Trabalho Final PDE – 2007-2008 · período surgiu a LDB 4.024/61, a qual ampliou o espaço da...
Transcript of Trabalho Final PDE – 2007-2008 · período surgiu a LDB 4.024/61, a qual ampliou o espaço da...
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 1ª EDIÇÃO
2007/2008
TRABALHO FINAL PDE
A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA A
SUSTENTABILIDADE – LIMITES E POSSIBILIDADES
COUTO, Marcelo Fonseca do¹
JÚNIOR, Álvaro Lorencini²
¹Professor de Ciências do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação do Estado do
Paraná.
² Professor Doutor do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina.
AGRADECIMENTOS
- Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela saúde, sabedoria e pela
oportunidade de desenvolver este trabalho.
- Ao Governo do Estado do Paraná pela possibilidade de melhorar nossa
prática docente através da formação continuada em rede.
- À UEL, na pessoa do professor Álvaro Lorencini Júnior, orientador deste
trabalho, pela paciência, solicitude e apoio no desenvolvimento das
atividades do PDE.
- À coordenação regional do PDE e CRTE do NRE de Apucarana pela presteza
no atendimento nos momentos de dificuldades.
- À direção, Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários do Colégio
Estadual Tomé de Souza durante a implementação da proposta pedagógica.
- À minha família pelo apoio em todos os momentos.
- Aos amigos, colegas professores do PDE e integrantes do GTR pelo apoio e
pelas palavras de otimismo.
RESUMO
É importante investigar e repensar o trabalho escolar, notadamente o ensino de Ciências, para que possamos formar cidadãos mais comprometidos e responsáveis com relação à sustentabilidade das atividades humanas, sejam de produção ou de consumo, de modo a comprometer o mínimo possível a dinâmica da natureza. Para tanto, a escola deve trabalhar o real significado da sustentabilidade, com o objetivo de produzir mudanças comportamentais, atitudinais e procedimentais nas novas gerações, não realimentando as velhas práticas de exploração predatória, exagerada e indevida dos recursos naturais, sejam eles renováveis ou não. Tais objetivos certamente deverão obter êxito maior quanto mais cedo as questões ambientais forem introduzidas e trabalhadas no currículo escolar, preferencialmente desde o ensino infantil, pois a formação de conceitos e atitudes corretas é tarefa mais fácil do que modificar conceitos já internalizados pelas crianças e jovens. Caso a escola consiga desenvolver uma aprendizagem que seja significativa para o aluno, este deverá estar melhor preparado para interagir com o conceito de sustentabilidade veiculado largamente na atualidade pela mídia, pelo estado e pela classe empresarial, muitas vezes para estimular ainda mais o consumismo exacerbado, ou para mascarar ações geradoras de degradação ambiental conduzidas por corporações ou governos, os quais muitas vezes não estão, de fato, atuando de forma sustentável. Sendo assim este aluno poderá tirar suas conclusões com mais clareza e intervir com maior discernimento na sociedade.
ABSTRACT
It’s important to investigate and rethink the school work, especially the teaching of science, so we can make people more committed and responsable with regard to the sustainability of human activities, are the production or consumption, in order to commit as little as possible of the nature’s dynamic. For both, the school must work the real meaning of sustainability, aiming to produce behavioral, attitudinal and procedural changes in new generations, not feeding the old practices of predatory, exaggerated and unjustified exploration of the natural resources, whether renewable or not. These goals should certainly get more success as soon as environmental issues are introduced and worked in the school curriculum, preferably from the children's education, since the formation of correct concepts and attitudes task is easier than changing concepts already internalized by children and young people. If the school can develop a learning that is meaningful to the student, this should be better prepared to interact with the concept of sustainability widely reported in the media today, the state and the entrepreneurial class, often further stimulate the exacerbated consumerism, or to mask activities that create environmental
degradation conducted by corporations or governments, which often are not, in fact, acting in a sustainable manner. So this student can take its findings more clearly and act with greater insight into society.
Palavras-chave: Educação no Brasil. Ensino de Ciências. Mudanças
conceituais, atitudinais, procedimentais e comportamentais.
Sustentabilidade.
ELEMENTOS TEXTUAIS
INTRODUÇÃO
Para melhor compreender o processo de ensino-aprendizagem de
Educação Ambiental no Brasil é necessário fazer uma reflexão sobre as
diferentes metodologias utilizadas de acordo com as também diferentes
pedagogias adotadas ao longo do tempo, quais sejam, tradicional, escola-
nova, tecnicista e histórico-crítica, pois cada uma delas tem uma diferente
visão de mundo, sociedade, escola, homem [...] e isto obviamente reflete na
prática pedagógica dos professores e antes disso, reflete também na
própria formação destes. É importante compreender quando, como e em
que contexto a Educação Ambiental passou a integrar os currículos
escolares brasileiros e com qual enfoque tem sido trabalhada para
compreendermos o modo de pensar e agir das pessoas que estão fora da
idade escolar, pois como formadoras de opinião passam seus valores em
relação ao meio ambiente às crianças e quando estas chegam à escola já
trazem consigo conceitos, valores e atitudes aprendidos e apreendidos no
seio da família e da sociedade na qual está inserida, atitudes estas, muitas
vezes danosas em relação à sustentabilidade das ações humanas, objetivo
que perseguimos no trabalho escolar, notadamente no trabalho com a
disciplina de ciências.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DO ENSINO DE CIÊNCIAS
“O entendimento de que a ciência é um conjunto de conhecimentos
acumulados historicamente pela observação de fenômenos naturais
produzidos de acordo com as necessidades de cada época, aprimorados e
sistematizados pelas diferentes sociedades de diferentes épocas, não sendo
neutra, é falível e intencional, atendendo a diferentes interesses,
influenciando e sendo influenciada por novas descobertas, pois é a ciência
que alavanca o desenvolvimento tecnológico, o qual deve suprir as
necessidades humanas.” (DCEs Ciências, 2006).
Ciências como disciplina, foi inserida no currículo escolar brasileiro a
partir da Reforma Francisco Campos, pelo Decreto 19.890/31. Priorizava a
biografia de cientistas importantes e a demonstração de seus experimentos
a partir de memorização e repetição.
A Reforma Gustavo Capanema em 1942 facilitou o acesso a esse
ensino e o subdividiu em dois ciclos: Ginasial (quatro anos) e Científico (três
anos) estabelecendo conteúdos específicos para cada ano.
A partir da década de 1950 o ensino de Ciências cresceu em
importância, pois passou a ser considerado essencial para o
desenvolvimento econômico, cultural e social, orientado pelo Movimento
Escolanovista o qual tentou substituir os métodos tradicionais por uma
metodologia ativa, centrada na experiência vivida pelos alunos em
detrimento do saber sistematizado, o que segundo Saviani (1995, p. 22),
“representou o afrouxamento da disciplina e a despreocupação com a
transmissão do conhecimento e, conseqüentemente, o rebaixamento do
ensino destinado às camadas populares”. No Brasil no início dos anos 1950
já havia um movimento preocupado com a melhoria do Ensino de Ciências
com a fundação do Ibecc (Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e
Cultura) com a finalidade de melhorar o ensino superior no país. Com o
lançamento do satélite artificial Sputnik pelos Russos, durante a Guerra Fria,
houve mudanças no sistema educacional estadunidense visando à formação
de novos cientistas e isto se refletiu nos sistemas educacionais de outros
países latino-americanos, inclusive o Brasil.
A década de 1960 ficou marcada por intensos debates políticos, por
tensões sócio-ideológicas e por gerar conflitos no currículo escolar. Neste
período surgiu a LDB 4.024/61, a qual ampliou o espaço da disciplina
denominada Iniciação às Ciências a qual teve obrigatoriedade a todas as
séries do Ginasial, cuja função era preparar o cidadão para pensar lógica e
criticamente, exercitar o método científico e tomar decisões com base em
dados e informações. Neste período surgiu também o Movimento CTS
(Ciência, Tecnologia e Sociedade).
Na década de 1970 foi firmado um acordo entre o MEC (Ministério da
Educação e Cultura) e o Usaid (Agência Norte-Americana para o
Desenvolvimento Internacional) que garantiu ao Brasil assistência técnica e
financeira para instituir a reforma universitária, através da Lei 5.540/68 e a
reforma do ensino básico através da Lei 5.692/71, marcos do ensino
tecnicista, que pretendia articular a educação com o sistema produtivo,
para aperfeiçoar o sistema capitalista. Com isso houve avanços no sistema
industrial do país, mas ocasionou degradação ambiental. O atrelamento do
desenvolvimento científico e tecnológico às guerras fez ampliar as
discussões sobre a interação entre ciência e tecnologia, incluindo a
sociedade e os efeitos nela provocados.
A década de 1980 marcou um descompasso entre o Brasil e outros
países nos quais o desenvolvimento científico e tecnológico avançava,
enquanto o Brasil vivia a transição política entre a ditadura militar e a
redemocratização, período no qual houve massificação da educação, mas
esta expansão da oferta não significou qualidade de ensino. Para aprimorar
o ensino de Ciências, alguns temas como Educação Ambiental (EA), Saúde,
Relações entre Indústria e Agricultura, Ciência e Tecnologia foram
incorporadas ao currículo desta disciplina, porém de maneira ingênua sem
estabelecer relações com a prática social.
Na década de 1990, houve um agravamento na crise econômica que
intensificou as desigualdades sociais e a multinacionalização do capital
produziu a globalização das economias e o neoliberalismo que trouxe a
discussão da qualidade total e as estratégias empresariais para o contexto
educacional, porém esta visão foi criticada por grupos de professores de
diferentes áreas, cujo ponto de vista era que numa sociedade solidária e
justa, a escola deveria formar um cidadão crítico, participativo e
transformador.
No Paraná, no início da década de 1990, surgiu o Currículo Básico
para a Escola Publica do Estado do Paraná que buscou responder às
necessidades sociais e históricas do Brasil de então. O Currículo Básico foi
norteado pela pedagogia histórico-crítica segundo a qual a escola deveria
ser valorizada como espaço responsável pela apropriação do saber
sistematizado e na qual os conteúdos passaram a ser indispensáveis à
compreensão da prática social, por desvelarem a realidade de forma crítica
e transformadora.
No Ensino de Ciências o Currículo Básico propôs integrar os
conteúdos a partir de três eixos norteadores: Noções de Astronomia,
Transformação e Interação de Matéria e Energia e, Saúde: Melhoria da
qualidade de vida. As discussões sobre Meio Ambiente não apareciam de
forma clara e não explicitou as preocupações quanto aos resultados das
ações do homem sobre a natureza. Com a promulgação da LDB 9.394/96, o
Ensino de Ciências perdeu forças, a escola passou a ser entendida como
empresa, conforme o modelo neoliberal de educação que destacava
projetos baseados em valores, habilidades e competências, em prejuízo dos
conteúdos específicos. A partir de 1996 surgiram os PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais) e os Temas Transversais, o que permitiu que amplos
temas de estudos da disciplina de Ciências como saúde, sexualidade e meio
ambiente, entre outros, passassem a ser tratados por outras disciplinas,
mas na prática esses temas passaram a ser trabalhados de fato pelos
professores de Ciências tomando o tempo de outros conteúdos
historicamente constituídos. Na maioria das vezes eram trabalhados através
de projetos curriculares e extracurriculares propostos por outras instituições
que, muitas vezes desconsideravam a proposta pedagógica da escola.
Em Ciências Naturais os PCNs foram organizados nos seguintes eixos
temáticos: Terra e Universo; Vida e Ambiente; Ser Humano e Saúde e,
Tecnologia e Sociedade. A proposição destes eixos limitou as possibilidades
de trabalho do professor e, por abordar a globalização da educação, perdeu
de vista as características regionais. A trajetória do Currículo de Ciências
sempre esteve alinhada a interesses políticos, econômicos e sociais,
determinantes na proposta pedagógica, fato este que alterou
historicamente as concepções de cidadania, de aluno, professor, ensino,
aprendizagem, escola e educação.
Posteriormente surgiram as pedagogias chamadas pos-críticas que
valorizam o pensamento reflexivo, o ensino contextualizado e a
multidisciplinaridade, o que nos permite trabalhar com mais flexibilidade
conceitos como a Educação Ambiental e Sustentabilidade.
Segundo SCOTTO, CARVALHO e GUIMARÃES (2007, pág. 8), “O
conceito de desenvolvimento sustentável entra em cena nos anos 80. É
formulado num documento intitulado Our Common Future (“Nosso Futuro
Comum”). Foi resultado do trabalho da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), formada por representantes de
governos, ONGs e da comunidade científica de vários países.” e está
presente atualmente em nosso dia-a-dia, bem como dentro da sala de aula,
cuja teoria depois, será vivenciada na prática, caso tais conceitos sejam
assimilados, apreendidos. Em princípio gera polêmicas, mas bem,
trabalhado induz à prática de atitudes e tomadas de decisões que, nem
sempre a curto prazo, surtem resultados favoráveis mensuráveis, porém
com o tempo revela-se benéfica a toda a sociedade, e não apenas ao
indivíduo. O conceito de desenvolvimento sustentável ou simplesmente
sustentabilidade significa “atender às necessidades do presente sem
comprometer as possibilidades de as futuras gerações atenderem às
próprias necessidades.”
http://planetasustentavel.abril.ig.com.br/movimento/ (Acesso em 12 Dez
2008), ou ainda, “o desenvolvimento requerido para obter a satisfação
duradoura das necessidades humanas e o crescimento (melhoria) da
qualidade de vida” (Allen apud Bellia, 1996, pág. 23).
Quando o professor conduz o aluno a um pensamento reflexivo pode
despertar nele um sentimento de que deve fazer sua parte no processo,
fazendo-os enxergar que o mundo de amanhã depende de nossas atitudes
de hoje. É necessário mostrar-lhes que suas atitudes e mudança de
comportamento devem ser vivenciadas também fora da sala de aula, pois
as questões ambientais são relativamente novas e envolvem riscos
concretos, não apenas à vida humana, mas à vida como um todo no
Planeta, acarretando a extinção de espécies, bem como trazendo
conseqüências desastrosas ao equilíbrio natural, nas suas relações de
interdependência. Hoje temos ar, água e solo poluídos; catástrofes,
doenças, alterações na paisagem e no clima, além de ameaças à
biodiversidade e à vida como um todo. Há, então, uma grande preocupação
com as mudanças climáticas, influenciadas fortemente pelas ações
humanas.
Com os avanços tecnológicos e a globalização, de maneira geral, o ser
humano, não se preocupou com as conseqüências desastrosas que suas
ações poderiam acarretar, pois o desenvolvimento técnico-científico era o
que mais contava para o modelo capitalista dominante. A mídia também
estimulava e ainda continua estimulando o consumismo, a ganância, o ter,
e as pessoas, desavisadas, seguem esta linha propagada e, até hoje, existe
o desejo de ter, de poder, sem medir as conseqüências, não levando em
consideração a capacidade do planeta de renovação dos recursos naturais
(renováveis), esgotada desde 1986.
A mídia televisiva, apresenta atualmente boa programação com
enfoque ambiental, porém em horários de menor audiência, como o início
das manhãs. Outros meios de comunicação, como jornais e revistas
científicas, nem sempre chegam aos nossos lares, devido ao preço, ou ao
pouco gosto pela leitura, principalmente por parte dos jovens.
Como as questões ambientais estão se tornando mais corriqueiras nos
planejamentos escolares e é também assunto discutido em outros espaços,
nota-se, aos poucos, nos alunos, um pouco mais de consciência e
conhecimento do assunto na última década. É comum ouvirmos dos
educandos exemplos de experiências vivenciadas nesse aspecto. Na sala de
aula, alguns professores cobram atitudes de responsabilidade social, como
quanto à seleção do lixo, para reciclagem, reaproveitamento e
compostagem, o que contribui para reduzir a pressão sobre o ambiente
natural.
Catástrofes como os furacões que causam grande devastação,
inclusive ocasionando mortes, são enfocadas nos momentos oportunos para
exemplificar como a natureza responde à falta de consciência ecológica do
homem. Os próprios alunos trocam idéias com os professores sobre tais
assuntos, demonstrando algum conhecimento prévio do assunto. Desta
forma temos a oportunidade de, inclusive, trabalhar com outros temas
geradores interessantes, como lixiviação, erosão, diminuição do nível das
águas dos rios e dos peixes, o uso indevido de agrotóxicos e a falta de
matas ciliares.
A falta de redes de esgotos nas cidades levam ao despejo de
materiais poluentes nos rios e oceanos, ocasionando a morte dos peixes e
outros organismos aquáticos, tornando as águas impróprias para o consumo
ou para o lazer.
As empresas deveriam fazer o tratamento dos resíduos e não jogá-los
“in natura” no solo, na água ou no ar, como ainda é feito, sem medir as
conseqüências de tais atos.
A industrialização, de modo geral trouxe melhoria da qualidade de
vida para parte da população mundial, mas trouxe também, graves danos
ao meio ambiente como a geração de gases poluentes, que trazem sérios
danos à saúde de todos os seres vivos. É comum vermos pessoas, em maior
número crianças, com problemas respiratórios em conseqüência da poluição
ambiental, principalmente as que vivem nas proximidades de grandes
indústrias. Deve-se combater ainda, a poluição sonora, que prejudica a
audição; a poluição visual, entre outras, que prejudicam a todos.
“O efeito estufa é um fenômeno natural da atmosfera do Planeta Terra
que existe desde tempos remotos e graças a ele é que existe vida, pois
devido ao mesmo a temperatura média na superfície é de cerca de 14° C”
(FLANERY, 2007:25.). Porém, pode variar bastante em diferentes pontos do
Globo Terrestre, o que possibilitou a formação de diferentes ecossistemas ao
longo de bilhões de anos de evolução. Também possibilitou o surgimento de
uma enorme biodiversidade, contudo, ao longo dos anos essa
biodiversidade vem sendo devastada, atingindo níveis críticos. Com isso o
que era benéfico do efeito estufa está se tornando maléfico em função de
seu aumento.
Com a Revolução Industrial a situação de degradação ambiental se
agravou, principalmente por causa da queima de combustíveis fósseis,
começando pelo carvão mineral, bem como por gases estufa gerados pelas
mais diversas atividades humanas que, posteriormente fizeram aumentar a
concentração de CO2, metano e outros GEE na atmosfera, o que já vem
desencadeando enormes mudanças climáticas que, segundo alguns
estudiosos do assunto o fenômeno pode ser irreversível.
Prevê-se que por volta do ano de 2050, a população mundial deverá
chegar a 9 (nove) bilhões de habitantes e, a continuar assim, sem o devido
respeito ao Meio Ambiente, os recursos naturais estarão esgotados,
considerando o ritmo atual de consumo. Um dos principais focos do trabalho
com a EA é possibilitar a construção de uma sociedade sustentável que nos
conduza a uma sensível mudança nos atuais padrões de consumo, que são
ambientalmente insustentáveis. É preciso acreditar que o desenvolvimento
sustentável será possível, se houver um esforço de todos, e o caminho mais
curto e mais viável é, a partir da escola, onde o professor e o aluno
interagem, acabando por haver aprendizagem para todos. Mas a real
aprendizagem ocorre quando se coloca em prática certos conteúdos
aprendidos. É comum ouvirmos que “só se aprende a fazer fazendo”,
porém, para que isto aconteça, é preciso que os alunos participem de
atividades concretas e tomem gosto pelas questões ambientais, levando os
conhecimentos adquiridos até suas comunidades. Quando isto acontece,
então surgem as esperanças de um mundo melhor, com ambiente
sustentável e qualidade de vida para todos.
Uma questão muito interessante e que muito tem colaborado para
diminuir a quantidade de lixo gerado pelas pessoas é a coleta seletiva, um
projeto já abraçado por um grande número de pessoas em todo o Brasil.
São ações cujos resultados vão além da emissão de GEE (gases de efeito
estufa), pois diminui, e muito, a quantidade de lixo nos lixões e aterros
sanitários, oportunizando ganhos sociais, econômicos, trabalhistas e de
saúde, além de ganhos ambientais.
A revista National Geographic Brasil, (Edição de junho de 2007, pág.
74-89), trouxe um artigo com o título: O Fim do Gelo, com o seguinte teor:
“É fato: o aquecimento global está derretendo as geleiras e as calotas
polares. Ninguém esperava que isso ocorresse com tanta rapidez. Quando a
água proveniente do degelo da Groenlândia penetra até o leito rochoso,
aumenta a velocidade de deslocamento do gelo em direção ao mar – um
dos vários processos de retroalimentação que aceleram o degelo global...”.
Essa matéria traz dados e fotos de geleiras em diferentes datas, o que não
deixa dúvidas de que o derretimento das mesmas começou muito antes do
que o previsto pelos cientistas. Prevê, ainda, sobre o risco de extinção em
massa de muitas espécies. O fenômeno das geleiras que estão derretendo,
está acarretando elevação do nível dos oceanos que estão avançando sobre
cidades situadas no litoral. Existe também a previsão de que a água do mar
torne-se mais ácida do que na época da extinção dos dinossauros, em
função do CO2 que satura os oceanos. Estas são ameaças que podem
assolar os oceanos, além da pesca intensiva com redes de arrasto e a pesca
em profundidade, as mudanças climáticas e a poluição litorânea. Essas
práticas poderão fazer com que em poucos anos desapareça a indústria
pesqueira, trazendo um colapso a este importante setor da indústria
alimentícia cujo produto é a base da alimentação de muitos povos. A
elevação na temperatura das águas superficiais dos oceanos, somada à
acidificação causada pela maior concentração de CO2 já têm levado muitos
corais à morte e como eles são fundamentais na ecologia marinha, muitos
outros problemas podem advir.
A dissolução do anidrido carbônico (CO2) nas águas oceânicas tem
danificado, além dos corais, outras espécies que metabolizam conchas
calcárias e isto tem afetado significativamente a diversidade biológica dos
ecossistemas marinhos, os quais podem levar vários séculos para se
recuperar, advertem os pesquisadores.
As questões ambientais são tão preocupantes que têm sido tratadas e
discutidas até mesmo por revistas cujo enfoque normalmente é outro, e
esta preocupação é planetária, liderada por pesquisadores que tem
procurado alertar governos e sociedade civil para os problemas que
poderão nas próximas décadas, colocar em risco a vida como um todo em
nosso Planeta. Procuram mostrar ainda que as possíveis catástrofes
ambientais ainda não são irreversíveis, embora não haja consenso quanto a
isto, e que ecossistemas degradados podem ser recuperados e melhorados,
mas para isso devem ser aplicadas medidas que contribuam para o seu
equilíbrio. Os recursos naturais não são apenas mercadorias a serem
exploradas, são as bases de sustentação da vida no planeta e não podemos
fazer de conta que nada está acontecendo, que não temos participação na
destruição do planeta, e cabe a cada um fazer sua parte e rever seu estilo
de vida. É comum as pessoas aceitarem o que lhes é oferecido sem
questionar de onde veio, como foi feito e o que foi usado até parar nas
mãos dos consumidores.
A mãe natureza não pertence ao homem, mas sim o homem pertence
à natureza e enquanto a humanidade não se der conta disto não faremos
grandes progressos quanto à um modo de vida sustentável e talvez nem
mesmo consigamos sobreviver como espécie, se considerarmos que a
extinção de outras espécies pode levar também à nossa, já que existe uma
interdependência entre todos os seres vivos e o ambiente e nós estamos
interferindo demasiadamente nesta dinâmica da natureza. Desta forma o
que deixaremos para as futuras gerações? Uma porção de terras emersas
bem menor do que temos atualmente e cheia de desertos inóspitos e
impróprios para a vida, sem água ou outros recursos naturais
indispensáveis.
O uso de agrotóxicos em larga escala está trazendo graves prejuízos à
saúde humana, como o surgimento de novas doenças, entre as quais a
ciência ainda não encontrou a cura para muitas, mesmo que intensamente
pesquisadas.
Aproximadamente 70% de todo alimento produzido mundialmente é
feito pela agricultura convencional, graças ao uso de agrotóxicos e
fertilizantes químicos, os quais deixam resíduos nos alimentos e no
ambiente, apenas o restante é produzido organicamente, o que seria ideal
para preservar nossa saúde e o meio ambiente.
O desmatamento é outro fator agravante e que está ocorrendo de
forma acelerada, por ganância e falta de consciência ecológica, trazendo
sérios problemas ambientais. Já as queimadas em larga escala de matas e
canaviais, além de empobrecerem o solo, contribuem para a poluição do ar
e o agravamento do aquecimento global, que por sua vez está ocasionando
o derretimento das geleiras, entre outros problemas. A perda das florestas e
outros tipos de vegetação implicam igualmente na perda dos diversos
serviços ambientais.
Algumas medidas governamentais como o aprimoramento da
legislação ambiental aliado à fiscalização mais efetiva, inclusive com a
cobrança de multas, entre outras penalidades aos transgressores destas
leis, podem contribuir decisivamente para uma mudança de paradigma em
relação aos problemas ambientais, constituindo-se em enorme desafio que
nossos governantes, juntamente com a sociedade civil organizada têm que
enfrentar, exigindo destes, coragem, determinação, esforço, vigilância e a
aplicação das grandes somas em dinheiro proveniente destas multas em
ações revertidas em preservação e recuperação ambiental. Mesmo assim,
ainda vemos muitas pessoas que transgridem as leis, não só em nosso país
de continentais dimensões, mas em todo o mundo. Medidas, muitas vezes
drásticas, são necessárias e bem vindas para dar sentido e validade ao
trabalho de minimização das mudanças climáticas.
Hoje percebemos a destruição dos ecossistemas e devemos nos
espelhar em alguns povos, cuja cultura e modo de vida não destroem o
ambiente em que vivem, portanto temos muito a re-aprender com estes
povos que convivem harmonicamente com a natureza. Embora essas
civilizações não sejam letradas, possuem o saber pela observação, e sabem
da necessidade de preservar o meio ambiente para sua própria
sobrevivência e assim mantem o equilíbrio natural, que hoje, pessoas bem
sucedidas, movidas pelo anseio de possuir cada vez mais, não respeitam.
Pessoas ligadas aos movimentos sociais, como os ambientalistas,
enfrentam freqüentemente dificuldades de mobilização, sentindo-se
impotentes e desestimulados ao buscar apoio para aplicação de leis mais
severas. Todos temos inquietações sobre o quê e como fazer para alcançar
uma maior percepção da gravidade dos problemas sociais derivados de
catástrofes ambientais e se envolvam na solução dos mesmos ao notarem a
gravidade da situação em que nos encontramos. Há uma enorme
dificuldade para fazer pessoas e grupos se envolverem, de fato, na defesa e
proteção ambiental. Pois quando se envolvem, são logo ameaçados e
alguns até são mortos por grupos interessados em destruir, que pensam
apenas em seus interesses econômicos. Foi o que aconteceu com Chico
Mendes, Irmã Doroty Stang e outros mártires das causas ambientais. Para
pessoas e grupos que agem assim a lei é branda e muitas vezes nem é
aplicada. Aqueles que se dispõem a agir em defesa do meio ambiente são
hostilizados de todas as formas, e muitos acabam desistindo, porque vêem
poucas chances de alcançar os objetivos esperados e desejados. Percebe-se
um grande desprezo pelo passado e a indiferença pelo futuro em muitos
casos.
Em sala de aula, dentro do ensino de Ciências, compete ao professor
levar informações, ouvir os alunos sobre o que sabem a respeito do assunto
e elaborar novos conceitos conjuntamente com eles. Não basta ficar apenas
nos conceitos, na teoria, é preciso partir para a prática, observando-se as
mudanças comportamentais e atitudinais. Os hábitos levam a ter atitudes
que refletem no comportamento, e o professor poderá saber se houve
mudanças, observando as atitudes dos alunos dentro e fora da sala de aula.
A educação ambiental é um processo que deve partir das famílias
que, devem educar seus filhos desde pequenos e ensiná-los, principalmente
pelo exemplo a praticar a preservação ambiental. Assim sendo não será
necessário cobrá-los futuramente por ações de degradação ambiental,
caberá à escola apenas aprimorar esses conceitos já presentes no sujeito
para formarmos cidadãos mais conscientes e responsáveis. Entretanto, as
questões ambientais só começaram a preocupar as pessoas a pouco tempo,
quando as catástrofes começaram a ocorrer, percebeu-se os efeitos das
mudanças climáticas. Desde então teve início uma corrida contra o tempo,
em busca de soluções que só serão efetivadas quando níveis de consumo
sustentáveis e modos de produção utilizando energias limpas ou renováveis
e plena consciência dos danos provocados à biosfera devido ao nosso modo
de vida atual. Mesmo assim não poderemos mais evitar algumas mudanças
climáticas, apenas minimizá-las, pois a cada árvore centenária derrubada,
levará centenas de anos para que outra substitua suas funções. E é partindo
desta idéia, mostrando na prática como isto acontece, que o professor
direciona a mudança de valores para que percebam a finitude dos recursos
naturais, levando-os a adquirir hábitos verdadeiramente saudáveis com
relação à natureza.
É, também, imprescindível que os alunos sejam levados para fora da
sala de aula para ver os fenômenos que ocorrem na prática, na natureza,
que sintam as árvores e as observem de perto façam cálculos imaginários
sobre a idade delas, sua importância para a saúde humana, a função de
cada uma no ambiente, se pode ser aproveitada na produção de alimentos,
como remédio, enfim perceber todos os possíveis serviços ambientais que
cada ser vivo desempenha, mesmo que seja difícil percebê-los.
É indispensável que o professor verifique previamente o que os alunos
já conhecem sobre o assunto em estudo e partindo de seus conhecimentos
prévios trabalhar ampliando sua aprendizagem para que se torne
significativa, propondo atividades, preferencialmente em grupo para que
possam trocar idéias e saberes. A troca de experiências é muito importante
para facilitar a comunicação e o entendimento, e ainda trocar informações
sobre suas culturas diferenciadas.
O professor deve trabalhar situações reais e pertinentes a todos os
integrantes do grupo, (utilizando-se de metodologias adequadas à
idade/série) tais como o cálculo de quantidade de CO2 emitida anualmente
por cada um, e a partir daí mostrar-lhes que é possível reduzir as emissões
com mudanças simples em nossas atividades do dia-a-dia, sem a
necessidade de abrir mão do conforto e da comodidade que cada um tem,
mas para que isso aconteça há necessidade de mudanças como já foi dito
anteriormente para que sejam exemplo na comunidade escolar. É
importante também que o professor utilize diferentes recursos didáticos tais
como: laboratório de informática da escola para que pesquisem e ampliem
seus conhecimentos, realizar a exibição de vídeos, avaliar imagens, tabelas
e gráficos, que podem dizer mais do que palavras. Além de apresentar
revistas, jornais e livros que tragam artigos científicos, enfim deve tornar
suas aulas atrativas e variadas.
Para que o trabalho se torne mais significativo, pode ainda
desenvolver atividades extra-classe como levá-los a conhecer nascentes e
rios e discutir “in loco” com eles se estão bem preservadas ou se há
necessidade de executar alguma intervenção para sua recuperação, deve
também deixar claro que uma área recuperada, para atingir o clímax,
dependendo do ecossistema, pode levar pelo menos um século.
Outra forma de se promover a educação ambiental é levá-los a visitar
diferentes locais como estações de tratamento de água, ou de esgoto e
indústrias para que vejam, na prática, como é feito o tratamento da água e
dos resíduos para que não prejudiquem o meio ambiente, lembrando
sempre que qualquer atividade extra-classe precisa ser bem planejada.
Após essas visitas, é necessário cobrar dos alunos uma avaliação do que
viram e ouviram, através de atividades como: relatos orais e escritos,
gráficos, desenhos e outros que permitam ao professor evidenciar os
ganhos educacionais advindos de tais atividades. Outra atividade bastante
prática e que o professor pode e deve fazer com seus alunos é a
compostagem do lixo orgânico, desde que a escola possua local apropriado
para tal. Na sequência pode aproveitar o composto numa horta para
mostrar a diferença de produtividade e que não há necessidade de
adubação química maciça. Fazendo-se isto na escola, os alunos aprendem
a aproveitar o lixo orgânico doméstico em suas hortas ou jardins, evitando o
uso de adubos químicos sem comprometer a produção e a saúde. É
importante também, a reciclagem e o reaproveitamento de materiais,
começando pela escola para que depois o façam em suas casas.
As respostas da natureza aos desatinos humanos estão aparecendo
de todas as formas e em todas as partes do mundo: são secas, furacões,
enchentes, entre outros fenômenos, que têm ocorrido com maior
intensidade. As mudanças climáticas podem provocar uma significativa
redução na produção agropecuária trazendo consigo a escassez e maior
preço dos alimentos, escassez cada vez maior dos recursos naturais,
sobretudo da água, trazendo graves transtornos à população. Segundo
alguns estudiosos dos fenômenos climáticos, é possível que num futuro
próximo haja um agravamento ainda maior destes e outros fenômenos não
menos graves como a desertificação. Assim sendo poderá haver fome e
doenças para grande parte da população humana, bem como redução da
biodiversidade.
A tomada de decisões conjuntas pelas diferentes nações, como forma
de otimizar os recursos e dividir responsabilidades com relação às questões
ambientais teve início em 1972 com a realização da Conferência de
Estocolmo, seguida por outras até chegar à Conferência das Nações Unidas
Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92), onde houve a
assinatura de importantes documentos como a Agenda 21, por grande
número de nações. Na sequência de eventos desta natureza, houve em
1997, em Kyoto, Japão a assinatura de um protocolo denominado Protocolo
de Kyoto, no qual os países signatários comprometeram-se a reduzir as
emissões de CO2 e outros quatro GEE. Tivemos depois a Rio + 10 em
Johannesburgo, África do Sul. Apesar de que nem todas as metas traçadas
nestes documentos tenham sido alcançadas, devemos destacar que houve
avanços, e como o diálogo permanece aberto entre muitas nações,
devemos esperar que o bom senso prevaleça e assim metas mais
ambiciosas sejam alcançadas no sentido da mitigação das mudanças
climáticas.
Diante do que estamos vendo, é urgente repensar a educação formal,
partindo da reformulação dos currículos d da formação de professores, algo
que deve ser mudado através dos nossos governantes e da Secretaria do
Estado da Educação. Havendo mudanças na grade curricular, certamente o
processo de ensino-aprendizagem deverá ser mais completo, onde todos os
professores em todas as áreas de formação devam enfocar o tema em
questão com mais intensidade, alertando seus alunos quanto a sua
responsabilidade na preservação ambiental. Os professores devem
trabalhar com o mesmo objetivo, que é tornar os alunos mais esclarecidos e
mais responsáveis com o meio onde vivem, estudam e trabalham.
Necessário se faz avaliar com os alunos, ainda, o impacto causado ao meio
ambiente diariamente por cada indivíduo, afinal a responsabilidade e a
busca de soluções deve ser conjunta.
É muito fácil apontar os problemas, o difícil é encontrar as soluções.
Trabalhar com a turma nesse sentido, buscando as soluções, não só na
teoria mas sobretudo na prática. Discutir com eles quais ações cada um
poderá incluir em seu dia-a-dia para diminuir o impacto frente às mudanças
climáticas e outros desastres ambientais. Devemos acompanhar as
possíveis mudanças de valores, atitudes e comportamentos dos alunos, que
podem ser evidências de que está ocorrendo aprendizagem significativa.
Há necessidade ainda, que o currículo das faculdades e universidades
sejam acrescidos de conteúdos que formem professores aptos a trabalhar
as questões ambientais com seus alunos, de forma concreta.
Partindo dos exemplos acima e de tantos outros mais, é que o
professor pode aprimorar sua prática pedagógica e contribuir para a
formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis, pois mudar os
hábitos de pessoas mais velhas é muito difícil. Daí resulta a necessidade de
as escolas investirem na formação de crianças, adolescentes e jovens para
alcançar uma conscientização efetiva em se tratando do meio ambiente e a
partir de então, talvez num futuro próximo tenhamos cidadãos que possam
reverter a situação que estamos vivenciando hoje, onde sofremos as
conseqüências da falta de compromisso e desmandos da parte da
humanidade.
Os impactos das atividades humanas sobre o Planeta Terra não
aconteceram de um momento para outro, sempre houve um desejo
desenfreado do homem em ter mais, buscando desesperadamente
aumentar seu poder e nessa busca tem destruído o que a natureza levou
bilhões de anos de evolução para construir. Não houve a preocupação com
o meio ambiente, quais conseqüências o mesmo poderia sofrer, nem
mesmo houve o compromisso em reflorestar áreas antes utilizadas na
agricultura ou simplesmente para a exploração da madeira; usa-se a terra
enquanto produtiva e depois a abandona, deixando por conta da natureza
para se recompor. Por mais sábia que seja a natureza, dificilmente a
vegetação que levou centenas de anos para se formar será recomposta
igualmente. Sendo assim, o que uma geração destruiu, a mesma não
voltará a ver tudo refeito, devido aos impactos devastadores praticados,
porém sofrerá as conseqüências de seus atos desastrosos.
O cultivo de lavouras ou pastagens em áreas devastadas para a
produção de alimentos, seja por derrubadas ou queimadas realizadas para
facilitar o cultivo da terra, foram atos executados muitas vezes pela falta de
informações quanto aos resultados danosos destas práticas, o que suscita a
necessidade de investir também em pesquisas para encontrar formas
sustentáveis para a realização de tais atividades, respeitando as
particularidades de cada região ou ecossistema uma vez que os efeitos do
fogo ou desmatamento faz com que o solo fique empobrecido e que ocorra
uma simplificação destes ambientes uma vez que afugenta ou extingue
inúmeras espécies, e tudo isso sem contar que as queimadas são
responsáveis por grande parte das emissões de CO2, um dos principais
gases causadores do aquecimento global. É comum ser jogado nos rios e
nos oceanos, muitos tipos de poluentes e contaminantes: redes de esgotos
que são canalizadas para os rios, os acidentes com embarcações que jogam
óleo e lixo nas águas.
É importante que os professores mantenham-se informados e
capacitados para mudar sua prática pedagógica na direção de uma
aprendizagem mais significativa, uma vez que os inúmeros meios de
comunicação disponíveis na atualidade têm abordado a EA (Educação
Ambiental) e desta forma os alunos já possuem uma grande quantidade de
informações a respeito deste assunto, sem no entanto desenvolver a
sensibilidade para mudar suas atitudes e comportamentos e este é o
calcanhar de Aquiles dos professores ao tratar da EA, sistematizar estas
informações para que se transformem em conhecimento, pois grande parte
dos alunos tendem a permanecer com as mesmas atitudes de antes,
mesmo sendo possuidores de grande volume de informações. Assim sendo
a metodologia adotada e as atividades propostas precisam ser significativas
e interessantes para incutir no aluno alguma mudança de comportamento.
Grande parte da comunidade científica internacional aceita que a
emissão excessiva de dióxido de carbono, proveniente principalmente da
queima de combustíveis fósseis é a principal causa das mudanças
climáticas, sendo produzido inclusive, em grande parte pelo aquecimento
dos lares no hemisfério norte e nos transportes que utilizam combustão
interna. Uma fundação inglesa chamada Energy Saving Trust garante que
85% das pessoas subestimam o impacto de suas casas e estilos de vida na
alteração do clima. A mesma ainda recomenda que, ao se adquirir um
eletrodoméstico, seja verificada sua classificação quanto ao consumo de
energia elétrica. Da mesma forma, os microondas, embora exijam mais
recursos na fabricação, utilizam menos energia do que fornos convencionais
para aquecer alimentos.
Cada pequena atitude no sentido de se evitar o consumo de produtos
que venham a poluir o ambiente ou aumente a emissão de gases estufa, já
representa alguma contribuição para a melhoria do Planeta Terra. Uma
pessoa sozinha não pode salvar o mundo, mas pode fazer um esforço maior
do que aquele que fazia anteriormente para melhorá-lo.
Ocasionalmente tem surgido Programas de Governo que amenizam os
desastres ambientais, tais como o Programa Mata Ciliar e Paraná
Biodiversidade, do Governo do Estado do Paraná e o aprimoramento da
legislação ambiental e da intensificação da fiscalização pelo Governo
Federal, ou ainda por parte de ONGs como a SOS Matatlântica e a SPVS com
o clic árvore e a Investigação do seqüestro de carbono pela mata atlântica
respectivamente, o que tem contribuído para melhorar o microclima local,
preservar e recuperar espécies, ou formando corredores ecológicos que
muito contribuem para a troca de material genético entre espécies de
remanescentes florestais distintos, preservação de nascentes e rios,
seqüestro de carbono, entre outros serviços ambientais. Atualmente é
inadmissível o modelo de crescimento econômico adotado no passado onde
chaminés fumarentas eram sinônimo de progresso e crescimento
econômico que poderiam trazer bem estar e qualidade de vida, mesmo
provocando degradação do meio ambiente, com intenso uso de matérias-
primas não-renováveis e energia.
Para Scotto, Carvalho e Guimarães (2007, pág. 19) “A consciência da
crise ecológica nos anos 70 veio somar-se às constatações do fracasso do
desenvolvimento na solução dos problemas globais, denunciando a
exploração ilimitada dos bens ambientais e a insustentabilidade social e
ambiental por ele gerada”.
Diante da dificuldade encontrada pelos professores para bem conduzir
suas aulas, torna-se necessária uma mudança de paradigmas quanto aos
conceitos ora trabalhados no intuito de atingir a tão esperada
aprendizagem significativa que, de fato, leve o aluno a adotar mudanças
conceituais, atitudinais e procedimentais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os elementos que compõem o conceito de desenvolvimento
sustentável já colocados, como a preservação da qualidade dos sistemas
ecológicos, e a necessidade de crescimento econômico para satisfazer as
necessidades humanas e a equidade, para que todos, geração presente e
futura possam compartilhar os recursos naturais, são meios de perceber
que os ideais do desenvolvimento sustentável são bem maiores do que
preocupações específicas como racionalização do uso de água e energias,
desenvolvimento de técnicas substitutivas de produção, uso de bens
renováveis ou não e adequado manejo de resíduos, entre outros. Apesar da
importância deste conceito nos atuais debates, políticos e científicos, não
existe uma única definição que seja compartilhada por todos os
interessados, mas principalmente é o reconhecimento de que a pobreza, a
deterioração do meio ambiente e o crescimento populacional que estão
indiscutivelmente interligados e nenhum destes problemas fundamentais
pode ser resolvido de forma isolada.
Na busca de parâmetros ditos como aceitáveis, visando a convivência
do ser humano numa base mais justa e equilibrada, precisamos examinar
ainda as conseqüências da imposição ou dependência da transferência de
tecnologias de outros países, ditos desenvolvidos e seus impactos locais.
Estes aspectos, entre outros, são enfoques diferentes que podem, e
devem, ser abordados, através da Educação Ambiental, dentro do ensino de
Ciências, mas de forma diferenciada, através de metodologias que
privilegiem a aprendizagem significativa como a TAS (Teoria da
Aprendizagem Significativa), proposta por Ausubel (1986), Moreira (2006) e
outros, pois conteúdos significantes trabalhados de maneira adequada
podem contribuir decisivamente para a formação de novas gerações
verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade, afinal, nós seres
humanos devemos ter consciência e sermos responsáveis pela preservação
e defesa da vida porque dela fazemos parte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORSATO, D.; GALÃO, O. F.; MOREIRA, I. Combustíveis Fósseis: Carvão e
Petróleo. Londrina, Os Autores, 2005.
BURSZTYN, M. (org.) (1994). Para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Brasiliense.
FLANNERY, T. Os Senhores do Clima: Como o homem está alterando
as condições climáticas e o que isso significa para o futuro do
planeta. Record, Rio de Janeiro/São Paulo, 2007, 388p.
<http://br.geocities.com/vpuccini/desenv.htm > Acesso em 09 Dez 2008.
<http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=43375&edt=1> (Acesso em 17 Fev. 2008)
<http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2007/07/30/ult4905u32.jhtm > (Acesso em 30 Jul. 2007).
<http://www.carbono-zero.com/> (Acesso em 24 Fev. 2008)
<http://www.carbonobrasil.com < (Acesso em Fev. 2008)
<http://www.carbonobrasil/mudancas.htm?id=125607 > Acesso em 31 Out.
2007)
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br > Acesso em 10 Dez 2008.
<http://www.selecoes.com.br > Acesso em Fev. 2008
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u375110.shtml> (Acesso em 24 Fev. 2008)
<http://www1.uol.com.br/bibliot/linhadotempo> (Acesso em 02 Out. 2007)
<http://www3.pr.gov.br/mataciliar/> (Acesso em 23 Fev. 2008)
Jornal Radar, nº. 2172, Apucarana, PR, pág. 15, jan./fev. de 2008.
Jornal Tribuna do Norte, Caderno Cidades, pág. A5, 02/12/2007.
LEFF, E. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade e Poder. Petrópolis, RJ, Vozes. 2001
MARTINEZ, P. H. História Ambiental no Brasil: Pesquisa e Ensino. Coleção questões da nossa época, São Paulo, Cortez, 2006.
MEDEIROS, G. L.; Bellini, L. M. Educação Ambiental como Educação
Científica: Desafios para Compreender Ambientes Sob Impactos.
Londrina, Eduel, 2001.
MOREIRA, M. A. A Teoria da Aprendizagem Significativa e sua Implementação em Sala de Aula. Brasília: Ed. UnB, 2006
PARANÁ/SEED – Diretrizes Curriculares de Ciências para a Educação Básica do Estado do Paraná, Curitiba: 2006.
SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras Aproximações. Coleção Polêmicas do Nosso Tempo. São Paulo: Autores Associados, 1991.
Revista Canção Nova, Edição Mensal do Associado, Ano VI, Nº. 78, pág. 14, Junho de 2007.
Revista National Geographic Brasil, Ed. Abril, São Paulo, SP, Edição de junho de 2007, p. 74-89.
Revista Nova Escola, Ano XXII, Nº. 202, Ed. Abril, Maio de 2007, págs. 44-51.
Revista Scientific American, ano 5, nº. 58, págs. 50 a 55, março de 2007.
Revista Seleções Reader’s Digest, Rio de Janeiro, RJ, Dez. 2006, p. 67-69.
Revista Super Interessante, São Paulo, SP, ed. Abril, edição 247, 15 dez. 2007, pág. 84-87.
Revista Veja, Encarte Manual de Etiqueta, Edição 2035, Ano 40, Nº. 46, Ed. Abril, 21 Nov. 2007.
SCOTTO, G.; CARVALHO, I. C. M.; GUIMARÃES, L. B. Desenvolvimento Sustentável: Conceitos Fundamentais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
SILVA, C. L.; MENDES, J. T. G. (orgs.). Reflexões Sobre o Desenvolvimento Sustentável. Petrópolis, RJ, Vozes, 2005.