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Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus de Toledo Toledo/Paraná 16 à 19 de novembro de 2010 UMA ANÁLISE DA REDISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS ENTRE AS MESORREGIÕES DO BRASIL: 1970 E 2000 Resumo: Este artigo analisa a distribuição espacial das atividades econômicas entre as mesorregiões do Brasil e o perfil da sua estrutura produtiva no período de 1970 a 2000. O método utilizado foi a análise regional a partir das medidas de localização e reestruturação da ocupação da mão-de-obra no tempo e no espaço. Os resultados demonstraram que a maioria das regiões brasileiras possuíam duas características comuns no ano de 1970: diversificação produtiva, ligada principalmente aos setores da indústria e dos serviços, e a alta taxa de urbanização. No final do século as mesorregiões reforçaram suas diversificações e ampliaram sua urbanização, principalmente aquelas localizadas nas regiões Norte e Centro-Oeste. Os setores que mais se distribuíram pelo território foram a indústria de extração mineral, a extração vegetal, os serviços industriais de utilidade pública, e as indústrias dinâmicas. Palavras-Chave: Economia espacial; Economia Regional; Mesorregiões. AN ANALYSIS OF THE REDISTRIBUTION OF ECONOMIC ACTIVITIES BETWEEN THE MESOREGIONS OF BRAZIL, 1970 AND 2000 Abstract: This paper analyzes the spatial distribution of economic activities between the mesoregions and the profile of Brazil's productive structure in the period from 1970 to 2000. The method used was a regional analysis from measurements of location and occupation of the restructuring of manpower in time and space. The results showed that most of Brazil already had two common characteristics in 1970: diversification, related mainly to the sectors of industry and services, and the high rate of urbanization. At the end of the century the regions were expanded and strengthened its diversifications urbanization, especially those located in the North and Midwest. The sectors that were distributed across the territory were the mining industry, the extraction industry, the industrial services of public utility and the dynamics industry. Key-words: Spatial Economics, Regional Economics; Mesoregions. 1 INTRODUÇÃO O objetivo deste artigo é analisar a reestruturação das mesorregiões do Brasil e a redistribuição espacial das atividades econômicas no período de 1970 a 2000.

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16 à 19 de novembro de 2010

UMA ANÁLISE DA REDISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES

ECONÔMICAS ENTRE AS MESORREGIÕES DO BRASIL: 1970 E

2000

Resumo: Este artigo analisa a distribuição espacial das atividades econômicas entre as mesorregiões do Brasil e o perfil da sua estrutura produtiva no período de 1970 a 2000. O método utilizado foi a análise regional a partir das medidas de localização e reestruturação da ocupação da mão-de-obra no tempo e no espaço. Os resultados demonstraram que a maioria das regiões brasileiras já possuíam duas características comuns no ano de 1970: diversificação produtiva, ligada principalmente aos setores da indústria e dos serviços, e a alta taxa de urbanização. No final do século as mesorregiões reforçaram suas diversificações e ampliaram sua urbanização, principalmente aquelas localizadas nas regiões Norte e Centro-Oeste. Os setores que mais se distribuíram pelo território foram a indústria de extração mineral, a extração vegetal, os serviços industriais de utilidade pública, e as indústrias dinâmicas. Palavras-Chave: Economia espacial; Economia Regional; Mesorregiões.

AN ANALYSIS OF THE REDISTRIBUTION OF ECONOMIC ACTIVITIES BETWEEN THE MESOREGIONS OF BRAZIL, 1970 AND

2000 Abstract: This paper analyzes the spatial distribution of economic activities between the mesoregions and the profile of Brazil's productive structure in the period from 1970 to 2000. The method used was a regional analysis from measurements of location and occupation of the restructuring of manpower in time and space. The results showed that most of Brazil already had two common characteristics in 1970: diversification, related mainly to the sectors of industry and services, and the high rate of urbanization. At the end of the century the regions were expanded and strengthened its diversifications urbanization, especially those located in the North and Midwest. The sectors that were distributed across the territory were the mining industry, the extraction industry, the industrial services of public utility and the dynamics industry. Key-words: Spatial Economics, Regional Economics; Mesoregions. 1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é analisar a reestruturação das mesorregiões do Brasil

e a redistribuição espacial das atividades econômicas no período de 1970 a 2000.

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Sabe-se que o período entre 1970 e 2000 marcou grandes transformações na

economia e na vida política brasileira. Na questão política o país sai de vinte anos de

ditadura militar e inicia a transição para a democracia em 1985. Já na economia

houve mudanças macroeconômicas e, regionalmente, no perfil da divisão social do

trabalho e na distribuição espacial das atividades produtivas.

Na questão do perfil da divisão social do trabalho, o país inicia sua transição

de um estilo fordista de produção, caracterizado pela produção e consumo em

massa, para novas atividades que se utiliza de um estilo de acumulação flexível.

Esta nova forma flexível de produção baseava-se no surgimento de ramos de

produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços

financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de

inovação comercial, tecnológica e organizacional (HARVEY, 1994).

Essas mudanças no estilo de acumulação de capital impactaram também na

regionalização da divisão social do trabalho, da reprodução da força de trabalho e na

concentração das atividades produtivas fortalecendo os centros urbanos. Já nas

áreas rurais os impactos se sucederam na transição de um estilo de produção

extensivo, baseado na incorporação de novas terras, para um estilo mais intensivo

baseado na modernização, tecnificação e industrialização da agricultura, que

afetaram a estrutura fundiária, as relações de produção indústria - produtor, a pauta

de produtos cultivados, os sistemas agrícolas, o habitat e a paisagem rural e as

densidades demográficas rurais (CORRÊA, 1986).

Assim, as reestruturações da base produtiva consolidada e a estruturação de

bases produtivas novas impactaram no desenvolvimento de outros segmentos

econômicos, determinando que os setores urbanos (secundário e terciário)

ampliassem significativamente sua participação na produção econômica regional

(ALVES, 2008). O que refletiu no movimento populacional (crescimento e

concentração populacional) das grandes regiões metropolitanas e na economia

urbana e regional.

Neste contexto, mesorregiões que antes participavam minimamente da

atividade econômica nacional ganharam uma maior representatividade. Isso leva a

alguns questionamentos: Quais foram essas mesorregiões? Além disso, as

atividades urbanas também se espraiaram no território brasileiro? Quais foram essas

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atividades? Esta análise subsidiará respostas para responder a esses

questionamentos.

2 ELEMENTOS METODOLÓGICOS

A análise dos dados será realizada para as mesorregiões geográficas do

Brasil para os anos de 1970 e 2000. A escolha desse período se dá em função dos

elementos comentados na introdução e também da disponibilidade dos dados.

No caso das mesorregiões, os 5.592 municípios existentes no Brasil em 2000

são agregados em 137 mesorregiões geográficas. Essa é uma subdivisão regional

criada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no final dos anos 1960. O

IBGE (1990) caracteriza a mesorregião como uma área individualizada em uma

Unidade de Federação que apresenta formas de organização do espaço com as

seguintes dimensões: o processo social, quadro natural e a rede de comunicação e

de lugares. Esses elementos se articulam no espaço regional e caracterizam a

identidade regional da mesorregião, construída ao longo da história de colonização e

exploração dos recursos naturais.

Será utilizada como variável de análise o número de empregados por ramos

de atividade. Em geral se pressupõe que os ramos de atividade mais dinâmicos

empregam mais mão-de-obra no decorrer do tempo. Assim, a ocupação assalariada

da mão-de-obra tem reflexo na renda regional, o que estimula a demanda efetiva e

conseqüentemente a dinâmica das atividades produtivas voltadas ao mercado

interno região. Os dados foram coletados dos microdados dos Censos Demográficos

disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Devido a grande desagregação setorial apresentada pelos microdados do

IBGE as informações foram agrupadas nos seguintes setores: do setor primário:

agricultura; pecuária; e, extração vegetal, caça e pesca; do setor secundário:

indústrias dinâmicas; indústrias não-tradicionais; industrias tradicionais; extração

mineral; construção civil; e, serviços industriais de utilidade pública (SIUP); e do

setor terciário: comércio, prestação de serviços; transporte; administração pública;

atividades sociais; e, outras atividades.

Neste contexto, foram utilizadas as medidas de localização e de

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especialização, mais especificamente o Quociente Locacional e o Coeficiente de

Reestruturação. Os resultados dessas medidas fornecem elementos para identificar

as mesorregiões mais especializadas em cada uma das atividades analisadas e

aquelas que mais reestruturam no período de análise.

O Quociente Locacional (QL) é um indicador de análise regional mais

difundido no meio acadêmico e demonstra o comportamento locacional dos ramos

de atividades, assim como aponta os setores de maior especialização em cada uma

das mesorregiões que formam o conjunto da economia nacional. Por isso, é uma

medida de natureza descritiva que caracteriza as várias atividades e as diferentes

regiões em análise, do ponto de vista do seu nível de especialização/diversificação

das suas estruturas produtivas. Como o QL utiliza valores relativos como parâmetro

de distribuição da variável entre os ramos de atividade econômicos, o indicador

anula o efeito “tamanho” das regiões, permitindo a estimativa de indicadores

confiáveis. (PUMAIN e SAINT-JULIEN, 1997; DELGADO e GODINHO, 2002).

Assim, o QL possui uma natureza setorial, pois se preocupa com a

localização da variável base (número de empregados) entre as mesorregiões,

procurando identificar padrões de especialização ou diversificação num determinado

período. A equação (1) expressa o cálculo do QL.

QL = Empregados do setor i na mesorregião j / Empregados do setor i do Brasil (1) Empregados total da mesorregião j / Empregados total do Brasil

Dessa forma, o QL compara a participação percentual do número de

empregados de uma mesorregião j com a participação percentual do Brasil. A

importância da mesorregião j no contexto regional, em relação a variável x estudada,

é demonstrada quando o QL assume valores acima de 1. Nesse caso (quando o QL

for maior ou igual a 1), indica a representatividade da variável x em uma

mesorregião j específica, ou seja, indica que esse setor é especializado nessa

região. O contrário ocorre quando o QL for menor que 1. A partir da análise do QL

poder-se-á visualizar a especialização em cada uma das mesorregiões no período

estudado e sua espacialização.

Já, o Coeficiente de Reestruturação (CR) relaciona a estrutura do número de

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empregados por mesorregião entre dois períodos, ano base 0 e ano 1, verificando o

grau de mudanças na especialização de cada mesorregião. Coeficientes iguais a

zero (0) indicam que não ocorreram modificações na estrutura setorial da

mesorregião, e próximos a unidade (1) demonstra uma reestruturação substancial

(ISARD, 1972; HADDAD, 1989).

É expressa pela equação:

2Re

01 IIestC i

j

(2)

Em que:

CReestj = Coeficiente de Reestruturação na mesorregião j

i = Somatório das atividades na mesorregião j

I0 = Distribuição percentual de emprego do setor i inicial na mesorregião j

I1 = Distribuição percentual de emprego do setor i final na mesorregião j.

O coeficiente de redistribuição mostra as atividades que se concentraram mais

ou que, pelo contrário, que se dispersaram mais no território brasileiro no período de

1970 a 2000. O valor do coeficiente oscila entre 0 e 1 sendo que se o coeficiente for

próximo a 1 no período de análise terão ocorrido mudanças no padrão espacial de

localização do setor. Se for próximo a 0 não terá havido dispersão das atividades.

2Re

01

j

tt

eijeij

dC (3)

Sendo que:

CRed = Coeficiente de Redistribuição

∑j = Somatório das mesorregiões para o setor i

jei = Distribuição percentual do emprego do setor i entre as mesorregiões no

ano inicial (t0) e ano final (t1).

Assim, a próxima seção apresenta os resultados do quociente locacional para

as mesorregiões brasileiras no período de 1970 a 2000.

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3 A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS ENTRE AS

MESORREGIÕES DO BRASIL

Conforme apresenta a Figura 1, referente ao setor primário, em 1970 o QL da

agricultura já era significativo em grande parte das mesorregiões brasileiras. Dessas,

ressalta-se as que se localizavam principalmente no Nordeste, em parte do Centro-

Oeste e no Sul. Já em 2000, houve uma dispersão da agricultura em direção à

Região Norte. Assim, essa atividade passa a ter uma localização significativa

também no Norte além do Nordeste e Sul. Por outro lado, percebe-se que algumas

mesorregiões do Centro-Oeste perderam representatividade nesse setor no ano de

2000.

Figura 1 – Quociente Locacional para o setor primário das mesorregiões do Brasil – 1970/2000.

Agricultura Pecuária Ext. veg., caça, pesca

1970 1970 1970

2000 2000 2000

Fonte: Resultados da Pesquisa

O perfil de localização da mão-de-obra ocupada na agropecuária demonstra

algumas particularidades em relação as mesorregiões que ganharam ou perderam

representatividade no período de 1970 a 2000: algumas reforçaram as suas

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especializações, ou seja, eram mesorregiões que já tinham um alto QL em 1970 e

aumentaram o seu fator locacional em 2000, como por exemplo, o Sertão Alagoano

que tinham um QL de 1,92 e passou para um QL de 4,32 em 2000 (uma diferença

de 2,40). Por outro lado têm-se aquelas mesorregiões que não tinham um QL>1 em

1970 e passaram a ser representativas em 2000, como o Leste Rondoniense com

um QL de 2,29 em 2000 (uma diferença de 2,29 em relação a 1970); o Sul

Amazonense que aumentou seu QL em 2,21 e o Sudoeste Amazonense com um

aumento de 2,17. Também há aquelas mesorregiões que eram especializadas em

1970, mas que perderam importância em 2000, algumas delas são: Leste Goiano

com uma diferença no QL de -1,07 do ano 1970 para o ano de 2000; o Noroeste

Goiano que perdeu -1,06 em seu QL entre 1970 e 2000; o Sudoeste Mato-

Grossense com uma perda de -0,98; e o Leste de Mato Grosso do Sul, o Norte

Goiano e o Centro-Sul Mato-Grossense que apresentaram perdas em seus QLs de -

0,89, -0,87 e -0,81, respectivamente, fazendo com que deixassem de ser

mesorregiões especializadas.

Referente à pecuária, em 1970, as mesorregiões mais especializadas

situavam-se principalmente no Centro-Oeste, tomando também parte do Sul,

Sudeste e Nordeste. No ano de 2000, essa atividade continuou predominando nas

mesmas regiões, porém houve uma dispersão para o Norte, Nordeste e o Sul. O

Noroeste Goiano era a mesorregião que mais se destacava, tanto em 1970 quanto

em 2000, sendo o portador do maior Quociente Locacional de 3,66 e 7,86

respectivamente. Porém, outras mesorregiões não se destacavam em 1970, mas

apresentaram um grande aumento do seu QL em 2000, como por exemplo: Leste

Rondoniense teve um crescimento no QL de 2,60 de 1970 para 2000; Noroeste

Paranaense que nesse período aumentou 2,22 em seu QL; e Sudoeste Paranaense

que teve um aumento de 2,11 no QL do ano 2000 em relação ao ano de 1970. E,

dentre as mesorregiões que deixaram de ser especializadas pode-se citar o Norte de

Roraima, o Vale do Paraíba Paulista, o Sul Espírito-Santense e o Sul Fluminense

que, entre os anos 1970 e 2000, tiveram perdas em seus QLs de -2,94, -1,62, -1,01

e -0,88, respectivamente.

Na atividade de extração vegetal, caça e pesca para o ano de 1970

visualizou-se que essa atividade era predominantemente concentrada na Região

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Norte, com uma pequena participação do Sul e do Nordeste. Porém, essa

especialização se dispersou em 2000. O Centro-Oeste e o Sudeste ganharam

importância. A mesorregião que mais se especializou nesse período foi o Norte do

Amapá que teve um crescimento enorme de 6,02 em seu QL no período de tempo

analisado, sendo que esta já era especializada desde 1970. Mas, outras

mesorregiões merecem destaque, pois passaram a serem especializadas, algumas

delas são: Sudeste Piauiense, Leste Rondoniense, Vale São-Franciscano da Bahia,

Sertões Cearenses, e Oeste Potiguar, com aumentos de 1,65, 1,38, 1,27, 1,23 e

1,07, respectivamente. E algumas regiões que mais perderam em especialização

foram: Grande Florianópolis com uma perda de - 1,20 em seu QL no período; Sul

Fluminense com uma diferença de - 0,46 em relação ao QL de 1970 e 2000; e Norte

Catarinense que perdeu - 0,07 no seu QL nesse período de tempo.

Assim, a Figura 2 mostra quais eram as mesorregiões mais especializadas

para as indústrias dinâmicas, as tradicionais e as não-tradicionais.

Figura 2 – Quociente Locacional para o setor secundário das mesorregiões do Brasil – 1970/2000

Ind. Dinâmicas Ind. Não-Tradicionais Ind. Tradicionais

1970 1970 1970

2000 2000 2000

Fonte: Resultados da Pesquisa

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Segundo a Figura 2, a distribuição espacial das indústrias dinâmicas em 1970

era totalmente concentrada no Sul e Sudeste, principalmente na faixa litorânea.

Essa distribuição não sofreu muitas alterações em 2000, porém algumas

mesorregiões ganharam destaque nesse tipo de especialização, como o Centro

Amazonense, o Sul Catarinense e o Sul Espírito-Santense, que de 1970 a 2000

aumentaram seus QLs em 1,05, 1,16, e 0,83, respectivamente. Vale salientar que as

indústrias dinâmicas agrupam as produções de bens intermediários da etapa mais

avançada da industrialização e os ramos produtores de bens de capital.

Conforme destaca Piffer (2009) as indústrias não-tradicionais são um “meio-

termo”, pois se trata de empresas de uso mais intensivo de capital que a indústria

tradicional e que tiverem a sua origem mais recente no processo de industrialização.

Exemplos de indústrias não-tradicionais são: a indústria de fumo, a indústria

sucroalcooleira, a indústria editorial e a indústria gráfica. Neste sentido, a Figura 2

mostra que em 1970, as mesorregiões especializadas localizavam-se concentradas,

assim como as indústrias dinâmicas, no Sul e Sudeste, com alguns pontos também

no Nordeste. Já em 2000, a atividade continuou concentrada, porém algumas

mesorregiões passaram a se destacar nessa atividade: Centro-Sul Mato-Grossense,

Itapetininga, Mata Paraibana, Assis e Triângulo Mineiro/Alto Parnaíba foram

mesorregiões que se tornaram especializadas em 2000.

Quando se analisam as indústrias tradicionais deve-se levar em consideração

que nesse tipo de indústria são classificados os ramos de atividades inerentes ao

início do processo de industrialização e da primeira fase de substituição por

importações brasileira. Nesse caso, trata-se dos bens de consumo não duráveis,

caracterizados pelo uso intensivo de mão-de-obra na sua produção. Neste sentido,

nas regiões Sul e Sudeste, novamente na faixa litorânea, eram onde se localizava a

maioria das mesorregiões especializadas no setor das indústrias tradicionais em

1970. Nota-se uma similaridade em relação a localização das atividades industriais

no ano de 1970: nesse ano o eixo sul-sudeste concentrava as mesorregiões mais

especializadas. Isso se deve ao processo histórico de desenvolvimento, ou seja, o

processo de industrialização brasileiro iniciou-se e se intensificou nessas

mesorregiões durante um longo período de tempo. A partir de 1970 quando o oeste

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do Brasil passa a ser explorado economicamente de forma mais intensa e se

urbaniza é que os setores industriais começam a se dispersar para o interior do

Brasil. As fases diferenciadas de ocupação do espaço, nesse caso, ajudam a

explicar a diferenciação na maturação do capital industrial nas áreas ocupadas.

A dispersão dos demais setores industriais ratifica as informações

supracitadas, conforme mostra a Figura 3. Com exceção do setor da extração

mineral que se localiza próximo à sua fonte de matéria-prima, os demais setores

industriais apresentaram uma expressiva dispersão no período de 1970 a 2000.

Essa dispersão está diretamente relacionada com o crescimento das populações

urbanas no Brasil que ocorreu nesse intervalo de tempo. Ou seja, a população se

dispersa mais e mais em direção ao interior do país fortalecendo as novas fronteiras

agrícolas, tanto na ocupação da mão-de-obra como em mercados potenciais para a

localização das atividades urbano-industriais.

Figura 3 – Quociente Locacional para o setor secundário das mesorregiões do Brasil – 1970/2000.

Extração Mineral Construção Civil SIUP 1970 1970 1970

2000 2000 2000

Fonte: Resultados da Pesquisa

De forma geral, a atividade de extração mineral manteve sua localização no

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período analisado, no qual as mesorregiões especializadas nessa atividade se

localizavam principalmente no Norte, no Centro-Oeste, no Nordeste e no Sudeste,

ou seja, eram bem dispersas no território brasileiro. Em 2000, a atividade continua

dispersa, mas o Norte passa a ser mais especializado e, em contrapartida, o

Nordeste perde parte de sua representatividade. O fortalecimento da Região Norte

na ocupação da mão-de-obra tira representatividade do Nordeste. Em geral, as duas

regiões usam fundos setoriais específicos, o que significa que competem também

pelos capitais oriundos dos programas setoriais.

Referente à construção civil, a Figura 3 aponta que, em 1970, a localização

das mesorregiões especializadas nessa atividade era levemente concentrada no

Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2000, a atividade se concentrava ainda mais no

Sudeste e Centro-Oeste surgindo novas mesorregiões especializadas, algumas

delas foram: Oriental do Tocantins, Leste Goiano, Sudeste Mato-Grossense, Assis,

Norte Central Paranaense, Norte Goiano, Presidente Prudente, Vale do Rio Doce,

Marília, Noroeste Fluminense, Norte Fluminense, dentre outras. Ou seja, são

mesorregiões localizadas fora do pólo constituído pelas regiões metropolitanas do

Sudeste e do Sul do Brasil.

Quanto a atividade nos Serviços Industriais de Utilidade Pública verificou-se

que as mesorregiões que tinham especialização nesta atividade em 1970 situavam-

se concentradas no Sul e Sudeste, principalmente na faixa litorânea, em função da

forte metropolização e adensamento de população dessas áreas que exige mais

serviços de saneamento básico, comunicações e energia elétrica. Já em 2000,

houve uma dispersão dessa atividade por grande parte do território brasileiro

mudando totalmente o cenário da localização do SIUP. Desta vez, percebe-se

pontos de concentração das mesorregiões especializadas no Norte, Nordeste e

Centro-Oeste. Como essa atividade cresceu muito, há várias mesorregiões que

passaram de não especializadas à forte especialização, como por exemplo: Sul de

Roraima, Oriental do Tocantins, Norte Amazonense, Noroeste Goiano, Norte

Goiano, Borborema, Norte do Amapá, Leste Goiano, Sudoeste Amazonense, Norte

de Roraima, Vale do Juruá, Sertão Sergipano, Sertão Paraibano, dentre várias

outras. Ou seja, o SIUP acompanha a dispersão da população que demanda mais

serviços sociais básicos e exige a interiorização dos investimentos em geração de

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energia, telecomunicações e urbanização.

Neste contexto, a Figura 4 apresenta a distribuição espacial das atividades

terciárias. Os resultados da pesquisa demonstram que para todas as atividades

terciárias notou-se uma dispersão das mesorregiões mais especializadas pelo

interior do Brasil. Além disso, fica nítido como as mesorregiões com especialização

média (0,50<QL<1,00) também se difundiram. Isso mostra que o setor terciário está

ganhando cada vez mais importância na ocupação da mão-de-obra em todo o

território nacional.

Figura 4 – Quociente Locacional para o setor terciário das mesorregiões do Brasil – 1970/2000.

Comércio Prestação de Serviços 1970 2000 1970 2000

Transporte Adm. Pública

1970 2000 1970 2000

Atividades Sociais Outras atividades

1970 2000 1970 2000

Fonte: Resultados da Pesquisa

Com relação ao setor do comércio, em 1970, eram poucas as mesorregiões

que possuíam especialização nessa atividade sendo que elas se localizavam

principalmente em parte do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No ano de 2000, essa

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atividade se expandiu, surgindo novos pontos de especialização também no Norte e

Nordeste, dentre as quais algumas das mesorregiões que passaram a ser

especializadas durante esse período de tempo: Oeste Paranaense, Sudeste Mato-

Grossense, Centro Ocidental Paranaense, Centro-Sul Mato-Grossense, Agreste

Sergipano, Mata Pernambucana, Norte de Roraima, Central Mineira, Leste Alagoano

e Sul Cearense. A atividade do comércio cresceu na maioria das mesorregiões,

sendo que apenas três mesorregiões (das 177 existentes) deixaram de ser

especializadas nessa atividade, são elas: Araçatuba, Vale do Paraíba Paulista e

Araraquara.

Na atividade de prestação de serviços, visualiza-se que as principais

mesorregiões especializadas nesse setor localizavam-se basicamente concentradas

na região Sudeste em 1970. Em 2000, houve uma leve dispersão em direção ao

Centro-Oeste, mas a atividade continuou concentrada. Nesse período de tempo

entre 1970 e 2000, várias mesorregiões se tornaram especializadas nessa atividade,

algumas delas são: Leste Goiano, Sudeste Mato-Grossense, Baixadas, Madeira-

Guaporé, Litoral Sul Paulista, Centro-Sul Mato Grossense, Sul Goiano e Assis. Por

outro lado, algumas mesorregiões perderam suas especializações nesse setor, são

elas: Ribeirão Preto, Araraquara, Sul/Sudoeste de Minas, Oeste de Minas, Zona da

Mata, Campo das Vertentes e Centro Ocidental Rio-Grandense.

A atividade dos transportes, para o ano de 1970, era concentrada

basicamente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No ano de 2000, a maioria das

mesorregiões especializadas nessa atividade continuava concentrada nas mesmas

regiões de 1970, porém em um número menor. Apenas três mesorregiões se

tornaram especializadas nesse setor do ano de 1970 para o ano de 2000, são elas:

Oeste Paranaense, que passou de um QL de 0,45 em 1970 para um QL de 1,14 em

2000; Centro-Sul Mato-Grossense que aumentou seu 0,25 em seu QL do ano 2000

em relação ao do ano 1970 e Sul do Amapá que teve um crescimento de 0,16 no

seu QL nesse período de tempo.

Com relação à administração pública, a Figura 4 revela que, em 1970, as

mesorregiões especializadas nessa atividade eram poucas e localizavam-se

dispersas no território brasileiro. Já no ano de 2000, essa atividade se difundiu e as

mesorregiões especializadas passaram a se concentrar principalmente no Norte e

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Centro-Oeste. A explicação para a grande dispersão dessa atividade no território

nacional se encontra, principalmente, no grande número de municípios que foram

emancipados nesse período. Assim, em grande parte dos municípios, principalmente

os que possuem um contingente populacional menor o setor da administração

pública é um dos setores que mais ocupa mão-de-obra.

Para o setor das atividades sociais a maioria das mesorregiões que possuíam

especialização forte em 1970 localizava-se concentradas no Sudeste e no Sul. Já no

ano de 2000, a localização das mesorregiões especializadas nessas atividades se

dispersou por todo o território brasileiro. O setor de “outras atividades”, no ano de

1970, possuía poucas mesorregiões que eram especializadas e estas se

localizavam principalmente no Sudeste. Em 2000, essas atividades ampliaram sua

distribuição espacial, localizando-se principalmente concentradas na faixa litorânea

que se estende do Sul ao Sudeste, também no Norte e Centro-Oeste.

4 A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DAS MESORREGIÕES BRASILEIRAS

Como apresentado na seção anterior houve uma dispersão de diversas

atividades econômicas no espaço brasileiro, fortalecendo a especialização de

algumas mesorregiões entre 1970 a 2000. Por isso, muitas mesorregiões ampliaram

o número de atividades na qual eram especializadas nesse período. Dessa forma,

para melhor demonstrar quais foram essas mesorregiões que mais sofreram

reestruturação produtiva durante esse período de tempo a Figura 5 mostra os

resultados do Coeficiente de Reestruturação.

Conforme mostra a Figura 5, as mesorregiões que mais se reestruturaram no

período de 1970 a 2000 estavam localizadas no triângulo locacional formado pelo

oeste e norte do Paraná, com o oeste da região Nordeste e o Acre. Isso demonstra

que as mesorregiões que mais se reestruturaram eram aquelas localizadas nas

regiões onde o processo de ocupação econômica do território era recente ou ainda

estava nas suas etapas finais. Por outro lado, as mesorregiões que menos se

reestruturaram eram aquelas que já concentravam a maioria das especializações no

ano de 1970, principalmente o eixo Sul e Sudeste.

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Figura 5 – Coeficiente de Reestruturação, por mesorregiões do Brasil – 1970/2000 Coef. Reest. 1970/2000

Fonte: Resultados da Pesquisa

A Tabela 1 apresenta quais foram as vinte mesorregiões que mais se

reestruturam e as vinte mesorregiões que menos se reestruturam nesse período.

Tabela 1 – As 20 mesorregiões brasileiras com maiores e menores coeficientes de reestruturação – 1970/2000

20 Mesorregiões com Maiores CReest. CReest. 20 Mesorregiões com Menores CReest. CReest.

Sudoeste Mato-grossense 0,6483 Campo das Vertentes 0,2513

Leste Goiano 0,6248 Campinas 0,2459

Oeste Paranaense 0,6070 Sudeste Rio-Grandense 0,2453

Oriental do Tocantins 0,5923 Araraquara 0,2418

Sudeste Mato-grossense 0,5899 Noroeste Espírito-santense 0,2334

Norte Goiano 0,5721 Sudeste Paranaense 0,2319

Noroeste Goiano 0,5571 Metropolitana do Rio de Janeiro 0,2307

Centro Ocidental Paranaense 0,5513 São Francisco Pernambucano 0,2228

Noroeste Paranaense 0,5354 Central Espírito-santense 0,2188

Extremo Oeste Baiano 0,5045 Sertão Alagoano 0,2182

Ocidental do Tocantins 0,5030 Metropolitana de Curitiba 0,2149

Leste Rondoniense 0,5000 Distrito Federal 0,2121

Sudoeste de Mato Grosso do Sul 0,4986 Metropolitana de Salvador 0,2108

Noroeste de Minas 0,4974 Metropolitana de São Paulo 0,2079

Norte Central Paranaense 0,4949 Sudoeste Rio-Grandense 0,1959

Sudeste Paraense 0,4901 Metropolitana de Belém 0,1877

Norte Mato-grossense 0,4815 Metropolitana de Porto Alegre 0,1866

Sudoeste Paranaense 0,4814 Metropolitana de Belo Horizonte 0,1776

Centro-Sul Mato-grossense 0,4804 Metropolitana de Fortaleza 0,1686

Vale do Juruá 0,4777 Metropolitana de Recife 0,1684

Fonte: Resultados da Pesquisa.

Como mostra a Tabela 1 das vinte mesorregiões que menos se

reestruturaram a metade era alguma região metropolitana e as demais eram

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importantes regiões urbanas dos seus respectivos Estados. Ao contrário, a maioria

das mesorregiões que mais se reestruturaram estavam localizadas nos Estados da

Região Centro-Oeste do Brasil ou no Paraná. Seis mesorregiões eram paranaenses

e oito dos Estados ou do Mato Grosso, ou do Mato Grosso do Sul ou de Goiás.

Mas quais foram essas mudanças? Com o objetivo de ajudar a esclarecer

essa questão o Quadro apresenta detalhes sobre quais foram as principais

mudanças na estrutura produtiva dessas mesorregiões.

Quadro 1 – Principais Especializações (QLs) das Mesorregiões que mais se reestruturaram

Mesorregiões 1970 2000

QLs>1 Urbanização QLs>1 Urbanização

Sudoeste Mato-Grossense Agricultura e Pecuária. 8,99% Pecuária, Extração Vegetal, Extração

Mineral e Indústrias Tradicionais. 70,33%

Leste Goiano Agricultura, Pecuária e Extração

Mineral. 24,40%

Pecuária, Extração Mineral, Construção Civil, SIUP, Administração Pública e

Serviços. 86,23%

Oeste Paranaense Agricultura e Pecuária. 19,68% Agricultura, Pecuária, Indústrias Tradicionais, SIUP, Comércio e

Transportes. 81,60%

Oriental do Tocantins Agricultura e Pecuária. 18,93% Agricultura, Pecuária, Extração Mineral, Construção Civil, SIUP e Administração

Pública. 73,94%

Sudeste Mato-Grossense Agricultura, Pecuária e Extração

Mineral. 33,18%

Pecuária, Extração Mineral, Construção Civil, Comércio e Serviços.

85,12%

Norte Goiano Agricultura, Pecuária e Extração

Mineral. 22,98%

Pecuária, Extração Mineral, Construção Civil, SIUP e Administração Pública.

74,24%

Noroeste Goiano Agricultura, Pecuária e Extração

Mineral. 30,59%

Pecuária, Extração Mineral, SIUP e Administração Pública.

74,00%

Centro Ocidental Paranaense Agricultura. 19,03% Agricultura, Pecuária, Indústrias

Tradicionais, Comércio e Administração Pública.

72,56%

Noroeste Paranaense Agricultura. 26,27% Agricultura, Pecuária, Indústrias

Tradicionais e Administração Pública. 77,27%

Extremo Oeste Baiano Agricultura. 18,82% Agricultura, Pecuária e SIUP. 53,23%

Ocidental do Tocantins Agricultura, Pecuária e Outras

atividades. 27,86% Pecuária, SIUP e Administração Pública. 74,52%

Leste Rondoniense --- --- Agricultura, Pecuária e Extração

Vegetal. 57,75%

Sudoeste de Mato Grosso do Sul Agricultura e Pecuária. 31,48% Agricultura, Pecuária e Administração

Pública. 76,97%

Noroeste de Minas Agricultura, Pecuária, Extração

Vegetal e Extração Mineral. 25,10%

Agricultura, Pecuária, Extração Vegetal. Extração Mineral e SIUP.

74,66%

Norte Central Paranaense Agricultura e Comércio. 39,95% Pecuária, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil e Comércio. 88,44%

Sudeste Paraense Agricultura, Pecuária, Extração

Vegetal e Extração Mineral. 30,95%

Agricultura, Pecuária, Extração Vegetal, Extração Mineral, Indústrias Tradicionais

e Outras atividades. 63,72%

Norte Mato-Grossense Agricultura, Pecuária, Extração

Vegetal e Extração Mineral. 22,32%

Agricultura, Pecuária, Extração Vegetal, Extração Mineral, Indústrias Tradicionais

e Outras atividades. 69,83%

Sudoeste Paranaense Agricultura. 18,01% Agricultura, Pecuária, Indústrias Tradicionais e Outras atividades.

59,89%

Centro-Sul Mato-Grossense

Agricultura, Pecuária, Extração Mineral, Construção Civil, Administração Pública e

Atividades Sociais.

45,80%

Pecuária, Extração Mineral, Indústrias Não Tradicionais, Construção Civil,

SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades

Sociais, Serviços e Outras atividades.

90,49%

Vale do Juruá Extração Vegetal. 18,86%

Agricultura, Pecuária, Extração Vegetal, Indústrias Tradicionais, SIUP,

Administração Pública, Atividades Sociais e Outras atividades.

48,14%

Fonte: Resultados da Pesquisa.

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Conforme mostra o Quadro 1 existem duas características principais em

relação as mesorregiões que mais se reestruturaram:

Primeiro: o aumento no grau de urbanização nessas mesorregiões. Isso foi

acarretado pelos efeitos do processo de mecanização e tecnificação da agricultura

ocorrida no final do século XX, bem como a transferência de contingentes

populacionais para as novas áreas de ocupação e o fortalecimento das cidades

médias no interior do país. Assim, um grande contingente populacional rural se

deslocou para os centros urbanos em busca de novas oportunidades de emprego e

renda. Desse modo, a proporção da população urbana sobre a população total

aumentou significativamente. O melhor exemplo foi da mesorregião Sudoeste Mato-

Grossense que passou de uma taxa de urbanização de 8,99% no ano de 1970 para

70,33% no ano de 2000. Isso se refletiu nos setores que mais concentravam as

pessoas ocupadas: em 1970 os setores da Agricultura, Pecuária e das Indústrias

Tradicionais concentravam juntos 85,87% (76,03%, 6,58%, 3,26% respectivamente);

já em 2000 os setores que mais concentravam nessa mesorregião eram a pecuária

com 17,70%, a prestação de serviços com 16,86% e o comércio com 13,48%

(48,05%). Desse mesmo modo, todas as mesorregiões que mais se reestruturaram

apresentaram um grande aumento em suas taxas de urbanização e nas suas

especializações.

Segundo: a grande diversificação produtiva dessas mesorregiões. No ano de

1970 as principais especializações produtivas estavam relacionadas ao setor

primário da economia, principalmente a agricultura e a pecuária. Já, no ano de 2000,

percebe-se um avanço para as atividades secundárias e terciárias. Assim, o

conjunto dessas mesorregiões passou de um continuum urbano-rural para um

continuum urbano-industrial durante 1970 a 2000. Parte da explicação reside no

próprio aumento populacional, principalmente a urbana.

Com isso, essa reestruturação produtiva se refletiu na própria dinâmica da

divisão social do trabalho e populacional de todas as regiões do Brasil. A Tabela 2

mostra que das cinco grandes regiões do Brasil duas apresentaram grande

destaque no crescimento populacional total entre 1970 e 2000, quais sejam: o

Centro-Oeste que apresentou um crescimento de 155,67% e a região Norte com

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212,76% para o período. As demais regiões também apresentam crescimento mas

com uma proporção menor. Além disso, a despeito o grande crescimento do Centro-

Oeste e do Norte a concentração população se manteve no Sudeste e no Nordeste.

Tabela 2 - População residente total, urbana e rural, por regiões - 1970 e 2000

Região População residente - TOTAL População residente - URBANA População residente - RURAL

Grau de Urbanização %

1970 2000 ∆% 1970 2000 ∆% 1970 2000 ∆% 1970 2000 ∆%

Centro-oeste 4.551.391 11.636.728 155,67 2.309.365 10.092.976 337,05 2.242.026 1.543.752 -31,14 50,74 86,73 35,99

Norte 4.124.818 12.900.704 212,76 1.755.862 9.014.365 413,39 2.368.956 3.886.339 64,05 42,57 69,87 27,31

Nordeste 28.111.551 47.741.711 69,83 11.756.451 32.975.425 180,49 16.355.100 14.766.286 -9,71 41,82 69,07 27,25

Sul 16.496.322 25.107.616 52,20 7.305.650 20.321.999 178,17 9.190.672 4.785.617 -47,93 44,29 80,94 36,65

Sudeste 39.850.764 72.412.411 81,71 28.969.932 65.549.194 126,27 10.880.832 6.863.217 -36,92 72,70 90,52 17,83

Fonte: IPEADATA, 2010.

Com relação à população urbana o destaque no crescimento percentual

também fica com o Centro-Oeste e o Norte. Na região Centro-Oeste se localizavam

a maioria das mesorregiões que mais se reestruturam no período de 1970 a 2000.

Também foi essa região do Brasil que apresentou o maior crescimento da sua

população urbana nesse período, bem como a segunda que aumentou mais o seu

grau de urbanização.

Na população rural encontra-se uma característica interessante para a Região

Norte: enquanto as demais regiões apresentaram redução na população rural que

ficaram na ordem de -9,71% e -47,93% essa região apresentou crescimento de

64,05%. Da mesma forma é possível visualizar que todas as regiões ampliaram o

grau de urbanização com aumento na ordem de 17,81% para a Região Sudeste até

36,65% para a Região Sul.

O Destaque da Região Centro-Oeste também aparece quando se analisa o

Produto Interno Bruto, conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Produto Interno Bruto (PIB) total e setorial, por regiões - 1970 e 2000

Região

PIB Total (em milhões de R$)

PIB Agropecuária (em milhões de R$)

PIB Indústria (em milhões de R$)

PIB Serviços (em milhões de R$)

1970 2000 ∆% 1970 2000 ∆% 1970 2000 ∆% 1970 2000 ∆%

Centro-oeste 11.049 76.542 592,8 2.652 9.943 275,0 774 13.747 1.676,4 7.623 49.628 551,0

Norte 6.171 50.650 720,7 1.454 5.904 306,1 932 18.463 1.881,4 3.786 22.752 501,0

Nordeste 33.406 144.135 331,5 7.467 12.575 68,4 6.127 47.367 673,1 19.812 73.292 269,9

Sul 47.688 193.534 305,8 11.958 23.290 94,8 10.447 76.998 637,0 25.284 79.858 215,8

Sudeste 187.058 636.394 240,2 12.247 24.838 102,8 69.122 254.625 268,4 105.689 308.207 191,6

Fonte: IPEADATA, 2010.

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Conforme apresenta a Tabela 3, o Produto Interno Bruto (PIB), também

apresentou crescimento significativo em todas as regiões, sendo que em todos os

setores e no total as regiões Centro-Oeste e Norte foram as que mais se

destacaram. O grande número de mesorregiões que apresentaram grande

reestruturação produtiva nessas regiões e que passaram de um continuum urbano-

rural para um continuum urbano-industrial podem ter corroborado nesse grande

dinamismo do PIB setorial e total. Mesmo assim, quando se avaliam os valores

absolutos os principais destaques se mantêm nas regiões Sudeste e Sul.

A concentração econômica nas regiões Sudeste e Sul se reduziu nos anos

1980, mas voltou a se fortalecer nos anos 1990. Isso se refletiu no fato de que as

mesorregiões mais diversificadas estavam localizadas nessas duas grandes regiões

do Brasil. O Quadro 2 mostra maiores detalhes sobre quais foram as mudanças nas

especializações e no grau de urbanização das mesorregiões que apresentaram os

menores índices de reestruturação no período de 1970 a 2000.

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Quadro 2 – Principais Especializações (QLs) das Mesorregiões que menos se reestruturaram

Mesorregiões 1970 2000

QLs>1 Urbanização QLs>1 Urbanização

Campo das Vertentes Pecuária, Extração Mineral, Indústrias Tradicionais, Construção Civil, SIUP,

Transportes, Atividades Sociais e Serviços. 59,55%

Agricultura, Pecuária, Extração Mineral, Construção Civil, Administração Pública e

Atividades Sociais. 81,11%

Campinas

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais e

Serviços.

72,38%

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades

Sociais, Serviços e Outras atividades.

93,73%

Sudeste Rio-Grandense

Pecuária, Extração Vegetal, Extração Mineral, Indústrias Tradicionais, SIUP, Comércio,

Transportes, Administração Pública e Atividades Sociais.

54,55% Agricultura, Pecuária, Extração Vegetal,

Comércio e Transportes. 80,58%

Araraquara Pecuária, Indústrias Dinâmicas, Indústrias

Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Atividades Sociais e Serviços.

71,88% Indústrias Dinâmicas, Indústrias

Tradicionais, Construção Civil, Comércio, Atividades Sociais e Serviços.

92,59%

Noroeste Espírito-Santense Agricultura e Pecuária. 31,72% Agricultura, Extração Mineral, Indústrias

Tradicionais e SIUP. 62,13%

Sudeste Paranaense Agricultura, Extração Vegetal e Indústrias

Tradicionais. 28,01%

Agricultura, Extração Vegetal e Indústrias Tradicionais.

53,56%

Metropolitana do Rio de Janeiro

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais,

Serviços e Outras atividades.

95,26%

Indústrias Não Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades

Sociais, Serviços e Outras atividades.

98,43%

São Francisco Pernambucano Agricultura, Administração Pública e Outras

atividades. 38,25% Agricultura e SIUP. 60,99%

Central Espírito-Santense Extração Mineral, Construção Civil, SIUP,

Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais e Serviços.

62,43% Extração Mineral, Construção Civil,

Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais e Serviços.

88,54%

Sertão Alagoano Agricultura. 23,99% Agricultura, SIUP e Administração

Pública. 42,49%

Metropolitana de Curitiba

Extração Mineral, Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias

Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades

Sociais, Serviços e Outras atividades.

72,87%

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Construção Civil, Comércio, Transportes, Atividades Sociais, Serviços

e Outras atividades.

90,55%

Distrito Federal

Indústrias Não Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais, Serviços e Outras

atividades.

96,00% Indústrias Não Tradicionais, SIUP,

Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais e Serviços.

95,63%

Metropolitana de Salvador

Extração Mineral, Indústrias Não Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes,

Administração Pública, Atividades Sociais, Serviços e Outras atividades.

78,93%

Extração Vegetal, Extração Mineral, Indústrias Não Tradicionais, Construção

Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades

Sociais, Serviços e Outras atividades.

92,49%

Metropolitana de São Paulo

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais,

Serviços e Outras atividades.

96,65%

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Comércio, Transportes, Atividades Sociais, Serviços e Outras

atividades.

96,02%

Sudoeste Rio-Grandense Pecuária, Construção Civil, SIUP, Comércio,

Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais e Serviços.

65,81% Pecuária, SIUP, Comércio, Transportes,

Administração Pública e Serviços. 86,50%

Metropolitana de Belém

Extração Vegetal, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública,

Atividades Sociais e Serviços.

83,63%

Extração Vegetal, Indústrias Não Tradicionais, SIUP, Comércio,

Transportes, Administração Pública e Serviços.

93,82%

Metropolitana de Porto Alegre

Extração Mineral, Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias

Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades

Sociais e Serviços.

76,42%

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil, Comércio, Transportes, Atividades Sociais, Serviços e Outras

atividades.

92,02%

Metropolitana de Belo Horizonte

Extração Mineral, Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais, Serviços e Outras

atividades.

78,88%

Extração Mineral, Indústrias Dinâmicas, Construção Civil, SIUP, Comércio,

Transportes, Atividades Sociais, Serviços e Outras atividades.

93,96%

Metropolitana de Fortaleza

Extração Mineral, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública,

Atividades Sociais, Serviços e Outras atividades.

82,64%

Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais, Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Atividades

Sociais, Serviços e Outras atividades.

97,25%

Metropolitana de Recife

Indústrias Dinâmicas, Indústrias Não Tradicionais, Indústrias Tradicionais,

Construção Civil, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais,

Serviços e Outras atividades.

90,84%

Indústrias Não Tradicionais, SIUP, Comércio, Transportes, Administração Pública, Atividades Sociais, Serviços e

Outras atividades.

96,92%

Fonte: Resultados da Pesquisa.

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Conforme mostra o Quadro 2 a maioria das mesorregiões apresentadas já

possuíam duas características comuns no ano de 1970: diversificação produtiva

ligadas principalmente aos setores da indústria e dos serviços, e alta taxa de

urbanização. Ou seja, essas mesorregiões reforçaram suas diversificações e

ampliaram sua urbanização. Como, no geral, eram regiões pólo de grande

concentração populacional em seus respectivos Estados, essas mesorregiões

apenas ampliaram suas posições de pólos regionais. As exceções eram as

mesorregiões Noroeste Espírito-Santense, Sudeste Paranaense e Sertão Alagoano

que tinham baixo grau de urbanização e especializações ligadas ao setor primário

da economia. O que ocorreu para elas terem apresentado baixo grau de

reestruturação foi que elas reforçaram suas especializações do setor primário e

apresentaram um pequeno aumento no grau de urbanização. Logo, as mudanças

foram bem inferiores se comparadas às mesorregiões que mais se reestruturaram.

Neste contexto, o Gráfico 1 sintetiza o padrão de dispersão das diferentes

atividades econômicas apresentando os resultados do coeficiente de redistribuição

para o período de 1970 a 2000. Nota-se que as atividades que apresentaram menos

mudanças na distribuição especial entre 1970 a 2000 foram o transporte e

comunicação, a construção civil e as atividades sociais. Esses três setores eram

bastante concentrados nas mesorregiões Metropolitanas de São Paulo, Rio de

Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e de Salvador. Essas cinco mesorregiões

metropolitanas concentravam 35,38% das pessoas ocupadas no setor de transporte

e comunicação, 35,56% do setor da construção civil e 31,68% do setor das

atividades sociais em 1970. Em 2000 esses números passaram para 37,24%,

28,65%, e 34,28%, respectivamente. Ou seja, essas mesorregiões consolidaram

suas participações no período.

Por outro lado, as atividades que mais se dispersaram pelo território nacional

foram: a indústria de extração mineral, o setor de extração vegetal, os serviços

industriais de utilidade pública, e as indústrias dinâmicas.

No setor das indústrias de extração o que ocorreu foi uma mudança na

hierarquia de algumas mesorregiões que mais concentravam pessoas ocupadas. A

mesorregião metropolitana de Belo Horizonte concentrava cerca de 10% dessas

pessoas em 1970 e em 2000. Porém, as três mesorregiões com maior participação

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depois dessa mesorregião mineira eram a Metropolitana de São Paulo, a

Metropolitana de Salvador e a Sul Catarinense em 1970. Já em 2000 quem ficava

nessas colocações eram a Sudoeste Paraense, a Metropolitana do Rio de Janeiro e

a Norte Fluminense.

Gráfico 1 – Coeficiente de Redistribuição, por atividades econômicas – 1970/2000

0,2757

0,2639

0,2554

0,2522

0,2392

0,2333

0,2051

0,1918

0,1842

0,1695

0,1575

0,1482

0,1323

0,1270

0,1196

0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000

Extração Mineral

Ext. veg., caça, pesca

SIUP

Ind. Dinâmicas

Ind. Tradicionais

Pecuária

Ind. Não-Tradicionais

Adm. Públ.

Outras atividades

Agricultura

Prest. de serviços

Comércio

Atividades sociais

Construção Civil

Transporte e com.

Fonte: Resultados da Pesquisa

No setor de extração vegetal as cinco mesorregiões que mais concentravam

em 1970 tinham um participação de 30,20% e em 2000 de 24%, sendo que as

mesorregiões Norte Maranhense, Nordeste Paraense, Leste Maranhense e Marajó

estavam entre as quatro com maior destaque e a única mudanças foi o Sul Baiano

que ficou na quinta colocação nesse hierarquia em 2000. Já, nos SIUP as cinco

mesorregiões que mais concentravam apresentavam 39,80% em 1970 contra 29%

em 2000, sendo essas mesorregiões todas metropolitanas (Metropolitana de São

Paulo, Metropolitana do Rio de Janeiro, Metropolitana de Belo Horizonte,

Metropolitana de Salvador e Metropolitana de Recife em 2000).

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Com relação às indústrias dinâmicas as mesorregiões que tinham maior

participação em 1970 eram: Metropolitana de São Paulo com 47,20%, Metropolitana

do Rio de Janeiro com 4,73%, Metropolitana de Porto Alegre com 4,32%,

Metropolitana de Belo Horizonte com 4,15% e Campinas com 3,98%. Juntas

concentravam 64,38%. No ano de 2000 não houve muita mudança na hierarquia,

mas sim no quanto essas cinco mesorregiões concentravam: a Metropolitana de São

Paulo passou para 24,73%, a Metropolitana do Rio de Janeiro para 5,43%, a

mesorregião de Campinas para 5,16%, a Metropolitana de Belo Horizonte para

4,93% e a Metropolitana de Porto Alegre para 4,02%. Ou seja, a maior diferença foi

a diminuição da participação da mesorregião metropolitana de São Paulo. No

conjunto, as cinco mesorregiões passaram a apresentar uma participação de

44,28% no ano de 2000 mostrando o quanto esse setor se difundiu para outras

mesorregiões.

CONCLUSÃO

O objetivo deste artigo foi analisar a reestruturação das mesorregiões do

Brasil e a redistribuição espacial das atividades econômicas no período de 1970 a

2000.

Os resultados da pesquisa mostraram que no caso da pecuária e da

agricultura de um lado os resultados demonstram a coexistência das atividades na

ocupação da mão-de-obra, principalmente no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa

Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, etc. Essa coexistência se dá de um lado pela

integração com os Complexos Agroindustriais (caso da região Centro-Sul) de carnes

(aves, suínos, bovinos). Porém, esse perfil muda no Centro Oeste e no Nordeste. No

Nordeste, as atividades de ocupação entre as áreas agrícolas e pecuárias

concorrem com a ocupação da agricultura familiar e se complementam. Já no

Centro-Oeste, a substituição das florestas e das savanas por pastagens e lavouras

se intercala ao longo do tempo conforme as áreas vão sendo ocupadas. Enquanto

no Sul e Nordeste as atividades coexistem em conjunto e se complementam, no

Centro-Oeste representam em algumas áreas apenas fases de ocupação das terras

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e do uso do solo. Outra particularidade do indicador é que o avanço da agropecuária

reduz as áreas usadas na ocupação da mão-de-obra com extrativismo vegetal, caça

e pesca. Ou seja, a ocupação do espaço pela agricultura e pecuária, que na fronteira

amazônica significa desmatamento, modifica internamente a divisão social do

trabalho no setor primário.

Os resultados da pesquisa sobre a reestruturação espacial da divisão social

do trabalho demonstraram que a mesma ocorreu de forma mais intensiva ao longo

da fronteira agrícola priorizando as regiões de ocupação recente ou em fase final de

ocupação. Além disso, a reestruturação intermediária ocorreu nas mesorregiões que

tradicionalmente são fornecedoras de contingentes populacionais para as novas

frentes de ocupação.

Além disso, como resultado desse processo de mudança nas estruturas

produtivas das mesorregiões os setores da indústria de extração mineral, da

extração vegetal, dos serviços industriais de utilidade pública, e das indústrias

dinâmicas apresentaram maior dispersão especial para o período de 1970 a 2000.

Essa dispersão ocorreu em direções diferenciadas refletindo as particularidades de

cada um, como no caso das indústrias dinâmicas que se dispersaram para

mesorregiões próximas.

REFERÊNCIAS ALVES, L. R. Distribuição das atividades econômicas e desenvolvimento regional em mesorregiões selecionadas do Sul do Brasil: 1970-2000. Dissertação (Mestrado), Universidade de Santa Cruz do Sul, 2008. CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1986. DELGADO, A. P.; GODINHO, I. M. Medidas de localização das actividades e de especialização regional. In: COSTA, J. S. (Coord.). Compêndio de Economia Regional. Lisboa: APDR, p. 723-742, 2002. HADDAD, P. Economia regional: Teorias e métodos de análise, Fortaleza, ETENE-BNB, p. 207-286, 1989. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1994.

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