Uma Historia Sui Generis - Buenos Aires

download Uma Historia Sui Generis - Buenos Aires

If you can't read please download the document

description

Slides de apresentação de trabalho em Buenos Aires sobre a problemática da história intelectual na obra de Louis Althusser.

Transcript of Uma Historia Sui Generis - Buenos Aires

Uma histria sui generis? A contribuio das reflexes althusserianas para uma
histria materialista do pensamento poltico

Luciana Nogueira (Ps-doutoranda em Cincias da Linguagem UNIVS)Renato Csar Ferreira Fernandes (Doutorando em Cincia Poltica UNICAMP)

Objetivo e metodologia

Compreender a reflexo althusseriana para a constituio de uma metodologia especfica para a investigao da histria de uma prtica terica: a histria do pensamento poltico. Para isso, partiremos das reflexes que Louis Althusser realizou em suas primeiras obras, sobretudo suas reflexes sobre a constituio do objeto filosfico de Marx.

Histria das ideias ou histria do pensamento poltico

Campo constitudo por interpretaes sobre os autores, os contextos em que escreveram e o processo de constituio das noes e conceitos.Principais tericos: Arthur Lovejoy (histria das ideias); Quentin Skinner e John Pocock (contextualismo lingustico); Pierre Rosanvallon (histria conceitual do poltico); Reinhart Koselleck (histria dos conceitos).

O empirismo no conceito de histria

Um dos principais problemas da histria das ideias o empirismo no trabalho com o conceito de histria. Esse empirismo est presente na ausncia de uma reflexo sobre o tempo histrico e/ou na reduo da produo terica a um tempo homogneo ou um tempo completamente autnomo.

A teoria da cincia histrica

O que falta histria o enfrentamento consciente e corajoso de um problema essencial a qualquer cincia: o problema da natureza e da constituio de sua teoria. Entendo por isso a teoria interior prpria cincia, o sistema dos conceitos tericos que fundamenta qualquer mtodo e toda prtica, inclusive experimental, e que ao mesmo tempo define o seu objeto terico. (IDEM, 1979a, p. 50).

Histria sui generis

Numa carta a Revista Rinascita, Althusser afirma que uma histria dos contedos tericos: Es una historia sui generis que, sin dejar de estar inscripta en la historia de las formaciones sociales y de estar articulada sobre esta historia (que es lo que en general se llama, sin ms, Historia), no es reductible, pura y simplemente, a esta Historia de las formaciones sociales, aun concebida fuera de todo empirismo, dentro de los conceptos marxistas de la ciencia de la historia. (ALTHUSSER, 1979, p. 279)

A leitura crtica e sintomal

Louis Althusser trata do tema da opacidade da linguagem se contrapondo a possibilidade de uma leitura imediata. Ler construir significados. Nesse sentido, a leitura crtica e cientfica uma interpretao a partir de uma determinada problemtica da matria-prima.A leitura sintomal, marcada pela ausncia, tem como parte de sua metodologia a comparao entre textos de um autor.

O conceito de tempo histrico

no possvel dar contedo ao conceito de tempo histrico, a no ser definindo o tempo histrico, como a forma especfica da existncia da totalidade social considerada, existncia em que diferentes nveis estruturais de temporalidade interferem em funo das relaes peculiares de correspondncia, no-correspondncia, articulao, defasagem e toro que mantm mutuamente, em funo da estrutura do conjunto do todo, os diferentes nveis do todo. (IDEM, 1979a, p. 49. Grifo nosso)

Todo social e tempo histrico

A totalidade ou todo social um todo complexo estruturado, uma estrutura articulada com dominante composta por estruturas e instncias. O tempo histrico a forma como esse todo se estrutura. Nesse sentido, a pesquisa histrica (das formaes sociais, das cincias, etc.) tem como base a compreenso da estruturao desse todo social.

Conhecimento cientfico e problemtica

Partindo da afirmao de que o conhecimento cientfico um produto e que um modo de apropriao mental do real, Althusser localiza o problema da histria das cincias a partir da compreenso dos mecanismos de produo dessa apropriao a problemtica. no estudo das problemticas tericas que possvel realizar as comparaes entre os textos de um mesmo autor, sua(s) presena(s) e ausncia(s).

A temporalidade histrica

Partindo da ideia de que a produo de conhecimento tem seus prprios mecanismos, sua prpria estrutura, podemos afirmar que cada produo tem sua prpria temporalidade histrica. O estudo dessa temporalidade, enquanto forma especfica do todo social fundamental para a uma histria do pensamento poltico ou das ideias polticas, com suas prprias correspondncias, cortes, rupturas, etc.

Consideraes finais

Para a constituio de uma histria materialista do pensamento poltico necessrio superar o empirismo a partir de uma apropriao do conceito de tempo histrico marxista. Esse conceito fundamental para compreendermos a temporalidade prpria da produo e apropriao do real pelos pensadores polticos. A produo dessa histria tem como ponto de partida o prprio discurso/texto dos autores, mas o interpreta a partir da compreenso dos mecanismos pelos quais esse autor produziu, das relaes entre sua teoria e sua matria-prima (ideologias, noes e conceitos). Dessa forma, ser possvel construir a estrutura da produo de conhecimento de um autor com suas articulaes, defasagens, cortes e rupturas uma histria materialista do pensamento poltico.