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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Aplicadas Mestrado em Engenharia de Produção e de Manufatura JULIANA RAQUEL DE MIRANDA PONTES CONTRIBUIÇÕES DO BUSINESS MODEL CANVAS PARA A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ORGANIZACIONAL CONTRIBUTIONS OF BUSINESS MODEL GENERATION FOR ORGANIZATIONAL PERFORMANCE EVALUATION LIMEIRA SP 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Aplicadas

Mestrado em Engenharia de Produção

e de Manufatura

JULIANA RAQUEL DE MIRANDA PONTES

CONTRIBUIÇÕES DO BUSINESS MODEL CANVAS PARA A AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO ORGANIZACIONAL

CONTRIBUTIONS OF BUSINESS MODEL GENERATION FOR ORGANIZATIONAL

PERFORMANCE EVALUATION

LIMEIRA – SP

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Aplicadas

Mestrado em Engenharia de Produção

e de Manufatura

JULIANA RAQUEL DE MIRANDA PONTES

CONTRIBUIÇÕES DO BUSINESS MODEL CANVAS PARA A AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO ORGANIZACIONAL

CONTRIBUTIONS OF BUSINESS MODEL GENERATION FOR ORGANIZATIONAL

PERFORMANCE EVALUATION

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências

Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a obtenção

do título de Mestra em Engenharia de Produção e

de Manufatura, na área de Pesquisa Operacional e

Gestão de Processos

Dissertation presented to the School of Applied

Sciences (FCA) of the University of Campinas in

partial fulfillment of the requirements for the

Master's Degree in Production and

Manufacturing Engineering, in the area of

Operational Research and Process Management

Orientadora: Profa. Dra. MURIEL DE OLIVEIRA GAVIRA ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELA ALUNA JULIANA

RAQUEL DE MIRANDA PONTES, E

ORIENTADA PELA PROFA. DRA.

MURIEL DE OLIVEIRA GAVIRA

LIMEIRA - SP

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Dissertação de Mestrado defendida por Juliana Raquel de Miranda Pontes e aprovada em 18 de

outubro de 2017 pela banca examinadora constituída pelos doutores:

Profa. Dra. Muriel de Oliveira Gavira

FCA – UNICAMP

Profa. Dra. Eliciane Maria da Silva

UNIMEP

Prof. Dr. Johan Hendrik Poker Junior

FCA- UNICAMP

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica da aluna.

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Dedico este trabalho a Deus e a

todos que direta ou indiretamente

influenciaram sua composição,

sejam eles, família ou professores.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Senhor Jesus, autor e consumador da minha fé, por me conceder vida, saúde, amor,

graça, oportunidades e realização de meus sonhos.

Aos meus pais, José e Vania, pelo exemplo, amor, educação, dedicação e paciência, e também aos

meus irmãos Vanessa e Gustavo pelo apoio.

Ao meu namorado, Marcelo, pelo carinho, ajuda e compreensão.

À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Muriel de Oliveira Gavira, por ter compartilhado comigo seus

conhecimentos, pelo seu esforço, apoio, compreensão, paciência e dedicação em toda a caminhada do mestrado.

Agradeço à Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e ao Curso de Mestrado em Engenharia de Produção e de Manufatura, do qual faço

parte, e também à Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP).

Agradeço aos professores com quem tive a oportunidade de aprender nas disciplinas do Mestrado,

especialmente com os professores Alessandro Lucas da Silva, Aníbal Tavares de Azevedo, Cristiano

Morini, Cristiano Torezzan e as professoras Andréa Leda Ramos de Oliveira, Carla Taviane Lucke da

Silva Ghidini, Ieda Kanashiro Makiya, Gisleiva Cristina dos Santos Ferreira (FT/UNICAMP) e Marta

Siviero Guilherme Pires (FT/UNICAMP).

Ao Prof. Dr. Johan Hendrik Poker Junior, à Profa. Dra. Eliciane Maria da Silva e ao Dr. Marcos

Augusto Francisco Borges pelas contribuições que deram ao participar da avaliação do meu trabalho.

Aos Especialistas que se dispuseram a contribuir com a pesquisa.

Aos colaboradores da Secretaria de Pós-graduação da Faculdade de Ciências Aplicadas da

Universidade Estadual de Campinas pela presteza, apoio e compreensão, especialmente ao colaborador Wagner F. Bertiz Soria.

À Prof.ª Vera Miranda, minha tia, por ter me apoiado prontamente, e ajudado com a revisão da dissertação.

À Prof.ª Cassiana Maria Reganhan Coneglian (FT/UNICAMP) por ter acreditado em meu sonho e

ter me ajudado nos primeiros contatos para iniciar o mestrado.

Ao professor Antônio Carlos Zambon (FT/UNICAMP) por ter contribuído para meus primeiros

passos no mestrado.

Ao professor Cleber Damião Rocco, responsável pelo exame de proficiência em idioma estrangeiro.

A todos e cada um que contribuíram com a minha formação acadêmica.

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RESUMO

No panorama atual de mercados globais, concorrência agressiva e novas tecnologias, torna-se

imperativo para os novos negócios ter uma eficiente gestão do desempenho. Os novos negócios

resultam da criação e captura de valor, tanto em organizações nascentes, como nas

estabelecidas. Para tanto, necessitam de avaliações regulares de seu desempenho, que são base

para melhorias e intervenções. A falta dessas avaliações contínuas pode impedir a detecção de

deficiências nos negócios criados e levá-los ao fracasso. Todavia, os sistemas de avaliação de

desempenho atuais são carentes de estrutura e linguagem adequadas e revelam lacunas

metodológicas para a avaliação de desempenho de tais organizações. Ainda, há carência de

sistemas de avaliação de desempenho organizacional que deem apoio para a mudança do

processo de pensamento linear e tradicional para um pensamento sistêmico. Ademais, a

literatura nacional mostra-se incipiente em relação aos trabalhos que envolvam o tema de

avaliação de desempenho em novos negócios. Uma ferramenta contemporânea que tem sido

utilizada para ajudar no (re)planejamento e desenvolvimento de estratégias organizacionais, no

desenho de novos negócios, é o Business Model Canvas (BMC) ou Modelo de Negócio Canvas.

Nesse contexto, esse trabalho tem o objetivo de identificar as contribuições do BMC para a

avaliação de desempenho organizacional em empresas que estão desenvolvendo novos

negócios ou reestruturando negócios existentes. Sob o ponto de vista de metodologia científica,

a pesquisa é aplicada, qualitativa, exploratória, com procedimentos técnicos de pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental e levantamento com consulta a especialistas. A pesquisa

mostrou que o BMC pode ser usado para avaliação de desempenho organizacional em empresas

nascentes ou que estão reformulando seu modelo de negócios. Sendo que suas principais

contribuições para a avaliação de desempenho são a facilidade de avaliar o desempenho

organizacional e de verificar inter-relacionamentos entre os indicadores; a visão sistêmica do

desempenho e das dimensões principais do negócio; a forma de gestão do desempenho mais

organizada, visual, agrupada em um único documento, a facilidade na escolha dos indicadores

pelas empresas que estão desenvolvendo negócios novos ou reestruturando negócios existentes,

ao sugerir um conjunto de 22 indicadores de múltiplas dimensões de desempenho

organizacional, de um total de 408 indicadores de desempenho organizacional levantado. Esse

trabalho é útil para empreendedores e gestores, uma vez que gerou conhecimentos para

aplicação prática na avaliação de desempenho organizacional em empresas que estão

desenvolvendo novos negócios ou reestruturando negócios existentes, como também para

complementar a literatura, uma vez que não foram encontradas nas pesquisas realizadas a

aplicação do BMC para a avaliação de desempenho.

PALAVRAS-CHAVES: Avaliação de desempenho organizacional, Modelos de negócios

Canvas, Indicador de desempenho, Visão sistêmica do desempenho, Empresas nascentes ou em

reformulação

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ABSTRACT

In the current scenario of global markets, rough competition and new technologies, it has

become imperative for new businesses to have efficient performance management. New

business results from generating and capturing value, both in newborn and established

organizations. Although, they need regular assessments of their performance, which are the

basis for improvements and interventions. The lack of continuous assessments can inhibit the

detection of deficiencies in the business created and lead to failure. However, the current

performance assessment systems lack of adequate structure, language and reveal

methodological gaps for the performance assessment of such organizations. Also, there is a

shortage of organizational performance evaluation systems that support the shift from the linear

and traditional thinking process to a systemic thinking. In addition, the national literature is

incipient in regards to the papers that involve the subject of performance evaluation in new

businesses. A contemporary tool that has been utilized to assist the (re) planning and

development of organizational strategies in the design of new business is the Business Model

Generation (BMG) or Canvas Business Model. In this context, this paper aims to identify the

contributions of BMG by assessing the organizational performance in companies which are

developing new business or restructuring existing businesses. From the point of view of

scientific methodology, the research is applied, qualitative, exploratory, and with technical

procedures of bibliographic research, documentary research and survey among specialists. The

research has shown that BMG can be used for assessing organizational performance in newborn

companies or that are reshaping their business model. Yours main contributions to the

performance evaluation are the easiness of evaluating the organizational performance and to

verify inter-relationships among the indicators; the systemic view of the performance and the

main dimensions of the business; the more organized, visual form of performance management,

grouped into a single document, the ease in choosing indicators by companies that are

developing new businesses, or restructuring existing businesses, by suggesting a set of 22

indicators of multiple organizational performance dimensions, a total of 408 indicators of

organizational performance raised. This paper is useful for entrepreneurs and managers, since

it generated knowledge for practical application in the evaluation of organizational performance

in companies that are developing new businesses or restructuring existing businesses, as well

as to complement the literature, since they were not found in the researches carried out

the BMG's application for performance evaluation.

KEYWORDS: Organizational Performance Evaluation, Business Model Generation,

Performance indicator, Systemic view of the performance, New business or restructuring

existing businesses

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - O quadro do BMC .............................................................................................. 44

Figura 2 - Inter-relação entre os blocos do BMC ................................................................. 45

Figura 3 - Inter-relação entre as quatro questões do BMC ................................................... 46

Figura 4 - Os nove blocos do BMC e seus respectivos tipos, categorias e motivações ......... 50

Figura 5 - Enquadramento metodológico da pesquisa .......................................................... 56

Figura 6 - Origem do portfólio bibliográfico ....................................................................... 58

Figura 7 - Detalhamento do portfólio bibliográfico ............................................................. 59

Figura 8 - Temporalidade do portfólio bibliográfico ............................................................ 59

Figura 9 - Esquema sintético da construção do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio ............................................................................................................................... 60

Figura 10 - Síntese das etapas de construção do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio ............................................................................................................................... 62

Figura 11 - Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio .................................................. 67

Figura 12 - Ilustração do BMC com a sobreposição das informações compiladas (pilares,

questões, blocos, lados e foco) ............................................................................................. 76

Figura 13 - Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio revisado pelos especialistas.. 84

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Características e diferenças entre Dados, Informações e Indicadores....................23

Quadro 2 – Correspondência entre as classificações de Pavani e Scucuglia (2011) e do Guia

Referencial para Medição de Desempenho e Manual para a Construção de Indicadores (2009) .......25

Quadro 3 – Resumo dos conceitos sobre indicador de desempenho e suas classificações........26

Quadro 4 - Comparação entre os sistemas de medição de desempenho com os sistemas de

avaliação de desempenho..........................................................................................................32

Quadro 5 – Síntese dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional pesquisados.....35

Quadro 6 – Limitações específicas dos quatro sistemas de avaliação de desempenho..............39

Quadro 7 – Sintetização dos conceitos de cada bloco do BMC.................................................49

Quadro 8 – Questões de auxílio para preenchimento do BMC..................................................51

Quadro 9 – Pontos de partida nos Modelos de Negócios..........................................................53

Quadro 10 – Período e Autores da seleção de indicadores........................................................70

Quadro 11 – Alinhamento e Inter-relação dos indicadores de desempenho organizacional no

BMC ......................................................................................................................... ................72

Quadro 12 – Indicadores de desempenho inter-relacionados por bloco do Canvas de Avaliação

de Desempenho do Negócio..................................................................................................... .73

Quadro 13 – Indicadores de desempenho inter-relacionados por Pilar do Canvas de Avaliação

de Desempenho do Negócio..................................................................................................... .74

Quadro 14 – Indicadores de desempenho inter-relacionados por Lado, Concentração,

Equivalência com o lado cerebral, Foco do lado e Questão do Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio........................................................................................................ ...74

Quadro 15 – Análise da consolidação da estrutura de sustentação do BMC.............................77

Quadro 16 – Principais limitações específicas de sistemas de avaliação de desempenho

organizacional............................................................................................................... ............79

Quadro 17 – Correspondência entre as limitações nos sistemas de avaliação de desempenho

organizacional e os blocos do BMC...........................................................................................80

Quadro 18 – Caracterização dos Especialistas de Mercado (EM).............................................81

Quadro 19 – Caracterização adicional dos Especialistas de Mercado (EM).............................81

Quadro 20 – Caracterização dos Especialistas Acadêmicos (EA)............................................82

Quadro 21 – Importância dos indicadores para cada bloco, conforme os especialistas.............83

Quadro 22 – Sugestão de novos indicadores para os blocos do BMC.......................................86

Quadro 23 – Quantidade de novos indicadores por Lado, Concentração, Equivalência com o

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lado cerebral, Foco do lado e Questão do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio....87

Quadro 24 – Sugestões de novos indicadores, temas e de compartilhamento de indicadores

entre os blocos pelos especialistas e suas frequências................................................................88

Quadro 25 – Síntese das respostas objetivas sobre o uso do Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio e respectivas frequências...................................................................93

Quadro 26 – Vantagens do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio e respectivas

frequências................................................................................................................................95

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APO – Administração por Objetivos

BI – Business Intelligence

BMC – Business Model Canvas

BMG – Business Model Generation

BSC – Balanced Scorecard

BSI – Balanced Scorecard Institute

CEO – Chief Executive Officer

CI – Capital Intelectual

EA – Especialistas Acadêmicos

ECIS – European Conference on Information Systems

EM – Especialista de mercado

EVA – Valor Econômico Adicionado

FNQ – Fundação Nacional da Qualidade

IDPMS – Integrated and Dynamic Performance Measurement System

KPI – Key Performance Indicator

MADE-O – Modelo de Avaliação do Desempenho Organizacional

MQMD – Modelo Quantum de Medição do Desempenho

OECD – Organization for Economic Cooperation and Development (Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico)

PEMP – Progresso Efetivo e Medição de Performance

PMQ – Performance Measure Questionnaire

PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade

PP – Performance Prism

ROA – Rentabilidade do Ativo

ROI – Retorno sobre o capital investido

SCD – Sete Critérios de Desempenho

SMART – Strategic Measurement and Reporting Technique

TIR – Taxa interna de retorno

TOC – Teoria das Restrições

TQM – Gestão da Qualidade Total

VCS – Value Chain Scoreboard

VE – Value Explorer

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15

1.1. Objetivos ...................................................................................................................... 18

1.2. Justificativa ................................................................................................................... 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 21

2.1. Desempenho Organizacional ......................................................................................... 21

2.1.1. Indicadores de desempenho.................................................................................... 22

2.1.2. Avaliação de Desempenho Organizacional............................................................. 27

2.1.3. Sistemas de avaliação de desempenho organizacional ............................................ 30

2.1.3.1. Levantamento dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional ............ 33

2.1.4. Pressupostos teóricos sobre o Desempenho Organizacional.................................... 39

2.2. Modelo de negócios e Business Model Canvas (BMC) .................................................. 41

2.2.1. Modelo de negócios ............................................................................................... 41

2.2.2. Business Model Canvas (BMC) ............................................................................. 42

2.2.3. Pressupostos teóricos sobre o Modelo de Negócios e Business Model Canvas ........ 53

3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 55

3.1. Enquadramento metodológico ....................................................................................... 55

3.2. Método para revisão de bibliográfica e documental ....................................................... 57

3.3. Método para desenvolvimento do BMC como ferramenta para avaliação de desempenho

organizacional ...................................................................................................................... 60

3.4. Método para a pesquisa de campo ................................................................................. 65

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 69

4.1. Bases para desenvolvimento e uso do BMC como ferramenta para avaliação de

desempenho organizacional ................................................................................................. 69

4.1.1. Qualidade dos indicadores de desempenho organizacional ..................................... 69

4.1.2. Alinhamento e Inter-relação dos indicadores de desempenho organizacional.......... 71

4.1.3. Visual thinking, Visão sistêmica e simplicidade ..................................................... 75

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4.1.4. Limitações atendidas por meio da ferramenta para apoio à avaliação de desempenho

organizacional ...................................................................................................................... 78

4.2. Validação da extensão do BMC como ferramenta de apoio à avaliação de desempenho

organizacional ...................................................................................................................... 80

4.2.1. Perfil dos Entrevistados e informações sobre a amostra .......................................... 80

4.2.2. Validação dos indicadores de desempenho do Canvas de Avaliação de Desempenho

do Negócio .......................................................................................................................... 82

4.2.3. Facilidades e vantagens do uso do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio............................................................................................................................. ........92

4.2.4. Compilação das contribuições do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio............................................................................................................................. ........96

5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 98

6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 101

7. APÊNDICES .............................................................................................................. 112

8. ANEXOS .................................................................................................................... 119

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1. INTRODUÇÃO

Na era da informação, a revolução digital, os mercados globais, a ampla

concorrência e os novos cenários econômicos, expõem as organizações à incerteza sobre se e

quando irão atingir seus objetivos pretendidos.

“Para alcançar sucesso sustentado em um ambiente de contínua mudança e incerto,

é necessário que a organização monitore regularmente, meça e analise o seu desempenho”

(NBR ISO 9004:2010, p. 12), ou seja, tenha um sistema formal e contínuo de avaliação de

desempenho.

O desempenho organizacional está relacionado à superação em eficácia e a

eficiência em relação a si mesmo (auto superação) e aos concorrentes, o que resulta em custos

unitários médios mais baixos, e requer a entrega de maior valor aos clientes, a qual possibilita

a cobrança de preços unitários médios mais altos (MINTZBERG et al., 2006).

O indicador de desempenho é o tradutor desse desempenho, assim, ao estarem bem

definidos facilitam o controle da organização e se torna um princípio fundamental de gestão ao

identificar lacunas e avaliar a real importância do processo de gestão (FERNANDES, 2004;

RAKAR; JOVAN, 2004; MUCHIRI et al., 2010).

O bom desempenho de um conjunto de indicadores de desempenho que alimente

qualquer uma das funções do processo administrativo (planejamento, organização, direção e

controle), interfere na gestão e na perenidade do negócio (FERNANDES, 2004). Isso porque,

segundo Simons (2000), esse conjunto de indicadores de desempenho que é output do processo

de avaliação de desempenho, e parte da função administrativa de controle, constitui-se input

para a tomada de decisão nas funções do processo administrativo de planejamento, organização,

direção e na própria função de controle, provendo suporte para a educação e aprendizado

organizacional.

Quando esse conjunto de indicadores de desempenho é utilizado para analisar a

eficiência e efetividade das ações na avaliação de desempenho, forma o sistema de avaliação

de desempenho (NEELY et al., 2000).

Nesse sistema de avaliação de desempenho, o ideal é que seus indicadores sejam

instrumentos capazes de auxiliar na definição do planejamento estratégico e na consequente

determinação das estratégias organizacionais (CALLADO; CALLADO; ALMEIDA, 2007).

Esse processo ocorre da seguinte forma, conforme Lacombe e Albuquerque (2008): a estratégia

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organizacional é desdobrada em políticas, a partir das quais se desenvolvem as práticas, que

são desmembradas em objetivos, os quais são fonte para a definição dos indicadores. Assim,

Graeml (2000) afirma que o sistema de avaliação de desempenho, ao relacionar-se com a

eficiência e efetividade das ações, forma um elo entre as estratégias e as práticas

organizacionais.

Barney (2011) observa que ao ligar-se com a estratégia, o sistema de avaliação de

desempenho vincula-se com as práticas organizacionais de determinação da oferta de novos

produtos, serviços e tecnologias; adoção de canais de distribuição, comunicação e pós-vendas;

definição da forma de relacionamento com o segmento de clientes escolhido, entre outros.

Assim, o sistema de avaliação de desempenho permite a mensuração do grau de realização

estratégica e a construção de ciclos de feedbacks para as outras funções do processo

administrativo, tais como planejamento, organização e direção.

Os feedbacks dos resultados estratégicos para a função do processo administrativo

de planejamento, conforme Osterwalder e Pigneur (2011), são um desafio tanto para

empreendedores, quanto para organizações estabelecidas.

Para os empreendedores, o novo negócio configura-se na formação de uma nova

organização. No caso de organizações estabelecidas, a tarefa é igualmente desafiadora, e inclui

não só gerenciar os novos negócios, provenientes de reestruturação ou não, mas também manter

os negócios existentes (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Por conseguinte, tanto empresas

nascentes, como empresas já constituídas, desenvolvem novos negócios.

Segundo Osterwalder e Pigneur (2011), os novos negócios resultam da criação e

captura de valor, que ocorre por meio das seguintes motivações: satisfação das necessidades de

mercado não atendidas; inserção de novas tecnologias, novos produtos ou serviços ao mercado;

ajuste, aprimoramento ou adaptação do negócio ao ambiente; aprimoramento ou transformação

de um mercado existente com um modelo de negócios melhor; e criação de um mercado

inteiramente novo.

Devido ao nível de incerteza, novos negócios necessitam de avaliações regulares e

constantes de seu desempenho, que são base para melhorias e intervenções. A falta dessas

avaliações contínuas pode impedir a detecção de deficiências nos negócios criados e levá-los

ao fracasso (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).

Dessa maneira, os sistemas de avaliação de desempenho tornam-se particularmente

importantes, especialmente para organizações que estão implantando ou reestruturando

negócios. Isso porque, de acordo com Garengo, Biazzo e Bititci (2005), são úteis para apoiar o

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desenvolvimento gerencial exigido e atender a complexidade de mercado cada vez mais

crescente, apoiando o crescimento sustentável dos novos negócios, como também para estender

o tempo de vida do negócio por meio de análises e melhorias contínuas, até que ele precise de

uma renovação completa (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).

Todavia, Osterwalder e Pigneur (2011), em concordância com Garengo, Biazzo e

Bititci (2005), afirmam que há carência de sistemas de avaliação de desempenho organizacional

que deem apoio para a mudança do processo de pensamento linear e tradicional para um

pensamento sistêmico.

Assim, é necessário repensar a forma como é pesquisado o tema avaliação do

desempenho, a fim de adotar uma abordagem baseada em visão sistêmica, reconhecendo sua

natureza integrada e baseada em sistemas, cujas partes são inter-relacionadas e afetam umas às

outras de maneira holística e não linear (BITITCI et. al, 2012; RANTANEN; HOLTARI, 2000;

BARNES et. al, 1998).

Ademais, os novos negócios normalmente apresentam as informações de

desempenho da mesma maneira que coletam os dados, isto é, usando tabelas, em vez de

formas gráficas, o que dificulta a interpretação da informação (ANTONELLI;

PARBONETTI, 2002; HUDSON; SMART; BOURNE, 2001; BARNES et. al, 1998).

Similarmente, Cocca e Alberti (2010) afirmam que a apresentação dos resultados é melhor

relatada em formas gráficas e visuais, para proporcionar uma análise mais eficaz e que

permite que os responsáveis se concentrem em fatores-chave de desempenho e tomem

rapidamente decisões. Esses autores acrescentam que os sistemas de avaliação de

desempenho devem ser sintéticos, agrupados em poucos documentos, organizando sua

apresentação, caso contrário, o esforço necessário para medir torna-se maior do que o

benefício obtido, corroborando com Hudson, Smart e Bourne (2001).

Outro fator apontado é que no caso dos novos negócios, os sistemas de avaliação

de desempenho atuais são carentes de estrutura e linguagem fáceis (OSTERWALDER;

PIGNEUR, 2011; GARENGO; BIAZZO; BITITCI, 2005). Cocca e Alberti (2010) e Hudson,

Smart e Bourne (2001) também reconhecem que os sistemas de avaliação de desempenho

devem ser fáceis com um todo, para qualquer negócio.

Outro fato destacado é que em decorrência da carência de visão sistêmica nos

sistemas de avaliação de desempenho, os indicadores de desempenho implementados nos novos

negócios raramente são inter-relacionados ou integrados (COCCA; ALBERTI, 2010;

GARENGO; BIAZZO; BITITCI, 2005).

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Motta e Imoniana (2005), ressaltam que ainda existem lacunas metodológicas para

avaliação do desempenho nos novos negócios. Na mesma linha, Casado (2012) afirma que a

literatura nacional mostra-se incipiente em relação aos trabalhos que envolvam o tema de

avaliação de desempenho em novos negócios.

Uma ferramenta contemporânea que tem sido utilizada para ajudar no

(re)planejamento e desenvolvimento de estratégias organizacionais e no desenho de novos

negócios, é o Modelo de Negócio Canvas (Business Model Canvas, BMC).

O BMC é um quadro pré-formatado com nove blocos inter-relacionados, com

decisões estratégicas sobre propostas de valor, segmentos de clientes, relacionamentos com

clientes, canais (de comunicação, vendas, distribuição e pós-vendas), atividades-chave,

recursos-chave, parcerias-chave, estrutura de custos e fontes de receita. Suas principais

vantagens são: visual thinking, a visão sistêmica, a cocriação, a simplicidade e a aplicabilidade.

(OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).

Esta pesquisa estuda a possibilidade de estender a utilização do BMC para a

avaliação de desempenho organizacional, adaptando-o para utilização neste outro contexto,

assunto não encontrado na literatura pesquisada.

Considerando a relevância da avaliação de desempenho e unindo as vantagens

proporcionadas pelo BMC, tem-se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as contribuições do

Business Model Canvas (BMC) para a avaliação de desempenho organizacional em

empresas que estão desenvolvendo novos negócios ou reestruturando negócios existentes?

1.1. Objetivos

Nesse contexto, o objetivo geral do trabalho consiste em identificar as contribuições

do Business Model Canvas (BMC) para a avaliação de desempenho organizacional em

empresas que estão desenvolvendo novos negócios ou reestruturando negócios existentes.

Os objetivos específicos dessa pesquisa são:

a. Fazer um levantamento exploratório dos sistemas de avaliação de desempenho

organizacional existentes na literatura e em documentos de organizações

especializadas;

b. Levantar indicadores de desempenho organizacional na literatura e documentos

de organizações especializadas;

c. Criar uma ferramenta para apoio à avaliação de desempenho organizacional, a

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19

partir da sugestão de um conjunto de indicadores alinhados aos conceitos de cada

um dos blocos do BMC. Essa ferramenta foi nomeada por esta pesquisa de

Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio;

d. Validar a extensão do BMC como ferramenta de apoio à avaliação de

desempenho organizacional;

e. Estudar a existência de inter-relacionamentos entre os indicadores da nova

ferramenta;

f. Sugerir um conjunto de indicadores de avaliação de desempenho organizacional

que podem ser escolhidos pelos negócios novos ou em reestruturação.

1.2. Justificativa

Este trabalho justifica-se, sobretudo, por analisar se o BMC, ferramenta típica da

função de planejamento do processo administrativo, traz contribuições ao ser usado no processo

administrativo de controle para a avaliação de desempenho organizacional. Outrossim,

justifica-se pela importância que o tema de avaliação de desempenho tem para as organizações,

de qualquer setor, especialmente para as que estão desenvolvendo novos negócios ou

reestruturando negócios existentes.

A pesquisa é importante para identificar se e como o BMC, em especial seu

conceito, forma de uso e estrutura visual, pode auxiliar para a avaliação de desempenho

trazendo contribuições como:

facilidade na escolha de indicadores para os blocos, uma vez que foi feita uma

sugestão de um conjunto de indicadores (múltiplas dimensões de desempenho);

utilização de indicadores financeiros e não-financeiros;

emprego de indicadores estratégicos, como de proposta de valor, que ainda têm

sido negligenciados pela maioria das organizações e sistemas de avaliação de

desempenho, conforme literatura pesquisada;

aplicação na fase do processo administrativo de controle, da mesma

estrutura/ferramenta que pode ter sido usada na fase de planejamento para

desenvolver o modelo de negócios, em organizações de vários tamanhos e

setores;

gestão do desempenho mais fácil, visual e agrupada em um único do documento;

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20

visão sistêmica do desempenho, possibilitando o entendimento da empresa como

um todo frente a seus stakeholders.

Nesse sentido, o trabalho é útil para avaliação de desempenho de novos negócios,

tanto em organizações nascentes, como naquelas estabelecidas que estão reestruturando seus

negócios e traz um conjunto de sugestões sobre indicadores de desempenho organizacional para

empreendedores, gestores e pesquisas acadêmicas.

O capítulo 2 apresenta o Referencial Teórico utilizado no trabalho. O capítulo 3

detalha o método, seguido do capítulo 4 que apresenta os Resultados e Discussão e do capítulo

5 que traz a Conclusão.

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21

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta o referencial teórico sobre os temas Desempenho

Organizacional, Modelo de Negócios, e Business Model Canvas (BMC).

A primeira seção do capítulo, abrange o desempenho organizacional, que contém

os temas indicadores de desempenho, avaliação de desempenho organizacional e sistema de

avaliação de desempenho. Assim, discute-se o termo indicador e suas classificações, a relação

entre avaliação de desempenho e indicadores de desempenho e os benefícios da avaliação de

desempenho organizacional. E, por fim é feito um levantamento bibliográfico e documental dos

sistemas de avaliação de desempenho, depois de abordar a evolução geral deles.

Na segunda seção do capítulo 2, apresenta-se o Modelo de Negócios e o Business

Model Canvas (BMC).

2.1. Desempenho Organizacional

Essa seção tem como objetivo abordar três temas inter-relacionados: indicadores de

desempenho, avaliação de desempenho organizacional e sistemas de avaliação de desempenho.

O primeiro tema, indicadores de desempenho, é útil para o levantamento

exploratório de indicadores, a sugestão de indicadores para compor o Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio, além da sugestão de um conjunto de indicadores alternativos que

podem ser escolhidos pelos negócios novos ou em reestruturação.

O segundo tema, avaliação de desempenho organizacional, é importante para a

definição do assunto e sua importância, objetivando a formação de uma base para a criação do

Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, como ferramenta para a avaliação de

desempenho.

O terceiro tema, visa a análise de sistemas de avaliação de desempenho

organizacional, por meio de um levantamento exploratório, e avaliação de oportunidades de

melhorias neles.

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22

2.1.1. Indicadores de desempenho

A avaliação e o controle de desempenho organizacional, fazem parte da função de

controle do processo administrativo, estão inseridos no processo de gestão estratégica, uma vez

que é conforme os resultados de desempenho real que o gestor adequa a formulação ou a

implantação de sua estratégia.

O processo de avaliação de desempenho implica indicadores. Indicadores de

desempenho são úteis para auxiliar na medição da extensão na qual a organização está

conseguindo realizar aquilo a que se propõe e assim definir precisamente o desempenho em

planos estratégicos implementados, por meio das medições, controle e monitoramento de

determinadas variáveis,

O dicionário Michaelis (2017) define o termo indicador como aquele que orienta

sobre qualquer providência a ser tomada. Hammond et al. (1995) afirmam que o termo

indicador é originário do verbo indicare, que traduzido do latim significa descobrir, apontar,

anunciar, estimar.

Todavia, há várias definições para indicadores de desempenho. A Fundação

Nacional da Qualidade (2012) afirma que o número de definições deste termo excede a

trezentos e vinte conceitos.

Para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD,

1993), deve-se entender um indicador como um parâmetro, ou valor derivado de parâmetros

que apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno.

Sob o ponto de vista de Neely, Gregory e Platts (2005), o indicador de desempenho

é a métrica usada para quantificar a eficiência e/ou eficácia de uma ação. Sendo que a eficiência

é a relação entre os produtos gerados/resultados alcançados e os recursos empregados, se

relaciona com o output e o input (conceito de produtividade: fazer mais com a menor quantidade

possível de recurso); a eficácia é a extensão na qual atividades planejadas são realizadas e

resultados planejados são alcançados, ou seja, relaciona-se com a quantidade e qualidade dos

benefícios entregues ao usuário, assim está ligada ao próprio produto do processo (saída/output)

(FNQ, 2012).

Conforme a FNQ (2012, p. 4), indicador ou indicador de desempenho “é uma

informação quantitativa ou qualitativa que expressa o desempenho de um processo, em termos

de eficiência, eficácia ou nível de satisfação e que, em geral, permitem acompanhar sua

evolução ao longo do tempo e compará-lo com outras organizações”.

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O Balanced Scorecard Institute (BSI, 2017) define indicadores de desempenho,

chamados por eles de indicador-chave de desempenho (KPIs - Key Performance Indicator)

como medidas de desempenho que indicam o progresso em direção a um resultado desejável e

são usados para monitorar a implantação e eficácia das estratégias de uma organização,

determinar a diferença entre o desempenho real e planejado e determinar a eficácia da

organização e eficiência operacional.

Para conceituar os indicadores de desempenho, Pavani e Scucuglia (2011) fazem a

diferenciação entre dados, informações e indicadores, conforme o Quadro 1. A classificação

feita por meio desta graduação apontada por Pavani e Scucuglia (2011), permite notar que os

indicadores localizam-se em instâncias superiores às dos dados e das informações.

Quadro 1 – Características e diferenças entre Dados, Informações e Indicadores

Tipo Dados Informações Indicadores

Característica

principal:

É a menor instância de uma

estrutura de indicadores e sem o

qual nada mais existirá.

Soma de determinados

dados perante certo

interesse temporal.

Existência de fórmulas mais

complexas para seu cálculo

que preconizam, no mínimo,

uma razão (conta de dividir)

entre duas informações.

Manipulação: Disponível para manipulação

no banco de dados e

parametrizados conforme certa

lógica e interesse temporal.

Organizados e já

manipulados em primeiro

nível por meio de somas.

Manipulados

matematicamente através de

fórmulas (divisão).

Formato: Abundantes e armazenados em sua totalidade.

Selecionados em formatos de telas e/ou relatórios.

Parametrizados em formatos de gráficos lineares.

Viabilizados

por meio de:

Coleta de dados. Softwares gerenciais. Regras de contagem.

Foco: Não têm foco na tomada de

decisão ou na gestão.

Foco abrangente e

dispersivo, melhora em

algum grau a qualidade da

tomada de decisão.

Foco no que é relevante para

a tomada de decisão, uma

vez que possui maior

qualidade do que as

informações ou os dados.

Exemplos: - O registro do valor de uma

única Nota Fiscal,

- O registro de uma única

reclamação de cliente.

- Faturamento mensal (uma

mera SOMA de diversas

notas fiscais mediante certo

período),

- Quantidade de

reclamações mensais (uma SOMA de diversos

registros de reclamações

individuais mediante certo

período)

- Rentabilidade (cálculo que

usa uma fórmula matemática

sofisticada para subtrair o

faturamento final do

faturamento inicial de um

período estabelecido que se divide pelo faturamento final

do mesmo período,

- Faturamento per capita

(resultado da divisão do

faturamento de um

determinado período pela

quantidade de pessoas da

força de trabalho da empresa

no mesmo período).

Fonte: Elaborado pela autora com base em Pavani e Scucuglia (2011).

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24

Essa classificação feita por Pavani e Scucuglia (2011), colabora para a formação do

conceito de indicador adotado na pesquisa, assim como a classificação dos indicadores em

simples ou compostos, elaborada pelo Guia Referencial para Medição de Desempenho e

Manual para a Construção de Indicadores (2009), elaborado pelo Ministério do Planejamento,

Orçamento e Gestão, conforme a seguir.

O indicador simples representa um valor numérico (uma unidade de medida)

atribuível a uma variável. Normalmente é utilizado para medir eficácia, por exemplo, a

quantidade de determinado produto ou serviços entregues a um cliente. A desvantagem dessa

espécie de indicador é que, por não ser uma relativização, pode dar margem a interpretações

errôneas.

O indicador composto expressa a relação entre duas ou mais variáveis, ou seja, é o

resultado do quociente entre duas informações diferentes. De acordo com a FNQ (2012, p. 14),

o resultado relativizado facilita comparações, inclusive com outras organizações.

Segundo o Guia Referencial para Medição de Desempenho e Manual para a

Construção de Indicadores (2009), estes indicadores compostos podem ser subdivididos em

quatro tipos, de acordo com as relações entre as variáveis que os constituem e a forma como

são calculadas:

a) Proporção ou Coeficiente: É o quociente entre duas grandezas tal que uma inclui

a outra. Esse quociente é também chamado de coeficiente e representa a razão entre

o número de ocorrências e o número total (número de ocorrências mais o número

de não ocorrências). É o mesmo que dizer que é a razão entre o número de casos

pertencentes a uma categoria e o total de casos considerados.

b) Razão ou Índice: é a razão entre duas grandezas tal que uma não inclui a outra,

ou seja, é a divisão entre o número de casos pertencentes a uma categoria e o número

de casos pertencentes a outra categoria. O quociente resultante é também nomeado

de índice. As proporções ou coeficientes (item a) representam um tipo particular de

razão. Entretanto, o termo razão é usado normalmente quando as duas grandezas

representam categorias separadas e distintas.

c) Porcentagem: é o resultado da multiplicação por 100 do quociente obtido a partir

do cálculo das proporções (item a) ou índices (item b). As porcentagens e

proporções têm por objetivo principal criar comparações relativas destacando a

participação de determinada parte no todo.

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25

d) Taxa: São as proporções (item a) ou índices (item b) multiplicados por uma

potência de 10 e seus múltiplos para melhorar a compreensão do indicador.

Ainda conforme o mesmo Guia Referencial para Medição de Desempenho e

Manual para a Construção de Indicadores (2009), para facilitar a análise crítica do desempenho

e identificar o comportamento esperado do indicador, isto é, quando ele está aumentando

(maior-melhor), diminuindo (menor-melhor) ou permanecendo o mesmo (igual-melhor),

utiliza-se a fórmula de cálculo e a unidade de medida como subsídios.

Correlacionando as classificações de Pavani e Scucuglia (2011) com as do Guia

Referencial para Medição de Desempenho e Manual para a Construção de Indicadores (2009),

forma-se o Quadro 2.

Quadro 2 – Correspondência entre as classificações de Pavani e Scucuglia (2011) e do Guia

Referencial para Medição de Desempenho e Manual para a Construção de Indicadores (2009)

Nomenclatura Fonte

Dados Informações Indicadores Pavani e Scucuglia (2011)

Indicadores simples Indicadores Compostos Guia Referencial para Medição de Desempenho e

Manual para a Construção de Indicadores (2009)

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa bibliográfica.

Classificando os conceitos de indicador de desempenho apresentados anteriormente

e pesquisados em OECD (1993), Neely, Gregory e Platts (2005), FNQ (2012) e Kaplan e Norton

– BSI (Balanced Scorecard Institute) (2017), conforme Pavani e Scucuglia (2011) e o Guia

Referencial para Medição de Desempenho (2009) simultaneamente, apresentados

sinteticamente no Quadro 3, não fica claro nos conceitos a necessidade da relativização por

meio de fórmulas de cálculo, no mínimo de uma divisão entre variáveis, o que acarretou a

classificação dos conceitos pesquisados como “informação” e “indicador simples”

respectivamente.

Entretanto, para corresponder clara e simultaneamente às classificações de

“indicador” de Pavani e Scucuglia (2011) e de “indicador composto” do Guia Referencial para

Medição de Desempenho (2009), foi elaborada uma definição do termo indicador de

desempenho, que funde e complementa as definições pesquisadas, deixando claro no conceito

principalmente que o indicador é o resultado relativizado. Essa complementação no termo,

decorre da busca das vantagens já citadas, a saber: que o indicador tenha foco no que é relevante

para a tomada de decisão (classificação de “indicador”) e que proporcione maior qualidade para

a avaliação de desempenho e facilidade de comparações, inclusive com outras organizações

(classificação de “indicador composto”).

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26

A definição elaborada e adotada na pesquisa é: indicador de desempenho é um

resultado mensurável, obtido por meio de fórmulas de cálculo, no mínimo de uma razão entre

duas ou mais variáveis de natureza qualitativa ou quantitativa, que registram a eficácia ou a

eficiência de estratégia(s), indivíduo(s), processo(s), sistema(s) ou organização(ções), e

apontam suas modificações no tempo e/ou espaço, conforme apresentado sinteticamente na

última coluna do Quadro 3.

Quadro 3 – Resumo dos conceitos sobre indicador de desempenho e suas classificações

Autores da literatura pesquisada Definição

elaborada neste

trabalho

(2017)

OECD

(1993)

Neely,

Gregory e

Platts (2005)

FNQ

(2012)

Kaplan e

Norton – BSI

(2017)

Objetivo

Apontar e

Fornecer

informações

Quantificar

Acompanhar

evolução ao longo

do tempo e,

Comparar com

outras

organizações

Indicar o

progresso em

direção a um

resultado

desejável

Expressar a

relação entre duas

ou mais variáveis

de natureza

qualitativa ou

quantitativa

Tipo da

variável

Parâmetro

Valor

Métrica

Informação

qualitativa

e quantitativa

Medidas de

Desempenho

Resultados

mensuráveis

(quociente)

Objeto de

análise

Eficiência de

uma ação

Eficiência (recursos) de um

processo

Eficiência

operacional

Eficiência de

estratégia(s), indivíduo(s),

processo(s),

sistema(s) ou

organização(ções)

Eficácia de

uma ação

Eficácia

(resultados) de

um processo

Eficácia da

organização

Eficácia de

estratégia(s),

indivíduo(s),

processo(s),

sistema(s) ou

organização(ções)

Nível de

satisfação em relação a um

processo

Monitoramento

da implantação

e da eficácia das estratégias

Diferença entre

o desempenho

real e planejado

Acompanha-

mento

Estado atual

Acompanhar

evolução no

tempo (passado,

presente e futuro)

Estado atual Apontar as

modificações no

tempo (passado,

presente e futuro)

e/ou no espaço

Estado

futuro Estado futuro

Classificação de

Pavani e

Scucuglia (2011)

Informação Informação Informação Informação Indicador

Classificação Guia

Referencial

Medição de

Desempenho (2009)

Indicador

Simples

Indicador

Simples Indicador Simples

Indicador

Simples

Indicador

Composto

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa bibliográfica.

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27

Portanto, o Quadro 3 apresenta a síntese da compilação das definições sobre

indicador de desempenho encontradas nas literaturas pesquisadas, juntamente com a definição

elaborada neste trabalho, além da análise do termo em relação às classificações de Pavani e

Scucuglia (2011) e do Guia Referencial para Medição de Desempenho (2009).

Finalizada a escolha da definição do termo indicador de desempenho, é importante

destacar que, segundo Moreira (1996), os indicadores de desempenho devem possuir certas

características fundamentais que são: a confiabilidade, a validade, a relevância e a consistência.

A característica confiabilidade significa obter os mesmos resultados, ainda que

pessoas distintas realizem a medição, pois a subjetividade da opinião de cada pessoa não deve

ter qualquer impacto sobre os resultados obtidos. Portanto, relaciona-se com a constância de

medição e a possibilidade de reprodução por pessoas diferentes.

A validade indica que as medições devem se referir realmente àquilo que se

propõem medir, ou seja, serem legítimas para sua finalidade original.

Enquanto, a relevância para estrutura organizacional ou para um momento

específico, refere-se a conseguir trabalhar com um número relativamente pequeno de

indicadores.

Por fim, a consistência de um indicador, diz respeito ao seu grau de equilíbrio e

harmonia em relação a um determinado sistema de indicadores. Um indicador inconsistente

pode acarretar o acompanhamento de apenas um aspecto do fenômeno que se quer realmente

acompanhar.

Essas características fundamentais também são úteis e foram usadas na análise dos

indicadores que compõe o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, e

consequentemente para a sugestão de um conjunto de indicadores alternativos que podem ser

escolhidos pelos negócios novos ou em reestruturação, que é resultado dessa análise.

2.1.2. Avaliação de Desempenho Organizacional

A avaliação de desempenho é parte integrante da função do processo administrativo

de controle, cujo objetivo é assegurar que os resultados daquilo que foi planejado, organizado

e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos previamente estabelecidos. Assim, a

essência do controle reside na verificação do planejado com o desempenho alcançado e muitas

vezes na determinação de tendências. Embora as variações sejam inerentes às atividades, o

controle separa a variação excepcional daquela que pode ser aceita como normal, selecionando

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aquilo que deve ser melhorado daquilo que está variando dentro dos limites estipulados

(CHIAVENATO, 1997).

O conceito de avaliação de desempenho tem sido estudado por alguns autores ao

longo dos anos.

Segundo Hronec (1994) e Bond (2002), a avaliação de desempenho é a

quantificação de quão bem as atividades dentro de um processo ou seu output atingem uma

meta estrategicamente estabelecida.

Outra definição de avaliação de desempenho é apresentada por Neely et al. (2000),

que a definem como o processo para aferir valor de forma global algo que se deseja avaliar, a

partir dos indicadores de desempenho.

Utilizando as definições de Hronec (1994), Bond (2002) e Neely et al. (2000),

entende-se que a aferição de valor, citada por Neely et al. (2000), ocorre na comparação entre

as metas estabelecidas e os indicadores de desempenho. Esta conclusão também está em

conformidade com a definição de Graeml (2000), o qual afirma que avaliar o desempenho é

medir a extensão em que a empresa está conseguindo realizar aquilo a que se propõe, ou seja,

avaliar a diferença entre o planejado e o realizado, que correspondem às metas e aos

indicadores, respectivamente.

Neste mesmo sentido, Siqueira, Rosa e Oliveira (2003) afirmam que é um conjunto

de indicadores de desempenho planejados e utilizados continuamente que permite avaliar e

concluir o desempenho de uma organização. Mediante essa afirmação, nota-se a inter-relação

entre os conceitos de indicador e avaliação de desempenho.

Assim, em consequência dessa interação entre os temas e a elaboração do termo

“indicador de desempenho” anteriormente, foi elaborada a definição do termo avaliação de

desempenho, adotada na pesquisa: mensuração quantitativa ou qualitativa de resultados

provenientes da avaliação objetiva e da determinação do grau/da extensão na qual estratégia(s),

indivíduo(s), processo(s), sistema(s) ou organização(ções) atenderam aos resultados

planejados, considerando os recursos utilizados.

A importância da avaliação de desempenho justifica-se pelos benefícios por ela

gerados, são eles:

auxiliar na definição do planejamento estratégico e na consequente determinação

das estratégias empresariais (CALLADO; CALLADO; ALMEIDA, 2007).

monitorar, medir, concluir ou questionar o desempenho dos processos e/ou a

consecução efetiva dos objetivos estratégicos, melhorando o processo de

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autogerenciamento e de feedback (KARDEC; ARCURI; CABRAL, 2002;

MIRANDA; SILVA, 2002; SIQUEIRA; ROSA; OLIVEIRA, 2003; HELOU

FILHO; OTANI, 2007; FNQ, 2012);

tomar decisões baseadas em fatos com maior velocidade e qualidade em todos

os níveis hierárquicos, medindo a sua eficácia, verificando os respectivos impactos

sistêmicos no desempenho global e os respectivos efeitos financeiros e não

financeiros (FROST, 1999; KARDEC; ARCURI; CABRAL, 2002; AMBRÓSIO;

LEITE, 2008; FNQ, 2012);

oferecer à empresa radiografias dos passados distante e próximo, além de

simplificar e evidenciar fatos atuais e tendências relevantes sobre fenômenos

complexos (HAMMOND et al., 1995; KAPLAN; NORTON, 1997; VAN

BELLEN, 2002; FERNANDES, 2004);

identificar os aspectos deficientes e direcionar os esforços de melhoria contínua,

aproveitando oportunidades e eliminando ou minimizando ameaças (MUSCAT;

FLEURY, 1993; GRAEML, 2000; DURAN; BATOCCHIO, 2003; DUTRA, 2003;

AMBRÓSIO; LEITE, 2008);

melhorar o processo de comunicação na empresa e com os stakeholders,

deixando-o objetivo, sistemático e transparente (KAPLAN; NORTON, 1997;

HELOU FILHO; OTANI, 2007; FNQ, 2012);

estabelecer critérios corporativos para a prática de remuneração variável e/ou

estratégica com base em um sistema estruturado de indicadores organizacionais

(FNQ, 2012).

Por intermédio da análise das vantagens da avaliação de desempenho, observa-se

benefícios em cadeia e uma abordagem holística da organização.

Entretanto, alguns fatores podem afetar negativamente a avaliação de desempenho.

Rummler e Brache (1994) declaram que, caso exista apenas uma coleção de indicadores

departamentalizados e sem inter-relacionamentos, a visão sistêmica na avaliação de

desempenho da organização e do negócio são prejudicadas.

Ohno (1997) afirma que a departamentalização é um dos maiores empecilhos à

criação da visão sistêmica do desempenho organizacional, pois, ao contrário disso, incentiva os

setores a criarem visões diferentes sobre o mesmo todo organizacional.

A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ, 2012), ressalta que a forma de

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apresentação dos dados na avaliação de desempenho convencional é outro fator que interfere

na visão sistêmica do desempenho organizacional. A disponibilização de ampla quantidade de

dados, em formato de tabelas, planilhas ou gráficos lineares isolados, sem a visualização das

inter-relações entre os indicadores, não permite a assimilação ou interpretação da estratégia por

todas as pessoas da mesma forma.

Por fim, Ceretta e Quadros (2003) observam que se os indicadores de desempenho

além de serem consistentes e alinhados com a estratégia da organização, não forem compatíveis

também com os processos internos e com as novas tecnologias, haverá menor probabilidade de

tomar decisões corretas, em tempo, e ligadas à estratégia, durante a avaliação de desempenho

organizacional.

A mensuração do resultado da tomada de decisão na avaliação de desempenho, é

avaliado por meio de um conjunto de indicadores, que formam os sistemas de avaliação de

desempenho organizacional, cujos estudos constam na próxima seção.

2.1.3. Sistemas de avaliação de desempenho organizacional

Estudar os sistemas de avaliação de desempenho organizacional é útil para

aprofundar os conceitos sobre o tema e sua interação com temas correlatos, compreender seu

histórico evolutivo, conhecer os sistemas de avaliação existentes e realizar a análise das

limitações específicas deles, proporcionando base para melhorias, adequações e criações de

outros sistemas.

Sistema de avaliação de desempenho é um conjunto de indicadores para avaliar a

eficiência e eficácia das ações na avaliação de desempenho (NEELY et al., 2000).

Figueiredo et al. (2005) acrescenta que além dos indicadores, um sistema de

avaliação de desempenho é constituído por pessoas, processos, métodos e ferramentas que

coletam, descrevem e representam dados visando a gerar informações para todos os níveis

hierárquicos a fim de que possam avaliar o desempenho da organização, tomar decisões e

executar ações para melhoria do desempenho.

Brown (1996) destaca que há certas características adequadas para qualquer sistema

de avaliação de desempenho que são: o foco nos fatores críticos de sucesso; o alinhamento com

as visões, valores, objetivos e fatores críticos de sucesso da organização, a visão de futuro, o

pensamento estatístico e a tomada de decisão baseada em fatos e observação de tendências, o

equilíbrio dos indicadores de forma a representar as perspectivas dos clientes, empregados,

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processo e acionistas (aspectos financeiros), o desdobramento consistente para todos os níveis

da organização, a agregação de visões gerais e abrangentes de performance, a adaptação e, por

fim, a visibilidade de forma que sejam adequadamente comunicados e apresentados.

Além das definições e características fundamentais dos sistemas de avaliação de

desempenho, faz-se necessário estudar seu histórico para entender o contexto de sua evolução;

interpretar as modificações que ocorreram nos sistemas e na composição do conjunto de

indicadores utilizados ao longo do tempo e até mesmo a alteração de nomenclatura.

Swamy (2002) apresenta sinteticamente uma evolução histórica dos sistemas de

avaliação de desempenho nas últimas décadas. Cita que entre 1960 e 1970, o foco estritamente

financeiro adequava-se às necessidades empresariais; as estruturas utilizadas eram os

rendimentos contábeis, rendimentos por setor, retorno dos investimentos e lucro residual.

Buscando retratar a situação das diversas atividades e traduzi-las em informações importantes

para a ação gerencial, os tradicionais indicadores financeiros tornaram-se menos relevantes. A

partir dos anos 80, os indicadores financeiros, que eram representados pelo custo unitário,

orçamentos conjuntos, lucros sobre operações, fluxo de caixa, etc., foram mesclados

gradativamente com os gerenciais, como os indicadores de qualidade, velocidade, flexibilidade

e custo para auxiliar na gestão do desempenho (BITITCI, 2001; CORDEIRO, 2002).

Já na década de 90, foram acrescidos indicadores financeiros orientados à criação

de valor e não-financeiros como o Balanced Scorecard (BSC), valor econômico adicionado

(EVA), custeio baseado em atividade, o que representou uma mudança na forma de fazer

avaliações de desempenho organizacional. Por fim, a partir do novo milênio, a ênfase passou a

ser financeira, não-financeira e visão sistêmica, cujos indicadores têm sido retratados pela visão

sistêmica, KPIs, Performance Prism, BSC e alterações, BI (Business Intelligence), etc.

Macedo e Silva (2004) ressaltam que os sistemas de avaliação de desempenho que

consideram aspectos financeiros e não-financeiros tendem a assumir uma importância especial,

já que o desempenho acaba por ser afetado por variáveis de ambas naturezas.

Ademais, a inclusão de indicadores não financeiros reflete diretamente na

perspectiva de crescimento de uma organização de um modo mais completo e sustentado que a

análise unicamente dos indicadores financeiros. Em empresas com fins lucrativos, esses

indicadores acarretam a identificação dos efeitos das decisões que eventualmente irão

influenciar os resultados financeiros (fins). Em organizações sem fins lucrativos, essa inclusão

é um meio de adaptação à realidade, que não era conseguido por modelos tradicionais de

desempenho.

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32

Crispim e Lugoboni (2012) acrescentam que, com o passar do tempo, os sistemas

de avaliação de desempenho integraram os atributos financeiros e não-financeiros, o que

aumentou a multidisciplinaridade de requisitos e a complexidade no gerenciamento,

modificando a visão gerencial.

Essa alteração na visão gerencial, foi sentida também no conceito de sistemas de

avaliação de desempenho das organizações, no qual foi substituído o termo “medição” por

“avaliação”, visando a adicionar a mensuração de coisas intangíveis e/ou não-financeiras; uma

vez que medir desempenho dá uma visão restrita de mensurar variáveis quantitativas.

Portanto, o termo “sistema de avaliação de desempenho” é mais atual, completo e

representa uma evolução conceitual contemporânea em relação à nomenclatura “sistema de

medição de desempenho”.

Burgess, Ong e Shaw (2007) resumem as principais diferenças entre os sistemas de

medição de desempenho (tradicionais) e os sistemas de avaliação de desempenho (modernos),

de acordo com o Quadro 4.

Quadro 4 - Comparação entre os sistemas de medição de desempenho com os sistemas de

avaliação de desempenho

Itens Sistemas de medição de

desempenho (tradicionais)

Sistemas de avaliação de

desempenho (modernos)

Base do Sistema Dados contábeis Estratégia da empresa

Tipos de Medidas Financeiras Financeiras e Não Financeiras

Público Gerentes Todos os funcionários

Relevância operacional Ignorado Considerado

Propósito Monitorar Melhorar

Efeito na melhoria contínua Retarda a melhoria contínua Estimula a melhoria contínua

Direcionamento estratégico Nenhum Deriva da estratégia

Fonte: Burgess, Ong e Shaw (2007, p. 588).

Devido à complexidade no gerenciamento, adotar um sistema capaz de avaliar e

acompanhar o desempenho, mostra-se uma estratégia capaz de gerar vantagem competitiva

(CASADO, 2012). Portanto, torna-se importante o conhecimento dos sistemas de avaliação de

desempenho organizacional existentes.

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33

2.1.3.1. Levantamento dos sistemas de avaliação de desempenho

organizacional

De forma geral, o ambiente, o mercado, as pessoas, entre outros fatores, mudam

durante o tempo, e as empresas necessitam acompanhar esta mudança alterando seus processos,

seus valores, suas competências e sua forma de avaliar o desempenho (KENNERLEY; NEELY,

2002). Esses fatores externos e internos impulsionaram vários autores a conceber sistemas de

avaliação de desempenho de solução, parcial ou total.

Outros motivos que levam à construção de sistemas de avaliação de desempenho, é

a possibilidade de expandir o pensamento humano para permitir o entendimento e a tomada de

decisões dentro da organização (PIDD, 1998).

É notória a criação de literatura sobre novos sistemas de avaliação de desempenho

organizacional, tanto que neste trabalho foram levantados por meio da revisão de literatura, 76

modelos provenientes de autores de diferentes áreas do conhecimento, que totalizaram 43

diferentes modelos, ao excluir aqueles citados por mais de um autor.

Esse levantamento exploratório de sistemas de avaliação de desempenho

organizacional, possibilita o aprofundamento do conhecimento sobre os sistemas existentes,

permite a análise de limitações específicas deles, as sugestões de melhorias e adequações

decorrentes, bem como, as criações de outros sistemas.

Müller (2003), pretendendo propor um modelo de gestão que integre planejamento

estratégico, gerenciamento de processos e avaliação de desempenho, cita que os sistemas de

avaliação de desempenho organizacional que podem ser considerados os mais conhecidos e

utilizados são: a) modelos com ênfase financeira (EVA – Economic Value Added; e TOC –

Teoria das Restrições); b) modelo clássico (TQM – Gestão da Qualidade Total); c) modelos

estruturados (BSC – Balanced Scorecard; CI – Capital Intelectual; e PNQ – Prêmio Nacional

da Qualidade); e d) modelos específicos (Modelo Quantum de Medição do Desempenho

(MQMD); Três Níveis do Desempenho de Rummler e Brache; e Sete Critérios de Desempenho

(SCD) de Sink e Tuttle). Sendo que os modelos estruturados são aqueles que propõe uma

estrutura pré-moldada para avaliação de desempenho e os modelos específicos são assim

chamados por se tratar de propostas de empresas de consultoria, enfatizando, além de uma

estruturação, aspectos voltados à implantação de um sistema de avaliação de desempenho.

Ferraz (2003), com o objetivo de criar um método abrangente para o diagnóstico da

medição de desempenho organizacional, pesquisou 7 abordagens de avaliação de desempenho:

Performance Measurement Record Sheet, Performance Measurement Questionnaire,

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34

Integrated Perfomance Measurement Framework, Integrated Perfomance Measurement

System, ISO 9000 e PNQ.

Marinho (2006), buscando fazer uma proposta sistemática para operacionalização

da estratégia, utilizando o Balanced Scorecard, analisou em ordem cronológica 26 sistemas de

avaliação de desempenho organizacional, conforme segue: Tableaux de Bord de Gestion;

Administração por Objetivos; Gerenciamento pelas Diretrizes; Sete Critérios de Desempenho

(SCD) de Sink e Tuttle; Pirâmide de Performance (SMART); Brignall, Fritzgerald, Johnston,

Silvestro e Voss; Juran; Campos; Três Níveis do Desempenho de Rummler e Brache; Balanced

Scorecard; PEMP (Progresso Efetivo e Medição de Performance); Gerenciamento de Processos

Empresariais; Ernst & Young; Quantum (MQMD); Human Capital Intelligence; Navegador

Skandia; Moreira; Métricas de Desempenho; Navegador do Capital Intelectual; Macroprocesso

de uma Organização; Family Nevada Quality Fórum; Modelo da Sandia National Laboratories

(Sistêmica); Gerenciamento Total da Melhoria Contínua; Monitor de Ativos Intangíveis; Value

Chain Scoreboard; Performance Prism

Facchini (2007) estudou 7 abordagens para a avaliação de desempenho: Skandia

Navigator; Monitor de Ativos Intangíveis de Sveiby; Modelo Quantum de Medição de

Desempenho (MQMD); Ernst & Young; Sete Critérios de Desempenho (SCD) de Sink e Tuttle;

Campos e o Balanced Scorecard de Kaplan e Norton, visando a desenvolver um modelo teórico

descritivo para explicar como a percepção de práticas de recursos humanos influencia o

comprometimento e o desempenho organizacional.

Crispim e Lugoboni (2012) compararam a forma de utilização dos sistemas de

avaliação de desempenho organizacional desenvolvidos na literatura nas Instituições de Ensino

Superior e analisaram os pontos fortes e fracos de 19 sistemas: Painel de Controle de Bordo

(Tableau de Bord); Administração por Objetivos (APO); Método das Áreas-Chave de

Resultado; Método de Buchele; MADE-O – Modelo de Avaliação do Desempenho

Organizacional de Corrêa; BSC – Balanced Scorecard; PMQ – Performance Measure

Questionnaire; SMART – Strategic Measurement and Reporting Technique; SCD – Sete

Critérios de Desempenho; MQMD – Modelo Quantum de Medição de Desempenho; Três

Níveis do Desempenho de Rummler e Brache ; IDPMSb – Integrated and Dynamic

Performance Measurement System; Skandia Navigator; Sigma Sustainability Scorecard; VE -

Value Explorer; IDPMSa –Integrated and Dynamic Performance Measurement System; VCS -

Value Chain Scoreboard; PP – Performance Prism, e PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade.

Rolim e Rolim (2013) observaram 8 sistemas de avaliação de desempenho

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35

organizacional para dissertar sobre a avaliação de desempenho no setor público mediante

aplicação do Balanced Scorecard, são eles: Family Nevada Quality Fórum; Modelo da Sandia

National Laboratories (Sistêmica); Ernst & Young; Juran; Campos; Gerenciamento de

Processos Empresariais de Harrington; Três Níveis do Desempenho de Rummler e Brache; Sete

Critérios de Desempenho (SCD) de Sink e Tuttle.

O Quadro 5 apresenta sinteticamente os resultados da pesquisa dos sistemas de

avaliação de desempenho, seus respectivos autores, data de publicação e a relação com os

autores que os mencionaram.

Quadro 5 – Síntese dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional pesquisados

Nome do Modelo de

Avaliação de Desempenho Autores

Data

Public.

Autores que citaram o modelo

Müller

(2003)

Ferraz

(2003)

Marinho

(2006)

Facchini

(2007)

Crispim e

Lugoboni

(2012)

Rolim e

Rolim

(2013)

Administração por

Objetivos (APO) Peter Drucker 1954 X X

Balanced Scorecard Kaplan e

Norton 1992 X X X X X

Brignall, Fitzgerald,

Johnston, Silvestro e Voss

Brignall,

Fritzgerald,

Johnston,

Silvestro e Voss

1991 X

Campos Campos 1992 X X X

Economic Value Added

(EVA) Joel Stern e G.

Bennett Stewart III 1980 X

Ernst & Young Ostrenga 1994 X X X

Family Nevada Quality

Fórum

Family Nevada

Quality Fórum

USA-DoD 1997 X X

Framework for Auditing

and assessing non-

financial performance

measurement systems

Coleman e

Clark 2001 X

Gerenciamento de

Processos Empresariais Harrington

1993 X X

Gerenciamento Total da Melhoria Contínua

1997 X

Gerenciamento pelas

Diretrizes Bridgestone

Tire 1965 X

Gestão da Qualidade Total

(TQM)

Crosby,

Deming, Feigen

Baum,

Ishikawa, Juran

1950 a

1980 X

Human Capital

Intelligence Fitz-Enz 1994 X

Integrated and Dynamic

Performance Measurement System (IDPMSb)

Ghalayimi,

Noble e Crowe 1997 X

Integrated and Dynamic

Performance Measurement

System (IDPMSa)

Bititci,

Suwignjo e

Carrie 2001 X X

Continua

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36

Continuação

Nome do Modelo de

Avaliação de Desempenho Autores

Data

Public.

Autores que citaram o modelo

Müller

(2003) Ferraz

(2003) Marinho

(2006) Facchini

(2007)

Crispim e

Lugoboni

(2012)

Rolim e

Rolim

(2013)

Integrated Performance

Measurement Framework Medori e

Steeple 2000 X

ISO 9000:2000

Internacional

Organization

for

Standardization

2000 X

Juran Juran 1992 X X

Macroprocesso de uma

Organização Brown 1996 X

Método das Áreas-Chave de Resultado

Cordiner (CEO

da General

Eletric) 1955 X

Método de Buchele Buchele 1970 X

Métricas de Desempenho Universidade da

Califórnia

USA-DoE 1996 X

Modelo da Sandia National

Laboratories (Sistêmica)

Sandia National

Laboratories

USA-DoE 1997 X X

Modelo de Avaliação do

Desempenho

Organizacional de Corrêa

(MADE-O)

Corrêa 1986 X

Modelo Quantum de

Medição de Desempenho

(MQMD)

Hronec 1994 X X X X

Monitor de Ativos

Intangíveis Sveiby 1997 X X

Moreira Moreira 1996 X

Navegador do Capital

Intelectual Stewart 1996 X X

Navegador Skandia Edvinsson e

Malone 1997 X X X

Progresso Efetivo e

Medição de Performance

(PEMP)

Adams e

Roberts 1993 X

Performance Measurement

Questionnaire (PMQ) Dixon, Nanni e

Vollmann 1990 X X

Performance Measurement

Record Sheet Neely et al. 1997 X

Performance Prism Neely, Adams,

Crowe e

Kennerly 2002 X X X

Pirâmide de Desempenho

ou Performance Pyramid

ou SMART - Strategic

Measurement and

Reporting Technique

Mcnair, Lynch

e Cross 1991 X X X

Prêmio Nacional da

Qualidade (PNQ)

Fundação

Nacional da

Qualidade

(FNQ)

2001 X X

Scorecard Dinâmico Fernandes 2003 X

Sete Critérios de

Desempenho (SCD) de

Sink e Tuttle

Sink e Tuttle 1993 X X X X X

Continua

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37

Continuação

Nome do Modelo de

Avaliação de Desempenho Autores

Data

Public.

Autores que citaram o modelo

Müller

(2003) Ferraz

(2003) Marinho

(2006) Facchini

(2007)

Crispim e

Lugoboni

(2012)

Rolim e

Rolim

(2013)

Sigma Sustainability

Scorecard

British

Standards

Institution e

outros

1999 X

Tableaux de Bord de Gestion (Painel de

Controle de Bordo)

Satet e Voraz 1932 X X

Teoria das Restrições (TOC) Goldratt e Fox 1992 X

Três Níveis do

Desempenho de Rummler e

Brache

Rummler e

Brache 1994 X X X X

Value Chain Scoreboard

(VCS) Lev e Bardes 2001 X X

Value Explorer (VE)

Andriessen e

Tissen

da KPMG

Knowledge

Advisory

Services

2000 X

Fonte: Elaborado pela autora com base em Müller (2003), Ferraz (2003), Marinho (2006), Facchini (2007), Crispim e Lugoboni (2012) e Rolim e Rolim (2013).

Dos 43 diferentes sistemas de avaliação de desempenho encontrados na literatura

científica estudada nesta pesquisa, os sistemas mais frequentes são o Balanced Scorecard

(BSC) (5 citações), os Sete Critérios de Desempenho (SCD) de Sink e Tuttle (5 citações), o

Modelo Quantum de Medição de Desempenho (MQMD) (4 citações) e os Três Níveis do

Desempenho de Rummler e Brache (4 citações).

O Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvido pelos professores Robert S. Kaplan

e David P. Norton (1992), da Harvard Business School, no início dos anos 1990. O Balanced

Scorecard (BSC) é uma ferramenta que permite fazer um monitoramento da estratégia adotada.

Faz um desdobramento da estratégia em objetivos estratégicos, que são desdobrados em

indicadores de desempenho e distribuídos em quatro perspectivas, uma financeira e três não

financeiras (clientes, processos internos e aprendizado e crescimento), o que permite focar os

esforços na gestão, no controle e na melhoria. De acordo com a pesquisa de Marinho (2006),

cerca de 50% das grandes empresas norte-americanas, europeias e brasileiras adotavam o BSC

no ano de 2003. É importante ressaltar que o Balanced Scorecard não cita indicadores de

desempenho e sim perspectivas, entretanto, com base nas proposições de Kaplan e Norton

(1997), a autora elaborou o Apêndice A, contendo uma sugestão de indicadores de desempenho

mais frequentes nos scorecards atrelados às respectivas perspectivas.

O sistema de avaliação de desempenho proposto por Sink e Tuttle (1993), trabalha

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38

a partir do pressuposto de que o desempenho de um sistema organizacional pode ser medido

por sete critérios básicos, chamados de Sete Critérios de Desempenho (SCD), que são:

qualidade, eficiência, eficácia, inovação, qualidade de vida no trabalho, produtividade e

lucratividade/ajuste ao orçamento.

O Modelo Quantum de Medição de Desempenho (MQMD) criado por Hronec

(1994) apresenta uma visão abrangente do negócio, visa a avaliar o “valor” para o cliente, que

é o relacionamento entre custo e qualidade e o “serviço” para o cliente, que é o relacionamento

entre qualidade e tempo. Assim, é baseado em uma matriz que inclui três famílias de medidas:

custo, qualidade e tempo.

Finalmente, os Três Níveis do Desempenho de Rummler e Brache (1994) que

interliga os três níveis (organizacional, de processo, executante) e consideram nove aspectos

para avaliar o desempenho organizacional (para cada um dos três níveis, três necessidades:

Objetivos, Projeto e Gerenciamento). É aplicável em organizações dinâmicas e a melhoria do

desempenho é feita através da reengenharia.

É possível verificar, conforme a revisão bibliográfica, que os quatro sistemas de

avaliação de desempenho têm em comum: focos financeiro e não financeiro, típico dos modelos

contemporâneos, e a abrangência organizacional (corporativa).

Os sistemas de avaliação de desempenho possuem vantagens e limitações.

As limitações específicas desses quatro sistemas de avaliação de desempenho mais

frequentes na literatura científica estudada estão compiladas no Quadro 6.

Percebe-se no Quadro 6, que Lugoboni (2010) atenta-se às limitações estruturais

dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional e é mais específico em apontar os

aspectos que cada um deles não inclui. Enquanto Netto (2007) e Rolim e Rolim (2013), focam

nas lacunas de operacionalização prática e requisitos para o funcionamento desses sistemas de

avaliação.

Algumas teorias e limitações dos trabalhos apresentados, também, motivaram a

realização deste trabalho, cujo objetivo consiste em identificar as contribuições do BMC para

a avaliação de desempenho organizacional por meio de uma nova ferramenta contemplem

certas lacunas nos sistemas de avaliação de desempenho.

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39

Quadro 6 – Limitações específicas dos quatro sistemas de avaliação de desempenho

Sistemas de

Avaliação de

Desempenho

Limitações específicas

Netto (2007) Lugoboni (2010) Rolim e Rolim

(2013)

Balanced

Scorecard

(BSC) de

Kaplan e

Norton (1992)

Não considera os aspectos: - recursos físicos necessários,

- parcerias e alianças estabelecidas.

As técnicas são pouco definidas

para a

operacionalidade

do modelo.

Sete Critérios

de Desempenho

(SCD) de Sink

e Tuttle (1993)

Falta de:

- clareza em identificar

relações de causa-efeito

entre os indicadores, e

- agilidade no

fornecimento de

informações relevantes no

instante em que o usuário

precisa.

Não abarca os aspectos:

- mercado,

- clientes,

- recursos físicos necessários,

- papel das parcerias e alianças

estabelecidas,

- ativos intangíveis e não financeiros,

- relações de causa-efeito.

A complexidade

da ferramenta e

alta necessidade

de recursos para

aplicá-la.

Modelo

Quantum de

Medição de

Desempenho

(MQMD) de

Hronec (1994)

Falta de:

- clareza na interação dos

sistemas de medição da integração com as áreas

funcionais da organização,

- agilidade na colocação à

disposição de informações

relevantes, e

- clareza na agregação dos

indicadores.

Não inclui os aspectos:

- mercado,

- aspectos econômicos e financeiros, - recursos físicos necessários,

- papel das parcerias e alianças

estabelecidas,

- pesquisa, desenvolvimento e

inovação,

- relações de causa-efeito.

Três Níveis do

Desempenho de

Rummler e

Brache (1994)

Não abrange os aspectos:

- mercado,

- clientes,

- recursos físicos necessários,

- papel das parcerias e alianças

estabelecidas,

- pesquisa, desenvolvimento e

inovação,

- ativos intangíveis e não financeiros, - relações de causa-efeito,

- desenvolvimento dos funcionários.

A melhoria do

desempenho é

feita através da

reengenharia.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Netto (2007), Lugoboni (2010), Rolim e Rolim (2013).

2.1.4. Pressupostos teóricos sobre o Desempenho Organizacional

Após a exposição do referencial teórico, foram agrupados e selecionados os

pressupostos sobre desempenho organizacional, que serão utilizados no trabalho, conforme as

características desta pesquisa.

A definição de indicadores de desempenho adotada na pesquisa será: indicador de

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40

desempenho é um resultado mensurável, obtido por meio de fórmulas de cálculo, no mínimo

de uma razão entre duas ou mais variáveis de natureza qualitativa ou quantitativa, que registram

a eficácia ou a eficiência de estratégia(s), indivíduo(s), processo(s), sistema(s) ou

organização(ções), e apontam suas modificações no tempo e/ou espaço.

Das características fundamentais que os indicadores de desempenho devem possuir

segundo Moreira (1996), serão consideradas: a confiabilidade, a validade, a relevância e a

consistência.

A definição do termo avaliação de desempenho adotada na pesquisa será:

mensuração quantitativa ou qualitativa de resultados provenientes da avaliação objetiva e da

determinação do grau/da extensão na qual estratégia(s), indivíduo(s), processo(s), sistema(s) ou

organização(ções) atenderam aos resultados planejados, considerando os recursos utilizados.

Sobre a definição de Sistema de avaliação de desempenho, será utilizada a definição

de Neely et. al (2000) que sistema de avaliação de desempenho é um conjunto de indicadores

para avaliar a eficiência e eficácia das ações na avaliação de desempenho. E parte da definição

de Figueiredo et al. (2005), que acrescenta que além dos indicadores, um sistema de avaliação

de desempenho é constituído por métodos e ferramentas que coletam, descrevem e representam

dados visando a gerar informações para todos os níveis hierárquicos a fim de que possam avaliar

o desempenho da organização, tomar decisões e executar ações para melhoria do desempenho.

Não foi considerado deste conceito, os fatores pessoas e processos, tendo em vista a

impossibilidade de validação conforme a caraterística da pesquisa.

Dentre as características adequadas para qualquer sistema de avaliação de

desempenho, apresentadas por Brown (1996), destacam-se na pesquisa: o equilíbrio dos

indicadores de forma a representar as perspectivas dos clientes, empregados, processo e

acionistas (aspectos financeiros), a agregação de visões gerais e abrangentes (sistêmica) de

performance, e a visibilidade de forma que sejam adequadamente comunicados e apresentados.

Quanto às limitações dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional,

serão consideradas aquelas expostas por Lugoboni (2010), que atenta-se às limitações

estruturais dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional.

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41

2.2. Modelo de negócios e Business Model Canvas (BMC)

Osterwalder e Pigneur (2011) afirmam que é preciso configurar as estruturas de

gerenciamento para continuamente monitorar, avaliar e adaptar ou transformar o Modelo de

Negócios em resposta à reação do mercado, demonstrando que existe uma relação entre

Desempenho Organizacional (descrito anteriormente) e os Modelos de Negócios (explicados a

seguir).

2.2.1. Modelo de negócios

Qualquer empresa adota uma estratégia e um modelo de negócios seja explícita ou

implicitamente.

Conforme a pesquisa de Klang, Wallnöfer e Hacklin (2010), há vários conceitos de

Modelo de Negócios. Entretanto, vários autores concluem de forma uníssona que o modelo de

negócios constitui um conceito holístico que busca descrever a estratégia de como uma

organização cria, entrega e captura valor. (AMIT; ZOTT, 2001; DUBOSSON-TORBAY;

OSTERWALDER; PIGNEUR, 2002; GHAZIANI; VENTRESCA, 2005; HEDMAN;

KALLING, 2002; PETROVIC; KITTL; TEKSTEN, 2001).

Osterwalder e Pigneur (2011, p. 15) observam que o Modelo de Negócios é um

esquema para a estratégia ser implementada por meio das estruturas organizacionais dos

processos e sistemas. É por intermédio do modelo de negócio que as organizações

comercializam ideias, produtos, serviços, tecnologias. Com base nessas afirmações de

Osterwalder e Pigneur (2011), constata-se que o conceito de modelo de negócios traz uma

declaração concisa da estratégia organizacional e refere-se à articulação entre os processos da

empresa para geração de uma proposta de valor ao cliente.

Por meio de seus elementos e de sua arquitetura para criação e entrega de valor e

ao cliente e de diferenciais competitivos, o modelo de negócios pode ser considerado um

arquétipo para modelar a lógica da empresa (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Johnson-

Laird (1983) afirma que os modelos mentais estão na base dos processos de dedução, inferência

e tomada de decisão. É com base nesse modelo mental de negócios, explícito ou implícito, que

o empreendedor toma as decisões do dia-a-dia, revê os seus modelos mentais, redefine a

estratégia e alinha os objetivos.

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42

O IBM Institute for Business Value por meio do Global CEO Study demonstra que,

desde 2006, gestores de diferentes setores, já entendiam o desenvolvimento de modelos de

negócios inovadores como grande prioridade. Esse resultado foi ratificado em uma pesquisa

realizada no ano de 2009, que apontava que sete em cada dez organizações têm iniciativas de

inovação no modelo e que 98% destas estão trabalhando de alguma forma em seu modelo de

negócios (CASADESUS-MASANELL; RICART, 2011).

Outros motivos como a desregulamentação do mercado, as mudanças tecnológicas,

a globalização e a sustentabilidade têm feito com que os modelos de negócios ganhem relevante

significado no ambiente corporativo (CASADESUS-MASANELL; RICART, 2011). Vários

autores apontam que os modelos de negócios têm sido utilizados tanto na gestão de negócios

existentes, como para desenvolvimento de novos negócios (KLANG; WALLNÖFER;

HACKLIN, 2010; LAMBERT; DAVIDSON, 2013; AL-DEBEI; AVISON, 2010; ZOTT;

AMIT; MASSA, 2010).

Tradicionalmente, havia um modelo de negócios semelhante para a maioria das

indústrias, em que a diferenciação era mínima. Contudo, atualmente diferentes modelos de

negócios competem nos mesmos mercados, e as fronteiras entre as indústrias se misturam ou

até desaparecem totalmente (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). De acordo com eles, o fato

de a competição atual ser entre modelos de negócios, evidencia a necessidade de configurar as

estruturas de gerenciamento para continuamente monitorar, avaliar e adaptar ou transformar o

Modelo de Negócios em resposta à reação do mercado.

Os modelos de negócios podem ser descritos com o auxílio de ferramentas. Uma

ferramenta usada para apoiar o planejamento e desenvolvimento de modelos de negócios é o

BMC, que será explanada a seguir.

2.2.2. Business Model Canvas (BMC)

O BMC ou Quadro de Modelo de Negócios é uma ferramenta para descrever um

novo modelo de negócio ou repensar negócios já existentes.

O BMC foi criado por Osterwalder em sua tese de doutorado sobre inovação em

modelos de negócios, com o professor Pigneur no ano 2004. Dois anos depois, o método

começou a ser aplicado em todo mundo, e autores escrevem um livro sobre o assunto. O livro

Business Model Generation, lançado em 2010, nos Estados Unidos, foi resultado de mais de

4000 horas de trabalho de pesquisa e prática, em que participaram cerca de 470 coautores,

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43

provenientes de 45 países diferentes, por meio de uma plataforma online para a cocriação do

livro (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Ressalta-se que somente no ano 2011 o livro foi

traduzido para o português e lançado no Brasil. Entre 2010 até o mês de setembro de 2017, o

livro original foi citado no Google Scholar mais de 5900 vezes, dada a importância do tema.

Assim, essa seção baseia-se no livro de Osterwalder e Pigneur (2011) e, em caso da

citação de outros autores, essas serão especificadas no texto.

Os modelos de negócios podem ser descritos de forma linear, com textos e número,

por exemplo, ou de forma visual, como um desenho, um boneco, um gráfico. No BMC, seus

autores optaram por utilizar a forma visual, propondo um modelo único, baseado nas

semelhanças dos modelos de negócios textuais existentes, baseado em um quadro pré-

formatado com nove blocos. Esse modelo foi criado como resposta à necessidade de uma

linguagem comum e simples para descrever, visualizar, avaliar e alterar modelos de negócios.

Assim, o BMC é uma ferramenta que consiste na geração de modelos visuais

estruturados para esquematizar as macro estratégias de negócio e os pontos-chaves da

administração do negócio. Conforme Chopra e Meindl (2011), também fornece informações

para tomada de decisões adicionando eficiência ao processo decisório.

O BMC pode ser visto na Figura 1.

Os nove blocos do BMC são: segmentos de clientes, propostas de valor, canais,

relacionamento com clientes, fontes de receita, recursos chave, atividades-chave, parceiros-

chave e estrutura de custos (Figura 1 e 2).

Vale ressaltar que, embora somente os nove blocos fiquem aparentes, tal qual a

Figura 1, existe uma estrutura básica como alicerce do BMC que responde às quatro questões

fundamentais, cobre quatro pilares (áreas principais de um negócio), é composto por nove

blocos ilustrativos (componentes básicos/divisões/quadrantes), e pode ser dividido em dois

lados, que têm diferentes focos.

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44

Figura 1 - O quadro do BMC

Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011, p. 44)

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45

Figura 2 - Inter-relação entre os blocos do BMC

Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011, p. 18-19)

As quatro questões fundamentais estão relacionadas aos quatro pilares de um

negócio - oferta, clientes, infraestrutura e viabilidade financeira - que são detalhados em nove

blocos da seguinte forma:

1. O que vou fazer? Essa resposta corresponde ao pilar Oferta e, por conseguinte

ao bloco Proposta de Valor.

2. Para quem vou fazer? Está relacionado ao pilar Clientes e consequentemente

inclui três blocos: segmento de cliente; canais e relacionamento com clientes.

3. Como vou fazer? Engloba o pilar infraestrutura, ou seja, os blocos recursos-

chave; as atividades-chave e os parceiros-chave.

4. Quanto? Compreende quais e como serão obtidas as receitas e qual será a

estrutura de custos para viabilizar o negócio, isto é, o pilar Viabilidade Financeira.

Por conseguinte, ao haver a inter-relação das quatro questões (Figura 3) com os

quatro pilares, há como consequência a inter-relação das questões com os blocos, auxiliando na

característica de visão sistêmica da ferramenta.

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46

Figura 3 - Inter-relação entre as quatro questões do BMC

Fonte: Elaborada pela autora com base em Osterwalder e Pigneur (2011)

Ademais, os autores dividem o BMC em dois lados. O lado esquerdo do quadro

concentra-se na eficiência, portanto na eliminação e redução dos custos e na infraestrutura, no

interno e na parte operacional. Assim como no cérebro humano, é o lado da lógica, dos aspectos

racionais. Já o lado direito, conhecido como lado do valor, foca no cliente e no valor, aponta

para o externo e para o mercado, e equivale ao lado da emoção do cérebro.

O bloco segmento de clientes define os diferentes grupos de pessoas ou

organizações para os quais os produtos e/ou serviços são ou serão oferecidos (clientes

potenciais). São os mercados que a empresa busca alcançar, servir e satisfazer alguma

necessidade específica, isto é, criar valor. Segmentar clientes facilita a descoberta de suas

necessidades, quais os canais de distribuição apropriados para atendê-los, os tipos de

relacionamentos com clientes mais adequados, quanto estão dispostos a pagar pelo produto ou

serviço e quanto de lucratividade trarão para a empresa. São exemplos de segmento de clientes:

mercado de massa, nicho de mercado, segmentado (necessidades e problemas sutilmente

diferentes no mesmo segmento), diversificado (necessidades e problemas muito diferentes) e

plataforma multilateral (servem dois ou mais segmentos de clientes interdependentes).

O bloco proposta de valor procura criar propostas de produto(s) e/ou serviço(s) que

possam resolver os problemas e satisfazer as necessidades de um segmento de clientes atual ou

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potencial. Assim, busca a empatia com o cliente a ponto de gerar valor quantitativo (preço,

velocidade do serviço) ou qualitativo (design, experiência do cliente), ou combinados, sob o

ponto de vista dele. A empresa pode ter diversas propostas de valor para atender às necessidades

de vários segmentos de clientes, no mesmo BMC. Para Kaplan e Norton (1997, p. 78), embora

as propostas de valor variem de acordo com o setor de atividade e os diferentes segmentos de

mercado, há um conjunto comum de atributos que permite sua ordenação em todos os setores

e são divididos em três categorias: atributos dos produtos e serviços (funcionalidade do

produto/serviço, seu preço, qualidade e tempo), relacionamentos com clientes (qualidade da

experiência da compra, qualidade das relações pessoais), imagem e reputação. Assim, o

conceito de valor para esses autores é a somatória das três categorias. Conclui-se que a proposta

de valor visa a criar soluções que gerem uma boa percepção do cliente acerca do benefício

obtido na experiência vivida no uso do produto ou na prestação de serviços. Exemplos de

propostas de valor podem ser: novidade (inovação), desempenho, personalização, “fazendo o

que deve ser feito” (concentrando-se no know how), design, marca/status, preço, redução de

custo, redução de risco, acessibilidade, conveniência/usabilidade.

Os canais descrevem como a empresa se comunica e alcança seus segmentos de

clientes para oferecer e entregar a proposta de valor. Consequentemente, servem para ampliar

o conhecimento dos clientes acerca da proposta de valor e facilitar o acesso a ela. São

subdivididos em canais de comunicação, canais de vendas, canais de distribuição e canais de

pós-vendas. Podem ser diretos ou indiretos, bem como particulares ou em parceria. São

exemplos de canais particulares diretos, a equipe de vendas e o site; de canais particulares

indiretos, as lojas de revenda; de canais em parceria indiretos, o atacado, o revendedor, e os

sites parceiros.

O relacionamento com clientes descreve os tipos de relações que uma empresa

estabelece com segmentos específicos de clientes de forma a fortalecer o envolvimento do

cliente com o negócio, aumentando a conveniência para ele. Abarca o modo de conquista,

retenção dos clientes de certo segmento ou ampliação das vendas. Os tipos de relacionamento

com clientes podem coexistir, por exemplo: assistência pessoal, assistência pessoal dedicada,

self-service, serviços automatizados, comunidades e cocriação.

O bloco fontes de receita registra como os ingressos financeiros serão obtidos, como

a empresa irá cobrar pela proposta de valor do produto e serviço vendidos ao segmento de

cliente. Há duas formas gerais para gerar receitas, por meio do pagamento único ou por meio

do pagamento constante, advindo da entrega da proposta de valor aos clientes ou do suporte

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pós-compra, que são subdivididas em: venda de recursos, taxa de uso (conforme a utilização),

taxa de assinatura (fixa), empréstimos/aluguéis/leasing, licenciamento para propriedade

intelectual, taxa de corretagem (comissões), anúncios. Vale ressaltar que cada fonte de receita

pode ser combinada com os mecanismos de precificação fixa ou de precificação dinâmica.

Os recursos-chave são ativos necessários para fazer o negócio funcionar, ou seja,

para a oferta, realização e entrega da proposta de valor, estruturação dos canais, manutenção do

relacionamento com os clientes e geração de receitas. Podem ser físicos, financeiros,

intelectuais ou humanos. Equipes, edifícios, máquinas, automóveis, pontos de venda são

exemplos de recursos físicos, enquanto que marcas, patentes, softwares, de recursos

intelectuais. Já dinheiro, linhas de crédito e opções de ação exemplificam os recursos

financeiros.

O bloco atividades-chave compreende as atividades de cada processo que são ou

serão necessários durante todo o fluxo do produto e/ou serviço, a fim de atender à proposta de

valor, construir os canais necessários, manter o relacionamento com o segmento de clientes

escolhido e gerar receitas. As principais atividades de uma organização podem ser

categorizadas em produção (indústria), resolução de problemas (prestação de serviços) e

plataforma/rede (virtual).

Os parceiros-chave são os atores fundamentais (rede de fornecedores ou parceiros)

que, em regra, contribuem diretamente tanto com as Atividades-chave quanto com os Recursos-

chave. As empresas criam alianças com três motivações: otimizar a alocação de

recursos/atividades e fazer economia de escala, reduzir riscos ou adquirir recursos.

E finalmente, o bloco estrutura de custos que descreve os custos principais para

construir e manter o modelo de negócio entregando a proposta de valor, isto é, são as

consequências monetárias dos meios utilizados no modelo de negócios. Vale ressaltar que os

custos estão presentes praticamente em todos os blocos do quadro, especialmente nos recursos-

chave e nas atividades-chave principais. Naturalmente, em todos os modelos de negócios, os

custos devem ser minimizados, entretanto a intensidade e frequência dessa redução depende do

tipo de negócio. Nos modelos que buscam vantagem estratégica por meio da liderança em custo,

o baixo custo é essencial, diferenciando-se daqueles direcionados ao valor. As estruturas de

custos podem ter as seguintes características: custos fixos, custos variáveis, economias de

escala, economias de escopo.

O quadro 7 apresenta um resumo dos principais conceitos de cada bloco do BMC.

Na Figura 3 pode-se observar os tipos, as categorias e as motivações para os nove blocos

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descritos anteriormente.

No Anexo A, há um exemplo BMC preenchido, elucidando como funciona a

aplicação deste Modelo de Negócios por meio da linha de negócio Nespresso, parte do grupo

Nestlé.

Quadro 7 – Sintetização dos conceitos de cada bloco do BMC

Bloco do BMC Resumo dos conceitos

Segmentos de

Clientes

Definem os diferentes grupos de pessoas ou organizações para os quais os produtos e/ou serviços são ou serão oferecidos (clientes potenciais).

Proposta de valor

Descreve as propostas de produto(s) e/ou serviço(s) para resolver os problemas e satisfazer as necessidades de um segmento de clientes atual

ou potencial.

Canais Descrevem como a empresa se comunica e alcança seus segmentos de clientes para oferecer e entregar a proposta de valor e facilitar o acesso a

ela. São subdivididos em canais de comunicação, canais de vendas,

canais de distribuição e canais de pós-vendas.

Relacionamento com Clientes

Descreve os tipos de relações que uma empresa estabelece com segmentos específicos de clientes de forma a fortalecer o envolvimento

do cliente com o negócio, aumentando a conveniência para ele. Abarca

o modo de conquista, retenção dos clientes de certo segmento ou

ampliação das vendas.

Fontes de

receita

Descrevem como os ingressos financeiros serão obtidos, como a empresa

irá cobrar pela proposta de valor agregada ao produto e serviço vendidos

ao segmento de cliente.

Recursos-chave Descrevem os ativos necessários para fazer o negócio funcionar, ou seja,

para a oferta, realização e entrega da proposta de valor, estruturação dos

canais, manutenção do relacionamento com os clientes e geração de

receitas. Podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos.

Atividades-

Chave

Descrevem as atividades de cada processo que são ou serão necessários

durante todo o fluxo do produto e/ou serviço, a fim de atender à proposta

de valor, construir os canais necessários, manter o relacionamento com o

segmento de clientes escolhido e gerar receitas.

Parcerias-Chave

Descrevem os atores fundamentais (rede de fornecedores ou parceiros)

que, em regra, contribuem diretamente tanto com as Atividades-chave

quanto com os Recursos-chave.

Estrutura de

custo

Descreve os custos principais para construir e manter o modelo de

negócio entregando a proposta de valor, isto é, as consequências

monetárias dos meios utilizados no modelo de negócios.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Osterwalder e Pigneur (2011)

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50

Figura 4 - Os nove blocos do BMC e seus respectivos tipos, categorias e motivações Fonte: Site Slideshare, 2017 1

1 Disponível em: https://pt.slideshare.net/VeraLessa1/bmgcanvasv10?from_action=save.

Acesso em: 12 abr. 2017.

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O processo para a elaboração, expansão ou transformação do BMC não é claro na

literatura, havendo apenas questões de auxílio disponibilizadas por Osterwalder e Pigneur

(2011) que podem apoiar o preenchimento de cada bloco, como um roteiro pré-ordenado,

conforme o Quadro 8. O Anexo B, apresenta o quadro do BMC juntamente com essas questões

de auxílio para preenchimento (Quadro 8), e também demais diretrizes importantes.

Quadro 8 – Questões de auxílio para preenchimento do BMC

Bloco do BMC Questões de auxílio de preenchimento

Segmentos de

Clientes

Para quem estamos criando valor?

Quem são nossos consumidores mais importantes?

Proposta de valor

Que valor entregamos ao cliente? Que problema estamos ajudando a resolver?

Que necessidades estamos satisfazendo?

Que conjunto de produtos e serviços estamos oferecendo para cada segmento de clientes?

Canais Através de quais canais nossos segmentos de clientes querem ser

contatados?

Como os alcançamos agora? Como nossos canais se integram?

Qual funciona melhor?

Quais apresentam melhor custo-benefício? Como estão integrados à rotina dos clientes?

Relacionamento

com Clientes

Que tipo de relacionamento cada um dos nossos segmentos de clientes

espera que estabeleçamos com eles?

Quais relacionamentos já estabelecemos com nossos clientes? Qual o custo de cada um?

Como os relacionamentos se integram ao restante do nosso modelo de

negócios?

Fontes de receita

Por quais valores nossos clientes estão realmente dispostos a pagar? Pelo que eles pagam atualmente?

Como pagam?

Como prefeririam pagar? O quanto cada fonte de receita contribui para o total da receita?

Recursos chave Que recursos chave nossa proposta de valor requer?

Nossos canais de distribuição necessitam de qual recurso chave?

Quais recursos chave nossos relacionamentos com os clientes necessitam?

Quais recursos chave nossas fontes de receita necessitam?

Atividades Chave

Que atividades chave nossa proposta de valor requer? Que atividades chave nossos canais de distribuição requerem?

Que atividades chave nossos relacionamentos com os clientes requerem?

Que atividades chave nossas fontes de receita requerem?

Parcerias Chave

Quem são nossos principais parceiros? Quem são nossos principais fornecedores?

Que recursos principais estamos adquirindo dos parceiros?

Que atividades chave os parceiros executam?

Estrutura de custo

Quais são os custos mais importantes em nosso modelo de negócios? Que recursos chave são mais caros?

Quais atividades chave são mais caras?

Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2011)

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Conforme os autores do BMC, o quadro de modelo de negócios tem como

principais contribuições visual thinking, a visão sistêmica, a cocriação, a simplicidade e

aplicabilidade, descritos a seguir.

O visual thinking, consiste em usar figuras, diagramas, desenhos, post-its, para

representar ideias ou situações. O Quadro permite ver o modelo como um desenho e não como

uma folha de texto; assim, agrega uma forma de atuar lógica e produtiva, viabiliza o raciocínio

e a compreensão daquele que lê, tanto a interconexão dos diversos blocos, como do todo,

conforme os criadores do BMC.

A visão sistêmica é a possibilidade de compreender o todo baseado em uma análise

das partes e da interação entre elas. Assim, a visão sistêmica consiste em olhar para a realidade

como um sistema, que na acepção da Teoria dos Sistemas é um conjunto de partes inter-

relacionadas e interdependentes que unidas, formam um todo unitário com determinado

objetivo e efetuam determinada função (OLIVEIRA, 2006). Para Senge (2011), a visão

sistêmica possibilita compreender que as decisões têm consequências diretas nas atividades

internas da organização, inclusive na estratégia. Segundo os autores do BMC, ao olhar para o

quadro é possível ter uma visão geral do modelo de negócios, ler um cenário de forma

consolidada, além de criar um entendimento comum do todo na relação das partes, ou seja, ver

todo o negócio por meio das quatro questões fundamentais e dos quatro pilares, pelos nove

blocos relacionados, considerando os dois lados do quadro e seus respectivos focos (eficiência

e valor), citados anteriormente.

De acordo com eles, a cocriação ocorre quando pessoas não envolvidas diretamente

no negócio têm a possibilidade de apoiar, ajudar, colaborar na construção e análise do modelo

o que se torna mais simples por ele ser visual e permitir a visão sistêmica.

Finalmente, para os criadores do BMC, a simplicidade e aplicabilidade são notadas

à medida que o quadro coloca em foco o que é mais importante, dando a chance de verificar e

corrigi-lo. Além de ajudar a descobrir elos que não seriam perceptíveis em um longo texto

descritivo, com rapidez e clareza.

Os autores do BMC orientam que o início do preenchimento pode partir de qualquer

um dos nove blocos, porém essa decisão consequentemente afeta a definição dos demais blocos

e de múltiplos blocos, uma vez que os blocos são inter-relacionados. De acordo com

Osterwalder e Pigneur (2011), o mais usual é começar da proposta de valor ou dos segmentos

de clientes ou dos recursos ou ainda da parte financeira, conforme o Quadro 9.

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53

Quadro 9 – Pontos de partida nos Modelos de Negócios

Bloco de partida As oportunidades devem partir: Pilares do Negócio

Proposta de Valor Da criação de novas propostas de valor Proposta de Valor

Segmento de cliente Das necessidades dos clientes

Clientes

Canais Do acesso facilitado

Relacionamento

com clientes Do aumento da conveniência

Recursos-chave Da infraestrutura existente

Infraestrutura

Atividades-chave Das atividades principais

Parcerias-chave De um parceiro

Fontes de receita De mecanismos de preços

Viabilidade

financeira

Estrutura de custos De estruturas de custos reduzidas

Múltiplos blocos De múltiplos pontos de partida

concomitantemente

Múltiplos pontos

de partida

Fonte: Elaborado pela autora com base em Osterwalder e Pigneur (2011).

Nota-se, no Quadro 3, que os quatro blocos de partida para elaboração dos modelos

de negócios, sugeridos pelos autores, remetem aos quatro pilares de um negócio, por

conseguinte também podem ser considerados pilares para a criação de oportunidades

inovadoras em Modelos de Negócios.

Considerando as argumentações desenvolvidas no capítulo, têm-se os elementos

teóricos necessários para a identificação das contribuições do BMC para a avaliação de

desempenho organizacional.

2.2.3. Pressupostos teóricos sobre o Modelo de Negócios e Business Model Canvas

Após a exposição do referencial teórico, foram agrupados e selecionados os

pressupostos sobre Modelos de Negócios e Business Model Canvas, que serão utilizados no

trabalho, conforme as características desta pesquisa.

A definição de Modelo de Negócios adotada na pesquisa é que o modelo de

negócios constitui um conceito holístico que busca descrever a estratégia de como uma

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54

organização cria, entrega e captura valor. Vários autores, tais como Amit e Zott (2001),

Dubosson-Torbay, Osterwalder e Pigneur (2002), Ghaziani e Ventresca (2005), Hedman e

Kalling (2002), Petrovic, Kittl e Teksten (2001) concordam com este conceito.

E o Business Model Canvas (BMC) é uma ferramenta para descrever um novo

modelo de negócio ou repensar negócios já existentes, As contribuições do BMC consideradas

no trabalho são: visual thinking, a visão sistêmica e a simplicidade (OSTERWALDER;

PIGNEUR, 2011).

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55

3. METODOLOGIA

Considerando o objetivo de identificar as contribuições do Business Model Canvas

(BMC) para a avaliação de desempenho organizacional em empresas que estão desenvolvendo

novos negócios ou reestruturando negócios existentes, primeiro foi descrito o enquadramento

metodológico da pesquisa e em seguida três macro processos: (1) revisão de literatura sobre

Desempenho Organizacional, Modelos de Negócios e BMC, (2) bases para o desenvolvimento

do BMC como ferramenta para apoio à avaliação de desempenho, e, por fim, a (3) bases para a

validação dessa ferramenta.

3.1. Enquadramento metodológico

O enquadramento metodológico consiste na descrição das características da

pesquisa segundo as bases científicas e na explicação do conjunto de procedimentos,

ferramentas e abordagens utilizadas para dar conta da investigação proposta (TASCA et al.,

2010). Nesta dissertação, o enquadramento metodológico é explicado pelos seguintes aspectos:

natureza da pesquisa; abordagem do problema; objetivos e procedimentos técnicos, conforme

a Figura 4.

Do ponto de vista da natureza, esta pesquisa é de natureza aplicada, uma vez que o

trabalho tem o intuito de gerar conhecimentos para aplicação prática de suas descobertas

dirigidos à solução de problemas específicos (COLLIS; HUSSEY, 2005; SILVA; MENEZES,

2005; GIL, 2006). O problema abordado nesta pesquisa é identificar as contribuições do

Business Model Canvas (BMC) para a avaliação de desempenho organizacional em empresas

que estão desenvolvendo novos negócios ou reestruturando negócios existentes.

A abordagem do problema é feita de forma qualitativa, pois não requer o uso de

métodos e técnicas estatísticas, isto é, se caracteriza pela análise de dados de forma indutiva. O

ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados, e o pesquisador é o instrumento-chave,

porque a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de

pesquisa qualitativa. (SILVA; MENEZES, 2005; GIL, 2006).

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56

Figura 5 - Enquadramento metodológico da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora a partir de GIL (2002) e SILVA e MENEZES (2005)

Quanto aos seus objetivos, esta é uma pesquisa exploratória, cujo foco é obter maior

familiaridade com o problema para torná-lo explícito. Objetiva aprimorar ideias ou descobrir

intuições (GIL, 2002).

Os procedimentos técnicos foram divididos quanto à fonte: papel e pessoas. Na

fonte papel, foram usadas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, que segundo

Creswell (2009), objetiva a relacionar um estudo com o diálogo vigente e extenso sobre o tema

na literatura; enquanto na fonte pessoas, foi utilizado levantamento.

A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado, os

livros, artigos científicos nacionais e internacionais, anais de congressos, dissertações, teses

defendidas, normas, base de dados das universidades e centros de pesquisa (GIL, 2002). A

pesquisa bibliográfica foi utilizada para a elaboração do Referencial Teórico e também serviu

como base para a elaboração do Roteiro de Entrevista com os Especialistas (Apêndice B).

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57

A pesquisa documental usa materiais diversificados, tais como, relatórios,

documentos oficiais, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, jornais, revistas, etc.

(FONSECA, 2002). Foram utilizados manuais da FNQ e guias referenciais e manuais públicos

elaborados pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, tais como o Guia Referencial

para Medição de Desempenho e Manual para a Construção de Indicadores (2009) e o

Mapeamento Bibliográfico e do Estado da Arte sobre Indicadores de Gestão (2009),

especialmente para o levantamento exploratório dos indicadores de desempenho

organizacional.

O levantamento envolve a interrogação direta de uma amostra de pessoas, acerca

do problema estudado (GIL, 2002; SILVA; MENEZES, 2005). Neste trabalho, o levantamento

foi feito para a validação do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, por meio de

entrevistas semiestruturadas com uma amostra de conveniência, composta de especialistas

acadêmicos e especialistas de mercado de diferentes segmentos, utilizando-se do Roteiro de

Entrevista com os Especialistas (Apêndice B) como instrumento de coleta de dados, e por fim,

para tratamento dos dados foi usada a técnica de análise de conteúdo, conforme detalhado na

seção Método para Pesquisa de Campo.

3.2. Método para revisão de bibliográfica e documental

O primeiro macro processo, que inclui a revisão bibliográfica e documental, foi

feito um levantamento sobre os temas Modelo de Negócios e Avaliação de Desempenho

Organizacional, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos teóricos acerca dos assuntos,

conforme apresentado no segundo capítulo.

Por meio da revisão de literatura, estudou-se especialmente o modelo de negócios

BMC, cada um dos nove blocos ilustrativos e seus respectivos tipos, categorias e motivações

(Figura 3), além das quatro questões fundamentais, quatro áreas principais de um negócio

(pilares), dois lados, e os diferentes focos. Ademais, buscou-se superar a falta de consenso do

termo indicador de desempenho, demonstrar a relação entre eles e a avaliação de desempenho

organizacional, como também saber os benefícios desta avaliação. Em seguida, fez-se um

levantamento exploratório de sistemas de avaliação de desempenho existentes na literatura e

em documentos de organizações especializadas. Ademais, com base nos estudos, a autora

elaborou os conceitos de indicador de desempenho e avaliação de desempenho organizacional,

adotados no trabalho.

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58

No que concerne à análise das publicações pesquisadas (138 no total), essas são

predominantemente nacionais, 57%, contra 43% internacionais (Figura 6).

Figura 6 - Origem do portfólio bibliográfico

Fonte: Elaborado pela autora

Na pesquisa bibliográfica nacional, prevalecem os livros, enquanto na

internacional, as revistas científicas (Figura 7), em que o periódico com maior participação no

portfólio bibliográfico selecionado é o International Journal of Operations & Production

Management.

Ainda em relação à Figura 7, a pesquisa documental representa cerca de 10% das

publicações e predominam os documentos nacionais da Fundação Nacional da Qualidade

(FNQ).

9%

23%

25%

13%

5% 4%

9%

2%

7%

3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

65%

Nacional Internacional

Origem das publicações pesquisadas (%)

Revistas Científicas Livros Anais

Dissertações e Teses Normas Documentos Institucionais

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59

Figura 7 - Detalhamento do portfólio bibliográfico

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto à temporalidade das publicações pesquisadas: a década de 2000 é o período

em que há maior concentração de publicações (56%), seguida da década de 2010 (24%) (Figura

8). Desse modo, nota-se que foram utilizadas publicações recentes, pois aproximadamente 80%

do portfólio pesquisado foi publicado há menos de 17 anos.

Figura 8 - Temporalidade do portfólio bibliográfico

Fonte: Elaborado pela autora

13

34

712

310

32

18

54

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

RevistasCientíficas

Livros Anais Dissertações eTeses

Normas DocumentosInstitucionais

Quan

tidad

e

Fontes

Detalhamento da frequência das publicações pesquisadas

Nacionais Internacionais

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

1944

1980

1983

1988

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

Quan

tidad

e

Período

Temporalidade das publicações pesquisadas

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60

Na Figura 8, os temas tratados na década de 2000, onde estão concentradas mais da

metade das publicações, são: Avaliação de desempenho (76%), Estratégia empresarial (10%),

Modelos de negócios (4%), E-business (3%), Lean organization (3%), Gestão estratégica (1%),

Pequenas empresas (1%), Sistemas, Organizações e Métodos (1%).

O método para a revisão bibliográfica e documental, demonstrou o estágio atual das

publicações em torno do assunto do trabalho e proporcionou uma visão abrangente de pesquisas

e contribuições anteriores, auxiliando no desenvolvimento das demais etapas da pesquisa, como

o desenvolvimento e validação do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio.

3.3. Método para desenvolvimento do BMC como ferramenta para avaliação de

desempenho organizacional

O segundo macro processo refere-se ao desenvolvimento do BMC como ferramenta

de apoio à avaliação de desempenho organizacional, nomeada de Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio, apresentado no Capítulo 2.

O Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio é produto da combinação do

Business Model Canvas (BMC), que originalmente é destinado à criação e inovação em

Modelos de Negócios, com a Avaliação de Desempenho Organizacional (Figura 8).

Business

Model

Canvas

Desempenho

Organizacional

R

efer

enci

al

Teó

rico

Can

vas

com

Indic

adore

s

Canvas de

Avaliação de

Desempenho do

Negócio

Figura 9 - Esquema sintético da construção do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

Fonte: Elaborado pela autora

O Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio mantém a mesma arquitetura

do BMC (Figura 1), mas com conteúdo e uso diferentes. O design dos blocos se mantém, porém

nele foi inserido um conjunto de indicadores de desempenho organizacional alinhados ao

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61

conceito de cada um dos nove blocos, ou seja, transforma os blocos originais do BMC em base

para um painel que contém indicadores.

Os blocos representam as variáveis-chave, isto é, as dimensões que devem ter seu

desempenho medido (o que medir?) por conjunto de indicadores que irão operacionalizar a

avaliação de desempenho, a saber, as medidas que serão usadas (como medir?).

A Figura 10 contém um esquema sintético das etapas de desenvolvimento do

conteúdo do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, parte dos estudos sobre a

contribuição do BMC para a avaliação de desempenho.

A descrição analítica dessas etapas realizadas para desenvolver o conteúdo do

Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio foram:

a) Levantamento exploratório de indicadores de desempenho organizacional: os

indicadores de desempenho organizacional foram pesquisados de forma manual, na literatura

acadêmica e em documentos de organizações especializadas, e ao final foram encontrados 408

indicadores de vários autores.

À medida que foram encontrados, os indicadores de desempenho foram lançados

em uma planilha eletrônica, e organizados por fonte do material, nome do indicador, autor que

mencionou o indicador e data em que este autor fez a menção. A coleta de indicadores foi

encerrada no momento em que eles começaram a se repetir.

As dificuldades aqui encontradas foram: a impossibilidade de se utilizar a base de

dados para levantar indicadores, porque nestas normalmente são disponibilizados indicadores

relativos à área financeira apenas, sendo as duas bases estudadas Capital IQ e Thomson Reuters;

o segundo obstáculo foi a impossibilidade de disponibilização dos indicadores utilizados pelas

empresas que se candidatam ao Prêmio Nacional da Qualidade da FNQ por motivos de

confidencialidade; e, por fim, o terceiro foi a falta de retorno do contato feito com o Ministério

do Planejamento, Orçamento e Gestão sobre possíveis atualizações nas fontes documentais

utilizadas - Guia Referencial para Medição de Desempenho e Manual para a Construção de

Indicadores (2009) e o Mapeamento Bibliográfico e do Estado da Arte sobre Indicadores de Gestão (2009).

b) Primeira estratificação: foi realizado o “filtro 01” e os indicadores pesquisados

foram classificados usando-se a definição de indicador de desempenho adotada na pesquisa.

Aqueles não se encaixavam na definição, por exemplo, eram uma simples somatória, foram

excluídos, sobrando 230 indicadores (57,5%). Nesta etapa também foi observado se os

indicadores restantes possuíam as características fundamentais de confiabilidade, validade,

relevância e consistência, conforme Moreira (1996), abordadas na seção 2.1.1.

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62

Figura 10 - Síntese das etapas de construção do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio Fonte: Elaborado pela autora

a- Levantamento

exploratório e organização

dos indicadores de

desempenho

organizacional

encontrados na revisão

bibliográfica:

408 indicadores

i- Agrupamento dos

indicadores

Critérios usados: o nome

do indicador, as fórmulas

de cálculo de cada um

deles, os 43 assuntos da

lista criada

b- 1ª estratificação de

indicadores (filtro 01) :

230 indicadores

Filtro 01: exclusão dos

indicadores conforme a

definição de indicador

adotada na pesquisa

j- 2ª Estratificação de

indicadores (filtro 02):

190 indicadores

Filtro 02: exclusão dos

indicadores repetidos

conforme o agrupamento

realizado na etapa anterior

c- 1ª associação dos

indicadores com os

blocos do BMC

Critérios usados:

"Questões de auxílio para

preenchimento do BMC"

e a pergunta "Quais

blocos podem ter o

indicador sob medida?"

k- 3ª Estratificação de

indicadores (filtro 03):

49 indicadores

Filtro 03: exclusão dos

indicadores que estavam

relacionados a 2 ou

menos blocos do BMC

d- Pesquisa das fórmulas

para harmonizar a

nomenclatura dos

indicadores de

desempenho e

agrupamento dos

indicadores semelhantes

l- 4ª Estratificação de

indicadores (filtro 04):

24 indicadores

Filtro 04: exclusão dos

indicadores que não se

encaixavam à pergunta "É

um bom indicador de

desempenho para o bloco

"x"?"

e- Levantamento dos

indicadores mais citados

na revisão bibliográfica

realizada

m- Inclusão dos

indicadores mais citados

na literatura que era

relevantes e não

constavam no resultado

da 4ª Estratificação:

27 indicadores

(diferentes)

Acrescentados 3

indicadores mais citados

na literatura

f- 2ª Associação dos

indicadores com os

blocos do BMC e revisão

da 1ª Associação

Critérios usados:

Conceitos individuais dos

blocos e a pergunta "Este

indicador refere-se ao

conceito de qual(is)

bloco(s)?"

n- 3ª Associação: os 3

indicadores

acrescentados foram

associados aos blocos do

BMC

Critérios usados:

Conceitos individuais dos

blocos e a pergunta "Este

indicador refere-se ao

conceito de qual(is)

bloco(s)?"

g- Criação de lista de

assuntos para o

agrupamento dos

indicadores: 43 assuntos

o- Construção do Canvas

de Avaliação de

Desempenho do Negócio

= BMC + 27 indicadores

48 indicadores na

contagem total, pois os

indicadores são inter-

relacionados e podem

aparecer simultaneamente

em outro(s) bloco(s) do

Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio

h- Agrupamento dos

assuntos por tema

Exemplos de assuntos

relacionados: cliente,

satisfação, canais,

comunicação, pós-vendas

Esquema sintético das etapas de desenvolvimento do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

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63

c) Primeira associação dos indicadores aos blocos do BMC, a fim de sugerir um

conjunto de indicadores para os blocos, com base nas “Questões de auxílio para preenchimento

do BMC” e na pergunta “Quais blocos podem ter o indicador sob medida?”. Ressalta-se que o

mesmo indicador pode estar relacionado concomitantemente a mais de um bloco. Esta etapa foi

útil para saber quais blocos podem ter o indicador como medida.

Foram encontrados obstáculos para esta associação, uma vez que as questões de

auxílio para o preenchimento do BMC (Quadro 8), disponibilizadas por Osterwalder e Pigneur

(2011), foram construídas sob a perspectiva do cliente, são abertas e relacionadas também a

outros blocos, portanto não serviram de suporte para esta tarefa.

d) Pesquisa das fórmulas de cálculo para harmonizar a nomenclatura dos

indicadores de desempenho: foram pesquisadas as fórmulas de cálculo de alguns indicadores,

conforme a necessidade, para saber se era o mesmo indicador, porém com nomes diferentes,

uma vez que não há consenso entre os nomes dos indicadores (autores criam nomenclaturas

diferentes para o mesmo indicador), agrupando-os.

Notou-se que é difícil encontrar as fórmulas de cálculo dos indicadores e, às vezes, não há

consenso, sendo sugeridas fórmulas de cálculo diferentes para indicadores com a mesma nomenclatura.

e) Levantamento dos indicadores mais citados na revisão bibliográfica: realizou-se

a análise dos indicadores mais citados na revisão bibliográfica pesquisada, objetivando escolher

os mais utilizados academicamente. Contudo notou-se que era preciso fazer outros filtros além

desse. O indicador “Índice de Satisfação do Cliente” foi citado por 6 autores diferentes (SLACK

et al., 1996; KAPLAN; NORTON, 1997; TAVARES, 2000; MASKELL; BAGGALEY, 2003;

CUNNINGHAM; FIUME; ADAMS, 2003; NIVEN, 2005). Para os demais indicadores de

desempenho a frequência não foi muito significativa para a estratificação, uma vez que

apresentaram frequência 3, 2, ou 1 – de citação pelos autores.

f) Segunda associação dos indicadores aos blocos do BMC: Foi revisada a primeira

associação dos 230 indicadores com os blocos do BMC. A pergunta realizada para a seleção do

indicador foi “Este indicador refere-se ao(s) conceito(s) de qual(is) bloco(s)?”, utilizando-se a

definição individual do bloco.

Outra dificuldade encontrada foi a utilização destas questões, pois são muito

abertas, feitas sob a ótica do cliente e relacionadas também a outros blocos.

g) Criação de lista dos assuntos: para o agrupamento dos indicadores foi feita uma

análise qualitativa do nome dos indicadores e/ou das fórmulas de cálculo dos indicadores,

resultando em uma lista com 43 assuntos.

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64

h) Agrupamento dos assuntos: Os 43 assuntos criados foram agrupados por temas

semelhantes. Exemplos de assuntos relacionados: cliente, satisfação, canais, comunicação, pós-

vendas.

i) Agrupamento dos indicadores: Os indicadores foram classificados segundo os

critérios de nome do indicador, fórmulas de cálculo de cada um deles e agrupados pelos 43

assuntos relacionados na lista, visando a descobrir se ainda havia indicadores repetidos.

j) Segunda estratificação: Foi realizado o “filtro 02”, para a exclusão dos

indicadores repetidos conforme o agrupamento realizado na etapa anterior. Foram excluídos

mais 40 indicadores repetidos, totalizando 190 indicadores.

k) Terceira estratificação: Para fazer o “filtro 03”, separou-se os indicadores que

estavam relacionados simultaneamente ao conceito de 3, 4 ou 5 blocos, restando 49 indicadores,

objetivando os indicadores que tem maior inter-relacionamentos entre os blocos do BMC.

l) Quarta estratificação: No “filtro 04”, os indicadores de desempenho restantes

foram analisados fazendo a pergunta: “É um bom indicador de desempenho para o bloco “x”?

Permaneceram os indicadores que se encaixavam à questão, totalizando 24 diferentes

indicadores considerados relevantes e consistentes, de acordo com a classificação de Moreira

(1996) na seção 2.2.1.

m) Inclusão dos indicadores mais citados na literatura: após análise dos 24

diferentes indicadores, foram acrescentados 3 indicadores mais citados na literatura que eram

relevantes e não constavam no resultado da 4ª Estratificação, totalizando 27 indicadores.

n) Terceira associação dos indicadores aos blocos do BMC: os 3 indicadores

acrescentados foram associados aos blocos do BMC, por meio da mesma pergunta da 2ª

associação “Este indicador refere-se ao(s) conceito(s) de qual(is) bloco(s)?”, utilizando-se a

definição individual do bloco.

o) Construção do Canvas com os indicadores selecionados (Canvas de Avaliação

de Desempenho do Negócio): foi inserido o conjunto de indicadores em cada bloco do Canvas

de Avaliação de Desempenho do Negócio (Figura 9), que têm as seguintes características:

abrangência corporativa e foco financeiro e não-financeiro.

Vale destacar que embora existam 27 diferentes indicadores, a contagem dos

indicadores no Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio (Figura 11) totaliza 48

indicadores, em virtude daqueles indicadores que são compartilhados, por causa de seus inter-

relacionamentos e, portanto, aparecem em mais de um bloco concomitantemente.

Para facilitar o reconhecimento dos indicadores que aparecem em mais de um bloco

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65

simultaneamente, foram inseridos números, de 1 a 27, para cada indicador, conforme a figura

11. Exemplo: o indicador 1, “% de clientes potenciais”, aparece concomitantemente nos blocos

“Segmentos de Clientes” e “Relacionamentos com Clientes”.

A listagem numerada completa dos 27 indicadores, ordenada em sequência, assim

como o alinhamento e inter-relação dos indicadores de desempenho no BMC, pode ser vista no

Quadro 11, na seção “4.1.2. Alinhamento e Inter-relação dos indicadores de desempenho

organizacional”. Ainda na referida seção, no Quadro 12, está detalhada a quantidade e os

percentuais de indicadores de desempenho inter-relacionados por bloco do Canvas de

Avaliação de Desempenho do Negócio. O Quadro 13 traz os indicadores de desempenho inter-

relacionados por Pilar do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, enquanto o Quadro

14 aborda os Indicadores de desempenho inter-relacionados por Lado, Concentração,

Equivalência com o lado cerebral, Foco do lado e Questão do Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio.

3.4. Método para a pesquisa de campo

O levantamento junto aos especialistas, terceiro macro processo, foi realizado por

meio de entrevistas semiestruturadas. Conforme as orientações de Godoi e Mattos (2006), a

entrevista semiestruturada deve seguir uma ordem de perguntas, permitir a livre expressão do

entrevistado mediante o estímulo do entrevistador, e possibilitar a participação do entrevistador

no diálogo e até a inserção de outras perguntas, de acordo com o contexto e as oportunidades,

visando ao objetivo geral da entrevista.

Foi utilizado o Roteiro de Entrevista com os especialistas (Apêndice B) como

instrumento de coleta de dados, que contém 12 questões, abertas e fechadas (sim/não), e visa a

conhecer a opinião deles sobre o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio e sobre o

conjunto de 27 diferentes indicadores apresentados, contemplando o objetivo geral da pesquisa

de identificar as contribuições do Business Model Canvas (BMC) para a avaliação de

desempenho organizacional em empresas que estão desenvolvendo novos negócios ou

reestruturando negócios existentes, e os objetivos específicos de validar o uso da nova

ferramenta para suporte à avaliação de desempenho; estudar a existência de inter-

relacionamentos entre os indicadores da nova ferramenta e sugerir um conjunto de indicadores

de avaliação de desempenho organizacional que podem ser escolhidos pelos negócios novos ou

em reestruturação.

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66

Para a coleta de dados foram contatados 14 especialistas de mercado, sendo que dez

especialistas não responderam ao contato e 4 especialistas acadêmicos, os quais participaram

da pesquisa, totalizando 8 respondentes. Por questão de confidencialidade os dados desses

respondentes foram preservados.

Outra tentativa de se coletar a opinião de especialistas para a validação do Canvas

de Avaliação de Desempenho do Negócio, foi feita no fórum Hub

(http://businessmodelhub.com/forum), plataforma online usada para escrever o livro BMC,

desenvolvida por seus autores, Osterwalder e Pigneur (2011), todavia nenhum profissional que

visualizou a mensagem se propôs a responder a pesquisa completa.

Assim, os oito especialistas para os quais foi aplicada a pesquisa, fazem parte de

uma amostra de conveniência (amostragem não probabilística), cujos respondentes estavam

acessíveis e cumpriam os critérios de enquadramento.

Dentre os critérios de enquadramento geral estava que todos os especialistas

deveriam conhecer o BMC e avaliação de desempenho simultaneamente.

No caso dos especialistas de mercado, os critérios de enquadramento também

incluiu serem de empresas nascentes ou em reestruturação e ter tempo mínimo de experiência

em funções de liderança e/ou gestão de 5 anos.

Quanto aos especialistas acadêmicos, os critérios de enquadramento também

incluiu exercerem a atividade acadêmica no mínimo há 8 anos, terem concluído o doutorado no

mínimo há 4 anos, estarem relacionados à área de Ciências Aplicadas, terem conhecimento na

área de gestão, conforme plataforma online do curriculum lattes.

Os critérios de enquadramento para ambos tipos de especialistas, foram utilizados

na fase de seleção e confirmados durante a entrevista.

O convite para participação da pesquisa e contatos decorrentes, foram feitos por e-mail.

As entrevistas foram agendadas previamente, realizadas pessoalmente ou virtualmente, e,

mediante autorização, gravadas. O tempo médio de duração das entrevistas foi de 60 minutos.

Foi esclarecido o conceito de indicador adotado na pesquisa e, por motivo da

interdependência entre os indicadores, podiam ser compartilhados por mais de um bloco e

consequentemente serem repetidos.

Cada respondente recebeu o Roteiro de Entrevista (Apêndice B) e o Canvas de

Avaliação de Desempenho do Negócio com 27 diferentes indicadores (Figura 11) para

acompanhamento. Quando solicitado eram disponibilizadas as fórmulas de cálculo e a

Coletânea sobre o BMC (Apêndice C) para o esclarecimento das dúvidas.

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67

Figura 11 - Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio Fonte: Elaborado pela autora

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68

Para o tratamento dos dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, proposta

por Bardin (2011), que é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que permite a

identificação de indicadores (quantitativos ou não) em mensagens orais e escritas e a inferência

de conhecimentos, contribuindo na busca de respostas às questões de pesquisa.

A análise de conteúdo realizada no presente trabalho seguiu as três etapas propostas

por Bardin (2011): 1) pré-análise, 2) análise e 3) tratamento dos resultados obtidos e

interpretação.

Na pré-análise foi realizada a preparação do material por meio da transcrição das

entrevistas, que permitiu maior contato com o material e o conhecimento das ideias e conceitos.

A segunda etapa, de análise, consistiu na exploração do material por meio da busca

de palavras e ideias repetidas com maior frequência pelos entrevistados nas questões abertas, e

posteriormente a identificação dos segmento de conteúdo, visando a categorização e análise

frequencial.

Na terceira etapa, tratamento dos resultados obtidos e interpretação, foram

identificadas 4 categorias para as contribuições do uso do Canvas de Avaliação de Desempenho

do Negócio para as organizações, conforme o problema de pesquisa.

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69

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, são apresentados e discutidos os resultados obtidos em relação a

identificação das contribuições do Business Model Canvas (BMC) para a avaliação de

desempenho organizacional em empresas que estão desenvolvendo novos negócios ou

reestruturando negócios existentes.

Para isso, na primeira seção estão as bases para desenvolvimento e uso do BMC

como ferramenta para avaliação de desempenho organizacional e na segunda seção os

resultados da validação da extensão do BMC como ferramenta de apoio à avaliação de

desempenho organizacional.

4.1. Bases para desenvolvimento e uso do BMC como ferramenta para avaliação de

desempenho organizacional

As bases que alicerçam o desenvolvimento e o uso do BMC como ferramenta de

apoio à avaliação do desempenho organizacional são: a qualidade, o alinhamento e a inter-

relação dos indicadores de desempenho organizacional, o visual thinking, a visão sistêmica e

simplicidade e as limitações atendidas por meio da ferramenta para apoio à avaliação de

desempenho organizacional.

4.1.1. Qualidade dos indicadores de desempenho organizacional

A qualidade dos indicadores de desempenho organizacional selecionados foi

determinada especialmente pelo conceito adotado do termo indicador e pela verificação das

características fundamentais dos indicadores de desempenho, segundo Moreira (1996): a

confiabilidade, a validade, a relevância e a consistência.

O conceito construído na pesquisa, afirma que o indicador de desempenho é um

resultado mensurável, obtido por meio de fórmulas de cálculo, no mínimo de uma razão entre

duas ou mais variáveis de natureza qualitativa ou quantitativa, que registram a eficácia ou a

eficiência de estratégia(s), indivíduo(s), processo(s), sistema(s) ou organização(ções), e

apontam suas modificações no tempo e/ou espaço.

Dos 408 indicadores de desempenho organizacional levantados na literatura e em

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documentos de organizações especializadas, foram selecionados 27 indicadores, conforme a

metodologia descrita em “Método para desenvolvimento do BMC como ferramenta para

avaliação de desempenho organizacional”. No conjunto há indicadores financeiros e não-

financeiros, e indicadores estratégicos, como de proposta de valor, que ainda têm sido

negligenciados pela maioria das organizações e sistemas de avaliação de desempenho,

conforme literatura pesquisada.

Esses indicadores foram extraídos de 12 autores, em um período de 20 anos,

conforme o Quadro 10.

Quadro 10 – Período e Autores da seleção de indicadores

Ano Autores dos indicadores selecionados

2015 Caldeira

2009 Jerry Harbour

2005 Niven

2005 Neely, Gregory e Platts

2003 Cunningham, Fiume e Adams

2003 Maskell e Baggaley

2001 Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu

2000 Tavares

1999 Beamon

1997 Kaplan; Norton

1997 SCOR

1996 Slack et al.

Fonte: Elaborado pela autora.

A seleção dos indicadores de desempenho foi sustentada pelos quatro requisitos

fundamentais citados por Moreira (1996): a confiabilidade; a validade; a relevância; e a

consistência.

A confiabilidade dos resultados, que consiste em reproduzir os mesmos resultados,

foi planejada nesse conjunto por meio da utilização das fórmulas para os cálculos dos

indicadores, porém o comportamento desta característica somente será validado por meio da

aplicação prática e comparação dos resultados reproduzidos por pessoas ou grupos diferentes.

As fórmulas de cálculo agregam objetividade aos resultados, corroborando para que

seja medido aquilo que o indicador se propôs a medir originalmente (validade). Assim como a

confiabilidade, a comprovação da validade se dará na prática.

A relevância dos indicadores para a estrutura organizacional foi observada na

seleção de apenas 6,6% dos indicadores aproximadamente, de um conjunto de 408 indicadores

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71

que foram levantados, considerando os mais importantes para os blocos do BMC e que não

fossem repetidos.

Por fim, a consistência dos indicadores selecionados, foi observada em relação ao

seu grau de harmonia com o sistema de indicadores. Foram selecionados indicadores

financeiros e não financeiros para os blocos do BMC de forma a representar clientes, recursos-

chave, atividades-chave, viabilidade financeira, etc., demonstrando o equilíbrio dos indicadores

selecionados, assim como dos requisitos fundamentais para a formação sistemas de avaliação

de desempenho adequados, apresentadas por Brown (1996).

A falta de consistência acarreta o acompanhamento de apenas um aspecto do

fenômeno que se quer realmente acompanhar, portanto interfere na inter-relação entre o

indicadores, abordado a seguir.

4.1.2. Alinhamento e Inter-relação dos indicadores de desempenho organizacional

O alinhamento dos 27 diferentes indicadores de desempenho organizacional com

os conceitos dos blocos do BMC e a inter-relação entre esses indicadores, ocorreram

simultaneamente durante a associação dos indicadores aos blocos do BMC e estratificação do

conjunto, conforme a seção “Método para desenvolvimento do BMC como ferramenta para

avaliação de desempenho organizacional” (itens b, c, f, j, k, l, n).

Os indicadores foram alinhados aos conceitos dos blocos, utilizando-se a definição

de cada bloco e as questões: “Este indicador refere-se ao(s) conceito(s) de qual(is) bloco(s)?” e

“É um bom indicador de desempenho para o bloco “x”?”.

Do alinhamento com os blocos, resultou a inter-relação entre os indicadores, uma

vez que permaneceram aqueles que estavam relacionados a mais blocos simultaneamente,

medindo múltiplas dimensões de desempenho.

Nota-se no Quadro 11, que os indicadores, em regra, relacionam-se com outros

blocos simultaneamente, inclusive com pilares diferentes (oferta, clientes, infraestrutura e

viabilidade financeira), lados (direito e esquerdo) e consequentemente concentrações distintas

(externo e interno) do BMC. Neste caso, o resultado do desempenho de um indicador, pode ter

causas ou efeitos externos e internos concomitantemente.

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72

Quadro 11 – Alinhamento e Inter-relação dos indicadores de desempenho organizacional no BMC

Fonte: Elaborado pela autora

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73

Visando a explicar detalhadamente o Quadro 11, foram elaborados os Quadros 12,

13 e 14, a seguir.

O Quadro 12 demonstra a tabulação da quantidade de indicadores em cada bloco

do BMC, em ordem decrescente, realizada por meio de contagem, a partir do Quadro 11. Nota-

se que nos blocos Recursos chave e Atividades chave concentra-se a maior quantidade de

indicadores, representando 50% do total deles, indicando que estes são os blocos com os quais

os indicadores mais de relacionam.

Quadro 12 – Indicadores de desempenho inter-relacionados por bloco do Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio

Bloco do BMC Indicadores

Qtde %

Recursos chave 12 25%

Atividades chave 12 25%

Canais 5 10,5%

Segmento de clientes 4 8,5%

Proposta de valor 4 8,5%

Relacionamento com clientes 3 6,25%

Parcerias chave 3 6,25%

Estrutura de custos 3 6,25%

Fontes de receita 2 4%

TOTAL ‘48 100%

Fonte: Elaborado pela autora

Em decorrência de os dois blocos com maior quantidade de indicadores inter-

relacionados fazerem parte do Pilar Infraestrutura, é este o pilar do BMC onde ocorre a maior

quantidade (56%) de inter-relacionamento entre os indicadores (Quadro 13).

O Quadro 14 mostra que de acordo com os indicadores selecionados a partir da literatura

pesquisada, os esforços estão concentrados na eficiência operacional e nos aspectos internos da

organização, uma vez que a maior frequência de inter-relação entre indicadores ocorre do lado esquerdo.

Neste Quadro, o total de indicadores é 44, pois não foi considerado o bloco Proposta de Valor, o qual

tem 4 indicadores, porque ele é classificado de ambos os lados (50% de cada lado) no BMC.

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74

Quadro 13 – Indicadores de desempenho inter-relacionados por Pilar do Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio

Pilar do

BMC Blocos

Indicadores/Pilar

Qtde %

Infraestrutura

Recursos chave

27 56%

Atividades chave

Parcerias chave

Clientes

Segmento de clientes

12 25%

Canais

Relacionamento com clientes

Viabilidade

Financeira

Estrutura de custos 5 10,5%

Fontes de receita

Oferta

Proposta de valor 4 8,5%

TOTAL 48 100%

Fonte: Elaborado pela autora

Quadro 14 – Indicadores de desempenho inter-relacionados por Lado, Concentração, Equivalência com o lado cerebral, Foco do lado e Questão do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

Lad

o

Con

cen

traçã

o

Eq

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alê

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lad

o c

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ral

Foco

do L

ad

o

Questão Pilar do BMC Blocos

Indicadores

Qtde %

Lad

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ação

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no

Op

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Lógic

a

Efi

ciên

cia

Como? Infraestrutura

Recursos chave

30 68%

Atividades chave

Parcerias chave

Quanto? Viabilidade

Financeira

Estrutura de

custos

Lad

o D

irei

to

Co

nce

ntr

ação

no

Ex

tern

o e

no

Mer

cad

o

Em

oçã

o

Val

or

Para quem?

Clientes

Segmento de

clientes

14 32%

Canais

Relacionamento

com clientes

Quanto? Viabilidade Financeira

Fontes de receita

TOTAL 44 100%

Fonte: Elaborado pela autora

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75

4.1.3. Visual thinking, Visão sistêmica e simplicidade

As contribuições do BMC consideradas no trabalho são o visual thinking,

(pensamento visual), a visão sistêmica e a simplicidade.

O visual thinking usa ferramentas visuais, tais como, figuras, diagramas, desenhos,

post-its, para representar ideias, textos ou situações, permitindo ver o modelo como um desenho

e não como uma folha de texto, segundo Osterwalder e Pigneur (2011). O BMC utiliza o visual

thinking para descrever um novo modelo de negócio ou repensar negócios já existentes.

Osterwalder e Pigneur (2011) afirmam que, há uma estrutura não visível no quadro

sustentando o BMC, que responde a quatro questões fundamentais, cobre quatro pilares do

negócio, divide o quadro em dois lados e dois focos.

Foi aplicado o visual thinking para ilustrar essa estrutura não visível do BMC de

forma agrupada e sobreposta, através dos nove blocos (Figura 10). Essa figura permite além do

raciocínio do visual thinking, da visão sistêmica e da simplicidade.

As demarcações visuais, figuras e cores do visual thinking, viabilizaram a

compreensão do leitor, a síntese de informações de forma visual nos blocos inter-relacionados

e também no todo.

O visual thinking propiciou visão sistêmica do quadro (Figura 10), permitindo a

leitura da visão geral e consolidada das informações e o entendimento do todo em relação às

partes.

A visão sistêmica, que é baseada na lógica de integração e da interdependência, é

uma característica notada na ferramenta por meio das quatro questões fundamentais inter-

relacionadas aos quatro pilares (Figura 3), que tem como consequência a inter-relação das

questões com os blocos, os dois lados do quadro e seus respectivos focos. A visão das inter-

relações é notada, inclusive quantitativamente (Quadro 15), a partir consolidação das

informações no BMC (Figura 10), demonstrando que a estrutura do BMC considera as

dimensões principais do negócio (blocos) de maneira inter-relacionada e equilibrada.

Considerando o total de 9 blocos do BMC e seus respectivos percentuais em relação

aos 4 pilares, percebe-se as seguintes proporções: 1 bloco referente ao pilar Oferta (11,11%), 3

blocos relacionados ao pilar Infraestrutura (33,33%) e mais 3 blocos relativos ao pilar Clientes

(33,33%) e, por fim, 2 blocos no pilar Viabilidade Financeira (22,22% = 11,11% Fontes de

Receita + 11,11% Estrutura de Custos).

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76

Figura 12 - Ilustração do BMC com a sobreposição das informações compiladas (pilares, questões,

blocos, lados e foco)

Fonte: Elaborado pela autora com base em Osterwalder e Pigneur (2011).

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77

Quadro 15 – Análise da consolidação da estrutura de sustentação do BMC

Fonte: Elaborado pela autora com base em Osterwalder e Pigneur (2011).

Considerando a quantidade de blocos em cada lado do BMC, há 4,5 blocos de cada

lado, uma vez que o bloco proposta de valor é dividido ao meio. Portanto, 50% dos blocos

referem-se ao lado direito, cujo foco é o valor, estimulado pelo hemisfério cerebral responsável

pelas emoções, ao concentrar-se no externo. A outra metade dos blocos, no lado esquerdo,

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78

focam na eficiência, cujo raciocínio lógico concentra-se no pensamento interno da organização

e é de responsabilidade do hemisfério cerebral esquerdo. Independente do lado, a composição

destes 50% é resultado da somatória de 5,55% (metade do bloco proposta de valor) + 33,33 +

11,11 de cada lado.

Esta análise do Quadro 15, demonstra o equilíbrio na estrutura do BMC,

considerando as dimensões principais do negócio (blocos) de maneira inter-relacionada e

equilibrada, e também possibilita a consistência dos indicadores.

Tanto o visual thinking, quanto a visão sistêmica, apoiaram a simplicidade do BMC,

ajudando a descobrir elos que não eram perceptíveis no texto descritivo da estrutura que

sustenta o quadro com rapidez e clareza.

Em relação ao restante das características adequadas para qualquer sistema de

avaliação de desempenho, apresentadas por Brown (1996), que foram consideradas na pesquisa,

observa-se a agregação de visões gerais e abrangentes, que é a visão sistêmica de performance,

e da visibilidade de forma que sejam adequadamente comunicados e apresentados, referente a

simplicidade do BMC.

4.1.4. Limitações atendidas por meio da ferramenta para apoio à avaliação de

desempenho organizacional

Dos 76 sistemas de avaliação de desempenho organizacional, resultados da revisão

de literatura, 43% foi excluído por serem replicados, restando 43 diferentes modelos.

A definição de Sistema de avaliação de desempenho utilizada foi de Neely et. al

(2000) que compreende o sistema de avaliação de desempenho como um conjunto de

indicadores para avaliar a eficiência e eficácia das ações na avaliação de desempenho. E parte

da definição de Figueiredo et al. (2005), que acrescenta que além dos indicadores, um sistema

de avaliação de desempenho é constituído por métodos e ferramentas que coletam, descrevem

e representam dados visando a gerar informações para todos os níveis hierárquicos a fim de que

possam avaliar o desempenho da organização, tomar decisões e executar ações para melhoria

do desempenho.

Quanto às limitações dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional,

foram consideradas aquelas expostas por Lugoboni (2010) que se atenta às limitações

estruturais dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional, para os 4 sistemas de

avaliação de desempenho organizacional mais frequentes na literatura estudada. O Quadro 16

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79

elenca as principais limitações específicas dos quatro sistemas de avaliação de desempenho

organizacional mais citados, conforme este autor.

Quadro 16 – Principais limitações específicas de sistemas de avaliação de desempenho organizacional

Aspectos

Balanced

Scorecard

(BSC) de

Kaplan e

Norton (1992)

Sete Critérios

de

Desempenho

(SCD) de

Sink e Tuttle

(1993)

Modelo

Quantum de

Medição de

Desempenho

(MQMD) de

Hronec (1994)

Três Níveis do

Desempenho

de Rummler e

Brache (1994)

o c

on

sid

era

os

asp

ecto

s

mercado x x x

clientes x x

aspectos econômicos e

financeiros x

recursos físicos necessários x x x x

papel das parcerias e

alianças estabelecidas x x x x

pesquisa, desenvolvimento

e inovação x x

ativos intangíveis e não

financeiros x x

relações de causa-efeito x x x

desenvolvimento dos

funcionários x

Fonte: Elaborado pela autora com base em Lugoboni (2010)

Analisando as limitações dos sistemas de avaliação de desempenho organizacional

estudados, observa-se que conceitos do BMC suprem essas lacunas por meio de seus blocos, e

especialmente no caso das relações de causa-efeito por meio da inter-relação das quatro

questões com os quatro pilares (Figura 3). O Quadro 17 apresenta a correspondência do BMC

com as limitações nos sistemas de avaliação de desempenho organizacional.

Uma vez que a estrutura do BMC supre as limitações estruturais dos sistemas de

avaliação de desempenho organizacional existentes, observadas por Lugoboni (2010), foi

sugerido o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio (Figura 9).

O Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio é uma ferramenta para apoio

à Avaliação de Desempenho Organizacional. É resultado da inserção dos 27 indicadores na

estrutura original do BMC, alinhados aos conceitos de cada um dos blocos (Figura 9). Ele foi

criado em resposta aos objetivos da pesquisa, atendendo às limitações apresentadas pelos

sistemas de avaliação de desempenho existentes.

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80

Quadro 17 – Correspondência entre as limitações nos sistemas de avaliação de desempenho

organizacional e os blocos do BMC

Limitações nos sistemas de avaliação de

desempenho organizacional Correspondência com o BMC

Mercado Bloco Segmento de Clientes

Clientes Bloco Relacionamentos com Clientes

Aspectos econômicos e financeiros

Bloco Estrutura de Custos

Bloco Fontes de Receitas

Recursos físicos necessários

Bloco Recursos-chave Ativos intangíveis e não financeiros

Desenvolvimento dos funcionários

Papel das parcerias e alianças estabelecidas Bloco Parcerias-chave

Pesquisa, desenvolvimento e inovação Bloco Proposta de Valor

Relações de causa-efeito Inerente à estrutura do BMC

Fonte: Elaborado pela autora.

4.2. Validação da extensão do BMC como ferramenta de apoio à avaliação de

desempenho organizacional

A validação da extensão do BMC como ferramenta de apoio à avaliação de

desempenho das organizações que estão desenvolvendo novos negócios ou reestruturando

negócios existentes, ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com oito especialistas,

sendo quatro especialista de mercado e quatro especialistas acadêmicos, segundo descrito no

“Método para a pesquisa de campo”.

Foi realizada a tabulação das respostas objetivas e análise do conteúdo qualitativo

dos dados obtidos em campo, por meio de entrevistas com especialistas, visando a contribuir

com a busca de respostas às questões propostas na pesquisa.

4.2.1. Perfil dos Entrevistados e informações sobre a amostra

O Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio foi apresentado para a análise

dos especialistas, sendo que o Roteiro para entrevista com os Especialistas (Apêndice B) foi o

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81

instrumento usado para a coleta de dados.

Os resultados das entrevistas, apontam que 100% dos especialistas acadêmicos e de

mercado conhecem o BMC e 67% dos especialistas de mercado já utilizaram-no para

desenvolvimento de modelo de negócios. A caracterização dos especialistas de mercado (EM)

está apresentada no Quadro 18. O tempo médio de experiência profissional como líder/gestor

dos respondentes é 8,5 de anos.

Quadro 18 – Caracterização dos Especialistas de Mercado (EM)

Especialistas de Mercado Critério EM1 EM2 EM3 EM4

Tempo de experiência profissional como líder/gestor

(anos)

> = 5 10 06 10 08

Experiência em organizações que estão desenvolvendo

novos negócios ou reestruturando negócios existentes

sim sim sim sim sim

Conhecimento do BMC sim sim sim sim sim

Conhecimento de Avaliação de Desempenho sim sim sim sim sim

Fonte: Elaborado pela autora

As características adicionais dos perfis dos Especialistas de Mercado são apresentadas

no Quadro 19, o qual apresenta que 75% dos especialistas de mercado são gestores em empresa

própria e 25% em empresa privada.

Em relação à natureza e situação do negócio, metade dos entrevistados atuam em

empresa de manufatura e a outra metade em prestadoras de serviços, sendo que metade das

empresas de manufatura estão reestruturando seus negócios e o restante é empresa que está

desenvolvendo novos negócios (empresas nascentes). O mesmo ocorre com os prestadores de

serviços (50% nascente e 50% reestruturando negócios).

Quadro 19 – Caracterização adicional dos Especialistas de Mercado (EM)

Especialistas

de Mercado EM1 EM2 EM3 EM4

Função na

organização

Gestor em empresa

multinacional

Proprietário e gestor em empresas próprias

(grupo empresarial)

Proprietário e gestor em

empresa própria

Proprietário e gestor em

empresa própria

Natureza e

ramo da

organização

em que atua

Manufatura de produtos

médicos e

farmacêuticos

Serviços de automação e espaços de coworking

(escritórios

compartilhados)

Serviços de tecnologia da

informação

(aplicativos)

Manufatura de

alimentos

Situação do

negócio

Reestruturando

negócios (linha

de produtos)

Empresa nascente

Reestruturando

negócios

(produto)

Empresa nascente

Fonte: Elaborado pela autora

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82

A caracterização dos Especialistas Acadêmicos (EA) está apresentada no Quadro

20. O tempo médio de experiência profissional acadêmica é de aproximadamente 16 anos e a

média do tempo de conclusão do doutorado 7 anos.

Quadro 20 – Caracterização dos Especialistas Acadêmicos (EA)

Especialistas Acadêmicos Critério EA1 EA2 EA3 EA4

Tempo de experiência profissional acadêmica (anos) > = 5 9 13 26 17

Tempo de conclusão do Doutorado (anos) > = 4 4 8 8 8

Relacionado à área de Ciências Aplicadas sim sim sim sim sim

Conhecimento na área de gestão sim sim sim sim sim

Fonte: Elaborado pela autora

As características adicionais dos perfis dos Especialistas Acadêmicos, conforme o

curriculum lattes são: o EA1 está ligado às áreas de administração geral; o EA2 está relacionado

à área de empreendedorismo. Por fim, dois dos especialistas acadêmicos (EA3, EA4) são da

área de administração financeira e contabilidade.

4.2.2. Validação dos indicadores de desempenho do Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio

A ferramenta Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio foi elaborada a

partir da sugestão de um conjunto de indicadores alinhados aos conceitos de cada um dos blocos

do BMC. Essa sugestão de 27 indicadores foi validada quanto à importância, viabilidade,

percepção de utilização pelas organizações e suficiência, de acordo com as questões feitas no

Roteiro de Entrevista com os Especialistas (Apêndice B).

O resultado da análise dos especialistas acerca da importância dos indicadores

apresentados para medir desempenho de cada bloco do Canvas de Avaliação de Desempenho

do Negócio, está indicada no Quadro 21. Dos 27 indicadores de múltiplas dimensões de

desempenho organizacional apresentados, permaneceram 22 diferentes indicadores, que

somados totalizam 33 indicadores considerados importantes para medir desempenho de cada

bloco do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócios (Figura 13).

Assim, uma das contribuições do Canvas de Avaliação do Desempenho do Negócio

para os negócios novos ou em reestruturação é proporcionar facilidade na escolha dos

indicadores de desempenho organizacional quanto às questões estratégicas descritas nos blocos

do BMC, podendo apoiar o desenvolvimento gerencial nos momentos em que as organizações

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83

necessitam de avaliações continuas para fazer crescer ou estender o tempo de vida de seus

negócios.

Quadro 21 – Importância dos indicadores para cada bloco, conforme os especialistas

Bloco Indicadores importantes Indicadores não importantes Segmentos de

Clientes

* % de clientes potenciais (1) * % de novos clientes (2)

* Lucro por clientes ou segmentos em certo

tempo (11)

* Índice de Satisfação do cliente (27)

Propostas de

Valor

* Preço comparado ao da concorrência (14)

* Qualidade do produto (produzido) (17) * Tempo médio de serviços prestados (21)

* Índice de Satisfação do cliente (27)

Canais * % de pedidos entregues com atraso para o

cliente (3)

* % de transações da unidade em seus

vários canais (4)

* Frequência de entregas para o cliente (8)

* Lead-time de pedido / da entrega (9)

* Tempo médio para processamento das

solicitações dos clientes ou das ordens de

serviço (22)

Relacionamentos

com Clientes

* % de clientes potenciais (1)

* % de novos clientes (2) * % de transações da unidade em seus

vários canais (4) Fontes de Receita * Lucro por clientes ou segmentos em certo

tempo (11)

* Taxa interna de retorno (TIR) dos projetos

novos (20)

Recursos Chave * % da capacidade utilizada (5)

* Custos de pesquisa e desenvolvimento

como porcentagem das vendas (7)

* Lucratividade por (linhas de) produtos e

serviços (12) * Retorno sobre o capital investido (ROI)

(18)

* Taxa de giro de estoque (19)

* Lucratividade líquida das vendas (10)

* Lucro por clientes ou segmentos em certo

tempo (11)

* Rentabilidade do Ativo (ROA) (13)

* Proporção de produtos em estoque (16) * Taxa interna de retorno (TIR) dos projetos

novos (20)

* Tempo para aumentar a taxa de atividade

(Flexibilidade) (23)

* Eficiência (26)

Atividades

Chave

* % de pedidos entregues com atraso para

o cliente (3)

* % da capacidade utilizada (5)

* Custo de operação por hora (6)

* Lead-time de pedido / da entrega (9) * Produtividade em termos de valor

agregado (15) * Qualidade do produto (produzido) (17) * Tempo médio para processamento das

solicitações dos clientes ou das ordens de

serviço (22) * Tempo para mudar programações (24) * Eficiência (26)

* Frequência de entregas para o cliente (8)

* Tempo médio de serviços prestados (21)

* Tempo para aumentar a taxa de atividade

* (Flexibilidade) (23)

Parcerias Chave

* Tempo médio de serviços prestados (21)

* Desempenho na entrega (do fornecedor)

(25)

* Produtividade em termos de valor

agregado (15)

Estrutura de

Custos

* % da capacidade utilizada (5)

* Custo de operação por hora (6)

* Custos de pesquisa e desenvolvimento

como porcentagem das vendas (7)

Fonte: Elaborado pela autora

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84

Figura 13 - Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio revisado pelos especialistas

Fonte: Elaborado pela autora

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85

Quanto ao resultado da análise da viabilidade para conseguir os indicadores, 100%

dos especialistas consideram viáveis, isto é, é exequível para as empresas a coleta, análise e

interpretação do conjunto de indicadores sugerido.

Em relação à percepção sobre a utilização dos indicadores mostrados pelas

empresas, 50% dos especialistas responderam que a maioria das empresas usa os indicadores

apresentados para avaliar o desempenho das organizações. Sendo que os indicadores mais

usados por elas são: % de novos clientes, % de pedidos entregues com atraso para o cliente, %

da capacidade utilizada, Preço comparado ao da concorrência, Retorno sobre o capital investido

(ROI), Eficiência, Índice de Satisfação do cliente.

Dos 4 especialistas que responderam que as empresas não usam os indicadores para

avaliar o desempenho, 50% afirmam que o motivo é a falta de estrutura organizacional,

enquanto a outra metade alega que as organizações priorizam a parte financeira e, deixam em

segundo plano outros fatores.

No que se refere ao resultado da análise da suficiência dos indicadores para medir

o desempenho geral de uma organização em qualquer setor e segmento, todos os especialistas

julgam ser necessárias adequações ao conjunto de indicadores para suprir as necessidades

específicas das organizações. Embora somente a metade dos especialistas tenha verbalizado

que os indicadores apresentados não eram suficientes para medir o desempenho geral de uma

organização em qualquer setor, todos os especialistas indicaram novos indicadores para o

conjunto apresentado (Quadro 22), permitindo concluir a necessidade de adaptação na opinião

de todos.

Dos cinco blocos que mais receberam indicadores, dois estão no lado esquerdo

(Estrutura de Custos e Recursos-chave) e três estão no lado direito do Canvas (Fontes de

Receita, Relacionamentos com Clientes e Canais), isto é, o lado direito, do mercado, externo,

do valor e da emoção foi considerado mais incompleto, abarcando 47% das sugestões. Portanto,

o lado mais completo é o lado esquerdo, interno, operacional, com foco na eficiência e na lógica.

Em relação ao total de novos indicadores sugeridos, os especialistas de mercado

acrescentaram aproximadamente 65% de indicadores, enquanto os especialistas acadêmicos

apenas 35%, conforme o Quadro 22.

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86

Quadro 22 – Sugestão de novos indicadores para os blocos do BMC

Bloco do Canvas

Quantidade de novos indicadores

sugeridos pelos especialistas citados

EM EA Total

Estrutura de Custo 7 14 21

Fontes de Receita 7 9 16

Recursos-Chave 11 5 16

Relacionamentos com Clientes 11 4 15

Canais 10 1 11

Proposta de Valor 9 0 9

Segmentos de Clientes 5 1 6

Parcerias-chave 3 2 5

Atividades-Chave 3 0 3

Total 66 36 102

Lado Esquerdo Lado Direito

Fonte: Elaborado pela autora

Os especialistas acadêmicos concentraram suas sugestões no pilar viabilidade

financeira, isto é, nos blocos Estrutura de Custo (14 sugestões) e Fontes de Receita (9 sugestões)

e no lado esquerdo, cujo foco é na eficiência interna e na lógica operacional.

Com exceção desses dois blocos citados, para os outros seis blocos, os especialistas

de mercado sugeriram mais indicadores que os especialistas acadêmicos, entretanto, eles

concentraram suas sugestões nos pilares Clientes (21,5% do total geral), Infraestrutura (9,8%)

e Oferta (8,8%), isto é, nos blocos Recursos-chave (11 sugestões), Relacionamentos com

clientes (11 sugestões), Canais (10 sugestões) e Proposta de Valor (9 sugestões), de acordo com

o Quadro 23. Nota-se que os especialistas de mercado focaram o lado direito, que ao externo,

mercado e valor, para fazer sugestões.

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87

Quadro 23 – Quantidade de novos indicadores por Lado, Concentração, Equivalência com o lado

cerebral, Foco do lado e Questão do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

Lad

o

Con

cen

tração

Eq

uiv

al.

la

do c

ereb

ral

Foco d

o L

ad

o

Questão Pilar do

BMC Blocos

Quantidade de novos indicadores

sugeridos pelos especialistas citados

EM EA Total

N % N % N %

Esq

uer

do

Inte

rno e

no O

per

acio

nal

Lógic

a

Efi

ciên

cia

Quanto? Viabilidade Financeira

Estrutura de custos

7 6,85 14 13,7 21 20,55

Como? Infraestrutura

Recursos chave 11 10,75 5 4,90 16 15,65

Parcerias chave 3 2,95 2 1,95 5 4,90

Atividades chave 3 2,95 0 0 3 2,95

TOTAL 24 23,50 21 20,55 45 44,05

Dir

eito

Exte

rno e

no M

erca

do

Em

oçã

o

Val

or

Quanto? Viabilidade Financeira

Fontes de receita 7 6,85 9 8,82 16 15,67

Para quem?

Clientes

Relacionamento com clientes

11 10,75 4 3,92 15 14,67

Canais 10 9,80 1 0,98 11 10,78

Segmento de clientes

5 4,90 1 0,98 6 5,88

TOTAL 33 32,3 15 14,7 48 47,00

Esq

uer

do e

Dir

eito

Inte

rno e

Oper

acio

nal

Exte

rno e

Mer

cado

Lógic

a e

Em

oçã

o

Efi

ciên

cia

e V

alor

O que? Oferta

Proposta de valor 9 8,8 0 0 9 8,8

TOTAL GERAL 66 64,6 36 35,25 102 100%

Fonte: Elaborado pela autora

Além de julgar o conjunto de indicadores mostrado, escolhendo entre manter ou

excluir os indicador de cada bloco, os especialistas tinham a liberdade de apontar novos

indicadores, como também de compartilhar com outros blocos indicadores que já estavam no

conjunto sugestões mostrado, situação em que os indicadores irão aparecer com a mesma

numeração que já tinham entre parênteses, conforme o Quadro 24. Durante as entrevistas, nem

todos os especialistas conseguiram lembrar ou formular prontamente indicadores, em

consonância com o conceito de indicador adotado no trabalho, e alguns sugeriram apenas temas,

como recursos humanos, e não indicadores. O Quadro 24 contém as sugestões da forma como

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88

foram citadas pelos especialistas durante a entrevista, separadas por bloco do BMC, tipo de

especialista (mercado/acadêmico), e especialista (EM1 a EM4 / EA1 a EA4), além das

respectivas frequências e da frequência total.

Quadro 24 – Sugestões de novos indicadores, temas e de compartilhamento de indicadores entre os

blocos pelos especialistas e suas frequências

Indicadores novos e

compartilhados / Temas

Especialistas de Mercado Especialistas Acadêmicos Frequência

Total (EM + EA) EM

1

EM

2

EM

3

EM

4

Frequência

EM

EA

1

EA

2

EA

3

EA

4

Frequência

EA

Est

ru

tura d

e C

ust

o

Preço comparado ao da

concorrência (14) X 1 0 1

Indicador de Recursos

Humanos X 1 0 1

Indicador de Infraestrutura X 1 0 1

Indicador Intelectuais X 1 0 1

Custo total 0 X 1 1

Lucratividade por (linhas de)

produtos e serviços (12) X 1 0 1

Custo fixo médio / unidade

produzida média 0 X 1 1

Custos de pesquisa e

desenvolvimento/lucro bruto 0 X 1 1

Renovação do imobilizado /

valor final imobilizado no

período

0 X 1 1

Custo fixo por hora mínimo

(custo fixo / total de horas

máquina ou homem - horas

máxima)

0 X 1 1

Índice de Internacionalização 0 X 1 1

Custo da Mercadoria Vendida

(CMV ou CPV) 0 X 1 1

Custo da Mão de Obra (Direta

e Indireta) 0 X 1 1

Custo do Capital X 1 X 1 2

Custo dos estoques 0 X 1 1

Ponto de Equilíbrio Contábil 0 X 1 1

EVA (Valor econômico

agregado) 0 X 1 1

Liquidez 0 X 1 1

Endividamento 0 X 11 1

Payback X 1 0 1

Fo

nte

s d

e R

ece

ita

Preço comparado ao da

concorrência (14) X 1 0 1

Lucratividade líquida das

vendas (10) 0 X X 2 2

Lucratividade por (linhas de)

produtos e serviços (12) X 1 X X 2 3

Índice de internacionalização

(se tiver clientela) 0 X 1 1

Continua

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89

Continuação

Indicadores novos e

compartilhados / Temas

Especialistas de Mercado Especialistas Acadêmicos Frequência Total

(EM + EA) EM

1 EM

2 EM

3 EM

4 Frequência

EM EA

1 EA

2 EA

3 EA

4 Frequência

EA

Fon

tes

de R

ece

ita

(C

on

t.)

Retorno sobre o capital

investido (ROI) (18) X X 2 X 1 3

Rentabilidade do Ativo (ROA)

(13) 0 X 1 1

VPL (Valor Presente Líquido) 0 X 1 1

Payback 0 X 1 1

Receita mensal recorrente X 1 0 1

EVA (Valor econômico

agregado) do negócio X 1 0 1

EVA (Valor econômico

agregado) do (linha) produto X 1 0 1

Recu

rso

s-C

ha

ve

Custo de operação por hora (6) X 1 0 1

Indicador de Recursos Humanos X 1 0 1

Indicador de Infraestrutura X 1 0 1

Indicador Intelectual X 1 0 1

% de novos clientes (2) 0 X 1 1

Cliente/segmento 0 X 1 1

Turn over X 1 X 1 2

Indicador de % de especialista

do ramo 0 X 1 1

Índice de internacionalização

dos recursos (materiais) 0 X 1 1

Atrair talentos X X 2 0 2

Desenvolver / formar talentos X X 2 0 2

Reter talentos X X 2 0 2

Rela

cio

nam

en

to c

om

Cli

en

tes

Índice de Satisfação do cliente

(27) X X 2 X 1 3

Desempenho na entrega (do

fornecedor) (25) X 1 0 1

Indicador relacionado à

Qualidade X 1 0 1

Retenção X 1 0 1

Pós-Vendas X 1 0 1

Personalização no tratamento

único do cliente 0 X 1 1

Potencializar o relacionamento

usando a tecnologia, com propostas personalizadas

0 X 1 1

% Perda de clientes 0 X 1 1

Tempo médio de vida / cliente X 1 0 1

Custo de aquisição do cliente X 1 0 1

Eficácia do canal de

relacionamento para atrair

clientes (Gastos para atrair clientes (Esforço de marketing)

/ canal)

X 1 0 1

Continua

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências ... · UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Aplicadas Mestrado em Engenharia de Produção e de Manufatura

90

Continuação

Indicadores novos e

compartilhados / Temas

Especialistas de Mercado Especialistas Acadêmicos Frequência Total

(EM + EA) EM

1 EM

2 EM

3 EM

4 Frequência

EM EA

1 EA

2 EA

3 EA

4 Frequência

EA

Rela

c.

com

Cli

en

tes

(Con

t.)

Eficácia do canal de

relacionamento para conversão de clientes (Valor que deixo de

gastar (Esforço de marketing)

para conversão de clientes /

canal)

X 1 0 1

Eficácia do canal de

relacionamento para fidelizar clientes (Valor que deixo de

gastar (Esforço de marketing)

para fidelizar clientes / canal)

X 1 0 1

Ca

na

is

Índice de satisfação do cliente

nos diversos canais X X 2 0 2

Quantidade de canais para

alcançar o cliente 0 X 1 1

Lead-time médio por cliente X 1 0 1

% de transações unidade,

cliente e canal X 1 0 1

Taxa de cancelamento de

cliente/canal de aquisição X 1 0 1

Eficiência da conversão dos clientes potenciais / canal de

aquisição

X 1 0 1

Custo de aquisição do cliente X 1 0 1

Rentabilidade / canal ("força

do canal") X 1 0 1

Clientes reais (da minha base

de clientes) / clientes

potenciais

X 1 0 1

Gasto dispendido da força de

vendas por canal /

rentabilidade do canal

X 1 0 1

Prop

ost

a d

e V

alo

r

Conhecimento da marca em

um território X 1 0 1

Acessibilidade aos produtos e

serviços X 1 0 1

Conveniência dos produtos e

serviços X 1 0 1

Índice de valor X 1 0 1

Perda de clientes/segmento X 1 0 1

Taxa de cancelamento de

cliente/canal de aquisição X 1 0 1

Comparação com a

concorrência X 1 0 1

EVA X 1 0 1

Tempo gasto para ganhar

escala de produção X 1 0 1

Continua

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91

Continuação

Indicadores novos e

compartilhados / Temas

Especialistas de Mercado Especialistas Acadêmicos Frequência Total

(EM + EA) EM

1 EM

2 EM

3 EM

4 Frequência

EM EA

1 EA

2 EA

3 EA

4 Frequência

EA

Segm

en

tos

de

Cli

en

tes

Vendas Recorrentes (% de

vendas no pós-vendas) X 1 0 1

Cliente/segmento 0 X 1 1

Perda de clientes/segmento X 1 0 1

% de clientes sabotadores /

(linha) de produto X 1 0 1

% de transações (de vendas) da

unidade em seus vários canais

(4)

X 1 0 1

Índice de insatisfação dos

clientes potenciais (feedback

daqueles que não consomem

por algum motivo) / (linha) de

produto

X 1 0 1

Pa

rcer

ias

Ch

av

e

Parceiro do negócio 0 X 1 1

Qualidade das entregas X 1 0 1

Flexibilidade do fornecedor à

demanda X 1 0 1

Intensidade de cooperações

para P&D (% da Receita

Líquida de Vendas)

0 X 1 1

Geração de demanda (valor ou

quantidade) por tipo de

parceiro (influenciador

/recomendador)

X 1 0 1

Ati

vid

ad

es-

Ch

ave

Taxa de giro de estoque (19) X 1 0 1

Desempenho na entrega (do

fornecedor) (25) X 1 0 1

Representatividade financeira

de cada atividade-chave

necessária (core competence)

para ser competitiva

X 1 0 1

66 46 102

Fonte: Elaborado pela autora

Nota-se no Quadro 24 que são variadas as sugestões dos especialistas sobre novos

indicadores, temas ou compartilhamento de indicadores que já estavam contidos no conjunto

com outros blocos, e a frequência de citação é baixa (1, 2 e 3). As sugestões com maior

frequência (2 ou 3) são:

Frequência 2:

Novos indicadores e Temas: Custo do Capital, Turn over, Atrair talentos,

Desenvolver / formar talentos, Reter talentos, Índice de satisfação do

cliente nos diversos canais

Compartilhamento dos indicadores já contidos no conjunto com outros

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92

blocos:

com o bloco Fontes de Receita: Lucratividade líquida das vendas

(10)

Frequência 3:

Compartilhamento dos indicadores já contidos no conjunto com outros

blocos:

com o bloco Fontes de Receita: Lucratividade por (linhas de)

produtos e serviços (12) e Retorno sobre o capital investido

(ROI) (18)

com o bloco Relacionamentos com Clientes: Índice de Satisfação

do cliente (27)

Se na percepção dos especialistas, a metade das organizações usa os indicadores

apresentados para avaliar o desempenho das organizações, mas foram adicionados indicadores

ao conjunto para medir o desempenho geral de uma organização em qualquer setor, infere-se

que é preciso ter um conjunto maior de indicadores visando as especificidades dos setores.

Para medir o desempenho de uma organização em qualquer setor, deixando o

conjunto de indicadores suficiente, é necessário priorizar os indicadores do pilar viabilidade

financeira, primeiramente Estrutura de Custos e depois de Fontes de Receita e, em seguida, de

Recursos chave, Relacionamentos com clientes e Canais (Quadro 22).

Macedo e Silva (2004) ressaltam que os métodos de avaliação de desempenho que

consideram indicadores financeiros e não-financeiros tendem a assumir uma importância

especial, já que o desempenho acaba por ser afetado por variáveis de ambas naturezas. Os

resultados da pesquisa, permitem complementar os autores, porque o desempenho é afetado por

variáveis financeiras e não-financeiras, entretanto, com pesos diferentes. Segundo os

especialistas de mercado e acadêmicos, o pilar viabilidade financeira é mais pronunciado, em

detrimento dos pilares infraestrutura, clientes e valor.

4.2.3. Facilidades e vantagens do uso do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio

As respostas sobre se os especialistas usariam o BMC para avaliação do

desempenho das organizações que estão desenvolvendo novos negócios ou reestruturando

negócios existentes e quais são as facilidades e vantagens percebidas por eles, estão

apresentadas a seguir.

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93

Quanto à aplicação na fase do processo administrativo de controle, da mesma

estrutura/ferramenta que pode ter sido usada na fase de planejamento, a maioria dos

especialistas (88%) respondeu que utilizaria a ferramenta Canvas de Avaliação de Desempenho

do Negócio para medir o desempenho de uma organização, nas respostas objetivas (sim/não).

Todos os especialistas acadêmicos usariam e somente um especialista de mercado (EM3) não

usaria porque não tornou mais clara a visualização do desempenho, na opinião dele.

Quando questionados objetivamente se seria mais fácil avaliar o desempenho

utilizando a ferramenta Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, a outras ferramentas

e sistemas de avaliação de desempenho organizacional, 88% dos especialistas responderam

afirmativamente.

Quando perguntados de forma objetiva, sobre se era mais fácil verificar a inter-

relação entre os indicadores, 75% das respostas foram positivas.

O Quadro 25 traz sinteticamente as respostas objetivas dessas três questões do

Roteiro de Entrevista com os Especialistas (Apêndice B), por cada especialista, as quais serão

consideradas como contribuição do uso do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

em relação às formas atuais de avaliação de desempenho:

Quadro 25 – Síntese das respostas objetivas sobre o uso do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio e respectivas frequências

Questões

Frequência de citação pelos especialistas

entrevistados Total

(%) EM

1

EM

2

EM

3

EM

4

EA

1

EA

2

EA

3

EA

4

Você utilizaria essa ferramenta para

avaliar o desempenho da organização? Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim 88%

Utilizando esta ferramenta seria mais fácil avaliar o desempenho?

Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim 88%

É mais fácil verificar a influência de um

indicador sobre o(s) outro(s)? Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim 75%

Fonte: Elaborado pela autora

Além das respostas objetivas, essas três questões tinham também a parte discursiva,

em que os especialistas puderam expressar livremente sua opinião.

Na análise de conteúdo qualitativo obtido em campo foram identificadas quatro

categorias de vantagens do uso da ferramenta Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

em relação às formas atuais de avaliação de desempenho, apontadas pelos entrevistados nessas

respostas abertas: 1) Visão sistêmica e das dimensões principais do negócio; 2) Forma de gestão

do desempenho: mais organizada, visual, agrupada, facilitando a tomada de decisão; 3) Facilita

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94

e deixa visualmente claro o inter-relacionamento entre as áreas (blocos) e entre os indicadores

e as áreas, e 4) Auxilia na decisão de investimento em empresas terceiras.

Todos os especialistas, exceto EM3, apontaram a visão sistêmica e das dimensões

principais do negócio, como vantagem do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio

em relação às formas atuais de avaliação de desempenho, quando perguntados por meio de

questão aberta. A seguir alguns trechos das entrevistas com os especialistas que ilustram esta

condição:

[...] (Usando o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio), em uma reunião

com os gerentes de cada área, se consegue ver não só a área dele e sim uma visão geral do

processo todo, da organização como um todo, isso é o que falta. Porque se cada um olhar

somente seu umbigo, puxar a corda para o seu lado, não vai adiantar. Melhor ainda usando o

Canvas, porque você deixa de entregar produto e começa a entregar valor. Você vê todos os

indicadores alinhados à valor. As empresas que só tiverem produto e não tiverem valor, não

irão sobreviver (EM2).

[...] (É mais fácil avaliar o desempenho usando o Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio porque ele) fornece ideias de indicadores para cada dimensão ao

empreendedor (EA2).

[...] (A vantagem do uso do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio em

relação às formas atuais de avaliação de desempenho é) a visão integrada (EA4).

Outra vantagem apontada por 5 dos 8 especialistas é a forma de gestão do

desempenho: mais organizada, visual, agrupada, facilitando a tomada de decisão, conforme

algumas afirmações a seguir:

[...] (É mais fácil avaliar o desempenho usando o Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio) porque os dados usados na avaliação ficam mais visuais. Pelos

indicadores estarem inter-relacionados e agrupados todos em um lugar, fica mais fácil o

controle, a gestão e mais rápida a solução de problemas (EM1).

[...] A principal vantagem (de usar o Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio para avaliar o desempenho) é olhar de uma só vez, mas de uma forma mais organizada,

o conjunto de indicadores (EA1).

Um dos especialistas (EM1) também citou que o Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio, facilita e deixa visualmente claro o inter-relacionamento entre as

áreas (blocos) e entre os indicadores e as áreas, vantagem decorrente da visão sistêmica. Neste

sentido, ele afirma:

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95

[...] (A vantagem do uso do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio em

relação às formas atuais de avaliação de desempenho) é a intercomunicação entre as áreas. Fica

mais claro como o indicador pode afetar outro indicador e outra área. É visual como eles podem

afetar (EM1).

[...] (É mais fácil verificar a influência de um indicador sobre o outro usando o

Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio) pela divisão entre os blocos e atividades.

Porque tem indicadores desde o começo, que é a entrega do fornecedor, desenvolvimento,

retenção e satisfação do cliente e o desenvolvimento de novos produtos. É bem completo e os

indicadores se intercomunicam. A forma como foi construído facilita a gestão e reduz tempo

para a solução de problemas porque os indicadores estão agrupados. Um indicador que esteja

afetado, pode-se ver que ele esteja afetando outro (EM1).

Dois dos especialistas (EM2 e EM4) citaram que o Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio auxilia na decisão de investimento em empresas terceiras:

[...] como investidor anjo, penso se vale a pena investir no negócio. Com esses

indicadores (do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio) eu consigo ver uma boa

parte, sem entrar nos detalhes. É o primeiro passo para isso (EM2).

[...] para responder qualquer investidor, são necessários dados, demonstrar as

informações por meio de indicadores. Os indicadores do Canvas (de Avaliação de Desempenho

do Negócio) respondem a qualquer investidor (EM4).

O Quadro 26 apresenta as quatro categorias de vantagens do Canvas de Avaliação

de Desempenho do Negócio em relação as formas atuais de avaliação de desempenho,

apontadas pelos especialistas nas questões abertas da entrevista, e as respectivas frequências de citação.

Quadro 26 – Vantagens do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio e respectivas frequências

Categorias (C)

Frequência de citação pelos especialistas

entrevistados Total EM

1

EM

2

EM

3

EM

4

EA

1

EA

2

EA

3

EA

4

C1: Visão sistêmica e das dimensões

principais do negócio 2 3 0 2 2 3 1 2 15

C2: Forma de gestão do desempenho: mais organizada, visual, agrupada, facilitando a

tomada de decisão

4 1 0 3 4 0 2 0 14

C3: Facilita e deixa visualmente claro o

inter-relacionamento entre as áreas (blocos) e entre os indicadores e as áreas

2 0 0 0 0 0 0 0 2

C4: Auxilia na decisão de investimento em

empresas terceiras 0 1 0 1 0 0 0 0 2

Fonte: Elaborado pela autora

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96

Dentre as vantagens apontadas pelos especialistas (Quadro 26), duas características

não estavam previstas na literatura, que são a gestão do desempenho mais organizada e o auxílio

na decisão de investimento em empresas terceiras, para investidores-anjo.

Nota-se no Quadro 26 que as categorias mais citadas nas questões abertas foram:

C1) a visão sistêmica do desempenho e das dimensões principais do negócio e; C2) a forma de

gestão do desempenho mais organizada, visual, agrupada em um único documento, facilitando

a tomada de decisão, as quais serão consideradas como contribuições do Canvas.

Crispim e Lugoboni (2012) afirmam que com o tempo, aumentou a integração de

requisitos multidisciplinares da avaliação de desempenho e a complexidade no gerenciamento,

assim, pelos resultados explanados, o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio pode

agregar visão sistêmica, proporcionar a visão das principais dimensões do negócio e deixar a

gestão do desempenho mais organizada, visual e agrupada, facilitando a tomada de decisão e

sugestão de novos indicadores.

4.2.4. Compilação das contribuições do Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio

Unindo as contribuições encontradas nas respostas objetivas (fechadas) com as

respostas discursivas (abertas), das entrevistas semiestruturadas com os especialistas, descritas

anteriormente, é possível concluir que:

- a estrutura (arquitetura) original do BMC pode ser usada em outro contexto que

não o de geração de modelos de negócios. Assim, adicionando indicadores à estrutura original

do BMC, pode ser usado para avaliação de desempenho organizacional em empresas nascentes

ou que estão reformulando seu modelo de negócios;

- o conjunto de indicadores de desempenho organizacional considerado importante,

conforme os especialistas, facilita a escolha de indicadores para os blocos do BMC pelos

negócios novos ou em reestruturação;

- é mais fácil avaliar o desempenho utilizando o Canvas de Avaliação de

Desempenho do Negócio, em relação às formas atuais de avaliação de desempenho;

- é mais fácil verificar a influência de um indicador sobre o(s) outro(s), isto é, o

inter-relacionamento entre indicadores, usando o Canvas de Avaliação de Desempenho do

Negócio;

- o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio proporciona visão sistêmica

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97

do desempenho e das dimensões principais do negócio;

- o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio é uma a forma de gestão do

desempenho mais organizada, visual, agrupada em um único documento, facilitando a tomada

de decisão, em relação às formas atuais de desempenho.

Uma vez apresentados os resultados obtidos das contribuições do BMC para a

avaliação de desempenho organizacional, no capítulo seguinte é apresentada a conclusão da

pesquisa.

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98

5. CONCLUSÃO

A presente pesquisa possibilitou identificar as contribuições do Business Model

Canvas (BMC) para a avaliação de desempenho organizacional em empresas que estão

desenvolvendo novos negócios ou reestruturando negócios existentes.

Para isso foi realizada uma pesquisa aplicada, qualitativa, exploratória, com

procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e levantamento com

consulta/entrevistas com especialistas, sob o ponto de vista da metodologia científica.

Com relação ao levantamento exploratório dos sistemas de avaliação de

desempenho organizacional na literatura e em documentos, foram encontrados 43 diferentes

sistemas de avaliação de desempenho provenientes de autores de diferentes áreas do

conhecimento. Os mais citados nos materiais estudados são o Balanced Scorecard (BSC), os

Sete Critérios de Desempenho (SCD) de Sink e Tuttle, o Modelo Quantum de Medição de

Desempenho (MQMD) e os Três Níveis do Desempenho de Rummler e Brache.

A partir do conhecimento dos sistemas de avaliação organizacional estudados e da

análise de suas limitações específicas, foi possível proporcionar sustentação para a utilização

do BMC como ferramenta de apoio à avaliação do desempenho organizacional nas

organizações que estão desenvolvendo um novo negócio ou reestruturando negócios existentes,

auxiliando no atendimento das carências de sistemas de avaliação de desempenho com esse

perfil.

No que concerne levantamento exploratório de indicadores de desempenho

organizacional na literatura e documentos de organizações especializadas, foram encontrados

408 indicadores relacionados aos blocos do BMC. Esses formaram a base para a seleção de um

conjunto de indicadores alinhados aos conceitos de cada um dos blocos do BMC.

Essa adição de indicadores na estrutura original do BMC, o transformou no que foi

nomeado de Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio, com 27 diferentes indicadores

distribuídos nos blocos, incluindo indicadores estratégicos, como de proposta de valor,

financeiros e não-financeiros, que foram considerados viáveis de conseguir na opinião dos

especialistas.

Em relação às contribuições do BMC para a avaliação de desempenho é possível

concluir que a estrutura (arquitetura) original do BMC pode ser usada em outro contexto que

não da geração de modelos de negócios, isto é, pode ser usado para avaliação de desempenho

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99

organizacional. Ademais, o Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio agrega facilidade

de avaliar o desempenho organizacional e de verificar inter-relacionamentos entre os

indicadores; proporciona visão sistêmica do desempenho e das dimensões principais do

negócio; é uma a forma de gestão do desempenho mais organizada, visual, agrupada em um

único documento, facilitando a tomada de decisão, em relação às formas atuais de desempenho;

e proporciona facilidade na escolha dos indicadores pelas empresas que estão desenvolvendo

negócios novos ou reestruturando negócios existentes, ao sugerir um conjunto de 22 indicadores

de múltiplas dimensões de desempenho organizacional.

Portanto, a pesquisa atingiu o objetivo principal apresentando as contribuições do

Canvas para a avaliação de desempenho organizacional em empresas que estão desenvolvendo

novos negócios ou reestruturando negócios existentes.

A pesquisa é útil para empreendedores e gestores, uma vez que o trabalho gerou

conhecimentos para aplicação prática, e também para complementar a literatura nacional, que

se mostra incipiente em relação aos trabalhos que envolvam o tema de avaliação de desempenho

em novos negócios.

Esta pesquisa apresenta algumas limitações. A primeira delas refere-se ao tamanho

e tipo da amostra que foi adotada, considerando a dificuldade de encontrar especialistas com

conhecimento no BMC e em avaliação de desempenho organizacional concomitantemente.

Outra restrição em relação a amostra, foi a falta de cooperação para a cocriação do Canvas de

Avaliação de Desempenho do Negócio, tendo em vista a ausência de respostas no fórum Hub

(http://businessmodelhub.com/forum), plataforma online usada para escrever o livro BMC,

desenvolvida por seus autores Osterwalder e Pigneur (2011).

A sugestão para ampliar a amostra de especialistas de mercado é fazer experimento

em sala de aula com alunos que cursam pós-graduação em temas correlatos a pesquisa,

utilizando o Roteiro de Entrevista com os Especialistas (Apêndice B), uma vez que

provavelmente terão o perfil de especialista definido na pesquisa e serão de diversos segmentos.

Recomenda-se também aumentar a amostra de especialistas acadêmicos, incluindo professores

de outras áreas do conhecimento, no Brasil e no exterior.

Outra limitação da pesquisa aconteceu na sugestão de novos indicadores para os

blocos do BMC, porque nem todos os especialistas conseguiam lembrar ou formular

prontamente indicadores, em consonância com o conceito adotado no trabalho, durante as

entrevistas. Alguns sugeriam temas, como recursos humanos.

Uma proposta é fornecer para os especialistas entrevistados a base com os

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100

indicadores (408) para que façam a seleção a partir dela. Também é possível inserir os 102

indicadores sugeridos pelos especialistas durante as entrevistas e fazer outas rodadas de

avaliação do Canvas de Avaliação de Desempenho do Negócio.

Em estudos futuros, sugere-se o teste do Canvas do Desempenho do Negócio com

dados reais das empresas que estão desenvolvendo novos negócios ou reestruturando negócios

existentes, uma vez que este trabalho é um estudo inicial sobre avaliação de desempenho

aplicando o BMC ou modelos de negócios em outro contexto, havendo poucos estudos

relacionando os temas.

Page 101: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências ... · UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Aplicadas Mestrado em Engenharia de Produção e de Manufatura

101

6. REFERÊNCIAS

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112

7. APÊNDICES

Apêndice A – Indicadores de desempenho mais frequentes nos scorecards atrelados aos

respectivos temas estratégicos e perspectivas, elaborado com base nas proposições de

Kaplan e Norton (1997)

Perspectiva Temas estratégicos Medidas essenciais de resultados que aparecem repetidas vezes

nos scorecards conforme Kaplan e Norton (1997)

Financeira (p. 55)

1- Aumento e “mix” de receita

- % de receita gerado por novos produtos, serviços em certo período - % de receitas gerados por novas aplicações - % de receita gerado por novos clientes, segmentos de mercado e regiões geográficas em certo período (fatia de cliente)

- Aumento da participação de uma unidade de negócios em segmentos-alvo de mercado (contas-alvo) - Volume de receita gerado pelas relações de cooperação entre as unidades de negocios (vendas cruzadas) - Aumento / % da taxa de vendas por segmento-alvo - Lucratividade por clientes, (linhas de) produtos e serviços - % de produtos ou clientes não lucrativos

2- Redução de custos e aumento de produtividade

- receita / funcionário - taxas de redução de custos - custos unitários (por unidade de produção, por transação) - custos x custos dos concorrentes - % de transações da unidade em seus vários canais

- despesas indiretas (percentual de vendas)

3- Utilização dos ativos e estratégia de investimento

- Índices de redução da necessidade de capital de giro (ciclo de caixa a caixa)

- Taxas de utilização dos ativos - Retorno sobre o investimento (ROCE por categoria-chave de ativo) - Investimento (% de vendas) - P & D (% de vendas) - Retorno - Rendimento (throughput)

Clientes (p. 72 a 76)

4- Participação de mercado e

de conta

Participação na conta de negócios (volume total de negócios) dos clientes em certo mercado e período de tempo (% transações, % de compras ou % de negócios dos clientes alvo)

5- Retenção de clientes Índice de Retenção de clientes/período (em termos absolutos ou relativos) % de crescimento dos negócios com os mesmos clientes

6- Aquisição/Captação de clientes

- % de clientes novos (por unidade de negócios, etc.) - % de vendas dos clientes novos - % de respostas dos clientes às suas propostas - % de propostas convertidas (nº de novos clientes efetivos / nº de consultas) - Custo de captação/cliente - Receita gerada por novos clientes / volume de contatos de vendas ou valor gasto na captação

7- Satisfação de clientes - Nível de satisfação dos clientes de acordo com critérios específicos

dentro da proposta de valor.

8- Lucratividade de clientes

- lucro líquido de clientes ou segmentos (depois de deduzidas as despesas

específicas necessárias para sustentar esses clientes) em certo tempo (lucratividade individual duradoura) - Lucratividade agregada (lucratividade individual do cliente / satisfação do cliente) - Potencial de crescimento do cliente (possibilidade de aumento de negócios no futuro que tornará o cliente lucrativo)

Continua

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113

Continuação

Perspectiva Temas estratégicos Medidas essenciais de resultados que aparecem repetidas vezes

nos scorecards conforme Kaplan e Norton (1997)

Processos

Internos

(p. 101 a 130)

9- Processo de inovação

1º passo do processo de

inovação:

Levantamento das

necessidades emergentes

dos clientes

Nº de produtos e serviços inteiramente

novos desenvolvidos

Ou

Sucesso no desenvolvimento de produtos e serviços para clientes-alvo

específicos

Ou

Pesquisa de mercado sobre as

preferências emergentes e futuras dos clientes

2º passo do processo de

inovação:

Projeto e desenvolvimento

de novos produtos e

serviços

2.1 - pesquisas básicas e aplicadas

2.2 - desenvolvimento de

novos produtos

Retorno de P&D: Lucro operacional

antes dos impostos / custo total de

desenvolvimento por período

(consolidado ou individual)

Margem bruta gerada por novos

produtos

Perfil de tempo das vendas dos novos

lançamentos (no início: vendas

menores/ depois: vendas maiores)

10- Processo operacional

(recebimento,

processamento de pedidos

dos clientes, processos de

suprimentos, produção e

entrega)

- Tempo de ciclo (tempo

de resposta) dos processos

operacionais

- Confiabilidade da entrega

- Redução do tempo de ciclo de

produção/serviços ou do throughput

dos processos operacionais internos

- Eficácia do tempo de ciclo de

produção/serviço (tempo de

processamento efetivo ou tempo

efetivamente gasto no processamento

do serviço / tempo do ciclo ou throughput)

- Qualidade dos processos

operacionais

- Índice de acerto na primeira rodada

de produção

- Taxa de defeito (por milhão)

- Índice de acerto (itens produzidos

corretamente/total de itens

produzidos)

- Desperdício

- Perdas

- Retrabalho

- Devoluções

- Percentual de processos sob controle

estatístico

- Custo dos processos

operacionais

- custo ABC para os processos operacionais (custeio baseado em

atividades ou custo)

- custo de lançamento de novos

produtos / volume produzido (nº de

novos produtos criados e lançados)

- excedente dos custos de produção

para pequenos lotes de P&D (custos

incorridos fora do departamento de

P&D)

Continua

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114

Continuação

Perspectiva Temas estratégicos Medidas essenciais de resultados que aparecem repetidas vezes

nos scorecards conforme Kaplan e Norton (1997)

Processos

Internos (p. 101 a

130)

10- Processo operacional

(recebimento,

processamento de pedidos

dos clientes, processos de

suprimentos, produção e

entrega)

- Atributos críticos de

desempenho de produtos,

serviços ou processos

- Medidas de flexibilidade dos

processos que gerem valor para o

cliente

- Características específicas dos

produtos ou serviços que gerem valor

para os clientes

11- Serviço pós-venda (p.

112)

- Garantia e conserto

(qualidade do serviço pós-

venda)

- % de solicitações dos clientes

atendidas com uma única visita para

resolver o problema (nível de

atendimento imediato)

- Correção de defeito

(tempo de ciclo do serviço

pós-venda)

Tempo médio de resposta aos defeitos

apresentados (tempo decorrido entre a

solicitação do cliente até a resolução

final do problema)

- Processamento de

pagamentos (faturamento

e cobrança do serviço pós-

venda)

e

Custo do serviço pós-

venda

- Redução do tempo decorrido entre a

conclusão do projeto e o pagamento

final pelo cliente

- Custo dos serviços utilizados nos

processos de serviços pós-venda

Aprendizado

e

Crescimento

(p. 151)

12- Capacidade dos

funcionários Reciclagem da força de trabalho

Índice agregado de cobertura de funções estratégicas (taxa / nº de

colaboradores qualificados para funções estratégicas de acordo

com necessidades organizacionais específicas previstas para curto, médio e longo prazos)

13- Capacidades dos

sistemas de informação

(Acesso, manuseio e

atualização do sistema de

informação)

Indicador de cobertura de informações estratégicas (mede a

disponibilidade de informações estratégicas em relação às

necessidades previstas)

14- Motivação,

empowerment e

alinhamento organizacional

(Medidas de melhorias e de

alinhamento)individual e organizacional

% de processos que alcançam índices determinados de melhoria

(em custo, qualidade ou tempo)

% colaboradores-chave com metas pessoais alinhadas aos objetivos estratégicos do BSC

Fonte: Elaborado pela autora com base em Kaplan e Norton (1997)

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Apêndice B – Roteiro de entrevista com os especialistas

Fonte: Elaborado pela autora

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Apêndice C – Coletânea sobre o BMC

Continua

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117

Continuação

Continua

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118

Continuação

Fonte: Elaborado pela autora com base em Osterwalder e Pigneur (2011)

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8. ANEXOS

Anexo A – BMC DA NESTLÉ, ESPECIALMENTE PARA A NESPRESSO.

Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011, p. 237)

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Anexo B – BMC COM DIRETRIZES DE PREENCHIMENTO