UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … RANGEL CERUTTI.pdf · A globalização e a...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE DO CONTADOR
BRASILEIRO NO CONTEXTO DO MUNDO GLOBALIZADO
Por: Renata Rangel Cerutti
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE DO CONTADOR
BRASILEIRO NO CONTEXTO DO MUNDO GLOBALIZADO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Finanças e Gestão Corporativa.
Por: Renata Rangel Cerutti
3
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido que, com paciência e
compreensão, esteve ao meu lado
durante todo o tempo que dispensei,
principalmente nos finais de semana,
para a conclusão deste trabalho, e
aos meus colegas de turma que, de
certa forma, me incentivaram na
conclusão do curso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu futuro
filho(a) que em breve estará entre nós,
mas que desde já faz parte de nossas
vidas.
5
RESUMO
A globalização e a conseqüente queda de barreiras criaram um
ambiente competitivo no qual só empresas altamente eficientes
sobreviverão. As que não estiverem preparadas estão fadadas ao declínio,
salvando-se aquelas que aprenderem a compartilhar o controle acionário,
utilizando recursos financeiros e de gestão. E nesse ambiente global, com os
meios de comunicação evoluídos assim como a Internet, o mercado traz
uma nova perspectiva para aqueles empresários que realmente se
atualizaram, pondo-se diante de uma realidade onde a tecnologia em todos
os sentidos é a maior aliada para se obter ganhos em preços e o
melhoramento da qualidade na busca de atender melhor a demanda ditada
pelo atual mercado.
O profissional contábil é responsável pela elaboração dos
Demonstrativos Financeiros que respaldam a tomada de decisões e pela
credibilidade das informações. Dentro de uma economia globalizada cada
vez mais se faz necessário que os relatórios contábeis sejam preparados
conforme os padrões mundiais a fim de facilitar as negociações, pois as
divergências nas formas das empresas apresentarem seus números podem
atrapalhar negócios internacionais.
O contabilista de hoje sabe que não é atendendo apenas as
necessidades tributárias que irá satisfazer seus clientes, mas sim prestando
informações precisas que dêem condições aos empresários de comandar
com segurança suas atividades econômicas. Para tanto compete ao
profissional cada vez mais aperfeiçoar-se para melhor atendê-los. Portanto,
qualidade da prestação de serviço é fundamental para que aconteça para
6
ambas as partes o crescimento de seus negócios. De um lado, um
contabilista capacitado a fornecer um serviço que efetivamente vai atender
às necessidades do empresário e, de outro lado a satisfação de receber as
informações precisas, no momento oportuno, de modo a dar-lhe condições
de comandar com segurança sua atividade econômica.
O grande desafio do contabilista ainda continua sendo deixar a
máquina fazer o serviço mecânico, ficando o profissional com a tarefa de
análise das contas e das aplicações de recursos, que serão interpretadas e
questionadas, para então serem dirigidas ao empresário ou administrador.
Diante da atual situação econômica do país de freqüentes oscilações,
pode-se dizer que cresce a importância do profissional de contabilidade.
Com base nos dados reais da empresa, o contador pode ser um parceiro
importante nas decisões gerenciais.
Hoje se espera que o contador esteja em constante evolução, além
de uma série de atributos indispensáveis nas diversas especializações da
profissão contábil. Não é mais possível sobreviver no momento atual com
aquela postura de escriturador, guarda-livros e despachante.
Na verdade o que desejamos é mostrar que não basta conhecer o
perfil desejado do profissional pelo mercado, mas sim buscar através de
pesquisas, alternativas para que tais habilidades possam ser desenvolvidas
durante a graduação, ou pelo menos parte delas.
A globalização e a evolução tecnológica abriram o mercado
internacional. Com isso, a contabilidade necessita de algumas reformulações
para preparar os profissionais a atuar no mercado cada vez mais
competitivo.
Com a globalização veio um novo perfil do profissional contábil, uma
meta árdua, mas gratificante, o qual deverá ser mais flexível, estudioso e
7
preparado para conhecer as minúcias de sua profissão não apenas a nível
nacional, mas também internacional.
A questão relacionada com a internacionalização da contabilidade já
vem despertando interesse de alguns cientistas contábeis para um estudo
mais elaborado que atenda dificuldades e inovações surgidas a cada dia
para acompanhar a rapidez na qualidade das informações. Os profissionais
contábeis devem se preparar para atender as expectativas do mercado
buscando melhoria na sua qualificação para atender o mercado globalizado.
Em se tratando da profissão contábil, além de se ter emprego/trabalho
praticamente garantido, as pesquisas mostram que a remuneração ou
honorários são significativos, estando a frente de diversas outras profissões
tidas como nobres. De maneira geral, há uma tendência de redução dos
empregos diretos na agropecuária e indústrias, setores estes que
caracterizaram-se como as melhores oportunidades no século que terminou.
Fala-se que nos Estados Unidos, nos próximos dez anos, estes dois setores
representarão não mais que dois por cento dos empregos daquela
economia, ficando para o comércio e serviços o grande filão. (MARION,
1998, p. 3)
O presente trabalho também trata da apresentação de formas de se
observar as novas tendências da Contabilidade como ciência importante em
todo o mundo, tendo em vista as alterações havidas no mercado, e o modo
como as empresas atuais se relacionam entre si e as informações
emanadas da Contabilidade, como instrumento de tomada de decisão, de
forma a se verificar a necessidade de se reformular o ensino e a formação
do contador como elemento de ligação entre as empresas e os usuários das
informações.
8
OBJETIVOS
O contabilista de hoje sabe que prestando informações precisas dará
condições aos empresários de comandar com segurança suas atividades
econômicas.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................. 10
CAPÍTULO I – Globalização e normas internacionais de contabilidade....... 13
CAPÍTULO II – O papel do Contador no mercado globalizado .................... 21
CAPÍTULO III – Apoio à tomada de decisão empresarial ............................ 26
CAPÍTULO IV – O estado atual da profissão contábil no Brasil ................... 32
CAPÍULO V – Uma reformulação do curriculum acadêmico........................ 40
CONCLUSÃO .............................................................................................. 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................... 50
ÍNDICE......................................................................................................... 52
FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................. 53
10
INTRODUÇÃO
No desenvolver do capítulo 2 veremos que como o Brasil é um dos
principais países do Mercosul, os profissionais contábeis devem estar mais
conscientes de sua importância nos cenários econômico e social, buscando
a renovação para vencer as novas competições e desafios gerados pelo
mercado, visando atender as expectativas dos consumidores externos que
se tornam mais exigentes e seletivos na escolha de seus produtos e
serviços, decorrentes das maiores ofertas surgidas com as mudanças nos
aspectos relacionados às suas atividades.
No capítulo 3, veremos que o mercado de trabalho globalizado cria
novas oportunidades de fundamental importância para o contador do novo
milênio. Como fornecedor das veracidades das informações contábeis e
financeiras de uma empresa, esse profissional se torna importante
comunicador das informações indispensáveis para a tomada de decisões.
O profissional contábil precisa ser visto como um
comunicador de informações essenciais à tomada de
decisões, pois a habilidade em avaliar fatos passados,
perceber os presentes e predizer eventos futuros pode
ser compreendido como fator preponderante ao
sucesso empresarial. (SILVA, 2003, p. 3)
Por muito tempo o contador foi visto, e ainda continua sendo pelos
microempresários, como um funcionário indireto do governo, apenas para
cálculos e preenchimento de guias e formulários para atender o fisco. Essa
foi a maior injustiça causada à profissão. Dentro da nova tendência mundial,
11
com a internacionalização do comércio e dos serviços, esse profissional tem
obrigação de mostrar à sociedade o quanto a profissão foi injustiçada,
mostrando que as informações prestadas pela contabilidade são de
importância inquestionável para a tomada de decisões.
Logo, no capítulo 4, temos o profissional contábil mostrando que sua
função não deixou de ser importante nos aspectos econômicos e sociais.
Apesar da informática substituir o homem em alguns aspectos, a capacidade
para interpretar os números e tomar decisões continua sendo requerida pela
sociedade humana de um profissional competente e gabaritado com
conhecimentos científicos, de ordem superior, oferecendo modelos de
comportamento de riqueza.
O estado atual da profissão contábil no Brasil, tema do capítulo IV,
mostra que a contabilidade deu um salto importante nas últimas décadas,
impulsionando os profissionais no sentido de alcançar o seu merecido lugar
no cenário econômico e social do nosso país. Contudo algumas forças do
mercado exigem competitividade, dinâmica, habilidade, aprimoramento
profissional e a busca da perfeição. É aí que entram os Princípios
Fundamentais de Contabilidade, a Ética Profissional e sobretudo a
cooperação dos colegas para agregar valores à profissão e às entidades que
servem a todos.
Os profissionais contábeis têm o papel de solucionar problemas nesse
processo, não como responsáveis por decisões, mas como responsáveis
pelo levantamento das informações de dados que interessam aos usuários.
Sua responsabilidade é ter certeza de que o administrador se oriente por
dados que interessam a tomar a melhor decisão, através de seus relatórios,
apresentando também junto a esses, soluções de problemas para escolha
do caminho a ser seguido.
No capítulo 6, veremos a reformulação do curriculum acadêmico, pois
o contador passa a ser mais exigido no que se refere à sua qualificação,
profissional e educacional, principalmente devido à perspectiva de
harmonização de normas contábeis internacionais, que atenderá os
12
requisitos impostos pela globalização, dentre eles o elevado número de
empresas em funcionamento ao redor do mundo, bem como a exigência
crescente do mercado de capitais. Tudo isso passa pela formação pessoal e
profissional do contador, como elemento integrado a essas mudanças.
13
CAPÍTULO I
GLOBALIZAÇÃO E NORMAS INTERNACIONAIS DE
CONTABILIDADE
1.1 - O que é Globalização?
A notícia do assassinato do presidente norte-americano
Abraham Lincoln, em 1865, levou 13 dias para cruzar o
Atlântico e chegar a Europa. A queda da Bolsa de
Valores de Hong Kong, em outubro/novembro de 1997,
levou 13 segundos para cair como um raio sobre São
Paulo e Tóquio, Nova York e Tel Aviv, Buenos Aires e
Frankfurt. Eis ao vivo e em cores a globalização.
(ROSSI, 1998, p. 15)
Não há uma definição que seja aceita por todos. Ela está
definitivamente em moda e designa muitas coisas ao mesmo tempo. Há a
interligação acelerada dos mercados nacionais, há a possibilidade de
movimentar bilhões de dólares por computador em alguns segundos, como
ocorreu nas Bolsas de todo mundo, há a chamada “terceira revolução
tecnológica” que seria o processamento, difusão e transmissão de
informações. Os mais entusiastas acham que a globalização define uma
nova era da história humana. Podemos dizer que a globalização, ou
mundialização, seria o crescimento da interdependência de todos os povos e
países da superfície terrestre. Alguns falam em “aldeia global”, pois parece
que o planeta está ficando menor e todos se conhecem.
14
1.2 - A história da Globalização
Tendo uma visão apenas da globalização econômica, vamos
encontrá-la já muito antes do Império Romano. A globalização aparece na
constituição do Império Chinês; na civilização egípcia que manteve o
domínio de todo o continente africano; na Grécia, que apesar das cidades-
estado, que mesmo independentes, viam uma globalização da economia. Os
gregos descobriram o direito. Mas é em Roma que o direito surge como
instrumento de poder, pois só assim os romanos poderiam organizar e
controlar o Estado. Além disso, com a expansão territorial, os romanos se
vêem obrigados a construir uma rede de estradas, que possibilitou a
comercialização e a comunicação entre os diversos povos.
Outro exemplo que temos é do século XIX, chamado de Imperialismo
ou Neocolonialismo. Ocorreu quando a economia européia entrou em crise,
pois as fábricas estavam produzindo cada vez mais mercadorias em menos
tempo, assim, com uma superprodução, os preços e os juros despencaram.
Na tentativa de superar a crise, países europeus, EUA e Japão buscaram
mercados para escoar o excesso de produção e capitais. Cada economia
industrializada queria mercados cativos, transformando o continente Africano
e Asiático em centro fornecedor de matéria-prima e consumidores de
produtos industrializados, gerando com isso um alto grau de exploração e
dependência econômica. (ROSSI, 1998, p. 15)
Já no final dos anos 70, os economistas começaram a difundir o
conceito de globalização, usada para definir um cenário em que as relações
de comércio entre os países fossem mais freqüentes e facilitadas. Depois, o
termo passou a ser usado fora das discussões econômicas.
Assim, as barreiras comerciais entre os países começaram a cair com
a diminuição de impostos de importação, o fortalecimento de grupos
internacionais, como o Mercosul ou a Comunidade Européia, e o incentivo
15
do governo de cada país à instalação de empresas estrangeiras em seu
território.
1.3 - A Globalização do comércio e dos mercados de capitais
A globalização da economia e das relações de negócios
internacionais determinará, sem dúvida, o progresso ou retrocesso das
nações no século XXI, influindo não somente na economia, mas também na
própria cultura dos povos. Vencerão o desafio da competição internacional
aqueles que estiverem mais preparados para enfrentá-lo, isto é, aqueles
com melhor formação cultural e técnica. A cultura humanística será a base
de todo desenvolvimento e a preparação técnica, representada por
treinamento e atualização de conhecimentos, será condição prioritária para a
competição eficiente no campo econômico e profissional.
A rápida globalização do comércio e dos mercados de capital tem
evidenciado, recentemente, a necessidade de harmonização das normas
contábeis. Mudanças no fluxo global de capitais aumentaram a demanda de
comparabilidade nos relatórios contábeis de diferentes países.
Quando hoje falamos de harmonização internacional de normas
contábeis, a IASC (Comissão Internacional de Normas Contábeis) tem
posição de destaque. Há, contudo, muitas outras entidades que têm papel
importante na harmonização das normas contábeis que são: SEC (Securities
and Exchange Commission), equivalente à nossa CVM, Comissão Européia,
Congresso dos Estados Unidos e a Organização Mundial para o Comércio.
A proliferação das normas contábeis terá um impacto dramático na
comunidade empresarial em todo o mundo. Segundo Franco, 1999, recente
estudo das normas identificou 255 discrepâncias específicas entre as
normas da IASC e os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos
(GAAP) americanos. Com isso, acordos para completar um conjunto básico
16
de normas estão sendo feitos, levando-se em conta as normas americanas,
uma vez que os Estados Unidos é um dos mais importantes mercados do
mundo.
A harmonização de normas dentro de grupos econômicos, como o
Mercosul, também conhecidos como organismos regionais, é o primeiro
passo para a harmonização internacional que vem sendo tentada, apesar
das dificuldades. Os organismos regionais se consolidaram em face das
semelhanças culturais e econômicas, onde são aplicadas normas comuns
entre os países, não somente com relação às técnicas contábeis, mas
principalmente no que se refere ao exercício da profissão contábil, o que
permite o livre exercício profissional de estrangeiros em vários países da
América do Sul. (FRANCO, 1999, p. 140)
1.4 - Objetivo do reconhecimento global de contadores
Globalização, a crescente interdependência de países em todo
mundo, devido ao volume e à variedade de negócios e serviços pelas
fronteiras, foi o fenômeno do final do século XX. O ambiente internacional
para que esta tendência continue, foi estabelecido pela Organização Mundial
do Comércio (WTO). O intercâmbio foi trazido para o ambiente da estrutura
de comércio multilateral e o Acordo Geral de Comércio e Serviços (GATS)
coloca obstáculos regulatórios ao comércio e investimentos estrangeiros na
área de serviços, incluindo a prática da profissão contábil e de outras
profissões entre fronteiras.
Tudo isso representa, evidentemente, boas notícias para a profissão,
que tem, tradicionalmente, seguido a internacionalização de empresas.
Muito ainda há por fazer, mas o importante é que Contadores
profissionalmente qualificados possam acompanhar empresas que se
internacionalizem. Isso representa proteção de todos os acionistas
importantes por meio de serviços contábeis.
17
Duas maneiras de se tratar do reconhecimento global da atividade
profissional seriam a negociação de acordos bilaterais para reconhecimento
mútuo e o estabelecimento uma norma de referência para a qualificação.
No reconhecimento mútuo bilateral temos como vantagens o fato de
as autoridades do país deterem o controle sobre as normas, e a
liberalização, cada vez maior, para extensão de acordos bilaterais a outros
países. Mas também temos desvantagens como demandar muito tempo, a
negociação bilateralmente entre partes e a não possibilidade de acesso de
terceiros países.
Na fixação de normas globais de referência, os pontos fracos na
habilitação internacional tornam sua implementação uma solução difícil para
os problemas de reconhecimento que os Contadores estão enfrentado em
todo mundo. Que instituição fixaria as normas globais e quem imporia seu
reconhecimento? A exigência de formar Contadores de acordo com um
modelo internacional poderia atuar como uma restrição às instituições
nacionais e não se estariam dando para os países em desenvolvimento
oportunidades de terem suas qualificações nacionais reconhecidas em todo
mundo.
Deve ser ressaltado, contudo, que a existência de um sistema de
qualificação global ou habilitação internacional não ajudará, por si só, os
países a elevarem seus níveis de educação e treinamento, bem como não
dá assistência às economias em desenvolvimento, ou emergentes, para
educação e treinamento contábil. Para o profissional ser reconhecido, ele
terá necessidade de demonstrar competência em leis e impostos locais, por
meio de testes e experiência prática.
Na maioria dos países, a profissão contábil tem sido criada e é
controlada por regulamento. Em outros países ela é auto-regulamentada,
mas goza de reconhecimento oficial pelo Estado. Seja pública ou privada, a
regulamentação governa todas as áreas de qualificação e exercício
profissional, incluindo definição e proteção de títulos profissionais, níveis
mínimos de educação e treinamento exigidos para ingresso em um instituto
18
profissional, exigências adicionais de atuar em áreas específicas, exigências
de educação continuada pós-habilitação e o código de ética e normas a
serem seguidos.
Infelizmente, é mais precisamente a estrutura dos regimes
regulatórios domésticos que pode criar barreiras à livre circulação de
profissionais contábeis, impedindo-os de atuar internacionalmente. Porém,
as exigências de qualificação mínima contribuem para assegurar elevados
níveis de padrão de trabalho profissional e proteger o interesse público.
1.5 - Normas internacionais de Contabilidade
A profissão contábil sempre acreditou ter o interesse público como
principal objetivo. Lamentavelmente, o público interessado não pensa da
mesma forma. Real ou imaginária, existe uma grande distância entre o que a
profissão sente que faz e o que o público pensa que ela deveria fazer. A
profissão aponta para suas normas, mas às vezes o público parece
esquecido de o que são essas normas.
Pessoas bem-informadas acreditam que a globalização é a base do
futuro. A idéia de economia nacional não tem sentido, assim como as idéias
de empresas nacionais, capitais nacionais, produtos nacionais e tecnologia
nacional. A globalização está tornando irresistível a uniformização contábil
em todo o mundo. A experiência mostra que investidores são atraídos para
mercados que eles conhecem e nos quais confiam. Por essa razão, os
países que adotam normas contábeis reconhecidas internacionalmente, e
por eles entendidas, terão significativa vantagem sobre os demais. O
fornecimento de informações de acordo com normas de elevada qualidade,
transparência e comparabilidade reduz o risco do investimento e o custo do
capital. Se a empresa tiver de preparar suas demonstrações contábeis de
acordo com diferentes normas, de diferentes países, para se comunicar com
investidores em vários mercados de capitais em que opera, isso causa
confusões e incorre em elevados custos.
19
Organizações como ONU, Banco Mundial, Organização Mundial para
o Comércio, União Européia e muitas outras apóiam os esforços da
Comissão Internacional de Normas Contábeis (IASC) para eliminar as
barreiras aos fluxos de investimentos entre nações e colaborar na eficiente
alocação de poupança ao investimento, em bases globais. A profissão
contábil e outros participantes do mercado de capitais vêem que a
globalização de negócios está entre nós e apóiam, cada vez mais, a criação
de normas contábeis para ser utilizadas mundialmente, para produzir
informações comparáveis.
Agora, com a chegada do novo século, esperamos por uma
renascença da Contabilidade. O público está exigindo normas globais e nós
devemos fornecê-las. Temos uma economia crescentemente global e as
pressões do mercado estão conduzindo à exigência de um conjunto de
normas transparentes e de relatórios contábeis comparáveis para uso em
todo mundo. Essas pressões do mercado incluem a redução de riscos de
investimentos e menores custos de capital como resultado de informações
contábeis transparentes e comparáveis, de alta qualidade, de acordo com as
normas da IASC.
Relatórios contábeis mundialmente uniformes podem atrair
investimentos de países mais ricos para países em desenvolvimento, muitos
dos quais têm grande potencial. Isso pode contribuir para um melhor padrão
de vida nos países mais pobres. A adoção de normas uniformes de
Contabilidade é apenas uma parte na uniformização de relatórios
financeiros. Educação, regulamentação, ética e normas de Auditoria também
precisam ser melhoradas, especialmente em países em desenvolvimento,
para que a renascença da Contabilidade dê frutos. Os próprios fixadores
nacionais de normas têm apoiado a harmonização internacional, havendo
uma base sobre a qual construir as regras de relatórios contábeis. A
cooperação entre a IASC e os fixadores nacionais de normas deve produzir,
economicamente, normas harmonizadas, permitindo-nos esperar,
conjuntamente com usuários, novas áreas nas quais informações ainda
20
melhores possam estar disponíveis para alocar recursos financeiros
escassos em projetos em qualquer lugar onde possam ser aplicados.
A importância crescente das Normas Internacionais de Contabilidade
é evidenciada pelo aumento da lista de países que a recomendam ou
aceitam seu uso. Entretanto, talvez não haja possibilidade de absoluta
harmonização internacional de normas, em virtude de condições culturais,
políticas e legais de cada país, mas é possível reduzir as distâncias,
alcançando-se a maior aproximação possível.
21
CAPÍTULO II
O PAPEL DO CONTADOR NO MERCADO
GLOBALIZADO
Com a abertura de mercado no começo da década passada, o país
tem presenciado a chegada de novas tecnologias e modelos de
administração trazidos por empresas estrangeiras, despertando no meio
empresarial brasileiro a necessidade de melhorar sua produtividade e
qualidade dos seus produtos nacionais para que possam competir com o
mercado exterior. Os profissionais da contabilidade precisam estar atentos
às novas ferramentas utilizadas, passando por constante reciclagem para
não ficarem fora do mercado de trabalho.
As novidades tecnológicas de ponta impõem que todos
mergulhem num rico processo de adaptação, de forma
a utilizar a informação virtual, a Internet, a telemática, e
outros meios avançados de comunicação, para que
empresários e profissionais da Contabilidade sejam
contemporâneos do moderno instrumento que se
encontra à sua disposição. No caso concreto da
informação contábil, temos de vê-la pelo menos por
dois dos seus principais eixos: o que diz respeito aos
usuários e o que nos compete como profissionais.
(DIAS, 2003, p.7)
As exigências aos profissionais e às empresas contábeis, já que
estamos no epicentro da gestão e das decisões, são crescentes e
22
desafiadoras, porém, precisa-se aliar a capacidade técnica a uma
permanente renovação e a um alto padrão de criatividade como elementos-
chave para poder enfrentar os desafios e ter êxito em seus ofícios. Impõe-se
a preocupação constante em acompanhar vigilantemente tudo que vai
surgindo de novo na atividade econômica e administrativa, assim como na
tecnologia da informação, seja no Brasil, seja em qualquer outro país, para
que se possa cumprir corretamente seu papel.
O desenvolvimento contábil, como já dissemos,
acompanha de perto o desenvolvimento econômico.
Com a ascensão econômica do colosso norte-
americano, o mundo contábil volta sua atenção para os
Estados Unidos, principalmente a partir de 1920, dando
origem ao que alguns chamam de Escola Contábil
Norte-americana.
O surgimento das gigantescas Corporations,
principalmente no início do século atual, aliado ao
formidável desenvolvimento do mercado de capitais e
ao extraordinário ritmo de desenvolvimento que aquele
país experimentou e ainda experimenta, constituiu um
campo fértil para o avanço das teorias e práticas
contábeis norte-americanas. (UDÍCIBUS, 2000, p.35)
A competitividade global é internacional, colocando os contadores e a
contabilidade diante de novos desafios e oportunidades de desenvolvimento
ao mesmo tempo, surgindo assim novas tendências para o profissional. Eis
as principais tendências:
23
a) Internacionalização dos mercados, com necessidade
de harmonização de princípios contábeis em nível
supranacional.
b) Necessidade de a teoria da Contabilidade de Custos
adequar-se, sem perder suas vantagens comparativas
de sistema de baixo custo, às novas filosofias de
qualidade total, competitividade e eficiência.
c) Considerando que análise mais recente têm
demonstrado que o modelo decisório e as
necessidades informativas, tanto de tomadores de
decisões internas à empresa como de agentes
externos são basicamente os mesmos; não mais se
justifica, em nível conceitual, a existência de uma teoria
da Contabilidade financeira (para os usuários externos)
e o que se denomina Contabilidade Gerencial, na
verdade uma coletânea de tópicos que ainda não
ganhou uma estrutura coerente. Esforços terão que ser
realizados a fim de estruturar Princípios Fundamentais
de Contabilidade e, conseqüentemente, montar uma
teoria que abarque tanto a Contabilidade Gerencial
quanto à Financeira (e a de Custos, como parte de
Gerencial, é claro). (IUDÍCIBUS, 2000, p. 282)
Segundo Franco:
A finalidade da contabilidade é controlar os fenômenos
ocorridos no patrimônio de uma entidade, através do
registro, da classificação, da demonstração expositiva,
da análise e interpretação dos fatos neles ocorridos,
objetivando fornecer informações e orientações
24
necessárias à tomada de decisões – sobre sua
composição e variações, bem como sobre o resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza
patrimonial. (1996, p.22)
É desse ponto de vista conceitual que o novo papel do responsável
pela contabilidade se acresce de outras responsabilidades e, inclusive, da
necessidade de uma participação social mais integrada ao novo contexto
administrativo e gerencial das organizações.
Se é dado à contabilidade um completo conhecimento de todos os
atos e fatos praticados no âmbito da organização, e até mesmo daqueles
que praticados fora da entidade, e se de alguma forma vierem a afetar o seu
patrimônio ou o seu resultado, é inevitável que os profissionais de
contabilidade saibam utilizar esse grandioso manancial de informações na
produção de relatórios e demonstrativos que bem evidenciem a abrangência
e impacto total da gestão do negócio nos aspectos sociais, econômico-
financeiros e patrimoniais.
Na área dos negócios a linguagem universal á a
Contabilidade. Da mesma forma que se busca
aprender a língua inglesa como idioma internacional
para se comunicar, no mundo dos negócios é
imperativo conhecer a Contabilidade. (MARION, 2000,
p.1)
De toda maneira, esta nova visão da contabilidade, vale dizer, já está
bem assimilada pelos profissionais e até mesmo pelos órgãos e entidades
de classe e responsáveis pela oficialidade das informações a serem
divulgadas nos demonstrativos contábeis, haja vista a exigência recente da
25
elaboração da Demonstração do Valor Adicionado, demonstrativo que
agrega às demonstrações financeiras informações sobre o alcance social e
econômico das operações da empresa na sociedade.
26
CAPÍTULO III
APOIO À TOMADA DE DECISÃO EMPRESARIAL
A contabilidade, além de fornecer informações aos administradores
para a gestão da empresa, fornece também informações à sociedade. A
transparência da empresa quanto a sua atuação social permite a ela o
fortalecimento de sua imagem e, conseqüentemente, garante sua
continuidade e sua credibilidade diante da sociedade. Assim, deve o
profissional da Contabilidade capacitar-se tecnicamente para orientar
adequadamente empresários governantes e conduzir seus trabalhos com
ética e responsabilidade.
O Balanço Social é uma ferramenta utilizada pela Contabilidade no
intuito de fornecer aos seus usuários informações úteis, fidedignas e
eqüitativas. Esses usuários também serão supridos com informações no
campo social que revelam a responsabilidade da empresa perante a
sociedade e permitem-lhe avaliar os efeitos das atividades da empresa
sobre o ambiente onde ela atua.
No Balanço Social, constarão informações sobre o desempenho
sócio-econômico da empresa e seu relacionamento com a sociedade
(empregados, fornecedores, cliente, governo, etc.), diferentemente das
demonstrações contábeis tradicionais (balanço patrimonial, demonstração
das mutações do patrimônio líquido, demonstração do resultado do
exercício, demonstração das origens e aplicações de recursos, por exemplo)
e de alguns demonstrativos gerenciais que produzem informações apenas
no âmbito econômico-financeiro da empresa.
O Balanço Social desenvolve um processo de aproximação entre as
empresas e a comunidade onde estão instaladas, pois, à medida que
a
27
empresa recebe dessas comunidades e do meio ambiente as riquezas
necessárias para sua operação (força de trabalho, recursos naturais, etc.),
ela processa e devolve sua produção e parte de sua riqueza gerada para
essa mesma comunidade na forma de produtos, serviços, salários, impostos,
etc.
Por meio do Balanço Social, a empresa apresenta para o público
informações sobre a política social da entidade, sobre a geração de novos
postos de trabalho, desenvolvimento profissional de seus colaboradores,
investimentos em treinamento, formação profissional, segurança e medicina
do trabalho, alimentação, transporte e assistência social, demonstração de
geração e distribuição de riqueza (pelos salários), impostos e lucros, bem
como a divulgação da política de proteção e preservação do meio ambiente.
A responsabilidade social das empresas é resultado da mudança de
enfoque que está ocorrendo no pensamento da sociedade. Essa
responsabilidade assume diversas formas entre as quais proteção ao meio
ambiente, projetos filantrópicos e educacionais, planejamento da
comunidade, igualdade nas oportunidades de emprego e de outros aspectos
sociais, de responsabilidade compartilhada com o profissional de
Contabilidade, responsável pelas informações contidas no Balanço Social.
Segundo alguns autores, o Balanço Social é definido como um
instrumento de gestão e de informação que visa a reportar informações de
cunho econômico e social, do que aconteceu e acontece na entidade, aos
mais diferentes usuários, dentre estes os assalariados.
O Balanço Social deve complementar o sistema de informação
contábil e permitir aos usuários conhecer a atuação social da empresa, seu
posicionamento perante a comunidade e o meio ambiente, bem como seu
relacionamento com os empregados.
Balanço Social é o instrumento de informação da empresa para a
sociedade que demonstra se a relação custo-benefício da atuação
da
28
empresa é positiva, se esta agrega valor à economia e à sociedade, se
respeita os direitos humanos de seus colaboradores e se desenvolve todo o
seu processo operacional sem agredir o meio ambiente. Com isso, constata-
se que poderão ser analisadas por meio do Balanço Social as questões
referentes a recursos humanos, meio ambiente e valor adicional.
O Balanço Social será útil no controle social sobre o uso dos
incentivos fiscais, na identificação de políticas de recursos humanos, no
auxílio sobre novos investimentos, no desenvolvimento da consciência para
a cidadania e também deverá servir como parâmetro de ações dos
diferentes setores da empresa no campo das políticas sociais.
3.1 - Comprometimento da Contabilidade com o social
A contabilidade social tornou-se necessária pela relação de
interdependência que une a sociedade à empresa e ambas ao meio
ambiente. A evidenciação dos eventos que envolvem o meio ambiente e a
sociedade tem por intenção medir a integração das políticas sócio-
econômicas da entidade com seu desenvolvimento sustentável.
A contabilidade destes eventos é de grande importância para se
analisar estrategicamente a entidade.
Ao se garantir a integridade do meio ambiente está se garantindo a
continuidade da empresa pelo fato de que preservação, recuperação,
reciclagem e monitoramento do meio ambiente levam este último a fornecer
de maneira contínua toda a infra-estrutura e demais elementos essenciais à
operacionalização das atividades de uma dada entidade. O desenvolvimento
da sociedade também contribui para a continuidade da empresa, o que gera
riquezas, diminui a pobreza e estimula o desenvolvimento.
29
Existe também o ponto de vista das vantagens competitivas, pois a
preocupação com o meio ambiente tornou-se ponto diferencial em relação a
empresas do mesmo ramo e permitiu, assim, estabelecer posição de
liderança entre elas. Assim, por meio de investimentos no lado social de um
empreendimento, a empresa pode mudar sua imagem perante o
consumidor.
A qualidade da informação contábil tem sido exigida cada mais em
suas dimensões de eficiência e eficácia, uma vez que, na era da informação
instantânea, apresenta-se como um poderoso instrumento de auxílio dentro
e fora das organizações.
Quando tratada em relatórios com dados de desempenho da área
social, a informação contábil constitui um instrumento de extrema utilidade
para a sociedade e para as empresas, uma vez que a contabilidade é um
instrumento de informação e avaliação destinado a prover seus usuários
com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e
de produtividade, com alto grau de responsabilidade e sobretudo ética.
Destaca-se, também, que o sistema tradicional de informações
voltado unicamente para o aspecto econômico não permite a obtenção dos
dados que contemplem essa nova idéia empresarial.
Na França, as empresas são obrigadas, desde 1977, a publicar
anualmente as informações de seus Balanços Sociais.
Em outros países, como Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha,
Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, é comum a divulgação do Balanço
Social.
30
3.2 - Usuário das informações e indicadores econômicos e sociais
A sociedade como um todo será usuária das informações contidas no
Balanço Social. Podemos destacar entre os usuários dessas informações
todos aqueles ligados, direta ou indiretamente, à empresa.
Os usuários das informações oferecidas pelo Balanço Social são
todos os grupos que interagem com a empresa, por exemplo: clientes,
fornecedores, empregados, investidores potenciais, acionistas controladores,
acionistas minoritários, gestores, governo, comunidade e vizinhança.
Do Balanço Social poderão ser extraídos diversos indicadores de
caráter econômico e social, de ordem quantitativa e qualitativa. Esses
indicadores estarão presentes na empresa e serão devidamente
evidenciados no Balanço.
Os indicadores de caráter econômico seriam o valor adicionado por
trabalhador, a relação ao valor adicionado, a relação entre salários e as
receitas brutas da empresa para o Produto Interno Bruto, a produtividade
social da empresa, etc.
Os indicadores de caráter social estariam voltados à evolução do
emprego na empresa, à promoção dos trabalhadores na escala salarial da
empresa, à relação entre a remuneração do pessoal no nível de gerência e
operários, à participação e à evolução do pessoal por sexo, à instrução, à
classificação do pessoal por faixa etária e por tempo na empresa.
Logo, o grau de comprometimento da empresa com a sociedade deve
ser muito grande e constitui-se em obrigação ética nos dias atuais. Hoje não
se concebe uma empresa que opere sem preocupação com o meio
ambiente e o bem-estar da população. Isso é enfatizado ao reconhecer-se
que não
31
existe empresa sem sociedade e ambas não vivem no espaço, necessitam
de um local, um ambiente para se estabelecerem.
O Balanço Social é, sem dúvida, um instrumento importante para a
evidenciação dos atos das empresas, e cabe também à Contabilidade, como
ciência social, lutar para que a idéia do Balanço Social seja cada vez mais
divulgada e esclarecida perante a sociedade como um todo. Os profissionais
da área contábil devem especializar-se neste assunto para propiciar
informações aprimoradas com responsabilidade e ética.
32
CAPÍTULO IV
O ESTADO ATUAL DA PROFISSÃO CONTÁBIL NO
BRASIL
Estamos diante de uma nova etapa na área contábil, ou seja, a fase
mecânica cedeu lugar à fase técnica e esta está cedendo lugar à fase da
informação. Sendo assim, fica evidente a queda nos empregos pelo fato de
estarmos vivendo um momento de transição. Para Perez, o objetivo da
profissão contábil:
vai mais além de acumular cifras para preparar um
balanço para efeitos impositivos. Vai mais além de
registrar automaticamente uma ou várias operações:
um software adequado pode produzir melhor as rotinas.
(1997, p. 68)
Os profissionais contábeis são necessários a estes serviços ligados à
produção (engenharia, informática, pesquisa, design...), aos serviços ligados
à distribuição (comércio), aos serviços sociais (educação, saúde, higiene,
gastronomia, segurança...) e outros.
Um campo novo de trabalho, também com muita perspectiva para o
profissional contábil, é o chamado “terceiro setor”. São organizações
privadas autônomas, normalmente sem a finalidade de distribuir lucro aos
seus proprietários ou diretores, revertendo todo o lucro para a própria
entidade buscando o bem estar da sociedade. Algumas vezes são
chamadas, também, de Organizações Não Governamentais, ou Associações
Culturais, ou Fundações Privadas, ou Entidades Sociais Organizadas, etc.
33
Nos Estados Unidos os recursos gerados por estas instituições estão
na ordem de US$ 660 bilhões por ano, representando um crescimento
quatro vezes maior que as empresas que distribuem lucro aos acionistas. No
Brasil, este setor, que está em estado embrionário, já representa dois por
cento dos empregos. A maior multinacional brasileira hoje é considerada
uma organização eclesiástica evangélica.
A preocupação em evitar fraudes nestas instituições e a exigência das
organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento, de parecer de auditorias reconhecidas
para liberarem recursos para essas entidades, proporcionaram à Trevisan
Auditores Independentes aumento de sua clientela em torno de 10%.
A responsabilidade social destas organizações (principalmente na
prestação de contas, que é o ponto fundamental para a sua sobrevivência),
a criação e a estruturação das fundações, os projetos e orçamentos de longo
prazo, a captação de recursos, o controle e aplicação destes recursos, a
controladoria destas instituições... são alguns exemplos de atividades para o
profissional contábil.
Em reportagem produzida pelo Jornal O Globo, com base na pesquisa
feita pela Ray & Bernedtson, empresa especializada na busca de executivos,
a Contabilidade foi considerada uma das atividades profissionais mais
promissoras nesta transição de séculos. No artigo “Prontos para o Trabalho
do Futuro” é destacado onze profissões que cada vez mais vem se
destacando no mercado globalizado, entre elas a Contabilidade com um
novo perfil (o novo contador deve dominar economia internacional e o
processo de gestão de sua empresa, além de ter grande visão de negócio).
Na visão de Andrade:
As informações geradas pela contabilidade devem
propiciar aos seus usuários base segura às suas
decisões, pela compreensão do estado em que se
34
encontra a Entidade, seu desempenho, sua evolução,
riscos e oportunidades que oferece. (1995, p. 61)
Por repetidas vezes tem-se também falado que a contabilidade é a
única profissão que oferece um leque amplo de alternativas profissionais,
permitindo mais de duas dezenas de opções de especialização. No entanto
não é tão simples, de acordo com Mussolini:
O contador deve se conscientizar de que a valorização
se fundamenta, essencialmente, em dois pontos
básicos: a) indiscutível capacidade técnica; e b)
irrepreensível comportamento ético. (1994, p. 79)
Todavia, apesar das inúmeras vantagens, não existem milagres no
processo de obtenção de sucesso profissional nesta área ou em qualquer
atividade. Há necessidade do desenvolvimento equilibrado das “duas
pernas” que permitem a realização profissional: a competência e a ética.
4.1 - Competência e habilidades
Um profissional da área contábil é um agente de mudanças, e como
tal este profissional deve mostrar suas diversas habilidades. O contador é o
anjo-da-guarda de uma empresa, tornando-se seu profundo conhecedor,
podendo desta forma atuar em sua continuidade e crescimento. Conforme
Montaldo, o contador:
35
deve desempenhar aqui um papel importante nas
negociações inter-regionais, assessorando,
pesquisando, trazendo informações e elementos que
assegurem o fluxo de informação contínua, que leva a
uma tomada de decisão racional, devendo oferecer um
serviço socialmente útil e profissionalmente eficiente,
que não seja apenas fruto da experiência e da
formação universitária recebida, mas também de seu
compromisso de incrementar e renovar constantemente
o caudal de seus conhecimentos em prol da unidade
regional. (1995, p. 32)
O contador deve se apresentar como um tradutor, e não
simplesmente como um apurador de dados. Não basta elaborar os relatórios
contábeis/financeiros, mas fazer com que os gestores consigam entender o
que esses relatórios estão informando. Sob este aspecto, um tradutor é
aquele que consegue interpretar as informações e adequá-las à tomada de
decisão com eficiência e rapidez. O profissional contábil, neste contexto,
deve estar mais preocupado com a utilidade, transparência, clareza e
objetividade das demonstrações contábeis para o usuário do que com a
beleza intrínseca dessas demonstrações.
Dentro de uma empresa o contador é um comunicador em potencial,
pois ele está em sintonia com todas as áreas, como por exemplo: produção,
vendas, finanças, etc. Nasi cita que:
O contador deve estar no centro e na liderança deste
processo, pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado
por outro profissional. O contador deve saber
comunicar-se com as outras áreas da empresa. Para
tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos
36
aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter
formação cultural acima da média, inteirando-se do que
acontece ao seu redor, na sua comunidade, no seu
Estado, não seu País e no mundo. O contador deve ter
um comportamento ético-profissional inquestionável. O
contador deve participar de eventos destinados à sua
permanente atualização profissional. O contador deve
estar consciente de sua responsabilidade social e
profissional. (1994, p. 5)
Se o profissional contábil consegue deter informações vitais sobre a
situação das empresas, poderia este profissional desempenhar a função de
Controller. Um exemplo recente desta habilidade é percebido na prefeitura
do município do Rio de Janeiro. O Controlador Geral é um cargo de
confiança, e como tal não é ocupado por funcionário do quadro técnico,
porém, até o presente momento tem sido ocupado por profissionais
contadores.
Logo, quem detém o controle de informações tem condições de
avaliar, dentre diversas alternativas, a que poderá levar a empresa ao
sucesso desejado. O objetivo, neste momento, é mostrar o profissional
contábil atuando com um avaliador. Porém, este profissional estará atuando,
também, como consultor. Quando os dirigentes, governo, clientes, banco,
etc., desejam alguma informação esta é obtida do profissional contábil.
Nas empresas, em algumas situações, há a necessidade de se fazer
alterações nos sistemas contábeis/financeiros, de forma a obter informações
mais precisas ou mesmo corrigir alguns desvios, os quais são percebidos
após a implantação do sistema. Nestes casos, quem atua juntamente com
os analistas de maneira a auxiliar e agilizar as alterações é o contador.
Porém, é muito comum, também, encontrarmos o contador no papel de
analista, desenvolvendo sistemas no intuito de otimizar o processo de
37
contabilização bem como a obtenção mais rápida de dados e informações
contábeis.
Dentro da vocação e amplitude da visão de cada um poderia-se falar
de muitas outras habilidades. Por último podemos ressaltar uma habilidade
que deve estar presente como suporte das citadas anteriormente, que é a de
pesquisador. Esta habilidade é essencial para o crescimento e
aprimoramento do profissional contábil.
4.2 - Postura ética
A profissão contábil, assim como qualquer outra, é exercida na
combinação da competência com a ética. Ou melhor, é o exercício da
competência conduzida pela ética. A competência é fazer aquilo que é certo.
A ética exige que seja feito de forma correta, consistente com boa reputação
da profissão.
O profissional contábil é o que mais está sujeito a partilhar de
esquemas ilegais já que sua atividade está intimamente ligada com repórter
de dados, cifras, apuração de resultados, e, conseqüentemente, exibe dados
que geram montantes referentes a impostos, taxas, dividendos, encargos,
valor patrimonial da ação, lucro etc.
Há empresas que estão preocupadas em reduzir seus custos e
desembolsos através de um planejamento tributário, de um orçamento
operacional, de uma cuidadosa política de dividendos, de modernas técnicas
de controles internos e de outros instrumentos eficazes e sadios que
proporcionam economias para as mesmas e benefícios para a nação.
Ninguém melhor que o profissional contábil, portador de
conhecimentos na área fiscal, previdenciária, de custos, de auditoria, de
orçamento e mesmo de outras áreas afins à contábil e de diversas
habilidades, para coordenar e orientar este tipo de trabalho, bem como
38
acompanhar este planejamento empresarial, comparando os dados reais
registrados pela contabilidade com aquilo que foi planejado.
O profissional contábil deve ser o arquiteto principal da organização
deste sistema que, em última análise, reduz o preço final do bem ou serviço
que será consumido pela população, trazendo benefícios não só à empresa,
como também a toda a coletividade e a própria Balança Comercial através
de produtos mais competitivos no mercado externo.
Por outro lado, há empresas que achando-se vítima de uma carga
tributária e previdenciária excessivamente onerosa, e até mesmo
justificando-se em circunstância do elevado ônus financeiro imposto pelos
bancos emprestadores de recursos e outros motivos, julgam-se no direito de
reduzir os seus encargos e conseqüentemente seus desembolsos, através
de omissão de dados contábeis, subtraindo fraudulentamente montantes
devidos ao fisco ou a terceiros, procedimentos estes que levam à
sonegação, fraudes, evasão fiscal, etc.
Dessas empresas, há ainda aquelas que além de eximir-se à
legislação tributária, vão mais longe e inescrupulosamente oprimem seus
empregados a situações constrangedoras como a omissão dos registros
legais, descontos indevidos na folha de pagamento, omissão nos
recolhimentos dos encargos sociais, remuneração indigna, demissões fúteis,
etc.
Tais lesões não param apenas nas áreas fiscais e trabalhistas, mas
outros segmentos são atingidos por este tipo de empresário, trazendo
enormes prejuízos às diversas camadas sociais. Sem dúvida a impunidade
de tais atos tem sido um estímulo sem limite para tais práticas em nosso
país.
Poucas profissões se expõem tanto à corrupção quanto a
Contabilidade. Ao mesmo tempo que estamos tão ameaçados à sedução da
corrupção, formamos os agentes que combatem ou contribuem
39
decisivamente no processo de evitar a corrupção: auditores, investigadores
de fraudes contábeis, peritos contábeis, etc.
De maneira geral, o profissional contábil gerencia todo o sistema de
informação, os bancos de dados que propiciam tomada de decisões tanto
dos usuários internos como os externos. Toda sociedade espera
transparência dos informes contábeis, resultados não só de competência
profissional, mas, simultaneamente, de postura ética.
Estudar o código de ética é fundamental, mas antes é primordial que
o aluno esteja consciente não apenas dos conceitos acerca da moral,
crenças, costume, sigilo entre outras, como também tenha dentro de si
internalizado estes conceitos. Só assim o aluno estará apto a entender o
código de ética e aplicá-lo sem decorar seus artigos. A ética fluirá
naturalmente, devido à conscientização desenvolvida na forma como a
disciplina foi ministrada.
Todo este discurso baseia-se na tentativa de nos alertarmos para as
novas tendências do mercado, sem achar que basta criar uma disciplina
chamada política de negócios e acreditarmos que estamos preparando os
nossos alunos dentro das exigências do mercado atual. Torna-se cada vez
mais urgente a pesquisa de novas metodologias de ensino e avaliação, com
a finalidade de atender a demanda deste mercado de trabalho globalizado.
Devemos buscar o reconhecimento do profissional contábil pelo valor
que ele adiciona a empresa.
40
CAPÍTULO V
UMA REFORMULAÇÃO DO CURRICULUM
ACADÊMICO
A formação profissional designa todos os processos educativos que
permitam ao indivíduo adquirir e desenvolver conhecimentos teóricos,
técnicos e operacionais relacionados à produção de bens e serviços, quer
esses processos sejam desenvolvidos nas escolas ou nas empresas.
A globalização é considerada de forma genérica como uma
multiplicidade de fenômenos que, sobretudo a partir da década de 70,
estariam configurando uma redefinição nas relações internacionais em
diferentes áreas da vida social, como a economia, as finanças, a tecnologia,
as comunicações, a cultura, a religião, etc.
Surgem desses dois conceitos, o primeiro sob um enfoque micro da
escola e da empresa, a segundo representando o enfoque macro da
globalização, as novas megatendências do mercado de trabalho: gestão
empreendedora, ética, competitividade, tecnologia, liderança, qualidade,
inovação, eficácia, ecologia, parceria, valor agregado, capital humano, foco
no cliente, gestão participativa.
Essas megatendências afetam diretamente todos os indivíduos que
se encontram no mercado de trabalho ou que estão se preparando para ele.
O importante é ressaltar que esse mercado não é mais o mesmo, pois a
expansão tecnológica, a eliminação de fronteiras geográficas e o
desemprego estrutural moldam um novo profissional para o terceiro milênio,
em todas as áreas. Surge então a pergunta: qual a formação educacional e
profissional do contador para enfrentar esse novo desafio?
41
As grandes empresas foram as primeiras a descobrir a célebre frase
de Senge (1994, p. 34) sobre educação no ambiente de trabalho “O que nos
falta é a infra-estrutura para o aprendizado”. Essa situação pode ser vista
sob dois ângulos: 1) Aprender a aprender – trata-se da visão educacional do
ser humano no ambiente da universidade, a qual não deve transformar-se
numa escola elementar de conhecimentos profissionais transformando o
indivíduo em um mero fator de produção. Mas prepará-lo para uma visão
ampla de valores, busca constante de conhecimentos, concepção
multidisciplinar na sua formação, visão de flexibilidade dos seus
conhecimentos no ambiente no qual está inserido e capacidade de
transformação da organização de acordo com as necessidades sócio-
econômicas. 2) Aprender a desaprender – trata-se da visão de Peter Drucker
(1996, p. 18), concebendo-se o indivíduo no aprendizado profissional, onde
deve estar preparado para desaprender conhecimentos e métodos que
tornaram-se obsoletos, e adquirir aqueles que os substituíram.
Esta é a grande falta de estrutura no processo de ensino-
aprendizagem, seja ele científico ou técnico/profissioanl. Buscar a formação
de um ser inacabado, tendo em vista a amplitude de conhecimentos que o
indivíduo pode adquirir, considerando-se a abordagem educacional do
indivíduo como ser social e profissional.
Desaprender é o grande desafio do ser humano, pois a comodidade
nos condiciona a executarmos aquilo que realizamos com facilidade porque
gostamos do que é conhecido.
Esse desafio também será posto para o contador do terceiro milênio,
que deverá estar consciente de que o aprendizado é um processo vitalício
que, de acordo com Kulesza citado por Franco (1998, p. 26), deve ser
dividido em duas fases. Na primeira fase, denominada educação inicial,
necessita-se de sólido conhecimento técnico e de informática, trabalhos em
equipe, faculdade, pesquisas e estágios práticos. Na Segunda, a de
educação continuada, destacam-se os programas universitários de formação
de executivos e aprendizado à distância; habilitação profissional pelas
42
associações de classe, seminários, cursos, autoformação, treinamento em
empresas, etc.
A educação continuada é vital. Além de aperfeiçoar profissionalmente
o indivíduo para os novos desafios do ambiente dos negócios que a cada dia
se torna mais complexo, prepara-o para adaptar-se às mudanças no
trabalho e no mundo, gerando nesse ser humano prazer no trabalho e na
sua vida, além de estimular o progresso e fortalecer a coesão social. Essa
deve ser a meta de governos, familiares, educadores, empresas, sociedade,
etc.: educar sempre.
O contador da era de Luca Paccioli com certeza não será o contador
do século XXI. Porém, todos os conhecimentos e habilidades adquiridos a
partir de tais ensinamentos não serão desperdiçados, devendo no entanto,
serem redirecionados, conforme Quadro 1.
DE PARA
Identificação de problemas e
medidas Resolução de problemas
Relatórios históricos Previsões Trabalho Individual Trabalho de equipe Realizar tarefas Apoiar decisões Habilidades técnicas Habilidades de relacionamento Processamento de transações Consultoria Mudança evolutiva Mudança revolucionária Administrar mudança Criar mudança Conhecimento contábil Conhecimento de empresa
Fonte: Kulesza citado por Franco (1998, p. 26)
Quadro 1
Redirecionamento de conhecimentos e habilidades
43
Para aqueles que estarão adquirindo as novas habilidades é
importante ressaltar que elas são essenciais hoje, mas amanhã poderão ser
substituíveis quanto às anteriores.
Quanto aos profissionais que terão a necessidade de substituição de
habilidades, a eles deve-se lembrar a importância do desaprender, da auto-
avaliação, do auto-desenvolvimento e do auto-aperfeiçoamento.
O mundo atual exige que os profissionais administrem suas carreiras
como negócios, visão de empregabilidade e, para que sejam bem sucedidas
é necessário avaliar alguns pontos, os quais são apresentados no Quadro 2.
44
PARÂMETRO GENÉRICO PARÂMETRO ESPECÍFICO
Aprender mais sobre si mesmo
• Analise a si próprio (auto-observação)
• Comportamento pessoal e profissional
Analise o seu trabalho atual
- Preenche as necessidades de carreira?- Utiliza seus talentos? - Atende às suas necessidades e preenche seus valores?
Planeje com antecedência
- O futuro precisa ser iniciado hoje; - Faça ajustes necessários; - Precisa de treinamento e atualização? Em que área de conhecimento?
Comunique suas necessidades
- Quem deve ser informado das conclusões que você obteve nos estágios anteriores?
1. O seu gerente de área, para você ser removido para um setor compatível com seu planejamento de carreira?
2. Seus familiares, porque fazem parte do seu plano de vida mais amplo?
Seja ativo no gerenciamento da sua carreira
Não existe um número infinito de escolhas em situações de escassez. Portanto, escolha suas áreas de atuação e seja ativo. Lembre-se de que você está gerenciando algo muito importante: sua carreira. Não deixe para amanhã, pois o mundo é virtual.
Fonte: Banco do Brasil (1997, p. 4-5)
Quadro 2
Parâmetro Profissional e Pessoal
Esses parâmetros devem ser analisados continuamente, inclusive no
período da educação inicial, pois de acordo com Franco (1998, p. 27),
45
pesquisas realizadas no período de 1988 a 1996 por diversas empresas e
órgão, dentre elas a Federação Internacional dos Contadores – IFAC,
mostram que os profissionais diplomados em Contabilidade possuem bom
conhecimento técnico, porém necessitam aprimorar os seguintes aspectos:
capacidades de comunicação intelectual e de relacionamento pessoal,
ampliação da base de conhecimentos e mais orientação profissional. O
processo de autodesenvolvimento e planejamento de carreira são
fundamentais na identificação de carências e de medidas corretivas.
De acordo com Moreira (1999, C-8), acompanhando as mudanças no
perfil do contador do terceiro milênio, 150 peritos de 60 países reunidos em
um Grupo de Trabalho Intergovernamental de Especialistas em Normas
Internacionais de Contabilidade e Publicação – ISAR, da Conferência das
Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento – UNCTAD,
elaboraram um currículo de referência para diplomas nacionais de
Contabilidade, o qual será recomendado a todos os países.
O currículo internacional para o exercício da profissão contábil, num
contexto mundial, é um dos instrumentos de harmonização das normas
contábeis internacionais, dentre as quis podem ser identificados normas
para preparação de balanços e de auditoria.
A proposta do currículo internacional recomenda que este seja
dividido em três grandes grupos, conforme Quadro 3.
46
Grupo de Conhecimento Geral Grupo de Conhecimentos Específicos
Conhecimento das organizações e dos negócios
Economia, métodos quantitativos e estatística para negócios; organização comportamental; operações administrativas, marketing e negócios internacionais.
Informática
Conceitos de IT para sistemas de negócios; controle interno baseado na computação; administração de IT; implementação e uso; e avaliação do trabalho com computação.
Conhecimento contábil e relacionado com a matéria
Contabilidade financeira e publicação; administração contábil; taxação; lei comercial; auditoria interna e externa; administração financeira; e ética profissional.
Fonte: Moreira (1999:C-8)
Quadro 3
Currículo Internacional: Conhecimento Geral e Conhecimentos Específicos
Para o professor Nelson Carvalho (apud MOREIRA, 1999, C-8), o
trabalho de harmonização tem por objetivo “... permitir e facilitar o fluxo de
capital entre países”. Quanto à nova formação do contador, enfatiza:
“Chegamos à conclusão de que o profissional que só conhece contabilidade
e não enxerga o mundo a sua volta, está morto”.
Sobe-se que dificuldades surgirão para a harmonização, no entanto,
não se pode ficar inativo, deve-se planejar a carreira desse profissional
imediatamente através de uma reavaliação de currículo no Brasil, pois o
investimento em educação não é realizado a curto prazo.
47
CONCLUSÃO
A contabilidade não para de evoluir, mantendo atualizado seus
usuários. O mercado exige hoje um profissional cada vez mais gabaritado e
competente a fim de atender o ambiente social que utilizam suas
informações. Esses profissionais devem admitir de certa forma os valores
presentes no ambiente onde se juntam as pessoas. O jogo do conhecimento
nos dias de hoje é o novo jogo do mercado, nada melhor do que
compartilhar esses valores, gerando estímulo entre as pessoas para o
autoconhecimento e ao conhecimento do outro, fortalecendo o espírito em
equipe e o respeito mútuo e a solidariedade aos demais.
A contabilidade tem evoluído significativamente através dos tempos.
Dentro desse contexto é inegável a influência da tecnologia sob a nova visão
e desenvolvimento da profissão contábil. A introdução de sistemas e
aplicativos computacionais possibilitou entre outras coisas, maior
flexibilidade na manutenção e armazenamento dos dados, bem como na
ampliação do conjunto de informações, eliminando a lentidão dos
processamentos apresentados em décadas anteriores. Entretanto, o advento
da informática na área contábil propõe que o contador, assim como todo e
qualquer profissional, participe de um processo de atualização de seus
conhecimentos, buscando constantemente compreender as inovações
tecnológicas, a fim de produzir com qualidade os serviços prestados a
sociedade.
Concluímos também que os dois lados da profissão contábil podem
ser vistos:
a) Como lado bom, as oportunidades de mercado, com desemprego
praticamente igual a zero, novos campos se abrindo e as diversas
48
alternativas na condição de autônomo ou empresário, e retorno financeiro
relevante em relação à média das profissões.
b) Como lado ruim é o quanto se está exposto às seduções espúrias
do mercado. Nenhuma profissão está tão sujeita quanto à corrupção. De
maneira geral não se percebe uma preocupação das instituições de ensino e
outros segmentos de uma melhor preparação dos profissionais no que tange
ao lado ético, o lado humano, o espiritual.
Em relação à competência, é notório, para todas as profissões, que
não basta apenas um curso superior, dominar as disciplinas ministradas no
curso de Contabilidade ou estar preso aos processos convencionais de
ensino e aprendizagem. Há necessidade de se ir mais longe, de sair do
tradicional e lembrar o antigo ensinamento: “quem pouco plantou, pouco
colheu”.
Em relação à ética é fundamental o estudo constante do nosso
excelente código de ética. É necessária ainda a busca de valores mais
elevados, de princípios cristãos que norteiam a formação de homens e
mulheres munindo-os de dignidade, de transparência e de honestidade.
A máquina da globalização cria um mercado financeiro de tamanho e
volatilidade incomparável obrigando as empresas a serem mais competitivas
e atraindo investimentos de empresas transacionais, exemplo recente vivido
pelo Brasil no processo de privatização.
A internacionalização da economia traz em sua essência uma
necessidade de harmonização de padrões e mecanismos financeiros. A
contabilidade, pelo seu objetivo fundamental de fornecer informações
econômicas, patrimoniais e financeiras úteis à tomada de decisão dos seus
usuários, é primariamente afetada e detecta-se a necessidade de
harmonização das normas e critérios contábeis.
Surge nesse contexto a preocupação com a formação profissional e
educacional do contador, que exercerá essa profissão globalizada
49
atendendo às expectativas de um mercado cada vez mais complexo e
exigente.
Diante das novas exigências mercadológicas, o IASC e a IFAC
sugerem um currículo para o contador global, o qual está sendo utilizado
com o objetivo de orientar os profissionais e os acadêmicos sobre a
importância da qualidade da formação tanto a nível de graduação como de
educação continuada e do planejamento de carreira para a empregabilidade
do profissional contábil.
50
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52
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ....................................................................................3
DEDICATÓRIA..............................................................................................4
RESUMO ......................................................................................................5
OBJETIVOS..................................................................................................8
SUMÁRIO .....................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................10
CAPÍTULO I ................................................................................................13
GLOBALIZAÇÃO E NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE .13
1.1 - O que é Globalização? ...................................................................13
1.2 - A história da Globalização...............................................................14
1.3 - A Globalização do comércio e dos mercados de capitais ...............15
1.4 - Objetivo do reconhecimento global de contadores..........................16
1.5 - Normas internacionais de Contabilidade .........................................18
CAPÍTULO II ...............................................................................................21
O PAPEL DO CONTADOR NO MERCADO GLOBALIZADO .....................21
CAPÍTULO III ..............................................................................................26
APOIO À TOMADA DE DECISÃO EMPRESARIAL....................................26
3.1 - Comprometimento da Contabilidade com o social ..........................28
3.2 - Usuário das informações e indicadores econômicos e sociais........30
CAPÍTULO IV..............................................................................................32
O ESTADO ATUAL DA PROFISSÃO CONTÁBIL NO BRASIL ..................32
4.1 - Competência e habilidades .............................................................34
4.2 - Postura ética ...................................................................................37
CAPÍTULO V...............................................................................................40
UMA REFORMULAÇÃO DO CURRICULUM ACADÊMICO.......................40
CONCLUSÃO .............................................................................................47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..................................................................50
FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................53
53
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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