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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVASF MESTRADO NASCIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA MNPEF ALCICLÉBIO LOPES COELHO UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE ELETRODINÂMICA NO ENSINO MÉDIO JUAZEIRO - BA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF MESTRADO NASCIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA – MNPEF

ALCICLÉBIO LOPES COELHO

UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE

ELETRODINÂMICA NO ENSINO MÉDIO

JUAZEIRO - BA 2017

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UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE ELETRODINÂMICA NO ENSINO MÉDIO

ALCICLÉBIO LOPES COELHO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), no Curso de Mestrado Profissional de Ensino em Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Juazeiro da Bahia - BA Dezembro de 2017

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Mariele Regina

Pinheiro Gonçalves

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF Bibliotecário: Márcio Pataro

C672p

Coelho, Alciclébio Lopes Uma proposta didática para o ensino de Eletrodinâmica no ensino médio / Alciclébio Lopes Coelho – Juazeiro-BA, 2017. xv, 254 f.: il.; 29 cm. Dissertação (Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física - MNPEF) – UNIVASF / Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física, 2017. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Mariele Regina Pinheiro Gonçalves

Referências Bibliográficas: f. 101-105. 1. Física – Estudo e ensino de. 2. Pedagogia. 3. Eletrodinâmica. I. Titulo. II Gonçalves, Mariele Regina Pinheiro. III. Universidade Federal do Vale do São Francisco. CDD 530

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Dedico esta dissertação à minha esposa Arlane Barbosa de Souza e aos meus

filhos Denise Coelho Barbosa e Thales Coelho Barbosa.

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Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida e pelas inúmeras

oportunidades e graças que concedestes. Em segundo lugar agradeço:

À minha orientadora Prof.ª Dr.ª Mariele Regina Pinheiro Gonçalves, pela

dedicação e paciência com as quais me orientou no desenvolvimento deste

trabalho, e, principalmente pelos tantos ensinamentos concedidos.

A todos os professores do MNPEF polo UNIVASF pelos ensinamentos e

incentivos.

Aos colegas de curso pelo apoio.

Aos meus familiares pelo encorajamento.

À escola Manoel Ribeiro Damasceno, por me conceder o espaço para aplicação

do produto, em especial, aos alunos das turmas 3º “A” e 3º “B”, desta, que

voluntariamente aceitaram participar do projeto.

À CAPES pelo apoio financeiro concedido por meio da disponibilização das

bolsas.

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RESUMO

UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE ELETRODINÂMICA NO ENSINO MÉDIO

Alciclébio Lopes Coelho

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Mariele Regina Pinheiro Gonçalves

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da Universidade Federal do vale do São Francisco (UNIVASF) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

O desenvolvimento de materiais educacionais que tenham a capacidade de contribuir significativamente para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, é um dos grandes desafios, atualmente propostos aos educadores brasileiros. Este trabalho descreve a elaboração e aplicação, e, discute os resultados observados a partir da execução de uma sequência didática, proposta para o ensino dos conteúdos de Eletrodinâmica, no terceiro ano do ensino médio. A sequência em questão propõe uma abordagem fundamentada na dinâmica dos três momentos pedagógicos de Delizoicov e Angotti, onde, os principais conteúdos que compõem a Eletrodinâmica foram subdivididos em cinco grupos, estruturados em torno do tema circuitos elétricos e telecomunicações e trabalhados em três instantes distintos de aprendizagem. No primeiro deles, a problematização inicial, foram lançadas questões e/ou situações, com o intuito de despertar o interesse dos alunos, de forma que a busca pelas soluções das mesmas, regeriam as etapas seguintes do estudo. No segundo momento, a organização do conhecimento, ocorreram as sistematizações dos principais conceitos e ideias referentes à matéria, o que se deu principalmente pelo uso de simulações como recursos de ensino. Na terceira e última etapa, a aplicação do conhecimento, os estudantes realizaram uma série de práticas experimentais, com o objetivo de fortalecer o conhecimento apreendido, e, participaram do ato avaliativo, que foi desenvolvido mediante a utilização da ferramenta mapa conceitual. Ao final do processo, os resultados colhidos, apontaram evidências que houve desenvolvimento de aprendizagens, assim como, mostraram um bom acolhimento por parte dos discentes, da metodologia empregada. Palavras-chave: Ensino de Física, Três Momentos Pedagógicos, Eletrodinâmica.

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ABSTRACT

A DIDATIC PROPOSAL FOR THE TEACHING OF ELECTRODYNAMICS IN

HIGH SCHOOL

Alciclébio Lopes Coelho

Supervisor: Mariele Regina Pinheiro Gonçalves Abstract of master’s thesis submitted to Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física da Universidade Federal do vale do São Francisco (UNIVASF) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), in partial fulfillment of the requirements for the degree Mestre em Ensino de Física.

The development of educational materials that have the capacity to contribute significantly to the improvement of the teaching-learning process is currently one of the great challenges proposed to Brazilian educators. This work describes the elaboration and application, and discusses the results observed from the execution of a didactic sequence proposed for the teaching of Electrodynamic contents, in the third grade of High School. The sequence in question proposes an approach based on the dynamics of the three pedagogical moments of Delizoicov and Angotti, where the main contents that compose the electrodynamics were subdivided into five groups, structured around the theme electrical circuits and telecommunications and worked in three distinct instants of learning. In the first one, the initial problematization, issues and/or situations were launched in order to arouse the interest of the students, so that the search for solutions of the same would govern the following stages of the study. In the second moment, the organization of knowledge, the systematizations of the main concepts and ideas related to the matterwere carried out, which was mainly due to the use of simulations as teaching resources. In the third and last stage, the application of knowledge, the students performed a series of experimental practices, with the objective of strengthening the knowledge acquisition and participated in the assessment process, which was developed through the use of the conceptual map tool. At the end of the process, the results gathered showed evidence that there had been development of learning, as well as, they showed a good acceptance, by the students, of the methodology. Keywords: Physics Teaching, Three Pedagogical Moments, Electrodynamics.

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................... 1

1.1. Justificativa ............................................................................................ 2

1.2. Objetivo ................................................................................................. 3

1.3. Estrutura do Texto ................................................................................. 4

2. Fundamentação Teórica ............................................................................. 5

2.1. Uma Breve Análise da Pedagogia Freireana ........................................ 6

2.2. Os Três Momentos Pedagógicos .......................................................... 8

2.2.1. Primeiro momento: Problematização Inicial .................................... 9

2.2.2. Segundo momento: Organização do Conhecimento ....................... 10

2.2.3. Terceiro momento: Aplicação do Conhecimento ............................. 11

2.3. Mapas Conceituais .............................................................................. 11

2.3.1. Mapas conceituais como instrumento de avaliação ...................... 15

2.4. O Ensino de Eletrodinâmica ................................................................ 16

2.4.1. Grandezas Físicas no Estudo dos Circuitos Elétricos, diferença de

potencial, corrente elétrica e sua intensidade, efeitos da corrente elétrica,

potência elétrica e energia elétrica, resistência elétrica e Leis de Ohm. ... 17

2.4.1.1. Corrente elétrica ..................................................................... 18

2.4.1.2. Diferença de potencial, Tensão, Voltagem e fontes de voltagem

22

2.4.1.3. Resistência elétrica e Lei de Ohm .......................................... 24

2.4.1.4. Potência e energia elétrica ..................................................... 27

2.4.2. Equipamentos Elétricos de um Circuito: Gerador Elétrico, Receptor

Elétrico. ..................................................................................................... 28

2.4.2.1. Gerador Elétrico ..................................................................... 29

2.4.2.2. Receptor Elétrico .................................................................... 32

2.4.3. Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e Resistores. .............. 33

2.4.3.1. Equação do circuito série ....................................................... 37

2.4.4. Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff, instrumentos elétricos de

medição, dispositivos de segurança, circuitos com capacitores planos. ... 39

2.4.4.1. Leis de Kirchhoff .................................................................... 39

2.4.4.2. Instrumentos elétricos de medição ......................................... 42

2.4.4.3. Dispositivos de segurança ..................................................... 46

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2.4.4.4. Os capacitores planos e os circuitos elétricos ........................ 48

2.4.5. Os componentes semicondutores ................................................ 51

2.4.5.1. O modelo atômico de Bohr e a estrutura de bandas .............. 52

2.4.5.2. A junção p-n e o transistor ..................................................... 58

3. Metodologia ............................................................................................... 70

3.1. A proposta didática .............................................................................. 70

3.1.1. O tema estruturador, Circuitos elétricos e telecomunicações ....... 70

3.1.2. O Público alvo ............................................................................... 71

3.1.3. O Local da aplicação .................................................................... 72

3.1.4. Os recursos utilizados .................................................................. 73

3.1.4.1. As Simulações ....................................................................... 73

3.1.4.2. Os Experimentos .................................................................... 75

3.1.4.3. O kit Eletrodinâmica básica ....................................................... 75

3.2. Desenvolvimento da proposta ............................................................. 76

3.3. O método de avaliação ....................................................................... 83

3.3.1 Avaliação Geral ............................................................................... 91

4. Resultados e Discussões .......................................................................... 93

4.1. A aplicação do Produto ....................................................................... 93

4.2. A avaliação .......................................................................................... 94

4.2.1. Resultado da análise dos conhecimentos prévios ........................ 94

4.2.2. Resultados das avaliações da aprendizagem............................... 95

4.2.3. Resultados da avaliação geral ...................................................... 96

4.2.4. Relato dos discentes sobre o curso. ............................................. 97

5. Considerações finais ................................................................................. 99

Referências Bibliográficas .............................................................................. 101

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1– Exemplo de proposição. ............................................................... 12

Figura 2.2 – Exemplo de Mapa Conceitual explicando como são desenvolvidos

os mesmos ....................................................................................................... 13

Figura 2.3 – Sistema hidráulico composto por dois tanques e conectados entre

si por uma tubulação contendo um registro...................................................... 19

Figura 2.4 – Sistema composto por duas esferas carregadas e conectados entre

si por um fio condutor contendo um interruptor ................................................ 19

Figura 2.5 – Gráficos das correntes CC e CA em função do tempo. ............... 21

Figura 2.6 – Sistema hidráulico utilizando uma bomba para manutenção do

desnível entre os tanques e da corrente nas tubulações. ................................ 23

Figura 2.7 – Sistema elétrico utilizando uma pilha para produzir uma ddp e

consequentemente corrente elétrica no condutor. ........................................... 23

Figura 2.8 – a. Gráfico U x i para um resistor ôhmico, b. Gráficos U x i para dois

resistores não ôhmicos..................................................................................... 27

Figura 2.9 – Curva característica de um gerador. ........................................... 31

Figura 2.10 – Curva característica de um receptor. ......................................... 33

Figura 2.11 – Símbolos de elementos dos circuitos elétricos, a. Resistor; b.

Gerador real; c. Receptor real. ......................................................................... 34

Figura 2.12 – Associações de resistores, a. Associação em série; b. Associação

e paralelo; c. Associação mista. ....................................................................... 34

Figura 2.13 – Associações de Geradores elétricos, a. Associação em série; b.

Associação e paralelo. ..................................................................................... 36

Figura 2.14 – Circuito em série, a. Circuito em série contento Gerador

(bateria), receptor (motor) e resistor (lâmpada); b. Circuito esquematizado.

......................................................................................................................... 37

Figura 2.15 – Circuito elétrico com dois nós, três ramos e três malhas........... 40

Figura 2.16 – Ilustração da Lei dos nós.. ......................................................... 40

Figura 2.17 – Ilustração da Lei das malhas. .................................................... 41

Figura 2.18 – Esquema de um galvanômetro comum ..................................... 43

Figura 2.19 – Esquema de montagem do amperímetro .................................. 43

Figura 2.20 – Esquema demostrando a associação do amperímetro ao circuito.

......................................................................................................................... 44

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Figura 2.21 – Esquema de montagem do voltímetro ....................................... 44

Figura 2.22– Esquema demostrando a associação do voltímetro ao circuito. . 45

Figura 2.23 – Esquema da ponte de Wheatstone. .......................................... 45

Figura 2.24 – Dispositivos de segurança, a. Fusível, b. Disjuntor e c. Símbolo

dos fusíveis ou disjuntores nos circuitos. ......................................................... 47

Figura 2.25 – Garrafa de Leiden ...................................................................... 48

Figura 2.26 – Gráfico da tensão versus a carga durante a descarga de um

capacitor. .......................................................................................................... 50

Figura 2.27 – a. Símbolo do capacitor, b. Associação de capacitores em série,

c. Associação de capacitores em paralelo ....................................................... 50

Figura 2.28 – Modelo atômico de Rutherford-Bohr .......................................... 52

Figura 2.29 – Níveis de energia do átomo de Bohr segundo a hipótese de

Debroglie. a. Região do átomo onde há um nível de energia. b. Região do átomo

onde não há nível energético. c. Analogia ao modelo atómico de Bohr. ......... 54

Figura 2.30 – Formação de bandas de energia num sólido. (a) átomo isolado.

(b) sistema de alguns átomos. (c) um mol de átomos ...................................... 56

Figura 2.31 – Estrutura molecular de um material semicondutor. a. Estrutura

cristalina de um semicondutor puro, b. Estrutura cristalina de um semicondutor

dopado tipo N, c. Estrutura cristalina de um semicondutor dopado tipo P. ...... 57

Figura 2.32 – Montagem da junção p-n. a. Dois cristais semicondutores antes

de ser juntados, b. Imediatamente após a junção os elétrons de um lado são

atraídos pelas lacunas do outro, c. A combinação elétron-lacuna cria uma região

estável do ponto de vista das ligações químicas, d. Os elétrons que atravessam

a junção e criam, ao se combinarem com as lacunas, uma região carregada

próximo à junção, chamada zona de depleção. ............................................... 59

Figura 2.33 – Gráfico da corrente versus a tensão para uma junção p-n. ....... 60

Figura 2.34 – a. Gráfico da corrente alternada, b. Gráfico da corrente continua

pulsante, após passar por um diodo retificador. ............................................... 60

Figura 2.35 – LED (Diodo Emissor de Luz), à direita em detalhe o chip

semicondutor (Junção P-N), a camada ativa corresponde à região onde ocorre

as combinações elétron-lacunas ...................................................................... 61

Figura 2.36 – a e b. Duas associações de dois diodos cada, ambas não

conduzem corrente elétrica, c. Transistor tipo PNP e d. Transistor tipo NPN. . 62

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Figura 2.37– a. Símbolos que representam os transistores nos circuitos, b.

exemplos de transistores.................................................................................. 63

Figura 2.38 – a. Esquema de um transistor MOSFET de canal n, b.

símbolo, através do qual, são representados nos circuitos os MOSFETs

de canal n..........................................................................................................65

Figura 2.39 – Circuito CMOS de uma placa lógica inversora. ......................... 66

Figura 2.40 – Circuito Integrado NE555. a. Foto do CI NE555, b. Diagrama

esquemático do CI NE555. ............................................................................... 67

Figura 2.41 – A linha continua mostra a evolução da quantidade de transistores

por chip a partir de 1970, e a linha tracejada mostra a projeção feita segundo a

Lei de Moore .................................................................................................... 69

Figura 3.1 – Foto da frente da Escola Manoel Ribeiro Damasceno, com sua

localização.........................................................................................................72

Figura 3.2 - Forma como os conteúdos de Eletrodinâmica foram trabalhados,

segundo a proposta didática.. .......................................................................... 80

Figura 3.3 – Foto do momento de problematização, utilizando uma prática,

durante a aplicação da proposta ...................................................................... 81

Figura 3.4 - Foto do momento de organização do conhecimento, utilizando uma

simulação, durante a aplicação da proposta .................................................... 82

Figura 3.5 – Fotos do momento de aplicação do conhecimento, alunos

realizando experimentos, durante a aplicação da proposta ............................. 83

Figura 3.6 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema eletricidade, durante o

momento de análise dos conhecimentos prévios. ............................................ 84

Figura 3.7 – Mapa conceitual desenvolvido pelo aluno 06, para o tema

eletricidade, durante o momento de análise dos conhecimentos prévios......... 84

Figura 3.8 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema geradores e receptores

elétricos, durante a aplicação da proposta ....................................................... 87

Figura 3.9 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema Componentes

semicondutores, durante a aplicação da proposta. .......................................... 88

Figura 3.10 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema Componentes

semicondutores, durante a aplicação da proposta. Corrigido ........................... 89

Figura 3.11 – Mapa conceitual desenvolvido pelo aluno 04, para o tema

Grandezas físicas nos circuitos elétricos, durante a aplicação da proposta..... 90

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Figura 3.12 – Mapa conceitual desenvolvido pelo aluno 04, para o tema

Grandezas físicas nos circuitos elétricos, durante a aplicação da proposta.

Corrigido ........................................................................................................... 90

Figura 3.13 – Mapa conceitual desenvolvido para todo o conteúdo estudado

durante a aplicação da proposta ...................................................................... 92

Figura 4.1 – Conceitos atribuídos aos alunos nas cinco avaliações da

aprendizagem realizadas durante a aplicação da proposta didática ................96

Figura 4.2 – Resultado da avaliação geral. ..................................................... 97

Figura 4.3 – Texto desenvolvido pelo aluno 5 para avaliar a aplicação da

proposta ........................................................................................................... 98

Figura 4.4 – Texto produzido pelo aluno 07, expressando sua opinião sobre a

aplicação da proposta ...................................................................................... 98

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LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Simulações utilizadas durante a aplicação da sequência. ....... 74

QUADRO 2 – Estratégias de problematização utilizadas para cada conteúdo.

......................................................................................................................... 77

QUADRO 3 – Simulações utilizadas durante os momentos de organização do

conhecimento, para cada conteúdo. ................................................................ 78

QUADRO 4 – Experimentos realizados no momento de aplicação do

conhecimento para cada grupo de conteúdos. ................................................. 79

QUADRO 5 – Descritores avaliados em cada grupo de conteúdos. ............... 86

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AC: Alternating Current (Corrente Alternada).

BJT: Bipolar Junction Transistor (Transistor de Junção Bipolar)

CI: Circuito Integrado.

CMOS: Complementary Metal Oxide Semiconductor (Semicondutor de Metal-

Óxido Complementar).

DC: Direct Current (Corrente Continua).

ddp: Diferença de Potencial Elétrico

fcem: Força contra-eletromotriz.

fem: Força eletromotriz.

FET: Field Effect Transistor (Transistor de Efeito de Campo)

JFET: Junction Field Effect Transistor (Transistor de Junção por Efeito de

Campo)

LDR: Light Dependent Resistor (Resistor Dependente de Luz ou Fotoresistor).

LED: Light Emitting Diode (Diodo Emissor de Luz).

MOSFET: Metal-Oxide-Semiconductor Field Effect Transistor (Transistor de

Efeito de Campo de Semicondutor de Óxido Metálico). PC: Personal computer (Computador Pessoal).

PCN: Parâmetros Curriculares Nacionais.

PCN+: Orientações educacionais complementares aos PCNs.

PEBEP: Parâmetros para a Educação Básica do Estado de Pernambuco.

PhET: Physics Education Technology (Tecnologias de Ensino de Física).

PPP: Projeto Político Pedagógico.

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1. Introdução

Lecionar Física no ensino básico brasileiro é uma tarefa que requer não apenas

conhecimento como também paciência, criatividade, disponibilidade, capacidade de

romper paradigmas e comprometimento social, uma vez que a educação de maneira

geral no Brasil, principalmente no setor público, é permeada de dificuldades advindas

de problemas internos e externos ao sistema educativo.

De acordo com Costa e Barros:

O ensino das ciências Físicas e naturais no país está fortemente influenciado

pela ausência da prática experimental, dependência excessiva do livro

didático, método expositivo, reduzido número de aulas, currículo

desatualizado e descontextualizado e profissionalização insuficiente do

professor (COSTA e BARROS, 2015; apud PEDRISA, 2001; DIOGO;

GOBARA, 2007. p. 02).

Para Moreira:

O ensino da Física na educação contemporânea é desatualizado em termos

de conteúdos e tecnologias, centrado no docente, comportamentalista,

focado no treinamento para as provas e aborda a Física como uma ciência

acabada, tal como apresentada em um livro de texto (MOREIRA, 2013. p.03).

É comum, principalmente no setor público de ensino, a predominância de

alguns conteúdos de Física, enquanto outros são praticamente ignorados, sendo tal

fato, justificado normalmente pela falta de tempo, de recursos ou de conhecimento por

parte do aluno, de temas cujo estudo já aconteceu ou deviria ter acontecido.

Professores de Física normalmente partilham a ideia de que a maioria dos seus

alunos não têm um interesse natural alicerçado por esta disciplina, o que geralmente

está associado a dificuldades no campo da Matemática ou a um simples descarte

desta ciência em virtude da escolha de um seguimento profissional, situação esta,

onde os estudantes constroem ingenuamente a ideia de que, para tanto, tal saber é

desnecessário.

Despertar no aluno interesse pela Física não é tarefa simples, todavia, a forma

como esta é apresentada em sala de aula pode ser decisiva para tanto. É preciso que

estudante veja a Física não como uma Matemática a mais ou como um conhecimento

de alta complexidade, útil apenas a determinados profissionais; mas sim, como sendo

parte do seu dia-a-dia e como fator determinante para o entendimento dos fenômenos

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naturais e desenvolvimento das mais diversificadas tecnologias, que ao longo da

história da humanidade contribuíram muito para a melhoria da qualidade de vida das

pessoas.

Saber pensar cientificamente interessa ao cidadão comum e não somente ao

cientista, uma vez que isso envolve a capacidade de entender a realidade, de

situar-se no mundo participando de forma ativa na sociedade. Ser capaz de

compreender criticamente uma notícia, de ler um texto científico, de entender

e avaliar questões de ordem social e política constituem os conhecimentos e

habilidades mínimas necessárias para que os indivíduos se sintam

“alfabetizados” tanto científica como tecnologicamente. (BRITO, BASTO e

FERREIRA, 2009. p. 02).

Conseguir tornar o aluno um ser mais ativo na construção do seu conhecimento

científico, principalmente promovendo a diminuição da distância entre teoria e prática,

é atualmente um dos maiores desafios propostos aos professores brasileiros e o

caminho para se chegar a tal feito, certamente passa pela implementação de novas

estratégias de ensino-aprendizagem, que possam tornar o processo de ensino mais

dinâmico e eficiente, utilizando as tecnologias da informação e comunicação e

métodos inovadores, que promovam a iteratividade e despertem o interesse

associando os conteúdos curriculares ao contexto sociocultural dos estudantes.

Este trabalho descreve a construção e analisa os efeitos da aplicação de uma

proposta didática para o ensino de Eletrodinâmica no nível médio, na qual são

implementadas estratégias de ensino, que de forma contextualizada, buscam

promover uma maior interação do aluno com o conteúdo de forma teórica e prática.

1.1. Justificativa

O ensino de Física no estado de Pernambuco, local onde se deu o

desenvolvimento e aplicação da sequência em questão, é permeado de dificuldades

e carências, entre as quais, vale destacar a reduzida carga horária da disciplina de

Física, composta por apenas duas horas aulas semanais, a escassez de recursos

pedagógicos, a inexistência de laboratório de Física e as deficiências matemáticas

dos alunos. Neste contexto, é comum que alguns conteúdos não sejam sequer

abordados, e que, quando estudados, sejam conduzidos através de uma metodologia

baseada exclusivamente no seguimento do livro didático como recurso.

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O desenvolvimento de sequências de ensino focadas nesta problemática, que

tracem estratégias, organizando diferentes tipos de atividades / recursos, como por

exemplo: simulações computacionais, vídeos e experimentos simples com material de

baixo custo; focadas no cotidiano dos estudantes; seguramente é algo que pode

contribuir significativamente para melhoria do processo de aprendizagem.

Almeja-se que, com a elaboração da sequência didática, um paradigma

ultrapassado seja quebrado: que é quando um professor somente reproduz

um conhecimento aos escolares. Ou seja, com a sequência didática é

possível ensinar qualquer tema e conteúdo, inclusive as ciências. (LEAL,

2013, p. 07).

A sequência de ensino, cujas construção e aplicação são descritas neste

trabalho, foi desenvolvida buscando suprir as deficiências anteriormente citadas,

observadas no setor público de ensino do estado de Pernambuco, direcionada para o

ensino dos conteúdos básicos de Eletrodinâmica, uma vez que estes, poucas vezes

são estudados neste cenário e quando são, dificilmente vão além da pauta do livro

didático. A proposta em questão é fundamentada na Dinâmica dos Três Momentos

Pedagógicos de Delizoicov e Angotti e propõe a utilização de recursos diversificados

como: Simulações, vídeos e experimentos durante o processo de ensino-

aprendizagem, e também um sistema avaliativo diferenciado do tradicionalmente

adotado, a ser desenvolvido por meio da utilização de mapas conceituais.

1.2. Objetivo

Desenvolver um conjunto de estratégias didáticas para o ensino dos conteúdos

básicos de Eletrodinâmica, afim de promover uma interação professor-alunos-

conteúdos, de forma que venha a resultar no desenvolvimento, por parte dos

estudantes, das competências previamente estabelecidas segundo os Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCN e os Parâmetros para a Educação Básica do Estado de

Pernambuco – PEBEP, para tais matérias. Sendo tais competências:

Caracterizar e comparar as propriedades elétricas dos materiais: dielétricos,

semicondutores, condutores e supercondutores, relacionando cada classe de

materiais ao modelo atômico de Rutherford -Bohr.

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Identificar a influência da condutibilidade e resistividade de diferentes tipos de

materiais, assim como as características geométricas do objeto, sobre o valor de

sua resistência elétrica.

Realizar cálculos de tensão elétrica, resistência e intensidade de corrente elétrica

em circuitos elétricos compostos por diferentes componentes.

Caracterizar as funções de componentes individuais de circuitos elétricos.

Realizar pesquisa do consumo de energia elétrica de equipamentos

eletrodomésticos.

Identificar a presença de componentes eletrônicos semicondutores e suas

propriedades nos equipamentos contemporâneos.

Identificar elementos básicos da microeletrônica para compreender o

processamento de informação (processadores, microcomputadores etc.), redes de

informática e sistemas de automação.

Acompanhar e avaliar o impacto social e econômico da automação e informatização

na vida contemporânea.

1.3. Estrutura do Texto

O texto da presente dissertação está estruturado em cinco capítulos, iniciando-

se de fato no capítulo 2, com a fundamentação teórica, onde são apresentados

brevemente os principais aspectos da Perspectiva Freireana de Educação, da

Dinâmica dos Três Momentos Pedagógicos desenvolvida por Delizoicov e Angotti e

dos Mapas Conceituais, cujas teorias, deram suporte ao desenvolvimento e à

aplicação da sequência de ensino no nível médio. Ainda neste capítulo são

apresentados os conteúdos sobre os quais versa a sequência.

No capítulo 3, são descritas as metodologias utilizadas no desenvolvimento e

aplicação da proposta e no processo de avaliação.

Em seguida no capítulo 4, são apresentados e discutidos os resultados

verificados, a partir dos aspectos gerais, analisados durante a aplicação da proposta

e através das avaliações realizadas.

Finalizando, no capítulo 5, são feitas algumas considerações relevantes para o

trabalho e apresentadas as principais conclusões tiradas do mesmo.

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2. Fundamentação Teórica

Embora seja consensual entre os educadores a ideia de que o ensino de

Ciência no Brasil carece de investimentos, recursos e melhorias, também é partilhada

por muitos destes a concepção de que é possível fazer mais, mesmo com as

dificuldades existentes. No entanto, isto só se torna possível diante um aluno

mobilizado a aprender.

E como motivar o alunado a estudar Ciências, em especial Física? Certamente

esta não é uma indagação fácil de se responder uma vez que nem sempre aquilo que

é motivador para um indivíduo é visto da mesma forma por outro. Entretanto, é de

conhecimento de todos, as principais causas que contribuem para tornar desmotivante

tal ensino, como listam os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):

O ensino de Física tem-se realizado frequentemente mediante a

apresentação de conceitos, leis e fórmulas, de forma desarticulada,

distanciados do mundo vivido pelos alunos e professores e não só, mas

também por isso, vazios de significado. Privilegia a teoria e a abstração,

desde o primeiro momento, em detrimento de um desenvolvimento gradual

da abstração que, pelo menos, parta da prática e de exemplos concretos.

Enfatiza a utilização de fórmulas, em situações artificiais, desvinculando a

linguagem matemática que essas fórmulas representam de seu significado

físico efetivo. Insiste na solução de exercícios repetitivos, pretendendo que o

aprendizado ocorra pela automatização ou memorização e não pela

construção do conhecimento através das competências adquiridas.

Apresenta o conhecimento como um produto acabado, fruto da genialidade

de mentes como a de Galileu, Newton ou Einstein, contribuindo para que os

alunos concluam que não resta mais nenhum problema significativo a

resolver. Além disso, envolve uma lista de conteúdos demasiadamente

extensa, que impede o aprofundamento necessário e a instauração de um

diálogo construtivo. (BRASIL, 1999, p. 22).

Superar essa realidade e promover um ensino de Física mais eficiente, requer

dos professores, além de conhecimento da disciplina e disponibilidade para estudar o

universo do aluno; embasamento teórico-educacional, que lhes permitam

compreender as dificuldades, necessidades e potencialidades dos estudantes; e,

organização de atividades, que possam resultar no desenvolvimento de uma

aprendizagem significativa.

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2.1. Uma Breve Análise da Pedagogia Freireana

O educador brasileiro Paulo Freire (1921 – 1997), é considerado por muitos

como um dos mais importantes teóricos educacionais e é conhecido principalmente

pelo método de alfabetização de adultos que desenvolveu, no qual, apresentou um

pensamento pedagógico assumidamente político, segundo o qual, o principal objetivo

da educação é conscientizar o aluno, de forma que este, em se tratando da parcela

mais desfavorecida da população, torne-se capaz de reconhecer sua situação de

oprimido e apto a agir em busca de sua libertação (FERRARI, 2008).

A Proposta freireana é que, no processo educativo, seja dada ênfase ao

diálogo, fundado principalmente, em temáticas relacionadas ao contexto sociocultural

dos educandos; que sejam valorizados os conhecimentos prévios dos estudantes e

que o ensino tenha como principal objetivo o desenvolvimento da criticidade, cujos

efeitos, desenvolverão nestes, a capacidade de aprender a aprender.

Freire qualificou o ensino ofertado na maioria das escolas, ensino este pautado

em metodologias tradicionais, como educação bancária, na qual o professor é visto

como um detentor do conhecimento que por sua vez deposita o saber num aluno

receptivo e dócil (FERRARI, 2008). Em contrapartida à educação bancária Freire

propôs uma educação problematizadora.

[...], Enquanto a prática bancária, como enfatizamos, implica numa espécie

de anestesia, inibindo o poder criador dos educandos, a educação

problematizadora, de caráter autenticamente reflexivo, implica num constante

ato de desvelamento da realidade. A primeira pretende manter a imersão; a

segunda, pelo contrário, busca a emersão das consciências, de que resulte

sua inserção crítica na realidade (FREIRE, 1987. p. 40).

Paulo Freire dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os

alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los

(FERRARI, 2008). Neste modelo de educação educador e educandos constroem em

conjunto os conceitos primordiais relacionados a determinado conteúdo, a partir de

uma situação problematizadora, normalmente referente a um tema cotidiano e

significante para os educandos, o tema gerador.

O educador deve sair da condição de detentor do conhecimento, assim como,

considerar os saberes dos educandos, embora isso não signifique que ambos devam

ser vistos como iguais, pois são diferentes, entretanto, não devem ser antagônicos. O

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professor deve dirigir o estudar dos alunos sem autoritarismo promovendo um

ambiente de respeito mútuo, coordenando os trabalhos do educando para, com ele,

ultrapassar a ingenuidade inicial, não cabendo àquele ser manipulador, opressor ou

domesticador (MOREIRA, 2015).

Nessa perspectiva o educador deve estar sempre aberto ao diálogo e disposto

a aprender, pois o ato de ensinar também é um ato de aprendizagem. Freire (1987)

destaca que “a educação não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B,

mediatizados pelo mundo [...]”.

Moreira (2015) coloca que:

Estão presentes em Freire, assim como em outros conhecidos autores, as

duas premissas sobre as quais está assentado grande parte do discurso

pedagógico atual, que são: aprender a aprender e ensino centrado no aluno.

Para isso, o professor deve ser o mediador; a interação social é fundamental;

os conteúdos são importantes, mas mais importantes do que eles é a

significação, a aprendizagem significativa desses conteúdos; o conhecimento

prévio é o ponto de partida; as situações de ensino devem fazer sentido para

o aluno e os significados devem ser construídos criticamente (MOREIRA,

2015, p. 156).

Para Freire o aluno deve ser conduzido a conhecer o conteúdo, mas não como

verdade absoluta, pois, segundo ele, tudo está em permanente transformação e

interação. O mesmo dizia em uma de suas famosas frases, que “o mundo não é, o

mundo está sendo” (FERRARI, 2008).

"Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa

concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim,

distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de

aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que

o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos

mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de

aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos

temas em discussão, o que permite que o aluno construa o caminho do senso

comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato

para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em

questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar

impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do

ensino, que é a conscientização do aluno (FERRARI, 2008. p. 03).

Embora a obra de Freire tenha sido vista, inicialmente por alguns, como um

método de alfabetização de adultos ela é muito mais do que isto. O pensamento

freireano questiona o conceito tradicional de educação, a forma como essa se

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desenvolve e os seus efeitos na sociedade, além de apresentar, o que para ele,

deveriam ser os princípios básicos sobre os quais deveria ser edificada a verdadeira

pratica educativa, capaz de transformar a realidade de uma sociedade oprimida.

Mesmo sem serem adotadas por completo na educação brasileira, as teorias

freireanas, ao longo dos anos tem causado muita inquietação nos educadores que a

conheceram ou conhecem, de forma que, muitas têm sido as tentativas de

implementar a aplicação destas aos diversos contextos e níveis de ensino.

Entre os que buscaram aplicar as ideias de Feire a diferentes situações,

destacou-se, um grupo de físicos paulistas, que visava melhorar o ensino de Física

na escola secundária. Faziam parte desse grupo Demétrio Delizoicov e José André

Angotti, entre outros, cujo trabalho desenvolvido por estes, culminaria num conjunto

de estratégias pedagógicas voltadas para melhoria do ensino de Ciências na

educação básica, que ficariam conhecidas como “A Dinâmica dos Três Momentos

Pedagógicos”, e que serviram de base teórica para o desenvolvimento deste trabalho.

2.2. Os Três Momentos Pedagógicos

A dinâmica dos três momentos pedagógicos foi abordada, inicialmente, por

Delizoicov (1982, 1983), objetivando promover a transposição da concepção freireana

de educação para o ambiente da educação formal (MUENCHEN e DELIZOICOV,

2014).

Nesta perspectiva, os conteúdos programáticos deixam de ser o fio condutor

que definem os currículos escolares, que, por sua vez, apresentam

características de currículo tradicionais que se encontram distantes e

descontextualizados da realidade dos educandos e passam a serem

construídos a partir de temas que surgem da realidade dos educandos

(ARAÚJO, 2015, p. 30).

A ideia posteriormente compartilhada por Delizoicov e Angotti (1990), propõe

uma nova perspectiva para o ensino de Ciências nos níveis fundamental e médio.

Segundo tal paradigma, os conteúdos precisam ser abordados de forma

problematizada, estruturados sob a perspectiva de um tema central, partindo dos

conhecimentos prévios dos estudantes; passando por um instante de reorganização

do saber, através do desenvolvimento de situações que proporcionem um

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conflitamento entre os saberes prévios e o conhecimento cientifico; e, finalizando-se

por meio de um momento de fixação onde o conhecimento adquirido é aplicado na

resolução de determinadas situações. Para isto é sugerido que o processo de ensino-

aprendizagem seja desenvolvido em três momentos pedagógicos; sendo o primeiro

deles denominado Problematização Inicial; o segundo Organização do Conhecimento

e o terceiro Aplicação do Conhecimento.

De acordo com Araújo (2015, p. 33), “Os momentos pedagógicos proporcionam

que o diálogo problematizador esteja presente em cada um dos momentos

potencializando a participação do educando no processo de apropriação do

conhecimento [...]”.

2.2.1. Primeiro momento: Problematização Inicial

É o momento inicial do processo de ensino-aprendizagem, onde o educando

terá o primeiro contato com o tema relacionado ao conteúdo que será ensinado, o

propósito deste é direcionar o aluno através de uma questão/situação, cuja busca pela

solução, coincide com o desenvolvimento do conteúdo programado.

São apresentadas questões e/ou situações para discussão com os alunos.

Sua função, mais do que simples motivação para se introduzir um conteúdo

específico, é fazer a ligação desse conteúdo com situações reais que os

alunos conhecem e presenciam, para as quais eles provavelmente não

dispõem de conhecimentos científicos suficientes para interpretar total ou

corretamente (DELIZOICOV e ANGOTTI, 1990).

O objetivo do momento de problematização inicial é promover um diálogo crítico

sobre a temática a ser estudada, através da discussão referente à interpretação de

determinada situação problematizada, de forma que, o aluno perceba a necessidade

de obter novos conhecimentos sobre o tema. Isto é: “[...] deseja-se aguçar explicações

contraditórias e localizar as possíveis limitações do conhecimento que vem sendo

expressado, quando este é cotejado com o conhecimento científico que já foi

selecionado para ser abordado” (GEHLEN, MALDANER e DELIZOICOV; 2012, apud

DELIZOICOV, ANGOTTI e PERNAMBUCO, 2002).

A problematização poderá ocorrer pelo menos em dois sentidos: Por um lado,

o aluno terá possivelmente algum conhecimento sobre as questões em discussão,

fruto de aprendizagem anterior na escola ou fora dela. Entretanto, tal conhecimento

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poderá estar ou não de acordo com as explicações cientificas, constituindo as

chamadas concepções alternativas ou conceitos espontâneos dos alunos. A

discussão problematizada possibilitará a manifestação destas concepções. Por outro

lado, a problematização poderá permitir que o aluno sinta necessidade da aquisição

de outros conhecimentos (DELIZOICOV e ANGOTTI, 1990).

As questões e/ou situações abordadas na problematização devem ser comuns

ao contexto dos educandos, assim como, suas soluções devem carecer do

conhecimento cientifico referente aos conteúdos, cujo processo de ensino-

aprendizagem busca-se desenvolver.

A postura do professor no momento de problematização deve ser mais voltada

para o lançamento de dúvidas e questionamentos sobre o tema, do que para a

apresentação de respostas e explicações (DELIZOICOV e ANGOTTI, 1990).

2.2.2. Segundo momento: Organização do Conhecimento

É no momento de organização do conhecimento que deve ocorrer a

sistematização do conhecimento cientifico relacionado aos conteúdos abordados nas

questões e/ou situações apresentadas no decorrer da problematização inicial. Ou

seja, é nesse instante que serão desenvolvidas, com o auxílio do professor, as

atividades que irão permitir que educandos desenvolvam as bases da aprendizagem

almejada (DELIZOICOV e ANGOTTI, 1990).

De acordo com Delizoicov e Angotti (1990), “Definições, conceitos, relações,

leis apresentadas no texto introdutório serão agora aprofundadas”.

O conteúdo é programado e preparado em termos instrucionais para que o

aluno o apreenda de forma a, de um lado, perceber a existência de outras

visões e explicações para as situações e fenômenos problematizados, e, de

outro, a comparar esse conhecimento com o seu, para usá-lo para melhor

interpretar aqueles fenômenos e situações (DELIZOICOV e ANGOTTI, 1990).

Neste momento o professor deverá utilizar-se das técnicas de ensino

previamente selecionadas, de acordo com o tema, com a problematização e com o

contexto dos estudantes.

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2.2.3. Terceiro momento: Aplicação do Conhecimento

De acordo com Delizoicov e Angotti (1990), o terceiro momento pedagógico

deve:

Destinar-se, sobretudo, a abordar sistematicamente o conhecimento que vem

sendo incorporado pelo aluno para analisar e interpretar tanto as situações

iniciais que determinaram seu estudo, como outras situações que não

estejam diretamente ligadas ao motivo inicial, mas que são explicadas pelo

mesmo conhecimento. Deste modo pretende-se que, dinâmica e

evolutivamente, o aluno perceba que o conhecimento, além de ser uma

construção historicamente determinada, desde que apreendido é acessível a

qualquer cidadão, que dele pode fazer uso. Com isso, pode-se evitar a

excessiva dicotomização entre processo e produto, Física de "quadro-negro"

e Física da "vida", "cientista e não-cientista" (DELIZOICOV e ANGOTTI,

1990, p. 25).

Neste momento o aluno aplica o conhecimento apreendido durante as etapas

anteriores na resolução de alguma situação ou na realização de alguma atividade

idealizada pelo professor de acordo com a realidade dos estudantes e cujo

desenvolvimento faz uso de tais conceitos. A partir das atividades desenvolvidas

durante o momento de aplicação do conhecimento poderá ser realizada a avaliação

de aprendizagem.

Nesta pesquisa o momento de aplicação do conhecimento foi subdividido em

duas etapas. Onde na primeira etapa, continua-se a organizar o conhecimento ao

passo que se aplica o saber adquirido na realização de atividades práticas e na

segunda parte, realiza-se a avalição da aprendizagem através da construção de

mapas conceituais abordando o conteúdo trabalhado.

2.3. Mapas Conceituais

Joseph Novak desenvolveu uma ferramenta educacional, cuja utilização,

permite organizar graficamente o conhecimento conceitual referente a determinado

conteúdo. Tal ferramenta foi denominada Mapa Conceitual ou Mapa de Conceitos e

ultimamente passou a ser aplicada eficientemente às diversas etapas do processo de

ensino-aprendizagem, representando uma poderosa alternativa na superação das

metodologias tradicionais de ensino.

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Mapas conceituais são ferramentas gráficas para a organização e

representação do conhecimento. Eles incluem conceitos, geralmente dentro

de círculos ou quadros de alguma espécie, e relações entre conceitos, que

são indicadas por linhas que os interligam. As palavras sobre essas linhas,

que são palavras ou frases de ligação, especificam os relacionamentos entre

dois conceitos (NOVAK e CAÑAS, 2010. p. 10)

Mapas conceituais são constituídos por conceitos e proposições, onde estas

são definidas como sendo a composição de dois ou mais conceitos ligados por

palavras de ligação ou frases para formar uma afirmação significativa, como na figura

2.1.

Figura 2.1– Exemplo de proposição. Fonte: Produzida pelo autor.

Moreira e Rosa (1986, p.18) colocam que, “não há regras fixas ou modelos

rígidos para traçar um mapa conceitual. O importante é que ele evidencie as relações

e as hierarquias entre os conceitos”.

Para que os estudantes compreendam o processo de construção de um mapa

conceitual é importante que os primeiros mapas que estes venham a construir sejam

sobre temas que conheçam bem. Isto permitirá a compressão dos conceitos

envolvidos e a identificação das relações entre conceitos e facilitará a aprendizagem

(NOVAK e CAÑAS, 2010).

O primeiro passo para construção de um bom mapa conceitual passa pela

definição da questão focal, que determina o tema do mapa, o segundo passo é

identificar os conceitos–chaves relacionados a esta questão (NOVAK e CAÑAS,

2010). Em seguida deve-se identificar a hierarquia entre os conceitos e dispô-los

segundo a mesma e, posteriormente, determinar as relações existente entre os

conceitos.

Porém, de acordo com Moreira (2012):

[...] mapas conceituais não precisam necessariamente ter este tipo de

hierarquia. Por outro lado, sempre deve ficar claro no mapa quais os

conceitos contextualmente mais importantes e quais os secundários ou

específicos. Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção a

determinadas relações conceituais, mas não obrigatoriamente (MOREIRA,

2012, p.2):

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A figura 2.2 traz um exemplo de mapa conceitual, que explica o processo de

desenvolvimento dos mapas conceituais.

Figura 2.2 – Exemplo de Mapa Conceitual explicando como são desenvolvidos os mesmos. Fonte: DUTRA et al (2006).

Inexistem regras fixas ou modelos rígidos para traçar um mapa conceitual.

Entretanto há sugestões baseadas principalmente na hierarquia entre os conceitos.

Vale destacar que mais importante do que seguir modelos e/ou regras, é evitar que o

mapa conceitual fique muito complexo, pela inclusão de muitos conceitos e muitas

ligações entre eles, ou que pareça algo definitivo que o aluno deva memorizar

(MOREIRA e ROSA,1986, p.19). “O importante é que o mapa seja um instrumento

capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no

contexto de um corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de

ensino” (MOREIRA ,2012, p.19).

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[...] mapas conceituais traçados por diferentes especialistas em uma mesma

área de conhecimento, provavelmente, refletirão pequenas diferenças de

compreensão e interpretação das relações entre conceitos-chave dessa área.

O ponto importante é que um mapa conceitual deve ser sempre visto como

"um mapa conceitual", não como "o mapa conceitual" de um determinado

conjunto de conceitos. Isto é, qualquer mapa conceitual deve ser visto apenas

como uma das possíveis representações de uma certa estrutura conceitual

(MOREIRA, 2006, p. 10),

Embora ilustrem a estrutura conceitual de uma fonte de conhecimento, mapas

conceituais, nem sempre são estruturas autoexplicativas, necessitando na maioria das

vezes da explicação do seu autor para serem melhor compreendidos. Entretanto, a

organização apropriada das proposições utilizando as palavras e frases de ligação

adequadas, facilitam muito a compreensão (MOREIRA e ROSA, 1986).

O mapeamento conceitual é uma técnica muito flexível e em razão disso pode

ser utilizado nas diversas etapas do processo de ensino-aprendizagem com diferentes

finalidades, tais como: instrumento de análise do currículo, técnica didática, recurso

de aprendizagem e instrumento de avaliação (MOREIRA, 2012 apud MOREIRA e

BUCHWEITZ, 1993).

Como instrumento de análise do currículo os mapas conceituais podem ser

utilizados para organização do conteúdo de uma aula, de uma unidade ou até mesmo

de um curso inteiro, dependendo da generalidade dos conceitos empregados

(MOREIRA, 2012). Desta forma, representam uma excelente ferramenta de

organização do planejamento curricular, uma vez que possibilitam a identificação dos

conceitos primordiais para o desenvolvimento de um determinado tema e das

estratégias necessárias para tanto.

Como técnica didática e/ou recurso de aprendizagem os mapas conceituais

podem ser utilizados para apresentar previamente o conteúdo a ser estudado, para

identificar o conhecimento prévio dos alunos sobre um tema, para o professor ou aluno

desenvolver uma explicação demostrando a hierarquia entre os conceitos e para

promover uma discussão-interação a respeito de uma determinada temática, visando

identificar possíveis equívocos e reestruturar o conhecimento conceitual,

implementando um ambiente propicio ao desenvolvimento de uma aprendizagem

significativa.

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2.3.1. Mapas conceituais como instrumento de avaliação

Sendo os mapas conceituais instrumentos, através dos quais o aluno pode

expressar a estrutura do conhecimento adquirido sobre um determinado tema, ou

seja, que permitem ao aluno demonstrar através da colocação e organização dos

conceitos e relações entre conceitos, o que este conhece a respeito de determinado

conteúdo; obviamente, poderá tal ferramenta ser utilizada para identificar o que foi

apreendido, assim como, o que se deixou de aprender em um momento de ensino-

aprendizagem.

[...] mapas conceituais podem ser usados para se obter uma visualização da

organização conceitual que o aprendiz atribui a um dado conhecimento.

Trata-se basicamente de uma técnica não tradicional de avaliação que busca

informações sobre os significados e relações significativas entre conceitos-

chave da matéria de ensino segundo o ponto de vista do aluno. É mais

apropriada para uma avaliação qualitativa, formativa, da aprendizagem

(MOREIRA, 2012, p. 5).

Não existe um mapa conceitual que possa ser identificado como “o mapa para

o tema X”, pois, cada tema apresenta diversas possibilidades de mapas, uma vez que

estes refletem a forma como está estruturado o conhecimento do seu construtor

(MOREIRA, 2012). Desta forma, a explicação referente à colocação e organização

dos conceitos e proposições torna-se necessária para a compressão, identificação de

falhas e realização de correções.

[...] O uso de mapas conceituais como instrumentos de avaliação implica uma

postura que, para muitos, difere da usual. Na avaliação através de mapas

conceituais a principal ideia é a de avaliar o que o aluno sabe em termos

conceituais, isto é, como ele estrutura, hierarquiza, diferencia, relaciona,

discrimina, integra, conceitos de uma determinada unidade de estudo, tópico,

disciplina, etc. (MOREIRA, 2006, p. 19).

Se a estrutura cognitiva de um indivíduo, em uma certa área de conhecimento,

for compreendida como a organização conceitual de suas ideias nessa área, mapas

conceituais podem ser usados como instrumentos para representar a estrutura

cognitiva do aprendiz. Desta forma os mapas conceituais serão úteis tanto para

verificação do conhecimento prévio do aluno quanto para a identificação de mudanças

em sua estrutura cognitiva durante a instrução (MOREIRA, 2006).

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Os mapas conceituais favorecem a consecução de uma avaliação formativa,

até porque eles permitem a compreensão da situação do aluno ao propiciar

a identificação e análise dos erros, juntamente com a promoção de

diagnóstico mais apurado do funcionamento cognitivo envolvido. Em

decorrência, podem fornecer indicadores mais precisos ao professor para a

recomposição do trabalho didático (SOUZA, 2008, p.5).

Levando-se em consideração os principais aspectos relacionados à construção

e explicação dos mapas conceituais, a avaliação promovida utilizando-se deste objeto

deve privilegiar a análise qualitativa da aprendizagem, bem como, promover a

discussão e a autocritica, de forma que o estudante, possa identificar falhas e

reorganizar o seu conhecimento conceitual.

2.4. O Ensino de Eletrodinâmica

O ensino dos conteúdos de Eletrodinâmica, assim como, o da maioria dos

conteúdos de Física, na educação básica, principalmente na rede pública de ensino,

é permeado de deficiências, entre as quais vale destacar o número reduzido de aulas,

a má formação e remuneração dos profissionais da educação e a falta de recursos,

entre outras. Tudo isto, obviamente, favorece o desenvolvimento de um modelo de

ensino, na maioria das vezes, desmotivante e distante do que propõe os PCNs.

[..] O estudo da eletricidade deverá centrar-se em conceitos e modelos da

Eletrodinâmica e do eletromagnetismo, possibilitando, por exemplo,

compreender por que aparelhos que servem para aquecer consomem mais

energia do que aqueles utilizados para comunicação, dimensionar e executar

pequenos projetos residenciais, ou ainda, distinguir um gerador de um motor.

Será também indispensável compreender de onde vem a energia elétrica que

utilizamos e como ela se propaga no espaço (BRASIL, 2002, p.24).

Embora grande parte do discurso atual sobre o ensino de Ciências esteja

voltado para questões como: Ensino focado no aluno, diminuição da distância entre

teoria e prática, utilização de recursos tecnológicos no ambiente educacional, ensino

problematizado, interdisciplinaridade, ensino para a vida, etc. O que se observa na

maioria das salas de aulas convencionais é um ensino puramente metódico baseado

quase que exclusivamente na utilização do livro didático (MOREIRA, 2013). Neste

contexto, o ensino dos conteúdos de Eletrodinâmica, quando ocorre, uma vez que

nem sempre estes são vistos, devido à pequena quantidade de aulas de Física, ocorre

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basicamente pela explanação oral do conteúdo pelo professor, seguida da resolução

de questões no livro didático, sendo classificado pelos alunos como desinteressante,

desmotivante e pouco útil, sendo, desta forma, determinante para que os alunos

desenvolvam aversão à disciplina de Física.

Neste trabalho os principais conteúdos de Eletrodinâmica foram organizados

em cinco grupos, da seguinte forma: (Grupo – 1) Grandezas Físicas no Estudo dos

Circuitos Elétricos, diferença de potencial, corrente elétrica e sua intensidade, efeitos

da corrente elétrica, potência elétrica e energia elétrica, resistência elétrica e Leis de

Ohm; (Grupo – 2) Equipamentos Elétricos de um Circuito: Gerador Elétrico, Receptor

Elétrico; (Grupo – 3) Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e Resistores; (Grupo

– 4) Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff, instrumentos elétricos de medição,

dispositivos de segurança, circuitos com capacitores planos e (Grupo – 5) Os

componentes semicondutores. Para cada um dos cinco grupos foi desenvolvida uma

unidade temática de ensino sob os mesmos aspectos, contemplando assim a

Eletrodinâmica como um todo.

A seguir será apresentado, brevemente, os cinco grupos de conteúdos sobre

os quais foi desenvolvido este trabalho.

2.4.1. Grandezas Físicas no Estudo dos Circuitos Elétricos, diferença de

potencial, corrente elétrica e sua intensidade, efeitos da corrente elétrica,

potência elétrica e energia elétrica, resistência elétrica e Leis de Ohm.

A Eletrodinâmica é a área da Física dedicada ao estudo das cargas elétricas

em movimento. Desta forma, o desenvolvimento de tal estudo parte do princípio de

que já são conhecidos os conceitos primordiais de Eletrostática, em torno dos quais a

Eletrodinâmica é estruturada.

O campo de estudo da Eletrodinâmica é bastante amplo e compreende a

maioria dos fenômenos elétricos vivenciados cotidianamente pelas pessoas.

Entretanto este foi desenvolvido principalmente a partir da compreensão e

manipulação de três grandezas: corrente elétrica, diferença de potencial elétrico ou

tensão elétrica e resistência elétrica.

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18

2.4.1.1. Corrente elétrica

É o fluxo ordenado de cargas elétricas no interior de um condutor provocado

por uma diferença de potencial elétrico. Vale ressaltar que nem todo movimento de

carga elétrica, no entanto, constitui uma corrente. Por exemplo, no interior de um

condutor metálico os elétrons livres ou elétrons de condução movimentam-se

constantemente em diversas direções aleatoriamente. Entretanto, se for observado

criteriosamente será visto que não existe um fluxo ordenado de cargas com um

sentido definido, ou seja, se for averiguado um plano hipotético no interior desse

condutor será observado que a quantidade de elétrons que cruzam o plano em um

sentido é aproximadamente igual à que o cruza no sentido contrário, não constituindo

um fluxo ordenado de cargas.

Como forma de entendermos melhor a corrente elétrica analisemos a seguinte

analogia: Imagine um sistema hidráulico, conforme a figura 2.3, composto por dois

tanques “A” e “B” conectados entre si por uma tubulação, na qual existe um registro

“R”, através do qual pode ser aberta ou fechada a conexão entre os tanques. Note

que há uma diferença entre os níveis de água nos tanques h, ou seja, há uma

diferença de potencial gravitacional entre os tanques, caso nesse momento o registro

R seja aberto, se estabelecerá um fluxo de água do tanque A para o tanque B,

formando uma corrente, até o momento em que os níveis se igualem, ou seja, até

deixar de existir uma diferença de potencial gravitacional (HEWITT, 2015).

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19

Figura 2.3 – Sistema hidráulico composto por dois tanques e conectados entre si por uma tubulação contendo um registro. Fonte: http://electronesenmovimiento.blogspot.com.br/, Adaptado pelo autor.

A figura 2.4 apresenta um sistema composto por duas esferas A e B, ambas

carregadas sendo que A está carregada positivamente e B negativamente. Dessa

forma existe uma diferença de potencial elétrico entre as esferas. Conectando as

esferas tem-se um fio condutor, contendo um interruptor I, que permite fazer e

desfazer a conexão. Quando o interruptor I é fechado, ou seja, quando a conexão

entre as esferas é estabelecida, os elétrons que são as partículas portadoras de carga

neste caso, fluem instantaneamente da esfera A para a esfera B constituindo uma

corrente elétrica até os potenciais elétricos se estabilizarem (HEWITT, 2015).

Figura 2.4 – Sistema composto por duas esferas carregadas e conectados entre si por um fio condutor contendo um interruptor. Fonte: Produzida pelo autor.

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20

Analisando os sistemas das figuras 2.3 e 2.4, pode-se concluir que existem

algumas semelhanças entre ambos, através das quais, pode-se identificar o conceito

de corrente. Enquanto a corrente de água é formada por um fluxo de moléculas de

água movidas por uma diferença de potencial gravitacional, a corrente elétrica é um

fluxo de partículas carregadas movidas por uma diferença de potencial elétrico. Em

condutores metálicos as partículas que se deslocam conduzindo carga são os

elétrons, uma vez que os prótons encontram-se fixos no interior do átomo,

constituindo, juntamente com os nêutrons, o núcleo atômico. Neste caso aqueles são

denominados de elétrons livres ou elétrons de condução; já nos fluidos condutores as

cargas são portadas por íons.

Nos primórdios do estudo da eletricidade imaginava-se que a corrente elétrica

era formada por partículas positivas deslocando-se de um potencial elétrico maior

para um menor. Entretanto, agora, é conhecido que se trata de partículas negativas

se deslocando de um potencial menor para um maior. Mesmo assim, por convenção,

continua-se a utilizar a primeira ideia referente ao sentido da corrente, pois, segundo

Halliday, Hesnick e Walker (2016, p.140) esta convenção pode ser usada, “porque, na

maioria das situações, supor que portadores de carga positivos estão se movendo em

um sentido tem exatamente o mesmo efeito que supor que portadores de carga

negativos estão se movendo no sentido oposto”.

Existem casos, no entanto, cuja compreensão adequada, exige que o

movimento seja descrito da forma como realmente acontece (HALLIDAY, HESNICK

E WALKER, 2016). Exemplo disto é a análise do comportamento de alguns

componentes semicondutores.

A corrente elétrica (i), que passa por uma seção reta de um condutor pode ser

definida como a carga elétrica (dq), que passa pela seção em um intervalo de tempo

(dt) (HALLIDAY, HESNICK E WALKER, 2016).

𝑖 = 𝑑𝑞

𝑑𝑡 (definição de corrente) (1)

A taxa de fluxo elétrico, ou seja, a corrente elétrica, é medida em amperes,

sendo que 1 ampere equivale a uma taxa de fluxo de 1 Coulomb de carga por segundo

(HEWITT, 2015). O equipamento utilizado para realizar medida de corrente é o

amperímetro.

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21

Quando uma corrente elétrica percorre um corpo-material, normalmente ela

produz algum efeito observável neste ou em torno dele. Os principais efeitos são:

O efeito fisiológico, também conhecido como choque elétrico, verificado quando

uma corrente elétrica percorre um organismo vivo;

O efeito térmico, também chamado de efeito Joule, é a alteração da temperatura

do condutor provocada pela passagem da corrente;

Efeito químico, desencadeado por reações químicas ocasionadas pela passagem

da corrente e

O efeito magnético, ocorre através do surgimento de um campo magnético em

torno do condutor que está sendo percorrido pela corrente.

A corrente elétrica pode ser classificada como sendo continua (CC) ou

alternada (CA). Corrente continua é aquela cujo fluxo de cargas desloca-se em um

único sentido. Já na os elétrons se movem no circuito primeiro em um sentido, depois

no sentido contrário oscilando pra lá e pra cá em torno de posições fixas, conforme

mostra a figura 2.5 (HEWITT, 2015).

Figura 2.5 – Gráficos das correntes CC e CA em função do tempo. Fonte: http://athoselectronics.com/corrente-alternada-continua/ , adaptada.

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De acordo com Hewitt (2015, p. 437), “ o principal uso da corrente elétrica, seja

ela CC ou CA, é transferir energia de um lugar para outro com rapidez, flexibilidade e

de forma conveniente”.

2.4.1.2. Diferença de potencial, Tensão, Voltagem e fontes de voltagem

Diferença de potencial (ddp) ou Tensão elétrica, como também é chamada, é a

diferença de energia potencial elétrica por unidade de carga, existente entre quaisquer

dois pontos do espaço, essencial para que uma carga elétrica se mova

espontaneamente de um para o outro.

A unidade de medida da ddp no Sistema Internacional de Unidades (SI) é o

Volt, em homenagem a Alessandro Volta, o qual deu origem aos termos voltagem para

descrever a mesma grandeza e voltímetro é o instrumento utilizado para medi-la.

Analisando novamente o sistema hidráulico da figura 2.3, pode-se concluir que

após um breve intervalo de tempo os tanques atingirão o mesmo nível, ou seja,

deixará de existir uma diferença de potencial gravitacional entre eles e a corrente de

água entre os dois cessará. Entretanto se for utilizada uma bomba para retirar água

do tanque B e elevar ao A, nas mesmas proporções da quantidade de água que está

entrando no tanque B, conforme a figura 2.6, a diferença de potencial e

consequentemente a corrente continuarão existindo. Neste caso a bomba funciona

como uma espécie de “fonte de potencial”, elevando a energia potencial gravitacional

da água e permitindo que o sistema continue em funcionamento.

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Figura 2.6 – Sistema hidráulico utilizando uma bomba para manutenção do desnível entre os tanques e da corrente nas tubulações. Fonte: http://electronesenmovimiento.blogspot.com.br/, Adaptado pelo autor.

Assim como o sistema hidráulico, discutido anteriormente, necessita de um

dispositivo, naquele caso a bomba, capaz de elevar a energia potencial gravitacional

da água, ou seja, capaz de produzir uma diferença de potencial gravitacional para

manter uma corrente fluindo no sistema. Em um sistema elétrico como o da figura 2.4,

a manutenção da corrente elétrica também dependerá de um dispositivo apropriado

para produzir uma diferença de potencial elétrico, como na figura 2.7.

Figura 2.7 – Sistema elétrico utilizando uma pilha para produzir uma ddp e consequentemente corrente elétrica no condutor. Fonte: Produzida pelo autor.

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Os dispositivos utilizados para produzir uma ddp são conhecidos comumente

como geradores de tensão, fontes de tensão ou fontes de voltagem. São exemplos de

fontes de tensão: as pilhas, baterias, células fotovoltaicas e os geradores

eletromagnéticos. Instrumentos deste tipo realizam um trabalho para levar as cargas

negativas para longe das positivas (HEWITT, 2015).

Assim como as correntes elétricas as tensões também podem ser classificadas

como continua e alternada. Sendo continua aquela produzida por uma fonte cuja

polaridade não se altera com o tempo, e alternada, a que é gerada por uma fonte na

qual sua polaridade se inverte constantemente.

Sistemas como o representado na figura 2.7, que fornecem um caminho para

a passagem da corrente elétrica, são denominados circuitos elétricos. Entretanto, na

figura 2.7, o circuito não está representado adequadamente, uma vez que este

depende ainda da interferência de uma outra grandeza, a resistência elétrica, que será

analisada logo a seguir. Da mesma forma, posteriormente, será retomado o estudo

dos geradores de tensão.

2.4.1.3. Resistência elétrica e Lei de Ohm

Além da ddp disponibilizada pela fonte de voltagem, a dimensão corrente

elétrica imposta a um circuito também depende da resistência elétrica que o condutor

oferece ao fluxo de carga (HEWITT, 2015).

De acordo com Máximo e Alvarenga (2006), a resistência elétrica oferecida por

um fio condutor que interliga os pontos A e B de um circuito, pode ser compreendida

da seguinte forma:

As cargas móveis que constituem a corrente elétrica, aceleradas pela

voltagem UAB, realizarão colisões contra os átomos ou moléculas do condutor,

havendo, então, uma oposição oferecida pelo fio à passagem da corrente

elétrica através dele. Esta oposição poderá ser maior ou menor, dependendo

da natureza do condutor que foi ligado entre A e B. Evidentemente a corrente

i no condutor será maior ou menor dependendo desta oposição (MÁXIMO e

ALVARENGA, 2006, p.117).

Desta forma a oposição à passagem de corrente em um condutor, ou seja, a

resistência elétrica pode ser matematicamente definida como:

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𝑅 =𝑈

𝑖 (2)

Onde (R) é a resistência oferecida pelo condutor, (U) é a tensão à qual o

condutor está submetido e (i) é a corrente que o percorre.

A resistência de um fio depende da sua espessura, do seu comprimento, do

material que é constituído o fio e da temperatura em que ele se encontra. Fios grossos

têm menor resistência que os finos; fios compridos possuem maior resistência que os

curtos e fios de cobre têm menor resistência que fios de aço com as mesmas

dimensões. Quanto à temperatura, o aumento desta significa um aumento na agitação

dos átomos e moléculas no interior do condutor e, consequentemente, um aumento

da oposição ao fluxo de carga. Portanto para a maioria dos condutores, um aumento

da temperatura significa um aumento da resistência, desta forma, a temperaturas

muito baixas, a resistência praticamente deixa de existir para alguns materiais, os

quais, recebem a denominação específica de supercondutores (HEWITT, 2015).

Um dos principais componentes utilizados nos circuitos elétricos são os

resistores. Estes nada mais são do que condutores com resistência especificada.

Existe no mercado uma grande variedade de resistores para os mais variados valores

de resistência. O funcionamento é bastante simples, basicamente transformam

energia elétrica em energia térmica, ou seja, em calor, e geralmente são utilizados

para limitar a corrente elétrica em um circuito.

A unidade de medida da resistência elétrica no SI é o ohm (Ω). Um ohm

equivale a um Volt por ampère, Ω = V/A.

Para fluir uma corrente em um meio material é necessário que as cargas sejam

empurradas, a velocidade com que uma carga se move em resposta a um

determinado empurrão, depende da natureza do material. Para a maioria das

substâncias a densidade de corrente (J) é proporcional à força por unidade de carga

(f), (GRIFFITHS, 2011).

𝐽 = 𝜎𝑓 (3)

O fator de proporcionalidade (𝜎) é uma constante empírica que varia de um

material para outro, denominada condutividade do meio. A força que move as cargas

para constituir uma corrente pode ter várias naturezas, mas no caso específico de um

condutor conectado a uma fonte de tensão, ela é de origem eletromagnética

(GRIFFITHS, 2011).

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𝐽 = 𝜎(𝐸 + 𝑣 𝑥 𝐵) (4)

Como normalmente a velocidade das cargas é muito pequena, o segundo

termo da expressão que determina a força pode ser ignorado, resultando em:

𝐽 = 𝜎𝐸 (Lei de Ohm) (5)

Onde (E) é o campo elétrico aplicado aos terminais do condutor.

O que Ohm observou, em outros termos, foi que a corrente elétrica que percorre

um circuito é proporcional à tensão estabelecida no mesmo e inversamente

proporcional à resistência do circuito (HEWITT, 2015).

𝑖 =𝑈

𝑅 (6)

De acordo com Halliday e Resnick (2016, p. 149), a lei de Ohm é definida

originalmente para um determinado componente de um circuito, da seguinte forma:

“Um componente obedece à lei de Ohm se a corrente que o atravessa varia

linearmente com a diferença de potencial aplicada ao componente para qualquer

valor de diferença de potencial”.

Desta forma, condutor ôhmico, é aquele para o qual, a expressão 2 resultará

sempre no mesmo valor de (R), independente do valor absoluto e da polaridade da

tensão aplicada aos seus terminais (HALLIDAY, HESNICK E WALKER, 2016).

A figura 2.8 apresenta dois gráficos, sendo que na figura 2.8.a observa-se o

gráfico da ddp versus a corrente elétrica para um resistor que obedece a lei de Ohm

e na 2.8.b observa-se o mesmo gráfico anterior, neste caso, para dois resistores que

não obedecem a lei de Ohm. Para o resistor ôhmico o gráfico é uma reta, ou seja, a

resistência se mantem constante independente dos valores de tensão e corrente.

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27

k

Figura 2.8 – a. Gráfico U x i para um resistor ôhmico, b. Gráficos U x i para dois resistores não ôhmicos Fonte: Produzida pelo autor.

Embora seja tradicionalmente conhecida como Lei de Ohm a afirmação anterior

não se trata de uma lei propriamente dita, uma vez que não é obedecida para todos

os valores de campo elétrico aplicado, nem por alguns componentes, como por

exemplo, alguns dispositivos semicondutores.

2.4.1.4. Potência e energia elétrica

Uma carga que se move em um circuito gasta energia, a menos que o circuito

seja constituído de um material supercondutor. Tal energia pode ser transformada em

uma forma útil ao ser humano, podendo ser térmica, mecânica, luminosa ou sonora

(HEWITT, 2015).

De maneira geral os equipamentos elétricos são utensílios que transformam

energia elétrica em outras formas úteis de energia, por exemplo: Uma lâmpada

transforma energia elétrica em térmica e luminosa; um motor elétrico, transforma

energia elétrica em energia mecânica de rotação; um receptor de rádio, transforma

energia elétrica em energia sonora, etc. (MÁXIMO e ALVARENGA, 2006).

A taxa com a qual a energia elétrica é convertida em outra forma útil de energia

é denominada Potência elétrica (HEWITT, 2015). Podendo ser definida

matematicamente da seguinte forma:

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𝑃 =𝐸𝑛

𝑡 (7)

Ou empiricamente por: 𝑃 = 𝑈𝑖 (8)

A equação 7 relaciona a Potência (P) de um determinado componente à

energia (En), transformada em um intervalo de tempo (t). Já a equação 8 relaciona a

Potência (P) à tensão (U) sob a qual o componente está submetido e à corrente (i)

que o percorre. O manuseio das equações 7 e 8 permite o dimensionamento da

energia elétrica consumida pelos mais diversificados aparelhos elétricos,

possibilitando, por exemplo, a realização de estimativas de consumo e de gastos com

energia em uma residência.

Aplicando a equação 2 na 8 chega-se às expressões a 9 e 10 para o cálculo da

potência dissipada em um resistor, exclusivamente em função da tensão e da corrente

respectivamente, onde (R) é o valor da resistência.

𝑃 =𝑈2

𝑅 (9)

𝑃 = 𝑅𝑖2 (10)

A unidade de medida da Potência é o watt (W), em homenagem ao engenheiro

escocês James Watt. Um watt (W) equivale a um volt-ampere (V.A).

2.4.2. Equipamentos Elétricos de um Circuito: Gerador Elétrico, Receptor

Elétrico.

Um circuito elétrico é constituído pela ligação de elementos, através dos quais,

é possível estabelecer uma corrente elétrica. Em um circuito elétrico em

funcionamento observa-se a existência de corrente elétrica, de diferenças de potencial

elétrico (tensões) e consequentemente, a conversão de energia elétrica em outras

formas de energia (MORAES e TEIXEIRA, 2006). Desta forma, a maioria dos

dispositivos elétricos e eletrônicos conhecidos são constituídos de circuitos elétricos

ou são elementos dos circuitos.

A montagem de um circuito, mesmo dos mais simples, requer, no entanto, a

utilização de pelo menos alguns elementos básicos.

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De acordo com Moraes e Teixeira (2006, p. 21), “Para que ocorra um circuito

elétrico simples, deve haver, pelo menos, um gerador, condutores e um receptor ou

uma resistência”.

2.4.2.1. Gerador Elétrico

Geradores elétricos são dispositivos que realizam trabalho sobre as cargas

elétricas que passam através deles, aumentando assim o potencial destas, por meio

da utilização de outras formas de energia, como por exemplo: química, mecânica,

térmica, luminosa, etc. (MÁXIMO e ALVARENGA, 2006). Em outras palavras,

geradores elétricos são instrumentos que convertem outras formas de energia em

energia elétrica.

Para que as cargas fluam em um circuito é necessário que sejam “empurradas”

ou “impelidas”. A manutenção de uma corrente requer um dispositivo adequado para

fornecer uma diferença de potencial elétrico constante, uma voltagem, como foi visto

na figura 2.7. Se duas esferas condutoras forem carregadas, uma positivamente e

outra negativamente, como na figura 2.4, pode-se obter uma grande voltagem entre

elas. No entanto, tal dispositivo não é uma boa fonte de tensão, pois quando as

esferas são conectadas por um meio condutor, os potenciais se igualam

instantaneamente. Por isto, esta não é uma fonte prática.

Geradores eletromagnéticos e baterias químicas, por outro lado, são fontes de

energia capazes de sustentar um fluxo constante de carga em um circuito elétrico

(HEWITT, 2015).

“Baterias e geradores eletromagnéticos realizam um trabalho para levar

cargas negativas para longe das positivas. Nas baterias químicas, esse

trabalho é geralmente, mas nem sempre, realizado pela desintegração

química do zinco ou do chumbo em ácido, com a energia armazenada nas

ligações químicas sendo convertida em energia potencial elétrica. Geradores

tais como os alternadores dos automóveis separam as cargas por indução

eletromagnética (HEWITT, 2015, p.432). “

Os geradores elétricos são os principais componentes de um circuito elétrico,

pois são eles que geram a ddp, ou seja, que fornecem a energia necessária para a

movimentação dos portadores de carga que constituirão a corrente elétrica. São

dispositivos polarizados, ou seja, que possuem um polo positivo e um negativo.

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O trabalho realizado pelo Gerador elétrico sobre as cargas eleva a energia

potencial elétrica das mesmas, então, o trabalho representa a energia que é

transferida às cargas pela bateria. A relação entre estas grandezas físicas é

denominada força eletromotriz do gerador (MORAES E TEIXEIRA, 2006).

Matematicamente a força eletromotriz pode ser representada por:

𝐸 = 𝜏

𝑞 (11)

Onde (E) é a força eletromotriz e (𝜏) é o trabalho realizado pela fonte sobre

a carga (q). Reescrevendo a equação 11 em função de (𝜏) obtém-se:

𝜏 = 𝐸𝑞 (12)

Desta forma, como o trabalho (𝜏) possui dimensão de energia (En), a equação

12 pode ser aplicada à equação 7, obtendo-se:

𝑃 = 𝐸.𝑞

𝑡 (13)

Substituindo a equação 1 na equação 13, chega-se à expressão 14, que

determina a potência fornecida por um gerador:

𝑃 = 𝐸. 𝑖 (14)

Da mesma forma se a equação 14 for aplicada à 7, chega-se à expressão 15,

que determina a energia fornecida pelo gerador em um intervalo de tempo (∆𝑡).

𝐸𝑛 = 𝐸. 𝑖. ∆𝑡 (15)

A potência total (Pt), fornecida por um gerador é igual à soma da potência útil

(Pu), utilizada no circuito, com a potência dissipada no interior do gerador (PD),

matematicamente:

𝑃𝑡 = 𝑃𝑢 + 𝑃𝐷 (16)

Substituindo na equação 16, a equação 14, para a potência total (Pt), a equação

8, para a potência útil (Pu) e a equação 10, para a potência dissipada no interior do

gerador; chega-se à expressão:

𝑈 = 𝐸 − 𝑟𝑖 (equação do gerador) (17)

A análise da equação 17, permite identificar que, quando a resistência interna

de um gerador é desprezível r = 0, gerador ideal, a força eletromotriz deste é igual à

ddp entre os seus terminais; o mesmo ocorre, quando a tensão do gerador é analisada

em aberto, ou seja, sem os terminais do gerador estarem conectados a um circuito, e

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também, quando o circuito possui uma resistência muito elevada, situações em que

i = 0.

Quando os polos de um gerador são ligados um ao outro por um condutor de

resistência desprezível, diz-se que o gerador está em curto-circuito, neste caso, a ddp

entre os terminais é nula U = 0 e a corrente no circuito é dada por:

𝑖𝑐𝑐 =𝐸

𝑟 (corrente de curto circuito) (18)

A corrente de curto circuito (icc) é a corrente máxima produzida por um gerador.

Curtos-circuitos são fenômenos que ocorrem acidentalmente, sem nenhum interesse

prático, uma vez que geralmente danificam o gerador (MORAES E TEIXEIRA, 2006).

Se diz que um gerador está em curto-circuito quando o seu terminal positivo

está interligado, por um condutor de resistência desprezível, ao seu terminal negativo,

da mesma forma, quando ligações deste tipo, são feitas entre as fases de um circuito

elétrico residencial, está sendo provocado um curto-circuito no mesmo. Este tipo de

fenômeno, quando ocorre, em sistemas de alta tensão são extremamente perigosos.

Uma vez considerada constante, a força eletromotriz (E) e a resistência interna

(r) de um gerador, embora nem sempre isso aconteça; a equação 17 se transforma

numa função linear de U e i (MORAES E TEIXEIRA, 2006). O gráfico que representa

esta função é chamado de curva característica do gerador e se comporta conforme a

figura 2.9.

Figura 2.9 – Curva característica de um gerador. Fonte: Produzida pelo autor.

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A figura 2.9 demonstra a curva característica de um gerador, por meio desta,

pode-se observar o que foi dito anteriormente: Quando a (U) é nula tem-se a corrente

máxima (icc) no circuito, quando i = 0 ou (r) é muito grande tem-se a tensão

máxima, U = E.

2.4.2.2. Receptor Elétrico

Receptores elétricos são dispositivos que convertem energia elétrica em

alguma forma útil de energia que não seja exclusivamente térmica. Um exemplo de

receptor elétrico de grande importância é o motor elétrico, usado para converter

energia elétrica em energia mecânica de rotação, e que é muito utilizado em

eletrodomésticos, automóveis e em diversos setores industriais. Também vale citar as

lâmpadas fluorescentes e os dispositivos sonoros, entre outros.

Contrariamente ao processo que ocorre no gerador, no receptor são as cargas

elétricas que realizam trabalho, perdendo energia elétrica, que é transformada em

outra modalidade de energia. Desta forma, para o receptor, define-se uma grandeza

física análoga à força eletromotriz (fem), a chamada força contra - eletromotriz (fcem)

(MORAES E TEIXEIRA, 2006).

𝐸′ =𝜏

𝑞 (19)

Onde (E’) é a força contra-eletromotriz e (𝜏) é o trabalho realizado pela carga

(q).

Para o receptor a potência total é a potência fornecida pelo gerador, ou seja,

é a potência útil do gerador:

𝑃𝑡(𝑟𝑒𝑐𝑒𝑝𝑡𝑜𝑟) = 𝑃𝑢(𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟) = 𝑈. 𝑖 (20)

Logo:

𝑃𝑢(𝑟𝑒𝑐𝑒𝑝𝑡𝑜𝑟) = 𝐸′. 𝑖 (21)

Aplicando as equações 20 e 21 juntamente com a 10 na equação 16, chega-se a:

𝑈 = 𝐸′ + 𝑟. 𝑖 (equação do receptor) (22)

O gráfico que representa a equação 22, é chamado de curva característica do

receptor e tem comportamento conforme a figura 2.10.

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Figura 2.10 – Curva característica de um receptor. Fonte: Produzida pelo autor.

A partir da equação da 22, bem como, do seu gráfico a curva característica do

receptor, conforme a figura 2.10, pode-se concluir que: Para o receptor ideal, cuja

resistência interna é desconsiderada, ou seja, r = 0, a ddp é igual a força contra-

eletromotriz; o mesmo ocorre para os casos em que a corrente no receptor é nula, ou

seja, quando o receptor está em aberto (deligado) ou quando sua resistência interna

é muito elevada; para as demais situações (U) sempre será maior do que (E’).

2.4.3. Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e Resistores.

Geradores, receptores e resistores são elementos comuns à maioria dos

circuitos elétricos. Como já foi dito anteriormente, o gerador é o dispositivo

normalmente utilizado para fornecer a energia elétrica necessária para o

funcionamento do circuito. Os receptores são instrumentos que convertem a energia

elétrica em outa forma de energia que não seja unicamente calor, e, os resistores, são

componentes que transformam a energia elétrica exclusivamente em energia térmica.

Os componentes de um circuito elétrico possuem uma representação

simbólica, por meio da qual, normalmente, são representados em trabalhos e projetos.

A figura 2.11 apresenta os símbolos utilizados para representar o gerador real, o

receptor real e o resistor.

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Figura 2.11 – Símbolos de elementos dos circuitos elétricos, a. Resistor; b. Gerador real; c. Receptor real. Fonte: Produzida pelo autor.

Um circuito elétrico pode conter uma infinidade de componentes, sendo que

estes, podem ser associados uns aos outros em série, em paralelo ou de forma mista,

série-paralelo ao mesmo tempo, a figura 2.12 demonstra os três tipos de associação

utilizando resistores.

Figura 2.12– Associações de resistores, a. Associação em série; b. Associação e paralelo; c. Associação mista. Fonte: Produzida pelo autor.

Em uma associação de resistores em série, como na figura 2.12.a, se aplicada

uma tensão entre os terminais A e B, todos os resistores serão percorridos pela

mesma corrente, desta forma, a resistência equivalente da associação (Req), será dada

pela soma dos valores das n resistências presentes na série.

𝑅𝑒𝑞 = ∑ 𝑅𝑛 (23)

Para o caso de uma associação de resistores em paralelo, como na figura

2.12.b, se aplicada uma tensão entre os terminais A e B, todos os resistores ficarão

sujeitos à mesma tensão. Entretanto a corrente se dividirá, de acordo com o princípio

da conservação da carga elétrica, a corrente na fonte será igual à soma das correntes

dos três ramos paralelos do circuito.

𝑖𝑡 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 (24)

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35

Aplicando a equação 6 à equação 24, obtém-se:

𝑈

𝑅𝑒𝑞=

𝑈

𝑅1+

𝑈

𝑅2+

𝑈

𝑅3

Simplificando:

1

𝑅𝑒𝑞=

1

𝑅1+

1

𝑅2+

1

𝑅3

Generalizando para n resistores associados em paralelo:

1

𝑅𝑒𝑞=

1

𝑅1+

1

𝑅2+ ⋯

1

𝑅𝑛 (25)

A associação de resistores, em série, em um circuito, é conhecida como divisor

de tensão, enquanto, a associação em paralelo, é chamada de divisor de corrente.

Em circuitos residenciais, onde a maioria dos equipamentos necessitam de uma

tensão aproximadamente constante e mais ou menos igual, 220 V ou 110 V,

dependendo do sistema adotado na região, os utensílios são associados em paralelo.

Para realização do cálculo da resistência equivalente de uma associação mista

de resistores, como na figura 2.12.c, aplica-se as regras vistas para as associações

em série e em paralelo, primeiramente calcula-se a resistência equivalente do

paralelo, em seguida, soma-se o valor desta com as demais resistências que estão

em série, chegando assim ao valor da resistência equivalente da associação como

um todo ( 𝑅𝑒𝑞).

Assim como ocorre com os resistores, diversos componentes podem ser

associados em um circuito, inclusive os geradores. Observe a figura 2.13.

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36

Figura 2.13 – Associações de Geradores elétricos, a. Associação em série; b. Associação e paralelo. Fonte: Produzida pelo autor.

Para a associação de geradores em série, conforme a figura 2.13.a, a tensão

(U), entre os terminais A e B, de acordo com equação 17, será:

𝑈 = (𝐸1 + 𝐸2 + 𝐸3) − (𝑟2 + 𝑟1 + 𝑟3). 𝑖 (26)

𝑈 = ∑ 𝑈𝑛 (27)

De acordo com a equação 27, em uma associação de geradores em série, a

tensão (U) resultante dessa associação, será igual, à soma das tensões produzidas

nos (n) geradores da série. Vale destacar que o gerador é um componente polarizado,

portanto, em uma associação em série, devem ser ligados o terminal negativo de um

gerador ao positivo do outro, caso a polaridade de um destes seja invertida, este

passará a se comportar como um receptor.

Para que uma associação de geradores em paralelo, como a da figura 2.13.b,

funcione perfeitamente, é necessário que os geradores sejam idênticos, ou seja, que

possuam a mesma força eletromotriz (E) e a mesma resistência interna (r); e, que

sejam conectados todos os polos positivos de um lado e negativos do outro, caso

alguma dessas premissas não seja cumprida, um ou mais geradores irão se comportar

como receptor.

Numa associação de geradores em paralelo a tensão (U), do gerador

equivalente, é igual à tensão fornecida por qualquer um dos geradores

individualmente, da mesma forma, a corrente produzida, a partir da associação será

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igual à que seria produzida por apenas um dos geradores normalmente. Entretanto,

quanto mais geradores houver no paralelo menor será a corrente que cada gerador

irá fornecer e, consequentemente, maior será a durabilidade de cada um destes

componentes.

Associações de geradores em série são muito utilizadas, principalmente

quando se deseja uma tensão maior do que a de um único gerador. Por exemplo: É

muito comum em brinquedos e controle remotos, se utilizar duas pilhas de 1,5 V cada,

para se obter a tensão necessária para o funcionamento adequado do objeto, que é

de 3,0 V.

Quanto à associação em paralelo, duas de suas possíveis vantagens seriam

aumentar o rendimento e a durabilidade dos geradores. Como já foi dito, para que

este tipo de associação funcione perfeitamente é necessário que todos os geradores

utilizados sejam rigorosamente iguais, o que torna sua utilização prática inviável em

muitos casos, pois a grande maioria das fontes de tensão popularmente conhecidas

não possuem, a rigor, a mesma ddp.

2.4.3.1. Equação do circuito série

A figura 2.14 traz um circuito contendo uma bateria, neste caso o gerador; uma

lâmpada incandescente, portanto um resistor, e, um motor que é um receptor.

Figura 2.14 – Circuito em série, a. Circuito em série contento Gerador (bateria), receptor (motor) e resistor (lâmpada); b. Circuito esquematizado. Fonte: http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/09/cursos-do-blog-eletricidade_18.html .

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Em um circuito como o da figura 2.14, formado por um gerador, um receptor e

um resistor, a energia química é convertida em energia elétrica na bateria, originando

assim a energia que fará funcionar o circuito; no próprio gerador parte desta é

convertida em calor devido à resistência interna; no receptor, neste caso no motor,

outra parcela da energia elétrica será transformada em energia mecânica de rotação

e também em calor por meio da resistência interna do mesmo; e, no resistor, outra

parte será convertida em energia térmica (MÁXIMO e ALVARENGA, 2006).

Considerando que em um intervalo de tempo (Δt), uma carga (Δq), passa em

qualquer elemento do circuito, pode-se expressar matematicamente as quantidades

de energia que a carga (Δq) ganha e perde ao longo do circuito (MÁXIMO e

ALVARENGA, 2006):

Energia ganha na bateria, de acordo com a equação 15, 𝐸𝑛 = 𝐸. 𝑖. ∆𝑡.

Energia convertida em energia mecânica de rotação no motor, de acordo com

as equações 7 e 21, 𝐸𝑛 = 𝐸′. 𝑖. ∆𝑡 (28)

Energia convertida em calor pela resistência interna da bateria, de acordo com

as equações 7 e 10, 𝐸𝑛 = 𝑟. 𝑖2. ∆𝑡 (29)

Energia convertida em calor pela resistência interna do motor, de acordo com

as equações 7 e 10, 𝐸𝑛 = 𝑟′. 𝑖2. ∆𝑡

Energia convertida em calor pela lâmpada (resistor), de acordo com as

equações 7 e 10, 𝐸𝑛 = 𝑅. 𝑖2. ∆𝑡

Conforme o Princípio da Conservação da Energia, a quantidade de energia

cedida à carga na bateria deve ser igual à quantidade que ela cede aos elementos do

circuito, considerando desprezível a energia perdida nos fios, logo:

𝐸. 𝑖. ∆𝑡 = 𝐸′. 𝑖. ∆𝑡 + 𝑟. 𝑖2. ∆𝑡 + 𝑟′. 𝑖2. ∆𝑡 + 𝑅. 𝑖2. ∆𝑡

onde 𝐸 − 𝐸′ = (𝑟 + 𝑟′ + 𝑅)𝑖, terá:

𝑖 =𝐸−𝐸′

𝑟+𝑟′+𝑅 (30)

Observa-se que o numerador da expressão 30 é composto pela soma das fem,

considerando negativa a fcem, e, o denominador é constituído pela soma das

resistências, desta forma, a equação 30 pode ser resumida em:

𝑖 =∑ 𝐸

∑ 𝑅 (31)

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De um modo geral, a equação 31, permite concluir que para um circuito com

vários geradores de fem, com vários receptores de fcem, e várias resistências

elétricas, todos dispostos em série, a intensidade da corrente pode ser calculada pelo

quociente entre a soma das fem ∑ 𝐸 e a soma da resistências ∑ 𝑅.

2.4.4. Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff, instrumentos elétricos de medição,

dispositivos de segurança, circuitos com capacitores planos.

Para compreender melhor a dinâmica básica dos circuitos elétricos e suas

utilidades, é necessário que se adentre um pouco mais neste universo. A maioria dos

circuitos utilizados para desempenhar alguma função elétrica ou eletrônica importante

são mais complexos do que os que, até então, foram analisados neste trabalho.

Normalmente, tais circuitos, possuem uma estrutura diferenciada e um maior

número de componentes, desta forma, é necessário entender as regras que são

utilizadas para analisar estes circuitos, os instrumentos que geralmente são utilizados

para realizar medidas nos mesmos e o funcionamento básico dos elementos que o

compõem.

2.4.4.1. Leis de Kirchhoff

Um circuito elétrico pode conter uma série de componentes, tais como:

geradores, receptores e resistores, interligados, oferecendo mais de um caminho para

a corrente elétrica. Para determinar a intensidade e o sentido da corrente elétrica, bem

como, outras grandezas físicas que caracterizam os elementos do circuito, são usadas

as leis de Kirchhoff: lei dos nós e lei das malhas (MORAES E TEIXEIRA, 2006).

As leis de Kirchhoff são baseadas nos princípios da conservação da energia e

da carga elétrica e, sua compreensão, apoia-se nos conceitos de nó, ramo e malha

aplicados aos circuitos (MORAES E TEIXEIRA, 2006). Nó é o ponto de um circuito

onde é oferecido dois ou mais caminhos para a corrente elétrica; ramo é o segmento

condutor que conecta dois nós e malha é o circuito fechado compreendido entre dois

ou mais nós.

A figura 2.15, mostra um circuito contendo dois nós B e E; três ramos BCDE,

BE e BAFE; e três malhas ACDF, ABEF e BCDE.

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Figura 2.15 – Circuito elétrico com dois nós, três ramos e três malhas. Fonte: Produzida pelo autor.

A primeira lei de Kirchhoff para os circuitos elétricos é denominada Lei dos nós,

segundo Moraes e Teixeira (2006, p. 46) ela pode ser resumida no seguinte

enunciado: A soma das intensidades das correntes elétricas que chegam a um nó é

igual à soma das intensidades das correntes elétricas que saem do nó.

A figura 2.16 mostra uma ilustração básica da lei dos nós, onde uma corrente

(i1) entra em um nó, ao mesmo tempo, em que saem três correntes (i2), (i3) e (i4).

Figura 2.16 – Ilustração da Lei dos nós. Fonte: Produzida pelo autor.

A segunda lei de Kirchhoff para os circuitos elétricos é chamada de Lei das

malhas, de acordo com Moraes e Teixeira (2006, p. 46) ela pode ser resumida em:

Percorrendo-se uma malha, em um mesmo sentido, a soma algébrica das tensões

encontradas em cada elemento do circuito é igual a zero.

Em outros termos o que a lei das malhas diz é a soma das diferenças de

potencial, tensões e quedas de tensões, em um circuito fechado é igual a zero. A

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figura 2.17 mostra uma ilustração básica da lei das malhas, onde a mesma lei, é

aplicada à malha ABCD, no sentido horário, demostrando que a soma das quedas de

tensões nos resistores e no receptor com a tensão no gerador é igual a zero.

Figura 2.17 – Ilustração da Lei das malhas. Fonte: https://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/index.php/CEL18702_2016_2_AULA02

A aplicação correta para Moraes e Teixeira (2006) destas leis de Kirchhoff,

requer a realização de alguns procedimentos básicos, são eles:

Identificar os nós e malhas, aos quais, serão aplicadas as leis;

Arbitrar um sentido para cada corrente que percorre o circuito;

Escolher um sentido para aplicar a lei das malhas, horário ou anti-horário, o mesmo

sentido tem que ser adotado para quantas malhas a lei for aplicada;

Aplicar a lei dos nós aos (n -1) nós, sendo n o número total de nós do circuito;

Aplicar a lei das malhas até obter um número de equações suficientes para calcular

as variáveis existentes, somando estas àquelas adquiridas com a lei dos nós;

Montar e solucionar o sistema de equações;

Analisar os resultados identificando os sentidos das correntes, caso i > 0, o sentido

arbitrado para a corrente é o sentido convencional, caso i < 0, o sentido

convencional da corrente é o contrário do que foi arbitrado.

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As leis de Kirchhoff podem ser aplicadas a um circuito para identificar a corrente

em qualquer um dos seus ramos, o sentido da corrente, a resistência de um

determinado resistor, a fem de um gerador ou sua resistência interna, assim como, a

fcem de um receptor ou a sua resistência interna.

2.4.4.2. Instrumentos elétricos de medição

O trabalho com circuitos elétricos necessita de instrumentos capazes de

detectar e medir as principais grandezas relacionadas à eletricidade. O mais básico

aparelho, utilizado para identificar a presença de corrente elétrica é o galvanômetro.

O galvanômetro é um dispositivo que funciona com base no efeito magnético

da corrente. Uma versão simplificada e rústica deste objeto, pode ser constituída por

um imã livre para girar, como uma bússola, colocado no interior de uma bobina;

quando uma corrente elétrica percorre a bobina, produz um campo magnético que é

rapidamente detectado pelo imã. Estes instrumentos são capazes de detectar

correntes muito pequenas.

Um modelo mais comum e mais sensível de galvanômetro consiste de uma

bobina móvel, formada por muitas espiras de fio condutor, suspensa entre os polos

de um imã fixo, conforme figura 2.18, capaz de girar em torno de um eixo e posta

contra uma mola em espiral, de forma que, quanto maior for a corrente que a percorra,

maior será o seu giro em torno do eixo (HEWITT, 2015).

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Figura 2.18 – Esquema de um galvanômetro comum. Fonte: http://danielbelmiro.com/relay/relay.html

O galvanômetro é um instrumento normalmente utilizado para medir pequenas

correntes, sua resistência interna é muito baixa, logo, pequenas correntes são o

suficiente para atingirem o seu limite de medida, se sua resistência interna for

aumentada o instrumento perde precisão. Desta forma, para medir correntes maiores

é necessário fornecer outro caminho para a corrente, o que pode ser feito, através da

associação em paralelo do galvanômetro com um resistor de baixa resistência, como

na figura 2.19, a esta associação dar-se o nome de amperímetro.

Figura 2.19– Esquema de montagem do amperímetro. Fonte: Produzida pelo autor.

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Um bom amperímetro deve ter resistência interna desprezível, uma vez que, a

corrente elétrica o percorre. Para realizar uma medida utilizando o amperímetro é

preciso associá-lo em série ao circuito, conforme figura 2.20.

Figura 2.20 – Esquema demostrando a associação do amperímetro ao circuito. Fonte: http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/08/cursos-do-blog-eletricidade_21.html

Assim como pode ser utilizado para medir correntes mais altas o galvanômetro

também pode ser utilizado para medir tensão, neste caso, é necessário que

praticamente não passe corrente pelo mesmo, para tanto, deverá ser associado a ele,

em série, um resistor de alta resistência, como na figura 2.21, sendo essa associação

denominada Voltímetro.

Figura 2.21 – Esquema de montagem do voltímetro. Fonte: Produzida pelo autor.

Um bom voltímetro deve ter a maior resistência interna possível, uma vez que,

a corrente elétrica que o percorre precisa ser desprezível. Para realizar uma medida

utilizando o voltímetro é preciso associá-lo em paralelo ao circuito, conforme figura

2.22.

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Figura 2.22– Esquema demostrando a associação do voltímetro ao circuito. Fonte: http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/08/cursos-do-blog-eletricidade_21.html

Em se tratando de um amperímetro, utilizando-se uma fonte de tensão interna

de valor conhecido e conhecendo-se também a resistência interna do equipamento, é

possível prever o valor da corrente que o aparelho registrará ao ser ligado nestas

condições. No entanto, se for associada em série uma resistência ao amperímetro, o

mesmo registrará uma nova corrente, aplicando a lei de Ohm para essa nova corrente

e para o valor da tensão interna obtém-se o valor da resistência desconhecida. Este

arranjo é denominado ohmímetro.

Com um galvanômetro, uma fonte de tensão e alguns resistores também é

possível montar um arranjo que pode ser utilizado para medir resistência, a chamada,

ponte de Wheatstone, figura 2.23.

Figura 2. 23 – Esquema da ponte de Wheatstone. Fonte: http://osfundamentosdafisica.blogspot.com.br/2013/08/cursos-do-blog-eletricidade_21.html

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A ponte Wheatstone é um circuito que apresenta um funcionamento singular.

Para determinados valores de resistência, nos resistores da ponte R1, R2, R3 e R4,

conforme a figura 2.23, o galvanômetro indica a inexistência de corrente no ramo BD,

nesse caso se diz que a ponte está em equilíbrio. Nesta condição,

𝑅1. 𝑅3 = 𝑅2. 𝑅4, desta forma, conhecendo-se a resistência de três resistores é possível

identificar a resistência do quarto.

Por meio da utilização de uma chave especial, que permite a montagem de

diferentes associações entre o galvanômetro e um conjunto de resistores, os

dispositivos de medir corrente elétrica, tensão e resistência foram organizados em um

só aparelho, o multímetro analógico.

Embora os instrumentos elétricos de medição analógicos tenham tido grande

importância para o desenvolvimento da eletricidade e eletrônica, atualmente estes

praticamente não são utilizados, foram substituídos pelos multímetros digitais, que são

instrumentos mais práticos, mais precisos e com mais funções. O funcionamento

destes é baseado em circuitos eletrônicos compostos de conversores A/D

(analógico/digital) que convertem os sinais de tensão e corrente em sinais digitais, e

microprocessadores (ou microcontroladores) que realizam os cálculos matemáticos

para medição de cada grandeza elétrica. Além das funções tradicionais, alguns

modelos destes multímetros também medem temperatura, frequência, capacitância,

etc.

2.4.4.3. Dispositivos de segurança

Dispositivos de segurança, segundo Moraes e Teixeira (2006, p.44), “São

dispositivos que protegem o circuito elétrico. Ao serem atravessados por uma corrente

de intensidade maior do que aquela que o circuito suporta, interrompem a corrente,

protegendo os demais elementos do circuito”.

Os equipamentos elétricos normalmente são construídos para funcionar dentro

de uma determinada faixa de corrente, considerando que a maioria dos circuitos são

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suscetíveis a interferência externas, é necessário que seja utilizado algum objeto

capaz de protege-los da ocorrência de sobrecargas* e curtos-circuitos.

Basicamente existem dois tipos de dispositivos de segurança: os fusíveis e os

disjuntores, conforme a figura 2.24. Os primeiros são componentes constituídos

basicamente por um filamento de material condutor, com baixo ponto de fusão,

quando um fusível é percorrido por uma corrente, acima daquela para qual foi

projetado, o filamento se aquece e se funde, interrompendo assim o fluxo de carga

através do circuito. Já os disjuntores são interruptores que funcionam utilizando os

efeitos térmico, magnético ou ambos.

Figura 2.24 – Dispositivos de segurança, a. Fusível, b. Disjuntor e c. Símbolo dos fusíveis ou disjuntores nos circuitos. Fonte: Produzida pelo autor.

Disjuntores térmicos são formados essencialmente por uma lâmina bimetálica,

que, ao ser percorrida por uma corrente, acima daquela para qual foi projetada se

encurva, abrindo assim o circuito.

Disjuntores magnéticos são chaves que possuem em seu interior um

eletroímã†, quando uma corrente acima daquela considerada normal para o circuito

passa pela bobina do eletroímã, este produz um campo magnético, forte o suficiente

para acionar a chave e abrir o circuito. Disjuntores termomagnéticos utilizam-se os

dois princípios, anteriormente descritos, ao mesmo tempo.

* Diz-se que um determinado circuito está em sobrecarga, quando a corrente que o percorre é muito superior àquela, para a qual, o mesmo foi projetado. Normalmente a sobrecarga é ocasionada pela ligação excessiva de elementos em paralelo, em um circuito. † Eletroímã é um dispositivo constituído de um núcleo de material ferromagnético, envolvido por uma bobina condutora, quando uma corrente elétrica percorre a bobina surge um campo magnético no núcleo, proporcional à intensidade da corrente.

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Fusíveis e disjuntores são elementos essenciais na maioria dos circuitos que

possuem alguma finalidade prática, entretanto, a escolha por qual utilizar, é algo que

depende das características do circuito e dos componentes que se deseja proteger.

Disjuntores são muito utilizados em circuitos elétricos residenciais, enquanto fusíveis

são muito utilizados em circuitos eletrônicos.

2.4.4.4. Os capacitores planos e os circuitos elétricos

O primeiro capacitor foi inventado em 1745 e recebeu o nome de Garrafa de

Leiden, em homenagem ao local onde foi desenvolvido, a cidade de Leiden na

Holanda, na forma original era apenas uma garrafa com água dentro e um fio servindo

de terminal interior, a mão do experimentador funciona como o terminal exterior,

rapidamente este dispositivo foi melhorado, para a forma como atualmente é

conhecido, um pote cilíndrico de material altamente isolante, com uma folha metálica

fixada por for fora e outra fixada por dentro e com um fio metálico atravessando a

tampa do pote e fazendo contato com a folha interior, conforme figura 2.25 (QUEIROZ,

2000).

Figura 2. 25 – Garrafa de Leiden. Fonte: http://www.feiradeciencias.com.br/sala11/image11/11_24_02.gif

Capacitor ou condensador é um dispositivo utilizado nos circuitos elétricos com

o objetivo de armazenar cargas elétricas e consequentemente energia potencial

elétrica, ou simplesmente energia elétrica. Ele é constituído basicamente por dois

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condutores separados por um isolante. Os condutores são chamados armaduras ou

placas do capacitor e são carregados, um positivamente e o outro negativamente. O

isolante do capacitor é chamado de dielétrico, podendo ser o próprio ar, vidro,

parafina, mica, porcelana, papel ou um outro isolante (MORAES E TEIXEIRA, 2006).

A diferença básica entre um capacitor e um gerador (pilha ou bateria), é que o

capacitor libera toda a carga instantaneamente enquanto o gerador faz isto

lentamente.

Para carregar um capacitor basta que seus terminais sejam conectados aos

polos de um gerador.

A quantidade de carga (Q), adquirida por um capacitor, depende da ddp, do

gerador, sendo que, a relação entre a carga armazenada e a tensão do gerador é uma

constante característica do capacitor, denominada capacidade elétrica do capacitor

ou capacitância (C).

𝐶 =𝑄

𝑈 (32)

A capacitância é diretamente proporcional à área das placas do capacitor (A) e

inversamente proporcional à distância entre elas (d).

𝐶 = 𝜀.𝐴

𝑑 (33)

Onde (𝜀) é uma constante de proporcionalidade, chamada de permissividade

do dielétrico. Em outros termos, é uma característica do material, o que significa que

a capacitância, também depende do tipo de dielétrico, utilizado entre as placas do

capacitor. A unidade de capacitância no S.I é o Farad que equivale a um coulomb por

volt (C/V).

Quando uma carga elétrica (Q), é transportada entre dois pontos, cuja diferença

de potencial (UAB), é mantida constante, o trabalho realizado no transporte, pode ser

dado por :

𝜏 = 𝑄. 𝑈𝐴𝐵 (34)

Na descarga do capacitor a ddp entre as placas não se mantém constante. À

medida que a carga é transportada de uma placa para outra, a diferença de potencial

vai diminuindo, passando do valor inicial (UAB) para um valor final nulo. Desta forma, a

equação 34 não pode ser usada para calcular o trabalho neste processo (MÁXIMO e

ALVARENGA, 2006).

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A área do gráfico U x Q, figura 2.26, fornece o trabalho realizado pela carga,

durante o evento (MORAES e TEIXEIRA, 2006).

Figura 2. 26 – Gráfico da tensão versus a carga durante a descarga de um capacitor. Fonte: Produzida pelo autor.

Logo pela área do gráfico, área pintada da figura 2.25, conclui-se que:

𝜏 =1

2𝑄𝑈 (35)

Da mesma forma, a energia potencial armazenada pelo capacitor, pode ser

dada por:

𝐸𝑛 =1

2𝑄𝑈𝐴𝐵 (36)

Aplicando à expressão 36, a equação 32, obtém-se uma nova expressão para

a energia armazenada no capacitor.

𝐸𝑛 =1

2𝐶𝑈2 (37)

Os capacitores são representados esquematicamente nos circuitos pelo

símbolo presente na figura 2.27.a, e, assim como outros elementos dos circuitos,

também podem ser associados em série e em paralelo, conforme figuras 2.27.b e

2.27.c.

Figura 2.27 – a. Símbolo do capacitor, b. Associação de capacitores em série, c. Associação de capacitores em paralelo. Fonte: Produzida pelo autor.

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Numa associação de capacitores em série, cada capacitor está a um potencial

diferente e todos possuem a mesma carga. Partindo deste princípio, pode-se dizer

que o potencial (U) ao qual a associação está sujeita é

U = U1 + U2 + ... Un (38)

Utilizando a expressão 32 e substituindo na equação 38, chega-se a expressão

39, que permite calcular a capacitância equivalente (Ceq) de uma associação de (n)

capacitores em série.

1

𝐶𝑒𝑞=

1

𝐶1+

1

𝐶2+ ⋯

1

𝐶𝑛 (39)

Na associação de capacitores em paralelo a capacitância equivalente (Ceq),

será igual à soma das (n) capacitâncias individuais, isto pode ser explicado pelo fato

de todos os capacitores estarem a uma mesma tensão, o que funciona como se fosse

apenas um capacitor, com a carga dos três.

𝐶𝑒𝑞 = ∑ 𝐶𝑛 (40)

Capacitores desempenham basicamente duas funções nos circuitos elétricos:

armazenam carga para utilização rápida e bloqueiam correntes contínuas e alternadas

de baixas frequências, enquanto, facilitam a passagem de correntes alternadas de

altas frequências.

A primeira delas é aplicada, por exemplo, no flash da câmara fotográfica; em

alguns lasers grandes, que utilizam a técnica para produzir flashes brilhantes e

instantâneos; e, para dar partida em alguns tipos de motores elétricos.

Já a segunda função aplica-se para eliminar ondulações e picos em uma

corrente continua, o que é utilizado por exemplo, para separar sons agudos de uma

música e encaminhá-los aos alto-falantes adequados para reproduzi-los, e, para

construir circuitos oscilantes, como os que são utilizados nos aparelhos receptores de

rádio.

2.4.5. Os componentes semicondutores

Segundo Halliday, Hesnick e Walker (2016, p.154), “os semicondutores são os

responsáveis pela revolução da microeletrônica que nos trouxe a era da informação”.

Estes materiais apresentam uma característica peculiar, possuem resistência elétrica

intermediária, ou seja, não são considerados, em sua forma natural, nem bons

condutores nem bons isolantes, foi essa simples peculiaridade que permitiu o

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desenvolvimento de componentes que revolucionaram o mundo dos circuitos

elétricos. (HEWITT, 2015).

São exemplos de semicondutores o germânio (Ge) e o silício (Si), estes, em

sua forma cristalina são condutores medíocres, entretanto, se um de seus átomos em

cada 10 milhões for substituído por uma impureza que retira ou adiciona elétrons à

estrutura cristalina, tais materiais se tornam excelentes condutores (HEWITT, 2015).

A compreensão da estrutura atômica de um semicondutor, bem como, do

funcionamento dos dispositivos elétricos fabricados a partir desses materiais, depende

da assimilação de alguns conceitos quânticos, tais como, o modelo atômico de Bohr

e a Teoria das Bandas de Energia.

2.4.5.1. O modelo atômico de Bohr e a estrutura de bandas

Niels Bohr (1885 – 1962) aplicou a teoria quântica de Planck e Einstein ao

átomo nuclear de Rutherford, formulando o modelo atômico, que ficaria conhecido

como modelo atômico de Rutherford-Bohr ou modelo planetário do átomo (HEWITT,

2015). Segundo este modelo os átomos são compostos por um núcleo, onde se

encontram os prótons e os nêutrons, e por uma eletrosfera, onde se encontram os

elétrons dispostos em orbitas, conforme a figura 2.28.

Figura 2.28 – Modelo atômico de Rutherford-Bohr. Fonte: Produzida pelo autor.

De acordo com a teoria de Bohr os elétrons ocupam, no átomo, estados

estacionários de energia a diferentes distâncias do núcleo, ou seja, eles não podem

ocupar qualquer posição no interior do átomo, apenas algumas, com níveis

energéticos bem definidos; no entanto, os elétrons podem realizam “saltos quânticos‡”

de um estado de energia para outro.

‡ Salto quântico é o nome dado ao deslocamento realizado pelo elétron, de um nível energético para outro.

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Para que ocorra um “salto” de uma camada§ mais interna para uma mais

externa o elétron precisa absorver energia, o que ocorre pela captação de uma

quantidade discreta de energia, um fóton**; da mesma forma, quando ele retorna a

uma camada mais interna, ele emite um fóton. Desta forma, a frequência do fóton

emitido, e, consequentemente sua cor, dependem do tamanho do salto eletrônico, o

que foi utilizado para explicar as regularidades observadas nos espectros atômicos††

(HEWITT, 2015).

Louis de Broglie (1892 – 1987) introduziu em 1924 o conceito de onda de

matéria, a partir do qual, ele previu que, assim como a luz apresenta um

comportamento dual, ora como corpúsculo ora como onda, as partículas poderiam

também, em certas circunstâncias, se comportarem como onda. De acordo com De

Broglie uma partícula em movimento, como um próton ou um elétron, pode ser descrita

por uma onda de matéria, cujo comprimento de onda está relacionado com o inverso

do momentum da partícula. Estas ondas de matéria apresentam o mesmo

comportamento das demais ondas (HALLIDAY, HESNICK E WALKER, 2016;

HEWITT, 2015).

Usando a ideia de interferência, De Broglie mostrou que os valores discretos

dos raios das orbitas de Bohr são uma consequência natural das ondas de

elétrons, ou eletrônicas, estacionárias. Existe uma órbita de Bohr onde uma

onda estacionária fecha-se sobre si mesma, interferindo construtivamente

consigo mesma. A onda eletrônica torna-se, então, uma onda estacionária

como a que existe na corda vibrante de um instrumento musical. Nessa

visualização o elétron é concebido não como sendo uma partícula localizada

em algum ponto dentro do átomo, mas como se sua massa e sua carga

estivessem espalhadas em uma onda estacionária circulando o núcleo

atômico – com um número inteiro de comprimentos de onda ajustando-se

exatamente à circunferência das órbitas. A circunferência da órbita mais

interna é igual a um comprimento de onda, a da segunda possui o

comprimento de dois comprimentos de onda; a terceira, três, e assim por

diante. [...] Como as circunferências das órbitas eletrônicas são de valores

discretos, os raios de tais órbitas e daí também os níveis de energia, são

discretos (HEWITT, 2015, p. 609).

§ Inicialmente, o modelo atômico de Bohr não se referia a camada, mas sim a orbita. Como uma orbita é uma estrutura bidimensional e o átomo é tridimensional, posteriormente chegou-se à conclusão que os níveis energéticos poderiam ser melhor descritos utilizando-se o conceito de camadas. ** Fóton é o nome dado ao quantum de radiação eletromagnética, em outros termos, são as partículas elementares que constituem a radiação eletromagnética, como a luz por exemplo. †† Conjunto de raias espectrais, observado quando um gás monoatômico é colocado em um recipiente a baixa pressão e percorrido por uma corrente elétrica.

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A figura 2.29 apresenta uma explicação para os níveis energéticos dos elétrons

do modelo atômico de Bohr, segundo a hipótese de De Broglie. Na figura 2.29.a, tem-

se uma região do átomo onde há um nível de energia, nesta, a circunferência é um

múltiplo inteiro do comprimento de onda do elétron, assim como esta existe outras

regiões, nas quais, a onda fecha-se sobre si mesma interferindo construtivamente. A

figura 2.29.b, apresenta o que ocorre nas demais regiões do átomo, onde não há

níveis de energia, neste caso, a onda não se fecha e ocorre interferência destrutiva.

A figura 2.29.c traz uma analogia ao que seria o modelo atômico de Bohr na visão de

De Broglie, nesta, os elétrons são representados por ondas desenhadas em fitas,

onde os níveis energéticos são as regiões cuja circunferência é múltiplo inteiro do

comprimento da onda desenhada nas fitas (HEWITT, 2015).

Figura 2.29 – Níveis de energia do átomo de Bohr segundo a hipótese de De broglie. a. Região do átomo onde há um nível de energia. b. Região do átomo onde não há nível energético. c. Analogia ao modelo atómico de Bohr. Fonte: Hewitt (2015) adaptado pelo autor.

Em um átomo individual, um elétron ocupa níveis discretos de energia,

“saltando” de um nível para outro de forma não linear. Ao serem aproximados dois

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destes átomos, suas funções de onda‡‡ começam a se superpor, iniciando pelos

elétrons mais distantes do núcleo. Após a superposição das funções de ondas não é

possível mas interpretar os dois átomos independentemente, neste caso é preciso

considerar um sistema constituído de dois átomos, com um número de elétrons igual

à somo dos elétrons dos dois átomos. A consequência disto, é que cada um dos níveis

energéticos preexistentes, se desdobram em dois novos níveis (HALLIDAY, HESNICK

E WALKER, 2016).

De uma forma simplificada pode-se dizer que, ao serem aproximados um

átomo isolado de outros, os elétrons, não conseguem ocupar os mesmos níveis

energéticos; em conformidade com o que diz o Princípio da exclusão de Pauli,

segundo o qual: “Em um átomo multieletrônico nunca pode haver mais de um elétron

ocupando o mesmo estado quântico. ” (EISBERG; RESNICK, 1994); entretanto, tais

elétrons interferem entre si, promovendo o desdobramento dos níveis energético

preexistentes em novos níveis de energia possíveis, próximos àqueles, porém não

coincidentes.

Consequentemente, um dado nível de energia do sistema é desdobrado em

dois níveis de energia, distintos quando começa a haver a superposição, e a

separação entre os níveis aumenta à medida que diminui a distância entre os

átomos. Se for aproximado um grande número de átomos, surgirá um grande número

de níveis energéticos próximos uns dos outros, formando uma "banda de energia",

quase contínua, no lugar dos níveis discretos que os átomos teriam individualmente,

conforme na figura 2.30 (EISBERG; RESNICK, 1994).

‡‡ De acordo com Schrödinger, em decorrência do caráter dual da matéria (onda-partícula), mesmo

que uma partícula se mova em uma trajetória definida ela estará distribuída em todo o espaço como uma onda. Sendo assim, uma onda na mecânica quântica equivaleria ao conceito de trajetória na mecânica clássica e seria representada por uma função denominada função de onda (ψ), (CAMPOS, 2013, p. 1).

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Figura 2.30 – Formação de bandas de energia num sólido. (a) átomo isolado. (b) sistema de alguns átomos. (c) um mol de átomos. Fonte: http://www.geocities.ws/locksmithone/academic/academic-files/bandtheory.html

Em um sólido as energias possíveis dos elétrons estão agrupadas em bandas

permitidas separadas por bandas proibidas. A banda que é formada pelos últimos

níveis de energia, cujo elétrons ali encontrados, estão fracamente ligados ao núcleo,

é chamada de banda de valência, já a que contém níveis de energia para os quais os

elétrons se libertam do átomo, tornando-se “elétrons livres”, é chamada de banda de

condução e normalmente encontra-se separada da banda de valência por uma banda

proibida.

Num isolante, os elétrons das camadas externas têm níveis de energia na

banda de valência e a banda de condução está vazia de elétrons e separada daquela

por uma extensa banda proibida.

Num condutor metálico, existe uma sobreposição das bandas de valência e de

condução, de modo que, à temperatura ambiente, têm-se elétrons originários da

banda de valência com níveis de energia de condução, de forma que, ao ficarem

sujeitos a um campo elétrico, facilmente se deslocam pelo metal, constituindo uma

corrente elétrica.

Um semicondutor é um caso intermédio entre um isolante e um condutor. Neste

caso, a largura da banda proibida é relativamente pequena. Em temperaturas baixas,

os materiais semicondutores são praticamente isolantes, porque não é possível fazer

passar normalmente um elétron da banda de valência para a banda de condução, por

aplicação de um campo elétrico externo.

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Aumentando a temperatura alguns elétrons conseguem fazer esta travessia,

tornando o material ligeiramente condutor ou semicondutor. Isto é parecido com o que

acontece com um resistor do tipo LDR, conhecido como foto resistor, este tipo de

resistor é fabricado de um material semicondutor, cuja banda proibida é menor que a

do silício, à temperatura ambiente e sem incidir luz sobre ele o LDR é um mau

condutor, no entanto, na presença de luz seus elétrons saltam da banda de valência

para a banda de condução e ele se torna um bom condutor de eletricidade.

Um semicondutor considerado puro normalmente possui quatro elétrons na sua

última camada, camada de valência, porém, todos estes encontram-se ligados a

outros átomos através de ligações covalentes, tipo de ligação em que um átomo

compartilha elétrons de sua última camada para atingir o equilíbrio, ou seja, para ficar

com oito elétrons na mesma. Neste caso todos os elétrons estão fortemente ligados

ao átomo, formando a estrutura cristalina do material, conforme a figura 2.31.a, em

níveis de energia mais baixos e na banda de valência, o que explica o fato deste

material se comportar, em condições ambiente, praticamente como um dielétrico.

Figura 2.31– Estrutura molecular de um material semicondutor. a. Estrutura cristalina de um semicondutor puro, b. Estrutura cristalina de um semicondutor dopado tipo N, c. Estrutura cristalina de um semicondutor dopado tipo P. Fonte: http://nerdeletrico.blogspot.com.br/2011/09/uma-introducao-aos-semicondutores.html.

Quando é adicionado ao semicondutor, impurezas do tipo N, ou seja, átomos

de um elemento que possui cinco elétrons na camada de valência, se diz que o

material está dopado, sendo a dopagem do tipo N, neste caso após as ligações

covalentes, sobra um elétron que não se encontra fortemente ligado ao átomo como

mostra a figura 2.31.b, logo, este pode “saltar” para níveis de energia mais altos

desprendendo-se do átomo e tornando-se um elétron livre, passando a integrar a

banda de condução e, consequentemente, criando a possibilidade do material se

comportar como um condutor ao ser submetido a uma tensão elétrica.

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Quando é adicionado ao material, impurezas do tipo p, ou seja, dopagem tipo

p, átomos de um elemento que possui três elétrons na camada de valência, após as

ligações covalentes, ainda fica faltando um elétron para que a ligação fique

equilibrada, a estes espaços vazios na camada de valência, onde deveria haver um

elétron, como mostra a figura 2.31.c, dá-se o nome específico de lacunas; quando um

semicondutor com dopagem como esta, é conectado aos terminais de uma fonte, os

elétrons da fonte vão ocupando uma a uma as lacunas do material, de forma, que se

verifica no material o surgimento de uma corrente elétrica positiva em sentido contrário

ao movimento dos elétrons e originaria da banda de valência, portanto, tal material

também passa a se comportar como um bom condutor de eletricidade.

2.4.5.2. A junção p-n e o transistor

Quando um cristal de material semicondutor do tipo p é unido a um do tipo n,

figura 2.32.a, os elétrons livres do material tipo n são atraídos pelas lacunas que estão

próximas de si, no material tipo p, figura 2.32.b, e ocupam as lacunas criando uma

região estável do ponto de vista das ligações, no entanto eletrizada, figura 2.32.c.

As ligações na região da junção, após cederem e receberem elétrons, passam

a conter oito elétrons compartilhados na camada de valência. Entretanto, o átomo que

tinha uma lacuna e estava eletricamente neutro ao receber um elétron passa a ter

caga negativa e o processo inverso ocorre com o átomo que tinha um elétron a mais

e o cedeu para o lado p, o resultado deste processo é a formação de uma barreira de

potencial bem na junção, chamada zona de depleção, como mostra a figura 2.32.d.

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Figura 2.32– Montagem da junção p-n. a. Dois cristais semicondutores antes de ser juntados, b. Imediatamente após a junção os elétrons de um lado são atraídos pelas lacunas do outro, c. A combinação elétron-lacuna cria uma região estável do ponto de vista das ligações químicas, d. Os elétrons que atravessam a junção e criam, ao se combinarem com as lacunas, uma região carregada próximo à junção, chamada zona de depleção. Fonte: https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/index.php/AULA_2_-_Eletr%C3%B4nica_Geral_1_-_T%C3%A9cnico, adaptado pelo autor.

A junção p-n é conhecida como diodo. Quando os terminais de uma da junção

p-n são ligados a uma fonte, o lado p da junção com positivo da fonte e negativo da

fonte com o lado n da junção, ligação esta chamada de polarização direta; observa-

se que a corrente flui normalmente. Neste caso, o que ocorre, é que os elétrons do

material tipo n são repelidos pelo terminal negativo da fonte, da mesma forma como

ocorre com as lacunas no lado p, sendo forçados contra a zona de depleção,

diminuindo a espessura desta ao ponto dos elétrons transitarem livremente através

da junção.

Quando se liga o lado p da junção ao negativo da fonte e o lado n da junção ao

positivo da fonte, ligação esta, chamada de polarização reversa, observa-se que a

corrente deixa de existir em pouco tempo. Isto ocorre pelo fato dos elétrons livres do

material tipo N ao serem atraídos pela fonte ultrapassarem a zona de depleção e

preencherem mais e mais lacunas, aumentando cada vez mais a barreia de potencial,

até que a tensão da fonte não seja mais suficiente para que um elétron a atravesse,

cessando assim a corrente.

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O gráfico da corrente versus a tensão para uma junção p-n, figura 2.33, é

denominado curva característica de um diodo e expressa o comportamento de uma

junção ao ser polarizada diretamente e reversamente. O diodo é um componente não

ôhmico.

Figura 2.33 – Gráfico da corrente versus a tensão para uma junção p-n. Fonte: Produzida pelo autor.

Como mostra o gráfico da figura 2.33, os diodos só permitem passagem de

corrente elétrica quando polarizados diretamente, o que significa que, quando ligados

a geradores de tensão alternada, estes instrumentos funcionam como retificadores

deixando passar corrente, em apenas um sentido, transformando, desta forma, a

corrente alternada em pulsos de corrente continua, conforme figura 2.34. Por isso

estes componentes são também conhecidos como diodos retificadores.

Figura 2.34 – a. Gráfico da corrente alternada, b. Gráfico da corrente continua pulsante, após passar por um diodo retificador. Fonte: Produzida pelo autor.

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Os Diodos emissores de Luz, LEDs como são conhecidos, são junções p-n que

possuem uma característica especial, a capacidade de emitir luz, veja a figura 2.35.

Como já foi dito, ao polarizar diretamente a junção p-n, os elétrons do lado n

atravessam a barreira de potencial e se recombinam com as lacunas existentes do

lado p do cristal, entretanto vale ressaltar, que estes elétrons são provenientes da

banda de condução, logo, possuem mais energia que as lacunas, que por sua vez

estão na banda de valência, portanto, a energia correspondente a essa diferença será

liberada para o meio na forma de luz ou calor.

Nos diodos convencionais, fabricados a partir de silício ou germânio, a maior

parte dessa energia é liberada na forma de calor; mas em junções constituídas de

outros semicondutores como o arsenieto de gálio (GaAs) ou o fosfeto de gálio (GaP),

a quantidade de fótons de luz emitida é suficiente para constituir fontes de luzes

bastante eficientes.

Figura 2.35 – LED (Diodo Emissor de Luz), à direita em detalhe o chip semicondutor (Junção P-N), a camada ativa corresponde à região onde ocorre as combinações elétron-lacunas. Fonte: http://www.conexled.com.br/sobre/led/

A cor do LED pode ser especificada pela largura da banda proibida, que neste

caso determinará a diferença entre os níveis energéticos do par elétron-lacuna, como

essa largura pode ser regulada a partir da utilização de diferentes materiais como

impurezas, pode-se então determinar a cor da luz emitida pelo LED, que embora não

seja monocromática, pertence a uma faixa muito estreita do espectro visível.

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A fotocélula utilizada na geração de energia solar é também fabricada de

material semicondutor é constituída de uma junção p-n, sendo que sua face superior

é feita de silício dopado do tipo p e a inferior do tipo n.

Ao incidir luz sobre a célula os elétrons ganham energia ao absorverem fótons

de determinadas frequências, e assim, abandonam a banda de valência; no entanto,

a estrutura da célula é organizada de modo que, estes elétrons, sejam arrancados o

mais próximo possível da junção, para que não se recombinem com as lacunas, que

estão do mesmo lado, e em vez disso, atravessem a barreira de potencial. Ao

atingirem o lado n, estabelecem uma diferença de potencial entre os dois lados da

junção. Desta forma, ao ser ligado um circuito entre estes, uma corrente elétrica passa

a fluir. Uma placa solar é composta por várias células, que são conectadas entre si,

com o objetivo de produzir uma tensão mais elevada.

A associação de duas junções p-n conforme figuras 2.36.a e 2.36.b, cria uma

estrutura que associada a um circuito, em condições normais, não conduz corrente

elétrica, uma vez que, sempre haverá nesta associação, uma junção p-n,

reversamene polarizada. Entretanto, a aplicação de uma tensão ao cristal

diferenciado, ou seja, ao p numa estrutura n-p-n ou ao n numa p-n-p, pode

desencadear a passagem da corrente elétrica pelo circuito, tal dispositivo é

denominado transistor.

Figura 2.36 – a e b. Duas associações de dois diodos cada, ambas não conduzem corrente elétrica, c. Transistor tipo PNP e d. Transistor tipo NPN. Fonte: Produzida pelo autor.

As três regiões do transistor, conforme figuras 2.36.c e 2.36.d, são chamadas de

base, coletor e emissor, onde o terminal contido no cristal diferenciado é a base. A

grande importância deste componente está associada ao fato de ser possível controlar

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a corrente que flui entre o seu coletor e o seu emissor, através da aplicação de uma

determinada tensão elétrica na sua base.

Para ocorrer o efeito transistor em um Transistor de Junção Bipolar – BJT, tipo

pnp ou npn, versão mais simples destes componentes, é necessário que a junção

base-coletor seja polarizada reversamente e que a junção base-emissor seja

polarizada diretamente, de forma que, uma pequena corrente de base será suficiente

para estabelecer uma corrente entre os terminais coletor-emissor. Esta corrente será

proporcional a corrente de base, de acordo com o ganho do equipamento. Isso permite

que tal componente seja utilizado como amplificador, podendo ser usado por exemplo

para amplificar os sinais elétricos captados por um microfone.

Os transistores são considerados por muitos como os mais importantes

componentes da eletrônica moderna, possuindo várias funções, entre elas as de

interruptor, amplificador, retificador, etc. A figura 2.37.a mostra a simbologia com a

qual os transistores BJTs são representados nos circuito, identificando cada um dos

seus três terminais; e a figura 2.37.b mostra alguns exemplos de transistores, vale

lembrar que nos dispositivos reais, como os que aí estão, o terminal do meio não é

obrigatoriamente o terminal de base.

Figura 2.37– a. Símbolos que representam os transistores nos circuitos, b. exemplos de transistores. Fonte: http://nerdeletrico.blogspot.com.br/2012/03/transistor-bjt-introducao.html, adaptado pelo autor.

Outro tipo de transistor, largamente utilizado e de extrema importância para o

desenvolvimento da eletrônica moderna, é o Transistor de Efeito de Campo – FET.

Nestes dispositivos o controle da corrente é realizado por meio de um campo elétrico

induzido na região condutora. Existem dois tipos FETs: o de junção ou Transistor de

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Junção por Efeito de Campo – JFET e o de porta isolada ou Transistor de Efeito de

Campo de Semicondutor de Óxido Metálico – MOSFET. A corrente elétrica nos FETs

é conduzida majoritariamente por apenas um tipo de portador, elétrons ou lacunas,

dependendo da natureza do dispositivo, que pode ser de canal n ou de canal p; por

este motivo, estes componentes também são denominados transistores unipolares

(FERREIRA, 1999).

A principal diferença entre o transistor bipolar e o unipolar é que o bipolar é

controlado por corrente, enquanto o unipolar é controlado por tensão.

O JFET é o mais simples tipo de transistor dentre todos e é pouco utilizado

atualmente. Já o MOSFET é um componente extremamente popular no círculo da

eletrônica moderna em virtude de possuir algumas características que os tornam mais

atraentes que os JFETs e BJTs (FERREIRA, 1999).

A figura 2.38.a apresenta o esquema estrutural de um MOSFET, o terminal de

controle é a porta (g), onde se aplica o sinal que deve ser amplificado ou usado para

chavear o circuito. O transistor é polarizado de modo a haver uma tensão entre a fonte

(s) e o dreno (d). Fazendo uma analogia com o transistor bipolar, pode-se dizer que a

porta do MOSFET equivale à base do transistor bipolar, enquanto que o dreno

equivale ao coletor e a fonte ao emissor. A polaridade do material semicondutor usado

no canal, que é a parte do transistor por onde circula a corrente controlada, determina

seu tipo e também a polaridade da tensão que a controla. Assim, tem-se na prática

transistores de efeito de campo tipo MOS de canal N e transistores de efeito de campo

tipo MOS de canal P. (FERREIRA, 1999). A figura 2.38.b mostra o símbolo, com o

qual estes componentes são representados nos circuitos.

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Figura 2.38 – a. Esquema de um transistor MOSFET de canal n, b. símbolo, através do qual, são representados nos circuitos os MOSFETs de canal n. Fonte: http://www.sabereletrico.com/leituraartigos.asp?valor=47, Adaptado pelo autor.

Os transistores como mostra a figura 2.37.b, podem ter vários formatos e

tamanhos, sendo inclusive produzidos em escalas microscópicas. Os componentes

semicondutores, principalmente o transistor, revolucionaram a eletrônica e

consequentemente os meios de comunicação, ao substituir as grandes, frágeis e

caras válvulas termiônicas§§ e desencadear o processo de produção de diversos

componentes associados em um único cristal semicondutor, os circuitos integrados

(CI).

Os transístores MOS podem ser fabricados muito pequenos; ocupando uma

área de silício muito mais pequena numa pastilha de circuito integrado e seu processo

de fabricação é mais simples do que os demais transistores. Além disso, as funções

lógicas digitais e de memória podem ser implementadas com circuitos que usam

exclusivamente MOSFETs, não sendo necessária a utilização de resistências nem de

díodos. Por estas razões, a maior parte dos circuitos integrados em grande escala são

atualmente desenvolvidos com tecnologia MOS. É o caso dos microprocessadores e

§§ Também conhecidas como válvulas eletrônicas são dispositivos utilizados para controlar a passagem da corrente elétrica, são normalmente constituídas de elementos metálicos mantidos em um vácuo no interior bulbo de vidro. São exemplos de válvulas termiônicas as válvulas diodo que desempenham a função de retificador e a válvula tríodo que desempenha a função de amplificador. Com o desenvolvimento dos componentes semicondutores as válvulas se tornaram componentes obsoletos.

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das memórias. A tecnologia MOS tem sido também extensivamente aplicada no

desenvolvimento de circuitos integrados analógicos (FERREIRA, 1999).

A utilização de FETs como dispositivos lógicos tem diversas vantagens sobre

os dispositivos baseados em transistores bipolares, particularmente devido à alta

resistência do terminal porta (g), o que acarreta uma baixa dissipação de energia.

Quando um FET de canal p é utilizado complementarmente a um FET canal n, apenas

uma fonte é necessária, daí o nome de Semicondutores de Óxido Metálico

Complementares CMOS. A figura 2.39 mostra um circuito CMOS utilizado como porta

lógica inversora em circuitos digitais (FERREIRA, 1999).

.

Figura 2.39 – Circuito CMOS de uma placa lógica inversora. Fonte: https://app.cear.ufpb.br/~asergio/Eletronica/Transistor/Transistor.pdf

A CMOS é atualmente a tecnologia mais utilizada na fabricação de CIs. As

principais vantagens dos circuitos integrados CMOS são o baixíssimo consumo de

energia e a possibilidade de alta densidade de integração, em comparação com outras

tecnologias (FERREIRA, 1999).

Antes da invenção dos transistores, a máxima densidade de elementos

possível em um circuito, mesmo com a miniaturização das válvulas, era de um

componente por cm3, com o uso dos diodos e transistores e a utilização dos circuitos

impressos (circuito onde os fios condutores são substituídos por conexões metálicas

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impressas em uma placa de material isolante), conseguiu-se elevar essa densidade

para 3 componentes por cm3.

Com a utilização dos modernos circuitos integrados, onde se tem, em uma

única peça muito pequena, transistores, resistências, capacitores, etc. atingiu-se a

cifra de 30 000 elementos por cm3. Sem este desenvolvimento tecnológico, que

permitiu a miniaturização dos circuitos, um computador moderno teria dimensões

gigantescas e a sua construção seria completamente inviável (MÁXIMO e

ALVARENGA, 2006).

A figura 2.40.a mostra um circuito integrado, enquanto a figura 2.40.b expõe o

diagrama esquemático do mesmo circuito, no qual verifica-se a existência de vários

componentes, mesmo se tratando de um CI relativamente simples.

Figura 2.40 – Circuito Integrado NE555. a. Foto do CI NE555, b. Diagrama esquemático do CI NE555. Fonte: Datasheet CI NE555.

Os circuitos integrados, também denominados chips, são fabricados a partir de

uma pequena fatia de um cristal de silício puro, uma espécie de placa de pequenas

dimensões, na qual são colocadas mínimas quantidades de impurezas, em

determinadas posições. Estas impurezas são dispostas, de maneira a dar origem a

diodos, transistores, resistores, capacitores e indutores***. Desta forma, todos os

*** São dispositivos normalmente constituídos de uma bobina de material condutor, envolvida em um núcleo de material ferromagnético; funcionam armazenando energia na forma de campo magnético e são utilizados na maioria das vezes como filtros de frequências, bloqueando correntes de frequências altas e permitindo a passagem de correntes de baixas frequências.

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componentes tradicionais dos circuitos elétricos podem ser desenvolvidos na própria

placa do chip, de forma miniaturizada, de modo que, um CI de 1 cm, de lado, pode

conter centenas de milhares de transistores, sendo que seu custo de fabricação é

praticamente igual ao de um transistor isolado (MÁXIMO e ALVARENGA, 2006).

Com o desenvolvimento da microeletrônica, alavancada principalmente pelo

progresso da tecnologia CMOS, os circuitos integrados tornaram-se cada vez

menores, passaram a ser denominados também como microchip e a serem utilizados

para o desenvolvimento de funções cada vez mais complexas, ao ponto de se chegar

a um dispositivo capaz de realizar funções de cálculo e tomada de decisões, o

microprocessador. Este dispositivo é utilizado atualmente na maioria dos

equipamentos de telecomunicações, funcionando como uma espécie de cérebro de

computadores, tabletes, celulares, TVs, etc.

Os microprocessadores tornaram possível a construção do computador

pessoal (PC), que por sua vez, revolucionou os meios e de comunicação e passou a

ser utilizado em praticamente todos os setores da sociedade para desempenhar as

mais variadas funções, mudando não apenas a forma das pessoas se comunicarem,

como também o modo de vida delas.

Em 1965 Gordon Moore um dos sócios e presidente da Intel, lançou um

trabalho onde destacou a experiência que adquiriu trabalhando na indústria de

fabricação de processadores e circuitos para computadores. Neste trabalho, ele

afirmou que “A cada ano a quantidade de transistores por chip iria dobrar, sem alterar

o seu preço”. Essa frase pode ser interpretada também pelas consequências da

quantidade de transistores por chip, ou seja, a cada ano, com o dobro dos transistores,

os chips se tornariam duas vezes mais rápidos.

O exemplo mais comum de chip são os processadores dos computadores.

Então, por consequência disto, os computadores iriam dobrar sua velocidade de

processamento a cada ano, e ainda permaneceriam com o mesmo preço. Naquela

época essa foi uma afirmação muito forte e ambiciosa. Muitos receberam esse estudo

com cautela mas não demorou muito para todos perceberem que as previsões de

Moore estavam se realizando, a partir daí seu trabalho tornou-se conhecido como “A

Lei de Moore”, que por sinal continua válida até os dias atuais (UEHARA, 2011).

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Figura 2.41 – A linha continua mostra a evolução da quantidade de transistores por chip a partir de 1970, e a linha tracejada mostra a projeção feita segundo a Lei de Moore. Fonte: http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/old-arq/livro/livro.chunked/images/fig

Na Figura 2.41 é possível perceber como a quantidade de transistores por

processadores cresceu dos anos 1970 até por volta de 2003 (linha contínua), também

dá para ver que ela não se afastou muito das previsões de Moore (linha tracejada). A

mesma figura mostra a quantidade de transistores dos processadores atuais,

permitindo a análise de futuros cenários para o setor e deixa uma interrogação: até

quando a Lei de Moore permanecerá válida?

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3. Metodologia

3.1. A proposta didática

O produto educacional, cujos desenvolvimento e aplicação, originaram este

trabalho, corresponde a uma sequência didática, na qual foi proposta uma abordagem

teórica-experimental para os principais conteúdos de Eletrodinâmica, baseada na

dinâmica dos três momentos pedagógicos de Delizoicov e Angotti.

A proposta foi desenvolvida objetivando adequar-se à realidade da educação

básica, mais precisamente à realidade do ensino médio, público, regular; visando

desenvolver um caminho distinto do tradicionalmente seguido nestes ambientes de

ensino, que proporcione a professores e alunos experiências novas, lhes motivando a

desenvolver novas práticas que possam contribuir significativamente para melhoria

dos processos de ensino e da aprendizagem.

A ideia principal da proposta é a de promover o estudo dos conteúdos de

Eletrodinâmica, sob a perspectiva dos circuitos elétricos, o que é feito dividindo-os em

cinco unidades temáticas, as quais são abordadas seguidamente sob a mesma

perspectiva pedagógica, iniciando a partir dos conceitos mais elementares referentes

ao tema, tais como, corrente e tensão elétrica, e, adentrando até o funcionamento e a

importância dos componentes semicondutores.

A aplicação da sequência iniciou-se com a apresentação aos alunos da

ferramenta mapa conceitual, que foi utilizada como instrumento de avaliação. Em

seguida desenvolveu-se a análise dos conhecimentos prévios dos alunos, seguida de

uma breve revisão. A partir deste ponto deu-se início à aplicação da sequência

propriamente dita, ou seja, a aplicação da primeira das cinco unidades temáticas que

são estudadas, sendo cada uma destas desenvolvidas em três momentos distintos de

aprendizagem, como será visto a diante.

3.1.1. O tema estruturador, Circuitos elétricos e telecomunicações

O grande desenvolvimento tecnológico vivenciado nas últimas décadas, deve-

se em grande parte à utilização da energia elétrica. A partir do momento em que o

homem compreendeu a eletricidade e construiu mecanismos para utilizá-la, muitos

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setores da sociedade passaram por uma grande metamorfose, entre os quais, o setor

de comunicação certamente foi um dos que sofreu uma das maiores transformações.

O uso da eletricidade promoveu o surgimento de novos meios de comunicação,

entre os quais, vale destacar, o rádio, a televisão, o telefone, a internet, etc. utensílios

que modificaram o modo de vida das pessoas, e que, atualmente, fazem parte do

cotidiano e são vistos, por muitos, como indispensáveis à manutenção da vida

moderna. Entretanto, o que a maiorias das pessoas não sabem, é que a evolução dos

instrumentos de comunicação está diretamente associada à forma que o homem

desenvolveu para controlar e utilizar a energia elétrica. Em outros termos, pode-se

dizer que, tais instrumentos, podem ser compreendidos, através do estudo dos

circuitos elétricos.

O tema estruturador, proposto na sequência didática que resultou nesta

pesquisa, é circuitos elétricos e telecomunicações. A partir do tema foi feita a escolha

e organização dos conteúdos e atividades adequados, visando atingir os objetivos,

em torno dos quais imaginou-se ser possível, estruturar e organizar o

desenvolvimento das habilidades, competências, conhecimentos, atitudes e valores

desejados (BRASIL, 2002).

Com a escolha do tema estruturador visou-se promover um ambiente de

aprendizagem em torno do estudo dos circuitos elétricos, iniciando a partir do estudo

das grandezas e conceitos mais fundamentais, relacionados a estes, analisando o

funcionamento dos principais elementos dos circuitos e identificando o princípio de

funcionamento dos componentes modernos, cujo desenvolvimento, revolucionou os

meios de comunicação.

3.1.2. O Público alvo

O presente trabalho foi aplicado pelo professor-autor da proposta aos alunos

do terceiro ano, do ensino médio regular da Escola Estadual Manoel Ribeiro

Damasceno, localizada no município de Araripina – PE, no mês de abril de 2017.

Entretanto, uma vez que, no estado de Pernambuco, a disciplina de Física dispõe de

apenas duas horas aula semanais, e, assim como em outros estados brasileiros, tem

que seguir um programa de conteúdos bastante extenso, tornou-se inviável a

aplicação deste projeto no horário convencional de aula, o que teve de ser feito no

contra turno.

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Em virtude das aulas terem sido desenvolvidas em um horário fora do

convencional, os alunos que participaram da pesquisa foram apenas os que tinham

disponibilidade de tempo e horário, e que, voluntariamente, optaram por participar,

após serem convidados. Neste caso, doze alunos participaram efetivamente do curso.

3.1.3. O Local da aplicação

A aplicação se deu na própria escola, onde os alunos estudam normalmente, a

escola Manoel Ribeiro Damasceno. Entretanto, vale destacar, que esta escola,

apresenta algumas características que são peculiares: Ela não está localizada na

sede do município, mas sim, no distrito de Gergelim, uma comunidade

predominantemente rural de cerca de 5 mil habitantes a 33 km do centro comercial do

município de Araripina; a escola foi inaugurada no ano de 1991; funciona em três

turnos e possui atualmente 620 alunos matriculados nos ensinos fundamental e

médio. A figura 3.1, mostra uma foto da frente da escola e sua localização segundo o

Google Maps.

Figura 3.1 – Foto da frente da Escola Manoel Ribeiro Damasceno, com sua localização. Fonte: Google maps (2017).

A escola sofre com a carência de professores formados em algumas

disciplinas, entre elas a de Física, e, assim como grande parte das escolas públicas,

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não possui laboratórios disciplinares, exceto de Informática. Embora o professor, autor

e executor da proposta, em um primeiro instante, já tenha trabalhado como docente

de Física nesta escola, ele não fazia parte do corpo docente da instituição no momento

em que ministrou a aplicação da sequência. Na mesma época a escola não tinha,

entre os seus profissionais, nenhum professor com formação específica em Física.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola Manoel Ribeiro

Damasceno o objetivo geral desta instituição de ensino, resume-se em: “Promover

uma educação inovadora a partir de práticas pedagógicas que permitam a reflexão-

ação-reflexão oportunizando uma aprendizagem significativa que forme cidadãos

criativos, críticos, éticos, participativos e solidários que aprendam a aprender,

aprendam a ser e a conviver com os outros” (ESCOLA MANOEL RIBEIRO

DAMASCENO, 2016).

3.1.4. Os recursos utilizados

No desenvolver da sequência foram utilizados principalmente dois tipos de

recursos educacionais, simulações e experimentos. Sendo os simuladores utilizados

para apresentar os conceitos e suas aplicações, e as práticas experimentais para

questionar determinadas ideias, verificar na prática o que foi visto nas simulações e

aplicar o conhecimento apreendido.

3.1.4.1. As Simulações

Ao todo, na sequência didática, utilizou-se treze simulações, sendo que todas

elas são disponibilizadas gratuitamente na internet, conforme o quadro 1. Os

simuladores foram utilizados sobretudo pelo professor em sala de aula, mediante a

utilização de data-show e notebook, durante os momentos de organização do

conhecimento.

Na maioria das vezes, as simulações foram utilizadas pelo professor, que

através destas, desenvolveu as explicações referentes aos principais conceitos

relacionados aos conteúdos, ressaltando por meio das demonstrações as situações

anteriormente problematizadas, buscando estruturar e fortalecer o conhecimento dos

alunos.

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QUADRO 1 – SIMULAÇÕES UTILIZADAS DURANTE A APLICAÇÃO DA SEQUÊNCIA.

Simulação Descrição Disponível em

Monte um átomo Aplicativo, permite montar átomos identificando seus

elementos e sua estrutura básica segundo o modelo

atômico de Rutherford-Bohr.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Condutividade

(1.05)

Aplicativo, formado por um circuito bateria resistor, cujo

material do resistor, pode ser alterado, assim como a

tensão da fonte, é ideal para trabalhar o conceito de

condutividade.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Circuito bateria-

resistor (1.04).

Aplicativo, formado por um circuito bateria resistor, no

qual podem ser alterados, a tensão da fonte e a

resistência do resistor e observados, a corrente interna

do gerador, como são feitas as medidas de voltagem e

a relação resistência-temperatura.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Kit de Construção

de Circuitos (AC +

DC) (3.20)

Aplicativo, permite construir diversos circuito de

corrente continua ou alternada, contendo os principais

componentes utilizados nos circuitos, além de

possibilitar a realização de medidas.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Formas de

Energias e

Transformações

(1.00).

Aplicativo, ideal para demostrar as transformações de

energia, e de geradores elétricos, demonstra o princípio

básico de funcionamento das usinas hidroelétricas,

termoelétricas e solares.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Laboratório de

eletromagnetismo

de Faraday

(2.07),

Aplicativo, permite a demonstração do campo

magnético e seus efeitos, assim como, do efeito

magnético de uma corrente elétrica e da aplicação

deste no desenvolvimento do gerador eletromagnético.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Capacitor (2.02) Aplicativo, ideal para demostrar o conceito de

capacitância observando as grandezas que nesta

influenciam, e, para observar o comportamento dos

capacitores em uma associação em série, em paralelo

ou de forma mista.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Modelo do Átomo

de Hidrogênio

(1.11)

Aplicativo, ideal para demostrar os modelos atômicos,

dos clássicos aos quânticos, para o átomo de

hidrogênio; também apresenta, no caso dos modelos

atômicos quânticos, a possibilidade de demonstrar os

níveis energéticos e a relação destes com o espectro

atômico.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Semicondutores

(1.06)

Aplicativo, permite a observação da condutividade em

um material semicondutor, para os casos de um

semicondutor puro, um semicondutor tipo p, um

semicondutor tipo n e de uma junção p-n.

https://phet.colorado.edu/p

t_BR/simulations/category/

physics

Laboratório

Virtual “Energia

hidroelétrica”,

Termoelétrica e

Termonuclear.

Aplicação virtual, ideal para demonstrar os princípios de

funcionamento das usinas hidroelétrica, Termoelétrica

e Termonuclear, demostrando o que estas tem em

comum, o gerador eletromagnético.

http://www.ideiasnacaixa.c

om/laboratoriovirtual/index

.htm

Semiconductor

Diode

Aplicação virtual, permite demonstrar o princípio de

funcionamento de um diodo, bem como, observar o

comportamento do gráfico da corrente versus a tensão

para um destes elementos.

http://www-

g.eng.cam.ac.uk/mmg/tea

ching/linearcircuits/diode.h

tml

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Fotovoltaico Aplicativo, demonstra o princípio de funcionamento de

uma célula fotovoltaica.

http://portaldoprofessor.m

ec.gov.br/downloadAula.ht

ml?aula=41321

N-channel

enhancement

MOSFET

Aplicação virtual, permite demonstrar o princípio de

funcionamento de um transistor do tipo MOSFET, bem

como, observar o comportamento do gráfico da

corrente versus a tensão para um destes elementos.

http://www-

g.eng.cam.ac.uk/mmg/tea

ching/linearcircuits/mosfet.

html

Fonte: Produzido pelo autor.

3.1.4.2. Os Experimentos

Durante a execução das aulas, seguindo o que foi planejado na sequência,

foram realizados uma série de experimentos simples, alguns durante a etapa de

problematização e a maioria como forma de organizar e aplicar os conceitos

estudados.

Considerando a realidade da escola, onde o produto educacional foi aplicado,

uma vez que esta não dispõe de laboratório de Física, foi proposto na sequência a

construção de um kit simples, para dar suporte a realização dos experimentos,

denominado de kit Eletrodinâmica básica.

Os experimentos foram realizados em sala de aula pelos alunos, em grupos de

quatro integrantes e com o acompanhamento do professor, que por sua vez,

apresentou os cuidados a serem tomados e a forma de utilizar os equipamentos, e,

questionou os resultados e erros, relacionando-os com o que havia sido visto

anteriormente por meio das simulações, na etapa de organização do conhecimento.

3.1.4.3. O kit Eletrodinâmica básica

O kit proposto para dar suporte aos experimentos, denominado Kit

Eletrodinâmica Básica, é composto por 7 itens, alguns componentes separados e

dispositivos para realização de medidas elétricas. Entretanto o kit não é o produto

educacional propriamente dito, podendo, em uma escola onde haja laboratório de

Física, ser substituídos por instrumentos de laboratório.

Os sete itens construídos segundo a proposta didática e utilizados durante a

aplicação da mesma, são:

Pêndulo eletrostático,

Circuito para estudo das leis de Kirchhoff,

Fonte de tensão variável,

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Circuito para estudo da resistência de um fio cilíndrico,

Placa de ensaio,

Gerador de tensão alternada e

Galvanômetro.

3.2. Desenvolvimento da proposta

A aplicação da proposta, pelo professor-autor, iniciou-se com a apresentação

da ferramenta mapa conceitual, o que se deu primeiramente pela demonstração de

alguns mapas prontos a os alunos. Seguindo-se de uma breve explicação pelo

professor a respeito do processo de elaboração destes, e, posteriormente pela

construção, juntamente com os alunos, de um mapa conceitual para alguns conteúdos

de Física, mais precisamente para o tema Cinemática, sendo que este foi escolhido,

pelo fato desta temática ser mais conhecida pelos estudantes.

Após os alunos conhecerem os mapas conceituais, o professor solicitou que

fosse construído e explicado um mapa para o tema Eletricidade, com o objetivo de

analisar os conhecimentos prévios dos mesmos. A análise dos mapas, segundo os

critérios avaliativos que serão explorados na próxima seção e discutidos no próximo

capítulo, expuseram a necessidade de se realizar uma revisão dos principais

conteúdos que dão suporte ao tema, ou seja, os conteúdos de Eletrostática.

A revisão de Eletrostática se deu de forma breve, através de discussão e

correção dos mapas conceituais construídos inicialmente, e, pela construção em

conjunto, professor e alunos, de um mapa mais completo para o tema. A partir de

então, deu-se início, de fato, à aplicação da sequência.

De acordo com a proposta em questão, os conteúdos de Eletrodinâmica foram

divididos em cinco grupos:

Grupo – 1: Grandezas Físicas no Estudo dos Circuitos Elétricos, diferença de

potencial, corrente elétrica e sua intensidade, efeitos da corrente elétrica, potência

elétrica e energia elétrica, resistência elétrica e Leis de Ohm;

Grupo – 2: Equipamentos Elétricos de um Circuito: Gerador Elétrico, Receptor

Elétrico;

Grupo – 3: Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e Resistores;

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Grupo – 4: Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff, instrumentos elétricos de

medição, dispositivos de segurança, circuitos com capacitores planos; e,

Grupo – 5: Os componentes semicondutores.

Cada um destes grupos de conteúdos, foram abordados separadamente em

três momentos: problematização inicial; organização do conhecimento e aplicação do

conhecimento.

Os momentos de problematização inicial aconteceram basicamente de três

formas: pelo desenvolvimento de práticas simples; através de questionamentos sobre

situações simples e cotidianas dos estudantes; e, pela demonstração de

equipamentos e componentes básicos dos circuitos e seus funcionamentos, de acordo

com o quadro 2.

QUADRO 2 – ESTRATÉGIAS DE PROBLEMATIZAÇÃO UTILIZADAS PARA CADA CONTEÚDO.

Conteúdo Como se deu a problematização inicial

Grandezas Físicas no Estudo dos

Circuitos Elétricos, diferença de

potencial, corrente elétrica e sua

intensidade, efeitos da corrente

elétrica, potência elétrica e energia

elétrica, resistência elétrica e Leis de

Ohm.

Prática 1, Pêndulo eletrostático.

Questionamentos relacionados à prática 1.

Prática 2, Montagem de circuito simples com bateria e

lâmpada.

Questionamentos relacionados à prática 2.

Equipamentos Elétricos de um Circuito:

Gerador Elétrico, Receptor Elétrico.

Questionamentos sobre situações simples e cotidianas

dos estudantes.

Circuitos Elétricos com gerador,

Receptor e Resistores.

Questionamentos sobre situações simples e cotidianas

dos estudantes.

Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff,

instrumentos elétricos de medição,

dispositivos de segurança, circuitos

com capacitores planos.

Observação de ilustrações de circuitos simples.

Questionamentos sobre situações simples e cotidianas

dos estudantes.

Os componentes semicondutores. Demonstração de equipamentos e componentes

básicos dos circuitos e seus funcionamentos.

Questionamentos relacionados aos equipamentos

demonstrados.

Fonte: Produzido pelo autor.

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78

As práticas, questionamentos e equipamentos usados durante os momentos

de problematização foram utilizados segundo os detalhes elencados na proposta

didática, que se encontra no apêndice A desta dissertação.

Os momentos de organização do conhecimento, ou seja, os momentos nos

quais o professor buscou reestruturar o conhecimento dos alunos, desenvolveram-se

basicamente pela utilização de simulações, por meio das quais, o professor procurou

demonstrar os principais conceitos envolvidos com os temas e promover os

esclarecimentos necessários. O quadro 3, apresenta as simulações que foram

utilizadas para cada conteúdo.

QUADRO 3 – SIMULAÇÕES UTILIZADAS DURANTE OS MOMENTOS DE ORGANIZAÇÃO DO

CONHECIMENTO, PARA CADA CONTEÚDO.

Conteúdo Simulações utilizadas no momento de

organização do conhecimento

Grandezas Físicas no Estudo dos Circuitos

Elétricos, diferença de potencial, corrente

elétrica e sua intensidade, efeitos da

corrente elétrica, potência elétrica e energia

elétrica, resistência elétrica e Leis de Ohm.

Monte um átomo

Condutividade (1.05)

Circuito bateria-resistor (1.04).

Kit de Construção de Circuitos (AC + DC) (3.20)

Equipamentos Elétricos de um Circuito:

Gerador Elétrico, Receptor Elétrico.

Kit de Construção de Circuitos (AC + DC) (3.20)

Circuito bateria-resistor (1.04).

Formas de Energias e Transformações (1.00).

Laboratório de eletromagnetismo de Faraday

(2.07).

Laboratório Virtual “Energia hidroelétrica”,

“Termoelétrica” e “Termonuclear”.

Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e

Resistores.

Kit de Construção de Circuitos (AC + DC) (3.20)

Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff,

instrumentos elétricos de medição,

dispositivos de segurança, circuitos com

capacitores planos.

Kit de Construção de Circuitos (AC + DC) (3.20).

Capacitor (2.02).

Os componentes semicondutores. Modelo do Átomo de Hidrogênio (1.11)

Condutividade (1.05)

Semicondutores (1.06)

Semiconductor Diode

Fotovoltaico

N-channel enhancement MOSFET

Fonte: Produzido pelo autor.

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Cada simulação foi tratada e utilizada durante a etapa de organização do

conhecimento, segundo as especificidades que se encontram detalhadas na

sequência didática disponibilizada no apêndice A deste trabalho.

A aplicação do conhecimento, para praticamente todos os conteúdos

trabalhados, basicamente se desenvolveu a partir da realização de experimentos

simples, nos quais, buscou-se fixar e ampliar os conceitos verificados no instante de

organização, e, pela construção e apresentação dos mapas conceituais que foram

utilizados como instrumentos de avaliação. A execução dos experimentos se deu em

equipes de quatro indivíduos cada, entretanto a avaliação foi desenvolvida de forma

individual. O quadro 4 apresenta a relação dos experimentos que foram realizados

para cada conteúdo.

QUADRO 4 – EXPERIMENTOS REALIZADOS NO MOMENTO DE APLICAÇÃO DO

CONHECIMENTO PARA CADA GRUPO DE CONTEÚDOS.

Conteúdo Experimentos realizados no momento de

aplicação do conhecimento

Grandezas Físicas no Estudo dos Circuitos

Elétricos, diferença de potencial, corrente elétrica

e sua intensidade, efeitos da corrente elétrica,

potência elétrica e energia elétrica, resistência

elétrica e Leis de Ohm.

Experimento 1, Utilizando o multímetro.

Experimento 2, Testando a lei de Ohm.

Experimento 3,Descobrindo uma fórmula

empírica para a resistência.

Equipamentos Elétricos de um Circuito: Gerador

Elétrico, Receptor Elétrico.

Experimento 4, Motor elétrico.

Experimento 5, Geradores elétricos.

5.1, Pilha de limão.

5.2, Gerador eletromagnético.

5.3, Gerador fotovoltaico.

Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e

Resistores.

Experimento 6, Montagem de circuitos série-

paralelo.

Experimento 7, Circuito gerador-resistor-

receptor.

Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff,

instrumentos elétricos de medição, dispositivos

de segurança, circuitos com capacitores planos.

Experimento 8, Testando as leis de Kirchhoff.

Experimento 9, Curto-circuito-fusível.

Experimento 10, Galvanômetro.

Experimento 11, Garrafa de Leyden.

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Os componentes semicondutores.

Experimento 12, Diodo.

12.1, Verificando a polaridade do diodo.

12.2 Ponte retificadora.

Experimento 13, Utilizando o transistor.

Fonte: Produzido pelo autor.

Os materiais utilizados em cada experimento, o roteiro de desenvolvimento dos

mesmos, os questionamentos, detalhes e cuidados necessários em cada caso, se

encontram listados na proposta didática, que está disponível no apêndice A. A figura

3.2 apresenta a forma como os cinco grupos de conteúdos de Eletrodinâmica foram

distribuídos e abordados, durante as 20 horas/aulas, que neste caso foram

necessárias para a aplicação da sequência em questão.

Figura 3.2 - Forma como os conteúdos de Eletrodinâmica foram trabalhados, segundo a proposta didática. Fonte: Produzida pelo autor.

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Os momentos de problematização inicial normalmente se deram de forma

breve, através de momentos rápidos de discussão, onde uma determinada temática

era abordada e debatida pela turma, que expressava o seu conhecimento sobre o

tema, na maioria das vezes um saber que não correspondia ao conhecimento

cientifico.

Entretanto, houve dois momentos diferenciados de problematização, um para

o primeiro conteúdo, onde foram realizados dois experimentos questionadores, e o

outro para o conteúdo semicondutores, onde foram observados alguns objetos

cotidianos, repletos de componentes semicondutores, os quais, serviram de base para

a discussão.

Após o momento de discussão os questionamentos e respostas eram

anotadas, com o objetivo de serem retomados e corrigidos posteriormente. A figura

3.3, mostra uma foto de um momento de problematização, na qual os alunos

realizavam uma prática simples.

Figura 3.3 – Foto do momento de problematização, utilizando uma prática, durante a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

Na etapa de organização o professor, neste caso o autor e aplicador da

proposta, testou os conhecimentos prévios dos alunos, analisou e discutiu as

situações anteriormente observadas, e, buscou reestruturar o conhecimento dos

alunos através do desenvolvimento de situações praticas, construídas, discutidas e

comparadas a situações reais, por meio das simulações. Esta fase também aconteceu

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de forma rápida, utilizando, na maioria das vezes, demonstrações previamente

construídas e testadas nos simuladores, e, levantando questionamentos e situações,

a princípio, planejadas. A figura 3.4 apresenta uma foto de um momento de

organização do conhecimento.

Figura 3.4 - Foto do momento de organização do conhecimento, utilizando uma simulação, durante a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

A etapa de aplicação do conhecimento foi a mais demorada em virtude da

organização de equipes para realização dos experimentos; apresentação dos

equipamentos, componentes e cuidados a serem tomados; explicação e organização

dos experimentos; falhas de equipamentos; discussão dos resultados, etc. Enfim, em

virtude de todo processo que normalmente faz parte do ambiente de ensino

experimental. A figura 3.5, mostra fotos de momentos de aplicação do conhecimento,

onde os alunos estão realizando experimentos.

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Figura 3.5 – Fotos do momento de aplicação do conhecimento, alunos realizando experimentos, durante a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor

Também na fase de aplicação foi proposto e desenvolvido, a construção e

apresentação de mapas conceituais pelos alunos, como forma de avaliação.

3.3. O método de avaliação

Durante o desenvolvimento deste trabalho ocorreram três momentos

avaliativos distintos. O primeiro destes momentos foi desenvolvido com o objetivo de

analisar os conhecimentos prévios dos alunos, onde foram construídos pelos alunos,

mapas conceituais, para o tema Eletricidade. Estes mapas foram avaliados apenas

de forma superficial, ou seja, buscou-se neles apenas a observação dos principais

conceitos de Eletrostática e de Eletrodinâmica. As figuras 3.6 e 3.7 apresentam dois

destes mapas.

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Figura 3.6 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema eletricidade, durante o momento de análise dos conhecimentos prévios. Fonte: Acervo do autor.

Figura 3.7 – Mapa conceitual desenvolvido pelo aluno 06, para o tema eletricidade, durante o momento de análise dos conhecimentos prévios. Fonte: Acervo do autor.

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Como já foi dito anteriormente, mapas conceituais, ao serem utilizados como

instrumentos de avaliação, possibilitam o desenvolvimento de uma avaliação

conceitual, qualitativa e formativa (MOREIRA, 2012). Neste trabalho a análise dos

mapas desenvolvidos durante as etapas de avaliação da aprendizagem, segundo

momento avaliativo, foi feita com base em quatro Descritores de Desempenho†††,

elaborados a partir das competências almejadas para tais conteúdos, são eles:

(D1) Associar as propriedades elementares dos materiais às suas características

elétricas, bem como, à sua aplicabilidade no desenvolvimento dos elementos dos

circuitos elétricos.

(D2) Conceituar e apresentar as relações existentes entre as principais grandezas

elétricas.

(D3) Identificar o comportamento e as funções dos principais componentes dos

circuitos elétricos.

(D4) Expressar a aplicabilidade dos circuitos e componentes, demostrando a

importância e a influência destes, no desenvolvimento dos meios de comunicação

e dos diversos setores da sociedade.

Embora tenham sido utilizados os quatro descritores como parâmetros de

avaliação, alguns conteúdos menos abrangentes, não se mostraram capazes de

comtemplar a todos eles. Desta forma, tais mapas foram avaliados com base apenas

nos descritores que se apresentaram aptos a comtemplarem.

Entretanto, partindo do ponto de vista que, mapas conceituais refletem a

estrutura do conhecimento do seu autor, e que, não são instrumentos autoexplicativos

(MOREIRA, 2012), em muitos pontos a estruturação aparentemente incorreta de um

mapa pode se tornar aceitável a partir da explicação do seu autor.

Também é preciso reconsiderar as correções promovidas após o momento de

explicação-discussão de um determinado mapa, sem a que haja intervenção direta do

professor, uma vez que se trata de uma proposta de avaliação formativa.

O quadro 5 apresenta os descritores que foram avaliados nos mapas

desenvolvidos para cada grupo de conteúdo.

††† Descritores de Desempenho são parâmetros que servem de base para análise do desenvolvimento de aprendizagens. É o que deve ser analisado, cuja observação, indica a construção de uma ou mais competências relativas a um conteúdo.

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QUADRO 5 – DESCRITORES AVALIADOS EM CADA GRUPO DE CONTEÚDOS.

Grupo de conteúdos Descritores avaliados

Grupo 1 (D1 e D2)

Grupo 2 (D2, D3 e D4)

Grupo 3 (D2, D3 e D4)

Grupo 4 (D1, D2, D3 e D4)

Grupo 5 (D1, D2, D3 e D4)

Todos os conteúdos juntos (D1, D2, D3 e D4)

Fonte: Produzido pelo autor.

De acordo com a metodologia empregada no processo de avaliação, a

aprendizagem dos alunos foi avaliada, segundo análise dos mapas conceituais e suas

apresentações, recebendo os conceitos A, B, C, D e E; a partir da observação dos

descritores que cada grupo de conteúdos mostrou-se capaz de comportar.

Os conceitos A e B identificam que o aluno assimilou essência do conteúdo e

estruturou mentalmente conforme o esperado, entretanto, o A apresenta de forma

mais clara e organizada as ideias e relações referentes ao conteúdo estudado, ou

seja, o aluno conceituado com A consegue detalhar melhor o conhecimento

construído durante o momento de estudo, em relação ao aluno avaliado com o

conceito B.

O conceito C demonstra que o aluno adquiriu um nível de aprendizagem

intermediária, ou seja, embora tenha adquirido novos conhecimentos, não os

estruturou de forma adequada, por isso, confunde muitos termos, definições e

concepções. A aprovação do aluno com o conceito C estaria condicionada ao

desenvolvimento de um momento de reorganização do conhecimento.

Os conceitos D e E demonstram que o aluno não adquiriu o conhecimento

mínimo esperado, logo terá que refazer o curso. No entanto, o conceito D

diferentemente do E, apresenta mínimos sinais de aprendizagem, embora o nível

organizacional desta, não seja o suficiente para que seja conceituado como C.

Os conceitos A, B, C, D e E foram distribuídos, segundo os princípios listados

e exemplificados a seguir:

A. O mapa conceitual que contemplou todos os descritores possíveis para o conteúdo

em questão, apresentando todos os principais conceitos e proposições,

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demostrando claramente a hierarquia entre os conceitos, sem utilizar conceitos

considerados insignificantes e apresentado sob os mesmos aspectos.

A figura 3.8, traz um mapa conceitual desenvolvido para o tema geradores

e receptores elétricos, para o qual foi atribuído o conceito A. Neste é possível

observar que o aluno compreendeu os conceitos de gerador e receptor, pois sabe

diferenciá-los, o que foi explicado na apresentação, também pode-se observar

peculiaridades e aplicações destes elementos, ficando evidente o cumprimento

dos descritores D1, D2 e D3.

Figura 3.8 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema geradores e receptores elétricos, durante a

aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

B. O mapa que após a apresentação-discussão, com as correções, sem a

interferência direta do professor, contemplou todos os descritores possíveis para

o conteúdo em questão, apresentando todos os principais conceitos e proposições,

demostrando claramente a hierarquia entre os conceitos, ainda que apresente

algum conceito considerado insignificante.

A figura 3.9, mostra um mapa conceitual desenvolvido para o tema

componentes semicondutores, durante o desenvolvimento da proposta, ao qual foi

atribuído o conceito B. O mapa apresenta-se bem estruturado, com conceitos e

proposições bem definidos e hierarquizados, de forma que, subentende-se que em

sua construção foram aplicados os quatro descritores propostos. No entanto o

mapa apresenta claramente três conceitos mal colocados, (baixa resistência,

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elétrons e lacunas). Após o momento de apresentação-discussão o aluno optou

por fazer as correções apresentadas na figura 3.10, utilizando termos mais

adequados para descrever a forma como ele havia estruturado o seu

conhecimento.

Figura 3.9 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema Componentes semicondutores, durante a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

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Figura 3.10 – Mapa conceitual desenvolvido para o tema Componentes semicondutores, durante a

aplicação da proposta. Corrigido. Fonte: Acervo do autor.

C. O mapa que após a apresentação-discussão, com as correções necessárias, ainda

que alguma destas tenha sofrido a interferência direta do professor, contemplou

todos os descritores possíveis para o conteúdo em questão, apresentando os

principais conceitos e proposições, mesmo que algum destes, assim como, a

hierarquia entre os conceitos não tenha ficado completamente esclarecidos e que

apresente algum conceito considerado insignificante para o tema.

A figura 3.11 expõe um mapa conceitual, desenvolvido durante a aplicação

da sequência, para o tema Grandezas físicas nos circuitos elétricos, ao qual foi

atribuído conceito C. Ao analisar este mapa observa-se que as principais

grandezas do estudo da eletricidade estão presentes nele, ddp, corrente,

resistência, potência e energia; entretanto a estrutura organizacional do mapa está

bastante confusa; por exemplo: A proposição corrente produz carga elétrica está

mal colocada, assim como, a ligação entre resistência e bateria e o termo rede

elétrica associado a choque.

Quando questionado durante a apresentação o aluno demonstrou ter

compreendido razoavelmente o conteúdo, embora não tenha conseguido usar os

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termos corretos para dar sentido ao mapa. Após o momento de apresentação-

discussão, seguindo algumas sugestões da turma e do professor, optou-se por

fazer algumas correções no mapa, conforme a figura 3.12, que lhe atribuíram mais

sentido e completude.

Figura 3.11 – Mapa conceitual desenvolvido pelo aluno 04, para o tema Grandezas físicas nos circuitos elétricos, durante a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

Figura 3.12 – Mapa conceitual desenvolvido pelo aluno 04, para o tema Grandezas físicas nos circuitos elétricos, durante a aplicação da proposta. Corrigido. Fonte: Acervo do autor.

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D. O mapa não apresenta os conceitos principais, mesmo que tenha algum sentido,

após a apresentação-discussão, não contempla a maioria dos descritores

possíveis para o conteúdo em questão, as proposições e a hierarquia entre os

conteúdos se apresentam completamente desorganizadas, possuem muitos

conceitos considerado insignificantes dentro do contexto analisado, e, para que se

torne aceitável e compreensível, necessita ser alterado em pelo menos 60%.

Entre os mapas conceituais desenvolvidos durante a aplicação da

proposta, não houve nenhum que foi avaliado com conceito D, portanto não foi

possível exemplificar o tipo de mapa que faz jus a tal a avaliação.

E. O mapa completamente desprovido de sentido, sem os conceitos principais, sem

proposições, praticamente não contempla nenhum descritor, contém grande

número de conceitos considerados insignificantes e para que se torne aceitável e

compreensível, necessita ser alterado em pelo menos 80%.

Da mesma forma, que aconteceu com os mapas conceito D, também não

houve, durante a aplicação da proposta, nenhum mapa avaliado com o conceito

E, o que impossibilitou a exemplificação destes.

3.3.1 Avaliação Geral

Após a aplicação da proposta, ocorreu o terceiro momento avaliativo, neste foi

solicitado dos alunos a construção de um mapa geral, para todos os conteúdos

estudados, ou seja, um mapa que englobasse toda a Eletrodinâmica. Este, por sua

vez, foi avaliado segundo a mesma perspectiva dos que foram desenvolvidos

anteriormente e deveria comtemplar todos os descritores. A figura 3.13 mostra um dos

mapas que foi desenvolvido sob estes aspectos e avaliado com conceito A.

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Figura 3.13 – Mapa conceitual desenvolvido para todo o conteúdo estudado durante a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

Também foi solicitado na avaliação geral, que os alunos dissertassem

brevemente, sobre o curso e sobre as técnicas utilizadas no mesmo, o que foi feito

pelos alunos em casa, em um momento posterior.

É importante ressaltar que a maioria dos mapas conceituais, desenvolvidos

pelos alunos durante a aplicação da proposta, também foram feitos e passado a limpo

em casa, por estes individualmente, como atividade extraclasse, sendo que em sala

de aula eles foram aconselhados, apenas a observarem os principais conceitos e caso

achassem necessário, a rascunharem rapidamente os mapas. Já o momento de

apresentação discussão se deu em sala.

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4. Resultados e Discussões

4.1. A aplicação do Produto

A aplicação da proposta didática, assim como previsto, se deu mediante o

desenvolvimento de cinco unidades de ensino, para cada uma das quais, foi aplicada

a dinâmica dos três momentos pedagógicos de Delizoicov e Angotti.

Nos primeiros instantes de ensino de cada unidade, foram desenvolvidos os

momentos de problematização. Estes foram marcados por momentos de discussão

entre alunos e professor, relacionados à temática eletricidade, nos quais, os alunos

fizeram muitas perguntas e também deram algumas respostas, sendo grande parte

destas, insuficiente para explicar as questões propostas. Seguindo o previsto para

este momento as indagações foram apenas fortalecidas, ficando as soluções, para

serem construídas ao longo dos dois momentos posteriores.

Nos momentos seguintes aos de problematização ocorreram as etapas de

organização do conhecimento, nas quais, o professor buscou estruturar o

conhecimento dos estudantes referente ao conteúdo proposto, de forma a permitir,

que eles viessem a compreender as questões ou situações anteriormente discutidas.

Este momento foi marcado, principalmente, pelo uso de simulações como ferramentas

didáticas.

As simulações foram utilizadas pelo professor para demonstrar os principais

conceitos relacionados a cada conteúdo, buscando sempre construir situações o mais

próximo possível da realidade dos alunos. Estes, por sua vez, analisavam cada

simulação com uma postura ora passiva ora questionadora, analisando principalmente

as semelhanças entre as simulações e a realidade e questionando quase sempre

importância e a aplicabilidade dos conceitos observados.

Os momentos finais foram marcados pela aplicação dos conceitos

anteriormente trabalhados, o que foi feito por meio da realização de experimentos

práticos; e, pela realização da avaliação da aprendizagem, o que foi feito através do

uso da ferramenta mapa conceitual.

A realização dos experimentos foi o momento de maior atividade dos alunos.

As práticas foram realizadas em equipes de quatro alunos, mediante a orientação do

professor. Os estudantes demonstraram grande interesse em conhecer os

equipamentos e componentes, e, em compreender os princípios de funcionamento de

cada um. Alguns equipamentos apresentaram falha, como uma fonte variável e um

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multímetro, o que dificultou um pouco a aplicação, entretanto todos os experimentos

foram realizados e discutidos conforme proposto.

Os momentos de avaliação, ou seja, de construção e apresentação dos mapas

conceituais, se iniciaram de forma bastante tímida, mas claramente evoluíram ao

longo do curso, tanto em termos de desenvolvimento e organização dos mapas, como

principalmente, pela desenvoltura das apresentações.

4.2. A avaliação

Durante a aplicação da proposta, os 12 alunos que frequentaram efetivamente

as aulas, participaram de três momentos de avaliação diferenciados: a avaliação dos

conhecimentos prévios, onde cada aluno desenvolveu e apresentou um mapa

conceitual para o tema Eletricidade de maneira geral; as avalições no final de cada

unidade temática, onde foram construídos, apresentados, discutidos e corrigidos cinco

mapas conceituais, sendo um para cada grupo de conteúdos, por cada um dos

estudantes; e a avaliação geral; após a aplicação da proposta, na qual, cada aluno,

construiu, apresentou e discutiu um mapa conceitual para toda a temática abordada

no curso e dissertaram brevemente sobre a metodologia utilizada.

4.2.1. Resultado da análise dos conhecimentos prévios

Os mapas conceituais desenvolvidos durante a etapa de análise dos

conhecimentos prévios, mostraram que aproximadamente 80% dos doze alunos

detinham um certo conhecimento de Eletrostática, o que foi identificado a partir da

observação nos mapas conceituais, de termos como: carga elétrica, elétrons, prótons,

condutor, isolante, etc. como mostram as figuras 3.6 e 3.7. Entretanto, em muitos

pontos, o entendimento de tais termos se mostrava um tanto confuso.

Quanto aos conceitos de Eletrodinâmica a análise dos mapas permitiu concluir

que o conhecimento dos alunos nesta área era algo extremamente superficial,

proveniente quase que exclusivamente do senso comum. O que foi observado por

meio de conceitos, como por exemplo, os presentes na figura 3.6, onde o termo

eletricidade aparece associado ao termo luz, que por sua vez está ligado a ilumina

casas e ruas.

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O que foi verificado através dos mapas conceituais, já era de certa forma

esperado, uma vez que os conteúdos de Eletrostática, normalmente são estudados

no primeiro bimestre letivo do ano, e que a data da aplicação da proposta

correspondeu justamente ao final deste período.

Embora a análise dos mapas tenha demostrado algum conhecimento referente

à eletrostática, ela também demostrou a necessidade de promover uma

reestruturação destes conceitos, o que foi feito já na etapa seguinte da aplicação da

proposta, com o momento de revisão.

4.2.2. Resultados das avaliações da aprendizagem

A avaliação, referente ao primeiro grupo de conteúdos estudados: Grandezas

Físicas no Estudo dos Circuitos Elétricos, diferença de potencial, corrente elétrica e

sua intensidade, efeitos da corrente elétrica, potência elétrica e energia elétrica,

resistência elétrica e Leis de Ohm; realizada mediante os critérios anteriormente

discutidos, apresentou os seguintes resultados: 8 % dos alunos foram conceituados

com A, 50 % com B e 42 % com C.

Na avaliação, referente ao segundo grupo de conteúdos, Equipamentos

Elétricos de um Circuito: Gerador Elétrico, Receptor Elétrico; 17 % obtiveram conceito

A, 50 % conceito B e 33 % foram conceituados com C.

A terceira avaliação da aprendizagem foi desenvolvida para os conteúdos:

Circuitos Elétricos com gerador, Receptor e Resistores; e, os resultados observados

a partir da mesma foram: 17 % dos alunos com conceito A, 58 % com B e 25 % com

C.

Os conteúdos: Circuitos Especiais, leis de Kirchhoff, instrumentos elétricos de

medição, dispositivos de segurança e circuitos com capacitores planos; foram objeto

da quarta avaliação da aprendizagem, cujos resultados foram: 8 % dos alunos com

conceito A, 58 % com B e 33 % com C.

O quinto e último grupo de conteúdo estudados foi: Os componentes

semicondutores; sendo este, portanto, o objeto de avaliação, da quinta avaliação da

aprendizagem, que apresentou como resultado, 25 % dos alunos com conceito A, 50%

com conceito B e 25 % com C.

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A figura 4.1 apresenta os resultados da turma observados nas cinco avaliações

da aprendizagem realizadas durante a aplicação da sequência.

Figura 4.1 – Conceitos atribuídos aos alunos nas cinco avaliações da aprendizagem realizadas durante a aplicação da proposta didática. Fonte: Produzido pelo autor.

A figura 4.1 mostra que todos os alunos foram avaliados com conceitos

variando de A a C, ou seja, com conceitos aprovativos, sendo que o conceito mais

aplicado foi o B, em todas a avaliações, o que significa dizer que, a maioria dos mapas

analisados foram considerados bons, com pequenas falhas em relação aos

descritores propostos para análise da aprendizagem nos mesmos.

4.2.3. Resultados da avaliação geral

A avaliação geral, como já foi dito nas seções 3.3.1 e 4.2, se deu em dois

momentos com diferentes sentidos. No primeiro momento, utilizando mapas

conceituais e todos os demais princípios, aplicados às outras avaliações da

aprendizagem, buscou-se avaliar, de maneira geral, o conhecimento que os alunos

adquiriram durante a aplicação da proposta. Os resultados desta avaliação estão

dispostos na figura 4.2.

0

10

20

30

40

50

60

70

A B C

Alu

no

s em

(%

)

Conceitos

Conceitos distribuidos aos alunos nas avaliações

1ª Avaliação

2ª Avaliação

3ª Avaliação

4ª Avaliação

5ª Avaliação

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Figura 4.2 – Resultado da avaliação geral. Fonte: Produzido pelo autor.

Em coerência com os resultados apresentados em cada uma das avaliações

da aprendizagem realizadas anteriormente, a avaliação geral, realizada sob os

mesmos aspectos, também demonstrou todos os alunos com conceitos aprovativos

variando de A a C.

4.2.4. Relato dos discentes sobre o curso.

Após a realização dos mapas conceituais de todos os conteúdos os discentes

fizeram relatos sobre a sequência didática apresentada pelo professor. As figuras 4.3

e 4.4, mostram dois dos textos produzidos pelos alunos, nos quais eles comentam tal

metodologia.

0

10

20

30

40

50

60

A B C D E

Alu

nos (

%)

Conceitos

Conceitos atribuidos alunos na avaliação geral da aprendizagem

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Figura 4.3 – Texto desenvolvido pelo aluno 5 para avaliar a aplicação da proposta. . Fonte: Acervo do autor.

Figura 4.4 – Texto produzido pelo aluno 07, expressando sua opinião sobre a aplicação da proposta. Fonte: Acervo do autor.

Assim como os textos mostrados nas figuras 4.3 e 4.4, praticamente todos os

textos dos alunos ressaltaram os pontos positivos da metodologia utilizada,

destacando principalmente as práticas realizadas e a compreensão de fenômenos

cotidianos que se deu através do estudo em questão.

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5. Considerações finais

A melhoria do quadro educacional brasileiro, no que depende dos professores,

certamente está associada à implementação de novas práticas de ensino. Este

trabalho teve como finalidade justamente isto, apresentar novas ideias, simples e

perfeitamente ajustáveis à realidade do ensino público regular, cujas aplicações

pudessem contribuir significativamente para o desenvolvimento do processo de

ensino-aprendizagem.

Os resultados observados nesta pesquisa, foram animadores, tanto apontaram

um bom nível de desenvolvimento da aprendizagem conceitual, de acordo com a

metodologia avaliativa utilizada, como demonstraram uma boa aceitação, por parte

dos alunos, dos métodos e técnicas de ensino empregados.

A boa aceitação por parte dos estudantes da metodologia utilizada, no entanto,

mostra que é possível desenvolver situações de ensino que motivem o aluno a estudar

e consequentemente a aprender, desde que, estas práticas de ensino sejam

construídas com base na realidade sociocultural dos educandos.

A princípio temia-se que nas etapas finais da aplicação da proposta didática,

pudesse ocorrer uma desmotivação do aluno, em razão da metodologia se repetir para

todos os grupos de conteúdos estudados, entretanto, as diferentes situações

problematizadas e as diversas praticas realizadas, por serem de certa forma

novidades para tais alunos, contribuíram para que isto não viesse a acontecer.

O desenvolvimento de aulas sob uma nova dinâmica, segundo os três

momentos pedagógicos; a utilização de novas tecnologias no ensino, simulações e

vídeos; a realização de experimentos, inclusive com o desenvolvimento de um kit de

suporte a estes; e, a aplicação de uma metodologia avaliativa diferenciada, baseada

na utilização dos mapas conceituais; é algo que exige bastante trabalho e tempo, do

docente que optar por aplicar este produto. Entretanto, mais importante do que

promover aplicação de sequências exatamente iguais a esta para os conteúdos de

Eletrodinâmica, é saber que este tipo de material, como um todo ou em partes, pode

funcionar muito bem, e que, pode ser construído e adequado aos diferentes temas

estudados e às diferentes realidades.

Dentre os muitos comportamentos observados durante a aplicação da proposta

didática, vale destacar, a ansiedade dos alunos em manusear equipamentos simples,

como por exemplo, um multímetro digital. Fato que demonstra que, despertar a

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curiosidade dos alunos e consequentemente o interesse destes pela Física não é algo

tão difícil.

Diante da realidade apresentada, o que se espera deste trabalho é que ele

possa servir aos colegas professores de Física, não exatamente como uma receita

pronta, cujo seguimento proporciona um resultado certo; mais sim como um modelo

ou como um conjunto de ideias, que podem ser aplicados no todo ou em partes

mediante as adequações necessárias às diferentes realidades.

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