UM EXPLORADOR NO ALASCA: ALPHONSE PINART (1852 …

3
7 UM EXPLORADOR NO ALASCA: ALPHONSE PINART (1852-1911) Alphonse aportou inicialmente nas ilhas Aleutas e explorou toda a região. Depois, num caiaque, seguiu ao longo do arquipélago em direção ao norte, durante dois meses, para enfim chegar a Kodiak no dia 8 de novembro de 1871, completando, desde a partida, mais de seis meses de viagem. Foi com todo o entusiasmo de seus vinte anos que Alphonse Pinart deixou o porto de Boulogne-sur-Mer, sua cidade natal, na França, rumo a São Francisco, nos Estados Unidos, de onde embarcou num navio de pesca ao salmão com destino ao Alasca. Enfrentar as águas perigosas e frias da região, com nevoeiros e correntes traiçoeiras, foi uma verdadeira proeza! E Alphonse Pinart se tornou o primeiro viajante e cientista europeu a desembarcar na ilha de Kodiak. Foi a curiosidade científica que levou o jovem explorador a essas terras tão distantes. Em 1867, ele conhecera o abade Brasseur de Bourbourg, um verdadeiro sábio, apaixonado pelo conhecimento. O abade queria demonstrar que as línguas faladas na América teriam vindo da Ásia. O encontro instigou Pinart a procurar a resposta para essa questão empiricamente, ou seja, com os próprios olhos. Alphonse Pinart, 1871 © Berkeley, University of California, Bancroft Library.

Transcript of UM EXPLORADOR NO ALASCA: ALPHONSE PINART (1852 …

Page 1: UM EXPLORADOR NO ALASCA: ALPHONSE PINART (1852 …

7

UM EXPLORADOR NO ALASCA:ALPHONSE PINART (1852-1911)

Alphonse aportou inicialmente nas ilhas

Aleutas e explorou toda a região. Depois, num caiaque, seguiu ao longo do arquipélago em direção ao norte, durante dois meses, para enfim chegar a Kodiak no dia 8 de novembro de 1871, completando, desde a partida, mais de seis meses de viagem.

Foi com todo o entusiasmo de seus vinte anos que Alphonse Pinart deixou o porto de Boulogne-sur-Mer, sua cidade natal, na França, rumo a São Francisco, nos Estados Unidos, de onde embarcou num navio de pesca ao salmão com destino ao Alasca.

Enfrentar as águas perigosas e frias da

região, com nevoeiros e correntes traiçoeiras, foi uma verdadeira proeza! E Alphonse Pinart se tornou o primeiro viajante e cientista europeu a desembarcar na ilha de Kodiak.

Foi a curiosidade científica que levou o

jovem explorador a essas terras tão distantes. Em 1867, ele conhecera o abade Brasseur de Bourbourg, um verdadeiro sábio, apaixonado pelo conhecimento. O abade queria demonstrar que as línguas faladas na América teriam vindo da Ásia. O encontro instigou Pinart a procurar a resposta para essa questão empiricamente, ou seja, com os próprios olhos.

Alphonse Pinart, 1871

© B

erke

ley,

Uni

vers

ity o

f Cal

iforn

ia, B

ancr

oft L

ibra

ry.

As historias dos Sugpiaq MIOLO.indd 7 15.10.08 15:31:10

Page 2: UM EXPLORADOR NO ALASCA: ALPHONSE PINART (1852 …

8

Alphonse Pinart passou o inverno

entre os anos de 1871 e 1872 em Kodiak. Durante toda a estada, ele tomou notas em cadernos que foram preservados e até hoje podem ser lidos na biblioteca Bancroft, na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Pinart registrou numerosas informações sobre o alutiiq (a língua da ilha de Kodiak), seu primeiro foco de interesse, e também escreveu sobre outros assuntos relacionados aos Sugpiaq: histórias dos antepassados, dos deuses,

dos espíritos, suas técnicas de caça, seus rituais, nomes das cidades, entre outros temas. Um trabalho como o de Pinart, desenvolvido cientificamente por um observador dedicado, sobre uma cultura diferente da dele, é o que se chama etnografia.

Durante sua viagem, ele começou a

selecionar objetos etnográficos provenientes do Alasca. A coleção que organizou revelou--se excepcional e reunia, entre outras coisas, máscaras belas e raras.

Barabara, final do século XIX.

© C

ourt

esy

Nat

iona

l Arc

hive

s, A

lbat

ross

Col

lect

ion,

Was

hing

ton

DC.

As historias dos Sugpiaq MIOLO.indd 8 15.10.08 15:31:11

Page 3: UM EXPLORADOR NO ALASCA: ALPHONSE PINART (1852 …

9

Ao voltar para França, Alphonse Pinart foi imediatamente reconhecido e homenageado: a Sociedade de Geografia conferiu a ele uma medalha de ouro pela mais importante descoberta feita no mundo inteiro durante aquele ano.

Pinart dedicou cinco anos de estudos ao

Alasca, depois partiu para outras viagens: América do Norte, Oceania, Ilha de Páscoa e América Central. Mas a descoberta de Kodiak continua sendo a mais famosa e mais importante entre as que realizou.

Antes de morrer, em 1911, Alphonse Pinart

deixou suas notas como legado ao amigo Hubert Bancroft, que se tornou o primeiro historiador do Alasca; e suas máscaras foram para a cidade onde ele nasceu. Hoje, essa coleção pode ser admirada no museu de Boulogne-sur-Mer, na França.

Máscara de um homem-lua, século XIX.

Cole

ção

do c

aste

lo d

e Bo

ulog

ne-s

ur-M

er, B

erna

rd D

evos

.

As historias dos Sugpiaq MIOLO.indd 9 15.10.08 15:31:11