UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CURSO DE … · da topografia, desempenham papel de destaque nas duas...

83
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ESTÁGIO EM ARQUITETURA E URBANISMO STEFÂNIA ROSSATO TONET A CASA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA: REGRA E TRANSGRESSÃO TIPOLÓGICA NO ESPAÇO DOMÉSTICO DIÁLOGOS ENTRE CASA E PAISAGEM: ESTUDO DE CASOS DA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA CAXIAS DO SUL 2016

Transcript of UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CURSO DE … · da topografia, desempenham papel de destaque nas duas...

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ESTÁGIO EM ARQUITETURA E URBANISMO

STEFÂNIA ROSSATO TONET

A CASA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA: REGRA E TRANSGRESSÃO TIPOLÓGICA NO ESPAÇO DOMÉSTICO

DIÁLOGOS ENTRE CASA E PAISAGEM:

ESTUDO DE CASOS DA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

CAXIAS DO SUL 2016

STEFÂNIA ROSSATO TONET

A CASA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA: REGRA E TRANSGRESSÃO TIPOLÓGICA NO ESPAÇO DOMÉSTICO

DIÁLOGOS ENTRE CASA E PAISAGEM:

ESTUDO DE CASOS DA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

CAXIAS DO SUL 2016

Trabalho apresentado como parte dos requisitos para aprovação na disciplina de Estágio de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Arq. Ms. Cristina Piccoli Campo de Estágio: UFRGS – Faculdade de Arquitetura Supervisor: Prof. Arq. Dra. Ana Elísia da Costa

RESUMO

A pesquisa “A Casa Contemporânea Brasileira” propõe a análise dos projetos

residenciais de 25 escritórios eleitos em 2010 pela revista AU como aqueles que

moldarão o cenário da arquitetura brasileira nos próximos 25 anos. Como parte

dessa pesquisa, este estudo analisa duas casas escolhidas por aparentemente

possuírem arranjos tipológicos semelhantes – Casa Maia (2014 - Yuri Vital) e Casa

Ubatuba (2005/06 – SPBR). O escritório do arquiteto Yuri Vital foi formado em 2008,

com sede em São Paulo, e o escritório SPBR, de Angelo Bucci em 2003, com sede

em São Paulo.

Alguns questionamentos guiam esse estudo, tais como: quais os aspectos

compositivos conferem similaridade entre estas casas? Quais as especificidades

projetuais observadas e o que as condicionam? A busca pelas respostas nos remete

a uma reflexão que consente um posicionamento crítico sobre a produção dos

aludidos escritórios e, como consequência, sobre a produção brasileira da

atualidade.

Através de pesquisa bibliográfica e documental foi possível realizar a análise

gráfico-textual que sintetiza o trabalho. O conceito de tipo na arquitetura e sua

relação com aspectos formais, funcionais e com a espacialidade e a produção dos

escritórios SBPR e Yuri Vital foram os objetos da pesquisa bibliográfica. O

levantamento e organização dos dados dos projetos estudados e o seu redesenho bi

e tridimensionais, seguindo a padronização pré-estabelecida pelo grupo, fizeram

parte da pesquisa documental. A análise que resume os conceitos estudados na

pesquisa bibliográfica foi construída através da observação e comparação dos

dados levantados na pesquisa documental e buscou chegar à conclusões

particulares e generalizadas sobre os objetos de estudo.

Como resultado final, foram identificadas algumas estratégias recorrentes.

Quanto à implantação e partido formal, percebe-se que as casas estão implantadas

de modo a respeitar o relevo do terreno e o modificam o mínimo necessário. Ambas

as edificações se adaptaram à topografia extremamente íngreme e valorizaram as

visuais através de grandes varandas e planos de vidro. Quanto à composição,

observa-se tanto a adoção de partidos aditivos quanto subtrativos. Quanto ao

arranjo funcional, observa-se um zoneamento por níveis e, no caso da Casa

Ubatuba, níveis e blocos. Nas alas ou setores de ambas as residências, são

perceptíveis as três estratégias de posicionamento dos elementos irregulares de

composição: 1) deslocados no perímetro externo da edificação; 2) interpostos entre

os elementos regulares ou 3) isolados do conjunto. As circulações, em decorrência

da topografia, desempenham papel de destaque nas duas residências. Para articular

os diversos níveis, as escadas funcionam não somente como circulações

espacializadas, mas também como elementos compositivos de impacto visual. A

fruição da edificação e do entorno ficam subordinadas à circulação entre os

ambientes, ora periférica, ora en suíte o que também favorece a planta livre. Quanto

à espacialidade, ambas as edificações exploram o contraste de sensações –

compressão-dilatação - nos percursos que vão do acesso à residência ao setor

social. Neste, grandes planos laterais envidraçados provocam tensões

multidirecionais. Já para chegar aos dormitórios, as estratégias são opostas. Na

Casa Maia, a compressão espacial é causada por uma escada enclausurada

enquanto que na Ubatuba a sensação de amplitude é promovida pela escada

delimitada apensa por um guarda-corpo ripado

Conclui-se que as principais semelhanças entre as casas ocorrem no que se

refere à implantação onde se denota claramente a intenção de preservação e

valorização do entorno, esta última reforçada pelas circulações que promovem um

“passeio” pela edificação e na organização dos setores em níveis, todas elas

fortemente condicionadas pela topografia.

Palavras-chave: Casa contemporânea. Volumes encravados. SPBR. Yuri Vital.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Implantação, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ............................................... 14

Figura 2: Esquema de composição aditiva, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ............... 15

Figura 3: Implantação, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ............................................... 15

Figura 4: Princípio organizador, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ................................. 16

Figura 5: Esquema estrutural, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ................................... 17

Figura 6: Esquema de setorização, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ........................... 18

Figura 7: Esquema de circulação, Casa Ubatuba (2005) SPBR. ............................. 19

Figura 8: Casa Ubatuba (2005) SPBR. .................................................................... 20

Figura 9: Casa Ubatuba (2005) SPBR. .................................................................... 20

Figura 10: Casa Ubatuba (2005) SPBR. .................................................................. 21

Figura 11: Implantação, Casa Maia (2014), Yuri Vital .............................................. 21

Figura 12: Configuração formal, Casa Maia (2014), Yuri Vital ................................. 22

Figura 13: Esquema estrutural, Casa Maia (2014), Yuri Vital ................................... 23

Figura 14: Princípio Organizador, Casa Maia (2014), Yuri Vital ............................... 23

Figura 15: Configuração funcional, Casa Maia (2014), Yuri Vital ............................. 24

Figura 16: Setorização, Casa Maia (2014), Yuri Vital ............................................... 25

Figura 17: Circulação, Casa Maia (2014), Yuri Vital ................................................. 25

Figura 18: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital ........................................... 26

Figura 19: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital ........................................... 26

Figura 20: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital ........................................... 27

Figura 21: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital ........................................... 27

Figura 22: Implantação, (a) Casa Ubatuba, SPBR e (b) Casa Maia, Yuri Vital ........ 28

Figura 23: Esquemas compositivos, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. .................. 29

Figura 24: Materialidade. (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. ................................... 29

Figura 25: Esquema estrutural, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. .......................... 30

Figura 26: Esquema do princípio organizador, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. .. 30

Figura 27: Esquemas de divisão de setores, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. ..... 31

Figura 28: Esquemas de circulação, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. .................. 32

Figura 29: (a) Casa Ubatuba, SPBR e (b) Casa Maia, Yuri Vital. ............................. 33

Figura 30: Espacialidade do Setor social, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. .......... 34

Figura 31: (a) Casa Ubatuba, SPBR e (b) Casa Maia, Yuri Vital. ............................. 35

Figura 32: Implantação, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em

Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); (d) Casa Ubatuba (SPBR). ............................. 36

Figura 33: Implantação, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em

Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); (d) Casa Ubatuba (SPBR). ............................. 37

Figura 34: Partido Formal, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa

em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); (d) Casa Ubatuba (SPBR).. ...................... 38

Figura 35: Configuração Funcional, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados);

(b) Casa em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); Casa Ubatuba (SPBR). .............. 40

Figura 36: Espacialidade, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa

em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); Casa Ubatuba (SPBR). ............................. 41

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 CONTEXTO E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................ 9

2.1 DEMANDA DO CAMPO DE ESTÁGIO .............................................................. 9

2.2 OBJETIVO ....................................................................................................... 10

2.3JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 10

2.4MÉTODO .......................................................................................................... 11

3 REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS ...................................................................... 12

4 PESQUISA DOCUMENTAL ................................................................................... 13

5 ANÁLISES .............................................................................................................. 14

5.1 ANÁLISE INDIVIDUAL ..................................................................................... 14

5.1.1 CASA UBATUBA ....................................................................................... 14

5.1.1.1 Implantação e Partido Formal ................................................................. 14

5.1.1.2 Configuração funcional ........................................................................... 17

5.1.1.3 Espacialidade.......................................................................................... 19

5.1.2 CASA MAIA ............................................................................................... 21

5.1.2.1 Implantação e Partido Formal ................................................................. 21

5.1.2.2 Configuração funcional ........................................................................... 23

5.1.2.3 Espacialidade.......................................................................................... 26

5.2 ANÁLISE COMPARATIVA ............................................................................... 27

5.2.1 CASA UBATUBA x CASA MAIA ................................................................ 27

5.2.1.1 Implantação e Partido Formal ................................................................. 27

5.2.1.2 Configuração funcional ........................................................................... 31

5.2.1.3 Espacialidade.......................................................................................... 32

5.2.2 CASA UBATUBA x CASA MAIA x CASA BRASILEIRA 2 x CASA EM ITU

............................................................................................................................ 35

5.2.2.1 Análise Comparativa: Volumes Encravados ........................................... 35

5.2.2.2 Implantação e Partido Formal ................................................................. 35

5.2.2.3 Configuração Funcional .......................................................................... 39

5.2.2.4 Espacialidade.......................................................................................... 41

5.2.2.5 Considerações Finais ............................................................................. 42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 43

8

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa “A Casa Contemporânea Brasileira: regra e a transgressão

tipológica no espaço doméstico” surge após uma publicação da revista “AU –

Arquitetura e Urbanismo”, em 2010, que elegeu 25 arquitetos que seriam a nova

geração da arquitetura brasileira. Ela se propõe a analisar os projetos de cunho

residencial destes escritórios selecionados com o objetivo de identificar as

estratégias projetuais mais recorrentemente utilizadas.

O presente trabalho de estágio tem como tema residências que, pelo seu

posicionamento perante a topografia íngreme, foram consideradas na categoria de

“volumes encravados”. São elas: residência Maia (2014) – Yuri Vital e residência

Ubatuba (2005/06) – SPBR.

O trabalho dividiu-se em quatro etapas: pesquisa bibliográfica, pesquisa

documental, redesenho bidimensional e tridimensional dos projetos e análises das

obras. As duas primeiras visaram o estudo sobre os conceitos norteadores das

análises e o levantamento de informações sobre os arquitetos e sobre as casas em

questão para que. Com estas informações foi possível realizar o redesenho e a

modelagem. Por fim, com todos esses conhecimentos, foi possível realizar as

análises baseadas em um roteiro pré-determinado, que busca identificar

similaridades e especificidades entre as produções.

9

2 CONTEXTO E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

2.1 DEMANDA DO CAMPO DE ESTÁGIO

Em 2010 a revista “AU - Arquitetura e Urbanismo” (Editora PINI), em uma

edição especial comemorativa aos seus vinte e cinco anos de existência, realizou

uma seleção de vinte e cinco escritórios de arquitetura que até o ano de 2035 teriam

uma produção significativa no cenário nacional. Os critérios de seleção não foram

especificados na sua totalidade, porém, sabe-se que um deles é o de que os

arquitetos não deveriam ter mais de 40 anos de idade, ou pertencer a uma equipe

onde a maior parte de seus integrantes não atingisse essa idade máxima. Faziam

parte do júri os professores e críticos de arquitetura Mônica Junqueira de Camargo,

Carlos Eduardo Comas, Cláudia Estrela, Fernando Lara e Roberto Segre.

A maioria dos eleitos são de São Paulo: Estúdio América, FGMF, Grupo SP,

SIAA, SPBR, TRIPTYQUE, Una Arquitetos, Arquitetos Coperantes, AUM Arquitetos,

Frederico Zanelato, Metro Arquitetos Associados, Nitsche Arquitetos Associados,

TACOA e Yuri Vital. São cinco escritórios cariocas: Carla Juaçaba, DDG Arquitetura,

Mareines + Patalano Arquitetura, Rua Arquitetos e Bernardes Jacobsen Arquitetura.

Do Rio Grande do Sul foram escolhidos mais dois escritórios: MAPA (Studio

Paralelo) e POAA, e de Minas Gerais também surgem mais duas contribuições: o

Arquitetos Associados e BCMF. Por fim, Pernambuco e Brasília aparecem com um

escritório cada: o Norte Oficina de Criação e MGS, respectivamente.

A pesquisa Casa Contemporânea Brasileira: regra e a transgressão tipológica

no espaço doméstico surge neste contexto, propondo a análise dos projetos de

cunho residencial dos escritórios selecionados pela publicação. Busca-se, assim,

identificar continuidades, transgressões, miscigenações no processo projetual

destes escritórios, para que, assim, construa-se um posicionamento crítico perante a

atual produção brasileira de arquitetura, bem como sobre a própria seleção da

revista AU.

10

2.2 OBJETIVO

A pesquisa, que já vem sendo desenvolvida há dois anos. Passou por uma

primeira fase em que cada aluno pesquisador participante analisou individualmente

cada um dos escritórios selecionados, sempre no âmbito das obras residenciais

apenas. Este semestre está sendo marcado pelo início da segunda fase onde se

busca fazer um paralelo entre as produções dos diferentes escritórios dentro de

temas pré-selecionados.

A temática a ser desenvolvida dentro deste trabalho de estágio é a tipologia

residencial dos “volumes encravados”. Assim, foram escolhidas para análise

residências cujos volumes se mimetizam com a topografia acentuada do terreno

onde foram inseridas: Casa Ubatuba (projeto de 2005/06), do escritório SPBR e

Casa Maia (projeto de 2014), do escritório Yuri Vital. Dentro deste tópico, o objetivo

é tomar conhecimento do objeto de estudo através do redesenho para poder

analisar, num primeiro momento individualmente e, após, comparativamente, as

produções que se enquadram nesta tipologia, e buscar, ao final, congruências ou

não entre elas.

2.3 JUSTIFICATIVA

A pesquisa pretende identificar esquemas tipológicos recorrentes,

expressando ou não continuidades, transgressões, miscigenações... em estratégias

projetuais utilizados na elaboração de edifícios de arquitetura doméstica. Deste

modo, este trabalho se justifica por, juntamente com outros já desenvolvidos

subsidiar a pesquisa como um todo.

Servirá como base, para que se possa chegar a uma reflexão teórica e crítica sobre

a produção de arquitetura brasileira realizada nos dias de hoje.

11

2.4 MÉTODO

O método geral de trabalho seguiu as diretrizes da pesquisa em que se

insere, sendo desenvolvido através de quatro etapas principais: a pesquisa

documental, o redesenho dos projetos, a análise individual das casas e a análise

comparativa das casas. Já a classificação do tipo de pesquisa, é sugerida por

Gerhardt e Silveira (2009) e segue:

a) quanto a abordagem: qualitativa. Dados numéricos e informações que possam ser

hierarquizadas não são relevantes. Através da análise são recolhidas informações

subjetivas como intenções projetuais, tomadas de decisões, sensações e

percepções de percurso, etc... que permitem gerar posicionamentos críticos perante

os objetos de estudo, as residências Maia (2014 – Yuri Vital) e Ubatuba (2005/06 –

SPBR).

b) quanto a natureza: básica. O estudo permite que se gere novos conhecimentos

sobre a natureza dos projetos de cunho residencial feitos nos dias de hoje. Ele

permite que se chegue a um posicionamento crítico sobre a arquitetura atual, sobre

as semelhanças ou não entre as obras dos escritórios selecionados e, também,

sobre a própria seleção da revista “AU – Arquitetura e Urbanismo”. Porém, esses

conhecimentos, apesar de relevantes, não possuem uma aplicação prática no

momento, sendo “apenas” um entendimento que agrega aos demais.

c) quanto aos objetivos: descritiva/explicativa. Descritiva pois busca, dentro de um

estudo de caso (as obras residenciais Casa Maia – Yuri Vital e Casa em Ubatuba –

SPBR) descrever os fenômenos que surgem de tais exemplos. Além de redesenhar

as obras, nosso objetivo é analisá-las na busca de elementos, ideias, configurações

semelhantes ou não e descrever nesta análise utilizando conceitos pré

estabelecidos pela pesquisa, tais como: espacialidade, circulação, configuração de

alas, tipo e modelo. Do mesmo modo, a pesquisa é explicativa porque tenta

encontrar as justificativas para os fenômenos identificados na descrição dos fatos,

ou seja, não somente identificamos e analisamos o que ocorre em cada exemplo

como, também, justificamos o que levou a essas decisões projetuais, porque o

arquiteto teve determinadas decisões.

12

d) quanto aos procedimentos: bibliográfica/documental, porque faz-se valer de uma

base de dados disponíveis na internet, nos livros, em sites e nos arquivos dos

próprios escritórios, para complementar e embasar a pesquisa.

3 REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS

Para a realização das análises propostas, tanto a individual quanto a

comparativa, foi necessário revisar conceitos sobre tipo na arquitetura, estratégias

projetuais e composição. Assim, cada aluno recebeu textos referentes a um assunto

específico e a incumbência de transmitir os conhecimentos absorvidos em um

seminário, apresentado aos outros pesquisadores no dia 04/05/2016. Entre os temas

abordados estão: o conceito de tipo, espacialidade, configuração de alas, eixos de

circulação, elementos de arquitetura e os de composição (Anexo 01). Os autores

referenciais são: Ana Elísia da Costa, Alfonso Corona Martinez, Célia Helena Castro

Gonsales, Edson da Cunha Mahfuz e Marcio Cotrim Cunha.

Como tarefa individual foi produzida a apresentação explicativa sobre os

temas: Configuração de alas, eixos de acesso e circulação, com base nos textos

extraídos do livro Ensaio sobre o projeto de Afonso Corona Martinez (páginas 27 a

35 e 157 a 175) (Anexo 02). Sobre estes temas o autor primeiro conceitua o que são

os elementos de composição (os espaços, a imaterialidade) e os elementos de

arquitetura (a materialidade que compõe os espaços, as paredes e as janelas por

exemplo). É possível compreender, também, que os elementos de composição

podem ser classificados como regulares, como um dormitório ou uma sala de estar,

por exemplo, ou irregulares. Os elementos irregulares são todos aqueles que, por

seu uso e pelas dimensões específicas se tornam um “transtorno” na organização de

uma planta, como banheiros, cozinhas ou áreas de serviço. Essa categoria possui

três estratégias usuais de organização na hora de compor os ambientes: transladar,

interpor e isolar os elementos de composição. O autor identifica, também, que as

circulações surgiram por uma necessidade de resolver problemas de privacidade e

de distribuição e que estão sujeitas a uma classificação: en suíte – quando se

chega em um cômodo através de outro; espacializada – quando se cria um espaço

específico para a circulação, como um corredor, escada ou rampa; e sugerida – que

13

é consequência da organização do mobiliário nos espaços. A posição da circulação

dentro dos ambientes possibilita um refino ainda maior dessa classificação podendo

ser centralizada ou periférica.

Como tarefa comum a todos os pesquisadores, recebemos um trecho do livro

de Edson da Cunha Mahfuz, “Ensaio sobre a razão compositiva”, que abordava os

conceitos de tipo, modelo e partido e, também, três dos quatro métodos de geração

formal possíveis: Inovativo, Tipológico e Mimético.

4 PESQUISA DOCUMENTAL

Além dos conceitos teóricos, a análise das obras depende da perfeita

compreensão do objeto arquitetônico. Para tanto, elaborou-se material gráfico que

seguiu o padrão pré-estabelecido da pesquisa. Assim procedeu-se uma pesquisa

em revistas, sites de arquitetura, sites dos próprios escritórios, bancos de imagens e

outros tipos de publicações que subsidiasse a produção do redesenho e a

modelagem tridimensional dos dois projetos estudados: a Casa Maia (2014) de Yuri

Vital e da Casa em Ubatuba (2005) do SPBR. Constatado que essas fontes não

seriam suficientes, recorreu-se aos próprios escritórios, que forneceram arquivos

com dados complementares. Este acervo foi organizado e armazenado, juntamente

com todo o todo material produzido pelos pesquisadores envolvidos, no site

Dropbox, na pasta denominada “material encontrado”.

De posse deste material foi possível iniciar o redesenho e formatá-lo

conforme padrão da pesquisa (Anexo 03). Resultado disso, foram as pranchas

contendo os seguintes desenhos: implantação, planta de cobertura, plantas baixas,

cortes e fachadas (Anexo 4).

O material elaborado em Autocad (bidimensional) subsidiou a produção dos

modelos tridimensionais, executados no programa Google Sketchup. A partir deles,

foram geradas as imagens de implantação, perspectivas externas, vistas internas e

fachadas (Anexo 5).

14

Em uma apresentação realizada na UFRGS (Universidade Federal do Rio

Grande do Sul) no dia 06/04/2016, os redesenhos foram apresentados e discutidos

com a equipe da pesquisa para que fossem corrigidos e, só então, forma postados

no site Dropbox e no site da pesquisa.

5 ANÁLISES

Após a produção dos redesenhos a pesquisa chega na sua fase final onde são

produzidas quatro análises gráfico-textuais. Uma análise referente à Casa Ubatuba,

outra à Casa Maia, uma terceira de caráter comparativo entre as casas já citadas e,

por fim, uma análise comparativa das quatro casas classificadas na tipologia

“Volumes encravados”. Essas análises foram precedidas por um Seminário realizado

na UFRGS, no dia 04/05/16, cujo objetivo era apresentar e padronizar conceitos e

nomenclaturas utilizados na produção das mesmas.

5.1 ANÁLISE INDIVIDUAL

5.1.1 CASA UBATUBA

5.1.1.1 Implantação e Partido Formal

A casa Ubatuba se localiza na cidade litorânea de mesmo nome ao norte do estado de

São Paulo. Projetada para um casal aposentado, a residência foi construída em um

terreno com 16m testada sudoeste e 50m de profundidade, cujo limite leste é a Praia do

Tenório. A forte declividade do terreno e a exuberante vegetação nativa foram

determinantes na escolha do partido e da implantação da edificação (figura 1).

Figura 1: Implantação, Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016 | http://spbr.arq.br

N

15

Quatro blocos compactos conectados através de passarelas, circulações verticais e

elementos estruturais, como as duas vigas que percorrem a casa horizontalmente pela

cobertura, constituem a composição aditiva. A posição desencontrada destes blocos

permite que todos tenham a visual privilegia da beira-mar. A edificação foi posicionada

de forma a minimizar a interferência na topografia e vegetação. Apenas três colunas

robustas tocam o solo íngreme e sustentam o prédio que tem a cobertura na mesma

cota da rua. Desse modo, a casa que está a 30 metros do nível da praia, parece flutuar

entre as árvores (figura 2).

O tratamento dado aos volumes reforça a ideia ambígua entre contraste e integração

com o entorno. O peso visual do concreto aparente utilizado nas empenas laterais dos

blocos opõe-se à leveza dos grandes planos de vidro frontais que possibilitam a

conexão visual e refletem a paisagem. A madeira, apresentada em sua cor natural,

reveste passarelas, guarda-corpos e os painéis verticais que funcionam de persianas

(figura 3).

Figura 3: Implantação, Casa Ubatuba (2005) SPBR.

Fonte: http://spbr.arq.br

Figura 2: Esquema de composição aditiva, Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Blocos aditivos Elementos de conexão

16

A composição em planta da residência Ubatuba seguiu o princípio organizador da

grelha. Ao se analisar a configuração dos ambientes, pode-se concluir que existe um

módulo principal que determinou as medidas dos blocos compactos integrantes da

composição, bem como do afastamento existente entre eles. Os ambientes

regulares, ou seja, de medidas e usos convencionais, foram determinados por este

módulo principal. Corredores, varandas, ou simplesmente acréscimos nas

dimensões de determinados ambientes, são subdivisões deste módulo.

Transversalmente a esta organização segue outra, de diferente modulação, cuja

principal delas originou o ambiente de maior importância na organização do

pavimento, os dormitórios. Neste caso, os meio módulos serviram para organizar os

elementos irregulares da planta como os banheiros, por exemplo. A estrutura da

residência não segue a mesma modulação encontrada na organização dos

ambientes, portanto pode-se concluir que a casa possui uma estrutura independente

e suas paredes não possuem função estrutural (figura 4).

Quanto à estrutura, a casa Ubatuba é visivelmente incomum. Seu sistema de

sustentação tem como apoios principais três colunas, de dimensões consideráveis,

que são os únicos elementos a tocarem o solo íngreme. Duas dessas colunas são

interligadas por uma laje de concreto que serve, também, como cobertura da

varanda. A casa é percorrida, longitudinalmente por duas vigas invertidas onde

parecem estar pendurados os blocos compositivos. Neste o caso peculiar, a piscina

tem papel importantíssimo, pois conecta transversalmente as vigas citadas. Serve

Módulo principal Derivações do módulo

Figura 4: Princípio organizador, Casa Ubatuba (2005) SPBR.

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

17

de apoio para a piscina, a terceira coluna Além das colunas robustas, tirantes que

partem das vigas e lajes da cobertura ajudam a sustentar o conjunto (figura 5).

Figura 5: Esquema estrutural, Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

5.1.1.2 Configuração funcional

A casa Ubatuba é organizada em blocos e em níveis. Cada bloco conta com dois

pavimentos, além da cobertura que também funciona como área de lazer com

piscina. A exceção é o Bloco 01, semienterrado, que serve como acesso,

estacionamento e abriga casa de máquinas, depósito e reservatórios. Os Blocos 02,

03 e 04 abrigam no pavimento inferior, invariavelmente, o setor íntimo. Já nos

superiores os ambientes sociais dominam os espaços. Neles a planta livre é

favorecida pelo arranjo dos elementos irregulares de composição, sempre na

periferia da edificação, e pelas circulações em suíte e sugeridas. No setor íntimo a

planta compartimentada, característica dos ambientes que exigem privacidade,

possui banheiros interpostos aos quartos ou nas extremidades do bloco. A

circulação espacializada também favorece este arranjo (figura 6).

18

O acesso se dá a partir da rua, na cota mais alta do terreno, e é feito através de um

passeio pela cobertura que inicia numa passarela, contorna a piscina até chegar às

escadas que levam aos níveis inferiores. Sem o uso do hall como estratégia de

organização ou de segregação entre externo e interno, o usuário chega a um amplo

espaço de serviço e convivência no Bloco 02. Dalí pode descer, através de uma

escada helicoidal que percorre um dos gigantescos pilares estruturais, para o

pavimento inferior onde está a zona íntima dos Blocos 02 e 03 ou seguir por uma

passarela que leva ao nível superior do Bloco 03 também de serviço e social. Deste

ponto, é possível chegar ao Bloco 04. Duas escadas construídas em lados opostos

do prisma conectam o Bloco 03 ao 04. A que desce, conduz ao dormitório principal e

a que sobe, leva ao grande mirante voltado para a praia, de onde é possível, além

de apreciar a bela paisagem, retornar à cobertura, na área da piscina (figura 7).

Setor de íntimo

Setor social

Elementos irregulares

Setor de serviço

Bloco 02

Bloco 03

Bloco 04

Bloco 01

Bloco 02

Bloco 03

Bloco 04

Figura 6: Esquema de setorização, Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Bloco 01

Bloco 02

Bloco 03

Bloco 04

19

5.1.1.3 Espacialidade

O percurso de acesso à casa Ubatuba sugere que os usuários percebam primeiro

a paisagem, tenham uma visão geral do entorno, da vegetação, para depois

adentrar na residência. A estreita escada ladeada apenas por delgados guarda-

corpos que conduz à primeira sala não chega a causar sensação de compressão

espacial, e introjeta o usuário no que será uma experiência repetida diversas

vezes durante o trajeto para qualquer ponto da casa: a tensão unidirecional.

Grandes planos envidraçados voltados para a Praia do Tenório desvelam a

natureza exuberante do entorno e fazem com que o interior e o exterior sejam

quase um ambiente único. Porém os maciços planos horizontais e laterais

obrigam o olhar a se voltar para a paisagem, como um grande binóculo.

Circulação principal

Acesso

Circulação secundária

Figura 7: Esquema de circulação, Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

20

A passagem, através de uma passarela, para a segunda área social também

mantém a característica de espaço de relações abertas, bem como o trajeto

descendente que leva aos dormitórios. Tudo isso causado pela falta ou pela sutileza

dos limites laterais que configuram o corredor e a escada (figura 9).

Da sala, outra escada dá acesso ao dormitório principal. Fechada por painéis de

madeira reforça a ideia de privacidade de um conjunto de ambientes que é somente

utilizado pelos donos da casa, bem como cria uma ideia interessante de compressão

que depois é rompida pela fachada envidraçada do dormitório que se volta à Praia

do Tenório. Este acesso é um contraste a toda experiência espacial da residência,

pois é um dos únicos ambientes completamente fechados numa casa que prima

pela integração visual e sensorial com o exterior.

Figura 8: Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016 | http://spbr.arq.br

Figura 9: Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016 | http://spbr.arq.br

1

1

2 1

2 1

2 1

21

5.1.2 CASA MAIA

5.1.2.1 Implantação e Partido Formal

Localizada no Condomínio Golf Village, na cidade de Carapicuíba – São Paulo, a casa

está implantada em um terreno extremamente íngreme e com densa cobertura vegetal.

Estes dois condicionantes pareceram fundamentais para a implantação da edificação,

assim como a valorização das visuais (figura 11).

O partido compacto foi a solução compositiva adotada nesta residência. Um cubo

encravado na topografia íngreme sofre subtrações que geram balanços e varandas e

parece flutuar sobre o terreno. Assim, tanto o terreno, quanto a vegetação sofreram a

menor alteração possível (figura 12).

Figura 11: Implantação, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016, http://www.versa.arq.br

Figura 10: Casa Ubatuba (2005) SPBR. Fonte: TONET, Stefânia. 2016 | http://spbr.arq.br

22

O esquema estrutural faz parte da composição e do aspecto da casa Maia.

Totalmente aparente, a estrutura metálica na cor preta proporciona um contraste

com o meio natural. As duas vigas que partem da cobertura – nível mais alto do

terreno – parecem segurar todo o conjunto (figura 13). A grelha que rege a

organização estrutural também ajuda a modular os espaços internos (figura 14). Em

uma das direções, a modulação principal originou o ambiente integrado do setor

social da casa, a partir da multiplicação desta medida se determinou as dimensões

dos dormitórios e do setor de serviços. A subdivisão deste módulo permitiu organizar

a circulação e os elementos irregulares da planta, como os banheiros e a varanda

integrada, por exemplo. Transversalmente a grelha possui outra dimensão principal

de módulo que possibilitou a divisão dos dormitórios. Neste caso, os meio módulos

organizaram a circulação interna dos ambientes e a circulação externa da casa.

Figura 12: Configuração formal, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

23

5.1.2.2 Configuração funcional

O acesso à residência Maia é feito pela cota mais alta. O pedestre é conduzido pela

cobertura até uma escada que leva a um hall aberto que antecede a entrada da

casa. Nesse patamar há uma conexão com a área de estacionamento. O programa

está organizado em meios níveis. Uma área social composta de cozinha, sala de

estar e sala de jantar estão neste nível de chegada. Ela funciona como um enorme

patamar de uma escada centralizada no conjunto. Ao subir meio nível se alcança a

grande varanda que serve de mirante para a paisagem que se descortina a frente.

Figura 13: Esquema estrutural, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Figura 14: Princípio Organizador, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

24

Ao descer, chega-se ao setor íntimo, e descendo mais um lance tem-se uma área de

convívio que se liga à piscina. O setor de serviços fica separado do conjunto, na

parte enterrada da composição, o que devido à disposição dos outros setores, pode-

se identificar uma organização em alas num grau hierárquico inferior ao de níveis

(figura 15).

Figura 15: Configuração funcional, Casa Maia (2014), Yuri Vital Fonte: TONET, Stefânia. 2016

As circulações na casa Maia, são essencialmente de dois tipos: espacializada e

sugerida, as duas decorrentes do modelo de organização dos setores. A primeira é

materializada pela escada, que, devido sua posição estratégica, no centro da

edificação, atende de maneira compacta toda a casa, diminuindo os deslocamentos.

A segunda acontece sempre pelo setor social, o qual é necessário atravessar para

se chegar ao setor de serviços e a própria escada (figura 16).

A fluidez com a qual se circula pela edificação é consequência não só da boa

localização das circulações, mas pelo agrupamento dos elementos irregulares de

composição. A cozinha, no setor social é deslocada para a preferia do volume, bem

como o próprio setor de serviços. Já os banheiros que atendem o setor íntimo,

formam um núcleo ao redor da escada. Assim, a planta fica liberada para sofrer a

compartimentação necessária para a locação dos dormitórios (figura 17).

25

Figura 17: Circulação, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Circulação principal e centralizada

Circulação secundária

Acessos

Hall

Setor íntimo

Setor Social

Elementos irregulares

Setor de serviço

Figura 16: Setorização, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

26

5.1.2.3 Espacialidade

A casa Maia é acessada pela cota mais alta do terreno e, consequentemente,

pela cobertura da residência. Neste momento a percepção é de amplitude e o

usuário é convidado a contemplar as visuais do entorno. Para chegar ao hall, que

antecede a zona social, é necessário descer uma um pequeno lance de escada

que faz a interligação com o estacionamento (figura 18).

Ao adentrar na residência, o usuário chega diretamente na sala de estar, jantar e

cozinha. Um grande ambiente integrado, com inúmeras aberturas em todos os

planos verticais, o que provoca relações abertas e tensões multidirecionais (figura

19).

No centro deste ambiente está uma escada que leva à varanda, no nível superior,

ou aos dormitórios no andar abaixo. Este ambiente, por ser estreito e

enclausurado, dá sensação de compressão convidando à introspecção, e pré-

anunciando o setor íntimo. Nos dormitórios a sensação é dilatação, tensões

multidirecionais e relações abertas, tudo promovido pelo plano de vidro de piso a

teto que conecta o ambiente interno à paisagem (figura 20).

Figura 18: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016, http://www.versa.arq.br

1

2

N

Figura 19: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016, http://www.versa.arq.br

27

Como dito anteriormente, se permanecermos descendo a mesma escada,

chegaremos ao terceiro e último pavimento. Este abriga uma segunda área de

estar, envidraçada somente em uma das extremidades, que permite novamente

que o usuário sinta o contraste: compressão – dilatação. A visual é conduzida ao

mesmo ponto das demais com o adendo do deck da piscina, neste caso.

5.2 ANÁLISE COMPARATIVA

5.2.1 CASA UBATUBA x CASA MAIA

5.2.1.1 Implantação e Partido Formal

Ambas as casas se encontram no estado de São Paulo. A casa Ubatuba do escritório

SBPR, como o próprio nome indica, está localizada na cidade litorânea de mesmo

nome, na Praia do Tenório, em Ubatuba. A casa Maia, em Carapicuíba, no Condomínio

Golf Village. Implantadas em terrenos extremamente íngremes têm como premissa

principal preservar ao máximo o entorno natural do sítio em que estão inseridas,

Figura 21: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Figura 20: Espacialidade, Casa Maia (2014), Yuri Vital

Fonte: TONET, Stefânia. 2016

28

especialmente a vegetação. Para tanto, se observa que a estratégia de locação

perpendicular às curvas de nível foi adotada nos dois projetos, numa posição de

enfrentamento da topografia (figura 22).

As duas edificações têm suas coberturas no nível da rua e os acessos de veículos e de

pedestres acontecem neste mesmo nível. Apesar disso, os partidos adotados em cada

uma das residências, diferem por completo. Na casa Maia a composição parte de um

bloco único e compacto, que sofre subtrações na forma. Essas interferências

conformam varandas e balanços. Já na casa Ubatuba o que vemos é uma composição

aditiva formada por quatro blocos individualizados e compactos. A conexão entre eles

ocorre por meio de passarelas e circulações verticais. Nos dois esquemas, porém,

percebe-se a preocupação em garantir o melhor aproveitamento das visuais (figura 22 e

figura 23).

Figura 22: Implantação, (a) Casa Ubatuba, SPBR e (b) Casa Maia, Yuri Vital Fonte: TONET, Stefânia. 2016

(b)

(a)

29

No tratamento pode-se perceber novamente um ponto de confluência entre a linguagem

adotada. A exposição de materiais brutos como o concreto, a madeira na sua cor

natural e o aço impõem a presença da edificação ao observador. Já o uso abundante

do vidro não tem outro objetivo a não ser proporcionar ao usuário a vista privilegiada da

paisagem natural que cerca as duas casas (figura 24).

Uma estratégia recorrente nas duas edificações é o uso de duas vigas de

proporções generosas na cobertura. Além disso, também se percebe o destaque

dado aos elementos estruturais, que mesmo incorporados a elementos funcionais

(a) (b)

Subtrações na forma Bloco compacto

(b)

(a)

Figura 23: Esquemas compositivos, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Figura 24: Materialidade. (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: http://spbr.arq.br | http://www.versa.arq.br

Blocos aditivos Elementos de conexão

30

como escadas e guarda-corpos mantém o forte apelo visual (figura 25). Já a

modulação estrutural da casa Maia visivelmente organiza sua composição enquanto

na casa Ubatuba esse esquema não é claro (figura 26).

(a) (b)

Figura 26: Esquema do princípio organizador, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Figura 25: Esquema estrutural, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Módulo principal Derivações do módulo

(a)

(b)

31

5.2.1.2 Configuração funcional

Apesar de composições terem sido geradas de forma opostas, as duas casas

possuem o mesmo modelo de zoneamento: em níveis. A divisão em alas, evidentes

nos blocos da casa Ubatuba, é mais sutil na casa Maia (figura 27).

Quanto à estratégia de posicionamento dos elementos irregulares de composição as

duas residências se assemelham. Alguns elementos como os banheiros, e cozinhas

foram locados no interior da planta, juntamente com espaços consagrados. Outros

elementos irregulares como depósitos, casa de máquinas e áreas de serviço foram

transladados para o perímetro da edificação tendo sua solução formal resolvida pelo

Setor íntimo

Setor social

Elementos irregulares

Setor de serviço

(a)

(b)

Figura 27: Esquemas de divisão de setores, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

32

desnível do terreno. No caso específico da Ubatuba a casa de máquinas e depósito

foi totalmente isolada do conjunto, conectada apenas por uma passarela.

O percurso sugerido do acesso até os dormitórios se assemelha nas duas casas. O

ingresso é feito pela cobertura com a descida por uma circulação vertical até chegar

nos setores sociais, que abrigam cozinha, sala de jantar e sala de estar. Os

dormitórios não se encontram neste mesmo nível e uma circulação vertical é

necessária para acessá-los. Assim, percebemos uma alternância de estratégias de

circulação, sugerida e en suíte, nos setores sociais e espacializada nos setores

íntimos. Já quanto à localização é possível perceber uma certa diferença entre as

propostas. Na Ubatuba temos a circulação periférica muito valorizada pelas visuais e

escadas localizadas na parte externa dos ambientes. Esta casa sugere, pelo passeio

a que submete o usuário, uma contemplação do entorno. Já no caso da residência

Maia existe apenas uma circulação vertical que leva a todos os setores da

residência e é centralizada na composição (figura 28).

5.2.1.3 Espacialidade

As duas residências possuem seus acessos pela cota mais alta do terreno, na

laje de cobertura. Assim, o percurso que conduz até o acesso permite a

contemplação do entorno. Ao descer a escada que leva aos ambientes internos,

tem-se um leve contraste de sensações. Uma tênue compressão é gerada mais

Circulação principal

Figura 28: Esquemas de circulação, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: TONET, Stefânia. 2016

Circulação secundária

(a) (b)

33

pela geometria do que pela limitação espacial nas laterais, já que nenhuma delas

é enclausurada (figura 29).

Concluída a descida, na casa Maia, um pequeno espaço faz as vezes de hall

antes de se atravessar a porta de ingresso à área social. Na casa Ubatuba o

usuário deve, antes de chegar às salas, passar por uma área de convivência e

passarela. Em ambas as residências o setor social é uma planta livre, de

dimensões consideráveis, que integra num mesmo espaço salas de estar e jantar

e cozinha. Por serem ambientes sem divisórias físicas ou visuais e por possuírem

grandes planos de vidro as relações entre eles e o entre o exterior são abertas e

dinâmicas. Já as tensões são multidirecionais na casa Maia, por possuir muitas

aberturas e unidirecionais na casa Ubatuba, em função da opacidade dos planos

verticais e horizontais (figura 30).

(b)

Figura 29: (a) Casa Ubatuba, SPBR e (b) Casa Maia, Yuri Vital. Fonte: TONET, Stefânia, 2016 | http://spbr.arq.br | http://www.versa.arq.br

N

2 1

1 2 (a)

34

O acesso aos dormitórios é feito, em ambos os casos, por circulações verticais

visto que a segregação entre setor social e setor íntimo ocorre por níveis nas

duas residências. Para tanto, é preciso descer as escadas - enclausurada na

Maia e com guarda-corpo na Ubatuba - que vão se fechando na medida em que o

usuário se aproxima do setor íntimo. Assim, paulatinamente, a tensão

unidirecional vai preparando o morador para um ambiente mais íntimo e de

menores dimensões do que o anterior (figura 31).

Nas duas configurações analisadas os dormitórios apresentam as mesmas

características espaciais, a de um ambiente que pretende uma relação aberta

com o exterior, em função dos grandes planos envidraçados que, ao mesmo

tempo, pelas laterais opacas, causa tensão unidirecional.

(b)

Figura 30: Espacialidade do Setor social, (a) Casa Ubatuba, (b) Casa Maia. Fonte: TONET, Stefânia. 2016 | http://spbr.arq.br | http://www.versa.arq.br

(a)

35

5.2.2 CASA UBATUBA x CASA MAIA x CASA BRASILEIRA 2 x CASA EM ITU

5.2.2.1 Análise Comparativa: Volumes Encravados

As casas analisadas no presente trabalho são produções de cunho residencial

enquadradas na tipologia “volumes encravados”. Essa tipologia categoriza, dentro

da pesquisa A Casa Contemporânea Brasileira: regra e transgressão tipológica no

espaço doméstico, todo projeto que, por sua estratégia de implantação em um

terreno íngreme e pela relação entre construção e entorno, se mimetiza com a

paisagem. Este estudo busca avaliar comparativamente quatro residências: Casa

Maia (Yuri Vital), Casa Ubatuba (SPBR), Casa em Itu (UNA) e Casa Brasileira 2

(Arquitetos Associados), suas estratégias de implantação, de composição, aspectos

funcionais e espacialidade, afim de encontrar similaridades ou especificidades entre

as produções.

5.2.2.2 Implantação e Partido Formal

(b)

(a)

Figura 31: (a) Casa Ubatuba, SPBR e (b) Casa Maia, Yuri Vital. Fonte: TONET, Stefânia. 2016 | http://spbr.arq.br | http://www.versa.arq.br

36

Das quatro residências analisadas, três delas se localizam no estado de São Paulo –

Casa em Itu (UNA), Casa Maia (Yuri Vital) e Casa Ubatuba (SPBR), enquanto que a

quarta, a Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados), está situada em Minas Gerais. A

configuração topográfica do terreno, semelhante em todos os casos, levou os arquitetos

a adotarem soluções de implantação bastante parecidas. Essencialmente, se percebe

um posicionamento de aceitação dela. Essa estratégia fica evidente no modo como a

edificação é acomodada no terreno, de forma a se encaixar nele, como se quisesse

compensar um vazio ou cunhar um mirante (figura 32).

A geometria dos terrenos também parece ter influenciado na implantação das

edificações. As residências Casa Brasileira 2 (a) e Ubatuba (d) são implantadas em

lotes com forma mais regular, estreitos e profundos, condicionando as residências a

tipologias lineares. Já nas casas Itu (b) e Maia (c) a geometria do terreno é irregular,

direcionando a configuração das residências a uma tipologia quadrática e centralizada

na área. Outro fator relevante na locação dos edifícios é a relação com a via de acesso,

mas somente na Casa Brasileira 2 (a), diferente das demais, o lote possui duas

testadas, sendo adotando a entrada na cota inferior (figura 33).

Figura 32: Implantação, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); (d) Casa Ubatuba (SPBR).

Fonte: SCOTTÁ Morgana (2016); TONET, Stefânia (2016).

(b)

(c)

(a)

(d)

37

Quanto a composição, três casas seguem o mesmo princípio e se organizam em um

bloco compacto que sofre subtrações em sua forma, configurando um partido subtrativo

ou compacto. É o caso da Casa Brasileira 2 (a), da Casa em Itu (b) e da Casa Maia

(c). Os vazios deixados no interior da forma se transformam em elementos de conexão

visual interna e melhoram a insolação e ventilação. As subtrações externas geram

sacadas e balanços que funcionam como mirantes ou dramatizam a questão da

topografia fazendo com que a casa pareça flutuar no terreno. Já a Casa Ubatuba (d)

possui um partido aditivo, sendo uma associação de vários blocos compactos através

de passarelas e circulações verticais, que também favorecem a integração visual, nesse

caso, com o exterior (figura 33).

(a)

(d) (c)

Figura 33: Implantação, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); (d) Casa Ubatuba (SPBR).

Fonte: SCOTTÁ Morgana (2016); TONET, Stefânia (2016).

(b)

38

O tratamento destinado aos volumes enfatiza a presença das edificações através do

contraste causado pelo uso do concreto, aparente ou não em relação ao entorno. É

curioso notar que, em todos os casos, as empenas laterais são cegas ou dotadas de

poucas aberturas, limitando o contato visual com o exterior. Já os grandes planos de

vidro, estão sempre voltados ou para o interior da edificação ou para o lado oposto da

(c)

(d)

Bloco compacto

Subtrações na forma

(a)

(b)

Bloco compacto

Conexões entre os blocos

Blocos compactos

Subtrações na forma

Subtrações na forma Bloco compacto

Figura 34: Partido Formal, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); (d) Casa Ubatuba (SPBR).

Fonte: SCOTTÁ Morgana (2016); TONET, Stefânia (2016).

39

rua, que coincide com o melhor panorama. Além disso, eles contrastam com a

aparência pesada do concreto, dando a sensação de fluidez reforçando a estratégia de

integração com a paisagem.

O sistema estrutural das casas Itu e Brasileira 2 não é evidente e não faz parte da

composição formal, exceto pelas empenas. Ao contrário da Casa Ubatuba, por

exemplo, que tem suas alvenarias de vedação posicionadas de forma independente ao

esquema estrutural e utiliza tirantes fixados nas robustas vigas da cobertura que,

juntamente com três pilares agigantados, sustentam todo o conjunto. O mesmo

acontece com a estrutura metálica da Casa Maia que é aparente e onde o arquiteto

também se fez valer da estratégia das grandes vigas na cobertura para “pendurar” a

composição.

5.2.2.3 Configuração Funcional

Devido a sua posição no lote, as Casas Maia, Ubatuba e Itu, apresentam acessos pela

cobertura, que se localiza na cota mais alta do terreno. Já na Casa Brasileira 2 optou-se

por colocar o acesso no nível inferior, visto que a edificação apresenta duas testadas. É

interessante notar que nessas residências, a cobertura assume um papel maior do que

simplesmente proteger a edificação. Além de servir de acesso ela também pode

funcionar como espaço de lazer e contemplação. Prova disso, são as piscinas

localizadas nesse pavimento, como na Casa Brasileira 2 e na Casa Ubatuba.

O zoneamento em níveis é a estratégia recorrentemente utilizada nos quatro

exemplares, contudo, é possível identificar uma segunda organização dependendo do

partido adotado. Nas casas Brasileira 2 (a), em Itu (b) e Maia (c) isso acontece em

faixas enquanto que na Ubatuba (d), os setores estão segregados nos blocos (figura

35).

As circulações, exceto na casa Maia, que se concentra espacializada no núcleo da

composição, origina, em todas as outras residências, um passeio que convida o usuário

a desfrutar visualmente do entorno. Ora periféricas, ora centralizadas, espacializadas ou

40

en suíte, não importa, o que interessa é promover um percurso de contrastes e

surpresas (figura 35).

A disposição dos elementos irregulares de composição também favorece essa

promenade, Posicioná-los nas extremidades da edificação (Casa em Itú (b), Casa

Brasileira 2 (a) e Casa Ubatuba (d)) ou junto do núcleo de circulação (Casa Maia (c)),

libera o desenho o que favorece, especialmente nos setores social, a planta livre.

(a)

(c)

Elementos irregulares

(b)

(d)

Circulação secundária Circulação principal

Setor de Serviço Setor Social Setor Íntimo

Figura 35: Configuração Funcional, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); Casa Ubatuba (SPBR).

Fonte: SCOTTÁ Morgana (2016); TONET, Stefânia (2016);

41

5.2.2.4 Espacialidade

Todas as quatro casas analisadas proporcionam um percurso que vai do acesso aos

dormitórios com alguns ou vários pontos de extremo contraste entre as sensações de

dilatação e compressão. Este contraste foi possível graças às circulações verticais

espacializadas (escadas ou rampas), aos ambientes de planta livre de dimensões

generosas, aos grandes planos de vidro e às varandas que se abrem às visuais. Além

disso, os grandes planos verticais de vidro, inseridos de maneira estratégica em

diversos ambientes, promovem tensões multidirecionais e relações abertas no usuário.

Todas essas estratégias contribuíram para que os ambientes tivessem na tensão

multidirecional uma de suas maiores características, reforçada pelo uso do vidro (figuras

36).

(c) (d) (a) (b)

Figura 36: Espacialidade, (a) Casa Brasileira 2 (Arquitetos Associados); (b) Casa em Itu (UNA); (c) Casa Maia (Yuri Vital); Casa Ubatuba (SPBR).

Fonte: SCOTTÁ Morgana (2016); TONET, Stefânia (2016);

42

5.2.2.5 Considerações Finais

A topografia íngreme do terreno onde estão implantadas é, à primeira vista, o

denominador comum dos quatro projetos estudados nessa análise. Porém ao observá-

los mais atentamente, é possível identificar diversos pontos de confluência entre eles.

As intenções de mimetização da topografia e de preservação do entorno parecem ser

as mais evidentes, mas dela decorrem outras tão importantes quanto:

a) O uso da cobertura como extensão da rua ou para criação de espaços de lazer e

contemplação;

b) A estreita relação visual com o ambiente externo, promovida pelo uso estratégico

das empenas laterais pouco permeáveis e o abundante uso do vidro voltado

para o “vale”;

c) A organização da planta em níveis

d) O favorecimento da planta livre, pela localização dos elementos irregulares de

composição, liberando, mais uma vez os ambientes para a vista da paisagem;

e) Os percursos no interior das edificações, cuidadosamente planificados para

promover o deleite visual.

Ao final, parece ser coerente afirmar que todas essas estratégias foram determinantes

para que as edificações se parecessem em sua espacialidade.

43

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos realizados na pesquisa Casa Contemporânea Brasileira: regra e

transgressão tipológica no espaço doméstico promovem a possibilidade de

desenvolvimento não só do julgamento crítico da arquitetura produzida nos dias de

hoje. Através desses estudos foi possível conhecer e aprender sobre diversas obras

de cunho residencial dos grandes escritórios de arquitetura da atualidade e entender

brevemente como esses profissionais planejam suas obras e quais são suas

estratégias semelhantes e quais são específicas em cada caso. Todo esse

conhecimento e repertório agregados nos ajudarão a desenvolver melhor qualquer

projeto que venhamos a fazer no futuro.

44

BIBLIOGRAFIA

COSTA, A. E. O Gosto pelo Sutil: confluências entre as casas-pátio de Daniele

Calabi e Rino Levi. Porto Alegre: UFRGS, 2011 (Tese de Doutorado).

CHING, F. D. K. Arquitectura: forma, espacio y orden. México: Gustavo Gili, 1973.

GONSALES, Célia Helena Castro. Residência e cidade: Arquiteto Rino Levi. São

Paulo: Vitruvius: ano 01, jan. 2001.

MAHFUZ, Edson da Cunha. Ensaio sobre a razão compositiva. Viçosa: UFV; Belo

Horizonte: AP Cultural, 1995.

MARTINEZ, Alfonso Corona. Ensaio sobre o projeto. Brasília: UNB, 2000.

45

ANEXO 01

ROTEIRO DE ANÁLISE

CATEGORIAS

46

47

48

49

50

ANEXO 02

SEMINÁRIO DE LEITURA

51

52

53

54

55

56

ANEXO 03

PADRÃO DE FORMATAÇÃO DE ARQUIVOS E IMAGENS

57

58

59

60

61

ANEXO 04

MATERIAL PRODUZIDO - REDESENHO

62

63

64

65

66

67

68

69

70

71

72

73

74

75

76

77

ANEXO 05

MATERIAL PRODUZIDO – MODELAGEM TRIDIMENSIONAL

78

HYHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

79

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

80

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

81

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

82

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

83

2 1 Figura 37:

Espacialidade,

Casa Maia (2014),

Yuri Vital

Fonte: TONET,

Stefânia. 2016,

http://www.vers

a.arq.br

Figura 38:

Espacialidade,

Casa Maia (2014),

Yuri Vital

Fonte: TONET,

Stefânia. 2016