UNDERGRADUATE RESEARCH PROGRAM - PROPOSITION PERIOD

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EXPERIMENTAÇÕES SOBRE UM ESPAÇO LIVRE PÚBLICO COHAB Itaquera IB Pe. Manoel da Nóbrega PIBIC/CNPq Talita Camacho Barão Bolsista Maria Lúcia Caira Gitahy Orientadora São Paulo 2010 Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

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Space, Society and Sociability: Experiments on an open public space “Padre Manoel da Nóbrega” Housing Project SPONSORSHIP PIBIC/CNPq / Advisor: Maria Lúcia Caira Gitahy, Ph.D (USP)

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  • EXPERIMENTAES SOBRE UM ESPAO LIVRE PBLICO COHAB Itaquera IB Pe. Manoel da Nbrega

    PIBIC/CNPq

    Talita Camacho BaroBolsista

    Maria Lcia Caira GitahyOrientadora

    So Paulo2010

    Universidade de So PauloFaculdade de Arquitetura e Urbanismo

  • R e s e r v o e s t e e s p a o a o s m e u s a g r a d e c i m e n t o s .

    N e s t e s d o i s a n o s d e p e s q u i s a , a g r a d e o a a j u d a s e m p r e p r e s e n t e e a t e n c i o s a d e m i n h a o r i e n t a d o r a

    M a r i a L c i a C a i r a G i t a h y . A g r a d e o t a m b m , a o s s e u s a m i g o s e e s t u d i o s o s d o g r u p o d e p e s q u i s a

    L a b f a u , p e l o i n t e r e s s e e m m e u p e r c u r s o d e t r a b a l h o e p e l a s t r o c a s d e i d i a s . A g r a d e o , p o r f i m , a o

    P r o f e s s o r F b i o M a r i z G o n a l v e s , p e l a s c o n v e r s a s e r e f e r n c i a s p r o j e t u a i s , q u e a j u d a r a m a

    e n r i q u e c e r m e u c o n h e c i m e n t o e p e n s a m e n t o s o b r e o p r o j e t o d e e s p a o s l i v r e s , s u a r e a d e m a i o r

    e s t u d o e d e d i c a o .

    A G R A D E C I M E N T O S

  • SUMRIO

    1. INTRODUO I etapas e cronograma, 042. CONCEITUAES TERICAS, 05 2.1. Ambiguidade do espao pblico contemporneo, 07 Espaos do consumo I Espaos do espetculo

    2.2. A transformao na concepo do espao pblico, 10 Do funcionalismo ao espao do encontro

    2.3. Novas paisagens urbanas, 13 Arte e espao urbano 2.4. As noes diversas de lazer, 16 vivncia europia I vivncia latino-americana

    3. O ESPAO I preexistncias, 19 3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009, 20 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE, 21 3.1.2. Espao em estudo 1 - ESPAO EM PROJETO, 22 3.2. Estudos pr-projetuais, 26 3.2.1. ENTORNO I VISTAS, 27 3.2.2. Espacialidade e Usabilidade, 374. O ESPAO I proposies, 39 4.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL, 40 4.2. PROPOSTA PROJETUAL I elementos, 53 PERCURSOS I interaes, 54 TRANSIES I half pipe e bowl, 59 PERMANNCIAS I bancos e iluminao, 63 IMPERMANNCIAS I elementos vivos, 71 EXPERIMENTAES I cercamentos, 77

    5. BIBLIOGRAFIA, 806. PARECER DO ORIENTADOR Maria Lcia Caira Gitahy, 81

  • 1. INTRODUO I etapas e cronograma

  • No primeiro ano de pesquisa, foram escolhidas para estudo trs res livres e pblicas, inseridas no Conjunto Habitacional Itaquera IB Pe Manoel da Nbrega, da COHAB-SP. Os estudos iniciais trouxeram a bagagem histrica necessria compreenso mais apurada acerca da complexa formao da cidade de So Paulo. Sobre seu crescimento acelerado, resultado de uma conjuntura nacional e internacional - avalanche de imigraes de dentro e de fora do pas. Sobre seu planejamento e as intenes urbansticas correlatas - como o fomento ao crescimento extensivo e ilimitado, baseado no traado de eixos rodovirios. Assim como, sobre o, ento, consequente, desenvolvimento do padro perifrico de crescimento. E sobre seus planos de habitao - desde os o desenvolvimento dos IAPs at o surgimento do conjunto BNH-COHABs. Aproximando-se, neste momento, do contexto urbano no qual estavam inseridas as trs reas em estudo, a periferia leste de So Paulo, buscou-se pela histria social destas trs reas livres e pblicas. Dentre tais espaos em estudo, um deles suscitou a vontade pela proposio. Um terreno baldio. Terreno este cujo estado de abandono decorreu tanto de complicaes administrativas poca da implantao do conjunto (transio entre as dcadas de 70 e 80), quanto do escasso interesse poltico em provir de espaos pblicos interessantes certas reas desinteressantes da cidade, como tambm da falta de vontade e fora reivindicatria de grande parte da prpria populao ali residente. Assim, em um segundo ano de pesquisa me propus desenvolver, para este espao abandonado, um projeto que, embasado pela constante observao e pelas bagagens histrica e social adquiridas, teria a inteno essencial de atribuir-lhe o carter, ento deficiente, de verdadeiro espao pblico urbano. Novas leituras proporcionaram a investigao acerca do uso e vida dos espaos urbanos, acerca das novas possibilidades quanto concepo das novas paisagens urbanas, e, tambm, acerca das diversas formas de entender o lazer e a ao no mbito pblico. Observei este espao durante dois anos de pesquisa, e, agora, enfim, projetei nele, concretamente, o resultado de minhas reflexes. Quis animar seus percursos, como tambm instigar a permanncia. Quis atrair pessoas, e, assim, suscitar mltiplos contatos. Quis reduzir a imponncia dos rgidos limites murados, buscando a diversidade de paisagens, atividades e usos. Quis criar elementos que fizessem com que as pessoas se surpreendessem e se indagassem, e, neste processo, talvez se identificassem e relacionassem com o espao. Quis que atentassem, enfim, para a imprescindibilidade de seu carter pblico e buscassem, sempre, preserv-lo, como aquilo que proporciona algo a todos, sem restries.

    1. INTRODUO I etapas e cronograma

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  • 2. CONCEITUAES TERICAS

  • 2. CONCEITUAES TERICAS 3.1. Ambiguidade do espao pblico contemporneo I Espaos do consumo I Espaos do espetculo 3.2. A transformao na concepo do espao pblico I Do funcionalismo ao espao do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espao urbano 3.4. As noes diversas de lazer I vivncia europeia e vivncia latino-americana

  • 2.1 Ambigidade do espao pblico contemporneo Espaos do consumo I Espaos do espetculo

    A dcada de 90 foi marcada por uma reestruturao urbana, decorrente da forte crise econmica mundial dos anos 80. O rompimento do acordo capitalista fordista e a volta do liberalismo econmico induziram fortemente as transformaes sobre a sociedade e sobre os espaos urbanos. A globalizao e a avassaladora revoluo tcnico-cientfica-informacional vieram transformar de forma bastante drstica a relao espao-tempo. A transio entre o sculos XX-XXI passou a ser sentida e vivenciada em todas as escalas da vida nas grandes cidades no mbito do trabalho e do cotidiano domstico, no mbito econmico, cultural, comportamental e psicolgico. necessrio pontuar que os processos conseqntes dessas mudanas vo desencadear transformaes de escala e teor diferente nos diferentes pases do mundo, especificamente devido s diferentes condies de avano econmico entre tais. A Europa, neste contexto, vivencia um momento de estabilidade, aps passados longos anos de sua reconstruo no perodo ps-guerra. Deste modo, suas principais cidades buscam, neste novo sculo, a recuperao do lugar europeu na cultura mundial. Cidades como Barcelona, Berlim e Paris passam por abrangentes processos de urbanizao, cuja ambio principal a retomada de seu destaque no cenrio mundial. Tais planos urbanos destinam-se criao de novos e significativos espaos livres pblicos, voltados essencialmente para o encontro de pessoas e culturas diversas o multiculturalismo como grande atratividade. Estas grandes urbanizaes inseriram novamente a Europa no panorama cultural mundial aps a hegemonia americana ps-segunda guerra. A vontade de transformar cada cidade em novos lugares da cultura mundial, seja ela um grande centro histrico e cultural como Paris, Londres ou Berlim, ou mesmo alar as pequenas cidades aos holofotes da mdia como o ocorrido com a cidade de Bilbao na Espanha, por exemplo, a marca destas novas urbanizaes europias. Estas se completam como objetos-espetculos urbanos, ou seja, novos prdios, parques e espaos pblicos criados pelas mentes dos mais famosos nomes da arquitetura contempornea, e que por si s so fortes elementos urbanos, como signos desta nova era europia. (DIAS, 2005)

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  • ao espetculo e ao entretenimento. Tanto as cidades desenvolvidas quanto as cidades em estgio de desenvolvimento esto inseridas na realidade ambgua entre a introverso e a espetacularizao da vida e dos espaos urbanos. As cidades, frente a tais adversidades, inteorizam-se, dentro de seus tantos automveis e dos grandes edifcios fechados para o encontro. Evidentemente, as conseqncias da perda de significado do espao urbano tornam-se mais crticas em cidades cuja desigualdade social sentida de forma mais aguda, pois mais intensa a excluso social, bem como a decorrente insegurana urbana. Passamos por um sculo onde se marcante a construo de espaos climatizados, condicionados e direcionados ao entretenimento. A tradicional praa, os largos e mesmo as ruas, foram trocados, ou melhor, trazidos para dentro destes novos ambientes, onde tudo controlado, desde sua segurana at o seu olhar. O caos urbano, a violncia, a sujeira das ruas e seus indigentes so deixados do lado de fora desses novos lugares do consumo de mercadorias, servios, arte e cultura. (DIAS, 2005) A decadncia da esfera pblica analisada como conseqncia desses processos desencadeados no cerne da sociedade do ps-guerra. Sociedade que passou a ter no consumo sua lgica fundamental de funcionamento, sociedade que motivada pelos espaos relacionados a esse consumo, pelo espetculo e pelo evento (SPERLING) intrnsecos a ele. A esfera pblica entendida como o mbito em que se desenvolve a produo cultural, em que se constri auto-conhecimento e conhecimento do outro, em que se constri, portanto, o interesse pelo que pblico; onde se constri e se exerce cidadania. Nas cidades, esta esfera tem sua materialidade nestes espaos, que so livres e pblicos, como as ruas, caladas, praas, parques e etc. Arendt (ARENDT, 1991) escreve sobre a significncia deste contato, ao afirmar que [...] ser visto e ouvido por outros importante pelo fato de que todos vem e ouvem de ngulos diferentes. este o significado da vida pblica [...], em contraposio esfera de vida privada, pois [...] at mesmo a mais fecunda e satisfatria vida familiar pode oferecer somente o prolongamento ou a multiplicao de cada indivduo, com os seus respectivos aspectos e perspectivas. O que se observa que, na cidade introvertida e espetacularizada (DIAS, 2005) tem-se, em substituio esfera pblica, uma esfera que pode ser denominada de esfera social (MACEDO;CUSTDIO). Nesta ltima, o ver e ser visto so empobrecidos e ficam restritos a uma troca de olhares entre indivduos de comportamento padro, j com atitudes tolhidas e reguladas por prticas e cdigos sociais padro, de ambientes socialmente controlados. No sendo assim capaz de substituir o papel da esfera pblica no encontro da alteridade e da diversidade

    A cidade europia do sculo XXI, portanto, aquela que visa aprimorar-se, buscar novos espaos e novas experimentaes. Busca a urbanizao de antigas reas abandonadas e desvalorizadas, a integrao mais plena de seu tecido urbano em reas ps-industriais, porturias e a instalao de sistema de infra-estrutura. No entanto, mesmo estas cidades, que tem nestas grandes transformaes urbanas a ambio pelo espetculo urbano, tambm enfrentam problemas sociais crticos quanto a excluso social e espacial e quantos aos histricos conflitos tnicos. J as cidades dos pases ditos subdesenvolvidos ou de Terceiro Mundo, como o Brasil, devem ser melhor caracterizadas como cidades que necessitam ainda, no cenrio do novo sculo, aprimorar-se, crescer ordenada e planejadamente. No entanto, a despeito dos diferentes estgios acompanhados entre estas distintas realidades, algumas anlises sociais so amplas e aplicam-se a toda a sociedade ocidental. As cidades do sculo XXI, como um todo, so marcadas pela nfase na criao de lugares voltados

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  • 2. CONCEITUAES TERICAS 3.1. Ambiguidade do espao pblico contemporneo I Espaos do consumo I Espaos do espetculo 3.2. A transformao na concepo do espao pblico I Do funcionalismo ao espao do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espao urbano 3.4. As noes diversas de lazer I vivncia europeia e vivncia latino-americana

  • 2.2. A transformao na concepo de espao pblico Do funcionalismo ao espao do encontro

    A cidade moderna, no decorrer do sculo XIX-XX, transformou o carter polifuncional dos espaos urbanos. Baseando-se em princpios modernistas bastante determinantes, declaradamente manifestados em documentos como a Carta de Atenas, de 1933, os arquitetos e planejadores pensaram cidades construdas pelo funcionalismo, pelas grandes vias e pelos extensos e ilimitados espaos livres. A arquitetura paisagstica moderna, ento, tambm funcionalista, tinha como funo resolver espaos criados para balizar a relao dos pedestres com o crescente nmero de automveis. Alm de equipar reas especialmente e exclusivamente determinadas para o lazer recreativo ou esportivo. Postularam um ideal de cidade de poucas e simples regras, que posteriormente viram tornarem-se as principais cerceadoras daquela vivncia urbana pretendida. A reviso dos conceitos modernos colocou em rediscusso, de forma bastante intensa, a resignificao dos espaos livres urbanos. A leitura daqueles espaos, concebidos sob as diretrizes de um manifesto agora j bastante criticado, possibilitou repensar o que se queria ento para o desenho dos novos espaos da cidade. Muitos crticos ps-modernos, como Jane Jacobs, buscaram, por meio da crtica rigidez monofuncionalista, pluralidade e diversidade dos meios urbanos. Espaos de mltiplos encontros e mltiplas apropriaes. A esfera pblica vvida essencialmente nas ruas e caladas, no necessariamente ou exclusivamente em locais especialmente a ela destinados. As cidades e seus espaos passaram a ser entendidos com estruturas em semi-trama (ALEXANDER, 1965), de complexos cruzamentos e interseces, de encontros, conflitos e acontecimentos simultneos. Em fins do sculo XX, portanto, o espao e a vida pblica tornaram-se elementos significativos na discusso arquitetnica. Novos espaos urbanos passaram a surgir, enquanto outros j existentes eram renovados. Principalmente nas cidades europias, uma grande quantidade de ruas de pedestres, praas e amplas caladas arborizadas e equipadas com mobilirio urbano foram projetadas e construdas. Olhando para os padres de desenvolvimento das dcadas recentes, evidente que muitas cidades europias deixaram sua marca. Em termos de poltica, as cidades holandesas, alems e escandinavas estavam entre as primeiras em experimentar novos tipos de espaos urbanos. Mais recentemente, muitas cidades do sul e centro da Europa seguiram o exemplo. A poltica de retirada dos carros e oferta de melhores condies para a vida urbana continua a ser

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  • principalmente um fenmeno europeu, mas interessante notar que polticas urbanas correspondentes podem ser encontradas em cidades da mrica do Norte e do Sul da sia e Austrlia. (GEHL, 2002: 19). Ainda que com menor intensidade, a anlise de Luis Sergio Abraho demonstra os rebatimentos, nas reas centrais da cidade de So Paulo, da dimenso scio-poltica ento atribuda materialidade das ruas e praas. O pesquisador inicia a anlise do tema pelo VIII Congresso Internacional da Arquitetura Moderna O Corao das Cidades , partindo para estudo do pensamento desenvolvido nos encontros do Team X. Busca, assim, entender os desdobramentos desses discursos nos anos 60, em Jacobs, Aldo Rossi e Henri Lefebvre; bem como nos anos 70-80, no pensamento de Carlos Nelson Ferreira dos Santos. Trata dos primeiros projetos que intencionaram devolver aos pedestres a possibilidade de caminhar pelas ruas do centro. A operao Centro em 1979, concretizou tais ideais discutidos alguns anos antes nos Seminrios Internacionais de Revitalizao de reas Centrais. Ainda que estas transformaes tenham, de fato, alcanado a discusso do urbano no mbito das cidades brasileiras, precisa-se salientar que, em grande parte das aglomeraes urbanas, a exemplo da prpria metrpole paulista, as polticas rodoviaristas, que construram de forma predominantemente o tecido urbano e possibilitaram sua expanso conseqente, continuaram e continuam at os dias de hoje determinando de forma preponderante as polticas sobre o meio urbano.

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  • 2. CONCEITUAES TERICAS 3.1. Ambiguidade do espao pblico contemporneo I Espaos do consumo I Espaos do espetculo 3.2. A transformao na concepo do espao pblico I Do funcionalismo ao espao do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espao urbano 3.4. As noes diversas de lazer I vivncia europeia e vivncia latino-americana

  • 2.3. Novas paisagens urbanas Arte e espao urbano

    A pesquisa sobre os novos espaos urbanos tornou-se ento, na transio para o novo milnio, destacadamente na Europa, bastante fecunda. Surgiram pesquisas interpretativas que buscaram no ldico s bases para a fomentar novos conceitos de lugar e novas experincias humanas nos espaos de apropriao e convvio comum. Sem assertivas dogmatizantes nem manifestos, aqueles que desenhavam a cidade passaram a faz-lo de forma mais liberta, e, essencialmente, heterognea. Criando, portanto, espaos diversos entre si, mpares e inusitados. A arte insere-se assim na discusso sobre os espaos urbanos, aproximando-se do desenho urbano e tornando-se, ento, parte intrnseca destes projetos.

    Assim, uma gama maior de tendncias artsticas, a exemplo da arte conceitual, ir participar das estratgias de desenho/projeto, que contaro com novas interpretaes do estruturalismo e da semiologia, ao mesmo tempo em que se aprofundam em investigaes mais sistemticas e crticas da abstrao, elemento-chave na cultura moderna. As intervenes inseridas nestes contextos passam a fazer releituras nas quais mecanismos normalmente ligados s artes plsticas so revisitados. Surgem atitudes de projeto que fazem referncia a Landscape Art, que inserem elementos como objects trouvs em uma esfera mais surrealista ou ainda utilizam ready-mades, introduzindo no espao aberto objetos (re)elaborados a partir de mudanas de escala, de contexto ou de significado, explorando o valor do choque que provocam fora de sua situao convencional.(CAIXETA; FROTA, 2006: 68) Dentre as cidades europias, Barcelona, tem, em todo esse processo, papel de fundamental relevncia e destaque. , na conceituao de Eliane Caixeta e Jos DAl Frota, uma marco terico e referencial. As pesquisas desenvolvidas nesta cidade lanaram novas bases para o pensar e agir sobre os espaos urbanos contemporneos. De modo que, hoje, tem-se, pelos conceitos desenvolvidos e pelos projetos j implantados e em andamento, uma profcua base metodolgica para anlise. Foi em Barcelona que primeiramente surgiu o conceito de cidade recuperada. Foi tambm sua administrao municipal aquela que introduziu uma poltica para os espaos pblicos de destacada eficincia e operacionalidade.

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  • Em 1980, Oriol Bohigas junto outros arquitetos-pesquisadores do Laboratrio de Urbanismo da Escola Tcnica Superior de Arquitetura de Barcelona (ETSAB) conceitualizam uma ao sobre a cidade que no se pautaria mais sobre a anlise e atribuies de usos, mas se daria pela anlise detida e atenciosa de seus mais singulares elementos urbanos. Assim como mostra um extenso e recente estudo sobre a gesto da paisagem Gestion del paisaje - as intervenes de escala local so significantes e tambm atuam na formalizao da paisagem urbana, ao passo que as intervenes estruturantes determinam as relaes ou as permanncias sobre o espao urbano como um todo. Abandonaram, naquele momento, o urbanismo dito quantitativo, fugindo da abstrao dos instrumentos e tcnicas mais distanciados de controle urbanstico. Para, ento, agir segundo um repertrio de aes pontuais e criteriosas, dada a proximidade para com o objeto. As intervenes fizeram parte de uma vontade em recuperar a identidade da comunidade catal, de modo que, alm das intervenes pontuais no centro e nas periferias, tambm agiram sobre o territrio, estendendo-se a diversas cidades e povoados da Catalunha. Bohigas baseiam-se em um mtodo que denominou por modo metstico. Tirado das cincias biolgicas, este mtodo baseava-se na concepo de que as aes pontuais, metstases, irradiariam, indiretamente para seu entorno, os benefcios da atuao direta e localizada. De forma a provocar transformaes em grandes reas da cidade, pela disperso das aes locais sobre o territrio. Prevalecendo, por fim, uma ao homognea sobre todo o territrio de Barcelona, deixou de existir sentido na discriminao entre centro e periferia. Cada poro da cidade passou a ser dotada de significado e peculiaridade. Em 2006, a cidade sedia a IV Bienal Europeia da Paisagem como uma das cidades de mais expressiva produo paisagstica no contexto europeu e mundial.

    NOTA: 1. BUSQUETS, Jaume e CORTINA, Albert (coords.). Gestin Del paisaje. Manual de protec-cin, gestin y ordenacin del paisaje.

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  • 2. CONCEITUAES TERICAS 3.1. Ambiguidade do espao pblico contemporneo I Espaos do consumo I Espaos do espetculo 3.2. A transformao na concepo do espao pblico I Do funcionalismo ao espao do encontro 3.3. Novas paisagens urbanas I Arte e espao urbano 3.4. As nooes diversas de lazer I vivncia europia e vivncia latino-americana

  • 2.4. As noes diversas de lazer e espao pblico urbano A vivncia europia I A vivncia latino-americana So bem conhecidas, de senso comum, algumas das caractersticas mais marcantes que discriminam tais culturas, no entanto uma pesquisa de bases cientificas intenta explorar com propriedade o que diferencia o lazer do europeu do lazer dos latino-americanos, o que torna diferente a apropriao e uso dos espaos do lado de l (America do Norte e Europa) dos de c (Amrica Latina). Faz-se importante tal anlise para que no estudemos os projetos de um e outro lugar de forma indiscriminada, nivelando-os erroneamente sobre as mesmas bases. Camargo inicia a anlise destacando trs categorias: tempo, espao e atividade. A primeira e mais direta influncia sobre o conceito de lazer o tempo est relacionado Jornada de Trabalho. As bases brasileiras para anlise comparativa so insuficientes, de forma que o que se pode afirmar foi que os pases desenvolvidos tem mais tempo de lazer do que de trabalho. Enquanto que nos pases da Amrica Latina no se tem indcios dessa inverso entre horas de trabalho e horas de lazer. O tempo de frias remuneradas na legislao brasileira estagnou-se nos 30 dias anuais por ano de trabalho; e no mbito da aposentadoria os nmeros brasileiros equivalem aos norte-americanos. A discusso sindical acerca da reduo da jornada de trabalho para 40 horas semanais existente no contexto brasileiro. No entanto, a onda de flexibilizao predominante. O autor discrimina dois caminhos desse processo, o primeiro diz respeito a flexibilizao dos horrios permitem ao trabalhador administrar seu tempo em funo das peripcias do cotidiano, podendo trabalhar mais num dia e menos num outro, por conta de seus compromissos pessoais externos ao trabalho(DE LIMA CAMARGO, 2010: 6 ) no segundo, a jornada varia de acordo com a demanda da produo. Quando h maior demanda, a jornada se estende at o limite mximo de 44 horas semanais, se no, ao mnimo de 36. Os dois caminhos tendem a acrescentar tempo de lazer ao trabalhador. Entretanto, h tambm o perigo iminente da desregulamentao da jornada de trabalho. Neste caso, benefcios como o salrio e o tempo livre, j garantidos por lei, estariam ameaados. Com relao s atividades exercidas pelas culturas em anlise, viu-se que todas realizam o mesmo tipo de atividades de lazer, como: ida teatros, cinemas, concertos, centros culturais, restaurantes, parques verdes. A taxa cresce tanto nos pases desenvolvidos (Europeus e Norte americanos) quanto nos subdesenvolvidos latino-americanos. No entanto, os nmeros destes ltimo so comparadamente menores. Os equipamentos, da mesma forma, so de igual natureza;

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  • a diferena sempre de quantidade e qualidade. Os espaos por aqui, na Amrica Latina, so, portanto, em geral, menos abundantes e menos qualificados, dada a inferioridade da situao socioeconmica. No entanto, vale tambm lembrar que as conformaes desiguais no espao intra-urbano (VILLAA, 1998) no excluem tal discrepncia mesmo no mbito de uma mesma e nica cidade. Destaca-se, ento, outro aspecto de tempo. O tempo passado em casa. As atividades de lazer domstica tem grande participao no lazer cotidiano dos latino-americanos Na Amrica Latina, como de qualquer forma tambm na Europa e na Amrica do Norte, encontramos, de um lado, a casa, a fortaleza do lar e as atividades que a se desenrolam, na metade midiatizadas (tev, radio, jornais, livros, revistas, internet) e na metade no midiatizadas (hospitalidade domstica, cuidados com animais e plantas, todas as espcies de bricolagem e trabalhos manuais) que constituem prticas cotidianas, e, de outro, as atividades de lazer extradomstico (parques, cinema, teatro, espetculo, turismo de prazer) que ocorrem apenas dentro de uma participao mensal ou anual. (LIMA CAMARGO, 2010: 6).

    A cidade latino-americana torna-se uma cpia mais pobre, ou mesmo uma caricatura da cidade europia ou norte-americana. (LIMA CAMARGO, 2010: 10).

    Qualquer um poderia dizer sobre as diferenas entre a postura dos latino-americanos e europeus e norte-americanos com relao hospitalidade. Esse mesmo um elemento de grande diferenciao na percepo dos usos dos espaos urbanos nestas diferentes culturas. De fato, os primeiros so muito mais abertos conversa com o outro, com o estranho, nas ruas. No entanto, a postura generalizada destes no deixa de determinar um comportamento que tambm superficial. Diferente do contato com o europeu, por exemplo, que mais fechado; porm, quando estabelecido, mais ntimo.

    [] os manuais de turismo reforam um imaginrio muito rgido dos dois lados. Por exemplo, a um brasileiro que convidado para uma festa em qualquer cidade da Europa ou Amrica do Norte, eles recomendaro muita ateno : preciso chegar sempre na hora marcada, ir embora tambm na hora marcada, prestar ateno s regras de etiqueta, no constranger seus anfitries com gargalhadas, com o familiar segurar pelos braos, pois as pessoas l no gostam de contato fsico, de exteriorizao das emoes; no se deve dirigir a palavra a algum sem ter sido formalmente apresentado, pois as pessoas so mais formais, nunca perguntar sobre questes da intimidade, nunca se deve ultrapassar uma porta sem ser convidado, ou autorizado pelo seu anfitrio. Um europeu ler como recomendaes para o caso de ser convidado para uma festa familiar no Brasil, que ele no deve ser de forma alguma pontual, que o melhor chegar com um certo atraso (15 a 30 minutos) pois seus anfitries tambm no estaro prontos na hora marcada; que ele no se espante se as pessoas o abraam e o apertam demasiadamente; que, ao contrrio, devem tentar retribuir; nenhum problema, ao contrrio, em comer e beber muito ! Quanto hora de ir embora, tambm no dever ficar impaciente. Alis, ele dever considerar sempre a possibilidade de l ficar e dormir, seja porque bebeu muito seja porque seu anfitrio ignora o dever de dar ateno a todos os convidados e resolve monopoliz-lo durante toda a noite ! (LIMA CAMARGO, 2010: 11).

    O autor questiona-se acerca da validade desses conceitos j carregados de sendo comum, sem poder neg-los nem confirm-los de fato. Assume que tais caricaturas constituem um certo folclore, porm afirma relembra ainda a afirmao do filosofo italiano Domenico de Masi a gente escuta mais gargalhas em um dia no Brasil do que em uma semana na Itlia e em um ms inteiro na Sucia(citado em LIMA CAMARGO, 2010: 12). Neste texto, o autor procura deixar claro que o lazer de que trata no aquele que compe a oposio tradicional lazer-trabalho. Esse lazer dizia respeito quele tipo de sociedade, que acabara de chegar s cidades e ainda habituava-se aos meios de vida urbanos. Na contemporaneidade, o lazer define-se de modo distinto. Ele teve seu tempo conferido pela

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  • revoluo tcnico - cientifica (maior produo, menos trabalho), e mais do que isso, esse tempo voltado ao gozo, ao divertimento; no ao aprimoramento da formao educacional nem vida poltica. Conclui-se que o lazer moderno um produto do processo de urbanizao no sendo produto das sociedades desenvolvidas; j que as manifestaes culturais em So Paulo surgiram antes mesmo do inicio de seu processo de industrializao em fins do sculo XIX. Caracteriza-se por fim o homem cordial, de HOLANDA, um sujeito que guarda em si a herana da sociedade rural misturada conduta que aprendeu a exercer no seu novo meio, o urbano No se trata do homem gentil, sorridente, sem agressividade, mas de um indivduo que est perdido em algum ponto da transio da sociedade rural (que, entre ns, foi a dominante at os anos 1960) e a urbana, e, em conseqncia, dotado de uma cultura misturada com elementos da sociabilidade tradicional (marcada pelo gosto da proxemia e mesmo da intimidade) e da sociabilidade urbana (marcada pela distncia, pela etiqueta). Do ponto de vista da vida em sociedade, esta cordialidade implica em alguns atributos daquilo que ele chama o carter do povo brasileiro [].(LIMA CAMARGO, 2010: 12).

    Somos meio urbano, meio rurais. A especulao que se faz, por fim, de que essa mescla de elementos que formam o carter, especificamente do povo brasileiro, determina a peculiaridade de sua expresso comportamental em meio ao espao pblico. Nas cidades europias, de urbanizao consolidada, a esfera pblica pode ser vivenciada nos espaos urbanos acolhedores, onde se pode desfrutar da urbanidade, ver e ser visto. Nas cidades latino-americanas, sobretudo em suas reas perifricas, no do mesmo modo que os espaos livres pblicos se apresentam aos moradores destas regies mais pobres. A ltima anlise que se faz a respeito do estranho carter festivo da populao latino-americana. Tal festividade pode ser relacionada ao conceito j usado aqui e melhor explorado pela psicanalista Maria Rita Kehl. Essa estudiosa classifica a sociedade atual como a sociedade do gozo; na qual os eventos produzidos em funo do prprio sistema econmico precisam ser desfrutados em sua mxima intensidade, freqncia em todas as baladas, viradas noturnas, muita msica, muita bebida, muito cigarro, muito consumo. preciso estar em festa, em velocidade entusiasmada, para evitar maiores reflexes sobre o status quo social. Paradoxalmente, durante os anos 1950, o tempo tradicional contaminado pelo sentido da festa era considerado uma dificuldade a ser superada no caminho do desenvolvimento, na direo de uma industrializao que se estimava urgente. Para o melhor e o pior, ns no alacanamos este objetivo. Para o pior, continuamos com a etiqueta de pas emergente, com todos os demnios que acompanham esta expresso. Para o melhor, ns temos manifestaes culturais originais. Para o pior, basta olhar nossas cidades. Para o melhor, esta cultura tradicional, a se crer nos economistas do turismo e do desenvolvimento, torna-se hoje um recurso econmico. Todas as aes de valorizao do patrimnio cultural inspiram-se nesta crena. Tudo se passa como se, para falar como Srgio Buarque de Holanda, mais a cordialidade com face ldica e menos a etiqueta com a sua face sria torna-se a regra de uma urbanidade de duas faces. De um lado, ela contagiada pela alegria, feita de riso. De outro, sendo o ldico mais flexvel em relao s regras, esta urbanidade abre a porta s patologias da diferena e deve aceitar as conseqncias. (LIMA CAMARGO, 2010: 12).

    NOTAS: 2. Amrica Latina a reunio de dois grupos de sociedades, conforme a referncia s linguas e aos colonizadores : de lngua espanhola, rene mais de vinte pases, do Mxico ao Norte, at a Argentina e Chile ao Sul, cada um deles tendo peculiaridades no apenas nas suas regies como em relao aos outros; e de lngua portuguesa, com apenas um pas, o Brasil, mas de dimenses continentais e com profundas diferenas culturais no seu interior (DE LIMA CAMARGO, L.O.)3. Psicanalista, clinicando desde 1981 com adultos, em consultrio particular. Doutora em psicanlise pelo Departamento de Psicologia Clnica da PUC de So Paulo. Conferencista, ensasta e poeta. Participao na imprensa desde 1974 com artigos sobre cultura, comportamento, literatura, cinema, televiso e psicanlise. Autora de ensaios em diversas coletneas.

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  • 3. O ESPAO I preexistncias

  • 3. O ESPAO I preexistncias 3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE 3.1.2. Espao em estudo 1 - ESPAO EM PROJETO 3.2. Estudos pr-projetuais 3.2.1. Espacialidade e Usabilidade 3.2.2. ENTORNO I VISTAS

  • ESPAO EM PROJETO

    3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE Um questionamento que norteou o desenvolvimento deste trabalho - ESPAO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE Uma histria social de trs reas livres e pblicas no Conjunto Habitacional Pe. Manoel da Nbrega COHAB Itaquera IB - foi o modo como se d a relao entre o pblico e o privado na configurao scio-espacial do meio urbano. O modo, sobretudo, com que o seu desenvolvimento desigual acaba por definir a histria social de cada regio de uma cidade. abordada uma gama de questes referentes ao desenvolvimento da cidade de So Paulo e sobre seu processo bastante acelerado de crescimento urbano e de periferizao. As migraes em massa, as polticas pblicas no mbito do desenvolvimento industrial e as aes no campo da questo habitacional so assuntos correlatos, quando se pretende discutir a conformao espacial observada hoje nesta cidade. a partir de objetos especficos trs espaos da COHAB Itaquera IB Padre Manoel da Nbrega que esta pesquisa pretende abordar a configurao dos espaos livres pblicos na realidade urbana da periferia leste da cidade de So Paulo e a destinao, nem sempre recorrente, destes espaos como loci das relaes urbanas de carter coletivo. Entender a histria socialdessas reas, ou seja, os processos sociais, econmicos e polticos que agiram, e que ainda agem, sobre elas, ao longo do tempo, eque lhes conferiram suas atuais configuraes de estado e uso foi intuito principal deste estudo.

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  • A consulta populao confirma esse carter meramente funcional do espao. verdade que usos de lazer podem ser observados, principalmente por jovens na faixa de 12-18 anos, mas no possvel, dada sua inospitalidade, consider-lo, como espao de lazer. Apenas 2 em 15 pessoas assim o consideraram. Ainda que, muito provavelmente, no o considerem devidamente qualificado para tanto.Com a ocupao indevida dos esqueletos deixados aps a demolio dos prdios at mesmo seu uso de trnsito de pedestres ficou prejudicado. Era, de fato, inaceitvel que esta condio se estendesse. De modo que os moradores dos prdios limtrofes ao terreno, sob organizao de seus sndicos, trataram de desenvolver um abaixo-assinado para a demolio das estruturas residuais. Reivindicaram a demolio destas ltimas por mais de 20 anos, insistentemente. Apenas h cerca de um ano e meio, em 2007, obtiveram uma resposta por parte do Poder Pblico Municipal. Por meio do contato com um assessor da Subprefeitura da Penha, Waldir Alves da Silva, chamado por Waldir Serralheiro, h muito tempo conhecido pelos moradores da regio leste, os prdios abandonados foram finalmente demolidos.

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  • 3.1.2. Espao em estudo 1 - ESPAO EM PROJETO

    Terreno baldio a expresso comumente usada para a denominao de espaos similares a este. Sua configurao de total abandono e descaso, de total ausncia de manuteno ou mesmo de qualquer ateno despendida. Ainda escondidos sob o mato crescido que domina boa parte desse espao esto os resqucios de uma ocupao que precede seu atual abandono. Antes, apenas para deixar claras as questes territoriais, o espao em estudo 1 no est totalmente inserido nos limites do Conjunto Itaquera IB Pe. Manoel da Nbrega. Uma poro de seu espao fica situada no Conjunto Itaquera IC Pe. Manoel de Paiva. Entretanto, para efeitos prticos e de relao urbana tais divises no tem muito sentido ou relevncia. Originalmente, segundo os clculos estatsticos feitos pela COHAB-SP quando do estudo da rea de implantao de seu conjunto, parte deste espao foi denominada como rea verde (A.V.), atualmente sob posse da Subprefeitura da Penha, e outra parte como rea Reservada para a COHAB-SP. Quanto a esta ultima rea, a Companhia diz pretender a obteno de recursos para iniciar novas obras de habitao. A rea verde (A.V.) no possui, no momento, qualificao alguma; e isso se deve, em grande medida, ao prprio desconhecimento da subdiviso municipal de governo acerca dos espaos pblicos que esto sob sua responsabilidade. No se conseguiu, ainda, nenhum parecer sobre aes futuras da Subprefeitura, se que alguma ao est sendo, ou ser em algum momento, pensada. Na rea Reservada para a COHAB-SP, deste espao, foi iniciada a construo de blocos de habitao durante a administrao de Jnio Quadros da Prefeitura da Cidade de So Paulo (1985 - 1989) pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Os prdios foram construdos e tiveram o processo interrompido pelo Ministrio Pblico antes de conclusas suas obras. No receberam sequer seus novos moradores. Os prdios apresentaram infiltraes severa mente danosas que acarretaram sua no ocupao naquele momento e retardaram qualquer ocupao posterior por blocos de habitao. Ao invs de serem posteriormente demolidos, os esqueletos de prdios foram deixados no local. A tais estruturas mortas logo foram atribudos alguns outros usos, mais que indesejados. Grupos de usurios de drogas passaram a se reunir ali, criando grande insegurana aos demais moradores da regio. O espao no possua, nem possui at o presente momento qualquer qualificao ou funo atribuda. Apenas configura-se como uma passagem, mesmo um corte de caminho, um atalho de percurso bastante desagradvel, porm muito utilizado pelos moradores das proximidades.

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  • Fotos dos esqueletos de prdios , tiradas no dia da demolio, em 2007. FONTE: Revista Waldir Serralheiro (antigo assessor da Subprefeitura da Penha); obtida com sndico de um dos prdios limtrofes ao espao em estudo 1 .

    Alguns comerciantes, residentes do prprio conjunto, relatam que, sem a construo que dava abrigo ao de traficantes e usurios de drogas, julgam o local seguro apesar de seu aspecto ruim. Podemos observar com isso o modo como os antigos moradores, comerciantes de garagem, to tpicos desses Conjuntos Habitacionais, servem como valiosos olhos da rua (JACOBS, 1961), zelosos pelo bem estar de seus vizinhos e de todos que por ali precisem transitar. Ainda assim, apesar da conceituao do espao como seguro por alguns desses moradores, a consulta pblica realizada no reafirma essa opinio. A grande maioria, 87% dos consultados, considera o local inseguro, e 67% considera inseguro em todos os perodos do dia. Todos vem como necessria a proviso de algum tipo de qualificao ao espao para que essa condio indesejada seja transformada. unnime a opinio de a manuteno despendida pelo Poder Pblico insuficiente. Quanto a isso, nem precisamos nos delongar. muito claro que a populao no est satisfeita. O espao d margem ocorrncia de muitos usos indevidos, so precisas e enfticas as opinies de moradores que relatam ser qualquer uso que ocorra ali, pela simples razo de ali acontecer, inadequado. O espao , sobretudo,

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  • inadequao a qualquer uso que se pretenda benfico populao. Sua constituio material, fsica, limitante; compromete qualquer apropriao. recorrente que mesmo aqueles que ali moram, nos prdios mais prximos e na regio, entendam ser tambm indevida a prpria manuteno que os prprios moradores conferem ao espao. certo que o lugar no condiciona nenhum tipo de apreo ou de sensibilizao ao seu cuidado mais afeito. No entanto, uma ao de descaso, que parte de um dos lados, o da municipalidade, poderia, ao menos, no ser reforada, com mais descaso da populao. Que , em verdade, a que mais deveria se preocupar. Uma pequena parte se mobiliza, e consegue, depois de muitos anos, para o beneficio de todos, a demolio de um resqucio que era mesmo smbolo dessas posturas. No entanto, a mobilizao , comumente, muito reduzida. O despejo de lixo e entulho no local o uso inadequado mais apontado pela pesquisa com a populao e pelas constantes visitas, at mais do que o uso corrente do espao para o consumo de entorpecentes. Alguma qualificao ao local talvez minimize a noo, que alguns muncipes tm, de que o espao est ali disposio, para receber o lixo que eles geraram e com cuja destinao no quiseram muito se preocupar. 24

  • Em funo disso, no um fato isolado a inteno de alguns moradores, na ausncia de aes governamentais, de tomar para si a responsabilidade sobre alguma mnima qualificao do espao. ouvido de alguns moradores do local que, cansados de buscar resposta da Subprefeitura, investiriam eles mesmos na implantao de equipamentos para o local geralmente, brinquedos de parque infantil, caso obtivessem permisso. de se esperar, a partir disso, outras aes que so conseqentes. Para que se garanta a boa manuteno dos equipamentos, muito provavelmente, aqueles que ali os colocaram considerariam a necessidade de restringir, de algum modo, seu uso, ao menos em determinados perodos do dia; ou at mesmo, talvez, restringir seu uso por determinado pblico que no se considere adequado. O que se percebe, com isso, que um espao, que pblico, tem nesse tipo de apropriao, cuja inteno, sem dvida, no outra que no a de conferir ao espao algum uso e alguma vida, um forte comprometimento. Passa-se a entend-lo, com isso, como espao sob cuidado de alguns poucos, e assim, como espao sob a manuteno destes poucos, at que enfim, como espao sob algum tipo de posse destes poucos.Alguma noo de privado e, portanto, de restries, passa a pairar sobre este espao pblico,

    atingindo incisivamente este seu carter elementar. A possibilidade de uso, que de toda e qualquer pessoa, torna-se, assim, muito facilmente, inibida. Ocorre, neste sentido, uma problemtica confuso ou, mais precisamente, uma inverso quanto s competncias e atribuies de cada uma das partes que definem a relao entre o pblico e privado. O risco dessa ambigidade, ento, criada precisa ser considerado. Quando questionados, os moradores mostram terem idias diferentes acerca da destinao desejada ao espao. Houve certa predominncia quanto vontade de que ao espao seja direcionada implantao de algum equipamento de sade (46%). No entanto, uma concluso mais refinada, que possa embasar um projeto futuro, requer ainda uma pesquisa mais generalizada e de maior e mais ampla aproximao com os moradores. As pesquisas projetuais, sobre este espao, a serem realizadas na prxima fase da pesquisa tero na ampliao dessa consulta pblica um constituinte fundamental. Uma vez demolidos os tais esqueletos de prdios, nada mais aconteceu e nem acontece nesse espao, e isso, por si s, j um erro. inaceitvel que este local, com seu aspecto atual um matagal extenso e descontnuo, um terreno lamacento, com uma escassa ou mesmo total ausncia de iluminao pblica, se mantenha como o espao livre urbano que oferecido a populao que ali habita.

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  • 3. O ESPAO I preexistncias 3.1. Primeiros estudos I pesquisa analitica 2008-2009 3.1.1. Resumo da pesquisa ESPAO, SOCIEDADE E SOCIABILIDADE 3.1.2. Espao em estudo 1 - ESPAO EM PROJETO 3.2. Estudos pr-projetuais 3.2.1. ENTORNO I VISTAS 3.2.2. Espacialidade e Usabilidade

  • ESPAO EM PROJETO

    3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pr-projetuais I 3.2.1. ENTORNO 27

  • COHAB Itaquera I ABC

    Zona leste SP

    ESPAO EM PROJETO

    3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pr-projetuais I 3.2.1. ENTORNO 28

  • ESPAO EM PROJETO3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pr-projetuais I 3.2.1. ENTORNO 29

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pr-projetuais I 3.2.1. ENTORNO 30

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pr-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA NORTE 31

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pr-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA SUL 32

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA LESTE 33

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA OESTE 34

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA PANORMICA 35

  • 3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.1 O entorno I VISTAS_ VISTA PANORMICA 36

  • cam

    inho

    mur

    ado

    MUROS

    MUROS

    MUROS ALTOS

    MUROS ALTOS

    caminho de escassa visibilidade e insegu-

    rana consequente

    lixolixo

    lixo

    lixo

    percursos mais intensos e fre-quentes, durante toda poro de

    dia claro. Marcados no solo, pelos riscos sem gramado.

    Poro marcada pelo desnvel de apro-imadamente 4m, em relao ao

    centro do terreno. Faixa tambm uti-lizada como meio de cruzar o espao

    do terreno, principalmente por aqueles que pretendem acessar a

    travessa Antnio Brunelli - caminho murado adiante.

    estarconversas

    dia

    BARLAN HOUSE

    movimento constanteolhos da ruavisibilidade

    conversas - interaesdias e noitestodos os dias

    Os muros delimitama diviso entre o terreno e os lotes vizinhos, realizando tambm a con-teno do terreno vizinho, em cota superior de aproximadamente 12-13 metros. Os muros esto aos pedaos e fragmentados, pelos j

    ocorridos desmoronamentos.

    PIPASFUTEBOL

    atividades diversasESPAO CENTRALmovimento constante

    PERCURSOS

    FUTEBOLPIPAS

    O uso do espao para recreao corrente, principalemente nos fins de semana e em perodos de recesso escolar. Utilizado por crianas e adolescentes, normalmente

    envolvidos em atividades como empinar pipa ou jogar futebol.

    MUROS

    MU

    ROS

    MU

    ROS

    lixo

    Acesso feira livre de sbado ( rua paralela)

    Acesso feira livre de quarta-feira

    Muros construdos pelos prdios, a fim de delimitar seu prprio lote - deixado aberto por uma mistura ambgua de polticas fracas de habitao e adoo equivocada da concepo

    modernista de trreo livre e pblico. Muros de construo precria, sem concordncias com os demais lotes, nem com o espao externo.

    3. O ESPAO I preexistncias I 3.2 Estudos pre-projetuais I 3.2.2 Espacialidade e Usabilidade 37

  • 4. O ESPAO I proposies

  • 4. O ESPAO I proposies 4.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL 4.2. PROPOSTA PROJETUAL I elementos PERCURSOS I interaes TRANSIES I half pipe e bowl PERMANNCIAS I bancos e iluminao IMPERMANNCIAS I elementos vivo EXPERIMENTAES I cercamentos

  • 5.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL A concluso deste estudo o projeto. Neste projeto de espao livre e pblico urbano o que se tentou, enfim, foi propor um pouco a mais. Propor a reviso, por meio de um desenho que pudesse, aliado pesquisa acerca das experimentaes paisagsticas mais destacadas na contemporaneidade, chamar a ateno para a condio vazia daquele espao. Vazia, por materialidade, claramente. Mas tambm, vazia de sentido, de relaes, de permanncias. Conformado pelos muros erigidos no limite de cada lote de cada prdio e, tambm, por desacertos administrativos e polticos, em ampla escala, esse espao chamou a ateno pesquisa e proposio projetual conseqente por estar, em sua histria ou no histria, em seu lugar ou no lugar, arraigado de questes latentes basilares construo dos espaos livres urbanos e do pensamento que se faz ou que se deixa de fazer sobre eles. A reviso de um paradigma moderno o qual modificou antigos espaos e projetou tantos outros, desconstruindo e construindo tradies as conseqentes transformaes acerca da concepo e ao sobre o meio urbano que se fizeram mais destacadas em pases europeus assim como a ousadia de projetos como aqueles realizados em Barcelona, bem como as diferenas entre o contexto europeu e latino americano foram temas que cercaram a apropriao que se tentou fazer desse espao como resultado propositivo de seu estudo. Entend-lo como ambiente cercado destas tantas questes, torna seu estudo e projeto um exerccio que permeia, inevitavelmente, o limite entre sua realidade atual e concreta e outras possibilidades de vida urbana, hoje remotas. O projeto no poderia deixar de ser realizado neste limiar, no poderia deixar de realizar essa busca, ainda que se entenda que sem a tomada de postura reivindicatria dos prprios moradores mais interessados, dificilmente um espao livre como este seria mais que um gramado aparado, com uma ou outra rvore, e equipado com banquetas de concreto. De incio, este espao apresentou-se como um local de no permanncia. Um local que se definiu por caminhos, atalhos e cortes de caminho. Faz-se movimentado durante a luz do dia pela passagem bastante constante de pessoas. Deste modo, o desenho do espao iniciou-se pelos percursos, pelas linhas traadas no prprio solo em que fica o rastro sem gramado. Diferente de outros terrenos em desuso de condio similar, sua morfologia definida como espao entre e no encerrado em si, faz com que sua vida exista nesta atividade rotineira do ir e vir. E nesta movimentao, foram desenhados caminhos compostos por faixas que se ampliam e se encontram, definindo uma trama. Nestas tramas pontuam-se os locais de encontro e de permanncia. A fim de constituir esses espaos, que no se criariam apenas com percursos, usou-se de algumas reentrncias do limite construdo pelos muros para determinar espaos reservados ao uso comercial de pequenas lojas, como vendas de alimentos, bebidas, itens bsicos, etc. Os estudos de Whyte Junior, de Jane Jacobs e Jan Gehl so alguns que enfatizam a relao entre a diversidade

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  • de usos e a diversidade de usurios e de vida urbana. Pequenos estabelecimentos de alimentao, no espao mais amplo, ao lado leste do terreno intentam criam ali um grande espao de estar, de conversas e de animao. Os dois pontos comerciais em porta de garagem que ali existem, um bar e uma lan house, j conferem ao local a permanncia de um pequeno grupo de amigos e fregueses assduos, em praticamente todos os horrios do dia e todos os dias da semana. Este ambiente inserido no todo do projeto surge, tomando parte desse pequeno expoente de uso e permanncia. Outros elementos que definem a permanncia em espaos pblicos, enfatizados tambm em Whyte Junior, so os bancos. As pessoas permanecem em locais em que elas possam se sentar. Os bancos desse projeto so extensos, no pretendem constituir-se em pequenas peas de mobilirio urbano, espalhadas pelo espao. Surgiram, desde os primeiros desenhos, como elementos integrantes da morfologia do prprio terreno. Tomando parte de suas diferentes inclinaes, tais elementos delineiam os caminhos e

    tm seus comprimentos definidos. Em inclinaes de 0,06 (6%), 0,07 (7%) e 0,08 (8%) os comprimentos variam, sendo respectivamente: 8,5m, 7,0m e 6,25m. Tais comprimentos so definidos diretamente da relao entre a altura do assento e a linha de inclinao. Em Julius Panero foram buscadas as dimenses antropomrficas que refinaram os desenhos iniciais, esculpindo a forma do assento em acordo com as diferentes figuras humanas. O assento amplia-se em altura e largura, gradativamente, na medida em que ganha comprimento. De modo que, assim, conformam-se assentos que se adquam aos diferentes percentis, como tambm s diferentes fases e tamanhos das pessoas, de crianas a adultos. Alguns deles partem do cho e ganham sua dimenso. J outros comeam na dimenso mnima e ganham dimenso, tendo, portanto, menor comprimento. As pranchas grficas seguintes esclarecem essa descrio geral. A segurana do estar no espao pblico tem na iluminao um item de fundamental importncia. A iluminao no projeto divide-se entre iluminao pontual e perifrica. As luminrias pontuais esto distribudas pelos caminhos e intercaladas entre os bancos e os pontos de iluminao perifrica permeiam o permetro dos muros limtrofes, em seu ponto mais alto. A presena dos muros que delimitam este espao, como j pontuada, marcante e extremamente rgida em sua relao com o interior do terreno. Os caminhos existentes que o cortam predominantemente no centro e se abrem nas extremidades, por vezes constroem-se nas periferias, definindo caminhos escondidos pelas elevaes do terreno e que se encostam nos muros. Isso crtico no muro que limita o lado norte do terreno. Neste local, surgiu a necessidade de tentar modificar a rgida relao entre o plano horizontal e vertical. O mpeto foi o de reformular, nesta linha a norte, essa relao. Pretendeu-se eliminar o ngulo reto, evitar que quaisquer caminhos ou atalhos pudessem se dar por ali. Transformou-se em curva o encontro ortogonal. A pista de skate e patins, chamadas pelos nomes em ingls de half pipe (meio cano) e bowl (piscina) significam aqui, para alm do lugar para a prtica desses esportes em si, elementos de transio. Todo espao contm tambm suas no permanncias, sua mutabilidade. Para alm da inconstncia trazida pelas pessoas em suas diferentes atividades e interaes, a paisagem natural tambm importante elemento mutante. As rvores, como elementos vivos, definem diferentes paisagens em seus diferentes ciclos de vida. Neste projeto, as cores que surgem no perodo de florao dos ips amarelos e rosas e das eritrinas colorem o outono e o inverno. Os jacarands e os paus-ferro colorem a primavera e o vero. Os esquemas visuais feitos em planta e no corte B-B pretendem ilustrar essa paisagem conferida pela combinao de diferentes espcies de rvores. Neste ponto, possvel evidenciar a congruncia entre os elementos do projeto que esto separados em pontos neste memorial, mas que, em verdade, so pensados sempre de forma en_

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  • trelaada e interdependente. No espao de estar (a leste) conformado pela nova atividade comercial e pelos caminhos, so definidos, na trama de encontro dos riscos no cho, os pontos de plantao dos ips amarelos. Nestas interseces do desenho do piso, nascem os ips de florao amarela (Tabebuia chrysotricha). Entre estes, no ponto mdio, nascem as eritrinas (Erythrina speciosa), pontuando, no outono-inverno perodo de florao dessas espcies as flores vermelhas no conjunto amarelo. Ainda no outono-inverno, as mulungus (Erythrina verna) e os ips brancos e rosas, em meio a paus-ferros e jacarands arvores em florem apenas no perodo da primavera-vero participam dessa combinao de cores. Na primavera-vero, assim, a paisagem se transforma, os ips e eritrinas recuperam suas folhas, j os jacarands conferem o roxo de suas flores, as quais permeiam o amarelo da florao do paus-ferro. Toda essa transformao sobre o espao proposta em projeto no designa, isoladamente, a despeito do desejo dos que o desenham, mudanas, sejam estas de pensamento, ideais, postura, polticas

    ou sociais. O encontro e a troca entre diferentes pensamentos e idias, que se do nestes espaos, so os que podem, por sua vez, foment-las. Ao desenho do espao cabe ento, ao menos, tentar instigar tais interaes. Isso dito, pois, esse espao teve sua conformao dada pelo cercamento de cada lote, numa tentativa abrupta daqueles moradores de transformar o espao, a fim de resgatar um tecido urbano que lhes era mais conhecido de distines bem definidas entre o pblico e o privado. Essa circunstncia alm de tantas outras como violncia urbana, predomnio da individualizao sobre o coletivismo, etc. refora, nos comentrios tantas vezes ouvidos, a noo do fechamento. Porque no fechar?; Poderamos colocar um porto e fechar durante a noite; Queria fazer uma rea para as crianas, colocar um cercadinho para proteger. Essas so frases no literais, so escritas por memria. No entanto, so importantssimas, pois marcaram decididamente esse processo de estudo e proposta. A noo, ou vontade, do fechar cercar pesava sobre a vontade de pensar sobre o espao comunal, das mltiplas interaes e encontros. Nesse sentido, buscou-se neste desenho um elemento da paisagem que pudesse comunicar tais questes. Elemento este que pudesse materializar o fato de que a noo de proteo daquilo que propriedade e de desdm do que comunal no apenas persiste como , cada vez mais, de grande predominncia. Assim, o ip branco tem aqui uma importncia destacada. Decidiu-se cerc-lo. Em uma experimentao conceitual, pretendeu-se com isso explorar a simbologia do cercamento, ou enclausuramento, de algo vivo e comum. Para questionar a vontade de trancar, de guardar, garantir para si ou para poucos, o que de todos. Criou-se, em trs pontos do espao, esse contraste incongruente entre algo vivo e belo, plantado no espao de uso pblico, e a rigidez segregacionista dos limites criados. Neste sentido, quando esses limites cercam tambm pedaos dos assentos pblicos, pretendem causar o estranhamento Se existe o banco pblico, porque est preso no cercamento?, Porque no posso sentar?, Ser que se pode sentar?. Estudando, durante esses dois anos, entre pesquisa e projeto, a relao conflituosa entre os limites do pblico e do privado, tendo como espao de pesquisa, a regio do Conjunto Pe Manoel da Nbrega (COHAB-SP), as possibilidades propositivas sobre os espaos pblicos, ainda mais nesta conjuntura de regio perifrica, so sempre difceis e limitantes. No entanto, a inteno deste projeto foi de rever conceitos e propor elementos e experincias, embasados em leituras e estudos e tambm em constantes observaes e percepes pessoais sobre o espao estudado, de forma a chegar num resultado que denotasse o interesse e a esperana acerca das possibilidades dos espaos urbanos.

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  • 10m 20m 50m0mN

    4. O ESPAO I proposies I 4.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 1_ especificaes tcnicas 43

  • 10m 20m 50m0mN4. O ESPAO I proposies I 4.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 2_ representao ilustrativa (sem projeto de arborizao) 44

  • 10m 20m 50m0mN

    4. O ESPAO I proposies I 4.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 3_ representao ilustrativa do projeto de arborizao (perodo outono-inverno) 45

  • 10m 20m 50m0mN4. O ESPAO I proposies I 4.1. Concluses : PROPOSTA PROJETUAL_ PLANTA 4_ representao ilustrativa do projeto paisagstico (perodo primavera-vero) 46

  • 3 . O E S P A O I p r o p o s i e s

    5 . 1 . C o n c l u s e s : P R O P O S T A P R O J E T U A L

    5 . 2 . P R O P O S T A P R O J E T U A L I e l e m e n t o s

    P E R C U R S O S I i n t e r a e s

    T R A N S I E S I h a l f p i p e e b o w l

    P E R M A N N C I A S I b a n c o s e i l u m i n a o

    I M P E R M A N N C I A S I e l e m e n t o s v i v o

    E X P E R I M E N T A E S I c e r c a m e n t o s

  • i n t e r a e s I p e r c u r s o s

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    N

    0 m0 m0 m 1 0 m1 0 m1 0 m1 0 m

    D u a s l i n h a s p r i n c i p a i s d e p e r c u r s o j s e

    d e s e n h a v a m n o t e r r e n o , p e l a m a r c a n o

    s o l o d a c o n s t a n t e p a s s a g e m . O p r o j e t o

    q u i s p a r t i r d e s s e s p e r c u r s o s m a t e r i a l i z a -

    d o s n o e s p a o p a r a a d e f i n i o d e s e u s

    c a m i n h o s e d e s e n h o d o p i s o .

    N o v a s l i n h a s e s t r u t u r a d o r a s

    d o d e s e n h o s u r g i r a m a p a r t i r

    d o s t r a o s p r e e x i s t e n t e s .

    E s t a s f o r a m d e f i n i d a s

    c o n s i d e r a n d o a s n o v a s

    p o s s i b i l i d a d e s d e p e r c u r s o s e

    i n t e r a e s c r i a d a s p o r m e i o

    d o s e l e m e n t o s p r o j e t a d o s , e m

    e s p e c i a l a s r e a s d e a t i v i d a d e

    c o m e r c i a l

    E s s a t r a v e s s a c o n f o r m a - s e a t u a l m e n t e c o m o u m c a m i n h o

    e s t r e i t o d e f i n i d o a p e n a s p e l a s f a c e s c e g a s d o s m u r o s q u e

    d e l i m i t a m o s l o t e s . L o n g o p e r c u r s o m u r a d o , d e p r e c a r i a

    v i s i b i l i d a d e e c o n s e q u e n t e i n s e g u r a n a . P o r s e r v i r d e a c e s s o

    m a i s i m e d i a t o d e t e r m i n a d a s r u a s e , p r i n c i p a l m e n t e ,

    e s t a o d e m e t r A r t u r A l v i m , o a t a l h o c o r r e n t e m e n t e

    u t i l i z a d o d u r a n t e o d i a , a p e s a r d a i n s e g u r a n a e x i s t i r

    m e s m o d u r a n t e e s s e p e r i o d o , s e g u n d o r e l a t o s . A d i v e r s i d a d e

    d e u s o s e o s o l h o s d a r u a j l a r g a m e n t e t r a b a l h a d a s n a

    l i t e r a t u r a d a r e a ( J A C O B S , 2 0 0 1 ) , n o d e i x a m d v i d a s d e

    q u e u m e l e m e n t o s i m p l e s p a r a a t r a n s f o r m a o d e s s a

    c o n d i o a a t i v i d a d e c o m e r c i a l . d e s s a f o r m a o u s o d o

    a t a l h o p o d e s e d a r n o r m a l m e n t e e c o m s e g u r a n a . A i m p o r -

    t a n c i a d e s s e p e r c u r s o j a l i p r e e x i s t e n t e , p o r t a n t o , s e r e f o r a .

    D e s i g n o u - s e u m a r e a c o m e r c i a l n e s t e e s p a o q u e a t u a l m e n t e

    c o n f i g u r a - s e p o r m e i o d o s b a r r a n c o s d e c o n t e n o d o t e r r e n o e m

    c o t a s u p e r i o r ( S u l ) . M u r o s a o s p e d a o s d e l i m i t a m p r e c a r i -

    a m e n t e o s d i f e r e n t e s n v e i s e x i s t e n t e s e n t r e o t e r r e n o e m p r o j e t o

    e o e n t o r n o , s e n d o m a i s e x t r e m a a c o n d i o d e s s a r e a c u j a

    d i f e r e n a e n t r e n i v e i s a m a i s a m p l a , c e r c a d e 1 2 m . A d e t e r m i -

    n a o d e r e a p a r a c o m r c i o d e a l i m e n t o s e b e b i d a s t e v e t a n t o a

    i n t e n o d e r e d u z i r o g r a n d e r e c u o e n t r e o l i m i t e d o t e r r e n o

    n e s t e p o n t o e s e u a m b i e n t e c e n t r a l , c o m o t a m b m d e p o t e n c i a l i -

    z a r n e s t e l o c a l a a t u a l m e n t e r e d u z i d a p e r m a n n c i a .

    e s t a b e l e c i m e n t o s

    c o m e r c i a i s j e x i s -

    t e n t e s - u m a l a n

    h o u s e e u m p e q u e n o

    b a r - s o r e s p o n -

    s v e i s p e l a e s c a s s a

    v i t a l i d a d e e v i g i l n -

    c i a d o l o c a l . A i n d a

    q u e t a l p e r m a n e n c i a

    a o r e d o r d o p o n t o

    c o m e r c i a l s e j a

    F o r a m r e s e r v a d a s t a m b m

    r e a s p a r a p e q u e n a s l o j a s

    s o b a l a j e c o t a + 8 1 5 m ,

    c r i a d a p e l a c o n t i n u i d a d e

    d o n v e l d a p i s t a h a l f p i p e

    q u e s e i n i c i a d o l i m i t e

    o e s t e d o t e r r e n o .

    O s r i s c o s s o b r e d e f i n e m

    f a i x a s s o b r e o p i s o q u e s e

    a m p l i a m e s e i n t e r c e p t a m

    c o n s t i t u i n d o t r a m a s . A s

    l i n h a s d e f i n e m a p r e d o m i -

    n a n c i a d o p e r c u r s o ; e a s

    t r a m a s , a d a p e r m a n n c i a .

    H t a m b m o p e r c u r s o

    c r i a d o a o l a d o d a p i s t a

    h a l f p i p e , d e u s o m a i s

    i m e d i a t o d o s e s p o r t i s -

    t a s , m a s d e a c e s s o l i v r e ,

    e q u e d a c e s s o a o

    t e r r a o a c o t a + 8 1 5 m .

    + 8 1 5 m

    5 5

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    5 6

  • 5 m0 m 1 0 m 2 0 m

    C O R T E E - E

    5 8

  • t r a n s i e s I p i s t a h a l f p i p e e b o w l

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    t r e c h o e m h a l f p i p e

    t r e c h o e m b o w l ( p i s c i n a )

    C o m o p o d e - s e o b s e r v a r n a v i s t a p a n o r m i c a , d e s e n t i d o O E S T E - L E S T E ,

    e x i s t e n e s t a r e a u m a d e s c i d a a b r u p t a d e n i v e l , t e n d o c o m o r e f e r n c i a a r e a c e n t r a l d o

    t e r r e n o . E s s a f a i x a r e b a i x a d a j e x i s t e n t e d e l i m i t a d a n o r t e p e l o s m u r o s c e g o s d o p r d i o s d e h a b i t a o .

    D e f o r m a q u e , c o n f i g u r a - s e c o m o u m v o n o t e r r e n o , d e s p r o v i d o d e q u a l q u e r v i s i b i l i d a d e a b a s t a n t e

    a t r a t i v o a o d e s p e j o d e e n t u l h o e o u t r o s l i x o s d e t o d a n a t u r e z a . Q u i s - s e , e n t o , m o d i f i c a r

    a r e l a o e n t r e o p l a n o v e r t i c a l d o m u r o e o p l a n o h o r i z o n t a l d o s o l o . M o r f o l o g i c a m e n t e , p r e t e n d i a - s e

    q u e d e s t e v o , p a r t i s s e - s e p a r a a c o n s t r u o d e u m a l i n h a d e r e l e v o q u e m a r c a s s e e s s a v i s t a ( l i n h a q u e p o d e

    s e r o b s e r v a d a n o c o r t e D - D ) . E n c a i x o u - s e a p i s t a d e s k a t e n e s s a r e e n t r a n c i a d o r e l e v o , b u s c a n d o e l i m i n a r a

    r e l a a o d o v o c o m o m u r o , e v i t a n d o a p o s s i b i l i d a d e d e m a n u t e n o d e s t e b e c o . p a r t i c u l a r i a d e

    d e n v e l d e s t e t r e c h o f o i a t r i b u d a u m a a t i v i d a d e d e t e r m i n a d a , u m c a r a t e r d e e s p a c i a l i d a d e .

    A e n t r a d a e s a d a d a p i s t a f a z - s e p o r m e i o

    d e u m a r a m p a d e l e v e i n c l i n a o ( 0 , 0 4 - 4 % ) ,

    i s o l a d a d o p e r c u r s o d o s p e d e s t r e s .

    p e r m e t r o m u r a d o

    T e r r a o c r i a d o p e l a d i f e r e n a d e n v e l

    e n t r e a d e c l i v i d a d e d o t e r r e n o , d e 8 % n o t r e c h o

    p a r a l e l o a o l a d o , e a c o n t i n u i d a d e e m n v e l ,

    + 8 1 5 m , d a p i s t a d e s k a t e e p a t i n s . P r e t e n d e - s e

    u m e s p a o d e e n c o n t r o .

    + 8 1 5 m

    + 8 1 2 m

    . . . a m o d a l i d a d e v e r t i c a l p r a t i c a d a e m u m a

    p i s t a c o m c u r v a s ( t r a n s i e s ) [ . . . ] A p i s t a q u e

    a p r e s e n t a a f o r m a d e U c h a m a d a d e h a l f p i p e e

    p o d e s e r f e i t a d e m a d e i r a o u c o n c r e t o .

    ( e m w w w . r e v i s t a d e c i f r a m e . c o m )

    t i d a c o m o u m a d a s m o d a l i d a d e s m a i s l o u c a s d e s k a t e , p o i s

    p r a t i c a d a e m p i s c i n a s v a z i a s d e f u n d o d e q u i n t a l , q u e c o m s u a s p a r e d e s

    a r r e d o n d a d a s s o v e r d a d e i r a s p i s t a s d e s k a t e . N a r e a l i d a d e a s p i s t a d e s k a t e

    e m f o r m a d e B o w l ( b a c i a ) s o i n s p i r a d a s n a s p i s c i n a s q u e t i n h a m a t r a n s i o

    r e d o n d a : a z u l e j o s e c o p i n g . O f u n d o r e d o n d o d a s p i s c i n a s a m e r i c a n a s p a r a o

    c a s o d e a g u a c o n g e l a r , a s p a r e d e s n o a r r e b e n t a r e m , p o i s n e s s e c a s o o

    g e l o s e d e s l o c a r i a p a r a c i m a , n o f a z e n d o p r e s s o n a s p a r e d e s . N a d c a d a

    d e 7 0 , a l g u n s s k a t i s t a s c a l i f o r n i a n o s , m a s p r e c i s a m e n t e d e S a n t a M n i c a ,

    s e a v e n t u r a r a m a a n d a r e p i s c i n a s v a z i a s . E a s s i m f o i c r i a d a a P o o l R i d i n g .

    p a s s a g e m d e p e d e s t r e s

    6 0

  • ! " # $ % & ' &

    ( % )* % ) + * % ) , * % )

    ! " # $ % - ' -

    ( % )* % ) + * % ) , * % )

    . ,

  • p e r m a n n c i a s I b a n c o s e i l u m i n a o

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    T r s c a b o s e n t r e l a a d o s , a p o i a d o s e m

    d o i s p o n t o s i n t e r m e d i r i o s , c o n s t i t u i n d o

    j u n t o s u m a e s t r u t u r a e m t r i p .

    54

    cm

    50

    cm20

    cm

    20

    cm

    22

    cm

    8 c m

    R 0,1

    R 0,04

    8 5 0 c m - 7 0 0 c m - 6 2 5 c m c o m p r i m e n t o

    i n c l i n a o d o t e r r e n o

    c o m p r i m e n t o

    i n c l i n a o d o t e r r e n o

    0 , 0 6 - 0 , 0 7 - 0 , 0 8 0 , 0 6 - 0 , 0 7 - 0 , 0 8

    5 4 0 c m - 4 6 5 c m - 4 1 5 c m

    c o m p r i m e n t o

    i n c l i n a o d o t e r r e n o

    h = 2 6 c m h = 3 3 , 3 c m h = 3 9 , 9 c m

    h = 3 9 , 9 c m

    h = 3 3 , 3 c m h = 2 6 c m

    5 p e r c e n t i l

    i n f a n t i l

    f e m i n i n o

    5 p e r c e n t i l

    i n f a n t i l

    f e m i n i n o

    1 1 a n o s( 6 a n o s )

    5 0 p e r c e n t i l

    a d u l t o

    f e m i n i n o

    h = 5 4 c m

    9 5 p e r c e n t i l

    a d u l t o

    m a s c u l i n o p

    a l g u n s d o s r e f e r e n c i a i s a n t r o p o m t r i c o s

    20

    cm

    22

    cm

    R 0,

    04

    A i l u m i n a o d a r e a p r o j e t a d a

    d i v i d e - s e e n t r e i l u m i n a o p e r i f r i c a ,

    l o c a l i z a d a n o t o p o d o s m u r o s

    p e r i m e t r a i s ; e p o n t u a l , p o r

    m e i o d e l u m i n r i a s

    d i s t r i b u d a s n o e s p a o .

    S o d o i s o s t i p o s d e b a n c o s p r o j e t a d o s , e s t e s s e a d a p t a m a s t r s d i f e r e n t e s

    i n c l i n a e s d o t e r r e n o . D e s t e m o d o , e x i s t e m s e i s d i f e r e n t e s d i m e n s e s v a r i a n t e s , s e n d o

    t r s o r i g i n a i s ( 8 5 0 , 7 0 0 e 6 2 5 m e t r o s ) e t r s d e r i v a d a s ( 5 4 0 , 4 6 5 e 4 1 5 m e t r o s ) . O t i p o

    o r i g i n a l s a i d o s o l o , t e n d o f o r m a d e m e i a c r u z , e a t i n g e a d i m e n s o f i n a l ,

    j o d e r i v a d o i n i c i a n a d i m e n s o m n i m a d a c r u z c o m p l e t a e o b t m s u a s d i m e n s e s

    m x i m a s , s e n d o p o r t a n t o a d a p t a d o a m e s m a i n c l i n a o d o t e r r e n o q u e

    o d e o r i g e m e t e n d o , c o n s e q u e n t e m e n t e , m e n o r c o m p r i m e n t o .

    1 . A d e f i n i o d o s p e r c e n t i s b a s t a n t e s i m p l e s . P a r a q u a l q u e r c o n j u n t o d e

    d a d o s - o p e s o d e u m g r u p o d e p i l o t o s p o r e x e m p l o - o p r i m e i r o p e r c e n t i l u m

    v a l o r q u e , p o r u m l a d o , m e n o r q u e o s p e s o s d e c a d a u m d o s 1 % d e p i l o t o s m a i s

    l e v e s e , p o r o u t r o l a d o , m e n o r q u e o s p e s o s d e c a d a u m d o s 9 9 % d o s h o m e n s m a i s

    p e s a d o s . [ . . . ] . O p e r c e n t i l 5 0 , q u e e n c o n t r a m o s e n t r e o s v a l o r e s m d i o s c o m o

    a m e d i a n a , u m v a l o r q u e d i v i d e u m c o n j u n t o d e d a d o s e m d o i s g r u p o s c o n t e n d o o s

    5 0 % m e n o r e s e o s 5 0 % m a i o r e s d e s s e s v a l o r e s . D e m o d o g e r a l o p e r c e n t i l 5 0

    ( o u o 5 0 p e r c e n t i l ) r e p r e s e n t a o v a l o r m d i o d e u m a d i m e n s o p a r a d e t e r m i n a d o

    g r u p o , m a s s o b n e n h u m a c i r c u n s t n c i a d e v e s e r e n t e n d i d o c o m o s u g e r i n d o q u e

    o h o m e m m e d i a n o o u m d i o t e m a q u e l a d i m e n s o c o r p o r a l i n d i c a d a .

    ( P A N E R O , 2 0 0 1 : 3 4 )

    305

    cm

    1 7 0 c m

    8 0 c m

    i l u m i n a o p e r i f r i c a

    i l u m i n a o p e r i f r i c a

    O s b a n c o s d e s s e p r o j e t o s u r g i r a m , d e s d e o i n c i o c o m o e l e m e n t o s

    i n t e g r a n t e s d a m o r f o l o g i a d o p r p r i o t e r r e n o . T a i e l e m e n t o s n a s c e m

    d o s o l o e g a n h a m a l t u r a e l a r g u r a c o n f o r m e e x t e n d e m - s e p e l o s e u

    d e c l i v e . A s s i m , e l e s a c a b a m p o r c r i a r a s s e n t o s a d e q u a d o s a o s

    d i v e r s o s p e r c e n t i s a n t r o p o m t r i c o s d o c o r p o h u m a n o , a s s i m c o m o

    t a m b m a d e q u a d o s p e s s o a s d e d i f e r e n t e s i d a d e s e t a m a n h o s , d e

    c r i a n a s a a d u l t o s .

    6 4

  • p r i m e i r a s i d i a s

    N e s s e c r o q u i d e e s t u d o J e x i s t i a a i n t e n o d e f a z e r d o o b j e t o b a n c o u m

    e l e m e n t o i n t e g r a d o a m o r f o l o g i a d o t e r r e n o , d e m o d o a o b t e r s u a s d i m e n s e s

    a p a r t i r d a l i n h a d e i n c l i n a o d e s t e l t i m o .

    6 6

  • p r i m e i r a s i d i a s

    6 7

  • f o r m a f i n a l

    E s s e c r o q u i d a f o r m a f i n a l i l u s t r a o a s s e n t o r e d e f i n i d o d o b a n c o ,

    m a i s r e f i n a d o q u a n t o a n t r o p o m e t r i a . M o s t r a t a m b m o s d o i s t i p o s

    d e b a n c o s p r o j e t a d o s , s e n d o u m t i p o d e r i v a o d o o u t r o .

    6 8

  • 6 9

  • p r o j e t o d a s l u m i n r i a s p o n t u a i s E = 1 : 1 5

    1 7 0 c m

    8 0 c m

    7 0

  • i m p e r m a n n c i a s I e l e m e n t o s v i v o s

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    I p r o x o o u I p r o s a

    D = 1 2 m ; h = 2 0 m

    T a b e b u i a h e p t a p h y l l a

    J a c a r a n d M i m o s o

    D = 1 0 m h = 1 5 m

    J a c a r a n d M i m o s i f o l i a

    I p a m a r e l o o u I p t a b a c o

    D = 8 m ; h = 1 0 m

    T a b e b u i a c h r y s o t r i c h a

    e r i t r i n a

    D = 5 m ; h = 5 m

    E r y t h r i n a S p e c i o s a

    T a b e b u i a r o s e o - a l b a

    I p b r a n c o

    D = 6 m ; h = 1 6 m

    M u l u n g u d o l i t o r a l o u S u i n

    D = 8 m ; h = 1 4 m

    E r y t h r i n a M u l u n g u

    P a u - f e r r o

    D = 1 2 m ; h = 3 0 m

    C a e s a l p i n i a l e i o s t a c h y a

    7 2

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    P a r a a a m b i n c i a p r e t e n d i d a p a r a e s t e

    e s p a o , p e n s a r a p a i s a g e m v i v a e m t o d a

    s u a m u t a b i l i d a d e f o i e l e m e n t o d e g r a n d e

    i m p o r t n c i a . P e n s o u - s e n a s r v o r e s

    e e m s u a s i m p e r m a n n c i a s , n o s e l e m e n t o s

    q u e v e m e v o , a c a d a t e m p o r a d a . Q u i s - s e

    p a r a e s t e a m b i e n t e q u e s e p r e t e n d e d o

    e s t a r e d o e n c o n t r o , u m i n v e r n o c h e i o

    d e a m a r e l o , p i n c e l a d o d e v e r m e l h o .

    O s I p s a m a r e l o s l o c a l i z a m - s e n a s

    i n t e r s e c e s d a t r a m a c r i a d a p e l a e n c o n t r o

    d o s r i s c o s d e l i n e a d o s n o s c a m i n h o s .

    N o m e i o p o n t o d e c a d a a r c o e n t r e I p s ,

    e s t o a s e r i t r i n a s , q u e s e e s p a l h a m

    t a m b m p a r a a l m d a m a s s a d e I p s .

    J u n t o a o s i p s b r a n c o s , q u e a p a r e c e m n e s t e p r o j e t o t a m b m

    c o m o e l e m e n t o s d e c a r t e r s i m b l i c o , a s M u l u n g u s c r i a m

    u m a c o m p o s i o b r a n c o - v e r m e l h a . i n t e n t o u - s e q u e a s M u l u n g u s ,

    s e m p r e a c o m p a n h e c e m o s I p e s b r a n c o s , a f i m d e d e s t a c a r

    s e u c o r p o e a s i m b o l o g i a a e l e a t r i b u d a .

    A s e r i t r i n a s s a e m d o t r a m a , e s p a l h a n d o - s e p e l o e s p a o

    e s p a r s a m e n t e , i n s e r e m - s e n o g a b i o e a l c a n a m , m a i s a d i a n t e ,

    o e s t e , o o u t r o a c e s s o a o l o c a l .

    O s J a c a r a n d s e o s I p s R o s a s p r e e n c h e m a p a i s a g e m p a r a a q u e l e s

    q u e c h e g a m p e l o l a d o o e s t e . D a l i , a p a r e c e m a q u i e a l i n a m a s s a d e r v o r e s

    q u e a d e n t r a o e s p a o .

    7 2

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    N o v e r o , q u a n d o o s I p s a m a r e l o s r e c u p e r a m s u a s f o l h a s ,

    c o n f e r e m s o m b r a c o n s t a n t e p r e s e n a d o s o l n a s e s t a e s q u e n t e s .

    N a p r i m a v e r a - v e r o a p a i s a g e m a q u i

    s e t r a n s f o r m a , o v e r d e s e t o r n a p r e p o n d e r a n t e ,

    e m f o l h a s d e d i f e r e n t e s t e x t u r a e a s p e c t o .

    S o o s p a u s - f e r r o e o s J a c a r a n d s q u e , n a p r i m a v e r a e n o v e r o ,

    c o n f e r e m a c o l o r a o a m a r e l o a r r o x e a d a p a i s a g e m . E n q u a n t o o s

    I p e s R o s a , M u l u n g u s e i p s b r a n c o r e c u p e r a m s u a s f o l h a s .

    A c o l o r a o a q u i s e t r a n s f o r m a ,

    e o r o x o d o J a c a r a n d M i m o s o

    t o r n a - s e p r e p o n d e r a n t e .

    A p a i s a g e m s e t o r n a m a i s

    d e n s a e a s o m b r a m a i s f a r t a

    N e s t a p o c a , o I p b r a n c o i n i c i a a r e c u p e r a a o d e s u a s

    f o l h a s e t e r m i n a s u a f l o r a o . N o c e r c a m e n t o e n t o , a d e s n s i d a d e

    d o e l e m e n t o e n c l a u s u r a d o d i m i n u i e m o d i f i c a - s e a p e r c e p o .

    7 4

  • 5 m0 m 1 0 m 2 0 m

    C O R T E B - B

    5 m0 m 1 0 m 2 0 m

    C O R T E B - B

    Ip

    amar

    elo

    ou Ip

    ta

    baco

    Tab

    ebui

    a c

    hry

    sotr

    icha

    erit

    rin

    aE

    ryth

    rin

    a S

    peci

    osa

    Ip

    roxo

    ou

    Ip

    rosa

    Tab

    ebui

    a he

    ptap

    hyll

    a

    Pau-

    ferr

    o

    Cae

    salp

    inia

    leio

    stac

    hya

    Mul

    ung

    u do

    lito

    ral o

    u S

    uin

    Ery

    thri

    na

    Mul

    ung

    u

    Jaca

    ran

    d M

    imos

    o

    Jaca

    ran

    d M

    imos

    ifol

    ia

    Tab

    ebui

    a ro

    seo-

    alba

    Ip

    bran

    co

    Ip

    amar

    elo

    ou Ip

    ta

    baco

    Tab

    ebui

    a c

    hry

    sotr

    icha

    erit

    rin

    aE

    ryth

    rin

    a S

    peci

    osa

    Ip

    roxo

    ou

    Ip

    rosa

    Tab

    ebui

    a he

    ptap

    hyll

    a

    Pau-

    ferr

    o

    Cae

    salp

    inia

    leio

    stac

    hya

    Mul

    ung

    u do

    lito

    ral o

    u S

    uin

    Ery

    thri

    na

    Mul

    ung

    u

    Jaca

    ran

    d M

    imos

    o

    Jaca

    ran

    d M

    imos

    ifol

    ia

    Tab

    ebui

    a ro

    seo-

    alba

    Ip

    bran

    co

    7 6

  • e x p e r i m e n t a e s c o n c e i t u a i s I c e r c a m e n t o s

  • N1 0 m0 m 3 0 m 5 0 m

    A e s t r u t u r a e m g a b i o s u b s t i t u i o s p e s q u e n o s e g r a n d e s b a r r a n c o s

    d e t e r r a c o n t g u o s a o m u r o S u l . D e o e s t e a l e s t e , o t e r r e n o d e c r e s c e e

    o d e s n i v e l e n t r e o e s p a o a b e r t o e s o l o v i z i n h o a m p l i a - s e b a s t a n t e ,

    d e m o d o q u e n e s t a p a r t e m a i s s o l i c i t a d a m e c a n i c a m e n t e , p r e v i u - s e

    a s u b s t i t u i o d o s m u r o s e x i s t e n t e s p o r m u r o s e m e s t r u t u r a

    d e g a b i o e m b l o c o s r e t a n g u l a r e s . N a s p a r t e s m e n o s s o l o c i t a d a s ,

    p r e v i u - s e u m a e s t r u t u r a d e g a b i o e m p l a n o i n c l i n a d o , s o b r e p o s t a

    p o r b a r r a s d e f e r r o q u e c o r t a m t a l p l a n o d e f o r m a c o m p l e x a e b r u s c a .

    C o m a i n t e n o d e e x p r e s s a r o f e c h a m e n t o a t o d o c u s t o , a s b a r r a s

    s o b r e p o e m - s e a t r a v e s s a d a s .

    E s t e e s p a o n a s c e u d o c e r c a m e n t o . N o d o c e r c a m e n t o d e s i m e s m o ,

    m a s d o c e r c a m e n t o d e t o d o s o s o u t r o s . E s t e , c o m o t a n t o s o u t r o s , s o b r o u a l i .

    A n o i m p l a n t a o d o s e d i f i c i o s q u e s e r i a m a c o n s t r u i d o s , n a e p o c a d e i m p l a n t a o

    d e s s e c o n j u n t o , t r a n s f o r m o u u m a r e a q u e s e r i a , a p r i o r i , f e c h a d a p a s s a g e m , e m u m

    e s p a o a b e r t o . T r a n s f o r m o u - s e e m u m e s p a o l i v r e d e e d i f i c a e s e t a m b m d e t r a n s i o .

    m u i t o p r e d o m i n a n t e a i n d a e s s a n o o d o f e c h a m e n t o , d e p r o t e o d o q u e m e u e

    d e s c a s o c o m o q u e n o s s o . H m a i s d e 2 0 a n o s a t r s , e s s e s m o r a d o r e s e r g u i r a m s e u s m u r o s ,

    p o i s s e n t i r a m e m s e u d i a - a - d i a a c o n f l i t u o s a r e l a o e s t a b e l e c i d a e m u m c o n t e t o d e a m b i g u a

    d i s t i n o e n t r e o p b l i c o e o p r i v a d o . A c h e g a d a d o t r a n s p o r t e , d e m a i s p e s s o a s , d e m a i s

    d e s c o n h e c i d o s e m a i s i n s e g u r a n a c o n t e x t u a l i z a r a m t a m b m a r e c o n s t r u o d e s s e g r a n d e

    c o n j u n t o h a b i t a c i o n a l e g e r a r a m o s e s p a o u r b a n o s q u e h o j e l s e o b s e r v a m .

    A i n s i s t n c i a p e l o f e c h a m e n t o a i n d a s e n t i d a , a q u i e a l i , n o s r e l a t o s d o s m o r a d o r e s .

    E s t e e s p a o p r o j e t a d o , n o n a s c e j t r a n s f o r m a n d o e s t a r e a l i d a d e . T a l v e z n e m p o s s a t r a n s f o m - l a

    c o m o t e m p o , j q u e a q u e s t o d e m u l t i p l o s e c o m p l e x o s f a t o r e s . U m p r o j e t o d e r e n o v a o t a l v e z ,

    p o r s i s , j s u s c i t e m a i o r a p r e o a o s i g n i f i c a d o d o e s p a o p b l i c o , d o e s p a o d e r e u n i o d o p b l i c o .

    N o e n t a n t o , d i f i c i l m e n t e t r a n s f o r m a u m m e i o d e l i d a r c o m o e s p o c o m u m q u e s e

    c o n s t r u i u d u r a n t e a n o s .

    O i p b r a n c o t e m a q u i u m a i m p o r t n c i a d e s t a c a d a . D e c i d i u - s e c e r c - l o . E m u m a e x p e r i m e n t a o

    c o n c e i t u a l , p r e t e n d e u - s e c o m i s s o e x p l o r a r a s i m b o l o g i a d o c e r c a m e n t o , o u e n c l a u s u r a m e n t o ,

    d e a l g o v i v o e c o m u m P a r a q u e s t i o n a r a v o n t a d e d e t r a n c a r , d e g u a r d a r , g a r a n t i r p a r a s i o u p a r a p o u c o s ,

    o q u e d e t o d o s . C r i o u - s e , e m t r s p o n t o s d o e s p a o , e s s e c o n t r a s t e i n c o n g r u e n t e e n t r e

    a l g o v i v o e b e l o , p l a n t a d o n o e s p a o d e u s o p b l i c o , e a r i g i d e z s e g r e g a c i o n i s t a d o s l i m i t e s c r i a d o s .

    N e s t e s e n t i d o , q u a n d o e s s e s l i m i t e s c e r c a m t a m b m p e d a o s d o s a s s e n t o s p b l i c o s , p r e t e n d e m c a u s a r o

    e s t r a n h a m e n t o S e e x i s t e o b a n c o p b l i c o , p o r q u e e s t p r e s o n o c e r c a m e n t o ?

    P o r q u e n o p o s s o s e n t a r ?

    S e r q u e s e p o d e s e n t a r ?

    m u r o e m b l o c o s d e g a b i o

    i n t e r c e o d o c e r c a m e n t o s o b r e p a r t e

    d o s a s s e n t o s p b l i c o s

    7 8

  • 5 . B I B L I O G R A F I A5 . B I B L I O G R A F I A5 . B I B L I O G R A F I A5 . B I B L I O G R A F I A

    A B R A H O , S r g i o L u s . O p r o c e s s o d e s i g n i f i c a o d o e s p a o p b l i c o c o m o e s p a o p b l i c o p o l t i c o . ( T e s e d e

    D o u t o r a d o ) . 2 0 0 5 .

    A L E X , S u n . C o n v v i o e e x c l u s o n o e s p a o p b l i c o : q u e s t e s s o b r e o p r o j e t o d a p r a a . ( T e s e d e D o u t o r a d o ) .

    2 0 0 4 .

    A l e x a n d e r , C h r i s t o p h e r . L a c i u d a d n o e s u m r b o l . C a l i f r n i a : B e k e r l e y , 1 9 6 5 .

    A R E N D T, H a n n a h . A c o n d i o h u m a n a . R i o d e J a n e i r o : F o r e n s e U n i v e r s i t r i a , 1 9 9 1 .

    B U S Q U E T S , J a u m e e C O R T I N A , A l b e r t ( c o o r d s . ) . G e s t i n D e l p a i s a j e . M a n u a l d e p r o t e c c i n , g e s t i n y o r d e -

    n a c i n d e l p a i s a j e . B a r c e l o n a : A r i e l , 2 0 0 9 .

    C A I X E T A , E l i n e M . M . P. D ' A L F R O T A , J . A s N o v a s p a i s a g e n s u r b a n a s n o s c u l o X X I . I n A R Q T E X T O , p p 6 4 - 7 3 , 2 0 0 6 .

    C O R S I N I , J o s e M a r i a O r d e i g . D i s e o u r b a n o . A c c e s i b i l i d a d e s o s t e n i b i l i d a d . B a r c e l o n a : M o n s a , 2 0 0 7 .

    D E L I M A C A M A R G O , L . O . L a z e r e u r b a n i z a o n a A m r i c a L a t i n a . I n C o n t r i b u c i o n e s a l s C i e n c i a s S o c i a l e s , j u n i o

    2 0 1 0 . w w . e u m e d . n e t / r e v / c c c s s / 0 8 / l o l c . h t m

    D I A S , F a b i a n o V i e i r a . O d e s a f i o d o e s p a o p b l i c o n a s c i d a d e s d o s c u l o X X I . I n

    w w w . v i t r u v i u s . c o m . b r / r e v i s t a s / r e a d / a r q u i t e x t o s

    H O L A N D A , S r g i o B u a r q u e d e . R a z e s d o B r a s i l . 2 6 e d . S o P a u l o : C i a d a s L e t r a s , 1 9 9 5 .

    G E H L , J a n ; G E M Z E , L a r s . N o v o s e s p a o s u r b a n o s . B a r c e l o n a : G G , 2 0 0 2 .

    J A C O B