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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL Crescimento diário de juvenis de sardinha, Sardina pilchardus (Walbaum, 1792): relação com actividade reprodutiva e condições ambientais. Andreia Vanessa Alves da Silva Mestrado em Ecologia Marinha Lisboa, 2011

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Crescimento diário de juvenis de

sardinha, Sardina pilchardus

(Walbaum, 1792): relação com

actividade reprodutiva e condições

ambientais.

Andreia Vanessa Alves da Silva

Mestrado em Ecologia Marinha

Lisboa, 2011

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Crescimento diário de juvenis de

sardinha, Sardina pilchardus

(Walbaum, 1792): relação com

actividade reprodutiva e condições

ambientais.

Dissertação orientada por:

Doutora Alexandra Silva (IPIMAR)

Professor Doutor Carlos A. Assis (FCUL)

Andreia Vanessa Alves da Silva

Mestrado em Ecologia Marinha

Lisboa, 2011

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“Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,

A tua beleza aumenta quando estamos sós

E tão fundo intimamente a tua voz

Segue o mais secreto bailar do meu sonho,

Que momentos há em que eu suponho

Seres um milagre criado só para mim.”

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Agradecimentos

Ao Instituto de Investigação das Pescas e do Mar onde desenvolvi todo este estudo, em

particular o uso dos dados recolhidos no programa de amostragem sistemática PNAB - Plano

Nacional de Amostragem Biológica e das Campanhas Oceanográficas.

Ao Dr. Paulo Oliveira (U-AMB) pela gentil cedência dos dados ambientais.

Aos meus orientadores Dra. Alexandra Silva e Prof. Dr. Carlos Assis.

Um obrigado muito, muito especial à Xana, pela confiança, apoio, orientação, sugestões

ao longo do trabalho e a sua disponibilidade para me ensinar. Obrigada!!

Ao Professor Carlos Assis pela sua disponibilidade sempre manifestada, apesar do seu

horário preenchido, e por sempre tentar resolver os problemas que foram surgindo.

À Isabel Meneses por sempre me ajudar nas minhas dúvidas, pela sua enorme simpatia e

por me ter ensinado a polir otólitos!!!

À Cristina por estar sempre disponível a ajudar, pela sua preocupação com o meu bem-

estar nos momentos de fadiga e pela sua palavra amiga.

A todos os que estão envolvidos na obtenção dos dados de sardinha, em particular à

Delfina pelo apoio na parte prática da amostragem biológica. Ao Eduardo por me receber na

sua sala e por sempre se mostrar disponível nas minhas dúvidas e nos meus problemas

informáticos.

A todos os que me apoiaram neste ano.

Aos meus pais por estarem sempre presentes em todos os momentos e me levantarem

sempre que caí. Todos os agradecimentos nunca serão suficientes.

À minha mana por acreditar em mim mais do que eu própria, por dizer sempre tudo o que

acha, mesmo que não concorde, e por me aturar todos os dias.

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Resumo

A sardinha, Sardina pilchardus (Walbaum, 1792), é uma espécie do grupo de pequenos

pelágicos com ampla distribuição geográfica no Atlântico Nordeste e no Mediterrâneo. Em

Portugal, é um dos recursos pesqueiros mais importantes representando 40% do peso total do

pescado desembarcado anualmente no continente. É capturada sobretudo na pescaria do cerco,

e, para efeitos de gestão pesqueira, a sardinha distribuída nas águas atlânticas de Portugal e

Espanha é considerada um stock único, designado stock Atlântico-Ibérico, cujo estado de

exploração é avaliado anualmente pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar,

CIEM/ ICES (e.g. ICES).

Apesar do grande avanço realizado nas últimas décadas sobre o conhecimento de diversos

aspectos biológicos e de dinâmica populacional do stock Atlântico-Ibérico de S. pilchardus,

os processos de recrutamento continuam a ser pouco conhecidos. Um melhor conhecimento

sobre os factores que afectam a sobrevivência da sardinha nas fases de pré-recrutamento é

uma etapa essencial para entender a dinâmica populacional deste recurso e gerir a pescaria do

cerco.

O presente trabalho apresenta os resultados da análise do crescimento diário de juvenis de

S.pilchardus da Costa Ocidental Norte Portuguesa, obtida pela contagem de anéis diários. O

primeiro objectivo do estudo foi relacionar a idade dos juvenis, capturados entre Maio de

2004 e Janeiro de 2005, com características morfométricas dos indivíduos (peso e

comprimento total) e dos otólitos (peso e diâmetro) e estimar a sua data de eclosão a partir da

melhor relação obtida. Os resultados indicaram que 80% dos exemplares eclodiram entre

Janeiro-Março, com idades compreendidas entre os 103 e os 275 dias. Verificou-se que o

diâmetro e o peso dos otólitos têm uma melhor relação com a idade, explicando 81% e 87%

da variabilidade total respectivamente. A relação linear entre o logaritmo da idade e o

diâmetro dos otólitos (r2= 0,86) pode ser usada para predizer a idade dos juvenis com um erro

de 5%. Estimou-se uma taxa de crescimento 0,06 cm dia-1

.

O segundo objectivo deste estudo foi verificar se os juvenis de sardinha, capturados em

Outubro de 2008 e Abril de 2009 pertencem à mesma época de desova, e relacionar as datas

de eclosão com os factores ambientais, nomeadamente a temperatura superficial do mar e a

concentração de clorofila, a actividade reprodutiva, e a condição das fêmeas desovantes.

Desta forma, procura-se o estabelecimento de uma “janela” ambiental em que a probabilidade

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de sobrevivência dos juvenis é maior. A distribuição das datas de eclosão mostrou que as

sardinhas da primeira campanha eclodiram entre Outubro de 2007 e Maio de 2008, com dois

picos em Janeiro e Março do mesmo ano, correspondentes às duas modas das distribuições de

comprimentos. Esta distribuição não foi coincidente com os valores de actividade reprodutiva.

A distribuição das datas de eclosão de Abril de 2009 apresenta um pico nos meses de Junho-

Julho, correspondendo a uma moda na distribuição de comprimentos. Este pico encontra-se

fora da principal época de desova, mas coincide com uma elevada condição das fêmeas, um

período de temperaturas elevadas e a uma maior concentração de clorofila. As taxas de

crescimento para esta campanha foram três vezes superiores, indicando que o aumento da

temperatura superficial do mar durante os meses de Verão favorece o crescimento das fases

larval e juvenil.

Apesar das dificuldades inerentes à leitura de incrementos diários e à validação dos

mesmos com as idades em juvenis, a coerência existente entre as relações comprimento dos

indivíduos com a Idade, as datas de eclosão e taxas de crescimento encontradas no presente

trabalho, com os dados de outros autores, conferem algum suporte aos resultados.

Palavras-chave: Sardina pilchardus, otólitos; crescimento diário, distribuição de datas de

eclosão, factores ambientais, recrutamento.

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Abstract

The sardine, Sardina pilchardus (Walbaum, 1792) is a small pelagic, distributed in the

Northeast Atlantic and the Mediterranean Sea. For Portugal, the sardine is the most important

marine resource, representing 40% of the annual landings, being mainly fished in coastal

waters by purse-seiners and, for management purposes, the sardine in European Atlantic

waters have been considered to belong to a single stock, the Atlanto – Iberian stock, which

exploration regime is annually evaluated by the International Council for the Exploration of

the Sea (e.g. ICES).

Since the past two decades, many studies have focused biology and populational dynamics

of the Atlanto-Iberian sardine stock, however a comprehensive work assessing the recruitment

dynamics for this species is still lacking. The factors that influence sardine survival in early

recruitment phases are an important step to understand the dynamic of this species and to

manage the purse-seiner fisheries.

The present work has investigated patterns of daily growth of sardine juveniles, S,

pilchardus from the Northern Portuguese cost, determinated by counts of daily growth rings.

The first aim of this study was to connect the age of sardine juvenile collected during May

2004 – January 2005 with individual (weight and total length) and otolith (weight and

diameter) morphometric characteristics, and estimate the hatch date through the best

relationship. The results indicate that 80% of the sardines hatched between January-March

2004, with ages ranged between 103 and 275 days. It was concluded that the linear

relationship between the logarithm of age and otolith diameter explained 86 % of the overall

variability and could be used in age determination of this species with a 5% of error. The

Back-calculated juvenile growth rates of sardine was 0,06 cm day -1

.

The second aim was to study if the sardine juveniles, captured in Outober 2008 and April

2009 belonged to the the same spawning season, and relate the hatch date with environmental

factors, namely sea surface temperature (SST) and chlorophyll concentration, gonodosomatic

activity and condition factor of the spawning females.

The hatch date distributions shown that sardines caught in April were hatched between

October 2007 and May of 2008, with two hatch date peaks, corresponding to the two length

distributions modes, which wasn’t coincident with the reproductive activity. April’s, 2009

hatch date distributions shown a peak in June-July 2008, coincident with one mode in the

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length distribution’s. Although this peak appear out of the spawning season, documented in

previous works, it appears to be related with a good conditions of the females, a high period

of sea surface temperature and a chlorophyll concentration. The growth rate of this campaign

showed a three times superior than the previous one.

Although the difficulties associated with the daily rings interpretation and validation in

juveniles, the consistency between the total length – age relationships, the date of birth and

the daily growth rates observed in this study, with the data of other authors, give some support

to our results.

Key–Words: Sardina pilchardus; otoliths; daily growth; hatch date distributions;

environmental factors; recruitment.

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Índice

CAPÍTULO 1: Introdução Geral............................................................................................1

1.1. Crescimento, Estudo dos Otólitos e Interpretação da Idade .................................... 7

1.2. Área de estudo ............................................................................................................. 11

1.3. Objectivos ..................................................................................................................... 12

CAPÍTULO 2: Determinação da idade de juvenis de sardinha (sardina pilchardus) a

partir de características morfométricas dos indivíduos e dos otólitos. ............................. 15

2.1. Introdução .................................................................................................................... 17

2.2. Materiais e Métodos .................................................................................................... 18

2.2.1. Amostras 1 e 2 ....................................................................................................... 19

2.2.2. Medição do diâmetro ............................................................................................. 19

2.2.3. Amostra 1 ............................................................................................................... 20

2.2.4. Leitura de idades e determinação da data de eclosão ............................................ 22

2.2.5. Análise estatística ................................................................................................... 24

2.3. Resultados .................................................................................................................... 28

2.3.1. Relação entre as variáveis morfométricas .............................................................. 28

2.3.2. Regressão de Componentes Principais .................................................................. 29

2.3.3. Relação entre a idade e as variáveis morfométricas .............................................. 29

2.3.1. Estimação das idades, das datas de nascimento e taxas de crescimento ................ 31

2.4. Discussão ...................................................................................................................... 38

CAPÍTULO 3: Estudo das datas de eclosão e do crescimento de recrutas de sardinha .. 41

3.1. Introdução .................................................................................................................... 43

3.2. Materiais e Métodos .................................................................................................... 44

3.2.1. Processamento dos otólitos .................................................................................... 45

3.2.2. Determinação de índices biológicos ...................................................................... 45

3.2.3. Dados ambientais ................................................................................................... 46

3.2.1. Análise da progressão modal dos comprimentos ................................................... 47

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3.3. Resultados .................................................................................................................... 48

3.3.1. Idades, datas de nascimento e relações com condições ambientais ....................... 51

3.3.2. Crescimento do otólito ........................................................................................... 55

3.3.3. Validação da classe anual, chaves de comprimento idade e identificação

de sub-coortes......................................................................................................... 56

3.4. Discussão ...................................................................................................................... 59

CAPÍTULO 4 Principais Conclusões ................................................................................... 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 69

APÊNDICE I .......................................................................................................................... 77

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Capítulo 1

Introdução Geral

Crescimento, Estudo dos Otólitos e Interpretação da Idade

Objectivos

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Capítulo 1. Introdução Geral

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Os clupeídeos conhecidos como sardinhas compreendem três géneros e cerca de dezoito

espécies diferentes. A sardinha europeia, Sardina pilchardus (Walbaum, 1792), pertence à

família Clupeidae, e pode ser morfologicamente distinguida de outras espécies do mesmo

género por possuir corpo cilíndrico com barriga arredondada, por ter um número de

branquiespinhas entre 44 – 106, por a inserção da barbatana pélvica ocorrer atrás da origem

da barbatana dorsal, por ter os últimos raios da barbatana anal aumentados e por possuir uma

série de pontos pretos ao longo dos flancos (FAO – species fact sheets:

http://www.fao.org/fishery/species/2910/en).

Com base em relações cabeça/corpo e análises mitocondriais, foram encontrados dois

morfotipos diferentes de S. pilchardus, Sardina pilchardus pilchardus do Atlântico Este, com

distribuição desde do Mar do Norte até ao Sul de Portugal, e Sardina pilchardus sardina

distribuída pelo Mediterrâneo e Noroeste da costa Africana (Silva et al., 2003; Gonzalez e

Zardoya, 2007). No entanto, estes dados não foram corroborados pela análise genética de

dados de microssatélites, indicando que a história evolutiva da sardinha originou uma única

população (Gonzalez e Zardoya, 2007).

A sardinha encontra-se distribuída no Atlântico Norte, desde as Ilhas Britânicas, o Mar do

Norte, até ao Senegal, existindo também menores populações em zonas adjacentes do mar

Mediterrâneo (Parrish, 1895; Lluch-Belda et al., 1989). O seu sucesso colonizador é devido a

características biológicas particulares (e.g. alimentação, morfologia e reprodução), que

possibilitam a sua ocorrência em diferentes habitats (Lluch-Belda et al., 1989; Somarakis et

al., 2006).

A sardinha uma espécie omnívora planctívora, com a capacidade de ingerir partículas

desde os 4 μm (nanoplâncton) até aos 1,5 mm. Dependendo do tamanho das presas, podem

alterar o seu comportamento alimentar entre filtrador não selectivo a predador visual (Garrido

et al., 2007), no entanto, a captura de presas através da filtração parece ser o modo dominante

(Garrido et al., 2008). A eficiência da filtração vai sendo progressivamente maior à medida

que as sardinhas crescem, pois ocorre um aumento do número de branquiespinhas e da

dimensão dos arcos branquiais com a idade, possibilitando-lhes reter partículas

progressivamente maiores (Bode et al., 2003). A sua dieta pode ser composta por fitoplâncton

e/ou zooplâncton. Em adultos, o zooplâncton é o grupo mais importante em termos de

volume, tanto para indivíduos da costa Oeste de Portugal, como para os do Sul (Garrido et al.,

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Capitulo 1 - Introdução Geral

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2008). É verificada a preferência alimentar por Copépodes (dos géneros Temora e Euterpina),

cirrípedes e ovos de peixes.

Na fase larvar, após a formação da boca e tubo digestivo, as preferências alimentares são

variadas, desde fitoplâncton, Ciliados, ovos de Copépodes e larvas de Moluscos.

Resumidamente, o comportamento alimentar das sardinhas é variado e bastante flexível, a

ocorrência de determinadas presas pode variar geograficamente, levando a que a intensidade e

a qualidade alimentar difiram em diversas regiões. Por consequência, o crescimento e a

reprodução das sardinhas de várias áreas são também variáveis (Garrido et al., 2008).

Na zona costeira portuguesa, a sardinha atinge a maturação sexual durante o primeiro ou

segundo ano de vida (Silva et al., 2006). O período preferencial de desova ocorre entre o

Outono (Setembro/Outubro) e a Primavera (Março/Abril) do ano seguinte (Coombs et al.,

2006; Stratoudakis et al., 2007), com um pico entre os meses de Dezembro e Fevereiro,

(Nunes et al., 2011). Desde a zona Oeste da Península Ibérica, até ao Norte de França, o pico

de desova altera-se para os meses de Primavera, e no canal de Inglaterra existem duas épocas

preferenciais, a primeira, na Primavera/ Verão e a segunda no Outono (ICES, 2011a). A época

de desova pode durar mais de seis meses em algumas populações, decrescendo

significativamente no sentido norte da sua distribuição (Stratoudakis et al., 2007). Na época

de desova, o número de oócitos é elevado (50 000-60 000 ovos), e a sua libertação ocorre

principalmente na altura do pôr-do-sol (Zwolinski et al.,2001; Santos et al., 2011). A sardinha

apresenta vários episódios discretos de desova sendo por isso designada de reprodutor parcial

("batch spawners"). A frequência de desova é afectada por diversos factores tais como a

salinidade, temperatura, condição somática dos indivíduos e pela produção primária. Nas

populações de sardinha estudadas, a reprodução apresenta uma relação sazonal inversa com a

condição somática e a acumulação de reservas nas fases imediatamente anteriores ao pico de

desova (Stratoudakis et al., 2007; Ganias et al., 2009; Nunes et al., 2011). Segundo Ganias

(2009) a frequência de desova é também afectada pelo tamanho das fêmeas, quanto maior for

o seu comprimento, mais frequente é a desova. Para a costa Ocidental Atlântica, a frequência

de desova durante o pico ocorre com um intervalo de 16 dias (Nunes et al., in press).

Em Portugal, este pequeno pelágico é um dos recursos pesqueiros mais importantes, sendo

capturada sobretudo na zona costeira pela frota de cerco. Os barcos realizam uma saída diária,

normalmente ao anoitecer, e efectuam um ou mais lances, regressando ao porto nas primeiras

horas da manhã. Quando a abundância de sardinha é baixa ou quando existem muitos juvenis,

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Capítulo 1. Introdução Geral

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a pesca do cerco pode ser dirigida para outras espécies com valor comercial, como por

exemplo o carapau branco, Trachurus trachurus (Linnaeus, 1758), a cavala Scomber colias

Gmelin, 1789, a sarda Scomber scombrus Linnaeus, 1758 e o biqueirão Engraulis

encrasicolus (Linnaeus, 1758) (Zwolinski, 2008).

Para efeitos de gestão das pescarias, são considerados dois stocks nas águas europeias; o

stock Atlântico- setentrional, que ocorre desde o mar do Norte até à fronteira Franco-

espanhola da Baía da Biscaia e o stock Atlânto-Ibérico, que ocorre desde esta fronteira até ao

Estreito de Gibraltar (ICES, 2011a). Este último stock abrange as águas Atlânticas de Portugal

e Espanha e o seu estado de exploração é avaliado pelo Conselho Internacional para a

Exploração do Mar (ICES, 2011a).

As capturas anuais de sardinha em Portugal e Espanha rondaram as 250 mil toneladas em

meados dos anos 1960, sofreram um acentuado decréscimo nos últimos 15 anos, com

particular incidência na costa Atlântica Espanhola, variando nos últimos anos em torno de 90

mil toneladas (ICES, 2011a). Analisando os valores da última década, verifica-se um aumento

de desembarques nos anos iniciais, tendo decrescido ligeiramente a partir de 2008. Em

Portugal, os desembarques em 2010 rondaram as 60 mil toneladas aumentando ligeiramente

em comparação com o ano anterior (Fig.1.1-a). Quase metade dos desembarques portugueses

ocorreu na costa Norte, aumentando cerca de 3% desde o ano de 2009, (Fig. 1.1-b).

Relativamente ao recrutamento de sardinha, verifica-se que este apresenta elevadas flutuações

inter-anuais geralmente com um ou dois anos fortes (e.g. 2000 e 2004), seguidos de vários

anos fracos. No período recente, o recrutamento apresentou valores baixos de 2006 a 2008

(Fig. 1-c). As flutuações do recrutamento determinam variações importantes na biomassa do

stock desovante (SSB). O SSB variou entre 200 e 650 toneladas desde 1978, e tem vindo a

decrescer nos últimos anos em resultado dos sucessivos recrutamentos baixos (Fig. 1.1-d).

Para a gestão adequada dos recursos pesqueiros, é necessário conhecer e prever as

flutuações na sua abundância e biomassa desovante a longo prazo. O recrutamento de

pequenos pelágicos, com ciclos de vida curto é altamente variável e no caso da sardinha,

devido à sua forte influência na dinâmica da população, o conhecimento dos factores que

afectam o recrutamento tem particular importância.

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Capitulo 1 - Introdução Geral

6

a)

b)

c)

d)

Figura 1.1 - Desembarques anuais de sardinha na Península Ibérica, a) e em cada zona de

Portugal, b). Variações do recrutamento, c) e na abundância do SSB, d) nos últimos 32 anos. (Fonte:

Relatório ICES, 2011a).

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Capítulo 1. Introdução Geral

7

Sendo a sardinha uma espécie sujeita a elevadas taxas de mortalidade durante as fases de

vida mais jovens (ovos, larvas e juvenis), para conhecer os processos mais relevantes para o

recrutamento é necessário conhecer o período do ano no qual as larvas e os primeiros juvenis

têm mais probabilidade de sobreviverem. Alguns autores designam este período como “janela

ambiental óptima” ("enviromental optimal window") e consideram-no o principal responsável

pelo sucesso do recrutamento. (Baumann et al., 2008; Santos et al., 2011). Dado que o

crescimento e a sobrevivência das larvas das populações de peixes estão correlacionados, as

larvas e juvenis de sardinha que passem por períodos ambientais favoráveis crescem mais e

sobrevivem até idades mais avançadas, aumentando o número de recrutas. Em anos diferentes

a "janela ambiental óptima" pode variar alterando a abundância de recrutas de ano para ano

(Baumann et al., 2008). Diversos estudos tentaram identificar os mecanismos e os factores

ambientais favoráveis que potenciam o crescimento e sobrevivência das primeiras fases de

vida dos pequenos pelágicos, tanto a nível regional (afloramento costeiro, direcção do vento)

como global (incidência solar) (Santos et al.,2001; Borges et al., 2003; Guisande et al., 2001;

Santos et al., 2011). Para além das variações sazonais, a variabilidade inter-anual de condição

dos peixes reprodutores (geralmente as fêmeas), dada pela quantidade e qualidade de alimento

disponível durante a época de desova, e a temperatura do mar podem causar diferenças no

crescimento e nos padrões de sobrevivência das larvas, afectando desta forma o recrutamento

anual (Guisande et al., 2001; Baumann et al., 2008). Para além destes factores, também a

existência de períodos oceanográficos estáveis em que a turbulência é menor e em que ocorre

o transporte offshore de larvas e ovos para zonas com pouca abundância de alimento

condicionam o número de sobreviventes (Santos et al., 2004).

Desta forma, é importante analisar a dinâmica dos primeiros estádios da vida da sardinha e

seguir o crescimento diário e a mortalidade durante um período de tempo.

1.1. Crescimento, Estudo dos Otólitos e Interpretação da Idade

A sardinha da Península Ibérica tem um crescimento sazonal, ocorrendo principalmente

fora da época de reprodução, sendo a condição e percentagem de gordura elevadas durante

este período. Pode atingir os 15 cm de comprimento padrão durante o primeiro ano de vida, e

chegar aos 23 cm até à idade de 6 anos (Silva et al., 2008; ICES, 2011b).

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1.1 - Crescimento, Estudo dos Otólitos e Interpetação da Idade

8

As taxas de crescimento variam em cada estádio de vida dos peixes. O crescimento das

larvas depende de factores intrínsecos importantes para o potencial de crescimento, e de

factores ambientais. A predação e a disponibilidade de alimento são consideradas

fundamentais na sobrevivência durante esta fase da ontogenia, e têm sido usados para explicar

a relação existente entre a taxa de crescimento e o recrutamento. Segundo alguns autores, a

probabilidade de sobrevivência na fase de recrutamento ocorre em coortes com indivíduos de

maior tamanho, pois estes são menos predados e têm um maior espectro alimentar (Meneses,

2003; Baumann et al., 2008). Outros modelos afirmam que larvas que crescem mais

rapidamente aumentam o potencial de sobrevivência porque diminuem o período de

mortalidade. Desta forma, as larvas podem escapar mais eficazmente aos predadores, do que

outras espécies com taxas de crescimento mais baixas. No entanto, Campana (1996) verificou

que, em juvenis, a maior classe de comprimento entre os indivíduos de uma coorte estava

mais sujeita a predação e, consequentemente, a uma mais elevada taxa de mortalidade.

Nos estudos de crescimento incidindo sobre as fases iniciais da ontogenia da sardinha

demostraram que o aumento de tamanho destes clupeídeos ocorre predominantemente junto

às zonas marinhas costeiras (Batimétrica 100 metros), embora tenham sido verificados casos

de grande ocorrência no estuário do Lima, (Ramos et al., 2006). Nas zonas costeiras marinhas

existe alimento em maior abundância e a presença de predadores, a turbulência e a salinidade

são menores (Ré et al., 1990; Meneses, 2003; Coombs et al., 2004; Santos et al., 2004).

Os estudos de crescimento diário consistem no estabelecimento de uma relação entre o

número de incrementos diários, contabilizados nos otólitos, e o comprimento total ou

standard dos estados larvares usualmente através de um modelo de regressão linear (Zweifel

e Lasker, 1976). De uma forma geral, o crescimento na fase juvenil é menor no que na fase

larvar Meneses (2003) observou que para estados larvares, com comprimento entre os 6 mm e

os 25 mm, a taxa de crescimento na Lagoa de Óbidos e em Peniche foi de 0,55 mm dia-1

. Para

juvenis com comprimentos entre 93 mm e 124,5 mm, a taxa de crescimento observada foi

0,24 mm dia-1

. Alvaréz e Alemany (1996) encontraram taxas de 0,59 mm dia-1

para

indivíduos com 80 – 120 mm de comprimento originários da costa Ocidental Norte de

Portugal, e Ré (1984) encontrou taxas semelhantes (0,41-0,57 mm dia-1

) para sardinhas com

6-23 mm da costa portuguesa. Na costa da Galiza, Alvaréz (2002) verificou que que a taxa de

crescimento para larvas varia entre 0,59-0,76 mm dia-1

para indivíduos com comprimentos de

5,5-18 mm.

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Capítulo 1. Introdução Geral

9

Alguns estudos demonstraram que durante a fase juvenil o otólito tem uma relação não

linear com o crescimento somático, podendo ser usado um modelo de regressão não linear do

tipo Laird-Gompertz ou Von-Bertallanffy (Zweifel e Lasker, 1976).

A interpretação do padrão de crescimento de material orgânico nos otólitos e a taxa de

crescimento somático relacionada com esse padrão de deposição, permite compreender quais

os factores responsáveis por variações nos padrões de recrutamento, desde a primeira

alimentação até ao primeiro Inverno (Meneses, 2003; Baumann et al., 2008). A determinação

das datas de eclosão, bem como a parametrização de modelos de crescimento permite estimar

idades/datas de eclosão de outros indivíduos e comparar taxas de crescimento com resultados

de outros autores.

Em estudos de indivíduos adultos recorre-se à contagem de anéis anuais e no caso de

indivíduos no estado larvar ou juvenil, proceder-se à contagem de anéis diários ou

microincrementos (Campana e Neilson, 1985; Jones, 1992).

O estudo de anéis anuais nos otólitos é relativamente bem aplicado a peixes adultos de

ambientes temperados, pois as alterações sazonais são bem marcadas e reflectem-se na

existência de bandas opacas e translúcidas nos otólitos as quais, correspondem a um ano de

vida do peixe. Ao conjunto formado por um anel opaco e um anel translúcido, o primeiro

formado na Primavera-Verão e o último durante o Outono-Inverno, designa-se de annulus. As

áreas translúcidas são constituídas por materiais orgânicos e as opacas são dominadas por

carbonato de cálcio. O mecanismo fisiológico responsável pela deposição dos annuli é pouco

claro, mas sabe-se que a deposição é afectada por factores genéticos, pela frequência

alimentar e pelo fotoperíodo, factores que contribuem para a incerteza na determinação das

idades (Campana e Neilson, 1985). Beckman e Wilson (1995) referem também que as

condições de iluminação, ampliação e a variabilidade de interpretação dos investigadores são

também fontes de dificuldades na correcta identificação dos annuli e na interpretação das

zonas translúcidas e opacas.

O microcrescimento dos otólitos por deposição de incrementos diários é um fenómeno

bastante estudado em muitas espécies, fornecendo a sua sequência um registo cronológico de

eventos passados no historial do animal. O seu crescimento ocorre pela deposição de uma

estrutura bipartida, formada em 24 h, composta por uma unidade incremental com aspecto

opaco (zona incremental), rica em cristais aciculares de aragonite inseridos na matriz orgânica

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1.1 - Crescimento, Estudo dos Otólitos e Interpetação da Idade

10

tridimensional; e por uma unidade descontínua, translúcida, onde predominam as fibras

orgânicas (Pannela, 1971; Campana & Neilson, 1985; Morales-Nin, 2000). Visto ao

microscópio óptico de luz transmitida, um incremento diário é composto por duas zonas

adjacentes, uma mais larga e opaca e outra mais estreita e translúcida. O limite de resolução

desta visualização é 0,2 μm (Campana et al., 1987; Neilson, 1992).

As variáveis ambientais e as variáveis fisiológicas, como o fotoperíodo, temperatura,

alimentação, crescimento e o ritmo circadiano endógeno variam periodicamente,

influenciando a deposição de microincrementos nos otólitos (Campana e Neilson, 1985).

Como resultado destas alterações, podem surgir incrementos subdiários de origem ambiental.

Os incrementos subdiários, quando confundidos com incrementos diários, podem levar a uma

sobrestimação da idade e a uma subestimação da taxa de crescimento somático (Neilson,

1992). Como tal, é importante ter em atenção que os mecanismos de deposição de

microincrementos são complexos e podem ser afectados, quer ao nível da sua espessura, quer

ao nível do seu número.

A necessidade de validar a natureza diária dos incrementos tem assim um papel

fundamental nos estudos de anéis diários. A validação tem como objectivo aproximar do valor

de número de dias, contabilizado nos otólitos, ao seu valor real. Entende-se por validação a

confirmação temporal de um incremento (Wilson et al., 1983). Algumas técnicas de validação

utilizadas em adultos, como a análise do incremento marginal, não são possíveis de aplicar a

microincrementos diários devido à dificuldade de resolução dos anéis diários nas zonas junto

ao bordo do otólito. As técnicas de captura e recaptura também não são viáveis devido à

elevada mortalidade natural durante as fases larvares e juvenis. Em Portugal, a validação do

primeiro anel diário em otólitos de larvas de sardinha foi efectuado por Ré (1984). Ré (1984),

observou in situ, a cada duas horas, durante um ciclo de 24 horas, a deposição de material na

margem do otólito. Não é ainda conhecido o momento preciso da formação do primeiro

microincremento, mas assume-se que este ocorre depois da absorção do saco vitelínico.

Do conhecimento recente, não existem estudos sobre a validação do primeiro anel anual

em Portugal. A marcação errónea deste anel pode produzir discrepâncias na determinação da

idade modal, quer isto dizer que, quando indivíduos de tamanhos menores, em estimativas

feitas na primeira metade de um ano civil, são incluídos no grupo de idade 1 quando na

realidade o deveriam ser no grupo de idade 0, as estimativas de idades são erradamente

estimadas (Meneses, 2003; ICES, 2011b). O desacordo na identificação do primeiro anel

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Capítulo 1. Introdução Geral

11

entre os leitores ocorre devido à ocorrência de um anel hialino bem marcado em torno do

otólito, situado mais próximo do núcleo do que o verificado na maioria dos casos. Uma

estimativa errada dos grupos de idade 0 e 1 influencia as estimativas do stock de biomassa

desovante (SSB) e consequentemente do recrutamento (ICES, 2011b).

1.2. Área de estudo

A área de estudo deste trabalho localiza-se desde a fronteira Portugal/Espanha (rio Minho

- 41°52′0″N; 8°52′12″W) até ao Canhão da Nazaré (39°37'17.73"N; 9°12'31.99"W). É

estimado que cerca de 60% do recrutamento anual do stock Atlânto-Ibérico provém desta

região (Silva et al., 2009) (Fig. 1.2). A Costa Ocidental norte portuguesa é uma das áreas

chave de desova e crescimento de juvenis de sardinha. De uma forma geral, o oceano

Atlântico Norte apresenta uma forte circulação dominada principalmente por dois grandes

giros: o giro subtropical, que é anticiclónico, e o giro subpolar que é ciclónico. Estas

correntes, juntamente com processos oceanográficos de retenção e elevada produção

planctónica, o afloramento costeiro e o “river-runoff” são fenómenos atmosféricos e

oceanográficos importantes para a sobrevivência das larvas e juvenis (Alvaréz e Alemany

1997; Santos et al., 2004; Bernal et al., 2007), e que fazem desta área uma das mais

importantes para a dinâmica do stock Atlânto-Ibérico de sardinha (Muiño et al., 2003; Silva,

2007). Nesta área, o afloramento costeiro ocorre mais consistentemente entre nos meses de

Verão, mas podem ocorrer vários episódios ao longo do ano (Santos et al., 2004). A água é

mais salina e quente, e possui maior concentração de nutrientes. À medida que nos dirigimos

para o Sul estas características oceanográficas vão diminuindo progressivamente de

intensidade (Peliz e Fiúza, 1999).

A maior concentração de nutrientes é devida à entrada de água doce, proveniente dos rios

(principalmente Minho, Douro e Mondego), a qual origina uma pluma de salinidade baixa,

ideal para a manutenção e crescimento de larvas e juvenis (Santos et al., 2004).

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1.2 - Objectivos

12

Figura 1.2 - Delimitação dos limites da costa Ocidental Norte, a Norte (Rio Minho) e a Sul

(Canhão da Nazaré) e linhas batimétricas de 200 metros (Linha tracejada).

1.3. Objectivos

Apesar do grande avanço realizado nas últimas décadas sobre o conhecimento de diversos

aspectos biológicos e de dinâmica populacional do stock Atlânto-Ibérico de S. pilchardus, os

processos de recrutamento continuam a ser pouco conhecidos. Um melhor conhecimento

sobre os factores que afectam a sobrevivência da sardinha nas fases de pré-recrutamento é

uma etapa essencial para entender a dinâmica populacional deste recurso e gerir a pescaria do

cerco.

O conteúdo deste trabalho tem como objectivos a análise do crescimento diário de juvenis

de S. pilchardus, contribuindo para uma melhoria na consistência da atribuição de idades aos

recrutas. Este trabalho divide-se em quatro capítulos, sendo o primeiro constituído por esta

Introdução.

P

O

R

T

U

G

A

L

ESPANHA

Matosinhos

Oceano

Atlântico

Norte

N

Peniche

La

titu

de (

n)

Longitude (w)

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Capítulo 1. Introdução Geral

13

O capítulo 2 visa desenvolver um modelo para determinar a idade de juvenis de sardinha

usando características morfométricas individuais e dos otólitos, complementares à leitura

directa dos anéis diários, que facilita a obtenção de informação sobre a idade e crescimento

dos juvenis.

O objectivo no capítulo 3 é investigar a origem temporal dos juvenis das coortes de 2007

e 2008, através da leitura de anéis diários e do modelo desenvolvido no capítulo 2, e

relacioná-la com a actividade reprodutiva da população parental e com as condições de

temperatura e de disponibilidade de alimento. Para além disso, outro dos objectivos deste

capítulo é validar a posição do primeiro anel anual.

No capítulo 4 são sintetizados os principais resultados apresentados nos dois capítulos

anteriores. As idades, crescimento e datas de eclosão determinadas são discutidas e

relacionadas com alguns factores ambientais.

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Capítulo 2

Determinação da idade de juvenis de sardinha (Sardina

pilchardus) a partir de características morfométricas dos

indivíduos e dos otólitos.

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

17

2.1. Introdução

A determinação das idades e datas de eclosão de juvenis permitem explorar os factores

ambientais que afectam a sobrevivência dos peixes e o seu estudo contribui para uma melhor

compreensão das causas da variabilidade no recrutamento (Jones, 1992; Morales-Nin, 1992;

Campana, 2001; Whilhelm et al., 2005; Meneses, 2003; Alemany et al., 2006). No caso da

sardinha, o método de determinação da idade pela observação da microestrutura dos otólitos

está bem validado nas larvas e o seu crescimento é bem conhecido (Ré, 1986; Silva &

Miranda, 1992). No entanto, a fase juvenil tem sido pouco estudada principalmente devido à

complexidade e morosidade dos procedimentos de preparação e leitura dos otólitos (Meneses,

2003; Alemany et al., 2006).

Com vista a ultrapassar as dificuldades associadas à leitura de anéis diários, têm sido

explorados métodos complementares ou alternativos a esta. Medições dos otólitos e dos

indivíduos têm fornecido resultados satisfatórios na determinação da idade em peixes adultos

de várias espécies de zonas temperadas e tropicais (Boehlert, 1985; Pawson, 1990; Flecher

1991, 1995; Araya et al., 2001; Lou et al. 2007). Por exemplo, Boehlert (1985) referiu que a

combinação do peso dos otólitos com o comprimento dos indivíduos permite estimar a idade

de Sebastes diplopora (Gilbert, 1890) com precisão idêntica à da leitura directa de anéis de

crescimento. Também Pawson (1990) verificou ser possível classificar correctamente a idade

de adultos de sardinela – lombuda (Sardinella aurita Valenciennes, 1847) a partir do peso dos

otólitos e do comprimento dos indivíduos em 82% dos casos, e Fletcher (1991, 1995)

verificou uma boa correspondência entre idades determinadas com base na leitura de otólitos

e as classes modais das distribuições de frequências dos pesos dos otólitos na sardinha da

Austrália (Sardinops sagax (Jenyns, 1842)). Assim, em adultos de várias espécies, incluindo a

sardinha e outros clupeídeos, diversos estudos demonstraram que o peso do otólito explica

entre 70% a 90 % da variabilidade da idade do peixe, (Pawson, 1990; Fletcher, 1991 e 1995;

Labropoulou & Papaconstantinou, 2000; Araya et al., 2001).

Este estudo teve como objectivo relacionar a idade de juvenis de sardinha, obtida pela

contagem de anéis diários, com características morfométricas dos indivíduos (peso e

comprimento total) e dos otólitos (peso e diâmetro). Estimaram-se as relações entre a idade e

as diferentes variáveis e comparou-se a sua capacidade preditiva. Usou-se a melhor relação

para estimar as idades e datas de nascimento de novos indivíduos, isto é, juvenis recolhidos

no mesmo período para os quais não se determinou a idade mas registaram-se as

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2.1 - Introdução

18

características morfométricas. Estimou-se também a taxa de crescimento para os indivíduos

amostrados. Este trabalho é uma versão mais aprofundada de um trabalho prévio (Silva et al.,

in press) e baseou-se em amostras de juvenis da coorte de 2004, uma das mais fortes dos

últimos anos (ICES, 2010).

2.2. Materiais e Métodos

Foram recolhidas treze amostras de juvenis de sardinha, com uma periodicidade

aproximadamente bi-mensal, provenientes de desembarques comerciais na costa norte de

Portugal entre os meses de Maio de 2004 e Janeiro de 2005, (Tab. 1). Cada amostra contém

87-205 indivíduos retirados aleatoriamente perfazendo um total de 1759 indivíduos.

Os exemplares amostrados foram pesados, medidos e extraídos os otolitos (saggitae). As

pesagens foram realizadas numa balança com uma aproximação a 0,001g. Foram registados

os comprimentos totais com uma precisão de 0,5 centímetros. Os otólitos foram preservados

em tubos eppendorf.

Para a determinação das idades seleccionou-se uma sub-amostra da seguinte forma: para

cada uma das amostras anteriores, distribuíram-se os indivíduos por classes de comprimento

de 0,5 cm e seleccionaram-se 5 de cada uma das classes extremas da distribuição de

comprimentos e 5 da classe modal. Estes foram por sua vez divididos em duas amostras:

Amostra 1: Amostra de 57 otólitos, correspondendo a três otólitos da classe modal e dois

de cada extremo da distribuição de uma das amostras de cada mês. Foi necessário excluir

alguns dos otólitos seleccionados devido a problemas de malformações ou sobre-polimento

(Tab.1), Foram observadas e interpretadas as suas microestruturas para determinação da idade

(em dias) e das datas de eclosão. Estabeleceram-se as relações entre a idade e as

características morfométricas dos otólitos e dos indivíduos (Tab.1).

Amostra 2: constituída pelos restantes otólitos, num total de 179, os quais foram estimadas

a idade e as datas de eclosão destes indivíduos com base na melhor relação encontrada na

Amostra 1 (Tab.1).

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

19

2.2.1. Amostras 1 e 2

Pesagem dos otólitos

As membranas das câmaras epiteliais do ouvido interno dos peixes, ou os seus resíduos

aderem à superfície dos otólitos pelo que se procedeu à remoção mecânica com pinças de

relojoeiro e um pincel numa solução de hipoclorito de sódio (duas a três gotas em cerca de 5

ml de água) (Secor et al., 1992). Os otólitos foram lavados e posteriormente colocados a secar

numa estufa a uma temperatura de 60ºC (Fletcher, 1991) durante 14 horas, seguido de uma

hora num exsicador. Foram transferidos para placas com alvéolos escavados forrados com

papel de alumínio sendo posteriormente pesados numa micro-balança Mettler UMT2, com

uma aproximação de 0,0001 mg.

De forma a verificar se existiam diferenças entre os pesos dos otólitos direito e esquerdo

do mesmo indivíduo, escolheu-se uma sub-amostras, com intervalos de um mês e pesaram-se

ambos os otólitos. Aplicando um teste t-Student para dados emparelhados (Zar, 1984)

verificou-se que não existiam diferenças significativas nos pesos médios dos otólitos direito e

esquerdo (t= - 0,066; n=42; p> 0,05). Desta forma, escolheu-se o otólito esquerdo para a

medição, pesagem e leitura de anéis diários.

2.2.2. Medição do diâmetro

Os diâmetros dos otólitos foram medidos com um sistema de análise de imagem

Tabela 1 - Dados relativos às amostras estudadas.

Data Captura Porto Embarcação NOA A1 A2 A1 +A2

20-05-2004 POV Zé Calais 205 12 4 16

27-05-2004 POV Armadores 184 8 29 37

04-06-2004 POV Virgílio Miguel 99 - 43 45

28-06-2004 POV Zé Calais 170 6 7 13

01-07-2004 MAT Deus do Sol 150 - 11 11

20-07-2004 POV Zé Calais 164 9 4 13

26-07-2004 MAT Deus do Sol 102 - 14 14

24-08-2004 MAT Fátima Torrão 110 4 7 11

06-09-2004 MAT Zé Calais 107 - 14 14

23-09-2004 MAT Mestre da Galileia 108 5 12 18

16-11-2004 POV Fátima Torrão 87 3 15 15

19-11-2004 MAT Henrique Câmbola 155 4 13 17

10-01-2005 MAT Abraão Miguel 118 6 6 12

Total 1759 57 179 236

POV - Porto da Póvoa de Varzim; MAT - Porto de Matosinhos; NOA- Número de indivíduos amostrados; A1 - Amostra 1; A2- Amostra 2.

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2.2 -Materiais e Métodos

20

devidamente calibrado, composto por uma lupa binocular Olympus SZX 1, uma câmara

digital Sony DFW-SX 910 ligada a um computador com o programa Visilog 6.3 © Noesis

(http://www.noesis.fr).

As ampliações escolhidas foram aquelas que permitiam observar o otólito em todo o seu

comprimento. Para se obter o diâmetro do otólito, mediu-se a distância em linha recta desde o

ponto médio do rostro até à margem posterior. Os pontos de referência para o traçado foram o

primordium e o centro do arco do rostro do otólito (Fig. 2.1).

Figura 2.1 - Orientação do eixo (segmento de recta) usado para as medições e os pontos de

referência (setas) do sagitta de juvenil de sardinha capturado a 8 de Junho de 2004. R - rostro; P-

primordium; PR – pós-rostro.

2.2.3. Amostra 1

Processamento dos otólitos

Os primeiros otólitos foram montados à lupa com o sulco (face medial do otólito) voltado

para baixo numa lâmina de vidro, devidamente identificada, com uma gota de resina de

secagem rápida e dureza média (Entellan®). De seguida, foram colocados na estufa a 37-

P

R

PR

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

21

40ºC, durante pelo menos 12 horas, deixando-se posteriormente arrefecer num local livre de

poeiras. Depois de secos, os otólitos foram polidos com lixas microabrasivas com grão de 30

μm e 9 μm humedecidas com água destilada. Durante este processo, os otólitos e as lixas

microabrasivas foram constantemente lavados com água destilada e os otólitos foram sendo

constantemente observados ao microscópio, de forma a obter-se um plano onde todos os

microincrementos eram visíveis, a partir do primórdio. Utilizou-se então uma lixa de grão 0,3

µm para espelhar a superfície do otólito de forma a obter uma resolução suficiente para a

observação da microestrutura, e para eliminação dos riscos resultantes da preparação, (Secor

(Secor et al., 1992).

Observou-se que determinadas zonas dos otólitos apresentavam dificuldades de leitura de

anéis, para minimizar este problema, optou-se por realizar o polimento nas duas fases para os

últimos 21 otólitos amostrados. Para se separar o otólito da placa de vidro, esta foio clolocada

numa placa de petri com água até a resina humedecer. Procedeu-se novamente ao polimento

da outra face do otólito, seguindo procedimento já descrito.

Observando a preparação ao microscópio com uma ampliação que permitia a visualização

de todo o otólito, colocou-se uma camada fina de resina. Deixou-se secar durante cerca de

duas horas. No final, obteve-se uma secção fina do otólito.

Procedeu-se depois à aquisição de imagens de cada otólito usando o sistema de análise de

imagem referido anteriormente, ligado a um microscópio Olympus GX 51. Usou-se uma

ampliação de 200x. Dado que com esta ampliação não era possível visualizar os otólitos

inteiros, fizeram-se séries de imagens sucessivas (mosaicos) de cada otólito de forma a obter-

se uma cobertura completa da sua microestrutura. As fotografias foram guardadas no formato

TIFF para uma melhor qualidade de imagem e, realizaram-se em média, 60 imagens para cada

otólito. Os mosaicos foram montados numa única imagem formando o otólito completo,

excepto quando o diâmetro do otólito ultrapassava os 2000 μm optou-se por capturar a zona

do rostro e a margem posterior do otólito. Esta escolha deveu-se a dificuldades associadas ao

armazenamento e manuseamento dos ficheiros. A montagem foi realizada manualmente

recorrendo ao programa de tratamento de imagem Adobe® Photoshop® CS2 e foi no final

convertido para uma escala de cinzentos. Para a contagem dos microincrementos utilizou-se a

aplicação TNPC 4 do programa Visiolog 6.3, © Noesis (http://www.noesis.fr).

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2.2 -Materiais e Métodos

22

2.2.4. Leitura de idades e determinação da data de eclosão

Para determinar a idade, contaram-se directamente os anéis diários nos otólitos

correspondentes a uma sequência de zonas concêntricas opacas e translúcidas (Morales-Nin,

2000) desde o núcleo até à margem (Fig. 2.2).

Seleccionou-se um eixo de contagem traçado ao longo do diâmetro maior do otólito,

desde o núcleo até á margem posterior do otólito (Fig. 2.2). A contagem em zonas de menor

dimensão pode induzir a uma subestimação devido à menor resolução dos incrementos, em

particular nas zonas externas onde os incrementos estão mais juntos. Em caso de

impossibilidade de leitura nalgum sector do eixo escolhido, verificou-se se era possível seguir

um dos últimos anéis antecedentes à zona sub- ou sobre-polida para uma área com melhor

visibilidade dos anéis (mudança de eixo de contagem; Fig. 2.2). Nos casos de impossibilidade

de mudança do eixo de contagem, foi feita uma interpolação com base nos sectores

antecedentes, desde que o comprimento do sector a interpolar não ultrapassasse 20% do

comprimento total do eixo de leitura e desde que não fosse uma zona de alteração brusca da

espessura dos incrementos adjacentes (Campana, 1992).

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

23

100μm

50 μm

1

2

3

Figura 2.2 - Otólito de juvenil capturado a 27-05-04 com 8,4 cm e 104 dias (± 3,5 meses). 1)

eixo de contagem de microincrementos; 2) mudança de direcção do eixo de contagem; 3) segundo eixo

de contagem.

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2.2 -Materiais e Métodos

24

Adicionaram-se 5 dias ao número de incrementos contados, correspondendo ao período

médio decorrido desde a eclosão até à fase de primeira alimentação (Blaxter, 1969; Silva &

Miranda, 1992). A partir desta fase passam a ser marcados os incrementos diários (Ré, 1983;

Jones, 1992). As datas de eclosão foram determinadas subtraindo a idade em dias, à data de

captura.

2.2.5. Análise estatística

Para explorar a relação entre a idade (Id) o comprimento individual (CI), o peso individual

(PI), o diâmetro do otólito (DO) e o peso do otólito (PO) dos juvenis de sardinha calcularam-

se os coeficientes de correlação de Pearson (r) entre todos os pares de variáveis. Realizou-se o

diagnóstico de multicolinearidade entre as variáveis morfométricas calculando o Factor de

Inflação da Variância (FIV). Este factor indica em que medida uma dada variável

independente é explicada pelas outras variáveis independentes; valores superiores a 5 indicam

colinearidade. Os valores de FIV encontrados confirmaram a existência de multicolinearidade

(Anexo I-i) entre as variáveis morfométricas e, dado que a sua existência torna impossível

determinar correctamente a contribuição individual de cada uma das variáveis num modelo de

regressão linear múltipla (Faraway, 2002), seguiram-se dois caminhos:

1) Realizou-se uma regressão de componentes principais (PCR, Massy, 1965), método

que permite contornar o problema da multicolinearidade e utilizar o conjunto de todas as

variáveis morfométricas para estimar a idade dos indivíduos. Este método compreende a

realização de uma Análise de Componentes Principais (PCA) das variáveis morfométricas, a

partir da matriz de correlações, e a utilização das componentes principais como variáveis

independentes num modelo de regressão linear múltipla passo a passo.

2) Ajustaram-se vários modelos de regressão linear simples, usando a idade como variável

dependente e cada uma das variáveis morfométricas separadamente como variável

independente.

No anexo I-i estão representadas os gráficos QQ-plot e a raiz quadrada dos resíduos

standartizados versus os valores preditos, para cada modelo. Na sequência da análise gráfica

dos resíduos dos modelos para verificação dos pressupostos observou-se que a

homocedasticidade não era cumprida no caso das relações da idade com PO e DO, não

existindo no entanto indicações de não-linearidade. Na tentativa de solucionar o problema da

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

25

heterocedasticidade, exploraram-se modelos de regressão linear ponderada e modelos com

transformação logarítmica da variável dependente Exploraram-se também modelos não

lineares. Considerou-se aceite o pressuposto de homocedasticidade para estes últimos

modelos quando se observou uma banda horizontal de resíduos aleatoriamente distribuídos

em redor do eixo dos x.

De forma a verificar quais dos modelos permitiam prever a idade com mais precisão,

comparou-se em primeiro lugar o melhor modelo intra-grupos e os escolhidos foram depois

comparados entre si. A selecção dentro do mesmo grupo de modelos foi realizada pela

comparação entre a análise gráfica dos resíduos, o coeficiente de determinação (r2) e a

Informação de Akaike corrigida (AICc). A selecção entre cada grupo de modelos foi baseada

nos valores de AICc e nos intervalos de predição.

O coeficiente de determinação é uma medida do ajustamento da função aos dados, indica

a percentagem de variação da variável dependente que é explicada pela da variável

independente. Quanto mais perto de 1 for o seu valor, melhor ajustado é o modelo (Zar,

1999). A sua fórmula é dada por:

SSY – Soma dos quadrados em Y; SSE – Soma dos quadrados dos erros da regressão.

A informação de Akaike (“Akaike’s information criterion” – AIC) tem uma base teórica

relativamente complexa, que relaciona a distância relativa de Kullback-Liebler (K-L), a teoria

da função de verosimilhança e o conceito de entropia (Burnham e Anderson, 1998). Este teste

permite comparar modelos, com dados relativamente complexos, que seguem a mesma

distribuição estatística, de uma forma mais prática e teórica. Desta forma, é possível

relacionar modelos com uma ou várias variáveis resposta diferentes, para a mesma variável

independente e compararem-se modelos lineares com modelos não lineares. Os modelos log-

transformados foram comparados entre si com este critério, mas não puderam ser comparados

com os outros grupos. O AIC é calculado pela seguinte fórmula:

( ⁄ ) ))

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2.2 -Materiais e Métodos

26

( ⁄ ) = Logaritmo da função de verosimilhança, k = (p + 1), sendo p o número de

parâmetros do modelo.

Se a razão entre o número total de observações (n) e o número de parâmetros (k) for

pequena (<40), é recomendado por Burnham e Anderson (1998) a utilização do critério de

Akaike’s corrigido, AICc. O AICc é dado pela seguinte expressão:

)

n = número de observações da amostra; k = p + 1

Para seleccionar a equação dos vários grupos de modelos, que permite estimar com

melhor precisão a idade dos juvenis, calcularam-se intervalos de confiança de predição (ICP)

(Zar, 1999). Estes intervalos foram representados graficamente e analisado o seu

comportamento. Calculou-se o seu intervalo para cada variável independente, para um valor

da extremidade máxima da recta.

Depois de aplicados estes critérios o modelo que satisfez o maior número de critérios foi o

modelo de regressão log-transformado utilizando como variável o diâmetro do otólito. Para

obter os valores preditos em números de dias, da Amostra 2, foi necessário calcular o factor

de correcção de anti-logaritmização. O factor de correcção foi calculado segundo o método de

Beauchamp e Olson (1973).

Determinaram-se as idades de todos os indivíduos da amostra a partir do modelo

escolhido e calculou-se a média da data de nascimento para cada classe de comprimento de

cada amostra. Distribuíram-se depois os indivíduos recolhidas das treze amostras de juvenis

por classes de comprimentos e estimou-se a data média de eclosão para cada classe de

comprimento para os indivíduos eclodidos no mês de Janeiro, pois estes foram os mais

representativos ao longo das amostras.

A parametrização de um modelo geral de crescimento foi obtida pelo ajuste de curvas de

Laird - Gompertz, ( ))) aos dados de comprimento e idade. Estimaram-se as

curvas de Gompertz para a Amostra 1 (Lt obs ; n=57) e para a amostra 2, (Lt - pred, n=179).

No modelo de crescimento referido, L corresponde ao comprimento total, Li: é o

comprimento assimptótico, G é a taxa instantânea de crescimento à idade t0, sendo t0 o ponto

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

27

de inflexão da curva, que mostra a idade à qual a taxa de crescimento absoluta começa a

decrescer, e t é a idade em dias; k é um parâmetro adimensional, de tal forma que kG é a taxa

instantânea de crescimento quando t=0 e L=0. O ponto de inflexão da curva de Gompertz está

situado em (t0; / ) (Ricker, 1979; Campana e Jones, 1992).

De forma a optimizar o consenso entre os valores preditos os valores observados, as

curvas de Laird-Gompertz foram comparadas por testes de verosimilhança. Este teste consiste

em calcular a soma dos quadrados dos resíduos entre as curvas e compará-lo com a

distribuição de qui-quadrado com o número apropriado de graus de liberdade (df) e nível de

significância α (kimura, 1980; Silva, 2007). A hipótese de as curvas entre as Amostras 1 e 2

serem diferentes foi testada contra uma série de hipóteses que assumiam que alguns

parâmetros eram partilhados pelas duas amostras Assim, a primeira hipótese testada foi a

igualdade dos três parâmetros (H01), isto é as curvas são coincidentes e poder-se-á ajustar uma

curva às duas amostras. Quando este teste foi rejeitado, realizou-se uma análise exploratória

do comportamento dos parâmetros Li, K e G de forma a classificarem-se as curvas em

diferentes categorias (Anexo I-iii). Desta forma classificaram-se as curvas em coincidentes,

paralelas ou convergentes segundo as seguintes hipóteses nulas:

H01: Li

1=Li

2; k

1=k

2; G

1=G

2 – Curvas coincidentes;

H02: Li

1≠Li

2; k

1=k

2; G

1≠G

2 – Curvas paralelas;

H03: Li

1= Li

2; k

1≠k

2; G

1≠G

2 – Curvas convergentes;

H04: Li

1≠ Li

2; k

1≠k

2; G

1=G

2 – Curvas divergentes;

H05: Li

1≠ Li

2; k

1=k

2; G

1=G

2 – Curvas paralelas;

H06: Li

1= Li

2; k

1≠k

2; G

1=G

2 – Curvas convergentes;

H07: Li

1= Li

2; k

1=k

2; G

1≠G

2 – Curvas divergentes.

A hipótese 4 (H04: Li

1≠ Li

2; k

1≠k

2; G

1=G

2 – curvas divergentes) foi aceite e calculou-se a

taxa de crescimento absoluta e o ponto da curva no qual a taxa de crescimento começa a

decrescer. A taxa de crescimento absoluta para um determinado número de dias (g) foi

calculada segundo a fórmula: g= GL (ln Li – ln L) (Campana e Jones, 1992). A análise foi

efectuada com o programa R 2.13.1 (The R Foundation for Statistical Computing, 2011)

As inferências estatísticas foram baseadas a um nível de significância de 0,05.

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2.3 -Resultados

28

2.3. Resultados

A análise descritiva dos dados (média, mínimo, máximo e desvio padrão) encontra-se

sumarizada na Tabela 2. Para a Amostra 1 verificou-se que as idades determinadas variaram

entre 103-275 dias (3,5 - 8,5 meses), correspondentes a indivíduos de comprimento total entre

6,7 – 15,6 cm. O comprimento mínimo dos indivíduos da Amostra 2 foi um pouco maior que

o da Amostra 1 tal como o comprimento máximo. Os pesos dos indivíduos e diâmetro dos

otólitos variaram entre 1,8-30,4g e 976,3-2597,3 μm para as duas Amostras (Tab. 2.2).

2.3.1. Relação entre as variáveis morfométricas

Os resultados da análise de correlação entre as variáveis morfométricas consideradas são

apresentados na Tabela 2.3. As correlações entre as variáveis foram altamente significativas

(P< 0,05), com os coeficientes de correlação de Pearson (r) a variarem entre 0,87 e 0,97 para a

Amostra 1, e 0,89 - 0,97 para a Amostra 2.

Tabela 2.3 - Correlações (r) entre as variáveis para as amostras 1 (acima da diagonal) e amostra 2 (abaixo

da diagonal).

Tabela 2.2 - Sumário da análise das amostras de otólitos de S. pilchardus

A1 A2

Média Mínimo Máx. Desvio Padrão Média Mín. Máx.

Desvio

padrão

CI (cm) 10,6 6,7 15,6 2,0 11,09 7,30 15,80 2,00

PI (g) 9,3 1,8 26,3 5,4 10,62 2,61 30,4 6,05

DO (µm) 1747,8 976,3 2529,3 404,9 1835,0 1286,92 2597,32 333,72

PO (mg) 0, 5 0,1 0,7 0,2 0,5 0,2 1,1 0,2

Id (dias) 170,2 103 275 43,5 - - - -

A1 – Amostra 1; n= 57 otólitos. A2 – Amostra 2; n= 179 otólitos. CI – Comprimento Individual; PI – Peso individual; DO – Diâmetro

dosotólitos; PO – Peso dos otólitos; Id – Idade.

Tabela 2.3 - Correlações (r) entre as variáveis para as amostras 1 (acima da diagonal) e amostra 2

(abaixo da diagonal).

CI PI DO PO Id

CI - 0,96 0,95 0,93 0,89

PI 0,97 - 0,88 0,88 0,87

DO 0,94 0,90 - 0,97 0,90

PO 0,91 0,89 0,96 - 0,91

CI – Comprimento Individual; PI – Peso individual; DO – Diâmetro dosotólitos; PO – Peso dos otólitos; Id – Idade.

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

29

2.3.2. Regressão de Componentes Principais

A primeira componente (PC1) apresentou uma forte relação com todas as variáveis em

estudo, explicando cerca de 94,7% da variabilidade total (Tab. 2.4).

A PCR mostrou que o melhor modelo para determinar a idade das sardinhas inclui apenas

a PC1 (Tab. 2.5). A percentagem de variância da idade explicada por este modelo foi de 88%.

A análise de pressupostos deste modelo não foi cumprida (Anexo 1- iii).

2.3.3. Relação entre a idade e as variáveis morfométricas

Os resultados dos vários modelos de regressão entre a idade (Id) e as características

morfométricas em estudo encontram-se sumarizados na Tabela 2.5.

De uma forma geral, entre os grupos de modelos, é possível ver que as características

associadas aos otólitos são as traduzem uma melhor relação com a idade, pois são as que

possuem os melhores valores de r2 e de AICc, particularmente, as características associadas

aos otólitos apresentaram valores de r2 entre 81 e 87 e de AICc entre 479,07 e 502,00, ao

passo que as morfometrias associadas aos indivíduos apresentaram valores de r2 e AICc de

0,74 -0,81 e 501,84 - 518,42 respectivamente (Tab. 2.5).

Na equação 1 referente à PCR, verifica-se um valor do coeficiente de determinação

próximo dos outros grupos de modelo, não melhorando substancialmente a estimativa de

idade dos juvenis de sardinha.

Nos modelos lineares simples é verificado que a melhor relação com a idade é obtida com

DO pois o valor de r2 é igual a 83% e o valor de AIC é menor (495,93). No entanto, nas

equações 2 a 5, a variação dos resíduos aumenta à medida que os valores estimados

Tabela 2.4 - Matriz das PC’s Componentes Principais

PC1 PC2

CI 0,99 0,01

PI 0,96 0,28

DO 0,98 0,18

PO 0,97 0,20

Valor Próprio 3,8 0,2

% Variância 94,7 4,0

% Cumulativo 94,7 98,7

CI – Comprimento Individual; PI – Peso individual; DO – Diâmetro dosotólitos; PO – Peso dos otólitos; Id – Idade; PC1 – Primeira

componente; PC2 – Segunda Componente.

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2.3 -Resultados

30

aumentam (Anexo I-iii), mostrando que a variância não é constante. Por este motivo

considerou-se que estes modelos não seriam adequados para prever futuras idades.

Tabela 2.5 - Parâmetros dos modelos de Regressão.

N.º Modelo a b F (1; 55) r2 AICc Tipo/ Grupo

1 -20,26

(1,20)

170,51

(2,34) 284,2 0,84 493,52 PCR

2 185,31

(12,05)

86,27

(6,03) 236,7 0,81 501,11

Linear Simples

3 0,10

(0,01)

-0,49

(10,68) 270,1 0,83 495,93

Linear Simples

4 6,99

(0,55)

105,27

(5,87) 164,1 0,74 518,42

Linear Simples

5 18,90

(1,38) -29,43

(14,40) 199,8 0,78 509,83

Linear Simples

6

wi = 1/(PO)2 194,45

(10,06)

82,46

(3,00) 373,5 0,87 479,07

Linear Ponderada

7

wi = 1/(DO)2 0,09

(0,01) 8,51 (8,02) 337,1 0,86 484,84

Linear Ponderada

8

wi = 1/(PI)2 8,71

(0,61)

91,19

(3,25) 205,7 0,79 510,81 Linear Ponderada

9

wi = 1/(CI)2 18,60

(1,22)

-26,34

(12,17) 232,7 0,81 501,84

Linear Ponderada

10 ) 1,10

(0,07) 4,61 (0,03) 250,8 0,82 -85,65

Linear log-transformada

11 ) 0,00059

) 4,08

) 349,5 0,86 -101,60

Linear log-transformada

12 253,22

(6,76) 0,47 (0,03) 0,94 502,00

Não Linear

13 58,47

(4,08)

0,0006

) 0,99 490,20

Não Linear

14 75,26

(5,08) 0,38 (0,03) 510,35

Não Linear

15 10,54

(2,22) 1,18 (0,09) 509,71

Não Linear

a; b – coeficientes da regressão. n=57; p-value<0,05; CI – Comprimento Individual; PI – Peso individual; DO – Diâmetro dos otólitos;

PO – Peso dos otólitos; Id – Idade.

Nota: Valores em parênteses correspondem aos erros padrão.

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

31

Entre os modelos lineares ponderados, equações 6 a 9, a homocedasticidade foi

considerada aceitável (Anexo I-iii). Uma vez que as regressões lineares ponderadas, modelos

6 e 7, não houve uma diferença substancial no valor de r2, a melhor relação foi escolhida com

base no valor de AIC de 479,07 para o modelo 6 (Tab. 2.5).

Os modelos logarítmicos, 10 e 11 não apresentaram desvios à análise de variância e o

modelo que estima a idade a partir do DO (modelo 11) apresentou melhores resultados com

uma variância explicada de 87% e AIC inferior (-101,60).

Verifica-se entre as equações não lineares (12, 13, 14, 15), o modelo 13 com AIC de

490,20 é considerado o melhor dos quatro. Desta forma, as equações com melhores valores de

r2 e AICc entre os grupos analisados formam as equações 6, 11 e 13. As equações 6 e 13

podem ser comparadas entre si pelo AICc sendo portanto o modelo 6 o escolhido com um

AIC inferior.

Entre a equação 6 e 11 compararam-se os erros padrão dos coeficientes de regressão e os

intervalos de predição da estimativa (Fig. 2.3). O modelo linear transformado apresentou um

percentagem de erros padrão para os coeficientes a e b de cerca de 6% e 1%, respectivamente.

O modelo linear ponderado apresentou percentagem de erros padrão de 5% e 3% para os

mesmos coeficientes. Os intervalos de predição mostraram que o modelo linear ponderado

apresenta um maior intervalo de predição para valores de PO elevados. Por exemplo, para um

peso do otólito estimado de 0,7 mg a idade varia entre 166 dias e 280 dias. Por seu lado, a

estimativa de idade a partir da relação com o DO apresentou intervalos de confiança mais

consistentes ao longo dos valores preditos. Para um valor de DO de 2300 μm a idade estimada

de 201-297 dias (Fig. 2.3). Escolheu-se o modelo 10 como o melhor para predizer a idade e

consequentemente data de eclosão das sardinhas.

2.3.1. Estimação das idades, das datas de nascimento e taxas de crescimento

As idades médias observadas (Amostra 1) e estimadas (Amostra 2) variaram entre os 128

dias e 276 dias, correspondendo a datas mínimas e máximas de nascimento entre 21 de

Outubro 2003 e 18 de Julho de 2004. Verifica-se que a data de nascimento média das

sardinhas, para cada uma das amostras, se situa entre os meses de Janeiro e Março, à excepção

da amostra de 10 de Janeiro de 2005, em que a média de nascimento se situou no início do

mês de Junho de 2004 (Tab. 2.6).

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2.3 -Resultados

32

Figura 2.3 - Idade prevista pelos modelos 6 Diâmetro dos Otólitos (DO) a) e 10 – Peso dos

Otólitos (PO) b). Intervalo de confiança da predição (rectas descontínuas) para a s Amostras 1e 2

(recta espessa).

A distribuição das datas de nascimento, estimadas pela contagem de anéis diários nos

otólitos dos juvenis de sardinha mostrou que cerca de 80% dos indivíduos nasceram no

período de Janeiro – Março de 2004 (Fig.2.4). Esta figura sugere também, durante o intervalo

de tempo referido, a existência de três períodos modais; o primeiro, e mais evidente, a 18 de

Janeiro 2004. Os restantes períodos modais tiveram um menor número de nascimentos e

ocorreram a 8 de Março e 7 de Abril de 2004. Na figura 2.4 mostra também a ocorrência de

nascimentos nos meses de Junho, Julho e Agosto de 2004, sendo que estes indivíduos foram

capturados em Janeiro de 2005. As amostras de Maio, Junho, Julho, Agosto e Setembro de

2004 são os que possuíam a maior parte dos indivíduos nascidos de Dezembro de 2003 a

Março de 2004. As sardinhas nascidas durante o mês de Abril de 2004 foram capturadas no

mês de Novembro do mesmo ano.

1000 1500 2000 2500

10

01

50

20

02

50

do

da

ys.d

o

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

10

01

50

20

02

50

pofit

a) b)

DO (µm) PO (g)

Ida

de

(d

ias)

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

33

2

003

2004

……

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04

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28

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-200

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01

-07

-200

4

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-200

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-200

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24

-08

-200

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06

-09

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23

-09

-200

4

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16

-11

-200

4

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19

-11

-200

4

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10

-01

-200

5

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2.3 -Resultados

34

Figura 2.4 - Distribuição de datas de nascimento (n= 1759) por cada uma das sub-amostras

de sardinhas capturadas.

A progressão das modas das distribuições de comprimento mostra alguma coerência com

o crescimento de grupos de juvenis nascidos no mesmo mês (Fig. 2. 6). As sardinhas,

nascidas em Janeiro de 2004, mostraram um aumento de comprimento total modal de 6,5 cm

em Maio 2004 para, 13 cm em Agosto de 2005 (cerca de 90 dias), correspondendo portanto a

uma taxa de crescimento média de 0,07 cm dia -1. Do mesmo modo, as sardinhas com datas

de nascimento estimada em Fevereiro de 2004, apresentaram uma taxa de crescimento média

de 0,07 cm dia -1, entre Julho e Novembro de 2004.

A estimativa de crescimento de sardinhas amostradas desde Maio a Julho de 2004, cuja

data de desova estimada ocorreu a 18 de Janeiro de 2004, mostrou um aumento no

comprimento total de 8,5 cm para 14 cm durante cerca de 96 dias (20 de Maio a 28 de Junho

de 2004), correspondendo a uma taxa de crescimento média de 0,06 cm dia-1

. Foi observada

uma taxa de 0,04 cm dia-1

para as sardinhas com data de nascimento estimada em 27 de

Fevereiro de 2004, num período de 54 dias, nas sardinhas com 13,5 cm em 23 de Setembro de

2004, que cresceram até 15, 5 cm em 16 de Novembro de 2004.

A parametrização de um modelo geral de crescimento foi obtida pelo ajuste de curvas de

Laird-Gompertz aos dados de comprimento e idade. A comparação dos parâmetros das curvas

entre as duas amostras (Lt-obs, n=57 e Lt - pred, n=179) e os parâmetros de uma curva geral de

0

5

10

15

20

25

30

35

40

10-1

0-2

003

20-1

0-2

003

30-1

0-2

003

09-1

1-2

003

19-1

1-2

003

29-1

1-2

003

09-1

2-2

003

19-1

2-2

003

29-1

2-2

003

08-0

1-2

004

18-0

1-2

004

28-0

1-2

004

07-0

2-2

004

17-0

2-2

004

27-0

2-2

004

08-0

3-2

004

18-0

3-2

004

28-0

3-2

004

07-0

4-2

004

17-0

4-2

004

27-0

4-2

004

07-0

5-2

004

17-0

5-2

004

27-0

5-2

004

06-0

6-2

004

16-0

6-2

004

26-0

6-2

004

06-0

7-2

004

16-0

7-2

004

26-0

7-2

004

05-0

8-2

004

Mai

s

Mai-04 Jun-04

Jul-04 Ago-04

Set-04 Nov-04

Jan-05Nú

mer

o d

e in

div

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Data de eclosão

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

35

crescimento, indicou que as curvas não são semelhantes, existindo diferenças significativas

entre parâmetros dois a dois, isto é as duas curvas têm apenas um parâmetro semelhante.

Observou-se assim, que os valores para o comprimento assimétrico Li e o parâmetro k são

diferentes para os dois modelos e que a taxa de cres.cimento absoluta G é semelhante (Tab.

2.7).

É importante ter em atenção que existem poucos valores observados para comprimentos

maiores e que para comprimentos mínimos, existem mais valores observados do que

estimados e por isso resultar em diferenças entre estes parâmetros (Fig. 2.6).

Tabela 2.7 - Testes de verosimilhança comparando os parâmetros de Laird-Gompertz entre os dados observados

e preditos pela recta com um modelo geral de crescimento.

Hipóteses Li1 Li

2 K1 K2 G1 G2 rse p-value df

H0

L1 ≠ L2;

K1≠K2;

G1≠G2

16,01

(1,43)

18,35

(1,57)

2,28

(0,42)

2,89

(0,46)

0,010

(0,0024)

0,010

(0,0020) 0,7608

H01

L1 = L2;

K1=K2;

G1=G2

18,46

(1,36)

18,46

(1,36)

2,52

(0,25)

2,52

(0,25)

0,009

(0,001)

0,009

(0,001) 0.7867 2,9 x 10-4 3

H02 K1=k2

15,15

(0,72)

19,16

(1,69)

2,69

(0,31)

2,69

(0,31)

0,012

(0,0015)

0,009

(0,0016) 0,7606 3,4 x 10-1 1

H03 L1=L2

17,68

(1,13)

17,68

(1,13)

2,02

(0,19)

3,11

(0,48)

0,008

(0,0011)

0,010

(0,0017) 0,7608 3,2 x 10-1 1

H04 G1=G2

16,12

(0,97)

18,26

(1,21)

2,26

(0,27)

2,92

(0.37)

0,01

(0,0015)

0,01

(0,0015) 0,76 9,3 x 10-1 1

H05

K1=k2

G1=G2;

18,51

(1,46) 18,35

2,47

(0,27)

2,47

(0,27)

0,008

(0,0014)

0,008

(0,0014) 0,784 3,0 10-4 2

H06

L1=l2;

G1=G2

18,55

(1,42)

18,55

(1,42)

2,51

(0,25)

2,50

(0,26)

0,0090

(0,0014)

0,0090

(0,0014) 0,788 8,16 x 10-5 2

H07

L1=L2;

K1=k2;

19,05

(1,60) 19,05

2,43

(0,22) 2,43

0,0084

(0,0014)

0,0085

(0,0014) 0,786 1,5 x 10-4 2

L – Comprimento Total; Li – Crescimento assimptótico; G– Taxa Instântanea de Crescimento; RSE – Erro padrão standart; df – Graus de

Liberdade

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2.3 -Resultados

36

Figura 2.5 - Distribuição de comprimentos e datas médias de eclosão por classe de

comprimento. As datas estão indicadas junto à barra correspondente a cada classe.

comprimento

Fre

qu

ên

cia

re

lativa

0.10.20.30.4

6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 15.5

2004-07-26

0.10.20.30.4

2004-08-24

0.10.20.30.4

2004-09-06

0.10.20.30.4

2004-09-23

0.10.20.30.4

2004-11-16

0.10.20.30.4

2004-11-19

0.10.20.30.4

2005-01-10

18

-01

-04

comprimento

Fre

qu

ên

cia

re

lativa

0.10.2

0.30.4

6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 15.5

2004-05-20

0.10.2

0.30.4

2004-05-27

0.10.20.3

0.4

2004-06-04

0.10.20.3

0.4

2004-06-28

0.10.20.3

0.4

2004-07-01

0.10.20.3

0.4

2004-07-20

comprimento

Fre

qu

ên

cia

re

lativa

0.10.2

0.30.4

6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 15.5

2004-05-20

0.10.2

0.30.4

2004-05-27

0.10.20.3

0.4

2004-06-04

0.10.20.3

0.4

2004-06-28

0.10.20.3

0.4

2004-07-01

0.10.20.3

0.4

2004-07-20

04

-01

-04

04

-01

-04

18

-01

-04

01

-01

-04

21

-01

-04

21

-01

-04

comprimento

Fre

qu

ên

cia

re

lativa

0.10.2

0.30.4

6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 15.5

2004-05-20

0.10.2

0.30.4

2004-05-27

0.10.20.3

0.4

2004-06-04

0.10.20.3

0.4

2004-06-28

0.10.20.3

0.4

2004-07-01

0.10.20.3

0.4

2004-07-20

21

-01

-04

21

-01

-04

27

-02

-04

comprimento

Fre

qu

ên

cia

re

lativa

0.10.20.30.4

6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 15.5

2004-07-26

0.10.20.30.4

2004-08-24

0.10.20.30.4

2004-09-06

0.10.20.30.4

2004-09-23

0.10.20.30.4

2004-11-16

0.10.20.30.4

2004-11-19

0.10.20.30.4

2005-01-10

27

-02

-04

24

-06

-04

11

-01

-04

Classe de Comprimento (cm)

Fre

qu

ên

cia

Ab

solu

ta

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

37

Figura 2.6 - Curvas Gompertz para o Modelo 1 (linha contínua) e modelo 2 (linha tracejada)

obtidos pelo teste de verosimilhança. a) Análise de resíduos do modelo 1; b) Análise de resíduos do

modelo 2.

Figura 2.8 – Taxa de crescimento instantânea (g)para o modelo 1 e o modelo 2 (pontos espessos).

A taxa de crescimento instantânea para os modelos determinados mostrou que o ponto de

inflexão para cada modelo se situa próximo 100 dias, para o modelo 1 o ponto de inflexão

8 9 10 12 14

-1.5

-0.5

0.5

1.5

predictos.obs

resid

uos.o

bs

8 9 10 12 14

-2-1

01

2

predictos

resid

uos

8 9 10 12 14

-1.5

-0.5

0.5

1.5

predictos.obs

resid

uos.o

bs

8 9 10 12 14

-2-1

01

2

predictos

resid

uos

100 150 200 250

81

01

21

4

days

ci

a)

b)

c)

150 200 250

0.0

20

.03

0.0

40

.05

0.0

6

days

w

Idade (dias)

Idade (dias)

g

Co

mp

rim

ento

in

div

idu

al

(cm

)

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2.3 -Resultados

38

encontrado situou-se nos 82 dias, com uma taxa de crescimento instantânea de 0.070 cm dia-1

.

Para o modelo 2, o ponto de inflexão situou-se nos 106 dias e a taxa de crescimento

instantânea estimada foi 0.079 cm dia-1

(Fig. 2.8).

2.4. Discussão

Os resultados deste estudo indicam que a idade dos juvenis de sardinha apresenta

correlações lineares positivas com as quatro variáveis morfométricas analisadas: o peso e o

diâmetro dos otólitos e o peso e o comprimento dos indivíduos. As características associadas

à morfologia dos otólitos, peso e diâmetro, foram as mais correlacionadas com a idade (r=

0,90 e 0,91), explicando 88% e 87% da variabilidade total, para os últimos modelos

comparados no final. O diâmetro dos otólitos permite predizer a idade com maior precisão do

que as outras variáveis; os erros da estimativa da idade (anti-logaritmizada) variaram, em

média, 96 dias para um valor alto de diâmetro do otólito (indivíduos com 230 dias e cerca de

14 cm) e 114 dias para um valor alto de peso do otólito (indivíduos com 211 dias e cerca de

12 cm). As idades dos juvenis capturados no Norte de Portugal entre Junho de 2004 e Janeiro

de 2005 variaram entre 103 dias e 275 dias (amostra 1, directamente observados), sendo mais

frequentes indivíduos de 130-180 dias. As datas de nascimento médias por amostra situaram-

se entre final de Dezembro e início de Março, isto é, dentro da época principal de desova da

espécie na nossa costa. As distribuições de comprimento das amostras analisadas revelaram o

crescimento dos indivíduos ao longo do tempo, sendo os indivíduos de Janeiro os

maioritariamente representados. As distribuições das datas de nascimento sugerem também a

existência de diferentes sub-coortes da coorte anual de 2004, com uma taxa média de

crescimento próximas de 0,07 cm dia-1

.

Pawson, (1990) e Fletcher, (1995) verificaram que indivíduos de comprimento semelhante

podem ser distinguidos pelo peso dos otólitos, superior nos mais velhos. No caso dos juvenis,

esta característica de crescimento dos otólitos é igualmente útil e possivelmente explica a

maior correlação da idade com as dimensões morfométricas dos otólitos do que com as

dimensões morfométricas dos indivíduos observada no presente estudo.

As leituras directas dos otólitos (Amostra 1), mostraram que a idade dos juvenis com

comprimentos entre 6,7 e 12,9 cm variou entre 103 e 270 dias e a taxa média de crescimento

variou entre 0,03-0,07 cm dia-1

(Fig. 6). Estes resultados encontram-se dentro da gama de

valores obtidos para a sardinha por outros autores. Por exemplo, Meneses (2003) determinou

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Capítulo 2 – Determinação de idade de juvenis de sardinha a partir de características morfométricas

39

idades entre 125 e 250 dias de idade em juvenis com 7-14 cm recolhidos no Inverno de 1989 e

Primavera de 1989 e 1990, na zona de Peniche, estimando taxas de crescimento de 0,028 cm

dia-1

no período de Verão e 0.022 cm dia-1

no período de Inverno. Alemany et al. (2006)

reporta idades entre 116 e 294 dias para juvenis de 8 a 17,2 cm e uma taxa média de

crescimento de 0,04 cm dia-1

recolhidos no Mar de Alborán (sudoeste do Mediterrâneo)

também em 2004.

As datas de nascimento dos juvenis de sardinha situaram-se entre o início de Novembro

de 2003 e o final de Abril de 2004, excepto para a amostra de Janeiro de 2005 (Tab. 6), ou

seja, dentro da época principal de desova da espécie na costa Portuguesa (Ré et al., 1986 e

1990, Coombs et al., 2006; Stratoudakis et al., 2007; Nunes et al., 2011). A época de desova

da sardinha é extensa, ocorrendo principalmente de Outubro a Abril embora exista alguma

actividade reprodutiva ao longo de todo o ano (Garcia et al., 1992; Àlvarez & Alemany, 1997;

Meneses, 2003; Coombs et al., 2006; Stratoudakis et al., 2007). As datas médias de

nascimento concentraram-se em Janeiro e Fevereiro, o que também está de acordo com a

existência de um pico de desova entre Dezembro e Fevereiro (Nunes et al., 2011). Contudo,

os juvenis da amostra de Janeiro de 2005 nasceram entre meados de Abril e finais de Julho de

2004 (média em Junho) o que indica actividade reprodutora no Verão possivelmente

combinada com uma taxa de sobrevivência elevada dos indivíduos nascidos nesse período.

Também Meneses (2003) observou que o nascimento dos indivíduos recolhidos em Peniche

ocorreu fora da época principal de desova o que estava associado à maturação de adultos no

período de Verão. Dados relativos à sazonalidade da desova baseados na ocorrência de ovos e

na evolução da maturação sexual dos adultos evidenciam actividade reprodutiva, embora

residual, fora da época principal de desova (Ré, 1986 e 1990; Nunes et al., 2011).

No entanto, Francis & Campana (2004) alertam para alguma precaução na atribuição de

idades a partir de relações com o peso dos otólitos. Estes autores observaram que a estimação

da estrutura etária das populações a partir destes dados pode estar enviesada.

Em peixes adultos, o uso das características dos otólitos, para determinar a idade baseiam-

se em dois aspectos. O primeiro está relacionado com o facto do crescimento do otólito ser

contínuo ao longo de toda a vida. Em algumas espécies, particularmente o caso dos

clupeídeos, o crescimento somático é rápido durante o primeiro ano e diminui até ser quase

nulo nos anos seguintes, desta forma peixes com o mesmo comprimento podem diferir em

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2.4 -Discussão

40

vários anos (Francis & Campana, 2004). O segundo aspecto está relacionado com o facto do

crescimento dos otólitos, em peso, ser afectado em menor grau e mais lentamente por

condições ambientais adversas, como a temperatura ou a falta de alimento. O crescimento dos

otólitos é portanto mais “conservador ” uma vez que reflecte melhor o crescimento dos

peixes, (Folkvord et al., 2000; Meneses, 2003; Lou et al., 2005).

Este estudo é o primeiro a relacionar a idade em dias com características morfométricas

dos otólitos com o objectivo de predizer a idade de indivíduos juvenis. Os resultados

mostraram que o peso dos otólitos permitiu predizer a idade de juvenis de sardinha com 7 a

16 cm de comprimento total com um erro de cerca de 19%. Embora não seja possível avaliar

o rigor das idades atribuídas com base nesta relação, nomeadamente porque não existe

validação da determinação directa da idade, a coerência das relações comprimento-idade, das

datas de nascimento e das taxas de crescimento obtidas com resultados de outros autores

conferem algum suporte aos resultados. No entanto, a amostra usada para as leituras directas

foi de 57 otólitos e o erro da predição da idade foi moderado, o que implicou maior incerteza

em parâmetros que sejam estimados a partir das idades e consequentemente menor capacidade

de detectar diferenças significativas em eventuais comparações (por exemplo, taxas de

crescimento).

A análise de microincrementos dos otólitos para estimar idades é um processo moroso,

metodologicamente difícil e dispendioso, acabando por limitar o desenvolvimento de estudos

de crescimento e sobrevivência da fase juvenil. O registo de dados morfométricos dos otólitos

é comparativamente simples e rápido constituindo uma forma de complementar as leituras

directas e obter maior volume de dados. Tal como verificado em indivíduos adultos (e.g. Lou

et al., 2007), é provável que as relações entre o peso dos otólitos e a idade variem com o ano e

a área geográfica, sendo importante utilizar sempre amostras de calibração nas quais se

efectuaram leituras directas (Francis & Campana, 2004).

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Capítulo 3

Estudo das datas de eclosão e do crescimento de recrutas

de sardinha

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42

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

43

“A chave para a compreensão da ecologia dos peixes é o conhecimento de como um indivíduo, gere os

recursos e o tempo de forma a poder sobreviver, crescer e reproduzir-se face a um ambiente em constante

alteração”

Wooton, 1991

3.1. Introdução

Na maioria das populações de peixes, o recrutamento varia de ano para ano de uma forma

imprevisível, com consequências biológicas e económicas importantes para a gestão das

pescarias. Esta variabilidade é atribuída por alguns autores a condições oceanográficas

existentes em cada ano, que são independentes da densidade de uma população e que afectam

a sobrevivência das primeiras fases do ciclo vital (Baumann et al., 2008, Wilhelm et al.,

2005). A necessidade de quantificar os processos biológicos e físicos que afectam o

crescimento e a mortalidade dos recrutas tornam-se assim muito importantes para a adequada

gestão das pescas.

Diversos estudos relacionam o recrutamento da sardinha Atlânto-Ibérico com parâmetros

ambientais. Santos et al (2004) encontraram uma correlação negativa entre o recrutamento e o

afloramento costeiro no Inverno, e Guisande et al. (2001) verificaram que a mistura da coluna

de água tem um efeito negativo no recrutamento porque afecta a produção primária, levando a

que não exista alimento em concentração adequada para o crescimento das larvas. Robles et

al., (1992) explicam as variações do recrutamento em função de períodos de baixa turbulência

e afloramento débil na costa oeste da Península Ibérica. Baseando-se na hipótese da existência

de uma "janela ambiental óptima" Bauman et al., 2008 referem o mesmo para o caso da

espadilha (Spratus spratus (Linnaeus, 1758)) do Mar Báltico. As larvas desta espécie têm

maior probabilidade de sobreviver durante os meses de Verão, quando as temperaturas são

favoráveis e existe maior disponibilidade alimentar.

Assim, para o estudo do recrutamento e dos processos mais importantes que o envolvem é

necessário saber o período do ano no qual os ovos e larvas têm maior probabilidade de

sobreviver. Este período tem particular importância em espécies como a sardinha, que é um

reprodutor parcial, com uma extensa época de desova (Ganias, 2009; Nunes et al., 2011;

Stratoudakis, et al., 2007). Alguns estudos referem a temperatura superficial da água e a

concentração de alimento como factores determinantes para a sobrevivência dos ovos e larvas,

pois estes factores variam substancialmente ao longo da época de reprodução. Uma vez que o

crescimento e a sobrevivência estão positivamente correlacionadas, é provável que ao longo

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3.1 - Introdução

44

da época de desova da sardinha ocorram períodos mais favoráveis à sobrevivência do que

outros e que a sua duração varie de ano para ano. Assim, o período de ocorrência e a extensão

da "janela ambiental óptima" podem variar entre épocas de desova.

A análise da microestrutura dos otólitos pode ser utilizada para determinar a janela

ambiental em que as larvas e juvenis têm maior probabilidade de sobreviver. A estimativa da

data de eclosão e do crescimento diário permite reconstruir a história individual dos

sobreviventes de uma dada época de desova e investigar as suas relações com as condições

ambientais.

A determinação da idade, em dias, e da data de nascimento de indivíduos juvenis é também

uma forma de validar a inclusão de cada indivíduo no seu grupo de idade e na sua classe

anual. Entende-se por classe anual o ano civil em que o peixe nasceu e o grupo de idade é o

número inteiro de anos que o peixe tem quando é capturado, tomando como referência uma

data de nascimento previamente estabelecida. Para a sardinha, tal como para a maioria das

espécies do Oceano Atlântico, convencionou-se como data média de nascimento o dia 1 de

Janeiro (Figueiredo, 1984; Soares, 2006).

Neste estudo analisaram-se sardinhas da classe anual de 2008, capturadas em Outubro de

2008 (grupo de idade 0, 0 anos) e em Abril de 2009 (grupo de idade 1, 1 ano)

O objectivo principal é determinar, através das datas de nascimento se estes indivíduos

nasceram na mesma época de desova, investigar a sua a origem temporal relacionando-a com

a actividade reprodutiva e com a condição da população parental e também com as condições

de temperatura e de disponibilidade de alimento. Relacionou-se também a origem temporal

dos juvenis recolhidos da classe anual de 2004, cujas datas de nascimento foram estimadas no

capítulo anterior, com a actividade reprodutiva e condições ambientais ao longo da sua época

de nascimento. A comparação destas duas classes anuais poderá contribuir para compreender

as causas da variabilidade do recrutamento dado que o recrutamento foi muito elevado em

2004 e baixo em 2008.

Pretende-se também validar o grupo de idade, em anos, e consequentemente a classe anual

atribuída aos juvenis de 2008 e 2009.

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

45

Neste trabalho, foram utilizadas amostras recolhidas em duas campanhas de investigação

de rastreio acústico realizadas pelo IPIMAR nas águas Portuguesas e Golfo de Cádiz. Estas

campanhas, dirigidas à sardinha, foram realizadas na Primavera (Abril); e no Outono:

(Outubro). A captura dos cardumes foi realizada com uma rede de arrasto pelágico com uma

malha de 20 mm. Estas campanhas produzem estimativas de abundância, estrutura por

comprimentos e idades da população de sardinha da costa Portuguesa (Marques et al, 2003).

O procedimento de amostragem é semelhante ao realizado nas lotas comerciais.

Determinou-se o comprimento total (cm), e removeram-se os otólitos. Após extraídos e

lavados, os otólitos são fixados em placas de PVC próprias com uma resina de dureza média

designada por Entellan com a face lateral voltada para cima para a leitura das idades anuais

(Soares, 2006), sendo esta realizada por técnicos do IPIMAR.

Seleccionaram-se as amostras de otólitos de juvenis recolhidos em Outubro de 2008 e

Abril de 2009 na costa Noroeste, entre Caminha e Nazaré. De forma a acompanhar o

crescimento da classe anual de 2008, seleccionaram-se, na campanha de Outono, os otólitos

pertencentes ao grupo de idade 0, e na campanha de Primavera os otólitos pertencentes ao

grupo de idade 1, escolhendo-se um número de exemplares representativos das distribuições

de comprimentos de cada campanha.

3.2.1. Processamento dos otólitos

Mediram-se os diâmetros dos otólitos. Os otólitos foram removidos das placas de PVC

com o auxílio de um bisturi. De seguida colaram-se numa lâmina de vidro e poliram-se para

posterior determinação das idades. O processamento dos otólitos relativo à medição do

diâmetro, polimento e consequente determinação da idade seguiu a metodologia descrita no

capítulo anterior. Para além destas medições, determinou-se ainda a espessura dos

incrementos diários, a partir do mosaico obtido para contagem dos anéis, com o sistema de

análise de imagem TNPC 4 do programa Visiolog 6.3, © Noesis (http://www.noesis.fr).

3.2. Materiais e Métodos

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3.2 – Materiais e Métodos

46

Calculou-se o peso relativo como indicador da condição da população e o índice gónado-

somático (GSI) como indicador da actividade reprodutora, para fêmeas e machos

separadamente. Os dados para estes cálculos foram obtidos a partir das amostras dos

desembarques comerciais no período de Agosto de 2007 a Abril de 2009. Os seus valores

correspondem às médias aritméticas para cada sardinha individualmente.

Existem vários métodos para determinar a condição através do peso e comprimento dos

indivíduos sendo o peso relativo (Wr) um dos mais utilizados. O peso relativo foi calculado

segundo a fórmula:

Em que Wgu é o peso eviscerado e Wt o peso predito, de peixes com o mesmo

comprimento, obtido a partir da regressão linear de log (Wgu) em função de log (CI), durante

o período de Agosto de 2007 a Abril de 2009 (Nunes et al., 2011).

O GSI consiste na razão entre o peso das gónadas e o peso eviscerado, representando a

proporção do peso das gónadas em relação ao peso do peixe. O seu cálculo é dado pela

seguinte fórmula:

Onde Wg corresponde ao peso da gónada e Wgu ao peso eviscerado. Foram retirados da

análise os peixes identificados macroscopicamente como pertencentes ao estado de maturação

4 (em desova) pois segundo Nunes et al (2011) a relação entre o ovário e o peso do peixe não

é isométrica devido ao facto de neste estádio os oócitos serem hidratados, aumentando

desproporcionalmente o peso do peixe.

3.2.3. Dados ambientais

Para a caracterização da variabilidade ambiental da zona em estudo, utilizaram-se dados

mensais de Agosto de 2007 a Dezembro de 2008, de temperaturas de superfície de mar (Sea

Surface Temperature – SST, em ºC) e clorofila (Chlorophyll- Chl, em mg/m3), e calculou-se a

média dos valores por mês.

3.2.2. Determinação de índices biológicos

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

47

As SST foram extraídas dos mapas “North Atlantic Regional SST” (CMS, 2005),

fornecidos pelo “Ocean and Sea Ice Satellite Application Facility”, da organização europeia

para os satélites meteorológicos EUMETSAT; e as estimativas dos valores de clorofila foram

extraídas dos mapas disponibilizados pelo arquivo do “Goddard Space Flight Center”

(Feldman e MacClain, 2006), elaborados a partir dos dados do sensor MODIS (MODerate

resolution Imaging Spectrometer).

3.2.1. Análise da progressão modal dos comprimentos

As distribuições de frequência dos comprimentos da sardinha nas campanhas de Outubro

de 2008 e Abril de 2009 mostram que os recrutas de sardinha abrangem uma gama larga de

tamanhos (Fig. 3.1). É também evidente que em Outubro, a distribuição dos recrutas é

bimodal e em Abril é unimodal.. Segundo a contagem dos anéis anuais, os recrutas

observados nestas duas campanhas pertencem à mesma classe anual, 2008. A forma e

localização das modas das distribuições de comprimentos coloca algumas questões,

nomeadamente: (i) as duas modas observadas em Outubro correspondem a duas sub-coortes

da classe anual de 2008 ? (ii) existe correspondência entre a primeira moda da campanha de

Outubro e a moda da campanha de Abril ? São questões que se espera responder a partir da

análise dos anéis diários.

Figura 3.1 – Distribuições de comprimento das amostras de Outubro de 2008 a), e Abril de 2009 b), para

cada idade anual.

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

400000

450000

500000

7,0

0

8,5

0

10,0

0

11,5

0

13,0

0

14,5

0

16,0

0

17,5

0

19,0

0

20,5

0

22,0

0

23,5

0

Idade 0

Idade 1

Idade 2

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

7,0

0

8,5

0

10,0

0

11,5

0

13,0

0

14,5

0

16,0

0

17,5

0

19,0

0

20,5

0

22,0

0

23,5

0a) b)

Classe de Comprimento (cm)

N.º

de

Ind

ivíd

uo

s

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3.2 – Materiais e Métodos

48

Para identificar e caracterizar as distribuições de comprimentos dos recrutas nestas

campanhas, os histogramas respectivos foram analisados usando o pacote "MIXDIST"

(MacDonald & Green, 1988) para o software R. Este pacote permite a separação de

componentes normais numa distribuição de frequências que aparente ser composta por uma

mistura destas componentes e para cada uma, estimar a média, o desvio padrão e a proporção

que representa na mistura.

É necessário partir de valores iniciais dos parâmetros das curvas ou seja o número de

curvas ou de componentes (i), as médias (µi), os desvios padrão (σi) e a proporção de

indivíduos (pi) de cada componente. O ajuste das curvas é realizado pelo método de máxima

verosimilhança. Com base no número de intervalos do histograma de frequência, o programa

calcula o número de graus de liberdade e o nível de significância associado, sendo no final do

processo fornecido o valor de qui-quadrado que compara a concordância entre as distribuições

esperadas e observadas.

3.3. Resultados

A análise descritiva dos dados (média, mínimo, máximo e desvio padrão) encontra-se

sumarizada na Tabela 3.1. Para as amostras de Outubro de 2008, foram contabilizadas as

idades em 43 otólitos e verificou-se que estas apresentam idades de 175-356 dias, e para as

amostras de 2009 (n= 30) apresentaram idades de 184-309 dias. Assim as sardinhas de

Outubro eram geralmente mais velhas e consequentemente tinham otólitos de maiores

dimensões.

Tabela 3.1 - Sumário da análise das amostras de otólitos de S. pilchardus

Out. 2008 Abr. 2009

Média Mín. Máx. Desvio Padrão Média Mín. Máx. Desvio padrão

DO (µm) 2318,0 976,3 2787,0 434,0 2418,0 1930,0 2778,0 225,0

CI (cm) 14,3 11,4 16,5 1,6 14,7 12,4 16,8 1,1

Id (dias) 233 175 356 46,9 251 184 309 29

CI – Comprimento Total Individual; DO – Diâmetro dos otólitos; Id – Idade.

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

49

As correlações calculadas indicam que para ambas as amostras, existe uma correlação de

0,85 entre o comprimento individual dos peixes (CI) e o diâmetro dos otólitos (DO), cujo

coeficiente de correlação (r) é 0,85. No ano de 2008 a idade apresenta uma correlação menor

com o CI com o DO, com r de 0,65 e 0,46, respectivamente. A amostra de 2009, não

apresentou uma correlação entre a idade e as características analisadas (Tab. 3.2).

O diâmetro apresentou uma relação linear com o comprimento dos peixes em ambas as

amostras, sendo explicada 78% da variabilidade total da relação (r2 = 0,78), no entanto a idade

não apresentou uma relação nem com o diâmetro nem com o comprimento (Fig. 3.2), não

sendo por isso possível inferir a idade para a restante população. A figura 1-a sugere que os

indivíduos com comprimentos mínimos analisados (11,4-13,4 cm), pertencentes à primeira

moda da distribuição de comprimentos, tiveram um crescimento anormal, tendo estes

indivíduos idades entre os 175 e os 291 dias.

Tabela 3.2 – Valores do coeficiente de correlação entre comprimento individual (CI), diâmetro do otólito (DO) e idade

(Id) para as amostras 2008 (sob a inferior) e 2009 (sobre a diagonal).

CI DO Id

CI - 0,88 -0,008

DO 0,81 - - 0,11

Id 0,65 0,46 -

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3.3 – Resultados

50

Figura 3.2 – Relação entre a idade e o comprimento individual das sardinhas a); o diâmetro dos

otólitos e o comprimento individual b), e entre o diâmetro dos otólitos e a idade c).Bolas cinzentas

correspondem às sardinhas pertencentes à primeira moda da amostra de Outubro de 2008; bolas

brancas correspondem às sardinhas pertencentes à segunda moda da amostra de Outubro de 2008;

Bolas escuras correspondem às sardinhas da amostra de Abril de 2009.

10

11

12

13

14

15

16

17

18

150 200 250 300 350 400

2008-1ªmoda

2008-2ªmoda

2009

y = 115.42x + 735.33 R² = 0,78

y = 181.68x - 248.47 R² = 0,78

1500

1700

1900

2100

2300

2500

2700

2900

11 12 13 14 15 16 17 18

2008

2009

Linear (2008)

Linear (2009)

1900

2000

2100

2200

2300

2400

2500

2600

2700

2800

2900

150 200 250 300 350 400

Co

mp

rim

ento

(cm

) D

iâm

etro

m)

Diâ

met

ro (μ

m)

Idade (dias)

Comprimento (cm)

Idade (dias)

a)

b)

c)

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

51

3.3.1. Idades, datas de nascimento e relações com condições ambientais

A contagem dos anéis diários mostrou que grande parte dos indivíduos de 2008 tinha

idades entre 200-210 dias e 270-280 dias. Os indivíduos de Abril de 2009 tinham idades entre

os 180 e 310 dias, sendo que a maior parte deles tinham idades entre 240-250 dias e 270-280

dias (Fig. 3.3a). As distribuições de datas de nascimento e revelaram que os indivíduos

capturados em 2008 e 2009 nasceram em períodos diferentes. As sardinhas de Outubro de

2008 nasceram no período entre Outubro de 2007 e Maio de 2008, sendo os meses de Janeiro

e Março de 2008 os que tiveram um maior número de nascimentos. As sardinhas capturadas

em Abril de 2009, nasceram no período compreendido entre Maio e Outubro de 2008, com

maior número de nascimentos nos meses de Junho, Julho e Agosto (Fig. 3.3b).

Figura 3.3 – Distribuições de idade a) e datas de nascimento b) para as amostras de Outubro

de 2008 e Abril de 2009.

A Fig. 3.4-a mostra a variação mensal da SST e da concentração de Clorofila. Ambas as

variáveis apresentam um padrão sazonal com valores mais elevados no verão e início do

a)

b)

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3.3 – Resultados

52

Outono e valores mais baixos no inverno. A concentração de clorofila e a SST decresceram

desde o Outono de 2007 até Maio de 2008 (com algumas variações) atingido os seus valores

mínimos em Maio de 2008 no caso da clorofila e Março 2008 no caso da SST. Neste período

decrescente, nasceram a maior parte dos indivíduos da amostra de Outubro de 2008. A partir

desta altura, ocorre um aumento da SST, atingindo o seu máximo nos meses de Julho a

Setembro de 2008. O aumento da concentração de clorofila ocorre um pouco mais tarde,

atingindo o seu máximo em Agosto e Outubro de 2008. Nos meses de Junho, Julho e Agosto

de 2008 nasceram os indivíduos capturados em Abril de 2009, ou seja quando a SST e a

concentração de clorofila atingiram os seus valores máximos.

Também o GSI e o factor de condição apresentam uma sazonalidade marcada mas

aproximadamente inversa. O índice GSI atingiu valores máximos entre nos meses de Outubro

e Janeiro, tendo o pico do seu valor ocorrido no mês de Dezembro dos anos de 2007 e 2008.

Os valores mínimos ocorreram nos meses de Maio, Julho e Agosto de 2008. A moda dos

nascimentos das sardinhas capturadas em Outubro de 2008 parece ter ocorrido três meses

depois dos valores de GSI terem atingido o seu máximo. Para as de Abril de 2009 estas

nasceram fora da principal época de desova, quando os valores de GSI foram mais baixos

(Fig. 3.4b).

Relativamente ao factor de condição este mostra valores máximos no período de Agosto,

Setembro, e Outubro de 2007, decrescendo até Fevereiro de 2008. A partir de Abril começa a

decrescer, e atingindo o seu máximo em Agosto de 2008, voltando novamente a decrescer.

Estes resultados indicam que os juvenis capturados na campanha de Abril 2009, que nasceram

sobretudo nos meses de Junho a Agosto são proveniente de fêmeas com melhor condição dos

que os juvenis capturados na campanha de Outubro de 2008 e que nasceram maioritariamente

entre Janeiro e Março (Fig. 3.4c).

As amostras dos desembarques comerciais do ano de 2004 mostraram a maior parte dos

nascimentos coincidiu com os valores mais altos dos índices GSI e mais baixos do factor de

condição (Fig. 3.5). Neste ano, a concentração de clorofila variou entre Setembro de 2003 e

Abril de 2004 sem uma sazonalidade marcada e a temperatura atingiu os valores mínimos no

período de Dezembro a Março, quando ocorreu a maior parte dos nascimentos. Note-se que

também neste ano existiu uma pequena proporção de nascimentos nos meses de Junho e

Julho, ou seja, fora do período principal de desova (ver Cap.2).

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

53

Figura 3.4- Distribuição de datas de eclosão dos indivíduos de idade 0 (Out-08) e idade 1

(Abr- 09) e a sua relação com a SST e concentração de clorofila (Chl), a); índice gonado-somático

(GSI), b); e o factor de condição relativo (Wr), c). Nota: F – corresponde aos valores associados às

Fêmeas; M – corresponde aos valores associados aos Machos.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr

GSI-F GSI-M

2007 2008 2009

0.7

0.8

0.9

1

1.1

1.2

1.3

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr

Wr - F Wr - M

2007 2008 2009

12

13

14

15

16

17

18

19

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr

SST

0

1

2

3

4

5

6

7

8Clorofila

2007 2008 2009

12

13

14

15

16

17

18

19

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Ago Set OutNovDez Jan FevMar AbrMai Jun Jul Ago Set OutNovDez Jan FevMar Abr

SST

0

1

2

3

4

5

6

7

8Clorofila

2007 2008 2009

Tem

pera

tura

( C

)

Ch

l(m

g m

-3)

Fre

qu

ên

cia

rela

tiva

%

%

Data de eclosão

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3.3 – Resultados

54

Figura 3.5 - Distribuição de eclosão dos indivíduos capturados entre Maio de 2004 e Janeiro

de 2005 e a sua relação com a SST e concentração de clorofila (Chl), a); índice gónado-somático

(GSI), b); e o factor de condição relativo (Wr), c). Nota: F – corresponde aos valores associados às

Fêmeas; M – corresponde aos valores associados aos Machos.

10

12

14

16

18

20

22

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

Maio-04/Jan-05 sst

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

Fre

qu

ên

cia

rela

tiva

Tem

pera

tura

( C

)

Ch

l(m

g m

-3)

2003 2004

0.8

0.85

0.9

0.95

1

1.05

1.1

1.15

1.2

1.25

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

Maio04-Jan05 Wr - F Wr - M

2003 2004

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

Maio-04/Jan-05 GSI - F GSI - M

2003 2004

Data de eclosão

%

%

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

55

3.3.2. Crescimento do otólito

A correlação elevada entre o comprimento dos indivíduos e o diâmetro dos respectivos

otólitos indica que este último é um bom descritor do crescimento dos juvenis. A análise da

espessura dos microincrementos revelou que o crescimento médio diário dos otólitos para a

amostra de Outubro de 2008 aumentou desde valores perto de 0 mm/dia para 0,1 mm /dia nos

primeiros 90 dias de vida. O crescimento dos otólitos mostra ainda que as sardinhas de

Outubro de 2008, pertencentes à primeira moda (11,4-13,4 cm) tiveram um crescimento

semelhante aos da segunda moda nos primeiros 50 dias de vida e, a partir dessa altura, o

crescimento foi maior. O crescimento médio diário dos otólitos das sardinhas capturadas em

Abril de 2009 aumentou de 0,025 μm/dia para 0, 35μm/dia no mesmo período (Fig. 3.6).

As sardinhas capturadas em Outubro de 2008, pertencentes à primeira moda, eclodiram

cerca de um mês e meio depois dos restantes indivíduos., no entanto o padrão de crescimento

é semelhante nos dois casos. A amostra de Abril de 2009 apresenta um padrão de crescimento

diferente do anterior, parecendo ser relacionado com as elevadas temperaturas registadas.

Figura 3.6 - Crescimento médio diário dos otólitos dos juvenis capturados em Outubro 2008

(primeira e segunda moda) e Abril 2009, estimado com base na espessura dos microincrementos .

Nota: Os incrementos de Outubro foram relacionados com o segundo eixo para melhor visualização.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Número de aneis diários

Abr-09

Out-08: 1ª moda

Out-08: 2ª moda

(mm

)

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3.3 – Resultados

56

Figura 3.7 – Padrões de crescimento do otólito retificados a partir da standardização da

média do tamanho dos anéis diários e a sua relação com a temperatura superficial do mar (SST) e a

concentração de clorofila.

3.3.3. Validação da classe anual, chaves de comprimento idade e identificação de

sub-coortes

De acordo com as datas de nascimento encontradas, verifica-se que 67% dos indivíduos

de Outubro de 2008 foram correctamente atribuídos ao grupo de idade 0 e 100% das

sardinhas capturadas em Abril de 2009 foram correctamente atribuídas ao grupo de idade 1.

A decomposição dos histogramas de frequência em curvas normais obtidas pelo pacote

computacional “Mixdist” confirmou a existência de duas componentes no ano de 2008 e

apenas uma no ano de 2009. O número de coortes é predefinido e assim foi possível testar a

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

12

13

14

15

16

17

18

19

1-1

8-2

008

2-2

-20

08

2-1

7-2

008

3-3

-20

08

3-1

8-2

008

4-2

-20

08

4-1

7-2

008

5-2

-20

08

5-1

7-2

008

6-1

-20

08

6-1

6-2

008

7-1

-20

08

7-1

6-2

008

7-3

1-2

008

8-1

5-2

008

8-3

0-2

008

9-1

4-2

008

9-2

9-2

008

10

-14-2

008

10

-29-2

008

-0.2

-0.15

-0.1

-0.05

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

-0.15

-0.1

-0.05

0

0.05

0.1

0.15

0.2

18-0

1-2

008

02-0

2-2

008

17-0

2-2

008

03-0

3-2

008

18-0

3-2

008

02-0

4-2

008

17-0

4-2

008

02-0

5-2

008

17-0

5-2

008

01-0

6-2

008

16-0

6-2

008

01-0

7-2

008

16-0

7-2

008

31-0

7-2

008

15-0

8-2

008

30-0

8-2

008

14-0

9-2

008

29-0

9-2

008

14-1

0-2

008

29-1

0-2

008

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Clorofila

12

13

14

15

16

17

18

19

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr

SSTT

em

pera

tura

(ºC

)

Clo

rofi

na

(mg

m-3

)

Ta

ma

nh

o m

éd

io d

o a

neis

diá

rio

s (

mm

)

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

0.3

0.35

0.4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Out - 08: 1ª moda

Abr-09

Out-08: 2ª Moda

Data de eclosão

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

57

qualidade do ajuste para diferentes valores de coortes. A medida de cada ajuste foi realizada

pelo teste de Qui-quadrado. Desta forma, os valores de duas coortes para 2008 e 2009 foram

aqueles que resultaram num menor valor de χ2 (Tab.3.3).

Para o ano de 2008, as médias das componentes foram 12,3 e 15,2 cm sendo que 53% dos

indivíduos pertenciam à primeira coorte e 47% pertenciam à segunda (Fig. 6). Para 2009,

ajustou-se uma coorte com média de comprimento de 14,3 cm (Fig. 2 e Tab. 3).

Tabela 3.3 – Proporção de indivíduos (pi), média (μm), desvio padrão (σ) das coortes de 2008 e

2009.

2008 2009

pi μi Σ pi μi σi

1

0,53

(0.000345) 12,33 (0.001043)

0,96

(0.000816)

1

14,33 (0.003897) 1,04 (0.002782)

2

0,47

(0.000345) 15,24 (0.000641) 0,58 (0.000505)

Df=10; χ2 =5445; p-value< 2,20e

-16 Df=14; χ

2 =3541; p-value< 2,20e

-16

pi - proporção de indivíduos; µi – Média; σi – Desvio Padrão

Figura 3.6 – Componentes identificadas pelo programa “Mixdist” para as amostras de sardinhas de Outubro

de 2008 a) e de Abril de 2009 b).

As chaves de comprimento – idade, e a sua aplicação aos dados de abundância estimados

pelo rastreio acústico mostra que na campanha de Outubro de 2008 a maior parte da

população de recrutas tinha menos de 7 meses de idade (< 210 dias) ao passo que na

campanha de Abril de 2009 a maior parte dos recrutas da população tinha cerca de 9 meses

(Tabelas 3.4 e 3.5, Fig 3.7). É também de salientar que o número total de recrutas na

10 12 14 16 18

0.0

00

.05

0.1

00

.15

0.2

00

.25

0.3

0

comp

Pro

ba

bility D

en

sity

Normal Mixture

10 12 14 16 18 20

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

comp

Pro

ba

bility D

en

sity

Normal Mixture

a) b)

Classe de Comprimento (cm)

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3.3 – Resultados

58

campanha de Outubro de 2008 é cerca de 40 vezes superior ao número total de recrutas na

campanha de Abril de 2009.

Tabela 3.4 – Chave de comprimento – idade para a amostra de Outubro de 2008. N= 4544 x 1000

Classe Comprimento (cm) < 210 211-270 271-330 > 331

10 0 0 0 0

11 2 1 0 0

12 4 5 1 0

13 5 0 0 0

14 3 1 0 0

15 1 8 4 0

16 0 2 3 2

N 1596, 1105 416 1427

N = Número total de indivíduos

Nota: o N por grupo de idade foi obtido pela estimativa da sonda acústica.

Tabela 5 – Chave de comprimento – idade para a amostra de Abril de 2009. N=

< 210 211-270 271-330 > 331

10

0 0 0

11

0 0 0

12

0 2 0

13

5 0 0

14

10 1 0

15 3 4 3 0

16

2 1 0

N 7328 47963 16460 0

N = 71751

Nota: o N por grupo de idade foi obtido pela estimativa da sonda acústica.

Figura 3.7 – Distribuições de idade para Outubro de 2008 a), e Abril de 2009 b).

0

500000

1000000

1500000

2000000

< 210 211-270 271-330 > 3310

10000

20000

30000

40000

50000

60000

< 210 211-270 271-330 > 331

Idade (dias)

mer

o d

e in

div

idu

os

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

59

3.4. Discussão

Os resultados do presente estudo indicam que os juvenis capturados na campanha de

Outubro de 2008, pertencentes ao grupo de idade 0 e com comprimentos entre os 11-16,5 cm,

apresentaram idades entre os 175 dias (≈ 5 meses) e os 356 dias (≈ 12 meses). Os juvenis da

campanha de Abril de 2009, pertencentes à classe anual 1 e com comprimentos entre os 12,4-

16,8 cm, a leitura dos anéis diários apresentaram idades entre os 184 dias (≈ 6 meses) e os 309

dias (≈ 10 meses). As idades modais para a campanha de Outubro de 2008 situaram-se perto

dos 200 dias (≈ 6 meses) e os 290 dias (≈ 9 meses), e na campanha de Abril de 2009, entre os

260-290 dias (≈ 8-9 meses), sendo que a abundância desta última campanha mostrou valores

de duas ordens de magnitude inferior à anterior.

A distribuição das datas de nascimento indicou que as sardinhas da primeira campanha

nasceram entre Outubro de 2007 e Maio de 2008, com dois picos em Janeiro e Março do

mesmo ano, correspondentes às duas modas das distribuições de comprimentos. Esta

distribuição não é coincidente com os valores de actividade reprodutiva indicada pelo GSI,

uma vez que este atingiu o seu valor máximo cerca de um mês antes do pico de nascimentos.

No entanto, a ausência de dados de GSI em Março impede a inferência das conclusões

relativas ao segundo pico da referida distribuição. Estes valores mais elevados correspondem

à época preferencial de desova referenciada por diversos autores (Stratoudakis et al., 2007;

Zwolinski et al., 2001; Meneses, 2003, Nunes et al., 2011). A distribuição das datas de

nascimentos de Abril de 2009 apresenta os seus valores máximos nos meses de Junho-Julho,

correspondendo a uma moda na distribuição de comprimentos. Este pico encontra-se fora da

principal época de desova, mas coincide com uma elevada condição das fêmeas, um período

de temperaturas elevadas e a uma maior concentração de clorofila.

As médias do tamanho dos microincrementos diários, ao longo do eixo de crescimento

aumentaram de valores próximos de 0 mm para 0,10 mm, sendo que os juvenis nascidos em

Janeiro de 2008 apresentam taxas de crescimento diárias inferiores aos de Março, aos 40 dias

de idade para as sardinhas nascidas nos meses de Inverno (Outubro 2008), e 0,35 mm, para as

sardinhas nascidas nos meses de Verão (Abril 2009), à idade de 90 dias. Portanto estas

últimas têm uma taxa de crescimento cerca de três vezes superior.

O Inverno de 2008, no qual nasceram a maior parte das sardinhas capturadas em Outubro

do mesmo ano, foi caracterizado por apresentar temperaturas superficiais entre os 14ºC e

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3.4 – Discussão

60

16°C, o que está de acordo com o intervalo de valores preferenciais, verificados por Bernal et

al. (2007) e Ré (1984), relativamente à desova da sardinha. Os indivíduos nascidos durante o

mês de Março, apresentaram uma taxa de crescimento ligeiramente superior a partir do dia 40.

Este facto parece estar relacionado com o aumento de temperatura e de disponibilidade

alimentar (concentração de clorofila) verificado a partir desta data. O aumento de alimento

durante as fases iniciais da vida dos pequenos pelágicos é considerado uma das principais

causas de sobrevivência, uma vez que aumenta a capacidade das larvas para evitarem a

predação, diminuindo a mortalidade por predação e levando a um aumento das taxas de

crescimento (Santos et al., 2007). O trabalho de Baumman et al. (2008), no mar Báltico, com

espadilha Sprattus spratus (Linnaeus, 1758), mostrou que a combinação de temperaturas

desfavoráveis (neste caso, temperaturas baixas) e alimentação deficiente, levaram a uma

redução das taxas de crescimento, o que fez diminuir o período de sobrevivência das larvas.

Este factor poderá explicar também a diferença na taxas de crescimento encontrada para a

campanha de Abril de 2009 ser cerca de 3 vezes superior à taxa diária de crescimento da

campanha de Outubro de 2008, e o facto de existir uma separação dos tamanhos dos anéis

desde os primeiros incrementos. As larvas sobreviventes até Abril de 2009, nasceram

principalmente nos meses de verão, fora da principal época de desova, quando as

temperaturas superficiais do mar foram as maiores e quando a disponibilidade alimentar

aumentou. Assim estes resultados parecem indicar que apesar dos indivíduos nascidos nos

meses de verão não terem as características ambientais preferenciais para a desova, o conjunto

dos factores ambientais levou a um crescimento mais rápido na fase de larvas e juvenis,

comparativamente com as sardinhas da campanha de Outubro. No trabalho de Brophy e

Danilowicz, (2002) no Mar Irlandês e Celta, com o arenque-do-Atlântico, Clupea harengus,

Linnaeus, 1758, mostrou que as diferenças ambientais das duas áreas estudadas, produziam

padrões de crescimento distintos. Para além da análise dos tamanhos dos anéis de

crescimento, também as distribuições de datas de nascimentos evidenciaram a existência de

um grupo de indivíduos nascidos nos meses de Outono, e outro grupo, nascidos no Inverno,

com uma taxa de crescimento três vezes superior ao grupo anterior, ao fim de 80 dias.

O padrão sazonal de reprodução da costa Ocidental Norte foi descrito pelas variações de

GSI. Este índice é um indicador do estado reprodutivo, e nos meses de analisados neste

trabalho mostrou ser síncrono para fêmeas e machos tal como verificado noutros estudos

(Nunes et al., 2011). O factor de condição foi avaliado pelo peso relativo (Wr) e atingiu os

valores mais elevados no período de Agosto a Outubro de 2007 e nos meses de Julho, Agosto

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

61

e Outubro de 2008. Uma vez que a sardinha é um reprodutor indeterminado, a produção de

uma quantidade elevada de ovos durante um período extenso requer o gasto de uma

considerável quantidade de energia. Esta energia pode ser obtida a partir das reservas

acumuladas no período antes da desova e/ ou ser obtida directamente durante a época de

desova (Ganias, 2007; Nunes et al., 2011). Nunes et al. (2011) verificaram para a costa oeste

Portuguesa que estes dois factores apresentam padrões sazonais inversos. A transição de

períodos de maior actividade reprodutiva, para períodos de acumulação de energia é uma

característica recorrente noutras populações de Sardina. (Ganias et al., 2007; Sinovnic et al.,

2008). Pelos resultados do presente trabalho, verificamos que não ocorreu este padrão, as fêmeas

no pico de actividade de reprodução apresentavam uma condição intermédia. Para as sardinhas de

Outubro de 2008 verifica-se que o maior número de nascimentos, ocorre dois meses depois do

pico de maior actividade reprodutiva. Neste caso a desova parece estar sincronizada com a

diminuição de SST, como já referido. Relativamente aos indivíduos capturados em Abril de 2009,

estes nasceram quando os valores de GSI são mínimos, mas no entanto, a condição das fêmeas era

elevada, provavelmente devido a um aumento da disponibilidade de alimento verificada pelo

aumento da concentração de clorofila. As fêmeas com melhor condição (maior percentagem de

gordura) produzem ovos de maior dimensão, cuja taxa de sobrevivência é mais elevada,

comparativamente com ovos de tamanhos menores. Foi verificado para a sardinha Atlanto-Ibérica

uma correlação positiva entre a percentagem de lípidos no músculo, o tamanho dos ovos e saco

vitelínico (Garrido et al., 2007). Um maior tamanho do saco vitelínico, permite que o intervalo

entre a alimentação endógena e a primeira alimentação seja mais alargado, fazendo com que as

larvas dependam menos das condições ambientais, aumentando a desta forma a sua sobrevivência

(Fonseca e Cabral, 2007; Garrido et al., 2007; Rivieiro et al., 2000).

A análise da microestrutura dos otólitos mostrou que 88% dos indivíduos da campanha de

Outubro de 2008, foram correctamente atribuídos ao grupo de idade e à classe anual de 0

anos.

Uma vez que as sardinhas, incluídas no grupo de idade 1, não são os mesmos indivíduos

capturados em Outubro de 2008 (idade 0), as estimativas de modas, médias de comprimento e

a representação do crescimento a partir de uma série de distribuição pode produzir estimativas

erradas. Podem ocorrer várias razões para estes resultados: as sardinhas imaturas em Outubro

de 2008, poderão ter atingido a maturação sexual nos meses de Verão. Deste modo, a duração

da postura poderá ser condicionada pela composição etária distinta dos reprodutores que

atingem a maturação sexual em diferentes épocas do ano (Blaxter e Hunter, 1982). Nas águas

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3.4 – Discussão

62

Ibéricas, foi verificado que as sardinhas com menores dimensões apresentam uma época de

desova mais curta, sincronizando o máximo de produção de ovos, com os peixes de maior

dimensão (Silva et al., 2006; Stratoudakis et al., 2007). Nas sardinhas e em outros

Clupeídeos, foi registada a ocorrência de dois picos de actividade reprodutiva, sendo um mais

pronunciado, devido a uma parte da população desovar em alturas diferentes devido a um

aumento das condições ambientais permitindo a ocorrência de actividade reprodutora

adicional (Garrido et al., 2008; Nunes et al., 2011).

Convém notar que a frequência de indivíduos nas duas campanhas analisadas é bastante

diferente; em Outubro o número de sardinhas na costa Norte foi cerca de 2 ordens de

magnitude superior ao verificado em Abril. Apesar da elevada taxa de mortalidade desta

espécie, estes valores indicam que uma grande parte dos indivíduos do grupo de idade 0

desapareceu. Poder-se-á pensar que o grupo de idade está mal atribuído e que estas sardinhas

estão em 2009 classificadas com o grupo de idade 2. Outra hipótese levantada será a

existência de migrações da sardinha no sentido Norte (Ré, 1984). Àlvarez e Alemany (1997)

encontraram sardinhas provenientes do Norte de Portugal, cuja desova ocorreu no Inverno, na

costa Sul e Oeste da Galiza. Outra explicação para este facto poderá estar relacionada com o

aumento da temperatura superficial do mar, decorrente das alterações climáticas.

Nas análises das amostras obtidas em 2004/ 2005, foi verificado que o maior número de

nascimentos ocorreu em Janeiro de 2004, no pico dos índices de GSI, em que a condição das

fêmeas é reduzida e as SST foram as mínimas. A concentração de clorofila foi relativamente

constante neste ano. Os resultados do capítulo anterior, mostraram que as sardinhas nascidas

em Janeiro foram capturadas até Setembro (ver Cap. 2; Fig. 2.7), indicando a existência uma

elevada taxa de sobrevivência destes indivíduos. O estudo de Nielsen e Munk (2004), com

juvenis de bacalhau foi analisado as taxas de mortalidade da mesma forma isto é, foi

comparado as taxas de crescimento de indivíduos do mesmo período de nascimento, ao longo

do tempo.

Comparativamente com os dados ambientais, aquando a campanha de 2008, verifica-se

que nos meses de Janeiro e Março de 2008, as SST foram respectivamente 14,1ºC e 14, 4ºC, o

que indica um aumento de 0,6ºC em relação a 2004. Esta ligeira diferença poderá ter levado a

uma redução da sobrevivência das larvas e juvenis de sardinha. Nos trabalhos de Garza-Gil et

al. (2009) foi verificado, através de um modelo bio-económico, que um aumento de 0,027ºC de

SST, provocou uma diminuição de cerca de 60% na biomassa desovante de sardinha,

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Capítulo 3 – Estudo das datas de eclosão e recrutas de sardinha

63

essencialmente a partir de 2001, nas costas Portuguesa e Espanhola. Sabe-se também que a

ocorrência ocasional de afloramento costeiro durante os meses de Inverno apresenta uma

correlação negativa forte mas a ocorrência deste fenómeno no período de Verão, favorece o

recrutamento de sardinha e carapau da costa Oeste Portuguesa afectando, consequentemente, a

dinâmica a sobrevivência de larvas e juvenis (Santos et al., 2001). Apesar dos dados de

concentração de clorofila serem semelhantes nos anos de 2004 e 2008 (2 mg m-3), os valores de

SST para os meses de Maio a Junho de 2004 variaram entre os 15-20,2ºC ao passo que nos

mesmos meses do ano de 2008 variaram entre 16,1-18,2ºC. Estes resultados poderão levar indicar

a ocorrência de afloramento costeiro mais intenso em 2004 e de melhores condições para o

crescimento dos juvenis.

Uma vez que não foi verificada uma relação entre a idade e o comprimento dos indivíduos e

dos seus otólitos, não foi possível determinar a curva de crescimento para as sardinhas capturadas

em 2008 e 2009. As idades estimadas, para sardinhas com 11,2-13,4 cm variou entre 175-200

dias, ao passo que para os restantes tamanhos variou entre 180-356 dias. Alemany et al. (2006)

reporta idades entre 116 e 294 dias para juvenis de 8 a 17,2 cm e uma taxa média de

crescimento de 0,04 cm dia-1

recolhidos no Mar de Alborán (sudoeste do Mediterrâneo) e

Meneses (2003) determinou idades entre 125 e 250 dias de idade em juvenis com 7-14 cm

recolhidos no Inverno de 1989 e Primavera de 1989 e 1990, na zona de Peniche. A

comparação com estes autores indica que as sardinhas com menores tamanhos cresceram

mais. O facto de não existir uma relação entre a idade e as outras características analisadas

(comprimento das sardinhas e diâmetro do otólito) indica também que a taxa de crescimento

destes indivíduos foi elevada. As maiores taxas de crescimento dificultam a contagem dos

incrementos diários, fazendo com que os anéis fiquem compactados, levando a um

enviesamento da idade do peixe (Campanha e Nielson, 1992).

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Capítulo 4

Principais Conclusões

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Capítulo 4 – Principais Conclusões

67

Os resultados deste estudo indicam, para o período de Maio de 2004 a Janeiro de 2005, a

existência de uma relação entre a idade e o peso e o diâmetro dos otólitos e o peso e o

comprimento dos indivíduos, sendo que as características associadas à morfologia dos otólitos

apresentam os melhores valores. Desta forma as variáveis associadas aos otólitos mostraram

ser preditores fiáveis da estimação da idade das sardinhas., apresentando idades e taxas de

crescimento semelhantes a vários outros estudos da mesma espécie.

O estudo com as sardinhas capturadas em Outubro de 2008 e Abril de 2009 apresentaram

resultados diferentes dos verificados anteriormente, a idade não apresentou uma relação com

as características dos otólitos, não sendo por isso possível utilizar a metodologia seguida no

capítulo 2 para estimar a idade para a restante amostra. Este resultado sugere que as relações

entre a idade e as diferentes características analisadas terão uma melhor correlação com

indivíduos de dimensões menores. No capítulo 2, as sardinhas analisadas apresentavam

comprimentos de 6,7 e os 15,6 cm, ao passo que as sardinhas analisadas no capítulo 3

mostraram comprimentos entre os 11,4 e os 16,5 cm.

As sardinhas capturadas em Outubro de 2008 eclodiram predominantemente nos meses de

Janeiro e Março, o que está de acordo com a principal época de desova referenciada por

diversos autores. As sardinhas capturadas em Abril de 2009 eclodiram predominantemente

nos meses de Verão, tal como verificado com as sardinhas capturadas em Janeiro de 2005. A

hipótese inicial de que as sardinhas das duas campanhas teriam nascido na mesma época não

foi portanto verificada.

Considerou-se que a existência de uma “janela ambiental“ com condições mais favoráveis

para o desenvolvimento das larvas e juvenis de sardinha poderia explicar estes resultados e,

para tal, investigou-se a SST, as condições de alimentação, o potencial de reprodução e o

factor de condição das fêmeas desovantes. A SST aumentou de 14ºC para valores próximos

de 19º C entre Abril e Junho de 2008. De uma maneira geral, a taxa de crescimento das larvas

aumenta com a temperatura (Pepin, 1991) o que terá levado a que as larvas de sardinha

crescessem mais rapidamente, aumentando por isso a sua taxa de sobrevivência nos meses de

Verão. Este facto parece estar relacionado com o aumento da disponibilidade alimentar, que

facultou a energia extra para a produção de ovos por parte das fêmeas, e para a alimentação

das larvas. Comparando as sardinhas capturadas em Outubro de 2008, com as sardinhas

capturadas em Abril de 2009, verifica-se, pela espessura dos incrementos diários, uma taxa de

crescimento cerca de 3x superior para os primeiros 100 dias.

As taxas larvares mais rápidas resultam em dimensões dos indivíduos superiores para a

idade. Esta característica poderá ter conferido uma vantagem para a sobrevivência das larvas

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Capítulo 4 – Principais conclusões

68

uma vez que o rápido crescimento diminui o período mais vulnerável à predação, levando a

uma diminuição da taxa de mortalidade nesta fase do ciclo de vida (Legget e Deblois, 1994).

No caso da anchova japonesa Engraulis japonicus, Temminck & Schlegel, 1846, Takahashi e

Watanebe (2004) compararam as taxas de crescimento de recrutas e pré-recrutas e verificaram

que os últimos apresentavam uma probabilidade negligenciável de sobreviverem até à fase de

recrutamento.

Para além do aumento de temperatura, o aumento da concentração de clorofila verificado é

um factor importante para o crescimento das larvas eclodidas nos meses de Verão. A elevada

concentração de clorofila em Junho de 2008, aquando a eclosão do maior número de larvas, e

o seu decréscimo a partir de Setembro de 2008, sugere que o fitoplâncton existente foi

substituído por zooplâncton, o principal alimento das larvas de sardinha (Garrido et al., 2007),

Uma vez que as fases larvares dependem da existência de presas maiores, a sobrevivência das

larvas eclodidas nos meses de Verão poderá ser explicada por esta razão. Para a espadilha do

Mar Báltico, Sprattus spratus, Baumann et al., (2009) apresentaram um crescimento mais

rápido devido à existência de uma grande variedade de presas (copépodes, nauplii), o que foi

um factor crucial para a sobrevivência das cohortes dos meses de Verão.

A análise de microincrementos dos otólitos para estimar idades é um processo moroso,

metodologicamente difícil e dispendioso, acabando por limitar o desenvolvimento de estudos

de crescimento e sobrevivência da fase juvenil. O registo de dados morfométricos dos otólitos

é comparativamente simples e rápido constituindo uma forma de complementar as leituras

directas e obter maior volume de dados. O uso desta relação poderão auxiliar na compreensão

das alterações verificadas na fase de recrutamento da sardinha, permitindo assim facilitar a

gestão do manancial desta espécie..

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76

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77

Apêndice I i. Valores FIV para as variáveis morfométricas

iii- Pressupostos de normalidade e homocedasticidade para os vários modelos analisados

Res

ídu

os

Sta

nda

rt.

Fit

ted

va

lues

150 200 250

-60

-20

020

40

60

Fitted valuesR

esid

uals

Residuals vs Fitted

15

50

16

-2 -1 0 1 2

-3-2

-10

12

3

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

15

50

16

150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location15

5016

0.00 0.04 0.08 0.12

-4-2

02

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 1

0.5

0.5

1Residuals vs Leverage

15

50

16

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

15

48

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

15

48

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location5015

48

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08

-3-2

-10

12

3

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

0.5

Residuals vs Leverage

50

15

17

150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

5723

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

5723

150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location50

5723

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20

-2-1

01

23

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 0.5

0.5

1

Residuals vs Leverage

50

1110

Modelo 2

Modelo 4

Modelo 3

150 200 250

-60

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

45

40

46

-2 -1 0 1 2

-3-2

-10

12

3

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

45

40

46

150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location45

4046

0.00 0.04 0.08 0.12

-4-2

02

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 1

0.5

0.5

1Residuals vs Leverage

45

40

46

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

40

45

31

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

40

45

31

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location4045

31

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08

-3-2

-10

12

3

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

0.5

Residuals vs Leverage

40

45

47

150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

40

5156

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

40

5156

150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location40

5156

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20

-2-1

01

23

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 0.5

0.5

1

Residuals vs Leverage

40

3534

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

15

57

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

15

57

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location50

15

57

0.00 0.04 0.08 0.12

-3-2

-10

12

3

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 0.5

0.5

1

Residuals vs Leverage

50

15

11

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

15

57

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

15

57

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location50

15

57

0.00 0.04 0.08 0.12

-3-2

-10

12

3

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 0.5

0.5

1

Residuals vs Leverage

50

15

11

Modelo 1

FIV

CI 38,57

PI 38,57

DO 27,41

PO 16,70

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78

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

57

47

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

57

47

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location50

5747

0.00 0.04 0.08 0.12

-2-1

01

23

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

0.5

Residuals vs Leverage

50

11

57

Modelo 5

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

40

51

30

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

40

51

30

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location40

5130

0.00 0.04 0.08 0.12

-2-1

01

23

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

0.5

Residuals vs Leverage

40

35

51

100 150 200 250

-80

-40

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

15

16

50

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

2

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

2

28

15

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location2

28 15

0.00 0.05 0.10 0.15

-3-2

-10

12

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 1

0.5

0.5

1Residuals vs Leverage

1516

50

100 150 200 250

-80

-40

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

15

16

50

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

2

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

2

28

15

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location2

28 15

0.00 0.05 0.10 0.15

-3-2

-10

12

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 1

0.5

0.5

1Residuals vs Leverage

1516

50

100 140 180 220

-40

-20

020

40

60

Fitted valuesR

esid

uals

Residuals vs Fitted

50

15

48

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

2

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

5048

15

100 140 180 220

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location5048

15

0.00 0.04 0.08 0.12

-2-1

01

2

LeverageS

tandard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

0.5

Residuals vs Leverage

50

15

17

100 140 180 220

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

15

48

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

2

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

5048

15

100 140 180 220

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location5048

15

0.00 0.04 0.08 0.12

-2-1

01

2

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

0.5

Residuals vs Leverage

50

15

17

100 150 200 250 300

-60

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

1110

50

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

2

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

20

2

12

100 150 200 250 300

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location20

2 12

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25

-2-1

01

2

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 1

0.5

0.5

1

Residuals vs Leverage

1110

17

100 150 200 250 300

-60

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

1110

50

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

2

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

20

2

12

100 150 200 250 300

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location20

2 12

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25

-2-1

01

2

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance 1

0.5

0.5

1

Residuals vs Leverage

1110

17

Modelo 6

Modelo 7

Modelo 8

Modelo 9

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

57

47

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

57

47

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location50

57

47

0.00 0.04 0.08 0.12

-2-1

01

23

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance

0.5

Residuals vs Leverage

50

11

57

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

50

57

47

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

50

57

47

100 150 200 250

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location50

57

47

0.00 0.04 0.08 0.12

-2-1

01

23

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance

0.5

Residuals vs Leverage

50

11

57

Page 93: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/5901/1/ulfc092908_tm_andreia... · sardinha, Sardina pilchardus (Walbaum, ... por dizer sempre tudo o que

79

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

-0.3

-0.1

0.0

0.1

0.2

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

15

48

29

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

15

48

29

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location1548

29

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08

-3-2

-10

12

3

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

Residuals vs Leverage

15

50

2

Modelo 11

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

-0.3

-0.1

0.0

0.1

0.2

Fitted values

Resid

uals

Residuals vs Fitted

45

31

38

-2 -1 0 1 2

-2-1

01

23

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

45

31

38

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location45

31

38

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08

-3-2

-10

12

3

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance0.5

Residuals vs Leverage

45

40

14

100 150 200 250

-60

-40

-20

020

40

predictos

resid

uos

100 150 200 250

-40

-20

020

40

predictos

resid

uos

100 150 200 250

-60

-40

-20

020

40

predictos

resid

uos

100 150 200 250

-40

-20

020

40

predictos

resid

uos

Modelo 12 Modelo 13

0 10 20 30 40 50

-40

-20

020

40

60

Index

fitc

i$m

$re

sid

()

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

predictos

resid

uos

5 10 15 20 25

100

150

200

250

pi

days

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

predictos

resid

uos

0 10 20 30 40 50

-40

-20

020

40

60

Index

fitc

i$m

$re

sid

()

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

predictos

resid

uos

5 10 15 20 25

100

150

200

250

pi

days

100 150 200 250

-40

-20

020

40

60

predictos

resid

uos

Modelo 14 Modelo 15

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

Fitted values

Re

sid

ua

ls

Residuals vs Fitted

15

162

-2 -1 0 1 2

-3-2

-10

12

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

15

162

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location15

162

0.00 0.04 0.08 0.12

-3-2

-10

12

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance1

0.5

0.5

Residuals vs Leverage

15

16

21

Modelo 10

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

Fitted values

Re

sid

ua

ls

Residuals vs Fitted

45

4614

-2 -1 0 1 2

-3-2

-10

12

Theoretical Quantiles

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Normal Q-Q

45

4614

4.8 5.0 5.2 5.4 5.6

0.0

0.5

1.0

1.5

Fitted values

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Scale-Location45

4614

0.00 0.04 0.08 0.12

-3-2

-10

12

Leverage

Sta

ndard

ized r

esid

uals

Cook's distance1

0.5

0.5

Residuals vs Leverage

45

46

57

Page 94: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/5901/1/ulfc092908_tm_andreia... · sardinha, Sardina pilchardus (Walbaum, ... por dizer sempre tudo o que

80

ii. Análise de parâmetros da equação de Laid-Gompertz.

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

K1 = K2= 2,51

L= 8; G= 0,1

L= 6, G= 0,2

L= 4; G= 0,3k= 2,51; G= 0,1

L1 = L2= 8

k= 2,00; G= 0,5

k= 1,00; G= 0,9

G1 = G2= 0,1

L= 4; k= 0,5

L= 6; k= 0,1

L= 8; k= 2,5

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

G1 = G2 = 0,1; k1=k2 = 0,5

L= 9

L= 5

L= 7

L= 4

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

L1= L2= 4; G1 = G2= 0.1

k=0,50

k=1,00

k=2.55

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

0 20 40 60 80 100

02

46

810

seq(0, 100, 1)

rep(1

0,

length

(seq(0

, 100,

1))

)

K1 = K2= 2,55; L1=L2 = 4

G= 0,10

G= 0,01

G= 0,15

G= 0,09

G= 0,05

G= 0,02

2) 3)

4) 5)

6) 7)

p-value > 0,05 p-value > 0,05

p-value >> 0,05 p-value < 0,05

p-value << 0,05 p-value < 0,05