UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB FACULDADE DE CIÊNCIAS …
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UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB
FACULDADE DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM ndash PPGENF
CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA
REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
BRASIacuteLIA
2017
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UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB
FACULDADE DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM ndash PPGENF
CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA
REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
Tese apresentada como requisito parcial
para a obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Doutor em
Enfermagem pelo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Enfermagem da
Universidade de Brasiacutelia
Aacuterea de Concentraccedilatildeo Poliacuteticas Praacuteticas
e Cuidado em Sauacutede e Enfermagem
Linha de Pesquisa Processo de Cuidar
em sauacutede e enfermagem
Orientadora Moema da Silva Borges
BRASIacuteLIA
2017
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REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
Tese apresentada como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em
Enfermagem pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade de
Brasiacutelia
Aprovado em 12052017
BANCA EXMINADORA
Professora Doutora Moema da Silva Borges ndash Presidente da Banca
1ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professor Doutor Rinaldo Souza Neves - Membro Externo ao Programa
2ordm Membro
FEPECS
Professora Doutora Aline de Oliveira Silveira - Membro Externo ao Programa
3ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professora Doutora Maria Cristina Soares ndash Membro do Programa
4ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professora Doutora Maria Liz Cunhandash Membro Externo ao Programa
5ordm Membro Suplente
FEPECS
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Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo
amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio
ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as
minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em
especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus
filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me
ensinam o que eacute AMAR de verdade
5
AGRADECIMENTO
A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em
minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra
Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e
sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora
pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem
me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura
familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu
grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar
os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que
me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas
Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr
Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas
de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste
sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos
6
[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []
Gaston Bachelard
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RESUMO
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese
(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede
Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que
cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem
em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo
qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de
Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila
hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi
constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos
e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a
teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a
caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar
que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com
matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de
associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as
evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois
estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na
SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram
mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a
dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o
provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia
do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante
constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os
conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software
Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees
sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez
referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro
classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees
teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a
existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees
Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de
valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia
profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na
modernidade pela pediatria
Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
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ABSTRACT
OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of
Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department
of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized
children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western
region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on
Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who
worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data
collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the
characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the
interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used
Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007
where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly
female and with skilled labor In the second stage the product from the free word
association technique was analyzed by the EVOC software which organized the
evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from
two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be
understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily
evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing
actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures
the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive
expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge
humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the
groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In
the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste
software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social
representations of the study participants The first axis was composed of a class and
referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four
classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical
representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the
existence of important discrepancies between the representations of these two
dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality
capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional
autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by
pediatrics
Keywords Care child health social representation nurse care sistematization
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RESUMEM
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten
de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)
- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de
Brasilia Brasilia 2017
Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros
que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio
cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones
Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia
al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el
primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten
de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el
segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de
los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007
donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes
predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda
etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado
por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central
de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de
Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la
primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado
enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la
atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la
representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten
inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo
central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el
enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales
provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el
anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales
de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo
referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro
clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las
representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial
sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas
dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una
realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir
autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas
requeridos en la modernidad por la pediatriacutea
Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la
asistencia de enfermeriacutea
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928
Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32
Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55
Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72
Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do
Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
41
Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43
Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88
Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95
Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco
classes e dois eixos 104
Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com
as palavras destacadas 105
12
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo
Caacuteceres ndashMT201585
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015
84
Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
12345 geradas pelo Alceste 104
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LISTA DE SIGLAS
AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia
ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto
ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa
CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato
Grosso
CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica
CNS Conselho Nacional de Sauacutede
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem
EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations
MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
MS Ministeacuterio da Sauacutede
PE Processo de Enfermagem
RS Representaccedilotildees Sociais
SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TALP Teste de Anaacutelise de Palavras
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social
UCE Unidades de Contexto Elementar
UCI Unidade de Contexto Inicial
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica
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SUMAacuteRIO
Apresentaccedilatildeo17
Introduccedilatildeo 19
1 Revisatildeo de Literatura 24
11 O Cuidado de Enfermagem 24
12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29
13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais
35
14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37
141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39
15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45
16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59
2 Referencial Teoacuterico 63
21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63
212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem
66
213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69
3 Meacutetodo 73
31 Tipo de Estudo 73
32 Local de Estudo 73
33 Sujeitos de Estudo 75
34 Coleta de Dados 76
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77
36 Aspectos Eacuteticos 81
4 Resultados e Discussatildeo 83
41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas
83
4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas
88
16
421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor
SAE88
422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo
do Enfermeiro na SAE94
43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem 103
44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106
441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113
5 Consideraccedilotildees Finais 135
Referecircncias 139
Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161
Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163
Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164
Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167
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APRESENTACcedilAtildeO
Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha
formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das
especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a
emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia
profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se
projetam em minha trajetoacuteria profissional
A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu
crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as
dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de
atuaccedilatildeo ateacute o momento
Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e
realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e
organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e
responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o
estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as
necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo
de adoecimento e internaccedilatildeo
Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do
cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees
desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a
enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia
Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do
cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas
tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade
neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo
Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da
SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)
possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo
sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees
18
de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a
praacutetica assistencial agrave crianccedila
19
INTRODUCcedilAtildeO
Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca
de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos
cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos
mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano
e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e
criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a
assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e
qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente
apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute
implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo
dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE
2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)
A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas
construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a
tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da
praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de
sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)
A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem
sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do
profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo
de enfermagem
Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto
metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a
partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente
construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece
subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no
estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de
20
Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma
organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e
para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico
registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro
possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as
mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO
OLIVEIRA 2012)
Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar
e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um
dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees
fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN
CARRARO 2001)
Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante
frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente
estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de
sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade
equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e
modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo
humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e
econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia
Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo
adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de
enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de
qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas
Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o
enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e
intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)
o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das
caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem
deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo
21
rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas
de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento
familiar
Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que
atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso
investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-
estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro
esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica
quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)
Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o
desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade
da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE
eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia
reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento
da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico
responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL
PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)
Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo
atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um
cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo
enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia
entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho
Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial
pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as
praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou
seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo
destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas
Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do
pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica
conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de
enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos
em detrimento ao processo assistencial
22
Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as
exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE
pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos
enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que
trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas
Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e
incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano
gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe
que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar
e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias
Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando
que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas
representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos
comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a
representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do
enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila
Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma
dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas
exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As
representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda
intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL
2004)
Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria
das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo
bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente
na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa
que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso
de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa
como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores
(SAacute 2002)
Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel
proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e
funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos
23
enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a
compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida
permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional
enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial
Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees
sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais
Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos
1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca
SAE
2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros
acerca da SAE
3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas
4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE
5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo
da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila
O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma
Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar
os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema
Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o
constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa
Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de
apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE
Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os
resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as
representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades
encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta
Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e
reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais
da SAE no atendimento de crianccedilas
24
1REVISAtildeO DE LITERATURA
11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM
A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte
requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo
rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor
pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore
comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito
de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das
artes
(Florence Nightingale)
Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que
evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-
se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano
em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos
basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de
agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e
solicitude (HEIDEGGER 2008)
Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a
serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico
que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON
2003)
O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e
deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver
molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando
valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees
(BOFF 1999)
Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a
natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem
deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da
vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e
por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)
O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado
Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas
sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois
25
cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER
1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de
necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA
VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)
Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente
companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O
cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o
cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada
coisa
A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio
(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo
para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante
diferentes culturas
1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo
pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar
pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato
2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo
dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia
3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza
O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda
caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou
prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de
preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado
(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)
Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos
a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades
pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter
garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)
Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com
profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma
ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral
acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)
26
O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para
caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado
humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)
A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio
familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada
respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente
procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna
(GEOVANINI 2002)
Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a
enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse
contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo
de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das
pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos
(CESTARI 2003)
Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a
criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A
enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da
profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo
transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e
evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade
artiacutestica (WALDO 2001)
O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede
e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse
entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas
Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente
eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um
agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela
responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia
de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a
enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que
mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER
PERRY 2004)
27
O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que
permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos
extremamente beneacuteficos para ambas as partes
O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento
e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O
cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus
familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia
coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)
Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um
funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum
desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)
Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado
de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social
econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)
O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo
de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente
independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o
ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do
adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos
envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)
Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo
entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo
de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis
que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e
essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de
procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em
que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade
de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos
Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique
clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta
de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir
preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres
28
humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai
aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)
De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em
duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se
caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os
cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto
de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo
necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto
da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999
BORGES 2011)
Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1
Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)
CUIDADOS CARE
Cuidados de
estimulaccedilatildeo
Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio
(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas
capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)
Cuidados de
confortaccedilatildeo
Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo
aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo
da experiecircncia
Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de
pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de
comunicaccedilatildeo e partilha
Cuidados de
compensaccedilatildeo
Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou
que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais
Cuidados de
manutenccedilatildeo da vida
Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e
vestir-se
Cuidados de
apaziguamento
Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor
os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor
utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo
psicomental desses momentos
Fonte Colliegravere 1999
29
A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio
diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia
que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada
agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde
as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do
tratamento (COLLIEgraveRE 1999)
Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de
que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver
a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera
Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos
cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e
habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas
da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute
esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza
forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute
a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel
Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se
como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o
sentir saber- fazer (WALDO 2001)
Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de
procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que
melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando
limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente
(BORGES 2011)
12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO
A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e
das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes
sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental
oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)
As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da
profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo
30
O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas
Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de
tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade
de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do
trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras
capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a
morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma
forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)
As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da
proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou
feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)
Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em
realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo
cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud
Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela
sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que
nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida
como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras
Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das
caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios
cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos
bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia
(OGUISSO 2005)
Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua
praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em
detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a
seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO
QUEIROZ 2006)
Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da
enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos
procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de
justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada
31
situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a
condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)
Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em
fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)
a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante
para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees
foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo
Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria
contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de
infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES
SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos
de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar
Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de
enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e
cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson
e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as
escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a
analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto
profissatildeo
Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes
para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que
direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de
conhecimentos proacuteprio do enfermeiro
Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos
como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A
primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on
Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o
estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade
de Yale (NEVES 2010)
Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados
influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo
organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da
enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)
32
O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950
como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e
evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de
Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho
para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)
Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A
primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como
problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do
diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os
dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste
dos resultados
Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o
desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como
profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o
desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de
conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da
assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento
destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da
enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico
forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)
Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1952 Hildegard E
Peplau
Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da
personalidade
1960 Faye G Abdellah
Irene L Beland
Almeda Martin
Ruth V Matheney
Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de
enfermagem
1961 Ida Jean Orlando
O processo interpessoal alivia o sofrimento
1964 Ernestine
Weidenbach
O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da
arte de cuidado individualizado
33
Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952
ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado
para a auto-estima
1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade
1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que
evoluem ldquonegentropicalmenterdquo
1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade
1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em
direccedilatildeo ao estabelecimento de metas
1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel
1976 Josephine G
Paterson
Loretta T Zderad
Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar
1978 Madeleine M
Leininger
O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes
culturas
1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma
engajados um ao outro
1980 Dorothy E
Johnson
Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica
1981 Rosemarie Rizzo
Parse
Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede
1989 Patricia Benner
Judith Wrubel
O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem
Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e
consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua
Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2004 p 68-80
Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia
tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do
cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais
inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees
para o ser humano
34
Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da
sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de
conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro
(KRUSE 2006)
O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo
inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem
em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos
Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de
assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora
ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de
enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a
organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila
alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees
individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia
personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as
necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o
cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da
sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)
A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo
cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional
o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido
atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo
de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como
acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)
Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo
de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que
influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os
recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a
implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos
(NEVES 2010)
Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu
fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo
35
do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os
procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do
cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e
instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)
13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO
BRASIL - ASPECTOS LEGAIS
As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil
tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de
Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de
Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do
cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem
abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram
os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que
desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem
No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de
Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na
deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por
Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia
ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do
processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia
cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)
O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica
profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a
utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras
(OGUISSO 2005)
A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa
do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986
visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente
com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e
comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo
nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras
36
A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009
dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que
compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar
o processo de enfermagem
Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em
todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como
direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e
totalitaacuterio aos clientes
Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo
deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou
privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem
sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-
se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo
hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de
sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas
entre outros
sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos
ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees
comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem
corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como
Consulta de Enfermagem
A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional
quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o
processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta
os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados
o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a
implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN
2009)
Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num
suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento
de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou
intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a
avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados
Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no
7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de
junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na
execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a
alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe
privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das
37
respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um
dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a
prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem
realizadas face a essas respostas
Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento
profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que
proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos
errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE
favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e
baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como
ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa
14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem
por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do
enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o
paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a
implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura
atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado
fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico
cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais
estabelecidas
Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento
otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro
organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede
que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia
ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da
populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)
O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos
por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das
accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este
38
instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa
estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e
cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico
fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do
trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para
que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma
organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)
Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia
de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando
a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam
contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo
famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO
2004)
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo
utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento
da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA
1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do
enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo
Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma
prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar
mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma
relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a
humanizaccedilatildeo da assistecircncia
A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de
Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a
possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento
pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia
refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE
ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma
metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano
39
da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros
e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a
auditoria o uso do processo de qualidade
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a
atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e
com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas
141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem
A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende
aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo
organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA
BOCCHI 2013)
Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar
atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para
promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho
metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do
cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees
sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente
qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de
crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um
fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos
(HORTA 1979)
Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE
elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a
proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento
cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada
e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da
40
assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem
da instituiccedilatildeo hospitalar
Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas
teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da
famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo
que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)
O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases
Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases
em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos
autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo
de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na
primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil
para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado
com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)
Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se
de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a
assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala
tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir
Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam
alertando e direcionando os questionamentos
Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece
a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita
obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que
estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)
(NEVES 2010)
Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a
autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das
caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido
A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase
inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando
ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-
41
LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente
de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames
Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do
instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste
instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda
os propoacutesitos da SAE
Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
Fonte Horta 1979
Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo
ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve
capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa
que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as
peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o
instrumento de coleta de dados seraacute utilizado
Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam
legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa
42
sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos
cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte
de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS
2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de
confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees
relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade
sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos
abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem
A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem
Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o
planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No
processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em
evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando
a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE
2005)
Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de
anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-
LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a
intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel
detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de
outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade
Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e
classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees
consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe
consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das
etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro
encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros
43
profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre
Fonte Alfaro-Lefevre 2005
Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia
Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das
prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer
quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente
definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada
diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados
(ALFARO-LEFEVRE 2005)
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA
2005)
A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios
que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as
intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem
posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que
44
propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os
registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees
registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam
surgir (CARPENITO 2005)
Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia
A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o
momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na
fase de planejamento
Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos
cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as
necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre
(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se
estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir
realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e
registrar
Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser
anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em
praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao
cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve
determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam
ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser
realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo
Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da
assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na
qualidade do plano de cuidados
Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute
solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda
45
etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam
ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a
prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)
Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute
fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para
cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades
realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as
decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado
(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos
procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida
15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA
SAE
Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem
o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma
metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias
operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial
Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de
trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais
em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal
sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas
condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)
A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma
dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da
metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios
teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo
busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-
se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela
maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os
problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia
46
neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE
VIEIRA 2005)
Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute
preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes
habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente
conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os
demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do
enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da
SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia
poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica
Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-
SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo
dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam
como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia
eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da
instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)
Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o
desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como
desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a
formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em
conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho
Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a
implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os
profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de
estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave
inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial
Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia
assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no
momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e
rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu
potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por
47
sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a
implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das
instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de
forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem
natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)
Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo
de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees
em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras
e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma
cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na
praacutetica assistencial e gerencial
Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo
hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe
de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de
enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo
sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)
Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a
insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos
profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua
elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo
paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo
A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao
paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas
vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que
natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico
hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio
(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)
Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem
determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de
gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito
Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe
48
e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais
dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS
CABRAL 2013)
Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem
contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas
vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente
cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe
(SHIMIZU CIAMPONE 2002)
A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de
uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a
troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)
Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se
um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial
Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento
da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano
de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o
desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a
equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo
(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)
Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso
com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a
equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos
que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual
e consequentemente qualidade da assistecircncia
Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de
pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees
mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da
qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)
49
16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA
Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida
da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a
afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um
ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar
a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos
dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave
liberdade e agrave dignidade
(Beatriz Oliveira 1997)
A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos
passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees
acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente
relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de
produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica
Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente
passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades
especiacuteficas (AIREgraveS 1994)
Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo
se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um
modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das
cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede
para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)
O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a
crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia
cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo
geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo
Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais
e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)
A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo
desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou
a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada
quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS
1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da
matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)
50
Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas
sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se
pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de
capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos
problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN
2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e
reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do
paiacutes
No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de
praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo
havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de
conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene
corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos
Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas
como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila
nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras
medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)
O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo
ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos
e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA
ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)
cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da
infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo
(WHALEY WONG 2015)
O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre
a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado
dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente
riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram
consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas
aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)
A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e
sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e
terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento
51
com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a
praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA
SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o
hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo
Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859
nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a
praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na
puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e
higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)
A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria
especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido
nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de
enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e
desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que
fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas
sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)
Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em
que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme
a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a
fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees
inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)
A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de
expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive
utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave
constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel
cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)
O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais
baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado
possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo
contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto
Rocha e Almeida (1993) colocam
[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras
identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em
fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser
52
em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de
seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam
entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento
infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para
instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e
nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas
que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993
p25)
Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees
ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento
e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as
evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam
a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e
respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se
modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram
diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas
estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais
sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem
identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-
relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)
Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave
crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade
do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo
anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem
o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)
Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo
natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela
observaccedilatildeo
As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo
da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das
doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que
os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do
ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia
avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento
53
ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese
desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)
(WHALEY WONG 2015)
No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no
conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila
passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo
educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o
dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos
Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo
hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)
Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se
principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua
famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de
reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do
cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no
hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do
binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o
calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um
viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA
ALMEIDA 1997)
Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua
a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos
familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade
vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas
para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do
acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila
(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a
ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se
necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo
de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)
A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de
assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser
amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o
54
contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a
informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto
pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante
a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em
consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia
hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto
terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear
problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas
e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar
que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que
envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a
seus filhos
As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila
orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel
da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a
abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede
(ELSEN 2002)
A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia
integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um
ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros
portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute
determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET
ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da
crianccedila hospitalizada
55
Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila
Aspectos
Assistenciais
Centrada na
Patologia
Centrada na
Crianccedila
Centrada na
Famiacutelia
Foco Doenccedila da crianccedila
com abrangecircncia
intra-hospitalar
Crianccedila doente com
suas caracteriacutesticas de
desenvolvimento
abrangecircncia intra-
hospitalar
Famiacutelia vivenciando
a doenccedila e
hospitalizaccedilatildeo de
uma de suas crianccedilas
abrangecircncia intra e
extra-hospitalar
Objetivos Tratar a doenccedila ou
recuperar a sauacutede da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
favorecer o
desenvolvimento da
crianccedila estimular a
participaccedilatildeo da
famiacutelia no cuidado da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
para a crianccedila e sua
famiacutelia incentivar a
co-participaccedilatildeo da
famiacutelia nas tomadas
de decisatildeo favorecer
sua integridade e
pontencializar forccedilas
Visatildeo da
Hospitalizaccedilatildeo
Evento necessaacuterio ao
diagnoacutestico e
tratamento manejado
por uma equipe de
especialistas
Evento necessaacuterio
poreacutem determinador
de estresse para a
crianccedila
Evento estressante
para a crianccedila e sua
famiacutelia que pode
determinar ruptura no
funcionamento
familiar
Caracteriacutesticas fiacutesicas
da unidade
Ecircnfase na
organizaccedilatildeo e no
funcionamento
normas e rotinas
rigorosas
estabelecidas
pobreza de decoraccedilatildeo
ou outras
caracteriacutesticas
infantis leitos
distribuiacutedos pela
enfermaria por
patologias
Maior flexibilidade
de organizaccedilatildeo e
funcionamento
decoraccedilatildeo infantil
ambiente para
recreaccedilatildeo e
caracteriacutesticas fiacutesicas
adequadas agraves
necessidades das
diferentes faixas
etaacuterias e ao conforto
do acompanhamento
leitos distribuiacutedos
conforme a idade e as
necessidades das
crianccedilas
Flexibilizaccedilatildeo de
organizaccedilatildeo e
funcionamento com
vistas tanto a
favorecer a atuaccedilatildeo
da equipe como da
famiacutelia decoraccedilatildeo
infantil local para
recreaccedilatildeo e conviacutevio
entre famiacutelia-crianccedila-
equipe
Tomada de decisotildees Vertical centrada na
figura do meacutedico
Horizontal poreacutem
centrada na equipe de
sauacutede
Horizontal
compartilhada entre a
equipe e a famiacutelia
Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios
objetivos como
evoluccedilatildeo dos sinais e
sintomas tempo de
hospitalizaccedilatildeo
estatiacutestica de alta com
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
outros subjetivos
como o grau de
participaccedilatildeo da
crianccedila e da famiacutelia
influencias no
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
subjetivos anteriores
e outros como
satisfaccedilatildeo e niacutevel de
funcionamento da
famiacutelia tanto no
56
a doenccedila curada
melhorada oacutebitos
comportamento
assim como no
crescimento e
desenvolvimento da
crianccedila
acircmbito hospitalar
como na busca e
utilizaccedilatildeo dos
recursos da
comunidade extra-
hospitalar
Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma
perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL
Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008
A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo
de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia
hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de
melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do
aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do
fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)
A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute
preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo
agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de
um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para
o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas
ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e
resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)
Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade
assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar
Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores
envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em
todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de
trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo
permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas
enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante
da profissatildeo
Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a
processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente
medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na
57
divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias
estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais
afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas
na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees
Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto
terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no
cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila
Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma
unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem
agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de
vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo
dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros
No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o
planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as
caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico
com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e
seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER
2013)
Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista
dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma
organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e
o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos
filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)
Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave
busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de
sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no
processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees
que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA
2010)
58
O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o
desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e
possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser
sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE
para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila
A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma
abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado
(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de
adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital
algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no
cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo
dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA
GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro
se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores
interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a
individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o
ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila
Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades
individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como
a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que
proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere
ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo
entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)
Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA
etal2012)
Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar
complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior
estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave
59
crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de
atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)
Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees
conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de
enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado
ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e
a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de
permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)
Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos
positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem
individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional
que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior
qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo
para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo
um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila
A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o
profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas
compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo
da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado
proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a
participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada
e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros
profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o
desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA
etal2012)
60
Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de
condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o
conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)
(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento
relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma
que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de
sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo
A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas
especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de
organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades
relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de
decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas
Fase I - Histoacuterico de enfermagem
Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de
informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de
observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico
(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)
Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos
fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de
desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu
desenvolvimento (SCHMITZ 2005)
No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da
coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista
juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a
caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como
o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no
atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o
histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem
ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades
e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)
61
Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem
Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou
comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais
proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance
de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA
2008)
Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um
sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais
de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos
reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)
Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a
crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo
relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo
verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada
Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade
Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO
SILVALOPES 2006)
Fase III - Planejamento de Enfermagem
A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no
diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou
resultado esperado (CARPENITO 2005)
Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia
no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS
SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a
estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma
estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como
brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios
etc (WHALEY WONG 2015)
Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem
Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem
implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees
62
de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila
como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na
medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo
(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a
cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos
problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o
estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes
acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG
2015)
Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo
de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das
condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos
identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas
a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)
(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes
pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento
(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no
desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com
a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou
rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)
Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e
individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o
envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo
facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees
desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o
conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no
planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na
praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia
63
2- REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E
DEFINICcedilOtildeES
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre
duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza
(Serge Moscovici)
Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida
diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as
representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e
valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um
determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As
Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo
dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto
de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)
A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito
que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se
originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a
formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)
O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de
representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica
possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici
nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica
conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias
Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional
quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar
a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam
ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)
As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes
nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para
aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar
64
Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam
de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)
Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as
representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito
ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto
de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de
informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam
nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens
midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para
Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o
conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a
transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo
o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades
tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum
Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do
senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)
Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo
que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar
Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do
senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais
transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e
conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)
De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais
buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia
social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves
representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais
Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas
instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees
interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os
fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em
constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da
interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)
65
Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito
dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante
pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse
respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto
Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se
cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um
encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees
sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as
comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []
Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra
na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita
substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma
praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)
Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta
que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a
responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais
[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social
no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno
pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e
justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis
Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo
necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos
e das coletividades [] para construir um sistema de
pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees
consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social
ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia
(MOSCOVICI 2003 p216)
Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e
valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias
socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de
situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem
influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma
o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA
GAZE CARVALHO 2008)
O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas
pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico
de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele
66
pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees
interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)
A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo
significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza
e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de
fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico
lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de
poder socialmente estabelecidas
A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees
cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos
aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O
senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o
mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)
Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de
categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de
trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas
condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal
Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que
poderatildeo conduzir processos de decisatildeo
A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua
flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no
atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da
TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de
interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas
interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste
processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as
rotinas e cultura do ambiente
212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e
Ancoragem
Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar
o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a
67
partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria
conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na
relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto
Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-
lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De
haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para
compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO
1997)
Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o
conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso
comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS
esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos
estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social
(NOacuteBREGA 2001)
A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom
atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de
crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici
(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que
permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela
Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as
dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste
em prestar atendimento seguro e de qualidade
Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de
um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser
cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma
accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um
ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA
CAMARGO 2007)
Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de
representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos
sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de
formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a
saber objetivaccedilatildeo e ancoragem
68
Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma
representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e
ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo
humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de
significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o
que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo
Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que
datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais
O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite
tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar
abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como
passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens
concretas os quais pela generalidade de seu emprego se
transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978
p289)
A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela
significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a
seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a
naturalizaccedilatildeo
A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e
especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico
determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos
que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato
e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que
satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que
orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA
MOREIRA 2005)
A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um
conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo
figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada
representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real
daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)
Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave
incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes
69
comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e
se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)
A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute
existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-
o a valores e praacuteticas sociais
A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A
familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de
pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a
classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre
um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO
SILVA PADILHA 2009)
Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo
familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie
de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste
lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar
Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees
[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao
social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de
significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores
sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a
instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional
para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005
p38-39)
Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos
conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um
enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse
sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de
conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute
proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos
213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social
A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das
Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o
70
iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais
(ABRIC 2003)
Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas
distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto
por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute
responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo
social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um
grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das
representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material
imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)
O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes
a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e
permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)
A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem
a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais
de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie
de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um
sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC
2003)
Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e
metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central
tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo
central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as
significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela
natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto
ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)
Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos
fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central
ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees
sociais Satildeo elas
1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma
representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute
por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor
71
2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos
de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador
e estabilizador da representaccedilatildeo e
3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas
O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado
de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute
entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel
importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo
relativamente independente do contexto social e material imediato
Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central
Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias
cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas
caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes
transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo
central
O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de
informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema
perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos
poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas
enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum
objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo
significado para esse objeto ou fato
Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees
principais quais sejam (RANGEL 2004)
1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto
2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e
3ordf) preservar a representaccedilatildeo
Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos
ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema
caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo
72
Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico
Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico
Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do
grupo
Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das
histoacuterias individuais
Consensual define a homogeneidade do
grupo
Suporta a heterogeneidade do grupo
Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees
Resistente agrave mudanccedila Transforma-se
Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato
Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e
determina sua organizaccedilatildeo
Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a
diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema
central
Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)
A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser
permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos
cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das
representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como
diferentes instrumentos de coleta de dados
As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se
materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA
PADILHA 2009)
73
3 MEacuteTODO
[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo
social que faz com que ele se comporte socialmente da
maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos
fatos sociais []
(Wolfgang Wagner)
31 Tipo de Estudo
Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa
qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da
compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi
e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados
analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto
significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo
manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona
maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu
planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado
Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge
Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta
diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as
informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico
segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo
disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste
estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas
praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo
planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila
32 Local de Estudo
O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois
Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT
O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44
de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e
situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma
populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal
74
atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria
DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto
Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)
Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela
mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico
de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de
alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila
Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo
pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10
leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)
O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas
tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em
9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados
no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico
funciona com 8 leitos
A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a
respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas
lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem
brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases
da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por
acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de
extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de
celebraccedilatildeo
O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de
estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e
jogos
Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo
utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul
Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos
enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os
espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)
como ambientes de pesquisa
75
A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem
hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco
da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano
2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente
33 Sujeitos de Estudo
O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades
hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de
enfermagem
Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos
diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo
seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua
aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)
O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a
crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento
socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a
construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo
aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem
as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber
cientiacutefico
Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso
ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas
que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos
esporadicamente
Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de
inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por
se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda
76
Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados
nas cliacutenicas das instituiccedilotildees
Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total
Pediatria 4 3 7
UTIN 5 4 9
UTPED 5 4 9
Ambulatoacuterio 3 2 5
Sala de Parto 4 4 8
Centro Ciruacutergico 3 4 7
Total 24 21 45
Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de
estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho
Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres
humanos
34 Coleta de Dados
Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto
por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista
semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que
se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o
conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos
O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu
suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu
em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior
classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe
viessem agrave mente (Apecircndice C)
Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer
favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto
pelos enfermeiros do estudo
77
Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em
virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras
vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do
sujeito para respondecirc-lo
A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou
possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das
manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes
verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees
que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de
apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas
pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade
A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos
questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de
pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador
tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos
investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na
conversa
Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora
Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora
atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de
enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo
inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de
dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim
foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista
enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados
Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as
informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por
meio de valores absolutos e relativos
Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical
por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi
78
criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de
Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo
agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui
dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em
portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de
material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros
com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais
estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical
O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos
contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)
O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado
seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua
apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas
regras
Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se
necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras
atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em
palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram
corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais
formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que
estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das
entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as
falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no
momento da entrevista
A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais
satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS
2011)
1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas
3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados
4- Pesquisa de classes de unidades de contexto
79
5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes
1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas
Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os
primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As
linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada
entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador
Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em
segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)
que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO
2005)
2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas
Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do
software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus
reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das
palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas
destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)
Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE
A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas
reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas
Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar
diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo
sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos
adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO
MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha
3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados
Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e
classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o
caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)
formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase
80
B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente
ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa
satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em
subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)
4-Pesquisa das classes de unidades de contexto
Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute
uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos
ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio
predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas
caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS
2011)
A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e
redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise
fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num
plano fatorial)
O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o
de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos
de UCE denominado de classes
5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo
A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do
software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe
permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por
quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada
classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)
Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras
caracteriacutesticas das classes
A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido
delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu
nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por
ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS
2011)
81
O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais
relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de
classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as
UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e
interpretadas
A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise
qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em
dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos
sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria
da Representaccedilatildeo Social
O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o
corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves
denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que
organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de
evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)
possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a
estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)
As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos
centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central
em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras
A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a
relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor
Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O
eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo
No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos
primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais
elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo
foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a
representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)
36 Aspectos Eacuteticos
Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e
recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi
82
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash
UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer
favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes
assinaram o TCLE
83
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes
- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de
crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros
- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que
Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos
enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila
- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute
apresentado
41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE
CRIANCcedilAS
A viagem mais importante que podemos fazer na
vida eacute encontrar pessoas pelo caminho
(autor desconhecido)
Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas
principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados
para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de
Representaccedilatildeo Social
Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos
participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados
tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45
anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo
masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual
do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a
pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato
Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto
agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante
finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram
o curso em 5 anos
84
Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo
idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo
e titulaccedilatildeo
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash
MT2015
Variaacuteveis N
Faixa etaacuteria (anos)
22 a 29 28 622
30 a 37 15 333
38 a 45
2 44
Sexo
Feminino
Masculino
42
3
933
66
Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo
Publica Federal 5 111
Publica Estadual 28 622
Privada 12 266
Anos de Formaccedilatildeo
lt de 5 anos 3 66
5 anos 39 866
4 anos 3 66
Titulaccedilatildeo
Graduaccedilatildeo 17 377
Especializaccedilatildeo 28 622
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos
variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia
(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37
anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani
e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do
paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)
atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras
Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo
feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em
consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo
85
feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte
influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)
(MENZANI BIANCH 2009)
Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era
proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o
processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava
atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que
abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da
enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa
A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo
dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de
estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para
a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo
profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui
um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade
Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no
campus da capital do estado
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na
instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
6MESES
9MESES
12MESES
24MESES
36MESES
48MESES
72MESES
84MESES
96MESES
120MESES
144MESES
Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1
NUacute
ME
RO
DE
PA
RT
ICIP
AN
TE
S
86
Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais
pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso
objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de
atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia
O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de
grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido
que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de
conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no
contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com
tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode
indicar rotatividade de profissionais de enfermagem
Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre
uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma
relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo
do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo
Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a
movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo
(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)
A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante
para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo
principalmente no que se refere a SAE
A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar
seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se
refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar
selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)
O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo
setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior
tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta
por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na
instituiccedilatildeo
87
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo
setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente
graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de
enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente
de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco
tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender
a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de
saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal
acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade
de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI
2010)
6MESES
7MESES
8MESES
9MESES
10MESES
11MESES
12MESES
14MESES
16MESES
24MESES
60MESES
Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1
NUacute
MER
O D
E P
AR
TIC
IPA
NTE
S
88
42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS
QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo
intencional construir um objeto socialmente
significativo eacute algo que o grupo ou seus membros
fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de
meditar sobre eles
(Wolfgang Wagner)
O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas
representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas
evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas
135 palavras
Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com
meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi
inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise
combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)
Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015
Nuacutecleo Central
Cuidado
Enfermagem
Organizaccedilatildeo
1ordf Periferia
Planejamento
Qualidade
2ordf Periferia
Assistecircncia
Comprometimento
Processo
Responsabilidade
89
A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu
apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora
percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior
esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior
direito) (Quadro 5)
Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015
OMI lt20 ge20
Frequecircncia
Media
Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos
perifeacutericos 1
F Rang
Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500
Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059
ge8 Organizaccedilatildeo
13 1538
Elementos de
contraste
F Rang Elementos
perifeacutericos 2
F Rang
3le
Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000
Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000
lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500
Responsabilidade 3 2000
Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees
Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os
sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo
estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o
nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para
estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto
de trabalho da enfermagem
O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o
provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE
O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve
considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da
enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o
tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo
na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede
90
com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a
manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um
conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos
cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode
ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a
concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho
O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado
na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a
crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado
assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de
redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)
Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o
bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua
condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees
que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT
COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI
2014)
Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da
SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da
enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o
envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que
melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar
a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)
Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e
agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na
melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo
apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e
empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)
O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao
nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece
as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que
a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas
91
profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso
da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente
pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)
Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este
cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma
dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem
recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA
BOCCHI 2013)
A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei
749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e
proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada
categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres
teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila
humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas
relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)
Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve
tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio
desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e
competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN
HIGARASHI 2014)
Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar
possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os
viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem
assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de
cuidado integralizadora
A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de
atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios
instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo
base possa ser considerado integral e resolutivo
As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a
qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta
praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de
92
todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da
assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em
conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)
Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo
ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da
pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem
resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa
baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a
enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar
os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado
Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica
assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja
cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e
sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo
O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias
constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da
primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no
momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham
sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal
do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do
cuidado sistematizado
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa
posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se
apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de
atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves
situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-
se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos
93
indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado
depende de planejamento e leva agrave qualidade
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz
essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a
importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os
termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao
desenvolvimento do cuidado
O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o
enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS
DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade
pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na
cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e
reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)
Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de
base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e
rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos
enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute
o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave
dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do
cuidado
As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como
caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem
o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado
94
A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees
de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do
cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si
As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e
individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e
morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o
conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo
o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de
evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e
ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE
A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia
da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de
enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea
agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes
humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o
desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento
da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de
obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da
autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas
por esta metodologia
422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro
na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente
as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram
as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central
95
desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas
pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado
Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres
MT Brasil 2015
A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado
a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada
em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)
A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da
pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados
tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI
PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por
modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com
base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE
MARRINER 2010)
Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam
elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e
operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)
Nuacutecleo Central
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
1ordf Periferia
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
2ordf Periferia
Ciecircncia
Lideranccedila
96
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015
OMI lt 20 gt = 20
Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos
Perifeacutericos 1
F Rang
gt
=
6
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
7
7
7
1000
1143
1857
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
17
6
6
6
2294
2167
2000
2833
Elementos de
Contraste
F Rang Elementos
Perifeacutericos 2
F Rang
3 lt =
lt 5
Administraccedilatildeo
Autonomia
Comprometimento
Resultados
3
4
5
4
1333
1500
1600
1750
Ciecircncia
Lideranccedila
5
5
2000
2000
Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees
A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar
relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de
enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de
investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET
GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave
assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito
de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e
cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)
Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode
ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos
e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado
Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a
perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos
serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica
integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel
atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece
haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e
articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009)
97
Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da
assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave
assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees
no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional
para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o
cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)
(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)
A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do
cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o
cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia
Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo
tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se
tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo
singular (MOREIRA et al 2012)
Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um
encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e
tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo
revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz
agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)
Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua
competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que
o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da
sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo
humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada
paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura
atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento
especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica
cientiacutefica e humanizada
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da
SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem
98
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se
apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que
estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e
atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo
ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao
sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e
humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a
sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem
Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia
utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila
Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do
enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento
dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO
COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA
2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a
ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que
faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em
virtude da SAE
Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao
se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender
o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este
fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e
geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma
experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA
SANTOS SILVA 2011)
O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial
teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral
99
implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as
necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas
Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio
cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a
SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o
planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das
unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo
feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma
ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns
estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato
integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento
do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-
SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)
Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a
atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do
conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e
desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE
dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da
profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras
que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos
importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou
seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da
SAE no cuidado agrave crianccedila
No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio
construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os
sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto
100
adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias
correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem
perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence
em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias
dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de
Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de
implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de
cada teoacuterico
Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e
arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos
elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por
determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do
pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de
accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar
que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da
aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude
da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a
praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado
direto e indireto
As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees
voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees
indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado
de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que
envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais
precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos
filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue
e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da
qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves
101
necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida
como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da
enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir
posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso
responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e
gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as
expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS
2009)
No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo
exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um
trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de
uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)
(STRAPASSON MEDEIROS 2009)
O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o
estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de
decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade
(DOMIGUES CHAVES 2005)
No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando
o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir
aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de
abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das
clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia
Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto
favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE
conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos
liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada
(DOMIGUES CHAVES 2005)
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem
estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras
102
ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um
potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma
sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los
e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou
seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser
seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem
o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute
sendo dirigido (HERMIDA 2004)
Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros
como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e
proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos
prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais
precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)
Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode
ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a
esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de
cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na
brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo
medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila
Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e
existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante
contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da
ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos
que eacute permeada de subjetividade e objetividade
103
43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre
duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees na realidade eacute isso que as
caracterizam []
(Serge Moscovici)
A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite
desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela
frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram
relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto
Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de
sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem
reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero
criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir
do processamento do corpus
Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu
a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao
quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio
foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia
meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a
identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de
heterogeneidade do vocabulaacuterio
Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes
a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com
frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas
numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram
UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela
classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A
tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes
104
Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015
Classes UCE Palavras
Consideradas
1 108 98 39
2 29 42 10
3 59 82 21
4 34 47 12
5 50 55 18
Fonte Dados da Pesquisa 2015
Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na
classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor
predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18
porcento
Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma
resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo
interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas
demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos
quanto a SAE satildeo distintos
Classe 4
Classe 5
Classe 2
Classe 3
Classe 1
Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos
Eixo 1 Eixo 2
39
10
21
12
18
105
Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja
de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais
buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi
considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou
superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado
A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes
juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das
palavras que foram mais expressivas para compor as classes
Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software
Alceste
Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1
As Dificuldades Operacionais
para a Implantaccedilatildeo
da SAE
Accedilotildees e Envolvimen-
tos para Aproximaccedilatildeo
da SAE
Praacuteticas e dinacircmicas
operacionais da
Enfermagem
A Rotina do Cuidado de
Enfermagem
A construccedilatildeo do conceito da
SAE
Falta Secretaacuteria
Coleta Correria Dados Acho
Tempo Que-se Tivesse
Muito bom Computador
Nuacutemero
Momento Aplicaccedilatildeo
Assim Porque
Ta Entatildeo
Ele Uso
Diferente Vocecirc
Maneira Paciente
Setor Experiecircncia
Centro Relatoacuterio
Nesta Periacuteodo Noturno
Natildeo Hospital
Obsteacutetrico Aqui
Dentro Box
Recebo Plantatildeo
Faculdade Exame Verifico
Emergecircncia Quadro Estatildeo
Depois Pendecircncias
Colega Solicita Dietas
Carrinho
Enfermagem Enfermeira Faculdade
Foi SAE
Curso Contato
Sei Accedilotildees
Assistecircncia Ouvi
Durante Importante
Aula
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
EIXO 2
A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE
EIXO 1
A dimensatildeo Teoacuterica sobre a
SAE
106
Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia
a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo
eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4
(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e
envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da
enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado
na figura 5
Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e
momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o
grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos
facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado
a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas
clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo
44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA
HOSPITALIZADA
441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE
A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso
accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo
agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente
assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da
sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste
fenocircmeno
Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no
cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao
longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel
107
ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais
e institucionais (ALVES COGO 2014)
O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como
elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos
Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no
curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos
da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo
minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE
(E34)
O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem
na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas
de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da
enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no
conteuacutedo da SAE (E9)
Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a
SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros
minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia
ouvido falar na SAE (E26)
Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees
teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo
de graduaccedilatildeo
O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na
visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo
profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades
pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA
KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)
No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as
primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira
Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado
anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo
e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus
familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva
(ALVES COGO 2014)
Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de
modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um
sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa
108
algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias
no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem
capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de
cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)
Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia
para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do
cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente
acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes
conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)
Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo
podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a
representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno
pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e
implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila
As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais
expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a
construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito
baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para
os atos de enfermagem (COFEN 2009)
Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem
constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas
atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa
(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a
enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo
de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro
A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar
a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e
humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o
atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia
do achado (E15)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com
o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente
109
biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado
necessaacuterio (E21)
Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve
acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o
cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)
O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980
quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional
de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro
O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo
do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas
individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra
pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo
de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as
complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)
O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar
focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do
paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia
sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos
conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se
desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas
Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se
associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas
cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante
para direcionar este fazer
No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento
relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as
fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados
Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases
ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)
110
Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial
para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)
A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados
diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que
ele tem contato (E18)
Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute
feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o
NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo
prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)
Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu
trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute
baseada em achados cientiacuteficos (E36)
Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da
enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico
de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial
teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser
desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas
Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de
implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente
como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE
ROSSETO SCHNEIDER 2009)
O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das
Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e
desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico
Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software
Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das
informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de
um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha
disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma
que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem
impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior
esteja preenchida
Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees
precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para
111
preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem
antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente
Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os
discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com
fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento
et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente
reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas
instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em
detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente
Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no
processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada
Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os
Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para
completar as etapas anteriormente realizadas
Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de
Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um
caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)
acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de
problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que
configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem
Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como
forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e
agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos
do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do
grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as
praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto
Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra
suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste
plantatildeo (E9)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do
cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe
tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)
A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute
uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de
riscos e valorizando o cliente (E26)
112
Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que
precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia
(E8)
A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para
planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem
consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para
levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)
A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante
requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi
considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando
significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as
informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas
de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e
contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A
ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia
na continuidade da assistecircncia
Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo
da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo
dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a
burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente
centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo
Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que
favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande
importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que
daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as
especificidades do cliente
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo
113
sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A
aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da
prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e
aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees
vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo
indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente
durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso
acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser
prestado
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os
distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi
composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina
praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a
implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)
Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem
A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi
composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo
ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem
ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos
setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo
planejadas
A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro
utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade
(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o
exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o
114
planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de
enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro
A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que
devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de
decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc
Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer
gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro
organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de
accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)
Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica
evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um
referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns
pacientes
Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina
relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada
cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que
aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo
temos neste setor o processo de enfermagem (E21)
Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte
da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno
relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)
Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste
hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos
(E11)
Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei
a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a
diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)
Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na
intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta
demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do
desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute
desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os
sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das
115
demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela
atrasaria o processo de trabalho
Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por
enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem
a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de
trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et
al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)
Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de
construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo
e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da
administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No
segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base
cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso
eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o
pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo
maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG
MANTOVANI LACERDA 2004)
Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros
investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma
abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo
agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos
serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas
de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da
ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem
a devida avaliaccedilatildeo e planejamento
A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica
de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo
consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos
contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma
terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo
(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)
116
O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e
resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento
profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica
e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)
As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com
uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito
de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do
cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar
esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)
Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e
tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local
de trabalho
Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de
problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e
promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)
O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a
referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de
forma sistematizada e natildeo sistematizada
Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o
processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de
cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades
de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de
cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)
Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da
SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo
social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe
conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o
meacutetodo na praacutetica cotidiana
As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e
satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma
forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo
sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo
117
ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia
visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees
desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado
fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo
Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades
diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de
trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento
meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital
acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem
muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento
Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem
Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo
ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam
destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e
ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado
prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da
crianccedila
No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi
possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as
demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar
atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que
visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas
Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando
tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo
primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois
passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas
pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)
Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar
o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os
direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos
eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)
Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os
prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um
chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas
de forma a atender a todos (E34)
118
Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras
deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva
era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos
constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em
seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a
subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina
(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)
Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees
sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento
meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de
enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como
secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico
(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia
em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia
auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et
al1997)
Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo
tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos
cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda
persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer
objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo
que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o
cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente
de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos
teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos
De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-
se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo
muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico
distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de
trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo
119
assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na
neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos
A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o
conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada
de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios
cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se
desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e
autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem
objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo
pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado
e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)
A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe
contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir
tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de
conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre
reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-
do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam
atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem
comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo
paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens
meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem
ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso
do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao
cuidado
Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a
secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento
de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas
120
do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo
a consulta de enfermagem
Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo
indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico
Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o
hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias
poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o
qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE
O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No
ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de
profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a
conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de
decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)
A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute
desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como
lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute
compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a
comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com
a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada
membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as
atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO
RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)
Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do
plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os
atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um
planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto
assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades
Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura
hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e
funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As
falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais
para tocar o plantatildeo
121
O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao
cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a
interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente
coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo
(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da
sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede
Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como
sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que
reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em
detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)
No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta
organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as
especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute
faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames
meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)
Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o
trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as
mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o
plantonista ou o residente (E34)
Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a
escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades
de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a
equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)
Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a
necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do
profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo
para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem
Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de
procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente
debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo
de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)
Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o
conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na
122
cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico
(ZEFERINO et al2008)
Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem
agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver
restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os
clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade
mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana
(WALDOW 2015)
Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a
forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os
cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)
As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das
encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a
cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento
se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um
abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica
Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos
cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui
para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como
ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro
O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo
somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na
evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir
sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE
2007)
Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de
enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento
iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees
com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)
(SALVADOR et al 2015)
A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de
profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para
123
um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios
que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos
pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado
paciente
Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os
desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo
ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento
incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de
enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento
do processo de enfermagem (NEVES 2010)
Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de
dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]
precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela
possa representar algo Na maioria das vezes ela se
transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio
do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de
enfermagem lecirc (E34)
Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando
que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a
participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os
teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou
davam continuidade (E7)
Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de
protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no
empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo
Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe
de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA
LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores
para seu desenvolvimento
Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e
precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre
cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia
124
Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui
que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e
as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de
solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de
enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede
pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e
desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo
da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem
satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados
Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do
roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou
incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia
Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a
elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al
(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees
de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o
desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e
habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico
Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem
cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento
cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila
para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a
recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os
cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois
viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio
cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)
Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo
ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores
125
dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade
da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes
seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos
distintos recursos
O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo
constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser
realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo
qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus
familiares (DONNERWHEELER 2004)
A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance
dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de
processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado
dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade
no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa
estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)
Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes
vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a
qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE
Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e
residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta
de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns
pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de
secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)
A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios
A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos
colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)
O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria
no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros
setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu
mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)
Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes
dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento
por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos
deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de
126
serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais
para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo
biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et
al 2015)
Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)
apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em
UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da
SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de
apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade
foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e
burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo
a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas
conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa
metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais
sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos
humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de
conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de
implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente
Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a
melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de
accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo
enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado
cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes
Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu
trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito
importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas
nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas
Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer
enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais
127
natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute
cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente
no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a
instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua
famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de
demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades
de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico
Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas
medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees
de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar
do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e
envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do
dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da
instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na
responsabilidade do cuidar do outro
Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a
importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida
considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado
a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no
atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico
requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de
enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria
compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda
Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para
implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das
chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos
enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute
possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que
permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR
SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO
TERRA 2016)
128
Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem
Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo
ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as
possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar
a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados
O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua
dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico
planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES
AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES
SILVA LEITE 2015)
A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades
ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade
Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na
infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE
Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas
determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer
com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do
que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila
encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a
proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua
sauacutede mental (COLLET 2001)
Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave
crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a
reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar
Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o
momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante
Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da
informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma
resposta de um sistema por exemplo (E41)
Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou
colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro
momento eu abordo em um segundo momento (E38)
Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de
coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante
129
estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma
cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)
Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o
procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as
perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento
(E13)
Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute
importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem
do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de
cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e
emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)
Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro
deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem
sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se
constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de
enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na
famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET
2013)
A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento
de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos
trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras
(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o
momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia
e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE
Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute
fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre
enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona
o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem
para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente
Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro
tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e
valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e
desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva
130
(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e
restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o
diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre
a condiccedilatildeo do cliente
O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras
da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades
de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando
uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam
a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o
estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA
2013)
No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador
por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se
processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e
valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e
apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)
Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em
ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de
prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da
comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para
que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de
desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN
WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS
SOUZA 2013)
Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a
crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila
Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a
como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do
tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste
processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia
(MARQUES etal 2014)
Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da
coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo
131
de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e
em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o
momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito
importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia
A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de
enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila
e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do
enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de
enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito
(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015)
Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e
fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das
peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros
sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)
Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da
coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta
de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE
nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir
Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto
tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees
realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)
O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela
fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o
nosso serviccedilo (E39)
Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser
melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e
desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de
maneira satisfatoacuteria (E41)
Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a
pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de
coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor
pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades
132
humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de
desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente
Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo
da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a
otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria
em virtude da especificidade
Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de
enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado
padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de
dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa
Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos
favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita
os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a
crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados
prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil
(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)
A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o
levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e
para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas
e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo
enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses
para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da
profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento
de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de
organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)
Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute
importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de
desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de
sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees
relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em
sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida
133
Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo
abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as
explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN
H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de
escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo
conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e
falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)
Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes
de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus
pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o
enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas
para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de
forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas
Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a
SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para
o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar
A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar
e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo
checklist(E38)
Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a
realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como
deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)
Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a
educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o
grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou
orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)
Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos
alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre
qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em
qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta
realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as
dificuldades e qualificar os profissionais
134
O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a
qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e
seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa
e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento
(CUCOLO PERROCA 2015)
Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo
necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio
da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo
que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES
SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute
necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por
todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos
profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo
permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES
RESCK CAMELO TERRA 2016)
Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de
tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo
desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a
real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco
conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit
de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de
aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o
momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de
crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela
educaccedilatildeo permanente do hospital
135
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE
construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e
sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana
Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que
prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era
formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que
predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela
instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato
lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)
Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo
empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no
mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano
Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute
constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e
qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de
outras regiotildees do estado e paiacutes
Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a
SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo
sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e
qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade
formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as
dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como
fortalecendo a importacircncia deste
A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras
conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo
central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo
grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite
ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada
136
Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento
rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o
desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos
ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros
a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como
requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda
na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este
processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este
fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo
grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente
correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede
Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem
destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de
competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a
autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram
nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas
fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados
positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem
Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os
enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante
o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do
cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros
conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo
de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem
Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e
distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo
praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento
natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de
importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a
qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano
Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo
de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois
137
natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as
mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria
Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as
representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o
saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo
profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui
da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas
As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as
lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator
positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a
superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim
considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a
amplitude dos aspectos que emergiram
Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada
no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades
abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica
assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o
planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem
A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e
a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro
desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de
incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar
e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem
Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira
positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo
hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do
enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo
da autonomia profissional
Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais
enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo
permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de
enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho
contribuem com a RS da praacutetica do cuidado
138
Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo
de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante
construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam
contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a
possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas
Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de
instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas
diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho
139
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161
APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua
decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a
decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido
pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os
resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute
divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a
sua participaccedilatildeo neste estudo
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do
estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra
eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma
alguma
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira
InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de
Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976
A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade
Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees
sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois
hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do
emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa
descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as
profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila
Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos
pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver
alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc
de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail
cepunematbr
Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em
sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou
lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem
o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa
162
Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito
Eu ______________________________________________RGCPF
____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as
informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em
hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como
sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a
serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem
penalidades ou prejuiacutezo
Caacuteceres _____de __________________de 20___
_____________________________________
Assinatura do participante
____________________________________
Assinatura do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste
sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____
______________________________________
Carolina Sampaio de Oliveira
CPF834 627671 - 00
Pesquisadora responsaacutevel
163
APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as
suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas
seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica
Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________
Data ______________________
Idade _____________________
Sexo______________________
Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________
Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________
Titulaccedilatildeo ______________________
1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE
1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE
2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE
2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho
2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho
2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE
3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE
4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem
5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu
cotidiano de trabalho
6- E os que dificultam
164
APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
APEcircNDICE C
Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________
Data_______________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagemrdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAErdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
165
ANEXO 1
166
167
2
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA ndash UNB
FACULDADE DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM ndash PPGENF
CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA
REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
Tese apresentada como requisito parcial
para a obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Doutor em
Enfermagem pelo Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Enfermagem da
Universidade de Brasiacutelia
Aacuterea de Concentraccedilatildeo Poliacuteticas Praacuteticas
e Cuidado em Sauacutede e Enfermagem
Linha de Pesquisa Processo de Cuidar
em sauacutede e enfermagem
Orientadora Moema da Silva Borges
BRASIacuteLIA
2017
3
REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
Tese apresentada como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em
Enfermagem pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade de
Brasiacutelia
Aprovado em 12052017
BANCA EXMINADORA
Professora Doutora Moema da Silva Borges ndash Presidente da Banca
1ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professor Doutor Rinaldo Souza Neves - Membro Externo ao Programa
2ordm Membro
FEPECS
Professora Doutora Aline de Oliveira Silveira - Membro Externo ao Programa
3ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professora Doutora Maria Cristina Soares ndash Membro do Programa
4ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professora Doutora Maria Liz Cunhandash Membro Externo ao Programa
5ordm Membro Suplente
FEPECS
4
Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo
amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio
ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as
minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em
especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus
filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me
ensinam o que eacute AMAR de verdade
5
AGRADECIMENTO
A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em
minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra
Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e
sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora
pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem
me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura
familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu
grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar
os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que
me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas
Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr
Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas
de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste
sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos
6
[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []
Gaston Bachelard
7
RESUMO
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese
(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede
Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que
cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem
em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo
qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de
Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila
hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi
constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos
e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a
teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a
caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar
que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com
matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de
associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as
evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois
estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na
SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram
mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a
dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o
provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia
do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante
constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os
conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software
Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees
sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez
referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro
classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees
teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a
existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees
Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de
valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia
profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na
modernidade pela pediatria
Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
8
ABSTRACT
OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of
Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department
of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized
children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western
region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on
Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who
worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data
collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the
characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the
interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used
Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007
where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly
female and with skilled labor In the second stage the product from the free word
association technique was analyzed by the EVOC software which organized the
evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from
two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be
understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily
evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing
actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures
the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive
expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge
humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the
groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In
the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste
software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social
representations of the study participants The first axis was composed of a class and
referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four
classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical
representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the
existence of important discrepancies between the representations of these two
dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality
capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional
autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by
pediatrics
Keywords Care child health social representation nurse care sistematization
9
RESUMEM
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten
de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)
- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de
Brasilia Brasilia 2017
Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros
que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio
cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones
Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia
al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el
primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten
de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el
segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de
los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007
donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes
predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda
etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado
por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central
de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de
Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la
primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado
enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la
atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la
representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten
inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo
central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el
enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales
provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el
anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales
de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo
referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro
clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las
representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial
sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas
dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una
realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir
autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas
requeridos en la modernidad por la pediatriacutea
Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la
asistencia de enfermeriacutea
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928
Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32
Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55
Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72
Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do
Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
41
Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43
Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88
Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95
Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco
classes e dois eixos 104
Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com
as palavras destacadas 105
12
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo
Caacuteceres ndashMT201585
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015
84
Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
12345 geradas pelo Alceste 104
14
LISTA DE SIGLAS
AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia
ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto
ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa
CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato
Grosso
CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica
CNS Conselho Nacional de Sauacutede
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem
EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations
MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
MS Ministeacuterio da Sauacutede
PE Processo de Enfermagem
RS Representaccedilotildees Sociais
SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TALP Teste de Anaacutelise de Palavras
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social
UCE Unidades de Contexto Elementar
UCI Unidade de Contexto Inicial
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica
15
SUMAacuteRIO
Apresentaccedilatildeo17
Introduccedilatildeo 19
1 Revisatildeo de Literatura 24
11 O Cuidado de Enfermagem 24
12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29
13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais
35
14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37
141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39
15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45
16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59
2 Referencial Teoacuterico 63
21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63
212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem
66
213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69
3 Meacutetodo 73
31 Tipo de Estudo 73
32 Local de Estudo 73
33 Sujeitos de Estudo 75
34 Coleta de Dados 76
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77
36 Aspectos Eacuteticos 81
4 Resultados e Discussatildeo 83
41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas
83
4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas
88
16
421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor
SAE88
422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo
do Enfermeiro na SAE94
43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem 103
44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106
441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113
5 Consideraccedilotildees Finais 135
Referecircncias 139
Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161
Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163
Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164
Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167
17
APRESENTACcedilAtildeO
Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha
formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das
especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a
emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia
profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se
projetam em minha trajetoacuteria profissional
A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu
crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as
dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de
atuaccedilatildeo ateacute o momento
Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e
realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e
organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e
responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o
estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as
necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo
de adoecimento e internaccedilatildeo
Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do
cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees
desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a
enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia
Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do
cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas
tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade
neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo
Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da
SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)
possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo
sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees
18
de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a
praacutetica assistencial agrave crianccedila
19
INTRODUCcedilAtildeO
Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca
de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos
cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos
mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano
e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e
criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a
assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e
qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente
apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute
implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo
dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE
2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)
A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas
construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a
tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da
praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de
sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)
A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem
sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do
profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo
de enfermagem
Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto
metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a
partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente
construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece
subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no
estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de
20
Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma
organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e
para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico
registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro
possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as
mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO
OLIVEIRA 2012)
Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar
e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um
dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees
fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN
CARRARO 2001)
Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante
frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente
estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de
sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade
equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e
modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo
humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e
econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia
Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo
adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de
enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de
qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas
Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o
enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e
intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)
o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das
caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem
deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo
21
rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas
de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento
familiar
Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que
atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso
investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-
estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro
esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica
quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)
Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o
desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade
da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE
eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia
reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento
da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico
responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL
PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)
Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo
atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um
cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo
enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia
entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho
Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial
pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as
praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou
seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo
destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas
Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do
pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica
conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de
enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos
em detrimento ao processo assistencial
22
Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as
exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE
pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos
enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que
trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas
Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e
incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano
gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe
que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar
e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias
Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando
que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas
representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos
comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a
representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do
enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila
Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma
dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas
exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As
representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda
intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL
2004)
Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria
das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo
bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente
na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa
que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso
de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa
como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores
(SAacute 2002)
Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel
proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e
funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos
23
enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a
compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida
permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional
enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial
Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees
sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais
Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos
1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca
SAE
2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros
acerca da SAE
3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas
4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE
5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo
da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila
O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma
Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar
os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema
Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o
constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa
Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de
apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE
Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os
resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as
representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades
encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta
Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e
reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais
da SAE no atendimento de crianccedilas
24
1REVISAtildeO DE LITERATURA
11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM
A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte
requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo
rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor
pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore
comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito
de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das
artes
(Florence Nightingale)
Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que
evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-
se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano
em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos
basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de
agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e
solicitude (HEIDEGGER 2008)
Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a
serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico
que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON
2003)
O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e
deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver
molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando
valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees
(BOFF 1999)
Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a
natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem
deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da
vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e
por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)
O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado
Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas
sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois
25
cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER
1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de
necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA
VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)
Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente
companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O
cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o
cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada
coisa
A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio
(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo
para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante
diferentes culturas
1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo
pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar
pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato
2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo
dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia
3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza
O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda
caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou
prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de
preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado
(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)
Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos
a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades
pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter
garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)
Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com
profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma
ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral
acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)
26
O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para
caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado
humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)
A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio
familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada
respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente
procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna
(GEOVANINI 2002)
Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a
enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse
contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo
de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das
pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos
(CESTARI 2003)
Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a
criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A
enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da
profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo
transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e
evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade
artiacutestica (WALDO 2001)
O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede
e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse
entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas
Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente
eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um
agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela
responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia
de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a
enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que
mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER
PERRY 2004)
27
O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que
permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos
extremamente beneacuteficos para ambas as partes
O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento
e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O
cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus
familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia
coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)
Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um
funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum
desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)
Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado
de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social
econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)
O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo
de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente
independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o
ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do
adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos
envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)
Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo
entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo
de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis
que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e
essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de
procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em
que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade
de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos
Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique
clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta
de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir
preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres
28
humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai
aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)
De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em
duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se
caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os
cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto
de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo
necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto
da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999
BORGES 2011)
Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1
Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)
CUIDADOS CARE
Cuidados de
estimulaccedilatildeo
Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio
(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas
capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)
Cuidados de
confortaccedilatildeo
Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo
aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo
da experiecircncia
Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de
pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de
comunicaccedilatildeo e partilha
Cuidados de
compensaccedilatildeo
Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou
que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais
Cuidados de
manutenccedilatildeo da vida
Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e
vestir-se
Cuidados de
apaziguamento
Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor
os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor
utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo
psicomental desses momentos
Fonte Colliegravere 1999
29
A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio
diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia
que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada
agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde
as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do
tratamento (COLLIEgraveRE 1999)
Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de
que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver
a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera
Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos
cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e
habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas
da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute
esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza
forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute
a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel
Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se
como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o
sentir saber- fazer (WALDO 2001)
Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de
procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que
melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando
limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente
(BORGES 2011)
12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO
A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e
das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes
sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental
oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)
As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da
profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo
30
O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas
Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de
tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade
de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do
trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras
capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a
morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma
forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)
As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da
proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou
feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)
Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em
realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo
cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud
Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela
sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que
nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida
como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras
Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das
caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios
cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos
bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia
(OGUISSO 2005)
Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua
praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em
detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a
seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO
QUEIROZ 2006)
Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da
enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos
procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de
justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada
31
situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a
condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)
Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em
fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)
a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante
para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees
foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo
Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria
contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de
infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES
SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos
de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar
Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de
enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e
cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson
e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as
escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a
analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto
profissatildeo
Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes
para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que
direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de
conhecimentos proacuteprio do enfermeiro
Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos
como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A
primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on
Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o
estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade
de Yale (NEVES 2010)
Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados
influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo
organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da
enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)
32
O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950
como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e
evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de
Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho
para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)
Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A
primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como
problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do
diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os
dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste
dos resultados
Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o
desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como
profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o
desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de
conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da
assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento
destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da
enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico
forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)
Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1952 Hildegard E
Peplau
Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da
personalidade
1960 Faye G Abdellah
Irene L Beland
Almeda Martin
Ruth V Matheney
Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de
enfermagem
1961 Ida Jean Orlando
O processo interpessoal alivia o sofrimento
1964 Ernestine
Weidenbach
O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da
arte de cuidado individualizado
33
Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952
ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado
para a auto-estima
1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade
1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que
evoluem ldquonegentropicalmenterdquo
1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade
1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em
direccedilatildeo ao estabelecimento de metas
1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel
1976 Josephine G
Paterson
Loretta T Zderad
Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar
1978 Madeleine M
Leininger
O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes
culturas
1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma
engajados um ao outro
1980 Dorothy E
Johnson
Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica
1981 Rosemarie Rizzo
Parse
Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede
1989 Patricia Benner
Judith Wrubel
O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem
Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e
consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua
Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2004 p 68-80
Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia
tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do
cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais
inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees
para o ser humano
34
Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da
sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de
conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro
(KRUSE 2006)
O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo
inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem
em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos
Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de
assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora
ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de
enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a
organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila
alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees
individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia
personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as
necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o
cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da
sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)
A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo
cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional
o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido
atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo
de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como
acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)
Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo
de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que
influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os
recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a
implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos
(NEVES 2010)
Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu
fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo
35
do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os
procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do
cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e
instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)
13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO
BRASIL - ASPECTOS LEGAIS
As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil
tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de
Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de
Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do
cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem
abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram
os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que
desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem
No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de
Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na
deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por
Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia
ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do
processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia
cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)
O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica
profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a
utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras
(OGUISSO 2005)
A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa
do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986
visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente
com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e
comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo
nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras
36
A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009
dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que
compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar
o processo de enfermagem
Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em
todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como
direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e
totalitaacuterio aos clientes
Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo
deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou
privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem
sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-
se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo
hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de
sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas
entre outros
sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos
ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees
comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem
corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como
Consulta de Enfermagem
A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional
quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o
processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta
os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados
o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a
implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN
2009)
Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num
suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento
de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou
intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a
avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados
Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no
7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de
junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na
execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a
alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe
privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das
37
respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um
dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a
prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem
realizadas face a essas respostas
Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento
profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que
proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos
errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE
favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e
baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como
ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa
14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem
por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do
enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o
paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a
implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura
atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado
fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico
cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais
estabelecidas
Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento
otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro
organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede
que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia
ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da
populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)
O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos
por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das
accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este
38
instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa
estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e
cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico
fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do
trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para
que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma
organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)
Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia
de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando
a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam
contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo
famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO
2004)
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo
utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento
da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA
1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do
enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo
Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma
prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar
mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma
relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a
humanizaccedilatildeo da assistecircncia
A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de
Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a
possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento
pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia
refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE
ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma
metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano
39
da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros
e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a
auditoria o uso do processo de qualidade
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a
atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e
com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas
141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem
A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende
aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo
organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA
BOCCHI 2013)
Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar
atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para
promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho
metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do
cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees
sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente
qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de
crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um
fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos
(HORTA 1979)
Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE
elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a
proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento
cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada
e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da
40
assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem
da instituiccedilatildeo hospitalar
Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas
teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da
famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo
que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)
O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases
Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases
em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos
autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo
de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na
primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil
para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado
com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)
Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se
de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a
assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala
tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir
Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam
alertando e direcionando os questionamentos
Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece
a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita
obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que
estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)
(NEVES 2010)
Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a
autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das
caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido
A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase
inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando
ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-
41
LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente
de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames
Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do
instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste
instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda
os propoacutesitos da SAE
Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
Fonte Horta 1979
Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo
ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve
capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa
que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as
peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o
instrumento de coleta de dados seraacute utilizado
Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam
legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa
42
sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos
cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte
de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS
2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de
confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees
relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade
sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos
abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem
A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem
Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o
planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No
processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em
evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando
a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE
2005)
Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de
anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-
LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a
intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel
detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de
outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade
Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e
classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees
consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe
consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das
etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro
encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros
43
profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre
Fonte Alfaro-Lefevre 2005
Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia
Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das
prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer
quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente
definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada
diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados
(ALFARO-LEFEVRE 2005)
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA
2005)
A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios
que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as
intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem
posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que
44
propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os
registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees
registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam
surgir (CARPENITO 2005)
Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia
A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o
momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na
fase de planejamento
Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos
cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as
necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre
(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se
estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir
realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e
registrar
Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser
anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em
praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao
cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve
determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam
ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser
realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo
Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da
assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na
qualidade do plano de cuidados
Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute
solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda
45
etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam
ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a
prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)
Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute
fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para
cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades
realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as
decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado
(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos
procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida
15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA
SAE
Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem
o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma
metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias
operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial
Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de
trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais
em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal
sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas
condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)
A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma
dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da
metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios
teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo
busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-
se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela
maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os
problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia
46
neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE
VIEIRA 2005)
Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute
preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes
habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente
conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os
demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do
enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da
SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia
poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica
Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-
SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo
dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam
como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia
eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da
instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)
Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o
desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como
desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a
formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em
conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho
Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a
implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os
profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de
estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave
inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial
Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia
assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no
momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e
rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu
potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por
47
sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a
implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das
instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de
forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem
natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)
Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo
de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees
em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras
e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma
cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na
praacutetica assistencial e gerencial
Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo
hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe
de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de
enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo
sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)
Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a
insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos
profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua
elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo
paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo
A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao
paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas
vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que
natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico
hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio
(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)
Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem
determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de
gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito
Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe
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e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais
dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS
CABRAL 2013)
Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem
contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas
vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente
cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe
(SHIMIZU CIAMPONE 2002)
A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de
uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a
troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)
Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se
um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial
Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento
da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano
de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o
desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a
equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo
(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)
Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso
com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a
equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos
que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual
e consequentemente qualidade da assistecircncia
Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de
pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees
mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da
qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)
49
16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA
Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida
da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a
afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um
ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar
a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos
dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave
liberdade e agrave dignidade
(Beatriz Oliveira 1997)
A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos
passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees
acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente
relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de
produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica
Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente
passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades
especiacuteficas (AIREgraveS 1994)
Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo
se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um
modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das
cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede
para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)
O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a
crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia
cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo
geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo
Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais
e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)
A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo
desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou
a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada
quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS
1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da
matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)
50
Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas
sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se
pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de
capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos
problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN
2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e
reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do
paiacutes
No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de
praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo
havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de
conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene
corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos
Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas
como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila
nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras
medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)
O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo
ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos
e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA
ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)
cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da
infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo
(WHALEY WONG 2015)
O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre
a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado
dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente
riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram
consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas
aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)
A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e
sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e
terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento
51
com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a
praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA
SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o
hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo
Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859
nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a
praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na
puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e
higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)
A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria
especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido
nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de
enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e
desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que
fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas
sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)
Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em
que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme
a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a
fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees
inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)
A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de
expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive
utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave
constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel
cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)
O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais
baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado
possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo
contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto
Rocha e Almeida (1993) colocam
[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras
identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em
fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser
52
em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de
seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam
entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento
infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para
instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e
nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas
que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993
p25)
Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees
ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento
e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as
evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam
a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e
respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se
modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram
diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas
estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais
sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem
identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-
relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)
Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave
crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade
do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo
anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem
o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)
Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo
natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela
observaccedilatildeo
As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo
da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das
doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que
os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do
ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia
avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento
53
ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese
desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)
(WHALEY WONG 2015)
No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no
conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila
passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo
educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o
dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos
Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo
hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)
Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se
principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua
famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de
reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do
cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no
hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do
binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o
calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um
viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA
ALMEIDA 1997)
Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua
a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos
familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade
vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas
para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do
acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila
(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a
ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se
necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo
de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)
A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de
assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser
amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o
54
contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a
informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto
pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante
a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em
consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia
hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto
terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear
problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas
e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar
que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que
envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a
seus filhos
As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila
orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel
da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a
abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede
(ELSEN 2002)
A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia
integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um
ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros
portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute
determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET
ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da
crianccedila hospitalizada
55
Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila
Aspectos
Assistenciais
Centrada na
Patologia
Centrada na
Crianccedila
Centrada na
Famiacutelia
Foco Doenccedila da crianccedila
com abrangecircncia
intra-hospitalar
Crianccedila doente com
suas caracteriacutesticas de
desenvolvimento
abrangecircncia intra-
hospitalar
Famiacutelia vivenciando
a doenccedila e
hospitalizaccedilatildeo de
uma de suas crianccedilas
abrangecircncia intra e
extra-hospitalar
Objetivos Tratar a doenccedila ou
recuperar a sauacutede da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
favorecer o
desenvolvimento da
crianccedila estimular a
participaccedilatildeo da
famiacutelia no cuidado da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
para a crianccedila e sua
famiacutelia incentivar a
co-participaccedilatildeo da
famiacutelia nas tomadas
de decisatildeo favorecer
sua integridade e
pontencializar forccedilas
Visatildeo da
Hospitalizaccedilatildeo
Evento necessaacuterio ao
diagnoacutestico e
tratamento manejado
por uma equipe de
especialistas
Evento necessaacuterio
poreacutem determinador
de estresse para a
crianccedila
Evento estressante
para a crianccedila e sua
famiacutelia que pode
determinar ruptura no
funcionamento
familiar
Caracteriacutesticas fiacutesicas
da unidade
Ecircnfase na
organizaccedilatildeo e no
funcionamento
normas e rotinas
rigorosas
estabelecidas
pobreza de decoraccedilatildeo
ou outras
caracteriacutesticas
infantis leitos
distribuiacutedos pela
enfermaria por
patologias
Maior flexibilidade
de organizaccedilatildeo e
funcionamento
decoraccedilatildeo infantil
ambiente para
recreaccedilatildeo e
caracteriacutesticas fiacutesicas
adequadas agraves
necessidades das
diferentes faixas
etaacuterias e ao conforto
do acompanhamento
leitos distribuiacutedos
conforme a idade e as
necessidades das
crianccedilas
Flexibilizaccedilatildeo de
organizaccedilatildeo e
funcionamento com
vistas tanto a
favorecer a atuaccedilatildeo
da equipe como da
famiacutelia decoraccedilatildeo
infantil local para
recreaccedilatildeo e conviacutevio
entre famiacutelia-crianccedila-
equipe
Tomada de decisotildees Vertical centrada na
figura do meacutedico
Horizontal poreacutem
centrada na equipe de
sauacutede
Horizontal
compartilhada entre a
equipe e a famiacutelia
Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios
objetivos como
evoluccedilatildeo dos sinais e
sintomas tempo de
hospitalizaccedilatildeo
estatiacutestica de alta com
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
outros subjetivos
como o grau de
participaccedilatildeo da
crianccedila e da famiacutelia
influencias no
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
subjetivos anteriores
e outros como
satisfaccedilatildeo e niacutevel de
funcionamento da
famiacutelia tanto no
56
a doenccedila curada
melhorada oacutebitos
comportamento
assim como no
crescimento e
desenvolvimento da
crianccedila
acircmbito hospitalar
como na busca e
utilizaccedilatildeo dos
recursos da
comunidade extra-
hospitalar
Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma
perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL
Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008
A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo
de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia
hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de
melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do
aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do
fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)
A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute
preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo
agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de
um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para
o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas
ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e
resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)
Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade
assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar
Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores
envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em
todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de
trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo
permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas
enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante
da profissatildeo
Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a
processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente
medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na
57
divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias
estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais
afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas
na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees
Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto
terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no
cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila
Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma
unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem
agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de
vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo
dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros
No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o
planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as
caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico
com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e
seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER
2013)
Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista
dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma
organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e
o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos
filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)
Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave
busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de
sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no
processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees
que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA
2010)
58
O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o
desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e
possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser
sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE
para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila
A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma
abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado
(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de
adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital
algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no
cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo
dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA
GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro
se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores
interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a
individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o
ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila
Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades
individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como
a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que
proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere
ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo
entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)
Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA
etal2012)
Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar
complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior
estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave
59
crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de
atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)
Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees
conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de
enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado
ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e
a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de
permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)
Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos
positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem
individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional
que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior
qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo
para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo
um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila
A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o
profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas
compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo
da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado
proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a
participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada
e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros
profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o
desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA
etal2012)
60
Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de
condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o
conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)
(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento
relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma
que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de
sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo
A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas
especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de
organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades
relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de
decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas
Fase I - Histoacuterico de enfermagem
Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de
informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de
observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico
(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)
Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos
fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de
desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu
desenvolvimento (SCHMITZ 2005)
No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da
coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista
juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a
caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como
o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no
atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o
histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem
ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades
e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)
61
Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem
Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou
comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais
proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance
de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA
2008)
Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um
sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais
de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos
reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)
Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a
crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo
relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo
verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada
Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade
Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO
SILVALOPES 2006)
Fase III - Planejamento de Enfermagem
A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no
diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou
resultado esperado (CARPENITO 2005)
Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia
no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS
SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a
estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma
estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como
brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios
etc (WHALEY WONG 2015)
Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem
Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem
implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees
62
de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila
como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na
medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo
(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a
cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos
problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o
estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes
acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG
2015)
Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo
de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das
condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos
identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas
a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)
(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes
pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento
(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no
desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com
a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou
rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)
Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e
individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o
envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo
facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees
desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o
conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no
planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na
praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia
63
2- REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E
DEFINICcedilOtildeES
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre
duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza
(Serge Moscovici)
Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida
diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as
representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e
valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um
determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As
Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo
dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto
de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)
A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito
que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se
originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a
formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)
O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de
representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica
possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici
nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica
conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias
Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional
quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar
a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam
ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)
As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes
nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para
aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar
64
Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam
de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)
Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as
representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito
ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto
de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de
informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam
nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens
midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para
Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o
conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a
transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo
o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades
tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum
Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do
senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)
Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo
que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar
Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do
senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais
transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e
conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)
De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais
buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia
social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves
representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais
Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas
instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees
interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os
fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em
constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da
interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)
65
Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito
dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante
pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse
respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto
Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se
cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um
encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees
sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as
comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []
Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra
na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita
substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma
praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)
Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta
que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a
responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais
[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social
no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno
pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e
justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis
Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo
necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos
e das coletividades [] para construir um sistema de
pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees
consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social
ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia
(MOSCOVICI 2003 p216)
Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e
valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias
socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de
situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem
influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma
o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA
GAZE CARVALHO 2008)
O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas
pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico
de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele
66
pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees
interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)
A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo
significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza
e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de
fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico
lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de
poder socialmente estabelecidas
A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees
cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos
aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O
senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o
mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)
Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de
categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de
trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas
condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal
Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que
poderatildeo conduzir processos de decisatildeo
A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua
flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no
atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da
TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de
interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas
interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste
processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as
rotinas e cultura do ambiente
212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e
Ancoragem
Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar
o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a
67
partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria
conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na
relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto
Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-
lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De
haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para
compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO
1997)
Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o
conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso
comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS
esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos
estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social
(NOacuteBREGA 2001)
A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom
atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de
crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici
(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que
permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela
Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as
dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste
em prestar atendimento seguro e de qualidade
Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de
um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser
cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma
accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um
ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA
CAMARGO 2007)
Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de
representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos
sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de
formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a
saber objetivaccedilatildeo e ancoragem
68
Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma
representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e
ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo
humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de
significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o
que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo
Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que
datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais
O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite
tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar
abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como
passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens
concretas os quais pela generalidade de seu emprego se
transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978
p289)
A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela
significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a
seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a
naturalizaccedilatildeo
A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e
especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico
determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos
que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato
e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que
satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que
orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA
MOREIRA 2005)
A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um
conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo
figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada
representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real
daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)
Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave
incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes
69
comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e
se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)
A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute
existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-
o a valores e praacuteticas sociais
A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A
familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de
pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a
classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre
um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO
SILVA PADILHA 2009)
Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo
familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie
de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste
lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar
Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees
[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao
social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de
significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores
sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a
instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional
para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005
p38-39)
Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos
conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um
enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse
sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de
conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute
proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos
213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social
A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das
Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o
70
iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais
(ABRIC 2003)
Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas
distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto
por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute
responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo
social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um
grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das
representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material
imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)
O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes
a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e
permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)
A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem
a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais
de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie
de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um
sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC
2003)
Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e
metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central
tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo
central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as
significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela
natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto
ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)
Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos
fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central
ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees
sociais Satildeo elas
1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma
representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute
por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor
71
2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos
de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador
e estabilizador da representaccedilatildeo e
3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas
O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado
de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute
entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel
importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo
relativamente independente do contexto social e material imediato
Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central
Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias
cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas
caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes
transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo
central
O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de
informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema
perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos
poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas
enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum
objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo
significado para esse objeto ou fato
Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees
principais quais sejam (RANGEL 2004)
1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto
2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e
3ordf) preservar a representaccedilatildeo
Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos
ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema
caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo
72
Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico
Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico
Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do
grupo
Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das
histoacuterias individuais
Consensual define a homogeneidade do
grupo
Suporta a heterogeneidade do grupo
Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees
Resistente agrave mudanccedila Transforma-se
Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato
Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e
determina sua organizaccedilatildeo
Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a
diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema
central
Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)
A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser
permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos
cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das
representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como
diferentes instrumentos de coleta de dados
As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se
materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA
PADILHA 2009)
73
3 MEacuteTODO
[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo
social que faz com que ele se comporte socialmente da
maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos
fatos sociais []
(Wolfgang Wagner)
31 Tipo de Estudo
Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa
qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da
compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi
e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados
analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto
significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo
manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona
maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu
planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado
Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge
Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta
diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as
informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico
segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo
disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste
estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas
praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo
planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila
32 Local de Estudo
O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois
Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT
O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44
de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e
situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma
populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal
74
atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria
DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto
Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)
Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela
mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico
de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de
alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila
Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo
pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10
leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)
O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas
tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em
9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados
no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico
funciona com 8 leitos
A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a
respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas
lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem
brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases
da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por
acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de
extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de
celebraccedilatildeo
O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de
estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e
jogos
Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo
utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul
Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos
enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os
espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)
como ambientes de pesquisa
75
A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem
hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco
da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano
2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente
33 Sujeitos de Estudo
O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades
hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de
enfermagem
Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos
diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo
seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua
aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)
O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a
crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento
socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a
construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo
aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem
as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber
cientiacutefico
Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso
ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas
que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos
esporadicamente
Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de
inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por
se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda
76
Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados
nas cliacutenicas das instituiccedilotildees
Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total
Pediatria 4 3 7
UTIN 5 4 9
UTPED 5 4 9
Ambulatoacuterio 3 2 5
Sala de Parto 4 4 8
Centro Ciruacutergico 3 4 7
Total 24 21 45
Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de
estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho
Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres
humanos
34 Coleta de Dados
Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto
por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista
semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que
se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o
conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos
O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu
suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu
em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior
classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe
viessem agrave mente (Apecircndice C)
Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer
favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto
pelos enfermeiros do estudo
77
Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em
virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras
vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do
sujeito para respondecirc-lo
A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou
possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das
manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes
verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees
que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de
apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas
pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade
A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos
questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de
pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador
tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos
investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na
conversa
Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora
Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora
atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de
enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo
inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de
dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim
foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista
enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados
Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as
informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por
meio de valores absolutos e relativos
Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical
por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi
78
criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de
Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo
agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui
dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em
portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de
material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros
com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais
estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical
O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos
contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)
O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado
seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua
apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas
regras
Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se
necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras
atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em
palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram
corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais
formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que
estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das
entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as
falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no
momento da entrevista
A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais
satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS
2011)
1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas
3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados
4- Pesquisa de classes de unidades de contexto
79
5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes
1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas
Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os
primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As
linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada
entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador
Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em
segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)
que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO
2005)
2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas
Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do
software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus
reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das
palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas
destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)
Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE
A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas
reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas
Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar
diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo
sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos
adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO
MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha
3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados
Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e
classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o
caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)
formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase
80
B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente
ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa
satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em
subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)
4-Pesquisa das classes de unidades de contexto
Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute
uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos
ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio
predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas
caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS
2011)
A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e
redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise
fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num
plano fatorial)
O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o
de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos
de UCE denominado de classes
5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo
A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do
software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe
permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por
quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada
classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)
Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras
caracteriacutesticas das classes
A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido
delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu
nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por
ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS
2011)
81
O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais
relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de
classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as
UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e
interpretadas
A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise
qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em
dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos
sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria
da Representaccedilatildeo Social
O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o
corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves
denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que
organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de
evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)
possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a
estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)
As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos
centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central
em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras
A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a
relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor
Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O
eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo
No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos
primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais
elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo
foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a
representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)
36 Aspectos Eacuteticos
Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e
recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi
82
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash
UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer
favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes
assinaram o TCLE
83
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes
- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de
crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros
- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que
Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos
enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila
- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute
apresentado
41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE
CRIANCcedilAS
A viagem mais importante que podemos fazer na
vida eacute encontrar pessoas pelo caminho
(autor desconhecido)
Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas
principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados
para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de
Representaccedilatildeo Social
Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos
participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados
tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45
anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo
masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual
do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a
pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato
Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto
agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante
finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram
o curso em 5 anos
84
Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo
idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo
e titulaccedilatildeo
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash
MT2015
Variaacuteveis N
Faixa etaacuteria (anos)
22 a 29 28 622
30 a 37 15 333
38 a 45
2 44
Sexo
Feminino
Masculino
42
3
933
66
Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo
Publica Federal 5 111
Publica Estadual 28 622
Privada 12 266
Anos de Formaccedilatildeo
lt de 5 anos 3 66
5 anos 39 866
4 anos 3 66
Titulaccedilatildeo
Graduaccedilatildeo 17 377
Especializaccedilatildeo 28 622
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos
variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia
(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37
anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani
e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do
paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)
atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras
Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo
feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em
consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo
85
feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte
influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)
(MENZANI BIANCH 2009)
Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era
proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o
processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava
atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que
abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da
enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa
A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo
dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de
estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para
a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo
profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui
um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade
Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no
campus da capital do estado
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na
instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
6MESES
9MESES
12MESES
24MESES
36MESES
48MESES
72MESES
84MESES
96MESES
120MESES
144MESES
Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1
NUacute
ME
RO
DE
PA
RT
ICIP
AN
TE
S
86
Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais
pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso
objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de
atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia
O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de
grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido
que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de
conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no
contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com
tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode
indicar rotatividade de profissionais de enfermagem
Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre
uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma
relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo
do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo
Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a
movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo
(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)
A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante
para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo
principalmente no que se refere a SAE
A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar
seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se
refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar
selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)
O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo
setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior
tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta
por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na
instituiccedilatildeo
87
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo
setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente
graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de
enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente
de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco
tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender
a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de
saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal
acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade
de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI
2010)
6MESES
7MESES
8MESES
9MESES
10MESES
11MESES
12MESES
14MESES
16MESES
24MESES
60MESES
Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1
NUacute
MER
O D
E P
AR
TIC
IPA
NTE
S
88
42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS
QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo
intencional construir um objeto socialmente
significativo eacute algo que o grupo ou seus membros
fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de
meditar sobre eles
(Wolfgang Wagner)
O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas
representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas
evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas
135 palavras
Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com
meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi
inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise
combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)
Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015
Nuacutecleo Central
Cuidado
Enfermagem
Organizaccedilatildeo
1ordf Periferia
Planejamento
Qualidade
2ordf Periferia
Assistecircncia
Comprometimento
Processo
Responsabilidade
89
A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu
apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora
percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior
esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior
direito) (Quadro 5)
Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015
OMI lt20 ge20
Frequecircncia
Media
Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos
perifeacutericos 1
F Rang
Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500
Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059
ge8 Organizaccedilatildeo
13 1538
Elementos de
contraste
F Rang Elementos
perifeacutericos 2
F Rang
3le
Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000
Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000
lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500
Responsabilidade 3 2000
Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees
Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os
sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo
estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o
nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para
estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto
de trabalho da enfermagem
O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o
provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE
O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve
considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da
enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o
tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo
na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede
90
com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a
manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um
conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos
cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode
ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a
concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho
O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado
na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a
crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado
assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de
redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)
Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o
bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua
condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees
que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT
COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI
2014)
Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da
SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da
enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o
envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que
melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar
a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)
Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e
agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na
melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo
apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e
empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)
O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao
nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece
as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que
a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas
91
profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso
da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente
pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)
Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este
cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma
dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem
recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA
BOCCHI 2013)
A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei
749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e
proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada
categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres
teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila
humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas
relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)
Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve
tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio
desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e
competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN
HIGARASHI 2014)
Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar
possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os
viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem
assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de
cuidado integralizadora
A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de
atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios
instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo
base possa ser considerado integral e resolutivo
As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a
qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta
praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de
92
todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da
assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em
conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)
Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo
ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da
pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem
resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa
baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a
enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar
os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado
Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica
assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja
cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e
sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo
O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias
constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da
primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no
momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham
sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal
do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do
cuidado sistematizado
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa
posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se
apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de
atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves
situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-
se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos
93
indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado
depende de planejamento e leva agrave qualidade
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz
essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a
importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os
termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao
desenvolvimento do cuidado
O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o
enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS
DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade
pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na
cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e
reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)
Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de
base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e
rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos
enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute
o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave
dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do
cuidado
As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como
caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem
o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado
94
A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees
de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do
cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si
As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e
individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e
morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o
conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo
o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de
evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e
ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE
A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia
da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de
enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea
agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes
humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o
desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento
da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de
obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da
autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas
por esta metodologia
422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro
na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente
as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram
as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central
95
desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas
pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado
Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres
MT Brasil 2015
A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado
a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada
em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)
A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da
pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados
tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI
PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por
modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com
base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE
MARRINER 2010)
Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam
elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e
operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)
Nuacutecleo Central
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
1ordf Periferia
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
2ordf Periferia
Ciecircncia
Lideranccedila
96
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015
OMI lt 20 gt = 20
Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos
Perifeacutericos 1
F Rang
gt
=
6
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
7
7
7
1000
1143
1857
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
17
6
6
6
2294
2167
2000
2833
Elementos de
Contraste
F Rang Elementos
Perifeacutericos 2
F Rang
3 lt =
lt 5
Administraccedilatildeo
Autonomia
Comprometimento
Resultados
3
4
5
4
1333
1500
1600
1750
Ciecircncia
Lideranccedila
5
5
2000
2000
Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees
A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar
relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de
enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de
investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET
GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave
assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito
de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e
cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)
Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode
ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos
e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado
Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a
perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos
serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica
integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel
atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece
haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e
articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009)
97
Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da
assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave
assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees
no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional
para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o
cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)
(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)
A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do
cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o
cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia
Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo
tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se
tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo
singular (MOREIRA et al 2012)
Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um
encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e
tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo
revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz
agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)
Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua
competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que
o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da
sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo
humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada
paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura
atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento
especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica
cientiacutefica e humanizada
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da
SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem
98
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se
apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que
estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e
atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo
ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao
sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e
humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a
sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem
Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia
utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila
Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do
enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento
dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO
COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA
2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a
ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que
faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em
virtude da SAE
Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao
se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender
o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este
fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e
geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma
experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA
SANTOS SILVA 2011)
O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial
teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral
99
implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as
necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas
Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio
cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a
SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o
planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das
unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo
feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma
ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns
estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato
integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento
do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-
SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)
Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a
atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do
conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e
desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE
dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da
profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras
que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos
importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou
seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da
SAE no cuidado agrave crianccedila
No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio
construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os
sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto
100
adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias
correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem
perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence
em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias
dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de
Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de
implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de
cada teoacuterico
Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e
arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos
elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por
determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do
pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de
accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar
que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da
aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude
da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a
praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado
direto e indireto
As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees
voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees
indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado
de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que
envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais
precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos
filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue
e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da
qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves
101
necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida
como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da
enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir
posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso
responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e
gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as
expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS
2009)
No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo
exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um
trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de
uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)
(STRAPASSON MEDEIROS 2009)
O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o
estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de
decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade
(DOMIGUES CHAVES 2005)
No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando
o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir
aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de
abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das
clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia
Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto
favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE
conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos
liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada
(DOMIGUES CHAVES 2005)
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem
estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras
102
ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um
potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma
sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los
e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou
seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser
seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem
o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute
sendo dirigido (HERMIDA 2004)
Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros
como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e
proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos
prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais
precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)
Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode
ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a
esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de
cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na
brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo
medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila
Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e
existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante
contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da
ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos
que eacute permeada de subjetividade e objetividade
103
43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre
duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees na realidade eacute isso que as
caracterizam []
(Serge Moscovici)
A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite
desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela
frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram
relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto
Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de
sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem
reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero
criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir
do processamento do corpus
Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu
a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao
quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio
foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia
meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a
identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de
heterogeneidade do vocabulaacuterio
Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes
a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com
frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas
numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram
UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela
classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A
tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes
104
Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015
Classes UCE Palavras
Consideradas
1 108 98 39
2 29 42 10
3 59 82 21
4 34 47 12
5 50 55 18
Fonte Dados da Pesquisa 2015
Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na
classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor
predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18
porcento
Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma
resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo
interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas
demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos
quanto a SAE satildeo distintos
Classe 4
Classe 5
Classe 2
Classe 3
Classe 1
Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos
Eixo 1 Eixo 2
39
10
21
12
18
105
Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja
de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais
buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi
considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou
superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado
A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes
juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das
palavras que foram mais expressivas para compor as classes
Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software
Alceste
Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1
As Dificuldades Operacionais
para a Implantaccedilatildeo
da SAE
Accedilotildees e Envolvimen-
tos para Aproximaccedilatildeo
da SAE
Praacuteticas e dinacircmicas
operacionais da
Enfermagem
A Rotina do Cuidado de
Enfermagem
A construccedilatildeo do conceito da
SAE
Falta Secretaacuteria
Coleta Correria Dados Acho
Tempo Que-se Tivesse
Muito bom Computador
Nuacutemero
Momento Aplicaccedilatildeo
Assim Porque
Ta Entatildeo
Ele Uso
Diferente Vocecirc
Maneira Paciente
Setor Experiecircncia
Centro Relatoacuterio
Nesta Periacuteodo Noturno
Natildeo Hospital
Obsteacutetrico Aqui
Dentro Box
Recebo Plantatildeo
Faculdade Exame Verifico
Emergecircncia Quadro Estatildeo
Depois Pendecircncias
Colega Solicita Dietas
Carrinho
Enfermagem Enfermeira Faculdade
Foi SAE
Curso Contato
Sei Accedilotildees
Assistecircncia Ouvi
Durante Importante
Aula
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
EIXO 2
A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE
EIXO 1
A dimensatildeo Teoacuterica sobre a
SAE
106
Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia
a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo
eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4
(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e
envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da
enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado
na figura 5
Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e
momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o
grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos
facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado
a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas
clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo
44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA
HOSPITALIZADA
441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE
A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso
accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo
agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente
assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da
sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste
fenocircmeno
Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no
cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao
longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel
107
ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais
e institucionais (ALVES COGO 2014)
O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como
elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos
Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no
curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos
da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo
minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE
(E34)
O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem
na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas
de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da
enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no
conteuacutedo da SAE (E9)
Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a
SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros
minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia
ouvido falar na SAE (E26)
Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees
teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo
de graduaccedilatildeo
O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na
visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo
profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades
pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA
KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)
No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as
primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira
Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado
anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo
e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus
familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva
(ALVES COGO 2014)
Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de
modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um
sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa
108
algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias
no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem
capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de
cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)
Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia
para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do
cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente
acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes
conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)
Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo
podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a
representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno
pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e
implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila
As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais
expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a
construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito
baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para
os atos de enfermagem (COFEN 2009)
Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem
constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas
atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa
(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a
enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo
de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro
A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar
a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e
humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o
atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia
do achado (E15)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com
o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente
109
biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado
necessaacuterio (E21)
Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve
acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o
cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)
O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980
quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional
de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro
O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo
do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas
individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra
pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo
de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as
complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)
O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar
focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do
paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia
sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos
conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se
desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas
Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se
associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas
cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante
para direcionar este fazer
No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento
relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as
fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados
Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases
ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)
110
Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial
para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)
A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados
diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que
ele tem contato (E18)
Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute
feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o
NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo
prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)
Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu
trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute
baseada em achados cientiacuteficos (E36)
Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da
enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico
de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial
teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser
desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas
Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de
implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente
como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE
ROSSETO SCHNEIDER 2009)
O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das
Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e
desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico
Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software
Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das
informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de
um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha
disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma
que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem
impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior
esteja preenchida
Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees
precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para
111
preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem
antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente
Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os
discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com
fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento
et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente
reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas
instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em
detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente
Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no
processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada
Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os
Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para
completar as etapas anteriormente realizadas
Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de
Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um
caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)
acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de
problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que
configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem
Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como
forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e
agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos
do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do
grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as
praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto
Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra
suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste
plantatildeo (E9)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do
cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe
tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)
A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute
uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de
riscos e valorizando o cliente (E26)
112
Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que
precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia
(E8)
A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para
planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem
consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para
levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)
A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante
requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi
considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando
significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as
informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas
de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e
contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A
ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia
na continuidade da assistecircncia
Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo
da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo
dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a
burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente
centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo
Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que
favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande
importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que
daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as
especificidades do cliente
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo
113
sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A
aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da
prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e
aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees
vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo
indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente
durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso
acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser
prestado
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os
distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi
composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina
praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a
implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)
Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem
A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi
composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo
ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem
ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos
setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo
planejadas
A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro
utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade
(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o
exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o
114
planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de
enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro
A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que
devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de
decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc
Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer
gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro
organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de
accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)
Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica
evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um
referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns
pacientes
Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina
relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada
cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que
aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo
temos neste setor o processo de enfermagem (E21)
Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte
da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno
relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)
Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste
hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos
(E11)
Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei
a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a
diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)
Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na
intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta
demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do
desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute
desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os
sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das
115
demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela
atrasaria o processo de trabalho
Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por
enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem
a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de
trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et
al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)
Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de
construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo
e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da
administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No
segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base
cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso
eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o
pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo
maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG
MANTOVANI LACERDA 2004)
Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros
investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma
abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo
agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos
serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas
de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da
ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem
a devida avaliaccedilatildeo e planejamento
A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica
de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo
consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos
contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma
terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo
(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)
116
O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e
resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento
profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica
e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)
As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com
uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito
de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do
cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar
esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)
Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e
tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local
de trabalho
Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de
problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e
promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)
O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a
referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de
forma sistematizada e natildeo sistematizada
Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o
processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de
cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades
de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de
cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)
Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da
SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo
social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe
conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o
meacutetodo na praacutetica cotidiana
As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e
satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma
forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo
sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo
117
ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia
visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees
desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado
fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo
Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades
diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de
trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento
meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital
acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem
muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento
Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem
Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo
ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam
destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e
ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado
prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da
crianccedila
No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi
possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as
demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar
atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que
visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas
Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando
tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo
primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois
passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas
pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)
Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar
o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os
direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos
eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)
Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os
prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um
chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas
de forma a atender a todos (E34)
118
Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras
deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva
era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos
constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em
seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a
subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina
(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)
Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees
sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento
meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de
enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como
secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico
(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia
em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia
auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et
al1997)
Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo
tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos
cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda
persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer
objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo
que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o
cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente
de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos
teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos
De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-
se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo
muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico
distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de
trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo
119
assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na
neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos
A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o
conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada
de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios
cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se
desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e
autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem
objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo
pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado
e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)
A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe
contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir
tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de
conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre
reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-
do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam
atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem
comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo
paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens
meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem
ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso
do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao
cuidado
Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a
secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento
de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas
120
do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo
a consulta de enfermagem
Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo
indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico
Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o
hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias
poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o
qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE
O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No
ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de
profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a
conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de
decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)
A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute
desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como
lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute
compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a
comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com
a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada
membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as
atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO
RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)
Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do
plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os
atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um
planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto
assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades
Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura
hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e
funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As
falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais
para tocar o plantatildeo
121
O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao
cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a
interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente
coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo
(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da
sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede
Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como
sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que
reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em
detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)
No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta
organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as
especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute
faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames
meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)
Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o
trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as
mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o
plantonista ou o residente (E34)
Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a
escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades
de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a
equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)
Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a
necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do
profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo
para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem
Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de
procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente
debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo
de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)
Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o
conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na
122
cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico
(ZEFERINO et al2008)
Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem
agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver
restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os
clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade
mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana
(WALDOW 2015)
Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a
forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os
cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)
As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das
encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a
cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento
se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um
abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica
Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos
cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui
para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como
ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro
O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo
somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na
evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir
sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE
2007)
Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de
enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento
iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees
com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)
(SALVADOR et al 2015)
A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de
profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para
123
um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios
que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos
pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado
paciente
Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os
desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo
ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento
incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de
enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento
do processo de enfermagem (NEVES 2010)
Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de
dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]
precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela
possa representar algo Na maioria das vezes ela se
transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio
do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de
enfermagem lecirc (E34)
Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando
que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a
participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os
teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou
davam continuidade (E7)
Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de
protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no
empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo
Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe
de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA
LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores
para seu desenvolvimento
Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e
precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre
cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia
124
Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui
que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e
as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de
solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de
enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede
pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e
desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo
da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem
satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados
Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do
roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou
incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia
Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a
elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al
(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees
de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o
desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e
habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico
Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem
cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento
cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila
para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a
recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os
cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois
viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio
cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)
Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo
ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores
125
dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade
da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes
seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos
distintos recursos
O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo
constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser
realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo
qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus
familiares (DONNERWHEELER 2004)
A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance
dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de
processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado
dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade
no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa
estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)
Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes
vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a
qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE
Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e
residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta
de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns
pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de
secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)
A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios
A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos
colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)
O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria
no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros
setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu
mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)
Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes
dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento
por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos
deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de
126
serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais
para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo
biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et
al 2015)
Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)
apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em
UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da
SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de
apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade
foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e
burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo
a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas
conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa
metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais
sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos
humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de
conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de
implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente
Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a
melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de
accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo
enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado
cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes
Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu
trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito
importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas
nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas
Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer
enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais
127
natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute
cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente
no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a
instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua
famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de
demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades
de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico
Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas
medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees
de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar
do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e
envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do
dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da
instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na
responsabilidade do cuidar do outro
Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a
importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida
considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado
a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no
atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico
requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de
enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria
compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda
Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para
implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das
chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos
enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute
possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que
permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR
SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO
TERRA 2016)
128
Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem
Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo
ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as
possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar
a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados
O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua
dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico
planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES
AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES
SILVA LEITE 2015)
A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades
ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade
Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na
infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE
Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas
determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer
com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do
que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila
encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a
proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua
sauacutede mental (COLLET 2001)
Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave
crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a
reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar
Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o
momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante
Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da
informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma
resposta de um sistema por exemplo (E41)
Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou
colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro
momento eu abordo em um segundo momento (E38)
Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de
coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante
129
estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma
cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)
Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o
procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as
perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento
(E13)
Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute
importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem
do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de
cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e
emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)
Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro
deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem
sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se
constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de
enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na
famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET
2013)
A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento
de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos
trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras
(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o
momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia
e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE
Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute
fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre
enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona
o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem
para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente
Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro
tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e
valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e
desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva
130
(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e
restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o
diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre
a condiccedilatildeo do cliente
O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras
da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades
de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando
uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam
a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o
estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA
2013)
No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador
por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se
processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e
valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e
apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)
Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em
ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de
prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da
comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para
que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de
desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN
WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS
SOUZA 2013)
Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a
crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila
Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a
como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do
tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste
processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia
(MARQUES etal 2014)
Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da
coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo
131
de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e
em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o
momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito
importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia
A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de
enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila
e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do
enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de
enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito
(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015)
Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e
fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das
peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros
sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)
Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da
coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta
de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE
nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir
Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto
tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees
realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)
O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela
fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o
nosso serviccedilo (E39)
Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser
melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e
desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de
maneira satisfatoacuteria (E41)
Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a
pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de
coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor
pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades
132
humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de
desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente
Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo
da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a
otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria
em virtude da especificidade
Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de
enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado
padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de
dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa
Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos
favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita
os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a
crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados
prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil
(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)
A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o
levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e
para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas
e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo
enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses
para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da
profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento
de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de
organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)
Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute
importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de
desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de
sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees
relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em
sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida
133
Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo
abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as
explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN
H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de
escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo
conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e
falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)
Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes
de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus
pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o
enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas
para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de
forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas
Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a
SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para
o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar
A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar
e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo
checklist(E38)
Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a
realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como
deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)
Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a
educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o
grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou
orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)
Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos
alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre
qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em
qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta
realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as
dificuldades e qualificar os profissionais
134
O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a
qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e
seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa
e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento
(CUCOLO PERROCA 2015)
Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo
necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio
da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo
que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES
SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute
necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por
todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos
profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo
permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES
RESCK CAMELO TERRA 2016)
Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de
tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo
desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a
real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco
conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit
de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de
aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o
momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de
crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela
educaccedilatildeo permanente do hospital
135
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE
construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e
sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana
Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que
prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era
formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que
predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela
instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato
lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)
Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo
empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no
mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano
Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute
constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e
qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de
outras regiotildees do estado e paiacutes
Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a
SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo
sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e
qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade
formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as
dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como
fortalecendo a importacircncia deste
A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras
conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo
central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo
grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite
ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada
136
Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento
rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o
desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos
ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros
a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como
requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda
na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este
processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este
fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo
grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente
correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede
Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem
destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de
competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a
autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram
nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas
fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados
positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem
Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os
enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante
o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do
cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros
conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo
de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem
Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e
distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo
praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento
natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de
importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a
qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano
Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo
de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois
137
natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as
mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria
Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as
representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o
saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo
profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui
da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas
As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as
lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator
positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a
superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim
considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a
amplitude dos aspectos que emergiram
Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada
no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades
abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica
assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o
planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem
A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e
a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro
desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de
incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar
e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem
Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira
positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo
hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do
enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo
da autonomia profissional
Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais
enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo
permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de
enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho
contribuem com a RS da praacutetica do cuidado
138
Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo
de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante
construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam
contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a
possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas
Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de
instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas
diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho
139
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APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua
decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a
decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido
pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os
resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute
divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a
sua participaccedilatildeo neste estudo
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do
estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra
eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma
alguma
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira
InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de
Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976
A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade
Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees
sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois
hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do
emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa
descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as
profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila
Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos
pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver
alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc
de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail
cepunematbr
Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em
sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou
lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem
o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa
162
Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito
Eu ______________________________________________RGCPF
____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as
informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em
hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como
sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a
serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem
penalidades ou prejuiacutezo
Caacuteceres _____de __________________de 20___
_____________________________________
Assinatura do participante
____________________________________
Assinatura do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste
sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____
______________________________________
Carolina Sampaio de Oliveira
CPF834 627671 - 00
Pesquisadora responsaacutevel
163
APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as
suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas
seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica
Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________
Data ______________________
Idade _____________________
Sexo______________________
Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________
Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________
Titulaccedilatildeo ______________________
1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE
1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE
2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE
2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho
2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho
2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE
3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE
4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem
5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu
cotidiano de trabalho
6- E os que dificultam
164
APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
APEcircNDICE C
Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________
Data_______________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagemrdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAErdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
165
ANEXO 1
166
167
3
REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ACERCA DA SISTEMATIZACcedilAO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMEIROS QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
Tese apresentada como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em
Enfermagem pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade de
Brasiacutelia
Aprovado em 12052017
BANCA EXMINADORA
Professora Doutora Moema da Silva Borges ndash Presidente da Banca
1ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professor Doutor Rinaldo Souza Neves - Membro Externo ao Programa
2ordm Membro
FEPECS
Professora Doutora Aline de Oliveira Silveira - Membro Externo ao Programa
3ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professora Doutora Maria Cristina Soares ndash Membro do Programa
4ordm Membro
Universidade de Brasiacutelia - UnB
Professora Doutora Maria Liz Cunhandash Membro Externo ao Programa
5ordm Membro Suplente
FEPECS
4
Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo
amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio
ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as
minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em
especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus
filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me
ensinam o que eacute AMAR de verdade
5
AGRADECIMENTO
A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em
minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra
Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e
sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora
pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem
me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura
familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu
grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar
os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que
me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas
Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr
Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas
de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste
sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos
6
[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []
Gaston Bachelard
7
RESUMO
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese
(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede
Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que
cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem
em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo
qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de
Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila
hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi
constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos
e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a
teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a
caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar
que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com
matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de
associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as
evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois
estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na
SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram
mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a
dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o
provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia
do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante
constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os
conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software
Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees
sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez
referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro
classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees
teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a
existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees
Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de
valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia
profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na
modernidade pela pediatria
Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
8
ABSTRACT
OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of
Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department
of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized
children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western
region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on
Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who
worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data
collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the
characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the
interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used
Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007
where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly
female and with skilled labor In the second stage the product from the free word
association technique was analyzed by the EVOC software which organized the
evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from
two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be
understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily
evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing
actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures
the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive
expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge
humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the
groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In
the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste
software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social
representations of the study participants The first axis was composed of a class and
referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four
classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical
representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the
existence of important discrepancies between the representations of these two
dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality
capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional
autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by
pediatrics
Keywords Care child health social representation nurse care sistematization
9
RESUMEM
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten
de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)
- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de
Brasilia Brasilia 2017
Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros
que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio
cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones
Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia
al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el
primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten
de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el
segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de
los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007
donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes
predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda
etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado
por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central
de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de
Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la
primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado
enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la
atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la
representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten
inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo
central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el
enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales
provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el
anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales
de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo
referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro
clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las
representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial
sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas
dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una
realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir
autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas
requeridos en la modernidad por la pediatriacutea
Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la
asistencia de enfermeriacutea
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928
Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32
Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55
Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72
Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do
Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
41
Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43
Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88
Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95
Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco
classes e dois eixos 104
Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com
as palavras destacadas 105
12
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo
Caacuteceres ndashMT201585
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015
84
Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
12345 geradas pelo Alceste 104
14
LISTA DE SIGLAS
AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia
ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto
ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa
CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato
Grosso
CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica
CNS Conselho Nacional de Sauacutede
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem
EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations
MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
MS Ministeacuterio da Sauacutede
PE Processo de Enfermagem
RS Representaccedilotildees Sociais
SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TALP Teste de Anaacutelise de Palavras
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social
UCE Unidades de Contexto Elementar
UCI Unidade de Contexto Inicial
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica
15
SUMAacuteRIO
Apresentaccedilatildeo17
Introduccedilatildeo 19
1 Revisatildeo de Literatura 24
11 O Cuidado de Enfermagem 24
12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29
13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais
35
14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37
141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39
15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45
16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59
2 Referencial Teoacuterico 63
21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63
212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem
66
213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69
3 Meacutetodo 73
31 Tipo de Estudo 73
32 Local de Estudo 73
33 Sujeitos de Estudo 75
34 Coleta de Dados 76
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77
36 Aspectos Eacuteticos 81
4 Resultados e Discussatildeo 83
41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas
83
4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas
88
16
421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor
SAE88
422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo
do Enfermeiro na SAE94
43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem 103
44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106
441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113
5 Consideraccedilotildees Finais 135
Referecircncias 139
Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161
Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163
Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164
Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167
17
APRESENTACcedilAtildeO
Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha
formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das
especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a
emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia
profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se
projetam em minha trajetoacuteria profissional
A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu
crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as
dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de
atuaccedilatildeo ateacute o momento
Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e
realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e
organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e
responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o
estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as
necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo
de adoecimento e internaccedilatildeo
Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do
cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees
desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a
enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia
Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do
cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas
tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade
neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo
Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da
SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)
possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo
sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees
18
de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a
praacutetica assistencial agrave crianccedila
19
INTRODUCcedilAtildeO
Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca
de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos
cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos
mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano
e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e
criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a
assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e
qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente
apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute
implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo
dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE
2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)
A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas
construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a
tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da
praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de
sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)
A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem
sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do
profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo
de enfermagem
Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto
metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a
partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente
construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece
subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no
estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de
20
Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma
organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e
para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico
registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro
possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as
mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO
OLIVEIRA 2012)
Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar
e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um
dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees
fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN
CARRARO 2001)
Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante
frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente
estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de
sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade
equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e
modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo
humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e
econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia
Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo
adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de
enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de
qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas
Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o
enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e
intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)
o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das
caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem
deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo
21
rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas
de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento
familiar
Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que
atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso
investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-
estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro
esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica
quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)
Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o
desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade
da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE
eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia
reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento
da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico
responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL
PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)
Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo
atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um
cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo
enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia
entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho
Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial
pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as
praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou
seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo
destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas
Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do
pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica
conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de
enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos
em detrimento ao processo assistencial
22
Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as
exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE
pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos
enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que
trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas
Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e
incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano
gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe
que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar
e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias
Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando
que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas
representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos
comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a
representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do
enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila
Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma
dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas
exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As
representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda
intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL
2004)
Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria
das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo
bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente
na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa
que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso
de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa
como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores
(SAacute 2002)
Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel
proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e
funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos
23
enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a
compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida
permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional
enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial
Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees
sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais
Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos
1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca
SAE
2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros
acerca da SAE
3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas
4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE
5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo
da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila
O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma
Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar
os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema
Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o
constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa
Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de
apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE
Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os
resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as
representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades
encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta
Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e
reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais
da SAE no atendimento de crianccedilas
24
1REVISAtildeO DE LITERATURA
11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM
A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte
requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo
rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor
pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore
comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito
de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das
artes
(Florence Nightingale)
Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que
evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-
se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano
em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos
basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de
agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e
solicitude (HEIDEGGER 2008)
Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a
serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico
que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON
2003)
O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e
deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver
molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando
valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees
(BOFF 1999)
Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a
natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem
deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da
vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e
por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)
O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado
Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas
sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois
25
cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER
1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de
necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA
VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)
Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente
companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O
cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o
cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada
coisa
A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio
(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo
para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante
diferentes culturas
1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo
pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar
pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato
2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo
dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia
3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza
O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda
caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou
prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de
preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado
(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)
Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos
a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades
pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter
garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)
Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com
profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma
ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral
acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)
26
O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para
caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado
humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)
A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio
familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada
respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente
procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna
(GEOVANINI 2002)
Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a
enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse
contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo
de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das
pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos
(CESTARI 2003)
Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a
criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A
enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da
profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo
transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e
evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade
artiacutestica (WALDO 2001)
O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede
e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse
entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas
Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente
eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um
agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela
responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia
de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a
enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que
mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER
PERRY 2004)
27
O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que
permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos
extremamente beneacuteficos para ambas as partes
O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento
e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O
cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus
familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia
coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)
Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um
funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum
desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)
Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado
de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social
econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)
O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo
de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente
independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o
ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do
adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos
envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)
Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo
entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo
de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis
que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e
essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de
procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em
que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade
de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos
Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique
clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta
de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir
preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres
28
humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai
aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)
De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em
duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se
caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os
cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto
de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo
necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto
da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999
BORGES 2011)
Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1
Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)
CUIDADOS CARE
Cuidados de
estimulaccedilatildeo
Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio
(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas
capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)
Cuidados de
confortaccedilatildeo
Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo
aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo
da experiecircncia
Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de
pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de
comunicaccedilatildeo e partilha
Cuidados de
compensaccedilatildeo
Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou
que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais
Cuidados de
manutenccedilatildeo da vida
Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e
vestir-se
Cuidados de
apaziguamento
Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor
os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor
utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo
psicomental desses momentos
Fonte Colliegravere 1999
29
A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio
diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia
que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada
agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde
as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do
tratamento (COLLIEgraveRE 1999)
Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de
que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver
a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera
Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos
cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e
habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas
da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute
esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza
forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute
a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel
Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se
como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o
sentir saber- fazer (WALDO 2001)
Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de
procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que
melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando
limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente
(BORGES 2011)
12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO
A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e
das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes
sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental
oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)
As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da
profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo
30
O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas
Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de
tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade
de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do
trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras
capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a
morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma
forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)
As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da
proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou
feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)
Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em
realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo
cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud
Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela
sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que
nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida
como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras
Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das
caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios
cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos
bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia
(OGUISSO 2005)
Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua
praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em
detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a
seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO
QUEIROZ 2006)
Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da
enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos
procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de
justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada
31
situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a
condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)
Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em
fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)
a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante
para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees
foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo
Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria
contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de
infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES
SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos
de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar
Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de
enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e
cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson
e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as
escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a
analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto
profissatildeo
Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes
para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que
direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de
conhecimentos proacuteprio do enfermeiro
Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos
como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A
primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on
Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o
estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade
de Yale (NEVES 2010)
Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados
influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo
organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da
enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)
32
O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950
como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e
evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de
Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho
para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)
Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A
primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como
problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do
diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os
dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste
dos resultados
Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o
desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como
profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o
desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de
conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da
assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento
destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da
enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico
forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)
Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1952 Hildegard E
Peplau
Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da
personalidade
1960 Faye G Abdellah
Irene L Beland
Almeda Martin
Ruth V Matheney
Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de
enfermagem
1961 Ida Jean Orlando
O processo interpessoal alivia o sofrimento
1964 Ernestine
Weidenbach
O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da
arte de cuidado individualizado
33
Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952
ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado
para a auto-estima
1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade
1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que
evoluem ldquonegentropicalmenterdquo
1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade
1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em
direccedilatildeo ao estabelecimento de metas
1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel
1976 Josephine G
Paterson
Loretta T Zderad
Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar
1978 Madeleine M
Leininger
O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes
culturas
1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma
engajados um ao outro
1980 Dorothy E
Johnson
Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica
1981 Rosemarie Rizzo
Parse
Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede
1989 Patricia Benner
Judith Wrubel
O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem
Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e
consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua
Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2004 p 68-80
Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia
tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do
cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais
inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees
para o ser humano
34
Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da
sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de
conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro
(KRUSE 2006)
O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo
inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem
em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos
Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de
assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora
ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de
enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a
organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila
alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees
individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia
personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as
necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o
cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da
sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)
A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo
cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional
o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido
atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo
de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como
acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)
Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo
de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que
influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os
recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a
implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos
(NEVES 2010)
Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu
fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo
35
do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os
procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do
cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e
instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)
13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO
BRASIL - ASPECTOS LEGAIS
As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil
tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de
Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de
Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do
cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem
abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram
os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que
desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem
No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de
Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na
deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por
Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia
ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do
processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia
cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)
O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica
profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a
utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras
(OGUISSO 2005)
A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa
do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986
visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente
com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e
comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo
nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras
36
A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009
dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que
compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar
o processo de enfermagem
Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em
todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como
direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e
totalitaacuterio aos clientes
Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo
deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou
privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem
sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-
se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo
hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de
sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas
entre outros
sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos
ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees
comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem
corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como
Consulta de Enfermagem
A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional
quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o
processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta
os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados
o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a
implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN
2009)
Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num
suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento
de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou
intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a
avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados
Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no
7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de
junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na
execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a
alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe
privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das
37
respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um
dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a
prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem
realizadas face a essas respostas
Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento
profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que
proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos
errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE
favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e
baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como
ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa
14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem
por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do
enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o
paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a
implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura
atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado
fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico
cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais
estabelecidas
Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento
otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro
organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede
que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia
ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da
populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)
O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos
por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das
accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este
38
instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa
estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e
cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico
fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do
trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para
que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma
organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)
Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia
de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando
a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam
contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo
famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO
2004)
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo
utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento
da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA
1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do
enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo
Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma
prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar
mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma
relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a
humanizaccedilatildeo da assistecircncia
A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de
Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a
possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento
pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia
refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE
ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma
metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano
39
da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros
e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a
auditoria o uso do processo de qualidade
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a
atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e
com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas
141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem
A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende
aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo
organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA
BOCCHI 2013)
Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar
atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para
promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho
metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do
cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees
sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente
qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de
crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um
fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos
(HORTA 1979)
Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE
elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a
proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento
cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada
e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da
40
assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem
da instituiccedilatildeo hospitalar
Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas
teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da
famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo
que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)
O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases
Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases
em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos
autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo
de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na
primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil
para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado
com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)
Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se
de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a
assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala
tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir
Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam
alertando e direcionando os questionamentos
Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece
a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita
obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que
estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)
(NEVES 2010)
Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a
autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das
caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido
A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase
inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando
ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-
41
LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente
de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames
Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do
instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste
instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda
os propoacutesitos da SAE
Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
Fonte Horta 1979
Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo
ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve
capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa
que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as
peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o
instrumento de coleta de dados seraacute utilizado
Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam
legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa
42
sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos
cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte
de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS
2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de
confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees
relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade
sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos
abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem
A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem
Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o
planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No
processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em
evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando
a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE
2005)
Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de
anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-
LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a
intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel
detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de
outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade
Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e
classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees
consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe
consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das
etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro
encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros
43
profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre
Fonte Alfaro-Lefevre 2005
Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia
Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das
prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer
quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente
definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada
diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados
(ALFARO-LEFEVRE 2005)
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA
2005)
A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios
que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as
intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem
posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que
44
propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os
registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees
registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam
surgir (CARPENITO 2005)
Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia
A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o
momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na
fase de planejamento
Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos
cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as
necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre
(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se
estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir
realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e
registrar
Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser
anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em
praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao
cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve
determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam
ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser
realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo
Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da
assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na
qualidade do plano de cuidados
Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute
solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda
45
etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam
ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a
prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)
Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute
fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para
cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades
realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as
decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado
(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos
procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida
15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA
SAE
Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem
o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma
metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias
operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial
Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de
trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais
em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal
sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas
condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)
A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma
dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da
metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios
teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo
busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-
se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela
maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os
problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia
46
neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE
VIEIRA 2005)
Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute
preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes
habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente
conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os
demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do
enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da
SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia
poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica
Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-
SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo
dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam
como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia
eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da
instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)
Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o
desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como
desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a
formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em
conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho
Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a
implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os
profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de
estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave
inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial
Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia
assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no
momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e
rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu
potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por
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sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a
implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das
instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de
forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem
natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)
Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo
de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees
em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras
e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma
cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na
praacutetica assistencial e gerencial
Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo
hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe
de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de
enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo
sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)
Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a
insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos
profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua
elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo
paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo
A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao
paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas
vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que
natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico
hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio
(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)
Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem
determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de
gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito
Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe
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e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais
dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS
CABRAL 2013)
Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem
contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas
vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente
cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe
(SHIMIZU CIAMPONE 2002)
A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de
uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a
troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)
Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se
um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial
Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento
da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano
de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o
desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a
equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo
(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)
Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso
com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a
equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos
que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual
e consequentemente qualidade da assistecircncia
Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de
pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees
mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da
qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)
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16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA
Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida
da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a
afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um
ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar
a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos
dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave
liberdade e agrave dignidade
(Beatriz Oliveira 1997)
A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos
passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees
acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente
relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de
produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica
Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente
passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades
especiacuteficas (AIREgraveS 1994)
Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo
se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um
modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das
cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede
para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)
O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a
crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia
cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo
geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo
Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais
e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)
A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo
desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou
a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada
quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS
1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da
matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)
50
Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas
sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se
pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de
capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos
problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN
2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e
reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do
paiacutes
No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de
praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo
havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de
conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene
corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos
Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas
como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila
nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras
medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)
O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo
ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos
e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA
ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)
cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da
infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo
(WHALEY WONG 2015)
O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre
a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado
dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente
riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram
consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas
aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)
A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e
sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e
terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento
51
com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a
praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA
SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o
hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo
Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859
nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a
praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na
puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e
higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)
A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria
especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido
nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de
enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e
desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que
fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas
sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)
Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em
que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme
a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a
fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees
inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)
A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de
expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive
utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave
constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel
cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)
O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais
baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado
possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo
contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto
Rocha e Almeida (1993) colocam
[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras
identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em
fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser
52
em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de
seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam
entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento
infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para
instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e
nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas
que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993
p25)
Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees
ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento
e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as
evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam
a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e
respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se
modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram
diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas
estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais
sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem
identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-
relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)
Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave
crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade
do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo
anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem
o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)
Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo
natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela
observaccedilatildeo
As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo
da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das
doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que
os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do
ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia
avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento
53
ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese
desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)
(WHALEY WONG 2015)
No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no
conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila
passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo
educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o
dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos
Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo
hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)
Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se
principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua
famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de
reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do
cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no
hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do
binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o
calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um
viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA
ALMEIDA 1997)
Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua
a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos
familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade
vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas
para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do
acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila
(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a
ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se
necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo
de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)
A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de
assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser
amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o
54
contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a
informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto
pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante
a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em
consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia
hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto
terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear
problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas
e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar
que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que
envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a
seus filhos
As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila
orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel
da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a
abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede
(ELSEN 2002)
A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia
integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um
ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros
portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute
determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET
ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da
crianccedila hospitalizada
55
Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila
Aspectos
Assistenciais
Centrada na
Patologia
Centrada na
Crianccedila
Centrada na
Famiacutelia
Foco Doenccedila da crianccedila
com abrangecircncia
intra-hospitalar
Crianccedila doente com
suas caracteriacutesticas de
desenvolvimento
abrangecircncia intra-
hospitalar
Famiacutelia vivenciando
a doenccedila e
hospitalizaccedilatildeo de
uma de suas crianccedilas
abrangecircncia intra e
extra-hospitalar
Objetivos Tratar a doenccedila ou
recuperar a sauacutede da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
favorecer o
desenvolvimento da
crianccedila estimular a
participaccedilatildeo da
famiacutelia no cuidado da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
para a crianccedila e sua
famiacutelia incentivar a
co-participaccedilatildeo da
famiacutelia nas tomadas
de decisatildeo favorecer
sua integridade e
pontencializar forccedilas
Visatildeo da
Hospitalizaccedilatildeo
Evento necessaacuterio ao
diagnoacutestico e
tratamento manejado
por uma equipe de
especialistas
Evento necessaacuterio
poreacutem determinador
de estresse para a
crianccedila
Evento estressante
para a crianccedila e sua
famiacutelia que pode
determinar ruptura no
funcionamento
familiar
Caracteriacutesticas fiacutesicas
da unidade
Ecircnfase na
organizaccedilatildeo e no
funcionamento
normas e rotinas
rigorosas
estabelecidas
pobreza de decoraccedilatildeo
ou outras
caracteriacutesticas
infantis leitos
distribuiacutedos pela
enfermaria por
patologias
Maior flexibilidade
de organizaccedilatildeo e
funcionamento
decoraccedilatildeo infantil
ambiente para
recreaccedilatildeo e
caracteriacutesticas fiacutesicas
adequadas agraves
necessidades das
diferentes faixas
etaacuterias e ao conforto
do acompanhamento
leitos distribuiacutedos
conforme a idade e as
necessidades das
crianccedilas
Flexibilizaccedilatildeo de
organizaccedilatildeo e
funcionamento com
vistas tanto a
favorecer a atuaccedilatildeo
da equipe como da
famiacutelia decoraccedilatildeo
infantil local para
recreaccedilatildeo e conviacutevio
entre famiacutelia-crianccedila-
equipe
Tomada de decisotildees Vertical centrada na
figura do meacutedico
Horizontal poreacutem
centrada na equipe de
sauacutede
Horizontal
compartilhada entre a
equipe e a famiacutelia
Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios
objetivos como
evoluccedilatildeo dos sinais e
sintomas tempo de
hospitalizaccedilatildeo
estatiacutestica de alta com
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
outros subjetivos
como o grau de
participaccedilatildeo da
crianccedila e da famiacutelia
influencias no
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
subjetivos anteriores
e outros como
satisfaccedilatildeo e niacutevel de
funcionamento da
famiacutelia tanto no
56
a doenccedila curada
melhorada oacutebitos
comportamento
assim como no
crescimento e
desenvolvimento da
crianccedila
acircmbito hospitalar
como na busca e
utilizaccedilatildeo dos
recursos da
comunidade extra-
hospitalar
Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma
perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL
Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008
A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo
de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia
hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de
melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do
aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do
fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)
A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute
preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo
agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de
um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para
o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas
ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e
resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)
Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade
assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar
Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores
envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em
todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de
trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo
permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas
enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante
da profissatildeo
Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a
processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente
medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na
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divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias
estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais
afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas
na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees
Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto
terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no
cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila
Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma
unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem
agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de
vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo
dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros
No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o
planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as
caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico
com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e
seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER
2013)
Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista
dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma
organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e
o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos
filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)
Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave
busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de
sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no
processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees
que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA
2010)
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O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o
desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e
possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser
sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE
para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila
A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma
abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado
(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de
adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital
algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no
cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo
dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA
GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro
se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores
interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a
individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o
ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila
Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades
individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como
a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que
proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere
ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo
entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)
Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA
etal2012)
Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar
complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior
estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave
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crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de
atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)
Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees
conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de
enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado
ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e
a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de
permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)
Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos
positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem
individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional
que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior
qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo
para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo
um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila
A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o
profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas
compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo
da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado
proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a
participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada
e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros
profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o
desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA
etal2012)
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Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de
condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o
conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)
(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento
relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma
que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de
sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo
A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas
especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de
organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades
relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de
decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas
Fase I - Histoacuterico de enfermagem
Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de
informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de
observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico
(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)
Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos
fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de
desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu
desenvolvimento (SCHMITZ 2005)
No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da
coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista
juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a
caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como
o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no
atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o
histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem
ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades
e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)
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Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem
Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou
comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais
proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance
de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA
2008)
Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um
sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais
de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos
reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)
Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a
crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo
relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo
verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada
Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade
Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO
SILVALOPES 2006)
Fase III - Planejamento de Enfermagem
A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no
diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou
resultado esperado (CARPENITO 2005)
Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia
no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS
SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a
estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma
estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como
brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios
etc (WHALEY WONG 2015)
Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem
Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem
implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees
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de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila
como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na
medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo
(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a
cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos
problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o
estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes
acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG
2015)
Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo
de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das
condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos
identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas
a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)
(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes
pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento
(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no
desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com
a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou
rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)
Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e
individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o
envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo
facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees
desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o
conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no
planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na
praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia
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2- REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E
DEFINICcedilOtildeES
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre
duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza
(Serge Moscovici)
Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida
diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as
representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e
valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um
determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As
Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo
dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto
de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)
A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito
que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se
originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a
formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)
O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de
representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica
possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici
nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica
conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias
Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional
quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar
a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam
ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)
As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes
nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para
aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar
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Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam
de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)
Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as
representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito
ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto
de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de
informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam
nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens
midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para
Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o
conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a
transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo
o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades
tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum
Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do
senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)
Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo
que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar
Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do
senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais
transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e
conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)
De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais
buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia
social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves
representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais
Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas
instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees
interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os
fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em
constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da
interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)
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Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito
dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante
pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse
respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto
Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se
cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um
encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees
sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as
comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []
Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra
na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita
substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma
praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)
Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta
que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a
responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais
[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social
no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno
pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e
justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis
Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo
necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos
e das coletividades [] para construir um sistema de
pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees
consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social
ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia
(MOSCOVICI 2003 p216)
Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e
valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias
socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de
situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem
influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma
o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA
GAZE CARVALHO 2008)
O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas
pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico
de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele
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pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees
interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)
A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo
significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza
e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de
fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico
lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de
poder socialmente estabelecidas
A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees
cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos
aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O
senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o
mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)
Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de
categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de
trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas
condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal
Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que
poderatildeo conduzir processos de decisatildeo
A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua
flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no
atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da
TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de
interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas
interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste
processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as
rotinas e cultura do ambiente
212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e
Ancoragem
Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar
o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a
67
partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria
conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na
relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto
Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-
lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De
haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para
compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO
1997)
Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o
conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso
comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS
esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos
estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social
(NOacuteBREGA 2001)
A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom
atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de
crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici
(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que
permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela
Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as
dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste
em prestar atendimento seguro e de qualidade
Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de
um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser
cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma
accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um
ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA
CAMARGO 2007)
Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de
representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos
sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de
formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a
saber objetivaccedilatildeo e ancoragem
68
Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma
representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e
ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo
humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de
significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o
que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo
Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que
datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais
O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite
tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar
abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como
passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens
concretas os quais pela generalidade de seu emprego se
transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978
p289)
A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela
significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a
seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a
naturalizaccedilatildeo
A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e
especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico
determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos
que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato
e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que
satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que
orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA
MOREIRA 2005)
A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um
conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo
figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada
representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real
daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)
Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave
incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes
69
comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e
se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)
A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute
existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-
o a valores e praacuteticas sociais
A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A
familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de
pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a
classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre
um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO
SILVA PADILHA 2009)
Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo
familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie
de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste
lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar
Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees
[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao
social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de
significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores
sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a
instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional
para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005
p38-39)
Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos
conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um
enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse
sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de
conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute
proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos
213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social
A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das
Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o
70
iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais
(ABRIC 2003)
Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas
distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto
por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute
responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo
social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um
grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das
representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material
imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)
O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes
a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e
permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)
A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem
a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais
de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie
de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um
sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC
2003)
Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e
metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central
tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo
central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as
significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela
natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto
ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)
Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos
fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central
ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees
sociais Satildeo elas
1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma
representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute
por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor
71
2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos
de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador
e estabilizador da representaccedilatildeo e
3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas
O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado
de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute
entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel
importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo
relativamente independente do contexto social e material imediato
Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central
Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias
cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas
caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes
transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo
central
O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de
informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema
perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos
poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas
enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum
objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo
significado para esse objeto ou fato
Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees
principais quais sejam (RANGEL 2004)
1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto
2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e
3ordf) preservar a representaccedilatildeo
Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos
ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema
caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo
72
Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico
Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico
Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do
grupo
Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das
histoacuterias individuais
Consensual define a homogeneidade do
grupo
Suporta a heterogeneidade do grupo
Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees
Resistente agrave mudanccedila Transforma-se
Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato
Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e
determina sua organizaccedilatildeo
Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a
diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema
central
Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)
A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser
permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos
cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das
representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como
diferentes instrumentos de coleta de dados
As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se
materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA
PADILHA 2009)
73
3 MEacuteTODO
[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo
social que faz com que ele se comporte socialmente da
maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos
fatos sociais []
(Wolfgang Wagner)
31 Tipo de Estudo
Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa
qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da
compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi
e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados
analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto
significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo
manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona
maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu
planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado
Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge
Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta
diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as
informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico
segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo
disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste
estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas
praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo
planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila
32 Local de Estudo
O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois
Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT
O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44
de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e
situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma
populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal
74
atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria
DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto
Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)
Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela
mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico
de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de
alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila
Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo
pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10
leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)
O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas
tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em
9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados
no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico
funciona com 8 leitos
A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a
respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas
lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem
brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases
da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por
acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de
extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de
celebraccedilatildeo
O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de
estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e
jogos
Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo
utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul
Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos
enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os
espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)
como ambientes de pesquisa
75
A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem
hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco
da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano
2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente
33 Sujeitos de Estudo
O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades
hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de
enfermagem
Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos
diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo
seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua
aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)
O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a
crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento
socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a
construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo
aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem
as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber
cientiacutefico
Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso
ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas
que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos
esporadicamente
Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de
inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por
se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda
76
Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados
nas cliacutenicas das instituiccedilotildees
Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total
Pediatria 4 3 7
UTIN 5 4 9
UTPED 5 4 9
Ambulatoacuterio 3 2 5
Sala de Parto 4 4 8
Centro Ciruacutergico 3 4 7
Total 24 21 45
Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de
estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho
Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres
humanos
34 Coleta de Dados
Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto
por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista
semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que
se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o
conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos
O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu
suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu
em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior
classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe
viessem agrave mente (Apecircndice C)
Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer
favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto
pelos enfermeiros do estudo
77
Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em
virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras
vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do
sujeito para respondecirc-lo
A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou
possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das
manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes
verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees
que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de
apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas
pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade
A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos
questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de
pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador
tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos
investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na
conversa
Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora
Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora
atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de
enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo
inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de
dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim
foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista
enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados
Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as
informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por
meio de valores absolutos e relativos
Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical
por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi
78
criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de
Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo
agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui
dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em
portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de
material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros
com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais
estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical
O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos
contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)
O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado
seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua
apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas
regras
Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se
necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras
atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em
palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram
corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais
formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que
estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das
entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as
falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no
momento da entrevista
A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais
satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS
2011)
1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas
3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados
4- Pesquisa de classes de unidades de contexto
79
5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes
1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas
Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os
primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As
linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada
entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador
Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em
segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)
que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO
2005)
2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas
Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do
software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus
reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das
palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas
destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)
Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE
A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas
reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas
Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar
diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo
sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos
adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO
MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha
3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados
Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e
classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o
caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)
formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase
80
B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente
ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa
satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em
subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)
4-Pesquisa das classes de unidades de contexto
Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute
uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos
ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio
predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas
caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS
2011)
A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e
redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise
fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num
plano fatorial)
O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o
de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos
de UCE denominado de classes
5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo
A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do
software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe
permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por
quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada
classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)
Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras
caracteriacutesticas das classes
A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido
delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu
nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por
ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS
2011)
81
O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais
relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de
classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as
UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e
interpretadas
A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise
qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em
dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos
sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria
da Representaccedilatildeo Social
O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o
corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves
denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que
organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de
evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)
possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a
estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)
As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos
centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central
em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras
A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a
relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor
Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O
eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo
No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos
primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais
elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo
foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a
representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)
36 Aspectos Eacuteticos
Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e
recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi
82
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash
UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer
favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes
assinaram o TCLE
83
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes
- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de
crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros
- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que
Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos
enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila
- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute
apresentado
41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE
CRIANCcedilAS
A viagem mais importante que podemos fazer na
vida eacute encontrar pessoas pelo caminho
(autor desconhecido)
Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas
principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados
para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de
Representaccedilatildeo Social
Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos
participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados
tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45
anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo
masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual
do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a
pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato
Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto
agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante
finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram
o curso em 5 anos
84
Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo
idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo
e titulaccedilatildeo
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash
MT2015
Variaacuteveis N
Faixa etaacuteria (anos)
22 a 29 28 622
30 a 37 15 333
38 a 45
2 44
Sexo
Feminino
Masculino
42
3
933
66
Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo
Publica Federal 5 111
Publica Estadual 28 622
Privada 12 266
Anos de Formaccedilatildeo
lt de 5 anos 3 66
5 anos 39 866
4 anos 3 66
Titulaccedilatildeo
Graduaccedilatildeo 17 377
Especializaccedilatildeo 28 622
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos
variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia
(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37
anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani
e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do
paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)
atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras
Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo
feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em
consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo
85
feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte
influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)
(MENZANI BIANCH 2009)
Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era
proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o
processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava
atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que
abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da
enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa
A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo
dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de
estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para
a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo
profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui
um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade
Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no
campus da capital do estado
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na
instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
6MESES
9MESES
12MESES
24MESES
36MESES
48MESES
72MESES
84MESES
96MESES
120MESES
144MESES
Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1
NUacute
ME
RO
DE
PA
RT
ICIP
AN
TE
S
86
Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais
pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso
objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de
atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia
O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de
grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido
que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de
conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no
contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com
tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode
indicar rotatividade de profissionais de enfermagem
Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre
uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma
relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo
do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo
Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a
movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo
(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)
A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante
para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo
principalmente no que se refere a SAE
A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar
seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se
refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar
selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)
O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo
setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior
tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta
por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na
instituiccedilatildeo
87
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo
setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente
graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de
enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente
de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco
tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender
a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de
saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal
acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade
de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI
2010)
6MESES
7MESES
8MESES
9MESES
10MESES
11MESES
12MESES
14MESES
16MESES
24MESES
60MESES
Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1
NUacute
MER
O D
E P
AR
TIC
IPA
NTE
S
88
42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS
QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo
intencional construir um objeto socialmente
significativo eacute algo que o grupo ou seus membros
fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de
meditar sobre eles
(Wolfgang Wagner)
O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas
representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas
evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas
135 palavras
Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com
meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi
inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise
combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)
Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015
Nuacutecleo Central
Cuidado
Enfermagem
Organizaccedilatildeo
1ordf Periferia
Planejamento
Qualidade
2ordf Periferia
Assistecircncia
Comprometimento
Processo
Responsabilidade
89
A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu
apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora
percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior
esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior
direito) (Quadro 5)
Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015
OMI lt20 ge20
Frequecircncia
Media
Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos
perifeacutericos 1
F Rang
Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500
Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059
ge8 Organizaccedilatildeo
13 1538
Elementos de
contraste
F Rang Elementos
perifeacutericos 2
F Rang
3le
Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000
Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000
lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500
Responsabilidade 3 2000
Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees
Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os
sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo
estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o
nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para
estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto
de trabalho da enfermagem
O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o
provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE
O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve
considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da
enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o
tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo
na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede
90
com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a
manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um
conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos
cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode
ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a
concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho
O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado
na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a
crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado
assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de
redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)
Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o
bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua
condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees
que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT
COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI
2014)
Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da
SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da
enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o
envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que
melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar
a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)
Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e
agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na
melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo
apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e
empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)
O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao
nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece
as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que
a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas
91
profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso
da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente
pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)
Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este
cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma
dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem
recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA
BOCCHI 2013)
A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei
749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e
proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada
categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres
teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila
humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas
relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)
Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve
tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio
desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e
competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN
HIGARASHI 2014)
Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar
possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os
viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem
assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de
cuidado integralizadora
A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de
atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios
instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo
base possa ser considerado integral e resolutivo
As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a
qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta
praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de
92
todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da
assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em
conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)
Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo
ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da
pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem
resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa
baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a
enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar
os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado
Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica
assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja
cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e
sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo
O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias
constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da
primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no
momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham
sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal
do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do
cuidado sistematizado
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa
posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se
apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de
atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves
situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-
se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos
93
indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado
depende de planejamento e leva agrave qualidade
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz
essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a
importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os
termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao
desenvolvimento do cuidado
O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o
enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS
DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade
pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na
cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e
reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)
Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de
base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e
rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos
enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute
o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave
dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do
cuidado
As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como
caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem
o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado
94
A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees
de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do
cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si
As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e
individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e
morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o
conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo
o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de
evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e
ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE
A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia
da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de
enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea
agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes
humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o
desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento
da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de
obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da
autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas
por esta metodologia
422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro
na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente
as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram
as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central
95
desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas
pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado
Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres
MT Brasil 2015
A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado
a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada
em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)
A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da
pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados
tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI
PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por
modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com
base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE
MARRINER 2010)
Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam
elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e
operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)
Nuacutecleo Central
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
1ordf Periferia
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
2ordf Periferia
Ciecircncia
Lideranccedila
96
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015
OMI lt 20 gt = 20
Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos
Perifeacutericos 1
F Rang
gt
=
6
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
7
7
7
1000
1143
1857
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
17
6
6
6
2294
2167
2000
2833
Elementos de
Contraste
F Rang Elementos
Perifeacutericos 2
F Rang
3 lt =
lt 5
Administraccedilatildeo
Autonomia
Comprometimento
Resultados
3
4
5
4
1333
1500
1600
1750
Ciecircncia
Lideranccedila
5
5
2000
2000
Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees
A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar
relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de
enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de
investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET
GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave
assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito
de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e
cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)
Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode
ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos
e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado
Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a
perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos
serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica
integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel
atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece
haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e
articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009)
97
Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da
assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave
assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees
no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional
para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o
cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)
(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)
A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do
cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o
cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia
Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo
tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se
tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo
singular (MOREIRA et al 2012)
Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um
encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e
tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo
revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz
agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)
Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua
competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que
o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da
sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo
humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada
paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura
atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento
especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica
cientiacutefica e humanizada
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da
SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem
98
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se
apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que
estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e
atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo
ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao
sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e
humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a
sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem
Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia
utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila
Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do
enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento
dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO
COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA
2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a
ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que
faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em
virtude da SAE
Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao
se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender
o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este
fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e
geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma
experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA
SANTOS SILVA 2011)
O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial
teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral
99
implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as
necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas
Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio
cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a
SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o
planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das
unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo
feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma
ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns
estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato
integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento
do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-
SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)
Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a
atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do
conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e
desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE
dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da
profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras
que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos
importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou
seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da
SAE no cuidado agrave crianccedila
No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio
construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os
sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto
100
adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias
correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem
perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence
em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias
dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de
Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de
implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de
cada teoacuterico
Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e
arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos
elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por
determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do
pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de
accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar
que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da
aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude
da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a
praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado
direto e indireto
As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees
voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees
indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado
de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que
envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais
precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos
filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue
e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da
qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves
101
necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida
como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da
enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir
posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso
responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e
gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as
expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS
2009)
No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo
exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um
trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de
uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)
(STRAPASSON MEDEIROS 2009)
O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o
estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de
decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade
(DOMIGUES CHAVES 2005)
No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando
o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir
aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de
abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das
clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia
Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto
favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE
conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos
liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada
(DOMIGUES CHAVES 2005)
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem
estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras
102
ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um
potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma
sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los
e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou
seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser
seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem
o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute
sendo dirigido (HERMIDA 2004)
Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros
como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e
proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos
prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais
precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)
Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode
ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a
esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de
cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na
brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo
medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila
Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e
existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante
contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da
ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos
que eacute permeada de subjetividade e objetividade
103
43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre
duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees na realidade eacute isso que as
caracterizam []
(Serge Moscovici)
A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite
desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela
frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram
relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto
Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de
sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem
reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero
criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir
do processamento do corpus
Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu
a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao
quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio
foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia
meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a
identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de
heterogeneidade do vocabulaacuterio
Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes
a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com
frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas
numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram
UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela
classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A
tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes
104
Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015
Classes UCE Palavras
Consideradas
1 108 98 39
2 29 42 10
3 59 82 21
4 34 47 12
5 50 55 18
Fonte Dados da Pesquisa 2015
Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na
classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor
predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18
porcento
Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma
resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo
interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas
demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos
quanto a SAE satildeo distintos
Classe 4
Classe 5
Classe 2
Classe 3
Classe 1
Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos
Eixo 1 Eixo 2
39
10
21
12
18
105
Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja
de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais
buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi
considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou
superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado
A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes
juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das
palavras que foram mais expressivas para compor as classes
Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software
Alceste
Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1
As Dificuldades Operacionais
para a Implantaccedilatildeo
da SAE
Accedilotildees e Envolvimen-
tos para Aproximaccedilatildeo
da SAE
Praacuteticas e dinacircmicas
operacionais da
Enfermagem
A Rotina do Cuidado de
Enfermagem
A construccedilatildeo do conceito da
SAE
Falta Secretaacuteria
Coleta Correria Dados Acho
Tempo Que-se Tivesse
Muito bom Computador
Nuacutemero
Momento Aplicaccedilatildeo
Assim Porque
Ta Entatildeo
Ele Uso
Diferente Vocecirc
Maneira Paciente
Setor Experiecircncia
Centro Relatoacuterio
Nesta Periacuteodo Noturno
Natildeo Hospital
Obsteacutetrico Aqui
Dentro Box
Recebo Plantatildeo
Faculdade Exame Verifico
Emergecircncia Quadro Estatildeo
Depois Pendecircncias
Colega Solicita Dietas
Carrinho
Enfermagem Enfermeira Faculdade
Foi SAE
Curso Contato
Sei Accedilotildees
Assistecircncia Ouvi
Durante Importante
Aula
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
EIXO 2
A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE
EIXO 1
A dimensatildeo Teoacuterica sobre a
SAE
106
Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia
a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo
eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4
(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e
envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da
enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado
na figura 5
Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e
momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o
grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos
facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado
a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas
clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo
44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA
HOSPITALIZADA
441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE
A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso
accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo
agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente
assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da
sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste
fenocircmeno
Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no
cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao
longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel
107
ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais
e institucionais (ALVES COGO 2014)
O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como
elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos
Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no
curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos
da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo
minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE
(E34)
O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem
na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas
de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da
enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no
conteuacutedo da SAE (E9)
Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a
SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros
minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia
ouvido falar na SAE (E26)
Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees
teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo
de graduaccedilatildeo
O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na
visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo
profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades
pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA
KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)
No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as
primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira
Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado
anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo
e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus
familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva
(ALVES COGO 2014)
Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de
modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um
sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa
108
algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias
no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem
capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de
cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)
Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia
para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do
cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente
acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes
conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)
Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo
podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a
representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno
pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e
implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila
As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais
expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a
construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito
baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para
os atos de enfermagem (COFEN 2009)
Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem
constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas
atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa
(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a
enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo
de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro
A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar
a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e
humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o
atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia
do achado (E15)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com
o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente
109
biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado
necessaacuterio (E21)
Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve
acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o
cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)
O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980
quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional
de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro
O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo
do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas
individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra
pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo
de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as
complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)
O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar
focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do
paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia
sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos
conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se
desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas
Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se
associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas
cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante
para direcionar este fazer
No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento
relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as
fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados
Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases
ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)
110
Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial
para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)
A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados
diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que
ele tem contato (E18)
Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute
feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o
NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo
prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)
Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu
trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute
baseada em achados cientiacuteficos (E36)
Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da
enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico
de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial
teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser
desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas
Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de
implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente
como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE
ROSSETO SCHNEIDER 2009)
O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das
Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e
desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico
Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software
Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das
informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de
um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha
disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma
que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem
impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior
esteja preenchida
Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees
precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para
111
preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem
antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente
Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os
discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com
fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento
et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente
reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas
instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em
detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente
Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no
processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada
Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os
Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para
completar as etapas anteriormente realizadas
Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de
Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um
caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)
acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de
problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que
configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem
Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como
forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e
agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos
do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do
grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as
praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto
Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra
suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste
plantatildeo (E9)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do
cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe
tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)
A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute
uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de
riscos e valorizando o cliente (E26)
112
Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que
precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia
(E8)
A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para
planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem
consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para
levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)
A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante
requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi
considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando
significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as
informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas
de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e
contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A
ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia
na continuidade da assistecircncia
Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo
da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo
dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a
burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente
centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo
Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que
favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande
importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que
daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as
especificidades do cliente
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo
113
sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A
aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da
prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e
aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees
vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo
indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente
durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso
acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser
prestado
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os
distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi
composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina
praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a
implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)
Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem
A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi
composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo
ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem
ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos
setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo
planejadas
A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro
utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade
(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o
exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o
114
planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de
enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro
A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que
devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de
decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc
Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer
gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro
organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de
accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)
Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica
evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um
referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns
pacientes
Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina
relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada
cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que
aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo
temos neste setor o processo de enfermagem (E21)
Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte
da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno
relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)
Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste
hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos
(E11)
Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei
a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a
diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)
Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na
intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta
demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do
desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute
desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os
sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das
115
demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela
atrasaria o processo de trabalho
Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por
enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem
a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de
trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et
al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)
Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de
construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo
e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da
administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No
segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base
cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso
eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o
pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo
maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG
MANTOVANI LACERDA 2004)
Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros
investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma
abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo
agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos
serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas
de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da
ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem
a devida avaliaccedilatildeo e planejamento
A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica
de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo
consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos
contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma
terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo
(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)
116
O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e
resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento
profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica
e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)
As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com
uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito
de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do
cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar
esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)
Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e
tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local
de trabalho
Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de
problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e
promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)
O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a
referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de
forma sistematizada e natildeo sistematizada
Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o
processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de
cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades
de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de
cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)
Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da
SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo
social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe
conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o
meacutetodo na praacutetica cotidiana
As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e
satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma
forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo
sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo
117
ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia
visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees
desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado
fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo
Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades
diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de
trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento
meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital
acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem
muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento
Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem
Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo
ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam
destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e
ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado
prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da
crianccedila
No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi
possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as
demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar
atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que
visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas
Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando
tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo
primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois
passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas
pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)
Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar
o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os
direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos
eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)
Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os
prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um
chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas
de forma a atender a todos (E34)
118
Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras
deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva
era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos
constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em
seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a
subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina
(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)
Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees
sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento
meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de
enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como
secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico
(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia
em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia
auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et
al1997)
Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo
tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos
cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda
persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer
objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo
que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o
cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente
de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos
teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos
De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-
se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo
muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico
distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de
trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo
119
assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na
neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos
A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o
conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada
de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios
cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se
desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e
autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem
objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo
pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado
e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)
A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe
contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir
tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de
conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre
reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-
do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam
atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem
comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo
paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens
meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem
ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso
do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao
cuidado
Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a
secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento
de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas
120
do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo
a consulta de enfermagem
Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo
indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico
Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o
hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias
poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o
qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE
O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No
ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de
profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a
conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de
decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)
A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute
desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como
lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute
compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a
comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com
a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada
membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as
atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO
RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)
Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do
plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os
atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um
planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto
assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades
Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura
hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e
funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As
falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais
para tocar o plantatildeo
121
O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao
cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a
interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente
coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo
(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da
sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede
Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como
sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que
reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em
detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)
No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta
organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as
especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute
faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames
meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)
Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o
trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as
mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o
plantonista ou o residente (E34)
Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a
escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades
de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a
equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)
Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a
necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do
profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo
para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem
Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de
procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente
debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo
de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)
Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o
conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na
122
cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico
(ZEFERINO et al2008)
Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem
agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver
restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os
clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade
mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana
(WALDOW 2015)
Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a
forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os
cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)
As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das
encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a
cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento
se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um
abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica
Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos
cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui
para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como
ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro
O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo
somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na
evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir
sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE
2007)
Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de
enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento
iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees
com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)
(SALVADOR et al 2015)
A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de
profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para
123
um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios
que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos
pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado
paciente
Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os
desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo
ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento
incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de
enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento
do processo de enfermagem (NEVES 2010)
Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de
dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]
precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela
possa representar algo Na maioria das vezes ela se
transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio
do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de
enfermagem lecirc (E34)
Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando
que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a
participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os
teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou
davam continuidade (E7)
Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de
protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no
empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo
Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe
de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA
LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores
para seu desenvolvimento
Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e
precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre
cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia
124
Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui
que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e
as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de
solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de
enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede
pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e
desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo
da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem
satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados
Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do
roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou
incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia
Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a
elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al
(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees
de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o
desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e
habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico
Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem
cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento
cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila
para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a
recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os
cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois
viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio
cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)
Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo
ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores
125
dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade
da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes
seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos
distintos recursos
O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo
constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser
realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo
qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus
familiares (DONNERWHEELER 2004)
A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance
dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de
processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado
dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade
no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa
estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)
Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes
vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a
qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE
Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e
residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta
de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns
pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de
secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)
A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios
A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos
colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)
O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria
no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros
setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu
mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)
Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes
dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento
por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos
deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de
126
serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais
para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo
biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et
al 2015)
Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)
apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em
UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da
SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de
apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade
foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e
burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo
a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas
conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa
metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais
sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos
humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de
conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de
implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente
Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a
melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de
accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo
enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado
cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes
Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu
trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito
importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas
nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas
Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer
enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais
127
natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute
cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente
no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a
instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua
famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de
demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades
de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico
Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas
medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees
de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar
do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e
envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do
dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da
instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na
responsabilidade do cuidar do outro
Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a
importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida
considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado
a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no
atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico
requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de
enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria
compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda
Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para
implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das
chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos
enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute
possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que
permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR
SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO
TERRA 2016)
128
Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem
Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo
ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as
possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar
a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados
O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua
dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico
planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES
AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES
SILVA LEITE 2015)
A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades
ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade
Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na
infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE
Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas
determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer
com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do
que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila
encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a
proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua
sauacutede mental (COLLET 2001)
Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave
crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a
reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar
Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o
momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante
Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da
informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma
resposta de um sistema por exemplo (E41)
Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou
colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro
momento eu abordo em um segundo momento (E38)
Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de
coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante
129
estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma
cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)
Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o
procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as
perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento
(E13)
Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute
importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem
do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de
cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e
emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)
Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro
deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem
sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se
constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de
enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na
famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET
2013)
A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento
de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos
trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras
(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o
momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia
e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE
Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute
fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre
enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona
o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem
para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente
Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro
tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e
valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e
desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva
130
(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e
restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o
diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre
a condiccedilatildeo do cliente
O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras
da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades
de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando
uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam
a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o
estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA
2013)
No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador
por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se
processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e
valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e
apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)
Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em
ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de
prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da
comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para
que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de
desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN
WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS
SOUZA 2013)
Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a
crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila
Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a
como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do
tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste
processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia
(MARQUES etal 2014)
Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da
coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo
131
de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e
em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o
momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito
importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia
A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de
enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila
e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do
enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de
enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito
(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015)
Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e
fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das
peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros
sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)
Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da
coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta
de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE
nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir
Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto
tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees
realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)
O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela
fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o
nosso serviccedilo (E39)
Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser
melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e
desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de
maneira satisfatoacuteria (E41)
Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a
pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de
coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor
pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades
132
humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de
desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente
Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo
da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a
otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria
em virtude da especificidade
Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de
enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado
padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de
dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa
Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos
favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita
os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a
crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados
prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil
(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)
A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o
levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e
para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas
e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo
enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses
para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da
profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento
de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de
organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)
Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute
importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de
desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de
sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees
relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em
sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida
133
Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo
abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as
explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN
H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de
escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo
conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e
falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)
Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes
de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus
pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o
enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas
para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de
forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas
Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a
SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para
o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar
A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar
e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo
checklist(E38)
Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a
realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como
deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)
Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a
educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o
grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou
orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)
Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos
alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre
qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em
qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta
realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as
dificuldades e qualificar os profissionais
134
O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a
qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e
seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa
e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento
(CUCOLO PERROCA 2015)
Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo
necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio
da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo
que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES
SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute
necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por
todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos
profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo
permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES
RESCK CAMELO TERRA 2016)
Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de
tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo
desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a
real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco
conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit
de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de
aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o
momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de
crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela
educaccedilatildeo permanente do hospital
135
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE
construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e
sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana
Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que
prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era
formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que
predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela
instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato
lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)
Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo
empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no
mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano
Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute
constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e
qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de
outras regiotildees do estado e paiacutes
Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a
SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo
sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e
qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade
formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as
dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como
fortalecendo a importacircncia deste
A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras
conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo
central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo
grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite
ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada
136
Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento
rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o
desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos
ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros
a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como
requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda
na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este
processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este
fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo
grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente
correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede
Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem
destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de
competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a
autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram
nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas
fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados
positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem
Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os
enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante
o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do
cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros
conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo
de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem
Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e
distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo
praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento
natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de
importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a
qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano
Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo
de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois
137
natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as
mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria
Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as
representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o
saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo
profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui
da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas
As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as
lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator
positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a
superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim
considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a
amplitude dos aspectos que emergiram
Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada
no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades
abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica
assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o
planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem
A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e
a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro
desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de
incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar
e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem
Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira
positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo
hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do
enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo
da autonomia profissional
Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais
enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo
permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de
enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho
contribuem com a RS da praacutetica do cuidado
138
Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo
de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante
construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam
contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a
possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas
Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de
instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas
diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho
139
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161
APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua
decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a
decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido
pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os
resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute
divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a
sua participaccedilatildeo neste estudo
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do
estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra
eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma
alguma
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira
InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de
Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976
A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade
Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees
sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois
hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do
emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa
descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as
profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila
Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos
pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver
alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc
de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail
cepunematbr
Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em
sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou
lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem
o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa
162
Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito
Eu ______________________________________________RGCPF
____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as
informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em
hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como
sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a
serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem
penalidades ou prejuiacutezo
Caacuteceres _____de __________________de 20___
_____________________________________
Assinatura do participante
____________________________________
Assinatura do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste
sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____
______________________________________
Carolina Sampaio de Oliveira
CPF834 627671 - 00
Pesquisadora responsaacutevel
163
APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as
suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas
seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica
Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________
Data ______________________
Idade _____________________
Sexo______________________
Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________
Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________
Titulaccedilatildeo ______________________
1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE
1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE
2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE
2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho
2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho
2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE
3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE
4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem
5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu
cotidiano de trabalho
6- E os que dificultam
164
APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
APEcircNDICE C
Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________
Data_______________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagemrdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAErdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
165
ANEXO 1
166
167
4
Dedico este trabalho a Deus a minha matildee pelo
amor incondicional ao meu pai pelo apoio diaacuterio
ao meu esposo pelo amor e cumplicidade as
minhas irmatildes pelo carinho e amizade e em
especial dedico as minhas maiores becircnccedilatildeos meus
filhos Gabriela e Eduardo que diariamente me
ensinam o que eacute AMAR de verdade
5
AGRADECIMENTO
A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em
minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra
Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e
sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora
pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem
me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura
familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu
grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar
os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que
me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas
Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr
Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas
de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste
sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos
6
[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []
Gaston Bachelard
7
RESUMO
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese
(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede
Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que
cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem
em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo
qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de
Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila
hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi
constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos
e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a
teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a
caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar
que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com
matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de
associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as
evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois
estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na
SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram
mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a
dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o
provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia
do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante
constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os
conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software
Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees
sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez
referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro
classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees
teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a
existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees
Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de
valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia
profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na
modernidade pela pediatria
Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
8
ABSTRACT
OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of
Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department
of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized
children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western
region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on
Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who
worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data
collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the
characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the
interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used
Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007
where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly
female and with skilled labor In the second stage the product from the free word
association technique was analyzed by the EVOC software which organized the
evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from
two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be
understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily
evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing
actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures
the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive
expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge
humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the
groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In
the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste
software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social
representations of the study participants The first axis was composed of a class and
referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four
classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical
representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the
existence of important discrepancies between the representations of these two
dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality
capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional
autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by
pediatrics
Keywords Care child health social representation nurse care sistematization
9
RESUMEM
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten
de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)
- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de
Brasilia Brasilia 2017
Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros
que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio
cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones
Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia
al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el
primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten
de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el
segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de
los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007
donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes
predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda
etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado
por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central
de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de
Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la
primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado
enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la
atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la
representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten
inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo
central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el
enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales
provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el
anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales
de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo
referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro
clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las
representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial
sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas
dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una
realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir
autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas
requeridos en la modernidad por la pediatriacutea
Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la
asistencia de enfermeriacutea
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928
Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32
Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55
Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72
Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do
Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
41
Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43
Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88
Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95
Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco
classes e dois eixos 104
Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com
as palavras destacadas 105
12
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo
Caacuteceres ndashMT201585
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015
84
Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
12345 geradas pelo Alceste 104
14
LISTA DE SIGLAS
AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia
ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto
ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa
CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato
Grosso
CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica
CNS Conselho Nacional de Sauacutede
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem
EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations
MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
MS Ministeacuterio da Sauacutede
PE Processo de Enfermagem
RS Representaccedilotildees Sociais
SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TALP Teste de Anaacutelise de Palavras
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social
UCE Unidades de Contexto Elementar
UCI Unidade de Contexto Inicial
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica
15
SUMAacuteRIO
Apresentaccedilatildeo17
Introduccedilatildeo 19
1 Revisatildeo de Literatura 24
11 O Cuidado de Enfermagem 24
12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29
13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais
35
14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37
141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39
15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45
16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59
2 Referencial Teoacuterico 63
21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63
212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem
66
213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69
3 Meacutetodo 73
31 Tipo de Estudo 73
32 Local de Estudo 73
33 Sujeitos de Estudo 75
34 Coleta de Dados 76
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77
36 Aspectos Eacuteticos 81
4 Resultados e Discussatildeo 83
41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas
83
4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas
88
16
421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor
SAE88
422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo
do Enfermeiro na SAE94
43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem 103
44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106
441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113
5 Consideraccedilotildees Finais 135
Referecircncias 139
Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161
Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163
Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164
Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167
17
APRESENTACcedilAtildeO
Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha
formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das
especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a
emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia
profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se
projetam em minha trajetoacuteria profissional
A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu
crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as
dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de
atuaccedilatildeo ateacute o momento
Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e
realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e
organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e
responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o
estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as
necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo
de adoecimento e internaccedilatildeo
Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do
cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees
desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a
enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia
Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do
cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas
tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade
neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo
Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da
SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)
possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo
sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees
18
de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a
praacutetica assistencial agrave crianccedila
19
INTRODUCcedilAtildeO
Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca
de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos
cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos
mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano
e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e
criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a
assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e
qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente
apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute
implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo
dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE
2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)
A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas
construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a
tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da
praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de
sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)
A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem
sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do
profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo
de enfermagem
Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto
metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a
partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente
construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece
subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no
estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de
20
Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma
organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e
para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico
registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro
possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as
mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO
OLIVEIRA 2012)
Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar
e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um
dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees
fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN
CARRARO 2001)
Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante
frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente
estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de
sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade
equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e
modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo
humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e
econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia
Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo
adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de
enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de
qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas
Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o
enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e
intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)
o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das
caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem
deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo
21
rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas
de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento
familiar
Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que
atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso
investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-
estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro
esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica
quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)
Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o
desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade
da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE
eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia
reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento
da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico
responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL
PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)
Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo
atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um
cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo
enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia
entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho
Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial
pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as
praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou
seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo
destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas
Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do
pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica
conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de
enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos
em detrimento ao processo assistencial
22
Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as
exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE
pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos
enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que
trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas
Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e
incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano
gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe
que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar
e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias
Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando
que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas
representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos
comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a
representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do
enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila
Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma
dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas
exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As
representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda
intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL
2004)
Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria
das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo
bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente
na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa
que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso
de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa
como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores
(SAacute 2002)
Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel
proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e
funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos
23
enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a
compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida
permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional
enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial
Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees
sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais
Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos
1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca
SAE
2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros
acerca da SAE
3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas
4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE
5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo
da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila
O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma
Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar
os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema
Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o
constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa
Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de
apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE
Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os
resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as
representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades
encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta
Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e
reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais
da SAE no atendimento de crianccedilas
24
1REVISAtildeO DE LITERATURA
11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM
A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte
requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo
rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor
pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore
comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito
de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das
artes
(Florence Nightingale)
Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que
evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-
se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano
em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos
basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de
agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e
solicitude (HEIDEGGER 2008)
Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a
serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico
que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON
2003)
O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e
deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver
molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando
valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees
(BOFF 1999)
Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a
natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem
deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da
vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e
por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)
O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado
Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas
sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois
25
cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER
1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de
necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA
VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)
Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente
companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O
cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o
cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada
coisa
A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio
(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo
para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante
diferentes culturas
1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo
pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar
pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato
2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo
dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia
3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza
O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda
caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou
prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de
preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado
(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)
Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos
a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades
pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter
garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)
Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com
profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma
ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral
acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)
26
O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para
caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado
humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)
A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio
familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada
respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente
procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna
(GEOVANINI 2002)
Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a
enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse
contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo
de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das
pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos
(CESTARI 2003)
Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a
criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A
enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da
profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo
transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e
evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade
artiacutestica (WALDO 2001)
O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede
e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse
entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas
Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente
eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um
agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela
responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia
de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a
enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que
mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER
PERRY 2004)
27
O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que
permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos
extremamente beneacuteficos para ambas as partes
O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento
e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O
cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus
familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia
coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)
Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um
funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum
desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)
Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado
de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social
econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)
O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo
de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente
independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o
ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do
adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos
envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)
Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo
entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo
de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis
que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e
essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de
procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em
que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade
de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos
Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique
clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta
de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir
preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres
28
humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai
aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)
De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em
duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se
caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os
cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto
de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo
necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto
da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999
BORGES 2011)
Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1
Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)
CUIDADOS CARE
Cuidados de
estimulaccedilatildeo
Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio
(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas
capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)
Cuidados de
confortaccedilatildeo
Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo
aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo
da experiecircncia
Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de
pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de
comunicaccedilatildeo e partilha
Cuidados de
compensaccedilatildeo
Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou
que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais
Cuidados de
manutenccedilatildeo da vida
Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e
vestir-se
Cuidados de
apaziguamento
Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor
os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor
utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo
psicomental desses momentos
Fonte Colliegravere 1999
29
A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio
diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia
que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada
agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde
as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do
tratamento (COLLIEgraveRE 1999)
Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de
que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver
a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera
Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos
cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e
habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas
da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute
esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza
forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute
a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel
Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se
como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o
sentir saber- fazer (WALDO 2001)
Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de
procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que
melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando
limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente
(BORGES 2011)
12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO
A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e
das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes
sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental
oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)
As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da
profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo
30
O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas
Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de
tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade
de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do
trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras
capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a
morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma
forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)
As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da
proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou
feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)
Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em
realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo
cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud
Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela
sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que
nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida
como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras
Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das
caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios
cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos
bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia
(OGUISSO 2005)
Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua
praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em
detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a
seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO
QUEIROZ 2006)
Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da
enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos
procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de
justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada
31
situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a
condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)
Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em
fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)
a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante
para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees
foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo
Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria
contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de
infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES
SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos
de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar
Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de
enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e
cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson
e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as
escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a
analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto
profissatildeo
Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes
para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que
direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de
conhecimentos proacuteprio do enfermeiro
Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos
como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A
primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on
Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o
estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade
de Yale (NEVES 2010)
Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados
influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo
organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da
enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)
32
O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950
como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e
evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de
Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho
para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)
Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A
primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como
problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do
diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os
dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste
dos resultados
Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o
desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como
profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o
desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de
conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da
assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento
destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da
enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico
forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)
Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1952 Hildegard E
Peplau
Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da
personalidade
1960 Faye G Abdellah
Irene L Beland
Almeda Martin
Ruth V Matheney
Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de
enfermagem
1961 Ida Jean Orlando
O processo interpessoal alivia o sofrimento
1964 Ernestine
Weidenbach
O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da
arte de cuidado individualizado
33
Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952
ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado
para a auto-estima
1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade
1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que
evoluem ldquonegentropicalmenterdquo
1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade
1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em
direccedilatildeo ao estabelecimento de metas
1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel
1976 Josephine G
Paterson
Loretta T Zderad
Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar
1978 Madeleine M
Leininger
O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes
culturas
1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma
engajados um ao outro
1980 Dorothy E
Johnson
Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica
1981 Rosemarie Rizzo
Parse
Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede
1989 Patricia Benner
Judith Wrubel
O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem
Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e
consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua
Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2004 p 68-80
Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia
tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do
cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais
inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees
para o ser humano
34
Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da
sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de
conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro
(KRUSE 2006)
O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo
inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem
em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos
Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de
assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora
ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de
enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a
organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila
alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees
individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia
personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as
necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o
cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da
sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)
A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo
cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional
o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido
atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo
de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como
acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)
Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo
de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que
influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os
recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a
implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos
(NEVES 2010)
Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu
fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo
35
do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os
procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do
cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e
instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)
13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO
BRASIL - ASPECTOS LEGAIS
As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil
tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de
Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de
Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do
cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem
abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram
os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que
desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem
No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de
Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na
deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por
Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia
ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do
processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia
cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)
O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica
profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a
utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras
(OGUISSO 2005)
A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa
do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986
visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente
com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e
comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo
nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras
36
A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009
dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que
compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar
o processo de enfermagem
Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em
todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como
direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e
totalitaacuterio aos clientes
Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo
deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou
privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem
sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-
se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo
hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de
sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas
entre outros
sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos
ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees
comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem
corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como
Consulta de Enfermagem
A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional
quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o
processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta
os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados
o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a
implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN
2009)
Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num
suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento
de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou
intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a
avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados
Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no
7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de
junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na
execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a
alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe
privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das
37
respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um
dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a
prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem
realizadas face a essas respostas
Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento
profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que
proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos
errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE
favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e
baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como
ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa
14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem
por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do
enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o
paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a
implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura
atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado
fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico
cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais
estabelecidas
Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento
otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro
organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede
que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia
ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da
populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)
O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos
por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das
accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este
38
instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa
estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e
cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico
fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do
trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para
que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma
organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)
Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia
de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando
a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam
contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo
famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO
2004)
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo
utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento
da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA
1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do
enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo
Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma
prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar
mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma
relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a
humanizaccedilatildeo da assistecircncia
A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de
Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a
possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento
pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia
refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE
ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma
metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano
39
da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros
e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a
auditoria o uso do processo de qualidade
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a
atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e
com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas
141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem
A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende
aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo
organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA
BOCCHI 2013)
Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar
atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para
promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho
metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do
cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees
sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente
qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de
crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um
fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos
(HORTA 1979)
Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE
elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a
proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento
cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada
e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da
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assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem
da instituiccedilatildeo hospitalar
Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas
teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da
famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo
que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)
O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases
Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases
em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos
autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo
de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na
primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil
para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado
com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)
Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se
de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a
assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala
tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir
Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam
alertando e direcionando os questionamentos
Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece
a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita
obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que
estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)
(NEVES 2010)
Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a
autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das
caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido
A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase
inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando
ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-
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LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente
de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames
Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do
instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste
instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda
os propoacutesitos da SAE
Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
Fonte Horta 1979
Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo
ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve
capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa
que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as
peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o
instrumento de coleta de dados seraacute utilizado
Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam
legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa
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sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos
cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte
de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS
2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de
confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees
relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade
sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos
abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem
A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem
Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o
planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No
processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em
evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando
a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE
2005)
Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de
anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-
LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a
intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel
detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de
outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade
Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e
classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees
consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe
consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das
etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro
encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros
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profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre
Fonte Alfaro-Lefevre 2005
Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia
Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das
prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer
quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente
definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada
diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados
(ALFARO-LEFEVRE 2005)
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA
2005)
A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios
que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as
intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem
posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que
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propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os
registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees
registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam
surgir (CARPENITO 2005)
Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia
A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o
momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na
fase de planejamento
Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos
cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as
necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre
(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se
estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir
realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e
registrar
Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser
anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em
praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao
cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve
determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam
ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser
realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo
Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da
assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na
qualidade do plano de cuidados
Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute
solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda
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etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam
ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a
prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)
Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute
fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para
cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades
realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as
decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado
(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos
procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida
15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA
SAE
Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem
o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma
metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias
operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial
Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de
trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais
em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal
sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas
condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)
A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma
dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da
metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios
teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo
busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-
se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela
maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os
problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia
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neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE
VIEIRA 2005)
Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute
preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes
habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente
conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os
demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do
enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da
SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia
poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica
Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-
SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo
dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam
como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia
eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da
instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)
Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o
desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como
desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a
formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em
conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho
Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a
implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os
profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de
estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave
inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial
Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia
assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no
momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e
rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu
potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por
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sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a
implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das
instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de
forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem
natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)
Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo
de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees
em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras
e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma
cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na
praacutetica assistencial e gerencial
Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo
hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe
de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de
enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo
sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)
Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a
insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos
profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua
elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo
paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo
A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao
paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas
vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que
natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico
hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio
(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)
Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem
determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de
gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito
Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe
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e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais
dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS
CABRAL 2013)
Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem
contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas
vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente
cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe
(SHIMIZU CIAMPONE 2002)
A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de
uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a
troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)
Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se
um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial
Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento
da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano
de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o
desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a
equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo
(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)
Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso
com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a
equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos
que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual
e consequentemente qualidade da assistecircncia
Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de
pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees
mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da
qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)
49
16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA
Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida
da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a
afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um
ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar
a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos
dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave
liberdade e agrave dignidade
(Beatriz Oliveira 1997)
A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos
passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees
acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente
relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de
produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica
Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente
passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades
especiacuteficas (AIREgraveS 1994)
Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo
se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um
modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das
cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede
para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)
O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a
crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia
cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo
geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo
Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais
e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)
A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo
desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou
a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada
quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS
1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da
matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)
50
Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas
sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se
pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de
capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos
problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN
2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e
reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do
paiacutes
No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de
praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo
havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de
conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene
corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos
Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas
como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila
nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras
medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)
O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo
ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos
e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA
ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)
cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da
infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo
(WHALEY WONG 2015)
O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre
a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado
dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente
riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram
consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas
aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)
A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e
sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e
terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento
51
com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a
praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA
SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o
hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo
Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859
nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a
praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na
puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e
higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)
A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria
especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido
nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de
enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e
desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que
fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas
sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)
Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em
que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme
a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a
fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees
inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)
A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de
expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive
utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave
constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel
cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)
O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais
baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado
possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo
contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto
Rocha e Almeida (1993) colocam
[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras
identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em
fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser
52
em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de
seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam
entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento
infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para
instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e
nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas
que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993
p25)
Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees
ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento
e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as
evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam
a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e
respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se
modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram
diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas
estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais
sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem
identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-
relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)
Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave
crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade
do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo
anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem
o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)
Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo
natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela
observaccedilatildeo
As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo
da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das
doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que
os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do
ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia
avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento
53
ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese
desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)
(WHALEY WONG 2015)
No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no
conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila
passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo
educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o
dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos
Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo
hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)
Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se
principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua
famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de
reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do
cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no
hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do
binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o
calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um
viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA
ALMEIDA 1997)
Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua
a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos
familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade
vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas
para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do
acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila
(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a
ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se
necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo
de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)
A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de
assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser
amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o
54
contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a
informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto
pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante
a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em
consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia
hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto
terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear
problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas
e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar
que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que
envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a
seus filhos
As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila
orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel
da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a
abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede
(ELSEN 2002)
A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia
integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um
ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros
portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute
determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET
ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da
crianccedila hospitalizada
55
Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila
Aspectos
Assistenciais
Centrada na
Patologia
Centrada na
Crianccedila
Centrada na
Famiacutelia
Foco Doenccedila da crianccedila
com abrangecircncia
intra-hospitalar
Crianccedila doente com
suas caracteriacutesticas de
desenvolvimento
abrangecircncia intra-
hospitalar
Famiacutelia vivenciando
a doenccedila e
hospitalizaccedilatildeo de
uma de suas crianccedilas
abrangecircncia intra e
extra-hospitalar
Objetivos Tratar a doenccedila ou
recuperar a sauacutede da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
favorecer o
desenvolvimento da
crianccedila estimular a
participaccedilatildeo da
famiacutelia no cuidado da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
para a crianccedila e sua
famiacutelia incentivar a
co-participaccedilatildeo da
famiacutelia nas tomadas
de decisatildeo favorecer
sua integridade e
pontencializar forccedilas
Visatildeo da
Hospitalizaccedilatildeo
Evento necessaacuterio ao
diagnoacutestico e
tratamento manejado
por uma equipe de
especialistas
Evento necessaacuterio
poreacutem determinador
de estresse para a
crianccedila
Evento estressante
para a crianccedila e sua
famiacutelia que pode
determinar ruptura no
funcionamento
familiar
Caracteriacutesticas fiacutesicas
da unidade
Ecircnfase na
organizaccedilatildeo e no
funcionamento
normas e rotinas
rigorosas
estabelecidas
pobreza de decoraccedilatildeo
ou outras
caracteriacutesticas
infantis leitos
distribuiacutedos pela
enfermaria por
patologias
Maior flexibilidade
de organizaccedilatildeo e
funcionamento
decoraccedilatildeo infantil
ambiente para
recreaccedilatildeo e
caracteriacutesticas fiacutesicas
adequadas agraves
necessidades das
diferentes faixas
etaacuterias e ao conforto
do acompanhamento
leitos distribuiacutedos
conforme a idade e as
necessidades das
crianccedilas
Flexibilizaccedilatildeo de
organizaccedilatildeo e
funcionamento com
vistas tanto a
favorecer a atuaccedilatildeo
da equipe como da
famiacutelia decoraccedilatildeo
infantil local para
recreaccedilatildeo e conviacutevio
entre famiacutelia-crianccedila-
equipe
Tomada de decisotildees Vertical centrada na
figura do meacutedico
Horizontal poreacutem
centrada na equipe de
sauacutede
Horizontal
compartilhada entre a
equipe e a famiacutelia
Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios
objetivos como
evoluccedilatildeo dos sinais e
sintomas tempo de
hospitalizaccedilatildeo
estatiacutestica de alta com
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
outros subjetivos
como o grau de
participaccedilatildeo da
crianccedila e da famiacutelia
influencias no
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
subjetivos anteriores
e outros como
satisfaccedilatildeo e niacutevel de
funcionamento da
famiacutelia tanto no
56
a doenccedila curada
melhorada oacutebitos
comportamento
assim como no
crescimento e
desenvolvimento da
crianccedila
acircmbito hospitalar
como na busca e
utilizaccedilatildeo dos
recursos da
comunidade extra-
hospitalar
Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma
perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL
Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008
A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo
de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia
hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de
melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do
aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do
fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)
A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute
preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo
agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de
um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para
o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas
ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e
resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)
Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade
assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar
Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores
envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em
todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de
trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo
permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas
enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante
da profissatildeo
Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a
processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente
medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na
57
divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias
estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais
afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas
na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees
Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto
terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no
cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila
Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma
unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem
agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de
vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo
dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros
No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o
planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as
caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico
com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e
seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER
2013)
Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista
dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma
organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e
o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos
filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)
Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave
busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de
sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no
processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees
que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA
2010)
58
O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o
desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e
possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser
sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE
para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila
A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma
abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado
(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de
adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital
algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no
cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo
dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA
GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro
se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores
interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a
individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o
ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila
Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades
individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como
a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que
proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere
ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo
entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)
Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA
etal2012)
Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar
complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior
estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave
59
crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de
atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)
Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees
conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de
enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado
ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e
a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de
permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)
Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos
positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem
individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional
que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior
qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo
para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo
um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila
A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o
profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas
compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo
da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado
proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a
participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada
e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros
profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o
desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA
etal2012)
60
Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de
condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o
conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)
(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento
relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma
que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de
sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo
A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas
especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de
organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades
relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de
decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas
Fase I - Histoacuterico de enfermagem
Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de
informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de
observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico
(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)
Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos
fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de
desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu
desenvolvimento (SCHMITZ 2005)
No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da
coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista
juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a
caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como
o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no
atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o
histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem
ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades
e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)
61
Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem
Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou
comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais
proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance
de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA
2008)
Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um
sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais
de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos
reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)
Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a
crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo
relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo
verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada
Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade
Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO
SILVALOPES 2006)
Fase III - Planejamento de Enfermagem
A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no
diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou
resultado esperado (CARPENITO 2005)
Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia
no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS
SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a
estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma
estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como
brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios
etc (WHALEY WONG 2015)
Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem
Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem
implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees
62
de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila
como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na
medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo
(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a
cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos
problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o
estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes
acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG
2015)
Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo
de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das
condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos
identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas
a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)
(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes
pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento
(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no
desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com
a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou
rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)
Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e
individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o
envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo
facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees
desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o
conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no
planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na
praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia
63
2- REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E
DEFINICcedilOtildeES
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre
duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza
(Serge Moscovici)
Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida
diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as
representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e
valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um
determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As
Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo
dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto
de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)
A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito
que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se
originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a
formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)
O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de
representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica
possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici
nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica
conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias
Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional
quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar
a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam
ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)
As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes
nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para
aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar
64
Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam
de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)
Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as
representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito
ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto
de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de
informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam
nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens
midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para
Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o
conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a
transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo
o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades
tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum
Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do
senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)
Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo
que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar
Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do
senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais
transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e
conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)
De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais
buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia
social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves
representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais
Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas
instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees
interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os
fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em
constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da
interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)
65
Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito
dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante
pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse
respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto
Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se
cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um
encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees
sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as
comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []
Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra
na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita
substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma
praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)
Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta
que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a
responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais
[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social
no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno
pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e
justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis
Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo
necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos
e das coletividades [] para construir um sistema de
pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees
consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social
ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia
(MOSCOVICI 2003 p216)
Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e
valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias
socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de
situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem
influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma
o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA
GAZE CARVALHO 2008)
O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas
pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico
de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele
66
pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees
interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)
A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo
significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza
e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de
fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico
lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de
poder socialmente estabelecidas
A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees
cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos
aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O
senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o
mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)
Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de
categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de
trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas
condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal
Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que
poderatildeo conduzir processos de decisatildeo
A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua
flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no
atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da
TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de
interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas
interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste
processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as
rotinas e cultura do ambiente
212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e
Ancoragem
Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar
o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a
67
partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria
conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na
relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto
Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-
lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De
haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para
compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO
1997)
Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o
conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso
comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS
esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos
estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social
(NOacuteBREGA 2001)
A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom
atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de
crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici
(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que
permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela
Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as
dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste
em prestar atendimento seguro e de qualidade
Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de
um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser
cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma
accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um
ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA
CAMARGO 2007)
Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de
representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos
sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de
formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a
saber objetivaccedilatildeo e ancoragem
68
Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma
representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e
ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo
humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de
significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o
que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo
Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que
datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais
O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite
tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar
abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como
passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens
concretas os quais pela generalidade de seu emprego se
transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978
p289)
A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela
significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a
seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a
naturalizaccedilatildeo
A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e
especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico
determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos
que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato
e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que
satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que
orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA
MOREIRA 2005)
A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um
conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo
figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada
representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real
daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)
Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave
incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes
69
comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e
se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)
A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute
existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-
o a valores e praacuteticas sociais
A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A
familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de
pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a
classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre
um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO
SILVA PADILHA 2009)
Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo
familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie
de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste
lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar
Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees
[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao
social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de
significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores
sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a
instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional
para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005
p38-39)
Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos
conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um
enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse
sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de
conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute
proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos
213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social
A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das
Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o
70
iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais
(ABRIC 2003)
Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas
distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto
por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute
responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo
social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um
grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das
representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material
imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)
O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes
a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e
permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)
A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem
a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais
de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie
de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um
sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC
2003)
Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e
metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central
tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo
central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as
significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela
natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto
ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)
Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos
fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central
ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees
sociais Satildeo elas
1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma
representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute
por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor
71
2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos
de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador
e estabilizador da representaccedilatildeo e
3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas
O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado
de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute
entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel
importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo
relativamente independente do contexto social e material imediato
Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central
Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias
cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas
caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes
transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo
central
O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de
informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema
perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos
poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas
enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum
objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo
significado para esse objeto ou fato
Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees
principais quais sejam (RANGEL 2004)
1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto
2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e
3ordf) preservar a representaccedilatildeo
Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos
ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema
caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo
72
Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico
Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico
Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do
grupo
Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das
histoacuterias individuais
Consensual define a homogeneidade do
grupo
Suporta a heterogeneidade do grupo
Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees
Resistente agrave mudanccedila Transforma-se
Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato
Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e
determina sua organizaccedilatildeo
Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a
diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema
central
Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)
A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser
permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos
cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das
representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como
diferentes instrumentos de coleta de dados
As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se
materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA
PADILHA 2009)
73
3 MEacuteTODO
[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo
social que faz com que ele se comporte socialmente da
maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos
fatos sociais []
(Wolfgang Wagner)
31 Tipo de Estudo
Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa
qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da
compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi
e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados
analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto
significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo
manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona
maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu
planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado
Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge
Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta
diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as
informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico
segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo
disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste
estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas
praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo
planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila
32 Local de Estudo
O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois
Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT
O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44
de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e
situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma
populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal
74
atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria
DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto
Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)
Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela
mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico
de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de
alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila
Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo
pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10
leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)
O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas
tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em
9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados
no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico
funciona com 8 leitos
A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a
respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas
lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem
brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases
da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por
acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de
extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de
celebraccedilatildeo
O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de
estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e
jogos
Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo
utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul
Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos
enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os
espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)
como ambientes de pesquisa
75
A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem
hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco
da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano
2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente
33 Sujeitos de Estudo
O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades
hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de
enfermagem
Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos
diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo
seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua
aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)
O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a
crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento
socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a
construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo
aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem
as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber
cientiacutefico
Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso
ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas
que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos
esporadicamente
Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de
inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por
se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda
76
Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados
nas cliacutenicas das instituiccedilotildees
Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total
Pediatria 4 3 7
UTIN 5 4 9
UTPED 5 4 9
Ambulatoacuterio 3 2 5
Sala de Parto 4 4 8
Centro Ciruacutergico 3 4 7
Total 24 21 45
Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de
estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho
Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres
humanos
34 Coleta de Dados
Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto
por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista
semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que
se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o
conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos
O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu
suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu
em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior
classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe
viessem agrave mente (Apecircndice C)
Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer
favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto
pelos enfermeiros do estudo
77
Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em
virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras
vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do
sujeito para respondecirc-lo
A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou
possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das
manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes
verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees
que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de
apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas
pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade
A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos
questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de
pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador
tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos
investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na
conversa
Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora
Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora
atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de
enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo
inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de
dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim
foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista
enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados
Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as
informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por
meio de valores absolutos e relativos
Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical
por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi
78
criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de
Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo
agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui
dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em
portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de
material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros
com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais
estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical
O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos
contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)
O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado
seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua
apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas
regras
Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se
necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras
atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em
palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram
corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais
formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que
estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das
entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as
falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no
momento da entrevista
A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais
satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS
2011)
1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas
3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados
4- Pesquisa de classes de unidades de contexto
79
5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes
1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas
Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os
primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As
linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada
entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador
Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em
segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)
que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO
2005)
2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas
Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do
software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus
reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das
palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas
destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)
Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE
A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas
reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas
Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar
diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo
sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos
adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO
MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha
3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados
Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e
classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o
caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)
formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase
80
B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente
ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa
satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em
subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)
4-Pesquisa das classes de unidades de contexto
Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute
uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos
ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio
predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas
caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS
2011)
A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e
redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise
fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num
plano fatorial)
O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o
de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos
de UCE denominado de classes
5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo
A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do
software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe
permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por
quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada
classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)
Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras
caracteriacutesticas das classes
A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido
delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu
nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por
ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS
2011)
81
O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais
relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de
classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as
UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e
interpretadas
A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise
qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em
dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos
sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria
da Representaccedilatildeo Social
O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o
corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves
denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que
organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de
evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)
possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a
estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)
As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos
centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central
em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras
A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a
relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor
Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O
eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo
No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos
primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais
elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo
foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a
representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)
36 Aspectos Eacuteticos
Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e
recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi
82
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash
UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer
favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes
assinaram o TCLE
83
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes
- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de
crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros
- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que
Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos
enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila
- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute
apresentado
41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE
CRIANCcedilAS
A viagem mais importante que podemos fazer na
vida eacute encontrar pessoas pelo caminho
(autor desconhecido)
Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas
principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados
para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de
Representaccedilatildeo Social
Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos
participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados
tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45
anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo
masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual
do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a
pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato
Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto
agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante
finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram
o curso em 5 anos
84
Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo
idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo
e titulaccedilatildeo
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash
MT2015
Variaacuteveis N
Faixa etaacuteria (anos)
22 a 29 28 622
30 a 37 15 333
38 a 45
2 44
Sexo
Feminino
Masculino
42
3
933
66
Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo
Publica Federal 5 111
Publica Estadual 28 622
Privada 12 266
Anos de Formaccedilatildeo
lt de 5 anos 3 66
5 anos 39 866
4 anos 3 66
Titulaccedilatildeo
Graduaccedilatildeo 17 377
Especializaccedilatildeo 28 622
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos
variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia
(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37
anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani
e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do
paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)
atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras
Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo
feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em
consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo
85
feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte
influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)
(MENZANI BIANCH 2009)
Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era
proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o
processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava
atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que
abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da
enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa
A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo
dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de
estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para
a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo
profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui
um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade
Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no
campus da capital do estado
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na
instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
6MESES
9MESES
12MESES
24MESES
36MESES
48MESES
72MESES
84MESES
96MESES
120MESES
144MESES
Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1
NUacute
ME
RO
DE
PA
RT
ICIP
AN
TE
S
86
Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais
pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso
objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de
atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia
O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de
grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido
que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de
conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no
contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com
tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode
indicar rotatividade de profissionais de enfermagem
Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre
uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma
relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo
do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo
Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a
movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo
(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)
A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante
para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo
principalmente no que se refere a SAE
A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar
seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se
refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar
selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)
O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo
setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior
tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta
por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na
instituiccedilatildeo
87
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo
setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente
graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de
enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente
de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco
tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender
a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de
saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal
acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade
de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI
2010)
6MESES
7MESES
8MESES
9MESES
10MESES
11MESES
12MESES
14MESES
16MESES
24MESES
60MESES
Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1
NUacute
MER
O D
E P
AR
TIC
IPA
NTE
S
88
42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS
QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo
intencional construir um objeto socialmente
significativo eacute algo que o grupo ou seus membros
fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de
meditar sobre eles
(Wolfgang Wagner)
O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas
representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas
evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas
135 palavras
Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com
meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi
inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise
combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)
Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015
Nuacutecleo Central
Cuidado
Enfermagem
Organizaccedilatildeo
1ordf Periferia
Planejamento
Qualidade
2ordf Periferia
Assistecircncia
Comprometimento
Processo
Responsabilidade
89
A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu
apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora
percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior
esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior
direito) (Quadro 5)
Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015
OMI lt20 ge20
Frequecircncia
Media
Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos
perifeacutericos 1
F Rang
Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500
Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059
ge8 Organizaccedilatildeo
13 1538
Elementos de
contraste
F Rang Elementos
perifeacutericos 2
F Rang
3le
Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000
Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000
lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500
Responsabilidade 3 2000
Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees
Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os
sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo
estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o
nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para
estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto
de trabalho da enfermagem
O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o
provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE
O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve
considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da
enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o
tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo
na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede
90
com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a
manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um
conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos
cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode
ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a
concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho
O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado
na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a
crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado
assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de
redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)
Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o
bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua
condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees
que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT
COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI
2014)
Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da
SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da
enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o
envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que
melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar
a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)
Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e
agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na
melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo
apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e
empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)
O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao
nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece
as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que
a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas
91
profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso
da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente
pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)
Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este
cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma
dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem
recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA
BOCCHI 2013)
A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei
749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e
proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada
categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres
teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila
humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas
relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)
Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve
tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio
desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e
competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN
HIGARASHI 2014)
Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar
possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os
viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem
assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de
cuidado integralizadora
A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de
atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios
instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo
base possa ser considerado integral e resolutivo
As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a
qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta
praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de
92
todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da
assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em
conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)
Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo
ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da
pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem
resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa
baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a
enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar
os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado
Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica
assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja
cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e
sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo
O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias
constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da
primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no
momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham
sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal
do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do
cuidado sistematizado
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa
posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se
apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de
atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves
situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-
se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos
93
indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado
depende de planejamento e leva agrave qualidade
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz
essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a
importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os
termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao
desenvolvimento do cuidado
O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o
enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS
DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade
pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na
cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e
reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)
Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de
base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e
rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos
enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute
o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave
dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do
cuidado
As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como
caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem
o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado
94
A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees
de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do
cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si
As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e
individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e
morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o
conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo
o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de
evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e
ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE
A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia
da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de
enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea
agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes
humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o
desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento
da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de
obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da
autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas
por esta metodologia
422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro
na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente
as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram
as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central
95
desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas
pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado
Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres
MT Brasil 2015
A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado
a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada
em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)
A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da
pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados
tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI
PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por
modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com
base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE
MARRINER 2010)
Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam
elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e
operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)
Nuacutecleo Central
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
1ordf Periferia
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
2ordf Periferia
Ciecircncia
Lideranccedila
96
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015
OMI lt 20 gt = 20
Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos
Perifeacutericos 1
F Rang
gt
=
6
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
7
7
7
1000
1143
1857
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
17
6
6
6
2294
2167
2000
2833
Elementos de
Contraste
F Rang Elementos
Perifeacutericos 2
F Rang
3 lt =
lt 5
Administraccedilatildeo
Autonomia
Comprometimento
Resultados
3
4
5
4
1333
1500
1600
1750
Ciecircncia
Lideranccedila
5
5
2000
2000
Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees
A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar
relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de
enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de
investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET
GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave
assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito
de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e
cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)
Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode
ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos
e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado
Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a
perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos
serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica
integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel
atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece
haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e
articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009)
97
Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da
assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave
assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees
no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional
para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o
cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)
(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)
A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do
cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o
cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia
Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo
tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se
tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo
singular (MOREIRA et al 2012)
Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um
encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e
tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo
revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz
agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)
Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua
competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que
o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da
sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo
humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada
paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura
atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento
especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica
cientiacutefica e humanizada
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da
SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem
98
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se
apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que
estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e
atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo
ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao
sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e
humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a
sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem
Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia
utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila
Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do
enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento
dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO
COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA
2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a
ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que
faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em
virtude da SAE
Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao
se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender
o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este
fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e
geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma
experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA
SANTOS SILVA 2011)
O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial
teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral
99
implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as
necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas
Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio
cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a
SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o
planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das
unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo
feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma
ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns
estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato
integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento
do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-
SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)
Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a
atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do
conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e
desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE
dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da
profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras
que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos
importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou
seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da
SAE no cuidado agrave crianccedila
No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio
construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os
sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto
100
adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias
correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem
perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence
em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias
dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de
Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de
implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de
cada teoacuterico
Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e
arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos
elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por
determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do
pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de
accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar
que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da
aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude
da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a
praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado
direto e indireto
As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees
voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees
indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado
de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que
envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais
precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos
filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue
e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da
qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves
101
necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida
como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da
enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir
posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso
responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e
gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as
expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS
2009)
No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo
exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um
trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de
uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)
(STRAPASSON MEDEIROS 2009)
O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o
estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de
decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade
(DOMIGUES CHAVES 2005)
No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando
o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir
aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de
abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das
clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia
Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto
favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE
conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos
liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada
(DOMIGUES CHAVES 2005)
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem
estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras
102
ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um
potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma
sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los
e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou
seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser
seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem
o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute
sendo dirigido (HERMIDA 2004)
Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros
como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e
proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos
prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais
precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)
Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode
ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a
esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de
cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na
brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo
medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila
Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e
existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante
contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da
ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos
que eacute permeada de subjetividade e objetividade
103
43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre
duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees na realidade eacute isso que as
caracterizam []
(Serge Moscovici)
A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite
desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela
frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram
relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto
Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de
sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem
reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero
criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir
do processamento do corpus
Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu
a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao
quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio
foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia
meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a
identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de
heterogeneidade do vocabulaacuterio
Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes
a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com
frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas
numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram
UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela
classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A
tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes
104
Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015
Classes UCE Palavras
Consideradas
1 108 98 39
2 29 42 10
3 59 82 21
4 34 47 12
5 50 55 18
Fonte Dados da Pesquisa 2015
Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na
classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor
predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18
porcento
Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma
resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo
interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas
demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos
quanto a SAE satildeo distintos
Classe 4
Classe 5
Classe 2
Classe 3
Classe 1
Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos
Eixo 1 Eixo 2
39
10
21
12
18
105
Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja
de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais
buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi
considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou
superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado
A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes
juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das
palavras que foram mais expressivas para compor as classes
Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software
Alceste
Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1
As Dificuldades Operacionais
para a Implantaccedilatildeo
da SAE
Accedilotildees e Envolvimen-
tos para Aproximaccedilatildeo
da SAE
Praacuteticas e dinacircmicas
operacionais da
Enfermagem
A Rotina do Cuidado de
Enfermagem
A construccedilatildeo do conceito da
SAE
Falta Secretaacuteria
Coleta Correria Dados Acho
Tempo Que-se Tivesse
Muito bom Computador
Nuacutemero
Momento Aplicaccedilatildeo
Assim Porque
Ta Entatildeo
Ele Uso
Diferente Vocecirc
Maneira Paciente
Setor Experiecircncia
Centro Relatoacuterio
Nesta Periacuteodo Noturno
Natildeo Hospital
Obsteacutetrico Aqui
Dentro Box
Recebo Plantatildeo
Faculdade Exame Verifico
Emergecircncia Quadro Estatildeo
Depois Pendecircncias
Colega Solicita Dietas
Carrinho
Enfermagem Enfermeira Faculdade
Foi SAE
Curso Contato
Sei Accedilotildees
Assistecircncia Ouvi
Durante Importante
Aula
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
EIXO 2
A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE
EIXO 1
A dimensatildeo Teoacuterica sobre a
SAE
106
Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia
a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo
eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4
(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e
envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da
enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado
na figura 5
Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e
momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o
grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos
facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado
a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas
clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo
44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA
HOSPITALIZADA
441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE
A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso
accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo
agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente
assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da
sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste
fenocircmeno
Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no
cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao
longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel
107
ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais
e institucionais (ALVES COGO 2014)
O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como
elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos
Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no
curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos
da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo
minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE
(E34)
O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem
na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas
de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da
enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no
conteuacutedo da SAE (E9)
Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a
SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros
minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia
ouvido falar na SAE (E26)
Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees
teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo
de graduaccedilatildeo
O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na
visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo
profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades
pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA
KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)
No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as
primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira
Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado
anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo
e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus
familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva
(ALVES COGO 2014)
Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de
modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um
sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa
108
algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias
no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem
capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de
cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)
Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia
para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do
cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente
acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes
conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)
Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo
podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a
representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno
pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e
implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila
As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais
expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a
construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito
baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para
os atos de enfermagem (COFEN 2009)
Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem
constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas
atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa
(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a
enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo
de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro
A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar
a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e
humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o
atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia
do achado (E15)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com
o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente
109
biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado
necessaacuterio (E21)
Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve
acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o
cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)
O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980
quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional
de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro
O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo
do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas
individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra
pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo
de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as
complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)
O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar
focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do
paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia
sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos
conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se
desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas
Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se
associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas
cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante
para direcionar este fazer
No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento
relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as
fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados
Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases
ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)
110
Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial
para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)
A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados
diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que
ele tem contato (E18)
Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute
feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o
NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo
prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)
Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu
trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute
baseada em achados cientiacuteficos (E36)
Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da
enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico
de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial
teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser
desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas
Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de
implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente
como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE
ROSSETO SCHNEIDER 2009)
O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das
Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e
desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico
Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software
Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das
informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de
um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha
disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma
que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem
impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior
esteja preenchida
Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees
precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para
111
preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem
antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente
Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os
discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com
fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento
et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente
reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas
instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em
detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente
Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no
processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada
Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os
Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para
completar as etapas anteriormente realizadas
Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de
Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um
caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)
acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de
problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que
configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem
Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como
forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e
agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos
do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do
grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as
praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto
Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra
suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste
plantatildeo (E9)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do
cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe
tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)
A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute
uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de
riscos e valorizando o cliente (E26)
112
Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que
precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia
(E8)
A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para
planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem
consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para
levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)
A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante
requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi
considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando
significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as
informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas
de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e
contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A
ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia
na continuidade da assistecircncia
Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo
da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo
dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a
burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente
centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo
Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que
favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande
importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que
daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as
especificidades do cliente
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo
113
sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A
aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da
prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e
aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees
vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo
indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente
durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso
acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser
prestado
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os
distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi
composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina
praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a
implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)
Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem
A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi
composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo
ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem
ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos
setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo
planejadas
A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro
utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade
(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o
exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o
114
planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de
enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro
A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que
devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de
decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc
Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer
gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro
organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de
accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)
Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica
evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um
referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns
pacientes
Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina
relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada
cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que
aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo
temos neste setor o processo de enfermagem (E21)
Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte
da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno
relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)
Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste
hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos
(E11)
Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei
a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a
diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)
Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na
intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta
demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do
desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute
desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os
sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das
115
demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela
atrasaria o processo de trabalho
Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por
enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem
a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de
trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et
al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)
Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de
construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo
e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da
administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No
segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base
cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso
eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o
pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo
maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG
MANTOVANI LACERDA 2004)
Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros
investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma
abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo
agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos
serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas
de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da
ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem
a devida avaliaccedilatildeo e planejamento
A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica
de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo
consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos
contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma
terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo
(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)
116
O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e
resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento
profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica
e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)
As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com
uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito
de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do
cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar
esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)
Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e
tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local
de trabalho
Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de
problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e
promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)
O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a
referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de
forma sistematizada e natildeo sistematizada
Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o
processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de
cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades
de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de
cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)
Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da
SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo
social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe
conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o
meacutetodo na praacutetica cotidiana
As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e
satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma
forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo
sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo
117
ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia
visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees
desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado
fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo
Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades
diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de
trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento
meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital
acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem
muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento
Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem
Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo
ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam
destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e
ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado
prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da
crianccedila
No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi
possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as
demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar
atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que
visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas
Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando
tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo
primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois
passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas
pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)
Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar
o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os
direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos
eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)
Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os
prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um
chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas
de forma a atender a todos (E34)
118
Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras
deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva
era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos
constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em
seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a
subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina
(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)
Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees
sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento
meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de
enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como
secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico
(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia
em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia
auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et
al1997)
Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo
tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos
cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda
persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer
objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo
que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o
cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente
de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos
teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos
De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-
se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo
muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico
distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de
trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo
119
assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na
neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos
A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o
conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada
de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios
cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se
desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e
autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem
objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo
pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado
e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)
A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe
contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir
tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de
conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre
reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-
do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam
atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem
comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo
paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens
meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem
ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso
do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao
cuidado
Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a
secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento
de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas
120
do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo
a consulta de enfermagem
Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo
indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico
Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o
hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias
poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o
qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE
O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No
ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de
profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a
conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de
decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)
A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute
desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como
lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute
compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a
comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com
a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada
membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as
atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO
RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)
Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do
plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os
atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um
planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto
assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades
Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura
hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e
funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As
falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais
para tocar o plantatildeo
121
O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao
cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a
interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente
coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo
(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da
sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede
Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como
sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que
reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em
detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)
No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta
organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as
especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute
faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames
meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)
Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o
trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as
mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o
plantonista ou o residente (E34)
Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a
escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades
de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a
equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)
Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a
necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do
profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo
para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem
Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de
procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente
debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo
de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)
Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o
conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na
122
cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico
(ZEFERINO et al2008)
Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem
agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver
restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os
clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade
mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana
(WALDOW 2015)
Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a
forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os
cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)
As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das
encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a
cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento
se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um
abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica
Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos
cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui
para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como
ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro
O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo
somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na
evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir
sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE
2007)
Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de
enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento
iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees
com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)
(SALVADOR et al 2015)
A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de
profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para
123
um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios
que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos
pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado
paciente
Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os
desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo
ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento
incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de
enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento
do processo de enfermagem (NEVES 2010)
Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de
dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]
precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela
possa representar algo Na maioria das vezes ela se
transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio
do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de
enfermagem lecirc (E34)
Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando
que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a
participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os
teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou
davam continuidade (E7)
Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de
protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no
empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo
Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe
de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA
LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores
para seu desenvolvimento
Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e
precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre
cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia
124
Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui
que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e
as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de
solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de
enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede
pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e
desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo
da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem
satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados
Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do
roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou
incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia
Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a
elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al
(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees
de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o
desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e
habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico
Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem
cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento
cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila
para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a
recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os
cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois
viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio
cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)
Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo
ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores
125
dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade
da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes
seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos
distintos recursos
O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo
constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser
realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo
qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus
familiares (DONNERWHEELER 2004)
A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance
dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de
processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado
dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade
no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa
estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)
Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes
vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a
qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE
Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e
residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta
de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns
pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de
secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)
A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios
A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos
colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)
O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria
no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros
setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu
mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)
Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes
dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento
por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos
deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de
126
serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais
para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo
biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et
al 2015)
Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)
apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em
UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da
SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de
apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade
foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e
burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo
a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas
conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa
metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais
sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos
humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de
conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de
implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente
Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a
melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de
accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo
enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado
cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes
Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu
trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito
importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas
nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas
Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer
enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais
127
natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute
cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente
no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a
instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua
famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de
demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades
de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico
Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas
medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees
de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar
do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e
envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do
dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da
instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na
responsabilidade do cuidar do outro
Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a
importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida
considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado
a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no
atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico
requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de
enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria
compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda
Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para
implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das
chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos
enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute
possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que
permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR
SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO
TERRA 2016)
128
Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem
Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo
ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as
possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar
a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados
O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua
dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico
planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES
AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES
SILVA LEITE 2015)
A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades
ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade
Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na
infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE
Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas
determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer
com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do
que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila
encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a
proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua
sauacutede mental (COLLET 2001)
Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave
crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a
reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar
Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o
momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante
Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da
informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma
resposta de um sistema por exemplo (E41)
Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou
colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro
momento eu abordo em um segundo momento (E38)
Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de
coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante
129
estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma
cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)
Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o
procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as
perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento
(E13)
Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute
importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem
do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de
cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e
emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)
Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro
deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem
sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se
constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de
enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na
famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET
2013)
A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento
de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos
trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras
(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o
momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia
e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE
Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute
fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre
enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona
o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem
para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente
Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro
tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e
valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e
desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva
130
(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e
restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o
diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre
a condiccedilatildeo do cliente
O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras
da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades
de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando
uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam
a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o
estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA
2013)
No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador
por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se
processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e
valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e
apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)
Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em
ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de
prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da
comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para
que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de
desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN
WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS
SOUZA 2013)
Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a
crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila
Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a
como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do
tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste
processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia
(MARQUES etal 2014)
Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da
coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo
131
de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e
em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o
momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito
importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia
A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de
enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila
e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do
enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de
enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito
(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015)
Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e
fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das
peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros
sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)
Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da
coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta
de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE
nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir
Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto
tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees
realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)
O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela
fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o
nosso serviccedilo (E39)
Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser
melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e
desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de
maneira satisfatoacuteria (E41)
Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a
pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de
coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor
pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades
132
humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de
desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente
Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo
da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a
otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria
em virtude da especificidade
Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de
enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado
padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de
dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa
Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos
favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita
os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a
crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados
prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil
(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)
A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o
levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e
para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas
e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo
enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses
para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da
profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento
de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de
organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)
Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute
importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de
desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de
sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees
relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em
sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida
133
Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo
abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as
explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN
H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de
escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo
conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e
falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)
Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes
de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus
pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o
enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas
para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de
forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas
Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a
SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para
o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar
A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar
e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo
checklist(E38)
Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a
realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como
deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)
Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a
educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o
grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou
orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)
Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos
alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre
qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em
qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta
realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as
dificuldades e qualificar os profissionais
134
O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a
qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e
seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa
e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento
(CUCOLO PERROCA 2015)
Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo
necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio
da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo
que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES
SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute
necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por
todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos
profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo
permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES
RESCK CAMELO TERRA 2016)
Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de
tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo
desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a
real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco
conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit
de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de
aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o
momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de
crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela
educaccedilatildeo permanente do hospital
135
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE
construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e
sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana
Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que
prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era
formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que
predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela
instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato
lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)
Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo
empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no
mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano
Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute
constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e
qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de
outras regiotildees do estado e paiacutes
Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a
SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo
sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e
qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade
formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as
dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como
fortalecendo a importacircncia deste
A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras
conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo
central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo
grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite
ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada
136
Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento
rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o
desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos
ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros
a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como
requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda
na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este
processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este
fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo
grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente
correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede
Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem
destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de
competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a
autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram
nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas
fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados
positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem
Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os
enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante
o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do
cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros
conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo
de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem
Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e
distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo
praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento
natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de
importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a
qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano
Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo
de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois
137
natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as
mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria
Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as
representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o
saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo
profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui
da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas
As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as
lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator
positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a
superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim
considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a
amplitude dos aspectos que emergiram
Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada
no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades
abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica
assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o
planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem
A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e
a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro
desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de
incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar
e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem
Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira
positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo
hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do
enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo
da autonomia profissional
Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais
enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo
permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de
enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho
contribuem com a RS da praacutetica do cuidado
138
Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo
de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante
construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam
contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a
possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas
Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de
instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas
diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho
139
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APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua
decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a
decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido
pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os
resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute
divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a
sua participaccedilatildeo neste estudo
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do
estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra
eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma
alguma
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira
InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de
Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976
A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade
Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees
sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois
hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do
emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa
descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as
profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila
Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos
pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver
alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc
de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail
cepunematbr
Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em
sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou
lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem
o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa
162
Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito
Eu ______________________________________________RGCPF
____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as
informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em
hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como
sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a
serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem
penalidades ou prejuiacutezo
Caacuteceres _____de __________________de 20___
_____________________________________
Assinatura do participante
____________________________________
Assinatura do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste
sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____
______________________________________
Carolina Sampaio de Oliveira
CPF834 627671 - 00
Pesquisadora responsaacutevel
163
APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as
suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas
seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica
Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________
Data ______________________
Idade _____________________
Sexo______________________
Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________
Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________
Titulaccedilatildeo ______________________
1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE
1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE
2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE
2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho
2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho
2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE
3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE
4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem
5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu
cotidiano de trabalho
6- E os que dificultam
164
APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
APEcircNDICE C
Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________
Data_______________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagemrdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAErdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
165
ANEXO 1
166
167
5
AGRADECIMENTO
A Deus pela sabedoria por iluminar o meu caminho e colocar pessoas tatildeo especiais em
minha vida A Universidade de Brasiacutelia e ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em
Enfermagem pela oportunidade de crescimento intelectual e profissional Agrave Profa Dra
Moema da Silva Borges minha eterna gratidatildeo pelo incentivo dedicaccedilatildeo paciecircncia e
sabedoria durante toda a construccedilatildeo desta pesquisa Aos membros da Banca Examinadora
pela disponibilidade e valiosas contribuiccedilotildees Aos meus pais que amo muito por terem
me guiado para o caminho certo e acreditarem em meu potencial Obrigada pela estrutura
familiar e pela educaccedilatildeo base para minha vida Ao meu marido Leandro Martins meu
grande companheiro pelo amor e apoio incondicional Por sempre me motivar a enfrentar
os desafios Aos meus filhos Gabriela e Eduardo pelos sorrisos abraccedilos e cheirinhos que
me motivam a ser melhor a cada dia A minha querida Tia Ivonir (in memorian) e primas
Josiane e Ivonise pelo constante apoio em Brasiacutelia Ao querido amigo professor Dr
Elioenai D Alves (in memorian) e sua famiacutelia pelo carinho incentivo amizade e trocas
de experiecircncias A todos que contribuiacuteram de alguma forma para a construccedilatildeo deste
sonho meus sinceros agradecimentos Muito obrigada a todos
6
[] nada eacute fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha []
Gaston Bachelard
7
RESUMO
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas 2017 n 167 folhas Tese
(Doutorado) ndash Departamento de Enfermagem Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede
Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
Este estudo teve como objetivo conhecer as Representaccedilotildees Sociais de enfermeiros que
cuidam de crianccedilas hospitalizadas sobre a sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem
em dois hospitais escola da regiatildeo oeste de Mato Grosso Trata-se de um estudo
qualitativo descritivo e exploratoacuterio com base na Teoria das Representaccedilotildees Sociais de
Serge Moscovici realizado com 45 enfermeiros que atuavam na assistecircncia agrave crianccedila
hospitalizada Na coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos o primeiro foi
constituiacutedo por duas partes um questionaacuterio que possibilitou a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos
e um questionaacuterio semiestruturado que viabilizou a entrevista No segundo utilizou-se a
teacutecnica de associaccedilatildeo livre de palavras (TALP) Para anaacutelise dos dados realizou-se a
caracterizaccedilatildeo dos sujeitos utilizando o software Excel 2007 onde foi possiacutevel constatar
que os participantes eram adultos jovens predominantemente do sexo feminino e com
matildeo- de- obra qualificada Na segunda etapa o produto proveniente da teacutecnica de
associaccedilatildeo livre de palavras foi analisado pelo software EVOC que organizou as
evocaccedilotildees e apontou o provaacutevel nuacutecleo central da representaccedilatildeo social a partir de dois
estiacutemulos Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do Enfermeiro na
SAE Pode-se apreender que frente agrave primeira expressatildeo indutora os sujeitos evocaram
mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo que refletem a
dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem no atendimento agrave crianccedila sendo o proacuteprio cuidado o
provaacutevel nuacutecleo central que estrutura a representaccedilatildeo e remete a verdadeira competecircncia
do enfermeiro Para expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante
constituiacuteram o provaacutevel nuacutecleo central refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Na terceira etapa os
conteuacutedos verbais provenientes das entrevistas foram analisados utilizando o software
Alceste Da anaacutelise emergiram dois eixos que organizaram o conteuacutedo das representaccedilotildees
sociais dos participantes do estudo O primeiro eixo foi composto por uma classe e fez
referecircncia a dimensatildeo teoacuterica sobre a SAE O segundo eixo foi organizado por quatro
classe e faz menccedilatildeo a dimensatildeo praacutetica da SAE Aprendeu-se que as representaccedilotildees
teoacutericas natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a
existecircncia de importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees dessas duas dimensotildees
Essas representaccedilotildees natildeo contribuem para o estabelecimento de uma realidade capaz de
valorizar o cuidado de enfermagem pois natildeo satildeo capazes de conferir autonomia
profissional qualificar o cuidado e implementar mudanccedilas de paradigmas requeridos na
modernidade pela pediatria
Palavras chaves Cuidado sauacutede da crianccedila representaccedilatildeo social Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
8
ABSTRACT
OLIVEIRA Carolina Sampaio Social Representations About the Systematization of
Care of Nurses Caring for Children 2017 167 leaves Thesis (Doctorate) - Department
of Nursing Faculty of Health Sciences University of Brasiacutelia Brasiacutelia 2017
This study aimed to know the Social Representations of nurses who care for hospitalized
children about the systematization of nursing care in two school hospitals in the western
region of Mato Grosso This is a qualitative descriptive and exploratory study based on
Serge Moscovicis Theory of Social Representations carried out with 45 nurses who
worked in the care of hospitalized children Two instruments were used in the data
collection the first one consisted of two parts a questionnaire that enabled the
characterization of the subjects and a semi-structured questionnaire that enabled the
interview In the second the technique of free association of words (TALP) was used
Data analysis was performed to characterize the subjects using the software Excel 2007
where it was possible to verify that the participants were young adults predominantly
female and with skilled labor In the second stage the product from the free word
association technique was analyzed by the EVOC software which organized the
evocations and pointed out the probable central nucleus of the social representation from
two stimuli Systematization of Nursing Assistance and Nursing Work at SAE It can be
understood that in the face of the first inductive expression the subjects more readily
evoked the words care nursing and organization which reflect the dimension of nursing
actions in the care of the child being care itself the probable central nucleus that structures
the representation And refers to the true competence of the nurse For the inductive
expression Nursing Work in Nursing Care Systematization the words knowledge
humanization and important constituted the probable central nucleus reflecting the
groups understanding of the functions developed by the nurse in systematizing care In
the third stage the verbal contents from the interviews were analyzed using Alceste
software From the analysis emerged two axes that organized the content of the social
representations of the study participants The first axis was composed of a class and
referred to the theoretical dimension on SAE The second axis was organized by four
classes and mentions the practical dimension of SAE It was learned that the theoretical
representations do not seem sufficient to anchor the care practice pointing out the
existence of important discrepancies between the representations of these two
dimensions These representations do not contribute to the establishment of a reality
capable of valuing nursing care since they are not capable of conferring professional
autonomy qualifying care and implementing paradigm changes required in modernity by
pediatrics
Keywords Care child health social representation nurse care sistematization
9
RESUMEM
OLIVEIRA Carolina Sampaio Representaciones Sociales Acerca de la Sistematizacioacuten
de la asistencia de enfermeros que cuidan a los nintildeos 2017 n 167 hojas Tesis (Doctorado)
- Departamento de Enfermeriacutea de la Facultad de Ciencias de la Salud Universidad de
Brasilia Brasilia 2017
Este estudio tuvo como objetivo conocer las Representaciones Sociales de enfermeros
que cuidan de nintildeos hospitalizados sobre la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
en dos hospitales escolares de la regioacuten oeste de Mato Grosso Se trata de un estudio
cualitativo descriptivo y exploratorio basado en la Teoriacutea de las Representaciones
Sociales de Serge Moscovici realizado con 45 enfermeros que actuaban en la asistencia
al nintildeo hospitalizado En la recoleccioacuten de los datos se utilizaron dos instrumentos el
primero fue constituido por dos partes un cuestionario que posibilitoacute la caracterizacioacuten
de los sujetos y un cuestionario semiestructurado que viabilizoacute la entrevista En el
segundo se utilizoacute la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras (TALP) Para el anaacutelisis de
los datos se realizoacute la caracterizacioacuten de los sujetos utilizando el software Excel 2007
donde fue posible constatar que los participantes eran adultos joacutevenes
predominantemente del sexo femenino y con mano de obra calificada En la segunda
etapa el producto proveniente de la teacutecnica de asociacioacuten libre de palabras fue analizado
por el software EVOC que organizoacute las evocaciones y apuntoacute el probable nuacutecleo central
de la representacioacuten social a partir de dos estiacutemulos Sistematizacioacuten de la Asistencia de
Enfermeriacutea y Actuacioacuten del Enfermero en la SAE Se puede aprehender que frente a la
primera expresioacuten inductora los sujetos evocaron maacutes prontamente las palabras cuidado
enfermeriacutea y organizacioacuten que reflejan la dimensioacuten de las acciones de enfermeriacutea en la
atencioacuten al nintildeo siendo el propio cuidado el probable nuacutecleo central que estructura la
representacioacuten Y remite la verdadera competencia del enfermero Para expresioacuten
inductora Actuacioacuten del enfermero en la sistematizacioacuten de la asistencia de enfermeriacutea
las palabras conocimiento humanizacioacuten e importante constituyeron el probable nuacutecleo
central reflejando el entendimiento del grupo sobre las funciones desarrolladas por el
enfermero al sistematizar el cuidado En la tercera etapa los contenidos verbales
provenientes de las entrevistas fueron analizados utilizando el software Alceste En el
anaacutelisis surgieron dos ejes que organizaron el contenido de las representaciones sociales
de los participantes del estudio El primer eje fue compuesto por una clase e hizo
referencia a la dimensioacuten teoacuterica sobre la SAE El segundo eje fue organizado por cuatro
clases y hace mencioacuten la dimensioacuten praacutectica de la SAE Se ha aprendido que las
representaciones teoacutericas no parecen suficientes para anclar la praacutectica asistencial
sentildealando la existencia de importantes discrepancias entre las representaciones de esas
dos dimensiones Estas representaciones no contribuyen al establecimiento de una
realidad capaz de valorar el cuidado de enfermeriacutea pues no son capaces de conferir
autonomiacutea profesional calificar el cuidado e implementar cambios de paradigmas
requeridos en la modernidad por la pediatriacutea
Palabras clave cuidado salud infantil representacioacuten social sistematizacioacuten de la
asistencia de enfermeriacutea
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 A natureza dos cuidados ldquocarerdquo por Colliegravere 199928
Quadro 2 Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989) 32
Quadro 3 Caracteriacutesticas das Abordagens de Assistecircncia agrave Crianccedila 55
Quadro 4 Caracteriacutesticas do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico 72
Quadro 5 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 89
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das Representaccedilotildees Sociais para o Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do
Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 96
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
41
Figura 2 Etapas do processo de enfermagem ndash Modelo Alfaro - Levefre 43
Figura 3 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo88
Figura 4 Principais termos evocados pelos entrevistados apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 95
Figura 5 Dendograma do corpus das representaccedilotildees sociais da SAE organizado em cinco
classes e dois eixos 104
Figura 6 Dendograma com os tiacutetulos dos eixos e classes das dimensotildees juntamente com
as palavras destacadas 105
12
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na instituiccedilatildeo
Caacuteceres ndashMT201585
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015 87
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash MT2015
84
Tabela 2 Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
12345 geradas pelo Alceste 104
14
LISTA DE SIGLAS
AFC Anaacutelise Fatorial de Correspondecircncia
ALCESTE Anaacutelise Lexical por Contexto de um Conjunto de Segmentos de um Texto
ANVAR Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo agrave Pesquisa
CEPUNEMAT Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato
Grosso
CHD Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
CNRS Centro Nacional Francecircs de Pesquisa Cientifica
CNS Conselho Nacional de Sauacutede
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
DCNENF Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem
EVOC Ensemble de Programm EspermettantlrsquoAnalyse decircs Evocations
MAE Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
MS Ministeacuterio da Sauacutede
PE Processo de Enfermagem
RS Representaccedilotildees Sociais
SAE Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede
TALP Teste de Anaacutelise de Palavras
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TRS Teoria da Representaccedilatildeo Social
UCE Unidades de Contexto Elementar
UCI Unidade de Contexto Inicial
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
UTIP Unidade de Terapia Intensiva Pediaacutetrica
15
SUMAacuteRIO
Apresentaccedilatildeo17
Introduccedilatildeo 19
1 Revisatildeo de Literatura 24
11 O Cuidado de Enfermagem 24
12 Trajetoacuteria de Construccedilatildeo de um Meacutetodo Sistematizado 29
13 A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem no Brasil ndash Aspectos Legais
35
14 Estrutura e Organizaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem 37
141 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem 39
15 Dificuldades para a Implantaccedilatildeo e Desenvolvimento da SAE 45
16 A Evoluccedilatildeo do cuidado agrave Crianccedila 49
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila 57
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila 59
2 Referencial Teoacuterico 63
21 A teoria das Representaccedilotildees Sociais - Origem Conceitos e Definiccedilotildees 63
212 Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e Ancoragem
66
213 A Teoria do Nuacutecleo Central e Sistema Perifeacuterico em Representaccedilotildees Sociais 69
3 Meacutetodo 73
31 Tipo de Estudo 73
32 Local de Estudo 73
33 Sujeitos de Estudo 75
34 Coleta de Dados 76
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados 77
36 Aspectos Eacuteticos 81
4 Resultados e Discussatildeo 83
41 Conhecendo os Enfermeiros do Estudo que Cuidam de Crianccedilas
83
4 2 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que Cuidam de Crianccedilas
88
16
421 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor
SAE88
422 A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo
do Enfermeiro na SAE94
43 Conhecendo o conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem 103
44 As Dimensotildees do conhecimento e Praacutetica da SAE agrave Crianccedila Hospitalizada 106
441 Eixo 1 A Dimensatildeo do conhecimento sobre a SAE 106
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a SAE 113
5 Consideraccedilotildees Finais 135
Referecircncias 139
Apecircndice A ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 161
Apecircndice B ndash Roteiro para Entrevista 163
Apecircndice C ndash Teste de Associaccedilatildeo Livre de Palavras 164
Anexo 1 - Parecer Consubstanciado do CEP 167
17
APRESENTACcedilAtildeO
Meu interesse pelo cuidado agrave crianccedila foi despertado ainda durante minha
formaccedilatildeo acadecircmica Em primeiro lugar foi minha paixatildeo despertada por meio das
especificidades da disciplina Sauacutede da Crianccedila aproximando a razatildeo da ciecircncia com a
emoccedilatildeo e a vibraccedilatildeo do luacutedico depois foi minha primeira aacuterea de experiecircncia
profissional onde cresci como enfermeira conquistei espaccedilos e fiz viacutenculos que se
projetam em minha trajetoacuteria profissional
A possibilidade de fazer parte da vida de uma crianccedila acompanhando seu
crescimento e desenvolvimento prevenindo doenccedilas e assistindo a famiacutelia durante as
dificuldades do processo sauacutede doenccedila eacute o que me fascina e manteacutem neste campo de
atuaccedilatildeo ateacute o momento
Hoje como docente me dedico a preparar meus alunos para se sensibilizarem e
realizarem um cuidado de enfermagem diferenciado a esta clientela individualizado e
organizado em um projeto terapecircutico que inclui a famiacutelia como parte integrante e
responsaacutevel pelo processo Uma das estrateacutegias que utilizo para atingir este propoacutesito eacute o
estiacutemulo a praacutetica do cuidado baseado no planejamento das accedilotildees de forma a atender as
necessidades especiacuteficas de cada crianccedila reduzindo o estresse relacionado ao processo
de adoecimento e internaccedilatildeo
Nessa linha argumentativa vislumbro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem (SAE) o caminho que o enfermeiro possui natildeo soacute para a humanizaccedilatildeo do
cuidado mas para o alcance de resultados especiacuteficos estiacutemulo a autoanaacutelise das accedilotildees
desenvolvidas e o iniacutecio de reflexotildees que conduzem a melhorias impactantes para a
enfermagem a crianccedila e sua famiacutelia
Acredito que organizar e fortalecer os referenciais assistenciais e o sentido do
cuidado de enfermagem prestado agrave crianccedila contribuiraacute para a reduccedilatildeo das iatrogecircnicas
tempo de internaccedilatildeo e agravos responsaacuteveis pelo aumento das taxas de morbimortalidade
neonatal e infantil bem como estimular conhecimento cientiacutefico da profissatildeo
Espero que as reflexotildees advindas neste estudo atraveacutes da compreensatildeo das RS da
SAE no cuidado agrave crianccedila de dois hospitais escolas da regiatildeo oeste do Mato Grosso (MT)
possam geram benefiacutecios aleacutem das fronteiras do meu Estado estimulando a discussatildeo
sobre a importacircncia de um meacutetodo sistemaacutetico e operacional no planejamento das accedilotildees
18
de enfermagem fortalecendo o conhecimento proacuteprio da categoria e ressignificando a
praacutetica assistencial agrave crianccedila
19
INTRODUCcedilAtildeO
Desde a deacutecada de 70 observa-se uma tendecircncia crescente na enfermagem pela busca
de atividades relacionadas agrave organizaccedilatildeo e planejamento de seus serviccedilos Os avanccedilos
cientiacuteficos associados agrave aacuterea do conhecimento da sauacutede estimulam a busca por processos
mais dinacircmicos e cooperacionais que valorizem as diferentes concepccedilotildees do ser humano
e que sejam capazes de integrar as vaacuterias dimensotildees do cuidado de forma inovadora e
criativa (NASCIMENTO KC BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
A enfermagem utiliza um modelo de processo de trabalho que sistematiza a
assistecircncia e direciona o cuidado permitindo seguranccedila autonomia profissional e
qualidade das accedilotildees desenvolvidas denominado Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Este meacutetodo objetiva a identificaccedilatildeo das necessidades do cliente
apresentando uma proposta de accedilotildees individualizadas de atendimento que eacute
implementada por todos os membros da equipe de enfermagem Trata-se de um processo
dinacircmico e que requer na praacutetica conhecimento teacutecnico-cientiacutefico (ALFARO-LEFEVRE
2000) (SALVADOR SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015)
A SAE constitui um instrumento flexiacutevel sustentado por accedilotildees reaccedilotildees e contiacutenuas
construccedilotildees que envolvem o profissional enfermeiro e seus clientes fundamentando a
tomada de decisatildeo a organizaccedilatildeo do cuidado e a construccedilatildeo do conhecimento a partir da
praacutetica Eacute capaz de organizar o trabalho da equipe de enfermagem em todos os niacuteveis de
sauacutede ao paciente famiacutelia ou comunidade (HORTA 1979)
A resoluccedilatildeo 358-2009 do Conselho Federal de Enfermagem - COFEN que dispotildeem
sobre a implementaccedilatildeo da SAE considera que a mesma organiza o trabalho do
profissional frente ao meacutetodo sua equipe e instrumentos operacionalizando o processo
de enfermagem
Nesse enfoque a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem enquanto
metodologia cientiacutefica propotildee-se a ldquoorganizar o cuidadordquo Este objetivo eacute alcanccedilado a
partir da utilizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem (PE) meacutetodo de abordagem ao cliente
construiacutedo ou selecionado a partir de um referencial teoacuterico que possibilita e fornece
subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila as alteraccedilotildees riscos e potencialidades no
estado de sauacutede dos seus clientes (CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
O PE pode ser denominado ainda como Metodologia da Assistecircncia de Enfermagem
Processo de Enfermagem Processo de Cuidado Metodologia do Cuidado Processo de
20
Assistir Consulta de Enfermagem Seja qual for o termo utilizado trata-se de uma
organizaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a individualizaccedilatildeo do cuidado e
para subsidiar a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo da assistecircncia com base em um raciociacutenio cliacutenico
registrado de forma organizada Sua vinculaccedilatildeo agrave praacutetica cliacutenica oferece ao enfermeiro
possibilidade de diagnosticar situaccedilotildees de sua responsabilidade e assim controlar as
mudanccedilas de estado (ALFARO-LEFEVRE 2005) (CHRISTOVAM PORTO
OLIVEIRA 2012)
Como metodologia ele proporciona as evidecircncias para embasar as accedilotildees apontar
e justificar as seleccedilotildees de determinados problemas e direcionar as atividades de cada um
dos integrantes da equipe de enfermagem aleacutem de ser um meacutetodo de registro das accedilotildees
fato que contribui para sua continuidade e visibilidade do cuidado (WESTPHALEN
CARRARO 2001)
Correlacionando o PE e o cuidado da crianccedila em ambiente hospitalar eacute importante
frisar que o modelo de cuidado utilizado pela enfermagem pediaacutetrica no Brasil atualmente
estaacute pautado na humanizaccedilatildeo da assistecircncia e tem como base as poliacuteticas puacuteblicas de
sauacutede adotadas pelo Ministeacuterio da Sauacutede (MS) na perspectiva da universalidade
equidade e integralidade com a utilizaccedilatildeo de tecnologias e a valorizaccedilatildeo de crenccedilas e
modos de vida (COLETT 2001) (GAIacuteVA SCOCHI 2004) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Considera-se entatildeo que o cuidado prestado deve estar aliado a uma visatildeo
humanista e que contemple essa atenccedilatildeo em relaccedilatildeo ao contexto social cultural e
econocircmico no qual estatildeo inseridos a crianccedila e sua famiacutelia
Em virtude das especificidades da assistecircncia pediaacutetrica que associa a intervenccedilatildeo
adequada ao niacutevel do crescimento e desenvolvimento infantil os trabalhadores de
enfermagem que prestam cuidados a este periacuteodo da vida independente do seu grau de
qualificaccedilatildeo enfrentam um quotidiano de trabalho com muitas exigecircncias e cobranccedilas
Nestes espaccedilos de atendimento a crianccedila e de trabalho multidisciplinar o
enfermeiro precisa de boa articulaccedilatildeo para estabelecer conexotildees com os saberes e
intervenccedilotildees distintas dos diversos profissionais da equipe Para Gaiacuteva e Scochi (2004)
o conhecimento deve ser compartilhado e experienciado principalmente em virtude das
caracteriacutesticas de vulnerabilidade do receacutem-nascido penso que esta conduta tambeacutem
deve se estender ao atendimento a todas as fases da infacircncia Salienta-se que um meacutetodo
21
rigoroso de trabalho se faz necessaacuterio para alcanccedilar tais objetivos facilitando as tomadas
de decisotildees que levam a melhora do quadro cliacutenico do cliente respeitando o envolvimento
familiar
Essa argumentaccedilatildeo eacute ratificada por autores que analisam que a enfermagem que
atua no cuidado agrave crianccedila deve exercer a sua funccedilatildeo utilizando meacutetodo cientiacutefico rigoroso
investigando avaliando planejando e realizando procedimentos que favoreccedilam o bem-
estar do cliente e sua famiacutelia e para atingir tal objetivo eacute necessaacuterio que o enfermeiro
esteja inserido na rede social de cuidados de forma consciente competente tanto teacutecnica
quanto cientificamente (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA 2010)
Nessa perspectiva a SAE oferece respaldo seguranccedila e o direcionamento para o
desempenho das atividades contribuindo para a credibilidade competecircncia e visibilidade
da Enfermagem e consequentemente para a autonomia e satisfaccedilatildeo profissional A SAE
eacute um caminho de autonomia para a profissatildeo pois ela representa uma estrateacutegia
reconhecida por permitir uma aproximaccedilatildeo do enfermeiro ao paciente tanto no momento
da sua elaboraccedilatildeo quanto na prestaccedilatildeo do cuidado por exigir conhecimento cientiacutefico
responsabilidade e compromisso profissional (NEVES 2010) (MENEZES PRIEL
PEREIRA 2011) (VITURI EacuteVORA 2015)
Entretanto minha experiecircncia como docente o contato com colegas de profissatildeo
atuantes na assistecircncia hospitalar e a leitura de publicaccedilotildees da aacuterea atentam para um
cenaacuterio onde se faz necessaacuterio uma maior sensibilizaccedilatildeo quanto ao emprego da SAE pelo
enfermeiro Observo uma fragmentaccedilatildeo no processo do cuidar em virtude da dicotomia
entre o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro e sua atividade praacutetica no mundo do trabalho
Falta consonacircncia entre o aprendido e o vivenciado o que favorece a perdas no referencial
pelo natildeo uso ou uso parcelado da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
A ausecircncia desta metodologia assistencial no cuidado agrave crianccedila transforma as
praacuteticas de enfermagem durante a internaccedilatildeo em meras replicaccedilotildees procedimentais ou
seja a teacutecnica pela teacutecnica (fazer sem saber) ou ateacute mesmo falhas na implementaccedilatildeo
destas como o uso de foacutermulas preacute-determinadas (fazer por fazer) natildeo individualizadas
Andrade e Vieira (2005) apontam algumas situaccedilotildees como possiacuteveis causas do
pouco ou natildeo uso da SAE nos estabelecimentos de sauacutede a falta de base cientiacutefica
conhecimento habilidade e atitudes para a fiel implementaccedilatildeo o nuacutemero reduzido de
enfermeiros nos serviccedilos o envolvimento dos enfermeiros em processos administrativos
em detrimento ao processo assistencial
22
Apoacutes um periacuteodo de reflexatildeo sobre a temaacutetica e associando-a ao ambiente e as
exigecircncias do cuidado agrave crianccedila questionei Quais seriam as causas para o natildeo uso da PE
pelos enfermeiros que assistem crianccedilas Qual a importacircncia atribuiacuteda a esta praacutetica pelos
enfermeiros pediaacutetricos Qual a representaccedilatildeo social da SAE para enfermeiros que
trabalham em setores com caracteriacutesticas tatildeo especiacuteficas
Eacute de fundamental importacircncia que toda a equipe de enfermagem compreenda e
incorpore o meacutetodo cientiacutefico no desenvolvimento do processo de cuidar cotidiano
gerando a sua competecircncia profissional Entende-se que a percepccedilatildeo da SAE pela equipe
que presta cuidado agrave crianccedila influencie na atividade terapecircutica favorecendo o bem-estar
e reforccedilando-a como uma praacutetica baseada em evidencias
Considerando a SAE como uma construccedilatildeo social para a enfermagem e aceitando
que os diversos indiviacuteduos constroem e reconstroem seus conhecimentos segundo suas
representaccedilotildees sociais sobre o objeto a partir de sentimentos atitudes conhecimentos
comportamentos e experiecircncias vivenciadas se faz necessaacuterio apreender qual a
representaccedilatildeo social a cerca desta ferramenta que subsidia as praacuteticas cotidianas do
enfermeiro no ambiente de cuidado a crianccedila
Ambiente este que em virtude das suas peculiaridades e singularidades requer uma
dinacircmica assistencial uacutenica com o uso de diversos tipos de tecnologias algumas
exclusivas e atreladas as especificidades de um corpo ainda em desenvolvimento As
representaccedilotildees sociais natildeo implicam sempre uma perspectiva de intervenccedilatildeo mas toda
intervenccedilatildeo supotildee necessariamente se considerar as representaccedilotildees sociais (RANGEL
2004)
Dessa forma por apresentar vaacuterias faces e um caraacuteter multidisciplinar a Teoria
das Representaccedilotildees Sociais - TRS inaugurada por Moscovici (1962) tem contribuiacutedo
bastante nas investigaccedilotildees da aacuterea de sauacutede pois revela grande utilidade particularmente
na enfermagem Em decorrecircncia da sua relevacircncia social da sua composiccedilatildeo polimorfa
que contempla conceitos proposiccedilotildees explicaccedilotildees originadas na vida cotidiana no curso
de comunicaccedilotildees interpessoais tecida por um conjunto de elementos de natureza diversa
como os processos cognitivos inserccedilotildees sociais fatores afetivos e sistema de valores
(SAacute 2002)
Diante destas consideraccedilotildees iniciais entende-se ser importante e justificaacutevel
proceder um estudo que desvele os processos de elaboraccedilatildeo organizaccedilatildeo e
funcionamento das Representaccedilotildees Sociais da SAE no atendimento a crianccedila pelos
23
enfermeiros Espera-se contribuir para a melhoria do cuidado prestado pois a
compreensatildeo das relaccedilotildees entre o conhecimento e a praacutetica assistencial nessa fase da vida
permeadas pelas crenccedilas e valores dos envolvidos possa fortalecer o profissional
enfermeiro garantindo-lhe autonomia e qualidade assistencial
Dessa forma este estudo tem como objetivo geral Conhecer as representaccedilotildees
sociais acerca da SAE de enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em hospitais
Pretende-se ainda atingir os seguintes objetivos especiacuteficos
1 Apreender o conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos enfermeiros acerca
SAE
2 Apreender a estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos enfermeiros
acerca da SAE
3 Identificar onde e como as representaccedilotildees foram forjadas
4 Identificar o grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE
5 Apontar quais os aspectos facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo
da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado a crianccedila
O texto esta estruturado em cinco partes organizando-se da seguinte forma
Parte I ndash Revisatildeo de Literatura Com a finalidade principal de apresentar
os conceitos a partir de uma breve discussatildeo teoacuterica do problema
Parte II - Referencial Teoacuterico Com a intenccedilatildeo principal de apresentar o
constructo teoacuterico e de validar a dimensatildeo interna da pesquisa
Parte III ndash Meacutetodo expotildee o caminho metodoloacutegico seguido a fim de
apreender as representaccedilotildees sociais relacionadas agrave SAE
Parte IV ndash Resultados e Discussatildeo revela de forma detalhada os
resultados obtidos caracterizando os personagens e explicando as
representaccedilotildees do grupo acerca da SAE aproximaccedilotildees e dificuldades
encontradas no ambiente para o desenvolvimento desta
Parte V ndash Conclusatildeo apresenta respostas aos objetivos desta pesquisa e
reflexotildees a respeito das dimensotildees que permeiam as representaccedilotildees sociais
da SAE no atendimento de crianccedilas
24
1REVISAtildeO DE LITERATURA
11 O CUIDADO DE ENFERMAGEM
A Enfermagem eacute uma arte e para realiza-la como arte
requer uma devoccedilatildeo tatildeo exclusiva um preparo tatildeo
rigoroso quanto a obra de qualquer pintor ou escultor
pois o que eacute tratar da tela morta ou do frio maacutermore
comparado ao tratar do corpo vivo o templo do espiacuterito
de Deus Eacute uma arte poder se ia dizer a mais bela das
artes
(Florence Nightingale)
Falar do cuidado eacute falar da histoacuteria de como fomos e somos cuidados o que
evidencia a dimensatildeo ontoloacutegica do cuidado elemento constituinte do ser humano Trata-
se para Heidegger (1989) do solo em que se move toda a interpretaccedilatildeo do ser humano
em sua visatildeo humanista natildeo sendo possiacutevel compreender o ser humano se natildeo nos
basearmos no cuidado O cuidado do outro requer uma atitude fundamental um modo de
agir em que a pessoa se desvincula de si proacutepria e centra-se no outro com desvelo e
solicitude (HEIDEGGER 2008)
Podemos afirmar que o ser humano eacute essencialmente um ser de necessidades a
serem satisfeitas e por isso um ser em busca de cuidado gregaacuterio social sujeito histoacuterico
que constroacutei relaccedilotildees sociais inseridas nas mais diversas condiccedilotildees culturais (BISON
2003)
O ser humano vem dotado de sacralidade dados os seus inalienaacuteveis direitos e
deveres e evolui constantemente rumo ao futuro Na trajetoacuteria histoacuterica do seu viver
molda-se mediante a cultura o meio ambiente o grupo social a que pertence introjetando
valores princiacutepios e idealizaccedilatildeo que daratildeo suporte a suas atitudes accedilotildees e opiniotildees
(BOFF 1999)
Como uma atitude e caracteriacutestica primeira do ser humano o cuidado revela a
natureza humana eacute a maneira mais concreta de ser humano Sem o cuidado o homem
deixa de ser humano desestrutura-se definha perde o sentido e morre Se ao longo da
vida natildeo fizer com cuidado tudo o que empreender acaba por prejudicar a si mesmo e
por destruir o que estiver a sua volta (BOFF 1999)
O cuidado apenas aparece quando a existecircncia de algueacutem adquire significado
Nesse sentido passamos a cuidar participar do destino do outro de suas buscas
sofrimentos e sucessos (BOFF 1999) Eacute um fenocircmeno culturalmente construiacutedo pois
25
cada povo tem sua maneira proacutepria de definir compreender e expressaacute-lo (LEININGER
1978) Eacute accedilatildeo de manutenccedilatildeo agrave vida que garante a satisfaccedilatildeo de um conjunto de
necessidades indispensaacuteveis mas que satildeo diversificadas na sua manifestaccedilatildeo (LIMA
VARGENS QUITETE MACEDO SANTOS 2008)
Para Horaacutecio (65-8 AC) apud Heidegger (2008) o cuidado eacute o permanente
companheiro do ser humano que nunca deixaraacute de amar e desse desvelar por algueacutem O
cuidado permite ao ser humano viver a experiecircncia fundamental do valor daquilo que o
cerca que tem importacircncia e definitivamente conta ou seja o valor intriacutenseco de cada
coisa
A expressatildeo cuidadocuidar tem inuacutemeros sentidos Na definiccedilatildeo de Aureacutelio
(2016) cuidado eacute sinocircnimo de atenccedilatildeo zelo desvelo responsabilidade por preocupaccedilatildeo
para com algueacutem Em Volichi (2000) tem se a descriccedilatildeo etimoloacutegica do termo mediante
diferentes culturas
1) Do latim cura tem o significado de desvelo de preocupaccedilatildeo e de inquietaccedilatildeo
pela pessoa ou objeto amado cogitare ndash cogitatus que significa cogitar
pensar mostrar interesse solicitude atenccedilatildeo bom trato
2) Do inglecircs arcaico carion tem o sentido de ter preocupaccedilatildeo sentir inclinaccedilatildeo
dar preferecircncia respeitar considerar ter afeto ter simpatia
3) Do termo goacutetico KaraKaron expressando afliccedilatildeo pesar tristeza
O verbo cuidar em portuguecircs denota atenccedilatildeo cautela desvelo zelo Assume ainda
caracteriacutesticas de sinocircnimo de palavras como imaginar meditar empregar atenccedilatildeo ou
prevenir-se Representa mais que um momento de atenccedilatildeo Eacute na realidade uma atitude de
preocupaccedilatildeo ocupaccedilatildeo responsabilizaccedilatildeo e envolvimento afetivo com o ser cuidado
(REMEN 1993 BOFF 1999 WALDOW 2001 SILVA et al 2001)
Desta forma compreende-se entatildeo que o cuidado eacute necessaacuterio aos seres humanos
a fim de permitir a continuidade da vida das pessoas dos grupos e das sociedades
pressupotildee-se que sua origem esteja relacionada a qualquer pessoa que ajude outra a ter
garantida a manutenccedilatildeo da sua vida e natildeo a um ofiacutecio ou profissatildeo (COLLIEgraveRE 1999)
Assim em seu sentido mais original o cuidado natildeo tem nenhuma relaccedilatildeo com
profissatildeo eacute uma praacutetica (COLLIEgraveRE 1999) Por profissatildeo entende-se como uma
ocupaccedilatildeo cujas obrigaccedilotildees criam e utilizam de forma sistemaacutetica o conhecimento geral
acumulado na soluccedilatildeo de problemas postulados por um cliente (MACHADO 1995)
26
O cuidado natildeo eacute proacuteprio ou privativo de nenhuma praacutetica profissional para
caracterizar-se como cuidado de enfermagem eacute necessaacuteria a apropriaccedilatildeo do cuidado
humano nato poreacutem com a intencionalidade da accedilatildeo (FILHO1997)
A praacutetica de cuidar na Enfermagem nasceu como intuiccedilatildeo feminina no seio
familiar para depois caminhar na direccedilatildeo de tornar-se uma ciecircncia humanizada
respaldada inicialmente no conhecimento de outras ciecircncias para mais recentemente
procurar fundamentaccedilatildeo em teorias proacuteprias ao que se denomina Enfermagem Moderna
(GEOVANINI 2002)
Ao longo dos seus 150 anos de trajetoacuteria desde sua fundaccedilatildeo no seacuteculo XIX a
enfermagem se fortalece como a profissatildeo voltada agrave ldquoarte e ciecircncia do cuidarrdquo Nesse
contexto a enfermagem como ciecircncia agrega e investe sistematicamente na construccedilatildeo
de uma praacutetica baseada em evidecircncias cientificamente apropriado agrave abordagem das
pessoas que necessitam de conforto bem-estar atenccedilatildeo e aliacutevio dos sofrimentos
(CESTARI 2003)
Jaacute a componente arte expressa o encontro do self com a intuiccedilatildeo com a
criatividade com a imaginaccedilatildeo (re) valorizando o ser e suas interaccedilotildees com a vida A
enfermagem ao adentrar no campo esteacutetico possibilita uma nova visatildeo sobre a praacutetica da
profissatildeo e sua relaccedilatildeo com a complexidade do ser humano Estabelece uma visatildeo
transpessoal sobre o cuidado direcionando-o para uma maior harmonia perfeiccedilatildeo e
evoluccedilatildeo assim como aquela estabelecida durante a concepccedilatildeo de qualquer atividade
artiacutestica (WALDO 2001)
O cuidado de enfermagem estaacute na maioria das vezes ligado ao conceito de sauacutede
e doenccedila uma breve revisatildeo das definiccedilotildees conceituais de cuidado e cuidar indicam esse
entrelaccedilamento descrito por diferentes teoristas
Para Peplau (1992) a enfermagem eacute terapecircutica pois auxilia o indiviacuteduo doente
eou necessitado de cuidados atraveacutes da relaccedilatildeo interpessoal apresentandondashse como um
agente especialmente preparado para reconhecer essa necessidade de ajuda e a ela
responder Newman (1991) afirma que a enfermagem eacute o estudo do cuidar na experiecircncia
de sauacutede humana Henderson (1973) insere o indiviacuteduo como foco do cuidado sendo a
enfermagem o instrumento para auxiliaacute-lo atraveacutes de atividades fundamentais que
mantenham a sauacutede recuperem-na ou contribuam para uma morte digna (POTTER
PERRY 2004)
27
O cuidado como conduta implica uma gama de atitudes e sentimentos que
permitem a quem o executa e a quem o recebe uma interaccedilatildeo capaz de produzir efeitos
extremamente beneacuteficos para ambas as partes
O cuidado de Enfermagem eacute expresso atraveacutes da garantia do aliacutevio do sofrimento
e manutenccedilatildeo da dignidade em meio agraves experiecircncias de sauacutede doenccedila vida e morte O
cuidado humano dispensado pelo enfermeiro deve atingir aleacutem dos clientes e seus
familiares a sua equipe de modo a garantir melhor relacionamento interdependecircncia
coesatildeo e competecircncia (WALDOW 2001)
Portanto o cuidado de enfermagem consiste em accedilotildees em defesa de um
funcionamento comportamental adequado que previna a doenccedila ou caso de algum
desequiliacutebrio ofereccedila uma assistecircncia que conduza a homeostase (BISON 2003)
Ele eacute complexo e demarcado por um amplo cenaacuterio de possiacuteveis accedilotildees O cuidado
de enfermagem eacute universal multidimensional e singular considerando os sistemas social
econocircmico e cultural dos envolvidos (COLLIEgraveRE 1999)
O cuidado compotildee a linguagem da enfermagem e ao visualizaacute-lo como um modo
de ser relacional e contextual caracteriza-se como a uacutenica accedilatildeo verdadeiramente
independente do enfermeiro (WALDOW 2015) Para conferir autonomia profissional o
ato de cuidar deve ser organizado de forma a respeitar a singularidade da experiecircncia do
adoecer e viver e significar um conjunto de relaccedilotildees e interaccedilotildees entre os indiviacuteduos
envolvidos no processo (FERREIRA PEREIRA SOUZA ALMEIDA 2016)
Portanto a atuaccedilatildeo da enfermagem esta compreendida em uma zona de intercessatildeo
entre o cuidado e o tratamento E embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo
de uma teacutecnica satildeo na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis
que presidem a sauacutede com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e
essenciais tanto para a manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Gamboa (1997) preconiza que cuidar natildeo eacute um ato uacutenico nem mesmo a soma de
procedimentos teacutecnicos ou qualidades humanas Trata-se do resultado de um processo em
que se conjugam sentimentos valores atitudes e princiacutepios cientiacuteficos com a finalidade
de satisfazer os indiviacuteduos nele envolvidos
Portanto para que o cuidado ocorra eacute mister que a intenccedilatildeo do cuidador fique
clara ou melhor seja demonstrada genuinamente por palavras e accedilotildees Esta accedilatildeo eacute repleta
de sensibilidade delicadeza solidariedade e profissionalismo pois deve excluir
preconceitos de qualquer ordem e utilizar a relaccedilatildeo interpessoal como base entre seres
28
humanos (WALDOW 2001) Nesse sentido o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai
aleacutem de procedimentos teacutecnicos engloba envolvimento e compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada (HEIDEGGER 2008)
De acordo com Colliegravere (1999) os cuidados de enfermagem organizam-se em
duas tendecircncias segundo a sua natureza os cuidados de manutenccedilatildeo (care) que se
caracterizam por um conjunto de accedilotildees que asseguram a continuidade da vida e os
cuidados de reparaccedilatildeo ou tratamento (cure) que se organizam em torno de um conjunto
de accedilotildees dispensadas quando a vida se depara com algum obstaacuteculo Ambos satildeo
necessaacuterios para a manutenccedilatildeo humana poreacutem mudam de foco de acordo com o contexto
da sauacutede ou da doenccedila constituindo o fazer da enfermagem (COLLIEgraveRE 1999
BORGES 2011)
Quanto agrave natureza os cuidados (care) satildeo descritos no Quadro 1
Quadro 1- A natureza dos cuidados (care)
CUIDADOS CARE
Cuidados de
estimulaccedilatildeo
Despertam as capacidades fundamentais da vida seja no iniacutecio
(como mamar e respirar) ou apoacutes situaccedilotildees que diminuiacuteram essas
capacidades (como voltar a andar apoacutes um periacuteodo de coma)
Cuidados de
confortaccedilatildeo
Que fortalecem a seguranccedila fiacutesica e afetiva permitindo
aquisiccedilatildeo de confianccedila e favorecendo a renovaccedilatildeo e a integraccedilatildeo
da experiecircncia
Cuidados de parecer Que promovem a imagem de si proacuteprio e o sentimento de
pertenccedila ao grupo e satildeo fundamentais para manter o desejo de
comunicaccedilatildeo e partilha
Cuidados de
compensaccedilatildeo
Que substituem aquilo que ainda natildeo foi totalmente adquirido ou
que foi perdido assegurando as funccedilotildees vitais
Cuidados de
manutenccedilatildeo da vida
Que atendem agraves necessidades da vida cotidiana como lavar-se e
vestir-se
Cuidados de
apaziguamento
Que permitem o aliacutevio da dor e contribuem para superar melhor
os momentos de grande sofrimento facilitando a melhor
utilizaccedilatildeo dos recursos fiacutesico-afetivos e atenuando a repercussatildeo
psicomental desses momentos
Fonte Colliegravere 1999
29
A doenccedila eacute o campo de atuaccedilatildeo do enfermeiro nos cuidados (cure) Nesse domiacutenio
diferentes niacuteveis de responsabilidade satildeo estruturados 1 - atuaccedilatildeo com total autonomia
que depende apenas da decisatildeo e iniciativa do enfermeiro 2 - atuaccedilatildeo que estaacute acoplada
agrave prescriccedilatildeo do meacutedico ligado ao diagnoacutestico e tratamento da doenccedila e 3 - atuaccedilatildeo onde
as responsabilidades satildeo compartilhadas e que depende do enfermeiro para execuccedilatildeo do
tratamento (COLLIEgraveRE 1999)
Eacute necessaacuterio a distinccedilatildeo da natureza dos dois tipos de cuidado e a compreensatildeo de
que ambos satildeo importantes para o bem estar completo do indiviacuteduo natildeo devendo haver
a valorizaccedilatildeo de um sobre o outro Colliegravere (1999) considera
Quando haacute prevalecircncia do cure em sobre o care isto eacute dos
cuidados de reparaccedilatildeo negligenciando os cuidados cotidianos e
habituais haacute aniquilaccedilatildeo progressiva de todas as forccedilas vivas
da pessoa de tudo que a faz desejar reagir porque haacute
esgotamento das fontes de energia vital sejam de que natureza
forem (fiacutesica afetiva social etc) Esta aniquilaccedilatildeo pode ir ateacute
a deterioraccedilatildeo irreversiacutevel
Neste sentido a enfermagem assume uma dimensatildeo holiacutestica estabelecendo-se
como uma praacutetica de cuidado integralizadora auxiliando a fortalecer os viacutenculos entre o
sentir saber- fazer (WALDO 2001)
Salienta-se entatildeo que o cuidado eacute entendido como accedilatildeo que vai aleacutem de
procedimentos teacutecnicos englobando o envolvimento e o compromisso com o outro
tornando-se portanto uma accedilatildeo humanizada Situado numa relaccedilatildeo com tudo o que
melhora as condiccedilotildees que favorecem a promoccedilatildeo e prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando
limitar a doenccedila e por outro em relaccedilatildeo a tudo que recupera revitaliza a pessoa doente
(BORGES 2011)
12 A TRAJETOacuteRIA DE CONSTRUCcedilAtildeO DE UM MEacuteTODO SISTEMATIZADO
A Enfermagem enquanto arte do cuidado eacute voltada agrave assistecircncia do indiviacuteduo e
das pessoas a ele relacionadas no ambiente em que estatildeo inseridos promovendo-lhes
sauacutede prevenindo agravos reabilitando e melhorando seu estado fiacutesico e mental
oferecendo-lhes conforto e respeitando sua singularidade e dignidade (HORTA 1979)
As relaccedilotildees da enfermagem com o cuidado satildeo antigas e no desenvolvimento da
profissatildeo vaacuterios paradigmas influenciaram essa relaccedilatildeo
30
O processo histoacuterico do cuidado coincidiu com a origem das espeacutecies vivas
Historicamente as mulheres satildeo os primeiros seres a praticar a medicina no sentido de
tratamento e cura em virtude das praacuteticas de agricultura que lhes conferiu a capacidade
de tratar medicar e cuidar As praacuteticas domeacutesticas determinadas pela divisatildeo sexual do
trabalho como a dedicaccedilatildeo agrave casa famiacutelia os cuidados aos idosos entre outras
capacitam a mulher em garantir ou compensar funccedilotildees vitais desde o nascimento ateacute a
morte Satildeo nas atividades de cuidar do outro que as mulheres inicialmente expressam uma
forma de relaccedilatildeo com o mundo (WALDOW 2001)
As lutas com a finalidade de assegurar a continuidade da vida utilizando-se da
proteccedilatildeo reflexa e instintiva fez o cuidado feminino se tornar objeto do xamatilde ou
feiticeiro depois do sacerdote e mais tarde do meacutedico (OGUISSO 2005)
Sobre influecircncia religiosa o cuidar foi centrado na disciplina e obrigaccedilatildeo em
realizar tarefas (CARNEIRO 2008) Dando inicialmente agrave profissatildeo uma aproximaccedilatildeo
cultural com esse cuidado natildeo profissionalizado A este respeito Alcacircntara (1963) apud
Oguisso (2005) fez referecircncias identificando o cuidado caritativo como valorizado pela
sociedade e o cuidado profissionalizado como desprestigiado Kruse (2006) afirma que
nesse momento ldquocristatildeordquo da enfermagem a atenccedilatildeo dedicada aos doentes era reconhecida
como missatildeo para alcanccedilar a vida eterna das cuidadoras
Esta prestaccedilatildeo de cuidados que inicialmente era intuitiva em virtude das
caracteriacutesticas do momento evolutivo passa a buscar a rigorosidade dos princiacutepios
cientiacuteficos atraveacutes do desenvolvimento do pensamento criacutetico fazendo com que aspectos
bioloacutegicos do ser humano se transformassem no referencial norteador da assistecircncia
(OGUISSO 2005)
Com o advento cientiacutefico e tecnoloacutegico a enfermagem passa a incorporar agrave sua
praacutetica algumas teacutecnicas e procedimentos passando a seguir normas e regras em
detrimento dos aspectos unicamente humaniacutesticos do cuidado Assim a praacutetica passou a
seguir o modelo biologicista centrado na cura da doenccedila e natildeo no sujeito (BUENO
QUEIROZ 2006)
Neste momento vigorava a valorizaccedilatildeo da teacutecnica pela teacutecnica a competecircncia da
enfermagem estava diretamente ligada agrave destreza manual e agrave rapidez no desempenho dos
procedimentos uma das qualidades do enfermeiro era a subserviecircncia A ausecircncia de
justificativas das accedilotildees desempenhadas e de questionamentos aos ldquoporquecircsrdquo a cada
31
situaccedilatildeo contribuiacuteram para a desvalorizaccedilatildeo do trabalho limitando a Enfermagem a
condutas meramente curativas (GOMES NASCIMENTO ARAUJO 2007)
Entre as deacutecadas de 40 e 60 do seacuteculo XIX a Enfermagem preocupou-se em
fundamentar suas accedilotildees conferindo-lhe cientificidade Segundo Lopes e Santos (2010)
a participaccedilatildeo de Florence Nightingale na Guerra da Crimeacuteia em 1854 foi determinante
para conferir agrave Enfermagem o estatuto soacutecio profissional que lhe faltava Suas accedilotildees
foram tatildeo significativas que originaram profundas mudanccedilas na sauacutede em todo o mundo
Sua habilidade empreendedora instaurou no campo da sauacutede processos de melhoria
contiacutenua baseados no levantamento de dados estatiacutesticos sobre os potenciais riscos de
infecccedilatildeo ou seja a sistematizaccedilatildeo de cuidados diretos com o paciente (BACKES
SCHWARTZ 2005) Com sagacidade e competecircncia Florence reestruturou os serviccedilos
de sauacutede de sua eacutepoca despertando um olhar mais apurado para o cuidar
Florence tambeacutem eacute a responsaacutevel pela fundaccedilatildeo da primeira escola de
enfermagem na Inglaterra aproximando a praacutetica da enfermagem agrave aspectos modernos e
cientiacuteficos e incentivando a criaccedilatildeo de outras escolas de enfermagem Segundo Atkinson
e Murray (1989 p6) ldquoas primeiras escolas nos EUA e Canadaacute praticamente copiaram as
escolas Nightingale da Inglaterrardquo Desta forma estimulou outras enfermeiras a
analisarem a qualidade do trabalho prestado e a re-pensarem a Enfermagem enquanto
profissatildeo
Os avanccedilos na formaccedilatildeo educacional e no cuidado prestado foram determinantes
para a qualificaccedilatildeo da assistecircncia e estimulou as enfermeiras a criarem teorias que
direcionavam as accedilotildees proacuteprias da Enfermagem ou seja a construccedilatildeo de um corpo de
conhecimentos proacuteprio do enfermeiro
Surgiram os Estudos de Caso precursores dos Planos de Cuidados propostos
como uma forma de organizaccedilatildeo e individualizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem A
primeira descriccedilatildeo do meacutetodo de estudo de caso foi publicada no Studentacutes Handbook on
Nursing Case Studies em 1929 por Deborah Maclurg Jensen com o objetivo de guiar o
estudante na elaboraccedilatildeo de estudos de caso na Escola de Enfermagem da Universidade
de Yale (NEVES 2010)
Desta forma o conhecimento proporcionado pelos Planos de Cuidados
influenciou a elaboraccedilatildeo dos processos de enfermagem Nessa eacutepoca tal processo
organizava-se em torno da doenccedila e era do ponto de vista do conhecimento especiacutefico da
enfermagem ldquoum esqueleto sem roupardquo como afirma Gordon (2002)
32
O conceito de Processo de Enfermagem - PE foi introduzido na deacutecada de 1950
como um processo sistematizado compreendendo etapas como histoacuterico planejamento e
evoluccedilatildeo Este tornou-se parte do referencial conceitual de diversos curriacuteculos de
Enfermagem no mundo e estava baseado na observaccedilatildeo e na mensuraccedilatildeo como caminho
para a anaacutelise dos dados (DOENGES MOORHOUSE GEISSLER 2003)
Conforme Pesut e Hermam (1999) apud Neves (2010) o PE tem trecircs geraccedilotildees A
primeira situa-se no decorrer das deacutecadas de 1950 a 1970 quando foi identificada como
problemas e processo A segunda ocorreu entre 1970 a 1990 com a inserccedilatildeo do
diagnoacutestico de enfermagem A terceira geraccedilatildeo situa-se a partir de 1990 seguindo ateacute os
dias de hoje esta geraccedilatildeo realiza todas as etapas do PE fazendo a especificaccedilatildeo e o teste
dos resultados
Nos anos 70 houve uma grande preocupaccedilatildeo da enfermagem com o
desenvolvimento de teorias proacuteprias como um meio de estabelecer a enfermagem como
profissatildeo (HERMIDA 2004) Espiacuterito Santo e Porto (2006) salientam que o
desenvolvimento das teorias representa uma tentativa de ampliaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo de
conhecimento como um saber especiacutefico para a Enfermagem Constituem a base da
assistecircncia a ser prestada sustentando as decisotildees do enfermeiro O desenvolvimento
destes modelossistemas conceituais e teorias de enfermagem onde o cerne da
enfermagem tem sua natureza e o escopo refletidos com base em ponto de vista filosoacutefico
forneceu o foco conceitual necessaacuterio ao PE (GORDON 2002)
Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952 ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1952 Hildegard E
Peplau
Processo interpessoal eacute a forccedila de amadurecimento da
personalidade
1960 Faye G Abdellah
Irene L Beland
Almeda Martin
Ruth V Matheney
Os problemas dos pacientes determinam o cuidado de
enfermagem
1961 Ida Jean Orlando
O processo interpessoal alivia o sofrimento
1964 Ernestine
Weidenbach
O processo de ajuda atende as necessidades atraveacutes da
arte de cuidado individualizado
33
Continuaccedilatildeo Quadro 2 - Cronologia dos Modelos Conceituais em Enfermagem (1952
ndash 1989)
Ano
primeira
publicaccedilatildeo
Teoacuterica Ecircnfase ndash Chave
1966 Lydia E Hall O cuidado de enfermagem eacute dirigido agrave pessoa e voltado
para a auto-estima
1967 Myra E Levine O holismo eacute mantido conservando a integridade
1970 Martha E Rogers O ambiente da pessoa satildeo campos de energia que
evoluem ldquonegentropicalmenterdquo
1971 Dorothea E Orem O autocuidado manteacutem a integralidade
1971 Imogene M King As transaccedilotildees fornecem um paracircmetro de referecircncia em
direccedilatildeo ao estabelecimento de metas
1974 Sr Callista Roy Os estiacutemulos rompem um sistema adaptaacutevel
1976 Josephine G
Paterson
Loretta T Zderad
Enfermagem eacute uma experiecircncia existencial de cuidar
1978 Madeleine M
Leininger
O cuidado eacute universal e varia atraveacutes das diferentes
culturas
1979 Jean Watson O cuidado eacute ideal no sentido moral mente-corpo-alma
engajados um ao outro
1980 Dorothy E
Johnson
Os subsistemas existem em estabilidade dinacircmica
1981 Rosemarie Rizzo
Parse
Seres indivisiacuteveis e ambiente em conjunto criam a sauacutede
1989 Patricia Benner
Judith Wrubel
O cuidado eacute vital para a essecircncia da enfermagem
Estabelece o que eacute importante permitindo conexatildeo e
consciecircncia Cria possibilidade de ajuda muacutetua
Fonte POTTER PERRY Fundamentos de enfermagem 5 ed Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2004 p 68-80
Conforme ressalta Waldow (2001) as Teorias de Enfermagem em sua essecircncia
tinham a intenccedilatildeo de humanizar o cuidado Alguns teoacutericos defenderam a ideacuteia do
cuidado integral e incluiacuteram em seus modelos as dimensotildees bioloacutegicas e psicossociais
inclusive a espiritual e o meio ambiente enfatizando a direccedilatildeo e a prioridade das accedilotildees
para o ser humano
34
Fato eacute que a enfermagem nesta proposiccedilatildeo se aproxima da visatildeo positivista da
sauacutede produzindo uma praacutetica de cuidado dos corpos dentro de uma associaccedilatildeo de
conhecimentos baseado em teorias de enfermagem ou seja o saber proacuteprio do enfermeiro
(KRUSE 2006)
O interesse pelo PE cresceu rapidamente nas escolas de Enfermagem sendo
inicialmente utilizado com um instrumento de ensino tornando as accedilotildees de enfermagem
em acordes como o meacutetodo cientiacutefico Na deacutecada de 60 apenas poucos hospitais dos
Estados Unidos e no Reino Unido haviam implementado essa metodologia de
assistecircncia Foi na deacutecada de 70 que o PE comeccedilou a ser utilizado nos hospitais embora
ainda com dificuldades servindo principalmente como guia para normatizar a praacutetica de
enfermagem (DE LA CUESTA 1983) (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
O Processo de Enfermagem enquanto metodologia cientiacutefica propotildee-se a
organizar e sistematizar o cuidado fornece subsiacutedios para que o enfermeiro reconheccedila
alteraccedilotildees no estado de sauacutede dos clientes que necessitam de intervenccedilotildees
individualizadas visando a reabilitaccedilatildeo dos mesmos O planejamento de uma assistecircncia
personalizada a cada cliente possibilita a adoccedilatildeo de intervenccedilotildees de acordo com as
necessidades especiacuteficas a ele considerando-o em sua singularidade e norteando o
cuidado prestado Contribuem com a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo da
sauacutede do indiviacuteduo famiacutelia e comunidade (TRUPPEL et al 2009)
A SAE eacute um processo que instrumentaliza o enfermeiro para uma atuaccedilatildeo
cientiacutefica baseada em evidecircncias e contribui para solidificar a atuaccedilatildeo desse profissional
o que seraacute um diferencial dentro da equipe de enfermagem Este processo desenvolvido
atraveacutes do PE respalda o enfermeiro a realizar com maior eficaacutecia accedilotildees de supervisatildeo
de avaliaccedilatildeo e de gerenciamento dos cuidados prestados pela equipe bem como
acompanhar os resultados das accedilotildees implementadas (MUSSI et al 1997)
Para este conceito destaca-se que a SAE envolve todos os elementos do processo
de trabalho em enfermagem Assim podem-se elencar diversos componentes que
influenciam o funcionamento desse sistema ou seja o cenaacuterio de sauacutede escolhido os
recursos humanos existentes o meacutetodo de assistecircncia de enfermagem adotado e a
implantaccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem bem como seus instrumentos
(NEVES 2010)
Segundo Leopardi (2006) a SAE organiza o trabalho segundo as fases do seu
fluxo Implica tanto a definiccedilatildeo da natureza do trabalho a ser realizada Quanto a definiccedilatildeo
35
do PE desde a base teacutecnico-filosoacutefica ateacute o tipo de profissional requerido as teacutecnicas os
procedimentos os meacutetodos os objetivos e os recursos materiais para a produccedilatildeo do
cuidado Eacute a organizaccedilatildeo do trabalho de enfermagem quanto ao meacutetodo pessoal e
instrumentos de modo que seja possiacutevel a realizaccedilatildeo do PE (LEOPARDI 2006)
13 A SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENEFERMAGEM NO
BRASIL - ASPECTOS LEGAIS
As iniciativas em planejar cientificamente a assistecircncia de enfermagem no Brasil
tiveram iniacutecio na deacutecada de 50 por influecircncia Norte Americana por meio das obras de
Rogers e Henderson (GEOVANINI 2002) No ano de 1965 o Congresso Brasileiro de
Enfermagem recomendou a utilizaccedilatildeo do plano de enfermagem tendo por repercussatildeo do
cientificismo que norteava a profissatildeo num contexto histoacuterico em que a enfermagem
abria campo para a produccedilatildeo cientiacutefica (PAIM 1976) Dentro deste contexto surgiram
os teoacutericos de enfermagem que visaram a construccedilatildeo de um arcabouccedilo metodoloacutegico que
desse suporte ao planejamento da assistecircncia de enfermagem
No Brasil a sistematizaccedilatildeo das accedilotildees de enfermagem teve ecircnfase com Wanda de
Aguiar Horta a partir da publicaccedilatildeo do livro intitulado Processo de Enfermagem na
deacutecada de 70 Fundamentada na teoria das necessidades humanas baacutesicas orientada por
Maslow Wanda Horta propocircs accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas para a assistecircncia
ao ser humano Sabe-se que os estudos de Horta impulsionaram o ensino e a pesquisa do
processo de enfermagem no Brasil promovendo o desenvolvimento da metodologia
cientiacutefica (KLETEMBERG MANTOVANI LACERDA 2004)
O marco conceitual de Horta preconizou o processo de enfermagem na praacutetica
profissional Essa teoria foi considerada como a essecircncia da enfermagem e estimulou a
utilizaccedilatildeo desta nova metodologia de trabalho nas escolas de enfermagem brasileiras
(OGUISSO 2005)
A SAE foi reconhecida pelo Conselho de Enfermagem como atividade privativa
do enfermeiro segundo a Lei do Exerciacutecio Profissional nordm 7486 de 25 de junho de 1986
visando planejar a assistecircncia de enfermagem para assistir o ser humano integralmente
com accedilotildees especiacuteficas que possam colaborar para o bem-estar do indiviacuteduo famiacutelia e
comunidade Entretanto apenas em 2002 recebeu apoio legal do COFEN pela Resoluccedilatildeo
nordm 272 para ser implementada em acircmbito nacional nas instituiccedilotildees de sauacutede brasileiras
36
A Resoluccedilatildeo COFEN 2722002 ndash revogada pela resoluccedilatildeo COFEN nordm 3582009
dispotildeem sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem estabelecendo que
compete exclusivamente ao enfermeiro implantar planejar organizar executar e avaliar
o processo de enfermagem
Assim sendo esta resoluccedilatildeo possibilitou tambeacutem ordenar metodicamente e em
todos os ambientes de atenccedilatildeo agrave sauacutede o trabalho prestado pelo enfermeiro bem como
direcionar as accedilotildees da equipe de enfermagem para a promoccedilatildeo do cuidado particular e
totalitaacuterio aos clientes
Art 1ordm O Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo
deliberado e sistematizado em todos os ambientes puacuteblicos ou
privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem
sect 1ordm ndash Os ambientes de que trata o caput deste artigo referem-
se a instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos de internaccedilatildeo
hospitalar instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos ambulatoriais de
sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees comunitaacuterias fabricas
entre outros
sect 2ordm ndash quando realizado em instituiccedilotildees prestadoras de serviccedilos
ambulatoriais de sauacutede domiciacutelios escolas associaccedilotildees
comunitaacuterias entre outros o Processo de Sauacutede de Enfermagem
corresponde ao usualmente denominado nesses ambientes como
Consulta de Enfermagem
A referida Resoluccedilatildeo define SAE como a organizaccedilatildeo do trabalho profissional
quanto ao meacutetodo para a operacionalizaccedilatildeo do processo de enfermagem e conceitua o
processo de enfermagem como um instrumento metodoloacutegico que direciona e documenta
os cuidados de enfermagem baseado em um suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados
o estabelecimento de diagnoacutesticos de enfermagem o planejamento das accedilotildees a
implementaccedilatildeo e que forneccedila a base para a avaliaccedilatildeo dos resultados alcanccedilados (COFEN
2009)
Art 3ordm O Processo de Enfermagem deve estar baseado num
suporte teoacuterico que oriente a coleta de dados o estabelecimento
de diagnoacutesticos de enfermagem e o planejamento das accedilotildees ou
intervenccedilotildees de enfermagem e que forneccedila a base para a
avaliaccedilatildeo dos resultados de enfermagem alcanccedilados
Art 4ordm Ao enfermeiro observadas as disposiccedilotildees da Lei no
7498 de 25 de junho de 1986 e do Decreto no 94406 de 08 de
junho de 1987 que regulamenta incumbe a lideranccedila na
execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo do Processo de Enfermagem de modo a
alcanccedilar os resultados de enfermagem esperados cabendo-lhe
privativamente o diagnoacutestico de enfermagem acerca das
37
respostas da pessoa famiacutelia ou coletividade humana em um
dado momento do processo sauacutede e doenccedila bem como a
prescriccedilatildeo das accedilotildees ou intervenccedilotildees de enfermagem a serem
realizadas face a essas respostas
Portanto a implantaccedilatildeo do processo de enfermagem requer o envolvimento
profissional para a representatividade do enfermeiro na equipe de sauacutede o que
proporciona a construccedilatildeo de sua identidade na assistecircncia e desmitifica conceitos
errocircneos quanto ao real papel do mesmo Gonccedilalves et al (2007) ressaltam que a SAE
favorece o cuidado em virtude de uma atenccedilatildeo individualizada sistemaacutetica planejada e
baseada em evidecircncias cientiacuteficas refletindo no desenvolvimento da profissatildeo como
ciecircncia e integra as aacutereas da assistecircncia ensino e pesquisa
14 ESTRUTURA E ORGANIZACcedilAtildeO DA SISTEMATIZACcedilAtildeO DA
ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
O planejamento do cuidado representa um avanccedilo para a equipe de enfermagem
por atestar a qualidade e eficaacutecia do atendimento expandir a visibilidade da atuaccedilatildeo do
enfermeiro e contribuir para a conquista do reconhecimento profissional perante o
paciente famiacutelia e membros da equipe de sauacutede Para Menezes Priel Pereira (2011) a
implantaccedilatildeo do processo de cuidado insere o enfermeiro em seu papel social e o assegura
atuar com autonomia contemplando o paciente com um cuidado qualificado
fundamentado nos princiacutepios da integralidade e humanizaccedilatildeo no conhecimento teacutecnico
cientiacutefico na responsabilidade profissional e nas relaccedilotildees interpessoais e institucionais
estabelecidas
Esta metodologia oferece suporte agrave consolidaccedilatildeo profissional o instrumento
otimiza a comunicaccedilatildeo com a equipe multidisciplinar amplia a atuaccedilatildeo do enfermeiro
organiza o serviccedilo da equipe de enfermagem e beneficia a instituiccedilatildeo e o sistema de sauacutede
que com a documentaccedilatildeo tem informaccedilotildees relevantes para utilizaccedilatildeo na assistecircncia
ensino pesquisa e desenvolvimento de planejamento para accedilotildees voltadas para a sauacutede da
populaccedilatildeo (TRUPPEL et al 2009)
O processo de enfermagem eacute baseado em princiacutepios e regras que satildeo conhecidos
por promover o cuidado de enfermagem eficiente Ele eacute definido como a dinacircmica das
accedilotildees sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistecircncia ao ser humano este
38
instrumento possibilita ao enfermeiro colocar em praacutetica uma Teoria para isso precisa
estar inserido na realidade concreta de forma consciente competente teacutecnica e
cientificamente (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A implantaccedilatildeo da SAE deve ser processo originado no conhecimento especiacutefico
fruto de uma reflexatildeo criacutetica e problematizadora acerca da organizaccedilatildeo e filosofia do
trabalho de enfermagem constitui-se um instrumento de fundamental importacircncia para
que o enfermeiro possa gerenciar e otimizar a assistecircncia de enfermagem de forma
organizada segura dinacircmica e competente (BACKES SCHWARTZ 2005)
Eacute uma atividade privativa do enfermeiro que atraveacutes de um meacutetodo e estrateacutegia
de trabalho cientiacutefico realiza a identificaccedilatildeo das situaccedilotildees de sauacutededoenccedila subsidiando
a prescriccedilatildeo e implementaccedilatildeo das accedilotildees de Assistecircncia de Enfermagem que possam
contribuir para a promoccedilatildeo prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo em sauacutede do indiviacuteduo
famiacutelia e comunidade (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TEIXEIRA PAIM SANTO
2004)
A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indiviacuteduo
utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades aleacutem de orientaccedilatildeo e treinamento
da equipe de enfermagem para a implementaccedilatildeo das accedilotildees sistematizadas (HORTA
1979) (PEDUZZI ANSELMI 2002) (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
A implantaccedilatildeo e o desenvolvimento da SAE nos ambientes de atuaccedilatildeo do
enfermeiro possibilitam benefiacutecios para o cliente para a profissatildeo e para a instituiccedilatildeo
Takahashi e colaboradores (2008) concluem que a assistecircncia individualizada eacute uma
prerrogativa da SAE e pressupotildee a participaccedilatildeo do paciente no processo de cuidar
mantendo sua autonomia destacam tambeacutem que o cuidado individualizado articula uma
relaccedilatildeo favoraacutevel com a equipe multiprofissional paciente e famiacutelia favorecendo a
humanizaccedilatildeo da assistecircncia
A autonomia do enfermeiro com a implantaccedilatildeoimplementaccedilatildeo do Processo de
Enfermagem eacute considerada um benefiacutecio do uso deste meacutetodo pois imprime a
possibilidade de o enfermeiro aplicar seus conhecimentos e conquistar o reconhecimento
pela qualidade do cuidado prestado ao paciente tanto na instituiccedilatildeo como junto agrave famiacutelia
refletindo seu papel na sociedade e na responsabilidade profissional (DUARTE
ELLENSOHN 2007) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
Tannure e Gonccedilalves (2010) acrescenta ainda que trabalhar dentro de uma
metodologia cientiacutefica natildeo apenas daacute autonomia agrave profissatildeo como organiza o cotidiano
39
da equipe pois permite a utilizaccedilatildeo de ferramentas apropriadas que facilitam os registros
e controles Para os serviccedilos quantificarem a assistecircncia controlar custos e facilitar a
auditoria o uso do processo de qualidade
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila Dessa forma a
atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades individuais e
com isso promove a qualidade de vida e a prevenccedilatildeo de doenccedilas
141 Etapas e organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem
A SAE eacute um processo dinacircmico em constante avanccedilo eacutetico e legal que atende
aos princiacutepios da profissatildeo e classifica a assistecircncia de enfermagem como um meacutetodo
organizado de planejamento e implementaccedilatildeo de cuidados (CASAFUS DELLacuteACQUA
BOCCHI 2013)
Logo a SAE viabiliza ao enfermeiro atuar em diversos acircmbitos e desempenhar
atividades de assistecircncia supervisatildeo avaliaccedilatildeo e gerenciamento do cuidado para
promover mudanccedilas na atenccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo A Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem organiza o Processo de Enfermagem que constitui um caminho
metodoloacutegico organizado em etapas que auxilia o enfermeiro no desenvolvimento do
cuidado cientiacutefico humano e dinacircmico tendo como alicerce teorias organizacionais
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
De acordo com Horta (1979) o processo de enfermagem eacute uma seacuterie de accedilotildees
sistemaacuteticas visando certo resultado ato de proceder accedilatildeo de ser feito progressivamente
qualquer fenocircmeno que mostra uma continua mudanccedila no tempo como o processo de
crescimento ou uma seacuterie de accedilotildees ou operaccedilotildees que conduzem definitivamente a um
fim caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos
(HORTA 1979)
Segundo Castellanos e Castilho (2000) o PE representa a implementaccedilatildeo da SAE
elaborado a partir dos dados e levantamentos realizados pelo enfermeiro visando a
proporcionar o cuidado individualizado e de qualidade aos clientes com embasamento
cientiacutefico Por se tratar de um conjunto de elementos dispostos de uma forma determinada
e coordenados entre si para que possam funcionar como uma estrutura organizada da
40
assistecircncia de enfermagem eacute necessaacuterio engajamento natildeo soacute das equipes mas tambeacutem
da instituiccedilatildeo hospitalar
Eacute uma metodologia de soluccedilatildeo de problemas que requer habilidades cognitivas
teacutecnicas e interpessoais voltadas para a satisfaccedilatildeo das necessidades do cliente e da
famiacutelia buscando o alcance do bem-estar ou a melhoria da qualidade de vida pelo tempo
que for possiacutevel (SILVA DAMASCENO CARVALHO SOUZA 2001)
O PE geralmente eacute elaborado a partir do desenvolvimento de cinco fases
Investigaccedilatildeo Diagnoacutestico Planejamento Implementaccedilatildeo e Avaliaccedilatildeo O nuacutemero de fases
em que se organiza o processo de enfermagem modifica-se de acordo com diversos
autores variando de quatro a seis fases Esta divergecircncia de opiniotildees consiste na questatildeo
de considerar a etapa de diagnoacutestico como uma etapa distinta ou consideraacute-la incluiacuteda na
primeira etapa o histoacuterico Importante se faz ressaltar que essa divisatildeo em etapas eacute uacutetil
para fins didaacuteticos sendo que na praacutetica o processo de enfermagem deve ser integrado
com suas etapas inter-relacionadas e interdependentes (ALFARO-LEFEVRE 2005)
Cianciarullo et al (2005) expotildeem que durante todo o PE o enfermeiro utiliza-se
de instrumentos baacutesicos especiacuteficos para extrair do cliente subsiacutedios que direcionem a
assistecircncia de enfermagem Aleacutem da percepccedilatildeo sensorial apurada (visatildeo audiccedilatildeo fala
tato e olfato) o enfermeiro deve saber como e o que perguntar bem como saber ouvir
Muitas vezes o paciente natildeo fornece respostas concretas e sim subsiacutedios que instigam
alertando e direcionando os questionamentos
Fase I ndash Investigaccedilatildeo Histoacuterico de Enfermagem
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PE eacute a Investigaccedilatildeo Eacute a etapa que oferece
a estrutura pela qual se justifica o plano de cuidados adotado pelo enfermeiro Possibilita
obter informaccedilotildees precisas completas e estruturadas do indiviacuteduo e do contexto em que
estaacute inserido servindo de base para as proacuteximas fases (ALFARO-LEFEVRE 2005)
(NEVES 2010)
Desta maneira Tannure e Gonccedilalves (2008) enfatiza que a pontualidade e a
autenticidade dos dados coletados contribuem na identificaccedilatildeo e delimitaccedilatildeo das
caracteriacutesticas biopsicossociais do cliente norteando o cuidado a ser estabelecido
A coleta de dados para a construccedilatildeo do histoacuterico natildeo eacute realizada apenas nesta fase
inicial mas perdura durante todo o tempo em que o cliente estiver assistido finalizando
ao momento em que este receba alta (ATKINSON MURRAY 1989) Para Alfaro-
41
LeFevre (2005) pode-se colher dados diretamente do indiviacuteduo ou obtecirc-los indiretamente
de outras fontes como pessoas prontuaacuterios ou exames
Desta forma para atingir o objetivo fim desta fase do processo a construccedilatildeo do
instrumento de coleta de dados natildeo pode ser accedilatildeo estaacutetica e pontual A elaboraccedilatildeo deste
instrumento deve ser accedilatildeo dinacircmica podendo sofrer alteraccedilotildees constantes para que atenda
os propoacutesitos da SAE
Figura 1 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Wanda de Aguiar Horta
Fonte Horta 1979
Sendo assim deve levar em consideraccedilatildeo o marco teoacuterico utilizado pelo serviccedilo
ou setor e a visatildeo dos paradigmas de enfermagem utilizados naquele espaccedilo
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008) O instrumento deve
capturar informaccedilotildees relevantes e determinantes a todo o PE Barros (2009) complementa
que aleacutem de ser adequado ao puacuteblico a que se destina deve-se considerar as
peculiaridades da equipe de Enfermagem e as particularidades de cada Instituiccedilatildeo onde o
instrumento de coleta de dados seraacute utilizado
Os formulaacuterios satildeo importantes porque padronizam os registros e respaldam
legalmente as accedilotildees de enfermagem As anotaccedilotildees devem conter termos teacutecnicos numa
42
sequecircncia loacutegica e objetiva para que permita a continuidade do planejamento dos
cuidados prestados Satildeo tambeacutem importantes para a consulta de pesquisa e ensino fonte
de dados e para processos administrativos (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS
2006) (SILVA OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
O enfermeiro deve tambeacutem para sucesso desta fase estabelecer uma relaccedilatildeo de
confianccedila uma comunicaccedilatildeo sem ruiacutedos com o cliente de forma a capturar informaccedilotildees
relevantes Deve valer-se da eacutetica e respeitar o cliente em sua singularidade e dignidade
sua privacidade seus haacutebitos pessoais e crenccedilas mantendo em sigilo os dados obtidos
abstendo-se de preacute-julgamentos (ALFARO-LEFEVRE 2005) (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Fase II - O Diagnoacutestico de Enfermagem
A partir dos dados coletados eacute possiacutevel estabelecer o Diagnoacutestico de Enfermagem
Estes satildeo interpretaccedilotildees cientiacuteficas dos dados levantados usados para orientar o
planejamento de enfermagem a implementaccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo (NANDA 2008) No
processo de elaboraccedilatildeo desta segunda fase o enfermeiro deve fundamentar-se em
evidecircncias a partir dos indicadores obtidos ao momento da investigaccedilatildeo possibilitando
a validaccedilatildeo dos seus diagnoacutesticos e intervenccedilotildees por outra pessoa (ALFARO-LEFEVRE
2005)
Segundo Tannure e Gonccedilalves (2010) o enfermeiro deveraacute ter capacidade de
anaacutelise de julgamento de siacutentese e de percepccedilatildeo ao interpretar dados cliacutenicos Alfaro-
LeFevre (2005) complementa que os erros na elaboraccedilatildeo de diagnoacutesticos levam a
intervenccedilotildees equivocadas e ateacute mesmo nocivas ao paciente Ainda nesta etapa eacute possiacutevel
detectar a necessidade de um cuidado multidisciplinar com a atuaccedilatildeo de profissionais de
outras aacutereas de forma a atender o cliente em sua totalidade
Uma vez identificadas agraves necessidades do cliente eacute preciso interpretaacute-las e
classificaacute-las utilizando-se de termos proacuteprios da enfermagem com informaccedilotildees
consistentes e precisas Isso possibilita uma linguagem comum a toda a equipe
consequumlentemente otimizando o tempo e permitindo um cuidado mais eficaz
(TANNURE GONCcedilALVES 2010)
O diagnoacutestico de enfermagem eacute considerado por alguns autores como uma das
etapas mais complexas causando muitas divergecircncias na sua realizaccedilatildeo O enfermeiro
encontra grande dificuldade para implementaacute-lo na sua praacutetica diaacuteria aleacutem de outros
43
profissionais de sauacutede a julgarem desnecessaacuteria (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Figura 2 Etapas do Processo de Enfermagem ndash Modelo Alfaro-LeFevre
Fonte Alfaro-Lefevre 2005
Fase III ndash O Planejamento da Assistecircncia
Na terceira etapa denominada Planejamento ocorre a determinaccedilatildeo das
prioridades para a resoluccedilatildeo dos diagnoacutesticos estabelecidos na fase anterior estabelecer
quais os resultados a serem alcanccedilados com o tratamento que favoreccedilam ao paciente
definir quais as intervenccedilotildees se faratildeo necessaacuterias para atender diretamente cada
diagnoacutestico de enfermagem prescrito e efetuar o registro do plano de cuidados
(ALFARO-LEFEVRE 2005)
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
propicia a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia (ANDRADE VIEIRA
2005)
A formalizaccedilatildeo do plano de cuidados (por meio das anotaccedilotildees) oferece subsiacutedios
que facilitam a troca de informaccedilotildees entre os agentes responsaacuteveis pelo cuidar norteia as
intervenccedilotildees a serem realizadas promove o registro de dados que possibilitem
posteriormente avaliar o cuidado prestado Servem tambeacutem como subsiacutedios que
44
propiciam a realizaccedilatildeo de pesquisas e fornecem agraves seguradoras de planos de sauacutede os
registros dos cuidados prestados a determinado cliente Assim sendo as informaccedilotildees
registradas devem ser claras e consistentes dirimindo quaisquer duacutevidas que possam
surgir (CARPENITO 2005)
Fase IV ndash A Implementaccedilatildeo da Assistecircncia
A fase de Implementaccedilatildeo eacute caracterizada pela execuccedilatildeo do plano de cuidados eacute o
momento em que o enfermeiro coloca em praacutetica as accedilotildees que foram estabelecidas na
fase de planejamento
Eacute o roteiro diaacuterio que coordena a accedilatildeo da equipe de enfermagem na execuccedilatildeo dos
cuidados decorrentes da implantaccedilatildeo do plano assistencial de enfermagem adequados as
necessidades baacutesicas e especiacuteficas de cada cliente (HORTA 1979) Para Alfaro Levefre
(2005) eacute a colocaccedilatildeo do plano em accedilatildeo eacute pensar sobre o plano eacute refletir sobre o que se
estaacute fazendo nos seguintes pontos investigar a situaccedilatildeo atual da pessoa antes de agir
realizar as intervenccedilotildees e reinvestigar para determinar as respostas iniciais comunicar e
registrar
Nesta etapa satildeo realizadas as prescriccedilotildees de enfermagem Estas devem ser
anotadas de forma que permitam um faacutecil entendimento pela equipe que iraacute colocaacute-la em
praacutetica Seu conteuacutedo deve estimular a equipe a se empenhar no cuidado prestado ao
cliente desenvolvendo o senso criacutetico Aleacutem de estabelecer o que fazer tambeacutem deve
determinar como quando onde com que frequumlecircncia e por quanto tempo as accedilotildees devam
ser realizadas (TANNURE GONCcedilALVES 2010)
Assim como os diagnoacutesticos de enfermagem as prescriccedilotildees tambeacutem devem ser
realizadas de acordo com a ordem de prioridades e grau de gravidade do cliente (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Fase V ndash A Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
A quinta etapa do processo de enfermagem eacute denominada de Avaliaccedilatildeo Segundo
Alfaro-LeFevre (2005) uma avaliaccedilatildeo criteriosa a partir de uma sensata reflexatildeo da
assistecircncia prestada ao cliente em seus pormenores confere ao enfermeiro a primazia na
qualidade do plano de cuidados
Nesta fase seraacute examinada a eficaacutecia da assistecircncia de enfermagem se estaacute
solucionando ou minimizando os problemas reais ou potenciais identificados na segunda
45
etapa Agrave medida que atendem ao que foi proposto satildeo realizados ajustes que se adequam
ao estado do cliente neste momento Conforme satildeo solucionados os problemas a
prescriccedilatildeo e respectivas intervenccedilotildees satildeo suspensas (POTTER 2004)
Carpenito (2005) refere que a anaacutelise minuciosa do plano de cuidados eacute
fundamental para atingir a excelecircncia na assistecircncia de enfermagem personalizada para
cada paciente assistido Desta forma faz-se necessaacuterio o registro de todas as atividades
realizadas bem como dos resultados alcanccedilados com as mesmas o que fundamentaria as
decisotildees no que tange ao quadro de pessoal avaliaccedilatildeo da eficaacutecia do cuidado prestado
(tanto na resolutividade das necessidades do cliente quanto no custo com a realizaccedilatildeo dos
procedimentos) ou no tipo da assistecircncia oferecida
15 - DIFICULDADES PARA A IMPLANTACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO DA
SAE
Embora cientes da importacircncia da SAE na organizaccedilatildeo do serviccedilo de enfermagem
o processo de implantaccedilatildeo assim como a escolha de um referencial teoacuterico e de uma
metodologia adequada na praacutetica ainda carece de estrateacutegias e subsiacutediosevidecircncias
operacionais eficazes e comprometedoras capazes de nortear um novo perfil assistencial
Tem-se percebido empiricamente uma dicotomia entre ensino e praacutetica de
trabalho nas instituiccedilotildees gerando inseguranccedilas e descreacutedito nos estudantes e profissionais
em carreira uma vez que muitas situaccedilotildees de ensino se situam no niacutevel do ideal
sistematizado buscando a qualidade enquanto os serviccedilos deixam de atentar para estas
condiccedilotildees (ANDRADE VIEIRA 2005)
A falta de relaccedilatildeo entre os conceitos teoacutericos e a praacutetica profissional cria uma
dissonacircncia e gera conflitos na assistecircncia de enfermagem no que se refere ao uso da
metodologia que ao ser aplicada se torna de modo fracionada e distorcida dos princiacutepios
teoacutericos (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A formaccedilatildeo acadecircmica dos enfermeiros muitas vezes contribui para que estes natildeo
busquem nem apliquem uma assistecircncia sistematizada pois durante aulas praacuteticas pode-
se perceber uma preocupaccedilatildeo maior tanto por parte de alguns docentes quanto pela
maioria dos alunos em adquirir habilidades teacutecnicas Assim deixam de levantar os
problemas de enfermagem do paciente e de planejar os cuidados ficando a assistecircncia
46
neste caso limitada a accedilotildees isoladas no decorrer de suas atividades (ANDRADE
VIEIRA 2005)
Para o desenvolvimento da SAE muito mais do que competecircncia teacutecnica eacute
preciso que os enfermeiros tenham sensibilidade para captar as necessidades emergentes
habilidade para empreender e estimular accedilotildees inovadoras e principalmente
conhecimento e capacidade estrateacutegica para envolver e comprometer criativamente os
demais profissionais da equipe de sauacutede (TEIXEIRA PAIM SANTO 2004)
A lei do exerciacutecio profissional (no 7498 1986) prevecirc como atribuiccedilatildeo do
enfermeiro ligada agrave metodologia da assistecircncia de enfermagem o desenvolvimento da
SAE poreacutem mesmo com respaldo legal para a execuccedilatildeo da metodologia da assistecircncia
poucos efeitos tecircm-se observado no cotidiano da praacutetica
Hermida e Araujo (2006) relatam que um trabalho de fiscalizaccedilatildeo do COREN-
SP nas instituiccedilotildees de sauacutede do Estado apoacutes investimento desse oacutergatildeo em capacitaccedilatildeo
dos enfermeiros para a realizaccedilatildeo da SAE revelou que 65 das instituiccedilotildees natildeo souberam
como implantar a SAE 38 estavam em fase de implantaccedilatildeo em 15 houve relutacircncia
eou impedimento dos profissionais de sauacutede e em 10 houve impedimento por parte da
instituiccedilatildeo para o desfecho desta (HERMIDA ARAUacuteJO 2006)
Teixeira Paim e Santos (2004) colocam como dificuldades para o
desenvolvimento da SAE as condiccedilotildees de trabalho do enfermeiro tais como
desproporccedilatildeo enfermeiroleito ausecircncia de uma filosofia de trabalho distorccedilatildeo entre a
formaccedilatildeo e a praacutetica problemas referentes agraves atribuiccedilotildees do enfermeiro preocupaccedilatildeo em
conceder uma assistecircncia de qualidade sobrecarga de trabalho
Backes e Schwartz (2005) acrescentam que as resistecircncias mais comuns para a
implementaccedilatildeo da SAE satildeo os proacuteprios profissionais de enfermagem ou seja os
profissionais com mais de dez anos de formados em virtude do desestiacutemulo a criaccedilatildeo de
estrateacutegias ousadas e para os profissionais com poucos anos de formaccedilatildeo associadas agrave
inexperiecircncia e despreparo teacutecnico e gerencial
Ainda como problema decorrente da natildeo utilizaccedilatildeo de uma metodologia
assistencial eacute possiacutevel considerar o desgaste de recursos humanos Nestes casos no
momento em que o enfermeiro percebe problemas e dificuldades no funcionamento e
rendimento da sua equipe de trabalho pode em alguns casos passar a desacreditar no seu
potencial de liacuteder e gerente produzindo sensaccedilotildees de impotecircncia e frustraccedilatildeo o que por
47
sua vez proporciona maior desgaste fiacutesico e consequentemente maacute produtividade
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A carecircncia de pessoal de enfermagemenfermeiros dificulta tambeacutem a
implementaccedilatildeo da SAE portanto se faz necessaacuterio salientar a responsabilidade das
instituiccedilotildees propiciarem todas as condiccedilotildees necessaacuterias ao enfermeiro para executar de
forma efetiva o planejamento da assistecircncia pois natildeo basta fazer eacute preciso fazecirc-lo bem
natildeo basta exigir eacute preciso oferecer condiccedilotildees (HERMIDA 2004)
Contribuindo para esta reflexatildeo Backes e Schwatz (2005) acrescentam que o tipo
de organizaccedilatildeo dos serviccedilos associado ao modelo de gestatildeo tradicional gera contradiccedilotildees
em virtude de sua estrutura riacutegida excessivamente especializada com funccedilotildees rotineiras
e pouco desafiadoras Neste sentido a enfermagem conformou-se basicamente com uma
cultura do ldquofazerrdquo sem contudo refletir acerca de novas possibilidades do ser e agir na
praacutetica assistencial e gerencial
Para a elaboraccedilatildeo e implementaccedilatildeo de um modelo assistencial em um serviccedilo
hospitalar acredita-se ser necessaacuterio a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico do trabalho da equipe
de enfermagem ressaltando seu preparo teacutecnico-cientiacutefico sobre o processo de
enfermagem bem como a existecircncia de problemas decorrentes de uma assistecircncia natildeo
sistematizada (ANDRADE VIEIRA 2005)
Nascimento e colaboradores (2008) relatam que eacute possiacutevel perceber na praacutetica a
insatisfaccedilatildeo de membros da equipe quanto o ter que fazer a SAE ou a exclusatildeo dos
profissionais de niacutevel meacutedio que apenas executam as prescriccedilotildees sem participar de sua
elaboraccedilatildeo existe um grande desencontro de informaccedilotildees entre o que eacute relatado pelo
paciente a outro profissional e o que o enfermeiro anotou como avaliaccedilatildeo ou evoluccedilatildeo
A falta de tempo para realizar a metodologia ou uma melhor assistecircncia direta ao
paciente eacute uma constante no discurso do enfermeiro O trabalho na instituiccedilatildeo muitas
vezes compartimentalizado pouco reflexivo forccedila o enfermeiro a ocupar um espaccedilo que
natildeo favorece a percepccedilatildeo da totalidade do seu trabalho Aliado a isto o saber meacutedico
hegemocircnico institucionalizado faz com que a praacutetica de enfermagem lhe sirva de esteio
(GARCIA-SANTOS WERLANG 2013) (BENEDET GELBCKE AMANTE 2016)
Em um ambiente de trabalho onde natildeo existe planejamento das atividades nem
determinaccedilatildeo de prioridades haacute um uma perda de tempo significativa no processo de
gerenciamento levando os profissionais a refazerem as atividades realizadas sem ecircxito
Assim perde-se tempo em resolver problemas inerentes a outros profissionais da equipe
48
e quando realmente se trata de atividades que competem ao enfermeiro este natildeo mais
dispotildee de tempo para realizaacute-las (ANDRADE VIEIRA 2005) (MEDEIROS SANTOS
CABRAL 2013)
Eacute importante salientar que as proacuteprias prescriccedilotildees de enfermagem tambeacutem podem
contribuir para dificultar a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede jaacute que muitas
vezes estas natildeo refletem uma anaacutelise justa do caso sendo elaborada contendo somente
cuidados rotineiros de forma repetitivas perdendo a credibilidade junto a equipe
(SHIMIZU CIAMPONE 2002)
A enfermagem por se caracterizar como uma profissatildeo dinacircmica necessita de
uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo O processo de enfermagem eacute
considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo facilitando a
troca de informaccedilotildees entre enfermeiros de vaacuterias instituiccedilotildees (BORK 2003)
Conhecer o aspecto subjetivo que permeia toda essa problemaacutetica configura-se
um importante investimento acadecircmico a ser explorado do ponto de vista psicossocial
Para uma efetiva implantaccedilatildeo do PE eacute necessaacuterio haver primeiro um comprometimento
da chefia de enfermagem com a proposta promovendo reuniotildees e elaborando um plano
de accedilatildeo que incluiria a sensibilizaccedilatildeo da equipe para a importacircncia dessa metodologia o
desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a
equipe e a construccedilatildeo coletiva dos meios para viabilizar a execuccedilatildeo do processo
(HERMIDA 2004) (ANDRADE VIEIRA 2005)
Para que o enfermeiro realize o PE eacute necessaacuterio que este assuma o compromisso
com sua aplicaccedilatildeo na praacutetica e a responsabilidade em executar suas etapas orientar a
equipe aprimorar e atualizar seus conhecimentos Exigiraacute tempo e determinaccedilatildeo de todos
que compartilharem desta jornada poreacutem o resultado se traduz em crescimento individual
e consequentemente qualidade da assistecircncia
Eacute necessaacuterio investimento nas condiccedilotildees materiais de trabalho no treinamento de
pessoal na promoccedilatildeo de sessotildees de estudo entre outras e posteriormente em questotildees
mais qualitativas com a adoccedilatildeo de novas posturas profissionais para melhoria da
qualidade do atendimento (MOURA RAMOS SOUSA SILVA ALVES 2008)
49
16 ndash A EVOLUCcedilAtildeO DO CUIDADO Agrave CRIANCcedilA
Na realizaccedilatildeo do trabalho de cada profissional que cuida
da crianccedila internada natildeo basta apenas a teacutecnica e a
afeiccedilatildeo por ela Faz-se necessaacuterio tambeacutem um
ldquosentimento de infacircnciardquo assim definido por considerar
a crianccedila como sujeito de sua histoacuteria pleno de direitos
dentre os quais ressaltamos o direito ao respeito agrave
liberdade e agrave dignidade
(Beatriz Oliveira 1997)
A assistecircncia agrave crianccedila passou por transformaccedilotildees significativas desde os seacuteculos
passados ateacute a proposta de alojamento conjunto pediaacutetrico Estas alteraccedilotildees
acompanharam a modificaccedilatildeo dos conceitos sociais e sempre estiveram diretamente
relacionadas com o valor e o significado que a sociedade daacute agrave crianccedila com o modo de
produccedilatildeo e com o desenvolvimento da praacutetica meacutedica
Antigamente as crianccedilas eram tidas como adultos em miniatura e posteriormente
passaram a ser reconhecidas como indiviacuteduos uacutenicos com necessidades e capacidades
especiacuteficas (AIREgraveS 1994)
Em funccedilatildeo da percepccedilatildeo da sociedade do ldquoser crianccedilardquo nos seacuteculos passados natildeo
se registraram intervenccedilotildees sistemaacuteticas sobre a sauacutede destas A questatildeo da sauacutede de um
modo geral envolvendo uma preocupaccedilatildeo com a assistecircncia meacutedica ou com a higiene das
cidades era subalterna ou inexistente Assim natildeo havia tampouco uma poliacutetica de sauacutede
para as crianccedilas ou mesmo para o conjunto da populaccedilatildeo (ELSEN 2002)
O indiviacuteduo adulto natildeo existia socialmente fora dos limites da propriedade e a
crianccedila soacute era vista como um elemento posto a serviccedilo do poder paterno Para a famiacutelia
cujo epicentro repousava na figura do pai a crianccedila soacute poderia receber uma atenccedilatildeo
geneacuterica Nos seacuteculos passados a infacircncia natildeo era tematizada nem pela famiacutelia nem pelo
Estado A famiacutelia baseava-se na manutenccedilatildeo do patrimocircnio com isso as relaccedilotildees pessoais
e de afetividade natildeo apareciam como centrais (AIREgraveS 1994)
A reestruturaccedilatildeo do nuacutecleo familiar implicava na mudanccedila de concepccedilatildeo
desenvolvida tradicionalmente sobre a crianccedila Os cuidados gerais que a crianccedila comeccedilou
a receber no fim do seacuteculo XIX foram substituiacutedos por uma assistecircncia sistematizada
quanto a condutas alimentares disciplinares pedagoacutegicas e mesmo de vestuaacuterio (AIREgraveS
1994) Para desempenhar estes cuidados a famiacutelia precisou redefinir o papel do pai e da
matildee buscando organizar-se em novos conceitos (WHALEY WONG 2015)
50
Esta nova forma de organizaccedilatildeo familiar com o objetivo de criar e educar crianccedilas
sadias para tornarem-se fortes e produtivas era compatiacutevel com a nova ordem que se
pretendia instaurar de paiacuteses independentes voltados para a produccedilatildeo e o acuacutemulo de
capital Podemos perceber entatildeo que a concepccedilatildeo de crianccedila esteve relacionada aos
problemas que as sociedades tinham para administrar (OLIVEIRA 1997) (ELSEN
2002) O controle das doenccedilas transmissiacuteveis a prevenccedilatildeo da mortalidade infantil e
reduccedilatildeo da populaccedilatildeo eram associados agrave produtividade no trabalho e agrave prosperidade do
paiacutes
No seacuteculo XVIII os hospitais ainda estavam se organizando como nuacutecleos de
praacutetica meacutedica cliacutenica individualizada e a pediatria como especialidade meacutedica ainda natildeo
havia surgido A apreensatildeo da crianccedila pela medicina se daacute inicialmente por meio de
conhecimentos que possibilitem crescimento e desenvolvimento saudaacutevel da higiene
corporal e do ambiente da alimentaccedilatildeo dos cuidados preacute-natais e poacutes-natais imediatos
Medidas legais para protege-la dos agravos do meio ambiente comeccedilam a ser adotadas
como a regulamentaccedilatildeo do trabalho da pueacuterpera possibilitando agrave matildee cuidar da crianccedila
nos primeiros meses e a proteccedilatildeo da crianccedila contra trabalhos insalubres entre outras
medidas (ROCHA ALMEIDA 1993) (WHALEY WONG 2015)
O primeiro hospital infantil foi construiacutedo em Paris em 1802 seguido pelo
ldquoHospital for Sick Childrenrdquo em Londres que precedem os hospitais norte-americanos
e podem ser considerados como marco inicial da assistecircncia agrave crianccedila (ROCHA
ALMEIDA 1993) O precursor da pediatria foi o meacutedico Abraham Jacobi (1830 ndash 1919)
cujas realizaccedilotildees influenciaram as investigaccedilotildees cientiacuteficas e cliacutenicas das doenccedilas da
infacircncia no seacuteculo XIX motivo pelo qual eacute conhecido como o ldquopai da pediatriardquo
(WHALEY WONG 2015)
O hospital como instrumento terapecircutico mudou a percepccedilatildeo da sociedade sobre
a assistecircncia agrave sauacutede uma vez que retirou das famiacutelias a responsabilidade sobre o cuidado
dos seus doentes Para as crianccedilas as regras e teacutecnicas de isolamento eram extremamente
riacutegidas as infecccedilotildees sem o auxiacutelio dos antibioacuteticos eram graves e temidas as visitas eram
consideradas ameaccedilas ao tratamento ficando estas isoladas uma das outras e confinadas
aos seus leitos (ROCHA ALMEIDA 1993)
A internaccedilatildeo hospitalar contribuiu para a observaccedilatildeo sistematizada de sinais e
sintomas levando ao aperfeiccediloamento dos procedimentos para o diagnoacutestico e
terapecircutica Esta evoluccedilatildeo consequentemente foi afastando a famiacutelia de um envolvimento
51
com a crianccedila e os profissionais durante os episoacutedios de tratamento meacutedico O saber e a
praacutetica familiar foram ignorados pelo cientificismo da praacutetica meacutedica (ROCHA LIMA
SCHOCHI 1997) O modelo de atendimento agrave sauacutede vigente neste momento era o
hospitalocentrico bioloacutegico individual e curativo
Os registros mais antigos da enfermagem no cuidado agrave crianccedila datam de 1859
nos apontamentos de Florence Nightingale estes refletem e evoluiacuteram de acordo com a
praacutetica meacutedica e seguindo a mesma filosofia trata-se de apontamentos centrados na
puericultura como o conjunto de regras e noccedilotildees sobre a arte de criar fisiologicamente e
higienicamente crianccedilas (COLLET 2001)
A origem da enfermagem pediaacutetrica moderna aparece associada agrave pediatria
especialidade meacutedica Somente apoacutes os departamentos de pediatria terem-se estabelecido
nas escolas meacutedicas eacute que a pediatria tornou-se disciplina nos curriacuteculos das escolas de
enfermagem Contudo na maioria das escolas omitia-se a importacircncia do crescimento e
desenvolvimento das reaccedilotildees psicoloacutegicas da crianccedila e da necessidade de educar o que
fazia com que os profissionais de sauacutede estivessem aptos a cuidar da crianccedila doente mas
sem saber lidar com sua convalescenccedila ou com a prevenccedilatildeo das doenccedilas (LIMA 1996)
Posteriormente esta concepccedilatildeo foi sendo transformada a partir do momento em
que se identificou que crianccedila apresenta especificidades e reaccedilotildees que variam conforme
a idade Tal fato ocorre por estar ela em constante evoluccedilatildeo desde seu nascimento ateacute a
fase adulta ultrapassando vaacuterias etapas que se modificam por forccedila das transformaccedilotildees
inerentes ao seu crescimento e desenvolvimento (RIBEIRO ANGELO 2005)
A sauacutede infantil que emergia com as demais praacuteticas sanitaacuterias no processo de
expansatildeo capitalista apesar de jaacute se articular em termos de serviccedilos de sauacutede inclusive
utilizando uma terapecircutica cientiacutefica mantinha seu caraacuteter ideoloacutegico quanto agrave
constituiccedilatildeo de uma visatildeo de mundo adequada agraves elites dirigentes e assumia um papel
cada vez mais importante nessa estrateacutegia de controle (ELSEN 2002)
O cuidado de enfermagem agrave crianccedila evolui em linhas gerais e superficiais
baseando-se no conhecimento da medicina de forma que o conhecimento era limitado
possibilitando apenas a fundamentaccedilatildeo de algumas teacutecnicas de trabalho mantendo
contudo extremamente limitada sua autonomia no processo de trabalho Neste contexto
Rocha e Almeida (1993) colocam
[] ao final da deacutecada de 30 as enfermeiras pediatras
identificam as limitaccedilotildees do referencial teoacuterico insuficiente em
fornecer elementos para lidar com a crianccedila e ajudaacute-la um ser
52
em crescimento e desenvolvimento temporariamente afastado de
seu ambiente e da famiacutelia durante a hospitalizaccedilatildeo Passam
entatildeo a procurar no estudo do crescimento e desenvolvimento
infantil referencial teoacuterico trazido em parte da psicologia para
instrumentalizar-se e lidar com problemas de comportamento e
nas relaccedilotildees entre a crianccedila a famiacutelia e o conjunto de pessoas
que compotildeem a equipe de sauacutede (ROCHA ALMEIDA 1993
p25)
Datam da deacutecada de 70 do seacuteculo passado as mais significativas modificaccedilotildees
ligadas ao cuidado e praacuteticas de sauacutede para a crianccedila e estatildeo relacionadas ao surgimento
e valorizaccedilatildeo do sentimento de infacircncia que natildeo era estimulado ou protegido as
evoluccedilotildees das praacuteticas meacutedicas e hospitalares e ao avanccedilo de tecnologias que possibilitam
a sobrevivecircncia de crianccedilas prematuras como o surgimento das incubadoras e
respiradores (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Com este advento as bases da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada tecircm-se
modificado nas uacuteltimas deacutecadas estas contribuiccedilotildees estimularam e desenvolveram
diferentes perspectivas de como assistir a crianccedila no processo sauacutede-doenccedila perspectivas
estas que vecircm orientando a praacutetica pediaacutetrica Elas influenciam a visatildeo dos profissionais
sobre o ser crianccedila o papel da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem
identificados os objetivos a abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-
relacionamento da equipe de sauacutede (LIMA 1996)
Este novo perfil assistencial provoca uma grande transformaccedilatildeo na assistecircncia agrave
crianccedila favorecendo um universo mais amplo aos cuidados e modificando a finalidade
do trabalho que passa a exigir do profissional a racionalidade para a recuperaccedilatildeo do corpo
anaacutetomo-fisioloacutegico poreacutem preocupando-se agora tambeacutem com estrateacutegias que busquem
o bem-estar da famiacutelia e a qualidade de vida (GAIacuteVA SCOCHI 2004)
Todo o hospital dispotildee de uma abordagem de assistecircncia agrave crianccedila que mesmo
natildeo estando expliacutecita em suas normatizaccedilotildees pode ser facilmente identificada pela
observaccedilatildeo
As normas hospitalares riacutegidas e inflexiacuteveis que se baseavam apenas na questatildeo
da contaminaccedilatildeo do ambiente hospitalar numa oacutetica microbioloacutegica das causas das
doenccedilas foram-se modificando com o passar do tempo pois foi sendo demonstrado que
os germes hospitalares eram muito mais agressivos do que os germes que provinham do
ambiente domiciliar do paciente e de seus familiares Paralelamente a psicologia
avanccedilou no atendimento dos distuacuterbios da crianccedila evidenciando que o distanciamento
53
ou a ausecircncia dos pais em eacutepocas importantes da vida da crianccedila participavam da gecircnese
desses distuacuterbios fossem eles precoces ou tardios (ROCHA ALMEIDA 1993)
(WHALEY WONG 2015)
No Brasil a partir da constituiccedilatildeo de 1988 eacute que efetivamente avanccedilou-se no
conceito da humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila com a promulgaccedilatildeo do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente (ECA) Com a Lei nordm 8069 de 13 de julho de 1990 agrave crianccedila
passa a gozar de direitos fundamentais sendo garantidos a sauacutede alimentaccedilatildeo proteccedilatildeo
educaccedilatildeo esporte lazer e cultura E aleacutem da famiacutelia o Estado como um todo possui o
dever de zelar e garantir esses direitos baacutesicos
Entre outros avanccedilos vinculados a esta proposta estaacute o direito a internaccedilatildeo
hospitalar com o acompanhamento dos familiares (BRASIL 1991)
Com a humanizaccedilatildeo do atendimento hospitalar objetiva-se
principalmente dar apoio psicoloacutegico agrave crianccedila internada e sua
famiacutelia diminuir o tempo de internaccedilatildeo reduzir o nuacutemero de
reinternaccedilotildees trocar experiecircncias com as matildees acerca do
cuidado das crianccedilas durante o tempo de permanecircncia no
hospital Com isso pretende-se preservar a indissolubilidade do
binocircmio matildee-filho reduzir o custo da internaccedilatildeo aumentar o
calor afetivo e a colaboraccedilatildeo da equipe de sauacutede criando-se um
viacutenculo entre a famiacutelia o hospital e a comunidade (ROCHA
ALMEIDA 1997)
Contudo a praacutetica da maioria das instituiccedilotildees hospitalares em nosso paiacutes continua
a do cuidado centrado na patologia com a crianccedila internada sem a presenccedila dos
familiares natildeo havendo portanto respeito pelas necessidades da crianccedila Esta realidade
vem sendo modificada em algumas instituiccedilotildees hospitalares que desenvolvem propostas
para permitir a humanizaccedilatildeo da assistecircncia agrave crianccedila hospitalizada com a permanecircncia do
acompanhante durante o tratamento e o envolvimento da famiacutelia no cuidado agrave crianccedila
(SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Vale lembrar que nem sempre as leis satildeo colocadas em praacutetica o que reforccedila a
ideacuteia de que meros dispositivos legais natildeo resolvem os problemas sociais fazendo-se
necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas que garantam o acesso aos direitos para a edificaccedilatildeo
de uma naccedilatildeo efetivamente cidadatilde (COLLET 2001)
A hospitalizaccedilatildeo altera a vida da crianccedila e de sua famiacutelia quando a proposta de
assistecircncia eacute integral portanto humanizada esta experiecircncia estressante pode ser
amenizada pelo fornecimento de certas condiccedilotildees como a presenccedila de familiares o
54
contato com outras crianccedilas a disponibilidade afetiva dos trabalhadores de sauacutede a
informaccedilatildeo as atividades recreacionais entre outras A adoccedilatildeo do alojamento conjunto
pediaacutetrico eacute uma das estrateacutegias que possibilitam a reduccedilatildeo do estresse emocional durante
a internaccedilatildeo (LIMA 1996) (SANABRIA RODRIacuteGUEZ 2016)
Ao pensar a inserccedilatildeo da famiacutelia no ambiente hospitalar precisamos levar em
consideraccedilatildeo seus direitos e deveres bem como o papel a ser desenvolvido A burocracia
hospitalar a falta de diretrizes de planejamento e de organizaccedilatildeo de um projeto
terapecircutico comum na unidade de pediaacutetrica demostram a possibilidade de desencadear
problemas das mais variadas ordens tanto para a equipe de sauacutede como para as crianccedilas
e suas famiacutelias (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
A evoluccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede da crianccedila caminhou da internaccedilatildeo hospitalar
que rompia o viacutenculo afetivo com a famiacutelia para a proposta de alojamento conjunto que
envolve os familiares na hospitalizaccedilatildeo na promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo de doenccedilas a
seus filhos
As diferentes abordagens para assistir agrave crianccedila no processo sauacutede-doenccedila
orientam e influenciam a visatildeo dos profissionais sobre o que significa ser crianccedila o papel
da famiacutelia e da comunidade os tipos de problemas a serem identificados os objetivos a
abrangecircncia da assistecircncia a composiccedilatildeo e o inter-relacionamento da equipe de sauacutede
(ELSEN 2002)
A tendecircncia atual ainda que mal definida na praacutetica eacute prestar uma assistecircncia
integral agrave crianccedila o que pode ser entendido como olhar a crianccedila em sua totalidade um
ser em crescimento e desenvolvimento que pertence a uma famiacutelia cujos membros
portanto devem ser incluiacutedos na assistecircncia Ela eacute um ser cujo processo sauacutede ndash doenccedila eacute
determinado socialmente isto eacute pertence a um grupo social que o caracteriza (COLLET
ROCHA 2001) O quadro abaixo apresenta trecircs propostas de abordagem ao cuidado da
crianccedila hospitalizada
55
Quadro 3 - Caracteriacutesticas das abordagens de assistecircncia agrave crianccedila
Aspectos
Assistenciais
Centrada na
Patologia
Centrada na
Crianccedila
Centrada na
Famiacutelia
Foco Doenccedila da crianccedila
com abrangecircncia
intra-hospitalar
Crianccedila doente com
suas caracteriacutesticas de
desenvolvimento
abrangecircncia intra-
hospitalar
Famiacutelia vivenciando
a doenccedila e
hospitalizaccedilatildeo de
uma de suas crianccedilas
abrangecircncia intra e
extra-hospitalar
Objetivos Tratar a doenccedila ou
recuperar a sauacutede da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
favorecer o
desenvolvimento da
crianccedila estimular a
participaccedilatildeo da
famiacutelia no cuidado da
crianccedila
Tratar a doenccedila
minimizar os traumas
da hospitalizaccedilatildeo
para a crianccedila e sua
famiacutelia incentivar a
co-participaccedilatildeo da
famiacutelia nas tomadas
de decisatildeo favorecer
sua integridade e
pontencializar forccedilas
Visatildeo da
Hospitalizaccedilatildeo
Evento necessaacuterio ao
diagnoacutestico e
tratamento manejado
por uma equipe de
especialistas
Evento necessaacuterio
poreacutem determinador
de estresse para a
crianccedila
Evento estressante
para a crianccedila e sua
famiacutelia que pode
determinar ruptura no
funcionamento
familiar
Caracteriacutesticas fiacutesicas
da unidade
Ecircnfase na
organizaccedilatildeo e no
funcionamento
normas e rotinas
rigorosas
estabelecidas
pobreza de decoraccedilatildeo
ou outras
caracteriacutesticas
infantis leitos
distribuiacutedos pela
enfermaria por
patologias
Maior flexibilidade
de organizaccedilatildeo e
funcionamento
decoraccedilatildeo infantil
ambiente para
recreaccedilatildeo e
caracteriacutesticas fiacutesicas
adequadas agraves
necessidades das
diferentes faixas
etaacuterias e ao conforto
do acompanhamento
leitos distribuiacutedos
conforme a idade e as
necessidades das
crianccedilas
Flexibilizaccedilatildeo de
organizaccedilatildeo e
funcionamento com
vistas tanto a
favorecer a atuaccedilatildeo
da equipe como da
famiacutelia decoraccedilatildeo
infantil local para
recreaccedilatildeo e conviacutevio
entre famiacutelia-crianccedila-
equipe
Tomada de decisotildees Vertical centrada na
figura do meacutedico
Horizontal poreacutem
centrada na equipe de
sauacutede
Horizontal
compartilhada entre a
equipe e a famiacutelia
Avaliaccedilatildeo Baseada em criteacuterios
objetivos como
evoluccedilatildeo dos sinais e
sintomas tempo de
hospitalizaccedilatildeo
estatiacutestica de alta com
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
outros subjetivos
como o grau de
participaccedilatildeo da
crianccedila e da famiacutelia
influencias no
Baseada nos mesmos
criteacuterios objetivos e
subjetivos anteriores
e outros como
satisfaccedilatildeo e niacutevel de
funcionamento da
famiacutelia tanto no
56
a doenccedila curada
melhorada oacutebitos
comportamento
assim como no
crescimento e
desenvolvimento da
crianccedila
acircmbito hospitalar
como na busca e
utilizaccedilatildeo dos
recursos da
comunidade extra-
hospitalar
Fonte PETTENGIL RIBEIRO BORBA O cuidado centrado na crianccedila e sua famiacutelia uma
perspectiva para a atuaccedilatildeo do enfermeiro pediaacutetrico In ALMEIDA FA SABATEacuteS AL
Enfermagem pediaacutetrica a crianccedila o adolescente e sua famiacutelia no hospital p 35-37 2008
A abordagem do cuidado a crianccedila a partir da perspectiva familiar eacute parte processo
de humanizaccedilatildeo da assistecircncia A preocupaccedilatildeo com a humanizaccedilatildeo da assistecircncia
hospitalar natildeo se restringe agrave atenccedilatildeo agrave crianccedila mas integra uma nova cultura nacional de
melhoria da qualidade do atendimento nos hospitais expressa por meio do
aperfeiccediloamento da gestatildeo hospitalar da melhoria da infraestrutura das instituiccedilotildees e do
fortalecimento do compromisso da equipe de profissionais de sauacutede (BRASIL 2001)
A Poliacutetica Nacional de humanizaccedilatildeo entende que para que exista humanizaccedilatildeo eacute
preciso haver a valorizaccedilatildeo da dimensatildeo subjetiva e social em todas as praacuteticas de atenccedilatildeo
agrave sauacutede fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadatildeo (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011) Esta vem se estruturando e solidifica-se por meio de
um conjunto de elementos tecnocientiacuteficos e subjetivos os quais direcionam as accedilotildees para
o cuidado com as pessoas Esta forma de cuidar deve ser iniciada no acircmbito familiar mas
ao mesmo tempo ser consolidada por accedilotildees nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede acessiacuteveis e
resolutivas (BRASIL 2001) (SILVA VIERA 2014)
Faz parte tambeacutem deste processo de valorizaccedilatildeo da integralidade e resolutividade
assistencial a construccedilatildeo das redes de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila e agrave sauacutede familiar
Busca-se com as redes de sauacutede a produccedilatildeo de sauacutede a co-responsabilidade dos atores
envolvidos no processo o fortalecimento do controle social com caraacuteter participativo em
todas as instacircncias gestoras do SUS compromisso com a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees de
trabalho e valorizaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede estimulando processos de educaccedilatildeo
permanente (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
A integralidade do cuidado amplamente discutida e difundida haacute tantos anos pelas
enfermeiras encontra na humanizaccedilatildeo um instrumento consolidador deste modo operante
da profissatildeo
Promover um cuidado humanizado e de qualidade a esta clientela vincula-se a
processos que natildeo se expressam por caracterizaccedilotildees e definiccedilotildees precisas e facilmente
medidas Envolver a famiacutelia no cuidado por exemplo eacute ir aleacutem da sua participaccedilatildeo na
57
divisatildeo funcional de tarefas Implica compreender a dimensatildeo social na qual as famiacutelias
estatildeo inseridas levando-se em consideraccedilatildeo suas demandas psiacutequicas emocionais
afetivas Significa apreender a famiacutelia natildeo mais de forma estereotipada e idealizada mas
na complexidade do seu processo social de sua subjetividade enfim de suas relaccedilotildees
Enfim eacute preciso que se pense coletivamente na construccedilatildeo de um projeto
terapecircutico sem estruturaccedilotildees riacutegidas com a possibilidade de repensar e refazer no
cotidiano as accedilotildees de cuidado e organizacionais (SOARES ROSA HIGARASHI
MARCON MOLINA 2016)
161 O Cuidado Sistematizado agrave Crianccedila
Existem inuacutemeras razotildees para a internaccedilatildeo de crianccedilas ou adolescentes em uma
unidade hospitalar A principal delas eacute a obtenccedilatildeo do pleno restabelecimento fiacutesico sem
agravos no estado psicoemocional aos quais estaacute clientela estaacute sujeita em decorrecircncia de
vaacuterias situaccedilotildees que lhe satildeo peculiares durante a internaccedilatildeo hospitalar como a separaccedilatildeo
dos pais os procedimentos dolorosos invasivos e desconhecidos entre outros
No entanto para que essa hospitalizaccedilatildeo seja segura no mais amplo sentido o
planejamento do cuidado deve ser feito pelo enfermeiro de modo que atenda as
caracteriacutesticas do crescimento e desenvolvimento dessa clientela e ainda seja harmocircnico
com as necessidades da famiacutelia e equipe de sauacutede favorecendo a humanizaccedilatildeo e
seguranccedila do atendimento (COLLET ROCHA 2001) (GAIacuteVA SOUZA XAVIER
2013)
Na maioria das instituiccedilotildees hospitalares ainda vigora a perspectiva biologicista
dando ecircnfase agrave doenccedila da crianccedila e ao seu tratamento Os pais satildeo obrigados a seguir uma
organizaccedilatildeo predeterminada pelos serviccedilos Natildeo existindo estiacutemulo para a participaccedilatildeo e
o envolvimento deles nas decisotildees relativas ao tratamento e aos cuidados prestados aos
filhos atuando mais como expectadores da assistecircncia (COLLET 2001)
Eacute importante salientar que o cuidado de enfermagem agrave crianccedila natildeo se restringe agrave
busca do ecircxito teacutecnico pois apesar da preocupaccedilatildeo do enfermeiro com as praacuteticas de
sauacutede por meio de accedilotildees curativistas deve-se atentar para as atitudes compreensivas no
processo de cuidar caminhando para a construccedilatildeo de novos entendimentos das situaccedilotildees
que a crianccedila e a famiacutelia enfrentam (RIBEIRO ANGELO 2005) (WOISKI ROCHA
2010)
58
O modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede da crianccedila implementado pelo hospital implica o
desenvolvimento de accedilotildees para o cuidado tais praacuteticas para serem integrais e
possibilitarem intervenccedilotildees geradoras de bem-estar e qualidade de vida precisam ser
sistematizadas portanto o enfermeiro que atua nestes espaccedilos deve utilizar a SAE e o PE
para efetuar sua praacutetica profissional junto agrave crianccedila
A SAE em pediatria requer o planejamento e implementaccedilatildeo de accedilotildees em uma
abordagem processual que fundamente a tomada de decisotildees acerca do cuidado
(WHALEY WONG 2015) Aos enfermeiros que atuam na pediatria cabe o desafio de
adequar a SAE aacutes necessidades das crianccedilas e suas famiacutelias pois o contexto do hospital
algumas vezes provoca nos profissionais uma forte tendecircncia em focar sua atenccedilatildeo no
cliente de forma fragmentada percebendo cliente e famiacutelia a partir de uma visatildeo
dicotomizada inviabilizando uma abordagem humaniacutestica do cuidado (SOUSA
GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
Horta (1979) afirma que a variaccedilatildeo das necessidades de um indiviacuteduo para o outro
se daacute na maneira como se manifesta e como satildeo satisfeitas ou atendidas Alguns fatores
interferem na manifestaccedilatildeo ou no atendimento entre eles podem ser descritos a
individualidade a idade o sexo a cultura a escolaridade os fatores socioeconocircmicos o
ciclo sauacutede-enfermidade e o ambiente fiacutesico
A aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona uma assistecircncia organizada
e planejada para o acompanhamento contiacutenuo do processo sauacutede-doenccedila da crianccedila
Dessa forma a atenccedilatildeo sistematizada viabiliza a identificaccedilatildeo precoce das necessidades
individuais e com isso promove o crescimento e desenvolvimento saudaacutevel assim como
a prevenccedilatildeo de doenccedilas (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Desta forma devemos considerar a SAE portanto um instrumento que
proporciona natildeo apenas uma melhora na qualidade da assistecircncia mas tambeacutem confere
ao profissional maior autonomia de suas accedilotildees o respaldo legal e ao aumento do viacutenculo
entre o profissional e o paciente (CARVALHO SILVA FERREIRA CORREA 2008)
Enquanto processo organizacional ela eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodos interdisciplinares e humanizados de cuidado (MOREIRA
etal2012)
Para Duran e Toledo (2011) o processo de enfermagem contribui para minimizar
complicaccedilotildees referentes ao estado de sauacutede e cuidados prescritos bem como maior
estabilidade e seguranccedila na assistecircncia prestada Por isso a seguranccedila da assistecircncia agrave
59
crianccedila deve ser preservada considerando a maior vulnerabilidade do grupo de
atendimento (GAIacuteVA SOUZA XAVIER 2013)
Neste contexto a SAE eacute de extrema importacircncia pois direciona as intervenccedilotildees
conforme as necessidades do paciente aleacutem de facilitar a avaliaccedilatildeo dos cuidados de
enfermagem Estudo desenvolvido avaliando a utilizaccedilatildeo da sistematizaccedilatildeo do cuidado
ao receacutem-nascido internado em UTI neonatal concluiu que a SAE garante a qualidade e
a organizaccedilatildeo da assistecircncia o que promove maior sobrevida e menor tempo de
permanecircncia da crianccedila na UTIN (MOREIRA etal2012)
Assim a aplicaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees de sauacutede apresenta como aspectos
positivos seguranccedila no planejamento execuccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das condutas de enfermagem
individualizaccedilatildeo da assistecircncia visibilidade e autonomia para o enfermeiro (SILVA
OLIVEIRA NEVES GUIMARAtildeES 2011)
Com isso a SAE acaba por se constituir um processo de qualificaccedilatildeo profissional
que aleacutem de propiciar valorizaccedilatildeo do papel do enfermeiro na Instituiccedilatildeo induz maior
qualidade da assistecircncia como poderoso veiacuteculo que requer pensamento criacutetico e criativo
para desenvolver um cuidado de excelecircncia e boa relaccedilatildeo custobenefiacutecio desenvolvendo
um ambiente de assistecircncia agrave sauacutede multidisciplinar (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
162 Etapas e Organizaccedilatildeo do Processo de Enfermagem agrave Crianccedila
A implementaccedilatildeo do PE deve promover o encontro de subjetividade entre o
profissional de enfermagem e a famiacutelia da crianccedila Desse encontro surgem novas
compreensotildees e interpretaccedilotildees que contribuem para o sucesso do cuidado e a superaccedilatildeo
da crise ocorrida durante a hospitalizaccedilatildeo (ALMEIDA SABATEacuteS 2008)
Neste contexto a utilizaccedilatildeo do PE aleacutem de organizar o cuidado prestado
proporciona tambeacutem melhor comunicaccedilatildeo pois evita interpretaccedilatildeo duvidosa e encoraja a
participaccedilatildeo do cliente no planejamento e na assistecircncia de enfermagem individualizada
e humanizada Auxilia ainda a definir o papel do enfermeiro junto ao cliente e a outros
profissionais de sauacutede intensificando a satisfaccedilatildeo profissional e acentuando o
desenvolvimento de habilidades cognitivas teacutecnicas e interpessoais (MOREIRA
etal2012)
60
Assim para que a accedilatildeo do profissional de enfermagem seja feita a partir de
condutas e atitudes seguras que embasem a tomada de decisotildees relacionadas ao cliente o
conhecimento constitui valor de grande importacircncia (COLLET ROCHA 2001)
(MOREIRA etal2012) No caso da crianccedila todo o arcabouccedilo de conhecimento
relacionados ao seu processo de crescer e desenvolver devem ser considerados de forma
que o cuidado a ser prestado seja significativo e faccedila alteraccedilotildees positivas no estado de
sauacutede da crianccedila e dos familiares envolvidos no processo
A baixo satildeo descritas de acordo com as fases do processo de enfermagem algumas
especificidades levantadas em bibliografias que precisam ser abordados ao momento de
organizar o gerenciamento do cuidado a crianccedila e sua famiacutelia jaacute que estas especificidades
relacionadas a clientela infantil proporcionaram maior embasamento para a tomadas de
decisotildees criacuteticas e natildeo meramente advindas de uma seacuterie de tentativas
Fase I - Histoacuterico de enfermagem
Consiste no levantamento de dados obtidos por meio de diferentes fontes de
informaccedilatildeo requer do enfermeiro habilidades diferenciadas como a capacidade de
observaccedilatildeo comunicaccedilatildeo e interaccedilatildeo com o paciente aleacutem do conhecimento especiacutefico
(COLLET OLIVEIRA 2002) (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA 2013)
Conveacutem reunir o maior nuacutemero de informaccedilotildees possiacuteveis referentes aos aspectos
fiacutesicos sensomotores intelectuais soacutecio-afetivos da crianccedila a fim de avaliar seu niacutevel de
desenvolvimento e propor em seguida accedilotildees e encaminhamentos que favoreccedilam o seu
desenvolvimento (SCHMITZ 2005)
No histoacuterico de pediatria alguns pontos devem ser observado ao momento da
coleta da informaccedilatildeo deve ser concedido espaccedilo para a crianccedila participar da entrevista
juntamente com sua famiacutelia considerando suas colocaccedilotildees e ponto de vista a
caracteriacutestica e estrutura interna da famiacutelia deve ser coletado por meio de diagramas como
o genograma e o ecomapa o cuidador principal da crianccedila deve ser identificado no
atendimento de lactentes ou de patologias correlacionadas a injurias na gestaccedilatildeo o
histoacuterico deste periacuteodo deve ser coletado atividades recreacionais e educacionais devem
ser levantadas a avaliaccedilatildeo do desenvolvimento deve ser feita comparando as habilidades
e marcos de desenvolvimento para cada estaacutegio (WHALEY WONG 2015)
61
Fase II - Diagnoacutestico de Enfermagem
Consiste no julgamento cliacutenico sobre as respostas do indiviacuteduo famiacutelia ou
comunidade aos problemas de sauacutede processos de vida vigentes e potenciais
proporcionando a base para a seleccedilatildeo de intervenccedilotildees de enfermagem visando ao alcance
de resultados pelo qual o enfermeiro eacute responsaacutevel (CARPENITO 2005) (NANDA
2008)
Para que o enfermeiro possa realizar o diagnoacutestico faz se necessaacuterio utilizar um
sistema uacutenico de classificaccedilatildeo Existem cinco tipos de diagnoacutesticos de enfermagem (reais
de risco de bem-estar de promoccedilatildeo a sauacutede e de siacutendrome) sendo que os diagnoacutesticos
reais e de risco satildeo os mais utilizados na praacutetica (NANDA 2008)
Estudo que avaliou os diagnoacutesticos de enfermagem mais utilizados no cuidado a
crianccedila elencou nove diagnoacutesticos reais segundo a taxonomia da NANDA natildeo
relacionados a patologias como os mais utilizados Proteccedilatildeo ineficaz Comunicaccedilatildeo
verbal prejudicada Processos familiares interrompidos Mobilidade fiacutesica prejudicada
Padratildeo de sono perturbado Atividades de recreaccedilatildeo deficientes Medo Ansiedade
Tensatildeo do papel do cuidador (SILVA 2004) (SIQUEIRA 2005) (MONTEIRO
SILVALOPES 2006)
Fase III - Planejamento de Enfermagem
A formulaccedilatildeo do plano eacute a fase de tomada de decisatildeo do processo baseado no
diagnoacutestico de enfermagem especiacutefico formulado de modo que permita uma meta ou
resultado esperado (CARPENITO 2005)
Nesta fase eacute importante acrescentar ao plano de metas a participaccedilatildeo da famiacutelia
no cuidado (LIMA 1996) (COLLET 2001) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS
SILVA 2011) aleacutem de incluir as potencialidades inerentes aos recursos humanos e a
estrutura fiacutesica das unidades de cuidado agrave crianccedila Estes espaccedilos geralmente possuem uma
estrutura fiacutesica especiacutefica a infacircncia e singular frente a outras clinicas hospitalares como
brinquedotecas ambiente para a educaccedilatildeo durante a internaccedilatildeo banco de leite e lactaacuterios
etc (WHALEY WONG 2015)
Fase IV - Prescriccedilatildeo de Enfermagem
Nesta etapa da SAE o enfermeiro decide acerca das condutas a serem
implantadas objetivando uma assistecircncia personalizada e de qualidade As intervenccedilotildees
62
de enfermagem constituem-se em estrateacutegias especiacuteficas que auxiliam tanto a crianccedila
como a famiacutelia a chegar aos resultados Envolve tomada de decisatildeo do profissional na
medida em que ele indica o tipo de cuidado necessaacuterio em uma determinada situaccedilatildeo
(HORTA 1979) (CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
A prescriccedilatildeo de enfermagem em pediatria deve incluir itens relacionados a
cuidados padronizados e comuns a todas as crianccedilas internadas cuidados especiacuteficos aos
problemas identificados atividades de estimulaccedilatildeo neuropsicomotora de acordo com o
estaacutegio de desenvolvimento do cliente orientaccedilotildees a crianccedilas e adolescentes
acompanhantes visitantes encaminhamento a outros profissionais (WHALEY WONG
2015)
Fase V - Avaliaccedilatildeo de Enfermagem
Eacute o registro realizado apoacutes a avaliaccedilatildeo do estado geral da crianccedila com o objetivo
de nortear o planejamento da assistecircncia a ser prestada e informar o resultado das
condutas de enfermagem implementadas Neste registro deve constar os problemas novos
identificados um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas
a serem abordados nas 24 horas subsequentes (CAMPEDELLI 1989)
(CIANCIARRULLO GALDA MELLEIRO ANAKUBI 2005)
Alguns itens satildeo considerados importantes para a avaliaccedilatildeo dos pacientes
pediaacutetricos a caracterizaccedilatildeo da crianccedila quanto ao seu estaacutegio de desenvolvimento
(lactente preacute-escolar etc) dependecircncia para o autocuidado alteraccedilotildees observadas no
desenvolvimento reaccedilotildees emocionais observadas na crianccedila em relaccedilatildeo a interaccedilatildeo com
a famiacutelia equipe e ambiente uso de objetos preferidos (chupeta paninho brinquedo) ou
rituais (chupar dedo enrolar cabelo etc)
Compreendendo que a implementaccedilatildeo do PE promove um meacutetodo organizado e
individualizado para o cuidado de enfermagem agrave sauacutede da crianccedila por permitir o
envolvimento da crianccedila famiacutelia e das equipes de sauacutede nas diferentes etapas do processo
facilitando a continuidade dos processos e prevenindo omissotildees e repeticcedilotildees
desnecessaacuterias (MOREIRA etal2012) Cabe ao enfermeiro o desafio de adequar o
conhecimento disponiacutevel incentivar a participaccedilatildeo da equipe de enfermagem tanto no
planejamento como na implementaccedilatildeo do PE para que seu uso seja de fato efetivo na
praacutetica com resultados positivos na qualidade da assistecircncia
63
2- REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 - A TEORIA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS ORIGEM CONCEITO E
DEFINICcedilOtildeES
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam elas entre
duas pessoas ou entre dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees Na realidade eacute isso que as caracteriza
(Serge Moscovici)
Definida como o ldquoconjunto de conceitos frases e explicaccedilotildees originaacuterias na vida
diaacuteria durante o curso das comunicaccedilotildees interpessoaisrdquo (Moscovici 1978 p181) as
representaccedilotildees sociais englobam uma vasta gama de crenccedilas ideologias opiniotildees e
valores que satildeo socialmente construiacutedos por grupos delimitados acerca de um
determinado objeto de pesquisa presente na realidade existencial concreta As
Representaccedilotildees Sociais configuram-se como uma estrateacutegia particular de apropriaccedilatildeo
dos grupos sociais para orientar e justificar as tomadas de decisotildees em relaccedilatildeo ao objeto
de investigaccedilatildeo em estudo (MOSCOVICI 2003)
A representaccedilatildeo social designa tanto um conjunto de fenocircmenos quanto o conceito
que os engloba eacute a teoria construiacuteda para explicaacute-los bem como afirmaccedilotildees que se
originam no cotidiano atraveacutes de comunicaccedilotildees inter-individuais que contribuem para a
formaccedilatildeo de condutas e a orientaccedilatildeo das comunicaccedilotildees sociais (SAacute 2005)
O percussor do conceito das RS foi Durkheim que a partir da noccedilatildeo de
representaccedilatildeo coletiva defendida pela escola positivista de tradiccedilatildeo socioloacutegica
possibilitou a definiccedilatildeo do novo conceito Foi com o psicoacutelogo social Serve Moscovici
nas deacutecadas de 1960 e 1970 que ela ganhou uma nova configuraccedilatildeo cientiacutefica
conquistando gradativamente espaccedilo e aceitaccedilatildeo acadecircmica no campo das Ciecircncias
Humanas e das Ciecircncias Sociais Aplicadas a partir dos anos 80 tanto em niacutevel nacional
quanto internacional Essa linha de pensamento tem como pressuposto baacutesico considerar
a sociedade como um conjunto de fatos sociais ou seja as representaccedilotildees natildeo poderiam
ser reduzidas a representaccedilotildees individuais (ARRUDA 2002)
As representaccedilotildees coletivas se constituem fora da consciecircncia e estatildeo presentes
nas relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e os grupos em que a vida representativa se estende para
aleacutem de fenocircmenos meramente fiacutesicos e psiacutequicos implica nas maneiras de agir e pensar
64
Assim essas maneiras de pensar e agir satildeo construccedilotildees coletivas e portanto natildeo derivam
de indiviacuteduos isolados (TURA MOREIRA 2005)
Desde a origem da formulaccedilatildeo proposta por Moscovici em 1961 as
representaccedilotildees sociais satildeo caracterizadas como fenocircmenos complexos que dizem respeito
ao processo pelo qual o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no contexto
de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Para Abric (2003) as RS satildeo um conjunto organizado e estruturado de
informaccedilotildees crenccedilas opiniotildees e atitudes Jaacute Jodelet (2005) afirma que as RS circulam
nos discursos satildeo trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagens e imagens
midiaacuteticas cristalizadas em condutas e em organizaccedilotildees materiais e espaciais Para
Markovaacute (2006) as representaccedilotildees sociais satildeo fenocircmenos dinacircmicos e abertos e o
conceito da representaccedilatildeo social eacute formado e retransformado juntamente com a
transformaccedilatildeo da sua teoria Na perspectiva de Moreira e colaboradores (2007) elas satildeo
o equivalente em nossa sociedade aos mitos e sistemas de crenccedilas das sociedades
tradicionais podendo ser consideradas como a versatildeo contemporacircnea do senso comum
Portanto as representaccedilotildees sociais se configuram um tipo de conhecimento do
senso comum que se constroacutei a partir da influecircncia social e individual (subjetividade)
Estudar o senso comum o conhecimento popular eacute afirmar que se estaacute estudando algo
que liga a sociedade ou indiviacuteduos agrave sua cultura sua linguagem seu mundo familiar
Esse aspecto eacute justificado pela polifasia cognitiva na transformaccedilatildeo das noccedilotildees do
senso comum em noccedilotildees cientiacuteficas e vice-versa os limites e os problemas de tais
transformaccedilotildees por serem as representaccedilotildees sociais vivas tomando forma nesta tensatildeo e
conflito inerente ao pensamento e a cultura (ARRUDA 2002)
De acordo com Saacute (2005) quando aceitamos estudar as representaccedilotildees sociais
buscamos pesquisar um fenocircmeno que nos chama atenccedilatildeo a partir de sua relevacircncia
social seu valor intriacutenseco ou sua relevacircncia acadecircmica Os fenocircmenos referentes agraves
representaccedilotildees sociais podem circular por vaacuterios acircmbitos culturais ou sociais
Os fenocircmenos da representaccedilatildeo social estatildeo na cultura nas
instituiccedilotildees nas praacuteticas sociais nas comunicaccedilotildees
interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais [] os
fenocircmenos satildeo [] difusos fugidos multifacetados em
constante movimento e presentes em inuacutemeras instacircncias da
interaccedilatildeo social (SAacute 2005p21)
65
Nobrega (2003) enfoca que as representaccedilotildees sociais satildeo elaboradas no acircmbito
dos fenocircmenos comunicacionais que repercutem sobre as mudanccedilas sociais Eacute importante
pensar os fenocircmenos das representaccedilotildees sociais em termos de status simboacutelico A esse
respeito Moscovici (2003) compreende que as RS satildeo portanto
Entidades quase tangiacuteveis que circulam cruzam-se e se
cristalizam incessantemente atraveacutes de uma fala um gesto um
encontro em nosso universo cotidiano A maioria das relaccedilotildees
sociais estabelecidas os objetos produzidos ou consumidos as
comunicaccedilotildees trocadas delas estatildeo impregnados []
Correspondem por um lado agrave substacircncia simboacutelica que entra
na elaboraccedilatildeo e por outro agrave praacutetica que produz a dita
substacircncia tal como a ciecircncia ou os mitos correspondem a uma
praacutetica cientiacutefica e miacutetica (MOSCOVICI 2003 p41)
Portanto ao abordar a constituiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais Moscovici ressalta
que este eacute um processo que preconiza trocas e composiccedilatildeo de ideacuteias as quais visam a
responder demandas individuais e coletivas Dessa forma as representaccedilotildees sociais
[] satildeo sobretudo o objeto de um permanente trabalho social
no e atraveacutes do discurso de tal modo que cada novo fenocircmeno
pode sempre ser reincorporado dentro de modelos explicativos e
justificativos que satildeo familiares e consequentemente aceitaacuteveis
Esse processo de troca e composiccedilatildeo de ideacuteias eacute sobretudo
necessaacuterio pois ele reponde agraves duplas exigecircncias dos indiviacuteduos
e das coletividades [] para construir um sistema de
pensamento e compreensatildeo e por outro lado para adotar visotildees
consensuais de accedilatildeo que lhes permitem manter viacutenculo social
ateacute mesmo a continuidade da comunicaccedilatildeo da ideacuteia
(MOSCOVICI 2003 p216)
Para tanto eacute preciso considerar que o sujeito eacute um ser permeado de crenccedilas e
valores que satildeo embutidos ao longo da sua vida a partir de suas experiecircncias e vivecircncias
socialmente compartilhadas relacionadas ao seu esforccedilo para o enfrentamento de
situaccedilotildees cotidianas as quais orientam a sua conduta e a sua comunicaccedilatildeo As RS podem
influenciar o comportamento do indiviacuteduo participante de uma coletividade dessa forma
o proacuteprio coletivo penetra dentro do pensamento individual (TURA MADEIRA SILVA
GAZE CARVALHO 2008)
O sujeito interpreta e compreende diversas situaccedilotildees nas quais se encontra mas
pode se comportar de forma diferente diante de um procedimento aparentemente idecircntico
de acordo com a sua representaccedilatildeo perante o objeto considerado e o ambiente a que ele
66
pertenccedila a partir da transformaccedilatildeo do conhecimento interaccedilotildees subjetivas e relaccedilotildees
interpessoais (OSOacuteRIO QUEIROZ 2007)
A representaccedilatildeo natildeo eacute um simples reflexo da realidade mas uma organizaccedilatildeo
significativa que depende ao mesmo tempo de fatores contingentes tais como natureza
e dificuldades colocadas pela situaccedilatildeo contexto imediato finalidade da situaccedilatildeo e de
fatores mais gerais que ultrapassam a proacutepria situaccedilatildeo como contexto social e ideoloacutegico
lugar do indiviacuteduo na organizaccedilatildeo social histoacuteria do indiviacuteduo e do grupo relaccedilotildees de
poder socialmente estabelecidas
A TRS procura esclarecer qual eacute o caminho percorrido pelas abstraccedilotildees
cientiacuteficas por ser uma teoria da crenccedila e do conhecimento de seus respectivos conteuacutedos
aproximando os problemas da teoria do pensamento social agravequeles da epistemologia O
senso comum eacute o pensamento social por excelecircncia por isso eacute o mais compartilhado e o
mais utilizado no cotidiano em qualquer sociedade (MOSCOVICI 2003)
Portanto os profissionais que atuam no cuidado hospitalar agrave crianccedila satildeo seres de
categorias e formaccedilatildeo diferentes mas que dividem o mesmo objeto e ambiente de
trabalho cada um com a sua experiecircncia e conhecimentos variados que guiam suas
condutas posturas e atitudes de abordagem atendimento e comunicaccedilatildeo interpessoal
Cada indiviacuteduo possui as suas crenccedilas e valores que norteiam seus comportamentos que
poderatildeo conduzir processos de decisatildeo
A TRS pode se manifestar neste estudo de vaacuterias maneiras devido a sua
flexibilidade diante dos diversos fenocircmenos que ocorrem em torno da SAE no
atendimento agrave crianccedila e sua famiacutelia Tanto a utilizaccedilatildeo da SAE quanto a aplicaccedilatildeo da
TRS envolvem a participaccedilatildeo de um sujeito e um objeto numa relaccedilatildeo complexa de
interdependecircncia entre os personagens que permeado pelo ambiente rico nas suas
interaccedilotildees rotineiras eacute capaz de interferir nas condutas e atitudes da equipe Neste
processo o conhecimento eacute compartilhado e agregado aos jaacute existentes construindo as
rotinas e cultura do ambiente
212 ndash Construindo as Representaccedilotildees Sociais Os Processos de Objetivaccedilatildeo e
Ancoragem
Para se realizar um estudo sobre as representaccedilotildees sociais eacute necessaacuterio delimitar
o objeto a ser pesquisado De acordo com Saacute (2005) o objeto de pesquisa eacute formado a
67
partir da simplificaccedilatildeo e compreensatildeo do fenocircmeno da representaccedilatildeo social pela teoria
conforme a finalidade da pesquisa A construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais inicia-se na
relaccedilatildeo de como o sujeito representa o objeto
Entretanto representar algo consiste natildeo somente em descrevecirc-lo ou reproduzi-
lo eacute reconstruiacute-lo modificaacute-lo a partir de trocas interaccedilotildees e experiecircncias humanas De
haacutebito precisa-se necessariamente das informaccedilotildees das palavras do conhecimento para
compreender ou descrever os fenocircmenos que aparecem no ambiente (ESCUDEIRO
1997)
Por meio da TRS Moscovici definiu padrotildees para analisar cientificamente o
conhecimento produzido dos processos de comunicaccedilotildees sociais denominado de ldquosenso
comumrdquo os quais refletem nas mudanccedilas e interaccedilotildees do grupo Com a aplicaccedilatildeo da TRS
esse conhecimento antes banalizado passou a ter importacircncia cientiacutefica e diversos
estudos foram desenvolvidos buscando compreender o comportamento social
(NOacuteBREGA 2001)
A interaccedilatildeo de saberes e conhecimento satildeo indispensaacuteveis para o bom
atendimento a crianccedila devido suas especialidades e fragilidades atreladas ao processo de
crescimento e desenvolvimento eacute nesta perspectiva que a TRS de Serge Moscovici
(1978) a partir de seus conceitos e definiccedilotildees possibilita englobar todo o contexto que
permeia o desenvolvimento da Assistecircncia Sistematizada de Enfermagem a esta clientela
Na dinacircmica do atendimento a crianccedila os profissionais interagem entre si para sanar as
dificuldades e necessidades relativas ao processo de internaccedilatildeo o objetivo maior consiste
em prestar atendimento seguro e de qualidade
Conforme postula a TRS natildeo existe representaccedilatildeo que natildeo seja de um objeto e de
um sujeito O sujeito se apropria e constroacutei as representaccedilotildees processos que podem ser
cognitivos do tipo emocional ou depender de uma experiecircncia particular que inclua uma
accedilatildeo no mundo Esses fenocircmenos que ocorrem de maneira cotidiana pelas accedilotildees de um
ou vaacuterios sujeitos soacute poderiam existir pela presenccedila de um objeto (MOREIRA
CAMARGO 2007)
Assim as RS tornam lsquofamiliarrsquo o que natildeo o eacute fazendo com que o objeto de
representaccedilatildeo (material ou natildeo material) a ser processado mentalmente pelos sujeitos
sociais sofra determinadas transformaccedilotildees Isto significa dizer que no processo de
formaccedilatildeo de uma representaccedilatildeo social estatildeo presentes dois conceitos determinantes a
saber objetivaccedilatildeo e ancoragem
68
Baseado em Moscovici (1978 p76) a elaboraccedilatildeo e funcionamento de uma
representaccedilatildeo podem ser compreendidos atraveacutes dos processos de objetivaccedilatildeo e
ancoragem eles fazem com que o pensamento a ideacuteia se concretize por meio da accedilatildeo
humana O primeiro pode ser entendido como o ato de ldquoreabsorver um excesso de
significaccedilotildees materializando-asrdquo Eacute tambeacutem transplantar para o niacutevel de observaccedilatildeo o
que antes era apenas inferecircncia ou siacutembolo
Moscovici (1978) introduz assim os processos de objetivaccedilatildeo e ancoragem que
datildeo origem agraves representaccedilotildees sociais
O processo de objetivaccedilatildeo consiste na operaccedilatildeo que permite
tornar concretos os conceitos abstratos ao materializar
abstraccedilotildees em imagens ldquo A objetivaccedilatildeo eacute caracterizada como
passagem de conceitos ou ideacuteias para esquemas ou imagens
concretas os quais pela generalidade de seu emprego se
transformam em supostos reflexos do real (MOSCOVICI 1978
p289)
A objetivaccedilatildeo eacute uma etapa importante no desenvolvimento das RS visto que ela
significa dar forma ao pensamento cognitivo agraves ideacuteias Constitui-se em trecircs fases a
seleccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo da teoria a formaccedilatildeo do nuacutecleo figurativo e a
naturalizaccedilatildeo
A primeira fase eacute a triagem de elementos a partir do campo da cultura e
especialmente normativos informaccedilotildees cientiacuteficas que satildeo apropriadas por puacuteblico
determinado de acordo com esquemas que lhes satildeo proacuteprios a seguinte satildeo elementos
que formam um conjunto coerente e imageacutetico que torna concreto aquilo que eacute abstrato
e finalmente a naturalizaccedilatildeo que consiste nos vaacuterios elementos do nuacutecleo figurativo que
satildeo coordenados e tornam-se elementos da realidade Transformam-se em evidecircncia que
orientam as percepccedilotildees e o julgamento da realidade socialmente construiacuteda (TURA
MOREIRA 2005)
A objetivaccedilatildeo pode ser definida como a transferecircncia de uma ideacuteia de um
conceito ou de uma opiniatildeo em algo concreto Cristaliza-se a partir de um processo
figurativo e social e passa a constituir um nuacutecleo figurativo de uma determinada
representaccedilatildeo seguidamente evocada concretizada e disseminada como se fosse o real
daqueles que o expressam (COELHO SILVA PADILHA 2009)
Outro processo de funcionamento da TRS eacute a ancoragem que se refere agrave
incorporaccedilatildeo de novas informaccedilotildees ao sistema de categorias sociais jaacute existentes
69
comparando-as interpretando-as e reproduzindo-as para que adquiram caracteriacutesticas e
se ajustem agraves relaccedilotildees do grupo (MOSCOVICI 2003)
A ancoragem ou seja a inserccedilatildeo do novo objeto no acervo de conhecimentos jaacute
existentes constitui-se como uma rede de significaccedilotildees em torno do objeto relacionando-
o a valores e praacuteticas sociais
A representaccedilatildeo sempre se constroacutei sobre algo jaacute pensado ou manifesto A
familiarizaccedilatildeo com o estranho pode com a ancoragem fazer prevalecer quadros de
pensamento antigos posiccedilotildees preestabelecidas utilizando mecanismos como a
classificaccedilatildeo a categorizaccedilatildeo e a rotulaccedilatildeo E classificar comparar rotular supotildee sempre
um julgamento que revela algo da teoria que temos sobre o objeto classificado (COELHO
SILVA PADILHA 2009)
Para Arruda (2002) a ancoragem daacute significado ao objeto desconhecido o natildeo
familiar torna-se familiar O indiviacuteduo recorre ao que eacute familiar para fazer uma espeacutecie
de modificaccedilatildeo da novidade traz ao terreno conhecido ancora o desconhecido neste
lugar retirando-o assim do territoacuterio natildeo familiar
Para Jodelet (2005) no processo de formaccedilatildeo das representaccedilotildees
[] a ancoragem interveacutem assegurando sua incorporaccedilatildeo ao
social [] enraiacuteza a representaccedilatildeo e seu objeto numa rede de
significaccedilotildees que permite situaacute-los em relaccedilatildeo aos valores
sociais e dar-lhe coerecircncia [] A ancoragem serve para a
instrumentalizaccedilatildeo do saber conferindo-lhe um valor funcional
para a interpretaccedilatildeo e a gestatildeo do ambiente (JODELET 2005
p38-39)
Ao procurar compreender o novo o natildeo familiar dialogamos com nossos
conhecimentos e experiecircncias anteriores preexistentes e assim ancoramos o novo em um
enquadramento de saberes (valores cogniccedilotildees afetividades) jaacute vivenciado Eacute nesse
sentido que eacute afirmado haver um contiacutenuo processo dialeacutetico de construccedilatildeo de
conhecimento pelo qual aderimos integralmente ou natildeo agraves novidades ao que nos eacute
proposto de acordo com o conhecimento e valores que tiacutenhamos
213 ndash A Teoria do Nuacutecleo Central e Perifeacuterico em Representaccedilatildeo Social
A Teoria do Nuacutecleo Central ou Teoria da Abordagem Estrutural das
Representaccedilotildees Sociais de Jean-Claude Abric pretende prioritariamente estabelecer o
70
iniacutecio e a organizaccedilatildeo da RS explicando a estruturaccedilatildeo das representaccedilotildees sociais
(ABRIC 2003)
Para o autor uma representaccedilatildeo social eacute organizada em torno de dois subsistemas
distintos quais sejam central e perifeacuterico Nesse arranjo o sistema central eacute composto
por um ou mais elementos que oferece grande dimensatildeo e solidez agrave representaccedilatildeo eacute
responsaacutevel pela unificaccedilatildeo desta sendo responsaacutevel pela significaccedilatildeo da representaccedilatildeo
social Pode ser entendido como um espaccedilo onde haacute conformidade consensual de um
grupo e que proporciona a esse grupo estabilidade coerecircncia e continuidade das
representaccedilotildees mostrando-se relativamente independente do contexto social e material
imediato (ARRUDA 2002) (ABRIC 2003)
O nuacutecleo central consiste em uma conjuntura de elementos altamente resistentes
a mudanccedilas pois estaacute ligado agrave memoacuteria coletiva conferindo significado consistecircncia e
permanecircncia agrave representaccedilatildeo (ABRIC 2003)
A volta deste elemento central estatildeo os elementos perifeacutericos aqueles que fazem
a interconexatildeo com as situaccedilotildees em que se origina a representaccedilatildeo e os modos individuais
de conhecer o mundo estas garantem a sustentaccedilatildeo configurando-se como uma espeacutecie
de componente estruturante ou seja os elementos perifeacutericos configuram-se em um
sistema que permiti ao nuacutecleo central adaptar-se agrave realidade (ARRUDA 2002) (ABRIC
2003)
Os elementos perifeacutericos contribuem para clarear o caminho conceitual teoacuterico e
metodoloacutegico do estudo das representaccedilotildees sociais Os elementos do nuacutecleo central
tendem a se apresentar como funcionais e normativos Isto implica dizer que o nuacutecleo
central tem um papel relevante para a representaccedilatildeo social uma vez que organiza as
significaccedilotildees e prescreve accedilotildees para que a representaccedilatildeo seja mantida Eacute formado pela
natureza do objeto e pelo sistema de valores e normas sociais que estabelecem o contexto
ideoloacutegico do grupo (ARRUDA 2002)
Abric (2003) coloca que no nuacutecleo central haacute uma organizaccedilatildeo dos elementos
fundantes e estabilizantes das RS dos grupos Isso acontece porque no nuacutecleo central
ocorrem as funccedilotildees fundamentais na estruturaccedilatildeo e no funcionamento das representaccedilotildees
sociais Satildeo elas
1ordf) geradora ndash ele eacute o elemento pelo qual se cria e se transforma uma
representaccedilatildeo dando significaccedilatildeo aos outros elementos constitutivos da representaccedilatildeo eacute
por essa funccedilatildeo que esses elementos tomam um sentido um valor
71
2ordf) organizadora ndash eacute ele que determina a natureza das ligaccedilotildees entre os elementos
de uma representaccedilatildeo social Eacute por ela que o nuacutecleo central se torna o elemento unificador
e estabilizador da representaccedilatildeo e
3ordf) estabilizadora ndash seus elementos satildeo os que mais resistem agraves mudanccedilas
O nuacutecleo central sustenta-se no fato de ser ele o elemento que define o significado
de uma representaccedilatildeo e ao mesmo tempo colabora para sua organizaccedilatildeo interna Ele eacute
entendido como a base comum que define a homogeneidade do grupo tendo um papel
importante na estabilidade coerecircncia e continuidade das representaccedilotildees sendo
relativamente independente do contexto social e material imediato
Jaacute o sistema perifeacuterico faz a interface entre a realidade concreta e o nuacutecleo central
Ele permite uma flexibilizaccedilatildeo em funccedilatildeo do vivido uma integraccedilatildeo das experiecircncias
cotidianas e comporta certa heterogeneidade de comportamentos e conteuacutedo Satildeo essas
caracteriacutesticas que nos permitem vislumbrar as alteraccedilotildees sutis em seus componentes
transitando entre o sistema perifeacuterico antes que venha a se constituir e integrar o nuacutecleo
central
O processo de construccedilatildeo das representaccedilotildees sociais ocorre na incorporaccedilatildeo de
informaccedilotildees e fatos que ocorrem no cotidiano que as pessoas atraveacutes do seu sistema
perifeacuterico aos poucos vatildeo constituindo-se como verdades do grupo e com isso aos
poucos modificando as dimensotildees estabelecidas nos conhecimentos valores e crenccedilas
enraizadas do nuacutecleo central pois eacute no sistema perifeacuterico que se permite alienar algum
objeto ou fato social uma vez que pela sua consciecircncia permite conferir um novo
significado para esse objeto ou fato
Por sua vez os elementos do sistema perifeacuterico tambeacutem apresentam trecircs funccedilotildees
principais quais sejam (RANGEL 2004)
1ordf) ser a interface entre o nuacutecleo central e o contexto
2ordf) adaptar as representaccedilotildees diante das mudanccedilas do meio e
3ordf) preservar a representaccedilatildeo
Nesse sistema eacute possiacutevel que exista a presenccedila de elementos histoacutericos relativos
ao indiviacuteduo e que consequumlentemente atuam na constituiccedilatildeo desse sistema
caracterizando assim uma maior heterogeneidade dos conceitos em relaccedilatildeo ao grupo
72
Quadro 4 ndash Caracteriacutesticas do nuacutecleo central e sistema perifeacuterico
Nuacutecleo Central Sistema Perifeacuterico
Ligado a memoacuteria coletiva e a histoacuteria do
grupo
Permite a integraccedilatildeo das experiecircncias e das
histoacuterias individuais
Consensual define a homogeneidade do
grupo
Suporta a heterogeneidade do grupo
Estaacutevel coerente erigido Flexiacutevel suporta contradiccedilotildees
Resistente agrave mudanccedila Transforma-se
Pouco sensiacutevel ao contexto imediato Sensiacutevel ao contexto imediato
Gera a significaccedilatildeo da representaccedilatildeo e
determina sua organizaccedilatildeo
Permite a adaptaccedilatildeo agrave realidade concreta e a
diferenciaccedilatildeo do conteuacutedo protege o sistema
central
Fonte AlvesMazzotti (2007 p23)
A anaacutelise de uma representaccedilatildeo social natildeo eacute atividade simples pois deve ser
permeada pela compreensatildeo dos saberes crenccedilas e valores relacionados com aspectos
cognitivos e sociais do objeto Em funccedilatildeo disso a abordagem estrutural das
representaccedilotildees sociais abriga distintos meacutetodos de pesquisa cientiacutefica bem como
diferentes instrumentos de coleta de dados
As representaccedilotildees criadas durante as relaccedilotildees fazem com que ideacuteias se
materializem e novos conhecimentos sejam incorporados (COELHO SILVA
PADILHA 2009)
73
3 MEacuteTODO
[] natildeo eacute a pertenccedila de um sujeito a determinado grupo
social que faz com que ele se comporte socialmente da
maneira como faz mas a sua representaccedilatildeo mental dos
fatos sociais []
(Wolfgang Wagner)
31 Tipo de Estudo
Trata-se de estudo exploratoacuterio descritivo de abordagem qualitativa A pesquisa
qualitativa exige maior preocupaccedilatildeo com o aprofundamento e abrangecircncia da
compreensatildeo do objeto do que com sua generalizaccedilatildeo (MINAYO 2010) Para Marconi
e Lakatos (2009) a pesquisa descritiva se refere aos fatos que satildeo observados registrados
analisados classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles Isto
significa que os fenocircmenos do mundo fiacutesico e humano satildeo estudados mas natildeo
manipulados pelo pesquisador Gil (2007) refere que a pesquisa exploratoacuteria proporciona
maior familiaridade com o problema com vista a tornaacute-lo mais expliacutecito Seu
planejamento eacute bastante flexiacutevel de modo que possibilita a consideraccedilatildeo dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado
Foi utilizado como meacutetodo a Teoria das Representaccedilotildees Sociais (TRS) de Serge
Moscovici que eacute definida como uma forma de conhecimento do senso comum e que esta
diretamente relacionado com agrave maneira como as pessoas entendem e introjetam as
informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaboram o saber cientiacutefico
segundo sua proacutepria conveniecircncia ou de acordo com os meios e recursos que estatildeo
disponiacuteveis (MOSCOVICI 1978) A aplicaccedilatildeo da teoria de Representaccedilotildees Sociais neste
estudo vincula-se tanto as relaccedilotildees que o sujeito estabelece com o cotidiano de suas
praacuteticas quanto agrave significaccedilatildeo que este mesmo sujeito atribui ao processo de organizaccedilatildeo
planejamento e execuccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila
32 Local de Estudo
O cenaacuterio para este estudo foram as unidades de atendimento agrave crianccedila de dois
Hospitais Escolas do municiacutepio de Caacuteceres ndash MT
O municiacutepio de Caacuteceres localiza-se a 16deg 04 16 de latitude ao Sul e 57deg 40 44
de longitude ao Oeste no pantanal Matogrossense Pertence ao estado de Mato Grosso e
situa-se a 211 quilocircmetros da capital ndash Cuiabaacute Possui uma aacuterea de 24351 Km e uma
populaccedilatildeo de 87912 habitantes Seu bioma eacute Cerrado Amazocircnia e Pantanal e a principal
74
atividade econocircmica da cidade eacute a agropecuaacuteria Faz divisa com os municiacutepios de Gloacuteria
DrsquoOeste Curvelacircndia Lambari DrsquoOeste e Porto Estrela ao norte Poconeacute Porto
Esperidiatildeo e Repuacuteblica da Boliacutevia ao sul (IBGE 2006)
Os dois hospitais constituem unidades terciaacuterias filantroacutepicas gerenciados pela
mesma mantenedora cuja clientela usuaacuteria eacute de aproximadamente 80 do Sistema Uacutenico
de Sauacutede (SUS) estas unidades estatildeo credenciadas para realizaccedilatildeo de procedimentos de
alta complexidade e possuem as seguintes aacutereas de assistecircncia agrave crianccedila
Hospital A 10 leitos de atendimento ambulatorial 23 leitos de internaccedilatildeo
pediaacutetrica 10 leitos de atendimento intensivo ao neonato (UTIN) e 10
leitos de atendimento intensivo a crianccedila (UTIPED)
O Hospital B natildeo possui leitos ambulatoriais exclusivos para crianccedilas
tem 16 leitos de internaccedilatildeo pediaacutetrica 27 leitos de UTIN subdivididos em
9 de alto risco 10 para risco intermediaacuterio e 8 de baixo risco estruturados
no formato matildee canguru A unidade de tratamento intensivo pediaacutetrico
funciona com 8 leitos
A estrutura fiacutesica destes espaccedilos eacute organizado e decorado ludicamente de forma a
respeitar o sentido da infacircncia durante a internaccedilatildeo Possuem paredes com pinturas
lavaacuteveis de personagens que remetem ao universo infantil ambos os hospitais possuem
brinquedoteca estruturada com brinquedos e livros estimuladores para as diversas fases
da infacircncia e possuem calendaacuterio de atividades recreacionais desenvolvidas por
acadecircmicos dos cursos de Pedagogia Educaccedilatildeo Fiacutesica e Fisioterapia aleacutem de projetos de
extensatildeo vinculados ao curso de Enfermagem desenvolvidos em datas especiacuteficas de
celebraccedilatildeo
O hospital B ainda possui espaccedilo para recreaccedilatildeo ao sol com brinquedos de
estiacutemulo motor e sala de computaccedilatildeo para o desenvolvimento de atividades escolares e
jogos
Em ambos hospitais o uso do branco foi abolido pela equipe de sauacutede sendo
utilizado pelo corpo de enfermagem roupa privativa confeccionada nas cores verde e azul
Considerando que este estudo tem como proposta investigar as RS dos
enfermeiros que prestam atendimento agrave crianccedila entatildeo tambeacutem foram incluiacutedos os
espaccedilos sala de parto (recepccedilatildeo do neonato) e centro ciruacutergico (cirurgias pediaacutetricas)
como ambientes de pesquisa
75
A escolha dos locais para a realizaccedilatildeo do estudo foi pautada no fato de estes serem
hospitais de referecircncia para atendimentos agrave crianccedila agrave gestantes e a neonatos de alto risco
da regiatildeo por possuiacuterem a SAE implantada em todos os setores do hospital desde o ano
2000 aleacutem de constituiacuterem campo de atuaccedilatildeo da investigadora como docente
33 Sujeitos de Estudo
O nuacutecleo de enfermagem que atua no cuidado agrave crianccedila das duas unidades
hospitalares eacute composto por aproximadamente 60 enfermeiros e cerca de 250 teacutecnicos de
enfermagem
Participaram do estudo 45 enfermeiros dos setores de atenccedilatildeo agrave crianccedila dos turnos
diurno e noturno que estavam em atividade profissional no mesmo setor por no miacutenimo
seis meses e demonstraram disponibilidade em participar do estudo de acordo com a sua
aceitaccedilatildeo verbal e em seguida a manifestaccedilatildeo escrita por meio da assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido - TCLE (Apecircndice A)
O criteacuterio de tempo miacutenimo de seis meses de trabalho no setor de atendimento a
crianccedila foi escolhido para inclusatildeo na pesquisa pois a RS eacute a forma de conhecimento
socialmente elaborado e partilhado tendo uma visatildeo praacutetica e concorrendo para a
construccedilatildeo de uma realidade comum a um conjunto social Para que esta construccedilatildeo
aconteccedila eacute necessaacuterio um tempo de conviacutevio para que as pessoas entendam e introjetem
as informaccedilotildees de acordo com os referenciais que possuem e reelaborem o saber
cientiacutefico
Foram excluiacutedos os enfermeiros que trabalhavam no sistema de plantatildeo avulso
ou seja prestadores de serviccedilo pertencentes ao quadro de enfermagem do hospital mas
que por acordo institucional realizam cobertura de profissionais faltosos
esporadicamente
Ao final foram excluiacutedos 9 enfermeiros por natildeo corresponderem ao criteacuterio de
inclusatildeo tempo miacutenimo de trabalho no mesmo setor 2 por estar em gozo de feacuterias 1 por
se enquadrar no criteacuterio de exclusatildeo e 3 por incompatibilidade de agenda
76
Os 45 enfermeiros participantes ao periacuteodo da pesquisa estavam assim lotados
nas cliacutenicas das instituiccedilotildees
Espaccedilo Hospitalar Hospital A Hospital B Total
Pediatria 4 3 7
UTIN 5 4 9
UTPED 5 4 9
Ambulatoacuterio 3 2 5
Sala de Parto 4 4 8
Centro Ciruacutergico 3 4 7
Total 24 21 45
Todos os preceitos eacuteticos e legais relacionados a pesquisas utilizando sujeitos de
estudo foram respeitadas segundo os requisitos da Resoluccedilatildeo 4662012 do Conselho
Nacional de Sauacutede que trata das diretrizes e normas de pesquisa envolvendo seres
humanos
34 Coleta de Dados
Na coleta de dados foram utilizados dois instrumentos O primeiro foi composto
por perguntas que objetivaram desenhar o perfil dos entrevistados e uma entrevista
semiestruturada que abordou aspectos relacionados ao conhecimento sobre a SAE no que
se refere agrave praacutexis da enfermagem ao planejamento desenvolvimento e avaliaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem ao cliente (Apecircndice B) A entrevista visou aprender o
conteuacutedo das representaccedilotildees sociais dos sujeitos
O segundo instrumento foi um questionaacuterio de livre associaccedilatildeo que ofereceu
suporte para o emprego da teacutecnica de livre associaccedilatildeo de palavras (TALP) que consistiu
em apresentar as expressotildees indutoras ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
e ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo solicitando aos participantes a produccedilatildeo e a posterior
classificaccedilatildeo por ordem de prioridade de trecircs palavras expressotildees eou adjetivos que lhe
viessem agrave mente (Apecircndice C)
Os dados foram coletados no periacuteodo de maio e junho de 2015 poacutes parecer
favoraacutevel do CEPUNEMAT com preacutevio agendamento e seguiu calendaacuterio proposto
pelos enfermeiros do estudo
77
Apesar do agendamento das entrevistas segundo a disponibilidade do sujeito em
virtude de tarefas e intercorrecircncias nos setores houve a necessidade de retornar inuacutemeras
vezes ao campo para aplicar os questionaacuterios esperando pacientemente o tempo do
sujeito para respondecirc-lo
A aplicaccedilatildeo do teste de associaccedilatildeo livre de palavras - TALP (Apecircndice C) tornou
possiacutevel compreender a estrutura das representaccedilotildees sociais dos sujeitos atraveacutes das
manifestaccedilotildees reaccedilotildees evocaccedilotildees e escolhas Portanto foi solicitado que os participantes
verbalizassem em menor tempo possiacutevel as primeiras palavras adjetivos e ou expressotildees
que lhe viessem agrave mente ao ouvirem as palavras e expressotildees indutoras Sistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagem e Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE com a finalidade de
apreender as representaccedilotildees sociais dos participantes estas depois foram organizadas
pelo sujeito segundo sua percepccedilatildeo de prioridade
A entrevista foi implementada em segunda etapa com gravaccedilatildeo de aacuteudio dos
questionamentos Para Minayo (2010) a entrevista semiestruturada eacute uma teacutecnica de
pesquisa que obedece a um roteiro apropriado fisicamente e utilizado pelo entrevistador
tem uma sequecircncia clara de questotildees que facilita a abordagem e assegura sobretudo aos
investigadores menos experientes que suas hipoacuteteses ou pressupostos seratildeo cobertos na
conversa
Todas as fases da coleta e anaacutelise de dados foram realizadas pela pesquisadora
Considerando que os dois hospitais satildeo tambeacutem ambientes de trabalho da pesquisadora
atraveacutes do acompanhamento das praacuteticas de campos de estaacutegio de acadecircmicos de
enfermagem e por esta tambeacutem ser conhecida nos dois ambientes hospitalares tendo
inclusive participado da formaccedilatildeo de vaacuterios dos sujeitos da pesquisa na fase de coleta de
dados houve grande preocupaccedilatildeo em minimizar as possibilidades de vieacutes na coleta Assim
foi permitido aos enfermeiros que respondessem calmamente o questionaacuterio e entrevista
enfatizando que o resultado da avaliaccedilatildeo natildeo seria identificado
35 Tratamento e Anaacutelise dos Dados
Para a caracterizaccedilatildeo dos sujeitos foi utilizado o software Excel 2007 as
informaccedilotildees foram apresentadas no formato de tabelas segundo suas frequecircncias por
meio de valores absolutos e relativos
Para a anaacutelise dos dados das entrevistas utilizou-se o software ldquoAnaacutelise Lexical
por Contexto de um Conjunto de segmentos de Texto (ALCESTE) versatildeo 410 que foi
78
criado na Franccedila em 1979 por Max Reinert no CNRS (Centro Nacional Francecircs de
Pesquisa Cientifica) com apoio da ANVAR (Agecircncia Nacional Francesa de Valorizaccedilatildeo
agrave Pesquisa) O software apesar de originalmente trabalhar com a liacutengua francesa possui
dicionaacuterios em outros idiomas fato que permite sua utilizaccedilatildeo com materiais em
portuguecircs (GOMES OLIVEIRA 2005) Ele permite realizar a anaacutelise de conteuacutedo de
material diverso podendo ser entrevistas obras literaacuterias artigos de revistas entre outros
com o objetivo de quantificar o texto para extrair as estruturas mais significativas as quais
estatildeo relacionadas com a distribuiccedilatildeo de palavras anaacutelise lexical
O meacutetodo utilizado pelo Alceste eacute a Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente
(CHD) de conteuacutedo textual tendo a palavra como unidade considerando seus respectivos
contextos de ocorrecircncia (GOMES OLIVEIRA 2005) (VITORIA REGIS 2011)
O programa toma como base um uacutenico arquivo (corpus) que deve ser formatado
seguindo regras proacuteprias do software para que possua homogeneidade na sua
apresentaccedilatildeo Para um melhor aproveitamento da anaacutelise eacute essencial o seguimento dessas
regras
Devido a estrutura do programa para o reconhecimento de vocaacutebulos faz-se
necessaacuterio a padronizaccedilatildeo de expressotildees ou temas ou ateacute a mesmo a uniatildeo de palavras
atraveacutes do traccedilo subscrito o qual tambeacutem foi utilizado para substituiccedilatildeo do hifeacuten em
palavras compostas Foram retirados do texto giacuterias eou viacutecios de linguagem Foram
corrigidos tambeacutem os tempos verbais e as falas foram colocadas em uma linguagem mais
formal poreacutem com a preocupaccedilatildeo de natildeo alterar o sentido do texto Vale ressaltar que
estas alteraccedilotildees somente foram feitas com o objetivo de adequar o texto transcrito das
entrevistas para anaacutelise do software No entanto para a apresentaccedilatildeo dos resultados as
falas dos participantes satildeo utilizadas na integra exatamente como foram expressas no
momento da entrevista
A anaacutelise Alceste eacute organizada em quatro fases de operaccedilotildees (A B C D) as quais
satildeo desenvolvidas em cinco etapas principais (CAMARGO 2005) (VITORIA REGIS
2011)
1- Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
2- Pesquisa das formas reduzidas de palavras plenas analisadas
3- Definiccedilatildeo dos quadros de dados associados
4- Pesquisa de classes de unidades de contexto
79
5- Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo das classes
1-Identificaccedilatildeo das unidades de contexto
O Alceste divide o material a ser analisado em grandes unidades denominadas
Unidades de Contexto Iniciais (UCI) que satildeo as divisotildees naturais do corpus Elas satildeo os
primeiros iacutendices de uma estrutura e satildeo assinadas pelas chamadas linhas estreladas As
linhas estreladas identificam cada UCI e possuem as informaccedilotildees que caracterizam cada
entrevistado atraveacutes das variaacuteveis escolhidas pelo pesquisador
Apoacutes reconhecer as UCI o software novamente formata e divide o texto em
segmentos de algumas linhas denominadas Unidades de Contexto Elementares (UCE)
que correspondem ao material discursivo referente agrave formaccedilatildeo das classes (CAMARGO
2005)
2-Pesquisa de formas reduzidas de palavras plenas analisadas
Nesta etapa eacute que ocorre a fase A do conjunto de operaccedilotildees de anaacutelise do
software Leitura do texto e Caacutelculo dos dicionaacuterios O Alceste prepara o corpus
reconhece as UCI faz uma primeira segmentaccedilatildeo do texto agrupa as ocorrecircncias das
palavras em funccedilatildeo de suas raiacutezes e procede o caacutelculo da frequecircncia das formas reduzidas
destas palavras (VITORIA REGIS 2011) A fase A possui trecircs sub-fases A1)
Reformataccedilatildeo e divisatildeo do texto em segmentos de tamanho similar ou as chamadas UCE
A2) Pesquisa do vocabulaacuterio e reduccedilatildeo das palavras com base em suas raiacutezes (formas
reduzidas) A3) Criaccedilatildeo do dicionaacuterio de formas reduzidas
Conveacutem lembrar que no processo descrito acima o software pode identificar
diferentes conjugaccedilotildees verbais aleacutem de diferenciar palavras que tenham apenas funccedilatildeo
sintaacutetica (pronomes artigos adveacuterbios) das com significados (verbos substantivos
adjetivos) pois ele possui dicionaacuterios acoplados inclusive de portuguecircs (NASCIMENTO
MENANDRO 2006) Satildeo com as palavras com ldquosignificadordquo que o programa trabalha
3-Definiccedilatildeo e caacutelculo dos quadros de dados associados
Neste momento eacute que se desenvolve a fase B Caacutelculo das matrizes de dados e
classificaccedilatildeo das UCE Eacute quando ocorre a seleccedilatildeo das UCE a serem consideradas e o
caacutelculo da matriz (as UCE satildeo classificadas em funccedilatildeo dos seus respectivos vocabulaacuterios)
formas reduzidas X UCE (Sub- fase B1) caacutelculo das CHD propriamente dito (Sub-fase
80
B3) obtendo-se uma classificaccedilatildeo definitiva O procedimento eacute efetuado continuamente
ateacute que natildeo resulte em novas classes (NASCIMENTO MENANDRO 2006) Nesta etapa
satildeo construiacutedos trecircs quadros de dados que possibilitaratildeo a segmentaccedilatildeo das UCE em
subconjuntos de texto ateacute a definiccedilatildeo das classes (VITORIA REGIS 2011)
4-Pesquisa das classes de unidades de contexto
Desenvolve-se nesta etapa a fase C Descriccedilatildeo das classes de UCE escolhidas Eacute
uma etapa de caacutelculo que fornece os principais arquivos de resultados Nestes arquivos
ficam as diferentes classes escolhidas sua dependecircncia mutual o vocabulaacuterio
predominante de cada uma delas as palavras estreladas e as palavras ferramentas
caracteriacutesticas sobre as quais o pesquisador basearaacute sua interpretaccedilatildeo (VITORIA REGIS
2011)
A fase C eacute dividida em trecircs sub-fases C1) comparaccedilatildeo de duas classificaccedilotildees e
redefiniccedilatildeo das classes escolhidas C2) descriccedilatildeo dos perfis das classes C3) anaacutelise
fatorial de correspondecircncia ou AFC (representaccedilatildeo das relaccedilotildees entre as classes num
plano fatorial)
O meacutetodo de classificaccedilatildeo utilizado pelo Alceste para construccedilatildeo das classes eacute o
de CHD que permite a divisatildeo do corpus de base em um nuacutemero determinado de grupos
de UCE denominado de classes
5-Descriccedilatildeo das classes e bases para a sua interpretaccedilatildeo
A fase D Caacutelculos complementares uacuteltima fase do conjunto de operaccedilotildees do
software nesse momento ele calcula e fornece as UCE mais caracteriacutesticas de cada classe
permitindo a contextualizaccedilatildeo do vocabulaacuterio tiacutepico de cada uma delas Constitui-se por
quatro subfases D1) Seleccedilatildeo das chaves de contexto e das UCE caracteriacutesticas de cada
classe D2) Pesquisa das duas de palavras e dos segmentos repetidos por classe D3)
Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Ascendente de cada classe D4) Seleccedilatildeo das palavras
caracteriacutesticas das classes
A extraccedilatildeo das UCE representativas de cada classe permite apreender o sentido
delas com a ajuda de frases reais extraiacutedas do corpus Cada UCE eacute precedida de seu
nuacutemero de ordem no corpus e do respectivo khi2 (Qui- quadrado) cuja escolha eacute feita por
ordem decrescente de associaccedilatildeo agrave classe com um grau de liberdade (VITORIA REGIS
2011)
81
O khi2 calcula a frequecircncia de apariccedilatildeo da palavra Quanto maior o khi2 mais
relevante eacute a palavra para a construccedilatildeo da classe O programa fornece entatildeo o nuacutemero de
classes resultantes da anaacutelise assim como as formas reduzidas o contexto semacircntico e as
UCE caracteriacutesticas de cada uma delas consolidada as quais seratildeo denominadas e
interpretadas
A partir deste ponto utilizando os dados quantitativos iniciou-se a anaacutelise
qualitativa do agrupamento de estratos de discursos realizados pelo software em
dimensotildees explorando e buscando compreender seu significado dentro da fala dos
sujeitos interpretando-as por inferecircncias com a literatura pesquisada embasada na Teoria
da Representaccedilatildeo Social
O produto proveniente do teste TALP foi organizado previamente construindo o
corpus para anaacutelise este entatildeo foi tratado pelo software desenvolvido por Vergegraves
denominado EVOC (Ensemble de programm espermettantlrsquoanalyse decircs evocations) que
organiza as evocaccedilotildees produzidas de acordo com as suas frequecircncias e com a ordem de
evocaccedilatildeo O cruzamento entre esses dois criteacuterios (frequecircncia e ordem das evocaccedilotildees)
possibilitou a formaccedilatildeo de um Quadro de Quatro Casas que expressa o conteuacutedo e a
estrutura das representaccedilotildees sociais para dado objeto de estudo (OLIVEIRA 2001)
As palavras que foram evocadas de forma mais frequente constituiacuteram elementos
centrais da representaccedilatildeo Assim o software Evoc permitiu vislumbrar o nuacutecleo central
em funccedilatildeo de duplo criteacuterio frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo das palavras
A partir do cruzamento dos criteacuterios de frequecircncia e evocaccedilotildees foram definidas a
relevacircncia dos elementos associados (palavras frases e expressotildees) ao termo indutor
Esses resultados foram apresentados em quatro quadrantes organizados em dois eixos O
eixo vertical contempla a frequecircncia enquanto o eixo horizontal a ordem de evocaccedilatildeo
No quadrante superior esquerdo aparece os elementos mais relevantes que surgem nos
primeiros lugares da ordem de evocaccedilatildeo com uma frequecircncia significativamente mais
elevada (nuacutecleo central) Os elementos menos niacutetidos na estrutura de representaccedilatildeo
foram designados no quadrante superior direito e inferior esquerdo constituindo a
representaccedilatildeo perifeacuterica do fenocircmeno (nuacutecleo perifeacuterico)
36 Aspectos Eacuteticos
Para a implementaccedilatildeo deste projeto foram obedecidas todas as exigecircncias e
recomendaccedilotildees do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) O projeto de pesquisa foi
82
aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso ndash
UNEMAT por meio do CAAE de nuacutemero 42685215700005166 e do parecer
favoraacutevel 1065610 de 14 de maio de 2015 (ANEXO 1) Todos os participantes
assinaram o TCLE
83
4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
Os resultados do estudo seratildeo apresentados em trecircs partes
- Na primeira parte Conhecendo os enfermeiros do estudo que cuidam de
crianccedilas foi apresentado o perfil dos enfermeiros
- A segunda parte A Estrutura das Representaccedilotildees Sociais dos Enfermeiros que
Cuidam de Crianccedilas apresentando a estrutura central e perifeacuterica das representaccedilotildees dos
enfermeiros sobre a SAE no atendimento a crianccedila
- Na terceira parte O conteuacutedo das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem resultante da anaacutelise de conteuacutedo das entrevistas eacute
apresentado
41 CONHECENDO OS ENFERMEIROS DO ESTUDO QUE CUIDAM DE
CRIANCcedilAS
A viagem mais importante que podemos fazer na
vida eacute encontrar pessoas pelo caminho
(autor desconhecido)
Os dados apresentados neste item descrevem os sujeitos da pesquisa e suas
principais caracteriacutesticas ligadas a formaccedilatildeo e a sua atividade nos hospitais estudados
para Jodelet (2005) ldquoquem sabe e de onde saberdquo eacute questatildeo fundamental em estudos de
Representaccedilatildeo Social
Nesta etapa 45 enfermeiros responderam ao questionaacuterio sendo que o perfil dos
participantes do estudo ficou delineado da seguinte forma Vinte e nove dos entrevistados
tinham entre 22 e 29 anos quinze tinham entre 30 e 37 anos dois tinham entre 38 e 45
anos Quanto ao sexo 42 dos entrevistados eram do sexo feminino e 03 do sexo
masculino Quanto a instituiccedilatildeo formadora 28 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica estadual
do municiacutepio da pesquisa 3 cursaram em instituiccedilatildeo puacuteblica federal do estado onde a
pesquisa foi realizada 12 fizeram o curso em instituiccedilotildees particulares do estado de Mato
Grosso e 2 cursaram em Universidades federais fora do estado de Mato Grosso Quanto
agrave titulaccedilatildeo dos enfermeiros 17 eram graduados e 28 eram especialistas Trecircs participante
finalizaram o curso de enfermagem em 4 anos e os outros 39 dos participantes terminaram
o curso em 5 anos
84
Na tabela 1 segue a apresentaccedilatildeo do perfil dos sujeitos de acordo com o sexo
idade tipo de instituiccedilatildeo em que cursou a graduaccedilatildeo em enfermagem tempo de formaccedilatildeo
e titulaccedilatildeo
Tabela 1 Perfil dos enfermeiros que atuam nos cenaacuterios da pesquisa Caacuteceres ndash
MT2015
Variaacuteveis N
Faixa etaacuteria (anos)
22 a 29 28 622
30 a 37 15 333
38 a 45
2 44
Sexo
Feminino
Masculino
42
3
933
66
Instituiccedilatildeo de Formaccedilatildeo
Publica Federal 5 111
Publica Estadual 28 622
Privada 12 266
Anos de Formaccedilatildeo
lt de 5 anos 3 66
5 anos 39 866
4 anos 3 66
Titulaccedilatildeo
Graduaccedilatildeo 17 377
Especializaccedilatildeo 28 622
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
A meacutedia de idade dos profissionais participantes da pesquisa foi de 335 anos
variando entre 22 e 45 anos sendo a faixa etaacuteria entre 22 a 29 anos agrave de maior incidecircncia
(622) Nota-se que os participantes satildeo enfermeiros adultos jovens (idade entre 22 e 37
anos) estando em fase de pleno desenvolvimento e produtividade profissional Menzani
e Bianch (2009) em estudo que apresentou o perfil de enfermeiros de todas as regiotildees do
paiacutes demonstrou o predomiacutenio de enfermeiros na faixa etaacuteria abaixo dos 40 anos (717)
atuando profissionalmente em todas as regiotildees brasileiras
Quanto ao sexo dos entrevistados foi observado que 933 por cento eram do sexo
feminino refletindo que nos dois hospitais pesquisados esta variaacutevel segue em
consonacircncia com os hospitais das outras regiotildees do paiacutes onde ainda prevalece o sexo
85
feminino como a grande matildeo de obra de trabalho da enfermagem reforccedilando a forte
influecircncia da mulher nas accedilotildees de cuidado agrave vida (NAUDERER LIMA 2005)
(MENZANI BIANCH 2009)
Na formaccedilatildeo destes profissionais eacute possiacutevel observar que a grande maioria era
proveniente do ensino puacuteblico estadual (622) levaram cerca de 5 anos para finalizar o
processo de formaccedilatildeo o que sugere que o curriacuteculo da instituiccedilatildeo formadora estava
atualizado segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Enfermagem (DCNENF) que
abordam na estruturaccedilatildeo dos curriacuteculos as quatro principais dimensotildees do trabalho da
enfermagem gerencial assistencial de educaccedilatildeo e de pesquisa
A poacutes-graduaccedilatildeo do tipo especializaccedilatildeo no formato lato sensu foi a maior titulaccedilatildeo
dos envolvidos (622) Se faz importante refletir sobre estes dados no intuito de
estimular a expansatildeo de programas de mestrado e doutorados na aacuterea de enfermagem para
a regiatildeo estudada haja visto que desta forma tambeacutem se agrega qualidade a formaccedilatildeo
profissional e a prestaccedilatildeo de cuidado a sauacutede Atualmente o Estado de Mato Grosso possui
um programa de doutorado acadecircmico em enfermagem vinculados a Universidade
Federal do Mato Grosso que oferecem 12 e 5 vagas respectivamente semestrais no
campus da capital do estado
Graacutefico 1 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho na
instituiccedilatildeo Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
6MESES
9MESES
12MESES
24MESES
36MESES
48MESES
72MESES
84MESES
96MESES
120MESES
144MESES
Seacuterie1 1 1 13 11 12 1 1 1 2 1 1
NUacute
ME
RO
DE
PA
RT
ICIP
AN
TE
S
86
Eacute possiacutevel observar que 955 dos enfermeiros jaacute trabalham nos hospitais
pesquisados a mais de 12 meses Este dado eacute importante pois aproxima o grupo do nosso
objeto de estudo Provavelmente todos os 955 jaacute vivenciaram a SAE no espaccedilo de
atendimento agrave crianccedila e conseguem pontuar e descrever esta experiecircncia
O contato prolongado com o mesmo ambiente (local pessoas rotinas etc) eacute de
grande importacircncia para a formaccedilatildeo de elos de pertenccedila grupal No estudo das RS eacute sabido
que estas vivecircncias e trocas satildeo importantes para a formaccedilatildeo e ressignificaccedilatildeo de
conceitos ou seja como o sentido de um dado objeto eacute estruturado pelo sujeito no
contexto de suas relaccedilotildees (MOSCOVICI 2003)
Outro dado que chama atenccedilatildeo neste graacutefico eacute o nuacutemero de profissionais com
tempo de trabalho na instituiccedilatildeo ateacute 24 meses representando cerca de 577 o que pode
indicar rotatividade de profissionais de enfermagem
Segundo Aquino (1991) a rotatividade eacute a flutuaccedilatildeo dos recursos humanos entre
uma organizaccedilatildeo e seu ambiente Geralmente a rotaccedilatildeo de pessoal eacute expressa por uma
relaccedilatildeo percentual entre admissotildees e as demissotildees satildeo expressas de acordo com a relaccedilatildeo
do nuacutemero meacutedio de participantes da organizaccedilatildeo no decorrer de certo periacuteodo
Esta sucessatildeo de mudanccedila na composiccedilatildeo da forccedila de trabalho revela a
movimentaccedilatildeo da forccedila de trabalho entre o mercado de trabalho e a instituiccedilatildeo
(ANSELMI DUARTE ANGERAMI 2001)
A rotatividade de equipes de sauacutede requer investimento em treinamento constante
para a formaccedilatildeo e adequaccedilatildeo do profissional dentro dos referenciais da instituiccedilatildeo
principalmente no que se refere a SAE
A frequecircncia com que ocorre a rotatividade da forccedila de trabalho pode provocar
seacuterias consequecircncias para as organizaccedilotildees pelos prejuiacutezos natildeo soacute financeiros no que se
refere agrave diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo mas tambeacutem no tempo que seraacute gasto para convocar
selecionar e treinar um novo profissional (STANCATO ZILLI 2010)
O Graacutefico 2 demonstra que cerca de 822 dos enfermeiros atuavam no mesmo
setor de assistecircncia agrave crianccedila agrave pelo tempo maacuteximo de 1 ano O enfermeiro com maior
tempo de atuaccedilatildeo no mesmo espaccedilo de cuidado a crianccedila dos hospitais estudado o esta
por cerca de 5 anos fortalecendo a hipoacutetese de provaacutevel rotatividade de profissionais na
instituiccedilatildeo
87
Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo dos participantes segundo tempo de trabalho no mesmo
setor de atendimento agrave crianccedila Caacuteceres ndash MT2015
Fonte Dados da Pesquisa ndash 2015
Quando se correlaciona esta informaccedilatildeo a porcentagem de enfermeiros somente
graduados a idade e o sexo destes sujeitos eacute possiacutevel concluir que o perfil do corpo de
enfermagem que assiste as crianccedilas nestes dois hospitais eacute constituiacutedo respectivamente
de enfermeiros do sexo feminino receacutem-formados ainda natildeo especializados e com pouco
tempo de atuaccedilatildeo na instituiccedilatildeo
Os recursos humanos necessitam ser mantidos em niacuteveis suficientes para atender
a demanda de serviccedilos Uma rotatividade excessiva proveniente da intensificaccedilatildeo de
saiacuteda de profissionais provocam desequiliacutebrios na composiccedilatildeo do quadro de pessoal
acarretando custos e impondo efeitos indesejaacuteveis afetando a qualidade e a quantidade
de serviccedilos prestados e prejudicando a assistecircncia de enfermagem (STANCATO ZILLI
2010)
6MESES
7MESES
8MESES
9MESES
10MESES
11MESES
12MESES
14MESES
16MESES
24MESES
60MESES
Seacuterie1 7 5 5 5 4 4 7 3 2 2 1
NUacute
MER
O D
E P
AR
TIC
IPA
NTE
S
88
42 A ESTRUTURA DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DOS ENFERMEIROS
QUE CUIDAM DE CRIANCcedilAS
421 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem
A construccedilatildeo social eacute sempre um processo natildeo
intencional construir um objeto socialmente
significativo eacute algo que o grupo ou seus membros
fazem e natildeo algo que tentam fazer depois de
meditar sobre eles
(Wolfgang Wagner)
O software EVOC busca atraveacutes da frequecircncia de evocaccedilotildees identificar nas
representaccedilotildees seus elementos centrais e perifeacutericos Em resposta ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo a anaacutelise do corpus formado pelas
evocaccedilotildees dos 45 participantes nos dois hospitais-escola revelou que foram evocadas
135 palavras
Das 135 palavras evocadas foram selecionados pelo software 13 termos com
meacutedia da ordem de evocaccedilatildeo de 20 Foram desprezadas as evocaccedilotildees cuja frequecircncia foi
inferior a 3 sendo a frequecircncia meacutedia de 8 evocaccedilotildees A Figura 3 foi resultante da anaacutelise
combinada desses indicadores (frequecircncia e ordem de evocaccedilatildeo)
Figura 3 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres MT Brasil 2015
Nuacutecleo Central
Cuidado
Enfermagem
Organizaccedilatildeo
1ordf Periferia
Planejamento
Qualidade
2ordf Periferia
Assistecircncia
Comprometimento
Processo
Responsabilidade
89
A anaacutelise dos resultados dos questionaacuterios de livre associaccedilatildeo de palavras permitiu
apreender os valores as crenccedilas e a praacutetica dos participantes diante da expressatildeo indutora
percebendo os termos formadores do provaacutevel nuacutecleo central (quadrante superior
esquerdo) desta representaccedilatildeo e do sistema perifeacuterico (quadrante superior e inferior
direito) (Quadro 5)
Quadro 5 - Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem Caacuteceres MT Brasil 2015
OMI lt20 ge20
Frequecircncia
Media
Nuacutecleo central F Rangdagger Elementos
perifeacutericos 1
F Rang
Cuidado 17 1765 Planejamento 8 2500
Enfermagem 10 1600 Qualidade 17 2059
ge8 Organizaccedilatildeo
13 1538
Elementos de
contraste
F Rang Elementos
perifeacutericos 2
F Rang
3le
Ciecircncia 5 1200 Assistecircncia 4 2000
Humanizaccedilatildeo 3 1667 Comprometimento 4 2000
lt7 Obrigaccedilatildeo 3 1667 Processo 4 2500
Responsabilidade 3 2000
Ordem meacutedia das evocaccedilotildees frequecircncia das evocaccedilotildees dagger distribuiccedilatildeo das evocaccedilotildees
Frente agrave expressatildeo indutora ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os
sujeitos evocaram mais prontamente as palavras cuidado enfermagem e organizaccedilatildeo
estas palavras tiveram as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o
nuacutecleo central desta representaccedilatildeo e refletem a dimensatildeo das accedilotildees de enfermagem para
estes profissionais ou seja traduzem o entendimento do cuidado organizado como objeto
de trabalho da enfermagem
O termo ldquocuidadordquo obteve maior frequecircncia de evocaccedilatildeo apontando ser o
provaacutevel nuacutecleo central das representaccedilotildees sociais acerca da SAE
O cuidado de enfermagem eacute universal multidimensional singular e deve
considerar os sistemas social econocircmico e cultural dos envolvidos Assim a atuaccedilatildeo da
enfermagem estaacute compreendida em uma zona de intercessatildeo entre o cuidado e o
tratamento Embora esses possam ser confundidos com a aplicaccedilatildeo de uma teacutecnica satildeo
na verdade frutos de um conjunto de accedilotildees que se baseiam nas leis que presidem a sauacutede
90
com as quais se confundem porque satildeo da mesma natureza e essenciais tanto para a
manutenccedilatildeo quanto para a reparaccedilatildeo da vida (COLLIEgraveRE 1999)
Nessa perspectiva o cuidado de enfermagem pode ser explicado como um
conjunto de accedilotildees desenvolvidas pelo profissional de enfermagem em substituiccedilatildeo dos
cuidados que a pessoa natildeo pode temporariamente garantir a si proacutepria ou que natildeo pode
ser garantido por seu entorno social (COLLIEgraveRE 1999) A este termo reforccedila a
concepccedilatildeo do ser enfermeiro expressando sua ciecircncia e seu objeto de trabalho
O cuidado ao atendimento de sauacutede da crianccedila foi durante muitos anos pautado
na cura da doenccedila Atualmente estaacute em construccedilatildeo um modelo assistencial em que a
crianccedila deixa de ser compreendida como ser unicamente bioloacutegico que privilegia cuidado
assistencial centrado em suas especificidades e de sua famiacutelia mediante a construccedilatildeo de
redes de apoio buscando sua integralidade (ABUD GAIacuteVA 2015)
Nesta nova perspectiva o cuidado de enfermagem deve promover e restaurar o
bem-estar fiacutesico psiacutequico e social considerando aspectos intriacutensecos ligados agrave sua
condiccedilatildeo de crianccedila e reconhecendo o protagonismo familiar bem como as legislaccedilotildees
que garantem suas especificidades (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT
COLLET 2013) (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN HIGARASHI
2014)
Desta forma ao considerar o cuidado como o possiacutevel nuacutecleo central da RS da
SAE os participantes reconhecem que o cuidado constitui a verdadeira competecircncia da
enfermagem Traduz uma accedilatildeo que vai aleacutem de procedimentos teacutecnicos englobando o
envolvimento e o compromisso com o outro e portanto uma accedilatildeo humanizada que
melhora as condiccedilotildees e favorece a promoccedilatildeo e a prevenccedilatildeo da sauacutede objetivando limitar
a doenccedila e promover a vida (BORGES SANTOS 2013)
Quando profissionais da enfermagem respondem agraves necessidades de cuidado e
agem responsavelmente ajudando a desenvolver restaurar ou ampliar o cuidado na
melhor maneira possiacutevel temos o cuidado autecircntico Ao agir assim os pacientes natildeo satildeo
apenas ajudados a lidar e a enfrentar a doenccedila e a incapacidade mas satildeo encorajados e
empoderados a continuar em sua busca pela plenitude humana (WALDOW 2015)
O segundo estiacutemulo respondido tambeacutem como provaacutevel termo associado ao
nuacutecleo central da RS da SAE com frequecircncia de apresentaccedilatildeo igual a dez e que fortalece
as discussotildees relacionadas ao cuidado foi a palavra Enfermagem Deve-se ressaltar que
a Enfermagem moderna tem predominacircncia do modelo humaniacutestico e suas praacuteticas
91
profissionais foram historicamente marcadas pela forte influecircncia do espiacuterito religioso
da organizaccedilatildeo militar dos princiacutepios da divisatildeo social do trabalho e mais recentemente
pela busca de conhecimento proacuteprio (ALVES COGO 2014)
Eacute por essecircncia desde o seu nascimento expressa atraveacutes do cuidado e este
cuidado durante todo o processo de formaccedilatildeo do enfermeiro eacute abordado dentro de uma
dimensatildeo essencial e complexa tanto na experiecircncia de quem cuida quanto de quem
recebe o cuidado ou ateacute mesmo de quem ensina a cuidar (CASAFUS DELLrsquoACQUA
BOCCHI 2013)
A profissatildeo de enfermagem eacute regulamentada no territoacuterio brasileiro pela lei
749886 composta por trecircs classes profissionais com atribuiccedilotildees especiacuteficas e
proporcionais aos niacuteveis de complexidade assistencial e ao tempo de formaccedilatildeo de cada
categoria As inuacutemeras atribuiccedilotildees desenvolvidas por essa profissatildeo abrangem afazeres
teacutecnicos e procedimentais abordando caracteriacutesticas pessoais como lideranccedila
humanizaccedilatildeo competecircncia gerencial e inovaccedilatildeo bem como o desenvolvimento de boas
relaccedilotildees pessoais (MEIRA KURCGANT 2016)
Conveacutem ressaltar que o cuidado dispensado pelo enfermeiro agrave crianccedila envolve
tambeacutem seus familiares e sua equipe e seu singular significativo pois somente por meio
desta dinacircmica eacute possiacutevel garantir melhor relacionamento interdependecircncia coesatildeo e
competecircncia nas accedilotildees (MARQUES LIMA MALAQUIAS WAIDMAN
HIGARASHI 2014)
Desse modo a enfermagem contemporacircnea une a arte-ciecircncia-ideal do cuidar
possibilitando accedilotildees que beneficiam o resgate do ser humano integral fortalecendo os
viacutenculos entre o sentir-saber-fazer (ALVES COGO 2014) Assim a enfermagem
assume a proposta de abordagem global do indiviacuteduo estabelecendo-se como praacutetica de
cuidado integralizadora
A terceira palavra encontrada relacionada agrave formaccedilatildeo do nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo foi o termo ldquoorganizaccedilatildeordquo Considerando o cuidado a marca e o nuacutecleo de
atenccedilatildeo da enfermagem eacute preciso compreender que para cuidar satildeo necessaacuterios
instrumentos e processos metoacutedicos ou seja de organizaccedilatildeo para que o desfecho da accedilatildeo
base possa ser considerado integral e resolutivo
As accedilotildees provenientes da rotina do enfermeiro devem estar voltadas para a
qualidade do cuidado de forma a abraccedilar as dimensotildees assistencial e gerencial desta
praacutetica Uma accedilatildeo cuidadora responsaacutevel perpassa pela avaliaccedilatildeo e pelo planejamento de
92
todas as condiccedilotildees que envolvem determinada intervenccedilatildeo ou seja a organizaccedilatildeo da
assistecircncia atraveacutes da adoccedilatildeo de determinado meacutetodo e o embasamento em
conhecimentos cientiacuteficos (VITURI EacuteVORA 2015)
Apreendendo os trecircs termos com maior frequecircncia de evocaccedilatildeo ldquocuidadordquo
ldquoenfermagemrdquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo e que por esta razatildeo constituem o nuacutecleo central desta
representaccedilatildeo observa-se que estes satildeo congruentes e convergem para o termo indutor da
pesquisa ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo
Tratando-se de representaccedilatildeo do nuacutecleo central ou seja daquela que se manteacutem
resistente a mudanccedilas pode-se inferir que a representaccedilatildeo analisada reflete a premissa
baacutesica das praacuteticas de enfermagem proposta por diversos referenciais da aacuterea Ou seja a
enfermagem eacute uma profissatildeo que necessita de modelo de organizaccedilatildeo para administrar
os diversos recursos necessaacuterios para o desenvolvimento do cuidado
Portanto a SAE no cuidado agrave crianccedila constitui um arqueacutetipo teoacuterico para a praacutetica
assistencial integral fazendo com que a atuaccedilatildeo dos profissionais de enfermagem seja
cientificamente coerente planejada quanto agrave identificaccedilatildeo de necessidades da crianccedila e
sua famiacutelia obtendo estabelecimento alcance de metas e avaliaccedilatildeo
O sistema perifeacuterico desta representaccedilatildeo eacute formado por duas periferias
constituiacutedas de palavras que organizam a representaccedilatildeo do nuacutecleo central As palavras da
primeira e segunda periferia seguem a moda ou o discurso politicamente correto no
momento da coleta de dados Constatou-se que foram formados por palavras que tinham
sua significaccedilatildeo atrelada agraves caracteriacutesticas desenhadas para a construccedilatildeo do perfil ideal
do contemporacircneo profissional de enfermagem salientando os benefiacutecios da aplicaccedilatildeo do
cuidado sistematizado
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo e ldquoqualidaderdquo remete agrave dimensatildeo avaliativa do cuidado e expressa
posicionamento positivo diante da assistecircncia de enfermagem Os termos evocados se
apresentam bem proacuteximos ao nuacutecleo central jaacute que contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
O sistema perifeacuterico eacute formado por elementos mais dinacircmicos e passiacuteveis de
atualizaccedilotildees relacionado agraves caracteriacutesticas individuais e ao contexto adaptando-se agraves
situaccedilotildees especiacuteficas e contribuindo para sua organizaccedilatildeo (MOSCOVICI 2003) Pode-
se inferir entatildeo que os conceitos de planejamento e qualidade constituem complementos
93
indispensaacuteveis do sistema central do qual ele depende ou seja o cuidado sistematizado
depende de planejamento e leva agrave qualidade
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a raiz
essencial do termo ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo e fortalecem a
importacircncia desta para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem agrave crianccedila Os
termos que emergem na primeira periferia satildeo respectivamente meio e resposta ao
desenvolvimento do cuidado
O planejamento da assistecircncia eacute uma imposiccedilatildeo legal Ao planejar o cuidado o
enfermeiro incorpora a responsabilidade da assistecircncia O planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados (CASAFUS
DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Portanto o planejamento do cuidado gera qualidade assistencial A qualidade
pode ser observada e mensurada quando o planejamento do cuidado eacute fundamentado na
cientificidade nas experiecircncias individuais e coletivas e nas constantes construccedilotildees e
reconstruccedilotildees dos processos (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCHI 2013) (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015)
Desta forma a SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de
base para o planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e
rotinas das unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquoassistecircnciardquo ldquocompromissordquo ldquoprocessordquo e ldquoresponsabilidaderdquo organizam a RS dos
enfermeiros acerca da SAE dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute
o cuidado Satildeo apontadas neste quadrante palavras que valorizam aspectos ligados agrave
dimensatildeo atitudinal do indiviacuteduo como requisitos importantes para o exerciacutecio do
cuidado
As palavras ldquoassistecircnciardquo e ldquoprocessordquo estabelecem relaccedilatildeo proximal como
caminho a ser seguido ou seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem
o processo de aplicaccedilatildeo da SAE no cuidado
94
A praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees
de cuidado direto e indireto As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do
cuidado condiccedilotildees voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si
As accedilotildees indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e devem organizar e
individualizar a sua assistecircncia com base no seu compromisso com os valores eacuteticos e
morais a percepccedilatildeo que este tem do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o
conhecimento das poliacuteticas de apoio agrave crianccedila em todas as suas fases da vida e sobretudo
o empenho e a responsabilidade que este esboccedila no processo de cuidar
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
foram evocadas e estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central poreacutem obtiveram ordem meacutedia de
evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos Com relaccedilatildeo ao termo indutor
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as palavras ldquociecircnciardquo ldquohumanizaccedilatildeordquo e
ldquoobrigaccedilatildeordquo traduzem avaliaccedilatildeo positiva da SAE
A sistematizaccedilatildeo do cuidado por meio da rigorosidade metoacutedica expressa agrave ciecircncia
da enfermagem A aproximaccedilatildeo da SAE agrave estrateacutegia de humanizaccedilatildeo do cuidado de
enfermagem modifica o ambiente hospitalar vinculando os avanccedilos cientiacuteficos da aacuterea
agraves individualidades do cliente permeando o processo assistencial por atitudes
humaniacutesticas (RODRIGUES CALEGARI 2016)
Entretanto ainda neste quadrante a palavra ldquoobrigaccedilatildeordquo associa o
desenvolvimento do cuidado sistematizado agrave tendecircncia negativa pois o desenvolvimento
da SAE constitui parte da ciecircncia do enfermeiro A aproximaccedilatildeo da SAE ao conceito de
obrigaccedilatildeo pode estar atrelada agrave fraacutegil visatildeo do processo de trabalho da enfermagem e da
autonomia deste profissional jaacute que as demandas assistecircncias deveriam ser fortalecidas
por esta metodologia
422 A Estrutura das RS Relacionadas ao Estiacutemulo Indutor Atuaccedilatildeo do Enfermeiro
na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Analisando a segunda expressatildeo indutora ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo os sujeitos evocaram mais prontamente
as palavras conhecimento humanizaccedilatildeo e importante (Figura 4) estas palavras tiveram
as maiores frequecircncias indicando os elementos que constituem o provaacutevel nuacutecleo central
95
desta representaccedilatildeo e refletem o entendimento do grupo sobre as funccedilotildees desenvolvidas
pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado
Figura 4 - Principais termos evocados pelos enfermeiros apoacutes o estiacutemulo indutor
ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo Caacuteceres
MT Brasil 2015
A anaacutelise das trecircs palavras torna possiacutevel refletir que para o grupo social estudado
a atuaccedilatildeo do enfermeiro no cuidado sistematizado eacute accedilatildeo de importacircncia fundamentada
em conhecimento e que proporciona a humanizaccedilatildeo da assistecircncia (Quadro 6)
A SAE eacute um dos conhecimentos da aacuterea de enfermagem e permite atraveacutes da
pesquisa da anaacutelise loacutegica e do raciociacutenio analiacutetico desenvolver e implementar cuidados
tanto teacutecnicos como interpessoais ou de relacionamento e comunicaccedilatildeo (HUITZI
PUYADENA ETXABE IRAOLA 2014) Como conhecimento ela eacute fortalecida por
modelos e teorias que orientam e datildeo sentido a praacutetica profissional do enfermeiro com
base na experiecircncia pessoal e nos pressupostos cientiacuteficos e filosoacuteficos (RAILE
MARRINER 2010)
Portanto eacute constituiacuteda de elementos cientiacuteficos e filosoacuteficos gerais que se tornam
elementos especiacuteficos e uacutenicos que serviratildeo para definir os elementos empiacutericos e
operacionais de cada modelo conceitual (MELEIS 2012)
Nuacutecleo Central
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
1ordf Periferia
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
2ordf Periferia
Ciecircncia
Lideranccedila
96
Quadro 6 Distribuiccedilatildeo das representaccedilotildees sociais para o estiacutemulo indutor Atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE Caacuteceres Mato Grosso 2015
OMI lt 20 gt = 20
Freq Med Nuacutecleo Central F Rang Elementos
Perifeacutericos 1
F Rang
gt
=
6
Conhecimento
Humanizaccedilatildeo
Importante
7
7
7
1000
1143
1857
Planejamento
Dedicaccedilatildeo
Organizaccedilatildeo
Rotina
17
6
6
6
2294
2167
2000
2833
Elementos de
Contraste
F Rang Elementos
Perifeacutericos 2
F Rang
3 lt =
lt 5
Administraccedilatildeo
Autonomia
Comprometimento
Resultados
3
4
5
4
1333
1500
1600
1750
Ciecircncia
Lideranccedila
5
5
2000
2000
Legenda Frequecircncia das evocaccedilotildees Ordem meacutedia das evocaccedilotildees
A palavra importacircncia evocada como atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE pode estar
relacionada a orientaccedilatildeo que esta metodologia organizada atraveacutes do processo de
enfermagem propotildeem agrave praacutetica cliacutenica do enfermeiro atraveacutes dos trabalhos de
investigaccedilatildeo intervenccedilatildeo e avaliaccedilatildeo (DURAN TOLEDO 2011) (BENEDET
GELBCKE AMANTE et al 2016) Bem como a legitimidade que esta favorece agrave
assistecircncia mediante a equipe de sauacutede e a sociedade e a garantia do exerciacutecio do direito
de decidir sobre o cuidado do ser humano com independecircncia intelectual teacutecnica e
cientiacutefica (CASAFUS DELLrsquoACQUA BOCCH 2013)
Haacute que se salientar ainda que a evocaccedilatildeo da palavra ldquoimportacircnciardquo tambeacutem pode
ser correlacionada a funccedilatildeo exercida pela SAE na estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo dos serviccedilos
e ao reconhecimento desta como instrumento de planejamento do cuidado
Outro aspecto a ser observado foi a aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado a
perspectiva de humanizaccedilatildeo da assistecircncia Esta filosofia atual faz parte da realidade dos
serviccedilos de sauacutede e diz respeito agrave valorizaccedilatildeo da especificidade do indiviacuteduo e da praacutetica
integral na realizaccedilatildeo dos cuidados de enfermagem A humanizaccedilatildeo do cuidado eacute possiacutevel
atraveacutes da SAE pelo potencial de reestruturaccedilatildeo da praacutetica que esta metodologia favorece
haja visto que sua implementaccedilatildeo gera potencial de mudanccedilas na organizaccedilatildeo e
articulaccedilatildeo dos serviccedilos e dos profissionais de sauacutede (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009)
97
Outros estudos tambeacutem destacam as contribuiccedilotildees da SAE para a humanizaccedilatildeo da
assistecircncia considerando esta ser um processo articulador que assegura continuidade agrave
assistecircncia de enfermagem proporciona cuidado individualizado implica modificaccedilotildees
no estilo de assistir e na forma de conceber a enfermagem que passa do estilo funcional
para o estilo centrado no paciente favorecendo uma relaccedilatildeo pessoa a pessoa na qual o
cliente eacute participante na tomada de decisatildeo (DUARTE ELLENSOHN 2007)
(PEDUZZI ANSELMI 2002) (PERES CIAMPONE 2006)
A SAE no cuidado agrave crianccedila possibilita a implementaccedilatildeo da abordagem do
cuidado centrado no binocircmio crianccedila e famiacutelia estrateacutegia humanizadora pois inclui o
cliente e seu familiar no processo de tomada de decisatildeo garantindo sua autonomia
Assim as normas e regras necessaacuterias agrave organizaccedilatildeo do processo de trabalho poderatildeo
tornar-se facilitadoras da dinacircmica do trabalho na unidade pediaacutetrica ao inveacutes de se
tornarem empecilhos agrave necessaacuteria recriaccedilatildeo cotidiana da assistecircncia em cada situaccedilatildeo
singular (MOREIRA et al 2012)
Para a efetivaccedilatildeo da humanizaccedilatildeo na praacutetica de enfermagem deve haver um
encontro entre profissional e cliente o qual eacute condicionado agrave disposiccedilatildeo desses sujeitos e
tambeacutem do auxiacutelio de todos os envolvidos no processo O exerciacutecio da humanizaccedilatildeo
revela-se positivo e de qualidade quando conta com a intencionalidade daquele que o faz
agregando valores e significado (SALICIO GAIVA 2006)
Contudo a SAE eacute a oportunidade que o enfermeiro tem para mostrar sua
competecircncia teacutecnica e cientiacutefica com destaque ao cuidado humanizado Acredita-se que
o conhecimento acerca deste assunto constitui-se uma arma a favor da viabilidade da
sistematizaccedilatildeo seja como forma de diferenciar a assistecircncia prestada ou pela ampla visatildeo
humanista e profissional capaz de responder agraves necessidades individualizadas de cada
paciente em especial quando se trata de crianccedilas (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013)
Desta forma o nuacutecleo central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura
atraveacutes do reconhecimento pelo grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento
especiacutefico da profissatildeo permitindo ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica
cientiacutefica e humanizada
Na primeira periferia (quadrante superior direito) a presenccedila dos termos
ldquoplanejamentordquo ldquorotinardquo ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeordquo remete agrave dimensatildeo praacutetica da
SAE ou seja o desenvolvimento do processo de enfermagem
98
A palavra ldquoplanejamentordquo estaacute presente com frequecircncia alta reforccedilando a atitude
positiva da accedilatildeo diante do desenvolvimento do cuidado de enfermagem As evocaccedilotildees se
apresentam bem proacuteximas ao nuacutecleo central pois contam com frequecircncia de anaacutelise e
ordem de evocaccedilatildeo proacuteximas da meacutedia do grupo
Sendo estas palavras elementos do sistema perifeacuterico eacute importante ressaltar que
estatildeo relacionadas a caracteriacutesticas e ao contexto do nuacutecleo central sendo dinacircmicas e
atualizaacuteveis (MOSCOVICI 2003) Desta forma pode-se inferir que os termos ldquorotinardquo
ldquoorganizaccedilatildeordquo e ldquodedicaccedilatildeo constituem elementos complementares e necessaacuterios ao
sistema central ou seja a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE eacute conhecimento importante e
humanizador e depende de planejamento da rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo
As manifestaccedilotildees das palavras evocadas estatildeo em consonacircncia com a atuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAE e constituem uma sequecircncia a ser desenvolvida para estabelecer a
sistematizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem agrave crianccedila ou seja o processo de enfermagem
Desta forma os termos que emergem na primeira periferia constituem a metodologia
utilizada para sistematizar o cuidado agrave crianccedila
Atualmente existe um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do
enfermeiro que mostra que as atividades deste profissional perpassam pelo gerenciamento
dos serviccedilos e pelo gerenciamento da assistecircncia (FERRAZ 2000) (LIMA GUSTAVO
COELHO SCHMITZ 2000) (PEDUZZI ANSELMI 2002)(GUSTAVO LIMA
2003) (ROSSI SILVA 2005)Com base nesta concepccedilatildeo o trabalho do enfermeiro ou a
ldquorotinardquo e ldquoorganizaccedilatildeordquo eacute composto por duas dimensotildees que satildeo complementares a que
faz a gestatildeo administrativa e a que faz a gestatildeo do cuidado ambas satildeo possiacuteveis em
virtude da SAE
Aproximando a rotina hospitalar do cuidado agrave crianccedila eacute importante frisar que ao
se deparar com a necessidade da hospitalizaccedilatildeo da crianccedila a famiacutelia pode compreender
o hospital como um ambiente estranho que fomenta sofrimento fiacutesico e emocional Este
fato faz com que a famiacutelia se sinta esgotada pouco agrave vontade para cuidar da crianccedila e
geralmente ignorada em suas necessidades o que pode tornar a hospitalizaccedilatildeo uma
experiecircncia traumatizante (RIBEIRO ANGELO 2005) (SOUSA GOMES SILVA
SANTOS SILVA 2011)
O processo de enfermagem permite que o enfermeiro aplique um referencial
teoacuterico atraveacutes de um meacutetodo para organizar cientificamente o cuidado integral
99
implementando condiccedilotildees para uma rotina de serviccedilos planejada onde por exemplo as
necessidades luacutedicas sejam observadas e garantidas
Portanto o planejamento organiza a rotina das unidades hospitalares e do proacuteprio
cuidado Rodrigues e Calegari (2006) consideram que o planejamento permite
diagnosticar as necessidades do cliente elaborar prescriccedilotildees adequadas de cuidados
orientar a supervisatildeo do desempenho do pessoal e a avaliar os resultados Desta forma a
SAE eacute importante ferramenta da gestatildeo da assistecircncia servindo de base para o
planejamento do cuidado desde a implementaccedilatildeo dos manuais de normas e rotinas das
unidades padronizaccedilatildeo dos procedimentos ateacute a adoccedilatildeo do PE (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015) (VITURI EacuteVORA 2015)
De acordo com o Dicionaacuterio Aureacutelio (2016) a palavra dedicaccedilatildeo eacute substantivo
feminino que significa desprendimento de si proacuteprio em favor de outrem ou de alguma
ideacuteia eacute sinocircnimo de empregar devotar-se entregar-se aplicar-se e destinar-se Alguns
estudos da aacuterea da enfermagem concluiacuteram que o desempenho do PE no seu formato
integral ainda sofre dificuldades de diversas naturezas entre elas o pouco envolvimento
do enfermeiro e sua equipe em sua operacionalizaccedilatildeo (NEVES 2010) (GARCIA-
SANTOS WERLANG 2013) (LORENZETTI ORO MATOS GELBCKE 2015)
Portanto o termo evocado ldquodedicaccedilatildeordquo faz parte da estrutura que sustenta a
atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE Para fortalecer a implementaccedilatildeo do PE eacute preciso aleacutem do
conhecimento cientiacutefico predisposiccedilatildeo do corpo de enfermagem acreditando e
desempenhando suas funccedilotildees nesta metodologia
Os termos que emergem na segunda periferia (quadrante inferior direito)
ldquociecircnciardquo e ldquolideranccedilardquo organizam a RS dos enfermeiros acerca da atuaccedilatildeo na SAE
dando sustentaccedilatildeo ao nuacutecleo central da representaccedilatildeo que eacute o conhecimento especiacutefico da
profissatildeo que permite o cuidado humanizado Satildeo apontadas neste quadrante palavras
que valorizam aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como requisitos
importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
A palavra ldquociecircnciardquo estabelece relaccedilatildeo proximal como caminho a ser seguido ou
seja as dinacircmicas e as estrateacutegias que o auxiliam e fortalecem o processo de aplicaccedilatildeo da
SAE no cuidado agrave crianccedila
No processo de profissionalizaccedilatildeo da Enfermagem buscou-se desde o iniacutecio
construir um campo de conhecimentos especiacuteficos que deveria tanto manter operantes os
sistemas de valores que caracterizavam o feminino e o cuidado como sua extensatildeo quanto
100
adquirir o estatuto de ciecircncia (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
Os conhecimentos desta profissatildeo veem sendo desenvolvido atraveacutes de vaacuterias
correntes filosoacuteficas e teoacutericas que em um grande esforccedilo atraveacutes da histoacuteria tem
perseguido o crescimento e o aprimoramento Segundo Zagonel (1996) desde Florence
em 1859 ateacute os cientistas enfermeiros contemporacircneos o desvelamento e as influecircncias
dos paradigmas de Enfermagem tecircm contribuiacutedo para a construccedilatildeo da ciecircncia de
Enfermagem com definiccedilotildees de princiacutepios teoacutericos e metodoloacutegicos formas de
implementaccedilatildeo e instrumentalizaccedilatildeo atraveacutes do conjunto de crenccedilas valores e leis de
cada teoacuterico
Entende-se que a Enfermagem soacute vem conseguindo consolidar-se como ciecircncia e
arte porque tem produzido uma linguagem especiacutefica que atribui significado aos
elementos constitutivos do seu ser saber e fazer Assim a linguagem produzida por
determinado campo do saber possibilita a compreensatildeo acerca das representaccedilotildees do
pensamento e do mundo seja como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo ou como instrumento de
accedilatildeointeraccedilatildeo (GARCIA NOBREGA 2004) (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Abordando a ciecircncia e o campo de atuaccedilatildeo da sauacutede da crianccedila eacute importante frisar
que uma postura criacutetica-reflexiva deve ser adotada na busca da racionalizaccedilatildeo da
aquisiccedilatildeo e da incorporaccedilatildeo de novos conhecimentos e tecnologias de cuidado em virtude
da especificidade da clientela Como jaacute mencionado anteriormente neste trabalho a
praacutetica de enfermagem diferenciada agrave crianccedila requer o envolvimento de accedilotildees de cuidado
direto e indireto
As accedilotildees diretas estatildeo relacionadas ao operacional do cuidado minus condiccedilotildees
voltadas agrave prescriccedilatildeo e ao desenvolvimento do cuidado em si a ldquociecircnciardquo As accedilotildees
indiretas estatildeo relacionadas ao perfil do cuidador e organizam a assistecircncia O cuidado
de enfermagem para dar conta da complexidade e dinamicidade das questotildees que
envolvem o estar saudaacutevel e o estar doente de indiviacuteduos eou grupos populacionais
precisa abranger aleacutem dos aspectos teacutecnico-cientiacuteficos os preceitos eacuteticos esteacuteticos
filosoacuteficos humaniacutesticos e culturais (SCHAURICH CROSSETTI 2010)
Eacute importante salientar que para a ciecircncia e o cuidado estabeleccedilam uma linha tecircnue
e continua se faz necessaacuterio tambeacutem uma avaliaccedilatildeo sob o ponto de vista eacutetico da
qualidade da assistecircncia dos benefiacutecios das limitaccedilotildees dos riscos e da adequaccedilatildeo agraves
101
necessidades desta populaccedilatildeo (BARRA NASCIMENTO MARTINS
ALBUQUERQUE ERDMANN 2006)
O segundo termo evocado nesta periferia foi a palavra ldquolideranccedilardquo que eacute tida
como uma das principais competecircncias a ser desenvolvida pelo profissional da
enfermagem pois no trabalho em equipe os enfermeiros deveratildeo estar aptos a assumir
posiccedilotildees de lideranccedila Nesse contexto o liacuteder eacute envolvido pelo compromisso
responsabilidade empatia habilidade para a tomada de decisotildees comunicaccedilatildeo e
gerenciamento de forma efetiva e eficaz qualificando o serviccedilo e atendendo as
expectativas da organizaccedilatildeo (PERES TRENDO 2006) (STRAPASSON MEDEIROS
2009)
No novo estilo de organizaccedilatildeo das instituiccedilotildees de sauacutede a lideranccedila vem sendo
exigida natildeo como um modelo hierarquizado e tradicional mas abrindo espaccedilo para um
trabalho mais flexiacutevel em equipe com unidades semiautocircnomas construiacutedas a partir de
uma relaccedilatildeo de poder e confianccedila muacutetua (GAIDZINSKI PERES FERNANDES 2004)
(STRAPASSON MEDEIROS 2009)
O conhecimento eacute sem duacutevida um dos valores de grande importacircncia para o
estimular novos liacutederes uma vez que confere aos profissionais seguranccedila na tomada de
decisotildees relacionadas ao paciente agrave sua equipe e agraves atividades administrativas da unidade
(DOMIGUES CHAVES 2005)
No que diz respeito ao atendimento agrave crianccedilas hospitalizadas acredito que quando
o enfermeiro organiza sua assistecircncia de forma a inspirar e motivar seus liderados a ir
aleacutem de seus proacuteprios interesses para o bem do cliente estrateacutegias especiacuteficas de
abordagem agrave crianccedila conseguem sair dos protocolos e serem implementadas na rotina das
clinicas como por exemplo o brinquedo terapecircutico e o cuidado centrado na famiacutelia
Assim a iniciativa para assumir novas condutas e atitudes inovadoras eacute ponto
favoraacutevel para a implementaccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede pois sendo a SAE
conhecimento da aacuterea da enfermagem tambeacutem ofereceraacute suporte ao conhecimento dos
liacutederes desencadeando a certeza de estarem agindo da maneira mais correta e adequada
(DOMIGUES CHAVES 2005)
A zona de contraste (quadrante inferior esquerdo) corresponde a palavras que
possuem ordem meacutedia de evocaccedilotildees e distribuiccedilatildeo com valores baixos poreacutem tambeacutem
estatildeo relacionadas ao nuacutecleo central que estrutura a RS O termo indutor gerou as palavras
102
ldquoadministraccedilatildeordquo ldquoautonomiardquo ldquocomprometimentordquo e ldquoresultadosrdquo todas traduzindo um
potencial positivo frente a atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
O conjunto de palavras levantadas pelo grupo social fortalecem a forma
sistemaacutetica e ordenada de delimitar problemas fazer e executar planos para resolvecirc-los
e a elaboraccedilatildeo de meios para sua avaliaccedilatildeo que traduzem a profissatildeo do enfermeiro ou
seja o PE O PE eacute a uma sistemaacutetica organizada de cuidar do paciente eacute um meacutetodo a ser
seguido a fim de alcanccedilar os objetivos desejados em relaccedilatildeo agrave assistecircncia de enfermagem
o qual baseia-se num modelo assistencial e deve levar em conta a especialidade agrave que estaacute
sendo dirigido (HERMIDA 2004)
Segundo Moreira e colaboradores (2012) o PE eacute percebido pelos enfermeiros
como instrumento de suma importacircncia para subsidiar o trabalho da enfermagem e
proporcionar melhor assistecircncia aos neonatos pois contribui para a evoluccedilatildeo dos
prognoacutesticos favorecendo o retorno dos pacientes ao contexto familiar o mais
precocemente possiacutevel (MOREIRA etal2012)
Aproximando-o do contexto da sauacutede da crianccedila o processo de enfermagem pode
ser o caminho para o alcance da especificidade necessaacuteria para o cuidado diferenciado a
esta fase da vida Pois aleacutem de possibilitar o envolvimento da famiacutelia no processo de
cuidado tambeacutem eacute capaz de organizar o uso do brinquedo terapecircutico atividades na
brinquedoteca praacuteticas no banco de leite manutenccedilatildeo de atividades escolares Que satildeo
medidas capazes de aliviar o sofrimento fiacutesico e psiacutequico ocasionados pela doenccedila
Neste contexto a enfermagem pediaacutetrica por lidar com questotildees fiacutesicas e
existenciais dos seres humanos que cotidianamente cuida tem no PE uma importante
contribuiccedilatildeo para a organizaccedilatildeo do seu trabalho pois possibilita compreender atraveacutes da
ciecircncia e da rigorosidade do meacutetodo a realidade do dia-a-dia no qual estamos imersos
que eacute permeada de subjetividade e objetividade
103
43 CONHECENDO O CONTEUacuteDO DAS REPRESENTACcedilOtildeES SOCIAIS DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
[] Todas as interaccedilotildees humanas surjam entre
duas pessoas ou dois grupos pressupotildeem
representaccedilotildees na realidade eacute isso que as
caracterizam []
(Serge Moscovici)
A anaacutelise do discurso obtida com auxiacutelio do software ALCESTE nos permite
desvendar as dimensotildees das representaccedilotildees sociais sobre a SAE Esta RS eacute descrita pela
frequecircncia de palavras contidas nos discursos destes participantes que demonstram
relaccedilatildeo com o objeto durante todo o percurso do texto
Conforme Reinert (1999) o ALCESTE examina no texto as ressonacircncias de
sentido que se estabelecem devido as coocorrecircncias de alguns termos os quais aparecem
reunidos em certas regiotildees do discurso em certos momentos O programa define nuacutemero
criteacuterio de separaccedilatildeo de classes definindo as classes estaacuteveis que conteacutem o texto a partir
do processamento do corpus
Na operaccedilatildeo de leitura do corpus desta pesquisa o Programa Alceste reconheceu
a separaccedilatildeo destes em 45 unidades de contexto inicial (UCI) as quais correspondem ao
quantitativo de entrevistas e de sujeitos Em seguida na operaccedilatildeo de caacutelculo do dicionaacuterio
foram encontradas 20597 palavras sendo 2659 palavras diferentes com frequecircncia
meacutedia de palavras diferentes igual a 8 Nesta mesma etapa o programa permitiu a
identificaccedilatildeo de 886 palavras com frequecircncia igual a um indicando alto valor de
heterogeneidade do vocabulaacuterio
Na etapa de operaccedilatildeo de seleccedilatildeo das unidades de contexto elementar (UCE) apoacutes
a reduccedilatildeo das palavras agraves duas raiacutezes obtiveram-se 480 palavras analisaacuteveis com
frequecircncia igual a 4 e variabilidade de 9763 Essas 480 palavras foram designadas
numa mesma classe em duas classificaccedilotildees descendentes e dois sub-corpus que utilizaram
UCE com tamanhos diferentes O primeiro sub-corpus gerou 108 UCEs e eacute formado pela
classe 1 e o segundo sub-corpus gerou 172 UCEs e eacute formado pelas classes 2 3 4 e 5 A
tabela 2 ilustra a descriccedilatildeo das classes
104
Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo das classes UCE palavras consideradas e percentual das classes
1 2 3 4 e 5 geradas pelo Alceste Caacuteceres ndash 2015
Classes UCE Palavras
Consideradas
1 108 98 39
2 29 42 10
3 59 82 21
4 34 47 12
5 50 55 18
Fonte Dados da Pesquisa 2015
Analisando a tabela 2 constata-se que o maior predomiacutenio textual se encontra na
classe 1 com 39 das UCEs classificadas seguida pela classe 3 com 21 O menor
predomiacutenio encontra-se na classe 2 com 10 e nas classes 4 e 5 respectivamente 12 e 18
porcento
Ainda descrevendo as classes de UCE o Programa gerou um dendograma
resultado da Classificaccedilatildeo Hieraacuterquica Descendente (CHD) ilustrando a relaccedilatildeo
interclasses do corpus Eacute necessaacuterio destacar que as relaccedilotildees entre os eixos satildeo fracas
demonstrando que as cinco classes satildeo independentes ou seja os discursos dos sujeitos
quanto a SAE satildeo distintos
Classe 4
Classe 5
Classe 2
Classe 3
Classe 1
Figura 5 Dendograma do corpus das Representaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem (SAE) organizado em cinco classes e dois eixos
Eixo 1 Eixo 2
39
10
21
12
18
105
Nesse niacutevel de anaacutelise o agrupamento de palavras de maior qui quadrado ou seja
de maior relevacircncia permitiu a conformaccedilatildeo da anaacutelise qualitativa em classes nas quais
buscou-se identificar aspectos significativos das Representaccedilotildees Sociais da SAE Foi
considerado como criteacuterio reter as palavras com miacutenimo de associaccedilatildeo agrave classe igual ou
superior a 19 de acordo com a lista de indices e seu valor em X2 qui-quadrado
A figura 6 representa o dendograma com os tiacutetulos dos eixos e das classes
juntamente com as palavras destacadas que corresponde ao poder de associaccedilatildeo das
palavras que foram mais expressivas para compor as classes
Figura 6 Dendograma com os eixos classese palavras destacadas segundo software
Alceste
Classe 4 Classe 5 Classe 2 Classe 3 Classe 1
As Dificuldades Operacionais
para a Implantaccedilatildeo
da SAE
Accedilotildees e Envolvimen-
tos para Aproximaccedilatildeo
da SAE
Praacuteticas e dinacircmicas
operacionais da
Enfermagem
A Rotina do Cuidado de
Enfermagem
A construccedilatildeo do conceito da
SAE
Falta Secretaacuteria
Coleta Correria Dados Acho
Tempo Que-se Tivesse
Muito bom Computador
Nuacutemero
Momento Aplicaccedilatildeo
Assim Porque
Ta Entatildeo
Ele Uso
Diferente Vocecirc
Maneira Paciente
Setor Experiecircncia
Centro Relatoacuterio
Nesta Periacuteodo Noturno
Natildeo Hospital
Obsteacutetrico Aqui
Dentro Box
Recebo Plantatildeo
Faculdade Exame Verifico
Emergecircncia Quadro Estatildeo
Depois Pendecircncias
Colega Solicita Dietas
Carrinho
Enfermagem Enfermeira Faculdade
Foi SAE
Curso Contato
Sei Accedilotildees
Assistecircncia Ouvi
Durante Importante
Aula
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTEcircNCIA DE ENFERMAGEM
EIXO 2
A dimensatildeo praacutetica sobre a SAE
EIXO 1
A dimensatildeo Teoacuterica sobre a
SAE
106
Da anaacutelise de conteuacutedo emergiram dois eixos temaacuteticos o primeiro faz referecircncia
a dimensatildeo do conhecimento acerca da SAE e foi composto pela classe 1 O segundo
eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem assinala as aproximaccedilotildees e distanciamentos da Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem na praacutetica cotidiana Esse eixo foi composto pelas classes 4
(Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da SAE) 5 (Accedilotildees e
envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE) 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da
enfermagem) e 3 (A rotina praacutetica do cuidado de Enfermagem) conforme demonstrado
na figura 5
Estes dois eixos contemplam os objetivos - Apontar de que modo local e
momento do percurso profissional essas representaccedilotildees foram forjadas - Identificar o
grau de conhecimento dos enfermeiros acerca da SAE - Identificar quais os aspectos
facilitadores e dificultadores para a utilizaccedilatildeo da SAE nos diferentes espaccedilos de cuidado
a crianccedila e Relacionar as RS apreendidas ao conhecimento e o cuidado prestado nas
clinicas de atenccedilatildeo agrave crianccedila deste estudo
44 AS DIMENSOtildeES DO CONHECIMENTO E PRAacuteTICA DA
SISTEMATIZACcedilAtildeO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM Agrave CRIANCcedilA
HOSPITALIZADA
441 Eixo 1 A dimensatildeo teoacuterica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
Classe 1- A Construccedilatildeo do Conceito da SAE
A classe 1 foi composta pelas seguintes palavras enfermagem faculdade curso
accedilotildees SAE assistecircncia e importante As palavras ldquoenfermagemrdquo ldquofaculdaderdquo e ldquocursordquo
agrupadas pelo Alceste para esta classe expressam conceitos que provavelmente
assinalam o local e o momento em que ocorreu a primeira relaccedilatildeo com a significaccedilatildeo da
sistematizaccedilatildeo da assistecircncia oferecendo sustentaccedilatildeo para a compreensatildeo deste
fenocircmeno
Pode-se inferir que o desenvolvimento das habilidades necessaacuterias para atuar no
cuidado de enfermagem iniciou durante o periacuteodo da graduaccedilatildeo sendo aprimoradas ao
longo dos anos de exerciacutecio da profissatildeo capacitando o enfermeiro a exercer um papel
107
ativo e criacutetico contribuindo de forma efetiva na tomada de decisotildees nas questotildees sociais
e institucionais (ALVES COGO 2014)
O conteuacutedo das falas indica e vincula o curso de graduaccedilatildeo em enfermagem como
elemento importante e norteador desta construccedilatildeo como sugerem os extratos
Mas nunca tinha ouvido falar de SAE fora da faculdade Foi no
curso de enfermagem nas aulas tivemos tambeacutem alguns eventos
da faculdade durante o tempo que estava estudando tipo
minicurso ou ateacute mesmo palestras que falavam sobre a SAE
(E34)
O meu primeiro contato com a SAE foi no curso de enfermagem
na faculdade foi a primeira vez que eu ouvi falar Foi nas aulas
de Evoluccedilatildeo da Enfermagem comeccedilava falando da histoacuteria da
enfermagem desde Florence e no final do semestre chegava no
conteuacutedo da SAE (E9)
Desde as mateacuterias especiacuteficas de praacutetica eacute falado e cobrado a
SAE dos alunos Sou de uma famiacutelia com muitos enfermeiros
minha matildee eacute enfermeira mas nunca antes da faculdade havia
ouvido falar na SAE (E26)
Na formaccedilatildeo moderna da enfermagem conhecimentos relacionado as concepccedilotildees
teoacutericas e filosoacuteficas da profissatildeo e estudos sobre a SAE satildeo abordados durante o periacuteodo
de graduaccedilatildeo
O processo de formaccedilatildeo do profissional enfermeiro estaacute fortemente embasado na
visatildeo transformadora com base em teorias criacuteticas que buscam sua capacitaccedilatildeo
profissional para o exerciacutecio das competecircncias gerais e especiacuteficas aleacutem de habilidades
pautadas no ponto de vista do aluno como sujeito de seu processo de formaccedilatildeo (MEIRA
KURCGANT 2016) (SOUZA MARISCAL 2016)
No periacuteodo de formaccedilatildeo profissional os estudantes de enfermagem vivenciam as
primeiras praacuteticas curriculares entrando em contato com a realidade da sauacutede brasileira
Durante essas praacuteticas eles devem utilizar o conhecimento teacutecnico-cientiacutefico abordado
anteriormente de forma teoacuterica no curso exercer atividades teacutecnicas inerentes agrave profissatildeo
e estabelecer relaccedilotildees interpessoais com os colegas e os professores o paciente e seus
familiares e os profissionais de sauacutede interagindo e atuando de forma criacutetica-reflexiva
(ALVES COGO 2014)
Este momento deve ser compreendido como um processo transformador capaz de
modificar o cotidiano dos serviccedilos de sauacutede Assim o aluno deve ser visto como um
sujeito protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem como algueacutem que executa
108
algo aleacutem de tarefas como algueacutem que gerencia e cuida para que a partir dessas vivecircncias
no cotidiano encontre elementos motivadores no processo de ensino aprendizagem
capazes de intervir na realidade buscando novas soluccedilotildees e incitando novas formas de
cuidado (FREITAS FERREIRA 2016)
Nesse cenaacuterio o espaccedilo sala de aula desempenha papel de grande importacircncia
para a integraccedilatildeo social e a consolidaccedilatildeo das experiecircncias relacionadas agrave compreensatildeo do
cuidado sistematizado e sua relaccedilatildeo com o saberfazerser do enfermeiro Neste ambiente
acontece a construccedilatildeo destas manifestaccedilotildees a significaccedilatildeo e a ressignificaccedilatildeo destes
conceitos segundo a valorizaccedilatildeo dos sujeitos envolvidos (JODELET 2005)
Portanto experiecircncias de aprendizagem significativas e estrateacutegias de capacitaccedilatildeo
podem contribuir para mudanccedilas nas representaccedilotildees Nessa loacutegica entendendo a
representaccedilatildeo como produccedilatildeo social concretizada na accedilatildeo a interaccedilatildeo professor-aluno
pode influenciar ambos especialmente os acadecircmicos a ressignificarem e
implementarem a SAE agrave sauacutede da crianccedila
As palavras ldquoaccedilotildeesrdquo ldquoassistecircnciardquo e ldquoimportanterdquo tambeacutem elencadas entre as mais
expressivas pelo Programa Alceste para esta classe parecem expressar ligaccedilatildeo com a
construccedilatildeo do conceito da SAE jaacute que suas significaccedilotildees estatildeo associadas ao conceito
baacutesico do meacutetodo ou seja um conjunto de accedilotildees reflexivas de grande importacircncia para
os atos de enfermagem (COFEN 2009)
Sistematizar a assistecircncia eacute viabilizar a organizaccedilatildeo do cuidado de enfermagem
constituindo uma abordagem eacutetica e humanizada dirigida agrave resoluccedilatildeo de problemas
atendendo agraves necessidades de cuidados de sauacutede e de enfermagem de uma pessoa
(CASTILHO RIBEIRO CHIRELLI 2009)
Eacute possiacutevel inferir que os sujeitos compreendem a importacircncia da SAE para a
enfermagem enquanto profissatildeo e ciecircncia identificam seus potenciais enquanto meacutetodo
de planejamento da assistecircncia e ratificam ser esta atividade privativa do enfermeiro
A SAE eacute o trabalho do enfermeiro eacute o caminho para organizar
a assistecircncia e prestar um cuidado individualizado e
humanizado Eacute atraveacutes dela que conseguimos avaliar o
atendimento que prestamos e gerar accedilotildees baseadas na evidecircncia
do achado (E15)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees com
o seu cliente Assim ele consegue conhecer realmente o cliente
109
biologicamente e psicologicamente para poder traccedilar o cuidado
necessaacuterio (E21)
Sei que o enfermeiro deve fazer para todos os clientes ela deve
acontecer em todos os dias de internaccedilatildeo ou contato com o
cliente Eacute um norte para as nossas accedilotildees (E14)
O estudo sobre a SAE no Brasil mereceu destaque somente no final de 1980
quando o Decreto ndeg 9440687 que regulamenta a Lei 749886 do Exerciacutecio Profissional
de Enfermagem no paiacutes reforccedilado pela Resoluccedilatildeo 3582009 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN) dispocircs sobre a implementaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem (SAE) e a institui como atividade privativa do enfermeiro
O discurso dos entrevistados vislumbra o desenvolvimento da SAE agrave organizaccedilatildeo
do trabalho da enfermagem associando o desenvolvimento do processo a praacuteticas
individualizadas e exitosas Estas representaccedilotildees se aproximam dos resultados de outra
pesquisa em que os enfermeiros envolvidos indicam que aplicar um meacutetodo de prestaccedilatildeo
de cuidados favorece a obtenccedilatildeo de resultados satisfatoacuterios aleacutem de reduzir as
complicaccedilotildees durante o tratamento (CUNHA BARROS 2005)
O uso do meacutetodo requer o pensamento criacutetico do profissional que deve estar
focado nos objetivos e voltado para os resultados de forma a atender as necessidades do
paciente e de sua famiacutelia exigindo constante atualizaccedilatildeo habilidades e experiecircncia
sendo orientado pela eacutetica e padrotildees de conduta (SILVA OLIVEIRA NEVES
GUIMARAtildeES 2011)
Portanto eacute um modo de exercer a profissatildeo com autonomia baseada nos
conhecimentos teacutecnico-cientiacuteficos no qual a categoria vem trabalhando e se
desenvolvendo nas uacuteltimas deacutecadas
Observa-se tambeacutem que para os sujeitos o conceito de cuidado apresenta-se
associado aos procedimentos e intervenccedilotildees de enfermagem desenvolvidas
cotidianamente demonstram tambeacutem compreender que a aplicaccedilatildeo da SAE eacute importante
para direcionar este fazer
No conteuacutedo das falas tambeacutem foi possiacutevel apreender que o conhecimento
relacionado agrave operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo eacute vigorante Os entrevistados conhecem as
fases do processo de enfermagem e compreendem como os diagnoacutesticos satildeo elaborados
Eacute baseado na Teoria de Wanda Horta sendo formado por fases
ligadas que te direcionam para uma assistecircncia correta (E2)
110
Ela eacute composta de fases que satildeo interligadas e geram potencial
para lidar com condiccedilotildees de doenccedila e riscos (E22)
A SAE eacute um meacutetodo constituiacutedo de fases Coleta de dados
diagnoacutestico de enfermagem planejamento prescriccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo Eacute desenvolvida pelo enfermeiro para todo cliente que
ele tem contato (E18)
Eacute com base nos dados coletados que a avaliaccedilatildeo do paciente eacute
feita entatildeo observamos se existe algum diagnoacutestico utilizando o
NANDA aiacute estabelecemos metas de pequeno meacutedio e longo
prazo para depois prescrevemos cuidado (E25)
Os diagnoacutesticos que construiacutemos datildeo credibilidade para o meu
trabalho pois mostra que a accedilatildeo que eu estou desenvolvendo eacute
baseada em achados cientiacuteficos (E36)
Para Alfaro-Levefre (2000) o meacutetodo atraveacutes do qual a estrutura teoacuterica da
enfermagem eacute aplicada agrave praacutetica eacute apresentado em cinco fases investigaccedilatildeo diagnoacutestico
de enfermagem planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo De acordo com o referencial
teoacuterico utilizado pela instituiccedilatildeo a implementaccedilatildeo da SAE atraveacutes do PE pode ser
desenvolvida variando de quatro ateacute seis fases interligadas
Eacute necessaacuterio que toda a equipe de enfermagem envolvida no processo de
implementaccedilatildeo dessa metodologia saiba quais passos deve seguir e principalmente
como cada um destes deve ser implementado em sua praacutetica diaacuteria (AMANTE
ROSSETO SCHNEIDER 2009)
O PE nos dois hospitais dessa pesquisa estaacute ancorado no referencial teoacuterico das
Teoria das Necessidades Humanas Baacutesicas de Wanda de Aguiar Horta (1979) e
desenvolvem o processo de enfermagem em 5 fases Histoacuterico Diagnoacutestico
Planejamento de Metas Prescriccedilatildeo e Prognoacutestico com auxiacutelio de um software
Este software possibilita a normatizaccedilatildeo de todo o processo de transcriccedilatildeo das
informaccedilotildees de enfermagem em prontuaacuterio eletrocircnico visa possibilitar a construccedilatildeo de
um banco de informaccedilotildees rotineiras pelo enfermeiro que estaacute habilitado atraveacutes de senha
disponibilizada pela gerencia de enfermagem Este software esta estruturado de forma
que obriga o lanccedilamento das informaccedilotildees relacionadas ao atendimento de enfermagem
impossibilitando a mudanccedila de fase ou a finalizaccedilatildeo do processo sem que a etapa anterior
esteja preenchida
Acrescento que na execuccedilatildeo deste programa pelo menos algumas informaccedilotildees
precisam ser escritas pelo enfermeiro habilitado para que abra-se a proacutexima paacutegina para
111
preenchimento Desta forma o enfermeiro natildeo tem acesso a paacutegina de diagnoacutestico sem
antes preencher a paacutegina de histoacuterico e assim sucessivamente
Pode-se deduzir que em virtude deste recurso de operacionalizaccedilatildeo do meacutetodo os
discursos dos enfermeiros revelem unanimidade ao associaacute-lo a praacutetica sistemaacutetica com
fases interligadas e obrigatoacuterias Esse resultado assemelha-se aos estudos de Nascimento
et al (2008) Lopes e Jorge (2008) e Ledesma-Delgado e Mendes (2009) que igualmente
reconheceram que as accedilotildees do PE estatildeo centralizadas nas regras estabelecidas pelas
instituiccedilotildees seguindo normas e rotinas preconizadas por estes estabelecimentos em
detrimento do cuidado centrado na especificidade do cliente
Divergente deste achado tese desenvolvida por Neves (2010) indicou que no
processo de desenvolvimento do PE a etapa de diagnoacutestico geralmente eacute desvalorizada
Assim o enfermeiro executa o Histoacuterico a Evoluccedilatildeo e a Prescriccedilatildeo desconsiderando os
Diagnoacutesticos de Enfermagem dos clientes baseando-se nos diagnoacutesticos meacutedicos para
completar as etapas anteriormente realizadas
Na concepccedilatildeo do grupo as representaccedilotildees sociais associadas ao Diagnoacutestico de
Enfermagem satildeo relativas aos benefiacutecios que esta fase traz a profissatildeo estabelecendo um
caminho para a autonomia e uma ligaccedilatildeo com a ciecircncia do cuidado Neves (2010)
acrescenta que eacute importante que o enfermeiro compreenda as formas de identificaccedilatildeo de
problemas baseados em modelos praacuteticos que possam ser aplicados a realidade e que
configurem resultados positivos na assistecircncia de Enfermagem
Nos discursos os enfermeiros participantes tambeacutem identificam a SAE como
forma de comunicaccedilatildeo entre as equipes de sauacutede e a associam agrave qualidade do cuidado e
agrave reduccedilatildeo de riscos Este resultado segue em consonacircncia com os elementos constitutivos
do sistema perifeacuterico da RS ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo as falas do
grupo se ancoram na visatildeo politicamente correta dos aspectos que envolve a SAE e as
praacuteticas de cuidado de enfermagem se aproximando dos debates teoacutericos do assunto
Eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Eacute como a enfermagem registra
suas accedilotildees no prontuaacuterio uma forma de dizer estivemos neste
plantatildeo (E9)
Eacute o meio que o enfermeiro utiliza para buscar informaccedilotildees do
cliente e depois registrar no prontuaacuterio Desta forma toda equipe
tem conhecimento da condiccedilatildeo de sauacutede do cliente (E4)
A SAE eacute muito importante para o dia a dia da enfermagem eacute
uma forma de oferecer uma assistecircncia de qualidade longe de
riscos e valorizando o cliente (E26)
112
Atraveacutes deste processo a enfermagem consegue traccedilar accedilotildees que
precisam ser desenvolvidas para levar o cliente a homeostasia
(E8)
A SAE eacute um instrumento utilizado pela enfermagem para
planejar o cuidado Atraveacutes deste processo a enfermagem
consegue traccedilar accedilotildees que precisam ser desenvolvidas para
levar o cliente ao bem-estar fiacutesico psicoloacutegico e espiritual (E22)
A SAE foi compreendida pelos enfermeiros participantes como importante
requisito para a documentaccedilatildeo e registro da assistecircncia desenvolvida Esse registro foi
considerado essencial para o desenvolvimento do plano de cuidados agregando
significados que conduzem as praacuteticas do enfermeiro Para Matsuda e colaboradores as
informaccedilotildees a respeito dos clientes devem ser claras objetivas frequentes e completas
de modo que possibilite o monitoramento a avaliaccedilatildeo e o (re) planejamento global e
contiacutenuo dos cuidados (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
O que foi coletado e identificado sobre o cuidado necessita ser registrado A
ausecircncia de registros e anotaccedilotildees relativas ao cuidado prestado colabora para a deficiecircncia
na continuidade da assistecircncia
Nessa perspectiva as falas dos enfermeiros fortalecem a visatildeo de burocratizaccedilatildeo
da assistecircncia prestada sobre esta abordagem Neves (2010) esclarece que a valorizaccedilatildeo
dos registros tem por base alguns significados pois asseguram o controle e a
burocratizaccedilatildeo do cuidado reforccedilando o modelo biomeacutedico de assistecircncia ao cliente
centrado nas praacuteticas de cuidado com o corpo e natildeo com o indiviacuteduo
Outro aspecto que emergiu nesta classe sugere que a SAE significa o meio que
favorece a qualidade da assistecircncia de enfermagem sendo um instrumento de grande
importacircncia para a praacutetica profissional do enfermeiro representando a ferramenta que
daraacute suporte para a aproximaccedilatildeo de uma prestaccedilatildeo de cuidados respeitando as
especificidades do cliente
O enfermeiro ao planejar a assistecircncia garante sua responsabilidade junto ao
cliente assistido uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades deste
garante a prescriccedilatildeo adequada dos cuidados orienta a supervisatildeo do desempenho do
pessoal a avaliaccedilatildeo dos resultados e da qualidade da assistecircncia porque norteia as accedilotildees
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Percebe-se na fala dos enfermeiros que a finalidade de implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees investigadas foi organizar o cuidado a partir da adoccedilatildeo de um meacutetodo
113
sistemaacutetico proporcionando ao enfermeiro a (re)definiccedilatildeo do seu espaccedilo de atuaccedilatildeo A
aplicaccedilatildeo do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da
prestaccedilatildeo de cuidados individualizados centrada nas necessidades humanas baacutesicas e
aleacutem de ser aplicado agrave assistecircncia pode nortear tomadas de decisatildeo em diversas situaccedilotildees
vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem
(ANDRADE VIEIRA 2005)
Deste modo pode-se inferir que as RS acerca da SAE evidenciadas nesse eixo
indicam que a construccedilatildeo do saber e a aplicabilidade da SAE foram forjados inicialmente
durante a graduaccedilatildeo de enfermagem Entre os entrevistados parecer haver consenso
acerca da importacircncia do processo de enfermagem para a qualificaccedilatildeo do cuidado a ser
prestado
442 Eixo 2 A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem
O segundo eixo denominado A Dimensatildeo Praacutetica sobre a Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagem eacute responsaacutevel por descrever as aproximaccedilotildees e os
distanciamentos da SAE no cuidado cotidiano agrave crianccedila hospitalizada Esse eixo foi
composto pelas classes 2 (Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem) 3 (A rotina
praacutetica do cuidado de Enfermagem) 4 (Desvelando as dificuldades operacionais para a
implantaccedilatildeo da SAE) e 5 (Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da SAE)
Classe 2 Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem
A classe 2 nomeada Praacuteticas e dinacircmicas operacionais da enfermagem foi
composta pelas seguintes palavras ldquosetorrdquo ldquoexperiecircnciardquo ldquocentrordquo ldquorelatoacuteriordquo ldquoplantardquo
ldquoexamerdquo e ldquoquadrordquo estas palavras correspondem agraves atividades praacuteticas de enfermagem
ou seja as palavras fazem menccedilatildeo aos processos vinculados agrave rotina assistencial dos
setores como ocorre agrave conduccedilatildeo do trabalho dos enfermeiros e como as praacuteticas satildeo
planejadas
A organizaccedilatildeo do processo de trabalho constitui um dos meios que o enfermeiro
utiliza para alcanccedilar o seu objetivo final a praacutetica de um cuidado seguro e de qualidade
(CHRISTOVAM PORTO OLIVEIRA 2012) A Lei Nordm 749886 que regulamenta o
exerciacutecio dos profissionais de enfermagem explicita em seu art 11 que a organizaccedilatildeo o
114
planejamento a coordenaccedilatildeo a execuccedilatildeo e a avaliaccedilatildeo dos serviccedilos da assistecircncia de
enfermagem satildeo responsabilidades privativas do enfermeiro
A SAE eacute um meio para organizar a assistecircncia ela incorpora instrumentos que
devem ser utilizados no trabalho gerencial fortalecendo o planejamento a tomada de
decisotildees comunicaccedilatildeo lideranccedila a administraccedilatildeo a educaccedilatildeo permanente etc
Ressalta-se que a gestatildeo do cuidado envolve a dialoacutegica entre o saber-fazer
gerenciar e o cuidar A articulaccedilatildeo dessas duas dimensotildees deve permitir ao enfermeiro
organizar a rotina de acordo com as necessidades de sauacutede do indiviacuteduo e por meio de
accedilotildees gerenciais promover a melhoria da assistecircncia prestada (VITURI EacuteVORA 2015)
Os fragmentos dos discursos dos enfermeiros se afastam desta proposta dialoacutegica
evidenciando que o cuidado desenvolvido nas cliacutenicas eacute uma praacutetica desarticulada de um
referencial metodoloacutegico natildeo acontecendo ou acontecendo de forma seletiva para alguns
pacientes
Natildeo utilizamos a SAE na sala de parto natildeo tenho uma rotina
relacionada agrave SAE Geralmente faccedilo meu relatoacuterio para cada
cliente que tem alta tento ser bem descritiva nas accedilotildees que
aconteceram aqui relato todas as intercorrecircncias mas natildeo
temos neste setor o processo de enfermagem (E21)
Neste setor soacute acontece a SAE se o paciente tambeacutem fizer parte
da comissatildeo de curativo se natildeo fizer parte fazemos um pequeno
relatoacuterio no formato SOAP e soacute (E8)
Natildeo natildeo tenho a SAE aqui Jaacute passei por vaacuterios setores deste
hospital Faccedilo geralmente a SAE dos pacientes mais criacuteticos
(E11)
Aqui na sala de Parto o bicho pega de verdade Acho que utilizei
a SAE mesmo durante a faculdade Natildeo consigo visualizar a
diferenccedila do meu trabalho com ou sem a SAE (E6)
Os conteuacutedos apreendidos nas falas dos participantes denotam ecircnfase na
intensidade das atividades desenvolvidas por plantatildeo levando a compreender que a alta
demanda de accedilotildees e o tempo satildeo as causas do natildeo desenvolvimento ou do
desenvolvimento parcial do cuidado sistematizado Observa-se que o cuidado eacute
desenvolvido cotidianamente poreacutem sem planejamento retratando a ideia de que os
sujeitos valorizam mais as praacuteticas e decisotildees relacionadas agrave gestatildeo imediata das
115
demandas do setor sem o uso da SAE provavelmente por entenderem que o uso dela
atrasaria o processo de trabalho
Outros estudos tambeacutem levantaram como dificuldades enfrentadas por
enfermeiros a implantaccedilatildeo da SAE o nuacutemero reduzido de profissionais de enfermagem
a falta de credibilidade dos teacutecnicos de enfermagem frente agrave SAE a sobrecarga de
trabalho do enfermeiro o tempo e a falta de motivaccedilatildeo profissional (GONCcedilALVES et
al 2007) (MEDEIROS SANTO CABRAL 2013) (NEVES 2010)
Alguns autores classificam em dois niacuteveis os desafios para a trajetoacuteria de
construccedilatildeo da SAE nos espaccedilos de sauacutede o primeiro eacute institucional e trata da organizaccedilatildeo
e articulaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede o nuacutemero de enfermeiros a valorizaccedilatildeo por parte da
administraccedilatildeo da instituiccedilatildeo bem como os indicadores de resultado da assistecircncia No
segundo niacutevel encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito agrave base
cientiacutefica e conhecimentos requeridos habilidades e atitudes pautadas no compromisso
eacutetico na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano (CASTILHO RIBEIRO
CHIRELLI 2009) (MENEZES PRIEL PEREIRA 2011)
A natildeo utilizaccedilatildeo da SAE pelos profissionais deve-se ao distanciamento entre o
pensar e o fazer entre teoria e praacutetica principalmente por natildeo haver uma preocupaccedilatildeo
maior com a qualidade da assistecircncia e sim com a demanda do serviccedilo (KLETEMBERG
MANTOVANI LACERDA 2004)
Considerando a sobrecarga de atividades e o escasso tempo os enfermeiros
investigados acabam por selecionar quais satildeo as crianccedilas internadas merecedores de uma
abordagem integral e individualizada Eacute importante ressaltar que a qualidade da atenccedilatildeo
agrave sauacutede articula-se agrave questatildeo da responsabilidade social dos profissionais de sauacutede e dos
serviccedilos para com os seus clientes e estaacute sob a influecircncia direta de variaacuteveis carregadas
de subjetividade daiacute urge a necessidade de decisotildees fortalecidas na rigorosidade da
ciecircncia Como fazer a escolha correta Como prever o desfecho de um quadro clinico sem
a devida avaliaccedilatildeo e planejamento
A implementaccedilatildeo de um meacutetodo cientiacutefico aprimora todos os aspectos da praacutetica
de enfermagem angariando respeito profissional assegurando documentaccedilatildeo
consistente representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros cliacutenicos
contribuindo deste modo para a seguranccedila do paciente por meio da integraccedilatildeo de uma
terminologia baseada em evidecircncias para a praacutetica cliacutenica e a tomada de decisatildeo
(LUNNEY 2012) (BACKES KOERICH NASCIMENTO ERDMANN 2013)
116
O descaso com o emprego sistemaacutetico do diagnoacutestico das accedilotildees intervenccedilotildees e
resultados de enfermagem pode resultar em ausecircncia de visibilidade e de reconhecimento
profissional aleacutem de poder acarretar ausecircncia ou dificuldade de avaliaccedilatildeo de sua praacutetica
e importacircncia como profissatildeo (GARCIA NOacuteBREGA 2004)
As praacuteticas desenvolvidas pelos enfermeiros estudados estatildeo em discordacircncia com
uma grande corrente de pensadores da enfermagem que veem trabalhando com o intuito
de normatizar e universalizar a linguagem dos sistemas de classificaccedilatildeo da praacutetica do
cuidado evidenciando seus elementos atraveacutes do processo de enfermagem por considerar
esta accedilatildeo importante agrave profissatildeo (NOacuteBREGA GARCIA 2005)
Florecircncio (2009) afirma que somente haveraacute a implantaccedilatildeo da SAE nas
instituiccedilotildees se os enfermeiros se conscientizarem da importacircncia destes cuidados e
tiverem a iniciativa e as condiccedilotildees necessaacuterias para que esta seja implantada em seu local
de trabalho
Eacute preciso dedicaccedilatildeo e tempo para sua aplicaccedilatildeo aperfeiccediloamento soluccedilotildees de
problemas tomada de decisotildees para que a enfermagem consiga atingir suas metas e
promover um cuidado com este cliente (LEFEVRE 2000)
O que causa certo estranhamento eacute verificar no discurso do grupo social a
referecircncia agrave natildeo diferenciaccedilatildeo nos resultados do cuidado de enfermagem prestado de
forma sistematizada e natildeo sistematizada
Estudo sobre a anaacutelise do processo de implantaccedilatildeo da SAE identificou que o
processo de enfermagem quando natildeo eacute operacionalizado resulta em um plano de
cuidados generalizado Dessa maneira natildeo importam as individualidades e necessidades
de cada caso tornando-se apenas uma atividade burocraacutetica centrada nas praacuteticas de
cuidado com o corpo e natildeo no indiviacuteduo (NEVES 2010)
Embora a Resoluccedilatildeo COREN 2722002 tenha estipulado a obrigatoriedade da
SAE em todas as instituiccedilotildees de sauacutede percebe-se que isto natildeo eacute a realidade do grupo
social estudado a aplicabilidade da SAE ainda representa um grande desafio pois existe
conhecimento do assunto por parte do enfermeiro faltando a iniciativa em introduzir o
meacutetodo na praacutetica cotidiana
As RS desta classe desqualificam a SAE como meio de organizaccedilatildeo do cuidado e
satildeo discordantes das representaccedilotildees encontradas no eixo 1 desta pesquisa Da mesma
forma tambeacutem se afastam da estrutura perifeacuterica anteriormente representada pelo grupo
sobre a SAE atraveacutes das palavras ldquoplanejamentordquo ldquoqualidaderdquo ldquocomprometimentordquo
117
ldquoresponsabilidaderdquo A aproximaccedilatildeo do cuidado sistematizado agrave qualidade da assistecircncia
visiacutevel nas falas do eixo que aborda a dimensatildeo teoacuterica da SAE eacute discrepante das accedilotildees
desenvolvidas na classe dois do eixo 2 onde eacute trabalhado a dimensatildeo praacutetica do cuidado
fortalecendo dissonacircncia entre a teoria e a praacutetica para este grupo
Eacute possiacutevel que a cultura interna do serviccedilo direcione as praacuteticas e atividades
diaacuterias considerando o fluxo dos atendimentos prioritaacuterios tendo por base a rotina de
trabalho Desta forma os processos necessaacuterios para atingir as demandas do tratamento
meacutedico e dos requisitos administrativos ligados a gestatildeo da unidade e do hospital
acontecem dando a sensaccedilatildeo ao profissional de enfermagem de dever cumprido poreacutem
muito distante de uma proposta autocircnoma fortalecida em conhecimento
Classe 3 A rotina do cuidado de enfermagem
Nesta classe satildeo descritas as praacuteticas e rotinas assistenciais dos campos de estudo
ou seja a maneira como o cuidado eacute prestado agrave clientela As palavras que ganharam
destaque nas falas dos sujeitos foram ldquorecebordquo ldquoplantatildeordquo ldquoexamerdquo ldquoemergecircnciasrdquo e
ldquopendecircncias - palavras estas que associadas aos estratos das falas aproximam o cuidado
prestado a um forte potencial mecanicista pouco individualizado para as necessidades da
crianccedila
No que tange agraves praacuteticas e agrave rotina dos setores de atendimento agrave crianccedila foi
possiacutevel apreender que haacute uma grande preocupaccedilatildeo dos enfermeiros em atenderem as
demandas da unidade de internaccedilatildeo e as solicitaccedilotildees meacutedicas Esse fato pode estar
atrelado a cultura existente de que os cuidados de enfermagem representam accedilotildees que
visam auxiliar as prescriccedilotildees meacutedicas
Com a equipe de meacutedicos e residentes recebo o plantatildeo quando
tem acadecircmico de enfermagem ele tambeacutem participa Faccedilo
primeiro as coisas que tem prazo ou que satildeo de urgecircncia depois
passo para as atividades privativas faccedilo curativo passo sondas
pics depois evoluo as crianccedilas e faccedilo as admissotildees (E5)
Recebo o plantatildeo confiro o senso dos pacientes tento organizar
o espaccedilo solicito os exames necessaacuterios faccedilo os
direcionamentos faccedilo os procedimentos tipo sondas curativos
eletros e depois vou atendendo os pacientes sem parar (E40)
Recebo o plantatildeo da colega e vou logo tentando organizar os
prontuaacuterios segundo a rotina dos meacutedicos da unidade cada um
chega em um horaacuterio entatildeo vou organizando as preacute-consultas
de forma a atender a todos (E34)
118
Nightingale a percussora da enfermagem moderna preconizava que as enfermeiras
deveriam estar submetidas a uma forte organizaccedilatildeo disciplinar cuja finalidade exclusiva
era capacitaacute-las para a execuccedilatildeo inteligente das tarefas ordenadas pelos meacutedicos
constituindo assim toda a praacutetica de enfermagem A boa enfermeira deveria trazer em
seu exerciacutecio diaacuterio a aproximaccedilatildeo de adjetivos como disciplina obediecircncia e a
subserviecircncia tanto nas accedilotildees assistenciais como nas relaccedilotildees enfermagemmedicina
(LUNARDI 2004) (ANDRADE 2007)
Para considerar a afirmativa anterior eacute preciso entender que para os padrotildees
sociais da eacutepoca e para a aplicaccedilatildeo do modelo biomeacutedico nos hospitais o conhecimento
meacutedico era o uacutenico vaacutelido por ser considerado cientiacutefico desvalorizando o cuidado de
enfermagem que era destinado agrave manutenccedilatildeo e promoccedilatildeo da vida percebidos como
secundaacuterios menores sem importacircncia significativa valor econocircmico ou cientiacutefico
(PADILHA et al1997) (ANDRADE 2007) A assistecircncia de enfermagem se resumia
em dar o remeacutedio na hora certa cuidar do asseio dar alimentaccedilatildeo fazer companhia
auxiliar o paciente na ocasiatildeo das necessidades e cuidar dos mortos (PADILHA et
al1997)
Alguns profissionais permanecem com suas visotildees arraigadas num modelo
tecnicista de assistecircncia no qual os procedimentos teacutecnicos imperam sobre os aspectos
cognitivos de atenccedilatildeo Assim o conceito de cuidado para alguns profissionais ainda
persiste baseado no modelo biomeacutedico em que cuidar eacute reconhecido apenas com o fazer
objetivo O que natildeo eacute cuidado direto natildeo eacute considerado por alguns como cuidado mesmo
que supra a necessidade apresentada pelo familiar naquele momento (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
Tal loacutegica tecnoburocraacutetica centrada no modelo biomeacutedico vigente engessa o
cuidado intervencionista pautado predominantemente em teacutecnicas que isolam o cliente
de forma passiva no leito tratando-o como receptor de protocolos e procedimentos
teacutecnicos invasivos e natildeo invasivos
De acordo com Nunes (1999) os profissionais enfermeiros em geral apresentam-
se enfeiticcediladas pelo poder que aparentemente a tecnologia lhes concede Deste modo
muitas vezes sua praacutetica se direciona essencialmente para o exerciacutecio teacutecnico
distanciando-se portanto dos valores morais e poliacuteticos imbuiacutedos no cotidiano de
trabalho Nesta direccedilatildeo Kletemberg Mantovani e Lacerda (2004) lembram que agindo
119
assim os enfermeiros se afastam da anaacutelise criacutetica de sua realidade e mantecircm-se na
neutralidade rotineira de execuccedilatildeo de procedimentos
A enfermagem possui um conjunto de ideias e modos de atuar que constituem o
conhecimento o saber em que se baseia sua prestaccedilatildeo de serviccedilo agrave sociedade Na deacutecada
de 50 do seacuteculo XX as enfermeiras passaram a enfatizar a aplicaccedilatildeo de princiacutepios
cientiacuteficos em seus procedimentos aumentando as reflexotildees sobre a necessidade de se
desenvolver um corpo de conhecimento especiacutefico que pudesse conferir identidade e
autonomia agrave profissatildeo A elaboraccedilatildeo dos modelos conceituais e teorias de enfermagem
objetivam descrever e caracterizar os componentes dos fenocircmenos que lhe satildeo
pertinentes e cuja finalidade eacute explicar elucidar e interpretar ou seja dizer o significado
e o porquecirc dos fatos e suas relaccedilotildees (GEOVANINI 2002)
A enfermagem atual acredita ser obrigaccedilatildeo de cada profissional de sua equipe
contribuir para o crescimento e a renovaccedilatildeo dos conhecimentos de sua aacuterea Em seu agir
tem de observar e criticar a eficiecircncia dos meacutetodos e teacutecnicas que utiliza Um corpo de
conhecimentos e procedimentos teoricamente organizados sistematizados e sempre
reformulados se constitui em base segura para a accedilatildeo eficiente (SOUZA 1988)
(ANDRADE VIEIRA 2005)
A SAE enquanto processo organizacional eacute capaz de oferecer subsiacutedios para o
desenvolvimento de meacutetodosmetodologias interdisciplinares e humanizadas de cuida-
do As metodologias de cuidado sejam quais forem as suas denominaccedilotildees representam
atualmente uma das mais importantes conquistas no campo assistencial da enfermagem
(NASCIMENTO BACKES KOERICH ERDMANN 2008)
Dessa forma pode-se inferir que o grupo social entrevistado manteacutem
comportamentos em relaccedilatildeo ao cuidado das crianccedilas hospitalizadas que reforccedilam o antigo
paradigma de cuidado centrado na doenccedila na realizaccedilatildeo de procedimentos sob as ordens
meacutedicas fortemente biologicista Natildeo se identificou menccedilatildeo agrave consulta de enfermagem
ou a procedimentos especiacuteficos da enfermagem em pediatria como por exemplo o uso
do brinquedo terapecircutico ou da Escala Analoacutegica de Dor que conferem autonomia ao
cuidado
Observa-se tambeacutem grande preocupaccedilatildeo na realizaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
Existe um envolvimento do enfermeiro em atividades que poderiam ser delegadas a
secretaacuteria da unidade ou a outro membro da equipe como por exemplo o agendamento
de exames Delegar a outros membros da equipe essas atividades que natildeo satildeo exclusivas
120
do enfermeiro propiciaria maior tempo para as atividades privativas como por exemplo
a consulta de enfermagem
Natildeo se pode negligenciar a importacircncia das teacutecnicas hospitalares muitas satildeo
indispensaacuteveis para a manutenccedilatildeo da vida para favorecer o restabelecimento do fiacutesico
Poreacutem este tipo de intervenccedilatildeo privilegiando a assistecircncia curativa torna-se cara para o
hospital e natildeo resolve as causas dos problemas de sauacutede que na maioria das patologias
poderia ser evitado ou controlado com mudanccedilas estruturais nos modos de agir e viver o
qual a vertente subjetiva da enfermagem poderia alcanccedilar atraveacutes da SAE
O enfermeiro eacute fundamental na engrenagem de uma instituiccedilatildeo de sauacutede No
ambiente hospitalar ele eacute o responsaacutevel pelo gerenciamento da maior equipe de
profissionais da aacuterea de sauacutede necessitando desenvolver habilidades que favoreccedilam a
conduccedilatildeo equilibrada de um grupo heterogecircneo transmitindo seguranccedila na tomada de
decisotildees (RIBEIRO SANTOS MEIRA 2006)
A lideranccedila eacute uma das habilidades que inevitavelmente o enfermeiro deveraacute
desenvolver independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais Entende-se como
lideranccedila um fenocircmeno grupal onde a influecircncia de um indiviacuteduo sobre os demais eacute
compartilhada entre os membros de um grupo envolvendo a relaccedilatildeo interpessoal a
comunicaccedilatildeo e culminando com o trabalho em equipe (SIMOtildeES FAacuteVERO 2003) Com
a lideranccedila o enfermeiro eacute capaz de fomentar as capacidades e potencialidades de cada
membro do grupo estimulando o trabalho em equipe e desta forma distribuindo as
atividades segundo a competecircncia e habilidades dos membros da equipe (CARDOSO
RAMOS DrsquoINNOCENZO 2011)
Pode-se deduzir no discurso dos enfermeiros que as rotinas as atividades do
plantatildeo aparentemente acontecem cumprindo os prazos a serem vencidos e os
atendimentos prioritaacuterios Natildeo foi possiacutevel apreender nas falas e existecircncia de um
planejamento assistencial de meacutedio e longo prazo tanto administrativo quanto
assistencial ou a delegaccedilatildeo de atividades
Dessa forma Ledesma-Delgado e Mendes (2009) acreditam que na estrutura
hospitalar as accedilotildeesinteraccedilotildees de cuidado do enfermeiro seguem rotinas padronizadas e
funccedilotildees instituiacutedas pelo meio mostrando-se elementos direcionadores da assistecircncia As
falas dos enfermeiros participantes sugerem priorizaccedilatildeo das atividades do dia essenciais
para tocar o plantatildeo
121
O processo de trabalho dos enfermeiros participantes remete sobretudo ao
cuidado com foco nos procedimentos teacutecnicos Sua ampliaccedilatildeo de modo a abarcar a
interaccedilatildeo profissional-cliente no contexto histoacuterico-social da relaccedilatildeo e da vida do paciente
coloca-se como um projeto possiacutevel mas em grande parte ainda por ser construiacutedo
(MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Esta condiccedilatildeo ainda eacute intensa no cenaacuterio da
sauacutede em virtude da manutenccedilatildeo do modelo biomeacutedico de atenccedilatildeo agrave sauacutede
Neste contexto as contribuiccedilotildees da enfermagem caracterizam-se como
sustentaccedilotildees das praacuteticas meacutedicas Compotildeem assim um trabalho complementar que
reforccedila a hegemonia meacutedica favorecendo o reconhecimento social do segundo em
detrimento do primeiro (SALVADOR et al 2015)
No iniacutecio do plantatildeo eu verifico se toda a unidade esta
organizada faccedilo a divisatildeo dos consultoacuterios de acordo com as
especialidades Faccedilo um check-up verificando se nada estaacute
faltando desde lacircmpadas ateacute os instrumentos para os exames
meacutedicos divido os funcionaacuterios por alas (E9)
Entatildeo eu organizo o espaccedilo deixo a equipe preparada para o
trabalho Faccedilo o acompanhamento da evoluccedilatildeo de todas as
mulheres do preacute-parto quando esta quase para nascer chamo o
plantonista ou o residente (E34)
Chego no meu plantatildeo observo o quadro de cirurgias faccedilo a
escala dos funcionaacuterios para o plantatildeo resolvo as necessidades
de materiais e protocolos organizo o quadro de cirurgias a
equipe meacutedica aqui eacute muito exigente (E13)
Nas falas emergem equiacutevocos sobre o real significado do cuidar indicando a
necessidade de revisar e transformar a praacutetica e consequentemente o papel do
profissional de enfermagem no sentido de imprimir nova caracteriacutestica agrave sua atuaccedilatildeo
para garantir o reconhecimento do cuidado de enfermagem
Quanto agrave concepccedilatildeo do cuidado este deve ir muito aleacutem da oferta de
procedimentos e teacutecnicas de enfermagem agrave crianccedila Sua definiccedilatildeo ainda eacute amplamente
debatida entre profissionais de sauacutede posto que enquanto alguns o consideram sinocircnimo
de assistecircncia outros o descrevem como essecircncia da profissatildeo (NEVES 2010)
Entretanto todas as correntes convergem que para a sua efetivaccedilatildeo eacute necessaacuterio o
conhecimento sobre o outro envolvendo relacionamento interpessoal e baseando-se na
122
cooperaccedilatildeo muacutetua a partir de valores humaniacutesticos e conhecimento cientiacutefico
(ZEFERINO et al2008)
Um cuidado autecircntico acontece quando profissionais da enfermagem respondem
agraves necessidades de seus clientes e agem responsavelmente ajudando a desenvolver
restaurar ou desenvolver o cuidado de si na melhor maneira possiacutevel Ao agir assim os
clientes natildeo satildeo apenas ajudados a lidarem e a enfrentarem a doenccedila e a incapacidade
mas satildeo encorajados e empoderados a continuarem em sua busca pela plenitude humana
(WALDOW 2015)
Faz-se preciso superar o modelo hegemocircnico vigente e ressignificar o cuidado a
forma de cuidar construindo conjuntamente o plano terapecircutico entre o ser cuidado os
cuidadores os familiares e os profissionais envolvidos (ZEFERINO et al2008)
As praacuteticas assistenciais que emergiram nos estratos estatildeo distantes das
encontradas no nuacutecleo central da RS ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na SAErdquo que apontam a
cientificidade como um aspecto estruturador do fazer do enfermeiro Este posicionamento
se afasta das discussotildees travadas nos espaccedilos acadecircmicos sugerindo novamente um
abismo entre a dimensatildeo teoacuterica do cuidado e a dimensatildeo praacutetica
Percebe-se que o saber da enfermagem fica limitado a discussotildees fechadas nos
cursos e programas de formaccedilatildeo O saber teoacuterico dissociado do fazer praacutetico contribui
para perpetuaccedilatildeo do modelo biomeacutedico e reforccedila o papel social da enfermagem como
ajudante de meacutedico o que prejudica o reconhecimento social do enfermeiro
O cuidado de enfermagem aplicado a partir do conhecimento cientiacutefico e natildeo
somente originado da prescriccedilatildeo meacutedica soacute eacute possiacutevel mediante a sistematizaccedilatildeo da
assistecircncia de enfermagem como ponto essencial na cientificidade de nossa praacutetica e na
evoluccedilatildeo da profissatildeo Esta provavelmente eacute a uacutenica possibilidade do enfermeiro atingir
sua autonomia profissional e constitui a essecircncia de sua praacutetica profissional (ANDRADE
2007)
Dessa forma as falas confirmam que a ampla visatildeo sobre as praacuteticas de
enfermagem que o enfermeiro possui pelas competecircncias que adquire no envolvimento
iacutentimo com o paciente enquanto ser de necessidade seu nuacutecleo social e suas relaccedilotildees
com o ambiente tornam-se limitadas e invisiacuteveis ao processo (NEVES 2010)
(SALVADOR et al 2015)
A praacutetica de enfermagem nos setores da pesquisa eacute composta por grupos de
profissionais de diversas especialidades com distintas atribuiccedilotildees que convergem para
123
um objetivo comum que eacute o bem-estar do paciente Foi possiacutevel deduzir que os princiacutepios
que orientam as praacuteticas assistenciais agrave crianccedila da equipe de enfermagem satildeo constituiacutedos
pelo cumprimento das demandas instituiacutedas pelo corpo meacutedico para determinado
paciente
Outro aspecto observado nas falas foi agrave insatisfaccedilatildeo dos enfermeiros com os
desdobramentos da aplicabilidade da SAE nos setores Os sentimentos de insatisfaccedilatildeo
ratificam os resultados de estudo em que enfermeiros justificaram o preenchimento
incompleto do histoacuterico de enfermagem com a falta de checagem das prescriccedilotildees de
enfermagem pelos teacutecnicos e com a alegaccedilatildeo da falta de conhecimento do funcionamento
do processo de enfermagem (NEVES 2010)
Ter um impresso especiacutefico bem dividido ajuda na hora de
dar continuidade na coleta de dados Mas ela [SAE]
precisa ter um espaccedilo maior na instituiccedilatildeo para que ela
possa representar algo Na maioria das vezes ela se
transforma em um monte de papel impresso no prontuaacuterio
do paciente que nem mesmo a proacutepria equipe de
enfermagem lecirc (E34)
Sabe eu ateacute fazia a SAE mas com o tempo fui observando
que eu estava solitaacuteria Escrevia e ningueacutem lia a
participaccedilatildeo da equipe de enfermagem era zero os
teacutecnicos natildeo realizam e os colegas enfermeiros natildeo liam ou
davam continuidade (E7)
Os estratos apresentados aproximam a realizaccedilatildeo da SAE a um sentido de
protocolo a ser cumprido obrigaccedilatildeo desprazer teacutedio e natildeo meacuterito que se traduzem no
empecilho para sua operacionalizaccedilatildeo
Atitudes de rejeiccedilatildeo resistecircncia desinteresse e desvalorizaccedilatildeo da SAE pela equipe
de enfermagem tambeacutem foram observadas em outros estudos (NEVES 2010) (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SILVA SILVA VALADARES SILVA
LEITE 2015) e o natildeo incremento da fase de diagnoacutestico de enfermagem (DINIZ
CAVALCANTE OTONI MATA 2015) e a pluraridade de formulaacuterios (SILVA
SILVA VALADARES SILVA LEITE 2015) figuraram como fatores dificultadores
para seu desenvolvimento
Registros satildeo elementos imprescindiacuteveis no processo do cuidar humano e
precisam ser fidedignos a realidade observada desta forma possibilitam a reflexatildeo sobre
cada caso e a comunicaccedilatildeo entre os profissionais envolvidos na assistecircncia
124
Estudo desenvolvido acerca da qualidade dos registros de enfermagem conclui
que estes natildeo refletiam a atuaccedilatildeo dos profissionais os cuidados recebidos pelo cliente e
as suas respostas e considerou fundamental maiores investimentos na intenccedilatildeo de
solucionarminimizar os problemas identificados principalmente nas anotaccedilotildees de
enfermagem (MATSUDA SILVA EacuteVORA COIMBRA 2006)
No cuidado agrave crianccedila os registros devem compreender a histoacuteria de sauacutede
pregressa o exame fiacutesico completo testes especiacuteficos para avaliaccedilatildeo da maturaccedilatildeo e
desenvolvimento dos sistemas e a busca por malformaccedilotildees Aspectos ligados a adaptaccedilatildeo
da crianccedila ao meio envolvimento dos pais no cuidado disposiccedilatildeo para brincar tambeacutem
satildeo informaccedilotildees que oferecem bases importantes para a construccedilatildeo do plano de cuidados
Impressos especiacuteficos podem auxiliar na coleta de dados pois a adequaccedilatildeo do
roteiro a cada fase do desenvolvimento infantil reduz as chances de exame superficial ou
incompleto aleacutem de otimizar o tempo de contato com o paciente e sua famiacutelia
Para tanto eacute necessaacuterio a determinaccedilatildeo de um referencial teoacuterico para nortear a
elaboraccedilatildeo desses impressos e coordenar as accedilotildees do enfermeiro Para Monteiro et al
(2014) os enfermeiros que atuam nos programas de sauacutede da crianccedila desenvolvem accedilotildees
de avaliaccedilatildeo e anaacutelise para identificar informaccedilotildees conduzir as accedilotildees e promover o
desenvolvimento dos programas todavia ainda aplicam suas competecircncias e
habilidades de forma desarticulada sem a integraccedilatildeo com um referencial teoacuterico
Eacute pertinente ressaltar que o modelo teoacuterico torna a atuaccedilatildeo de enfermagem
cientificamente coerente e planejada para o alcance das metas almejadas O conhecimento
cientiacutefico motiva a compreensatildeo dos determinantes que repercutem na sauacutede da crianccedila
para atuar de forma preditiva bem como fortalece as accedilotildees profissionais para a
recuperaccedilatildeo da sauacutede Entatildeo para se trabalhar de forma organizada e operacionalizar os
cuidados de enfermagem eacute necessaacuterio estar pautado em conhecimentos cientiacuteficos pois
viabiliza a tomada de decisatildeo no planejamento das intervenccedilotildees subsidiando o raciociacutenio
cliacutenico e criacutetico (MEDEIRO et al 2010) (SILVA et al 2011a)
Classe 4 Desvelando as dificuldades operacionais para a implantaccedilatildeo da
Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagem
Nessa classe as palavras em destaque ldquofaltardquo ldquosecretaacuteriardquo ldquocoletardquo ldquocorreriardquo
ldquodadosrdquo e ldquotempordquo satildeo termos que retratam condiccedilotildees que podem representar fatores
125
dificultadores na prestaccedilatildeo do cuidado sistematizado Eacute sabido que a busca pela qualidade
da assistecircncia perpassa pela organizaccedilatildeo do cuidado a partir de condutas e atitudes
seguras que embasam a tomada de decisatildeo apropriada com ofertas adequadas dos
distintos recursos
O paciente e suas especificidades suas necessidades sua alta ou recuperaccedilatildeo
constituem a principal razatildeo da assistecircncia de enfermagem a qual deve portanto ser
realizada eficientemente com comprometimento de quem a desenvolve garantindo
qualidade do cuidado prestado e principalmente a satisfaccedilatildeo do paciente e seus
familiares (DONNERWHEELER 2004)
A falta de atenccedilatildeo agraves praacuteticas da gestatildeo de pessoas interfere diretamente no alcance
dos objetivos organizacionais principalmente no que tange agrave implementaccedilatildeo de
processos de qualidade A qualidade resulta de um comportamento positivo e concentrado
dos colaboradores Para alcanccedilar a excelecircncia e a consequente e desejada competitividade
no mercado as organizaccedilotildees precisam considerar atualmente que gerir pessoas significa
estimular o envolvimento e desenvolvimento das mesmas (BARBOSA MELO 2008)
Os estratos a seguir apontam fragilidades que os enfermeiros participantes
vivenciam cotidianamente e que satildeo considerados por eles pendencias que prejudicam a
qualidade da assistecircncia prestada e o desenvolvimento da SAE
Laacute fora tem setor que vocecirc fica digladiando com aluno e
residente por conta de cadeira e um lugar no computador A falta
de impressos de coleta de dados a condiccedilatildeo fiacutesica de alguns
pacientes a grande quantidade de atendimentos a falta de
secretaacuteria nos plantotildees do setor (E34)
A falta de tempo e as vezes a reduccedilatildeo do nuacutemero de funcionaacuterios
A falta de um impresso especiacutefico A falta de interesses dos
colegas enfermeiros tambeacutem contribui (E24)
O nuacutemero reduzido de funcionaacuterios A proacutepria falta de secretaacuteria
no setor eu preciso ficar pedindo para as secretaacuterias de outros
setores pedir o material que eu preciso quando natildeo vou eu
mesmo na farmaacutecia ou na central de materiais buscar (E2)
Estudos desenvolvidos por enfermeiros nos uacuteltimos anos apontam diferentes
dificuldades para a implantaccedilatildeo da SAE dentre elas destacam-se falta de conhecimento
por parte do enfermeiro acerca da metodologia de assistecircncia e modelos teoacutericos
deficiecircncia na abordagem da temaacutetica durante o curso de graduaccedilatildeo grande demanda de
126
serviccedilos burocraacuteticos e administrativos aleacutem da falta de pessoal e de recursos materiais
para o cuidado falta de articulaccedilatildeo entre a teoria e a praacutetica e influecircncias do modelo
biomeacutedicocartesiano (NEVES 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
(DINIZ CAVALCANTE OTONI MATA 2015) (SOUZA COSTA CARNEIRO et
al 2015)
Na perspectiva da atenccedilatildeo a crianccedila hospitalizada Moreira e colaboradores (2012)
apontou como dificuldade para a desenvolver a SAE ao receacutem-nascido internado em
UTIN a falta de formulaacuterios especiacuteficos para os registros Com referecircncia agrave aplicaccedilatildeo da
SAE agrave crianccedila no serviccedilo de urgecircncia e emergecircncia a falta de espaccedilo e a existecircncia de
apenas um enfermeiro assistencial no setor com muitos pacientes criacuteticos na unidade
foram listados como dificuldades para a implementaccedilatildeo (MARTINS SILVA SOUZA
FERREIRA 2013) No espaccedilo da pediatria as inuacutemeras atividades teacutecnicas e
burocraacuteticas foram consideradas como fatores que dificultam muitas vezes a aproximaccedilatildeo
a uma dimensatildeo do cuidado que favoreccedila o desenvolvimento da SAE (SOUSA GOMES
SILVA SANTOS SILVA 2011)
As causas apontadas pelo grupo estudado representam em sua maioria problemas
conceituais estruturais e organizacionais Indicam a necessidade de reorganizaccedilatildeo dessa
metodologia de assistecircncia como uma das prioridades organizacionais destes hospitais
sobretudo por meio do investimento na estrutura fiacutesica na contrataccedilatildeo de recursos
humanos e na educaccedilatildeo permanente dos enfermeiros aleacutem de um trabalho de
conscientizaccedilatildeo para que os mesmos se envolvam efetivamente no processo de
implantaccedilatildeo dessa sistematizaccedilatildeo de modo a melhorar a qualidade do cuidado ao paciente
Florecircncio (2009) afirma que a SAE eacute um meacutetodo de trabalho que proporciona a
melhoria da qualidade da assistecircncia ao cliente atraveacutes do planejamento e aplicaccedilatildeo de
accedilotildees do serviccedilo da enfermagem Essas accedilotildees elaboradas e supervisionadas pelo
enfermeiro e aplicadas pela equipe em conjunto eacute o proacuteprio gerenciamento do cuidado
cabendo ao enfermeiro conhecer sua equipe e o perfil de seus clientes
Apesar de saber que com a implantaccedilatildeo de um Processo de Enfermagem seu
trabalho seraacute mais valorizado pois todos os entrevistados referiram que a SAE eacute ldquomuito
importante para o cuidadordquo o profissional enfermeiro natildeo demonstra muitas expectativas
nem interesse em iniciar ou dar continuidade ao trabalho de colegas
Entende-se que a praacutetica da SAE deveria ser parte do cotidiano de qualquer
enfermeiro a realidade observada atraveacutes dos estratos de falas eacute que estes profissionais
127
natildeo se conscientizaram da sua importacircncia Natildeo havendo conscientizaccedilatildeo natildeo haacute
cobranccedila e nem realizaccedilatildeo Com isso perde o paciente que deixa de participar ativamente
no cuidado voltado aos problemas que ele apresenta ou possa vir a desenvolver perde a
instituiccedilatildeo pois deixa de ofertar uma estrutura na qual as necessidades do cliente de sua
famiacutelia ou da comunidade sejam satisfeitas e tambeacutem perde o enfermeiro que deixa de
demonstrar o alcance da atividade da enfermagem pois natildeo aproveita as oportunidades
de aumentar a satisfaccedilatildeo profissional e estimular o aperfeiccediloamento cientiacutefico
Menezes Priel Pereira (2011) e Carvalho et al (2013) consideram que algumas
medidas satildeo essenciais para a implantaccedilatildeo e operacionalizaccedilatildeo da SAE nas instituiccedilotildees
de sauacutede de forma a tornar o cuidado mais efetivo com o olhar voltado para o bem-estar
do paciente como capacitaccedilatildeo profissional ou educaccedilatildeo permanente sensibilizaccedilatildeo e
envolvimento da equipe multidisciplinar atuante no setor adequaccedilatildeo do
dimensionamento da equipe de enfermagem valorizaccedilatildeo por parte da administraccedilatildeo da
instituiccedilatildeo conhecimento habilidades e atitudes pautadas no compromisso eacutetico e na
responsabilidade do cuidar do outro
Silva Moreira (2011) e Costa Fernandes Noacutebrega (2011) ainda ressaltam a
importacircncia da definiccedilatildeo de modelos teoacutericos no contexto em que a SAE estaacute inserida
considerando o perfil dos pacientes atendidos e das necessidades especiacuteficas do cuidado
a ser prestado para auxiliar o enfermeiro no estabelecimento de prioridades e no
atendimento das necessidades compreendendo que a definiccedilatildeo do referencial teoacuterico
requer reflexatildeo e discussatildeo entre a equipe de enfermagem acerca das teorias de
enfermagem para o conhecimento dos conceitos e proposiccedilotildees para identificar a teoria
compatiacutevel com a realidade que a SAE seraacute instituiacuteda
Na desmistificaccedilatildeo dessas fragilidades estaacute o sucesso ou insucesso para
implantaccedilatildeo da SAE buscando fatores-chave como apoio colaboraccedilatildeo e interesse das
chefias de enfermagem aleacutem do preparo rigoroso constante e sistemaacutetico dos
enfermeiros (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013) Entende-se que desta forma eacute
possiacutevel promover uma alianccedila aproximando os processos de cuidar e de administrar que
permitam constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando (SALVADOR
SANTOS ZEFERINO TOURINHO VITOR 2015) (SOARES RESCK CAMELO
TERRA 2016)
128
Classe 5 Accedilotildees e envolvimentos para aproximaccedilatildeo da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem
Nessa classe as palavras ldquomomentordquo ldquoaplicaccedilatildeordquo ldquoassimrdquo ldquoporquerdquo
ldquodiferenterdquo ldquomaneirardquo e ldquopacienterdquo juntamente dos fragmentos de falas sugerem as
possiacuteveis concepccedilotildees que o corpo de enfermeiros aponta como caminhos para melhorar
a implementaccedilatildeo da SAE no cuidado agrave crianccedila dos setores estudados
O processo de enfermagem aplicado agrave crianccedila eacute desenvolvido de forma contiacutenua
dinacircmica e individualizada abrangendo as fases de coleta de dados diagnoacutestico
planejamento implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da assistecircncia de enfermagem (RODRIGUES
AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA VALADARES
SILVA LEITE 2015)
A crianccedila eacute um ser com anseios proacuteprios sob tutela dos pais com particularidades
ligadas a essa fase da vida que devem ser avaliadas no contexto da sua individualidade
Este conhecimento e a visatildeo ampliada do enfermeiro para o processo sauacutede-doenccedila na
infacircncia auxiliam na abordagem das fases da SAE
Entre as situaccedilotildees que ao serem vivenciadas pela crianccedila satildeo consideradas
determinadoras de estresse encontram-se a doenccedila e a hospitalizaccedilatildeo que podem fazer
com que a crianccedila e sua famiacutelia fiquem emocionalmente traumatizados em maior grau do
que estaacute fisicamente doente (RIBEIRO ANGELO 2005) Ao ser hospitalizada a crianccedila
encontra-se duplamente doente aleacutem da patologia fiacutesica ela sofre de outra doenccedila a
proacutepria hospitalizaccedilatildeo que se natildeo for adequadamente tratada deixaraacute marcas em sua
sauacutede mental (COLLET 2001)
Os discursos a seguir sugerem que para o sucesso da implementaccedilatildeo da SAE agrave
crianccedila sua famiacutelia e o enfermeiro deve atuar com sensibilidade e paciecircncia de forma a
reduzir o estresse e a anguacutestia do primeiro impacto da internaccedilatildeo hospitalar
Para avaliar uma crianccedila vocecirc precisa de tempo Pois tem o
momento certo de vocecirc abordar a crianccedila e o acompanhante
Muitas vezes a emoccedilatildeo da situaccedilatildeo pode dificultar a coleta da
informaccedilatildeo Vaacuterias vezes eacute preciso voltar na matildee para ter uma
resposta de um sistema por exemplo (E41)
Eu faccedilo assim vou aos poucos o paciente deu entrada eu vou
colher o histoacuterico o que natildeo for abordado em um primeiro
momento eu abordo em um segundo momento (E38)
Na minha opiniatildeo a melhor hora para fazer a abordagem de
coleta de informaccedilotildees eacute quando o paciente e o acompanhante
129
estatildeo calmos a condiccedilatildeo da crianccedila jaacute estaacute estaacutevel aiacute busco uma
cadeira e sento ao lado e faccedilo minhas perguntas (E27)
Busco deixar todos calmos ofereccedilo informaccedilotildees sobre o
procedimento Eacute difiacutecil instaurar a SAE muitas vezes as
perguntas do questionaacuterio satildeo pouco aplicaacuteveis para o momento
(E13)
Nas falas emergem a importacircncia da individualidade e integralidade do cuidado Eacute
importante refletir tambeacutem que cuidar de uma crianccedila doente requer do profissional aleacutem
do cuidado teacutecnico imprescindiacutevel o cuidado subjetivo que envolve a singularidade de
cada crianccedila a sua individualidade e a forma como ela expressa seus sentimentos e
emoccedilotildees (WOISKI ROCHA 2010)
Cada famiacutelia reage de um modo a internaccedilatildeo infantil desta forma o enfermeiro
deve deixar de ser apenas um realizador de cuidados teacutecnicos e passar a exercer tambeacutem
sua funccedilatildeo como facilitador da experiecircncia para a crianccedila e para seus pais o que se
constitui num desafio porque demanda numa mudanccedila do enfoque da assistecircncia de
enfermagem tecnicista e centrado na patologia para um enfoque centrado na crianccedila e na
famiacutelia (COLLET 2001) (RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET
2013)
A experiecircncia estressante da hospitalizaccedilatildeo pode ser amenizada pelo fornecimento
de certas condiccedilotildees como presenccedila de familiares disponibilidade afetiva dos
trabalhadores da sauacutede informaccedilatildeo atividades recreacionais entre outras
(NASCIMENTO KC BACKES DS KOERICH MS ERDMANN 2008) Saber o
momento e forma correta de abordagem a famiacutelia eacute um fator humanizador da assistecircncia
e importante para o sucesso na instauraccedilatildeo da SAE
Conforme Noacutebrega Silva (2009) a coleta de DadosHistoacuterico de Enfermagem eacute
fase imprescindiacutevel do processo de enfermagem em que ocorre a interaccedilatildeo entre
enfermeiro e paciente para coleta de dados anamnese e exame fiacutesico Essa etapa direciona
o cuidado portanto requer habilidades e embasamento de uma teoria de enfermagem
para fundamentar a assistecircncia para a recuperaccedilatildeo da sauacutede do paciente
Esta etapa eacute parte crucial do teor cientiacutefico do processo de trabalho do enfermeiro
tornando-se indispensaacutevel o investimento dos conhecimentos teacutecnicos cientiacuteficos e
valorizaccedilatildeo desta fase do processo de enfermagem para o respaldo profissional e
desenvolvimento de um cuidado de qualidade Assim concordamos com Noacutebrega e Silva
130
(2009) quando estes afirmam que a coleta de dados natildeo pode ser um momento estaacutetico e
restrito pois ela permeia todo o processo sendo necessaacuteria inclusive para se avaliar o
diagnoacutestico de enfermagem e as accedilotildees de enfermagem ateacute se chegar agraves definiccedilotildees sobre
a condiccedilatildeo do cliente
O modo para obter informaccedilotildees relativas a estas necessidades proveacutem dentre outras
da comunicaccedilatildeo quando dados obtidos atraveacutes da interaccedilatildeo iratildeo direcionar as atividades
de enfermagem As palavras e o comportamento possuem valor significativo expressando
uma comunicaccedilatildeo desta forma tanto a linguagem verbal como a natildeo verbal influenciam
a realidade onde a crianccedila estaacute inserida mudam a percepccedilatildeo das pessoas e permitem o
estabelecimento de uma comunicaccedilatildeo efetiva (MARTINEZ TOCANTINS SOUZA
2013)
No que tange agrave comunicaccedilatildeo o enfermeiro eacute um elemento articulador e integrador
por estar mais proacuteximo do paciente e detectar com mais facilidade as alteraccedilotildees que se
processam ao longo das 24 horas do dia Por isso ele deve polarizar essas interaccedilotildees e
valorizar diferentes formas de pensar a fim de vir a compreender as correlaccedilotildees e
apreender o ser humano como um ser complexo (BACKES et al 2013)
Estudos que abordam o contato da enfermagem com a crianccedila e sua famiacutelia em
ambiente hospitalar consideram a comunicaccedilatildeo um elemento integrante da qualidade de
prestaccedilatildeo do cuidado de enfermagem Reforccedilando que o enfermeiro atraveacutes da
comunicaccedilatildeo deve permitir um envolvimento seguro construtivo e compreensivo para
que a crianccedila encontre caminhos para manter as capacidades proacuteprias de sua fase de
desenvolvimento e a participar de experiecircncias que estimulem o seu crescimento (SHIN
WHITE 2005) (JANSEN SANTOS FAVERO 2010) (MARTINEZ TOCANTINS
SOUZA 2013)
Aleacutem do mais quando existe a falta de interaccedilatildeo entre pais e enfermagem a
crianccedila fica mais resistente aos cuidados e natildeo haacute cooperaccedilatildeo por parte da crianccedila
Usualmente ela fica dividida agrave espera de indicaccedilotildees natildeo verbais dos pais no tangente a
como responder ou reagir frente agraves intervenccedilotildees feitas pela equipe A aceitaccedilatildeo do
tratamento pela crianccedila estaacute diretamente ligada agrave compreensatildeo que os pais tecircm deste
processo e ao aporte afetivo fornecido pelos mesmos durante esta experiecircncia
(MARQUES etal 2014)
Neste ponto o grupo estudado demonstra compreensatildeo sobre a importacircncia da
coleta de dados e suas representaccedilotildees sobre esta fase da SAE reforccedilam que o processo
131
de comunicaccedilatildeo cuidador e cuidado natildeo eacute accedilatildeo linear acontecendo de forma articulada e
em diversos momentos da internaccedilatildeo A sensibilidade do profissional para identificar o
momento correto de intervenccedilatildeo junto agrave famiacutelia tambeacutem eacute apontado como um requisito
importante para a coleta das informaccedilotildees que satildeo base para o planejamento da assistecircncia
A qualidade dos dados coletados deve gerar potencial para diagnoacutesticos de
enfermagem coerentes e intervenccedilotildees corretas Acompanhar o estado de sauacutede da crianccedila
e traccedilar um planejamento que estimule crescimento bioloacutegico pessoal e social requer do
enfermeiro conhecimento e domiacutenio dos procedimentos que integram a consulta de
enfermagem para desempenhar um cuidar sistematizado ordenado autecircntico e soliacutecito
(RODRIGUES AMADOR SILVA REICHERT COLLET 2013) (SILVA SILVA
VALADARES SILVA LEITE 2015)
Eacute importante visualizar na famiacutelia e particularmente na matildee a peccedila chave e
fundamental para agregar qualidade ao seu plano de cuidado pois o conhecimento das
peculiaridades fiacutesicas e emocionais da crianccedila permite agrave matildee identificar os primeiros
sinaissintomas ou reaccedilotildees apresentadas por seu filho (MARQUES etal 2014)
Aleacutem da compreensatildeo da importacircncia do contato com a famiacutelia ao momento da
coleta de dados os fragmentos de falas tambeacutem indicam que o uso de um roteiro de coleta
de dados adequado a clientela infantil eacute caminho para facilitar a implementaccedilatildeo da SAE
nos setores de atendimento agrave crianccedila Como eacute possiacutevel observar a seguir
Um instrumento melhor elaborado para que natildeo se perca tanto
tempo o aplicando e que traga espaccedilos para coletar informaccedilotildees
realmente da crianccedila eacute o caminho para o uso da SAE (E38)
O fato de vocecirc ter um instrumento que eacute o correto para aquela
fase da vida e de faacutecil visualizaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo jaacute eacute oacutetimo para o
nosso serviccedilo (E39)
Agora noacutes temos um check list mas assim ainda precisa ser
melhorado para ser realmente direcionado para a faixa etaacuteria e
desenvolvimento da crianccedila Mas ele estaacute sendo aplicado de
maneira satisfatoacuteria (E41)
Durante as entrevistas foi exposto pelos enfermeiros que nos espaccedilos em que a
pesquisa foi realizada estava em processo de implantaccedilatildeo de um novo instrumento de
coleta de dados para o atendimento a crianccedila Este impresso estava sendo testado no setor
pediatria eacute formatado segundo uma lista de checagem organizado por necessidades
132
humanas baacutesicas e era composto por cinco roteiros direcionado para as fases de
desenvolvimento infantil neonato lactante preacute-escolar escolar e adolescente
Os enfermeiros em suas falas demonstram certa confianccedila de que a reestruturaccedilatildeo
da coleta de dados ao puacuteblico infantil possa trazer benefiacutecios para a assistecircncia como a
otimizaccedilatildeo do tempo e a aquisiccedilatildeo de informaccedilotildees significativas para cada faixa etaacuteria
em virtude da especificidade
Estudo desenvolvido por Neves (2010) permitiu identificar que para o grupo de
enfermeiros estudados um impresso de histoacuterico de enfermagem aprofundado
padronizado e direcionado para uma clientela especiacutefica facilita o registro e a coleta de
dados do cliente reduzindo inclusive o tempo gasto pelos enfermeiros nesta etapa
Medeiros Santos Cabral (2012) reconhecem que os instrumentos especiacuteficos
favorecem a execuccedilatildeo das etapas do processo de enfermagem considerando que facilita
os registros e organiza os dados Neste contexto a padronizaccedilatildeo de instrumentos para a
crianccedila promove a organizaccedilatildeo e a reduccedilatildeo da subnotificaccedilatildeo de dados sobre os cuidados
prestados e otimiza o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil
(BARBOZA BARRETO MARCON 2012)
A coleta de dados deve se constituir em um roteiro sistematizado para o
levantamento de sinais e sintomas do ser humano ser significativo para o enfermeiro e
para o cliente e possibilitar o estabelecimento dos diagnoacutesticos de enfermagem das metas
e dos objetivos a prescriccedilatildeo das intervenccedilotildees de enfermagem deve viabilizar a interaccedilatildeo
enfermeiro cliente e um cuidado profissional que forneccedila dados que suscitem hipoacuteteses
para o desenvolvimento de pesquisas colaborando com os conhecimentos proacuteprios da
profissatildeo (BORGES-BITTAR PEREIRA LEMOS 2006) A estrutura do instrumento
de coleta deve retratar o referencial teoacuterico adotado a dinacircmica do serviccedilo o padratildeo de
organizaccedilatildeo da assistecircncia e a especificidade da clientela assistida (CHIZZOTTI 1991)
Como a faixa etaacuteria classificada como crianccedila de acordo com o Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente permite conglomerar indiviacuteduos de um a treze anos de idade eacute
importante tambeacutem que estes instrumentos possam respeitando o grau de
desenvolvimento cognitivo favorecer a participaccedilatildeo efetiva do grupo em seu inqueacuterito de
sauacutede Incluir a crianccedila neste momento compartilhar a responsabilidade nas decisotildees
relacionadas com a sua condiccedilatildeo fiacutesica fortalece sua autonomia a transformando em
sujeito ativo do seu processo sauacutede- doenccedila e valorizando suas pontuaccedilotildees acerca da vida
133
Estudos demonstram que as crianccedilas conseguem descrever as formas como satildeo
abordadas para a realizaccedilatildeo dos procedimentos e identificar como fundamentais as
explicaccedilotildees recebidas pois entenderam que natildeo deviam permanecer com duacutevidas (SHIN
H WHITE-TRAUT 2005) (SOUSA GOMES SILVA SANTOS SILVA 2011)
(SANTOS et al 2015) Outro estudo desenvolvido com crianccedilas na faixa etaacuteria de
escolar conclui que este grupo etaacuterio manifestou natildeo gostar quando os profissionais natildeo
conversam com eles natildeo os orientam quanto aos procedimentos que seratildeo realizados e
falam de forma imperativa para permanecerem parados (SANTOS et al2015)
Com base no exposto eacute possiacutevel afirmar que as crianccedilas satildeo as melhores fontes
de informaccedilatildeo sobre suas experiecircncias e sentimentos Elas podem expressar seus
pensamentos de diferentes formas (verbal e natildeo verbal) e para tanto eacute necessaacuterio o
enfermeiro adentrar o universo infantil utilizando estrateacutegias de aproximaccedilatildeo adequadas
para cada faixa etaacuteria como por exemplo o brinquedo terapecircutico rodas de conversas de
forma a estimular e permitir que expressem as situaccedilotildees por elas vivenciadas
Os enfermeiros participantes tambeacutem sugerem como estrateacutegia para otimizar a
SAE no cuidado a crianccedila o desenvolvimento de cursostreinamentos de orientaccedilatildeo para
o uso do novo instrumento de coleta de dados pela gestatildeo hospitalar
A gerencia vai precisar organizar um treinamento para orientar
e ateacute conscientizar todo o hospital para a importacircncia desse novo
checklist(E38)
Por ser uma estrateacutegia nova acho que seraacute importante a
realizaccedilatildeo de treinamento curso palestra para orientar como
deve ser a implementaccedilatildeo e para tirar duacutevidas mesmo (E41)
Este instrumento eacute bem diferente para mim Acredito que a
educaccedilatildeo permanente precisa olhar com maior atenccedilatildeo para o
grupo que esta aqui na ponta senatildeo acho que sem um curso ou
orientaccedilatildeo mais direta natildeo vai ter sucesso natildeo (E39)
Kobayashi e Leite (2010) afirmam que lacunas na gestatildeo de recursos humanos
alteraccedilotildees do contexto produtivo e mudanccedilas tecnoloacutegicas geram desequiliacutebrios entre
qualificaccedilotildees e trabalho Portanto os profissionais devem investir de forma contiacutenua em
qualificaccedilotildees e atualizaccedilotildees para o desenvolvimento de competecircncias Diante desta
realidade eacute mister a necessidade de investimentos na educaccedilatildeo continuada para suprir as
dificuldades e qualificar os profissionais
134
O processo educativo em serviccedilo representa um dispositivo imprescindiacutevel para a
qualificaccedilatildeo da equipe de Enfermagem na medida em que agrega conhecimento e
seguranccedila ao profissional possibilitando que ele atue de forma competente colaborativa
e independente o que consequentemente causa impacto na qualidade do atendimento
(CUCOLO PERROCA 2015)
Essa estrateacutegia favorece a conquista da excelecircncia no processo de SAE sendo
necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de treinamentos para a equipe de enfermagem e o apoio
da instituiccedilatildeo Tal investimento requer o envolvimento de toda a equipe compreendendo
que a capacitaccedilatildeo gera benefiacutecios para os enfermeiros pacientes e instituiccedilatildeo (NEVES
SHIMIZU 2010) (MEDEIROS SANTOS CABRAL 2013)
Para que transformaccedilotildees na praacutetica da SAE agrave sauacutede da crianccedila aconteccedilam eacute
necessaacuterio que as dificuldades relacionadas agrave sua operacionalizaccedilatildeo sejam conhecidas por
todos ou seja a desorganizaccedilatildeo do trabalho em grupo o desconhecimento teoacuterico dos
profissionais sobre as etapas do processo a deficiecircncia do serviccedilo de educaccedilatildeo
permanente e o nuacutemero reduzido de recursos humanos para sua aplicaccedilatildeo (SOARES
RESCK CAMELO TERRA 2016)
Sendo assim as RS desse eixo evidenciam maior aproximaccedilatildeo com o conceito de
tratar distanciando-se do conceito de cuidar As praacuteticas assistenciais de enfermagem satildeo
desenvolvidas segundo as solicitaccedilotildees meacutedicas Diante das dificuldades cotidianas para a
real implementaccedilatildeo do processo de enfermagem estatildeo fragilidades relativas ao pouco
conhecimento da metodologia pouco envolvimento da equipe de enfermagem e deacuteficit
de recursos materiais Satildeo representaccedilotildees levantadas pelo grupo como estrateacutegias de
aproximaccedilatildeo da SAE ao cuidado da crianccedilas a abordagem e comunicaccedilatildeo respeitando o
momento familiar o uso de instrumento de coleta de dados especiacutefico e por fase de
crescimento e desenvolvimento aleacutem de treinamento e cursos operacionalizados pela
educaccedilatildeo permanente do hospital
135
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Neste estudo procurou-se a partir da apreensatildeo e anaacutelise das RS da SAE
construiacutedas por enfermeiros que cuidam de crianccedilas explorar o conhecimento destes e
sua aplicaccedilatildeo na praacutetica cotidiana
Na primeira etapa do estudo foi possiacutevel identificar que o grupo social que
prestava cuidados a crianccedilas nos dois campos de estudo no periacuteodo desta pesquisa era
formado por adultos jovens com a idade meacutedia em torno de 335 anos de idade quase que
predominantemente do sexo feminino (933) Foram graduados em cinco anos pela
instituiccedilatildeo puacuteblica estadual de Mato Grosso (622) sendo a especializaccedilatildeo no formato
lato sensu a maior titulaccedilatildeo do grupo (622)
Noventa e cinco porcento (955) dos participantes jaacute possuiacutea viacutenculo
empregatiacutecio com o hospital a mais de 12 meses todos jaacute estavam no mesmo setor de
atendimento agrave crianccedila por no miacutenimo seis meses sendo que cerca de 155 atuavam no
mesmo setor de assistecircncia agrave crianccedila pelo tempo maacuteximo de um ano
Percebeu-se assim que a forccedila de trabalho que desenvolve o cuidado agrave crianccedila eacute
constituiacuteda predominantemente por um grupo social do sexo feminino jovem e
qualificado sendo o perfil dos envolvidos proacuteximos a tendecircncia de recursos humanos de
outras regiotildees do estado e paiacutes
Na segunda etapa do trabalho aprendeu-se que a estrutura das RS relacionadas a
SAE tem como nuacutecleo central o cuidado de enfermagem sendo esta representaccedilatildeo
sustentada e organizada por duas periferias formadas pelos termos planejamento e
qualidade primeira periferia e assistecircncia compromisso processo e responsabilidade
formando a segunda periferia todas em consonacircncia com a raiz essencial do termo
ldquoSistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de Enfermagemrdquo estabelecendo relaccedilatildeo proximal com as
dinacircmicas e estrateacutegias necessaacuterias para o desenvolvimento do cuidado bem como
fortalecendo a importacircncia deste
A estrutura da RS relativas a ldquoAtuaccedilatildeo do Enfermeiro na Sistematizaccedilatildeo da
Assistecircncia de Enfermagemrdquo tem o nuacutecleo central representado pelas palavras
conhecimento humanizaccedilatildeo e importante refletindo o entendimento do grupo sobre as
funccedilotildees desenvolvidas pelo enfermeiro ao sistematizar o cuidado Desta forma o nuacutecleo
central da RS atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE se estrutura atraveacutes do reconhecimento pelo
grupo social estudado de que a SAE eacute conhecimento especiacutefico da profissatildeo que permite
ao modo de assistir o cliente adequaccedilatildeo teacutecnica cientiacutefica e humanizada
136
Esta representaccedilatildeo eacute sustentada na primeira periferia pelos termos planejamento
rotina organizaccedilatildeo e dedicaccedilatildeo que remete agrave dimensatildeo praacutetica da SAE ou seja o
desenvolvimento do processo de enfermagem E na segunda periferia pelos termos
ciecircncia e lideranccedila As palavras expressam um posicionamento positivo dos enfermeiros
a esta metodologia valorizando aspectos ligados agrave dimensatildeo cientiacutefica e gerencial como
requisitos importantes para atuar no cuidado agrave crianccedila
As estruturas das duas representaccedilotildees satildeo proacuteximas dos conceitos formados ainda
na academia fortalecida nos aspectos eacuteticos teoacutericos e estruturais que organizam este
processo se afastando da realidade vivenciada nos espaccedilos de atendimento a crianccedila Este
fato deve despertar a reflexatildeo e anaacutelise criacutetica sobre a SAE agrave crianccedila desenvolvida pelo
grupo social em virtude da aproximaccedilatildeo dos conceitos de uma praacutetica politicamente
correta distante das realidades vivenciadas nos espaccedilos de sauacutede
Nesta etapa o estudo traz implicaccedilotildees importantes para as accedilotildees de enfermagem
destinadas agrave crianccedilas visto que ilustra questotildees referentes ao desenvolvimento de
competecircncias que envolvem a assistecircncia dos enfermeiros como por exemplo a
autocriacutetica desta forma a compreensatildeo das deficiecircncias que normalmente se encontram
nos espaccedilos de sauacutede auxiliariam a preparar o cuidado agrave crianccedila com base nestas
fragilidades esta conduta de aproximaccedilatildeo da realidade tende a refletir em resultados
positivos para a crianccedila famiacutelia e enfermagem
Na terceira parte do estudo os resultados que emergiram indicam que para os
enfermeiros entrevistados as RS relacionadas agrave SAE foram inicialmente forjadas durante
o periacuteodo da graduaccedilatildeo e se organizaram em torno da argumentaccedilatildeo da qualificaccedilatildeo do
cuidado de enfermagem Apreendeu-se de forma consensual que os enfermeiros
conhecem a operacionalizaccedilatildeo da SAE e que classificam-na como um importante meacutetodo
de organizaccedilatildeo e planejamento das accedilotildees de enfermagem
Poreacutem no cotidiano profissional ela eacute compartilhada a partir de aproximaccedilotildees e
distanciamentos teoacutericos natildeo favorecendo que este conhecimento tenha um objetivo
praacutetico nas intervenccedilotildees das cliacutenicas As representaccedilotildees da dimensatildeo do conhecimento
natildeo parecem suficientes para ancorar a praacutetica assistencial apontando a existecircncia de
importante discrepacircncias entre as representaccedilotildees ou seja entre a valoraccedilatildeo do saber e a
qualidade do fazer desenvolvido no cotidiano
Dessa forma as discrepacircncias teoacuterico-praacuteticas natildeo contribuem para a construccedilatildeo
de uma realidade capaz de valorizar a praacutetica do cuidado de enfermagem agrave crianccedila pois
137
natildeo satildeo capazes de conferir autonomia profissional qualificar o cuidado implementar as
mudanccedilas de paradigma do cuidado requeridos na modernidade pela pediatria
Considerando as relaccedilotildees existentes entre as representaccedilotildees do saber e as
representaccedilotildees das praacuteticas e a influecircncia mutua entre uma e outra Pode-se dizer que o
saber sobre a SAE percebido como ciecircncia e meacutetodo importante para a valorizaccedilatildeo
profissional e que as praacuteticas exercidas influenciam na representaccedilatildeo que o grupo possui
da SAE delimitando e conformando as accedilotildees de cuidado prestado as crianccedilas
As RS revelaram que os enfermeiros dos diferentes cenaacuterios reconhecem as
lacunas que comprometem o desenvolvimento da SAE no cuidado agrave crianccedila fator
positivo por favorecer o desenvolvimento de estrateacutegias no acircmbito de trabalho para a
superaccedilatildeo das dificuldades vivenciadas e contribuir na assistecircncia Sendo assim
considera-se viaacutevel a integraccedilatildeo entre os envolvidos nesse processo compreendendo a
amplitude dos aspectos que emergiram
Outro ponto a ser instigado eacute a compreensatildeo da responsabilidade compartilhada
no desenvolvimento da SAE uma vez que os caminhos para a superaccedilatildeo das dificuldades
abrangem todos os participantes do estudo Somente desta forma seraacute possiacutevel a praacutetica
assistencial organizada e humanizada com a individualizaccedilatildeo do cuidado com o
planejamento das accedilotildees e a geraccedilatildeo de conhecimento a partir da praacutetica de enfermagem
A discrepacircncia observada entre a representaccedilatildeo da dimensatildeo do conhecimento e
a dimensatildeo praacutetica denunciam a imperatividade de reimprimir a marca do cuidado dentro
desses espaccedilos de atenccedilatildeo agrave crianccedila Urge entre os enfermeiros a necessidade de
incrementar a representaccedilatildeo forjada da SAE em suas atividades diaacuterias afim de resgatar
e manter sua identidade e a valorizaccedilatildeo do trabalho da enfermagem
Ressalta-se que a aplicaccedilatildeo da SAE no atendimento infantil contribui de maneira
positiva para o acolhimento efetivo da crianccedila e sua famiacutelia na trajetoacuteria da internaccedilatildeo
hospitalar Percebe-se a importacircncia da compreensatildeo do cuidado como praacutexis do
enfermeiro e do aprimoramento do conhecimento cientiacutefico como estrateacutegia de ampliaccedilatildeo
da autonomia profissional
Destaca-se como limitaccedilatildeo deste estudo a inclusatildeo apenas de profissionais
enfermeiros condiccedilatildeo que pode limitar a compreensatildeo do fenocircmeno estudado e natildeo
permitir explorar os conceitos construiacutedos pelos demais integrantes da equipe de
enfermagem como por exemplo os teacutecnicos de enfermagem que no cotidiano de trabalho
contribuem com a RS da praacutetica do cuidado
138
Embora ciente de que uma investigaccedilatildeo desta natureza natildeo se presta a obtenccedilatildeo
de resultados conclusivos espera-se ter contribuiacutedo para o aclaramento deste importante
construto da ciecircncia da Enfermagem Espera-se que os resultados deste estudo possam
contribuir para a necessidade de repensar a praacutetica de enfermagem tendo em vista a
possibilidade de ampliar as discussotildees relacionadas ao cuidado sistematizado a crianccedilas
Vislumbra-se a possibilidade de investimentos em treinamentos e construccedilatildeo de
instrumentos de trabalho especiacuteficos para esta clientela que aproximem as demandas
diaacuterias ao meacutetodo cientifico de planejamento do trabalho
139
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161
APEcircNDICE A ndash TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Vocecirc estaacute sendo convidado (a) para participar como voluntaacuterio em uma pesquisa A sua
decisatildeo de participar ou natildeo eacute uma decisatildeo sua Por favor natildeo se apresse em tomar a
decisatildeo Leia cuidadosamente as informaccedilotildees a seguir Este estudo estaacute sendo conduzido
pela Enf Ms CAROLINA SAMPAIO DE OLIVEIRA sob a orientaccedilatildeo do Prof Dr
ELIOENAI DORNELLES ALVES e coorientaccedilatildeo da Prof Dra Moema Borges Os
resultados da pesquisa seratildeo analisados e publicados mas sua identidade natildeo seraacute
divulgada sendo guardada em sigilo Natildeo existem riscos ou ressarcimentos associados a
sua participaccedilatildeo neste estudo
Apoacutes ser esclarecido(a) sobre as informaccedilotildees a seguir no caso de aceitar fazer parte do
estudo assine ao final deste documento que estaacute em duas vias Uma delas eacute sua e a outra
eacute do pesquisador responsaacutevel Em caso de recusa vocecirc natildeo seraacute penalizado (a) de forma
alguma
ESCLARECIMENTOS SOBRE A PESQUISA
Tiacutetulo do projeto Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia de
Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
Pesquisadores responsaacuteveis Elioenai Dornelles Alves e Carolina Sampaio de Oliveira
InstituiccedilatildeoDepartamento Universidade de Brasiacutelia ndash UnB Departamento de
Enfermagem Telefones para contato (61) 3107-1976
A pesquisa possui parecer favoraacutevel do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade
Estadual do Mato Grosso (UNEMAT) Tem como objetivo Conhecer as representaccedilotildees
sociais a cerca da SAE entre enfermeiros que atuam no cuidado agrave crianccedila em dois
hospitais escolas da cidade de Caacuteceres MT afim de refletir sobre a importacircncia do
emprego da SAE no planejamento das accedilotildees de enfermagemOptou-se pela pesquisa
descritiva e exploratoacuteria com abordagem qualitativa O universo do estudo seratildeo as
profissionais enfermeiros (as) que trabalham na assistecircncia agrave crianccedila
Seraacute garantido o acesso a pesquisa em qualquer etapa do estudo vocecirc teraacute acesso aos
pesquisadores responsaacuteveis para esclarecimento de eventuais duacutevidas Se vocecirc tiver
alguma consideraccedilatildeo ou duacutevida sobre a eacutetica da pesquisa entre em contato com o Comitecirc
de Eacutetica em Pesquisa (CEP) da UNEMAT pelo telefone (65) 3221 0000 ou pelo e-mail
cepunematbr
Se vocecirc concordar em participar do estudo seu nome e identidade seratildeo mantidos em
sigilo Ressalta-se que a presente pesquisa natildeo traraacute risco prejuiacutezos desconfortos ou
lesotildees Natildeo existe para esta pesquisa indenizaccedilotildees ou formas de ressarcimento Vocecirc tem
o direito de retirar o consentimento a qualquer momento da pesquisa
162
Consentimento de participaccedilatildeo da pessoa como sujeito
Eu ______________________________________________RGCPF
____________________ abaixo assinado fui suficientemente informado sobre as
informaccedilotildees que eu li sobre o presente estudo ldquoRepresentaccedilotildees Sociais da Sistematizaccedilatildeo
da Assistecircncia de Enfermagem de enfermeiros que prestam cuidado agrave crianccedila em
hospitais escolas da regiatildeo de Caacuteceres ndash MTrdquoe concordo em participar do estudo como
sujeito Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisatildeo em participar nesse
estudo Ficaram claros para mim quais satildeo os propoacutesitos do estudo os procedimentos a
serem realizados seus desconfortos e riscos as garantias de confidencialidade e de
esclarecimentos permanentes Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento antes ou durante o mesmo sem
penalidades ou prejuiacutezo
Caacuteceres _____de __________________de 20___
_____________________________________
Assinatura do participante
____________________________________
Assinatura do pesquisador
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntaacuteria o Consentimento Livre e Esclarecido deste
sujeito de pesquisa ou representante legal para a participaccedilatildeo neste estudo
Caacuteceres ______ de ____________ de 20_____
______________________________________
Carolina Sampaio de Oliveira
CPF834 627671 - 00
Pesquisadora responsaacutevel
163
APEcircNDICE B ndash ROTEIRO PARA A ENTREVISTA
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
TIacuteTULO DO ESTUDO Representaccedilotildees Sociais Acerca da Sistematizaccedilatildeo da Assistecircncia
de Enfermagem - SAE Um Estudo com Enfermeiros que Prestam Cuidado aacute Crianccedila em
Hospitais Escolas na Regiatildeo de Caacuteceres ndash MT
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
Solicitamos que responda de forma espontacircnea as perguntas a baixo O anonimato de todas as
suas falas seraacute garantido por meio da natildeo identificaccedilatildeo dos depoentes o registro das entrevistas
seratildeo destinados apenas para fins de investigaccedilatildeo cientiacutefica
Sujeito _____________________________________ Coacutedigo ______________________
Data ______________________
Idade _____________________
Sexo______________________
Tempo de serviccedilo na Instituiccedilatildeo ____________________
Tempo de serviccedilo no setor de atendimento agrave crianccedila _________________
Titulaccedilatildeo ______________________
1- Qual o seu conhecimento sobre a SAE
1a- Qual o seu primeiro contato com a SAE
2- Como e onde vocecirc ouviu falar sobre a SAE
2 a-Fale sobre a sua rotina de trabalho
2 b- Vocecirc utiliza a SAE na sua rotina de trabalho
2 c- Relate como eacute a rotina do setor em relaccedilatildeo a SAE
3- Fale sobre sua experiecircncia com a SAE
4- Vocecirc considera que a SAE favorece o cuidado de enfermagem
5- Na sua opiniatildeo quais satildeo os aspectos que facilitam a implementaccedilatildeo da SAE no seu
cotidiano de trabalho
6- E os que dificultam
164
APEcircNDICE C - TESTE DE ASSOCIACcedilAtildeO LIVRE DE PALAVRAS
UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UNB
PROGRAMA DE POS GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
APEcircNDICE C
Sujeito_______________________________________ Coacutedigo_____________
Data_______________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoSistematizaccedilatildeo
da assistecircncia de Enfermagemrdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
Diga no miacutenimo trecircs palavras que lhe vecircm agrave mente quando eu falo a expressatildeo ldquoAtuaccedilatildeo do
enfermeiro na SAErdquo
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
A- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Sistematizaccedilatildeo da assistecircncia de Enfermagem
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
B- Dentre as quatro palavras anteriores escreva em ordem de importacircncia as palavras que
melhor expressem Atuaccedilatildeo do enfermeiro na SAE
(1ordm Lugar) _____________________________________
(2ordm Lugar)_____________________________________
(3ordm Lugar)_____________________________________
165
ANEXO 1
166
167