TREINAMENTO DE FORÇA E QUALIDADE DO SONO EM … · precisávamos lutar um pouco mais para vencer...

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO UPE FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO FOP MESTRADO EM HEBIATRIA: DETERMINANTES DE SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA TREINAMENTO DE FORÇA E QUALIDADE DO SONO EM ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE INTERVENÇÃO Ladyodeyse da Cunha Silva Santiago CAMARAGIBE PE 2017

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO – FOP

MESTRADO EM HEBIATRIA:

DETERMINANTES DE SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA

TREINAMENTO DE FORÇA E QUALIDADE DO SONO EM

ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE INTERVENÇÃO

Ladyodeyse da Cunha Silva Santiago

CAMARAGIBE – PE

2017

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LADYODEYSE DA CUNHA SILVA SANTIAGO

TREINAMENTO DE FORÇA E QUALIDADE DO SONO EM

ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE INTERVENÇÃO

D ss rt o pr s nt n v rs

P rn m u o omo p rt s x n s o

Pro r m P s-Graduação em Hebiatria, na linha

de pesquisa promoção, proteção e recuperação da

saúde na adolescência, para a obtenção do título de

Mestre.

Orientador: Profº Drº Marcos André Moura dos Santos

CAMARAGIBE – PE

2017

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Cosmo e Marlene Silva, as pessoas mais íntegras que Deus me presenteou,

que me transmitem diariamenteo desejo de ser melhor, meus grandes incentivadores na

busca pelo conhecimento, são minha maior fonte inspiração. Ao meu esposo, Sérgio

Santiago, pelo seu companheirismo, exemplo, determinação e apoio, com quem sei que

posso contar sempre. Aos meus docentes, amigos e os adolescentes

que contribuíram intensamente para o desenvolvimento do estudo.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, não tenho dúvidas da sua existência e de sua

infinita bondade em minha vida, diariamente surgem oportunidades para provar que Tu és

uma fonte inesgotável de poder ilimitado, eficaz e acionado pela minha fé.

Aos amores da minha vida, meus pais, Marlene e Cosmo Silva, grandes

incentivadores, com quem sempre contei e me entreguei nos momentos de desespero e eles

com toda disponibilidade de amar e acalmar. Vocês se dedicaram à minha educação como

ser humano, me deram amor, fizeram de mim a pessoa que hoje sou, e eu só tenho motivos

para agradecer.

Ao meu esposo, Sérgio Santiago, com todo seu companheirismo e seu incentivo em

busca de algo melhor em nossas vidas, afinal, não tivemos uma juventude nada fácil e

precisávamos lutar um pouco mais para vencer os obstáculos da vida, sempre me

estimulou me entendeu e respeitava meu silêncio nos momentos de aflição.

Aos meus avós maternos e paternos, que são exemplos claros de batalhas,

perseverança e de amor em minha vida, sempre lutaram por dias e condições melhores

para com toda a família. Hoje quero lhes falar do meu amor, do meu carinho e de minha

eterna gratidão.

Ao Prof. Dr. Marcos André Moura dos Santos, meu orientador e grande

incentivador deste trabalho. Depositou total confiança na elaboração, sem ela, eu não

teria chegado até aqui, segurou em minha mão, me guiou e com sua incomparável

disponibilidade, não media esforços para atender as minhas dúvidas em momentos de

desespero. Os seus ensinamentos foram muito além dos conteúdos do currículo, não tenho

palavras para expressar tamanha gratidão.

Ao Prof. Dra. Denise Vancea, quem me direcionou nos primeiros passos da

pesquisa e marcou a minha vida com sua “doçura”, despertou algo de especial em mim,

abriu meus olhos de modo irreversível e transformou minha maneira de ver o mundo da

pesquisa.

Ao Prof. Dra. Ana Patrícia Falcão, grande incentivadora na minha busca pela vida

acadêmica. A sua missão foi muito além da missão de um professor, você é foi uma

verdadeira mestra, soube despertar a minha admiração de um modo único, e se tornou

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para mim uma inspiração. Sua colaboração e palavras de confiança foi parte principal no

desfecho deste processo.

Aos meus colegas de turma, “a melhor parte desse mestrado... rsrs”, com quem

estávamos sempre juntos sofrendo, sorrindo e torcendo uns pelos outros. A nossa parceria

nos transformou em família! Em especial nas pessoas de Bruno Rafael e Priscila Andrade,

que desde o processo de seleção, estávamos grudadinhos compartilhando os ensinamentos

e incentivos, formamos o grupo “pés na estrada”, desde então, não nos separamos mais,

grata a Deus por nossa verdadeira amizade, por sermos parceiros e irmãos “irmãos que

escolhi!”.

Aos demais amigos de jornada e incentivo acadêmico, Adriana Santos, Camila

Calanzas, Carla Caroline, Dany Cássia, Gabriela Goes, Isabela Dias, Isabele Goes,

Jacilene Guedes, Laísa Buarque, Monalisa Costa, Pedro Weldes,Pricilla Praxedes. As

palavras de incentivo, amizade e apoio sem dúvidas se tornaram combustível em minha

vida.

Aos adolescentes que se depuseram a participar da pesquisa e com toda dedicação

seguiram até o fim, mesmo em meio a suas diversas cobranças e construções acadêmicas,

minha eterna gratidão a vocês.

Aos integrantes do projeto, Maria Julia, Rafael Marinho, Eduardo, Artur, Túlio,

Victor, Thiago, George, Carlos Nascimento, Bruno, Rayssa, Renata, Ayran, Emmanuel,

Eduardo, que apesar de toda a correria do dia, distância, estavam atuante na execução

deste projeto. Parabéns pelo compromisso e disponibilidade, não tenho palavras para

expressar tamanha gratidão.

Grupo de Estudo e Pesquisa em Crescimento, Desenvolvimento e Estado

Nutricional – GEPCDEN, da Universidade de Pernambuco. Ao grupo de Pelotas, Prof Dr.

Inácio e Andrea, na colaboração das análises e total disponibilidade. Agradeço a todos

que contribuíram direta e indiretamente para a realização desse trabalho.

Aos diretores, professores, do IFPE- Campus vitória de Santo Antão, nas pessoas

de Ana Patrícia Falcão, Iunaly e Renato. Os quais abraçaram fielmente esta causa

comigo.

Ao conselho Nacional de pesquisa CNPq, Capes e FACEPE, pela ajuda financeira

da presente pesquisa.

Por fim, quero agradecer aos membros da banca examinadora, pelo tempo

disponibilizado para colabora no resultado final desta dissertação.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo: a) examinar o efeito de doze semanas de

treinamento de força sobre a qualidade do sono e sonolência diurna em adolescentes

institucionalizados com idades entre 14 a 19 anos. A amostra foi composta por 31

adolescentes de ambos os sexos, distribuída aleatoriamente em dois grupos: grupo

intervenção (GI, n = 19) e grupo controle (GC, n = 12). Os grupos foram semelhantes nas

características físicas e qualidade do sono. Foram realizadas medidas antropométricas

(estatura e massa corporal). A qualidade do sono foi avaliada por meio dos questionários,

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e Escala de sonolência de Epworth

(ESE), o tempo total de sono pela acelerometria. O programa de treinamento de força

ocorreu duas vezes por semana, com uso da escala de OMNI-RES e os exercícios seguiram

a padronização de alternados por seguimento, durante doze semanas. Inicialmente foi

observada uma diferença significativa no GI na qualidade do sono (p<0,001; d=0,94). Na

análise intragrupo, encontramos melhorias tanto na qualidade do sono (p<0,01; d= 0,91),

quanto na sonolência diurna (p<0,01, d=0,90). Na analise por acelerometria, os resultados

demonstraram efeitos significativos sobre tempo total de sono (TTS) (baseline: 333,49 ±

16,94 vs Pós-intervenção: 381,60 ± 21,82; p= 0,036). Em conclusão, o treinamento de

força pode ser usado na melhoraria da qualidade de sono e sonolência diurna de

adolescentes.

Palavras-Chave: Adolescentes, qualidade do sono, sonolência diurna, treinamento de

força.

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ABSTRACT

The present study aimed to: a) examine the effect of twelve weeks of strength training on

sleep quality and daytime sleepiness in institutionalized adolescents aged 14 to 19 years.

The sample consisted of 31 adolescents of both sexes, randomly distributed into two

groups: intervention group (GI, n = 19) and control group (CG, n = 12). The groups were

similar in physical characteristics and quality of sleep. Anthropometric measurements were

performed (height and body mass). Sleep quality was assessed using the questionnaires,

Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) and Epworth Sleepiness Scale (ESE), the total time

of sleep by accelerometry. The strength training program was performed twice a week

using the OMNI-RES scale and the exercises followed the standardization of alternates by

follow-up for twelve weeks. Initially, a significant difference in GI was observed in sleep

quality (p <0.001, d = 0.94). In the intragroup analysis, we found improvements in sleep

quality (p <0.01, d = 0.91), and in daytime sleepiness (p <0.01, d = 0.90). In the analysis

by accelerometry, the results showed significant effects on total sleep time (TST)

(baseline: 333.49 ± 16.94 vs Postintervention: 381.60 ± 21.82; p = 0.036). In conclusion,

strength training can be used to improve sleep quality and daytime sleepiness in

adolescents.

Key words: Adolescents, sleep quality, daytime sleepiness, strength training.

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LISTA DE FIGURAS

Artigo Revisão

Figura 1 Fluxograma com número de artigos selecionados para a revisão

sistemática.

23

Artigo Original 2

Figura 1 Prevalence of sleep quality among institutionalized adolescents

Artigo Original 3

Figura 1 Respostas individuais do grupo intervenção em ambos os

questionários de avaliação do sono.

Figura 2 Comparação da qualidade do sono (eficiência do sono e tempo total

de sono) com a utilização de acelerômetros

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LISTA DE TABELAS

Artigo Revisão

Tabela 1 Características dos estudos incluídos na revisão sistemática 28

Métodos

Tabela 2 Descrição da sessão de treino

Artigo original 1

Tabela 1 General characteristics of adolescents included in the study

Tabela 2 Association between gender and age with the quality of sleep in

school adolescents

Tabela 3 Correlation between age and sleep quality indicators in adolescents

stratified by sex

Artigo original 3

Tabela 1

Características gerais dos adolescentes incluídos no estudo

Tabela 2

Comparação dos grupos submetidos a um programa de treinamento

de força durante 12 semanas

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PSQI Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh

ESE Escala de Sonolência de Epwort

% Gord. Percentual de Gordura

TESTEX Tool for the Assessment of Quality and Reporting in Exercise

ST Strength Training

TF Treinamento de Força

GC Grupo Controle

GI Grupo Intrevenção

RM Repetição Máxima

OMNI- RES Resistance Exercise Scale

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 14

2. REVISÃO DE LITERATURA (Artigo 1)............................................................. 15

3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO....................................................................... 31

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................. 32

4.1 Amostra..................................................................................................................... 32

4.2 Delineamento do estudo............................................................................................ 32

4.3 Descrição e operacionalização de coletas de dados..................................................... 33

4.3.1 Dados antropométricos e de Composição Corporal............................................ 33

4.3.2 Questionário do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh................................ 34

4.3.3 Escala de sonolência de Epworth (ESE)........................................................... 35

4.3.4 Acelerômetro (Análise do sono)........................................................................

4.3.5 Teste de 1 Repetição Máxima (1RM)................................................................

4.3.6 Intervenção - Sessão de treinamento de força.....................................................

4.4 Aspectos éticos ................................................................................................

35

36

37

38

4.5 Processamento e análise estatística....................................................................... 38

5. RESULTADOS...................................................................................................... 39

5.1 Artigo Original 1............................................................................................ 39

5.2 Artigo Original 2.................................................................................................... 40

5.2 Artigo Original 3..................................................................................................... 58

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 75

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 76

8. ANEXOS E APÊNDICES......................................................................................... 78

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1. INTRODUÇÃO

O sono é caracterizado por uma diminuição da consciência e redução dos

movimentos músculo esquelético, seguido por uma redução no metabolismo, que por sua

vez têm uma função restauradora essencial para o organismo (COELHO et al., 2010).

Durante o sono ocorrem vários processos metabólicos necessários ao bom funcionamento

do organismo, como a liberação de hormônios do crescimento e cortisol (MELLO et al.,

2010).

Considera-se, que o início do sono esteja relacionado com a atividade de fatores

metabólicos endógenos produzidos durante o período de vigília (CIAMPO, 2012). No

entanto, este período de vigília, parece ser influenciado por diversos fatores como idade,

sexo, aspectos sociais, psicológicos, fisiológicos, como também as diferentes fases da vida

(infância, adolescência, adulta e o envelhecimento) (PEREIRA, TEIXEIRA, LOUZADA,

2010; VEQAR, HUSSAIN; 2012).

Relativamente, a fase da adolescência, alguns estudos descrevem alterações no

padrão normal do sono, que parecem está associadas ao período da puberdade

(CROWLEY, ACEBO, CARSKADON, 2007; ROENNEBERG et al., 2005; CHENG et

al., 2012). Em um estudo realizado por Bernardo (2009), em adolescentes (n=863; 10 a 19

anos de idade), foi identificada uma prevalência de 39,0% de duração inadequada de sono.

Para estes autores, uma duração inadequada do sono pode trazer consequências como:

aumento da sonolência diurna e diminuição da atenção desses sujeitos.

A American Sleep Disorders Association (AADS) (THORPY, 1991), recomenda o

envolvimento com exercício físico como uma forma de intervenção não farmacológica

para melhorar a qualidade do sono. A possibilidade de um aumento no tempo total de sono

pode estar associada aos exercícios físicos, pela necessidade de mais sono para restabelecer

a homeostase perturbada pelo exercício. Em um estudo de intervenção realizado com

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adolescentes (n=20; 14,5 ± 1,5 anos de idade), durante 12 semanas, demonstrou-se que o

exercício físico trouxe melhorias na eficiência e duração do sono desta população

(MEDELSON et al.,2015). Em outro estudo, foi identificada, uma associação positiva

entre sono e a prática de exercícios físicos (MELLO, FERNANDEZ, TUFIK, 2000;

FARIA, 2009).

Relativamente, à prática de exercícios físicos, evidências disponíveis na literatura

apontam efeitos satisfatórios sobre a qualidade do sono, tanto de forma aguda

(SANTIAGO et., 2014), em que não há adaptação à sua duração, quanto de forma crônica

(AWAD et., 2013). No entanto, evidências sobre a qualidade do sono em adolescentes

utilizando como forma de intervenção o treinamento de força, são escassos e

inconclusivos. Contudo, recomendações quanto à utilização do treinamento de força em

adolescentes já estão bem estabelecidos na literatura (UGHINI, 2014).

Recentemente, foi verificado em adolescentes (n=6; 16,6±1,4 anos idade) que as

sessões de treinamento de força realizadas no período da manhã e tarde estavam associadas

à qualidade do sono e explicaram em 94% e 92% estas melhoras (SANTIAGO et al.,

2015), respectivamente. Logo, a associação entre sono e o exercício físico pode sofrer

influência de fatores como o tipo de exercício físico realizado, intensidade e duração

(MENDELSON et al., 2015).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o efeito de doze semanas de treinamento de força sobre a qualidade

do sono e sonolência diurna em adolescentes.

2.2 Objetivos específicos

Examinar o efeito agudo e crônico do treinamento de força sobre os

indicadores antropométricos e qualidade do sono em adolescentes;

Verificar os indicadores da qualidade do sono, após ajustes por covariáveis:

idade cronológica, sexo, IMC e a composição corporal (% de gordura, massa

gorda e massa corporal magra) de adolescentes.

Iinvestigar a prevalência de má qualidade do sono e a associação entre

qualidade do sono com gênero e idade em adolescentes.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Artigo de revisão elaborado de acordo com as normas da Paulista de Pediatria

Efeito do treinamento de força na qualidade do sono de adolescentes: uma revisão

sistemática.

Effect of strength training in the quality of sleep teenagers: a systematic review.

Ladyodeyse C. S. Santiago1; Priscyla P.Gomes

2; Priscila M. C. Andrade

1; Bruno R. V.

Santos1; Marcos A. M. Santos

1,2

1 Universidade de Pernambuco. Escola Superior de Educação Física. Recife, PE. Brasil.

Programa de Pós-Graduação em Hebiatria (UPE/ESEF), Recife, PE, Brasil.

2 Universidade de Pernambuco. Escola Superior de Educação Física. Recife, PE. Brasil.

Programa Associado de Pós-Graduação em Educação Física UPE/UFPB, Recife, PE,

Brasil.

Autor correspondente

Marcos André Moura dos Santos - Escola Superior de Educação Física - Rua Arnóbio

Marques, 310.

Santo Amaro, CEP 50100-130- Recife, PE - Brasil

Declaração de conflito de interesse: Nada a declarar.

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RESUMO

Objetivo: Analisar o efeito do treinamento de força (TF) sobre a qualidade e padrão do

sono de adolescentes.

Fontes de dados: Foram analisados estudos encontrados nas bases de dados

Medline/PubMed, Lilacs e SCOPUS que apresentassem resultados originais, sem

restrições de idioma e período, estudos experimentais que reportassem efeitos do

treinamento de força sobre a qualidade do sono em indivíduos jovens (14 a 25 anos de

idade), publicados até outubro de 2016. A qualidade metodológica foi avaliada através da

ferramenta Tool for the Assessment of Study Quality and Reporting in Exercise (TESTEX)

scale.

Síntese dos dados: Dos 308 artigos, apenas três estudos foram incluídos nesta revisão. Os

estudos totalizaram 70 participantes, com predomínio do sexo masculino, tamanho

amostral entre 6 e 40 sujeitos; 100% dos estudos avaliaram a qualidade do sono no final

das intervenções. Ao abordar o TF em populações jovens, todos os estudos analisados

comprovaram que existem efeitos positivos na melhoria da qualidade do sono de

adolescentes. Os instrumentos utilizados para análise do padrão de sono incluíram a

polissonografia, sensor portátil e PSQI. A qualidade metodológica variou entre baixa (66,6

%) e média (33,3%).

Conclusões: O treinamento de força causa efeitos positivos sobre o padrão e qualidade do

sono de adolescentes, com aumento na duração e eficiência do sono. Todavia, a

intensidade, tempo de duração do exercício físico utilizada nessa população ainda não

apresenta consenso entre os estudos analisados.

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ABSTRACT

Objective: To analyze the effect of strength training (ST) on pattern and sleep quality of

adolescent.

Data sources: We analyzed studies that were find in the Medline / PubMed, Lilacs and

SCOPUS databases that presented original results, without language and period

restrictions, experimental studies that reported effects of strength training on sleep quality

in young individuals (14 to 25 years of age), published until October 2016. The

methodological quality was evaluated through the Tool for the Assessment of Quality and

Reporting in Exercise (TESTEX) scale.

Data Synthesis: Initially were founded 308 articles, only three studies were included in this

review. The studies totaled 70 participants, with male predominance, sample size between

6 and 40 subjects; 100% of the studies evaluated the quality of sleep at the end of the

interventions. When addressing ST in young populations, all the studies analyzed shown

that there are positive effects in improving the sleep quality of adolescents. The

instruments used for sleep pattern analysis included polysomnography, portable sensor and

PSQI. The methodological quality ranged from low (66.6%) to mean (33.3%).

Conclusions: Strength training causes positive effects on sleep pattern and quality of

adolescents, with increased sleep duration and efficiency. However, the intensity, duration

of physical exercise used in this population still does not present a consensus among the

studies analyzed.

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Introdução

A fase da adolescência é marcada por mudanças biopsicossociais importantes,

inclusive a percepção quanto às alterações no padrão e qualidade do sono 1, 2

. Sendo, neste

contexto, considerado um importante componente no processo de crescimento e

desenvolvimento físico de crianças e adolescentes por promover uma revitalização das

funções orgânicas 3, 4

. Alguns estudos têm observado que um padrão de sono inadequado

durante esta fase pode trazer algumas consequências como: aumento de sonolência diurna,

alterações no humor, diminuição da qualidade de vida, dificuldades de aprendizagem e

maior predisposição ao aparecimento de doenças 5-7

.

Zhang et al. em estudo de base populacional com delineamento longitudinal (5 anos

de seguimento), observou um aumento na prevalência de insônia de 4,2% para 6,6% em

crianças8. Em outro estudo, Hysing et al. analisando uma amostra de adolescentes (16 a 18

anos de idade), identificou uma prevalência de 23,8 % 9. Neste cenário, problemas

relativos ao sono nesta etapa de crescimento e desenvolvimento, têm sido associados a um

menor desempenho escolar e comportamentos de risco à saúde física e mental (ou seja;

ansiedade, estresse, depressão)10

.

Contudo, de acordo com a American Sleep Disorders Association (ASDA), o

exercício físico é considerado uma forma de intervenção não famacólogica na promoção de

uma melhor qualidade do sono 11

. As respostas positivas no padrão do sono de

adolescentes parecem ser melhor observadas em jovens fisicamente ativos e em boa forma

física3. Especula-se que sua melhoria esteja relacionada tanto a duração e intensidade,

quanto aos tipos aeróbio ou anaeróbio12

. Sabe-se, que o treinamento de força (TF) é capaz

de promover alterações positivas no sistema cardiovascular e endócrino13

, bem como,

melhoria na latência e duração do sono14

.

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Todavia, embora amplamente discutidos e em menor extensão, sistematicamente

investigados, o papel exato das relações entre a realização de sessões de treinamento de

força e a melhoria no padrão e qualidade do sono em adolescentes, ainda não estão

totalmente esclarecidas, o que dificulta e limita, ao menos em parte, as comparações e

ilações que possam ser realizadas. Contudo, recentemente, foi observado que uma sessão

de treinamento de força realizada no período da manhã e tarde provocou uma melhora na

qualidade do sono de adolescentes15

.

Deste modo, considerando o aumento da prevalência de má qualidade e distúrbios

do sono em adolescentes, além dos prejuízos dessa condição e as informações conflitantes

sobre o papel do treinamento de força. Assim, desta revisão foi analisar os efeitos do

treinamento de força sobre a qualidade e padrão do sono de adolescentes.

Métodos

O estudo consiste em uma revisão sistemática feita por meio de pesquisa nos

bancos de dados PubMed, Lilacs e Scopus. Foram selecionados estudos nos idiomas inglês

e português, sem filtro quanto ao ano de publicação dos artigos. O período da seleção dos

estudos foi de setembro a outubro de 2016.

A busca por descritores e termos foi realizada com o MeSH - Medical Subject

Headings, através do portal da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA (NLM) e DeCS -

Descritores em Ciências da Saúde do banco de dados Biblioteca Virtual em Saúde

(Biblioteca Virtual da Saúde- BVS). A estratégia de busca incluiu a combinação de

v r õ s: (1) “Sl p” OR “Slow-w v ” AND (2) “A ol s nt” OR “youth” AND (3)

“R s st n tr n n ” OR “Str n th tr n n ”. Os t rmos for m om n os us n o os

operadores lógicos disponíveis como ferramentas de busca. Títulos e resumos dos estudos

identificados foram avaliados contra critérios de elegibilidade. Os estudos que atenderam

aos critérios de elegibilidade foram lidos na íntegra. A busca e a análise dos artigos, de

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acordo com a estratégia estabelecida, foram conduzidas de forma independente por dois

avaliadores (LCSS e PP) e as divergências foram resolvidas com um terceiro avaliador

(MAMS), por consenso. As referências desses artigos, em uma tentativa de identificar

outros potenciais estudos, foram rastreadas.

Foram utilizados como critérios de inclusão estudos realizados em indivíduos

jovens e que repostassem análise do efeito sobre a modificação do padrão e qualidade do

sono, podendo incluir recomendações gerais no exercício, e/ou prescrição de treinamento

de força. Os resultados primários de interesse foram os efeitos que o treinamento de força

poderia provocar na qualidade do sono de indivíduos jovens. Os desfechos secundários

foram o tempo de intervenção, treinamento utilizado e instrumentos de análise do sono.

Artigos de revisão, estudos de validação, resumos de congressos, monografias,

dissertações, teses, comentários breves e relatórios com crianças e adolescentes ou estudos

realizados com populações especiais ou com adultos não foram incluídos.

Para extração dos dados, os seguintes aspectos entre os artigos elegíveis foram

adotados: (a) ano de publicação, (b) avaliação da qualidade do sono (c) tamanho da

amostra, (d) idade (anos), (e) detalhes do programa de exercício: tipo, duração,

intensidade, frequência semanal e prescrição do exercício e (f) os resultados encontrados.

Os critérios para avaliar a qualidade dos estudos foram avaliados conforme a escala

Tool for the Assessment of Study quality and reporting in Exercise (TESTEX), a qual

estabelece um escore de qualidade formal para cada estudo em uma escala de 15 pontos,

atribuindo um valor de 0 (ausente ou inadequadamente descrito) ou 1 (presente e

explicitamente descrito) para cada uma das seguintes questões: (1) Os critérios de

elegibilidade especificados (2) Randomização especificada (3) Ocultação da alocação (4)

Grupos semelhantes no início do estudo (5) Cegamento do assessor (por, pelo menos, um

resultado-chave) (6) As medidas de desfecho avaliadas em 85% dos pacientes (7) Se

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eventos adversos são relatados (8) Se o comparecimento ao exercício foi relatado (9) Se

utilizou a análise de intenção de tratar (10) Comparações estatísticas entre grupos relatado

(11) Se a variabilidade dos dados para todos os desfechos foi apresentada (12)

Monitoramento das atividades do grupo controle (13) Manutenção da intensidade relativa

do exercício ao longo do experimento (14) Volume de exercício e (15) o dispêndio

energético foram reportados.

Estudos que alcançaram pontuação 0 a 5 foram classificados como de baixa

qualidade, entre 6 a 10 foram considerados de qualidade média e entre 11 e 15 pontos

foram classificados como de alta qualidade metodológica.

Resultados

Inicialmente, foram encontrados 308 artigos, desses 305 foram descartados. Sendo,

1 estudo de revisão sistemática, 283 estudos não cumpriam os critérios de elegibilidade , 8

não envolviam adolescentes em sua amostra. Assim, foram incluídos apenas três estudos

que avaliaram os efeitos do treinamento de força sobre a qualidade do sono em

adolescentes. Dentre estes, 2 (66,6%) estudos preencheram todos os critérios de inclusão e

1 (33,3%) estudo foi incluído pela literatura cinza. A figura 1 apresenta o fluxograma em

relação ao total de artigos encontrados nas bases de dados usadas e os motivos de exclusão

dos estudos.

Dos estudos incluídos, todos foram publicados no ano 2015. A forma de

intervenção utilizando o TF como variável independente isolada do estudo sobre o sono foi

constatado em 2 estudos (66,6%)13, 15

. Em outro estudo (33,3%)12

foi utilizado como

instrumento, resistores elásticos. O número médio de indivíduos nos estudos foi de vinte e

três, sendo que o estudo com maior amostra por grupo foi de 40 indivíduos12

e o com

menor 6 indivíduos15

. Na avaliação da qualidade dos estudos, dois foram classificados

como de baixa qualidade (66,6%) e um com média (33,3%) qualidade. A tabela 1

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22

apresenta os detalhes dos estudos, incluindo informações sobre o ano de publicação, autor,

local do estudo, idade, protocolo de treinamento, resultados principais12, 13, 15

. Ao abordar o

TF, todos os estudos descritos demonstraram a existência de impactos positivos sobre a

melhora da qualidade do sono em indivíduos jovens.

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23

Estratégia de busca

PUBMED

295 Artigos

SCOPUS

13 Artigos

LILACS

0 Artigos

Artigos

257 Estudos excluídos após

leitura dos títulos

1 em comum

1 literatura cinza

3 em duplicata

Artigos

30 Estudos excluídos após

leitura dos resumos

Artigos

21 Estudos excluídos após

leitura na íntegra

3 Artigos incluídos na

análise final

Fig.1. Fluxograma, que mostra o número de artigos selecionados para a revisão

sistemática.

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24

Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática

Autor/ano

Amostra Local do

Estudo

Faixa

Etária

Protocolo de

treinamento Tipo de estudo

Instrumento de análise do

sono Principais Achados TESTEX

Mendelson et

al., 20151

40

(20 obesos

+ 20

eutróficos)

França 14,5 ± 1,7

2 sessões/semana

aeróbio

2 sessões/ semana

r o + for (30’ A

+20’ r s stor s

elásticos)

Experimental

12 semanas

Polissonografia

Melhora da duração do sono (P =

0,025);

eficiência do sono (P= 0,028) no

grupo treinamento combinado

6

Alley et al.,

2015 24 USA

18-25

anos

1 sessões diversos

horários 2 semanas Sensor portátil

Qualidade do sono e pressão

arterial (P = 0,04) 4

Santiago et al.,

2015 6 Brasil 16,6 ± 1,4

1 sessão de treinamento

de força

Intervenção

Exploratório

(PSQI)

Melhoria na qualidade do sono

TF manhã (P = 0,010) e a tarde (P=

0,026)

4

Legenda: (n = Número total da população estudada); (PSQI= Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh); (TF= Treinamento de força); (TEXTEX = avalia a qualidade dos estudos numa escala de 0-15

pontos).

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25

Discussão

Na presente revisão, foram identificados três estudos que investigaram os efeitos

do treinamento de força sobre a qualidade do sono de adolescentes. Os principais

resultados analisados demonstram uma forte evidência de alterações positivas na

qualidade do sono. Destaca-se que entre os estudos, apenas 1 estudo foi realizado no

Brasil, reforçando a necessidade de estudos de intervenção nesta população.

Parece existir um consenso, entre os principais resultados dos estudos sobre os

efeitos do treinamento de força na qualidade e padrão do sono. No entanto, não existe

uma padronização quanto ao tempo utilizado na intervenção, para identificar possíveis

efeitos. Foi verificado que há uma carência nos estudos em populações formadas

exclusivamente por adolescentes, até mesmo pelo fato de não existir uma definição

etária definitiva quanto a este ponto de corte cronológico. Do mesmo modo, estudos que

utilizam apenas o treino de força isoladamente como forma de verificar melhorias na

qualidade do sono, sendo em sua maioria intervenções com protocolos de treinamentos

combinados 12, 13

.

Essa revisão sistemática trouxe informações relevantes sobre os efeitos do TF no

sono de indivíduos jovens, na qual todos os estudos sobre essa temática foram

publicados recentemente; os estudos apresentaram resultados significativos quanto aos

efeitos do TF; diferentes períodos de intervenção de treinamento trabalhados nos

estudos. Embora o exercício físico seja amplamente recomendado para a melhoria do

sono em indivíduos jovens, ainda são escassos os estudos que focalizem a intervenção

do TF de forma crônica e isolada no padrão e qualidade do sono 12, 13, 15

.

A suposição de que o TF atua positivamente nas funcões e promoção do sono na

população adolecescente, são observadas, no entanto as intervenções apresentadas na

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literatura utilizam com frequência amostras em adultos, idosos e atletas. Porém, com

base na reisão realizada, um estudo em grupo formado especificamente por adolescentes

realizado por Santiago et al. (2015)15

, investigou o efeito a relação entre uma sessão de

treinamento de força realizada em diferentes horários (manhã, tarde e noite) sobre a

qualidade de sono. Neste estudo, foi observada uma melhoria na qualidade do sono nos

indivíduos que realizaram o TF nos horários da manhã e tarde. Em outro estudo,

realizado na França, por Mendelson (2015)12

analisou o efeito de 12 semanas do TF

sobre a qualidade do sono em adolescentes. Foram observados efeitos positivos sobre o

sono, qualidade de vida e níveis de atividade física. Estes achados parecem contribuir de

forma positiva na melhora da qualidade do sono de adolescentes uma vez que tem sido

observado que na puberdade ocorre um atraso em relação ao padrão do ciclo vigília-

sono, decorrente dos horários tardios de dormir e acordar que, somados aos horários

sociais e de início das aulas pela manhã, levam a uma importante diminuição das horas

de sono 16

.

Com relação ao protocolo de treinamento os estudos apresentam formas variadas

de exposição, com tempo de duração, tipos de materiais e diferentes horários de

intervenção, contudo, sendo encontrados efeitos positivos independentemente das

condições observadas. Relativamente, aos instrumentos utilizados para análise do

padrão de sono nesses estudos, utilizados instrumentos de medidas diretas

(polissonografia) quanto indiretas (questionários). Todavia, em seu estudo Alley

(2015)13

utilizou um sensor portátil que avaliou a arquitetura do sono e sua relação com

a pressão arterial em indivíduos de 18 a 25 anos, sendo encontradas melhorias em

ambas variáveis, onde tal ferramenta revelava outra possibilidade de medida direta para

avaliar a qualidade do sono.

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Os 3 estudos incluídos nesta revisão variaram quanto a análise de efeito crônico

e agudo do exercício, com intervenções entre 1 dia e 12 semanas. De acordo com

Mendelson e colaboradores (2015)12

, o exercício crônico é uma ferramenta importante

na melhoria do sono, bem como na redução de peso, sendo esta uma variável importante

a ser relacionada com a má qualidade de sono. Adicionalmente, Santiago e

colaboradores (2015)15

em apenas uma sessão de treinamento de força observaram

melhoras sobre a qualidade do sono em indivíduos jovens. Alley e colaboradores

(2015)13

em um programa com um número maior de sessões e duração de duas

semanas. Além de respostas positivas sobre o sono, obteve melhores níveis de pressão

arterial em jovens. Indivíduos fisicamente ativos têm benefícios quanto à eficiência,

padrão de sono e à redução na frequência de queixas referentes ao sono, enquanto que

pessoas inativas queixam-se de sono ruim, baixa eficiência e tendem a ser mais

estressadas17, 18

. Entretanto, a prática deve ser contínua para garantir a manutenção

desse estado.

Hague et al. 18

demonstraram que quando indivíduos treinados sedentarizam-se,

mesmo que por um dia, o padrão de ondas e duração dos estágios do sono se redistribui,

aumentando a latência do sono de ondas lentas e aumentando o tempo do REM, sem

aumentar o tempo total de sono. Os modelos teóricos que buscam explicar os efeitos do

exercício sobre o sono estão associados às hipóteses termorreguladoras, da conservação

de energia e da restauração corporal. A hipótese termorreguladora, afirma que o

aumento da temperatura corporal decorr nt o x r í o fís o f vor r “o sp ro”

do sono através da estimulação de mecanismos de dissipação de calor corporal

controlados pelo hipotálamo e ao aumento do sono de ondas lentas, fase mais profunda

do sono em que há a restauração física 3, 19

. Já a da conservação de energia, consiste na

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28

elevação do gasto energético decorrente da prática de exercícios físicos durante a

vigília. Esse aumento leva o indivíduo a necessitar de sono como um meio reparador ao

balanço energético, para as horas em vigília que estão por vir 3, 19

. A hipótese

restauradora pressupõe que o aumento do catabolismo decorrente dos exercícios físicos

durante os períodos acordados, acarreta em uma diminuição das reservas energéticas,

resultando em um aumento da necessidade do sono, para que se proporcione o

anabolismo 3, 19

.

Apesar de a literatura apontar alguns estudos conduzidos nesta temática os

resultados ainda não são satisfatórios, devido à escassez de estudos que avaliaram essa

temática. Ademais, o presente estudo apresenta algumas limitações que devem ser

consideradas, tendo em vista que a pesquisa bibliográfica foi realizada apenas em

revistas indexadas em bases de dados eletrônicas PubMed, Bireme, e Scopus. Portanto,

é possível que alguns estudos não tenham sido recuperados. A pesquisa bibliográfica foi

realizada utilizando apenas descritores em Português ou Inglês, e estudos em outros

idiomas não foram incluídos.

Considerações finais

Em resumo, os achados desta revisão demonstraram efeitos do treinamento de força

sobre a duração, eficiência e qualidade em adolescentes e jovens. Todavia, estes

achados devem ser observados com cautela em face da variabilidade observada na

forma, intensidade e tipo de estimulo utilizado. Os resultados ressaltam a necessidade

na elaboração de medidas efetivas e estratégicas na promoção de formas de intervenção

que sejam suficientemente efetivas para amenizar os efeitos negativos da má qualidade

do sono nesta população.

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Referências

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familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros. Psicologia em estudo.

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Medicina do Esporte. 2001;7(1):28-36.

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implications for behavior. Annals of the New York Academy of Sciences.

2004;1021(1):276-91.

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influência exercida pela formação acadêmica: Universidade de São Paulo; 2008.

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adolescentes: prevalência e fatores associados. Rev Paul Pediatr. 2010;28(1):98-103.

7. Teixeira LR, Lowden A, Turte SL, Nagai R, Moreno CRdC, Latorre MdRDdO,

et al. Sleep and sleepiness among working and non‐working high school evening

students. Chronobiology international. 2007;24(1):99-113.

8. Zhang J. Lam sp; Li sX; Li AM; Lai KYC; Wing YK. Longitudinal course and

outcome of chronic insomnia in Hong Kong Chinese children: a 5-year follow-up study

of a community-based cohort. Sleep. 2011;34(10):1395-402.

9. Hysing M, Pallesen S, Stormark KM, Lundervold AJ, Sivertsen B. Sleep

patterns and insomnia among adolescents: a population‐based study. Journal of sleep

research. 2013;22(5):549-56.

10. Brun O An r m n M. L’ nsonn n t volut v . M o B m no.

2015;34:224-33.

11. Medicine AAoS. The international classification of sleep disorders: diagnostic

and coding manual: American Acad. of Sleep Medicine; 2005.

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12. Mendelson M, Borowik A, Michallet AS, Perrin C, Monneret D, Faure P, et al.

Sleep quality, sleep duration and physical activity in obese adolescents: effects of

exercise training. Pediatric obesity. 2016;11(1):26-32.

13. Alley JR, Mazzochi JW, Smith CJ, Morris DM, Collier SR. Effects of resistance

exercise timing on sleep architecture and nocturnal blood pressure. The Journal of

Strength & Conditioning Research. 2015;29(5):1378-85.

14. Youngstedt SD, O'Connor PJ, Crabbe JB, Dishman RK. The influence of acute

exercise on sleep following high caffeine intake. Physiology & behavior.

2000;68(4):563-70.

15. Santiago LdCS, Lyra MJ, Cunha Filho M, Cruz PWdS, Santos MAMd, Falcão

APST. Efeito de uma sessão de treinamento de força sobre a qualidade do sono de

adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2015;21:148-52.

16. Thorleifsdottir B, Bjornsson JK, Benediktsdottir B, Gislason T, Kristbjarnarson

H. Sleep and sleep habits from childhood to young adulthood over a 10-year period. J

Psychosom Res. 2002;53(1):529-37. Epub 2002/07/20.

17. Flausino NH, Da Silva Prado JM, Queiroz SS, Tufik S, Mello MT. Physical

exercise performed before bedtime improves the sleep pattern of healthy young good

sleepers. Psychophysiology. 2012;49(2):186-92.

18. Hague JF, Gilbert SS, Burgess HJ, Ferguson SA, Dawson D. A sedentary day:

effects on subsequent sleep and body temperatures in trained athletes. Physiology &

behavior. 2003;78(2):261-7.

19. Mello MTd, Boscolo RA, Esteves AM, Tufik S. O exercício físico e os aspectos

psicobiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2005;11(3):203-7.

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4.ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Trata-se de uma dissertação estruturada em três artigos de investigação original

que foram submetidos para publicação e que contemplam o objetivo geral e os objetivos

específicos citados.

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32

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Amostra

A população alvo deste estudo foi composta por 31 adolescentes escolares de 14 a

19 anos de ambos os sexos, moradores internos do Instituto Federal de Educação (IFPE)

- Campus Vitória Santo Antão - Pernambuco. Todos os sujeitos são residentes

permanentes do IFPE em regime de internato, de segunda à sexta feira, conforme

normas da instituição e em conformidade com o calendário acadêmico. A coordenação

geral de assistência ao estudante (CGPE) do Campus realiza uma divisão dos alunos por

quarto, onde são alocados oito estudantes em cada dependência e divido em dormitórios

femininos e masculinos.

Todos os adolescentes foram convidados a participar voluntariamente do estudo.

A convocação dos estudantes foi realizada através de avisos em salas de aula e cartaz

com informes sobre a descrição do estudo. Após esta divulgação, os adolescentes

interessados em participar do estudo receberam o Questionário do Índice de Qualidade

do Sono de Pittsburgh (PSQI), para identificação dos sujeitos que apresentariam má

qualidade ou distúrbios do sono e em seguida aplicada a escala de sonolência de

Epworth (ESE) com intuito de quantificar a propensão para adormecer durante 8

situações rotineiras.

O IFPE Campus Vitória de Santo Antão, mantém todos os estudantes sob o

mesmo regime e condições, a saber: todos são acordados por volta das 6h, realizam

higiene pessoal e se dirigem ao refeitório onde recebem um café da manhã padrão (pães,

ovos, queijo, suco, leite e frutas). Não houve qualquer interferência do pesquisador

quanto à quantidade de alimento consumido. Conforme o horário estabelecido para

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33

realização da sessão de treinamento, foram feitas adequações na rotina das atividades

diárias dos sujeitos do estudo. O horário de recolhimento dos internos ocorre sempre as

22h00min (momento em que serão orientados a dormir).

Além da identificação de problemas relacionados ao sono, foram estabelecidos os

seguintes critérios de inclusão: i) apresentar queixas de sono não reparador (má

qualidade do sono e distúrbio do sono), ii) apresentar sonolência diurna de acordo com

o escala de sonolência de Epworth, iii) não estar envolvido em programas de exercícios

físicos, iv) não apresentar qualquer lesão muscular ou ortopédica que possa

comprometer a realização das sessões de intervenção, v) ter realizado atividade física

moderada ou vigorosa nas 12 horas que precederam à avaliação e vi) cumprir 85% das

sessões de treinamento e vii) não utilizar medicamento para dormir

4.2 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo de intervenção randomizado. Os sujeitos foram submetidos

a seguintes procedimentos: avaliações antropométricas (peso e estatura),

hemodinâmicas (frequência cardíaca e pressão sanguínea de repouso) e análise da

qualidade do sono por meio do PSQI e sonolência diurna com o ESE e Teste de 1RM.

Os participantes do estudo foram distribuídos através de sorteio em dois grupos: grupo

treinamento de força (GTF) e grupo controle (GC).

A randomização simples foi realizada através de números gerados no site

www.randomizer.org. Todas as sessões ocorreram no IFPE Campus Vitória de Santo

Antão e após as 12 semanas os procedimentos mencionados foram repetidos.

4.3 Descrição e operacionalização da coletas de dados

4.3.1. Antropométria e Composição Corporal

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Foram coletadas medidas da massa corporal e estatura. A massa corporal foi

obtida através de balança de plataforma (Welmy, Brasil), com carga máxima de 150 kg

e escala de precisão de 0,1 kg, com os sujeitos descalços e usando roupas leves. Para a

medida da estatura foi usado um estadiômetro de madeira com precisão de 0,1 cm. O

índice de massa corporal foi calculado dividindo-se a massa corporal pela estatura ao

quadrado [Massa (kg)/Altura2(m)].

Para estimativa da composição corporal, foi utilizado o modelo de dois

compartimentos (massa gorda e massa magra) adotando-se as medidas de espessuras de

dobras cutâneas, utilizando-se adipômetro cientifico (Lange®

, Cambridge Scientific

Instruments, Cambridge, Maryland), com pressão constante de 10 g/mm2, precisão de 1

mm. Os pontos de coleta foram tríceps e subescapular e seguiram as recomendações

descritas previamente (SLAUGHTER e col., 1988). As medidas foram realizadas em

triplicata e o valor mediano foi adotado.

4.3.2 Questionário do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh

Questionário do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) foi utilizado

para análise da qualidade do sono, (BUYSSE, REYNOLDS, 1989). O questionário

verifica a qualidade do sono no último mês, fornecendo um índice de gravidade e

natureza do distúrbio (TOGEIRO, SMITH, 2005). Possui 19 questões, agrupadas em

sete componentes com distribuição de pesos que variam de 0 a 3. Estes são classificados

quanto às queixas relativas ao sono, sendo: qualidade subjetiva do sono, latência do

sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, distúrbio do sono, uso de

medicamentos para dormir e a disfunção diurna. As pontuações desses sete

componentes são somadas para atingir um escore de 0 a 21 e quanto maior o score, pior

a qualidade do sono. Assim, um score de PSQI >5 revela que o indivíduo apresenta

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grandes dificuldades em pelo menos dois componentes ou dificuldades moderadas em

três ou mais componentes (BERTOLAZI, 2008). Logo, pontuações de 0 - 4 indicam boa

qualidade do sono, de 5 -10 qualidade ruim e acima de 10, distúrbios do sono. Esse

instrumento foi validado na versão em português por (CHELLAPPA, ARAUJO; 2007)

(ANEXO B).

O PSQI foi aplicado no início dos experimentos (M0), após as primeiras quatro

semanas (M1), após oito semanas (M2) e ao final de todo o período de intervenção

(M3). Os sujeitos foram orientados a responder no dia seguinte após a última sessão

realizada.

4.3.3 Escala de sonolência de Epworth (ESE)

A escala de Epworth foi desenvolvida em 1991 por um médico australiano, Dr.

John W. Murray (MURRAY JW, 1993). Esta escala tem como finalidade quantificar a

propensão para adormecer durante 8 situações rotineiras. As respostas atingem valores

máximos de 24 pontos e 0 como mínimo, sendo 10 o ponto de corte.

A ESE foi aplicada no início dos experimentos (M0), após as primeiras quatro

semanas (M1), após oito semanas (M2) e ao final de todo o período de intervenção

(M3). Os sujeitos foram orientados a responder no dia seguinte após a última sessão

realizada. (ANEXO C).

4.3.4 Acelerômetro (Análise do sono)

A actigrafia é uma técnica de avaliação do ciclo sono-vigília que permite o

registro da atividade motora através dos movimentos dos membros durante 24 horas.

Trata-se de um dispositivo colocado no punho (como um relógio de pulso) que realiza a

detecção dos movimentos. Assim, podemos obter informações como o tempo total de

sono, tempo total acordado, número de despertares e latência para o sono. No presente

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36

estudo foi utilizado o actígrafo (Actigraph GT3X+ Tri-Axis Accelerometer Monitor).

Foi coletado no início dos experimentos (M0) e ao final de todo o período de

intervenção (M3). Os sujeitos foram orientados a usarem o aparelho na hora de dormir.

4.3.5 Teste de 1 Repetição Máxima (1RM)

A carga em cada exercício foi prescrita com base no teste de 1RM. O teste foi

aplicado para a avaliação da força máxima nos exercícios utilizados no programa

experimental. Em cada exercício, o teste foi iniciado com aquecimento (10 repetições),

utilizando-se aproximadamente 50% da carga estimada para a primeira tentativa de 1-

RM. Após dois minutos de intervalo, os sujeitos eram orientados a realizarem duas

repetições com a carga estimada para 1-RM. Caso mais de uma repetição fosse realizada

adequadamente ou o sujeito não conseguisse completar uma única repetição, a carga era

ajustada para a segunda tentativa. Para cada exercício foi estipulada até quatro tentativas

para a determinação da carga de 1-RM, com intervalo de três a cinco minutos entre as

tentativas. Pesquisadores envolvidos neste estudo passaram por treinamento prévio para

a devida aplicação do protocolo de exercícios.

Todos os indivíduos foram orientados a não praticarem atividades físicas e

manterem suas rotinas no internato ao longo das 24 horas antecedentes à realização dos

testes. Para minimizar possíveis erros na identificação das cargas, as seguintes

estratégias foram adotadas: a) a técnica dos movimentos foi explicada e demonstrada

pelos avaliadores antes de cada exercício, b) a técnica do movimento de cada exercício

foi monitorada e corrigida quando necessário e c) todos os sujeitos receberam incentivo

verbal durante a realização dos testes.

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37

A intervenção foi realizada por um período de 12 semanas com intervalo de 1 dia

entre cada sessão (segunda e quarta), de modo que houvesse um intervalo de pelo

menos 24 a 48 horas da sessão realizada. Para evitar perdas relativas à frequência de

realização da sessão de treino, foi disponibilizado mais um dia na semana para

realização da sessão de treino. Os horários estabelecidos para realização das sessões de

treino foram baseados em nossos achados recentes com esta população (SANTIAGO et

al., 2015). Assim, a intervenção foi realizada no período da manhã ou tarde.

4.3.6 Intervenção - Sessão de treinamento de força

Durante a realização do estudo, os voluntários não realizaram nenhum outro tipo

de exercício físico de modo que o impacto da sessão de treinamento pôde ser avaliado

de forma isolada.

A sessão de treino foi composta por oito exercícios (cadeira extensora, cadeira

flexora, panturrilha e cadeira abdutora, remada baixa, rosca direta, tríceps pulley e

elevação lateral), realizada em três séries de oito repetições, alternada por segmentos

(tabela – 2). A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi registrada através da escala

OMNI-RES (OMNI − Resistance Exercise Scale). Era solicitado a cada voluntário que

apontasse na escala, imediatamente após o término da série, sua sensação percebida de

esforço realizado (ROBERTSON RJ et al., 2003).

Tabela 2 - Descrição da sessão de treino

Semana Sessões de

atividade Duração Sessão de treino Progressão de treino

1ª a 12ª

2 x p/semana

50 a 60

min.

Alongamentos para

todos os segmentos

corporais (10 min.);

Parte principal:

Membros inferiores:

cadeira extensora,

cadeira flexora,

1ª- 2ª semana 1-2 séries de 8

-15 repetições;

3ª- 12ª semana 2-3 séries de

8 -15 repetições com o

aumento de 5% - 10% da

carga. Intervalo de 1- 3min.

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38

panturrilha e cadeira

abdutora, e Membros

superiores: remada

baixa, rosca direta,

tríceps pulley e

elevação lateral

(45 min)

4.4 Aspectos éticos

O presente projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade de Pernambuco e seguiu as normas estabelecidas pelo Comitê Nacional de

Ética e Pesquisa (CONEP) Resolução 466/12 sobre pesquisa envolvendo seres

humanos, protocolo CAAE Nº 02289512.8.0000.5207. Todos os participantes, após os

esclarecimentos sobre os procedimentos e riscos aos quais foram submetidos, receberam

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) para que seu

responsável legal o assinasse, autorizando a participação do adolescente no estudo,

assim como aos adolescentes maiores de 18 anos. Os sujeitos menores de 18 anos

receberam o Termo de Assentimento (APÊNDICE B).

4.5 Análise de dados

Os procedimentos estatísticos previstos para esta dissertação serão apresentados

de acordo com o proposto em cada um dos artigos na sessão de resultados.

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39

5. RESULTADOS

5.1 - Artigo Original 1- Publicado na Revista Brasileira Medicina do Esporte (ANEXO

A)

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5.2 - Artigo Original 2 – Submetido na revista Sleep and Breathing

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Title: The Role Played by Gender and Age on Poor Sleep Quality among

Institutionalized Adolescents

Ladyodeyse da Cunha Silva Santiago1; Rafael Marinho Falcão Batista

2; Maria Julia

Lyra1; Breno Quintella Farah

2, 3; Rodrigo Pinto Pedrosa

4,5; Ana Patrícia Siqueira

Tavares Falcão6; Rodrigo Cappato de Araújo

1,2; Marcos André Moura dos Santos

1,2

1 Program in Adolescent Health, University of Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brazil

2 Associate Graduate Program in Physical Education, University of Pernambuco,

Recife, Brazil

3 Group Research in Health and Sport, ASCES College, Caruaru, Brazil

4 Sleep and Heart Laboratory, Pronto Socorro Cardiologic de Pernambuco (PROCAPE),

University of Pernambuco, Recife, Brazil

5Hospital Metropolitano Sul Dom Helder Câmara – IMIP Hospitalar

6 Group Research in Education, Health and Environment, Vitoria de Santo Antao

(IFPE), PE, Brazil.

Address of corresponding author: Marcos André Moura dos Santos, Physical

Education School, University of Pernambuco. Address: Arnóbio Marques street, 310.

Santo Amaro, Zip code: 50100-130- Recife, PE – Brazil. Telephone: + 55 81 31833354

Fax: + 55 81 31833378

e-mail: [email protected]

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Abstract

Purpose: The aim of this study was to analyze the prevalence and association between

sleep quality with gender and age and to examine the relation between age and the

components of the PSQI in institutionalized adolescents. Methods: High school internal

students of both genders, aged between 14 and 19 years old were analyzed. After a full

clinical evaluation, the Pittsburg Sleep Quality Index Score was obtained from all

participants. Results: We studied 210 participants [male: 15. 7±1.2 years; BMI:

21.7±2.6 kg/m2; female: 15.7±1. 2 years; BMI: 21.9±4.5 kg/m

2]. Poor sleep quality was

present in 137(65.3%) participants and was predominant among girls than boys (PSQI=

76.3% vs 55.8%; p<0.001), respectively. There were positive correlations between

PSQI components with age in boys (sleep latency: R=0.23; p= 0.02; sleep duration:

R=0.28; p<0.01 and overall sleep quality: R=0.21; p= 0.03), but not among girls.

Conclusion: Institutionalized girls have worse sleep quality than boys and positive

correlations between sleep quality components with age were only present among boys.

Keywords: Adolescence; Biological Maturation; Sleep Quality; Age.

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Introduction

Sleep is part of a daily biological rhythm that is indispensable for the promotion

of health and a proper operating body [1]. There is also evidence that sleep quantity [2]

may change as a function of lifestyle factors, such as leisure activities, vocational

constraints (such as overtime and work shift), academic achievement (including periods

of increased stress due to final examinations), and social activities (such as sports,

concerts, and meeting friends) [3]. During adolescence, changes observed in the pattern

and sleep quality have been associated with hormonal and behavioral changes [4,5].

To detect and manage sleep problems, it is important to monitor habits and

perceptions of sleep with both subjective and objective measures [6]. The Pittsburgh

Sleep Quality Questionnaire Index (PSQI) provides an index of severity and nature of

the disorder, based on different components (i.e. subjective sleep quality, sleep latency,

sleep duration, sleep efficiency, sleep disturbances, use of sleep medication and daytime

dysfunction) which together establish a final diagnosis [7]. As subjects may present

problems in one specific component, total score may be in the normal range [8] and

therefore individual components of PSQI score should be analyzed separately.

This is a gap that need to be especially investigated among adolescents, as more

than 40% of them reported significant sleep complaints [9] and sleep deprivation may

be a very common problem [10]. Thus, we sought to investigate the prevalence of poor

sleep quality and the association between sleep quality with gender and age in

institutionalized adolescents.

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Materials and Methods

Subjects

This is a cross-sectional study that evaluated institutionalized adolescents from

both genders, aged between 14 and 19 years old (without any kind of chronic disease),

enrolled on the Federal Institute of Pernambuco (IFPE), a traditional school located in

an economically poor rural zone in the state of Pernambuco, in northeastern Brazil. The

sample size was calculated based on an estimated population of 454 adolescents with a

confidence interval of 95%, an alfa error of 5% and poor sleep quality prevalence of

37.2% [11] resulting in a total sample size of 201 adolescents.

All adolescents spend the whole week in the institution. The nutrition is similar

to all of them and alcohol and tobacco are forbidden. They are distributed in 6 per

rooms. Sleep time is from 10:00 PM to 6:00 AM. Written consent was previously

signed by the responsible subject and all volunteers were informed about the study

procedures and their implications and received the free consent form to be signed by

their legal guardians. The study was approved by the Research Ethics Committee of the

University of Pernambuco, Recife, Brazil and followed the established norms of the

National Research Ethics Commission (CONEP; No. 89.701).

Anthropometry and body composition

The body weight of lightly dressed and barefooted adolescents was measured to

the nearest 0.1kg with a digital scale (Filizola, São Paulo, Brazil), and the stature was

measured to the nearest 0.5cm using a portable stadiometer (Sanny, São Paulo, Brazil)

with each adolescents’ sho s off f t to th r n h n the Frankfurt horizontal

plane [12]. BMI was calculated using the standard formula (weight [kg]/height2 [m]).

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Sleep quality assessment

The Sleep Quality Index Questionnaire (Pittsburgh Sleep Quality Index – PSQI)

[13] was used to assess the quality of sleep in the last month, providing an index of

severity and nature of the disorder . This instrument was validated and translated into

Portuguese (PSQI-BR) by Bertolazi [14] . The PSQI is a seven domain (19 item) self-

rated questionnaire evaluating usual sleep habits during the last month. The seven

domain scores combine to provide a global sleep quality index score, including:

subjective sleep quality, sleep latency, sleep duration, sleep efficiency, daytime

dysfunction, sleep fragmentation, and use of sleep aid medications. The possible scores

range from 0–21, with greater or equal five indicative of impaired sleep quality. For this

study, the categories "poor sleep (range from 5-10)" and "sleep disorder; >10" were

grouped. Thus, two categories were formed: "Good and Poor sleep quality". The

s ns t v ty of th tool s 89.6% n sp f ty s 86.5% n st n u sh n “ oo ” n

“poor sl p rs.” PSQI h s oo r l l ty w th h h nt rn l ons st n y (𝛼 = 0.83) and

a good test-retest reliability (𝑟 = 0.85) [13]. The PSQI was applied during classrooms

and was fulfilled by the study subjects.

Statistical analysis

Normality distribution was evaluated with the Kolmogorov-Smirnov test. The

association between sex and age with the quality of sleep (good and poor) was analyzed

y P rson’s h -square. The relationship between age and PSQI components was

analyzed using the Spearman's rank correlation coefficient. Data were analyzed using

SPSS version 17.0 (SPSS, USA, 2012). The significance level for all analyses was 5%.

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Results

The study sample was composed by 210 adolescents, 53.8% of boys, which

represents 50.4% of adolescents from FIPE. The characteristics of adolescents are

presented in Table 1.

Table 1- General characteristics of adolescents included in the study (n = 210).

Variables Male

(n=113)

Female

(n=97)

Gender n (%) 113 (53.8) 97 (46.2)

Age range

14 to 16 years (%) 86 (76.1) 68 (70.1)

17 to 19 years (%) 27 (23.9) 29 (29.9)

Pittsburgh Sleep Quality Index – PSQI

Poor Sleep Quality (%) 63 (55.8) 74 (76.3)

Good Sleep Quality (%) 50 (44.2) 23 (23.7)

Anthropometric variables

Height (m) 1.6±0.07 1.6±0.07

Weight (kg) 62.9±11.9 56.4±12.7

Body Mass Index (kg/m2) 21.7±3.6 21.9±4.5

Poor sleep (range from 5-10) and sleep disorder: >10

Approximately 65.3% (95% CI: 0.58 to 0.71) of adolescents have sleep

disorders, but girls were the ones with the poor sleep quality (OR: 2.55; 95% CI: 1.41 to

4.64). It was not possible to observe any association between sleep quality and age (OR:

1.31; 95% CI: 0.69 to 2.46). (Figure 1; Table 2).

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Table 2- Association between gender and age with the quality of sleep in school adolescents.

Sleep quality

P

Good sleep Poor sleep

Gender

0.001 Male 50 (44.2) 63 (55.8)

Female 23 (23.7) 74 (76.3)

Age range

0.406 14 to 16 years 51 (33.1) 103 (75.2)

17 to 19 years 22 (39.3) 34 (60.7)

Values presented in absolute frequency (relative frequency)

Figure 1- Prevalence of sleep quality among institutionalized adolescents (95% CI).

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The relationship between gender and age with PSQI components are presented

in Table 3. There was a positive correlation between age and the components related to

sleep latency (rho = 0.226, p = 0.016), sleep duration (rho = 0.289, p = 0.002) and

Global PSQI score (rho = 0.209, p = 0.026) among boys, but there was no correlation

among girls.

Table 3 - Correlation between age and sleep quality indicators in adolescents stratified by sex (n = 210).

Sleep quality indicators Age (years)

P

Boys

Subjective sleep quality (score) Rho= 0.085 0.372

Sleep latency (score) Rho= 0.226 0.016

Sleep duration (score) Rho= 0.289 0.002

Sleep efficiency (score) Rho= 0.064 0.503

Sleep disturbances (score) Rho= -0.014 0.884

Use of sleep medication (score) Rho= 0.136 0.150

Daytime dysfunction (score) Rho= 0.095 0.317

Global PSQI score (score) Rho= 0.209 0.026

Girls

Subjective sleep quality (score) Rho= 0.020 0.846

Sleep latency (score) Rho=- 0.138 0.179

Sleep duration (score) Rho= 0.118 0.249

Sleep efficiency (score) Rho= -0.037 0.721

Sleep disturbances (score) Rho= 0.167 0.102

Use of sleep medication (score) Rho= 0.076 0.459

Daytime dysfunction (score) Rho= 0.081 0.429

Global PSQI score (score) Rho= 0.099 0.334

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Discussion

This study demonstrated a high prevalence of poor sleep quality among

institutionalized adolescents, mainly among girls. Moreover, some components of sleep

quality are related to age only among boys.

Epidemiologic and experimental studies have consistently reported that,

compared with males, females complain more about poor sleep [15]. The underlying

mechanisms remain unclear, [16] and there is a suggestion that poor sleep as reported

by females might be associated with further psychologic issues, such as depression and

anxiety symptoms, rumination, and emotion-focused coping strategies, regardless of age

[17]. Instead, some studies have shown the existence of a high prevalence of insufficient

sleep and poor sleep quality among young people [18,19], which can relate to certain

biological and maturational factors, as well as behavioral changes, specifically the

increase in school bonds [5], and more recently, excessive use of electronic equipment

[20]. Recently, Guo et al.[21] observed in 3.186 Chinese students using PSQI score that

girls and older adolescents (95% CI = 1.61 to 3.79) have 2.47 times more risk to have

sleep disorders [21].

In this scenario, women are the ones who often report poor sleep quality

complaints, a fact that appears to be associated with hormonal changes that occur during

adolescence [22]. In different periods of a woman's life, when your body undergoes

changes both emotional and physical, changes in estrogen and progesterone have a

strong influence on the sleep-wake cycle. In this sense, Barker et al [23], note that an

increase in sleep latency and a significant decrease in sleep quality efficiency are

observed during the luteal phase of the menstrual cycle [23].

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In the present study, poor sleep quality was more prevalent among girls and

there was no association between sleep quality and age. Along the way through the

puberty stage, the changes arising from biological maturation, specifically sexual

maturation, alter gonadal hormones pulses of both genders and seem to influence the

standard and quality of sleep in adolescents [22]. In addition, circadian cycle disorders,

particularly the Delayed Sleep Phase Disorders (DSPD) [24] have been described as a

common problem in adolescents after the onset of puberty. DSPD is the most common

circadian rhythm disorder and results in a preferred sleep phase that may be delayed

until after midnight and lasting until late morning. Estimates suggest that between 5%

and 10% of adolescents may have DSPD, which may occur as a result of underlying

biological factors as well as environmental demands and the lifestyle itself [25].

However, it is important to note that in the present study the age range was

narrow and can explain the absence of association with age. The present study involved

a global analysis between sleep quality and age. This introduced high heterogeneity of

group (age) and main variable (sleep quality), increasing the spectrum of variability in

the global analysis of the sample. According to Raudenbush et al., [26] high coefficients

of variation of values attributed to one or more variables may imply correlation

coefficients close to zero when two variables are compared, affecting the direction of

intervariable relations.

In the present study, there were positive correlations between age and the PSQI

components in adolescents stratified by gender. It was interesting to note that although

girls had higher prevalence of poor sleep quality, only among boys were identified

significant correlations with sleep quality components and age (sleep latency: rho =

0.226, p = 0.016; sleep duration: rho = 0.289 ; p = 0.002 and overall sleep quality: rho =

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0.209, p = 0.026). Notably, it appears that despite the existence of a global quality score

of sleep described as poor quality and sleep disorders, this may not present a high

prevalence, since your final score is established by the arithmetic mean of all the scores

and thus hide the existence of the disorder or difficulties in specific components.

Besides, this instrument is utilized as general measures of sleep health and daytime

dysfunction, and is not specific for any single primary sleep disorder.

However, there are studies addressing the impact of sleep disturbance on

stu nts’ p rform n n h lth r sks th t h v ttr ut poor sl p qu l ty to

alteration in one or more of the sleep domains [27,28]. For example, similar results were

found with university students (n = 136; 24 men and 112 women, 18 to 30 years old), so

that quality of sleep (p = 0.001), sleep latency (p = 0.035) and duration of sleep (p =

0.001) were components that interfere with poor sleep quality, independent of age and

gender [29]. Benitez and Gunstad [30] recently reported an independent relationship

between the PSQI domain scores and cognitive decrements impacting attention and

executive functions [30]. It is important, observe that the PSQI evaluates subjective

sleep quality over the previous month and it may be influenced by various internal and

also external factors. Hence, the PSQI may not always be associated with a sleep

disorder.

Nevertheless, studies that analyze the answers on sleep quality parameters only

use the general index PSQI to detect the rotten sleep quality or disorders. In our view,

there are others aspects that should be considered when these relationships are analyzed.

For example, the existence of collinearity between the components, this may represent a

superposition of the variables in the explanation of the relationship between one or the

other variable and thereby reduce the force or existence of these relationships. Another

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important point is that the coefficients of variation of the components have not been

considered. However, the larger the coefficient of variation between components the

most heterogeneous the variables can become, their contribution when jointly analyzed.

Strengths and limitations of our work are described below. This study

contributes to the empirical literature on the association between sleep quality and sex,

and relationships between the components of PSQI and age in adolescents. It also

provides relevant information for students in a boarding-school regime in a northeastern

Brazilian city. Since those students have different socio-cultural and economic profiles,

we should not extrapolate these results for the general population. Nevertheless, our

results are comparable to other studies investigating poor sleep quality and its

consequences. Other potential limitation is the lack of objective tools to measure sleep,

as sleep-wake diary or actigraphy data, in association to references and concerns

surrounding delayed sleep phase disorder.

Conclusion

In summary, the present study highlights the prevalence of poor sleep quality

among institutionalized students and argues that sleep quality is associated with sex. In

ours study, girls are the most affected, by poor sleep quality and there are relationships

between components of the PSQI and age in boys. This has important implications for

the health and academic performance of students.

Acknowledgements

This study was supported by the National Council for Scientific and

Technological Development (CNPq), Coordination for the Improvement of Higher

Level (or Education) Personnel (CAPES). We thank all adolescents and their families

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for participating in this study. The authors have stated that they had no interests that

might be perceived as posing a conflict or bias.

Ethics approval and consent to participate

All procedures performed in studies involving human participants were in

accordance with the ethical standards of the institutional and/or national research

committee and with the 1964 Helsinki declaration and its later amendments or

comparable ethical standards.

Conflict of interest

All authors certify that they have no affiliations with or involvement in any

organization or entity with any financial interest (such as honoraria; educational

grants; participation in speakers' bureaus; membership, employment, consultancies,

stock ownership, or other equity interest; and expert testimony or patent-licensing

arrangements), or non-financial interest (such as personal or professional

relationships, affiliations, knowledge or beliefs) in the subject matter or materials

discussed in this manuscript.

Funding

No funding was received for this research.

Informed consent

Informed consent was obtained from all individual participants included in the

study.

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6.3 - Artigo Original 3 - Artigo elaborado de acordo com as normas da Revista

Brasileira de Atividade Física e Saúde

EFEITO DE 12 SEMANAS DE TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE A

QUALIDADE DO SONO E SONOLÊNCIA DIURNA DE ADOLESCENTES: UM

ESTUDO DE INTERVENÇÃO RANDOMIZADO

Ladyodeyse da Cunha Silva Santiago – Programa de Pós-Graduação de Mestrado em

Hebiatria, Universidade de Pernambuco, Recife, Brasil.

Autor correspondente:

Marcos André Moura dos Santos

Endereço: Rua Arnóbio Marques, 310. Escola Superior de Educação Física, Santo

Amaro, CEP 50100-130- Recife, PE

E-mail: [email protected]

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do treinamento de força sobre a qualidade

do sono e sonolência diurna em adolescentes institucionalizados (14 a 19 anos de

idade). Trinta e um adolescentes foram aleatoriamente alocados em dois grupos

amostrais: grupo intervenção (GI, n = 19) e grupo controle (GC, n = 12). Foram

realizadas medidas antropométricas (estatura e massa corporal) e determinado o IMC. A

qualidade do sono e sonolência diurna foi avaliada com os questionários, Índice de

Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) e Escala de sonolência de Epworth (ESE), e o

tempo total de sono pela acelerometria. O treinamento físico (2x/semana) foi realizado

durante 12 semanas. A escala de OMNI-RES foi utilizada para controle da intesidade do

esforço e os exercícios seguiram uma precrição alternada por seguimento. Foram

encontradas diferenças significativas no GI na qualidade do sono (p<0,001; d=0,94). Na

análise intragrupo, foram evidenciadas melhorias na qualidade do sono (p<0,01; d=

0,91) e sonolência diurna (p<0,01, d=0,90). Os resultados analisados pela acelerometria

demonstraram efeitos significativos sobre tempo total de sono (TTS) (p= 0,036). O

treinamento de força melhorou a qualidade do sono, sonolênca diurna e tempo total de

sono de adolescentes independente do gênero.

PALAVRAS–CHAVE: Adolescentes, distúrbios do sono, ritmo circadiano,

treinamento físico, intervenção.

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ABSTRACT

The aim of this study was to analyze the effects of strength training on sleep quality and

daytime sleepiness in institutionalized adolescents (14 to 19 years of age). Thirty-one

adolescents were randomly assigned in two sample groups: intervention group (IG, n =

19) and control group (CG, n = 12). Anthropometric measures were performed (height

and body mass) and BMI was determined. Sleep quality and daytime sleepiness were

assessed using the questionnaires, Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI) and Epworth

Sleepiness Scale (ESE), and total sleep time by accelerometer. Physical training (2x /

week) was performed for 12 weeks. The OMNI-RES scale was used to control the effort

intensity and the exercises followed an alternate pre-follow-up. Significant differences

were found in IG in sleep quality (p <0.001; d = 0.94). In the intragroup analysis,

improvements were observed in sleep quality (p <0.01, d = 0.91) and daytime sleepiness

(p <0.01, d = 0.90). The results analyzed by accelerometer showed significant effects on

total sleep time (TTS) (p = 0.036). Strength training improved sleep quality, daytime

sleepiness, and total sleep time of institutionalized adolescents regardless of gender.

KEY WORDS: Adolescents, sleep disorders, circadian rhythm, physical training,

intervention

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INTRODUÇÃO

A qualidade do sono representa uma fase na qual o sistema respiratório sofre

diversas mudanças que levam a uma maior vulnerabilidade e maior chance de

ocorrência de anormalidades mesmo em indivíduos mais jovens (1, 2). Neste contexto,

estudos apontam a existência uma alta prevalência de sono insuficiente e de má

qualidade entre os jovens, o que pode estar relacionado a determinados fatores

biológicos e maturacionais (1, 3).

Em um estudo realizado por Hysing et al., em uma amostra (n=9.875) de

adolescentes (16 a 18 anos de idade), encontrou uma prevalência de 23,8% de distúrbio

do sono nesta fase da vida (4). Mais recentemente, nós observamos em adolescentes

institucionalizados (n=210; 14 a 19 anos de idade) uma prevalência de má qualidade e

distúrbios do sono de 55,8% entre os meninos e 76,3% nas meninas (Santigo, et al.,

2017, in press).

Já está bem estabelecido, que o treinamento físico induz importantes adaptações

no organismo, como redução da adiposidade, aumento na massa muscular e na aptidão

cardiorrespiratória, além de um controle metabólico. Neste contexto, o exercicio fisico

tem sido considerado uma abordagem não-farmacológica, eficaz para melhorar o sono

(5). No entanto, embora, o sono e o exercício físico se diferenciem em termos

fisiológicos, existem evidências de uma associação entre estas variáveis (6). Por

exemplo, alguns trabalhos sugerem que a privação de sono não possui efeitos na força e

na potência máxima, na contração isométrica máxima, na fadiga muscular e no trabalho

total (7). Contudo, tais adaptações parecem ser dependentes da intensidade, tipo de

esforço realizado e a população estudada.

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Por outro lado, em um estudo realizado por Mendelson, et al., (2015), (n=40;

14,5±1,7 anos de idade), foi observado que o treinamento de força foi capaz de

melhorar a duração (p=0,025) e eficiência do sono (p= 0,028). Em outro estudo, nos

verificamos que uma sessão de treinamento força realizada nos períodos na manhã

(p<0,001) e tarde (p=0,001), foram suficientes para melhorar a qualidade do sono de

adolescentes (8).

Contudo, os estudos que utilizam o treinamento de força como forma de

intervenção em adolescentes são limitados e inconclusivos, o que limita as

interpretações e comparações que possam ser realizadas. Deste modo, verifica-se a

existência de uma lacuna de estudos que investiguem os efeitos do treinamento de força

sobre a qualidade do sono e sonolência diurna em adolescentes. Sendo assim, este

estudo tem por objetivo analisar o efeito de 12 semanas de treinamento de força sobre a

qualidade do sono e sonolência diurna de adolescentes.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

Foram incluídos neste estudo 31 adolescentes (10 meninas e 21 meninos)

institucionalizados (14 a 19 anos de idade), moradores internos do Instituto Federal de

Educação (IFPE), Campus Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Brasil. Localizado em

uma zona rural do estado de Pernambuco, no Nordeste do Brasil.

Todos os adolescentes permanecem durante a semana na instituição, em

alojamentos, onde são distribuídos 6 estudantes por quarto, durante esse período os

adolescentes são orientados a dormir às 22h00min e acordar por volta das 6h00min,

realizam higiene pessoal e se dirigem ao refeitório. A alimentação segue um mesmo

padrão para todos. Previamente, ao inicio das avaliações e intervenção os pais e

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responsáveis legais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE),

sendo informados sobre os procedimentos do estudo e suas implicações. O estudo foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco, Recife,

Brasil e seguiu as normas estabelecidas pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa

(CONEP, Nº 89.701).

Para participação no estudo, os adolescentes deveriam atender aos seguintes

critérios de inclusão: i) apresentar queixas de sono não reparador (má qualidade do sono

e distúrbio do sono), ii) apresentar sonolência diurna , iii) não estar envolvido em

programas de exercícios físicos, iv) não apresentar qualquer lesão muscular ou

ortopédica que possa comprometer a realização das sessões de intervenção, v) não ter

realizado atividade física moderada ou vigorosa nas 12 horas que precederam à

avaliação, vi) cumprir 85% das sessões de treinamento e vii) não utilizar medicamentos

para dormir.

Delineamento do estudo

O presente estudo é caracterizado como um delineamento experimental

randomizado. Os sujeitos foram submetidos aos seguintes procedimentos: avaliações

antropométricas (peso e estatura), teste de 1RM, análise da qualidade do sono e

sonolência diurna.

Os participantes foram aleatoriamente divididos por randomização simples,

realizada através de números gerados no site www.randomizer.org. e distribuída por

meio de sorteio em grupo controle [GC=12; (4 meninas)] e grupo intervenção [GI=19;

(6 meninas)]. Todas as sessões ocorreram na academia de musculação do IFPE Campus

Vitória de Santo Antão e após 12 semanas todos os procedimentos foram repetidos.

Antropometria

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Foram realizadas medidas da massa corporal e estatura. A massa corporal foi

obtida através da balança de plataforma (Filizola, São Paulo, Brasil), com carga máxima

de 150 kg e escala de precisão de 0,1 kg, com os sujeitos descalços e usando roupas

leves. Para a medida da estatura foi usado um estadiômetro de madeira com precisão de

0,1 cm. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado pelo quociente entre massa

corporal (kg) e o quadrado da estatura (m): [massa corporal (kg)/altura2 (m)].

Avaliação da qualidade do sono

Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI)

Para avaliação da qualidade do sono foi utilizado o questionário de Índice de

Qualidade do Sono (PSQI), que determina um índice de gravidade e natureza do

disturbio do sono (9). O PSQI possui 19 questões, agrupadas em sete componentes com

distribuição de pesos que variam de 0 a 3. Classificados quanto às queixas relativas ao

sono, sendo: qualidade subjetiva do sono, latência do sono, duração do sono, eficiência

habitual do sono, distúrbio do sono, uso de medicamentos para dormir e a disfunção

diurna. As pontuações desses sete componentes são somadas para atingir um escore de

0 a 21 e quanto maior o score, pior a qualidade do sono. Assim, um score de PSQI >5

revela que o indivíduo apresenta qualidade ruim e >10 distúrbios do sono. Este

instrumento pr s nt o onf l lt ons st n nt rn (α = 0 83) o

confiabilidade teste-reteste (𝑟 = 0,85) (9, 10) este instrumento foi devidamente validado

em sua versão em português e para adolescentes (11).

Escala de sonolência de Epworth (ESE)

A sonolência diurna foi avaliada com a Escala de sonolência de Epworth (ESE),

com finalidade de quantificar a propensão para adormecer durante 8 situações rotineiras

(12). As respostas atingem valores entre 0 e 24 pontos, sendo 10 o ponto de corte. O

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entrevistado deve fornecer uma nota de zero a três, quantificando sua tendência

(probabilidade) para adormecer; as notas dadas a cada uma das oito questões são

somadas; o total de 10 ou mais pontos é indicativo da presença de sonolência excessiva.

Acelerômetria no sono

Com o propósito de verificar a avaliação do ciclo sono-vigília que permite o

registro da atividade motora através dos movimentos dos membros durante 24 horas, foi

utilizado, apenas no grupo controle, a acelerômetria no sono. O acelerômetro Actigraph

GT3X+ Tri-Axis Accelerometer Monitor (Pensacola, FL) foi colocado no punho não

dominante para realizar a detecção dos movimentos, sendo o tempo de não uso

determinado pelo diário de bordo. As coletas foram realizadas com um mínimo de três

dias com pelo menos um dia no final de semana. Em seguida foram analisadas

informações referentes ao tempo total de sono (tempo de sono em minutos dentro do

período de sono total) e eficiência do sono (tempo de sono total dividido pelo período

de sono total). O início do sono foi definido como os primeiros 15 min de sono e o

despertar foi definido como os primeiros 15 min de minutos de vigília (13).

Sessão de treinamento de força

Durante a realização do estudo, os voluntários não realizaram nenhum outro tipo

de exercício físico de modo que o impacto da sessão de treinamento pôde ser avaliado

de forma isolada. Para identificação da carga foi utilizado o teste de 1 RM, a sessão de

treino foi composta por oito exercícios (cadeira extensora, cadeira flexora, panturrilha e

cadeira abdutora, remada baixa, rosca direta, tríceps pulley e elevação lateral),

realizados alternado por segmento, duas vezes por semana, durante doze semanas

seguindo as recomendações para esta população (14). A percepção subjetiva de esforço

(PSE) foi registrada através da escala OMNI-RES (OMNI − Resistance Exercise Scale).

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Foi solicitado a cada voluntário que apontasse na escala, imediatamente após o término

da série, sua sensação percebida de esforço realizado (15).

Análise estatística

A normalidade e a homogeneidade de variância dos dados foram analisadas

utilizando o teste Kolmogorov-Smirnov e Levene, respectivamente. Os dados são

apresentados em média e desvio-padrão. Para normalizar a variável PSQI foi realizada a

transformação quadrática e para ESS foi realizada a transformação cúbica. Potenciais

fatores de interação (isto é., sexo x PSQI; p=0,785 e sexo x ESE; p=0,689) foram

avaliados usando ANOVA two-way. Como não houve interações estatisticamente

significativas, os dados foram analisados em conjunto (ou seja., meninos e meninas).

Para comparações entre os grupos (GC e GTF) e momentos (basal e 12 semanas) foi

utilizada a Análise de Variância de dois caminhos (ANOVA two-way). Adicionalmente,

o tamanho do efeito (Effect Size) foi calculado e classificado mediante a proposição de

Coh n (1988) f n o m f to p qu no (0 20 ≤ < 0 50) f to mé o (0 50 ≤

<0 80) f to r n ( ≥ 0 80). Os dados são apresentados por meio da estatística

descritiva utilizando, a média, desvio-padrão e erro padrão. O software GraphPad

Prisma 6 foi utilizado para a construção das figuras. Para a análise estatística, utilizou-

se o software SPSS, versão 17.0 (SPSS, EUA, 2012). Em todas as análises o nível de

significância estabelecido foi de 5%.

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RESULTADOS

As características descritivas dos adolescentes e a qualidade do sono são

apresentadas na tabela 1.

Tabela 1- Características gerais dos adolescentes incluídos no estudo (n = 31).

Baseline

Controle Intervenção

Variáveis

n=12 n=19

Sexo

Masculino 8 13

Feminino 4 6

Faixa Etária

14 - 19 anos 16 ± 1,4 16 ± 1,9

Variáveis Antropométricas

Altura (m) 1,71 ± 0,09 1,67 ± 0,07

Peso (kg) 62,5 ± 11,1 62,9 ± 11,9

Índice de Massa Corporal (kg/m2) 21,6 ± 2,9 22,4 ± 3,2

Qualidade do sono

PSQI 6,3 ± 3,1 7,6 ± 3,2

ESS 10,7 ± 2,9 10,3 ± 3,3

PSQI - Pittsburgh Sleep Quality Index; ESS - Escala de sonolência de Epwort.

A Tabela 2 apresenta as analises comparativas entre o momento inicial

(baseline) e pós-intervenção sobre a qualidade do sono e sonolencia diurna.

Inicialmente foi observada uma diferença significativa apenas no GI na qualidade do

sono (p<0,001; d=0,94). Na análise intragrupo (controle e intervenção) estas diferenças

foram observadas apenas no periodo pós-intervenção tanto na qualidade do sono

(p<0,01; d= 0,91) quanto na sonolência diurna (p<0,01, d=0,90).

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A figura 1apresenta as respostas individuais do grupo intervenção referentes aos

questionários PSQI e ESS. Foi observado que 68,4% dos adolescentes relataram

melhoras na qualidade do sono (PSQI) e 26,3% na sonolência diurna.

In te r v e n ç ã o

PS

QI

B a s e lin e P ó s - in te r v e n ç ã o

0

5

1 0

1 5

In te r v e n ç ã o

ES

S

B a s e lin e P ó s - in te r v e n ç ã o

0

5

1 0

1 5

2 0

Figura1. Respostas individuais do grupo intervenção em ambos os questionários de avaliação do sono.

Os resultados da análise por acelerometria realizada no grupo intervenção são

apresentados na figura 2. Os resultados demonstraram efeitos significativos sobre tempo

Tabela 2. Comparação dos grupos submetidos a um programa de treinamento de força durante 12 semanas. Os

dados incluem avaliação da qualidade do sono por grupos pré e pós.

Baseline Pós-intervenção Efeito grupo Efeito tempo Efeito interação

Qualidade do sono - PSQI*

Controle (n=12) 6,3 (0,9) 7,4 (0,8)

0,17 <0,01 <0,001

Intervenção (n=19) 7,6 (0,7) 4,8 (0,7)§ ∞

Sonolência Diurna - ESS**

Controle (n=12) 10,7 (0,8) 11,0 (0,8)

0,07 0,20 <0,001

Intervenção (n=19) 10,3 (0,8) 8,2 (0,8)∞

* PSQI - Pittsburgh Sleep Quality Index; **ESS - Escala de sonolência de Epwort; EP – erro padrão; dados expressos em

Média (erro padrão); §diferença significativa para o baseline (p<0,01);

∞ diferença significativa para o controle (p<0,01)

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total de sono (baseline: 333,49 ± 16,94 vs Pós-intervenção: 381,60 ± 21,82; p= 0,036).

Porém, em relação à eficiência do sono não foram observadas diferenças significantes.

Efi

ciê

nc

ia d

o s

on

o

Baselin

e

s- i

nte

rven

ção

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

Te

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min

)

Baselin

e

s- i

nte

rven

ção

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

5 0 0

*

Figura 2. Comparação da qualidade do sono (eficiência do sono e tempo total de sono) com a utilização

de acelerômetros

DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos de doze semanas de

treinamento de força sobre a qualidade do sono e sonolência diurna em adolescentes.

Inicialmente, foi observado um efeito positivo significativo desta intervenção na

qualidade do sono e sonolência diurna, que apresentou reflexos em um maior tempo

total de sono. Os achados do presente estudo encontram suporte na literatura, onde têm

sido descritos efeitos significativos do treinamento de força e sono em adolescentes. (8,

16, 17).

No presente estudo, inicialmente foi observado que o GI apresentou melhoras na

qualidade do sono, comparativamente ao momento inicial. Após uma sessão aguda de

TF, a literatura relata que ocorrem alterações nos sistemas cardiovascular e endócrino,

incluindo aumento da freqüência cardíaca, pressão arterial, débito cardíaco e elevação

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das concentrações sanguíneas do hormonio do crescimento, beta-endorfinas, cortisol e

testosterona. Estas alterações podem melhorar a capacidade física geral e pode ser capaz

de promover alterações positivas no sono (18). Ao considerarmos que a má qualidade

do sono está se tornando mais comum na população em geral, parece ser extremamente

importante desenvolver estratégias que podem minimizar ou mesmo reverter efeitos

nocivos dos disturbios e privação do sono (18, 19).

Relativamente, as análises intragrupo estas melhoras foram evidenciadas tanto

na qualidade do sono, como na sonolência diurna e parecem refletir no ciclo sono-

virgila, uma vez que o tempo total de sono também apresentou uma maior duração.

Estes achados parecem demonstrar que uma intervenção com treinamento de força,

pode ser uma estratégia para contribuição do sono reparador, durante a puberdade, e

uma ferramenta não farmacológica na indução do sono (8, 16).

Os mecanismos que parecem explicar estes achados reportam que o treinamento

de força parece contribuir de forma positiva em maiores níveis de atividade física, por

proporcionar ganhos de massa muscular, tendo em vista que a ação anabólica atua na

qualidade do sono, através da melhora na concentração de testosterona, hormônio do

crescimento e estímulo da síntese de proteínas através de moléculas chave de

sinalização (20). Engle-Friedman e colaboradores (2003) notaram que o aumento da

sonolência, da fadiga e do tempo de reação observado com a privação de sono, está

associado à escolha de tarefas menos difíceis, sendo que os sujeitos privados, quando

comparados aos com controles, não percebem essa redução do esforço. Esse estudo

demonstrou que a perda de sono resulta em um comportamento de escolha de baixo

esforço para ajudar a manter a acurácia da resposta a uma tarefa (21).

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No entanto, investigações crônicas parecem ser promissoras, haja vista serem

poucos os estudos que têm analisado o efeito crônico do treinamento de força em jovens

(17), comparativamente ao treinamento aeróbico (22, 23). Considerando, as diferenças

nas respostas fisiológicas que surgem de formas distintas de exercício (aerobio versus

TF) e diferenças nos indivíduos (adultos e adolescentes, treinados versus sedentários),

as alterações mais significativas no padrão de sono são mais evidentes em estudos sobre

a atividade aeróbia (23).

Deste modo, a natureza do próprio exercício parece exercer uma influência

direta sobre o sono, provocando respostas distintas, bem como correspondentes

adaptações fisiológicas. Uma explicação para este fenômeno poderia ser que a taxa

metabólica durante o TF é menor que durante o exercicio aeróbio (24, 25), o que

suporta tanto as hipóteses de conservação de energia e da restauração corporal (25).

Ambas as teorias postulam que as alterações no padrão de sono poderiam ocorrer

devido ao esgotamento da energia do corpo e danos ao tecido que ocorrem durante o

exercício, que se recupera com o sono (18, 25). De fato, estas repostas parecem ocorrer

de forma diferenciada, uma vez que no presente estudo foram observadas repostas

diferentes quanto ao percentual de sujeitos que melhoraram a qualidade do sono e

sonolencia diurna.

Potenciais limitações deste estudo devem ser consideradas na interpretação dos

resultados encontrados. Nomeadamente, a ausência de medidas de atividade física

habitual, polissonografia, e a ausência de algum parâmetro comportamental como diário

do sono. Contudo, o ponto forte do presente estudo é que a intervenção utilizada foi

composta exclusivamente pelo TF como uma forma de estimulo para induzir uma

possível melhora na qualidade do sono.

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Estudos anteriores que examinam os efeitos do exercício sobre indivíduos

sedentários verificaram que existem de fato alterações em vários parâmetros fisiológicos

após algumas formas de esforço físico. Contudo, com base nos resultados obtidos no

presente estudo, foi possivel concluir que o TF realizado durante 12 semanas exerce

influência significativa sobre a qualidade do sono, sonolência diurna e tempo total de

sono em adolescentes.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As implicações observadas na presente dissertação atestam que o treinamento de

força pode influenciar positivamente sobre a duração, eficiência e qualidade do sono

em adolescentes e jovens. Estes achados devem ser observados com cautela em face

da variabilidade observada na forma, intensidade e tipo de estimulo utilizado.

Os resultados sugerem relação positiva entre a melhoria da qualidade do sono e

as sessões de exercícios realizadas pela manhã e a tarde em adolescentes sedentários.

A relação entre os horários parece ser diferente após ajustes pela idade dos indivíduos,

de forma que maiores coeficientes de correlação são observados. A aptidão física

parece ser altamente responsiva por uma melhora qualidade do sono, estudos de

intervenção com maior período de tempo são necessários para investigar o potencial

efeito do exercício na melhora da qualidade do sono em adolescentes.

Destacou-se a alta prevalência de má qualidade do sono entre os estudantes

institucionalizados. Foram evidenciadas que a qualidade do sono está associada ao

sexo. Sendo as meninas mais afetadas pela má qualidade do sono. Aponta-se a

existência de relações entre os componentes do PSQI e a idade nos meninos.

Indicando importantes implicações para a saúde e desempenho acadêmico dos alunos.

O TF realizado durante 12 semanas exerce influência significativa sobre a

qualidade do sono e sonolência diurna de adolescentes.

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152,2015.

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ANEXOS

ANEXO A Artigo publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte: Efeito

de uma sessão de treinamento de força sobre a qualidade do sono de

adolescentes. Rev Bras Med Esporte – Vol. 21, No 2 – Mar/Abr,

2015.

ANEXO B Parecer do comitê de ética em Pesquisa

ANEXO C Questionário de avaliação da qualidade do sono PSQI

ANEXO D Questionário de avaliação da sonolência diurna

APÊNDICE A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

APÊNDICE B Termo De Assentimento Livre E Esclarecido

APÊNDICE C Ficha de avaliação antropométrica.

APÊNDICE D Diário do sono

APÊNDICE E Ficha de Treinamento de Força

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ANEXO A

Artigo publicado na Revista Brasileira Medicina do Esporte

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ANEXO B

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ANEXO C

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ANEXO D

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Elaborado de acordo com a Resolução 196/1996 do Conselho

Nacional de Saúde e legislação complementar da Comissão Nacional de Ética em

Pesquisa)

Convido (amos) V.Sa. a participar da pesquisa: Treinamento de força e

qualidade do sono em adolescentes: um estudo de intervenção, sob responsabilidade

do pesquisador Dr. Marcos André Moura dos Santos que tem por objetivo: Investigar o

efeito de 12 semanas de treinamento de força sobre a qualidade do sono de

adolescentes, de ambos os sexos estudantes em regime de internato do Instituto Federal

de Educação (IFPE) da Cidade de Vitória de Santo Antão –PE, Brasil.

Para a realização deste trabalho será (ão) utilizado(s) o(s) seguinte(s) método(s):

(1) avaliação de parâmetros antropométricos (peso, altura, percentual de gordura

corporal e frações), (2) avaliação da carga de treinamento através do teste de 1RM, (3)

avaliação da qualidade do sono baseada na aplicação de 3 questionários (Índice de

Qualidade do Sono de Pittsburgh, Escala de sonolência de Epworth e o questionário de

Berlin), (4) a avaliação do estágio de maturidade biológica, será realizada através de

questionários e determinação do Pico de Velocidade de Crescimento, (5) avaliação da

pressão arterial, (6) exame de polissonografia para investigação de apneia do sono.

Esclareço (cemos) ainda que após a conclusão da pesquisa todo material a ela

relacionado, de forma gravada, filmada ou equivalente será destruído, não restando nada

que venha a comprometer o anonimato de sua participação agora ou futuramente.

Quanto aos riscos e desconforto, as baterias de testes e os questionários não

incorrem em riscos para os avaliados, pois os testes e avaliações não são invasivos e não

implicam na utilização de materiais que possam trazer riscos aos avaliados. Na

verificação da pressão arterial, talvez o equipamento que insufla aperte um pouco, mas

assim que desinflar o desconforto passa. Para verificar a índice de apneia do sono, será

utilizado o exame de polissonografia portátil a ser realizado na própria instituição numa

sala reservada, que irá promover uma mínima sensação de desconforto devido o uso da

cânula no nariz durante a noite de aplicação do exame, mas assim que dormir o

desconforto passa. Caso o sujeito venha a sentir algo além desses padrões, comunicar

imediatamente ao pesquisador para que sejam tomadas as devidas providências, para

isto, informar imediatamente aos responsáveis pelo estudo.

Os benefícios esperados com o resultado desta pesquisa envolve a apresentação

de uma ferramenta não farmacológica sobre a qualidade do sono de adolescentes,

visando sensibilizar as autoridades por melhores condições de saúde, com vistas à

melhoria da qualidade de vida de indivíduos jovens utilizando a prática de exercícios.

O (A) pesquisado (a) terá os seguintes direitos: a garantia de esclarecimento e

resposta a qualquer pergunta; a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento

sem prejuízo para si ou para seu tratamento (se for o caso); a garantia de privacidade à

sua identidade e do sigilo de suas informações; a garantia de que caso haja algum dano a

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sua pessoa (ou o dependente), os prejuízos serão assumidos pelos pesquisadores ou pela

instituição responsável inclusive acompanhamento médico e hospitalar. Caso haja

gastos adicionais, os mesmos serão absorvidos pelo pesquisador. Destaco que a

participação na pesquisa é voluntária e não incorre em pagamentos ou gratificações por

sua participação.

Nos casos de dúvidas e esclarecimentos o (a) senhor (a) deve procurar os

pesquisadores: Marcos André Moura dos Santos, Ladyodeyse da Cunha Silva Santiago

ou Ana Patrícia Falcão - Escola Superior de Educação Física - Universidade de

Pernambuco Rua: Arnóbio Marques s/n Santo Amaro – Recife – PE (81) 97934897.

Caso suas dúvidas não sejam resolvidas pelos pesquisadores ou seus direitos

sejam negados, favor recorrer ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de

Pernambuco, localizado à Av. Agamenon Magalhães, S/N, Santo Amaro, Recife-PE ou

pelo telefone 81-3183.3775 ou através do e-mail: comitê[email protected]

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu____________________________________ nome completo do pesquisado, após ter

recebido todos os esclarecimentos e ciente dos meus direitos, concordo em participar

desta pesquisa, bem como autorizo a divulgação e a publicação de toda informação por

mim transmitida em publicações e eventos de caráter científico. Desta forma, assino este

termo, juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob

meu poder e outra em poder do (s) pesquisador (a) (es).

Local: Data: ____/____/____

____________________________________ _______________________________

Assinatura do Sujeito (ou responsável) Assinatura do Pesquisador

Para menores de 18 anos a autorização é assinada pelo Pai ou Responsável

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APÊNDICE B

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Elaborado de acordo com a Resolução 196/1996 do Conselho Nacional

de Saúde e legislação complementar da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa)

Você está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa

“TREINAMENTO DE FORÇA E QUALIDADE DO SONO EM

ADOLESCENTES: UM ESTUDO DE INTERVENÇÃO”. Nesta pesquisa

pretendemos analisar o efeito de 12 semanas de treinamento de força (musculação)

sobre a qualidade do sono de adolescentes (ambos os sexos) com idade entre 14 a 19

anos. O motivo que nos leva a estudar esse assunto é a alta presença de distúrbios do

sono em adolescentes, suas implicações na saúde e no processo de aprendizagem e se o

exercício pode trazer benefícios sobre a qualidade do sono.

Para esta pesquisa adotaremos o(s) seguinte(s) procedimento(s): Você precisará

participar das avaliações antes e ao término da pesquisa,como: parâmetros

antropométricos (peso, altura, percentual de gordura corporal e frações), avaliação da

carga de treinamento através do teste de 1RM, avaliação da qualidade do sono que será

constituída por 3 questionários (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, Escala de

sonolência de Epworth e o questionário de Berlin), a avaliação do estágio de maturidade

biológica através de questionários, avaliação da pressão arterial, exame de

polissonografia caso apresente indicativos de apneia do sono, comparecer fielmente aos

treinos de força e não estar ligado à qualquer atividade física que não seja a nossa.

Para participar desta pesquisa, o responsável por você deverá autorizar e assinar

um termo de consentimento. Você não terá nenhum, nem receberá qualquer vantagem

financeira. Apesar disso, caso sejam identificados e comprovados danos provenientes

desta pesquisa, você tem assegurado o direito à indenização. Você será esclarecido (a)

em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. O

responsável por você poderá retirar o consentimento ou interromper a sua participação a

qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não

acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido (a) pelo

pesquisador que irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Você

não será identificado em nenhuma publicação. Os riscos envolvidos na pesquisa

ons st m m “r s os mín mos” p squ s ontr u rá para a apresentação de uma

ferramenta não farmacológica sobre a qualidade do sono de adolescentes, visando

sensibilizar as autoridades para oferecerem condições de prevenção e tratamento de

doenças, com vistas à melhoria da qualidade de vida de indivíduos jovens.

Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material

que indique sua participação não será liberado sem a permissão do responsável por

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você. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o

pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após esse tempo serão destruídos.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais: sendo que

uma será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida a você. Os

pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo, atendendo a

legislação brasileira (Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), utilizando

as informações somente para os fins acadêmicos e científicos.

Eu, __________________________________________________, portador (a)

do documento de Identidade ____________________, fui informado (a) dos objetivos

da presente pesquisa, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a

qualquer momento poderei solicitar novas informações, e o meu responsável poderá

modificar a decisão de participar se assim o desejar. Tendo o consentimento do meu

responsável já assinado, declaro que concordo em participar dessa pesquisa. Recebi o

termo de assentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas

dúvidas.

Local: Data: ____/____/____

__________________________ ____________________________

Assinatura do (a) menor Assinatura do pesquisador (a)

Nome do pesquisador: Marcos André Moura dos Santos - Escola Superior de

Educação Física - Universidade de Pernambuco Rua: Arnóbio Marques s/n Santo

Amaro – Recife – PE (81) 97934897.

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APÊNDICE C

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APÊNDICE D

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APÊNDICE E