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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE E DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA A FORMAÇÃO DO
ESQUEMA CORPORAL EM CRIANÇAS DE 03 A 06 ANOS.
Por: Vanessa Carvalho Lopes
Orientadora:
Prof. Ms Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE E DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA A FORMAÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL EM CRIANÇAS DE 03 A 06
ANOS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicomotricidade
Por: Vanessa Carvalho Lopes
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, amigos e alunos por
sua companhia na jornada da vida.
DEDICATÓRIA
Dedico em especial ao querido primo Cícero,
uma criança especial em todos os sentidos, um
batalhador desde a hora que nasceu.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da formação
adequada do esquema corporal em crianças de 03 a 06 anos, e demonstrar
como a psicomotricidade dentro das aulas de educação física escolar tem um
papel fundamental para essa finalidade. A fundamentação da pesquisa
proposta está nos estudos realizados pelos principais autores da área e se
propõe perceber a necessidade do brincar, dos jogos, das brincadeiras e do
lúdico para um desenvolvimento global de crianças de 03 a 06 anos.
Palavra-chave: Educação Infantil/ psicomotricidade/ brincar.
METODOLOGIA
Esta pesquisa de caráter direto tem a intenção de analisar a importância
da psicomotricidade nas aulas de educação física escolar, principalmente na
fase dos 03 a 06 anos para a formação adequada do esquema corporal através
de uma metodologia bibliográfica baseada nos principais autores relacionados
ao tema.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – PSICOMOTRICIDADE E A FORMAÇÃO DO ESQUEMA 10
CORPORAL.
CAPÍTULO II – PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 17
CAPÍLULO III – O EDUCADOR FÍSICO COMO PSICOMOTRICISTA 23
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA 33
ÍNDICE 35
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem a intenção de demonstrar a importância da
formação adequada do esquema corporal em crianças de 03 a 06 anos,
utilizando para esse objetivo os conceitos da psicomotricidade nas aulas de
educação física escolar. Esta pesquisa originou-se ao constatar que algumas
crianças têm dificuldade de conhecer seu corpo, de perceber o espaço que
seu corpo ocupa e dificuldade de reconhecer o lado direito e o lado esquerdo
do seu corpo. Levando a acreditar que tiveram pouca estimulação sensório
motora.
Alguns pais, educadores e até mesmo instituições de ensino se
preocupam muito mais com os conteúdos que podem ser mensurados através
de notas ou conceitos, que não sabem ou esquecem-se da importância da
estimulação sensório motora, de um bom esquema corporal para as futuras
etapas que esse indivíduo irá enfrentar.
A aula de educação física é de suma importância, pois é nesse
momento que a criança será estimulada em todas as suas potencialidades.
Diante dessa possibilidade é interessante o trabalho conjunto do professor
regente com o educador físico. O brincar, os jogos simbólicos, o faz de conta,
faz parte do arsenal que o educador físico detém para estimular esse ser em
desenvolvimento. Quanto mais estímulos essa criança receber, mais chance
dela ter sucesso em outras áreas do conhecimento.
A pesquisa proposta está dividida em três capítulos que serão
trabalhados da seguinte forma:
9
O primeiro capítulo aborda a psicomotricidade na formação do
esquema corporal enfocando os principais autores e estudiosos da área, além
de salientar a importância desse formação adequada para a formação global
da criança, salientando a necessidade do esquema corporal para a vida.
O segundo capítulo aborda a importância da educação física
escolar e a psicomotricidade inserida nesse contexto. Demostrando a
importância dos conteúdos da educação física, analisando o “brincar “, o jogar,
o imitar que nessa fase é de extrema importância.
No terceiro e último capítulo será enfatizado o papel do educador
físico como psicomotricista no desenvolvimento do esquema corporal além de
exemplificar alguns jogos psicomotores e a educação psicomotora como forma
de melhorar algumas possíveis dificuldades de aprendizagem, analisando o
papel desse educador na escola.
10
CAPÍTULO I
PSICOMOTRICIDADE E A FORMAÇÃO DO ESQUEMA
CORPORAL
Desde sempre o ser humano movimenta-se. Ainda no útero materno
ele comunica-se através de seus movimentos que são percebidos pelos seus
pais como forma de se expressar e são estes que desde cedo atribuem
significado sociais a esses movimentos. Movimento e desenvolvimento
caminham lado a lado.
A psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através do seu
corpo em movimento. De acordo com a Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade (1999) A relação do homem com seu mundo interno e
externo bem como seu movimento é objeto de estudo da psicomotricidade,
além da sua forma de agir e atuar com o outro e com ele próprio.
Essa ciência está ligada ao processo de amadurecimento e percebe
o corpo humano como fonte das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
Fundamenta-se no ato de movimentar-se, no intelecto e na afetividade.
Portanto, o movimento integrado e organizado em virtude das experimentações
vivenciadas pelo indivíduo é objeto de estudo da psicomotricidade que em sua
origem, estava ligada a áreas mais neurofisiológicas e neuropsiquiátricas,
porém com o envolvimento de psicólogos e professores a concepção se
expandiu para outras áreas do conhecimento, como a pedagógica. Vários
autores influenciaram para que a psicomotricidade alcançasse uma visão mais
pedagógica, entre eles, Wallon, Piaget e Lê Boulch que estudaram a formação
da inteligência através da motricidade infantil.
Segundo Barros e Barros (2005) a psicomotricidade é concebida
como ação fundamentalmente educativa, integrada e baseada na
11
comunicação, linguagem e movimentos naturais e espontâneos, com o objetivo
aperfeiçoar o movimento global do individuo. No trabalho com crianças deve-se
levar em conta o ritmo próprio que cada um traz nos seus genes, ritmo esse
que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento. Nesse contexto, é
importante também considerar que o ambiente de desenvolvimento dessa
criança que é uma variável importante que influencia esse ritmo próprio.
Muitos estudos e pesquisas foram desenvolvidos com o intuito de
demonstrar a necessidade de um bom desenvolvimento psicomotor e cognitivo
desde a primeira infância. O desenvolvimento psicomotor está intimamente
relacionada a um bom aprendizado da escrita e leitura, é comprovado que
crianças que tiveram acesso a uma educação infantil de qualidade têm
melhores resultados escolares quando em classes mais avançadas.
Assim, a escola, mais especificamente a educação infantil é um local
muito propício ao desenvolvimento psicomotor onde o cognitivo, motor e afetivo
garantido pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil (1998,
v.3, p. 18). A criança necessita de adultos que traduzam seus movimentos e
expressões até que ela própria, de maneira autônoma, consiga sozinha
satisfazer suas necessidades de movimento. É importante estimular a prática
de atividades físicas desde cedo, incentivar o movimento em todas as etapas
da vida da criança para que ela compreenda seu corpo dentro do espaço.
Em psicomotricidade trabalha-se a educação psicomotora, a
reeducação psicomotora e terapia psicomotora através de dez funções
psicomotoras, são elas:
• Tônus muscular ( também chamado de tônus de postura)
Chamamos de tônus muscular ou de postura o estado de tensão
permanente do músculo estriado e está relacionado à função de equilíbrio e a
regulação do ato motor.
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• Locomoção
Ligado às funções de locomoção e as coordenações necessárias
para o deslocamento do corpo no espaço.
• Coordenações globais
Chamada também de coordenação ampla. É assim definida por
colocar em ação diversos grupos musculares de forma simultânea e
harmônica, controlado movimentos amplos como um movimento desportivo por
exemplo.
• Motricidade fina
A grosso modo, diz respeito ao movimento de pequenos músculos,
ligados principalmente a atividade manual, lingual, labial, digital e ocular.
• Organização espacial e temporal
Esse tipo de habilidade diz respeito à capacidade de se orientar e se
situar em um determinado espaço partindo do próprio indivíduo para o espaço
mais amplo. O trabalho dessas estruturas envolve em cima, em baixo, perto,
longe, dentro, fora.
• Ritmo
Está ligado a organização espacial e é necessário para o
aprendizado da escrita e a leitura.
• Lateralidade
É um dos aprendizados mais importantes em psicomotricidade, visto
que um desenvolvimento inadequado da lateralidade implica em dificuldades
na leitura e na escrita, por conta do confundimento na orientação espacial,
alguns exemplos são clássicos, como letras e números espelhados, troca de
letras. Lateralidade é a manifestação dos lados do hemisfério cerebral.
13
• Equilíbrio
É a forma de distribuição do peso corporal em relação ao centro da
gravidade, lembrando que o equilíbrio é o tempo inteiro estabelecido e perdido
e este pode ser trabalhado como equilíbrio dinâmico e estático. Um mau
equilíbrio motor afeta diretamente o esquema corporal.
• Relaxamento
Fenômeno muscular aliado ao sistema nervoso. Resulta na
diminuição de tensão de um determinado grupo muscular ou do corpo inteiro.
• Esquema corporal
O trabalho proposto visa demonstrar a importância da
psicomotricidade e da educação física escolar para o desenvolvimento do
esquema corporal em crianças de 03 a 06 anos. No entanto, o que é esquema
corporal?
1.1 Esquema corporal
Esquema corporal não é algo que possa ser ensinado ou aprendido
ou ainda que possa ser treinado, ele se processa através das experiências e
experimentações, das vivencias corporais, da compreensão do corpo no
espaço. O esquema corporal é uma construção que se dá gradualmente de
acordo com o uso que a criança faz do corpo desde o nascimento.
Essa percepção corporal é gradual e resulta da interação desse
corpo com os objetos, pessoas e o local onde se estabelece relações afetivas,
compreendendo o corpo não como um amontoado de partes com funções
especificas, mas também um lugar onde as emoções se manifestam.
Uma organização adequada do esquema corporal propicia a criança
um desenvolvimento pleno. Quando a criança conhece seu corpo e tem
14
domínio sobre ele, ela pode utilizar toda a sua potencialidade para alcançar
seus objetivos.
1.2 Etapas do esquema corporal
Le Boulch (1992) como estudioso da psicomotricidade propôs
etapas que caracterizam alguns comportamentos em determinada faixa etária.
Essas características determinadas facilitam o planejamento de atividades
interessantes do ponto de vista da necessidade daquele indivíduo. São elas:
1.2.1 Corpo vivido ( até 3 anos )
O bebê não se separa do meio ambiente, sentindo como se os dois
fossem uma coisa só. No decorrer do crescimento ocorre à ampliação do seu
sistema nervoso central e de sua experimentação e ele passa a diferenciar-se
do meio. Nessa etapa a criança movimenta-se com espontaneidade e sua
experiência motora se amplia.
1.2.2 Corpo percebido ou descoberto ( 3 a 7 anos )
É nessa fase em que o esquema corporal começa a organizar-se
através da maturação da função de interiorização que se define como a
habilidade de deslocar sua atenção do ambiente para o seu corpo, o que
permite uma tomada de consciência. Essa função é um ajustamento
espontâneo que possibilita maior domínio corporal. A criança passa a ter
movimentos mais voluntários, refinados, alcançando maior coordenação
conseguindo reconhecer o longe, perto, em cima, em baixo e o corpo dela
passa a ser referência. Também adquire a compreensão temporal.
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Notamos que, entre os três e os seis anos, a criança
ainda não tem resolvido o duplo problema do ajustamento
eficaz e do controle segmentário durante a execução motriz.
Não existe, pois, no plano da coordenação prática
propriamente dita, progresso significativo desta idade. A forma
de aprendizado é um aprendizado primário por insight, o qual
se deve continuar exercendo globalmente (LE BOULCH, 1992,
p. 103).
1.2.3 Corpo representado ( 7 a 12 anos )
Nessa fase acontece a estruturação do esquema corporal. A
imagem que a criança tem de si ainda é estática, só a partir doa 10 anos é a
criança começa pensar e imaginar seu corpo em movimento. Antes disso a
imagem que tinha de si era reprodutora, a partir de então sua imagem passa a
ser antecipatória. A referência não está mais centrada no corpo e sim no
mundo externo. De acordo com Le Boulch ( 1992 ) a criança começa a ter
conhecimento do seu corpo projetando sua imagem no outro e seu primeiro
espelho é o corpo da mãe.
A experiência do espelho desencadeia apropriação da
imagem especular, permitindo a fusão de duas realidades do
corpo: uma primitiva, feita de sensações viscerais, musculares
e cinestésicas difusas organizadas como um todo nos
ajustamentos práxicos e posturais; a outra, que servirá de
trama à organização do esquema corporal, verdadeira imagem
visual representada por uma figura fechada destacando-se
sobre um fundo interior, no qual certos elementos tenham sido
identificados. (LE BOULCH, 1992, p. 99).
16
Um esquema corporal confuso pode resultar em muitas dificuldades
como incapacidade de percepção ou controle corporal, dificuldades no controle
respiratório, dificuldades no equilíbrio e na coordenação, dificuldades na
orientação espaço temporal. Essas insuficiências ou dificuldades acarretaram a
longo prazo outras dificuldades, dessa vez relacionadas à leitura, a escrita, a
prática desportiva, a orientação. Propiciar a criança ambiente adequado,
experiências motoras correspondentes à idade e de acordo com o
desenvolvimento é de extrema importância.
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CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR.
Desde que surgiu, a educação física já passou por muitas
transformações, servindo a muitos objetivos, incluindo os políticos. Seu
enfoque já esteve no higienismo (1889-1930), onde sua ênfase estava centrada
na saúde, militarismo (1930-1945), que pretendia construir uma juventude forte
e pronta para defender seu país, pedagogicista (1945-1964) que tinha a
proposta de formar o indivíduo, seu caráter e sua moral, competitivista (1964-
1985) cujo objetivo era a performance, a formação de atletas que colocariam
seu país no pódio e por fim a educação física popular (1985) que tinha como
objetivo retirar a educação física dessa postura de competição e enfocar mais
no lúdico, no prazer, na brincadeira e na organização dos trabalhadores.
No fim da década de setenta, começou a surgir mais uma mudança.
Apareceram as primeiras tentativas de abandonar esse antigo modo de ver a
atividade do corpo e passa-se a surgir uma nova prática e os jogos
psicomotores começam a ser utilizados nas aulas de educação física. A
abordagem da psicomotricidade nas escolas brasileiras segundo Soares (1996)
foi o primeiro movimento mais fundamentado da educação física. Esse
movimento visava o desenvolvimento integral da criança, levando em
consideração todos os processos que envolvem o desenvolvimento.
Jean Lê Boulch (1983) disse que a psicomotricidade deve seu
surgimento ao fato da educação física escolar deixar a desejar no que diz
respeito a trabalhar o corpo de forma plena, não proporcionando a criança uma
formação integral e adequada. Dessa forma a educação física escolar
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preocupava-se com o ensino apenas de movimentos mecânicos, importados de
outras culturas e que nada lembrava uma educação integral do corpo.
Pode parecer para os mais leigos ao observar uma aula de
educação física e uma atividade de jogos psicomotores que são a mesma
coisa. No entanto não são. Embora apresente muitas semelhanças, cada uma
tem suas peculiaridades e finalidades, porém podem trabalhar de forma
integrada para o benefício da criança.
A educação física oferece a possibilidade de a criança experimentar
e explorar seu corpo, favorecendo sua aprendizagem e seu desenvolvimento,
além de promover socialização. Já a psicomotricidade, como vimos no capítulo
anterior, estuda o movimento humano, organizado como um sistema
expressivo e representativo.
No decorrer das aulas de educação física o aspecto mais focado é o
corpo e o movimento. Partindo dessa afirmativa esses momentos devem
oferecer a criança memórias afetivas no que diz respeito à atividade física e o
movimento, além de desenvolver a motricidade desta. Ações como correr,
rolar, rastejar, saltar, trepar, pendurar, correr são atividades que remetem ao
prazer, a liberdade. Pesquisas revelam que quando uma criança experimenta
atividades físicas desde pequena ela não abandonara mais a prática de
atividade física ao longo da vida e a recíproca é verdadeira, ou seja, uma
criança que não praticou atividades físicas quando criança provavelmente será
um adulto com dificuldades em ser uma pessoa fisicamente ativa. Isso pode
ser um problema, já que o sedentarismo é hoje uma preocupação mundial e
uma questão de saúde pública.
Uma aula de educação física escolar deve antes de tudo atentar
para as necessidades de faixa etária do grupo para o qual ela foi destinada,
cada idade tem necessidades próprias de desenvolvimento, experiências
corporais e uma gama de funções psicomotores a serem exploradas e
organizadas. De acordo com Borges (2002) as funções cognitivas se
organizam a partir das funções motoras.
Uma educação física escolar bem estruturada, utilizando os
inúmeros recursos, dentre eles a psicomotricidade, pode facilitar a
aprendizagem de futuras aquisições. A leitura, a escrita, os cálculos
matemáticos, a organização espacial, etc... Essas aprendizagens podem ser
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facilitadas pelas vivências corporais adequadas, por uma atividade física que
privilegia o desenvolvimento pleno.
De acordo com Catunda (2005) o recurso mais importante da
educação física escolar é o movimento, que aparece como base para outras
atividades que se utilizam as sensações que evocam uma ação.
O brincar é capaz de apresentar, de maneira
resumida como ferramenta competente, vias para o
desenvolvimento dos aspectos da formação do humano,
como a cognição, afetividade, amadurecimento
psicológico e motricidade (CATUNDA, 2005, p. 18).
Segundo Gallahue (2005, p. 208) “na educação física deve ser
empregada uma abordagem em que inúmeras experiências sejam
incorporadas, a partir das várias formas sensoriais”. E segundo Piaget (1983)
apud Catunda (2005, p.46) “toda a bagagem cognitiva é estruturada através da
ação sobre o objeto de conhecimento”. Por meio de experiências corporais
prazerosas o desenvolvimento de capacidades cognitivas se dá de forma mais
efetiva.
2.1 Educação física escolar e a psicomotricidade no desenvolvimento de crianças especiais.
Apesar do estatuto da criança e do adolescente ( ECA – artigo 53 )
garantir que a criança tem direito a educação visando seu pleno
desenvolvimento, preparo para o exercício da cidadania, assegurado entre
outras coisas. Igualdade de acesso e permanência na escola. Infelizmente,
uma parcela considerável, ainda luta para ter esse acesso igualitário a uma
educação plena.
Quando falamos de educação, estamos falando em desenvolvimento
integral, pleno, satisfatório. Em possibilitar que a criança, seja ela especial ou
não, tenha, dentro de suas limitações, acesso igual.
20
2.2 Psicomotricidade e a criança especial.
A denominação não deixa dúvida, crianças especiais isto é, que
apresentam algum tipo de deficiência, necessitam de necessidades educativas
especiais e isso inclui um ambiente especial, um planejamento educacional
especial, um olhar especial... Inúmeras vezes, crianças com necessidades
especiais são matriculadas em escolas convencionais onde há pouco preparo,
pouca orientação e espaço inadequado.
O tema inclusão tem sido amplamente difundido em nossa
sociedade e muito frequentemente quando se pensa nesse tema se pensa em
escola, em deficientes, em acesso, em incluir crianças especiais na sala onde
estão crianças ditas normais em grande maioria, no entanto inclusão é garantir
ao indivíduo um direito. Todos tem direito a educação, todas as minorias tem
direitos que deveriam ser garantidos e muitas vezes não são.
Há uma gama de necessidades especiais, entre elas: deficiência
auditiva, física, visual, mental, síndromes de origem genética e cada uma delas
com suas peculiaridades requer uma atividade específica. Segundo o IBGE,
(censo 2011) no Brasil há cerca de 19 milhões de deficientes, que precisam ser
olhados em suas diferenças.
O indivíduo com necessidades especiais precisa antes de tudo de
exercícios que possuam um certo significado e que coadunem para um
desenvolvimento mais pleno e equilibrado. Atividades relacionais, atividades
que compensem e lhes dê autonomia são sempre bem vindas. A
psicomotricidade possui um papel fundamental e muito importante no que diz
respeito ao autoconhecimento, seus limites e o quanto esses limites podem ser
superados. Além das experiências com o outro e da enorme troca que o
convívio com o outro deficiente ou não pode proporcionar.
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A sala de aula que consegue adaptar-se às
necessidades óbvias de um aluno, invariavelmente
beneficia pessoas cujas necessidades não são tão óbvias.
Se não houver outra utilidade, adaptar as escolas e as
turmas para incluir todos significa dizer, implicitamente, "a
escola pertence a todos". Stainback (1999, p. 404)
Levitt (1997) salienta que qualquer que seja a limitação, a criança
tem certas habilidades que precisam ser trabalhadas pelo educador.
A psicomotricidade é um instrumento com uma gama enorme de
possibilidades para o trabalho com portadores de necessidades especiais, as
habilidades perceptivo-motor, coordenativas, afetivas que trabalham o ser
humano de forma plena, preventiva e terapêutica. Essa intervenção, deve
melhorar todos os aspectos da vida desse educando, propiciando a ele
experiências onde o mesmo supere suas dificuldades, conscientizando-se
sobre o que pode fazer e que pode fazer e o quanto essa descoberta pode ser
prazerosa.
A pessoa portadora de deficiência necessita de contínua
estimulação e, isto desafia o educador a ser criativo. “O professor deve
propiciar um clima de criatividade em suas aulas para que haja prazer no
ensino/aprendizado” (CABRAL, 2001, p. 62).
De acordo com Fonseca (1988, p.12), “a
psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar
do corpo e da motricidade humana”. Seu objetivo é o
humano total em suas relações com o corpo, sejam elas
integradoras, emocionais, simbólicas ou cognitivas,
propondo-se desenvolver faculdades expressivas do
sujeito.
A psicomotricidade precisa ser vivenciada, experimentada e
esgotada em todas as suas possibilidades, principalmente no que diz respeito à
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educandos com necessidades especiais. O profissional de educação física na
escola deve ter conhecimento da importância que a atividade física para um
aluno que possui limitações, sejam elas físicas ou mentais e o quanto um
trabalho bem direcionado, bem estruturado pode contribuir com a evolução
dessas crianças.
As atividades práticas realizadas com crianças portadores de
necessidades educativas especiais devem beneficiar a aquisição de novas
habilidades além de proporcionar a melhoria das habilidades já adquiridas. Não
se pode deixar de focar a socialização, a inclusão, o pertencimento. A escola
não pode permitir que atitudes segregadoras sejam reforçadas em suas
atividades. Em se tratando de crianças na primeira infância é necessário focar
em atividades de exploração e conhecimento do corpo. As atividades
realizadas numa aula de educação física convencional pode e deve ser
adaptada para crianças portadoras de necessidades especiais. Por esse
motivo a educação física é chamada de educação física adaptada.
Psicomotricidade faz parte do currículo das graduações em
educação física tamanha a sua importância para a formação do profissional e
sendo assim, a educação física escolar aliada a psicomotricidade em todos os
seus aspectos constitui-se um importante instrumento para um pleno
desenvolvimento das crianças em suas várias necessidades.
23
CAPÍTULO III
O EDUCADOR FÍSICO COMO PSICOMOTRICISTA
Passaremos a tratar do profissional de educação física como
psicomotricista e para compreendermos suas atividades tanto na escola como
em outras áreas de atuação faz-se necessário conhecer sua formação e seus
objetivos.
3.1 Formação e atuação do profissional de Educação
Física.
Nos dias de hoje a Educação Física está situada como profissão na
área da saúde e divide-se em licenciatura (que habilita o indivíduo a lecionar na
educação básica e dura três anos ou seis períodos) e em um curso de
bacharelado (que possibilita o indivíduo a atuar nos diversos ramos da
atividade física, exceto no âmbito escolar e dura quatro anos ou oito períodos).
Independente da escolha, se licenciatura, se bacharelado, o objetivo é o
mesmo, a melhoria da qualidade de vida. No primeiro caso, orientando o
discente para uma vida saudável, além de possibilitar o conhecimento do corpo
e de suas potencialidades, situando no contexto da cultura corporal de
movimento, no segundo, atuando diretamente para o bem-estar e melhoria do
condicionamento físico.
A educação física é uma área do conhecimento que tem como
objetivo o desenvolvimento humano em todas as suas possibilidades e tem
como ponto central o movimento que é comum à diversas outras áreas. O
profissional de educação física trabalha com atividades físicas, em todos os
seus campos. Dentre eles: a ginástica, os esportes, os jogos, as lutas e as
danças ( atividades rítmicas e expressivas). Além de atividades laborais,
preventivas e terapêuticas, de reabilitação funcional tendo como finalidade
favorecer o desenvolvimento, melhorando a capacidade física, melhorando a
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qualidade de vida e o bem estar. Além de contribuir para a melhoria da
integração, socialização do indivíduo.
A resolução do Conselho Federal de Educação Física Nº. 46/2002,
que em seu Artigo 1º expressa:
1. Educação Física.
Nesta área o profissional tem a responsabilidades de administrar
aulas para todas as pessoas e em todas as instituições para as quais o
exercício físico não tenha como objetivo a formação de atletas, ou seja, seria a
educação das capacidades motoras e o fortalecimento da saúde. Tal como
aparece em todos os países quando analisamos objetivos da Educação Física
dentro do Sistema Educacional.
A título de exemplo, se pode dizer que as instituições que
desenvolvem este tipo de trabalho em qualquer país, incluindo o Brasil, são:
infantis de 0 – 6 anos (creches), ensino fundamental e médio, universidades
(este último, em alguns países), adultos, ginástica laboral, academias, etc.
2. Esportes.
Esta área corresponde ao Sistema de Formação de Atletas para o
Alto Rendimento, que para o nosso caso, refere-se ao esporte de base; já que
para os outros degraus da pirâmide deste sistema, o próprio profissional deve
demonstrar e acumular conhecimentos e resultados.
A título de exemplo, se pode dizer que as instituições que desenvolvem este
tipo de trabalho em qualquer país, incluindo o Brasil, são: clubes, escolas
desportivas (escolinhas), etc.
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3. Recreação.
Esta área corresponde às atividades físicas que deve desenvolver o
profissional com o objetivo de orientar a utilização do tempo livre na população
em geral.
A título de exemplo, se pode dizer que as instituições que
desenvolvem este tipo de trabalho em qualquer país, incluindo o Brasil, são:
animador em centros turísticos, camping e outras instituições deste tipo.
4. Saúde.
Esta área corresponde às atividades físicas (em suas diferentes
formas de organização – aulas, excursões, caminhadas, etc.) que deve
desenvolver o profissional com a população doente sempre que o médico
autorize esse tipo de atividade.
Devido à concepção errada que infelizmente possuem muitos de
nossos profissionais da área de saúde, que o Profissional de Educação Física
deve só trabalhar na prevenção e não na reabilitação como indica a Res. Nº.
46/2002 do CONFEF, os cursos de licenciatura praticamente não abordam este
campo e os de bacharelado o fazem de forma restrita, quando na realidade a
pessoa doente que deve fazer exercício físico para sua enfermidade aparece
tanto na escola como fora desta. Não pretendemos com isto que as aulas de
E.F. na escola virem sessões de reabilitação; mas ao mesmo que o
Profissional de E.F. saiba que exercícios físicos são recomendados e
contraindicados para as doenças que os alunos tenham.
A título de exemplo, se pode dizer que as instituições que
desenvolvem este tipo de trabalho em qualquer país, incluindo o Brasil, são:
hospitais, centro de reabilitação, escolas ou centros de educação especial,
projetos de 3ª Idade, etc.
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3.2 Educador físico na escola.
“Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física, ( 1997
p.15)” trazem uma proposta que procura democratizar, humanizar e diversificar
a prática pedagógica da Educação Física, buscando ampliar, de uma visão
apenas biológica, para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas,
cognitivas e socioculturais dos alunos. Incorpora, de forma organizada, as
principais questões que o professor deve considerar no desenvolvimento de
seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as avaliações da
prática de Educação Física.”
Segundo Rosamilha (1979, p.74) no Edital nº20 de 04/04/61, da
cidade do Rio de Janeiro, “A Educação Física nas escolas primárias terá por
finalidade [...] promover, por meio de atividades físicas adequadas, o
desenvolvimento integral da criança, permitindo que cada uma atinja o máximo
de sua capacidade física e mental, contribuindo na formação de sua
personalidade e integração no meio social, [...]”.
Educação física também deve ser: “(...) um espaço
educativo privilegiado para promover as relações interpessoais,
a autoestima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que
cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas
possibilidades e limitações pessoais. De Marco (1995 p. 77)
O profissional de educação física possui muitos instrumentos para
estimular o desenvolvimento humano desde etapas escolares iniciais, são eles:
a brincadeira e o jogo. Essa estimulação ao desenvolvimento através de jogos
e brincadeiras que, voluntariamente, incentivam a imaginação, a criatividade,
as relações interpessoais e o própria maturação devem fazer parte do
planejamento dos educadores físicos. Sendo assim, entende-se que a
educação física escolar tem um papel importantíssimo no aprendizado e
consequentemente no desenvolvimento da criança. Atividades corporais bem
elaboradas, realizadas pelo profissional com formação para isso e levando em
27
consideração as necessidades da criança são fundamentais para um
desenvolvimento saudável e feliz, além de corroborar para o aprendizado
eficaz de outras áreas do conhecimento. Uma criança com uma boa formação
do esquema corporal, da lateralidade dificilmente encontrará dificuldades na
escrita e na leitura no que diz respeito ao posicionamento no caderno.
A partir da brincadeira e do jogo, a criança utiliza a imaginação que
“é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, que não
está presente nos animais nem na criança muito pequena” (Rego, 1995, p.81).
(...) “as atividades de correr, saltar, arremessar (atletismo
ligeiro), trepar, pendurar-se, equilibrar-se, levantar e
transportar, puxar, empurrar, saltitar, girar, saltar corda
permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto
expressão, concorrem para a manutenção da saúde,
favorecem o crescimento, previnem e corrigem os defeitos de
atitude”. Barros e Barros (1972, p.16).
“Mesmo havendo uma significativa distância entre o
comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo,
a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras
a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento
proximal, na medida em que impulsionam conceitos e
processos em desenvolvimento" (Rego, 1995, p. 83).
O contato com outras pessoas é essencial para o desenvolvimento
humano e a função do professor é o de facilitador desse desenvolvimento
fazendo intervenções de forma proposital, incitando a criança a aumentar
sucessivamente seus conhecimentos e habilidades por meio de desafios, de
problemas envolvendo suas experi6encias e relações interpessoais. A
educação deve proporcionar a criança a elaboração do próprio conhecimento,
a releitura e a reestruturação das suas experimentações socioculturais. O
28
professor então deve aliar relacionar as peculiaridades de cada fase e as
especificidades e objetivos de cada jogo e brincadeira.
3.3 Educação física e a abordagem psicomotora.
A partir da década de 70 surgiram na educação física novas
concepções que levavam em consideração os aspectos psicológicos,
sociológicos e filosóficos e o objetivo dessas novas concepções era propiciar
ao indivíduo um desenvolvimento holístico altercando as múltiplas faces do ser
humano. As abordagens mais conhecidas são: psicomotora,
desenvolvimentista e construtivista.
3.3.1 Abordagem psicomotora
A psicomotricidade é o primeiro movimento mais articulado que
aparece a partir da década de 70 em contraposição aos modelos anteriores.
Nele, o envolvimento da Educação Física é com o desenvolvimento da criança,
com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores,
ou seja, buscando garantir a formação integral do aluno. Para este modelo, a
Educação Física não tem um conteúdo próprio, mas é um conjunto de meios
para a reabilitação, readaptação e integração.
O discurso e a prática da Educação Física sob a influência da
psicomotricidade conduzem à necessidade de o professor de Educação Física
sentir-se um professor com responsabilidades escolares e pedagógicas.
Buscam desatrelar sua atuação na escola dos pressupostos da instituição
desportiva, valorizando o processo de aprendizagem e não mais a execução de
um gesto técnico isolado. Parâmetros curriculares nacionais ( 1997 p. 23)
Os jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas trazem consigo
inúmeros benefícios no que diz respeito a comunicação, expressão, lazer,
manutenção e melhoria da qualidade de vida e da saúde.
29
3.4 O educador físico como psicomotricista
Jean Le Boulch, Lapierre, Aucouturier defendem que a
psicomotricidade deve ser prática contínua a fim de proporcionar ao indivíduo
autonomia criativa. Já a educação física escolar deve oportunizar ao aluno o
desenvolvimento das potencialidades de maneira não segregadora, mas
agregadora. O educador físico deve buscar integrar as áreas do conhecimento
trabalhando de forma multidisciplinar onde os conhecimentos da
psicomotricidade sejam abrangidos pelas aulas de educação física. A
psicomotricidade nas aulas de educação física é um instrumento para facilitar a
aprendizagem escolar contribuindo para a formação da corporeidade do
indivíduo. Além de melhorar possíveis dificuldades de aprendizagem através de
práticas psicomotoras nas séries posteriores já tratamos de educação infantil
De acordo com Vitor da Fonseca (1988) a psicomotricidade nos
dia de hoje é encarada, percebida como meio de integração da
motricidade humana, que nada mais é do que fruto da interação do sujeito
com o meio que o cerca, onde sua consciência corporal ganha corpo e
forma.
A tomada de consciência sobre o poder de agir sobre o corpo e
a associação do sentir com o agir confere ao indivíduo a autonomia que
tanto se busca nas práticas corporais. Segundo Lapierre ( 1988) Faz com
que o indivíduo descubra o prazer em movimentar-se, o prazer de
movimenta-se de forma simples e complexa, vivenciando experiências
motoras prazerosas. É sabido que quando a criança tem experiências
corporais prazerosas durante sua infância ela não abandonará a prática
de atividades físicas quando adulta o que sabemos que é um dos pilares
da vida saudável.
As atividades motoras nas aulas de educação física associada
aos conhecimentos da psicomotricidade permitem a criança um
desenvolvimento global adequado e eficaz.
30
.
CONCLUSÃO
O movimento faz parte das vivências e experiências humanas. É por meio
dele que se dá as primeiras formas de comunicação ainda no útero materno e durante
a primeira infância, essencial para um desenvolvimento adequado.
Muitas ciências ocupam-se em estudar o movimento e o desenvolvimento
proveniente dele. Entre elas: a educação física e a psicomotricidade. A
psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através do seu corpo em
movimento e aliada a educação física escolar pode ser um instrumento de
contribuição para um desenvolvimento pleno.
A psicomotricidade entende o corpo como sendo capaz de realizar
diversas aquisições, sejam elas cognitivas, orgânicas ou mesmo afetivas. Um
movimento fruto de vivências e experimentações é objeto de estudo da
psicomotricidade que em sua origem, estava ligada a áreas mais
neurofisiológicas e neuropsiquiátricas, porém com o envolvimento de
psicólogos e professores a concepção se expandiu para outras áreas do
conhecimento, como a pedagógica.
Muitas são as contribuições da psicomotricidade para o
desenvolvimento infantil que para isso trabalha vários aspectos do ser humano,
através das 10 funções psicomotoras ( Tônus muscular, locomoção,
coordenações globais, motricidade fina, organização espaço
temporal,ritmo,lateralidade, equilíbrio, relaxamento, esquema corporal). Dentre
essas funções psicomotoras, o esquema corporal se processa pelas
experiências, vivências e pela compreensão do corpo e do espaço, possui
diversas etapas e assume importante função já que essa percepção gradual
do corpo resulta em interação e apropriação do espaço e do meio. Um
esquema corporal confuso, pode gerar muitas dificuldades como incapacidade
de percepção ou controle corporal, dificuldades no controle respiratório,
31
dificuldades no equilíbrio e na coordenação, dificuldades na orientação espaço
temporal.
É de suma importância que o educador, seja ele físico ou não,
tenha consciência da necessidade de proporcionar ao aluno vivências que
propiciem a aquisição de um esquema corporal satisfatório. Problemas com o
esquema corporal criam outros problemas que podem estar relacionados a
dificuldades em leitura, escrita, orientação espacial, prática desportiva entre
outros.
A educação física possui uma abordagem chamada psicomotora que
privilegia os conteúdos da psicomotricidade e atenta para o desenvolvimento
global dos educandos, e isso significa todos os educandos, os que tem
necessidades especiais, os que estudam em escolas caras, os que estudam
em escolas com recursos escassos, todos. Essa abordagem surgiu por conta
da educação física como ciência deixar a desejar no que diz respeito a seus
métodos e conteúdos.
Um esquema corporal confuso, pode resultar em muitas
dificuldades como incapacidade de percepção ou controle corporal,
dificuldades no controle respiratório, dificuldades no equilíbrio e na
coordenação, dificuldades na orientação espaço temporal.
O educador físico pertence a saúde, no entanto desenvolve também
suas funções na educação básica, sendo a área do conhecimento que tem
como objetivo o desenvolvimento humano em todas as suas possibilidades e
tem como ponto central o movimento que é comum à diversas outras áreas. O
profissional de educação física trabalha com atividades físicas, em todos os
seus campos
A educação física influenciada pela psicomotricidade conduz a
necessidade de o professor sentir-se com responsabilidades escolares e
pedagógicas e não relacionar sua prática educativa ao desporto, a
desempenho, ao pódio. Quando as diversas áreas do conhecimento se unem
para proporcionar as mais diversas possibilidades de ensino aprendizagem a
criança alcança objetivos que sozinha, uma área do conhecimento deixaria a
desejar. A educação física e a psicomotricidade podem proporcionar a criança
32
vivencias e experiências de movimento que podem proporcionar a esse
indivíduo uma formação corporal plena.
33
BIBLIOGRAFIA
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Janeiro: Wak, 2003.
• ALVES, Fátima. Como aplicar a Psicomotricidade: Uma atividade
multidisciplinar com amor e união. Rio de Janeiro: Wak, 2004.
• BORGES,Célio José. Educação Física para pré-escolar, Rio de Janeiro-
RJ - Brasil, Ed. Sprint, 2002.
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Nacionais. Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Fundamental 1997.
• CABRAL, Suzana Veloso; LANZA, Avani Avelar; TEJERA, Mariza
Estela. Educar vivendo: o corpo e o grupo na escola. Porto Alegre,
Ed. Artmed. 2ª ed. 1998.
• CATUNGA, Ricardo. Brincar,criar,vivenciar na escola, Rio de Janeiro- RJ - Brasil,Ed. Sprint, 2005.
• FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro. Teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997.
• FREIRE, João Batista. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003
• FONSECA, Vitor. Psicomotricidade. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
• GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês,crianças,adolescentes e adultos,São Paulo- SP – Brasil, Ed. Phorte, 2005.
• LE BOUCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
34
• ROSAMILHA, N. Psicologia do Jogo e Aprendizado Infantil. São Paulo: Livraria Pioneira Editora. 1979.
• REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995
• STAINBACK, Susan & STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Psicomotricidade e a formação do esquema corporal 10
1.1 – Esquema corporal 13
1.2 – Etapas do esquema corporal 14
1.2.1 – Corpo vivido (até 3 anos) 14
1.2.2 – Corpo percebido ou descoberto (3 a 7 anos) 14
1.2.3 – Corpo representado (7 a 12 anos) 15
CAPÍTULO II
Psicomotricidade na educação física escolar 17
2.1 – Educação física escolar e a psicomotricidade no
desenvolvimento de crianças especiais 19
2.2 - Psicomotricidade e a criança especial 20
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CAPÍTULO III
O educador físico como psicomotricista 23
3.1- Formação e atuação do profissional de educação física 23
3.2 – Educador físico na escola 25
3.3 – Educação física e abordagem psicomotora 27
3.3.1 – Abordagem psicomotora 27
3.4 – Educador físico como psicomotricista 28
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 35