelo custo das

análises, quanto pelo elevado número de pontos necessários para delinear

com detalhes a ocorrência da doença. Assim, mapas de variabilidade espacial

elaborados com base em dados obtidos com imagens de satélites,

apresentaram aplicação potencial para detectar locais em lavouras com

restrição à produção de várias culturas (Farias, 1999).

Por meio da geoestatística, foi possível caracterizar a estrutura da

dependência espacial de variáveis que definiram a distribuição espacial de

nematoides no solo. Uma vez detectada dependência espacial entre as

observações, o processo de “krigagem” estimou valores em locais não

amostrados, associado a um valor de incerteza. O mapeamento permitiu

visualizar a distribuição espacial dos nematóides na área de interesse, para o

posterior manejo da doença na área (Farias, 1999). Em estudo realizado em

Paracatu, MG, Guimarães et al. (2013), mapeou a ocorrência de nematoides

fitopatogênicos em área de pivô cultivada com soja. Ajustou-se o modelo

esférico de semivariagrama para caracterizar o padrão espacial da doença. Os

autores concluiram que a geoestatística foi potencialmente útil para o manejo

da área com nematoides fitopatogênicos.

1.2.3 Distribuição espacial de plantas daninhas

As plantas com características pioneiras, via de regra, possuem grande

agressividade caracterizada por elevada e prolongada capacidade de produção

de diásporas dotadas de altas viabilidades e longevidades. As diásporas são

capazes de germinar, de maneira descontínua, em muitos ambientes e

possuem adaptações especiais para disseminação em curta e longa distância

(Pitelli, 1987).

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As plantas pioneiras normalmente apresentam rápido crescimento

vegetativo e florescimento, utilizam-se de agentes de polinização inespecíficos

ou o vento. Além disso, essas plantas desenvolvem mecanismos especiais

para maior capacidade de competição pela sobrevivência, como alelopatia,

hábito trepador e outras. Assim, a perpetuação de uma planta daninha em

agroecossistemas, está condicionada a flexibilidade adaptativa, e modificações

das condições do ambiente ao longo do tempo (Pitelli, 1987).

Diversos estudos mostraram que muitas espécies de plantas daninhas

são agregadas ao longo do espaço, caracterizando reboleiras de diversas

densidades. Segundo Nordmeyer et al. (1997), essa distribuição foi afetada por

aspectos da biologia das espécies, bem como, umidade do solo, relevo, tipos

de solo, produtividade da cultura, dentre outros (Kvien et al. 1997). Como a

maioria das plantas daninhas infestam áreas agrícolas em reboleiras,

Shiratsuchi (2001), realizou o mapeamento das espécies contidas na área para

fins de controle químico em taxa variável.

No mapeamento de infestações das plantas daninhas, além da

localização das áreas de ocorrência, a geoestatística pode gerar informações

sobre a biologia das plantas daninhas, tais como níveis de infestação, grau de

contágio, capacidade de reprodução e comportamento em relação as

condições edofoclimáticas. Heisel et al. (1996), verificaram que mapas de

aplicações de herbicidas dependeram de propriedades do solo e de

correlações entre fatores relacionados com a biologia das plantas daninhas e

infestações de anos anteriores.

Lutman e Perry (1999), estabeleceram duas técnicas de mapeamento de

plantas daninhas. Na primeira, a técnica de detecção manual foi feita por

avaliadores que percorreram a área determinando visualmente a presença de

plantas daninhas. Na segunda técnica, realizou-se a detecção automatizada,

por meio de técnicas de sensoriamento remoto. Cabe ressaltar que o primeiro

método foi o mais utilizado.

1.2.4 Ocorrência de nematoides em plantas daninhas

As plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas de pragas,

doenças, nematoides e plantas parasitas. No caso de nematoides, as plantas

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daninhas praticamente inviabilizam os programas de controle pela rotação com

culturas não hospedeiras. Apenas para Meloidogyne javanica, só no Brasil, já

foram relatadas 57 espécies de plantas infestantes que atuam como

hospedeiras alternativas. Dentre as plantas daninhas hospedeiras de

nematoides, destacam-se espécies de ampla e generalizada ocorrência nos

agroecossistemas do Brasil, como Brachiaria plantaginea, Digitaria

adscendens, Eleusine indica, Bidens pilosa, Ageratum conyzoides e outras.

Algumas espécies de plantas infestantes, no entanto, podem não hospedar

nematoides das plantas cultivadas (Carmo e Santos, 2008).

1.3 Fertilidade do solo para o cultivo do feijoeiro

Dentre os elementos químicos essenciais para o crescimento da planta

de feijoeiro, os principais são: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio

(Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), ferro (Fe), manganês (Mn), zinco

(Zn), cloro (Cl), cobre (Cu), molibdênio (Mo) e níquel (Ni). A deficiência ou o

excesso de um elemento pode influenciar diretamente na atividade de outros

elementos químicos, e consequentemente, no metabolismo da planta. Também

deve-se lembrar que a presença de um elemento no solo não implica

necessariamente em disponibilidade para a planta. A disponibilidade do

elemento químico pode variar em função da quantidade, forma e solubilidade

no solo, capacidade assimilativa da planta e outros fatores, tais como pH do

solo, umidade e temperatura do ar (Zambolim et al., 2005).

A eficiência nutricional do adubo é de grande importância na produção

das culturas anuais, devido ao custo dos fertilizantes, imprescindíveis para o

aumento da produtividade (Lopes e Guilherme, 1989). Na agricultura moderna,

esse custo contribui, em média, com aproximadamente 30% do custo total de

produção do feijoeiro. O aumento da produtividade com a adubação depende

das características químicas e físicas do solo, da cultura plantada e de outros

fatores, como disponibilidade de água, controle de doenças, pragas e invasoras

e do uso de cultivares.

Os nutrientes minerais desempenham funções estruturais, participam

como constituintes na ativação enzimática das plantas. A nutrição mineral da

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planta está envolvida diretamente na produtividade e na qualidade do grão do

feijoeiro. Segundo Moraes (1988), o feijoeiro pode se beneficiar da associação

simbiótica com Rhizobium, a fim de economizar a aplicação de nitrogênio no

solo. O suprimento adequado de molibdênio também pode influenciar

positivamente na eficiência do Rhizobium no processo de fixação simbiótica do

nitrogênio (Araujo et al., 1987). De acordo com Marschner (1993), o molibdênio

apresentou papel vital na fixação simbiótica do N pelos rizóbios e exerceu

papel indispensável na assimilação do nitrato absorvido do solo pelo feijoeiro.

1.3.1 Distribuição espacial de nutrientes no solo

Queiroz et al. (2000), afirmaram que as características das culturas e do

solo variam no espaço (distância e profundidade) e no tempo (sucessão e

rotação de culturas). Além disso, a variabilidade solo em um campo de

produção pode ser a causa de muitas outras fontes de variação, influenciando

na disponibilidade de nutrientes, no suprimento de água, e no crescimento

radicular. Populações de plantas daninhas, insetos e doenças também podem

ser influenciadas pelas características do solo. Conhecer a variabilidade

espacial dos atributos do solo que controlam a produtividade das culturas foi

um fator indispensável à instalação de um programa de agricultura de precisão.

Existem várias técnicas disponíveis para conhecer tal variabilidade, tais como:

levantamento dos solos, amostragem do solo, utilização de sensores, técnicas

de sensoriamento remoto ou, ainda, utilização de modelos de simulação

(Marques Jr. e Corá, 1998).

1.4 Relações entre os atributos químicos do solo e a ocorrência de

fitonematoides.

A dinâmica das interações entre nutrientes, meio ambiente, patógenos e

plantas ainda é pouco conhecida. No entanto, a deficiência ou o excesso de um

elemento químico pode acarretar em maior severidade de doenças (Zambolim

et al., 2005).

Alguns dos nutrientes fortemente relacionados com a ocorrência de

doenças de plantas foram: K, Ca, B, Cu e Mn. Dentre os macronutrientes, as

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deficiências de K e Ca são as que provocaram as maiores mudanças

estruturais e bioquímicas, tornando as plantas mais susceptíveis à incidência

dos patógenos. A carência destes nutrientes altera, em pequena escala, as

barreiras mecânicas e a síntese de toxinas, como as fitoalexinas. Por outro

lado, S, B, Cu e o Mn foram os nutrientes que mais atuaram no processo de

defesa das plantas contra patógenos em geral, como fungos, nematoides, vírus

e bactérias, participando diretamente da síntese da lignina (Ferreira, 2012).

Sintomas de deficiência nutricional em plantas são a expressão de

distúrbios metabólicos resultantes do suprimento insuficiente de um ou mais

elementos essenciais. Tais problemas estão relacionados às funções

desempenhadas pelos nutrientes no metabolismo e no funcionamento normal

da planta (Taiz e Zeiger, 2004). Esse suprimento insuficiente de nutrientes às

plantas pode ser acarretado pelos danos causados por nematoides nas raízes

das plantas. MacDonald (1979) observou que a composição mineral de plantas

parasitadas diferiu da composição mineral de plantas não infectadas. Essas

modificações manifestaram-se tanto em tecidos da parte aérea como em

tecidos radiculares (MacDonald, 1979). Essas alterações na composição

mineral não seguiram um padrão rígido, podendo ocorrer, em alguns casos,

diminuição ou acúmulo ou, ainda, inalteração dos teores de determinados

nutrientes (Almeida et al., 2011).

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CAPÍTULO I

VARIABILIDADE ESPACIAL DE FITONEMATOIDES EM FEIJOEIRO

IRRIGADO SOB MANEJO CONVENCIONAL

RESUMO - A fertilização e nutrição representam um importante fator na ocorrência de doenças de plantas, dentre as quais se destacam as causadas por fitonematoides. Objetivou-se caracterizar a estrutura e a magnitude de dependência espacial de fitonematoides em feijoeiro irrigado sob manejo convencional, bem como os fatores químicos do solo e de folhas que influenciam na distribuição desses microrganismos na lavoura. A produtividade de grãos de feijoeiro e índices de vegetação obtidos com imagem de satélite WorldView2 foram utilizados para comparar a distribuição espacial de P.brachyurus e juvenis de Meloidogyne sp. em três épocas de coleta. Foram georreferenciadas 59 amostras de solo, raízes e folhas de feijoeiro, cultivar Pérola,na Fazenda Rotilli, Jaciara-MT, em área de pivô, em 21/11/2011, 05/07/2012 e 13/08/2012. Nas três épocas de amostragem foram coletados solo e raízes para análise nematológica e solo para análise dos atributos químicos. Em 05/07/2012 foram amostradas folhas para análise nutricional e plantas de um metro linear para análise de produção de grãos. A imagem do satélite WorldView2 da área foi obtida em 10/09/2011. Realizou-se a correção atmosférica das oito bandas multiespectrais com o algoritmo ATCOR. Posteriormente, calcularam-se os seguintes índices: índice de vegetação ajustado ao solo (SAVI), índice de área foliar (LAI), fração da radiação ativa fotossinteticamente absorvida (FPAR), albedo da superfície (ALBEDO) e o fluxo de radiação solar absorvida (RSOLAR). Extraíram-se os valores dos índices calculados nas imagens em cada um dos 59 pontos georreferenciados. Nas análises geoestatísticas, observou-se que P. brachyurus no solo e raiz apresentou alcances entre 68,85m a 106,42m. Os juvenis de Meloidogyne sp. apresentaram alcance de 80,70 m. Ao observar os mapas de krigagem, constatou-se que nas áreas com maiores teores de Al e H, houve menor incidência de nematoides. Nas áreas com maior população de nematoide, houve menor quantidade de vagens com mais de 2 grãos. Os mesmos resultados foram comprovados pela análise de correlação de Pearson. Com base na análise de nutrientes em folhas, observaram-se menores teores de Ca e S nas áreas com maior população de nematoides. Com base nos dados obtidos por sensoriamento remoto, observou-se correlação negativa entre Meloidogyne sp. e RSOLAR, P. brachyurus com RSOLAR e SAVI. A população de P. brachyurus foi maior nas raízes do que no solo cultivado com feijoeiro e na época do florescimento.

Palavras-chave: P. brachyurus; Meloidogyne sp., geoestatística; WorldView2;

índices biológicos e físicos.

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SPATIAL VARIABILITY OF nematodes IN BEAN UNDER CONVENTIONAL IRRIGATION MANAGEMENT

ABSTRACT - Fertilization and nutrition are important factors in the occurrence of plant diseases, among which we highlight those caused by parasitic nematodes. This study aimed to characterize the structure and the magnitude of spatial dependence of nematodes in irrigated common bean under conventional management, as well as chemical factors of soil and leaves that influence the distribution of these organisms in the field. The grain yield of bean plants and vegetation indices obtained from satellite image WorldView2 were used to compare the spatial distribution of P.brachyurus and juveniles of Meloidogyne sp. three collection periods. 59 samples of soil, roots and leaves of dry bean cultivar Pearl Farm in Rotilli, Jaciara-MT in the pivot area, on 21/11/2011, 05/07/2012 and 13/08/2012 were georeferenced. In the three sample soil and roots for nematológica analysis and soil for chemical analysis of soil samples were collected. 05/07/2012 in leaves and plants for nutritional analysis of a linear meter for analysis of grain production were sampled. A satellite image of the area was obtained WorldView2 on 10/09/2011. We calculated the atmospheric correction of the eight multispectral bands with ATCOR algorithm. Subsequently, we calculated the following indices: index adjusted to the soil (SAVI) vegetation, leaf area index (LAI), fraction of absorbed photosynthetically active radiation (FPAR), surface albedo (ALBEDO) and the flux of solar radiation absorbed (RSOLAR). Were extracted index values calculated in each of the images 59 georeferenced points. Based on geostatistical analysis, it was observed that the nematode and root into the soil ranges between 68,85m presented to 106,42m. Juveniles of Meloidogyne sp. showed range of 80.70 m. By observing the kriging maps, it was found that in areas with higher concentrations of Al and H, a lower incidence of nematodes. In areas with higher population of nematodes, there was a lower number of pods with less than 2 grains. The same results were confirmed by Pearson correlation analysis. Based on the analysis of nutrients in leaves, we observed lower levels of Ca and S in areas with higher population of nematodes. Based on data obtained by remote sensing, there was a negative correlation between Meloidogyne sp. and RSOLAR, P. brachyurus with RSOLAR and SAVI. The population of P. brachyurus was higher in roots than in soil cultivated with bean and at flowering.

Keywords: P. brachyurus; Meloidogyne sp, geostatistics,. WorldView2; biological and physical indices.

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1 INTRODUÇÃO

Dentre os fatores limitantes a produção de feijoeiro no Brasil e no

mundo, destacam-se os fitonematoides. Aspectos como adoção predominante

da monocultura, ou a rotação com espécies que são boas hospedeiras, uso do

plantio direto ou cultivo mínimo, desbalanço nutricional e ainda o uso de

irrigação que viabiliza até três safras anuais, contribuem para o aumento do

número de gêneros e espécies de fitopatógenos e consequentemente

diminuição na produtividade.

No Brasil, há referências de ocorrência de Meloidogyne incognita, M.

javanica, Pratylenchus brachiurus, Helicotylenchus dihystera, Criconemoides

onoensis, Xiphinema elongatum e X. setarial nas lavouras de cultivo do feijoeiro

(Lordello 1981).

A ação dos nematoides nas raízes, pode se caracterizar por injúrias

mecânicas, pelo desvio de substâncias nutritivas para o sustento dos

organismos ou pela liberação de substâncias tóxicas secretadas pelos

nematoides no tecido radicular (Novaretti, 1987), afetando a absorção de

nutrientes pela planta que se estabelece, geralmente, numa correlação direta

com as condições do sistema radicular.

Além da difícil visualização destes patógenos, os solos dos cerrados

possuem baixa fertilidade natural, com desequilíbrios nutricionais geralmente

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causados por formulações inadequadas de adubo e, principalmente, por

calagem excessiva na superfície. Embora os fertilizantes sejam largamente

utilizados na agricultura, a ação desses insumos na redução do estresse

causado por nematoides e por outros patógenos recebeu pouca atenção.

Como o estado nutricional das plantas influi também no número de nematoides

que dela se alimentam, o monitoramento da população de nematoides e da

fertilidade do solo é de fundamental importância para orientar as práticas de

manejo e as técnicas de recuperação de áreas infestadas, evitando assim

perdas na produtividade (Yorinori, 1999).

A distribuição de nematoides no campo é descrita como agregada, o que

implica em dependência espacial. Portanto, para obter informações sobre o

comportamento dos fitonematoides, são requeridos processos adequados de

amostragem, determinação e análise dos dados. Os métodos estatísticos

normalmente utilizados, geralmente, não se aplicam de modo satisfatório aos

dados correlacionados espacialmente (Clark, 1979). Por meio da

geoestatística, é possível caracterizar a estrutura da dependência espacial

entre os parâmetros que definem a distribuição espacial dos nematoides e da

fertilidade no solo. Uma vez detectada dependência espacial entre as

observações, o mapeamento permite a visualização espacial dos nematoides e

da fertilidade na área de interesse, o que constitui aspecto de importância,

como ferramenta de apoio às decisões para o manejo da área estudada

(Farias, 1999). Além disso, as avaliações georreferenciadas podem ser

correlacionadas com dados de imagens derivados de sensores orbitais.

Diante dos fatos descritos acima o objetivo do trabalho foi avaliar a

relação entre a nutrição mineral do tecido foliar, os atributos físico-químicos do

solo e a distribuição espacial das espécies de fitonematoides em lavoura

cultivada com feijoeiro.

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1 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Descrição da área em estudo

O experimento foi conduzido em uma área comercial com cultivo de

feijão Carioca variedade Pérola, irrigada por pivô, na Fazenda Rotili, município

de Jaciara, Mato Grosso, Brasil, nos anos de 2011 e 2012.

O solo da área em estudo foi classificado como latossolo e conforme

dados da estação espacial de São Vicente – MT, a precipitação anual média da

região entre os anos de 1997 e 2012 foi de 1.856 mm. O sistema de cultivo

adotado na área é o cultivo mínimo.

2.2 Amostragem georreferenciada

Foram georreferenciados 59 pontos, em uma área de meio pivô de

aproximadamente 42 hectares (Figura 1). Em cada ponto foram realizados três

períodos de amostragem, sendo a primeira amostragem na pré-colheita (R9)

no ano de 2011, a segunda, na safra 2012, no estádio fenológico da floração

(R6), e a terceira, no momento que precedia a colheita de grãos de feijoeiro, na

maturação, estádio (R9), também na safra 2012. O georreferenciamento dos

pontos foi realizado com sistema de posicionamento por satélite (GNSS)

Topcon Hiper L1/L2, pelo método cinemático em tempo real (RTK) com o pós-

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processamento de dados da base em relação à rede brasileira de

monitoramento contínuo (RBMC) de Cuiabá, seguido do ajuste da rede de

pontos amostrais.

FIGURA 1. Área experimental com demarcação dos locais de amostragem,

Jaciara, 2011.

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As datas das coletas e o material amostrado em cada coleta estão

especificados na Tabela 1.

TABELA 1. Datas das coletas e material amostrados em cada uma delas, em

campo comercial em Jaciara- MT, 2011 e 2012.

Coleta Data Material coletado

1ª 21/11/2011 solo e solo com raízes

2ª 05/07/2012 solo, solo com raízes, folhas e plantas 1m linear

3ª 13/08/2012 solo e solo com raízes

A coleta foi realizada na profundidade de 0-25 cm, sendo coletados

aproximadamente 500 g de solo, raízes de três plantas e o segundo trifólio sem

pecíolo partindo do ponteiro da planta conforme recomendação de Malavolta et

al. (2006).

2.3 Análise dos atributos físicos e químicos do solo

As amostras destinadas à análise de fertilidade do solo referentes às

três épocas de coleta descritas no item (2.2) foram encaminhadas para um

laboratório comercial credenciado pela Embrapa.

As amostras foram secas ao ar, homogeneizadas e passadas em

peneira de malha 2 mm para posterior análises de pH em H2O e em solução

salina de CaCI2 0,01; Ca e Mg (extração com KCl 1mol L-1); K, P e

micronutrientes Fe, Cu, Mn, Zn e Ni (Mehlich I), Al (extração com KCl 1mol L-

1) e determinado por titulação com NaOH 0,025 mol L-1; B (extração por água

quente) de acordo com a metodologia descrita pela Embrapa (1999).

2.4 Análise dos atributos químicos de folhas

As amostras foliares realizadas na segunda época de coleta descrita no

item (2.2) foram encaminhadas para o laboratório comercial credenciado

Programa de Análise de Qualidade de Laboratório de Fertilidade Embrapa

(PAQLF).

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Foi utilizada a digestão nitro-perclórica para P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn

e Ni, e digestão sulfúrica micro Kjeldal para nitrogênio. Utilizaram-se destilação

e titulação para nitrogênio, espectofotometria para P, fotometria de para K e

espectrofotometria de absorção atômica para Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn e Ni

(Embrapa, 1999).

2.5 Análise de nematoides no solo e nas raízes

As análises nematológicas foram referentes às três épocas de coleta

descritas no item (2.2) e no Laboratório de Fitopatologia de Universidade

Federal de Mato Grosso. No solo, foram realizadas as análises pelo método de

flutuação centrífuga em solução de sacarose (Jenkins, 1964), utilizando 200cm³

do solo. Para raízes, utilizou-se o método de Coolen & D´Herde (1972), em 5 g

de amostra. Em seguida, identificaram-se as espécies de fitonematoides com o

auxílio do microscópio estereoscópico e lâmina de Petters. A contagem da

população das espécies de fitonematoides foi realizada com o auxílio do

contador manual de células.

2.6 Análise da produtividade de grãos de feijoeiro

As vagens das plantas foram coletadas na segunda coleta em um metro

linear foram arrancadas e quantificadas. Os grãos foram secos ao ar, pesados

e quantificados quanto ao teor de umidade. Os pesos foram transformados

para 14% a fim de padronizar a produtividade de grãos em cada ponto amostral

com base no valor de umidade adotado para a comercialização de grãos de

feijoeiro.

2.7 Análise estatística e geoestatística dos dados

Com os resultados das análises laboratoriais, foi realizada a correlação

de Pearson, entre as variáveis atributos químicos do solo, incidência de

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nematoides em solo e raízes, nutrientes foliares, produtividade e índices de

vegetação.

Para a análise geoestatística, procedeu-se à verificação da existência de

dependência espacial, por meio do semivariograma experimental (equação 1):

2)(

1)()(

)(2

1)(

hN

i ii hxZxZhN

hy (1)

Em que: N(h) representa o número de pares de valores medidos [Z(xi), Z(xi +

h)] separados por um vetor h. Para o estudo em questão, os valores de Z foram

as variáveis atributos químicos do solo, incidência de nematoides em solo e

raízes, nutrientes foliares e produtividade de grãos, enquanto os valores de xi e

xi + h foram definidos de acordo com as posições das amostras no campo em

metros.

A análise da dependência espacial foi baseada na hipótese intrínseca de

que medições separadas por distâncias pequenas são mais semelhantes umas

às outras, do que aquelas separadas por distâncias maiores, bem como na

primeira lei da geografia proposta por Waldo Tobler. Neste estudo, foi adotado

o alcance prático, para discussão dos semivariogramas ajustados ao modelo

de semivariograma teórico esférico descrito por Andriotti (2003.) (equação 2):

γ (h) =C(0)+C(3/2[|h|/a]-1/2[|h|/a]³ para |h|entre 0 e a

γ (h) =C(0) para |h|> a .....................................................................................(2)

em que, C(0) é o efeito pepita,C, a variação dos dados experimentais,a, o

alcance e|h|, o módulo de h. Após a exploração dos dados também foi realizado, os mapas de P.

brachyurus e Meloidogyne sp. no solo e raízes nas três épocas de coleta para

analisar o comportamento da espécie e a sua distribuição espacial.

2.8 Processamento de imagem digital WorldView2

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Foi obtida uma imagem do satélite WorldView2 da área em 10/09/2011 e

realizou-se a correção atmosférica das oito bandas multiespectrais com o

algoritmo ATCOR. Os números digitais de cada banda foram convertidos em

valores de reflectância. Em seguida, foram realizadas as composições

coloridas 5R3G2B e falsa cor 7R3G2B; 7R5G3B e 7R6G5B. Com os valores de

reflectância calcularam-se os seguintes índices: índice de vegetação ajustado

ao solo (SAVI), índice de área foliar (LAI), fração da radiação ativa

fotossinteticamente absorvida (FPAR), albedo da superfície (ALBEDO) e o

fluxo de radiação solar absorvida (RSOLAR). Extraíram-se os valores dos

índices calculados nas imagens em cada um dos 59 pontos georreferenciados

na lavoura.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na análise das amostras coletadas na área experimental,

observou-se a ocorrência dos nematoides P. brachyurus e Meloidogyne em

todos os períodos avaliados. Com essa constatação torna-se necessário

identificar os possíveis fatores que determinaram o progresso desses

organismos praga na lavoura.

3.1 Primeira coleta de amostras – 21/11/2011

Com base na análise de correlação de Pearson, verificou-se correlação

negativa entre a população de P. brachyurus na raiz e o teor de Potássio (K) no

solo (Tabela 2).

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TABELA 2. Resultados obtidos na análise de correlação entre os dados de

população de fitonematoides no solo e nas raízes e atributos de solo, em

21/11/2011, na fazenda Rotili, Jaciara, MT (p≤0,05).

Atributos solo K

Nematoides mg.dm³

P. brachyurus solo P. brachyurus raiz -0,382

O efeito do K na população de nematoides pode ter ocorrido em

detrimento do aumento da espessura da parede celular em células da

epiderme das plantas bem nutridas com esse nutriente. Além disso, o K

promove rigidez da estrutura dos tecidos e também contribui para uma rápida

recuperação dos tecidos injuriados, o que pode explicar a maior resistência da

planta ao ataque dos nematoides (Marschner, 1995). MacDonald (1979), após

realizar repetidos ensaios com hortelã-peluda (Mentha spicata L.) e o

nematoide P. penetrans, também constatou que plantas mantidas em regime

nutricional deficiente em K abrigavam elevada população do nematoide, o que

não ocorria quando as plantas eram mantidas em regimes nutricionais

adequados ao seu crescimento.

Além disso, há relatos que o K pode influenciar a taxa de eclosão dos

nematoides. Salgado et al., (1997), observaram que silicato de potássio

(K2SiO4) apresentou efeito prejudicial à eclosão de juvenis de M. exigua.

Com base na análise de estatística descritiva (Tabela 2), observou-se

alto coeficiente de variação da população de P. brachyurus em raízes de

feijoeiro (85%), provavelmente pelo fato da população do patógeno ocorrer em

reboleiras, de forma agregada. Já para o K, o coeficiente de variação foi menor

(18%), provavelmente pela distribuição homogênea da adubação na lavoura.

Rocha, et al. 2006 analisando o efeito de doses de calcário sobre a população

de nematoides do cisto em área comercial cultivada com soja, também

encontrou elevado coeficiente de variação de 52,19% para o numero de

fêmeas e de 53,64% para o número de cistos no solo.

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TABELA 3. Estatística descritiva referente aos valores de população de P.

brachyurus em raiz e teores de K (mg.dm³) no solo em 21/11/2011, Jaciara -

MT.

P. brachyurus K

Est. Descritiva Raiz mg.dm³

Mínimo 0,00 41,00

Mediana 370,00 62,40

Média 461,19 63,13

Máximo 1740,00 83,80

Curtose 1,90 -0,73

Assimetria 1,50 0,02

Desvio padrão 392,13 11,40

C.V (%) 85,03 18,06

A grande variação da ocorrência de P. brachyurus na área, também

pode ser explicada pela magnitude dos valores de máximo e mínimo. Para P.

brachyurus em raízes, a amplitude da população foi de 1740 indivíduos em 5g

de raízes, enquanto para os teores de K, a diferença entre o valor máximo e

mínimo foi de 42,8 mg.dm³ (Tabela 2).

As assimetrias foram positivas para as duas variáveis, e os valores de

curtose foram de 1,90 para P. brachyurus em raízes de feijoeiro e de -0,73 para

os teores de K. O alto valor de curtose para P. brachyurus ocorreu em função

da variabilidade espacial da população do microrganismo na área, indicando

que pode ser necessário a transformação dos dados, caso não se consiga um

bom modelo de semivariograma para caracterizar o padrão de dependência

espacial da doença na lavoura (Tabela 3). Para detectar a dependência

espacial da doença na lavoura e do K, constatou-se no semivariograma

experimental que os valores de semivariância foram aumentando com o

aumento da distância, indicando aplicação satisfatória da metodologia

geoestatística para descrever a variabilidade espacial de P. brachyurus e do K

na lavoura. Optou-se pelo ajuste do modelo esférico para caracterizar a

estrutura e a magnitude de dependência espacial das variáveis estudadas.

Para P. brachyurus em raízes, o alcance foi superior, com o valor de 540,517m,

devido à extensa disseminação da população do patógeno na área. Já para o

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K, o alcance foi de aproximadamente 300m. (Tabela 4, Figura 2). Bolfe et al.

2007 estudando a variabilidade espacial de atributos do solo como subsídio

para produção integrada de frutas em perímetro irrigado no nordeste encontrou

para K uma alcance de 119m.

TABELA 4. Parâmetros estimados dos semivariograma esférico ajustados as

variáveis de amostras coletadas em campo cultivado com Feijoeiro, em

21/11/2011, na fazenda Rotili, Jaciara, MT.

Variáveis

Efeito pepita Patamar Alcance (m)

Co C0+C1 Ao

P. brachyurus(raiz) 76528,64 185860,16 540,517

K mg.dm³ 0 3,202 299,46

Com base nos parâmetros de ajuste do semivariograma: efeito pepita

(C0), patamar (Co + C1) e alcance (Ao) (Tabela 3), foi possível construir mapas

de superfície contínua para cada atributo, caracterizando assim, o

comportamento espacial de cada variável no campo.

Com isso, com base na krigagem e no desvio padrão da krigagem,

foram gerados os mapas de variabilidade espacial de P. brachyurus e do K na

área, bem como os mapas de incerteza da predição espacial, respectivamente

(Figura 2).

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FIGURA 2. Semivariogramas esféricos ajustados por mínimos quadrados

(superior), mapas de krigagem (meio) e mapas de erro de krigagem (inferior)

de P. brachyurus na raiz (esquerda) e K (mg.dm³) (direita), 21/11/2011, Jaciara

- MT.

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De forma geral, nos mapas de krigagem, constatou-se que as áreas com

maior população de P. brachyurus em raízes do feijoeiro também apresentaram

menor teor de K no solo. Esses dados podem ser constatados principalmente

na parte inferior dos mapas, comprovando os resultados obtidos na correlação

de Pearson.

Quando analisado o mapa de erro de krigagem, constatou-se que os

erros de interpolação nos mapas de P. brachyurus em raízes e K no solo foram

menores nos locais próximos dos pontos amostrados quando comparado aos

pontos mais distantes do local de amostragem, indicado a acurácia satisfatória

da metodologia utilizada para realizar a predição espacial das variáveis nos

locais de amostragem.

3.2 Segunda coleta de amostras – 05/07/2012.

Verificou-se correlação negativa entre os valores de P. brachyurus e

Alumínio no solo (Tabela 4). Nas áreas em que o solo estava mais ácido,

observou-se maiores teores de Al, interferindo na população de

microrganismos antagonistas existentes no solo, ou seja, com o aumento da

quantidade de fungos antagonistas, houve aumento da taxa de controle natural

de nematoides. Resultados semelhantes foram obtidos por Rocha et al. (2006),

os quais observaram efeito indireto do pH na atividade de nematoides

fitopatogênicos. Anand et al. (1995), também realizaram experimentos sob

condições controladas e observaram que valores de pH mais elevados (6,5 e

7,5), resultaram em maiores populações de H. glycines do que em solo com pH

de 5,5. Esses autores observaram que solos com pH de 6,5 e 7,5 foram

favoráveis para o crescimento da soja resultando em maior desenvolvimento

radicular e consequentemente, melhores condições para o desenvolvimento de

sítios de infecção.

Quando analisado os resultados adquiridos na análise foliar, verificou-se

correlação negativa entre a população de P. brachyurus no solo e os teores de

Ca e S e entre a população de P. brachyurus na raiz e os teores de P, Ca e S

(Tabela 5).

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TABELA 5. Resultados obtidos na análise de correlação entre os dados de

população de fitonematoides no solo e nas raízes, atributos de solo e folha, e

análise de produtividade, 05/07/2012, Jaciara – MT.

Nutrientes

Atributos Solo Nutrientes Foliares

Al P Ca S Nº de

vagens

P. brachiurus cmolc.dm-3 g.kg-1

Solo -0.3019

-0.4817 -0.4373

Raiz

-0.3709 -0.3485 -0.2649

-0,3195

Quando analisado os teores de Ca no solo da área, verificou-se níveis

adequados para obter uma boa produtividade da cultura do feijoeiro (Sousa e

Lobato, 2004). Entretanto, em alguns pontos, os teores foliares foram baixos,

entre 6 e 17,9 g kg-1, quando comparados ao teor ideal, entre 10 e 25 g kg-1.

Nos pontos com menores teores de Ca foliar, observaram-se maiores

populações de nematoides, tanto no solo quanto na raiz, comprovando que os

danos causados por fitonematoides prejudicaram a absorção de nutrientes

pelas raízes, principalmente do Ca, que é absorvido em parte por interceptação

radicular (Malavolta, 2006).

Em relação ao S foliar, observou-se correlação negativa da população

de P. brachyurus em solo e raiz. Os teores de S foram baixos, de 1,1 a 6,1 mg

kg-1, quando comparados com os valores considerados adequados em tecido

foliar, de 2,0 a 3,0 mg kg-1 (Sousa e Lobato, 2004).

Para os teores de Fósforo (P), observou-se correlação negativa de P.

brachyurus no solo com os teores de P. Apesar disso, os teores de P tanto no

solo quanto nas folhas apresentaram níveis adequados segundo Sousa e

Lobato (2004). Em raízes com baixos teores de P, ocorre decréscimo na

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síntese de fosfolipídios, aumento na permeabilidade da membrana celular e da

exsudação radicular (Marschner, 1993). Como a atividade dos nematoides é

diretamente influenciada pela presença de exsudatos radiculares no solo, a

deficiência do nutriente aumenta a intensidade da doença, conforme

demonstrado experimentalmente por meio da técnica da raiz partida (Wang et

al., 1975).

Quando analisado a produtividade de grãos, a variável número de

vagens que apresentaram dois ou mais grãos apresentou correlação negativa

com população de fitonematoides em raízes do feijoeiro. Isso ocorreu pois a

absorção dos nutrientes pela presença dos fitonematoides nas raízes

prejudicou várias funções fisiológicas da planta, como o enchimento de grãos.

Observou-se altos valores de coeficiente de variação para as variáveis

P. brachyurus em solo e raiz e Al em solo. Isso ocorreu em função da alta

variabilidade de população de nematoides e teor de Al no solo entre os pontos

de coleta na área de estudo (Tabela 6).

TABELA 6. Estatística descritiva referente aos valores de população de P.

brachyurus em solo e raiz, Al (cmolc/dm³) em solo, P, Ca, S, foliar e nº de

vagens, (R6) da cultura do feijoeiro, 05/07/2012, Jaciara – MT.

Est. Descritiva

P. brachyuru

s

P. brachyuru

s Al(Solo

) P

(Foliar) Ca

(Foliar) S(Folia

r)

Vagens

com

Solo Raiz g.kg-1 2 grãos

Mínimo 0 160 0 3,3 6 1,1 74 Mediana 40 1820 0 4,5 10,9 2,3 118

Média 79,66 1871,18 0,03 4,65 10,84 2,57 119,8

Máximo 230 3780 0,25 6,9 17,9 6,1 181

Curtose -1,26 -1,51 5,52 1,00 -0,62 3,06 -0,56

Assimetria 0,61 0,08 2,10 0,90 0,35 1,57 0,25

D. padrão 84,62 1204,63 0,05 0,7 3,19 0,97 25,29

C.V (%) 106,23 64,37 153,27 15,04 29,41 37,70 21,11

Com base na análise de semivariogramas, ajustaram-se ao modelo

esférico para todas as variáveis estudadas, tendo em vista a ampla aplicação

desse modelo no estudo de variáveis agronômicas (Souza et al 2004) (Tabela

7, Figura 3).

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TABELA 7. Parâmetros estimados dos semivariogramas esféricos ajustados à

fitonematoides e variáveis de solo, com base em amostras coletadas em

campo cultivado com Feijoeiro, em 05/07/2012, Jaciara, MT.

Variáveis

Efeito pepita Patamar Alcance (m)

Co C0+C1 Ao

P. brachyurus (solo) 0,0000 7184,1139 106,4229

P. brachyurus (raiz) 1,0569 2,2252 91,1062

Al (solo) 3,6261 5,7781 300,0000

P (foliar) 0,3319 0,4846 300,0030

Ca (foliar) 0,0000 9,9442 108,0519

S (foliar) 4,0245 6,1244 300,0000

Nº vagens 0,0000 584,1452 104,9314

O alcance (m) para as variáveis Al no solo, P e S foliar apresentaram

valores de aproximadamente 300m. Já para as variáveis P. brachyurus no solo

e raiz e Ca foliar, os valores de alcance foram de aproximadamente 106, 91 e

108m respectivamente.

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FIGURA 3. Semivariogramas esféricos ajustados por mínimos quadrados de P.

brachyurus solo e raiz (superior), Al no solo e P foliar (meio superior), Ca foliar

e S foliar (meio inferior) e nº de vagens com mais de 2 grãos (inferior), coletado

no florescimento (R6) na cultura do feijoeiro, em 05/07/12, Jaciara - MT.

Com base nos mapas de krigagem, para P. brachyurus no solo e raízes

quando comparados com o mapa de Al, observou-se que em locais onde

houve menor concentração de Al, ocorreu maior população de fitonematoides,

caracterizado na parte inferior do mapa.

Pode-se constatar uma maior população de P. brachyurus nas raízes e

no solo ao se observar os mapas de distribuição espacial desses

fitonematoides. Isso ocorreu em função da maior reprodução desses

nematoides na época do florescimento, período em que se realizou a primeira

coleta, e onde se observou condições ideais de alimento, umidade,

temperatura e assim maior desenvolvimento do seu ciclo de vida.

Os teores de P, Ca e S nas folhas foram menores nas áreas com

maiores populações de P. brachyurus tanto em solo como em raízes. Isso

ocorreu pela influência dos fitonematoides na absorção, fixação e no

metabolismo do nutriente, pois alterou as funções da planta, e hábito alimentar

dos nematoides, acarretando na redução da capacidade das raízes em

translocar água e nutrientes, causando clorose, desfolha prematura e redução

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na floração e produção de grãos, de forma semelhante à observada por

Wrather et al. (1984).

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FIGURA 4. Mapas de krigragem de P. brachyurus solo e raiz (superior), Al no

solo e P foliar (meio superior), Ca foliar e S foliar (meio inferior) e nº de vagens

com mais de 2 grãos (inferior), coletado no florescimento (R6) na cultura do

feijoeiro, em 05/07/12, Jaciara –MT.

Ao observar os mapas de erro de krigagem, foi possível constatar que os

maiores erros foram encontrados em áreas sem pontos de coleta, incluindo as

bordas dos mapas. Os maiores erros foram observados para populações de P.

brachyurus em raiz, seguida pela população de P. brachyurus em solo. Já os

menores erros foram observados para Al em solo e nutrientes foliares (Figura

5).

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FIGURA 5. Mapas de erro de krigagem P. brachyurus solo e raiz (superior), Al

no solo e P foliar (meio superior), Ca foliar e S foliar (meio inferior) e nº de

vagens com mais de 2 grãos (inferior), coletado no florescimento (R6) na

cultura do feijoeiro, em 05/07/2012, Jaciara - MT.

3.3 Terceira coleta de amostras – 13/08/2012

Após a correlação de Pearson, observou-se que a população de

Meloidogyne sp na fase juvenil nas raízes apresentou correlação positiva com

o pH CaCl2 e negativa com os teores de H+Al no solo. Entretanto, para a

presença de ovos nas raízes, observou-se correlação positiva de ovos nas

raízes com pH CaCl2, teores de Ca+Mg, e soma de bases, bem como

correlação negativa com H+Al (Tabela 8).

Maiores produtividades e menores populações obtidas em solo com pH

em torno de 6,7 foram explicadas pela maior disponibilidade de cálcio, o que,

nessa condição, foi importante para a nodulação e fixação simbiótica de

nitrogênio.

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TABELA 8. Correlação entre os dados de população de fitonematoides no solo

e nas raízes e análise química do solo, coletadas na pré-colheita (R9), em

13/08/2012, Jaciara – MT.

Nutrientes solo pH Ca+Mg H+Al S. de base

Nematoides CaCl2 cmolc.dm-³ cmolc.dm-³

Meloidogyne - Raiz 0.3110

-0.2550

Ovos – Raiz 0.4116 0.4109 -0.3191 0.4041

Correlação positiva também foi encontrada entre ovos de nematoides

com teores de Ca+Mg, concordando com os resultados do estudo acima.

Provavelmente, o aumento dos teores de Ca no solo, e, consequentemente, o

aumento do pH, condicionam dois fatores desfavoráveis ao cultivo. Um desses

fatores foi a redução na população de fungos antagonistas, diminuindo a taxa

de controle natural. O outro foi a imobilização de micronutrientes no solo, com

redução da tolerância das plantas devido ao suprimento não adequado de

micronutrientes e aumento dos danos provocados pelo fitonematoide (Anand et

al., 1995).

Sologuren e Santos (1997), estudando as características químicas de

solo em reboleiras de soja com H. glycines, encontraram correlações positivas

entre densidades de cistos viáveis e de juvenis de segundo estágio (J2) com

valores de pH, Ca, Mg e saturação de bases. O pH teve correlação positiva

com o total de cistos e ovos por cisto viável. Portanto, as características

químicas do solo interferiram na dinâmica populacional do nematóide H.

glycines.

Constatou-se (Tabela 9) altos valores de coeficiente de variação para a

população juvenil de Meloidogyne sp (222,88%) e para ovos de nematoides

(226,35%). Resultado este semelhante aos encontrados na 1ª coleta.

Conforme mencionada anteriormente, isto se deve a grande variabilidade na

população de nematoides, sintomas descritos com ocorrência em “reboleiras”

típico da sua incidência.

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Para os atributos pH(CaCl2), H+Al, Ca+Mg e soma de bases, os

coeficientes de variação foram de 3,95, 14,99, 19,32 18, 41%, respectivamente

e estão dentro dos padrões estabelecidos para uma pesquisa. Assim como as

magnitudes dos valores de máximas e mínimas que foram respectivamente de

1, 3, 4 cmolc.dm-³ e 30,9%.

Apenas o H+Al teve assimetria negativa com valores teóricos de

assimetria e curtose de 0 a 3, respectivamente e isto indica a normalidade dos

dados, sendo que a krigagem é mais satisfatória quando há normalidade dos

dados (Paz-Gonzales, et al., 2001).

TABELA 9. Estatística descritiva da população de juvenis de Meloidogyne sp.

em raiz, ovos em raiz, pH, Ca+Mg, H+Al, SB, coletados na pré-colheita (R9),

em 13/08/2012 Jaciara – MT.

Est. descritiva

Meloidogyne sp. Ovos pH Ca+Mg H+Al

S. de Bases

Raiz CaCl2 cmolc.dm-³

Mínimo 0 0 4,5 2,06 3 2,4

Mediana 73,79 110 4,9 3,37 4,9 3,7

Média 232,37 223,44 4,95 3,49 4,86 3,78

Máximo 3093,50 3850 5,5 5,51 6,4 5,8

Curtose 17,78 47,44 0,03 1,11 -0,14 0,90

Assimetria 3,97 6,61 0,47 0,55 -0,30 0,48

D. padrão 517,91 505,67 0,20 0,67 0,72 0,70

C.V(%) 222,88 226,35 3,95 19,32 14,99 18,41

Para detectar a dependência espacial de Meloidogyne sp., ovos de

nematoides e atributos químicos do solo, constatou-se no semivariograma

experimental que os valores de semivariância foram aumentando com o

aumento da distância, indicando aplicação satisfatória da metodologia

geoestatística para descrever a variabilidade espacial de nematoides, ovos de

nematoides e atributos químicos na lavoura. Optou-se pelo ajuste do modelo

esférico para caracterizar a estrutura e a magnitude de dependência espacial

das variáveis estudadas.

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Com base nos parâmetros de ajuste foi obtido valores de efeito pepita

(C0), patamar (Co + C1), alcance (Ao) (Tabela 10) e confeccionados os

gráficos de isolinhas estimados por krigagem (Vieira et al., 1983) das variáveis

com maior dependência espacial são apresentados na Figura 4 e com os

modelos ajustados aos semivariogramas, foi possível a construção dos mapas

de superfície contínua para cada atributo, caracterizando assim, o

comportamento espacial de cada variável no campo (Figura 5 e 6).

TABELA 10. Parâmetros estimados dos semivariogramas ajustados (modelo

esférico) de variáveis de amostras coletadas em campo cultivado com Feijão,

em 13 /08/2012 Jaciara, MT.

Variáveis

Efeito pepita Patamar Alcance (m)

Co C0+C1 Ao

Meloidogyne sp.(raiz) 9,8418 92,1239 80,7080

Ovos (raiz) 0,0000 1091,9438 111,2402

pH (CaCl2) 0,0176 0,0333 300,0000

Ca+Mg 0,2570 0,4235 300,0000

H+Al 0,08531 0,45088 300,0000

Soma de bases 0,3324 0,3324 299,9990

Wojciechowski et al. (2009), ajustaram modelo gaussiano para áreas de

floresta madura e esférico para áreas de floresta secundária e capoeirão

encontrou forte dependência espacial para pH nas três áreas, com alcance de

258, 269 e 234m respectivamente. Esses valores foram semelhantes ao

valores de alcance de 300m para teores de pH terceira coleta.

A partir dos parâmetros dos modelos de semivariogramas ajustados

para cada variável, foram estimados os valores em locais não amostrados por

meio do interpolador geoestatístico krigagem. Com os valores estimados por

krigagem, foram gerados gráficos de isolinhas e mapas com a espacialização

das variáveis correlacionadas (Figuras 6,7 e 8).

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FIGURA 6. Semivariogramas esféricos ajustados por mínimos quadrados de

juvenis de Meloidogyne sp. e ovos em raiz (superior), pH(CaCl2) e Ca+Mg solo

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(meio) e H+Al e soma de base (inferior) coletados na pré-colheita (R9) na

cultura do feijoeiro, em 13/08/2012, Jaciara – MT.

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FIGURA 7. Mapa de krigagem de juvenis de Meloidogyne sp. e ovos em raiz

(superior), pH(CaCl2) e Ca+Mg solo (meio) e H+Al e soma de base (inferior ),

coletados na pré-colheita (R9) na cultura do feijoeiro, em 13/08/2012 Jaciara –

MT.

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FIGURA 8. Mapa de erro de krigagem de juvenis de Meloidogyne sp. e ovos

em raiz (superior), pH(CaCl2) e Ca+Mg solo (meio) e H+Al e soma de base

(inferior), coletados na pré-colheita (R9) na cultura do feijoeiro, em 13/08/2012,

Jaciara – MT.

Para população de juvenis de Meloidogyne sp., observou-se

correspondência no mapa de áreas com pH(CaCl2) e H+Al assim como para

ovos de nematoides com pH(CaCl2), Ca+Mg, H+Al e SB (Figura 7).

Para os mapas de erros de krigagem semelhante ao que ocorreu na 1ª

coleta, os maiores erros foram evidentes em áreas que não foram amostradas,

sendo estas principalmente nas bordas dos mapas. Os maiores erros foram

encontrados em ovos de nematoides em raízes, seguido de populações de

juvenis Meloidogyne sp. também em raiz de feijoeiro. Menores erros podem ser

evidenciados para pH(CaCl2), Ca+Mg, H+Al e soma de base no solo da área

em estudo (Figura 8).

3.4 DISTRIBUIÇÃO ESPECIAL DOS FITONEMATOIDES NAS DIFERENTES

ÉPOCAS DE COLETA, 2012.

Após a analise das correlações entre as variáveis foi analisado a

distribuição espacial de P. brachyurus e de juvenis de Meloidogyne sp. nas

diferentes épocas de coleta do ano de 2012.

A partir dos parâmetros dos modelos de semivariogramas ajustados

para cada variável, foram estimados os valores em locais não amostrados por

meio do interpolador geoestatístico krigagem. Com os valores estimados por

krigagem, foram gerados gráficos de isolinhas e mapas com a espacialização

da população de fitonematoides (Figuras 9, 10, 11, 12, 13 e 14).

No caso de P. brachyurus com o mapa de infestação da primeira

amostragem (florescimento) constatamos (Figura 10), que por se tratar da

época de maior parasitismo do patógeno a população é superior nas raízes e

inferior no solo.

Porém, quando se comparado a segunda coleta que foi realizada na pré-

colheita visualiza-se uma redução na população, tanto em solo quanto em

raízes, e que as populações se tornam bem semelhantes. Isso ocorre devido a

morte das plantas de ciclo anual. Vale destacar que, segundo Inomoto (2007),

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estes ainda podem sobreviver em raízes mortas no solo, contribuindo para a

infestação posterior do solo ao longo do tempo.

Em áreas onde a infestação era alta, ou seja, superior as 3500

indivíduos em 5g de raízes e acima de 250 indivíduos em 200 cm³ de solo,

foram os pontos onde a população se manteve alta nos mapas das duas

épocas, como ocorreu na parte superior do mapa no caso das raízes e na área

a direita do mapa no caso do solo, evidenciado pela cor rósea clara.

FIGURA 9. Semivariograma esférico ajustado por mínimos quadrados de P.

brachyurus no solo na coleta de 05/07/2012 superior esquerda e na coleta de

13/08/2012, superior direta, e em raiz na coleta de 05/07/2012 inferior esquerda

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e na coleta de 13/08/2012, inferior direta, na cultura do feijoeiro, Jaciara – MT,

2012.

FIGURA 10. Mapas de Krigagem de P. brachyurus na raiz coleta de

05/07/2012 superior esquerda e na coleta de 13/08/2012, superior direta, e em

solo de P. brachyurus na coleta de 05/07/2012 inferior esquerda e na coleta de

13/08/2012, inferior direta, na cultura do feijoeiro, Jaciara – MT, 2012.

Com os mapas de erro de krigagem para P. brachyurus, (Figura 11),

podemos constatar que os erros foram muito semelhantes tanto em solo como

em raízes nas duas épocas de coleta. Sendo os erros mais evidentes em áreas

não amostradas, nos mapas de coloração rósea.

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FIGURA 11. Mapas de erro de Krigagem de P. brachyurus em raíz na coleta de

05/07/2012 superior esquerda e na coleta de 13/08/2012, superior direta, e em

solo de P. brachyurus na coleta de 05/07/2012 inferior esquerda e na coleta de

13/08/2012, inferior direta, na cultura do feijoeiro, Jaciara – MT, 2012.

Observa-se pelos mapas que as manchas de infestação para

Meloidogyne, sp. no solo e nas raízes, foram parecidas, havendo pouca

variação da primeira para a segunda amostragem, diferentemente do ocorrido

com P. brachyurus. Tal fato pode ser explicado, pelo fato de que P. brachyurus

é um nematoide endoparasita migrador e Meloidogyne sp. é um endoparasita

sedentário (LORDELLO, 1987). Otoboni, et al. (2005), também encontraram

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pouca variação em duas épocas de coleta para Meloidogyne sp em solo e

raízes e para. P. brachyurus essa variação foi bem evidente.

A população de juvenis de Meloidogyne sp. foi levemente superior

quanto a coleta foi realizada no florescimento. E, quando comparando-se

população em solo e raízes não houve diferença acentuada, isso deve ao fato

da espécie de nematoide ser menos agressiva, reproduzir com menor

velocidade do que o nematoide P. brachyurus e que uma vez a fêmea se

instala na raiz ela não têm mais capacidade de deixar a mesma. (Figura 13)

FIGURA 12. Semivariograma esférico ajustado por mínimos quadrados de

juvenis de Meloidogyne sp. no solo na coleta de 05/07/2012 superior esquerda

e na coleta de 13/08/2012, superior direta, e em raiz na coleta de 05/07/2012

inferior esquerda e na coleta de 13/08/2012, inferior direta, na cultura do

feijoeiro, Jaciara – MT, 2012.

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FIGURA 13. Mapas de Krigagem de juvenis de Meloidogyne sp. no solo na

coleta de 05/07/2012 superior esquerda e na coleta de 13/08/2012, superior

direta, e em raiz de na coleta de 05/07/2012 inferior esquerda e na coleta de

13/08/2012, inferior direta, na cultura do feijoeiro, Jaciara – MT, 2012.

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FIGURA 14. Mapas de erro de Krigagem de juvenis de Meloidogyne sp. no solo

na coleta de 05/07/2012 superior esquerda e na coleta de 13/08/2012, superior

direta, e em raiz na coleta de 05/07/2012 inferior esquerda e na coleta de

13/08/2012, inferior direta, na cultura do feijoeiro, Jaciara – MT, 2012.

Para Meloidogyne sp. os erros de krigagem foram superiores na coleta

da pré-colheita, sendo ainda mais evidente nas amostragens realizadas solo.

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3.5 Correlação entre a população de fitonematoides e índices de

vegetação derivados de imagens

Através de imagens de satélites Word view 2 foi possível extrair dados,

analisar e correlacionar a presença de fitonematoides com os Índices de

Vegetação. Foram analisados o Índice de Vegetação ajustado ao solo (SAVI), o

Índice de área foliar (LAI), a radiação solar absorvida pelas plantas (FPar), a

energia refletida (Albedo) e a energia global incidente na lavoura (Rsolar)

(JENSEN, 2009).

Após a correlação de Pearson entre a população de fitonematoides e os

indices de vegetação (Tabela 11), foi constatado que nematoides se

correlacionaram negativamente com lai.

TABELA11. Correlação entre índices de vegetação e a população de

fitonematoides na pré-colheita em 21/06/2011, no florescimento em 05/072012

e na pré-colheita em 13/08/2012, na cultura do feijoeiro, Jaciara-MT, 2012.

DADOS EXTRAÍDOS DE IMAGEM

2011 2012 - 1ª coleta 2012 - 2ª coleta

NEMATÓIDES LAI RSOL LAI RSOL LAI RSOL

Ovos solo -0,2703

Quando correlacionado índice de área foliar (LAI), foi observou-se

correlação negativa com ovos de nematoides no solo na coleta do

florescimento de 2012 (Figura 15).

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FIGURA 16. Índice de área foliar (Lai) derivado de imagem WorldView2, em

área cultivada com feijão em 13/08/2012, Jaciara – MT. Os pontos na imagem

representam os locais de amostragem in situ na lavoura.

Em resultados obtidos em análises de correlação de atributos químicos

do solo com população de fitonematoides nos estudos acima, constatou-se que

a presença de fitonematoides na lavora de feijoeiro, prejudicou a absorção de

nutrientes. Na medida em que a cultura e o solo são infestados por

nematoides, reduziu-se a absorção de nutrientes, consequentemente a

estrutura foliar do vegetal foi fortemente comprometida assim como a produção

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de clorofila, causando efeito nas folhas bem característicos, tornando-as

cloróticas, amareladas e reduzidas (PERIN et al., 2006), com uma menor área

foliar (LAI).

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4 CONCLUSÕES

Presença de fitonematoides nas raízes do feijoeiro pode prejudicar a

absorção de nutrientes como Ca, S e P.

Teores de H+Al, Al, podem ter influenciado negativamente a presença

de população fitonematoides em solo cultivado com feijoeiro.

Teores de pH(Cacl2), Ca+Mg e SB podem ter influenciado positivamente

a presença de população fitonematoides em solo cultivado com feijoeiro.

Populações de P. brachyurus são relevantemente maiores em raízes de

plantas de feijoeiro do que em solo cultivado com a cultura e na época do

florescimento. Já populações de Meloidogyne sp. não se diferencia com tanta

relevância em raízes de feijoeiro e solo cultivado com a cultura, nem em

épocas diferentes de coleta.

Índice de área foliar (LAI) foi influenciado negativamente pela presença

de fitonamatoides nas diferentes épocas de coleta.

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CAPÍTULO II

VARIABILIDADE ESPACIAL DE PLANTAS DANINHAS E

HOSPEDABILIDADE À FITONEMATOIDES NO AGROSSISTEMA

FEIJOEIRO IRRIGADO

RESUMO - Fatores como o manejo adequado do solo e o controle das plantas daninhas, podem ser considerados muito importantes para manter a população de nematoides em níveis baixos. Objetivou-se caracterizar a presença de plantas daninhas, identificar a sua hospedabilidade a fitonematoides. Foram georreferenciados 59 pontos amostrais em uma lavoura de feijoeiro irrigado sob pivô central. As amostras de solo coletadas foram conduzidas à casa de vegetação da UFMT, onde foram acondicionadas, sendo uma amostra por ponto georreferenciado por bandeja, permanecendo por um período de 60 dias. Após esse período, foi realizada a classificação das plantas emergidas por espécie em cada bandeja, sendo removidas e agrupadas, separando as quatro espécies que possuíam maiores volumes de raízes para posterior extração de nematoides das raízes e coleta de amostras de solo para análise nematológica por bandejas. Os dados foram analisados por correlação de Pearson e submetidos a análises geoestatísticas. O modelo esférico de semivariograma foi ajustado aos valores de semivariância pelo método dos mínimos quadrados ordinários. Com isso, foi possível descrever o padrão espacial das plantas daninhas e dos nematoides. As quatro espécies de plantas daninhas que ocorreram em maior quantidade foram Capim colchão, Caruru de mancha, Tiririca do Brejo e Capim pé de galinha. Observou-se hospedabilidade de Capim colchão e Caruru de mancha a P. brachyurus, Meloidogyne sp., Helicotylenchus diystera; e Tiririca do Brejo e Capim pé de galinha a P. brachyurus e H. diystera. Com base na análise geoestatística, as plantas daninhas apresentaram alcances que foram de aproximadamente 114 a 168m e, para P. brachyurus, o alcance foi de 152m.

Palavras-chave: P. brachyurus; variabilidade espacial; plantas invasoras;

banco de sementes.

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SPATIAL VARIABILITY OF WEED AND hospitability to nematodes the

fallow system BEAN CROP

ABSTRACT - Factors such as adequate soil management and weed control, can be considered very important to keep the population of nematodes at low levels. This study aimed to characterize the presence of weeds, identify their hospitability to nematodes. 59 sampling points were georeferenced in a crop under center pivot irrigated bean. The collected soil samples were conducted at the greenhouse UFMT, which were placed one sample per tray for georeferenced point, staying for a period of 60 days. After this period, the classification of emerged plants per species in each tray was held, being removed and grouped by separating the four species with larger volumes of roots for later extraction of nematodes from roots and collecting soil samples for analysis by nematológica trays. Data were analyzed by Pearson correlation and subjected to geostatistical analyzes. The spherical semivariogram model was fitted to the semivariance values by the method of ordinary least squares. Thus, it was possible to describe the spatial pattern of weeds and nematodes. The four weed species that occurred in greater quantity mattress were grass, Caruru spot, Wild Boar Bog and Grass chicken leg. . Observed hospitability of grass mattress and Caruru stain to the nematode, Meloidogyne sp, diystera Helicotylenchus; and Wild Boar Bog and Grass chicken leg to P. brachyurus and H. diystera. Based on geostatistical analysis, the weeds had ranges that were approximately 114 to 168m, and for the nematode, the range was 152m. Keywords: P. brachyurus; spatial variability; invasive plants; seed bank.

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1 INTRODUÇÃO

O feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é uma cultura considerada boa

hospedeira de fitonematoides, entre eles Meloidogyne sp., Helicoylenchus sp.,

Pratylenchus sp. (Vieira 1993). As perdas devido à incidência de

fitonematoides nesta cultura podem chegar a 50-90% (Freire e Ferraz 1977).

O alqueive ou pousio, realizado em campo após a eliminação das raízes

das plantas infestadas, é eficaz na redução populacional de nematoides,

mesmo quando realizado por um curto período. Campos (1987) alcançou

redução de 63% na população de M. javanica em tomateiro (Lycopersicon

esculentum Mill) e de M. incognita em pimentão (Capsicum annuum L.),

respectivamente, aos 30 dias após a eliminação das plantas atacadas.

Porém os mesmos dados não podem ser comparados quando na área

estudada há presença de plantas daninhas, pois as mesmas assumem grande

importância quando atuam como hospedeiras alternativas de pragas,

moléstias, nematóides e plantas parasitas. No caso de nematóides, as plantas

daninhas praticamente inviabilizam os programas de controle (Pitelli, 1987),

pois se multiplicam quando não há cultura instalada, ou quando há cultura não

susceptível, atuando como fonte alternativa de inóculo do patógeno, (Lordello

et al, 1998).

Diversos autores chamaram atenção para a presença de fitonematoides

em plantas daninhas. Assim, Brandão (1941), foi um dos primeiros a ressaltar a

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importância do conhecimento dos hospedeiros e as plantas invasoras

suscetíveis como meio de controle dos fitonematoides.

O Objetivo do trabalho foi caracterizar a estrutura e a magnitude de

dependência espacial de plantas daninhas no banco de sementes do

agroecossistema feijoeiro irrigado, bem como sua relação com a presença de

fitonematoides.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

Amostras de solo foram coletadas em área comercial cultivada com

feijão no município de Jaciara estado de Mato Grosso, sendo 59 pontos

previamente georrefenciados (FIGURA 1). A coleta foi realizada no dia 5 de

julho de 2012 e as amostras foram conduzidas para a casa de vegetação do

departamento de Fitopatologia da Faculdade de Agronomia e Medicina

Veterinária (FAMV/UFMT), onde foram acondicionadas em bandejas plásticas

de 30 x 45 cm, sendo cada ponto em uma bandeja. As amostras

permaneceram em casa de vegetação por um período de 60 dias, sendo

umedecidas diariamente.

Após esse período, foi realizada a classificação das plantas emergidas

por espécies por bandeja. As plantas foram removidas e agrupadas,

selecionando as quatro espécies que possuíam maiores volumes de raízes e

acondicionadas em embalagens plásticas. Foi coletada também uma amostra

de solo por bandeja.

As amostras das plantas daninhas e de solos foram encaminhadas para

o laboratório de Fitopatologia da FAMEVZ/UFMT. As raízes foram lavadas,

pesadas e submetidas à extração de fitonematoides pelo método de Coolen &

D’Herde (Coolen; D’Herde, 1972). No solo, a extração de fitonematoides foi

realizada pelo método de flutuação centrífuga em solução de sacarose

(Jenkins, 1964), utilizando 200 cm³ da amostra.

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Posteriormente às extrações, as espécies de fitonematoides foram

identificadas e quantificadas com o auxílio do microscópio estetoscópio e

Lâmina de Petters e a contagem com o auxílio do contador manual de células.

Procedeu-se à verificação da existência de dependência espacial das

variáveis P. brachyurus (solo), capim colchão, caruru de mancha, tiririca do

brejo e capim pé de galinha, por meio do semivariograma:

2)(

1)()(

)(2

1)(

hN

i ii hxZxZhN

hy

(1)

em que, N(h) representa o número de pares de valores medidos [Z(xi), Z(xi +

h)] separados por um vetor h. Para o estudo em questão, os valores de Z foram

as variáveis estudadas, enquanto os valores de xi e xi + h foram definidos de

acordo com as posições das amostras no campo.

Modelos de semivariogramas esféricos foram ajustados aos

semivariogramas experimentais (Diggle e Ribeiro Junior, 2007) (equação 2):

γ (h) = {1 – 1,5 a

a

h

a

h)(5,0 } se h < a

(2)

0, caso contrário

Em que a é o alcance e h, a distância.

O ajuste de modelos foi baseado no método de mínimos quadrados

ordinários.

Após o ajuste dos semivariogramas, foi realizada a interpolação dos

dados por krigagem ordinária, de forma a possibilitar a visualização de padrões

de distribuição espacial das variáveis na lavoura.

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FIGURA 1. Área experimental com demarcação dos locais de amostragem,

Jaciara-MT, 2011.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos valores médios e máximos, observou-se que o caruru de

mancha foi a planta daninha com maior ocorrência na área. Já o capim pé de

galinha, apresentou o maior coeficiente de variação. Capim colchão e tiririca do

brejo apresentaram valores médios e coeficiente de variação semelhantes

(Tabela 1).

TABELA 1. Estatística descritiva referente à população de P. brachyurus e de

plantas daninhas no solo coletado em campo comercial de feijoeiro, em

05/07/2012 Jaciara, MT.

Estatística

P. Brachyurus

(Solo) Capim colchão

Caruru de mancha

Tiririca do brejo

Capim pé de galinha

Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Mediana 40,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Média 40,00 1,39 4,41 1,27 0,92

Máximo 110,00 24,00 109,00 14,00 29,00

Curtose -1,12 22,86 37,43 9,09 47,28

Assimetria 0,20 4,37 5,91 2,94 6,65

D. padrão 32,21 3,77 15,57 2,81 3,92

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CV (%) 80,52 271,20 353,36 220,98 428,61

Para a população de fitonematoides, a amplitude entre a diferença foi de

110 indivíduos por 200 cm³ de solo, uma média de 40 indivíduos e um desvio

padrão de aproximadamente 32 indivíduos o que resultou no maior coeficiente

de variação que foi de aproximadamente 80% representando uma grande

variação de população na área em estudo. Barros et al. (2010), pesquisaram

distribuição espacial de nematoides e matéria orgânica em solo cultivado com

cana-de-açúcar. Verificaram valores de CV% menores que 62%, indicando que

não houve muita variabilidade na área. Já Dinardo-Miranda e Fracasso (2009),

também estudando variabilidade espacial de nematoides em cana-de-açúcar

em cinco áreas, encontraram para Pratylenchus sp. CV% máximo de 120,6%,

mostrando variabilidade na área, concordando com os resultados do presente

trabalho.

Por meio da abordagem geoestatística, utilizada para caracterizar a

estrutura de dependência espacial e mapear as variáveis na área, observou-se

melhor aplicação do modelo de semivariograma esférico (Tabela 2, Figura 2).

TABELA 2. Parâmetros estimados dos semivariogramas ajustados (modelo

esférico) de variáveis de amostras coletadas em campo comercial de feijoeiro,

em 05/07/2012, Jaciara, MT.

Variáveis

Efeito pepita Patamar Alcance (m)

C0 Co+C1 Ao

P. brachyurus 747,368 1,082 152,760

Capim colchão 0 1,04671 168,1386

Tiririca do brejo 0 7,02647 114,7944

Capim pé-de-galinha 0 16,98093 115,3696

Caruru de mancha 0 252,7099 130,9196

Para P. brachyurus, o alcance foi menor, com o valor de 152,760m. A

menor continuidade espacial para a população de P. brachyurus possivelmente

deve-se ao fator do nematoide não se distribuírem uniformemente, ou seja,

uma distribuição agregada. Em nível de campo, observa-se que os sintomas

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aparecem em reboleiras. Semelhante ao que ocorre nas plantas daninhas que

apresentaram valores de alcance inferiores, que variaram de 114,794 a

168,138m, que também pode ser explicada pelo fato das plantas também não

apresentarem uma distribuição uniforme.

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FIGURA 2. Semivariograma esférico ajustado por mínimos quadrados de

capim colchão e tiririca do brejo (superior), capim pé de galinha e caruru de

mancha (meio) e P. brachyurus (inferior) das amostras em campo cultivado

com feijoeiro, em 05/07/2012, Jaciara – MT.

No mapeamento por krigagem, P. brachyurus, Capim colchão, Caruru de

mancha, tiririca do brejo e Capim pé de galinha apresentaram distribuição

agregada, ocorrendo com maior infestação em localidades específicas da

lavoura (Figuras 3).

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FIGURA 3. Mapas de Krigagem de capim colchão e tiririca do brejo (superior),

capim pé de galinha e caruru de mancha (meio) e P. brachyurus (inferior) das

amostras em campo cultivado com feijoeiro, em 05/07/2012, Jaciara – MT.

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FIGURA 4. Mapas de erro de Krigagem de capim colchão e tiririca do brejo

(superior), capim pé de galinha e caruru de mancha (meio) e P. brachyurus

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(inferior) das amostras em campo cultivado com feijoeiro, em 05/07/2012,

Jaciara – MT.

Quando analisados os mapas de krigagem da distribuição das plantas

daninhas e de P. brachyurus, observou-se que as plantas daninhas capim

colchão, tiririca do brejo e capim pé de galinhas estão localizadas bem

próximas na parte superior da área de estudo. Já caruru de mancha,

concentrou-se na parte inferior do mapa. Já P.brachyurus, foi presente em toda

área de estudo, com alta ocorrência inclusive nas áreas com presença das

plantas daninhas.

Os mapas de erro foram semelhantes para as quatro espécies de

plantas daninhas e do nematoide P. brachyurus, sendo os maiores erros nas

bordas dos mapas que são locais não amostrados, que apresentam coloração

rósea e menores próximos aos pontos amostrados de coloração verde.

Ao se analisar as populações de fitonematoides em raízes das plantas

daninhas com maiores quantidades de raízes, verificou-se que os gêneros P.

brachyurus, Helycotylenchus sp., espécies de vida e livre e ovos, foram

encontrados em 100% das espécies de plantas. Maiores populações de

nematoides foram encontrados no Campim-colchão (Digitaria sanguinalis (L.)

Scop.) e no Caruru de mancha (Amaranthus viridis L.), que tiveram

hospedabilidade de todos os gêneros de nematoides e seus ovos (Tabela 3).

Carmo e Santos (2008), também constataram hospedabilidade de

Caruru de mancha (Amaranthus viridis) L, Campim colchão (Digitaria

sanguinalis (L.) Scop., Capim pé de galinha (Eleusine indica (L.) a juvenis de

Meloidogyne sp. e a P. brachyurus, semelhante aos resultados encontrados

neste trabalho.

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TABELA 3. Hospedabilidade de fitonematoides em raízes de espécies plantas

daninhas, amostra coletada em campo comercial de feijoeiro, Jaciara, MT,

2012.

FITONEMATOIDES

P. DANINHAS Peso (gr.)

P. brachyurus

H. diystera

Meloidogyne sp.

Vida Livre Ovos

Campim-colchão 4,93 354,97 162,27 30,43 152,13 91,2

Caruru de mancha 4,62 64,94 43,29 43,29 86,58 75,7

Tiririca do brejo 5 50 50 0 40 0

Capim pé de galinha 5 110 40 0 60 0

Zem (1977), pesquisando nematoides extraídos das raízes de invasoras

coletadas em diferentes localidades, constatou a hospedabilidade de

Amaranthus viridis L. a Helicotylenchus diystera e Cyperus difformis L. a H.

diystera e a P. brachyurus.

Já estudo realizado Mello, Machado e Inomoto (2006), avaliaram o efeito

da erva-de-Santa-Maria (Chenopodium ambrosioides L.) no controle de

Pratylenchus brachyurus em testes in vitro e em condições de casa-de-

vegetação. Verificou-se que o extrato vegetal possui ação nematicida,

proporcionando maior mortalidade de juvenis de P. brachyurus quando

comparado com controle químico (Aldicarb). Houve redução da população do

nematóide nos tratamentos com erva-de-Santa-Maria, porém foi observada

fitotoxidez em plantas de soja.

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4 CONCLUSÕES

Observou-se correspondência visual entre os mapas de população de P.

brachyurus e as espécies de plantas daninhas capim colchão, caruru de

mancha, tiririca do brejo e capim pé de galinha.

Espécies de plantas invasoras Digitaria sanguinalis (L.) e Amaranthus

viridis L. apresentaram hospedabilidade a P. brachiurus, H. diystera,

Meloidogyne sp., nematoides de vida livre e ovos de fitonematoides.

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