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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DARLENE BRANDÃO DE ALMEIDA ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP DE MUTHER PARA UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO JOÃO PESSOA - PB 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DARLENE BRANDÃO DE ALMEIDA

ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP DE MUTHER PARA

UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

JOÃO PESSOA - PB 2006

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DARLENE BRANDÃO DE ALMEIDA

ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP DE MUTHER PARA

UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação (PPGEP), da Universidade Federal da Paraíba-UFPB, como requisito necessário para a obtenção do grau de mestre em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues

JOÃO PESSOA – PB 2006

A447a Almeida, Darlene Brandão

Adaptação do sistema SLP para unidades de comercialização de pescado / Darlene Brandão Almeida - João Pessoa, 2006.

111f. il.: Orientador: Prof. Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Programa de

Pós - Graduação em Engenharia de Produção / UFPB. 1. SLP 2. Pescado 3. Qualidade I. Título

CDU: 658.5:639.2(043)

DARLENE BRANDÃO DE ALMEIDA

ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP PARA UNIDADES DE

COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

Dissertação julgada e aprovada em ____de _________________de 2006 como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Prof: Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues

(Orientador)

__________________________________________________ Prof. Dr. Paulo José Adissi

Examinador

________________________________________________ Prof: Dr. Jimmy de Almeida Lelis

Examinador

Dedico este trabalho a memória de meu pai, Severino

Alves de Almeida, e a minha mãe Maria José

Brandão de Almeida pelo exemplo, pela dedicação,

pelo amor . pelos ensinamentos na minha vida, pois

sem eles eu não estaria conquistando mais essa

vitória.

A minha filha Susana razão da minha vida, que na sua

inocência através de seu companheirismo, me incentivou a

chegar até aqui e me ensinou que com amor se vai mais longe

do que imaginamos.

AGRADECIMENTOS

A DEUS por sua imensa proteção, pois sem ele não teria conseguido caminhar até

aqui

Aos meus irmãos Disnaldo, Disraéli, Daisy, Denes, Dione, Darlan, Dilton,

Deves, Dirlene, Lúcia e toda a minha família pelo apoio e incentivo.

Aos meus amigos pelo companheirismo e apoio.

Ao meu orientador Prof: Dr. Celso Luiz Pereira Rodrigues pela dedicação,

paciência, amizade e apoio.

A Rosangela Herculano pela amizade e dedicação.

Aos companheiros de estudos Regina, Cristiane, Manoel Pinto, Dácio e Marcelo

Bibiano pelo incentivo e companheirismo na nossa jornada.

Ao amigos Marcos Vinicius, Patrícia e Socorro pelo apoio no Ministério da

Agricultura.

A Colônia dos Pescadores Z-1 pelo apoio e disponibilidade para ajudar.

Ao pessoal da Balança da Pajuçara em especial ao Sandro pelo apoio.

Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Alagoas (CEFET/AL) pelo

apoio.

A minha sobrinha Eliana pela tradução do resumo.

A Fátima Lippo pelo apoio, paciência e amizade.

RESUMO

Essa pesquisa foi feita visando oferecer uma contribuição para o planejamento das instalações de unidades de comercialização pescado, onde existe a necessidade de se adaptar um sistema eficiente que garanta a qualidade. Para isso foi realizado um estudo no sentido de adaptar um método já estabelecido e conhecido, o sistema SLP (Sistematic Layout Planning) com a intenção de apresentar passo a passo de maneira didática os procedimentos do referido sistema na elaboração de um projeto de uma unidade de comercialização de pescado. Assim na realização dessa dissertação foram analisados resultados da pesquisa de campo para conhecimento de sistema, e uma pesquisa bibliográfica no sentido de aproveitamento e introdução dos novos dados. O estudo proposto incorpora os critérios de condições de higiene e segurança no trabalho na própria elaboração do projeto, utilizando o sistema SLP de Muther, ficando contudo aberto a otimizações no sentido de melhorar a qualidade do produto aplicando para isso o sistema APPCC (Análise de Perigo em pontos Críticos de Controle) de controle de qualidade de alimentos oferecido aos consumidores e também a qualidade de vida dos trabalhadores.

Palavras chave: Planejamento de instalações. Pescado. Qualidade.

ABSTRACT

This work aims to contribute with the planning of fish commercialization units’

installation. It is known that this kind of installation needs to adopt an efficient planning system to guarantee the quality of the products. It was done a study in order to apply a known method called SLP (Systematic Layout Planning) to elaborate the planning of fish commercialization units. This study intended to present all the details, step-by-step, of the SLP procedures in the elaboration of this planning. To this end, we analyzed the results of a field research to know the system and a bibliographical research to introduce new information and use the existing one. It was incorporated criterions of hygiene conditions and work security in the development of the project using SLP. The optimizations to increase the quality of the products offered to the consumers should be done, applying the quality control system HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point System). Key-words: Planning of installation. Fish. Quality.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estruturação de fases do sistema SLP......................................................................14

Figura 2 - O sistema de procedimento SLP..............................................................................24

Figura 3 - Diagrama p-q ..........................................................................................................26

Figura 4 - Símbolos usados na diagramação de processos de fabricação ................................28

Figura 5 - carta de interligações preferenciais.........................................................................29

Figura 6 - Diagrama das inter-relações entre atividades ..........................................................31

Figura 7 - Diagrama de fluxo de processo de pescado fresco ..................................................36

Figura 8 - Atos inseguros.- Deixar de utilizar equipamentos de segurança .............................65

Figura 9 - Acondicionamento inadequado................................................................................66

Figura 10 - Ordenação deficiente do processo .........................................................................66

Figura 11 - Instalações reduzidas .............................................................................................67

Figura 12 - Saneamento inadequado ........................................................................................67

Figura 13 - Condições inseguras- instralações elétricas inadequadas ......................................67

Figura 14 - Condições inseguras. Elementos elétricos mal isolados........................................68

Figura 15 - Condições inseguras – inadequação ergonomica...................................................68

Figura 16 - Fluxo de materiais..................................................................................................78

Figura 17 - Fluxo de materiais inerentes à solicitação do consumidor ....................................79

Figura 18 - Fluxo de materiais quando solicitado inteiro.........................................................80

Figura 19 - Carta de interligações preferenciais.......................................................................81

Figura 20 - Diagrama de inter-relações de espaço ...................................................................83

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características, vantagens e desvantagens dos tipos de arranjo físico...................21

Quadro 2 - Processos em ordem de volume crescente, e variedade decrescente .....................22

Quadro 3 - Inter-relações padronizadas...................................................................................30

Quadro 4 - Código/razão ..........................................................................................................81

Quadro 5 - Valor/proximidade .................................................................................................81

Quadro 6 - Inter-relações padronizadas....................................................................................82

Quadro 7 - Alterações propostas no projeto de adaptação do sistema SLP .............................86

SUMÁRIO

CAPÍTULO I - CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................12 1.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ..........................................................................12 1.2 OBJETIVOS.................................................................................................................15 1.2.1 Objetivo Geral ..............................................................................................................15 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................15 1.3 MÉTODOS...................................................................................................................15 CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................19 2.1 ARRANJO FÍSICO ......................................................................................................19 2.1.1 Aspectos conceituais ....................................................................................................19 2.1.2 Arranjo físico e planejamento do arranjo físico ...........................................................20 2.1.3 Tipologia do arranjo físico ...........................................................................................20 2.1.4 Arranjo físico de Müther ..............................................................................................22 2.1.4.1 Roteiro do Sistema SLP................................................................................................23 2.2 LAYOUT DE UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO ..................34 2.2.1 Pré requisitos para o processamento do pescado fresco...............................................37 2.3 ASPECTOS ERGONÔMICOS NO AMBIENTE FÍSICO DAS UNIDADES DE

COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO......................................................................37 2.3.1 Ventilação.....................................................................................................................37 2.3.2 Iluminação ....................................................................................................................38 2.3.4 Riscos ...........................................................................................................................39 2.4 SEGURANÇA ALIMENTAR .....................................................................................43 2.5 O SISTEMA APPCC (ANÁLISE DE PONTOS DE PERIGO EM PONTOS

CRÍTICOS DE CONTROLE). .....................................................................................44 2.5.2 Identificação de perigos químicos, biológicos e físicos na comercialização do pescado

de acordo com o sistema APPCC na indústria, Programa Ações Móveis SENAI (2000)......................................................................................................................................47

2.5.2.1 Lista de perigos biológicos relacionados com as matérias-primas, ingredientes e etapas do processo ...................................................................................................................47

2.5.2.2 Lista de perigos químicos relacionados com matérias-primas, ingredientes e etapas do processo ........................................................................................................................48

2.6 TÉCNICAS DE RESFRIAMENTO PARA A INDÚSTRIA DE PESCADO.............49 CAPÍTULO III - LEGISLAÇÃO .........................................................................................52 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE LEGISLAÇÃO ............................................52 3.2 DESCRIÇÃO DA PORTARIA Nº326 – SVS de 30 de julho de 1997........................52 3.3 CÓDIGO DE EDIFICAÇÕES E URBANISMO DO MUNICÍPIO DE MACEIÓ.....54 3.3.1 Análise do código de edificações e urbanismo de Maceió...........................................55 3.4 CÓDIGO MUNICIPAL SANITÁRIO DA CIDADE DE MACEIÓ...........................56 3.5 ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO .....56 3.5.1 NR-4 Serviços Especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho

......................................................................................................................................57 3.5.2 NR -8 Edificações.........................................................................................................57 3.5.3 NR- 17 Ergonomia .......................................................................................................57 3.5.4 NR- 23 Proteção contra incêndio .................................................................................58 3.5.5 NR- 24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho ..............................58

3.5.5.1 Instalações sanitárias ....................................................................................................58 3.5.5.2 Vestiários ......................................................................................................................59 CAPÍTULO IV - DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE

PESCADO ...................................................................................................................61 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................61 4.2 HISTÓRICO.................................................................................................................61 4.3 A INDÚSTRIA DE PESCADO ...................................................................................61 4.4 ASPECTOS DE SEGURANÇA ..................................................................................62 4.4.1 Levantamento e sistematização do processo do produto..............................................62 4.4.2 Análise geral das condições de trabalho.......................................................................65 4.4.2.1 Atos Inseguros ..............................................................................................................65 4.5 RISCOS EXISTENTES NAS UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE

PESCADO....................................................................................................................68 4.6 AVALIAÇÃO DA UNIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO.............70 4.6.1 Tipos de riscos encontrados na unidade de comercialização usada como exemplo:....70 4.6.2 Área destinada aos resíduos..........................................................................................72 4.6 3 Área de acesso da clientela...........................................................................................72 4.6.4 Área de manipulação do Pescado .................................................................................72 CAPÍTULO V - ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP DE MUTHER PARA UNIDADES

DE COMERCIALIZAÇÃO DO PESCADO ...........................................................74 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................74 5.2 DADOS DE ENTRADA..............................................................................................74 5.2.1 Produtos ........................................................................................................................74 5.2.2 Quantidade....................................................................................................................75 5.2.3 Roteiro ..........................................................................................................................75 5.2.3.1 Recepção.......................................................................................................................75 5.2.3.2 Seleção e classificação..................................................................................................76 5.2.3.3 Evisceração e lavagem .................................................................................................76 5.2.3.4 Acondicionamento e resfriamento................................................................................76 5.2.3.5 Pesagem........................................................................................................................76 5.2.3.6 Corte/ Filetagem ...........................................................................................................76 5.2.3.7 Expedição .....................................................................................................................76 5.2.4 Serviços de Suporte ......................................................................................................77 5.3 FLUXO DE MATERIAIS............................................................................................78 5.3.1 Fluxo de materiais inerentes à produção de serviços ...................................................78 5.3.2 Fluxo de materiais inerentes à solicitação do consumidor ...........................................78 5.3.2.1 fluxo de materiais quando solicitados cortes................................................................79 5.3.2.2 Fluxo de materiais quando solicitado pescado inteiro..................................................80 5.4 CARTA DE INTERLIGAÇÕES PREFERENCIAIS ..................................................80 5.4.1 Carta de interligações preferenciais..............................................................................81 5.4.2 Inter-relações padronizadas ..........................................................................................82 5.5 DIAGRAMA DE INTER-RELAÇÕES DE ESPAÇO ................................................82 5.6 LIMITAÇÕES PRÁTICAS..........................................................................................83 CAPÍTULO VI - CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES FINAIS ..................................87 6.1 CONCLUSÃO..............................................................................................................87 6.2 RECOMENDAÇÕES FINAIS.....................................................................................88

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................90 APÊNDICE A - Edificação horizontal apresentando as peculiaridades de uma unidade de

comercialização de pescado..........................................................................................94 APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO ........................................................................................96 ANEXO - Portaria nº 326 – SVS/MS de 30 de julho de 1997................................................97

CAPÍTULO I - CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Em decorrência de diversos fatores, os hábitos alimentares vêm sendo

modificados. Germano (1998), por exemplo, afirma que nos últimos anos tem-se observado o

crescimento da oferta de pescado de qualidade no mercado interno, fator que pode direcionar

o consumo, em especial pela oferta de novas formas de apresentação deste alimento perecível

que não seja a tradicional enlatada.

Consequentemente, as unidades de comercialização deste tipo de produto tendem a

crescer em quantidade, e a diversificar-se em tipologia. Em algumas cidades existem peixarias

que podem ser classificadas como classe A, apesar de ainda serem poucas. A situação mais

freqüente ainda é a da comercialização do pescado in natura, com reduzido nível de

manipulação, como é o caso do entreposto conhecido como “Balança da Pajuçara” situado no

bairro de mesmo nome, na cidade de Maceió (AL).

Este tipo de estabelecimento possui características peculiares. Por exemplo, o

processo produtivo que aí ocorre usa uma matéria prima (o pescado) perecível, e envolve

operações (como a evisceração, a retirada de escamas e a filetagem) em que partes limpas e

sujas são muito próximas, o que acaba por compor uma situação plena de riscos para a saúde

pública.

O projeto de arranjo físico para tais estabelecimentos deveria, pois, ser um

instrumento para que o produto comercializado (pescado) fosse de boa qualidade, o que deve

ser atestado tanto pelos consumidores quanto pelos serviços de inspeção sanitária. Afinal, o

arranjo físico poderia, por exemplo, garantir que as seções pelas quais o pescado circula

(desde a recepção, armazenamento, preparação, etc.) se posicionassem de forma a que não

houvesse interferência entre áreas sujas (como a recepção) e áreas limpas (manipulação).

Para facilitar o alcance de tal intento, seria interessante que a literatura da área de

Arranjo Físico apresentasse técnicas que permitissem aos projetistas de entrepostos de

comercialização de pescado a construção de propostas com as características mencionadas

anteriormente.

13

Ao se fazer uma revisão bibliográfica sobre o assunto, constata-se a existência de

metodologias gerais, como é o caso de Sistema SLP (Sistematic Layout Planning). Este

sistema foi proposto por Muther (1978) para o planejamento de instalações, originalmente

para o planejamento de fábricas, mas podendo ser adaptado em qualquer tipo de instalações.

De forma resumida (já que ele será mais detalhado nos próximos capítulos), este sistema

envolve quatro fases: a fase I diz respeito à localização, e busca estabelecer o melhor local

para se implantar o estabelecimento em projeto; a fase II corresponde ao arranjo físico geral, e

nela se estuda a localização das edificações no terreno selecionado na fase anterior; a fase III

estabelece o arranjo físico detalhado, posicionando todos os equipamentos que participam do

processo produtivo, nas edificações definidas na fase anterior; e por fim. A fase IV cuida da

implantação do arranjo projetado. Este roteiro é mostrado na figura 1. Por razões que serão

mais adiante apresentadas, o presente estudo se limitará ao planejamento do arranjo físico

fgeral (fase III).

No entanto, quando se visitam unidades de comercialização de pescado, como por

exemplo o caso da Balança da Pajuçara, percebe-se a existência de vários problemas, alguns

dos quais já constatados pela vigilância sanitária, e denunciados pela imprensa local. Como a

matéria publicada no Jornal Gazeta de Alagoas onde foi verificada a carência de

equipamentos destinados à conservação, transporte e comercialização que vem acarretando

desperdícios significativos à produção e reduzindo a oferta de peixe para a população.Tais

problemas gerado pela falta de estrutura põe em risco a segurança dos comercializadores e o

consequente afastamento dos consumidores. Mais especificamente, percebe-se na Balança da

Pajuçara a mistura entre áreas sujas e limpas (com evidentes possibilidades de contaminação).

A constatação de que o layout da Balança da Pajuçara é feito de maneira aleatória

e artesanal, sem se apropriar dos ganhos obtidos em algumas aplicações industriais, que ao

direcionarem de forma lógica e sem pontos de estrangulamento, com base nos fluxos de

processos, conseguirem resultados expressivos em termos de qualidade, confiabilidade,

produtividade e flexibilidade, lembra as conclusões tiradas de trabalhos anteriores.

14

.

Figura 1 - Estruturação de fases do sistema SLP Fonte: Adaptado de Müther (1978, p.5).

Rodrigues (1993), por exemplo, afirmou que a existência de projetos de unidades

produtivas conduzidos de forma empírica e fragmentada, em especial no que se refere à

segurança, se deve a aspectos culturais (formação não integrada, especialista, que caracteriza

vários cursos ofertados pelas universidades), a aspectos práticos (já que os profissionais

projetistas em geral não são cobrados quanto a esta integração), mas passa também pela

inexistência de instrumentos técnicos (metodologias de projeto) que promovam a citada

articulação.

Souto Maior (2002), após lembrar que “A falta de metodologia acarreta, geralmente,

prejuízos [...] gerando gastos desnecessários com reformas e soluções para suprir o

desconforto ambiental” ,propõe que sejam desenvolvidas metodologias específicas a cada

situação projetual.

Dentro desta perspectiva, a presente dissertação faz uma adaptação de SLP à situação

de projeto de unidades de comercialização de pescado. A idéia, como será mais

detalhadamente apresentada nos capítulos seguintes, foi a de identificar características típicas

da atividade produtiva em tela, tais como as normas reguladoras quer da segurança alimentar

(emanadas da ANVISA- Agência nacional de Vigilância Sanitária), quer da segurança e saúde

do trabalhador (oriundas do Ministério do Trabalho, como Norma Regulamentadora 23), ou

mesmo técnicas específicas recomendadas para o setor (como é o caso do APPCC- Sistema de

Análises de Perigos em Pontos Críticos de Controle, instrumento recomendado para

15

identificar os riscos que possam ameaçar a qualidade do pescado comercializado). Tais

normas e técnicas constituem parte das limitações aventadas por Müther, e sua listagem e

explicitação é, pois, uma contribuição à atividade projetual.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Adaptar o sistema SLP ao planejamento de unidades de comercialização de pescado.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Estudar as legislações específicas para o funcionamento de unidades de

comercialização de pescado;

• Levantar dados da produção de pescado;

• Identificar os fatores de risco à segurança alimentar usando o sistema APPCC de

qualidade;

• Diagnosticar a situação atual do arranjo físico das unidades de comercialização de

pescado, observando também seus aspectos ergonômicos e o atendimento às

normas de HST para essa atividade produtiva;

• Listar elementos básicos da indústria do pescado para a geração do projeto do

arranjo físico;

1.3 MÉTODOS

Para facilitar a compreensão do método aplicado foi elaborado fluxograma a

seguir:

16

O ponto inicial do presente estudo foi a compreensão plena de cada passo do

procedimento proposto por Müther, construída a partir de revisão do texto. O arranjo físico

baseado no sistema SLP mostra-se ideal para ser aplicado no planejamento de unidades de

comercialização de pescado, por permitir que as partes se integrem segundo um programa

coerente, facilitando o estabelecimento de uma seqüência lógica para mudanças.

A partir daí, procurou-se verificar quais especificidades apresentam estes passos

quando desenvolvidos com a intenção de se projetar uma unidade de comercialização de

pescado. À guisa de exemplo, Müther cita como chave para o projeto os dados sobre

Produto(P) e Quantidades (Q). No caso em tela, estes produtos serão peixes e crustáceos cujas

características (tamanhos, pesos, etc) devem ser de conhecimento do projetista do entreposto.

No momento seguinte, procurou-se identificar um subconjunto destes passos,

formado por aquelas ações que requerem uma base (seja em termos de informações, seja em

termos de técnicas) comum em diversos projetos, para reunir informações que possam melhor

instrumentalizar estes passos. A informação citada no exemplo do parágrafo anterior é um

caso deste tipo, pois as características da cavala ou do namorado ou do badejo são

praticamente as mesmas, independente da localidade em que se pretenda instalar o entreposto.

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

LEVANTAMENTO DE CAMPO

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS

ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP DE MUTHER

PREPARAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE PESQUISA

17

Para os elementos componentes deste subconjunto, procurou-se reunir informações

que pudessem se transformar em subsídios aos projetistas de futuras unidades. Nesta fase, a

experiência acumulada em estudos anteriores, desenvolvidos sobre a “Balança da Pajuçara”

(unidade de comercialização de pescado situada no bairro de mesmo nome do município de

Maceió) foi uma fonte significativa de contribuições. Afinal, foi através de tais estudos que se

pôde perceber a influência de atos normativos emanados de poderes regionais, como o Código

de Obras (a nível municipal, o que leva à existência, ao longo do texto a menções ao código

do município de Maceió) ou normas do Corpo de Bombeiros (instância de nível estadual, o

que levou a algumas menções no corpo do texto às do Estado de Alagoas, inda que com

caráter ilustrativo).

Assim sendo, a presente dissertação pode ser classificada como um ensaio

exploratório, em que, a partir de estudos desenvolvidos sobre o caso da balança da Pajuçara,

se tenta inferir uma adaptação da metodologia de Müther, sem chegar à sua experimentação.

O levantamento bibliográfico foi realizado através da leitura de periódicos, livros,

artigos em jornais e em sites da Internet, cobrindo as áreas de Planejamento das Instalações,

Segurança do trabalho (em especial riscos biológicos, físicos e químicos) e Alimentar,

Engenharia de Alimentos e Legislação Sanitária.

No levantamento de dados em campo, foram realizadas observações diretas (a

partir da análise de diagramas, anotações internas, fotografias, planta baixa, instalações

elétricas e hidráulicas, conforme apêndice A), entrevistas (que seguiram roteiro mostrado no

apêndice B), além da análise de documentação pertinente ao assunto, como Portarias, Normas

Regulamentadoras e outros textos, enumerados no capítulo III.

Para finalizar, cabe mencionar que o presente estudo se restringirá à segunda das

quatro etapas citadas por Müther (arranjo físico geral). Optou-se por não tratar das três outras

etapas por se perceber que, nelas, as chances de se apresentar alguma contribuição

generalizante, seriam bastantes escassas.

Afinal, os estudos de localização (etapa primeira citada por Müther) seguem

estudos e teorias bastante distintas, e cujos fundamentos não se tornam peculiares para o caso

do pescado. A localização próxima ao mercado fornecedor, os fatores locacionais (como

incentivos fiscais), e os demais fatores a serem apreciados são típicos das teorias econômicas,

e frequentemente não são decisões tomadas pelos projetistas dos entrepostos.

Já as fases terminais (III- arranjo físico detalhado, e IV- implantação), são por

demais específicos. É possível, por exemplo, como ocorre na balança da Pajuçara, que não se

tenha ali a comercialização de crustáceos, em função das características da frota pesqueira da

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região. Assim, o mobiliário, os recipientes, as ferramentas, etc, são específicas, e ensejarão

esforços do projetista do estabelecimento.

No próximo capítulo, apresenta-se uma síntese da revisão bibliográfica realizada,

sobre planejamento das instalações, com especial ênfase na metodologia sugerida por Müther

e a ser aqui adaptada. Aborda-se também neste capitulo a questão do processamento de

pescado, inclusive no que se refere aos riscos ali existentes. No terceiro capitulo, o foco é

colocado na legislação que regulamenta a atividade em estudo. Como já comentado, esta

legislação pode ser de âmbito federal (como as normas regulamentadoras de proteção ao

trabalho), ou estadual (como as instruções do Corpo de Bombeiros) ou até mesmo municipal

(como os Códigos de Obras). A intenção é compactar as normas (em seu conteúdo ou em sua

tipologia) que devem ser contempladas quando do projeto de estabelecimentos do tipo aqui

tratado. O quarto capítulo contém uma avaliação de unidades de comercialização, fortemente

calcada no estudo do caso da Balança da Pajuçara, o que serve para observar pontos a serem

observados com maior rigor quando da atividade projetual. Todos estes preparativos

desembocam no capítulo 5, onde se apresentam, então, algumas contribuições no sentido de

tornar o Sistema SLP mais adaptado à situação de projeto de entrepostos de comercialização

de pescado. Em síntese, este é o trabalho que a seguir se apresenta.

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ARRANJO FÍSICO

2.1.1 Aspectos conceituais

Arranjo físico, do inglês lay (arranjar) e out (por fora) significa que elaborar um

arranjo físico é dispor espacialmente os departamentos componentes de um sistema de

produção visando estabelecer relações entre a organização espacial e a gestão da produção.

Desde a década de 1950 que se começou a publicar estudos realizados sobre

arranjo físico. Antes haviam apenas alguns estudos isolados que não continham métodos

sistemáticos de abordagem sobre o assunto, pois eram estudos influenciados pela filosofia de

racionalização Taylorista, que diferenciam dos atuais que levam em conta a segurança e

higiene no trabalho, e a ergonomia.

Conforme Camaroto (1998, p.51), o arranjo físico e o projeto de instalações são

relativamente recentes na engenharia e na arquitetura, tendo surgido como atividade gerencial

e tratado em disciplinas da engenharia de produção como tempos e métodos, custos e controle

da produção, principalmente nos EUA, com o surgimento da indústria automobilística, dos

conceitos de produção em massa de Henry Ford e do movimento da administração científica

de F. W. Taylor.

Nas décadas de 1950-1960 o arranjo físico ganhou um significado técnico e

específico como resultado de um estudo realizado pela American Society of Mechannical

Engineers (ASME), sobre várias definições de termos ligados à Engenharia de Produção e ao

arranjo físico.

Com as definições da ASME os estudos sobre arranjo físico ganharam uma

fundamentação “teórico-sistemática” e as empresas passaram a incluir no “processo de

projeto” um item exclusivo à elaboração de arranjo físico. Daí, foram considerados com maior

ênfase os cuidados com a disposição relativa das diversas atividades na fase de implantação.

Em obras de autores como Muther (1955 e 1978), Moore (1962) e Apple (1977)

foram estudadas a distribuição espacial do trabalho e a organização física do processo de

produção, onde se faz a grande diferença entre arranjo físico e planejamento do arranjo físico.

Caracteriza-se arranjo físico por ser a implantação do planejamento do arranjo físico, ou seja,

20

é o produto final, é a instalação real enquanto que o planejamento é o trabalho desprendido

para se fazer um arranjo físico (SOUTO MAIOR, 2002, p.19).

A definição usada pelo Internacional Labour Office (apud MACHILINE, 1979, p.

383-84), é a mais objetiva:

O arranjo físico é a posição relativa dos departamentos, seções ou escritórios dentro do conjunto de uma área de trabalho; das máquinas, dos pontos de armazenamento, e do trabalho manual ou intelectual dentro de cada departamento ou seção; dos meios de suprimento e acesso às áreas de armazenamento e de serviços, tudo relacionado de dentro do fluxo de trabalho.

O planejamento do arranjo físico é uma atividade gerencial baseada num método e

técnicas de organização projetadas para assegurar o mínimo de desperdício de esforço ou de

material, abrangendo a organização científica do trabalho, a padronização, tanto de material

como de produtos, a simplificação dos processos e os aperfeiçoamentos no sistema de

transportes e mercados.

2.1.2 Arranjo físico e planejamento do arranjo físico

Segundo Apple (1997, p. 3), o planejamento do arranjo físico compreende a

análise, concentração, projeto e implantação de sistemas para a produção de produtos ou

serviços, através da representação de uma planta física contendo o arranjo das instalações

(equipamentos, materiais, requisitos de edificações, utilidades e circulações), visando otimizar

o inter-relacionamento entre pessoal operacional, fluxo de materiais, fluxo de informações e

os métodos estabelecidos para atingir os objetivos da empresa, de forma eficiente, econômica

e com segurança. Para Kehl (1978, p. 5) planejar é antecipar o futuro, assegurando

continuidade do negócio. Sendo constante a mutação, constante deve também ser o esforço do

planejamento. O estudo do arranjo físico, como todas as demais atividades de planejamento,

não pode ser, portanto, isolada no tempo, mas sim uma atividade de caráter permanente na

empresa.

2.1.3 Tipologia do arranjo físico

Moore (1962, p.232), Apple (1977, p. 55) e Muther (1978, p.16) classificam os

tipos de arranjo físico em três categorias: por produto ou linear, por processo ou funcional e

21

posicional ou fixo. O arranjo físico linear é aquele em que os setores de trabalho obedecem

ao processo de manufatura, o que Muther (1978) acrescenta que este tipo de arranjo físico é

para produtos fabricados em grande quantidade e de processo relativamente simples. O

arranjo físico por processo ou funcional agrupa-se em um mesmo local as operações de um

mesmo tipo. É usado segundo Muther (1978) quando há uma grande variedade nos produtos e

na seqüência de operação, ou quando os equipamentos são de difícil movimentação e exigem

construções especiais. O arranjo físico posicional ou por posição fixa define-se quando o

produto for muito volumoso, que seja mais prático movimentar equipamentos e homens do

que produto.

TIPOS CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS POSICIONAL Fabricação de um único

produto: Produção de um produto específico; Falta de movimentação do produto. Fluxo intermitente; Execução de uma única operação por máquina e pessoa (sem repetição de operações).

Alta flexibilidade do produto e da seqüência das operações; produto ou cliente não movido; Alta variedade de tarefas para a mão-de-obra; Adaptação a demandas intermitentes.

Produção relativamente baixa; Custo muito alto; Programação de espaço ou atividade pode ser complexa; Significante movimentação de equipamento e mão-de-obra.

PROCESSO Fabricação de vários tipos de produtos; produção relativamente baixa.Execução, pelas máquinas, de operações diversas ajustando- se ao tipo e quantidade da demanda.

Alta flexibilidade na produção do produto e na seqüência das operações; continuidade pode ser mantida quando a máquina pára; Supervisão de equipamento e instalações relativamente fáceis.

Baixa utilização de recursos; Grande manuseio de produtos; possibilidade de estoque em processos ou filas de clientes; Fluxo complexo pode ser de difícil controle.

PRODUTO Fabricação de produtos padronizados; produção em lotes; Elevada produção; Transporte e movimentação contínua. Maquinas executam a mesma operação

Baixos custos unitários para altos volumes; oportunidades para especialização de equipamentos; movimentação de clientes e materiais convenientes; possibilidade de uso de sistema de correias transportadoras.

Possibilidade de baixa flexibilidade na demanda; Quebra de continuidade na produção quando alguma máquina pára; Trabalho pode ser repetitivo.

Quadro 1 - Características, vantagens e desvantagens dos tipos de arranjo físico Fonte: Adaptado de Vieira (1976, p. 22-24)

Para autores mais modernos como Slack et al (1997) que se baseiam em técnicas

japonesas, os processos produtivos se dividem em processos de manufatura e processo de

serviços. As características de volume-variedade são diferenciadas, variando, também, os

22

tipos de operações. As duas dimensões de volume e variedade são inversamente dependentes

entre si, por exemplo, operações de baixo volume, em geral, tem alta variedade de produtos e

serviços. Existe, portanto, um continuum de baixo volume – alta variedade, até alto volume –

baixa variedade, no qual podemos posicionar as operações (SOUTO MAIOR, 2002, p 24)

MANUFATUREIRO SERVIÇOS 1. PROCESSO DE PROJETO 1.SEVIÇOS PROFISSIONAIS 2. PROCESSOS DE JOBBING 2. LOJAS DE SERVIÇOS 3. PROCESSOS EM LOTES OU BATELADAS

3. SERVIÇOS DE MASSA

4. PROCESSO DE PRODUÇÃO EM MASSA

5. PROCESSOS CONTÍNUOS. Quadro 2 - Processos em ordem de volume crescente, e variedade decrescente Fonte: Adaptado de Slack (1985, p. 213)

2.1.4 Arranjo físico de Müther

Quando se pensa em arranjo físico tem que se ter em mente dois elementos básicos

fundamentais: o produto que pode ser material ou serviço e a quantidade (volume). Entende-

se por produto tudo que é produzido, matéria prima ou peças compradas, peças montadas ou

tratadas, mercadorias acabadas, ou serviços prestados. Por quantidade o montante do produto

ou material produzido, fornecido ou utilizado. Pode ser expressa em nº de peças, peso, volume

ou valor do montante produzido ou vendido.

Esses dois elementos iniciam a chave da resolução dos problemas de Layout, pois

o planejamento do arranjo físico de uma fábrica ou departamento deve atender à produção de

determinados produtos e determinadas quantidades (MÜTHER, 1986).

Com os dados do Produto e Quantidade devemos obter informações sobre o

Roteiro ou processo que podem ser definidos através de listas de operações e equipamentos,

gráficos de fluxo etc. As máquinas e equipamentos dependem de operações de

transformações, a movimentação de materiais através das áreas depende da seqüência das

operações. Portanto o conjunto de operações produzidas, precisam de serviços de Suporte

para sustentá-las que são recursos, atividades ou funções auxiliares que incluem manutenção,

ferramentaria, sanitários, alimentação setores de expedição e recebimento, área de

23

armazenamento etc. E o último elemento básico no planejamento das instalações é a medida

de Tempo que compreende quando, por quanto tempo, com que freqüência e com que prazo.

Os cinco elementos: P(produto), Q(quantidade), R(roteiro), S(serviço de suporte) e

T(tempo) formam as bases para o planejamento das instalações (MUTHER, 1986, p. 2).

O sistema SLP consiste em de uma estrutura de fases (1), de um modelo de

procedimentos (2) e de uma série de convenções para identificação, avaliação e visualização

dos elementos e das áreas envolvidas no planejamento (MUTHER, 1986, p. 9).

Todo arranjo se baseia em três conceitos fundamentais: 1- Inter-relações- grau

relativo de dependência ou proximidade entre as atividades; 2- espaço- quantidade, tipo e

forma ou configuração dos itens a serem posicionados; 3- ajuste- arranjo das áreas e

equipamentos da melhor maneira possível. Qualquer projeto de planejamento de arranjo físico

independente do produto ou processo tem como base esses três princípios.

O fluxo de materiais no nosso planejamento será progressivo através da área

envolvida, baseada na seqüência e na intensidade do material deslocado. A área de serviço ou

suporte fará parte do diagrama de inter-relações entre as atividades que muitas vezes é mais

importante que o fluxo de materiais, que combinados fazem o diagrama de inter-relações onde

as áreas e as atividades estão geograficamente relacionadas entre si.

Os requerimentos de espaços obtidos por meio de análise de máquinas e

equipamentos utilizados na produção e dos serviços envolvido deverão ser disponibilizados de

acordo com a disponibilidade de espaço. Interagindo o resultado com o diagrama de fluxo

e/ou inter-relações, obtemos o diagrama de inter-relações entre espaços. Esse diagrama já é

um arranjo físico, porém, não será definitivo porque necessitará de ser ajustado e modificado

ao se levar em conta às considerações de mudança, métodos de movimentação, recursos de

estocagem, fatores relativos ao terreno e à construção, necessidades do pessoal, serviços

auxiliares, suprimentos, controles e procedimentos. Cada idéia ou consideração que surgir

deverá ser comparada frente às limitações práticas.

2.1.4.1 Roteiro do Sistema SLP

Müther (1978) ao elaborar o sistema SLP teve o cuidado de estudar os

posicionamentos relativos dos recursos produtivos (homens, máquinas e materiais) no espaço,

a fim de evitar perdas, visando assim uma integração espacial, segundo um programa global e

coerente, considerando a seqüência das operações e os equipamentos necessários para a

24

produção, além das condições físicas do local, para que essa produção seja feita no menor

tempo possível e com melhor qualidade, como mostra a Figura 2.

Figura 2 - O sistema de procedimento SLP Fonte: Müther (1978, p. 7)

Esse método é estruturado em fases seguindo um modelo de procedimentos e uma

série de convenções para identificação, avaliação e visualização dos elementos e das áreas

envolvidas no planejamento, podendo ser estudado partindo-se de uma situação inicial,

planejamento de um prédio novo, servindo também para melhorar uma empresa já

implantada.

Segundo Souto Maior (2002) o sistema SLP é baseado no sistema de resolução de

problemas que consiste no levantamento de informações, análise do problema, geração de

SISTEMA DE PROCEDIMENTOS SLP

Dados de Entrada: P, Q, R, S, T e atividade

1.Fluxo de Materiais

2. Inter-relações de atividades

3. Diagrama de inter-relações

4. Espaço

necessário

5. Espaço

disponível

6. Diagrama de Inter-relações do espaço

7. Considerações de mudanças

8. Limitações práticas

PLANO X PLANO Z

9. Avaliação

PLANO SELECIONADO

25

soluções alternativas, avaliação das mesmas e implantação da solução escolhida o que gera

um modelo de seqüência lógica, ajudando quem os usa a melhor definir o seu objeto de estudo

e a solucionar de maneira mais clara os problemas levantados.

O sistema SLP é dividido em etapas que se seguem abaixo:

Etapa I – Dados de entrada – P, Q, R, S, T e atividades

Esta etapa inicial consiste no levantamento dos dados de entrada relacionados com

a unidade de produção P, Q, R, S,T (produto, quantidade, roteiro, suporte, tempo) que

preparam os vários quadros do sistema SLP, identificando as atividades individuais (áreas,

grupos de máquinas, estações de trabalho) e a determinação do tipo de arranjo físico a ser

empregado.

Segundo Müther (1978, p. 01), o problema do arranjo físico geralmente recai sobre

dois elementos básicos: produto e quantidade. Esses elementos direta ou indiretamente, são

responsáveis por todas as características, fatores e condições do planejamento. Já o estudo de

volume x variedade é importante, pois é a base para a decisão sobre o tipo de arranjo físico

que será adotado: posicional, funcional, linear ou uma combinação deles.

Para análise produto-quantidade classifica-se os diversos produtos, materiais ou

itens envolvidos de acordo com alguns critérios. Após a classificação, calculamos a

quantidade de produtos, materiais em cada classe, e agrupamos as classes em ordem

decrescente de quantidade, em um diagrama onde o eixo vertical diz respeito à quantidade e o

eixo horizontal é reservado para os grupos de produtos, variedades ou itens, para melhor

visualizar a classificação.

A curva resultante do diagrama P-Q, quando suave, segundo Müther (1978, p.14)

indica que deve ser usado somente um tipo de arranjo e manuseio para todos os produtos.

Quando for brusca, dividem-se os produtos e as áreas de produção e aplica-se dois tipos de

arranjo e manuseio.

Os itens da área m pedem técnicas de produção em massa, enquanto os itens da

área J pedem arranjo físico por lotes. Os itens da área intermediária geralmente se prestam a

arranjos físicos resultantes da combinação dos dois anteriores.

26

Figura 3 - Diagrama p-q Fonte: Müther (1970, p.12)

A análise produto-quantidade leva à divisão das áreas ou departamentos da fábrica

em pelo menos dois grupos com as seguintes características:

• Grande quantidade, pequena variedade, movimentação rápida – geralmente

justifica-se alto grau de mecanização, equipamentos especiais e grandes

investimentos em equipamentos para movimentação de materiais.

• Pequena quantidade, grande variedade, movimentação lenta – este grupo

caracteriza-se pela exigência de alto grau de trabalho manual, máquinas não-

especializadas e não necessitam de grandes investimentos em equipamentos de

movimentação de materiais.

Após análise de produto-quantidade, devem-se identificar as áreas de atividades,

que Müther (1978, p.16) define como: operações, funções, áreas, departamentos, grupos de

máquinas, centros de trabalho, características dos prédios, dentre outros.

Essa fase I segue os passos relacionados abaixo:

• Identificação dos elementos específicos necessários para a definição de um

critério para o projeto em estudo;

• Projeção desses dados no futuro (esta etapa implicará a reestruturação, pelo

projetista, das informações avaliadas ou fornecidas por outros setores da

organização);

• Submissão dos resultados à aprovação da alta direção;

• Exame dos dados iniciais através de diagrama P-Q e de sua variação definindo

o tipo de arranjo físico e as bases definitivas para a divisão das áreas de

atividades;

27

• Identificação e definição das áreas d atividades a serem usadas no

planejamento subseqüente.

Etapa II – Fluxo de materiais

Essa etapa consiste na utilização de diversos métodos, dependendo da quantidade e

do produto, para determinar a melhor seqüência de movimentação dos materiais, a qual

deverá permitir que o material se movimente progressivamente durante o processo, sem

retornos, desvios e cruzamentos.

Deve-se considerar, no entanto, se a operação se faz necessária ou pode ser

eliminada, se pode ser combinada com outra, se pode haver mudanças de seqüência, locais ou

pessoal, se o método de execução da operação ou de seu equipamento pode ser melhorado.

Dentre os métodos para análise de fluxo de materiais se faz necessário saber quais

desses devem ser utilizados em um dado projeto. Toda a análise do fluxo é guiada pelo

diagrama P-Q. São eles:

• Para um ou poucos produtos padronizados, utiliza-se a carta de processo ou

alguma carta de fluxo;

• Para vários produtos, utiliza-se a carta de processos múltiplos quando

montagens e desmontagens não estão envolvidas;

• Para muitos produtos ou itens:

Combinam-se os produtos em grupos e procede-se conforme os itens 1 e

2;

Seleciona-se ou faz-se uma amostragem dos tipos de produtos, aplicando-

se então os itens 1 e 2;

• Para produtos muito diversificados, utiliza-se a carta-de-para.

Carta de processo

A função da carta de processo é facilitar a visualização do fluxo, para isso utiliza-

se da linguagem simbólica originalmente desenvolvida por Frank e Lílian Gilbreth, e

posteriormente modificada por duas comissões pela American Society of Mechanical

Engineers conforme a figura abaixo:

28

Figura 4 - Símbolos usados na diagramação de processos de fabricação Fonte: Müther (1978, p.22).

Carta de processos Múltiplos

É usada para fluxos de vários produtos, especialmente quando não há operações

que envolvam montagens.

Carta-de-para

É usada quando os produtos possuem uma grande variedade de processos.

Etapa III – inter-relações de atividades

Quando o fluxo de materiais não tem relevância ou se deseja incluir os serviços de

suporte, elabora-se a carta de interligações preferenciais não baseadas no fluxo de materiais,

que é uma matriz triangular, onde se representa o grau de proximidade e o tipo de inter-

relação entre uma certa atividade e cada uma das outras, tendo como objetivo mostrar quais as

atividades devem ser colocadas próximas e quais as que ficarão distantes.

A consideração do fluxo isoladamente não é a melhor base para o planejamento

das instalações, porque:

• Os serviços de suporte devem se integrar ao fluxo de forma organizada, pois

existem razões que obrigam certas atividades de suporte a ficarem próximas a

certas áreas produtivas;

• Muitas vezes o fluxo de materiais não tem importância para o arranjo físico;

• Em empresas de prestação de serviços, áreas de escritórios, ou oficinas de

reparo de manutenção, não existe um fluxo de material definido ou constante;

SIMBOLO AÇÃO RESULTADO DA AÇÃO 1 Operação Fabrica ou executa 2 Transporte Movimenta 3 Inspeção Verifica 4 Espera Interfere

5

Armazenagem Guarda

29

• Em fábricas onde há movimentação de material pesado e a influência do fluxo

determina o arranjo físico, o fluxo não é a única base para arranjar as operações

e equipamentos do processo.

Para se preparar uma carta, devemos listar todas as atividades, que poderão ser

agrupadas, segundo critérios e semelhança, pois este procedimento facilita a análise. O

número de atividades é limitado devido a inviabilidade de se trabalhar com um número muito

grande delas, pois, segundo Muther (1978), as quantidades de inter-relações para o grau de

proximidade seguem a fórmula N x (N-1)/2, onde N é o número de atividades, quando essas

atividades são muitas, as inter-relações ficam inviáveis para se trabalhar, ou seja acontecem

muitas inter-relações vindo a complicar a análise da carta.

Figura 5 - carta de interligações preferenciais Fonte: adaptado de Müther (1978, p. 35).

Nesta carta de interligações preferenciais, cada losango é dividido em duas partes.

A parte superior é reservada para classificar a interligação segundo uma escala de valores:

A(absolutamente importante), E(especialmente importante), I(importante), O(pouco

importante), U(desprezível) e X(indesejável. Na parte inferior do losango, coloca-se a razão

da classificação anterior.

Para facilitar o entendimento da carta, Muther (1978, p. 39) cita que devemos

estabelecer “inter-relações padronizadas” iguais às mostrada por ele em seu livro.

30

LETRA PARES DE ATIVIDADES RAZÕES PARA PROXIMIDADE A

Armazenamento e corte do aço, Inspeção final e embalagem limpeza e pintura

Quantidade de material movimentado problema de movimentação de material Danos aos itens não empacotados, a inspeção é feita até que o material seja empacotado. Usam o mesmo pessoal; suprimentos e supervisão; utilizam o mesmo edifício.

E

Recepção e estacionamento de visitantes Acabamento e soldagem Manutenção e submontagem

Conveniência; segurança Quantidade e forma do material movimentado Freqüência e urgência do serviço

I

Corte e prensagem Submontagem e montagem final

Quantidade de material movimentado Volume de material movimentado; utilização do mesmo pessoal; Movimentação de papeis; segurança; conveniência.

O

Manutenção e recepção Recuperação e ferramentaria Correspondência e escritório

Movimentação de suprimentos; Usam o mesmo equipamento; Freqüência de contatos.

U

Manutenção e lanchonete Soldagem e estoque do material comprado; Engenharia e expedição

Seviço é menor; pequeno contato; Contatos esporádicos

X

Soldagem e pintura; Incineração e escritórios; prensas e ferramentas

Sujeira; perigo de fogo Fumaça, cheiro, sujeira, aparência Vibração

Quadro 3 - Inter-relações padronizadas Fonte: Müther (1978, p. 39)

Etapa IV - Diagrama de fluxo e/ou inter-relações

É usado para acompanhar o material desde a entrada até o final do roteiro; e o

diagrama das inter-relações entre as atividades, quando o fluxo envolvido é insignificante

comparado às outras inter-relações.

As condições necessárias para construir o diagrama segundo Müther (1978, p.44)

são:

• Uso de símbolos para identificação de cada atividade, área ou característica;

• Um método para indicar proximidade relativa entre as atividades, a direção e a

intensidade de fluxo de materiais.

Diagrama das inter-relações entre as atividades

O método de diagramação de inter-relações consiste em ligar atividades por linhas.

O formato de cada símbolo indica o tipo de atividades, e o número dentro do símbolo é para

sua identificação, a quantidade de linhas ligando os símbolos fornece o grau de proximidade

31

desejada ou necessária: quatro linhas (proximidade absolutamente importante), três linhas

(proximidade especialmente importante), duas linhas (proximidade importante).

Ao fazer o diagrama, deve-se impedir que as linhas fiquem desnecessariamente

emaranhadas. E quando uma atividade está ligada a muitas outras, isso é sinal de que ela pode

ser dividida ou descentralizada, principalmente quando se refere às áreas de serviço de

suporte, afirma Müther (1978, p. 48). (ver Figura 6).

Figura 6 - Diagrama das inter-relações entre atividades Fonte: Müther (1978, p.46).

Etapa V – Determinação de espaço

Segundo Müther (1978, p 53), existem cinco métodos básicos para determinação

dos requerimentos de espaço. São eles:

• Método numérico;

• Método da conversão

• Padrões de espaço;

• Arranjos esboçados;

• Projeções de tendências

O método numérico é aquele que dimensiona o espaço a partir de dados

calculados, os outros métodos se baseiam em espaços já estabelecidos ou já implantados em

outros locais similares. A vantagem do método numérico é que se calcula a área necessária

baseada na produção e características físico-ambientais.

O procedimento para determinação de espaços segundo Muther(1978, p.67) é:

32

• Identificar as atividades, utilizando os mesmos símbolos e numeração

empregadas na análise de fluxo de inter-relações;

• Identificar as máquinas e os equipamentos de operação e suporte;

• Determinar para atividades de operação:

Os requerimentos de espaço, baseados em P, Q e R e nos tempos de

operação;

A natureza e a condição de cada área;

• Determinar para as atividades de suporte:

Os requerimentos de espaço, baseados em P, Q, e R, e nos tempos de

trabalho.

A natureza e a condição de cada área;

Reunir a soma e a condição do espaço requerido e comparar com o

espaço disponível;

• Ajustar, balancear e aprimorar.

O problema maior é o balanceamento entre o espaço necessário e a disponibilidade

real do espaço. Caso o espaço requerido não se ajuste ao disponível, deve-se fazer redução em

áreas que afetem da menor maneira possível o projeto como um todo. Isso significa classificar

áreas, para decidir quais as que devem ser mantidas e quais as que devem ser diminuídas.

Etapa VI – Diagrama das inter-relações entre espaços

O objetivo deste diagrama é reunir as atividades com alto grau de proximidade, e

afastar as atividades com baixo grau de proximidade. Representa o arranjo físico ideal-teórico

das atividades, considerando o espaço necessário para cada atividade. É o passo mais

importante de todo o procedimento e se não for feito adequadamente, será difícil chegar a um

arranjo físico funcional.

Etapa VII- Ajuste do diagrama

Nesta etapa lida-se com a parte criativa do planejamento, pois, neste momento, já

estão levantadas e arranjadas todas as diagramações, necessitando apenas de ajustes que

incorporam as considerações de mudanças e as limitações práticas referentes à edificação

propriamente dita. As considerações de mudanças dizem respeito aos ajustes necessários para

o desenvolvimento de projeto e para sua decisão enquanto ainda estudo; aos ajustes que ditam

restrições ao planejamento são denominadas limitações práticas.

33

As considerações de mudanças para Müther (1978, p 78) são:

• Métodos de manuseio;

• Recursos de armazenamento;

• Condições do terreno e arredores;

• Necessidades de pessoal;

• Características das construções;

• Serviços de suporte e serviços auxiliares;

• Procedimentos e controle;

• Formas particulares de atividades

Quanto às limitações práticas, Muther (1978, p 87) inclui:

• Restrições relativas a prédios existentes;

• Métodos de manuseio de materiais implantados;

• Sistemas de planejamento e controle das produções em vigor;

• Política da empresa;

• Código de obras;

• Contratos coletivos de trabalho;

• Regulamentação sobre tratamento do lixo;

• Características físicas da localização.

Etapa VIII – Seleção das alternativas

Existem basicamente três maneiras de se realizar a seleção das alternativas

escolhidas como sugere Muther (1978, p.91):

• Balanceamento das vantagens e desvantagens;

• Avaliação de análise de fatores;

• Comparação e justificação de custos.

O último passo, antes da implantação, é redesenhar o arranjo físico em escala,

identificando áreas, mostrando os principais desenhos e características dos equipamentos,

detalhando cada parte do equipamento e maquinaria, mostrando os recursos produtivos, seus

aspectos específicos e gerais, para que todos os interessados tenham uma visão de como será a

empresa e como funcionará.

Etapa IX – Implantação

Para facilitar a fase de implantação, devem-se considerar os seguintes itens:

34

• Custos da implantação – requer fundos para instalação e deverá ser feita de

acordo com as estimativas dos custos das instalações previstas no projeto;

• Desenhos e plantas da implantação – será facilitada com a utilização de

desenhos e plantas de instalação e instruções escritas;

• Deve-se acompanhar o arranjo, a fim de saber se está funcionando conforme o

planejado, o que dará um feed-back para os futuros projetos e controle do

projeto atual.

2.2 LAYOUT DE UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

O Layout de estabelecimento comercial de pescado compreende todas as secções

que fazem parte do mesmo, pelos quais os alimentos circulam, desde a recepção, o

armazenamento, a preparação, a confecção até a distribuição. É importante também a área de

circulação de pessoas, bem como a área destinada aos resíduos. No caso dos alimentos a área

de circulação deve ser definida de modo que o alimento não sofra cruzamentos. Em relação

aos equipamentos, deve ser realizado um levantamento do que existe em termos de sistemas

de frio, maquinaria diversa, bancadas de trabalho, zonas de lavagem de mãos e de utensílios,

bem como do estado de conservação de equipamentos e instalações.

Segundo Faulhaber (2000) o estabelecimento comercial e/ou industrial de pescado

deverá ter em sua infra-estrutura:

1- Espaço suficiente para instalar os equipamentos e construir as dependências,

compatíveis com os produtos a serem elaborados.

2- Separação física das áreas onde se manipulam as matérias primas contaminadas

(áreas sujas), das áreas que recebem o pescado já submetido à fase de lavagem (áreas limpas).

3- Fábrica e/ou silo de gelo, com posicionamento e condições de operacionalidade

que permitam o acesso do meio de conservação as linhas de elaboração, com a qualidade

garantida e em quantidade suficiente, de acordo com a capacidade de produção do

estabelecimento industrial.

4- Os locais refrigerados devem estar separados das áreas quentes e os locais secos

daqueles onde existe humanidade.

5- Instalação de frio industrial para o armazenamento da matéria prima e produtos

finais, bem como para o congelamento(nos estabelecimentos onde serão elaborados produtos

congelados), devidamente diferenciadas, com registrador automático de temperatura.

35

6- Os pisos das dependências industriais devem ser altamente resistentes,

impermeáveis, antiderrapantes, anticorrosivos, de fácil limpeza e desinfecção, sendo previsto

no mínimo uma canaleta central provida, quando necessário, de gradil metálico. A declividade

deve ser suficiente para permitir o escoamento das águas residuais.

7- As paredes exteriores, incluindo o telhado, portas e janelas, devem ser à prova

de água, insetos e roedores. As interiores devem ser lisas, planas, resistentes ao uso e à

corrosão, impermeáveis, laváveis e de cor branca ou clara.

8- As janelas e outras aberturas deverão ser construídas de forma a evitar o

acúmulo de sujidades possuindo, por exemplo, parapeitos internos com inclinação de 45º. As

que tem comunicação com o exterior deverão estar providas de proteção contra insetos, de

fácil limpeza e boa conservação.

9- As portas deverão ser de material não absorvente e de fácil limpeza.

10- Os tetos devem ser preferentemente de cor clara, e construída de maneira a não

acumularem sujidade e permitir a condensação e formação de mofo, favorecendo as operações

de limpeza.

11- Dispor de luz natural e artificial abundantes, bem como de ventilação, em

todas as dependências, respeitadas as peculiaridades de ordem tecnológica cabíveis, de modo

a evitar-se que os raios solares prejudiquem a natureza dos trabalhos dessas dependências. As

fontes de luz artificial que sejam suspensas ou aplicadas e que se encontrem sobre os locais de

elaboração dos produtos, em qualquer etapa da cadeia produtiva, devem ser do tipo inócuo e

apresentar proteção contra rompimento.

12- no que se relaciona à rede de esgoto, em todas as dependências, deve existir

dispositivos que evite refluxo de odores e a entrada de roedores e ouros animais, ligado ao

sistema geral de escoamento, dotada de canalização e de instalações para retenção de

gorduras, sangue, resíduos e corpos flutuantes, bem como de dispositivos para depuração

artificial, com desaguadoro final em curso de água caudaloso e perene, em fossa séptica ou

esgotamento sanitário, atendendo as exigências do órgão responsável pelo saneamento

ambiental.

13- Dispor de gabinete de higienização, no ponto de acesso aos locais de trabalho,

dotado de lavador de botas, pedilúvio, pias sem acionamento manual, sabão líquido,

recipiente para sanitizantes e equipamento para secagem das mãos.

14- Dependências como sala de máquinas, vestiários, sanitários, refeitório,

escritórios, devem ser construídas, preferentemente, fora do prédio principal, a fim de serem

evitados acessos diretos aos locais de beneficiamento industrial.

36

15- O estabelecimento industrial de pescado deve ter o seu perímetro industrial

fisicamente delimitado. As áreas com pátio e via de acesso devem ser pavimentadas e

urbanizadas, evitando a formação de poeira e facilitando o escoamento das águas. As demais

áreas deverão receber urbanização completa, sendo recomendável o ajardinamento.

16- Na instalação dos equipamentos alguns cuidados devem ser observados, tais

como: Perfeição na realização da função a que se destina; Custo; Compatibilidade com a

capacidade de produção; Facilitar a observância de uma cadeia contínua, nas linhas de

elaboração (etapas do processo) propiciando a remoção contínua de resíduos; Proteger o

alimento contra a contaminação; Acarretar facilidades de manutenção e limpeza; Oferecer

segurança para o operário.

Em se tratando de Layout deve-se preocupar com o ordenamento das dependências

e equipamentos, de forma lógica, sem pontos de estrangulamento e de contaminação cruzada,

conhecendo-se o diagrama de fluxo de produto como é mostrado na figura abaixo, a ser

obtido, a fim de que este pré-requesito possa contribuir, de fato para os procedimentos

preventivos em relação, principalmente, aos perigos de perda da qualidade e para a saúde

pública (FAULHABER, 2000).

Figura 7 - Diagrama de fluxo de processo de pescado fresco Fonte: observação direta na unidade de comercialização 2006

LAVAGEM

ACONDICIONAMENTO

RECEPÇÃO

SELEÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

37

2.2.1 Pré requisitos para o processamento do pescado fresco

1. ÁGUA

2. GELO

3. EQUIPAMENTOS

4. ÁREAS DE RECEPÇÃO(suja) E DE MANIPULAÇÃO (limpa)

5. DEPÓSITOS DE EMBALAGEM

6. DEPENDENCIA PARA OPERÁRIOS

2.3 ASPECTOS ERGONÔMICOS NO AMBIENTE FÍSICO DAS UNIDADES DE

COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida. (CONGRESSO INTERNACIONAL ..., 1969.; REVISTA MEIO..., p.82).

Seguindo este conceito de ergonomia e para melhorar rendimento das atividades

realizadas, os locais de trabalho, de permanência e lazer devem ser sadios e agradáveis,

proporcionando ao homem proteção, satisfação e conforto. Para tanto deve-se considerar as

variáveis ambientais – condições térmicas, de iluminação e acústica evitando desconforto ,

acidentes e danos à saúde.

Para cada uma das variáveis ambientais, há certas características que são mais

prejudiciais ao trabalho. Cabe ao projetista conhecer essas limitações e, na medida do

possível, tomar as providencias necessárias para manter os usuários desses ambientes fora

dessas faixas de risco. (SOUTO MAIOR, 2002, p.89)

2.3.1 Ventilação

“O condicionamento térmico natural é a técnica que estuda os métodos para que o

espaço habitado apresente as condições térmicas exigidas pelo ser humano” (RIVERO, 1985,

p.13).

38

A sensação térmica está relacionada à temperatura externa, ao grau de umidade do

ar e da velocidade do vento. A combinação dessas três variáveis podem produzir a mesma

sensação térmica.

Para Rivero (1985, p.13) existem três elementos principais: o meio (M), homem

(H) e a envolvente (E). As inter-relações entre eles estão governadas pelo principio da

transmissão de calor. Uma das funções da envolvente (E) é controlar as variações físicas e

químicas do meio(M), exigidas pelo homem (H).

O conforto térmico das pessoas, que tem enorme influência em sua saúde e em seu

rendimento, vai depender, dentre outros fatores dos conhecimentos e da preocupação do

projetista para conseguir um melhor comportamento térmico da envolvente (E).

Uma das formas de deixar a envolvente (E) em condições favoráveis de

permanência é através da ventilação, principalmente nas regiões nordeste e norte, onde o meio

é menos propício.

Segundo Iida (1992, p.236), a zona de conforto térmico é delimitada entre as

temperaturas efetivas de 20 a 240C com umidade relativa de 40 a 60%, com velocidade do ar

moderada da ordem de 20 cm/seg. As diferenças de temperatura presentes no mesmo

ambiente não devem ser superiores a 40C.

2.3.2 Iluminação

Iida (1992, p. 259) afirma que a iluminação dos locais de trabalho deve ser

cuidadosamente planejada, desde as etapas iniciais de projeto do edifício, fazendo-se o

aproveitamento adequado da luz natural e suplementando-a com luz artificial, sempre que for

necessário.

A claridade ambiental é determinada não apenas pela intensidade da luz, mas

também pelas distâncias e pelo índice de reflexão das paredes, tetos, piso, máquinas e

mobiliário.

Um eficiente sistema de iluminação, combinado com o uso adequado das cores

criando contrastes geram um ambiente agradável que diminui a fadiga, monotonia e acidentes,

aumentando a eficiência nos trabalhos.

O nível de iluminação interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e

também na musculatura que comanda o movimento dos olhos.

39

2.3.4 Riscos

Nos ambientes de trabalho, conforme os tipos de atividades desenvolvidas, as

pessoas estão expostas ao contato com diferentes agentes que poderão provocar danos à sua

integridade física, psicológica e social.

Estes agentes são classificados em:

Riscos físicos

Riscos químicos

Riscos biológicos

Riscos ergonômicos

Riscos de acidentes

Riscos físicos – nesta categoria estão incluídos:

Ruídos – entende-se por ruído um barulho ou som indesejável freqüentemente

produzido pó máquina equipamentos, ou processos cujo efeito no organismo são:

Distúrbios gastrointestinais;

Irritabilidade;

Vertigens;

Nervosismo;

Aceleração do pulso

Vibrações – são oscilações balanços, tremores, movimentos, vibrações e

trepidações produzidas por maquinas e equipamentos motorizados, quando em

funcionamento. Na exposição prolongada as vibrações podem produzir danos físicos tais

como:

Alterações musculares;

Problemas nervosos;

Patologias ortopédicas;

Problemas nas articulações;

Distúrbios na coordenação motora;

Enjôo e náuseas;

Diminuição do tato.

Calor – efeito do calor. Os trabalhadores expostos são os mais propensos a

problemas com o cristalino do globo ocular. Convém esclarecer que os fatores comentados,

geralmente aparecem devido a exposição excessiva ao calor.

40

Frio – geralmente essas ocorrências predominam em empresas como as de

industrialização de pescados, industria de alimentos congelados, fabrica de gelo etc. Os casos

que se destacam pela ação do frio, mais comuns são:

Gripe;

Queimaduras;

Inflamação das amídalas;

Resfriado;

Algumas alergias;

Congelamento dos pés e mãos e problemas circulatórios;

Umidade – os trabalhadores expostos a umidade são aqueles que exercem suas

atividades em locais alagados, encharcados ou mesmo com umidade excessiva. Nesta situação

podem ocorrer estagnação do sangue produzindo diminuição do oxigênio dos tecidos e

paralisação dos pés e pernas, acompanhados de fortes dores, podem ocorrer gripes, resfriados,

bronquites, reumatismos e pneumonia.

Riscos químicos – são agentes ambientais em potencial de doenças profissionais

devido a sua ação sobre o organismo humano, grande parte destas substancias possuem

características tóxicas e constituem ameaça a saúde do trabalhador e pode ser encontradas sob

os estados físicos da matéria sólido, liquido e gasoso. Os riscos químicos classificam-se em:

Poeiras – partículas sólidas em suspensão no ar, originadas de operações tais

como: esmerilhamento, lixamento, impactos e outros processos ou manejos de materiais

como: madeira, arroz, minerais e outros.

Névoas – partículas liquidas em suspensão no ar produzidas mecanicamente por

pintura a pistola, spray e no processo de lubrificação.

Neblina – partículas finas suspensas no ar, produzidas pela condensação de

vapores. Todas as neblinas de ácidos(clorídrico, nítrico, fluorídrico crômico etc.) afetam

seriamente a saúde, principalmente o sistema respiratório.

Fumos – partículas sólidas suspensas no ar, geradas pelos processos de

condensadores de vapores metálicos produzidas pela sublimação de um metal, geralmente é

produto da reação dos vapores metálicos com o oxigênio do ar.

Gases – substancias que em condições normais de temperatura e pressão estão no

estado gasoso como: hidrogênio, amônia, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de

carbono GLP, dióxido de enxofre. É importante conhecer as características particulares dos

41

gases a serem manipulados, afim de evitar danos a saúde. Podem ser corrosivos, tóxicos ou

asfixiantes.

Vapores – substancias que normalmente é sólida ou líquida em condições normais

de temperatura e pressão. Pode-se encontrar concentrações de vapores quando se empregam

solventes orgânicos, diluentes de tintas, agentes de limpeza, álcool, tetracloreto de carbono.

Produtos químicos diversos – podem englobar qualquer uma das formas de agentes

químicos apresentadas anteriormente, bem como, os produtos usados diariamente nas

empresas, tais como: óleo diesel, soda caustica, ácido clorídrico, ácido sulfúrico carbonato de

sódio etc. os produtos químicos são substancias que devido a uma ação química corrosiva

tenham a propriedade de produzir inflamações nos tecidos vivos que entram em contato com

os olhos, pele, mucosas e vias respiratórias.

Riscos biológicos – caracterizam-se pela presença de microrganismos invisíveis a

olho nu, presente no ambiente de trabalho capazes de causar doenças, deterioração de

produtos alimentícios, de madeiras, de couro, mau cheiro, interrupção de processos

industriais, etc. Os riscos biológicos classificam-se em:

Protozoários – causam doenças como a disenteria amebiana e giardiase

Fungos – causam mofos e bolores, deterioram alimentos, podem produzir toxinas

no homem, alem de causar micoses do tipo pé de atleta ou frieiras e sapinhos. Causam

pneumonia, infecções alimentares etc.

Bacilos – bactérias em forma de bastonetes que causam a tuberculose(bacilo de

Koch).

Vírus – causam ao homem gripe, hepatite, herpes hidrofobia etc.

Riscos ergonômicos - O estudo dos agentes ergonômicos visa estabelecer

parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança

e desempenho. As condições de trabalho relacionadas com a ergonomia inclui aspectos

ligados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos

e as condições do posto de trabalho e a própria organização. Todo trabalho, independente de

sua natureza, produz uma tensão tanto física quanto mental no indivíduo que o executa.

Enquanto essas tensões forem mantidas dentro de limites razoáveis, o desempenho do

trabalhador será satisfatório à sua saúde e bem-estar serão mantidos. Caso as tensões sejam

excessivas, haverá resultados não desejados manifestados em forma de erros e acidentes,

42

causando lesões, danos à saúde, danos materiais e afetando a qualidade do serviço. Alguns

riscos ergonômicos são:

Esforço intensivo;

Levantamento e transporte manual de peso;

Exigência de postura inadequada;

Controle rígido de produtividade;

Imposição de ritmos excessivos;

Trabalho em turno noturno;

Jornada de trabalho prolongada;

Monotonia e repetitividade;

Outras situações causadoras de stress físico e psíquicos

Efeitos dos riscos ergonômicos

Os locais de trabalho que não consideram os princípios ergonômicos em seus

projetos, são propensos a ocorrência de erros e acidentes diminuindo a eficiência e a

segurança da operação. Ferramentas, máquinas, métodos e locais de trabalho projetados

inadequadamente podem produzir, entre outros, os seguintes efeitos:

Dores nas articulações;

Dores nas costas;

Problemas circulatórios;

Ardência nos olhos;

Nervosismo;

Problemas nos tendões;

Quedas nos níveis de qualidade, produtividade e segurança.

Riscos de Acidentes – caracterizam-se pela presença ou contato do homem com a

máquina, objetos escoriantes, cortantes, abrasivos e perfurantes, explosivos, inflamáveis,

choque elétricos, e outros capazes d causar danos à saúde do trabalhador. Neste grupo estão

incluídos :

Arranjo físico - disposição irracional de máquinas e equipamentos e processos do

ambiente de trabalho;

Máquinas e equipamentos – sem proteção e sem sinalização;

Ferramentas – inadequadas, defeituosas e impróprias;

Eletricidade – contato com a linha viva, falta de aterramento e improvisações;

43

Sinalização – ausência de indicação de riscos;

Probabilidade de incêndio e explosão – riscos com produtos inflamáveis,

armazenagem, sobrecarga elétrica;

Edificações – pisos inadequados, canaletas, rampas, escadas impróprias, ausência

de espaço físico ;

Transporte e movimentação de materiais – batida contra, batida por, choque

contra, quedas de objetos, esmagamentos;

Iluminação – a determinação de iluminação necessária a um ambiente de trabalho,

tem por finalidade adequar os níveis de iluminamento às atividades desenvolvidas;

Armazenagem inadequada – é a armazenagem sem critério com produtos e formas

diversas;

Animais peçonhentos – são animais nocivos que provocam danos a saúde do

homem quando em contato sem precaução.

2.4 SEGURANÇA ALIMENTAR

Segurança alimentar trata exatamente de como a sociedade organizada por meios de políticas publicas de responsabilidade do estado e da sociedade como um todo, pode e deve garantir o direito à alimentação. Flávio Luiz Schicck Valente em seu artigo: Segurança alimentar e nutricional: transformando natureza em gente (CONSEA, 1994).

O peixe, por sua natureza, é um dos alimentos considerados protéicos mais fáceis

de sofrer deterioração. A carne de peixe é considerada altamente perecível em decorrência das

autólises rápidas causadas pelas enzimas proteolíticas do próprio peixe e pela falta de

oxigênio em que se encontra o músculo após o abate, onde este consome o glicogênio

presente e o transforma em ácido lático. O animal, estando em estresse, favorece a

proliferação microbiana, já que o pH aumenta em conseqüência do consumo rápido de

glicogênio antes da morte, não produzindo ácido lático o suficiente (SÁ, 2004). Fatores como

técnicas de captura, armazenamento, práticas no ponto-de-venda e falhas no controle de

qualidade possibilitam problemas para a manutenção das características de frescor do

pescado.

44

2.5 O SISTEMA APPCC (ANÁLISE DE PONTOS DE PERIGO EM PONTOS

CRÍTICOS DE CONTROLE).

Devido à necessidade de garantir alimentos que não apresentassem riscos à saúde

dos astronautas, os órgãos e empresas envolvidos no Projeto Espacial Americano a partir do

final da década de 1950 quando tiveram início os vôos tripulados introduziram o conceito de

HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point), dando origem a um sistema para

garantir a segurança praticamente total aos alimentos, sem a dependência exclusiva de

amostragens e de análises dos produtos finais. Nos dias de hoje, o sistema HACCP constitui-

se na ferramenta mais eficaz para garantir a produção de alimentos seguros à saúde dos

consumidores revelando-se como sistema lógico, prático, sistemático, econômico e dinâmico

para garantir essa segurança.

APPCC é um sistema racional para prevenir a produção de alimentos

contaminados, baseado em análise e evidências científicas. Representa uma atitude própria

para prevenir danos à saúde e enfatizar a prevenção de problemas, ao invés de se focar no

teste do produto final. Pode ser utilizado em qualquer estágio da cadeia de produção, desde a

produção primária até mesmo nos locais que oferecem serviços de alimentação e em casa

(JOUVE, 1998).

Segundo o “Codex Alimentarius”, o sistema de APPCC consiste em seguir os

seguintes princípios (ILSI, 1997):

Identificar os perigos e analisar os riscos de severidade e probabilidade de

ocorrência;

Determinar os pontos críticos de controle necessários para controlar os perigos

identificados;

Especificar os limites críticos para garantir que a operação está sob controle nos

pontos críticos de controle (PCC);

Estabelecer e implementar o monitoramento do sistema;

Executar as ações corretivas quando os limites críticos não forem atendidos;

Verificar o sistema;

Manter registros.

O embasamento do sistema HACCP tem o termo perigo como um agente nocivo,

ou condição do alimento inaceitável, que pode causar algum efeito de saúde adverso. Esses

perigos segundo ILSI (1997) podem ser provocados por :

45

A presença inaceitável de uma contaminação química, física ou microbiológica na

matéria-prima, no produto semifabricado ou no produto final;

Potencial de crescimento ou de sobrevivência de microrganismos ou de produção

de substâncias químicas no produto semifabricado, no produto final ou no ambiente de linha

de produção;

Recontaminação do produto semifabricado ou do produto final com

microrganismos, produtos químicos ou corpos estranhos.

Um alimento seguro, que não cause mal à sua saúde e não ofereça dúvidas em

relação à sua composição e peso, é uma das mais importantes características da qualidade que

correspondem às expectativas do consumidor (BERG apud BARENDSZ, 1998).

No Brasil, o sistema HACCP passou a ser denominado oficialmente de Sistema

APPCC - Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle, fazendo já parte de diversos

documentos oficiais que tratam dos aspectos ligados à Legislação e a Vigilância Sanitária de

Alimentos. Dentre os documentos oficiais citados, destacam-se a Portaria nº 1428/93 do

Ministério da Saúde (M.S.) e a Portaria nº 46/98 do Ministério da Agricultura e do

Abastecimento (M.A.A).

O sistema simplifica as ações de segurança dos alimentos, indicando poucas

operações críticas e chaves do processo, oferecendo formas eficientes para controlá-las e

monitorizá-las. Além de garantir maior grau de segurança ao alimento produzido, a aplicação

do sistema APPCC facilita o trabalho dos gerentes e seus supervisores, bem como orienta o

trabalho dos manipuladores de alimentos.

Uma das vantagens do sistema APPCC é que por ser racional, contínuo e dinâmico

torna-se também mais econômico, já que os recursos concentram-se nos principais problemas

e nas medidas preventivas associadas, contribuindo assim para a consolidação da imagem e da

credibilidade da empresa junto aos clientes, o que aumenta a sua competitividade tanto no

mercado interno como o externo.

2.5.1 Descrição do processo de acordo com o sistema de APPCC na indústria

de Pescado

A descrição do processo de acordo com o sistema APPCC na indústria de pescado

que se segue tem como base a Portaria nº 1428/MS e segue o modelo do programa de Ações

Móveis do SENAI (2000).

46

Recepção/ Lavagem - Após a captura tecnicamente realizada, os peixes devem ser

imediatamente conduzidos à lavagem com água do mar (em quantidade suficiente) sob

pressão controlada, com o objetivo de se retirar o muco superficial e sujidades presentes.

Seleção e Classificação - A seleção separa peixes de espécies e tamanhos

diferentes, evitando assim, a mistura de espécies quando do acondicionamento nas urnas do

barco. Deve ser evitado, também, que os peixes maiores danifiquem peixes menores, no caso

de os últimos estarem colocados embaixo dos maiores.

Evisceração/ Lavagem - A retirada das vísceras é fundamental pois juntamente

com elas serão retiradas bactérias e enzimas que são responsáveis pelo processo de autólise

dos peixes, aumentando o seu tempo de vida útil. Em seguida procede-se à nova lavagem, de

preferência com água potável e hiperclorada (5ppm).

Acondicionamento/ Resfriamento – os peixes deverão ser acondicionados sob

refrigeração o mais rápido possível, sendo aplicadas, também, as boas práticas de higiene

(higienização das mãos, utensílios etc.) para uma operação mais segura.

Gelo - É utilizado gelo de ótima qualidade microbiológica na proporção adequada

(0,5Kg de gelo para 1Kg de peixe), sendo sempre a primeira e a última camada de gelo,

intercaladas com o pescado a resfriar.Outra maneira de resfriar os peixes é usar água do mar

contida em tanques de paredes duplas, onde circula o agente refrigerante. O

acondicionamento a bordo (sob refrigeração) contribui significativamente, para a qualidade

desejada, seja qual for a utilização após o desembarque.

Recepção na Indústria - Os peixes, ao chegarem à indústria, devem sofrer

inspeção, mesmo se estiverem refrigerados. A descarga e a recepção deverão ser feitas o mais

rápido possível, observando e anotando a procedência do mesmo, como medida de controle.

Caso necessário, o pescado é armazenado em câmara de espera, em temperatura entre 0º e 1º

C.

Acondicionamento/ Estocagem - Após a inspeção, o pescado será acondicionado

o mais rápido possível em câmaras de refrigeração (0º a 1º C) ou em caixas com gelo, sendo

aplicadas, também, as boas práticas de fabricação para uma operação mais segura. A

temperatura e a ventilação no interior da câmara deverão estar sob controle, se for o caso, não

devendo haver oscilações.

Pesagem - O peixe será separado do gelo para ser pesado. Esta etapa é realizada o

mais rápido possível, para não propiciar aumento da temperatura do peixe.

47

Lavagem - Após a pesagem, os peixes serão lavados com água corrente com no

mínimo 5ppm de cloro e, de preferência, refrigerada. A inspeção sanitária, juntamente com a

análise sensorial, vai definir se o peixe será destinado para a venda direta ou industrializado.

Expedição - O produto é expedido observando-se as condições de temperatura

necessárias.

2.5.2 Identificação de perigos químicos, biológicos e físicos na comercialização do

pescado de acordo com o sistema APPCC na indústria, Programa Ações Móveis

SENAI (2000)

Peixe: - Biológicos: microrganismos patogênicos, parasitos;

- Químicos: metais pesados, histamina, óleo diesel;

- Físicos; nenhum.

Gelo: - Biológicos: microrganismos patogênicos;

- Químicos: nenhum;

- Físico: nenhum.

2.5.2.1 Lista de perigos biológicos relacionados com as matérias-primas, ingredientes e

etapas do processo

Recepção/ Lavagem: parasitos e microrganismos patogênicos é justificado porque

os patógenos fazem parte da microbiota natural. Apresenta severidade baixo-média e risco

médio.

Seleção/ Classificação: microrganismos patogênicos e parasitos. Faz parte da

microbiota natural e podem aparecer também devido a deficiências higiênico-sanitárias na

operação, causando a contaminação. Apresenta severidade baixo-média e risco médio. As

medidas preventivas a serem tomadas são utilizações de boas práticas de fabricação de

manipulação e conservação, treinamento específico para os manipuladores e rapidez no

processo.

Evisceração/ Lavagem: microrganismos patogênicos e parasitos. Faz parte da

microbiota natural, e podem aparecer devido a deficiências higiênico-sanitárias na operação

que podem disseminar os microrganismos. Apresenta severidade baixo-média e risco médio.

48

As medidas preventivas são as boas práticas de fabricação de manipulação e conservação,

treinamento específico para manipuladores, rapidez no processo e utilização de água

refrigerada, tratada.

Gelo: bactérias patogênicas (enteropatogênicas e outras). O gelo pode ter sido

produzido com água não potável, levando à contaminação do produto. Apresenta média

severidade e risco médio-alto.Como medida preventiva o gelo deve ser produzido com água

potável e ter garantia assegurada.

Acondicionamento/ Resfriamento: microrganismos patogênicos. Falha na

temperatura de armazenamento podendo causar a proliferação de patógenos. Apresenta baixo-

média severidade e risco médio. Como medida preventiva deve-se ter o controle da

temperatura de armazenamento.

Peixe: microrganismos patogênicos e parasitos, fazem parte da microbiota natural

e a contaminação se dá através de superfícies/ manipuladores. Apresenta baixo-média

severidade e risco médio. As medidas preventivas são a seleção dos fornecedores, cocção

antes do consumo e inspeção na recepção.

Recepção do peixe na indústria / Armazenamento em câmara de espera:

microrganismo patogênico e parasitos. Deficiências na manipulação e na temperatura de

armazenamento podem introduzir/ permitir multiplicação de microrganismos. Apresenta

média severidade e risco médio. Como medida de prevenção deve-se ter o controle da

temperatura, boas práticas de fabricação; higiene pessoal e inspeção visual de parasitos.

Acondicionamento(estocagem): microrganismos patogênicos podem aparecer

através de falhas na refrigeração causando a proliferação de patógenos e também através de

superfícies/ manipuladores. Apresenta baixo-média severidade e risco médio e como medida

de prevenção sugere-se o controle da temperatura.

2.5.2.2 Lista de perigos químicos relacionados com matérias-primas, ingredientes e

etapas do processo

Recepção/ Lavagem: metais pesados. A contaminação ambiental e hábito

alimentar do pescado pode ser fonte contaminante. Apresenta alta severidade e risco médio.

Não há medidas de prevenção.

Acondicionamento a bordo/ resfriamento: Óleo diesel e histamina. Ocorre através

de vazamentos do motor ou tanque, manipulador com mãos com óleo podem contaminar os

49

peixes falhas na temperatura de armazenamento, podendo causar a multiplicação de bactérias

produtoras de histaminas. Apresenta baixa severidade e risco médio Como medida de

prevenção deve-se observar as boas praticas de fabricação à bordo (mãos), manutenção do

motor e reservatórios e controle de temperatura de armazenamento.

Peixe: metais pesados, histaminas, óleo diesel. Contaminação ambiental e hábito

alimentar do pescado pode ser fonte contaminante. Apresenta baixa severidade e risco médio.

As medidas de prevenção são; avaliação da presença de metais pesados, controle de

histaminas na recepção, controle de temperatura e inspeção sensorial.

Recepção do peixe na indústria/ armazenamento em câmara de espera: metais

pesados, histaminas e óleo diesel. Contaminação ambiental, deficiências na manipulação e

temperatura de armazenamento e vazamento do motor. Apresenta alta severidade e risco

médio. As medidas de prevenção são: avaliação da presença de metais pesados(programas),

análise de histaminas, controle de temperatura e inspeção sensorial..

Acondicionamento/ estocagem: histamina. Falhas na refrigeração podendo causar

a multiplicação de bactérias produtoras de histamina. Apresenta média severidade e risco

médio. Como medida preventiva sugere-se o controle de temperatura de refrigeração.

Os cuidados com o pescado devem ser tomados desde a sua captura até o momento

da venda, pois os microrganismos começam a atuar sobre o pescado logo após a sua morte.

Não se pode melhorar a qualidade do pescado depois de morto, porém pode-se parar ou

diminuir a ação dos microrganismos.

O pescado deve passar o menor tempo possível em temperatura ambiente e

exposto ao sol, pois os microrganismos se reproduzem de acordo com a temperatura e, quanto

mais quente, mais rápido o pescado se deteriorará.

Deve ser também evitadas, pancadas e cortes na pele, para não facilitar a entrada

de microrganismos na carne do pescado.

A lavagem e evisceração auxiliam na conservação do pescado por um tempo mais

longo devido à remoção do limo superficial e eliminação das bactérias e enzimas do trato

digestivo, diminuindo a velocidade de deterioração (GEROMEL, 1997).

2.6 TÉCNICAS DE RESFRIAMENTO PARA A INDÚSTRIA DE PESCADO

Resfriar consiste em manter o pescado em gelo ou em outro local refrigerado que

não produza o congelamento.

50

O princípio da conservação do pescado por refrigeração baseia-se na redução da

temperatura do produto.Com o abaixamento da temperatura, a velocidade com que os agentes

deterioradores atuam no pescado se torna menor (SANCHEZ, 1983 p. 159).

O rigor-mortis, tarda, mais para se iniciar e, dura mais quanto menor for a

temperatura em que o pescado é mantido. Desta maneira, a refrigeração faz com que a

deterioração causada por bactérias seja adiada.

O resfriamento é usado na pesca artesanal e muito importante manter a qualidade

do pescado até a chegada em terra. Como se deve resfriar:

• Espalhar uma quantidade adequada de gelo na caixa;

• Colocar os peixes lado a lado, tomando o cuidado para que não encostem uns

nos outros;

• Manter o pescado em camadas alternadas de gelo e peixe, tendo o cuidado

para não colocar muito gelo em cima do peixe;

• Se necessário colocar mais gelo na caixa

Diversos métodos são utilizados para se alcançar esta finalidade: utilização de gelo

moído; água do mar refrigerada ou salgada (método de RSW); ou o “super resfriamento”. É

desejável que se refrigere o pescado, por métodos que mantenham a superfície úmida, tal

como gelo em fusão ou água do mar refrigerada, pois se manter em superfícies secas ele

ficaria com aparência desagradável inaceitável para o comércio.

A utilização de gelo finamente moído é um meio quase ideal para a refrigeração e

preservação do peixe fresco, entretanto, é importante assegurar-se que o gelo possua padrões

higiênicos satisfatórios. Moagem do gelo deve estar no grau correto de tamanho dependendo

do tamanho e do tipo de peixe. Gelo muito grosseiro danificará mecanicamente o pescado,

enquanto que partículas mais finas formarão “pontes” durante a fusão, tornando o contato

menos eficiente. Um selamento adequado abaixará a temperatura próxima à 0oC em curto

tempo, dependendo do tamanho do pescado e da proporção gelo/peixe.

Para a exibição e conservação do pescado em vitrines, nos locais de

comercialização (peixarias, mercados, supermercados etc), uma boa prática é que o mesmo

deve se apresentar em uma única camada, preferivelmente envolvido em gelo picado, e não

formando pilhas, com gelo no fundo, como se encontra freqüentemente. É quase certeza que

os pescados colocados na parte superior da pilha terão a temperatura muito mais alta que

aqueles que estão em contato direto com o gelo.

51

Os filés nos mostruários, não devem entrar em contato direto com o gelo, pois este,

ao se derreter, carregará com a água de fusão substâncias componentes da carne, perdendo o

pescado algumas das suas características nutritivas e organolépticas.

CAPÍTULO III - LEGISLAÇÃO

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE LEGISLAÇÃO

Este capítulo se destina à parte de legislação referente ao planejamento de

unidades de comercialização de pescado, portarias da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), legislação de segurança e saúde no trabalho, Código Municipal

Sanitário da Cidade de Maceió, Código de Edificações e Urbanismo do município de Maceió.

A análise aqui proposta refere-se apenas aos aspectos construtivos e de

dimensionamentos determinados por essas legislações para unidades de comercialização de

pescado e não cabe neste estudo fazer críticas nem questionar essas legislações, mas apenas

qualificá-las para que, na aplicação do sistema SLP de Muther, elas entrem como limitações

práticas, facilitando o planejamento do arranjo físico.

3.2 DESCRIÇÃO DA PORTARIA Nº326 – SVS de 30 de julho de 1997

Esta portaria se divide em itens gerais como posturas legais, saúde, higiene

conservação e manutenção e específicos que se referem aos locais estabelecendo parâmetros

relevantes aos aspectos construtivos como é mostrada na íntegra em anexo.

Estabelece os padrões para a construção dos edifícios e instalações desde a área

onde será feita a edificação passando pelo controle de prevenção e da contaminação por lixo,

controle de água, proteção contra a contaminação da matéria-prima, armazenamento até os

processos de manipulação.

Dentro das condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos produtores/

industrializadores de alimentos são requisitos gerais:

1. localização – devem se situar em zonas isentas de odores indesejáveis, fumaça,

pó e outros contaminantes e não devem estar expostos a inundações.

2. vias de acesso interno – as vias e áreas utilizadas para circulação pelo

estabelecimento, que se encontram dentro de seu perímetro de ação, devem ter

uma superfície dura/ou pavimentada, adequada para o transito sobre rodas.

53

3. Devem dispor de um escoamento adequado assim como controle de meios de

limpeza;

4. edifícios e instalações - para aprovação das plantas, os edifícios e instalações

devem ter:

a. construção sólida e sanitariamente adequada;

b. todos os materiais usados na construção e na manutenção não devem

transmitir nenhuma substancia indesejável ao alimento;

c. espaço suficiente para atender de maneira adequada, a todas as

operações;

d. ter um desenho que permita:

1. uma limpeza adequada;

2. a devida inspeção quanto à garantia da qualidade higiênica-

sanitária do alimento;

e. devem ser projetados de forma que permita a separação, por áreas,

setores e outros meios eficazes, como definição de um fluxo de pessoas

e alimentos de forma a evitar as operações suscetíveis de causar

contaminação cruzada;

f. devem ser projetados de maneira que seu fluxo de operações possa ser

realizado nas condições de higiênicas, desde a chegada da matéria-

prima, durante o processo de produção, até a obtenção do produto final;

5. Na área de manipulação de alimentos:

a. Os pisos devem ser de material resistente ao transito, impermeáveis,

laváveis e antiderrapantes; serem fáceis de lavar ou desinfetar;

b. Os líquidos devem escorrer até os ralos (tipo sifão)

c. As paredes devem ser revestidas de materiais impermeáveis, laváveis e

de cor clara;

d. Os ângulos entre as paredes e o piso e entre as paredes e o teto devem

ser abaulados herméticos para facilitar a limpeza;

e. O teto deve ser constituído de modo a que impeça o acúmulo de sujeira

e se reduza ao mínimo a condensação e a formação de mofo;

f. Todas as estruturas e acessórios elevados devem ser instalados de

maneira a evitar a contaminação direta ou indireta dos alimentos;

g. O refeitório, lavabo, vestiário e banheiro de limpeza do pessoal auxiliar

do estabelecimento devem estar completamente separados dos locais de

54

manipulação de alimentos e não devem ter acesso direto e nem

comunicação com estes locais;

6. Iluminação e instalação elétrica:

a. Devem ter iluminação natural ou artificial que possibilitem a realização

dos trabalhos e não comprometa a higiene dos alimentos;

b. As fontes de luz artificial, de acordo com a legislação, que estejam

suspensas ou colocadas diretamente no teto e que se localizem sobre a

área de manipulação de alimentos, em qualquer das fases de produção,

devem ser do tipo adequado e estar protegidas contra quebras;

c. A iluminação não deverá alterar as cores;

d. As instalações elétricas devem ser embutidas ou exteriores e neste caso,

estarem perfeitamente revestidas por tubulações isolantes e presas a

paredes e tetos não sendo permitidas fiação elétrica solta sobre a zona

de manipulação de alimento.

7. Ventilação – o estabelecimento deve dispor:

a. De uma ventilação adequada de tal forma a evitar o calor excessivo, a

condensação de vapor, o acúmulo de poeira;

b. A direção da corrente de ar nunca deve ir de um local sujo para um

limpo;

c. Deve haver abertura a ventilação provida de sistema de proteção para

evitar a entrada de agentes contaminantes.

3.3 CÓDIGO DE EDIFICAÇÕES E URBANISMO DO MUNICÍPIO DE MACEIÓ

Institui as normas ordenadoras e disciplina, no município de Maceió, os

procedimentos administrativos e Executivos, a serem obedecidos nos projetos de

parcelamento e remembramento do solo urbano, bem como no licenciamento, execução,

manutenção e utilização de obras, edificações e equipamentos, dentro dos limites dos imóveis

em que se situam, inclusive os destinados ao funcionamento de órgãos ou serviços públicos,

sem prejuízo do disposto nas legislações estadual e federal pertinentes, no âmbito de suas

respectivas competências.

55

3.3.1 Análise do código de edificações e urbanismo de Maceió

Segundo o código urbano em se tratando de edificações horizontais uma unidade

de comercialização de pescado segue os parâmetros construtivos de uso residencial, ou seja,

deverão obedecer ao recuo frontal que será, no mínimo, de 3,00m para todas zonas contados a

partir da divisa do lote. No caso de lotes ou terrenos com mais de uma testada, a cada uma

delas corresponderá um afastamento frontal, sendo os demais afastamentos laterais, não

existindo afastamento de fundo.

Deverão, também ser observados, para este uso, os parâmetros estabelecidos para

Taxa de Ocupação (TO) e Coeficiente de Aproveitamento (CA), definidos para o setor da

cidade onde será implantada a edificação.

Toda a edificação de uso comercial deverá obedecer as seguintes condições:

• Ter pé direito mínimo de 2,4m

• Ser provida de instalações sanitárias próprias

• Dispor de instalações e equipamentos adequados ao combate auxiliar de

incêndio de acordo com as normas especificas do corpo de bombeiros

• Ter circulações de uso comum com largura mínima, de 1,20m, para

comprimento de até 15m e 1,50m para comprimentos superiores

• Ter pé direto mínimo nas circulações e banheiros de 2,20m

• Assegurar às pessoas com necessidades especiais o acesso aos serviços

oferecidos

• As instalações elétrica, hidráulica, telefônica, de gás, de refrigeração deverão

obedecer às exigências da ABNT

• Quando o número de pessoas trabalhando for maior que 20 haverá,

necessariamente instalações sanitárias separadas por sexo

• A ventilação e iluminação deverão estar asseguradas nesses ambientes de

forma natural, sendo permitida a iluminação zenital e/ou a utilização de

seteiras ou bandeiras. Serão igualmente permitidas a ventilação zenital e a

ventilação indireta Poe meio de dutos horizontais.

• Será obrigatória a existência de local destinado para acondicionamento de lixo,

podendo situar-se nos recuos da edificação, devendo atender as exigências da

Vigilância Sanitária Municipal.

56

3.4 CÓDIGO MUNICIPAL SANITÁRIO DA CIDADE DE MACEIÓ

Criado através da lei municipal nº 4227/93 de 29/07/93 em parágrafo único diz que

no desempenho da ação fiscalizadora a autoridade sanitária exercerá o controle e a

fiscalização sobre manipuladores de alimentos e outros produtos, além dos equipamentos,

utensílios e demais instalações, através de vistorias sistemáticas e obrigatórias pela autoridade

sanitária devidamente credenciada.

No desempenho da ação fiscalizadora as autoridades sanitárias observarão:

• Condições do ambiente;

• Condições de instalação, equipamentos e utensílios;

• Meios de proteção, métodos de tratamento;

• Embalagens de alimentos.

3.5 ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

As Normas Regulamentadoras relativas à segurança e à medicina do trabalho é

regida pela Lei nº 6514 de 22 de dezembro de 1977. Estas normas estão sempre sendo

atualizadas para se adequarem às constantes mudanças dos processos produtivos e,

conseqüentemente, às novas relações do trabalho Visam assegurar condições salubres e

ambientes adequados a realização de várias tarefas executadas nos locais de trabalho.

No âmbito do planejamento físico de unidades de comercialização de pescado

iremos aplicar apenas algumas normas para assegurar ambientes salubres, para a execução de

tarefas. São elas:

• NR-4 Serviços especializados em engenharia e segurança no trabalho

• NR-8 Edificações

• NR-17 Ergonomia

• NR-23 Proteção contra incêndio

• NR-24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho.

57

3.5.1 NR-4 Serviços Especializados em engenharia de segurança e em medicina do

trabalho

A empresa poderá dar assistência na área de segurança e medicina no trabalho a

seus empregados através de Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em

Medicina do Trabalho comuns organizados pelo sindicato ou associação da categoria

econômica correspondente ou pelas próprias empresas interessadas. Para efeito desta NR, as

unidades de comercialização de pescado são classificadas como risco III.

• As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e

indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados

regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) manterão,

obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em

medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a

integridade do trabalhador no local de trabalho.

3.5.2 NR -8 Edificações

• Os locais de trabalho devem ter, no mínimo 3 metros de pé-direito, assim

considerada a altura livre do piso ao teto;

• A critério da autoridade competente em segurança e medicina do trabalho,

poderá ser reduzido esse mínimo, desde que atendidas as condições de

iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do trabalho;

• Os pisos dos locais de trabalho não devem apresentar saliências nem

depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de

materiais;

• Os pisos e as paredes dos locais de trabalho devem ser, sempre que necessário

impermeabilizados e protegidos contra a umidade.

3.5.3 NR- 17 Ergonomia

• A organização do trabalho deve ser adequada às características

psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado;

58

• A iluminação natural ou artificial deve ser apropriada à natureza da atividade;

• A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa;

• Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados em pé, devem ser

colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por

todos os trabalhadores durante as pausas.

3.5.4 NR- 23 Proteção contra incêndio

• A largura mínima das aberturas de saída deverá ser de 1,20m;

• O sentido da abertura da porta não poderá ser para o interior do local de

trabalho;

• Quando não for possível atingir, diretamente, as portas de saída, deverão existir

em caráter permanente, vias de passagem ou corredores, com largura mínima

de 1,20m sempre rigorosamente desobstruídos;

• As saídas devem ser dispostas de tal forma que, entre elas e qualquer local de

trabalho, não se tenha de percorrer distancia maior que 15m nas de risco

grande e 30m nas de risco médio ou pequeno;

• Nenhuma porta de entrada, ou saída,ou de emergência de um estabelecimento

ou local de trabalho, deverá ser fechada a chave, aferrolhada, ou presa durante

as horas de trabalho;

• Todos os estabelecimentos, mesmo os dotados de chuveiro automático,

deverão ser providos de extintores de incêndio portáteis, a fim de combater o

fogo no início. Tais aparelhos devem ser apropriados à classe do fogo a

extinguir.

3.5.5 NR- 24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

3.5.5.1 Instalações sanitárias

• Nas industrias de gêneros alimentícios ou congêneres, o isolamento das

privadas deverá ser o mais rigoroso possível, a fim de evitar poluição ou

contaminação dos locais de trabalho;

59

• As áreas destinadas aos sanitários deverão atender às dimensões mínimas

essenciais. O órgão regional competente em segurança e medicina no trabalho

poderá, à vista de perícia local, exigir alterações de metragem que atendam ao

mínimo de conforto exigível. É considerada satisfatória a metragem de 1m2,

para cada sanitário, por 20 operários em atividade;

• As instalações deverão ser separadas por sexo

• O lavatório deverá ser provido de material para a limpeza, enxugo ou secagem

das mãos, proibindo-se o uso de toalhas coletivas;

• As paredes dos sanitários deverão ser construídas em alvenaria de tijolo

comum ou de concreto, e revestidas com material impermeável e lavável;

• A cobertura das instalações sanitárias deverá ter estrutura de madeira ou

metálica, e as telhas poderão ser de barro ou de fibro-cimento, devendo se

colocadas translúcidas para melhorar a iluminação natural, e telhas de

ventilação de 4 em 4 metros;

• As janelas das instalações sanitárias deverão ter caixilhos fixos inclinados de

45o, com vidros incolores e translúcidos, totalizando uma área tital

correspondente a 1/8 da área do piso;

• A parte inferior do caixilho deverá se situar, no mínimo, à altura de 1,5m a

partir do piso

• As instalações sanitárias deverão dispor de água canalizada e esgotos ligados

a rede geral ou à fossa séptica, com interposição de sifões hidráulicos, não

podendo se comunicar diretamente com locais de trabalho nem com os

destinados as refeições.

3.5.5.2 Vestiários

• A área de um vestiário será dimensionada em função de um mínimo de 1,50m2

para cada trabalhador;

• As janelas dos vestiários deverão ter caixilhos fixos, inclinados em 45o,

incolores e translúcidos, totalizando uma área correspondente a 1/8 da área do

piso;

60

• A parte inferior do caixilho deverá se situar, no mínimo, à altura de 1,50m, a

partir do piso;

• A cobertura dos vestiários deverá ter estrutura de madeira ou metálica, e as

telhas poderão ser de barro ou de fibro-cimento, devendo ser colocadas telhas

translúcidas, para melhorar a iluminação natural;

• Os armários de um só compartimento terão as dimensões mínimas de 80cm de

altura por 30cm de largura e 40cm de profundidade.

CAPÍTULO IV - DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE

COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo é feita uma descrição do surgimento das unidades de

comercialização de pescado, bem como das peculiaridades das edificações como é mostrada

no apêndice A para que possamos entendê-las e aplicá-las no planejamento das instalações

dos mesmos. Para isso utilizamos como exemplo a “Balança da Pajuçara” no município de

Maceió- AL que serviu de ponto de partida para o estudo em questão.

4.2 HISTÓRICO

O surgimento das primeiras unidades de comercialização de pescado se deu na

década de 60 quando da criação da Superintendência de Desenvolvimento da Pesca

(SUDEPE) e das colônias de pescadores as quais as unidades de comercialização estão

subordinadas. Daí então foi vista a necessidade da criação de um entreposto de pescado

próximo ao mar que lhes desse suporte para comercializar o produto pescado com maiores

condições de segurança uma vez que o pescado era comercializado na própria embarcação e o

que restava era levado para as residências dos pescadores e muitos se deterioravam facilmente

acarretando um desperdício significativo.

A unidade de comercialização da “balança do peixe da Pajuçara” é subordinada a

colônia de pescadores Z-1 do bairro da Pajuçara na capital de Alagoas, Maceió. Esta unidade

tem uma peculiaridade que é a de que os comercializadores compram o seu próprio pescado e

são chamados “pombeiros”, eles vendem o seu produto individualmente e tem as suas

próprias caixas de refrigeração, não existe cooperativismo.

4.3 A INDÚSTRIA DE PESCADO

A indústria pesqueira não difere das indústrias que processam outros alimentos

para o consumo humano, principalmente quanto às exigências em termos de higiene e

62

qualidade. Como o pescado é um produto altamente perecível, deve-se redobrar os cuidados

quanto ao adequado tratamento a bordo das embarcações, não negligenciando o cuidado no

transporte para a industria e a perfeita higienização de todas as linhas de processamento dos

produtos. Também é importante a utilização de uma tecnologia específica a cada produto, sem

esquecer com tudo a saúde dos funcionários que têm algum tipo de contato com o pescado.

Para Machado (1984) iniciado o processo de decomposição, não é possível fazer o pescado

voltar às boas condições sanitárias, pois se desconhece qualquer tecnologia que permita isso.

O que pode haver no máximo é uma paralisação ou um retardamento do processo de

decomposição. Daí a impossibilidade de se obter um produto pesqueiro industrializado de boa

qualidade, a partir de uma matéria prima comprometida.

Machado (1984) assinala que, além dos aspectos higiênicos e sanitários, a indústria

pesqueira precisa acompanhar a evolução tecnológica, no sentido de desenvolver novos

produtos, diminuir perdas, tornar a atividade mais rentável e, sobretudo, conquistar novos

consumidores. Atualmente, o investimento em qualidade é o grande diferencial de um

produto.

A vida útil do pescado é determinada pela ação das enzimas e pela quantidade de

microrganismos presente na carne, organismos esse que são tanto naturais do pescado quanto

introduzidos pelo manuseio, desde a sua captura até o processamento industrial. Daí se vê a

necessidade das boas práticas de manipulação e fabricação. Outro fator determinante da vida

útil do pescado se relaciona com a temperatura de estocagem após a captura ou despesca, à

demora na refrigeração, às flutuações da temperatura de estocagem e a temperatura em que o

produto é mantido no varejo, bem como, no transporte pelo consumidor.

Portanto é fundamental que, após a captura sejam adotadas medidas eficazes que

reduzam ao mínimo a ação das enzimas, dos microrganismos e do calor sobre o pescado,

visando à garantia de um produto final de primeira qualidade.

4.4 ASPECTOS DE SEGURANÇA

4.4.1 Levantamento e sistematização do processo do produto

Identificação da unidade de produção: Edificação horizontal (vê apêndice A)

seguindo os parâmetros do código de edificações e urbanismo de Maceió como está descrito

no capítulo III do presente estudo, situada na orla da praia de Pajuçara tendo sua frente

63

voltada para o sul, a cerca de 20 metros do mar, possui uma pequena rampa de acesso pela

qual o pescado é levado da embarcação para uma carroça que o recebe e o leva através da

rampa para a unidade de comercialização. Lá chegando ele é acondicionado em caixas de

refrigeração até receber o tratamento específico.

Características da região: Em geral as unidades de comercialização de pescado

se localizam em região litorânea como no caso específico da balança da Pajuçara que

apresenta características climáticas tais como excesso de luminosidade natural, ventilação

natural através dos ventos sudeste apresentando uma velocidade média de 30 Km/h que

ocorrem de janeiro a setembro promovendo uma temperatura amena de 27 a 30 0C e ventos

leste nordeste de outubro a dezembro onde a temperatura sobe um pouco mais chegando aos

350 C e umidade relativa do ar em torno de 75 a 85%. Essas características são essenciais ao

dimensionamento. Por exemplo como a região tem temperatura de 27 a 30º C e a legislação

estabelece o máximo de 26,7 a edificação terá que ser dissipadora de calor.

Características do pescado

Cavala – apresenta tamanho médio de 70cm podendo chegar a 153cm e

peso variando de 10 a 45Kg;

Arabaiana – apresenta tamanho médio de 95cm e peso variando entre 8Kg

a 10Kg e podendo chegar a 40Kg;

Sirigado – apresenta tamanho médio de 78cm podendo chegar a 92cm e

peso de 10 a 20Kg;

Carapeba – apresenta tamanho médio de 26cm e peso variando entre 1Kg e

1,6Kg;

Badejo – apresenta tamanho médio de 53cm e peso variando de 8Kg a

10Kg;

Cioba – apresenta tamanho médio de 47cm e peso médio entre 8Kg a

10Kg;

Dourado – apresenta tamanho variando entre 80 e 48cm e seu peso

variando entre 12 e 25Kg;

Serra – apresenta tamanho médio de 49cm e peso médio entre 8Kg a 10Kg;

Camurim – apresenta tamanho médio de 45cm e peso médio variando entre

8Kg e 10Kg;

Cação – apresenta tamanho de até 2m e peso até 150Kg;

64

Curimã – apresenta tamanho médio de 30cm e peso até 2Kg;

Peixe galo – apresenta tamanho médio de 50cm e peso até 2Kg;

Galo alto – apresenta tamanho médio de 70cm e peso de até 12Kg;

Atum – apresenta tamanho médio de 1m e peso médio de 40Kg;

Beijupirá – apresenta tamanho médio de 75cm e peso de até 20Kg;

Namorado – apresenta tamanho médio de 50cm e peso de até 10Kg;

Robalo – apresenta tamanho médio de 70cm e peso de até 20Kg;

Tainha – apresenta tamanho médio de 48cm e peso de até 8Kg;

Pescada – apresenta tamanho médio de 50cm e peso de até 8Kg.

Processo de produção: O volume comercializado depende da capacidade da frota

pesqueira, bem como também das espécies encontradas na região, que tomando como

exemplo o caso em estudo a maior incidência de espécies capturadas em virtude das

condições ambientais do litoral do estado são: a Cavala, Cioba, Arabaiana, Dourado, Pescada,

Atum, Camurim, Cação, Sirigado, Badejo, tendo também o camarão que no presente estudo

não foi contemplado, desses as mais solicitadas pelos consumidores são a Cavala, Arabaiana e

a Cioba que juntas somam um consumo de 900Kg. dos 1500Kg. comercializados

semanalmente pela balança que serve de estudo de caso . A entrega do pescado é feita

diretamente do pescador ao “pombeiro” (comercializador) que leva para a refrigeração,

ficando o pescado em espera podendo durar até 15 dias. Após a estocagem o produto é

retirado para ser lavado com água potável e em seguida proceder a evisceração e a

higienização para retornar a refrigeração e ficar a espera para ser comercializado. Alguns

produtos ficam expostos por até três horas em bandejas de alumínio nas bancadas. No

momento que o consumidor solicita o produto ele é pesado em balança analógica e após, é

filetado ou cortado em postas na frente do consumidor em tábuas de madeira.

Organização do trabalho: Os trabalhos se iniciam às 06 h 30 min, no caso

específico da balança da Pajuçara, intervalos pré-estabelecidos e se encerra às 20 horas. Isso

acontece uma vez que não existem funcionários pagos e sim os próprios donos comercializam

o seu próprio pescado. Cabe verificar se na região onde uma unidade será implantada, se esse

fenômeno se manifesta também.

Assistência e serviços de pessoal: Não existem, uma vez que os 16 funcionários

existentes são os próprios donos suas faixas etárias estão entre 25anos e 60 anos. Isso para o

65

caso da balança da Pajuçara, Cabe verificar se em uma unidade a ser implantada existe esse

fenômeno consultando a colônia de pescadores a qual ela estará subordinada.

Equipamentos de proteção individual: Pelas características do processo os

trabalhadores deveriam utilizar aventais, botas e boné, luvas e óculos. O que na balança da

Pajuçara não se verifica tal uso, ficando restrito apenas a aventais, botas e bonés.

Equipamentos de suporte: facas, facões, facoas, caixas de refrigeração, bandejas

de alumínio, serras elétricas, serras, balança digital, balança analógica.

4.4.2 Análise geral das condições de trabalho

4.4.2.1 Atos Inseguros

Trabalho em ritmo inseguro como arremessar material para o lixo em vez de levá-lo

Utilizar instrumental inadequado ou apanhar objetos de forma perigosa, sem firmeza e deixar

de proteger ferramentas cortantes ou pontudos utilizando um estojo ou caixas, deixar escapar

a ferramenta por má utilização;

Deixar de utilizar equipamentos de segurança ou mantê-los em mau estado, como luvas

aventais, botas, óculos como mostra a figura 08.

Figura 8 - Atos inseguros.- Deixar de utilizar equipamentos de segurança Fonte: Observação direta.

66

4.4.2.2 Condições Inseguras

Falta de protetores – falta de elementos para proteção e extintores de incêndio;

Equipamentos, ferramentas e materiais defeituosos – ferramentas sem cabo ou com

cabo em mau estado, elementos elétricos mal isolados, escapamento de água, incrustações em

depósitos como mostra as figuras 10, 11, 12, 13e 14.

Ordenação deficiente do processo em geral – espaço de circulação inadequado

para o desenvolvimento do processo, saneamento inadequado, materiais ou ferramentas em

locais de difícil acesso ( vê apêndice A);

Instalações mal projetadas ou mal construídas – instalações demasiadamente

reduzidas, comandos mal projetados, mal colocados que obrigam posições perigosas.

Dentre as condições inseguras citamos como exemplo as encontradas na unidade

de comercialização de pescado da balança da Pajuçara mostradas através das ilustrações que

se seguem, onde fica bastante evidente a utilização de material elétrico mal isolado,

escapamentos de água, a ordenação deficiente do processo e também as instalações mal

projetadas.

Figura 9 - Acondicionamento inadequado Fonte: Observação direta da balança da Pajuçara

Figura 10 - Ordenação deficiente do processo Fonte: Observação direta da balança da Pajuçara

67

Figura 11 - Instalações reduzidas Fonte: Observação direta da balança da Pajuçara

Figura 12 - Saneamento inadequado Fonte: Observação direta da balança da Pajuçara

Figura 13 - Condições inseguras- instralações elétricas inadequadas Fonte: Observação direta da balança da Pajuçara

68

.

Figura 14 - Condições inseguras. Elementos elétricos mal isolados Fonte: Observação direta da balança da Pajuçara

Figura 15 - Condições inseguras – inadequação ergonomica Fonte: Observação direta da balança da pajuçara

4.5 RISCOS EXISTENTES NAS UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DE

PESCADO

Riscos físicos – nesta categoria para as unidades de comercialização de pescado se

destaca:

Frio

Umidade.

69

Riscos químicos – os riscos químicos que se apresentam com maior intensidade

nas unidades de comercialização de pescado são:

Poeiras –.

Produtos químicos diversos tais como: óleo diesel, soda caustica, ácido

clorídrico, ácido sulfúrico carbonato de sódio

Riscos biológicos – Os riscos biológicos existentes nas unidades de

comercialização de pescado são:

Protozoários

Fungos

Bacilos

Vírus

Riscos ergonômicos - os riscos ergonômicos encontrados nas unidades de

comercialização de pescado são;

Esforço intensivo;

Levantamento e transporte manual de peso;

Exigência de postura inadequada;

Controle rígido de produtividade;

Imposição de ritmos excessivos;

Jornada de trabalho prolongada;

Monotonia e repetitividade;

Outras situações causadoras de stress físico e psíquicos.

Riscos de Acidentes – os riscos de acidentes que se incluem para as unidades de

comercialização de pescado são:

Arranjo físico – inadequado ao ambiente de trabalho;

Equipamentos – sem proteção;

Ferramentas – inadequadas, defeituosas e impróprias;

Eletricidade – falta de aterramento e improvisações

Probabilidade de incêndio–sobrecarga elétrica;

Edificações – pisos inadequados, ausência de espaço físico ;

Transporte e movimentação de materiais – batida contra, batida por,

choque contra, quedas de objetos;

70

Iluminação –

Armazenagem inadequada

Animais peçonhentos –

4.6 AVALIAÇÃO DA UNIDADE DE COMERCIALIZAÇÃO DE PESCADO

A avaliação foi feita através da observação direta tendo como base para estudo o

exemplo da balança da Pajuçara:

4.6.1 Tipos de riscos encontrados na unidade de comercialização usada como exemplo:

Riscos Físicos

Umidade (o piso se encontra constantemente molhado);

Frio.

Medidas preventivas

Evitar que as caixas de refrigeração vazem;

Contole da temperatura das caixas de refrigeração.

Riscos químicos

Poeira – o pescado fica exposto nas bancadas por no mínimo três horas;

Produtos de limpeza – resíduos nos utensílios e equipamentos utilizados

Produtos químicos – óleo diesel, metais tóxicos (a partir da contaminação

ambiental através da água tias como Mercúrio, Cádmio, chumbo, Arsênio,

Zinco, Alumínio, Cobre, Antimônio e Flúor.

Medidas preventivas

Através de um adequado treinamento dos funcionários;

Realizando inspeções dos equipamentos após a limpeza;

Utilizar materiais apropriados ( ex aço inox);

Mediante um desenho e gestão adequados dos sistemas de limpeza;

71

Evitar a coleta de pescados em regiões onde haja possibilidade de

contaminantes químicos ou pesticidas na água e receber certificado do

fornecedor junto com o laudo de que a água onde foi efetuada a pesca não

esteja contaminada;

Aplicar análises para determinar contaminantes químicos ou pesticidas na

recepção do produto;

Evitar matérias-primas originárias de locais com histórico de possuírem

metais pesados.

Riscos biológicos

Patógenos bacterianos

A oxidação das gorduras insaturadas

Medidas preventivas

Controle rígido da temperatura de refrigeração

Evitar a contaminação mantendo as mãos sempre limpas e utensílios feitos

a assepsia adequada

Manter sobre controle as condições físico-quimicas e bacteriológicas das

águas de lavagem.

Riscos ergonômicos

Jornada de trabalho inadequada

Postura inadequada nas operações

Levantamento e transporte manual de peso

Medidas preventivas:

Estabelecer uma jornada de trabalho compatível

Obedecer às normas de segurança estabelecidas para a altura das bancadas

Estabelecer um layout adequado

Riscos de acidentes

Instalações elétricas inadequadas

Rede hidráulica danificada causando vazamento em toda a encanação

Piso constantemente molhado

72

Equipamentos inadequados

Arranjo físico inadequado

Uso de bancada de madeira

Medidas preventivas:

Reformular a rede elétrica

Fazer uma substituição de todo o encanamento da rede hidráulica evitando

o vazamento

Fazer uma revisão nos equipamentos

Modificar o layout

Realizar um plano para substituição de bancadas utilizando aço inox

4.6.2 Área destinada aos resíduos

A área destinada aos resíduos se encontra no lado de fora da edificação conforme

especificado na Portaria 326 SVS/MS em anexo, a espera da coleta pelo serviço de limpeza da

cidade que recolhe o lixo diariamente. O resíduo proveniente da evisceração, bem como os

resíduos provenientes dos cortes como as escamas e espinhas, ficam acondicionados abaixo

da bancada, até completar a sua capacidade, para ser colocado no depósito do lado de fora..

4.6 3 Área de acesso da clientela

A área de acesso é totalmente urbanizada possuindo estacionamento adequado,

seguindo as normas pré-estabelecidas na Portaria 326 SVS/MS em anexo.

4.6.4 Área de manipulação do Pescado

Na área de manipulação do pescado o piso encontra-se constantemente molhado

como é mostrado no apêndice A, em decorrência da má conservação da edificação indo de

encontro as normas da Portaria 326 SVS/MS em anexo, que diz que o piso deve ser

73

impermeável e antiderrapante e que os líquidos devem escorrer até os ralos que devem ser

tipo sifão ou similar.

O espaço entre as áreas de recepção (suja) e a área de manipulação (limpa) não

está bem definido como é evidenciado em fotos do apêndice A, o que pode acarretar

contaminação do pescado.

CAPÍTULO V - ADAPTAÇÃO DO SISTEMA SLP DE MUTHER PARA UNIDADES DE COMERCIALIZAÇÃO DO PESCADO

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Tendo em vista a origem eminentemente fabril da Engenharia de Produção, a

maioria dos trabalhos relacionados ao planejamento das instalações tem se debruçado sobre

problemas ligados ao planejamento de industrias, o que não é diferente para o sistema SLP,

porém no presente trabalho resolveu-se adaptar o sistema SLP ao planejamento de unidades

de comercialização de pescado, tendo em vista que edificações de serviços se diferenciam em

demasia de edificações industriais, tanto pelo processo, quanto pelo tipo de informações que

circulam.

O trabalho em questão vem detalhar as etapas do sistema SLP de modo aplicativo

ao planejamento do arranjo físico geral de unidades de comercialização de pescado, não

pretendendo chegar a um projeto específico, e sim, fornecer didaticamente o detalhamento

deste método, aplicando-o de forma a exemplificar o seu procedimento.

5.2 DADOS DE ENTRADA

Os dados de entrada proporcionam alguns conhecimentos ao projetista em termos

de projeção de produto, quantidades a serem vendidas, processos de fabricação e

equipamentos, serviços de pessoal, serviços de produção, planejamento e considerações sobre

medida de tempo. Esses conhecimentos ajudam na investigação de inter-relações e espaços.

5.2.1 Produtos

As unidades de comercialização de pescado se destinam ao comércio de pescado

tanto no varejo, quanto no atacado, onde o produto é sempre comercializado fresco, nunca

congelado.

75

Sua localização é sempre urbana, preferencialmente na orla marítima e

normalmente são edificações horizontais de um único pavimento.

Nas unidades de comercialização existem variedades de espécies que dependem

muito da região onde estão localizadas. No estudo em questão (balança da Pajuçara- Maceió-

Alagoas) as seguintes espécies de produtos são comercializadas: Cavala, Arabaiana, Sirigado,

Carapeba, Badejo, Cioba, Dourado, Serra, Camurim, Cação, Curimã, Peixe galo, Galo alto,

Atum, Beijupirá, Namorado, Robalo, Tainha e Pescada que são sempre comercializados

frescos. As características destes produtos específicos para a balança da Pajuçara estão

detalhadas no capitulo IV.

Para o dimensionamento em outras localidades, recomenda-se consultar o site

www.mma.gov.br/port/sqa/projetorevizee para obter informações sobre as espécies de

pescado, e suas características na região considerada..

5.2.2 Quantidade

As quantidades do pescado segundo suas espécies são relacionadas semanalmente

e dependem muito do consumidor, da frota pesqueira e também de determinadas épocas do

ano, onde o produto é mais solicitado, como é o caso da época da quaresma.

O volume comercializado na balança da Pajuçara semanalmente é de 1500Kg,

sendo que as espécies mais solicitadas são a Cavala, Arabaiana e a Cioba que juntas perfazem

um total de 900kg ficando os 600Kg restantes para as outras espécies. No entanto estes

volumes de pescado podem variar de acordo com a localidade onde a unidade de

comercialização será implantada e também com a frota pesqueira da região.

Todos os dados relacionados a quantidades de pescado, preferências do

consumidor e até a frota pesqueira da região poderão ser obtidos junto às colônias de

pescadores locais.

5.2.3 Roteiro

5.2.3.1 Recepção

Após o recebimento, o pescado deve ser conduzido à lavagem com água do mar

com o objetivo de se retirar o muco superficial e sujidades presentes para evitar contaminação

através de parasitas e microrganismos patogênicos.

76

5.2.3.2 Seleção e classificação

Separação dos peixes por espécies e tamanho diferente. Esse processo deve ser

rápido para evitar contaminação.

5.2.3.3 Evisceração e lavagem

A retirada das vísceras é fundamental, pois justamente com elas serão retiradas

bactérias enzimas que são responsáveis pelo processo de autólise dos peixes aumentando o

tempo de vida útil dos mesmos. Requer treinamento dos manipuladores, rapidez no processo e

utilização de água tratada e refrigerada.

5.2.3.4 Acondicionamento e resfriamento

O pescado deverá ser acondicionado sob refrigeração o mais rápido possível. O

gelo deverá ser de ótima qualidade e a proporção adequada é de 0,5Kg de gelo para cada 1Kg

de peixe.

5.2.3.5 Pesagem

O pescado é separado do gelo para em seguida ser pesado sempre à vista do

cliente.

5.2.3.6 Corte/ Filetagem

O pescado, após pesado, é cortado em postas ou filetado de acordo com a

solicitação do cliente.

5.2.3.7 Expedição

O pescado é expedido observando as condições de higiene determinadas pela

inspeção sanitária.

77

5.2.4 Serviços de Suporte

Nas unidades de comercialização, os serviços de suporte dizem respeito às áreas:

• Área de equipamentos que correspondem aos utensílios usados como facas,

facões, facoas, serra, serra elétrica, balança analógica, balança digital, caixas

de refrigeração, bandejas para acondicionamento;

• Área destinada a dá suporte ao pessoal operacional que são:

o Vestiário;

o Sanitários;

o Central de água potável;

o Reservatório de água;

o Caixas de refrigeração;

o Manutenção dos equipamentos.

• Área destinada ao Lixo --Todas as medidas preventivas para evitar a

contaminação dos alimentos não adiantarão se, durante a rotina de trabalho

não houver local adequado para descartar o lixo:

o Na área de processamento de alimentos – o lixo deve estar em

recipientes tampados limpos e higienizados toda vez que forem

reutilizados, de preferência revestidos com sacos plásticos,

descartáveis à prova de vazamentos. A coleta do lixo deve ser feita

sempre que os recipientes estiverem quase cheios ou, depois de cada

período de trabalho, sendo depositado em recipientes maiores com

tampa;

o Na área externa para deposito de lixo – O local externo destinado ao

armazenamento diário de lixo deve ser coberto limpo e seco fora da

área de manipulação.

De maneira geral deve prevalecer no projeto de uma unidade de comercialização o

conceito de que todos os componentes têm importância, à semelhança do que ocorre nas

industrias, onde o “processo industrial de produção” é de grande importância para os projetos

de arquitetura e engenharia. Cada um desses serviços deve ser projetado tendo em vista a

qualidade, e a economia nos custos operacionais.

78

5.3 FLUXO DE MATERIAIS

No processo de fabricação, a análise do fluxo de materiais ajuda na determinação

da melhor seqüência de movimentação dos materiais através das etapas exigidas pelo

processo e a determinação da intensidade desse movimento em relação ao planejamento das

instalações.

No caso de uma unidade de comercialização de pescado é de fundamental

importância que não aja cruzamento das áreas de recepção (área suja) e de manipulação (área

limpa), sendo necessário ao projetar, diferenciar as áreas de circulação de pessoas, bem como

a área destinada aos resíduos.

5.3.1 Fluxo de materiais inerentes à produção de serviços

O fluxo de materiais inerentes à produção de serviços refere-se ao tratamento feito

no pescado após recebimento do mesmo.

PESCADO RECEPÇÃO LAVAGEM SELEÇÃO LIMPEZA/EVISCERAÇÃO

LIXO

ACONDICIONAMENTO/ RESFRIAMENTO Figura 16 - Fluxo de materiais Fonte: observação direta na unidade de comercialização de pescado

5.3.2 Fluxo de materiais inerentes à solicitação do consumidor

O fluxo do material inerente à solicitação do consumidor refere-se ao momento em

que o consumidor escolhe o seu produto no expositor daí solicita a pesagem e ao mesmo

tempo solicita o tipo de corte de sua preferência ou pescado inteiro.

79

5.3.2.1 fluxo de materiais quando solicitados cortes

PESCADO ACONDICIONADO

EXPOSITOR

VERIFICAÇÃO PELO CONSUMIDOR

PESAGEM

CORTE

FILETAGEM FILÉS EMBALAGEM

POSTAS ESCAMAS ESCAMAS/PELE/ESPINHAS PAGAMENTO

LIXO LIXO

EMBALAGEM

PAGAMENTO

Figura 17 - Fluxo de materiais inerentes à solicitação do consumidor Fonte: observação direta na unidade de comercialização do pescado

80

5.3.2.2 Fluxo de materiais quando solicitado pescado inteiro

pescado verificação/ expositor pesagem retirada das embalagem acondicionado consumidor escamas

Lixo

Pagamento Figura 18 - Fluxo de materiais quando solicitado inteiro Fonte: Observação direta na unidade

5.4 CARTA DE INTERLIGAÇÕES PREFERENCIAIS

A carta de interligações preferenciais é uma das melhores maneiras de integrar os

serviços de apoio aos departamentos de produção, no caso de industrias, ou de planejar o

arranjo físico de escritórios e áreas de serviço nas quais existe pequeno fluxo de materiais.

Quando se tem muitas atividades ou ambientes, a carta de interligações

preferenciais permite que estas atividades sejam agrupadas segundo um critério de

semelhança, facilitando a sua execução. No caso de unidades de comercialização de pescado,

existem muitas atividades que necessitam ser agrupadas.

A técnica de diagramar e classificar justificando as interligações é, sem dúvida, um

meio sistemática de tratamento do conjunto de dados. O resultado deste procedimento é uma

série de exigências e requerimentos estabelecidos a partir das interligações, aos quais o

arranjo físico fica preso, ou seja, a carta oferece razões objetivas que justificam a proximidade

relativa das atividades como mostra a figura 18.

81

5.4.1 Carta de interligações preferenciais

Figura 19 - Carta de interligações preferenciais Fonte: adaptado de Müthrer (1978, p.35)

Código Razão 1 Contato pessoal 2 Uso comum de equipamento 3 Recepção/produto 4 Manipulação do produto 5 Resíduos 6 Recepção/cliente

Quadro 4 - Código/razão Fonte: Adaptado de Müther (1978 p. 35)

Valor Proximidade Nº de atividades

A Absolutamente importante 7 E Muito importante 5 I Importante 6 O Pouco importante 6 U Desprezível 4 X Indesejável

TOTAL = N x (N-1)/2 28 Quadro 5 - Valor/proximidade Fonte: Adaptado de Müther (1978 p.35)

82

5.4.2 Inter-relações padronizadas

Letra Atividades Razão para proximidade A Lavagem; Limpeza e evisceração

Armazenagema frio Urgência e Freqüência do serviço

E Recepção; Pesagem Quantidade de produto; Freqüência I Corte; Filetagem Quantidade de material O Equipamentos Movimentação e uso de equipamentos U Manutenção Serviço menor X Lançamento de resíduos Sujeira; lixo

Quadro 6 - Inter-relações padronizadas Fonte: Adaptado de Müther (1978, p.39)

5.5 DIAGRAMA DE INTER-RELAÇÕES DE ESPAÇO

Neste diagrama são feitos aperfeiçoamentos a fim de adaptar o arranjo físico às

condições requeridas pela área e à conveniência das instalações. No caso de uma unidade de

comercialização de pescado, deve-se preocupar com o ordenamento das dependências de

forma lógica, sem pontos de estrangulamento para que não aja contaminação cruzada das

áreas onde se manipulam as matérias primas contaminadas (área suja), com as das áreas que

recebem o pescado já submetido a lavagem (área limpa), sendo necessário ao projetar,

diferencias as áreas de circulação de pessoas, bem como a área destinada aos resíduos.

O método de diagramação de inter-relação consiste em ligar as atividades por

linhas. O formato de cada símbolo indica o tipo de atividade; o número dentro é para

identificação: o número de linhas ligando os símbolos fornece o grau de proximidade

desejado (ou necessário).

Para as unidades de comercialização de pescado, o diagrama de inter-relações

abaixo indica quais atividades devem ficar próximas e quais ficarão mais afastadas Por

exemplo: Na área suja a atividade de recepção de pescado está ligada por três linhas

(proximidade especialmente importante) a atividade de lavagem que por sua vez está ligada

por quatro linhas (proximidade absolutamente necessária) a de limpeza e evisceração. A área

suja se liga a área limpa através da atividade de armazenagem por quatro linhas (proximidade

absolutamente necessária). A atividade de armazenagem se liga a atividade de

acondicionamento por três linhas (proximidade especialmente importante); a atividade de

acondicionamento se liga a de inspeção e pesagem por três linhas (proximidade especialmente

importante); atividade de inspeção e pesagem se liga a de inspeção feita pelo cliente por duas

83

linhas (proximidade importante); a atividade de inspeção se liga a de corte e filetagem por

duas linhas (proximidade importante), a atividade de corte e filetagem se liga por três linhas

(proximidade especialmente importante) com a dos filés ou postas prontas,.que por sua vez

irão se ligar por duas linhas (proximidade importante) a atividade da embalagem a qual se

ligará por duas linhas (proximidade importante) a atividade de entrega e recebimento pelo

cliente. A área de suporte se inter relaciona com as atividades de evisceração e de corte por

uma linha (pouco importante).

Figura 20 - Diagrama de inter-relações de espaço Fonte: Adaptado de Müther (1978, p.46)

5.6 LIMITAÇÕES PRÁTICAS

Existem fatores que devem ser considerados para que o planejamento físico de

uma unidade de comercialização de pescado chegue ao seu objetivo final que é a satisfação do

consumidor. Como retreinamento de todo o quadro de pessoal quanto aos conceitos de Boas

Práticas de fabricação, uma vez que é uma mudança cultural e precisa de um maior prazo de

adaptação; a criação de um chek-list e planilhas de registros na área de produção para se

84

determinar não só o consumo real do produto, mas também a freqüência com que ele é

solicitado; fazer fixação na área de produção das fichas técnicas dos produtos e por último

criar uma estrutura interna de auditoria, para acompanhamentos dos processos Para isso

devem ser consideradas as limitações práticas referentes a esse planejamento que encontram-

se descritas no capítulo III deste trabalho, e versam sobre:

• Normas regulamentadoras de Higiene e Segurança no trabalho:

o NR- 4 – Serviços especializados em engenharia e segurança no

trabalho;

o NR – 8 – Edificações;

o NR – 17 – Ergonomia;

o NR – 23 Proteção contra incêndio ;

o NR -24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho.

• Código urbano da cidade de para onde se está projetando a unidade de

comercialização de pescado, neste caso, o código urbano da cidade de Maceió

ao qual devem ser obedecidos os seguintes critérios:

o Deve-se situar em área urbanizada e pavimentada para evitar assim

a formação de poeira e também facilitar o escoamento das águas;

o Deve ter espaço suficiente para instalar os equipamentos e construir

as dependências compatíveis com os produtos a serem elaborados;

o Deve dispor de luz natural e artificial abundantes, bem como de

ventilação em todas as dependências, respeitadas as peculiaridades

tecnológicas cabíveis, de modo a evitar que os raios solares

prejudiquem a natureza dos trabalhos dessas dependências

o Deve dispor de área destinada ao acondicionamento de lixo que

deverá ser em área externa, coberta separada da de manipulação do

pescado.

• Portarias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária;- É de fundamental

importância para uma unidade de comercialização de pescado a implantação

do sistema APPCC para garantir a qualidade, higiene e segurança na

manipulação do pescado. Para isso deve ser obedecida a Portarias nº 326-

SVS/MS que estabelece procedimentos como:

• Na área de manipulação do pescado, o piso deve ser impermeável

lavável e antiderrapante, possuir ralos tipo sifão para evitar a

85

formação de poças; as paredes devem ser revestidas de material

impermeável, lavável e de cor clara;

• Preparar a instalação de um sistema para lavagem e secagem das

mãos na área de produção, que deve dispor de água fria e de

elementos adequados (sabonete líquido, detergente, toalha de papel)

• As instalações elétricas devem ser embutidas ou exteriores e, neste

caso, estarem perfeitamente revestidas por tubulações isolantes;

• A direção da corrente de ar nunca deve ir de um local sujo para um

limpo.

Deve-se empregar o que está exposto no capítulo III em relação ao espaço

proposto, e adaptá-lo a essas normas, evitando-se assim confrontos e possíveis mudanças no

decorrer da implantação da edificação.

Neste trabalho são abordados os itens generalizados como facilitadores do projeto,

salientando que todas as etapas são importantes e devem ser seguidas para compor uma

solução com resultado satisfatório.

O trabalho utiliza as etapas do SLP que são formativas do projeto. As informações

levantadas são generalizadas, as específicas ficam a cargo do projetista fazê-las.

No quadro 8, são evidenciadas as mudanças propostas para a adaptação do Sistema

SLP de Muther em cada etapa apresentada, considerando que, não foram feitas as mudanças

com relação ao espaço disponível pois, está ligado diretamente ao tamanho do terreno e às

condições impostas pelo código urbano, quanto aos índices de aproveitamento e ocupação.

Estes índices são variáveis, e dependem da área urbana onde o terreno está localizado, bem

como também não foram feitas as condições de mudanças.. Com relação ao diagrama de

inter-relações de espaços, são feitos aperfeiçoamentos a fim de adaptar o arranjo físico às

condições requeridas pela área e à conveniência das instalações.

Neste estudo são abordados os itens generalizados como facilitadores do projeto

(as específicas fica a cargo do projetista fazê-las), salientando que todas as etapas são

importantes e devem ser seguidas para compor uma solução com resultado satisfatório.

86

Etapas Especificações Pontos onde são encontrados

Etapa 1 DADOS DE ENTRADA: P, Q, R, S ,T e ATIVIDADES

P – Produto Q- Quantidade R- Roteiro S- Serviços de suporte T- Tempo

5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.2.4

x Etapa2 FLUXO DE MATERIAIS Fluxo de materiais inerentes à produção

de serviços Fluxo de materiais inerentes à solicitação do consumidor Fluxo de materiais quando solicitado em cortes Fluxo de materiais quando solicitado inteiro

5.3.1

5.3.2

5.3.2.1

5.3.2.2

Etapa 3 CARTA DE INTERLIGAÇÕES PREFERENCIAIS

Carta de interligações preferenciais Carta de interligações preferências Inter-relações padronizadas

5.4 5.4.1 5.4.2

Etapa 4 DIAGRAMA DE INTER-RELAÇÕES

Diagrama de inter-relações 5.5

Etapa 4 LIMITAÇÕES PRÁTICAS

Limitações práticas 5.6

Quadro 7 - Alterações propostas no projeto de adaptação do sistema SLP Fonte: Interpretação e produção da autora, 2006.

CAPÍTULO VI - CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES FINAIS

6.1 CONCLUSÃO

Esse trabalho teve a intenção de mostrar didaticamente o desenvolvimento das

etapas do sistema SLP, fornecendo os dados de entrada, fluxo de materiais, carta de

interligações preferenciais,e as inter-relações padronizadas, o diagrama de inter-relações de

espaço e as limitações práticas necessárias ao projeto de uma unidade de comercialização de

pescado, cabendo ao projetista balancear estes dados e fazer uma avaliação final do arranjo

usando a sua criatividade.

O sistema SLP é uma metodologia que serve de união da lógica de elaboração do

arranjo físico com a parte da construção e a de aperfeiçoamento, permitindo com isso a

introdução de critérios ao longo de seu desenvolvimento.

Ao se planejar arranjo físico deve-se ter o cuidado de partir da abordagem geral

para a específica no sentido de alcançar a meta de integração global de todos os recursos. O

projetista deve ter uma visão do todo para não correr o risco de sub-otimizar o sistema

completo.

A vantagem deste estudo foi considerar os critérios das condições físicas e de

higiene e segurança do trabalho no decorrer do seu desenvolvimento, além de facilitar a tarefa

de atender às exigências das normas regulamentadoras, as portarias da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) que foram apresentadas nas limitações práticas, facilitando ao

projetista a execução do projeto.

Neste trabalho foram sintetizadas as informações necessárias ao desenvolvimento

do projeto de uma unidade de comercialização de pescado. Partindo como base para o estudo

a observação direta de uma unidade de comercialização de pescado situada no litoral da

cidade de Maceió esta do de Alagoas, porém pode-se observar que a pesquisa é passível de ser

aplicada em qualquer outra unidade de comercialização de pescado, de qualquer cidade,

bastando para isso que se faça alguns ajustes conforme sugerido no capítulo V.

Feita a pesquisa foi constatado que a edificação de uma unidade de

comercialização de pescado em termos de arranjo físico, possui uma estrutura bem definida e

que em decorrência deste fato possui um baixo grau de flexibilidade, e desconsidera as

necessidades de adaptação de espaço e modificações no arranjo físico no decorrer do uso.

88

As soluções arquitetônicas utilizadas nas edificações de unidades de

comercialização de pescado devem ser práticas e realistas, visando principalmente à criação

de um ambiente confortável, adequado ao processo e propício ao trabalho. Devem ser evitadas

soluções de alto custo de manutenção, conservação difícil e que irão de encontro às normas de

segurança.

Uma das conclusões que a pesquisa chegou foi a de que as unidades de

comercialização são caracterizadas por níveis de contato direto com os clientes, customização,

volume de produtos e liberdade de decisão pessoal. O serviço é proporcionado através da

combinação de atividades da linha de frente – comercializador/cliente-, equipamentos e

ênfase no produto/processo. Diante dessas características, o arranjo físico por processo é

predominante, porque as necessidades e conveniências dos recursos transformadores, que

constituem o processo na operação, dominam a decisão sobre arranjo físico.

Neste tipo de arranjo, os processos similares localizam-se juntos um do outro. É

conveniente mantê-los juntos para beneficiar o fluxo, pois, quando da solicitação do cliente ao

pessoal de serviço a operação percorre um roteiro de processo a processo de acordo com suas

necessidades. Diferentes produtos terão diferentes necessidades e, portanto, percorrerão

diferentes roteiros através da operação. Por outro lado apesar de prevalecer o arranjo físico

por processo, cada área deve ser detalhadamente separada para evitar que as áreas onde se

manipulam as matérias primas contaminadas (áreas sujas), se cruzem com as áreas que

recebem o pescado já submetido a lavagem (áreas limpas) para não haver prejuízo no seu

funcionamento.

Estes fatores influem diretamente no processo de elaboração do arranjo físico por

setorização bem definidos e demarcados, com circulações específicas para cientes, pessoal de

serviço e fornecedores; o ideal é que estas circulações não se cruzem.

Em resumo a pesquisa realizada atendeu a todos os objetivos específicos definidos

no item 1.3.2 e está aberta para novos melhoramentos.

6.2 RECOMENDAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa está aberta a novas otimizações, e, para uma maior eficiência se faz

necessárias algumas sugestões e recomendações que são enumeradas a seguir:

• Faz-se necessário que esta adaptação seja divulgada para que apareçam

sugestões no sentido de viabilizar seu aperfeiçoamento;

89

• Esta adaptação pode ser beneficiada cruzando-a com outros programas que

apresentem preocupação com melhorias de qualidade no produto oferecido e

também com melhorias ambientais.

Por fim recomenda-se o desenvolvimento de outras pesquisas que priorizem as

questões da qualidade do produto oferecido aos clientes, a qualidade de vida dos

trabalhadores e também a questão ergonômica no trabalho nas unidades de comercialização

de pescado.

REFERÊNCIAS

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94

APÊNDICE A – Edificação horizontal apresentando as peculiaridades de

uma unidade de comercialização de pescado

95

Condições Inseguras: espaço indefinido entre área suja e área limpa

96

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO

1- Quantas toneladas de pescado são comercializados por semana?

2- Quais os tipos de pescado?

3- Desses tipos qual o mais solicitado pelo consumidor?

4- Quantas toneladas são comercializadas desses tipos semanalmente?

5- Como é feita a entrega do pescado para ser comercializado?

6- Qual o tempo após o recebimento do pescado que ele permanece na refrigeração?

7- Como é feita a lavagem?

8- Existe tratamento diferenciado para os diversos tipos de pescado?

9- É feita a evisceração logo após o recebimento?

10- Qual a temperatura das caixas de refrigeração?

11- O pescado só é colocado na refrigeração após a higienização?

12- Qual o tempo de exposição do pescado sem refrigeração no balcão ao consumidor?

13- O pescado que não foi comercializado após este tempo volta para a refrigeração?

14- Se afirmativo por quanto tempo?

97

ANEXO - Portaria nº 326 – SVS/MS de 30 de julho de 1997

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Gerência Geral de Alimentos

Gerência de Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos

Portaria nº 326 – SVS/MS de 30 de julho de 1997

DOU. DE 01/08/97

>> Vide Res. CNNPA nº 33/77 (pág 7.15(77) 0 e Portaria nº 1.428/93 - MS 9 pág. 2.65)

A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, no uso de suas atribuições legais e

considerando:

A necessidade do constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos visando a

proteção da saúde da população;

[A importância de compatibilizar a legislação nacional com base nos instrumentos harmonizados no

Mercosul, relacionados às condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos produtores/industrializadores

e Boas Práticas de Fabricação de alimentos – Resolução GMC n] 80/96;

Que os aspectos não abrangidos por este regulamento de acordo com Anexo I, continuarão cobertos pela

legislação nacional vigente, conforme Resolução GMC nº 126/94, resolve:

Art. 1º - aprovar o Regulamento Técnico; "Condições Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de

Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos", conforme Anexo I.

Art. 2º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

MARTA NÓBREGA MARTINEZ

Portaria D.O. U – Seção I – 01.08.97.

ANEXO I

REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE AS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS E DE BOAS

PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO PARA ESTABELECIMENTOS

PRODUTORE/INDUSTRIALIZADORES DE ALIMENTOS

OBJETIVO

O presente Regulamento estabelece os requisitos gerais (essenciais) de higiene e de boas práticas de

fabricação para alimentos produzidos /fabricados para o consumo humano.

98

ÂMBITO DE APLICAÇÃO

O presente Regulamento se aplica, quando for o caso, a toda pessoa física ou jurídica que possua pelo menos

um estabelecimento no qual sejam realizadas algumas das atividades seguintes; produção/industrialização,

fracionamento, armazenamento e transportes de alimentos industrializados.

O cumprimento dos requisitos gerais deste Regulamento não excetua o cumprimento de outros

Regulamentos específicos que devem ser publicados.

DEFINIÇÕES

Para efeitos deste Regulamento são definidos:

3.1 – Adequado: entende-se como suficiente para alcançar a finalidade proposta;

3.2 – Alimento apto para o consumo humano: aqui considerado como alimento que atende ao padrão de

identidade e qualidade pré-estabelecido, nos aspectos higiênico-sanitários e nutricionais.

3.3 – Armazenamento: é o conjunto de atividades e requisitos para se obter uma correta conservação de

matéria-prima, insumos e produtos acabados.

3.4 – Boas práticas: são os procedimentos necessários para garantir a qualidade dos alimentos.

3.5 – Contaminação: presença de substâncias ou agentes estranhos, de origem biológica, química ou física

que sejam considerados nocivos ou não para saúde humana.

3.6 – Desinfecção: é a redução, através de agentes químicos ou métodos físicos adequados, do número de

microorganismos no prédio, instalações, maquinários e utensílios, a um nível que não origine contaminação

do alimento que será elaborado.

3.7 - Estabelecimento de alimentos produzidos/industrializados: é a região que compreende o local e sua

circunvizinhança, no qual se efetua um conjunto de operações e processos, com a finalidade de obter um

alimento elaborado, assim como o armazenamento ou o transporte de alimentos e/ou suas matérias primas.

3.8 – Fracionamento de alimentos: são as operações através das quais se divide um alimento, sem

modificar sua composição original.

3.9 – Limpeza: é a eliminação de terra, restos de alimentos, pó e outras matérias indesejáveis.

3.10 – Estabelecimento de alimentos produzidos/industrializados: é a região que compreende o local e

sua circunvizinhança, no qual se efetua um conjunto de operações e processos, com a finalidade de obter um

alimento elaborado, assim como o armazenamento ou transporte de alimentos e/ou suas matérias –primas.

3.11 – Material de Embalagem: todos os recipientes como latas, garrafas, caixas de papelão, outras caixas,

sacos ou materiais para envolver ou cobrir, tais como papel laminado, películas, plástico, papel encerado e

tela.

3.12 – Órgão competente: é o órgão oficial ou oficialmente reconhecido ao qual o País lhe outorga

99

mecanismos legais para exercer suas funções.

3.13 – Pessoal Tecnicamente Competente/Responsabilidade Técnica: é o profissional habilitado a

exercer atividade nba área de produção de alimentos e respectivos controles de contaminantes que possa

intervir com vistas à proteção da saúde.

3.14 – Pragas: os animais capazes de contaminar direta ou indiretamente os alimentos.

3.15 – Produção de Alimentos: é o conjunto de todas as operações e processos efetuados para obtenção de

um alimento acabado.

4 – PRINCÍPIOS GERAIS HIGIÊNICO-SANITÁRIOS DAS MATÉRIAS PARA ALIMENTOS

PRODUZIDOS /INDUSTRIALIZADOS

4.1- Áreas inadequadas de produção, criação, extração, cultivo ou colheita:

Não devem ser produzidos, cultivados, nem coletados ou extraídos alimentos ou criação de animais

destinados à alimentação humana, em áreas onde a presença de substâncias potencialmente nociva possa

provocar a contaminação destes alimentos ou seus derivados, em níveis que possam constituir um risco para

saúde.

4.2 – Controle de prevenção da contaminação por lixo/sujidades:

As matérias-primas alimentícias devem ter controle de prevenção da contaminação por lixos ou sujidades de

origem animal, doméstico, industrial e agrícola, cuja presença possa atingir níveis passíveis de constituir um

risco para saúde.

4.3 – Controle de água:

Não devem ser cultivados, produzidos nem extraídos alimentos ou criações de animais destinados à

alimentação humana, em áreas onde a água utilizada nos diversos processos produtivos possa constituir,

através de alimentos, um risco a saúde do consumidor.

4.4 – Controle de pragas ou doenças:

As medidas de controle que compreende o tratamento com agentes químicos, biológicos ou físicos devem

ser aplicadas somente sob a supervisão direta do pessoal tecnicamente competente que saiba identificar,

avaliar e intervir nos perigos potenciais que estas substâncias representam para a saúde.

Tais medidas somente devem ser aplicadas em conformidade com as recomendações do órgão oficial

competente.

4.5 – Colheita, produção, extração e abate:

4.5.1- Os métodos e procedimentos para colheita, produção, extração e abate devem ser higiênicos, sem

constituir um perigo potencial para a saúde e nem provocar a contaminação dos produtos.

4.5.2- Equipamentos e recipientes que são utilizados nos diversos processos produtivos não devem constituir

um risco à saúde.

100

Os recipientes que são reutilizáveis devem ser fabricados de material que permita a limpeza e desinfecção

completa. Uma vez usados com matérias tóxicas não devem ser utilizados posteriormente para alimentos ou

ingredientes alimentares sem que sofram desinfecção.

4.5.3- Remoção de matérias-primas impróprias:

As matérias-primas que forem impróprias para o consumo humano devem ser isoladas durante os processos

produtivos, de maneira a evitar a contaminação dos alimentos, das matérias-primas, da água e do meio

ambiente.

4.5.4- Proteção contra a contaminação das matérias-primas e danos à saúde pública:

Devem ser utilizados controles adequados para evitar a contaminação química, física ou microbiológica, ou

por outras substâncias indesejáveis. Também, devem ser tomadas medidas de controle com relação à

prevenção de possíveis danos.

4.6 – Armazenamento no local de produção:

As matérias-primas devem ser armazenadas em condições cujo controle garanta a proteção contra a

contaminação e reduzam ao mínimo as perdas da qualidade nutricional ou deteriorações.

4.7- Transporte

4.7.1- Meios de transporte:

Os meios de transporte de alimentos colhidos, transformados ou semiprocessados dos locais de produção ou

armazenamento devem ser adequados para o fim a que se destinam e constituídos de materiais que permitam

o controle de conservação, da limpeza, desinfecção e desinfestação fácil e completa.

4.7.2- Processos de manipulação:

Devem ser de tal forma controlados que impeçam a contaminação dos materiais. Cuidados especiais devem

ser tomados para evitar a putrefação, proteger contra a contaminação e minimizar danos. Equipamento

especial, por exemplo, equipamento de refrigeração, dependendo da natureza do produto, ou das condições

de transporte, (distância/tempo). No caso de utilizar gelo em contato com o produto deve-se observar a

qualidade do mesmo conforme item 5.3.12.c) do presente regulamento.

5 – CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DOS ESTABELECIMENTOS

PRODUTORES/INDUSTRIALIZADORES DE ALIMENTOS

OBJETIVO: Estabelecer os requisitos gerais/essenciais e de boas práticas de fabricação a que deve ajustar-

se todo o estabelecimento com a finalidade de obter alimentos aptos para o consumo humano.

Requisitos Gerais para Estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos.

101

5.1- Localização:

Os estabelecimentos devem se situar em zonas isentas de odores indesejáveis, fumaça, pó e outros

contaminantes e não devem estar expostos a inundações, quando não, deve estabelecer controles com o

objetivo de evitar riscos de perigos, contaminação de alimentos e agravos à saúde.

5.2- Vias de acesso interno:

As vias e áreas utilizadas para circulação pelo estabelecimento, que se encontram dentro de seu perímetro de

ação, devem ter uma superfície dura/ou pavimentada, adequada para o trânsito sobre rodas. Devem dispor de

um escoamento adequado assim como controle de meios de limpeza.

5.3- Edifícios e instalações:

5.3.1- Para aprovação das plantas, os edifícios e instalações devem ter construção sólida e sanitariamente

adequada. Todos os materiais usados na construção e na manutenção não devem transmitir nenhuma

substância indesejável ao alimento.

5.3.2- Deve ser levado em conta à existência de espaços suficientes para atender de maneira adequada, a

toda as operações.

5.3.3- O desenho deve ser tal que permita uma limpeza adequada e permita a devida inspeção quanto à

garantia da qualidade higiênica –sanitária do alimento.

5.3.4- Os edifícios e instalações devem impedir a entrada e o alojamento de insetos, roedores e ou pragas e

também a entrada de contaminantes do meio, tais como: fumaça, pó, vapor, e outros.

5.3.5- Os edifícios e instalações devem ser projetados de forma a permitir a separação, por áreas, setores e

outros meios eficazes, como definição de um fluxo de pessoas e alimentos, de forma a evitar as operações

suscetíveis de causar contaminação cruzada.

5.3.6- Os edifícios e instalações devem ser projetados de maneira que seu fluxo de operações possa ser

realizado nas condições higiênicas, desde a chegada da matéria-prima, durante o processo de produção, até a

obtenção do produto final.

5.3.7- Nas áreas de manipulação de alimentos, os pisos devem ser de material resistente ao trânsito,

impermeáveis, laváveis, e antiderrapantes; não possuir frestas e serem fáceis de limpar ou desinfetar. Os

líquidos devem escorrer até os ralos (que devem ser do tipo sifão ou similar), impedindo a formação de

poças. As paredes devem ser revestidas de materiais impermeáveis e laváveis, e de cores claras. Devem ser

lisas e sem frestas e fáceis de limpar e desinfetar, até uma altura adequada para todas as operações. Os

ângulos entre as paredes e o piso e entre as paredes e o teto devem ser abaulados herméticos para facilitar a

limpeza. Nas plantas deve-se indicar a altura da parede que será impermeável. O teto deve ser constituído

e/ou acabado de modo a que se impeça o acúmulo de sujeira e se reduza ao mínimo a condensação e a

formação de mofo, e deve ser fácil de limpar. As janelas e outras aberturas devem ser construídas de

102

maneira a que se evite o acúmulo de sujeira e as que se comunicam com o exterior devem ser providas de

proteção antipragas. As proteções devem ser de fácil limpeza e boa conservação. As portas devem ser de

material não absorvente e de fácil limpeza. As escadas, elevadores de serviço, monta-cargas e estruturas

auxiliares, como plataformas, escadas de mão rampas, deve estar localizadas e construídas de modo a não

serem fontes de contaminação.

5.3.8- Nos locais de manipulação de alimentos, todas as estruturas e acessórios elevados devem ser

instalados de maneira a evitar a contaminação direta ou indireta dos alimentos, da matéria-prima e do

material de embalagem, por gotejamento ou condensação e que não dificultem as operações de limpeza.

5.3.9- Os refeitórios, lavabos, vestiários e banheiro de limpeza do pessoal auxiliar do estabelecimento devem

estar completamente separados dos locais de manipulação de alimentos e não devem ter acesso direto e nem

comunicação com estes locais.

5.3.10- Os insumos, matérias-primas e produtos terminados devem estar localizados sobre estrados e

separados das paredes para permitir a correta higienização do local.

5.3.11- Deve-se evitar a utilização de materiais que não possam ser higienizados ou desinfetados

adequadamente, por exemplo, a madeira, a menos que a tecnologia utilizada faça seu uso imprescindível e

que seu controle demonstre que não se constitui uma fonte de contaminação.

5.3.12- Abastecimento de água:

Dispor de um abundante abastecimento de água potável, que se ajuste ao item 8.3 do presente regulamento,

com pressão adequada e temperatura conveniente, com um adequado sistema de distribuição e com proteção

eficiente contra contaminação. No caso necessário de armazenamento, deve-se dispor ainda de instalações

apropriadas e nas condições indicadas anteriormente. É imprescindível um controle freqüente da

potabilidade da água.

O órgão competente poderá admitir variação das especificações químicas e físico-químicos diferentes das

normais quando a composição da água do local o fizer necessário e sempre que não se comprometa a

sanidade do produto e a saúde pública.

O vapor e o gelo utilizados em contato direto com alimentos ou superfícies que entram em contato direto

com os mesmos não devem conter nenhuma substância que possa ser perigosa para a saúde ou contaminar o

alimento, obedecendo ao padrão de água potável.

A água potável que seja utilizada para produção de vapor, refrigeração, para apagar incêndios e outros

propósitos similares, não relacionados com alimentos, deve ser transportada por tubulações completamente

separadas, de preferência identificadas através de cores, sem que haja nenhuma conexão transversal nem

processo de retrosfriagem, com as tubulações que conduzem água potável.

5.3.13- Efluentes e águas residuais:

103

Eliminação de efluentes e águas residuais: os estabelecimentos devem dispor de um sistema eficaz de

eliminação de efluentes e águas residuais, o qual deve ser mantido em bom estado de funcionamento. Todos

os tubos de escoamento (incluídos o sistema de esgoto) devem ser suficientemente grandes para suportar

cargas máximas e devem ser construídos de modo a evitar a contaminação do abastecimento de água

potável.

5.3.14- Vestiários e banheiros:

Todos os estabelecimentos devem dispor de vestiários, banheiros e quartos de limpeza adequados,

convenientemente situados, garantindo a eliminação higiênica das águas residuais. Esses locais devem estar

bem iluminados e ventilados, de acordo com a legislação, sem comunicação direta com o local onde são

manipulados os alimentos. Junto aos vasos sanitários e situados de tal modo que o pessoal tenha que passar

junto a eles antes de voltar para área de manipulação, devem ser construídos lavabos com água fria ou fria e

quente, providos de elementos adequados (sabonete líquido, detergente, desinfetante, entre outros) para

lavagem das mãos em meios higiênicos convenientes para sua secagem. Não será permitido o uso de toalhas

de pano. No caso de se usar toalhas de papel, deve haver um controle de qualidade higiênico-sanitária e

dispositivos de distribuição e lixeiras que não necessite de acionamento manual para essas toalhas. Devem

ser indicadas ao pessoal, a obrigatoriedade e a forma correta de lavar as mãos após o uso do sanitário.

5.3.15- Instalações para lavagem das mãos nas áreas de produção:

Devem ter instalações adequadas e convenientemente localizadas para lavagem e secagem das mãos sempre

que a natureza das operações assim o exija. Nos casos em que sejam manipuladas substâncias contaminantes

ou quando a natureza das tarefas requeira uma desinfecção adicional à lavagem devem estar disponíveis

também instalações para desinfecção das mãos. Deve-se dispor de água fria ou fria e quente e de elementos

adequados (sabonete líquido, detergente, desinfetante, entre outros) para limpeza das mãos. Deve haver

também um meio higiênico adequado para secagem das mãos. Não é permitido o uso de toalhas de tecido.

No caso de se usar toalhas de papel, deve haver um controle de qualidade higiênico-sanitária e dispositivos

de distribuição e lixeiras que não necessite de acionamento manual para essas toalhas. As instalações devem

estar providas de tubulações devidamente sifonadas que transportem as águas residuais até o local de

deságüe.

5.3.16- Instalações para limpeza e desinfecção:

Quando necessário, deve haver instalações adequadas para a limpeza e desinfecção dos utensílios e

equipamentos de trabalho, essas instalações devem ser construídas com materiais resistentes à corrosão, que

possam ser limpos facilmente e devem estar providas de meios convenientes para abastecer de água fria ou

fria e quente, em quantidade suficiente.

5.3.17- Iluminação e instalação elétrica:

104

Os estabelecimentos devem ter iluminação natural ou não artificial que possibilitem a realização dos

trabalhos e não comprometa a higiene dos alimentos. As fontes de luz artificial, de acordo com a legislação,

que estejam suspensas ou colocadas diretamente no teto e que se localizem sobre a área de manipulação de

alimentos, em qualquer das fases de produção, devem ser do tipo adequado e estar protegidas contra

quebras. A iluminação não deverá alterar as cores. As instalações elétricas devem ser embutidas ou

exteriores e, neste caso, estarem perfeitamente revestidas por tubulações isolantes e presas a paredes e tetos

não sendo permitidas fiação elétrica solta sobre a zona de manipulação de alimento. O órgão competente

poderá autorizar outra forma de instalação ou modificação das instalações aqui descritas, quando assim se

justifique.

5.3.18- Ventilação:

O estabelecimento deve dispor de uma ventilação adequada de tal forma a evitar o calor excessivo, a

condensação de vapor, o acúmulo de poeira, com a finalidade de eliminar o ar contaminado. A direção da

corrente de ar nunca deve ir de um local sujo para um limpo. Deve haver abertura a ventilação provida de

sistema de proteção para evitar a entrada de agentes contaminantes.

5.3.19- Armazenamento para lixos e materiais não comestíveis:

O estabelecimento deve dispor de meios para armazenamento de lixos e materiais não comestíveis, antes da

sua eliminação, do estabelecimento, de modo a impedir o ingresso de pragas e evitar a contaminação das

matérias-primas, do alimento, da água potável, do equipamento e dos edifícios ou vias de acesso aos locais.

5.3.20- Devolução de produtos:

No caso de devolução de produtos os mesmos devem ser colocados em setor separado e destinados a tal fim

por um período até que se determine seu destino.

5.4 - Equipamentos e utensílios

5.4.1-Materiais:

Todo o equipamento e utensílio utilizado nos locais de manipulação de alimentos que possam entrar em

contato com o alimento devem ser confeccionados de material que não transmitam substâncias tóxicas,

odores e sabores que sejam não absorventes e resistentes à corrosão e capaz de resistir a repetidas operações

de limpeza e desinfecção. As superfícies devem ser lisas e estarem isentas de rugosidade e frestas e outras

imperfeições que possam comprometer a higiene dos alimentos ou sejam fontes de contaminação. Deve

evitar-se o uso de madeira e de outros materiais que não possam ser limpos e desinfetados adequadamente, a

menos que se tenha a certeza de que seu uso não será uma fonte de contaminação. Deve ser evitado o uso de

diferentes materiais para evitar o aparecimento de corrosão por contato.

5.4.2- Projetos e construção:

105

a) Todos os equipamentos e utensílios devem ser desenhados e construídos de modo a assegurar a higiene e

permitir uma fácil e completa limpeza e desinfecção e, quando possível, devem ser instalados de modo a

permitir um acesso fácil e uma limpeza adequada, além disto devem ser utilizados exclusivamente para os

fins a que foram projetados.

6 – REQUISITOS DE HIGIENE DO ESTABELECIMENTO

6.1- Conservação: Os edifícios, equipamentos, utensílios e todas as demais instalações, incluídas os

desaguamentos, devem ser mantidos em bom estado de conservação e funcionamento. As salas devem ser

secas, estar isentas de vapor, poeira, fumaça água residual.

6.2 – Limpeza e desinfecção:

6.2.1 – Todos os produtos de limpeza e desinfecção devem ser aprovados previamente para seu uso, através

de controle da empresa, identificados e guardados em local adequado, fora das áreas de manipulação dos

alimentos. Além disto devem ser autorizados pelo órgão competente.

6.2.2 – Com a finalidade de impedir a contaminação dos alimentos, toda área de manipulação de alimentos,

os equipamentos e utensílios devem ser limpos com a freqüência necessária e desinfetados sempre que as

circunstâncias assim o exigem. O estabelecimento deve dispor de recipientes adequados, de forma a impedir

qualquer possibilidade de contaminação, e em número e capacidade suficiente para verter os lixos e

materiais não comestíveis.

6.2.3 – Devem ser tomadas precauções adequadas para impedir a contaminação dos alimentos quando as

áreas, os equipamentos e os utensílios forem limpos ou desinfetados com águas ou detergentes ou com

desinfetantes ou soluções destes. Os detergentes e desinfetantes devem ser adequados para esta finalidade e

devem ser aprovados pelo órgão oficialmente competente. Os resíduos destes agentes que permaneçam em

superfície suscetível de entrar em contato com alimento devem ser eliminados mediante uma lavagem

cuidadosa com água potável antes que volte a ser utilizada para a manipulação de alimentos. Devem ser

tomadas precauções adequadas na limpeza e desinfecção quando se realizem operações de manutenção geral

ou particular em qualquer local do estabelecimento, equipamentos, utensílios ou qualquer elemento que

possa contaminar o alimento.

6.2.4 – Imediatamente após o término do trabalho ou quantas vezes for conveniente, devem ser limpos

cuidadosamente o chão incluindo o deságüe, as estruturas auxiliares e as paredes da área de manipulação de

alimentos.

6.2.5- Os vestiários devem estar sempre limpos.

6.2.6 – As vias de acesso e os pátios situados nas imediações dos locais em que sejam parte destes devem

manter-se limpos.

106

6.3 – Programa de Controle de higiene e desinfecção:

Cada estabelecimento deve assegurar sua limpeza e desinfecção. Não devem ser utilizadas, nos

procedimentos de higiene, substâncias odorizantes e/ou desodorantes em qualquer das suas formas nas áreas

de manipulação dos alimentos, com vistas a evitar a contaminação pelos mesmos e que não se misturem os

odores. O pessoal deve ter pleno conhecimento da importância da contaminação e de seus riscos, devendo

estar bem capacitado em técnicas de limpeza.

6.4 – Subprodutos:

Os subprodutos armazenados de maneira que os subprodutos resultantes da elaboração que forem veículos

de contaminação sejam retirados das áreas de trabalho tantas vezes quantas forem necessárias.

6.5 – Manipulação, Armazenamento e Remoção de lixo:

Deve manipular-se o lixo de maneira que se evite a contaminação dos alimentos e ou da água potável.

Especial cuidado é necessário para impedir o acesso de vetores aos lixos. Os lixos devem ser retirados das

áreas de trabalho, todas as vezes que sejam necessárias, no mínimo uma vez por dia. Imediatamente depois

da remoção dos lixos, os recipientes utilizados para o seu armazenamento e todos os equipamentos que

tenham entrado em contato com os lixos devem ser limpos e desinfetados. A área de armazenamento do lixo

deve também ser limpa e desinfetada.

6.6 – Proibição de animais domésticos:

Deve-se impedir a entrada de animais em todos os lugares onde se encontram matérias-primas, material de

embalagem, alimentos prontos ou em qualquer das etapas da produção/industrialização.

6.7 – Sistema de Controle de Pagas:

Deve-se aplicar um programa eficaz e contínuo de controle das pragas. Os estabelecimentos e as áreas

circundantes devem manter inspeção periódica com vistas a diminuir consequentemente os riscos de

contaminação.

No caso de invasão de pragas, os estabelecimentos devem adotar medidas para sua erradicação. As medidas

de controle devem compreender o tratamento com agentes químicos, físicos ou biológicos autorizados.

Aplicados sob a supervisão direta de profissional que conheça os riscos que o uso destes agentes possam

acarretar para a saúde, especialmente os riscos que possam originar resíduos a serem retidos no produto. Só

devem ser empregados praguicidas caso não se possa aplicar com eficácia outras medidas de prevenção.

Antes da aplicação de praguicidas deve-se ter o cuidado de proteger todos os alimentos, equipamentos e

utensílios da contaminação. Após a aplicação dos praguicidas deve-se limpar cuidadosamente o

equipamento e os utensílios contaminados a fim de que antes de sua reutilização sejam eliminados os

resíduos.

6.8 – Armazenamento de substâncias tóxicas:

107

Os praguicidas solventes e outras substâncias tóxicas que representam risco para a saúde devem ser

rotulados com informações sobre sua toxidade e emprego. Estes produtos devem ser armazenados em áreas

separadas ou armários fechados com chave, destinados exclusivamente com este fim, e só devem ser

distribuídos ou manipulados por pessoal autorizado e devidamente capacitado sob controle de pessoal

tecnicamente competente. Deve ser evitada a contaminação dos alimentos.

Não deve ser utilizado nem armazenado, na área de manipulação de alimentos, nenhuma substância que

possa contaminar os alimentos, salvo sob controle, quando necessário para higienização ou sanitização.

6.9 – Roupa e Objeto:

Não devem ser guardados roupas nem objetos pessoais na área de manipulação de alimentos.

7 – HIGIENE PESSOAL E REQUISITO SANITÁRIO

7.1 – Capacitação em Higiene:

A direção do estabelecimento deve tomar providências para que todas as pessoas que manipulem alimentos

recebam instrução adequada e contínua em matéria higiênica-sanitária, na manipulação dos alimentos e

higiene pessoal, com vistas a adotar as precauções necessárias para evitar a contaminação dos alimentos. Tal

capacitação deve abranger todas as partes pertinentes deste regulamento.

7.2- Situação de saúde;

A constatação ou suspeita de que o manipulador apresenta alguma enfermidade ou problema de saúde que

possa resultar na transmissão de perigos aos alimentos ou mesmo que sejam portadores ou sãos, deve

impedi-lo de entrar em qualquer área de manipulação ou operação com alimentos se existir a probabilidade

da contaminação destes. Qualquer pessoa na situação acima deve comunicar imediatamente à direção do

estabelecimento, de sua condição de saúde.

As pessoas que mantêm contatos com alimentos devem submeter-se aos exames médicos e laboratoriais que

avaliem a sua condição de saúde antes do início de usa atividade e/ou periodicamente, após o início das

mesmas. O exame médico e laboratorial dos manipuladores deve ser exigido também em outras ocasiões em

que houver indicação, por razões clínicas ou epidemiológicas.

7.3 – Enfermidades contagiosas:

A direção tomará as medidas necessárias para que não se permita a ninguém que se saiba ou suspeite que

padece ou é vetor de uma enfermidade suscetível de transmitir-se aos alimentos, ou que apresentem feridas

infectadas, infecções cutâneas, chagas ou diarréias, trabalhar em qualquer área de manipulação de alimentos

com microorganismos patógenos, até que obtenha alta médica. Toda pessoa que se encontre nestas

condições deve comunicar imediatamente a direção do estabelecimento.

7.4 – Feridas:

108

Ninguém que apresente feridas pode manipular alimentos ou superfícies que entrem em contato com

alimentos até que se determine sua reincorporação por determinação profissional.

7.5- Lavagem das mãos:

Toda pessoa que trabalhe numa área de manipulação de alimentos deve, enquanto em serviço, lavar as mãos

de maneira freqüente e cuidadosa com um agente de limpeza autorizado e com água corrente potável fria ou

fria e quente. Esta pessoa deve lavar as mãos antes do início dos trabalhos, imediatamente após o uso do

sanitário, após a manipulação de material contaminado e todas as vezes que for necessário. Deve lavar e

desinfetar as mãos imediatamente após a manipulação de qualquer material contaminante que possa

transmitir doenças. Devem ser colocados avisos que indiquem a obrigatoriedade e a forma correta de lavar

as mãos. Deve ser realizado um controle adequado para garantir o cumprimento deste requisito.

7.6 – Higiene pessoal:

Toda pessoa que trabalhe em uma área de manipulação de alimentos, deve manter uma higiene pessoal

esmerada e deve usar roupa protetora, sapatos adequados, touca protetora. Todos estes elementos devem ser

laváveis, a menos que sejam descartáveis e mantidos limpos, de acordo com a natureza do trabalho. Durante

a manipulação de matérias-primas e alimentos, devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal.

7.7 – Conduta pessoal:

Nas áreas de manipulação de alimentos deve ser proibido todo o ato que possa originar uma contaminação

de alimentos, como: comer, fumar, tossir ou outras práticas anti-higiênicas.

7.8 – Luvas:

O emprego de luvas na manipulação de alimentos deve obedecer as perfeitas condições de higiene e limpeza

destas. O uso de luvas não exime o manipulador da obrigação de lavar as mãos cuidadosamente.

7.9 – Visitantes:

Inclui-se nesta categoria todas as pessoas que não pertençam às áreas ou setores que manipulam alimentos.

Os visitantes devem cumprir as disposições recomendadas nos itens 6.9, 7.3, 7.4 e 7.7 do presente

regulamento.

7.10 – Supervisão: a responsabilidade do cumprimento dos requisitos descritos nos itens 7.1 à 7.9 deve

recair ao supervisor competente.

8 – REQUISITOS DE HIGIENE NA PRODUÇÃO

8.1 – Requisitos aplicáveis à matéria-prima:

8.1.1 – O estabelecimento não deve aceitar nenhuma matéria-prima ou insumo que contenha parasitas,

microorganismos ou substâncias tóxicas, decompostas ou estranhas, que não possam ser reduzidas a níveis

aceitáveis através de processos normais de classificação e/ou preparação ou fabricação. O responsável

109

técnico deve dispor de padrões de identidade e qualidade da matéria-prima ou insumos de forma a poder

controlar os contaminantes passíveis de serem reduzidos a níveis aceitáveis, através dos processos normais

de classificação e/ou preparação ou fabricação.

8.1.2 – O controle de qualidade da matéria-prima ou insumo deve incluir a sua inspeção, classificação, e se

necessário análise laboratorial antes de serem levados à linha de fabricação. Na fabricação, somente devem

ser utilizados matérias primas ou insumos em boas condições.

8.1.3 – As matérias-primas e os ingredientes armazenados nas áreas do estabelecimento devem ser mantidos

em condições tais que evitem sua deterioração, protejam contra a contaminação e reduzam os danos ao

mínimo possível. Deve-se assegurar, através do controle, a adequada rotatividade das matérias-primas e

ingredientes.

8.2 - Prevenção da contaminação cruzada:

8.2.1- Devem ser tomadas medidas eficazes para evitar a contaminação do material alimentar por contato

direto ou indireto com material contaminado, que se encontre nas fases iniciais do processo.

8.2.2- As pessoas que manipulam matérias-primas ou produtos semi-elaborados com risco de contaminar o

produto final enquanto não tenham retirado a roupa protetora que foi utilizada durante a manipulação de

matérias-primas e produtos semi-elaborados, com os quais, tenham entrado em contato ou que tenha sido

contaminada por matéria-prima ou produtos semi-elaborados e, colocada outra roupa protetora limpa e

cumprindo com os itens 7.5 e 7.6.

8.2.3 – Se existir possibilidade de contaminação, as mãos devem ser cuidadosamente lavadas entre uma e

outra manipulação de produtos nas diversas fases do processo.

8.2.4 – Todo equipamento e utensílios que tenham entrado em contato com matérias-primas ou com material

contaminado devem ser limpos e desinfetados cuidadosamente antes de serem utilizados para entrar em

contato com produtos acabado.

8.3 – Uso da água:

8.3.1 – Como princípio geral na manipulação de alimentos somente deve ser utilizada água potável.

8.3.2 – Pode ser utilizada água não potável para a produção de vapor, sistema de refrigeração, controle de

incêndio e outros fins análogos não relacionados com alimentos, com a aprovação do órgão competente.

8.3.3 – A água recirculada para ser reutilizada novamente dentro de um estabelecimento deve ser tratada e

mantida em condições tais que seu uso não possa representar um risco para a saúde. O processo de

tratamento deve ser mantido sob constante vigilância. Por outro lado, a água recirculada que não tenha

recebido tratamento posterior pode ser utilizada nas condições em que o seu emprego não constitua um risco

para saúde e nem contamine a matéria–prima nem o produto final. Deve haver um sistema separado de

distribuição que possa ser identificado facilmente, para a utilização da água recirculada. Qualquer controle

110

de tratamento para a utilização da água recirculada em qualquer processo de elaboração de alimentos deve

ter sua eficácia comprovada e deve ter sido prevista nas boas práticas adotadas pelo estabelecimento e

devidamente aprovadas pelo organismo oficialmente competente. As situações particulares indicadas nos

itens 7.3.2 e neste devem estar em concordância com o item 5.3.2 e neste devem estar em concordância com

o item 5.3.12.

8.4-Produção:

8.4.1 – A produção deve ser realizada por pessoal capacitado e supervisionada por pessoal tecnicamente

competente.

8.4.2 – Todas as operações do processo de produção incluindo o acondicionamento, devem ser realizadas

sem demoras inúteis e em condições que excluam toda a possibilidade de contaminação, deterioração e

proliferação de microorganismos patogênicos e deteriorantes.

8.4.3 – Os recipientes devem ser tratados com o devido cuidado para evitar toda a possibilidade de

contaminação do produto fabricado.

8.4.4 – Os métodos de conservação e os controles necessários devem ser tais que protejam contra a

contaminação ou a presença de um risco à saúde pública e contra a deterioração dentro dos limites de uma

prática comercial correta, de acordo com as boas práticas de prestação de serviço na comercialização.

8.5 – Embalagem

8.5.1 – Todo material utilizado para embalagem deve ser armazenado em condições higiênico-sanitárias, em

áreas destinadas para este fim. O material deve ser apropriado para o produto e as condições previstas de

armazenamento e não deve transmitir ao produto substâncias indesejáveis que excedam os limites aceitáveis

pelo órgão competente. O material de embalagem deve ser seguro e conferir uma proteção apropriada contra

a contaminação.

8.5.2 – As embalagens ou recipientes não devem ter sido anteriormente utilizados para nenhuma finalidade

que possam dar lugar a uma contaminação do produto. As embalagens ou recipientes devem ser

inspecionados imediatamente antes do uso, para verificar sua segurança e, em casos específicos, limpos e/ou

desinfetados; quando lavados devem ser secos antes do uso. Na área de enchimento/embalagem, somente

devem permanecer as embalagens ou recipientes necessários para uso imediato.

8.5.3 – a embalagem deve ser processada em condições que excluam as possibilidades a contaminação do

produto.

8.6 Responsabilidade Técnica e supervisão:

O tipo de controle e supervisão necessário depende do risco de contaminação na produção do alimento. Os

responsáveis técnicos devem ter conhecimento suficiente sobre as boas práticas de produção de alimentos

para poder avaliar e intervir nos possíveis riscos e assegurar uma vigilância e controle eficaz.

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8.7 – Documentação e registro:

Em função do risco do alimento devem ser mantidos registros dos controles apropriados a produção e

distribuição, conservando-os durante um período superior ao tempo de vida de prateleira do alimento.

8.8 – Armazenamento e transporte de matérias-primas e produtos acabados:

8.8.1 – As matérias-primas e produtos acabados devem ser armazenados e transportados segundo as boas

práticas respectivas de forma a impedir a contaminação e/ou a proliferação de microorganismos e que

protejam contra a alteração ou danos ao recipiente ou embalagem. Durante o armazenamento deve ser

exercida uma inspeção periódica dos produtos acabados, a fim de que somente sejam expedidos alimentos

aptos para o consumo humano e sejam cumpridas as especificações de rótulo quanto às condições e

transporte, quando existam.

8.2.2. – Os veículos de transportes pertencentes ao estabelecimento produtor de alimento ou por contratado

devem atender as boas práticas de transporte de alimentos autorizados pelo órgão competente. Os veículos

de transporte devem realizar as operações de carga e descarga fora dos locais de fabricação dos alimentos,

devendo ser evitada a contaminação dos mesmos e do ar por gases de combustão. Os veículos destinados ao

transporte de alimentos refrigerados ou congelados devem possuir instrumentos de controle que permitam

verificar a umidade, caso seja necessário e a manutenção da temperatura adequada.

9 - Controle de alimentos

O responsável técnico deve usar metodologia apropriada de avaliação dos riscos de contaminação dos

alimentos nas diversas etapas de produção contidas no presente regulamento e intervir sempre que

necessário, com vistas a assegurar alimentos aptos ao consumo humano.

O estabelecimento deve prover instrumentos necessários para controles.

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