UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE … formação... · universidade federal de alagoas...

download UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE … formação... · universidade federal de alagoas centro de educaÇÃo programa de pÓs-graduaÇÃo em educaÇÃo doutorado em educaÇÃo

If you can't read please download the document

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE … formação... · universidade federal de alagoas...

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

    CENTRO DE EDUCAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EDUCAO

    DOUTORADO EM EDUCAO

    LLIAN KELLY DE ALMEIDA FIGUEIREDO VOSS

    A FORMAO DOCENTE UNIVERSITRIA PARA A UTILIZAO DAS TDIC

    NO CONTEXTO EDUCATIVO DA UFAL E UDELAR

    Macei AL

    2016

  • LLIAN KELLY DE ALMEIDA FIGUEIREDO VOSS

    A FORMAO DOCENTE UNIVERSITRIA PARA A UTILIZAO DAS TDIC

    NO CONTEXTO EDUCATIVO DA UFAL E UDELAR

    Tese apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Educao da Universidade

    Federal de Alagoas, na linha de Tecnologias

    da Informao e Comunicao na Educao,

    como requisito parcial para obteno do

    ttulo de Doutor(a) em Educao.

    Orientadora: Cleide Jane S de Arajo Costa.

    Macei AL

    2016

  • Catalogao na fonte Universidade Federal de Alagoas

    Biblioteca Central Diviso de Tratamento Tcnico

    Bibliotecria Responsvel: Helena Cristina Pimentel do Vale V969f Voss, Lilian Kelly de Almeida Figueiredo.

    A formao docente universitria para a utilizao das TDIC no contexto educativo da UFAL e UDELAR / Lilian Kelly de Almeida Figueiredo Voss. Macei, 2016.

    190 f. : il.

    Orientadora: Cleide Jane S Arajo Costa. Tese (Doutorado em Educao) Universidade Federal de Alagoas. Centro

    de Educao. Programa de Ps-Graduao em Educao. Macei, 2016.

    Bibliografia: f. 162-168. Anexos: f. 169-190.

    1. Educao superior Avaliao Brasil. 2. Educao superior

    Avaliao Uruguai. 3. Formao docente universitria. 4. Tecnologias digitais da informao e comunicao. I. Ttulo.

    CDU: 378

  • DEDICATRIA

    Dedicar um trabalho a algum ou a algo complexo. A complexidade fez-me perceber

    a magnitude dos muitos sentimentos que se manifestaram durante o construto desta investigao.

    E, assim decidi dedicar esta tese aos expressos SENTIMENTOS grandiosos que explodiram e

    me alertaram para a grandeza e mincias de cada parte construda e de cada SER que se

    propunha ajudar-me de diversas maneiras.

    Escrever uma tese enfrentar o MEDO de fantasmas, iluses, inseguranas, alm de

    compreender o sentido da voz interior quando proclama o cnscio a perceber sua FORA de

    vencer. transformar sua receita primria em um ritual de sabedoria e cincia. , sobretudo, se

    disciplinar. construir uma histria fidedigna de si prpria, concebendo uma luz a suas ideias

    inspitas, o crivo inteligvel do pice da sua formao.

    Eu nasci formando-me. Os primeiros sentimentos foram o de FELICIDADE e F, em

    ter a conscincia de que Deus concebeu a mim uma famlia abenoada e digna de ser amada e

    me amar. dizer viva a uma FELICIDADE constante que prospera a mim o apreo a

    intelectualidade. ter ALEGRIAS nos momentos mais difceis atravs da famlia, quando a

    mesma expressa palavras confortantes e imprimem um ar de ORGULHO por suas conquistas.

    dedicar GRATIDO aos docentes que estiveram presentes por toda a minha

    formao, colegas (brasileiros e estrangeiros) e amigos docentes (especialmente a figura do

    Professor Ivanderson Pereira da Silva) e discentes que acreditam na mudana e qualidade da

    educao, mesmo inquietos com situaes no contagiantes vivenciadas em pleno sculo XXI.

    FORA que me conduziu SER docente do Campus do Serto/UFAL e mostrou-me

    como a PERSISTNCIA, TENACIDADE, GENTILEZA e determinao podem estimular e

    superar os bices existentes na nossa profisso, garantindo a certeza de que nunca deixarei de

    aprender. A BRAVURA proporcionou o meu entendimento de que atravs das esfinges que as

    pessoas ENGRANDECEM.

    Por fim, ao AMOR, que me permitiu encontrar num pequeno-grande SER, a AVIDEZ

    e BELEZA da CUMPLICIDADE, COMPANHEIRISMO, COMPLACNCIA. Ele chegou num

    momento implexo, garantindo que no se descasa no doutorado, ao contrrio, se casa! Fez-me

    APAIXONAR e cultivar o DESEJO pelo matrimnio. Daniel Ferreira Voss, o agradeo pelo

    simples fato de ser PACIENTE, COMPREENSIVO, AMOROSO, COMPANHEIRO e agora

    PAI de nosso amado e primognito Thomas Figueiredo Voss, nesse mundo desmedido da

    docncia universitria, provando como pode se entender e se colocar no lugar do outro.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos docentes respondentes das instituies

    pesquisadas, que se disponibilizaram a

    participar.

    Ao grupo que me acolheu no Uruguai/Udelar

    e permitiu que minha pesquisa fosse

    enriquecida pelo acolhimento afetivo (Nancy,

    Dona Bia e filhas, Mercedes e demais

    companheiras).

    Ao Santander que permitiu a seleo ao qual

    fui escolhida e financiou minha permanncia

    no Uruguai.

    orientadora Cleide Jane de Arajo S por

    sua pacincia, contribuio, compreenso e

    ajuda em todos os momentos da pesquisa.

    banca examinadora pela disponibilidade e

    sugestes de melhoria em meu estudo.

  • Eu queria fazer engenharia qumica. No

    pude porque no tinha recursos para me

    manter na escola o dia inteiro. Por isso, tive

    de escolher entre os cursos de meio perodo.

    Destes, o que me atraiu mais foi o de

    Cincias Sociais. Foi uma boa escolha

    porque a minha ambio era ser professor.

    Florestan Fernandes.

    inevitvel que, quanto mais ambicioso o

    trabalho, mais imperfeita seja a sua

    execuo... mas, isso no quer dizer que ele

    s deva ser apresentado quando no houver

    mais nenhuma esperana de melhor-lo.

    Friedrich Hayek

    (The Construction of Liberty)

  • RESUMO

    Esta pesquisa investiga se as diferentes aes da formao docente universitria (FDU) para

    a utilizao das tecnologias digitais da informao e comunicao (TDIC) favorecem

    significaes a prtica docente. O campo de pesquisa compreende as atuaes dos docentes

    universitrios em cursos ofertados pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e pela

    Universidad de la Repplica (UDELAR), analisando as demandas apresentadas e

    perspectivas futuras para a qualidade da FDU e TDIC no mbito educacional superior. A

    hiptese estudada considera que s discusses sobre os sistemas de ensino no contexto

    neoliberal e a FDU, ao que se inserem os debates sobre a utilizao das TDIC pelos docentes

    universitrios, acenam para disparidades conceituais e reflexo de como a prtica

    pedaggica caracterizada perpetuam embates/debates desde sua existncia profissional,

    enfatizando uma maior oferta de cursos na UDELAR e pouca oferta na UFAL. A afirmao

    que sustenta a tese desenvolvida assegura que ao comparar as peculiaridades dos pases,

    pode-se evidenciar que as universidades investem no avano das mesmas e na qualificao

    docente, desde o processo colonial e que a FDU caminha em conjunto com a carreira

    docente, principalmente na UDELAR, logo as TDIC no so primordiais para o

    desenvolvimento da formao. Diante disso, objetiva-se: i) analisar as diferentes aes da

    formao docente no Brasil e no Uruguai para a utilizao das TDIC e suas significaes a

    prtica pedaggica; ii) elucidar as demandas destinadas a FDU e seus benefcios, quanto ao

    uso das TDIC dos docentes brasileiros e uruguaios, comparando o favorecimento no

    desempenho de suas atividades em sala de aula, iii) investigar como a FDU dispe de

    oportunidades tecnolgicas para a construo do conhecimento no processo de

    aprendizagem permanente e iv) evidenciar atravs do estudo terico-bibliogrfico, a partir

    dos aspectos metodolgicos da educao comparada, a influncia colonial sobre o processo

    da FDU e TDIC na educao. A escolha dos pases (Brasil e Uruguai) para a presente

    pesquisa se configura, no fato de estarem no entorno da mesma sub-regio geogrfica (Cone

    Sul). O procedimento para o percurso metodolgico da pesquisa se estabelece com a

    natureza da pesquisa qualitativa, associada ao mtodo comparativo, conforme os conceitos

    da Educao Comparada, articulado com a perspectiva histrica e baseada na abordagem da

    teoria fundamentada. Os instrumentos para a coleta e anlise dos dados aplicados aos 30

    docentes pesquisados, se instituram por observao participante, entrevista estruturada

    online, aplicada via questionrio online, utilizado pela ferramenta do GoogleDocs. Para a

    anlise dos dados, em virtude do alargamento da complexidade dos fatos coletados, relao

    entre os fenmenos e a teoria fundamentada, de acordo com o mtodo comparado, optou-se

    pela anlise documental-contextual, na qual foram investigados os contextos dos

    acontecimentos passados, atuais, alm dos documentos e textos pesquisados.

    Palavras-chave: Formao docente. TDIC. Educao comparada. UFAL e UDELAR.

  • ABSTRACT

    This research investigates the different actions of university teacher education (FDU) for the

    use of digital information and communication technologies (TDIC) favor meanings teaching

    practice. The research field comprises the actions of university professors in courses offered

    by the Federal University of Alagoas (UFAL) and the Universidad de la Republic

    (UDELAR), analyzing the demands presented and future prospects for the quality of the

    FDU and TDIC in higher educational level. The case study considers that the discussions on

    the education systems in the neoliberal context and FDU, the falling discussions on the use

    of TDIC by academics, wave to conceptual differences and reflection of how the

    pedagogical practice is characterized perpetuate conflicts / debates since his professional

    existence, emphasizing a higher offer courses in UDELAR and short supply in UFAL. The

    statement that supports the thesis developed ensures that when comparing the peculiarities of

    countries, one can show that universities invest in the advancement of the same and teaching

    qualification from the colonial process and the FDU walks together with the teaching

    profession, particularly in UDELAR, so the TDIC are not essential for the development of

    training. Therefore, the objective is to: i) analyze the different actions of teacher training in

    Brazil and Uruguay for the use of TDIC and its meanings pedagogical practice; ii) clarify

    the demands aimed at FDU and its benefits, as the use of TDIC of Brazilian and Uruguayan

    teachers, comparing favoritism in carrying out their activities in the classroom, iii) to

    investigate the FDU offers technological opportunities for the construction of knowledge in

    the process of permanent learning and iv) evidence through theoretical and bibliographical

    study, from the methodological aspects of comparative education, the colonial influence on

    the FDU and TDIC process in education. The choice of countries (Brazil and Uruguay) for

    this search is configured, the fact that they are surrounding the same geographical sub-region

    (Southern Cone). The procedure for methodological research path is established to the

    nature of qualitative research, coupled with the comparative method, as the concepts of

    comparative education, articulated with the historical perspective and based on the approach

    of grounded theory. The tools for collecting and analyzing data applied to 30 teachers

    surveyed, were instituted by participant observation, online structured interview, applied via

    an online questionnaire, used by GoogleDocs tool. For the data analysis, due to the

    enlargement of the complexity of the collected facts, relation between phenomena and

    grounded theory, according to the comparison method, we chose the documentary-

    contextual analysis, in which the contexts of past events were investigated , today, in

    addition to the researched documents and texts.

    Keywords: Teacher training. TDIC. Comparative education. UFAL and UDELAR.

  • RESUMEN

    Este estudio investiga las diferentes acciones de formacin del profesorado universitario

    (FDU) para el uso de tecnologas de la informacin y las comunicaciones digitales (TDIC)

    favorecen significados a prctica docente. El campo de investigacin comprende las

    acciones de los profesores universitarios en los cursos de la Universidad Federal de Alagoas

    (UFAL) y la Universidad de la Repplica (UDELAR), el anlisis de las demandas

    presentadas y las perspectivas futuras de la calidad de la FDU y TDIC en el nivel de

    educacin superior. La hiptesis del estudio considera que los debates sobre los sistemas

    educativos en el contexto neoliberal y FDU, la cada de las discusiones sobre el uso de TDIC

    por acadmicos, de las olas a las diferencias y la reflexin de cmo la prctica pedaggica se

    caracteriza conflictos perpetan conceptuales / debates desde su existencia profesional,

    haciendo hincapi en un alto ofrecen cursos en la UDELAR y escaso en UFAL. La

    afirmacin de que apoya la tesis desarrollada asegura que al comparar las peculiaridades de

    los pases, se puede demostrar que las universidades invierten en el avance de la misma y la

    enseanza de calificacin del proceso colonial y el FDU camina junto con la profesin de la

    enseanza, en particular en la UDELAR, por lo que el TDIC no son esenciales para el

    desarrollo de la formacin. Por lo tanto, el objetivo consiste en: i) analizar las diferentes

    acciones de formacin de profesores en Brasil y Uruguay para el uso de TDIC y sus

    significados prctica pedaggica; ii) aclarar las demandas dirigidas a FDU y sus beneficios,

    como el uso de TDIC de los profesores de Brasil y Uruguay, comparando el favoritismo en

    la realizacin de sus actividades en el aula, iii) para investigar la FDU ofrece oportunidades

    tecnolgicas para la construccin de conocimiento en el proceso de aprendizaje permanente

    y iv) la prueba a travs del estudio terico y bibliogrfico, a partir de los aspectos

    metodolgicos de la educacin comparada, la influencia colonial en el proceso de FDU y

    TDIC en la educacin. La eleccin de los pases (Brasil y Uruguay) para esta bsqueda est

    configurado, el hecho de que estn rodeando la misma geogrfica subregin (Cono Sur). El

    procedimiento para la trayectoria de la investigacin metodolgica se establece con la

    naturaleza de la investigacin cualitativa, junto con el mtodo comparativo, ya que los

    conceptos de la educacin comparada, articulados con la perspectiva histrica y basadas en

    el enfoque de la teora fundamentada. Las herramientas para la recopilacin y anlisis de

    datos aplicados a 30 profesores encuestados, fueron instituidos por la observacin

    participante, entrevista en lnea estructurada, aplicada a travs de un cuestionario en lnea,

    utilizado por la herramienta Google Docs. Para el anlisis de datos, debido a la ampliacin

    de la complejidad de los hechos recogidos, relacin entre los fenmenos y la teora a tierra,

    de acuerdo con el mtodo de comparacin, se opt por el anlisis documental contextual, en

    el que se investigaron los contextos de eventos pasados, hoy en da, adems de los

    documentos y textos investigados.

    Palabras-clave: Formacin del profesorado. TDIC. La educacin comparada.

    UFAL y UDELAR.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Participao como ministrante Curso Udelar.....................................................43

    Figura 2 Localizao dos pases pesquisados.....................................................................46

    Figura 3 Amostra da populao nas capitais......................................................................47

    Figura 4 Udelar e os centros regionais...............................................................................48

    Figura 5 UFAL e seus Campi e unidades..........................................................................48

    Figura 6 Reunio geral RED UAEs Uruguai.................................................................50

    Figura 7 Lanamento Revista Intercambios aps a reunio da RED UAEs.....................50

    Figura 8 Incio do Curso de Pedagogia a distncia da UFAL.............................................90

    Figura 9 Plataforma Moodle/UFAL Composio Frum de apresentao...................131

    Figura 10 Plataforma Moodle/Udelar Composio Frum de apresentao.................132

    Figura 11 - Construo de modelos pedaggicos por Behar (2009)....................................138

    Figura 12 Elementos de um modelo pedaggico por Behar (2009)..................................138

    Figura 13 - Curso UFAL 2015 AVA Moodle...................................................................139

    Figura 14 - Curso Udelar 2013 AVA Moodle...................................................................139

    Figura 15 Chamada UDELAR (facebook)........................................................................142

    Figura 16 - Chamada UDELAR (AVA Moodle)..................................................................142

    Figura 17 Chamada UFAL (site oficial)............................................................................143

    Figura 18 Folder Chamada PAC/Proford UFAL............................................................144

    Figura 19 Chamada curso para estudantes Udelar..........................................................155

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Protocolo de observao participante por Moreira e Caleffe (2006, p. 203).

    Tabela 2 - Semelhanas e diferenas UFAL/Udelar.

    Tabela 3 - Singularidades entre os perodos.

    Tabela 4 - Programas disponibilizados pelo MEC/Brasil.

    Tabela 5 - Linhas de financiamento para os projetos submetidos pelo Edital

    N15/2010/Capes/DED.

    Tabela 6 - Programas descritos em Collazo (2012).

    Tabela 7 - Definio dos sujeitos participantes Eixo 1 do questionrio.

    Tabela 8 Escolha docente Eixo 2 do questionrio.

    Tabela 9 Categorias Eixo 3 do questionrio.

    Tabela 10 - Respostas das questes 4 e 5 do questionrio aplicado.

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ALADI - Associao Latino Americana da Integrao

    ANEP - Administracin Nacional de Educacin Pblica

    AP - Arquitetura Pedaggica

    ASI - Assessoria de Intercmbio Internacional

    ASPLAN - Assessoria de Planejamento

    AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

    BAICE - Associao Britnica de Educao Comparada e Internacional

    BM - Banco Mundial

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CCI - Comisso de Coordenao do Interior

    CCSA - Centro de Cincias Sociais Aplicadas

    CDC - Consejo Directivo Central

    CECA - Centro de Cincias Agrrias

    CEDU - Centro de Educao

    CERC - Centro de Investigao em Educao Comparada

    CEPE - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso

    CES - Sociedade de Educao Comparada

    CHA - Conhecimentos, Habilidades e Atitudes

    CIES - Sociedade de Educao Comparada e Internacional

    CIESC - Sociedade Canadense de Educao Comparada e Internacional

    CFE - Conselho Federal de Educao

    CIED - Coordenadoria Institucional de Educao a distncia

    CNE - Conselho Nacional de Educao

    CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    COPEVE - Comisso Permanente de Vestibular

    CRUTAC - Ao Comunitria

    CSE - Comisin Sectorial de Enseanza

    CUA - Coro Universitrio de Alagoas

    DA - Diretrio Acadmico

    DCE - Diretrio Central dos Estudantes

    EAD - Educao a distncia

    EDUFAL - Editora da Universidade Federal de Alagoas

  • ENEM - Exame Nacional do Ensino Mdio

    EVA - Entornos Virtuales de Aprendizage

    ETA - Escola Tcnica de Artes

    FADU - Federao Alagoana do Desporto Universitrio

    FDU - Formao Docente Universitria

    FIES - Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

    FUNDEPES - Fundao Universitria de Desenvolvimento de Extenso e Pesquisa

    GT - Grupo de Trabalho

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IES - Instituio de Educao Superior

    IESALC - Instituto Internacional para a Educao Superior para Amrica Latina e Caribe

    IITE - Sociedade Canadense de Educao Comparada e Internacional

    INCUBAL - Incubadora de Empresas de Alagoas

    INE - Instituto Nacional de Estatstica

    INEED - Instituto Nacional de Evaluacin Educativa

    INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedaggicos

    ITA - Instituto Tecnolgico da Aeronutica

    LDB/LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    LPPRN - Laboratrio de Pesquisa em Recursos Naturais

    LUA - Lar da Universitria Alagoana

    MEC - Ministrio da Educao

    MERCOSUL - Mercado Comum do Sul

    MERCOSUR - Mercado Comn del Sur

    MHN - Museu de Histria Natural

    NDI - Ncleo de Desenvolvimento Infantil

    NEAD - Ncleo de Educao a distncia

    NCE - Ncleo de Computao Eletrnica

    NECIMAR - Ncleo de Pesquisa de Cincias do Mar

    NEMED - Ncleo de Ensino Mdico

    NIES - Ncleo de Informtica na Educao

    NUSP - Ncleos de Sade Pblica

    NUTAS - Ncleo Temticos de Assistncia Social

    OCDE - Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico

    PAC - Plano Anual de Capacitao

  • PBA - Programa Brasil Alfabetizado

    PIBIC - Programa Institucional de Bolsas Iniciao Cientfica

    PINS - Programa do Novo Servidor

    PPG - Plano Pedaggico Global

    PPGE - Programa de Ps-Graduao em Educao

    PLEDUR - Plano Estratgico de Desenvolvimento

    PRODEMA - Ps-Graduao em Desenvolvimento e Meio-Ambiente

    PROFORD - Programa de Formao Continuada em Docncia do Ensino Superior

    PROGRAD - Pr-Reitoria de Graduao

    PROPEP - Pr-Reitoria de Ps-Graduao e Pesquisa

    PROGEP - Pr-Reitoria de Gesto de Pessoas

    PROJOVEM - Programa de Incluso de Jovens

    PROUNI - Programa Universidade Para Todos

    RED UAS - Red de Intercmbio Unidad de Apoyo a la enseanza

    REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades

    Brasileiras

    RUMA - Residncia Masculina

    SAECE - Sociedade Argentina de Estudos Comparados em Educao

    SBEC - Sociedade Brasileira de Educao Comparada

    SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia

    SEED - Secretaria de Educao a Distncia

    SEMED - Secretaria Municipal de Educao

    SENAC - Servio Nacional de Aprendizagem Comercial

    SENAI - Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    SESU - Secretaria de Educao Superior

    SISU - Sistema de Seleo Unificada

    TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    TDIC - Tecnologias digitais da informao e comunicao

    TIC - Tecnologias da Informao e Comunicao

    U. AL - Universidade de Alagoas

    UAB - Universidade Aberta do Brasil

    UCA - Um computador por aluno

    UDELAR - Universidade de la Repblica

    UEEA - Unio Estadual dos Estudantes de Alagoas

  • UFAL - Universidade Federal de Alagoas

    UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

    UFPR - Universidade Federal do Paran

    UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

    UFSM - Universidade Federal de Santa Maria

    UNB - Universidade de Braslia

    UNESCO - Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

    UNICEF - Fundo das Naes Unidas para a Infncia

    WCCES - World Council of Comparative Education Societies

  • SUMRIO

    INTRODUO........................................................................................................................17

    1 CORPUS METODOLGICO COMPARADO........................................................27

    1.1 Comparao luz dos intelectuais...............................................................................29

    1.2 A educao comparada no Brasil.................................................................................35

    1.3 O por qu e o qu comparar?: a origem da pesquisa.................................................37

    1.4 Como pesquisar: delimitando o processo de coleta de dados....................................43

    1.5 Instrumentos de coleta e anlise dos dados.................................................................48

    2 O PROCESSO DE IMPLEMENTAO DAS UNIVERSIDADES NO BRASIL E

    URUGUAI..................................................................................................................................53

    2.1 A implementao da Universidad de la Repblica ....................................................57

    2.2 O Brasil e Alagoas: o pas e o estado descobertos.......................................................65

    2.3 E a UFAL efetiva seu espao em Alagoas....................................................................69

    2.4 Apontamentos singulares..............................................................................................88

    3 A FORMAO DOCENTE UNIVERSITRIA E A PRTICA DOCENTE

    PARA A UTILIZAO DAS TDIC NAS UNIVERSIDADES............................................91

    3.1 Singularidades sobre a formao docente universitria no mbito dos

    pases...........................................................................................................................................92

    3.2 Uma (re)significao sobre formao docente universitria e os pases

    pesquisados.................................................................................................................................95

    3.3 As TDIC no mbito da formao docente universitria............................................103

    3.4 Consideraes sobre as TDIC na UFAL e Udelar....................................................107

    4 OS RESULTADOS COMPARADOS LUZ DAS ANLISES: AS VOZES DOS

    SUJEITOS....................................................................................................................123

    4.1 A composio dos dados e os sujeitos.........................................................................124

    4.2 Arquiteturas dos cursos e competncias necessrias................................................139

    4.3 As vozes dos sujeitos luz de suas participaes nos cursos...................................135

    5 CONSIDERAES FINAIS......................................................................................155

    REFERNCIAS...........................................................................................................162

    ANEXOS........................................................................................................................169

  • 17

    INTRODUO

    No processo colonial o campo do ensino superior foi caracterizado por

    peculiaridades individuais dos colonizadores em cada regio colonizada. Enquanto a Espanha

    instalava universidades em escolas superiores em suas colnias, Portugal proibia essas

    criaes, principalmente no Brasil. No Uruguai as universidades foram criadas por ordens

    religiosas, tuteladas pelos eclesisticos, no Brasil, os indcios da primeira instituio superior

    foram tutelados pelos jesutas.

    Assim, durante os sculos seguintes, tanto no Brasil como no Uruguai,

    estabelecimentos de cunho superior foram criados, principalmente com caractersticas de

    ctedras isoladas, nas quais os candidatos s vagas necessitavam submeter a exames basilares

    em cada pas. Ao final do sculo XIX e incio do sculo XX, as universidades nos dois pases

    obtinham sua concretude e evidenciava a estrutura dos primeiros centros/departamentos. A

    partir da rgos so criados, leis impetradas, princpios e regras estabelecidas e mudanas e

    reformas organizadas para a efetiva consolidao universitria.

    Com a consolidao no sculo XX, as universidades passam por uma crise. Nos anos

    de 1980, com transformaes polticas, econmicas, histricas e culturais se difundindo por

    causa da crise mundial, que por ventura, proporcionou a reforma e a reestruturao do Estado

    Capitalista, com a efervescncia dos ideais neoliberais sendo alastrados por todo o mundo,

    assim como na Amrica Latina, h o surgimento singular nesse momento de uma crise

    histrica. Essa crise no bloco histrico exigiu, das foras que disputavam na sociedade uma

    nova hegemonia poltica e cultural, a elaborao de propostas, tanto para a retomada do

    crescimento econmico como para a reestruturao do poder e da representao de interesses

    (NEVES, 2002, P. 105).

    Nessa esfera, a educao se tornou uma poltica de estratgia para atender ao

    desenvolvimento do capital e a conformao social. No caso da Amrica Latina, organizaes

    multilaterais promoveram o ajuste estrutural, ou seja, o neoliberalismo, e criaram projetos

    educacionais com o objetivo de atenuar a pobreza, promovendo o desenvolvimento

    econmico e a insero deste no campo da sociedade da informao, sociedade do

    conhecimento. O neoliberalismo passou a ter relao ntima com os governos democrticos

    e liberais, o lento avano poltico presenciado pelos processos de democratizao caminhou

    ao lado da crise econmica e do aumento da pobreza e da misria para as populaes menos

    favorecidas latino-americanas (COSTA, 2011, p. 70).

  • 18

    A educao na Amrica Latina, a partir dos ideais neoliberais apresentou

    peculiaridades anlogas, tais como: a ampliao da escolaridade obrigatria, a mudana nos

    nveis de ensino e no currculo, o que tange a sua estrutura, uma proposta de gesto

    descentralizada e a contnua avaliao da qualidade educacional, para a obteno da

    excelncia da educao.

    [...] Quando a administrao fala de excelncia na educao no se refere a

    excelentes servios para os alunos e alunas, excelentes condies de trabalho para os

    professores e nem a fantsticos recursos e timas estratgias de ensino e

    aprendizagem, para promover uma educao capaz de gerar mudanas sociais

    democrticas em nossas sociedades. Ao contrrio, o conceito de excelncia

    adquire o seu autntico significado a partir da esfera da produo de bens de

    consumo, desde os modelos gerenciais fordistas e ps-fordistas, em que os padres

    marcam os resultados do trabalho a ser realizado. preciso apenas estabelecer

    definies mensurveis do que se deve produzir, e, a partir da, a excelncia traduz o

    grau em que o produto final se assemelhe ao que os padres estipulem (SANTOM,

    2003, p. 59 e 60).

    Parafraseando Costa (2011), neste contexto, os sujeitos iniciam um processo de

    preparao para o mercado de trabalho, devendo adaptar-se rapidamente a insero das

    tecnologias e a aprendizagem criativa, rpida e inovadora. Os princpios tericos das

    reformas educativas foram expressos, na esfera legislativa, nas diversas leis e planos de

    educao promulgados, num perodo de pouco mais de uma dcada, entre 1980 e 1990, em

    vrios pases da Amrica Latina (p. 73), diante dessa conjuntura o Uruguai aprova, em 1985,

    a Lei de educao e o Brasil, no ano de 1996 a Lei de diretrizes e Bases da Educao (LDB).

    As dcadas de 1980 e 1990, igualmente, foram o alicerce para se instituir a pauta

    sobre discusses a respeito da utilizao das tecnologias da informao e comunicao (TIC)

    na educao e inserirem-nas na sociedade, sobretudo, os pases passaram por significativas

    modificaes sociais, culturais, histricas, polticas e educacionais e ao final do sculo XX,

    tnhamos novos paradigmas educacionais e complexos. No sculo XXI, ao ter a possibilidade

    de cursar graduao na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no ano 2000 (ano de

    aprimoramento e consolidao das TIC), foi possvel perceber que as TIC se renovaram e

    iniciou-se o processo das tecnologias digitais da informao e comunicao (TDIC). O

    despertar em estud-las se consolidou atravs de pesquisas nas quais (como bolsista) sugeriam

    temticas como: Formao Docente, TIC na Educao e Educao a distncia (EAD),

    diferenciando o olhar perante a sociedade naquele momento.

    Os anos como bolsista do PIBIC, participante do Grupo de Pesquisa: Formao de

    Professores para utilizao das Tecnologias da Informao e Comunicao na Educao

    Presencial e a Distncia, desenvolvido no Centro de Educao (CEDU/UFAL), Supervisora

    Educacional do Programa de Incluso de Jovens (Projovem), Consultora Educacional do

  • 19

    Programa Brasil Alfabetizado (PBA), ofertado pelo Ministrio da Educao (MEC),

    Monitora, Tutora e Professora do Curso de Pedagogia a Distncia, ofertado pelo Ncleo de

    Educao a distncia (NEAD), localizada na UFAL, acompanhando turmas de diversos polos

    (So Jos da Laje, Maragogi, Viosa, Macei, Xing, dentre outros), contriburam para o

    aperfeioamento e qualificao profissional (aps o certificado de mestre), que conduziu de

    fato, a ser docente da prpria universidade, na qual foi possvel qualificar-se integralmente.

    Analisando essa trajetria, percebe-se que a naturalidade do envolvimento com

    pesquisas destinadas s temticas supracitadas o elo condutor da investigao na qual se

    pretende debruar-se: a FDU e as TDIC. Desse modo, cada vez mais, se faz necessrio o

    surgimento de novos questionamentos, desta vez, envolvendo questes de cunho comparativo,

    que se referem a programas destinados a FDU e a utilizao das TDIC para o desempenho e

    incentivo a formao do docente no mbito do ensino superior.

    Diante dessa singularidade, e, com o tema discutido na rea educacional, a FDU

    auferiu uma nova conotao: inserir e capacitar os docentes a utilizar e a integrar as TDIC na

    sala de aula, como necessria ao processo educativo, tornando-se, neste cenrio, que no

    mais novo, mediadoras, significativas e indispensveis para a relao dos sujeitos envolvidos

    no contexto escolar. No entanto, inmeros foram os programas, cursos com o objetivo de

    formar os docentes, principalmente os que exercem sua funo na esfera pblica do ensino

    bsico para o efetivo uso das TDIC em suas prticas pedaggicas, mas programas que se

    destinem ao aperfeioamento do docente universitrio esto caminhando timidamente no caso

    do Brasil, principalmente os que acenam sobre a utilizao desses recursos no ensino superior.

    No ano de 2011, como uma das representantes da UFAL, no Projeto: Apoyo AL

    Programa de Movilidad MERCOSUR (Mercado Comn del Sur) en Educacin Superior,

    articulado ao Projeto: Construccin cooperativa de polticas y estratgias de formacin de

    docentes universitrios en la regin/EuropeAid/130695/M/ACT/R06-18, cujo principal

    objetivo pautava-se em desenvolver redes de cooperao para o fortalecimento da FDU, a

    nvel regional, tendo como coordenao do projeto a Universidade de Crdoba (ARG) e mais

    oito Universidades participantes scias, dos seguintes pases: Argentina (Universidade

    Nacional de San Juan, Universidade Nacional de Villa Maria e Universidade Nacional de

    Jujuy), Brasil (UFAL, Universidade Federal do Paran (UFPR) e Universidade Federal de

    Santa Maria (UFSM), Paraguai (Universidade Nacional del Pilar e Universidade Nacional de

    Assuno) e Uruguai (Universidade da Repblica (Udelar), observou-se a necessidade de

    intuir uma ampla discusso comparativa sobre os programas que as universidades realizam

  • 20

    para formar os docentes universitrios, no que se referem a possibilidade do uso das TDIC em

    sala de aula e sua articulao prtica pedaggica.

    De incio um questionrio (modelo em anexo) foi aplicado com alguns docentes de

    cada universidade participante para compreender o processo da FDU, a partir do respaldo do

    mesmo, houve um acentuado interesse por desenvolver essa pesquisa. Atravs do projeto do

    Mercosur, as quarenta e uma (41) questes do questionrio aplicado coletaram informaes

    sobre a formao inicial dos docentes, situao na qual se encontravam e as demandas de ps-

    graduao, assim como, assuntos especficos em relao ao desenvolvimento profissional de

    cada participante-respondente. Importa destacar a participao da UFAL, que no primeiro

    levantamento realizou-se um histrico da quantidade de docentes efetivos, tcnicos

    administrativos, alunos, o processo de interiorizao e a existncia de algum programa e/ou

    curso para a formao do docente universitrio.

    Cento e setenta e trs (173) docentes da UFAL (45 doutores) e noventa (90) docentes

    da Udelar (16 doutores) responderam ao questionrio eletrnico enviado. Constatou-se que

    dentre as questes realizadas, 65% (UFAL) e 43% (Udelar) dos respondentes dedicam 50%

    do seu tempo para docncia, ou seja, ministrar aulas, que 46% (UFAL) e 59% (Udelar)

    consideram mediano o incentivo a formao pedaggica, 55% (UFAL) nos ltimos trs anos

    no participaram de nenhum tipo de formao/aperfeioamento pedaggico docente,

    diferentemente da Udelar, na qual seus docentes contabilizando em 61% participaram de

    algum tipo de formao/aperfeioamento pedaggico docente. Os docentes das universidades

    pesquisadas acreditam ainda que essa formao deve ser obrigatria, permanente e

    semipresencial, alm da gesto central (Reitoria) e do departamento do qual est vinculado

    serem os responsveis por essa realizao.

    Por considerar o percentual elevado na pesquisa realizada no projeto do Mercosur,

    houve um interesse em realizar uma investigao que elucidasse o processo da FDU e TDIC

    no ensino superior. Dessa forma, esta indagao visa compreender o amadurecimento e o

    avano quanto s discusses que versam sobre a FDU e as TDIC no ensino superior,

    alavancando consideraes acerca dos sistemas educacionais das universidades pesquisadas

    desde a colonizao at o momento atual observado. Assim, buscamos responder ao seguinte

    questionamento: Como diferentes aes da formao docente universitria para a utilizao

    das tecnologias digitais da informao e comunicao favorecem significaes a prtica

    docente?

    A pesquisa se pauta nos seguintes objetivos: 1) analisar as diferentes aes da

    formao docente no Brasil e no Uruguai para a utilizao das TDIC e suas significaes a

  • 21

    prtica pedaggica; 2) elucidar as demandas destinadas a FDU e seus benefcios, quanto ao

    uso das TDIC dos docentes brasileiros e uruguaios, comparando o favorecimento no

    desempenho de suas atividades em sala de aula, 3) investigar como a FDU dispe de

    oportunidades tecnolgicas para a construo do conhecimento no processo de aprendizagem

    permanente e 4) evidenciar atravs do estudo terico-bibliogrfico, a partir dos aspectos

    metodolgicos da educao comparada, a influncia colonial sobre o processo da FDU e

    TDIC na educao.

    Baseando-nos nas hipteses de que a universidade o locus primeiro e natural para o

    processo de incluso das TDIC, por compreender o sentindo da formao do sujeito e

    desenvolver aes que impliquem nesta, alm de se constituir como um espao de insero

    dos cidados crticos, questionadores e que o incentivo a FDU, no que se refere utilizao

    das TDIC, favorece melhorias s prticas pedaggicas dos docentes, bem como, esses

    ambientes de formao permitem maior democratizao da informao e do conhecimento.

    Alm disso, analisaremos as seguintes categorias: a) a construo do ensino superior no Brasil

    e Uruguai, b) fatos exgenos e endgenos, c) ofertas de cursos/programas e suas abordagens e

    d) atividades utilizando as TDIC em sala de aula.

    Essa investigao se consolidou ao perceber que as outras universidades,

    especialmente a Udelar, localizada no Uruguai, tm programas destinados formao do

    docente universitrio. Na universidade uruguaia existe uma rede institucionalizada que

    desenvolve programas especficos, e que so responsveis por ofertar cursos/capacitaes

    dentro das demandas solicitadas, enquanto que na UFAL, h tmidas informaes sobre

    demandas anteriores consolidadas de programas nessa perspectiva, se firmando a partir do ano

    de 2013, uma estrutura de um programa de formao docente. Estes cursos/capacitaes esto

    e podem ser ancorados por ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), denominados no

    Uruguai por entornos virtuales del aprendizaje (EVA).

    De acordo com Moran (2007), com a reconfigurao da Sociedade Industrial para a

    Sociedade da Informao, alteraes foram promovidas nas aes docentes, no que tange

    maneira de ensinar e aprender. No sculo XXI, vive-se a cultura das mdias e tecnologias, em

    que o acelerado desenvolvimento dos meios de comunicao e sua integrao impem uma

    reorganizao da educao. Essa reconfigurao permitiu que a EAD auferisse espao, esta

    adentrou com eficcia a partir do apoio indispensvel das TDIC, passando a oportunizar

    novas prticas de ensino e aprendizagem, incentivando cursos para formao de professores,

    repercutindo em uma nova postura do sujeito, frente construo do conhecimento.

  • 22

    Outra etapa importante foi estabilizao da EAD no Brasil e no mundo, pois

    ampliou e facilitou a oferta de cursos online. Esse crescimento traz uma inquietao sobre a

    formao continuada para docentes e como as universidades promovem espaos e discusses

    de aproximao do conhecimento cientfico-tecnolgico nas escolas, instituies

    educacionais, no ensino superior e principalmente na sala de aula. Neste sentido, o paradigma

    tecnolgico (aparecimento das TDIC como uma nova mediao no contexto do trabalho

    acadmico) evidencia-se. Antes, o docente era visto como o centro das atenes, no processo

    de ensino e aprendizagem, na sociedade globalizada, que alguns chamam de Sociedade da

    Informao, seguindo as palavras de Moraes (1997), este se define como articulador,

    orientador, mediador, problematizador e pesquisador integrado com o aluno, ambos

    convivendo em um ambiente relacional conspcuo.

    O embasamento do referencial terico-conceitual inclui dimenses alargadas no

    decorrer do tempo, como o processo de colonizao dos pases e a insero do neoliberalismo

    na conjuntura educacional. Os autores estudados comporo as ideias geridas para o processo

    de realizao e desenvolvimento deste estudo, expressando a singularidade da complexidade

    do mesmo. No obstante, a escolha dos pases (Brasil e Uruguai) para o presente estudo se

    configura no fato de comporem a mesma sub-regio geogrfica (Cone Sul) e passarem nas

    ltimas dcadas do sculo XX, por reformas educativas similares.

    Bray et al (2010), Bereday (1968), Franco (2000), Cowen (2012) e outros,

    subsidiaro a perspectiva metodolgica pautada na educao comparada, a partir do contexto

    de que para se compreender o entorno do sistema educativo, necessrio perceber a histria

    como o principal processo, isto , utiliz-la como mtodo. Essa fundamentao explicitar o

    nascer das universidades, a complexidade da FDU no contexto neoliberal, o ser docente, a

    insero das TDIC no ensino superior e o que as universidades carregam entre semelhanas e

    diferenas.

    A complexidade interpretativa da educao comparada se infere na compreenso do

    contexto social, poltico, econmico, cultural, histrico, educacional, etc., referente ao fato

    investigado. Nesse contexto elucidam-se interpretao dos fatos histricos (evidenciando

    alguns fatos polticos1) e educacionais, a partir do contexto da educao superior luz da

    conjuntura da FDU para o uso das TDIC nos referidos pases.

    1 Entende-se sob o carter de descrio e no de anlise, como sero compostos os fatos histricos e

    educacionais.

  • 23

    Destaca-se que a aplicao da educao comparada incide no confronto dos

    processos educativos, em diferentes contextos, no que tange tempo e espao, consentindo a

    obteno de conhecimentos que talvez no fossem possveis de expressar enfatizando uma

    anlise de uma nica circunstncia, contudo, importa ressaltar que a economia globalizada do

    mundo, a facilitao da comunicao entre distintas culturas, a preciso da integrao poltica,

    social e cultural, a exemplo do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e entre os pases do

    Cone Sul, emerge para estudos do sistema educacional para que se estabelea uma insero

    mais expressa e significativa entre os povos, principalmente no cenrio internacional.

    Logo, importa ressaltar que no sculo XXI, utilizar as TDIC necessrio, integr-las

    ao cotidiano e s prticas escolares uma condio rotineira, pelo fato de estarem ao alcance

    de uma parcela significativa da sociedade. De acordo com Almeida (2005), docentes e

    discentes devem ser considerados sujeitos da aprendizagem, comunicao, interao, seleo,

    articulao e representao das informaes. Aplicar a televiso, vdeo, computadores, internet

    pedagogicamente, promovem no alunado um despertar inovador. Estes j que dispe desses

    recursos em seus domiclios e as informaes veiculadas por cada um destes so caracterizadas

    como naturais, e, se articuladas a estratgia metodolgica da sala de aula, se tornaro

    essenciais para o desenvolvimento dos discentes e docentes, possibilitando a transformao

    dele em pesquisador e em sujeito autnomo.

    Utilizando as TDIC no contexto educacional possvel que o docente perpetre dessa

    experincia um momento singular, elevando o ensino e aprendizagem para um formato

    sistmico, interdisciplinar e colaborativo. Educar perceber que continuamos num processo de

    ao-reflexo, buscando aprimoramento, a fim de contribuir com o procedimento de

    humanizao dos discentes. Esse aprimoramento compreendido quando o trabalho do

    docente e do aluno construdo e transformado alm da sala de aula, ou seja, esteja impetrado

    tambm no cotidiano pessoal e social.

    A qualificao dos docentes para a utilizao das TDIC se torna indispensvel para o

    mbito educacional em que esto inseridos, pois a cada dia, o avano tecnolgico vem sendo

    articulado s prticas pedaggicas, com intenes de mobilizao, preparao para as

    transformaes, vencer as resistncias, integrar as diferentes mdias e a coautoria dos sujeitos

    no processo de ensino e aprendizagem.

    Quando se elucida sobre formao continuada dos docentes, em especial, para o uso

    das TDIC prtica pedaggica, deve-se considerar que este, como afirma Valente (2003),

    tenha acesso irrestrito internet e atue em sala de aula, agregando pedagogicamente no s

  • 24

    contedos tcnicos e informticos, mas outros recursos tecnolgicos, atravs de atividades e

    prticas significativas que realizam e desenvolvam no mbito escolar.

    Para Bonila (2010, p. 3), a escola deve ser o espao tempo no qual haja crtica dos

    saberes, valores e prticas da sociedade, compete mesma, no sculo XXI, oportunizar aos

    jovens a vivncia plena e crtica das redes digitais. Cabe ao docente, inserido na instituio de

    ensino, formar os jovens para a vivncia desses novos espaos de comunicao e produo,

    pois um professor excludo digitalmente no ter a mnima condio de articulao e

    argumentao no mundo virtual, e, por conseguinte, suas prticas no contemplaro as

    dinmicas do ciberespao (p. 3).

    Isso significa que, os docentes devem estar atualizados com os avanos tecnolgicos

    pertinentes ao contexto social. Norteamos a discusso defendendo as necessidades que a era

    das relaes comunicacionais, evidenciada por Moraes (1997) apresenta, e as implicaes

    sobre o progresso das TDIC, assim como o uso destas importante prtica pedaggica, na

    qual os processos de interao, integrao e a relatividade (tempo) tornam-se relevantes para a

    formao do sujeito.

    O carter relevante dessa investigao permeado por elementos pautados nas TDIC

    e como so difundidas pelos cursos/programas ofertados pela UFAL e Udelar, assim como os

    docentes ao participarem destes conseguiram compreender o processo de integrao e

    utilizao das mesmas. Pauta-se ainda, pelos aspectos da FDU, educao comparada e por

    uma breve histria da criao das universidades situadas nos pases: Brasil e Uruguai,

    apresentando pressupostos inerentes maneira de ensinar e aprender. Esta contribuio soma-

    se com os conhecimentos da rea de ensino e reas afins, proporcionando um olhar distinto

    sobre a histria de cada universidade, a FDU, as TDIC e a integrao das mdias prtica

    pedaggica.

    E, para a descoberta da arquitetura reflexiva dessa investigao, dividimos em quatro

    captulos a sua concretude para a formalidade da obteno dos resultados significantes. A

    primeida descoberta, chamada de primeiro captulo, se intitula: Corpus metodolgico

    comparado, delineando o espao da educao comparada no mundo e no Brasil, assim como

    suas caractersticas histricas.

    No essencial, o captulo se assenta a partir das discusses sobre a amplitude do

    mtodo comparado, o entendimento da construo dessa pesquisa, a origem da pesquisa, sua

    delimitao na magnitude das diferenas e semelhanas com as respectivas peculiaridades,

    cujo essa conjuntura permitiu constituir um conjugado de probabilidades para o exerccio da

    comparao. Assim, buscamos explicar e descrever o modo como educao comparada

  • 25

    uma importante aliada para estabelecer relaes e conexes em distintos campos do saber,

    inclusive em pesquisas qualitativas.

    No decurso da descoberta investigativa, o segundo captulo intitulado: O processo de

    implementao das universidades no Brasil e Uruguai que pauta-se em discutir os

    atrelamentos entre um pas e um estado, o processo de colonizao conciliado ao mtodo

    comparativo. A reflexo culmina, justamente com a perspectiva histrica cruzando-a com a

    comparao entre os dilogos do processo de colonizao e o surgimento da histria

    educacional superior nos pases pesquisados, elucidando as semelhanas e diferenas.

    O leitor ter a oportunidade de compreender os fatos exgenos (cultura, fatos

    histricos, influncia estrangeira, entre outros), alm da apropriao terica, na qual

    apresentar as conversas mantidas nas referncias utilizadas como subsdio e a anlise das

    justaposies, contradies e conjuntos de conseqncias colonizadoras conservadas pelas

    aproximaes e distanciamentos das universidades e pases estudados.

    O terceiro captulo se intitula: A formao docente universitria e a prtica docente

    para a utilizao das TDIC nas universidades tm como prerrogativa primeira a questo da

    construo da formao docente nos pases e o processo de inserir as TDIC na sociedade

    contempornea. Na gnese desse pressuposto argumentaremos sobre a demanda das

    instituies e como estas podem ressignificar as prticas docentes com as TDIC e obter aes

    permanentes e essenciais no cotidiano habitual superior.

    Destacamos ainda, como as instituies podem utilizar as TDIC como metodologias

    prtica pedaggica e que esses recursos tambm imprimem um carter relevante para

    superao do excerto do conhecimento, compreendendo a criao de novos espaos, oriundos

    da permanncia do ciberespao, dentro das concepes neoliberais da sociedade

    contempornea. Enfatizando, desse modo, as singularidades sobre a FDU no campo dos

    pases, as TDIC no mbito da FDU e das universidades UFAL e Udelar.

    Identificaremos no captulo 4, intitulado: Os resultados comparados luz das

    anlises: as vozes dos sujeitos sero descritos os resultados das anlises impetrados nas

    latentes inquietudes implantados na problemtica desta investigao. Descreveremos e

    analisaremos as aes dos cursos observados, a partir das respostas do AVA e as dos

    questionrios aplicados aos sujeitos. Comporemos os dados, os sujeitos, alm da descrio e

    anlise das arquiteturas dos cursos e as competncias essenciais para estruturar e desenvolver

    os mesmos. Os resultados foram pautados em consonncia com o desenvolvimento dos cursos

    realizados no perodo de 2013 a 2015. As vozes dos sujeitos foram condicionantes pertinentes

  • 26

    para a efetivao dos dados coletados e significativas para o aprimoramento e

    aprofundamento deste estudo.

    Ao trmino do estudo o leitor ter a oportunidade de refletir sobre os percalos e

    possibilidades das TDIC no ambiente acadmico, a importncia da FDU para a qualificao

    profissional e os processos de compreenso, crescimento e novos conhecimentos sobre a

    educao comparada. Os objetivos traados e o questionamento levantado comprovaro a

    hiptese problematizadora que orientou todo o delineamento investigativo da TESE

    pesquisada, que se sustenta na afirmao: durante o processo investigativo comparado h

    peculiaridades entre os pases, porm evidencia-se que as universidades investem

    gradativamente no avano das mesmas e na qualificao docente, desde o processo colonial,

    mas a FDU caminha em conjunto com a carreira docente, principalmente na UDELAR, logo

    as TDIC no so primordiais para o desenvolvimento da formao em ambas as

    universidades.

  • 27

    1 - CORPUS METODOLGICO COMPARADO

    [...] a educao comparada deve focar o estudo de um

    problema educacional especfico, com o objetivo de

    analis-lo contextualmente, compreend-lo e explic-lo

    (MATTHEOU, 2012, p. 86).

    Este captulo pauta-se em definir e apresentar a proposta metodolgica desse estudo,

    historicamente e no que concernem os trs pilares da educao comparada: porqu, o qu e

    como comparar. O porqu est imbricado no problema da pesquisa: como diferentes aes

    da formao docente universitria para a utilizao das tecnologias digitais da

    informao e comunicao favorecem significaes a prtica docente? As hipteses

    buscam compreender se as demandas destinadas a FDU utilizam as TDIC na prtica

    pedaggica para benefcio da carreira docente, assim como estas favorecem uma qualidade

    significativa nas atividades dos docentes universitrios brasileiros e uruguaios. O qu so as

    duas universidades, UFAL e Udelar e seus programas/cursos como objeto de estudo e o

    sentido de compar-las/los e o como se caracteriza pela definio dos procedimentos e

    instrumentos acentuados metodologicamente.

    Nos captulos seguintes ser apresentado o contexto histrico educacional, o

    surgimento de cada universidade e o seu papel nos pases, ao passo de apresentar as conexes

    das redes de conhecimento que versam sobre a prerrogativa da FDU para a utilizao das

    TDIC no ensino superior. Conforme as leituras de Bray et al (2010), Flick (2009), essa

    apresentao ser aprofundada nesse captulo, a partir de uma descrio histrica indutiva

    assegurada pela anlise documental e contextual, anlises estas que coadunam com os

    preceitos e o significado da educao comparada.

    Com as altercaes sobre o processo de Colonizao, crescimento e estrutura dos

    pases comparados, o entendimento dos bices e percalos educativos de cada pas, suas

    diferenas e semelhanas, com peculiaridades distintas, foram passveis de proporcionar s

    generalizaes advindas de um refinamento e uma condio adequada para que os

    programas/cursos se desenvolvessem qualitativamente e sem restries.

    Ao pesquisar sobre o estudo comparativo no contorno da FDU e TDIC, percebeu-se

    o quo difcil foram s buscas por bibliografias referentes a esta perspectiva, principalmente

    no Brasil. Ademais, na atualidade, h a necessidade de compreendermos como esse assunto

    abordado pelos tericos estudiosos e como se difunde nos pases latino-americanos e demais.

    A educao comparada como define Bray et al (2010), Mason (2010), Carvalho (2008),

  • 28

    Franco (2000), Bereday (1968), entre outros, em amplitude aos outros mtodos considerada

    recente.

    Segundo estes autores, as primeiras pesquisas de cunho cientfico se configuram

    entre os sculos XVIII e XIX, e destinavam-se aos estudos dos sistemas de ensino, em sua

    maioria de carter quantitativo, a cargo de oferecer informaes para que os pases pudessem

    copiar um dos outros o modelo que mais consideravam coerentes com sua regio, em grande

    maioria os com escopos europeus. Assim, ao longo do sculo XIX, diversos pases da

    Europa, Estados Unidos, e, inclusive o Brasil, encarregaram os educadores de empreender

    viagens para realizar estudos a respeito da educao em outros pases (CARVALHO, 2008,

    p. 222).

    Para Franco (2000), o princpio da comparao se incide quanto questo do outro, o

    reconhecimento do outro e, sobretudo, o de si atravs do outro. Comparar uma ao na qual

    percebemos diferenas e semelhanas, alm de adquirir valores nesta relao de

    reconhecimento de si e do outro. um caminho de compreender o outro, a partir dele prprio

    e por excluso, se reconhecer nessa diferena. Para Bray (2010), esse reconhecimento e

    diferena esto ancorados em trs pilares da educao comparada: porqu, o qu e como

    comparar, explicados acima.

    Pases da Europa, especialmente o Reino Unido, os Estados Unidos, Canad, China

    (Universidade de Hong Kong), Argentina e Mxico elevam cada vez mais suas pesquisas

    sobre essa perspectiva. Os pases Uruguai e Venezuela tm avanado e o Brasil, apesar de

    participar da sociedade acadmica especializada na temtica e ter uma sociedade formada,

    ainda caminha timidamente. Cowen (2012) enfatiza que no Brasil h tmidas pesquisas e

    bibliografias brasileiras na rea, faltam bancos de dados organizados, alm da escassez de

    obras sobre esse mtodo. Podemos encontrar pesquisas mais acentuadas com o mtodo

    comparativo nas universidades do Estado do Paran, So Paulo (Unicamp, PUC, outras) e Rio

    Grande do Sul.

    Segundo Carvalho (2008, p. 224), nas dcadas de 1980 e 1990, houve a decadncia

    da educao comparada em decorrncia das intensas crticas s teorias da modernizao, do

    capital humano e do desenvolvimento dependente, assim como dos prprios resultados

    alcanados por ela. Esse desprestgio ps em questo sua validade cientfica, fazendo com

    que ocorresse um processo de revalorizao em nvel internacional. Nesse contexto, o Brasil,

    pouco se efetivou com as pesquisas na rea. A falta de prestgio quando se acosta sobre

    educao comparada, segundo Carvalho (2008), equacionado pela escassez de: a) produo

    cientfica; b) excluso da disciplina Educao comparada nos cursos de graduao e ps-

  • 29

    graduao; c) dificuldades de acesso s bibliografias especializadas e atualizadas; d)

    dificuldade para realizar viagens de intercmbio pelo pouco domnio de idiomas estrangeiros;

    e) ausncia de banco de dados especializados e atualizados; f) falta de docentes qualificados

    na rea e g) escassez de grupos de pesquisa.

    Este equvoco de que o Brasil no elabora estudos comparativos, tende em parte, a

    exigir uma mudana nas condies atuais dos programas de ps-graduao. Todavia, para que

    essa concepo principie uma mudana, no bastam somente encaminhamentos polticos e

    normativos para legitimar a tomada de conscincia sobre o quo relevante o estudo do

    mtodo, mas a capacidade de compreenso de sua significativa importncia no universo

    acadmico. E, com delicadeza, a mudana dever tambm partir das prticas e do discurso

    docente, como acontece no Uruguai.

    1.1 A comparao luz dos intelectuais

    A educao comparada em sua formao teve trs fases, assim destacam os autores

    Bray et al (2010) e Mason (2010), participantes e ex-participantes do Centro de Investigao

    em Educao Comparada (CERC), da Universidade de Hong Kong, Sociedade de Educao

    Comparada de Hong Kong e do Conselho Mundial de Sociedades de Educao Comparada. A

    primeira fase foi chamada de perodo de prstamos, sendo concebida no sculo XIX, por

    volta do ano de 1817, com Marc Antoine Jullien, que considerava a educao comparada

    como uma cincia quase positivista (KALOYIANNAKI e KAZAMIAS, 2012, p. 26). Marc

    Antoine Jullien era diplomata e legionrio a servio de Napoleo Bonaparte e um grande

    estudioso das reas de educao e pedagogia, sobre as quais se dedicou a escrever livros,

    ensaios, memorandos e relatrios.

    A segunda fase, chamada por Bereday (1968) de prediccin, data a primeira

    metade do sculo XX, quando Sir Michael Sadler, do Reino Unido, afirmou que los sistemas

    educativos estn inextricablemente unidos con las sociedades que los financian (BRAY et al,

    2010, p. 26). A terceira e ltima fase chamada de perodo de anlisis enfatiza a evidncia da

    teoria e mtodos. Bereday (1968), terico estudioso desta, contribuiu com sua concepo

    identificando que esse novo perodo era a continuao da tradio da prediccin, com a

    diferena de que antes de tentar a predio e finalmente a transposio deve haver uma

  • 30

    sistematizao do campo, para depois poder expor em sua totalidade o panorama nacional de

    prticas educativas2.

    H autores que concordam com as teorias de Bereday (1968), como Bray et al

    (2010), Mason (2010) e outros, e h autores como Franco (2000) que so absolutamente

    divergentes. Seu mtodo comparativo de anlise guiado por quatro passos: I - Descripcin

    solamente datos pedaggicos; II - Interpretacin evaluacin de datos pedaggicos; III -

    Yuxtaposicin Semejanzas y diferencias y IV - Comparacin comparacin simultnea

    (p.28). A utilizao desses passos como parmetros para analisar as pesquisas com enfoque

    comparativo auxiliam na melhor identificao das similitudes, diferenas, complexidade,

    heterogeneidade em estudos nessa rea. E essa pesquisa se ancorar nos passos III e IV, para

    uma exeqvel apropriao dos dados coletados.

    Mesmo expressando a caracterstica da coleta de dados pelos passos de Bereday

    (1968), considera-se importante evidenciar a crtica de Boas (2010) e Franco (2000). Boas

    (2010) imprime uma crtica ao uso desse mtodo, pois afirma que at fazendo o exame mais

    superficial mostra que os fenmenos podem se desenvolver por uma multiplicidade de

    caminhos e que o mesmo fenmeno tnico pode se desenvolver a partir de diferentes

    fontes (p. 45). O autor, ainda diz para os que defendem esse mtodo que estes no ponderam

    as diferenas entre a utilizao indiscriminada de similaridades culturais, para assim provar

    uma conexo histrica e o estudo detalhado dos fenmenos locais.

    Para o autor a comparao histrica de desenvolvimento muito mais segura do que

    o mtodo comparativo (p. 75), pois esse ltimo baseia-se em dedues primcias. Enfatiza

    que o mtodo comparativo poder atingir seus objetivos se fundamentar suas investigaes

    em resultados histricos para esclarecer as complexas relaes de cada cultura individual

    (Idem). Coadunando com as consideraes de Boas (2010), em uma extenso da sua pesquisa

    comparativa, na qual discute polticas de formao profissional de trabalhadores em trs

    pases: Mxico, Brasil e Itlia, Franco (2000), afirma que para se amparar no mtodo

    comparativo necessrio compreender a histria como processo, ou seja, utilizar a histria

    como mtodo, o que de igual modo, ser considerado nessa investigao.

    Dessa forma, plausvel de se entender quo a questo do outro e das relaes

    interculturais passam a ter um importante lugar nas cincias sociais, nas pesquisas,

    investigaes, sociedade. Franco (2000), afirma ainda, que inevitvel a comparao,

    especialmente quando se realiza um intercmbio, um projeto de cooperao, colaborao. Isso

    2 antes de intentar la prediccin y finalmente la transposicin, debe haber una sistematizacin del campo para

    exponer en su totalidade el panorama nacional de prticas educativas (BEREDAY, 1968, p. 65).

  • 31

    significa inferir que o processo de conhecimento do outro e de si prprio, nessa troca entre

    realidades culturais diversas, implica um confronto que vai alm do mero conhecimento do

    outro. Implica a comparao de si prprio com aquilo que se v no outro (Idem).

    Para Franco (2000), imprescindvel para se realizar estudos comparados na

    educao conhecer os governos a que esto submetidos os pases, povos, regies a serem

    investigadas. E, que estudos nesta perspectiva sem explicar de fatos suas causas ou que no se

    desenvolveram de outra maneira, sero superados ou ficaro obsoletos, sem constiturem

    aferies fundamentais de informaes. Destarte, a histria comparada, se a vimos como um

    dos paradigmas para os estudos comparados em educao apresenta-se como um campo no

    qual so muitas as consideraes metodolgicas e as concepes histricas (Idem).

    Franco (2000) e Schneider e Schimitt (1998), para realizar seus estudos buscaram

    despontar que as principais contribuies da sociologia para o mtodo comparado foi a partir

    das abordagens clssicas de mily Durkheim e Max Weber, e para os ltimos, as de Auguste

    Comte. Conforme Schneider e Schimitt (1998, p. 50), Comte, Durkheim e Weber, cada um

    com sua caracterstica se utilizara do mtodo comparado como instrumento de explicao e

    generalizao. Estes consideravam que a a anlise comparativa encontra-se estreitamente

    relacionada prpria constituio da sociologia enquanto campo especfico do conhecimento,

    permitindo que esta se distancie das outras cincias sociais, demarcando seu terreno prprio

    de atuao.

    Na obra de Schneider e Schimitt (1998), possvel exprimir um aprofundamento nas

    questes metodolgicas e epistemolgicas sobre o uso da comparao. Contudo, pela

    comparao entre dois fatos sociais, ou seja, entre um fato crucial e um fato vulgar (do senso

    comum), que o socilogo pode determinar o que fundamental, estabelecendo a causa

    principal, a partir da qual derivam efeitos e conseqncias diversas e que, portanto, merece ser

    investigada (p. 68).

    Nos estudos realizados por Bray et al (2010) se configuram que as principais razes

    da educao comparada esto na Europa Ocidental. Com os avanos, esta se transformou em

    uma das principais e significativas reas de investigao no mundo. Japo e Coria participam

    das sociedades nacionais de educao comparada desde a dcada de 1960. Mas, na China,

    especialmente na Universidade de Hong Kong, que os estudos acerca deste aspecto ho sido

    mais evidenciados e notados por toda sociedade acadmica. Recentemente, os autores

    associados do Centro de Investigao sobre Educao Comparada da Universidade de Hong

    Kong, permitiram a traduo da obra intitulada: Comparative Education Research:

  • 32

    Approaches and Methods, para a verso em castelhano: Educacin Comparada: enfoques e

    mtodos, organizados pelos autores supracitados.

    Ao longo das leituras da referida obra, ressaltamos vrias instituies que abordam

    suas pesquisas sobre os estudos comparados na educao, tais como: 1) Associao Britnica

    de Educao Comparada e Internacional (BAICE)3; 2) Sociedade de Educao Comparada

    (CES); 3) Sociedade de Educao Comparada e Internacional (CIES); 4) Sociedade

    Canadense de Educao Comparada e Internacional (CIESC); 5) Instituto Internacional de

    Tecnologias da Educao (IITE), 6) Instituto Internacional para a Educao Superior para

    Amrica Latina e Caribe (IESALC), dentre outras.

    Nos ltimos anos h se constitudo e criados inmeras sociedades sobre educao

    comparada. Em 2001, a Argentina efetivou a criao da Sociedad Argentina de Estudios

    Comparados en Educacin (SAECE), cuja todas as produes podem ser acessadas pelo site:

    www.saece.org.ar, com um evento que acontece a cada dois anos e est ganhando fora

    mundialmente. No ano de 2013, no ms de junho, a cidade de Buenos Aires, sediou o XV

    Congresso Mundial de Educao Comparada, no qual foi possvel participar virtualmente, por

    estar em intercmbio no Uruguai.

    Em junho de 2015, sediou o V Congresso Nacional e Internacional de Estudos

    Comparados em Educao, no podendo participar virtualmente deste. A SAECE

    (www.saece.org.ar) tem desenvolvido intensas atividades em decorrncia dos seguintes

    objetivos:

    el desarrollo y la publicacin de estudios, investigaciones y trabajos;

    la constitucin de una comunidade acadmica en la temtica;

    la formacin y capacitacin de especialistas y docentes, principalmente de la

    educacin superior;

    la organizacin de congresos, seminrios, cursos, jornadas y todo tipo de encuentros

    acadmicos, profesionales y educativos;

    la publicacin de boletines, revistas y libros, y

    la difusin de las atividades de la sociedade en el pas y en exterior.

    O xito no alcance dos objetivos destacados pela SAECE precedido pela integrao

    a World Council of Comparative Education Societies (WCCES), pelo apoio dos membros

    participantes da Universidade de Hong Kong e pelo interesse de docentes e discentes pela

    3 As instituies so descritas em ingls, nesse estudo sero descritas e traduzidas para o portugus, para

    facilitao do entendimento, mas as siglas continuaro com a verso original.

    http://www.saece.org.ar/http://www.saece.org.ar/

  • 33

    temtica. Em sua pgina web, http://wcces2013.com/, o XV Congresso Mundial de Educao

    Comparada, menciona que, na atualidade para desenvolver estudos reportados a temtica,

    necessrio:

    contemplar a la educacin desde los primeros aos de vida hasta el final de la misma;

    atender a una Educacin para Todos, desde la bsica a la superior;

    contemplar la formacin y desarrollo profesional de los docentes;

    considerar la diversidad social, cultural y fsica;

    reflexionar sobre las concepciones curriculares que atiendan a esas exigencias y en

    especial al qu y al para qu educar;

    profundizar los estudios sobre el mejor y mas justo aprovechamiento de las nuevas

    tecnologias;

    promover la renovacin de los modelos de gestin que incluyan una planificacin

    estratgica, el desarrollo de procesos de decisin concertados y una evaluacin

    sistemtica de las instituciones educativas, sus alumnos y sus docentes, en el marco

    del contexto cultural y social en que actan.

    Em sua descrio, o XV Congresso Mundial em Educao Comparada coaduna com

    a perspectiva de Boas (2010), evidenciando que para a educao do futuro, imprescindvel

    ter um olhar prspero que seja meramente baseado na histria, presente e nos desafios dos

    novos tempos. Em Bray (2010, p. 39), encontramos discusses sobre quem so os atores na

    educao comparada, estes devem vir em conformidade com propsitos, e de preferncia que

    sejam adequadamente definidos, so eles:

    progenitores pais que fazem busca em instituies eficazes para matricular seus

    filhos;

    profesionales fazem comparao para um melhoramento da instituio a qual

    pertence (gestores, docentes);

    funcionrios tcnicos estudam e examinam os sistemas educativos dos pases;

    organizaciones internacionales comparam diferentes pases, a fim de melhorarem a

    assessoria tcnica que oferecem aos governos e outras instituies;

    acadmicos realizam comparaes para uma melhor compreenso dos sistemas

    educativos em diferentes contextos, assim como o impacto destes no desenvolvimento

    social.

    Observa-se que vrios so os atores que trabalham, pesquisam nessa perspectiva,

    com um nico objetivo, obter valiosas aprendizagens. Ademais, notrio o quo vasto

    http://wcces2013.com/

  • 34

    bibliogrfico tm-se no campo terico da educao comparada no mundo. Alm de autores

    importantes, existem as agncias internacionais que utilizam o mtodo para desenvolver

    estudos sobre os pases. Em sua obra, Bray (2010) destaca a Unesco, o Banco Mundial (BM)

    e a Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico (OCDE).

    Existem vrias agncias internacionais que explanam seu interesse pela pesquisa, em

    ordem terica e prtica, mas as supracitadas se destacam pelo mbito de seus trabalhos serem

    de ordem prtica, e, especialmente tendo como interesse, melhorar a qualidade da educao

    nos pases. No campo acadmico da educao comparada, a Unesco contribui oferecendo

    espao para publicao cientfica na Revista Internacional de Educao, editada pelo Instituto

    UNESCO de Educao Contnua Alemanha e Perspectivas: Revista Trimestral de Educao

    Comparada, editada por Bureau Internacional de Educao da UNESCO Sua.

    Diferente da Unesco, o BM no se preocupa em difundir seus estudos lanando

    algum peridico, ou escrevendo livros, mas publica artigos no Observatrio de Investigao

    do Banco Mundial e na Revista Econmica do Banco Mundial, pois a maioria de seus

    assuntos se concentra no campo da educao comparada, na rea de economia e

    financiamento. A OCDE se iguala ao Banco Mundial, pois se concentra num enfoque

    multissetorial. Uma de suas publicaes mais conhecidas se intitula: Education at a Glance,

    que destaca os pases como unidade de anlises. Existe tambm o Manual Internacional

    OCDE para Estatsticas Educativas Comparadas, com a mesma perspectiva.

    Em 29 de abril de 2013 (ano de intercmbio realizado no Uruguai), na cidade de

    Montevidu se realizou um Seminrio intitulado: Una perspectiva internacional comparada

    sobre evaluacin de alumnos, docentes, centros y sistemas educativos (www.ineed.edu.uy),

    coordenado pelo Instituto Nacional de Evaluacin Educativa (INEEd), com o objetivo de

    apresentar os resultados de um estudo qualitativo chamado: Revisin de marcos y polticas de

    evaluacin educativa, organizado pela OCDE entre os anos de 2009 e 2012.

    Em oportuno destacamos que, no sculo XXI, a educao comparada um mtodo

    de igual importncia/valor que os outros j estudados e que a leitura proporcionou

    compreender que estudar diferenas ou semelhanas, desde que se estabelea a finalidade,

    contribui com os novos tempos que a sociedade contempornea perpassa. Embora, desponte

    um pouco do que abordado, desde o sculo XIX no mundo sobre o mtodo que conduz essa

    tese, h uma preocupao com os tmidos estudos realizados no Brasil.

    Os comparatistas so capazes de compreender, de um lado as transformaes

    maiores do mundo da produo e mesmo da educao, para colocar as verdadeiras

    questes e para poder compar-las? (...) Uma histria da Educao Comparada foi

    escrita? Talvez ela ser bastante til, pois se poder aprender nesta histria pelos

    silncios ou pelos temas impostos, que no correspondem, necessariamente, os

    http://www.ineed.edu.uy/

  • 35

    interesses educacionais dos pases e das populaes tratadas. Muitos atores

    educacionais foram esquecidos, porque emudecidos, em consequncia da violncia

    de um pas sobre outro, ou de certos grupos sociais sobre outros no interior do

    mesmo pas. Descobrir-se-, tambm, que a hegemonia de um pas no mbito

    mundial influenciou os contedos e os mtodos da pesquisa em Educao

    Comparada, dentro da lgica de relaes de fora em pases, mas no dentro daquela

    Educao Comparada (GELPI, 1987, p 4-5).

    Nesse contexto, concordando com Boas (2010) e Franco (2000), considero o quo

    importante para se utilizar esse mtodo estudar a histria, como ser apresentando no

    segundo captulo para situar a conjuntura, para se pensar no processo de construo da

    identidade, formao, e que isso no se estabelece somente por semelhanas e diferenas, mas

    pela busca da diversidade, e, assim que talvez, possa-se entender que a educao uma ao

    de mltiplas prticas educativas.

    1.2 A educao comparada no Brasil

    Muitos docentes, estudiosos, interessados na rea, buscam desenvolver pesquisas no

    mbito da educao comparada, isso se evidencia ao acessar o site da sociedade no Brasil. Ao

    pesquisar incessantemente encontrava tmidas pesquisas, alm de algumas descries do

    mtodo em autores que trabalham e estudam a temtica metodologia cientfica e pesquisa

    educacional, principalmente, com o enfoque no tema de pesquisa: FDU e as TDIC.

    Inmeras foram s referncias encontradas e obtidas efetivamente, porm o caminhar

    para a construo do estudo foi solitrio, por no localizar referncias especficas sobre o

    tema em questo. Esse caminhar solitrio possibilitou descobertas de habilidades e

    competncias para a compreenso das facetas educacionais existentes na educao neoliberal.

    No Brasil, desde 1983, existe a Sociedade Brasileira de Educao Comparada (SBEC)

    (www.sbec.org.br), criada aps reunies com docentes e pesquisadores, especialmente dos

    Estados do Rio de Janeiro e Braslia. No tardio, assumiu um carter nacional e sediou em

    1987, o VI Congresso Mundial de Sociedades de Educao Comparada, na cidade do Rio de

    Janeiro, tendo como participante o ex-presidente da Repblica FHC, na poca Senador. A

    SBEC desenvolve vrios trabalhos na rea de pesquisa e consultoria, e colabora com o Fundo

    das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF) e o MEC.

    Conquanto tenha sido criada no ano de 1983, o estatuto da SBEC s foi aprovado em

    2008, 25 anos aps seu surgimento, com a finalidade de desenvolver, como subscreve no Art.

    2 estudos comparados no campo da educao, visando educao brasileira. Encontra-se

    ainda, no site, indicao de cinco links que levam a leituras de livros e resumos de Teses e

    http://www.sbec.org.br/

  • 36

    Dissertaes desenvolvidas na rea, do ano de 2008 a 2011, alm de pesquisadores associados

    de vrios Estados Brasileiros, inclusive de Alagoas, com dois membros cadastrados e

    professores da UFAL.

    Continuando as pesquisas, autores como Bonitatus (1989), Burbules e Torres (2004),

    Carvalho (2008), Canrio (2008), Dale (2004), Franco (2000), Furter (1982), Goergen (1991),

    Saviani (2001), Gonalves e Silva (2000), Loureno Filho (2004), Madeira (2009 e 2011),

    discutem que na educao comparada importante se utilizar de ferramentas para a pesquisa

    que possam extrair potenciais contemporneos e tecnolgicos ao comparar as realidades

    sociais de cada pas. Debruam-se sobre a educao comparada, mas com a nfase de

    conceitu-la, evidenciar o estado da arte, em diferenciar os sistemas polticos, sociais e

    educativos dos pases com o Brasil, e em polticas e gesto da educao como afirma Saviani

    (2001), do mesmo modo estudos de carter quantitativos, notando-se a escassez no que tange

    a temtica abordada nessa investigao de cunho qualitativo, perante as pesquisas realizadas

    para esse estudo.

    A CAPES realizou no dia 19 de maro de 2013, em parceria com a UNESCO, o

    Seminrio Internacional Educao Comparada e novas Abordagens na Formao Docente,

    http://seminarios.capes.gov.br/educacaocomparada/, com o objetivo de debater as conquistas

    e os desafios da formao de docentes, por meio da anlise de experincias internacionais na

    rea de educao assim como debater a Educao Comparada no contexto das necessidades

    de aperfeioamento de professores da educao bsica.

    O evento promoveu ainda, a publicao dos volumes I e II do Livro: Educao

    Comparada: panorama internacional e perspectivas, organizado pelos autores: Robert Cowen,

    Andreas M. Kazamias e Elaine Ulterhalter (2012). O volume I, com a seo: colonialismo

    apresenta um apanhado histrico mundial da temtica, bem como a formao poltica e os

    sistemas de ensino, e uma seo sobre industrializao, economias do conhecimento,

    educao e um captulo sobre a sociedade em rede de Manuel Castells. O volume II, com a

    seo: ps-colonialismo apresenta as rupturas dos pases aps o colonialismo, comparaes

    sobre as questes de gnero, pedagogia comparada, a tecnologia digital e a educao

    comparada em diversos contextos.

    Cowen (2012) discute que enormes so as dificuldades para quem quer ser

    reconhecido como especialista em educao comparada, pelo fato de se realizar o resgate

    histrico, no qual muitas vezes o acadmico no dispe financeiramente de recursos para

    viajar e/ou desenvolver as pesquisas. Mesmo com o advento da internet, indispensvel

    presena nos locais que querem investigar. Conclui ainda (p. 21), que h tambm o receio do

    http://seminarios.capes.gov.br/educacaocomparada/

  • 37

    choque que vir mais tarde, concluda a leitura dos dois volumes, quando percebermos que

    no temos, em verso impressa, uma histria sria da educao comparada no Brasil ou no

    Uruguai.

    Em nossos peridicos brasileiros especializados h algumas boas sugestes sobre

    em que direo uma histria deve ir, mas justamente a isso que me refiro: temos artigos e

    sugestes; e no temos histrias (Idem). Destarte, corroboramos com o autor, que no temos

    essa histria sobre a educao comparada brasileira, somente tmidos estudos que comparam

    o Brasil com outros pases. No caso da investigao desenvolvida, ainda mais preocupante,

    pois a raridade de bibliografias de fato um problema no qual devemos buscar formas de

    solucion-lo.

    1.3 O porqu e o qu comparar?: a origem da pesquisa.

    Eleger a educao comparada no mbito qualitativo subjaz um adequado

    entendimento quanto ao processo de desenvolvimento e hermenutica dos fenmenos e fatos

    sociais pesquisados. O desafio dessa metodologia se galga em compreender e interpretar toda

    a complexidade da formao docente universitria e a utilizao das TDIC nas universidades

    dos dois pases investigados, quanto as suas magnitudes desde o colonialismo. Aps o

    relatrio final do Projeto Apoyo al Programa de Movilidad Mercosur en Educacin

    Superior, articulado a ao: Construccin cooperativa de polticas y estratgias de

    formacin de docentes universitrios en la regin/EuropeAid/130695/M/ACT/R06-18, no

    qual foi possvel participar, no perodo entre 2011 e 2012, consentiu inquietudes manifestas,

    que determinaram os desgnios para investigar sobre a FDU e as TDIC nas universidades

    participantes dos pases: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

    Essa latente inquietao inferiu em primeira instncia construo de um projeto que

    abarcava comparar os quatro pases mencionados. Faz-se mister antecipar, que essa

    investigao foi passvel de concluso pelo fato da pesquisadora ter participado de um

    intercmbio no Uruguai e conseguido participar dos momentos significativos que subsidiaro

    a amostra dessa pesquisa. Aps esse intercmbio, as percepes foram identificadas e

    delineadas durante as observaes das unidades de apoyo a la enseanza, conduzindo a

    concretude da problemtica que constituiu a delimitao e o fundamento dessa pesquisa,

    considerando comparar dois pases e no quatro.

    O que mais incomodou foi que na universidade do Uruguai Udelar, h uma

    comisso instituda e preocupada com a formao do docente universitrio, desde 1993, na

  • 38

    qual oferta cursos em todas as reas e com seus respectivos representantes, constituindo as

    unidades de apoyo a la enseanza, organizando a RED UAEs, diferentemente do Brasil -

    UFAL, em que somente no ano de 2013, se inicia o processo de institucionalizao do

    Proford.

    Com vistas superao da inquietude, o olhar sobre o processo de formao

    docente brasileiro, especialmente em Alagoas, preconizou a incessante busca pela definio

    terica, o embasamento e o direcionamento dos espaos a serem observados. O subsdio

    consistiu em apreender como se arquitetou o processo de colonizao entre os dois pases, o

    modelo neoliberal de ensino, os surgimentos das universidades, o delineamento da formao

    docente e as TDIC na sociedade contempornea, alm do desenvolvimento dos

    programas/cursos.

    O colonialismo prescindiu paradigmas e caractersticas europias nos pases, alm de

    estabelecer padres aos sistemas de ensino. Ao passar das dcadas, o modelo neoliberal

    impetrado no sistema capitalista foi ganhando foras e atingiu os sistemas de ensino, que na

    sociedade contempornea tem interferido na educao propondo modelos empresariais para

    a organizao e gesto escolar e defendendo a idia da mercantilizao da Educao

    (MARCONDES, 2005, p. 158). Para Neves (2002), Santom (2003) e Marcondes (2005), esse

    modelo estimula aos cidados se comportarem e se veem como um conjunto de

    consumidores, a se conformarem com seus papis, no contemplarem a educao como

    direito, e sim como servio.

    O modelo neoliberal permitiu ainda o engrandecimento da globalizao, que

    consentiu num avano tecnolgico, virtual e dinmico, no que tange o tempo e velocidade que

    as informaes so processadas e modificadas, tudo isso em funo da instantaneidade da

    veiculao e firmes descobertas cientficas. Como essas informaes esto por toda parte,

    sobretudo, pelos avanos permanentemente constantes, h problemas complexos, que em

    grande maioria so difceis de ser solucionados em tempo hbil, como por exemplo, formar-se

    nos sistemas de ensino atuais.

    Pode-se considerar, frente aos impactos da globalizao, que a educao comparada

    neste prisma tem um papel emergente (apesar de pouco valorizada na esfera acadmica

    brasileira), e que diante das mudanas sociais ela sofrer sempre reformulaes em funo das

    transformaes que se apresentam diariamente. As escolhas dos pases, locais, regies a serem

    investigadas encontram-se vinculadas, em um primeiro instante, problemtica geral: como

    as diferentes aes da formao docente universitria para a utilizao das tecnologias digitais

    da informao e comunicao favorecem significaes a prtica docente?

  • 39

    Essa escolha tambm se vincula aos seguintes objetivos: 1) analisar as diferentes aes

    da formao docente no Brasil e no Uruguai para a utilizao das TDIC e suas significaes a

    prtica pedaggica; 2) elucidar as demandas destinadas a FDU e seus benefcios, quanto ao

    uso das TDIC dos docentes brasileiros e uruguaios, comparando o favorecimento no

    desempenho de suas atividades em sala de aula, 3) investigar como a FDU dispe de

    oportunidades tecnolgicas para a construo do conhecimento no processo de aprendizagem

    permanente e 4) evidenciar atravs do estudo terico-bibliogrfico, a partir dos aspectos

    metodolgicos da educao comparada, a influncia colonial sobre o processo da FDU e

    TDIC na educao. Esses anseios esto articulados pela anlise das seguintes categorias: a) a

    construo do ensino superior nos pases, b) fatos exgenos e endgenos, c) ofertas de

    cursos/programas e suas abordagens e d) atividades utilizando as TDIC em sala de aula, que

    do origem a investigao e em outro ao mtodo de anlise selecionado, nesse caso, o mtodo

    comparativo, entrelaado a perspectiva histrica interpretativa e a abordagem terica

    fundamentada.

    Assim, o mtodo comparativo envolve a comparao de dados coletados em

    diferentes sociedades ou culturas em termos do fenmeno a ser comparado (MOREIRA e

    CALEFFE, 2006, p. 57), para ressaltar as similaridades e dissimilaridades entre eles.

    Referindo-se