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    Revista Iniciacom- Vol. 5, N 2 (2013)

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    JORNALISMO CULTURAL NA INTERNET:UMA VISO MULTIDISCIPLINARSOBRE O SITE DIGESTIVO CULTURAL

    CULTURAL JOURNALISM IN THE INTERNET:A MULTIDISCIPLINARY VIEWON THE SITE "DIGESTIVE CULTURAL"

    ROSIEL DONASCIMENTO MENDONA;LUIZA ELAYNE AZEVEDO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

    Resumo: O artigo aqui apresentado uma sntese do Trabalho de Concluso deCurso defendido junto ao Departamento de Comunicao Social da UniversidadeFederal do Amazonas (Ufam); por sua vez, a pesquisa fruto de um projeto de-senvolvido entres os anos de 2011 e 2012 no mbito do Programa Institucional deBolsas de Iniciao Cientfica (PIBIC), com apoio do CNPq. Tendo como suporteterico o jornalismo cultural praticado no ciberespao, props-se um estudo de

    caso do site Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com.br)a partir de umaabordagem multidisciplinar entre as reas da Comunicao e Informtica.

    Palavras-chave: Digestivo Cultural, Jornalismo Cultural, Arquitetura de Infor-mao, Anlise de Contedo, Anlise de Discurso.

    Abstract: The article presented here is a synthesis of labor completion of courseadvocated by the Media Department of the Federal University of Amazonas(Ufam); in turn, is the result of a research project developed between 2011 and2012 under Institutional program for Scientific Initiation Scholarships (PIBIC),with support from CNPq. Having as theoretical support cultural journalism prac-ticed in cyberspace, we proposed a case study of the Digestive Cultural site(www.digestivocultural.com.br) from a multidisciplinary approach between theareas of Communication and Information Technology.

    Keywords: Digestive Cultural, Cultural Journalism, Information Architecture,Content Analysis, Discourse Analysis.

    http://c/Users/Beltramini/Downloads/www.digestivocultural.com.brhttp://c/Users/Beltramini/Downloads/www.digestivocultural.com.brhttp://c/Users/Beltramini/Downloads/www.digestivocultural.com.brhttp://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/http://c/Users/Beltramini/Downloads/www.digestivocultural.com.br
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    Diante do exposto, o trabalho aqui apresentado se props a lanar um olhar analtico

    sobre a forma como o jornalismo cultural est inserido no contexto das mudanas deflagra-

    das pela Internet. Para isso, elegeu-se como objeto o siteDigestivo Cultural, veculo que h

    mais de 10 anos se dedica produo colaborativa de contedos sobre msica, cinema, lite-

    ratura, dentre outro assuntos.

    Editado por Julio Daio Borges e aberto a colaboraes, o site possui hoje mais de 1

    milho de pginas navegadaspor ms e foi citado no Mapeamento do Ensino de Jornalismo

    Cultural no Brasil em 2008, uma iniciativa do Instituto Ita Cultural, como o sitemais uti-

    lizado ao longo das aulas, a ttulo de contato com a disciplina, pelos professores consultados.

    Se, por um lado, o acesso rede mundial de computadores registra um crescimento

    exponencial, por outro, est mais fcil publicar informaes por conta prpria. Esse conjunto

    de fatores faz do ciberjornalismo1alvo de interesse acadmico, contribuindo para a consoli-

    dao de uma problemtica para o estudo aqui desenvolvido:

    uma vez que a internet tende a colocar em trnsito diversas modalidades delinguagens mescladas, faz-se necessrio pensar a natureza impura dessanova linguagem e seus impactos no [...] jornalismo cultural on line ouwebjornalismo cultural (ALZAMORA, 2001, p. 6).

    Portanto, em busca das especificidades do jornalismo cultural produzido na Internet,

    props-se uma anlise abrangente tanto da estrutura do Digestivo Cultural, quanto do conte-

    do veiculado por ele, alm da forma como esse material disponibilizado aos interagentes.

    Cabe ressaltar, ainda, que esta pesquisa buscou fazer uma abordagem interdisciplinar

    entre as Cincias Humanas e as Cincias Aplicadas na tentativa de cumprir o que preconiza

    o professor Elias Machado, diretor do Departamento de Projetos de Pesquisa da Universida-

    de Federal de Santa Catarina: [ possvel] praticar a multidisciplinaridade, aplicando con-

    ceitos oriundos de outras disciplinas para compreender as particularidades do jornalismo

    (SCHWINGEL, 2012, p. 9).

    1Para efeitos prticos, a pesquisa considera os termos ciberjornalismo, definido por Schwingel (2012), e

    webjornalismo como equivalentes em sentido.

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    2. Cultura como matria-prima para o jornalismo

    Como afirma Kellner (2001, p. 23), no h comunicao sem cultura e no h cultu-

    ra sem comunicao, pois uma mediada pela outrano processo de produo social. Uma

    vez entendida a cultura em seu carter simblico, sujeita a valorizaes mercantilizantes

    (THOMPSON, 2009), faz-se necessrio explicitar nossa viso do campo como fonte gerado-

    ra de bens simblicos, sem abandonar por completo o sentido antropolgico da palavra

    (LARAIA, 2009).

    Ou seja, entende-se cultura, principalmente, como a matriz das diversas manifesta-

    es artsticas consolidadas (literatura, msica, cinema, artes plsticas, cnicas, etc.), pass-

    veis de serem desconstrudas e interpretadas simbolicamente (inclusive pela mdia), mas

    tambm como agregadora das manifestaes comportamentais do ser humano.

    Com o passar do tempo, a indstria cultural foi se aproximando cada vez mais do

    jornalismo ao enxergar nele uma pea-chave para a consolidao e ampliao do processo

    de difuso dos seus produtos, alm de ajudar a formar um pblico consumidor. Dessa forma,

    a comunicao de massa foi assumindo um papel de destaque no processo difuso de midiati-

    zao da cultura e na circulao de bens simblicos, caractersticas inerentes s sociedades

    modernas (THOMPSON, 2009).

    Sob esse ponto de vista, o jornalismo cultural pode ser entendido como um importan-

    te mecanismo de interpretao dos cdigos artsticos, uma vez que as barreiras simblicas

    podem ser fatores de rejeio de determinadas manifestaes artsticas e culturais por parte

    do pblico. Botelho (2011) destaca, por exemplo, a necessidade de no se esperar nenhum

    imediatismo no confronto com a arte contempornea:

    [...] s um trabalho cuidadoso de explicitao daquilo que produz a obraem questo (inclusive sobre o prprio espectador) permite provocar, nomnimo, interrogaes e, no melhor dos casos, adeses, evitando que o es-pectador agredido no se refugie na recusa (BOTELHO, 2011, p. 16).

    Em busca da singularidade do jornalismo cultural, tangenciado por diversas concep-

    es do que ou no cultura, Melo (2007) define a especialidade como prtica singular e

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    importante para a sociedade pelo fato de ela democratizar o conhecimento e possuir um ca-

    rter reflexivo, ainda que muitas vezes inexplorado. A autora tambm destaca a habilidade

    do jornalismo cultural de transitar entre a informao e a literatura, tocando a sensibilidade

    das pessoas abertas a um conhecimento sensvel e reflexivo.

    Para Golin e Cardoso (2010), entretanto, ao atuar como filtro, o jornalista impe li-

    mites prpria mediao no campo da produo cultural, ao oferecer perspectivas e aborda-

    gens parciais sobre arte e cultura, selecionando determinados contedos e excluindo outros.

    Na prtica do jornalismo cultural, outros dilemas podem ser apontados, como a dico-

    tomia paradoxal na qual se contrapem, constantemente, as exigncias jornalsticas (tempo,

    deadline) s exigncias de seu tema (cultura em profundidade). Piza (2008) tambm destaca

    um excessivo atrelamento agenda, o tamanho e a qualidade dos textos e a marginalizao

    da crtica. Apesar disso, o autor defende a superao dos preconceitos em relao indstria

    cultural e sua dinmica. Melo (2007) e Cavalcanti e Lucas (2011) adotam uma orientao

    parecida aoafirmarem ser impossvel transmitir, na contemporaneidade, a cultura sem levar

    em conta as grandes mdias e o mercado editorial.

    3. Jornalismo cultural na Internet

    Alm de ter potencializado o interesse e o encantamento do ser humano com a comunicao

    e com a palavra escrita (KUCINSKI, 2005), a Internet mudou completamente a relao do

    jornalismo com o seu pblico-leitor. Com ela, a grande imprensa se viu compelida a adaptar

    os seus produtos jornalsticos para o ambiente Web, ou ciberespao2, mais propcio intera-

    tividade e a uma leitura no-linear da informao, criando uma comunicao de muitos paramuitos.

    Segundo Primo e Trsel (2006, p. 3), a alterao do canal repercute de forma sist-

    mica sobre o processo comunicacional como um todo. Isso se traduz em mudanas no pr-

    2 o espao que se abre quando o usurio conecta-se com a rede; todo e qualquer espao informacional multi-dimensional que, dependente da interao do usurio, permite a este o acesso, a manipulao, a transformao

    e o intercmbio de seus fluxos codificados de informao (SANTAELLA, 2004).

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    prio modus operandido jornalista: diante dos servios multimdia, ele passa a produzir not-

    cia baseado em outras tcnicas e visando a objetivos mais especficos.

    O jornalismo cultural no poderia ficar alheio a essas novas possibilidades de produ-

    o e difuso. A primeira vantagem do jornalismo cultural na Internet talvez seja o proveito

    a ser tirado da distenso do espao e do tempo, uma vez que na rede o espao de armazena-

    mento de informaes praticamente ilimitado. Esses fatores alteram, dentre outras coisas, a

    lgica de elaborao de uma matria e da composio de narrativas jornalsticas.

    Ainda em termos de navegao, o hipertexto, tipo de texto tpico da internet, torna a

    leitura mais dinmica e no-linear, pois o leitor pode navegar, por meio dos hiperlinks(ou

    links), atravs de contedos (unidades e mdulos de informao) dentro ou fora do prprio

    site, conforme seu interesse em se aprofundar nos temas relacionados. Para Schwingel

    (2012), a hipertextualidade a natureza do ciberjornalismo.

    A convergncia de mdias e linguagens (hipermdia) na cobertura jornalstica outra

    possibilidade passvel de valorizar o jornalismo cultural produzido na Internet, uma vez que

    as combinaes entre texto, udio, imagem e vdeo tornam a comunicao mais atraente,

    no s do ponto de vista esttico, mas tambm da abrangncia dos contedos e das relaes

    de complementaridade que podem se estabelecer entre eles. Por outro lado, o estmulo in-

    teratividade com o leitor, antes feita de forma precria e ineficiente nas mdias tradicionais,

    denota uma aproximao dos veculos de imprensa com o seu pblico, que passa a poder

    expressar e compartilhar suas opinies de forma mais ativa3.

    De acordo com Magalhes (2008), o modelo do jornalismo participativo, em especi-

    al, agrega ao jornalismo cultural formatos que tm cado gradativamente em desuso na im-prensa tradicional, como a crtica, o artigo e a resenha gneros presentes em blogs e sites

    especializados em cultura (cinema, literatura, etc.), por exemplo.

    Recuero (2009), tambm afirma ser possvel observar num blog no apenas a intera-

    o em um comentrio, mas relaes entre as vrias interaes e perceber-se que tipo de

    3Em resumo, so oito as caractersticas definidoras do ciberjornalismo, ou do webjornalismo: multimidialida-de, interatividade, hipertextualidade, customizao dos contedos, memria, atualizao contnua, flexibiliza-o dos limites de espao e tempo, uso de ferramentas automatizadas no processo de produo (SCHWINGEL,

    2012).

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    relao transpira atravs desse tipo de troca. Outro ambiente propcio a essa construo so

    as redes socais digitais (Facebooke Twitter), que nos ltimos anos tm sido alvo tanto da

    convergncia miditica quanto da adeso em massa dos internautas, ou atores. Assim, como

    parte dos sistemas digitais, os atores desempenham um papel de forma a moldar estruturas

    sociais (RECUERO, 2009).

    Segundo Alzamora, tais recursos revelam as potencialidades de um novo universo

    comunicacional do ponto de vista jornalstico: ao mesclar essas formas para se construir

    uma linguagem [...] hbrida, o jornalismo cultural on line, certamente dever faz-lo de mo-

    do a priorizar as dimenses esttica e interpretativa (ALZAMORA, 2001, p. 10).

    Entretanto, as vantagens do jornalismo cultural desenvolvido na Internet s se con-

    cretizam com a explorao adequada e comedida dos recursos de hipertexto, hipermdia,

    navegao, design, etc. (TEIXEIRA, 2008, pp. 5-6). Isso explica o relacionamento espon-

    tneo e interdisciplinar desenvolvido entre o webjornalismo e outras reas do conhecimento,

    como a Informtica, as mdias digitais, o Design, dentre outros.

    4. Procedimentos metodolgicos

    Em tempos de obesidade informacional (Moraes e Santa Rosa, 2012), quando somos

    bombardeados diariamente por uma infinidade de dados em rede4, preciso pensar no de-

    senvolvimento de sistemas para melhorar a eficcia e promover a satisfao do usurio. Este

    , essencialmente, o campo de atuao da Arquitetura de Informao (AI), definida por Pi-

    nho (2003), no mbito dos websites, como a hierarquia do contedo e disposio dos ele-

    mentos interativos, de tal modo a fazer o usurio encontrar o que procura.Por ser um campo relativamente novo, a AI possui caractersticas interdisciplinares

    que contribuem para sua composio enquanto campo de atuao, indo alm da unio de

    apenas trs campos tradicionais: tecnologia, design e jornalismo/redao. Agner (2009) de-

    4Principalmente por se tratar de um campo que envolve a anlise, o design e a implementao de espaosinformacionais (AGNER, 2009, p. 78), a AI tambm se configura como uma distino para jornalistas e c o-municadores interessados em trabalhar como gestores desses espaos.

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    fende a AI como um termo guarda-chuva, pois se utiliza de conhecimentos das mais di-

    versas reas, como Cincia da Informao, Ergodesign e Engenharia de Software.

    Tomando como base as classificaes apresentadas por Morville e Rosenfeld (2006)

    para a caracterizao dos componentes da Arquitetura de Informao dentro de um website

    (sistemas de organizao, navegao, rotulao e busca), analisou-se a home(pgina inicial)

    do Digestivo Cultural de modo a identificar as formas como os dados se encontram estrutu-

    rados dentro da pgina. Por outro lado, enquanto fator de sucesso de sites, a usabilidade

    um consenso na rea de Arquitetura de Informao e planejamento de aplicaes para a

    Web. Nesse aspecto, Pinho (2003) defende a boa combinao entre AI e interface grfica

    como essencial para que um sitetenha usabilidade5, definida pela norma ISO 9241 como a

    capacidade de um sistema interativo em oferecer ao usurio os meios para ele realizar tarefas

    de maneira eficaz, eficiente e agradvel.

    Sob o ponto de vista da usabilidade, as interfaces, de modo geral, possuem uma

    configurao de base fundamentada em critrios, princpios ou heursticas que possibil i-

    tam a boa relao usurio-sistema. A partir desses princpios, possvel traar metodologias

    de avaliao e inspeo de aspectos da ergonomia das interfaces capazes de gerar problemas

    de usabilidade ao usurio durante sua interao com o sistema (CYBIS et al., 2010).

    Portanto, a tcnica de avaliao da usabilidade utilizada neste estudo de caso foi a

    heurstica, proposta por Nielsen (2011), um dos maiores especialistas em usabilidade dos

    Estados Unidos. Nielsen props dez qualidades bsicas, ou heursticas de usabilidade, que

    devem constar em qualquer interface6: 1) visibilidade do estado do sistema, 2) mapeamento

    entre o sistema e o mundo real, 3) liberdade de controle ao usurio, 4) consistncia e pa-dres, 5) preveno de erros, 6) reconhecer em vez de relembrar, 7) flexibilidade, 8) design

    minimalista, 9) suporte para reconhecer e recuperar erros e 10) ajuda e documentao.

    5Assim como a funcionalidade, a usabilidade um atributo de todo produto. Enquanto a funcionalidade serefere quilo que o produto pode fazer, a usabilidade refere-se a como a pessoa interage com o produto (MO-RAES; SANTA ROSA, 2012).6Entende-se que uma avaliao heurstica , antes de tudo, um julgamento de valor em relao s qualidades

    ergonmicas das interfaces.

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    Em se tratando de interfaces comunicacionais, o Digestivo Cultural passou por um

    diagnstico que levou em conta trs aspectos, de acordo com as esquematizaes tericas de

    Santaella (2004) e Recuero (2009): a interatividade, o uso de multimdias e a relao do site

    com as redes sociais digitaisFacebooke Twitter, as mais populares atualmente7.

    Em um segundo momento, foram utilizadas as anlises de contedo (Bardin, 2010) e

    discurso (Charaudeau, 2006; Orlandi, 2009) para as informaes do Digestivo8. Esses cam-

    pos de pesquisa cientfica possibilitam compreender a eficcia dos mecanismos lingusti-

    cos/imagticos utilizados pela mdia contempornea, que tem os recursos da Internet sua

    disposio, no processo de veiculao de informaes e opinies sobre as mais diversas

    reas do conhecimentosendo a cultura o foco de interesse deste trabalho.

    Na fase que antecedeu a Anlise de Contedo, definiu-se como universo de pesquisa

    os textos da seo Colunas, por ser a nica que recebe atualizao diria e regular, alm de

    contar com 15 colaboradores, o que a torna a principal atrao do Digestivo Cultural. A par-

    tir da, com base no princpio da convenincia, definiu-se como corpus de anlise os textos

    publicados na seo Colunas entre os dias 1 e 20 de maro de 2012, um total de 12 do-

    cumentos.

    A leitura flutuante permitiu, ainda, a formulao dos objetivos da anlise. Dessa for-

    ma, o objetivo geral era apreender as principais caractersticas da seo Colunas a partir

    da sistematizao analtica do seu contedo, bem como perceber as nuances contidas no tra-

    tamento dado a essas caractersticas com base na interpretao dos dados estatsticos, tabu-

    lados com o auxlio do aplicativo Microsoft Office Excel 2007.

    Por se tratar de um diagnstico temtico e categorial, o processo de classificao dostextos se deu a partir do agrupamento dos seus elementos com base nas caractersticas co-

    muns, dando origem s categorias: 1) caractersticas textuais, 2) caractersticas imagticas,

    7Os nmeros falam por si ss: criado em 2004, o Facebookatingiu, oito anos depois, a marca de 1 bilho deusurios ativos; da mesma forma, em 2010, o servio de microblogging Twitteralcanou o patamar dos 175milhes de usurios registrados.8Pelo fato de fornecerem vises distintas e complementares a respeito da mesma mensagem, optou-se pelaaplicao das duas metodologias no presente estudo de caso, uma vez que, para Torres Lima (2003), possvel

    utilizar um mesmo corpus no mbito das duas anlises.

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    3) nfases e 4) interfaces. Toda essa informao foi agrupada na seguinte ficha de codifica-

    o, que permitiu medir a presena/ausncia e a frequncia das unidades de registro:

    FICHA DE CODIFICAO1) IDENTIFICAO DO TEXTOPostagem n Data de publicao:Ttulo:2) CARACTERSTICAS TEXTUAIS

    Assunto: ( ) Literatura ( ) Msica ( ) Cinema ( ) Artes ( ) Teatro ( ) Comportamento( ) Sociedade ( ) Personalidades

    Gnero jornalstico: I) Informativo ( ) Nota( ) Notcia

    II) Opinativo ( ) Comentrio( ) Artigo( ) Resenha( ) Coluna( ) Crnica

    III) Diversional ( ) Histria de interesse humano

    ( ) Histria coloridaQuantidade de caracteres: ( ) at 4 mil ( ) De 4 mil a 6 mil ( ) Mais de 6 milQuantidade de hiperlinks: ( ) Nenhum ( ) At 5 ( ) Mais de 53) CARACTERSTICAS IMAGTICASQuantidade de imagens: ( ) Nenhuma ( ) 1 ( ) 2 ( ) Mais de 24) NFASESReferncia ao jornalismo cultural: ( ) Sim ( ) NoAbordagem de cultura: ( ) Produto Abordagem qualitativa:

    ( ) Positiva( ) Negativa

    ( ) Processo( ) No se aplica

    Localidade: ( ) Nacional ( ) Estrangeira ( ) IndefinidaTemporalidade: ( ) Passado ( ) Presente ( ) Futuro ( ) AtemporalAbordagem jornalstica: ( ) Objetiva ( ) Subjetiva5) INTERFACESCompartilhamentos no Facebook: ( ) Nenhum ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Mais de 3Compartilhamentos no Twitter: ( ) Nenhum ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Mais de 3Comentrios: ( ) Nenhum ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) Mais de 3

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    Com base nas teorizaes de Charaudeau (2006) em relao s formas como o dis-

    curso miditico se organiza, foram definidas como categorias para a anlise de discurso as

    visadas de informao (fazer saber) e captao (fazer sentir), levando em conta a sua inser-

    o no mbito do Acontecimento Relatado (AR) e do Acontecimento Comentado (AC), uma

    vez que o Acontecimento Provocado (AP) no se faz presente no Digestivo Cultural (fato

    atestado durante a leitura flutuante).

    Esse percurso metodolgico surgiu a partir da compreenso obtida com a anlise de

    contedo, contribuindo para que a definio do corpusse mantivesse a mesma de uma anli-

    se para a outra. Nesse sentido, trabalhou-se com a perspectiva de distanciamento e comple-

    mentaridade entre as duas opes metodolgicas (ROCHA; DEUSDAR, 2005).

    Enquanto Charaudeau (2006) atribui lgica simblica (ao lado da econmica) a

    funo de conferir aos organismos de informao um papel participativo na construo da

    opinio pblica, Orlandi (2009) sustenta o discurso, por estar situado entre os campos polti-

    co e simblico, como um objeto scio-histrico no qual a linguagem se materializa na ideo-

    logia: o discurso o lugar em que se pode observar a relao entre lngua e ideologia, com-

    preendendo-se como a lngua produz sentidos por/para os sujeitos (ORLANDI, 2009, p.

    16). Para Charaudeau (2006), o contrato de comunicao miditica constantemente influ-

    enciado pela tenso entre dois universos, ou visadas: a visada de informao, preocupada em

    fazer saber e ligada a uma lgica cvica de informar o cidado, e a visada de captao,

    destinada a fazer sentir com a finalidade de ampliar o consumo, obedecendo, portanto, a

    uma lgica comercial.

    Partindo dessa compreenso inicial, pode-se dizer que o contrato de comunicaomiditica se aproxima do discurso no qual se funda a Publicidade. No entanto, no primeiro

    tipo de contrato o que predomina a visada de informao e seu modelo de credibilidade,

    enquanto no segundo a predominncia da visada de captao e seu modelo de desejo.

    A partir dessa tese que Charaudeau (2006) delimita os seguintes modos discursivos

    que as mdias pem em prtica, de acordo com seus propsitos: acontecimento relatado

    (AR), acontecimento comentado (AC) e acontecimento provocado (AP). Apesar da potenci-

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    alidade da instncia miditica em assumir diferentes modos de discurso, ela no produz um

    discurso de poder, uma vez que sua palavra no tem valor de deciso, de sano (no sentido

    jurdico) ou de consagrao (no sentido religioso).

    Portanto, o propsito da anlise de discurso aplicada a este estudo de caso foi o de

    identificar as particularidades discursivas das colunas do Digestivo Cultural, revelando os

    artifcios linguajeiros utilizados para fazer saber e fazer sentir e, ao mesmo tempo, evi-

    denciando os ditos e os no-ditos (implcito, subentendido) presentes nos textos, afinal, ao

    longo do dizer, h toda uma margem de no-ditos que tambm significam (ORLANDI,

    2009, p. 82). O instrumento utilizado foi o modelo de ficha de anlise reproduzido abaixo:

    FICHA DE ANLISEIDENTIFICAO

    Postagem n Data de publicao:Ttulo:

    DISCURSO

    Visada de InformaoFazer saber Visada de CaptaoFazer sentir

    Observaes:

    Por fim, cabe ressaltar que boa parte da anlise foi realizada entre os meses de outu-

    bro de 2011 e maio de 2012, levando em conta, principalmente, a pgina inicial (home) do

    sitee a sesso Colunas - novas informaes foram acrescidas em maro de 2013 por conta

    de pequenas atualizaes incorporadas aosite. Como suporte tecnolgico, utilizou-se o apli-

    cativo FireShot 0.93, que possibilita diversas modalidades de captura de pginas da Web

    (screenshots).

    5. Consideraes

    Pensar em como o jornalismo cultural se enquadra em uma realidade constantemente

    influenciada pela renovao tecnolgica uma tarefa que se impe aos comunicadores e

    comuniclogos dedicados investigao e ao exerccio dessa especialidade. Desde o incio,

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    ENSAIOSENTREVISTASESPECIAISENCAMINHAMENTOSEDITORIAIS

    o FAQs Site Divulgao Colaborao

    o Quem somos Histrico Mapa do site

    o Audincia & Anncios Quem l Como anunciar

    o Expediente e RSS Quem quem Feeds

    o estudo de caso do Digestivo Cultural pretendia atender a essa demanda acadmica, especi-

    almente no mbito do curso de Comunicao Social da Universidade Federal do Amazonas,

    onde o jornalismo cultural tem despertado pouco ou nenhum interesse, at mesmo por no

    constar como disciplina especfica da grade curricular (MENDONA; AZEVEDO, 2010).

    Para isso, estabeleceu-se como meta analisar ositesob mltiplas facetas: Arquitetura

    de Informao, Usabilidade, Interfaces Comunicacionais e Anlises do Contedo e Discur-

    so. Essa escolha metodolgica acabou conferindo ao trabalho outro vis essencialse no o

    seu mais importante eloo da interdisciplinaridade. Provou-se ser possvel, portanto, a cor-

    relao entre campos de pesquisa aparentemente dspares, como as Cincias da Computao

    e a Comunicao (outra lacuna no contemplada pela maioria dos cursos de graduao).

    Da Arquitetura de Informao, conforme contemplada por Morville e Rosenfeld

    (2006), veio a compreenso de como a disposio dos inmeros elementos componentes do

    website, estruturados em hierarquias (conforme mapa abaixo), contribui para a boa relao

    entre internauta e sistema. Assim, foi possvel perceber no Digestivo Cultural algumas das

    principais estruturas de organizao, navegao, rotulao e busca caractersticas do modelo

    de AI no qual o estudo de caso se baseou.

    DIGESTIVOSo Arteso Interneto Teatroo Televisoo Cinemao Msicao Alm do maiso Gastronomiao Imprensao Literatura

    COLUNASo Segunda-feirao Tera-feirao Quarta-feirao Quinta-feirao Sexta-feira

    BLOG

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    Cronolgico

    Sequencial

    Alfabtico

    A organizao dosite, essencialmente cronolgica e sequencial, privilegia a visuali-

    zao dos contedos ora por ordem de publicao, destacando a profundidade temporal pos-

    sibilitada pelo ciberespao, ora por ordem de publicaes mais acessadas, estabelecendo a

    popularidade de determinado texto como critrio para sua maior ou menor visibilidade (Fi-

    gura 1).

    Figura 1 Recorte: sistemas de organizao (esquemas exatos)Fonte: Digestivo Cultural. Disponvel em: . Acesso em: 26/10/11.

    Da mesma forma, a navegao social, bastante adotada nas pginas internas do site,

    estabelece um ranking de publicaes mais acessadas para determinado autor (parmetro

    http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/
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    Ressalvas devem ser feitas, entretanto, forma como esse contedo disponibilizado

    aos leitores. Para alm de todas as possibilidades de leitura dinmica proporcionadas pelo

    ambiente Web, a Anlise de Contedo demonstrou que as colunas do Digestivo subutilizam

    o recurso do hiperlink (Figura 5), considerando a densidade, em nmero de caracteres, da

    maioria dos textos publicados nesta seo (Figuras 6 e 7). Desperdia-se, assim, uma potente

    ferramenta para ampliar o espectro comunicativo dos ensaios, resenhas, dentre outros.

    Figura 7 - Anlise de Contedo: relao hiperlinks/caracteres

    Figura 6 - Anlise de Contedo:quantidade de hiperlinksFonte: Dados da pesquisa.

    Figura 5 - Anlise de Contedo:quantidade de caracteresFonte: Dados da pesquisa.

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    Fonte: Dados da pesquisa.

    Apesar de adotar um design minimalista e monocromtico, o Digestivo agrega muito

    contedo textual em uma mesma pgina, independente da seo onde se esteja, sobrecarre-

    gando a leitura e tornando a navegao confusa. O uso limitado de imagens e ilustraes,

    especialmente nas colunas analisadas (Figura 8), tambm pode ser encarado como um em-

    pecilho boa recepo das publicaes por parte dos leitores, tornando os textos carentes de

    atrativos do ponto de vista visual e esttico.

    Figura 8 - Anlise de Contedo: quantidade de imagensFonte: Dados da pesquisa

    Em se tratando dos sistemas de busca, notou-se uma limitao passvel de ser associ-

    ada tanto a uma falha de Arquitetura de Informao quanto de usabilidade: o fato de o inter-

    nauta no poder controlar, personalizar ou filtrar as suas buscas conforme os seus interesses

    - por data, assunto, autor, entre outros (Figura 9). So detalhes importantes para tornar o

    processo de busca de informaes dentro dositemenos frustrante e exaustivo.

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    Figura 9 - Sistema de busca avanadaFonte: Digestivo Cultural. Disponvel em: Acesso em:

    30/10/11.

    Mesmo no tendo sido recorrentes durante o perodo de anlise e de terem afetado de

    forma mnima a navegao do usurio no site, as situaes de erro tambm poderiam facil-

    mente ser corrigidas, de modo a prevenir que o internauta seja induzido a realizar tarefas de

    forma equivocada (Figura 10) ou se depare com mensagens em linguagem de mquina (Fi-

    gura 11). O Digestivo tambm carece de um sistema autnomo de ajuda e suporte ao usu-

    rio, uma vez que as sees de FAQ (Perguntas mais frequentes, em ingls)no atendem

    plenamente a possveis dvidas e questionamentos dos seus leitores.

    Figura 10 Anlise heurstica: ausncia de preveno de errosFonte: Digestivo Cultural. Disponvel em: Acesso em: 30/10/11.

    http://www.digestivocultural.com.br/buscahttp://www.digestivocultural.com.br/buscahttp://www.digestivocultural.com.br/buscahttp://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/busca
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    Figura 11 - Anlise heurstica: mensagem de erro exibida no siteFonte: Digestivo Cultural. Acesso em: 31/10/11.

    Nos limites das propostas das anlises realizadas, percebeu-se no Digestivo Cultural

    um ambiente propcio ao recurso mais representativo da Web 2.0 - a interatividade. No site,

    o leitor tem autonomia para comentar as publicaes do seu interesse (Figura 12), alm de

    compartilh-la com internautas de fora atravs das plataformas sociais Facebooke Twitter

    (Figura 13).

    Apesar disso, as publicaes analisadas tiveram parca repercusso nas redes sociais e

    foram alvo de poucos comentrios e intervenes de leitores (Figura 14, 15 e 16).

    Tal cenrio pode ser explicado tanto pela proliferao dos sistemas de autopublica-

    o na Internet (tese defendida pelo editor) quanto pela forma como o contedo veiculado

    nas pginas (negligncia quanto ao uso de imagens, hiperlinkse hipermdia).

    Figura 12 Interfaces comunicacionais:recurso permite comentar via perfil do

    FacebookFonte: Digestivo Cultural. Disponvel em:

    Acesso em: 31/10/11.

    Figura 13 - Interfaces comunicacionais:compartilhamento

    FONTE: Digestivo Cultural. Disponvel em:Acesso em: 31/10/11.

    http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com.br/http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3436&titulo=A_cabeca_de_Steve_Jobshttp://www.digestivocultural.com.br/
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    Figura 16 - Anlise de Contedo: quantidade de comentriosFonte: Dados da pesquisa.

    Ainda assim, diante da popularidade e da diversificao temtica promovida por

    meio dos comentrios, o Digestivo resolveu adot-los como uma seo especial, na qual

    cada comentador passa a ter uma pgina prpria com um histrico das suas intervenes

    (Figura 17). Dessa forma, ositeconseguiu criar redes de interao (embora primitivas) den-

    Figura 14 Anlise de Contedo: compar-tilhamentos no FacebookFonte: Dados da pesquisa.

    Figura 15 - Anlise de Contedo: compar-tilhamentos no Twitter

    Fonte: Dados da pesquisa.

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    Figura 18 - Anlise de Contedo: principais assuntos/temasFonte: Dados da pesquisa

    Notou-se, por exemplo, que no Digestivo a subjetividade se destaca na visada de in-

    formao dos textos de cunho diversional (histria de interesse humano) e opinativo (artigo,resenha e crnica), gneros apontados pela anlise de contedo como os mais frequentes no

    site (Figura 19). Ou seja, diante das sensaes expostas nos textos e das descries impres-

    sionistas (estritamente relacionadas com a visada de captao), o factual se reconfigura e, na

    maioria das vezes, fica em segundo plano. A sensao acaba se tornando a prpria informa-

    o, caracterstica inerente ao jornalismo em sua vertente mais aprofundada e literria.

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    Figura 19 - Anlise de Contedo: gneros predominantesFonte: Dados da pesquisa.

    Por outro lado, a anlise de contedo reforou a ideia de que a Internet ajuda a am-

    pliar as fronteiras do jornalismo cultural, muitas vezes fadado a critrios restritos de noticia-

    bilidade. No entanto, o fato de nenhum texto analisado se encaixar no gnero puramenteinformativo no significa que o contedo veiculado pelo sitecarea de informao (confor-

    me revelaram as depuraes realizadas na visada de informao de cada texto, durante a

    Anlise de Discurso).

    O Digestivo demonstra ser possvel combinar modos e visadas discursivas, como in-

    formao (sob a forma de explicao, descrio ou relato), persuaso (sob a forma de co-

    mentrio) e seduo (utilizando recursos emotivos e literrios), ao mesmo tempo em que

    oferece pautas interessantes e olhares sobre diferentes temas, sem perder de vista seus crit-rios de credibilidade (vide trechos abaixo):

    Visada de informao (Acontecimento Relatado): O escritor Alexandre Dumas Filhoaconselhava ao marido trado uma nica atitude para com a esposa infiel: Mate-a (Ficha

    de anlise n 12, Ode mulher, Jardel Cavalcanti).

    Visada de informao (Acontecimento Comentado/persuaso): Marx dizia que ser radical ir raiz do problema. Pretendo fazer isso em relao ao nosso Modernismo. [...] Creio que j

    passou da hora de parar de jogar enfeites comemorativos sobre o suposto modernismo de

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    nossa arte (Ficha de anlise n 4, Semana de 22 e Modernismo: um fracasso nacional ,

    Jardel Cavalcanti).

    Visada de captao (Acontecimento Relatado/seduo): Ao longe, vejo um lobo branco,vindo em minha direo. Tudo ento fica escuro, e ele reaparece, mais perto. Mais perto, at

    que fico cara a cara com ele, como diante de um reflexo enevoado. Sua cara agressiva, no

    entanto tal ferocidade no inspira medo. Apenas . Estou eu diante de um espelho? (Ficha

    de anlise n 1, Lobo branco em selva de pedra: Eduardo Semerjian, Elisa Buzzo).

    Por outro lado, com base no cenrio atestado pelo de estudo de caso (Figura 20), en-

    tende-se como urgente a adequao dosite aos modelos da multimdia dinmica e integrada,

    para ele no se tornar um veculo obsoleto, incapaz de acompanhar as reviravoltas na lin-

    guagem do ciberespao.

    Figura 20 - Interfaces comunicacionais: uso da multimdiaFonte: Digestivo Cultural. Disponvel em: Acesso em:

    31/10/11.

    http://www.digestivocultural.com.br/bloghttp://www.digestivocultural.com.br/blog
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    Por fim, cabe ressaltar que iniciativas com o alcance do Digestivo Cultural esto des-

    tinadas a expandir as potencialidades do jornalismo e da prpria cultura enquanto valor-

    notcia. Ao desempenhar um papel de veculo alternativo desse porte, o sitecontribui para

    que leitores curiosos e (por que no?) insatisfeitos possam absorver tanto informao quanto

    emoo, alm de exercitar as suas prprias afetividades e expandir seus horizontes intelectu-

    ais.

    6. Referncias

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