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UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES OFERECIDAS PELA DISCIPLINA
METODOLOGIA DE ENSINO EM BOTÂNICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE
LICENCIANDOS EM BIOLOGIA
Guilherme SANTOS MACIEL; Universidade Federal de Lavras
Augusto ANTONIO DE PAULA, Universidade Federal de Lavras
Antônio Fernandes NASCIMENTO JUNIOR, Universidade Federal de Lavras
Formação Inicial de Professores da Educação Básica
CAPES/ FAPEMIG
INTRODUÇÃO
Configura-se nos currículos dos cursos de licenciatura, a valorização dos
conhecimentos específicos de cada área em relação à formação pedagógica.
Segundo Gatti (2010) é na formação inicial onde docentes se tornam meros
reprodutores de uma ordem ideológica conservadora. Eles adotam uma pedagogia
marcada pela presença de metodologias expositivas que não cumprem a função de
formar cidadãos críticos e autônomos. Segundo Libâneo (1990) a pedagogia
tecnicista reafirma uma ordem social vigente, intimamente ligada ao modelo de
produção capitalista e que não contribui com a formação de uma sociedade mais
democrática. Segundo Gatti e Nunnes (2009) é função do professor “ensinar-
educando”, de uma forma que os discentes compreendam a importância daquela
informação para suas vidas, podendo utiliza-la para transformar a sociedade onde
vivem. Dessa forma, é necessário que os licenciandos consigam de fato construir
uma prática pedagógica que forme sujeitos com sólido conhecimento científico e
com um olhar crítico sobre a realidade em que vivem.
O conhecimento científico nas escolas é de responsabilidade das disciplinas de
Ciências e Biologia, estas áreas tem por objetivo estudar a vida em suas mais
variadas formas. A botânica é uma área da Biologia responsável pelo estudo das
plantas. Ela está presente na matriz curricular dos estudantes de nível médio e os
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professores costumam apresentar dificuldades para ensinar sobre ela. De acordo
com Ceccanttini (2006) muitos professores fogem dessas temáticas alegando ter
dificuldade para apresentar o conteúdo de uma forma que desperte o interesse do
aluno e a utilidade daquele conhecimento para o seu dia a dia. Sabendo que essa
problemática diz respeito ao currículo dos cursos são propostos espaços de
formação inicial complementares que possam de fato contribuir com a superação
desse déficit.
DESCRIÇÃO DA DISCIPLINA E OBJETIVO DO TRABALHO
A disciplina Metodologia do ensino de Botânica é ofertada pelo Departamento
de Biologia da Universidade Federal de Lavras. Ela apresenta uma ementa peculiar
no que diz respeito a formação de licenciandos. Baseia-se no processo de
elaboração e aplicação de metodologias para o ensino de conceitos na área de
Botânica, de uma forma contextualizada e não expositiva. Ela é dividida em algumas
etapas. Em um primeiro momento os discentes, sob mediação do professor,
discutem a importância de se ensinar Botânica. Em seguida são escolhidas as
temáticas necessárias ao aprendizado dos alunos além de recursos pedagógicos
que possam auxiliar a construção do conhecimento. Posteriormente ocorre a
apresentação de um projeto de aula seguido da aplicação da metodologia final
desenvolvida. Os discentes devem elaborar um trabalho digitalizado e este é
entregue como componente integrante de avaliação dos mesmos. Este trabalho tem
por objetivo analisar a disciplina Metodologia do Ensino de Botânica como espaço
formativo.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
Para a elaboração da metodologia os discentes se orientaram pelo Currículo
Básico Comum (CBC) que apresenta as competências necessárias ao aprendizado
no ensino básico (BELO HORIZONTE, 2007). Posteriormente escolheram o
conceito, o recurso e discutiram com o professor a viabilidade de suas ideias. Além
disso o professor pesquisou e os enviou alguns trabalhos que poderiam auxiliar esse
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processo.
Os alunos apresentaram suas ideias em um simpósio específico que contou
com a participação dos bolsistas do PIBID ( Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação á docência) . Esse evento ocorreu no Museu de História Natural da
Universidade Federal de Lavras onde cada grupo expôs oralmente o que havia
construído. Os “pibidianos”, por intermédio de críticas e sugestões, auxiliaram a
construção do projeto final de aula. Segue abaixo a descrição de cada projeto
apresentado pelos grupos com os respectivos temas e recursos utilizados.
.DESCRIÇÃO DO PROJETO DE AULA FINAL
Tema: Biodiversidade e Sistemática
Recurso: Investigação
No início os docentes escolhem plantas de diferentes grupos (Gimnospermas,
Pteridófitas e Angiospermas). Ele leva representantes deles para a sala de aula. Em
seguida ocorre uma divisão de grupos na sala. Cada grupo recebe quatro plantas de
três grupos diferentes. Para cada grupo é dada uma carta por grupo vegetal ali
presente. Essas cartas contem características das plantas. Os alunos devem
identificar as plantas que receberam baseando-se nas informações das cartas e
investigar com outros grupos qual é a classificação da planta que necessariamente
vai sobrar na mesa.
Biomas e Biodiversidade
Recurso: Livro
Discussão Inicial sobre os biomas com levantamento de conhecimentos prévios
dos alunos. Os alunos são divididos em grupos, cada grupo é responsável por
pesquisar informações sobre o bioma, sejam elas culturais ou físicas.
Posteriormente ocorre a construção de um livro com essas informações e a
apresentação da pesquisa em um Sarau. Culminância da atividade com a
desgustação dos pratos típicos referente a cada bioma. Fica a cargo dos alunos
juntamente com o professor organizarem esse evento.
Características Fisiológicas dos Seres Vivos
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Recurso utilizado: Literatura e Teatro.
O professor pede que os alunos descrevam o ambiente onde vivem. Eles são
então separados em grupos e recebem imagens de plantas contidas no filme
“Grande Sertão Veredas” . Elas contém alguns trechos do livro com informações
relacionadas ao ambiente. Os alunos devem associar os trechos nas cartas com as
características das plantas a partir de uma problematização mediada pelo docente.
Evolução e Seleção Natural no Reino Vegetal
Recurso: Reportagem
O professor pede que os alunos pesquisem sobre alguma matéria ou
reportagem relacionada aos herbicidas. A partir do que os alunos trouxerem o
professor levanta alguns questionamentos na tentativa de fazer com que os mesmos
reflitam sobre. Com o auxilio de modelos que representam a ação dos herbicidas
sobre as plantas o discente conduz uma discussão na tentativa de construir a idéia
de evolução e seleção. Como forma de avaliação o docente sugere que os alunos
analizem um evento biológico, para isso o mesmo propõe uma série de perguntas
que retomam o que foi aprendido na aula.
Fotossíntese como Fonte Primária de Biomassa
Recurso: Oficina de Arte
Inicialmente o professor oferece alguns materiais para serem utilizados ao longo
da prática. Aos discentes, pede que façam desenhos de plantas. A partir dos
aspectos presentes nas plantas desenhadas inicia-se uma problematização com
objetivo de construir a ideia de fotossíntese e além disso quais e como os fatores
ambientais interferem na taxa fotossintética.
Reprodução sexuada, assexuada e Variabilidade Genética
Recurso: História da Ciência
Através de uma linha do tempo é feita uma encenação dos aspectos históricos
da reprodução das plantas. Posteriormente é feita uma discussão e contextualização
com o auxílio de imagens sobre os diferentes tipos de reprodução, sexuada e
assexuada. Ao final é feito um debate onde os alunos discutem os tipos de
reprodução estudados.
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A Relação e Importância dos Fungos para as Plantas
Recurso: Mosaico
O professor divide os estudantes em grupos. Em seguida entrega quatro
questões para cada um deles. Essas questões são referentes as temáticas
inicialmente comentadas pelo mesmo na aula. O docente pede que os alunos
pesquisem sobre o tema para poderem se informar melhor sobre o assunto. Ele
ainda pede que consigam imagens de fungos para a montagem de um mosaico. É
realizado um debate onde a sala é dividida em dois grupos. Por vez, um
representante vai ao centro e responde à algumas perguntas deixadas pelo
professor, não necessariamente aquelas que ele lhe havia entregado.
Posteriormente ocorre a construção de um mosaico com imagens sobre os fungos
que é apresentado para toda a sala.
Importância das Algas
Recurso: Noticiário
Inicia-se com a apresentação de imagens relacionadas a algas e segue
posteriormente com uma discussão sobre a sua importância e aplicações. Os alunos
são divididos em grupos onde devem elaborar uma manchete. Essa manchete deve
estar relacionada á algumas temáticas apresentadas pelo professor. Ex: “ Algas na
Alimentação”. Em seguida os grupos devem se juntar e apresentar todas as
informações reunidas com as manchetes para a elaboração de um noticiário. Ao final
deve ser impresso um relatório da atividade a fim de divulgar o projeto realizado
para toda a escola.
Características Gerais dos Cinco Reinos de Seres Vivos
Fotos e Paródia
Inicialmente os alunos devem observar diferentes seres vivos na natureza e os
fotografar. As fotos são utilizadas posteriormente para poder discutir diferenças e
semelhanças entre aqueles que foram observados. Em seguida os alunos são
divididos em cinco grupos. Cada grupo é responsável por um Reino. O professor
pede que produzam e apresentem uma paródia para toda a sala.
Impactos Ambientais na Vegetação
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Recurso: Dinâmica com Maquetes
Os alunos inicialmente são divididos em grupos. Pede-se que produzam um
tabuleiro representando um bioma brasileiro. Para cada grupo um bioma diferente.
Eles devem apontar características desses biomas. Em seguida o docente
apresenta algumas peças chave que vão fazer parte de cada maquete. Trata-se de
cartas que representam eventos de preservação ambiental ou catástrofes. A medida
que essas peças vão surgindo o professor deve iniciar uma problematização na
tentativa de construir como esses eventos interferem no ambiente.
Causas das Extinções de Plantas
Recurso: História Contada
O professor deve iniciar a aula contando uma história de uma comunidade
isolada. Ela vai sendo modificado com o tempo a partir da influência de agentes
externos. Os alunos devem continuar a contar a história. Nesse momento, o
professor insere alguns elementos que dão margem a discussão sobre as causas
das extinções de espécies vegetais.
AVALIAÇÃO DOS PASTICIPANTES DO SIMPÓSIO
As avaliações, que expressam uma idéia geral defendida pelos participantes do
Simpósio, foram transcritas. Elas deram subsídios para posterior análise e
discussão.
Biodiversidade e Sistemática
- “ Eu achei muito legal a ideia de vocês, e talvez pra Angiosperma e gimnosperma
funciona vocês acharem gênero Família e filotaxia. Agora e pra briófita e pteridófito?
Ai é meio complicado, então eu acho que assim, pensar um pouquinho nessas
características de novo seria importante. Porque pras plantas que a gente vê como
você disse que são visíveis é bem fácil. Fanerógama planta grande a gente
consegue pelo menos ter uma noção, agora pra briófita e pteridófito é meio
complicada.”
- “...Eu senti falta de uma discussão, vocês já passaram do jogo, da troca de cartas
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para a avaliação. Então a partir desses quatro grupos vocês podem explicar que há
uma grande biodiversidade e amarrar essa situação”.
Biomas e Biodiversidade
- “Gostei muito dessa metodologia, de repente pensei aqui em juntar com a
geografia para amarrar os conteúdos.”.
- “No início você falou a questão da abordagem socioambiental, e eu vi muito do
social e do ambiental eu vi muito pouco, por exemplo, a questão de impacto.
- “Parabéns ficou muita massa, queria falar um pouco da abordagem dos impactos
ambientais e na situação de vocês trazerem a situação de contexto da região de
cada bioma, por exemplo, cerrado e mata atlântica sofrem fronteiras agrícolas, de
característica daqui NE? Que tecnologias são desenvolvidas para melhorar o solo
do cerrado para plantio, e dá pra trazer o cenário de cada região assim.
Características Fisiológicas e Adaptações dos Seres Vivos
- “Acho que pode ser sim, uma forma de fazer o aluno interessar pela literatura sim,
porque às vezes ele pega a literatura, mas não vê ligação nenhuma com que ele
aprende e ele não se interessa e fazendo essa interdisciplinaridade é interessante”.
- “Eu iria falar disso também da questão de avaliação eu tenho percebido que é uma
evolução no sentido da gente fugir desta questão da prova que eu detesto e sou
uma vítima dela, eu não consigo me adaptar a esse tipo de avaliação”
- “Eu achei que casaria muito depois que você traz a ideia dos biomas você trazer
essa ideia de como as plantas se adaptam a esses ambientes”
Evolução e Seleção Natural no Reino Vegetal
- “vocês dois trabalhando nesse sentido de construção, mesmo, da metodologia foi
o que mais me chamou a atenção. Então, a metodologia eu gostei muito, eu achei
que é uma força muito, muito, dinâmica de trabalhar a evolução, que é um tema que
não é fácil.”
- “... Acho apenas uma sugestão, assim, eu acho que adicionaria em algum
momento da discussão a questão dos agrotóxicos, tipo assim, uso exacerbado,
sabe, isso que a gente tá vendo hoje da poluição, um pouquinho sobre política,
sabe.”
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Fotossíntese como fonte primária de biomassa
- “ Eu acho que o que não ficou claro é a questão da fotossíntese em si sabe, como
vai explicar isso, que momento que o aluno vai perceber que é a fotossíntese e ta
acontecendo, tipo assim, ele vai perceber que o pigmento é diferente, que a textura
da folha é diferente, o processo, em que momento vai falar nisso, entendeu?”
- “Eu achei bem legal, eu acho que é um tema difícil, eu lembro quando eu aprendi,
nossa, foi muito confuso na minha cabeça, sabe? Eu não sei se foi porque eu não
tive muita prática assim, pra poder aplicar isso, mas eu acho que não só a teoria, a
teoria é bem complicada para o aluno entender. Mas pra mim foi difícil, eu acho que
seria legal colocar coisas bem práticas assim do dia-a-dia.”
Reprodução Sexuada, assexuada e Variabilidade Genética
- “Bom, eu gostei também achei interessante porque vocês fizeram tipo uma linha do
tempo ne, que foi localizando e igual alguém tinha falado a parte da encenação que
vai ser bem legal, e da pra organizar, aah naquele século, fazer uma sequência
assim de como que foi desenvolvendo. Gostei da parte do debate que é um jeito de
vocês também verem como que ta sendo a prática de vocês.”
- “Eu ia até falar uma coisa do que uma pessoa falou, porque eu fiz aula essa
semana inclusive sobre reprodução no cerrado, por exemplo, que tem plantas que
eles fizeram estudos e ve que elas podem se reproduzir tanto sexuada quanto
assexuadamente, e as vezes a reprodução assexuada ela oferece um certo
benefício na planta, ela consegue produzir mais flor, e tal. Então talvez trazer uma
coisa assim, um exemplo do tipo ajude a perceber essa questão de uma não é
superior a outra. Por que ela consegue manter um pool gênico suficiente pra
sobreviver a alguma mudança drástica, mas também a reprodução sexuada
representa uma vantagem de alguma forma.”
A relação e Importância dos Fungos para as Plantas
- “Gostei da ideia do mosaico, e gosto da ideia de mostrar o fungo e perguntar o que
é, em vez de fazer a pergunta sem um apoio”
- “Eu gostei muito do trabalho, a ideia de trabalhar com arte é interessante; mas na
hora da construção e avaliação da imagem tentem se ater no conceito da imagem,
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estar mediando o conceito do que está sendo construído, para não construir apenas
a imagem bonita, mais simpática, e realmente resgatar o conceito do que está
sendo trabalhado, que é a relação dos fungos com as plantas.”
Importância das Algas
- “O que eu acho legal também é tentar olhar com o professor de português as
questões textuais, questão da manchete, da propaganda e tudo mais. É só uma
sugestão, ficou muito legal o projeto de vocês!”
- “Não, eu gostei da ideia. Eu, eu tava pensando minha dúvida foi como a do,
esqueço o nome de todo mundo, dele ali, a questão pra eles treinarem em casa,
porque as vezes, dependendo mora distante, não sei como funciona em Lavras mas
quem é de outro município pra se encontrarem, o que eu pensei na hora que vocês
estavam apresentando era isso, a questão deles de encontrarem pra treinar o
noticiário pra apresentar no outro dia. Mas eu achei bem legal a ideia!”
Características Gerais dos cinco reinos de seres vivos.
- “... Vocês devem tomar cuidado com o tipo de música que vão ser usadas e essas
músicas de massa tem uma coisa muito forte que é o refrão, podendo assim
trabalhar menos conteúdo na letra da música, e uma musica com uma qualidade
harmônica dá pra trabalhar mais conteúdos dentro da letra...”
- “... Fez todo sentido, porque os alunos estão acostumados a não pensar, criar que
preferem fazer uma prova, que favorece o tecnicismo”
Impactos ambientais na vegetação
- Então é uma proposta, uma sugestão, que vocês procurem olhar um pouco mais,
por exemplo, educação ambiental crítica, e tentar trabalhar de outra maneira assim,
sabe?! Em vez de estar abordando isso que já tá muito presente no aluno e a gente
vê simplesmente panfletos, sabe, não tem muito
- “ é um modo de vocês professores perceberem até o quanto eles já sabem isso, o
quanto eles foram inteirados, se o que eles sabem de ecologia de conservação e tal,
tem caminhado no sentido de propor uma ação também né, que às vezes a gente
fica numa ideia fixa de conservar, mas só como é abstrato de conservação na
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medida de que eu faço a minha parte, ai nesse sentido assim vocês conseguiram
dar um enfoque maior pra isso”
Causas das Extinções de Plantas
- “a ideia de você é muito boa, mas eu to preocupado com o conceito de extinção,
eu não enxerguei ele em relação a extinção da espécie mesmo. Como vocês vão
inserir o conceito se é tão local assim? Porque vai ter uma população de plantas, e
não todas as plantas da espécie”
- “Eu estava aqui pensando, se for do micro do macro. Aqui pra nos é muito fácil
usar o exemplo do pau-brasil, com certeza os alunos entenderiam muito bem.”
Para a discussão das falas foi utilizada a metodologia de pesquisa qualitativa.
Nesse método a fala dos atores sociais é situada em seu contexto para melhor
serem entendidas (MINAYO, 2002). A partir da análise de conteúdo foram criadas
categorias sendo discutidas e sustentadas pela fala de autores da literatura na
tentativa de aproxima-las do real objetivo deste trabalho.
O quadro a seguir traz as categorias elaboradas e a frequência das falas que
estão presentes em cada uma delas.
Quadro 1 – Categorias e frequência das falas
Categorias Frequências
Ensinar através de práticas pedagógicas não expositivas 13
Contextualização dos conteúdos 7
Interdisciplinaridade no processo de ensino aprendizagem 5
Utilização das artes na construção do conhecimento 5
Na primeira categoria nota-se que treze participantes destacaram a importância
da utilização de práticas pedagógicas não expositivas no processo de ensino
aprendizagem. Segundo Torres e Irala (2007), os alunos tem dificuldades em se
apropriar dos conhecimentos quando são transferidos, embora mais facilmente
quando são construídos. Dessa forma é necessário que o docente em formação
inicial compreenda a importância de romper com esse tipo de estratégia
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metodológica.
Na segunda categoria, os participantes atentaram-se à importância da
contextualização dos conteúdos. De acordo com Tafner (2003) o professor deve
ensinar de uma forma que os alunos compreendam a importância daquela
informação para suas vidas. A partir do momento em que eles se enxergam
naquelas palavras o processo de ensino-aprendizagem torna-se bem menos
complicado. Cabe ao professor saber como fazer isso, ao passo que deve lidar com
diferentes pessoas em cada sala de aula.
Na categoria “Interdisciplinaridade” apontou-se a relevância de um currículo
que não seja fragmentado e que possibilite o desenvolvimento da crítica e da
reflexão. A interdisciplinaridade, segundo Bovo (2004) garante aos educandos uma
visão de mundo em sua totalidade pois busca-se romper com as barreiras
tradicionalmente impostas pela fragmentação das disciplinas. Dessa forma o
discente compreenderia a existência de um diálogo entre as áreas de conhecimento.
Ainda segundo o mesmo autor, ao passo que o professor compreende e aplique o
conhecimento de forma integrada estará contribuindo para a construção do sujeito
social.
Na quarta categoria, os participantes abordam sobre a utilização das artes na
construção do conhecimento, ressaltando que tais elementos são importantes no
processo de ensino-aprendizagem. Segundo Brasil (1998), a utilização das artes
pode criar ligações entre as atividades produzidas dentro e fora do ambiente escolar.
Dessa forma os conhecimentos prévios trazidos pelos discentes podem auxiliar a
contextualização do conteúdo proposto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há indícios de que a disciplina se preocupe e contribua com a formação do
professor educador, pois trabalha com construção de práticas não expositivas e
contextualizadas. A atividade estimulou discussões , a troca de conhecimentos e os
discentes puderam se preparar para os futuros desafios da profissão docente. Além
disso ela estímulou a reflexão sobre a prática, visando formar professores que
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atendam as reais necessidades do contexto a que o aluno está inserido. Fica claro
que a formação docente configura-se num intenso “repensar”, ela estende-se, e esta
disciplina não é o suficiente para superar todas as problemáticas trazidas pelo
currículo.
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