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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
RELAÇÕES DE TRABALHO PERCEBIDAS A PARTIR DAS EXPERIÊNCIAS DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES
SALETE TOMALACK INÁCIO
TOLEDO - PR 2008
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
SALETE TOMALACK INÁCIO
RELAÇÕES DE TRABALHO PERCEBIDAS A PARTIR DAS EXPERIENCIAS DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES
Artigo apresentado à SEED e UNIOESTE como requisito parcial de Conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE - 2007 –, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon, sob a orientação do Professor Doutor Antônio de Pádua Bosi.
Toledo – Pr 2008
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RELAÇÕES DE TRABALHO PERCEBIDAS A PARTIR DAS
EXPERIÊNCIAS DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES
Salete Tomalack Inácio*
RESUMO: O propósito deste artigo é problematizar as transformações no
mundo do trabalho, discutindo a reestruturação produtiva no contexto do
capitalismo flexível a partir das experiências dos próprios trabalhadores, tendo
como foco de análise os depoimentos dos trabalhadores da Empresa Sadia
S.A de Toledo- PR Em seus relatos temos elementos suficientes para refletir e
discutir o trabalho, o trabalhador e sua relação no mundo do trabalho. Fazendo
uso dos recursos da História Oral favorecendo, assim, a percepção do sujeito
histórico, proporcionando possibilidades de intervenção, despertando o pensar
histórico e ampliando a visão para um contexto maior percebendo que tais
mudanças não são ocasionadas, mas resultado de um processo histórico e
ideológico que vem sustentando o capitalismo.
PALAVRAS-CHAVES: Reestruturação produtiva. Trabalho. Informatização.
Capitalismo. Educação.
ABSTRACT: This article discusses the changes in the world of the work,
studying the social experiences of the workers into a context of productive
restructuring and flexible capitalism. This is made through of interviews with
young workers who are working at Sadia S.A. Company, located in Toledo/PR.
This report has been enough to reflect about the labor and its relation with the
labor world. Thus, trying to realize these young workers like people that make
their own history, but in the given social and economic context. Using the oral
history resources, it’s possible to notice that these changes of mind are not
* Professora do Colégio Estadual Antônio José Reis - Ensino Fundamental e Médio (Toledo – PR).
Trabalho apresentado como requisito parcial para conclusão do Programa PDE.
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caused, but, resulted from a historical and ideological process that has been
supporting the capitalism.
KEY-WORDS: Productive Restructuring. Labor. Computerization. Capitalism.
Education. Qualification.
INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea vem se caracterizando pelas transformações
econômicas e sociais, com as rápidas e amplas inovações tecnológicas nos
meios de produção que alcançam todos os sujeitos envolvidos nesse processo.
Ou seja, o século XXI inicia-se com uma sociedade globalizada em termos
tecnológicos, culturais, econômicos e com significativos avanços no segmento
de informações provocando mudanças expressivas no cenário mundial. A
“Aldeia Global” é uma realidade devido ao desenvolvimento tecnológico da
eletrônica, da informática e das telecomunicações. O mundo está interligado
num grande mercado e os cidadãos convertidos em consumidores (Castells,
1999). Compreendemos essa sociedade atual como resultado de um processo
histórico de longa duração que envolve combinação de movimentos de
transformação nos diferentes segmentos da mesma e que, tais mudanças
refletiram e, ao mesmo tempo, marcaram a chamada “sociedade urbano-
industrial”.
À medida que essa sociedade vai se estruturando, o mundo do trabalho,
também, passa por mutação profunda que altera o modo como as pessoas
trabalham, o significado do trabalho nas suas vidas, a organização da classe
trabalhadora, as diferentes práticas sociais e as normas que a regulamentam.
Transformações estas provocadas pela introdução da chamada automação,
técnicas de gerenciamento e novos métodos de administração do trabalho e da
produção que acompanham o desenvolvimento do capitalismo.
É a partir dessa realidade que contempla a revolução tecnológica, iniciada
nos paises desenvolvidos, e atingindo de maneira acelerada os demais, que o
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sistema capitalista promove a sua reestruturação, visando o aumento do
acúmulo capitalista dentro dos chamados padrões flexíveis de produção.
Diante desse cenário, vários autores apresentam sua reflexão a respeito das
características, do dinamismo desse sistema e consequentemente das
transformações que, todo esse processo, vem provocando no mundo do
trabalho. A questão que vem fundamentando esses estudos aponta para uma
preocupação cada vez maior para a compreensão deste fenômeno partindo de
uma visão mais ampla, buscando outras esferas de análise que vão além do
ambiente de trabalho para uma economia globalizada sob a lógica capitalista.
Giovani Alves, por exemplo, aborda o momento atual como um processo de
remodelação do sistema transformando a forma de organização do trabalho,
causadas pela revolução tecnológica crescente, impulsionada a partir da
década de 1980.
Os anos 80 podem ser considerados a “década das inovações
capitalistas”, da flexibilização da produção, da “especialização
flexível”, da desconcentração industrial, dos novos padrões de
gestão da força de trabalho. [...]. (...e programas de qualidade total,
da racionalização da produção, de uma nova etapa da
internacionalização do capital).[...]. Na verdade, foi a década de
impulso da acumulação flexível, do novo complexo de reestruturação
produtiva cujo “momento predominante” é o Toyotismo. (Alves,
1999,p.78)
Ou seja, que características da chamada produção flexível podem permitir a
compreensão dos novos modelos de organização da produção, do trabalho e,
consequentemente, na estrutura da classe trabalhadora. Ricardo Antunes,
também parte deste conceito e afirma que o “pano de fundo é formado pelo
processo de globalização, pela difusão acelerada de novas tecnologias na
produção e pela presença do Toyotismo, que expressa a forma mais acabada
da organização do trabalho desejada pelas empresas”. Diante de tais
mudanças, o autor, tem demonstrando preocupação especial com a questão
da organização dos trabalhadores: “Nos últimos anos particularmente depois
da década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente
crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora e do próprio
movimento operário inglês. O entendimento dos elementos constitutivos desta
4
crise é de grande complexidade, uma vez que neste período, ocorreu mutações
intensas, de ordem diferenciadas, e que, no seu conjunto, acabam por
acarretar conseqüências muito fortes no interior do movimento operário, e, em
particular, no âmbito do movimento sindical”1. No entanto, trata a situação
numa dimensão de crise no mundo do trabalho, consequentemente de um
quadro de crise estrutural do próprio capital, chamando a atenção para uma
análise da totalidade dos elementos que constituem esse cenário e que afetou
tanto a forma de ser da classe trabalhadora, quanto a sua esfera subjetiva,
política e ideológica que pautam suas ações, apresentando-se como expressão
de uma crise do próprio modo de produção e da sua lógica, necessitando de
uma mudança no padrão produtivo. O mesmo apontamento feito por Giovane
Alves ao salientar que o ideal do Toyotismo se caracteriza pela captura da
subjetividade do trabalho pelos valores capitalistas.
Castells, numa perspectiva, próxima de Alves e Antunes, conceitua como
informacional a economia caracterizada pelo peso do desenvolvimento
cientifico, tecnológico e da informação dos meios de produção, pela
flexibilização e reorganização da produção onde os elementos se organizam
seguindo a lógica global, implicando em uma nova divisão do trabalho e,
consequentemente, em efeitos sociais desse processo em curso. Ao observar
que a tecnologia foi essencial para o processo de reestruturação do sistema
capitalista a partir dos anos oitenta e que o desenvolvimento tecnológico foi
moldado pela lógica e pelo interesse capitalista, mostra que: “as sociedades
são organizadas em processos estruturados por relações historicamente
determinadas de produção, experiência e poder” (Castells, 1999,p.33).
Indicando também, a noção de desenvolvimento: “procedimentos mediante os
quais os trabalhadores atuam sobre a matéria para gerar o produto, em última
análise, determinando o nível e a qualidade do excedente” (Castells, 1999, p.
34).
Diante dessas abordagens, nosso propósito neste artigo, é alimentar esse
debate teórico a cerca das transformações no mundo do trabalho
contemporâneo, ocasionadas pela reestruturação produtiva que refletem
diretamente na vida dos trabalhadores. Procurando, de maneira sistematizada,
1 Ricardo Antunes, Os Sentidos do Trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do Trabalho. Ed.
Boitempo, São Paulo, 1999.
5
estabelecer um diálogo entre as contribuições desses estudiosos e
depoimentos de trabalhadores inseridos na indústria Sadia S.A. de Toledo-Pr.
Portanto, buscaremos uma análise do mundo do trabalho a partir da
experiência dos próprios trabalhadores e, para tanto, faremos uso dos recursos
da História Oral por meio das suas variadas possibilidades metodológicas que
tornam o exercício investigativo muito interessante, referenciadas em
Alessandro Portelli (1997). Entrevistando e coletando depoimentos de
trabalhadores, que têm 25, 20 ou 5 anos de empresa e até aposentados pela
mesma, buscaremos perceber de que forma os trabalhadores vêem as
transformações do mundo do trabalho e o significado disso na sua própria vida,
estabelecendo relações entre fontes escritas, dados, documentos e as suas
experiências. Prática metodológica aplicável e muito bem aceita entre os
alunos do Ensino Médio na exploração do conteúdo estruturante Relações de
Trabalho, pertinente a esse nível de ensino. Esse artigo resulta dessa ação
pedagógica que permite reproduzir o contexto social, identificando nele
elementos que compõem o mundo do trabalho. É uma forma de se trabalhar
com a leitura de mundo do próprio educando.
A Empresa, os trabalhadores e a sociedade
Escolhemos a Indústria Sadia S.A. de Toledo-Pr, pois a referida empresa
exerce uma grande influência de ordem econômica e social nessa cidade e até
mesmo da região. E como esse trabalho de pesquisa tem a finalidade de ser
utilizado como elemento de apoio ao trabalho didático-pedagógico,
apresentando os trabalhadores dessa empresa como protagonistas da História,
estaremos provocando a construção do conhecimento a partir da realidade e,
assim, levar o educando a perceber-se como sujeito do processo histórico,
passando a conhecer o mundo do trabalho a fim de poder inserir-se nele com
maior segurança. Essa é a função da disciplina de História. A Investigação
Histórica pode detectar causalidades externas voltadas para a descoberta de
relações humanas, e causalidades internas que buscam compreender e
interpretar os sentidos que os sujeitos atribuem as suas ações. (Diretrizes
Curriculares da Rede Pública de Educação do Estado do Paraná. 2006, p.22).
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A indústria Sadia é uma empresa de grande porte, mantém um parque fabril
com 13 unidades distribuídas em sete estados do Brasil. O Estado do Paraná
concentra hoje o maior número de unidades industriais dessa empresa. Dos 40
600 funcionários que possui, quase 35% atuam nas unidades paranaenses de
onde saem cerca de 400 produtos. A primeira unidade da Sadia no Paraná foi a
de Toledo, que iniciou suas operações em 1964. Atualmente é a maior unidade
da empresa no Brasil tendo aproximadamente 8 000 funcionários diretos.
Concentra as atividades de abate de frangos e suínos, além de produção de
industrializados e fábrica de ração. Adotando o sistema de integração têm
integrados de frangos e suínos, mostrando uma importante ferramenta de
geração de empregos e renda no campo.
Desde a década de 1960, essa empresa passou por várias mudanças nas
suas estruturas física, administrativa e produtiva, principalmente nos anos 1980
e 1990, com a introdução de novas tecnologias, fazendo-se necessário,
também, o experimento de novos métodos de trabalho, onde a prioridade se
centra no controle de produção e na qualidade do produto, visando as mais
recentes exigências do mercado, já que a marca Sadia é conhecida
mundialmente. Como uma das maiores do setor alimentício da América Latina
é também, uma das maiores exportadoras do país. No mercado interno tem um
portifólio de cerca de 600 itens, distribuídos para aproximadamente 300 pontos
de venda. Portanto é uma empresa nacional que exporta para o mercado
externo cerca de mil produtos para mais de cem países. As primeiras
exportações foram realizadas ainda na década de 1960. No exterior tem
representação comercial no Panamá, Chile, Uruguai, Argentina, Alemanha,
Inglaterra, Rússia, Turquia, Emirados Árabes, China e Japão.
A Unidade da Sadia de Toledo apresenta-se como uma grande empresa
influente na economia local. Desde a sua instalação na década de 1960,
expandiu-se e reorganizou-se em suas estruturas, atualmente fazem parte, da
sua área industrial: instalações frigoríficas de frangos e suínos, setores de
industrializados derivados dessas matérias-primas, uma fábrica de óleo que
extrai o produto bruto da soja, encaminhando para outra unidade de Paranaguá
onde é refinado e utilizado como matéria-prima na fabricação de margarina,
outro produto da própria empresa e o farelo da soja é destinado a fabricação da
ração, instalada nessa mesma unidade. A empresa, também, conta com uma
7
fábrica de assados, empanados e cozidos, que está sendo reconstruída depois
de ter sofrido um incêndio no dia 16 de novembro de 2006, causando perda
total da fábrica. Fazem parte do contexto de sua área industrial agências
bancárias, posto de brigada de incêndio, áreas destinadas a estacionamentos
de veículos de funcionários e visitantes, estacionamentos de caminhos de
transportes destinados a carga e descarga, uma grande área de lazer a AER-
Sadia, com restaurante, quadras e ginásios esportivos, campos de futebol e
uma grande área verde.
Seu potencial e sua importância impulsionam vários setores econômicos na
região, emprega uma grande parcela da população da cidade e seus arredores.
Essa sua imponência atrai trabalhadores de várias regiões do Brasil, que
buscam numa grande empresa, uma oportunidade de trabalho e, de repente,
até certa segurança, por se tratar de uma empresa conhecida mundialmente.
Ao conversarmos com trabalhadores já aposentados, ou com mais de 20 anos
de empresa, percebemos na fala destes, o orgulho de serem funcionários da
Sadia, como retrata bem Luiz2 ao dizer: “ Uma das maiores empresa de Toledo
é a Sadia, não tem dúvida e eu sempre digo pra qualquer um, que onde eu for
eu vou levar a Sadia, porque a metade da minha vida ta na Sadia”. Evidencia
em suas palavras uma preocupação com o nome da empresa, priva pela
qualidade, se a empresa vai bem representa uma espécie de recompensa pela
dedicação.
Um dos dados a ser apontado, comum entre os trabalhadores mais antigos
entrevistados é que vieram de outras regiões pré-determinados a trabalharem
na Sadia e, fazem questão de ressaltar que não possuíam nenhum bem
material, somente a força de trabalho. Hoje, apresentam, com um certo
orgulho, o que conseguiram, segundo eles fruto do trabalho na Sadia. Todos
têm casa própria, carro e alguns revelam possuírem até imóveis alugados.
Continuam empolgados com a empresa, acatando como normais e necessárias
as mudanças que vivenciam no ambiente de trabalho e no próprio trabalho.
Expectativa essa que não conseguimos ver nos mais jovens e com menos
tempo de empresa. Coincidentemente aos mais antigos a maioria, também, 2 Chegou a Toledo em 1983, vindo de Foz do Iguaçu onde trabalhou na barragem de Itaipu. Nesse mesmo
ano foi contratado pela empresa Sadia S.A. de Toledo, como operador de produção. Cursou o Ensino
Fundamental e Médio de 1980 a 1995, na própria empresa, nas salas do PAC-Sadia. Atualmente com 50
anos e funcionário à 25 anos da empresa, exerce a função de operador de extração de óleo, na fábrica de
óleo. Entrevista realizada no dia 09/08/2007, nas dependências do Colégio Antônio José Reis, Toledo-PR.
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afirma ter vindo de outras regiões para trabalhar na Sadia impulsionados pela
imponência da mesma, mas, mostram-se contrários a determinadas normas,
constantemente dizem não estar de acordo com o ambiente de trabalho e,
alegam disponibilidade e vêem necessidade de buscar outra profissão fora
dessa empresa. O sistema de produção adotado é visto, por esses, como
benefício unicamente da empresa e uma forma organizada de explorar os
operários: “ Eles chamam o grupo pra conversar e tentam convencer que é
necessária aquela cobrança, e que tem que melhorar mesmo! É necessário pra
empresa né! Muitas vezes a gente entra na discussão porque a cobrança é
demais, eles não dão nada de melhor pra gente...” ( Fabio3). Essa é outra
característica dos depoimentos dos operários mais jovens, entendem todas as
mudanças ou, interferências, no ambiente de trabalho sempre a favor da
produção e do lucro, e que, na verdade, são as características principais do
capitalismo. Os mais antigos mesmo vivenciando várias mudanças reproduzem
o discurso da empresa que é pautado na ideologia do capital: o trabalhador
precisa trabalhar, não importa as condições, precisa sobreviver. No depoimento
de Aguinaldo4 observamos essas diferenças: “ É os que reclama mais é
aqueles que entra mais novo lá. Os que são de mais idade, quarenta anos pra
cima, não reclama muito. As pessoas mais jovens, de dezoito, vinte anos,
reclama. Só que muitos deles não têm paciência de agüenta um pouquinho.
Quando nós entremo , naquele tempo não via essas pessoas assim, toda
desesperada. Não dá certo! Parece que era mais controlado.” Aqui ele faz um
comparativo bastante expressivo entre os funcionários e o tempo de serviço
prestado à empresa, valorizando a paciência, persistência e maior empenho,
característica essas que atribui aos mais antigos, valorizando-os. Quando usa
a expressão “ parece que era mais controlado”, demonstra uma certa
incompreensão do momento, onde, segundo ele, os jovens não se submetem a
sacrifícios pelo emprego. O que chama a atenção é o modo como definem o
presente, no qual observamos a incorporação dos ideários do capital. Ao dizer:
3 Oriundo da cidade de Santa Tereza do Oeste onde trabalhava desde os 16 anos, sem registro, em obras
com pré-moldados. Residente em Toledo, ingressou na empresa Sadia em novembro de 2006, no
frigorífico de aves, na função de operador de produção, função que ainda exerce. Está cursando o Ensino
Médio no Colégio Antônio José Reis. Entrevista realizada no referido colégio, dia 04/09/2007. 4 45 anos de idade. Começou a trabalhar na lavoura com menos de 10 anos, nas terras de seu pai, em São
José das Palmeiras. Em 1984, com 21 anos, foi chamado, após ter feito ficha, para trabalhar na Sadia.
Mudou-se para Toledo. Trabalha até hoje no setor de suíno, na função de ajudante de produção.
Entrevista realizada em 06/08/2007, em sua residência, Toledo/Pr.
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“ ... eles têm a oportunidade deles, claro eles têm os cursos, então é mais
fácil...” Aqui, Aguinaldo5, remete-se a falta de maior escolaridade dos mais
antigos que, de certa forma, os torna menos questionadores de normas e
métodos, adaptando-se ao sistema por necessidade e, conseqüentemente, a
empresa consegue um comprometimento maior desses. O que está em jogo é
o emprego e o mercado de trabalho apresenta-se cada vez mais exigente.
Dando seqüência a esse quadro comparativo, os depoimentos dos mais
antigos, apontam e tentam justificar, também, a questão do poder aquisitivo
entre os operários de diferentes períodos, não apresentando uma visão clara
da influência das mudanças políticas e econômicas, resultantes de um
processo histórico de contexto maior, sob os rendimentos dos trabalhadores.
Como relata Aguinaldo:
... não consegue mais... o terreno ficou mais caro. Hoje ta mais
difícil, o salário não acompanho.. Na época que nóis entremo parece
que o dinheiro dava mais... acho que o pessoal controlava mais...
Hoje vejo o pessoal reclama mais, não sei se gasta mais... Se de
primeiro a gente gastava menos. Na época eu pagava aluguel e
comprei um lote, construí. Hoje quem ta pagando aluguel ta ficando
mais difícil.”
Na verdade ele reconhece a defasagem salarial que, além disso, por
conseqüência do crescimento da indústria Sadia, do aumento do número de
funcionários, provocando a migração de muitas pessoas para a cidade de
Toledo, os bairros próximos a empresa foram crescendo e surgindo novos, o
valor imobiliário teve uma alta significante nos últimos anos movidos por esses
fatores. Mesmo assim ele atribui culpa maior aos trabalhadores mais jovens
rotulando-os de maus administradores de seus próprios rendimentos salariais.
Ainda reportando-se a outros períodos e fazendo uma articulação entre
funcionários e empresa, Ernande6 aponta mais mudanças quando comenta: “O
crachá tinha valor... Com o crachá você podia abrir crediário e outras coisas,
hoje não... o pessoal corta crediário da Sadia. Antes só com o crachá você 5 Idem 4.
6 63 anos de idade, funcionário aposentado da Sadia. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Aos 7 anos
mudou-se para o norte do Paraná, ainda jovem migrou para Luz Marina, distrito de Toledo, onde
trabalhava na lavoura com a família. Em 1975 passou a residir em Toledo pois, nesse ano, ingressou na
Sadia. Contratado inicialmente como operador de produção, setor suíno, exerceu função de líder,
encarregado de seção e promovido a supervisor. Cursou o Ensino Fundamental e Médio enquanto
funcionário dessa empresa. Entrevista realizada em 05/09/2007, em sua residência, Toledo/Pr.
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comprava... Mas o pagamento no dia certo ainda é uma das coisas boas da
Sadia...” São memórias como essas que nos são apresentados que, a partir de
sua especificidade, levantam questões sobre a problemática do mundo do
trabalho. Podemos buscar, à partir da memória desses sujeitos, as
possibilidades de dialogar com a sociedade na sua organização política,
econômica e social em períodos diferenciados.
Mudanças no Processo de Produção e na Vida dos Trabalhadores
A ciência e a tecnologia tornam-se fundamentais para o desenvolvimento da
produção, particularmente nas últimas décadas, que graças a esse avanço
tecnológico cria-se uma nova realidade despertando para o surgimento de uma
cultura de massa mundial, potencializada pela importância das comunicações.
No contexto dessas transformações surge uma nova ordem econômica mundial
caracterizada pela mundialização do processo de produção e do consumo,
provocando, nesse período, maior e mais rápida circulação de produtos,
pessoas e informações.
No sentido de destacar esse processo, que é um fenômeno gerador de
mudanças significativas na política, na economia e na sociedade, exigindo de
todos uma adaptação, preocupamo-nos em analisar as características e efeitos
dessa reorganização da produção no mundo do trabalho, levando em
consideração a introdução de novas tecnologias associadas a importantes
determinações políticas, como a ascensão do neoliberalismo na década de
1980, também, contribuíram para impulsionar essa nova fase do sistema
capitalista, como observa Giovanni Alves, “promoveram a desregulamentação
da concorrência e a liberação comercial, além de adotarem políticas anti-
sindicais, impulsionando, desse modo, novos patamares de flexibilidade e
contribuindo, para instaurar um novo poder do capital sobre o trabalho
assalariado” (Alves, 1999). Nessa perspectiva buscamos perceber como os
trabalhadores vivenciaram essas transformações; as suas percepções em
relação à introdução de novos métodos de trabalho; as relações de poder no
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ambiente de trabalho e os desafios de qualificação, requisitos e competências
dos trabalhadores.
Entre as grandes transformações resultantes do aparecimento dessa
sociedade informacional, temos como conseqüência uma nova
conceitualização do trabalho humano, que deve ser entendido de maneira
global, investigando não apenas nos padrões científicos, mas também pela
efetividade que apresentam na realidade social em que se inserem; como diz
Gramsci7 ao refletir sobre o capitalismo: “os métodos de trabalho estão
indissoluvelmente ligados a um determinado modo de viver, de pensar e de
sentir a vida.” Portanto, analisando historicamente desde a antiguidade,
passando pela idade média à consolidação do capitalismo no século XVIII, na
visão de historiadores, economistas, religiosos ou na observação de forma
mais crítica de Marx e Engels, o conceito de trabalho tem sofrido consideradas
mutações, as quais estão intimamente relacionadas as mudanças sócio-
econômicas e os métodos de produção específicos de cada período histórico e,
nos detendo na concepção da atual sociedade em que estamos inseridos,
podemos tomar por base a intervenção no processo de produção das teorias
fordista/taylorista responsáveis pela organização científica do trabalho
controlando o tempo, o custo e o trabalhador, objetivando maior produção e
lucro aos capitalistas. Entretanto, no início do século XX, tais padrões de
acumulação de capital aumentaram a produção, mas também a exploração
sobre os trabalhadores, conduzindo-os a trabalhar mais em menos tempo. Em
contrapartida, esta concepção reduzia as operações produtivas ao esforço de
realizar apenas uma tarefa, não exigindo uma participação mais ativa do
trabalhador. O uso de sua inteligência, criatividade e iniciativa eram
dispensáveis. Neste contexto de mecanização do trabalhador, limitando-se a
repetir movimentos, anulavam-se a importância do “saber fazer”, ignorando a
capacidade intelectual desses trabalhadores, esses não participavam da
organização do processo de trabalho, sendo relegados a apenas uma tarefa
repetitiva sem um sentido mais amplo. Porém, agora com a nova organização
flexível do trabalho, essas teorias e métodos de produção são questionados.
7 Na obra Cadernos do Cárcere, sua reflexão sobre o capitalismo – Caderno 22 – “Americanismo e
Fordismo”. Autores de diversas áreas do conhecimento tomaram Gramsci como referencial de seus
trabalhos.
12
Os operários tinham se mostrado capazes de controlar diretamente
não só o movimento reivindicatório mas o próprio funcionamento das
empresas. Eles demonstram, em suma, que não possuem apenas
uma força bruta, sendo dotados também de inteligência, iniciativa e
capacidade organizacional. Os capitalistas compreenderam que, em
vez de limitar a explorar a força de trabalho muscular dos
trabalhadores, privando-os de qualquer iniciativa e mantendo-os
enclausurados nas compartimentações estritas do taylorismo e do
fordismo, podiam multiplicar seu lucro explorando-lhes a imaginação,
os dotes organizativos, a capacidade de cooperação, todas as
virtudes da inteligência ( Antunes, 1999, p. 44-45).
Os modelos produtivos tiveram que ser modificados, marcado por um
processo de reestruturação da produção e do trabalho sem, no entanto,
transformar os pilares do modo de produção capitalista.
Escapa a um grau significativo de controle precisamente porque ele
emergiu, no curso de sua história, como uma estrutura de controle
totalizante das mais poderosas, (... ) dentro da qual tudo, inclusive os
seres humanos, deve ajustar-se, escolhendo entre aceitar sua
viabilidade produtiva ou, ao contrário, perecendo. Não se pode
pensar em outro sistema de controle maior e mais inexorável – e,
nesse sentido, totalitário – do que o sistema de capital globalmente
dominante, que impõe seus critérios de viabilidade de tudo... (
Antunes,1999; p. 25).
Nesse sentido, levando em consideração as preocupações de Antunes
que se apresentam como mais um elemento importante para entendermos que,
com a globalização do capital, observa-se uma expressão na dinâmica do
sistema, criando novo modelo de produção, buscando sempre uma saída
quando aparece uma crise, mas mantendo sempre domínio sobre a totalidade
dos seres. De acordo com Antunes (1999)
“trata-se para o capital, de reorganizar o ciclo reprodutivo preservando seus
fundamentos essenciais” (p. 36). Na era das grandes inovações tecnológicas,
representado pela robótica, microeletrônica e automação, juntamente com
novas formas de gestão, a questão da qualidade do trabalho passa a ser
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relevante, há uma valorização e privilégio pela qualificação. Essas
transformações evidenciadas no processo de acumulação capitalista fizeram
surgir novos métodos produtivos dos quais podemos destacar o Toyotismo,
originário do Japão, segundo o qual, o consumo é que condiciona a produção.
Esta teoria serviu diretamente à política neoliberal que ganha maior espaço a
partir dos anos de 1980. Diante disso, o trabalho passa a ter uma nova
concepção devido a necessidade de aplicações de conhecimentos, onde os
indivíduos voltam suas capacidades para a programação e o controle. Essa
situação aponta para a necessidade de se pensar a formação do sujeito para o
trabalho, demandando novas habilidades. Temos, hoje, como característica
marcante do mercado de trabalho, um aumento das exigências de aptidões,
necessitando de uma base de conhecimentos mais amplos, demonstração de
capacidade para resolução de problemas de diversa natureza, tomadas de
decisões autônomas, capacidade de abstração e de comunicação. Na verdade,
o mercado de trabalho, na atualidade, absorve com maior ênfase um
trabalhador polivalente, no sentido de apresentar várias qualificações, sendo
capaz de desenvolver e incorporar diferentes competências e capacidades
profissionais. Essa dinâmica se constitui numa profunda transformação do
conceito de trabalho, que passa a ser concebido a partir do desenvolvimento
de competências associadas ao conhecimento e a inteligência que passam a
serem vistos como um novo fator de produção. Essas novas exigências da
sociedade pós-moderna não são, muitas vezes, correspondida por uma maioria
dos trabalhadores, os quais vão engrossar a parcela de desempregados, ou,
passam a buscar formas alternativas e, na maioria das vezes, precárias de
trabalho. Portanto, buscando a sobrevivência de uma forma ou de outra,
procuram fazer parte do novo mundo do trabalho que se constrói a sua volta.
R. Antunes em Os Sentidos do Trabalho denomina essa situação de
“subjetividade autêntica”, o Toyotismo percebeu que era possível se apropriar
do saber intelectual do trabalho. Mas, para isso, era preciso envolver o
trabalhador nesse processo, dar a ele a aparência de que efetivamente
dispunha de autonomia para pensar no que é melhor para a empresa, em
contrapartida criando-se condições favoráveis para envolver a subjetividade do
trabalhador, submetendo-o de modo completamente manipulado e subordinado
aos interesses exclusivos da empresa e do capital. Para R. Antunes a
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introdução do Toyotismo apóia-se numa correlação de forças desfavoráveis
aos trabalhadores, pois esse modelo está mais sintonizado com a lógica
neoliberal do que com a concepção social-democrata.
Dinâmica essa percebida de maneira bem clara pelos trabalhadores que
vivenciam essa dinâmica toda nas condições de trabalho, na jornada, na
remuneração, nas teorias e métodos de produção, automação entre outras.
Para Ernandes8, que procura buscar pelas lembranças, essas mudanças
afetaram tanto o trabalhador, a produção, quanto o ambiente de trabalho e
trouxeram novas exigências:
Foi por causa dessa automação... Naquele tempo a Sadia matava 12
mil frangos, era quase tudo manual. Hoje em dia a pessoa só põe a
mão no frango só para pendurar... o resto é tudo as máquinas. Lá
dentro é coisa linda! Aqueles carimbos tudo com raio laeser, você
passa parece aqueles arco- ires! Na Sadia você fica admirado de vê
as coisas...
O que encanta e causa admiração nos trabalhadores, também, vem
acompanhado de preocupação quando passam a relatar as conseqüências que
evidenciam nesse cenário, como percebemos no depoimento de muitos, e
destacamos, ainda, na fala de Ernandes:
O Salário vem se defasando, por isso é que eu falo, é a escravidão
com todos. Puseram uma empresa para trabalhar dentro da outra, a
terceirização, que acabou com o funcionalismo. Hoje a Sadia paga
mais de mil reais por funcionário para as empresas de terceiros, só
que esses terceiros pagam mixaria. É um acordo pra Sadia baixar o
salário dela também. Porque a Sadia tinha o melhor salário dos três
estados do sul, era a que mais pagava... A Sadia mudou tudo...
Tirou diretor bom que tinha, trouxeram outros, daí as pessoas foram
ficando oprimidas lá dentro...
O “ser trabalhador” vem mudando sua concepção no universo das
empresas que se submetem a esse tipo de organização do trabalho. O
trabalhador tem seus direitos completamente precarizados e se coloca
8 Idem 6.
15
constantemente em disponibilidade para o capital. As novas tecnologias,
inclusive, facilitam o controle da empresa sobre os trabalhadores, o que resulta
em um aumento de tensão cotidiana no ambiente de trabalho, os instrumentos
de controle informatizados fornecem dados imprescindíveis sobre o tempo de
trabalho efetivo, a quantidade e a qualidade desse trabalho na linha de
produção. Luiz Soares9 parte de todo um ideário que é repassado pela
empresa e caracteriza o controle exercido sobre os trabalhadores nos setores
de produção:
Se dá uma quebra na fábrica de duas ou três horas a gente procura já
comunica ele, porque no final do fechamento do turno, vai te aquela
queda de produção. E nós temo uma meta de produção, uma meta de
consumo, uma meta, digamos assim de disponibilidade para atender
tudo isso ai. Desde que eu entrei na Sadia tem essas metas. E tem
metas de qualidade. Se não sai tem que ver o porquê. Porque não
atendeu né! Nós temos muitas metas pra cumprir. É um processo
enorme. Eu sempre coloco para meus companheiros assim...Atenção!
Justifica as reestruturações no ambiente de trabalho incorporando
totalmente a ideologia do capital, passa a olhar a sua condição de trabalhador
por essa perspectiva, para entender as transformações em sua volta de forma
mais abrangente, com aquilo que faz sentido para ele. Ao relatar seu ambiente
de trabalho, pautado na realidade atual do mundo do trabalho; na sua
especificidade, apresenta as relações de produção capitalista bem definida
reproduzindo o discurso: o trabalhador precisa trabalhar, não importa as
condições, precisa sobreviver.
Os trabalhadores apresentam uma visão bem clara do processo de
transformação da produção e das relações de trabalho vivenciadas por eles
dentro da empresa Sadia. À medida que relatam suas experiências, os
funcionários mais antigos dessa empresa, deixam transparecer que produziram
uma identidade como funcionários da Sadia que os acompanhará por onde
forem. Construíram, idealizam e incorporam uma imagem positiva e muito forte
da empresa, tanto que, a narrativa de suas vidas é feita a partir do universo
dessa empresa. O “ ser funcionário da Sadia ” é muito importante, é uma
9 Idem 2.
16
questão de auto-estima. Mas, em contrapartida, percebem muito bem, que
mudanças sérias eclodem no mundo do trabalho e que os afetaram e afetam
diretamente quando fazem um contraponto entre passado e presente,
principalmente na questão de liderança, remuneração salarial, controle e
qualidade da produção. Toda essa dinâmica é vivenciada profundamente por
eles. Demonstram uma adesão ideológica das regras do mercado de trabalho,
como se fossem naturais. Aceitam as regras pela estabilidade no emprego. É a
forma que encontraram para se manterem no trabalho, a luta pela
sobrevivência material. Passam a responsabilidade de fazer críticas negativas
à empresa aos mais jovens, pois acreditam que os mesmos apresentam
maiores chances de assumir uma função melhor, ou até mesmo, encontrarem
fora a empresa com maior facilidade outra ocupação no mercado de trabalho,
devido ao fator idade e maior escolaridade que conta bastante nesse universo
profissional. A baixa escolaridade, realmente, se constitui num fator restritivo ao
ingressar no mercado de trabalho e, muitos desses trabalhadores fazem um
esforço para buscar entender a conexão entre conhecimento e mundo do
trabalho em um cenário marcado pelas descontinuidades e incertezas da pós-
modernidade.
Na busca da Qualidade Total
“Sadia realiza Mostra de Trabalhos do Circulo de Qualidade” (Jornal do
Oeste10, 16/09/2008). A empresa, utilizando-se de meios de comunicação local,
divulga a programação do evento realizado anualmente na sua sede recreativa:
exposição dos trabalhos que integram o CQS11 – Círculos de Qualidade Sadia,
lançado em 1996, o programa envolve um número grande de funcionários que
se empenham expondo para colegas e visitantes, através de seus trabalhos,
sugestões e implementação de melhorias nos seus respectivos setores de
produção.
Nesse cenário, ou seja, nesse novo processo de produção, dentre muitas
estratégias, as empresas buscam a Qualificação Total. A flexibilização da
10
Jornal do Oeste – Toledo, 16/09/2008 – Ano 25 – Nº 6695. 11
O sistema de Círculos de Controle de Qualidade (CCQ) surgiu no Japão, em 1962, como forma de
envolver o supervisores e suas equipes no conhecimento e pratica de novos métodos de gerenciamento,
sendo praticado, atualmente, em mais de 70 paises.
17
produção é uma estratégia utilizada com o objetivo de retirar mais valor do
processo de trabalho proporcionando maior lucratividade. As transformações
que estão ocorrendo no mercado mundial, no final do século XX e inicio do
século XXI, a evolução de teorias sobre a reestruturação produtiva com o
intuito de manter o sistema capitalista, baseado na integração e flexibilidade
simultaneamente a introdução de novas tecnologias e novas formas de gestão,
provocam novos padrões de competitividade obrigando as empresas a
tornarem-se flexíveis, buscarem novas estratégias entre capital e trabalho.
Estratégias como o just in time, os 5S’s, o controle de produção e de qualidade
total são parte do discurso do modelo toyotista de produção e adotadas por
grandes empresas de todo o mundo, são normas e procedimentos no local de
trabalho e no processo de produção que envolvem desde o diretor, supervisor
ao trabalhador da linha de produção. Essas estratégias tornam-se exemplos e
as empresas que se encontram integradas a elas são tidas como empresas-
modelo, recebendo os certificados de qualidade:ISO 9000, ISO 14000,
facilitando as relações de competitividade.
A concorrência entre os capitais, a busca de novos processos
produtivos, a conquista de outros mercados e a procura de lucros
provocam a dinamização das forças produtivas e da forma pela qual
ela se combinam e aplicam nos mais diversos setores de produção,
nas mais diferentes nações e regiões do mundo.
Estão em marcha os processos de concentração do capital, o que
implica na contínua reinversão dos ganhos no mesmo ou em outros
empreendimentos, e os de centralização do capital, o que implica na
contínua absorção de outros capitais, próximos e distantes, pelo
mais ativo, dinâmico e inovador. (Giovanni Alves, 2001, p. 165)
Observa-se como o poder transformador do capital atinge dimensões
globais. O que é conveniente para os ideais capitalistas deve ser adotado por
todos que fazem parte do sistema e a dinâmica social do capital é uma
conseqüência disso. Portanto, faz-se necessário dar maior importância às
cadeias produtivas, redes de empresas, terceirizações e outros, a fim de
construir uma empresa ágil, com objetivos e planejamento mais participativo.
Esse quadro construído no mercado competitivo cria a necessidade das
18
empresas tornarem-se flexíveis, que pela percepção simples dos trabalhadores
diz respeito a melhorar a qualidade e garantia do posto de trabalho:
... foi implantado os 5Ss então, digamos assim, tinha um líder que ia
coordenando. E dentro do turno eu liderava, na quebra da produção
era responsável para correr atrás do que fosse necessário pro grupo
produzir. Então... relatório! Assim relata quebra de produção. [...]
Quebrava uma máquina eu tinha autonomia de move dentro da
empresa pra ir buscar o que fosse necessário, o mais rápido
possível. Então a gente liderava nessa hora. [...] Mas o encarregado
ganhava um salário um pouco maior... Então a gente tava fazendo a
função do encarregado e não tava sendo recompensado. Aí nosso
chefe falo “você ta adquirindo experiência”... (Luiz Soares12).
Luiz apresenta narrativas da sua vida profissional pautadas na realidade do
mundo do trabalho atual, ajudando a reconstruir o presente fazendo um
contraponto com o passado e, de certa forma, criticando a realidade. Ao se
referendar a essas transformações, nota-se que esses trabalhadores, tentam
associar as mesmas como algo natural, onde a empresa é obrigada a se
adaptar e eles também, pois necessitam do trabalho e que, no processo, de
certa forma, estão sendo valorizados, articulando essa valorização a
experiência que afirmam estar adquirindo.
Com a intenção clara de convencer a todos de que o ambiente e as relações
de trabalho são as melhores e mais adequadas possíveis, conquista-se os
certificados de qualidade total ISO. Prática essa, também, evidenciada com os
produtos, que passam pela inspeção de qualidade antes de serem liberados
para o mercado. O mesmo ocorre com os trabalhadores, prevalecendo à
qualificação suficiente exigida para o exercício da função. O mercado
consumidor exige qualidade, portanto a empresa tem que mostrar essa
qualidade. E o capital sabe muito bem disso e por isso instaura programas e
certificados de “qualidade total” (Antunes, 1999).
Garantir investimentos em tecnologia e inovação nos métodos de produção
é importante, faz-se necessário para manter a empresa em condições de
competir economicamente no novo mercado globalizado. A questão central na
12
Idem 2.
19
atualidade é a substituição da rigidez pela flexibilidade e rapidez das respostas,
mas o mercado continua sendo aquele que dita as regras de produção e o
trabalhador subordinado ao mesmo.
Na verdade, a flexibilização da produção está intimamente relacionada, entre
outros fatores, à capacidade da empresa em adaptar-se à competitividade, à
reestruturação produtiva e à mundialização, buscando a diminuição de custos
da produção, melhoria de qualidade e controle do tempo. Essa dinâmica
corresponde ao pensamento Neoliberal e proporciona importantes reflexos no
mercado de trabalho. Diante disso, no complexo da produção, ocasionados
pelos avanços tecnológicos e pelo acirramento da concorrência intercapitalista,
a captura à subjetividade do trabalhador assalariado, é posta como uma
necessidade imperativa das novas condições de produção capitalista ( Alves,
2001). No que diz respeito à produção as empresas passam a buscar,
experimentar, pondo em prática teorias ideológicas e organizacionais voltadas
para a exploração da força de trabalho, requerendo trabalhador que colabore
diretamente no contexto da produção e, para isso, necessitando que o mesmo
tenha uma série de qualificações no campo técnico e também, no psicológico a
fim de que, no ambiente de trabalho, seja polivalente exercendo múltiplas
funções, inclusive tomando para si a responsabilidade da “qualidade total” da
produção. Conforme salienta Alves (2001): “ Deve o trabalhador tornar-se não
apenas déspota de si mesmo, mas déspota de outros trabalhadores, pois o
novo ambiente de trabalho toyotista é capaz de desenvolver a individualidade
dos trabalhadores e com ela o sentimento de liberdade, a independência e o
auto controle, ao mesmo tempo em que instaura, em toda a sua plenitude, a
concorrência e a emulação entre os próprios trabalhadores, apesar da retórica
do trabalho equipe” (p.203). A “qualidade total” torna-se, então, inteiramente
compatível com a lógica da produção.
Apresentando-se como mais uma das estratégias do capital para atingir seu
objetivo único: o lucro, através da alienação dos trabalhadores diante de uma
cruel realidade, passando a sofrerem com a intensificação e exploração do
processo de trabalho, ocultadas por certificados de qualidade e, sofrendo
quando o baixo rendimento, ou a baixa qualidade aparecem. Características
20
essas que se evidenciam na fala do Senhor Luiz13 ao comentar: “ Se dá quebra
na fábrica a gente procura já comunicar, porque no final do fechamento do
turno vai te aquela quebra de produção... E tem metas de qualidade. Se não
sai tem que vê o porquê, ... não atendeu né! ... Eu sempre coloco pros meus
companheiros assim: ta dentro da fábrica a atenção tem que ta voltada pra ali”.
Nota-se que a alienação é uma arma poderosa, da qual se utiliza o sistema,
eliminando o controle centralizado e rígido de um superior ou, de um setor
responsável pela qualidade após a produção, passando para os próprios
trabalhadores a responsabilidade de tal tarefa que precisa ainda ser realizada
durante a própria execução da produção. É uma questão bastante significativa
nesse universo, onde a empresa consegue esse envolvimento integral dos
trabalhadores durante todo o processo de produção, por meio de treinando que
seguem os moldes do sistema. Dessa forma, disciplinando-os para que tragam
resultados à empresa, conseguindo assim, um comprometimento dos
funcionários na obtenção da alta produtividade e para que possam fazer
controle de qualidade dos produtos durante a produção, dão ênfase na co-
responsabilidade do trabalhador. Nesse contexto, a empresa cria uma relação
cada vez maior de comprometimento do trabalhador com a “Qualidade Total”,
evidenciando aí maior alienação à atividade produtiva.
Salientamos que o toyotismo expressa a necessidade radical de uma nova
hegemonia do capital na produção. Por isso a centralidade da cooperação
ativa e de postura pró-ativa do trabalhador assalariado no campo da produção
(ALVES, 2001; p.205).
Conclusão:
A pesquisa realizada com trabalhadores da Empresa Sadia S.A de Toledo-
Pr, aponta as dinâmicas no que diz respeito ao mundo do trabalho e seus
reflexos sobre às condições e relações de trabalho ao longo deste contexto
histórico.
A referida empresa é uma das maiores unidades do grupo Sadia,
responsável por 23% do total da produção dessa indústria. Sempre adquirindo
13
Idem 2.
21
novas tecnologias de produção; estratégia esta que resulta na obtenção de
maior produtividade, fazendo-se necessário para mantê-la em condições de
competir no novo mercado globalizado. Paralelamente as inovações
tecnológicas e de igual importância são introduzidos no ambiente de trabalho
métodos, teorias e estratégias de produção, que afetam diretamente a vida
dos trabalhadores do universo dessa empresa.
A flexibilização da produção e a flexibilização do trabalho que se percebe na
citada empresa, de certa forma, melhoraram as condições de trabalho, no que
diz respeito ao ambiente físico; aquisição de maquinários que auxiliam e
diminuem os esforços físicos, maior praticidade, ambiente limpo, organizado e
agradável. Quanto às relações de trabalho as modificações aparecem nas
relações de poder (hierarquia), os supervisores que antes eram escolhidos
entre os próprios trabalhadores do setor, alguém que se destacasse,
atualmente são trazidos de outras regiões com exigência de uma formação
superior, não há mais aquele vínculo de amizade, igualdade, aparece uma
separação entre funcionário e seu superior; modificam-se, também, quando
algumas funções deixam de existir e aparecem outras terceirizadas. A partir
desses aspectos apontados verifica-se que as mudanças organizacionais e
produtivas ocorridas na empresa vieram acompanhadas de significativas
mudanças nas relações de trabalho. “As novas tecnologias microeletrônicas,
capazes de promover um novo salto na produtividade do trabalho, exigiriam,
portanto, como pressuposto formal, o novo envolvimento do trabalho vivo na
produção capitalista” ( Alves,2001; p.185).
Compreendido na perspectiva apontada por Alves, tanto as questões
relativas à flexibilização da produção, à introdução de novas tecnologias quanto
à utilização da flexibilização do trabalho requerem da empresa maior ênfase no
treinamento e na capacitação de seus funcionários. As novas formas de
organização do trabalho na empresa por um lado privilegiam a participação e
autonomia no trabalho, mas exigem maior responsabilidade do trabalhador,
sem uma maior recompensa financeira, não remetendo em aumento na sua
remuneração mensal. Percebe-se, ainda, que houve uma redução drástica nas
condições sociais de trabalho, com a diminuição de benefícios, mesmo a
empresa mantendo e oferecendo alguns benefícios compensatórios, como
22
plano de saúde, cesta básica, e outros. Esses, atualmente, não apresentam a
mesma qualidade e compensação aos trabalhadores.
Essa flexibilização no mercado de trabalho, com seus novos padrões de
produção, ao mesmo tempo em que valoriza o individuo reconhece a
importância do saber e da competência, permitindo maior autonomia dos
sujeitos, conduzindo-os para possibilidades maiores de organização de
trabalhos cooperativos; representa, também, certa insegurança, ampliam as
desigualdades e a exclusão de muitos desse meio. Diante desse quadro
percebe-se, entre os trabalhadores, uma ansiedade com relação ao seu futuro
no mercado de trabalho, causada pela incerteza da permanência no emprego,
pela falta de um grau maior de escolaridade, o não domínio da tecnologia.
Outro fator perceptível, nos depoimentos, é a forma como esses trabalhadores
procuram entender as dinâmicas no âmbito do ritmo do processo de trabalho.
Eles as incorporam e reproduzem o discurso que ouvem, envolvendo-se cada
vez mais e tomando para si a responsabilidade da produção como um todo. É a
condição para manter-se na empresa. A fala do trabalhador é a fala da
empresa, são os mecanismos metodológicos tipicamente capitalistas, levando-
o a ter o perfil da empresa, mudando o habito do trabalhador para além do
espaço da empresa, convencendo-o com o discurso de que se for ordenado,
organizado ele vai ter uma melhor qualidade de vida. Mas, será que um
funcionário numa faixa salarial menor que mil reais consegue organizar sua
vida nesse imaginário? Essas concepções estão constituídas e arraigada na
visão desses: trabalhar de modo sistemático e organizado associando a
qualidade. Apontam com freqüência elementos resultantes da reestruturação
produtiva, reconhecendo as marcas das mudanças: a extinção de postos de
trabalho, a presença de empresas terceirizadas, a importância da qualificação
na formação profissional, participação, automação, produtividade, disciplina,
além disso, uma relevante dinâmica no universo do trabalho com alterações
nas relações e métodos de trabalho. A dinâmica particular da empresa é
vivenciada profundamente por eles. Portanto, transparecem vivenciar uma
forma de dominação do sistema tanto na relação de trabalho quanto fora do
ambiente da empresa permanecendo, assim, dominados por essa forma de
organização vigente, baseada na exploração e na busca exagerada pela
produtividade, competitividade e lucratividade, onde o trabalhador é
23
visivelmente explorado, produzindo mais riqueza e, afastando-se cada vez
mais dessa riqueza, diminuindo seu poder aquisitivo. Os programas de
“qualidade total” circunscritos no espaço dessa empresa, representam muito
bem essa situação, fundados na constituição de um trabalhador polivalente,
que exerça várias funções, integrado ao processo produtivo como um todo. No
entanto, verificando-se os processos de trabalho percebe-se um contraponto
nesse discurso da “qualidade total”, revelando, nesse contexto, perda de
direitos, precarização, uma organização sindical incapaz de articular
movimentos da classe, exploração intensa da força de trabalho dada pelo
maior aproveitamento possível do tempo e o comprometimento e
responsabilidade do trabalhador no processo de produção. Nesse sentido,
assim se manifesta Ricardo Antunes, presenciou-se nas empresas onde vigora
esse modelo de produção:
“A desregulamentação enorme dos direitos do trabalho, que são
eliminados cotidianamente em quase todas as partes do mundo
onde há produção industrial e de serviços; o aumento da
fragmentação no interior da classe trabalhadora; a precarização e
terceirização da força humana que trabalha; a destruição do
sindicalismo de classe e sua conversão num sindicalismo dócil, de
parceria, ou mesmo em um ‘sindicalismo de empresa’ ” (ANTUNES,
1999; p.53).
A análise feita por Antunes esclarece e fundamenta esse trabalho de
pesquisa, onde fica evidenciado que o discurso de “qualidade total”, na
verdade, encobre as condições de exploração vividas pelos trabalhadores no
universo do trabalho e, não se perceber isso, é estar alienado diante da
verdadeira realidade.
As mudanças no mundo do trabalho circunscritas ao espaço pesquisado:
trabalhadores da empresa Sadia S.A, de Toledo, relatadas através das
experiências desses trabalhadores ao vivenciarem tais mudanças, podem se
tornar um importante e rico material de apoio pedagógico nas aulas de História,
proporcionando um conjunto muito grande de possibilidades de intervenção
levando o aluno a pensar historicamente, pensando as relações históricas,
criando um raciocínio histórico a partir do cotidiano desses sujeitos que fazem
24
parte desse contexto. A partir da história imediata tem-se uma ferramenta com
indicações concretas para se despertar ou inserir a reflexão histórica em torno
das relações de trabalho em sala de aula, produzindo instrumentos para um
questionamento crítico das informações levantadas ajudando-os dessa forma,
a construir seu conhecimento. Através das entrevistas feitas com os
trabalhadores, teremos em seus relatos do cotidiano, elementos suficientes
para explorarmos esse tema a partir das relações passado/presente que,
dialogando com outras fontes remete-se a percepção de como as mudanças no
mundo do trabalho estão relacionadas ao processo histórico e a ideologia que
vem sustentando o capitalismo.
O aluno não pode ficar à mercê de compreender a História sob
recortes com sentido fechado entre si, mas deve ser estimulado a
compreender fenômenos de amplo efeito sobre diferentes recortes
sincrônicos, diacrônicos, permanências e continuidades, a partir d
movimentos de inter-relações, em que os conteúdos não sejam
tomados de forma isolada ( Diretrizes Curriculares da Rede Pública
de Educação Básica do Estado do Paraná. 2006; p.30).
A partir das experiências vividas e apresentadas em forma de narrativas,
tem-se a capacidade de observar as interpretações historicamente
estabelecidas de acordo com as circunstâncias que a constituem, com a
capacidade de se transformar os fatos em uma linguagem mais acessível,
historicizando-os, viabilizando-os e materializando-os. Criando, assim, um
diálogo partindo de seus referenciais, estabelecendo uma problematização
desses fatos.
Essa prática, também, nos conduz a proposta de trabalharmos com a
História Oral, como recurso pedagógico, abrindo um espaço de pesquisa pouco
utilizado por professores do Ensino Médio e que necessita ser explorado, pois
aproxima o conteúdo a ser investigado com a historia do cotidiano dos
educandos, favorecendo a percepção do sujeito histórico. Remetendo-o a
necessidade de se entender historicamente, construindo uma interpretação a
partir de sua prática social, ampliando sua visão para um contexto maior,
construindo assim, um cidadão consciente e crítico, necessário a essa
25
sociedade em transformação. Com a intenção de intervir na realidade levando
o aluno a ter contato com outras fontes de conhecimento e pesquisa.
À medida que a economia cresce, as novas tecnologias são introduzidas e
as atividades produtivas se reestruturam, mudanças também vão ocorrer na
composição da força de trabalho, novos desafios vão emergindo. Diante disso,
a educação deve ser ampliada e aprimorada em todos os níveis, no intuito de
contribuir para que os jovens educandos possam enfrentar os desafios num
mundo do trabalho em constante mudanças necessitando conhecer e
compreender os diferentes contextos sociais e profissionais provocados pelas
inovações tecnológicas na estrutura empresarial, profissional, qualificações e
emprego.
Provocando uma reflexão a partir das experiências dos próprios
trabalhadores estamos abertos a todas as possibilidades, dentro de situações
que vão se estabelecendo, de recebermos um universo de informações que
podem contribuir para que esses jovens percebam que fazem parte dessa
sociedade em transformação e que têm direito de lutar por um lugar melhor
nela, garantindo com dignidade um espaço, visualizando o futuro, buscando
uma formação profissional a fim de ampliar suas oportunidades no mercado de
trabalho, percebendo que o sonho profissional pode não ser uma referência tão
distante. Educar, no sentido de atuar de modo participativo e ativo dentro e fora
do mundo do trabalho, na condição de cidadão consciente.
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