UM AMIGO DA VILA RÉ, LUTEMOS POR NOSSA HUMANIDADE!
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Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 - Rua Pangauá, 669 - E-mail: [email protected] - CONTATOS: 981.453.242 Alair; /959.587.742 Rocky; 968.352.792 Felix; 959.301.176 Didi
Editorial: UM AMIGO DA VILA RÉ,
DO BRASIL E DOS BRASILEIROS
No poema A Flor e a Náusea, Carlos Drumonnd de Andrade, em meio a tantas deses-
peranças, percebe que uma flor nasceu na rua. Diz ele: “uma flor ainda desbotada. Ilu-
de a polícia, rompe o asfalto. (...) Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros. Mas é realmente uma flor.
É hora de rompermos o asfalto, iludirmos a polícia e, feito uma flor, lutarmos por nossa
humanidade. É hora de dizer basta as 138 mil mortes anunciadas e as que ainda estão
por vir. Não ao chicote e ao tronco. Não ao genocídio e à matança que nos aniquila co-
mo pessoa. Vamos nos unir. Fiquemos de mãos dadas rentes um ao outro. Abramos
mão da pequenez de interesses e de divergências mesquinhas. Protejamos aquele fi-
lho que escalou paredes para despedir-se de sua mãe.
Digamos não às agressões e ataques a médicos, enfermeiros e pessoal da saúde. Va-
mos impedir que arranquem cruzes fincadas na areia da praia em homenagem aos
que morreram. Urge denunciarmos todas as vezes as informações sobre o número de
mortos oficialmente são apagadas e as invasões a hospitais, incentivadas.
Sejamos contra quem vetou o acesso a água potável, a material de limpeza e forneci-
mento de cestas básicas para as aldeias indígenas e comunidades quilombolas. Quem
proibiu leitos hospitalares e UTI nas aldeias. Sejamos contra a matança de lideranças
comunitárias. Sejamos incansáveis na adesão aos abaixo-assinados e doações. No
apoio às paralisações e as greves.
É hora de reagir aos novos e velhos mecanismos de controle e de poder! Sermos mais
e mais solidários com os sem condição, os fragilizados e os indignados, considerados
um incomodo pelos governantes e elites socioeconômicas.
Pelo fim da seletividade amoral e imoral e da desigualdade alimentadoras da xenofobia
e dos nacionalismos como disse recentemente Thomas Piketty, economista francês
autor de Capital e Ideologia. Não ao discurso do ódio. À explosão do desemprego. Às
demissões injustas, à suspensão enganosa dos contratos de trabalho!
Não à intolerância, à grosseria, a desqualificação do outro e a perseguição. Lutemos
contra a insensibilidade, os silêncios, a omissão, os ouvidos “moucos”, o desprezo, a
indiferença e o autoritarismo que nos embrutece.
Digamos não ao esfacelamento das sociabilidades e dos afetos. A (com) paixão não
pode virar relíquia de tempos passados. Se necessário for retomemos os panelaços.
Mantenhamos nossa indignação! Recusemos fazer parte da “epidemia de descaso” na
educação, como bem o disse Elio Gaspari. Todo cuidado é pouco: evitemos o caminho
das concessões que nos conduz à capitulação.
Mostremos quão falsa é a oposição entre técnica e ideologia, pois toda técnica contém
em si princípios ideológicos. Que o auxílio emergencial é um direito e não um favor, e
pode transformar-se em cabo eleitoral igual à distribuição de dentadura pelos coronéis
de antigamente.
Não deixemos mais ninguém pisar pescoços e jugulares, porque pretas!
Lutemos para desfazer necessidades ideologicamente transformadas em desejo ines-
gotáveis. Ajudemos a driblar fake news e ajudar quem precisa como nos ensina Zizek.
Expliquemos que Salles, ministro do Meio Ambiente, não está sozinho com seus bois,
conta com a proteção de no mínimo 70 grupos empresariais dos mais diferentes ramos
e setores, sua boiada.
Não à fome e à exclusão!
Digamos não à multiplicação da violência contra as mulheres e crianças isoladas em
seus "lares". À marca de classe das mortes. À profusão de corruptos, corrupções e
corruptíveis, À farta distribuição de cloroquina em bairros da periferia. Ao falso discurso
de que o povo finalmente tomou consciência livrando-se de ideologia malsãs.
Não aos enterros em covas rasas rompendo as regras da proibição do após o anoite-
cer e se adentram até as 20.00 horas. Às multidões de gentes nas calçadas dos IMLs
buscando seus mortos. Aos bares lotados de risos e de comemorações. Ao desperdí-
cio do dinheiro público.
Lembremo-nos que a superação das incertezas e dos medos passa pela união de to-
dos/as nós. Sejamos lutadores e lutadoras incansáveis da igualdade. E se necessário
for, sejamos Santos/as Guerreiros/as, contra Dragões da Maldade.!
LUTEMOS POR NOSSA HUMANIDADE! Profª Regina Bruno—CPDA-UFRRJ
Quem conheceu Jan Jacobus Hendrik Croimans?
Com esse seu nome de batismo muitos não o reconhece-
riam. Trata-se do querido Padre João da Paróquia Santo
Antônio de Vila Ré.
Aos 83 anos, o nosso Padre João Croimans fez sua pas-
sagem por ter, brilhantemente, cumprido sua jornada e
sua valorosa missão.
Nasceu em 14 de junho 1937, na cidade de Opoetem,
Bélgica, em uma família humilde, católica, que vivia os
transtornos consequentes da IIª Guerra Mundial. Filho
mais velho do casal Hendrik Pieter Jan Croimans e Maria
Aldegonde Awouters e seus seis irmãos.
Uma família de pequenos agricultores na produção de ali-
mentos e criação de gado que, durante a IIª Guerra Mun-
dial, foi obrigada a alimentar o exército alemão. A ruina
não demorou a chegar e seu pai teve de ir trabalhar em
minas de carvão.
Fez sua primeira comunhão, em 1950 e, no ano seguinte,
para continuar sua formação, inicia seus estudos vocacio-
nais no Seminário Sint-Truiden. Formou-se em teologia
pela Universidade Católica de Louvain. Em 07/07/1963 é
ordenado sacerdote, iniciando suas atividades na Diocese
de Liège.
Chega ao Brasil, em 14/março/1966, juntamente com ou-
tros padres, após uma escolha meticulosa de onde faria
sua opção missionária. Sua escolha, após analisar possi-
bilidades no continente africano e locais no Brasil, recaiu
sobre a Vila Ré.
É preciso lembrar que essa opção pelo Brasil se deu sob
forte influência das transformações profundas realizadas
pelo Papa João XXIII e o Concílio Vaticano II. Esse mo-
mento é, também, o de um período iniciado com o golpe
militar de 1964, de tensão política, com prisões e torturas
acontecendo nos porões dos órgãos de repressão.
Sua opção pelos pobres se aprofundou a partir da IIª Con-
ferência dos Bispos Latino-americanos, realizada na cida-
de colombiana de Medellin, em 1968. Desenvolveu um
amplo e profundo trabalho de construção da JOC – Juven-
tude Operária Católica, na implantação das pastorais e na
construção das Comunidades Eclesiais de Base.
Isso lhe rendeu perseguição por parte da polícia política
do regime militar, tendo de enfrentar agentes policiais infil-
trados nas atividades paroquiais e, até mesmo, nas mis-
sas, como consta registrado em documentos da Secreta-
ria de Segurança Pública (1973) Relatório Sobre Padre
Jan Jacobus Hendrik Croimans in Dossiê DEOPS/SP – 50
- G -02. Doc n}968, Pasta 09. Data 14/05/73.
Todas essas dificuldades foram enfrentadas com deste-
mor e astúcia que lhe permitiram conduzir seu trabalho
missionário.
Sua postura de rigor e, às vezes, de intransigência pode
ter suscitado incompreensões. Mas nada diminuiu o seu
empenho em realizar o seu propósito missionário, definido
ainda em sua juventude.
Foi um brasileiro por adoção, amante de nosso país, de
nossa Vila Ré e de seu povo. Resta a saudade!
Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 2
O Jornal da Vila Ré e região é de responsabilidade editorial dos diretores da Sociedade Amigos de Vila Ré e região.
EDITOR: Alair Molina.
COLABORAÇÃO: Célia, Thozzi, Andreia, Marron, Marilsa; Rai-
mundo; Rogério; Eloisa; Didi ; Natália,
Teodoro (em memória).
Endereço: Rua Pangauá, 669 Vila Ré
Contatos: 981.453.242 Alair; 9.59.301.176 Didi .
registro de um olhar: Imagens da Vila Ré Marron Messias
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P A R A A N U N C I A R
vide página 05
981.453.242 981.195.517
"Um dia, quem sabe, /ela, que também gostava
de bichos, apareça /numa alameda do zôo, sor-
ridente/tal como agora está no retrato sobre a
mesa/Ela é tão bela, que, por certo, hão de res-
suscitá-la./Vosso Trigésimo Século ultrapassa-
rá o exame de mil nadas/que dilaceravam o co-
ração/Então, de todo amor não terminado/ se-
remos pagos em inumeráveis noites de estre-
las/Ressuscita-me/ nem que seja só porque te
esperava como um poeta/repelindo o absurdo
quotidiano!/Ressuscita-me!/Quero viver até o
fim o que me cabe!/Para que o amor não seja
mais escravo de casamentos/Concupiscência/
Salários/Para que maldizendo os leitos/ Saltan-
do dos coxins/o amor se vá pelo universo intei-
ro/Para que o dia/que o sofrimento degrada/
Não vos seja chorado, mendigado/ E que, ao
primeiro apelo: CAMARADAS!/ Atenta se volte
a Terra inteira./Para viver livre dos nichos das
casas./ Para que doravante/ a família seja/ o
pai,/pelo menos o Universo,/ a mãe, /pelo me-
nos a Terra."
Em 1923 este poema, "O Amor", foi escrito por
ninguém menos que Vladimir Maiakovski, o po-
eta da Revolução Russa. Desde 1910, com 17
anos então, tornou-se um bolchevique, tendo
sido até preso pelo regime czarista por subver-
são. Com a vitória dos socialistas em 1917 ele
se dedicou a formar educadores para o povo,
criar uma arte engajada que, no entanto, dialo-
gava perigosamente com o cubismo-futurismo,
distante do realismo soviético que foi pregado
principalmente a partir da ascensão de Stalin
no comando da União Soviética(1922-1953).
Maiakovski é tido como um dos maiores poetas
do século XX, rivalizando com TS Elliot e Ezra
Pound. Seu texto era solto, militante sem ser
piegas, buscando auxiliar na construção do
comunismo na URSS e no mundo, concla-
mando os operários a terem uma visão para
além da política sobre a Revolução de Outu-
bro, também existencial, ele acreditava no
materialismo histórico e no marxismo como
motores de uma sociedade sem desigualda-
des, sem exploração, através da ação da
classe trabalhadora consciente da beleza de
sua força, da sua solidariedade.
No poema aqui postado notamos sua crença
numa constante evolução da ciência que leva-
ria o ser humano a prescindir do trabalho, das
convenções burguesas, certo de que seria
possível até a ressurreição pelo conhecimen-
to.
Os rumos do stalinismo cortaram seus so-
nhos, foi perseguido por sua estética conside-
rada burguesa, sofreu por um amor não cor-
respondido e segundo Roman Jakobson, lin-
guista e amigo de Maiakovski, ele se suicidou
(mais uma alma dilacerada numa sociedade
eivada de totalitarismo) em 1930, deixando
uma nota onde se lia “Não quero mais viver
num mundo de mortos, prefiro morrer antes".
Caetano Veloso tem uma canção que faz uma
releitura do poema "O Amor" que Gal Costa
gravou no disco "Fantasia " de 1981.Vou man-
dar o link de presente para meus amigos, ami-
gas, familiares. E deixo mais uma epifania de
Maiakovski, meu amigo, igualmente, é dele o
poema lido por Dilma Rousseff após o golpe se
perpetrar, 31 de agosto de 2016:
“Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas. “
“E então, o que quereis?”, 1927, este
“musicado” por João Bosco em 1989) Bom do-
mingo, repleto de poesia e “luta contra as mi-
sérias do cotidiano”.
https://youtu.be/cBxMFb8igus.
https://youtu.be/ApXp7Uee9GY.
A CHEGADA DA PRIMAVERA
Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 3
Os repasses para estados e municípios da
Lei Aldir Blanc, que garante R$ 3 bilhões de
auxilio emergencial para os trabalhadores da
cultura, foram iniciados este mês. Aprovada em
junho no Congresso Nacional para aliviar o so-
frimento do setor em decorrência da pandemia
da covid-19, a Lei – que sou coautor com ou-
tros parlamentares – também assegura incenti-
vos para os estabelecimentos culturais e aber-
tura de editais e chamamentos na área.
De acordo com o governo de São Paulo, o
estado recebeu R$ 264 milhões pela Lei que
beneficiará aproximadamente 63 mil trabalha-
dores do setor. Para isso, é necessário que os
trabalhadores façam um cadastramento no site
Trabalhador da cultura: SAIBA COMO TER DIREITO A LEI ALDIR BLANC
Por Alexandre Padilha
do governo do estado para estarem habilitados
a receber o auxílio.
A lei Aldir Blanc também prevê a destinação
de recursos para apoio a estabelecimentos e
instituições culturais como teatros, cinemas, mu-
seus e galpões culturais que deixaram de rece-
ber público e estão com as contas em atraso e
também para o fomento de editais, chamamen-
tos e prêmios para o setor.
O setor cultural é um dos que mais sofre com
a pandemia. Artistas e instituições culturais que
dependem exclusivamente de público, foram
brutalmente afetados pelo efeito devastador da
crise sanitária, muitos ficaram sem nenhuma
renda. Se antes a cultura já era desvalorizada
pelo governo Bolsonaro que constantemente
deslegitima e censura os artistas, as obras, as
exposições da diversidade, as produções críti-
cas com ataques de intolerância e ódio, ficou
muito pior com a pandemia.
O cenário de desvalorização desse importante
setor que produz conteúdos para a reflexão da
sociedade só piora se dependêssemos de Bol-
sonaro. Neste ano, na maior tragédia humana
que o mundo já enfrentou, o governo congelou
cerca de R$ 50 milhões para manutenção dos
estabelecimentos que necessitam de recursos
constantes também para cuidados com materi-
ais de registros históricos ou patrimônios cul-
turais, no caso de museus, ou até mesmo pa-
ra se manterem como referência cultural nas
cidades.
Outro fator que aprofunda a dificuldade de
recuperação e demostra o desapreço pelo se-
tor, é a proposta de orçamento para a cultura
em 2021 apresentada pelo governo federal.
Nela, serão retirados cerca de 80% dos recur-
sos em comparação com 2020. Este corte sig-
nifica ainda mais o sufocamento da área, com
a falta de incentivo para propostas culturais
em nosso país.
Para o filosofo Gilles Deleuze "O poder re-
quer corpos tristes. O poder necessita de tris-
teza porque consegue dominá-la. A alegria,
portanto, é resistência porque ela não se ren-
de." A cultura é uma das alegrias do coletivo,
é ela que nos move a pensamentos e nos faz
contemplar diversos pontos de vista. A defesa
na difusão de pensamentos críticos e aos que
produzem essas mensagens são fundamen-
tais para sociedades democráticas e diversas.
*Alexandre Padilha é médico, professor universitário e depu-
tado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de
Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão
Fernando Haddad na cidade de SP.
“Casa Suja Ocupa”: Um projeto cultural para a Vila Ré e região
A Casa Suja é um projeto que nasce com o
intuito de construir, junto à comunidade, uma
casa de cultura na periferia da cidade de São
Paulo, no bairro da Vila Ré, com oferta de ati-
vidades culturais ligadas a lazer, educação e
memória, com atenção especial voltada para
crianças, adolescentes e aposentados habi-
tantes do entorno.
O nome Casa Suja foi pensado por vários
motivos, entre eles; a sonoridade da palavra
nos agrada bastante além de soar atraente; A
ideia de contraponto, já que prezamos por es-
paços limpos e organizados; Outro fator pre-
ponderante na escolha do nome foi o de cha-
mar a atenção do público que desejamos al-
cançar, jovens e adolescentes. Inicialmente
discutimos sobre o nome da casa ser uma si-
gla S.U.J.A que significa, Sistema Unificado
para Jovens Abandonados, no entanto desisti-
mos por causa do significado da palavra
“sistema”, que foge da nossa linha de pensa-
mento para a casa.
A ideia da Casa Suja surge para suprir a es-
cassez de equipamentos culturais no bairro,
tais como, teatros, bibliotecas, livrarias, cine-
mas e casas de cultura além de espaços ex-
positivos.
A escolha da Vila Ré é motivada pela liga-
ção afetiva com a região, uma vez que fomos
criados aqui e ainda mantemos laços familia-
res e de amizade, o que possibilita uma maior
compreensão das possíveis demandas liga-
das a atividades culturais, esportivas e de me-
mória.
Quando iniciamos a pesquisa de campo, en-
contramos um portão com um cartaz pendura-
do, informando que ali eram oferecidas ofici-
nas para aprender a tocar violão, entramos em
contato, descobrimos a Sociedade Amigos da
Vila Ré, fomos inseridos nas reuniões sema-
nais (à distância) e, após apresentarmos as
nossas ideias concluímos, juntos, que compar-
tilhávamos dos mesmos ideais, viabilizando a
que uma parceria fosse firmada.
A nossa ocupação, denominada Casa Suja
ocupa contará com uma biblioteca popular,
onde iremos disponibilizar livros novos e usa-
dos a um preço justo, possivelmente abaixo
dos valores praticados no mercado, uma ban-
ca de trocas de livros usados, além de continu-
armos a antiga biblioteca Che Guevara, tudo
isso na mesma sala de madeira existente des-
de 1947 e ocupada pela Sociedade Amigos de
Vila Ré há mais de quarenta anos.
Para as atividades ligadas às artes e ofícios
propomos a criação de uma sala com móveis
modulares, pensando na versatilidade do es-
paço, que poderá abrigar atividades dinâmicas
e de vivências grupais diversas, atividades es-
tas que estão sendo discutidas junto com
membros da sociedade e que num futuro próxi-
mo levaremos aos
moradores do bair-
ro, para que a voz
da comunidade
esteja dentro da
SAVRÉ.
No quintal criare-
mos um Centro de
Memória do bairro,
que contará com
um jardim com
elementos históri-
cos ligados a his-
tória do bairro, além de fotos da Vila Ré, utili-
zando a técnica de lambe-lambe, fotografias
impressas em papéis em grandes formatos e
coladas nas paredes. Temos muito trabalho
pela frente e esta-
mos otimistas,
avançando a cada
dia.
Para financiar es-
te projeto contare-
mos com a venda
de livros, o apoio
de parceiros, co-
merciantes do bair-
ro, além da inscri-
ção do projeto em
editais culturais.
Reforma da sala para abrigar a Biblioteca Popular
Eu andava pelo interior do Amazonas, apesar de
ser em meu país, eu jamais havia visitado. Já ha-
via andado por muitas terras, muitos países, praias
e montanhas. Ouvi línguas estrangeiras que eu ja-
mais entendi, conheci pessoas das mais variadas
naturezas, comi comidas estranhas e fiz alguns
amigos. Agora eu andava em uma rua alagada,
com buracos onde meus pés se afogavam neles e a
chuva caia forte como se ali o céu fosse mais pe-
sado. Logo à minha frente um pequeno grupo de
indígenas, aparentemente aculturados.
Os homens, com braços, peito e pernas desenha-
das em preto e vermelho, só um calção destes de
esporte e a chuva batendo no peito deles deixava
um rastro de luz como se tivessem algum óleo no
corpo. Andavam firme e em silêncio. Não se im-
portavam com a chuva como eu, nem se desvia-
vam dos buracos nas ruas. As crianças até brinca-
vam e pulavam espalhando a água por todos os
lados e rindo e se divertindo; longe de casa até me
fizeram lembrar do meu filho menino que adorava
quando chovia e as poças se formavam para brin-
car dentro delas quando a caminho da escola. Que
lugar era aquele, com casas baixas, grudadas umas
nas outras, ruas de terra, um calçamento incipiente
e estreito que se poderia chamar de calçada.
O grupo continuava sua marcha e eu logo atrás
como se fossemos na mesma direção. Eu nem sa-
bia para onde ia, tinha saído para fazer um reco-
nhecimento da cidade em que acabara de chegar.
Por um momento me perguntei o que fazia eu na-
quele lugar estranho, onde eu era a estranha, e por
onde passasse as janelas se entreabriam e alguém
nos espiava, onde nada me parecia familiar, onde
ninguém ousava andar na chuva além de mim e o
pequeno grupo de indígenas. Onde iriam com tan-
ta determinação? De onde vinham? Que língua
balbuciavam baixo uns com os outros? Que solado
tinham nos pés descalços que batiam tão firmes e
decididos no chão? Nem pareciam me notar, nem
dirigiam olhar em minha direção e eu firme, deter-
minada acompanhava aquela marcha como se eu
também fizesse parte dela. Eles não se cansavam?
A chuva não cessa e eu não sei para onde me leva-
va aquele caminho. Uma encruzilhada, outro pe-
queno grupo se junta a eles, agora com mais algu-
mas crianças e então se divertem umas com as ou-
tras. E estes, agora me lembravam um tipo cigano
que conheci na infância, caboclos ou caipiras imi-
grantes que trabalhavam nas fazendas de café e
vestiam saias largas e lenços coloridos na cabeça.
Mas estes tinham olhos puxados, pele amadeirada,
cabelos lisos e não olhavam para os lados, nem
percebiam a minha presença a poucos metros de-
les.
E a pequena procissão seguia seu caminho e eu
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Debaixo da Chuva Amazônica Aos indígenas de Eirunepé - Kulinaã Ana Clara Fabrino — jornalista e pesquisadora
seguia o cami-
nho deles, co-
mo se uma for-
ça natural me
levasse adiante
mesmo sem
saber para onde
ia. E vi, como
se via em câma-
ra lenta, um
grupo de jovens
se aproximava
em motocicleta
que havia aos
montes por ali. Mas estes vieram fazendo baru-
lho, gritando, rascando o barro e jogando água e
lama para todo lado.
Eu previa a maldade, já havia visto isso em jo-
vens arrogantes e mal educados, sempre em gru-
pos. Quando sós nada são, acanhados até, mas
estes não, dispostos a se divertirem. Mais de uma
dúzia deles, o barulho era imenso e mais estra-
nho debaixo daquela chuva tão forte. Parei, parei
por um instante e o grupo seguiu, sem fazer
menção de parar.
Os motoqueiros os cercaram, eu, a certa distân-
cia observava, aguardando o momento de seguir;
davam voltas em volta deles, as crianças gruda-
ram-se nas pernas das mães, algumas choravam,
outras chupavam os dedos ou escondiam o rosto
entre as pernas dos pais. E aquele silêncio? por
que não gritavam, não reclamavam, não ensaia-
vam defesa, nada, nenhum movimento. E eu?
Por que não interferia? A pouca distância assistia
naquela rua que de estreita se alargava num va-
zio e parecia desembocar num capão mato aden-
tro.
O grupo indígena, acuado entre motoqueiros bár-
baros, pareciam-me acostumados àquela agres-
são tão gratuita, um jogo sem graça que tanto me
assustava. Nem indígenas, nem motoqueiros
prestavam atenção à minha presença. E o baru-
lho, as freadas bruscas, os círculos em volta de-
les espalhando água barrenta e de poça em poça
eles gritavam alguma coisa como se tocassem
um gado, assustando cada vez mais as crianças a
mim também. Uma ciranda se formou e eu
olhando atônita e envergonhada aquela barbárie
numa clareira onde se implantou a cidade na flo-
resta que era deles.
De repente voltei de novo à lembrança de meu
filho menino, que quando tinha um problema,
não dos grandes, algo a resolver, como enfrentar
uma vacina, tomar um remédio amargo, apren-
deu a dizer pra si mesmo - um homem ou um
rato? E gritava alto para ele mesmo, um homem,
e abria a boca pro remédio amargo.
Saí de minha imobilidade, afinal um homem ou
um rato? Cheguei mais perto e acariciei a cabeça
da criança que mais se desesperava. Aí a mãe,
penso que era a mãe, me olhou com sinceridade,
como se me agradecesse, mas sem pronunciar pa-
lavra apenas aconchegou a crianças nos braços. E
o barulho seguia, a gritaria dos bárbaros nem tão
jovens em seus corpos tatuados.
E aí, coisa que nem imaginava, comecei a gritar,
gritei com eles, gritei o mais que pude, falei coisas
que nem sei, enfrentei um que quase bateu com as
rodas em minhas pernas, pedi gritando que paras-
sem com aquilo. E aí foram aparecendo pessoas
nas janelas das casas acanhadas. Alguém gritava
de dentro delas para que deixassem as pessoas em
paz. Outro abriu a porta e falou alguns palavrões, e
foram aparecendo alguns poucos solidários mesmo
que envergonhados e quase sempre preocupados
comigo, aconselhando-me a não me meter. E foi
então que um dos motoqueiros parou a moto,
olhou bem pra mim com cara e com vontade de
desagravo, fez um sinal com o dedo médio me
mandando pra algum lugar, lugar que eu pensava
que já estava e então fez outro sinal para os de-
mais motoqueiros e saíram em velocidade dando
risadas não sei porque.
As janelas foram se fechando, a chuva já não era
tão intensa e no céu começava a pontuar pedaços
de azuis em meio ao verde da floresta que brilhava
molhada e lavada pela chuva.
O grupo indígena tomou prumo e seguiu seu cami-
nho ignorando o que ali se passou. Um deles tirou
do elástico da cintura uma garrafinha e tomou
bons goles. Tinha visto ele fazer isso antes, pensei
ser água. Mas agora percebi, era cachaça e outro o
repreendeu na língua que não reconheci e ele to-
mou mais e mais.
Seguimos caminho como se fosse um caminho
normal, eu sempre guardando alguma distância e
eles em silêncio apertando o passo, deixando mu-
lheres e crianças um pouco atrás, mas vez ou outra
um deles se virava para ver se elas estavam ali,
talvez olhassem para ver se elas estavam bem. Por
um instante meu olhar cruzou com o dele e pensei
que ele interromperia minha caminhada, estranha-
ria minha presença insistente e falaria alguma
coisa comigo. Mas não, apenas cruzou o
olhar e por um instante senti que me agrade-
cia. Fui tomada de uma imensa emoção por
aquela gente que me deixou, por algum mo-
mento quase ser um deles.
E de repente me percebi seguindo ou perse-
guindo aquele grupo e absorvendo a tristeza
da chuva que caia naquela terra abandonada.
E comecei a me perguntar o que eu fazia ali.
Se eu ali morresse desapareceria, como esta-
vam desaparecidos aos olhos do país aquela
gente triste.
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Saiba mais sobre o consumo de polivitamínico-mineral.
Andréia Carrara —Nutricionista
“MENS SANA IN CORPORE SANO” Natália Perestrelo
Hoje em dia, principalmente com as redes sociais, a estética está supervalorizada. As pessoas cuidam da aparência, do exterior, dizendo que estão cuidando da saúde, quando na verdade só estão olhando pro espelho e pro que sai nos resultados de exames. Se-gundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saú-de é muito mais que isso:
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de do-ença ou enfermidade.”
Ou seja, se você se alimenta bem, faz exercícios físi-cos, bebe água suficiente, mas convive diariamente com altos níveis de estresse, fazendo horas extras, sem tempo (nem paciência) pra família e amigos, sinto em te dizer que você não é saudável.
Esse ritmo acelerado em que a gente vive e essa bus-ca constante por performance e produtividade dese-quilibra as nossas emoções, afeta a nossa saúde mental e contribui cada vez mais pro desenvolvi-mento de transtornos mentais.
Nossa…transtornos mentais… saúde mental… você
não está exagerando? Na verdade não. Essas ex-pressões é que são mal interpretadas e carregadas de preconceitos quando na verdade deveriam fazer parte do nosso dia-a-dia.
O termo “saúde mental” não tem uma descrição definida, mas está relacionado com:
nossas reações às exigências, desafios e mudanças da vida;
nossa capacidade de reconhecer e respeitar nossos limites;
nossa habilidade para lidar com nossas emoções.
A forma como você lida com essas coisas, define a qualidade da sua saúde mental.
Se você tá sentindo cansaço que não passa, se tá tendo dificuldade pra lidar com stress, se concentrar e produzir, você tá precisando cuidar da sua saúde mental.
Não é fraqueza, preguiça, incapacidade, descontro-le, loucura, etc. É o corpo dando sinal de que precisa de cuidados, assim como quando você sente uma
febre ou alguma dor. Ignorar os sintomas não faz de ninguém uma pessoa forte, obstinada e com força de vontade… só mostra descaso consigo e com a saúde e pode levar a transtornos como: an-siedade, síndrome do pânico, síndrome de burnout e depressão, entre outros.
Infelizmente muitas pessoas escondem ou NEGAM ter transtorno mental (ou que pessoas próximas a elas tenham) por causa do preconceito — que, às vezes, elas mesmas carregam. É preciso entender que transtornos mentais são doenças com diagnós-tico médico e tratamento, que DEVEM SER ENCA-RADOS e tratados.
Não somos máquinas! Somos animais vulneráveis a doenças mentais e não há nenhuma vergonha nis-so (você não se envergonharia em dizer que tem diabetes ou problema cardíaco, certo?). Então, cui-de da sua saúde mental! Como já dizia a expressão em latim:
“Mens sana in corpore sano” mente sã em corpo são – ou a versão minimalista: mente sã, corpo são).
As pessoas estão cada vez mais preocupadas com o consumo de vitaminas e minerais para reduzir o cansaço, o estresse, prevenir doenças, ganhar massa muscular e dessa forma prolon-gar a vida de forma saudável. Isso favorece mui-to a indústria mundial de suplementos que fatura anualmente 110 bilhões de dólares de acordo com o site Euromonitor.
O Brasil ocupa 30% do mercado latino-americano nesse setor.
Mas será que consumir suplementos de vitami-nas e minerais, é a melhor forma de resolver es-sa questão?
A biodisponibilidade nutricional não é tão eficien-te, porque a ingestão de nutrientes puros, na for-ma concentrada, gera competição entre eles. Exemplo:
O zinco dificulta a absorção de cobre e cálcio;
O ferro dificulta a absorção de zinco;
O cálcio dificulta a absorção de magnésio e fer-ro, etc.
Os nutrientes são melhor absorvidos quando
consumidos através dos alimentos-fonte. A na-tureza é perfeita e nos oferece os alimentos com o perfil nutricional adequado para a absor-ção. Exemplo:
O leite é fonte de cálcio e vitamina D que são “parceiros” para promover a saúde de osso e dentes.
Além disso, o consumo de alimentação associa-da à suplementação sem a devida necessidade – sem prescrição nutricional ou médica – favo-rece a toxicidade dos nutrientes, causando em curto prazo náuseas, vômitos, dor de cabeça, cólica, diarréia e em longo prazo, problemas hepáticos, etc. Ou seja, esse cuidado todo pode prejudicar a saúde ao invés de melhorá-la.
Não podemos atribuir apenas ao consumo de nutrientes a responsabilidade de uma vida sau-dável e com mais disposição. Outros cuidados com a rotina do dia-a-dia devem ser observa-dos:
Sono – é necessário dormir mais e melhor. Pa-ra isso, é importante estabelecer um horário
de sono, desligando celular, TV e outros ele-trônicos.
Sol – reservar um tempinho para se expor ao sol diariamente é muito importante para a ati-vação de vitamina D. Não adianta suplemen-tar e não se expor à claridade.
Água – para ter um bom funcionamento do or-ganismo, a hidratação é fundamental.
Alimentos industrializados – reduzir o consumo desses alimentos e aumentar o consumo de alimentos in natura ajuda muito no aumento da absorção de nutrientes.
Para se assegurar de que está consumindo vitaminas e minerais adequadamente, observe também:
Se está consumindo alimentos da época;
Se está consumindo verduras, legumes e fru-tas e
Se está consumindo alimentos de todas as co-res (verde claro, verde escuro, vermelho, ro-xo, amarelo, laranja, etc.)
www.andreianutricionista.com.br
SOCIEDADE AMIGOS DE VILA RÉ E REGIAO EM AÇÃO
SOLIDARIEDADE SEMPRE PRESENTE.
A Sociedade Amigos de Vila Ré, diante da cri-
se da pandemia, que há 5 meses o país e o
mundo enfrentam, procurou contribuir com o
bairro e região. Ficou resolvido que, com uma
parceria com a Comissão Pro Saúde e a UBS
vila granada/vila ré, seriam produzidas más-
caras de proteção. A meta inicial era de produ-
zir 1.000 máscaras, mas com a colaboração de
14 costureiras e de voluntários que deram su-
porte, a campanha foi crescendo.
Com doações de tecidos, elásticos e em dinhei-
ro, essenciais para o sucesso da campanha,
hoje cinco meses depois já foi ultrapassada a
meta de 6.000 mil máscaras. É preciso dizer
que além da produção e da distribuição das
máscaras, um trabalho de conscientização da
importância do uso de máscaras, para proteger
a transmissão, foi desenvolvido graças ao apoio
fundamental da direção e dos funcionários da
UBS.
Resta parabenizar a todos que contribuíram
para atingir os objetivos. A dedicação das cos-
tureiras voluntárias levou a um aprimoramento
da qualidade das máscaras e de um aumento
da produtividade, permitindo atender à popula-
ção necessitada (vide fotos)
No mês de agosto, também, uma nova ação de
solidariedade teve início. Através de doadores
voluntários do bairro, foi organizada uma cam-
panha de solidariedade para a entrega de ces-
tas básicas às pessoas em situação de vulne-
rabilidade. Aqui também se reproduz a parceria
com a Comissão Pro Saúde e a UBS vila
granada/vila ré. Através da doações de ali-
mentos e em dinheiro, realizados por morado-
res voluntários, 20 famílias já estão sendo aten-
didas atendendo.
A Sociedade Amigos de Vila Ré, mesmo na
pandemia, continua trabalhando a todo vapor
para bem do bairro da Vila Ré e região com su-
as ações.
Você quer participar dessas ações
de solidariedade?
As reuniões acontecem semanalmente
(online). Entre em contato, Entre no nosso site
savre.org ou contate por telefone 9.4538-7470
com Ruth Anne.
Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 6
CONVERSANDO : A Feira Prof. Thozzi
Ah! Vende mandioca! Com casca e sem cas-
ca! Vende massa de mandioca para bolo.
Vende farinha de mandioca "Deusa", a melhor
de todas!
Me conta que herdou do pai 4 "tarefas" lá no
sertão de Alagoas. Deduzi, pela descrição dele
que tarefa deva ser menos que um hectare.
Quando começou o isolamento social ele esta-
va em Alagoas plantando feijão de corda. Já
que não tinha jeito, ficou lá até colher.
A cada dois passantes um me cumprimenta:
"Bom dia, professor Thozzi". Muitos deles fo-
ram meus alunos, tenho vontade de abraçá-
los. Mas não devo.
Sequer tirei a máscara (viu Abeni e Eliane!).
Outros são amigos da comunidade de São Ju-
das.
Às vezes, me dizem que dei palestra prepara-
tória para o casamento ou batismo. Ou mes-
mo no encontro de jovens!
Assim, a manhã fica mais fácil de passar!
Cícero brinca que se vendesse um grão de fei-
jão por cumprimento que recebo ficaria rico.
Me diz que quando se aposentar volta pra terri-
nha dele lá em Alagoas.
Já tem casa esperando por ele! A mulher também
quer voltar, a família mora toda lá.
Precisa se livrar dos limões. Hoje à tarde vai com-
prar carga nova. Vende seis por três reais, mas
põe mais dois a cada compra.
A patroa está terminando a feira. Para na barraca
do Cícero. Compra alho, cebola, limão (levou oi-
to). Recusa a batata doce, ele insiste e arredonda
a compra, ao invés de 23 reais paga só vinte. A
batata doce saiu de graça!
Me avisa que comprou camarão limpo, que em
meia hora o almoço estará pronto. Tenho juízo,
cumpro o horário estipulado!
Boa noite, gente amiga querida. O dia esteve
agradavelmente quente. Mas seco. Hidratem-se.
Estou preocupado com a falta de chuvas. Me
lembro do racionamento no governo Alckmin.
Agora mesmo tem vizinho lavando o carro!
Como os amigos já sabem hoje é dia de
feira na minha porta.
Gente, eu moro na mesma casa, na mesma
rua, mesmo número desde 1971! Ano que
vem, já está chegando, completo meio sé-
culo aqui.
A feira está aqui faz pouco tempo: Só trinta
anos! Hoje a feira estava mais devagar que
sempre! Sinal do pouco dinheiro do povo!
Fui lá na barraca do Cícero, sentei-me num
caixote. E ficamos conversando. Ele me
contou que veio de Alagoas jovenzinho.
Deixou pai, mãe e irmãos lá. Chegou aqui
em 1980,16 anos, sempre trabalhou na fei-
ra. Foi empregado até comprar a barraca.
Vende batatas, inglesa e doce. Vende ce-
bola e alho. Vende limões. Mas o forte da
barraca é o feijão de corda. Chega a ven-
der dois sacos por feira.
Hoje, em vagem fechada, o quilo estava
dez reais. Em grãos debulhados 20 reais,
de meio em meio quilo, ele vai vendendo.
A RESTAURAÇÃO DE UM QUADRO, A LEMBRANÇA DE UMA CONQUISTA ... Marilsa Gonçalves
Relembrar o passado, para planejar e me-lhorar o futuro, de uma vida, de uma luta, de um bairro, uma cidade, ou um país...!?
Por volta dos anos de 1979 à 1982 houve uma grande luta nos bairros de Vila Ré, Vila Granada e adjacências, para se im-plantar um Posto de Saúde nestes bairros.
Através de um grande movimento de mo-radores, uma Comissão de Saúde se for-mou; muitas discussões, reuniões, idas e vindas à Secretaria de Saúde de São Pau-lo, houve uma Grande reivindicação por um Posto de Saúde no bairro, já que era muito precária à questão Saúde Pública nestes bairros da região Leste.
E na última reunião com o Secretário de Saúde, da época ,Dr. Adib Jatene; houve a liberação para um equipamento de Saú-de no bairro de Vila Granada e, neste dia algumas senhoras (es), jovens e crianças estavam presentes, foi feito um registro daquele importante momento com foto e posteriormente um quadro, desta luta e conquista, que ficou exposto na UBS por muitos anos.
Mas, com o desgaste natural do tempo , como tudo na vida, o quadro se encontra-va atualmente em precárias condições; um grupo de pessoas ligadas à Comissão Pró Saúde, alguns funcionários da UBS, resolveram então restaurá-lo, para deixar novamente registrado este importante acontecimento e, em forma de banner, ele foi restaurado e entregue para o Gerente da UBS, onde será colocado em um local
de destaque, para que todos possam relembrar que esta UBS foi uma conquista da População.
Estamos vivendo tempos muito conturbados e difíceis, com esta Pandemia, que não acaba, de-vido à falta de educação e conscientização da população; com os descasos dos governos, ti-rando direitos do povo; com os aumentos de pre-ços; com o desemprego; e também na Saúde Pública dos bairros.
Com certeza, muitos de nós, não estamos satis-feitos com a questão Saúde do nosso bairro, até por que os atendimentos ainda não estão em rit-mo adequado pela enorme demanda já existente e por excesso de pessoas para serem atendidas, devido a não utilização deste recurso por conta da Pandemia.
A Comissão Pró Saúde, o Conselho Gestor (parte dele), que se formaram ,tem procurado acompanhar todos os passos da UBS desde o seu retorno, ao bairro, em 23/12/2019 e tem pro-curando ficar firmes para que a cada dia pos-sam contribuir com a melhoria da Saúde Pública dos bairros e Vila Granada, Vila Ré e adjacên-cias...
O Conselho Gestor, de modo precário, tem feito reuniões online, com dificuldades na participação da maioria dos conselheiros, nas discussões e nos encaminhamentos, na resolução urgente das demandas apresentadas.
Diante da realidade em que estamos vivendo, somente com união, objetivos comuns e com a participação popular, poderemos conseguir mu-danças, transformações, melhorias para o bem desta comunidade.
Se faz necessário, sempre continuarmos em uni-ão, e com a participação popular, para encontrar-mos s melhores estratégias, para a resolução e melhorias das dificuldades desta UBS.
Para isso, se faz necessário sua participação, colocando suas dúvidas, reclamações, suges-tões, elogios, na Caixa de Reclamações da UBS, para que após passar este período de Pande-mia, realizarmos uma Grande Assembleia e com debates/discussões, refletirmos o que queremos para o nosso bairro, qual o modelo de Saúde Pública será o mais adequado para a nossa co-munidade?
Será que estamos satisfeitos com o modelo atu-
al? É bom começarmos refletir sobre o modelo atual de Saúde do bairro, e fazer nossa parte, pro-curando conhecer outros modelos e diante desta demanda reprimida o que poderemos fazer, quais
outros modelos combinam mais com o perfil desta comunidade, dos bairros de Vila Granada e Vi-la Ré?
Para isso, deveremos ter em mente, a história de nossa comunidade, se baseando nas lutas e con-quistas já realizadas, nunca perdendo a esperan-ça, se fortalecendo com a participação popular e buscando melhores condições de Saúde para to-dos que aqui residem e necessitam deste recurso nestes bairros.
A Comissão Pró Saúde e a Sociedade Amigos de Vila Ré, continuam firmes recebendo doações de itens de cestas básicas e entregando as próprias para pessoas em situação de vulnerabilidade dos Programas PAI e EMAD e para a comunidade.
Agradecemos imensamente à colaboração dos vo-luntários, com suas doações, a esta Ação de Soli-dariedade, que procuram com seu gesto amenizar à situação social de tantas pessoas necessitadas; nossa gratidão!
E que você possa refletir; “Ninguém faz nada sozi-nho, ninguém é melhor ou pior que alguém, todos unidos, com um objetivo comum, nos tornaremos fortes sempre e novas e grandes conquistas reali-zaremos!”
Comissão Pró Saúde #juntossomosfortessempre!”
O Jornal da Vila Ré e região, desde janeiro de 2019, tem sido o substituto da forma impressa, mantida anteriormente por 13 anos. Sua circulação, antes bimestral, passou a ser mensal e dirigida para leitores da zona leste.
A inserção de anúncios será feita segundo tabela abaixo com direito a replicá -la no
https://www.facebook.com/Sociedade-Amigos-de-Vila-R%C3%A9-106974027631160/ e no
https://sites.google.com/savre.org/savre/in%C3%ADcio
MODELO 1 — 9cm X 9cm = R$20,00
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Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 7
Há 16 anos atrás o nosso Jornal, chamava-se
“JORNAL DA SAVRÉ e era impresso e distribu-
ídos 10.000 exemplares para a população da
Vila Ré e bairros vizinhos.
Uma das matérias com bastante aceitação era
a que apresentava o significado dos nomes
das ruas. A primeira delas chamava “As ruas
da Vila Ré” e desvendava o significado do no-
me Itinguçú.
“Muita gente tem demonstrado o interesse em
saber o significado dos nomes das ruas do
bairro. Mais do que isso, esses sempre foram
os nomes das ruas? Certamente não. Ao longo
se sua história, os nomes da ruas de Vila Ré
foram sendo alterados. Por exemplo: de onde
se originou o nome da Rua Itinguçú?
O nome dado à principal rua do bairro deve-se
a uma homenagem a um povoado existente no
litoral sul de São Paulo. Trata-se de uma locali-
dade junto ao rio de mesmo nome (Itinguçú),
no município de Peruíbe, dentro da área de
proteção ambiental da Estação Ecológica da
Juréia-Itatins.
Mas qual é o significado de Itinguçú? Não foi
possível encontrar uma explicação definitiva.
Entretanto, considerando que a origem do no-
me é indígena, uma pesquisa na internet per-
AS RUAS DA VILA RÉ
mitiu
uma compreensão bastante plausível.
Na língua tupi, encontrou-se “Y”, significan-
do água, rio ou qualquer líquido, como em
Yara = mãe ou senhora d’água; Yguaçu =
água grande. Também “tinga”, de origem
tupi, significa branco, como em Aitinga = sí-
tio da preguiça branca; Itinga = água bran-
ca; Piquitinga = espécie de peixe com es-
camas brancas. Finalmente, “Açu” que
quer dizer grande.
Portanto, “Y + tinga + açu” significaria
“grande água branca”; ou seja, cachoei-
ra. Essa conclusão é reforçada pela existên-
cia de uma bela cachoeira no Rio Itinguçú, a
Cachoeira do Paraíso.
A cachoeira do Paraíso no rio Itinguçú é um
degrau de 17 metros, que não possui uma que-
da vertical, ou mesmo negativa, mas sim uma
inclinação na ordem de 60º, constituindo-se no
chamado Tobogã do Paraíso, um afloramento
gnáissico erodido. tal cachoeira encontra-se no
contato entre as morrarias da Serra dos Itatins
e a planície costeira, numa altitude de aproxi-
madamente 35 metros.
Durante a alta temporada recebe mais de
3.000 pessoas por dia. O aspecto singular des-
ta Cachoeira é a sua resistência ao uso inten-
so, permanecendo sempre muito bonita e exu-
berante. Atualmente, com controle do número
de visitantes
Naturalidade - este é um aspecto muito inte-
ressante dessa cachoeira. apesar de ser inten-
samente visitada em algumas épocas do ano,
desde há muito tempo (pelo menos 20 anos),
seu aspecto atual é provavelmente muito próxi-
mo ao original, nas quedas d’água. os cami-
nhos e escadas que conduzem aos três pontos
da Cachoeira são integrados ao meio, bem fei-
tos e bonitos.
Cachoeira do Paraíso
CARTAS TRANSATLÂNTICAS Profº Raimundo Justino
A Vila Ré é formada por gente que está aqui e por
gente que foi embora.
E não estou falando apenas de quem já cumpriu
sua missão neste planeta, mas também de quem
teve que se mudar e manteve vínculo afetivo com o
bairro.
Dia desses falei com Alfonsina. Ela foi minha cole-
ga na sexta série. Tinha vindo da Argentina com a
família, e é claro, que virou atração com seu sota-
que e seus belos olhos pretos.
Os alunos ficavam tentando interagir com ela em
portunhol, mas o que a maioria queria mesmo era
aprender palavrões na outra língua.
Aos poucos Alfonsina foi tentando se enturmar.
Um dia ficou especialmente marcado em minha
memória: quando eu, ela e outros amigos fomos ao
parquinho, que ficava ali na rua Aldeia Paracanti.
Pequenas alegrias eram nossa maior liberdade
naquele tempo.
Mas a gente se distanciou. E eu não sabia até hoje
o
motivo. Em nossa conversa, Alfonsina explicou
que ela teve que regredir um ano na escola, pois
“não estaria se adaptando ao idioma”, e que ao mu-
dar de sala, a gente perdeu contato.
Pensei que ela ainda morava na rua Nea.
- Estou na Itália desde 2010. Mas meus pais moram
naquela mesma casa.
É casada, tem um filhinho de quatro anos, que foi
um sonho realizado depois de muita luta.
Passaram pela fase mais dura da pandemia, e ain-
da estão em alerta.
- Vocês foram a primeira turma que tive quando
cheguei ao Brasil. Me ajudaram muito.
Me acolheram. Nunca esqueço.
Eu também não esqueço, nem quero deixar de
guardar isso, aqui nestas linhas.
Alfonsina está longe da Vila Ré. E está perto de
nós, por meio da saudade e de cartas virtuais tran-
satlânticas.
Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 8
DEU EM OUTRAS MÍDIAS: MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA
Mário de Andrade
DEU EM OUTRAS MÍDIAS: O PERSONAL TRAINER DO PIAUÍ CARLOS CASTELO (O Estado)
Há controvérsias sobre a trajetória de Zé Ari-
mateia em São Paulo. Ele veio para o sudeste,
de Buriti dos Lopes, na seca de 1997. Logo
arrumou emprego de coletor de lixo no Parque
do Ibirapuera. De tanto ver gente correndo,
andando de bicicleta e malhando enquanto
varria o chão, começou a dar conselhos aos
atletas.
Após um tempo, os frequentadores do Parque
o apelidaram de personal trainer do Piauí. A
demanda cresceu tanto que Arimateia teve
que alugar uma sala comercial no bairro de
Chora Menino, iniciando as consultas. O boca-
a-boca aumentou. Até que, um dia, uma cele-
bridade o procurou.
– Arimateia, você é minha salvação!
– Pois se abolete, se abolete, dona. E vá me
contando…
– Malho sete vezes por semana. Faço quatro
corridas de 42 quilômetros no asfalto e três de
“spinning” na academia. Sábado e domingo
ainda tem sessão extra na esteira de casa.
Mas estou estranha demais…
– Tá de calundu, sinhora?
– Não, tô no período fértil. Mas, apesar de to-
da essa atividade física, tenho a impressão de
que precisava malhar mais, muito mais. Nunca
fico satisfeita…
– A madama merenda o quê?
– Dieta à base de aveia, iogurtes “light”, verdu-
ras, legumes, tofu e isotônicos. Mas não está
revertendo meu estado ansioso, entende?
– Entendo, não. Mas compreendo, sim.
– O que faço então?
– A senhora carece de comer bode: bode assa-
do com farinha.
– B-o-d-e? É algum produto importado?
– É. Do Piauí.
– Mas eu como esse “b-o-d-e”, antes ou depois
do treino?
– Coma durante suas carreira na rua. Faça um
frito do bicho, com muito sal, e vá jogando us
bucadim na goela. Dá sustança.
– Mas eu não vou ficar com sede? O que eu
bebo quando parar a corrida? Gatorade?
– A madama mete uã lapada de cana do Cariri
nos peito. Mas tem que ser a Cariri com K, num
sabe?
– Pinga, depois do “jogging”? Nossa, que origi-
nal o seu treino, Arimateia!
– Mas a cachaça é só pra evitar da dona ficá
com durmênça nas costelas. Chegando em ca-
sa, perpare um chá de fedegoso. Vá tomando,
de meia em meia hora. De noite, antes de ir pra
rede, beba duas xícra grande de leite-de-
jumenta-parida. E pronto.
– Entendi.
– Tome tudim, gúti-gúti. Se sentir cansaço, bata
sete veiz com o pano de um alfanje em seus
quartos, uã pancada em cada nádiga. E vórte
aqui no espaço de dois meiz, num sabe?
Pontualmente, 60 dias depois, uma celebridade
até brilhosa de tanta gordura adentrava no con-
junto de Arimateia.
Ganhara 19 quilos da mais pura adiposidade.
Arimateia indagou:
– E entonce?
– Perdi toda a vontade de correr. Tô na paz!
– De veras? – animou-se o “personal” do
Meio Norte.
– Juro, Arimateia. Não saio mais do sofá.
Acabou total aquela minha noia por corrida…
– Vixe Maria!
– … também acabou o casamento. Mas, pela
primeira vez na vida, tô me virando sozinha.
Você é tudo de bom, homem… alterou meu
eixo…
– Arre, égua!
Arimateia abriu a porta, mais 15 pessoas o
esperavam no corredor. A mulher o agarrou
pelo ombro:
– Só tô com um medinho: o que faço se me
der aquela vontade de correr de novo?
Arimateia deu uma sonora gaitada. E arrema-
tou:
– Se avexe não, siá! Cozinhe uma panelada
com bucho de boi, tripa e mão-de-vaca. Co-
ma um prato todim, com muita farinha d’água
e chupe o tutano. Passa vontade de correr
até em galinha-da-guiné. Agaranto!
CARLOS CASTELO é autor de 11 livros que vão de
crônicas à poesia e aforismos, passando por um
romance policial e um infanto-juvenil. Também
escreve ensaios sobre livros na revista Bravo!” e
Ponto (Sesi-SP).
Contei meus anos e descobri que tenho menos
tempo para viver a partir daqui, do que o que eu
vivi até agora.
Eu me sinto como aquela criança que ganhou
um pacote de doces. O primeiro comeu com pra-
zer, mas quando percebeu que havia poucos,
começou a saboreá-los profundamente.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis
em que são discutidos estatutos, regras, procedi-
mentos e regulamentos internos, sabendo que
nada será alcançado.
Não tenho mais tempo para apoiar pessoas ab-
surdas que, apesar da idade cronológica, não
cresceram.
Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu
quero a essência, minha alma está com pres-
sa ... Sem muitos *doces no pacote ...
Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito
humanas. Que sabem rir dos seus erros. Que
não ficam inchadas, com seus triunfos. Que não
se consideram eleitos antes do tempo. Que não
ficam longe de suas responsabilidades. Que de-
fendem a dignidade humana. E querem andar do
lado da verdade e da honestidade.
O essencial é o que faz a vida valer a pena.
Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar
os corações das pessoas ...
Pessoas a quem os golpes da vida, en-
sinaram a crescer com toques suaves
na alma
Sim ... Estou com pressa ... *Estou com
pressa para viver com a intensidade que
só a maturidade pode dar.
Eu pretendo não desperdiçar nenhum
dos doces que eu tenha ou ganhe... Te-
nho certeza de que eles serão mais re-
quintados do que os que comi até ago-
ra.
Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e
em paz com meus entes queridos e com
a minha consciência.
Nós temos duas vidas e a segunda co-
meça quando você percebe que você só
tem uma...
Envie para todos os seus amigos mais
de 40, 50 anos ou mais.
Mário Raul Morais de Andrade foi
um poeta, escritor, crítico literário,
musicólogo, folclorista, ensaísta e
fotógrafo brasileiro.
Foi um dos pioneiros da poesia mo-
derna brasileira com a publicação de
seu livro Pauliceia Desvairada em
1922.
Violência Doméstica e Familiar — Eloisa Lima Pereira
Instagran @elolima_17; Facebook Eloisa Lima Pereira; Coach/Administradora; Membro colaboradora do Grupo Mulheres do Brasil - Núcleo Violência Contra Mulher e
Comissão da Mulher Advogada - OAB SP
Jornal da Vila Ré e região Ano II- Nº 21 SETEMBRO de 2020 Pág. 9
SOCIED ADE AMIOS DE VIL A RÉ E REGI AO
PARTICIP A D A DEFINIÇÃO DO ORÇAMENTO MUNICIP AL PAR A 2021
Violência Doméstica e Familiar – Crianças
e Adolescentes
Nesta edição trago o assunto: Violência con-
tra Crianças e Adolescentes para reflexão e
ação.
As crianças e adolescentes são vítimas dire-
ta da violência doméstica.
O Brasil tem mais de 2.000 mil crianças e
adolescentes que ficam sem amparo familiar
por conta da morte da mãe, vítima de femini-
cídio.
No Brasil, 90% dos casos de violência se-
xual e outros tipos de violência (física e
psicológica) contra crianças e adolescen-
tes ocorrem no ambiente familiar, por isso,
sempre é importante estar atento para atitu-
des e comportamentos suspeitos. Assim co-
mo ser seletivo com as pessoas que convi-
vem com os menores, pois, infelizmente, as
estatísticas apontam que na maioria das ve-
zes o agressor é conhecido da família ou pa-
rente, que usam do vínculo de confiança pa-
ra a prática do crime.
Os pais, responsáveis e professores devem
orientar e conscientizar as crianças sobre os
perigos.
O abuso é silencioso e o pedido de ajuda
também.
No mundo por mês:
15.000.000 meninas entre 15 – 19 anos são forçadas a fazer sexo.
62% dos casos são realizados por familia-res e pessoas próximas.
300.000.000 crianças vivem em situação de violência.
Não deixe uma infância se apagar pelo mundo e pela culpa
Quebre o silêncio!
Denuncie os abusadores
A Lei 13.431/2017, normatiza e organiza o
sistema de garantia de direitos da criança e
do adolescente vítima ou testemunha de vio-
lência.
O aplicativo Proteja Brasil, facilita a reali-
zação de denúncias e a identificação de situ-
ações de vulnerabilidade, aumentando as
possibilidades de notificações de violações
Casos no Brasil denunciados
1º sem. 2016
2017 2018 2019
31 casos 48
casos 57
casos 85
casos
às autoridades competentes.
As denúncias de casos de maus-tratos e
negligência a crianças e adolescentes po-
dem ser feitas aos Conselhos Tutelares, às
Polícias Civil e Militar e ao Ministério Públi-
co, podendo ser noticiadas também aos ser-
viços de disque-denúncia (Disque 100, na-
cional; Disque 181, estadual; e Disque
156, municipal).
Consequências emocionais para as crianças
que testemunham a violência doméstica no
lar. Devemos prestar atenção nestes sinais.
Ansiedade constante, que pode resultar em
efeitos físicos causados pela tensão (dor de
cabeça, úlceras, erupções cutâneas);
Problemas com a fala ou com a audição;
atraso no desenvolvimento e desordens na
aprendizagem;
Excessiva preocupação e dificuldade de se
concentrar e prestar atenção;
Medo de serem feridas ou mortas;
Comportamento de lutar com outras pesso-
as e ou de ferir os outros e animais;
Sentimento de culpa por não poder parar as
agressões, ou por amar o agressor;
Medo de ir à escola ou separar-se da mãe;
Baixa autoestima, medo, depressão e ás ve-
zes até mesmo o suicídio;
Uso de drogas e fuga de casa;
Desequilíbrios psíquicos pós-tensão traumá-
tica.
Fonte de pesquisa:
http://j1diario.com.br/segundo-especialista-quarentena-
provoca-aumento-da-violencia-infantil/
https://www.unicef.org/brazil/relatorios/aplicativo-proteja-
brasil
https://www.unicef.org/brazil/homicidios-de-criancas-e-
adolescentes
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13431.htm
Propaganda Governo Federal.
O ecossistema está em crise através das quei-
madas. É impressionante que diante desse ce-
nário com mortes de animais e plantações, a
seca gravíssima do rio Paraguai e trabalho de
bombeiros dia e noite, a maneira que a tragédia
está se alastrando com tantos focos de incên-
dio.
Será que a queimada foi conduzida por algum
grupo? Fazendeiros que pediram para seus fun-
cionários queimarem a pastagem para ter nova
plantação e o fogo expandiu? Transformaram
um cenário que foi feito para ter um ciclo perfei-
to de vida e diversidade com paisagens exube-
rantes se transformou em uma terra preta sem
esperança.
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) atualizou
os dados desde o começo do ano e a estimati-
va de destruição é de 2,9 milhões de hectares
do Pantanal, entre os estados de Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul.
Com o clima incerto, de muito sol e chuvas fra-
cas, é outro fator que não contribui ao trabalho
de policiais ambientais, agentes do meio ambi-
ente e profissionais envolvidos no objetivo de
conter esse fogo consumidor em nosso território
brasileiro.
Sem mencionar nas consequências de como a
fumaça é espalhada pelo vento e assim atinge
cidades como São Paulo e Rio de Janeiro au-
mentando ainda mais a camada de poluição.
De alguma forma, estamos sendo atingidos pe-
las consequências do fogo, não podemos recla-
mar porque ainda temos nossa casa e não cor-
remos riscos de morte como os animais.
A complexidade da maldade dos possíveis
causadores desses incêndios mostra que real-
mente a humanidade não consegue valorizar a
natureza que foi feita para trazer o equilíbrio e a
vida abundante para nós.
Pantanal: O BIOMA QUASE EXTINTO
Isabela Giacomini
Aumento de 82% no número de
focos de incêndio no Brasil
Pantanal:
3 milhões de hectares destruídos
PERÍODO ELEITORAL
FAREMOS UMA PAUSA NA ATUALIZAÇÃO DESTE CA-NAL DE 15 DE AGOSTO ATÉ O FINAL DAS ELEIÇÕES MU-NICIPAIS EM ATENDIMENTO À LEI ELEITORAL 9504/1997, COM EXCEÇÃO DAS INFORMAÇÕES SOBRE O ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DO NOVO CORONA-VÍRUS.
Estranhamente, apesar de amplamente anun-
ciado e de ter sido instituído a partir de 1989, a
discussão do orçamento municipal ficou blo-
queada sem explicação razoável pela Prefeitu-
ra.
A Sociedade Amigos de Vila Ré vinha partici-
pando ativamente e havia conseguido incluir
duas propostas para a nossa região
(Construção do Hospital Alexandre Zaio -
Hospital da Nhocuné e – e implantação do Par-
que Linear Águia de Haia nas nascentes do
córrego Ponte Rasa). No site da Prefeitura há
o aviso: