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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O MARKETING DE RELACIONAMENTO NAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS Por: Rodrigo Correa Lopes do Nascimento Orientador Prof. Antonio Ney Niterói 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O MARKETING DE RELACIONAMENTO NAS INSTITUIÇÕES

BANCÁRIAS

Por: Rodrigo Correa Lopes do Nascimento

Orientador

Prof. Antonio Ney

Niterói

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O MARKETING DE RELACIONAMENTO NAS INSTITUIÇÕES

BANCÁRIAS

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Marketing.

Por: Rodrigo Correa Lopes do Nascimento

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AGRADECIMENTOS

A todos os autores que contribuíram

para o desenvolvimento desse trabalho

monográfico e ao corpo docente do

Instituto “A Vez do Mestre”.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse livro a meus pais Franklin e

Maria D´Ajuda, que tanto colaboraram na

confecção desse trabalho monográfico.

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RESUMO

Os serviços das instituições bancárias no Brasil sempre foi um tema

bastante debatido, seja pela imprensa, seja pelos legisladores, seja pelos

próprios clientes dessas instituições. Raramente é ouvido um comentário

positivo em relação a um serviço bancário, principalmente no quesito demora

no atendimento, gerando o problema das filas. Os bancos vêm tentando

resolver o problema das filas instalando equipamentos como distribuidores de

senhas e painéis de chamada para minimizar a espera. Estagiários foram

colocados para “garimpar” as filas e redirecionar clientes para os terminais de

auto-atendimento, foi aumentado o leque de operações disponíveis através do

Internet banking, foram feitas campanhas para cadastramento de contas em

débito automático, e alguns bancos ainda abriram pontos de atendimento em

determinados estabelecimentos comerciais da cidade. Segundo a lei n° 4223

do Estado do Rio de Janeiro em seu art. 1° diz: “Fica determinado que

agências bancárias situadas no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, deverão

colocar à disposição dos seus usuários, pessoal suficiente e necessário, no

setor de caixas, para que o atendimento seja efetivado no prazo máximo de 20

(vinte) minutos, em dias normais, e de 30 (trinta) minutos, em véspera e depois

de feriados.” Será que as instituições financeiras só estão implantando tais

medidas devido à legislação que as obriga a atender de forma rápida e

confortável o cliente? Onde entra o marketing de relacionamento (CRM -

Customer Relationship Management) através do qual as organizações podem

projetar e lançar ações voltadas aos clientes, buscando sempre que estes se

tornem cada vez mais próximos de seus produtos e/ou serviços, de forma a

utilizá-los e recomendá-los a várias pessoas, reconhecendo indiretamente e

imperceptivelmente o valor e o esforço a eles disponibilizado por aquela

empresa, que a todo momento se preocupa com seu bem estar? As

instituições bancárias fazem propaganda na televisão, gastam muito dinheiro

em publicidade, mas por muitas vezes pecam ao não possuir uma agência

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com estrutura e número de funcionários adequados para atender aquela

clientela da região, uma tarefa que o marketing de relacionamento bem

trabalhado pode solucionar.

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METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho monográfico foram utilizados métodos

de pesquisa em jornais de grande circulação e respeitada reputação, sites

relativos a serviços bancários e financeiros pesquisados na Internet, legislação

específica do Estado do Rio de Janeiro, livros de Marketing e de Recursos

Humanos de autores renomados internacionalmente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I 12

O marketing nos tempos atuais

1.1 Conceitos de Marketing

1.2 A origem do Marketing de Relacionamento

1.3 O planejamento do Marketing de Relacionamento

1.4 A aplicação do Marketing de Relacionamento

1.5 Tecnologia da Informação e Marketing Direto

CAPÍTULO II 25

As instituições financeiras e seus serviços

2.1 Conceitos de Serviços

2.2 O Marketing no Setor Bancário

2.3 O problema da lentidão no atendimento bancário

2.4 A análise SWOT nas instituições bancárias

CAPÍTULO III 33

A estrutura do marketing de relacionamento em relação

aos serviços bancários

3.1 Formas de relacionamento entre os bancos e os clientes

3.2 A percepção de valor nos serviços bancários

3.3 Atendimento premium como diferenciador de clientes nos bancos

3.4 O uso de novas tecnologias para maximização dos serviços bancários

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 43

ANEXOS 46

ÍNDICE 48

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INTRODUÇÃO

Uma das mais importantes ramificações do marketing atual é o aspecto

do relacionamento, ou em termos técnicos o chamado CRM – Customer

Relationship Management, ou simplesmente Marketing de Relacionamento,

uma nova face dos negócios, um conjunto de oportunidades estratégicas no

qual o consumidor torna-se o centro de toda atenção da organização em

tempo integral. O relacionamento é uma forma presente no sistema de

comercialização, pois faz parte do processo existente na venda, em suas três

fases: pré-venda, venda e pós-venda, sendo nestes estágios que o trabalho

começa. Com o conhecimento sobre os hábitos e costumes de seu cliente,

pode antever-se a qualquer ação, surpreendendo e fazendo-se presente em

seu cotidiano. Desta forma, é importante ressaltar que, a tônica do mercado

em um futuro próximo, está voltada aos serviços, isso porque produtos são

lançados e aperfeiçoados constantemente, com inúmeras marcas e variações

de preços, o que ressalta ainda mais a importância dos serviços, pois é através

deste que surgirão os diferenciais, os aspectos positivos que tornarão os

consumidores adeptos ao consumo de determinados produtos.

No ramo dos serviços bancários, a concorrência, e a necessidade de

obtenção de alta lucratividade, têm desencadeado um processo acirrado na

disputa de novos mercados e na manutenção de clientes.

Segundo Damke e Pereira (2004), o Setor Bancário brasileiro sofreu

alterações que o tornaram mais competitivo. O investimento em expansão dos

serviços, aumento de escala, e estratégias de marketing são aparentes nessa

nova realidade marcada pela perda dos ganhos inflacionários, entrada de

fortes concorrentes estrangeiros e fusões de concorrentes nacionais, além de

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mudanças nas regras legais do setor. Os estudos de estratégias de marketing

direcionam-se cada vez para a pesquisa de estratégias de crescimento, ou

posicionamento mais rentáveis que gerem mais valo para os bancos. Com

isso, os estudos que avaliam os resultados do investimento em marketing e a

melhoria da performance das empresas geradas por estes investimentos

também estão em evolução.

Por isso, é preciso oferecer mais do que o esperado, é preciso

surpreender, sendo extremamente importante para que as diferenciações

sejam notadas e para que os clientes tornem-se cada vez mais propensos a

adquirir seus produtos e/ou serviços, por motivos estes, que vão além do

aspecto material, originados de fatos inconscientes e motivadores, que tornam

sua marca evidenciada e extremamente valiosa, ocupando uma posição de

destaque no mercado, na mente do seu consumidor. O problema da lentidão

das filas pode ser prejudicial à imagem do banco, e prejudicar todo o processo

de relacionamento com o cliente, apesar da aplicação de novas tecnologias em

serviços bancários, visando a minimização das filas, e consequentemente o

tempo em que se passa em uma agência bancária, tais como Internet Banking,

caixa eletrônicos com recebimento de contas em diversos pontos além das

agências, como supermercados e shopping centers, o Brasil, especialmente o

Estado do Rio de Janeiro, ainda possui um sistema deficitário em relação à

rapidez no atendimento ao cliente. Esse é um problema que deve ser resolvido

no sistema de relacionamento entre os bancos e os clientes.

Este trabalho monográfico será dividido em três capítulos, que se

complementam, e uma conclusão. No capítulo um serão comentados os

principais aspectos da disciplina de Marketing, destacando-se os conceitos dos

autores mais renomados na área, alem da origem do relacionamento

empresa/consumidor no âmbito das relações comerciais, assim como o

planejamento e a aplicação do marketing de relacionamento no contexto

empresarial atual, este aliado à tecnologia de informação, transformando e

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maximizando de diversas o relacionamento no marketing. No capítulo dois será

abordada a questão específica dos serviços, em especial no atendimento

bancário, considerando-se o marketing no setor bancário através da análise

SWOT, além da demora de alguns serviços prestados na agência bancária. No

terceiro e último capítulo, a estrutura do marketing de relacionamento em

relação aos serviços bancários, os serviços diferenciadores e a nova

tecnologia como facilitador de transações bancárias, serão abordadas a fim de

propor uma melhor adequação das ferramentas tecnológicas disponíveis hoje,

proporcionando um melhor atendimento nas agências bancárias, em especial

na praça da região metropolitana do Rio de Janeiro, que apresenta uma

relação de funcionários/clientes muito menor do que em países desenvolvidos.

Será então desenvolvida uma relação entre o que se propõe o marketing de

relacionamento enquanto matéria teórica a ser estudada e aplicada, e o que

realmente é feito em relação aos serviços bancários, buscando-se chegar a um

resultado eficaz entre respeito e tratamento devido ao consumidor e

posicionamento de imagem da Instituição bancária, através do marketing de

relacionamento, e a aplicação das novas tecnologias disponíveis.

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CAPÍTULO I

O MARKETING NOS TEMPOS ATUAIS

1.1 – Conceitos de Marketing

Desde o início do século XX, as organizações passam por um processo

de desenvolvimento e transformação de mentalidade, devido à própria

evolução ambiental do contexto em que a organização está inserida. O

Marketing funciona como causa e consequência desse processo evolutivo,

desde a visão voltada para produção, depois para o produto e logo após para

vendas. O Marketing de Relacionamento se tornou fundamental para a

diferenciação de atendimento, sobretudo nos serviços bancários, onde a

qualidade do atendimento deve ser percebida de dentro para fora.

A conceituação de marketing é necessária para que se estude qualquer

assunto ligado à área. Segundo Kotler (2000) Marketing é a obtenção daquilo

que os clientes desejam ou necessitam e isso se dá em um processo social de

livre negociação de produtos e serviços de valor. Esse mecanismo tem o

objetivo de conhecer melhor seus clientes atuais e potenciais a fim de atender

seus desejos e necessidades.

Para Las Casas (2006) um dos principais elementos do Marketing é sua

orientação para os consumidores. Essa orientação mercadológica é

fundamental para o sucesso para qualquer empreendimento. Além disso, o

autor ainda ressalta a importância do marketing mix ou composto de marketing,

representado por produto, preço, praça e promoção. Esses itens são as

principais etapas em todos os tipos de comercialização, mais conhecidos pelos

quatro P´s.

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Por Administração de marketing entende-se que é a arte e a ciência da

escolha de mercados-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes

por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para

o cliente (Kotler, 2000).

Atualmente o conceito contemporâneo de Marketing engloba a

construção de um satisfatório relacionamento a longo prazo onde indivíduos e

grupos obtêm aquilo que desejam e necessitam. O marketing se originou para

atender as necessidades de mercado, mas não está limitado aos bens de

consumo. É também amplamente usado para "vender" idéias e programas

sociais. Técnicas de marketing são aplicadas em todos os sistemas políticos e

em muitos aspectos da vida, fazendo um conjunto de operações que envolvem

a vida do produto, desde a planificação de sua produção até o momento em

que é adquirido pelo consumidor.

A palavra Marketing, se observada de forma realística, assume sua

tradução literal: Mercado. Pode-se, então, afirmar que Marketing é o estudo do

mercado. É uma ferramenta administrativa que possibilita a observação de

tendências e a criação de novas oportunidades de consumo visando a

satisfação do cliente e respondendo aos objetivos financeiros e

mercadológicos das empresas de produção ou prestação de serviços, através

da função organizacional e de um conjunto de processos que envolvem a

criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a

administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a

organização e seu público interessado.

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1.2 - A Origem do Marketing de Relacionamento

O Marketing de relacionamento teve início de forma bem peculiar

através das compras que eram feitas e anotadas nos “caderninhos”, para

pagamentos futuros. Utilizava-se o crediário, sem precisar de comprovante de

renda. Tudo isso era possível porque o proprietário do estabelecimento

conhecia muito bem os seus clientes, pelo nome, sobrenome, vida familiar, era

praticamente um membro da família, sendo a relação de bastante confiança. A

Fidelidade dos clientes ao estabelecimento era uma certeza. Com o

crescimento da economia mundial e a industrialização de novos produtos, e

novas formas de comercialização, as mercearias de bairros começaram a

enfraquecer, e esses relacionamentos praticamente deixaram de existir, sendo

apenas possível em regiões bem remotas e de pequena população.

O Marketing de Relacionamento é considerado uma evolução do

Marketing absorvendo diversas outras formas de conhecimento que lhe foram

complementares. Um bom exemplo foi a qualidade total que emprestou ao

Marketing de relacionamento a sua preocupação com a gestão pela qualidade

que deve permear toda a organização e atingir todos os níveis hierárquicos

como forma de atender aos requisitos do cliente no processo.

O Marketing de Relacionamento visa compreender as necessidades dos

clientes e tenta criar um valor individualizado, buscando relacionamentos

duradouros. O relacionamento está além da simples venda ou repetição da

compra pelo mesmo produto no mesmo estabelecimento, é preciso cativar o

cliente.

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1.3 - O planejamento do Marketing de Relacionamento

O desafio do marketing é descobrir o modo de pensar, de compreender

e lidar com a realidade a partir da visão do cliente consumidor, oferecendo as

informações necessárias para que a empresa tome decisões. O diálogo e a

construção de relacionamentos estáveis e duradouros com os clientes servem

como desafio ao marketing no ambiente competitivo, no comportamento do

consumidor e, principalmente, pela expectativa de como deseja ser atendido.

Segundo Gonçalves (2002) o Marketing de Relacionamento funciona

como uma ferramenta que tem o objetivo de aprimorar as relações entre os

diversos públicos das organizações. O aprimoramento desse relacionamento

visa o aprendizado organizacional em relação à forma da decisão de consumo,

viabilizando o planejamento, posicionamento e execução de soluções.

Segundo Ferreira & Sganzerlla (2000), a diferença fundamental entre a

interatividade no marketing tradicional e no de relacionamento é que a primeira

serve de intermediária entre a produção e o consumo; e a segunda, de

realizadora entre a produção e o consumo. Estar atento a essas peculiaridades

é acertar o alvo. Conquistar uma fidelização sólida, mesmo que, certamente,

baseada na conveniência comercial, é estar com um diferencial competitivo

difícil de ser alcançado.

Para McKenna (1993) o Marketing de Relacionamento tornou-se

fundamental para desenvolvimento e manutenção da liderança das empresas

através da fidelização de seus clientes. O autor ainda enfatiza que em

mercados a cada dia mais competitivos, a fidelização se torna indispensável.

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O planejamento de Marketing de Relacionamento deve ser realizado

baseado no tipo de cliente com que a empresa trabalha. No caso dos serviços

bancários, os bancos possuem todos os tipos de clientes possíveis, de

diversas classes sociais, diferentes culturas, principalmente no Rio de Janeiro,

que possui uma miscigenação cultural enorme, criando-se assim alguns

segmentos (em relação ao valor aplicado no banco), onde clientes que

possuem maior quantidade de dinheiro no banco possuem tratamento

diferenciado, através de sub-categorias no próprio banco, por exemplo: Banco

do Brasil (BB Estilo), Bradesco (Prime), Itaú (Personalité), entre outros. Este

assunto será melhor explorado no Capítulo três desta monografia.

É preciso entender o que o cliente deseja de um serviço bancário, e

tentar aplicar ao máximo, mecanismos que venham ao encontro do desejo dos

clientes, para que os mesmos possuam essa percepção de valor que os

bancos desejam passar.

Segundo Madruga (2004) o Marketing de Relacionamento apresenta um

desenvolvimento de seis funções essências do processo, que são:

1. Elaboração conjunta de nova visão e cultura empresarial voltada para os

clientes e parceiros. A empresa deseja e age de forma integrada na busca da

excelência no relacionamento interno e externo.

2. Construção de objetivos de Marketing de relacionamento conectados à visão

e sempre de natureza límpida. Os objetivos são entendidos, negociados e

acompanhados por toda a organização.

3. Estabelecimento das estratégias de Marketing de relacionamento voltadas

para a criação de valores em conjunto com os clientes. As trocas relacionais de

sucesso e as estratégias são inúmeras.

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4. Implementação de ações táticas com o foco no relacionamento colaborativo

com clientes. Elas são apoiadas por uma infra-estrutura que traz segurança e

precisão para os funcionários que estão na linha de frente com o cliente.

5. Obtenção de benefícios mútuos, isto é, empresas e clientes tiram proveito

da cooperação ocorrida em vários momentos de contato. A empresa entende

melhor as necessidades do cliente, que se prontifica a fornecer informações

valiosas a seu respeito, produtos e serviços.

6. Direção da ação, capacitação e envolvimento dos colaboradores da

empresa para relacionamentos superiores. A maior contribuição para gerar

diferenciais competitivos no contato com o cliente sempre é dada pelos

colaboradores, desde que treinados e encorajados e motivados.

O relacionamento é uma forma de interação constante com o cliente,

agregando valores aos produtos e serviços. As empresas devem entender que

clientes são ativos a longo prazo, que tem maior chance de ter sucesso.

O Marketing de Relacionamento, não se restringe somente ao cliente, a

empresa consegue mensurar os investimentos em ações de publicidade, ponto

de venda, Marketing direto (e-mail, por exemplo), e principalmente a imagem

da empresa em relação ao mercado e seus clientes. O marketing de

relacionamento é uma ferramenta que visa criar valor pela intimidade com o

cliente tornando-a tão adequada que o cliente prefira manter-se fiel a empresa.

1.4 - A aplicação do Marketing de Relacionamento

A aplicação do Marketing de Relacionamento é a função mais delicada

para a empresa, onde todo o planejamento antes realizado, deve ser posto em

prática, analisando-se o ambiente externo ao qual a empresa se encontra. .O

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marketing de relacionamento tem como finalidade buscar o máximo contato

com o consumidor a fim de identificar suas necessidades, reclamações e

sugestões, tornando o ambiente de consumo mais rentável e duradouro.

A aplicação é apoiada entre as partes envolvidas no negócio da

empresa, ou seja, clientes, fornecedores e intermediários, que tem suporte na

interação existente em todos os serviços prestados aos clientes.

Kotler (2000) destaca a necessidade de se manter contato constante

com os clientes a fim de monitorar suas experiências de consumo. O

mapeamento dessas impressões através dos relatos dos próprios clientes é o

caminho mais rápido para se melhorar o desempenho da empresa. Estar

atento às demandas e respostas dos clientes aos produtos e serviços

oferecidos ao mercado é fundamental para se desenvolver um relacionamento

sólido e duradouro que possa ser convertido em aumento de ticket médio dos

consumidores.

Segundo Barnes (2002) há quatro conceitos que devem ser

considerados na dimensão do marketing de relacionamento. O autor se refere

ao modelo dos quatro R´s (relacionamento, retenção, referência e

recuperação), aplicando-se de forma mais direta o marketing de

relacionamento com visualização de longo prazo.

Retenção significa manter os clientes que a empresa deseja através de

um trabalho diferenciado que exceda as expectativas deles. A retenção custa

bem menos que a aquisição de novos clientes. O foco deve estar na retenção

voluntária através de ações de retenção de clientes, não baseadas na falta de

alternativa ou porque estão presos a um programa de premiação. A estratégia

de programas de premiação apresenta-se muito pobre e contribui pouco para o

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sucesso no relacionamento em longo prazo. Muitas vezes tal estratégia resulta

no oposto do esperado. Assim que um cliente em um relacionamento tem a

chance de abandonar a empresa, ele irá quebrar a continuidade do

relacionamento e transferir seus negócios para outra empresa. Portanto,

retenção é resultado de um conjunto de ações continuadas e monitoradas as

quais os clientes percebem mais valor que o obtido em um relacionamento

alternativo (BARNES, 2002).

Relacionamento existe quando o cliente voluntariamente dispõe a

trabalhar com a empresa por um período longo de tempo e continua

entusiasmado por causa da maneira como é tratado. Construir

relacionamentos significa estar próximo dos clientes em uma tentativa de

entender e servi-los bem podendo ir além da suas expectativas. A natureza do

relacionamento requer confiança e os elementos que alimentam a confiança,

tais como: comprometimento, comunicação e entendimento. E por esta razão,

é necessário atribuir o mesmo caráter de prioridade a que atribuímos a outros

aspectos do negócio. (BARNES, 2002).

A Referência diz respeito ao poderoso efeito da propagação de uma

satisfação resultante de um trabalho bem feito com um cliente específico.

Lembre-se que a impressão deixada por cliente satisfeito, levará outros a se

tornarem clientes. Quando os clientes estão completamente satisfeitos com um

serviço ou produto, eles estarão mais propensos a disseminar a notícia. As

pessoas têm a tendência de realizar algo que foi altamente recomendada por

aqueles que elas confiam, amigos ou familiares. Os clientes irão voltar como

também irão trazer amigos e influenciar muito outros. (BARNES, 2002).

A recuperação de um cliente que recebeu um tratamento fraco deve ser

parte da administração de uma carteira de clientes. Obviamente que falhas

acontecem e sempre existirá a necessidade de recuperar clientes. Este é um

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aspecto dos negócios, porque nenhuma empresa é impecável. O imprevisível

irá destruir o que foi de melhor feito e planejado. Entretanto, erros podem se

tornar oportunidades de impressionar o cliente e recuperar a lealdade dele. O

fato não é só de recuperar o cliente, mas mostrar para ele que é importante

dentro do contexto da empresa. Esse restabelecimento possibilita a lealdade

ao comprometimento do cliente. Também apresentam ao futuro cliente o

empenho da empresa com a sua satisfação. (BARNES, 2002).

O Marketing de Relacionamento engloba o entendimento, o foco e o

gerenciamento de colaborações firmadas entre fornecedores e clientes

selecionados para a criação mútua de valores, compartilhamento através da

interdependência e alinhamento organizacional, sendo os agentes parceiros no

processo entre si.

Diferenciando-se o processo de captação e retenção de clientes de uma

empresa tradicional, para uma empresa moderna mais voltada à prática do

Marketing de Relacionamento, nota-se um envolvimento muito maior por parte

de toda organização em relação ao cliente, em todos os seus níveis

hierárquicos, conforme demonstram os gráficos a seguir:

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O relacionamento é uma forma presente no sistema de comercialização,

pois faz parte do processo existente na venda, em suas três fases: pré-venda,

venda e pós-venda, todos com sua relativa importância para a continuidade e

sucesso do negócio. Com o conhecimento sobre os hábitos e costumes de seu

cliente pode antever-se a qualquer ação, surpreendendo e fazendo-se

presente em seu cotidiano, maximizando a relação de satisfação da empresa

em relação ao cliente. Com os dados em mãos, as informações, e os históricos

de grande valia que tornam sua comercialização mais personalizada, poderá

ser oferecido ou até mesmo realizada a manutenção de compra de seu cliente,

sendo esta mais próxima e informal, customizando-se todo o processo e

fidelizando o cliente, tornando-o um potencial divulgador da empresa.

Perder clientes é uma tarefa muito fácil, visto que o mercado está cada

vez mais competitivo e inúmeras empresas estão surgindo com uma

mentalidade mais avançada, estruturada num organograma de empresa

orientada para o cliente. Criar sistemas de fidelidade é um passo fundamental

para que as empresas possam planejar ações mais eficazes, específicas e

preventivas que auxiliarão em um processo organizacional constante e

duradouro.

A identificação, a interação, e a diferenciação em termos de

necessidade e valor, reduzem o índice de perda de clientes, aumenta a

longevidade do relacionamento e retém os clientes de alto valor.

É preciso oferecer mais do que o esperado, surpreender, fazendo com

que as diferenciações sejam percebidas, e que os clientes tornem-se cada vez

mais dispostos a adquirir seus produtos e/ou serviços, por motivos, que vão

além do aspecto físico, originados de fatos inconscientes e motivadores,

ocupando uma posição especial no mercado, a mente do consumidor.

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1.5 - Tecnologia da Informação e Marketing Direto

As informações estão passando por transformações muito rápidas. Com

a diminuição dos custos de acesso à tecnologia, as empresas passam a utilizar

ferramentas fundamentais para a administração no relacionamento com os

clientes. A utilização da informação está sendo cada vez mais importante do

que a própria informação em si, sobretudo em tempos de alto avanço

tecnológico via Internet, o importante é tornar a informação algo de útil.Todas

as informações relativas aos clientes e ao mercado devem ser trabalhadas de

modo a desenvolver um planejamento estratégico não só com o objetivo de

fidelização de clientes, mas de maximizar a competitividade através da

padronização e direcionamento dos procedimentos a ser executados.

Segundo Kotler (2000) com Marketing Direto se atinge clientes certos na

hora certa. Através do monitoramento possível através dessa ferramenta de

comunicação, chegou-se à conclusão que essa personalização promove maior

índice de leitura. Com o Marketing Direto é possível personalizar todo o

conteúdo da comunicação, promovendo a interatividade cliente a cliente,

customizando-se a comunicação.

As empresas necessitam de um sistema de Informação que tenha a

capacidade de funcionar com controle e eficácia, detectando as emergências e

indicando a tomada rápida de decisões, a fim de se integrar com o cliente.

Além do mais, o Sistema de Informação deve permitir a uma organização

perceber seu ambiente, tanto interno como externo, detectando oportunidades

e necessidades.

Segundo Las Casas (2006), os canais de comunicação entre empresa e

cliente são importantes no sentido de promover a agilidade na coleta de

informações. Essa rapidez é fundamental para um planejamento de marketing

eficaz e capaz de se adaptar à velocidade do mercado. Desde a idealização de

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uma empresa, a pesquisa ou coleta de dados é fundamental durante para a

existência de uma empresa por delimitar e corrigir estratégias.

A comunicação é fundamental na definição de estratégias através da

coleta de informações. Todos os dados coletados devem ser analisados e

cruzados com variáveis internas e externas no ambiente em que a empresa

está inserida.

Segundo Kotler (1998), o Marketing direto é a melhor resposta ao

Marketing Individualizado. "As empresas que conhecem seus clientes podem

adaptar produtos, ofertas, mensagens, sistemas de entrega e métodos de

pagamento para maximizar o resultado de suas campanhas." Conforme o

autor, os principais objetivos para a utilização do banco de dados são:

identificação de clientes potenciais, decisão sobre que clientes devem receber

uma oferta específica além da busca pelo aprofundamento da lealdade do

cliente.

Com o Marketing Direto e as novas ferramentas tecnológicas, as

empresas podem moldar suas ações em grupos de clientes, analisando-se a

proximidade dos perfis (sociais, econômicos, demográficos, faixa etária, entre

muitos outros), assim customizando a informação de seus serviços e produtos

com foco naquele grupo específico, incluindo informações relevantes e tipo

linguagem a ser utilizada àquele público. Com programas específicos e banco

de dados integrados, essa tarefa, antes praticamente impossível de ser

realizada, hoje pode ser feita em pouco tempo, através do avanço tecnológico.

Uma das vantagens desta customização, é a forma com que o cliente

enxerga a empresa. O cliente passa a perceber que ele em especial possui um

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valor individual para a empresa, não sendo apenas mais um no meio da

massa.

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25

CAPÍTULO II

As instituições financeiras e seus serviços

2.1 Conceitos de Serviços

O serviço está presente na prestação isolada de um serviço ou no

serviço prestado na entrega de um produto. O fato é que o serviço faz parte de

toda relação entre empresa e consumidor. Onde há produtos, há serviços e

relacionamento.

Las Casas (2006) define o serviço como a parte intangível presente em

qualquer relação de troca. O serviço é a parte vivenciada, a experiência vivida,

o desempenho. Portanto, em toda a atividade, com ou sem a entrega de bens

tangíveis, em que haja a prestação de serviços é necessária a adaptação do

mix de marketing, ou seja, os quatro P´s.

As empresas prestadoras de serviços precisam estar atentas às

demandas dos clientes, de como esses percebem os serviços prestados, a

relação dos funcionários no atendimento interno e externo, além da qualidade

da participação de fornecedores e parceiros. Sendo assim, o serviço direto ou

vinculado a entrega de um produto é o próprio canal de relacionamento entre

empresa e cliente.

Segundo Kotler (2000) o Marketing de serviços é qualquer ato ou

desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra

e que não resulta em propriedade de nada. A execução de um serviço pode

estar ou não ligada a um produto concreto.

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Dentre as principais características dos serviços, encontramos a

intangibilidade, a inseparabilidade, a variabilidade, e a perecibilidade.

Intangibilidade porque os serviços não podem ser sentidos, ouvidos, cheirados

ou provados antes de serem adquiridos. Inseparabilidade pois o serviço é

produzido e consumido ao mesmo tempo. Variabilidade, pois depende de

quem os executa e quando e como são executados, sendo de percepção

variada de pessoa para pessoa. Por último a perecibilidade que indica a não

estocagem dos serviços, consumo imediato por parte do cliente.

2.2 O marketing no setor bancário

O setor bancário tem características que devem ser destacadas para

efeito de estudos de mercado. É uma indústria de serviços e por sua natureza

difere de outras indústrias manufatureiras. Assim como em outras empresas de

serviços, as instituições bancárias tendem a destacar os seus serviços

tangibilizando-os aos olhos dos clientes, oferecendo “produtos bancários”

atrelados ao serviço.

Devido à enorme concorrência no setor bancário no Brasil, os bancos

apelam para a imagem de estabilidade, liquidez e conforto dado aos seus

clientes, o que por muitas vezes não ocorre efetivamente. Existem algumas

características interessantes neste setor que valem ser destacadas, tais como

a heterogeneidade dos produtos bancários formados basicamente pela

necessidade cada vez mais diferenciada dos clientes, o tamanho e distribuição

da renda nacional, dependendo da estratégia de posicionamento de mercado

do banco, e os segmentos de clientes que buscam, o tamanho da população, a

concentração da renda que será mais importante para escolha de localização

das agências e da prestação de outros serviços e produtos, tudo baseado no

tipo de cliente em que a instituição deseja atender. A Globalização que mexe

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cada vez mais com a saúde financeira da Instituição, que por pertencer a um

setor altamente atrelado internacionalmente sendo afetado por crises externas,

torna a competição altamente agressiva, onde pequenos bancos já são

adquiridos por instituições maiores, ou definiram seus segmentos e estão se

especializando para atendê-los, um fato que está se tornando cada vez menos

corriqueiro, e os bancos nacionais enfrentam a concorrência estrangeira.

2.3 O problema da lentidão no atendimento bancário

A necessidade de busca por novos clientes e a maior importância da

própria operação do negócio em detrimento de outros ganhos fez os bancos

buscarem a todo custo a diminuição de despesas, e o ganho de escala,

prejudicando o serviço e o atendimento ao cliente. Segundo dados da

Federação Brasileira de Bancos, houve uma concentração de capital no

mercado, promovendo a criação de marcas com maiores participações de

mercado, tanto de forma segmentada como no varejo como um todo. A

concentração se deu em conjunto, ou provocada pela entrada no país de

bandeiras estrangeiras. Os bancos estrangeiros entraram comprando marcas

existentes, e os maiores bancos nacionais também cresceram através da

aquisição de bancos estatais e pequenas bandeiras do setor.

No campo específico do Estado do Rio de Janeiro, segundo a Lei

Estadual Nº 4.223, de 24 de Novembro de 2003 em seu Art. 1° relata: Fica

determinado que agências bancárias situadas no âmbito do Estado do Rio de

Janeiro, deverão colocar à disposição dos seus usuários, pessoal suficiente e

necessário, no setor de caixas, para que o atendimento seja efetivado no prazo

máximo de 20 (vinte) minutos, em dias normais, e de 30 (trinta) minutos, em

véspera e depois de feriados.

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Seria preciso o Governo pressionar, através de Lei, a maximização da

qualidade dos serviços bancários, no caso específico da demora no

atendimento, ocasionando um elevado período de espera em filas de banco?

Onde entra o marketing de relacionamento que é tão buscado pelas

instituições financeiras?

As respostas para essas perguntas, talvez seja respondida pela

ganância das instituições em reduzir seu quadro de pessoal, e direcionar seus

serviços de forma demasiada a novas aplicações tecnológicas, tais como

caixas eletrônicos, e Internet Banking.

Apesar das dificuldades para as instituições financeiras, Kotler (2000)

afirma que uma das principais maneiras das empresas de serviços se

diferenciarem é prestar serviços de alta qualidade. A chave do sucesso da

prestação de serviços é atender e exceder as expectativas dos consumidores-

alvos. Todo o histórico de experiências vividas pelo consumidor compõe as

expectativas futuras. É o relacionamento vinculado à qualidade dos serviços.

Além do serviço, o marketing de relacionamento dispõe de várias

ferramentas com o objetivo de instrumentalizar e monitorar toda essa interação

e suas variáveis. Banco de dados, pesquisa, promoção, assistência técnica.

Gonçalves (2002) elege a fidelização de clientes como um dos principais

objetivos do Marketing de Relacionamento. Para ele, isso torna os clientes

parceiros permanentes, além de defensores da marca. Todo ambiente em que

haja relacionamentos comerciais duradouros propicia o desenvolvimento e

manutenção das vendas, possibilitando o aumento da escala de produção,

aperfeiçoamento do produto e redução de custos.

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2.4 A análise SWOT nas Instituições Bancárias

A análise SWOT (do inglês strengths, weaknesses, opportunities and

threats), forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, é uma ferramenta de

planejamento estratégico desenvolvida por Albert Humphrey, em um projeto de

pesquisa na Universidade de Stanford nas décadas de 60 e 70. Essa

ferramenta tem por objetivo a avaliação das forças, fraquezas, oportunidades e

ameaças de uma organização em seu ambiente competitivo.

De acordo com Kotler (2000), a análise SWOT subdivide-se em análise

do ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças).

A análise do ambiente externo (fatores incontroláveis por parte da organização)

é composta pelo monitoramento de forças macroambientais (exemplos são o

cenário econômico-demográfico, o contexto sociocultural e as modificações

tecnológicas) e de agentes econômicos importantes para a organização (como

os clientes, competidores, fornecedores e distribuidores). A análise do

ambiente interno refere-se à performance de fatores controláveis pela

organização, relativamente aos seus competidores diretos, como produtividade

da mão-de-obra, inovação tecnológica, capacidade de autofinanciamento das

operações, imagem, amplitude da distribuição, localização,...

Por meio da análise do ambiente externo, a organização consegue

reconhecer as oportunidades e as ameaças ao seu negócio. As oportunidades

existem quando a organização é capaz de lucrar ao atender às necessidades

dos consumidores que são mal supridas pelos demais competidores. As

ameaças ambientais são um desafio imposto por uma tendência desfavorável

do mercado que, na ausência de uma ação defensiva de marketing, levaria à

deterioração das vendas e dos lucros das empresas (KOTLER, 2000).

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A análise do ambiente interno identifica as necessidades de

desenvolvimento dentro da organização tanto para a exploração de novas

oportunidades, como para as ações defensivas frente às ameaças ambientais

detectadas.

A análise SWOT possui alta aplicabilidade no cenário das Instituições

Financeiras, onde a identificação das forças, fraquezas, oportunidades e

ameaças é o fator crucial para a análise. No ambiente interno, a análise é dada

pelo fato da empresa possuir acesso às variáveis mais importantes da

concorrência, como tarifas, faturamento e gastos publicitários. A comparação

pode ser muito importante nesse setor devido à alta concorrência, fazendo

com que a instituição financeira possua indícios mínimos para identificar quais

as suas forças e fraquezas, e a partir disso, montar sua análise SWOT.

No ambiente externo, ou macroambiente, a empresa possui fatores para

analisar a sua trajetória em relação ao mercado, ou seja, o seu tamanho e taxa

de crescimento no mercado, entrada de novos concorrentes e percepção de

sensibilidade a preços das tarifas em relação aos serviços oferecidos aos

consumidores. Dessa forma, a empresa terá respaldo para classificar cada

uma das variáveis detectadas como uma possível oportunidade ou ameaça.

Atualmente, seguindo a estrutura SWOT para Instituições Financeiras

no Rio de Janeiro, os pontos fortes e fracos (ambiente interno), e as

oportunidades e ameaças (ambiente externo) são diagnosticados conforme o

gráfico SWOT a seguir:

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Através da análise dos ambientes interno e externo pode-se estudar os

pontos fortes e fracos, e as ameaças e oportunidades, respectivamente, numa

Instituição financeira, sobretudo no Rio de Janeiro. Ameaças andam junto com

as oportunidades, em especial nesse segmento bastante regulado pelo Banco

Central do Brasil, em que quase todas as Instituições financeiras possuem

características similares no mercado, como taxa de juros similares, serviços 24

horas em caixas eletrônicos, débito automático, entre outros. A utilização de

uma nova tecnologia pode representar uma oportunidade no mercado, para

clientes mais “arrojados” e modernos, entretanto esta mesma tecnologia pode

ser uma ameaça para aquele cliente tradicional. É preciso analisar o ambiente

em que a Instituição se encontra, cabendo uma pesquisa de mercado mais

profunda, não bastando somente conhecer o mercado, a empresa e o seu

quadro funcional, mas também as novas tendências, procurando por históricos

que irão direcionar e demonstrar a evolução do setor, do mercado e dos

FORÇAS FRAQUEZAS

• Imagem no mercado

• Qualidade dos serviços

• Relacionamento

•Tarifas altas

• Atendimento precário/lento •Funcionários desmotivados

• Crescimento de mercado

• Pouca concorrência

• Novas Tecnologias e serviços

• Novos entrantes • Novas concepções de serviço • Saturação de mercado

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

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profissionais na área, é estar sempre à frente, para que a oportunidade, nunca

se transforme numa ameaça.

Na elaboração da matriz SWOT, a empresa deve estabelecer um plano

de ações levando em consideração a orientação estratégica a ser tomada,

aproveitando as oportunidades por meio de suas forças ou revertendo suas

fraquezas para se proteger de ameaças correlatas.

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CAPÍTULO III

A estrutura do marketing de relacionamento em relação

aos serviços bancários

3.1 - Formas de relacionamento entre os bancos e os clientes

A prática do Marketing de Relacionamento exige capacitação e

treinamento dentro da organização. Muitas empresas têm buscado a aplicação

do Marketing de Relacionamento sem a devida preparação não gerando os

resultados esperados. Apesar das várias maneiras de se preparar para o

processo de aproximação dos clientes, várias empresas não obtêm resultados

por desconhecerem os caminhos necessários. Acima de tudo, o foco no

relacionamento com os clientes passa por todos os setores de uma empresa.

A cultura voltada para o cliente é fundamental para se obter resultados

satisfatórios, sendo preciso compreender o cliente.

Para o banco é importante a qualidade do serviço, além de eficiência e

atitude. A eficiência está relacionada com a capacidade dos equipamentos e

das instalações do banco e com o padrão correto de treinamento do pessoal

que cada tarefa exige. A atitude refere-se a um complexo de motivação,

recompensa, satisfação no trabalho, além disso vale destacar que os

funcionários estejam treinados para esses imprevistos e tenham autonomia

para resolver o problema no momento que aconteceu, a hora da verdade no

momento presente é fator decisivo para o encantamento. Caso isso não ocorra

o cliente se frustrará, pois terá que passar por diversos níveis dentro da

empresa e esperar retornos e através do sistema burocrático.

Para Las Casas (2006), o trabalho focado na satisfação das

necessidades dos clientes é essencial para manutenção dos mesmos na base

de clientes ativos. Estar atento às demandas dos clientes evita o alto custo

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despendido no esforço para a recuperação ou até mesmo se evitar as

prospecções emergenciais de novos clientes por desgastes no relacionamento

ineficiente e desatualizado.

Continuando o pensamento do autor: Um cliente satisfeito com o

prestador de serviços estará percebendo um serviço como de qualidade. E isso

acontece em qualquer situação em que possa ocorrer essa satisfação, como a

solução de um problema, o atendimento de uma necessidade ou de qualquer

outra expectativa.

Estar atento às demandas e respostas desses clientes em relação ao

consumo de bens e serviços ofertados é estar promovendo adaptações

necessárias às estratégias de marketing de relacionamento. Deve-se lembrar

da importância de um canal de comunicação, como um SAC gratuíto, que

proporcione a interação entre clientes, fornecedores e distribuidores.

3.2 A percepção de valor nos serviços bancários

Conhecer melhor o cliente e o ambiente por meio dos seus padrões de

comportamento de consumo vem sendo uma estratégia adotada pelos bancos

de varejo, porém o relacionamento vem sendo baseado em modelos de

segmentação de mercado, criando-se uma nova concepção de valor em

relação aos serviços bancários em geral.

Segundo Kotler (2000) e Rust et al. (2001)o conceito de valor ou

customer value, é a percepção do cliente quanto ao resultado obtido na

compra e uso de um produto ou serviço na perspectiva de uma relação custo-

benefício.

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Segundo Rust et al. (2001) a estrutura do valor para o cliente, tem como

função refletir aquilo que o cliente entende, no momento presente, como

valioso para o início e manutenção de um relacionamento leal e duradouro

com uma organização, o que propicia um gerenciamento eficaz no sentido de

incrementar o valor do cliente, no decorrer da sua vida útil de consumo.

É preciso saber adequar os aspectos que cada cliente valoriza em uma

instituição bancária, sua estrutura de valor através de aspectos externos

(demografia, política, economia, aspectos legais, cultura local e regional) e

internos à organização, com o propósito de aumentar o valor financeiro

representado por um relacionamento de longo prazo, conforme mostra o

gráfico a seguir:

ESTRUTURA DE VALOR PARA O CLIENTE

AÇÕES PARA ENTREGA DE VALOR

ANALISAR VIABILIDADE DAS AÇÕES

ANALISE DO PROCESSO

PERCEPÇÃO DE VALOR

PELO CLIENTE

APURAÇÃO DE RETORNO FINANCEIRO

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Segundo Rust et al. (2001), o consumidor é atraído pelo valor da marca,

que é o conjunto de percepções simbólicas formadas em sua mente; pelo valor

do valor, ou seja, fatores que ele consegue, de alguma forma, mensurar e

tangibilizar em termos econômicos; e pelo valor de retenção, que é a

concessão de compensações ao cliente por sua lealdade à empresa.

A concepção de valor deve estar sempre associada ao produto/serviço,

partindo do benefício central proposto pelo mesmo. O benefício pode e deve

transformado em um serviço, no caso do segmento bancário, potencial,

passando por todos os níveis de percepção de valor, desde o básico (o

elementar de um serviço), até o potencial onde o cliente torna-se um defensor

da marca. Para um produto/serviço esperado o cliente apenas nota algumas

qualidades extras, fato aumentado num produto/serviço ampliado, em que se

tem um cliente fiel à marca, porém não defensor. Os níveis de percepção são

demonstrados conforme o gráfico (Kotler, 2000), abaixo:

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A comunicação adequada gerando o valor criado para o cliente é vital

para o sucesso de qualquer negócio: o que leva a decisão de compra do

cliente não é o preço do produto ou serviço em si, mas o valor adicional

proporcionado a ele. Entretanto, se o cliente não perceber características de

valor no serviço, ele tende a optar pelo menor preço.

O problema na maioria das vezes esta no relacionamento entre a

empresa e o cliente, que é ineficiente por causa da inexistência ou da má

qualidade das informações existentes, e a falta de habilidades dos

funcionários, sendo este um problema de treinamento interno na empresa.

Para o banco superar tais deficiências, a instituição deve aprofundar o

conhecimento em seus clientes e elaborar uma proposta de valor interessante,

baseada nos dados da população local e regional e comunicá-la de forma

clara, atender de modo eficaz e lucrativo as necessidades dos clientes, e criar

a percepção de harmonia entre preço cobrado e valor que o banco

proporciona, tornando o produto/serviço em potencial.

Como os clientes apresentam diferentes sensibilidades em relação aos

preços dos produtos/serviços, é preciso adequar os preços conforme o valor

percebido em cada segmento e identificar oportunidades de lucro com essa

adequação. O objetivo da segmentação é, portanto, facilitar a definição de

estratégias competitivas e possibilitar a alocação de recursos compatíveis com

cada estratégia, maximizando o lucro, desenvolvendo propostas apropriadas, e

construindo uma relação duradoura e satisfatória para ambas as partes.

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3.3 Atendimento premium como diferenciador de clientes nos

bancos

Para Gonçalves (2002), O Marketing 1TO1 ou "um para um" busca o

relacionamento individual com o consumidor, cujas características já foram ou

ainda serão detectadas através de ações promocionais ou de pesquisa. Essas

informações coletadas servirão de base para a efetivação de oferta de

produtos e/ou serviços bastante direcionados.

Ainda segundo Gonçalves (2002), atualmente é necessária uma

mudança básica de pensamento no tocante aos processos de marketing. Não

nos concentremos mais na habilidade de a mensagem publicitária "vender o

produto", mas no tipo de relacionamento individual que queremos ter com

"prospects" (como são chamados os potenciais clientes que estão sendo

trabalhados para se tornarem clientes definitivos) e os já clientes.

Pensando nesse modelo os bancos, como forma de diferenciar seus

produtos e serviços, criaram segmentos especiais, diferenciando clientes de

maior poder aquisitivo. São as categorias VIP que vêm surgindo diferenciando

alguns serviços bancários dos demais, sobretudo na mesma Instituição. Há

serviços idênticos prestados de forma diferentes, dependendo do cliente que

está usufruindo. Será certo essa discriminação dentro do próprio banco? Seria

outra forma de diferenciar serviços e pessoas dentro uma mesma Instituição

bancária, ou apenas outro segmento de banco com o mesmo nome?

A base dessa estratégia de atendimento Premium está focada em três

aspectos de suma importância, tais como os meios de relacionamento

(Gerentes de relacionamento providenciando atendimento personalizado,

internet banking com conteúdo exclusivo e serviços de courier), o próprio

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ambiente com agências exclusivas e/ou ambientes exclusivos nas agências

convencionais com total infra-estrutura de acesso, e produtos/serviços

Premium com opções de investimentos para os vários perfis de investidor,

simuladores, crédito pré-aprovado, taxas diferenciadas e cartão de crédito

especial, diferenciando-se dos demais.

Sem dúvidas os serviços do tipo Premium tornam mais complexas as

atividades de geração, distribuição e administração dos serviços bancários,

acarretando maiores custos. O desafio é proporcionar esses benefícios aos

clientes e prover de maneira clara a sua capacidade de entregar aos clientes

um valor diferenciado e superior comparativamente aos que são oferecidos

pelos demais. Obviamente, colocar isso em prática exige habilidades e

empenho para conhecer e entender os diferenciais competitivos do banco,

avaliando se a percepção de valor criada para o cliente está sendo

comunicada de forma apropriada, e se o preço praticado traduz o valor que o

banco está lhe proporcionando.

De qualquer forma o banco, independente de prestar serviços VIP, deve

possuir um marketing de relacionamento justo com qualquer tipo de cliente,

devendo este ficar sempre satisfeito com o serviço prestado.

3.4 O uso de novas tecnologias para maximização dos serviços

bancários

Com o advento de novas tecnologias, tais como acesso à Internet,

telefonia celular digital, caixas eletrônicos avançados, a utilização dos serviços

bancários se tornou mais pulverizada, podendo-se utilizar os serviços do banco

mesmo sem estar fisicamente no mesmo.

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Pessoas de idade que não cresceram ou não foram adaptadas ao uso

dessas novas tecnologias são as que mais reclamam do atendimento, em

geral, aposentados e pensionistas. Por não saber ou não querer usar o caixa

eletrônico ou a Internet, esses clientes preferem ser atendidos por um

funcionário, o que acarreta um maior aumento nas filas do atendimento,

principalmente em dia de pagamento de contas.

Obviamente, o setor bancário deve estar preparado para atender todo

tipo de cliente, independente de novos sistemas tecnológicos que venham a

surgir para melhoria do serviço do cliente em relação ao banco.

Vale destacar que a utilização dos leitores de código de barras no

sistema bancário foi uma das maiores, se não a maior, tecnologia inventada

para a maximização do desempenho e rapidez no atendimento.

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CONCLUSÃO

O controle da inflação deu ao cidadão brasileiro, a partir dos anos 90, a

capacidade de avaliar tarifas bancárias. A melhoria de qualidade

proporcionada, em parte, pela abertura do mercado nacional e a entrada dos

bancos estrangeiros promoveram de certo modo um novo padrão de qualidade

nos serviços oferecidos pelas instituições financeiras, porém esta qualidade

não vem sendo desempenhada devido a baixa relação entre o número de

agências bancárias e número de habitantes na região do Rio de Janeiro, o que

ocasiona num serviço demorado e deficitário na maioria das agências

bancárias.

O fato é que o serviço bancário, principalmente na praça do Rio de

Janeiro, investe muito mais em tecnologias que permitem ao cliente realizar

suas transações bancárias fora do estabelecimento bancário, como o Internet

Banking, por exemplo, do que investir no atendimento na própria agência com

um maior número de funcionários no atendimento, gerando maior rapidez no

serviço para aqueles que ainda utilizam os bancos físicos para o atendimento,

que por uma questão cultural ou de receio a novas tecnologias, é ainda a

grande maioria da população.

O esforço da área de marketing de uma instituição financeira, está

vinculado ao propósito central das atividades empresarias, a ocorrência de

restrições legais e conjunturais, que limitam fortemente a liberdade de ação do

banco que por vezes minimizam o relacionamento justo com o cliente deixando

o mesmo de ser bem atendido. De qualquer forma com o aumento dos

serviços, da comodidade aliada à tecnologia de informação, o Marketing de

Relacionamento só tem a crescer e se desenvolver cada vez mais, pois os

relacionamentos são os verdadeiros bens da empresa, visto que são eles que

garantem à organização rendimentos a longo prazo, além da oportunidade de

aumentar receitas e lucros empresariais. O bancário como profissional de

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marketing individualizado, estará lidando não apenas com qualidade do

serviço, mas, sobretudo, com qualidade de relacionamento.

A fidelização de clientes é necessária, através da implantação de

modelo de negócios de médio e longo prazo que garantam o máximo de

retorno para futuras ações de oferta e aperfeiçoamento de produtos e serviços,

atingindo assim o objetivo do marketing, que é o da montagem de estratégias

efetivas de obtenção, recuperação e definição de clientes, e obviamente o

lucro da organização.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> LEI ESTADUAL Nº 4223, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2003 (RJ)

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ANEXO 1 LEI Nº 4223, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2003.

DETERMINA OBRIGAÇÕES ÀS AGÊNCIAS BANCÁRIAS NO ESPAÇO GEOGRÁFICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EM RELAÇÃO AOS SEUS USUÁRIOS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

Autor: Deputado Carlos Minc

A Governadora do Estado do Rio de Janeiro, Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica determinado que agências bancárias situadas no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, deverão colocar à disposição dos seus usuários, pessoal suficiente e necessário, no setor de caixas, para que o atendimento seja efetivado no prazo máximo de 20 (vinte) minutos, em dias normais, e de 30 (trinta) minutos, em véspera e depois de feriados.

Parágrafo único - As agências bancárias deverão informar aos seus usuários, em cartaz fixado na sua entrada, a escala de trabalho do setor de caixas colocados à disposição.

Art. 2º - O controle de atendimento de que trata esta Lei pelo cliente será realizado através de emissão de senhas numéricas emitidas pela instituição bancária, onde constará:

I – nome e número da instituição; II – número da senha; III – data e horário de chegada do cliente; IV – rubrica do funcionário da instituição.

Parágrafo único – O atendimento preferencial e exclusivo dos caixas destinados aos maiores de sessenta e cinco (65) anos, gestantes, pessoas portadoras de deficiência física e pessoas com crianças de colo também será através de senha numérica e oferta de, no mínimo, 15 (quinze) assentos ergometricamente corretos.

Art. 3º - Na prestação de serviços oriundos de celebração de convênios, não poderá haver discriminação entre clientes e não clientes, nem serem estabelecidos, nas dependências, local e horário de atendimento diversos daqueles previstos para as demais atividades.

Art. 4º - O não cumprimento do disposto nesta Lei sujeitará o infrator às seguintes sanções, não prejudicando outras ações penais:

I – advertência; II – multa de 10.000 (dez mil) à 50.000 (cinqüenta mil) UFIR's; III – V E T A D O .

Parágrafo único – V E T A D O .

Art. 5º - As denúncias dos usuários dos serviços bancários quanto ao descumprimento desta Lei deverão ser encaminhadas à Comissão de Defesa do Consumidor nas diversas esferas municipal, estadual e federal.

Art. 6º - As agências bancárias terão o prazo máximo de noventa (90) dias, a contar da data da publicação desta Lei, para adaptarem-se.

Art. 7º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2003. Governadora

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

O MARKETING NOS TEMPOS ATUAIS 12

1.1 - Conceitos de Marketing 12

1.2 - A origem do Marketing de Relacionamento 14

1.3 - O planejamento do Marketing de Relacionamento 15

1.4 - A aplicação do Marketing de Relacionamento 17

1.5- Tecnologia da Informação e Marketing Direto 22

CAPÍTULO II

AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E SEUS SERVIÇOS 25

2.1- Conceitos de Serviços 25

2.2 - O Marketing no Setor Bancário 26

2.3 - O problema da lentidão no atendimento bancário 27

2.4 – A análise SWOT nas Instituições Bancárias 29

CAPÍTULO III

A ESTRUTURA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS BANCÁRIOS 33

3.1 - Formas de relacionamento entre os bancos

e os clientes 33

3.2 - A percepção de valor nos serviços bancários 34

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3.3 - Atendimento premium como diferenciador de

clientes nos bancos 38

3.4 - O uso de novas tecnologias para maximização

dos serviços bancários 39

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 43

ANEXOS 46

ÍNDICE 48