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ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

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    ANTROPOLOGIA FILOSFICA

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    CURSOS DE GRADUAO EAD

    Antropologia Filosfica Prof. Juan Antnio Acha e Prof. Dr. Pe. Srgio Ibanor Piva

    Meu nome Juan Antonio Acha. Sou graduado em Licenciaturaem Filosofia pelo Centro Universitrio Claretiano e realizo ps-graduao na rea de gesto e filosofia. Atuo como docente emAntropologia Filosfica. Sempre fui preocupado com o valor davida e da vida humana em especial, por isso tenho presenteas palavras de Scrates, referidas por Plato na Apologia deScrates: "Uma vida que no examinada no vale a pena servivida".

    e-mail: [email protected]

    Meu nome Pe. Srgio Ibanor Piva. Sou Doutor em Cincias

    da Educao pela Universit Pontificia Salesiana (Roma/1966),especialista em Perfezionamento Didattico in Psicologia pelaUniversidade Salesiana (Roma/1963), em Psicologia da Educaopela Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras Baro de Mau(Ribeiro Preto/1972) e em Logoterapia aplicada Educaopela Sociedade Brasileira de Logoterapia (1993). Atuo, dentreoutras atribuies, como Reitor Centro Universitrio Claretiano

    e Orador Sacro, com mais de 10.000 homilias proferidas.e-mail: [email protected]

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    ANTROPOLOGIA FILOSFICA

    Prof. Juan Antnio Acha

    Prof. Dr. Srgio Ibanor Piva

    Caderno de Referncia de Contedo

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    Ao Eucacional Clareana, 2012 Batatais (SP)Trabalho realizado pelo Centro Universitrio Clareano de Batatais (SP)

    Cursos: GraduaoDisciplina: Antropologia Filosca

    Verso: jul./2013

    Reitor: Prof. Dr. Pe. Srgio Ibanor Piva

    Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. Jos Paulo Ga

    Pr-Reitor Administravo: Pe. Luiz Clauemir Boeon

    Pr-Reitor de Extenso e Ao Comunitria: Prof. Ms. Pe. Jos Paulo Ga

    Pr-Reitor Acadmico: Prof. Ms. Lus Cludio de Almeida

    Coordenador Geral de EAD: Prof. Ms. Areres Estevo Romeiro

    Coordenador de Material Didco Mediacional:J. Alves

    Corpo Tcnico Editorial do Material Didtico Mediacional

    Preparao

    Aline de Ftima Guedes

    Camila Maria Nardi Matos

    Carolina de Andrade Baviera

    Ca Aparecia Ribeiro

    Dandara Louise Vieira MatavelliElaine Aparecida de Lima Moraes

    Josiane Marchiori Marns

    Lidiane Maria Magalini

    Luciana A. Mani Adami

    Luciana dos Santos Sanana de Melo

    Luis Henrique de Souza

    Patrcia Alves Veronez Montera

    Rita Cristina Bartolomeu

    Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli

    Simone Rodrigues de Oliveira

    Reviso

    Felipe Aleixo

    Rodrigo Ferreira Daverni

    Talita Cristina Bartolomeu

    Vanessa Vergani Machado

    Projeto grfico, diagramao e capa

    Eduardo de Oliveira Azevedo

    Joice Cristina Micai

    Lcia Maria de Sousa Ferro

    Luis Antnio Guimares Toloi

    Raphael Fantacini de Oliveira

    Tamires Botta Murakami de Souza

    Wagner Segato dos Santos

    Todos os direitos reservados. proibida a reproduo, a transmisso total ou parcial por qualquer

    forma e/ou qualquer meio (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia, gravao e distribuio na

    web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permisso por escrito do

    autor e da Ao Educacional Claretiana.

    Centro Universitrio ClaretianoRua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo Batatais SP CEP 14.300-000

    [email protected]: (16) 3660-1777 Fax: (16) 3660-1780 0800 941 0006

    www.claretiano.edu.br

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    SUMRIO

    CADERNO DE REFERNCIA DE CONTEDO

    1 INTRODUO ................................................................................................... 9

    2 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA ............................................ 103 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 314 EREFERNCIAS ................................................................................................ 33

    UNIdAdE 1 HISTRIA DAANTROPOLOGIA FILOSFICA

    1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 352 CONTEDOS ..................................................................................................... 36

    3 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 364 INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 385 CINCIAS POSITIVAS E CINCIAS DO ESPRITO .............................................. 396 ANTROPOLOGIA FILOSFICA .......................................................................... 407 MTODO DA ANTROPOLOGIA FILOSFICA.................................................... 468 ANTROPOLOGIA FILOSFICA: CINCIA CONTEMPORNEA ......................... 489 DIFERENTES CONCEPES FILOSFICAS DE HOMEM .................................. 5110 CONCEPES DE HOMEM NA ANTIGUIDADE ............................................... 5311 CONCEPES DE HOMEM NA IDADE MDIA ................................................ 5812 VALOR dO HOMEM PSRENASCENTISTA..................................................... 6113 O HOMEM NA ANTROPOLOGIA MODERNA ................................................... 6414 CONCEPO MATERIALISTA DO HOMEM ...................................................... 6715 PENSAMENTO EXISTENCIALISTA OU A FILOSOFIA

    dA EXISTNCIA EXISTENSPHILOSOPHIE...................................................... 6916 FILOSOFIA CRIST E VIDA NO ESTEIO DA FILOSOFIA

    MEDIEVAL: A VIDA NO SOMENTE IDENTIDADECOM O ORGNICO .......................................................................................... 70

    17 PESSOA HUMANA E A INFLUNCIA DO PENSAMENTO CRISTO ................. 7118 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 74

    19 CONSIDERAES ............................................................................................. 7620 EREFERNCIAS................................................................................................ 7721 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 78

    UNIdAdE 2 ESTRUTURA DO SER HUMANO:SER BIOPSQUICOESPIRITUALTRANSCENdENTE

    1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 812 CONTEDOS .................................................................................................... 823 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 824 INTRODUO UNIDADE .............................................................................. 835 HOMEM: UM NICO SER E UM NICO SUJEITO ........................................... 84

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    6 REGIES ESSENCIAIS DO HOMEM .................................................................. 89

    7 HOMINIZAO ................................................................................................. 978 PARALELISMO "PSICOFSICO" ......................................................................... 999 SUJEITO ............................................................................................................. 10310 dIMENSO MUNdANA dO SERBIOPSQUICOESPIRITUAL......................... 10511 OS ATOS HUMANOS ......................................................................................... 10712 SER SOCIAL ....................................................................................................... 10713 PESSOALIDADE E PERSONALIDADE: PARTICIPAO DO TU ......................... 10814 O SUJEITO ABERTO AO MUNDO ..................................................................... 11115 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 114

    16 CONSIDERAES .............................................................................................. 11617 EREFERNCIAS................................................................................................ 11718 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 117

    UNIdAdE 3 CARACTERSTICAS DAPESSOA HUMANA, CONSTITUTIVOS ESSENCIAIS

    1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 1192 CONTEDOS .................................................................................................... 1193 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 120

    4 INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 1215 CATEGORIAS PARA COMPREENDER O HOMEM ............................................ 1216 LIBERDADE ........................................................................................................ 1247 HISTORICIDADE ................................................................................................ 1338 COMUNICAO ................................................................................................ 1349 HOMEM: SER HISTRICO E VALORES ............................................................. 14110 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 14811 CONSIDERAES .............................................................................................. 14912 EREFERNCIAS................................................................................................ 149

    13 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 150

    UNIdAdE 4 SER EM RELAO

    1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 1512 CONTEDOS ..................................................................................................... 1523 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 1524 INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 1525 INSTINTOS E PAIXES, A CONTINGNCIA DO HOMEM ................................ 1536 SEXUALIDADE COMO CONDIO DA PESSOA ............................................... 154

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    7 AMOR INTERPESSOAL, DIMENSO CONSTITUTIVA DO HOMEM ................ 159

    8 EUMUNdO....................................................................................................... 1679 NATUREZA ......................................................................................................... 16710 CONHECIMENTO dO SER HUMANO BIOPSQUICOESPIRITUAL............... 17111 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 17612 CONSIDERAES .............................................................................................. 17713 EREFERNCIAS................................................................................................ 17814 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 178

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    Caderno deReferncia de

    Contedo

    Ementa Histria da antropologia losca. Conceito de pessoa humana e as diferentes

    concepes loscas sobre o homem. Estrutura do ser humano: ser bio-psqui-co-espiritual-transcendente. Caractersticas da pessoa humana: histria e cons-titutivos. Amor interpessoal: dimenso constitutiva da pessoa humana. O eu e omundo.

    1. INTRODUO

    A Antropologia Filosfica um campo de estudo que temcomo objetivo desvendar o fundamento da existncia do homem. Otema do homem no novo, desde sempre impulsionou a reflexofilosfica. Conhecer-se a si mesmo essa inquietude, que o homemcarrega consigo desde que existem registros histricos, constitui adiscusso central de nossa disciplinaAntropologia Filosfica.

    Mesmo que a inteno primeira desse saber seja conhecer o

    homem em sua metafsica essencial (para poder antecipar sua es-sncia), a interpretao filosfico-antropolgica o aborda de forma

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    integral, e, portanto, no deixa de lado sua dimenso existencial,o mundo das realizaes culturais, o desenvolvimento histrico.Nesta disciplina, assentaremos as bases para uma discusso amplasobre o ser do homem.

    Aps essa introduo aos conceitos principais da disciplina,apresentaremos, a seguir, no tpico Orientaes para o estudo da

    disciplina, algumas orientaes de carter motivacional, dicas e es-tratgias de aprendizagem que podero facilitar o seu estudo.

    2. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA

    Abordagem Geral da DisciplinaProf. Juan Antnio Acha

    Neste tpico, apresenta-se uma viso geral do que ser es-

    tudado nesta disciplina. Aqui, voc entrar em contato com osassuntos principais deste contedo de forma breve e geral e tera oportunidade de aprofundar essas questes no estudo de cada

    unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe oconhecimento bsico necessrio a partir do qual voc possa cons-truir um referencial terico com base slida cientfica e cultural

    para que, no futuro exerccio de sua profisso, voc a exera comcompetncia cognitiva, tica e responsabilidade social. Vamos co-mear nossa anlise pela apresentao das ideias e dos princpiosbsicos que fundamentam esta disciplina.

    Embora esta seja uma disciplina nova, vocs iro se familia-rizar rapidamente com seu contedo, j que a evoluo do pensa-mento antropolgico coincide com as etapas de desenvolvimentoda filosofia ocidental, que vocs j conhecem.

    A Antropologia Filosfica consiste, como comentamos na in-troduo, num estudo filosfico sobre o homem.

    A Antropologia, para estudar o homem, formula as seguin-tes perguntas: como deve ser o homem para que seja possvel sua

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    existncia, e quais situaes devem ser ponderadas para preservarsua humanidade?

    Para facilitar ao aluno o acesso ao tema, os contedos do Ca-derno de Referncia de Contedoforam divididos em quatro temas

    principais:1) Corpo Etimolgico da Antropologia Filosfica. Evoluo

    da ideia do Esprito. Histria e antecedentes da Antropo-logia Filosfica.

    2) Nveis ontolgicos do homem. Ncleo central da pessoahumana.

    3) Constitutivos essenciais do homem

    4) O sentido da existncia.Para cada tema, voc ter interatividades especficas. Finali-

    zada a disciplina, vocs devero realizar o Trabalho de Conclusoda Disciplina (TCD). Esse trabalho consistir numa sntese dos prin-cipais temas discutidos ao longo das unidades no Frum.

    Por que importante o estudo da Antropologia Filosfica?

    Como diz CORETH (apud RABUSKE, 1986, p. 68),Porque cada um de ns se experimenta como um eu, possumosuma experincia prpria, sabemo-nos nicos e irrepetveis. Porisso, ante a pergunta: quem o homem?, cada um experimenta asensao de estar perguntando: quem sou eu?

    Todo mtodo educativo, todo sistema poltico, social oueconmico supe uma teoria antropolgica, que baseada numadeterminada filosofia, a qual, por sua vez, fundamentada numaconcepo de homem. Portanto, para desenvolver os princpiosque regero a aplicao dessas cincias, a primeira coisa que deveser feita definir o que ou quem o homem, para logo pensar de

    que forma ele pode se aperfeioar.

    de domnio da reflexo filosfica e noda observao cientfi-ca enunciar o que o ser humano precisa para realizar sua essncia.

    Se no sabemos o que o homem, como vamos poder ana-lisar as consequncias das polticas de mercado, da clonagem, das

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    tcnicas reprodutivas, do uso de seres humanos em experinciascientficas, do prolongamento artificial da vida, e de muitos outrostemas relacionados sua realizao?

    So conhecimento integral do homem e o reconhecimento

    deste como pessoa humana vo possibilitar o estabelecimento de li-mites ticos ao das tecnologias, da biotecnologia, das experin-

    cias mdicas etc. Problemas desse tipo aparecem quase que diaria-mente. Discute-se se valido sacrificar um ser humano que no temimportncia social ou que no faz uso correto de sua conscinciapara salvar a vida de algum que tem um statussocial reconhecido.

    Para a construo da biotica, o conhecimento antropol-

    gico do homem a antecipao de sua estrutura ontolgica uma das condies principais. A biotica ou tica aplicada vidano teruma direo vlida e verdadeira se no conhecemos deantemo o que o homem.

    Para desenvolver uma educao que corresponda dignida-de que prpria ao ser humano, tambm se faz necessria umacompreenso integral do homem: quais so suas potencialidades,sua grandeza por ser nico, irrepetvel e, tambm, qual a univer-salidade de sua essncia.

    Nesse processo, necessrio que fique muito claro quem apessoa humanae o que ela precisa para sua sustentabilidade.

    Atualmente, muito comum ver autoridades de rgos go-vernamentais discutindo o grau de instruo que a escola deve dar

    levando em conta somente as necessidades do mercado, sem con-siderar a pessoa que est por trs do processo, que receptoradessa educao.

    fundamental saber como o ser humano para poder argu-mentar em sua defesa ante os processos alienantes ou massificas-

    tes que a sociedade atual apresenta. Explicitar os princpios parase posicionar ante as leis essencialmente positivistas, ante a des-truio dos verdadeiros valores ontolgicos e a substituio destes

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    por valores de convenincia apoiados em uma moral fundada emconstrues puramente sociolgicas que partem de dados esta-tsticos ou de interesses de grupos de poder.

    O homem biolgico,psicolgicoeespiritual explicado pela

    Antropologia Filosfica adere explicao do homem como pes-soa humana, que possui uma estrutura universal, que o ncleo

    pessoal, que metafsico, e a condio "a priori" da existncia.

    Existe um ponto de concordncia que deve ser destacado: o ho-mem "ser que decide o que ", e por isso deve poder ser responsvelpor suas decises e capaz de encontrar um sentido para suas aes.

    Sua dignidade est condicionada a seu reconhecimento comopessoa humana, e, para ser pessoa, precisa ser livre para realizarsua humanidade. Precisa ter condies de autodeterminao.

    Os principais inimigos da liberdade, no homem, so os re-ducionismos, os psicologismos, os economismos, o historicismo,os fisiologismos etc. Qualquer tipo de reducionismo frustrante,principalmente os que reduzem o homem a um produto histrico,

    ou os que o condicionam a estruturas socioeconmicas ou a me-canismos psquico-biolgicos. Todos eles o levaram a perder suaidentidade, a se desnaturalizar. Por isso, vlido o esforo levadoa cabo pela Antropologia Filosfica para desvendar a estrutura doser humano, para explicar quem o homem. Para poder ter um

    ponto de referncia na hora de escolher qual sistema ou noimportante para construo da personalidade.

    Ser que vocs j imaginaram um mundo organizado uni-camente pela tcnica e pela cincia? Este mundo, com certeza,ficaria rapidamente inabitvel do ponto de vista biolgico, semidentificao cultural. Vocs se recordam da Segunda Guerra Mun-dial, surgida em um momento de esplendor do desenvolvimentopoltico-cientfico?

    O grande aumento dos conhecimentos tcnicos e o alto graude especializao da cincia trouxeram grandes benefcios em pra-

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    ticamente todas as reas de atuao humana: na medicina, na pre-viso de catstrofes atmosfricas etc. Mas no resolveram a crisede identidade de que sofre a sociedade moderna.

    A tecnologia no resolveu, e nos atrevemos a arriscar que

    acentuou, o uso do homem pelo homem, a degradao do habitatnatural, o consumo pelo consumo, o emprego exagerado de agro-

    txicos em benefcio da explorao alm da capacidade do meioambiente e das necessidades no satisfeitas das populaes me-nos favorecidas etc.

    Voc se lembra de quando estudou a cultura dos gregos?Aquela clebre frase inscrita no portal do templo de Delfos:

    Conhece-te a ti mesmo

    Muito bem, todos os filsofos de alguma forma tem acatadoessa mxima. Sem dvida, so muitas as interpretaes, mais osentido do que foi escrito ningum discute.

    Essa frase est dirigida ao homem concreto, a esse homem

    que sujeito de toda a religio e de toda a filosofia.Temos perguntas muito antigas, como:

    Quem o homem e, portanto, que sou eu?

    Qual o sentido da existncia?

    Em que medida o homem ser?

    Qual seu nvel ontolgico?

    Elas resumem o sentimento do homem, que quer saber oque o constitui e em queele se diferencia do resto da natureza.Essa a principal preocupao que move o estudo da Antropolo-gia Filosfica.

    Vejamos a seguinte definio de Antropologia Filosfica:Pode chamar-se antropologia filosfica a todo intento de assumiros problemas especficos do homem para esclarecer, segundo uma

    reflexo metdica filosfica, o grande interrogante que o homemfaz para si mesmo: que significa ser homem? Noutros termos An-

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    tropologia Filosfica a disciplina que tem o homem como objetode sua investigao com a finalidade de esclarecer os aspectos fun-damentais de sua essncia e existncia (GEVAERT, 1995, p. 21).

    Para melhor compreender nosso campo de pesquisa, veja-mos o que cada um dos conceitos significa separadamente:

    Antropologia:essa palavra provm da raiz grega anthropos(homem), que, por sua vez, deriva de ndrios, termoque designa o gnero humano (mulher/homem), e daterminao logia (cincia). Seu significado completo cinciado homem.

    Filosofia: tambm deriva de um termo grego,philosophia,

    e indica um saber. A palavra saberpode ser interpretadade duas formas diferentes. Por um lado, est a opiniooudoxa e, por outro,o saber cultivado ou epistemeestese destina a compreender e explicar a realidade. No casodaphilosophia, ela se refere ao segundo termo, ou seja, aum saber elaborado metodicamente.

    A Antropologia Filosfica leva o nome anthropos por ser o

    homem seu principal objeto de investigao. Poderia levar o nomebios, j que o termo grego biosabarca toda a vida orgnica, psi-colgica, espiritual e contemplativa, ou seja, a vida humana. Mas,como biosj est sendo utilizado pela Biologia para indicar o que orgnico, mesmo que em grego "orgnico" equivalha a Zoe, oestudo do homem adota anthropos.

    A Antropologia Filosfica no e nem pode seruma parte

    das cincias humanas positivas, mas trabalha com dados cientfi-cos. Tampouco uma psicologia, ainda que utilize seus conceitossobre a psique humana.

    A cincia positiva porta conhecimentos concretos e precisossobre o homem, mas nada diz de concreto sobre o significado daexistncia. por isso mesmo que esses conhecimentos precisamser complementados por uma forma de conhecimento que supere

    as anlises existenciais do ser humano, que, partindo dessasanli-ses existenciais, enxergue sua estrutura essencial.

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    Nem preciso falar da importncia desta disciplina na for-mao profissional de vocs. O homem estudado desde muitasperspectivas: social, teolgica, econmica, filosfica, cultural etc.Todas essas antropologias se diferenciam em sua abordagem. Mas,na Antropologia Filosfica, o homem pensado de forma integral,passando por cima de estigmas ou conceitos sociais.

    O termo "Antropologia Filosfica", no o saber que identi-fica, recente, surgiu no sculo passado. Foi com a obra de MaxScheler,A posio do homem no cosmo, que se comeou a procu-rar uma ideia abrangente sobre o homem. Esse filsofo alemoescreve, na obra citada, a seguinte reflexo: "Hoje possumos uma

    antropologia de cincias naturais, uma filosofia e uma teologia quetrabalham diferentes reas do comportamento humano, mas nopossumos uma idia unitria do homem" (SCHELER, 2003, p. 8).

    Precisamos levar em conta que nenhum dado sobre o ho-

    mem pode ser alheioao estudo da Antropologia filosfica.

    O homem biolgico, psicolgico e espiritual o objeto deestudo da Antropologia Filosfica.

    Trs regies essenciais (a fsica, a psicolgica e a espiritual)caracterizam o ser humano. Um homem sem a regio psquica, afsica ou sem esprito no seria um homem. Seria qualquer outracoisa menos um ser humano, talvez um androide ou qualquer tipo

    de mutao, mas no um homem.

    A Antropologia Filosfica uma cincia nova, no tem mais

    de cem anos de existncia, enquanto a filosofia ocidental tem maisde dois mil e quinhentos anos. A antropologia atual tem como an-tecedentes aquelas clebres perguntas Kantianas:

    O que posso saber?

    O que posso esperar?

    O que devo fazer?

    E, finalmente: o que o homem?

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    Ento, cabe-nos perguntar: como o "homem" na viso daAntropologia Filosfica?

    A Antropologia Filosfica primeiramente diferencia no ho-mem as regies essenciais:

    CORPO FSICO PSIQUE

    ESPRITO

    Vamos ver rapidamente o que significam esses termos. O serhumano uma estrutura unitria, apoiada em uma unidade es-sencial( fundamental que voc sempre tenha isto em mente no

    estudo desta disciplina). Essa unidade composta por trs regiesou princpios: o vital,o psquico e oespiritual.

    E o que significa esprito no homem?

    Em sua antropologia, Scheler destaca o conceito de que oesprito uma potncia que complementa e direciona as outraspotncias, tanto a biolgica como a psicolgica.

    O termo "esprito" indica uma autoconscincia de si mesmo.As manifestaes espirituais ou prprias do ser humano so: com-

    preenso do sentido, prefixao de metas, de fins, de ideais, a reli-giosidade. Todas so possibilitadas pela dimenso espiritual.

    A espiritual a dimenso essencialmente humana, formadapor tudo o que humano no est presente nem em animaisnem em vegetais. Essa dimenso responsvel pela capacidade

    do homem para atuar por cima dos condicionamentos de qualquertipo: biolgicos, psicolgicos, sociais etc. Isso possvel porque oesprito uma substncia sem limites materiais ou espaciais. acapacidade de oposio aos condicionamentos tanto fsicos como

    psquicos. A pessoa espiritual possui a capacidade de se distanciarde dimenso psicofsica.

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    Essa particularidade de oposio, meramente humana, no uma condio obrigatria, uma possibilidade. Dizemos "humana"porque o animal no pode se opor a seus instintos, suas pulses.

    A concepo aristotlico-escolstica defende a ideia de que

    a alma humana (interprete-se como "alma intelectual" ou "esp-rito") necessita das potncias que operam por meio dos rgos

    corporais (a dimenso psicolgica e a fsica). Unidas naturalmente,as trs potncias conceituam o ser humano, estando o esprito pe-rante a vida.

    S para lembrar: pelo poder do esprito o homem pode dizer"no" ao meio, aos impulsos.

    Para os pensadores da Antropologia Filosfica, a PESSOA, arealidade substancial composta de corpo e esprito.

    Segundo V. Frankl, psiquiatra fenomenologista criador daLogoterapia, no homem espiritual as trs dimenses (corpo, psi-que e esprito) atuam em conjunto, mas, deixando suas diferen-as ontolgicas aparecerem, nunca se confunde o esprito com o

    psicofsico. Esse cientista explica que pode ser que o psicofsicoadoea, sendo a doena to grave que comprometa a autonomiade atuao da pessoa espiritual, como, por exemplo, no caso daesquizofrenia. Nesse caso, o esprito fica impedido de atuar, po-rm ele nunca adoece, perde sua capacidade de atualizar-se, mas

    continua presente.

    Ante toda esta exposio, surge a pergunta: de onde provem

    o esprito?

    O bilogo W. Keller apud Frankl V. (1979, p. 109) diz que "Oprincpio espiritual tem sua origem no momento em que o seraparece, mesmo que exista uma evoluo posterior". Apareceu ohomem na Terra, o que significa que apareceu um ser diferenciado

    pela dimenso espiritual. Sem esprito no temos homem.

    Arnold Gehlen apud Frankl V. (1988, p. 210), tambm bilo-go, concorda com isso. Ele defende a ideia de que o homem no

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    um animal que "ganhou"esprito; o homem um ser constitudopor uma pea s. No aceita a teoria de que o homem provenhade fuses no humanas, tampouco que seja um macaco desenvol-vido. A capacidade espiritual, para ele, reside no mais profundo es-trato do humano, da prpria natureza do ser humano. No aceitaque alguma coisa esteja por cima, no sentido de um princpio di-vino, e tampouco aceita "biologizar", ou seja, explicar o homemcomo produto do desenvolvimento. O ser humano assim porquepossui biologia, psique e esprito.

    O esprito est descrito como uma potncia originria que secomplementa com as outras que tambm so constitutivas do serhumano. Se falta alguma, estamos diante de alguma criatura da

    escala zoolgica mas no estamos ante um ser humano.

    O esprito, como diz V. Frankl (1988) em oposio ao natura-lismo, uma fora de oposio.

    Para o filsofo, fundamental chegar a formular uma expli-cao completa da essncia humana. Para chegar a esse fim, elerecorre s categorias fundamentais.

    Categorias fundamentais do homem

    Segundo J. Jolif (1970), as categorias fundamentais do ho-mem so cinco:

    1) Totalidade significa que existe um princpio nico comatividades diversas.

    2) Alteridade indica o vnculo do homem com o mundo.

    3) Diferenciao a identidade consigo mesmo. Identi-dade que persiste s mudanas acontecidas ao longo davida. Voc muda, mas a identidade continua. Voc omesmo sujeito de quando tinha trs anos.

    4) Dialtica o processo humano da dialtica contm astrs categorias vistas anteriormente.

    5) Metafsica trata da compreenso do homem alm dodado fenomnico. Explica-se por essa categoria consti-

    tutiva o carter de progresso constante que caracterizao homem.

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    As categorias formam a estrutura humana no so abstratas(o filsofo descobre as categorias observando a existncia), tam-pouco subjetivas. Elas respondem a uma ordem ontolgica, porqueas categorias pertencem ao ser.Por ltimo, o filsofo distingue aspropriedades essenciais do homem:

    liberdade espiritual;

    historicidade;

    dimenso transcendente.

    Vamos conhecer rapidamente cada uma delas?

    A liberdade espiritual uma caracterstica central da exis-

    tncia. A liberdade supe que a pessoa, ainda que ligada ao mundopelo corpo, no est condicionada como o animal pelos impulsos,no depende exclusivamente das pulses, do patrimnio gentico,

    do meio social, das caractersticas histricas. Em outras palavras,no est determinada pelas foras da natureza. Depende delas,mas possui uma margem de independncia.

    Por qu? Porque a pessoa, por ser espiritual, atua sabendo

    o que est fazendo e principalmente podendo concordar ou no,segundo o juzo da razo.

    A liberdade da vontade a possibilidade de construir-se de

    que dispe o homem. uma propriedade especfica, pertence aoprprio ser, no uma caracterstica adquirida, no social cons-titutiva do ser homem. Nunca uma imposio, por si mesma. Ohomem livre porque no pode ser de outra forma ou no seria-mos seres humanos.

    Pela liberdade, o homem pode planificar e executar a idea-lizao de sua vida. Ningum, nem o prprio Deus, pode se posi-cionar no lugar do homem e decidir. Pena que essa propriedade

    humana possa ser neutralizada, abafada.

    Vamos conhecer a segunda propriedade, a dimenso de his-

    toricidade.

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    O ser humano diferente dos outros seres da natureza. Seucomportamento outro: enquanto os animais se ajustam ao con-

    junto da natureza, o ser humano sente necessidade de construirpor cima do natural, de modificar a natureza, de obrar. Para sa-tisfazer essa necessidade, parte da cultura que herda de seus an-

    tecessores. Para fazer uma casa, para cultivar, para escrever, paralevar adiante uma conduta moral, para se proteger, para orar, parase comunicar etc. O homem o ser que sempre est a caminho,que entende sua existncia em termos de realizaes.

    A partir dessa particularidade humana, a Antropologia Fi-losfica conclui que o homem atua assumindo o passado paraconstruiro presente, tendo em vistauma realizao futura. A esse

    processo de tempo humano, os antroplogos denominam histori-cidade.

    Vamos ver algumas particularidades dessa propriedade hu-

    mana, a historicidade:

    Primeiro: ela depende da liberdade, da comunidade hu-mana e da cultura.

    Segundo: dinmica por estar motivada pela dimensode liberdade.

    Terceiro: abarca o passado, o presente e o devir.

    Agora muito cuidado! A historicidade um conceito que

    tem um significado opostoao de historicismo.

    Para finalizar, podemos dizer que a historicidade da existn-

    ciaprecisa partir do humanismo herdado do passado para se diri-gir ao futuro.

    Vejamos ento a terceira e ltima propriedade essencial: adimenso transcendente.

    O homem um ser aberto ao mundo. no mundo que vaidesenvolver seu projeto pessoal. Com o mundo, leva adiante umaconstante troca. Em cada situao existencial, ele capta os valores

    contidos nas coisas. Em cada situao que tem de viver, escolher,decidir.

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    No sentido religioso, "transcendncia" significa transcenders limitaes humanas em direo a um sentido maior. Um sentidoque est por trs do mundo que percebemos pelos sentidos. Pre-cisamos da transcendncia porque precisamos dar sentido a nossaexistncia, aos valores que executamos, a nossa conduta moral.

    Psicologicamente, o termo significa transcender o prprio

    ego, superando com esse movimento excntrico (de dentro parafora) o narcisismo.

    Esse movimento impulsionado pelo amor, pela ternura,pelo interesse pelo outro. O amor sempre reconhecido comouma experincia transcendente do ser humano.

    A intersubjetividade e o amor se fazem presentes pela di-menso transcendente que constitui o homem.

    Chegamos ao fim dessa abordagem geral da disciplina An-tropologia Filosficae esperamos que voc tenha compreendidoo quanto ela importante para sua formao filosfica. No deixeseu pensamento se tornar reducionista! Abra o leque de possibili-

    dades para investigar o que o homem! Leve essa prtica para suavida profissional e pessoal e construa o sentido de sua existncia!

    Glossrio

    O Glossrio de Conceitos permite a voc uma consulta r-pida e precisa das definies conceituais, possibilitando-lhe um

    bom domnio dos termos tcnico-cientficos utilizados na rea de

    conhecimento dos temas tratados na disciplina Antropologia Fi-losfica. Veja, a seguir, a definio dos principais conceitos destadisciplina:

    1) Acidente: tudo aquilo que no essncia, que circuns-tancial.

    2) gape:amor profundo, sublime, termo para diferenciaro amor de Deus para o mundo.

    3) Altheia: palavra grega que faz referncia s coisas queso vistas como so.

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    4) Alteridade: vem do latim alter, cujo significado outro.Esse termo tomado no seguinte sentido: existncia doprximo; encontro com o outro; reconhecimento do outro.

    5) Antropologia: vem do grego anthropos(), quesignifica ser humano, sem distino de sexo. O termo

    grego para designar o sexo masculino andros(),e, para o sexo feminino, gino(-) que e-riva para ginecologia: parte da medicina que estuda oaparato genital da mulher.

    6) Antropologia social: estuda a evoluo humana e cul-tural: tudo o que o homem inventa e usa: objetos ma-teriais, valores, crenas, smbolos, costumes, compor-tamento etc. Pesquisa as semelhanas e as diferenas

    culturais entre os vrios agrupamentos humanos.7) A priori:(do latim, "partindo daquilo que vem antes"),

    uma expresso filosfica que designa um tipo de co-nhecimento adquirido unicamente por meio do pensa-mento dedutivo, ou seja, o conhecimento proposicionalno pode ser adquirido por meio da percepo, mas in-dependentemente da experincia. Assim, designadauma anterioridade lgica, no cronolgica, na noo a

    priori. O conhecimento a prioricostuma ser contrastadocom o conhecimento a posteriori, aquele que requer aexperincia.

    8) Ato:o que existe atualmente. contraposto potncia,o que pode vir a ser.

    9) Coercitividade: caracterstica relacionada com a forados padres culturais do grupo que os indivduos inte-gram.

    10) Conhecimento sensvel:apreende as formas concretasparticulares.

    11) Conhecimento intelectivo: apreende as essncias, asformas abstratas e universais.

    12) Contingente: o termo vem de latim continger, que significaacontecer, suceder. O ser contingente aquele que podeou no existir, o contrrio de "ser necessrio". Com ele ou

    sem ele, o mundo continua, um ser ens ab alio(dependede outro ser, o necessrio).

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    13) Deontologia:do grego don()significa o obrigat-rio, o justo, o adequado. a cincia que estabelece nor-mas diretoras das atividades profissionais sob o signo deretido moral ou honestidade, estabelecendo o bem afazer e o mal a evitar no exerccio da profisso. Da onde

    deriva o termo Deontologia (teoria moral que orientanossas escolhas sobre o que deve ser feito).

    14) Dialtica: termo empregado para operar a passagem deum grau ao outro, mostrando as contradies intrnse-cas a cada nvel. Atribuir tal tarefa dialtica significaconceb-la como pedagogia (Paideia).

    15) Dignidade: deriva do latim dignitas, do adjetivo dignus,que est relacionado com o verbo decet: decente. Coin-

    cide com a atitude de respeito a si mesmo e aos outros,de reconhecimento. O respeito baseado no princpio dedignidade a garantia suprema da ordem social.

    16) Dinmica: de dynamis (), em grego: potncia.Chama-se potncia ao princpio do movimento (o da mu-dana de um estado a outro). Por exemplo, a arte de edi-ficar uma potncia. Aristteles na Metafsica(1014b),vincula a potncia () ao ato ().

    17) Educao: vem do verbo latino e-ducere, que significatirar do interior.

    18) Empirismo: do grego empeiria, () experinciasensorial.

    19) Eros:expresso do amor sexual.

    20) tica: o termo "tica" utilizado hoje em dia para indicaro conjunto de princpios, normas, valores que regem a

    vida social e individual. No contexto acadmico em quenos movimentamos, o termo tica faz referncia filo-sofia moral.

    21) tica crist: como a filosofia crist, parte de um conjuntode verdades reveladas a respeito de Deus, das relaesdo homem com seu Criador e do modo de vida prticoque o homem deve seguir para obter a salvao.

    22) Holstico:vem da palavra grega holistik() que,

    em portugus, significa inteiro, completo, o todo. uti-

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    lizado para designar a atitude integradora que permiteentender os fatos desde uma ptica mltipla.

    23) Intelecto agente: abstrai, desmaterializa ou desindividua-liza o inteligvel do fantasma ou representao sensvel.

    24) Intelecto passivo: a ele pertencem as operaes racio-nais humanas: conceber, julgar, raciocinar, elaborar ascincias, a filosofia etc.

    25) Filosofia moderna: filosofia que se situa historicamenteno perodo que denominamos Idade Moderna da Hist-ria. Comea no sculo 16, com Descartes, e tem comoprincipais correntes o racionalismo e o empirismo.

    26) Hyl (): termo grego que significa "substrato" ou

    "matria". Aristteles usava o termo para falar do quepermanece para alm da mudana: quando se faz umaesttua de um pedao de barro, por exemplo, muda aforma, mas no a matria ou substrato.

    27) Intellectus: de origem latina e significa "entre-ler". San-to Toms (apud MONDIN, 1983) diz que a inteligncia"entre-l" as linhas da escritura do mundo fenomnico.O intelecto v na natureza das coisas intus legit mais

    profundamente do que os sentidos, sobre os quais exer-ce a sua atividade.

    28) Liberdade: termo que provm do latim libertas, de liber:livre. A liberdade a capacidade do ser racional e cons-ciente para se autodeterminar, ante a multiplicidade dealternativas e opes que lhe so apresentadas em cadasituao concreta.

    29) Moral: provm de um termo latino (moris) que como

    thos designa os costumes. Nesse sentido, devemos di-ferenciar os termos: Ethos/thos, termo grego que sig-nifica morada, residncia, lugar de residncia, de thos,que significa costume, hbito.

    30) Natureza: provm da palavra latina natura, que umatraduo do grego physis (), princpios as coisas,"Natureza", de phyo que significa nascer, brotar, surgir,produzir, crescer etc.

    31) Paixo: tem diferentes significados. Um dos usos do ter-mo coincide com uma ao descontrolada, irracional.

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    32) Per se: expresso latina que significa "por si mesmo". Al-guns telogos afirmam que Deus existeper se.

    33) Percepo: a percepo o modo como tomamos cons-cincia dos objetos, em especial daquilo que nos dadopelos sentidos.

    34) Racionalismo: deriva de ratio (razo), doutrina que dtotal e exclusiva confiana razo humana.

    35) Reducionismo:posio segundo a qual as verdades deuma rea podem ser expressas ou reduzidas como ver-dades de outra rea.

    36) Relativismo moral:teoria metatica segundo a qual osfatos morais so institudos pela sociedade e, portanto,podem variar de sociedade para sociedade ou de poca

    para poca.37) Self: conhecimento de si e do outro; identidade;

    autoconceito; "imagem de si-mesmo"; a pessoa que "eu", que possui uma totalidade; o contedo do aparelhomental; processo reflexivo da conscincia.

    38) Substncia: o que estrutura o ser.

    39) Veritas: palavra latina que faz referncia ao discurso. sinnimo de relatar algo fielmente.

    Esquema dos Conceitos-chave

    Para que voc tenha uma viso geral dos conceitos mais im-

    portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-

    quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhvel

    que voc mesmo faa o seu esquema de conceitos-chave ou at

    mesmo o seu mapa mental. Esse exerccio uma forma de vocconstruir o seu conhecimento, ressignificando as informaes a

    partir de suas prprias percepes.

    importante ressaltar que o propsito desse Esquema dosConceitos-chave representar, de maneira grfica, as relaes en-tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos maiscomplexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar voc

    na ordenao e na sequenciao hierarquizada dos contedos deensino.

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    Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-seque, por meio da organizao das ideias e dos princpios em esque-mas e mapas mentais, o indivduo pode construir o seu conhecimen-to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedaggicossignificativos no seu processo de ensino e aprendizagem.

    Aplicado a diversas reas do ensino e da aprendizagem es-

    colar (tais como planejamentos de currculo, sistemas e pesquisasem Educao), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilao de novosconceitos e de proposies na estrutura cognitiva do aluno. Assim,

    novas ideias e informaes so aprendidas, uma vez que existempontos de ancoragem.

    Tem-se de destacar que "aprendizagem" no significa, ape-nas, realizar acrscimos na estrutura cognitiva do aluno; preci-

    so, sobretudo, estabelecer modificaes para que ela se configurecomo uma aprendizagem significativa. Para isso, importante con-siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais

    de aprendizagem. Alm disso, as novas ideias e os novos concei-tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vezque, ao fixar esses conceitos nas suas j existentes estruturas cog-nitivas, outros sero tambm relembrados.

    Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que voc

    o principal agente da construo do prprio conhecimento, pormeio de sua predisposio afetiva e de suas motivaes internas eexternas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornarsignificativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimen-to sistematizado em contedo curricular, ou seja, estabelecendouma relao entre aquilo que voc acabou de conhecer com o que

    j fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do sitedis-ponvel em: . Acesso em: 11 mar. 2010).

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    ESPRITO (Geist)

    Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Antropologia Filosfica.

    Como pode observar, esse Esquema oferece a voc, comodissemos anteriormente, uma viso geral dos conceitos mais im-

    portantes deste estudo antropolgico. Ao segui-lo, ser possveltransitar entre os principais conceitos desta disciplina e descobriro caminho para construir o seu processo de aprendizagem.

    A Antropologia Filosfica, analisando o porqu das experin-cias humanas, das propriedades essenciais do ser homem (liberdade,

    historicidade, dimenso transcendente) e das categorias mentais queformam sua estrutura e que pertencem a seu ser (so ontolgicas,no so o produto da experincia), poder idealizar o Ser do homem.

    Vejam que o ser humano um "combinado" de: biologia;psique e esprito, acrescentando-se a dimenso social que lhe prpria, tudo conduzido a partir do "eu" central. O princpio uni-

    ficador que configura o ser humano como homem e o constituicomo pessoa o esprito. pessoa pela forma como as dimenses

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    que o compem so organizadas desde o centro espiritual, o "eu".Analisando o mapa de conceitos, conclumos que a AntropologiaFilosfica entende que o homem uma unidade indissolvel, umser formado pelas dimenses bio-psquico-espiritual-social atuan-do em uma unidade substancial gerida pelo "eu".

    O Esquema dos Conceitos-chave mais um dos recursos de

    aprendizagem que vem se somar queles disponveis no ambientevirtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como quelesrelacionados s atividades didtico-pedaggicas realizadas presen-cialmente no polo. Lembre-se de que voc, aluno EaD, deve valer-seda sua autonomia na construo de seu prprio conhecimento.

    Questes Autoavaliativas

    No final de cada unidade, voc encontrar algumas questesautoavaliativas sobre os contedos ali tratados, as quais podem serde mltipla escolha, abertas objetivasou abertas dissertativas.

    Responder, discutir e comentar essas questes, bem como re-lacion-las com a prtica do ensino de Filosofia pode ser uma formade voc avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resoluo dequestes pertinentes ao assunto tratado, voc estar se preparandopara a avaliao final, que ser dissertativa. Alm disso, essa umamaneira privilegiada de voc testar seus conhecimentos e adquiriruma formao slida para a sua prtica profissional.

    Voc encontrar, ainda, no final de cada unidade, um gabari-to, que lhe permitir conferir as suas respostas sobre as questesautoavaliativas de mltipla escolha.

    As questes demltipla escolhaso as que tm como respostaapenas uma alternativa correta. Por sua vez, entende-se por ques-tes abertas objetivasas que se referem aos contedos matem-ticos ou queles que exigem uma resposta determinada, inalterada.J as questes abertas dissertativas obtm por resposta umainterpretao pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente,no h nada relacionado a elas no item Gabarito. Voc pode comen-tar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma.

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    Bibliografia Bsica

    fundamental que voc use a Bibliografia Bsica em seusestudos, mas no se prenda s a ela. Consulte, tambm, as biblio-grafias complementares.

    Figuras (ilustraes, quadros...)

    Neste material instrucional, as ilustraes fazem parte inte-

    grante dos contedos, ou seja, elas no so meramente ilustrativas,pois esquematizam e resumem contedos explicitados no texto.No deixe de observar a relao dessas figuras com os contedosda disciplina, pois relacionar aquilo que est no campo visual com

    o conceitual faz parte de uma boa formao intelectual.

    Dicas (motivacionais)

    O estudo desta disciplina convida voc a olhar, de formamais apurada, a Educao como processo de emancipao do serhumano. importante que voc se atente s explicaes tericas,

    prticas e cientficas que esto presentes nos meios de comunica-o, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois,ao compartilhar com outras pessoas aquilo que voc observa, per-mite-se descobrir algo que ainda no se conhece, aprendendo aver e a notar o que no havia sido percebido antes. Observar ,portanto, uma capacidade que nos impele maturidade.

    Voc, como aluno dos Curso de Graduaona modalidade

    EaD, necessita de uma formao conceitual slida e consistente.Para isso, voc contar com a ajuda do tutor a distncia, do tutor

    presencial e, sobretudo, da interao com seus colegas. Sugeri-mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividadesnas datas estipuladas.

    importante, ainda, que voc anote as suas reflexes em seu ca-derno ou no Bloco de Anotaes, pois, no futuro, elas podero ser utili-

    zadas na elaborao de sua monografia ou de produes cientficas.

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    Leia os livros da bibliografia indicada, para que voc amplieseus horizontes tericos. Coteje-os com o material didtico, discutaa unidade com seus colegas e com o tutor e assista s videoaulas.

    No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes

    autoavaliativas, que so importantes para a sua anlise sobre oscontedos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos

    para sua formao. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,pois esses procedimentos sero importantes para o seu amadure-cimento intelectual.

    Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso namodalidade a distncia participar, ou seja, interagir, procurando

    sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.

    Caso precise de auxlio sobre algum assunto relacionado a

    esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estar prontopara ajudar voc.

    3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    PASCAL, B. Pensamentos. So Paulo: Nova Cultural, 1999. (Os Pensadores)

    PENNA, A. Introduo Antropologia Filosfica. Rio de Janeiro: Imago, 2004.

    PLATO. Fdon. So Paulo: Nova Cultura, 1999.

    QUILES, I. S. J.A pessoa humana. Buenos Aires: Kraft, 1967.

    RABUSKE, E.A.Antropologia filosfica. Petrpolis: Vozes, 1986.

    REALE, G. Histria da filosofia antiga. So Paulo: Loyola, 1994. vol. 2.

    RICOEUR, P. O si mesmo como um outro. So Paulo: Papirus, 1991.

    ROF-CARBALLO, J. Rebelin y Futuro. Madrid: Taurus, 1970.

    SARTRE, J-P. O ser e o nada. Petrpolis: Vozes, 2003.

    SCHELER. M.A posio do homem no cosmo. So Paulo: Forense Universitria, 2003.______. O posto do homem no cosmo. Buenos Aires: Losada, 2003.

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    SPINOZA. tica. Traduo e notas de Thomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autntica,2008.

    TEILHARD DE CHARDIN. O fenmeno humano. So Paulo: Cultrix, 2001.

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    YEPES STOK, R.; ARANGUREN, A.; ECHEVERRIA, J. Fundamentos da antropologia. Traduode Patrcia Carol Dwyer So Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Cincias RaimundoLcio, 1999.

    ZUBIRI, X. Qu es el hombre?. Madrid: Alianza, 1986.

    4. EREFERNCIAS

    Figura

    Figura 1Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Antropologia Filosfica. Adaptadode MAPAS CONCEITUAIS NA EDUCAO, 2012. Disponvel em: . Acesso em: 16 jan. 2012.

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    Sitespesquisados

    Bento XVI. Homilia na festa do Corpo de Deus, 22.5.2008. Disponvel em: . Acesso em: 16 jan. 2012.

    FRANK, V. Obras. Disponvel em: . Acesso em: 16 jan. 2012.

    MAPAS CONCEITUAIS NA EDUCAO. Disponvel em: . Acesso em: 16 jan. 2012.

    SARTRE, J-P. O existencialismo um humanismo. Disponvel em: . Acesso em: 16 jan. 2012.

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    1

    EAD

    Histria da

    AntropologiaFilosfica

    1. OBJETIVOS Interpretar o significado e a misso da Antropologia Filo-

    sfica.

    Analisar, comparativamente, as diferentes concepes fi-

    losficas sobre o homem.

    Reconhecer e analisar a problemtica do mtodo, ponto

    de partida para entender a disciplina e seu objeto de es-tudo: o homem.

    Percorrer os caminhos que Max Scheler traa em sua obra

    para entender a Antropologia Filosfica Contempornea.

    Identificar e interpretar os pressupostos bsicos das prin-

    cipais teses sobre o homem, e, entre elas, o conceito de

    "pessoa humana".

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    2. CONTEDOS

    Enfoque das principais antropologias.

    Mtodo da Antropologia Filosfica.

    Evoluo da ideia do esprito. Principais pensadores e suas autorias em relao ao qua-

    dro da disciplina.

    Interpretao da obra de Max Scheler.

    Concepo de homem na Antiguidade, na Idade Mdia ena Idade Moderna.

    Interpretao materialista e espiritualista do homem.

    Influncia da concepo crist de homem e da pessoa hu-

    mana.

    3. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

    Antes de iniciar o estudo desta unidade, importante que

    voc leia as orientaes a seguir:1) No incio e durante o desenvolvimento das unidades,

    importante que voc fique sempre atento s informa-es contidas no Plano de Ensino. Programe, organizeseus estudos e participe ativamente da Sala de Aula Vir-tual. Disciplinar-se no estudo pode ajud-lo a tirar o m-ximo de proveito em seu curso de Educao a Distncia.

    2) Amplie seus conhecimentos sobre temas chaves para

    analisar os pressupostos da Antropologia filosfica: Procure ler sobre os conceitos que foram apresenta-

    dos no Glossrio de conceitos na Histria da Filosofiaou pesquisar no sitede busca de sua preferncia.

    Sobre a questo do ser na filosofia clssica, pode am-

    pliar seus conhecimentos sobre o tema lendo: Meta-fsica, livro 5, e De Anima, ambas as obras de Arist-teles.

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    Para entender o problema da unio substancial, vocdeve dar muita importncia teoria do hilemorfis-moformulada por Aristteles, j que ela tem um pa-pel fundamental na concepo de homem no s naIdade Mdia, mas tambm na Contemporaneidade.Para saber mais sobre esse tema, sugerimos tambma leitura das obras Metafsicae De Anima, ambas de

    Aristteles.

    3) Refletir sobre os contedos estudados uma estratgiaque pode contribuir para a ampliao de sua compre-enso, considerando que possibilita amadurecer nos-sas ideias e confront-las com a realidade. Desse modo,

    para saber mais sobre esse tema, voc, alm de outrasobras, deve ler:

    Antropologia Filosfica, de H. C. L. Vaz, primeira partedo Captulo II.

    O Tema do Homem, de Julian Maras.

    Antropologia Fsica, de Gehlen.

    Fundamentos Antropolgicos da Fisioterapia, de Vic-tor Frankl.

    O que o Homem, de Pedro Lan Entralago.

    Antropologia Filosfica, de E. A. Rabuske.

    O Captulo I "A dimenso corprea do homem" do li-vro de B. Mondin denominado O Homem que Ele.

    4) Pesquisando, voc amplia as fronteiras de sua aprendiza-

    gem e pode construir um conhecimento amplo e profun-do sobre determinado assunto. Sugerimos, portanto, quevoc leia os livros citados nas Referncias Bibliogrficas.

    5) Para aprofundar seus conhecimentos sobre as categoriasontolgicas, voc pode ler as seguintes obras de Santo To-ms de Aquino: Summa Theolgica Ie Contra Gentiles.

    6) Antes de iniciar os estudos desta unidade, interessanteconhecer um pouco da biografia de Max Scheler, cujopensamento norteia o estudo desta disciplina. Para sa-ber mais sobre ele, acesse os sitesindicados.

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    Max Scheler (1878-1928)

    Escritor contemporneo que, ao morar em Jena, foi disc-pulo de Eucken, que o iniciou na losoa idealista. Tem-pos depois, morando em Munique, faz parte dos discpu-los de Husserl, evoluindo para um pensamento catlicofenomenologista. Mesmo adepto da corrente fenomenol-

    gica iniciada por E. Husserl, no se xa ao essencialismorealista. Sua losoa traz um declarado antikantismo decaractersticas testa-personalista (pelo menos numa desuas fases). Nesse perodo, escreve, com uma marcanteinuncia de Santo Agostinho, sobre o valor, o amor, atica material e outros temas. No nal de sua vida literria,d um giro em direo ao paganismo metafsico. Com seulegado cultural, comeou um movimento sobre o conhe-cimento do homem consigo, com Deus e com o mundo,

    movimento que deu incio Antropologia Filosca.

    Na obraA posio do homem no cosmo, Scheler (2003) descreve a posio dohomem em relao ao animal e as coincidncias essenciais do ponto de vistabiolgico, mostrando, como diferenciador bsico, o esprito do homem, que estfora da (denominada por ele) categoria da vida. Descreve, tambm, o esprito esua conduta independente relativamente ao siolgico, podendo o homem, des-sa forma, atuar contra as pulses, coisa impossvel para o animal. Scheler fala,ainda, do centro da ao ntica, que caracteriza a pessoa e faz do homem umser superior ao mundo, podendo tomar distncia deste e at dele mesmo.

    O esprito, para Scheler, uma sucesso de atos denidos por sua intencionali-dade. Esses atos so divididos em: saber, sentir e conhecer. Ele escreve que o

    sentir emocional o ato fundamental, e, nele, est contido o amor, pea funda-mental para a constituio de uma sociedade. O amor o fundamento perfeitode todos os atos espirituais. Numa relao saudvel, ele que suscita a vontadee a inteligncia. Para esse lsofo, portanto, o homem s pessoa quando de-senvolve a capacidade de levar adiante atos intencionais. Suas obras no podemser estimuladas por uma necessidade imediata, nem ser a simples administraode necessidades imediatas.

    4. INTRODUO UNIDADE

    Nesta unidade, estudaremos as diferentes interpretaes dohomem. Para tanto, comearemos pela anlise do ponto de vistadas cincias emprico-formais, cujo alcance se restringe a seu serpsicofsico. Analisaremos, tambm, os conhecimentos provenien-tes das cincias do esprito, da Antropologia Social, da Sociologia,da Histria e da Antropologia Filosfica.Esta ltimatem como ob-

    jetivo descrever os conceitos universais de todos os homens, ouseja, a essncia do homem.

    Figura 1 Max Scheler.

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    Alm de analisar o enfoque das principais teorias antropo-lgicas, voc ter a oportunidade de analisar o mtodo da Antro-pologia Filosfica e familiarizar-se com a evoluo da ideia de es-prito. Voc tambm conhecer os principais pensadores e suasautorias em relao ao quadro da disciplina e refletir sobre a obrade Max Scheler. Tudo isso objetiva entender por que a antropolo-gia estudada nesta disciplina denomina-se filosfica.

    Bom estudo!

    5. CINCIAS POSITIVAS E CINCIAS DO ESPRITO

    Todos ns consideramos as cincias chamadas positivas ouemprico-formais (biologia, fsica etc.) como sinnimos de exati-do e correlao com a realidade devido ao mtodo que utilizam.O universo cientfico est claramente definido no que diz respeitoao estudo dos fenmenos da natureza, pois sua investigao preci-sa e progressiva baseia-se sempre em dados empricos.

    Tambm verdade que o homem faz parte dessa natureza por

    ser um ser fsico; por isso, a cincia positiva define-o como unitasmultiples(uma unidade com diversos estratos),explica-o como umser composto de facetas e, portanto, estuda-o de forma fragmenta-da ou por especializaes. Dessa forma, enquanto alguns cientistasestudam o crebro, outros estudam o corao, o sistema digestivo,o aparelho psquico etc. O problema que o homem, sendo aindaum ser fsico, responsvel por atividades de carter livre e de natu-reza espiritual, das quais depende a perfeio humana.

    Com as cincias positivas (biologia, qumica, medicina etc.),

    encontramos outro grupo de cincias, que so denominadas cin-cias do esprito(Wilhelm Dilthey o autor da classificao "cin-cias do esprito").Nesse grupo, esto a Cincias Sociais, a Histriae todas as cincias criadas a partir da liberdade do homem diante

    da natureza. Nessa classificao, encontra-se ainda a AntropologiaFilosfica.

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    As cincias do esprito so assim chamadas apesar de oesprito ser tambm o responsvel pelo desenvolvimento das cin-cias positivas para diferenciar seu campo de pesquisa. Em geral,as cincias do esprito, para alcanar o conhecimento, vo da ex-presso cultural (contida nos objetos culturais) para o significado(por que o homem desenvolveu essa vivncia).

    Agora que voc sabe em qual grupo de conhecimentos a An-tropologia Filosfica est inscrita, vamos tentar conhecer melhorsuas especificidades.

    6. ANTROPOLOGIA FILOSFICA

    So muitas as disciplinas que estudam o homem. Entretan-to, a nica que o encara, de frente, como diz Theilhard de Char-din (2001, p. 321), a Antropologia Filosfica, que mantm umarelao estreita com a reflexo filosfica. Sem dvidas, a cinciaemprico-formal fornece uma compreenso precisa e muito ricado ser humano. Mesmo assim, o desejo de ter um conhecimentofundamental sobre homem continua insatisfeito.

    Nem as cincias exatas, nem a psicologia, nem as cincias so-ciais tm acesso totalidade sobre o que o homem; por isso, faz-senecessrio um conhecimento que unifique todos esses saberes sobreo homem, imprimindo-lhes uma direo. A necessidade de um dis-curso filosfico aplicado antropologia surge porque o ser humanono pode ser entendido em sua totalidade se convertido em objetode investigao. Para entend-lo, preciso seguir o caminho da refle-

    xo, superar o nvel da doxae construir uma episteme.

    Informao Etimologicamente, a palavra "antropologia" deriva da raiz grega anthropos(ho-mem), que derivada de ndrios, termo que designa o humano, mulher e ho-mem, e da terminao logia(cincia). Signica a cincia do homem.

    O termo "losoa" tambm deriva de um termo grego, philosophia, e indica umsaber. Entretanto, saber compreende no s opinio ou doxa, mas, tambm, osaber "cultivado", a episteme, que um estudo dirigido compreenso e ex-

    plicao a realidade. No caso daphilosophia, estamos nos referindo a um saberelaborado metodicamente.

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    O estudo do ser humano que leva adiante as cincias po-sitivas nunca poder responder s perguntas: "quem sou eu?" e"quem o ser humano?". O filsofo nunca poder estar satisfeitocom o conhecimento facetado do homem medida que este oafasta da resposta do principal questionamento humano. Para sa-tisfazer a essa inquietude to humana de saber "quem sou eu?", necessrio fundamentar os conhecimentos relativos ao homem.

    Para isso, faz-se necessrio entender a essncia do ser humano equais so as possibilidades de seus atos. Para o filsofo, portanto, preciso antecipar o ser do homem.

    O conhecimento antropolgico-filosfico o fundamento

    do conhecimento cientfico medida que serve para explicar a es-trutura universal e especfica do ser humano. Essa relao entrecincias e conhecimento antropolgico-filosfico sempre deve servista como complementao, como cooperao, e nunca como li-mitao.

    O Homo Sapiens

    O homem participa da mesma ordem dos primatas superio-res. No entanto, no pode ser considerado apenas um primata quecaminha ereto; afinal, ele algo a mais na escala zoolgica.

    Teilhard de Chardin (2001, p. 188) escreve: "Ns ficamosperturbados ao constatar o quanto oAnthropos,apesar de certaspreeminncias mentais incontestveis difere pouco, anatomica-mente, dos outrosAnthropides".

    Situando o ser homem dentro da escala zoolgica, podemosafirmar que ele pertence ao: reino animlia,sub-reino dos metazoa,filo vertebrata.Classe mammalia.Ordemprimata.Famlia hominidae.Gnero homo.Espcie homo sapiens ou anthropus(CURTIS, 1977).

    Ento, surge o seguinte questionamento: por que o homemno pode ser considerado simplesmente um animal? Isso aconte-

    ce porque o animal vive imerso no ecossistema, faz parte deste;seu conhecimento rudimentar, ele conhece esta ou aquela rvo-

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    re porque pertencem ao mundo natural que o rodeia. J o homem,por conhecer o que uma rvore em essncia (sabe, por exemplo,que esta pertence ao reino metaphytea,que fotossintetizante,composta especialmente de celulose etc.), conhece todas as r-vores do mundo. Uma vez que conhece a essncia do solo frtil,pode procurar nos lugares mais recnditos do planeta terras paracultivar. Ele no est preso a um determinado ecossistema; por

    isso (e por muito mais), podemos dizer que o homem um ser quese situa alm da temporalidade e do imediato, sua realidade no s material, como nos animais. , tambm, de ordem espiritual.

    O homem um ser que possui a capacidade de refletir (con-

    segue se afastar do mundo exterior e refletir sobre este e sobre siprprio) e analisar o mundo por meio das essncias, j que possuiinteligncia. dono de uma estrutura bipolar,relacionando-se nos com o sagrado, mas tambm com o mundano.

    Tipos de antropologia

    As cincias emprico-formais no tratam do homem na con-

    dio de homem, apenas investigam a realidade humana sob umdeterminado aspecto, no qual so muito eficientes (RABUSKE,2003). Vamos conhecer, neste momento, as principais escolas an-tropolgicas que existem na atualidade, bem como suas especia-lizaes.

    Antropologia Fsica

    A primeira antropologia que aparece no horizonte investiga-tivo a Antropologia Fsica ou Natural, cujo auge se d no sculo19. Esta sempre foi uma parte da biologia portanto, estuda ohomem a partir do biolgico. D importncia estruturao sseae medida craniana para determinar diferenas raciais. Estuda apigmentao, a forma e a cor dos cabelos, dos olhos, do nariz, daslinhas papilares etc., a fim de estabelecer os grupos de organismos

    de morfologia anloga.

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    Antropologia Cultural

    o estudo antropolgico mais difundido na atualidade.Como a Antropologia Fsica, tambm esteve presente como cin-cia no sculo 19. A Antropologia Cultural foi impulsionada pela

    necessidade de estudar a humanidade do ponto de vista social,partindo de traos raciais, mas sem deixar de diferenciar suas prin-

    cipais caractersticas somticas. Estuda o ente cultural, suas estru-turas sociais, linguagem, costumes, leis, obras artsticas e estrutu-rais, dando nfase aos fatos culturais, como religio, direito, moral,artes, ferramentas, folclore etc.

    Mesmo que a humanidade esteja constituda por uma s es-

    pcie, ohomo sapiens, para o estudo do homem, a AntropologiaCultural estabelece subdivises: o estudo d-se a partir da culturaeleva em conta os caracteres somticos genotpicos, ou seja,he-reditrios, e os adquiridos.

    Antropologia Teolgica

    Baseada na Bbliae nos tratados cannicos, a Antropologia

    Teolgicaparte da Criao ex nihilo,Gnesis(1,1-2), etoma impor-tncia a partir do Conclio Vaticano II. Mede o homem imagemde Deus e, partindo desta, faz conjecturas de seu existir.

    A Antropologia Teolgicano uma cincia no sentido estrito,mas uma Scientia no sentido antigo. Caso tenha dvidas sobre oque isso quer dizer, sugerimos que realize pesquisas e/ou consulteo tutor da disciplina.

    Antropologia Psicolgica

    Existe mesmo uma Antropologia Psicolgica? Psiclogos re-fletem sobre o homem, comparando/analisando o ser humano do-

    ente com o "normal". A prtica dos trabalhos publicados demons-tra que esses cientistas acabam sempre abordando a Antropologia

    Filosfica.

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    Um de seus maiores representantes V. Frankl, que estudao homem com base na Antropologia Filosfica. Karl Jasper, LudwigBinswanger (mdico e filsofo), Von Gebsattel, Igor Caruso e outroscientistas tambm partem dos princpios contidos na AntropologiaFilosfica.

    Informao Os cientistas citados sempre tentam descobrir o homem que est por trs dodoente. Viktor Frankl percebeu que a cincia mdica no consegue abarcar ohomem em sua totalidade, caindo nos reducionismos, que s veem um aspectoda totalidade do homem, reduzindo-o a um "homnculo".O autor apoia sua An-tropologia Mdica na necessidade de poupar o homem do "niilismo cienticista",conforme podemos notar em suas obras: O homem incondicionado: lies meta-clnicas, O Homem doente eFundamentos antropolgicos da Logoterapia.

    Antropologia Estruturalista

    Como indica seu nome, a Antropologia Estruturalista trabalhacom estruturas universais, particulares, pares opostos de coincidn-cias e rupturas, para entender o homem e suas manifestaes.

    Como afirma seu criador Lvi-Strauss (1970), nenhuma dis-ciplina por si s pode dar conta de todo o conhecimento; por isso,no podemos deixar de mencionar, na hora de falar do homeme seu entorno cultural, a semitica, a histria, a economia, as ci-ncias biolgicas, a anatomia, a fisiologia, a embriologia e outrascincias que estudam o aparato corporal do homem. Tambm importante citar o grande aporte dos geneticistas para poder ex-plicar comportamentos, adaptabilidades etc.

    A contribuio que essas cincias do ser humano trazempara a anlise da existncia, considerando o homem como homemintegral em oposio s correntes anti-humanistas que o redu-zem a um produto (histrico, socioeconmico ou evolucionista) ,, sem dvida, muito grande. Mesmo assim, a pergunta "quem eusou?" continua ecoando nos espritos humanos.

    Antropologia Filosfica

    A Antropologia Filosfica aparece como uma ferramentaindispensvel para tentar dar um significado definitivo reali-

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    dade humana, o qual deve provir da essncia do homem e node interesses sectrios econmicos, polticos, religiosos etc. acincia que investiga a estrutura essencial do homem, que estu-da as caractersticas humanas para entender sua essncia. No a mesma coisa que a viso filosfica do homem ainda que aAntropologia Filosfica seja um movimento filosfico. , antes detudo, antirreducionista. uma cincia nova, pois no tem ainda

    100 anos.

    Assim, podemos afirmar que a Antropologia Filosfica, porsua natureza, no pode ser colocada num marco de limites. Defini-da mediante o estudo deste ou daquele lineamento humano, sua

    atitude representa um avano na medida em que reflete sobre atotalidade do homem.

    Por ser filosfica, essa antropologia no se contenta apenasem conhecer uma determinada rea do homem; ela pretende,

    ainda, esclarecer racionalmente o ncleo que possibilita que seucomportamento seja especificamente humano.

    Sua funo no recopilar dados sobre o homem, mas de-senhar uma estratgia para compreender qual a estrutura doserdo homem. Isso possibilita formular as perguntas: "quem eusou?", "de onde venho?" e "para onde eu vou?". Essas interro-gaes exclusivamente humanas no podem ser produto de umsistema puramente biolgico, como o sistema do animal, nem

    de uma dimenso puramente psicolgica, como pretendem algunscientistas. Essas perguntas englobam, necessariamente, outras di-menses. Por isso, o estudo antropolgico do homem pretendeenxergar sua essncia, que seu primeiro princpio ntico, paradesenvolver, posteriormente, sua anlise.

    A Antropologia Filosfica, como muitas cincias do esprito,surge com o propsito de resgatar o homem do anonimato em quea modernidade o colocou, no qual se faz presente um contexto

    niilista de perda de identidade e incerteza.

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    Ponto de partida para a construo da Antropologia Filosfica

    O que o homem? Qual o sentido da existncia? Quem soueu no universo? Essas questes so as que ocupam o campo da An-tropologia Filosfica. Vejamos o que Max Scheler diz a respeito:

    A misso de uma Antropologia Filosfica mostrar exatamentecomo a estrutura do ser humano explica todas as funes e obrascomo a linguagem, conscincia moral ferramentas, idias de justiae injustia, estado de direito, mitos, religio, cincias, etc. (SCHELER,2003, p. 121, traduo nossa).

    Informao complementar O primeiro projeto para a construo da Antropologia Filosca teve seu ponto departida na denio de animal rationale,que signica que o homem um ser que

    emerge da natureza pela racionalidade, pelo pensamento e pela fala.Nesse caso, no podemos nos basear nos gregos, j que estes no usaram otermo rationale, mas deniram o homem como o animal que tem logos que no sinnimo de rationale. Logos, em Plato, converte-se em ideia, palavra formadapela raiz de um verbo que signica "ver", porque, segundo Plato, o homem possuicomo propriedade determinante a intuio intelectual de carter espiritual.

    7. MTODO DA ANTROPOLOGIA FILOSFICAO mtodo da Antropologia Filosfica deve possibilitar a des-

    coberta da estrutura ou do princpio que caracteriza o ser humano,ou seja, aqueles traos que so comuns a todos os homens e quenos diferenciam do resto dos seres da natureza.

    A Antropologia Filosfica, diferentemente do conhecimento

    cientfico, no formula hipteses para orientar sua investigao, pois,durante a existncia humana, os problemas antropolgico-filosfi-cos esto presentes e a prpria existncia do homem j exige umaresposta. Ela aparece como uma necessidade na medida em que

    um conhecimento que reconhece os problemas existenciais e pro-pe respostas para descobrir o sentido da vida (GEVAERT, 1995).

    O problema est em saber se esses princpios ontolgicos,

    universais, sero vlidos para todos os seres humanos em qual-quer momento histrico.

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    Em sua grande maioria, os pensadores da Antropologia Fi-losfica concordam ao afirmar que a primeira etapa do mtodo analisar os dados que surgem da experincia, ou seja, aqueles queprovm das cincias humanas (biologia, paleontologia, psicologia,sociologia, histria etc.) (SAHAGUN LUCAS, 1996).

    Posteriormente, temos a etapa da autorreflexo, na qual o

    homem, alm do mundo concreto, "habita", tambm, o mundo datranscendncia, superando, com sua atitude, o espao temporal.Suas aes esto cheias de interioridade, pois, no estudo humano,no possvel deixar de fora a subjetividade (BUBER, 1960).

    O mtodo, ento, deve possibilitar a captao no s dos da-

    dos sensveis, mas tambm daquele princpio que imutvel.

    Informao complementar A palavra "mtodo" vem do grego meta hodos, "caminho para"; no latim, derivapara "via". Na losoa clssica, o mtodo ou via era apriorstico, ou seja, ospensadores partiam da intuio reexiva do ser (produto da capacidade pensan-te do homem). Assim, o mtodo de carter intuitivo est caracterizado por umconhecimento imediato do geral e universal estamos falando, dessa forma, daintuio intelectual que possui um alcance maior do que a sensvel, a qual pode

    ser dividida em eidos, ou intuio intelectual, que coincide com as essncias ecapta o que o objeto, e intuio valorativa, a intuio que capta o valor.

    A Antropologia Filosfica, que um estudo racional sobre ohomem, est voltada para a captao das dimenses fundamen-tais do homem.

    Ela se fixa no homem integral, leva adiante um discurso ra-

    cional sobre o ser humano para explicar sua essncia a partir decategorias abstratas. Para tanto, precisa dos dados do saber cient-fico, do conhecimento ontolgico e das contribuies das cinciasdo homem.

    Jolif (1960) descreve cinco categorias que permitem o conhe-cimento filosfico do homem, a saber: Totalidade, Alteridade, Di-ferenciao, Dialtica e Metafsica, que surgem como resultado da

    anlise das experincias comuns a todos os homens. Baseando-se

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    nessas categorias, que formam a estrutura do homem, a Antropolo-gia Filosfica tenta justificar o porqu do dado fenomnico, ou seja,da conduta existencial.

    Observe que o homem no se compreende totalmente. Esse

    fato o leva a se perguntar sobre sua essncia. Ele sabe que um"ser no mundo", porm, o mundo no seu ltimo horizonte. O

    homem um ser "incondicionado" e, por isso, est para alm dasimples anlise existencial.

    8. ANTROPOLOGIA FILOSFICA: CINCIA CONTEMPORNEA

    Os nomes a seguir descrevem alguns dos principais pensado-res que influenciaram e contriburam com seus trabalhos para a for-mao da Antropologia Filosfica. importante ressaltar que notemos a inteno de listar nomes de filsofos indiscriminadamente,e sim familiariz-lo com os pensadores que contriburam com a linhade evoluo do reconhecimento do esprito humano. Acompanhe:

    1) Kierkegaard (1813-1855): filsofo dinamarqus que ex-plicava, no sculo 19, que o homem um ser pessoal,individual e com um valor absoluto diante de Deus.

    2) J. G. Von Herder (1744-1803): iniciou, talvez, a Antro-pologia Filosfica atual. contemporneo de Kant, quetinha forjado uma imagem de homem fechado no inte-rior de seu esprito e caracterizado pela conscincia dodever e da responsabilidade. Baseando-se nessa ideia,

    Herder destaca a capacidade de autoperfeio, produtoda liberdade que o homem possui. Descreve a razo, aalteridade e a transcendncia como formadoras da es-trutura natural do homem.

    3) F. Brentano (1838-1917): na psicologia, trabalha o con-ceito de intencionalidade da conscincia. Criticou o idea-lismo e investigou o conceito de pessoa vindo da escols-tica. Seu discpulo, E. Husserl (1859-1938), orientou suasinvestigaes ao desenvolvimento de uma fenomenolo-gia, na qual tem lugar o princpio de intencionalidade.

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    4) M.Heidegger: analisando as perguntas kantianas ("queposso saber?", "que devo fazer?", "que posso esperar?"e "quem sou eu?") oautor da obra: Kant e o problemada metafsica, discpulo de E. Husserl, indicava o caminhopara fundar uma real Antropologia Filosfica ao descrev-

    la como "cincia do homem que investiga tudo sobre suanatureza, enquanto ser dotado de corpo, alma e esprito[...]. A Antropologia Filosfica tem que compreender oque homem faz de si mesmo e o que pode e deve fazer"(HEIDEGGER, 1954, p. 74-80). Para ele, a condio huma-na formada pela existncia dentro de uma estrutura que o ser-no-mundo (denominado dasein).

    5) Jaspers (1883-1969): trabalha a Metafsica da Existn-

    cia e enuncia a trade: Mesmidade-Comunicao-Histo-ricidade. Com preocupaes similares s de Heideggerquanto existncia no mundo, diferencia-se deste im-portando-se com a transcendncia.

    6) Buber(1878-1965): sua obra tem como tema principal a re-lao eu-tu (sujeito-sujeito) e eu-mundo (sujeito-objeto).

    7) Nicolai Hartmann(1882-1950): filsofo alemo existen-cialista, desenvolveu a teoria do conhecimento integra-

    da ontologia do objeto de conhecimento, descrevendoo paralelismo sujeito-objeto.

    8) P. Lersh: de orientao profundamente personalista,converte, com J. Y. Jolif, a Antropologia Filosfica pro-cura da essncia humana e de seu fundamento onto-lgico. Consideram-na dentro das cincias humanas erealam a viso de conjunto.

    9) V.E.Frankl(1905-1977): psiquiatra fundador da Logote-rapia, deixa, definitivamente, os modelos da psicanlisee behaviorismo para trs. Trata de temas como proble-mas de sentido e a orientao do homem para algo queno ele mesmo.

    Note que, de certa forma, como diz H. U. Von Balthasar, sempreexistiu na conscincia da humanidade a busca por uma AntropologiaFilosfica. Nesse sentido, podemos, inclusive, retroceder at Scrates,

    Plato, Aristteles, Santo Agostinho e Santo Toms de Aquino.

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    Claretiano - REDE DE EDUCAO

    Partindo do momento em que o homem se descobre numnvel ontolgico diferente das coisas e dos objetos, no diferenteno nvel cosmolgico, e sim como algum diante do mundo, sur-ge um novo paradigma cognoscitivo, no qual o homem, pessoahumana, abarcado pela Antropologia Filosfica. Com base nassistematizaes que Max Scheler (1874-1928) faz do conjunto deconhecimentos sobre o homem. Ele chamado o "fundador" da

    Antropologia Filosfica.

    Nos pensadores contemporneos citados, impera a orienta-o fenomenolgica combinada com a filosofia da existncia e oagregado do personalismo ou no.

    Voc deve estar se perguntando: com o avano cientfico ea impressionante acumulao de dados cognitivos, por que ain-da no foram controlados os grandes problemas humanos nemrespondidos os principais questionamentos sobre o ser humano?

    Em outras palavras: como no foi descoberto o significado dohomem?

    fcil comprovar que o aumento assustador dos conheci-mentos tcnicos no tem ajudado a guiar o homem pelos cami-nhos de seu ser, nem ajudado a descobrir o sentido da existnciahumana.

    Para tentar responder a essa pergunta, vamos ler uma parte

    da obra que Max Scheler escreveu na metade do sculo 20 (pocaque coincide com o apogeu dos grandes domnios cognitivos):

    Na histria de mais de dez mil anos, a nossa a primeira poca emque o homem converteu-se para a si mesmo num radical e univer-sal ser problemtico. O homem j no sabe o que ele , mas perce-be o que ele no (SCHELER apud GEVAERT, 1995, p. 12).

    Para introduzir a problematizao do homem atual, Schelernarra em sua obra A posio do homem no cosmouma situaoque se inicia da seguinte forma:

    Se perguntamos a um europeu culto no que ele pensa ao escutar

    a palavra "homem", quase sempre trs esferas de idias totalmen-te incompatveis entre si comearo a aparecer em sua cabea em

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    tenso umas com outras. A primeira delas aponta para a esfera depensamento da tradio judaico-crist. Ado e Eva, a criao, o pa-raso e a queda. Em segundo lugar, aparece a esfera de pensamentoda antiguidade clssica: aqui a autoconscincia do homem elevou-sepela primeira vez no mundo compreenso de sua posio singularatravs da tese de que o homem determinado pela posse da razo,

    do logos, dophronesis, da rtio, da mens [...].A terceira esfera depensamento aquela que h muito j se tornou igualmente tradi-cional: a esfera de pensamento da moderna cincia da natureza e dapsicologia gentica. Nesta esfera assume-se o homem como resulta-do final e muito tardio da evoluo da vida do planeta terra [...].

    Mas ainda assim no possumos uma idia do homem [...].

    Em uma certa compreenso todos os problemas centrais da filosofiadeixam-se reduzir pergunta: o que o homem? Qual a situaometafsica por ele assumida no interior da totalidade do ser, no mun-

    do e de Deus? No foi sem razo que uma srie de pensadores anti-gos costumaram tomar a "Posio do homem no universo" ou seja,uma orientao sobre o lugar metafsico da essncia como o pontode partida de toda colocao filosfica (SCHELER, 2003, p. 91-93).

    9. DIFERENTES CONCEPES FILOSFICAS DE HOMEM

    A fim de tentar delinear algumas das principais concepesfilosficas sobre o homem, vejamos o exce