UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · sala de aula pode ser acompanhada não...
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · sala de aula pode ser acompanhada não...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
BULLYING NAS ESCOLAS DO RIO DE JANEIRO
Por: Vagner Rodrigues Mendes
Orientador
Prof. Fernanda Canavez
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
BULLYING NAS ESCOLAS DO RIO DE JANEIRO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Vagner Rodrigues Mendes
3
AGRADECIMENTOS
“Agradeço todas as dificuldades que
enfrentei; não fosse por elas, eu não
teria saído do lugar. As facilidades nos
impedem de caminhar." (Chico Xavier)
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a minha esposa
Carina Mendes por ser uma pessoa
especial na minha vida. Obrigado por
sempre estar ao meu lado. Eu te amo!
5
RESUMO
O bullying é um fenômeno que desde sempre fez parte do contexto
escolar, porém atualmente tem ganhado destaque não só por ser foco de
constantes reflexões em razão do aumento do número e da gravidade das
ocorrências e também pelas inúmeras pesquisas que ao longo das ultimas
décadas tem sido realizadas. Ele é caracterizado pela violência repetitiva e
intencional em suas múltiplas formas no âmbito psicológico ou físico, mas sem
nenhuma causa clara definida e com graves consequências para todos aqueles
que no fenômeno estão envolvidos. Este trabalho tem como objetivo estudar o
bullying em escolas no Rio de Janeiro sinalizando o importante papel da família
e para tal estudo foi utilizado os dados coletados por instituições que estudam
essa violência dentro dos ambientes escolares. Estudar este tema é importante
uma vez que a sua redução passa pela prevenção e esta se dá por meio de
ações efetivas dos profissionais da educação e da família para o conhecimento
do bullying, do desenvolvimento de valores essenciais para o bom convívio
social e da conscientização dos alunos.
6
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos que fundamentam este trabalho que
aborda o tema Bullying nas Escolas foram diversos. O estudo se deu no
primeiro momento através de pesquisas bibliográficas em virtude da construção
de uma base teórica para fundamentação da pesquisa e de onde foi possível
retirar dados para análise do problema proposto. Nesta etapa incluiu a leitura
de diferentes livros, revistas e artigos disponibilizados na internet.
Ainda fazendo uso dos atributos informativos da internet, foram
observados alguns casos de bullying em Escolas Estaduais de diversos
estados do território brasileiro, documentados em vídeos e textos, não só em
páginas de renome como também em blogs poucos conhecidos e
principalmente em redes sociais como o Facebook, Orkut, Twitter e o You
Tube.
Como complementação da pesquisa, houve a realização de algumas
entrevistas em escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de
Janeiro. Estas entrevistas se deram por meio de conversas informais com
alunos matriculados nessas unidades escolares e professores regentes durante
as diversas visitas realizadas no ano de 2011, um questionário aplicado aos
diretores destas unidades escolares.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Bullying 11
CAPÍTULO II - O Bullying na escola 16
CAPÍTULO III - O importante papel da família 21
CONCLUSÃO 22
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 23
ANEXOS 26
ÍNDICE 27
FOLHA DE AVALIAÇÃO 28
8
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o fenômeno bullying, termo usado também no
Brasil, mas que não possui tradução literal para o português, passou a ser
objeto de investigação para diversos pensadores em virtude da preocupação
com os crescentes casos de maus tratos entre pares. Crianças e adolescentes
que ao transgredir os limites disciplinares tem demonstrado comportamentos
cada vez mais agressivos tanto dentro quanto fora das salas de aula.
Fundamentado nas literaturas consultadas e baseado na preocupação
demonstrada pelos escritores das mesmas, o bullying é um fenômeno que vai
além da violência escolar e que tem se agravado não só pela sua frequência de
ocorrência como também pela gravidade com que estas ocorrências estão se
desenhando no cenário escolar.
O bullying atualmente é alvo de grandes preocupações por ser uma
violência que se caracteriza prioritariamente pelo comportamento agressivo
que ocorre entre pares repetidas vezes. As peculiaridades do fenômeno devem
ser esclarecidas porque nem todo o comportamento agressivo dentro das
escolas pode ser caracterizado como bullying.
Esta agressividade dos alunos que por vezes extrapolam o espaço da
sala de aula pode ser acompanhada não só pela literatura que a tem como alvo
de pesquisa como de forma próxima pelos principais veículos de comunicação
jornalística em suas mais variadas formas que tem registrado os fatos ocorridos
em função de suas dimensões.
O bullying é atualmente alvo de pertinentes estudos em vários lugares
do mundo em função não só do quantitativo das ocorrências, mas pelo
crescente quantitativo de crianças e adolescentes envolvidos, pela ousadia dos
indivíduos agressores que não respeita o território escolar tornando-o um lugar
potencial para a manifestação do fenômeno com cada vez mais frequência.
9
Dada a importância do estudo do fenômeno foi proposto como tema
desta pesquisa estudar o Bullying dentro das escolas levando em consideração
o viés dos estudos voltados para os atuais valores que regem a família, e a
parceria que esta deve ter com a escola com o objetivo de prevenção e
combate.
Segundo Silva (2009), o bullying tornou-se um problema endêmico nas
escolas de todo mundo. A palavra bullying tem origem inglesa e é utilizada para
qualificar comportamentos violentos. Dentre esses comportamentos destacam-
se as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos ocorrendo de
maneira intencional por parte dos agressores. As atitudes tomadas pelos
agressores não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Os mais
fortes utilizam os mais fracos como objetos de diversão, prazer e poder. O
resultado é a produção de muita dor e sofrimento em quem sofre bullying.
Quem pratica bullying é sempre um ser humano. A afirmativa pode
parecer desnecessária, mas é fundamental para a pesquisa dos principais
fatores que geram a deformação de caráter e valores deste ser que, apesar de
humano, de valores humanos nada possui. Quando abordamos um tema como
o bullying, questões relacionadas a família, sociedade e valores morais são
vitais para um estudo maduro e produtivo, que de verdade, desnude o
apodrecimento de uma sociedade holográfica.
No primeiro capítulo, com o titulo O Bullying onde serão abordado as
peculiaridades deste fenômeno com uma abordagem voltada para apontar a
não só a origem do fenômeno mas influências a que foi exposto o Bully - nome
do agressor que pratica o bullying. Também é voltado para entendimento do
significado do fenômeno bullying diferenciando-o das violências que ocorrem
no ambiente escolar, portanto nem toda agressão é bullying, e descrever um
breve histórico do fenômeno no território brasileiro embora ele se apresente em
outros países.
No segundo capítulo, o Bullying será abordado propriamente na escola,
abordaremos não só as causas e as consequências, e ainda identificaremos os
10
indivíduos que participam deste fenômeno. Por se tratar do ambiente escolar
estudar o bullying na relação entre professor e aluno também se faz necessário
e de acordo com os objetivos desta pesquisa que é também apontar a
influência dos principais meios de comunicação na formação do caráter da
sociedade buscando exemplificar com alguns casos que ganharam destaque
na mídia e outros que passam despercebidos.
No terceiro capítulo, será tratado o importante papel da família de um
lado como praticante do bullying influenciando negativamente a vida de
crianças e adolescentes, e por outro lado na prevenção da ocorrência do
bullying na vida da criança e do adolescente salientando algumas das ações
possíveis.
11
CAPÍTULO I
O conceito de Bullying
Vivemos uma sociedade cada vez mais voltada ao consumo dentro de
um sistema que objetiva gerar uma população extremamente consumista, isto
é, que consuma cada vez mais, não só o necessário, mas e principalmente as
coisas que não precise que são supérfluas. Assim, é fácil constatarmos no
cotidiano que a vida das pessoas no sob esse sistema capitalista é na maior
parte do planeta uma grande correria.
Para ver crescer este consumo o sistema bombardeia o cidadão com
apelos diversos, criando desejos e necessidades que antes não existiam. O
consumo não começa na loja, mas em nossas mentes, com a compra mais
importante que o sistema nos leva a fazer – compramos a ideia de que algo é
imprescindível para nossas vidas. Após a comprarmos a ideia, ir as lojas é um
mero detalhe.
Mas o que consumo e capitalismo têm a ver com bullying? Na verdade
tem a ver com a formação do Bully. O sistema que forma o consumidor, não
forma só um ser que compra, esse mesmo sistema é responsável pela
inversão de valores autênticos que deveriam reger a vida de todo ser humano.
Este ser consumidor é a deformação do ser humano em sua origem, tendo
como principal característica que os diferencia o fato de que o ser humano em
sua essência precisa de afeto e amor para uma vida saudável, já o ser
consumidor se satisfaz com coisas. O ser que se satisfaz com coisas não
precisa de pessoas, só de coisas, ele ama as coisas e usa as pessoas.
Desta forma a sociedade vai sendo formada, através dos principais
meios de comunicação, que hoje participam ativamente da educação de
nossas crianças – futuros consumidores, futuros Bully, nome dado ao agressor
que pratica bullying, que amam as coisas e usam as pessoas. O sistema vai
moldando o perfil da sociedade a sua imagem e semelhança. Não existe
12
comunicação entre nós e o sistema, por que a verdadeira comunicação implica
em comunhão ou troca flexível de ideias, formas de vida e de aspirações.
“A moderna tecnologia da informação dissolve a espontaneidade da troca comunicacional, artificializando-a, unilateralizando-a, a serviço de uma cultura que não tolera a sua diferença. O projeto ideológico do sistema informativo é produzir um vasto efeito de espelho da ordem produtiva ao nível das consciências.” (SODRÉ, 1977, p.133).
O curioso é que os mesmos veículos que ajudam a criar o cidadão Bully,
são os que reportam os casos de prática de bullying na sociedade. O problema
é sempre abordado de forma superficial, mantendo o foco no problema e nunca
na solução. A televisão dita modelos a serem seguidos, seja modelo de beleza,
de comportamento, de alimentação, de vestuário, além de sugerir lugares para
ir, e como ir, enfim, não só a televisão, mas assim como ela, outras mídias
estão o tempo todo nos ensinando o caminho, a tendência a ser seguida.
Suponhamos que quem não é magro, não veste roupa da moda, não
usa nenhuma droga e não tem cabelo liso esteja fora do padrão. A pessoa com
esse perfil enfrentará dificuldades para ser aceito pela turma na escola. Caso
não consiga a aceitação do grupo, essa pessoa te duas opções: o isolamento
ou a adequação.
Optando pela adequação o excluído acaba caindo na armadilha do
sistema, o mesmo sistema que cria o padrão é aquele que oferece soluções
para quem não se enquadrou. Com alguns trocados será possível, alisar o
cabelo, comprar a roupa da moda, usar algum tipo de droga e emagrecer. E
quem não dispor de alguns trocados – surge a dúvida. O sistema não aceita
quem não “tem”. Não há espaço para o que esta fora dos padrões
estabelecidos, e quem não compõem o grupo que seguem essas tendências
passa a compor o grupo de risco, potenciais vitimas de bullying.
O bullying é uma das formas de afirmação do poder de uma pessoa,
seja ela criança ou adolescente, por meio da agressão. Ele pode ser definido
13
de acordo com a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
e à Adolescência (Abrapia), que entende o bullying como todas as formas de
atitudes agressivas, realizadas de forma voluntária e repetitiva, que ocorrem
sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s),
causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de
poder. Sendo assim, os atos repetitivos entre iguais (estudantes) e o
desequilíbrio de poder são as características essenciais que levam à intimidade
da vítima.
De acordo com Camargo, colaborador do site Brasil Escola, o bullying é:
“[...] um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.” (CAMARGO, 2008).
Embora estas definições já esclareçam do que se trata o bullying grande
parte dos estudos realizados adotam a definição de Olweus, que descreve o
bullying como um fenômeno que parte de três características: é fruto de um
comportamento agressivo ou uma ofensa intencional; ocorre repetidamente e
durante muito tempo; ocorre em relações interpessoais caracterizadas por um
desequilíbrio de poder. Para complementar o conceito foi utilizado a seguinte
definição:
[...] Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro (s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do “comportamento bullying” (FANTE, 2005, p. 28, 29).
14
A violência nas escolas é um problema que cresceu consideravelmente
nas ultimas décadas e que tem ganhado destaque como foco de diversas
pesquisas pelo mundo. O bullying que é um desdobramento peculiar desta
violência de escolar que estabelece uma relação de poder entre o agressor e a
vítima sendo em potencial um mais fraco que o outro em diferentes aspectos,
marcado pela repetição da agressão sem causa ou motivo aparente.
Pode-se caracterizar a violência escolar de acordo com Klewin, Tillmann
e Weingart (2001) in Seixas (2006) que a traduzem como um fenômeno
extenso no qual podem ser distinguidas três grandes categorias de
comportamento violento por parte dos alunos, a saber: ofensa/ferimento físico,
agressão verbal ou crueldade psicológica e o bullying.
Pode-se então entender as ofensas como ações que ferem alguém na
sua dignidade durante algum tipo de conflito onde pelo menos um dos
envolvidos usa de força para efetivar a afronta por meio de ataques físicos. A
agressão verbal como um ataque que utiliza as palavras de forma ofensiva e
esta se configura através de ameaças, afrontas e humilhações. E o bullying já
definido anteriormente ao longo do capitulo.
Segundo Silva (2010):
“Algumas atitudes podem se configurar em formas diretas ou indiretas de praticar o bullying. Porém, dificilmente a vítima recebe apenas um tipo de maus-tratos; normalmente, os comportamentos desrespeitosos dos bullies costumam vir em "bando". Assim, uma mesma vítima pode sofrer variadas formas de agressões tais como: verbal (insultar, xingar), física (bater, ferir), psicológica ou moral (humilhar, isolar), sexual (assediar, abusar) e virtual (ciberbullying) realizado através de celular e internet para difundir, de forma avassaladora, calúnias e maledicências.” (SILVA, 2010)
Assim, além das configurações de bullying, sendo as diretas mais
verbais e físicas e as indiretas voltadas para agressões psicológicas, moral ou
virtual, os estudos têm mostrado que as crianças ou adolescentes podem se
15
envolver de diversas maneiras no fenômeno de bullying, desta forma, é
possível identificar claramente um agressor (líder), um grupo de seguidores
(reforçadores), testemunhas (quem apenas observa o bullying) e uma ou mais
vítimas que são excluídas da interação social (Olweus, 1993; Salmivalli, 1998).
E de acordo com que Neto (2005) escreveu, não há evidências que permitam
prever qual papel adotará cada aluno, uma vez que pode ser alterado de
acordo com as circunstâncias.
Outro ponto que cabe ressaltar é que a vitimização ou bullying não se
restringe a um determinado nível socioeconômico, tampouco a uma faixa etária
específica ou gênero (Olweus, 1993) assim, o bullying acontece em todas as
classes sociais, manifestando-se de múltiplas formas, em escolas que
pertencem às esferas públicas e privadas e o que basicamente distingue este
processo de outras formas de agressão é o caráter repetitivo e sistemático e a
intencionalidade de causar dano ou prejudicar alguém (Salmivalli, 1998).
O bullying se apresenta de diversas formas no ambiente escolar,
entretanto, em função dos avanços tecnológicos as barreiras espaciais são
ultrapassadas e as agressões se configuram de forma digital a qual chamamos
de cyberbullying.
1.1 – Cyberbullying
Dentre as formas da pratica de bullying uma que tem crescido
consideravelmente é cyberbullying que, como foi citado anteriormente são
violências virtuais por meio do uso da tecnologia que disseminam informações
na internet para atingir os alvos de bullying, se propaga com mais força pela
inexistência de padrões éticos e legais para utilização de recursos
tecnológicos, falta de empatia nas relações interpessoais, certeza do
anonimato, da impunidade e do silêncio das vítimas (Silva, 2010) ainda que a
regulamentação e punição no mundo virtual estejam avançando
consideravelmente.
É necessário ter atenção ao cyberbullying por que:
16
“Mesmo que a maioria dos casos não ocorra dentro da escola, os professores precisam estar atentos para as relações interpessoais, pois tudo se inicia com uma piadinha na sala de aula, vai para a comunidade no Orkut e vira assunto no MSN”. (FANTE; PEDRA, 2008, p. 72).
O cyberbullying espalha o medo, difamação e humilhações em um
ambiente virtual que influencia diretamente o cotidiano dos alvos denominados
vítimas desse tipo de agressão. A instituição de ensino deve, portanto buscar
sempre a orientação de seus alunos para que estes façam o uso responsável
dos recursos tecnológicos aos quais eles têm acesso e sobre os perigos que os
mesmos podem representar.
Com a rede aberta a troca de informações e de comunicação também
tem um volume muito grande e em velocidade real que pressupõe inúmeras
possibilidades para que aconteça o cyberbullying e dificulte ainda mais o
controle dessas ações. O perfil de violência nessas ações é diferenciado das
que acontecem no ambiente escolar, eles se dão pela crueldade que circula
através de falas e imagens publicadas em redes sociais e enviadas por email.
A vítima tem sua imagem denegrida e afetada rapidamente e é uma ação que
tem como agravante a dificuldade de retrocesso e contensão uma vez que as
informações lançadas na rede são de fácil disseminação.
Enfim, este é um tipo de violência crescente. No próximo capítulo
estudaremos propriamente o bullying na escola, como ele se configura e as
ações que devem ser tomadas por parte dos que fazem parte da comunidade
escolar.
17
CAPÍTULO II O Bullying na escola
Para iniciar este capitulo onde será tratado especificamente O Bullying
na escola, cabe ressaltar o pensamento de Olweus (1991) onde diz que:
mesmo a escola sendo um dos principais contextos nos quais o bullying pode
ser observado, este não é um fenômeno exclusivo desta instituição. Para tanto,
a abordagem do bullying na família será feita no próximo capitulo.
Por hora, Neto (2005) com a contribuição de sua pesquisa nos faz
entender que:
“O BULLYING é um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode-se afirmar que as escolas que não admitem a ocorrência de BULLYING entre seus alunos, ou desconhecem o problema, ou se negam a enfrentá-lo.” (NETO, 2005)
A prática do Bullying não está associada a classe social ou a algum fator
determinante que possibilite delimitar sua abrangência. A vítima dessa prática é
alvo de um grupo liderado por alguém que tenta a qualquer preço diminuir o
outro para ganhar poder. E nesse caso o fim justifica o meio, valendo qualquer
agressão, qualquer característica que o “alvo” possua negativa ou mesmo que
positiva, pode ser usada como “desculpa” para o ataque.
A dificuldade que a instituição escolar apresenta diante dessas
agressões faz com que o problema assuma grandes proporções em diversos
lugares do mundo sem que haja a distinção social ou geográfica para a
ocorrência do fenômeno. Como não existe critério, muitas vezes o bullying não
é reconhecido ou passa despercebido pelas escolas, que olham para aquele
que esta sofrendo as agressões como alguém que vive outro fato preocupante
que é a violência escolar.
18
Neto (2005) através das pesquisas realizadas pela ABRAPIA
(Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência)
diz que o termo “violência escolar” diz respeito a todos os comportamentos
agressivos e antissociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao
patrimônio, atos criminosos, etc. e no mesmo texto ainda ressalta que as
intervenções podem estar além da competência e capacidade das entidades de
ensino e de seus funcionários, porém, tamanha é a responsabilidade da escola
porque ainda chama atenção para o fato de que a solução possível pode ser
obtida no próprio ambiente escolar que passa de um ambiente onde há a
esperança de segurança e proteção para um lugar onde o medo é propagado
através de atos violentos nas suas mais diversas formas.
Salgado (2010) diz que:
A escola tem um papel de educar e não pode permitir que condutas de bullying ocorressem no tempo em que os menores foram confiados à sua responsabilidade. É dever da escola, zelar e garantir a saúde física e mental dos alunos, enquanto estes estão sob a sua tutela. (SALGADO, 2010)
Os casos de bullying estão cada vez mais em pauta no cotidiano escolar
ganhando por vezes espaço na mídia em função das proporções que os casos
estão assumindo porque uma das grandes dificuldades que a escola tem para
lidar com o bullying também é dito por Salgado quando ele bem relata que:
A escola ao cumprir seu papel de zelar pela vida e integridade dos
alunos, pode perceber que o bullying dentro da escola ainda é ignorado e as
soluções que são propostas com o objetivo de eliminar a pratica do mesmo não
surtem muito efeito porque são medidas paliativas que acabam mascarando os
problemas e não resolvendo muita coisa no ambiente, pois como o próprio
autor diz essas condutas agressivas não podem ser aceitas pela sociedade,
portanto, não há acordos cabíveis entre vitima e o agressor.
Diante de tanta dificuldade para a resolução dos casos, que não acabam
com simples conversas, os alunos que sofrem este tipo de agressão acabam
19
por si se deslocando para outros ambientes para então se verem livres de seus
agressores.
Salgado (2010) ainda contribui quando diz que o faz pouco tempo que o
bullying passou a ser visto como um problema social, entretanto, só a partir daí
que ele passou a ser foco de discussões e houve o inicio da elaboração de
políticas de combate do âmbito escolar. Algumas dessas medidas incluem:
elaboração de novas regras de disciplina escolar, como a divulgação da
existência do problema para alunos, pais, corpo docente e funcionários.
Afinal, é importante lembrar que:
A atuação para o combate ao bullying somente tem sentido quando feita tentando apresentar como a conduta é maléfica socialmente. O que falta é a socialização e ela tem de ser realizada. Nesse caso, a escola tem de surgir como uma esfera disciplinadora, podendo impor sanções adequadas ao caso. O que importa é gerar a socialização, quebrar a onipotência do eu do ofensor, levando-o a considerar o outro. A escola não pode se omitir nesses casos. Porém, sabe-se que há uma limitação para a ação da escola, que lhe é particular. Nesses casos, entende-se que chamar outras instituições como a família e até o Estado é fundamental. Essas outras instituições poderão sancionar para levar o comportamento social do ofensor à socialização. (SALGADO, 2010)
É uma conduta que atingem a todos, da vitima ao agressor, quem está
no entorno sendo da família ou comunidade escolar. No ambiente escolar,
portanto, a escola, de acordo com seu importante papel, não deve assumir a
responsabilidade de somente apaziguar os pares, mas ao invés disso socializá-
los de forma a dar condições para que haja uma equidade na importância tanto
do agressor quanto da vitima e eles têm que se perceberem como tal.
Achar que o bullying é uma violência pontual e que esta se resolve com
uma conversa é o que não pode acontecer porque o mesmo se caracterizaria
como omissão do fato. Além de a escola assumir seu papel cabe a ela ter
20
abertura para instituir parcerias capazes de dar o suporte necessário para que
esta socialização aconteça e isto vai além do âmbito e do ambiente escolar.
É importante ressaltar que é dever de todos não permitir que esses
comportamentos agressivos aconteçam no ambiente escolar porque os
mesmos geram de acordo com as pesquisas da Abrapia, Neto (2006):
“Ansiedade e medo; níveis elevados de evasão escolar; alta rotatividade do quadro de pessoal; desrespeito pelos professores (e agressões); grande número de faltas por motivos menores; porte de arma por parte dos alunos visando proteção pessoal; ações judiciais contra a escola ou outro responsável (professor, auxiliar de ação educativa, entre outros), assim como contra a família do agressor.” (Neto, 2006).
Essas fazem parte das principais consequências do bullying no meio
escolar, porém podem ser agravados se ignorados ou se tratados como casos
isolados. Pelo que podemos perceber nos dados da Abrapia é que o ambiente
escolar não se torna agradável e que a permanência nele se torna algo difícil
não só para alunos, mas para toda a comunidade escolar gerando grandes
transtornos que vão desde o abandono do espaço escolar até ações que
envolvem não só o agressor, mas como a sua família atribuindo ao fenômeno
uma grande gravidade além de aumentar a extensão do problema.
2.1 - Causas e consequências
Encontrar as causas do bullying não é uma das tarefas mais fáceis de
fazer e muito menos mensurar as consequências do mesmo. Após vasta leitura
para elaboração deste trabalho o que pode ser percebido é que os modelos
educativos, sendo então a própria escola causadora da violência, mas a estas
causas podem também ser de cunho pessoal ou estarem ligada as questões
familiar. Independente da origem das causas do bullying ele resulta no
agressor a necessidade de se impor e demonstrar poder e suas inúmeras e
geram prejuízos consideráveis para o autor assim como para a vítima do
bullying porque possui consequências negativas imediatas e tardias sobre os
envolvidos.
21
As causas do bullying embora sejam diversas de acordo com vários dos
textos pesquisados elas podem ser resultado de violência sofrida no seio da
própria família gerando no agressor a necessidade de reproduzir tal agressão
para esconder suas carências emocionais e ter alguma satisfação pessoal com
o sentimento de poder resultado dessa prática.
Os valores de amizade, respeito e solidariedade pelo outro são
primordiais para o bom desenvolvimento do ser humano enquanto individuo. A
ausência dos pais por conta de trabalho e os modelos educativos que deixam a
desejar contribuem para a violência no ambiente escolar que, na maior parte
das vezes, conta com profissionais que não dão conta de acompanhar as
mudanças velozes pelas quais a sociedade tem passado.
As diferenças, embora muito falada, pouco tem sido de fato respeitada
na convivência entre pares no cotidiano escolar. Outro fator da causa do
bullying são as amizades, pois as mesmas podem ser determinantes nas ações
de violência sendo na influencia no incentivo e até mesmo no apoio ao
agressor.
A mídia que tenta combater o bullying com algumas propagandas,
porém esta é a mesma mídia que incentiva atos violentos e desperta o bullying
através de informações negativas propagadas nos mais diversos meios de
comunicação de tal forma que a pratica da violência se torna algo normal.
Como consequência do bullying várias situações podem ser citadas,
porém essas consequências são resultados de fatos praticamente ignorados
em suas repetições sendo eles então considerados esporádicos quando na
verdade fazem parte do cotidiano de vitimas que não encontram meios de se
defenderem da violência e de agressores que não reconhecem seus limites e
continuam a reforçar esse poder distorcido e gerador de violência. Por acreditar
que alguns atos de violência verbal não passam de brincadeiras vistas como
normais entre os alunos, a violência se propaga e perdura em um ambiente
que deveria ser amistoso e de bem estar.
22
As vitimas de tais atos sofrem profundamente ao estarem expostas a
estes tipos de situações e na impossibilidade de se defenderem algumas
acabam por apresentar comportamentos que demonstram traços de
depressão, ansiedade, baixa autoestima, isolamento entre outros. Tais traços,
entretanto, não tem um fim em si e acabam sendo estopim para desencadear o
desinteresse desses alunos em frequentar o ambiente escolar e, em casos
mais graves, dar fim a sua própria vida a fim de acabar com o sofrimento.
Diante desse panorama é fácil perceber o quanto a vitima de bullying é
prejudicada não só na forma social, mas como no próprio individuo e isso pode
levar ao fracasso na rotina escolar e traumas que poderão ser motivos talvez
de futuros transtornos que irão acompanhar o aluno até a vida adulta. É claro
que isso depende muito do tipo de violência sofrida e da capacidade que cada
um tem de ligar com tais fatos podendo assim este ser até superado ao longo
do tempo.
Cabe ressaltar que o bullying é o sofrimento ao qual o aluno é submetido
em uma época que tudo contribui para o seu desenvolvimento. Como alerta
Fante (2005):
“a maioria das vítimas chega em idade adulta com sérias dificuldades de relacionamento, baixa confiança nas pessoas e até sequência de experiências de vitimização por bullying em esferas, por exemplo no ambiente profissional. Entre os agressores a maioria deles na idade adulta torna-se criminoso com passagem na polícia.” (FANTE, 2005)
Isso mostra mais uma vez a importância de intervir nessas situações de
violência repetitiva, aqui chamada de bullying, e que compromete
consideravelmente o ser humano a ponto de ser arrastada para outros grupos
sociais e se manifestar de outras formas além de gerar adultos também
agressivos capazes de cometer atos de bullying com outras pessoas criando
assim ambientes sociais de mal estar.
23
2.2 - Professores e o bullying
É fato que o bullying pode acontecer em qualquer lugar onde ocorra a
interação de pessoas, entretanto, o foco desta pesquisa é tentar entender
como esse processo acontece dentro do ambiente escolar e para tanto, é de
grande contribuição os dados de Neto (2003) que através da ABRAPIA em
parceria com diversas instituições realizou no inicio da década de 2000, mais
precisamente entre o fim de 2002 e inicio de 2003, uma pesquisa com alunos
dos anos finais do ensino fundamental em 11 escolas do município do Rio de
Janeiro.
E de acordo com esta pesquisa pode-se observar no gráfico abaixo os
locais onde ocorreu o bullying:
Fonte: ABRAPIA
Muito embora algumas pesquisas apontem o pátio da escola
principalmente no horário de recreio para esta pratica a ABRAPIA aponta a
sala de aula como palco principal para as praticas de agressão do bullying
totalizando assim mais de 60% dos locais onde o fenômeno ocorre. Umas das
explicações para tal fato seria a dificuldade que os professores enfrentam para
detectar tal pratica seja pela preocupação com o trabalho que os mesmos
precisam desenvolver em relação aos objetivos propostos para os conteúdos a
serem repassados ou pela incompreensão de praticas agressivas ser
enquadradas na qualidade de bullying em função de seu caráter principalmente
repetitivo.
24
Levando em consideração a colaboração de Fante (2005) percebemos
que:
“No ambiente escolar, durante o decorrer das aulas e fora delas também, é comum o surgimento de alguns tipos inusitados de brincadeiras que acabam por tornar as aulas mais descontraídas e atrativas. Porém, muitas vezes essas brincadeiras tornam-se revestidas de crueldade, prepotência e insensatez, extrapolando assim os seus limites suportáveis, convertendo-se então em atos de violência.” (FANTE, 2005)
E é neste momento que deveria haver a intervenção do professor que,
com ações assertivas, pudessem resolver os casos de bullying. Mas poucas
são essas ações de intervenções no cotidiano escolar embora o assunto e
mais, o fenômeno em si, mereça total atenção. Cabe ao professor intervir
nessas brincadeiras priorizando o respeito ao próximo para que elas não
extrapolem seus limites e se transformem em atos de violência. Para que tais
atos não aconteçam nas salas de aula ou que pelo menos a incidência dos
mesmos seja diminuída o professor deve participar ativamente junto aos alunos
no processo de construção de valores e não se posicionando de forma a abrir
brechas em suas atitudes e no trato com os alunos de forma a abrir caminhos
que possibilitem a pratica do bullying.
De acordo com tudo o que foi estudado é possível encontrar vários tipos
de bullying tais como:
• Físico: bater, pontapear, beliscar, ferir, empurrar, ou outro tipo de violência física. • Verbal: insultar, difamar, ou depreciar alguma característica particular do outro ("gordo"; "caixa de óculos"; "trinca-espinhas"). • Sexual: abusar, assediar, insinuar ou violar sexualmente. • Psicológico: excluir, atormentar, ameaçar, manipular, amedrontar, chantagear, ridicularizar, ignorar. • Material: roubar, destruir pertences materiais e pessoais. • Racista: toda a ofensa que tem como finalidade humilhar o outro com base na cor da pele, ou diferenças culturais e religiosas. • Cyberbullying: utilização das tecnologias de informação e comunicação (internet, telemóveis, etcN) como meio de
25
difamação. Os conteúdos caracterizam-se por divulgação de imagens embaraçosas, mensagens ameaçadoras e a publicação de comentários caluniosos. (PORTAL DA CRIANÇA, 2010)
Todavia o gráfico abaixo mostra qual violência de fato se configura
dentro das salas de aula.
Fonte: ABRAPIA
Como podemos perceber, os apelidos ganham destaque ultrapassando
mais de 50% dos casos e sendo em maior incidência entre o sexo feminino.
Analisando o gráfico, percebe-se ainda que o bullying no sexo masculino seja
mais direto manifestando-se ao ponto da agressão física enquanto o perfil do
bullying feminino resulta na violência mais verbal, de forma indireta, e as que
geram o isolamento social.
Para que ocorra o bullying segundo seu próprio conceito é necessário
que a agressão ou violência seja entre pares como os colegas de uma turma
de escola, assim, o professor ainda que sofra algum tipo de violência por parte
do aluno não pode ser considerado bullying. O mesmo acontece ao contrário, o
aluno não sofre bullying por parte do professor muito embora, como foi dito
anteriormente, o mesmo pode abrir caminhos a partir de suas ações no modo
de se portar ou se referir a algum aluno para que a prática do bullying se
instaure no ambiente escolar e mais precisamente, dentro da sala de aula.
26
Assim, é importante ressaltar o papel do professor que, não desejando
fomentar a violência, deve conhecer o fenômeno bullying e consequentemente
evitá-lo por meio da construção de valores e consciência da cidadania. Essa
construção inicia-se com a observação do ambiente escolar nas salas de aula
onde se desenha quase que todo o comportamento dos alunos e onde é
possível detectar grande parte dos problemas relacionados a eles e aos
problemas que os mesmos apresentam.
A escola é o ambiente onde é possível incentivar atitudes que façam
diferença no relacionamento como a amizade e o respeito um com o outro
através de laços que podem ser construídos durante as propostas pedagógicas
que promovam a socialização entre os alunos.
Além dessas ações outras orientações para diretores, coordenadores e
professores e voltadas para a redução do bullying dentro dos ambientes
escolares, a saber:
• Desde o primeiro dia de aula, avisem aos alunos que não será tolerado Bullying nas dependências da escola. Todos devem se comprometer com isso: não o praticando e avisando à direção sempre que ocorrer um fato dessa natureza. • Promovam debates sobre Bullying nas classes, fazendo com que o assunto seja bastante divulgado e assimilado pelos alunos. • Estimulem os estudantes a fazerem pesquisas sobre o tema na escola, para saber o que alunos, professores e funcionários pensam sobre o Bullying e como acham que se deve lidar com esse assunto. • Convoquem assembleias, promovam reuniões ou fixem cartazes, para que os resultados da pesquisa possam ser apresentados a todos os alunos. • Facultem a oportunidade de que os próprios alunos criem regras de disciplina para suas próprias classes. Essas regras, depois, devem ser comparadas com as regras gerais da escola, para que não haja incoerências. • Da mesma maneira, permitam que os alunos busquem soluções capazes de modificar o comportamento e o ambiente.
27
• Sempre que ocorrer alguma situação de Bullying, procurem lidar com ela diretamente, investigando os fatos, conversando com autores e alvos. Quando ocorrerem situações relacionadas a uma causa específica, tentem trabalhar objetivamente essa questão, talvez por meio de algum projeto que aborde o tema. Evitem, no entanto, focalizar alguma criança em particular. • Nos casos de ocorrência de Bullying, conversem com os alunos envolvidos e digam-lhes que seus pais serão chamados para que tomem ciência do ocorrido e participem junto com a escola da busca de soluções. • Interfiram diretamente nos grupos, sempre que isso for necessário para quebrar a dinâmica de Bullying. Façam os alunos se sentarem em lugares previamente indicados, mantendo afastados possíveis autores de Bullying, de seus alvos. • Conversem com a turma sobre o assunto, discutindo sobre a necessidade de se respeitarem as diferenças de cada um. Reflita com eles sobre como deveria ser uma escola onde todos se sentissem felizes, seguros e respeitados. (UOL/LIGAÇÃO TEEN, 2011)
Essas são algumas ações possíveis no ambiente escolar que a equipe
pode realizar ao longo do ano letivo para que as situações de conflito possam
ser prevenidas e assim acabar com o bullying.
2.3 - Um problema social que ganhou destaque na mídia
O professor sozinho, embora tenha sua importância nesse processo,
não consegue resultado satisfatório sozinho por isso a parceria com outros
atores, incluindo a família e a própria escola, entre outros, se torna fundamental
para o combate do bullying que tem se tornado destaque na mídia em função
de suas ocorrências cada vez mais crescente atualmente.
O bullying embora seja uma prática realizada nos ambientes escolares
desde os primórdios dos tempos, ele primeiramente foi reconhecido fora do
Brasil em função das tragédias que aconteceram em diversas escolas em
países da Europa e nos Estados Unidos e que, por sua vez, amplamente é
divulgado pela mídia no mundo todo. Porém, nos últimos tempos, o Brasil, tem
28
reconhecido esta forma de violência dentro das escolas e traçados algumas
ações para o seu combate.
A despeito da falta de registro desses casos de violência, o fato é que
eles tem se tornado uma prática crescente dentro das escolas do Rio de
Janeiro e alguns deles, extrapolando os muros das unidades escolares ganham
repercussão através das mídias de informação tais como os telejornais, os
jornais e revistas e as paginas na web. Para exemplificar tal fato, vamos falar
de alguns dos casos mais recentes de bullying divulgados através destas
mídias e que ocorreram no Rio de Janeiro incluindo a tragédia que foi intitulada
pela Rede Globo como o “massacre de Realengo” e que ganhou proporções
mundiais.
Segundo inúmeros relatos e reflexões publicadas em inúmeros sites na
internet e nos veículos de comunicação de massa a respeito da tragédia de
Realengo, tanto especialistas quanto as pessoas que conheciam o autor dos
tiros que matou as 12 crianças na escola Tasso da Silveira, chega-se a
conclusão que o mesmo, Wellington Menezes de Oliveira, tem o perfil de ter
sido alvo de bullying. O jornal O Globo de 09/04/2011 o descreve como solitário
e não são poucos os relatos de colegas que confirmam isso e que retratam a
vida de alguém que é vitima de bullying.
E o site Meio Norte em sua matéria diz que:
“A crítica ao bullying está presente quase em todas suas mensagens. “Que o ocorrido sirva de lição, principalmente às autoridades escolares, para que descruzem os braços diante de situações em que alunos são agredidos, humilhados, ridicularizados, desrespeitados”, alerta. O assassino também fala que se as instituições de ensino tivessem “descruzado os braços e feito algo sério no combate a esse tipo de práticas”, o ataque não teria acontecido. Mas se nada for feito nesse sentido, Oliveira sentencia que “estarão forçando os demais irmãos a matarem e morrerem”. (MEIO NORTE, 2011)
O caso da tragédia de Realengo chama a atenção para a falta de
respeito e para a humilhação que o autor dos disparos sofreu, no entanto, cabe
29
ressaltar que nem todos os que sofrem esse tipo de violência se tornará um
assassino. O fato serve, entretanto, para chamar a atenção de todos para os
prejuízos que uma pessoa pode ter diante dessas situações e que ações
devem ser traçadas para o combate desse tipo de violência.
Outros fatos, que não atingiram proporções como a tragédia de
Realengo, são constantemente ocorrem em todo o Rio de Janeiro
independente da clientela que a escola atenda e de sua localização geográfica.
Nas reportagens que foram observadas, e que estão em anexo, podemos
observar que são divulgados diferentes desde o caso como o da estudante que
sofreu agressões no subúrbio ao de outros alunos em idade semelhante e que
estudava na zona sul da cidade em algumas das escolas mais tradicionais do
Rio de Janeiro.
Não há classe social e nem receita pronta para acabar com este
problema, portanto o que se precisa é de estratégias que unam toda a
comunidade escolar contra a prática do bullying e todo o tipo de violência
escolar. E para tais ações no próximo capitulo será abordado o importante
papel da família nesse processo.
30
CAPÍTULO III O importante papel da família
Com o intuito de impedir a disseminação do bullying e seu constante
crescimento na sociedade pelo viés do ambiente escolar, apenas de todo o
empenho dos profissionais que a ele estão ligados cabe a família também se
responsabilizar pelo problema reconhecendo-o e estabelecendo com a escola
uma parceria em função da erradicação ou pelo menos diminuição dessa
violência. Cabe, portanto a família, dentro de suas responsabilidades na
formação do cidadão, resgatar os valores tão importantes para a construção de
uma sociedade onde os indivíduos se tratem com respeito a despeito de suas
diferenças.
De acordo com Fagundes (2001):
“Nos dias de hoje, grande parte da humanidade esqueceu seus valores e referências, e muitos acabam por considerar os conceitos éticos ultrapassados ou desinteressantes. O individualismo impera em toda parte, a sociedade de hoje virou individualista e as pessoas que dela fazem parte também. Isso certamente tem gerado em todos, conflitos e tensões das mais diversas ordens. O grande desafio para a humanidade no momento é resgatar esses valores esquecidos.” (FAGUNDES, 2001)
Este resgate do qual trata Fagundes só pode vir através da família uma
vez que as escolas e os profissionais que dela fazem parte precisam dar conta
de outras responsabilidades e alcançar objetivos diferentes destes. É papel sim
da família também traçar estratégias que combata a violência, que combata o
bullying dentro das escolas principalmente através da educação que
conscientiza o aluno como cidadão que respeita o outro e que assim como
detentor de direitos tem seus deveres a cumprir para com a sociedade.
As atitudes violentas, desrespeitosas, humilhantes que não são aceitas
dentro do ambiente familiar não devem ser aceitas na socialização dentro do
31
ambiente escolar mesmo que este ambiente propicie a maior ocorrência do
fenômeno bullying.
Seja como agressor, vitima ou apenas testemunha, a família deve
intervir porque na falta dessa intervenção todos os que estão no ambiente
escolar são afetados de forma negativa e a ocorrência do bullying pode
aumentar consideravelmente.
É lógico que ninguém quer passar pelo constrangimento de sofrer
bullying e, portanto no grupo pode assumir um comportamento agressivo
diferente do comportamento apresentado próximo a família. Quanto mais
próximo a família se encontra do aluno maior é a dificuldade de que este aluno
seja influenciado de forma negativa pelo grupo e que se junto a outros alunos
tenha tamanha mudança de comportamento que passa a fazer o que sozinho
jamais faria.
Outro fator que se deve ter atenção é que na escola o aluno reflete
também o que se passa no núcleo familiar. Se por um lado existe a ausência
da família no ambiente escolar que pode acarretar na mudança do
comportamento, por outro a presença marcante de situações familiares podem
acabar justificando em termos os aos agressivos que os alunos apresentam.
Vivendo em um ambiente onde há a falta de um modelo de educação
por parte dos pais em função das horas ausentes de casa por conta do
trabalho, ou pela pobreza, ou pela dependência em seus mais variados tipos, e
das várias formas violência que a violência pode assumir nesse contexto tais
como agressões físicas, gritos, pressão psicológica entre outros fatores, o
aluno acaba fazendo da escola o ambiente propício para ser palco de seus
problemas e estes se revelam por meio às vezes da reafirmação do poder, que
ele não tem, em cima daqueles que por algum motivo estão fracos ou
desprotegidos.
Como contribui Neto (2004):
32
“famílias desestruturadas, com relações afetivas de baixa qualidade, em que a violência doméstica é real ou em que a criança representa o bode expiatório para todos os problemas são as fontes mais comuns de autores ou alvos de bullying.” (NETO, 2004)
Comprometer uma criança com a prática do bullying no âmbito familiar
seja por qualquer tipo de violência resultam em agressores ou alvos de
violência na escola. Infelizmente, o bullying praticado pelos pais às vezes
passam despercebidos e vão construindo os motivos pelos quais a violência se
propaga.
Não existem fórmulas para a família educar uma criança, mas pode-se
perceber que o necessário para o sucesso desta educação seria o equilíbrio
porque se há agressão verbal e maus tratos e um núcleo familiar deteriorado
você produz alunos com comportamento agressivo em contra partida como diz
Lopes (2005) sobre alguns modelos educacionais:
“São identificados como facilitadores: proteção excessiva, gerando dificuldades para enfrentar os desafios e para se defender; tratamento infantilizado, causando desenvolvimento psíquico e emocional aquém do aceito pelo grupo; e o papel de “bode expiatório” da família, sofrendo críticas sistemáticas e sendo responsabilizado pelas frustrações dos pais.” (LOPES, 2005)
Proteger demais também não é o caminho. É necessário que a família
busque condições, ou seja, ajudada a colaborar com o pleno desenvolvimento
da criança para que ela se torne um aluno capaz de lidar com as situações em
um ambiente de conflito, sendo ele o autor do bullying saiba quais as
consequências de seus atos e sendo ele a vitima saiba como buscar ajuda
para combater o bullying a que sendo submetido.
As famílias em ambos os casos devem estar cientes dos acontecimentos
e se tornarem parceiras da escola para que tais práticas não perdurem sendo
então as vitimas capazes de denunciar seus agressores com o apoio da
família.
33
Porém, como diz Monteiro (2007):
“as vítimas da intimidação repetida e recorrente da ação do bullying, normalmente são indivíduos sem defesas, incapazes também de motivar outras pessoas para agir em seu apoio, ou até mesmo calar-se diante do sofrimento, sem manifestar jamais a alguém que está sendo vítima de agressão.” (MONTEIRO, 2007)
A família assim como os profissionais da educação deve ficar atenta aos
casos de bullying sofridos no ambiente escolar porque a atitude de denunciar
tal prática não é feita na maior parte das vezes ora por acreditar que seja esta
um fato único, esporádico, sem recorrência e ora por ser a vítima incapaz de
denunciar o fato para que a ajuda aconteça e não se repitam as ações de
violência.
É importante ressaltar a influencia da família na formação do individuo
para não recair sobre a escola toda a responsabilidade da violência que em
seu espaço ocorre. É em seu primeiro grupo social que a criança presencia
cenas de violência e é a escola o lugar onde ela reproduz o que aprendeu.
A violência familiar pode ser resultado de fatores sociais tais como a
pobreza, mas podem ser gerados também em função de separações e assim
mimos excessivos para compensar a ausência. O fim disso é que independente
do fator que determina a origem da violência é a família, em seu cotidiano, que
forma o ser humano, e esta educação devem ter como alicerce o respeito ao
outro e não nas atitudes intolerantes com a diferença como presenciamos cada
vez mais em ambientes escolares.
Pais que sem perceber também cometem violência contra seus filhos
para resolverem os conflitos contribuem para que eles estejam envolvidos em
situações de bullying seja como agressor reproduzindo piamente a violência
que sofrem em casa ou como vitima em função da carência de algum defensor
ou de alguém que o orientem.
34
Com as mudanças sociais e na divisão social do trabalho cada vez mais
os pais deixam as crianças em casa durante os dias sozinhos e sua formação é
comprometida com lacunas que só poderão ser preenchidas pelos
ensinamentos cotidianos dos pais. É certo que a escola tenta suprir esta
necessidade na formação, mas ela por si só não da conta, a violência assim,
passa a ser um problema social.
É difícil de resolver algo que nasce no meio dos núcleos familiares e
esta sendo disseminado pela sociedade atingindo pessoas de diferentes
classes sociais a influenciando uma serie de crianças. Não basta apenas
combater, tem é que se prevenir com ações formadoras capazes de restaurar
os valores que aos poucos estão se perdendo.
Famílias inteiras precisam ser conscientizadas a repeito de suas
influencias e o quanto são necessárias na formação de um ser humano que
como tal deve ser tratado tendo seus direitos garantidos e sua integridade
física, psicológica e social resguardada.
3.1 - Como dar um novo rumo à questão
É certo que a problemática do bullying tanto nos ambientes escolares
quanto no seio da própria família é complexo demais para que soluções
mágicas sejam encontradas em curto prazo. As causas são as mais diversas e
por isso a única forma de tentar combater essas praticas perpassa pela
colaboração de todos que envolvidos estão neste contexto no desenvolvimento
de estratégias próprias que sejam capazes de dar conta das especificidades de
cada fato.
Conhecer o bullying, e como o mesmo se configura nesses ambientes,
são de suma importância para que as ações contra tal seja eficaz e gere não
só os resultados positivos no que diz respeito a redução das ocorrências do
mesmo mas que sejam estratégias criadas antes de tudo para a prevenção dos
casos de bullying.
35
Para Silva (2010)
“A luta antibullying deve ser iniciada desde muito cedo, já nos primeiros anos de escolarização. A importância da precocidade das ações educacionais se deve ao incalculável poder que as crianças possuem para propagar e difundir ideias. Elas facilmente se transformam em agentes multiplicadores capazes de "educar", por vias alternativas, seus familiares e funcionários domésticos, criando-se assim um círculo vicioso no empenho pela paz.”
Essas estratégias pelo que se percebe nas palavras de Silva devem ser
iniciadas no inicio da vida escolar para que o próprio aluno consiga ser agente
transformador do ambiente escolar tornando este um espaço de paz atingindo
através de atitudes pacificas não só os colegas, mas os diversos atores que
compõem a comunidade escolar e assim fomentar uma cultura de paz baseada
em valores imprescindíveis para o bom convívio em sociedade.
É a colaboração entre todos que conseguirá acabar com este tipo de
violência e com os tantos outros tipos que se manifestam no ambiente escolar
e no da própria família. É o cultivo em cada criança dos valores que
contribuirão para um comportamento diferente dentro desses ambientes, sendo
estes valores internalizados com certeza as atitudes serão diferenciadas e isto
é indispensável para o combate a violência não só na escola, mas na
sociedade.
A família é a instituição capaz de fomentar o individuo com valores
importantíssimos para a formação de um caráter bom que vise a vida em
comunidade e o amor ao próximo. É a família que pode no primeiro momento
da vida educar para a paz e formar uma pessoa de forma que os valores sejam
facilmente reconhecidos. Porém cabe ressaltar que não é só a família que deve
primar por esta educação de valores, mas a escola, na parte que a cabe deve
zelar para que sejam trabalhados dentro da proposta e no seu próprio cotidiano
para que, tendo alunos com atitudes de paz, a violência não se propague.
36
A orientação é a de estabelecer um dialogo para que os pais de autores
de Bullying:
• Saiba que ele (a) está precisando de ajuda. • Não tente ignorar a situação, nem procure fazer de conta que está tudo bem. • Procure manter a calma e controlar sua própria agressividade ao falar com ele (a). Mostre que a violência deve ser sempre evitada. • Não o (a) agrida, nem o (a) intimide; isso só iria tornar a situação ainda pior. • Mostre que você sabe o que está acontecendo, mas procure demonstrar que você o (a) ama, apesar de não aprovar esse seu comportamento. • Converse com ele (a): procure saber por que ele (a) está agindo assim e o que poderia ser feito para ajudá-lo (a). • Garanta a ele (a) que você quer ajudá-lo (a) e que vai buscar alguma maneira de fazer isso. • Tente identificar algum problema atual que possa estar desencadeando esse tipo de comportamento. Nesse caso, ajude-o (a) a sair disso. • Com o consentimento dele, entre em contato com a escola; converse com professores, funcionários e amigos que possam ajudá-lo (a) a compreender a situação. • Dê orientações e limites firmes, capazes de ajudá-lo (a) a controlar seu comportamento. • Procure auxiliá-lo (a) a encontrar meios não agressivos para expressar suas insatisfações. • Encoraje-o (a) a pedir desculpas ao colega que ele (a) agrediu, seja pessoalmente ou por carta. • Tente descobrir alguma coisa positiva em que ele (a) se destaque e que venha a melhorar sua autoestima. • Procure criar situações em que ele (a) possa se sair bem, elogiando-o (a) sempre que isso ocorrer. (UOL/LIGAÇÃO TEEN, 2011)
Os pais de alunos que são vítimas de bullying o foco deve ser o mesmo
porem os pais devem agir de forma que:
• Não tome atitudes precipitadas. Tente controlar o seu instinto de pai/mãe protetor. • Não culpe a criança. Não parta do princípio de que o seu filho fez algo para provocar o bullying. • Manifeste – se satisfeito com o fato de o seu filho ter tido a coragem de lhe contar o sucedido. Garanta-lhe que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para o ajudar.
37
• Ouça com atenção o que o seu filho lhe conta sobre o(s) episódio(s) de Bullying. Peça-lhe para descrever como, o quê, quando, onde e com quem estes ocorreram. • Explique-lhe que o Bullying é moralmente errado, e, portanto inaceitável. • Procure perceber se alguém testemunhou o(s) episódio(s) de Bullying. • Não incentive a retaliação física como uma solução. Este tipo de atitude só irá agravar a situação.
(PORTAL DA CRIANÇA, 2010)
Enfim, essas posturas devem ser pautadas sempre em um diálogo que
consiga ajudar de forma que os envolvidos nos conflitos se sintam seguros
para que com a ajuda da família em parceria com a escola e no regime de
colaboração possa reestabelecer o bem estar de todas as pessoas e do
ambiente escolar e o fim do bullying enfim.
Paralelo a estas ações o Estado tem a sua contribuição em através de
propostas de leis voltadas para a prevenção desse tipo de violência. A lei nº
LEI Nº 6084, de 22 de novembro de 2011 que institui o programa de prevenção
e conscientização do assédio moral e violência no âmbito do estado do rio de
janeiro e a LEI N.º 5.089 de 6 de outubro de 2009 que dispõe sobre a inclusão
de medidas de conscientização, prevenção e combate ao Bullying escolar no
projeto pedagógico elaborado pelas escolas públicas do Município do Rio de
Janeiro e dá outras providências são algumas das contribuições que devem ser
desenvolvidas para prevenção e o combate do bullying.
38
CONCLUSÃO
É certo que o bullying existe em todas as unidades escolares e isso
independe de ser publica ou privada, estando ela localizada no Rio de Janeiro
ou fora dele. Os professores tem esse tipo de violência como parte integrante
de sua rotina escolar e fator determinante na dificuldade de estabelecer um
ambiente propício para que o processo ensino aprendizagem aconteça de
forma plena.
É interesse da escola e da família que esses casos de violência não
aconteçam, porém a escola não caminha só, nem a família por si só encontra
soluções, a parceria entre as duas instituições são extremamente necessárias.
É o comprometimento nas formulações de ações de combate ao bullying e
principalmente de sua prevenção que ira resolver os conflitos que podem ser
instaurados nos ambientes escolares. Esse cotidiano vivido, quando permeado
por valores, facilita o desenvolvimento dessas ações e o sucesso das mesmas
conscientizando e responsabilizando todos os que compõem a comunidade
escolar para todos em regime de colaboração dê outro rumo as questões de
tanto preocupa a sociedade como um todo.
O resultado dessas ações violentas, entretanto muitas vezes é fruto das
transformações que núcleo familiar esta sofrendo. São pais que reagem com
violência ou que desconstroem valores na tentativa de suprir as carências que
são causadas pelo ritmo da sociedade contemporânea. A escola dentro das
suas funções tenta dar conta dessas carências, mas não é possível sozinha
construir o que é necessário para o bom desenvolvimento da criança uma vez
que ela chega ao ambiente escolar com todo o aprendizado que ela adquiriu
junto a família e o seu meio social.
Acabar com a violência e consequentemente o bullying é uma das
tarefas mais complicadas em função das suas peculiaridades e diversidades de
causas e manifestações, mas algo deve ser feito de fato e preferencialmente
estabelecendo parceria entre a família e a escola.
39
Um dos primeiros passos é o conhecimento e após a observação dos
alunos para perceber se algum problema está acontecendo com ela. É preciso
que seja criado em casa e na escola vínculos capazes de promover o bem
estar e a confiança necessária para o compartilhamento e resolução dos
problemas enfrentados.
Por meio de ações comprometidas para o fim do bullying é possível
traçar ações que conscientizem os alunos do respeito que devem ter uns para
com os outros para que não hajam as vítimas, os agressores e nem as
testemunhas desses conflitos que tornam o ambiente escolar um espaço
indesejado e que algumas vezes extrapolam estes ambientes e se difundem na
internet gerando humilhações ainda maiores e pouco reversíveis diante da
amplitude que tem em tão pouco tempo.
40
ANEXOS
REPORTANGENS
Disponível em http://g1.globo.com/Tragedia-em-Realengo/noticia/2011/04/atirador-entra-em-
escola-em-realengo-mata-alunos-e-se-suicida.html consultado em 10/03/2012.
Disponível em http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/04/elas-me-bateram-quase-
desmaiei-conta-vitima-de-bullying-no-rio.html consultado em 10/03/2012.
41
Disponível em http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5216007-EI8266,00-
Rio+denuncia+de+bullying+em+escola+de+elite+vira+caso+de+policia.html consultado em 10/03/2012.
Disponível em http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/estudante-de-tradicional-colegio-do-
rio-denuncia-que-foi-vitima-de-bullyng-20110518.html consultado em 10/03/2012.
42
Disponível em http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/02/bdrj-educacao-cartilha-
oferece-informacoes-sobre-bullying.html consultado em 10/03/2012.
Disponível em http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/11/rio-formaliza-lei-para-combater-
bullying.html consultado em 10/03/2012.
43
ANEXOS
CARTILHAS
Disponível em
http://4.bp.blogspot.com/_EHU5V17QxsQ/TIMO9tTo7FI/AAAAAAAABD4/4iPsDqDc-
Z0/s1600/folder_bullying.jpg
44
Legislação - Lei Ordinária
Lei nº 5089/2009 Data da Lei 06/10/2009 LEI N.º 5.089 de 6 de outubro de 2009
Dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate ao Bullying escolar no projeto pedagógico elaborado pelas escolas públicas do Município do Rio de Janeiro e dá outras providências.
Autor: Vereador Cristiano Girão O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1° As escolas públicas da educação básica do Município do Rio de Janeiro deverão incluir em seu projeto pedagógico medidas de conscientização, prevenção e combate aoBullying escolar. Parágrafo único. A Educação Básica é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Art. 2° Entende-se por Bullying a prática de atos de violência física ou psicológica, de modo intencional e repetitivo, exercida por individuo ou grupos de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidar, agredir, causar dor, angústia ou humilhação à vitima. Parágrafo único. São exemplos de Bullying acarretar a exclusão social: subtrair coisa alheia para humilhar; perseguir; discriminar; amedontrar; destroçar pertences; instigar atos violentos, inclusive utilizando-se de meios tecnológicos. Art. 3° Constituem objetivos a serem atingidos: I – prevenir e combater a prática do Bullying nas escolas; II – capacitar docentes e equipe pedagógica para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; III – incluir regras contra o Bullying no regimento interno da escola; IV – orientar as vítimas de Bullying visando a recuperação de sua autoestima para que não sofram prejuízos em seu desenvolvimento escolar; V – orientar os agressores, por meio da pesquisa dos fatores desencadeantes de seu comportamento, sobre as conseqüências de seus atos, visando torná-los aptos ao convívio em uma sociedade pautada pelo respeito, igualdade, liberdade, justiça e solidariedade; VI – envolver a família no processo de percepção, acompanhamento e crescimento da solução conjunta. Art. 4° O Poder Executivo regulamentará a presente Lei e estabelecerá as ações a serem desenvolvidas, como palestras, debates, distribuição de cartilhas de orientação aos pais, alunos e professores, entre outras iniciativas. Art. 5° As escolas deverão manter o histórico das ocorrências de Bullying em suas dependências, devidamente atualizado, e enviar relatório, via sistema de monitoramento de ocorrências, à Secretaria Municipal de Educação. Art. 6° As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias. Art. 7° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
EDUARDO PAES
Disponível em
http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/contlei.nsf/f25edae7e64db53b032564fe005262ef/
4c9e0552c0dbfe4d032576ac00727b52?OpenDocument
45
BIBLIOGRAFIA
ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e a Adolescência. Rio de Janeiro, s/d. Disponível em: <http://www.abrapia.org.br>. Acesso em: 07/10/10. ARAMIS NETO, A. L. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. J. Pediatr. (Rio J.) [online]. 2005, v. 81, n. 5, suppl. p. s164-s172. BRAGA, Luiza de Lima. Lisboa1, Carolina. Estratégias de Coping para Lidar com o Processo de Bullying: Um Estudo Qualitativo. Revista Interamericana de Psicología/Interamerican Journal of Psychology - 2010, Vol. 44, Num. 2, pp. 321-331.
CAMARGO, Orson. Bullying. Brasil escola. Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Consultado em 03/01/2012 através de http://www.brasilescola.com/sociologia/bullying.htm. CONSTANTINO, Heloisa C. Casagrande. Elisiênia C. de Souza F. Fragnani. Violência escolar: uma visão geral sobre o fenômeno Bullying. Educar em Revista. Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas. UFPR. 2009. FAGUNDES, M. B. Aprendendo valores éticos. 5.ed Belo Horizonte: Autêntica, 2001. 111 p. FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2ª edição. Campinas SP: Veros Editora, 2005. FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. São Paulo: Versus, 2005. 224p. GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. São Paulo: Zahar, 1980. KLEWIN, G., Tillmann, K.-J. & Weingart, G. (2001). Violence in schools. In J. Hagan (Ed.) Handbook of research on violence. Westview Press in Seixas, Sonia R. P. M. M. Comportamentos de bullying entre pares: Bem estar e ajustamento escolar. Consultado em 04/01/2012 através de http://repositorio.ipsantarem.pt/bitstream/10400.15/111/1/Tese.Dout.Sonia.Seixas.pdf LIGAÇÃO TEEN/UOL. Bullying: conselho aos pais e educadores. Disponível em http://ligacaoteen.virgula.uol.com.br/lifestyle/comportamento/bullying-onselhos-aos-pais-e-educadores/4693/ consultado em 13/02/2012.
LISBOA, C. (2005). Comportamento agressivo, vitimização e relações de amizade de crianças em idade escolar: Fatores de risco e proteção. Tese de
46
Doutorado não-publicada, Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. LISBOA, C., Braga, L., & Ebert, G. (2009). O fenômeno bullying ou vitimização entre pares na atualidade: Definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. Contextos Clínicos, 2(1), 59-71. LOPES Neto AA. Bullying – comportamento agressivo entre estudantes. J Pediatr (Rio J). 2005;81(5 Supl):S164-S172. LUIS NASSIF ON LINE. Rio de Janeiro aprova lei anti-bullying nas escolas Disponível em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/rio-de-janeiro-aprova-lei-anti-bullying-nas-escolas Consultado em 27/03/2012. MARTINELLI, M. Conversando sobre educação em valores humanos. 3. ed São Paulo: Fundação Petrópolis, 1999. 137 p. MEIO NORTE, Atirador fala sobre bullying e preparativos para massacre. Disponível em http://www.meionorte.com/noticias/policia/atirador-fala-sobre-bullying-e-preparativos-para-massacre-128670.html, consultado em 13/02/2012. MONTEIRO, L. Como lidar com o BULLYING nas escolas - Dica para os pais. Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2007. Disponível em: <http://www.observatoriodainfancia.com.br/article.php3?id_article=258> Acesso em: 28/09/09. NETO, A. (2005). Diga não para o bullying. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes. Rio de Janeiro, RJ: Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência. OLWEUS, D. (1978). Agression in schools: Bullies and whipping boys. Washington, DC: Hemisphere. OLWEUS, D. (1991). Bully/victim problems among school children: Basic factors and effects of a school-based intervention program. In D. J. Pepler & K. H. Rubin (Eds.), The development and treatment of childhood aggression (pp. 411-448). Hillsdale, NJ: Erlbaum. OLWEUS, D. (1993). Bullying at school: What we know and what we can do. London: Blackwell. PEPLER, D., & Craig, W. (1995.) A peek behind the fence: Naturalistic observations of aggressive children with remote audiovisual recording. Developmental Psychology, 31, 548-553.
47
PORTAL DA CRIANÇA. Joana Silva. Bullying - Aos Pais e Educadores. Disponível em http://www.portaldacrianca.com.pt/artigosa.php?id=99 consultado em 26/02/2012. SALGADO, Gisele Mascarelli. O bullying como prática de desrespeito social: Um estudo sobre a dificuldade lidar com o bullying escolar no contexto do Direito. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 79, 01/08/2010 [Internet]. Acessado em 03/01/2012 através de http://www.ambito-juridico.com.br/site/ index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8172. SALMIVALLI, C. (1998). Not only bullies and victims: Participation in harassment in school classes: Some social and personality factors. Annales Universitatis Turkuensis, B-225. SILVA, Ana Beatriz B. Bullying: mentes perigosas nas Escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. SMITH, P., & Sharp, S. (1994). School bullying, insights and perspectives. London: Routledge. Sodré, Muniz. O monopólio da fala: função e linguagem da televisão no Brasil. 7.ed. Petrópolis: Vozes, 2001. Q divertido. PROGRAMA DE REDUÇÃO DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO ENTRE ESTUDANTES Consultado em 08/01/2012 através de http://www.qdivertido.com.br/verartigo.php?codigo=5
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O conceito de Bullying 11
1.1 - Cyberbullying 15
CAPÍTULO II
O bullying na escola 17
2.1 - Causas e consequências 20
2.2 - Professores e o bullying 23
2.3 - Um problema social que ganhou destaque na mídia 27
CAPÍTULO III
O importante papel da família 30
3.1 - Como dar um novo rumo à questão 34
CONCLUSÃO 37
ANEXOS 40
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 48