Trabalho Prático -AEA
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Acondicionamento e embalagem de alimentos – 2014/2015
Trabalho prático – Análise de migração de metais em embalagens de
metal e de vidro
Introdução
Todos os materiais destinados a entrar em contacto directo ou indirecto com
alimentos não devem transferir substâncias em quantidades que possam provocar
risco para a saúde humana, que possam provocar modificações na composição dos
alimentos ou que alterem as propriedades organolépticas dos alimentos [1].
Estes materiais devem ser produzidos de acordo com os princípios de “Boas Práticas
de Fabrico” de forma a evitar as situações de perigo supracitadas, devendo também
estar em conformidade com legislação específica, cumprimento de composição e
rastreabilidade [2].
A exposição do consumidor a substâncias com origem nas embalagens pode ocorrer
como resultado de três principais fenómenos de transporte através da embalagem:
permeabilidade, absorção e migração [3].
A migração de determinadas substâncias da embalagem para os alimentos origina
problemas a nível toxicológico e organoléptico. A extensão da migração e a toxicidade
específica das substâncias que migram definem o risco que as embalagens
representam [3][4]. Compostos migrantes específicos com origem em embalagens
como por exemplo plasticisantes (ftalatos ou ESBO), bisfenóis e derivados,
semicarbazida, aminas aromáticas primárias e formaldeídos, têm vindo a ser
estudados recentemente [4].
Os ensaios de migração são definidos pelas normas europeias EN 1186 e EN 13130.
A realização dos ensaios de migração directamente em produtos alimentares envolve
algumas dificuldades analíticas devido à natureza complexa das matrizes alimentares e
à variabilidade de alguns migrantes. Os ensaios de migração são portanto realizados
com soluções simples designadas por simuladores de alimentos, que são postas em
contacto com o material a testar em condições controladas de armazenamento e
preparação [4].
Este trabalho tem como objectivo avaliar a migração de metais em embalagens
metálicas (Al, Cr, Fe e Zn) e em embalagens de vidro (Na e K), através de
espectroscopia de absorção atómica e utilizando como simulador água desionizada a
diferentes pH’s.
As embalagens metálicas são fabricadas em folha-de-flandres, alumínio e em alguns
casos em folha cromada. As interacções da lata com os alimentos enlatados têm
normalmente origem em reacções electroquímicas entre os materiais metálicos e o
produto, podendo dar origem à migração de metais (como estanho, crómio, ferro,
alumínio ou zinco) ou de substâncias provenientes dos vernizes ou camada polimérica
de revestimento interno da lata [5].
O vidro é considerado como o material de maior inércia química para contacto
alimentar. Os principais compostos extraídos por soluções aquosas são a sílica e óxido
de sódio, que não têm efeitos significativos nas características organolépticas dos
alimentos [5].
Parte 1 - Preparação de amostras
Material e reagentes:
- 2 embalagens metálicas; - 2 embalagens de vidro; - 1 frasco de PP de 100 mL; - Eléctrodo medidor de pH Crimson MicropH 2001; - Barras de agitação magnética; - Copos de precipitação ou Erlenmeyers; - Pipetas; - Pompetes; - Provetas.
- Água desionizada; - Padrões de calibração pH 4.00 e pH 7.02 - HCl (0.1 M) - NaOH (0.1 M)
Procedimento experimental:
Medir cerca de 1L de àgua desionizada;
Calibrar o aparelho de medição de pH com padrões de pH 4.00 e pH 7.02;
Medir o pH da água;
Acertar o pH da água (com HCl ou NaOH) até atingir o valor de pH atribuído ao
grupo;
Colocar 330 mL da água em cada embalagem metálica, 120 mL em cada
embalagem de vidro e 100 mL no frasco de PP.
Identificar e reservar as amostras a Tambiente (ºC) para análise em espectroscopia
de absorção atómica.
Parte 2 – Determinação das concentrações de Al, Cr, Fe e Zn nas
amostras reservadas em embalagens metálicas por EAA
Material e reagentes:
- Espectrómetro EAA Solaar M Series. - Água Milli-Q; - Padrões de calibração de Al, Cr, Fe e Zn - Amostras em embalagens metálicas preparadas na Parte 1 do trabalho prático.
Procedimento experimental:
Ligar o aparelho EAA Solaar M Series:
o Abrir gases na rua;
o Na sala de absorção atómica abrir gases, exaustão e ar;
o Ligar o espectrofotómetro e o monitor;
o Utilizar o software SOLAR para: configurar lâmpadas e editar método;
o Acender a chama e iniciar análise;
Realizar leituras (registar absorvância e concentração para as amostras lidas).
Parte 3 – Determinação das concentrações de Na e K nas amostras
reservadas em embalagens de vidro por EAA
Material e reagentes:
- Espectrómetro EAA Solaar M Series. - Água Milli-Q; - Padrões de calibração de Na e K; - Amostras em embalagens de vidro preparadas na Parte 1 do trabalho prático.
Procedimento experimental:
Ligar o aparelho EAA Solaar M Series;
Realizar leituras (registar absorvância e concentração para as amostras lidas).
RELATÓRIO
Comparar e discutir os resultados obtidos no tempo “zero” (lidos nas amostras
conservadas em plástico) e após armazenamento, a diferentes pH’s.
Referências bibliográficas:
[1] União Europeia, “Regulamento (CE) No 1935/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Outubro de 2004, relativo aos materiais e objectos destinados a entrar em contacto com os alimentos e que revoga as Directivas 80/590/CEE e 89/109/CE,” J. Of. da União Eur., pp. 4–17, 2004.
[2] União Europeia, “Regulamento (CE) No 2023/200 da Comissão, de 22 de Dezembro de 2006, relativo às boas práticas de fabrico de materiais e objectos destinados a entrar em contacto com os alimentos,” J. Of. da União Eur., pp. 2006–2009, 2006.
[3] M. Alves, “Factores de selecção da embalagem ‘ Produtos alimentares ,’” in Segurança Alimentar - Uma visão global - Centro Nacional de Embalagem, 2011.
[4] M. de F. Poças, “Segurança dos materiais de embalagem: Monitorizar as diferentes substâncias,” Segurança e Qual. Aliment., vol. 2, pp. 24–25, 2007.
[5] M. de F. Poças and R. Moreira, “Segurança Alimentar e Embalagem,” in Embalagens para a Indústria Alimentar, ESB/UCP - ., Editorial Jean Piaget, 2003.