tutorial sobre latencia

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90 www.backstage.com.br TECNOLOGIA | CUBASE Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio na escola Music Center. site: www.veramedina.com Este mês, vamos falar um pouco sobre como a latência é tratada no Cubase SX e dar umas dicas sobre manutenção de projetos (arquivos). Muitas pessoas trocam até de computador ou placa por pensar que os mesmos apresentam um problema ao reproduzir ou gravar o som devido a questões de latência. Latência T e o Cubase SX ecnicamente falando, latência sig- nifica o tempo que leva para um si- nal de entrada produzir um sinal de saída. Isto inclui sinais de áudio ou men- sagens MIDI. Por exemplo, ao ouvir um som gravado, existe a latência D/A (digi- tal to analogue) envolvida. Para gravar um som, existe a latência A/D (analogue to digital). Ao gravar monitorando, as duas latências estão envolvidas. Ao usar um equipamento MIDI existe o tempo entre o toque no equipamento e o rece- bimento da mensagem pelo sequencer. E assim por diante. Há necessidade de se compreender claramente os problemas de latência e tratá-los adequadamente. O primeiro fator a se entender é a es- cala para medir a latência. A velocidade do som através do ar é de aproximada- mente 1/3 de metro por milisegundo. Numa taxa de sample de 44.1 kHz, te- mos 44 samples (ignoraremos o 0.1). Por- tanto, se selecionarmos uma porção de 10ms na janela Sample Editor, verificare- mos que marca 441 samples. Desta forma: 1ms = 1/3 metro = 44 samples Para medir como isso afeta o som, basta incrementar milisegundos de atraso e ou- vir os resultados nos seus monitores. Faça isso incrementando 1ms de atraso a cada audição. Você perceberá como o atraso vai impactando a reprodução do som. Tipos de latência 1) Latência na gravação Latência na gravação = latência A/ D + latência da placa de som Esse é o tempo que leva para o Cubase gravar um som. O Cubase pode compen- sar pela latência da placa de som, mas não pela latência A/D. Portanto, o arqui- vo de áudio digital gravado em seu proje- to estará atrasado pelo tempo que leva o processo de A/D de seu estúdio. 2) Latência na reprodução Assumindo que a reprodução não in- cluirá efeitos no Cubase, a latência na reprodução será representada por: Latência de reprodução = latência de conversão D/A + latência da placa de som A latência de reprodução só se torna um problema na monitoração através do Cubase, o que não é recomendado devi- do ao atraso introduzido e quando to- cando instrumentos VST. Ao gravar o áudio, o Cubase compen- sa pela latência da placa de som, mas não pela latência D/A. Portanto, o áudio gra- vado no projeto estará atrasado pelo tem- A latência de reprodução só se torna um problema na monitoração através do Cubase, o que não é recomendado devido ao atraso introduzido e quando tocando instrumentos VST

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Vera Medina é produtora, cantora, compositora

e professora de canto e produção de áudio na

escola Music Center.

site: www.veramedina.com

Este mês, vamos falarum pouco sobre comoa latência é tratada noCubase SX e dar umasdicas sobremanutenção deprojetos (arquivos).Muitas pessoastrocam até decomputador ou placapor pensar que osmesmos apresentamum problema aoreproduzir ou gravar osom devido aquestões de latência.

Latência

T

e o Cubase SX

ecnicamente falando, latência sig-nifica o tempo que leva para um si-nal de entrada produzir um sinal de

saída. Isto inclui sinais de áudio ou men-sagens MIDI. Por exemplo, ao ouvir umsom gravado, existe a latência D/A (digi-tal to analogue) envolvida. Para gravarum som, existe a latência A/D (analogueto digital). Ao gravar monitorando, asduas latências estão envolvidas. Ao usarum equipamento MIDI existe o tempoentre o toque no equipamento e o rece-bimento da mensagem pelo sequencer. Eassim por diante. Há necessidade de secompreender claramente os problemasde latência e tratá-los adequadamente.

O primeiro fator a se entender é a es-cala para medir a latência. A velocidadedo som através do ar é de aproximada-mente 1/3 de metro por milisegundo.Numa taxa de sample de 44.1 kHz, te-mos 44 samples (ignoraremos o 0.1). Por-tanto, se selecionarmos uma porção de10ms na janela Sample Editor, verificare-mos que marca 441 samples.

Desta forma: 1ms = 1/3 metro = 44samples

Para medir como isso afeta o som, bastaincrementar milisegundos de atraso e ou-vir os resultados nos seus monitores. Faça

isso incrementando 1ms de atraso a cadaaudição. Você perceberá como o atrasovai impactando a reprodução do som.

Tipos de latência1) Latência na gravaçãoLatência na gravação = latência A/

D + latência da placa de somEsse é o tempo que leva para o Cubase

gravar um som. O Cubase pode compen-sar pela latência da placa de som, masnão pela latência A/D. Portanto, o arqui-vo de áudio digital gravado em seu proje-to estará atrasado pelo tempo que leva oprocesso de A/D de seu estúdio.

2) Latência na reprodução

Assumindo que a reprodução não in-cluirá efeitos no Cubase, a latência nareprodução será representada por:

Latência de reprodução = latência deconversão D/A + latência da placa de som

A latência de reprodução só se tornaum problema na monitoração através doCubase, o que não é recomendado devi-do ao atraso introduzido e quando to-cando instrumentos VST.

Ao gravar o áudio, o Cubase compen-sa pela latência da placa de som, mas nãopela latência D/A. Portanto, o áudio gra-vado no projeto estará atrasado pelo tem-

A latência de reprodução só se tornaum problema na monitoração através

do Cubase, o que não é recomendado devidoao atraso introduzido e quando

tocando instrumentos VST

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po do processo de conversão D/A + otempo do processo A/D.

3) Latência da monitoração à distânciaSe o músico não usar fones de ouvido

na monitoração, deverá ser consideradaa latência relacionada à distância da pes-soa até o monitor, ou seja, a cada metrouma latência aproximada de 3ms (vide afórmula acima).

Definindo parâmetrosda placa de somA maioria das placas de som permite

ajustes no tamanho do buffer. Geralmen-te, os ajustes permitidos são de 64 a 8192samples, introduzindo atrasos em milise-gundos. O buffer é o local onde o áudio érecebido de uma aplicação como o Cu-base. Ao gravar o áudio, os samples só sãopassados adiante quando o buffer estácheio. Ou seja, o primeiro sample precisa

aguardar até que o buffer esteja cheiopara ser processado, resultando na latên-cia. Os samples são mantidos em bufferpara que exista pelo menos um tamanhorazoável de um pacote para ser processa-do. Quanto maior o buffer, maior alatência introduzida.

Portanto: Latência = tamanho dobuffer/taxa de samplesExemplo:

A latência de um buffer de 8192samples a uma taxa de 44.1 kHz equivalea 186 ms

Latência = 8192 / 44100 = 0,186 se-gundos (ou 186 milisegundos)

É importante ressaltar que este é so-mente o atraso do áudio digital, não éconsiderada a conversão D/A.

Definindo a latência de gravação ereprodução do seu estúdio

Uma vez que o Cubase trata a latênciagerada pela placa de som, resta saber comotratar a latência de gravação e reprodução(A/D + D/A) gerada no seu estúdio.

O teste abaixo pode ser realizado paraeste fim:

1) Abra um novo projeto2) Ligue o metrônomo

O buffer é o local ondeo áudio é recebido deuma aplicação como oCubase. Ao gravar oáudio, os samples sósão passados adiante

quando o bufferestá cheio

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3) Coloque um microfone bem próximoa um dos monitores (um dedo de distância)

4) Grave o metrônomo e depois desligue-o5) Deixando o microfone no mesmo

lugar, grave a reprodução da trilha deáudio do metrônomo numa nova trilha.

6) Dê um zoom e examine as duas trilhas.7) Verifique a diferença, medida em

samples, entre o início de uma trilha e da outra.8) Se houver uma diferença superior

a 100 samples, você deverá investigar oque pode estar acontecendo.

Lembre-se que a latência que vocêencontrar neste teste será apresentadaem todos os áudios gravados, por isso, sefor muito grande, deve ser consideradocomo atenuá-la.

Latência geradapor efeitos plug-inA latência gerada por plug-ins pode ser

verificada através da Device/Plug-ininformation disponível no Cubase SX. Omáximo de buffer dos VSTs é 1024 samples.Isto significa que o plug-in leva um determi-nado tempo para processar o áudio de en-trada, levando a um atraso no áudio da sa-ída. O Cubase trata estes atrasos automati-camente, mas se você quiser alterar a con-figuração, a função Use delay compen-sation pode ser desativada na janela citadaacima. Você terá que recarregar o plug-inpara a alteração acontecer.

Para tocar um instrumento VST emtempo real, pode ser ativada a funçãoConstrain Delay Compensation na barrade tarefas da janela Project. Essa funçãotentará manter o mix de áudio o mais sin-

cronizado possível, diminuindo ou ate-nuando os atrasos.

Para utilizar efeitos em VSTIs, é maisinteressante transformar em áudio antes,assim a será atenuado o atraso de latência.

Dicas para manutençãode Projetos no Cubase SXMudando radicalmente de assunto,

vamos falar sobre a manutenção de pro-jetos no Cubase SX, dando algumas di-cas úteis para você não perder mais suaspastas de projetos.

a) Para copiar um projetoO Cubase SX fornece uma função

para isto: Save Project to a New Folder.Entretanto, é necessário saber exata-

mente o que se quer ao clicar nas opçõesdisponíveis, tais como Audio/MinimizeFile, Remove Unused Files, etc. Umadica é testar a projeto copiado para ver setudo está lá como desejado.

b) Movendo um projetoPara mover um projeto, considere

toda a sua pasta apenas movendo-a paraoutro lugar. Nunca transfira apenas o ar-quivo com extensão.cpr para outro lugar.Embora o Cubase SX pergunte automa-ticamente onde você continuará arma-zenando os arquivos relacionados ao pro-jeto, você pode esquecer de copiá-los in-tegralmente para este novo local.

c) Arquivando um projetoAntes de arquivar um projeto, é impor-

tante testá-lo para verificar se todos os da-dos estão disponíveis. O comando Pool/Pre-pare Archive executa as seguintes tarefas:

- Copia todos os arquivos que estãofora da pasta do projeto para este local

- Dá uma opção de Freeze Edits paratodos os clipes processados

A opção de Freeze Edits deve ser con-siderada em cópias do áudio original afim de evitar problemas futuros, porexemplo, um plug-in pode não estar maisdisponível e outras coisas do gênero.

Antes de arquivar o projeto, utilize afunção File/Cleanup a fim de remover to-dos os arquivos desnecessários. Caso algotenha sido feito fora do Cubase, chequecom calma a lista de arquivos gerada poresta função antes de executá-la.

Esta função é perfeita para projetos queforam desenvolvidos inteiramente noCubase, quando pastas não foram renome-adas e quando não há compartilhamentode arquivos com outros projetos.

Recarregue todo o projeto para verifi-car se está funcionando perfeitamenteantes de arquivá-lo.

Pessoal, a matéria deste mês tratoudois assuntos geralmente desconside-rados pelos produtores com menos ex-periência, mas que são cruciais para obom andamento dos projetos no Cu-base. Manter um backup dos projetospode ser custoso, uma vez que há ne-cessidade de espaço extra, porém, vocênunca sabe quando vai precisar de umdeterminado projeto novamente. Por-tanto, ao finalizar uma produção, tentemanter um arquivo separado. Se nãopuder, organize a pasta do projeto re-movendo os arquivos desnecessários. Emais uma dica, mantenha um arquivode texto com menção aos plug-ins utili-zados e quaisquer efeitos virtuais, poiseles podem estar indisponíveis numaocasião futura e haver necessidade desubstitui-los por similares. Um abraço eaté o próximo mês!

Nunca transfira apenas o arquivo com extensão.cpr paraoutro lugar. Embora o Cubase SX pergunte

automaticamente onde você continuará armazenandoos arquivos relacionados ao projeto, você pode esquecer

de copiá-los integralmente para este novo local