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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS CENTRO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
TECNOLOGIA EM SANEAMENTO AMBIENTAL
Disciplina: ST037 - Microbiologia Aplicada
Professor responsável: Profa. Dra. Cassiana M R Coneglian
BIODEGRADAÇÃO DE PESTICIDAS E HERBICIDAS
AGROTÓXICOS
- Os agrotóxicos são substâncias químicas (herbicidas, pesticidas, hormônios e adubos químicos) utilizadas em produtos agrícolas e pastagens, com a finalidade de alterar a composição destes e, assim, preservá-los da ação danosa de seres vivos ou substâncias nocivas.
- Utilizados em escala mundial após a 2ª grande guerra, sendo que vários deles serviram de arma química nas guerras da Coréia e do Vietnã, como o Agente Laranja, desfolhante que dizimou milhares de soldados e civis.
INTRODUÇÃO
HERBICIDAS
- Surgiram da necessidade em controlar o crescimento das ervas-daninhas – plantas que crescem em lugares onde o homem não as deseja, competindo com as culturas por nutrientes, umidade e luz.
- CAMARGO (1986): Herbicidas são compostos que aplicados às plantas sensíveis, reagem com seus constituintes, interagem em seus sistemas bioquímicos, promovendo eventos morfológicos ou fisiológicos de graus variáveis, podendo levá-las à morte.
- As principais lavouras consumidoras de herbicidas no Brasil são a soja, a cana-de-açúcar, a laranja e o arroz.
- 1920 utilização dos produtos no combate as pragas.
- 1946: introdução do DDT na agricultura.
- 1946/47: introdução do DDT e BHC no Brasil nas culturas de algodão, surtos de gafanhoto e na broca do café.
- Brasil (1975) criação do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas – ampliar a industria nacional.
- EUA: 600 ingredientes ativos registrados.
- Brasil: 250 ingredientes ativos registrados.
- Brasil: quinto maior mercado consumidor mundial de pesticidas agrícolas.
FORMULAÇÕES Pó-Fungicidas, tratamento de sementes. - Quanto menor a partícula, maior adsorção – maior o perigo.
Pó molhado-Partículas menores, evita o transporte pelo vento.
Grânulos-Não são levados pelos ventos.- Perigo aos animais e ao homem.
Iscas- Resíduos com cheiro.
Concentrado emulsionável.- Altamente concentrado, perigo no transporte.
- As lavouras brasileiras de maior consumo dos vários grupos deste produto químico são: soja, citros, cana-de-açúcar, hortaliças (tomate e batata), arroz, cereais, café, milho e frutas.
- Fatores que afetam a planta invasora e interação com os componentes do meio ambiente – minimizar os efeitos maléficos no ambiente.
- No meio ambiente o herbicida pode: retenção, transformação e transporte.
- Importante ter o conhecimento das propriedades físico-químicas dos herbicidas e dos principais componentes do meio ambiente.
COMPORTAMENTO DOS HERBICIDAS NO MEIO AMBIENTE
1. Pressão de vapor - Pva
- As moléculas na fase líquida tendem a escapar desta fase e passar para a fase gasosa – volatilização.
- Devido a pressão parcial exercida pelas moléculas próximas a superfície líquida, tentando sair para a atmosfera, e passar para a fase de gás.
- A pressão de vapor de um herbicida é importante para avaliar sua distribuição no ambiente.
- Molécula com elevada pressão de vapor está menos sujeita a causar contaminação no ambiente; entretanto significa escape mais rápido para a atmosfera.
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
2. Solubilidade em água - S
- Quantidade máxima do herbicida que se dissolve em água pura a uma determinada temperatura.
- KPs: quantidade máxima que um produto é solúvel em água pura.
- Produtos com alta solubilidade: rápida lixiviação, contaminação de lençol freático.
3. Coeficiente de partição octanol-água – Kow
- Quanto é solúvel em água e quanto é solúvel em n-octanol.
- Balanço entre as propriedades hidrofílicas e lipofílicas.
- Herbicidas lipofílicos ou não polares (Kow maior que 10.000): grande potencial de bioacumulação em tecidos gordurosos.
- Herbicidas hidrofílicos ou polares: (Kow menores que 10): mais solúveis em água.
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
4. Reatividade – R
- A presença de certos grupos funcionais em uma molécula de herbicida, lhe confere a peculiaridade em ser mais ou menos reativo – interagir com certos elementos do meio.
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
- Componentes do meio ambiente: ar, água, terra, biota.
- Solo: componente alvo – inevitavelmente será o receptáculo final do herbicida.
- Solo: fase sólida (50%), fase líquida (25%), fase gasosa (25%).
1. Minerais argila
- Adsorção de herbicidas por argilas pode ocorrer:
a) herbicidas carregados negativamente podem ser adsorvidos em valores apropriados de pH;
b) herbicidas neutros podem penetrar entre duas lâminas tetraédricas de silicato;
c) Herbicidas carregados positivamente podem substituir os cátions trocáveis que ocorrem naturalmente nos sítios de adsorção.
Propriedades físico-químicas dos componentes do meio ambiente
2. Matéria orgânica
- Substâncias não húmicas: substâncias orgânicas quimicamente bem definidas, compostos de baixo peso molecular que podem ser utilizados pelos microrganismos do solo (carboidratos, hidrocarbonetos, álcoois etc).
- Substância húmicas: mistura quimicamente e fisicamente heterogênea de peso molecular elevado – ácidos húmicos, ácidos fúlvicos, humina.
3. pH
- Os herbicidas são formulados para atuarem em pH 5,5 a 7,5.
- Valores extremos de pH afetam o comportamento dos herbicidas no solo.
4. Capacidade de Troca de Cátions – CTC
- Quantidade de íons de carga positiva (cátions) que as partículas podem reter.
- Importante para manter a neutralidade do sistema.
1. RETENÇÃO
- Pode ser reversível ou irreversível.
- Sorção: apreensão de um soluto pelo solo (constituinte), sem indicar o mecanismo específico; quando não de define entre adsorção e absorção.
1.1. Adsorção/dessorção
- Adesão ou atração de uma ou mais camadas iônicas ou moleculares para uma superfície.
- Dessorção: fenômeno inverso.
- Compartilhamento de elétrons entre a molécula e a superfície adsorvedora, tempo de adsorção longos; força de van der Waals; ligações de hidrogênio.
- Processo chave no comportamento do pesticida no solo – pode determinar a não disponibilidade do pesticida na solução do solo e sua não utilização pelos microrganismos.
- Adsorção é reversível (adsorção ou dessorção).
PROCESSOS DE INTERAÇÃO ENTRE HERBICIDA E O MEIO AMBIENTE
1.2. Absorção
- Penetração interna nas partículas de solo ou em organismos vivos por íons ou moléculas do herbicida.
- Mecanismo físico ou pela atividade metabólica do organismo via ingestão direta.
- Resíduos dos herbicidas nas culturas e alimentos.
- Herbicida pode acumular na cadeia alimentar em aumentos sucessivos em cada etapa.
1.3. Precipitação
- Formação de precipitados formando uma fase nova e distinta (saturação).
- Herbicidas de baixa solubilidade em água podem formar precipitados.
PROCESSOS DE INTERAÇÃO ENTRE HERBICIDA E O MEIO AMBIENTE
2. TRANSFORMAÇÃO
- Mudanças na estrutura química das moléculas do herbicida.
- Degradação: quebrar a estrutura molecular do herbicida em componentes menores ou mais simples por meios bióticos ou abióticos.
- Podem originar componentes mais tóxicos do que o original.
2.1 Biótica
- Degradação por ação do metabolismo de microrganismos e plantas.
- Presença de enzimas secretadas pelos seres vivos.
- Oxidação, redução, hidrólise, metilação, descarboxilação, etc.
PROCESSOS DE INTERAÇÃO ENTRE HERBICIDA E O MEIO AMBIENTE
2.2. Abiótica
- A molécula do herbicida é degradada por ação de componentes físicos do meio ambiente.
- Fotodegradação: quando ocorre a ação da luz na estrutura da molécula do herbicida;
- Degradação química: reações químicas como hidrólise, oxidação na presença de certos reagentes do ambiente que interagem com o herbicida.
PROCESSOS DE INTERAÇÃO ENTRE HERBICIDA E O MEIO AMBIENTE
3. TRANSPORTE
3.1. Volatilização
- Distribui o herbicida do solo ou da água para a atmosfera.
- Depende da pressão de vapor.
- O herbicida pode ser transportado como material particulado por algumas distâncias.
3.2. Lixiviação
- Movimentação do herbicida ao longo do perfil do solo em direção ao lençol freático.
- Lixiviação é influenciada pelas chuvas e irrigação.
3.3. Escorrimento superficial (Runoff)
- Movimentação do herbicida ao longo da superfície do solo em declive, pela água da chuva e vento, até a superfície das águas de rios e lagos – contaminação de águas de superfície.
PROCESSOS DE INTERAÇÃO ENTRE HERBICIDA E O MEIO AMBIENTE
MICRORGANISMOS E OS AGROTÓXICOS
ALEXANDER (1981): os microrganismos exibem duas estratégias ecológicas para a assimilação ou metabolismo do substrato:
MINERALIZAÇÃO - O substrato absorvido é quebrado em pequenas moléculas, as quais serão posteriormente metabolizadas por via de reações que geram energia.- A biomassa da população é aumentada às custas do substrato e a concentração do substrato muda consideravelmente com a expansão desta população microbiana.
CO- METABOLISMO
- O microrganismo pode transformar o pesticida sem dele retirar energia para o seu desenvolvimento.
- O co-metabolismo não leva, em geral, à completa degradação da molécula, porém causa a sua redução.
MICRORGANISMOS E OS AGROTÓXICOS
MUSUMECI (1992) há dois outros mecanismos de degradação:
CONJUGAÇÃO
- A molécula integral do pesticida ou um de seus metabólitos se combina com compostos naturais do solo como carboidratos e aminoácidos.
- A formação do conjugado normalmente torna a molécula mais polar e assim mais hidrossolúvel.
MICRORGANISMOS E OS AGROTÓXICOS
SIMPLES ACÚMULO
- Acúmulo de pesticida pelo microrganismo pode se dar por um processo ativo ou passivo, ocasionando uma remoção temporária da molécula.
MICRORGANISMOS E OS AGROTÓXICOS
Efeito dos pesticidas na microbiota do solo
ALEXANDER (1969), a resposta dos microrganismos do solo aos pesticidas pode ser dividida em 4 fases:
1) Drástica redução das populações fúngicas e bacteriana;
2) Adaptação e aumento do número da população microbiana, principalmente as bactérias;
3) Estabelecimento de um “equilíbrio” e microflora menos diversificada que a anterior;
4) Restabelecimento de um equilíbrio populacional similar ao original.
- Alguns microrganismos podem acumular temporariamente o pesticida – remoção temporária do meio; aumenta sua persistência no meio.
- DDT, aldrin, dieldrin: detectados em células de fungos, acumuladas em vacúolos.
- Degradação acelerada: microrganismos adaptados em solos com seguidas aplicações do mesmo pesticidas – Fungo Fusarium e o herbicida propanil.
- As primeiras quebras na molécula do pesticidas por ação microbiana ocorrem nas cadeias laterais, quanto mais anéis aromáticos – maior dificuldade de degradação.
O HERBICIDA PROPANIL• Utilizado nas lavouras de arroz, algodão, soja, milho e tomate.
• As plantas susceptíveis a ação fitotóxica do propanil morrem em 3 a 7 dias, pois este herbicida inibe reações bioquímicas como respiração, síntese de RNA, proteínas e amilases, inibindo principalmente a fotossíntese.
• Microrganismos que degradam o propanil:
C9H9Cl2NO
Fusarium sp
- A molécula de atrazina formada por um anel aromático heterocíclico clorado e N-alquilado não sendo facilmente biodegradada.
- Alguns microrganismos tem demonstrado habilidade de biodegradar parcial ou totalmente a molécula levando a formação de NH3 e CO2.
População microbiana de amostra de solo incubada com atrazina (1,66 g/L) por 14 dias .
Biodegradação da atrazina Fonte: Ueta et al, 2004.
O HERBICIDA ATRAZINA
MICRORGANISMOS DEGRADADORES DA ATRAZINA
• fungos: Aspergillus fumigatus e Rhizopus stolonifer.
• bactérias do gênero Rhodococcus, Nocardia, Bacillus e principalmente Pseudomonas.
Aspergillus sp
Rhizopus stolonifer
Rhodococcus sp Bacillus sp
- Os testes básicos para obtenção do comportamento dos pesticidas: biodegradabilidade, adsorção e mobilidade em pelo menos três tipos de solo brasileiro.
BIODEGRADABILIDADE
• Taxa de mineralização até CO2 (Bartha e Pramer, 1965)
• Amostras de solo com 14C-pesticida-teste e a liberação do 14CO2
• ADSORÇÃO: comportamento adsortivo pelas partículas do solo.
• MOBILIDADE: lixiviação e transporte de pesticidas através do perfil do solo.