Trabalho final grupo

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Mestrado em Ensino de Música Sociologia da Educação e Profissão Docente I A Orquestra como Fator de Inclusão Social Trabalho realizado por: Carla Marques (PG 23435) Sara Vilaça (PG 23433) Vânia Fontão (PG 23439) Docente: Prof. Dr.º Manuel António Silva fevereiro 2013

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Mestrado em Ensino de MúsicaSociologia da Educação e Profissão Docente I

A Orquestra como Fator de Inclusão Social

Trabalho realizado por:Carla Marques (PG 23435)

Sara Vilaça (PG 23433)Vânia Fontão (PG 23439)

Docente: Prof. Dr.º Manuel António Silva

fevereiro 2013

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Índice

Introdução 3

O Conceito de Inclusão Social e os seus Princípios 5

Inclusão Social através da Música 7

Multiculturalismo 9

Exemplos Concretos

El Sistema (Venezuela) e a Orquestra Geração (Portugal)

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Conclusão 16

Referências Bibliográficas 17

Anexos i

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Introdução

Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, a educação deve ser para todos.

“Respeitar a dignidade pessoal e as diferenças culturais dos alunos valorizando os

diferentes saberes e culturas, prevenindo processos de exclusão e discriminação” (alínea

a, art. 10º Decreto-Lei º 15/2007 como citado em Pacheco, 2008, p. 46) são os

pressupostos da referida lei.

Mas qual a melhor forma de concretizar este pressuposto da constituição

Portuguesa que é também desejado a nível internacional?

No nosso entender será através das artes. As artes segundo Abeles, Hoffer e

Klotman (1995) proporcionam ao ser humano algo mais do que a sobrevivência e, é

aliás, este aspeto que o diferencia do ser irracional. A sua capacidade de pensar e

comunicar levou-o à sua evolução e ao progresso da humanidade. Contudo, muito ainda

há a fazer com o objectivo de alcançar a igualdade de direitos e oportunidades prevista

em documentos como a Declaração dos Direitos Humanos.

Segundo Reimer, (1970, p. 2) “sociólogos e antropólogos olham para as artes

pelas percepções que elas transmitem através de fenómenos sociais como a formação de

atitude, diferenças socioeconómicas na utilização das artes, crenças culturais implícitas

em cerimónias com recurso às artes, entre outros casos”. Assim é nosso propósito

evidenciar de que forma é que música, uma arte, é um caminho para a inclusão social e

encerra em si a possibilidade de encontros multiculturais.

No primeiro capítulo iremos contextualizar o conceito de Inclusão Social através

de autores como Pacheco (2000), Rodrigues (2003), Sassaki (1997), Stainback (1999) e

Santos (2007). Estando o meio escolar associado ao conceito de multiculturalismo

abordaremos, o mesmo, quanto à sua origem e implicações para o ensino. A pertinência

desta abordagem incide no facto de não raras vezes a música ser um encontro

multicultural.

Com efeito, no terceiro capítulo, é apresentada a Orquestra Simón Bolívar e o

Sistema de Orquestras Venezuelano como exemplo prático desta teoria. Abordaremos,

também, a implementação deste projecto em Portugal através da Orquestra Geração. Em

relação a esta última, tentaremos reforçar a sua componente multicultural. Como

suporte teórico deste capítulo recorremos a um documentário de Alberto Arvelo (2006),

“Tocar y Luchar”, para o primeiro caso, e uma entrevista via correio electrónico ao

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Professor Pedro Muñoz, Cordenador Artístico e Pedagógico da Orquestra Geração, para

o segundo exemplo prático.

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O conceito de Inclusão social e os seus princípios

A inclusão social é um tema que tem ganho destaque na sociedade,

especialmente a partir da década de oitenta do século XX, quando a ONU organizou o

ano internacional da pessoa com deficiência. e tem sido aplicado com muita profusão no

campo das políticas sociais. Segundo Sassaki (1997), o movimento de inclusão social

teve início na segunda metade dos anos oitenta nos países mais desenvolvidos, e, na

década de noventa, nos países em desenvolvimento também direccionado a pessoas sem

acesso a programas sociais, culturais ou qualquer outro programa inclusivo. O termo

“incluir” significa semanticamente estar incluído ou abrangido, fazer parte, valorizando

a pessoa. Definir a essência da inclusão social é um assunto complexo, sendo uma

matéria bastante discutida em múltiplos ramos da sociologia. Há, no entanto, uma

unanimidade entre os sociólogos que entendem que não é possível considerar alguém

incluído na sociedade se lhe forem negados direitos mínimos, integrantes da própria

cidadania: não apenas os civis e políticos, mas sobretudo, os sociais. De acordo com

Pacheco (2000, p.111), “a cidadania tem vindo a tornar-se numa área adiada que revela

a existência de uma preocupação que sempre se tem relacionado com a dimensão moral

da educação”. É importante mencionar no âmbito da cidadania que esta não se restringe

apenas a questões políticas e civis, como é tradicionalmente entendida. A cidadania

plena engloba a ideia de que o indivíduo, entre outros direitos, tem acesso à saúde, à

educação e ao trabalho decente. Neste contexto está patente a cidadania social.

É possível encontrar uma alusão ao sentido de inclusão social na Declaração

Universal dos Direitos Humanos, proclamada a 10 de dezembro de 1948, onde

encontramos, no seu primeiro artigo, a exaltação da igualdade de dignidade e direitos

entre todas as pessoas.“Toda a pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdadesestabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie,seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outranatureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualqueroutra condição” (ONU, 1948).

Há vários conceitos e inúmeros estudos sobre o tema, havendo entre eles uma

linha que os une: a inclusão social revela um processo de conquista dos direitos por

parte de diversos problemas sociais marginalizantes como pessoas portadoras de

necessidades especiais, trabalho infantil, exploração e discriminação devido à raça,

sexo, orientação sexual, etnia, prostituição e ainda questões relacionadas com a pobreza.

De acordo com o Decreto-Lei nº 125/2011, tem, ente outras atribuições específicas

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“Promover a coordenação das políticas de educação, ciência, qualificação e formação

profissional com as políticas relativas à promoção e difusão da língua portuguesa e

apoio à família, à inclusão social e ao emprego” (D. L nº 125/ 2011, de 29 de dezembro

alínea c). Este ponto manifesta a necessidade da promoção da inclusão.

A inclusão e os conceitos que lhe estão implícitos estão diretamente relacionados

com o conceito de exclusão social. Falar da existência de pessoas incluídas implica a

existência de pessoas excluídas. Segundo Braga (2010, p.3), a inclusão “ (...) insere-se

nos grandes movimentos contra a exclusão social (...) tendo com princípio a defesa da

justiça social, celebrando a diversidade humana”. Para enfrentar questões relacionadas

com a exclusão social foi, então, necessário criar estratégias de inclusão social. Segundo

Rodrigues (2003, p.9), “não é possível conceber uma escola inclusiva num `mar social`

de exclusão”.

Sassaki (como citado em Oliveira, Nogueira & Neves 2004, p.3) proporciona

um excelente contributo na definição de inclusão social através do seu estudo sobre o

tema: “inclusão social é um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir,

nos seus sistemas sociais gerais, pessoas com carências especiais e simultaneamente

estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade”. De acordo com outro autor,

Stainback (1999), este movimento ganhou um grande impulso no início da década de

noventa, com a reforma geral da educação, sendo a reestruturação da escola vista como

um objetivo fundamental na reinserção dos alunos. Apesar do termo inclusão estar

ligado a contextos dos jovens com deficiência, esse termo foi expandido, abarcando

todas as dimensões que contemplam necessidades educativas: “a participação na

construção de uma sociedade democrática em que a justiça, o respeito pelo outro e a

equidade sejam os grandes princípios de ser e estar consigo e com os outros, será

gerador de escolas verdadeiramente inclusivas” (Sanches & Teodoro, 2006, p.69).

A LBSE (Lei nº46/86) enaltece os valores e direitos fundamentais existentes na

lei portuguesa, dando ênfase aos princípios da integração socioeducativa a que o

Decreto-Lei nº 319/96 vem configurar, considerando a “escola para todos” (D.L.

319/96,preâmbulo).

O ato de incluir é oferecer a todos a oportunidade de acesso a bens e serviços,

dentro de um sistema que beneficie toda gente e não apenas os mais favorecidos.

Segundo Santos (2007, p. 50), “a concepção inclusiva representa, basicamente, uma

filosofia de aceitação que se pretende concretizar na construção de um modelo de

atendimento educativo onde todas as crianças, famílias e outros cidadãos possam ser

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igualmente valorizados, respeitados e tratados equitativamente na escola”. A prática da

inclusão social centra-se em valores sociais dos quais se destacam a aceitação das

diferenças de cada pessoa, a valorização de cada indivíduo, a convivência e a

aprendizagem através da cooperação. O processo de inclusão é aplicado em cada

sistema social. Assim, existe a inclusão na educação, lazer, saúde, desporto, informática

e música.

A base da inclusão social é fundamentada nos conceitos de ética e justiça, e o

seu ideal é o fomento da auto-estima, o desenvolvimento das relações sociais e a

igualdade de oportunidades para todos os seres humanos, através da atuação de

atividades comunitárias e culturais. Desta forma, e como referimos anteriormente, o

conceito de inclusão social é construído na perspetiva da cidadania. No campo da

educação, “a escola poderá cumprir melhor, e de outras formas mais adequadas, a sua

função socializante e socializadora” (Santos, 2007, p.50). Um outro autor, Alarcão

(2003) fala mesmo da multidimensionalidade da escola que ocupa uma dimensão

construtiva, formativa, socializadora, democrática, multicultural e reflexiva. Segundo

Nielson (1999), o que é pretendido com a inclusão escolar é que todos os alunos tenham

direito e acesso a uma educação igual e de qualidade onde se respeite as suas

necessidades e características. A escola assume-se como uma grande representante da

inclusão social: “Ela constitui-se como espaço educativo, formativo, bem como de

convivência e utilidade social (...)” (Madureira & Leite, 2003, p.18).

Perante estas informações, é nosso objetivo analisar a representatividade das

artes como veículo de inclusão social, analisando especificamente o caso da música.

Inclusão social através da música

A arte é um dos melhores meios da aplicação do processo de inclusão social uma

vez que integra e inclui pessoas com privações (geralmente a nível financeiro) e afasta

as diferenças. De acordo com Godoy (2002) “sem fronteiras, a arte não tem limites, não

tem barreiras a não ser a do preconceito, da exclusão da injustiça”. E prossegue, “a arte

desconhece diferenças, desconhece limites e por isso mesmo nos coloca a todos em pé

de igualdade”.

A música, como forma de arte, é um agente social de grande proficiência em

questões de vivências humanas, educativas e sociais. Neste contexto, é considerada um

excelente meio de inclusão social, constituindo um importante agente de intervenção em

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diferentes campos de ação do desenvolvimento infantil. Como meio de inclusão social,

o papel da música desempenha um papel central no “ resgate da dignidade e exercício

da cidadania de crianças, adolescentes e adultos que de alguma forma estejam exclusos

do convívio social e em situação de risco” (Salles, 2004, como citado em Oliveira,

2006, p.19).

Segundo Oliveira (2006, p.19), “a cultura é vista como um importante meio de

reconstrução da identidade sócio- cultural e a música está entre as atividades de

significativo apelo para a realização de projetos sociais”. A música liberta as pessoas e

poderá ajudá-las na orientação de boas escolhas: “A educação musical não deve visar à

formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de

hoje” (Brito, 2001, p. 46). Muitos trabalhos na área têm revelado a importância da

música na construção da identidade das crianças e adolescentes mais carenciados.

Koellreutter (1997, como citado em Brito, 2001, p. 26) afirma que “a música é, em

primeiro lugar, uma contribuição para o alargamento da consciência e para a

modificação do homem e da sociedade”.

A política de inclusão social utilizando a música como meio é um requisito já

comprovado em inúmeros estudos para a diminuição da violência e o aumento da auto-

estima dos envolvidos. O educador e pedagogo Snyders (1992), defende que a música a

música é uma atividade criativa e integradora podendo contribuir como um importante

recurso pedagógico: “a música serve de motivação, eleva a auto-estima, estimula áreas

do cérebro, desenvolve a sensibilidade, a criatividade, a capacidade de concentração, o

raciocínio lógico, a sociabilização” (Snyders,1992, como citado em Melo, 2008, p. 5)

Além do desenvolvimento cognitivo e das aptidões individuais, as atividades musicais

estimulam as pessoas nas competências de relacionamento com os outros. Como meio

propício de relacionar pessoas, é capaz de incluir os alunos com mais dificuldades e

necessidades (quer físicas, económicas ou sociais) entre o resto dos companheiros.

Segundo a teoria das inteligências múltiplas de Gardner (1995), a música tem a

competência de influenciar o homem a nível físico e mental, podendo vir a contribuir

para a coerência pessoal, facilitando a integração e a inclusão social.

A música apresenta-se, então, como uma componente fundamental na

construção da cidadania onde as suas manifestações culturais são capazes de mudar

determinadas realidades sociais.

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Multiculturalismo

Multiculturalismo é um movimento que “respeita a diversidade de modos de

vida de cada sociedade, as suas características próprias, os seus valores éticos e a sua

identidade cultural” (Lazzarin, 2006, p. 125).

O Multiculturalismo compreende uma conceção da integração que “reconhece,

por um lado, a multiplicidade dos grupos eteno-culturais (...) e por outro, a recepção (...)

dessa mesma diversidade cultural” (Savidan, 2010, p.18).

Este conceito, segundo Gonçalves e Silva (1998), surge em finais do séc. XIX,

nos Estados Unidos, e difunde-se em toda a cultura ocidental como meio de combater a

discriminação e preconceitos em relação aos grupos minoritários e a todo o espaço

escolar. O movimento tem como vanguardistas George W. Williams, Carter G.

Woodson, W. E. B. Dubois, Charles H. Wesley e St. Claire Drake que ergueram

assuntos culturais e sociais fundamentados em argumentos científicos para que os

grupos minoritários ambicionassem a igualdade pelos seus direitos. Segundo Almeida

(2007), relaciona-se com áreas do saber como ciências humanas, filosofia, antropologia,

pedagogia, sociologia, ciências políticas e história.

De acordo com Luís Fernando Lazzarin, esta nova conceção da escola depara-se

com três problemas:“ […] a diferença, o lugar da minoria em relação à maioria, a identidade e oseu reconhecimento”. Para essas três grandes problemáticas há pelo menosduas leituras: uma política, que contempla a questão da conquista de direitospolíticos e sociais dentro de um Estado; outra antropológica, que evidenciauma análise eminentemente cultural, e contempla movimentos que não têmnecessariamente uma base étnica, nacional ou política, mas um sentimento deidentidade e valores comuns.” (Lazzarin, 2006, p. 126)

O autor também refere que alguns teóricos de educação musical vêm esta

aculturação como forma de definir identidades:“ […] o termo “multicultural” designa a característica de sociedadesformadas por múltiplas comunidades culturais, que convivem entre si. Por“multiculturalismo” entendem-se certas abordagens de como os problemas econflitos, gerados pela convivência entre essas comunidades “originais”,podem ser administrados” (Lazzarin, 2006, p. 122).

Para Térren (2004, pp. 14-15), as escolas como fator de inclusão social, “devem

desenvolver-se como espaços de oportunidades que podem fazer contrapeso frente ao

incremento da associação da diversidade com a exclusão e frente às principais fontes de

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segregação”, ou seja, o sistema educativo deve combater as disparidades dos vários

grupos.

Multiculturalismo e inclusão social encontram-se intimamente ligados já que o

principal objetivo da multiculturalidade é a concretização da igualdade de oportunidades

educativas para todas as crianças, independentemente da sua origem étnica, social,

racial e do género. Nesta medida, a educação multicultural como fator de inclusão,

rejeita e combate todo o tipo de descriminação e desigualdade, promovendo a partilha, a

valorização e o respeito pela diversidade cultural, concedendo igualdade de

oportunidades para todos os cidadãos.

Educação multicultural é um “conjunto de estratégias organizacionais,

curriculares e pedagógicas ao nível do sistema, de escola e de classe, cujo objectivo é

promover a compreensão e tolerância entre indivíduos de origens étnicas diversas

através da mudança de percepções e atitudes com base em programas curriculares que

expressem a diversidade de culturas e estilos de vida” (Carrington como citado em

Cardoso, 1996, p. 9). A educação multicultural exige que toda a escola, em conjunto, a

nível administrativo e pedagógico, se estruture de modo a acolher a diversidade dos

seus alunos e defendendo o pluralismo dos seus alunos, famílias e comunidades. Assim,

esta educação deve passar pela escola que não pode ignorar a realidade multicultural

atual dado que tem um papel crucial a desempenhar nos “processos de integração e de

construção de uma cidadania para todos, como resposta à diversidade étnica e cultural

de quantos a frequentam” (Conselho Nacional de Educação, 2000, p. 9). Deverá,

portanto, a escola “promover uma educação para a cidadania, onde a progressiva

autonomia, responsabilidade e capacidade crítica dos alunos se construa no respeito

pelos valores fundamentais da cooperação, solidariedade e respeito mútuo” (Conselho

Nacional de Educação, 2000, p. 143).

A educação multicultural vê a escola como um sistema social que consiste em

interligar as várias partes (Banks, 2005). “A educação multicultural e intercultural

procura familiarizar as crianças com as realizações culturais, intelectuais, morais,

artísticas, religiosas de outras culturas, principalmente das culturas não dominantes”

(Maclaren, 1997, p. 16). Se as crianças se fecharem para a riqueza cultural da

humanidade, perderão a capacidade de aprender e se humanizar.

Em suma, pode dizer-se que a diversidade cultural germina a carência de

interrogar e incitar debates sobre questões de preconceitos e discriminações, de forma a

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fomentar a luta pela igualdade dos direitos de todos, para além das diferenças culturais e

sociais.

Exemplos Concretos

El Sistema (Venezuela) e a Orquestra Geração (Portugal)1

Muitos são os estudos referentes à presença da música nas escolas como fator de

evolução e de integração do ser humano, apesar de muitas vezes ser uma área

desvalorizada nos currículos de estudo.2 No entanto, esta está presente em quase todas

as experiências diárias do ser humano.

Verifica-se que “a música e as [restantes] artes são uma das maiores

manifestações do ser humano para pensar e aspirar inquietamente a algo mais do que a

sobrevivência” (Abeles, Hoffer, & Klotman, 1995, p. 66).

Neste contexto, verificada a relevância da música, é nossa pretensão evidenciar

de que forma é que esta pode ser um fator de coesão nas sociedades. Gauthier e Tardiff

(2010, p. 28) dizem-nos que a educação depende estritamente da cultura. Assim, sendo

a música em todas as suas vertentes [é] um fator de cultura e de difusão de identidades,

por exemplo nacionais e regionais, também ela em si, encerra diversidade, sobretudo

através dos que a “fazem” (compositores e intérpretes).

O caso mais evidente de sucesso na integração através da música é o designado

o Sistema Nacional de Orquestras da Venezuela para crianças e jovens. El sistema,

designação venezuelana, envolvia em 2001 (Abreu, 2001), cerca de 110.000

crianças/adolescentes venezuelanos. Estas crianças formam cerca de 120 orquestras de

juventude, 60 orquestras de crianças e coros. O treino musical inicia-se aos 2 anos

ensinando-os a ter disciplina, que assim torna a música clássica como base cultural para

o efeito; o sistema disponibliza outras atividades como workshops em construção e

arranjo de instrumentos.

O sucesso deste projeto levou a que em 1975, José António Abreu fundasse a

Orquestra Sinfónica Simón Bolívar e a Orquestra Sinfónica Nacional de Jovens

(NSYO).

1 Para mais informações consultar os seguintes endereços eletrónicos:http://www.fesnojiv.gob.ve/es/inicio.html e http://www.orquestra.geracao.aml.pt/ respetivamente.2 O Decreto Lei nº 139/2012 de 5 de julho desvaloriza as áreas artísticas, como música e EVT, em termosde carga horária.

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Segundo Abreu, este projeto já foi descrito como “um movimento social de

dimensões massivas, que funciona usando a música como o instrumento que faz a

integração social de população venuzuelana (…)” (Abreu, 2001).

Estudos posteriores à implemetação do programa revelam que os alunos obtêm

melhores resultados em outras áreas do saber e adquirem uma vida social melhor. O

reconhecimento do sistema a nível international deu-se entre 1993-94 por parte da

UNESCO. Em 1998 UNDP cosiderou este projeto um exemplo de como combater a

pobreza (Abreu, 2001). Na Europa passou a ser mais reconhecido no ano 2000 quando a

orquestra se deslocou à Alemanha numa digressão.

Portugal não é exceção à restante Europa e deixou-se encantar por este projeto

seguindo-o.“Trata-se da importação de uma metodologia que tornou a OrquestraSimón Bolívar um dos exemplos internacionais mais relevantes deutilização da música como meio de favorecimento à inclusão social. (…)Começou por ser aplicado com uma criação de “orquestra geração” embairros da Amadora, Vialonga e, mais recentemente, Sacavém eCamarate”(http://www.emcn.edu.pt/index.php/instituicao/apresentacao/historia/[disponível em 20/11/201]).

O projeto é uma política de descentralização da iniciação musical e começou a

funcionar desde o ano letivo 2002/2003 com a colaboração das autarquias. É uma

iniciativa da Comissão Diretiva da EMCN (Escola de Música do Conservatório

Nacional) pela mão do Prof António Wagner Dinis. Funciona com a colaboração de

maestros do Sistema Nacional das orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela.

Como já referimos, El Sistema, é o caso de maior sucesso em todo o mundo de

um projeto de orquestra como fator de integração social. Alberto Arvelo, que também

foi aluno deste projeto, e atual diretor do Instituto de Cinematografia Venezuelano,

apresenta-nos, num documentário de 2006 – Tocar Y Luchar3, as principais evidências

do projeto e a sua amplitude. Personalidades do meio musical como Claudio Abbado

referem-se ao projeto dizendo que “o mundo deveria usar a Venezuela como um

exemplo” (Arvelo, 2006).

O referido documentário, que é a base de investigação desta secção do trabalho

ganhou prémios como “Melhor documentário Cine Las Americas” em Houston, entre

outros. Sempre que o documentário for citado será com o nome do realizador e ano.

3 Ver Anexo 2, p. 6

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O fundador do projeto, José António Abreu, no documentário refere-se ao

mesmo como sendo um meio de explorar o íntimo dos destinatários. De facto, os

destinatários do projeto, crianças de realidades sociais muito pobres (como evidenciam

as imagens das suas casas) encontram-se através da música clássica. “É [assim] um

encontro musical, humanitário e social e político, excecional” (Claudio Abbado em

Arvelo, 2006).

Durante o documentário também são apresentados testemunhos de seis crianças

que usufruem das maravilhas do projeto. É o caso de Lila de 15 anos, proveniente de

Paraíso (Caracas), diz que aprendeu que deve “tocar e lutar” por aquilo que ambiciona,

ou seja, pela música e um futuro melhor (Arvelo, 2006).

José António Abreu define a orquestra como “uma comunidade em que cada um

dos indivíduos da mesma trabalha em equipa com um fim comum- a correção dos erros

da sua sociedade” (Abreu em Arvelo, 2006).

Gustavo Dudamel, um dos maestros de mais sucesso da atualidade, segundo

Simon Rattle, considera-se uma prova viva do sucesso do projeto.“ [Na maioria das vezes] pensarmos que os programas sociais dãocomida, alojamento, cuidados médicos, o que é importante para quem nãoo tem. Mas, alimentar a alma da gente providencia a forma dessa gente sealimentar, encontrando as necessidades básicas do homem. Quando asformas de vida interior, como na Venezuela, se expressam obtém-se apossibilidade dessas formas de vida poderem contribuir para melhorar asociedade de maneira infinita” (Mark Churchill, Decano do Conservatórioda nova Inglaterra em Boston em Arvelo, 2006).

Abreu acrescenta que “a música deve ser reconhecida como um elemento de

sociabilização pois transmite os mais altos valores sociais, como a solidariedade, a

harmonia, a compaixão e a capacidade de uma comunidade se unir e expressar ”

(Arvelo, 2006). Assim, na Venezuela, está em curso um projeto em que a “arte é uma

empresa para maiorias começando nas minorias” (Abreu em Arvelo, 2006).

Outra vertente do programa é a educação para crianças com necessidades

especiais. Johnny Gómez, Diretor da Divisão Especial, refere que incorpora crianças

com necessidades especiais como incapacidades visuais, auditivas e incapacidades

motoras, com dificuldades da aprendizagem, autismo, deficiências cognitivas, para

poder integrá-las na sociedade através da música.” Refere ainda que, inicialmente, não

conseguiam perceber como uma pessoa com deficiências podia integrar um

Conservatório ou o Sistema de Orquestras e que quebraram esse paradigma de que só

alguém com bom ouvido é que poderia aprender música.

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O chefe de naipe dos contrabaixos da orquestra de Berlim, Edicson Ruíz, que

beneficiou do projeto, diz que quando entrou para a orquestra encontrou uma família e

que aos olhos do resto do mundo o projeto venezuelano prova que a música pode tocar

nas almas humanas e mudar o individuo, transformando todo o futuro através da

música. Interroga ainda, que arte pode concretizar esse objetivo de melhor forma.

Numa entrevista4 realizada no âmbito deste trabalho ao Professor Pedro Muñoz,

Coordenador artístico-pedagógico da Orquestra Geração, verifica-se que, com a criação

da Orquestra Simón Bolívar a sociedade Venezuelana melhorou. Para Pedro Muñoz esta

orquestra é:“ [um] modelo de inclusão social pois desde a sua fundação há 38 anos abriuas suas portas a diferentes estratos sociais da sociedade, desde os grupos maisvulneráveis até às classes média e alta. Milhares de jovens venezuelanostiveram e têm esta possibilidade de estudar música a custo zero, graças aosistema das orquestras, transformando assim não só a suas vidas como assuas almas!!! É um modelo de inclusão social também porque as famílias sãointegradas no maravilhoso mundo da música através dos seus filhos com asua presença em concertos, ganhando o gosto pela música clássica (Muñoz.2013, p.3).

Acrescenta também que:“devia ser um exemplo para outros países (…). Centenas de países já têm osistema evidentemente adaptado à realidade de cada pais inclusive países doprimeiro mundo onde a música clássica está desenvolvida a sua máximaexpressão, tal é o caso da Alemanha ou Áustria” (Muñoz, 2013, p. 3).

Como já foi referido Portugal implementou este modelo de educação através da

Orquestra Geração.

Pedro Muñoz afirma existirem obstáculos na implementação do projeto,

contudo, apesar das dificuldades o projeto dispõe de alguns apoios devido à sua taxa de

sucesso que segundo o entrevistado:“é extraordinário, mostra disso são os reconhecimentos da sociedade e as

numerosas solicitações que temos para crescer e criar novas orquestras nasescolas do país, facto que não tem sido possível por diversas razões não sóeconómicas como também de logística e de recursos humanos” (Muñoz,2013, p. 5).

“Como primeiro apoio que dispõe é a Escola de Música do ConservatórioNacional como impulsionador e controlador do sistema pedagógico doprojeto. A seguir temos a escolas onde o projeto funciona acompanhado doapoio das Câmaras municipais de cada zona onde funciona e, evidentemente,como principal apoio, o ministério da educação que é responsável pelacontratação dos aproximadamente 70 professores do projeto, que atualmentefunciona na área metropolitana de Lisboa, em 12 escolas, uma em Coimbra etrês no norte do país, Amarante, Mirandela e Murça. O projeto tem também oapoio da Fundação Gulbenkian, EDP, PT e algumas outras entidades”(Muñoz, 2013, p. 4).

4 Ver anexo 1, pp. 2-5

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É direcionado para alunos em idade escolar e:“os alunos não só gostam do projeto, como o adoram pois além de terem a

oportunidade de aprender a tocar um instrumento e fazer música, têm umconvívio constante com os seus colegas, fazem concertos em diversas salasdo país, conhecem escolas de música, maestros e músicos profissionais (…)(Muñoz, 2013, p. 4).

Quanto ao elemento fulcral do nosso trabalho Pedro Muñoz diz que:

“a orquestra, em termos sociais, tem uma integração muito importante nasociedade onde se desenvolve (…). É de sublinhar que este projeto éintegrado por uma série de crianças, filhos de emigrantes cabo-verdianos,angolanos e outros, portanto no repertório que faz a orquestra geração, alémdo clássico tradicional, incluímos uma série de peças que fazem parte daidentidade cultural de cada uma destas nacionalidades” (Muñoz, 2013, p. 4).

Outra dimensão da música implícita no projeto “Orquestra Geração”

é a multiculturalidade, também dimensão sociológica como já vimos. Desta

forma o projeto abraça crianças de meios desfavorecidos de diferentes

origens culturais – desde filhos de emigrantes cabo-verdianos, a angolanos e

os próprios portugueses, tal como nos indica Muñoz:

“A orquestra em termos sociais tem uma integração muito importante nasociedade onde se desenvolve, no bairro onde habitam os seus elementos, nasfamílias em que nela participam. É de sublinhar que este projeto é integradopor uma série de crianças filhos de emigrantes cabo-verdianos, angolanos eoutros, portanto, no repertório que faz a orquestra geração além do clássicotradicional incluímos uma série de peças que fazem parte da identidadecultural de cada uma destas nacionalidades. O orgulho das famílias mostraum dos principais sucessos deste projeto” (Muñoz, 2013, p. 4).

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Conclusão

Os pressupostos da inclusão social radicam na necessidade de se conciliar o

desenvolvimento económico e social do indivíduo, apelando ao confronto contra

qualquer tipo de descriminação, quer de etnia, sexo, idade ou religião.

Consequentemente assume-se a construção de uma comunidade mais equitativa.

Também o multiculturalismo abarca esta dimensão inclusiva, proporcionando a

convivência de diferentes culturas e tradições. Esta conceção social é o objetivo do

Sistema de Orquestras Venezuelano que torna a música um veículo cognitivo, cultural e

humanizante (segundo Abreu, 2001). Assim, está em curso, na Venezuela, um projeto

em que a “arte é uma empresa para maiorias começando nas minorias” (Abreu em

Arvelo, 2006) como crianças com necessidades especiais e provenientes de realidades

socioeconómicas desfavorecidas. Através da disciplina da orquestra, as crianças são

educadas em valores musicais, humanitários e sociais.

A proficuidade deste projeto social é de tal forma amplo que foi adotado por

outros países como Portugal com a criação da Orquestra Geração funcionando na área

metropolitana de Lisboa com doze escolas, uma em Coimbra e três no Norte do País.

Outra dimensão deste projeto é a sua componente multicultural tal como nos

indica o Professor Pedro Muñoz. Este refere que a escolha do repertório “vai desde a

música clássica tradicional até uma série de peças que fazem parte da identidade

cultural de cada uma destas nacionalidades” (cabo-verdianos e angolanos por exemplo)

(2013, p. 4).

Assim, verifica-se o poder da música e da orquestra como “um instrumento social

de largo espectro e profunda proficuidade no cerne da alma e das vivências humanas,

espirituais, educativas e sociais” (Silva, 2010, p. 7).

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Referências Legislativas

Decreto Lei no 125/2011, de 29 de Dezembro.

Decreto Lei nº 319/96, de 30 de Julho.

LBSE, Lei nº 46/86

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Anexos

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Anexo 1

Entrevista ao Professor Pedro Muñoz

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Mestrado em Ensino MúsicaSociologia da Educação e Profissão Docente

Professor Doutor Manuel António Ferreira da Silva

Trabalho de Grupo:

Entrevista sobre a Orquestra como meio de Inclusão Social ao Professor Pedro Muñoz:

1. Tendo usufruído do sistema de orquestras venezuelano, qual a sua opinião sobre omesmo?O sistema de Orquestras da Venezuela é uma revolução musical não só neste país se não a nívelinternacional. Hoje em dia é reconhecido como tal por eminentes personalidades da música anível mundial, Sir Simon Ratle, Plácido Domingo, Claudio Abbado e muitíssimos outros que têmconhecido e trabalhado com as orquestras da Venezuela. O futuro da música passaindiscutivelmente pelas orquestra da Venezuela, pois a forma como é desenvolvido otrabalhado e a intensidade do mesmo fazem dele um modelo único e com resultadosespantosos, hoje em dia reconhecido a nível internacional através de diversos músicosvenezuelanos, tal é o caso do jovem Gustavo Dudamel maestro de Los Angeles Philarmonic ,Edicson Ruiz contrabaixista da Filarmónica de Berlim ou Diego Matheuz director do Teatro LaFenice de Veneza.

Mais Informações do sistema da Venezuela em: http://www.fesnojiv.gob.ve/es/inicio.html

2. Considera a Orquestra Simon Bolivar um exemplo de inclusão social? Porquê?Absolutamente é um modelo de inclusão social pois desde a sua fundação há 38 anos abriu assuas portas a diferentes estratos sociais da sociedade, desde os grupos mais vulneráveis até àsclasses média e alta. Milhares de jovens venezuelanos tiveram e têm esta possibilidade deestudar música a custo zero, graças ao sistema das orquestras, transformando assim não só asuas vidas como as suas almas!!! É um modelo de inclusão social também porque as famílias sãointegradas no maravilhoso mundo da música através dos seus filhos com a sua presença emconcertos, ganhando o gosto pela música clássica. As famílias são orgulhosas dos seus filhosmúsicos.

3. Acha que deve ser um exemplo para outros países?Não só acho que devia ser um exemplo para outros países pois de facto já o sistema estáimplantado em muitos países da América do sul, América Central e Europa. Centenas de paísesjá têm o sistema evidentemente adaptado à realidade de cada país inclusive países do primeiromundo onde a música clássica está desenvolvida a sua máxima expressão, tal é o caso daAlemanha ou Áustria.

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4. Em que medida surgiu o projeto da Orquestra Geração?O projeto Geração surgiu em Portugal em 2007 na medida de criar a possibilidade, a alunos dossubúrbios da área metropolitana de Lisboa, de estudar música a custo zero e sem necessidadede transportar-se ao centro da cidade.

4.1 Em que consiste?Informações e pormenores do projeto Geração no site da orquestra Geração....http://www.orquestra.geracao.aml.pt/

4.2 Que tipos de obstáculos surgem na implementação do projeto?Os obstáculos que se impõem são normalmente aqueles que todo novo projeto tem quando sequer aplicar numa sociedade, quebrando até certo ponto com a tradição e os mecanismostradicionais do ensino da música. Por exemplo afirmações de como será possível que umacriança se possa sentar numa orquestra sem saber ler música e sem ter tido aulas deinstrumentos individuais??? Pois é... Às vezes convencer alguns professores de que este sistemapode funcionar pois o sistema de estudo dele próprio foi completamente diferente a este, não[quer dizer] melhor nem pior mas sim Diferente...uma das mais-valias que têm o sistema deVenezuela é que o 100% dos seus professores são formados no próprio sistema e conhecemtodos os aspetos positivos mas também os erros que foram cometidos e serviram para melhoraro próprio sistema…

4.3 Que mecanismos de apoio o projeto dispõe?Como primeiro apoio que dispõe é a Escola de Música do Conservatório Nacional comoimpulsionador e controlador do sistema pedagógico do projeto. A seguir temos a escolas onde oprojeto funciona acompanhado do apoio das Câmaras municipais de cada zona onde funciona e,evidentemente, como principal apoio, o ministério da educação que é responsável pelacontratação dos aproximadamente 70 professores do projeto, que atualmente funciona na áreametropolitana de Lisboa, em 12 escolas, uma em Coimbra e três no norte do país, Amarante,Mirandela e Murça. O projeto tem também o apoio da Fundação Gulbenkian, EDP, PT e algumasoutras entidades.

4.4 É direcionado para que género de alunos?O projeto está direcionado para alunos em idade escolar até o secundário.

4.5 Os alunos gostam?Os alunos não só gostam do projeto, como o adoram pois além de terem a oportunidade deaprender a tocar um instrumento e fazer música, têm um convívio constante com os seuscolegas, fazem concertos em diversas salas do país, conhecem escolas de música, maestros emúsicos profissionais, enfim, uma série de atividades sumamente variadas.

4.6 Pode ser considerado um bom exemplo de inclusão social? Porquê?4.7 Qual o maior benefício da orquestra em termos sociais (realização humana dos

alunos)?A orquestra em termos sociais tem uma integração muito importante na sociedade onde sedesenvolve, no bairro onde habitam os seus elementos, nas famílias em que nela participam. Éde sublinhar que este projeto é integrado por uma série de crianças filhos de emigrantes cabo-verdianos, angolanos e outros, portanto, no repertório que faz a orquestra geração além doclássico tradicional incluímos uma série de peças que fazem parte da identidade cultural de cadauma destas nacionalidades. O orgulho das famílias mostra um dos principais sucessos desteprojeto.

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4.8 Qual a taxa de sucesso do projeto?A taxa de sucesso do projeto é extraordinário, mostra disso são os reconhecimentos dasociedade e as numerosas solicitudes que temos para crescer e criar novas orquestras nasescolas do país, facto que não têm sido possível por diversas razões não só económicas comotambém de logística e de recursos humano.

Obrigada pela colaboraçãoCarla Marques

Sara VilaçaVânia Fontão

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Anexo 2

Arvelo, A. (2006) [documentário DVD]. Tocar Y Luchar. Venezuela: FESNOJIV