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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA A PERCEPÇÃO DO PAI, DA MÃE E DO FILHO SOBRE AS POSSÍVEIS MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO NO PERÍODO DA ADOLESCÊNCIA. ALINE CARDOZO ITAJAÍ 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

A PERCEPÇÃO DO PAI, DA MÃE E DO FILHO SOBRE AS

POSSÍVEIS MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO NO PERÍODO DA

ADOLESCÊNCIA.

ALINE CARDOZO

ITAJAÍ

2006

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ALINE CARDOZO

A PERCEPÇÃO DO PAI, DA MÃE E DO FILHO SOBRE AS

POSSÍVEIS MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO NO PERÍODO DA

ADOLESCÊNCIA.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Prof.a MSc. Márcia Aparecida Miranda de Oliveira.

Itajaí

2006

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AGRADECIMENTOS

Ao longo deste trabalho pude contar com o apoio, estimulo e carinho de

muitas pessoas. Por isso gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para a realização da minha pesquisa. Porém, algumas pessoas tiveram um papel fundamental, as quais eu gostaria de deixar registrado meu agradecimento:

Para minha orientadora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira, por toda sua dedicação e atenção compartilhando comigo seus conhecimentos e me passando tranqüilidade nas horas de preocupação.

Para as professoras que aceitaram o convite de fazer parte da minha banca, Josiane A. F. de Almeida Prado e Maria Celina Ribeiro Lenzi e por dessa maneira contribuírem com meu trabalho, partilhando comigo suas idéias.

Para as famílias que aceitaram gentilmente fazer parte da minha pesquisa, se

mostrando receptivas e compartilhando comigo suas histórias familiares com confiança.

Para meu pai, por me dar a oportunidade em realizar o curso de Psicologia,

desta maneira incentivando meu sonho. Para minha mãe, por todo seu apoio, carinho e compreensão me ajudando

sempre em tudo que está ao seu alcance. Para minha cunhada e também amiga Juliane Jandt Cardozo pela sua

preocupação em me ajudar a procurar famílias que preenchessem os critérios da pesquisa e pelo seu apoio moral.

Para minha amiga Samara de Oliveira Luz, pela sua amizade e por me escutar nas horas de dificuldades.

Obrigada!

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 06

2 EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................ 08

2.1 A família ........................................................................................................ 08

2.2 A família com filhos adolescentes ................................................................ 10

2.3 As mudanças na educação dos filhos .......................................................... 12

2.4 A educação dos filhos da infância a adolescência ....................................... 13

2.5 Comunicação entre pais e filhos adolescentes ............................................ 15

2.6 A sexualidade dos filhos ............................................................................... 18

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 20

3.1 Participantes da pesquisa ............................................................................. 20

3.2 Instrumentos ................................................................................................. 21

3.3 Coleta de dados ............................................................................................ 22

3.4 Análise dos dados ........................................................................................ 22

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................... 24

4.1 Comunicação................................................................................................. 25

4.1.1 Comunicação entre o pai e o (a) filho (a) na infância................................. 25

4.1.2 Comunicação entre a mãe e o (a) filho (a) na infância............................... 26

4.1.3 Comunicação estabelecida entre o casal para educar o (a) filho (a) na infância................................................................................................................

27

4.1.4 Como o filho percebe a comunicação que teve com os pais na infância... 27

4.1.5 Comunicação entre o pai e o (a) filho (a) na adolescência........................ 28

4.1.6 Comunicação entre a mãe e o (a) filho (a) na adolescência...................... 29

4.1.7 Comunicação estabelecida entre o casal para educar o (a) filho (a) na adolescência........................................................................................................

30

4.1.8 Como o filho percebe a comunicação que tem com os pais na adolescência........................................................................................................

30

4.2 Regras na infância......................................................................................... 31

4.3 Regras na adolescência................................................................................ 33

4.4 Interação Familiar/Convivência na infância................................................... 35

4.5 Interação Familiar/Convivência na adolescência.......................................... 36

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4.6 Afetividade na infância................................................................................... 37

4.7 Afetividade na adolescência.......................................................................... 38

4.8 Sexualidade na infância................................................................................. 40

4.9 Sexualidade na adolescência........................................................................ 40

4.10 Análise geral das Categorias....................................................................... 41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 46

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 49

7 ANEXOS .......................................................................................................... 52

7.1 Apêndice A – Ficha de Identificação ............................................................ 52

7.2 Apêndice B – Entrevista para os pais ........................................................... 53

7.3 Apêndice C – Entrevista para os filhos ......................................................... 55

7.4 Apêndice D – Termo de consentimento livre e esclarecido para os pais ..... 57

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A percepção do pai, da mãe e do filho sobre as poss íveis mudanças na comunicação no período da adolescência.

Orientadora: MSc. Prof.ª Márcia Aparecida Miranda de Oliveira. Defesa: novembro de 2006. Resumo: A adolescência é uma fase de dúvidas e transformações e é principalmente nesta fase que a família tem a tarefa de apoiar e confortar os jovens. Os pais que estabelecem um bom relacionamento através da comunicação com seus filhos, só irão contribuir para o desenvolvimento destes adolescentes. Sendo assim, esta pesquisa aborda o tema comunicação entre pais e filhos adolescentes, tendo como objetivo investigar como ocorre à comunicação entre pais e filhos frente às mudanças que podem ocorrer na educação dos filhos da fase da infância a fase da adolescência, de acordo com o ponto de vista tanto dos pais como dos filhos. Esta é uma pesquisa de ordem qualitativa, onde foi utilizada uma entrevista semi-estruturada para coleta de dados, a qual foi aplicada separadamente em cada membro das três famílias, pai, mãe e um filho (a) adolescente com idade entre 15 e 16 anos. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo, onde foram geradas cinco categorias: comunicação, regras, interação familiar/convivência, afetividade e sexualidade. Para verificar as mudanças que ocorreram, foi feita uma comparação entre a infância e a fase atual que é a adolescência. Identificou-se que não houveram mudanças muito significativas nas três famílias, sendo que apenas uma das famílias (Família C) foi a que menos apresentou mudanças. As três famílias apresentaram características muito semelhantes como a maneira que os filhos se portam frente aos pais, flexibilidade na educação e uma comunicação mais fortemente estabelecida entre mãe e filho (a). Palavras-chave: adolescente, comunicação, educação.

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1 INTRODUÇÃO

Cada vez mais casais se preocupam com a decisão de ter ou não filhos. Essa

preocupação muitas vezes gira em torno do medo que sentem em ter competência

em dar uma boa educação, principalmente na fase em que a criança está passando

pelo início da adolescência, pois é neste período que também aparecem os

inúmeros fatores de extrema importância para o bem estar dos filhos e da família.

É visível a mudança que ocorre nesta fase e nada melhor do que uma boa

comunicação, para assim unir e existir confidências entre pais e filhos e

conseqüentemente estabelecer a confiança. Tendo essa confiança dentro de casa

há menor probabilidade dos filhos seguirem por caminhos tão temidos pelos pais,

como as drogas, a sexualidade sem responsabilidade, e assim por diante (CARR-

GREGG e SHALE, 2004; NOLTE e HARRIS, 2005; TIBA, 2005).

Os pais precisam estar interessados em entender seus filhos, compreender os

períodos de mudanças em que eles estão passando. É importante também, que os

pais de forma geral, tenham o conhecimento que não é apenas devido às alterações

hormonais que ocorrem explosões emocionais diante de uma simples conversa

(TIBA, 2005).

Diante das preocupações dos pais sobre como lidar com essa fase da vida do

filho, suponho que este fator acaba refletindo em um dos temas mais abordados por

revistas leigas, bem como, é constante a procura de livros sobre o tema, e assim

devido a todos esses aspectos, que pretendo explorar sobre o tema em pauta.

A partir destas afirmações, este trabalho teve como objetivo investigar a

importância do diálogo entre pais e filhos na fase da adolescência, investigando

como ocorre à comunicação entre pais e filhos frente às mudanças que ocorrem na

educação dos filhos na fase da adolescência, de acordo com o ponto de vista tanto

dos pais como dos filhos. Identificando segundo o relato dos pais e dos filhos quais

foram às mudanças que houveram na educação dos filhos, nessa fase, se de fato

houveram. E por ultimo identificar como se dá o diálogo tanto por parte dos pais

como dos filhos e se realmente há um diálogo. Com a intenção de trazer

contribuições enriquecedoras para profissionais da psicologia que venham a atender

adolescentes e/ou famílias de adolescentes. Contribuirá também para professores e

alunos do curso de Psicologia e demais interessados.

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Esta pesquisa deu segmento à monografia de Caroline Andrea Pottker (2005),

que tem como título: Investigação sobre as mudanças na educação dos filhos na

fase da adolescência, segundo a percepção dos pais e dos filhos; orientada pela

Professora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira, onde foi investigado sobre as

mudanças na educação dos filhos na fase do início da adolescência e nesta

seqüência da investigação sobre o mesmo tema, sendo focada a comunicação, a

pesquisa será realizada com filhos a partir de 15 anos de idade.

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2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 A família

O significado da palavra família etimologicamente, segundo Engels, (1979

apud POTTKER, 2005), provém de “famulus”, que significa “escravo doméstico”.

Este termo foi criado em Roma na época antiga para indicar um novo grupo social

que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão

legal. Já no período republicano, ainda em Roma, o conceito de família tinha um

contorno nitidamente patriarcal, sendo considerada como tudo aquilo que estivesse

abaixo do poder paterno, como a mulher, filhos, escravos e até bens como terra,

instrumentos e animais de trabalho.

Na Idade Média, as famílias eram grandes e as crianças misturavam-se com

os adultos, pois segundo Zamberlam, (2001 apud POTTKER, 2005), a partir do

exemplo dos adultos que era determinado informalmente o que ia ser aprendido

pelas crianças.

Seguindo esse estudo sobre a convivência das crianças com os adultos, os

autores Nolte e Harris (2005) afirmam que, os pais, ou qualquer adulto que conviva

diariamente com o adolescente acaba o influenciando, e com muito mais intensidade

pela forma como esses adultos vivem suas vidas do que pela maneira como

aconselham esses adolescentes a viverem as suas.

Com o passar dos tempos a família vem tomando diferentes configurações.

Nos tempos modernos a família é formada por pai, mãe e alguns filhos, essa

imagem corresponde à chamada família nuclear burguesa. As interpretações das

inter-relações são feitas a partir do contexto e da estrutura que a família se encontra,

mas não se pode concluir que se a família está estruturada de uma outra maneira,

que não seja a nuclear, apenas deixa de ser uma família na perspectiva do modelo

tradicional (CARVALHO, 1997).

Desde o início dos estudos da psicologia, segundo a autora citada, a família e

em especial, a relação mãe-filho, tem aparecido como referencial explicativo para o

desenvolvimento emocional da criança. A descoberta de que os anos iniciais de vida

são fundamentais para o desenvolvimento emocional posterior focalizou a família

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como o foco de potencialidade produtor de pessoas saudáveis, emocionalmente

estáveis ou como núcleo produtor de inseguranças e desequilíbrios.

Já nas bibliografias atuais (CARR-GREGG e SHALE, 2004; NOLTE e

HARRIS, 2005; STRAUCH, 2003; TIBA, 2005), mais especificamente da última

década, percebe-se que o enfoque está na qualidade das inter-relações,

independente da forma que a família está estruturada.

A família de hoje tem diferentes constituições. Pais casados, divorciados,

recasados, solteiros, casal que convive com enteados, e assim por diante. Não se

tem como definir um ciclo de vida familiar “normal” (CARTER e MCGOLDRICK,

1995; TIBA, 2005).

As relações conjugais por sua vez segundo Osório e Valle (2002), sofreram

significativas transformações no século XX em decorrência das necessidades, dos

desejos e das expectativas dos seres humanos em geral. A mulher cada vez mais

luta pela sua independência, já que não há razões biológicas nem psicológicas para

sustentar a desigualdade social que ocorre entre homens e mulheres.

No que se refere ao ciclo de vida familiar, de acordo com Carter e MCGoldrick

(1995), as mulheres sempre foram peças centrais, no papel de mãe e esposa. Já os

homens parecem dar mais importância para sua carreira profissional do que para o

papel que exercem na família. Mas as mulheres continuam mudando, assim como

os homens e pode-se perceber que conforme o tempo passa mais elas dividem e

compartilham as tarefas familiares com eles, principalmente no que diz respeito à

educação dos filhos.

Seguindo essa idéia de mudanças, Falceto (1996) fala de um novo pai. Um

homem que assume cada vez mais os cuidados com a família e com a casa. Um pai

que cuida do filho com amor e intimidade, não por mera obrigação.

Diante destas afirmações percebe-se que a família é em todos os sentidos o

produto da evolução que se constitui em um conjunto de pessoas que se adapta

flexivelmente às influências do meio em que vive (ACKERMAN, 1986)

Mas quais são basicamente as funções da família?

As funções da família são biológicas, psicológicas e sociais, como estão

interligadas, são estudadas conjuntamente. A função biológica é para garantir a

sobrevivência da espécie através dos cuidados aos recém-nascidos. A função

psicossocial é para suprir as necessidades afetivas que são de tanta importância

quanto o oxigênio, a água e os nutrientes que a pessoa necessita (OSÓRIO, 1996).

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A proposta da família é desenvolver relações que criarão o terreno fértil para

que cada membro que a pertence, amadureça com auto-estima elevada,

independência e produtividade. Tem o propósito de contribuir para o

desenvolvimento de cada membro (HUMPHREYS, 2000).

2.2 A família com filhos adolescentes

A adolescência, de acordo com Cerveny (1997), é uma fase em que os pais

passam a rever sua própria adolescência e os aspectos que podem ser resgatados

de sua juventude. Uma fase que sentem necessidade de uma rede de apoio (como

avós, sogros, tios) para educarem o adolescente com suficiente flexibilidade.

As famílias na sua maioria são caracterizadas por estarem passando por uma

“crise” nesta etapa do ciclo de vida. Cheios de preocupação, o que os leva a

perceber que esta fase é tão complexa tanto para os pais como para os filhos

(CERVENY,1997).

O termo crise, já não é mais utilizado para assinalar um momento ou

circunstância de exceção, mas sim para caracterizar uma condição permanente ou

um estado de crônica insatisfação à espera de alguma providência, que chegando,

restabelecerá a situação anterior de suposto equilíbrio e bem-estar ou nos remeterá

a possibilidade futura de solução definitiva de um mal-estar pessoal ou social que

nos aflige. A família encontra-se em crise para dar origem a novas formas de

configurações familiares como as que se esboçam neste limiar do século XXI

(OSÓRIO, 1996).

Crise é algo até indispensável ao desenvolvimento tanto dos indivíduos como

de suas instituições. A crise é uma ocasião de acúmulo de experiências e de uma

melhor definição de objetivos (OSÓRIO e VALLE, 2002).

Neste momento a família se vê diante de seus filhos crescendo, se tornando

adolescentes e desafiando os próprios pais. Durante esta etapa a família procura

alterar alguns padrões de relacionamento (CERVENY, 1997).

Na atualidade, além das famílias ficarem menores, elas se isolam do convívio

com os demais familiares como tios, primos, algumas vezes até dos avós. E optam

pela maior convivência com os amigos. Isso pode estar sendo uma falha na

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formação dos adolescentes, pela questão da formação de vínculos e valores

familiares (TIBA, 2005).

Os filhos por sua vez, estão passando por um período de mudanças e

transformações na adolescência, onde eles estão formando uma identidade

equilibrada e positiva. Estão tentando alcançar a independência dos pais para

mostrar que podem continuar seu processo de amadurecimento sozinho. Estão à

procura de uma pessoa para ter um relacionamento amoroso fora do círculo familiar,

consolidando assim o processo de afastamento dos pais. E a última meta do

adolescente é encontrar um lugar ao mundo, pensar sobre sua carreira profissional

para assim alcançar a independência econômica, ou seja, ele está passando por um

período de constante conflito (CARR-GREGG e SHALE, 2004).

Um fator também importante nessa fase, é de o pai e a mãe reverem seu

relacionamento. Pois como afirma Humphreys (2000), quando a relação conjugal

dos pais é harmoniosa esse sentimento reflete sobre as relações familiares, e o

inverso também é verdadeiro. Os pais são os líderes da família, e se demonstram

insatisfações, fica difícil equilibrar as relações com os filhos.

Tanto os pais como também os avós, necessitam rever suas vidas e redefinir

seus objetivos e relações. Os conflitos que ocorrem na adolescência podem ser a

soma das crises das diversas gerações. Os pais e os avós muitas vezes não

resolveram seus próprios conflitos da adolescência, tendo assim maior dificuldade

em orientar o adolescente (FALCETO, 1996).

Conforme a autora citada, os avós nesse momento estão passando pela

aposentadoria, é onde a saúde começa a mudar aparecendo os primeiros sinais e

dores da velhice. O desafio fica por conta dos pais, que além de já terem a

responsabilidade na educação dos filhos adolescentes, muitas vezes acabam

tornando-se cuidadores dos próprios pais.

Um dos grandes desafios do convívio familiar, afirma Maldonado (1996), é

conseguir equilibrar os espaços de privacidade e respeito com características

individuais e os espaços coletivos que as diferentes gerações ocupam dentro da

mesma casa. Isso inclui discordâncias e divergências que podem gerar em

decepções e desilusões de parte a parte. Pais sentem-se fracassados por não terem

o filho com que sonhavam, filhos sentem-se desesperançados em conseguir manter

um relacionamento razoável com seus pais, avós sentem-se deixados de lado, e

assim por diante.

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O que não pode acontecer, afirma a autora já citada, é tornar pequenas coisas

do cotidiano em coisas drásticas, como por exemplo, a ordem e desordem da casa,

pois essas pequenas coisas podem ser resolvidas com acordos coletivos, contando

com a colaboração de todos para não acabar em brigas, ofensas e acusações. Se a

família não souber lidar com essas pequenas coisas, quando ocorrer algum

problema mais grave, esta poderá ficar totalmente desnorteada, prejudicando a

dinâmica familiar.

2.3 As mudanças na educação dos filhos

Os pais de hoje não são e nem serão como seus pais foram, eles são uma

geração que está passando para uma outra postura. Não é o objetivo discutir qual a

orientação correta, mas sim colocá-las em prática mostrando o que dá resultado

positivo. Trata-se de perceber a mudança na posição dos pais, a qual atualmente é

bem mais complicada e difícil do que na época em que os pais exerciam apenas o

papel de filhos (ZAGURY, 1994).

Os pais, ainda conforme a autora já citada, parecem não saber mais como

dizer um simples “não” de forma firme e convincente, quando precisam negar algo

aos filhos. Os filhos não mudaram, sempre serão insistentes quando querem alguma

coisa, mas quem efetivamente, mudou foram os pais, tendo em vista que na geração

anterior eles estavam certos do que pretendiam em relação aos filhos e não davam

chance de ter discussões diante de coisas simples.

Zagury (Ibid.), afirma que, o filho precisa de diálogo, de muitas explicações,

até porque esses pais são produtos de uma geração que lutou por esse tipo de

valores, eles querem dar aos filhos muito mais liberdade do que tiveram. Mas estão

insatisfeitos com a realidade, pois na relação com os filhos nota-se que agem

movidos não por uma convicção interior, mas pelo que julgam ser “moderno” e

acabam deixando os filhos fazer de tudo, não impondo limites.

Já nas gerações anteriores, como afirma Maldonado (1996), a criação dos

filhos predominava o autoritarismo e o pequeno espaço para a liberdade. Várias

pessoas que foram criadas nessas condições cresceram com muito ressentimento e

revolta e para criar seus filhos escolheram o oposto, dando espaço demais, em

detrimento de suas próprias necessidades e desejos. O que aconteceu foi que os

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filhos não conseguiram desenvolver a noção de respeito e consideração com os

demais. A partir disso, a noção de prazer tornou-se muito mais predominante.

Precisa-se também levar em conta a complexidade da vida atual,

principalmente nos grandes centros urbanos. Há algumas décadas, a tarefa de criar

filhos, aparentemente era simplificada pela existência de regras e tradições

inquestionáveis. Depois, as formas tradicionalistas de criar filhos foram questionadas

e os pais estão expostos a uma carga de informações, através dos livros, revistas,

filmes, programas de TV e rádio, informações passadas por especialistas, etc.

Informações que chegam a confundir os pais, pois algumas são até mesmo

contraditórias (MALDONADO, 1994).

A excessiva preocupação que consome os pais para saber o que se deve

fazer para garantir que o filho tenha um bom desenvolvimento emocional, de acordo

com a autora já citada, pode embotar a espontaneidade, a intuição e o bom senso

paterno e materno. A distorção das teorias psicológicas também é bastante

significativa, gerando atitudes incorretas, como o excesso de permissividade,

erroneamente utilizado para não traumatizar a criança.

No entanto afirma Cerveny, (1994 apud POTTKER, 2005) que

categoricamente toda família transmite os padrões interacionais, inclusive aquelas

que têm o cuidado para que isso não aconteça, porém às vezes, pode não passar à

geração seguinte. Todavia, as famílias têm a tendência a se repetirem, podendo

ainda acontecer de um modelo passar à próxima geração sobre outra forma.

2.4 A educação dos filhos da infância a adolescênci a

Em primeira instância, é necessário aos pais terem o conhecimento da

importância de que, desde o início do desenvolvimento tem que deixar a criança

fazer as coisas conforme sua capacidade, não fazer tudo por ela. No início a criança

pode até brigar com o adulto para que a deixe fazer sozinha as atividades diárias.

Pois ela tem a necessidade de sentir-se capaz realizando pequenas ações. Os pais

podem estar complementando as ações, assim estão ajudando o filho a se

desenvolver e não correm o risco de mais tarde, tornarem-se empregados dos

próprios filhos (TIBA, 2005).

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O objetivo dos pais, sem dúvida, sempre é estabelecer o melhor

relacionamento possível com os filhos, é o que explicita Knobel (1992). Mas muitos

se equivocam na fase da adolescência querendo criar um vínculo de amizade de

uma maneira não muito adequada. Os pais têm que ter a consciência de que para

seus filhos, o adulto que passou dos 30 anos já é considerado “velho” e pertence à

outra fase da vida, onde os interesses e gostos não coincidem.

Os pais não devem se enganar forçando situações, se esforçando para

interferir em outra geração, cada idade tem seus encantos, prazeres e dissabores. O

pai precisa entender que em certos momentos o filho precisa desfrutar da solidão.

Afinal, uma coisa é compreender as angústias e necessidades do filho e outra é

intrometer-se nelas sem as conhecer realmente (KNOBEL, 1992).

Neste período que o jovem encontra-se, precisa de uma pessoa especial que

possa ajudá-lo a alimentar sua individualidade e fornecer um pouco de estabilidade

e segurança, que é tão necessário para este período de mudanças rápidas e de

insegurança, ou seja, o jovem precisa de um modelo de identificação, o pai, a mãe

ou outro adulto com que ele se identifique e se sinta a vontade. Isso faz com que o

adolescente se sinta valorizado (CARR-GREGG e SHALE, 2004).

Mesmo os adolescentes querendo passar a imagem de que nada que os pais

falam ou fazem eles levam em conta, os pais continuam sendo os principais

professores dos filhos. Os pais têm que passar um modelo, mostrando qual a melhor

forma de lidar com a realidade que muitas vezes é difícil e assustadora para os

jovens. E se os pais encararem os problemas da mesma forma dramática que os

adolescentes tratam, só vão piorar as coisas (NOLTE e HARRIS, 2005).

Os pais não devem insistir em ser uma figura punitiva e ameaçadora,

tornando-se assim, distantes, afirma Tiba (2006). Muitas vezes o pai assumia essa

posição, pois lhe era dada a tarefa de dar o castigo quando a criança

desobedecesse a mãe. Se esta intimidação já foi iniciada pelo adulto, deve ser

eliminada na adolescência, pois só irá gerar agressividade e revolta, o adolescente

não suporta este tipo de educação. O importante é que os pais compreendam os

estágios da adolescência, e os problemas que surgem a cada etapa de

desenvolvimento, pois assim eles estarão mais bem preparados para corresponder

às exigências e oferecer um suporte adequado.

Cabe aos pais prepararem seus filhos internamente para que eles tenham

uma base estruturada para enfrentar as dificuldades, seja por liberdade progressiva,

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seja por terapia, assim eles aprenderão a se proteger sozinhos, não se expondo

tanto aos perigos e as drogas. Mas não há como estar protegendo-os integralmente,

pois são eles que vão atrás do perigo constantemente (TIBA, 2005).

2.5 Comunicação entre pais e filhos adolescentes

A palavra “comunicar” vem do latim “comunicare” com a significação de “por

em comum”. Comunicação é convivência; está na raiz da comunidade, agrupamento

caracterizado por forte coesão, baseada no consenso espontâneo dos indivíduos.

Consenso quer dizer acordo, consentimento, e essa acepção supõem a existência

de um fator decisivo na comunicação humana: a compreensão que ela exige, para

que se possa colocar, em “comum”, idéias, imagens e experiências (PENTEADO,

1997).

A autora Cerveny (2004), após estudar alguns autores elaborou um esquema

que deriva de Wiener, Shannon e Jakobson, a partir daí, a comunicação existe da

seguinte forma: um emissor (E) envia uma mensagem (M) a um receptor (R) por

meio de um canal (C), havendo um feedback (FB). Quando essa mensagem vai do

E para o R ocorrem obstáculos no nível do emissor (OE) que são constituídos por

seus valores, julgamentos, crenças, experiências anteriores, estado emocional, etc.,

que fazem com que a M transmitida seja diferente da que se pretendia transmitir.

Quando R recebe M, esta passa pelos obstáculos no nível do receptor (OR) que

fazem com que ela também seja recebida de uma maneira particular.

Já para o autor Shinyashiki (1992), o diálogo é a vontade e a abertura para

um encontrar o outro. No momento do diálogo deixa-se o orgulho e a vaidade de

lado, pois só se consegue manter uma conversa quando o novo pode acontecer. A

comunicação entre pais e filhos muitas vezes acaba só em uma troca de críticas.

Sendo que na verdade, o momento do diálogo é um momento para troca de

experiências, ou seja, um aprendizado. As conversas mais produtivas normalmente

se estabelecem quando as pessoas estão se sentindo protegidas ou fazendo algo

que realmente gostam.

Por outro lado, da parte do adolescente no que se refere ao saber ouvir,

Zagury (2005) em seus estudos afirma que este saber ouvir começa no momento

em que o adolescente sente-se a vontade para falar, é preciso saber esperar, ser

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mais maduro que os jovens, pois eles estão apenas aprendendo. Forçá-lo a uma

conversa pode gerar uma situação de conflito, sem nenhuma utilidade. Então, no

momento que o adolescente estiver contando algo espontaneamente, é necessário

dar a ele a devida atenção e tentar ouvir com o coração e a razão juntos.

Seguindo essa idéia de comunicação no que diz respeito a compreensão da

mensagem emitida pela outra pessoa, Humphreys (2000) afirma que quando o

adulto ouve atentamente, o adolescente sutilmente passa a mensagem que o aceita

e que ele merece sua atenção, isso faz com que eleve a auto-estima dele. Assim a

conversa fluirá melhor. Quando se está preocupado no falar em primeiro lugar,

distrai-se da pessoa com quem está, e a comunicação não atinge seu objetivo.

Segundo o autor citado, ele salienta que deixando o adolescente falar pelo

tempo que acha necessário sobre as coisas que lhe agradam ou perturbam, os pais

irão descobrir o mundo interior de preocupações, necessidades, medos, sonhos,

desejos e sentimentos existentes nele.

No que diz respeito à mensagem emitida pelo outro, Cerveny (2004) afirma

que há obstáculos na comunicação entre a pessoa que recebe a mensagem e a

pessoa que emite a mensagem na comunicação. Temos a tendência de ignorar

informações que entram em conflito com nossas crenças e opiniões.

Com base no que a citada autora evidencia, vemos que um obstáculo muito

observado em famílias com adolescentes é que os adolescentes sabem avaliar a

fonte comunicadora quando se trata de obedecer a ordens, se o pedido é para ser

levado a sério mesmo ou não. Assim como um mesmo fato pode-se comunicar

coisas diferentes para diferentes pessoas, como as palavras também, no caso, pais

e filhos podem estar interpretando de diferentes maneiras as mesmas situações.

A autora ainda enfatiza que geralmente somos mais especialistas nas

comunicações dos outros do que nas nossas próprias, pais e filhos têm que parar e

prestar atenção em si primeiramente. E para os pais é importante entender que na

adolescência os silêncios são diferentes dependendo do contexto, podendo o

silêncio valer mais do que as palavras, como o silêncio da dor, a quietude de um

momento feliz, o não saber o que dizer, necessitam ser compreendidos em suas

particularidades.

Os pais, por sua vez, como salienta Maldonado (1994), às vezes tem a

consciência de que a forma que estão mantendo a comunicação com seus filhos não

é a mais correta, mas mesmo assim não mudam seus padrões, pois não vêem

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alternativas. Dependendo da conversa que se mantém, os pais podem abrir ou

fechar os canais de comunicação familiar.

Os pais precisam saber que os jovens não aprendem os valores através das

regras. Eles os assimilam pela conversa que os pais têm sobre suas convicções e

porque os vêem vivendo de acordo com essas crenças (NOLTE e HARRIS, 2005).

É importante também, de acordo com os autores citados, compreender que

faz parte do processo de estabelecimento da identidade do adolescente eles se

afastarem dos pais e escolherem um amigo que reflita o oposto do que os pais

representam, mesmo sendo um momento de angústia dos pais, e quanto mais eles

rejeitarem os amigos dos filhos, mais envolvidos com os amigos os jovens ficarão.

Uma conversa racional com o adolescente pode fazer com que ele mesmo

chegue à conclusão de que não gosta de certas atitudes dos amigos. Por isso é

importante que os pais não tenham medo de expor suas opiniões na frente dos

amigos, ainda mais se forem colocadas em comentários justificados sobre

comportamentos que não aprova, ao invés de ir taxando os amigos dos filhos como

insuportáveis. Porque dessa maneira irão sem perceber estar se distanciando dos

filhos. Afinal, na fase da adolescência as amizades passam a ser de grande

importância, em detrimento dos pais (CARR-GREGG e SHALE, 2004).

Quando os pais sentem-se rejeitados ou desafiados devem manter uma

comunicação positiva, é o que explicitam os autores supracitados, saber ouvir e

respeitar as diferenças de opinião. Não significa que não se possam estabelecer

regras de conduta, mas de tentar discuti-las civilizadamente ao invés de impô-las em

um acesso de raiva.

Com base em Maldonado (1996), os pais geralmente se acham os donos da

verdade por já terem vivido muito mais do que seus filhos. Mas nem sempre a idade

dos pais significa que tenham uma sábia experiência de vida, pois eles podem estar

envelhecendo cheios de rancor, arrependimentos e amargura. O que dificulta a

compreensão das dificuldades dos jovens. Aí então se exige um esforço maior dos

pais para que resolvam primeiro suas próprias frustrações para então poder

compreender e ajudar nos conflitos dos filhos.

Na comunicação podem-se observar distorções em conseqüência de

transformações e desvios na trajetória dos impulsos comunicativos. Como se

observa que em alguns casos, o adolescente pode estar sendo usado como “bode

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expiatório” para representar a complicada dinâmica que se estabelece entre os pais

(LEVISKY, s/d).

Outro fator que a autora enfatiza em relação à comunicação, é o fato da

comunicação poder vir através de expressões corporais que vem carregada de

emoções que levam um tempo para serem transformadas em pensamentos. As

emoções podem vir tão fortes, assim imobilizando a capacidade de pensar.

Este fator segue a mesma linha de pensamento de Cerveny (2004), onde ela

explicita que a comunicação não-verbal inclui mais do que o corporal, pois abrange

tom de voz, expressões faciais, postura gestos, vestuário, entre outros.

Satir (1967 apud FÉRES-CARNEIRO, 1996), é outro autor que enfatiza a

importância da comunicação, afirma que a baixa ou a alta auto-estima da família é

derivada de maneiras inadequadas ou adequadas de comunicação entre seus

membros. Pois a comunicação não apenas transmite a informação como também

impõe um comportamento. A comunicação é um comportamento que proporciona

interação entre a família.

Enfim, o diálogo é um dos maiores objetivos que a família dos tempos

modernos pretende alcançar. É um sonho baseado na comunicação como melhoria

das relações familiares (CERVENY, 2004).

2.6 A sexualidade dos filhos

As marcantes características da adolescência são as mudanças rápidas,

muitas vezes súbita, imprevisível, mas fascinante. Mas a mudança é algo que

ameaça, pois desestabiliza, podendo a pessoa se sentir ameaçada, dependendo de

que forma ela classifica esta mudança, como uma melhora ou piora (GAUDERER,

1998).

No momento em que a criança tem percepção de sua sexualidade, de acordo

com o autor referido anteriormente, ela se maravilha e se intriga com ela mesma.

Copia modelos que observa a sua volta, vivencia num estado de alerta receptivo e

de maneira antecipatória, aguarda com curiosidade e ansiedade construtiva o que

esse potencial lhe reserva.

Seguindo a idéia do mesmo autor, é de fundamental importância que lhe seja

permitido explorar de maneira desencabulada e não-reprimida o seu corpo, e

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principalmente, que os questionamentos a esse respeito sejam encarados com

seriedade e respeito. Importante também é que lhe seja preservado o prazer que

essa sexualidade lhe proporciona. Mas pode também haver os extremos, a

demasiada repressão ou a estimulação exagerada, é preciso chegar a um equilíbrio.

É no contexto familiar que a revolução dos costumes sexuais está formando

novos paradigmas morais. Ao mesmo tempo em que a família regula o exercício da

sexualidade humana, tem por ela determinada suas distintas configurações e

objetivos. A família trará benefícios se for um contexto menos repressor e sim

provedor de um ambiente propício ao reconhecimento e à adequada satisfação das

necessidades sexuais de seus membros (OSÓRIO e VALLE, 2002).

Outro aspecto importante a ser destacado é que na adolescência surgem as

primeiras grandes paixões, é uma fase onde os hormônios sexuais estão à flor da

pele, a autonomia comportamental intensifica os sentimentos e as sensações dos

adolescentes, tornando-os mais impulsivos. Surge o dilema: se os pais permitem ou

não que o namorado ou namorado do filho durma em sua casa. É preciso que haja

uma boa dose de adequação para que a convivência familiar continue harmoniosa.

Não se pode fazer disso uma tragédia, mas também não é um mar de rosas para os

pais. A responsabilidade tanto dos pais quanto dos filhos vem em primeiro lugar

(TIBA, 2005).

Os pais devem sempre ter a flexibilidade como critério quando conversam

com a criança e o adolescente, é relevante estarem fazendo uma reciclagem

constante em relação às mudanças do comportamento sexual do adolescente.

Assim durante as conversas os pais se sentirão mais seguros em dar sua opinião e

os filhos se sentirão mais estruturados, consequentemente os adolescentes estarão

com mais responsabilidade e no momento adequado estarão preparados para iniciar

sua vida sexual (PREDEBON, 2002).

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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A abordagem utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi do tipo

qualitativa.

Os fatores básicos da pesquisa qualitativa conforme Flick (2004) consistem

na escolha correta de métodos e teorias apropriados, na diversidade de perspectivas

dos participantes, na reflexão do pesquisador e da pesquisa a respeito da pesquisa

fazer parte de um processo de produção de conhecimento, e por último, na

variedade de abordagens e métodos utilizados na pesquisa.

A pesquisa qualitativa tem como objetivo situações complexas ou

estritamente particulares. Possuem a facilidade de poder escrever a complexidade

de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis,

compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais,

apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões

de determinado grupo e permitir em maior grau de profundidade a interpretação das

particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (OLIVEIRA, 1997).

3.1 Participantes da Pesquisa

A pesquisa contou com a participação de três famílias tradicionais, composta

por pai, mãe e pelo menos um filho adolescente, com idade entre 15 e 16 anos.

A família tradicional, para Osório (1996), é aquela cujo casal dá origem, e

onde a essência está representada na relação pais e filhos, sendo que o objetivo

deste casal é gerar e criar filhos.

Os filhos entre 15 e 16 anos de idade estão passando pela fase da

adolescência, uma fase onde os adolescentes perseguem a busca pela auto-

identidade. Eles sabem que não são mais crianças, mas ainda não se tornaram

adultos. A maioria tem dúvidas, ansiedades, questões sobre o futuro, pois a busca

da identidade, apesar de durar a vida toda, tem grande intensidade na adolescência

(PAPALIA e OLDS, 1998).

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Sendo uma pesquisa qualitativa, onde visa analisar a qualidade e não a

quantidade dos fenômenos que foram coletados, este número de entrevistados foi

suficiente.

Segundo critérios utilizados, cada família entrevistada pertence a um nível

sócio-econômico diferente, para assim observar se este aspecto se tornaria uma

variável nas respostas obtidas.

Família Membro Nomes Idade Profissão Escolaridade O utros Filhos

Idade dos filhos

Pai

M. 44 Vendedor 2º grau completo

Mãe

Z. 42 Aux. de escritório

2º grau completo

A

Filho

M.J. 16 Estudante 2º ano do 2º grau

1 filha 18 anos

Pai

J. 44 Operário 1º grau completo

Mãe

R. 34 Empregada doméstica

1º grau completo

B

Filho

P. 16 Estudante 2º ano do 2º grau

1 filho 9 anos

Pai

I. 49 Engenheiro Agronomo

Pós graduado

Mãe

M. 49 Dona de casa

2º grau completo

C

Filha

A. 15 Estudante 2º ano do 2º grau

3 filhos 19 anos, 21 anos e 23 anos.

Fonte: Ficha de Identificação (Apêndice A).

3.2 Instrumento

Foi utilizada uma ficha de identificação (Apêndice A) da família, com a

proposta de coletar informações sobre os dados pessoais dos entrevistados.

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Outro instrumento utilizado foi a entrevista semi-estruturada (Apêndices B e

C), para investigar os seguintes temas: educação, comunicação e relacionamento

entre pais e filhos adolescentes.

A entrevista semi-estruturada é aquela na qual o pesquisador organiza um

determinado número de questões, quantas achar necessário, sobre o tema que está

sendo pesquisado, mas permite, certas vezes até incentiva que o entrevistado fale

livremente sobre assuntos que vão aparecendo no desenrolar da entrevista, como

desdobramento do tema principal (PÁDUA, 2000).

3.3 Coleta de dados

A escolha dos sujeitos foi realizada segundo a indicação de pessoas

conhecidas, sendo que os sujeitos não tinham qualquer envolvimento nem contato

com o pesquisador.

O contato inicial ocorreu por ligação telefônica diretamente com as famílias.

Neste contato por telefone, foram feitas as apresentações e a explicação dos

objetivos da pesquisa. Então foram combinados o dia, o horário, o local e a duração

da entrevista (aproximadamente 1 hora e 30 minutos). As entrevistas foram

realizadas na casa das famílias e feitas separadamente, inicialmente com o pai,

depois com a mãe e logo em seguida com o filho (a) adolescente, após a assinatura

do termo de consentimento livre e esclarecido para os pais (Apêndice D).

Para a coleta de dados foi utilizado um gravador, mediante a autorização dos

entrevistados, pois este método permite mais fidedignidade em relação e transcrição

dos dados.

3.4 Análise de dados

Os dados coletados foram transcritos a partir dos registros de informações

gravadas, para que fossem analisados com a maior precisão possível, e não

deixando de lado todos os detalhes. Para a análise de dados coletados, foi feito uso

da técnica de Análise de Conteúdo.

A Análise de Conteúdo são algumas técnicas de análise das comunicações,

procurando obter, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição

de conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que possibilitem

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deduzir conhecimentos em relação às condições de produção/recepção (variáveis

inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 1979 apud RICHARDSON, 1999).

Os objetivos da Análise de Conteúdo, conforme Kude (1997) são: ultrapassar

a incerteza, que consiste em analisar se contém realmente na mensagem o que se

julga ver nela, e assim compartilhar essa visão com outras pessoas, e o outro

objetivo é enriquecer a leitura através da descoberta de conteúdos e estruturas que

confirmam ou não o que se procura demonstrar ou pelo esclarecimento de

elementos de significações suscetíveis de conduzir a uma descrição de mecanismos

dos quais não tínhamos compreensão anteriormente.

A criação de categorias, segundo Franco (1994), é o ponto crucial da análise

de conteúdo, é um processo longo e desafiante. Implicam idas e vindas da teoria ao

material da análise, assim as categorias vão sendo lapidadas e enriquecidas para

dar origem à versão final.

De acordo com Richardson (1999), a análise das categorias organiza-se nas

seguintes fases:

Pré-análise: é a fase de organização que permite a eliminação, substituição e

introdução de novos elementos que contribuam para uma melhor explicação do

fenômeno estudado.

Análise do material: é a fase da análise propriamente dita que consistem na

codificação, categorização e quantificação da informação.

Tratamento dos resultados: depois de estabelecidas as características do

problema da pesquisa, formulados os documentos, o pesquisador já tem condições

de dar uma resposta bastante precisa às perguntas por que e o que analisar

(RICHARDSON, 1999).

Sendo assim, foi analisada primeiramente a fase da infância, de acordo com

as entrevistas tanto dos pais como dos filhos. E posteriormente foi analisada a fase

da adolescência, também, levando-se em conta todas as entrevistas. Foram

analisadas separadamente para que fosse possível fazer uma comparação entre o

passado, fase da infância, e entre o presente, fase da adolescência. Para então

investigar como ocorreu a comunicação frente às mudanças que ocorrem na

educação dos filhos na fase da adolescência.

Respeitando os princípios éticos de sigilo e anonimato, os pais e filhos

participantes foram referenciados com a abreviatura de seus nomes.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Diante dos objetivos propostos nesta pesquisa, pretende-se analisar e

debater a respeito da comunicação entre pais e filhos frente às mudanças na

educação dos filhos na fase da adolescência, de acordo com o ponto de vista tanto

dos pais como dos filhos que participaram desta, justificando de acordo com bases

teóricas sobre o assunto.

Para a escolha das categorias foram em primeiro lugar escolhidas as

categorias sobre Comunicação, pois é o principal foco de minha pesquisa, as

categorias sobre Regras com o objetivo de verificar como é estabelecida a

educação, as categorias a respeito da Interação Familiar/Convivência e Afetividade

para assim poder verificar qual a dinâmica das famílias e por último sobre

sexualidade, pois foi uma questão que apareceu fortemente nas respostas das

famílias, como uma dificuldade.

As entrevistas foram analisadas como está descrito acima, originando as

seguintes categorias:

4.1 Comunicação

4.1.1 Comunicação entre o pai e o (a) filho (a) na infância

4.1.2 Comunicação entre a mãe e o (a) filho (a) na infância

4.1.3 Comunicação estabelecida entre o casal para educar o (a) filho (a) na infância

4.1.4 Como o filho percebe a comunicação que teve com os pais na infância

4.1.5 Comunicação entre o pai e o (a) filho (a) na adolescência

4.1.6 Comunicação entre a mãe e o (a) filho (a) na adolescência

4.1.7 Comunicação estabelecida entre o casal para educar o (a) filho (a) na

adolescência

4.1.8 Como o filho percebe a comunicação que tem com os pais na adolescência

4.2 Regras na infância

4.3 Regras na adolescência

4.4 Interação Familiar/Convivência na infância

4.5 Interação Familiar/Convivência na adolescência

4.6 Afetividade na infância

4.7 Afetividade na adolescência

4.8 Sexualidade na infância

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4.9 Sexualidade na adolescência

4.1 Comunicação

A comunicação humana através da compreensão, põe idéias “em comum”.

Seu grande objetivo é o entendimento entre os homens. Para que exista

entendimento é necessário que se compreendam mutuamente indivíduos que se

comunicam (PENTEADO, 1997).

A comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver

uma incidência observável sobre o comportamento do receptor (deve-se distinguir

cuidadosamente recepção de compreensão) (VANOYE, 1996).

A mensagem é o objeto da comunicação, ainda afirma Vanoye (1996), é

construída pelo conteúdo das informações transmitidas. O canal de circulação é a

via de circulação das mensagens. A transmissão bem sucedida de uma mensagem

requer não só um canal físico, mas também um contato psicológico: pronunciar uma

frase com voz alta e inteligível não é suficiente para que um destinatário desatento a

receba.

4.1.1 Comunicação entre o pai e o (a) filho (a) na infância

O trabalho ocupa a maior fatia do tempo e da energia da maioria dos homens,

é o que vem acontecendo há décadas e percebe-se que este conceito permanece

na atualidade. Muitos pais utilizam esse fator como desculpa para não assumir o seu

papel e a maior responsabilidade da educação fica para as mães (MALDONADO,

2006).

Esse fator pode ser observado na Família A, durante o período da infância de

seu filho, na fala do pai: “(...) ele sempre pediu mais ajuda pra Z., mas eu a cho

que isso aí, acho que os filhos se relacionam melho r com a mãe né (...)” . Na

Família B também fica aparente este fato quando o pai é questionado a respeito de

quem o filho mais recorria quando criança: “(...) mais a mãe né, por estar mais em

casa” . Na Família C o pai apresenta o mesmo aspecto: “Ela recorria mais a mãe” .

Há homens que “ajudam”, mas são poucos os que de fato compartilham as

tarefas, muitos ainda acham que as funções domésticas são femininas. O aspecto

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de cuidador do homem ainda tem muito espaço para se desenvolver. A lacuna do

pai ausente acaba resultando na repetição da omissão quando eles se tornam pais,

passando para a geração seguinte, o velho preconceito de que “educar filhos é

tarefa de mãe” (MALDONADO, 2006).

É sempre atribuída ao pai a falha de que ele não se interesse pelos filhos.

Mas como pode uma pessoa com bons sentimentos não querer cuidar e envolver-se

com seus filhos? O fato é que muitos trazem o sentimento de incompetência,

inutilidade ou insegurança. Muitos homens cresceram vendo apenas o modelo de

mulheres cuidando dos filhos, para alguns, cuidar dos filhos ameaça sua imagem

masculina (BASSOFF, 1996).

Mas também há o fator da mãe deixar oportunidades para o pai assumir seu

papel na educação do filho, conforme o autor citado anteriormente, deixando que

eles tenham seu tempo sozinhos, sem que ela deixe uma lista de instruções sobre

como cuidar da criança. E os pais precisam manter esse tempo sozinho com os

filhos à medida que eles crescem.

Por outro lado, há também outra questão, conforme o mesmo autor, que

embora a mulher possa conscientemente desejar que o marido compartilhe com ela

o cuidar do filho, inconscientemente ela pode se sentir ameaçada pela participação

dele, não querendo perder seu “título” de super mãe.

4.1.2 Comunicação entre a mãe e o (a) filho (a) na infância

Analisando as respostas das três famílias quando perguntado a quem o filho

(a) recorria mais quando criança podemos perceber como havia maior facilidade de

comunicação entre mãe e filho (a), fato que permanece na adolescência, conforme

as seguintes falas:

Família A: “(...) em relação aos problemas ele recorria mesmo a mim. (...)

ele era muito falante, vinha contava tudo com detal hes (...) (...) da minha parte,

sempre procurava saber a opinião dele (...)” ; da família B: “Sempre é mais pra

mãe né” . E Família C: “Ela pedia ajuda pra mim sempre” .

A preferência materna é fato, há no geral, um vínculo amoroso e saudável

nos filhos em querer compartilhar com as mães seus questionamentos e

sentimentos mais íntimos. Mas é perceptível a sobrecarga que pode se estabelecer

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sobre a mãe da família, pois ela é mãe, esposa, dona de casa e trabalha fora ao

mesmo tempo e ainda carrega a responsabilidade de conversar sozinha com seu

filho. Mas também cabe só a ela em saber dividir estas tarefas com o pai da família

(PREDEBON, 2002).

4.1.3 Comunicação estabelecida entre o casal para e ducar o (a) filho (a) na

infância

Os limites básicos precisam ser discutidos entre os pais para chegarem a um

consenso de como vão agir em determinadas situações. Do contrário, a criança fica

exposta a mensagens contraditórias que a deixam confusa.

Nas três famílias pode-se perceber que há uma boa comunicação entre o

casal quando diz respeito a tomar alguma decisão em relação ao filho, através das

seguintes frases:

Família A: “A gente sempre conversou e chegou num acordo” (Pai). “(...) eu e o

M. sempre fazia em conjunto com ele (...)” (Mãe). Família B: “(...) a gente sempre

conversa antes né” (Pai). “Nós dois sempre conversávamos” . (Mãe). E Família

C: “Nunca teve necessidade de tomar alguma decisão, pa rar pra conversar”

(Pai). “A gente sempre conversa primeiro, eu e meu marido ( ...)” (Mãe).

As relações conjugais estáveis e satisfatórias facilitam a atuação dos papéis

paternos, pois relações seguras associam-se a condutas paternas seguras e

afetivamente boas entre pais e filhos. Ou seja, pais que mantêm um gratificante

relacionamento conjugal, têm maior facilidade em entrar num consenso em relação a

qual é a melhor maneira de educar seus filhos (CONGER; MUSSEN; KAGAN, 1990).

4.1.4 Como o filho percebe a comunicação que teve c om os pais na infância

A conversa da mãe com o filho, desde o nascimento exerce grande poder,

pois as crianças têm a crença de que suas mães de tudo sabem, e sempre dizem a

verdade. É a voz da mãe que tanto os meninos quanto as meninas demonstram

preferência acima de qualquer outra. Suas advertências, avaliações, suas

expressões através de atos aceitáveis ou não da criança que definem seus

autoconceitos. Estas palavras da mãe tanto podem incentivar como prejudicar a

autoconfiança de seu filho, dependendo da maneira e do conteúdo que lhe é

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transmitido. O que as mães escolhem dizer para seus filhos, tem muito a ver com

sua perspectiva particular otimista ou pessimista (BASSOFF, 1996).

Na Família A observa-se que no período da infância o filho recorria mais a

mãe, pois quando questionado a respeito, sua fala foi a seguinte: “A minha mãe” .

Já na Família B o filho disse: “Pedia ajuda para os dois, é, falava com eles” . Claro

que é diferente persistir na busca do equilíbrio entre as múltiplas funções, diz

Maldonado (2006), mas não é impossível; principalmente quando homens se tornam

verdadeiramente parceiros na função de promover e cuidar, como parece acontecer

na Família B. Já na Família C a filha disse não lembrar de como era a comunicação,

ou a quem ela mais recorria quando era criança.

4.1.5 Comunicação entre o pai e o (a) filho (a) na adolescência

Tido comportamento tem valor de mensagem, isto é, a comunicação. Por mais

que a pessoa se esforce é impossível não se comunicar. A atividade ou inatividade,

palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem, influenciam outros e estes

outros, por sua vez, não podem não responder a essas comunicações. A mera

ausência de falar ou de observar não constitui exceção do que foi acabado de se

citar (BEAVIN; JACKSON e WATZLAWICK, 1998).

Como podemos observar na fala do pai da Família C, onde ele acredita que

praticamente não há comunicação: “Conversamos muito pouco (...) (...) tenho

muita dificuldade pra isso (...)” . A comunicação não acontece apenas quando é

intencional, consciente ou bem sucedida, isto é, quando ocorre uma compreensão

mútua (BEAVIN; JACKSON e WATZLAWICK, 1998).

Família A: “(...) as poucas vezes que ele precisa de uma orien tação ou

alguma coisa, acho que daí é mais comigo (...)”. Mas se pensarmos na resposta

apresentada pela mãe na categoria seguinte, não é isto que podemos perceber, pois

esta afirma que o filho recorre apenas a ela quando sente necessidade.

Cerveny (2004), afirma que em muitas ocasiões ouvimos apenas aquilo que

queremos ouvir e não o que realmente está sendo dito, principalmente entre pai e

mãe a queixa dos filhos pode ser interpretada de diferentes maneiras. É o que

ocorre na Família A.

Família B: “Conversamos com ele, mais agora do que quando ele era

pequeno” . Nesta família, predominantemente, aparece à diferença dos pais se

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comunicarem mais com o filho na adolescência. Este é um fator que só irá beneficiar

a relação entre pais e filhos, mesmo que a comunicação não venha desde a

infância, nunca é tarde para começar. É importante empenhar-se em estabelecer

eficientes canais de comunicação, no começo os filhos podem resistir, mas se os

pais insistirem os filhos vão acabar os escutando, pois os jovens querem orientação,

pois estão no estágio mais confuso da vida e vão se sentir melhor sabendo que tem

alguém muito próximo em quem eles possam confiar (CARR-GREGG e SHALE,

2004).

4.1.6 Comunicação entre a mãe e o (a) filho (a) na adolescência

Os pais costumam sentir a autonomia dos filhos de modo duplo. Por um lado

ficam contentes de ver o filho crescer e desprender-se gradualmente. Por outro lado,

podem sentir a dor da separação, encarando o crescimento do filho como uma

perda. Talvez uma das maiores dificuldades de ser pai e mãe consista em deixar

que os filhos se afastem para que depois se aproximem outra vez, num vínculo mais

adulto. Alguns pais sentem-se “rejeitados” quando passam a ser menos solicitados:

ficam com medo de serem inúteis, de ficarem sozinhos ou de perderem a função de

pais. Se este sentimento for muito intenso, os pais estariam superprotegendo os

filhos, abafando sua autonomia (MALDONADO, 1994).

Criar os filhos implica saber encontrar o equilíbrio entre o estar disponível e o

tornar-se dispensável quando se faz necessário. É saber renunciar ao desejo de

impor seus desejos e estar presente quando os filhos não solicitaram. Os pais da

atualidade mostram-se perdidos entre suas boas intenções liberalizantes não

sabendo fazer uma diferenciação entre repressão e colocação de limites. Além de

serem leais, os pais precisam estar disponíveis. Pois com a repressão impede-se o

crescimento emocional, e com a demasia da liberdade os filhos podem ter a

sensação de abandono (OSÓRIO, 2002).

Na verdade, explicita Osório (2002), os adolescentes estão em busca da sua

autonomia, e não da dependência, embora muitos não tenham isso consciente. Pois

o ciclo natural é que sempre seremos dependentes emocionalmente de outros seres

humanos. O que eles querem é uma individualização em relação aos pais.

Analisando a resposta das mães das três famílias pode-se observar a

dificuldade que estas têm em deixar seus filhos ir a caminho de sua autonomia:

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Família B: “(...) se ele quer alguma coisa ele diz: mãe pergun ta pro pai... A gente

sempre conversa com ele, mais hoje em dia (...)” . Família C: “Hoje em dia

também é mais pra mim, ela vem conversa comigo” . E com ênfase na Família A:

“ (...) ele tem esse costume de telefonar, às vezes ele sa i vai pra cidade e ele

liga três, quatro vezes, até incomoda, mas aí eu nã o falo nada porque aí se eu

for recriminá-lo daqui a pouco ele não liga mais da í é pior e eu fico preocupada

(...) (...) em matéria de problema ele não se abre muito, é bem fechado (...)”

4.1.7 Comunicação estabelecida entre o casal para e ducar o (a) filho (a) na adolescência

Observa-se que não houve mudanças quanto à comunicação do casal, desde

que os filhos eram crianças até hoje o casal manteve uma boa comunicação a

respeito da educação dos filhos, os pais deixam transparecer a partir das falas a

seguir:

Família A: “A gente sempre conversa e chega num acordo, nunca

ninguém puxa, toma uma decisão pra si” (Pai). “A gente sempre conversa e

chega num acordo (...)” (Mãe). Família B: “Agora também né, é como quando

ele era criança” (Pai). “Nós dois decidimos (...)” (Mãe). Família C: “(...) se

precisa eu e minha mulher entramos num consenso” (Pai). “Hoje em dia

também, como era antes” (Mãe).

A interação conjugal na dinâmica familiar é de extrema importância, esta

interação, de acordo com Féres-Carneiro (1996), seria o processo de trocas

relacionais estabelecidas entre marido e mulher. A interação conjugal considerada

gratificante acontece quando as trocas existentes são construtivas e prazerosas. O

ponto positivo que se observa na fala dos casais em questão é o fato deles

chegarem sempre em um consenso na educação dos filhos, o que é muito

construtivo tanto para as figuras paterna e materna como as figuras de marido e

mulher.

4.1.8 Como o filho percebe a comunicação que tem co m os pais na adolescência

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Na adolescência os filhos mostram ainda a predominância na comunicação

estabelecida com a mãe. Família A: “Acho que hoje em dia... é também a minha

mãe” . Família C: “(...) eu sempre converso mais com a minha mãe, mas na hora

do almoço com os dois. Eles conversam comigo pra ve r o que eu quero (...)” .

Apenas o filho da Família B não dá esta ênfase em sua fala: “Eles conversam

comigo, mais agora” .

Devido a fatores psicológicos e culturais, vimos que não é fácil para os pais

terem uma paternidade devidamente compartilhada, eles ainda enfrentam

paradigmas que vão a encontro com seus valores. A divisão tradicional faz com que

a figura paterna provenha financeiramente e a figura materna provenha

emocionalmente. Mas nos dias de hoje, tanto o marido como a esposa trabalham

fora, e a paternidade compartilhada está se tornando algo inquestionável, sendo

uma solução prática para os casais modernos, fortalecendo laços entre pais e filhos

e entre marido e mulher, é um assunto que vale a pena estar sempre enfatizando

para um futuro próximo tornar-se algo implícito na relação familiar (BASSOFF,

1996).

A filha da família C diz que no momento das refeições conversa com ambos,

pai e mãe. O momento da refeição é uma boa oportunidade para a família

estabelecer um diálogo descontraído, é hora não apenas de sentar para comer, mas

é também uma ocasião para o alimento afetivo, onde cada um pode contar sua

rotina, sem finalidade de pesados acertos de contas, cobranças ou reclamações

(TIBA, 2005).

4.2 Regras na infância

Na família é necessário haver certa hierarquia, não de força, mas sim de

papéis. Pois pais e mães têm de saber dizer “não” com firmeza. Há decisões que

cabem só aos pais tomarem, mesmo correndo o risco de errarem. Os pais têm que

fazer cumprir uma ordem: estabelecer limites, distribuir e assumir responsabilidades

(GOLDESTEIN, 1995).

Há pais que apresentam dificuldades em colocar limites nos filhos porque tem

a idéia de que não devem frustrá-los. Mas precisam ter a consciência de que a

frustração faz parte da vida, não ocorre apenas por falha do processo de

desenvolvimento ou insuficiência dos pais. Muito pelo contrário, uma pessoa que

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nunca passou por uma frustração, provavelmente teve uma trajetória anormal, com

algum desvio de rota (ARATANGY, 1998).

Analisando as seguintes falas: Família A: “(...) era deixado meio a vontade,

porque a gente nunca precisou cobrar muito dele (.. .)” (Pai). “(...) ele sempre

sabia sair da situação, já por ver pela irmã mais v elha ele já sabia ter noção do

certo e do errado (...) (...) De castigo nunca foi nada muito pesado, a gente

chamava a atenção, mas ele já fazia aquela carinha de arrependido, se safava

bem (...)” (Mãe). “(...) não castigavam, só davam um sermão” (Filho). Família B:

“Brigava com ele assim, mas era difícil de ele faze r arte (...)” (Pai). “Castigo,

castigo a gente não dava, mais conversava e dizia q ue não podia fazer, mas

quase não precisava (...)” (Mãe). “Determinavam, os horários sim, pra não

dormir muito tarde por causa que tinha que levantar cedo pra ir pra escola né”

(Filho). Família C: “(...) aqui em casa nunca foi de ter muita discipli na, nada

muito rígido” (Pai). “(...) ela era uma menina que nunca foi de aprontar (...)”

(Mãe). “Eu acho que não fazia muita arte, mas se eu fazia acho que eles só

conversavam comigo” (Filha).

O pai tanto da Família A como da Família B, parecem acreditar que não era

necessário colocar muitos limites. Este fator pode prover de pais que acreditam que

seus filhos são ativos, controlam sua aprendizagem e adquirem conhecimentos

através da vivência. O ideal também é que discutam questões com seus filhos e lhe

façam muitas perguntas, estimulando-os assim a pensar e raciocinar. Já os pais que

pensam que seus filhos são basicamente aprendizes passivos, adquirem atitudes

que tem menos probabilidade de promover o desenvolvimento cognitivo (CONGER;

MUSSEN; KAGAN, 1990).

Como prática na educação dos filhos e técnicas disciplinares, de acordo com

os autores citados anteriormente, é relevante a inferência que os pais têm sobre o

comportamento e motivações da criança, bem como suas crenças, opiniões e

orientações sociais. Mas assim como na adolescência, na infância as crenças sobre

a educação dos filhos têm de ser flexíveis, mutáveis e adquiridas pela experiência

acumulada dos pais, das diferenças que são notadas entre irmãos, como fica claro

na Família A, através da fala da mãe.

Os conhecimentos em educação, ainda enfatizam os autores, também podem

vir dos conselhos recebidos de pais mais experientes sobre como eles podem lidar

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com novas situações e consultando especialistas quando a criança tem um

problema que eles não se sintam capazes de resolver.

Outra questão que os mesmos autores enfatizam é a punição. Ela pode ter

conseqüências negativas, gerando tamanha ansiedade na criança que ela pode não

aprender a lição, e ainda pode evitar seus pais, assim eles terão menos

possibilidades de ensinar e orientar seus filhos. Mas a punição não sendo severa

traz bons resultados reduzindo ou inibindo respostas indesejáveis, promovendo o

desenvolvimento do autocontrole e do comportamento apropriado socialmente.

Quanto mais curto o intervalo entre o comportamento indesejável e a punição,

seguindo ainda as idéias dos autores já citados, mais eficaz será esta punição. O

ideal é interromper um comportamento inaceitável antes de ele ocorrer. E o mais

importante é sempre explicar o porquê da punição, explicações curtas e em

vocabulários apropriados para compreensão é o mais adequado.

Nas falas, em específico, do filho da Família A, bem como, do pai, mãe e filho

da Família B, deixam transparecer como nunca houve uma punição severa da parte

dos pais na maioria dos casos.

Lembrar-se que limites não é necessariamente deixar o filho de castigo, é

fundamental. Pode-se perceber que é algo que as três famílias sabem diferenciar. O

limite é ensinar que as pessoas não podem nem são capazes de fazer tudo que

tenham vontade. Há regras para tudo, e as regras foram feitas e devem ser

cumpridas para proteger as próprias pessoas. Como ninguém nasce sabendo, é

dever dos pais ensinar quais são as regras para seus filhos, sem esperar que a

criança faça mais do que é capaz, mais do que entende, mais do que lhe é possível.

É preciso que ele ganhe experiência para que possam ser cobradas coisas próprias

dos adultos (GOLDESTEIN, 1995).

4.3 Regras na adolescência

O autodesenvolvimento depende intimamente de autodisciplina. Tomar

iniciativa de buscar oportunidades, assumir uma postura ativa no sentido de

aprimorar conhecimentos e habilidades. Embora algumas crianças desde pequenas,

apresentem como traços de personalidade a organização, a persistência, à

determinação e o esforço para o aperfeiçoamento, essas características podem ser

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desenvolvidas quando se exige disciplina, no contexto da família e da escola

(MALDONADO, 2006).

A autora supracitada ainda afirma, que o equilíbrio entre direitos e deveres, os

limites colocados com consistência, firmeza e serenidade favorecem a disciplina, o

primeiro passo para estimular o desenvolvimento da auto disciplina. Os adultos

tomam conta da criança com a esperança de que, aos poucos, ela aprenda a tomar

conta de si mesma.

Pela fala tanto dos pais como do filho da Família A, percebe-se que a

educação que os pais deram foi favorável para que o filho se auto desenvolvesse:

“Hoje também a gente deixa bem à vontade, eu falo i sso comparando assim

como era no meu tempo de criança (...). Eu não proí bo nada (...)” (Pai). “(...) ele

sabe do limite, porque a gente fala, não que a gent e impõe (...)” . (Mãe). “(...)

acho que é liberal porque não tem restrições, mas t ambém porque eu não

passo dos meus limites” (Filho).

A Família B também demonstrou essa característica através das seguintes

afirmações: “Às vezes liberal, às vezes mais rígido, mas ele e scuta bem (...)”

(Pai). “Meio termo, não precisa ser muito rígido com ele” (Mãe). “Eles são

liberais (...) (...), mas eu sei meus limites” (Filho). O mesmo aspecto aparece na

Família C, mas apenas na fala do Pai (I.): “(...) nunca teve que brigar. (...) pela

nossa atitude ela já assimila” . E na fala da filha (A.): “É liberal e autoritário ao

mesmo tempo” .

Saber seus limites implica conquistar a liberdade, o que depende do

desenvolvimento de competências do filho. Os pais querem primeiramente perceber

se o filho já está pronto para fazer uma escolha livre, se ele já é capaz de

reconhecer suas próprias necessidades, ter meios de identificar os vários caminhos

que podem atendê-las e saber prever as conseqüências de cada uma das opções

possíveis. É uma tarefa difícil, afinal ninguém tem uma previsão realista da

conseqüência de seus atos (ARATANGY, 1998).

Já a mãe da Família C releva outro aspecto quando questionada a respeito da

educação que estabeleceu com sua filha através da seguinte fala: “(...) uma falha

que eu reconheço é que ela é muito dependente (...) (...) não sei se eu deveria

ter cobrado mais ou deixado ela mais fora da barra da saia, a gente sempre

quer proteger” .

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A geração de pais que encontramos na atualidade, elegeu a culpabilidade

como sua principal conselheira. Sendo que a culpa não traz nenhum beneficio ao ser

humano. A responsabilidade sim que traz inúmeros benefícios, mas esta é diferente

de sentir-se culpado. Os pais assumirem responsabilidade pelos atos e intenções

diante dos filhos é diferente do que se sentirem culpados por tudo que lhes

aconteça. Na relação humana entre duas pessoas não há um culpado, cada um

deve assumir sua responsabilidade se houve algo na relação que não funcionou.

Ainda que estejam sujeitos a dependência dos pais os filhos possuem sua própria

identidade como qualquer ser humano, pode-se concluir que também possuem

vontade própria, então nada mais do que natural do que em certos momentos eles

fujam do controle dos pais (OSÓRIO, 2002).

4.4 Interação Familiar/Convivência na infância

Pode-se perceber como ocorria a interação e convivência familiar, nas

famílias entrevistadas quando os filhos estavam na fase da infância a partir das

seguintes afirmações:

Família A: “A gente ficava sempre junto” (Pai). “Sempre saíamos em

família, sempre (...)” (Mãe). “Sempre junto, com família e familiares” (Filho).

Família B: “Quando o P. era pequeno a gente ficava mais junto né” (Pai).

“Sempre combinávamos de fazer as coisas juntos” (Mãe). “A gente sempre

saía juntos (...)” (Filho). Família C: “Sempre, quase sempre passávamos os fins

de semana juntos” (Pai). “Quando ela era pequena ela sempre foi muito

grudada (...)” (Mãe). “A gente sempre saia juntos” (Filha).

Todas as famílias entrevistadas, sempre tiveram uma convivência muito

próxima, essa interação familiar promove a auto-estima, sendo uma característica

facilitadora para saúde emocional de todos os membros da família. Ao mesmo

tempo em que as identidades individuais são preservadas, dando possibilidade em

manifestar as diferenças e discordâncias, a identidade grupal está presente também,

o que possibilita uma integração e atividade conjunta do grupo, neste caso, da

família, isto ocasionará a manifestação de sentimentos positivos nos membros

pertencentes à família (FÉRES-CARNEIRO, 1996).

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A interação familiar explicita Ackerman (1986), traz a noção do que é a

realidade, fazendo com que o individuo procure dentro de sua experiência familiar

qualidades que condizem com seus objetivos pessoais. A convivência familiar vai

moldando o ser humano através de experiências especificas de aprendizagem, que

farão com que o individuo saiba lidar com as situações que estão por vir. Se

houverem condições favoráveis na relação, a harmonia familiar irá predominar.

4.5 Interação Familiar/Convivência na adolescência

A partir das falas das famílias é observável que houveram no geral algumas

mudanças no que se refere a interação familiar e convivência na adolescência:

Família A: “É hoje, aí já não vão junto, daí não querem, tem q ue negociar

né, daí um fim de semana não dá porque tem isso, en tão vamos no outro né”

(Pai). “(...) ele fica muito tempo ali jogando, conversand o com os amigos (no

computador) (...) (...) então a gente acaba ficando com pouco contato,

infelizmente. (...) não tá querendo sair muito com a gente, mas de vez em

quando ele ainda pede (...)” (Mãe). “Hoje em dia é mais cada um por si” (Filho).

Família B: “Olha, tem hora que a gente tá junto, mas tem hora que é

pouco, ele trabalha agora também” (Pai). “Agora também, a gente combina

junto o que vai fazer” (Mãe). “Hoje em dia a gente combina de sair junto”

(Filho).

Família C: “Praticamente a família tá sempre junto” (Pai). “Hoje a gente

também sai junto (...) (...) se a I. (irmã mais vel ha) tá em casa ela fica em casa

com a irmã” (Mãe). “A gente quase sempre passa os finais de semana jun tos.

Hoje em dia eu também vou um pouco na casa das minh as amigas, elas vem

um pouco aqui (...)” (Filha).

Na fala do pai da Família A, ele cita o termo negociar. A negociação ganha

uma força especial devido à autonomia comportamental do adolescente. É uma

manifestação saudável de sua individualização, o jovem está em busca de sua

identidade social, querendo assim, certa separação física e mental dos pais (TIBA,

2005).

A mãe da Família A mostra sua preocupação por seu filho ficar muito tempo

no computador, o que faz com que percam um pouco do contato. Nos estudos de

Tiba (2005) ele salienta que na geração anterior a de hoje, fechar-se no quarto era o

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castigo mais freqüente que se aplicava aos filhos, lá eles ficavam sem contato com

os amigos, com a família, para assim refletirem sozinhos sobre suas atitudes. Mas

hoje em dia fechar-se no quarto é ainda estar longe da família, mas conectado com

o resto do mundo, via internet principalmente.

Os adolescentes por outro lado, podem estar correndo risco na internet,

acessando sites não adequados, ou participando de sala de bate papos on line, não

muito confiáveis, uma solução seria ter o computador na sala de estar da casa, onde

todos pudessem ter acesso, assim os pais não precisariam ficar temerosos quando

seus filhos estão no computador, pois podem ficar por perto estando a par do que

eles estão fazendo, ou seja, dão uma liberdade supervisionada para o filho. Os pais

podem sempre estar pedindo para que o filho tenha cuidado e responsabilidade ao

acessar a internet, assim eles sentirão que os pais estão demonstrando como se

preocupam com ele, dando valor a interação familiar (CARR-GREGG e

SHALE,2004).

Apesar de algumas mudanças, as famílias continuam com uma convivência

harmoniosa. As mudanças que ocorreram provem da importância que os

adolescentes dão para os amigos nesta fase, por isso não ficam mais tão junto dos

pais como quando eram crianças. A amizade faz parte da busca de identidade que o

adolescente está passando, ele busca uma identificação com algum grupo de

amizade em específico. Os filhos das três famílias estão passando por este período

de identificação com os amigos, pode-se perceber em suas falas, pois apesar de

ainda gostarem de passar um tempo junto com suas famílias, hoje reservam um

tempo para seus amigos, algo que não ocorria na infância.

4.6 Afetividade na infância

O espaço familiar é o lugar fundamental para se aprender a lidar com as

emoções. A forma de passar este ensinamento para os filhos vai depender de como

os pais lidam com suas próprias emoções. Como ocorre em outros fatores, o

exemplo vale mais do que um ensinamento teórico. Se os pais sentem dificuldade

em se expressar, sendo por alguma dificuldade em ter consciência do que sentem

ou em controlar seus impulsos, podem aproveitar o momento em que estão

passando os valores para seus filhos e ir aprendendo também (ROSSET, 2003).

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A tarefa de ensinar e aprender é diária, ainda afirma a autora citada. Em um

primeiro momento os pais devem observar as expressões de emoções da criança,

seus olhares, sua maneira de agir e reagir frente às situações, pois entendendo e

reconhecendo bem seu filho será mais fácil ter caminhos para a intimidade e um

bom relacionamento de ensino e aprendizagem de vida.

Através das seguintes respostas das famílias, pode-se perceber como era a

afetividade no período da infância dos filhos:

Família A: “(...) a gente sempre teve um relacionamento afetiv o muito

forte, sempre a gente se beija” (Pai). “Em relação a carinho eu nunca fui de

esconder (...) (...) ele sempre foi muito carinhoso (...)” (Mãe). “No dia a dia eles

demonstravam carinho” (Filho). Família B: “Mais na fala” (Pai). “Conversando,

abraçando” (Mãe). “Mais pela fala” (Filho). Família C: “Mais por palavras do que

com gestos” (Pai). “Eu acho que pelo carinho, presente a gente nunca f oi de

dar muito (...)” (Mãe). “(...) o meu pai e minha mãe com palavras também, m as

ela vinha abraçava e beijava” (Filha).

A necessidade da criança é do amor que ensina. Pois o ensinar precisa ser

feito com amor, os pais sentem-se gratificados quando percebem o que

conseguiram passar para seus filhos. Este amor é um investimento afetivo e material

para a educação e realização dos filhos. Quando os pais fazem alguma proibição,

precisam mostrar quais as causas, pois tendo clareza do perigo a criança trilhará por

caminhos alternativos, permitidos. Os pais têm o dever de ensinar o básico, para

que depois a criança aprenda sozinha. Através de estímulos, agrados e reforços que

a criança começa a aprender o que é bom para ela (TIBA, 2005).

Crianças que se sentem amadas, segundo os autores Nolte e Harris (2003),

têm maior facilidade em prosseguir na vida, indo atrás de seus objetivos e criando

laços afetivos com outras pessoas. E o mais importante, aprendem a gostar de si

mesmas. Se desenvolvendo tendo a consciência de que merecem ser amadas,

estarão preparadas para dar e receber carinho e manter relacionamentos afetivos

mais estáveis.

4.7 Afetividade na adolescência

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O apego entre pais e filhos, continua existindo, principalmente se os pais são

carinhosos. Mesmo os filhos indo cada vez mais cedo para as escolinhas, creches,

os filhos levam consigo o grande valor dado à família, embora os pais geralmente

tiverem a idéia de que seus filhos dão mais valor para os amigos. Os adolescentes

precisam dos pais e dos amigos, mas de diferentes maneiras, um não elimina nem é

melhor que o outro cada um preenche a devida necessidade que o adolescente

apresenta (TIBA, 2005). Nas famílias entrevistadas existe o apego entre pais e filhos da seguinte

forma:

Família A: “Eu faço questão que meu filho me beije (...) (...) ele chega e

me beija tanto faz se eu tô aqui ou na frente dos a migos dele (...)” (Pai). “(...)

hoje em dia (...) ele é mais seco (...)” (Mãe). “(...) Considero legal a relação”

(Filho). Família B: “Mais no falar também” (Pai). “Conversando, abraçando”

(Mãe). “Eles falam mais, e mais pela amizade também” (Filho). Família C: “Mais

com palavras, aqui em casa a gente tem muita brinca deira, mas nunca de ficar

demonstrando através de alguma coisa, tipo presente s” (Pai). “Pela conversa e

demonstrando carinho também” (Mãe). “Da mesma forma de quando eu era

pequena” (Filha).

A afeição na dinâmica familiar, segundo Féres-Carneiro (1996), pode ser

manifestada através de um comportamento não-verbal, manifesto pelos pais e filhos,

através de contatos físicos amorosos, expressando o carinho que tem uns pelos

outros. Em cada família aparece este aspecto na fala de pelo menos um de seus

membros. Em uma dinâmica familiar saudável, a afeição física está presente, sendo

manifestada e recebida espontaneamente, iniciando pelo casal enquanto pais e

enquanto marido e mulher.

Para o autor Humphreys (2000), família saudável é aquela que mantêm um

relacionamento empático, este é um relacionamento onde os pais não impõem seus

pontos de vistas, e sim são sensíveis às necessidades de cada um, mostrando

interesse pelos pensamentos dos filhos. O relacionamento vem antes dos

problemas, não quer dizer que os pais não possam ser firmes, pois isto não seria

amor. Os membros da família não podem fugir de suas responsabilidades, quando a

confrontação e a firmeza são necessárias, são feitas dentro do relacionamento

amoroso, sem haver acusações ou ridicularizações. È um relacionamento onde as

falhas e os erros são tidos como oportunidades para um aprendizado posterior.

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Segundo o relato das famílias, pode-se perceber que elas mantêm um

relacionamento afetivo saudável, sendo que todos os pais dão grande valor à

demonstração de carinho.

4.8 Sexualidade na infância

Uma preocupação dos pais, de acordo com Predebon (2002), é que os filhos

estão aprendendo mais do que deveriam. Acham que quanto mais aberta estiver a

comunicação referente à sexualidade, seus filhos irão cada vez mais ter interesse

pelo sexo, mas na verdade os pais se deparam com suas dificuldades em lidar com

seus próprios sentimentos. A família ainda encontra dificuldades em discutir o

assunto, mesmo sendo ela a base que proporciona suporte emocional, e onde mais

deveria se estabelecer um ambiente de trocas.

Seguindo a idéia do autor já citado, são os pais, que frente às inúmeras

informações que a sociedade joga em cima dos adolescentes, tem que estar

preparados para solucionar as dúvidas e inquietações cada vez mais cedo, frente a

uma comunicação aberta, pois assim há maiores possibilidades de serem

estabelecidos limites realistas e de o jovem se sentir a vontade de expressar e

compartilhar com os pais este novo momento de sua vida.

Analisando as entrevistas das três famílias observa-se que os pais nunca

tomaram a iniciativa de estabelecer um diálogo desde cedo, sobre sexualidade,

sendo assim, seus filhos ficaram inibidos em iniciar um diálogo sobre o assunto,

conforme os seguintes relatos:

Família A: “Nunca teve pergunta sem resposta (...) (...) se el es viessem

perguntar a gente explicava (...)” (Pai). “Ele não perguntava” (Mãe). “Não, eles

não vem e chamam pra parar e conversar sobre isso” (Filho).

Família B: “Ele não perguntou nada” (Pai). “Nunca perguntou nada”

(Mãe). “A gente não conversava” (Filho).

Família C: “Ela nunca questionou nada. Nunca paramos pra conve rsar

especificamente sobre isso” (Pai). “Ela nunca questionou nada” (Mãe). “Não

lembro” (Filho).

4.9 Sexualidade na adolescência

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Na adolescência o tema sexualidade também é delicado e mobilizante, tanto

para os adolescentes como para seus pais. Nessa fase muda toda a estrutura

anatômica do adolescente acontecendo uma nova descoberta do corpo, surgindo

muitas dúvidas. Uma necessidade é que os pais tenham seus conceitos e

preconceitos revistos e resolvidos, podem inclusive rompê-los para que não passem

idéias distorcidas e errôneas para seus filhos. A educação sexual deve ser passada

de maneira imparcial, não moralista, não religiosa, e sim explorada em cima da

realidade (GAUDERER, 1998).

Alguns assuntos, segundo Aratangy (1998), são realmente perturbadores,

nesse caso ao invés de fingir que não há constrangimento é preferível falar da

perturbação, assim é provável que se o outro também estiver constrangido, os dois

se sentirão melhor se puderem partilhar esse sentimento, em vez de tentar escondê-

lo.

Como já apareceu na fase da infância, observa-se que na adolescência

permanece a dificuldade nas três famílias, em estabelecer um diálogo à respeito da

sexualidade, como pode ser identificado nas seguintes respostas:

Família A: “Hoje também, deixa acontecer com naturalidade” (Pai). “(...)

poderíamos até falar mais (...)” (Mãe). “Não, eles não vem e chamam pra parar

e conversar sobre isso” (Filho). Família B: “Conversamos com ele” (Pai). “Não

ele não conta nada dessas coisas” (Mãe). “Eles conversam comigo” (Filho).

Família C: “Conversamos muito pouco (...)” (Pai). “Nunca paramos pra

conversar especificamente sobre isso” (Mãe). “Eu converso mais com minhas

amigas sobre isso, eles nunca pararam pra conversar sobre isso comigo”

(Filha).

Em várias pesquisas realizadas foi contatado o embaraçamento que os filhos

apresentam em conversar sobre sexualidade com seus pais pelo temor de serem

ridicularizados, então preferem ter essa conversa com seus amigos, pois se sentem

mais seguros (PREDEBON, 2002). Este é um fator que se vê com clareza na fala da

filha da Família C.

4.10 Análise Geral das Categorias

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Depois de ter analisado cada categoria observa-se as mudanças que

ocorreram na comunicação entre pais e filhos, frente às mudanças que ocorrem na

educação dos filhos na fase da adolescência, segundo o relato tanto dos pais quanto

dos filhos obtido nas entrevistas. Mas também pode-se perceber que não foram em

todas as categorias que houveram mudanças significativas.

As mudanças que ocorrem no relacionamento entre pais e filhos na

adolescência, de acordo com Carter e McGoldrick (1995), envolvem as mudanças

na maturidade física dos filhos, juntamente com as mudanças que ocorrem com os

pais por estarem entrando na meia-idade. Geralmente depois de superadas estas

confusões e perturbações geradas tanto nos pais quanto nos filhos, as famílias

reogarnizam-se para que o adolescente caminhe rumo a sua autonomia.

Foi feito uma comparação entre as categorias, analisando primeiro a fase da

infância do filho e posteriormente a fase da adolescência, sempre levando em conta

as respostas dos pais e dos filhos.

A primeira categoria fala a respeito da comunicação, sendo sua primeira

subcategoria a comunicação entre pai e filho (a). Na visão dos pais há uma

mudança nas famílias A e B, pois durante a infância dos filhos, estes recorriam

apenas a mãe, já na adolescência o pai da família A diz que agora o filho recorre

mais a ele, e o pai da família B diz que eles conversam mais agora. Já na família C o

pai relata ainda não ter conseguido manter uma boa comunicação com sua filha, o

que pode indicar que esta família pode estar envolvida a questão de gênero, pois o

pai pode apresentar mais dificuldade em se comunicar com sua filha, por ela ser

mulher.

Na segunda subcategoria onde foi analisada a comunicação entre a mãe e

filho (a), observou-se não haver qualquer mudança significativa, pois na fala das

mães das três famílias fica claro que de acordo com seu ponto de vista, os filhos

tanto na infância como agora na adolescência recorrem preferencialmente a elas.

A terceira subcategoria diz a respeito da comunicação estabelecida entre o

casal para educar o (a) filho (a), esta é outra categoria onde não houve mudança,

pois os pais salientam que tanto na infância quanto na adolescência quando preciso,

eles sempre conversam e chegam num consenso conjuntamente. Este é um ponto

muito positivo encontrado em todas as três famílias.

Na quarta subcategoria onde foi observado como o filho percebe a

comunicação que tinha na infância e que tem atualmente com os pais, os filhos das

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famílias A e C afirmam que sempre tiveram uma melhor comunicação com a mãe, já

o filho da família B diz conversar com ambos, pai e mãe, tanto quando era criança

como agora.

Conforme Maldonado (1994), não há nenhum tipo de comunicação que seja

infalível ou indiscutivelmente adequada para todas as ocasiões. Mas existem

maneiras de comunicação que são facilitadoras para resolução de problemas e

impasses, fazendo com que ao passar pelas dificuldades saiba-se lidar com as

situações posteriormente de um modo construtivo.

A próxima categoria é sobre regras/liderança, onde se pode concluir que as

três famílias têm em comum a característica de não serem muito rígidos quanto às

regras, os pais não achavam necessário submeter a criança a um castigo severo, e

esta educação que deram fez com que na adolescência seus filhos soubessem

diferenciar sozinhos o que é certo do que é errado, sabendo dos seus limites a partir

das atitudes dos pais.

O único diferencial que aparece é na fala da mãe da família C, onde ela diz

que acha que deveria ter cobrado mais da filha quando ela era criança para ela se

tornar mais independente na adolescência. Mas no geral os pais mostraram ter

autoridade e não serem autoritários.

Nesta categoria uma variável pode ser em relação ao número de filhos que o

casal possui, e qual a geração do filho entrevistado, sendo que nas famílias A e C os

adolescentes entrevistados tinham irmãos mais velhos, podendo estes a partir da

observação dos irmãos também terem assimilado quais eram seus limites, assim os

pais não precisaram estar enfatizando severamente quais os limites que os filhos

devem atingir.

Há uma grande diferença entre pais autoritários e pais com autoridade.

Zagury (2005) enfatiza que pais autoritários são aqueles que levam em conta

apenas seu ponto de vista, considerando que são os únicos com a razão, não

cedem, dominam e tentam moldar seus filhos. Já os pais que tem autoridade são

aqueles que ouvem, são rígidos quando precisam, mas por prezar o bem-estar do

filho, ou seja, eles impõem respeito com cautela e são flexíveis.

Referente à categoria interação familiar/convivência ocorreram mudanças

entre a fase da infância e da adolescência dos filhos, sendo que segundo a fala

tanto dos pais quanto dos filhos, na infância os filhos passavam mais tempo com a

família, sempre saindo juntos e passando datas comemorativas também juntos.

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Agora na adolescência, não é sempre que os filhos passam os fins de

semana e saem juntos com os pais, sendo que nesta fase os filhos têm os amigos

como companhia, apesar de que na fala dos filhos das três famílias eles ainda

demonstram gostar de estar em família em certos momentos.

Humphreys (2000) afirma que na interação e convivência familiar é

fundamental que as relações sejam autênticas e verdadeiras. Todos os integrantes

da família necessitam de reconhecimento e aprovação. Pois, segundo Rosset

(2003), é dentro da família que a pessoa define seus padrões básicos de

funcionamento, o que utilizará em todas as situações que terá de enfrentar mundo

afora. A interação positiva está relacionada ao fator afetividade, pois quanto melhor

a afetividade, melhor a convivência familiar, sendo mais fácil de enfrentar as

dificuldades encontradas.

A categoria seguinte é afetividade, observa-se que o pai da Família A tem

orgulho em dizer que ainda hoje ele e o filho se beijam mesmo na frente dos amigos

do filho e que este não fica constrangido, já a mãe diz que hoje em dia, o filho é mais

seco com ela, e na infância ele era mais carinhoso. O filho deixa transparecer que

acha boa a relação atualmente, como era na sua infância.

Na família B não houveram mudanças significativas da fase da infância para a

adolescência, os pais parecem ser carinhosos com o filho através da fala, da

comunicação, apesar de não falarem muito a respeito, e o filho percebe tal situação

da mesma forma. Já na família C tanto na infância quanto na adolescência da filha o

pai parece ter um pouco de dificuldade na demonstração de afeto, ele diz que sua

demonstração é mais através de palavras do que de gestos, já a mãe não apresenta

esta dificuldade, é o que se pode perceber através da fala tanto da mãe quanto da

filha.

O amor dos pais pelos filhos precisa suportar uma série de dolorosas

transformações. A principal responsabilidade dos pais tanto na infância quanto na

adolescência dos filhos é fazer com que eles se sintam seguros e amados, mesmo

que eles estejam agindo de forma que não satisfaçam os pais. Pois o amor dos pais

é que produz inicialmente o equilíbrio psicológico da vida dos filhos (NOLTE e

HARRIS, 2005).

A última categoria se refere à sexualidade, foi um tema que chamou a

atenção pela dificuldade que todas as famílias apresentaram em abordá-lo com seus

filhos, é algo que pode afetar diretamente na qualidade da comunicação. Nesta

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categoria nas famílias A e C aparece o fato dos pais nunca terem iniciado um

diálogo a respeito do tema, eles sempre ficaram esperando que os questionamentos

viessem primeiramente dos filhos, o que não ocorreu, e esta dificuldade permanece

na adolescência, sendo que a filha da família C diz conversar com as amigas sobre

sexualidade e não com os pais. É um assunto que ainda paralisa os pais e deixam

os filhos embaraçados em indagar sobre ele.

Apenas na família B houve mudanças da fase da infância para a

adolescência, pois na infância não era falado sobre o assunto, já na adolescência o

pai diz que conversa a respeito com o filho e este confirma dizendo que seus pais

conversam com ele sobre sexualidade, embora a mãe saliente que ele não conta

muito sobre este assunto para ela.

Conforme Carr-Gregg e Shale (2004), os jovens estão muito mais curiosos a

respeito da sexualidade do que há cinco ou dez anos. Passam por uma fase

estressante, sofrendo pressão por parte dos amigos, sendo que a compreensão e

sensibilidade dos pais podem ajudar inquestionavelmente. O mais adequado seria

os pais já começarem a conversar sobre o assunto antes mesmo da puberdade, não

fazendo desta conversa um grande acontecimento e estarem preparados para

responder e não somente fazer perguntas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em busca de investigar como ocorre a comunicação e quais as mudanças na

educação dos filhos adolescentes, de acordo com a percepção tanto dos pais

quanto dos filhos, verificou-se que em todas as famílias houve algum tipo de

mudança, embora nenhuma mudança muito significativa.

Na família A houveram mudanças na categoria da comunicação, interação

familiar/convivência e afetividade. Na família B as mudanças ocorreram nas

seguintes categorias: comunicação, interação familiar/convivência e sexualidade.

Mas a família C foi a que menos apresentou mudanças, se comparada com as

demais famílias entrevistadas, uma vez que a única categoria onde apareceu algum

tipo de mudança foi a respeito da interação familiar/convivência.

As três famílias apresentaram muitas características em comum, quanto à

educação e quanto ao comportamento dos filhos. Todos os pais relataram nunca

terem precisado aplicar um castigo severo ou falar com muita rigidez, bem como,

nunca utilizaram da violência como recurso, o que evidencia fatores muito positivos

para educação de seus filhos. Mas devem ser levadas em conta as variáveis da

geração que os filhos entrevistados são, sendo que na Família A e C os filhos

podem ter como exemplo seus irmãos mais velhos.

Outro fator comum analisado, segundo o relato dos pais, é a questão de seus

filhos serem muito calmos, tranqüilos quando crianças e permanecendo esta

característica na adolescência. Estes se tornaram adolescentes muito responsáveis,

não ultrapassando seus limites, podendo isto indicar o resultado de uma boa

educação também.

Os pais e filhos (as) no geral mantêm uma boa comunicação, com exceção do

pai da família C, o qual diz ter muita dificuldade em manter um diálogo com sua filha,

a dificuldade do pai pode envolver a questão de ser uma filha mulher. Mas por outro

lado, todas as famílias deixam a desejar na questão referente à sexualidade, pois

mostraram grande dificuldade em iniciar um diálogo e uma orientação sexual para os

filhos desde a infância, sendo que a família B foi a única onde pais e filhos

conversam a respeito desse tema. Este fator pode gerar uma deficiência na

comunicação estabelecida entre pais e filhos.

Os pais e mães das três famílias se mostram muito flexíveis na educação dos

filhos adolescentes. E também se pode destacar mais um fator em comum, que é o

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da preferência materna dos filhos frente a manter um diálogo ou a procura por parte

deles, pela mãe quando necessário. Podemos observar que esta preferência ocorre

em muitas famílias hoje em dia, pelo fator das mães muitas vezes se mostrarem

mais pacientes e compreensivas quando escutam e auxiliam seus filhos.

Estas características muito semelhantes no que se referem a comunicação,

educação e comportamento dos filhos, podem ter ocorrido devido ao fator dos filhos

adolescentes entrevistados terem idades muito próximas, dos pais terem uma visão

muito parecida de como educar os filhos. E estas características dos filhos podem

ser conseqüências das características de comportamento dos próprios pais.

Apesar dos pais da família B, apresentar um nível de escolaridade mais baixo

em comparação com os demais pais, como se pode observar no quadro onde estão

os dados de identificação das três famílias, esta variável não influenciou nas

respostas dadas por eles. Um fator interessante que apareceu foi do pai da família

C, subentende-se que por ele ser uma pessoa que possuí um maior nível de estudos

teria mais claro a importância de ter uma boa comunicação com sua filha, o que não

acontece. Já a família B apresenta uma das melhores comunicações entre as

famílias. Pode-se observar que o nível sócio-econômico não determina se o filho

terá um melhor relacionamento com seus pais ou não.

Sendo assim pode-se perceber que a comunicação é um fator crucial para o

bom relacionamento familiar na atualidade, onde todos podem sentir-se à vontade

em expressar seus sentimentos, uma vez que os pais de hoje não são tão

repressores como eram na geração anterior. O pai e a mãe das três famílias

mostram estar sempre interessados em ouvir o que seus filhos têm a dizer. A

comunicação faz parte de todas as categorias presentes, apesar de ter sido

destacada em uma categoria em especifico. Mas tanto nas regras, como na

interação, afetividade e sexualidade, todas envolvem a comunicação direta ou

indiretamente.

A adolescência é uma fase de questionamentos, é uma época em que no

geral os filhos estão mais introspectivos, pois estão se descobrindo. Os pais devem

respeitar os limites do adolescente, mas não deixar que eles se fechem para si

mesmos apenas, devem incentivar um diálogo entre ambos. Uma questão

importante na adolescência é não focar apenas as dificuldades que ocorrem, e sim

dar valor principalmente aos aspectos positivos.

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Considera-se interessante que em pesquisas posteriores se realizem

entrevistas com filhos com idade entre 17 e 18 anos, pois os adolescentes nesta

idade já estão se preparando para iniciar em breve a fase adulta.

Sugere-se ainda uma pesquisa que investigue a comunicação entre pais e

filhos frente à sexualidade, analisando as mudanças que podem ocorrer entre filhas

e filhos, pois a questão de gênero é um diferencial importante a se verificar. Outra

pesquisa relevante seria a respeito de como se da à comunicação entre pai e filho e

entre mãe e filho, sendo os pais divorciados, verificar assim se há mudança de como

era a comunicação quando os pais eram casados e como se dá a comunicação

atualmente.

Vale também salientar, que seria válido uma pesquisa referente à

comunicação entre pais e filhos, sendo os filhos adotivos, comparando assim desde

a fase da infância até a adolescência.

Ser pai e mãe de adolescentes não é uma tarefa fácil, mas não se pode

esquecer que ser filho também tem suas dificuldades. É compromisso de ambos

chegarem a um equilíbrio para que haja um bom relacionamento, que é o que toda

família busca.

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7 APÊNDICES

7.1 Apêndice A – Ficha de Identificação

Família _______

1) Nomes

Pai: ____________________________________ IC:

Mãe: ___________________________________ IC:

Filho: ___________________________________ IC:

2) Profissão e Escolaridade

Pai: ____________________________________________________

Mãe: ___________________________________________________

Filho: ___________________________________________________

3) Outros filhos: _______________; Idades: _____________

4) Tempo de casamento :_________

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7.2 APÊNDICE B –

Entrevista para os pais:

1a Parte –

1) Quando seu filho passava por uma situação difícil na infância, de que forma

ele pedia ajuda e para quem pedia?

2) Como eram determinados os horários para estudar, dormir, tomar banho,

brincar ou para as refeições?

3) Quem costumava ajudar seu filho com os deveres escolares? Quem

participava das reuniões escolares, das datas comemorativas na escola?

4) Como vocês costumavam decidir o que fazer nos finais de semana?

5) Quem participava das festas comemorativas? (aniversários, Natal, Páscoa).

6) Seu filho tinha o hábito de levar seus amiguinhos para casa? Como vocês

reagiam?

7) Descreva como era para vocês o momento das refeições. Havia algum

diálogo neste momento entre vocês?

8) Diante de uma situação que envolve tomada de decisão, com relação ao seu

filho, como resolviam?

9) Quando seu filho tinha alguma atitude que você não aceitava (“fazer arte”,

“aprontar”) ou algum problema, de que forma era resolvido?

10) Quando criança seu filho fez alguma pergunta sobre sexo e sexualidade?

Como vocês reagiram?

11) De que forma vocês demonstram carinho pelo seu filho?

2a Parte –

1) Agora seu filho é adolescente, quando ele tem algum problema, a quem pede

ajuda? E como o faz?

2) Hoje em dia, existem as regras de determinar os horários para estudar,

dormir, tomar banho ou para as refeições?

3) Como hoje ficam resolvidas todas as atividades que envolvam a escola?

(reuniões, deveres, datas comemorativas).

4) Explique como vocês decidem hoje em dia o que será feito em um final de

semana em família?

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5) Hoje, quem participa das festas comemorativas?

6) Seu filho tem o hábito de levar para casa seus amigos? Como vocês lidam

com isso?

7) Atualmente existe o momento das refeições em família?

8) Diante de uma situação que envolve tomada de decisão, com relação aos

seus filhos adolescentes, como resolvem?

9) Vocês tem uma conversa aberta com seu filho quando o assunto envolve

drogas, bebidas alcoólicas ou cigarros? Seu filho lhe faz perguntas sobre o

assunto?

10) Seu filho faz questionamentos sobre assuntos relacionados a sexo e

sexualidade? Como vocês costumam lidar com o assunto?

11) Atualmente de que forma vocês demonstram carinho pelo seu filho?

12) Vocês acreditam dar muita liberdade na educação de seus filhos? Explique

como acontece.

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7.3 APÊNDICE C –

Entrevista para os filhos:

1a Parte –

1) Quando você passava por uma situação difícil na sua infância, de que forma

você pedia ajuda e para quem pedia?

2) Como eram determinados os horários para estudar, dormir, tomar banho,

brincar ou para as refeições?

3) Quem costumava te ajudar com os deveres escolares? (reuniões, datas

comemorativas).

4) Como vocês costumavam decidir o que fazer nos fins de semana?

5) Quem participava das festas comemorativas? (aniversários, Natal, Páscoa).

6) Você tinha o hábito de levar em casa seus amiguinhos? Como seus pais

reagiam?

7) Para você como era o momento das refeições? Havia diálogo?

8) Diante de uma situação que envolve tomada de decisão, com relação a você,

como seus pais resolviam?

9) Quando você tinha alguma atitude que seus pais não aceitavam (“fazer arte”,

“aprontar”), de que forma eles resolviam?

10) Quando você era criança fez alguma pergunta aos seus pais sobre sexo e

sexualidade? Como eles reagiram?

11) De que forma seus pais demonstravam carinho por você?

2a Parte –

1) Hoje em dia, a quem você pede ajuda quando passa por alguma situação

difícil? E como o faz?

2) Atualmente, são determinados os horários para estudar, dormir, tomar banho

ou para as refeições?

3) Como hoje são resolvidas todas as atividades que envolvam a escola?

(reuniões, datas comemorativas, deveres).

4) Explique como vocês decidem hoje em dia o que será feito em um final de

semana em família?

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5) Hoje em dia, quem participa das festas comemorativas? (aniversários, Natal,

Páscoa).

6) Você tem o hábito de levar para casa seus amigos? E como seus pais

reagem?

7) Hoje em dia existe o momento das refeições em família?

8) Diante de uma situação que envolve tomada de decisão, com relação a você,

como seus pais resolvem?

9) Você conversa com seus pais sobre drogas, bebidas alcoólicas ou cigarros?

Como eles encaram esse assunto?

10) Você faz questionamentos à seus pais sobre assuntos relacionados a sexo e

sexualidade? Como eles costumam lidar com esse assunto?

11) Hoje em dia, de que forma seus pais demonstram carinho por você?

12) Você acha que seus pais educam você com liberdade? Explique como ela

acontece.

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7.4 APÊNDICE D –

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS PAIS

APRESENTAÇÃO

Gostaria de convidá-los a participar de uma pesquisa cujo objetivo é analisar a importância da

comunicação entre pais e filhos frente às mudanças que ocorrem na educação dos filhos na fase da

adolescência , de acordo com o ponto de vista tanto dos pais como dos filhos. Esta pesquisa será

realizada na casa de cada família participante em data e horário a ser combinados com os membros

da família que se disponibilizem a realização da pesquisa.

Sua tarefa consistirá na participação de uma entrevista estruturada, para analisar através dos

relatos verbais e não verbais que serão gravados, as mudanças na educação dos filhos e a

comunicação na fase da adolescência. A entrevista será realizada com o casal separadamente do

filho adolescente.

Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido o seu anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade acadêmica podendo

vir a ser publicado em revistas especializadas, porém, como explicitado no item (a) seus dados

pessoais serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas, o que importa é a sua opinião;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo interromper sua

participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado, bastando, para tanto, comunicar aos

pesquisadores;

e) sua participação é voluntária, portanto você não terá direito a remuneração;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata, ainda que tenha

intenção de investigar as estratégias educativas utilizadas pelos pais com seus filhos adolescentes no

processo de comunicação estabelecido entre eles;

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético, você poderá

contatar com a professora Márcia Aparecida Miranda de Oliveira, responsável pela mesma, através

da coordenação do curso de psicologia pelo telefone: (0xx47) 3341-7935. Caso aceite participar, por

favor, preencha os dados a seguir.

IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO

Eu __________________________________

_____________________________________

declaro estar ciente dos propósitos da pesquisa e da maneira como será realizada e no que consiste

minha participação. Diante dessas informações aceito participar da pesquisa.

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Data de nascimento:___________________

Sendo assim, autorizo meu filho, _____________________________________

a participar desta pesquisa.

Assinatura:____________________________

Pesquisadora: Aline Cardozo

E-mail: [email protected]

Telefone: (047) 3363-1188

Assinatura: ___________________________

Pesquisadora responsável: Prof.a Márcia Aparecida Miranda de Oliveira

E-mail: [email protected]

Telefone: (047) 3341-7935

Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS

R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 202.

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