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UM NOVO OLHAR PARA O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA ATRAVÉS DA AVALIAÇÃO FORMATIVA
AUTORA: Conceição Valeriano Acordi1
ORIENTADORA: Juliana Reichert Assunção Tonelli2
RESUMO
Estamos vivendo em um mundo globalizado, na era dos avanços científicos, tecnológicos e dos chamados nativos digitais. Esta realidade exige, cada vez mais, novas estratégias e práticas docentes não somente no processo de ensino e da aprendizagem, mas também no processo avaliativo. Sabemos que, em muitos casos, a avaliação da aprendizagem faz parte da rotina da sala de aula, como aspecto complementar do processo ensino e aprendizagem. Todavia, no nosso entendimento, a avaliação deve ser parte central tanto das atividades dos professores quanto dos alunos. Por entendermos que avaliar é também proporcionar o desenvolvimento do aluno, nesse trabalho focamos a avaliação formativa, a qual propõe a observação constante e contínua dos percursos de aprendizagem, estimulando o apontamento de informações e pistas relevantes à compreensão de problemas e obstáculos interpostos à aprendizagem.Portanto, mais que a identificação das dificuldades, a avaliação formativa tem como resultado a promoção de ajustes e readequações dos procedimentos de ensino. O presente artigo tem por objetivo 1) revisitar conceitos de avaliação disseminados na literatura; 2) refletir sobre as atuais práticas de avaliação, feitas aos nossos alunos do Ensino Fundamental II e; 3) sugerir possíveis critérios e mudanças na avaliação da aprendizagem de inglês. Almejamos também investigar o entendimento dos alunos sobre avaliação da aprendizagem através da implementação do material didático fazendo uso de questionários; gêneros textuais; atividades orais, escritas e instrumentos avaliativos pré-estabelecidos, com a intencionalidade de obter avanços no ensino da língua inglesa.
Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem; avaliação formativa; Ensino de inglês
1 Professora PDE 2012 de Língua Inglesa, Graduada em Letras Português/Inglês, e Letras
Português/Espanhol, Especialização em Língua Portuguesa e Literatura. 2 Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina,Professora Adjunta no
Departamento de Língua Estrangeira Moderna da Universidade Estadual de Londrina.
INTRODUÇÃO
Este artigo é fruto da pesquisa por mim desenvolvida ao longo de minha3
formação continuada do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O tema
avaliação da aprendizagem da língua inglesa, tem como objetivo resgatar o
interesse dos alunos pela disciplina de Inglês (LI), e propor possíveis formas de
avaliar. O interesse pelo tema surgiu de minha prática docente e também da
percepção a respeito de como a avaliação do ensino e aprendizagem da LI vem
sendo desenvolvida especialmente no ensino público.
Ao ingressarem no ensino fundamental II, os alunos chegam com muito
entusiasmo e com a expectativa de dominar a LI, mas com o decorrer dos anos eles
percebem que nem sempre conseguem. Alguns fatores podem contribuir para o
insucesso do ensino e da aprendizagem da LI na escola, como por exemplo, a
escassez de recursos didáticos, quantidade de horas insuficiente de contato com a
língua na escola, irregularidade na oferta – em algumas escolas, a língua
estrangeira ofertada em um determinado nível escolar, não é a mesma ofertada no
nível seguinte.
Todos estes e outros fatores podem fazer com que os alunos percam a
motivação pela aprendizagem de línguas, em nosso caso a LI. Em razão disso,
muitos chegam ao 9º ano do Ensino Fundamental II praticamente sem nenhum
interesse pela disciplina. Por essa razão, aplicamos o nosso material didático nesse
nível escolar, objetivando resgatar o interesse pela LI.
Este artigo tem sua sustentação teórica em Furtoso (2008), Garcia (1984),
Hadji (2001), Haydt (1988), Hoffmann (1991 e 2003), Luckesi (1995 e 2005),
Perrenoud (1999), Pontes e Soares (2010), Ramos (2001), Scaramucci (2006),
Souza (1997) e Vasconcellos (2003).
3 Entendemos ser apropriado o uso da 1ª pessoa do singular neste trecho por tratar de descrição da
trajetória pessoal da autora.
A avaliação faz parte da vida do ser humano. Somos avaliados ao longo de
toda a nossa história. Da mesma forma, a avaliação faz parte do sistema de ensino.
Contudo, acreditamos que é possível e preciso usá-la como meio para promover a
aprendizagem e não o desinteresse e a marginalização do aluno. Isto é, na maioria
das vezes, em função da forma como ele é avaliado, pode trazer desestímulo e
possível aversão pela disciplina. Caso não obtenha “êxito” na aprendizagem, o aluno
passa a acreditar que não aprende e, em decorrência deste fato, vem a
desmotivação para a aprendizagem e até mesmo a evasão.
Neste trabalho, procuramos lançar um novo olhar sobre a avaliação da
aprendizagem em LI. Resgatando a avaliação formativa através do uso de gêneros
textuais e de atividades facilitadoras da aprendizagem. A avaliação dos alunos foi
realizada ao longo de toda a implementação fazendo uso de instrumentos
avaliativos diversos e, assim, cumprir a função da avaliação formativa. Não
queremos com isto dizer que usamos instrumentos inéditos, mas diferentes dos
habituais (provas, testes e exames).
Buscamos orientar e acompanhar o aluno durante todo o processo, levando
em conta as diferentes formas de aprendizagem de cada um. Permitindo ao
professor organizar o trabalho segundo a necessidade da turma e dos objetivos
propostos. Para isto, lançamos mão dos seguintes gêneros textuais: carta pessoal,
carta de amor,carta de reclamação e e-mail para contextualizar o nosso objeto de
pesquisa: a “avaliação da aprendizagem de LI.”
Definindo a Avaliação
O Dicionário Aurélio apresenta a definição de avaliação como sendo: 1- ação
ou efeito de avaliar, 2- procedimento de cálculo do valor de um bem, 3- estimativa, 4
– valor determinado por quem avalia.
Para o bom direcionamento de todas as nossas práticas docentes diárias,
acreditamos na importância da avaliação por tratar-se de uma necessidade dos
seres humanos. Em razão disso, avaliamos e somos avaliados pelas pessoas e pela
sociedade em todos os momentos da nossa vida, ou seja, em nosso trabalho; em
nossa casa; pelas nossas atitudes; nas nossas amizades; pela nossa aparência, etc.
Logo, a avaliação é uma forma de medir a qualidade de uma situação, de um ser ou,
de um objeto.
A avaliação educacional não é diferente. Precisamos avaliar para apresentar
uma nota aos pais e ao sistema de um modo geral. Por essa razão, cabe as escolas
e cursos apresentarem seus resultados, sejam eles através de notas ou conceitos.
Vasconcelos (1998) observa que a avaliação é um processo abrangente ao
ser humano:
A avaliação deve ser um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática no sentido de captar seus avanços e possibilitar uma tomada de decisões, acompanhando a pessoa em seu processo de crescimento (VASCONCELOS, 1998, p.43).
Além disso, HOFFMANN (1994, p. 58), defende que “Avaliação significa ação
provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações
vividas. A formular e reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber
enriquecido”. Portanto, avaliar não se restringe apenas a dar notas, mas, sobretudo,
refletir, observar e modificar o desenvolvimento das atividades a fim de promover o
êxito no processo ensino aprendizagem.
A concepção de avaliação proposta pelos PCNs ( BRASIL,1997) pretende
suplantar a concepção tradicional de avaliação tomando-a como parte integrante e
inerente ao processo educacional. Os documentos são contrários à avaliação
tradicional, considerada limitada no julgamento sobre sucessos ou fracassos do
aluno
Na visão do referido documento, a avaliação é um conjunto de atuações com
a função de alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica. Deve
acontecer "contínua e sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do
conhecimento construído pelo aluno.” (BRASIL,1997, p. 81).
Neste sentido, A avaliação funciona como um instrumento que busca
entender o quanto o aluno se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem que
o professor tem em determinados momentos da escolaridade, em função da
intervenção pedagógica realizada.
Em nossas intervenções pedagógicas precisamos acompanhar, interferir
quando necessário e, nos preocuparmos com cada aluno considerando suas
particularidades. Para constatarmos se estas estão sendo atendidas de modo
satisfatório e proporcionando a real aprendizagem da disciplina. Independente da
necessidade de apresentar uma nota no final de um período letivo, é importante
também tomá-la como forma de avaliação do trabalho pedagógico.
Conceitos e funções de avaliação no ensino e aprendizagem de
língua inglesa
Revisitado conceitos avaliativos por meio de pesquisa da literatura
disseminada, passamos a refletir sobre as avaliações que usualmente aplicamos
aos nossos alunos. Concluímos que a prática avaliativa mais comum decorre da
necessidade (e da/exigência) de apresentarmos resultados em forma de notas - uma
exigência do sistema educacional brasileiro. Todavia, acreditamos que essa não é a
única finalidade da avaliação, a qual pode-se identificar como componentes
integrantes da prática pedagógica, como mecanismo de ações que incide de forma
direta sobre o ensino aprendizagem dos nossos alunos.
A Avaliação realizada no cotidiano segundo Hoffman:
[...] significa refletir para mudar, para tentar melhorar nossas vidas. Fazemos isso todo o dia, todo o tempo, sem programações ou registros formais sobre nossos descaminhos até então. Tentamos várias vezes descobrir melhores soluções para um determinado problema e amadurecemos a partir de algumas tentativas frustradas. (HOFFMANN, 1993, p. 186).
A avaliação formativa tem como função primordial favorecer a aprendizagem.
Portanto esse tipo de avaliação possibilita ao professor retomadas com novas
atividades, práticas e métodos de ensino diante de possíveis dúvidas e dificuldades
apresentadas pelos alunos no momento da execução. É um momento único de
conversa que oportuniza ao aluno entender se evoluiu ou não e os possíveis motivos
disto.
De acordo com Pontes e Soares: ( 2010, p. 109)
Avaliar é necessário não somente para dar notas aos alunos mas, sim, para verificar o quanto eles conseguiram aprender daquilo que lhes foi passado. A avaliação da aprendizagem existe para garantir a qualidade da aprendizagem do aluno.
Segundo Luckesi (1995), para atingir o seu verdadeiro significado a avaliação
da aprendizagem precisa, acolher a função de contribuir com a construção da
aprendizagem bem sucedida. Ainda segundo o mesmo autor: a circunstância
essencial para que isso aconteça é de que a avaliação não seja usada como um
mecanismo de superioridade, que determine sobre os destinos do educando e adote
o papel de facilitar o seu progresso
A avaliação é bem mais ampla do que apenas atribuir notas por meio de
provas e testes. Contudo, é preciso pensar em outros critérios e novos instrumentos
para garantir a formação crítica do sujeito. Ou seja, a sua compreensão e seu
envolvimento no processo de ensino e processo avaliativo, acompanhando seus
erros e avanços.
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná ( PARANÁ,
2008) a avaliação deve ser um instrumento para investigar as práticas pedagógicas,
ser continua e formativa, fazendo parte do processo de ensino/aprendizagem.
Permitindo-nos conhecer o resultado do nosso trabalho, bem como refletir sobre ele
e mudar nossas ações. Desse modo, a avaliação não seria tão somente um
instrumento para a aprovação ou reprovação dos alunos. Mas sim um instrumento
de diagnóstico de sua situação, perante a definição de encaminhamentos
adequados para a sua aprendizagem. ( DCEs, 2008,p.31).
Ainda segundo as DCEs “A avaliação da aprendizagem em Língua
Estrangeira Moderna está articulada aos fundamentos teóricos explicitados nestas
Diretrizes e na LDB n. 9394/96.” (DCEs, 2008, p.69)
De acordo com as DCEs:
Na Educação Básica, a avaliação de determinada produção em Língua Estrangeira considera o erro como efeito da própria prática, ou seja, como resultado do processo de aquisição de uma nova língua. Portanto, o erro deve ser visto como um passo para que a aprendizagem se efetive e não como um entrave no processo(...).(PARANÁ, 2008, p. 70)
A avaliação formativa não tem como propósito selecionar ou classificar,
devido estar embasada nos processos de aprendizagem significativos e funcionais,
aplicadas em diversos contextos, inovando-se sempre que precisar. Ela também tem
como primórdio essencial avaliar o que ensina, tendo a avaliação encadeada ao
processo de ensino, inicialmente para conhecer seu aluno, melhorando as
estratégias de ensino, servindo de critério de como está se desenvolvendo o
trabalho, para que juntos professor e aluno possam reconhecer o desenvolvimento
tanto do educando, quanto do trabalho do professor.
De acordo com HADJI, o professor precisa modificar suas práticas
pedagógicas, de forma variada e flexível, se quiser que a avaliação formativa
realmente aconteça:
A avaliação formativa implica, por parte do professor, flexibilidade e vontade de adaptação, de ajuste. Este é sem dúvida um dos únicos indicativos capazes de fazer com que se reconheça de fora uma avaliação formativa: o aumento da variabilidade didática. Uma avaliação que não é seguida por uma modificação das práticas do professor tem poucas chances de ser formativa! Por outro lado, compreende-se por que se diz frequentemente que a avaliação formativa é, antes, contínua. [...] As correções a serem feitas com o objetivo de melhorar o desempenho do aluno, e que concernem portanto tanto à ação de ensino do professor quanto à atividade de aprendizagem do aluno, são escolhidas em função da análise da situação, tornada possível pela avaliação formativa. (HADJI, 2001, p.21).
Optamos pela “Avaliação Formativa” por compreendermos que esta pode
proporcionar encaminhamentos de aprendizagem e reformulação das práticas do
professor. Sendo concebida como colaboradora e, centrada na tarefa e no processo
de aprendizagem dos alunos, a avaliação formativa pode ser um instrumento
utilizado pelo professor que, a partir do feedback recebido, auxilia, coopera e orienta
o educando no decorrer do processo, pois este apresenta um elo de ligação com a
avaliação, conforme HAYDT:
Para o fato da avaliação formativa estar muito ligada ao mecanismo de feedback, o que permite ao professor detectar e identificar sucessos e insucessos no processo de ensino, possibilitando reformulações no seu trabalho didático, quando necessário, visando aperfeiçoá-lo. Para a autora,
é através da modalidade formativa que a avaliação assume sua dimensão orientadora e cooperativa, ou seja, a avaliação ajuda o aluno a progredir na aprendizagem e o professor a reorganizar sua ação pedagógica. Para o aluno, a avaliação deve ser um meio para superar as dificuldades e continuar progredindo na aprendizagem; para o professor deve ser um meio de aperfeiçoar seus procedimentos de ensino. (Haydt, 2004 apud FURTOSO, 2008,p.141).
Furtoso (2008), também aponta que a maioria das universidades ainda não
oferece em seus cursos de formação para professores abordagem sobre avaliação,
e aquelas que oferecem fazem durante o estágio curricular supervisionado. Todavia,
a autora pondera que, muitas vezes, em função do excesso de atividades, não há
espaço suficiente para que os futuros professores consigam estudar de forma
aprofundada essa temática.
Ainda no conceber de Furtoso (2008) a questão “avaliação” deveria compor a
grade curricular dos cursos de graduação ou ser discutida como prática dos
formadores. Infelizmente isso ainda não é a nossa realidade e a prática avaliativa
tem seguido modelos questionáveis, inserindo professores com uma formação
incompleta no mercado de trabalho.
Para Garcia (1984), a avaliação só tem coerência se tiver como ponto de
partida e ponto de chegada o processo pedagógico para que, sejam constatados os
motivos do êxito ou do insucesso, e sejam criadas técnicas adequadas de
enfrentamento para o caso.
Conforme Souza (1991), o avaliar deve estar apoiado nos seguintes passos:
1. Continuidade: a avaliação deve estar presente durante todo o processo educacional, e não somente em períodos específicos; 2. Compatibilidade com os objetivos propostos: a avaliação deve estar em conformidade com os objetivos definidos como norteadores do processo educacional para que venha realmente cumprir a função de diagnóstico; 3. Amplitude: a avaliação deve estar presente em todas as perspectivas do processo educacional, avaliando assim todos os comportamentos do domínio ( cognitivo, efetivo e psicomotor); 4. Diversidade de formas: para avaliar devemos utilizar as várias técnicas possíveis visando também avaliar todos os comportamentos do domínio.
De acordo com Scaramucci a avaliação da língua estrangeira precisa ser
repensada e refletida pelo professor:
Como grande parte das dificuldades do professor no exercício de sua prática avaliativa é gerada pela ausência de uma reflexão acerca do construto que irá fundamentar sua avaliação, seria importante que o professor avaliador de língua estrangeira estivesse capacitado para responder às seguintes perguntas: Qual é a minha visão de linguagem? E de língua estrangeira? Qual minha visão de ensino/aprendizagem de língua estrangeita? Minha prática de ensino é consistente com minha visão de língua estrangeira e de ensino/aprendizagem de língua estrangeira? Minha prática avaliativa é consistente com essa visão de ensino/aprendizagem? A seleção dos materiais didáticos, métodos e técnicas por mim usados são consistentes com essa visão? (Scaramucci, 2006 apud FURTOSO,2006,p.209-210).
Segundo HADJI, a avaliação só é formativa quando favorece o desenvolvimento e informa os atores do processo:
A avaliação torna-se formativa na medida em que “´[...] se inscreve em um projeto educativo específico, o de favorecer o desenvolvimento daquele que aprende, deixando de lado qualquer outra preocupação”.[...] uma avaliação formativa informa os dois principais atores do processo: O professor, que será informado dos efeitos reais de seu trabalho pedagógico, poderá regular sua ação a partir disso.O aluno que não somente saberá onde anda, mas poderá tomar consciência das dificuldades que encontra e torna-se-á capaz, na melhor das hipóteses, de reconhecer e corrigir ele próprio seus erros.(HADJI, 2001, p.20).
Para o autor Perrenoud
Uma verdadeira avaliação formativa é necessáriamente acompanhada de uma intervenção diferenciada, com o que isso supõe em termos de meios de ensino, de organização dos horários, de organização do grupo-aula, até mesmo de tranformações radicais das estruturas escolares.(PERRENOUD, 1999, p.15).
Ainda segundo o mesmo autor:
Talvez seja mais razoável colocar como princípio que a avaliação formativa dá informações que serão propriedade do professor e seus alunos. Cabe-lhes a eles decidir o que querem transmitir aos pais e a administração escolar. Se esta quiser ter uma ideia precisa do que os alunos sabem e da eficácia dos professores, tem de encontrar os seus próprios instrumentos necessários, não inviabilizando uma avaliação formativa que deve permanecer, de qualquer maneira, um assunto entre o professor e os seus alunos, para que o contrato de confiança não seja quebrado.(PERRENOUD, 1999, 165).
Descrição do contexto de aplicação das atividades
Ao retornar à sala de aula, após um ano de formação continuada no PDE, o
professor se sente apreensivo em encontrar algumas adversidades na escola,
apreensão essa gerada pelo desejo de inovar em seu trabalho e de interagir da
melhor maneira possível com seus alunos em uma aprendizagem mais significativa.
Em razão disso, elaboramos um material didático que possibilitasse um
ensino contextualizado, utilizando gêneros textuais que fazem parte de atividades de
comunicação do aluno e outras atividades que condigam com a realidade dos
educando.
Coleta de Dados
Iniciamos a implementação do nosso projeto em Fevereiro de 2013, no
primeiro dia da Semana Pedagógica, quando retornamos do PDE para a escola, e,
nesse dia, conforme havíamos combinado com a direção e a equipe pedagógica, foi
feita a apresentação do projeto de Intervenção para todos os presentes:
professores, funcionários, direção e equipe pedagógica.
O registro de todas as aulas e as atividades desenvolvidas, durante a
implementação, foi feito através da utilização do diário de campo.
Ao iniciamos a implementação da nossa proposta pedagógica numa Escola
da Rede Pública do Estado do Paraná, para uma turma com 25 alunos do 9º C,
sendo 2 desses surdos-mudos, acompanhados de uma professora intérprete de
Libras. Após a apresentação do material didático pedagógico e explicação do
mesmo, começamos propriamente o trabalho aplicando um questionário
investigativo, procurando saber o que os alunos entendiam por avaliação.
Na próxima atividade apresentamos um vídeo sobre a evolução dos meios de
comunicação. Após assisti-lo foi feito um debate a respeito do seu conteúdo. O
assunto abordado era desconhecido pelos alunos. Por isso, participaram ativamente.
Durante todo o debate os alunos se imaginaram vivendo nas épocas em que cada
meio de comunicação foi inventado e concluíram o trabalho a respeito do vídeo
realizando atividades escritas.
Nas próximas aulas fizemos a compreensão escrita do texto em inglês, com
atividades diversas, sendo que todos os alunos demonstraram grande interesse em
resolvê-las, a fim de obterem o maior número de acertos possíveis. Em seguida
fizeram a avaliação das atividades de oralidade e escrita através de uma grade, que
se configura como uma ficha de registro e instrumento de observação onde o
professor anota a participação do aluno, escolhendo entre as alternativas: atende,
não atende, parcialmente e observações. O professor observa se: O aluno leu
fluentemente respeitando as pontuações; Compreendeu as informações básicas do
texto; Demonstrou conhecimento de vocabulário; Foi capaz de ordenar as frases
respeitando a ordem do texto.
Na sequência, apresentamos o gênero textual carta pessoal que coincidiu
com um concurso de cartas na disciplina de Língua Portuguesa onde a professora já
havia trabalhado o gênero. Desse modo, a maioria dos alunos já conhecia a
linguagem, elementos estruturais e função social do gênero. Tal fato facilitou o
nosso trabalho, pois apenas revisamos o conteúdo e passamos para cartas em
Língua Inglesa, começando pela “personal letter”.
Em seguida, fizemos atividades escritas reforçando o conteúdo e a estrutura
da carta em estudo. Alguns alunos desenvolveram as atividades com maior
facilidade, outros com menos, mas de qualquer forma percebemos o empenho da
maioria dos alunos em executar a tarefa.
Iniciou-se, então, a redigir a produção inicial de uma carta em língua Inglesa.
Com a nossa supervisão e orientação, alguns alunos escreveram sem dificuldades,
já outros acabaram escrevendo em português por falta de conhecimento de
vocabulário. Mas apesar dos obstáculos enfrentados, todos concluíram a atividade
proposta e fizeram uma autoavaliação.
A seguir entregamos uma nova atividade com vários questionamento sobre o
conteúdo em estudo. Após resolverem as atividades escritas e responderem
oralmente o que foi questionado, apresentamos outro tipo de carta, a carta comercial
“claim letter”, Que depois de ler silenciosamente, fizeram a compreensão escrita.
Na próxima atividade foi solicitado aos alunos que escrevessem uma carta de
reclamação a uma loja, imaginando que sua família havia comprado um produto com
defeito. Solicitamos que a carta fosse escrita em LI para, além de aprofundar os
estudos sobre o gênero, praticarem a produção escrita na língua sendo estudada.
Na atividade seguinte foram apresentadas figuras de envelopes e explicado
como preenchê-los. Na sequência, foi entregue uma atividade escrita sobre as
partes que compõem um envelope. Depois de responderem as atividades
preencheram envelopes e se auto avaliaram. Posteriormente, entregamos outro tipo
de carta “love letter” para que observassem nesta e nas anteriores a diferença entre
vocativo, linguagem e despedida.
Na sequência das atividades solicitamos que escrevessem uma carta de
amor. A qual foi escrita com muito entusiasmo, pois no 9º ano quase todos os alunos
já estão namorando. Após redigirem a carta fizeram sua autoavaliação através de
uma tabela que se configura instrumento de observação onde eles próprios anotam
a sua participação, escolhendo entre as alternativas:sim, não, parcialmente.
Observando: escrevi local e data, escrevi o nome do destinatário, a saudação usada
está de acordo com o grau de intimidade entre remetente e destinatário,utilizei uma
linguagem clara e objetiva condizente com o gênero, escrevi com letra legível
respeitando a pontuação,o assunto está de acordo com o que foi pedido, terminei
com despedida e assinatura.Dando continuidade apresentamos o gênero textual e-
mail como o mais novo meio de comunicação.
Nas atividades seguintes, explicamos a história da criação do e-mail e da
internet, a função social e a estrutura do mesmo. Em seguida, pedimos que
usassem sites de busca e selecionassem informações relevantes sobre o gênero
proposto. Como por exemplo, como criar e acessar uma conta de e-mail.
Na próxima atividade aprenderam a usar corretamente as ferramentas de e-
mail cópia oculta, lista de contatos, anexos, etc. Fizeram interação em grupo e
responderam uma atividade escrita sobre e-mail, conta, site, etc. Na sequência
escreveram um e-mail para um colega, avisando que não haveria aula na próxima
segunda- feira
No momento seguinte os alunos deveriam redigir outro e-mail convidando o
prefeito da cidade para um evento na sua escola. Os e-mails anteriores foram
redigidos em Língua Portuguesa, observando o tipo de linguagem e vocativo. Em
continuação pedimos aos alunos para redigir um e-mail em Língua Inglesa para a
professora e um de reclamação para uma loja na sua própria língua, com os quais o
professor faria o feedback.
Esperamos poder resgatar a avaliação formativa, para que através dela
possamos estimular os alunos, principalmente os do 9º ano que já se encontram
desinteressados pela aprendizagem de LI. O incentivo aos estudo da disciplina se
faz necessário para iniciarem o Ensino Médio com mais entusiasmo.
Para concluirmos nossa implementação aplicamos outro questionário
investigativo sobre avaliação.
Tabela - Atividades avaliação, análise dos dados e resultados, elaboradas e implementadas Material
Didático Pedagógico
Aula Atividades Desenvolvidas
Forma de Avaliação Utilizada
Análise dos Dados Resultados Obtidos
1ª Questionário Investigativo
Avaliação Formativa e Portfólio
Com referência a aula - a qual aplicamos o questionário investigativo percebemos ao analisar as respostas que a maioria dos alunos alegam que a avaliação da Língua Inglesa na forma que vem sendo aplicada é vista por eles como forma de constatação de seu conhecimento sobre a disciplina, causando ansiedade e preocupação com relação ao resultado.
Quando entregue aos alunos o questionário, percebemos que eles demonstraram ansiedade e curiosidade, mas após a explicação dada pela professora todos responderam a contento. O objetivo,foi alcançado de modo satisfatório.
2ª e 3ª Apresentação de um Vídeo sobre a Evolução dos Meios de Comunicação.
Avaliação Formativa e Portfólio
Apresentação de vídeos sobre a evolução dos meios de comunicação e debate regrado.
Em se tratando de atividades visuais, percebeu-se maior interesse e interação dos alunos no momento da exposição das imagens.
4ª e 5ª Texto para fim didático.
Avaliação Formativa e Portfólio
Texto: O homem, a comunicação e suas invenções.( Em Língua Inglesa) o qual analisamos a leitura, a compreensão e a interpretação.
Embora, as atividades no texto escrito não tenham sido tão bem aceitas quanto a visual, os resultados foram parcialmente positivos.
6ª e 7ª Tipos de correspondência
Avaliação Formativa e Portfólio
Debate e exposição de ideias sobre o conhecimento prévio dos alunos quanto ao assunto em estudo.
A discussão gerou polêmica e despertou a curiosidade de muitos alunos que não conheciam os tipos possíveis de correspondência, principalmente a carta pessoal por tratar-se de uma forma menos usada atualmente.
8ª e 9ª Gênero textual . Avaliação Formativa e Portfólio.
Observação do conhecimento prévio dos alunos.
O assunto contribuiu para proporcionar esclarecimento sobre gênero textual e reforçar o entendimento sobre meios de comunicação
10ª e 11ª Apresentação da carta pessoal.
Avaliação Formativa e Portfólio.
Distribuído o material sobre o gênero foi possível determinar os elementos estruturais, linguagem e função social do mesmo. E também atividades escritas relacionadas a este.
A leitura conjunta, alunos e professor, foi feita de forma ao observar e respeitar pontuação, pronúncia e compreensão das informações básicas do texto, bem como atividades relacionadas ao vocabulário e produção da carta pessoal. As quais apresentaram resultado satisfatório.
12ª e 13ª Carta de Reclamação
Avaliação Formativa e Portfólio.
Observação de mudança de estrutura, linguagem e função social. Atividades objetivas e subjetivas sobre as características do gênero.
As diferenças e semelhanças entre as cartas foram bem detectadas pelos alunos, principalmente a linguagem e o grau de intimidade visto anteriormente na carta pessoal.
14ª , 15ª e 16ª
Produção textual.
Avaliação Formativa e Portfólio.
Produção da carta de reclamação observando as características fundamentais do gênero.
As cartas foram produzidas pelos alunos, em língua portuguesa, onde demonstraram a aprendizagem de como diferenciar os vários tipos de carta.
17ª e 18ª Autoavaliação. Avaliação Formativa e Portfólio
Tabela de autoavaliação da produção escrita.
Os alunos demonstraram sinceridade ao executarem a autoavaliação.
19ª e 20ª Como subscrever envelope.
Avaliação Formativa e Portfólio.
Folha impressa com a imagem frente e verso de um envelope para que fizessem a identificação de remetente e destinatário e também de outros elementos necessários para o preenchimento correto do envelope.
Foram apresentadas algumas dificuldades no início, mas depois da explicação e ajuda professora, foi possível a realização da tarefa por parte dos alunos de modo a perceber que houve a compreensão deles sobre o assunto, tendo executado o trabalho.
21ª e 22ª Feedback Avaliação Formativa e Portfólio.
Feedback do gênero carta pessoal em língua inglesa, com atividades de leitura e interpretação dos dados.
Tanto nas atividades escritas quanto orais sobre dados da carta, houve boa receptividade e bom
resultado nas atividades propostas.
23ª ,24ª e 25ª
Gênero textual: e-mail.
Avaliação Formativa e Portfólio
Reconhecimento prévio sobre o gênero e o uso responsável do e-mail, propiciar e reconhecer a estrutura, identificar a função social, interação, acesso a site para pesquisa sobre os passos a serem seguidos para a produção de e-mail.
Em contato com os computadores os alunos demonstraram conhecimento prévio sobre os assuntos, e puderam executar as tarefas solicitadas com êxito.
26ª,27ª e 28ª
Produção textual .
Avaliação Formativa e Portfólio.
Produção de um e-mail em português e Inglês.
No momento da produção os alunos necessitaram de algumas orientações por parte da professora, principalmente a escrita em língua Inglesa, porém a tarefa foi executada de modo a promover a interação, troca de informações sobre vocabulários entre os alunos e possíveis para os e-mails.
29ª e 30ª Leitura, correção e reescrita dos e-mails.
Avaliação Formativa e Portfólio
Correção dos e-mails pela professora utilizando o instrumento avaliativo grelha de observação. Refacção dos e-mails pelos alunos.
Os alunos corrigiram os e-mails corrigindo a s inadequações apontadas, com atenção e interesse.
31ª e 32ª Questionário Investigativo
Avaliação Formativa e Portfólio.
Com referência a aula – a qual aplicamos o questionário investigativo para a conclusão do projeto, percebemos ao analisar as respostas que a maioria dos alunos demonstraram a compreensão de que avaliar é ensinar e aprender, onde eles próprios ajudam a construir seus conhecimentos e se autoavaliar da mesma forma que são avaliados no decorrer de todo o período.
Quando entregue aos alunos o questionário, percebemos que eles demonstraram mais segurança, respondendo de forma mais tranquila e fazendo com que percebêssemos que o nosso objetivo foi atingido quase que na sua totalidade
.
Diante do exposto na tabela acima, pode-se perceber nos resultados que a
avaliação formativa da oportunidade aos alunos de tornarem-se mais participativos e
receptivos ao contato com a Língua Inglesa e os deixa mais seguros para
desenvolverem as atividades, pois se não conseguirem atingir o máximo na
execução, mas o pouco que realizar será pontuado.
Considerações Finais
A avaliação faz parte do cotidiano de todos os seres humanos, mas
principalmente na escola, ela funciona é necessária para auxiliar no
desenvolvimento do aluno, não somente para formalizar e legitimar as notas no final
do bimestre.
Além disto, a avaliação da aprendizagem deve ser usada para o
encaminhamento das tomadas de decisões. Como um mecanismo para subsidiar a
melhoria da qualidade de ensino, visto que através dela que percebemos a
necessidade de mudanças e de novos redirecionamentos em nossas práticas. Não
podemos apenas mudar a maneira de avaliar os alunos, sem mudarmos nossas
posturas antigas quanto ao processo de ensino e aprendizagem. Caso contrário,
podemos correr o risco de continuar a fazer avaliações inadequadas e não
conseguiremos obter o resultado desejado.
Em nossa implementação usamos a evolução dos meios de comunicação e
os gêneros textuais usados no cotidiano: carta pessoal e e-mail contextualizando a
Avaliação Formativa, nosso tema de estudo. A aplicação do material foi
desenvolvida através de vídeo, debates, leitura, interpretação de texto e atividades
orais e escritas.
O nosso trabalho não usou atividades e instrumentos avaliativos inéditos.
Porém, os encaminhamentos metodológicos que foram usados visaram despertar o
interesse dos alunos, fazendo com que eles participassem por estarem cientes de
que não precisariam estudar para a “ prova” no final do bimestre, mas que seriam
avaliados no decorrer de todo o processo de ensino.
Durante a implementação percebemos também a responsabilidade e a
satisfação dos nossos alunos ao entenderem que estavam participando da
construção do seu conhecimento por meio da auto avaliação para verificarem a sua
aprendizagem e buscarem meios de rever o que eles não tinham assimilado.
Concomitante com a implementação do projeto na Escola foi realizado o
Grupo de Trabalho em Rede (GTR) o qual trata-se de um curso de capacitação à
distância onde eu, professora PDE atuei como tutora. Durante o curso os
professores participantes não mediram esforços para a realização das atividades
propostas pela tutora, sendo uma delas a aplicação do material nas suas salas de
aula.
Nos momentos de interação e aprofundamento de conhecimentos, troca de
experiências e discussões os professores relataram que a aplicação das atividades
propostas nas suas escolas foi muito boa. Afirmaram também que houve o
envolvimento de todos os alunos, por tratar de atividades claras e concisas
desenvolvidas através dos gêneros textos textuais carta e e-mail.
O tema do nosso projeto foi considerado muito relevante pelos professores do
nosso grupo do GTR, por trazer à tona essa problemática que é de fundamental
importância para a nossa realidade escolar. Também fomos parabenizados pela
contextualização que fizemos uso”A Evolução dos Meios de Comunicação”, porque
a maioria dos nossos alunos e até professores mais novos não conheciam e nunca
haviam estudado.
Em virtude disso acredito que todas as pesquisas, leituras, e atividades
desenvolvidas no PDE propiciaram meu desenvolvimento como educadora.
REFERÊNCIAS
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