Um espaço multimodal no bairro da Ribeira-Natal/RN

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A rea de estudo Imediato

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4.

A compreenso da estrutura urbana de uma determinada rea remete a uma srie de fatores que interferem nas transformaes do espao que a envolve, permitindo a compreenso da evoluo do seu processo de ocupao. A insero desse espao investigado no contexto particular de cada ambiente urbano favorece uma leitura capaz de alcanar uma caracterizao peculiar do lugar. Para esta compreenso, foi realizada uma leitura morfolgica da rea estudada.

O estudo analtico, por sua vez, abrange como elementos de anlise o traado e o parcelamento do solo; o lote e o edifcio, numa investigao das tipologias edilcias; o mobilirio e os equipamentos urbanos; e, nesse contexto, a relao entre os espaos pblico e privado. Todos esses elementos so abordados como componentes estruturadores e definidores do ambiente urbano.

Como instrumentos de anlise, o estudo morfolgico fez uso dos mapas de NOLLI. A produo desses mapas consiste num desenho como figura-fundo, cujo resultado grfico revela as relaes entre os domnios pblico, semipblico e privado, assim como as relaes entre distncias e acessibilidade e cheios e vazios, expondo claramente diversas das relaes entre os elementos conformadores do tecido urbano. (DEL RIO, 1990, p.74)

Para a anlise das atividades predominantemente desenvolvidas na rea de estudo, recorreu-se ao estudo de uso do solo atravs de levantamento de campo. O objetivo do estudo tipolgico reduzir a algumas categorias analticas a variedade das formas existentes, a partir da definio de critrios para a sua identificao e classificao. (MERLIM, 1988 apud DEL RIO, 1990, p. 71). As categorias consideradas nesse estudo so embasadas na classificao dos usos que norteiam e controlam o uso e ocupao do solo de Natal, desde o Plano Diretor de 1984, que apresenta os seguintes usos: residencial, comercial, prestao de servios, institucional e industrial, tendo cada um variaes pertinentes a escala de abrangncia do equipamento na frao urbana que se insere. (PMN, 1984)

Essa classificao qualificada pela abordagem social que, por sua vez, procura identificar os atores sociais que atuam na rea, considerando-os determinantes para a dinmica urbana e, consequentemente para a sua configurao espacial. E isso se d medida que o homem atua no processo de ocupao e transformao do espao urbano a partir de suas aes diretas e indiretas.

4.1. Delimitao da rea objeto de anlise

A rea de estudo aqui considerada como aquela definida pela rea de influncia imediata do projeto de interveno urbanstica arquitetnica, incorporando uma frao urbana situada oeste no bairro da Ribeira. Margeada pelo Rio Potengi, a rea abriga equipamentos de importante significado para o tema do projeto de interveno proposto, a saber: o Cais da Avenida Tavares de Lira e o Atracadouro da Pedra do Rosrio, na Avenida do Contorno. (FIGURA 08)

Portanto, delimitada pela frao que contorna a Avenida Tavares de Lira (a partir do cais margem do rio) (FOTO 30), a Avenida Rio Branco, a Rua Juvino Barreto e a Avenida do Contorno, at o marco da Pedra do Rosrio, retornando ao Cais da Tavares de Lira pela margem do rio Potengi.

De acordo com a Lei da Operao Urbana Ribeira (OUR) que divide o bairro em sub-setores, a rea de estudo apresentada insere-se na rea de Recuperao Histrica (ARH), para a qual apontada a emergente necessidade de propostas de interveno urbanstico-arquitetnica que orientem a requalificao do ambiente urbano, devolvendo-lhe a vitalidade que um dia lhe caracterizou. Por outro lado, a rea de estudo tambm est inserida na Zona Especial de Preservao Histrica (ZEPH) delimitada no macrozoneamento do Plano Diretor desde 1984, conferindo-lhe ndices urbansticos que restringem a ocupao e alteraes na sua configurao edilcia e paisagstica.

4.2.-Estudo Morfolgico da rea de Estudo

Traado e Parcelamento

Representando parte da frao mais antiga do bairro, a rea apresenta um traado marcado por uma malha ortogonal definida, predominantemente, por vias estreitas. A convergncia dessas vias para determinados pontos sugere um sistema radial no desenho das ruas. (FIGURA 09) Nesta configurao, foi possvel identificar duas reas para onde concorrem as vias do bairro: a regio que envolve a Praa Augusto Severo (FOTO 31) e o Largo da Igreja Bom Jesus (FOTO 04). Vale lembrar que esses lugares foram apontados como uns dos mais significados na representao imagtica dos usurios do bairro, fator que conferiu-lhes a caracterizao de ns no ambiente investigado. Nessas reas, fica estabelecida a articulao entre a rea de estudo e o bairro como um todo, bem como sua articulao com outras reas da cidade.

Estudos anteriores sobre a anlise morfolgica do bairro da Ribeira, como o trabalho de CARVALHO, et all (1993), apontam que essas reas apresentavam um grande desnvel topogrfico em relao ao resto da cidade, o que dificultava a ligao do bairro com a Cidade Alta, nicos ncleos urbanos do incio da ocupao do espao citadino. As caractersticas topogrficas so registros indelveis na configurao do tecido urbano e os desnveis nessas reas marcam as vias de interligao entre a regio baixa e a regio alta. (FOTOS 32 e 33)

No entorno da Praa Augusto Severo, A soluo para este problema (de comunicao entre os bairros) foi a seco da praa, unindo a recm construda Avenida Duque de Caxias (construda de 1910 a 1939) Avenida Junqueira Aires e unindo definitivamente os dois bairros mais antigos da cidade. Por elas passaram os bondes puxados a burro, os bondes eltricos e, atualmente, a maior parte das linhas de nibus de Natal (CARVALHO, et all, 1993, p. 41) que circulam na cidade em direo a todas as partes.

A malha definida a partir do desenho descrito preserva seu traado original e registra, portanto, a forma de assentamento do incio da ocupao do bairro e da prpria cidade de Natal. Caracterizada por um traado de vias que associa a ortogonalidade com elementos radiais e sinuosos no ponto mais elevado de sua topografia (aspecto que define um traado irregular e que se reproduz por todo o bairro) o desenho urbano da rea apresenta uma configurao a partir da qual encadeia-se a proposio de um crescimento orgnico, que se estabeleceu obedecendo s caractersticas topogrficas e naturais do stio.

Hierarquia Viria

No que se refere hierarquia viria, a classificao adotada encontra referncia nos conceitos definidos pelo Plano Diretor do municpio. (PMN, 1984) A categorizao apresentada em termos legais define a estrutura viria da cidade a partir da seguinte classificao: vias estruturais I e II, coletoras I e II e locais.

As vias estruturais I configuraram-se como fundamentais para o direcionamento da expanso do municpio a partir dos seus primeiros ncleos de ocupao e so os eixos de penetrao para a cidade. As vias estruturais II so eixos de articulao interna e de escoamento do trnsito e do transporte coletivo, configurando-se como corredores de comrcio, servios e atividades industriais. (Ibid) Entre as vias da rea de estudo, a Avenida Rio Branco enquadra-se nessa categoria. (FIGURA 10)

Quanto s coletoras I, estas caracterizam-se por possibilitar a distribuio do fluxo do trnsito estrutural e local. Da rea de estudo, aqui enquadram-se as Avenidas Tavares de Lira, a Rua Sachet e a Rua Juvino Barreto. Os eixos coletores II alimentam a circulao das estruturais, tendo como representao do bairro da Ribeira a Avenida do Contorno e a Avenida Duque de Caxias.

A Avenida Duque de Caxias possui mo dupla e apresenta canteiro central na sua configurao. Alm disso, , juntamente com as Avenidas Tavares de Lira, Hidelbrando de Ges, Silva Jardim e Almino Afonso, a via mais larga do bairro. Caracteriza-se ainda como eixo virio principal de escoamento, distribuindo o trfego para as demais reas da cidade. Por ela, trafega um percentual de aproximadamente 50% das linhas de nibus municipais que, somadas aos veculos particulares, aos transportes alternativos e aos nibus intermunicipais acarretam grande congestionamento de trfego no seu entorno.

As demais ruas do bairro so de importncia para o trfego local e apresentam-se como vias estreitas, pavimentadas e de fludo de trfego prejudicado. So denominadas de vias locais. Com a carncia de reas de estacionamento, que se encontram atualmente resumidas a uma parte do canteiro central da Avenida Duque de Caxias, essas vias estreitas e de menor movimentao tm sido ocupadas por veculos estacionados, o que alm de representar uma ocupao inapropriada do espao pblico, apresenta-se como um agravante para a circulao nas reas (internas) mais antigas do centro histrico.

A partir da caracterstica das suas vias e importncia como eixos de circulao e mobilidade urbanas, pode-se inferir que a rea de estudo representa um ponto de cristalizao( para o conjunto do sistema de circulao da cidade. Como foi visto na evoluo da ocupao do bairro, a funo de passagem para outras reas da cidade sempre esteve presente na dinmica urbana da Ribeira. Resistindo s inmeras transformaes ocorridas na rea, a centralidade no mbito de fluxos e disponibilidade de infra-estrutura para oferta dos diferente modais de transporte coletivo permanece evidente.

Perfil Fundirio

No que se refere ao parcelamento do solo, a leitura morfolgica partiu de uma caracterizao da configurao fsica atual, realizada atravs de levantamentos in loco e da base cartogrfica como instrumentos de anlise.

De um modo geral, o perfil fundirio do bairro da Ribeira expressa um parcelamento irregular, no que os lotes e as quadras apresentam-se com formas e dimenses variadas. (FIGURA 11)

Ratificando a anlise produzida por CARVALHO, et all (1993), possvel encontrar na rea dois padres de ocupao do solo: (01)lotes estreitos, profundos (em alguns casos prolongando-se de uma rua a outra) ou no, geralmente de forma retangular, definindo um traado ortogonal; e (02) lotes grandes, com formas irregulares. O levantamento in loco constata a permanncia dessas caractersticas na configurao espacial do bairro.

No primeiro padro, nota-se que a implantao do edifcio no lote ocupa, na grande maioria dos casos, 100% de sua rea. Aqui, o conjunto urbano revela uma paisagem densa de massa edificada, com edificaes lindeiras via e sem recuos laterais entre as mesmas. Os registros fotogrficos (FOTO 34) revelam que as edificaes so, em sua maioria, com dois pavimentos. A representao se d na frao mais antiga do bairro, que envolve as Ruas Chile, Silva Jardim, Duque de Caxias e Sachet estendendo-se at a Travessa Aureliano, quando encontra a Rua Chile. Na rea de estudo em anlise, as quadras que envolvem a Rua Chile, a Avenida Tavares de Lira, Duque de Caxias e a Travessa Aureliano inserem-se no padro ento descrito. (FOTO 34) vlido ressaltar que essa frao coincide com a Zona de Recuperao Histrica, delimitada pela Lei da Operao Urbana Ribeira (PMN, 1997), e com a Zona Especial de Preservao Histrica, estabelecida na Lei n3175/84. Assim, o uso e a ocupao do solo nessa rea, bem como qualquer interveno ali proposta, fica sob a gide e prescries urbansticas dos referidos instrumentos da legislao urbanstica.

No segundo padro, est a frao identificada pelo traado mais irregular, com a presena de trechos radiais e lotes maiores e irregulares, que acabam definindo quadras tambm maiores e que fogem do padro retangular. A representao se d no conjunto que envolve o limite leste do bairro da Ribeira at a Avenida Rio Branco e no limite sul do bairro at a rua Sachet. Nessa frao identifica-se uma ocupao com mais vazios no interior do lote, pela presena dos recuos laterais e at mesmo frontais. Os grandes lotes so ocupados por empreendimentos institucionais e equipamentos pblicos, de uso coletivo, ou prestadores de servio.

Na relao com o zoneamento definido pela Lei da Operao Urbana Ribeira, essa frao est associada com os trs sub-setores identificados na referida Lei. A frao do limite leste mais a sul est na rea Adensvel, para a qual so permitidos formas de uso e ocupao conforme parmetros da Zona Adensvel definidos para outras reas da cidade. (FIGURA 07) J a frao do limite leste mais a norte encontra suas prescries urbansticas na Zona de Renovao Urbana, considerada propcia para a expanso do bairro. No que se refere frao no limite sul, esta fica sob as prescries da Zona de Recuperao Histrica. exatamente nesse ltimo trecho que se insere a parte cabvel rea de estudo em anlise. Assim, as quadras que envolvem a Estao Ferroviria, o Teatro Alberto Maranho e a Praa Augusto Severo e seu entorno imediato- elementos que compem a rea de influncia imediata do projeto urbanstico proposto, esto inseridas nesse padro.

Verificando-se o traado do bairro da Ribeira, identifica-se ainda um padro intermedirio. As quadras entre as Avenidas Duque de Caxias e Rio Branco e ainda as quadras limtrofes com os bairros de Rocas e Santos Reis formam esse conjunto. Expressas dentro de um traado regular, as quadras comportam, em sua maioria, grandes lotes. A ocupao define um ndice intermedirio entre os apresentados anteriormente: menor do o primeiro (que chega a uma ocupao de 100% no lote), porm maior do que o segundo (cuja frao chega at a se enquadrar na rea Adensvel, como visto em anlises anteriores). Na relao com o disposto pela Lei da Operao Urbana Ribeira, a frao aqui identificada apoia-se na Zona de Renovao Urbana e, as quadras limtrofes com os bairros de Rocas e Santos Reis na Zona de Recuperao Histrica, coincidindo tambm com a Zona Especial de Preservao Histrica (PMN, 1984), por compor o conjunto que representa as primeiras reas de ocupao do bairro e da cidade.

Tipologias edilcias- atividades urbanas e perodos histricos

O estudo tipolgico consiste no inventrio e categorizao das edificaes identificando as atividades que nelas se expressam. A partir dos elementos estruturais evidentes na forma e na composio do edifcio, possvel ainda associ-lo a um determinado estilo arquitetnico e perodo histrico.

Quanto aos estilos arquitetnicos, a classificao parte da identificao dos perodos e momentos histricos por que passou o bairro da Ribeira, cuja consolidao se deu mais intensamente a partir do final do sculo XIX e resultou na sua configurao atual.

No que se refere anlise tipolgica de uso do solo na rea de estudo, o levantamento in loco abrangeu inicialmente todo o bairro da Ribeira, cujo (FIGURA 03) representa os resultados obtidos. Porm, para efeito de anlise e observaes aqui inferidas, considera-se a rea de estudo, definindo um conjunto que bem representa a ocupao de todo o bairro.

Nessa rea, destacam-se como atividades propulsoras de sua dinmica urbana: prestao de servios, institucional (FOTO 35), comercial, industrial, e residencial, listados em ordem decrescente. Destacam-se ainda as categorias desocupado e residencial-favela, como especificidades do local.

Na rea de estudo, predominam edificaes que desempenham atividades ligadas prestao de servios, expressa, sobretudo, pela incidncia de depsitos e oficinas. Concentram-se, principalmente, nas Ruas Chile (FOTO 36), Dr. Barata e Cmara Cascudo e ocupam, em geral, tanto galpes como pequenas edificaes que assumem um aspecto de deteriorao na estrutura fsica do edifcio. Quando a reforma e a restaurao para o re-uso nessas edificaes so evidentes, percebe-se apenas o tratamento das fachadas, procurando conservar e destacar os elementos que denunciam seu significado histrico para a cidade. Essas edificaes representam o ncleo da ocupao inicial da Ribeira que se processou na expresso de armazns, casas e edificaes comerciais, principalmente a partir da instalao do porto em 1872.

Os depsitos esto concentrados na Rua Chile e ocupam grandes edificaes que atendem, basicamente, indstria pesqueira, instalada s margens do Rio Potengi (FOTO 37). As oficinas encontram-se espalhadas por toda rea estudada e abrigam atividades de marcenaria, mecnica de automveis, refrigerao e eletrodomsticos, dentre outras. Esse tipo de atividade tem contribudo para a deteriorao da paisagem e os conseqente valores negativos atribudos ao bairro.(DIAS, 2000)

No mbito da caracterizao da filiao estilstica, o perodo que abrange os ltimos anos do sculo XIX e o incio do sculo XX marcado por uma miscelnea de estilos histricos (BRUAND, 1991, p. 33 apud MEDEIROS, 2000), denominado ecletismo, resultando em edificaes sem unidade de estilo. A composio das edificaes que datam desse perodo apresenta uma variedade de elementos que expressam influncias classicizantes, art dec e proto-modernas(, estas j prenunciando a arquitetura modernista que se consolidou com as edificaes construdas entre as dcadas de 30 e 60 do sculo XX

Partindo do pressuposto que a adoo de um partido arquitetnico se relaciona diretamente com o uso atribudo ao edifcio que o incorporar, a maior expressividade dos estilos arquitetnicos configurados no bairro da Ribeira encontra sua manifestao mais impetuosa nas edificaes destinadas prestao de servios pblicos, identificadas pela natureza institucional, seja na tipologia de uso atual ou de pocas passadas. o caso do prdio do Antigo Palcio do Governo (FOTO 07) que situado na Rua Chile funciona atualmente como Palcio da Cultura e Sede do Ballet Municipal. Este, datado de meados do sculo XIX, foi construdo num estilo neoclssico puro, cujos elementos so reconhecidos principalmente pela presena do fronto triangular, das cornijas nas fachadas, detalhes em estucaria, cercaduras nas esquadrias, alm da notvel volumetria pesada.

As edificaes institucionais encontram-se espalhadas por todo o bairro e constituem exemplares que expressam mais claramente o estilo arquitetnico semelhante ao perodo de sua construo. Como a ocupao mais intensa do bairro se d a partir do incio do sculo XX, grande parte das edificaes aqui referidas datam desse perodo, expressando a justaposio de estilos e a adoo de partido caractersticas da poca. Os prdios construdos nessa poca, com o uso, principalmente de vrios elementos histricos e decorativos, expressam riqueza, representam poder e sugerem monumentalidade, seja pelo uso exagerado de ornamentos, seja pela proporo volumtrica do edifcio. (MEDEIROS, 2000)

No espao investigado, o uso institucional, juntamente com a prestao de servios (mencionado anteriormente), se destaca na atual configurao tipolgica e os elementos arquitetnicos referentes ao perodo histrico de sua construo se manifestam claramente nas edificaes destinadas a essa atividade. Destaca-se ainda, que edificaes construdas originalmente para as residncias de personagens importantes da poca tambm impem uma arquitetura expressiva.

Neste grupo, como integrantes da rea de estudo imediato, se inserem as antigas residncias do Dr. Janurio Cicco (onde atualmente funciona o Albergue Cidade do Sol, na Av. Duque de Caxias) (FOTO 38) e a do Sr. Fortunato Aranha (prdio atualmente sob propriedade do MEC- Ministrio da Educao e Cultura, tambm situado na Avenida Duque de Caxias) (FOTO 39), com influncias mais classicizantes que, associadas a outros estilos, compem um estilo ecltico. Outras antigas residncias que merecem destaque o atual prdio do Colgio Salesiano, antiga residncia de Juvino Barreto que foi construda ainda no sculo XIX (CARVALHO; et al, 1993) e a casa de Cmara Cascudo, situada nos limites do bairro com a Cidade Alta.

Compondo ainda o conjunto de significativos exemplares do ecletismo no bairro da Ribeira, destacam-se na rea de estudo as seguintes instituies: o prdio da Associao Comercial, a Junta Comercial do Estado, a Secretaria de Segurana Pblica, o Centro Clnico da Ribeira e o Teatro Alberto Maranho.

Os prdios da Receita Federal, do Ministrio da Fazenda, da Secretaria do Interior DECON-PROCON, da antiga Delegacia de Polcia da Ribeira, da antiga Estao da Estrada de Ferro do RN e a praa Jos da Penha compem, juntamente com os edifcios apresentados anteriormente, o conjunto ecltico do final do sculo XIX e incio do sculo XX do bairro da Ribeira como um todo. (MEDEIROS, 2000).

Encontram-se ainda na rea de estudo algumas edificaes que, apresentando elementos mais simples com ausncia de ornamentos, definem um momento arquitetnico considerado como um prenncio do movimento modernista na cidade. Consideradas proto-modernas, as edificaes que representam esse momento so: o Centro de Treinamento e Desenvolvimento Ferrovirio (FOTO 40), o prdio da REFSA (FOTO 41) e o prdio do antigo cinema Politheama, juntamente com o edifcio da Rua Dr. Barata com a Travessa Aureliano, sendo essas ltimas edificaes destinadas atualmente prestao de servios.

O conjunto proto-moderno do bairro da Ribeira complementado com os seguintes prdios: Correios, Delegacia Federal de Agricultura, Unio Nacional dos Economirios- Delegacia Regional do RN, Delegacia Fiscal, Instituto Tcnico e Cientfico de Polcia, Delegacia do Ministrio do Trabalho (FOTO 13), Centro de Atendimento ao Contribuinte da Receita Federal, o Moinho Natal e o atual Tribunal do Juri (antigo Grande Hotel) (FOTO 09). (ibid)

Obras integrantes da arquitetura moderna ainda caracterizam a tipologia edilcia da rea de estudo. Os representados desse movimento na frao abordada so o prdio do Antigo Terminal Rodovirio (FOTO 11), o prdio da Caixa Econmica Federal (FOTO 15), a Capitania dos Portos e outros prdios que se encontram abandonados ou sub-utilizados.

Os prdios modernistas situados em outras reas do bairro e que merecem destaque pela funo que desempenham so ainda: o Banco do Brasil, o SETRANS, o Ministrio da Integrao Regional, o ITEP, a CAERN e o IPASE.

Como possvel observar na anlise tipolgica descrita acima, a rea de estudo apresenta um predomnio de edificaes institucionais e de prestao de servios de grande expressividade arquitetnica, revelada nos elementos manifestos na composio dos edifcios. Vale ressaltar ainda que a tipologia edilcia concebida para a rea representa o processo de ocupao que se estende ao bairro como um todo.

As articulaes na configurao urbana do bairro da Ribeira

A anlise da maneira como o espao articulado se d na caracterizao das relaes espaciais que so expressas entre o domnio pblico x privado e o espao edificado x no edificado. Os estudos de HERTZBERGER (1999) apreciam a articulao do espao para criar lugares e unidades espaciais, cujas dimenses e nveis de demarcao possam torn-las capazes de acomodar as relaes dos seus usurios. Nessa concepo, os conceitos de pblico e privado passam por uma gradao de demarcao territorial, acompanhada pela sensao de acesso, de responsabilidade e de propriedade sobre o espao ou objeto investigado. Essa gradao e suas correlaes podem ser estabelecidas previamente em termos legais, mas a vivncia do homem no lugar preponderante para sua determinao.

Assim, as noes de pblico e privado podem ser interpretadas como de sentido coletivo e individual, respectivamente. Num sentido mais absoluto, podemos dizer: pblica uma rea acessvel a todos a qualquer momento; a responsabilidade por sua manuteno assumida coletivamente. Privada uma rea cujo acesso determinado por um pequeno grupo ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de mant-la. (HERTZBERGER, 1999, p. 12) Cabe ressaltar ainda que a apropriao do espao urbano e os usos que se revelam a partir da organizao social e econmica fazem emergir, num patamar intermedirio, os lugares considerados semi-pblicos.

Portanto, se as casas so de domnio privado; as ruas, as praas e os locais abertos de convvio comunitrio so de domnio pblico. As reas internas aos ambientes construdos e que estimulam o uso coletivo podem ser consideradas semi-pblicas. Estas se expressam nos ptios internos ou afins de instituies e nas ruas internas de galerias comerciais e/ou de servios.

No bairro da Ribeira, o domnio pblico definido pelas ruas e logradouros, pela praa Augusto Severo e seu entorno que envolve a rea da antiga rodoviria, pelo largo da Igreja Bom Jesus, pelo largo da Rua Chile, e pela rea que envolve o Cais da Tavares de Lira. Assim, atravs da planta figura-fundo (FIGURA 12) nota-se a presena de unidades espaciais cujas interaes entre si conduzem articulao interna do prprio bairro e deste com o resto da cidade. Os espaos semi-pblicos encontram-se espalhados por todo o bairro, expressos nas inmeras edificaes institucionais (da esfera pblica ou privada). O domnio privado representado pelas edificaes que definem a massa edificada no bairro. Entre os espaos privados, merece ressalva os diversos prdios destinados atividade comercial.

Portanto, a articulao manifesta na relao dos domnios pblico x privado do ambiente investigado denota um equilbrio de interao entre os mesmos. A Ribeira assume um carter de lugar pblico em potencial, favorecendo sua comunicao com os bairros vizinhos e outras centralidades urbanas da cidade.

O enfoque na relao entre espao edificado x no edificado revela o ndice de ocupao no espao, que observado numa correlao com os nveis de verticalizao caracteriza a densidade de ocupao do bairro e infere nveis de aproveitamento da infra-estrutura disponvel. A partir dessa caracterizao, os parmetros urbansticos orientam para a identificao de reas potenciais de ocupao e expanso.

A anlise da articulao entre o espao edificado e o no edificado no bairro da Ribeira (FIGURA 13), revela uma mancha mais fechada no trecho que compreende a rea mais antiga do bairro, definida nas Ruas Chile, Frei Miguelinho e Dr. Barata, onde as edificaes ocupam quase 100% do lote. Nos termos da verticalizao, as edificaes apresentam um certo equilbrio com a estrutura fsica e infra-estrutura instalado no lugar. As ruas estreitas que definem esse conjunto intensificam a sensao do alto ndice de ocupao no espao, contudo, o trecho apresenta uma densidade baixa no mbito da verticalizao.

Na rea compreendida pelas Ruas Sachet, Almino Afonso, Frei Miguelinho e Silva Jardim nota-se a presena de algumas reas vazias no interior do lote das edificaes o ndice de ocupao no lote fica entre 70% e 90%. As quadras limtrofes com o bairro das Rocas so as que apresentam menores ndices de ocupao. Quanto intensidade de ocupao, ainda predominam edificaes com at 02(dois) pavimentos, mas j se observa o surgimento de edificaes com 03(trs), 04(quatro) e at 06(seis) pavimentos. Nesse trecho, algumas ruas so mais largas, mas a massa edificada conforma um espao mais denso do que o apresentado anteriormente.

As demais reas do bairro da Ribeira, nos limites com os bairros de Cidade Alta e Petrpolis, expressam um ndice de ocupao no lote bem menor (em torno de 50%). Predominam as edificaes trreas, com algumas incidncias de edificaes com at 04(quatro) pavimentos. Esse trecho corresponde rea Adensvel nos termos das prescries legais da Operao Urbana Ribeira, indicando a viabilidade de um aumento do potencial de utilizao da terra no lugar.

De acordo com a caracterizao acima estabelecida, a rea de estudo expressa numa relao pblico x privado que evidencia a primazia do coletivo. A presena dos terminais de transporte coletivo e das edificaes destinada s atividades de cultura, lazer e servios pblicos garante essa caracterizao, associada ao sistema de vias que, conforme apresentado anteriormente, favorece a circulao de veculos, o acesso ao bairro e sua articulao com o resto da cidade.

4.3.-Os Elementos de Destaque

A partir das atividades desenvolvidas na rea de estudo observa-se a presena de alguns elementos que se destacam no cenrio urbano, seja pela sua funo econmica-social seja pelo papel histrico-cultural a eles atribudos.

Partindo para uma abordagem mais precisa a respeito da circulao urbana no bairro da Ribeira e a influncia na cidade como um todo, foram destacados os elementos que se revelam mais significativos para a compreenso da temtica da circulao urbana e investigao da rea de projeto que acolher o espao multimodal proposto. (FIGURA 08)

Praa Augusto Severo

A rea que hoje compreende a Praa Augusto Severo (FOTO 31) foi at meados do sculo XIX uma das regies que recebiam as guas do Potengi, nos perodos das altas mars. Constantemente alagada, a rea era conhecida como pntano da campina da ribeira. (SEMURB, 2001)

Como foi tratado no discurso da evoluo do bairro, sua situao geogrfica e topogrfica, por um lado, foram condicionantes naturais que se colocavam como barreiras para a ocupao da rea, e vencer os pntanos e as reas alagadias que se estendiam pela Ribeira foram preocupaes que se manifestaram em vrios projetos urbansticos dos fins do sculo XIX e meados do sculo seguinte.

Nesse processo, constantes aterros na regio ribeirinha da cidade, foi dando forma ao posicionamento de praas nos pontos de maior desnvel com a cidade baixa. (DIRIO DE NATAL, 2001) Essas regies cristalizaram-se como reas de convvio comum e atualmente encontram-se consolidadas nas praas Augusto Severo e Jos da Penha, tambm identificadas no imaginrio popular.

Registros histricos mencionam a existncia da praa Augusto Severo (antiga Praa da Repblica) j em fins do sculo XIX. A denominao atual surgiu em homenagem Augusto Severo, devido ao seu falecimento em 1902.

Em 1904, os projetos urbansticos para o bairro contemplaram o ajardinamento da praa Augusto Severo, o que, segundo alguns historiadores, resultou no espao mais belo e agradvel da cidade. Era um carto postal que, juntamente com a importncia econmica e social do bairro, atraa visitantes de outras localidades. (SEMURB, 2001) Assim, refere Cmara CASCUDO (2000) sobre a praa: o antigo pntano havia sido transformado em um dos mais belos recantos (...) servindo a freqentadores assduos por um bom papo, acompanhado de boa msica executada pela banda musical da polcia militar. Era um verdadeiro jardim tropical, com belos canteiros, e fonte ornamental de bronze (...); a mais bela praa que a cidade j teve.

O projeto da praa s veio ser desenhado em 1905, quando a rea foi regularizada e transformada em um agradvel passeio, contando com fonte, chafariz, pontes e coreto. (CARVALHO, et all, 1993, p. 63) nesse perodo tambm que a iluminao pblica chega cidade e a primeira frao urbana a receber energia eltrica englobava a praa Augusto Severo.

Ainda na primeira dcada do sculo XX, foi iniciada a abertura, entre outras, das Avenidas Tavares de Lira e Duque de Caxias, que terminava na praa recm-construda e inaugurada a 15 (quinze) de novembro de 1905. (SEMURB, 2001). Em 1913 e 1926, essas avenidas, com a Tavares de Lira j ostentando as dimenses atuais, encontravam-se totalmente abertas. Contudo, foi apenas a partir de 1939, que a ento avenida Duque de Caxias (cuja denominao foi estabelecida no perodo da Segunda Guerra em homenagem ao patrono do exrcito) foi estendida a Avenida Junqueira Aires, o que segmentou a praa e definiu um traado reduzido a 1/3 (um tero) do seu espao original. (BRITO, et all, 1991, p. 32) Por outro lado, a unio dessas duas avenidas facilitou a ligao entre a Ribeira e a Cidade Alta, dada at ento apenas pela avenida Rio Branco.

Seccionada, a praa foi mantida guardando a esttua de Augusto Severo e assumiu, desde ento, uma forma triangular. Do outro lado da avenida foi construdo, em 1963, o Terminal Rodovirio. A configurao atual da Praa Augusto Severo foi definida desde sua ampliao at o edifcio do Teatro Alberto Maranho, rea conhecida como Largo do Teatro.

Durante o processo de ocupao do bairro, foram se estabelecendo no entorno da praa importantes estabelecimentos culturais, de ensino, sociais e econmicos para o bairro e para a cidade como um todo.

Nessa rea esto, alm do Teatro Alberto Maranho (1904) j mencionado, o prdio do antigo Grupo Escolar Augusto Severo (1908), posterior Faculdade de Direito e atual Secretaria de Segurana Pblica; o antigo Politheama (1911), atual estabelecimento comercial pertencente a firma Limarujo Comrcio Ltda; a antiga escola Domstica de Natal (1914), atual posto de assistncia mdica do INSS; a antiga residncia do empresrio Juvino Barreto e atual Colgio Salesiano; o prdio da Junta Comercial (1930); o prdio da Antiga Rodoviria (1963) e ainda o prdio da Estao da Rede Ferroviria Federal. Entre essas edificaes, 05(cinco) pertencem ao conjunto de imveis tombados do bairro da Ribeira, que compreende um total de 10(dez). (QUADRO n 01). Essa caracterstica sinaliza a importncia que essas edificaes e seu entorno representam para a cidade.

Na anlise morfolgica, a praa Augusto Severo apontada como rea de expressivo significado social, histrico-cultural e econmico, de cristalizao no bairro e de ser palco de conflitos no mbito da circulao e mobilidade urbana. A convergncia de mais de 50% das linhas de nibus intra-urbanos para o terminal rodovirio, somados aos nibus intermunicipais, transportes alternativos e a presena da estao ferroviria na rea remete a um fator que, associado s funes expressa pelas suas edificaes, resulta num espao de grande movimentao e circulao de pessoas. Aparece, portanto, como rea potencial de referncia no estudo da implantao do espao multimodal de passageiros para Natal, mantendo uma relao direta com a interveno proposta no projeto da praa que, como visto anteriormente, busca o fortalecimento de suas caractersticas como espao cultural e sua qualificao como rea de convvio pblico.

O prdio da Antiga Rodoviria

O prdio da antiga rodoviria de Natal (FOTO 23) foi construdo durante a administrao municipal de Djalma Maranho e inaugurado em 1963 (SEMURB, 2000). A instalao da rodoviria no bairro da Ribeira surgiu como uma tentativa de promover um impulso no comrcio local, que comeava a afirmar-se como decadente e transferia-se paulatinamente para outras reas da cidade.

A iniciativa, porm, no revelou sinais de recuperao para a vitalidade do bairro e, no final da dcada de 70, a transferncia do Terminal Rodovirio para as imediaes do conjunto Cidade da Esperana tambm contribuiu para reforar o esvaziamento populacional do bairro e seu declnio como rea de atrao na cidade.

Atualmente, o prdio se expressa como um terminal de nibus de algumas linhas municipais, por onde transitam tambm linhas intermunicipais e ainda transportes alternativos. A edificao abriga, em suas instalaes internas, pequenos bares e lanchonetes no pavimento trreo e alguns escritrios e rgos afins no seu pavimento superior.

Os elementos arquitetnicos de sua composio revelam um modernismo j consolidado: volumes sobrepostos com pavimento trreo recuado, formando uma circulao com abrigo; laje em balano e marquise com forma sinuosa, revelando a plasticidade oferecida pelo concreto. (CASTRO, et all, 1999, p. 37)

O estudo de Anlise Comportamental no prdio, feito como subsdio para o desenvolvimento de uma proposta projetual de re-uso (CORTEZ, 1996) revela que o fluxo de nibus ainda maior do que fora antes, porm o perfil do usurio mudou. Agora so passageiros rpidos e sfregos que vo e vem dos colgios e trabalhos, tentando passar o mais rpido por ali (...) . (ibid) A proposta desenvolvida a partir desse estudo aponta como agente propulsor de vitalidade uma rea de lazer. Assim, o autor prope a reutilizao do prdio dando lugar a um palco para manifestaes artsticas e uma praa no trreo e salas para escritrios no pavimento superior.

Para efeito de significado para o objeto de estudo, o destaque dessa proposta se d na indicao de uma praa no trreo articulada com a j existente. Aqui, pode-se recorrer novamente ao projeto da praa, que define um tratamento para o prdio nas mesmas linhas gerais do lazer cultural.

O prdio da Estao da Rede Ferroviria Federal

No prdio onde atualmente funciona a administrao da Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU (FOTO 26) e a estao de trens urbanos locais, funcionou a Great Western- a antiga estrada de ferro dos ingleses. A composio dos elementos de sua fachada revela a caracterizao do proto-modernismo, prenunciando a consolidao do movimento moderno caracterstico das construes de perodos posteriores.

Pela estrada de ferro inglesa operava uma linha regular de passageiros e cargas entre os estados do Rio do Norte, Paraba, Pernambuco e Alagoas. Passado ao Governo Federal, as linhas existentes e toda rea do entorno ficou sob domnio da Rede Ferroviria Nacional, a quem cabe atualmente a administrao daquela rea. de domnio da Rede Ferroviria: as trs edificaes imediatamente vizinhas ao prdio; o Centro de Treinamento, que apresenta um museu no trreo, um auditrio no pavimento superior e escritrios administrativos da Rede; e todo ptio interno, onde esto as vias frreas e as edificaes de apoio operao do trem.

A Pedra do Rosrio

margem direita do Rio Potengi, a plataforma que ostenta a Pedra do Rosrio (FOTO 24) foi construda em 1974, tendo sido inaugurado o Largo do Rosrio, em novembro do mesmo ano. No centro da plataforma encontra-se uma coluna de alvenaria, encravada na pedra, com uma rplica da imagem da santa Nossa Senhora da Apresentao. (NESI, 1994, p. 21) A proximidade com a Igreja do Rosrio, no bairro da Cidade Alta, atribuiu o nome ao local.

A importncia da rea remete a valores religiosos e msticos da populao local. Foi naquela pedra que, conforme registros histricos, apareceu, em fins do sculo XVIII, a imagem da santa, erguida posteriormente sobre a pedra. Em comemorao do Bi-Centenrio da alocao da imagem na pedra, foi fixada, em 1953, uma placa que representa, como refere NESI (1994), um brado de alerta do mestre Cmara Cascudo, em prol da preservao daquela Pedra- um marco sagrado da Histria da Cidade do Natal.

Dada sua importncia para a identidade local, diversos eventos sociais organizados na rea tm resgatado seu valor histrico, social, religioso e cnico-paisagstico. Daquele local vislumbra-se o mais belo por do sol da cidade de Natal.

Atualmente, a plataforma funciona ainda como ancoradouro de pequenas embarcaes de passageiros que fazem um percurso pelo rio Potengi.

O Cais da Avenida Tavares de Lira

O Cais da Avenida Tavares de Lira (FOTO 25) foi construdo no ano de 1869, em substituio ao Cais da Alfndega, este construdo em 1863 e localizado onde atualmente funciona a Capitania dos Portos, na esquina da Rua Chile com a Travessa Aureliano.

O Cais 10 de Junho, como foi chamado inicialmente, contribuiu com a consolidao e firmao do bairro da Ribeira como centro comercial da cidade at o trmino da Segunda Guerra Mundial. Ali embarcavam e desembarcavam passageiros e a rua estendida entre o Cais e a Avenida Duque de Caxias foi se impondo como a mais importante artria do bairro da Ribeira, e talvez de Natal, situao que se manteve at o bairro entrar no processo de esvaziamento populacional e decadncia fsico-espacial. (DIARIO DE NATAL, p. 265)

uma avenida que exprime a alma tumuturia do bairro. H de tudo nessa avenida. Desgua no Potengi, de cujo cais se admiram os poentes. (...) Avenida de festa e de trabalho. Cortam-na ainda os bondes promscuos, isto , sem distino de classes. (...) A avenida Tavares de Lira bem a avenida democrtica. (A REPBLICA Psicologia da Avenida Tavares de Lira 24 de janeiro de 1926 apud DIRIO DE NATAL, 2001, p. 265)

O obelisco presente na Avenida, alocado nas proximidades com o cais, foi inaugurado em 1913. Encomendado da Europa, o obelisco de 5metros de altura foi colocado para ornamentar a ento principal via do bairro e , nos dias atuais, um elemento marco do perodo ureo do bairro da Ribeira.

A funo do cais como rea de embarque e desembarque para o transporte hidrovirio de passageiros atuou precariamente por vrios anos e encontra-se desativada nos dias atuais. O equipamento apresenta um ntido estado de abandono e apenas as embarcaes de apoio atividade pesqueira do entorno atraca no estabelecimento.

FOTO 32 Desnvel topogrfico/ Descida para a Av. Tavares de Lira- Largo da Igreja Bom Jesus.

FONTE: Miz Dias, 2001

FOTO 33 Desnvel topogrfico/ Avenida Junqueira Aires e descida para o bairro da Ribeira- Praa Augusto Severo.

FONTE: Miz Dias, 2001

FOTO 30 Viso geral da Avenida Tavares de Lira. Ao fundo, Cais margem do rio.

FONTE: Miz Dias, 2001

FOTO 31 Viso geral da Praa Augusto Severo/ Ribeira.

FONTE: Miz Dias, 2001

FOTO 34 Rua Dr. Barata Via Local no bairro da Ribeira.

FONTE: Miz Dias, 2001.

FOTO 35 CORREIOS- Exemplo de edificao destinada ao uso institucional.

FONTE: Miz Dias, 2002.

FOTO 37 Norte Pesca. Indstria pesqueira situada na Rua Chile/ Ribeira.

FONTE: Miz Dias, 2002.

FOTO 36 Concentrao de depsitos e oficinas. Rua Chile/ Ribeira.

FONTE: Miz Dias, 2002.

FOTO 39 Antiga residncia do Sr. Fortunato Aranha. Uso atual: instituio.

FONTE: Miz Dias, 2002.

FOTO 40 Centro de Treinamento e Desenvolvimento Ferrovirio.

FONTE: Miz Dias, 2001.

FOTO 41 Prdio da REFSA CBTU.

FONTE: Miz Dias, 2001.

FOTO 38 Antiga residncia do Dr. Janurio Cicco. Uso atual: servio.

FONTE: Miz Dias, 2002.

( Compreende-se por ponto de cristalizao reas consolidadas, no mbito das atividades que acolhem e do seu significado ou representao na dinmica urbana da cidade.

( Caractersticas classicizantes: presena de cornijas nas fachadas, pilastras demarcadas, cercaduras nas esquadrias, p direito elevado, acesso principal demarcado, capitis ornamentados, balaustradas decorativas, detalhes em estucaria, entre outros.

Caractersticas art dec: traos mais retos, detalhes decorativos, estucaria, platibanda com detalhes escalonados e outros.

Caractersticas proto-modernas: vergas retas, uso de vazios(em painis de vidro), ausncia de cercaduras nas esquadrias, pilastras e acessos demarcados e volumetria esttica, porm com indcios de jogo de volumes com salincias e reentrncias nas fachadas.

UM ESPAO MULTIMODAL

NO BAIRRO DA RIBEIRAMIZ CILAYNE FERNANDES DIAS ............................................................ TRABALHO FINAL DE GRADUAO