UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS VALQUÍRIA ......da Universidade Estadual de Campinas. A ata de...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
VALQUÍRIA APARECIDA DE LIMA
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO
DE PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL
DEVELOPMENT AND VALIDATION OF A QUESTIONNAIRE TO EVALUATE
LABOR GYMNASTICS PROGRAMS
CAMPINAS
2017
ii
VALQUÍRIA APARECIDA DE LIMA
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE
PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL
DEVELOPMENT AND VALIDATION OF A QUESTIONNAIRE TO EVALUATE
LABOR GYMNASTICS PROGRAMS
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para
obtenção do título de Doutora em Saúde Coletiva, na área de
concentração em Epidemiologia.
ORIENTADOR: PROF. DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL
DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA VALQUÍRIA
APARECIDA DE LIMA E ORIENTADA PELO
PROF. DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA.
CAMPINAS
2017
iii
iv
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO
VALQUÍRIA APARECIDA DE LIMA (RA: 144572)
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Roberto De Lucca
MEMBROS:
1. Prof. Dr. Sérgio Roberto de Lucca _______________________________
2. Profª Dra. Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco ____________________
3. Prof. Dr. Valmir Antonio Zulian de Azevedo ____________________________
4. Profº Dr. Lamartine Pereira da Costa __________________________________
5. Profº Dr. Douglas Roque Andrade ____________________________________
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora
encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
DATA DA DEFESA: 24/08/2017
v
DEDICATÓRIA
Aos meus Pais Joaquim e Leonilda (in
memorian), que mesmo com todas as
dificuldades em suas vidas, despertaram em
mim, desde a infância, a paixão pela leitura e
não pouparam esforços para que eu tivesse a
oportunidade de estudar. Eles foram sempre
a minha inspiração e motivação na busca por
conhecimento. Com muito amor, recebam
toda minha gratidão!
vi
AGRADECIMENTOS
Meu eterno agradecimento a Deus e aos Anjos que me ampararam durante esse
trabalho e em todos os momentos de dificuldade. Sou muito grata pelas oportunidades
que me foram concedidas na vida e pela realização deste grande sonho!
Ao Prof. Dr. Valmir Antonio Zulian de Azevedo, que me convidou para conhecer a Área
de Saúde do Trabalhador, me aceitou como aluna especial e foi meu orientador na
primeira fase desse doutorado. Sua contribuição na definição do tema e nos primeiros
passos dessa pesquisa foi ímpar e serei sempre grata por seu apoio.
Ao Prof. Dr. Sérgio Roberto de Lucca, por me acolher como sua orientanda, pelo apoio e incentivo que me guiaram nas mais difíceis etapas dessa pesquisa. Um aprendizado que fará parte da minha história.
Aos Professores Doutores Carlos Roberto Silveira Correa, João Paulo Borin e Marco
Antonio Alves de Moraes pelas contribuições durante a fase de elaboração do
questionário que levaram ao aperfeiçoamento desta pesquisa.
À Profa. Dra. Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco, pela disposição para me
atender, esclarecer minhas dúvidas e colaborar na parte mais desafiadora do trabalho
que foi a parte estatística e, até mesmo, na ordem metodológica para apresentação
da tese, o que fez toda a diferença.
À Dra. Ehideé Isabel Gómez La Rotta, pela amizade que construímos ao final desse
trabalho; sinto não tê-la conhecido antes para poder desfrutar de um tempo maior de
convivência. Sua disponibilidade em me auxiliar durante o processo de qualificação,
análises estatísticas iniciais e as aulas sobre SPSS. Mesmo tão ocupada com seus
compromissos acadêmicos, sempre deu um jeitinho de arrumar tempo para me ajudar.
Muchas gracias de corazón por la atención y el cariño!
À Profa. Dra. Cristiane H. Gallasch pela contribuição na fase inicial do projeto e às
professoras doutoras Neusa Maria Costa Alexandre e Marina Zambon Orpinelli Coluci,
cujos estudos contribuíram de forma valiosa para a elaboração da metodologia dessa
pesquisa.
vii
Ao Prof. Dr. Douglas Roque Andrade, meu primeiro orientador na iniciação científica,
pela paciência em, até os dias atuais, colaborar para o meu avanço nessa longa
estrada, pelo apoio na análise dos resultados gerais do programa de GL nessa
pesquisa e participação na banca de defesa. Foi um presente retomar nossa
convivência, a qual traz sempre um grande aprendizado.
Ao Prof. Dr. Lamartine Pereira da Costa, um ícone da Educação Física, Filosofia e
Ergonomia, uma referência profissional e acadêmica no histórico da Atividade Física
nas Empresas, é uma honra ter seu aceite em colaborar para a defesa.
Ao Prof. Dr. Aylton José Figueira Junior, que também sempre esteve presente em
minha carreira acadêmica, seja como meu professor ou coordenador na FMU e por
estimular seus orientandos na pesquisa e publicação na área de Ginástica Laboral.
À Profa. Juliana Romero, pelo auxílio na construção e digitação do banco de dados,
Profa. Ester Francisca Mendes e Prof. Fábio Tanil Montrezol pelo apoio no início da
revisão sistemática, vocês são profissionais que admiro muito.
Às Profissionais de Educação Física Milena Fahl e Eliane Santana que não mediram
esforços para me auxiliar na divulgação e aplicação da pesquisa, além de me
acompanhar em todos os setores da empresa onde a pesquisa foi aplicada.
À gestora Juliana Ochiai pelo apoio e esforço junto à diretoria para autorização da
pesquisa e por acreditar nos benefícios do programa de GL e a todos os trabalhadores
que aceitaram participar e perceberam a relevância desse estudo.
À Profa. Dra. Maria Rita Donalísio Cordeiro, coordenadora da Pós-graduação em
Saúde Coletiva e às colaboradoras Mariana Pedroso e Elza Bertassini pelo apoio e
empenho em garantir a qualidade no atendimento e orientação dos procedimentos
administrativos durante todo o curso e aos profissionais da Biblioteca da FCM, em
especial à Ana Paula Morais, que muito contribuíram durante a pesquisa para
produção da revisão sistemática.
À diretoria e associados da Associação Brasileira de Ginástica Laboral - ABGL pelas
oportunidades de reflexão e discussão durante as reuniões e eventos, cujo objetivo
viii
maior tem sido contribuir para a melhoria da qualidade dos programas de GL, além de
incentivar a pesquisa e a produção de indicadores na área.
Às Profas. Andréa Frangakis, Ana Lúcia Rodrigues, Cynara Cristina e Prof. Marcos
Maciel, pelos ricos debates e trocas de conhecimentos sobre a importância do
Profissional de Educação Física nas equipes de promoção da saúde no trabalho e ao
Prof. Dr. Abdallah Achour Junior pelas valiosas críticas e sugestões sempre
pertinentes.
À Equipe da SUPPORTE Educação & Saúde no Trabalho e, em especial, a Luis
Antônio Perdigão e Lucio Augusto Perdigão, sem os quais não seria possível aplicar
todo o conhecimento e experiência, adquiridos ao longo dos anos, na criação e
desenvolvimento de programas que ajudam a tornar mais saudável a vida de milhares
de trabalhadores diariamente.
À todos os familiares e amigos que apoiaram, incentivaram e torceram pela realização
e sucesso desse trabalho, suas energias positivas e carinho foram fundamentais nos
momentos mais difíceis.
À minha cunhada Regiane, que não mediu esforços para me auxiliar no que fosse
preciso, para que eu pudesse me ausentar, ou até mesmo ficar em casa isolada, para
realizar as tarefas das disciplinas e da pesquisa.
Ao meu marido Marcelo, pelo amor e companheirismo, incentivo e apoio na realização
desse trabalho e de tantos outros projetos profissionais e de vida. Seus valiosos
apontamentos sempre me desafiam a melhorar. Que possamos comemorar essa e
muitas outras conquistas ao lado da linda família que construímos.
Às minhas filhas Mariana e Marina, razões do meu viver, que despertam em mim a
vontade de evoluir a cada dia como mãe e ser humano. Não foi uma opção de vocês
dividir a atenção da mãe com as horas de estudo e ausência para este e tantos outros
trabalhos, mas sou grata pela compreensão e apoio, espero que encarem essa
experiência como um aprendizado, que devemos sempre seguir em frente com
nossos sonhos e objetivos, pois, no sucesso ou no fracasso, sempre evoluímos com
os resultados!
ix
Todo dia de ontem pode ter sido árduo. Muitas lutas vieram, deixando-te o
cansaço. Provas inesperadas alteram-te os planos. Soma, porém, as bênçãos
que Deus te entregou. Esquece qualquer sombra, não pares, serve e segue.
Agora é novo dia, tempo de caminhar.
Chico Xavier
x
RESUMO
Apesar dos indícios de que a prática de exercícios físicos no local de trabalho gera
benefícios para os trabalhadores, há dificuldades em avaliar e mensurar a real
contribuição, eficácia e efetividade desta prática na preservação da saúde dos
trabalhadores e na prevenção de lesões musculoesqueléticas.
Uma revisão sistemática foi realizada em bases de dados nacionais e internacionais
e não foi encontrado um instrumento específico para avaliação de resultados de
programas de exercícios no local de trabalho, mais conhecidos no Brasil como
ginástica laboral (GL). O objetivo deste estudo foi desenvolver e validar um
questionário de avaliação de programas de GL, com propriedades psicométricas
satisfatórias quanto à confiabilidade, reprodutibilidade e validade de construto.
Para a construção do questionário foram respeitadas as seguintes etapas:
estabelecimento da estrutura conceitual; definição dos objetivos do questionário e da
população envolvida; construção dos itens e escalas de resposta; seleção e
organização dos itens; estruturação do instrumento; validade de conteúdo; pré-teste.
A formulação dos itens se deu a partir dos resultados de uma revisão sistemática, em
que foi identificada a variedade de ferramentas comumente aplicadas para avaliação
dos programas de GL e suas principais variáveis. Após a elaboração do questionário
foi realizado um painel com especialistas da área da saúde da Universidade Estadual
de Campinas para avaliação do conteúdo. Seguiu-se ao pré teste e respectivos
ajustes e a versão definitiva do questionário foi aplicada em 128 trabalhadores de uma
empresa do ramo industrial. Para avaliação da consistência interna do instrumento foi
utilizado o coeficiente alpha de Cronbach (α). Para avaliação do teste e reteste foi
utilizado o coeficiente de correlação intraclasses. Os resultados indicaram
consistência interna excelente para todos os itens de efeitos do programa de GL (α:
0,9045) e satisfação com o programa (α: 0,8475). Em relação à estabilidade teste
reteste, observou-se confiabilidade satisfatória. A concordância foi alta para a questão
“melhora da postura” e moderada para os demais itens.
Palavras-chave: Ginástica; Exercício; Local de Trabalho; Avaliação de Programas.
xi
ABSTRACT
Despite the indications that the practice of workplace physical exercises generates
benefits to workers, there are difficulties in evaluating and measuring the actual
contribution, efficacy and effectiveness of this practice in the preservation of workers'
health and prevention of musculoskeletal disorders. A systematic review was carried
out in national and international databases and no specific evaluation instrument was
found to evaluate the results of exercise programs in the workplace, better known in
Brazil as work gymnastics (WG). The objective of this study was to develop and
validate a methodologically adequate WG assessment instrument with satisfactory
psychometric properties regarding reliability, reproducibility and validity. For its
construction the following steps were respected: establishment of the conceptual
structure; definition of the objectives of the instrument and the population involved;
construction of items and response scales; selection and organization of items;
structuring of the instrument; content validity; pre-test. The construction of the items
was based on the results of the systematic review, through which the variety of tools
commonly applied in WG programs and their main variables were identified. After the
questionnaire was elaborated, a panel was held with specialists from the health area
of the University of Campinas to evaluate the content. The pre-test and its adjustments
were followed and the final version of the questionnaire was applied to 128 workers of
an industrial company. The Cronbach's alpha coefficient (α) was used to evaluate the
instrument's internal consistency. For the evaluation of the test and retest the intraclass
correlation coefficient was used. The results indicated excellent internal consistency
for all items of GL program effects (α: 0.9045) and program satisfaction (α: 0.8475).
Regarding the test-retest stability, satisfactory reliability was observed. Agreement for
the "posture improvement" question was high and for the other items it was moderate.
Key Words: Gymnastic; Exercise; Workplace; Program Evaluation.
xii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................14
1.1 Aspectos motivacionais para a realização do estudo................................14
1.2 Histórico sobre Ginástica Laboral..............................................................16
1.3 A ginástica laboral no contexto da ergonomia...........................................20
2. JUSTIFICATIVA...............................................................................................26
3. OBJETIVOS.....................................................................................................28
4. METODOLOGIA..............................................................................................29
4.1 Delineamento do estudo............................................................................29
4.2 Local da pesquisa......................................................................................29
4.3 Amostra.....................................................................................................30
4.4 Sujeitos......................................................................................................30
4.5 O Processo de desenvolvimento do instrumento de pesquisa...............31
4.5.1 Estabelecimento da estrutura conceitual.........................................32
4.5.2 Definição dos objetivos do instrumento e da população envolvida.....32
4.5.3 Construção dos itens e das escalas de resposta............................33
4.5.4 Seleção e organização dos itens....................................................34
4.5.5 Estruturação do instrumento e validade de conteúdo.....................38
4.5.6 Pré-teste .........................................................................................39
4.6 Questionário de avaliação de programas de GL ......................................40
4.6.1 Consistência Interna e Estabilidade................................................42
4.7 Coleta de Dados........................................................................................43
4.8 Processamento e análise de dados..........................................................43
4.9 Aspectos éticos.........................................................................................44
5. RESULTADOS................................................................................................45
5.1 Revisão Sistemática.................................................................................45
5.2 Questionário de avaliação de programas de ginástica laboral............47
5.3 Avaliação da confiabilidade do questionário...........................................52
5.3.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa....................................52
5.3.2 Avaliação da consistência interna - alpha de Cronbach...............53
xiii
5.3.3 Avaliação teste e reteste - Coeficiente de Correlação
Intraclasses...........................................................................................55
5.3.4 Resultados da avaliação do programa de..................................57
6. DISCUSSÃO..............................................................................................64
7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO.......................................................................76
8. CONCLUSÃO............................................................................................77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................78
APÊNDICE 1..................................................................................................93
APÊNDICE 2..................................................................................................95
APÊNDICE 3..................................................................................................98
ANEXO 1......................................................................................................112
.
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos motivacionais para a realização do estudo
Nos últimos quinze anos foram produzidas várias publicações sobre a
importância dos programas de exercícios físicos nos locais de trabalho.
Discute-se, mais recentemente, a efetividade e eficácia dos programas de
exercícios físicos no ambiente de trabalho, conhecidos no Brasil como
Ginástica Laboral (GL)1.
Como Profissional de Educação Física tive a oportunidade de atuar,
como coordenadora de ginástica e esportes, em um Clube Esportivo de uma
empresa na cidade de Guarulhos para responder às expectativas do setor de
Recursos Humanos, Saúde Ocupacional e Segurança do trabalho na
ampliação das atividades oferecidas após o expediente de trabalho, como parte
das ações de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas não
transmissíveis adotadas pela empresa em questão. Naquele momento, em
1995, vislumbrei a oportunidade de implantar um programa de ginástica
matinal.
O programa, além de preparar os funcionários para suas rotinas de
trabalho, tanto nos setores administrativos, quanto nas áreas de produção,
tinha como objetivo secundário motivar os trabalhadores a participar de
atividades no clube da empresa após o expediente, como estratégia para
estimular o lazer ativo.
No primeiro ano do programa observamos a necessidade de estabelecer
critérios de avaliação para verificar os possíveis resultados e, a partir disso,
minha prioridade foi desenvolver um trabalho de pesquisa em avaliação de
intervenções de exercícios físicos no local de trabalho.
Como especialista em Fisiologia do Exercício e Treinamento
Personalizado (UNIFESP) e Ginástica Corretiva Postural (FMU), utilizei como
15
referencial teórico a relação dose-resposta entre exercícios de alongamento,
relaxamento, fortalecimento muscular e conscientização postural por meio da
melhora da flexibilidade, força de membros superiores e aumento do bem-estar
geral. Porém, os gestores apontaram a necessidade de relacionar os
indicadores de aptidão com a capacidade física para o trabalho ou prevenção
de fadiga e lesões musculoesqueléticas, o que me motivou a matricular-me em
um curso de formação de pesquisadores na área de ciências de esportes e
saúde e, em seguida, ingressar no mestrado na Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo(FM-USP).
Reuni ao longo desses vinte anos de atuação, experiências positivas
com a implantação de programas de ginástica laboral estruturados, com
acompanhamento profissional adequado, desde a elaboração do planejamento
de exercícios, considerando os aspectos psicopedagógicos, até a seleção de
técnicas mais adequadas, de acordo com os riscos ergonômicos e o ambiente
organizacional. Parte dessa experiência está registrada no livro de minha
autoria “Ginástica Laboral – Atividade Física no Ambiente de Trabalho” e como
coautora no livro “Massagem no ambiente do Trabalho”.
Em 2005, fui convidada para coordenar o curso de Pós-Graduação (lato
sensu) de Ginástica Laboral na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) em
São Paulo. Em novembro de 2006 entre coordenação, professores e alunos
desse curso de pós-graduação surgiu a ideia de organizar um grupo que
pudesse discutir o tema Ginástica Laboral, tanto do ponto de vista profissional
quanto do científico. Assim em 14 de agosto de 2007 foi fundada a Associação
Brasileira de Ginástica Laboral – ABGL, a qual fui a Presidente Fundadora por
três mandatos de 2007-2016.
A ABGL é uma associação, sem fins lucrativos, de caráter
organizacional, formada por Profissionais de Educação Física, diplomados ou
em formação e Empresas da área, com o objetivo de colaborar para a
consolidação da Ginástica Laboral como instrumento de Promoção da Saúde e
Qualidade de Vida no trabalho, promovendo discussões, reflexões para a
16
formação de opiniões balizadoras, por meio de eventos que incentivem o
debate e a pesquisa.
Além da experiência profissional, meu ingresso na área acadêmica
fortaleceu meu desejo de encontrar meios adequados, do ponto de vista
científico, para comprovar os benefícios dos programas de ginástica laboral
para a saúde dos trabalhadores e contribuir para o avanço das pesquisas na
área.
Foi com este objetivo que ingressei no doutorado.
1.2 Histórico sobre Ginástica Laboral
O primeiro registro sobre o assunto foi o livro Ginástica de Pausa
destinada a operários, editado na Polônia em 1925. Alguns anos depois esta
modalidade de ginástica foi introduzida na Holanda e Rússia. Durante a década
de 1960 disseminou-se para outros países como Alemanha, Suécia, Bélgica e
Japão2.
Consta que em 1º de novembro de 1928, em comemoração a posse do
Imperador Hirohito, foi regulamentada no Japão a prática do Rádio Taissô
(ginástica pelo rádio), adotada com sucesso por empresas, serviços e escolas,
como uma atividade diária para descontração e cultivo da saúde. Somente, na
década de 1960 ocorreu a consolidação e a obrigatoriedade da Ginástica
Laboral Compensatória, com o objetivo de diminuir os acidentes de trabalho,
aumentar a produtividade e a melhoria do bem-estar geral dos trabalhadores
japoneses3.
Em 1969, uma equipe técnica da Fundação ISHIBRÁS, implantou nos
estaleiros Ishikawajima do Brasil, no Rio de Janeiro, um programa denominado
Ginástica Matinal antes do início do expediente, em que cerca de 2.500
trabalhadores realizavam dez minutos de exercícios4.
17
O Programa de Ginástica Matinal foi orientado inicialmente por métodos
suecos e franceses, sendo readaptado posteriormente ao método austríaco,
para a realidade do ambiente de trabalho. O objetivo geral do programa era
promover o aprimoramento físico dos funcionários e proporcionar maior
disposição para o trabalho, melhorando seu estado geral.
De acordo com a orientação recebida naquela época, os objetivos do
Programa de Ginástica Matinal classificavam-se em três categorias:
• Objetivos Físicos: como conjunto de medidas preventivas contra
acidentes de trabalho. Segundo dados estatísticos foram comprovados
que, após o início dos exercícios matinais, houve um acentuado
decréscimo no número de casos de contusões causadas pelo esforço
físico sem preparação4.
• Objetivos Organizacionais: demonstrar aos trabalhadores a importância
de um maior sentido de organização e disciplina. Transmitir mensagens
e distribuir tarefas do dia a dia, aproveitando-se do momento de reunião
dos funcionários em torno de seus responsáveis de setores.
• Objetivos Funcionais: como objetivo geral, promover o aprimoramento
físico do empregado, dando-lhe maior disposição para o trabalho e
melhorando seu estado geral. Maior capacidade respiratória, vitalidade
muscular e mental, descontração, coordenação motora e flexibilidade
muscular seriam, assim, outros benefícios advindos da prática regular
da ginástica matinal, refletindo-se diretamente no aumento da
produtividade.
Este tipo de atividade também foi implantado em setores administrativos
como ginástica de pausa, com o objetivo de compensar as posturas e
atividades da profissão exercida e colaborar para melhoria do relacionamento
interpessoal no trabalho5.
18
No início da década de 70, a Federação de Estabelecimento de Ensino
Superior (FEEVALE), em Novo Hamburgo (RS), através da Escola de
Educação Física, publicou uma proposta de exercícios baseados em análises
biomecânicas, Educação Física Compensatória e recreação1. Em 1979, a
FEEVALE, em convênio com o SESI (Serviço Social da Indústria), elaborou e
executou o projeto de GL em diversas empresas na região Sul do Brasil.
Em 1978 foi formada a primeira Associação de Rádio Taissô no Brasil,
como uma divisão da Associação dos Lojistas da Liberdade (SP), em
comemoração aos 70 anos da imigração japonesa no país. Várias empresas
de origem japonesa adotaram a metodologia em suas linhas de produção. Esse
modelo recebeu adaptações para se adequar melhor ao perfil dos
trabalhadores brasileiros, iniciando um processo de abertura para a contratação
de profissionais de educação física para conduzirem programas de GL6.
Kolling (1982) realizou um estudo pioneiro com o objetivo de verificar os
impactos de um programa de GL em grupos de operários. O grupo experimental
recebeu aulas diariamente e obteve resultados positivos na diminuição da
fadiga e aumento da integração entre os grupos participantes7.
A primeira revisão sistemática sobre GL no Brasil foi produzida em 1990,
com o advento da publicação do livro “Esporte e Lazer na Empresa” pelo
Ministério da Educação e Secretaria de Educação Física e Desportos. A obra
foi destinada aos profissionais da área da saúde, educação física, dirigentes de
empresas, recursos humanos e serviço social, com o propósito de incentivar o
lazer como forma de promoção social e reduzir os riscos inerentes ao trabalho
por meio de normas de saúde, higiene e segurança2.
No Brasil, ainda na década de 1990, observou-se o crescimento de
empresas que incorporaram os programas de ginástica laboral como uma ação
de prevenção para evitar a crescente prevalência de distúrbios
19
osteomusculares entre os trabalhadores e a GL ganhou importância e espaço
nas discussões acadêmicas.
Em 2007 foi fundada a Associação Brasileira de Ginástica Laboral
(ABGL), com o objetivo de incentivar o debate e a pesquisa sobre a GL como
instrumento de Promoção da Saúde, reunindo profissionais da área da saúde
para uma reflexão sobre os aspectos metodológicos, estratégias de
implantação e acompanhamento de indicadores dos programas de GL.
Segundo a ABGL (2012)8, entende-se a GL como “um programa de
exercícios aplicados durante a jornada de trabalho, que contempla em seus
objetivos específicos minimizar e compensar a sobrecarga gerada nas
estruturas musculoesqueléticas; otimizar a percepção corporal e da postura;
contribuir para a diminuição dos índices de acidente de trabalho e
afastamentos; promover educação em saúde e estilo de vida ativo”.
Toledo (2010)9 aborda a GL pelo viés da disciplina Gestão do
Conhecimento, com o objetivo de analisar significados, desvios, desequilíbrios
e impactos do conhecimento produzido. Sua pesquisa reuniu as principais
obras literárias disponíveis no Brasil e analisou as experiências vividas
(conhecimento tácito) desses autores. O estudo ressaltou, ainda, que a
produção acadêmico-científica relacionada à GL e à atividade física na
empresa vem crescendo a cada ano.
Para Kallas & Batista (2010)10 a proposta de uma nova metodologia para
a GL torna-se essencial, considerando-se os desafios do começo do século
XXI, como a demanda por programas voltados ao bem-estar e à educação e
capacitação dos trabalhadores, com impacto direto no desenvolvimento
organizacional, a humanização das relações no trabalho, entre outros. A
proposta dos autores é a adoção de uma metodologia aplicável à GL
transformando-a em espaço educativo de conceitos, procedimentos e atitudes
relacionados ao bem estar, o que maximiza as possibilidades de agregar valor
aos trabalhadores e às organizações.
20
Em 2015, a obra “Ginástica Laboral: Prerrogativa do Profissional de
Educação Física” 1 teve como objetivo reforçar os estudos, dados e pesquisas
que apontam a GL como o melhor recurso para reduzir lesões e doenças
osteomusculares decorrentes do trabalho, sobretudo no que se refere à
melhora da qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores, assim como a
necessidade de formação especializada.
1.3 A ginástica laboral no contexto da ergonomia
Os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores,
presentes ou relacionados ao trabalho, de acordo com o Manual de
Procedimentos para os Serviços de Saúde do Ministério da Saúde do Brasil11,
podem ser classificados em cinco grandes grupos: Físicos, Químicos,
Biológicos, Mecânicos e de Acidentes e Ergonômicos e Psicossociais.
Os aspectos ergonômicos e psicossociais decorrem da organização e
gestão do trabalho, como, por exemplo: da utilização de equipamentos,
máquinas e mobiliário inadequados, levando a posturas, movimentos e
posições incorretas; locais adaptados com más condições de iluminação,
ventilação e de conforto para os trabalhadores; trabalho em turnos e noturno;
monotonia ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de produtividade,
relações de trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos
trabalhadores, entre outros11.
Em 08 de Junho de 1978, foi publicada a Portaria n.º 3.214, onde o
Ministro de Estado do Trabalho, no uso de suas atribuições legais, aprovou as
Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II da Consolidação das
Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho12.
Em 1990, o Ministério do Trabalho e Emprego editou a norma
regulamentadora sobre ergonomia (NR 17), organização do trabalho e conforto
21
dos trabalhadores12, dentre as quais se destacam os itens 17.6.3 e 17.6.4 que
fazem referência à importância das pausas.
No item 17.6.3, nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática
ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, que
a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado:
• para efeito de remuneração e vantagens de
qualquer espécie deve levar em consideração as
repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
• devem ser incluídas pausas para descanso;
• quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo
de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias,
a exigência de produção deverá permitir um retorno
gradativo aos níveis de produção vigentes na época
anterior ao afastamento.
No item 17.6.4, nas atividades de processamento eletrônico de dados,
deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho,
observar que:
• o empregador não deve promover qualquer sistema
de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas
atividades de digitação, baseado no número
individual de toques sobre o teclado, inclusive o
automatizado, para efeito de remuneração e
vantagens de qualquer espécie;
• o número máximo de toques reais exigidos pelo
empregador não deve ser superior a 8 (oito) mil por
hora trabalhada, sendo considerado toque real, para
efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre
o teclado;
• o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados
não deve exceder o limite máximo de 5 (cinco)
horas, sendo que, no período de tempo restante da
22
jornada, o trabalhador poderá exercer outras
atividades, observado o disposto no art. 468 da
Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não
exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual;
• nas atividades de entrada de dados deve haver, no
mínimo, uma pausa de 10 (dez) minutos para cada
50 (cinquenta) minutos trabalhados, não deduzidos
da jornada normal de trabalho;
• quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo
de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias,
a exigência de produção em relação ao número de
toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do
máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada
progressivamente.
Neste contexto de regulamentação, fiscalização pelos órgãos públicos e
crescimento vertiginoso dos afastamentos do trabalho por LER/DORT, como
alternativa para redução do impacto dos processos de trabalho sobre o
adoecimento dos trabalhadores, as empresas constataram que as pausas
compensatórias, incluindo exercícios de distensionamento, poderiam oferecer
benefícios para a prevenção destas doenças e diminuição da contração
muscular, principalmente em tarefas com sobrecargas estáticas por tempo
prolongado ou com posturas inadequadas13,14.
Além disso, houve o avanço da Medicina do Trabalho em relação à
saúde integral do trabalhador, que como consequência, ativou práticas
alternativas para a preservação da saúde destes10. Ainda na década de 1990,
as discussões nas pautas dos sindicatos dos trabalhadores, aliadas às
mudanças pelas quais passaram as relações de trabalho no mundo do trabalho
contemporâneo, alertava para a emergência dos distúrbios osteomusculares.
De fato, a globalização intensificou a automatização e a velocidade das
atividades de trabalho. Estas transformações colocaram as ações de promoção
23
e proteção da saúde, que incluem vigilância da saúde dos trabalhadores e
condições de trabalho e as intervenções na organização do trabalho e a
ergonomia, como palco prioritário para a redução das Lesões por Esforços
Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT)15.
De acordo com a Previdência Social (2014)16, sobre as causas de
afastamento do trabalho entre homens e mulheres empregados da iniciativa
privada, no panorama da concessão de benefícios aos trabalhadores
segurados entre 2004 e 2013, os dez agravos mais frequentes consistiram de
classificações dos grupos M (doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo)
e F (transtornos mentais e comportamentais) da classificação do Código
Internacional de Doenças. Estes agravos representaram mais da metade (cerca
de 55%) dos benefícios superiores a 15 dias de afastamento do trabalho,
evidenciando a necessidade dos profissionais atuarem em equipes
interdisciplinares nas questões de saúde e segurança, buscando novo enfoque
com relação aos ambientes e processos de trabalho.
Neste cenário, a ergonomia como disciplina ganhou mais importância e
os órgãos fiscalizadores começaram a exigir das empresas laudos e iniciativas
ou intervenções ergonômicas nos ambientes de trabalho. Reconhecemos a
importância de ações ergonômicas para a redução dos distúrbios
osteomusculares, entretanto, as mudanças dos processos de trabalho,
maquinário e equipamentos são muito dispendiosas. Neste sentido, a maioria
das empresas vislumbrou a GL como pausa e alternativa para redução destas
ocorrências17,18.
Alguns estudos apontam para a sinergia das intervenções ergonômicas
com a prática de GL19,20. Concordamos com os autores que a GL não substitui
um programa ergonômico, mas é inegável a sua contribuição para a redução
dos sintomas e dores osteomusculares21,22,23.
24
Para que a GL seja eficiente, durante a implantação do programa, devem
ser observadas as condições ergonômicas do ambiente físico e a organização
do trabalho para uma maior qualidade metodológica do programa, com a
escolha dos tipos de exercícios mais adequados, duração e intensidade24,25,26.
Bergamaschi (2002)27 realizou um estudo sobre o impacto de um
programa de ginástica laboral no bem-estar físico, psicológico e social. A
amostra foi composta por 121 funcionários subdivididos em: 80 trabalhadores
no Grupo Controle (GC), que se limitaram a responder o questionário e um
Grupo Experimental (GE), composto por 41 participantes que frequentaram um
programa de GL durante quatro meses. Os resultados foram significativos na
diminuição de fadiga, dores nos braços, mãos, ombros e coluna, assim como
em aspectos psicossociais como redução de angústia e mudanças bruscas de
humor, maior socialização e redução de problemas de relacionamento no
trabalho. Sob esta ótica, ampliaram-se os efeitos benéficos da GL, além da
prevenção de dores osteomusculares.
Ou seja, o programa de GL começou a ser visto também como uma
estratégia de conscientização e incentivo para a mudança de comportamento
por ser realizado no próprio ambiente de trabalho e dentro do horário de
expediente28. Além de promover a preparação e compensação dos aspectos
psicofisiológicos, pequenas pausas (10 minutos) na rotina do local de trabalho
para a prática de exercícios físicos têm grande potencial de geração de
benefícios sociais e organizacionais para a saúde dos trabalhadores29.
Outros estudos também investigaram o impacto de programas de GL em
aspectos relacionados ao bem-estar, mudança de comportamento para a
prática de atividade física fora do horário de trabalho e estilo de vida ativo30,31,
32,33; promoção da saúde do trabalhador e representações sociais do
trabalho34,35.
Do ponto de vista fisiológico a discussão foca os efeitos dos exercícios
de alongamento para melhora da elasticidade muscular, amplitude de
25
movimento, consciência corporal e postural36 e os exercícios de fortalecimento
e aumento da resistência muscular para redução da dor musculoesquelética e
melhoria da capacidade de trabalho37,38,39.
26
2. JUSTIFICATIVA
A Organização Mundial da Saúde - OMS (2010)40 enfatiza que um
ambiente de trabalho saudável é aquele em que os trabalhadores e gestores
colaboram na direção da sustentabilidade nos ambientes de trabalho, por meio
de um processo de melhoria contínua da proteção e promoção da segurança,
saúde e bem-estar dos trabalhadores. Entre os exemplos para atingir esse
objetivo a OMS destaca a flexibilidade nos horários e ritmos de trabalho e a
adoção de pausas durante o trabalho para permitir a prática de exercícios.
Quando os programas de GL são bem estruturados e associados com
intervenções ergonômicas sobre as condições de trabalho, os resultados são
significativos, tais como a melhora dos indicadores de aptidão física
relacionadas à saúde, como flexibilidade e mobilidade articular41,42, força de
membro superior43, diminuição da percepção de dor, fadiga e tensão muscular
44,20,21, além de contribuir substancialmente para a redução dos sintomas
musculoesqueléticos45,46.
Os programas de GL têm o potencial de proporcionar aos trabalhadores
uma melhor condição física para a execução de suas tarefas laborais diárias e
têm sido utilizados para provocar alguma mudança no comportamento dos
trabalhadores ao engajar indivíduos sedentários na prática da atividade física,
inclusive fora do ambiente de trabalho47,48,49.
Apesar das indicações de que a prática de exercícios no local de trabalho
gera benefícios aos trabalhadores, existem dificuldades em avaliar e mensurar
sua real contribuição, eficácia e efetividade na preservação da saúde dos
trabalhadores e prevenção de distúrbios musculoesqueléticos, já que grande
parte dos estudos não pôde ser reproduzida devido a problemas metodológicos
descritos em revisões já realizadas50,51,24.
Considerando-se que na literatura nacional e internacional não foi
encontrado um instrumento de referência para avaliação dessa práxis52, será
27
de grande relevância o desenvolvimento de um questionário específico para
avaliação de programas de GL, que possa ser utilizado pela comunidade
científica e pelos profissionais de saúde no trabalho no Brasil e em outros
países.
Os resultados das avaliações - mensurados por instrumentos validados
quanto às propriedades psicométricas - são cruciais para compreender a
eficiência dos exercícios nas práticas corporativas e para orientação dos
profissionais que atuam na área de saúde do trabalhador com programas de
GL.
28
3. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Desenvolver e validar um questionário de avaliação de programas de ginástica
laboral.
Objetivos Específicos
Realizar revisão sistemática para identificar os instrumentos utilizados
na avaliação, acompanhamento e mensuração da eficácia dos
programas de ginástica laboral.
Elaborar questionário para avaliação dos programas de ginástica
laboral.
Avaliar a confiabilidade do questionário no que se refere à consistência
interna e estabilidade da medida.
29
METODOLOGIA
4.1 Delineamento do estudo
Para atender aos objetivos da pesquisa, foram realizados três estudos,
a revisão sistemática da literatura, a construção e validação de um instrumento
para a coleta de dados sobre GL.
4.2 Local da pesquisa
O presente estudo foi conduzido em uma empresa do ramo industrial
localizada em município da região metropolitana de São Paulo. A seleção da
empresa foi realizada por meio de uma pesquisa com médicos e enfermeiros
do trabalho e gestores de recursos humanos de diversas empresas que tive
contato durante a minha atuação profissional, para identificar o interesse ou
não em participar da pesquisa, sem que necessariamente fosse estabelecido
ou caracterizado vínculo comercial com a pesquisadora.
A empresa que autorizou a coleta de dados dispõe de um programa de
GL há mais de dez anos, realizada no início do expediente de trabalho para os
setores administrativos e de produção. A frequência do programa é de cinco
dias por semana para os setores administrativos e de produção (1º e 2º turnos).
No terceiro turno (noite), o programa é oferecido três dias por semana. O
programa é aplicado por Profissionais de Educação Física e as aulas têm
duração de dez minutos.
O planejamento de exercícios aplicado nessa empresa envolve dois
grupos musculares por aula de GL. As regiões corporais mais requisitadas nas
tarefas diárias de trabalho estão de acordo com a avaliação biomecânica
realizada pela equipe de profissionais de educação física e ergonomia,
envolvidos na coordenação técnica do programa. São utilizados métodos de
30
treinamento de flexibilidade (alongamento ativo, estático e passivo), resistência
e fortalecimento muscular, além de rotinas de massagem e automassagem.
4.3 Amostra
Como a presente pesquisa refere-se à construção de um novo
instrumento de medida, considerou-se os requisitos para a proposta de
avaliação da validade interna e estabilidade da medida. O tamanho da amostra
foi calculado conforme o número de variáveis das questões sobre os efeitos e
satisfação do programa do questionário. A amostra foi superior a 100
observações para que a razão entre o número de casos e a quantidade de
variáveis excedesse cinco para um ou mais53. A questão para avaliação de
percepção dos efeitos do programa de GL foi composta por dez itens e cinco
itens para classificação do nível de satisfação. Fizeram parte desse estudo
empregados dos setores administrativos e de produção da empresa.
Foram incluídos na pesquisa todos os sujeitos que:
A) Faziam parte do quadro efetivo de empregados da empresa;
B) Assinaram o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido –
APÊNDICE I).
C) Responderam todas as questões do questionário no teste e reteste.
Foram excluídos os trabalhadores afastados de suas atividades durante
o período de coleta de dados.
4.4 Sujeitos
A divulgação da pesquisa para os funcionários foi feita em quadros de
aviso, comunicação eletrônica interna e visitas aos setores da empresa, nas
quais a pesquisadora explicou o objetivo da pesquisa. Todos os funcionários
da empresa selecionada foram convidados a participar voluntariamente da
pesquisa. Não houve sorteio para escolha de participantes, foi por adesão.
31
O questionário de Avaliação de Programas de GL foi impresso e
entregue pela pesquisadora para cada trabalhador que aceitou participar da
pesquisa na GL. Foi solicitado aos participantes que realizassem o
preenchimento imediato do questionário, no próprio posto de trabalho. A
identificação do participante no período da pesquisa constou no questionário
apenas para possibilitar o contato em caso de dúvida ou inconsistência durante
o tratamento dos dados coletados.
Utilizou-se uma amostra de conveniência de 176 sujeitos que
cumpriram os critérios de inclusão e assinaram o TCLE. O questionário foi
aplicado novamente após um intervalo de sete a dez dias54,55, nos mesmos
locais e durante as aulas de GL.
Participaram nos dois momentos da coleta de dados, teste e reteste,
128 sujeitos. O tempo médio de preenchimento, nas duas vezes em que o
questionário foi administrado, foi de dez minutos.
4.5. O Processo de desenvolvimento do instrumento de pesquisa
Com o objetivo de desenvolver o instrumento, foi realizada previamente
uma revisão sistemática da literatura para identificar os instrumentos utilizados
na avaliação, acompanhamento e mensuração da eficácia dos programas de
GL. Após o resultado da revisão sistemática foram respeitadas as seguintes
etapas para a construção do novo instrumento, de acordo com Coluci et.al.
(2015)56:
I- Estabelecimento da estrutura conceitual;
II- Definição dos objetivos do instrumento e da população envolvida;
III- Construção dos itens e das escalas de resposta;
IV- Seleção e organização dos itens;
32
V- Estruturação do instrumento;
VI- Validade de Conteúdo;
VII- Pré-teste.
4.5.1 Estabelecimento da estrutura conceitual
Estabeleceu-se para esta pesquisa o conceito de GL como um
programa de intervenção composto por uma série de exercícios físicos
realizados durante e no local de trabalho, com objetivo de melhorar a aptidão
física relacionada à saúde (força e flexibilidade), aspectos psicossociais e bem-
estar dos trabalhadores e diminuir a percepção de fadiga e dor.
Não fizeram parte dos objetivos do instrumento a avaliação de outros
programas envolvendo exercícios - mesmo que oferecidos pela empresa -
como exercícios aeróbicos (caminhada ou corrida), de condicionamento físico,
com utilização de equipamentos ou programas de exercícios para perda de
peso e controle de dislipidemias, hipertensão e diabetes e aqueles realizados
fora do local e horário de trabalho.
4.5.2 Definição dos objetivos do instrumento e da população
envolvida
O objetivo foi desenvolver um instrumento de fácil aplicação e baixo
custo para os profissionais que atuam na área, que permita avaliar os
programas de GL destinados aos trabalhadores de setores administrativos e de
produção.
33
4.5.3 Construção dos itens e das escalas de resposta
A construção dos itens se deu a partir dos resultados da revisão
sistemática e experiência profissional da pesquisadora em desenvolvimento e
gestão de programas de GL. Dentre as técnicas utilizadas para a formulação
de escalas de resposta, as mais comuns foram de estimativa direta, como a
escala visual analógica.
A revisão sistemática evidenciou grande variedade de instrumentos
utilizados para avaliar a eficácia dos programas envolvendo a prática de
exercícios no local de trabalho. Observou-se a diversidade dos métodos
utilizados e a falta de uniformidade na escolha de instrumentos padronizados,
apesar das boas propriedades psicométricas destes52.
Os estudos utilizaram diferentes modelos de questionários para avaliar
a redução dos desconfortos musculoesqueléticos, de acordo com o treinamento
físico estabelecido (frequência, duração e intensidade), a influência da
capacidade funcional no desempenho e produtividade, os aspectos ligados à
organização do trabalho que possibilitam realizar pausas durante o expediente
para a prática de exercícios e motivar os trabalhadores a adotar um estilo de
vida mais ativo também nas horas de lazer52,57.
Na construção das questões e escalas, o primeiro critério foi eliminar
qualquer item que fosse ambíguo ou incompreensivo e que as escalas
pudessem ser facilmente compreendidas por trabalhadores de diversos níveis
de formação educacional. Em seguida foi verificado se alguma questão ou
escala não possuía “jargões” ou palavras de valor carregado.
A fim de minimizar qualquer resposta “ajustada” foi realizada uma
revisão das questões para evitar perguntas com redação positiva e negativa58.
34
4.5.4 Seleção e organização dos itens
A revisão sistemática foi a primeira etapa utilizada para a identificação
dos instrumentos utilizados para avaliação, acompanhamento e mensuração
da eficácia dos programas de GL e quais as principais variáveis analisadas
pelos pesquisadores.
A revisão foi realizada a partir de pesquisas bibliográficas e adotou-se
como critérios de inclusão artigos científicos publicados na íntegra, em
português, inglês e espanhol, durante o período de 01 de janeiro de 2000 a 31
de dezembro de 2015, os quais discutiram e analisaram os resultados de
programas de implantação de sessões de exercícios realizados durante e no
local de trabalho, com objetivo de melhorar o desempenho (força e
flexibilidade), os aspectos psicossociais e bem estar dos trabalhadores e
diminuir a percepção de fadiga e dor.
A seleção dos descritores em português e espanhol foi efetuada
mediante consulta ao DeCS (Descritores em Ciências Saúde - BIREME) e a
busca dos descritores em inglês foi realizada de acordo com os MeSH (Medical
Subject Headings) Terms do PUBMED. Foram definidos os descritores em
português (Ginástica OR Exercício AND Local de Trabalho), em espanhol
(Gimnasia OR Ejercicio AND Lugar de Trabajo) em inglês ([Gymnastics OR
Gymnastic OR Exercise OR Exercises] AND Workplace). A partir da definição
da pesquisa, foram estabelecidos os critérios de inclusão e exclusão e quais as
bases de dados eletrônicas seriam utilizadas para a pesquisa. Para a coleta
das informações utilizou-se a pesquisa avançada nas bases de dados
eletrônicas Bireme, Medline via PubMed, EMBASE, Scopus e Web of Science,
no período de janeiro a fevereiro de 2016.
Na primeira fase foram identificados 1980 artigos, após a avaliação
pelo resumo, exclusão dos artigos duplicados, foi realizada a leitura e análise
de 104 estudos na íntegra e foram selecionados para este trabalho 09 estudos,
35
considerando-se o grau de evidência e impacto da pesquisa, com base nos
seguintes critérios: tamanho da amostra (superior a 100 sujeitos), instrumentos
utilizados para a investigação, tipo de estudo (clínicos randomizados e
controlado - ECR), ano e país de publicação e variáveis analisadas.
Figura 1. Organograma com as fases da metodologia utilizada para
seleção dos estudos incluídos na revisão sistemática
36
Quadro 1. Artigos selecionados segundo critérios adotados na revisão
sistemática
Autor (es) / Ano
publicação
Instrumentos utilizados
para a investigação
Variáveis analisadas Amostra
Andersen et al.,
201059
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares;
Internacional de Atividade
Física; Auto Eficácia; Escala
de Produtividade.
Dor, desconforto e
intensidade nas regiões
corporais;
NAF; Barreiras para a
atividade física;
Produtividade; Força
muscular.
n=573
Trabalhadores
de escritório
GI:476
GC:97
Zebis et al.,
201160
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares;
Escala numérica (0-9) de
intensidade de dor.
Dor ou desconforto;
intensidade de dor no
pescoço e região dos
ombros.
n= 537
Técnicos de
laboratório
GI: 282
GC:255
Andersen et
al., 201261
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares;
Questionário DASH
(Deficiência do braço, ombro
e mão).
Sintomas e intensidade
de dor; número de
repetições dos
exercícios e peso
utilizados por semana.
n = 449
Trabalhadores
de escritório
GI: 348
GC:101
Mongini et al.,
201262
(Italia)
Diários para anotação de
episódios de dor (referência).
Intensidade de dor;
Utilização de
analgésicos.
n= 1913
Trabalhadores
do setor
público
GI: 909
GC:972
Pedersen et al.,
201363
(Dinamarca)
Questionário Auto Eficácia;
Registro da realização dos
exercícios; Percepção de
dor; Escala numérica (0-9) de
intensidade de dor.
Auto eficácia no
cumprimento de
exercícios de força;
percepção e intensidade
de dor.
n= 537
Técnicos de
laboratório
GI: 282
GC:255
37
Roessler et.al.,
201364
(Dinamarca)
Questionário Psicossocial de
Copenhagen.
Fatores psicossociais;
senso de comunidade e
satisfação no trabalho.
n=427
Técnicos de
laboratório
GI: 199
GC:228
Andersen &
Zebis, 201418
(Dinamarca)
Escala de Borg; Questionário
satisfação,
barreiras e facilitadores
relacionados com o
programa.
Número de
treinamentos; esforço
físico; satisfação,
barreiras e facilitadores.
n= 132
Trabalhadores
de escritório
G1:59
G2:57
Dalager et al.,
201439
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares;
Auto avaliação de saúde;
Escala numérica (0-9) de
intensidade de dor; Escala de
desempenho e produtividade.
Auto avaliação da saúde
e sintomas de dor
musculoesqueléticas;
variáveis de
desempenho e
produtividade; força e
resistência.
n= 571
Trabalhadores
de escritório.
GI: 470
GC:101
Bredahl et al.,
201565
(Dinamarca)
Questionário Internacional de
Atividade Física; Estágios de
mudança; Cumprimento auto
referido; Questões
motivacionais; Percepção de
dor; Escala Analógica Visual
(0-10).
Estudo qualitativo de
motivação e barreiras
para a prática de
exercícios físicos no
local de trabalho.
n= 573
Trabalhadores
de escritório
GI:476
GC:97
GI: Grupo de intervenção; GC: Grupo controle: NAF: Nível Atividade Física.
Após a realização de pesquisa bibliográfica em periódicos
indexados, pôde-se efetuar a construção do questionário com itens que
poderiam ser observáveis e mensuráveis66, considerando-se a necessidade de
padronizar e validar um instrumento homogêneo de referência, com boas
propriedades psicométricas e elaborado com o objetivo especifico de avaliação
dos programas de GL.
38
4.5.5 Estruturação do instrumento e validade de conteúdo e
constructo
A validade de conteúdo, em geral, demonstra o grau em que uma
amostra de itens ou questões de uma escala é representativa de um domínio
de conteúdo que se pretende medir67,68; a validade de constructo é a habilidade
de uma escala descrever ou explicar um comportamento, que engloba inclusive
um conjunto de sensações subjetivas69.
Após a elaboração de uma primeira versão do questionário, foi
realizado um painel com especialistas da área da saúde da Universidade
Estadual de Campinas para avaliação de conteúdo e constructo. Em relação à
seleção dos especialistas, foi considerada a experiência e a qualificação dos
membros.
O comitê foi composto por três especialistas da área de saúde, um
Profissional de Educação Física com experiência em medidas e avaliação em
Educação Física; um Fisioterapeuta com experiência em ergonomia e saúde
do trabalhador; um Médico Epidemiologista com experiência em metodologia
de utilização de escalas e saúde coletiva. Todos assinaram o TCLE (Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – APÊNDICE II).
A avaliação de validade de conteúdo pelos especialistas foi realizada
em três fases. Na primeira fase o projeto de pesquisa com os objetivos do
estudo foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética. Na segunda etapa, após
a realização da revisão sistemática, foi apresentado um modelo inicial para que
os especialistas pudessem verificar se as questões eram apropriadas e
representativas para o constructo estudado. Desse modo, os especialistas
contribuíram para a qualificação do instrumento quanto a sua forma e conteúdo.
39
Inicialmente os especialistas avaliaram o questionário quanto à
redação das questões, de forma que o conceito pudesse ser compreensível e
expressasse adequadamente o que se esperava medir. Foi feita a opção pela
escala do tipo Likert de cinco pontos, decorrente das escalas ímpares e ponto
neutro, nível de confiabilidade adequado e por se ajustar aos respondentes com
diferentes níveis de habilidade70.
Para a avaliação do constructo não foi realizado o cálculo da taxa de
concordância para determinar a validade de conteúdo, quantitativamente71. Foi
utilizada a técnica de validade aparente, uma análise qualitativa de extrema
importância, embora menos sofisticada, para verificar se o instrumento está
apropriado, de acordo com a sua finalidade e possibilitar sugestões dos
especialistas na construção e seleção dos itens72,73,74.
A validade do conteúdo também foi julgada de forma qualitativa quanto
a sua relevância, aplicabilidade, clareza, possibilidade de sucesso, ausência de
vieses, itens não incluídos e extensão. Após uma segunda reunião, já com as
correções e sugestões inseridas, foi avaliado se as dimensões do constructo e
escalas estavam estruturadas de acordo com as hipóteses esperadas.
Na terceira e última fase o comitê realizou uma avaliação dos itens
como um todo, desde a redação destes, até as escalas de respostas58.
4.5.6 Pré-teste
O pré-teste foi realizado em uma amostra de 12 sujeitos de ambos os
sexos da empresa selecionada para a pesquisa, sendo cinco sujeitos da área
produção e sete da área administrativa. Os participantes foram selecionados
por meio de sorteio realizado pelo departamento de recursos humanos da
empresa.
40
O objetivo foi verificar o tempo de preenchimento do instrumento, a
equivalência semântica e a clareza das questões, com o objetivo de garantir a
compreensão adequada da versão final.
Após a administração do questionário e seu preenchimento pelos
participantes, foi realizada uma entrevista individual com cada um deles para
verificação do entendimento das questões, termos utilizados e eventuais
dúvidas sobre o preenchimento do questionário.
Foram registradas poucas observações, tais como acrescentar na
questão de número quatro a palavra “motivo” junto com o verbo “atribuir”, para
tornar mais clara a questão: “Se sua foi SIM, a que você atribui (motivo) esse
(s) desconforto (s) ou dor (es)?”.
Também foi sugerido que fosse aumentado o tamanho da fonte no
diagrama de regiões corporais. As modificações sugeridas foram realizadas
para a versão final do instrumento, sendo que nenhuma delas acarretou
alterações significativas no conteúdo do questionário.
4.6 Questionário de Avaliação de Programas de GL
O questionário foi estruturado em seis partes:
1) Caracterização dos sujeitos;
2) Frequência de participação ou barreiras para não participação;
3) Nível de atividade física;
4) Percepção de dor musculoesquelética e intensidade por região corporal;
5) Percepção dos efeitos do programa;
6) Satisfação com o programa.
Na primeira parte do questionário desenvolvido para esta pesquisa,
incluíram-se questões sobre as informações biossociais e profissionais como
41
sexo, idade, estado civil, grau de escolaridade, horário de trabalho, função e
tempo de empresa.
As questões da segunda parte do questionário foram formuladas para
que fossem obtidos dados sobre conhecimento do trabalhador sobre o
programa oferecido pela empresa, quantidade de dias que o programa é
oferecido por semana (frequência) e quantas vezes o trabalhador participa,
tempo de participação no programa e, no caso de não participação, quais as
barreiras de impedimento.
A terceira parte do questionário foi composta por questões sobre o nível
de atividade física, no intuito de averiguar a participação com regularidade em
algum tipo de atividade física fora do horário de trabalho e em quais atividades.
Na quarta parte do questionário foram estruturadas questões acerca da
percepção do trabalhador sobre o nível de desconforto muscular ou dor em
alguma região do corpo e os motivos atribuídos, além de uma escala de 0 a 5
para que fosse indicada a intensidade desses desconfortos ou dores e se o
sujeito realizava algum tipo de tratamento médico para esses distúrbios.
As intervenções de promoção da atividade física têm sido estudadas de
forma crescente no país dada sua importância sobre as consequências da sua
prática e as políticas relacionadas à saúde74.
Na quinta parte do questionário, para análise da validade interna, foram
elaboradas dez questões - buscando-se termos mais apropriados e maior
neutralidade - para verificar a percepção dos efeitos do programa de GL.
Segundo Field (2005) o processo de pesquisa inicia-se com uma observação
do que o pesquisador quer compreender e, com base na análise de dados,
poder apoiar sua teoria ou permitir conhecer a causa para modificá-la75.
Na parte final do questionário foi utilizada a escala de faces para avaliar
os níveis de satisfação dos sujeiros com o programa oferecido pela empresa,
42
sua participação, equipe de profissionais, exercícios ministrados e atividades,
além de um espaço para sugestões, elogios ou críticas ao programa de GL.
A adesão e a satisfação com os programas de intervenções de
exercícios físicos oferecidos pelas empresas também têm sido alvo de
estudos59,60,65,76 que tiveram como objetivo identificar os principais benefícios
destes programas para a saúde dos trabalhadores.
4.6.1 Consistência Interna e Estabilidade
A confiabilidade é a capacidade do instrumento em reproduzir um
resultado de forma consistente no tempo e no espaço ou com observadores
diferentes, refere-se à quão estável, consistente ou preciso é o instrumento. Os
procedimentos mais utilizados para a avaliação da confiabilidade são a
consistência interna (homogeneidade) e estabilidade (teste/reteste, inter ou
intra observadores) 56,77,78.
Para avaliar a consistência interna do questionário proposto nesta
pesquisa foi utilizado o alfa de Cronbach79 para fornecer uma medida da
consistência interna de um teste ou escala. É expresso como um número entre
0 e 1. A consistência interna descreve até que ponto todos os itens em um teste
medem o mesmo conceito ou construção e, portanto, ele está conectado à
inter-relação dos itens dentro do teste. Além disso, as estimativas de
confiabilidade mostram a quantidade de erro de medição em um teste.
Simplificando, essa interpretação da confiabilidade é a correlação do teste com
ele próprio80.
Para avaliar a estabilidade da medida foi utilizado o método de teste e
reteste. O questionário foi aplicado duas vezes para o mesmo grupo, num
intervalo de sete a dez dias, verificando, dessa forma, a consistência das
respostas obtidas nas mesmas condições de local, tempo de aplicação e
método de aplicação. Este procedimento permitiu produzir duas medidas de
43
cada participante para o cálculo do coeficiente de correlação intraclasses (CCI)
para verificar o grau de correlação e concordância entre as medições54.
4.7 Coleta de Dados
O questionário impresso em papel foi entregue para preenchimento e
recolhido pela própria pesquisadora durante as aulas de GL, em todos os
setores e turnos onde o programa é oferecido aos trabalhadores. Ressalta-se
que somente foram considerados válidos os questionários que tiverem todos
os campos preenchidos. O trabalhador pôde, a qualquer momento, desistir de
participar em qualquer uma das fases da pesquisa, sem qualquer objeção por
parte da empresa ou da pesquisadora.
O intervalo adotado nesta pesquisa para o reteste foi de sete a dez dias.
A definição de um intervalo de tempo entre avaliações adequadas para o
reteste é de extrema importância. Um período de tempo insuficiente pode
permitir que os entrevistados relembrassem suas primeiras respostas e um
intervalo mais longo pode permitir que uma verdadeira mudança da construção
ocorra. O intervalo de tempo adequado depende da construção a ser medida e
da população-alvo54. No entanto, aproximadamente duas semanas são
geralmente consideradas apropriadas54,55.
O período de coleta de dados foram entre os meses de janeiro e fevereiro
de 2017 e a Empresa teve acesso apenas a um relatório geral com os
resultados da avaliação do programa de GL, sem qualquer tipo de informação
pessoal que pudesse identificar os participantes.
4.8 Processamento e análise de dados
Os dados foram inseridos no programa Microsoft Office Excel / 2003 e
posteriormente submetidos à análise com a colaboração do Serviço de
44
Estatística e Câmara de Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da
UNICAMP.
Para descrever o perfil dos trabalhadores da amostra, segundo as
variáveis em estudo, foram feitas tabelas de frequência das variáveis
categóricas com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%) e
estatísticas descritivas das variáveis numéricas, com valores de média, desvio
padrão, valores mínimo, máximo e mediana81.
Na avaliação da consistência interna do instrumento foi utilizado o
coeficiente alpha de Cronbach. Para avaliação do teste/reteste foi utilizado o
coeficiente de correlação intraclasses (CCI)82.
A relação entre variáveis categóricas foi verificada pelo teste Qui-
quadrado, com nível de significância de 5%. Para as variáveis numéricas foram
utilizados o teste de Mann-, também com o nível de significância de 5%. e o
coeficiente de correlação Spearman83.
Na análise estatística foram utilizados os seguintes programas
computacionais: The SAS System for Windows (Statistical Analysis System),
versão 9.4. e SAS Institute Inc, 2002-2008, Cary, NC, USA.
Na avaliação geral do programa foi utilizado o Microsoft Excel (versão
2010) e o Software SPSS 19.0. O nível de significância adotado para este
estudo foi de 5%.
4.9 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e foi aprovado
com número do parecer: 1.488.201- CAAE 53093816.0.0000.5404 (ANEXO I).
45
5. RESULTADOS
5.1 Revisão Sistemática
O primeiro objetivo desta pesquisa foi realizar uma revisão sistemática
para identificar os instrumentos utilizados na avaliação, acompanhamento e
mensuração da eficácia de programas de GL. Este levantamento permitiu a
produção de um artigo que foi aceito em 21 de fevereiro de 2017 (APÊNDICE
III).
Nos estudos selecionados para a revisão sistemática, citados
anteriormente no quadro I, foram utilizados diferentes modelos de questionários
para avaliar a redução dos desconfortos musculoesqueléticos, de acordo com
o treinamento físico estabelecido (frequência, duração e intensidade), a
influência da capacidade funcional no desempenho e produtividade, os
aspectos ligados à organização do trabalho que possibilitam realizar pausas
durante o expediente para a prática de exercícios e motivar os trabalhadores a
adotar um estilo de vida mais ativo também nas horas de lazer.
Foram selecionados para a revisão apenas estudos clínicos
randomizados e controlados (ECR). Cinco estudos (55%) utilizaram escalas
numéricas de dor, escala visual analógica e a escala de Borg (CR10) para
avaliar a intensidade de dor percebida por região corporal. Em quatro estudos
foi utilizado o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO),
desenvolvido por Kuorinka et al. (1987) para identificar regiões corporais com
dor e desconforto muscular84. Em uma das pesquisas utilizou-se, também, o
questionário DASH - Deficiência do Braço, Ombro e Mão, desenvolvido por
Orfale et al. (2005) para medir a incapacidade física e sintomas dos membros
superiores em indivíduos com incapacidade leve, moderada ou grave e
distúrbios de extremidade superior85.
Dois estudos utilizaram um questionário para avaliar a autoeficácia em
relação a barreiras para a atividade física, o quanto os trabalhadores estavam
46
convencidos de que eram capazes de cumprir a frequência e duração
estipulada pelo programa e quais seriam as barreiras que poderiam interferir
na adesão ao programa proposto. Os estágios de mudança de comportamento
e o cumprimento do treinamento também foram variáveis controladas.
O Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) foi utilizado em
dois estudos para determinar o nível de atividade física total e atividades de
intensidade vigorosa durante o trabalho, transporte, tarefas domésticas ou
jardinagem e lazer, além de verificar o impacto do programa na motivação para
a prática de exercícios.
As técnicas mais utilizadas nas intervenções realizadas foram de
fortalecimento dos membros superiores, os quais foram avaliados por meio de
testes de força de preensão manual e isométrica com dinamômetro (manual e
digital) e testes de força máxima e submáxima para avaliação da resistência
muscular. Nos estudos que incluíram exercícios de alongamento e
relaxamento, foi utilizado o goniômetro como instrumento para medir a
amplitude articular em graus.
Chama a atenção que, com exceção de um estudo italiano, todas as
pesquisas selecionadas para a produção desse artigo foram realizadas na
Dinamarca, entre 2010 e 2015, e tiveram como principal objetivo verificar os
efeitos fisiológicos e a eficácia da prática de exercícios de fortalecimento e
alongamento na redução da percepção de dor e distúrbios
musculoesqueléticos. Além dos exercícios físicos, algumas intervenções
incluíram ajustes nos postos de trabalho, treinamento sobre questões
relacionadas à ergonomia e campanhas motivacionais.
Também foi utilizada a avaliação de desempenho e produtividade para
verificar mudanças na capacidade de trabalho e produtividade. Somente um
estudo buscou avaliar o impacto dos exercícios físicos nos fatores psicossociais
e satisfação no trabalho.
47
Pôde-se observar, portanto, que a utilização dos instrumentos citados
anteriormente teve como objetivo avaliar:
1) Autoeficácia, participação no programa, barreiras e facilitadores para a
adesão ao programa que estava sendo proposto;
2) Nível de atividade física dos trabalhadores, influência da baixa aptidão
física relacionada à saúde como força, resistência muscular e amplitude
do movimento nos níveis de fadiga e percepção de dor
musculoesquelética;
3) Percepção de dor musculoesquelética por região corporal, sua
intensidade e o impacto após a intervenção de exercícios no local de
trabalho;
4) Fatores psicossociais, satisfação no trabalho, motivação e mudanças de
comportamento para prática de exercícios e estilo de vida mais
saudável.
Os instrumentos utilizados nestes estudos apresentaram
evidências de validade e reprodutibilidade, entretanto, observou-se a
heterogeneidade nos critérios de escolha e a falta de uniformidade dos
instrumentos escolhidos pelos pesquisadores, apesar das suas propriedades
psicométricas. Embora, os questionários e escalas sejam instrumentos
amplamente utilizados pela comunidade científica para avaliar a percepção de
dor, desconforto muscular ou fadiga, fica claro que não foram desenvolvidos
considerando a especificidade ou com objetivo específico de avaliar programas
de GL.
5.2 Questionário de avaliação de programas de GL
Após a revisão sistemática, o processo de desenvolvimento do
questionário de avaliação de programas de ginástica laboral foi realizado
seguindo as etapas anteriormente citadas de seleção de itens, construção de
domínios, avaliação da validade de conteúdo com os especialistas e pré-teste.
48
Figura 2 – Versão do questionário de avaliação utilizado no teste
e reteste.
49
50
51
52
5.3 Avaliação da confiabilidade do questionário
Após a elaboração do questionário de avaliação de programas de GL,
segunda etapa desta pesquisa, foi realizada a avaliação de confiabilidade do
instrumento, no que se refere à consistência interna e estabilidade da medida.
5.3.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa
A questão que foi utilizada para avaliação da consistência interna,
Percepção dos Efeitos do Programa de GL, possui dez itens e para avaliar a
Satisfação com o Programa, cinco itens. Considerando-se que a presente
pesquisa teve por objetivo elaborar um questionário, um mínimo de dez sujeitos
por variável do questionário deveria participar da coleta de dados. A fim de
alcançar esse número (mínimo de 100 sujeitos), buscou-se a participação de
todos os trabalhadores dos setores administrativos e de produção.
Com base nos critérios de inclusão e exclusão, dos 176 trabalhadores
que responderam o teste durante a primeira coleta de dados, 128 participaram
do estudo, indicando que 73% responderam o instrumento de coleta de dados
nos dois momentos (teste e reteste). Para a avaliação da consistência interna
e estabilidade da medida, foram considerados apenas 105 trabalhadores que
participam (n=77) e que participam às vezes (n=28) do programa de GL.
Foram avaliados 128 indivíduos com média de idade de 33 anos (DP=
9,6 anos) com mediana de 32,50 variando entre 19 e 62 anos; 59,4% eram
homens; 53% casados. O nível de escolaridade foi de 28,0% no nível médio;
32,0% superior incompleto; 30,5% com nível superior completo; 14,9% com
especialização/pós-graduação e somente 1,6% com ensino fundamental.
Dos sujeitos avaliados 61,7% trabalham no horário comercial; 65,6%
de cargos administrativos; média (DP) de meses de tempo na empresa de 68,8
(80,15) com mediana de 44,5 variando entre um mês e 38 anos.
53
A frequência geral de participação foi de 82% e 98,4% dos
trabalhadores mencionaram ter conhecimento do programa oferecido pela
empresa. Quando considerada a diferença entre a área de atuação, a diferença
foi significativa para a participação do setor de produção (100%) e
administrativo (72,6%) (P-valor: 0,0001).
5.3.2 Avaliação da consistência interna - alpha de
Cronbach
Para avaliação da consistência interna do método utilizou-se o
Coeficiente Alfa de Cronbach (α) para cada domínio proposto de Efeitos do
Programa de GL (tabela 1) e Satisfação com o Programa (tabela 2) .
A concordância segundo o α-Cr varia de excelente (α-Cr >0,75);
razoável a boa (0,40< α-Cr<0,74) a fraca (α-Cr <0,40)86,87.
Pôde-se notar uma consistência interna excelente em todos os
domínios propostos (Alpha: 0,9045 e 0,8475).
54
Tabela 1 – Índices de consistência interna (alpha de Cronbach) do
instrumento de avaliação de ginástica laboral, segundo domínios.
Indústria de médio porte, São Paulo, 2017
Variáveis Correlação de
Spearman Alpha
Efeitos do Programa de GL
Importância GL 0,4620 0,9061
Melhorou Disposição 0,7150 0,8935
Melhorou Postura 0,7763 0,8877
Reduziu estresse 0,7697 0,8882
Aumentou concentração 0,8311 0,8851
Melhorou relacionamento 0,7077 0,8924
Melhorou Bem-estar 0,7587 0,8899
Reduziu dores/desconfortos 0,7342 0,8902
Reduziu ausências/faltas 0,5310 0,9156
Melhorou Produtividade 0,6028 0,9003
Alpha: 0,9045 (consistência ótima)
Satisfação com o Programa
Satisfação com o programa 0,7760 0,7916
Participação no programa 0,4470 0,8921
Atuação dos Profissionais 0,6174 0,8268
Exercícios ministrados 0,7664 0,7870
Rotatividade de Atividades 0,7885 0,7825
Alpha: 0,8475 (consistência ótima)
55
5.3.3 Avaliação teste e reteste - Coeficiente de
Correlação Intraclasses (CCI)
Para a análise de estabilidade teste-reteste foi utilizado o coeficiente de
correlação intraclasse (CCI). A estabilidade tem sido determinada pelo teste-
reteste e consiste na administração do mesmo instrumento aos mesmos
sujeitos sob condições semelhantes54.
A avaliação do programa em relação à estabilidade teste-reteste,
observou-se confiabilidade satisfatória. A concordância, que para a questão
“melhora da postura” foi alta, para os demais itens foi moderada (tabela 2).
Para diretriz de seleção e geração de relatórios de CCI para pesquisas
de confiabilidade, Koo & Li (2015)88 adotaram, com base no intervalo de
confiança de 95% da estimativa CCI, valores inferiores a 0,5 como
confiabilidade pobre, moderada entre 0,5 e 0,75, boa entre 0,75 e 0,9 e
excelente para maiores que 0,90.
56
Tabela 2 – Coeficiente de Correlação Intraclasses (CCI) do instrumento
de avaliação de ginástica laboral, segundo domínios.
Indústria de médio porte, São Paulo, 2017
Variáveis CCI (IC 95%) Concordância
Efeitos do Programa de GL
Importância da GL 0,54 (0,41 - 0,67) Moderada
Melhorou disposição 0,65 (0,54 - 0,75) Moderada
Melhorou postura 0,82 (0,75 - 0,87) Alta
Reduziu estresse 0,73 (0,63 - 0,81) Moderada
Aumentou concentração 0,61 (0,49 - 0,72) Moderada
Melhorou relacionamento 0,74 (0,64 - 0,81) Moderada
Melhorou Bem estar 0,69 (0,58 - 0,78) Moderada
Reduziu dores/desconforto 0,72 (0,62 - 0,80) Moderada
Reduziu ausências/faltas 0,74 (0,65 - 0,82) Moderada
Melhorou produtividade 0,73 (0,63 - 0,81) Moderada
Satisfação
Satisfação com o programa 0,65 (0,53 - 0,75) Moderada
Participação no programa 0,65 (0,53 - 0,75) Moderada
Atuação dos Profissionais 0,65 (0,53 - 0,75) Moderada
Exercícios ministrados 0,68 (0,57 - 0,78) Moderada
Rotatividade de Atividades 0,62 (0,49 - 0,73) Moderada
57
5.4 Resultados da avaliação do programa de GL
Embora a amostra utilizada não tenha sido calculada para analisar os
resultados da avaliação do programa de GL, já que o objetivo principal do
estudo se concentrou no desenvolvimento do questionário e avaliação da sua
confiabilidade, foi elaborado um relatório geral como forma de visualizar
algumas interpretações dos dados que foram coletados com o questionário
proposto nessa pesquisa.
Essa decisão foi tomada devido à carência de produções científicas de
impacto e a necessidade de estudos metodologicamente sólidos sobre a
relação custo-eficácia de exercícios no local de trabalho89, principalmente no
Brasil6,36. Foi realizada uma avaliação descritiva dos resultados coletados dos
176 trabalhadores que participaram do primeiro teste.
Como apresentação dessa avaliação, os resultados foram descritos em
seis blocos, sendo:
I - Dados pessoais: Dados demográficos horário de trabalho, função e tempo
de empresa.
II - Participação no programa de GL: Conhecimento do oferecimento do
programa de GL, frequência, tempo de participação, motivos de não
participação.
III - Nível de Atividade Física: frequência, tempo e tipo da atividade praticada.
IV- Percepção de dor musculoesquelética: Indicação da intensidade de dor
ou desconforto em todas as regiões do corpo.
V - Percepção dos efeitos do programa de GL: Jornada de trabalho,
disposição, postura, estresse, concentração, relacionamento, bem-estar,
desconforto muscular, faltas, produtividade no trabalho.
VI - Satisfação com o programa de GL: o próprio programa, participação do
colaborador, profissionais de GL, exercícios aplicados, rotatividade das
atividades.
58
I - Dados pessoais
Os resultados foram analisados de forma global, sem identificação dos
participantes. No primeiro teste 176 trabalhadores responderam ao
questionário e assinaram o TCLE, sendo 98 (55,7%) homens e 78 (44,3%)
mulheres, com média de idade 35 e 29, respectivamente. De maneira geral a
idade variou de 17 a 62 anos.
Em relação ao grau de escolaridade 30,1% possuem nível superior
completo, 29,1% incompleto e 23,3% possuem ensino médio. 64,8% trabalham
principalmente no horário comercial, seguido do turno da manhã (18,2%) e
tarde (10,2%). O tempo de empresa variou de 1 a 460 meses, com média de
64,5 meses.
II - Participação no programa de Ginástica Laboral
Entre os colaboradores que responderam a primeira avaliação 97,2%
conhecem o programa. Entre aqueles que participam frequentemente (51,1%)
e participam às vezes (23,9%) prevalece a participação de 5 vezes por semana
(26,7%), seguida de 3 vezes por semana (17,3%) e 4 vezes por semana (15,9),
sendo que 43,8% participam há mais de um ano. A adesão ao programa de GL,
entre sujeitos participantes da pesquisa, foi de 100% para o setor de produção
e de 64,5% para o setor administrativo.
Os colaboradores que não participavam do programa são
predominantemente do sexo feminino, da faixa etária 18 a 58 anos e
apresentavam em média 42 meses de empresa.
59
Gráfico 1: Principais motivos para a não participação no programa de
Ginástica Laboral – São Paulo (2017)
Gráfico 2 – Atividades físicas praticadas pelos participantes do programa
de Ginástica Laboral – São Paulo (2017)
18,8
11,4
8,5 8,5
6,8
2,3 2,31,7
0,6
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Falta detempo
Excesso detrabalho
Já prática AF Compromissosdiversos
Falta deinteresse
Horárioinadequado
Vergonha deme expor
Falta de apoioda chefia
Ordemreligiosa
25,6
20,5 20,5
11,9 11,4
2,3 2,3 2,3 1,7 1,1 1,1
0
5
10
15
20
25
30
60
IV- Percepção de dor musculoesquelética
Em relação à percepção de dor 11,9% (21) afirmaram sentir dor, 47,7%
(84) afirmaram sentir dor às vezes e 38,6% (68) relataram não perceber dor
musculoesquelética e 03 trabalhadores não responderam esta questão.
Ao analisar a intensidade de dor observou-se diferenças
estatisticamente significativas nas seguintes regiões: costas, lombar e quadril,
com maiores índices para o setor de produção e na região do punho para o
setor administrativo (p<0,05).
Considerando os diferenciais segundo o sexo, foi observada apenas
uma diferença estatisticamente significativa na região do antebraço com
percepção de intensidade de dor maior para as mulheres da área administrativa
(p<0,05).
Gráfico 3 – Porcentagem de sujeitos que referiram perceber dor por região
do corpo – São Paulo (2017)
8
13
13
14
14
16
17
17
19
21
21
31
41
47
47
50
0 10 20 30 40 50 60
Lombar
Cabeça
Panturrilha
Joelho
Pé
Antebraço
Mãos/Dedos
Quadril
Cotovelo
Costas
Coxa
Braço
Tornozelo
Ombro
Pescoço
Punho
61
Gráfico 4 – Média de percepção da intensidade da dor, por região do corpo
– São Paulo (2017)
V - Percepção dos efeitos do programa de ginástica laboral
Quando comparamos a percepção do efeito do programa de ginástica
laboral entre os participantes (132) da ginástica laboral e não participantes (44),
observamos diferenças significativas estatisticamente para 3 itens: Importância
da ginástica laboral (4,69 x 3,32), melhora do relacionamento (3,96 x 2,57) e
reduziu ausências (2,82 x 2,09).
Porém, cabe ressaltar que, em todos os itens, a média da percepção dos
efeitos do programa foi superior para o grupo que participa. Se somarmos as
notas atribuídas aos dez itens sobre a percepção dos efeitos do programa de
GL o grupo que participa da ginástica laboral acumulou 39,3 pontos e o grupo
que não participa acumulou 27,2 de 50 pontos possíveis, sendo que dos dez
itens avaliados 6 tiveram médias igual ou maior a 4. Entre os que não participam
as notas variaram de 2,1 a 3,3.
1,0
1,7
1,7
1,8
1,9
2,2
2,2
2,4
2,4
2,5
2,5
2,7
2,7
2,8
2,8
3,1
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Cotovelo
Braço
Quadril
Antebraço
Mãos/Dedos
Pé
Tornozelo
Panturrilha
Coxa
Joelho
Cabeça
Punho
Lombar
Pescoço
Ombro
Costas
62
Gráfico 5 – Percepção dos efeitos do programa de Ginástica Laboral – São
Paulo (2017)
VI - Satisfação com o programa de Ginástica Laboral – São Paulo (2017)
O grupo que participa avaliou melhor os itens do programa, porém, a
única diferença estatística foi para o item “profissionais do programa”, o que faz
sentido, pois os não participantes possuem um menor contato com os
profissionais. Nos cinco itens avaliados os participantes atribuíram em média
notas maiores do que 4. Se somarmos as notas atribuídas aos 5 itens sobre o
programa de GL, o grupo que participa acumulou 21,7 pontos e o grupo que
não participa acumulou 17 de 25 pontos possíveis, o que indica satisfação com
o programa oferecido pela empresa, tanto dos participantes, quanto dos não
participantes.
2,1
2,6
2,6
2,6
2,7
2,7
2,8
2,9
3,0
3,3
2,8
4,0
3,8
3,6
3,9
4,2
4,1
4,0
4,2
4,7
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Reduziu ausências
Melhorou relacionamento
Aumentou concentração
Melhorou produtividade
Reduziu dores
Melhora disposição
Melhora postura
Redução estresse
Bem estar
Importância GL
Participa Não participa
63
Gráfico 6 – Satisfação com o programa de GL
3,5
3,6
3,8
3,8
2,3
4,3
4,3
4,5
4,5
4,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Atividades da GL
Exercícios
Satisfação GL
Profissionais GL
Participação GL
Participa Não participa
64
6. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo desenvolver e validar um
questionário de avaliação de programas de ginástica laboral e as etapas
utilizadas também foram seguidas por outros autores durante o
desenvolvimento de instrumentos de medidas na área da saúde56,89. Os itens
do questionário foram construídos com base em uma revisão sistemática,
sugestões de especialistas e experiência da pesquisadora na implantação e
gestão de programas de GL ao longo dos últimos vinte e cinco anos.
A revisão sistemática para a busca dos instrumentos utilizados
para acompanhamento e mensuração da efetividade dos programas de GL,
primeira etapa para a realização deste estudo, fundamentou o desenvolvimento
dos itens do instrumento e possibilitou estabelecer os aspectos que deveriam
ser considerados na seleção, determinação dos domínios a serem abrangidos
pelo questionário e na estruturação deste quanto ao seu formato geral e
escalas de respostas.
Os estudos selecionados nesta revisão demonstraram interesse em
observar se a intervenção de exercícios poderia indicar uma redução da
intensidade da dor musculoesquelética percebida e referida, além dos efeitos
na diminuição da percepção de dor. As abordagens para a mensuração de dor
incluíram variados instrumentos, tais como escalas verbais, numéricas,
observacionais, questionários, autorregistros e respostas fisiológicas90.
Os questionários mais utilizados para levantamento da percepção de dor
foram o Questionário Nórdico Musculoesquelético (QNSO), desenvolvido por
Kuorinka et al. (1987) a partir de um projeto financiado pelo Nordic Council of
Ministers [85] e o questionário DASH - Deficiência do braço, ombro e mão,
desenvolvido para medir a incapacidade física e sintomas dos membros
superiores em indivíduos com incapacidade leve, moderada ou grave e uma
ampla variedade de distúrbios da extremidade superior85.
65
Embora os questionários QNSO e DASH sejam instrumentos
amplamente utilizados pela comunidade cientifica para avaliar a percepção de
dor, desconforto muscular ou fadiga, fica claro que não foram desenvolvidos
considerando a especificidade dos programas de GL.
No questionário de avaliação de programas de GL, proposto nessa
pesquisa, foi utilizado um diagrama corporal de localização de dor, o que
possibilita, de maneira simples, a identificação de sintomas
musculoesqueléticos pelo sujeito avaliado, semelhante ao utilizado no QNSO.
Para averiguar a intensidade desses sintomas foi utilizada uma escala de 0 a
5.
A escala numérica visual tem como vantagens a facilidade de ser
utilizada, alta taxa de aderência, além de ser válida para vários contextos e
tipos de dor. As escalas mais utilizadas são as Escala de Categoria Numérica
(NRS), Escala de Borg (CR-10) e Escala Analógica Visual (VAS). Na escala de
categoria numérica utilizada o individuo estima a sua dor numa escala de 0 a
10 ou 0 a 5, com 0 representando “nenhuma dor” e 5 a “pior dor possível”71,
para a validação desse trabalho foi utilizado a escala de 0 a 5.
A percepção de dor e desconforto muscular é uma experiência descrita
em termos de características sensoriais, motivacionais e cognitivas e por ser
uma experiência subjetiva que não pode ser objetivamente determinada por
instrumentos físicos como utilizado para mensurar o peso corporal ou altura91,
a utilização somente de um questionário e escalas de intensidade pode ser uma
limitação do instrumento.
Outros estudos92,93,94, mesmo entendendo a natureza multifatorial da
dor, apontam a necessidade da utilização de questionários para uma avaliação
mais objetiva dos sintomas subjetivos e para criar parâmetros de
acompanhamento das intervenções.
66
Lowe & Dick (2014)95 realizaram uma revisão de estudos prospectivos
(1997-2014), analisando a eficácia do exercício como intervenção no local de
trabalho para controlar a dor, os sintomas e a incapacidade de pescoço e
ombro. Os achados desta revisão sugerem que o exercício no local de trabalho
pode ser efetivo como prevenção e alívio terapêutico dos sintomas do pescoço
e ombro.
Ainda, durante a revisão sistemática, pôde-se observar a preocupação
em avaliar os resultados dos programas de GL de acordo com a função dos
trabalhadores, como áreas de produção, áreas administrativas de empresas
privadas e públicas e profissionais da área da saúde96,97. Neste sentido, foram
incorporadas neste questionário as questões relacionadas à função, horários
de trabalho e turnos.
Um estudo conduzido entre operadores de computador, com queixas em
coluna cervical e extremidades superiores, também concluiu que, num curto
prazo, é possível reduzir as queixas de dor com um processo educativo
apropriado e exercícios de mobilização, alongamento, fortalecimento e
relaxamento39.
Pesquisadores italianos também demonstraram que a combinação de
exercícios e processo educativo ajudou a reduzir queixas de dores na cabeça,
pescoço e ombros em um estudo realizado com 192 funcionários públicos de
escritório 62. Neste estudo as principais regiões de desconforto apontadas pelos
funcionários da área administrativa foram semelhantes: punhos, coluna cervical
e ombros, o que reforça a importância de pausas para a prática de exercícios
e redução do tempo em posturas estáticas98,99.
Estudos realizados em áreas de produção demonstram maior
preocupação com a região lombar. Um ensaio controlado com 98 trabalhadores
de armazém de uma empresa de distribuição de alimentos na cidade de Porto
(Portugal) observou significantes melhorias na força dos flexores e extensores
lombares após uma intervenção de exercícios de alongamento e fortalecimento
67
da região lombar com duração de oito minutos diários, por doze meses100, o
que corrobora com o presente estudo, em que as maiores queixas encontradas
nos trabalhadores de produção foram as regiões das costas, lombar e quadril.
Sundstrup et. al. (2014)101 avaliaram o efeito de duas intervenções
contrastantes entre trabalhadores de matadouros com dor crônica e deficiência
laboral. Um grupo foi alocado para 10 semanas de treino de força para os
músculos do ombro, braço e mão (três vezes por semana, 10 minutos por
sessão) e um grupo controle recebeu treinamento ergonômico. Para a melhora
da dor crônica e incapacidade laboral, os trabalhadores que receberam o
treinamento de força alcançaram melhores resultados do que o grupo que
somente recebeu orientações ergonômicas.
Além do impacto dos programas de GL na capacidade funcional, os
estudos10,65,102 consideraram importante avaliar, também, os fatores
organizacionais do trabalho que podem influenciar na aderência e impedir a
participação dos sujeitos na prática de exercícios físicos durante a jornada de
trabalho.
Os trabalhadores de setores administrativos indicaram nesta pesquisa
que “falta de tempo”, “excesso de trabalho”, “compromissos diversos” e “já
praticam atividade física” foram os principais fatores para impedir sua aderência
ao programa de GL conduzido na empresa.
No estudo conduzido por Grande e Silva (2014)102, para avaliar as
barreiras e facilitadores para a adesão da GL, foram randomizados 20 setores
dos 65 que participavam de um PGL de uma comunidade universitária, num
total de 334 trabalhadores, dos quais 151 trabalhadores participavam e 183 não
participavam. Um questionário foi aplicado e os principais facilitadores estavam
relacionados à possibilidade de melhorar a saúde (76,16%) e aumentar a
disposição para o trabalho (55,63%). As principais barreiras ocorreram pelo fato
dos trabalhadores não gostarem da intervenção (19,67%) e falta de tempo
(18,78%).
68
De acordo com Bredahl et.al. (2015)65 os funcionários no local de
trabalho, em geral, possuem flexibilidade muito diferente no planejamento das
tarefas, tornando fácil para alguns e difícil para outros participarem das
intervenções. Aqueles que informaram maior flexibilidade no planejamento das
tarefas afirmaram que essa flexibilidade os mantêm motivados e torna possível
para eles se exercitar durante a jornada de trabalho. Os autores apontaram que
um processo de mapeamento de intervenção deve ser realizado para analisar
os fatores organizacionais e o envolvimento dos líderes, antes do início de um
programa de treinamento de exercícios físicos no local de trabalho.
Um estudo realizado por Lima et al. (2003)103 teve como objetivo verificar
as barreiras que impediam a aderência aos programas de GL. A amostra foi
constituída por 262 trabalhadores de ambos os sexos que não participavam do
programa, de quatro corporações nacionais e multinacionais com áreas
administrativas e fabris, nas quais o programa de GL atingia cerca de 3.200
funcionários. As barreiras que mais frequentemente referidas em ordem de
importância foram “compromissos diversos”, “já realizava atividade física
paralela”, “falta de motivação”, “horário inadequado”, “aspectos relacionados à
saúde”, “excesso de trabalho”, “falta de tempo” e “não gosta e/ou não quer”.
Soares et al. (2006)104, em um estudo para verificar as razões da não
adesão a um programa de GL implementado em uma central de
teleatendimento, detectaram que a organização do trabalho às vezes não
permite e, em alguns casos, acaba impedindo uma maior adesão ao programa,
apesar do apoio formal por parte da empresa e do reconhecimento da
importância dos objetivos da GL pelos trabalhadores.
A baixa adesão nos programas de GL tem sido discutida no sentido de
buscar elementos para entender o problema e as possíveis barreiras e, desta
forma, replanejar as intervenções, discutir as interações entre os espaços
físico, social e organizacional no ambiente de trabalho104,105.
69
A teoria social cognitiva aponta a autoeficácia como o grau de
confiança/crença que o indivíduo deposita na realização de determinada
atividade ou na mudança de comportamento, como uma das variáveis
importantes no processo de mudança de comportamento106.
Andersen & Zebis (2014)18 ressaltam a importância de alguns fatores
contextuais como apoio e aprovação da administração superior para os
trabalhadores participarem durante o horário de trabalho. O local de trabalho
pode ser um ambiente social para encorajar e realizar exercícios físicos e
promover saúde em conjunto com os colegas. Porém, um processo rigoroso de
avaliação é importante para explicar os mecanismos do sucesso ou fracasso
das intervenções de exercícios no local de trabalho, principalmente sobre a dor.
Segundo Araújo et.al., (2000)106 existe uma tendência a uma maior
prevalência dos níveis de sedentarismo quando se inicia a vida adulta, tendo
como consequência níveis menores de aptidão física, saúde e qualidade de
vida, o que exige uma maior compreensão dessa problemática por parte dos
profissionais de saúde.
Em um estudo randomizado, cinquenta e nove trabalhadores de
colarinho branco (administrativo) participaram de um programa de descanso
ativo (exercício de curta duração), que consistiu em aquecimento, treinamento
funcional cognitivo, exercício aeróbico, treinamento de resistência e
resfriamento por 10 minutos por dia, 3 vezes por semana durante as pausas de
almoço por 10 semanas (grupo de intervenção n=29; grupo controle n=30). O
resultado sugeriu que a prática foi importante para melhorar as relações
pessoais, a saúde mental e a atividade física entre os trabalhadores107.
Em atenção à ampliação do conceito de saúde e valorização da
abordagem epidemiológica, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)
ratificou a institucionalização da promoção da saúde no Sistema Único de
Saúde (SUS) e foram eleitas áreas temáticas prioritárias para a implementação
da PNPS. Entre elas, destaca-se a indução de atividade física e práticas
70
corporais, como reflexo da importância conferida a um modo de viver ativo
como fator de proteção da saúde108.
Apesar dos resultados reforçarem o papel da inatividade física como
importante fator de risco, impactando significativamente na carga de doenças
crônicas109, estudo descritivo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS) de 2013 aponta que praticamente metade da população brasileira não
atingiu os níveis recomendados de prática de atividade física, sugerindo a
necessidade do fortalecimento de ações de promoção de atividade física no
país110. Uma pesquisa realizada no Sistema Único de Saúde (SUS), também
em 2013, demonstrou que aproximadamente 15,0% dos custos ao SUS das
internações foi atribuível à inatividade física111.
O Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional (2016)112 enfatiza
que as atividades físicas e esportivas são associadas positivamente a
dimensões sociais como a educação, a saúde, e o lazer e que propor princípios
de intervenção no campo da promoção dessas atividades devem ser iniciativas
lideradas ou apoiadas por governos, pelo setor privado, por organizações da
sociedade civil e mesmo por organismos multilaterais.
Dois estudos selecionados59,65 para a revisão sistemática realizada na
primeira etapa desta pesquisa incluíram o acompanhamento do nível de
atividade física dos trabalhadores com o Questionário Internacional de
Atividade Física (IPAQ), já que o número crescente de estudos e revisões
elaborados na última década encontraram evidências da eficácia dos
programas de exercícios físicos no local de trabalho no incentivo para aumentar
a prática de exercícios também fora do horário de trabalho59,44 26.
O Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) foi originalmente
desenvolvido com finalidade de estimar o nível de prática habitual de atividade
física de populações de diferentes países113,114 e também tem sido aplicado
para estimar o nível de atividade física de trabalhadores28,115.
71
O Questionário de Avaliação de Programas de GL elaborado nesta
pesquisa utilizou o critério de corte de 150 minutos por semana, usado para
classificar o nível recomendado de atividade física, o mesmo utilizado no IPAQ,
já que este instrumento apresentou validade e reprodutibilidade similares a de
outros instrumentos utilizados internacionalmente para medir nível de atividade
física114.
De acordo com Gallasch et.al. (2015)116, pesquisadores e profissionais
da área de saúde estão cada vez mais preocupados em utilizar escalas e
questionários confiáveis e apropriados para determinada população. O uso de
um questionário específico e validado possibilita, além da quantificação dos
dados observados, o controle, acompanhamento e comparação com grupos
diferentes117.
Neste sentido, com base nos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-
se afirmar que o questionário utilizado produziu dados confiáveis e com
validade interna adequada, o que poderá colaborar para minimizar dificuldades
apontadas para estabelecer a efetividade dos programas de GL na manutenção
da saúde do trabalhador devido à ausência de ferramentas adequadas para
mensurar os resultados desses programas57,24,118.
Para avaliação da consistência interna do questionário de Avaliação de
Programas de GL, utilizou-se o Coeficiente Alfa de Cronbach (α), para cada
domínio proposto de Efeitos do Programa de GL e Satisfação com o Programa.
A consistência interna foi excelente em todos os domínios propostos,
demonstrando que cada item foi satisfatoriamente correlacionado com sua
própria dimensão.
Outros questionários na área da saúde, como o Índice de Capacidade
para o Trabalho (ICT)119, ErgoEnf - Questionário para levantamento de risco
ergonômico em trabalhadores de Enfermagem 71, Questionário de Satisfação
no Trabalho120, Questionário de Avaliação de Produtividade121, entre outros,
utilizados para mensurar a capacidade física, mental ou social dos
72
trabalhadores, verificaram a confiabilidade através do método teste/reteste
para estabelecer o grau com o qual os resultados obtidos podem ser replicados.
Foi preparada uma base modelo no Excel para a tabulação e, durante a
digitação dos dados, foram observadas algumas inconsistências nas respostas
como assinalar que “não participa”, mas responder sobre os efeitos e satisfação
com o programa; assinalar que “não está praticando atividade física fora do
horário de trabalho”, mas indicar quantos dias, minutos e modalidade praticada.
Foram contatados, para esclarecimento de dúvidas nas respostas,
somente alguns sujeitos do grupo de 128 participantes que responderam o
primeiro teste e o reteste, para verificar a falta de preenchimento do campo
“idade” (média de 10% dos sujeitos) e se participava ou não do programa de
GL, de forma a possibilitar a análise da consistência interna e o coeficiente de
correlação intraclasses.
Embora a amostra utilizada nesta pesquisa não tenha sido calculada
para analisar os resultados da avaliação do programa de GL em trabalhadores
da área administrativa e de produção, já que o objetivo principal se concentrou
no desenvolvimento do questionário e avaliação da sua confiabilidade, foi
realizado um relatório geral no sentido de colaborar para essa discussão.
Estudos que mensuraram os efeitos de programas de GL ainda são
relativamente escassos37 do ponto de vista de produções científicas de impacto
com o objetivo de verificar a efetividade de programas de GL, tipos de
exercícios, intensidade, frequência e duração122,123.
O programa em que foi aplicado o questionário de GL proposto nesta
pesquisa é oferecido cinco vezes por semana para os trabalhadores dos
setores administrativos e de produção (1º e 2º turnos). Para o terceiro turno
(noite) o programa é oferecido três vezes por semana, com aulas de dez
minutos de duração e orientado por Profissionais de Educação Física.
73
Lima (2009)122 realizou um estudo com o objetivo de observar três
propostas diferentes de frequência semanal de GL (duas, três e cinco vezes
por semana) sobre indicadores de flexibilidade e dor musculoesquelética entre
trabalhadores de escritório. O desfecho apontou que, embora a frequência
semanal de participação não tenha sido determinante para a melhora da
flexibilidade, já que os três grupos obtiveram ganho de amplitude articular da
coluna cervical, punhos e coluna lombar, ela foi fundamental para a diminuição
de percepção de dor musculoesquelética para o grupo randomizado que
participou três e cinco vezes por semana, cujos resultados demonstraram
redução significativa de relatos e intensidade de dor musculoesquelética por
região corporal após 180 dias de intervenção.
Andersen et.al. (2012)61 realizaram uma pesquisa para verificar qual
seria a melhor combinação de frequência e duração dos exercícios para
diminuição de dor na região do pescoço e ombros. Um total de 447
trabalhadores de setores administrativos foi alocado aleatoriamente em quatro
grupos. Um grupo realizou os exercícios 1x por semana por 1h; um segundo
grupo realizou 3x por semana por 20 min.; um terceiro grupo 9x por semana
por 7 minutos; o grupo controle não recebeu nenhum treinamento físico, mas
respondeu aos mesmos questionários que os grupos de intervenção. O
resultado apontou redução de dor, tanto para o grupo que participou
efetivamente nas três sessões semanais, quanto para aqueles que participaram
de uma única e longa sessão. Isso implica algum grau de flexibilidade para as
empresas e para os funcionários em relação à distribuição de tempo ao
incorporar treinamentos de exercícios de maneira efetiva em um horário de
trabalho semanal.
Foram encontrados estudos que avaliaram intervenções de exercícios
no local de trabalho com diferentes frequências e durações como duas vezes
semana por 10 e 15 minutos124,125; três vezes semana por 10, 15 e 20
minutos13,64, cinco vezes por semana por 20 minutos a cada 2-3 horas62 e cinco
vezes por semana por 10 minutos30. Embora ainda não seja conclusiva a
74
frequência e duração dos exercícios, vale ressaltar que devem ser analisados
também os objetivos do programa.
Segundo Lima (2007)6 o programa de GL, além de preparar e compensar
as estruturas musculares mais utilizadas no trabalho, com o foco em
prevenção, melhora da postura e percepção corporal, diminuição de
encurtamentos e de tensões musculares, deve ser complementado por ações
educativas que possibilitem maior acesso à informação, promoção e educação
em saúde, dinâmicas lúdicas e de integração social, visando promover um
estado de maior descontração e bem-estar para os participantes.
De acordo com o que se observa na literatura, estilo de vida, níveis de
estresse e hábitos de lazer dos trabalhadores das indústrias brasileiras também
tem sido objetivo de intervenção e avaliação126,127, a fim de estabelecer uma
relação entre a prática da GL e a melhora do estresse e progressão dos
indivíduos para estágios de comportamento mais avançados para a prática
regular de atividade física28.
Um estudo com o objetivo de verificar os níveis de estresse e o estilo de
vida de indivíduos praticantes e não praticantes de GL, a fim de estabelecer
uma relação entre a prática da GL e a melhora do estresse, avaliou 228
trabalhadores de área administrativa, os quais foram divididos em G1 (n=114)
praticantes de GL e G2 (n=114) não praticantes de GL. O resultado indicou que
os praticantes de GL apresentaram uma tendência menor de estresse e da
adoção de um estilo de vida mais saudável em relação aos não praticantes128.
Outro estudo, realizado com 1910 trabalhadores de indústria, também observou
uma percepção negativa de estresse referida por 13,2% dos trabalhadores129.
No presente estudo observou-se que, tanto os trabalhadores que
participavam do programa, quanto os que não participavam, responderam
perceber efeitos positivos do programa de GL na melhora do bem estar geral,
redução do estresse e aumento da disposição. O mesmo resultado foi
observado no último bloco do questionário para avaliar a satisfação com o
75
programa de GL, no qual todos os sujeitos relataram satisfação com o
programa oferecido pela empresa. Esses achados podem indicar a
necessidade de reavaliar se o horário de aula e apoio organizacional está
adequado de forma a permitir a participação dos trabalhadores no programa, já
que todos avaliaram positivamente a intervenção.
Sob este olhar, o programa não pode ser conduzido de forma limitada
somente à aplicação de exercícios com foco em prevenção das LER/DORT, já
que existe uma oportunidade preciosa para a abordagem de outros aspectos
da Promoção da Saúde no Trabalho. O programa de GL tende a estabelecer
uma melhor convivência entre funcionários e seus superiores hierárquicos.
Funcionam como uma forma saudável de “quebra” da rotina, resultando em
uma associação positiva entre a prática de exercícios e manutenção da
capacidade funcional130,22.
Em minha concepção, para que os programas de GL tenham uma
melhor avaliação de seus resultados, é importante que sejam vistos e
analisados como parte de um conjunto de ações interdisciplinares e nunca
como uma ação isolada, sem considerar os demais fatores psicossociais e
ergonômicos existentes nas organizações e ambientes de trabalho.
Para que o programa tenha eficácia, recomenda-se uma frequência
mínima de três vezes por semana de exercícios no local de trabalho, com aulas
de dez a quinze minutos de duração e, se possível, no início, no final da jornada
ou mesmo durante as pausas. As equipes de profissionais de saúde envolvidas
na condução do programa devem, dentro do planejamento de aulas, utilizar os
conceitos de periodização para priorizar o aspecto funcional dos exercícios
para melhorar a aptidão física dos trabalhadores, além de estabelecer com os
líderes e gestores estratégias de motivação para uma participação mais efetiva
dos trabalhadores no programa.
Além disso, o profissional deverá avaliar, dentro do seu planejamento,
técnicas que possam contribuir para a melhora do controle postural, força,
76
resistência muscular, coordenação motora, mobilidade articular e flexibilidade.
A prescrição dos exercícios deve ser realizada de acordo com as funções
desempenhadas em cada posto de trabalho e com base em análises
cinesiológica e biomecânica, para identificar as regiões corporais mais
requisitadas.
Nesse sentido, o questionário desenvolvido nesta pesquisa deve ser
aplicado considerando critérios importantes como: ser utilizado somente com o
objetivo de avaliar programas de GL devidamente estruturados com frequência
e duração assinalada; conduzidos por profissionais habilitados e qualificados;
que considerem as funções desempenhadas em cada posto de trabalho e as
análises cinesiológica e biomecânica, para identificar as regiões corporais mais
requisitadas para uma intervenção adequada de aquecimento (preparatória) ou
de pausa (compensatória).
Programas de GL bem estruturados, com avaliação e acompanhamento
periódicos, são fundamentais para que os trabalhadores e empregadores
reconheçam os benefícios da prática de exercícios físicos no local de trabalho.
7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Embora tenha sido encontrada uma correlação satisfatória entre os
fatores de consistência interna e medida no teste e reteste do questionário
desenvolvido, a principal limitação do estudo foi o fato de ter sido aplicado em
apenas uma empresa.
77
8. CONCLUSÃO
Ao desenvolver e testar um instrumento para avaliação de programas
de GL, os resultados mostraram que:
Os resultados obtidos na revisão sistemática reforçaram a relevância de
se desenvolver um questionário destinado a avaliar os programas de GL.
Embora, os questionários e escalas encontrados sejam instrumentos
amplamente utilizados pela comunidade científica, fica claro que não foram
desenvolvidos considerando a especificidade dos programas de GL.
O processo de desenvolvimento do questionário de avaliação de
programas de ginástica laboral foi realizado seguindo as etapas de seleção de
itens, construção de domínios, avaliação da validade de conteúdo e pré-teste.
A validade aparente e de conteúdo foram avaliadas de forma qualitativa
e demonstraram que o instrumento está apropriado de acordo com a sua
finalidade, relevância, aplicabilidade, clareza, possibilidade de sucesso e
ausência de vieses, e as dimensões do constructo e escalas, foram
estruturadas de acordo com as hipóteses esperadas.
Pôde-se notar uma consistência interna excelente em todos os domínios
propostos e confiabilidade satisfatória em relação à estabilidade teste/reteste.
Os achados dessa pesquisa permitem concluir que o questionário desenvolvido
é considerado adequado para a avaliação e acompanhamento de programas
de GL em organizações de trabalho.
Sugere-se a aplicação do questionário em outras empresas, a fim de
aprimorar o instrumento, incluindo as propriedades psicométricas, em
avaliações de programas de GL.
78
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APÊNDICES
I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Especialistas
III – Artigo Publicado Revisão Sistemática
93
APÊNDICE I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisa Desenvolvimento e validação de um questionário de avaliação de programas de exercício no local de
trabalho.
Responsável Valquíria Aparecida de Lima
Número do CAAE: (53093816.0.0000.5404)
Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos e deveres como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo. Justificativa e objetivos: Esta pesquisa tem como objetivo aplicar um questionário para avaliar o programa de exercícios físicos no local de trabalho, que é oferecido pela sua empresa. Os resultados dessa pesquisa poderão ser utilizados por profissionais da saúde no trabalho para elaboração de novos programas para melhora da postura, conscientização corporal e bem estar. Além disso, os resultados contribuirão para o desenvolvimento das pesquisas na área da saúde e qualidade de vida no trabalho. Atualmente não existe nenhum questionário em português com esse objetivo disponível na literatura. Procedimentos: O questionário poderá ser respondido em aproximadamente dez minutos, durante o seu expediente. Nele você irá responder:
a) se está participando ou não do programa de exercícios, qual sua percepção e satisfação com o programa;
b) os principais motivos para não participar dele (se for o caso); c) em um desenho representativo do corpo, para que você mesmo possa indicar os pontos onde
atualmente existe dor ou desconforto muscular, manifestada antes, durante ou após o seu horário de trabalho ou que possa estar relacionada com a função que você exerce na empresa;
d) se você pratica algum tipo de exercício fora do horário de trabalho; e) tem sugestões para a melhoria do programa exercício físico no trabalho.
Se precisar a pesquisadora poderá auxiliar ou esclarecer dúvidas. Para que o trabalho científico possa ter validade, este questionário será aplicado três vezes. Na primeira fase, a coleta de dados será realizada uma única vez em todos os setores da empresa com os trabalhadores que aceitaram participar da pesquisa. Na segunda fase, após cinco dias, a pesquisadora irá aplicar novamente o mesmo questionário. Na última fase, o mesmo questionário será aplicado por outro pesquisador (pesquisador colaborador). Desconfortos e riscos: Não há nenhum risco ou desconforto físico. Quanto ao risco psíquico, moral e social, estes são muito baixos uma vez que os dados são sigilosos e somente a pesquisadora terá acesso a quem respondeu ao questionário. Não há desconforto psicológico, cultural, intelectual ou social, pois você será voluntário e, mesmo depois de aceitar participar, você ainda terá direito de se retirar do estudo.
94
Página 2 de 2 Benefícios: Sua participação nessa pesquisa poderá contribuir para a melhora na atuação dos profissionais da saúde no trabalho quanto à elaboração de novos programas para melhora da postura, conscientização corporal e bem estar dos trabalhadores, assim como para o aumento de seu conhecimento sobre a importância do exercício físico para a sua saúde e qualidade de vida. Acompanhamento e assistência: A pesquisadora estará presente durante a aplicação do questionário. Caso necessário, você poderá entrar em contato pelos telefones (11) 2459-3162 e (11) 99642-3354 ou por e-mail: [email protected] Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected] Ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa: A participação nessa pesquisa não envolve despesas e não implica em nenhum ressarcimento, uma vez que você responderá ao questionário dentro do local e horário de trabalho. Indenização diante de eventuais danos de decorrentes da pesquisa: Em casos de danos comprovadamente decorrentes da sua participação nessa pesquisa, é garantida indenização por meio de decisão judicial ou extrajudicial. Sigilo e privacidade: Os resultados desta pesquisa serão utilizados com propósito científico, tendo caráter sigiloso, sendo observado o direito do participante de se recusar a participar a qualquer momento durante o processo de avaliação; bem como ter acesso a qualquer tempo a toda e qualquer informação que possam solucionar eventuais dúvidas. Consentimento livre e esclarecido: Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:
Nome do(a) participante: ________________________________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do participante ou nome e assinatura do responsável) Responsabilidade do Pesquisador: Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela CONEP, quando pertinente. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.
______________________________________________________ Data: ____/_____/______.
(Assinatura do pesquisador) Rubrica do pesquisador:______________ Rubrica do participante:______________
95
APÊNDICE II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - ESPECIALISTAS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - ESPECIALISTAS Página 1 de 3
Pesquisa
Desenvolvimento e validação de um questionário de avaliação de programas de exercício no local de
trabalho.
Responsável Valquíria Aparecida de Lima
Número do CAAE: 53093816.0.0000.5404
Você está sendo convidado a participar como voluntário e especialista na área da Saúde. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos e deveres como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo. Justificativa e objetivos: Evidências científicas têm demonstrado resultados positivos na implantação de programas de exercícios no local de trabalho que podem influenciar na manutenção da capacidade funcional dos trabalhadores. Porém, algumas dificuldades têm sido apontadas para estabelecer a correlação da eficácia e efetividade dos programas de exercícios no local de trabalho na manutenção da saúde do trabalhador, prevenção de distúrbios musculoesqueléticos e retorno do investimento para as empresas. Uma delas é a escolha de uma ferramenta adequada para mensurar os resultados dos programas. Portanto, o objetivo desta pesquisa é a construção de um questionário para avaliação de programas de exercícios físicos no local de trabalho, o qual será elaborado pela pesquisadora após revisão dos principais instrumentos utilizados em estudos anteriores na avaliação desses programas. Após a construção do questionário, será realizado um painel com especialistas da área da saúde da Universidade Estadual de Campinas para avaliação do conteúdo, sua relevância, aplicabilidade, clareza, possibilidade de sucesso, ausência de vieses, itens não incluídos e extensão, que constituirão a validação de conteúdo. Procedimentos: O questionário será enviado por meio eletrônico para apreciação dos especialistas. As suas considerações poderão ser enviadas por e-mail ou por meio de uma reunião presencial, agendada com antecedência de acordo com a disponibilidade do especialista, para avaliar o conteúdo das seguintes perguntas do questionário:
a) se o trabalhador está participando ou não do programa de exercícios, qual sua percepção e satisfação com o programa;
b) os principais motivos para não participar do programa (se for o caso); c) um desenho representativo do corpo, para que o trabalhador possa indicar os pontos onde
atualmente existe dor ou desconforto muscular, manifestada antes, durante ou após o seu horário de trabalho ou que possa estar relacionada com a função exercida no trabalho;
d) se o trabalhador pratica algum tipo de exercício fora do horário de trabalho; e) e se tem sugestões para a melhoria do programa exercício físico no trabalho.
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96
Após a conclusão do painel de especialistas e realizadas as correções ou alterações necessárias, um estudo piloto também será realizado na empresa selecionada com trabalhadores de ambos os gêneros, para verificar a consistência das questões elaboradas, o preenchimento do instrumento, a equivalência semântica, e a clareza das perguntas, com o objetivo de garantir a compreensão adequada da versão final. Serão realizados os ajustes necessários e a versão final do questionário será aplicada no decorrer de um programa oferecido por uma Empresa que aceitou participar deste estudo. Se precisar a pesquisadora poderá auxiliar ou esclarecer dúvidas. Desconfortos e riscos: Não há nenhum risco ou desconforto físico. Quanto ao risco psíquico, moral e social, estes são muito baixos uma vez que os dados são sigilosos e somente a pesquisadora terá acesso às orientações recebidas de cada especialista referentes ao questionário. Não há desconforto psicológico, cultural, intelectual ou social, pois você será voluntário e, mesmo depois de aceitar participar, você ainda terá direito de se retirar do estudo. Benefícios: Sua participação nessa pesquisa poderá contribuir para validação de um questionário que apresente propriedades psicométricas satisfatórias quanto à confiabilidade, reprodutibilidade e validade, representando uma opção adequada para a avaliação de programas de exercício no local de trabalho. Acompanhamento e assistência: A pesquisadora estará presente durante a aplicação do questionário. Caso necessário, você poderá entrar em contato pelos telefones (11) 2459-3162 e (11) 99642-3354 ou por e-mail: [email protected] Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação no estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected] Ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa: A participação nessa pesquisa não envolve despesas e não implica em nenhum ressarcimento, uma vez que você responderá ao questionário dentro do local e horário de trabalho. Indenização diante de eventuais danos de decorrentes da pesquisa: Em casos de danos comprovadamente decorrentes da sua participação nessa pesquisa, é garantida indenização por meio de decisão judicial ou extrajudicial. Sigilo e privacidade: Os resultados desta pesquisa serão utilizados com propósito científico, tendo caráter sigiloso, sendo observado o direito do especialista de se recusar a participar a qualquer momento durante o processo de avaliação do conteúdo do questionário; bem como ter acesso a qualquer tempo a toda e qualquer informação que possam solucionar eventuais dúvidas. Consentimento livre e esclarecido:
Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:
Nome do(a) participante: ___________________________________________________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do participante ou nome e assinatura do responsável)
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Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela CONEP, quando pertinente. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.
______________________________________________________ Data: ____/_____/______.
(Assinatura do pesquisador)
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APÊNDICE III – Artigo Publicado Revisão Sistemática
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício 2017;16(1):40-48
Revisão Instrumentos de avaliação dos programas de ginástica laboral Evaluation instruments of workplace exercise programs Valquíria Aparecida de Lima*, Valmir Antonio Zulian de Azevedo*, Sérgio Roberto de Lucca* *Faculdade de Ciências Médicas (FCM) – UNICAMP Recebido em 10 de janeiro de 2017; aceito em 21 de fevereiro de 2017. Endereço para correspondência: Valquíria Aparecida de Lima, Rua Vital Brasil, 100, Prédio CIPOI, 2º piso, 13083-888 Campinas SP, E-mail: valquí[email protected] Resumo Introdução: A implantação de programas de Ginástica Laboral é uma das ações utilizadas pelas empresas para prevenir alterações musculoesqueléticas, desencadeadas pela fadiga durante o trabalho. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática para identificar os instrumentos utilizados na avaliação, acompanhamento e mensuração da eficácia dos programas de Ginástica Laboral. Método: Os artigos foram selecionados a partir dos descritores de exercícios físicos realizados no horário de trabalho. Utilizou-se para a revisão sistemática a base de dados da Bireme, Medline via PubMed, Embase, Scopus e Web of Science, em português, espanhol e inglês, no período de janeiro a fevereiro de 2016. Resultados: Após a leitura e análise de 104 estudos na íntegra, foram selecionados 9 estudos, considerando-se o grau de evidência e impacto da pesquisa, tamanho da amostra, instrumentos utilizados para a investigação, tipo de estudo (clínicos randomizados e controlado) e as variáveis analisadas. Foram identificados, para a avaliação da eficácia da ginástica laboral no trabalho, diferentes modelos de questionários e escalas para avaliação de percepção de dor, desconfortos musculoesqueléticos, capacidade funcional no desempenho e produtividade e aspectos ligados à organização do trabalho. Conclusão: Os instrumentos utilizados nestes estudos apresentaram evidências de validade e reprodutibilidade, entretanto, observou-se a heterogeneidade nos critérios de escolha e a falta de uniformidade dos instrumentos escolhidos pelos pesquisadores, apesar das suas propriedades psicométricas. Embora os questionários e escalas sejam instrumentos amplamente utilizados pela comunidade científica para avaliar a percepção de dor, desconforto muscular ou fadiga, fica claro que não foram desenvolvidos considerando a especificidade dos programas de ginástica laboral ou com objetivo de avaliar intervenções de programas de exercícios físicos.
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Palavras-chave: ginástica, exercício, local de trabalho, avaliação de programas.
Abstract
Introduction: The implementation of exercise programs in the workplace is one of the actions used by many companies to prevent musculoskeletal disorders triggered by fatigue during work. Aim: To carry out a systematic review to identify the instruments used on evaluating, monitoring and measuring the effectiveness of the workplace physical exercise programs. Method: The articles were selected from the descriptors of physical exercises performed during working hours. The search was carried out on Bireme, Medline via PubMed, Embase, Scopus and Web of Science databases, in Portuguese, Spanish and English, from January to February 2016. Results: After reading and analyzing 104 full studies, 9 studies were selected, considering the degree of evidence and impact of the research, sample size, instruments used for the investigation, type of study (randomized and controlled-RCT), and variables analyzed. Different models of questionnaires and scales for assessing pain perception, musculoskeletal discomforts, functional capacity related to performance and productivity, and aspects related to work organization were identified on evaluating the effectiveness of physical exercises performed during work. Conclusion: Although the questionnaires and scales used in the studies analyzed in this review have validity and reproducibility proven by the scientific community, heterogeneity and lack of uniformity in the criteria of choice of these instruments were observed, despite their psychometric properties on evaluating pain perception, muscle discomfort and fatigue. It is clear, therefore, that they were not developed considering the specificity of the workplace exercise programs or designed with the objective of evaluating physical exercise interventions.
Key-words: gymnastic, exercise, workplace, program evaluation.
Introdução
O trabalho, enquanto instância social e determinante do desenvolvimento humano assumiu um papel de grande importância na história da humanidade. As condições de trabalho em um ambiente saudável são fundamentais para a preservação da saúde e bem-estar dos trabalhadores.
O conhecimento produzido nas últimas duas décadas sobre a prevenção de acidentes de trabalho e doenças do trabalho vem desafiando os profissionais da área de saúde e segurança do trabalho em repensar os modelos de gestão e de intervenção centradas na lógica da prevenção, não somente no campo individual, mas principalmente na proteção coletiva. Para este objetivo, exige-se, fundamentalmente, a compreensão das transformações em curso, à luz das mudanças do mundo do trabalho, para que a prevenção seja pensada na perspectiva das modificações das condições e relações de trabalho [1].
De acordo com a Previdência Social (2014) sobre as causas de afastamento do trabalho entre homens e mulheres empregados da iniciativa privada, no panorama da concessão de benefícios aos trabalhadores segurados, entre
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2004 e 2013, dos vinte agravos à saúde mais frequentes, dez consistem em classificações dos grupos M (doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo) e F (transtornos mentais e comportamentais) da classificação do Código Internacional de Doenças. Estes agravos representam mais da metade (cerca de 55%) dos benefícios superiores a 15 dias de afastamento do trabalho e evidencia a necessidade dos profissionais atuarem em equipes interdisciplinares nas questões de saúde e segurança, buscando novo enfoque referente aos ambientes e processos de trabalho [2].
Em função dos afastamentos dos trabalhadores e das repercussões psicossociais para estes e econômicas para as empresas e para a sociedade, algumas intervenções no campo da saúde e bem-estar dos trabalhadores para reduzir a prevalência dos afastamentos do trabalho por doenças osteomusculares são fundamentais. Entre estas iniciativas destacam-se os benefícios à saúde, potencialmente proporcionados pela prática regular de atividade física, entre os programas de promoção da saúde, como estratégia para reduzir o sedentarismo e melhorar a condição física e funcional dos trabalhadores [3].
A implantação de programas de exercícios físicos no ambiente de trabalho, mais conhecidos no Brasil como ginástica laboral, é uma das ações utilizadas pelas empresas com o objetivo de prevenir alterações musculoesqueléticas, desencadeadas pela fadiga durante o trabalho [4].
De acordo com a Associação Brasileira de Ginástica Laboral (2012), entende-se a Ginástica Laboral como “um programa de exercícios aplicados durante a jornada de trabalho, que contempla em seus objetivos específicos minimizar e compensar a sobrecarga gerada nas estruturas musculoesqueléticas; otimizar a percepção corporal e da postura; contribuir para a diminuição dos índices de acidente de trabalho e afastamentos; promover educação em saúde e estilo de vida ativo” [5].
A Organização Mundial da Saúde (2010) enfatiza que um ambiente de trabalho saudável é aquele em que os trabalhadores e os gestores colaboram na direção da sustentabilidade nos ambientes de trabalho por meio de um processo de melhoria contínua da proteção e promoção da segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores. Entre os exemplos para atingir esse objetivo a OMS destaca a flexibilidade nos horários e ritmos de trabalho e a adoção de pausas de trabalho para permitir a prática de exercícios [6].
Quando os programas de ginástica laboral são bem estruturados e associados com intervenções ergonômicas sobre as condições de trabalho, os resultados são significativos, tais como a melhora dos indicadores de aptidão física relacionadas à saúde, como a flexibilidade e a mobilidade articular [7-9], força de membro superior [10], diminuição da percepção de dor, fadiga e tensão muscular [11-13] e contribui substancialmente na redução dos sintomas musculoesqueléticos [14].
Além disso, os programas de ginástica laboral têm a potencialidade de proporcionar aos trabalhadores uma melhor condição física para a execução de suas tarefas laborais diárias e têm sido utilizados para provocar alguma
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mudança no comportamento dos trabalhadores ao engajar indivíduos sedentários na prática da atividade física, inclusive fora do ambiente de trabalho [15-17,3].
São apontadas dificuldades para avaliar e mensurar a real contribuição da eficácia e efetividade dos programas de exercícios no local de trabalho na preservação da saúde dos trabalhadores e prevenção de distúrbios musculoesqueléticos, já que boa parte dos estudos não pode ser reproduzido devido aos problemas metodológicos descritos em revisões já realizadas [18,19].
Não há na literatura científica, até o presente momento, um instrumento de avaliação específico para acompanhamento e mensuração de resultados de programas de ginástica laboral. Resultados de avaliações utilizando instrumentos validados quanto as suas propriedades psicométricas para avaliação dos programas são cruciais para compreender a eficiência dos exercícios nas práticas corporativas e na orientação dos profissionais que atuam na área de saúde do trabalhador com programas de ginástica laboral.
O objetivo desta revisão sistemática é identificar os instrumentos de avaliação específicos para acompanhamento e mensuração da eficácia dos programas de ginástica laboral, em estudos publicados nos últimos 15 anos.
Método
A revisão sistemática da literatura foi realizada a partir de pesquisas bibliográficas e adotou-se como critérios de inclusão artigos científicos publicados na íntegra, em português, inglês e espanhol, durante o período de 01 de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2015, e que discutiram e analisaram os resultados de programas de implantação de uma série de exercícios realizados durante e no local de trabalho, com objetivo de melhorar o desempenho (força e flexibilidade), os aspectos psicossociais e bem-estar dos trabalhadores e diminuir a percepção de fadiga e dor.
A seleção dos descritores em português e espanhol foi efetuada mediante consulta ao DeCS (Descritores em Ciências Saúde - Bireme), a busca dos descritores em inglês foi de acordo com os MeSH (Medical Subject Headings) Terms do Pubmed. Foram definidos os descritores em português (Ginástica OR Exercício AND Local de Trabalho), em espanhol (Gimnasia OR Ejercicio AND Lugar de Trabajo) em inglês (Gymnastics OR Gymnastic OR Exercise OR Exercises AND Workplace). A partir da definição da pesquisa, foram estabelecidos os critérios de inclusão e exclusão e quais as bases de dados eletrônicas seriam utilizadas para a pesquisa. Para a coleta das informações, utilizou-se a pesquisa avançada nas bases de dados eletrônica da Bireme, Medline via PubMed, Embase, Scopus e Web of Science, no período de janeiro a fevereiro de 2016.
Os critérios de inclusão adotados na seleção dos artigos consideraram a descrição da metodologia e dos instrumentos de avaliação utilizados nos programas de ginástica laboral, que apontassem a efetividade ou não de sua implantação. Inicialmente foi realizada a leitura dos títulos, a fim de verificar a
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adequação ao propósito dessa revisão. Em seguida, foram selecionados os estudos para leitura dos resumos.
Após a leitura dos resumos foram excluídos os artigos que tratavam de exercícios com equipamentos de academia, exercícios aeróbicos (caminhada ou corrida), de condicionamento físico, ou que continham programas de exercícios para perda de peso e controle de dislipidemias, hipertensão e diabetes ou que incluíam exercícios realizados fora do local e horário de trabalho. Na última etapa foi realizada a leitura integral dos trabalhos selecionados.
Na primeira fase da revisão foram encontrados 1980 estudos, os filtros adotados foram: adultos (19 anos +), período de 01 de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2015, idiomas português, inglês e espanhol.
A figura 1 apresenta um organograma que descrimina cada fase da estratégia utilizada para a seleção dos estudos encontrados.
Após a leitura e análise de 104 estudos na íntegra, foram selecionados para este trabalho 09 estudos, considerando-se o grau de evidencia e impacto da pesquisa, com base nos seguintes critérios: tamanho da amostra (superior a 100 sujeitos), instrumentos utilizados para a investigação, tipo de estudo (clínicos randomizados e controlado-ECR), ano e país de publicação e variáveis analisadas.
Figura 1 - Organograma com as fases da metodologia utilizada para seleção dos estudos incluídos na revisão sistemática.
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Tabela I - Artigos selecionados segundos critérios adotados revisão sistemática.
Autor (es) / Ano publicação
Instrumentos utilizados para a investigação
Variáveis analisadas Amostra
Andersen et al., 2010 [20]
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares; Internacional de Atividade Física; Auto Eficácia; Escala de Produtividade.
Dor, desconforto e intensidade nas regiões corporais;
NAF; Barreiras para a atividade física; Produtividade; Força muscular.
n=573 Trabalhadores de escritório
GI:476
GC:97
Zebis et al., 2011 [21]
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares;
Escala numérica (0-9) de intensidade de dor.
Dor ou desconforto; intensidade de dor no pescoço e região dos ombros.
n= 537
Técnicos de laboratório
GI: 282 GC:255
Andersen et al., 2012 [22]
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares;
Questionário DASH (Deficiência do braço, ombro e mão).
Sintomas e intensidade de dor; número de repetições dos exercícios e peso utilizados por semana.
n = 449
Trabalhadores de escritório
GI: 348
GC:101
Mongini et al., 2012 [23]
(Italia)
Diários para anotação de episódios de dor (referência).
Intensidade de dor; Utilização de analgésicos.
n= 1913
Trabalhadores do setor público
GI: 909
GC:972
Pedersen et al., 2013 [24]
(Dinamarca)
Questionário Auto Eficácia; Registro da realização dos exercícios; Percepção de dor; Escala numérica (0-9) de intensidade de dor.
Auto eficácia no cumprimento de exercícios de força; percepção e intensidade de dor.
n= 537 Técnicos de laboratório
GI: 282 GC:255
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Roessler et al., 2013 [25]
(Dinamarca)
Questionário Psicossocial de Copenhagen.
Fatores psicossociais; senso de comunidade e satisfação no trabalho.
n=427
Técnicos de laboratório
GI: 199
GC:228
Andersen & Zebis, 2014 [26]
(Dinamarca)
Escala de Borg; Questionário satisfação,
barreiras e facilitadores relacionados com o programa.
Número de treinamentos; esforço físico; satisfação, barreiras e facilitadores.
n= 132 Trabalhadores de escritório
G1:59
G2:57
Dalager et al., 2014 [27]
(Dinamarca)
Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares; Auto avaliação de saúde; Escala numérica (0-9) de intensidade de dor; Escala de desempenho e produtividade.
Auto avaliação da saúde e sintomas de dor musculoesqueléticas;
variáveis de desempenho e produtividade; força e resistência.
n= 571 Trabalhadores de escritório.
GI: 470
GC:101
Bredahl et al., 2015 [28]
(Dinamarca)
Questionário Internacional de Atividade Física; Estágios de mudança; Cumprimento autorreferido; Questões motivacionais; Percepção de dor; Escala Analógica Visual (0-10).
Estudo qualitativo de motivação e barreiras ao exercício físico no local de trabalho.
n= 573 Trabalhadores de escritório
GI:476
GC:97
GI: Grupo de intervenção; GC: Grupo controle: NAF: Nível Atividade Física. Resultados
Foram selecionados para esta revisão apenas estudos clínicos randomizados e controlados (ECR). Cinco estudos (55%) utilizaram escalas numéricas de dor, escala visual analógica e a escala de Borg (CR10) para avaliar a intensidade de dor percebida por região corporal. Em quatro estudos utilizaram o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), desenvolvido por Kuorinka et al., para identificar as regiões corporais com dor e desconforto muscular [29]. Em uma das pesquisas utilizou-se, também, o questionário
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Deficiência do Braço, Ombro e Mão (DASH), desenvolvido por Orfale et al. para medir a incapacidade física e sintomas dos membros superiores em indivíduos com incapacidade leve, moderada ou grave e distúrbios de extremidade superior [30].
Dois estudos utilizaram um questionário para avaliar a autoeficácia em relação a barreiras para a atividade física, o quanto os trabalhadores estavam convencidos de que eram capazes de cumprir a frequência e duração estipulada pelo programa e quais seriam as barreiras que poderiam interferir na adesão ao programa proposto. Os estágios de mudança de comportamento e o cumprimento do treinamento também foram variáveis controladas.
O Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) foi utilizado em dois estudos para determinar o nível de atividade física total e atividades de intensidade vigorosa durante o trabalho, transporte, tarefas domésticas ou jardinagem e de lazer, além de verificar o impacto do programa na motivação para a prática de exercícios.
As técnicas mais utilizadas nas intervenções realizadas foram de fortalecimento dos membros superiores, os quais foram avaliados por meio de testes de força de preensão manual e isométrica com dinamômetro (manual e digital) e testes de força máxima e submáxima para avaliação da resistência muscular. Nos estudos que incluíram exercícios de alongamento e relaxamento, foi utilizado o goniômetro como instrumento para medir a amplitude articular em graus.
Chama a atenção que, com a exceção de um estudo italiano, todas as pesquisas selecionadas para a produção deste artigo foram realizadas na Dinamarca, entre 2010 e 2015, e tiveram como principal objetivo verificar os efeitos fisiológicos e a eficácia da prática de exercícios de fortalecimento e alongamento na redução da percepção de dor e distúrbios musculoesqueléticos. Além dos exercícios físicos, algumas intervenções incluíram ajustes nos postos de trabalho, treinamento de ergonomia e campanhas motivacionais.
Também foi utilizada a avaliação de desempenho e produtividade para verificar mudanças na capacidade de trabalho e produtividade. Somente um estudo buscou avaliar o impacto dos exercícios físicos nos fatores psicossociais e satisfação no trabalho.
Discussão
As abordagens para a mensuração de dor incluem variados instrumentos, tais como: escalas verbais, numéricas, observacionais, questionários, autorregistros e respostas fisiológicas [31]. Nesta revisão, os estudos demonstraram o interesse de observar se a intervenção de exercícios, além de efeitos na diminuição de percepção de dor, poderia indicar uma redução da intensidade da dor musculoesquelética percebida e referida.
Para esta aferição foram utilizadas as Escala de Categoria Numérica (NRS), Escala de Borg (CR-10) e Escala Analógica Visual (VAS). Na escala de categoria numérica utilizada o indivíduo estima a sua dor numa escala de 0 a 9, com 0 representando “nenhuma dor” e 9 a “pior dor possível”. A escala
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numérica visual tem como vantagens a facilidade de ser utilizada, alta taxa de aderência, além de ser válida para vários contextos e tipos de dor.
Na Escala de Borg (CR-10), descritores verbais foram posicionados numa escala de razão de 0 a 10, sendo “absolutamente nada” (0), “extremamente fraco” (0,5), “muito fraco” (1), “fraco” (2), “moderado” (3), “forte” (5), “muito forte” (7) e “extremamente forte” (10). Inúmeros estudos têm investigado a fidedignidade e validade da Escala CR-10 de Borg, especialmente quando comparada com a VAS. A Escala de Borg foi considerada válida e fidedigna na avaliação de dor e nos valores extremos da dor durante exercícios físicos. As vantagens de administração da escala de Borg é sua fácil aplicação, simples de descrever, utiliza números e descritores verbais, mede uma variedade de tipos de dor, sintomas e sentimentos emocionais associados à dor. Uma das desvantagens é que depende da linguagem e sua validade e fidedignidade ainda não foram claramente estabelecidas para diferentes tipos de dor [31].
O questionário DASH foi desenvolvido para medir a incapacidade física e sintomas dos membros superiores em indivíduos com leve, moderada ou grave incapacidade e uma ampla variedade de distúrbios da extremidade superior [30]. Os itens informam sobre o grau de dificuldade no desempenho de atividades; a intensidade dos sintomas de dor, fraqueza, rigidez e parestesia; o comprometimento de atividades sociais; a dificuldade para dormir e o comprometimento psicológico [32].
O Questionário Nórdico Musculoesquelético (NMQ) foi desenvolvido por Kuorinka et al. a partir de um projeto financiado pelo Nordic Council of Ministers [29]. O objetivo deste projeto foi desenvolver e testar uma metodologia de questionário padronizado que permitisse comparações da coluna lombar, pescoço, ombro e queixas gerais na triagem de distúrbios musculoesqueléticos, em um contexto de ergonomia, serviços de saúde e ocupacional, para uso em estudos epidemiológicos. A ferramenta não foi desenvolvida para o diagnóstico clínico [33].
No estudo de tradução e validação para a versão brasileira, o questionário recebeu a denominação Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), com o objetivo de apresentar as relações entre morbidade osteomuscular e variáveis demográficas, ocupacionais e relativas a hábitos [34].
O QNSO possui um diagrama corporal de localização de dor, o que possibilita, de maneira simples, a identificação de sintomas musculoesqueléticos pelo trabalhador. Porém, exige que o trabalhador recorde dos sintomas como dor, formigamento e dormência nos últimos seis meses e na semana anterior. De acordo com Kuorinka et al., esse rastreio dos distúrbios musculoesqueléticos pode servir como uma ferramenta de diagnóstico para análise do ambiente de trabalho, estação de trabalho e projetos de design, já que localizar os sintomas pode indicar as causas [29].
Embora os questionários QNSO e DASH sejam instrumentos amplamente utilizados pela comunidade científica para avaliar a percepção de dor, desconforto muscular ou fadiga, fica claro que não foram desenvolvidos
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considerando a especificidade dos programas de ginástica laboral ou com objetivo de avaliar intervenções de programas de exercícios físicos.
Além do impacto dos programas de ginástica laboral na capacidade funcional, os estudos consideraram importante avaliar, também, os fatores organizacionais do trabalho que podem influenciar na aderência e impedir a participação do trabalhador na prática de exercícios físicos durante a jornada. O questionário de autoeficácia foi utilizado em dois estudos [20,28] para analisar, fundamentalmente, os fatores responsáveis pelo aumento da motivação para o cumprimento dos treinamentos, assim como as razões para o descumprimento e abandono. O questionário tem por objetivo o desenvolvimento de uma medida multidimensional da autoeficácia do exercício, o quão “confiante” o indivíduo está ou não para praticar atividade física e o programa de exercício proposto. A escala utilizada foi de cinco pontos, sendo 1 “De modo nenhum Confiante e 5 “Completamente Confiante”.
A teoria social cognitiva aponta a autoeficácia como o grau de confiança/crença que o indivíduo deposita na realização de determinada atividade ou na mudança de comportamento, como uma das variáveis importantes no processo de mudança de comportamento [35].
De acordo com Bredahl, em geral, os funcionários no local de trabalho possuem flexibilidade muito diferente no planejamento das tarefas, tornando fácil para alguns e difícil para outros participarem das intervenções. Aqueles que informaram maior flexibilidade no planejamento das tarefas, afirmaram que essa flexibilidade os mantêm motivados e torna possível o exercício durante a jornada de trabalho. Alguns participantes também mencionaram como barreiras para o baixo cumprimento do programa e desistência, a ausência do local de trabalho para reuniões, tarefas urgentes, prazos e imprevisibilidade (tarefas que tinham que ser resolvidas imediatamente). Enfatizaram que, em muitos casos, priorizaram o trabalho para evitar ficar muito para trás, pois havia a sensação que enquanto se exercitavam as tarefas se acumulavam. Nos fatores individuais, os participantes descreveram que a redução de dor no pescoço e região dos ombros, punho, parte inferior das costas e cabeça foi uma das principais motivações para a participação [28]. Para outros, a motivação para a participação foi o treinamento gratuito, a esperança de reduzir o número de dias de doença e realizar atividades sociais com os colegas de trabalho. A maioria informou que eles sofreram mudanças físicas, psicológicas e sociais, ganho de força e melhora da postura corporal durante a intervenção de exercícios físicos no local de trabalho.
Andersen & Zebis ressaltam a importância de alguns fatores contextuais como apoio e aprovação da administração superior para os trabalhadores participarem durante o horário de trabalho. O local de trabalho pode ser um ambiente social para encorajar e realizar exercícios físicos e promover saúde em conjunto com os colegas. Porém, as avaliações com um processo rigoroso são importantes para explicar os mecanismos do sucesso ou fracasso das intervenções de exercícios no local de trabalho, principalmente sobre a dor [26].
O principal desfecho encontrado nesta revisão sistemática foi que não há modelos padronizados para verificar a eficácia dos programas de ginástica
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laboral. Os estudos utilizaram diferentes modelos de questionários para avaliar a redução dos desconfortos musculoesqueléticos de acordo com o treinamento físico estabelecido (frequência, duração e intensidade), a influência da capacidade funcional no desempenho e produtividade, os aspectos ligados à organização do trabalho que possibilitam realizar pausas durante o expediente para a prática de exercícios e motivar os trabalhadores a adotar um estilo de vida mais ativo também nas horas de lazer.
Conclusão
A revisão sistemática evidenciou grande variedade de instrumentos para avaliar a eficácia dos programas de ginástica laboral no trabalho. Observou-se a diversidade dos métodos utilizados e a falta de uniformidade dos instrumentos padronizados, apesar das suas boas propriedades psicométricas. Desta forma evidencia-se na comunidade científica, bem como para os profissionais responsáveis pela aplicação dos programas, a necessidade de padronizar e validar um instrumento homogêneo de referência, com boas propriedades psicométricas e elaborado com o objetivo específico para avaliação dos programas de ginástica laboral.
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111
ANEXOS
1 – Parecer Consubstanciado do CEP
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ANEXO 1 – Parecer Consubstanciado do CEP
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