UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena · Trabalho de conclusão de curso -...
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INAÊ FERNANDES LEANDRO
ESTUDO DAS ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PARA A RECICLAGEM DE
POLÍMEROS DE DENSIDADES VARIADAS E CONCEITO DE
EMPREENDEDORISMO SOCIAL NAS INDÚSTRIAS DE RECICLAGEM
Lorena
2014
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena
INAÊ FERNANDES LEANDRO
ESTUDO DAS ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PARA A RECICLAGEM DE
POLÍMEROS DE DENSIDADES VARIADAS E CONCEITO DE
EMPREENDEDORISMO SOCIAL NAS INDÚSTRIAS DE RECICLAGEM
Monografia apresentada como requisito parcial para a
conclusão de Graduação do Curso de Engenharia
Química na Escola de Engenharia de Lorena EEL-USP.
Orientador: Professor Francisco José Moreira Chaves
Lorena
2014
INAÊ FERNANDES LEANDRO
ESTUDO DAS ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PARA A RECICLAGEM DE
POLÍMEROS DE DENSIDADES VARIADAS E CONCEITO DE
EMPREENDEDORISMO SOCIAL NAS INDÚSTRIAS DE RECICLAGEM
Monografia apresentada como requisito parcial para a
conclusão de Graduação do Curso de Engenharia
Química na Escola de Engenharia de Lorena EEL-USP.
Orientador: Professor Francisco José Moreira Chaves
Aprovado em __/__/__
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Professora Elisangela de Jesus Candido Moraes
____________________________________
Professor Dr. Domingos Sávio Giordani
Leandro, Inaê Fernandes
Estudo das alternativas tecnológicas para a reciclagem de polímeros de densidades variadas e o
conceito de empreendedorismo social dentro de usinas de reciclagem.
Engenharia de Lorena - USP/ Inaê Fernandes Leandro; orientador Francisco José Moreira Chaves—
Lorena, 2014.
45f.
Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão de Graduação do Curso de
Engenharia l Química. Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo.
1. Reciclagem. 2. Processamento de Polímeros. 3.Negócios Sociais. 4. Legislação Ambiental.
I.Chaves, Francisco José Moreira. II. Escola de Engenharia de Lorena
AGRADECIMENTOS
A Deus, por guiar os meus passos nesta etapa da minha vida.
Ao orientador Francisco José Moreira Chaves, pela ajuda recebida neste trabalho.
À minha mãe Roseli Fernandes Rodrigues Leandro e ao meu pai Wilton Mozena Leandro,
pela colaboração e a compreensão recebido na execução desse trabalho.
Ao Kyle Clayton Perazzone, pelo carinho e compreensão.
À Fazenda Esperança, pela colaboração na visita realizada e no fornecimento de dados.
Às minhas amigas Maristela Tanabe e Veridiana contribuíram com o recolhimento de
assinaturas para a execução deste trabalho.
E a todos que de alguma forma me auxiliaram na realização deste trabalho.
RESUMO
Leandro, I. F. Estudo das alternativas tecnológicas para a reciclagem de polímeros de
densidades variadas e o conceito de empreendedorismo social nas indústrias de reciclagem.
2014. 45f. Trabalho de conclusão de curso - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de
São Paulo, Lorena, 2014.
A revisão da literatura realizada mostrou que a reciclagem de polímeros ainda não é eficiente
no Brasil, pois apresenta grandes problemas como a má gestão de resíduos, a ineficiente
coleta seletiva, a falta de investimentos em tecnologias para o processamento dos materiais e a
falta de campanhas para a conscientização da população. Este trabalho mostra através de uma
revisão bibliográfica algumas alternativas e dificuldades que a reciclagem de polímeros
enfrenta atualmente, tais como o processamento de misturas de polímeros, os estudos de
misturas com diferentes concentrações de resinas recicladas e a atual legislação ambiental
brasileira. Também foi realizado uma visita técnica no Centro de Recuperação para
Dependentes Químicos, na Fazenda Esperança em Guaratinguetá, no estado de São Paulo,
especialmente no setor de Reciclagem com objetivo de verificar e exemplificar o tema e
enquadrá-lo como novo modelo de negócios, denominado Negócios Sociais. Neste trabalho
foi mostrado que a reciclagem de misturas de polímeros apresenta dificuldades em relação a
miscibilidade entre os plásticos, pois cada polímero possui uma temperatura de fusão
específica, impedindo a formação de um material homogêneo. A etapa de separação de
plástico é essencial até mesmo para a produção da madeira plástica, devido aos limites de
concentração de plástico para o seu processamento. Não existe uma lei específica para a
reciclagem de polímeros, por isso utiliza-se a Lei de Resíduos Sólidos para tratar deste tema.
Observou-se também que apenas a lei não é suficiente para estimular investimentos nesta
área, é preciso criar incentivos como redução de IPI e outros benefícios. A Fazenda Esperança
pode-se ser considerada um "negócio social" por gerar renda e atuar em um problema social.
Palavras-chave: Reciclagem. Processamento de Polímeros. Negócios Sociais. Legislação
Ambiental.
ABSTRACT
Leandro, I. F. Study of alternative technologies for recycling polymers of various densities
and the concept of social entrepreneurship in the recycling industry. 2014. 45f. End of Course
Work – School of Engineering in Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2014.
The literature review conducted shows that polymer recycling is still not efficient in
Brazil because the country has major problems such as poor waste management, inefficient
waste sorting and investments in technologies for processing materials, and there is a lack of
campaigns for public awareness. Through a literature review, this work shows the alternatives
and difficulties that polymer recycling currently faces, such as the processing of polymer
blends, studies of blends with different concentrations of recycled resins, and Brazil’s current
environmental legislation. A technical visit was also performed at the Recovery Center for
Chemical Dependents, located on Hope Farm in Guaratinguetá in the state of São Paulo. The
objective of the visit was to exemplify and frame the theme as a new business model called
Social Business in the recycling sector. This work shows that recycling of polymer mixtures
presents difficulties with regard to miscibility between the plastics. This occurs because each
polymer has a specific melting temperature, preventing the formation of a homogeneous
material. The separation step is essential for the production of wood-plastic composites due
to concentration limits for plastic processing. A specific law for polymer recycling does not
exist. Therefore, Solid Waste Law is used to address this issue. It was also observed that law
alone is not enough to stimulate investment in this area. It is necessary to create incentives as
a reduction of IPI and other benefits. Hope Farm fits this new business model by generating
income and improving a social problem.
Keywords: Recycling. Polymer Processing. Social Business. Environmental Legislation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Comparação entre a hierarquia da gestão de resíduos e a política dos 5 Rs ........................ 20
Figura 2 - O fluxograma de Produção e reciclagem de polímeros ....................................................... 25
Figura 3 - Fluxograma da reciclagem mecânica de plástico ................................................................ 30
Figura 4 - Simbologia para a identificação de material reciclado e classificação de plástico .............. 30
Figura 5 - Fluxograma do processo de misturas PP, PS e PEAD e uma mistura de plásticos. ............ 31
Figura 6 - Fluxograma da preparação de amostras PP e PP( PEDB e PEAD). ................................... 32
Figura 7 - O fluxograma da reciclagem de resíduo polimérico proveniente da reciclagem de papel. . 33
Figura 8 - Amostra sem sistema de filtração e com sistema de filtração. ............................................ 34
Figura 9 - Fluxograma da reciclagem de óculos aprendidos pela Polícia Federal. .............................. 35
Figura 10. Materiais obtidos pela reciclagem de tubos de creme dental. ............................................. 36
Figura 11 - Fluxograma do processamento de madeira plástica. ......................................................... 37
Figura 12 - Processo de produção da Madeira Plástica na Fazenda Esperança ................................... 39
Figura 13- Os níveis de colaboração entre empresas e ONGs. ............................................................ 40
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição de plásticos nos setores consumidores. ............................................ 12
Gráfico 2 - Distribuição de resinas plásticos consumidas ........................................................ 13
Gráfico 3- Dados sobre a variação da produção entre 2012 e 2013. ........................................ 13
Gráfico 4 - Composição de resíduos de países de acordo com suas economias. ..................... 18
Gráfico 5 - Reciclagem dos países da UE em 2010. ................................................................ 26
Gráfico 6 - A taxa de reciclagem de materiais nos EUA em 2010. .......................................... 27
Gráfico 7- Reciclagem de resíduo plástico por tipo de resina. ................................................. 29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fontes e tipos de resíduos sólidos. .......................................................................... 17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIPLAST Associação Brasileira da Indústria de Plástico
ABS Poli (Acrilonitrila-co-butadieno-co-esireno)
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASTM American Society for Testing Materials
CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem
DSC Differential Scanning Calorimetry
EMES Emergence of Social Enterprise in European
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
ONG Organização não Governamental
PEAD Polietileno de alta densidade
PEBD Polietileno de baixa densidade
PEBDL Polietileno de baixa densidade linear
PET Politereftalato de etileno, Polietileno tereftalato
PC Policarbonato
PMMA Polimetilmetacrilato
PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos
PP Polipropileno
PS Poliestireno
PVC Policloreto de vinila
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
Tg Glass Transition Temperature - temperatura de transição vítrea.
UNIAD Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas
UFPR Universidade Federal do Paraná
UE União Europeia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 11
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .......................................................................................................... 12
2.1 A indústria plástica .......................................................................................................................... 12
2.2 Os polímeros ................................................................................................................................... 14
2.3 O plástico ........................................................................................................................................ 14
2.4 Resíduos urbanos ............................................................................................................................ 15
2.4.1 Gestão de resíduos ....................................................................................................................... 19
2.5 A legislação ambiental brasileira .................................................................................................... 20
3 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................... 24
3.1 Categorias da reciclagem de polímeros ........................................................................................... 24
3.2 Reciclagem no cenário mundial. ..................................................................................................... 25
3.3 Novas técnicas de reciclagem .......................................................................................................... 27
3.4 Dados da reciclagem no Brasil ........................................................................................................ 28
3.4.1 A reciclagem mecânica ................................................................................................................ 29
3.4.2 Misturas de polímeros .................................................................................................................. 30
3.4.3 A Madeira plástica ....................................................................................................................... 36
4 ASPECTOS SOBRE O EMPREENDEDORISMO SOCIAL ........................................................... 39
4.1 Problema social .............................................................................................................................. 41
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 44
11
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e crescimento da população desordenado são responsáveis pela
produção excessiva de resíduos, tornando-se um dos maiores problemas da sociedade
moderna. Estes resíduos quando não destinados de maneira correta são sérias ameaças ao
meio ambiente e aos organismos que nele vivem, inclusive para o próprio ser humano.
Atualmente a sociedade e o governo têm questionado sobre a melhor maneira de
dispor estes resíduos e também estão preocupados com o esgotamento dos recursos naturais
não renováveis: petróleo, água e energia. Por isso, governos de muitos países têm proposto
diversas modificações em sua legislação para que os setores: indústrias, sociedade e as
partições públicas possam agir em conjunto para resolver esta questão. Destacando-se
principalmente a reciclagem como uma das soluções viáveis para este problema.
A reciclagem de material plástico pós-consumo está aumentando no país, o índice de
reciclagem mecânica cresceu 12% no ano de 2012 em relação a 2011. O Politereftalato de
etileno (PET) é o material mais reciclado, seguido pelos polietilenos (PEBD, PEBDL e
PEAD), encontrados em embalagens de bebidas e alimentos (ABIPLAST, 2012).
O Brasil ocupa esta posição de destaque, não somente porque o país está preocupado
com o destino do que se é consumido, e sim pelo alto índice de pobreza presente no país. As
pessoas de baixa renda encontram nesse segmento uma alternativa para seu sustento e de seus
familiares.
O objetivo desse trabalho é revisar e reunir as novas tecnologias que são utilizadas na
reciclagem de misturas de polímeros e o incremento em negócios sociais presente. O projeto
também prevê a possibilidade de engajamento da política da empresa no conceito de
empreendedorismo social.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 A indústria plástica
A produção mundial de plástico atingiu 288 milhões de toneladas em 2012, este setor
cresceu constantemente nas últimas décadas, destacando-se a Ásia a maior produtora com
45% da produção mundial. Dentro desse grupo destaca-se a China com 24% da demanda
mundial. Em seguida, encontram-se a Europa e os Estados Unidos com a produção de 20%,
ambos situando-se abaixo da média mundial (PLASTICS EUROPE, 2012).
O relatório anual da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) de
2012 mostra o cenário da produção plástica brasileira. No gráfico 1, observa-se que os setores
da construção civil, alimentos e bebidas e automóveis são os maiores consumidores de
plástico. No gráfico 2, nota-se que as resinas mais consumidas são: o Polipropileno (PP),
Policloreto de Vinila (PVC), Polietileno de alta densidade (PEAD), Polietileno de baixa
densidade (PEDB), Polietileno de baixa densidade linear (PEDBL) e Polietileno Tereftalato
(PET). Elas representam 92% dos plásticos consumidos (ABIPLAST, 2012).
Gráfico 1 - Distribuição de plásticos nos setores consumidores.
Fonte: ABIPLAST (2009).
13
Gráfico 2 - Distribuição de resinas plásticos consumidas
Fonte: ABIPLAST (2012).
Em 2012, a produção de plástico no Brasil foi de 6,6 mil toneladas de plásticos. O
gráfico 3 mostra que o setor plástico brasileiro cresceu 2,2 % nos nove primeiros meses de
2013, este número deve-se principalmente pelo segmento de laminados com produção 7,67%
superior ao mesmo período em 2012. O setor de veículos automotores obteve crescimento de
6,2%, devido aos equipamentos de transporte, pois demandam peças plásticas. O segmento de
perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza apresentou um aumento de 8,4%,
devido a necessidade de frascos e embalagens para a comercialização. No entanto, as
embalagens para alimentos obtiveram uma queda de 0,4 devido a diminuição das vendas no
setor alimentício (ECONOPLAST, 2013). O consumo aparente de transformado plástico no
Brasil foi de 47,2 bilhões de janeiro a dezembro de 2013, sendo 10,4% maior que em 2012.
Gráfico 3- Dados sobre a variação da produção entre 2012 e 2013.
Fonte:Econoplast (2013).
2.20
7.67
-0.39
2.71
1.64
2.03
-1.00 1.00 3.00 5.00 7.00 9.00
Setor Plástico
Laminados
Embalagens
Artefatos diversos
Indústria Geral
Indústria de …
% de variação
Produção do ano de 2012/2013
9%
27%
4% 3%
1% 16%,
17%
13%
10%
Principais resinas termoplásticas consumidas
PET
PP
PS
EVA
EPS
PEAD
PVC
PEBD
PEDBL
14
2.2 Os polímeros
Segundo Canevarolo (2002) os polímeros são macromoléculas composta por unidades
de repetição denominadas meros, ligados por ligação covalente. Whelan e Goff (1990)
classificam os polímeros em:
1.Elastômeros: apresenta longa cadeia com ligações cruzadas (retículos), que
proporcionam ao material a característica de elasticidade, ou seja, este material ao ser estirado
retorna ao seu comprimento inicial;
2. Termofixos: não sofre conformação por pressão ou temperatura, no entanto pode
sofrer ataques por reagentes químicos, estas características são devido ao material possuir
ligações covalentes que foram introduzidas nas cadeias no processo de formação;
3. Termoplásticos: São materiais moldáveis por aquecimento/resfriamento, podem ser
processados diversas vezes sem sofrer grandes alterações em propriedade físico-químicas.
Estes materiais são divididos em subcategorias:
Termoplásticos de engenharia: apresentam propriedades combinadas como alta
resistência e modulo, tenacidade e resistência a ataques químicos;
Termoplásticos de uso geral: representa a maioria dos plásticos, são de baixo custo e
são facilmente convertidos em produtos acabados;
Termoplásticos elastômeros: possuem a combinação de propriedades dos
elastômeros, com a vantagem de poderem ser reprocessados;
Blendas ou misturas: são materiais que tem propriedades diferentes dos plásticos
comuns, apresentando menor custo e melhor performance.
Pesquisadores encontram dificuldades em classificar os diferentes tipos de
termoplásticos em suas subcategorias, muitas vezes o material pode pertencer a mais de uma
subclassificação, devido a adição de carga ou mudança na estrutura química do material.
(STRAPASSON, 2004).
2.3 O plástico
O plástico é uma substância macromolecular, de origem orgânica, produzido a partir
do petróleo. Esse material é um polímero, composto por unidades químicas unidas por
ligações covalentes, que ao longo da cadeia se repetem. Encontram-se no grupo de polímeros
15
termoplástico que são moldáveis a quente, além de apresentarem baixa densidade e alta
resistência ao impacto, são ótimos isolantes térmico e elétrico, e possuem baixo custo.
Por serem duráveis e versáteis, os plásticos são capazes de substituir materiais de
maneira a manter ou aperfeiçoar o desempenho técnico e a qualidade. Atualmente está sendo
aplicado em diversos segmentos como revestimentos de tubos de exploração e refino de
petróleo obtido em águas profundas, revestimento de aeronaves e foguetes espaciais,
equipamentos de médico-hospitalar ou próteses humanas, painéis fotovoltaicos; chips de
identificação de rebanhos (ABIPLAST, 2012).
No entanto, por causa do grande volume de plásticos produzido, a quantidade desse
material descartado de forma incorreta no meio ambiente é enorme. Os problemas causados
pela disposição incorreta desse resíduo é de grande importância, pois além de causar grandes
impactos ambientais, podem também causar danos a saúde dos seres humanos e dos animais,
devido a presença de aditivos e produtos químicos no processamento do material.
2.4 Resíduos urbanos
Os resíduos urbanos produzidos pela sociedade está aumentando de acordo com as
pesquisas. Segundo o artigo A Global Review of solid waste management (2012) estima-se
que é descartado 1,3 bilhões de resíduos por dia no mundo. Este número deve-se
principalmente ao aumento da urbanização e ao desenvolvimento econômico nas últimas
décadas.
Os estudos mostram que o consumo de produtos e serviços é maior em regiões mais
desenvolvidas, pois seus habitantes têm maior poder aquisitivo. Estes consumidores compram
uma maior quantidade de produtos e serviços e também tornam estes bens facilmente
descartáveis, uma vez que é mais fácil adquirir um novo produto do que consertar aquele
produto antigo. Observa-se também que os países que apresentam uma renda per capita maior
estão investindo em produtos retornáveis, biodegradáveis, serviços com tecnologias mais
limpas enquanto países que apresentam uma renda per capita menor continuam investindo em
produtos descartáveis. Este fato pode ser explicado pela diferença entre o perfil dos
consumidores, pois produtos que causam menor dano ao meio ambiente geralmente tem um
valor agregado maior (HOORNWE; BHADA-TATA, 2012).
16
Existem diferentes fontes de resíduos, citados na Tabela 1 e o plástico pode ser
encontrado em fontes do tipo residenciais, industriais, comercial e institucionais. Dentre os
resíduos urbanos, ele destaca-se pela resistência a degradação e por ser facilmente descartado.
A composição dos resíduos depende de fatores como economia, cultura, fontes de
energia, localização geográfica e condições climáticas das regiões. A composição dos
resíduos sólidos neste trabalho será classificada em papel, plástico, metal, vidro e material
orgânico, destacando-se principalmente o plástico. Neste trabalho também consideramos a
classificação dos resíduos de acordo com os diferentes tipos de rendimentos dos grupos dos
países (HOORNWE; BHADA-TATA, 2012).
17
Tabela 1 - Fontes e tipos de resíduos sólidos.
Fonte Produtores de
Resíduos Tipos de resíduos sólidos
Residencial Habitações familiares
Resíduos orgânicos, papéis, papelão, plásticos, tecidos,
couro, madeiras,vidros, metais, bitucas de cigarro,
resíduos especiais (baterias, óleos e pneus) reíduos
perigosos ( tintas, aerosois, resíduos que contem
mercurio, motores a óleo, produtos de limpeza) e
eletronicos ( telefones, computadores, televisão).
Industrial
Indústrias leves e
pesadas, plantas
químicas e plantas de
energia e mineradoras.
Resíduos de limpeza, embalagens, resto de alimentos,
entulhos, restos de materias de construção e demolição,
materais perigosos, fuligem, resíduos de processo,
sucata, produtos fora das específicações, escória e
rejeitos.
Comercial
Lojas, mercados,
restaurantes e
escreitórios.
Papel, papelão, plástico, madeira, resto de alimentos,
vidro, metal, especial resíduos, resíduos perigosos e
eletrônicos.
Institucional
Escolas, prisões e
departamentos
públicos.
Papel, papelão, plástico, madeira, resto de alimentos,
vidro, metal, especial resíduos, resíduos perigosos e
eletrônicos.
Construção e
Demolição
Novas construções,
obras em ruas e
demolição de prédios.
Madeira, aço, concreto, areia, tijolos e telhas.
Serviços
Municipais
Limpeza das ruas,
paisagismo, parques,
praias, áreas de lazer e
estação de tratamento
de água de efluentes.
Resíduo orgânicos , folhagem, resíduos gerais de
parque e praias e outras áreas de lazer e lodo.
Resíduos
Hospitalares Hospital e clínicas
Resíduos infecciosos ( gases, ataduras luvas, cotonetes,
sangue e fluidos corporais), resíduos perigosos
(cortantes, instrumentos, produtos químicos), os
resíduos radioactivos de câncer, terapias e resíduos
farmacêuticos
Agricultura
Fazendas, pomares,
vinhas, laticínios,
confinamentos e
fazendas
Resíduos de alimentos estragados, resíduos agrícolas
(por exemplo, casca de arroz, talos de algodão, coco
conchas, resíduos de café), defensivos agrícolas
Fonte: A global review of solid waste management (2012).
No gráfico 4 nota-se que países de economia de alto rendimento possui uma população
que consome mais produtos industrializados como papel, plástico e alumínio, observa-se que
o consumo de material orgânico diminui nos gráficos a medida que o pais apresenta melhor
desempenho econômico.
A caracterização dos resíduos sólidos e o conhecimento das fontes dos resíduos
sólidos são importante para adotar uma eficiente gestão de resíduos, saber qual a melhor
maneira para destinar estes materiais de forma mais econômica e que atendam as leis e as
normas exigidas.
18
Gráfico 4 - Composição de resíduos de países de acordo com suas economias.
Fonte: A global review of solid waste management (2012).
No Brasil, de acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) é
gerado 193.642 tonelada de lixo por dia, sendo 87,4% desse lixo coletado em 2012. Destes
resíduos, 40% são destinados aos lixões. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) em 2010 o resíduo urbano brasileiro é composto de matéria orgânica (51%),
Outros (16,7%), Plásticos (13,5%), Papel, Papelão e Longa-Vida (13,1%), Vidro (2,4%), Aço
(2,3%), Alumínio (0,6%). O IPEA também constatou que o país deixava de faturar
anualmente 8 bilhões por não reciclar seus resíduos.
3% 5%
11%
14%
54%
13%
c. Composição de resíduos sólidos em países de econômia de médio alto rendimento
Metal
Vidro
Plástico
Papel
Material Orgânico
Outros
3% 3% 8%
5%
64%
17%
a. Composição de resíduos sólidos em países de econômia de baixo rendimento
Metal
Vidro
Plástico
Papel
Material Orgânico
Outros
2% 3%
12%
9%
59%
15%
b.Composição de resíduos sólidos em países de econômia de baixo médio rendimento
Metal
Vidro
Plástico
Papel
Material Orgânico
Outros
6% 7%
11%
31% 28%
17%
d. Composição de resíduos sólidos em países de econômia de alto rendimento
Metal
Vidro
Plástico
Papel
Material Orgânico
Outros
19
2.4.1 Gestão de resíduos
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a gestão de resíduos visa à prevenção
e a redução da geração de resíduos, colocando em prática hábitos sustentáveis, e também a
destinação adequada dos rejeitos.
Azapagic et al. (2003) afirma que a opção desejável nesta hierarquia é a redução do
uso dos recursos, o que conduz à redução dos resíduos gerados, observada na Figura 1. A
reutilização e a reciclagem têm sua importância devido ao fato de reintroduzir os resíduos
plásticos como recursos conduzindo à conservação dos recursos naturais e redução dos danos
ambientais. A Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, esclarece a diferença entre a Reciclagem e
a Reutilização. A Reutilização é um processo de aproveitamento de resíduos sólidos sem a sua
transformação biológica, física ou química, enquanto a Reciclagem é um processo de
transformação dos resíduos sólidos que envolvem a sua alteração de propriedades físicas,
físico-químicas ou biológicas com vistas à transformação em insumos ou novos produtos.
Mano et al. (2005) defende que a política dos 3 R's: Reduzir, Reutilizar e Reciclar são
as mais importantes na constituição de programas ambientais. O Ministério do Meio
Ambiente afirma que a política dos 5 R's, apresentada também na Figura 1, que atitudes como
repensar, reduzir o consumo e o reutilizar os materiais, são as alternativas mais favoráveis
visando uma reflexão crítica ao consumismo da população. Ambos mostram que estão de
acordo com o fato que primeiramente é preciso pensar em reduzir o consumo e evitar o
desperdício para então destinar corretamente o resíduo gerado. No entanto, na prática o
consumidor brasileiro ainda não se comporta desta maneira.
Atualmente, a gestão de resíduos plásticos depende de variáveis como tipo de
polímero ou do produto descartado. Um dos maiores problemas é a imensa variedade de
plásticos encontrados no mercado (HOPEWELL, DVORAK, KOSIOR, 2009).
20
Figura 1 - Comparação entre a hierarquia da gestão de resíduos e a política dos 5 Rs
Fonte: Adaptação Azapagic et al. (2003) e do Ministério do Meio Ambiente (2013).
2.5 A legislação ambiental brasileira
No Brasil não há uma lei específica sobre reciclagem de polímeros, mas podem-se
utilizar as políticas de resíduos sólidos para discutir esse tema. Nesse trabalho serão
abordados os principais deplores legais aplicáveis á questão da reciclagem de plástico
residual. `
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, afirma:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
A Lei n° 7.802, trata sobre os defensivos agrícolas, vigora desde 11 de julho de 1989,
e em seu art. 1⁰, declara:
A pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o
armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a
importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins, serão regidos por esta Lei.
A Lei n 9.795, de 27 de abril de 1999, A Política Nacional sobre Educação Ambiental
foi criada com o objetivo de estimular a consciência ambiental e social, incentivando a
preservação do meio ambiente, sendo um componente essencial na educação nacional. O art.
1⁰ desta Lei afirma:
Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
21
A Lei de 9.974, de 6 de junho de 2000 modifica a Lei 7.802 sobre os defensivos
agrícolas, pelo incremento no art. 6⁰ da Lei 7.802, dos itens de reutilização e reciclagem das
embalagens. No inciso I declara "as embalagens devem ser projetadas e fabricadas de forma a
impedir qualquer vazamento, evaporação, perda ou alteração de seu conteúdo e de modo a
facilitar as operações de lavagem, classificação, reutilização e reciclagem".
A Lei 9.974, de 6 de julho de 2000, no 2⁰ parágrafo, responsabilizam os usuários pela
devolução das embalagens:
Os usuários de agrotóxicos, seus componentes e afins deverão efetuar a devolução
das embalagens vazias dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram
adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de
até um ano, contado da data de compra, ou prazo superior, se autorizado pelo órgão
registrante, podendo a devolução ser intermediada por postos ou centros de
recolhimento, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente.
A Lei 9.974, de 6 de julho de 2000, no 5⁰ parágrafo, também declara que a destinação
final das embalagens é responsabilidade do produtor.
As empresas produtoras e comercializadoras de agrotóxicos, seus componentes e
afins, são responsáveis pela destinação das embalagens vazias dos produtos por elas
fabricados e comercializados, após a devolução pelos usuários, e pela dos produtos
apreendidos pela ação fiscalizatória e dos impróprios para utilização ou em desuso,
com vistas à sua reutilização, reciclagem ou inutilização, obedecidas as normas e
instruções dos órgãos registrantes e sanitário-ambientais competentes.
A Lei n° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, sobre o saneamento básico será destacada
neste trabalho apenas sobre resíduos sólidos. O art. 3⁰ considera que a limpeza urbana e o
manejo de resíduos sólidos são atividades que compõe o saneamento básico. O art. 7° declara
que o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos são
responsáveis pelas seguintes ações: coleta, transbordo, transporte, triagem para fins de reuso,
reciclagem e compostagem.
Resolução RDC nº 20, de 26 de março de 2008, emitida pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), aprovou a utilização de embalagens PET pós-consumo,
recicladas e descontaminadas com proporções variáveis de PET virgem para a fabricação de
embalagens para alimentos. O objetivo desta resolução é estabelecer requisitos e critérios para
a avaliação, aprovação e registro para as embalagens de PET. Ela define limites de
contaminantes aceitos nas embalagens, assegurando o aspecto toxicológico do produto. A
embalagem final deve ser identificada com: a identificação do produtor, o número de lote ou
codificação que permita sua rastreabilidade e a expressão “PET-PCR”.
Essa resolução proporcionou o avanço de novas tecnologias na limpeza e
descontaminação do material (TRIANTAFYLLOU et al., 2002; WELLE, 2011).
22
A Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui-se a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), no artigo 1⁰, declara:
Esta Lei dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como
sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores
e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
O art. 2⁰ também menciona que além da PNRS, a Lei n⁰ 11.445, de 5 de janeiro de
2008, a Lei 9.974, de 6 de junho de 2000 e a Lei 9.966, de 28 de abril de 2000 e as normas
estabelecidas por outros órgãos são aplicadas aos resíduos sólidos:
Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei, nas Leis nos
11.445, de
5 de janeiro de 2007, 9.974, de 6 de junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000,
as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema
Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
O art. 3⁰ define o termo reciclagem no inciso XIV, como:
O processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas
propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em
insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos
pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa.
A PNRS, no art. 4⁰ afirma que o Governo Federal pode reunir objetivos diretrizes,
metas de forma isoladamente ou em parcerias com Estados, municípios ou até mesmo
particulares para a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos.
O art. 6°, desta mesma Lei, menciona temas como a prevenção, o desenvolvimento
sustentável, responsabilidade particulada pelo ciclo de vida dos produtos, o reconhecimento
do resíduo sólido reutilizável e reciclado são alguns dos princípios desta política.
O art. 8⁰ declara os meios para ação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Destacando-se a coleta seletiva, logística reversa, incentivos para a criação e desenvolvimento
de cooperativas, cooperação técnica entre o poder pública e o poder privado para o
desenvolvimento de novos produtos, incentivos fiscais, financeiros e crditícios.
Segundo o art. 15⁰ A PNRS tem vigência indeterminada e horizonte de 20 anos, sendo
atualizado de 4 em 4 anos.
O art. 17⁰ mostra a responsabilidade do Estado na PNRS, que são semelhantes ao do
Governo Federal. No entanto, são de nível estadual. Os Estados também são responsáveis pela
a elaboração de planos de resíduos sólidos para as micro regiões, bem como planos
específicos direcionados às regiões metropolitanas ou às aglomerações urbanas, juntamente
com os Municípios envolvidos.
O art. 18⁰ e o art. 19⁰ discorrem sobre a atuação dos Municípios. O art. 18 descreve
sobre o plano de gestão de resíduos, um recurso para o Distrito Federal e o Municípios terem
23
acesso aos recursos da União. Destacando-se o inciso II: "terão prioridades ao acesso aos
recursos da União, os Municípios que implantarem a coleta seletiva com participação de
cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda". O art. 19⁰ descreve o conteúdo do
plano municipal de gestão de resíduo, sendo relevante neste trabalho os incisos IX, X, XII e
XIV. O município é responsável pelos programas e ações de capacitação técnica e, programas
e ações de educação ambiental, criação de fonte de negócios, emprego e renda, com a
finalidade de valorizar os resíduos sólidos. Na PNRS, ainda no art. 19⁰ no inciso XIV, declara
que os municípios têm metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, inclusive
diminuir a quantidade de rejeitos que são dispostos de forma inadequada.
O art. 32⁰ apresenta que "as embalagens devem ser fabricadas com materiais que
propiciem a reutilização ou a reciclagem".
O art. 33⁰ mostra que fabricantes de determinados produtos precisam implementar o
sistema de logística reversa de forma independente do sistema público de limpeza urbana e
manejo dos resíduos sólidos. Estes produtos são: agrotóxicos, pilhas, baterias, óleos
lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
O consumidor também tem responsabilidades na PNRS, o art. 35⁰ descreve que o
consumidor deve acondicionar e disponibilizar os resíduos produzidos de forma adequada e
diferenciada.
Em consequência da PNRS, em 2010, o BNDES criou o Programa Pro-plástico, de apoio
ao desenvolvimento da cadeia produtiva do plástico.
O Governo Federal também está incentivando medidas para a valorização de resíduos
sólidos e o aumento de negócios na área de reciclagem. A redução de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) em produtos que sejam manufaturados com resina PET reciclada pelo
Decreto 7.619, de 21 de novembro de 2011, art. 1⁰ que afirma:
Os estabelecimentos industriais farão jus, até 31 de dezembro de 2014,
a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
na aquisição de resíduos sólidos a serem utilizado como matérias-
primas ou produtos intermediários na fabricação de seus produtos.
O art 2⁰, regulamenta que os resíduos sólidos sejam adquiridos por cooperativas de
catadores, isentando pessoas jurídicas.
A PNRS modificou o cenário brasileiro de resíduos urbanos, fazendo com que toda a
responsabilidade seja compartilhada pelo poder público, empresas, catadores e a população.
Os municípios precisam buscar formas de gerenciar os resíduos, sendo preciso a
criação de aterros sanitários que sigam as normas ambientais, extinguindo-se por completo os
24
lixões até o final de 2014. Os órgãos municipais irão implantar fiscalizar e controlar a coleta
seletiva atendendo toda a população. As empresas precisam seguir a legislação realizando o
tratamento de resíduos, implantando também postos de entrega voluntária para a população
dispor o produto consumido de forma adequada. Os catadores devem se afiliar a cooperativas
para diminuir os riscos a saúde e aumentar a renda, além de serem treinados para melhorar a
produtividade. A população tem participação fundamental nesta cadeia, pois irá ser
responsável pela separação do lixo reciclável em suas residências. (CEMPRE REVIEW,
2013).
Antes desta lei entrar em vigor, os municípios destinavam os resíduos em lixões a céu
aberto, a coleta seletiva era ineficiente e pouco expressiva. As empresas não investiam de
forma eficaz em tratamento de resíduos, havendo um desperdício maior em materiais. A
coleta era feita por catadores sem qualificação ou treinamento, havendo grandes riscos a
saúde e em com baixa produtividade. A população não separava o lixo de forma eficaz,
muitas vezes por não saber a melhor forma de destinar determinado material ou por não haver
latas de lixo identificadas. (CEMPRE REVIEW, 2013).
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Categorias da reciclagem de polímeros
A Sociedade Americana de Ensaios de Materiais (ASTM) conceitua a reciclagem de
polímeros em quatro categorias: primária, secundária, terciária e quaternária. A reciclagem
primária converte os resíduos sólidos através de processos estabelecidos, a fim de transformar
o resíduo pós-industrial em produtos com as mesmas características do polímero original. Este
tipo de reciclagem pode ser feito pela própria empresa que produz os rejeitos ou por outra
empresa que utiliza estes resíduos como matéria prima para fazer outros produtos.
A reciclagem secundária utiliza diferentes polímeros pós-consumo no processo de
conversão com a finalidade de obter-se um produto com características que não seja
necessariamente equivalente ao produto original. A terciária consiste na produção de insumos
químicos ou combustíveis através de resíduos poliméricos. A reciclagem quaternária emprega
os resíduos poliméricos na recuperação de energia por incineração controlada. A reciclagem
primária e secundária é também denominada reciclagem mecânica ou física, a terciária é
25
conhecida como química e a quaternária como energética (SPINACE, 2005 apud EHRIG,
CURRY, 1992).
As definições dos diferentes tipos de reciclagem de polímeros podem ser empregadas
em um mesmo processo de produção, em diferentes etapas de acordo com a Figura 2, que
mostra o fluxograma de todo o processo produtivo.
Figura 2 - O fluxograma de Produção e reciclagem de polímeros
Fonte: Mano et al.(2005).
3.2 Reciclagem no cenário mundial.
Atualmente, a humanidade consome 30% a mais do que o planeta pode repor, por isso
medidas como a reciclagem de resíduos são vistas como alternativas para resolver este
problema. (CEMPRE REVIEW, 2013).
Segundo o relatório da agência europeia do meio ambiente a taxa de reciclagem de
2001 à 2010 aumentou 21%. O relatório afirma que 35% do lixo gerado é reciclado, sendo
responsável por 1% do PIB da União Europeia (UE), obtendo-se 145 bilhões de euros por
ano. Os países que mais reciclam no Bloco Europeu são: Áustria (62,8%), Alemanha
(61,8%), Bélgica (57,6%), Holanda (50,9%) e Suíça (50,5%). Eles já atingiram mais de 50%
na taxa de reciclagem. A previsão é que os a Irlanda, Itália, Luxemburgo, Eslovênia, Suécia
e Reino Unido atinjam essa mesma taxa até 2020. Os demais 21 países precisam investir mais
nas políticas de gestão de resíduos para atingir esta meta. Os países que atualmente obtiveram
sucesso em gestão de resíduos, adotaram ações como aumento das taxas dos preços de aterros
sanitários e a redução da quantidade de material biodegradável dispostos em aterros. Este
26
material biodegradável é utilizado para obtenção de energia por meio de incineração.
(FISCHER, C.; GENTIL, E; RYBERG, M. A., 2013)
O gráfico 5, ilustra os 15 países da União Europeia que obtiveram mais sucesso na
área de reciclagem de seus resíduos urbanos.
Gráfico 5 - Reciclagem dos países da UE em 2010.
Fonte: Managing municipal solid waste, a review of achievements in 32 European countries (2013).
A produção de plásticos na UE foi de 58 milhões de toneladas em 2011. A coleta de
plásticos de pós consumo foi de 25 milhões de toneladas, aumentando 5,7% em relação ao
ano de 2010. A quantidade de plástico destinados para a recuperação de energia aumentou em
4,2%, devido, principalmente pelo uso deste plástico para a geração de energia em plantas e
m fornos de cimento (PLASTIC EUROPE, 2012).
Em 2010, os Estados Unidos das Américas (EUA) produziu 250,4 milhões de
toneladas de resíduos, a taxa de reciclagem foi de 34,1%, ou seja, 85,2 milhões de toneladas.
Essa taxa é representada por 65 milhões de toneladas de resíduos sólidos que foram
destinados a reciclagem e 20 milhões de toneladas que foram destinados a compostagem. Dos
85,2 milhões de toneladas, 12% foram utilizados para a recuperação de energia, ou seja, 29
milhões de toneladas.
Desde de 1980 até 2010, a geração de resíduos sólidos aumento de 1,660 kg para
2,914 kg por pessoa nos Estados Unidos. No entanto, houve a diminuição da utilização de
aterro sanitários de 89% para 54%, devido ao incentivo a reciclagem e ao consumo de
produtos menos nocivo ao meio ambiente (United State Environmental Protection Agency,
2010).
62,8 61,8 57,6
50,9 50,5 49,2 46,8 42,3 42,1
38,8 35,7 35,7 34,9 33,1 32,8
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
Taxa
de
reci
clag
em (
%)
Reciclagem na União Europeia em 2010
27
O gráfico 6 mostra os materiais que mais foram reciclados nos Estados Unidos em
2010 . As baterias de carro com o maior percentual de taxa de reciclagem atingindo 96,2%,
em seguida os papéis com 71,6% e aço com 67,0%. Em relação as resinas plásticas, foram
relevantes as taxas de reciclagem do PET de 29,2% e do PEAD de 27,5%.
Os Estados Unidos , produziu 32 milhões de toneladas de plástico, representando
12,5% de todos os resíduos gerados em 2012. Porém, apenas 9% foi coletado e destinado a
reciclagem. A capacidade de processamento de plástico pós cosumo e a demanda de mercado
para a resinas de plásticos recuperados é maior que a quantidade de plástico coletado.
Gráfico 6 - A taxa de reciclagem de materiais nos EUA em 2010.
Fonte: United State Environmental Protection Agency (2010).
3.3 Novas técnicas de reciclagem
Existem muitas tecnologias para a reciclagem de materiais, no entanto, muitas vezes o
problema não é por falta de conhecimento que o material pode ser reciclado, mas sim por falta
de interesse do mercado, sendo o isopor um destes exemplos. Muitas vezes o custo do
processo, ou mesmo os subprodutos gerados impendem a reciclagem do material. (XAVIER;
CARDOSO, 2005).
Na Europa, cientistas do projeto Numix e empresas na área de concreto estão
estudando a utilização de misturas de plástico para produção de nódulos expandidos de
concreto ao invés de utilizar argila. A substituição ainda está sendo questionada nos quesitos
financeiros e facilidades da reciclagem do concreto, pois a presença da mistura de plástico
96,2%
71,6% 67,0%
49,6% 35,5% 33,4% 29,2% 27,5%
0
20
40
60
80
100
Taxa
de
reci
clag
em (
%)
Taxa de reciclagem de materiais nos EUA em 2010
28
implicará na adição de mais uma etapa durante a reciclagem do concreto para a remoção deste
novo componente. Os países europeus exigem que o concreto seja reciclado (NUMIX, 2012).
Recentemente, surgiu uma nova tecnologia para o uso do plástico como fonte de
carbono no processo de recuperação de resíduos de aço, este processo é denominado como
compressão por aquecimento. Nele, a mistura de plásticos é colocada em tonéis que giram
com alta velocidade, havendo a formação de calor devido a fricção entre os plásticos,
ocorrendo a homogeneização dos plásticos independente de sua natureza. No entanto, ainda
existe restrições devido ao alto consumo de energia exigido para a rotação destes tonéis
(EUROPEAN RESEARCH MEDIA CENTER, 2012).
3.4 Dados da reciclagem no Brasil
A reciclagem de plástico no Brasil aumentou em relação ao volume e em relação a
diversidade de produtos, que podem ser reciclados graças as novas tecnologias que estão
sendo desenvolvidas.
Isto também se deve a algumas mudanças nesse setor que propiciaram esse aumento,
como por exemplo, o preço mais alto da resina virgem e o aprimoramento nos processos da
resina reciclada, sendo possível obter uma resina reciclada de qualidade (ROMÃO et al.,
2010). E, além disso, as leis brasileiras tornaram-se mais rígidas, incentivando as empresas a
desenvolverem projetos para reciclar o material que elas próprias produzem.
No entanto, segundo Bom (2009) quando comparado com outros materiais também
recicláveis: metal, vidro e papel; o plástico apresenta baixos índices de reciclagem por
apresentar dificuldades para a classificação e destinação final do plástico reciclado.
O gráfico 7 mostra os principais tipos de resinas recicladas no país. O PET é a resina
mais reciclada e está aumentando devido a sua utilização em fibras sintéticas, sendo possível
reciclar 93% do que se é produzido. Em seguida o PEBD/PEBDL e o PEAD com 72% e 60%.
29
Gráfico 7- Reciclagem de resíduo plástico por tipo de resina.
Fonte: Plastivida (2010).
3.4.1 A reciclagem mecânica
No Brasil, a reciclagem mecânica é a mais utilizada, pois apresenta baixo custo e boa
qualidade nos produtos reciclados (SPINACE, DE PAOLI, 2005). As etapas do processo são:
separação, moagem, lavagem, secagem, aglutinação e extrusão, conforme apresentados na
Figura 3.
No processamento do plástico deve destacar-se a etapa da separação, pois é possível
identificar a presença de macro contaminantes: vidro, papel, metal e outros tipos de
polímeros. Estes macro contaminantes interferem nas características do produto reciclado
(SAMDANI, 1995).
Os polímeros precisam ser separados de acordo com os diferentes tipos de matérias
primas utilizados em suas composições. Mano e Mendes (1999) afirmam que devido a sua
estrutura molecular fundem em diferentes temperaturas tornando-se imiscíveis uns aos outros
e formam uma mistura heterogenia impossibilitando a sua reciclagem.
Algumas tecnologias estão sendo desenvolvidas para que estas incompatibilidades
sejam eliminadas, pois são um empecilho para o aumento da reciclagem de polímeros. Para
resolver este problema em alguns casos, podem-se utilizar compatibilizantes, tornando a
mistura heterogênea em uma mistura homogênea. É importante ressaltar que mesmo para
fazer a reciclagem de misturas de polímeros deve-se ocorrer a etapa de separação, pois
existem porcentagens determinadas de concentração de cada plástico nestas misturas.
A separação pode ser automatizada ou manual, sendo que no Brasil as empresas por
serem de pequeno porte, adotam a separação manual, que é feita através de 12 símbolos
presentes nos resíduos conforme mostra a Figura 4. Pode-se também fazer a separação por
0%
20%
40%
60%
80%
100%
PVC Outros PP EPS PS PEAD PEBD / PEBDL
PET
11% 12%
47% 53% 55% 60%
72%
93% Reciclagem de Resinas
30
testes simples de odor, vapores de queima, aparência de chama, temperatura de fusão e
solubilidade, pela diferenciação de suas características físicas e de degradação térmica
(VILHENA, 1999; BRAUN, 1982). No entanto, estes testes apresentam um custo maior para
o processo.
A reciclagem mecânica apresenta alguns pontos fracos: o preço da matéria virgem do
polímero, que é não apresenta um custo extremamente alto e a ausência de um sistema de
coleta seletiva e limpeza urbana. Outro ponto relevante é a estrutura físico química dos
polímeros reciclados, pois após o processamento ocorre a diminuição da massa molar do
polímero decorrente do cisalhamento no processo, sendo necessário acrescentar resina virgem
ou aditivos para que o polímero tenha as características desejadas.
Figura 3 - Fluxograma da reciclagem mecânica de plástico
Fonte: Schwantes (2006).
Figura 4 - Simbologia para a identificação de material reciclado e classificação de plástico
Fonte: ABNT NBR 13230 (2008).
3.4.2 Misturas de polímeros
Atualmente, observa-se a necessidade de pesquisas direcionada as misturas
poliméricas no Brasil, principalmente devido a PNRS que responsabiliza os produtores por
toda a cadeia do produto, ou seja, o produtor é responsável pela produção e também pelo
descarte do produto. Por isso, tem-se a necessidade do desenvolvimento de tecnologias
31
Separação Moagem Lavagem Secagem (50⁰C)
Extrusão Injeção
(180⁰C, 190⁰C e 200⁰C)
Estocagem (25⁰C)
viáveis para a reciclagem de produtos poliméricos. No entanto, quando nos referimos a
reciclagem de misturas de polímeros encontramos alguns problemas:
A concentração de polímeros nos resíduos coletados;
A identificação e separação dos plásticos;
A incompatibilidade entre os polímeros devido ao seu diferente ponto de
fusão, muitas vezes sendo necessário o uso de aditivos para que ocorra a
formação de uma mistura homogênea;
Perda das propriedades dos polímeros, diminuição da massa molar devido a
força de cisalhamento no processamento.
Segundo Wassermann et al. (2002) os polímeros termoplásticos, tanto compatíveis
como incompatíveis, podem ser processados juntos desde que não ocorra reações de
degradação entre eles. Entretanto, neste processo é esperado um redução das propriedades
físicos químicas dos materiais. Os processos de mistura de polímeros que são viáveis na
indústria são: solução de polimerização, solução de adição de componente ou ação mecânica.
Caraschi e Leão (2002) avaliaram a mistura de polímeros PP, PS e PEAD e uma
mistura de plásticos não identificados (PEAD, PEBD , PP e PS ). Estes materiais foram
lavadas, secos e extrudados a 180⁰C. Em seguidas, foram moldados por injeção nas
temperaturas 18⁰0C, 190⁰C e 200⁰C, como mostra a Figura 5. As propriedades que foram
avaliadas neste trabalho foram: densidade, pureza, propriedade mecânicas e termomecânicas
(MFI). Os plásticos virgens foram utilizados como referência nos testes. Os resíduos são
provenientes do município de Botucatu, em São Paulo.
Figura 5 - Fluxograma do processo de misturas PP, PS e PEAD e uma mistura de plásticos.
Fonte: Adaptação (CARASCHI; LEÃO, 2002).
Os testes para a caracterização do material foram realizados segundo ASTM, sendo
todos os ensaios realizados a temperatura ambiente.
32
Coleta Separação Lavagem
Secagem (35⁰C)
Moagem Injeção
Neste trabalho, destacou-se a relevância da temperatura de injeção, que para valores de
200⁰C influenciou a resistência de tração e flexão do material, provavelmente devido a
degradação térmica. A elasticidade e a dureza do material não apresentou variação em relação
a temperatura empregada. Isso pode ser justificado pelas resinas dos materiais encontrarem-
se homogeneizadas na temperatura de injeção 180C⁰ e 190⁰C.
Os resultados obtidos , comparados a referência, mostraram que a mistura de plásticos
(PEAD, PEBD, PP e PS) apresenta características predominantes do PEAD, no entanto a
flexão do material é 3 vezes maior do que a do PEAD, provavelmente devido a presença de
PP e PS que são mais resistentes.
Caraschi e Leão (2002) concluíram que a mistura de plásticos produzidos com
artefatos descartáveis, resulta em um material leve, resistente e de baixo custo. Entretanto,
deve-se avaliar o uso deste material em peças com especificações técnicas.
Strapasson et al. (2003) realizou um estudo sobre as propriedades das misturas de
poliolefinas (PP) com polietilenos PE (PEDB e PEAD) provenientes do lixo da Universidade
Federal do Paraná (UFPR). A propriedade analisada no trabalho foi a tração de diferentes
composições mássicas.
A Figura 6 mostra o fluxograma da preparação das amostras. A injeção dos corpos de
provas foram realizados segundo a ASTM D638. Devido a falta de uma extrusora, os
materiais foram pesado em uma balança analítica para assegurar a concentração mássica, de
forma a obter as melhores misturas possíveis. Os corpos de provas foram injetados à
temperatura de 180⁰C e 190⁰C. Após a mistura ser injetada 15 vezes, elas foram separadas e
analisadas quanto a sua propriedade de tração e fluidez. Os resultados dos testes mostraram
coerentes ao da literatura, a medida que o PEDB foi adicionado ao PP, menor era a resistência
da mistura reciclada.
Figura 6 - Fluxograma da preparação de amostras PP e PP( PEDB e PEAD).
Fonte: Adaptação de Strapasson et al. (2003).
33
Teste de chama
Pré -Tratamento
Separação manual
(2.000kg)
Tanque 1000 litros de água
Estufa 85⁰C
Extrusão Injeção 200⁰C
Os teste mostram que a mistura PP/PE em até 50/50 tem a sua tração diminuída pela
metade. Entretanto, continua sendo satisfatória para certas aplicação. A adição de 50% de
PEBD na mistura de PP é interessante, pois é possível aumentar o lucro por unidade
reciclada, mesmo tendo um material reciclado de menor qualidade. Pequenas empresas
recicladores já utilizam esta mistura em seu processo. Essa mistura também é relevante
devido a quantidade de resinas de PEBD e de PEAD disponível nos resíduos.
Bom (2009) observou a necessidade da reciclagem de um subproduto oriundo da
reciclagem de papel, constituído de polímeros, fibras de celulose, tecidos, areia e uma
pequena quantidade de metais e produtos orgânicos.
Este material foi picado, peneirado, secado ao ar livre e armazenado. Em seguida, foi
realizada a separação manual removendo os materiais que não eram de interesse para o
processo de reciclagem. Os materiais foram separados de acordo com suas densidades, por
meio de um tanque com 1000 litros de água. Houve a formação de uma camada na superfície
do tanque, composta pelo materiais menos densos que água e uma camada no fundo do
tanque, compostas por materiais mais densos que a água.
Depois da secagem ao ar livre, o material foi picado e encaminhado a uma estufa
85⁰C. Em seguida este material foi levado a extrusora, onde ocorreu a mistura dos materiais, e
em seguida foi picado e peneirado novamente. O material de baixa densidade foi injetado a
200ºC. O material de alta densidade foi descartado devido a presença de muitos macro
contaminantes.
Figura 7 - O fluxograma da reciclagem de resíduo polimérico proveniente da reciclagem de papel.
Fonte: Bom (2009).
34
Para a análise de microscopia, foram obtidos dois tipos de amostras do material de
baixa densidade, uma delas foi extrudada com uma tela de malha 20 e outra amostra não foi
utilizado tela. A Figura 8, apresenta a imagem das amostra sem o uso da tela e com o uso da
tela. Os macrocontaminantes, principalmente, fibras de papel e pigmentos metálicos podem
ser observados na imagem, eles devem ser menores que 2 cm para não ocorrer o entupimento
dos bicos das injetoras.
Figura 8 - Amostra sem sistema de filtração e com sistema de filtração.
Fonte: BOM, (2009).
Os testes de tração do material mostrou a diminuição na propriedade da tração, na
fratura observa-se a presença de aglomerados de fibras que não apresentam grande resistência
a tração. Também houve grande variação na deformação do material, mas não se pode
afirmar a causa.
Através de testes de chama foi possível a identificação de PE, PP, PS,PET, PVC e poli
(acrilonitrila-co-butadieno-co-esireno) - ABS. Mesmo com a existência de macro
contaminantes como fibra de celulose e alumínio, o material apresentou propriedades
mecânicas satisfatórias. Podendo ser utilizado para futuros fins indústrias.
Outro caso estudado sobre mistura de polímeros é a reciclagem de óculos de uma
apreensão da Polícia Federal. Os óculos geralmente são constituídos de polimetilmetacrilato
(PMMA) em suas lentes e de policarbonato (PC) em suas armações. Estes materiais presentes
na composição dos óculos são blendas poliméricas, ou seja, o polimetilmetacrilato é mistura
de dois polímeros com a finalidade de unir as qualidades de dois polímeros em um material.
Este tipo de blenda é também encontrado em embalagens de CD e DVD, caixas, obturador
ativador para cartucho de toner, lentes para diodos emissores de luzes (LED'S) e paredes para
a construção civil (SINGH, 2010; DWIVED, 2011).
35
Desmontagem Trituração (moinho
de facas)
Estufa
PC 120⁰C- 4h
PMMA 100⁰C- 8h
Pesagem
Mistura Injeção
290°C
DSC
Calorimetria Diferencial
Exploratória
Vidales et al. (2013) realizaram testes afim de verificar a miscibilidade destas duas
blendas poliméricas para a possível reciclagem destes materiais. Uma das grandes vantagens
da reciclagem destes materiais é que não é necessário a adição de compatibilizantes.
O estudo teve como objetivo testar diversas proporções mássicas de PC e PMMA,
afim de achar a concentração que apresenta um melhor resultado para miscibilidade destes
materiais. Os óculos foram desmontados com ferramentas manuais e depois foram triturados
em um moinho de facas, foram encaminhados para uma estufa separadamente, o PC a 120⁰C
por 4 horas e o PMMA a 100⁰C por 8 horas. Estes materiais foram pesados e misturados Em
seguida, foram direcionados para o processo de injeção a 290ºC.
Pela literatura, os polímeros que são miscíveis apresentam uma única temperatura de
transição vítrea (Tg) que pode ser analisada utilizando calorimetria diferencial exploratória
(DSC), além do mais é uma técnica rápida e barata. E no estudo esta técnica foi viável devido
a grande diferença Tg (20ºC) entre as blendas utilizadas. Segundo os testes realizados as
composições mássicas miscíveis foram: 90PC/10PMMA e 80PC/20PMMA, sendo viável a
reciclagem destes materiais (KRAUSE, 1978).
Figura 9 - Fluxograma da reciclagem de óculos aprendidos pela Polícia Federal.
Fonte: Vidales et al. (2013).
O creme dental é utilizado pela sociedade, porém não havia tecnologia para reciclá-lo,
pois estas embalagens são compostas de alumínio e de polietileno de baixa densidade. Depois
de alguns testes observaram que as embalagens que apresentam 25% de alumínio e 75% de
36
polímeros de baixa densidade PEDB podem ser recicladas. Segundo Machado (2010) o
processo consiste em picar o material, quando é de pós consumo é preciso fazer uma lavagem
para remover os resquícios de creme dental que estão presentes nos tubos, em seguida este
material é moído, e depois é encaminhado para a extrusão, depois é colocado em uma
bandeja e é prensado a uma temperatura de 180⁰C, obtendo-se um material 12 vezes mais
resistente que a madeira e 6 vezes mais barato. Este material pode ser utilizado para a
fabricação de telhas e placas para a construção civil apresentando vantagens como: maior
resistência e a não propagação de fogo. A Figura 10 ilustra os materiais obtidos por esse
processamento.
O enfoque do seu trabalho é a reconstrução de escolas, a fim de atingir comunidades
que precisam de ajuda financeira.
Empresas como Unilever, já utilizam deste processo aqui em São Paulo para a
reciclagem de rebarbas de seu processo. Pequenos empresários já investem nesta tecnologia
comprando o material de grandes empresas que não passam pelo controle de qualidade ou
recebendo este material como doações. A grande vantagem deste material proveniente das
indústrias é que não é preciso fazer triagem e lavagem.
Figura 10. Materiais obtidos pela reciclagem de tubos de creme dental.
Fonte: PEQUENAS EMPRESAS E GRANDES NEGÓCIOS (2010).
3.4.3 A Madeira plástica
Na década de 70, foi possível a realização de processos a partir de misturas de resíduos
poliméricos, e também admitindo quantidades de materiais como papel, madeira, vidro e
metal.
37
Separação Moagem Lavagem Secagem
Misturador Pigmentação Extrusão Madeira plástica
Um exemplo é a mistura que origina a "madeira plástica", composta por PEBD,
PEAD, poli(acrilonitrila-co-butadieno-co-esireno) (ABS), PP e até 20% m/m de PVC. O PS e
as poliamidas são aceitáveis até 10% m/m e o PET até 5% m/m devido a sua interferência na
resistência e o acabamento do produto final. Esse material tem ganhado destaque nos últimos
anos, pois pode ser aplicado em decks de piscinas, cercas, tampas de bueiros, dormentes,
pontaletes de construção civil, madeiras para bancos de praças, postes de sinalização de ruas e
estradas, instalações para marinas e até mesmo o ferro fundido (SPINACE, 2005).
Na Figura 11 é apresentado o fluxograma da produção da madeira plástica, o resíduo
sólido depois de separado, moído, lavado e secado, será encaminhado até ao misturador ou
aglutinador que tem como finalidade diminuir o volume do material. Nesta etapa também se
pode adicionar pigmentos que serão responsáveis pela coloração do produto final. Em seguida
o material é direcionado para a extrusão, onde será fundido devido o atrito com a rosca,
permitindo o cisalhamento e a homogeneização do polímero.
Figura 11 - Fluxograma do processamento de madeira plástica.
Fonte: SPINACE (2005).
Inicialmente, o trabalho mostraria possibilidades de tecnologias de reciclagem, onde a
etapa de separação de plástico não fosse necessária. Esta etapa, é o gargalo do processo, pois
quando utiliza-se tanques de separação de polímeros, o processo torna-se mais caro. No
entanto, quando ela é feita manualmente, o tempo gasto para a sua realização é muito
elevado. Devido a esta etapa, pode destacar outros problemas: gastos com estocagem do
produto, perigo de contaminação e proliferação de doenças. Entretanto, foi observado que
mesmo para misturas de polímeros é necessária a etapa de separação, pois existe um limite de
miscibilidade e compatibilidades entre os polímeros, inviabilizando a mistura aleatória.
Em todos os estudos apresentados neste trabalho, observa-se um limite de composição
mássica entre as misturas para não ocorrer grandes perdas nas propriedades do material, pois
38
cada polímero apresenta comportamentos diferentes em diferentes taxas de temperaturas,
podem ser miscível ou imiscível na mistura, ou mesmo degradar-se.
A Fazenda Esperança, localizada na cidade de Guaratinguetá, no estado de São Paulo
é produtora de água sanitária, de garrafas plásticas feitas a partir de plástico reciclado e da
madeira plástica. Recebe os materiais que foram reprovados no controle de qualidade da
empresa Jonhson & Jonhson. Este material por ser de pré-consumo não precisa ser lavado ou
triado, pois não está contaminado. Por isso, é possível eliminar estas etapas do processo de
reciclagem. A Fazenda Esperança recebe dois tipos de materiais da Jonhson& Jonhson: as
escovas de dentes que são destinadas para a produção das garrafas plásticas e as hastes
flexíveis, conhecidas pela marca Cotonetes®, são transformadas em madeira plástica para a
fabricação de bancos, lixeiras, cercas, assoalho, etc.
A Fazenda Esperança é uma unidade terapêutica que ajuda usuários de álcool e drogas,
a sua atual capacidade é de 130 internos. Os próprios usuários ajudam os demais
trabalhadores da fábrica, que possuem formação técnica, como forma de pagamento. O
programa atua como uma forma de aprendizagem e reintegração na sociedade.
A internação tem duração de 12 meses, sendo inicializado pelo dependente químico
através de uma carta escrita por ele explicando os motivos para a sua recuperação. Por ser um
lugar aberto é importante que o dependente químico realmente deseje o tratamento. A família
pode visitá-los após o terceiro mês.
Durante o tratamento, os internos são responsáveis por diversas atividades. A cada 3
meses, ocorrem mudanças de alojamento e atividades dentro da fazenda, totalizando 4
estágios.
Os três primeiros meses são os mais difíceis, segundo relato dos internos, pois é uma
fase de adaptação, eles dividem as obrigações e as tarefas da casa, fazem serviços de
jardinagem e limpeza.
No início do quarto mês, eles vão para casa 2, onde exercem novas atividades:
produção de pães, plantação e confecção de artesanatos. Durante o 7⁰mês,vão para a casa
número 3, auxiliando na produção de água sanitária e também no processo de reciclagem. No
último, estágio trabalham na secretária da Fazenda Esperança, auxiliando o administrativo.
Durante todos os estágios, as reuniões religiosas fazem parte do tratamento dos internos.
Após o tratamento existe um grupo chamado de Grupo Esperança Viva que acolhe os
ex-dependentes químicos auxiliando o contato entre o ex-dependente químico com a
sociedade.
39
Na Figura 12 mostra imagens tiradas quando fomos visitar a Fazenda Esperança no dia
22/11/2013. Durante a visita à Fazenda Esperança a administração apresentou a fazenda, a
produção de água sanitária, o processo de reciclagem e os internos.
Figura 12 - Processo de produção da Madeira Plástica na Fazenda Esperança
Fonte: Fotos obtidas durante a visita na Fazenda Esperança (22/11/2013).
4 ASPECTOS SOBRE O EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Nas últimas décadas houve um aumento da distância entre ricos e pobres, e
consequentemente da pobreza. Estudos afirmam que é devido a mudanças na sociedade e ao
crescimento econômico moderno. A questão é que ainda há muitas pessoas que vivem com
menos de dois dólares por dia e essa classe social é marginalizadas da sociedade, conseguindo
obter apenas produtos para as necessidades mais básicas. Por isso, está sendo propostos novos
modelos de negócios, onde possam oferecer um produto ou serviço que atenda a grande parte
da população, atingindo principalmente a base da pirâmide (IZZO; TORRES; BARKI, 2011).
Este novo modelo propõem a mudança da divisão clássica entre atividades com fins
lucrativos e as atividades com fins sociais, porque muitas vezes o terceiro setor apresenta
projetos com grande potencial, no entanto não é possível de serem executados devido a falta
de investimento. Os empresários, por sua vez, não possuem grande interesse em investir
nestes projetos por não encontrarem um retorno financeiro (IZZO; TORRES; BARKI, 2011).
A Emergence of Social Enterprise in European (EMES) define empresas sociais como
organizações que tenham como sua principal fonte de renda a troca, também objetivam o
lucro, mas priorizam a ética e seus valores, tendo como missão cumprir objetivos sociais
mensuráveis.
40
Torres e Izzo (2011) defendem o novo conceito de negócios, onde une a necessidade
de ajudar a sociedade, e a obtenção de lucros para empresários. É a oportunidade de fazer
negócios incluindo novos consumidores, incorporando pequenas empresas à cadeia de
grandes empresas, buscando soluções a baixo custo.
Para Yunus, ganhou o premio Nobel em 2006, o conceito de negócios sociais são
empresas que direcionam parte de seus ganhos para a solução de problemas humanos e
mostram de que podem ajudar a transformar a realidade socioeconômica de comunidades
necessitadas, ainda que atinja um pequeno número de pessoas (CARRERA, 2013). O Yunus
(2007) separa o conceito de negócio social em dois tipos:
I - O primeiro tipo são empresas que focam um benefício social, como redução da
pobreza, saúde para os pobres, justiça social, sustentabilidade, e tendo como a satisfação
psicológica, emocional ou espiritual como recompensa;
II - O segundo tipo as empresas buscam maximizar seus lucros, tendo como objetivo o
benefício social provenientes do dividendo produzidos pela empresa.
Para Yunus (2007) a maximização de lucros e interesses sociais são dois objetivos
conflitantes, ele argumenta que o negócio social difere de uma organização sem fins
lucrativos, pois o investidor em um negócio social pode recuperar o capital que foi investido.
Para o negócio social ter sucesso é importante ter parcerias entre a iniciativa privada,
o terceiro setor e o Estado. E também a identificação de uma necessidade básica da população
como saúde, educação e crédito. Como é o caso do negócio Grameen Danone que permitiu,
através do iogurte formulado pelas empresas, o suprimento na deficiência nutricional das
crianças em Bangladesh. O micro crédito projeto que consiste no empréstimo de dinheiro para
pessoas da classe C e D a juros mais baixos, que concedeu a Yunus o prêmio Nobel em 2006.
Para Harold e Izzo (2011) os negócios sociais podem ser desenvolvidos tanto por grandes corporações
como pequenas e médias empresas, podendo ser uma forma de melhorar a imagem das empresas que muitas
vezes são vistas como grandes poluidoras e exploradoras de mão de obra na região.
Austin (2002) afirma que existem 3 níveis de colaboração entre empresas e
Organizações não governamentais (ONGs), representados na Figura 13.
Figura 13 - Os níveis de colaboração entre empresas e ONGs.
Fonte:Austin (2002).
Estágio Filantrópico
Estágio Transacional
Estágio Interativo
41
O Estágio Filantrópico consiste na empresa fazer doações ou em espécie ou em
produtos. Embora seja uma forma de ajuda, essa ação não está envolvida diretamente com os
objetivos das empresas. Essa ação não é periódica e pode ser cortada a qualquer momento de
crise.
Estágio Transacional está relacionado com a valorização da contribuição das empresas
com as ONGs, pois suas ações fazem parte do escopo dos projetos das empresas. Patrocínio
de eventos, licenciamento de produtos, programas de voluntariados da empresa são exemplos
de ações deste estágio.
Estágio Interativo é quando a relação entre a empresa e ONGs são alianças totalmente
conectadas à missão, às estratégias e aos valores da empresa, aproximando a relação de uma
joint-venture.
Segundo a ONG Artemisia no Brasil em 2010, havia 140 empreendimentos deste tipo
distribuídos pelo Brasil; 62 deles destinados a serviços financeiros, 13 ao artesanato, 14 a
saúde, educação e cultura e o restante a outras atividades, como agricultura, tecnologia e
turismo. Segundo o mapeamento de Negócios com Impacto Social no Brasil realizado no
início de 2011, 50% dos negócios sociais encontram-se na região Sudeste (42% em São
Paulo) e 26% na região Nordeste. A região Sul apresentou 14%, a região Norte e Centro-
Oeste respectivamente 6% e 4%.
4.1 Problema social
A população brasileira apresenta uma quantidade relevante de habitantes que
consomem drogas e bebida alcoólica. Segundo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
para Políticas Públicas de Álcool e OutrasDrogas (INPAD) em 2012, os homens são os que
mais consomem bebidas alcoólicas no Brasil, 62% dos homens entrevistados na faixa etária
de 18 anos ou mais fazem o uso de bebidas alcoólica pelo menos uma vez em 12 meses, sendo
que 41% experimentam a bebida entre 15 a 17 anos. As mulheres experimentaram bebida
alcoólica depois dos 18 anos (51%). No entanto a pesquisa mostra que as mulheres entre 14 e
17 anos estão bebendo maior quantidade de doses alcoólicas. Em relação as substâncias
ilícitas, o Brasil está sendo apontando como uma das nações emergentes onde mais houve
aumento de consumo de estimulantes − cocaína e crack. Segundo a pesquisa realizada em
2012, a droga mais consumida pelos adolescentes é a maconha, 5,8% assumiram já ter usado
a droga nos últimos 12 meses, já para os adultos a droga mais consumida é a cocaína,
42
alcançando a porcentagem de 3,8%. O estudo ainda mostra que 0,7% da população já
consumiu crack, mas este número não contempla os moradores de rua, ou seja 800 mil
brasileiros já experientaram o crack (INPAD, 2012).
Na fazenda Esperança em Guaratinguetá, no setor de Reciclagem, encontram-se 130
homens. Segundo relatos da administração da Fazenda Esperança, durante a nossa visita, a
grande maioria dos internos (55%) eram dependentes químicos de cocaína e álcool, 38%
declaram que faziam uso de crack constantemente e 2% revelaram que usavam inalantes. A
fila de espera para a realização do tratamento é grande. A revista Associação Médica
Brasileira em 2012 afirma que houve aumento na procura pelo tratamento contra o crack para
70%, no entanto os números mostram que apenas 30% concluem o tratamento.
Observa-se que a Fazenda Esperança está engajada com o modelo de "Negócio
Social". Uma de suas atividades é o trabalho de reciclagem no processamento de escovas e
hastes flexíveis da empresa Johnson&Johnson, inserida no conceito de sustentabilidade via
reciclagem. E também possui ações de tratamento e reintegração de pessoas de baixa renda na
sociedade, que não tem condições de pagar clínicas especializadas e medicamentos. Elas
agem diretamente nos problemas que afligem a sociedade moderna e busca também um
retorno financeiro, unindo os aspectos financeiro e social em um único foco de negócio. É
relevante ressaltar que a prioridade da Fazenda Esperança é o tratamento de seus pacientes,
em conformidade com o modelo de "Negócio Social" proposto por Yunus (2007), sendo uma
forma de buscar a satisfação pessoal.
43
5 CONCLUSÃO
A etapa de separação, no processo de reciclagem, ainda é essencial. É preciso saber
a concentração de polímeros necessários para o produção do artefato de plástico
desejado, para que não ocorra perda nas propriedades físico-químicas. Mesmo a
madeira plástica apresenta limites de concentração para determinados polímeros;
Os polímeros apresentam diferentes pontos de fusão, sendo imiscíveis a determinadas
temperaturas ou degradáveis, dificultando o processamento de misturas;
Não há uma lei específica para a reciclagem de plástico. Para a PNRS ser efetiva é
preciso criar mais incentivos para a reciclagem dos plásticos, como a redução de IPI
em embalagens PET de pós consumo;
Países da União Europeia conseguiram aumentar a taxa de reciclagem, quando
aumentaram o preço dos aterros sanitários, sendo um incentivo para as empresas e
pesquisadores encontrarem soluções para seus resíduos;
Novo conceito de modelo de negócio denominado de "Negócios Sociais" tem a
proposta de ajudar a sociedade, e obter renda. Estudos estão sendo realizados para o
enquadramento de empresas neste novo conceito, e a avaliação dos impactos nos
negócios.
A definição de Negócios Sociais apresentada neste trabalho tem similaridades com as
atividades da Fazenda Esperança, atuando em um problema social da sociedade
moderna: tratamento para dependentes químicos;
A visita técnica na Fazenda Esperança, foi muito útil no entendimento do processo de
reciclagem e na forma como os internos respondem ao tratamento.
44
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45
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