UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … filemesmo será capaz de propor a família mecanismo de...
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … filemesmo será capaz de propor a família mecanismo de...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO
DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
POR: ALINE ALVES DA COSTA
ORIENTADOR
PROFESSORA: MÔNICA FERREIRA DE MELO
RIO DE JANIERO
2011
2 2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO PROCESSO
DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Orientação Educacional e Pedagógica
Por: Aline Alves da Costa
3 3
AGRADECIMENTOS
Agradeço á Deus por ter me conduzido até aqui, a
minha família pelo apoio e incentivo. E a minha
professora Mônica que com sua leveza e tranqüilidade
me deu segurança a desenvolver esta pesquisa.
4 4
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa a minha grande amiga e irmã
gêmea Amanda Alves da costa, que me encoraja em
todos os momentos da minha vida.
5 5
RESUMO
O orientador educacional deverá esta ciente de seu papel frente a
processo da orientação profissional do jovem, onde o exercício de sua
atuação deverá esta fundamentada em uma linha pedagógica que visa
conduzir o educando a escolha de sua profissão, partindo do pressuposto que
todo individuo para escolher algo precisa sobre tudo se entende ter o
autoconhecimento de si mesmo, para que a partir destes princípios passa ser
capaz de escolher o caminho a ser trilhado. E caberá ao orientador
educacional auxiliá-lo nesta tomada de decisão. A pesquisa bibliográfica
aplicada permite uma analise das etapas fundamentais, que irá nortear o
aluno a sua escolha profissional. A abordagem do POPI - Programa de
Orientação Profissional Intensiva possibilitou uma analise sobre a importância
de todas as etapas fundamentais para conduzir este jovem à escolha de sua
profissão que fará parte de seu futuro frente ao autoconhecimento, a
realidade da social e profissional da sociedade que se encontra inserido.
Destacando o papel da Família em todo o contexto da tomada de decisão em
que profissão seguir.
6 6
METODOLOGIA
O presente trabalho se desenvolver a partir de pesquisas bibliográficas,
para que seja possível levar ao leitor a compreensão da importância da
atuação do orientador educacional frente à orientação profissional.
Baseando-se especial no POPI – Programa de Orientação Profissional, onde
as citações dos autores Álvaro Cielo Mahl e Eliseu de Oliveira Neto
fundamentaram a pesquisa, e ainda Miriam Crispun, a LDB.
Desta forma a usou como fundamentos e argumentos a pesquisa realizada, a
fim de embasar toda metodologia aplicada na presente pesquisa.
7 7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I - EDUCAÇÃO NO BRASIL
11
CAPÍTULO II - ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL E SUA
ATUAÇÃO NOS ESPAÇOS ESCOLARES
19
CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL JUNTO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
26
CONCLUSÃO
36
BIBLIOGRAFIA
38
8 8
INTRODUÇÃO
As escolas para exercerem seu real papel na realidade atual e para
serem reconhecidas como escolas de excelência, precisam lançar mão de
profissionais que sejam ousados, que sejam a favor de quebra de
paradigmas. Tal afirmação deve-se ao fato das necessidades de
aprimoramento do trabalho no interior das escolas. Para que tal propósito seja
alcançado, é preciso olhar a escola através de uma nova ótica, na perspectiva
de uma visão ampla dinâmica e articulada, conjugando conhecimento,
descentralização, ações articuladas, que conta com a contribuição de um
articulador nas etapas da orientação educacional.
Entende-se que a atuação do orientador educacional esta pautada na
Aluno, se faz necessário ter um olhar investigativo, indagador, afim de
observa-lo cuidadosamente se rotular. Estando este compromissado com
aluno, afim de contribuir com seu desenvolvimento integral, é preciso
acreditar na importância de seu papel dentro da escola e principalmente nos
benefícios de sua atuação.
O Orientador educacional é o elo de ligação entre a família e a escola
também é por meio de sua orientação, a partir de sua observação que o
mesmo será capaz de propor a família mecanismo de estímulos que
conduzam este educando ao seu desenvolvimento.
A educação é uma tarefa humanizadora frente à era de tecnologias,
inovações e de vanguardas, na tarefa de constituir a essência da identidade
do cidadão, deverá ter como função essencial o apoio, a estimulação e a
motivação ao educando.
O seguinte trabalho visa abordar a atuação do orientador educacional, frente
à orientação profissional destacando a importância de sua atuação, a fim de
valorizar o exercício de sua função como mediador na tomada de decisão. A
9 9
função do Orientador educacional é sobre tudo conduzir todas as etapas
deste processo. O Leitor ira ter o conhecimento da complexidade do universo
da adolescência em plena atividade, onde as escolhas deverão pautar o
autoconhecimento.
Abordaremos uma breve historia da educação no Brasil, para que possamos
pensar a educação em um sentido mais amplo, sendo assim falaremos logo
no segundo capitulo sobre a historia do orientador educacional, a fim de levar
aos leitores a compreensão da importância de sua atuação neste contexto.
Resalta-se neste capitulo o surgimento da orientação educacional no Brasil,
que surgiu da necessidade de conduzir o jovem ao mercado de trabalho.
Garcia diz em seu livro “Orientação Educacional – O trabalho na Escola” que
(...) ao Orientador caberia selecionar, orientar e encaminhar aqueles que
precisavam se profissionalizar imediatamente. Ela se refere que a principal
função atribuída ao Orientador Educacional inicialmente era estar à frente a
conduzir o jovem em busca de sua profissionalização.
A presente pesquisa tem como finalidade levantar questões relacionadas a
atuação do pedagogo enquanto orientador educacional na orientação
profissional, a fim de propor uma reflexão sobre sua atuação.
No capitulo III, assim sendo encerraremos a pesquisa destacando a
importância da atuação do orientador educacional na orientação profissional
de crianças e adolescentes. A fim de promover um conhecimento mais amplo
sobre sua pratica educativa nos espaços escolares. Levantaremos questões
que ao exercício da profissão do orientador educacional nos espaços
escolares, apresentando situações diversas que exemplifique toda sua
atuação. O presente capitulo, será pautado na livro
POPI – Programa de Orientação Profissional e Intensivo onde iremos
descrever toda etapa do processo de orientação profissional segundo a
abordagem realizada pelos autores neste programa. Valorizando a atuação
11
do orientador em todas as etapas, sendo assim será possível explorar e seus
conhecimentos pedagógicos proporcionando ao jovem inserido neste
programa o autoconhecimento, possibilitando uma escolha mais consciente e
pautada em sua própria decisão.
Na Leitura deste capitulo será possível que o leitor se aprofunde na busca do
conhecimento de todas as questões abordadas, possibilitando uma visão mas
ampla da pratica do orientador frente a orientação profissional.
11
CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO NO BRASIL
... É pensando criticamente a prática de hoje e de ontem que se pode melhorar a próxima prática.
(FREIRE,2002, p.43 )
1.1 - A EDUCAÇÃO NO BRASIL:
A educação formal no Brasil teve início com a chegada dos jesuítas com
a proposta de adotar um Sistema Educacional com o objetivo de uma escola
para aprender a ler e a escrever, voltada para a formação das elites
.Instalou-se em Salvador, sede do governo da Colônia a primeira das muitas
escolas que essa ordem religiosa construiria aqui. Em cerca de duzentos
anos, os jesuítas catequizaram índios,isto é, batizaram os nativos e os
instruíram em assuntos religiosos. Também ensinaram os filhos dos colonos
portugueses a ler e a escrever e formaram uma elite local. Eram os diretores,
aqueles que detinham o poder de direcionar.
Nossas primeiras escolas reuniam crianças índias e portuguesas. Mas, aos
poucos, os indígenas foram excluídos do ensino. No século XVIII, já eram
oferecidos cursos equivalentes ao atual Ensino Médio, em colégios nos quais
os meninos, principalmente, estudavam em regime de internato.
O peso da educação europeizada oferecida marcou profundamente
nossa cultura. Com a expulsão dos jesuítas, o sistema educacional por eles
implantado desmantelou-se. Acabava-se um ensino estruturado, mas que
11
nem por isso era um modelo de excelência. Ao contrário, caracterizava-se por
uma orientação rígida, dogmática, anti – científica, acanhada, voltada
Quase que exclusivamente para os interesses religiosos e políticos. Surge o
ensino público, financiado pelo Estado, mas num estado ainda incipiente,
inteiramente renovado, em moldes mais científicos e onde estudou uma
importante elite brasileira que viria, bem cedo, desempenhar papel de
destaque nos movimentos políticos do país, até levá-lo à independência.
Durante todo esse tempo, no entanto não se estabeleceu nenhuma
política de educação para o país. Os níveis primário e secundário ficavam a
cargo das províncias, ao passo que o nível universitário era de
responsabilidade do poder central. O ensino secundário era visto somente
como porta de entrada para a faculdade. A qualidade dos níveis primário e
secundário recebia críticas severas; professores mal - formados, mal -
remunerados, improvisavam ao sabor das necessidades. A educação
permanecia voltada exclusivamente para os interesses das classes
dominantes; fazendeiros, a nobreza e o alto funcionalismo.
Jovens brasileiros formados nesse modelo de educação contribuíram
muito para o Brasil nas mudanças sociais , econômicas e políticas
importantes no contexto histórico.
Em 1837, foi fundado no Rio de Janeiro o Colégio D.Pedro II, que
deveria ser modelo para outras escolas. Só ele fornecia o diploma de
bacharel, na época um título necessário para cursar o nível superior. A partir
de 1860, criaram-se vários colégios, na maioria religiosos, e alguns cursos de
magistério em nível secundário, no início exclusivamente masculino.
Durante as décadas de 70 e 80, houve um aumento expressivo no
acesso à escola básica, através da expansão das oportunidades de
escolarização, porém, isso não foi suficiente para garantir a qualidade da
educação e a permanência do aluno na escola.
11
O quadro educacional brasileiro atual é caótico. Comparações com
outros países em estágio equivalente de desenvolvimento colocam o Brasil
em desvantagem na área de educação.
Os dados revelam desigualdades regionais, baixo aproveitamento
escolar, defasagem idade / série, altos índices de evasão e repetência,
resultados que refletem o processo de extrema concentração de renda e de
níveis elevados de pobreza existentes no país.
Por muito tempo a pedagogia focou o processo de ensino no professor,
supondo que, como decorrência estava valorizando o conhecimento. O
ensino, então, ganhou autonomia em relação a aprendizagem, criou seus
próprios métodos e o processo de aprendizagem ficou em segundo plano.
Hoje, sabe-se que é necessário ressignificar a escola entre
aprendizagem e ensino, uma vez que, em última instância, sem
aprendizagem o ensino não se realiza. È necessário considerar o
desenvolvimento pessoal como processo mediante o qual, o ser humano
assume a cultura do grupo social a que pertence. Processo pelo qual o
desenvolvimento pessoal e a aprendizagem da experiência humana
culturalmente organizada e socialmente produzida e historicamente
acumulada, que não se excluem nem se confundem, mas interagem. Daí a
importância das interações e compreensão de mundo, na busca da qualidade
da educação e na reflexão dos profissionais de ensino sobre suas ações
diante da realidade que estamos vivenciando.
Seres humanos não podem ser reciclados para obtenção de melhores
resultados, pois não dependem só de atualização, mas de vários fatores, que
viabilizam o resgate do valor da educação, como a democratização da
construção do saber. E esta, por sua vez, deve apoiar-se na socialização do
patrimônio cultural existente.
11
O desenvolvimento de um povo se encontra na relação direta com a
troca que ele venha a estabelecer entre as várias culturas e com os bens
simbólicos produzidos pela humanidade, assim é fundamental que os alunos
e professores travem contato com as diversas formas de expressão de seu
tempo, de sua cultura.
O maior desafio do gestor é como envolver a comunidade escolar ,
trazê-la para dentro da escola sabendo que o mesmo convive em um mundo
de contradições, imerso no diálogo de múltiplas linguagens, traduzindo novas
formas de produção e comunicação de conhecimentos e idéias.
A partir das várias reflexões desenvolvidas em decorrência da
situação em se encontra a escola hoje, suscitou particular interesse na
questão do perfil do diretor / gestor liderando a Escola como espaço social,
mediador do processo de aprendizagem e garantia de transformação nas
práticas pedagógicas e modelos de comportamento próprios das relações
sociais escolares, por parte dos alunos, através da melhoria das relações
sociais enquanto estratégia para obtenção de resultados afetivos, através de
reorganização das relações interpessoais.
A Escola de hoje é uma Empresa, mas não se pode perder o olhar de
um ambiente educativo, constituídos por gente que possuem a capacidade de
inovar, criar na busca do conhecimento. Partindo do olhar da motivação,
percebemos que a beleza está na diversidade e necessitamos transferir para
a educação a abrangência desse olhar através de estímulos.
Perceber o momento de mudar reconhecendo o direito de todos os
profissionais da escola ( discente e docente ) de terem contato com um
profissional qualificado, para mediar suas habilidades, e para tanto, precisa-se
assumir a formação contínua, perceber a responsabilidade de formar
11
cidadãos críticos, criativos, destemidos capazes de, no futuro transformarem
a sociedade em que vivemos.
Vive-se hoje, um intenso processo de criação em todas as áreas do
conhecimento. As profundas transformações que se processam todos os dias,
a associação constante entre ciência, arte, tecnologia e educação que se
amplia cada vez mais, modificam a imagem do universo e do próprio homem.
1.2 - SÉCULOS DE HISTÓRIA:
As revoluções Francesa e Industrial, deram cara nova ao Velho Mundo,
inclusive no que se refere ao acesso à Educação. No final do século XVIII,
passou para o Estado o papel de educar cidadãos, o que levou à grande
ampliação do número de colégios na Europa nos dois séculos seguintes.
No Brasil, como já foi dito os jesuítas foram os principais responsáveis
pelos primeiros passos na educação. Em 1759, os religiosos foram expulsos
do país deixando um legado de “ colégios e escolas de primeiras letras.” Com
um decreto do imperador Pedro II, em 1822, instituiu – se um modelo de
ensino conhecido mais tarde como “ aulas avulsas”, em que um adulto se
responsabilizava por crianças de diferentes idades e percursos. Essas “
escolas” funcionavam na casa do próprio professor.
Na época, os funcionários das poucas instituições de ensino não
tinham formação pedagógica, já que a primeira Escola Normal Brasileira só
surgiu em 1835. “ Os diretores eram em geral ,pessoas generosas
conhecidas por suas benemerências e, por isso, designadas para o cargo.”
A primeira iniciativa visando a criação de uma rede de escolas se deu
apenas durante o Estado Novo (1937 – 1945 ).
11
O ensino formal, então, era pautado pelas Leis Orgânica de Educação,
que se aproximavam dos ideais fascistas, caros à ditadura de Getúlio
Vargas. Nessa época, a proposta era qualificar a mão de obra nacional,
acompanhando o ritmo de crescimento da indústria mundial e das novas
profissões que nasciam.
Com a Lei de Diretrizes e Bases de 1971, a Educação no Brasil foi
estruturada em sistemas municipais, estaduais e federal. Durante a ditadura
militar ( 1964 – 1985 ), cada diretor tinha também o dever de escolher o
projeto educacional de sua escola ao ideal de potência nacional a que o país
aspirava. Com a redemocratização, na década de 1980, o Fórum Nacional em
Defesa da Escola Pública, que congregava entidades sindicais, acadêmicas e
da sociedade civil, foi uma das instituições mais atuantes para inclusão, na
Constituição Federal, da determinação de que a escola brasileira tivesse
como prioridade a gestão democrática – vigente até hoje e que precisamos
constantemente avaliar , pois muitos dos profissionais de educação que hoje
ocupam função gratificada de diretor adjunto e cargo comissionado de diretor
de escola, esquecem que sem participação de todos os segmentos da
comunidade escolar, não romperemos os paradigmas de uma gestão
participativa que tem como objetivo real educar para vida, para o exercício
pleno da cidadania.
O bom diretor hoje é aquele que domina as questões administrativas,
sabe ser um líder, conhece as políticas públicas, estimula a participação dos
pais e da comunidade, ajuda a formar professores e funcionários... Tudo com
um objetivo maior : garantir que os alunos aprendam.
Conforme nos ensina Vereecken:
Como diretores, gerentes, pais, mães e colegas,
precisamos ser os guias que estimulam as pessoas
rumo ao crescimento pessoal e profissional. Devemos
ser os maiores incentivadores de nossa equipe!
Precisamos dizer as pessoas : Você pode voar alto! E eu
11
posso ajuda-lo! – e não esperarmos que cometam um
erro para criticá-las. ( p..93 )
O papel da escola para o educando em toda sua temática, em seus
desenvolvimento, é necessário estar atendo a seus fazeres, afim de promover
a construção do conhecimento.
1.3 - ESCOLA: AGENTE TRANSFORMADOR OU LEGITIMADOR DAS DESIGUALDADES?
Segundo Bourdieu, o papel transformador e democratizador atribuído
às instituições de ensino, passou a ser encarado como falso. Tal que essa é
apontada como uma das principais instituições, onde se mantém e se
legitimam os privilégios sociais. (NOGUEIRA/2002)
Levando-se em consideração todos os processos histórico-sociais que
envolveram a escola e seus elementos constitutivos através dos séculos, qual
o papel atual da escola? Essa instituição que sobreviveu às mudanças
impostas pelo tempo e por tantas transformações sociais, e que hoje passa
juntamente com a sociedade mundial por mais uma transição, a revolução da
informação.
Como a escola desse século XXI está respondendo a essas
mudanças? Como pode essa instituição usar todos os benefícios da era da
informação, e a influência midiática a favor das minorias tornando-se um
agente transformador entre as desigualdades sociais? Observando a fala de
responsáveis por crianças de escolas municipais em áreas carentes do
município Rio de Janeiro, pôde-se constatar que a importância dada à escola,
mormente a escola de educação infantil, em quase 85% dos casos, não tem
relação nenhuma com a aprendizagem em si. A maioria desses responsáveis
11
coloca que a escola é um local onde confiam em deixar os filhos para
poderem trabalhar, ou para que esses possam se alimentar, ou ainda, por que
são forçados pelo Estado.
Em contrapartida, qual o valor que a própria escola encontra em si, em
suas práticas, em seus elementos constitutivos? Na abordagem feita aos
professores e outros funcionários dessas mesmas escolas, foi constatado que
sua auto-estima em relação aos esforços empenhados no trabalho diário com
alunos, responsáveis e equipe gestora, na maioria das vezes é baixa. Seja
pela falta de reconhecimento, pelo mínimo retorno que a ação da escola
parece dar aos educandos, ou mesmo por reconhecerem-se como
responsáveis pela transformação das comunidades onde estão inseridos.
Essa relação conflituosa entre os atores inseridos no cenário
educacional parece não permitir que o poder transformador da escola seja
reconhecido ou mesmo efetivado.
Délia Lerner (2002), no livro Ler e escrever na escola, traz à tona esses
conflitos, e diz que a solução para a melhoria do ensino seria o
reconhecimento social da função do professor, ou seja, sua hierarquização; e
a construção de um currículo que contribuísse para mostrar aos alunos os
progressos derivados da produção do conhecimento, de modo que estes,
tenham consciência da necessidade de aprofundar e atualizar seus saberes
de forma permanente.
11
CAPÍTULO II
ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL E SUA ATUAÇÃO
NOS ESPAÇOS ESCOLARES
1.1 - Orientação Educacional
O percurso percorrido pelo orientador educacional no Brasil inicialmente
surgiu a partir da orientação. È de suma importância que possamos
acompanhar sua história desde o principio para que possamos compreender
suas praticas atuais. Para que tal processo ocorra nos embasaremos em
importantes leis e conceitos relatados por grandes autores que abordam suas
concepções sobre o presente tema.
Ao Abordar a trajetória do orientador educacional no Brasil a LDB
destaca – “Na LDB de 1961, o Orientador ganha status de Orientador
Educativo (OE) e Vocacional, identificando aptidões individuais, com um
trabalho estendido a todos os alunos, não somente aos alunos-problema, e
lançando mão de todos os elementos da escola para o desenvolvimento de
seu trabalho.
De Acordo com Grinspun (2006) em 1908 surgiu a orientação através
de Frank Parsons, em Boston nos EUA. Ele é considerado o precursor deste
movimento, ela era exercida fora o ambiente educacional e visava orientar os
jovens a cerca de qual profissão deveriam seguir, ou seja ela estava
intimamente ligada a orientação vocacional dos jovens americanos. Sua
pratica segundo a autora estava baseada na idéia de aconselhamento na
medida em que, devido ao crescimento da atividade fabril proporcionado pela
revolução industrial, fazia-se necessário criar mecanismo de formação de
mão-de-obra para as industrias e a orientação vocacional aconselhava os
22
futuros operários indicando qual a profissão seguir. Este aconselhamento
marcou toda a trajetória do orientador educacional.
Garcia (2009) relata que o surgimento da orientação educacional no
Brasil desde então esteve vinculada questão do trabalho. Desta que ao
orientador educacional coube inicialmente a responsabilidade de preparação
do educando ao mercado de trabalho.
No Brasil, sob forte influência da orientação americana as primeiras
experiências relacionadas à orientação, ocorreram na década de 20 quando
engenheiro suíço Robert Mange criou em 1924 um serviço de orientação
profissional para os alunos do curso de mecânica do Liceu de Artes e Ofício
de São Paulo. Este trabalho desenvolvido pelo professor contou com a ajuda
técnica de Henri Pièron e sua esposa e foi o precursor da criação, em 1934,
do centro ferroviária de ensino e seleção profissional (CFESP). Este centro
nasceu de um serviço de orientação e formação de alunos em cursos de
aprendizes que funcionou a partir de 1930 na estrada de ferro sorocabana e
teve a orientação do professor Monge e de seu colaborador e de seu
colaborador Ítalo Bologna. O CFESP era considerado uma instituição modelo
para outras ferrovias do Pais e seu trabalho era de selecionar profissionais
com base nas características individuais e aptidões dos aprendizes para
ocupar determinadas funções.
Nerecí (1992) especifica o conceito de orientação educacional como
parte de uma ação conjunta de educadores para ajudar o aluno em seu
desenvolvimento biopsicossocial, ao objetivo de integrá-lo ao contexto social
com o objetivo de direto e dever cidadão.
Tais conceitos nos permitem delinear um perfil deste profissional e sua
real participação na vida do individuo, como agente promovedor da interação
social a partir da orientação para a vida, para os conceitos de ética,
valorizando suas características e assim desenvolvendo suas potencialidades
em quanto ser humano em sociedade.
22
2.2 – O Papel do Orientador Educacional
“É importante que todos tenham conhecimento do aluno
como um todo: social e cultural, por que este trabalho
em como ser o coração, uma coisa sentida e não só
racional”. (Autor desconhecido)
As leis são referências fundamentais em toda a história da orientação
educacional no Brasil, abordando o desempenho determinado pelo mesmo.
Norteando desde então o seu caminho a ser seguido no cenário da educação.
Art. 80. Far-se-á, nos estabelecimentos de ensino
secundária, a orientação educacional.
Art. 81. E’ função da orientação educacional, mediante
as necessárias observações, cooperar no sentido de
que cada aluno se encaminhe convenientemente nos
estudos e na escolha da sua profissão, ministrando-lhe
esclarecimentos e conselhos, sempre em entendimento
com a sua família.
Art. 82. Cabe ainda à orientação educacional cooperar
com os professores no sentido da boa execução, por
parte dos alunos, dos trabalhos escolares, buscar
imprimir segurança e atividade aos trabalhos
complementares e velar por que o estudo, a recreação e
o descanso dos alunos decorram em condições da
maior conveniência pedagógica.
22
Segundo Sanches os orientadores educacionais reconhecem-se sem dúvida,
como profissionais de ajuda ao adolescente, onde são capazes de perceber
seu papel e valorizar seu papel. A Autora pontua que quando uma pessoa
escolhe a educação, esta fazendo uma opção pela dedicação ao outro. Em
uma pesquisa realizada com estes profissionais onde procurava saber por
que motivos estes profissionais optaram pela educação. Quem e o que foi
mais significativo para que a sua trajetória culminasse na profissão do
Orientador Educacional? Tal pergunta foi descritiva em três categorias que
conecta-se a este tema, o saber, motivação e crença:
Origem: exprime as causas que levam o entrevistador a optar pelo campo da
ação educacional.
Motivação: exprime os motivos que levam o entrevistado à orientação
educacional.
Crença: refere-se a valores, convicções e opiniões cujos objetos são as
causas que levam o entrevistado a optar pelo campo da ação educacional ou
motivos que levam à Orientação Educacional.
“O principal papel da orientação será ajudar o aluno na
formação de uma cidadania crítica e a escola, na
organização e realização de seu projeto pedagógico.
Isso significa ajudar nossos alunos por inteiro: com
utopias, desejos e paixões. (...) e orientação trabalha na
escola em favor da cidadania, não criando um serviço
de orientação para atender aos excluídos (...), mas para
entendê-lo, através das relações que ocorrem (...) na
instituição Escola”.
(CRISPUN. 2002:29)
22
As funções do orientador educacional estabelecida pela lei só será possível o
seu cumprimento se este profissional estiver consciente de sua real função e
elaborar um planejamento prévio de suas obrigatoriedade. Torna-se de suma
importância sua atuação fixada sempre no aluno e na família, pois sua visão
principal e prioritário é o aluno. O olhar atento ao educando, facilitará todo o
processo de criação de estratégias afim que o mesmo se desenvolva
produtivamente.
A Orientação Educacional no discurso de GRINSPUN, (2002) não atua mais
por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação” pois na lei 9334/96
não há obrigatoriedade de orientação. “ mas por efetiva consciência
profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas
da escola para um trabalho pedagógico integrado, compreendendo
criticamente as relações que se estabelecem no processo educacional”.
(GRINSPUN, 2002 P 28)
A autora relata a importância da interdisciplinariedade dentro da escola,
possibilitando assim um trabalho mas coeso, possibilitando a construção da
educação de forma mas produtiva.
O principal papel da orientação será ajudar o aluno na
formação de uma cidadania critica e a escola na
organização e realização de seu projeto pedagógico.
Isso significa ajudar nosso aluno por inteiro ( grifo da
autora): Com utopias desejos e paixões. (...) a
orientação trabalha na escola em favor da cidadania,
não criando um serviço de orientação ( grifo da
autora): para atender aos excluídos (...) mas para
atendê-lo, através das relações que ocorrem (...) na
instituição escola. (GRINSPUN, 2002 P 29)
A Autora especifica que a atuação do orientador esta nomeada fazendo parte
da educação e por esse motivo deve-se pensar de forma mas ampla sua
atuação .
22
A conduta do orientador educacional na escola possibilitará o bom andamento
da cultura organizacional da presente instituição, a medida que seu trabalho
da a possibilidade do contado constante entre a comunidade escolar, pais e
alunos, professores, resolvendo os conflitos emergências e dando
possibilidades de uma pratica pedagogia pautada na realidade daquele
cotidiano, não apenas de forma teórica e sim pratica.
“O Orientador faz a analise, junto com todos os
protagonistas desse cotidiano para que se tenha
tanto quanto possível, uma visão mais ampla mas
objetiva do que ocorre nesse dia-a-dia. Se a
orientação deve estar compromissada com o projeto
político pedagógico da escola, a forma de melhor
atuar nele, garantindo a qualidade é conhecer sua
cotidianidade”. (ibidi, 2002, p.55)
Desta maneira podemos afirmar que o orientador cumpre um função
integradora estando sempre em contado com o aluno, com os professores,
com os coordenadores, com a secretaria escolar com os pais, conhecendo
assim suas angustias e aflições, com a finalidade de buscar sua resolução
para consequentemente proporcionar uma boa educação na escola.
O orientador deve procurar se envolver com a
comunidade resgatando sua realidade
socioeconômica cultural como meio de contribuir para
Adequação curricular, tendo em vista a transformação
da escola e da sociedade. (...) A orientação deve
trabalhar com um planejamento participativo, sempre
22
voltado para uma concepção critica. Um dialogo entre
as comunidades das disciplinas teóricas e praticas
permitira a busca desta concepção critica.
(GRINSPUN, 2002 P 109)
O conjunto das ações ira fundamentar a atuação da orientação educacional,
havendo sempre a reflexão de sua pratica, pois se assim não ocorre seu fazer
será pobre sem fundamento algum.
“O Orientador é aquele que discute as questões da
cultura escolar promovendo meios/ estratégias para
que sua realidade não se cristalize em verdades
intransponíveis, mas se articule com prováveis
verdades vividas no dia-a-dia da organização escolar.
(GRINSPUN, 2002 P 112) - Grifos da autora.
De acordo com Grinspun o trabalho do orientado não devem ser conduzido
apenas com técnicas que visam apenas diagnosticar os alunos com
dificuldades de aprendizagem e sim refletir sobre as ações que tem por
objetivo maior soluções e ações que minimizem o fracassoo escolar.
Sendo assim o seu papel tão somente se constrói a partir do amor por sua
profissão, da motivação da crença e da percepção de em orientar
adequadamente e profundamente seu educando, a fim de fincar raízes com
a intenção de produzir frutos, que consistem na formação integrar do
cidadão em sua totalidade.
22
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL JUNTO A
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
A orientação profissional só é possível a principio por meio de um
planejamento, bem articulado sobre as ações a serem seguidas neste
processo.
Segundo Lucchiari, a orientação profissional esta inserida em um amplo
contexto que se descreve no campo social, político e econômico e para tanto
necessita de uma serie de fatores para sua realização.
Ao desenvolvemos um trabalho de orientação profissional com o adolescente
precisamos estar atendo ao momento que o mesmo se encontra, a
complexidade que se da à escolha de uma profissão, e compreender este ser
humano, que não é mais uma criança mais também não podemos considerar
um adulto. Se encontra no meio do caminho, com suas duvidas e ansiedade.
Aberastury, et al 2003, relata essa fase como uma transição gradual, entre a
infância e o estado adulto que diferencia por alterações profundas, somáticas
psicológicas e sociais. Sendo ainda representada por uma das etapas mas
relevantes do ciclo vital do ser humano, à medida que completa o período de
desenvolvimento e crescimento.
Para Mahl e Oliveira Neto, além disso, a mudança parte da perda dos pais
idealizadores da infância, já que começa a perceber os direitos e os atributos
humanos daquele, passando a conhecer os pais não mais como os “heróis”
que imaginava, e sim seres humanos passíveis de erro.
22
1-1 - A teoria da herança familiar
Por volta da década de 60, Bourdieu formulou uma resposta
abrangente sobre a crise das desigualdades escolares iniciada no final dos
anos 50, quando a partir de pesquisas feitas pelos governos: inglês,
americano e francês, obteve-se um relatório o qual mostra de forma clara o
peso da origem social dos alunos sobre os destinos escolares. Ou seja, da
origem social do aluno (classe, etnia, sexo, etc) dependeria o seu bom ou
mau desempenho escolar. Diante dessa pesquisa, torna-se fácil entender a
descrença dos jovens às promessas dos sistemas de ensino sobre a
igualdade de oportunidades e a justiça social, nascidas na escola.
Segundo Boourdieu, essa ação da sociedade sobre os indivíduos dá-se
de dentro para fora, ou seja, a partir da formação inicial familiar e social, o
indivíduo incorporaria uma série de disposições para ações que o conduziriam
ao longo da vida como uma “herança”, o habitus familiar ou de classe. Porém,
estes não seriam rígidos, dependeriam da adaptação diante das
circunstâncias de ação. Segundo este pensamento, o aluno seria possuidor
de uma herança familiar que poderia ou não, auxilia-lo para o sucesso
escolar.
Essa herança formada pelos capitais econômico, relativo aos bens e
serviços que ele proporciona; social, que advém das relações sociais
mantidas pela família do indivíduo; e cultural, formado não só pelos títulos
escolares, mas pela união dos dois tipos de capitais anteriores.
Ainda segundo Bourdieu, existiria um outro tipo de capital cultural, a
“cultura geral”. Que transmitida pela família desde o berço, teria um impacto
preponderante sobre o destino escolar, visto que faria parte da constituição
integral do indivíduo, tal qual: “os gostos em matéria de arte, culinária,
decoração, vestuário, esportes, etc; o domínio maior ou menor da língua
culta; as informações sobre o mundo escolar”. Esse capital cultural
22
favoreceria o desempenho escolar na medida em que faria a ponte entre as
realidades familiar e a escolar.
Segundo Nogueira, 2002, a Sociologia da Educação de Bourdieu
notabiliza-se exatamente pelo fato de dirimir o peso do fator econômico sobre
o cultural na explicação das desigualdades sociais.
Assim, a educação escolar para crianças oriundas de famílias
culturalmente favorecidas, seria uma continuação da educação familiar, algo
ao qual essas crianças estariam acostumadas. Enquanto para outras
crianças, esse seria um mundo totalmente estranho, e até ameaçador, pois o
desconhecido é quase sempre temido.
Bourdieu (apud NOGUEIRA, 2002) aponta a avaliação escolar como um
julgamento das aptidões dos alunos, e diz ainda que as exigências da escola
só podem ser atendidas por quem foi previamente preparado para tais regras
e valores, que sejam possuidores dos bens simbólicos necessários à esta
atividade social. O que segundo os relatos de alguns profissionais da
educação, tem-se revelado uma grande verdade. Alunos que jamais
observaram os genitores ou qualquer elemento de seu grupo social lendo ou
escrevendo, possuem grande dificuldade de compreender o funcionamento
da língua escrita, não conhecem o código lingüístico e não fazem
diferenciação entre letras números e desenhos, mesmo em classes com
alunos de faixa etária acima da Educação Infantil.
Entretanto, há outro lado dessa questão. Esse lado aponta os problemas
psico-biológicos como fatores de grande impacto sobre o desenvolvimento
cognitivo do indivíduo, principalmente entre a faixa etária infantil que dispõe
de menor visibilidade social.
22
1.2 – Contribuições da psicologia educacional
Sabe-se que a criança é um indivíduo único formado por suas
características biológicas e por sua interação com o contexto social em que
está inserido, ou seja, ela é resultado de uma história única configurada em
experiências pessoais. Entretanto, para que se formem as cadeias de
construção do conhecimento, a partir dessas experiências, este indivíduo
precisa possuir mecanismos de funcionamento mental próprios da espécie
humana, sem os quais a aprendizagem não se realizaria, ou realizar-se-ia de
forma deficitária.
A partir dessas informações, podemos observar com maior
embasamento os processos formativos do indivíduo, em especial, nesse
caso, os processos psicológicos. Que nos primeiros anos da infância estão
relacionados a aquisição da linguagem oral, formada pela interação verbal
com os indivíduos que a cercam e pelo acumulo de informações advindas do
seu contato social inicial.
Essa aquisição de conceitos vai sofrendo ao longo do tempo ajustes
causados por novas informações e interações, é uma estrutura que se torna
cada vez mais completa e complexa, e que se processa ao longo da vida de
cada indivíduo, seja qual for o ambiente em que esteja inserido.
Deve-se levar em consideração que esse desenvolvimento do ser humano
segue um processo delimitado por fases que definem as possibilidades de
aprendizagem em cada momento da vida. Entretanto, segundo Vigotski
(1984), esse processo é sim determinado por fases que se aplicam aos seres
humanos em geral. Mas, se o indivíduo não mantivesse esse contato com o
ambiente sócio-cultural, esses processos internos de desenvolvimento não se
consolidariam (zona de desenvolvimento proximal), “pois o organismo não se
desenvolveria sem o suporte de outros indivíduos da espécie.” (COOL, 1996)
Outros fatores que implicariam no desenvolvimento integral dos
indivíduos seriam os problemas de aprendizagem derivados da formação
33
biológica ou de doenças que provocassem deficiências nesse sistema como:
rubéola gestacional, poliomielite, hidrocefalia, síndrome de Down,
hiperatividade, autismo e outros.
O fato é que, a maioria das crianças oriundas de famílias pobres, como
se já não bastassem todos os problemas advindos da falta de bens capitais
ou da genética, precisam lutar também, contra a falta dos bens simbólicos
necessários ao seu melhor desenvolvimento. São crianças que demonstram
não compreender muitas palavras simples aos nossos ouvidos, mas
incompreensíveis aos seus, como toalha ou torneira, simplesmente por que
em seu convívio primeiro, a família, não há dialogo ou parâmetros para a
compreensão.
Por conta disso, falo da importância do espaço escolar no processo de
desenvolvimento integral dessas crianças. Seria o primeiro lugar onde
poderiam contar com espaço para dialogar e atuar como formadores da
própria história. Um espaço de liberdade, criatividade e de relações de trocas,
que poderia possibilitar a modificação do desenvolvimento cognitivo para
melhor.
É preciso acompanhar efetivamente todo o desenvolvimento integral da
criança para que possibilitem ter a possibilidade de construir um futuro
melhor, onde o adolescente possa ter condições psicológicas de lhe dar com
toda complexidade que esta fase lhe concebe.
1- 3 - A Escolha Profissional
Entendemos que uma serie de fatores irão influenciar a escolha profissional
do educando, onde o mesmo precisa estar conciente que consiste em uma
escolha para a vida, não se pode determinar que será uma escolha definitiva,
pois sabemos que se tal escolha não for pautada a partir das características
pessoais, que trazem também o histórico familiar muitas vezes.
33
Cada família esta inserida em uma realidade social que possui características
e objetivos diferentes uma das outras. È no âmbito familiar que inicia-se o
primeiro conceito de educação, é onde o individuo lida com suas
aprendizagens iniciais em seu mais amplo contexto. A família é responsável
pelo sucesso profissional do individuo, visto que sua influencia ira
proporcionar os caminhos a serem percorridos.
A LDB, destaca o papel da família frente a educação do individuo, de maneira
a pontuar e resaltar sua verdadeira função.
Podemos observar a seguir que o estado toma para si a responsabilidade
frente a educação do cidadão, mas inicialmente destaca que a família tem o
papel de educar.
A Educação, dever da família e do estado, inspiradas
no principio de liberdade e nos ideais da solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 2 lei nº 9394/96
Mahl e Oliveira Neto (2005) observam que a escolha profissional implicam
diretamente na construção da identidade profissional do adolescente.
Além disso, essa etapa também é marcada pelos interesses familiares, ou
seja, nem sempre a escolha do adolescente pode coincidir com a dos pais.
Estão situados neste cenário também uma serie de fatores, a inteligência, a
aptidão, a marca de sua personalidade que cada individuo possui e precisa
impreterivelmente ser levada em consideração.
Para krawulski (1998) a escolha profissional é definida da seguinte forma:
33
“ [...] um processo que inevitavelmente remeterá aos
jovens a sua inserção em uma realidade
multiprofissional e em Um mercado de trabalho em
constante transformação. Ao procurar atendimento
de Orientação profissional, Subjacente à necessidade
de auxilio na escolha de um Curso encontramos a
inquietação em definir uma profissão a ser seguida, ou
seja, uma ocupação profissional”. (p 1)
Sendo assim precisamos acompanhar este jovem no processo da orientação
profissional, estando ciente que esta fase precisa ser norteada com muita
cautela e objetividade. Caberá ao orientador educacional nos espaços
escolares elaborar as técnicas a serem desenvolvidas passo a passo,
buscando o êxodo no resultado final que consiste conduzi-lo de forma eficaz e
prazerosa no processo de orientação profissional.
Faze-se necessário o pensar da forma que este jovem estar sentindo e
pensando dentro deste contexto. Sendo assim Trott (1998) confirma:
“A construção de uma visão coletiva da ação
pedagógica depende do desenvolvimento da
dependência comunicativa e pode o orientador
educacional , por sua experiência anterior sobre as
relações interpessoais, assumir o papel de iniciador e
desencateador deste processo de autoconhecimento e
auto reflexão”. (GRINSPUN, TROTT,1989, p 75)
Apresentaremos abaixo as técnicas utilizadas a partir de uma metodologia a
ser seguida.
33
3-2 - POPI – Programa de Orientação Profissional
A idéia de elaboração do programa de orientação profissional intensiva surgiu
a partir da necessidade de dar suporte a um grupo de universitários que se
encontrava preste a prestar o vestibular e deixaram para a ultima hora a
inscrição no grupo de orientação profissional do LIOP. Onde três profissionais
sentiram a necessidade de criar um programa de orientação profissional
intensivo relata Dulce Helena.
Mahl e Oliveira Neto, relatam que o programa de orientação profissional
surgiu sobre formas alternativas da urgência apresentada pela sociedade,
pelas famílias, pelos jovens e até mesmo por parte de alguns profissionais da
área, de realizar OP em curto espaço de tempo, permitindo aos jovens se
escrever no vestibular com alguma orientação previa.
Segundo os autores a eficácia do POPI na atuação sobre a dispersão de
energia psíquica, isto é, ele cria um espaço no qual podemos responder às
demandas dos jovens. Demandas essas que são de OP com a formação de
um espaço aberto, nessa fase do desenvolvimento psicossocial.
Módulos Trabalhados do POPI
Segundo os autores Mahl e Oliveira Neto, foram trabalhados em alguns
momentos: apresentação e palestra sobre a adolescência , a família e a
realidade social e informação ocupacional. Para trabalhar os aspectos
relacionados ao conhecimento de si, a influencia da família na escola e a
escolha propriamente dita, foram divididos em quatro grupos de partilha e
cada um coordenado por dois monitores.
As atividades do POPI ocorreram em módulos nas seguintes unidades:
Módulo I: Apresentação – Utilizamos técnicas de apresentação a fim de
explicar a proposta da atividade, levantar as expectativas e possibilitar que
todos se conhecessem.
33
Modulo II: Adolescência – trabalhou-se com eles o que é “ser a
adolescente” e como se insere a escolha profissional nesse contexto.
Modulo III autoconhecimento – Desenvolvemos com os jovens a
capacidade de autopercepção primeiramente expressando suas expectativas
em relação ao processo de OP, para logo depois poder descobrir e expressar
seus gostos interesses. Trabalhou-se a questão familiar, em suas
expectativas e vivências em relação a profissão. Foi importante conhecer as
profissões desenvolvidas e valorizadas no meio familiar de cada jovem.
Módulo IV: R-O (Realidade Ocupacional) – Incluímos informações sobre os
diferentes cursos, universitários ou não, e possibilidades de trabalho. Discutiu-
se sobre a questão da “empregabilidade” e da globalização e suas
consequências no mundo atual e principalmente sobre o nosso futuro. Nosso
objetivo era permitir um contato com o maior número possível de profissões e
obter uma visão global delas em seus campos de conhecimento.
Módulo V: Realidade social – O objetivo desse módulo é propiciar um
debate sobre a influência dos fatores sociais na escolha. Trabalhamos a
distribuição social de renda e como isso poderia ser relevante na hora da
escolha de uma profissão. Atualmente a escolha da ocupação não corre
somente mediante os interesses e as aptidões, pois os jovens vêem-se
obrigados a levar em conta a realidade social de perspectivas e salários no
momento de escolher.
Módulo VI : Escolha vocacional / profissional – Escolha da vocação: é
nesse módulo que tentamos propiciar uma tomada de consciência sobre
quais são as áreas de interesse e a discussão sobre qual profissão se ajusta
mais para cada jovem.
Foi realizada uma entrevista individual no final com cada jovem a fim de
integrar o processo como um todo e avaliar com o jovem que a “melhor”
escolha para esse momento específico.
33
Módulo VII: Integrando a família – Os pais foram chamados a participar de
uma reunião final na qual foram apresentados os resultados do trabalho.
Foram expostas várias atividades realizadas pelos jovens como: cartaz
dentro-fora (SOARES, 2002c), massinha de modelar sobre a profissão
escolhida, cartas de despedidas do grupo e mural de recados para os
monitores do POPI. Também foi realizada uma palestra sobre a escolha
“possível” para aquele momento.
Visita à UFSC: os participantes foram convidados a fazer uma visita guiada
pela UFSC a fim de conhecer os cursos escolhidos. Foram disponibilizados
dois horários pela manhã e pela tarde, na semana seguinte ao POPI.
Desta maneira segundo Mahl e Oliveira Neto, deram-se o programa de
orientação profissional intensivo.
Faz- se necessário ainda neste capitulo destacarmos a importância de um
processo intensivo.
Os Jovens ao procurarem a orientação
profissional mostram-se muito apressado,
em geral é seu primeiro vestibular e ainda
não pensaram no assunto .
As inscrições para o vestibular das
universidades federais acontecem no inicio
do segundo semestre letivo, levando
muitos jovens a se sentirem surpresos ao
escolher tão cedo, uma vez que o
vestibular é só no final do ano. ( MAHL e
OLIVEIRA NETO, p 32 SOARES , 2002)
33
Por isso surge a urgência em participar de processos intensivos que
possibilitem tão logo uma orientação profissional imediata frente a escolha de
sua profissão.
Mediante a abordagem de Mahl e Oliveira Neto, o trabalho intensivo propõe
ao jovem trabalhar sua capacidade de abstração e obter diversas
informações sobre si num curto espaço de tempo. Assim, vê-se obrigado a
fazer relações entre informações.
Desta forma podemos perceber o jovem dentro deste contexto, e analisarmos
a importância da atuação do orientador educacional na realização de
orientação profissional, que não necessariamente poderá ocorrer apenas nos
espaços escolares, mas em instuições que tenham a finalidade de trabalhar
com seriedade com orientação profissional.
Caberá ao orientador educacional esta plenamente embasado, não apenas
de conhecimentos pedagógicos mas de uma ação humanizada, que irá
facilitar a dinâmica deste processo.
33
CONCLUSÃO
Podemos observar através da presente pesquisa a importância da atuação do
Orientador Educacional junto a Orientação Profissional. O Orientador
Educacional está habilitado em sua função ser o mediador deste processo,
atuando como condutor em todas as etapas, a partir do conceito aobrdado
sobre a historia da educação de nosso pais, e toda a pesquisa desenvolvida
sobre o individuo em sua formação social, podemos perceber a
responsabilidade e o real papel do orientador educacional frente a orientação
profissionais dos educandos. E como lhe dar com esses adolescentes que é
certamente o maior desafio desta orientação.
E neste momento que o orientador precisa ter muita cautela, entendendo e
percebendo o momento que este educando se encontra, é fundamental que
todo o processo ocorra de maneira que o jovem se sinta a vontade, leve a
participar atualmente em todas as etapas.
Relatam, Mahl e Oliveira Neto: o trabalho do O. P. tem em seu processo a
necessidade de tornar a escolha urgente, para um sujeito que na verdade não
apresentava essa demanda.
Para “defender” os orientadores devemos lembrar que, na realidade, quem
torna urgente essa escolha é a sociedade, e, dessa forma tornamos os
mediadores e facilitadores de um processo (...)
Os tempos mudaram e hoje a necessidade de ter claro que caminho percorrer
é uma realidade que faz parte da sociedade contemporânea e precisa ser
conduzido por um profissional devidamente capacitado para exercer tal
função.
É de suma importância que o orientador educacional conheça a relação
dialética que o mesmo precisa ter com a sociedade, sabendo que a busca da
profissão será levado em conta a realidade social que o mesmo se encontra
33
inserido, onde a influencia familiar poderá ser um fator de grande peso na
escolha de sua profissão. Deverá ser o condutor desta tomada de decisão.
É preciso encorajar estar ciente de sua responsabilidade, ter o educando
como um aliado, respeitando seus desejos e características, proporcionando
um relacionamento amistoso, em alguns momentos, esquecendo o exercício
de uma profissão e dando espaço para a afetividade, pois certamente tal
relacionamento facilitara toda a dinâmica do processo. Porém não dá para
perder o foco que é promover o desenvolvimento do educando, contribuindo
assim para sua formação integral, um cidadão crítico e investigativo.
Este é papel do orientador educacional contribuir de forma plena e eficaz para
a construção de um cidadão.
33
BIBLIOGRAFIA
ABERASTURY, A. et al . Adolescência. Porto Alegre: Artes Medicas, 2003
COLL, C.; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996, v.2. COLLODI, Carlo. As aventuras de Pinóquio. Trad. Marina Colasanti. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002.
MAHL, Álvaro Cielo; SOARES, Dulce Helena Penna; OLIVEIRA NETO,
Eliseu. POPI – Programa de Orientação Profissional – Outra Forma de
Fazer Orientação Profissional - 1. ED. São Paulo: Verto, 2005.
LUCCHIARI, Dulce Helena Pena s. O que é Orientação Profissional. In
LUCCHIARI, Dulce Helena Pena s.; LISBOA, Marilu Diez ; PRADO FILHO , Kleber ( Orgs.) Pensando e Vivendo a Orientação Profissional. São Paulo. Summus, 1992
GRINSPUN, Mírian P.S.Z. (org.). A Orientação Profissional: Conflito de
paradigmas para a escola. São Paulo: Cortez, 2002.
GRINSPUN, Mírian P.S.Z. (org.). Supervisão e Orientação Educacional:
perspectivas de integração na escola. São Paulo: Cortez, 2003.
NOGUEIRA, Cláudio Marques Martins; NOGUEIRA, Maria Alice. A sociologia da educação de Pierre Bourdieu - limites e contribuições. Educação e sociedade. ISSN 0101-7330, vol. 23, no 78, abril de 2002, Campinas. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v23n78/a03v2378.pdf. Acesso em 27 de abril de 2007.
GRARCIA, Regina Leite - Orientação Educacional – O trabalho na escola.
São Paulo: Loyola, 2009
VEECKEN, John. O Líder Vencedor . RJ : Ediouro. 2007
44
NERECI, lmideo G. Indrodução à Orientação Educacional - 5. ed. São
Paulo: Atlas, 1992.
BRASIL, 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei Federal 9394). Rio de Janeiro: Utopia,1996. VIGOTSKI, Lev Semenovich. Pensamento e linguagem, São Paulo: Martins Fontes, 2005.
KRAWULSKI, Edite. A Orientação Profissional e significado do trabalho.
Revista ABOP, V.2,p.5 N.1 ,1998
44
INDICE FOLHA DE ROSTO AGRADECIMENTO DEDICATORIA RESUMO METODOLOGIA SUMÁRIO INTRODUÇÃO
2 3 4 5 6 7 8
CAPÍTULO I - EDUCAÇÃO NO BRASIL
11
CAPÍTULO II - ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL E SUA
ATUAÇÃO NOS ESPAÇOS ESCOLARES
19
CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL JUNTO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
26
CONCLUSÃO
36
BIBLIOGRAFIA INDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO
38 41 42
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO
PROCESSO DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Autor: Aline Alves da Costa
Data da entrega: 15 de Fevereiro de 2011
Avaliado por: MÔNICA FERREIRA DE MELO Conceito: