Trabalho, Educação e EJA.ppt

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EJA e Trabalho e Educação Jaqueline Ventura Faculdade de Educação/UFF

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  • EJA e Trabalho e EducaoJaqueline VenturaFaculdade de Educao/UFF

  • Os ningunsOs ninguns: os filhos de ningum, os donos de nada.Que no so, embora sejam.Que no falam idiomas, falam dialetos.Que no fazem arte, fazem artesanato.Que no so seres humanos, so recursos humanos.Que no aparece na histria universal, aparecem nas pginas policiais da imprensa local.Os ninguns, que custam menos do que a bala que os mata.

    (O livro dos abraos, Eduardo Galeano, 2002, p. 71)

  • EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS:

    1- o trabalho na EJA: ontolgico x alienado2- concepes de EJA: direito x caridade x certificao3- os sujeitos da EJA: diversidade x classe4- as especificidades de um currculo para a EJA*

  • 1- O trabalho na EJA: A questo do trabalho quando incorporado as propostas de EJA, limita-se ao seu sentido histrico e, portanto, como preparao ou adaptao organizao produtiva, mesmo nas propostas pedaggicas e curriculares mais progressistas como, por exemplo, as propostas de educao popular da dcada de 1960.

    *

  • De que trabalho e de que educao estamos falando?

    O duplo sentido do trabalho. A dualidade estrutural da educao no Brasil

    A EJA uma educao de classe?

    A classe trabalhadora, historicamente, no vem se constituindo fora social suficientemente expressiva na luta pelo direito educao.

    Vamos refletir....

  • - a concepo ontolgica do conceito de trabalho

    - a identificao da vinculao de classe dos diversos sujeitos concretos da EJA (alunos e professores).

    Refletir criticamente sobre a EJA sob o olhar das relaes entre trabalho e educao exige considerar duas questes centrais:

  • ONTOLOGIA DO TRABALHO carter ontolgico: capacidade de produzir para satisfazer suas necessidades

    TRABALHO ALIENADO especificidade histrica: prtica econmica, cujo contedo definido pela historicidade do modo de produo

    Considerando a relevncia destinada ao trabalho nas propostas destinadas a formao escolar de trabalhadores este debate fundamental para superar a abordagem dominante nas propostas.

    Tal debate pressuposto para a compreenso das contradies das relaes sociais de produo e do carter histrico do processo de produo do conhecimento. ONTOLOGIA DO TRABALHO E TRABALHO ALIENADO

    Os significados do trabalho em sua dupla natureza:

  • A EJA como educao da classe trabalhadoraNos referimos expressiva parcela de indivduos que, mesmo possuindo as mais diversas e diferentes experincias de vida (mulheres, negros, homossexuais, jovens etc.), tm a existncia marcada por situaes adversas de produo da prpria existncia, sujeitando-se venda em condies cada vez mais aviltantes e precrias de sua fora de trabalho.

    Dessa forma, pensar a EJA a partir da questo de classe no significa ignorar as diversidades decorrentes de gnero, gerao, raa e etnia, mas perceber que, ao lado das exploraes e expropriaes pelo lugar que ocupam na sociedade, os alunos da Educao de Jovens e Adultos so atingidos por opresses e discriminaes derivadas.

  • 2- A concepo de EJA A EJA e sua especificidade:

    refere-se a oferta de cursos, exames e programas dirigidos ao ingresso ou ao retorno educao bsica articulada, ou no, educao profissional, para jovens e adultos. uma modalidade da educao bsica destinada queles que tiveram seu direito escolarizao negado.exige a construo de propostas pedaggicas especficas, que atendam suas caractersticas e que no ignorem as experincias de vida dos alunos.*

  • A atual EJA multifacetadaEnvolve a oferta de cursos e exames de EJA no nvel do ensino fundamental e mdio nos sistemas de ensino e a oferta de programas do governo federal.

    cursos de alfabetizao (Programa Brasil Alfabetizado);cursos de educao geral e formao profissional inicial, vinculada concesso de renda mnima por perodo determinado (Projovem); cursos de ampliao da escolarizao de profissionais de reas especficas (Profae, Pronera);cursos que vinculam formao geral e formao profissional sem vnculo com renda mnima (Proeja);novos sistemas de exames com certificao (Encceja).

  • Dualidade Educacional de novo tipomanuteno da desigualdade na democratizao das condies de acesso ao conhecimento e obteno da certificao, como um modo particular de produo de uma dualidade de novo tipo, que se expressa, entre outros aspectos, nas distines entre as redes municipais, estaduais e federal, e, no seu interior, entre os vrios modelos e modalidades; nos variados padres de oferta das redes privadas; na multiplicidade de oportunidades formativas engendradas por programas constituindo trajetrias subordinadas de formao, encobertos pelo discurso inclusivo.

  • sujeitos cujas condies socioeconmicas no permitiam o acesso ou a concluso do processo de educao bsica.

    Diferentes identidades, constitudas a partir de formas diversas de insero na vida em sociedade, mas tendo em comum o fato de serem pessoas marcadas pela desigualdade que caracteriza a sociedade de classes. Por isso, para a caracterizao dos sujeitos da EJA, o termo trabalhador no apenas um atributo, mas um fundamento primordial para o entendimento da sua configurao, enquanto educao bsica, no mbito de uma ordem social injusta e desigual.3- Os sujeitos da EJA DIVERSIDADE E CLASSE SOCIAL

  • O problema est na diversidade?

  • tnico ou racial?

  • Gnero ou populaes especficas?

  • So trabalhadores? So assalariados? O que so classes fundamentais?

  • A metamorfose do objeto no significa sua extino!

    O esfacelamento da classe trabalhadora operria industrial e das histricas formas de constituio, organizao e ao da classe partido e sindicato e a inexistncia, ao menos at onde consigo perceber, de sinais de um novo lugar de classe em relao dialtica com novas experincias de classe, est a desnortear os mais brilhantes observadores.

  • O nosso tempo: como pensar a classe trabalhadora?

  • A Classe que vive-do-trabalho existe?Dimenses do Assalariamento hoje:DesempregoPrecarizaoSalrio varivelComissesTerceirizaesTrabalho domsticoFlexibilizao Trabalho na ruaContratualidade precria

  • Os sujeitos trabalhadores da EJAOs adultos so, geralmente, marcados pela insero precoce e precarizada no processo produtivo. H tambm jovens recm-egressos do ensino regular diurno, evadidos, repetentes ou expulsos, em geral, prematuramente empurrados para EJA, muitos conciliando escolarizao e alguma ocupao no mercado de trabalho; no raro quase todos repetem a sina de seus pais quanto ao chamado fracasso escolar. H, ainda, os idosos, muitos com uma trajetria de trabalho no campo e experincia migratria que, embora aposentados, muitas vezes ainda so compelidos a criar estratgias para manterem-se e/ou contriburem com o oramento da famlia.

  • Principais desafios:Superar a viso de que a EJA pode ser uma educao de menor qualidade.Ultrapassar a perspectiva apenas certificatria.Romper com a viso do supletivo de reposio de escolaridade para o que seria suficiente adaptar o currculo, reduzir o tempo e o contedo do ensino regular.4 - As especificidades de um currculo para a EJA

  • DESAFIOS CONCEITUAIS

    O velho desqualifica o novoO velho contamina o novo*Fonte: profa. Maria Margarida Machado FE/UFG

  • Superao do ensino de carter enciclopdico, centrado mais na quantidade de informaes do que na relao qualitativa com o conhecimento.

    Superao da cultura do aligeiramento da escolarizao (reducionaistas).

    Superao da lgica que fragmenta o processo de conhecimento e o hierarquiza nas matrias escolares desarticuladas (produo de sentidos).

    Reconhecer o aluno da EJA como produtor de conhecimentos, de histria e cultura (conhecimento adquirido na prtica social concreta).Desafios da EJA hoje: Um currculo na rede pblica de ensino que contemple as especificidades da EJA

  • Concepo de Formao Humana formar o ser humano na sua integralidade fsica, mental, cultural, poltica, cientfico-tecnolgica.Compreenso das partes no seu todo.Compreenso da educao como uma totalidade social. horizonte da emancipao humana...

  • Para concluir...Afinal, como diz Eduardo Galeano, "A utopia est l no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcanarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu no deixe de caminhar".