UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE...

36
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO PAULO ALBINO VIEIRA A POESIA DE CORDEL COMO VIÉS COMUNICATIVO E INFORMATIVO EM CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS CAMPINA GRANDE - PB SETEMBRO/2013

Transcript of UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE...

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

0

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

PAULO ALBINO VIEIRA

AA PPOOEESSIIAA DDEE CCOORRDDEELL CCOOMMOO VVIIÉÉSS CCOOMMUUNNIICCAATTIIVVOO EE

IINNFFOORRMMAATTIIVVOO EEMM CCAAMMPPAANNHHAASS PPUUBBLLIICCIITTÁÁRRIIAASS

CAMPINA GRANDE - PB

SETEMBRO/2013

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

1

PAULO ALBINO VIEIRA

AA PPOOEESSIIAA DDEE CCOORRDDEELL CCOOMMOO VVIIÉÉSS CCOOMMUUNNIICCAATTIIVVOO EE

IINNFFOORRMMAATTIIVVOO EEMM CCAAMMPPAANNHHAASS PPUUBBLLIICCIITTÁÁRRIIAASS

Artigo apresentado ao curso de Bacharelado em

Comunicação Social – habilitação Jornalismo – da

Universidade Estadual da Paraíba, em cumprimento

à exigência para obtenção do grau de Bacharel.

Orientadora: Prof.ª Mestre Cléa Gurjão Carneiro

CAMPINA GRANDE - PB

Setembro/2013

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

2

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA SETORIAL CIA I – UEPB

V657p Vieira, Paulo Albino.

A poesia de cordel como viés comunicativo e

informativo em campanhas publicitárias [manuscrito]

/Paulo Albino Vieira. – 2013.

23 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Comunicação Social) – Universidade Estadual da

Paraíba, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, 2013.

“Orientação: Profa. Ms. Cléa Gurjão Carneiro,

Departamento de Letras e Artes”.

1. Literatura de cordel. 2. Mídia. 3. Campanhas

publicitárias. I. Título.

21. ed. CDD 398.5

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

3

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

4

Dedico este trabalho, em especial, à poesia e à arte

eterna de Raul Santos Seixas (in memoriam), minha

inspiração maior.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

5

Agradeço especialmente à professora Cléa Gurjão,

minha orientadora durante este trabalho, e também

ao amigo e professor Clebson Morais, por suas

importantes contribuições na realização deste

Artigo. Sem eles não seria possível a conclusão do

mesmo. Obrigado ainda aos amigos e colegas de

sala que me ajudaram no decorrer desse Curso.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

6

“A desobediência é uma virtude necessária à

criatividade”. (Raul Seixas)

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

7

RESUMO

O trabalho proposto está centrado em um cunho analítico, onde o objeto de estudo refere-se

fundamentalmente à literatura de cordel, a qual pode ser considerada um poderoso meio de

comunicação e de informação, visto que no passado, de certa forma, ela chegava a ter mais

aceitação do que o próprio jornal impresso. A este trabalho serão fomentados dados

históricos que concomitantemente darão respaldo à pesquisa. O embasamento teórico está

fundamentado em autores a exemplo de Galvão 2001, Kunz, 2001, Meira 1998, entre outros,

e na obra de cordel do poeta Manoel Monteiro, O planeta água está pedindo socorro, onde o

autor busca a conscientização mediante o problema da escassez de água doce no planeta. A

obra em si busca valer-se de um viés informativo pessoal, popular, antagônico aos termos

formais do jornalismo, referentes aos aspectos formais e impessoais estabelecidos pelas

normas jornalísticas.

Palavras-chave: Literatura de Cordel, Mídia, Campanhas Publicitárias.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

8

RESUMEN

El trabajo propuesto está en un centro de cuño analítico, adonde el objeto de estúdio se

refiere basicamente a la literatura de cordel, a la cual puede ser considerada un fuerte médio

de comunicación y de información, visto que en el pasado, de cierta manera, ella llegaba a

tener más acaptación a que el próprio periódico impreso. Para este trabajo serán fomentados

datos históricos que a la vez darán refuerzo a la investigación. El embasamiento teórico se

fundamenta en autor la ejemplo de Galvão 2001, Kunz, 2001, Meira 1998, entre otros, y en

la obra de cordel del poeta Manoel Monteiro, El planeta água está pedindo ayuda, donde el

autor busca a la conscientización mediante el problema de la falta de água dulce en planeta.

La obra busca valerse de un puente informativo personal, popular, al revés términos formales

del periódico, referentes a los aspectos formales e impersonales establecidos por las normas

periódicas.

Palabras-clave: Literatura de Cordel, Mídia, Capañas Publicitarias.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

9

1. INTRODUÇÃO

Para despertar a atenção e suscitar o envolvimento da população o Governo Federal

lança campanhas que são veiculadas nos meios de comunicação, especialmente na TV aberta

que é um meio popular, de acesso a quase toda a população brasileira, atingindo todas as

idades, sexos, classes sociais, etc. O sucesso dessas campanhas vai depender da eficácia do

meio de comunicação, da argumentação e do poder argumentativo de quem a produz e/ou

veicula.

Nesse sentido, a literatura de cordel por ser de fácil acesso à população, desde os

tempos mais remotos, é considerada um expressivo meio de comunicação e de informação

para o público que ouve e lê esse tipo de literatura.

No presente trabalho será realizada uma discussão sobre a importância cultural e

comunicativa da poesia de cordel, um gênero literário popular por excelência, como viés

comunicativo e informativo no poema de Manoel Monteiro “O Planeta Água”. Focaremos a

importância do cordel no seu aspecto expansivo e, consequentemente, comunicativo, em

especial o cordel que vem sendo produzido no estado da Paraíba.

Uma das perspectivas é medir o impacto causado pela modernidade na poesia de

cordel, uma vertente da literatura poética naturalmente atrelada à comunicação e que pode

vir a ser, inclusive, ameaçada de extinção. Lembrando-se ainda, que o hábito de ler cordéis

anda um tanto quanto esquecido por grande parte das pessoas.

Será descrito ao longo deste trabalho a historicização do cordel, desde a sua forma

oral até a escrita, bem como o processo de veiculação do mesmo, principalmente no seu

aspecto comunicativo/informativo. Desta forma, será apresentada como se deu e como se dá

atualmente a sua atuação no contexto da comunicação.

Serão analisados mais profundamente alguns dos aspectos e familiaridades da poesia

de cordel em seu arcabouço cultural e comunicativo, uma forma de manifestação da cultura

popular que, apesar de se desenvolver e de se renovar a cada dia, sempre se revelou

financeiramente inviável para os cordelistas paraibanos, principalmente na atualidade. Dessa

forma, a preocupação direta é, também, com o futuro desse gênero literário.

O problema sugerido e que será avaliado terá como referencial teórico, sobretudo, a

poesia do cordelista pernambucano radicalizado na Paraíba, Manoel Monteiro da Silva,

referente ao assunto pesquisado. Será feita uma análise em uma de suas obras menos

recentes, porém, atual como nunca, O planeta água está pedindo socorro, a maneira pela

qual o poeta encontrou de chamar a atenção das pessoas para um problema cada vez mais

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

10

presente no dia a dia; o perigo da escassez de água doce e potável na superfície terrestre.

Desde algumas dicas necessárias de preservação do meio ambiente e de economia da água,

de maneira sustentável, passando ainda pelos direitos e deveres do consumidor em suas

residências, o poeta mostra através de seus versos a importância do racionamento da água,

um recurso natural que, como se sabe, não é renovável.

A exposição do problema, bem como a função social do cordel em todo seu contexto

histórico, cultural e comunicativo, apresentadas durante toda esta pesquisa, dará respaldo a

estas escolhas.

A contribuição acadêmica deste Artigo, portanto, é no sentido de mostrar a literatura

de cordel nos poemas de Manoel Monteiro como viés comunicativo e informativo, com a

finalidade de conscientizar a população de que todos precisam economizar água colaborando

para preservá-la.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Histórico do Cordel

O cordel é um gênero de poesia popular que nasce na oralidade, isto é, nasce para ser

declamado. É, em geral, nas feiras populares que o cordelista pega a viola e inicia a cantoria

de seus versos. Pura estratégia de marketing. Quando ele percebe que os ouvintes querem

conhecer o final da história, ele oferece o folheto impresso para compra.

A literatura de cordel é produção típica do Nordeste brasileiro, sobretudo nos estados

de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará, onde “os consumidores se

referiam a essa literatura como: „literatura de folhetos‟ ou simplesmente „folhetos‟ [...] A

expressão „literatura de cordel nordestina‟ passa a ser empregada pelos estudiosos a partir de

1970” (ABREU, 1999, p. 17).

Originados na literatura portuguesa, no Brasil os primeiros folhetos foram publicados

no final do século XIX, de maneira artesanal e acabaram se tornando populares em razão da

sintonia entre autores e leitores, como explica o cordelista Rodolfo Cavalcanti “o povo sabe

pelo rádio ou por ouvir dizer os acontecimentos mais importantes da sociedade, mas só

acredita quando sai no folheto... se o folheto confirma, aconteceu.” Como viajavam por todos

os lugares, até os mais ermos, divulgando e vendendo sua produção, os cordelistas tornavam-

se importante fonte de informação para as pessoas que viviam no interior, onde nem mesmo o

rádio era muito difundido. Assim, o folheto de cordel ganhou a forte função social de informar

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

11

a população. E, ainda que hoje a TV, a internet e o rádio sejam tão acessíveis, essa função se

mantém, e vemos que muitos folhetos continuam tratando de temas que são notícias: fatos

políticos, do mundo artístico, esportivo, etc. Também são comuns no Cordel: a saga de heróis,

a vida se santos, acontecimentos fantásticos e maravilhosos, fatos cômicos, satíricos e

picarescos, o cotidiano do povo nordestino, o amor e a felicidade.

Segundo Pinheiro (2001), os folhetos costumavam ser vendidos em mercados e feiras

pelos próprios autores numa aproximação do que acontecia em terras portuguesas. O hábito

de pendurar os livretos em cordas continuou nas feiras do Nordeste, onde, ao mesmo tempo

em que os folhetos eram vendidos, os versos eram declamados. Os autores, ou cordelistas,

recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também

fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis

compradores. Para reunir os expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em

1988 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.

Carlos Drummond de Andrade, reconhecido como um dos maiores poetas brasileiros

do século XX, assim definiu essa modalidade poética

A poesia de cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do

senso de humor e da capacidade crítica do povo brasileiro, em suas camadas

modestas do interior. O poeta cordelista exprime com felicidade aquilo que seus

companheiros de vida e de classe econômica sentem realmente. A espontaneidade e

graça dessas criações fazem com que o leitor urbano, mais sofisticado, lhes dedique

interesse, despertando ainda a pesquisa e análise de eruditos universitários. É esta,

pois, uma poesia de confraternização social que alcança uma grande área de

sensibilidade. (DRUMMOND apud CHAVES, 1993, p. 23).

Identificada a partir da concepção e do pressuposto comum no qual podemos

considerá-la como sendo uma “literatura informativa de fácil acesso”, mesmo apresentando,

de forma alegórica, temas sérios do cotidiano do interior nordestino e outrora de outras

localidades, a poesia de cordel tem as suas origens bastante remotas, provenientes em parte,

da Europa Medieval dos séculos XI e XII. O seu vínculo com a comunicação sempre foi algo

inerente e participativo, uma vez que esse tipo de poesia era eminentemente oral na sua

origem, falada ou cantada ao longo do tempo por trovadores e repentistas.

A poesia de cordel é de fato muito antiga, já temos alguns registros inclusive nos

escritos de Camões, como também em Gil Vicente, Cervantes e outros. No Brasil, teve início

com a vinda dos portugueses durante a colonização. E no Nordeste brasileiro ganhou um

espaço considerável, sobretudo até metade do século XX, consagrando-se em definitivo como

sinônimo de poesia popular, além de ser um meio de informar e inteirar as pessoas de um jeito

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

12

muito mais simples, por possuir fácil compreensão e conseguir levar suas histórias a diversos

lugares.

“As origens da literatura de cordel estão na Europa Medieval. Tem suas bases na

França (Provença), do século XI e posteriormente na Espanha, Portugal, Itália,

Alemanha, Holanda e Inglaterra. Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores

portugueses, depois incorporou a poética nativa do índio, a criatividade e o ritmo da

poesia do negro, dos vaqueiros e tropeiros (o aboio). Tornou-se um ritmo sertanejo-

tropical, integrando-se a outros ritmos como o baião, o xote, o xaxado e o forró.

Ganhou uma característica especial com o advento da xilogravura, na ilustração de

capas de milhares de folhetos.” (<http://www.gustavodourado.com.br/Cordeldoserta

onordestinoacontemporaneidadedaInternet.htm >. Acesso em: 08/05/2013, 16h40

min50seg.)

Durante séculos a poesia de cordel permaneceu na sua composição estritamente oral,

uma tradição que era repassada entre as contínuas gerações, onde alguma coisa podia ser

encontrada, ainda que raramente, na sua forma manuscrita. Aquele que sabia ler e escrever

podia ser o próprio cordelista, recitando o texto em voz alta em feiras e praças públicas para

vender os seus folhetos. Só bem mais tarde, com o aparecimento de pequenas tipografias, já

no final do século XIX, o cordel ganha realmente impulso e se fixa no Nordeste brasileiro,

onde assume o status de cultura regional.

De acordo com Kunz (2001, p. 79-80), “o folheto de cordel é uma representação

impressa da poesia popular, a qual se reflete na maneira como os poetas do povo enxergam a

realidade”. Sendo assim, o cordel nunca deixou de ser uma mídia alternativa e popular, de

forte conteúdo informativo e opinativo. Por outro lado, embora seja impressa e veiculada pelo

folheto, a poesia de cordel será sempre uma forma de literatura oral feita para ser recitada,

pois a sua rima é feita para o ouvido e a memória, não necessariamente para os olhos.

Sabe-se que, embora impresso e veiculado pelo folheto, o cordel é uma forma de

literatura oral feita expressamente para ser recitada. A rima do cordel é feita para o

ouvido e a memória, não para os olhos. Ela é, antes de tudo, mnemônica e

comunicativa. O folheto é apenas o suporte material de uma poesia que permanece

oral. (KUNZ, 2001, p. 79-80).

Com o passar do tempo, o folheto de cordel tornou-se uma forte manifestação da

comunicação popular do Nordeste e ainda um grande incentivo à educação, contribuindo na

alfabetização de jovens e adultos. A poesia de cordel passou a ser, então, uma espécie de

jornal popular escrito poeticamente, bem como uma ferramenta de uso didático aplicada nas

escolas de ensino básico. E na medida em que os imigrantes nordestinos se espalharam pelos

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

13

quatro cantos do país, durante décadas a fio, a poesia de cordel influenciou e também foi

influenciada pelos costumes e tradições de outras regiões do país.

A poesia de cordel ganhou notoriedade ainda por meio do estudo, pesquisa e

divulgação de pessoas interessadas em propagar essa arte tão simplória e, com efeito, o

resultado direto das manifestações da cultura popular. Renomados criadores das artes, da

música e da literatura brasileira, como o escritor paraibano e imortal da Academia Brasileira

de Letras, ARIANO SUASSUNA, deixaram-se influenciar pelos traçados e rimas simples de

um folheto de cordel, abraçando-o e definindo-o como embasamento para algumas de suas

determinadas criações.

2.2. O Cordel no Brasil e no Estado da Paraíba

Parte integrante da cultura popular nordestina, onde a Paraíba se destaca com grande

relevância, a poesia de cordel já faz parte da identidade cultural e comunicativa do nosso

estado, atravessando várias gerações com suas histórias quase sempre fantasiosas e

tradicionalmente folclóricas.

Segundo Pinheiro (2012, p. 48)

A literatura de cordel foi por muito tempo o jornal do povo nordestino, pois nem

todos tinham condições de adquirir jornais e revistas, por isso, o folheto de cordel

se tornou um meio de comunicação muito popular entre as pessoas. Não é à toa que

muitas delas foram alfabetizadas através dessa literatura.

Alguns pesquisadores afirmam que o primeiro folheto de cordel brasileiro, na forma

que se tornou convencional, foi publicado na Paraíba, em 1893, por Leandro Gomes de

Barros. Mas este dado gera certa controvérsia, uma vez que se acredita terem existido

publicações anteriores, das quais não se conservaram exemplares. O paraibano Leandro

Gomes de Barros foi um dos poetas cordelistas mais conhecidos, havendo escrito

aproximadamente 240 obras.

Já de acordo com o escritor e cordelista Dourado (<http://www.gustavodourado.com.

br/CordeldosertaonordestinoacontemporaneidadedaInternet.htm>. Acesso em: 08/05/2013,

16h40min50seg,), o primeiro folheto de cordel reconhecidamente publicado no Brasil é

Saudades do Sertão, datado do ano de 1902. Impresso na cidade de Campina Grande - PB, é

de autoria de Francisco das Chagas Batista, e encontra-se catalogado na casa de Rui Barbosa -

no Rio de Janeiro, onde se situa a ABLC (Academia Brasileira de Literatura de Cordel).

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

14

Fundada em 1988, a ABLC está localizada no bairro de Santa Teresa, à cerca de 500 metros

do Largo do Guimarães.

Em Campina Grande, fica evidente o prestígio desse gênero literário, tanto que existe

um espaço exclusivo para a conservação dos folhetos, a Biblioteca Átila Almeida. Instalada

no Campus I da Universidade Estadual da Paraíba, essa biblioteca dispõe atualmente de uma

valiosa coleção de cordéis, provenientes de diversos lugares da região Nordeste. Ela é

considerada pelos pesquisadores do assunto como um dos maiores acervos do mundo, com

mais de dez mil títulos de cordéis e 17.532 (dezessete mil, quinhentos e trinta e dois)

exemplares à disposição.

Segundo Joseph Luyten (apud Dourado), a poesia de cordel já ultrapassou mais de

cem mil títulos publicados somente no Brasil (este que é o maior produtor de cordéis no

mundo ocidental), em cerca de mais de 20.000.00 (vinte milhões) de folhetos impressos,

aproximadamente, já que algumas tiragens, segundo alguns pesquisadores, não ultrapassam

200 (duzentos) exemplares.

Via de regra, a obra intitulada O Romance do Pavão Misterioso, do autor José

Camelo de Melo Resende, é o maior clássico do cordel, sendo considerado o folheto mais

vendido de todos os tempos. Escrito no final da década de 1920, até hoje se conserva como

atual e está sempre presente em livrarias e bancas de revistas da Paraíba e de todo o Brasil,

consequentemente. Já tendo sido, inclusive, material aplicado em vestibulares e faculdades,

públicas e privadas de todo o Nordeste, principalmente da área de Comunicação Social.

A poesia de cordel sempre teve a sua importância na área da comunicação e da

cultura, e vai continuar tendo, graças a pessoas que se preocupam em propagar e manter acesa

a chama dessa tradição secular. Um exemplo desta dedicação está no pensamento do

cordelista MANOEL MONTEIRO, de Campina Grande, que defende a introdução do cordel

nas escolas como mecanismo de educação e valorização da cultura regional.

Todavia, é importante ressaltar que vivemos em plena era digital, e a informatização

já provocou uma verdadeira revolução nos meios de comunicação. Livros e revistas, por

exemplo, já são agora publicados exclusivamente pela Internet, condenando a um fim muito

próximo, até por comodidade, o acesso físico das pessoas às bibliotecas convencionais.

Com a rápida inovação dos meios de comunicação, e com a literatura impressa

sendo cada vez mais informatizada, acaba restando, consequentemente, pouco espaço no

mercado para algumas pequenas publicações. E também fica evidente o fato de que um

número cada vez maior de escritores, cordelistas em especial, já se rende a esse novo

processo de integração literária na rede mundial, procurando novas alternativas nas quais

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

15

possam inserir os seus trabalhos. Há, no entanto, aqueles que acreditam que dificilmente os

impressos vão desaparecer.

Ao contrário, essa forma de literatura vai se adaptando aos novos tempos, às novas

tecnologias e assim, persistirá no tempo. “Defendo os folhetos em papel e acho que eles

precisam continuar existindo, tanto pela estética quanto pela cultura. Sem eles não se

consegue juntar os amigos para uma leitura ou não é possível guardar de recordação para

mostrar aos filhos” (SILVA, 1998, apud MEIRA, 1998).

Pelo exposto acima, vemos que o cordel dificilmente desaparecerá no Nordeste.

2.3. Manoel Monteiro da Silva

Manoel Monteiro da Silva nasceu em Bezerros, município de Pernambuco, no dia 4 de

Fevereiro de 1937, e desde meados de 1955 reside em Campina Grande, Paraíba. Radicado na

Rainha da Borborema, ele é considerado hoje o cordelista de maior produção no Brasil em

atividade, com uma produção anual de folhetos bastante diversificada.

Autodidata, só estudou até o ensino fundamental, não concluindo os estudos. Porém,

influenciado por seu primeiro professor, Pedro Firmino, começou a escrever desde cedo,

dedicando-se a fazer poesias e outras coisas. A vocação de escrever cordéis surgiu quando

ainda era menino, da primeira vez em que foi à feira de Bezerros, em Pernambuco, e viu um

homem vendendo folhetos de cordel, o que o fez gostar automaticamente da linguagem. Pediu

então ao seu pai que comprasse um folheto para ele. A partir daí, começou a escrever seus

próprios folhetos, ainda que timidamente.

Experiente na arte de escrever versos rimados e metrificados, as suas narrativas são

mágicas e envolventes, prendendo o leitor do princípio ao fim. Com grande influência verbal,

própria dos grandes mestres, Manoel Monteiro não abre mão da forma correta na linguagem

de seus folhetos, sem que para isso perca sua essência popular. Em razão da qualidade de sua

produção, a literatura de cordel vem sendo indicada para a grade escolar de várias cidades

brasileiras, uma espécie de disciplina à parte no currículo dos alunos.

O poeta Manoel Monteiro, em entrevista concedida para a Cordelbrás, procurou

referir-se à poesia com as seguintes palavras: “Alguém já disse que o homem é um animal

político; e eu digo que o homem é um animal poético”. Membro da Academia Brasileira de

Literatura de Cordel - ABLC, ele herdou do poeta Manoel Tomaz de Assis a cadeira n° 28.

Com cerca de duzentos títulos publicados, Manoel Monteiro já é considerado um dos maiores

poetas de cordel de todos os tempos, um dos responsáveis diretos pela inserção da literatura

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

16

de cordel como ferramenta de estudo nas escolas da Paraíba, em especial, nas salas de aula em

Campina Grande (PB).

Manoel Monteiro já chegou aos 73 anos de idade e ainda tem muitos planos em sua

vida, como realizar o mega projeto Cordelando a Paraíba. Uma grande ideia, digna de um

mestre dos cordéis, em que ele e outros escritores pretendem recontar a história de suas

cidades. Trata-se, pois, de escolher um poeta de cada um dos 223 municípios do Estado, o

qual será responsável por narrar a história de sua cidade através de versos decorridos em

cordel. Um plano que nem chega a ser tão audacioso, uma vez que há muitos cordelistas

profissionais e também amadores espalhados por toda a Paraíba.

3. METODOLOGIA

Para esta pesquisa, foi trabalhado o folheto de cordel do poeta Manoel Monteiro, O

planeta água está pedindo socorro, analisando o que o autor procura veicular em seus textos

versificados. A realidade que se apresenta no momento da publicação, que é a escassez de

água no nosso planeta, fora transformada pelo poeta em campanha de conscientização, onde

ele chama atenção da população para um problema que é de todos.

Assim, esta pesquisa teve como viés metodológico analítico os recursos verbais

próprios da literatura de cordel, por ser esta o meio mais adequado aos propósitos da

pesquisa e a melhor ao discutir particularidades, relevando práticas cotidianas e culturais.

Sendo o cordel uma forma de expressão e de manifestação de cunho ideológico, onde

as ideias do poeta soam de forma espontânea, entretanto, foi empregado neste trabalho

trechos da obra que serviram como subsídios textuais para promover uma campanha voltada

para conscientização sobre o meio ambiente, despertando nas pessoas o seu bom senso em

relação ao desperdício de água doce no planeta.

4. ANÁLISE DO CORDEL, O PLANETA ÁGUA ESTÁ PEDINDO SOCORRO, DE

MANOEL MONTEIRO

Em uma análise mais atenta do folheto de cordel, O planeta água está pedindo socorro,

de autoria do poeta cordelista Manoel Monteiro da Silva, podemos perceber a enorme

preocupação do autor quanto à questão da preservação do meio ambiente. Em especial, no que

diz respeito ao problema da água no planeta, a qual vem sendo utilizada de forma bastante

irresponsável. Um dos mais criativos escritores de cordéis da atualidade, Manoel Monteiro

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

17

sempre direcionou alguns de seus trabalhos no sentido de conscientizar as pessoas sobre

algum mal que atinja a sociedade.

A capa do folheto (em anexo) é bastante sugestiva e antecipa a leitura do folheto:

retrata um cenário de seca, com cabeças de animais mortos e plantas típicas da caatinga.

Nesse cenário aparece uma mulher carregando um balde de água na cabeça, e ao seu lado, o

filho muito desnutrido Percebe-se que o autor, com essas imagens, procura causar impacto no

leitor para que ele leia o folheto com mais atenção.

O poeta começa a expressar sua preocupação, logo no título: O planeta água está

pedindo socorro. Uma leitura atenta permite verificar que o enfoque do poeta é a preocupação

com a falta d‟água no mundo, não em um futuro próximo e sim, no presente, por isso usa o

verbo estar no presente “está”.

Através dos versos deste Cordel, Manoel Monteiro busca alertar a população do perigo

iminente da escassez de água em todo o mundo, dando dicas simples, porém importantes, de

como diminuir o consumo excessivo, economizando ao máximo a água potável. Para isso, faz

um apelo à educação e ao bom senso das pessoas, no sentido de que elas se conscientizem do

problema, procurando poupar agora toda a água que poderá fazer falta no futuro, a exemplo

das estrofes abaixo, entre outras.

“Vão aqui algumas dicas

Pra fazer economia:

Banho quente é repousante

Mas não passe nele um dia,

Senão a conta na frente

Fará desse banho quente

Você entrar numa fria.

Tem gente que demora

Meia hora no banheiro,

Dois banhos são uma hora,

Somam trinta o mês inteiro.

Essa demora é nefasta

A água que um desse gasta

Dá pra encher um barreiro.

O sanitário consome

De água uma boa carga,

Pois de 10 a 15 litros

Se vão na descarga,

Estou dizendo a vocês

Que é isso no fim do mês

Que deixa a „continha‟ amarga”.

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

18

De acordo com os seus versos e rimas, fazer uso da água com racionalidade significa,

em médio prazo, pensar no futuro da humanidade como um todo, uma vez que a água doce

não é um recurso renovável. Mesmo que o homem, em toda sua ambição desmedida, não

consiga fazer com que a água desapareça por inteiro, ainda assim, pode torná-la imprestável

para o consumo, condenando a um fim muito próximo a vida animal e vegetal do planeta.

Sem água não há condições de haver vida, ainda mais quando sabemos que apenas 0,02% do

total de água da superfície terrestre é potável.

Diante dessa realidade, o ser humano não deve se limitar apenas a questões técnicas

ou científicas, uma vez que os maiores problemas do planeta clamam por um ser mais

reflexivo e igualmente consciente, solidário ao próximo e à natureza. Toda pessoa de bom

senso sabe que economizar água passa a ser agora uma questão de conscientização coletiva. O

mestre Manoel Monteiro, de forma simples e clara, reflete sobre isso nas seguintes estrofes:

“É possível que alguém

Vendo a imensidão do mar

Ache que tem tanta água

Que pode desperdiçar,

Mas isso não é verdade

Preste atenção, por bondade,

No numero que vou lhe dar.

Água pura de beber

É bastante limitada

Água salgada tem muita

Mas de toda água somada

Pelo que já apurou-se

Dois por cento é água doce

O resto é água salgada.”

Além das ações e medidas que correspondem ao perfeito funcionamento de instalações

hidráulicas, bem como dos direitos e deveres do consumidor dentro da lei, o poeta aponta

ainda para medidas simples e educacionais que podem fazer parte do dia a dia de todos, sem

prejuízo do conforto de quem utiliza a água em suas tarefas diárias.

Composto poeticamente em septilhas, em 46 estrofes de pura sabedoria popular,

podemos observar nos versos deste folheto de cordel a estreita relação do narrador com o seu

público, onde o poeta, com sua enorme capacidade de síntese, consegue transpor para o papel

uma importante mensagem relativa à preservação do meio ambiente. O consumo moderado da

água e as suas mil e uma maneiras de aproveitamento são os pontos altos desta obra.

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

19

“Reutilizar a água

Que desce pelo chuveiro

Aproveitar o saponáceo,

A soda cáustica e o cheiro,

A conta d‟água não cresce

E o sanitário agradece

Essa água do banheiro.”

Na primeira estrofe o poeta faz uma pergunta:

“Você sabia que é

Preciso economizar

Água doce de beber

Porque senão vai faltar?

E que é muito provável

Que a água doce e potável

Em breve possa acabar?”

E, logo na segunda estrofe, responde-a:

“Se sabia, muito bem,

Senão vai ficar sabendo

Que por falta de cuidados

Tem manancial morrendo,

Uns, sujam a água que bebem

E nem de longe percebem

O mal que estão cometendo.”

O poeta afirma que a água é um recurso natural indispensável à sobrevivência do

homem, das plantas e dos animais, além de ser um elemento básico para o desenvolvimento

da humanidade. Percebe-se isso nas estrofes seguintes:

“Nosso PLANETA/ÁGUA/TERRA

Só tem a água que tem,

Sem água, todos sabemos,

Não sobrevive ninguém,

Quem sabe disso propala

Que devemos preservá-la

Para o nosso próprio bem.”

Percebe-se nessa estrofe, quando o poeta afirma: “Quem sabe disso propala”, o caráter

jornalístico da informação, corroborando com Galvão (2001, p. 88), ao afirmar “Vários

estudiosos identificaram a literatura de cordel como um sistema paralelo e particular de

jornalismo”. Porém, os cordéis, diferentemente dos jornais, não têm a preocupação típica do

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

20

jornalismo que é a impessoalidade, a imparcialidade, ao contrário, o cordelista coloca toda a

sua emoção nos poemas, como se percebe nos trechos abaixo:

“E o homem „bicho insensível‟

Com isto não se comove,

Teima em não compreender

Que falta a prova dos 9

O mundo não tem saída

Pois sem água não tem vida

E sem mata não chove”.

Observa-se que o autor se utiliza de várias técnicas de persuasão e convencimento para

que o leitor acate a ideia proposta.

Nos versos abaixo, percebemos fatos que provocam no leitor um sentimento de que o

poeta é alguém que conhece profundamente o assunto e vive essa realidade e luta por ela,

dialogando com o leitor como se este estivesse presente no momento da leitura, Observa-se

que o poeta se utiliza de várias técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate

a ideia proposta.

“Você não desperdiçando

O ganho vai ser geral,

Além do mais fará jus

À convite especial,

Pra desfilar na avenida

Encenando o show da vida

E no papel principal.”

Percebe-se nesta estrofe que o poeta Manoel Monteiro quer passar a ideia de que o

mundo requer novas atitudes. Para ele, é imperativo a contribuição moral do ser humano. Em

todo o cordel, ele busca no leitor uma pessoa ativa, consciente de seu papel na sociedade.

Para Manoel Monteiro, cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade nesse

conjunto de coisas, mas, como não podemos resolver tudo de uma só vez, que tal começarmos

a dar a nossa contribuição no dia-a-dia? Como não dá para viver sem água, é essencial fazer

um uso racional deste recurso precioso. A água deve ser usada com responsabilidade e

parcimônia. Para nós, consumidores, também significa mais dinheiro no bolso. A conta de

água no final do mês será menor. O mais importante, no entanto, é termos a consciência de

que estamos contribuindo, efetivamente, para reduzir os riscos de matarmos a nossa fonte de

vida: a água. Conferimos isso nos trechos abaixo:

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

21

“Vão aqui algumas dicas

Pra fazer economia:

Banho quente é repousante

Mas não passe nele um dia.

Senão a conta na frente

Fará desse banho quente

Você entrar numa fria.

Não é demais repetir

Toda hora e todo dia,

Que água é um bem finito

Só tem a mesma quantia.

De que lhe vale um tesouro

Se você tem muito ouro

Mas não dispõe de água fria?”

Atualmente, muito se fala sobre reciclagem, desperdício de água e luz. Apesar de toda

essa divulgação, muitas pessoas acham que o cuidado com a natureza é obrigação só do

governo e não fazem nada para ajudar. O poeta alerta para esse fato:

“Este cordel traz nos versos

Lições que valem lembrar,

Exemplo: o valor dos erres

Onde um é RECICLAR

(Para melhorar o mundo)

REUTILIZAR, o segundo;

Terceiro, REAPROVEITAR.”

Preservação ambiental é a prática de preservar o meio ambiente. Essa preservação é

feita para beneficiar o homem, a natureza ou ambos. A pressão por recursos naturais muitas

vezes faz com que a sociedade degrade o ambiente a sua volta, por isso é essencial as medidas

de preservação do meio ambiente.

A preservação ambiental é uma preocupação crescente por parte das pessoas,

organizações e governo. Desde os anos 60, a atividade de organizações de proteção do meio

ambiente vem atuando em favor da preservação ambiental, para tentar garantir que tenhamos

um planeta ambientalmente mais sustentável. A preservação ambiental é um dever de todas as

pessoas.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

22

5. CONCLUSÃO

A literatura de cordel não nasceu da escrita. Seu berço é a tradição oral. O advento da

imprensa popularizou-a, nesse sentido, essa literatura passou também, de certa forma, a

chamar a atenção dos leitores para os problemas, sociais, econômicos, políticos, culturais,

educacionais, etc.

No cordel de Manoel Monteiro “O Planeta água está pedindo socorro”, o poeta usa

técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a ideia de economizar água,

pois o risco de um colapso ecológico que já é uma realidade. Sinais eloquentes dessa crise são

visíveis em todos os lugares do planeta.

O poeta coloca-se como “porta-voz” das informações sobre a escassez da água no

planeta. Essa é uma das funções importantes desempenhadas pelos cordéis: um meio de

informação e de comunicação.

Manoel Monteiro deseja com este cordel que os leitores sintam-se provocados pela

leitura e tomem atitudes críticas, reflexivas e responsáveis, em relação à preservação da água

no nosso planeta. E todos podem se engajar, ajudando a divulgar e passar adiante as ideias,

uma vez que campanhas governamentais desse tipo atingem um grande número de pessoas de

todas as classes sociais, atendendo ao gosto de um público variado.

Dessa forma, podemos apontar na literatura de cordel um viés de caráter comunicativo

que, por vezes, faz o papel da mídia, informando à população problemas sociais e ambientais

que estão presentes em nossa sociedade de maneira séria e prazerosa.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

23

6. REFERÊNCIAS

CHAVES, Rita. Margens do texto: Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Scipione,

1993.

DOURADO, Gustavo. Cordel: Do Sertão nordestino à contemporaneidade da Internet.

<http://www.gustavodourado.com.br/CordeldosertaonordestinoacontemporaneidadedaInternet

.htm>. Acesso em: 08/05/2013, 16h40min50seg.

GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. Cordel: Leitores e ouvintes. Belo Horizonte: Autêntica,

2001.

KUNZ, Martine. Cordel: A voz do verso. Fortaleza: Museu do Ceará. Secretaria da Cultura e

Desporto do Estado do Ceará, 2001.

LUYTEN, Joseph M. A notícia na literatura de cordel. São Paulo: Estação Liberdade,

1992.

MEIRA, Tatiana. Arte popular do cordel abraça novas tecnologias. Jornal do Comércio,

Recife/PE, publicado no dia 21 de janeiro, 1998.

MONTEIRO, Manoel. O planeta água está pedindo socorro. Campina Grande – PB:

Editora Camp Graf, 2005.

PINHEIRO, Helder. O cordel no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez, 2012.

SILVA, Dilsom Barros da; BARBOSA, Vilma de Lourdes. A Literatura de Cordel no

ensino de Geografia. Disponível em:

<http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/extensao/documentos/anais/2.CULTURA/2CEDME

OUT01.pdf.> Acesso em: 08/05/2013, 18h50min10seg.

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

24

ANEXOS

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

25

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

26

PALAVRA DE PROMOTOR:

Antes do surgimento do rádio e da televisão, era o poeta popular quem em suas cantorias ou através do

folheto de cordel, levava a cultura e a informação a todo o povo nordestino, chegando até às mais longínquas

localidades interioranas. Nessa época, era o poeta popular que relatava em seus versos os horrores das guerras, a

saga dos cangaceiros, os milagres do Padre Cícero, o encanto dos casamentos das princesas, a tirania dos

ditadores, enfim, narrava fatos históricos, documentando a história. Além de contar os fatos históricos, o poeta

era e continua sendo um mestre na ficção, e sua criatividade já produziu belíssimos romances narrados em forma

de versos.

O poeta Manoel Monteiro, grande destaque da literatura de cordel, além de contar fatos históricos e

ficção, vem contribuindo de maneira destacada com a educação ambiental de nossa gente. Sobre o tema, o

valoroso poeta já criou lindos poemas em defesa da fauna e da flora, dando especial atenção à proteção e

restauração das matas ciliares indispensáveis à proteção de nascentes, rios, riachos, lagos e qualquer outro curso

de depósito d'água.

Neste Cordel, intitulado O PLANETA ÁGUA ESTÁ PEDINDO SOCORRO, Manoel Monteiro conduz

sua sensibilidade poética para alertar sobre o perigo de escassez da água. É fácil entender a preocupação do poeta

com a qualidade e a quantidade de água. Imaginem como ele deve se empolgar ao olhar para as belezas das

Cataratas do Iguaçu. Ao mesmo tempo, avaliem sua tristeza ao contemplar a poluição do rio Tietê. Os mais belos

cenários da Terra, agradáveis aos sentidos e convidativos à poesia, têm a água na sua composição, geralmente

como fundo principal: as ondas do mar, as cachoeiras, os riachos, os lagos azuis, a neblina caindo sobre um

jardim florido, os pingos brotando de uma nascente, o orvalho da manhã brilhando aos primeiros raios do sol,

enfim, para o poeta a água não é apenas útil no dia-a-dia, mas também é fonte inesgotável de inspiração. A água

de belezas indescritíveis, para o poeta, é composição obrigatória em nosso cotidiano, ao cozinhar, na formulação

de medicamentos, na geração de energia elétrica, enfim, é essencial na fabricação ou criação de qualquer coisa.

Fica evidente que, nas nossas atividades diárias, nos preocupamos em conseguir os demais elementos. Com a

água não, "é s6 água, tem em abundância". Será? Na verdade somente 0,02% do total de água de superfície em

nosso planeta é potável, portanto, não é tão abundante e, embora o homem não a faça desaparecer da natureza,

como faz com as florestas, em sua irresponsabilidade desmedida, está contribuindo para que fique poluída e

consequentemente, tornando-a imprestável para o consumo. Não existe vida sem água. Inutilizando-a o homem

está predestinado a se afogar num mar de imundície.

Este folheto do poeta Manoel Monteiro, além da beleza dos versos, é um manual que deve ser seguido

para que a água seja usada com racional idade, e consequentemente, exista em quantidade e qualidade para as

futuras gerações.

Campina Grande – PB, 10 de agosto de 2005.

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

27

O PLANETA ÁGUA

ESTÁ PEDINDO SOCORRO

Autor: Manoel Monteiro

01 – Você sabia que é

Preciso economizar

Água doce de beber

Porque senão vai faltar?

E que é muito provável

Que água doce e potável

Em breve possa acabar?

02 – Se sabia, muito bem,

Senão vai ficar sabendo

Que por falta de cuidados

Tem manancial morrendo,

Uns, sujam a água que bebem

E nem de longe percebem,

O mal que estão cometendo.

NÃO JOGUE LIXO NOS CANAIS

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

28

03 – A água não vai sumir

Mas com rio assoreado,

Água suja, lixo exposto,

Morro e campo desmatado,

Lago com chumbo e mercúrio

Com este pincel expúrio

O presente é mal pintado.

04 – Nosso PLANETA AGUA / TERRA

Só tem a água que tem,

Sem água, todos sabemos,

Não sobrevive ninguém,

Quem sabe disso propala

Que devemos preservá-la

Para nosso próprio bem.

05 – Água nunca foi nem é

Um recurso renovável

Por isso não desperdice

Nossa doce água potável;

O H2O bem composto

Não tem gosto, mas seu gosto

Tem sabor inimitável.

AS ÁRVORES PURIFICAM O AR

06 – Da água que tem na terra

A quantidade é constante

O que você desperdiça

Prejudica o semelhante,

Donde tira e não se bota

Só um Zé Mané não nota

Que vai faltar adiante.

07 – É possível que alguém

Vendo a imensidão do mar

Ache que tem tanta água

Que pode desperdiçar,

Mas isso não é verdade

Preste atenção, por bondade,

No número que vou lhe dar.

08 – Água pura de beber

É bastante limitada,

Água salgada tem muita

Mas de toda água somada

Pelo que já apurou-se

Dois por cento é água doce

O resto é água salgada.

QUEM POLUI A ÁGUA MATA O

PEIXE

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

29

09 – Dessanilizar a água

Inda é criança de touca

Está só engatinhando

Não dá pra molhar a boca,

O equipamento é raro,

O processo custa caro

E a produção é pouca.

10 – Vão aqui algumas dicas

Pra fazer economia:

- Banho quente é repousante

Mas não passe nele um dia

Senão a conta na frente

Fará desse banho quente

Você entrar numa fria.

11 – Tem gente que se demora

Meia hora no banheiro,

Dois banhos são uma hora,

Somam trinta um mês inteiro

Essa demora é nefasta

A água que um desse gasta

Dá pra encher um barreiro.

ÁGUA PARADA É ANCORADOURO

DE MOSQUITO

12 – O sanitário consome

De água uma boa carga

Pois de 10 a 15 litros

Se vão a cada descarga,

Estou dizendo a vocês

Que é isso no fim do mês

Que deixa a "continha" amarga.

13 – Para saber se a descarga

Está merecendo fé

Levante a tampa do vaso

Coloque pó de café

Se não houver movimento

Ali não há vazamento

Se tem, noutro canto é.

14 – Uma gota, pingo, pingo,

Duma torneira imperfeita,

Uma parede molhada

E ao cano não se ajeita

É isso meu camarada

Que deixa a conta enfeitada

Com muito zero à direita.

NÃO GASTE HOJE A ÁGUA DO

AMANHÃ

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

30

15 – Permitir a criançada

Brincar com água corrente

Pode ter plena certeza

Não é muito inteligente,

Limpar calçada ou quintal

Com a vassoura é legal

Mas com água é imprudente.

16 – Para lavar automóvel

Use uma lata ou bacia

Pegue a água e vá jogando

Passe a flanela macia,

Com esse procedimento

Não gasta cinco por cento

Da água que gastaria.

17 – Tirar barba, escovar dente

Mantendo a torneira aberta

Se for com toda vasão

É de bem que fique alerta

Que gasta um balde ou um filtro

Pois em vez dum meio litro

Vão-se uns 10 litros na certa.

NENHUM SER HUMANO VIVE SEM

ÁGUA

18 – Lavar frutas e legumes

É correto e indicado

Mas com a torneira aberta

É um consumo danado;

Com água e vinagre num

Balde ou vasilha comum

Dá muito mais resultado.

19 – Abrir a torneira toda

Para lavar copo ou prato

Usando muito sabão

É um desperdício ingrato

Que só faz pessoa tonta

Porque só piora a conta

E deixa caro o "barato".

20 – Do detergente atuante

A bactéria se afasta

Só não coloque demais

Seja líquido, seja pasta,

Não vá bancar o "matuto"

Quanto mais forte o produto

Mais água a limpeza gasta.

QUEM ECONOMIZA NÃO É SOVINA,

É SÁBIO.

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

31

21 – Diluir o detergente

É salutar providência

Desde que não comprometa

Seu grau de suficiência

Permanecendo supimpa

Gasta menos água e limpa

Com a mesma eficiência.

13 – Um cano mal emendado

Gotejando vez em vez,

Da boia desregulada

Se o conserto não se fez

Vão resultar desse evento

Um acréscimo violento

Da conta ao final do mês.

23 – Para checar vazamento

Ou outro qualquer defeito

Entre hidrômetro e caixa

d'água há um simples jeito:

Feche tudo com cuidado

Se o hidrômetro ficar parado

É que está tudo perfeito.

VAZAMENTO NA RUA, LIGUE PARA

A COMPANHIA

24 – Toda esta economia

Que estamos sugerindo

Quem seguir certinho vai

Quando o mês estiver findo

Pagar a conta da água

Sem remorso, queixa ou mágoa,

Feliz, alegre, sorrindo.

25 – Pois não se priva do banho

Nem do asseio do lar,

Nem deixa as plantas murchando

Nem o carro sem lavar,

Nem a sujeira invadir

Tampouco a conta subir

Sabendo economizar.

26 – REUTILIZAR a água

Que desce pelo chuveiro

Aproveita o saponáceo,

A soda cáustica e o cheiro,

A conta d'água não cresce

E o sanitário agradece

Essa água do banheiro.

OS ANIMAIS NÃO DESPERDIÇAM

ÁGUA

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

32

27 – Quem tem plantas na calçada

No jardim ou no quintal

Usando a água das pias

Para aguar é legal,

Faço isso com as minhas

Que permanecem verdinhas

E o consumo normal.

28 – Mesmo que o consumidor

Tenha grana de sobrar

Para mostrar que é bacana

Não deve desperdiçar;

Vindo o racionamento

Ninguém vai ficar isento

Todo mundo vai "dançar".

29 – Melhor ter pouco, mas ter,

Pior mesmo é quem não tem,

Pelo que estamos vendo

É preciso entender bem

Que: ÁGUA, SABENDO USAR,

Por certo, NÃO VAI FALTAR

Na torneira de ninguém.

A SUJEIRA QUE OBSTRUI O

ESGOTO É SUA

30 – O poder público também

Tem responsabilidade,

Talvez bem mais, porque tem

De abastecer a cidade,

Exatamente por isso

Tem de honrar o compromisso

Com toda sociedade.

31 – Vazamento em via pública

Quem tiver conhecimento

Comunique à companhia

Que sabedora do evento

Tem interesse e dever

De procurar resolver.

A causa do vazamento.

32 – ÁGUA É VIDA, todos sabem,

E por isso é garantida

Pois a Constituição

Garante o Direito à Vida

Mas tem uns que não merecem,

Ensandecidos esquecem

A Lei estabelecida.

A ÁGUA É PATRIMÔNIO COLETIVO

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

33

33 – O Estado tem o DEVER

De pelo povo zelar,

Recolher lixo das ruas

E aos esgotos tratar,

Fazer isso e fazer bem,

Em troca, O POVO NÃO TEM

O DIREITO DE SUJAR.

34 – Um saco plástico "inocente"

Grande mal pode fazer;

Não se degrada na chuva,

Mata o bicho que o comer,

Provoca incontáveis danos

Porque passa muitos anos

Para a terra o dissolver.

35 – Não jogar lixo na rua

Nem em terreno baldio;

Manter nosso mundo limpo

Chega ser um desafio,

O lixo a chuva carrega

E a sujeira navega

Para obstruir o rio.

EM TÓQUIO NÃO TEM GARI,

SABEM POR QUÊ?

36 – De que tem rios morrendo

Todo mundo está ciente

E quando um rio "falece"

Mata planta, bicho e gente,

Acaba a vida que tem

E a culpa toda é de quem

Degrada o meio ambiente.

37 – Este cordel traz nos versos

Lições que valem lembrar,

Exemplo: O valor dos erres

Onde um é RECICLAR

(Para melhorar o mundo)

REUTILlZAR, o segundo;

Terceiro, REAPROVEITAR.

38 – Quem RECICLA ganha em dobro,

Melhor se REUTILlZA,

Se REAPROVEITA então

Pelo que economiza

O planeta saberá

Que no futuro terá

A água de que precisa.

OS INSETICIDAS MATAM INSETOS

E GENTE

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

34

39 – Parece ouvir o gemido

Da mata desfalecendo

Sob a motosserra e sob

A labareda crescendo

Por esse hábito perverso

O verde do universo

Está desaparecendo.

40 – E o homem "bicho" insensível

Com isto não se comove

Teima em não compreender

Que feita a prova dos 9

O mundo não tem saída

Pois sem água não tem vida

E sem ter mata não chove.

41 – Não é demais repetir

Toda hora e todo dia

Que água é um bem finito

Só tem a mesma quantia,

De que lhe vale um tesouro

Se você tem muito ouro

Mas não dispõe de água fria?

TODO DINHEIRO DO MUNDO POR

UM COPO D'ÀGUA

42 – Quem não desperdiça paga

Só o que consome e pode,

Mas a conta vindo errada,

Reclame, não se acomode,

Quem faz certo quer exato

Só não apele pra "gato"

Pois fazer "gato dá bode".

43 – Quem faz "gato" paga multa,

Tem a água desligada,

Além de outras sansões

Pode até ser processada,

Ser sabido é ser decente

E o "cabra" inteligente

Não entra nessa furada.

44 – Mesmo a conta é rateada

Por todo consumidor

Gaste pouco ou gaste muito

É dividido o valor

Pelo gasto da cidade

Com equitatividade

Para cada morador.

ABAIXO O DESPERDÍCIO!

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE …dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2318/1/PDF - Paulo... · Chegou ao Brasil Colônia com os navegadores portugueses, depois

35

45 – Você não desperdiçando.

O ganha vai ser geral

Além do mais fará jus

A convite especial

Pra desfilar na avenida

Encenando o show da vida

E no papel principal

46 – Moçada NÃO DESPERDICE

ÁGUA DOCE DE BEBER

Nem polua cursos d 'água

Ou então você vai ver

Em breve a sede marota

Lhe implorar uma gota

Mesmo assim você não ter.

Leiam os cordéis do PROJETO PARAÍBA, SIM SENHOR! Onde estão resumos

biográficos de personalidades paraibanas, agora, sob os auspícios do PROGRAMA BNB DE

CULTURA – Edição 2005.

POLUIR A NATUREZA É TENTAR CONTRA A PRÓPRIA EXISTÊNCIA