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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE DESENVONVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL Por: Gustavo Costa de Moura Orientador Prof. Vilson Sérgio Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE

DESENVONVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Por: Gustavo Costa de Moura

Orientador

Prof. Vilson Sérgio

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE

DESENVONVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre -- Universidade Candido Mendes como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em Educação Ambiental.

Por: Gustavo Costa de Moura

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AGRADECIMENTO

A Lycia Costa de Moura e a Francisco Costa de Moura, pelo apoio que

sempre tive nas minhas escolhas.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos produtores e trabalhadores da região

cacaueira da Bahia, pela sua luta e perseverança em prol da lavoura cacaueira,

que apesar das dificuldades; de tecnologia inadequada, falta de credito e

compreensão e vontade política, ainda se mantém nesta atividade,

empregando e gerando divisas, sem a sensibilidade devida das autoridades de

plantão, que só enxergam no cacau os rendimentos econômicos e financeiros,

esquecendo a integração socioambiental, onde o desenvolvimento rural

sustentável é presente nesta cultura, que convive e respeita o meio ambiente

em convivência harmônica e sustentável.

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RESUMO

Nesta monografia eu trato da região cacaueira da Bahia, que já foi a

sustentação econômica do estado, contribuindo com 60% de sua arrecadação,

com o aparecimento da doença Vassoura de Bruxa (Moniliophtora perniciosa)

tem esta região vivido o caos; com queda da produção de cacau, queda de

arrecadação e renda, desemprego, êxodo rural e urbano, e como

conseqüência, o desmatamento e a deterioração do meio ambiente. Em

conseqüência deste caos econômico, vem à migração de pessoas para outras

regiões do estado, que tem se dado de maneira predatória, com ocupações de

áreas inadequadas ou de preservação ambiental, levando a destruição de

ecossistemas para instalação de moradias. Este processo de migração tem

ocasionado a favelização e poluição, desestruturando cidades como Porto

Seguro, que tem nesses emigrantes uma mão de obra desqualificada e de

baixo custo, criando bolsões de pobreza, com altos índices de criminalidade e

prostituição. A utilização da Educação Ambiental como ferramenta de políticas

e gestão dos problemas ambientais e sociais é uma alternativa viável; para o

aprendizado, para o conhecimento, para o ensinamento, com o objetivo maior,

educar em busca do Desenvolvimento Sustentável, Rural e Urbano. A

Educação Ambiental tem em seus objetivos, levantar as questões, refletir sobre

causas e efeito, buscar soluções, encorajar participações, fortalecer indivíduos

e grupos, para que cada um se sinta apto, motivado e responsável a tornar

esse um mundo melhor. A Educação ambiental é um caminho de busca a

sobrevivência da vida e do bem comum, que refletem sobre o meio ambiente

que habitamos e os impactos mínimos que deixaremos sobre ele para as

gerações futuras. Este modelo de Educação se aplicaria muito bem na região

cacaueira da Bahia, na busca de soluções, aliado a pacotes econômicos e

tecnológicos, com a visão de se mudar comportamentos e atitudes,

desenvolvendo consciências, na busca da sustentabilidade rural, urbana,

econômica, social e ambiental da região cacaueira baiana.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi elaborado com experiência e vivencia de Engenheiro

Agrônomo nas regiões cacaueira da Bahia. O presente estudo foi desenvolvido

partindo-se da idéia de avaliar, a forma, a maneira de como a Educação

Ambiental é realizada hoje no Brasil; seus conceitos, definições e políticas.

Diversos artigos e livros, tratando não apenas sobre Educação Ambiental, mas

também sobre o Direito Ambiental, foram consultados. Tive como auxilio a este

estudo, a revisão bibliográfica; através de livros, revistas, periódicos, boletim de

pesquisa e desenvolvimento, cartilhas, circulares técnicas, folders e sistemas

de produção, como também artigos da internet, sites de instituições publicas e

privadas com a finalidade de conhecer de forma mais específica a temática da

Educação Ambiental.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. Origem e historia do cacau.......................................................9

2. Do cacau ao chocolate.............................................................10

CAPITULO I

3. Cacauicultura no Brasil............................................................14

4. Inicio da cacauicultura na Bahia............................................15

5. Entrada da vassoura de bruxa na Bahia...............................15

6. Ecossistema de Camacan........................................................19

CAPITULO II

7. Educação Ambiental.................................................................25

8. Educação Ambiental definições e conceitos.......................28

9. Leis e Decretos da Educação Ambiental no Brasil............38

CAPITULO III

10. Dados da Educação Ambiental nas instituições de

ensino.............................................................................................41

11. Avaliação da Educação Ambiental na educação

superior..........................................................................................45

12. Educação Ambiental Popular...............................................53

CONCLUSÂO...................................................................55

BIBLIOGRAFIA................................................................57

WEBGRAFIACCCCCCCCCCC............................59

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ÍNDICE.............................................................................60

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INTRODUÇÃO

1. Origem e historia do cacau

O cacau é uma planta da família das Malvaceae, gênero Thebroma,

citado na literatura botânica a primeira vez por Charles de l’ Ecluse, que o

descreveu com o nome de Cacao fructus, e em 1937, foi descrito como

Theobroma fructus por Linneu, que em 1753 propôs o nome Theobroma cacao,

permanecendo até os dias atuais. O significado de "Theobroma cacau" em

grego significa alimento dos deuses.

O cacaueiro é uma árvore equatorial e tropical que vegeta numa faixa

geográfica entre 20º latitude sul a 20º latitude norte, prefere altitudes entre 400

a 700 metros do nível do mar, chuvas regulares ao longo do ano, solo profundo

e terra fértil, o cacaueiro se desenvolve melhor a sombra de árvores maiores,

caracterizando-se como uma planta umbrofila (arvore de sombra)..

O cacaueiro é originário de regiões de floresta pluviais da América

Tropical, onde até hoje, é encontrado em estado silvestre. Alguns

pesquisadores acreditam ser o cacau originário das cabeceiras do rio

Amazonas, tendo se expandido em duas direções principais, originando dois

grupos importantes: Criollo e Forastero.

O cacau Criollo, se espalha em direção ao norte, para o rio Orinoco,

penetrando na América Central e Sul do México, e se caracteriza por produzir

frutos grandes, com superfície enrugada, suas sementes são grandes, com o

interior branco ou violeta pálido. Este tipo de cacau foi cultivado pelos índios

Aztecas e Maias.

O cacau Forastero espalhou-se pela bacia amazônica abaixo e em

direção às Guianas, sendo considerado o verdadeiro cacau brasileiro, e se

caracteriza por ter frutos ovóides, como superfície lisa, imperceptivelmente

sulcada ou enrugada, no seu interior, suas sementes são violeta escuro.

O cacaueiro é uma espécie nativa das florestas tropicais do continente

americano e suas origens são carregadas de mitologia. Para os Aztecas,

tratava-se de uma árvore sagrada, presente divino enviado à civilização que se

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desenvolveu no México. Desde aquela época o cacau se destinava à produção

de uma espécie rústica de chocolate – alimento que impressionou os

colonizadores espanhóis pelo seu alto teor energético. Dizia-se que, guerreiros

Aztecas, atravessavam dias sustentando seus corpos apenas com as

amêndoas daquele fruto. Por esse motivo, ele foi batizado cientificamente com

o nome theobroma cacao, quer dizer, manjar dos deuses.

2. Do cacau ao chocolate

A origem do chocolate remonta a 1.500 A.C., segundo registram

estudos que demonstram que a civilização Olmeca foi a primeira a aproveitar o

fruto do cacaueiro, eles habitavam as terras baixas do Golfo do México.

Evidências arqueológicas comprovam que pouco depois os Maias, Toltecas e

Aztecas também já utilizavam o cacau, e o considerava o alimento dos Deuses,

o cacau era considerado sagrado por estas civilizações.

O uso do cacau na alimentação e fabricação de bebidas já era bem

antigo e há mais de três mil anos os povos précolombianos da América Central,

misturavam as sementes torradas e moídas do cacau em água quente ou vinho

e temperavam a bebida com baunilha, pimenta e outras especiarias. Os Maias

também usavam os grãos do cacau como moeda.

Em 1502, na ilha de Guanaja, onde habitava os Aztecas, o navegador

Cristovão Colombo foi um dos primeiros europeus a provar e saborear o

chocolate, mais só a partir do século XVI quando o conquistador Hernán Cortés

conheceu o chocolate na corte de Monteczuma II, no México,

e o levou para Europa é que começa a difusão do chocolate, suas sementes

foram reconhecidas como um tesouro pela corte espanhola. O chocolate

passou a ser a bebida da moda, mas só para a nobreza.

O que impressionou o conquistador Hernán Cortés, que chegou ao

México em 1519, supostamente com intenções pacíficas de desenvolver o

comércio, e foi recebido com honras pelo Imperador Montezuma dos Aztecas

(os índios locais), foi, o Imperador Montezuma ser um grande apreciador desta

bebida especial, que ele bebia em copos de ouro, sempre novos e a cada vez

que esvaziava um copo, ele o jogava fora, para mostrar que valorizava mais a

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bebida que o ouro. O Imperador ofereceu esta bebida ao visitante espanhol,

que mais tarde relatou Hernán Cortés, que a bebida tinha um sabor forte,

agridoce e que ele apreciou muito.

Hernán Cortés para conquistar o México aprisionou o Imperador

Montezuma, e gradualmente conquistou o México para o Rei da Espanha.

Quando voltou à Espanha em 1528, Cortez levou grãos de cacau para o Rei,

apresentando-o o maravilhoso chocolate líquido.

2. 1. Inicio da cacauicultura

O colonizador Hermán Cortez ficou muito impressionado pelo fato de

os grãos de cacau ser usados como dinheiro pelos Aztecas. Um escravo podia

ser comprado por cem grãos de cacau. Vendo que este "dinheiro" literalmente

crescia em árvores, ele decidiu plantar esta árvore de dinheiro em diversas

ilhas tropicais que ele tinha capturado: Trinidad e Haiti na América Central, e a

ilha Fernando – Pó (atual ilha Bioko), na costa da África Ocidental, e mais tarde

o cacau é transplantado dessa ilha para o continente africano.

2. 2. Difusão do chocolate

A Espanha foi o primeiro país na Europa onde o chocolate quente

tornou-se uma bebida favorita – primeiro nos círculos aristocratas, depois de

forma geral. Durante cerca de 100 anos a Espanha teve o monopólio do

comércio de grãos de cacau, graças às plantações de Cortez.

Foi no casamento de Luís XIII, da França, com Ana da Áustria o fato

marcante para a difusão do chocolate no mundo; os monges espanhóis

ofereceram chocolates de presente aos noivos. A corte francesa aderiu

rapidamente à novidade, que chegou para transformar os hábitos dos nobres

de toda a Europa.

De início, o chocolate foi consumido segundo a receita Azteca, ou seja,

as favas eram simplesmente secas, trituradas e amassadas. Mas logo se

descobriu que o mel e as especiarias combinavam bem com o chocolate, o que

acelerou ainda mais sua aceitação.

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Quando Maria Tereza, filha de Filipe IV da Espanha, casou-se com

Luís XIV, o chocolate saiu da cozinha dos conventos para entrar nos primórdios

da industrialização. Em 1659, David Chaillon, oficial da rainha, recebeu o

privilégio exclusivo de, durante 19 anos, "fazer, vender e debitar uma certa

composição denominada chocolate". O grande marco da industrialização foi

1778, quando o francês Doret desenvolveu uma máquina para moer, misturar e

aglomerar a massa de cacau.

2. 3. Transformação do chocolate

De acordo com historiadores, depois do primeiro embarque oficial de

grãos de cacau, em 1585, da cidade de Vera Cruz, no México, para Sevilha, na

Espanha, o chocolate tornou-se conhecido em outros países da Europa.

O chocolate quente, nessa época, só podia ser consumido por

pessoas muito ricas. Na Inglaterra, em 1657, um francês abriu uma loja em que

eram vendidos tabletes de chocolate para fabricação da bebida, mas a preços

altíssimos. Por volta de 1700, os ingleses resolveram preparar o chocolate com

leite, em vez de água. A procura pela bebida aumentou, estimulando o cultivo

de cacau, logo a França, Inglaterra e Holanda estavam cultivando cacau nas

suas colônias do Caribe e depois em outros lugares do mundo. Aumentando a

produção, os preços caíram e em pouco tempo a bebida tornou-se popular. O

cacau passou a ser usado também em bolos, doces e sorvetes.

Em 1828 o chocolate entra na chamada “Era Moderna”. Neste ano o

chocolateiro holandês Conrad Jvan Houten patenteou um método barato para

espremer a gordura das sementes de cacau torradas. Com a sua máquina,

uma prensa hidráulica, Van Houten conseguiu fabricar o cacau em pó, depois,

tratou esse pó com sais, como carbonatos de potássio ou de sódio, para

facilitar sua mistura na água. O produto final, o chocolate holandês, tinha uma

cor escura e um gosto suave. O cacau em pó tornou possível a fabricação do

chocolate sólido. Em 1849, o inglês Joseph Storrs Fry produziu a primeira barra

de chocolate comestível. Nesse mesmo período foram desenvolvidos vários

processos que contribuíram para criar o chocolate que comemos hoje. Em

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1879 Daniel Peter, chocolateiro suíço, teve a idéia de usar leite em pó –

inventado pelo químico Henri Nestle, em 1867 - para fazer o chocolate ao leite.

2. 4. Mercado de cacau

Nos últimos 50 anos a produção mundial de amêndoas de cacau

passou de aproximadamente 800.000 toneladas métricas por ano para

3.000.000 de toneladas métricas por ano. Atualmente as maiores partes da

produção provem do Oeste da África, onde quatro países (Costa do Marfim,

Gana, Camarões a Nigéria) produzem 65 % do cacau no mundo. Destacam-se

também a Indonésia e a Malásia. O Brasil, que já foi o maior produtor do

mundo (40%), hoje produz apenas 4% do total. Hoje oito países respondem por

91 % da produção mundial de amêndoas.

Os maiores importadores de cacau são os Estados Unidos, Holanda,

Alemanha, Inglaterra e França, e respondem juntos por mais de 60% das

importações mundiais de cacau no mundo. Em termos de consumo per capita

destacam-se os países da CEE a os Estados Unidos.

Gráfico 1 – Principais Países Produtores de Cacau (fonte: CEPLAC).

Principais Países Produtores de Cacau

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1990

/91

1991

/92

1992

/93

1993

/94

1994

/95

1995

/96

1996

/97

1997

/98

1998

/99

1999

/2000

2000

/01

2001

/02

2002

/03

2003

/04

Anos

Pro

duçã

o em m

il T

C. do Marf im Ghana Nigéria Brasil

Equador Indonésia Malásia

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CAPITULO I

3. Cacauicultura no Brasil

Oficialmente, o cultivo do cacau começou no Brasil em 1679, através

da Carta Régia que autorizava os colonizadores a plantá-lo em suas terras.

O cacau começa a ganhar importância econômica com a expansão do

consumo de chocolate no mundo, e para atender está demanda crescente de

consumo, várias tentativas foram feitas visando à implantação da lavoura

cacaueira em outras regiões do Brasil (Goiás, Acre, Mato Grosso, Maranhão,

Rondônia, Amazonas, Espírito Santo, São Paulo e Bahia) com condições de

clima e solo semelhantes às do seu habitat natural na região amazônica.

No Brasil, durante muitos anos, a cultura do cacau ficou restrita a

região amazônica, mais nos meados do século XVIII, com a introdução do

cacau no sul do Estado da Bahia, onde, encontrando condições bastante

favoráveis, a cacauicultura se desenvolve a ponto deste Estado se tornar, no

maior centro brasileiro de produção de cacau.

Fig. 01. Mapa atual do cacau no Brasil (fonte: CEPLAC)

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4. Inicio da cacauicultura na Bahia

Em meados do século XVIII, o cacau chega ao Sul da Bahia. No ano

de 1746 o agricultor, Antonio Dias Ribeiro, da Bahia, recebeu algumas

sementes de cacau do colonizador francês, Luiz Frederico Warneau, do Pará, e

introduziu o cultivo na Bahia.

O primeiro plantio nesse estado foi feito na fazenda Cubículo, às

margens do rio Pardo, no atual Município de Canavieiras. Em 1752 foram feitos

plantios no Município de Ilhéus. O cacau se adaptou tão bem ao clima e solo

do Sul da Bahia, que a região chegou a produzir mais de 90% do cacau

brasileiro.

A região Sul da Bahia ficou conhecida como "Região Cacaueira",

formada por 89 municípios, com cerca de 90.000 km2 e dois milhões de

habitantes, tendo como centro as cidades de Ilhéus e Itabuna. Com uma

produção de cacau calculada em mais de 400.000 t de amêndoas, ocupando

650 mil hectares de área no sul do estado, sendo produzido por 29 mil

propriedades rurais, onde em cada três hectares se absorvia um trabalhador.

Está produção abastecia o mercado nacional e ainda exportava principalmente

para os Estados Unidos, Rússia, Alemanha Federal, Reino Unido e Japão.

5. Entrada da vassoura de bruxa na Bahia

A Vassoura-de-bruxa é uma doença que ataca os cacaueiros causada

por fungo basidiomiceto, Moniliophtora perniciosa, é a doenças de maior

impacto econômico nos países produtores de cacau.

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Fig.02. Ataque do Moniliophtora perniciosa em broto do cacaueiro

A M. perniciosa ataca as regiões meristemáticas (de crescimento) do

cacaueiro, principalmente frutos, brotos e almofadas florais, ocasionando

queda acentuada na produção, provocando desenvolvimento anormal das

partes afetadas, e acasionando a morte das áreas infectadas na planta.

O fruto cacau quando atacado pela doenca perde caracteristicas como

gosto e aroma, passando a ter cheiro e sabor alterado.

Fig. 03. Ataque da Moniliophtora perniciosa em fruto de cacau.

A doença Moniliophtora perniciosa é originária da região amazonica

sendo encontrada pela primeira vaz na Bahia no ano 1989. De 1991 para 2009

a Bahia que teve sua produção anual reduzida de aproximadamente 400 mil

toneladas para 80 mil toneladas (2008).

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Gráfico 2. Evolução e queda da produção brasileira de cacau com o

aparecimento da vassoura de bruxa na Bahia.

Esse quadro que persiste na região cacaeira baiana tem fragilizado

consideravelmente a situação sócio-econômica da região e o seu equilíbrio

ecológico, sendo uma ameaça a biodiversidade local e regional da região

produtora de cacau da Bahia, onde cerca de 2 milhões de pessoas dependiam

direta e indiretamente dessa atividade e onde o faturamento que chegou a US$

1,5 bilhões ao ano despencou para US$ 60 milhões, diminuindo a produção de

cacau da Bahia e provocando a perda da receita total em aproximadamente,

US$ 1,2 bilhões (HARTMAN, 2008).

Evolução da Produção Brasileira de Cacau

1900 - 2005

Fonte: CEPLAC

1900 20/21 30/31 40/41 50/51 60/61 70/71 80/81 90/91 04/050

100

200

300

400

500

Em mil ton

Criação do Instituto de Cacau da Bahia - ICB

1931

Criação da CEPLAC1957

Aparecimento da Vassoura-de-Bruxa - 1989

ClonesResistentes e Adensamento

Evolução da Produção Brasileira de Cacau

1900 - 2005

Fonte: CEPLAC

1900 20/21 30/31 40/41 50/51 60/61 70/71 80/81 90/91 04/050

100

200

300

400

500

Em mil ton

Criação do Instituto de Cacau da Bahia - ICB

1931

Criação da CEPLAC1957

Aparecimento da Vassoura-de-Bruxa - 1989

ClonesResistentes e Adensamento

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Gráfico 3. Produção Baiana de Cacau (fonte CEPLAC)

Este problema não atingiu só a cacauicultura baiana, atinge o Brasil,

causando desequilibrio na balança comercial e afetando toda a cadeia

produtiva de cacau. Devido à drástica redução na produção, o Brasil de

exportador de cacau possou a ser importador, tendo que importar este produto

para poder suprir sua demanda interna, aumentando os custos de produção do

chocolate e aumentando os riscos de ingresso de outras pragas e doenças

com a importação deste produto.

Diante do exposto, conclui-se que, apesar da cultura do cacau ser uma

das principais fontes de economia da região sul da Bahia, a crise alterou por

completo tanto o aspecto social, como econômico e ambiental da região,

ocasionando mudanças significativas na paisagem agrária e na dinâmica

econômica regional, com o aparecimento de novas formas de organização do

trabalho, inovações tecnológicas, diversificação produtiva e significativas

alterações na comercialização e no mercado do cacau, alterando também o

comportamento humano e a paisagem da região.

Produção Baiana de Cacau

347.552

327.584336.925

283.316

321.011321.140

273.000

249.085225.077

281.038

193.000

187.000

173.000

397.362394.648

356.327

321.966314.600299.591

238.886

278.280

254.464253.798

134.383

152.381

185.247

160.390

101.118

144.195

121.837

129.329

104.00396.038

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

1972

/73

1974/75

1976

/77

1978

/79

1980

/81

1982

/83

1984

/85

1986 /87

1988/89

1990

/91

1992

/93

1994 /95

1996

/97

1998

/99

2000 /01

2002

/03

2004

/05 P

Safra

Em

t

Produção Baiana de Cacau

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Gráfico 4. Exportações Brasileiras de Amêndoas, Manteiga, Torta e Pó de

cacau (fonte: CEPLAC)

6. Ecossistema de Camacan

Etimologicamente Camacan significa terras elevadas. Tem origem na

tribo Camacã, da subtribo Mongoió, da raça Tupy (Pataxó hã-hã-hãe). No

princípio, uma região de mata, um território fértil, próximo dos rios Panelão e

Água Preta, que deságuam no rio Pardo.

Em 1889, os irmãos Antônio Elias Ribeiro e Manoel Elias Ribeiro, com

espírito empreendedor dos desbravadores, ali chegaram com a intenção de

disseminar a lavoura cacaueira, “botar roça de cacau”. O povoado de Camacan

teve início principalmente na zona do Vargito, onde os irmãos desbravadores

decidiram plantar o fruto de ouro nas novas terras. A partir daí, as roças de

cacau se tornaram maiores e mais numerosas no vale do rio Panelão,

espalhando-se por zonas circunvizinhas, ganhando novas terras férteis e

fazendo a riqueza de muitos pioneiros.

Exportação Brasileira de Amêndoas, Manteiga, Líquor, Torta, Pó e outros

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

1.000.000

1958

1961

1964

1967

1970

1973

1976

1979

1982

1985

1988

1991

1994

1997

2000

2003

Amêndoas Manteiga Líquor Torta Pó Outros

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Assim, em torno d

Camacan, com data de f

Estadual nº 1.464, public

passando a vigorar no dia

A área territorial

localizada na microrregiã

também conhecida por

municípios produtores de

Fig. 04 Localização d

MesoMicroMunicip.svg).

O município de C

Pardo, que banha todo o

municípios de Camacan, M

o município e deságua no

do rio Panelão, banhando

Segundo uma le

porque quando um índio a

orno da cultura do cacau, alicerçou-se a jove

de fundação em 30 de agosto de 1961, at

publicada no Diário Oficial de 1º de setemb

o dia 07 de abril de 1963.

itorial do município de Camacan é de 667

rregião homogênea nº154, do sul do Estad

por microrregião cacaueira juntamente com

s de cacau.

ão do município de Camacan. BA (f

de Camacan tem como divisores três grande

todo o sul do município, servindo como div

can, Mascote e Potiraguá; o Rio Panelão, qu

ua no rio Pardo e o Rio Panelinha, que é o

ando a parte leste deste município

a lenda indígena, esses rios receberam e

ndio adulto morria, era praticado um ritual par

20

a jovem cidade de

61, através da Lei

etembro de 1961,

667 Km² e está

Estado da Bahia,

te com outros 28

A (fonte; Bahia

randes rios: o Rio

o divisor entre os

o, que banha todo

é o maior afluente

ram estes nomes

al para os cortejos

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fúnebres, onde se embalsamavam seus corpos com ervas especiais, e os

colocavam em urnas funerárias lacradas, feitas de barro cozido que eram

jogadas às margens do rio de maior leito. Este rio passou a chamar-se

Panelão, pelo fato de receber em suas águas as urnas maiores. Os Curumins,

índios crianças, eram embalsamados em urnas menores, lançadas às margens

do rio menor, que passou a chamar-se rio Panelinha, por receber as “panelas

menores”.

A grande fonte econômica do município de Camacan foi o cacau, Esse

município foi considerado na década de 70, o maior produtor de cacau da

Bahia, mais, no entanto, a praga da vassoura de bruxa (Moniliophtora

perniciosa) devastou e dizimou grande parte de sua lavoura, ocasionando

perdas de sua produção de cacau, a partir de 1989.

6.1. Impacto da Moniliophtora perniciosa no ecossistema de

Camacan

Segundo dados do IBGE a população do municipio, em 1991 era de

37.023 habitantes, em 1996 de 32.577 habitantes, em 2000 de 31.055

habitantes, em 2007 de 30.289 habitantes e com estimativa de uma população

para 2009 de 31.113 habitantes, este é o impacto direto da queda de produção

e renda de uma atividade agricola, que era o cacau, e que tinha na região de

Camacan a sua pricipal atividade. Está queda de produção, leva não só a

queda de população municipal, mais, mostra claramente que está região deixa

de crescer, tendo queda de arecadação fiscal e exodo de seus habitantes, que,

por falta de emprego se deslocam para outras cidades causando desagregação

social, cultural e ambiental.

6.2. Município de Porto Seguro

O município de Porto Seguro, no estado da Bahia, é hoje o pólo

turístico que mais cresce no país. Sua natureza exuberante guarda ainda muito

dos traços descritos na histórica carta de Pero Vaz de Caminha, a “Certidão de

Nascimento” do Brasil.

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Desde, 1973, todo o município é tombado pelo Patrimônio Histórico

Nacional e no ano 2000 foi elevado à condição de Patrimônio Natural Mundial,

pela Unesco. Apostando na vocação turística, durante a década de 90, a

cidade ganhou investimentos maciços em infra-estrutura, através do Prodetur,

o Programa de Desenvolvimento de Turismo no Nordeste, que consiste numa

parceira entre o Estado e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento),

onde foram investidos US$ 73.564 milhões nas cidades de Porto Seguro, Santa

Cruz de Cabrália e Belmonte (ARAÚJO, 2002: 10).

6. 3. Dados do crescimento desordenado

Segundo Araújo (2002) com a crise da Vassoura de Bruxa, cerca de

200.000 empregos na lavoura cacaueira foram perdidos desde o começo da

crise. Sem opções de para onde ir, grande parte desses lavradores e suas

famílias migrou para as grandes cidades da região, amontoando-se nas

periferias. Em Porto Seguro, já havia um grande déficit habitacional que se

acumulara ao longo dos anos e a cidade não estava preparada para abrigar a

nova onda migratória. Assim, os novos habitantes da cidade abrigaram-se em

casebres feitos da noite para o dia em qualquer local que estivesse desabitado,

sobre mangues e encostas de morros nas periferias da zona urbana, sem o

mínimo de planejamento.

De acordo com o IBGE, o censo demográfico de Porto Seguro em 1991

foi de 34.661 habitantes, em 1996 foi de 64.957 habitantes, isso representa um

crescimento de 87,40% em apenas cinco anos, equivalente a uma taxa média

de crescimento de 17,58% a.a., e no último censo de 2000 foi de 95.721

habitantes, o que representa um crescimento de 176, 16% em apenas nove

anos com relação ao ano de 1991, equivalente a uma taxa média de

crescimento de 19,57% a.a.. Segundo Araújo (2002) a cidade possui um

intenso fluxo turístico com 31.131 leitos. A migração devido à crise da lavoura

cacaueira contribui para a brusca alteração da paisagem de Porto Seguro: de

um lado encontra-se a cidade vista pelos turistas, de ocupação

predominantemente hoteleira; do outro, encontram-se os assentamentos

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espalhados sobre a área de manguezal e loteamentos ocupados de forma

clandestina ao longo da BR-367, Porto Seguro – Eunápolis.

6. 4. Resultados dos impactos decorrentes da concentração da

população e da migração

Na Bahia, estudo desenvolvido por Almeida Neto, Gottschall e

Cypriano (1997) para Porto Seguro, apontou os seguintes impactos

decorrentes da concentração da população e da migração sobre o local: falta

de controle sobre os novos assentamentos; favelização; invasão de terras

privadas ou inadequadas para urbanização; superprodução de esgoto e lixo e

conseqüente poluição; crescimento exagerado do comércio informal com

degradação do comércio formal; sobrecarga da infra-estrutura existente;

massificação das áreas de lazer e praias; declínio da auto-estima da

comunidade local e desestruturação social; incapacidade de gestão do

problema por parte do poder público municipal. Além disso, Araújo (2002)

comenta que a crise na lavoura de cacau tem levado uma imensa quantidade

de pequenos lavradores a se deslocarem das áreas rurais para as periferias

das cidades litorâneas do sul da Bahia atraídos pela possibilidade de

sobrevivência com os empregos, subempregos, e outras ocupações informais

geradas pela atividade turística, estes nos novos moradores por não terem

onde morar se amontoam em favelas.

6. 5. Exemplo de caso

O bairro “O Baianão”, é uma favela de Porto Seguro que abriga mais

de 20.000 pessoas oriundas da região cacaueira que, em sua maioria, vive de

atividades ligadas ao turismo. Sua localização estratégica, do outro lado da

rodovia, evita a exposição direta do problema para os visitantes. A tensão

social, vivida na periferia de Porto Seguro, gera questionamentos sobre quem

são os beneficiados com a política de incentivo ao turismo, assim como

também coloca em questão a necessidade de uma avaliação mais criteriosa

dos impactos ambientais, cultural e social.

6. 6. Efeitos do crescimento desordenado

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O crescimento populacional exponencial, em Porto Seguro, causa uma

pressão demográfica na periferia da cidade que vêm gerando graves

problemas de saneamento, ocasionando inúmeros depósitos irregulares de lixo

e a poluição dos lençóis freáticos e cursos de água. Do ponto de vista cultural,

este processo de crescimento muda totalmente os costumes, a cultura e até a

fala local. As festas e a forma típica da região mantêm-se apenas nos

povoados menores ou mais afastado. Socialmente, poucos são os nativos que

se beneficiam, o custo de vida em geral fica muito mais alto, a maioria tem

emprego de baixa qualificação e salário pequeno, além de sazonal, e vivem em

favelas. A marginalização, a prostituição e o tráfico de drogas, também

estimulados pelo turismo “festivo” ali promovido, geram um contexto social de

pobreza, criminalidade e violência muito parecido ao que ocorre na periferia de

Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

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CAPITULO II

7. Educação Ambiental

7. 1. Histórico da Educação Ambiental

A utilização do termo “Educação Ambiental”, foi citado pela primeira

vez em um encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza

(UICN) em Paris, em 1948. Mais a partir da Conferência de Estocolmo, em

1972, foi inserido na agenda internacional, mudando os rumos da Educação

Ambiental, que começam a ser realmente definidos.

Em Belgrado (Iugoslávia) no ano de 1975, com representantes de 65

Países, foi lançado o Programa Internacional de Educação Ambiental, onde

são definidos os princípios e orientações para o futuro da Educação Ambiental,

sendo redigido e assinado pelos representantes dos Países presentes, a Carta

de Belgrado.

Em Tbilisi (Geórgia, ex-União Soviética) no ano de 1977, ocorreu a

Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, organizada

em parceria com a UNESCO e o Programa de Meio Ambiente da ONU

(Pnuma). Deste encontro saíram às definições, os objetivos, os princípios e as

estratégias para a Educação Ambiental que é adotada em todo o mundo até os

dias atuais.

No ano 1992, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), Rio 92, onde foi elaborado o

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global. Neste tratado se estabelece os princípios

fundamentais da educação para sociedades sustentáveis, destacando a

necessidade de formação de um pensamento crítico, coletivo e solidário, de

interdisciplinaridade, de multiplicidade e diversidade. Estabelece ainda uma

relação entre as políticas públicas de Educação Ambiental e a sustentabilidade,

apontando princípios e um plano de ação para educadores ambientais.

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CNUMAD), Rio 92, são enfatizados os processos

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participativos voltados para a recuperação, conservação e melhoria do meio

ambiente e da qualidade de vida. O Tratado teve a participação da sociedade

civil, por reconhecer a Educação Ambiental como um processo político

dinâmico, em permanente construção, orientado por valores baseados na

transformação social. Na Rio 92, é elaborado e aprovado pelos governos

presentes, um plano de ação para ser adotado a nível global, nacional e local,

por organizações do sistema das Nações Unidas e pela sociedade civil, em

todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente.

Em Tessaloniki, no ano de 1997, foi à vez da Conferência

Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência

Pública para a Sustentabilidade, e os temas colocados na Rio 92 são

reforçado, é onde se articularem ações de Educação Ambiental baseadas nos

conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade,

mobilização e participação, além de práticas interdisciplinares.

No âmbito internacional, a iniciativa das Nações Unidas era

implementar a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável

(2005-2014), que seria uma conquista e o reconhecimento de seu papel no

enfrentamento da problemática socioambiental, na medida em que reforça

mundialmente a sustentabilidade, a partir da Educação. A Década da

Educação para o Desenvolvimento Sustentável potencializa as políticas, os

programas e as ações educacionais já existentes, além de multiplicar as

oportunidades inovadoras.

7. 2. Início da Educação Ambiental no Brasil

No Brasil, a Educação Ambiental surge através de movimentos

conservacionista no início dos anos 70. Os movimentos ambientalistas se

unem às lutas pelas liberdades democráticas, através da ação de políticos,

movimentos sociais, professores e estudantes. Com atividades educacionais

voltadas para ações de recuperação, conservação e melhoria do meio

ambiente, o inicio destes movimentos ocorrem através da sociedade

organizada em sindicatos, associações, escolas e clubes de serviços.

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Em 1973 com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente

(Sema), vinculada à Presidência da República, dá-se o início do processo de

institucionalização da Educação Ambiental.

Em agosto de 1981, o Presidente Da República no uso de suas

atribuições e competência sancionou a LEI: 6.938/1981 (LEI ORDINÁRIA) de

31/08/1981 que;

”Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências”.

Ficando estabelecida no âmbito do legislativo, a necessidade de

inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, incluindo a

educação da comunidade.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu no Capítulo VI, do Meio

Ambiente:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder

público:

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

Com isso a institucionalização da Educação Ambiental deixa de ser

uma tendência e passa a ser uma obrigação Legal Constitucional. Na Rio 92, a

Educação Ambiental, foi considerada um dos instrumentos da política

ambiental brasileira e com a participação do MEC, foi produzida a Carta

Brasileira para Educação Ambiental, que reconheceu ser a Educação

Ambiental um dos instrumentos mais importantes para viabilizar a

sustentabilidade, como estratégia de sobrevivência do planeta e de melhoria da

qualidade de vida humana.

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Em dezembro de 1994, em função da Constituição Federal de 1988, foi

criado, pela Presidência da República, o Programa Nacional de Educação

Ambiental (PRONEA), que tem suas ações voltadas para o sistema de ensino

e à gestão ambiental, e em sua coordenação e execução é envolvida empresas

e entidades públicas e privadas do país.

Em 1995, foi criada a Câmara Técnica Temporária de Educação

Ambiental no Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Os

princípios orientadores para o trabalho dessa Câmara eram a participação, a

descentralização, o reconhecimento da pluralidade e diversidade cultural e a

interdisciplinaridade.

Em 1999, foi aprovada a Lei n° 9.795, que dispõe sobre a Política

Nacional de Educação Ambiental (PNEA).

Em 2000, a Educação Ambiental integra, pela segunda vez, o Plano

Plurianual, agora na dimensão de um Programa de Educação Ambiental, e

institucionalmente vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

Em 2002, a Lei n° 9.795/99 foi regulamentada pelo Decreto n° 4.281,

que define a composição e as competências do Órgão Gestor do PNEA. Este

foi um passo decisivo para a realização das ações em Educação Ambiental no

governo.

Em 2004, com a criação da Secretaria de Educação Continuada,

Alfabetização e Diversidade (Secad) e a transferência da CGEA para esta

secretaria, permitiu uma maior interação da Educação Ambiental no MEC e

junto às redes estaduais e municipais de ensino, passando a atuar de forma

integrada e conferindo assim maior visibilidade à Educação Ambiental e

destacando sua vocação de transversalidade.

Em 2004, tem início um novo Plano Plurianual, e o Programa da

Educação Ambiental são reformulados e passa a ser intitulado Educação

Ambiental para Sociedades Sustentáveis.

8. Educação Ambiental definições e conceitos

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A Educação Ambienta seja ela, formal, informal ou não formal, é um

processo de ensinar e aprender, e só alcança os seus objetivos quando se

constrói cidadãos capazes de agir, pensar, de acordo os seus princípios, e que

estes possam viver segundo os seus modos e maneiras, respeitando a

coletividade, os demais e o Meio Ambiente.

Para haver Educação tem que ter mudança de comportamento.

Educação Ambiental é um processo de formação dinâmica, permanente e

participativo, no qual pessoas envolvidas passem a ser agentes

transformadores, participando da busca de alternativas para a redução de

impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais.

O Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975,

definiu a Educação Ambiental como sendo um processo que visa:

“(...) formar uma população mundial consciente e preocupada

com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito,

uma população que tenha os conhecimentos, as competências,

o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e

engajamento que lhe permita trabalhar individualmente e

coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que

se repitam (...)”;

No Capítulo 36 da Agenda 21, a Educação Ambiental é definida como

o processo que busca:

“(...) desenvolver uma população que seja consciente e

preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes

são associados. Uma população que tenha conhecimentos,

habilidades, atitudes, motivações e compromissos para

trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para

os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)”;

Algumas definições de Educação Ambiental:

• A alfabetização ecológica (ORR, 1992);

• A educação para o desenvolvimento sustentável (NEAL,

1995);

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• A educação para a sustentabilidade (O’RIORDAN, 1989;

IUCN, 1993);

• A eco pedagogia (GADOTTI, 1997);

• A educação no processo de gestão ambiental (QUINTAS e

GUALDA, 1995).

8. 1. Didaticamente, as demandas de Educação Ambiental se

dividem em três categorias básicas

8. 1. 1. Educação Formal é a educação em ambiente formal ou sala de

aula, envolvendo estudantes, desde a educação infantil, fundamental,

média e universitária, além de professores e demais profissionais, que

são envolvidos em cursos, treinamento, capacitação e atualização em

Educação Ambiental;

8. 1. 2. Educação Informal é a educação fora da sala de aula,

respeitando-se o nível de aprendizado e envolvendo todos os

segmentos da população: grupos de mulheres, de jovens, trabalhadores,

políticos, empresários, associações, sindicatos, profissionais liberais,

comunidades e populações, tendo como objetivo a interação dos grupos

e exposição de modelos de mecanismo limpo, que visão o

desenvolvimento sustentável;

8. 1. 3. Educação Não Formal é aquela que se aprende “no mundo da

vida”, via os processos de compartilhamento de experiências,

principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas.

8. 2. Conceitos complementares da Educação Ambiental

Segundo Lucy Sauvé (1997) algumas conceito da Educação Ambiental

podem ser complementares:

8. 2. 1. Educação Ambiental sobre o meio ambiente trata-se de

conhecimentos e habilidades adquiridos na interação com o ambiente;

na transmissão de fatos, conteúdos, conceitos e costumes de uma

região ou de uma população, onde o meio ambiente se torna um objeto

de aprendizado. É o respeito dos costumes e da cultura local, com suas

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interações e crenças. Podemos entender este Meio Ambiente como o

Meio Ambiente Cultural;

8. 2. 2. Educação Ambiental no meio ambiente é a educação ao ar

livre, onde o contato com a natureza é imprescindível para que se possa

entender e sentir a interação do Homem com o meio. É também uma

estratégia pedagógica onde se procura aprender através do contato com

a natureza e o meio sociocultural do entorno da comunidade. O meio

ambiente promove o ensinamento e o aprendizado experimental,

tornando-se um meio para o aprendizado de educando e educado;

8. 2. 3. Educação Ambiental para o meio ambiente é a busca da

integração do educando como meio, aprendendo e entendendo os

efeitos danosos do progresso causado pela interferência do Homem na

busca de atender as suas necessidades atuais, se procura resolver,

prevenir ou atenuar os problemas ambientais. O meio ambiente passa a

ser uma meta do aprendizado, a busca passa a ser o equilíbrio entre

consumo e produção com sustentabilidade, sem agredir o meio

ambiente, tendo com objetivo atender a demanda de gerações

presentes sem comprometer as gerações futuras;

8. 2. 4. Educação Ambiental a partir do meio ambiente são as

considerações dos saberes tradicionais e originários que partem do meio

ambiente; as interdependências das sociedades humanas, da economia

e do meio ambiente em relação ao desenvolvimento sustentável; a

simultaneidade dos impactos ambientais nos âmbito local e global; a

revisão de valores, da ética, atitudes e responsabilidades individuais e

coletivas para termos um desenvolvimento sustentável e uma melhora

na qualidade de vida do planeta; a participação e a cooperação entre

todos: seja ela individual ou coletiva, entre municípios e estados, entre

países e nações; o pensamento altruísta que é busca a solidariedade

entre todos deixando de lado o egoísmo, considerando a diversidade

dos seres vivos e os territórios como sua capacidade de suporte, para

melhoria da qualidade de vida ambiental das presentes e futuras

gerações; e os princípios da incerteza e da precaução.

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8. 3. Classificação pela perspectiva e prática pedagógica

A classificação efetuada e discutida por Sauvé (1997) diz respeito às

perspectivas e práticas pedagógicas, divididas entre à educação ou ao meio

ambiente, que embora se complementem entre si, a Educação Ambiental se

localiza na relação humana e ambiente. Existindo três vertentes, que são:

8. 3. 1. Perspectiva ambiental está centrada no ambiente biofísico.

A expressão que bem define esta postura é; “Que planeta deixaremos

às nossas crianças?”.

Parte do pré-suposto de que a qualidade ambiental está se degradando,

pela interferência do homem, que em busca de saciar a sua

necessidade de consumo imediato, vem ameaçando a sua qualidade de

vida na terra. Sendo a preocupação dessa vertente, a idéia de prevenir

e resolver os problemas ambientais, educando e conscientizando estas

populações com objetivo claro, de se deixar um mundo melhor para as

futuras gerações;

8. 3. 2. Perspectiva educativa está centrada no indivíduo ou grupo

social.

A expressão que bem define esta postura é; “Que crianças deixaremos

ao nosso planeta?”.

A preocupação dessa vertente é a educação integral do indivíduo, com o

desenvolvimento da autonomia, do senso crítico e de valores ético. É a

constatação de que o ser humano desenvolveu uma relação de

alienação em seu entorno, sem se preocupar com o ambiente em que

vive e que faz parte. Sendo que, a degradação ambiental afeta

diretamente a qualidade de vida do homem e do planeta,

comprometendo a sua permanência na terra.

8. 3. 3. Perspectiva pedagógica está centrada no processo

educativo.

A expressão que define essa postura é; “Que educação deixaremos

para nossas crianças nesse planeta?”.

Defende um método pedagógico para a Educação Ambiental através da

realidade local. Far-se-ia abertura de escolas no entorno onde o

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problema estar inserido, usando metodologia e recurso para resolução

dos problemas ambientais do local, através de problemas concretos,

analisados e definidos. A ocupação desordenada de áreas urbanas é um

excelente laboratório para implantação desta perspectiva, com objetivos

de atender demandas como lixo e esgoto urbano causado pela

ocupação desordenada que tem em sua causa principal o crescimento

da população e a explosão demográfica.

8. 3. 4. Educação Ambiental a partir do meio ambiente é a quarta

variação da Educação Ambiental que pode ser considerada a partir do

meio ambiente, onde se considera todas as vertentes incluídas, que são;

• Os saberes tradicionais e originários que partem do meio

ambiente;

• As interdependências das sociedades humanas, da economia e

do meio ambiente; a simultaneidade dos impactos nos âmbitos

local e global;

• A revisão de valores, da ética, atitudes e responsabilidades

individuais e coletivas; a participação e a cooperação;

• O pensamento altruísta que considera a diversidade dos seres

vivos, os territórios com sua capacidade de suporte, a melhoria

da qualidade de vida ambiental das presentes e futuras

gerações;

• Os princípios da incerteza e da precaução.

Conclusão; a Educação Ambiental é dividida e subdividida em tendências e

articulações. A Educação Ambiental se articula com as forças progressistas,

contra outra Educação Ambiental que se articula com as forças

conservadoras da sociedade. Dentro deste imbróglio de articulação, o foco e a

ideologia da Educação Ambiental se perdem nos objetivos e propósitos do que

se quer alcançar, de transformação, mudança ou até mesmo de manutenção

das relações sociais. Muitas vezes, por essa diversidade ideológica a

Educação Ambiental tende a caminhar para o lado político partidário ideológico,

descaracterizando e desacreditando suas ações, que poderiam resultar em

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políticas educasionias concretas em beneficio do homem e das populações,

onde o meio ambiente agradeceria.

Segundo LAYRARGUES, 2002:

“O que une essas novas perspectivas da Educação Ambiental

que diametralmente rompem com o modelo convencional, é a

hipótese de que só será possível proteger a natureza se, ao

mesmo tempo, se transformar a sociedade, pois apenas

reformá-la não seria suficiente”.

8. 4. Características da educação Ambiental

Na Geórgia, ex-União Soviética, onde foi realizada a Conferência de

Tbilisi (1977) considerada um dos principais eventos sobre Educação

Ambiental do Planeta, organizada a partir de uma parceria entre a UNESCO e

o Programa de Meio Ambiente da ONU – PNUMA saíram às definições, os

objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental no mundo.

Se existe uma referência para quem quer fazer educação ambiental, ela está

nos documentos finais da Conferência Intergovernamental de Educação

Ambiental de Tbilisi, que foi promovida entre 14 e 26 de outubro de 1977.

Foram deste encontro que saíram as definições, os objetivos, os princípios e as

estratégias para a Educação Ambiental. Nesta Conferência estabeleceu-se e

caracterizou a Educação Ambiental como um processo:

Dinâmico integrativo – por ser um processo permanente no qual os

indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio ambiente e

adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experiências e

a determinação que os tornam aptos a agir, individualmente e

coletivamente para tentar resolver os problemas ambientais;

Transformador - possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades

capazes de induzir mudanças de atitudes. Construindo uma nova visão

das relações do ser humano com o meio ambiente, que passa a adotar

novas posturas individuais e coletivas em relação ao local ande vive,

com a consolidação de novos valores, conhecimentos, competências,

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habilidades e atitudes, que refletirão na implantação de uma nova ordem

ambientalmente sustentável;

Participativo - atua na sensibilização e na conscientização do cidadão,

estimulando-o a participar dos processos coletivos;

Abrangente - extrapola as atividades internas da escola tradicional,

deve ser oferecida continuamente em todas as fases do ensino formal,

envolvendo a família e toda a coletividade;

Globalizador - considera o ambiente em seus múltiplos aspectos:

natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, moral,

ético e estético. Atua com uma visão ampla, macro, de alcance local,

regional e global;

Permanente - tem um caráter permanente, pois a evolução do senso

crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem

as questões ambientais se dão de um modo crescente e contínuo, não

se justificando sua interrupção. Despertada a consciência, se ganha um

aliado para a melhoria das condições de vida do planeta;

Contextualizador – tem atuação na realidade de cada comunidade,

sem perder de vista a sua dimensão planetária;

Transversal - propõe que as questões ambientais não sejam tratadas

como uma disciplina específica, mas sim que permeie, faça parte, dos

conteúdos, objetivos e orientações didáticas de todas as disciplinas. No

Ministério da Educação e Cultura, a Educação Ambiental é um dos

temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais nas escolas

do Brasil.

8. 5. Princípios da Educação Ambiental

Segundo a Conferência de Tbilisi, os princípios que devem orientar os

programas e projetos de trabalho em Educação Ambiental devem:

Considerar o ambiente em sua totalidade, com seus aspectos naturais

e artificiais, tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico,

histórico-cultural e estético);

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Construir-se num processo contínuo e permanente, iniciando na

educação infantil e continuando através de todas as fases do ensino

formal e não formal;

Empregar o enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico

de cada disciplina, para que se adquira uma perspectiva global e

equilibrada;

Examinar as principais questões ambientais em escala pessoal, local,

regional, nacional, internacional, de modo que os educando tomem

conhecimento das condições ambientais de outras regiões geográficas;

Concentrar-se nas situações ambientais atuais e futuras, tendo em

conta também a perspectiva histórica;

Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e

internacional, para prevenir e resolver os problemas ambientais;

Considerar de maneira clara, os aspectos ambientais nos planos de

desenvolvimento e crescimento;

Fazer com que os alunos participem na organização de suas

experiências de aprendizagem, proporcionando-lhes oportunidade de

tomar decisões e de acatar suas conseqüências.

8. 6. Síntese dos objetivos, princípios e estratégias para a

Educação Ambiental

• A Educação Ambiental deve desempenhar uma função capital no

sentido de criar a consciência dos problemas que afetam o Meio

Ambiente;

• A Educação Ambiental deve ser dirigida a pessoas de todas as idades

e de todos os níveis de ensino formal, não formal e informal;

• A Educação Ambiental deve constituir uma educação permanente;

• A Educação Ambiental deve ter um enfoque global sustentado em

base interdisciplinar;

• A Educação Ambiental pode contribuir para renovar o processo

educativo.

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8. 7. Fatos que deveremos levar em conta ao pensarmos que

tipo de Educação Ambiental vai ser praticado

• A crescente crítica contra a ingenuidade do modelo convencional de

Educação Ambiental;

• A ausência de resultados palpáveis atribuídos à ação da Educação

Ambiental;

• A mudança do contexto do ambientalismo, que deixou em segundo

plano as atividades preservacionistas e conservacionistas para atuar em

primeiro plano na construção de espaços públicos participativos de

negociação da gestão ambiental;

• A necessidade de se buscar um enfrentamento político dos conflitos

socioambientais.

8. 8. Fatos que depõem contra modelo de Educação Ambiental

• Que ao invés de investir na compreensão da estrutura e funcionamento

dos sistemas ecológicos, invista prioritariamente na estrutura e

funcionamento dos sistemas sociais e econômicos;

• Que ao invés de apontar soluções no âmbito individual e de ordem

moral e técnica, aponte soluções no âmbito coletivo e de ordem

política;

• Que ao invés de se confundir com uma educação conservacionista, se

assemelhe mais à educação popular;

• Que ao invés de vislumbrar toda a humanidade como objeto da

Educação Ambiental, almeje prioritariamente os sujeitos expostos aos

riscos ambientais e as vítimas da injustiça ambiental;

• Que coloque em segundo plano, conceitos e conteúdos biologizantes

do processo ensino-aprendizagem, para incorporar em primeiro plano,

conceitos e conteúdos oriundos da Sociologia, como Estado, Mercado,

Sociedade, Governo, Poder, Política, Alienação, Ideologia, Democracia,

Cidadania etc.

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8. 9. Concepção segundo o princípio nº 4 do Tratado de

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Social

“a Educação Ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político,

baseado em valores para a transformação social”.

A Educação Ambiental tem como desafio, transmutar-se gradualmente

em uma Educação política, até desaparecer a necessidade de se adjetivar a

Educação de ‘ambiental’.

Fica assim caracterizado o lado político e ideológico da Educação

Ambiental, com a criação deste modelo de Educação Ambiental Político

Ideológico. Só que a sociedade tem que participar desta transmutação, tem

que ter consciência e poder opinar e se manifestar, para poder decidir, de que

lado e que Educação Ambiental quer para o Homem, Meio Ambiente e para o

País.

9. Leis e Decretos da Educação Ambiental no Brasil

Na década de 60, houve um grande crescimento populacional e

econômico das grandes nações. Este crescimento exigiu do setor produtivo

maior quantidade de bens de consumo, com objetivo de atender essas

demandas crescentes das populações.

A matriz produtiva estabelecida no mundo, nos anos 60, é baseada em

modelos produtivos e econômicos que só visão lucros. Estes modelos

produtivistas, não avaliavam os impactos ambientais sobre o meio ambiente,

que vem causando a produção desses bens de consumo, através da

eliminação de resíduos industriais, emissões de gases atmosféricos e

exploração indiscriminada dos recursos naturais.

A deterioração dos recursos ambientais, as exclusões sociais e

econômicas das populações, na maior parte dos países, vem criando bolsões

de pobreza com populações de miseráveis, que tem aumentado a preocupação

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da sociedade mundial com o meio ambiente e com a sustentabilidade da vida

na terra das presentes e futuras gerações.

A conclusão é que a crise ambiental vivida está relacionada com a

degradação ambiental que afeta de maneira perversa a da qualidade de vida. A

superação deste quadro estar relacionado com outras questões, como justiça

social, distribuição de renda e educação. O que fica bem caracterizado é que,

além da preocupação com a sustentação da vida e dos processos ecológicos,

a Educação Ambiental e o seu marcos legal, avançam no desenvolvimento de

uma cidadania responsável, para a construção de sociedades sadias e

socialmente justas, tendo o objetivo final a sustentabilidade das presentes e

futuras gerações, com implantação de políticas publicas que criam

obrigatoriedades dos cidadãos pelo comprimento das Leis.

9. 1. Constituição Federal, de 1988

Art. 225, §1º, inciso VI. Reconhece o direito constitucional de todos os

cidadãos brasileiros à Educação Ambiental e atribui ao Estado o dever

de:

“Promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e

a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

9. 2. Lei nº 6.938, de 31/08/81 – Institui a Política Nacional de Meio

Ambiente.

Artigo 2o, inciso X. Afirma a necessidade de promover a:

“Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a

educação da comunidade, objetivando capacitá-la para

participação ativa na defesa do meio ambiente.”

Assim, nasce a Educação Ambiental, como um princípio e um

instrumento da política ambiental no Brasil.

9. 3. Lei nº 9.394, de 20/12/96 – Diretrizes e Bases da Educação

Nacional

Na LDB a referência à Educação Ambiental é feita no:

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Artigo 32, inciso II, segundo o qual se exige, para o Ensino

Fundamental, a:

“Compreensão ambiental natural e social do sistema político, da

tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a

sociedade”.

Artigo 36, § 1º, segundo o qual os currículos do ensino fundamental e

médio:

“Devem abranger, obrigatoriamente, (...) o conhecimento do

mundo físico e natural e da realidade social e política,

especialmente do Brasil”.

9. 4. Lei nº 9.795, de 27/04/99 – Política Nacional de Educação Ambiental

– PNEA.

Institui a PNEA, reforçando a qualificação do direito de todos à

Educação Ambiental, indicando seus princípios e objetivos, os atores e

instâncias responsáveis por sua implementação, nos âmbitos formal e

não-formal, e as suas principais linhas de ação.

9. 5. Lei nº 10.172, de 09/01/01 – Plano Nacional de Educação – PNE.

Apesar de a inclusão da Educação Ambiental como tema transversal no

PNE representar uma conquista, apenas consta que ela deve ser

implementada no Ensino Fundamental e Médio, com a observância dos

preceitos da Lei nº 9.795/99. Desta forma, o PNE deixa de obedecer ao

que estabelece a PNEA, que exige a abordagem da Educação

Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino.

9. 6. Decreto nº 4.281, de 25/06/02 – Regulamenta a Lei nº 9.795/99.

Detalha as competências, atribuições e mecanismos definidos para a

PNEA. Lei nº 9.795/99, o Decreto cria o Órgão Gestor, responsável pela

coordenação da PNEA, constituído pela Diretoria de Educação

Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA), e pela

Coordenação-Geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação

(CGEA/MEC).

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CAPITULO III

10. Dados da Educação Ambiental nas instituições de ensino

A partir 2004, o MEC começa a realizar pesquisas e levantamentos da

Educação Ambiental nas escolas de ensino fundamental e nas instituições de

ensino superior. O objetivo dessa pesquisa é poder avaliar e compreender

melhor a presença da Educação Ambiental, para poder traçar novos rumos,

aprimorando as metodologias e avaliando o impacto dessa educação nas

comunidades e populações, com as correções devidas. A Educação Ambiental

tem que gerar mudanças comportamentais e essas mudanças tem que ser

medidas, pois a identificação aparece no CENSO quando se mede o IDH

(Índice de Desenvolvimento Humano) das regiões.

10. 1. O que fazem as Escolas que dizem fazer Educação Ambiental

O Ministério da Educação iniciou o projeto de pesquisa; O que fazem

as Escolas que dizem que fazem Educação Ambiental?

O objetivo foi medir os avanços e a expansão da Educação Ambiental

no Brasil, pois desde a década dos anos 90 o País vem realizando política

publica visando incentivar e promover a Educação Ambiental nas instituições

de ensino, e até o momento não se tinha feito nenhuma avaliação e não se

tinha dados concretos sobre esta questão.

10. 1. 1. A primeira etapa da pesquisa

Teve como objetivo mapear a presença da Educação Ambiental nas

escolas, bem como seus padrões e tendências, através da análise do

Censo Escolar entre 2001 e 2004 – realizados pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e MEC.

10. 1. 2. A segunda etapa da pesquisa

Foi feito uma abordagem da forma pela qual a Educação Ambiental é

realizada nas escolas brasileiras, na busca pelos incentivos, prioridades,

atores envolvidos, modalidades e resultados observados em decorrência

da implementação da Educação Ambiental.

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Para aprofundar mais esta análise pretende-se realizar pesquisas

etnográficas e estudos de caso nas próximas etapas.

10. 2. Dados numéricos da expansão da Educação Ambiental

no Brasil

Com base nas pesquisas realizadas; através da análise de indicadores,

com dados dos Censos Escolares entre 2001 e 2004 ficam evidentes as

diferenças regionais e locais da presença da Educação Ambiental, que

facilmente é explicado pelo tamanho do Brasil e pela diversidade populacional

e ambiental, com diferenças étnicas, culturais climáticas, sociais e políticas.

10. 2. 1. Expansão da Educação Ambiental nas escolas de ensino

fundamental entre 2001 e 2004

• Número de matrículas nas escolas passa de 25,3 milhões para

32,3 milhões, correspondendo a uma taxa de crescimento de

28%;

• Em 2001, só 115 mil escolas ofereciam Educação Ambiental a

alunos, equivalendo a 61,2% do universo escolar, já em 2004,

este número é de 151,8 mil escolas, ou seja, um crescimento

aproximado de 32% do conjunto.

10. 2. 2. Expansão da Educação Ambiental no Brasil, por Região

Tem sido bastante significativa e expressiva, para ilustrar este

crescimento vale a pena ressaltar esses dados:

• Em 2001 a região Norte tinha 54,84% das escolas realizando

Educação Ambiental; em 2004, o percentual sobe para 92,94%;

• No Nordeste, em 2001, o percentual era de 64,10%, chegando a

92,49% em 2004;

• No Centro-Oeste sobe de 71,60% para 95,80%;

• No Sudeste sobe de 80,17% para 96,93%;

• No Sul sobe de 81,58% para 96,93%.

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10. 3. De acordo com o Censo Escolar, a Educação Ambiental

no Brasil é aplicada através de três modalidades principais

1. Projetos;

2. Disciplinas Especiais

3. Inserção da Temática Ambiental nas Disciplinas.

10. 3. 1. Taxas de crescimento de acordo com as modalidades de

Educação Ambiental

• 83% para as modalidades Projetos e Disciplinas Especiais;

• 17% para a Inserção da Temática Ambiental nas Disciplinas.

10. 3. 2. Taxas que correspondem à presença de inserção da

Temática Ambiental nas Disciplinas

• Em 2001, de 94 mil escolas, 33,6 mil escolas ofereciam Projetos,

e somente 2,9 mil escolas desenvolviam Disciplinas Especiais;

• Em 2004, de 110 mil escolas, 64,3 mil escolas oferecem Projetos

e 5,5 mil escolas desenvolvem Disciplinas Especiais.

10. 3. 3. Resultados revelados sobre o destino do lixo nas escolas

em 2004

• 45,2% das escolas que realizam Educação Ambiental utilizavam a

coleta periódica como destino final do lixo;

• 38,3% encontram-se as escolas que ainda queimam o lixo;

• 11,5% estão às escolas que jogam o lixo em outras áreas;

• 5% das escolas de escolas é que reutilizam ou reciclam o lixo.

Conclusão: apesar das limitações de infra-estrutura pública no que diz

respeito à coleta de lixo, estes dados são preocupantes, o quadro

descrito acima revela um indício de uma prática contraditória, sobre os

quais se constrói a lógica pedagógica da Educação Ambiental. O LIXO

que nada mais é, do que o resíduo produzido pelo Homem na sua

sustentação e manutenção, e tem na Educação Ambiental o

ensinamento de sua destinação, nas escolas pesquisadas, mais de

50% não tem definição para o lixo produzido.

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10. 3. 4. Participação da escola em diversas atividades comunitárias

É difícil mensurar a relação das escolas e a comunidade, o Censo

Escolar de 2004 traz informações sobre está participação;

• 8,8% das escolas que oferecem Educação Ambiental participam

de atividade de manutenção de hortas, pomares e jardins. Isto

significa que, das 152 mil escolas que oferecem Educação

Ambiental somente 13,4 mil escolas participam desta atividade

comunitária;

• 17,9% das 27,2 mil escolas se envolvem com mutirão de limpeza,

sendo esta a maior participação das escolas que oferecem

Educação Ambiental em atividades comunitárias;

• 10,5% das 15,9 mil escolas que oferecem Educação Ambiental

participam na manutenção da estrutura física da escola.

Conclusão: estes dados nos mostra que existe um grande caminho

ainda a ser trilhado, que passa pelo compromisso e comprometimento

dos Educadores Ambientais, para que haja uma melhor participação e

interação entre escola, pais de alunos e comunidade, resultando em

conhecimento, aprendizado e cidadania, com a integração de todos

para a sustentabilidade do planeta.

10. 3. 5. Inicio da atividade Educação Ambiental

• 30% das escolas pesquisadas iniciaram as suas atividades nos

últimos três anos;

• 22,7% das escolas oferecem Educação Ambiental há mais de 10

anos; motivadas pela discussão ambiental no país, e pela

realização da Rio 92.

Conclusão: em um universo de 418 escolas trabalhadas em cinco

regiões do Brasil, constatou-se que a região Norte é onde as escolas

ocupam o primeiro lugar dentre as que começaram a oferecer a

Educação Ambiental nos últimos três anos. A expansão da Educação

Ambiental foi justamente nas regiões Norte e Nordeste no período 2000

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- 2004. Nas regiões Sudeste e Sul a maior parte das escolas já

implementaram a Educação Ambiental há mais de 10 anos.

10. 3. 6. Motivações iniciais e objetivo central para a realização da

Educação Ambiental no interior das 418 escolas entrevistadas

• 59% declararam que a motivação inicial está relacionada à

iniciativa de docentes (um ou mais professores);

• 35% o estímulo propiciado pela execução do programa

Parâmetros em Ação, iniciado pelo MEC em 2000.

Conclusão: a segunda motivação é coincidente com a expansão da

Educação Ambiental verificada a partir de 2001 e os efeitos da ação do

governo federal destacadamente nas regiões Norte e Nordeste.

10. 3. 7. Sobre o objetivo central das atividades em Educação

Ambiental, das 162 escolas analisadas

• 39% seriam “conscientizar para a cidadania”;

• 13% das 55 escolas seriam “sensibilizar para o convívio com a

natureza”;

• 12% com 49 escolas seriam “compreensão crítica e complexa

da realidade socioambiental”.

10. 3. 8. Sobre as modalidades da Educação Ambiental

• 56% das escolas declararam desenvolver ações por Projetos;

• 28% utilizam a modalidade Inserção no Projeto Político

Pedagógico;

• 24% implementam a modalidade Transversalidade nas

Disciplinas.

Conclusão: mesmo diante das dificuldades estruturais, quanto à

flexibilização da organização curricular disciplinadas das escolas, se

busca caminhos integradores que insiram a Educação Ambiental em

diferentes disciplinas ou atividades.

11. Avaliação da Educação Ambiental na educação superior

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Na implementação da Política Nacional de Educação Ambiental

(PNEA) e para se traçar estratégias e diretrizes na consolidação da Educação

Ambiental no âmbito da educação superior, foi trabalhado uma proposta da

pesquisa Mapeamento da Educação Ambiental em Instituições Brasileiras de

Educação Superior. Os dados e informações, relativas às atividades de ensino,

pesquisa, extensão e gestão, ajudaram no diagnóstico das limitações,

contradições e desafios das instituições acadêmicas, como também, apontam

alguns caminhos a serem seguidos, para a melhor implantação da Educação

Ambiental.

Foram utilizados, para coleta de dados, formulários com questões

relativas aos seguintes itens:

1. Informações gerais sobre a Instituição de Ensino Superior;

2. Grupos de Educação Ambiental;

3. Ações, estruturas, programas e projetos relacionados à Educação

Ambiental;

4. Identificação das dificuldades e dos elementos facilitadores na

implementação da Educação Ambiental na Educação Superior;

5. Sugestões de ações prioritárias para a formulação de políticas públicas.

Enviado para cerca de 100 docentes e pesquisadores universitários da

área de Educação Ambiental, obteve-se um retorno de 27% de formulários

preenchidos. Participaram da pesquisa 14 instituições públicas e 8 privadas,

que se distribuem entre 11 estados brasileiros.

11. 1. As informantes

• 70% admitem não haver, em suas instituições órgãos que

centralizem ou coordenem ações de Educação Ambiental;

• 30% se observam uma grande diversidade, especialmente em

matéria de atribuições e abrangência.

Conclusão: os resultados mostram que esses Órgãos ou Instituições

não têm compromisso ou propósito explícito e abrangente de

acompanhar o processo de inserção da Educação Ambiental no projeto

geral institucional. Há uma desarticulação com a realidade, com os

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compromissos sociais das universidades e com as ações concretas que

realizam, sendo desvinculados da estrutura administrativa da instituição

(pró-reitorias ou diretorias). Nas instituições de Ensino Superior o

desinteresse é total, sendo um obstáculo para implementação de

programas de Educação Ambiental pela falta de políticas públicas

institucionais, o que mostra a falta de compromisso e comprometimento

dos gestores escolares. Esta tendência já havia sido observada por

CARVALHO (2004) que, na apresentação de sua pesquisa: Uma leitura

dos diagnósticos da Educação Ambiental em 5 Estados e 1 bioma

do Brasil, declara:

“projetos sociais são ações muito importantes para gerar

inovações e experiências-piloto. Entretanto, seguem sendo

ações pontuais, no sentido de serem limitadas no tempo (curta

ou média duração), de caráter inovador e complementar, mas

nunca substitutivo das políticas públicas”.

11. 2. Espaços e estruturas de Educação Ambiental

A pesquisa revela que os espaços e estruturas de Educação Ambiental,

são considerados importantes focos para a difusão de uma cultura

ambiental fora e dentro da instituição. Esta demanda social e setorial:

escolas e empresas, vem se ampliando, estimulando o estabelecimento

de parcerias entre a universidade e órgãos governamentais, escolas e a

sociedade civil, para a criação e manutenção desses espaços. A infra-

estrutura compatível com as metas de ações, projetos e programas de

Educação Ambiental é um facilitador no processo de ambientalização

das Instituições de Ensino Superior; sendo também que a falta,

dificultaria a implementação.

Conclusão: o aparelhamento de espaços e estruturas, é essencial para

implementação das políticas institucionais e públicas de ambientalização

da educação superior.

11. 3. Cursos mapeados

Nas atividades formalizadas de ensino, pesquisa, extensão e gestão,

foram mapeados 29 cursos de Educação Ambiental, sendo:

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• 14 de especialização;

• 15 de extensão.

11. 4. Cursos proposto

Das 22 Instituições de Ensino Superior pesquisadas, 18 propuseram

cursos. Dos 14 cursos mencionados, 13 apresentaram o termo

Educação Ambiental ou outros que juntavam educação e meio ambiente

(ou sustentabilidade) em seus títulos.

11. 5. Tendência dos cursos proposto

São duas as principais tendências a serem destacadas;

• Os cursos de especialização em Educação Ambiental, voltados

exclusivamente a temas ambientais (30 em 114 instituições).

• E os cursos voltados para a formação e atuação no campo

educacional.

Como áreas que têm se destacado trazendo importantes contribuições

para os trabalhos e pesquisas em Educação Ambiental, temos a

Sociologia e a Antropologia, com 10 disciplinas, significando que, no

quadro da educação contemporânea, a questão ambiental tem sido

apreendida na perspectiva das ciências sociais e das ciências naturais.

Nos cursos de extensão (53%) foram de professores e educadores de

segmentos específicos (Educação Infantil, de Jovens, Adultos e

Educação Básica). Os cursos dirigidos a professores, a partir de 1996,

foram propostos de forma mais intensa pela obrigatoriedade da

publicação e inserção dos Parâmetros Curriculares Nacionais, do meio

ambiente como tema transversal nos currículos escolares.

Existe uma perspectiva ambiental com mudanças de costumes e hábitos

da população, que tem o objetivo interferir nas mudanças sócias,

econômicas e educacionais, pelo bem estar do homem, com a finalidade

de prevenir os impactos ambientais no dia a dia. Mas para que isso

venha a ocorrer, é preciso à sistematização de um saber ambiental que

possa ser incorporado às práticas acadêmicas e transmitido para as

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populações, para que essas mudanças propostas venham a ocorrer.

Esta reformulação dos conhecimentos vai requerer abertura de novos

campos disciplinares, para uma nova cultura, com capacitação e

treinamento de docentes. Essas ações implicariam em medidas

institucionais com a abertura de novos espaços que favoreçam relações

dialógicas e interdisciplinares.

A demanda de medidas institucionais por novos espaços acadêmicos

que favoreçam a inter e transdisciplinaridade talvez seja a melhor

expressão para a necessidade de uma intervenção na estrutura

acadêmica, hoje voltada para o conhecimento e carente de articulação e

interação com a comunidade e as populações.

11. 6. Questionamentos

1. Quais seriam as principais dificuldades enfrentadas na

implementação de programas de Educação Ambiental na

educação superior;

2. Quais os elementos facilitadores no processo de construção de

Programas de Educação Ambiental;

3. O que se deveria priorizar na elaboração de políticas públicas de

Educação Ambiental específicas para a educação superior.

11. 7. Reconhecimento e institucionalização da Educação

Ambiental

11. 7. 1. Principais dificuldades

• Resistências de diversas naturezas, atribuídas, em parte, à

“imaturidade” da Educação Ambiental como disciplina que

ainda não possui arcabouço teórico e metodológico

consolidado;

• Falta de recursos financeiros:

• Falta de infra-estrutura acadêmica para o desenvolvimento de

projetos;

• Ausência de políticas de fomento A Educação Ambiental se

caracteriza por suas ações com tendência e conteúdo

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ideológico, crítico e emancipatório o que a deixa numa

condição de “marginalidade” por alguns que a demandam;

• Desconhecimento da legislação sobre Educação Ambiental

por parte da comunidade acadêmica e instituições de ensino.

11. 7. 2. Elementos facilitadores

• Formulação de políticas públicas e institucionais para o

reconhecimento oficial da Educação Ambiental, incentivando

a sua inserção nos currículos e atividades acadêmicas;

• Criação de estruturas ou órgãos responsáveis para a gestão

ambiental das Instituições de Ensino Superior, os quais

participariam da formulação e execução de políticas

ambientais estaduais, municipais, regionais e locais;

• Criação de parcerias intra e interinstitucionais entre

Instituições de Ensino Superior e outras instituições sociais.

11. 7. 3. Prioridades para elaboração de políticas públicas

• Implementação de programas de institucionalização da

Educação Ambiental, em todas as Instituições de Ensino

Superior, que abranja todas as instâncias do ensino;

pesquisa, extensão e gestão, além de projetos de pesquisa,

intervenção e formação de educadores ambientais;

• Implantação de “núcleos de Educação Ambiental”; que

seriam responsáveis pela inserção da Educação Ambiental

em cursos de doutorado, mestrado, pós-graduação,

graduação e extensão, e pelo desenvolvimento de projetos de

pesquisa nas linhas acadêmicas e de intervenção social;

• Formulação de propostas para a formação ambiental

continuada, técnico-profissional e de professores.

11. 8. Condições para a inserção da Educação Ambiental em uma

perspectiva transversal e interdisciplinar da organização acadêmica

11. 8. 1. Principais dificuldades

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51

• Departamentalização da universidade, juntamente com

burocratização, fragmentação, hierarquização,

hiperespecialização e desarticulação dos conhecimentos;

• A conseqüente “territorialização” da epistemologia ambiental;

• Dificuldade para a formação de equipes interdisciplinares.

11. 8. 2. Elementos facilitadores

• Maior integração entre os departamentos e setores de ensino,

pesquisa, extensão e gestão;

• Criação de equipes interdisciplinares;

• Produção acumulada de conhecimentos nas diversas áreas

disciplinares da instituição, entre as quais a Educação

Ambiental, envolvendo a mobilização de pessoal;

• Compromisso socioambiental da universidade, com promoção

da extensão universitária;

• Envolvimento com a comunidade em iniciativas populares e

solidárias.

11. 8. 3. Prioridades para elaboração de políticas públicas

• Criação de espaços e estruturas com formação de grupos

para o desenvolvimento de trabalho coletivo e interdisciplinar,

em todas as instâncias de ensino, pesquisa, extensão e

gestão;

• Incentivo à reformulação e flexibilização curricular, permitindo

transversalidade e o tratamento transdisciplinar e multicultural

da temática ambiental em toda sua complexidade, em um

processo participativos de discussões sobre problemas

ambientais locais;

• Estímulo à colaboração das Instituições de Ensino Superior

com setores governamentais, favorecimento de articulações e

diálogo intra e interinstitucional (envolvendo as ONGs),

mediante a formação de redes e “comunidades

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interpretativas” potencializando a colaboração e a sinergia em

termos de recursos e saberes.

11. 9. Práticas educativas e a formação de pessoal especializado

em Educação Ambiental.

11. 9. 1. Principais dificuldades

• Falta de fundamentação teórico-metodológica;

• Falta de clareza com relação à epistemologia ambiental;

• As interfaces disciplinares com a Educação Ambiental são

desconhecidas;

• Não se percebe (nem se compreende) a configuração

contemporânea da questão ambiental;

• Na metodológica, as práticas educativas em Educação

Ambiental se ressentem da falta de reflexão, da dicotomia

entre competências técnicas e pedagógicas, da incapacidade

de enxergar, e conseqüentemente operar, a transversalidade

da temática ambiental.

• Incompetência didática para tratar com conteúdos ambientais.

11. 9. 2. Elementos facilitadores

• Já se tem práticas educativas de iniciativas existentes, para

uma ação mais efetiva e eficaz;

• Atualmente docentes e pesquisadores mais envolvidos na

ação e no ensino, sistematizariam e divulgariam os resultados

de suas reflexões sobre a prática, bem como da investigação

e aplicação de novos modelos de aprendizagem de natureza

inter e transdisciplinar.

11. 9. 3. Prioridades para elaboração de políticas públicas

• Promoção e criação de espaços educativos, buscando a

socialização de saberes e o melhoramento das práticas

pedagógicas, dentro da especificidade de cada área;

• Incentivo ao desenvolvimento de pesquisas localizadas,

voltadas à geração de conhecimentos específicos e locais;

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• Contratação de docentes especializados em Educação

Ambiental, com criação de espaços, para capacitação de

gestores universitários, formação de educadores ambientais e

de especialistas em Educação Ambiental, que atendam a

demanda interna e externa da comunidade;

• Reconhecimento, valorização e apoio às ações; projetos,

programas e iniciativas em geral, de Educação Ambiental

existentes, com a criação de instrumentos para sua avaliação,

sistematização e divulgação.

• Falta de pessoal especializado, com domínio teórico-

metodológico das questões de Educação Ambiental é uma

dificuldade para a implementação de programas de Educação

Ambiental nas Instituições de Ensino Superior.

12. Educação Ambiental Popular

O Tratado da Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global, foi elaborado pela sociedade civil planetária em 1992

durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Rio 92). Este documento é de caráter crítico, político e

emancipatório da Educação Ambiental. É um instrumento de transformação

social ideologicamente e comprometido com a mudança social, de maneira

desenvolvimentista. Nele, cria-se a noção de sociedades sustentáveis,

construídas a partir de princípios democráticos, em modelos participativos de

educação popular e gestão ambiental.

Como marcos legal e conceitual a Educação Ambiental no Brasil tem a

Lei nº. 9.795/99 que cria a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA)

influenciada por este tratado, como sua base de princípios. Cabe à Educação

Ambiental fomentar processos que possibilitem o aumento do poder da

capacidade de autogestão das maiorias, hoje submetidas, a um modelo

devastador das relações de seres humanos entre si e com o meio ambiente.

O desafio da Coordenação-Geral de Educação Ambiental foi trazer

para o debate público o conceito de responsabilidades individuais e coletivas,

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indo além dos tradicionais direitos e deveres. Sendo assim, o Órgão Gestor

lançou um processo de debates com a sociedade, voltado para a formulação

de um Sistema Nacional de Educação Ambiental (Sisnea), com uma política

pública articulada, formadora, integrada e integradora, capaz de atender à

formação permanente e continuada de educadores ambientais populares com

objetivo de integrarem-se nas comunidades para o desenvolvimento desta

política publica.

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CONCLUSÂO

A Educação Ambiental hoje tem sido aplicada e concebida de maneira

simplista, com atividades pontuais, como no Dia do Índio, no Dia da Árvore, no

Dia do Meio Ambiente, ou em visitas de lazer e passeios, a parques e reservas,

onde a interação social local, o objetivo cultural e ambiental fica sempre

relegado a um plano secundário, sem a busca do aprendizado e do

conhecimento para o ensinamento.

Para que haja Educação Ambiental com Desenvolvimento Sustentável,

Rural ou Urbano, é preciso mais do que à sensibilização do Homem, é preciso

ter conhecimento das relações ecológicas, do meio ambiente e suas alterações

ambientais promovidas pelo desenvolvimento para o bem estar do Homem. O

objetivo maior do Desenvolvimento Sustentável tendo como uma das

ferramentas de gestão, a Educação Ambiental, é a conscientização do homem,

com mudança de comportamento em favor do meio ambiente, deixando de ter

um comportamento destrutivo, e passando a ter um comportamento harmônico

com este meio, fazendo uso dos recursos naturais sem comprometer as

gerações futuras.

A Educação Ambiental como tema transversal sugerido pela PCN

(Parâmetros Curriculares Nacionais) em de acordo com LDB (Lei de Diretrizes

e Bases) nº 9394/96 de 20 de Dezembro de 1996, tem permitindo um

aprofundamento deste ensinamento com a sua inclusão nos currículos

escolares, através da interdisciplinaridade, que não só facilita o aprendizado,

mas cria novos valores e novas atitudes, doutrina, desenvolvendo consciências

e promovendo o exercício da cidadania nas escolas, para o ensinamento, na

busca de uma qualidade de vida melhor para os indivíduos e a coletividade.

Com a Educação Ambiental as relações socioambientais ganham

importância para o desenvolvimento coletivo, em relação ao individual,

permitindo uma relação de harmonia e respeito entre os seres vivos do planeta,

abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento sustentável. Podemos

então dizer que, Educação Ambiental é a busca de valores conscientes e

participativos, com vista ao uso equilibrado dos recursos naturais, com o

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objetivo da melhor qualidade de vida do homem, sem agredir o meio ambiente

e respeitando os limites dos ecossistemas. A visão maior é aprender

ensinando, respeitando as desigualdades socioambientais, na busca de

desenvolvimento de sistemas socioeconômicos limpos e sustentáveis, com a

participação de todos; governos, empresas e comunidades, em beneficio do

Meio Ambiente, visando à sobrevivência do Homem, da Terra e do Planeta.

No caso especifico da região cacaueira da Bahia, em momento algum

se fez uso da Educação Ambiental como ferramenta de conscientização, os

planos foram econômicos, tecnológicos e repressores, os efeitos devastadores

foram sentidos onde o problema é originário, com o desmatamento e as suas

alterações do clima e biodiversidade, e na migração destas populações, com

os efeitos perversos da concentração urbana desordenada, favelização,

poluição, criminalidade e prostituição.

O que se vê hoje é um crescimento percentual muito grande da

Educação Ambiental, porem pequeno ainda em termos quantitativo. A

Educação Ambiental tem que sair das escolas, das academias, das tendências,

das ideologias e das discussões, tem que ser internalizada, interiorizada no

País, substituindo a política repressiva e opressora, da policia e do IBAMA,

temos que despertar a consciência e o comportamento socioambiental do

Homem e das populações, através da Educação Ambiental, para que a vida

saudável continue no planeta terra.

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BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

1. Origem e historia do cacau.....................................................9

2. Do cacau ao chocolate............................................................10

2. 1. Inicio da cacauicultura.........................................................11

2. 2. Difusão do chocolate...........................................................11

2. 3. Transformação do chocolate..............................................12

2. 4. Mercado de cacau.................................................................13

CAPITULO I

3. Cacauicultura no Brasil............................................................14

4. Inicio da cacauicultura na Bahia............................................15

5. Entrada da vassoura de bruxa na Bahia...............................15

6. Ecossistema de Camacan........................................................19

6.1. Impacto da Moniliophtora perniciosa no ecossistema de

Camacan.........................................................................................21

6.2. Municipio de Porto Seguro....................................................21

6. 3. Dados do crescimento desordenado.................................22

6. 4. Resultados dos impactos decorrentes da concentração da

população e da migração..............................................................23

6. 5. Exemplo de caso...................................................................23

6. 6. Efeitos do crescimento desordenado................................23

CAPITULO II

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7. Educação Ambiental.................................................................25

7. 1. Histórico da Educação Ambiental......................................25

7. 2. Início da Educação Ambiental no Brasil...........................26

8. Educação Ambiental definições e conceitos.......................28

8. 1. Didaticamente, as demandas de Educação Ambiental se

dividem em duas categorias básicas.........................................30

8. 1. 1. Educação Formal......................................................................30

8. 1. 2. Educação Informal....................................................................30

8. 1. 3. Educação Não Formal..............................................................30

8. 2. Conceitos complementares da Educação Ambiental...30

8. 2. 1. Educação Ambiental sobre o meio ambiente........................30

8. 2. 2. Educação Ambiental no meio ambiente................................31

8. 2. 3. Educação Ambiental para o meio ambiente..........................31

8. 2. 4. Educação Ambiental a partir do meio ambiente...................31

8. 3. Classificação pela perspectiva e prática pedagógica....32

8. 3. 1. Perspectiva ambiental..............................................................32

8. 3. 2. Perspectiva educativa..............................................................32

8. 3. 3. Perspectiva pedagógica..........................................................32

8. 3. 4. Educação Ambiental a partir do meio ambiente...................33

8. 4. Características da educação Ambiental.............................34

8. 5. Princípios da Educação Ambiental....................................35

8. 6. Síntese dos objetivos, princípios e estratégias para a

Educação Ambienta......................................................................36

8. 7. Fatos que deveremos levar em conta ao pensarmos que

tipo de Educação Ambiental vai ser praticado.........................37

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8. 8. Fatos que depõem contra modelo de Educação

Ambiental.......................................................................................38

8. 9. Concepção segundo o princípio nº 4 do Tratado de

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Social..............................................................38

9. Leis e Decretos da Educação Ambiental no Brasil.............38

9. 1. Constituição Federal, de 1988.............................................39

9. 2. Lei nº 6.938, de 31/08/81........................................................39

9. 3. Lei nº 9.394, de 20/12/96.......................................................39

9. 4. Lei nº 9.795, de 27/04/99........................................................40

9. 5. Lei nº 10.172, de 09/01/01......................................................40

9. 6. Decreto nº 4.281, de 25/06/02................................................40

CAPITULO III

10. Dados da Educação Ambiental nas instituições de

ensino.............................................................................................42

10. 1. O que fazem as Escolas que dizem fazer Educação Ambiental.......................................................................................41

10. 1. 1. A primeira etapa da pesquisa...............................................41

10. 1. 2. A segunda etapa da pesquisa...............................................41

10. 2. Dados numéricos da expansão da Educação Ambiental

no Brasil.........................................................................................42

10. 2. 1. Expansão da Educação Ambiental nas escolas de ensino

fundamental entre 2001 e 2004..............................,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,42

10. 2. 2. Expansão da Educação Ambiental no Brasil, por Região..42

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10. 3. De acordo com o Censo Escolar, a Educação Ambiental

no Brasil é aplicada através de três modalidades principais.43

10. 3. 1. Taxas de crescimento de acordo com as modalidades de

Educação Ambiental.............................................................................43

10. 3. 2. Taxas que correspondem à presença de inserção da

Temática Ambiental nas Disciplinas...................................................43

10. 3. 3. Resultados revelados sobre o destino do lixo nas escolas

em 2004..................................................................................................43

10. 3. 4. Participação da escola em diversas atividades

comunitárias..........................................................................................44

10. 3. 5. Inicio da atividade Educação Ambiental..............................44

10. 3. 6. Motivações iniciais e objetivo central para a realização da

Educação Ambiental no interior das 418 escolas entrevistadas......45

10. 3. 7. Sobre o objetivo central das atividades em Educação

Ambiental, das 162 escolas analisadas .............................................45

10. 3. 8. Sobre as modalidades da Educação Ambiental...................45

11. Avaliação da Educação Ambiental na educação

superior..........................................................................................45

11. 1. As informantes...........................................................................46

11. 2. Espaços e estruturas de Educação Ambiental.......................47

11. 3. Cursos mapeados......................................................................47.

11. 4. Cursos proposto........................................................................48

11. 5. Tendência dos cursos proposto..............................................48

11. 6. Questionamentos......................................................................49

11. 7. Reconhecimento e institucionalização da Educação

Ambiental.............................................................................................49

11. 7. 1. Principais dificuldades.............................................49

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11. 7. 2. Elementos facilitadores............................................50

11. 7. 3. Prioridades para elaboração de políticas

públicas...................................................................................50

11. 8. Condições para a inserção da Educação Ambiental em uma

perspectiva transversal e interdisciplinar da organização

acadêmica..............................................................................................50

11. 8. 1. Principais dificuldades................................................51

11. 8. 2. Elementos facilitadores..............................................51

11. 8. 3. Prioridades para elaboração de políticas

públicas.......................................................................................51

11. 9. Práticas educativas e a formação de pessoal especializado

em Educação Ambiental..............................................................................52

11. 9. 1. Principais dificuldades................................................52

11. 9. 2. Elementos facilitadores...............................................52

11. 9. 3. Prioridades para elaboração de políticas públicas..52

12. Educação Ambiental Popular................................................53

CONCLUSÂO....................................................................55

BIBLIOGRAFIA.................................................................57

WEBGRAFIACCCCCCCCCCC.............................59

ÍNDICE..............................................................................60