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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS ORGANIZACIONAIS E DO TRABALHO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ELIANA STRAPASSON Itajaí, (SC),2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA ATUAÇÃO DOS

PSICÓLOGOS ORGANIZACIONAIS E DO TRABALHO DO ESTADO DE

SANTA CATARINA.

ELIANA STRAPASSON

Itajaí, (SC),2008

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ELIANA STRAPASSON

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA ATUAÇÃO DOS

PSICÓLOGOS ORGANIZACIONAIS E DO TRABALHO DO ESTADO DE

SANTA CATARINA.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: MSc. Rosana Marques da Silva

Itajaí, (SC), 2008.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Professora Rosana Marques da Silva, por acreditar desde o início nesta

pesquisa e aceitar compartilhar comigo seus conhecimentos proporcionando-me grande

aprendizado.

A Sueli Bobato e Cláudia Schiessl, pelas colaborações como avaliadoras do projeto e

membros da banca.

Aos participantes da pesquisa, por tornarem possível o alcance dos objetivos desta pesquisa.

Aos meus pais, por sempre acreditarem em mim, me incentivarem e me apoiarem em

tudo.

Ao meu namorado, pela compreensão nas horas de trabalho.

Aos meus amigos, por estarem próximos durante todo esse processo me apoiando e

incentivando.

A todos que de alguma forma contribuíram e possibilitaram a realização desta pesquisa.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS.................................................................................................... 05

RESUMO........................................................................................................................ 06

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 07

2. EMBASAMENTO TEÓRICO...................................................................................... 10

2.1 Avaliação Psicológica........................................................................................ 10

2.2 A avaliação psicológica no contexto organizacional...................................... 13

2.3 Técnicas de Exame Psicológico........................................................................ 18

2.4 Problemas no uso dos testes psicológicos.................................................... 21

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS................................................................................ 23

3.1 Tipo de pesquisa................................................................................................. 23

3.2 Amostra da pesquisa.......................................................................................... 23

3.3 Instrumento.......................................................................................................... 24

3.4 Coleta de dados................................................................................................... 25

3.5 Análise dos dados............................................................................................... 26

3.6 Aspectos éticos................................................................................................... 26

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................ 28

4.1 Caracterização da amostra................................................................................. 28

4.2 Avaliação Psicológica no Contexto Organizacional........................................ 32

4.3 Técnicas de exame psicológico......................................................................... 36

4.4 Testes psicológicos............................................................................................. 41

4.5 Problemas mais freqüentes no uso de testes psicológicos............................ 45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 54

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 59

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7 APÊNDICES................................................................................................................. 63

7.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.................................................. 64

7.2 Instrumento de coleta.......................................................................................... 65

7.3 Termo de Consentimento da Organização........................................................ 69

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LISTA DE QUADROS Quadro 01: Dados de identificação dos sujeitos da pesquisa...................................... 28

Quadro 02: Avaliação psicológica no contexto organizacional..................................... 30

Quadro 03: Técnicas de Exame Psicológico................................................................. 37

Quadro 04: Testes psicológicos .................................................................................. 42

Quadro 05: Formação profissional................................................................................ 46

Quadro 06: Instrumento................................................................................................ 47

Quadro 07: Uso..............................................................................................................49

Quadro 08: Aspectos éticos.......................................................................................... 50

Quadro 09: Aspectos epistemológicos ......................................................................... 52

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O processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos organizacionais

e do trabalho do Estado de Santa Catarina.

Orientador: MSc. Rosana Marques da Silva Defesa: Junho de 2008.

RESUMO:

A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos e processos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade. O processo de avaliação psicológica envolve um conjunto de procedimentos para a tomada de informações que se necessita, e não deve ser entendida como um momento único onde somente um instrumento poderia ser suficiente para responder às questões relacionadas ao problema que se pretende investigar. Diante disso, a referida pesquisa objetivou avaliar o processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos organizacionais e do trabalho do Estado de Santa Catarina. A pesquisa foi de tipo exploratória, com abordagem quantitativa, sendo que os dados foram coletados através de um questionário fechado. Participaram do referido estudo vinte e cinco psicólogos que atuam em organizações de trabalho no Estado de Santa Catarina. Os resultados foram analisados por meio da análise de freqüência de distribuição simples. Em relação aos resultados, verificou-se que as atividades em que os psicólogos mais utilizam avaliação psicológica são: seleção de pessoal, avaliação de potencial e avaliação de desempenho. Quanto às técnicas psicológicas, verificou-se que a entrevista psicológica, observação e testes de personalidade estão entre as mais utilizadas. O QUATI (Questionário de Avaliação Tipológica – versão II), IFP (Inventário Fatorial de Personalidade) e AC (Teste de Atenção Concentrada) são os testes psicológicos mais utilizados. No que se refere aos problemas mais freqüentes no uso dos testes psicológicos, constatou-se o acesso de leigos aos testes, o mau uso do material, desconhecimento da base teórica e dificuldades na elaboração do informe técnico. Torna-se importante ressaltar que tais problemas em relação ao uso de testes psicológicos são de inteira responsabilidade do psicólogo, já que o acesso aos testes é restrito a este profissional, bem como cabe a ele fazer uso correto de tais instrumentos, conscientizando-se diante das práticas legais.

Palavras-Chave: Psicologia Organizacional e do Trabalho. Avaliação Psicológica.

Técnicas Psicológicas.

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, percebe-se que cada vez mais a avaliação psicológica vem tomando

posição importante no dia-dia dos profissionais psicólogos. Segundo Godoy e Noronha

(2005), avaliação psicológica é um processo de coleta, análise e devolutiva de dados,

cuja realização inclui métodos e técnicas de investigação, dentre eles os testes

psicológicos que, por sua vez, são instrumentos exclusivos do psicólogo. Porém, ainda

existe a concepção de que avaliar é aplicar um teste, corrigi-lo e encaixar o sujeito em

alguma categoria. Esta pesquisa vem a confirmar que, de modo geral, a avaliação

psicológica ainda é mal compreendida pelos psicólogos, limitando seu entendimento à

utilização de testes psicológicos.

De acordo com Cruz (2002), a avaliação psicológica é um recurso de intervenção

e não o modo através do qual se faz psicologia do trabalho nas organizações. O

psicólogo deve saber “para quê e por que” se realiza avaliação psicológica no sistema

organizacional.

A avaliação psicológica no contexto organizacional é solicitada com o propósito

de avaliar o potencial intelectual, as aptidões, características da personalidade, entre

outros, mensurando a possibilidade de adaptação do candidato ao cargo da empresa

(PONTES, 2001).

Para Cruz (2002), a avaliação psicológica não pode se reduzir a somente um tipo

de intervenção, pois assim o profissional corre o risco de aumentar sua probabilidade

de erro nos outros setores de sua intervenção. É importante levar em consideração que

toda mudança que se pretende gerar no ambiente de trabalho não se faz apenas

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através de uma forma de intervenção, faz-se necessário pensar a avaliação psicológica

como um processo contínuo.

Embora a avaliação psicológica seja de atividade exclusiva do profissional

psicólogo, ela é contestada quando se refere à utilização dos testes. Enquanto alguns

profissionais os consideram como indispensáveis outros os consideram como

instrumentos de poder. A este fato se atribuem as críticas em relação ao uso

inadequado e incorreto dos testes por alguns profissionais, cuja conseqüência tende a

ser prejudicial às pessoas avaliadas, além dos questionamentos pertinentes à falta de

cientificidade dos próprios instrumentos (GODOY; NORONHA, 2005).

A partir dos estudos de Almeida, Prieto, Muñiz e Bartram (1998 apud

NORONHA; GODOY, 2005), pode-se constatar que existe uma clara relação entre os

problemas nos instrumentos psicológicos e a deficiência na formação do profissional

psicólogo que constrói e faz uso destes instrumentos. Diante disso, esta pesquisa

confirma esses dados, uma vez que se constatou a relação entre a deficiência na

formação profissional e o uso inadequado dos testes psicológicos, principalmente pela

falta de conhecimento sobre a teoria que os embasam.

Diante dos dados apresentados, o presente estudo teve como objetivo geral

investigar o processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos

organizacionais e do trabalho no Estado de Santa Catarina. Os objetivos específicos

foram: verificar em quais atividades os psicólogos utilizam a avaliação psicológica no

contexto organizacional; levantar as técnicas psicológicas utilizadas no processo de

avaliação psicológica pelos psicólogos que atuam nas organizações; listar os testes

psicológicos utilizados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho no processo de

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avaliação psicológica e verificar os problemas mais freqüentes no uso dos testes

psicológicos apontados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho.

Esta pesquisa tornou-se viável por existir bibliografia sobre avaliação psicológica

e por haver um número significativo de profissionais psicólogos que trabalham em

organizações no Estado de Santa Catarina.

A partir dos resultados, este estudo contribuirá na ampliação do conhecimento

das atividades onde se utiliza a avaliação psicológica, incluindo as técnicas e testes

psicológicos utilizados no contexto organizacional, bem como refletirá e ampliar seu

fazer e prática profissional na organização. Esta pesquisa também contribui para a

formação profissional da pesquisadora, a partir do conhecimento da atuação do

psicólogo organizacional e do trabalho, bem como ter conhecimento do processo de

avaliação psicológica utilizada por estes no contexto organizacional.

O referido trabalho é composto por sete capítulos, incluindo a introdução. O

capítulo dois apresenta o embasamento teórico sobre conceito de avaliação

psicológica, avaliação psicológica no contexto organizacional, técnicas de exame

psicológicas; os problemas no uso dos testes psicológicos. O capítulo três aborda a

metodologia utilizada para a realização dessa pesquisa. O quarto capítulo apresenta os

dados levantados por essa pesquisa bem como a discussão dos resultados obtidos. As

considerações finais sobre o tema se encontram no capítulo cinco e as referências

bibliográficas utilizadas para a realização da pesquisa são descritas no capitulo seis. E,

por fim, no capitulo sete encontram-se o termo de consentimento livre e esclarecido e o

instrumento para a coleta de dados da pesquisa.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

Este capítulo está dividido em quatro (04) subtítulos no qual objetiva explanar

sob as perspectivas de diversos autores sobre o conceito de avaliação psicológica, a

avaliação psicológica no contexto organizacional, as técnicas de exame psicológico e

os problemas mais freqüentes em relação ao uso de testes, especificamente.

Avaliação psicológica

Atualmente, o psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica, com

objetivos bem definidos, para encontrar respostas a questões propostas com vistas a

soluções de problemas (CUNHA, 2002). A testagem é um passo importante do

processo, mas constitui apenas um dos recursos de avaliação, ou seja, o uso dos

testes psicológicos deve ser entendido como uma parte importante do processo de

avaliação, que pode nos fornecer informações vitais para o embasamento do nosso

posicionamento, porém a entrevista e outros recursos técnicos como dinâmicas de

grupo, vivências, jogos, etc, são imprescindíveis a qualquer avaliação psicológica

(MACHADO, 2007).

Para Cruz e Alchieri (2004, p.24),

(...)a avaliação psicológica se refere ao modo de conhecer fenômenos e processos psicológicos por meio de procedimentos de diagnóstico e prognóstico e, ao mesmo tempo, aos procedimentos de exame propriamente ditos para criar as condições de aferição ou dimensionamento dos fenômenos e processos psicológicos conhecidos.

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De acordo com a Resolução 007/2003,

A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas - métodos, técnicas e instrumentos.

Esses instrumentos, métodos e técnicas são úteis à medida que, quando

utilizados adequadamente, oferecem informações importantes sobre os examinandos.

Para isso, o psicólogo necessita ter um vasto conhecimento em relação às técnicas que

pretende utilizar e das teorias que os embasam, assim como uma possibilidade de

crítica consciente em relação aos instrumentos de avaliação que utiliza (testes,

dinâmicas de grupo, observação, entrevista e outros) para adequar o instrumento à

demanda quando necessário, obtendo, assim, um melhor resultado (CRUZ, 2002).

Para Cruz (2002), no processo de avaliação psicológica é preciso ter um objeto

definido já que esta avalia fenômenos psicológicos. Tais fenômenos psicológicos são

constituídos por três dimensões: o conativo (sentimentos, afetos, emoções); cognitivo

(percepção, atenção, raciocínio, memória, tomada de decisão, processos intelectuais) e

volitivo (vontade, desejos, motivações e intenções).

Cruz (2002d), afirma que quatro elementos são essenciais para a configuração

do esquema definidor do campo de avaliação psicológica: objeto (fenômenos ou

processos psicológicos); campo teórico (sistemas conceituais, estado da arte do

conhecimento); objetivo visado (diagnóstico, compreender e avaliar a prevalência de

determinadas condutas) e método (condição através do qual é possível conhecer o que

se pretende avaliar).

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De acordo com Cruz e Alchieri (2004), o processo de avaliação psicológica pode

ser caracterizado com base em três dimensões: a observacional, a inquiridora e a

representativa. A dimensão observacional está centrada na manifestação da conduta

na qual expressa meios para apreciar a ação e reação do avaliando. As atividades

estão representadas na ação de observar e categorizar conteúdos. A dimensão

inquiridora centra-se na expressão dialógica estabelecida entre avaliador e avaliando,

sendo possível representá-la por meio de duas formas para melhor conhecer o

comportamento compreendido pelo avaliador: a escrita (questionários e inventário) e a

verbal (entrevistas). A dimensão representativa tem seu foco na ação representada e

necessariamente representa o uso de procedimentos de avaliação e medida do

comportamento pretendido. Nesta dimensão, a ação provável do avaliando em uma

determinada situação é tomada como possível através de procedimentos que possam

ser representativos desta, a priori, e tais procedimentos são os testes que representam

ações, condutas, habilidades, entre outros, cujo interesse do avaliador é representar

uma expressão do comportamento antes mesmo de sua emergência. Juntamente com

a observação, pode-se utilizar a indagação para compreender o que não pode ser

perceptível através da observação.

Diante disso, pode-se perceber a fundamental importância de conhecer,

perceber e observar como se comportam as pessoas para assim elaborar uma hipótese

de trabalho, sendo que o que difere uma situação da outra é necessariamente as

estratégias utilizadas para verificar o comportamento (CRUZ e ALCHIERI, 2004).

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2.2 A avaliação psicológica no contexto organizacional

O século XIX foi marcado pelas preocupações com o diagnóstico dos traços de

personalidade dos trabalhadores, associados às condições técnicas do trabalho. A

Psicologia Industrial fortalece a perspectiva da avaliação das diferenças individuais

através da utilização de testes psicológicos para a seleção e orientação profissional,

formulando estratégias objetivas de avaliação das habilidades e aptidões dos indivíduos

diante de tarefas prescritas para o posto ou cargo.

Diante desse fato, a utilização de testes psicológicos passou a ser seu principal

método de trabalho, seja na seleção, treinamento ou na atribuição de tarefas para o

trabalhador (CRUZ, 2002). E, atualmente, para muitos, a avaliação psicológica ainda é

sinônimo do uso de testes, ou seja, se está usando testes, está se fazendo avaliação.

Segundo Cruz e Alchieri (2004), quando esta percepção é manifestada, a avaliação

está sendo vista no seu aspecto instrumental e não processual e a compreensão do

processo fica limitada em ser ou não possível realizar a avaliação com ou sem

instrumentos, sendo que a avaliação psicológica atinge dimensões que vão além da

simplicidade de aplicar testes com determinado objetivo.

Cruz (2002, p. 177) afirma que,

A avaliação psicológica nas organizações suscitou uma “psicologia das funções”, em detrimento da criação de uma psicologia sobre as condições de trabalho pelas quais é possível avaliar as condições psicológicas de quem trabalha; nesse sentido, permanecemos lidando com um procedimento que visa avaliar a personalidade em função do trabalho que será feito.

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Diante disso, a atuação em avaliação psicológica nas organizações continua a

utilizar instrumentos de mensuração psicológica, o que reduz a capacidade de

ampliação do trabalho do psicólogo nas organizações, pelo fato de manter o status de

quem avalia pessoas e não o trabalho que as pessoas fazem, ou seja, o processo de

avaliação nas organizações ainda está com o foco de trabalho no processo de seleção

e recrutamento para aqueles que melhor correspondem ao perfil desejado (CRUZ,

2002).

Percebe-se que a utilização da avaliação psicológica no contexto organizacional,

na maioria das vezes, se limita à seleção de pessoal. Porém, o fazer do psicólogo neste

contexto não deve se limitar a esta atividade, mas ampliar a avaliação psicológica para

o levantamento de necessidades, projetos de prevenção, estudos da carga de trabalho,

estresse ocupacional, grau de autonomia, grau de monotonia, grau de conflitos e grau

de competitividade, avaliação de potencial, avaliação psicológica no trânsito, perícia

psicológica, diagnóstico organizacional, orientação profissional, treinamento de pessoal,

entre outros.

De acordo com Pereira, Primi e Côbero (2003), a seleção é um processo pelo

qual se escolhem, dentre um grupo homogêneo, os candidatos com as melhores

aptidões e capacidades para determinada posição na empresa. Nesse sentido, Faissal

(2006) afirma que para o processo de seleção ter boa qualidade, é necessário fazer uso

de diversos meios de avaliação como entrevistas, dinâmicas de grupo, observação e

testes, pois se configura em um processo de tomada de decisões. O autor acima citado

sugere um processo para a realização da seleção de pessoal, incluindo: a triagem,

análise do perfil de competências, a avaliação dos candidatos, a decisão final, a

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verificação das referências, o exame médico, o feedback aos participantes e a

avaliação da seleção.

Para Godoy e Noronha (2005), as dinâmicas de grupo, os testes psicológicos e

as entrevistas são instrumentos importantes e necessários durante o processo seletivo

para procurar um índice de acerto na contratação do candidato. Pereira, Primi e Côbero

(2003), apontam que atualmente a prática psicológica na seleção profissional está

comprometida devido ao mau uso dos instrumentos de avaliação, o que pode vir a

colocar em risco a qualidade de um processo seletivo é a incompetência do

selecionador no uso da técnica, e não a técnica em si. De acordo com Cansian (2002

apud GODOY e NORONHA, 2005), independentemente da ferramenta que se utilize na

seleção profissional, o essencial é manter o ciclo de satisfação de ambas as partes,

procurando incluir um profissional qualificado de acordo com as necessidades da

empresa.

Dagostin (2006) aponta que na avaliação psicológica pericial para condutores, os

psicólogos peritos utilizam técnicas de observação, entrevista e instrumentos de

medidas padronizados. Por meio da observação é possível analisar as manifestações

da conduta do avaliando: relação com o avaliador, como age na situação de estar

sendo avaliado, tipo de interação que o sujeito faz com o grupo, como executa as

tarefas propostas. Para Cruz e Alchieri (2003), a entrevista representa a possibilidade

de verificação mediada pela autopercepção do examinando, das suas manifestações

comportamentais por meio do diálogo entre avaliador e avaliando. Pode ser

representada tanto na forma escrita, por meio de questionários e inventários, quanto na

forma verbal.

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De acordo com Lamounier e Rueda (2005), a avaliação psicológica pericial no

trânsito é realizada de modo diferenciado nos diversos Estados do Brasil, porém

sempre regidos pelas resoluções do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN),

Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) ou Departamento Estadual de Trânsito

(DETRANS), tendo em comum a obrigatoriedade da avaliação psicológica para

obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e mudança de categoria em todos

eles.

Apresentada a utilização da avaliação psicológica na seleção de pessoal,

incluindo a avaliação psicológica para motoristas, os psicólogos também são chamados

à realização de avaliação psicológica relacionada a fenômenos psicológicos

evidenciados no processo de trabalho, como por exemplo o estresse ocupacional e

seus correlatos, como a carga de trabalho.

De acordo com Jex (1998 apud PASCHOAL E TAMAYO, 2004), as definições de

estresse ocupacional dividem-se de acordo com três aspectos: 1) estímulos estressores

onde o estresse ocupacional refere-se aos estímulos do ambiente de trabalho que

exigem respostas adaptativas por parte do empregado e que excedem a sua habilidade

de enfrentamento (coping), ou seja, os estressores organizacionais; 2) as respostas aos

eventos estressores referem-se tanto ao estresse ocupacional como às respostas

(psicológicas, fisiológicas e comportamentais) que os indivíduos emitem quando

expostos a fatores do trabalho que excedem sua habilidade de enfrentamento e; 3)

estímulos estressores-respostas, referindo-se ao processo geral em que demandas do

trabalho têm impacto nos empregados.

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Grandjean (1998, apud CAIAFFO 2003) define estresse ocupacional como sendo

"o estado emocional causado por uma discrepância entre o grau de exigência do

trabalho e recursos disponíveis para gerenciá-lo" (p. 27).

Paschoal e Tamayo (2004); Figueroa et al (2001), comentam que o paradigma

geral utilizado nos instrumentos de avaliação do estresse consiste em apresentar ao

indivíduo uma lista de estressores, que devem ser avaliados numa escala de

freqüência; e uma lista de reações, que devem também ser avaliadas numa escala,

independentemente dos estressores.

Frutuoso e Cruz (2005), quando se referem ao conceito de carga de trabalho,

partem do princípio da necessidade de compreender que para uma determinada

situação de trabalho, há uma tensão permanente entre as exigências do processo e as

capacidades biológicas e psicológicas dos trabalhadores para respondê-las.

Para Frutuoso e Cruz (2005), existem três grupos de medidas para mensurar e

avaliar a carga de trabalho: medidas de execução, que pode ser obtida por meio da

observação direta das atividades; medidas fisiológicas que correlaciona estados

fisiológicos com estados subjetivos; e medidas subjetivas que avaliam os aspectos

subjetivos da carga de trabalho através de questionários, geralmente na forma de

escalas, ou testes com perguntas sobre aspectos psicológicos associadas às

capacidades e habilidades do trabalhador e às exigências do trabalho.

De acordo com os autores, a mensuração é necessária para se definir uma taxa

ideal da carga de trabalho de modo que se possa prevenir o surgimento da fadiga, a

diminuição do desempenho, o aumento do risco de acidentes e erros com

conseqüências graves para a saúde do trabalhador.

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A Avaliação psicológica pode ser utilizada em várias atividades no contexto

organizacional, como na seleção de pessoal, orientação e reorientação profissional,

perícia psicológica, avaliação psicológica pericial para condutores, treinamento de

pessoal, avaliação de potencial, avaliação de desempenho, avaliação da carga mental

de trabalho, diagnóstico organizacional, entre outras.

2.3 Técnicas de Exame Psicológico

As técnicas de exame psicológico compreendem testes psicológicos, dinâmicas

de grupo, entrevistas e observação. O uso de tais técnicas é capaz de nos fornecer

uma mensuração dos fenômenos psicológicos a serem avaliados.

Anastasi (1977 apud FAISSAL et al, 2006) define um teste como um instrumento

padronizado que visa medir aspectos da personalidade através de amostras de

rendimento ou comportamento. Os testes psicológicos são uma das mais típicas

técnicas de avaliação, que se caracterizam como medida objetiva e padronizada de

uma amostra de comportamento (OTTATI, NORONHA e SALVIATTI, 2003). Para Silva

(2007), o teste psicológico é um procedimento sistemático para observar o

comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas, ou

seja, é a mensuração objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento.

Os testes psicológicos têm como objetivo avaliar o desenvolvimento intelectual

geral, aptidões específicas e características da personalidade dos testandos. Os testes

de personalidade são utilizados para avaliar características emocionais, de motivação e

interpessoais.

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É importante ressaltar a condição dos testes como um recurso auxiliar na

compreensão e fechamento das considerações a respeito de um examinando, seja em

processo seletivo, avaliação psicológica e psicodiagnóstico. Assim, torna-se relevante

apresentar as técnicas psicológicas utilizadas no contexto organizacional, como

dinâmicas de grupo, observações e entrevistas.

Para Faissal et al (2006), dinâmica de grupo é um conjunto de fenômenos que

se desenvolvem quando duas ou mais pessoas se reúnem formando um grupo. É

constituído de atividades como vivências, jogos, simulações, testes situacionais,

estudos de caso ou debates sobre determinado tema com o objetivo de avaliar

habilidades interpessoais e atitudes.

Para Parpinelli e Lunardelli (2006), a técnica de dinâmica de grupo permite o

contato com o comportamento do indivíduo dentro de uma rede de relações (demais

candidatos, situação-problema, recursos, entre outros). Tem como objetivo criar um

clima descontraído e informal; promover a interação do grupo; propiciar condições para

o relacionamento interpessoal; observar atitudes referentes à criatividade, iniciativa,

persuasão, liderança; observar comportamentos em situações de conflito e competição,

dentre outros.

Fagundes (2004 apud SHÜRHAUS, 2007) afirma que a observação é um

importante instrumento de trabalho do profissional psicólogo para obtenção de dados,

pois esta técnica aumenta sua compreensão a respeito do comportamento que está sob

investigação, facilita o levantamento de hipóteses ou estabelecimento de diagnóstico

que permitam acompanhar o desenrolar de uma intervenção e testar seus efeitos ou

eficácia. Salienta ainda que esta técnica permite a socialização e a avaliação do

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trabalho do psicólogo, podendo ser identificado, através de uma observação

sistemática, as relações existentes entre o comportamento e circunstâncias ambientais.

As entrevistas psicológicas consistem na exposição de perguntas ao indivíduo

com o objetivo de avaliar o domínio de determinadas competências, levantando

informações complementares sobre competências que não puderam ser identificadas

através das demais técnicas (FAISSAL et al, 2006).

Schürhaus (2007) quando se refere à técnica psicológica da entrevista, afirma

que esta é "[...] concebida como uma conversação face a face, dirigida ou não, com

grande utilidade e, quando conjugada com outros procedimentos de avaliação,

enriquece a obtenção de dados que caracterizam uma amostra do comportamento

interpessoal" (p. 18).

Bleger (1980) considera a entrevista psicológica como um instrumento

fundamental de trabalho do profissional psicólogo, independente de sua área de

atuação, já que esta visa investigar e avaliar fenômenos psicológicos. O autor afirma

que a entrevista psicológica não consiste em perguntar e nem se ater na coleta de

dados sobre a história do entrevistado e que na medida do possível o entrevistado deve

configurar o campo da entrevista pelas variáveis que dependem de sua personalidade.

Considerando a entrevista sob este ponto de vista, possibilita uma investigação mais

ampla e profunda sobre a personalidade e competências apresentadas pelo

entrevistado.

A entrevista por competências baseia-se no pressuposto de que o

comportamento passado prediz o comportamento futuro, e seu principal objetivo é

investigar a presença ou ausência das competências no comportamento do candidato.

(REIS, 2003). Para verificar os comportamentos passados, são elaboradas questões

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visando avaliar as ações executadas pelo candidato frente a uma situação-problema,

ocorrida no passado, que permeie o contexto do cargo para o qual se está

selecionando. Para isso busca-se explorar o CAR, ou seja, o contexto da situação, a

ação tomada pelo candidato, e o resultado alcançado (RABAGLIO, 2001; REIS, 2003).

2.4 Problemas no uso dos testes psicológicos

Em decorrência dos aspectos levantados, cabe ressaltar alguns problemas no

uso dos testes psicológicos. Em pesquisa realizada por Noronha (2002), psicólogos

determinam que os problemas mais freqüentes são: o “instrumento, formação e uso”.

O item instrumento está relacionado aos problemas específicos dos testes, como

construção, características psicométricas, revisões e normas. Pasquali (1999 apud

LIMA e NORONHA, 2005) relata que pesquisadores brasileiros utilizam instrumentos

estrangeiros sem se preocupar com a verificação da qualidade e da aplicabilidade

desses no contexto cultural brasileiro, o que acaba comprometendo sua aplicabilidade e

resultados, já que estes devem apresentar certas características que justifiquem, ao

profissional, utilizar os resultados que produzem.

O item formação relaciona-se à formação básica (graduação) e pós-graduação,

instituições de formação, docentes, os próprios psicólogos e órgãos de classe. Existe

um número bastante significativo de técnicas psicológicas que avaliam diferentes

características em diversas áreas da psicologia. Sendo assim, não é possível ensinar

todas as técnicas no decorrer do curso de graduação (ALVES, ALCHIERI e MARQUES,

2002). De acordo com estes autores, cabe aos docentes a condição de renovação com

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constante atualização de seus programas e a busca de novas estratégias de ensino

para que possam transmitir um conhecimento mais profundo. Muitos dos problemas

podem ser superados na medida em que forem abordadas a fundamentação teórica

das técnicas apresentadas, ao invés de se preocupar com a quantidade de conteúdo a

ser passado aos alunos.

O item uso inclui adequação ou inadequação de instrumentos de avaliação em

referência à aplicação, avaliação ou interpretação dos resultados (NORONHA, 2002).

Tais resultados indicam que os problemas na área podem estar no tipo de

informação que o aluno recebe durante o curso. Em relação à problemática da

formação profissional, Pasquali (1999) adverte que essa área tem sido relegada a um

segundo plano e que os profissionais entram no mercado de trabalho sem o devido

treinamento, mas com a exigência de ação imediata e garantia de qualidade, tarefa

para a qual não estão preparados.

Decorre daí os problemas éticos tanto na escolha, na aplicação, na interpretação

e devolução dos resultados. Para o futuro, segundo Nascimento (2005), uma nova

modalidade de problemas podem ser enfrentados pelos psicólogos no processo de

avaliação psicológica. São os processos judiciais decorrentes dos relatos escritos nos

laudos psicológicos, os quais classificam e discriminam as pessoas que se submetem à

avaliação psicológica.

Portanto, a ética, se a entendermos a partir de um ponto de vista da

responsabilidade profissional, nos vários momentos da avaliação psicológica, pode ser

um dos caminhos para a solução dos problemas ao profissional de avaliação

psicológica no ambiente organizacional (NASCIMENTO, 2005).

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Diante destes problemas decorrentes do uso de testes psicológicos, foi criado,

no Brasil o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) que apontam os

critérios mínimos estabelecidos pelo CFP para utilização e comercialização destes

instrumentos.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta os aspectos metodológicos utilizados para realização

dessa pesquisa.

3.1 Tipo de Pesquisa

A pesquisa foi de tipo exploratório, cuja abordagem foi a quantitativa. As

pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos e idéias em relação a determinado tema (GIL, 1994), permitindo

explorar o processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos

organizacionais e do trabalho. A abordagem quantitativa foi escolhida pela capacidade

de propiciar a ampliação do objeto de estudo, possibilitando que um maior número de

profissionais participasse da referida pesquisa.

3.2 Amostra da pesquisa

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Participaram desta pesquisa vinte e cinco (25) psicólogos que atuam em

organizações de trabalho localizadas no Estado de Santa Catarina e que atenderam

aos seguintes critérios: no mínimo 01(um) ano de formação em Psicologia; no mínimo

02(dois) anos de atuação na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, no

mínimo seis meses de experiência na área de avaliação psicológica. No entanto, pela

dificuldade na obtenção dos questionários respondidos, foram aceitos sujeitos que não

cumprissem alguns dos critérios acima citados, sendo que sete sujeitos possuem

menos de dois anos de atuação na área de Psicologia Organizacional.

3.3 Instrumento

O instrumento de coleta de dados (apêndice I) foi um questionário fechado

composto por 04 (quatro) questões, distribuídas nas seguintes categorias: atividades

onde os psicólogos utilizam a avaliação psicológica, técnicas psicológicas utilizadas,

testes psicológicos utilizados e problemas mais freqüentes encontrados no uso dos

testes psicológicos. Cabe ressaltar que foram incluídos no questionário apenas os

testes psicológicos reconhecidos pelo CFP.

O instrumento foi elaborado com base na literatura, a partir dos seguintes

autores: Cruz (2002), Noronha (2002), Noronha e Godoy (2005), Noronha et al (2005) e

por meio do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI, 2007).

Anterior à aplicação do instrumento, foi realizado um teste piloto com cinco (05)

profissionais que atuam na região do Vale do Itajaí. O questionário e os objetivos da

pesquisa foram enviados por e-mail para oito psicólogos, pedindo sua colaboração na

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avaliação do instrumento, verificando se as questões estavam claras e se havia

necessidade de reformulações. Cinco psicólogos responderam, sugerindo alterações no

instrumento e acréscimo de algumas respostas. As devidas alterações foram

realizadas.

3.4 Coleta de dados

Primeiramente, entrou-se em contato com o Conselho Regional de Psicologia

(CRP), verificando a possibilidade de envio dos questionários, via e-mail, aos

psicólogos cadastrados no CRP de Santa Catarina. Como resposta, o CRP informou

que não era possível, sendo que poderiam enviar via mala-direta aos psicólogos e que

o custo seria do pesquisador. Tal procedimento de coleta de dados foi inviável

financeiramente. Assim, adotaram-se outras estratégias para levantar os e-mails dos

psicólogos, sendo: contatos telefônicos com algumas organizações no Vale do

Itajaí/SC; acesso ao banco de dados de egressos do curso de Psicologia da Univali de

2003/I a 2006/I; duas professoras do curso de Psicologia da Univali disponibilizaram

alguns telefones e e-mails de egressos e também, foi solicitado a um professor da

Universidade Regional de Blumenau (FURB) da área de Psicologia Organizacional, que

encaminhasse a pesquisa para seus contatos. A partir desse levantamento, os dados

foram coletados através de um questionário fechado (apêndice I), junto aos psicólogos

que atuam nas organizações do Estado de Santa Catarina no período de agosto a

dezembro de 2007. O questionário, acompanhado do termo de consentimento livre e

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esclarecido (apêndice I), foi enviado por e-mail, para 229 psicólogos sendo que nem

todos os psicólogos atuavam na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, pois

a maioria deles faziam parte do banco de dados de egressos do curso de Psicologia da

Univali. Diante disso, alguns psicólogos responderam o e-mail justificando sua não

participação na pesquisa pelo fato de não atuarem nesta área de Psicologia

Organizacional e do Trabalho. Os questionários foram enviados entre os meses de

agosto a setembro onde foi definido o prazo de uma semana para sua devolução e

após um mês foi reenviado o questionário aos profissionais que não haviam respondido

anteriormente. Dos 229 questionários enviados, 25 devolveram respondidos.

3.5 Análise dos dados

Os dados foram tabulados e processados na forma de quadros, utilizando a

distribuição de freqüência simples. A distribuição dos quadros foi realizada por meio do

agrupamento das respostas de acordo com os objetivos da pesquisa e das categorias

pré-formuladas: atividades onde os psicólogos utilizam a avaliação psicológica, técnicas

psicológicas utilizadas, testes psicológicos utilizados e problemas mais freqüentes

encontrados no uso dos testes psicológicos. Pelo fato da amostra ser pequena, não se

julgou necessário fornecer valores percentuais.

3.6 Aspectos éticos

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A pesquisa foi orientada pelas resoluções CNS – 196-96 e CFP – 016/2001,

respeitando os seguintes itens:

• Respeito em relação à recusa dos participantes para serem entrevistados;

• Assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte de cada

participante da pesquisa antes de iniciar a coleta de dados (apêndice III);

• Os dados pessoais dos participantes serão mantidos em sigilo, sendo garantido

seu anonimato;

• Garantia de não ocorrência de danos ou prejuízos pela participação na pesquisa;

• Os resultados desta pesquisa serão utilizados somente para finalidade

acadêmica, podendo ser publicado em revistas especializadas;

• Não remuneração aos participantes, por se tratar de uma pesquisa com fins

acadêmicos.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta a caracterização da amostra e a apresentação e análise

dos resultados da pesquisa. Os resultados serão explicitados através de quatro

categorias, definidas a partir dos objetivos específicos da presente pesquisa: as

atividades em que os psicólogos utilizam a avaliação psicológica no contexto

organizacional; as técnicas psicológicas utilizadas no processo de avaliação psicológica

pelos psicólogos organizacionais; os testes psicológicos utilizados no processo de

avaliação psicológica e os problemas mais freqüentes no uso dos testes psicológicos

apontados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho.

4.1 Caracterização da amostra

O quadro 1 apresenta os dados de identificação fornecidos pelos participantes da

pesquisa.

Dados de identificação Freqüência 24-28 anos 13 29-33 anos 04 34-38 anos 01 Acima de 39 anos 04

Idade

Não respondeu 03 1984-1990 03 1991-1993 01 1994-1999 01 2000-2002 03 2003-2005 11 2006 04

Ano de formação

Não respondeu 02 Itajaí 11

Local de atuação Blumenau 05

Quadro 1 - Dados de identificação dos sujeitos da pesquisa.

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Dados de identificação Freqüência Balneário Camboriú 03 Joinville 02 Navegantes 01 Brusque 01 Caçador 01 Nova Trento 01 São João Batista 01 Lages 01

Local de atuação

Chapecó 01 1 a 2 anos 07 2 a 4 anos 07 4 a 6 anos 04 6 a 8 anos 03 Acima de 10 anos 03

Tempo de atuação na profissão

Não respondeu 01 Até 1 ano 08 1 a 2 anos 05 2 a 4 anos 06 4 a 6 anos 03 Acima de 6 anos 02

Tempo de atuação na

organização

Não respondeu 01 Prestação de serviços/consultoria 07 Distribuidora 03 Comércio 03 Concessionária 02 Instituição de Ensino 02 Agência de Comunicação 01 Jornalismo 01 Portuária 01 Metalúrgico 01 Saúde Suplementar 01 Metal Mecânica 01 Planos de Saúde 01 Agroindústria 01 Indústria 01 Hospitalar 01 Transportes 01

Ramo da atividade

Sem fins lucrativos 01 Quadro 1 (continuação) – Dados de identificação dos sujeitos da pesquisa.

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A idade dos sujeitos participantes da pesquisa varia de 24 a 50 anos de idade,

sendo que há maior prevalência entre 24 e 28 anos de idade. O ano de formação varia

de 1984 a 2006, onde dezessete (17) dos psicólogos graduaram-se no período de 2003

a 2006. Em relação ao local de atuação, os participantes atuam em onze (11)

municípios do Estado de Santa Catarina, havendo maior prevalência no município de

Itajaí. O tempo de atuação na organização varia de 6 meses a 22 anos. Percebe-se

que no ramo da atividade há prevalência de atuação dos profissionais na prestação de

serviços/consultoria, representada por sete (07) psicólogos.

4.2 Avaliação Psicológica no Contexto Organizacional

O quadro 2 apresenta as atividades em que os psicólogos organizacionais e do

trabalho descreveram utilizar a avaliação psicológica.

Atividades Freqüência Seleção de Pessoal 25 Avaliação de Potencial 16 Avaliação de Desempenho 14 Treinamento de Pessoal 14 Diagnóstico Organizacional 10 Avaliação Psicológica Pericial para Condutores 06 Orientação e/ou Reorientação Profissional 04 Avaliação do Estresse Ocupacional 04 Saúde do Trabalhador 03 Avaliação da Carga Mental de Trabalho 01 Perícia Psicológica 00 Outras (mapeamento de competências, implantação de programas e periódico mental). 02

Quadro 2 - Avaliação psicológica no contexto organizacional.

As atividades de seleção de pessoal, avaliação de potencial, avaliação de

desempenho e treinamento obtiveram maior freqüência de resposta, em relação ao uso

da avaliação psicológica.

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Em pesquisa realizada por Moresco (2007), verificou-se que a atividade de

recrutamento e seleção de pessoal também é realizada por grande parte (17) dos

psicólogos organizacionais e do trabalho. Cruz (2002, p.177), aponta que "temos

dedicado a maior parcela de nossa atividade de trabalho nas organizações a

implementar processos de recrutamento e seleção das pessoas [...]". Descreve ainda

que essa é a noção clássica do processo inicial do Recursos Humanos nas empresas

que se perdura até os dias de hoje, podendo privar a criação de uma nova psicologia

que permita avaliar as condições de trabalho do trabalhador.

Pesquisa realizada por Pereira, Primi e Cobêro (2003), apontou que toda sua

amostra (trinta e três psicólogos) utilizavam avaliação psicológica em sua atuação,

especificamente na seleção de pessoal. Pode-se perceber que há um predomínio de

pesquisas realizadas (PEREIRA, PRIMI E COBÊRO, 2003; GODOY E NORONHA

2005; HARTMANN, 2007; ALENCAR, 2008; entre outros) com esse enfoque quando

comparadas às outras atividades do psicólogo organizacional.

A avaliação de potencial é desempenhada por dezesseis (16) dos psicólogos

participantes dessa pesquisa. Moresco (2007), também identificou um número

significativo (11 dos 19 participantes) de psicólogos organizacionais e do trabalho que

vêm atuando na área de avaliação de potencial e desempenho. Isso significa que

grande parte dos participantes das pesquisas "[...] fazem uso de um conjunto de

técnicas com a finalidade de obter informações sobre a realização das tarefas laborais

executadas pelos funcionários e seu potencial de desenvolvimento" (CARVALHO;

NASCIMENTO, 1998; CHIAVENATO,1997 e PONTES 1996 apud MORESCO, 2007, p.

29).

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Cabe ressaltar que a avaliação de potencial pode ser uma etapa do processo de

seleção interno e reorientação profissional. No entanto, não foram encontradas

pesquisas que apontam o uso da avaliação psicológica na avaliação de potencial.

Em orientação e reorientação profissional, quatro participantes (04) afirmam

realizar avaliação psicológica para tal. A reorientação profissional no contexto

organizacional visa auxiliar o funcionário a repensar as suas escolhas, onde o trabalho

possa ser instrumento de construção do ser humano e de desenvolvimento de

potencialidades (CANEDO, 2005). Mahl e Oliveira Neto (2005 apud NUNES 2005), ao

se referir às técnicas a serem utilizadas na orientação profissional (OP), rejeitam a

utilização de instrumentos psicométricos, dando ênfase às dinâmicas psicodramáticas

onde estas devem ser adaptadas à realidade a ser trabalhada em cada grupo. Vale

salientar que os autores não possuem argumentação firmada em pesquisas ao rejeitar

o uso de instrumentos psicométricos no processo de OP.

Referente à avaliação de desempenho, quatorze (14) dos profissionais

participantes da pesquisa realizam avaliação psicológica. Rabaglio (2006), aponta que

a avaliação realizada com eficácia é a chave de sucesso na Gestão de Pessoas, já que

a partir desse constitui-se uma ferramenta de estimativa de aproveitamento do potencial

individual das pessoas no trabalho e assim do potencial humano de toda a organização.

A autora sugere a avaliação de desempenho com foco na análise das seguintes

competências: flexibilidade e adaptação ao trabalho, interesse e compromisso,

relacionamento interpessoal e a capacidade de aprendizagem. Tais competências

geralmente são avaliadas através da entrevista psicológica e dinâmica de grupo.

Em relação ao treinamento de pessoal quatorze, (14) dos psicólogos realizam

avaliação psicológica no decorrer do processo de treinamento. Este é um dado

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bastante significativo para a pesquisa, já que para Mcgrehee (1961 apud

CHIAVENATTO, 2004),

O treinamento significa educação especializada. Compreende todas as atividades que vão desde a aquisição de habilidades motoras até o fornecimento de conhecimentos técnicos, desenvolvimento de aptidões administrativas e de atitudes referentes a problemas sociais (p. 402).

Del Prette e Del Prette (2003), descrevem um programa de treinamento de

habilidades sociais conduzido em um grupo formado por universitários da área de

ciências exatas, na qual utilizaram o IHS. Os autores aplicaram o IHS (Inventário de

Habilidades Sociais) antes e após o treinamento em habilidades sociais no qual

constataram diferenças significativas entre os dois momentos, no qual os universitários

melhoraram suas habilidades sociais.

Moresco (2007, p. 30), quando se refere à atividade de treinamento e

desenvolvimento de pessoal afirma que tais atividades "estão em crescente expansão

no mercado devido à conscientização de que a continuidade de formação, bem como a

permanente atualização são indispensáveis para a competitividade organizacional".

Na atividade referente ao diagnóstico organizacional, dez (10) profissionais

participantes relatam realizar avaliação psicológica no decorrer do diagnóstico.

Considera-se um dado significativo já que o diagnóstico organizacional tem como

finalidade verificar a saúde organizacional, bem como levantar a causa do problema.

Na avaliação pericial para condutores, seis (06) participantes da pesquisa

relatam utilizar avaliação psicológica para este fim no contexto organizacional.

Lamounier e Rueda (2005), compararam as avaliações e pareceres realizados

com o PMK, bem como as características da personalidade que diferenciam os

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candidatos considerados aptos e inaptos na Avaliação Psicológica Pericial. De acordo

com os autores, as técnicas de avaliação psicológica, utilizadas pelos psicólogos nesse

contexto, visam identificar adaptações mínimas para a condução de conduzir um

veículo automotor de forma segura para o condutor, para o trânsito e para os demais

envolvidos. Sendo assim, o psicólogo deve atuar de forma preventiva durante o

processo de avaliação levando em consideração os fatores internos e externos do

indivíduo.

No que se refere à avaliação de estresse ocupacional, quatro (04) psicólogos

realizam avaliação psicológica nesta atividade. França e Rodrigues (1999), apontam

estresse ocupacional como

[...] as situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador de suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou da sua saúde física ou mental, prejudicando a integração desta com o trabalho e com o seu próprio ambiente, na medida que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não conta com recursos adequados para enfrentar tais situações ( p. 28).

Figueroa et al (2001), apresenta um instrumento (IMPAL) para a avaliação de

estressores psicossociais que mede o grau de mal-estar que provoca fatos relacionados

com o meio ambiente físico, organização do tempo de trabalho, fatores próprios da

tarefa, mudanças tecnológicas. Paschoal e Tamayo (2004), apresentam um estudo no

qual objetivam construir e validar um instrumento (EET) de estresse ocupacional geral.

Ao final deste estudo, os autores concluem que este instrumento pode orientar medidas

que visem à qualidade de vida dos trabalhadores. Cabe ressaltar que estes foram os

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únicos estudos encontrados no qual abordam a avaliação de estresse ocupacional,

porém estes instrumentos não estão entre os testes psicológicos aprovados pelo CFP.

Nas práticas relacionadas à saúde do trabalhador, três (03) psicólogos

organizacionais e do trabalho realizam avaliação psicológica nesse contexto. Apesar da

área de saúde do trabalhador não ser mais considerada uma área emergente na

atuação do psicólogo organizacional, percebe-se que ainda é limitada a atuação do

psicólogo. Moresco (2007), aponta dados significativos de profissionais que realizam

(10 dos 19 participantes) ou gostariam de desempenhar (16 dos 19 participantes)

atividades relacionadas à saúde do trabalhador. As práticas voltadas à saúde do

trabalhador são oriundas da compreensão de que o homem é responsável pelo

funcionamento das organizações e deve ter sua saúde garantida (PIZZOLI, 2005 apud

MORESCO, 2007).

Um dos psicólogos participantes realiza avaliação psicológica na avaliação da

carga mental de trabalho no ambiente organizacional. Seligmann-Silva (1994, apud

CRUZ 2002b) define carga de trabalho como representante do "conjunto de esforços

desenvolvidos para atender às exigências das tarefas. Esse conceito abrange os

esforços físicos, os cognitivos e os psicoafetivos (emocionais)" (p.58).

Nenhum dos psicólogos participantes da pesquisa relatam realizar perícia

psicológica no ambiente organizacional. Cruz (2002c), aponta que o trabalho e suas

formas de organização e desempenho sofre os impactos das mudanças econômicas e

tecnológicas trazendo conseqüências bastante evidentes sobre a condição de saúde

das pessoas. Enfatiza ainda que o processo de perícia das condições psicológicas das

pessoas somente tem o reconhecimento das empresas quando é detectada a

incapacidade da pessoa para o trabalho. Diante disso, é importante salientar que a

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perícia psicológica pode estar inserida no contexto organizacional não somente para

detectar doenças ou incapacidades relacionadas ao trabalho, mas também pode

auxiliar em medidas preventivas, fornecendo um diagnóstico precoce sobre as

condições de saúde do trabalhador. No entanto, Moresco (2007) aponta dados

significativos de psicólogos que exercem (10 dos 19 participantes) e que gostariam de

desempenhar (16 dos 19 participantes) suas atividades relacionadas à saúde do

trabalhador no qual envolve perícia psicológica.

Dois (02) psicólogos relatam realizar avaliação psicológica em outras atividades

como no mapeamento de competências, implantação de programas e periódico mental.

4.3 Técnicas de exame psicológico

O quadro 3 apresenta as técnicas de exame psicológica utilizadas no processo

de avaliação psicológica no contexto organizacional. O quadro está dividido em

técnicas padronizadas e técnicas não-padronizadas.

Técnicas Padronizadas Freqüência Testes de Personalidade 21 Testes de Atenção Concentrada 16 Testes de Habilidades Específicas 13 Testes de Inteligência 09 Testes Cognitivos 07 Testes de Aptidão 05 Testes de Orientação Profissional 03 Testes de Avaliação do Saúde/Estresse 03

Quadro 3 – Técnicas de Exame Psicológico.

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Técnicas Não Padronizadas Freqüência Entrevista Psicológica 23 Dinâmicas de Grupo 22 Entrevista por Competências 15 Observação 14

Quadro 3 (continuação) – Técnicas de Exame Psicológico.

De acordo com Alchieri e Cruz (2004), as técnicas padronizadas passam por um

processo que envolve quatro passos: 1) são elaboradas e avaliadas questões

individuais (elaboração); 2) é verificada a validade do teste, onde é analisada se o

instrumento é capaz de avaliar um comportamento de modo que se possa medir o que

de fato se propõe; 3) analisar a consistência das respostas obtidas pelos sujeitos no

teste (precisão) e 4) são estabelecidas as regras para a utilização do teste

(padronização).

As técnicas não-padronizadas compreendem as entrevistas, dinâmicas de grupo

e observações e não seguem as etapas descritas acima, no entanto demandam um

rigor metodológico com critérios e objetivos pré-definidos, garantindo a validação do

processo.

Diante dos dados apresentados no quadro 3, constata-se que os testes que

avaliam aspectos da personalidade, a atenção concentrada e as habilidades

específicas apresentaram as maiores freqüências entre as técnicas padronizadas. Os

demais testes apresentaram freqüência abaixo de nove (09).

Os testes de personalidade são utilizados por vinte e um (21) dos psicólogos e

visam avaliar características emocionais, de motivação e interpessoais propondo

identificar aspectos da personalidade do avaliando. Porém, as questões com esse

propósito não pressupõem uma resposta certa a ser apresentada (FAISSAL, 2006). Tal

resultado entra em concordância com estudo de Noronha (2002 apud PADILHA,

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NORONHA e FAGAN, 2007) e Padilha, Noronha e Fagan (2007) onde se constata que

os testes mais utilizados são os de personalidade. Na pesquisa de Hartmman (2007),

entre os testes psicológicos, os de personalidade estão entre os mais utilizados no

processo de avaliação psicológica.

Os de atenção concentrada são utilizados por dezesseis (16) psicólogos e

objetivam avaliar a capacidade que o indivíduo tem de manter a sua atenção

concentrada na atividade durante um período, bem como analisar a qualidade e

produtividade desta atenção.

Os de inteligência são utilizados por nove (09) psicólogos e avaliam o

desenvolvimento intelectual geral, contemplando todas as funções intelectuais, como:

cálculo, memória, raciocínio espacial, raciocínio mecânico, raciocínio abstrato, atenção

concentrada, atenção difusa, capacidade de abstração, planejamento e organização

(FAISSAL, 2006).

Os de orientação profissional são utilizados por três (03) psicólogos. Ao mesmo

tempo em que não apresentaram uma freqüência tão significativa quanto aos demais

testes, torna-se aqui um dado relevante já que a orientação profissional propicia

condições para que as pessoas se conheçam melhor, percebam suas identificações,

adquiram melhores condições de organizar seus projetos de vida e fazer suas escolhas

profissionais, visando a promoção de saúde (NORONHA, FREITAS e OTTATI, 2003).

Entre as técnicas não-padronizadas, a entrevista psicológica e dinâmica de

grupo obtiveram maior freqüência. A entrevista psicológica é utilizada por vinte e três

(23) psicólogos organizacionais e do trabalho no processo de avaliação psicológica.

Em pesquisa realizada por Alves, Alchieri e Marques (2002), a técnica de

"entrevista" apresenta um percentual bastante significativo (62,9%), já que esta é

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bastante significante no processo de avaliação psicológica. Na pesquisa de Hartmman

(2007), a entrevista psicológica é considerada a técnica mais eficiente para levantar o

perfil do cargo solicitado.

No entanto, Faissal (2006, p. 27) aponta que "as entrevistas estritamente

psicológicas estão cada vez mais raras no cotidiano das práticas de seleção". A

entrevista psicológica tem seu foco em aspectos da personalidade e da vida pessoal do

avaliando, abordando temas como família, relacionamentos interpessoais, lazer e

história de vida (FAISSAL, 2006). Em contrapartida, Reis (2003) afirma que a entrevista

constitui a técnica mais utilizada de seleção e com maior influência na tomada de

decisão final a respeito dos candidatos, assumindo, na maioria das vezes um caráter

decisório na seleção de pessoal.

As dinâmicas de grupo são utilizadas por vinte e dois (22) psicólogos

organizacionais e do trabalho no processo de avaliação psicológica. Em pesquisa

realizada por Pereira, Primi e Cobêro (2003), a técnica de dinâmica de grupo é

apontada pelos recrutadores como sendo a mais utilizada no processo de seleção de

pessoal entre as técnicas não padronizadas. Tais resultados também entram em

concordância com os resultados de Hartmann (2007), onde a técnica de dinâmica de

grupo está entre as técnicas mais utilizadas no processo de seleção de pessoal.

Dinâmica de grupo é toda a atividade desenvolvida com um grupo com o

objetivo de desinibir a capacidade criadora dos participantes, tornando-os desenvoltos;

aumentar as transformações do grupo, alterando sua produtividade; aumentar a coesão

do grupo; proporcionar aperfeiçoamento do trabalho coletivo, buscando atingir metas

socialmente desejáveis, bem como aumentar sua eficiência fundamentando-a no

conhecimento das leis que governam a vida do grupo; transformar o potencial do grupo,

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possibilitando crescimento em igualdade harmônica de relacionamento interpessoal;

possibilita a observação direta de comportamentos dos candidatos e avaliar

competências interpessoais (MILITÃO e MILITÃO, 1999).

Faissal (2006) salienta que a técnica de dinâmica de grupo é capaz de fornecer

muitas informações sobre o avaliando, assim como os testes psicológicos, já que as

dinâmicas de grupo são indicadas para avaliar habilidades e atitudes.

A entrevista por competências é utilizada por quinze psicólogos organizacionais

e do trabalho no processo de avaliação psicológica. Em pesquisa realizada por Zick

(2007), entre as técnicas para averiguação das competências nos candidatos, a

entrevista por competências é considerada a técnica mais eficiente sendo aplicada por

todos os psicólogos participantes da pesquisa (4). Reis (2003 apud Faissal, 2006)

coloca que [...] "exemplos comportamentais são a melhor maneira de prever o

comportamento futuro de um candidato" (p.130).

A observação é utilizada por quatorze (14) psicólogos no processo de avaliação

psicológica. Para Danna (1999), no decorrer do desenvolvimento da psicologia, a

observação tem se mostrado o instrumento mais satisfatório na coleta de informações,

pois permite socializar e avaliar do trabalho do psicólogo.

Faissal (2006) coloca o ato de observar como um dos atos mais rotineiros e que

nossa capacidade de sobrevivência está intimamente ligada à habilidade de observar.

Sendo assim, no processo de avaliação psicológica, é convertida em um importante

instrumento de coleta de dados no qual auxiliará na tomada de decisão do avaliador.

No contexto organizacional, a observação tem diversas finalidades, como por

exemplo, o levantamento das necessidades de treinamento, análises de funções,

analisar a dinâmica de trabalho entre os grupos, avaliar a eficácia das técnicas e

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procedimentos empregados, entre outras (DANNA, 1999). Segundo a autora, a

observação proporciona ao psicólogo um contato mais próximo do que acontece na

realidade e possibilita melhor compreensão da natureza das ações.

Godoy e Noronha (2005) apontam as entrevistas individuais, dinâmicas de grupo

e testes psicológicos como as técnicas mais empregadas no processo de avaliação

psicológica.

Diante do exposto, pode-se constatar que há um predomínio sobre algumas

técnicas padronizadas, enquanto outras parecem estar sendo deixadas de lado, ao

contrário das não padronizadas que parece haver uma diversificação no uso delas.

Sendo assim, Hartmann (2007) analisou o processo de avaliação psicológica na

seleção de pessoal em consultorias de Recursos Humanos, na qual identificou que não

há conhecimento das técnicas psicológicas. Isso nos proporciona reflexão acerca da

atuação de alguns profissionais que estão fazendo uso de técnicas que não se tem o

devido conhecimento para poder realizar um trabalho de qualidade e que ofereça

resultados fidedignos.

4.4 Testes psicológicos

O quadro 4 apresenta os testes psicológicos utilizados no processo de avaliação

psicológica. O quadro está dividido em quatro subcategorias, sendo testes que avaliam

aspectos relacionados a: personalidade, senso-percepto-cognitivo (inteligência,

atenção, e aptidões específicas), orientação profissional, saúde, habilidades sociais e

outros instrumentos que não se enquadram nas demais subcategorias.

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Freqüência QUATI 17 IFP (Inventário Fatorial de Personalidade) 14 Palográfico 11 CPS ( Escalas de Personalidade Comrey) 03 PMK (Psicodiagnóstico Miocinético) 03 RAVEN (Matrizes Progressivas Coloridas) 02

Personalidade

PFISTER (Pirâmides Coloridas) 01 AC (Atenção Concentrada) 13 G-36 (não verbal de inteligência) 07 D2 (Atenção Concentrada) 07 R-1 (não verbal de inteligência) 05 BPR-5 (Bateria de Provas de Raciocínio) 05 AC-15 (Atenção Concentrada) 04 G-38 (não verbal de inteligência) 04 BFM (Bateria de Funções Mentais para Motorista) 03 BGFM (Bateria Geral das Funções Mentais) 02 Teste de Atenção Dividida e Sustentada 02 V-47 (verbal de inteligência) 01

Senso-Percepto-Cognitivo

WAIS (Escala de Inteligência para Adultos) 01 Orientação Profissional

EMEP (Escala de Maturidade para a Escolha Profissional) 02

ISSL (Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp) 03

EFN (Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo)

01 Saúde

QSG (Questionário de Saúde Geral Goldberg) 01 Habilidades Sociais IHS (Inventário de Habilidades Sociais) 01

PAEX 01 FDC Janela de Johari 01 MBTI 01 ADT 01 Atenção da Bateria Cepa 01 Testes de Inteligência Emocional 01 Bateria TSP 01

Outros

PPA 01 Quadro 4 – Testes Psicológicos

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Entre os testes de personalidade, o QUATI apresentou maior freqüência (17),

seguido do IFP (14) e Palográfico (11). Os demais testes obtiveram freqüência abaixo

de três (03). Hartmann (2007) aponta o Palográfico como o mais utilizado e o IFP,

CPS, QUATI e o PMK estão entre os testes utilizados na seleção de pessoal. De acordo

com pesquisa de Padilha, Noronha e Fagan (2007), entre os testes mais utilizados

pelos psicólogos estão o IFP, PFISTER, CPS E QUATI. Na pesquisa de Pereira, Primi e

Cobêro (2003) sobre a validade dos testes utilizados em seleção de pessoal, o

Palográfico e o QUATI aparecem entre os testes de personalidade mais utilizados pelos

recrutadores.

O PMK, Palográfico, QUATI, IFP e CPS estão entre as técnicas de exame

psicológico ensinadas nos cursos de graduação, segundo pesquisa realizada por Alves,

Alchieri e Marques (2002). Diante disso, pode-se perceber que os testes que

apresentam maior freqüência na pesquisa estão entre os testes ensinados nos cursos

de graduação.

Entre os testes que avaliam sensação, percepção e cognição, o AC obteve maior

freqüência (13). O G-36 e o D2 obtiveram freqüência sete (07). A maioria dos testes

obtiveram freqüência abaixo de sete (07), como podemos identificar no quadro 4.

Hartmann (2007) aponta o AC como o mais utilizado no processo de seleção de

pessoal e o BPR-5 encontra-se entre os testes utilizados. Em estudo realizado por

Pereira, Primi e Cobêro (2003), o AC, AC15, D2, G36, G38 estão entre os testes

psicológicos mais utilizados pelos recrutadores na seleção de pessoal. Godoy e

Noronha (2005) visaram analisar as técnicas e os testes psicológicos mais utilizados

nos processos seletivos, sendo que entre os instrumentos psicológicos mais utilizados

nas seleções estavam o AC e o G36.

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Os testes G-36, D2, R-1, BPR-5, G-38 e WAIS estão entre as técnicas de exame

psicológico ensinadas nos cursos de graduação apontados por Alves, Alchieri e

Marques (2002), significando que os testes senso-percepto-cognitivo que apresentaram

maiores freqüências são ensinados nos cursos de graduação. No entanto, o AC-15 não

se encontra entre os testes psicológicos ensinados no curso de graduação, mas entre

os testes mais utilizados pelos psicólogos, segundo a pesquisa de Pereira, Primi e

Cobêro (2003) e Padilha, Noronha e Fagan (2007).

Em relação à Orientação Profissional, o EMEP foi apontado por dois (02)

psicólogos. A partir disso, pode-se perceber que apesar de quatro (04) profissionais

atuarem em Orientação Profissional, apenas dois (02) utilizam teste específico para

esse fim, no caso o EMEP. No entanto, pesquisas apontam que o IFP e QUATI também

são utilizados para orientação profissional. Noronha, Freitas e Ottati (2003) apontam o

QUATI como um dos testes utilizados em orientação profissional e Mansão e Yoshida

(2006) citam o uso do IFP para a avaliação da personalidade e sintomas

psicopatológicos no processo de orientação profissional.

Na subcategoria saúde, EFN (Escala Fatorial de Ajustamento

Emocional/Neuroticismo) e QSG (Questionário de Saúde Geral Goldberg) obtiveram

freqüência um (01). Assim como o IHS (Inventário de Habilidades Sociais) também

apresentou freqüência um (01). Diante de tais resultados pode-se identificar que os

psicólogos organizacionais vêm limitando o uso de tais instrumentos em sua atuação.

Na subcategoria outros estão distribuídos os instrumentos utilizados por onze

(11) psicólogos. É importante salientar que estes instrumentos utilizados no exercício

profissional destes participantes, não estavam aprovados pelo Sistema de Avaliação de

Testes Psicológicos (SATEPSI) durante o processo de coleta de dados. Tal resultado

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entra em concordância com pesquisa realizada por Padilha, Noronha e Fagan (2007),

quando relataram que dezessete (17) psicólogos fazem uso de instrumentos que não

estavam em condições de uso durante o período de coleta de dados. Além disso, os

psicólogos utilizam outros instrumentos que não são de uso exclusivo de psicólogos,

como o PAEX, FDC, entre outros.

De acordo com a Resolução 002/2003,

Será considerado teste psicológico em condições de uso, seja ele comercializado ou disponibilizado por outros meios, aquele que, após receber Parecer da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, for aprovado pelo CFP; Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1º e na alínea m do Art. 2º do Código de Ética Profissional do Psicólogo, a utilização de testes psicológicos que não constam na relação de testes aprovados pelo CFP, salvo os casos de pesquisa (Art.10-16).

Diante desses resultados, é importante refletir acerca da informação que esses

profissionais possuem a respeito do processo de avaliação dos testes psicológicos, já

que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) emite regularmente uma listagem com

pareceres favoráveis tanto para o uso como para a comercialização dos testes

psicológicos (PADILHA, NORONHA, FAGAN, 2007).

4.5 Problemas mais freqüentes no uso de testes psicológicos

O quadro 5 apresenta os problemas mais freqüentes em relação à formação

profissional do psicólogo, sendo o quadro se apresentará de forma fragmentada, pois

sua análise será apresentada por categorias.

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Formação Freqüência Desconhecimento da base teórica 10 Despreparo na formação profissional 01

Quadro 5: Formação profissional.

O desconhecimento da base teórica obteve maior freqüência, onde dez (10)

psicólogos apontaram-no como o problema mais freqüente no uso de testes

psicológicos. Os resultados deste estudo estão em concordância com os obtidos em

pesquisa realizada por Noronha (2002), no qual objetivou identificar os problemas mais

graves e mais freqüentes no uso de testes psicológicos, segundo psicólogos inscritos

no CRP/6ª Região. Diante de tais resultados, Jacquemin (1995 apud Alves, Alchieri e

Marques, 2002) destaca a necessidade de conhecer a fundamentação teórica dos

testes onde a maneira de ensinar merece alteração, valorizando a formação profissional

e não a quantidade de informação fornecida na graduação.

Pasquali (1999 apud Alves, Alchieri e Marques, 2002) quando se refere à

problemática da formação profissional, salienta que esta área tem sido deixada para um

segundo plano e, como conseqüência, os profissionais estão entrando no mercado de

trabalho sem preparação necessária para a atuação.

Estudo realizado por Pacheco e Takahashi (1999 apud Alves, Alchieri e Marques,

2002) constatou que os alunos que não pretendiam utilizar testes em sua prática

profissional indicaram que tais resultados poderiam estar ligados ao tipo de informação

que o aluno recebe durante a graduação, isto é, que a informação não está sendo

adequada no decorrer da formação profissional. Padilha, Noronha e Fagan (2007)

verificaram que profissionais que não usam testes em sua atuação profissional

justificam tal opção pela falta de conhecimento decorrente de deficiências no processo

de formação profissional.

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De modo geral, as justificativas para a não utilização de testes psicológicos na

atuação profissional são apontadas pelo despreparo na formação profissional. Dados

estes que devem ser considerados relevantes à medida que estão sendo repetidos no

decorrer de quase uma década.

A partir das pesquisas realizadas, pode-se perceber que o período de formação

não é o suficiente para aperfeiçoar o psicólogo em todas as áreas de conhecimento.

Assim, Hutz e Bandeira (2003 apud PADILHA, NORONHA e FAGAN (2007), Hays e

Wellard (apud NORONHA, 2002) apontam para a necessidade de que o profissional

realize cursos de atualização como pós-graduação e cursos de especialização para a

continuidade de sua formação, bem como o aprimoramento do conhecimento

relacionado à construção e ao uso dos instrumentos de avaliação.

O quadro 6 apresenta os problemas mais freqüentes no uso de testes

psicológicos.

Instrumento Freqüência Padronização estrangeira 07 Falta de atualizações das normas 06 Falta de coesão na nomenclatura 02 Material antiquado 01

Quadro 6: Instrumento

A padronização estrangeira e falta de atualizações das normas obtiveram

maiores freqüências. Tais resultados condizem com pesquisa realizada por Noronha

(2002) onde a padronização estrangeira, a falta de atualizações das normas encontram-

se entre os problemas mais freqüentes em relação ao instrumento. Nesta mesma

pesquisa, a categoria instrumento representou o problema mais grave para atuação em

avaliação psicológica.

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Figueiredo e Pinheiro (1998 apud GODOY e NORONHA, 2005) apontam que no

Brasil a maior crítica feita aos testes psicológicos diz respeito à falta de adaptações,

uma vez que a maioria dos instrumentos disponíveis no mercado brasileiro é originária

de outro país. Em contrapartida, Noronha, Primi e Alchieri (apud GODOY e NORONHA,

2005) revelam em sua pesquisa que mais da metade dos instrumentos comercializados

no país é de produção nacional, porém o estudo revela que aproximadamente metade

dos testes não possui estudos de validade, já que estes raramente são submetidos a

uma adaptação rigorosa e as normas geralmente não são atualizadas e revisadas após

a publicação original.

Almeida e colaboradores (1998 apud NORONHA, 2002) ressaltam em seu

estudo que existe uma clara relação entre problemas nos instrumentos e problemas na

formação do psicólogo que constrói e usa os referidos instrumentos. Para Wechsler

(1999), cabe ao psicólogo levar em consideração as características psicométricas do

instrumento a ser utilizado, bem como examinar se o manual do teste possui

informações necessárias para a aplicação, correção e interpretação dos resultados

deste.

Pereira, Primi e Cobêro (2003) quando se referem aos testes psicológicos,

afirmam ser necessário atualizá-los e que os profissionais devem ficar atentos às

qualidades psicométricas dos instrumentos utilizados, sobretudo no que se refere à

validade.

No quadro 7 estão distribuídos os problemas referentes ao uso de testes

psicológicos onde o mau uso dos testes e dificuldade na elaboração do informe técnico

apresentam maiores freqüências.

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Uso Freqüência Mau uso dos testes 15 Dificuldades na elaboração do informe técnico (laudo, parecer,...) 10 Uso mecânico dos testes 05 Uso limitado do instrumento e de suas possibilidades 03

Quadro 7: Uso

Almeida (2005); Padilha, Noronha e Fagan (2007) quando se referem aos

problemas apontados em relação ao testes psicológicos, partem da concepção de que

as informações decorrentes do uso dos testes psicológicos não dependem somente da

qualidade do instrumento, mas sim no uso deles. Salientam ainda, que por trás da má

utilização dos testes encontra-se um profissional que seleciona, aplica, avalia e

interpreta a referida técnica. Já que "cabe exclusivamente ao psicólogo a

responsabilidade pela qualidade da aplicação dos testes psicológicos, sendo esta

condição essencial para a obtenção de um resultado fidedigno" (WECHSLER, 1999, p.

137).

De acordo com as Diretrizes para o uso de testes (2003), para garantir o uso

competente dos testes é necessário

Trabalhar dentro dos limites dos princípios científicos e experiência comprovada; estabelecer e manter elevados padrões de competência; conhecer os limites de sua própria competência e agir dentro destes limites e manter-se atualizado a respeito das mudanças importantes e avanços em relação ao uso dos testes e sua construção, incluindo as mudanças de políticas e legislação, que possam influir nos testes e na sua utilização (p.17).

No que se refere à dificuldade de elaboração do informe técnico, dez (10)

psicólogos apontaram tal dificuldade como o problema mais freqüente no uso de testes

psicológicos. De acordo com Cruz (2002c), laudos e pareceres em psicologia são

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utilizados como instrumento de comunicação de resultados de um diagnóstico ou de

uma avaliação psicológica. O laudo é considerado um instrumento que não possibilita

apenas a descrição da condição subjetiva do avaliando, mas permite ser um

instrumento efetivo sobre a maneira de se conhecer fenômenos psicológicos que

ocorrem nele. Assim, o autor salienta que "a orientação teórica do examinador, os

instrumentos de seu pensar determinam seu modo de apreensão das respostas do

sujeito" (p. 270).

Para Pasquali (2001), o laudo psicológico é um importante instrumento de

trabalho do psicólogo, pois é através deste que o psicólogo, em todas situações, conclui

sobre o processo de avaliação psicológica, assim se espera que a partir dele sejam

tomadas as medidas de intervenções. A partir disso, o autor afirma que este informe

pode ser considerado uma expressão da competência profissional.

No quadro 8 são apresentados os problemas mais freqüentes em relação aos

aspectos éticos relacionados ao uso de testes psicológicos. Vale salientar que esta foi a

categoria que apresentou maior freqüência em relação aos problemas mais freqüentes

em relação ao uso de testes psicológicos.

Ético Freqüência

O acesso de leigos aos testes 11 Testes conhecidos pelos candidatos 10 Cópia do instrumento para diminuir custos 09 Falta de ética na entrega dos resultados 08

Quadro 8: Aspectos éticos

Os resultados desta pesquisa estão em concordância com os obtidos em estudo

realizado por Almeida, Prieto, Muñiz e Bartran (1998); Oakland (1999), ambos citados

por Noronha (2002), quando concluem que os problemas mais freqüentes na prática

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dos testes estão relacionados a aspectos éticos, como: cópia do material para diminuir

custos, uso inadequado de testes, avaliações incorretas, aplicação de testes por leigos,

não usar folhas de respostas padronizadas, não arquivar os instrumentos e não dar o

devido seguimento aos estudos, entre outros.

No entanto, em pesquisa realizada por Noronha (2002), os aspectos éticos

obtiveram freqüência bem menor quando comparada às categorias formação, uso e

instrumento.

Tendo em vista tais colocações, é importante lembrar que "os documentos

escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem como todo o material que os

fundamentou, deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos [...]" (DIRETRIZES

PARA O USO DE TESTES, 2003); " o psicólogo não divulgará, ensinará, cederá,

emprestará ou venderá a leigos instrumentos e técnicas psicológicas [...] (CÓDIGO DE

ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO, 2005, art.18). De acordo com as Diretrizes

para o uso de testes (2003, p.17-18) para garantir a segurança dos testes é preciso

[...] proibição de cópias ou transmissão de material de forma eletrônica ou qualquer outra forma para outras pessoas quer sejam ou não qualificadas; Proteger a integridade do teste, não ensinando pessoas mediante a utilização de materiais de testes ou outro material prático que possa influir de forma inapropriada no desempenho das pessoas no teste e assegurar que as técnicas envolvidas nos testes não sejam descritas publicamente de modo que sua utilização fique prejudicada.

O quadro 9 apresenta aspectos epistemológicos relacionados ao uso de testes

psicológicos onde o autoritarismo técnico obteve a maior freqüência (07).

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Epistemológico Freqüência Autoritarismo técnico (teste como verdade absoluta) 07 Fazem inferências 03 Não medem a realidade 02 Pouca utilidade para prevenção 02

Quadro 9: Aspectos epistemológicos Em pesquisa realizada por Noronha (2002), os aspectos epistemológicos

aparecem entre as categorias com menor freqüência entre os problemas mais graves e

mais freqüentes relacionados ao uso de testes psicológicos.

Em relação ao autoritarismo técnico, Cruz (2002b) enfatiza que o psicólogo que

se especializa em somente um tipo de intervenção corre um grande risco de aumentar a

possibilidade de erro nos outros setores de intervenção. Nesse sentido, a avaliação

psicológica deve ser pensada um processo contínuo envolvendo não só o uso de testes

psicológicos, mas sim o uso de outras técnicas psicológicas como dinâmicas de grupo,

entrevistas e observações que podem auxiliar o psicólogo na tomada de decisões, bem

como aumentar as possibilidades de acerto na intervenção.

Em relação às respostas "fazem inferências", "não medem a realidade" e "pouca

utilidade para prevenção" refletem desconhecimento teórico sobre os instrumentos ou

até mesmo da avaliação psicológica como um todo. Pois, para que os testes

psicológicos possam contribuir no processo de tomada de decisões, antes de qualquer

coisa, é de fundamental importância que se tenha um bom conhecimento da teoria que

subsidia tal instrumento. Em relação ao uso de testes para fim preventivo, acredita-se

que estes profissionais possam estar um pouco precavidos em suas respostas já que

muitos testes atuam de forma preventiva, como por exemplo, quando se refere à saúde

do trabalhador, à avaliação psicológica do trânsito, avaliação da carga mental de

trabalho, entre outros.

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Pode-se perceber que os problemas mais freqüentes no uso de testes

psicológicos são apontados como "ético" e "uso", enquanto que na pesquisa de

Noronha (2002) os itens “instrumento" e "uso” são apontados como os problemas mais

graves no uso de testes psicológicos. Em relação ao problema mais freqüente (uso) e

menos freqüente (formação) apontados pelos psicólogos, pode-se perceber que há

grande relação entre os dois, à medida que se a graduação foi deficitária, a

probabilidade de se fazer mau uso do instrumento torna-se ainda maior já que muitos

profissionais saem somente com o conhecimento propiciado durante formação.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O interesse pela área da avaliação psicológica é considerável e esta vem sendo

adotada como uma ferramenta bastante significativa, reconhecida e aplicada em

Psicologia, onde podemos caracterizá-la como uma das atividades mais utilizadas nas

diversas áreas de atuação do psicólogo (POLATO, 2007). A presente pesquisa teve

como objetivo geral, avaliar o processo de avaliação psicológica na atuação dos

psicólogos organizacionais e do trabalho do Estado de Santa Catarina, a partir do

delineamento de quatro objetivos específicos.

Com o objetivo de verificar em quais atividades os psicólogos realizam avaliação

psicológica no contexto organizacional, a seleção de pessoal foi apontada como a

atividade em que os psicólogos mais utilizam avaliação psicológica, enquanto que a

avaliação da carga mental de trabalho é a atividade em que menos se realiza avaliação

psicológica. Pode-se perceber que a seleção de pessoal continua sendo uma das

principais práticas na atuação do psicólogo organizacional, como aponta a pesquisa de

Moresco (2007). Também pode-se perceber que há um foco maior de pesquisas

relacionadas a esta prática quando relacionadas às demais atuações do psicólogo

organizacional, como podemos citar a pesquisa de Pereira, Primi e Cobêro (2003),

Godoy e Noronha (2005), Hartmann (2007) Alencar (2008), entre outros.

O segundo objetivo visava levantar as técnicas psicológicas utilizadas no

processo de avaliação psicológica pelos psicólogos que atuam nas organizações. Entre

as técnicas padronizadas, os testes de personalidade são os mais utilizados e os de

avaliação da saúde/estresse são os menos utilizados. A partir das leituras realizadas

sobre o assunto (Padilha, Noronha e Fagan, 2005; Hartmann, 2007), pode-se perceber

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que os testes de personalidade geralmente são os instrumentos mais utilizados pela

maioria dos psicólogos organizacionais. A utilização dos testes de atenção concentrada

e habilidades específicas apresentaram freqüência bastante significativa em relação

aos de personalidade. Isto representa que estes profissionais não estão se limitando a

um único instrumento padronizado no processo de avaliação psicológica, acarretando

assim em resultados mais fidedignos, já que os testes possuem limitações em relação a

sua aplicabilidade com o intuito de garantir melhores resultados.

Em relação às técnicas não-padronizadas, a entrevista psicológica é apontada

como a técnica mais utilizada e a observação como a menos utilizada. A entrevista

psicológica é fundamental no processo de avaliação psicológica, já que esta é capaz de

fornecer informações sobre o avaliando, as quais, muitas vezes não são perceptíveis

através de outras técnicas de avaliação, bem como permite um contato mais próximo

com o avaliando. Pesquisa realizada por Shürhaus (2007) aponta a técnica de

entrevista como a mais utilizada em diversas práticas do psicólogo na organização,

como na seleção de pessoal, diagnóstico organizacional, desligamento de funcionário,

levantamento de necessidades de treinamento, na construção de perfil, avaliação de

desempenho, diagnóstico de satisfação no trabalho, avaliação para promoção ou

recolocação. No entanto, a observação não foi expressa em nenhuma atividade

interventiva como a principal ferramenta de utilização. A pesquisa de Hartmann (2007)

aponta a entrevista psicológica e testes psicológicos como as técnicas mais utilizadas

no processo de seleção de pessoal. No entanto, nesta pesquisa a observação obteve

um número significativo (14) quando comparado com a utilização das demais técnicas.

Em relação aos testes psicológicos utilizados pelos psicólogos organizacionais e

do trabalho no processo de avaliação psicológica, entre os de personalidade, o QUATI

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e o IFP são os testes mais utilizados e o PFISTER foi apontado como o menos utilizado

pelos psicólogos neste contexto. O AC é o mais utilizado e o WAIS como o menos

utilizado entre os testes na área de Senso-Percepto-Cognição. Em relação à orientação

profissional, somente o EMEP foi apontado para tal fim. O ISSL é o instrumento mais

utilizado em relação à saúde. Na avaliação das habilidades específicas, o IHS é

utilizado para este fim. Cabe ressaltar que este teste é o único padronizado no Brasil

com a finalidade de avaliar habilidades sociais.

É importante salientar que dentre os instrumentos citados pelos psicólogos como

fazendo parte de sua atuação profissional, sete (07) não são reconhecidos pelo CFP.

Isso proporciona reflexão acerca da fidedignidade das práticas realizadas por estes

profissionais, à medida, que se tais instrumentos não foram validados ou tiveram

parecer desfavorável do CFP, significa que os resultados obtidos através destes podem

estar comprometidos e não fornecer as informações necessárias para a demanda.

Padilha, Noronha e Fagan (2007, p. 75) afirmam que "o uso de testes não avaliados

pela Comissão Consultiva é prejudicial tanto para a ciência psicológica, quanto para os

profissionais da categoria, que perdem credibilidade do seu trabalho perante a

sociedade". Enfatizam ainda que é necessário reverter esta situação, seja por meio da

mobilização dos órgãos e associações de classe da Psicologia, assim como de

estudantes, professores em um processo de conscientização para a utilização de

instrumentos confiáveis.

O último objetivo foi verificar os problemas mais freqüentes no uso dos testes

psicológicos apontados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho. Estes se

referem aos aspectos éticos e uso, enquanto que o item formação é considerado o

problema menos freqüente. Percebe-se, a partir desses resultados, algumas

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contradições, uma vez que a formação profissional adequada é necessária para a

eficiente atuação no mercado de trabalho, pois segundo Custódio (1995 apud SILVA,

2004), durante a graduação o foco está na obtenção de resultados e não no processo

de como e para que esses resultados foram obtidos, o que acaba formando

profissionais técnicos e pouco reflexivos sobre seu fazer. Sendo assim, há profissionais

aptos a aplicar e corrigir testes psicológicos, mas sem saber o que fazer com os

resultados dos mesmos, isto é, sabem utilizar testes psicológicos para medir e não para

avaliar, o que compromete a eficácia dos testes, bem como seu uso. Para que se possa

garantir o uso eficaz dos instrumentos, é necessário possuir um amplo conhecimento

sobre o processo de avaliação psicológica.

Torna-se importante ressaltar que tais problemas em relação ao uso de testes

psicológicos são de inteira responsabilidade do psicólogo, já que o acesso aos testes é

restrito a este profissional, bem como cabe a ele fazer uso correto de tais instrumentos,

conscientizando-se diante das práticas legais.

Diante dos problemas apontados pelos psicólogos, é possível identificar que se

espera aprender "tudo" na graduação, não buscando atualizações. Então, quando estão

diante da necessidade de utilizar testes psicológicos, por não conhecer a teoria que

norteia o teste, acabam fazendo mau uso do instrumento devido ao desconhecimento

da base teórica. Por conseqüência, na maioria das vezes, não se tem conhecimento do

que cada teste avalia, bem como a perspectiva de avaliação dos resultados. Alchieri

(2003 apud GODOY e NORONHA, 2005) sugere como propostas de ações para

diminuir os problemas relacionados ao mau uso das técnicas de avaliação psicológica,

a formação de profissionais mais capacitados, a atualização dos instrumentos e

técnicas, investigações sistemáticas quanto à eficácia dos instrumentos disponíveis,

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planejamento e desenvolvimento de novos e mais específicos instrumentos, e

informatização quanto à avaliação e aplicação. Silva (2004) afirma que é necessário

repensar a formação dos psicólogos em relação à prática de avaliação psicológica e

encontrar maneiras de melhorá-la.

Mesmo com a distinção clara entre avaliação psicológica e testes psicológicos,

quando foi realizado o primeiro contato com os profissionais da área, pôde-se constatar

que alguns psicólogos reduzem a avaliação ao uso de testes. De modo geral, isto

limitou a pesquisa, pois justificavam a impossibilidade de participação na pesquisa pelo

fato de não aplicar testes psicológicos, sendo assim, acreditando não realizar avaliação

psicológica. Avaliação psicológica é um processo no qual envolve o uso de ferramentas

que permite entender e avaliar fenômenos psicológicos e não uma técnica.

A partir dos resultados descritos, são muitas as possibilidades de pesquisa sobre

o tema, tanto em relação às variáveis envolvidas, quanto ao tipo de metodologia

adotada. Uma das sugestões constitui-se na abordagem qualitativa onde possa ser

possível maior aprofundamento sobre o motivo de alguns profissionais "optarem" por

não fazer uso de testes psicológicos; os fatores que interferem na escolha dos testes

psicológicos para o processo de avaliação psicológica; pesquisas que possam

investigar sobre a limitação do uso da avaliação psicológica em atividades específicas,

como a saúde do trabalhador; bem como o porquê dessa limitação em algumas

atividades. Também, pesquisas que abordem quais os cursos de atualização que os

profissionais psicólogos possuem e a percepção dos alunos e professores em relação

ao ensino da avaliação psicológica durante a formação.

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7.1 APÊNDICE I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que consta em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: O processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos organizacionais e do trabalho do Estado de Santa Catarina. Pesquisadora: Eliana Strapasson Telefone para contato: (47) 8801-8434 Professora Responsável: Rosana Marques da Silva Telefone para contato: (47) 3341-7688

A referida pesquisa tem como objetivo avaliar o processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos organizacionais e do trabalho do Estado de Santa Catarina. Para tal, os profissionais que aceitarem participar voluntariamente da pesquisa, receberão um questionário quantitativo, com questões baseadas na literatura, que visam atender aos objetivos pré-estabelecidos.

A participação não oferece riscos e contribui para a aproximação da academia ao mercado de trabalho, bem como na preparação dos acadêmicos para a inserção do mesmo. Após o termino da pesquisa, será realizada a devolutiva a todos os participantes envolvidos.

Cabe ressaltar ainda que ao dados pessoais do sujeito serão mantidos em sigilo, sendo garantido seu anonimato. A pesquisa contribui ainda para que os participantes obtenham conhecimento da atuação dos psicólogos organizacionais em avaliação psicológica, bem como proporcionar uma reflexão de sua atuação e um aperfeiçoamento profissional. Os resultados dessa pesquisa serão utilizados somente para fins acadêmicos.

Em caso de dúvidas, o participante poderá entrar em contato com a pesquisadora, a fim de obter as explicações devidas. O participante poderá, ainda, retirar o consentimento a qualquer momento, sem conseqüências negativas para o mesmo. - Nome do pesquisador: Eliana Strapasson - Assinatura do pesquisador:__________________________ CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu,________________________________, RG_____________, CPF______________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Local e data:____________________________________________________________ Nome:_________________________________________________________________ Assinatura do sujeito ou responsável:_________________________________________ Telefone para contato:___________________________

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7.2 APÊNDICE II QUESTIONÁRIO:

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Idade:

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Cidade onde trabalha:

Tempo de atuação na profissão:

Tempo de atuação na organização:

Ramo de atividade da organização onde trabalha:

Mês/ano de conclusão do curso:

Possui pós-graduação: ( ) Sim ( ) Não

Caso sim, em que área?

______________________________________________________________________

1. Em quais atividades você realiza Avaliação Psicológica no contexto

organizacional? (neste item é permitido assinalar mais de uma opção)

( ) Avaliação da Carga Mental de Trabalho

( ) Avaliação de Desempenho

( ) Avaliação de Potencial

( ) Avaliação do Estresse Ocupacional

( ) Avaliação Psicológica Pericial para Condutores

( ) Diagnóstico Organizacional

( ) Orientação e/ou Reorientação Profissional

( ) Perícia Psicológica

( ) Saúde do Trabalhador

( ) Seleção de Pessoal

( ) Treinamento de Pessoal

( ) Outras: Quais?

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2. Quais as técnicas psicológicas que você utiliza no processo de Avaliação

Psicológica em sua atuação no contexto organizacional? (neste item é permitido

assinalar mais de uma opção)

( ) Testes de Inteligência

( ) Testes de Avaliação da Saúde/Estresse

( ) Testes cognitivos

( ) Testes de personalidade

( ) Testes de habilidades específicas

( ) Testes de aptidão

( ) Testes de atenção concentrada

( ) Testes de Orientação Profissional

( ) Entrevista Psicológica

( ) Entrevista por competências

( ) Observação

( ) Dinâmicas de Grupo

( ) Outras: Quais?

3. Quais testes psicológicos você utiliza no processo de Avaliação Psicológica no

contexto Organizacional? (neste item é permitido assinalar mais de uma opção)

( ) BBT (Testes de Fotos de Profissão)

( ) BFM ( Bateria de Funções Mentais para Motorista)

( ) BGFM (Bateria Geral de Funções Mentais)

( ) BPR-5 (Bateria de Provas de Raciocínio)

( ) CPS ( Escalas de Personalidade de Comrey)

( ) EFN (Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo)

( ) EMEP (Escala de Maturidade para a Escolha Profissional)

( ) Estilos de Pensar e Criar

( ) G-36 (Teste não verbal de inteligência)

( ) G-38 (Teste não verbal de inteligência)

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( ) HTP (The House-Tree-Person)

( ) ICFP-R ( Inventário dos Cinco Fatores de Personalidade Revisado)

( ) IFP ( Inventário Fatorial de Personalidade)

( ) IHS ( Inventário de Habilidades Sociais)

( ) ISSL (Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp)

( ) Palográfico

( ) PFISTER (Pirâmides Coloridas)

( ) PMK (Psicodiagnóstico Miocinético)

( ) QSG (Questionário de Saúde Geral de Goldberg)

( ) QUATI (Questionário de Avaliação Tipológica – versão II)

( ) R-1 (Teste não verbal de Inteligência)

( ) RAVEN (Matrizes Progressivas Coloridas)

( ) RORSCHACH

( ) Teste AC (Teste de Atenção Concentrada)

( ) Teste AC-15 (Teste de Atenção Concentrada)

( ) Teste D2 (Atenção Concentrada)

( ) Testes de Atenção Dividida e Sustentada

( ) V-47 (Teste Verbal de Inteligência)

( ) WAIS (Escala de Inteligência para Adultos)

( ) ZULLIGER

( ) Outros. Quais?

4. Na sua avaliação, quais os problemas mais freqüentes no uso dos Testes

Psicológicos? (neste item é permitido assinalar mais de uma opção)

( ) Autoritarismo técnico (teste como verdade obsoluta).

( ) Cópia do instrumento para diminuir custos.

( ) Desconhecimento da base teórica.

( ) Dificuldades na elaboração do informe técnico (laudo, parecer...).

( ) Falta de atualizações das normas.

( ) Falta de coesão na nomenclatura.

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( ) Falta de ética na entrega dos resultados.

( ) Fazem inferências.

( ) Material antiquado.

( ) Mau uso dos testes.

( ) Não medem a realidade.

( ) O acesso de leigos aos testes.

( ) Padronização estrangeira.

( ) Pouca utilidade para prevenção.

( ) Testes conhecidos pelos candidatos.

( ) Uso limitado do instrumento e de suas possibilidades.

( ) Uso mecânico dos testes.

( ) Outros: Quais?

Espaço para anotações:

Muito Obrigada por sua colaboração!

Acadêmica: Eliana Strapasson

Professora Responsável: Rosana Marques da Silva

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7.3 APÊNDICE III

CARTA DE CONSENTIMENTO DA ORGANIZAÇÃO

Vale do Itajaí, 13 de junho de 2007. Prezado(a) Sr(a) Cumprimento-o(a) cordialmente. Venho por meio desta, solicitar seu consentimento para a realização da pesquisa de TCC intitulada “O processo de avaliação psicológica na atuação dos psicólogos organizacionais e do trabalho no Estado de Santa Catarina”, junto aos psicólogos desta organização. A pesquisa tem como objetivos: verificar em quais atividades os psicólogos utilizam a avaliação psicológica no contexto organizacional; levantar as técnicas psicológicas utilizadas no processo de avaliação psicológica pelos psicólogos que atuam nas organizações; listar os testes psicológicos utilizados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho no processo de avaliação psicológica e; analisar os problemas mais freqüentes no uso dos testes psicológicos apontados pelos psicólogos organizacionais e do trabalho.

Cabe ressaltar que a referida pesquisa está sob a orientação da professora Rosana Marques da Silva, docente do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

Sem mais para o momento. Atenciosamente,

Eliana Strapasson Psicólogo Organizacional e do Trabalho Acadêmica ou Responsável pela organização Rosana Marques da Silva Professora Responsável