UMA ANÁLISE SOB A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ... · docente do professor de...
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UNIVERSIDADE DE BRASILIA – UNB
CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA – CEAD
UMA ANÁLISE SOB A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR
DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS NÚCLEO DO
PROJETO SEGUNDO TEMPO NO MUNICÍPIO DE TERESINA
PIAUÍ
GIRLE DOS SANTOS LACERDA
TERESINA – PIAUÍ
1
2007
GIRLE DOS SANTOS LACERDA
UMA ANÁLISE SOB A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR
DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS NÚCLEO DO
PROJETO SEGUNDO TEMPO NO MUNICIPIO DE TERESINA
PIAUÍ
Monografia final apresentada ao Centro de Educação à Distância- CEAD da Universidade de Brasília- UNB, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar . Orientadora: Professora Mestra Joana D’arc Socorro Alexandrino de Araújo TERESINA- PIAUÍ
2
2007
GIRLE DOS SANTOS LACERDA
UMA ANÁLISE SOB A PRÁTICA DOCENTE DO PROFESSOR
DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS NÚCLEO DO
PROJETO SEGUNDO TEMPO NO MUNICÍPIO DE TERESINA
PIAUÍ
Monografia apresentada a banca examinadora em _____/_____/____
TERESINA-PIAUÍ
32007
GIRLE DOS SANTOS LACERDA
UMA ANÁLISE SOBRE A PRÁTICA
DOCENTE DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NAS ESCOLAS-NÚCLEO DO
PROJETO SEGUNDO TEMPO NA CIDADE DE
TERESINA – PIAUÍ
Monografia apresentada à banca examinadora em _____/_____/____
TERESINA-PIAUÍ
42007
5
AGRADECIMENTOS
A Deus com a fé de modo muito pio e, de modo especial e particular, à mestra e amiga Joana
D’arc Socorro Alexandrino de Araújo, pelo incentivo e apoio no processo de construção deste
estudo.
6
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, com o zeloso carinho; à Letícia Lacerda, minha filha e companheira, com o amor
incontido; e aos meus mais próximos tantos amigos.
7
RESUMO
Este nosso estudo, motivado pelo fascínio do potencial lúdico do esporte, sua
natureza social, facilitadora da construção da cidadania, é uma reflexão sobre a prática docente
do professor de educação física nas escolas-núcleo do Projeto Segundo Tempo no Município de
Teresina. Fazemos as considerações necessárias sobre o Projeto em questão e abordamos, de
forma sucinta, mas ancorada em um suporte teórico substancial, a questão da prática docente
nesse contexto.Fomos motivados a trabalhar esse tema por acreditarmos no potencial da prática
lúdica do desporto na construção da cidadania, sabendo dos benefícios inúmeros para a
comunidade onde esses alunos estão inseridos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva,
assim o procedimento metodológico é o exploratório
ABSTRACT
This our study, motivated for the allure of the playful potential of the sport, its social, facilitadora
nature of the construction of the citizenship, is a reflection on the practical professor of the
professor of physical education in the school-nucleus of the Project Second time in the City of
Teresina. We make the necessary considerações on the Project in question and approach, of form
sucinta, but anchored in one it has supported substantial theoretician, the question of the practical
professor in this context. We were motivated to work this subject for believing the practical
potential of the playful one of the sport in the construction of the citizenship, knowing of the
innumerable benefits for the community where these pupils are inserted. One is about a
descriptive qualitative research, thus the metodológico procedure is the exploratório
8
ÍNDICE
Introdução...................................................................................................................... 10
Justificativa ................................................................................................................... 15
Breves considerações sobre Projeto Segundo Tempo................................................... 17
Breves considerações sobre a prática docente............................................................... 21
Análise da pesquise....................................................................................................... 22
Considerações finais..................................................................................................... 26
Bibliografia................................................................................................................... 28
ANEXOS...................................................................................................................... 29
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INTRODUÇÃO
O presente estudo foi realizado no período de novembro/2006 a maio/2007 com a
finalidade de analisar a concepção da prática docente do professor de educação física em três
escolas-núcleo do Projeto Segundo Tempo, na cidade de Teresina – Piauí, com vistas a perceber
o impacto das influências do mesmo no desempenho dessa prática.
Diante da perspectiva dessa pesquisa buscamos, na concepção de Minayo
(1994,p.21), a importância da realização de uma investigação de abordagem qualitativa, pois
segundo está autora este tipo de pesquisa,
[...] responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, [...] com um
nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o
universo de significados, motivos, aspirações, crenças,valores e atitudes,o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos [...] aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações
humanas.
10
Foi, portanto, pautada na dimensão dessas relações, que buscamos a apreensão de
elementos para o aprofundamento acerca da temática e conseqüentemente o desvelamento da
problemática deste estudo, a partir de análise descritiva e reflexiva tendo em vista a prática do
professor de educação física sob as influências do impacto do Programa Segundo Tempo. Prática
esta que vem se redimensionando cotidianamente através da articulação de saberes
significativos na dialética da relação que este profissional estabelece consigo mesmo e com o
outro na comunidade escolar, e porque não dizer na ampla dimensão da sociedade
contemporânea.
11
Compreendemos pois que no contexto dessa relação este profissional vem se
projetando rumo a superação dos problemas de forma que possa desenvolver uma prática de
educação física voltada para a formação integral do aluno .
Ressaltamos, assim que o interesse por estudar o referido tema, vem se projetando
no decorrer do exercício da profissão desta pesquisadora, tendo em vista o constante
envolvimento com questões relacionadas a prática de educação física na escola. No entanto este
interesse manifesta-se com mais ênfase com o envolvimento nas ações educativas do projeto
segundo tempo na posição de coordenadora de núcleo.
Neste contexto esta pesquisa tem a intenção de no horizonte dessa investigação
analisar as concepções que orientam a prática docente do professor de educação física na
articulação do ensino do esporte escolar no cotidiano da sala de aula. Sobretudo por que a relação
desta análise poderá proporcionar uma prática de ensino reflexiva e critica com respeito a
habilidade ,a especificidade humana adotando aquela postura a qual Paulo Freire(1979,p.15-16-
25) se refere sobre a formação, como sendo esta,
[ ...] muito mais puramente treinar o educando no desempenho de destrezas[...]
em sua totalidade pelo sentido da necessária eticidade que conota
especificamente a natureza da prática educativa, enquanto prática formadora
[...] assumindo-se como sujeito da produção do saber, se convença
definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mais criar as
possibilidades para sua produção ou a sua construção.
Neste sentido, esta pesquisa poderá trazer contribuições, tanto no plano profissional
quanto pessoal – fundamentais para um maior embasamento teórico-prático –, que serão
viabilizadas, em termos de conhecimento, através de pesquisas bibliográficas, vivências nas
escolas, troca de experiências, campo de investigação, de onde puderam surgir sínteses e
aplicações teóricas que venham desmistificar as práticas que negam a possibilidade do trabalho
com o esporte escolar como forma de trazer melhoria para o trabalho do professor e a realidade
da escola, através de uma aprendizagem representativa para os agentes escolares.
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Tal aprendizagem que se processa numa relação recíproca entre as dimensões do
ensinar e do aprender onde o professor para concretizar o seu projeto de ensino necessita
apropriar-se de uma dada tecnologia. Isto que Tardif (2002, p. 118) nos ajuda a compreender
quando se refere a pedagogia como sendo correspondente a dimensão instrumental do ensino,
isto porque considera que esta dimensão é a própria prática concreta que se situa num espaço de
trabalho “[...] que consiste em coordenar diferentes meios para produzir resultados educativos,
isto é, socializar e instruir os alunos em interação com eles [...] tendo em vista atingir
determinados objetivos .”
Diante deste contexto, evidenciamos que a prática docente do professor de educação
física foco principal desta investigação não deve perder de vista os mecanismos que o possam
tornar um profissional de compromisso com as relações do seu trabalho desenvolvendo uma
prática projetiva de estudos e diagnósticos alicerçados por sua criatividade e criticidade como
ferramentas indispensáveis para uma atuação cada vez mias significativa no cotidiano escolar.
Diante de toda essa abordagem partimos da seguinte situação problema: Qual a
concepção da prática docente do professor de educação de física evidência-se a partir do
impacto da influências do Programa Segundo Tempo nas escolas da cidade de Teresina Piauí?
Para o desvendamento deste problema de pesquisa delineamos a lógica específica
do estudo a partir dos seguintes objetivos:
• Compreender as concepções do professor de educação física no desenvolvimento
do ensino do esporte escolar.
• Identificar que estratégias didáticos-pedagógica são evidenciadas na prática
docente do professor de educação física diante das influências dos fundamentos
teóricos-prático do Projeto Segundo Tempo na escola e em que aspectos esta
prática contribui para o processo de desenvolvimento integral do aluno.
• Caracterizar os desafios enfrentados na prática docente do professor de educação
física a partir do impacto metodológico orientado pelos fundamentos do projeto
segundo tempo na escola.
Nessa direção optamos por realizar uma investigação através das técnicas de
observação e entrevista semidirigidas, as quais aqui justificam-se pela própria natureza do estudo,
13
na medida em que nos auxiliaram a obter um entendimento mais acurado das concepções, valores
e significados mais profundos do fenômeno ao qual nos propomos a investigar.
Tomamos como campo de pesquisa as escolas: CAIC João Olímpio de Melo;
Unidade Escolar Didácio Silva; e Unidade Escolar Professor Pires de Castro, pertencentes à rede
estadual de ensino do município de Teresina – Piauí. A escolha dessas escolas deu-se em razão
de estarmos envolvidos como coordenadora de um dos núcleos do Programa em questão e,
sobretudo, porque estas são as instituições pertencentes a este núcleo que estão situadas na
mesma região geográfica, facilitando assim uma maior interação desta pesquisadora na
configuração no campo desta investigação.
Consideramos como sujeito desta pesquisa nove professores, sendo três do sexo
masculino e seis do sexo feminino, os quais no quadro abaixo apresentamos elementos
fundamentais para situar os seus perfis.(nome,idade, formação,ano de conclusão , tempo de
serviço como docente, local de atuação, outra atuação, local da entrevista, sexo, idade)
Quadro
As atividades de coleta de dados foram procedidas no primeiro momento por uma
fase de busca de uma maior aproximação com os sujeitos da pesquisa, para que pudéssemos
obter a sua confiança a fim de provocar um envolvimento mais efetivo tanto desta pesquisadora
quanto dos pesquisados, rumo ao favorecimento de uma relação a mais espontânea possível e,
dessa forma colher as informações das situações de um modo mais natural e informal, projetando
assim reflexões as mais pertinentes possíveis na descrição das falas dos depoentes na pesquisa.
Nesse sentido faz-se pertinente delinear uma breve a caracterização das escolas
campo de investigação do estudo por nos realizados....
O presente trabalho compõe-se de introdução, três capítulos referenciais, apêndices
e anexos. Na introdução evidenciamos a problemática do estudo, os motivos que permearam o
interesse por esse objeto de estudo bem como explicitamos as questões norteadoras, a
metodologia , objetivos, a natureza e importância do estudo, bem como os aportes básicos de
sustentação da discussão teórica implícita no eixo do trabalho.
No primeiro capítulo, tecemos um perfil do Programa Segundo Tempo, ilustrando a
sua concepção, objetivos, alcance social, etc e fazemos uma ancoragem do mesmo, em termos de
realização qualitativa e quantitativa nas escolas-núcleo do Programa em questão da cidade de
Teresina. No segundo capítulo, desenvolvemos uma reflexão visando à compreensão da prática
docente – reportando particularmente na do profissional de educação física – respaldada, num
suporte teórico.
Triviños, “Alguns autores entendem a pesquisa qualitativa como uma expressão
genérica. Isto significa, por um lado, que ela compreende atividades de investigação que podem
ser denominadas específicas. E, por outro, que todas elas podem ser caracterizadas por traços
comuns. Esta é uma idéia fundamental que pode ajudar a ter uma visão mais clara do que pode
chegar a realizar um pesquisador que tem por objetivo atingir uma interpretação da realidade do
ângulo qualitativo”.
Para tantos serão considerados como principais referências teóricos nas análises reflexivas desta
pesquisa alguns pressupostos de Paulo Freire, Marcelo “Jabu” B. Silva e pela Comissão de
Especialistas do Ministério do Esporte.
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JUSTIFICATIVA
O esporte é um fenômeno sócio-educacional secular. Como tal, tornou-se uma
ferramenta pedagógica essencial na construção da cidadania de jovens. Notadamente, na dos
praticantes dentro do universo escolar. Nesse contexto, vale ressaltar a importância da prática
docente do profissional de educação física, também, na consecução do objetivo maior da escola,
que é formar cidadãos autônomos em relação à prática esportiva e para a vida.
Esse trabalho poderá nos fornecer dados que justifiquem os valores dos desportos.
De igual modo, poderá nos conduzir por novas diretrizes para a exploração dessa pedagogia de
ensino. Pedagogia esta que deve buscar sempre a eficácia, para que, assim, a mesma possa se
retroalimentar e assegurar a própria sustentação teórica e prática e a sua conseqüente higidez.
Democratizar conhecimentos de todas as manifestações esportivas significa oportunizar,
ludicamente, ao alunado a construção da cidadania e, por via de conseqüência, reduzir o risco da
marginalidade, a evasão, a repetência e até as já pontuais violências no universo escolar.
Fomos motivados a trabalhar esse tema por acreditarmos no potencial da prática
lúdica do desporto como atrativo para conscientemente, espontaneamente, atraírmos os nossos
alunos para a cidadania, sabendo dos benefícios inúmeros para a comunidade onde esses alunos
estão inseridos. Essa pesquisa de campo deslumbra um norte aos profissionais de educação física
que trabalham nos núcleos do Programa Segundo Tempo, na medida em que os mesmos se
proponham a utilizá-la como ferramenta no seu cotidiano de sala de aula. 15
Trata-se de uma pesquisa qualitativa. Desse modo, utilizaremos o método
exploratório. Isso significa dizer que os dados coletados poderão apontar etapas distintas,
confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder às questões formuladas e, ainda,
ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural do qual as
escolas-núcleo fazem parte.
Pretendemos atingir os objetivos propostos utilizando procedimentos
metodológicos como revisão, leitura e fichação da literatura; construção do referencial teórico;
pesquisa de campo; análise dos dados coletados; e considerações finais.
Esta pesquisa terá como universo 05 (cinco) núcleos do Programa Segundo
Tempo em Teresina, sendo que a amostra intencional será de 12% dos núcleos, correspondendo
aos núcleos Unidade Escolar Antônio Tarciso, CEB James Azevedo, Unidade Escolar Pires de
Castro, Unidade Escolar Anísio Teixeira e CAIC Melo Magalhães.
16
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROJETO SEGUNDO TEMPO
O Projeto Segundo Tempo é um programa concebido pelo Ministério do Esporte. Para
a sua consecução, o mesmo firmou parcerias com diversos Ministérios do Governo Federal,
particularmente com o Ministério da Educação e Cultura (MEC). Este Programa tem por
estratégia de funcionamento o estabelecimento de alianças e parcerias institucionais, mediante a
descentralização da execução orçamentária e financeira para Governos Estaduais, Governos
Municipais, Organizações Não-Governamentais e entidades nacionais e internacionais, públicas
ou privadas sem fins lucrativos. Assim, por meio da celebração de convênios com o Ministério do
Esporte, essas entidades se tornam responsáveis pela execução do Programa., que se dá por meio
de Núcleos de Esporte Educacional. (www.portal.esporte.gov.br/snee/segundotempo).
O programa, que se destina a público-alvo de crianças e adolescentes vulneráveis
socialmente, objetiva democratizar o acesso ao esporte educacional de qualidade, como forma de
inclusão social, ocupando o tempo ocioso de crianças e adolescentes em situação de risco social.
Por via de conseqüência de tal objetivo, o mesmo ainda elenca outros propósitos, dentre os quais,
oferecer práticas esportivas educacionais, estimulando crianças e adolescentes a manter uma
interação efetiva que contribua para o seu desenvolvimento integral; e oportunizar condições
adequadas para a prática esportiva educacional de qualidade. Com isso, o programa pretende
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18
promover a interação entre o público assistido, no caso os participantes, e destes com a sua
realidade local; melhoria da auto-estima dos participantes; melhoria das capacidades e
habilidades motoras dos participantes; Melhoria das condições de saúde dos participantes;
aumento do número de praticantes de atividades esportivas educacionais; melhoria da
qualificação de professores e estagiários de educação física pedagogia ou esporte envolvidos.
Por outro lado, o Programa em questão busca ainda a diminuição dos riscos da
marginalização social pelos participantes; a melhoria no rendimento escolar dos alunos
envolvidos; e a diminuição da evasão e repetência escolar nas escolas atendidas.
As unidades básicas de atendimento ao público-alvo do Programa Segundo Tempo
são os Núcleos de Esporte Educacional. Estes são destinados à prática esportiva dos participantes
do projeto, mediante programação de atividades a serem desenvolvidas no contraturno escolar
sob orientação de professores e estagiários de educação física devidamente habilitados e
capacitados para a função. O quantitativo mínimo de participantes assistidos por núcleo é de 200
alunos.
Os números em termos de recursos humanos envolvidos na implementação do
Programasão os aqui especificados: Coordenador-Geral do Projeto Local (gestor): 01 para cada
convênio firmado com o Ministério do Esporte, preferencialmente profissional da área de
Educação Física ou de Educação, com experiência em gestão de programas esportivo-
educacionais; Coordenador de Núcleo: 01 para cada núcleo de 200 alunos, preferencialmente
profissional da área de Educação Física ou de Educação; Monitores: 02 para cada 200 alunos ou
04 monitores para cada 200 alunos, quando a entidade realizar acompanhamento pedagógico e
outras atividades, desde que se garanta o mínimo de 02 monitores para as atividades esportivas,
sendo estes estudantes de graduação regularmente matriculados em curso de Educação Física ou
Educação, preferencialmente já tendo concluído a primeira metade do curso.
Em relação à estrutura física, os núcleos devem oferecer espaço para a prática das
atividades previstas. Podem ser utilizados os ambientes da escola, espaços comunitários
(públicos ou privados), preferencialmente ociosos e localizados próximo ao local de residência
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dos participantes, desde que adequados à prática esportiva, preferencialmente com dependências
de apoio.
Os núcleos são obrigados a oferecer um substancioso reforço alimentar ao público
atendido, de acordo com cardápio previamente estabelecido que atenda às recomendações
nutricionais adequadas para a faixa etária atendida.
Com vista à oferta de atividades esportivas, os núcleos devem oferecer, no mínimo, a
prática de duas modalidades coletivas (futebol, futsal, handebol, basquete ou vôlei) e uma
modalidade individual (atletismo, natação, vela, tênis de mesa, dança, capoeira, etc.). Para as
modalidades coletivas, devem ser formadas turmas de no mínimo 25 e no máximo 40 alunos.
Para as modalidades individuais, turmas de no mínimo 10 e, no máximo, 25 alunos.
Com relação à carga horária, as atividades são distribuídas nos turnos da manhã, tarde
ou noite, deve permitir a cada aluno ter acesso a no mínimo 2h e no máximo 4h de atividade
diária, durante três vezes por semana. Alguns projetos oferecem atividades cinco vezes por
semana.
Os Núcleos devem oferecer atividades complementares, como reforço escolar,
programação cultural e orientação em questões de saúde.
O Ministério do Esporte fornece materiais esportivos confeccionados pelos Programa
Pintando a Liberdade e Pintando a Cidadania, que possuem centros de produção em unidades
prisionais e em outros espaços comunitários de diversas regiões do Brasil. O material é
distribuído de acordo com os seguintes quantitativos: 10 bolas de cada uma das modalidades
oferecidas (voleibol, basquetebol, handebol, futsal e futebol de campo) para cada 200 alunos; 01
par de redes de cada modalidade (01 para futebol de campo, futsal e handebol; 01 para basquete
e 01 para a modalidade voleibol) para cada 200 alunos envolvidos; 01 uniforme para cada aluno
cadastrado.
O Segundo Tempo, de acordo com a Comissão de Especialistas de Educação Física
do Ministério do Esporte (2004, P.3), no que se reporta ao campo pedagógico, propõe um novo
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conceito de pedagogia do esporte; oportuniza uma reflexão sobre a prática docente e a
responsabilidade do ensinar; busca mostrar que é possível ensinar, envolvendo teoria e prática,
esportes a partir de brincadeiras e jogos. E ainda segundo esta mesmo Comissão, o Programa
evidencia, fundamentalmente, algumas propostas metodológicas que demonstram como superar
o mero ensino de técnicas descontextualizadas.
O Programa Segundo Tempo, no Piauí, que vem sendo implementado pela Secretaria
de Estado da Educação e Cultura (Seduc) desde o ano de 2003, tem apresentado, apesar de alguns
entraves, emperramentos e retardos de execução no período inicial, excelentes resultados. As
dificuldades iniciais são compreensivas quando a vontade de agir, ainda que todo o aparato
estrutural não se apresente devidamente adequado, é maior do que tudo e busca a otimização dos
acertos na própria construção do fazer. A última renovação do convênio da Seduc com o ME, em
decorrência de todas esssa questões, para a continuidade do mesmo aqui no Estado, aconteceu no
ano de 2006. Na sua execução, desde a sua implantação, o Programa conta com 45 núcleos, nos
quais, através de 90 professores e 90 monitores (estagiários) tem assistido a 9.000 alunos, e vem
capacitando – através de um curso lato sensum ministrado a distância pela UnB – dois
profissionais de educação física (coordenadores locais) – estes cursandos-coordenadores do
Programa no Piauí é que vêm treinando o restante dos profissionais e estagiários envolvidos no
Programa aqui em execução.
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE
Por trás do profissional da área – licenciado ou especialista – que coordena ou
ministra qualquer disciplina dentro de um universo escolar está o educador. E diante deste, está o
desafio que é a educação. Nesse contexto, convém ressaltarmos o grande teórico brasileiro, autor
da obra Educação e Mudança, Paulo Freire. Ele, numa ótica de fantástica percepção, nos diz de
forma bastante pontual: “Não é possível fazer uma reflexão sobre o que é educação sem refletir
sobre o próprio homem” (FREIRE. 1979, P.27). Segundo ele, essa reflexão nos induz a pensar
sobre nós mesmos e, desse modo e só desse, podemos encontrar, na natureza do homem, algo que
possa constituir o núcleo fundamental, no qual se sustenta o processo de educação. “Esse núcleo
seria o inacabamento ou a inconclusão do homem” (idem, ibdem).
O homem está no mundo e com o mundo. Se apenas etivesse no mundo não haveria
transcendência nem se objetivaria a si mesmo. Mas como pode objetivar-se, pode também
distinguir um eu e um não-eu.
21
22
Isso o torna um ser capaz de relacionar-se; de sair de si; de projetar-se nos
outros; de transcender. Poder distinguir órbitas existenciais distintas de si
mesmo.
Estas relações não se dão apenas com os outros, mas se dão no mundo, com o
mundo e pelo mundo [...] (Idem, p. 30).
Ciente disso, é fundamental, a priori, conhecer o mundo e levar em conta as
motivações do alunado em questão. Com o profissional da educação física não seria, portanto,
diferente. Aliás, entendemos que o mesmo, enquanto educador, em nenhum instante, pode deixar
de levar em conta tal consideração, a qual o SILVA [et al.] (2001, p.22) assim se reporta:
Conhecer as motivações dos grupos de crianças e jovens e saber despertar
neles novos interesses é uma habilidade importante para quem vai planejar e
organizar atividades em grupo (...) Em algumas instituições, a prática do
esporte é realizada precariamente devido à falta de profissionais da área ou
porque o monitor é sobrecarregado com outras atribuições, por falta de
supervisão, espaço e de outros recursos.
O professor precisa entender, ter em mente, que, a partir do esporte, é sabidamente
possível desenvolver, hoje, outras habilidades. Este profissional tem que ter a coragem de inovar,
de buscar o novo. Para tanto, a palavra-chave é motivação. O alunado precisa estar motivado.
Nenhuma nova habilidade pode ser desenvolvida em um indivíduo ou grupo, se o mesmo não
estiver motivado para tanto.
BENTO Apud Comissão de Especialistas de Educação Física do ME (2004, p. 10) diz
ser importante salvaguardar os valores educativos do esporte e, para tanto, ele acredita na
necessidade de se buscar uma ofensiva pedagógica que requer ainda que técnicos e professores
não encenem meros papéis de simples animadores ou reprodutores do modelo de esporte de alto
rendimento, que os praticantes e os espectadores apenas fregueses e consumidores passivos e que
o desporto não seja visto como um produto mercadológico, com valor de compra e venda nesse
seu já imenso mercado.
23
Diante de todo o exposto aqui já colocado, a nossa particular inferência é a de que a
prática docente em educação física não pode deixar de considerar que o conceito de pedagogia
traz um liame umbilical com a palavra ensinar, e, por essa razão, esse profissional precisa ter
consciência e atenção mais zelosas sobre a sua ação.
ANÁLISE DA PESQUISA
Os pesquisados, duas professoras e dois professores, são todos detentores do saber
docente. Jovens, todos solteiros – comportamento contemporâneo facilmente explicado pela
moderna sociologia – entre 24 e 29 anos, do sexo masculino, têm o curso superior em educação
física exceto uma professora que já o conclui neste final de ano. Nesse aspecto, a não ser pela
professora que está prestes a se formar, nenhuma implicação maior é verificada em relação à
LDB, que exige agora a licenciatura ou graduação específica para o exercício do magistério. Dos
cinco pesquisados, um tem pós-graduação e três estão com este curso em fase de conclusão.
A pesquisa em questão revela, em termos de identidade docente, dos pesquisados um
compromisso alicerçado pelo tripé athos-ethos-phatos. Isso significa dizer que prática dos
docentes são pautadas por um fazer (athos; ação) ético (ethos: ética) apaixonado (phatos;
emoção, paixão). Tal inferência foi extraída a partir das questões 08, 09, 10 e 11 (vide
questionário anexo), pertinentes, respectivamente, à opção pelo magistério; definição pela área de
educação física; o significado de ser professor; e sobre a ação docente diária. As respostas
expressam, de forma unânime identidade-emoção, responsabilidade, compromisso,
compartilhamento, construção mútua de conhecimento, aprendizado pela oportunidade de
conviver com diferenças, dentre outras.
Sobre o significado de ensinar e aprender na sua prática, os mesmos responderam ser
interessante. Todos reportaram-se ao fato de compreender as diferenças e respeitar a
individualidade do alunado que exige atendimento especial/personalizado (questão12). Isso
também expressa, de um certo modo, a compreensão do professor, em relação ao esporte, no
cotidiano escolar. Eles têm uma percepção do valor sócio-educativo (questão 13), a partir do
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próprio significado e importância do esporte, suas regras, que tanto contribuem para a disciplina
de quem o pratica.
No que tange às principais dificuldades destes profissionais no que diz respeito à
prática docente cotidiana, exceto um entrevistado que citou ser a de vencer a visão estereotipada
e apaixonada dos alunos com relação a certas modalidades de esporte, os demais pontuaram a
qualidade, por vezes precária, do material disponibilizado (questão 14).
Sobre a contribuição prática advinda do trabalho desenvolvido no Segundo Tempo, os
professores pesquisados a entendem como oportuna e de grande importância para a ampliação de
seus conhecimentos em termos de docência (questão15).
Indagados como que eles caracterizaria suas práticas diante do trabalho que
desenvolvem na escola contemplada com o projeto segundo tempo (questão 16), os mesmos
responderam como sendo excelente. Também excelente foram a respostas unânimes dadas
(questão 17) à indagação que se reporta, no âmbito do Segundo Tempo, ao relacionamento
professor‐aluno; e sobre como que eles observam o desempenho dos alunos nas aulas que
você ministra na escola por via do Programa Segundo Tempo (18).
Sobre a última indagação (questão19), que objetiva saber o que representa para
eles professores o Programa Segundo Tempo na escola, todos eles o tem como um projeto
oportuno e de largo alcance social pelo seu caráter inclusive preventivo na busca de
salvaguardar uma grande parcela de crianças e jovens da marginalidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É bom saber, gratificante até, principalmente para nós que vivenciamos esse mesmo
cotidiano, na nossa docência desse universo escolar, que as práticas docentes dos profissionais
envolvidos com o Segundo Tempo, hoje em Teresina, são pautadas por um compromisso ético e
um fazer sempre renovado e muito apaixonado.
As ações docentes, no cotidiano dos contraturnos, expressam que os professores de
educação física à frente do Segundo Tempo gostam do que fazem. E, por essa razão – isso é
importante –, esse fazer é pautado pela responsabilidade, compromisso, compartilhamento,
construção mútua de conhecimento e respeito às diferenças;
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A nossa percepção, uma inferência para além da questão da prática docente, é a de que
os contraturnos do Segundo Tempo têm servido de aliado dos pais para atrair suas crianças para
prática desportiva na prevenção da ociosidade, da marginalidade e das drogas. Isso porque o
Programa em questão tem despertado um fascínio nas crianças. São 10 mil crianças hoje
assistidas nos contraturnos do projeto, aqui no Piauí. No nosso particular otimismo são 10 mil
crianças e jovens – alunos da rede pública – que não evadiram, que não foram para a rua, não se
marginalizaram. Estes 10 mil alunos estão lá, presentes assiduamente nos contraturnos,
realizando atividade prazerosas, educativas na escola, tendo um acompanhamento de professores
preparados para esta função e acima de tudo responsáveis.
O Segundo Tempo, aqui em Teresina e não só aqui – acreditamos piamente nisso
– veio nos mostrar que o esporte, seja ele qual for, é agregador, socializante, e que o ensino do
mesmo deve ser oportunizado a todos indistintamente, de modo preferencial e mais zeloso
àqueles mais carentes, mais necessitados. Estes precisam de uma atenção sempre mais cuidada,
pela natural vulnerabilidade social, de políticas públicas bem pensadas racionalmente como é o
exemplo do Segundo Tempo.
27
BIBLIOGRAFIA
FÍSICA, Comissão de Especialistas de Educação (Ministério do Esporte). Dimensões
pedagógicas do esporte: esporte escolar – curso de especialização. \capacitação continuada
Segundo Tempo. Brasília: Univcersidade de Brasília/CEAD, 2004.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança (título original em espanhol Educacion y Cambio). Trad.
De Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. Coleção Educação
e comunicação, vol.1.
TARDIF, Maurice e LESSARD, Claud. O Trabalho docente: elementos para uma teoria da
docência como profissão de interações humanas (título original em francês Lê travail dês
ensegnants aujourd ´hui). Trad. de João Batista Kreuch. Petrópolis – RJ: 2005.
SILVA, Maercelo “Jabu” B. da Silva et.all. O Esporte em sua dimensão social, In ONG e
esportes: a cidadania entrando em campo. São Paulo: CENPEC, 2001, Coleção Educação e
Participação – 2ª ed.
28
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UNB – Questionário
QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR
IDENTIFICAÇÃO PESSOAL / FORMAÇÃO/ PROFISSIONAL
01 – Nome_____________________________________________________
02 – Sexo: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO
03 – Estado civil:
( ) casado(a) ( ) solteiro(a) ( ) separado(a)
( ) outros Qual?________________________________
04 – Idade:
18 a 23 ( ) 24 a 29 ( ) 29 a 34 ( )
35 a 40 ( ) acima de 40 ( )
29
30
05 – Tempo de serviço:____________ Situação trabalhista:____________
06 – Naturalidade:
Cidade:____________ Estado: ____________
Local onde reside_____________
07 – Qual o seu nível de escolaridade (formação)?
Ensino superior:
( ) completo
( ) incompleto. Qual período?_____________________
Área de formação_________________________________
Pós‐graduado:
( ) Especialização
Em que área?____________________________
( ) Mestrado
Em que área?____________________________
08 – O que lhe motivou a optar pela profissão de professor?_____________________
_____________________________________________________________________
31
09 – Explique os motivos que lhe levaram a se definir pela área de Educação Física?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10 – O que significa ser professor no mundo atual? _________________________
__________________________________________________________________
11 – Fale um pouco sobre como você vê o significado do ensinar e do aprender na
sua prática: ________________________________________________________
__________________________________________________________________
12 – Comente a noção que você tem sobre o acompanhamento do aluno a partir das
orientações do Programa Segundo Tempo? ____________________________
__________________________________________________________________
13 – Como você percebe o esporte no desenvolvimento de sua prática docente?
__________________________________________________________________
14 – Fale sobre as maiores dificuldades que você encontra nas interações da sala de
aula? ___________________________________________________________
__________________________________________________________________
15 – Como você caracteriza sua prática diante do trabalho que desenvolve na escola
contemplada com o projeto segundo tempo? ________________________
__________________________________________________________________
32
16 – Que tipo de conhecimento didático‐metodológico o professor precisa articular
na prática cotidiana da educação física na escola? ___________________
__________________________________________________________________
17 – Como é seu relacionamento com os alunos? __________________________
__________________________________________________________________
18 – Como você observa o desempenho dos alunos nas aulas que você ministra na
escola por via do Programa Segundo Tempo? _____________________________
__________________________________________________________________
19 – O que representa o Programa Segundo Tempo na escola?________________
__________________________________________________________________