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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS CONTBEIS E ATUARIAIS

    DIREITO PBLICO E PRIVADO

    O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA

    RESENHA CRTICA

    ALUNA: JOYCE LIMA DA COSTA

    RECIFE, JUNHO DE 2011.

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    APRESENTAO

    Considerado um caso jurdico complexo O Caso dos Exploradores de Caverna traz para

    ns a histria de cinco espelelogos que, em maio de 4299, entram numa caverna com o

    intuito de explor-la e, a certo ponto da explorao, se vem presos na caverna por

    conta de um desmoronamento de terra. A partir desse momento, sendo poucas as

    provises e mantimentos e sendo difceis as condies de resgate com vida de todos,

    decidem sacrificar a vida de um deles em prol da sobrevivncia dos outros quatro

    membros do grupo, resultando na morte do desafortunado Roger Whetmore. Seguem-se

    a partir dessa atitude uma srie de conseqncias jurdicas, cujas discusses nunca se

    exaurem, tamanha a complexidade do caso.

    Este trabalho tem como objetivo trazer a explanao inicial do caso, colocada pelo juiz-

    presidente do tribunal Truepenny, cujo relato inicial nos ajuda a entender como

    transcorreram os fatos e qual o seu voto, se pela condenao ou pela absolvio dos

    rus. Ao final sero feitas algumas consideraes, levando em conta o estudo do

    Direito.

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    RELATO DOS FATOS

    Aps julgamento em primeira instncia ter condenado os rus do caso dos exploradores

    de caverna morte pela forca, conforme a Lei, decidem os condenados entrar com

    recurso Suprema Corte de Newgarth da deciso condenatria imposta pelo Tribunal

    do Condado de Stowfield. O juiz-presidente relata ento os fatos assim:

    Os quatro acusados juntamente com Roger Whetmore, a vtima, sendo membros de uma

    Sociedade Espeleolgica, decidem em princpios do ms de maio do ano de 4299

    explorar uma caverna calcria no povoado de Commonwealth. Quando l dentro se

    encontravam distantes da entrada, houve o desmoronamento de terra, com imensas

    pedras obstruindo a nica entrada da caverna, no houve como sarem, ficando os cinco

    exploradores, ento, presos, espera de um possvel resgate. Em no retornando s suas

    casas os familiares dos acusados foram ento at a Sociedade para obterem notcias,

    quando acionaram o socorro para caverna, cujas indicaes de localizao haviam sido

    deixadas na sociedade espeleolgica.

    Iniciadas as operaes de resgate foi vista a dificuldade de se retirar os entulhos e

    pedras que se amontoavam na entrada da caverna. Ao longo dos dias, novosdesmoronamentos de terra ocorreram, soterrando os operrios, dez deles foram a bito.

    Muitos recursos foram gastos, com mquinas, profissionais de engenharia, geologia,

    tudo com o intuito de retir-los da caverna. Muito dinheiro foi gasto at a libertao,

    que s ocorreu no trigsimo segundo dia de resgate. Sabia-se que os exploradores no

    haviam levado grande quantidade de suprimentos para sobrevivncia por um perodo

    longo de tempo. Sabia-se tambm que a caverna no dispunha de qualquer substncia

    mineral, animal ou vegetal que pudesse ajud-los a sobreviver por mais dias, enquanto

    no eram resgatados. O temor de que os exploradores morressem de inanio era latente

    por parte da equipe de resgate, foi quando no vigsimo dia das operaes de resgate,

    soube-se que os exploradores haviam levado consigo um rdio transistorizado, tornando

    possvel a comunicao pelo recebimento e envio de mensagens aos exploradores. Logo

    se estabeleceu uma comunicao com os homens no interior da caverna. Os

    exploradores perguntavam quando seriam resgatados, quanto tempo mais demoraria, os

    engenheiros responderam-lhes que precisavam de pelo menos dez dias, isso levando em

    conta que no houvesse mais deslizamentos, como at ento haviam ocorrido diversos

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    tipos de deslizamentos, dificultando assim, as tarefas de resgate. Aps isso os

    exploradores pediram para que um mdico lhes respondesse algumas perguntas acerca

    da possibilidade de sobrevivncia por parte dos exploradores. Foram expostas as

    condies dos suprimentos que haviam levado e depois se perguntou se agentariam

    sobreviver por mais dez dias. O mdico respondeu que as possibilidades de

    sobrevivncia eram remotas, dado o estado de debilidade em que se encontravam os

    internos. Aps essa resposta sucedeu-se um silncio de oito horas de dentro da caverna.

    Restabelecida a comunicao com o meio externo, os exploradores pediram consulta

    equipe mdica, representados por Roger Whetmore, que falou por si e pelos outros,

    indagando se seria possvel a sobrevivncia por mais dez dias desde que os

    sobreviventes se alimentassem de carne de um deles. O representante da equipe mdica,

    mesmo a contragosto, indicou em sentido afirmativo. Whetmore ainda perguntou se

    seria aconselhvel tirar a sorte de quem seria morto para alimentar os outros. Ningum

    se atreveu a responder a essas indagaes e ningum responsvel pelo salvamento quis

    dar seu entendimento acerca da situao que se colocava diante de todos. Whetmore

    ainda apelou para alguma autoridade governamental presente, para sacerdote, quem

    quer que l estivesse e pudesse falar sobre isso, mas no obteve retorno algum. O rdio

    ento encerrou as comunicaes, no por conta de as pilhas terem descarregado, maspor vontade dos exploradores. Quando foram resgatados, soube-se que Whetmore havia

    sido o desafortunado que morrera para alimentar seus companheiros e que havia

    morrido no vigsimo terceiro dia aps a avalanche na entrada da caverna.

    No curso das investigaes e no julgamento em primeira instncia foram aceitas as

    alegaes dos rus de que Whetmore quem teve a idia e ele que props tirar a sorte

    num par de dados que trazia consigo. No incio os outros integrantes do grupo

    hesitaram, mas depois concordaram com o plano traado. Whetmore, antes de serem

    lanados os dados desistiu do que props, mas os outros no aceitaram essa alegao e

    lanaram os dados assim mesmo e na vez de Whetmore lan-los, algum fez por ele,

    mas o mesmo no apresentou quaisquer objees ao lanamento dos dados. No tendo

    sorte, foi ento, morto.

    Aps o resgate, os acusados foram denunciados pelo homicdio de Roger Whetmore.

    No julgamento, o porta-voz dos jurados solicitou que fosse dada uma sentena especial,

    na qual os jurados emitiriam um veredicto especial, deixando ao juiz decidir se fossem

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    considerados culpados, seriam condenados. No deu outra e o juiz julgou pela

    condenao dos rus, sentenciando-os morte pela forca. Tanto os jurados, quanto o

    juiz, enviaram petio para que o Poder Executivo tivesse clemncia e comutasse a pena

    de morte em priso de seis meses.

    Com base no que foi exposto e tendo a letra da lei como nico caminho a seguir num

    julgamento como esse no havendo espao para discricionariedade, o juiz de primeira

    instncia julgou pela condenao dos rus. O dispositivo legal claro ao dizer: Quem

    quer que intencionalmente prive a outrem da vida ser punido com a morte.O juiz-

    presidente da Corte Suprema Truepenny, baseado no esprito da lei acompanhou esse

    raciocnio dando seu voto pela condenao dos rus, mas deixando espao para uma

    quase certa clemncia do Poder Executivo, sendo a clemncia um meio legal e vlido,

    sem, contanto, ferir o esprito da Lei.

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    O CASO LUZ DO DIREITO

    A histria do Caso dos Exploradores de Caverna contrape dois ramos do Direito, quais

    sejam: o Direito positivado, aquele em que estamos inseridos, num mbito de leis e

    normas que regem a convivncia em sociedade e o Direito Natural (ou Jusnaturalimso),

    no qual o indivduo viveria segundo uma justia que emana do equilbrio de uma fora

    maior vinda da Natureza e seria anterior formao do Estado como hoje o

    concebemos. No decorrer do livro teremos o juiz Foster como maior defensor desse

    estado natural em que estavam vivendo aqueles indivduos naquela caverna, para ele

    estariam aqueles indivduos margem das regras sociais que regem a sociedade em

    condies normais e, portanto, no caberia a aplicao da pena de morte quele caso.

    Na vertente do Direito Positivo, de leis feitas pelos homens e que devem ser seguidas

    por todos sem exceo est o juiz-presidente, que deu seu voto baseado no legalismo,

    que no d margem exceo, o texto da lei claro e quem quer que retire vida de

    outrem de forma intencional deve ser punido com a pena de morte pela forca. A lei no

    tinha excees como hoje vemos nos ordenamentos jurdicos, com os estados de

    legtima defesa ou o estado de necessidade, como alegaro mais a frente alguns juzes

    do caso. O fato que o legislador daquela regio no pensou nessas situaes

    excepcionais, ou, por algum motivo que se desconhece, no quis prever esse tipo de

    exceo, cujas conseqncias poderiam gerar instabilidade social.

    Outro elemento que se pode verificar no caso dos exploradores de caverna a

    tripartio e separao de poderes, temos o Judicirio realizando o julgamento dos rus,

    na sua funo tpica, mas em caso de condenao, abre-se a possibilidade de clemncia

    ao chefe do Poder Executivo local, j que se tratava de pena por demais grave, pena de

    morte. Nesse caso, o Poder Executivo no estava atrelado letra da lei como os juzes,

    ele poderia decidir segundo a comoo social que o caso suscitou, segundo sua

    conscincia, sem estar ferindo as leis da regio.

    Por fim, no h um veredicto que se possa afirmar ser correto ou errado. Cada juiz

    aplicou seu conhecimento da lei e conhecimento de mundo para buscar subsdios que

    sustentassem suas opinies. A situao de um juiz se torna diferente no que tange

    populao em geral. Os juzes em suas decises esto aplicando o Direito, deve haver a

    preocupao de no causar desordem social, de que a lei no fique desacreditada na sua

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    funo, pois quem garante que a exceo no se tornaria regra? A preservao do

    esprito da lei e de seu cumprimento so justamente as preocupaes do juiz-presidente

    Truepenny em seu voto. Como popular que no tem qualquer responsabilidade, pode-se

    at votar pela absolvio ou pela clemncia aos rus, mas como aplicador da lei a

    responsabilidade diferente, h um compromisso maior, com os legisladores e seus

    representados, pois se a lei foi assim concebida porque ela a melhor opo para

    aquela sociedade. E as lacunas do Direito? A vida em sociedade evolui de forma rpida

    e o Direito deve acompanhar essas mudanas, reformulando-se, renovando-se, mas sem

    perder sua essncia. Essa situao poderia ser uma lacuna a qual o legislador no previu

    no momento de formular a lei. Por outro lado, num assunto to srio, como o princpio

    da dignidade da pessoa humana, o direito vida que Roger Whetmore tinha e lhe foi

    tirado, ser mesmo que o legislador no cogitou ou no quis cogitar excees, dada a

    importncia da vida? A lei foi clara e objetiva ao determinar que tirar a vida, o bem

    maior que o indivduo pode ter, crime e deve ser punido da mesma forma. Foram

    esses os pressupostos levados em conta para que o juiz Truepenny decidisse pela

    condenao dos rus do caso dos exploradores de caverna.