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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
JOSÉ HUGO DO VALE DE ALMEIDA
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO DO PEDREIRO
NO LEVANTAMENTO DA ALVENARIA COM BLOCO CERÂMICO -
ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA DE MÉDIO PORTE NA REGIÃO DE
FEIRA DE SANTANA.
Feira de Santana
2010
JOSÉ HUGO DO VALE DE ALMEIDA
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO DO PEDREIRO
NO LEVANTAMENTO DA ALVENARIA COM BLOCO CERÂMICO -
ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA DE MÉDIO PORTE NA REGIÃO DE
FEIRA DE SANTANA.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Disciplina Projeto Final II do
Curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Feira de Santana, como requisito
parcial à obtenção do título de bacharel em
Engenharia Civil.
Orientadora: Sarah Patricia de O. Rios
Feira de Santana
2010
JOSÉ HUGO DO VALE DE ALMEIDA
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO DO PEDREIRO
NO LEVANTAMENTO DA ALVENARIA COM BLOCO CERÂMICO -
ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA DE MÉDIO PORTE NA REGIÃO DE
FEIRA DE SANTANA.
Esse Trabalho de Conclusão de Curso
foi julgado adequado para a obtenção do titulo
de BACHAREL em ENGENHARIA CIVIL e
aprovado em sua forma final pelo professor
orientador e pela Universidade Estadual de
Feira de Santana.
Feira de Santana, ___ de ___________ de ____
Banca Examinadora:
Eduardo Antonio Lima Costa_____________________________
Universidade Estadual de Feira de Santana
Sergio Tranzillo França_________________________________
Universidade Estadual de Feira de Santana
Sarah Patrícia de Oliveira Rios___________________________
Universidade Estadual de Feira de Santana
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus.
Aos meus pais que sempre me apoiaram e me incentivaram a vencer meus objetivos,
me dando oportunidade de crescer e evoluir como pessoa.
A todos os amigos e colegas.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me dado o dom da vida, por fornecer força
suficiente para vencer os desafios encontrados no dia-a-dia, além de ter me ajudado a
não desistir de tentar realizar esse trabalho de maneira esclarecida para o leitor.
Aos meus pais Henrique e Railce pelo amor, carinho, dedicação e suporte para
que eu pudesse me desenvolver tanto pessoal quanto profissionalmente.
Aos professores Eufrosina e Gerinaldo, cordenadores da disciplina Projeto final I
e II respectivamente, pelo auxílio e suporte prestados nesses dois semestres.
A minha professora orientadora, Prof. Sarah Patricia de O. Rios, por todos os
puxões de orelha, debates, dedicação e paciência, além da troca de conhecimentos
indispensáveis para o término e conclusão desse trabalho.
À empresa e profissionais que se propuseram a participar e contribuíram para a
aplicação do questionário ergonômico indispensável para realização desse trabalho.
Aos professores Sergio Tranzillo e Eduardo Costa componentes da banca
examinadora.
Fica aqui meu forte abraço a todos aqueles que contribuíram não só para o
desenvolvimento desse trabalho, mas como para o meu crescimento como pessoa e
como profissional. André, Jade, Amana, Paulo, Thiago, Rodrigo, Fellipe, Ranniere,
Marcos, Antonio e Cleo, sintam-se todos abraçados.
RESUMO
Este trabalho teve como principal objetivo avaliar a importância da ergonomia
no processo produtivo da construção civil, no levantamento da alvenaria de vedação
com bloco cerâmico executado por pedreiros. Inicialmente foi caracterizada a indústria
da construção civil para haver a possibilidade de compreensão da influência da
ergonomia no processo produtivo. A seguir, a fundamentação teórica foi realizada para
maiores esclarecimentos referente a conceitos relacionados a segurança e saúde do
trabalhador com especial destaque à ergonomia no processo produtivo da construção
civil. Em seguida, no desenvolvimento, foram caracterizadas a construção civil, a
empresa, a obra onde foram avaliados os pedreiros, o método construtivo empregado na
obra, a função de pedreiro e o levantamento com bloco cerâmico. Para alcançar os
objetivos foi feito um estudo de caso em uma pequena empresa da região de Feira de
Santana, em uma obra de 213 casas com 75 operários. O estudo se deu através da
aplicação e análise de um questionário com 42 perguntadas respondidas por 18
pedreiros (de um total de 25) onde foi observado que muito desses operários já sofreram
algum tipo de lesão provocada por algum acidente de trabalho, podendo esses ter
relações com a ergonomia já que, por exemplo, a maioria desses funcionários analisou a
atividade levantamento com bloco cerâmico como monótona e muito repetitiva o que
foi considerado um indício de falha no método executivo.
Palavras-Chave: Ergonomia; Segurança do trabalho; Construção Civil;
Processo Produtivo; NR 17.
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the importance of ergonomics in the productive
process of construction, in the lifting of masonry fence with ceramic block executed by
masons. It was initially characterized the construction industry to be able to understand
the influence of ergonomics in the productive process. Then, the theoretical foundation
for further clarification was made regarding the concepts related to the worker’s safety
and health with particular emphasis on ergonomics in the productive process of
construction. Then, in development, were characterized the construction industry, the
company, the site which the builders were assessed, the construction method employed
in the work, the role of Mason and the lifting of the ceramic block. To achieve the goals
it was done a case study in a small business in the region of Feira de Santana, in a site of
213 homes with 75 workers. The study was through application and analysis of a
questionnaire with 42 questions answered by 18 masons (a total of 25) where it was
observed that many of these workers have suffered some kind of injury caused by any
accident at work, and they may have be related to ergonomics as, for example, most of
these employees classified the lifting activity of the ceramic block as monotonous and
very repetitive which was considered a sign of failure in the execute method.
Keywords: Ergonomics, Work safety, construction, productive process, NR 17.
i
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AT Acidente do Trabalho
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CONFEA Conselho Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia
DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
EPI Equipamento de proteção individual.
LER Lesão por esforço repetitivo.
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NR Norma Regulamentadora.
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.
SST Segurança e Saúde do Trabalho
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PVC Policloreto de Vinila
PVA Acetato de Polivinila
ii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho...................................................26
Gráfico 2 – Pedreiros afastados do trabalho devido aos acidentes..........................................26
Gráfico 3 – Graus de risco/perigo avaliado pelos pedreiros....................................................27
Gráfico 4 – Pedreiros que sentem algum problema físico causado pelo trabalho...................28
Gráfico 5 – Avaliação das condições ambientais de trabalho..................................................28
Gráfico 6 – Quantidade de pedreiros que consideram o trabalho cansativo............................29
Gráfico 7 – Pedreiros que trabalham sentindo algum tipo de dor............................................30
1
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................................... i
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................... ii
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 2
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 3
1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 3
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 3
1.3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 4
1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .......................................................................... 4
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 6
2.1 SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ATÉ OS DIAS ATUAIS; ............ 6
2.2 SAÚDE DO TRABALHADOR E ACIDENTE DO TRABALHO ........................... 9
2.3 ERGONOMIA E PRODUTIVIDADE ..................................................................... 12
3 DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 19
3.1 CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................... 19
3.2 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA E DA OBRA ............................................. 20
3.2.1 EMPRESA ............................................................................................................. 20
3.2.2 OBRA ............................................................................................................... 20
3.2.3 MÉTODO CONSTRUTIVO ................................................................................. 21
3.3 CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO DE PEDREIRO E DO LEVANTAMENTO
DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM BLOCO CERÂMICO. ............................... 21
3.3.1 DA FUNÇÃO DE PEDREIRO ............................................................................. 21
3.3.2 DO LEVANTAMENTO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM BLOCO
CERÂMICO... ................................................................................................................ 22
3.4 APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS ................................................................. 22
4 RESULTADO E ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS .............................................. 24
4.1 RESULTADO DOS QUESTIONÁRIOS ................................................................ 24
4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 37
ANEXO .......................................................................................................................... 41
ANEXO I – QUESTIONÁRIO DE ERGONOMIA ...................................................... 41
ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............... 44
ANEXO III - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...............45
ANEXO IV - RESULTADO DO QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO ........................ 46
1
1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil exerce um importante papel social no país por
absorver uma grande porcentagem da mão-de-obra nacional tendo como principal
característica a realização de tarefas que necessitam de grande esforço físico por parte dos
seus operários.
O descarregamento de um caminhão cimento, o transporte de materiais dentro do
canteiro, e a escavação de valetas sob sol escaldante, ao se associarem com o nível baixo de
escolaridade e instrução, as baixas remunerações e ferramentas que ainda são “arcaicas”,
fazem com que seja muito importante o incremento da adaptação das condições de trabalho
ao homem no dia-a-dia de uma construção, para que seja mantida a integridade física e
psicológica de seus operários, minimizando o grau dos riscos laborais que podem surgir com
a realização dessas atividades.
Ribeiro (2004) afirma que a maioria dos trabalhadores da construção civil subestima
os riscos existentes no espaço de trabalho, o que faz com que sejam importantes os
treinamentos e a conscientização quanto aos riscos provenientes de cada tipo de serviço e a
forma correta de prevenção dos acidentes de trabalho.
Com o surgimento das Normas Regulamentadoras (NR) que são um conjunto de
normas que visam regulamentar e fornecer orientações sobre procedimentos obrigatórios
relacionados à saúde e segurança no trabalho no Brasil, cada vez mais empregadores e
empregados se conscientizam desses riscos e a prevenção configura-se como o melhor
caminho a ser tomado por ambos. A NR 17 (que trata da ergonomia) estabelece parâmetros
que permitem a adaptação do ambiente de trabalho às características psicofisiológicas do
trabalhador, proporcionando maior conforto, segurança e melhor desempenho.
A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, sendo interessante que a
implementação da mesma no canteiro de uma obra seja vista com outros olhos pelos
construtores, onde muitos não estão acostumados a valorizar, a dar condições ideais de
trabalho, e a orientar os seus operários, para que esses possam realizar suas tarefas de
maneira adequada, sem que exista esforço excessivo e consequentemente, minimizando os
riscos ergonômicos, aumentando a produtividade e melhoria do produto final (Iida, 1990).
Esses operários assumem ao longo de sua jornada de trabalho posturas
inconvenientes, o que representa problemas sérios para o futuro, além disso, os movimentos
2
são repetitivos e alguns equipamentos utilizados apresentam índices elevados de ruídos,
reduzindo cada vez mais a produtividade e diminuindo seu bem estar.
No cenário econômico atual, incrementar o desempenho é uma preocupação constante
para qualquer empresa que queira se manter no mercado de forma competitiva, enfrentando a
grande concorrência e a exigência cada vez maior por parte dos consumidores. A
preocupação com a produtividade teve início nas primeiras décadas do século XX, quando os
estudos sobre o tema começaram a surgir, tendo Taylor como um de seus maiores expoentes,
através da chamada Administração Científica, abordando os benefícios de estudar a
produção, a partir da observação dos processos de trabalho (Ettinger, 1964).
Estabelece-se então a necessidade de uma abordagem mais aprofundada quando se
trata de avaliar o ambiente sob a ótica da ergonomia. Uma avaliação ergonômica do ambiente
abrange um vasto leque de variáveis, demandando esforços a partir de diversas áreas
envolvidas no processo de criação do espaço edificado. Assim, procurou-se fazer um estudo
mais aprofundado dos riscos ergonômicos na etapa do levantamento da alvenaria de vedação,
já que essa é uma das mais importantes fases do processo construtivo de uma edificação.
1.1 JUSTIFICATIVA
A construção civil envolve um grande número de atividades econômicas, desde a
construção e reforma de casas até grandes obras de arte. A atividade da construção divide-se
basicamente entre construções residenciais, comerciais, industriais, de serviços e os grandes
projetos de engenharia civil; como pontes, linhas de transmissão, rodovias, hidroelétricas,
entre outras.
Sabemos que a indústria da construção civil é caracterizada pelo árduo trabalho
realizado por seus operários onde é possível citar o alto nível de peso que esses necessitam
carregar dia-a-dia, as grandes distâncias percorridas com peso excessivo, e por muitas vezes
a verticalização do trabalho, causando desconforto, dores na região lombar, dentre outros
problemas psicofisiológicos a que estão submetidos. Isso acarreta uma baixa produtividade,
um alto desperdício de materiais, e uma baixa qualidade do produto final.
Outro agravante é o desinteresse por parte dos construtores que exploram seus
operários em busca do lucro e da realização de metas em curto prazo.
A Ergonomia procura fazer uma análise da atividade, tendo como pressuposto que a
atividade, o que o trabalhador faz concretamente, é o elo entre o trabalhador e as formas
3
próprias de organizações. As conclusões de um estudo ergonômico devem conduzir e
orientar modificações para melhorar as condições de trabalho sobre os diagnósticos que
forem evidenciados, assim como melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos ou
serviços que serão produzidos ou realizados.
Um dos objetivos da ergonomia é diminuir os esforços e as dificuldades cotidianas
desses operários, adaptando o trabalho a eles, sendo necessário que exista uma aliança entre a
gestão de obras e os princípios da ergonomia, para que o trabalhador faça o seu serviço
motivado, aumentando sua produtividade, o seu vínculo com a empresa, e ao chegar o
término da construção, ele possa se sentir valorizado e importante no processo construtivo.
Com o enfoque de que o bem estar do trabalhador tem que ser algo mais notório, o
presente estudo visa analisar a atividade do trabalhador na construção civil procurando
melhorar sua qualidade de vida e suas condições de trabalho.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
Este trabalho busca analisar a importância da ergonomia na atividade de levantamento
da alvenaria de vedação, executada por pedreiros, em um canteiro de obras.
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentam-se como objetivos específicos:
i) Identificar riscos ergonômicos ao posto de trabalho do pedreiro no levantamento
da alvenaria de vedação.
ii) Propor soluções de segurança do trabalho que garantam a saúde do trabalhador
frente a tais riscos.
4
1.3 METODOLOGIA
Fazer uso da Fundamentação Teórica através de livros, artigos, normas
regulamentadoras e internet, a fim de ter o embasamento técnico necessário para analisar os
riscos ergonômicos e suas causas, complementando-o com as discussões realizadas entre
orientando e orientador sobre ergonomia.
Foi desenvolvido pelo orientando um questionário com 42 perguntas para coletar
dados na obra, aplicando esse questionário aos pedreiros.
Esse questionário contém características de identificação e da função de pedreiro,
além de abordar a segurança, higiene e saúde do trabalhador.
A quantidade de amostra foi de 18 pedreiros de um total de 25.
Por fim, fazer a seleção dos resultados e a analisar criticamente os dados obtidos
pelos questionários, a fim de observar a importância e interferência da ergonomia no
processo de produção da construção civil.
1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
O presente trabalho está dividido em 5 capítulos, sendo que o primeiro consiste na
introdução, onde estão contidos informações relevantes a ergonomia e a indústria da
construção civil, a justificativa e importância de sua escolha, os objetivos gerais e
específicos, a metodologia, onde estão indicados as diretrizes de estudo, e a estrutura da
monografia.
O segundo capítulo é a fundamentação teórica onde fornece o embasamento
necessário à monografia contendo conceitos básicos sobre segurança e saúde do trabalho até
os dias atuais, saúde do trabalhador e acidente de trabalho e ergonomia e produtividade.
No capítulo três está contido o desenvolvimento da monografia, citando
características da construção civil, da empresa, da obra, da função de pedreiro e da atividade
de levantamento da alvenaria de vedação com bloco cerâmico, além de uma breve
explanação relacionada ao questionário aplicado.
No capítulo quatro é onde são apresentados os resultados obtidos através dos
questionários aplicados na obra, além da análise desses resultados e suas considerações.
5
No capítulo cinco são feitas as considerações finais do assunto onde é possível
encontrar problemas causados pela falta da implantação dos conceitos ergonômicos e
benefícios da implantação da ergonomia em um canteiro de obras, além de sugestões e a
abordagem final ao tema.
6
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ATÉ OS DIAS ATUAIS;1
Para que exista o sucesso de qualquer atividade profissional é necessário atender a
um requisito muito importante: A integridade física e mental dos trabalhadores.
Conforme afirmam Ansell e Wharton (apud ALBERTON, 1996), “o risco é uma
característica inevitável da existência humana. Nem o homem, nem as organizações e
sociedade às quais pertence podem sobreviver por um longo período sem a existência de
tarefas perigosas.”.
A Segurança e a Medicina do Trabalho estão diretamente ligadas com todos os fatores
que interfiram na continuidade de qualquer processo da cadeia produtiva, independente se
esses resultem em lesão corporal, perda de tempo ou de material, não impedindo que estes
ocorram ao mesmo tempo.
É sabido que o trabalho existe desde o aparecimento do homem na terra, e com ele o
aparecimento de problemas relacionados com a saúde do trabalhador. Porém o surgimento do
conceito de Segurança do Trabalho veio surgir muito tempo depois.
Em 1700 surgiu na Itália a primeira obra relacionada às doenças ocupacionais. O
precursor dessa obra foi Bernardino Ramazzini em seu livro chamado “De Morbis Artificum
Diatriba (Doenças do Trabalho)”, em que relacionava as doenças ocupacionais com produtos
químicos, alguns metais, poeira e outros agentes encontrados por trabalhadores em 52
ocupações. Bernardino Ramazzini é conhecido como o “Pai da medicina do trabalho” devido
a essa importante obra.
Com o surgimento da revolução industrial entre 1760 e 1830, na Inglaterra, surgiram
também as primeiras indústrias. Indústrias essas que eram caracterizadas por condições
precárias de trabalho, calor forte, pouca ventilação e alta umidade, situadas em galpões
improvisados, onde não existia o interesse pela saúde dos trabalhadores.
O aumento das doenças do trabalho foi proporcional ao crescimento da evolução e a
potencialização dos meios de produção, com as deploráveis condições de trabalho e da vida
das cidades. A partir desse momento se intensificou as manifestações dos grupos trabalhistas.
1 O item “SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ATÉ OS DIAS ATUAIS” foi baseado no
Manual Prático LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO.
7
Em 1833 surgiu a primeira legislação eficiente para a proteção do trabalhador, o “
FACTORY ACT”.
Em 1919, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), adotou seis convenções
relacionadas com a proteção da saúde e à integridade física dos trabalhadores, sendo elas a
limitação da jornada de trabalho, proteção à maternidade, trabalho noturno para mulheres,
trabalho noturno para menores e idade mínima de admissão de crianças.
Também em 1919, por meio do Decreto Legislativo nº 3.724, de 15 de janeiro de
1919, implantaram-se serviços de medicina ocupacional, com a fiscalização das condições de
trabalho nas fábricas.
Com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1948, estabeleceu-se o
conceito de que “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
apenas a ausência de doenças, levando-se em conta que o homem é um ser que se distingue
não somente por suas atividades físicas, mas também por seus atributos mentais, espirituais e
morais e por sua adaptação ao meio em que vive.”
Na década de 70, o Brasil é o campeão mundial de acidentes relacionados ao trabalho.
Em 1977, o legislador dedica no texto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por sua
reconhecida importância social, capítulo específico à Segurança e Medicina do Trabalho.
Trata-se do Capítulo V, Título II, artigos 154 a 201, com redação da Lei nº 6.514/77. O
Ministro de Estado do Trabalho considerando o disposto no art. 200, da Consolidação das
Leis do Trabalho, com redação dada por essa lei resolve aprovar as Normas
Regulamentadoras – NR, que foram aprovadas pela portaria N.º 3.214, de 08 de Junho de
1978.
Atualmente são 33 normas regulamentadoras em vigor (www.mte.gov.br), sendo elas:
NR 1 Disposições Gerais
NR 2 Inspeção Prévia
NR 3 Embargo e Interdição
NR 4 Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho -
SESMT
NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA
NR 6 Equipamento de Proteção Individual - EPI
NR 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO
NR 8 Edificações
NR 9 Programa de Prevenção de Riscos ambientais - PPRA
NR 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
8
NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR 12 Máquinas e Equipamentos
NR 13 Caldeiras de Vasos de Pressão
NR 14 Fornos
NR 15 Atividades e Operações Insalubres
NR 16 Atividades e Operações Perigosas
NR 17 Ergonomia
NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.
NR 19 Explosivos
NR 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
NR 21 Trabalhos a Céu Aberto
NR 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR 23 Proteção Contra Incêndios
NR 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
NR 25 Resíduos Industriais
NR 26 Sinalização de Segurança
NR 27 Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no ministério do trabalho e
emprego (revogada pela portaria GM n.º 262, 29/05/2008).
NR 28 Fiscalização e Penalidades.
NR 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.
NR 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.
NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração
Florestal e Aqüicultura.
NR 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde.
NR 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados.
NR 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação
Naval.
Em 1979, acontece a Semana de Saúde do Trabalhador, promovida pela Comissão
Intersindical de Saúde do Trabalhador. Comissão essa que se transforma um ano mais tarde,
em 1980, no Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes
do Trabalho.
Com a consolidação do avanço da indústria no Brasil, foram surgindo diversos
Sindicatos de trabalhadores, como os da Indústria Mecânica e Metalúrgica, com a
importância de denunciar as condições precárias e inseguras no ambiente de trabalho.
9
A Constituição de 1988 promove a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio
de normas de saúde, higiene e segurança e ratificadas as Convenções 155 e 161 da OIT, que
também regulamentam ações para a preservação da Saúde e dos Serviços de Saúde do
Trabalhador.
Nos dias atuais é necessária a união dos governantes, dos empresários, dos
trabalhadores, e de toda a sociedade para que exista a conscientização para a aplicação de
programas de saúde e segurança no trabalho, para que exista um menor número de acidentes
e doenças de trabalho, aumentando a qualidade e produção do operário.
2.2 SAÚDE DO TRABALHADOR E ACIDENTE DO TRABALHO
Segurança do Trabalho pode ser entendida como o conjunto de medidas que são
adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como
proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 expressa no seu artigo 196 que: a saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (Brasil, 1988).
O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa pode-se constituir, em sua forma
mais ampla, por uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do
Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho. Estes profissionais formam o que denomina-se SESMT - Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.
A Lei 8080/90, por sua vez, afirma em seu artigo 2º. Parágrafo 3º que: a saúde tem
como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o
acesso a bens e serviços essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organização
social e econômica do País (Brasil, 1999).
Com toda essa política relacionada a saúde e segurança do trabalhador,
desenvolveram-se discussões a respeito da Saúde do trabalhador, havendo a necessidade de
novas práticas relacionada ao tema.
10
O estudo da segurança e saúde do trabalhador busca estabelecer causas de agravos à
sua saúde, reconhecer seus determinantes, estimar riscos, dar a conhecer os modos de
prevenção, promover saúde (Mendes e Dias, 1999).
Segundo Rigotto (1993), o estudo sobre saúde do trabalhador estimula o profissional
a ter atitude de quem escuta, questiona, sente, perscruta, estuda e busca a construção de um
saber, juntamente com os trabalhadores, embora reconheça as dificuldades de
operacionalização destas iniciativas.
Harnecker (1983) define processo de produção como sendo uma atividade humana
que envolve a transformação de um objeto denominado de processo de trabalho,
desenvolvido sob relações sociais de produção. Com isso percebe-se que os processos de
produção e de trabalho estão diretamente ligados com o desgaste do trabalhador, sendo o
homem o principal agente desses fatores.
No mesmo contexto, os Acidentes de Trabalho (AT) ocupam destaque, uma vez que
se apresentam como a concretização dos agravos à saúde do trabalhador em decorrência da
atividade produtiva, recebendo interferências de variáveis inerentes à própria pessoa, do
ponto de vista físico ou psíquico, bem como do contexto social, econômico, político e da
própria existência (Barbosa, 1989; Silva, 1996).
O Acidente de Trabalho então é a ruptura da relação entre processos de produção e de
trabalho com o trabalhador, podendo ter consequências graves ou não.
Segundo Laurell e Noriega (1989), é necessário compreender que a doença e os AT
não são acontecimentos aleatórios individuais, mas sim, uma condição da coletividade com
influências sociais marcantes.
Segundo a Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991, alterada pelo Decreto nº. 611, de 21
de julho de 1992, no artigo 19:
“Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da
empresa ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da
capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.”
Equiparam-se aos acidentes de trabalho:
acidente que acontece quando o trabalhador está prestando serviços por ordem
da empresa fora do local de trabalho;
acidente que acontece quando o trabalhador estiver em viagem a serviço da
empresa;
acidente que ocorre no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para
casa;
11
doença profissional (as doenças provocadas pelo tipo de trabalho);
doença do trabalho (as doenças causadas pelas condições do trabalho).
O acidente de trabalho muito comum na construção civil tem duas causas principais, o
ato inseguro e a condição insegura.
O Ato Inseguro é o ato praticado pelo homem, em geral consciente do que está
fazendo, que está contra as normas de segurança. São exemplos de atos inseguros: subir em
telhado sem cinto de segurança contra quedas, não usar os EPI – Equipamento de proteção
individual.
A Condição Insegura é a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo e ou
risco ao trabalhador. São exemplos de condições inseguras: instalação elétrica com fios
desencapados, máquinas em estado precário de manutenção, andaime de obras de construção
civil feitos com materiais inadequados.
Ghisleni (2005) descreve que os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(DORT) abrangem quadros clínicos do sistema músculo esqueléticos adquirido pelo
trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho e que não há causa única para
sua ocorrência. Dentro da indústria da construção civil, diversos motivos somam-se para
exacerbar seu aparecimento.
Couto (2006) relata os cinco motivos pelos quais as DORT têm aumentado em todo
mundo nas últimas décadas:
a) pelo desequilíbrio entre a prescrição de trabalho e a possibilidade de seu
cumprimento;
b) pela anulação dos mecanismos de regulação;
c) pela complexidade cada vez maior do trabalho a ser feito pelas pessoas;
d) pela realidade social favorecedora das lesões, principalmente pelo fracasso dos
mecanismos da própria empresa;
e) pela intensificação dos fatores biomecânicos da tarefa;
As lesões ocupacionais afetam a saúde física e mental do trabalhador, reduzindo
sensivelmente sua capacidade funcional, interferindo diretamente na produtividade e na
qualidade de vida do trabalhador.
Laurell e Noriega (1989) discorrem que “as cargas são mediações entre o processo de
trabalho e o desgaste do operário”, e podem ser classificadas em: físicas, químicas,
orgânicas, mecânicas, fisiológicas, psíquicas.
12
Fator de risco acompanha o aumento de probabilidade de ocorrência do agravo à
saúde, sem que o referido fator tenha que interferir, necessariamente, em sua causalidade
(Pereira, 1995).
O acidente de trabalho está relacionado não só com o processo de trabalho em que os
operários estão envolvidos, mas também com o seu contexto de vida e seu grau de
escolaridade, pois atuam como colaboradores para o fator de risco.
2.3 ERGONOMIA E PRODUTIVIDADE
É direito do trabalhador ter um trabalho digno, que não lhe cause nenhum tipo de
doença, nem problemas psicofisiológicos.
Para tratar o trabalhador de uma forma individualizada, analisando suas condições,
capacidades e necessidades, aliando conforto e produtividade surgiu a ergonomia. Em
meados de 1857 foi publicado um artigo intitulado de "ensaios da ergonomia ou ciência do
trabalho". O tema foi retomado muitos anos depois por um grupo de cientistas interessados
em formalizar a atuação e enfoque desse novo ramo de atuação multidisciplinar da ciência e
assim foi proposto o neologismo "ergonomia", formado pelos termos gregos “ergon”
(trabalho) e “nomos” (regras) (Moraes e Soares, 1989).
A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e
espaço de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas
científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de
aplicação, deve resultar numa melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos
ambientes de trabalho e de vida (Congresso Internacional de Ergonomia, 1969, s.n., apud
MORAES, 2000).
Para Laville (1977), a ergonomia é "o conjunto de conhecimentos a respeito do
desempenho do homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção de tarefa, dos
instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção".
Para Miranda (apud ABREU, 2002), um trabalhador jamais pode trabalhar em seu
limite máximo de produção como as máquinas, pois, o trabalho acelerado freqüentemente
realizado em condições desfavoráveis, com equipamentos inadequados, ruídos excessivos,
calor, umidade e iluminação insuficiente, causam um desgaste humano expondo o
trabalhador a doenças ocupacionais.
13
A saúde do trabalhador, no pensamento clássico da medicina ocupacional, era
entendida como relacionada apenas ao ambiente físico. Na medida em que ele começou a
entrar em contato com agentes químicos, físicos e biológicos que lhe causavam acidentes e
enfermidades esse modo de pensar ganhou novo enfoque (Mendes & Dias, 1991).
A ergonomia tem como princípio básico a adaptação do trabalho ao homem,
proporcionando conforto, segurança e alto desempenho de suas funções, além do aumento da
produtividade.
Segundo Dul e Weerdmeester (2004), a ergonomia é uma ciência aplicada ao projeto
de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança,
saúde, conforto e eficiência no trabalho. Para que este conceito possa ser amplamente
utilizado, torna-se imprescindível a realização da análise da tarefa, de como ela está sendo
realizada pelos obreiros e sobre quais circunstâncias de trabalho.
A intervenção ergonômica na construção civil é mais difícil do que nas outras
indústrias. São vários os fatores que contribuem para isto: o local de trabalho é mudado todo
dia; há grande rotatividade dos trabalhadores; muitos trabalhadores são contratados por
empreiteiras e os proprietários da obra alegam não terem condições de contratarem um
especialista em ergonomia (Scheneider, 1995).
Segundo Iida (1990) “A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem.
Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de
como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados”. O fato
dos trabalhadores não terem outra realidade de trabalho na construção civil, muito menos
parâmetros de comparação para julgarem se as condições que lhes são impostas são corretas
ou não para um ambiente laboral, faz com que os donos das construtoras abusem da falta de
atenção perante aos seus funcionários, sendo na maioria das obras notória a ausência de
refeitórios, banheiros com as mínimas condições de utilização, o descaso do construtor
perante a saúde do trabalhador e desorganização do ambiente de trabalho.
Como relatou Junior (2005) a organização do trabalho, atualmente, está estruturada de
maneira a se conseguir altos índices de produtividade, otimização nos sistemas de produção,
diminuição dos custos, e por fim uma integração cada vez maior do homem com o seu
trabalho, tudo isso em prol de um desenvolvimento.
No setor da construção civil, muitas vezes para se reduzir custos são cortados gastos
que seriam utilizados para a manutenção da saúde do trabalhador. As boas condições
ambientais são esquecidas, deixando-se de lado acomodações como refeitório, lugar
apropriado para descanso, banheiros com pelo menos as mínimas condições de utilização
14
necessárias. Os trabalhadores por sua vez, sempre conheceram esta única realidade de
trabalho, não tendo parâmetros comparativos necessários para julgarem se estas condições
são corretas ou não para um ambiente laboral.
Segundo Bins Ely e Turkienicz (2005), os aspectos ambientais são de suma
importância para a realização de atividades de forma eficaz, tornando um grande desafio
projetar ambientes adequados que respondam às necessidades dos usuários e permitam a
realização das atividades sem ocasionar maior esforço na realização de tarefas, insatisfação e
impactos na saúde do usuário, através de doenças laborais, comprometendo o desempenho e
a segurança.
O planejamento das instalações são decisões importantes, pois apesar de imporem um
investimento de capital relativamente alto, tem um impacto nas empresas de longo prazo,
podendo afetar a sobrevivência da empresa. O investimento nessa área já é comum em
muitas capitais e em áreas mais industrializadas, tendo seus empresários investindo em
estudos sobre as vantagens das melhorias das instalações e dos processos de execução junto
com a adoção dos princípios ergonômicos. Esses estudos revelam que os custos altos desses
investimentos, acabam por representar a melhoria da saúde do operário e por conseqüência
uma economia para a empresa e o aumento da produtividade.
Santana (1996) expõe que Kazarian (1989) e Kotschevar (1985) "têm escrito
extensivamente sobre produtividade e ambos advertem que o melhor caminho para alcançar a
produtividade é planejar áreas de trabalho de forma que os trabalhadores não tenham que
alcançar objetos e se deslocar além de certos limites, pois se as limitações e capacidades do
homem forem respeitadas na sua atividade de trabalho, isso proporcionará uma performance
mais criativa, mais inteligente e, portanto, mais eficiente".
Apesar de não existir um método rigoroso e rápido de medir o aumento da
produtividade ocasionado por mudanças nos espaços de trabalho, algumas empresas já
constatam diferenças numéricas dessas transformações, como o caso da Almoco Production,
nos Estados Unidos, que constatou, logo depois da transferência da equipe do setor de
pesquisa e desenvolvimento para instalações adequadas à realização das atividades, uma
redução de 30% no tempo de descoberta e desenvolvimento de novos produtos (WAH,
1998).
Segundo Araújo (1996), um dos riscos mais encontrados em canteiros de obras é o
ergonômico, o qual pode ser definido como um risco introduzido no processo de trabalho por
agentes (máquinas, métodos, etc.) inadequados às limitações dos seus usuários. Este risco
15
está presente, na Construção Civil, durante toda a execução de uma obra, e atinge a maior
parte dos trabalhadores dos canteiros de obras.
Adicionalmente, o gerenciamento de segurança e saúde ocupacional ainda gera
problemas, especialmente devido à dificuldade da gerência em utilizar abordagens mais
modernas na concepção de ferramentas de apoio à gestão de risco, além do pouco suporte
teórico oferecido ao setor, e da ampla difusão de uma cultura de negação do risco (Cruz,
1998).
Ao se fazer uma atividade de maneira desordenada, não programada, faz com que a
chance de ocorrer riscos de acidentes de trabalho seja maior. Ao se evitar os fatores da
condição antiergonômica no espaço de trabalho, evita-se também o risco de lesões, relata
Couto (2006).
Kroemer (2005) relatou que o excesso de horas trabalhadas não só reduz a
produtividade, mas também é acompanhada por um aumento característico de faltas, por
doenças ou acidentes.
Conforme Ribeiro (2004) um dos problemas que ocorre entre trabalhadores da
construção civil é o fato dos mesmos subestimarem os riscos existentes no ambiente de
trabalho, fato esse que ocasiona uma necessidade de treinamento e conscientização quanto
aos riscos existentes em cada situação de trabalho bem como a forma correta de prevenção de
acidentes do trabalho. Quando um trabalho é realizado de maneira inadequada, pouco
programada, sabe-se que este afeta diretamente a saúde do trabalhador, através de diversas
patologias músculo esqueléticas. Couto (2006) relata que não existem lesões se não houver
fatores da condição antiergonômica do posto de trabalho e da atividade.
Os riscos ergonômicos estão relacionados com fatores fisiológicos e psicológicos
inerentes a execução das atividades profissionais. Estes riscos podem produzir alterações no
organismo com relação ao estado emocional dos trabalhadores, comprometendo a saúde,
segurança e produtividade. Os riscos ergonômicos mais freqüentes na construção civil, na
opinião de Fernandes et al. (1989), são: levantamento e transporte manual de peso, postura e
jornada de trabalho.
Segundo estes autores, a ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os
movimentos corporais (de pé, empurrando, puxando e levantando pesos), os fatores
ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, temperatura, agentes químicos). A observação e
análise adequada desses fatores permitem projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis
e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana.
16
A melhoria da segurança e saúde no trabalho nas organizações é frequentemente
difícil de ser alcançada porque a maioria das organizações tem ainda uma visão muito
limitada da interrelação dos problemas organizacionais. Os resultados organizacionais
(segurança, produtividade, lucros) não são vistos como parte de um processo contínuo e sim,
como efeito da interação de fatores múltiplos. Acidentes e lesões, por exemplo, são ainda
sempre relacionados à causas simples, como o erro humano (Nagamachi & Imada, 1992).
A Associação Internacional de ergonomia divide a ergonomia em três áreas distintas.
São elas:
a) ergonomia Física: que lida com as respostas do corpo humano à carga física e
psicológica.
b) ergonomia Cognitiva: também conhecida engenharia psicológica, refere-se aos
processos mentais, tais como percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento
e recuperação de memória, como eles afetam as interações entre seres humanos e outros
elementos de um sistema.
c) ergonomia Organizacional ou macroergonomia: relacionada com a otimização dos
sistemas socio-técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos.
Deliberato (2002) afirma que a abordagem ergonômica classifica-se em quatro etapas:
ergonomia de correção - é realizada quando o diagnóstico baseia-se em fadiga,
falta de segurança, presença de distúrbios ou diminuição da produtividade;
ergonomia de concepção - promove o estudo e a criação de um produto,
máquina ou ambiente antes do relacionamento do trabalhador com estes;
ergonomia de conscientização - fundamentaliza-se na realização de
treinamento, palestras, cursos de aprimoramento e atualização constante
acerca dos fatores menos prejudiciais à saúde do trabalhador, bem como,
mostrando os benefícios das propostas ergonômicas para o bem-estar coletivo;
ergonomia participativa - envolve representantes da empresa e dos
funcionários presentes no Comitê Interno de ergonomia, que enfatiza a
ergonomia de conscientização para que ocorra o pleno usufruto do projeto
ergonômico elaborado pela ergonomia de concepção ou de correção.
Segundo a Norma Reguladora do Ministério do Trabalho relativa à ergonomia - NR-
17, a organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
17
Produtividade e qualidade não se alcançam com treinamento puro e simples de
pessoal, mas andam de mãos dadas com outros critérios ergonômicos, os quais têm como
principal campo de ação a concepção de meios de trabalho adaptados às características
fisiológicas e psicológicas do homem e de suas atividades (Odebrecht et al, 1995).
Atualmente, ainda predomina na formação do trabalhador da construção civil o
aprendizado feito diretamente no canteiro de obra, ou seja, a iniciativa de formalizar o
processo de aquisição do saber requerido pela atividade de trabalho. A carreira começa pelo
posto de servente, passando depois de ajudante a oficial. Contudo, diferentemente das
corporações de artesãos da Idade Média, a passagem de ajudante a oficial não é assegurada
depois de um tempo de aprendizado. Além do conhecimento da profissão, é necessário
possuir as ferramentas essenciais ao seu trabalho (Benite, 2004).
Para Lima (1993) o processo de formação ocorre através da iniciação e da
colaboração direta na execução das tarefas, havendo nesse sistema uma transmissão de
informações do trabalhador de ofício para seu ajudante, basicamente por empatia, por
impregnação dos conhecimentos produtivos e pela bagagem gestual.
Farah (1992) observa que, em virtude da complexidade e da diversidade dos
conhecimentos que formam o repertório profissional dos ofícios, o aprendizado é um
processo de duração prolongada. O aperfeiçoamento do trabalhador é também um processo
extensivo. Por toda sua vida profissional, o trabalhador de ofício desenvolve a sua habilidade,
sendo a sua experiência proporcional ao tempo de serviço na profissão.
Dejour (1991) insiste ainda que o que parece correto do ponto de vista da
produtividade é falso do ponto de vista da economia do corpo. Pois, o operário é
efetivamente o mais indicado para saber o que é mais compatível com a sua saúde. Mesmo se
seu modo operatório não é sempre o mais eficaz do ponto de vista do rendimento em geral, o
estudo do trabalho artesanal mostra que, via de regra, o operário consegue encontrar o melhor
rendimento de que é capaz respeitando seu equilíbrio fisiológico e que, desta forma, ele leva
em conta não somente o presente, mas também o futuro.
Taylor acreditava descobrir o melhor método de executar determinada tarefa,
passando a seguir a padronizá-la, através dos estudos de tempos e movimentos, e a escolher
os trabalhadores mais aptos a execução de cada tarefa. Caberia à direção fornecer as
orientações básicas sobre a mesma e ao trabalhador aprender o método mais eficaz
(Taylor,1978). Dentro desta visão, é que irá se constituir o cerne do Taylorismo: a divisão do
trabalho entre a gerência e os trabalhadores, não sendo permitido mais a esses, a liberdade de
concepção de sua tarefa ou a determinação da melhor forma de realizá-la, utilizando as
18
ferramentas disponíveis, de acordo com a sua inteligência, habilidade e perícia, sendo que
todo trabalho de planejamento vai para a mão da gerência.
Desta forma, inicia-se o estágio da ergonomia física, denominado tecnologia da
interface homem-máquina que incluiam os comandos e controles, displays, arranjos do
espaço de trabalho e o ambiente físico do trabalho. A grande maioria das pesquisas enfocava
as características físicas e perceptuais do homem e a aplicação destes conhecimentos no
projeto de máquinas e equipamentos (Hendrick e Brown, apud Souza, 1994).
A análise ergonômica do trabalho, conduzida de maneira ampla e procurando
observar o contexto organizacional e de trabalho, permite identificar e avaliar como as
diversas condicionantes tecnológicas, econômicas, organizacionais e sociais afetam o
trabalho dentro da empresa e conduz ao estabelecimento do quadro geral de necessidades da
organização (Gontijo e Souza, 1993).
19
3 DESENVOLVIMENTO
Neste capítulo são apresentadas características da indústria da construção civil, da
empresa e da obra em questão, além de características da função de pedreiro no levantamento
da alvenaria de vedação, a fim de um melhor desenvolvimento sobre o tema.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A indústria da construção civil é muito importante para o crescimento de um país,
destacando-se sob dois pontos de vista: o ponto de vista social, pela capacidade de absorção
de mão-de-obra, seja ela qualificada ou não; o ponto de vista econômico pela quantidade de
atividades que englobam o seu processo de produção, e a influência da construção civil em
outros setores por gerar consumo de bens e serviços.
A construção civil divide-se em: construção pesada, obras de arte e edificações. O
sub-setor edificações merece destaque, pois representa isoladamente cerca de 30% das obras
do setor, empregando, portanto, a maioria dos trabalhadores dessa indústria.
A reprodução do trabalho na construção civil não é realizada por meio de uma seleção
e treinamento formal, e com isto, as empresas acabam submetendo suas regras de
comunicação e estrutura organizacional sobre os hábitos provenientes da cultura de seus
operários - cultura essa, ainda ligada à sua origem social, ao campo e pequenos municípios -
e pactuam com a hierarquia de poder estabelecido no interior da estrutura de ofícios,
centralizada pelo mestre-de-obras.
O processo de produção da construção civil é realizado ao ar livre, ficando o
trabalhador exposto aos efeitos das intempéries (sol, chuva, calor, frio). O trabalho é
basicamente manual, o que implica em um grande esforço físico exercido pelo operário.
É muito comum os operários da construção civil trabalharem sob pressão, justificada
pela forma de pagamento adotada por algumas empresas, que pagam aos seus funcionários o
que eles produzem.
Durante a jornada de trabalho, os funcionários das empresas da construção civil,
adotam posturas que não favorecem à sua saúde, além de constantemente estarem fazendo
esforços repetitivos com peso o que pode causar posteriormente problemas sérios como
lesões por esforço repetitivo e problemas de coluna.
20
Algumas pesquisas referentes à ergonomia na construção civil já existem (Benite,
2004; Araújo, 1996), o que é importante para melhorar as condições de trabalho dos
operários do setor e consequentemente a qualidade dos serviços executados. Entretanto,
ainda há um vasto estudo a ser realizado nessa área de conhecimento.
3.2 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA E DA OBRA
3.2.1 EMPRESA
A A.C.E. Ltda. atua desde 2006 na construção de imóveis residenciais e comerciais
na região de Feira de Santana. Tem como principal especialidade a construção de
condomínios particulares para classe média e média alta. Há cerca de dez meses começou a
construir condomínios do projeto do governo federal “Minha Casa Minha Vida”.
A empresa consiste de dois setores fundamentais: o setor administrativo, que é
responsável pela criação do empreendimento, pelo financeiro da empresa, recursos humanos
e de suprimentos, de orçamento e de engenharia, e o setor executivo, que é responsável pela
execução do empreendimento, tendo como responsável o engenheiro civil geral da empresa
que fornece suporte para toda a equipe de construção formada por mestres de obras,
estagiários e encarregados.
Razão Social: A.C.E.Ltda.
Endereço: Avenida Getulio Vargas, Feira de Santana, Ba.
3.2.2 OBRA
Nome do empreendimento: P.C.R.C.
Início da construção: Novembro de 2009.
Provável término da construção: Abril de 2011.
Endereço: Santa Mônica II, Feira de Santana, Bahia.
Quadro de funcionários: 75 operários.
P.C.R.C. é um empreendimento único pela ousadia de suas áreas comuns e de lazer,
pela concepção e flexibilidade do projeto das moradias e, principalmente, pelo retorno do
bem viver. Opções de unidades com dois ou três quartos e de área útil de 142 m².
21
O empreendimento é constituído de 213 casas de pavimento térreo, sendo que, 63
unidades do Tipo I, constituída de dois quartos e 150 unidades do Tipo II, constituída de três
quartos. As características gerais do empreendimento são:
Área do Terreno ................................................................................................... 47.916,00 m²
Área de Uso Exclusivo das Unidades Imobiliárias ................................................ 31.764,57 m²
Área de Estacionamento, Vias e Passeios..............................................................16.151,43 m²
Área Construída das Unidades Residenciais ........................... ...............................14.469,27 m²
Área Construída Esportivas e Áreas Verdes............................................................. 2.746,75 m²
Área Construída Salão de Festas ................................................................................. 301,99 m²
Piscina com Deck ........................................................................................................ 208,02 m²
Área Construída-Edificações..................................................................................14.979,28 m²
Área Permeável.......................................................................................................32.936,72 m²
Vagas de Estacionamento para Visitante....................................................................... 55 vagas
3.2.3 MÉTODO CONSTRUTIVO
O método construtivo empregou: fundações diretas tipo radier, em concreto armado;
alvenaria de bloco de cimento e cerâmico; cobertura em telhas cerâmicas; revestimentos
externos com chapisco, reboco; revestimento interno em gesso corrido; revestimento
cerâmico; instalações elétricas e telefônicas embutidas em lajes e paredes; instalações hidro-
sanitárias com tubos em Policloreto de Vinila (PVC) soldável; pintura interna com tinta látex
Acetato de Polivinila (PVA); pintura externa em tinta acrílica sobre massa acrílica
texturizada; esquadrias internas em madeira; esquadrias externas em alumínio com vidro.
3.3 CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO DE PEDREIRO E DO LEVANTAMENTO
DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM BLOCO CERÂMICO.
3.3.1 DA FUNÇÃO DE PEDREIRO
O pedreiro é o profissional da obra que atua na construção das etapas de fundação,
paredes e acabamento. Ele deve ter conhecimento sobre o emprego de materiais, sobre
22
ferramentas e equipamentos, sobre as técnicas utilizadas na construção, sobre segurança e
saúde do trabalhador (SST), entre outros.
Deve saber construir vigas e pilares, levante de parede, revestimento de piso e paredes
e como funciona um canteiro de obras e suas instalações. Ter noções sobre instalações de
água, esgoto e instalações elétricas, interpretar projetos e ter conhecimento sobre cálculos de
área e volume são conhecimentos essenciais que completam a formação do pedreiro.
Os pedreiros estão vinculados a empresa através da carteira assinada.
3.3.2 DO LEVANTAMENTO DA ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM BLOCO
CERÂMICO.
A atividade do pedreiro durante o levantamento de paredes com bloco cerâmico
consiste em:
- O funcionário pega a massa no balde com a colher de pedreiro colocando-a sobre o tijolo
anteriormente assentado, repetindo esta tarefa três vezes;
- retira o bloco cerâmico do chão com a mão não dominante;
- coloca o bloco cerâmico no local do assentamento, apoiando-o com as duas mãos;
- bate por três vezes com a colher de pedreiro em cima do bloco cerâmico;
- retira o excesso de massa ao redor do bloco cerâmico assentado;
- devolve o excesso de massa ao balde;
- confere visualmente o bloco cerâmico assentado;
- verifica o prumo.
Essas atividades se repetem durante toda a jornada de trabalho que é de 8 horas
diárias.
3.4 APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
Foram aplicados 18 questionários durante o período de 03 a 11 de novembro de 2010,
totalizando sete dias de aplicação de questionários.
Os questionários foram exclusivamente aplicados aos pedreiros da obra em questão
tendo duração média de dez minutos de aplicação.
Os questionários aplicados aos pedreiros continham 42 perguntas subdivididas em
sete questões para a sua identificação, quatro questões para a caracterização profissional, e
23
trinta e uma questões sobre SST, higiene do trabalho, ergonomia e características da função
conforme anexo I.
Para a aplicação dos questionários na obra em questão foram apresentados dois
termos de consentimento livre e esclarecido: aos pedreiros (anexo II) e ao diretor da empresa
(anexo III).
24
4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS
4.1 RESULTADO DOS QUESTIONÁRIOS
Apresentam-se agora os resultados do questionário ergonômico (anexo IV) obtidos na
obra onde o mesmo foi aplicado.
As duas primeiras fases do questionário (identificação e caracterização profissional)
servem apenas para auxiliar na análise posterior dos resultados obtidos. Com isso, será
destacado nesse item a terceira fase do questionário ergonômico que fala sobre SST, higiene
do trabalho, ergonomia e características da função.
Inicialmente foi perguntado aos 18 pedreiros (100%) se os mesmos são submetidos a
exames de admissão (questão 12) e/ou periódicos (questão 13) pela empresa, e 100% dos
operários entrevistados responderam que só fazem exames na admissão e no término do
vínculo com a empresa, não sendo eles submetidos a exames periódicos que são necessários
para a comparação da saúde do trabalhador em um período de tempo (um ano geralmente
após a admissão do trabalhador).
Perguntou-se aos funcionários qual era a maior preocupação relacionada ao trabalho
(questão 14) e 17 (94,44%) deles disseram que se machucar os preocupavam mais, pois com
isso ficariam sem trabalho e segundo eles impediriam de sustentar a família, e apenas 1
(5,56%) disse que perder o emprego o preocupava mais.
Foi perguntado se já sofreram algum tipo de acidente de trabalho (questão 15), 6
(33,33%) responderam sim, enquanto 12 (66,67%) disseram que não. Dos que sofreram
acidente de trabalho quando foram perguntados se esses acidentes acarretaram em
afastamento do trabalho (questão 16) 5 (83,33%) disseram que sim e 1 (16,67%) disse que
não (Gráficos 1 e 2).
25
Gráfico 1 – Trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho
Gráfico 2 – Pedreiros afastados do trabalho devido aos acidentes
É sabido que as empresas da indústria da construção civil são obrigadas a fornecer
cursos de prevenção de acidente do trabalho e por isso foi questionado se eles já tinham
passado por algum curso na área de segurança fornecido pela empresa para esclarecer se as
mesmas tinham noção do que era SST e ergonomia (questão 17) e 5 (27,78%) disseram que
fizeram algum curso de prevenção de acidente e 13 (72,22%) disseram que não.
33,33%
66,67%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
SIM NÃO
83,33%
16,67%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
AFASTAMENTO SEM AFASTAMENTO
26
Com as atuais condições de trabalho, a utilização de EPI é indispensável para
qualquer trabalhador da construção civil e 100% dos funcionários disseram que a empresa
fornece os equipamentos de segurança individual (questão 18) e que o seu uso é fiscalizado
(questão 19) pelo técnico de segurança da empresa (questão 20).
Uma questão importante sobre o posto de trabalho foi se o funcionário tinha a
consciência dos riscos e perigos com relação a sua segurança no seu ambiente de atuação
profissional, avaliando o uso de EPI , a possibilidade de se cortar ou perfurar, o trabalho em
altura e o choque elétrico e as respostas foram (questão 21): 17 (94,44%) responderam que é
muito importante a utilização do EPI para a prevenção de possível lesão decorrente de
acidentes e apenas 1 (5,56%) disse que é médio a interferência do uso do EPI na prevenção;
14 (77,78%) responderam que é alta, 3 (16,67%) disseram que é médio e 1 (5,56%) disse que
é baixo a possibilidade de se perfurar ou cortar no ambiente de trabalho; 14 (77,78%)
avaliaram em alto e 4 (22,22%) avaliaram em médio o risco em trabalhar em altura; 15
(83,33%) avaliaram em alto e 3 (16,67%) avaliaram em médio a possibilidade de tomar
choque durante o trabalho (Gráfico 3).
Gráfico 3 – Graus de risco/perigo avaliado pelos pedreiros
Com relação a sentir algum tipo de problema físico causado pelo trabalho (questão
23), 14 (77,78%) disseram que não e 4 (22,22%) responderam que sim sendo, segundo os
entrevistados, o levantamento repetitivo com peso (bloco cerâmico mais massa – cimento,
areia e água) o causador desses problemas (questão 24) (Gráfico 4).
94,44%
5,56%
0,00%
77,78%
16,66%
5,56%
77,78%
22,22%
0,00%
83,33%
16,67%
0,00%0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
ALTO MÉDIO BAIXO ALTO MÉDIO BAIXO ALTO MÉDIO BAIXO ALTO MÉDIO BAIXO
INTERFERÊNCIA DO USO DO EPI CORTE/ PERFURAÇÃO TRABALHO EM ALTURA CHOQUE
27
Gráfico 4 – Pedreiros que sentem algum problema físico causado pelo trabalho
Sobre o ambiente de trabalho (questões 25, 26 e 27): 9 (50%) apontaram que a
iluminação em seu setor é boa, 6 (33,33%) regular e 3 (16,67%) ruim; 16 (88,89%) disseram
que o ruído é normal e que não atrapalhava o desenvolvimento da função e 2 (11,11%)
disseram que é ruim o ruído e que atrapalha o desenvolvimento da função; 16 (88,89%)
disseram que a temperatura em seu setor é muito quente e 2 (11,11%) consideram que é boa a
temperatura no seu setor de trabalho (Gráfico 5).
Gráfico 5 – Avaliação das condições ambientais de trabalho
77,78%
22,22%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
NÃO SIM
50,00%
33,33%
0,00%
88,89%
11,11% 11,11%
88,89%
0,00%
16,67%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
BO
A
RE
GU
LA
R
RU
IM
SE
M
RU
ÍDO
NO
RM
AL
ALT
O
BO
A
MU
ITO
QU
EN
TE
MU
ITO
FR
IA
ILUMINAÇÃO RUÍDO TEMPERATURA
28
Outra questão importante é se eles tinham alguma pausa para descanso
desconsiderando o período de uma hora de almoço (questão 28) e 100% dos funcionários
disseram que não tinham pausa para descanso e nem para ginástica laboral (questão 29), mas
que poderiam ausentar-se do seu setor livremente para ir ao banheiro ou beber água (questão
30).
Sobre o trabalho 100% responderam que trabalham alternados (questão 31), ou seja,
ora de cócoras ora em pé, utilizam ferramentas para a execução do serviço e não acham as
ferramentas utilizadas ultrapassadas (questões 32 e 33), fazem força com as mãos e dedos
para executar o trabalho (questão 34) e consideram o seu serviço monótono e repetitivo
(questão 38). Com relação a como aprenderam a exercer a profissão (questão11) 1 (5,56,%)
fizeram cursos profissionalizantes e 17 (94,44%) aprenderam observando outros pedreiros na
sua função.
Sobre a pressão sofrida por aumento da produtividade (questão 35), se tinham que
trabalhar em um ritmo muito acelerado para cumprir suas tarefas (questão 36) e se durante a
jornada de trabalho sentiam algum cansaço (questão 37), obtiveram-se as seguintes respostas:
6 (33,33%) responderam que sofriam pressão por produção e 12 (66,67%) disseram que não
sofriam pressão; 9 (50%) trabalhavam em ritmo elevado para cumprir as tarefas enquanto 9
(50%) disseram que trabalhavam no seu ritmo normal para atingir suas metas; 9 (50%)
afirmaram que não sentiam cansaço durante o trabalho, 7 (38,89%) disseram que sentiam um
pouco de cansaço e 2 (11,11%) responderam que sentiam muito cansaço durante a jornada de
trabalho (Gráfico 6).
Gráfico 6 – Quantidade de pedreiros que consideram o trabalho cansativo
50,00%
38,89%
11,11%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
NENHUM POUCO MUITO
29
Com relação a sentir dores no corpo e sua localização (questões 39 e 40), 13 (72,22%)
responderam que não sentiam dores e 5 (27,78%) responderam que sentiam, sendo que
desses 5, 3 (60%) sentiam dores nas costas e 2 (40%) sentiam dores nas pernas (Gráfico 7).
Gráfico 7 – Pedreiros que trabalham sentindo algum tipo de dor
Ao serem indagados sobre a realização de alguma atividade repetitiva e qual era essa
atividade e frequência de execução (questões 41 e 42), 100% dos pedreiros da obra
responderam que realizavam atividades repetitivas, sendo o levantamento com bloco
cerâmico citado por todos os entrevistados como a atividade exercida por eles que exigiam
movimentos repetitivos e que a exibiam com uma freqüência de execução alta.
4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Fazendo uso dos resultados obtidos através dos questionários, podem-se analisar
alguns pontos importantes.
Primeiramente será caracterizada a amostra que foi de 18 pedreiros, todos eles do
sexo masculino (questão 1), com mais de 18 anos e menos de 55 anos (questão 2).
É interressante saber que apenas 2 dos 18 participantes gostavam mais ou menos de
sua profissão, sendo que a maioria esmagadora gostava muito do que escolheram como
profissão (questão 10). Um dos entrevistados não sabia ler nem escrever (questão 6) e a
72,22%
27,78%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
SIM NÃO
30
maioria dos que responderam o questionário não tinham o segundo grau completo. Todos
tinham mais de 4 anos trabalhando na construção civil.
Ao se perguntar aos operários o que os preocupavam mais no seu ambiente de
trabalho 94,44% dos operários se mostraram preocupados com sua segurança, o que é um
fator positivo, pois faz com que percebamos que as informações sobre saúde e segurança do
trabalhador estão chegando aos operários, que a cada vez mais se preocupam com sua saúde
e com seu bem estar.
Ao se indagar sobre a questão da empresa ter fornecido um treinamento de segurança
do trabalho, o que se pretendia era averiguar se eles tinham captado algo sobre SST e
consequentemente algo sobre ergonomia nessas palestras de prevenção de acidentes, mas foi
interessante perceber que 72,22% diziam nunca ter tomado nenhum tipo de treinamento
relacionado a segurança do trabalho. Porém, na obra em questão foi feito o treinamento de
saúde e segurança do trabalhador, mas com esse resultado percebemos que o nível de
entendimento dos funcionários sobre o assunto foi muito baixo e que o treinamento deveria
ser mais esclarecedor sobre o assunto.
Apesar de a empresa ter feito o treinamento de segurança com seus funcionários e de
ter um técnico de segurança atuante na obra, ela não fornece descanso aos seus operários, a
não ser o horário de almoço, muito menos aplicam a prática de ginástica laboral com os
mesmos, o que justifica o fato de 50% dos operários sentirem cansaço durante a jornada de
trabalho.
Percebe-se ao menos que os funcionários têm noção da importância da utilização dos
EPI para manter a sua saúde e bem estar. Grande maioria dos entrevistados respondeu que é
grande o risco/perigo de ficar sem usar os EPI, de se cortar ou se machucar na obra, do risco
de trabalhar em altura e de tomar choques.
Também foi perguntado a eles se tinham algum problema físico causado pelo trabalho
e 22,22% responderam que sim, sendo o esforço repetitivo o maior causador desses
problemas. Ao indagar quantos trabalhavam sentindo dores no corpo 27,78% responderam
que sim. Esse número poderia ser maior pelo fato dos funcionários ignorarem a dor no início
de algum problema físico. É preocupante saber que essa parcela dos funcionários espera que
esses problemas físicos sumam de uma hora para outra, não sabendo que ao serem omissos a
essa situação podem estar agravando ainda mais o seu problema de saúde. A justificativa dos
operários para essa atitude é a exigência da empresa por produção, preferindo o trabalhador
arriscar sua saúde em busca de mais produção em seu serviço do que se precaver e se
prevenir de problemas mais graves em seu corpo.
31
Ao serem indagados se trabalhavam em um ritmo acelerado para alcançar as metas de
produção 50% dos funcionários responderam que tinham que trabalhar além de sua
capacidade normal para atingir suas tarefas, o que justifica o raciocínio apresentado acima.
No levantamento de alvenaria de vedação com bloco cerâmico é muito comum a
repetição de movimentos, e o que é mais agravante é que essa repetição é feita com peso
(bloco cerâmico + argamassa), o que faz com que nos preocupemos com o risco iminente de
uma lesão por esforço repetitivo (LER ou DORT), trazendo prejuízos para a empresa que terá
que manter o trabalhador afastado e principalmente para o trabalhador, que terá sua saúde
comprometida.
Esse risco de uma LER ou DORT fica claro também ao perguntarmos se eles
executavam tarefas repetitivas durante o levantamento da alvenaria e 100% dos entrevistados
responderam que sim e com muita freqüência.
Outro ponto que é preocupante é a falta de esclarecimento por parte dos funcionários
quando se trata de condições ambientais de trabalho. A quantidade de 88,89% dos pedreiros
afirmou que o ruído no seu ambiente de trabalho é normal, quando na verdade o barulho das
betoneiras fazendo a mistura de cimento, água e areia para o levante com bloco cerâmico é
muito alto, além do barulho constante de outras máquinas no canteiro de obras como
retroescavadeira e tratores. Outra questão relevante é que 88,89% dos entrevistados se
incomodam com o forte calor que assola em nossa região, o que é um indicativo das
precárias condições de trabalho e da falta de interesse dos gestores de obras e donos de
construtoras em mudar essa situação, fazendo por vezes descaso do sofrimento dos seus
operários.
Na obra em questão 33,33% dos trabalhadores já sofreram algum tipo de acidente de
trabalho, sendo 83,33% desses acidentes com afastamento, mostrando que ainda é muito alto
o índice de acidentes de trabalho na construção civil e muito desses acidentes estão
interligados com a ergonomia, como por exemplo as doenças ocupacionais e por esforço
repetitivo.
É relevante também o fato de 100% dos pedreiros não acharem suas ferramentas
ultrapassadas, o que é justificado pelo fato de 94,44% deles terem aprendido a executar suas
tarefas através da observação de outros pedreiros mais experientes no posto de trabalho,
trazendo consigo os vícios de execução para sua profissão.
Essa falta de treinamento adequado e de cursos profissionalizantes faz com que os
pedreiros não tenham desenvolvido senso crítico em relação ao que realmente é ter um
ambiente de trabalho digno e que favoreça o seu bem estar e sua saúde, além da má aptidão
32
para a realização de tarefas que lhes são atribuídas e de formas e dimensões inadequadas de
suas ferramentas, além do mau posicionamento no posto de trabalho.
As posturas assumidas pelo pedreiro no seu posto de trabalho podem refletir
posteriormente em problemas graves de saúde como foi visto em queixas constantes de dores
nas costas e nas pernas pelos funcionários. Os pedreiros, como foram analisados, não
recebem treinamento ou orientação adequada para a utilização de posturas corretas durante a
realização de suas atividades.
Como ferramenta de trabalho, o pedreiro utiliza a colher de pedreiro, nível, prumo,
linha e trena. Os equipamentos que servem de auxílio para a execução da atividade são:
andaime (normalmente fabricados no próprio canteiro com utilização de restos de tábuas e
barrotes) e caixotes para argamassa (também fabricada no canteiro). É interessante ressaltar
que os caixotes de argamassa e os andaimes tornam-se pesados e difíceis de serem
movimentados por uma só pessoa.
Outro ponto importante é altura dos materiais a serem utilizados pelo pedreiro no seu
setor de trabalho que é um fator que gera várias situações desconfortáveis e incorretas. Pode-
se citar como ponto principal a altura da caixa de argamassa (cimento, areia e água) que se
encontra ao nível dos pés. Outro ponto importante é com a relação ao estoque dos blocos
cerâmicos, que na obra em questão fica em lugares distantes de onde serão utilizados. À
medida que a parede é levantada, a pilha de blocos diminui e sua altura vai se tornando
menor do que a altura da parede. Os blocos são empilhados, a critério do servente, em
estoque provisório para levantamento das paredes seguintes, muitas vezes de maneira
desordenada o que aumenta a movimentação do pedreiro no seu posto de trabalho
acarretando, além do movimento repetitivo, o aumento da distância percorrida com o bloco
cerâmico e argamassa até a parede a ser levantada.
Com a análise dos resultados podemos perceber que ainda é elevado os registros de
doenças ocupacionais na construção civil, e podendo ser constatado com os resultados do
questionário, que esses acidentes de trabalho podem estar diretamente ligados com os fatores
ergonômicos.
Vale ressaltar que eram esperados valores maiores relacionado aos problemas
envolvendo a saúde do trabalhador devido ao desinteresse em relação ao que diz respeito ao
bem estar do trabalhador. Mas, apesar de ter em algumas situações um percentual pequeno de
problemas com relação a SST esses números estão longe do ideal.
É necessário então que se tenha por parte da empresa e dos colaboradores um maior
cuidado com os fatores ergonômicos causadores de doenças ocupacionais, tendo a empresa o
33
papel de investir em um ambiente de trabalho digno, e o profissional de investir na sua
qualificação e cobrando também de seus superiores melhores condições de trabalho.
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No canteiro de obras estudado foi possível, através da análise ergonômica, perceber a
influência da organização do trabalho, fatores ambientais e segurança do trabalho sobre a
saúde e bem estar dos pedreiros.
Com os resultados obtidos nos questionários e suas análises reiteramos a idéia de que
a ergonomia tem papel fundamental para a saúde e segurança do trabalhador, para sua
motivação profissional e pessoal e para que o produto final seja de melhor qualidade
obtendo-se algumas conclusões e considerações:
Foi possível observar que uma quantidade considerável de pedreiros sofreu
algum tipo de lesão provocada por acidente de trabalho em alguma época de
sua vida, podendo esses acidentes ter relações com a ergonomia já que, por
exemplo, a maioria desses funcionários analisou a atividade levantamento com
bloco cerâmico como monótona e muito repetitiva o que foi considerado um
indício de falha no método executivo.
Apesar de existir a fiscalização do técnico de segurança, ele não atua de forma
direta no que diz respeito à ergonomia não fazendo valer o que estar exposto
na NR 17.
Fica evidente a ineficiência do treinamento de saúde e segurança da empresa e
a falta de esclarecimento por parte dos funcionários sobre alguns assuntos
ligados ao seu bem estar e saúde na obra como, por exemplo, a ergonomia.
Percebemos através dos resultados do questionário que os operários não têm
noção do que é um ambiente de trabalho digno, além da falta de
esclarecimento sobre a melhor maneira de exercer sua função.
É notória a influência da ergonomia na produtividade na construção civil, visto que o
trabalhador ao se sentir valorizado, com sua saúde em dia, vai se motivar a produzir mais e
melhor, trazendo benefícios diretos e indiretos a empresa, já que o seu produto final vai ser
diferenciado e outros profissionais vão querer trabalhar numa empresa em que a saúde,
segurança e bem estar do trabalhador venham em 1º lugar.
Contudo o maior obstáculo a ser enfrentado pelos adeptos das técnicas de segurança e
a ergonomia, ainda é a mente dos construtores e da maioria de seus gestores. A busca
incessante por lucro, o curto prazo de entrega das obras e a falta de comprometimento com
35
seu colaborador, faz com que os construtores não se importem com as questões abordadas
nesse trabalho, muitas vezes por não se informarem sobre o que realmente é a ergonomia.
Uma solução, que poderia amenizar a situação de descaso com a segurança do
colaborador por parte dos empresários, seria a possibilidade desses implantarem em seus
empreendimentos a prática da ginástica laboral fazendo com que os prejuízos das empresas
diminuíssem com a diminuição das doenças ocupacionais em seus operários, além da
vantagem de ter um produto final de melhor qualidade.
Outra solução interessante seria a implementação do sistema de qualidade na obra,
fazendo uso de treinamentos, para que os profissionais saibam a maneira correta de executar
o serviço, além de estreitarem o seu laço profissional com a empresa.
Seria importante existir nesses treinamentos e cursos, algum estimulo aos estudos e
noções básicas de leituras de plantas.
Um ponto interessante para a melhoria do posto de trabalho do pedreiro seria a
confecção de andaimes mais leves, para se evitar esforços elevados por parte dos pedreiros,
além de um controle de estocagem de material na obra, para que os blocos cerâmicos e
betoneiras fornecedoras de argamassa estejam mais perto do local onde serão utilizadas.
Se alguns desses problemas citados acima fossem solucionados, juntamente com a
adoção de medidas também citadas acima poderíamos reduzir alguns índices de problemas
relacionados a saúde encontrados nos resultados do nosso questionário, além de melhorias e
benefícios para a empresa, como por exemplo:
Diminuir o cansaço físico dos colaboradores durante e após a jornada de
trabalho, reduzindo a movimentação destes dentro do ambiente de trabalho;
Diminuir dores ocasionadas por movimentos repetitivos com peso com a
utilização de caixotes de argamassas com alturas reguláveis e criando
bancadas reguláveis para o armazenamento provisório dos blocos;
Aumentar a motivação, por conseguinte a produtividade e qualidade do
produto final, através de palestras e cursos profissionalizantes;
Prevenção de acidentes de trabalho através de palestras e cursos relacionados
à SST e ergonomia.
Redução de custos com funcionários afastados e com substituição de
funcionários;
Um excelente marketing para a empresa tanto na hora de vender o produto, na
hora de contratar novos operários e perante a sociedade.
36
Vale ressaltar que a implantação das soluções e medidas citadas acima não vai gerar
grandes custos na obra, obtendo com elas melhorias no posto de trabalho dos trabalhadores e
aumentando a produtividade.
Talvez a partir do momento em que haja uma sensibilização por parte dos órgãos
fiscalizadores do estado, dos engenheiros e dos sindicatos, os construtores percebam que a
ergonomia visa a adaptação do trabalho ao homem, sendo específica em cada função, mas
não com o intuito de reduzir a produção, prejudicando a empresa, e sim com a visão de
melhorar o ambiente de trabalho do colaborador afim de torná-lo mais motivado e que o
resultado do produto final seja de qualidade superior aos encontrados nas obras atualmente.
37
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WWW.MTE.GOV.BR, acesso em 01 de dezembro de 2010.
41
ANEXO
ANEXO I – QUESTIONÁRIO DE ERGONOMIA
Responda as questões abaixo:
IDENTIFICAÇÃO
1. Nome:
2. Sexo: F ( ) M ( )
3. Idade:
( ) entre 14 e 18
( ) entre 19 e 26
( ) entre 27 e 32
( ) entre 33 e 42
( ) entre 42 e 50
( ) acima de 50.
4. Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) separado ( ) viúvo
5. Possui filhos? ( ) não ( ) sim. Quantos? ________
6. Sabe ler e escrever? ( ) não ( ) sim
7. Estudou? ( ) não ( ) sim. Até que série? _________
CARACTERIZAÇÃO PROFISSIONAL
8.Há quanto tempo você está no seu cargo atual dentro desta empresa?
( )Menos de 1 ano
( )1 a 3 anos
( )3 a 5 anos
( )Mais de 5 anos
9. Tempo na Construção Civil:
( ) menos de 1 ano
( ) 1 a 3 anos
( ) 3 a 5 anos
( ) 5 a 6 anos
( ) 7 a 8 anos
( ) 9 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
10.Você gosta da sua função? ( ) Muito ( ) Mais ou Menos ( ) Não
11. Fez algum curso profissionalizante? ( ) Sim ( ) Não
42
SEGURANÇA, HIGIENE DO TRABALHO, ERGONOMIA E CARACTERÍSTICAS DA
FUNÇÃO.
12. Fez exame médico na admissão? ( ) sim ( ) não
13. Foi submetido aos exames periódicos? ( ) sim ( ) não
14. Qual a sua maior preocupação relacionado ao trabalho?
( ) perder o emprego
( ) se machucar
( ) outras __________
15. Sofreu algum acidente de trabalho? ( ) sim ( ) não
16. Caso sim, especifique: ( ) com afastamento ( ) sem afastamento
17. Fez algum curso de prevenção de acidente? ( ) sim ( ) não
18. A empresa fornece EPI gratuitamente? ( ) sim ( ) não
19. O uso obrigatório é fiscalizado? ( ) sim ( ) não
20. Por quem e qual setor? _____________
21. Dos riscos/perigos listados abaixo avalie o grau em alto (A), médio(M), baixo(B) e sem
risco/perigo(O):
( ) não utilização / uso inadequado de EPI
( ) perfuração / cortantes
( ) trabalho em altura
( ) choque elétrico ( ) outras_________________
22. Você manuseia equipamentos pesados nas suas atividades? ( ) sim ( ) não
23. Você sente algum problema físico causado pelo trabalho? ( ) sim ( ) não
24. Que tipo de atividade provocou seu problema físico?_________________________
25. Você considera a iluminação do seu setor de trabalho: ( )Boa ( )Regular ( )Ruim
26.Você considera o barulho/ruído do seu setor de trabalho:
( )Sem ruído ( )Normal ( )Alto
27.Você considera a temperatura do seu setor de trabalho:
( )Boa ( )Muito quente ( )Muito fria
28.Você tem pausa para descanso durante o horário de trabalho? (exceto refeições)
( )Sim ( )Não
29.Você tem pausa para ginástica laboral durante o trabalho?
( )Sim ( )Não
43
30.Você pode ausentar-se livremente para ir ao banheiro ou tomar água?
( )Sim ( )Não
31.Qual a posição que você trabalha?
( )Alternado (cócoras e em pé) ( )Cócoras ( )Em pé
32.Você usa ferramentas para executar seu trabalho? ( )Não ( )Sim
33. Você as considera ultrapassadas? ( ) Sim ( ) Não
34.Você faz força com as mãos/dedos para executar seu trabalho?
( )Sim ( )Não
35.Existe pressão por produtividade em seu setor?
( ) Sim ( )Não
36.Você acha que tem que trabalhar em um ritmo muito acelerado para cumprir as suas
tarefas?
( )Sim ( )Não
37.Você sente cansaço durante o trabalho?
( )Não ( )Pouco ( )Muito
38.Você considera o seu trabalho:
( )Estimulante ( )Monótono
39.Você sente dores no corpo: ( ).Não sinto dor ( )Durante o trabalho
( )Após o trabalho
40. Em quais partes do corpo você sente dor? (Se necessário, pode assinalar mais de uma
alternativa)
( )Nenhuma parte do corpo ( )Pernas ( )Braço direito ( )Braço esquerdo
( )Mão direita ( )Mão esquerdo ( )Pescoço ( )Costas ( )Cabeça
( )Outros
41. Realiza alguma atividade/movimento/esforço repetitivo? Se a resposta for SIM, cite qual
é essa atividade.
Sim. O esforço repetitivo com peso.
42. Com qual freqüência? ( ) Pouca ( ) Muita ( )Regular
_________________________
(Assinatura do colaborador)
Data do Preenchimento:_____/_____/_______
44
ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
“O LEVANTAMENTO DE PAREDES COM BLOCO CERÂMICO NA CONSTRUÇÃO
CIVIL: ANÁLISE ERGONÔMICA.”
Nome do Pesquisador: José Hugo
Nome da Orientadora: Sarah Rios
O Sr. está sendo convidado a participar desta pesquisa que tem como finalidade analisar a
atividade de levantamento de parede com bloco cerâmico através da ótica ergonômica.
Ao participar deste estudo a Sr. permitirá que os pesquisadores:
1. Observem o Sr. em suas atividades de trabalho;
2. Divulguem os resultados da pesquisa, mantendo seu nome e o nome da empresa em sigilo;
3. Lhe entreguem um questionário para ser completado;
O Sr. tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em
qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo.
Sempre que quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através dos telefones dos
pesquisadores.
Ao participar desta pesquisa o Sr. não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos
que este estudo proporcione informações sobre possíveis melhoras que possam ser feitas em
seu posto de trabalho. Não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem
como nada será pago por sua participação.
A participação nesta pesquisa não traz complicações legais ou desconfortos físicos.
Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para participar
desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os itens que se seguem:
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu
consentimento em participar da pesquisa.
_____________________________
Nome do Participante da Pesquisa
____________________________
Assinatura do Participante da Pesquisa
__________________________
Assinatura do Pesquisador (telefone: (75) 9992-9898)
45
ANEXO III – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
“O LEVANTAMENTO DE PAREDES COM BLOCO CERÂMICO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL: ANÁLISE ERGONÔMICA.”
Nome do pesquisador: José Hugo
Nome da orientadora: Sarah Rios
Autorizo José Hugo do Vale de Almeida aplicar questionários na obra P.C.R.C.
Assinatura do Diretor:
46
ANEXO IV – RESULTADO DO QUESTIONÁRIO ERGONÔMICO
IDENTIFICAÇÃO
1. Nome:
2. Sexo: F (0) M (18)
3. Idade:
(0) entre 14 e 18
(4) entre 19 e 26
(2) entre 27 e 32
(7) entre 33 e 42
(1) entre 42 e 50
(4) acima de 50.
4. Estado civil: (7) solteiro (10) casado (1) separado ( ) viúvo
5. Possui filhos? (4) não (14) sim. Quantos? __1 a 3___
6. Sabe ler e escrever? (1) não (17) sim
7. Estudou? (2) não (18) sim. Até que série? ___4ºsérie ao 2ºincompleto______
CARACTERIZAÇÃO PROFISSIONAL
8.Há quanto tempo você está no seu cargo atual dentro desta empresa?
(9)Menos de 1 ano
(5)1 a 3 anos
(3)3 a 5 anos
(1)Mais de 5 anos
9. Tempo na Construção Civil:
(0) menos de 1 ano
(1) 1 a 3 anos
(2) 3 a 5 anos
(1) 5 a 6 anos
(0) 7 a 8 anos
(0) 9 a 10 anos
(14) mais de 10 anos
10.Você gosta da sua função? (16) Muito (2) Mais ou Menos (0) Não
11. Fez algum curso profissionalizante? (1) Sim (17) Não
SEGURANÇA, HIGIENE DO TRABALHO, ERGONOMIA E CARACTERÍSTICAS DA
FUNÇÃO.
12. Fez exame médico na admissão? (18) sim (0) não
47
13. Foi submetido aos exames periódicos? (0) sim (18) não
14. Qual a sua maior preocupação relacionado ao trabalho?
(1) perder o emprego
(17) se machucar
(0) outras __________
15. Sofreu algum acidente de trabalho? (6) sim (12) não
16. Caso sim, especifique: (5) com afastamento (1) sem afastamento
17. Fez algum curso de prevenção de acidente? (5) sim (13) não
18. A empresa fornece EPI gratuitamente? (18) sim (0) não
19. O uso obrigatório é fiscalizado? (18) sim (0) não
20. Por quem e qual setor? Técnico de segurança
21. Dos riscos/perigos listados abaixo avalie o grau em alto (A), médio(M), baixo(B) e sem
risco/perigo(O):
( ) não utilização / uso inadequado de EPI 17-A 1-M 0-B
( ) perfuração / cortantes 14-A 3-M 1-B
( ) trabalho em altura 14-A 4-M 0-B
( ) choque elétrico 15-A 3-M 0-B
22. Você manuseia equipamentos pesados nas suas atividades? (0) sim (18) não
23. Você sente algum problema físico causado pelo trabalho? (4) sim (14) não
24. Que tipo de atividade provocou seu problema físico? (Levantamento repetitivo com peso)
25. Você considera a iluminação do seu setor de trabalho: (9)Boa (6)Regular (3)Ruim
26.Você considera o barulho/ruído do seu setor de trabalho:
(0)Sem ruído (16)Normal (2)Alto
27.Você considera a temperatura do seu setor de trabalho:
(2)Boa (16)Muito quente (0)Muito fria
28.Você tem pausa para descanso durante o horário de trabalho? (exceto refeições)
(0)Sim (18)Não
29.Você tem pausa para ginástica laboral durante o trabalho?
(0)Sim (18)Não
30.Você pode ausentar-se livremente para ir ao banheiro ou tomar água?
(18)Sim (0)Não
48
31.Qual a posição que você trabalha?
(18)Alternado (cócoras e em pé) (0)Cócoras (0)Em pé
32.Você usa ferramentas para executar seu trabalho? (0)Não (18)Sim
33. Você as considera ultrapassadas? (0) Sim (18) Não
34.Você faz força com as mãos/dedos para executar seu trabalho?
(18)Sim (0)Não
35.Existe pressão por produtividade em seu setor?
(6) Sim (12)Não
36.Você acha que tem que trabalhar em um ritmo muito acelerado para cumprir as suas
tarefas?
(9)Sim (9)Não
37.Você sente cansaço durante o trabalho?
(9)Não (7)Pouco (2)Muito
38.Você considera o seu trabalho:
(0)Estimulante (18)Monótono
39.Você sente dores no corpo: (13).Não sinto dor (3)Durante o trabalho
(2)Após o trabalho
40. Em quais partes do corpo você sente dor? (Se necessário, pode assinalar mais de uma
alternativa)
(0)Nenhuma parte do corpo (2)Pernas (0)Braço direito (0)Braço esquerdo
(0)Mão direita (0)Mão esquerdo (0)Pescoço (3)Costas (0)Cabeça
(0)Outros
41. Realiza alguma atividade/movimento/esforço repetitivo? Se a resposta for SIM, cite qual
é essa atividade.
Sim. O esforço repetitivo com peso.
42. Com qual freqüência? (0) Pouca (18) Muita (0)Regular