UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Quantidade de ara posicionar o cabeçalho...
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Quantidade de ara posicionar o cabeçalho em seguida
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: MEDIAÇÃO DAS RELAÇÕES E
DA MUDANÇA NA ESCOLA
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Por: Alessandra Kelly Tavares de Sousa Monteiro
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Orientadora
Mônica Ferreira de Melo
Duque de Caxias
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: MEDIAÇÃO DAS RELAÇÕES E
DA MUDANÇA NA ESCOLA
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Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como re-
quisito parcial para obtenção do grau de especialis-
ta em Orientação Educacional e Pedagógica.
Por: Alessandra Kelly Tavares de Sousa Monteiro
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AGRADECIMENTOS
"Agradeço a todos que direta ou indiretamente me pro-
porcionaram a realização desta Monografia. Em especial
a Deus, que sempre me proporcionou muita força, dis-
cernimento, persistência, fé, reflexão e sabedoria. Ao
meu marido Márcio e demais familiares, pelo apoio, pa-
ciência e compreensão, pelas falta de tempo, de aten-
ção. Por muitas vezes ter estado estressada, quase rai-
vosa. Pelas renúncias, pela ausência, e até mesmo pelo
isolamento, aos sábados, domingos e feriados, em que
me encontrei, por inúmeras vezes, para a conclusão
deste trabalho. Aos meus amigos, pela ajuda, pela troca
de conhecimento, pela amizade. Agradeço também aos
professores e mestres, que se dispuseram a me ajudar.
À todos vocês a minha eterna gratidão e a certeza de
que, me doarei ao máximo, para exercer uma orientação
inovadora, consciente, construtiva, investigativa e intera-
tiva”. Valeu!!!!!!
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DEDICATÓRIA
. "Dedico este Trabalho, ás pessoas por
quem direciono toda a minha vida, meus
pais, minha irmã, minhas tias, meu mari-
do. Em especial, a todos os educadores,
aos aprendizes, aos que sonham com
uma educação de qualidade e aos a-
mantes do processo educacional."
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RESUMO
Os orientadores educacionais são especialistas da educação. Um
dos atributos destes profissionais é a parceria com a comunidade escolar, a
fim de construir um clima institucional positivo na Escola e prol da formação
por um todo do educando. Sabe-se que sem professor e aluno, com certeza
não temos escola, porém estudos mostrarão através dessa pesquisa, que as
escolas que têm ensino de melhor qualidade contam sempre com a presença
de alguma liderança pedagógica, que ajuda o grupo a refletir sobre os pró-
prios processos de mudança, para um trabalho mais crítico, formando cida-
dãos críticos, reflexivos e participativos no mundo que vive.
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METODOLOGIA
Os métodos utilizados para realização deste trabalho que vi-
as compreender melhor o papel do Orientador Educacional no ambiente esco-
lar, neste tempo em que o OE é visto como um especialista que auxilia na
transformação do aluno, da escola e da sociedade, e não apenas como “mais
um” para “encher a escola, basearam-se em pesquisa bibliográfica em livros e
revistas acadêmicas da área, além de fichamento de idéias principais dos li-
vros selecionados e análise e compreensão sobre a atuação do Orientador
em suas relações interpessoais no ambiente escolar da rede privada. Para tal,
as idéias e concepções de Mirian Grinspun, Celso dos Santos e Giovana Stu-
hler, foram que encadearam o foco dessa dissertiva.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL HOJE NAS ESCOLAS
CAPÍTULO II - O PAPEL DA ORIENTAÇÃO
CAPÍTULO III – CONFLITO DE PARADIGMAS E ALTERNATIVAS PARA A
TRANSFORMAÇÃO DA ESCOLA
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO “A educação promove o ho-mem e é a garantia inaliená-vel do seu futuro”
(ANDRADA, 2007, p.15)
Em pleno século XXI, ainda pergunta-se: Qual é o papel do Orien-
tador Educacional no ambiente educacional? É certo que com o passar dos
anos, esta indagação tem sido cada vez mais fácil de argumentar; visto que a
alguns anos atrás o Orientador Educacional era visto como mais “um” para
“encher” a escola.
Hoje percebemos a complexidade cada vez maior que os professo-
res têm de enfrentar no cotidiano da sala de aula e consideramos que é tam-
bém cada vez maior a importância de a escola ter um quadro adequado de
pessoal para ajudar nesta tarefa. É onde se torna relevante a atuação do Ori-
entador Educacional.
Vale ressaltar, que os papéis desempenhados pelos especialistas,
são tão relevantes que, como bem salienta Celso dos S. Vasconcellos no ca-
so de sua ausência, sua função será exercida por outros profissionais no inte-
rior da instituição.
Constata-se que o foco no ambiente escolar é o aluno e que a ação
dos Orientadores Educacionais, visa exercer uma atividade que seja significa-
tiva e significadora, integrada e integradora, a fim de uma melhor qualidade
no trabalho pedagógico e consequentemente fazer a transformação do aluno
e da escola, das instituições, da sociedade.
Caracterizar o campo das relações interpessoais, a partir da visão
multicultural e da Psicologia, busca uma sensibilização dos atores escolares
para sua relevância na construção do clima institucional.
Neste contexto, entendemos que a Orientação Educacional tem um
papel da maior relevância, entre outras coisas, por trabalhar com a questão
da mediação entre educadores em prol da construção das identidades dos
educandos. O método da mediação põe a comunidade na situação de prota-
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gonista da solução dos conflitos. Pela mediação a comunidade escolar apren-
de a lidar com técnicas de comunicação positiva e relacionamento construtivo
absolutamente necessários ao aprimoramento das suas ações, quer em rela-
ção ao conflito, quer no tocante à emancipação e desenvolvimento sociais.
Na opinião de Grinpun (2006), os orientadores educacionais são
especialistas da educação. Um dos atributos destes profissionais é a parceria
junto à equipe pedagógica, professores, alunos e aos familiares, promovendo
a mediação das relações interpessoais.
Ainda segundo Grinspun, a prática dos Orientadores Educacionais
diante das perspectivas atuais no processo de ensino, deve ser focada na
transformação do sujeito, da escola, das instituições, da sociedade.
O que ainda se vê nas escolas hoje em dia, é uma alienação e re-
sistência (medo) ao "novo" em se tratando de novas práticas edcucacionais.
Essa é uma questão que deve ser superada, pois as inovações metodológi-
cas do tempo presente são o que atraem o educando de todas as etapas,
pois o caráter inovador, prático, autônomo, superável, é que fazem com que o
aluno promova a investigação e torne-se instrumento de sua própria aprendi-
zagem.
Sintetizando, o trabalho da Orientação está comprometido com a
mudança, buscando no sujeito (professor, aluno, pai) seus desejos, medos,
analisando o ser como um todo (condições de trabalho, cultura, necessida-
des), os tornando capazes de fazer suas próprias conclusões sobre o proces-
so de mudança.
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CAPÍTULO I
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL HOJE NAS ESCOLAS
“Não me pergunte o que você pode fazer por mim, mas eu penso no que pos-so fazer por você!” (GRINSPUN, 2006, p.132)
No contexto atual , percebemos o quanto a Orientação Educacional
pode nos ajudar – e muito – a pensar, refletir, analisar o ambiente educacional
partindo do cotidiano local, caminhando para a análise do cotidiano global.
Em uma construção e desconstrução – possível e desejada – do que estamos
vivendo e como estamos vivendo.
É fato a necessidade da Orientação nas escolas porque é ela que vai
permitir avançar – junto com os professores – num conteúdo que possibilite ir
além dos conhecimentos programados no currículo da escola atingindo um
currículo que esteja comprometido com a construção do sujeito/aluno na for-
mação de sua cidadania. Não é apenas ensinar os alunos com uma nova me-
todologia, um novo saber, mas sim ajudá-los a analisar, pensar, refletir para
agir e progredir com um novo saber.
Outro aspecto da Orientação nos dias de hoje é sua preocupação
com a comunidade escolar, numa perspectiva de melhor compreensão do
sujeito e suas relações dentro e fora da escola. Para isso precisamos desta-
car as mudanças ocorridas neste mundo em globalização.
Já dizia Ianni “a globalização vai trazer mudanças nos quadros sociais
e mentais que até então serviam de referências para os indivíduos”. (1996,
p.44). Ora, se estamos falando em um novo tempo, um novo espaço com re-
percussões na sociedade – portanto, na escola, na família – precisamos veri-
ficar como o sujeito está construindo sua subjetividade a partir desse contex-
to.
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A Educação que se comunica e interage com os demais segmentos
da sociedade, não é neutra, ela tem um compromisso com a projeto político-
pedagógico, em termos de formação do sujeito tanto do ponto de vista racio-
nal como emocional. Maturana relata que “ o ser humano se constitui no en-
trelaçamento do emocional com o racional, quando nos fala da importância da
linguagem pra que haja reflexão no cotidiano escolar (1998, p.35):
Segundo autora podemos citar que:
“Esta é a visão, a dimensão que quero propor à educa-ção: partir do cotidiano, chegar a um contexto maior, e voltar ao cotidiano com mais reflexão e conhecimento, não só no fazer/saber, mas no ter/ser um sujeito crítico, consciente e criativo”. (GRINSPUN, 2006 p. 176).
A escola, hoje, tem um papel muito mais complexo do que antes,
pois tem que ter um novo olhar para que esse novo tempo aconteça. Hoje ela
é um lugar para vivenciarmos valores e atitudes e, portanto temos que pensar
em todos os profissionais que atuam na escola, para assim realizar os objeti-
vos que ela pretende alcançar.
Neste contexto a Orientação Educacional vem contribuir para a
construção do sujeito, organizando meios e condições de promoção da cida-
dania, trabalhando no sentido de incluir na vida da sociedade todos os seus
alunos, diminuindo ou eliminando o fator exclusão. Ela colabora para que o
espaço vivido na escola seja para o aluno um lócus de aquisição de conheci-
mentos e experiências de sentimentos, investindo a cada dia no desenvolvi-
mento das potencialidades de cada aluno:
“A Orientação Educacional, então, em face deste mundo que vivemos, tem um papel preponderante, se ela aju-dar, em especial, o aluno a perguntar, a pesquisar e a criar – PPC”. (GRINSPUN, 2006 p. 186)
A Orientação pode desenvolver um trabalho que estimule o
PPC, através de projetos, por exemplo, que incentivem colaborar com a for-
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mação do sujeito, além do conhecimento intelectual/racional, indo até o co-
nhecimento emocional que envolve valores e sentimentos:
“A virtude não pode ser ensinada, mas ela pode ser vivi-da e experienciada também na escola, e para isto a Ori-entação Educacional desempenha um papel imprescin-dível”. (GRINSPUN, 2006, p. 187).
Em face das transformações que vivemos no mundo e que se reper-
cutem em todas as Instituições, o papel da Orientação Educacional é muito
significativo, ao possibilitar ao sujeito compreender e analisar esse mundo,
numa relação com o outro, e também ajudando a Escola na interação de suas
relações e de seu projeto político-pedagógico, de modo que possamos viver e
conviver neste mundo de forma crítica e consciente, buscando alternativas,
criando estratégias para uma escola de mais qualidade, uma sociedade mais
justa e um mundo que aposte na paz.
1.1– A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR NO PROCESSO DE
ENSINO
Otimizar o processo de ensino-aprendizagem implica em vê-lo inte-
gralmente, não sob aspectos psicopatológicos do aluno apenas ou sobre
qualquer um dos fatores desse processo isoladamente.
O Orientador Educacional está comprometido com a formação da ci-
dadania dos alunos, considerando, em especial, o caráter da subjetividade.
Deve, portanto, ser um parceiro do professor neste processo de ensino para
um trabalho mais crítico dentro da escola.
Gandin (1988) diz que:
“a escola que quer ser inserida na luta pela construção do homem e pela transformação social deve lembrar que a cultura existente é determinante na formação do ho-
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mem onde a democratização da escola passa pela ques-tão da cultura que a institui”. (p.106)
O OE hoje tem de desenvolver um trabalho participativo, onde o currí-
culo deve ser construído por todos e onde a interdisciplinaridade deve ser
buscada, para uma melhor compreensão do processo pedagógico da escola.
Visando atender a essa concepção do Orientador no processo de en-
sino, ela deve, hoje, estar comprometida com a construção do conhecimento,
através de uma relação sujeito-objeto, com a realidade concreta da vida dos
alunos, vendo-os como atores de sua própria história. Estar atenta à respon-
sabilidade do processo educacional na formação da cidadania, valorizando
questões do saber pensar, saber criar, saber agir e saber falar na prática edu-
cacional.
No processo de ensino, o OE precisa auxiliar o aluno através de uma
prática pedagógica que estimule sua participação, desenvolvendo sua capa-
cidade de criticar e fundamentar sua crítica, de optar e assumir a responsabi-
lidade de suas escolhas, de participar do planejamento, da execução e da
avaliação do trabalho pedagógico.
No processo de participação, como diz Grinspun (2006) “ o aluno vai
compreendendo a força das ações coletivas e a fragilidade das ações indivi-
duais” (p.112). Nesse sentido, o orientador poderá estimular ações que se
comprometam mais com o social, como grupos de trabalho, a participação
nos grêmios e diretórios. Grinspun (2006) afirma ainda que:
“Na medida em que o aluno vai construindo sua perso-nalidade, enquanto participa do processo pedagógico, ele terá possibilidade de construir sua identidade pesso-al, grupal, de classe, de nacionalidade, de autoconceito positivo, de conhecimento de si, do outro e do mundo.” (p.113)
Neste contexto o Orientador trabalha o aluno para seu desenvolvi-
mento pessoal, visando à participação dele na realidade social.
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Trabalhando junto aos professores, através de uma reflexão crítica da
prática pedagógica, o Orientador procurará contribuir para a discussão da rea-
lidade dos alunos, das finalidades do processo pedagógico, do sistema de
avaliação, das questões de evasão e repetência escolar, dos recursos físicos
e materiais de que a escola dispõe, das metodologias empregadas, enfim,
sobre as questões técnico-pedagógicas da escola.
Aqui não se trata de ensinar os alunos com uma nova metodologia,
um novo saber, mas ajudá-lo a analisar, pensar, refletir para agir e progredir
com um novo saber.
O papel do Orientador no ensino é trabalhar com a autonomia, partici-
pação, responsabilidade, reflexão e solidariedade, ajudando a Escola e seus
alunos a entendê-la como um espaço que reflete e repercute as ações da so-
ciedade. Rever a questão do espaço-tempo dos alunos na Escola, colabo-
rando para que este espaço vivido na escola seja para o aluno um lócus de
aquisição de conhecimentos e experiência de sentimentos. O OE precisa in-
vestir no desenvolvimento das potencialidades dos alunos e ainda possibilitar
que sejam vivenciados na escola os valores que estão presentes na formação
do aluno.
1.2 - A ação dos Orientadores em uma atividade significativa e
significadora, integrada e integradora
Por uma nova abordagem pode-se dizer hoje que a Orientação Edu-
cacional contribui para a formação de um cidadão capaz de refletir e se posi-
cionar em relação aos temas de seu tempo, esse é o papel que o OE pode
desempenhar nas escolas, sendo assim, não mais trabalhar com “alunos-
problema” e sim ajudar na solução dos problemas dos alunos e de toda a co-
munidade escolar, numa perspectiva de melhor compreensão do sujeito e de
suas relações dentro e fora da escola.Neste contexto a Orientação Educacio-
nal é de suma importância para o cotidiano escolar.
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Para a professora Miriam Grinspun (2006):
“O novo perfil da Orientação propõe dar ao aluno uma formação mais completa para que ele se torne um cida-dão crítico e consciente e não alguém que simplesmente segue o outro. É o papel da conscientização, de clarifi-cação, de fazer com que o aluno pense as questões do cotidiano”. (p.3)
O OE precisa levar em conta em sua prática pedagógica, a atividade
realizada na prática social do aluno, visto que, é dessa prática que provém o
conhecimento, e que ele se dá como um empreendimento coletivo.
Deve-se considerar a diversidade da educação, questionando valores
pessoais e sociais, submersos nos atos da escolha e da decisão do indivíduo,
pois cidadão é aquele que participa ativamente, que decide os destinos, que
não espera ser chamado, que se engaja na luta de autodeterminação pessoal
e social.
Vale ressaltar que neste tempo da globalização, com repercussões na
sociedade, na escola e na família é necessário que o OE verifique como o
aluno está construindo sua subjetividade contribuindo para que o aluno saiba
como e de que maneira pode e deve interferir nesse espaço, que vai além
dos conhecimentos que ele deve perseguir.
Maturana (1998) relata:
“Não desvalorizemos nossas crianças em função daquilo que não sabem; valorizemos seu saber. Guiemos nos-sas crianças na direção de um fazer (saber) que tenha relação com o seu mundo cotidiano” (p.35).
Além dos fatos já assinalados, observa-se, que o conhecimento se dá
de dentro para fora, de fora para dentro de forma desordenada, diversificada,
onde o sujeito vai construindo sua subjetividade, através das diferentes con-
cepções dos conhecimentos e valores. A escola tem que ter um novo olhar
para que esse novo tempo aconteça.
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É necessário uma escola que vá além dos seus muros e ajude, signi-
ficativamente, seus protagonistas a viverem e compreenderem esse novo
tempo.
Morin apresenta dois princípios fundamentais em sua análise sobre a
educação: o de exclusão e o de inclusão. Isto é, ao mesmo tempo que o sujei-
to é chamando a pertencer a um grupo, a uma comunidade, ele pode abster-
se desse pertencimento, agindo de acordo com seus interesses pessoais e
individuais. Mas para que haja a inclusão é necessário que haja intercomuni-
cação entre os seres humanos, nesse sentido, é que a escola aparece como
sendo o local onde o processo de aquisição de conhecimentos é sistematiza-
da.
A escola desse milênio não é e não deveria ser a mesma de duas,
três décadas atrás. A Orientação que se quer hoje é para esse novo tempo,
em que ela tem que saber lidar com o real, com as perspectivas dessa reali-
dade. A escola de hoje, tem o papel de educar com as novas formas de edu-
cação “impostas pela prática social.
CAPÍTULO II
O PAPEL DA ORIENTAÇÃO “A vida tem muitos desafios, mas saber enfrentá-los é algo que a Orientação Educacional procura desenvolver!”
(GRINSPUN, 2006, p.171)
Nos dias atuais uma questão que vem a tona seria sobre o papel do
Orientador Educacional no ambiente escolar, visto que sem professor e aluno,
com certeza, não temos escola, mas sem técnicos é possível sua existência.
Para iniciar esta discussão precisamos buscar o papel desse profissional Ori-
entador Educacional na instituição escolar.
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Segundo Grinspun (2006):
“Há necessidade hoje, de se ter nas escolas um profis-sional que além de ensinar ou ensinar a aprender a a-prender, ajude o aluno a fazer as novas leituras que o mundo está a exigir de forma crítica, investigativa e re-flexiva; um profissional, tanto quanto os outros que trata das especificidades das áreas do conhecimento.” (p.87)
É certo que podemos ter ensino de qualidade só com professores, to-
davia as pesquisas educacionais têm demonstrado à exaustão que as escolas
que têm ensino de qualidade contam sempre com a presença de alguma lide-
rança pedagógica, sendo que muito frequentemente esta liderança é exercida
pela direção, orientação ou coordenação pedagógica, até pela possibilidade
que têm, por contingência do tipo de atividade que exercem, de construírem
uma visão de conjunto da instituição. O OE, portanto, compõe a equipe de
gestão sendo um dos profissionais que deve se empenhar na otimização do
processo de ensino-aprendizado. Sua ação se dá diretamente sobre os alu-
nos ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal.
Neste contexto, observa-se que a orientação educacional tem um pa-
pel de maior relevância, entre outras coisas, por trabalhar com a questão da
construção das identidades dos educandos e, porque não dizer dos próprios
educadores.
Celso dos S. Vasconcelos (2003) já dizia que:
“ O trabalho da orientação, comprometida com a mudan-ça , deve partir de onde o sujeito (professor, aluno, pai, etc.) está e não de onde se considera que eventualmen-te deveria estar. Este é um princípio básico do interacio-nismo que dever ser aplicado não só na sala de aula, mas também na pedagogia institucional.” ( p.75)
A atuação encontra-se em parceria com outros profissionais e, em
especial, com os professores no auxílio á compreensão do comportamento
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dos estudantes, e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com
pais e responsáveis.
O compromisso do Orientador é com a formação permanente no que
diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre discutindo,
analisando e criticando. E para isso lida com assuntos que dizem respeito a
escolhas, relacionamentos com colegas e vivência familiares:
“ Voltamos o olhar para nossa atividade escolar e come-çamos a nos dar conta de que com os saberes discipli-narizados, estanques, que veiculamos , dificilmente po-deremos ajudar os alunos a superar a incapacidade inte-lectual de reconhecer os problemas fundamentais e glo-bais” (MORIN, 2002, p.17)
Nesta mesma perspectiva um Orientador Educacional precisa ser par-
ticipativo, dialogar, solicitar e usar sugestões, precisa ser flexível, usar dife-
rentes estilos sem chegar a extremos, ter comportamentos adequados ás si-
tuações, as circunstância e as pessoas.
Para um orientador é fundamental que ele tenha a compreensão dos
outros, pois isto é um dos aspectos mais importantes nas relações entre as
pessoas. Afinal a empatia é colocar-se no lugar da outra pessoa e perceber o
que ela sente, sensibilizando-se com isso. Assim, ao sentir, por parte do OE,
uma postura de empatia, o professor, o aluno, o pai de aluno, o funcionário,
se sentirá mais encorajado a se abrir e a explorar as dimensões significativas
de sua situação-problema. Demonstrar um ouvir sensível ou empático, valori-
za a auto-afirmação do outro.
Para STUHLER e ASSIS (2006) o ouvir sensível pode ser assim
observado:
“Deixar de lado as nossas perspectivas, desejos e sen-timentos por alguns instantes e nos voltar inteiramente para as perspectivas, desejos e sentimentos de outra pessoa ou grupo, observar os comportamentos não ver-bais que a outra pessoa está manifestando enquanto fa-la, colocar-se no lugar da outra pessoa, tentando identi-
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ficar os sentimentos, as percepções e desejos dela.” (p.118)
A grande busca humana é a de atribuições de sentido, quando isto
falta, o sofrimento advindo de uma determinada situação que se esta vivendo
é ainda maior. O orientador, até pelo lugar institucional que ocupa, pode aju-
dar o professor nesta construção, nesta busca de identidade profissional. Se-
gundo Vasconcellos: “Orientar é cuidar, ser hermeneuta, para ajudar a formar
o hermeneuta de sala de aula (o professor)” (2003, p.76).
É muito comum a reclamação entre os orientadores de que, no cotidi-
ano escolar, ficam reduzidos a “quebradores de galho”, “tapadores de buraco,
“um tipo de faz tudo”. Isto é muito sério e pede novas atitudes institucionais.
A orientação não é autocentrada, não se volta sobre si mesma, nem
cria dependência nas pessoas com as quais interage. Seu horizonte, numa
perspectiva de formação da e para a autonomia, é que o sujeito possa orien-
tar-se.
Um aspecto importante do trabalho da orientação é deixar de dar sta-
tus científico á discriminação feita em relação aos alunos, como acontecia até
há algum tempo: diante de qualquer problema, o professor já rotulava o aluno
(“problemas neurológicos”, “déficit de atenção”, “hiperatividade”, etc) e conta-
va com o endosso da orientação.
A atividade mediadora do orientador deve favorecer que se estabele-
ça um substancioso vínculo de relacionamento entre o aluno e o professor, e
não tanto entre ele e o aluno.
Segundo Celso Vasconcelos (2003):
“No processo de aprendizagem, sem uma carga afetiva não há elaboração de conhecimento significativo no su-jeito; por isto, a relação professor-aluno, um dos supor-tes do fluxo da afetividade em sala, deve se estabelecer em bases sólidas.” (p.82)
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Deve-se ressaltar ainda, o conselho de classe que é outro campo
clássico de atuação da orientação. É um espaço de grande relevância tendo
em vista o encontro dos vários segmentos (alunos, professores, pais, equi-
pes).
A Orientação faz um trabalho de interdisciplinaridade entre fatos / si-
tuações, ações / razões e emoções que levem o indivíduo a agir de determi-
nada maneira, ou mesmo a própria Instituição a agir de determinada forma:
“ A escola deve socializar o saber, a ciência, a técnica, a cultura, a escola deve estar envolvida com a formação integral do aluno, deve estar comprometida com a for-mação do trabalhador, em tempos de globalização, quando a empregabilidade assume um aspecto significa-tivo e preocupante, a escola deve estar comprometida com a formação do aluno em termos de cidadania.” (GRINSPUN, 2006, p.78)
Assim e para além desse compromisso social, a escola deve estar
comprometida também com os sonhos, as utopias e – por que não – com a
esperança que envolve a expectativa de um mundo melhor para si e para o
outro. A Orientação vai em busca desse comprometimento, construindo cole-
tivamente este projeto, nas múltiplas ações com as quais ela se defronta.
Placco (1994 ) enfatiza essa posição, quando diz que:
“O Orientador Educacional, um dos educadores da esco-la deverá participar de uma ação educacional coletiva, assessorando o corpo docente no desencadeamento de um processo em que a sincronicidade é desvelada, tor-na-se consciente, autônoma e direcionada para um compromisso com uma ação pedagógica competente e significativa para os objetivos propostos no projeto pe-dagógico da escola.” (p.30)
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2.1 – Relações Interpessoais: Construindo um clima institu-
cional positivo na escola
A escola, como uma das maiores instituições de formação de caráter
humano, cujo ambiente é recheado das mais diversas inter-relações, deve ter
como modelo de gestão de conflitos aquele que se baseia no diálogo e m
princípios como respeito, confiança e comprometimento.
Sabe-se que os espaços onde ocorre maior número de conflitos entre
pessoas são os ambientes de convivência diária. Nas relações interpessoais,
existem atividades a serem executadas e princípios que não podem ser es-
quecidos: ética, cooperação, responsabilidade, respeito, companheirismo.
Coordenar uma instituição de ensino significa interagir com pessoas, conciliar
vontades, gostos, emoções e estilos peculiares e mediar interesses, percep-
ções, necessidades e expectativas diversas.
A orientação Educacional desenvolvida na escola interfere, então, no
seu projeto, enquanto dele participa sendo seu principal papel o da mediação,
que deve ser percebida como a articulação/explicitação o desvelamento ne-
cessário entre o real e o desejado, entre o contexto e a cultura escolar, entre
o concreto e o simbólico, entre a realidade e as representações sociais que
fazem os protagonistas da prática escolar. Toda essa gama de aspectos que
se entrecruzam no papel da orientação, na verdade são os dados, as pistas
para que possamos auxiliar, promover os meios, disponibilizar as condições
para uma qualificação na construção da subjetividade.
O Orientador Educacional precisa saber que as pessoas são diferen-
tes no que tange à motivação. As necessidades variam de pessoa a pessoa,
produzindo diferentes padrões de comportamento, valores sociais, capacida-
de para atingir objetivos, etc.
Essas diferenças são encontradas nos conhecimentos e nas informa-
ções, nas opiniões, nas atitudes, no estilo comportamental, nos valores, nas
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crenças, nos gostos, enfim, são diferenças de percepção, opiniões e senti-
mentos.
Existem alguns fatores que interferem na percepção como: interação
social, estereótipos, preconceitos, julgamentos, experiências anteriores, esta-
do emocional, educação, diferenças individuais e motivação.
Nas instituições, o grande ressentimento é relativo não tanto ás idéi-
as, ás propostas ou aspectos técnicos do trabalho, mas ás relações: respeito,
poder, ritmos, humor, ética, etc. Por isto, há que se levar em conta as ques-
tões afetivas, emocionais, éticas da mesma forma que se leva as racionais,
ideológicas ou políticas.
O papel da Orientação é de um dinamizador que procura trabalhar
com os campos da dialética e não aglomerando ou acumulando informações
do que pesquisou. O orientador valoriza a dinâmica das relações e nesse sen-
tido estão presentes conflitos, tensões, divergências, estão presentes saberes
e as emoções, estão presentes as diferenças, as igualdades, os limites e as
possibilidades:
“Valorizar e entender a globalidade humana a partir dos aspectos cognitivos, afetivo, cultural e comportamental se torna imprescindível para entender a nova função so-cial da escolar. Por isso, no trabalho do cotidiano esco-lar, será necessária uma articulação do contexto mais amplo dos conflitos interpessoais com as representa-ções identitárias presentes na escola.” ( STUHLER, AS-SIS, 2006, p. 106)
Os conflitos, ainda que incomodem, são contingentes a qualquer rela-
cionamento humano, já que nem todos têm os mesmos valores, querem as
mesmas coisas, enxergam a realidade da mesma forma, têm as mesmas
competências para a ação. Só que para terem efeito formativo, os conflitos
devem ser mediados. Havendo um projeto, existe maior facilidade em não se
tomar os conflitos ou as críticas pessoais.
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O conflito é fonte de idéias novas, podendo levar a discussões aber-
tas sobre determinados assuntos, o que se revela positivo, pois permite a ex-
pressão e exploração de diferentes pontos de vista, interesses e valores. As-
sim os conflitos não são necessariamente negativos, a maneira como se lida
com eles é que pode gerar algumas reações:
“Saber administrar as situações de conflito é essencial para as pessoas e as organizações, como fonte gerado-ra de mudanças, pois das tensões conflitantes, dos dife-rentes interesses das partes envolvidas é que nascem oportunidades de crescimento mútuo, sem conflitos não há aprendizagem.” (VASCONCELLOS, 2003, p.2)
Dessa forma, minimizar conflitos e promover um clima institucional
positivo, valorizador da diversidade cultural, passa a ser um desafio que deve
ser enfrentado, e algumas estratégias no campo das relações interpessoais
podem auxiliar nesse sentido. Para tal, um elemento central no desenvolvi-
mento de relações interpessoais positivas, e a confiança. Sua construção no
cotidiano de qualquer organização, incluindo a escola, é um processo cons-
tante em que algumas estratégias e sensibilidades devem estar presentes..
Vale ressaltar o papel do Orientador nas relações interpessoais no
cotidiano escolar que se caracteriza na visão multicultural e na psicologia,
buscando uma sensibilização dos atores escolares para sua relevância na
construção do clima institucional escolar. Deve discutir habilidades básicas
que possibilitem uma atuação sensível á pluralidade e à diversidade, assim
como ás relações institucionais positivas decorrentes dessa interação, além
de analisar situações concretas do cotidiano escolar e sugerir plano de traba-
lho voltados para as instituições de ensino, articulando as discussões teóricas
no contexto da atuação na escola:
“A partir do multiculturalismo, compreende-se que as i-dentidades individuais de alunos, professores, respon-sáveis, funcionários técnico-administrativos, são marca-das por histórias de vida, valores, crenças, condições sociais e a partir da psicologia, compreende-se como campo de estudo as identidades individuais e seus me-
24
canismos internos de afirmação, defesa e equilíbrio.” (STUHLER, ASSIS, 2006, p. 109)
Esse ponto de partida multicultural leva a processos psicológicos
de constituição da identidade individual do professor que contribuem para re-
lações interpessoais positivas na escola. De fato, no plano psicológico, o pro-
fessor não pode se sentir ameaçado, com receio de mostrar as suas insegu-
ranças, suas dúvidas, seus experimentos, suas visões culturais de mundo.
Uma nova linguagem se faz necessária para o avanço da cultura
da paz, consubstanciada no compartilhamento horizontal dos conhecimentos,
característica da pós-modernidade. Essa linguagem é marcada pela idéia de
persuasão e centrada no ser humano. Assim, comunicação positiva e relacio-
namento construtivo, constituem os fundamentos dessa nova linguagem, es-
pecialmente utilizada nas etapas de mediação.
Nessa comunicação positiva o OE precisa adotar uma escuta ativa,
ou seja, aprender que as pessoas precisam dizer o que sentem. “A melhor
comunicação é aquela que reconhece a necessidade de o outro se expres-
sar”. (VASCONCELLOS, 2003, p. 7). Precisa também construir empatia, es-
tabelecer a igualdade na comunicação. Adotar, pois, uma comunicação de
mão dupla.
Ainda segunda Vasconcellos (2003):
“A ética em mediação de conflitos é baseada em princí-pios (valores universais), com respeito às diferenças. Honestidade e altruísmo são princípios universais a se-rem praticados no plano interpessoal. Estabilidade de-mocrática, existência digna, igual liberdade e igualdade de oportunidade são princípios universais no plano soci-al, a serem promovidos.” (p.12)
Com fundamento nesses princípios o Orientador / mediador assu-
me o seu papel de protagonista na cultura da paz e da cidadania, sendo res-
ponsável pelo sentimento de pertencer e celebrar a comunidade dos homens
25
e da vida e com a estabilidade democrática, a existência digna, a igual liber-
dade e a igualdade de oportunidades.
Quando alguém é ouvido (e compreendido), isso traz uma mudan-
ça na percepção de si mesmo, por sentir-se valorizado e aceito. E, por sentir-
se assim, pode se apresentar ao outro sem medo, sem constrangimento. Por
isso a relação empática está intimamente ligada á construção da identidade,
pois “ a identidade é percebida quando o próprio eu é apresentado a outro”
(STUHLER, ASSIS, 2006, p. 119). É o “ouvir, pensar e repensar – e redizer”,
de Guimarães Rosa, que ajuda nessas relações.
Assim, situar a questão das relações interpessoais no âmbito da
educação continuada dos professores e da atuação dos atores pedagógicos
significa entender a complexidade do ambiente multicultural por onde transi-
tam. Significa olhar para suas práticas como construção coletiva cotidiana,
atuando como mediadores entre a esfera de gestão pública e os atores da
escola, bem como entre atores e a comunidade mais ampla.
Daí a importância em promover relações interpessoais positivas,
que contribuam para um clima institucional de crescimento constante e de
felicidade pessoal para todos os envolvidos.
2.2 – A postura do Orientador junto á equipe pedagógica,
professores, alunos e familiares
O ser humano é simultaneamente um ser sociável e um ser socializa-
do, sendo assim, entende-se que ele é ao mesmo tempo, um sujeito que aspi-
ra se comunicar com os seus pares, e também, membro de uma sociedade
que o forma e o controla, quer ele queira ou não.
26
A história de vida do indivíduo é a história de pertencer a inúmeros
grupos sociais. É através dos grupos que as características sociais mais am-
plas agem sobre o ser humano:
“É no grupo familiar que ele irá internalizar apropriar-se da realidade objetiva. O mundo social é formado por um modo de organização política, econômica e jurídica da sociedade, de uma cultura produto da construção huma-na” (COMUM, 2002, p.209)
O grupo familiar compõe o alicerce da ordem social estabelecida, é
neste grupo que o indivíduo aprende a se comunicar e a partir de então, este
aprendizado possibilitará seu ingresso em outros grupos sociais e sua partici-
pação na sociedade.
Participar de um grupo significa partilhar representações, crenças, in-
formações, pontos de vista, emoções, aprender a desempenhar papéis de
filho, estudante, profissional.
Nesse sentido a uma cooperação entre as pessoas envolvidas no
processo educacional, que trabalham juntas em prol da aprendizagem signifi-
cativa para o aluno.
Nessa perspectiva, pode-se pensar sobre relações interpessoais
na dinâmica escolar, tanto vislumbrando o aspecto relacional junto aos pro-
fessores, como também junto á equipe pedagógica e aos outros atores pre-
sentes no cotidiano escolar.
O convívio em sociedade necessita da existência de normas sociais e
isso não seria diferente no ambiente escolar que também necessita de suas
normas para que haja um processo eficaz de aprendizagem.
Em uma escola libertadora, é absolutamente decisivo que os alunos
assumam seu papel de sujeitos, que sejam protagonistas do seu processo de
educação. E, muitas vezes, na escola, embora tendo o aluno o tempo ao la-
27
do, não se dispõe a “perder tempo” com suas questões, pelo contrário, alguns
dirigentes “não gostam” de ser procurados pelos alunos com reivindicações
ou sugestões.
Para Celso dos S. Vasconcellos (2003):
“ O trabalho da orientação com a organização dos alu-nos (representantes de classe, grêmio, grupos de inte-resse, etc.) pode, além disso, ter um papel essencial no processo de mudança: existem momentos em que a co-brança dos alunos tem um efeito muito maior na altera-ção da prática dos professores do que longos discursos e reuniões com os mesmo”. (p.78)
Logo, o orientador precisa garantir e preservar o direito do aluno de
participar da vida da escola em todos os níveis: da sala de aula até o relacio-
namento com a comunidade, da discussão da proposta de conteúdos à elabo-
ração do Projeto Político-Pedagógico, da elaboração das normas de trabalho
em sala de aula ás normas de convivência da escola, da prática didática coti-
diana às decisões no conselho de escola, etc.
Em relação ao PPP (Projeto Político-Pedagógico), a orientação de-
sempenha uma importante tarefa nesta construção, seja na fase de sensibili-
zação, quanto na construção e, depois, na concretização. Na fase de sensibi-
lização, o orientador, a partir de sua sensibilidade aguçada, pode perceber os
focos de resistência ou de não envolvimento, e intervir para reverter este qua-
dro. Na construção, além de sua participação ativa em todos os passos, pode
ajudar muito, se estiver atento á dinâmica do plenário ou dos grupos. Na rea-
lização, entre outras tantas coisas, em função do seu contato com vários
segmentos da escola (alunos, pais, funcionários), pode trazer preciosas con-
tribuições no sentido de alertar para pontos da programação que eventual-
mente não estão sendo concretizados.
Logo, percebe-se a grande quantidade de relações interpessoais
que são mobilizadas pelo Orientador Educacional, como participar do PPP,
acompanhar o professore, auxiliando-o a avaliação do seu trabalho, planejar e
28
coordenar as reuniões pedagógicas realizadas com o corpo docente, elaborar
um plano de ação para desenvolver com os professores, em consonância
com o projeto educacional da unidade escolar, levantar as necessidades do
grupo de professores, elaborando temas de trabalho e estudo para suprir es-
sas necessidades, reunir-se com outros membros da equipe técnica e peda-
gógica da escola para estudo e reflexão de temas educacionais, auxiliando a
direção, também, na tomada de decisões quanto aos assuntos pedagógicos
da unidade escolar.
Nessa perspectiva, Gomes & Silva (2002) afirmam:
“Alunos, professores e funcionários de estabelecimentos de ensino são, antes de mais nada, sujeitos sociais – homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens e a-dultos, pertencentes a diferentes grupos étnico-raciais, integrantes de distintos grupos sociais. São sujeitos com histórias de vida, representações, experiências, identi-dades, crenças, valores e costumes próprios que im-pregnam os ambientes educacionais por onde transitam com suas particularidades e semelhanças, compondo o contexto da diversidade.” (p.22)
Objetivamente muitos problemas da escola podem ser resolvidos de
maneira menos desgastante e bem mais eficaz quando os alunos são siste-
maticamente ouvidos. Eles estão completamente inseridos no cotidiano esco-
lar, são antenados, estão percebendo as questões que estão rolando, se hou-
ver uma escuta atenta e qualificada, pode-se estabelecer um fecundo diálogo.
Este é inclusive, um poderoso caminho de formação de liderança e, sobretu-
do, de cidadania.
29
CAPÍTULO III
CONFLITO DE PARADIGMAS E ALTERNATIVAS PARA
A TRANSFORMAÇÃO DA ESCOLA “Não é a razão o que nos leva à ação e sim a emoção... cada vez que afirmamos que temos uma dificuldade no fazer, existe de fato uma dificuldade no que-rer, que fica oculta pela argu-mentação sobre o fazer!” (MATURANA, 1998, p.21)
No mundo atual, fala-se em muitos valores e pouco se pratica em
termos de análise reflexiva sobre os mesmos. O fazer da escola é dado no
dia-a-dia, através de seus atores, em especial do aluno – razão principal da
escolar. Separar o conhecimento, a razão e o aspecto cognitivo dos demais
conhecimentos que o aluno aprende, apreende e convive seria como diz
Grinspun (2006) “separar pedaços de um todo” (p.207), o que não é possível
em termos de realidade. Todos os fragmentos que acontecem na escola são
pedaços de um cotidiano, e a escola deve se preocupar com todas essas par-
tes sem valorizar apenas os aspectos cognitivos listados nas diferentes disci-
plinas de seu currículo escolar.
Os autores Stuhler e Assis (2006) enfatizam que:
“Uma nova proposta que leva a pessoa a mudar pode ser vista como um atentado contra sua experiência, seu conhecimento, seu desempenho e, portanto, é uma a-meaça á sua identidade. É por isso que a mobilização das habilidades sociais para a apresentação de novas propostas e para efetuar suas atribuições (estimulando a aceitação, a valorização do outro, a escuta sensível, e a valorização da diversidade cultural), pode contribuir para tornar os professores, alunos e membros da comunidade escolar mais abertos a novas idéias.” (p.120)
Os desafios são enormes, com certeza, a mudança não vai se da por
práticas isoladas. A superação do trabalho fragmentado no interior da escola
30
é, pois, uma importantíssima meta. Todavia, isto também não acontecerá de
maneira espontânea. É preciso um esforço decidido e qualificado. A orienta-
ção não pode ficar fora disto. Percebe-se que aquele modelo de trabalho da
orientação restrito aos atendimentos individuais do aluno já foi suficientemen-
te criticado. Portanto, deve-se procurar (novos) instrumentos metodológicos
que propiciem sistematicamente o trabalho coletivo na instituição.
A orientação educacional pode ajudar a construir um projeto coletivo
para desencadear a mudança de maneira a fazer emergir novos tipos de rela-
ções interpessoais, capazes de favorecer uma reestruturação dos quadros de
referência e uma redefinição de papéis dos atores sociais envolvidos, procu-
rando identificar as questões das relações de poder, das resistências dentro e
fora da escola e do como e do porquê deve-se agir juntos em prol de uma
educação transformadora e, especialmente, junto dos alunos no desenvolvi-
mento do que caracteriza sua subjetividade.
Segundo Novoa (1995):
“Toda a formação encerra um projeto de ação. E de transformação. E não há projeto sem opções. As minhas passam pela valorização das pessoas e dos grupos que têm lutado pela inovação no interior das escolas e do sistema educativo.” (p.31)
O espaço constante de trabalho coletivo na escola é absolutamente
fundamental para a mudança da instituição, tanto em termos de despertar,
qualificar como avaliar a intervenção.
Há que se mudar, que se buscar novos aliados e parceiros. Esse é o
olhar da Orientação Educacional – parceira da educação em todos os senti-
dos.
3.1 - A Orientação Educacional face à realidade escolar e
cultural do país
31
Com o atual processo histórico que permeia a luta por uma escola
pautada por princípios democráticos e solidários, surge a necessidade de a-
ções que garantam ao ser humano os seus direitos á cidadania. Por isso as
perspectivas holísticas garantem uma ação voltada para as relações com o
outro, estando com a visão multicultural da sociedade. Nesse sentido, a visão
sistêmica constitui uma tentativa de reconhecer que a realidade pode ser per-
cebida de maneira diferente em diferentes momentos e por diferentes pesso-
as, levando em conta os diversos sub-sistemas. A escola então promoveria a
participação de todos e a democratização dos saberes.
O multiculturalismo chama a esse processo de uma suspensão
temporária dos valores culturais próprios, de modo a desafiar e superar o ódio
ao “diferente”.
Grinspun (2006) define cultura como: “conhecimentos, arte, moral e
leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquiridos pelo ho-
mem como membro de uma sociedade.” (p.93)
Ainda segundo Grinspun “Compreender a cultura é compreender a
sociedade onde ela se efetiva” (2006, p.68) .
Nessa perspectiva o Orientador educacional, deve desenvolver seu
trabalho no e para o cotidiano, promover projetos interdisciplinares, que leve o
aluno a valorizar sua cultura, com todas as diferenças, mostrar a importância
da cultura na formação do indivíduo, além de ouvir a comunidade:
“A cultura é constituída pelo conjunto de saberes, faze-res, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, i-deais, valores, mitos que se transmitem de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, controla a exis-tência da sociedade e mantém a complexidade psicoló-gica e social”. (MORIN, 2002, p.25)
É importante também salientar, que a cultura escolar diz respeito
ao cotidiano da instituição, e como seus atores concebem e executam suas
32
atividades e ações. Ela deve vencer desafios, contradições e conflitos de sua
própria realidade cultural social.
A escola deve ser respeitada no seu contexto real, ou seja, produ-
zindo transformações, construídas através de sua história peculiar, e com is-
so, contribuindo para uma sociedade democrática e mais humana.
Proporcionalmente ao crescimento da organização, cresce a diver-
sidade de idéias, e esse crescimento de percepções e opiniões pode ser um
dos principais fatores desencadeadores de conflitos. Por outro lado, essa di-
versidade contribui para o desenvolvimento de soluções criativas no ambiente
organizacional, desde que o líder e os membros da equipe mantenham um
comportamento positivo em relação às diferenças.
O papel da Orientação em face de nossa realidade cultural será,
em primeiro lugar, resgatar a cultura de nosso país (através do espaço onde a
Orientação ocorre), com todas as suas diferenças, características (cultura po-
pular ou erudita), costumes, regras e valores e, em segundo lugar, criar con-
dições favoráveis ao surgimento e desenvolvimento de ações relacionadas a
nosso momento cultural e á preparação da cultura brasileira.
Inúmeros projetos interdisciplinares podem ser realizados – proje-
tos com a Educação Artística: artes, como pintura, escultura, visita a exposi-
ções, painéis com trabalhos produzidos pelos alunos, com a Língua Portu-
guesa: contos, poesias, com a Geografia espaço diferenciado das culturas,
com a História relações entre educação e culturas no contexto urbano e rural,
com a Matemática processos matemáticos ao longo da história brasileira etc.
– e deve ser desenvolvidos para que o aluno participe, vivencie, crie e reflita
sobre os valores subjacentes a uma obra cultural.
Grinspun (2006) afirma que:
“Objetivamente, a Orientação, através de projetos, pes-quisas, planos de ação, oferecerá subsídios que levarão os alunos a se integrarem socialmente, a partir de uma visão geral da realidade brasileira e dos múltiplos aspec-
33
tos que a compõem: psicológicos, sociais, culturais.” (p.71)
Outro ponto interessante, hoje, é a análise e discussão da cultura a
partir da perspectiva da globalização, isto é, os efeitos que a globalização tra-
rá para a cultura. O papel da Orientação é analisar e discutir algumas ques-
tões junto com os alunos como: A globalização vai comprometer a identidade
cultural de um país?
Assim, um dos grandes papéis da Orientação é abrir um diálogo
com a comunidade, tentando ouvir sua voz, tentando e buscando compreen-
der o grande mapa das culturas que a originam. É um diálogo que se abre
para uma aproximação de valores e conhecimentos com a comunidade, res-
peitando o que é diferente de mim, mas é parceiro nas decisões e ações da
escola.
3.2 - Uma orientação Educacional que ultrapassa os mu-
ros da escola: Temas integradores da Orientação Educacional
e Comunidade escolar
Atenta aos acontecimentos, a orientação se re-orienta, para de-
sempenhar as tarefas que a comunidade educativa espera e precisa.
Inúmeros são os desafios que a escola hoje tem que enfrentar,
pois, inúmeros são os desafios da própria sociedade, em ritmo crescente de
mudança em todos os seus segmentos. Na sociedade contemporânea, as
rápidas transformações devidas a uma série de fatores incidiram sobre manei-
ras nas Instituições e, portanto, na escola, ampliaram ainda mais os seus de-
safios numa busca não só da democratização de seus meios para superar as
questões da exclusão social, mas também, para efetivar a melhor qualidade
do processo ensino aprendizagem no interior da mesma.
O desafio maior é educar crianças, jovens num mundo em crise, com
mudanças substanciais, hoje ampliadas por uma nova sociedade que é a vir-
34
tual, onde entrecruzam como redes, teias, valores diferenciados, exigências
múltiplas.
Para Grinspun (2006):
“Compreender o aluno, a escola, a sociedade, é algo que exige refletir sobre vários temas que não se esgo-tam no interior da realidade física e pedagógica da esco-la, mas que assumem um dado significativo se conside-rar a teia de relações que esta Instituição estabelece com a própria sociedade” (p.73)
Ainda segundo Grinspun, “a escola interage com diferentes atores
sociais aos quais nem sempre existe o compromisso formal com a tarefa de
uma educação sistemática.” (2006, p.73)
Diante disso, a escola envolve questões internas - pedagógicas /
administrativas e questões externas – contexto social, político e econômico.
Nesta área percebe-se a sociedade com seus tempos / espaços históricos,
sociais, políticos, econômicos, com a história de vida de seu povo, com o ide-
al que ela persegue; com as questões culturais; com a linguagem de sua gen-
te, com seus recursos econômicos, e tudo mais que existe na e para socieda-
de funcionar e desenvolver.
Em relação à Educação, propriamente dita, enquanto Instituição
dessa sociedade é responsável pela política Educacional, pelos valores im-
plantados, pela reação ciência e conhecimento, pela relação da educação
formal com a educação informal veiculada pelo rádio, pela TV, pelos jornais e
revistas etc. Na escola, têm-se as relações de poder, pedagógicas, a estrutu-
ra e funcionamento da escola, em si, desde a enturmação dos alunos, horário,
matrícula etc. até a organização dos espaços físicos de sua realidade. Acres-
ce a esta instituição um dado relevante que é a relação com a comunidade, a
forma de gerir e gerar um ambiente bom / saudável para se trabalhar.
A organização da escola tem que atender aos interesses e neces-
sidades de uma proposta voltada para a emancipação dos alunos oriundos da
classe trabalhadora. Compromisso com a formação da cidadania do aluno,
35
onde precisa desenvolver seu próprio conjunto de valores, e sua cultura, no
qual o aluno não se forme só para a escola, mas sim para a vida.
Mesmo sendo uma escola pública ou privada, ela deve constituir
uma dinâmica singular, ou seja, de características distintas e específicas.
Esse é o caminho de trabalho do Orientador Educacional compro-
metido com a justiça e com o desenvolvimento da sociedade.
Paulo Freire (1995) afirma que:
“O compromisso, próprio da existência humana, só exis-te no engajamento com a realidade de cujas “águas” os homens verdadeiramente comprometidos ficam “molha-dos”, ensopados. Somente assim o compromisso é ver-dadeiro. Ao experienciá-lo, num ato que necessariamen-te é corajoso, decidido e consciente, os homens já não se dizem neutros.” (p.19)
As questões do mundo contemporâneo; entre tantos temas e múlti-
plos desdobramentos como a violência, as drogas, a ética, a sexualidade e a
AIDS, o mundo do trabalho, a comunicação, a linguagem, a tecnologia, o
meio ambiente, as políticas pública, a economia, a arte, a cultura, o esporte,
devem ser discutidas na Escola, sempre, com os alunos participando para
que eles possam melhor compreender a sociedade em que vivem e quais as
possibilidades de nela interferir. A Orientação deve ser vista como a área que
pode caminhar junto com todos que buscam uma educação de melhor quali-
dade e, se possível, numa dimensão mais ampla de um mundo melhor.
O Orientador Educacional precisa promover o exercício da cidada-
nia através de um planejamento participativo que envolva toda a comunidade.
A função dialética da escola na relação entre educação e sociedade se es-
tende para a construção da organização de uma escola de qualidade.
Grinspun em seu texto relata que:
“O Orientador deve se comprometer com a investigação da realidade social, do processo de aprendizagem de
36
seus alunos de maneira que a construção do conheci-mento, a vivência de seus valores e a realização de suas idéias e interesses sejam fatores significativos na forma-ção de sua cidadania.” (2006, p.34)
Cidadania esta que é vivenciada quando se discute processos de a-
prendizagem, se organiza para discutir os rumos das disciplinas, cria-se ca-
nais de participação, se articula movimentos sociais do mundo, se discute
questões de trabalho, prioriza a questão da evasão e repetência, reflete sobre
preconceitos, respeita o outro e trabalha a questão dos valores.
O Orientador Educacional, como educador, assume-se como ser polí-
tico, percebendo a Educação como parte do contexto sócio-econômico-
político-cultural.
Aprofundar a relação entre conhecimentos e valores, ensinados e as-
sumidos para a vida ética e cidadã, é, sem dúvida, uma resposta dos estudos
pedagógicos aos apelos da sociedade mundial, num tempo de acentuada vio-
lência urbana e violência ideológica. O legado dessas reflexões e, sobretudo,
o do enfrentamento do “impacto da realidade”:
“A convicção de que tudo o que acontece no mundo de-ve ser compreensível pode levar-nos a interpretar a his-tória por meio de lugares comuns: compreender não sig-nifica negar nos fato o chocante, ou, ao explicar fenô-menos, utilizar analogias e generalidades que diminuam o impacto da realidade e o choque da experiência.” (A-RENDT, 1978, p.10)
Sem perder de vista o princípio de que a escola não pode dar conta
dos problemas sociais, especialmente num tempo em que esses problemas
se potencializam, pelos reflexos e implicações da globalização, da desigual-
dade e da pobreza, pode-se, entretanto, ampliar os debates sobre o que a
formação educativa, no âmbito de suas potencialidades, como área em que
se (re)constroem saberes e atitudes, pode fazer “por um mundo melhor”: ex-
pressão e esperança que se mantêm no senso e sentimento comum.
37
O que cabe defender é a qualidade efetiva do ensino, para garantir ao
aluno a compreensão mais consistente possível do conhecimento elaborado e
valorizado socialmente, para que tenham oportunidade de lutar em melhores
condições por sua libertação. Este é o empenho político que deve ser busca-
do por todos na instituição escolar, onde, no caso, o orientador educacional,
respaldado por sua competência técnica, realiza uma atuação política.
A escola é lugar de educação e, portanto, de formação de atitudes.
Assim, considerar-se relevante definir critérios de conduta, pautados em seri-
edade, verdade, união, respeito humano. A ética é valor pessoal e social in-
dispensável à qualidade das ações, para que preservem e dignifiquem a insti-
tuição, os professores, os funcionários, os alunos e as famílias:
“Acredito no valor pedagógico e social do professor. Ele sabe o que ensina e, por isso, o faz com clareza, eluci-dando e exemplificando conceitos, aproveitando e articu-lando o saber do aluno acadêmico, utilizando formas de ensinar diversificadas, de acordo com a matéria, o aluno, os recursos, as circunstâncias, estimulando o aluno á palavra e á ação, entendendo-as como forças políticas de um povo. E porque a prática social encaminha a prá-tica pedagógica, “bom-professor” se define como aquele que ensina conhecimento, raciocínio crítico e valor do di-reito político do cidadão a “ser” e “viver” com dignidade.” (RANGEL, 2002, p.59)
Nesse sentido, percebe-se que a Orientação Educacional, pula o mu-
ra da escola, escapole dos serviços de seleção e recrutamento das empresas
e chega á comunidade, espaço aberto á sua atuação. Convivendo com os
conflitos que se refletem na dinâmica escolar, o OE poderá descobrir, na pró-
pria realidade, elementos que permitam compreender e tratar as dificuldades
enfrentadas na escola.
Assim os educadores podem contribuir, para que a instituição escolar
venha a se constituir no seu devir, em um espaço de luta e transformação so-
cial.
38
CONCLUSÃO
O presente trabalho apresentou uma breve contribuição ao entendi-
mento de alguns aspectos do papel do Orientador Educacional e relata as
mudanças que tornam-se uma constante em nossas vidas. O que prevalecia
como verdadeiro, é considerado obsoleto em pouco tempo.
Cabe, então aos educadores assumirem os riscos de novas expe-
riências e reverem suas crenças enquanto facilitadores e coordenadores dos
ambientes de aprendizagem, de forma que tenham cada vez mais subsídios
que ajudem de alguma forma na melhoria da qualidade do ensino.
Para tal, visamos identificar e explicar as mais importantes teorias
e abordagens disponíveis, com as respectivas críticas, ligações e inter-
relacionamentos. Com tudo isso, tentamos propiciar uma visão geral e abran-
gente dos aspectos positivos, negativos, conjunturais e diferenciais destas
teorias e abordagens, bem como a importância da motivação para o trabalho.
O grande pano de fundo que está nesta grande análise é a noção
da diversidade, da complexidade deste mundo contemporâneo cujas ações /
reações incidem na escola de forma consciente e até inconsciente.
Para se falar de Orientação Educacional, hoje, na escola, não se
pode falar do que ela faz, porque faz, a quem interessa e como se desenvol-
ve, sem entender / dar conta desse caleidoscópio que é a realidade conjuntu-
ral na qual se inserem aluno e professor que buscam / oferecem em especial
a aprendizagem nesta escola.
A Orientação deve procurar construir junto com o aluno o conheci-
mento, compartilhando a aprendizagem e a afetividade. O efeito dessa troca
de idéias entre o adulto e o aluno propicia um aumento do conhecimento um
do outro, incrementa a confiança recíproca e não coloca o aluno como um ser
passível, expectador e submisso às ordens do orientador. Sempre caberá a
39
ele ter um papel ativo na decisão e responsabilidade pelo seu próprio cresci-
mento e aprendizagem.
O Orientador auxilia na formação do aluno em um cidadão, apoian-
do, discutindo, argumentando, questionando, debatendo, enfim, procurando
refletir sobre esse indivíduo no espaço/tempo em que vive e em suas interfe-
rências e participações para uma sociedade mais justa e democrática. É ele
que pensa, age e decide. O OE trabalha com a subjetividade, com a cultura, a
ética, a formação de identidades, com o imaginário, com as representações
sociais. Campo amplo e extenso formado por redes de conhecimento, teias
de sentimento e valores.
A Orientação deve buscar uma visão mais completa da realidade e
do sujeito, as especificidades do campo de ação ajudam o entendimento da
totalidade, sem perder de vista a singularidade. Nesta abordagem, novos “ali-
ados” terão um trabalho próprio na escola, nos quais três indicativos se im-
põem: a comunicação, a argumentação e a reflexão. Eles são dados significa-
tivos á formação do sujeito. A multipicidade dos enfoques e análises que ca-
racteriza o fenômeno educativo torna as investigações da Orientação essen-
ciais para dinamizar o processo educativo e a formação do aluno / cidadão.
Buscando finalizar, hoje, entende-se a concepção da Orientação
Educacional, em uma Pedagogia da Transformação, isto é, algo que não se
esgota no seu fazer, mas que busca/ajuda a realização do outro no seu con-
junto de fazeres, saberes e vivências, pois se acredita que a escola não mu-
dará apenas com a posse de novos governantes, mesmo que estes se digam
comprometidos com a construção de uma escola diferente da atual. É preciso
mais. É preciso que todos os sujeitos participem desse processo informatiza-
do, de modo a garantir uma formação completa do cidadão, visando o tornar
mais apto a intervir para conquista de sua cidadania!!!!!
40
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v RANGEL, Mary, Representações e reflexões sobre o “bom profes-
sor”. Ed. São Paulo, Cortez, 2002
41
v STUHLER, Giovana Delvan, ASSIS, Marta Diniz. Educação Multicul-
tural: Teoria e Prática para professores e Gestores em Educação.
2006
v VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Orientação Educacional: Me-
diação das Relações e da Mudança na escola. Porto Alegre: Associ-
ação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul, out/2003.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL HOJE NAS ESCOLAS 10
1.1 – A importância do Orientador no processo de ensino 12
1.2 – A ação dos Orientadores em uma atividade significativa e significadora,
integrada e integradora 14
CAPÍTULO II
O PAPEL DA ORIENTAÇÃO 16
2.1 – Relações Interpessoais: Construindo um clima institucional positivo na
Escola 21
2.2 – A postura do Orientador junto á equipe pedagógica, professores, alunos
e familiares 25
CAPÍTULO III
CONFLITO DE PARADIGMAS E ALTERNATIVAS PARA A TRANSFORMA-
ÇÃO DA ESCOLA 29
3.1 – A Orientação Educacional face à realidade escolar e cultural do país 30
3.2 – Uma orientação Educacional que ultrapassa os muros da escola: Temas
integradores da Orientação Educacional e Comunidade escolar 33
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto A vez do Mestre
Título da Monografia: Orientação Educacional: Mediação das relações e da mudança na
escola.
Autor: Alessandra Kelly Tavares de Sousa Monteiro
Data da entrega: 26/01/2011
Avaliado por: Mônica Melo Conceito: