Unidade 2- Administração na Antiguidade. 1- Introdução Desde os primeiros agrupamentos humanos,...
Transcript of Unidade 2- Administração na Antiguidade. 1- Introdução Desde os primeiros agrupamentos humanos,...
Unidade 2- Administração na Antiguidade
1- Introdução
Desde os primeiros agrupamentos humanos, já havia, mesmo que de forma rudimentar, alguma forma de administração.
Mesmo nas sociedades mais primitivas se notam as primeiras formas incipientes de planejamento e divisão do trabalho, como por exemplo, os casos de expedições para caça.
1- Introdução
Certas referências pré-históricas testemunharam a existência em épocas remotas de dirigentes capazes de planejar e guiar milhares de pessoas.
Idade Antiga ou Antiguidade foi o período que se estendeu desde a invenção da
escrita (4000 a.C. à 3500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.), quando se inicia a Idade Média.
2- Primeiras Cidades
Ao redor de 4000 a.C., começaram a surgir as primeiras cidades e Estados no Oriente Médio. Com os primeiros resquícios de urbanização, a agricultura começou a gradativamente perder um tímido espaço para o aparecimento de pequenas vilas e cidades.
A vida em cidades proporcionou o início das primeiras práticas administrativas e o aparecimento de dirigentes como reis e sacerdotes para cuidar de assuntos locais.
3- Mesopotâmia
Por volta de 3000 a.C., começaram a surgir na Mesopotâmia (lugar privilegiado pela abundância de água), as primeiras cidades da civilização suméria.
Eram pequenas comunidades auto-suficientes, interligadas entre si, que viviam da agricultura, através da irrigação.
3- Mesopotâmia
Surge um sistema tributário, onde os sacerdotes dos templos sumérios coletavam e administravam grandes somas de bens e valores, como
rebanhos, propriedades rurais. Eles prestavam conta de sua gestão ao sumo sacerdote, como parte de uma fiscalização administrativa.
Além da escrita e da aritmética, os sumérios chegaram a desenvolver um esquema de administração pública, com funcionários e procedimentos burocráticos.
4- Antigo Egito
Quase no mesmo período sumério, com a unificação do antigo Egito começam as primeiras dinastias dos faraós, que se estende até os primórdios da Era Cristã.
A regularidade dos ciclos do Rio Nilo permitiu o desenvolvimento de uma agricultura estável, com uma mentalidade voltada para o longo prazo. Os egípcios desenvolveram um calendário solar de
12 meses de 30 dias mais 5 dias de festas.
4- Antigo Egito
As pirâmides são o maior exemplo da engenhosidade dos egípcios, pois, por meio de alguma forma de planejamento e organização se permitiu a solução destes gigantescos desafios: reunir pessoas, definir tarefas, coordenar esforços, buscar materiais, reunir ferramentas e oferecer resultados através de um cronograma apresentado ao faraó.
4- Antigo Egito
Com o início do Novo Império (1540 até 1070 a.C.), os governos provinciais cederam espaço para o governo centralizado do faraó e as regiões passaram a ser administradas por comandantes militares. Para proteção do reino, criou-se uma organização militar regular e assalariada.
4- Antigo Egito
O faraó era o proprietário de todas as terras e exigia dos seus súditos um tributo anual de 20% de suas rendas. Isso permitiu a criação de uma burocracia administrativa com coletores de impostos e escribas que mantinham registros detalhados das operações.
5- Hebreus
Muitos governantes da Antiguidade delegaram aos seus servidores mais fiéis, autoridade para que estes
pudessem executar os desejos soberanos. Para coordenar seu trabalho, os governantes passaram a ditar regras de conduta para garantir adesão e obediência dos servidores e do povo em geral.
5- Hebreus
Assessoria de Jetro: Por volta de 1400 a.C. cerca de 600.000 hebreus liderados por Moisés saíram do cativeiro no Egito em direção a terra prometida. Todavia, Moisés não estava conseguindo administrar todos os Hebreus, foi quando recebeu a vista de Jetro, seu sogro, que lhe deu alguns conselhos. Seguindo esses conselhos, Moisés escolheu os homens mais capazes de Israel e delegou-lhes autoridade, como se fossem seus representantes. Criou os chefes de 1000, os chefes de 100, os de 50 e os de 10. Jetro sem querer, se tornou o primeiro consultor executivo da história.
5- Hebreus
No século 10 a.C. o Rei Salomão elaborou programas de constituição, fez acordos comerciais e modelou tratados de paz, pois sentia a necessidade de um sistema administrativo para governar o povo.
6- Babilônia e Assíria
Por volta de 2000 a.C. os sumérios entraram em decadência e foram dominados pelos babilônicos.
A Babilônia nos deu o Código do rei Hamurábi (o mais famoso conjunto de leis da história), escrito por volta de 1800 a.C., que enumera alguns princípios de administração, tais como:
6- Babilônia e Assíria
- Práticas de Controle: se alguém entrega a outrem algo em prata ou ouro em depósito, deve mostrá-lo a uma testemunha, combinar os termos do contrato, para então fazer o depósito.
- Práticas de Responsabilidade: o pedreiro que construir uma casa que desmorona e mata seus residentes será condenado à morte.
6- Babilônia e Assíria
A partir de 1400 a.C. a Babilônia passou a ser dominada pelo Império Assírio que deu início a um período de avanços no campo
da organização militar.
O exército assírio foi o primeiro a planejar e cumprir campanhas de longa distância superiores a quinhentos quilômetros de sua base, graças principalmente ao desenvolvimento da logística.
6- Babilônia e Assíria
Em 605 a.C. os assírios foram derrotados pelos seus antigos vassalos, os babilônicos, que
voltaram a dominar a Mesopotâmia. Dessa época, registram-se os primeiros cuidados para controlar a produção e o estoque nos celeiros e nas pequenas oficinas de tecido.
Os babilônicos foram os primeiros em sistemas de incentivos salariais: eles remuneravam as mulheres da fiação e tecelagem conforme a sua produção individual.
7- China
No decorrer de 2400 a.C. os chineses já empregavam soluções criativas em sua
administração pública.
O imperador Yao (2350 até 2256 a.C.) utilizava o princípio da assessoria. Seus sucessores avançaram no uso da assessoria nomeando ministros e delegando a eles certos poderes e autoridade para resolver problemas locais.
7- China
Ao redor de 1100 a.C., a dinastia Chow impôs uma nova constituição definindo oito instruções para o primeiro-ministro poder governar os vários departamentos da administração pública:
1) Organização - Estabelecimento do Estado;
2) Funções - Esclarecimento do Estado;
7- China
3) Relações - Estado Cooperativo;
4) Procedimentos - Estado Eficiente;
5) Formalidades - Estado Permanente;
6) Controle - Estado Completo;
7) Punições - Correção do Estado;
8) Contas - Verificação do Estado.
7- China
Em 221 a.C. a China foi unificada, e o Rei Shih Huang-Ti instituiu uma burocracia
estatal baseada nos princípios de Confúcio.
O confucionismo pregava a meritocracia: era preciso ter mérito para ingressar na
burocracia, salvo os postos reservados para a família do imperador.
7- China
Huang-Ti iniciou a construção de estradas para unir o país e concluiu um dos mais
importantes projetos da Antiguidade: a Muralha da China (1500 Km de extensão).
Na burocracia de Huang-Ti, os candidatos a funcionários públicos eram submetidos a
exames e os melhores recebiam os cargos mais elevados. Essa prática deu origem
aos concursos públicos de hoje.
7.1- Confúcio
Confúcio (Kung Fu Tseu 551-479 a.C.) é considerado o maior sábio chinês. Sua
filosofia salienta que a importância das pessoas deve se basear no mérito de cada uma. E este tem por base o conhecimento.
Confúcio adotava o princípio da reciprocidade: tratar os outros como cada um gostaria de ser tratado.
7.2- Mêncius
Quase um século depois, Mêncius (Meng-Tzu 371- 289 a.C.), seguidor de Confúcio, pregava a meritocracia e defendia a democracia por desconfiar do governo.
Acreditava na natureza humana e dizia que o povo é o elemento mais importante da nação.
Pregava o profissionalismo na administração pública.
7.3- Sun Tzu
O tratado militar mais antigo parece ser o livro escrito pelo general chinês Sun Tzu (544-496 a.C.), A Arte da Guerra.
O general Sun Tzu era súdito da corte do rei Wu, uma espécie de consultor sobre a arte da guerra. Seu livro sistematiza princípios
gerais colhidos na época para ajudar o soberano a triunfar na guerra.
7.3- Sun Tzu
Para Sun Tzu a guerra depende de cinco fatores:
1) Caminho (tao): significa o grau de devoção dos soldados ao seu general.
2) Clima: as condições climáticas de onde se realizara o evento. Nem tanto calor no verão, nem tão frio no inverno.
7.3- Sun Tzu
3) Terra: condições geográficas, distância, dificuldades, situação do terreno.
4) Líder: sabedoria, integridade, disciplina, coragem, humanidade e moral.
5) Método: disciplina, suporte logístico, controle de gastos e cadeia de comando da tropa.
7.3- Sun Tzu
Algumas frases de Sun Tzu que serve de recado para os líderes atuais:
“Há momentos em que a maior sabedoria é parecer não saber nada.”
“Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização.”
“Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele, caso contrário, ele lutará até a morte.”
7.3- Sun Tzu
“Em batalhas, quaisquer que sejam os resultados, o gosto será sempre amargo, mesmo para os vencedores.”
“ Não confie tarefas a quem não for capaz de cumpri-las.”
“Quando o general é fraco e sem autoridade; quando as suas ordens não são claras e distintas; o resultado é uma profunda desorganização.”
7.3- Sun Tzu
O livro de Sun Tzu sobreviveu por séculos pelo fato de tratar de princípios
fundamentais permanentes sobre planejamento, comando e doutrina, que até hoje são utilizados na moderna administração, a saber:
- Comando: refere-se aos atributos do general, como sabedoria, humanidade, coragem etc.
7.3- Sun Tzu
- Doutrina: refere-se à organização, controle, postos de comando etc.
- Quantidade: dirigir muitos é igual a dirigir poucos.
- Planejamento: com base nos planos, o general deverá criar as condições
adequadas para a sua concretização.
8- Grécia
Ao redor do período de 500 a.C., a Grécia antiga passou a nos oferecer os conceitos atuais de democracia, do governo, da cidadania, ética, que tem grande influência na administração dos dias de hoje.
8.1- Sócrates
Sócrates (470 a.C.-399 a.C.) iniciou a especulação que proporcionou a base da filosofia atual. Embora nada tenha escrito, defendia seu ponto de vista sobre a administração como uma habilidade pessoal.
8.2- Platão
Platão (429 a.C.–347 a.C.), discípulo de Sócrates, se preocupou
profundamente com assuntos políticos e sociais inerentes ao desenvolvimento social e cultural do povo grego.
8.2- Platão
Em sua obra A República, expõe o seu ponto de vista sobre a forma democrática de governo e de administração dos negócios públicos. Ressalta que a responsabilidade fundamental dos políticos está em promover a felicidade dos cidadãos.
Platão foi o primeiro autor a fazer afirmações a respeito da especialização na divisão do trabalho.
8.3- Aristóteles
Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.) era discípulo de Platão, do qual divergiu bastante.
No livro Política, que versa sobre a organização do Estado, distingue
três formas de administração pública:
8.3- Aristóteles
- Monarquia: governo de um só (pode redundar em uma tirania).
- Aristocracia: governo de uma elite (pode descambar em oligarquia).
- Democracia: governo do povo (pode degenerar em anarquia).
8.4- Mais Importantes Contribuições dos Gregos
a) Democracia: os gregos implantaram a administração democrática em suas
cidades-Estados. As reuniões da Assembléia eram realizadas em períodos de 36 dias e preparadas por um Conselho de 500.
b) Ética: para Platão a responsabilidade dos políticos era promover a felicidade dos cidadãos.
8.4- Mais Importantes Contribuições dos Gregos
c) Metodologia: o conhecimento da realidade, da natureza do universo e do ser humano deve ser buscado por meio da investigação sistemática, em vez de aceitar explicações mitológicas.
d) Qualidade: os gregos mostravam uma profunda preocupação com o bom e com o belo, com a virtude e as normas éticas.
9- Roma
O Império Romano se estendeu de 800 a.C. a 400 d.C., com o controle de um extenso
território, compreendido por Europa, Oriente e Norte da África, com cinquenta milhões de pessoas. Foi um império multinacional.
A administração pública de hoje conversa muitas das concepções dos romanos. O direito romano nos legou as bases de
nossa legislação atual.
9.1- Três Princípios Básicos da Administração do Império
1) Dividir para Governar: a administração de todo o império exigia fraqueza das províncias ocupadas (divide et impera).
2) Fundar Colônias: os romanos fundaram colônias por todos os territórios ocupados, para marcar a sua presença e difundir sua cultura.
3) Construir Estradas: a vastidão do Império exigiu uma complexa rede de estradas para assegurar o
transporte e a comunicação em seu domínios.
9.1- Três Princípios Básicos da Administração do Império
Outros três aspectos importantes do Império foram:
- Administração Financeira: era baseada no tributum, a contribuição que cada cidadão dava para sustentar o Estado.
9.1- Três Princípios Básicos da Administração do Império
- Propriedade Privada: apesar do papel predominante do Estado como grande
proprietário, o direito romano conferiu à propriedade privada (dominium).
- Exército Romano: Ao redor de 300 a.C. o exército já apresentava a hierarquia, a profissionalização, o alistamento, a regulação, a burocratização e os planos de carreira.
9.2- Crise do Império Romano
Por volta de 3 d.C. o Império atravessou uma profunda crise, por causa da
corrupção do governo e os gastos com luxo, que retiraram recursos para a manutenção do
exército.
Com isso, as conquistas diminuíram e reduziu o número de escravos. Isso provocou uma queda na produção agrícola e com isso uma queda no pagamento de tributos.
9.2- Crise do Império Romano
Sem receber salário, os soldados deixavam suas obrigações, o que enfraqueceu o exército e desprotegeu as fronteiras.
Mas em 476 d.C. com a invasão dos povos bárbaros vindo de todos os lados (vândalos, saxões, hunos...), chega ao fim o Império Romano. Com a Queda do Império Romano, também chega ao fim a Antiguidade e inicia a Idade Média.
10- Trabalho na Antiguidade
Trabalho era simplesmente aquilo que os escravos faziam e não merecia a
atenção de pessoas educadas ou de posição social. O trabalho não tinha nenhum status social.